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BOOK 03
S.E. SMITH
Yachats, Oregon
Mais tarde naquela noite, Mike estava deitado na cama olhando para o
teto, distraidamente coçando atrás da orelha de Charlie. O filhote não
choramingou quando ele o colocou sobre a manta dobrada no chão ao lado
de sua cama. Não, a maldita coisa tinha olhado para ele com olhos enormes
e inexpressivos e uma expressão triste e perdida.
Ele tentou rolar de costas para o filhote, mas ele podia sentir os olhos
do cachorro abrindo um buraco entre suas omoplatas. Rolando, ele
finalmente desistiu e rosnou para o filhote se juntar a ele. É claro, levou mais
dez minutos depois disso para fazer Charlie parar de lamber ele e se acalmar.
Mike respirou fundo e o soltou. Ele estava cansado, mas sua mente
estava zumbindo com tudo o que ele e Ruth haviam conversado.
Principalmente, ele pensou em como os planos cuidadosamente traçados
para sua vida haviam mudado.
Fazia quase dois anos desde que ele desistiu de sua comissão na Força
Aérea. Ele havia planejado ficar e servir seus vinte anos antes de se aposentar
e viajar um pouco. Em algum momento, ele imaginou que se casaria se
conhecesse a mulher certa, mas não tinha pressa.
Com oito anos de serviço, ele estava quase a meio caminho de seu
objetivo. Tudo mudou na noite em que recebeu a ligação urgente de Ruth. O
pai deles, um coronel de carreira da Força Aérea, havia desmaiado. Família
precisava de família e quando seu pai foi diagnosticado com câncer cerebral
terminal, ele voltou para casa. O que nem ele nem Ruth esperavam era que
eles estariam sepultando seus pais com duas semanas de diferença, seu pai
do câncer e sua mãe de um derrame, menos de sete meses depois que Mike
tinha voltado para casa.
Mike sabia que Ruth se sentia culpada por ele ter deixado o serviço. A
questão era que ninguém sabia exatamente quanto tempo seu pai iria durar,
ou que sua mãe morreria tão cedo. No final das contas, a decisão foi sua, e
ele percebeu depois que tinha sido a certa. Ele estava tentando seguir os
passos de seu pai, mas, na realidade, ele se cansou dos limites das forças
armadas e estava pronto para uma mudança.
O cargo na Delegacia de Polícia de Yachats foi obtido através de um
amigo no funeral de sua mãe. Duas semanas depois, ele e Ruth terminaram
de empacotar todos os pertences de seus pais e colocaram a casa em
Sacramento, Califórnia, à venda. Depois, ele foi para o norte. Ele considerou
Yachats como um lugar onde ele poderia parar e pensar, uma escala para
onde ele iria em seguida. Com o desaparecimento de Carly Tate e depois
Jenny Ackerly, ele sabia que não iria a nenhum outro lugar, pelo menos não
até descobrir o que havia acontecido com elas. Ele nunca deixou nada
inacabado e tinha prometido a Jenny que traria Carly para casa. Agora, sentia
que devia isso a Jenny.
Rolando na cama, ele envolveu o braço em torno da bolinha de pelo
dourada que agora estava roncando. Uma risada escapou dele. Ele teria
preferido um corpo quente diferente na cama ao lado dele em seu aniversário,
mas, como segunda opção, era melhor do que um travesseiro frio, decidiu.
Coçando a barriga do filhote, ele soltou um enorme bocejo e sentiu a
última tensão deixar seu corpo.
— Boa noite, Charlie Brown. — ele sussurrou no escuro enquanto sua
mente finalmente se desligou o suficiente para que o sono o alcançasse.
Capítulo Três
Mike manteve um olho atento para onde eles estavam indo. Eles
estavam seguindo em uma direção diferente, longe das pedras e da praia. Se
o sol nascia e se punha nas mesmas direções em que voltava para casa, então
eles estavam indo para o leste.
Ele olhou para Marina. Ela os estava conduzindo por uma trilha sinuosa
e íngreme que corria paralela a um rio. Quase meio quilômetro abaixo do
caminho, o rio estreitou. Ele balançou a cabeça em admiração quando ela
escalou as pedras até uma árvore morta gigantesca que criava uma ponte
sobre as águas turbulentas e a pequena cachoeira criada pela constrição de
pedras e galhos mortos que haviam descido pelo rio.
Geoff se virou e levantou Erin na árvore, enquanto Marina estendeu seu
arco para firmar sua irmã e ajudar a puxá-la para cima. Charlie choramingou,
não querendo ficar longe da garotinha de quem ele tinha gostado. Foram
necessárias algumas tentativas, mas com uma pequena ajuda de Geoff, o
cachorro conseguiu subir na árvore.
Era óbvio pelo silencioso trabalho em equipe que os três haviam
trabalhado juntos muitas vezes antes em situações semelhantes. Mike
franziu a testa quando uma emoção estranha e inesperada o invadiu
enquanto estudava o rosto expressivo de Marina. Parecia que alguém tinha
chegado dentro dele e puxado seu coração.
Ele não sabia se era porque estava confuso com tudo o que havia
acontecido ou se era um fenômeno causado por estar nessa realidade
alternativa.
O que quer que estivesse causando a emoção, estava frustrando-o como
o inferno. Claro, ele sempre foi um otário para uma donzela em perigo, mesmo
que esta donzela provavelmente pudesse transformá-lo em um sapo se ele
não fosse cuidadoso.
Balançando a cabeça, ele subiu atrás de Geoff e navegou pelos galhos
secos e quebrados. Geoff virou na frente de Erin, chamando Charlie para
segui-lo. Mike entendeu o motivo quando chegaram ao outro lado e tiveram
que abrir caminho pelo emaranhado de raízes secas até a margem rochosa
do rio. Geoff ajudou Charlie a descer primeiro antes de voltar para ajudar sua
irmã mais nova. Assim que desceram, Geoff foi direto para a floresta. Mike
olhou para as árvores enormes do tamanho das sequoias em casa.
— Depressa. — Marina chamou baixinho.
— Marina, eu...n— Erin começou a dizer.
Mike estendeu a mão e firmou Erin quando ela escorregou nas pedras
lisas do rio e quase caiu. Ele fez sinal para Charlie recuar quando o cachorro
ganiu e empurrou o nariz contra a mão de Erin. Mike podia sentir o calor
irradiando de Erin através do material que cobria seus braços.
— Fique aí. Marina, Erin parece que está com febre. — disse ele.
— Sim, eu sei. É por isso que fomos à aldeia. Ela precisa de ajuda. Eu
esperava que a curandeira ajudasse mais do que fez, mas era muito perigoso.
Tivemos sorte dela ter nos ajudado — Marina respondeu com um aceno
cansado.
— Você não pode torná-la melhor? — Mike perguntou, envolvendo um
braço de apoio ao redor da cintura de Erin antes de levantá-la em seus braços
quando suas pernas cederam. — Eu vi você fazer algo com sua perna na
praia.
Marina balançou a cabeça e tocou a bochecha de Erin com as pontas
dos dedos.
— Não, eu posso me curar de pequenas feridas, mas não funciona em
outros. Eu não tenho o poder de me concentrar na dor deles. Comigo, sei o
que dói e posso me concentrar o suficiente para enviar um toque de cura para
isso. Erin tem o dom de curar, mas tantas crianças estão doentes
ultimamente que ela está fraca. Agora, a doença a atingiu por dentro. — ela
murmurou.
— Por que a curandeira não a ajudou mais? — Mike perguntou com
uma carranca.
— Porque a Bruxa do Mar iria descobrir. — Geoff respondeu
amargamente, coçando a cabeça de Charlie quando o cachorro o rodeou. —
Mal conseguimos escapar como estava. A Bruxa do Mar teria destruído a
aldeia assim como ela destruiu a nossa
— Bruxa do Mar? Você a mencionou antes. Quem é ela, e o que você
quer dizer com destruir a aldeia? — Mike perguntou com uma sobrancelha
levantada. — Você está falando de uma bruxa do mar que vive no fundo do
mar? Como na história da Pequena Sereia?
Erin deu uma risadinha.
— As sereias não gostam dela. — ela sussurrou, descansando a cabeça
no ombro de Mike e fechando os olhos. — O Rei do Mar a mandou para o
fundo do oceano. Eu gostaria que ela tivesse ficado lá.
— Ele deveria tê-la matado quando teve a chance! Isha disse que tentou
prejudicar um dos filhos do Rei do Mar há um ano. Em vez disso, ele a soltou
novamente, e agora ela está aqui. Estamos quase na árvore onde passaremos
a noite. Erin precisa descansar e ela precisa de uma chance de deixar as
pedras de cura ajudá-la.
Marina disse antes de voltar e caminhar em direção à floresta.
— Então, por que essa Bruxa do Mar veio aqui? Ela pode viver fora da
água? Quero dizer, ela não é como essa criatura tipo polvo ou algo assim? —
Mike perguntou, mudando Erin em seus braços.
Geoff resmungou atrás dele.
— Talvez a Bruxa do Mar do seu reino seja assim. — ele disse em um
tom áspero. — Ela é prima do Rei do Mar. Ela pode respirar em terra ou no
mar, assim como todas as pessoas do mar podem.
— Ela veio para forçar nosso povo a ajudá-la a derrubar o Rei do Mar.
Papai disse que ela queria governar todos os Reinos. Eu não sei por que,
parece que seria muito difícil. — Erin sussurrou. Seus olhos se abriram e ela
olhou para Marina. — Diga a ele, Marina. Geoff está certo. Ele pode ser aquele
de quem Isha nos contou.
— Quem é esse Isha, e me dizer o quê? — Mike perguntou frustrado
enquanto eles passavam entre duas grandes árvores.
— Isha é nosso irmão mais velho. — Marina explicou.
— Ele era o capitão da guarda do Rei e da Rainha. — acrescentou Geoff,
subindo em um tronco de árvore.
— Era? — Mike perguntou, manobrando cuidadosamente sobre o tronco
atrás de Geoff.
Geoff fez uma pausa e olhou para Mike.
— A Bruxa do Mar transformou ele, a Rainha e todos no palácio em
pedra. — afirmou.
— Pedra…. — repetiu Mike.
Erin estremeceu em seus braços.
— Todos, exceto o Rei. Seu coração e alma estão congelados. Nada pode
tocá-lo, nem mesmo a Bruxa do Mar. — ela sussurrou.
— Congelados…Tudo bem, acho que definitivamente pousei em uma
realidade alternativa. — Mike murmurou.
— Vamos passar a noite aqui. Charlie, o Sr. Árvore pode não gostar que
você o regue. — Marina avisou quando o filhote começou a cheirar a base da
árvore.
Erin riu novamente enquanto Geoff ria. Mike podia entender totalmente
o olhar confuso de Charlie. Marina havia parado em frente a uma árvore duas
vezes maior que as outras.
Seus braços se apertaram ao redor de Erin quando ela de repente
começou a tremer incontrolavelmente. Seu ceticismo deve ter transparecido
em seu rosto. Marina deu-lhe um pequeno sorriso antes de estender a mão e
tocar o tronco da árvore.
— Por favor, Sr. Árvore, precisamos de abrigo para a noite. — disse ela.
A risada de Geoff avisou a Mike que seu queixo estava caído. Ele o
fechou, mas isso não evitou a admiração de sua expressão. A árvore
estremeceu ao toque de Marina e a costura onde a casca cicatrizara se abriu
para revelar um interior cavernoso. Marina se virou e fez sinal para que
entrassem.
Mike inclinou a cabeça e seguiu Geoff e Charlie pela abertura estreita.
Endireitando-se, ele ficou surpreso ao ver que o interior estava iluminado com
pequenas luzes verdes. Geoff tirou a mochila que estava carregando e a
colocou no chão. Mike girou em torno de si mesmo. Seu olhar percorreu o
interior. Não havia como ele colocar Erin no chão.
— Vou dar uma arrumada para Erin. — Geoff disse, alcançando dentro
de sua mochila.
— Deixe-me pegar os bastões de fogo. — Marina instruiu. Geoff olhou
para cima e fez uma careta.
— Uma fogueira não durará muito. Assim que a noite cair
completamente, o fogo se apagará. — disse ele.
— Sim, mas pelo menos nos dará um pouco de calor. — retrucou
Marina.
Mike olhou para cima. O centro da árvore era oco até o topo. Perto do
topo ele podia ver lugares onde pequenas quantidades de luz brilhavam.
Olhando de volta para Geoff, ele esperou que o garoto estendesse um cobertor
fino pelo chão. Ele gentilmente baixou Erin sobre o cobertor. Charlie
imediatamente se enrolou ao lado da garotinha trêmula. O braço fino de Erin
envolveu o filhote.
Marina estava tirando vários palitos curtos e grossos da sacola. Ela os
empilhou no centro. Em segundos, eles começaram a brilhar, e Mike podia
sentir o calor. Ele ficou chocado quando ela ajustou um pedaço sem queimar
a si mesma.
Ela olhou para cima naquele momento e pegou sua expressão surpresa.
Mais uma vez, a sugestão de um sorriso levantou o canto de sua boca. Ela se
levantou e pegou seu arco.
— Isso nos dará um pouco de calor. Infelizmente, não durará muito. A
magia vai se dissipar à medida que a escuridão da noite cresce, — ela explicou
com uma pitada de arrependimento em sua voz.
—Por que você não faz uma fogueira normal? — perguntou Mike.
Marina olhou brevemente para a abertura antes de se voltar para ele.
Ele viu o arrependimento e a exaustão em seus olhos. Seu olhar se moveu
para Geoff e Erin.
O menino estava tirando vários cobertores da mochila. Mike o observou
ajoelhar-se ao lado de sua irmã mais nova e cobri-la com um deles.
— Levaria tempo para reunir a madeira. Mesmo que tivéssemos
madeira, não tenho pederneira comigo. — disse Marina, caminhando para
se ajoelhar ao lado de sua irmã.
— Isso é minha culpa. Eu deveria ter sido mais atencioso quando fiz as
malas. — Geoff disse com uma voz rouca.
Marina estendeu a mão e tocou o braço do irmão. Ela balançou a cabeça.
Havia uma expressão feroz, quase dura, em seu rosto.
— Foi um acidente. Acidentes acontecem. Nunca se culpe. — ela
respondeu.
Mike podia ver o amor por seu irmão no rosto de Marina. O que quer
que tenha acontecido, era óbvio que o menino sofreu com a perda da
pederneira. Em uma situação como essa, ele podia entender que às vezes um
erro ou um acidente poderia ser a diferença entre a vida e a morte.
— Acho que posso lidar com isso. Você cuida da sua irmã. Eu estarei de
volta em pouco tempo. — Mike disse.
Marina se levantou. Preocupação e uma pitada de pânico varreram seu
rosto.
Ela deu um passo mais perto dele, procurando seu rosto.
— Onde você está indo? Vai escurecer em breve. O feitiço de Magna irá
enfraquecê-lo. Você ficará indefeso. — ela disse, balançando a cabeça.
— Você disse que o feitiço drena a magia, certo? — Mike perguntou,
levantando a mão para tocar uma mecha do cabelo mogno que se soltou.
A confusão piscou em seus olhos.
— Sim. — ela respondeu.
Mike sorriu.
— Eu não acho que terei que me preocupar com o feitiço dela me
deixando mais lento. Sua irmã deve ser mantida aquecida. Charlie é bom,
mas mesmo ele não pode fazer muito. Por que você não a deixa confortável
enquanto eu pegarei um pouco de lenha? — ele sugeriu.
— Mas….
Mike segurou o queixo de Marina com ternura e gentilmente colocou o
polegar em seus lábios. Inclinando-se para frente, ele parou um fôlego longe
de seus lábios. Ele não queria nada mais do que pressionar seus lábios contra
os dela e apagar o olhar de medo em seus olhos.
— Eu tenho minha própria magia, lembra? — ele a lembrou.
Sua cabeça se moveu para cima e para baixo em concordância. Com um
suspiro de arrependimento, Mike se afastou. Ele permitiu a seus dedos o luxo
de deslizar ao longo de sua mandíbula antes de se virar e desaparecer pela
abertura, de volta para a floresta.
O crepúsculo desceu e novos sons começaram a despertar.
— Lembre-se do seu treinamento de escoteiro, Mike. — ele disse para si
mesmo enquanto começava a procurar no chão por lenha adequada.
Capítulo Sete
Mike quebrou alguns galhos e alimentou o fogo. Seu olhar se moveu dos
vermes brilhantes que fizeram sua casa na árvore para a mulher dormindo
em frente a ele. Ele estava tentando não olhar para ela, mas percebeu que era
uma tarefa impossível, especialmente no espaço apertado de seu abrigo.
— Marina Fae da Ilha da Magia. Ela é uma bruxa, claro. — Mike
murmurou baixinho. — Uma bruxa! Uma bruxa linda, exótica, ousada e
corajosa.
Ele correu seu olhar sobre seu rosto relaxado. Mechas de seu cabelo
escuro ondulado acariciavam sua bochecha. Sua coloração o lembrou da
floresta. Seu cabelo castanho escuro e dourado e pele bronzeada tinham os
mesmos destaques dos troncos das árvores com o sol brilhando nele. Seus
cílios escuros jaziam como crescentes contra suas bochechas beijadas pelo
sol. Seu nariz era longo e fino, enquanto seus lábios o faziam querer provar
sua plenitude.
Mike balançou a cabeça em sua reflexão. Desde quando eu sou poético?
ele pensou. Eu realmente preciso examinar minha cabeça. Em vez de pensar
em como eu quero beijar Marina, eu deveria estar focando no que aconteceu
hoje, onde estou e como diabos chegarei em casa!
Silenciosamente se levantando, ele decidiu que era melhor pegar mais
lenha.
Ele fez sinal para Charlie ficar quando o filhote levantou a cabeça.
Virando-se, ele silenciosamente contornou Geoff e deslizou pela abertura
estreita na árvore. Ele deu vários passos para longe antes de fazer uma pausa
e inspirar profundamente o ar fresco e limpo. Ele olhou para o céu noturno.
Uma lua estava cheia enquanto a outra parecia uma giba crescente.
Ele manteve a grande árvore à sua direita enquanto caminhava em um
círculo apertado recolhendo vários pedaços grandes de madeira morta.
Enquanto recolhia a madeira, ouvia os diferentes sons da floresta. A cem
metros de distância, um grande pássaro piou de uma das árvores altas.
Parecia muito com uma coruja. Ele podia ver as Estrelas Noturnas acenderem
e desaparecerem. As luzes faziam a floresta parecer mais com algo em um set
de filmagem ou um passeio de parque temático do que uma realidade.
O som de asas batendo e várias sombras escuras bloqueando a luz das
luas chamaram a atenção de Mike para as copas das árvores. Olhando para
cima, ele prendeu a respiração quando viu dezenas de grandes pássaros
voando acima. Em uma estimativa aproximada, ele teria colocado a
envergadura deles em quase seis metros de ponta a ponta. Ele decidiu que
qualquer coisa com asas tão grandes deve ter um bico ainda maior. A última
coisa que ele queria era se tornar sua próxima refeição.
Ele refez seus passos o mais silenciosamente que pôde, estremecendo
toda vez que pisava em um galho. Abaixando a cabeça, ele entrou na árvore
e soltou a respiração que estava segurando sem querer. Ele silenciosamente
empilhou a lenha perto do fogo antes de pegar duas toras e colocá-las sobre
as brasas.
— Achei que tinha sonhado com você.
A cabeça de Mike se ergueu e seu olhar se prendeu ao de Marina. Ela o
estava observando. Ele afundou no chão ao lado de Geoff.
— Você deveria estar dormindo. — ele repreendeu.
— Eu sei. Tem sido difícil dormir bem durante o último ano. Há sempre
um senso de medo de que algo venha nos atacar no escuro, mesmo que eu
saiba que nenhum dos criaturas da Bruxa do Mar pode. – ela admitiu.
— Por que ela não pode atacar à noite? — Mike perguntou com uma
carranca.
Marina respirou fundo e soltou.
— Ela criou um feitiço que drena todas as criaturas mágicas de seus
poderes do anoitecer ao amanhecer. Você pensaria que ela teria percebido
que o mesmo feitiço afetaria ela e as criaturas que ela fez, mas por algum
motivo ela não o fez. Ela – e as bestas não naturais que ela usa, como os ogros
– são tão indefesas quanto o resto de nós. Infelizmente, ainda há coisas que
podem nos prejudicar. — explicou.
— Bem, isso foi um grande erro. — Mike riu, cutucando o fogo com um
graveto.
— Sim, mas pelo menos o erro dela nos dá algum alívio. — Marina
respondeu com um bocejo.
— Durma um pouco. Devemos ter lenha suficiente para durar até de
manhã. — Ele assegurou a ela.
— E você? — ela perguntou, mordendo o lábio.
Mike sorriu e balançou a cabeça.
— Ainda é de manhã para mim. Você não precisa se preocupar comigo
também. Tenho idade suficiente para cuidar de mim mesmo. — respondeu
ele.
Seus lábios se contraíram com seu comentário.
— Sim, você tem. — ela murmurou em um bocejo. — Você é muito…
Mike parou de atiçar o fogo e esperou que ela terminasse a frase. Ele
era muito... o quê? Um gemido silencioso ecoou em sua cabeça quando ele
percebeu que ela havia voltado a dormir. Ele levou um momento para
perceber que ainda estava olhando para ela, e que seu corpo estava duro e
latejante.
Inclinando-se contra o interior da árvore, Mike piscou. O que diabos
estava acontecendo? Seu corpo não reagia a uma mulher assim desde que ele
tinha cerca de quatorze anos e Kylie Mooney sentou na frente dele na aula de
ciências da oitava série.
Ele ansiava por enterrar os dedos em seu cabelo comprido, mas era seu
pênis que ele queria enterrar em outro lugar. Ele inclinou a cabeça para trás
e observou os fios de fumaça subirem do fogo até o topo da árvore. Seria uma
longa, longa noite.
Ao lado dele, Mike ouviu Geoff rir. O adolescente havia se tornado sua
sombra desde que ele e suas irmãs acordaram com o sol no horizonte. Mike
não tinha certeza se era porque o menino queria saber mais sobre ele ou se
era para ficar de olho nele. Quando Mike disse que precisava sair um pouco
com Charlie, Geoff também se levantou ansiosamente.
Mike enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta. Ele queria ir com Marina
quando ela disse que encontraria alguma comida para quebrar o jejum, mas,
antes que ele pudesse sugerir, ela havia desaparecido. Erin ficou para
arrumar seus cobertores.
— Ele ouve bem. — comentou Geoff quando Charlie apareceu.
— Quando ele quer. — retrucou Mike com um sorriso irônico.
Mike observou enquanto Charlie vinha trotando em direção a eles com
uma longa vara que ficava presa nas samambaias altas. Claro, Charlie não
veio para Mike.
Geoff se inclinou e deu uma massagem em Charlie quando o filhote
deixou cair o graveto nos pés do menino.
— Cuidado com ele. Ele está te enganando. Se você tentar pegar o pau,
ele sairá correndo. — Mike avisou.
Geoff sorriu e piscou para Mike. Em um segundo, Geoff estava lá, e no
próximo ele havia sumido. Mike tropeçou para trás e piscou - e piscou
novamente e de novo. Ou ele estava tendo problemas com visão dupla ou
agora havia dois Golden Retrievers.
Mike ergueu a mão e esfregou-a nos olhos. Olhando entre os dedos, ele
ainda viu dois cachorros. Eles pareciam idênticos.
— Geoff, pare com isso. — Marina ordenou, passando por eles.
Mike começou e se virou para olhar para ela. Ela carregava várias raízes
grandes e laranja-escuras pelas folhas. Em um piscar de olhos, Geoff estava
de volta à forma de um adolescente e a seguiu de volta para a árvore. Mike
olhou para baixo quando Charlie choramingou. Ele podia ver o olhar do
filhote seguindo Geoff.
— Eu caí na porra do buraco do Coelho! — ele murmurou antes de
balançar a cabeça. — Venha, garoto.
Marina fez uma careta para o irmão. Geoff apenas sorriu para ela,
aumentando sua irritação. Curvando-se, ela pegou o pote e estendeu para
ele.
Menos de uma hora depois, Mike estava seguindo Marina enquanto eles
navegavam por uma trilha estreita na montanha. De um lado havia uma
parede de pedra, enquanto do outro havia uma queda íngreme e coberta de
árvores. Desta vez, Geoff liderou o caminho com Charlie, Erin, Marina e Mike
seguindo uma fila única atrás dele.
Pela primeira vez, Mike notou que, embora a blusa de Marina parecesse
preta, na verdade era um verde floresta que mudava de cor com a luz do sol.
As cores a ajudaram a se misturar com a floresta ao redor. Ele jurou que às
vezes, ela realmente parecia desaparecer de vista.
Ele tinha que admitir que estava fascinado com tudo sobre essa mulher
que caminhava na frente dele. O beijo compartilhado mais cedo naquela
manhã continuava tocando como um disco quebrado em sua mente. O sabor
dos seus lábios, a sensação do seu corpo quente contra o seu, a paixão em
sua resposta - inferno, até mesmo sua própria reação!
Ele a queria. Não havia como negar, e ele nem ia tentar.
Quando ela se afastou depois de ouvir o latido de Charlie, sua pele
estava brilhando. O vívido arco-íris de cores envolveu sua mão quando ele a
tocou. Houve uma sensação de formigamento, quase como se ele tivesse
tocado uma daquelas bolas de plasma com as quais costumava brincar
quando criança.
Ele queria saber mais sobre ela, e ele queria protegê-la.
Observá-la dormir na noite anterior despertou um forte instinto protetor
dentro dele que o surpreendeu. Ele não havia sentido uma reação tão forte
por ninguém antes, nem mesmo por Ruth. Claro, ele nunca teve que se
preocupar com uma bruxa malvada do mar, Cães do Inferno, ogros, reinos
mágicos, ou coisas assim com sua irmã, apenas um ex-marido fracote.
Um estremecimento passou por ele ao pensar em sua irmã. Ele tinha
que encontrar um caminho de volta. Se não o fizesse, não havia dúvida em
sua mente de que Ruth viraria o Yachats State Park de cabeça para baixo
tentando encontrá-lo. Se havia uma coisa que sua irmã era, era tenaz. Ela
poderia ser pior do que Charlie com um osso para mastigar!
— Estamos quase lá. — Marina comentou por cima do ombro, puxando-
o de volta ao presente.
— Certo. — respondeu Mike.
Quase quinze minutos depois, o caminho fez uma curva para baixo e se
abriu para revelar uma área ampla e plana perto da base da montanha. Mike
fez uma pausa quando viu os abrigos improvisados. Havia meia dúzia de
pequenas fogueiras acesas do lado de fora das estruturas de galhos e folhas
trançadas. Dezenas de crianças de todas as idades pararam para olhar para
eles com medo por um breve momento antes que um grito de alívio e excitação
ressoasse do grupo.
Mike rapidamente se viu cercado por um mar de rostos sujos e cansados
olhando para ele com curiosidade, reserva e um toque de esperança. Ele virou
a cabeça e fixou o olhar em Marina quando ela estendeu a mão e gentilmente
tocou várias das crianças amarrotadas. Uma combinação de amor, tristeza e
determinação se refletiu em sua expressão.
— Quem são eles? Porque eles estão aqui? — ele perguntou. Uma
carranca escura e perplexa vincou sua testa quando ele não viu ninguém
mais velho do que Marina. — Onde estão os adultos?
— Desapareceram. — Marina respondeu tranquilamente enquanto
olhava em volta para o grupo subitamente silencioso. — Seus pais e muitos
de seus irmãos e amigos foram transformados em pedra pela Bruxa do Mar
por se recusarem a se juntar a ela. As poucas aldeias que sobreviveram são
aquelas que prestam homenagem a Magna, na esperança de se salvarem. As
crianças que você vê aqui foram as únicas sortudas o suficiente para escapar
para a floresta antes que o feitiço consumindo suas aldeias pudesse afetá-
las.
Os olhos de Mike se arregalaram quando a devastação em grande escala
do que aconteceu com o povo de Marina o atingiu. Ele estava em um mundo
estranho, entre uma onda de crianças de cabelos mogno e violeta cujos pais
foram transformados em pedra por uma Bruxa do Mar direto de um conto de
fadas. Ele engoliu em seco enquanto observava Charlie movendo-se
ansiosamente de um corpinho para o outro, lambendo-os e consumindo a
atenção. Ele voltou seu olhar para Marina quando ela gentilmente tocou seu
braço.
— Venha, preciso verificar algumas coisas. Eu também quero ter certeza
de colocar as pedras de cura em Erin por um tempo. Antes do pôr do sol, vou
preparar alguma comida para nós. Conheço um lugar onde podemos
conversar em particular. — disse ela em voz baixa.
Mike assentiu.
— O que posso fazer para ajudar? — ele perguntou enquanto a seguia.
Um sorriso agradecido iluminou suas feições.
— Se você puder ajudar Geoff a verificar os abrigos, eu agradeceria. As
crianças estavam construindo quando partimos alguns dias atrás. — disse
ela.
Mike olhou ao redor do pequeno acampamento e assentiu.
— Eu posso fazer isso. — ele respondeu.
Ele se virou para olhar para Marina quando ela tocou em seu braço. Ele
viu um lampejo de incerteza em seu rosto antes que ela respirasse fundo, se
inclinasse e roçasse um beijo em sua bochecha. Ele envolveu seus braços ao
redor de sua cintura, puxando-a com força contra ele.
— Mike! — Marina engasgou surpresa, olhando para ele.
— Isso não é um beijo. — Ele abaixou a cabeça até que estava a um
fôlego de seus lábios. — Agora... isso é um beijo. — ele murmurou.
Ele capturou seus lábios entreabertos. Não havia dúvida em sua mente
de que ele queria esta mulher com uma paixão que quase lhe tirava o fôlego.
A química entre eles imediatamente acendeu um fogo dentro dele, e o beijo
travesso que ele tinha planejado logo se transformou em um tipo de beijo
esqueça-o-mundo-essa-mulher-é-minha. Ele levantou uma mão e enroscou
os dedos em seus cabelos para poder aprofundar o beijo.
Mike literalmente se esqueceu de tudo, menos da mulher suave e quente
em seus braços. Pelo menos, ele fez até sentir um puxão na perna da calça.
Rompendo o beijo com um grunhido impaciente, ele virou a cabeça para ver
o que o havia perturbado.
Sua expressão clareou quando viu uma jovem que não devia ter mais de
três anos olhando para ele com olhos arregalados de um azul cristalino. Suas
bochechas tinham manchas de sujeira nelas, e seu cabelo encaracolado azul-
gelo estava em um rabo de cavalo torto. Mike ouviu o gemido suave de Marina.
— Kacie, onde está seu irmão? — Marina perguntou.
— Toque! — Kacie exigiu, ainda olhando para Mike.
Mike fez uma careta para o olhar penetrante.
— Por que ela está me encarando? — ele perguntou.
— Ela está tentando ler você. Kacie é uma empata. —explicou Marina.
— Uma empata… — Mike balançou a cabeça. — Eu não acho que seria
uma boa ideia para ela me ler no momento.
Marina virou-se para olhá-lo com o cenho franzido.
— Por quê? — ela perguntou.
— Porque o que eu estou pensando e sentindo é definitivamente apenas,
apenas para maiores. — ele admitiu com tristeza.
— Eu não… — Marina começou antes que o entendimento
amanhecesse. Seu rosto ficou vermelho rosado. — Oh!
— Sim, isso resume tudo. — ele riu.
— Kacy! Kacie, onde você está? — um menino chamou de fora de um
dos abrigos.
Mike podia ver o menino procurando freneticamente pela garotinha.
Marina se inclinou e pegou Kacie. O menino virou-se para eles quando viu
sua irmã. Mike podia ver a expressão exasperada do garoto. Um sorriso
curvou seus lábios - Ruth tinha usado a mesma expressão com ele mais de
uma vez.
— Eu encontrarei Geoff. — Mike disse.
— Acho que Kacie e eu vamos checar Erin. — Marina respondeu antes
de se voltar para ele. — Eu te vejo mais tarde?
Mike podia ouvir a ligeira hesitação em sua voz.
— Você pode apostar sua bunda que você vai. — ele retrucou com uma
piscadela.
Virando-se, ele atravessou o acampamento até o abrigo em que Geoff
estava trabalhando. Ele precisava de algo para manter sua mente ocupada –
bem, pelo menos parcialmente ocupada, se não fosse por outra razão, a não
ser para manter seu corpo sob controle. No momento, seu pênis ainda estava
duro, e ele podia sentir o desejo sexual ainda puxando-o.
— Isso não é nada como ter quatorze anos – isso é muito, muito pior.
Estarei entrando em sérios problemas se não for cuidadoso. — ele murmurou
baixinho.
Quase uma hora depois, o cheiro de peixe grelhado fresco e sopa rica
enchia o ar em torno da aldeia, juntamente com os suspiros felizes de
crianças saciadas. Marina ficou impressionada que Mike a ajudou e as
crianças mais velhas a preparar pratos para as crianças mais novas primeiro.
Somente quando todos os outros haviam terminado de comer e começaram a
se acomodar é que Marina e Mike prepararam uma refeição para si mesmos.
Com um sorriso incerto, Marina fez sinal para que Mike a seguisse
enquanto ela saía da cabana. Por hábito, seus olhos examinaram a área para
se certificar de que tudo estava como deveria estar. As crianças mais velhas
estavam limpando e conversando baixinho enquanto as mais novas já
começavam a se acomodar para a noite. O peso do feitiço da Bruxa do Mar
drenava a energia das crianças mais novas mais rapidamente do que as mais
velhas.
Marina podia sentir o feitiço puxando seu próprio corpo. Por um breve
momento, seu olhar encontrou o de seu irmão. Ele estava deitado perto de
uma das fogueiras ao ar livre com Charlie enrolado ao seu lado. Geoff deu a
ela um olhar preocupado. Ela sorriu em segurança. Ela sabia que ele ainda
estava preocupado com Erin. Satisfeito, ele deitou a cabeça para trás.
— Há um lugar não muito longe daqui que eu gosto de ir à noite. Fica
perto o suficiente do acampamento para que eu possa ouvir se alguém
precisar de mim, mas longe o suficiente para que possamos conversar em
particular. — murmurou Marina.
Ele inclinou a cabeça, deixando-a saber que ele a ouviu. Marina abriu
caminho pelo pequeno acampamento e seguiu em direção a um caminho que
cortava as rochas do lado oposto do outro caminho que levava ao rio.
Ambos caminharam em silêncio até que emergiram por uma abertura
estreita em uma larga saliência que dava para a ilha. Deste ponto de vista,
uma pessoa podia ver quase tudo.
— Uau!— Mike exclamou em voz baixa. — Isto é incrível.
Marina riu e fez sinal para que ele se sentasse ao lado dela enquanto ela
se sentava em uma pedra plana. Havia uma brisa leve, e ela levantou a cabeça
para inspirar profundamente o ar fresco. Apesar de sua exaustão, ela não
podia deixar de apreciar a beleza de sua casa.
— Experimente uma dessas. — ela sugeriu em voz baixa, acenando para
uma grande semente verde. — O líquido dentro é muito refrescante e bom
para o corpo.
Mike pegou uma das vagens verdes. Ele estudou por um momento antes
de dar uma mordida. Ela sorriu quando seus olhos se arregalaram de
surpresa antes de devorar a vagem nutritiva.
— Isso é delicioso! — ele exclamou, pegando outra.
— Eles são e, felizmente, são abundantes se você souber onde procurar.
— respondeu ela.
Marina equilibrou o prato no colo. De onde estavam sentados, tinham
uma visão perfeita do vale e do litoral. Comeram em silêncio, observando as
luas gêmeas se erguerem e iluminarem o vale lá embaixo. Ao longo da costa,
as ondas quebrando contra a costa rochosa e o brilho das algas
bioluminescentes faziam a água parecer um rio de estrelas azuis.
— Conte-me sobre o seu mundo, Mike. — Marina calmamente
encorajou, não olhando para ele, mas olhando para o vale. — Como é?
Como... é sua vida lá?
— É diferente. — admitiu Mike. Ele se virou para ficar de frente para a
mulher incomum sentada ao lado dele. — As coisas sobre as quais você fala
pertencem aos contos de fadas do meu mundo. Sou detetive do Gabinete do
Xerife do Condado de Lincoln. Eu estava investigando o desaparecimento de
duas mulheres que sumiram nos últimos dois anos...
Marina se virou para olhá-lo quando sua voz sumiu. Ela estudou a onda
de expressões que cruzaram seu rosto enquanto ele olhava para o prato em
suas mãos. Uma carranca escura vincou sua testa. Ele colocou seu prato
vazio na rocha ao lado dele e se levantou para caminhar até a borda. Marina
colocou seu prato em cima do dele e se levantou. Ela silenciosamente
caminhou até ficar ao lado dele. Ele estava olhando para a Ilha da Magia.
— O que é? — ela perguntou, inclinando a cabeça.
Ao longe, ela mal conseguia distinguir as torres que faziam parte do
Palácio. Elas se erguiam acima das árvores como uma mão sombria
alcançando as luas. Um calafrio a percorreu, e ela colocou os braços em volta
da cintura.
Tanta alegria tinha acontecido lá. Agora, apenas a tristeza e o mal viviam
dentro das outrora magníficas paredes de pedra.
— Eu me pergunto...— ele sussurrou, sua voz fraca como se ele
estivesse imerso em pensamentos.
— Eu me pergunto se elas encontraram um caminho para o seu mundo.
— Quem encontrou um caminho? — Marina perguntou, confusa.
— As duas mulheres que eu estava investigando…— ele respondeu, sua
voz desaparecendo novamente.
— Não houve mulheres estranhas aqui. Se houvesse, Isha teria contado
a papai e mamãe. A notícia de tal evento teria se espalhado rapidamente. —
ela disse, mordendo o lábio e franzindo a testa. — Mas... Isha mencionou algo.
Ele virou para encará-la. Ele estendeu a mão e agarrou seus braços em
um aperto leve, mas firme. Imediatamente, ela podia sentir a explosão de
energia correndo por ela.
A força disso era tão poderosa que por um momento ela perdeu o fôlego,
e ela esqueceu do que eles estavam falando.
— Ele mencionou… — ele perguntou quando a voz dela sumiu.
Ela olhou para ele.
— Eu ouvi Isha conversando com papai e mamãe sobre como Drago, o
Rei Dragão, havia acordado. Deve ter sido uns dois anos atrás. Isha disse que
a Rainha acreditava que coisas boas aconteceriam. Os dragões eram
magníficos de se ver e nenhum era mais poderoso que Drago. Eu não era
muito mais velha que Erin quando Drago desapareceu. Diz-se que ele ficou
tão triste com a perda de todo o seu povo, que a Ilha dos Dragões desapareceu
em uma névoa de tristeza. Havia apenas duas coisas que Pai disse que
poderiam despertar o Rei dos Dragões - uma era o retorno de seu povo e a
segunda era alguém tentando roubar o tesouro do dragão. — Um sorriso
confuso curvou seus lábios. — Isha disse que uma mulher estranha havia
roubado algo de extremo valor; ela havia roubado o coração de Drago. Isha
disse a Pai que o Rei e a Rainha enviaram um presente de paz e parabéns...
E pouco antes da Bruxa do Mar tomar posse da Ilha da Magia, eu estava
conversando com uma amiga minha da Ilha da Serpente do Mar. Karin me
disse que o Rei do Mar havia tomado uma noiva que enfrentou a Bruxa do
Mar - uma estranha de outro mundo com cabelos da cor do coral de fogo.
— Cabelo da cor do coral de fogo…. Ela tinha que estar falando sobre
Jenny Ackerly. — Mike sussurrou, olhando para ela com espanto. — Tem que
ser elas. Carly Tate tinha uma queda por dragões. Todos que entrevistei
falaram sobre sua obsessão por eles. Jenny Ackerly tem cabelo ruivo. Elas
devem ter encontrado um caminho para este mundo de alguma forma.
— Você quer dizer que as mulheres vieram do seu mundo também? —
Marina perguntou, seus lábios se abrindo quando a esperança começou a
brilhar dentro dela. — Se o fizeram, talvez se você falasse com elas, elas
falariam com seus companheiros. Elas poderiam convencer Drago e o Rei do
Mar a nos ajudar! O poder do Rei dos Dragões e do Rei do Mar certamente
seria demais para a Bruxa do Mar. Mike, você tem que falar com elas. Você
tem que pedir a ajuda delas. — ela implorou, agarrando seus braços. — Por
favor... pelo meu povo, pelos meus pais, pelos aldeões... e pelas crianças. Você
tem que nos ajudar.
Capítulo Onze
Ele tinha três balas sobrando no pente. Embora ele tenha treinado para
ser um soldado da Força Aérea, seu campo de especialização era investigações
internas, não combate. Ainda assim, ele continuou seu treinamento e
condicionamento físico quando deixou o exército e ingressou na força policial.
Ele passou facilmente nos requisitos físicos para o Departamento de Polícia e
foi bem treinado para a maioria das situações. Claro, ele com certeza não teve
treinamento durante seu tempo no exército para lidar com criaturas mágicas
e coisas tiradas diretamente de um filme de terror, ele pensou com um suspiro
descontente enquanto respirava fundo. Inferno, o que eu preciso é de algum
treinamento dos Homens de Preto, embora eles nunca tenham lidado com
magia, apenas com aliens insanos. Ainda assim, uma parte de sua mente
argumentou enquanto ele olhava para a mulher à sua frente, se eu tiver que
lutar, não poderia pensar em ninguém melhor para estar ao meu lado do que
Marina. Embora eu não me importaria de ter alguns caras da força aqui
também.
Capítulo Doze
Marina corou quando sua avó olhou para ela com os olhos nublados.
Ela não tinha perdido o olhar curioso ou o sorriso conhecedor quando sua
avó inclinou a cabeça na direção de Mike. Pela milionésima vez, Marina se
perguntou como sua avó parecia ver tudo, mesmo sabendo que a outra
mulher era cega.
No ano passado, ela só pôde vir aqui duas vezes para se certificar de que
sua avó estava segura. Marina suspirou de arrependimento enquanto olhava
ao redor do lindo e pitoresco jardim e da pequena cabana. Embora ela
adorasse criar algo assim para as crianças, ela não tinha o poder mágico de
escondê-lo do jeito que sua avó fazia. Também não havia como trazer todas
as crianças aqui para se esconder. Criar uma área grande o suficiente para
todos teria sido demais para o jardim encantado e a capacidade da magia de
sua avó de esconder.
— Vovó, este é Mike Hallbrook. Ele…. — Marina começou a dizer antes
de parar quando sua avó se aproximou de Mike e lhe deu um beijo nas duas
bochechas. Mike sorriu e ergueu uma sobrancelha quando sua avó apertou
seus braços.
— Eu sei, eu sei. Ele é um estranho para o nosso mundo. Ele é forte,
criança, e fofo também! Você é uma bruxa muito sortuda. Agora, vocês dois
entrem. Eu estava prestes a comer alguma coisa. — Ladonna Fae riu.
— Mike, posso apresentar minha avó, Ladonna. Devo adverti-lo de que
ela pode ser um pouco direta. — acrescentou Marina baixinho quando Mike
se aproximou para entrar no chalé atrás de sua avó.
— Bobagem. Eu sou muito franca. Na minha idade, não preciso mais
ser socialmente educada. — retorquiu Ladonna, apoiando-se na bengala.
— Olá, Sra. Cane. — Sr. Bow cumprimentou.
— Oh, não... Você o trouxe de volta. — Sra. Cane gemeu.
Marina fez uma careta. Ela apoiou o Sr. Bow contra a parede perto da
porta.
Virando-se, ela viu a expressão questionadora de Mike.
— Mesma floresta, árvores diferentes. Outro presente do meu pai. — ela
explicou rapidamente.
Ela fechou a porta e caminhou até sua avó, que estava colocando uma
grande panela de ensopado no centro da mesa. Já havia três talheres sobre a
mesa. Sua avó sabia que eles estavam vindo.
Marina pegou o jarro de água da bancada de pedra polida e o colocou
na mesa. Ela olhou surpresa quando Mike puxou a cadeira para ela.
Murmurando seus agradecimentos, ela deslizou para o assento de madeira
escura. Seu olhar o seguiu quando ele fez o mesmo para sua avó.
A avó de Marina emitiu um som satisfeito, indicando que estava
impressionada com a educação de Mike. Ele puxou a cadeira à direita dela e
se sentou.
— Poderemos conversar sobre o motivo de você estar aqui enquanto
enchemos nossas barrigas. — disse Ladonna com um aceno de mão.
As tigelas na frente deles flutuaram até a panela de ensopado. Ladonna
continuou a conversar sobre as novas flores surgindo em seu jardim
enquanto a concha enchia suas tigelas com o delicioso ensopado cheiroso.
Marina cortou fatias grossas de pão enquanto as tigelas cheias pousavam na
frente de cada pessoa.
— Eu realmente deveria ter plantado as flores naquele lado do quintal
mais cedo. Não sei por que não pensei nisso antes. — Ladonna suspirou.
Marina esperou até que sua avó terminasse de falar. Ela olhou para
baixo em sua tigela, subitamente sem fome. A ideia de Geoff estar nas mãos
da Bruxa do Mar a deixava enjoada. Fechando os olhos, tentou afastar a
imagem de Isha e dos outros congelados no pátio de sua mente.
Ela abriu os olhos e ergueu o olhar para Mike. Ele apertou os dedos dela
sob a mesa em apoio. Ela deu-lhe um sorriso agradecido antes de voltar sua
atenção para sua avó que havia ficado em silêncio.
— Vovó, um dos ogros da Bruxa do Mar levou Geoff. — ela calmamente
informou a mulher mais velha.
— Sim, eu sei, criança. — respondeu Ladonna. — É por isso que você
está aqui.
— Sim.
Marina piscou para conter as lágrimas em seus olhos. Sua avó estendeu
a mão e deu um tapinha na mão de Marina. A mulher mais velha suspirou e
acenou para eles comerem.
— Coma primeiro. Você precisará de sua força na jornada que tem pela
frente. — instruiu Ladonna.
— Vim pedir sua ajuda. Criei um portal entre nosso mundo e o de Mike.
Eu... eu não sei como eu fiz isso, mas se houver uma maneira de fazer isso
de novo - desta vez para a Ilha da Serpente do Mar - nós esperamos pedir a
ajuda do Rei do Mar — Marina explicou.
— Os portais podem ser complicados. Para sua sorte, eu sei uma coisa
ou duas sobre eles.
Agora, não se preocupe, criança. Tudo dará certo. — disse sua avó
enquanto soprava a mistura quente.
— Como você pode ter tanta certeza? — Marina perguntou.
Ladonna virou a cabeça para Mike.
— Seu jovem tem uma magia poderosa, mas será necessária a força
combinada do Rei do Mar, do Rei dos Dragões e da própria Magna para
derrotar o mal que controla nosso reino. — explicou ela.
— Do que você está falando? Por que Magna ajudaria a se derrotar?
Marina perguntou confusa.
— A Bruxa do Mar cometeu um erro vital quando lançou seu feitiço ou
o fez de propósito. — disse Ladonna.
Marina franziu a testa.
— Eu sei que ela se retira para o palácio todas as noites por causa do
feitiço que nos drena. Eu suspeitava que era por isso que ela desaparecia
todos os dias antes do pôr do sol. — disse Marina com um aceno impaciente
de sua mão. — Qual é a utilidade disso se estamos muito cansados e fracos
para fazer qualquer coisa? Mesmo o Rei do Mar e o Drago provavelmente
sofrerão os efeitos!
— Sim, o feitiço de Magna a afeta tanto quanto o resto de nós, exceto
por seu jovem. Magna é tanto um produto da magia da nossa Ilha quanto do
mar. Ela precisa de ambos para sobreviver, mas a criatura que a possuiu só
pode sobreviver dentro dela ou dentro de outra pessoa.
Marina franziu a testa e pousou a colher.
— Que criatura? Sobre o que você está falando? — ela exigiu.
— Eu vejo, embora seja cega, Marina, muitas coisas que os outros não
veem. Isha veio me visitar antes de ser transformado em pedra. Minhas visões
muitas vezes não são tão claras quanto eu gostaria. Eu disse a ele a mesma
coisa que lhe digo agora. A Bruxa do Mar não é tudo o que parece. Há algo
mais sombrio vivendo dentro dela - algo estranho ao nosso mundo. Ainda vejo
a jovem garota que ela costumava ser trancada lá dentro. Magna luta da
melhor forma possível contra o mal que a aprisiona. Você nunca se perguntou
por que Magna criaria um feitiço que a enfraqueceria, assim como aos outros?
Um que a forçaria, aos Cães do Inferno e aos ogros a voltarem para o palácio
quando a escuridão cai? — perguntou Ladona.
— Eu…eu pensei que era apenas para protegê-la quando ela estava mais
fraca. Eu estava apenas tão grata que isso nos desse algum alívio da ameaça
constante de ataques. —admitiu Marina.
Ladonna balançou a cabeça.
— O feitiço que ela lançou sobre os ogros desaparece, e ela deve prendê-
los para que não possam escapar. Os Cães do Inferno são bestas não
naturais. Eles são feitos da magia mais escura que se alimenta dela. Eles a
guardam à noite quando ela está indefesa. — explicou ela.
— Você se importa se eu perguntar como você pode ter certeza dessa
informação? — Mike interveio quando viu Marina refletindo sobre esses
detalhes.
— Porque eu tenho um dos ogros. Eles são animais bastante falantes
quando você os conhece. Eu o encontrei preso no poço de piche e tive pena
dele quando a escuridão caiu e ele voltou ao seu estado normal. — explicou
Ladonna com um sorriso irônico no rosto. — Sempre tive um fraquinho pelas
criaturas. Ninguém pode cultivar cogumelos como eles.
— Vovó, você poderia ter sido capturada ou pior! Onde ele está agora?
— Marina perguntou horrorizada, inclinando-se para frente e colocando a
mão no braço da avó. — Durante o dia ele ainda pode te machucar.
Ladonna balançou a cabeça, seus olhos nublados rodando com cor.
— Magna não é a única bruxa poderosa nessa Ilha. — ela disse com
um aceno de cabeça. — Embora eu não seja tão forte quanto costumava ser,
ainda posso proteger minha casa e jardins.
Marina recostou-se na cadeira.
— É por isso que precisamos de sua ajuda. Apenas o Rei e a Rainha
juntos teriam sido fortes o suficiente para derrotar Magna. Se ela não tivesse
enganado o Rei e aprisionado a Rainha com seu engano, nada disso teria
acontecido.
— Não, criança, nem mesmo eles poderiam tê-la detido. Será preciso
mais do que magia para derrotá-la. Você será capaz de ver o mal que está
dentro dela. Você não deve deixá-lo escapar. Se isso acontecer, ele só passará
para outro. Há algo que é mais poderoso do que Magna. Você deve se certificar
de que o mal dentro de Magna não toque o Guardião das Almas Perdidas. —
Ladonna sussurrou, olhando para frente, como se ela pudesse ver o futuro.
— Almas perdidas? — Mike perguntou, inclinando-se para frente e
apoiando os cotovelos na mesa. — Marina mencionou o Rei do Mar e Drago.
Eles podem derrotar Magna?
— Derrotar, não, mas eles podem libertá-la e libertar o resto dos Sete
Reinos com a ajuda de vocês e Marina. — disse Ladonna.
— Então, temos que falar com eles. — insistiu Marina.
Ela se afastou de sua refeição pela metade e se levantou. Suas mãos se
apertaram em determinação. Ela faria o que fosse preciso para libertar sua
família e seu povo.
Ladonna suspirou e assentiu. Com um aceno de sua mão enrugada, os
pratos na mesa desapareceram e um conjunto de brilhantes pedras verdes e
azuis apareceu.
Ladonna levantou-se lentamente, a cadeira atrás dela rapidamente
recuando para fora de seu caminho, e acenou para Marina pegar as pedras.
— Eu guardo um pouco da minha magia nas pedras. Lembre-se, você
deve convencer o Rei dos Mares e Drago a atacar antes do amanhecer de um
novo dia. Assim que o feitiço de Magna acabar, ela será muito poderosa e terá
os exércitos dos ogros e Cães do Inferno para protegê-la. Tenha cuidado, no
entanto. Se a criatura dentro dela se sentir ameaçada, pode destruir as
estátuas de pedra mantidas prisioneiras. Se isso acontecer, o Rei e a Rainha
estarão perdidos para sempre. Pegue as pedras e coloque-as em um círculo e
repita comigo. — instruiu Ladonna.
Marina acenou com a cabeça. Ela pegou as pedras em suas mãos.
Carregando-as, ela rapidamente se moveu para ficar na frente da lareira.
Entregando algumas das pedras para Mike, eles cuidadosamente as
colocaram em um círculo no tapete gasto e entraram nele. Marina estendeu
uma mão para Mike. Ele colocou a mão sobre a dela, e ela a agarrou com
firmeza. Virando-se, ela chamou o Sr. Bow para vir até ela. Depois que ela
segurou tanto Mike quanto seu arco, ela murmurou para sua avó que
estavam prontos.
— Fique segura, criança, e lembre-se, eu sempre estarei em seu coração.
— Ladonna sussurrou antes de começar a cantar em voz baixa.
O olhar de Marina saltou para o rosto de sua avó. Ela separou os lábios
em protesto, mas nenhuma palavra saiu. O olhar sereno no rosto de sua avó
ficou gravado em sua memória quando sua avó começou a tecer seu feitiço.
Através das cores rodopiantes da magia, ela podia ver sua avó começar
a desaparecer.
Ela estremeceu enquanto a pitoresca casa brilhava, envelhecendo e
desmoronando diante de seus olhos. Os jardins exteriores tornaram-se
visíveis. Perto do riacho, o ogro que sua avó salvara ergueu os olhos de onde
estava cuidando de um pequeno canteiro de cogumelos. A tristeza profunda
escureceu seus olhos quando suas feições começaram a mudar. A proteção
da magia de sua avó desapareceu, e ele foi novamente enfeitiçado pela
maldição da Bruxa do Mar. Sua avó deu o resto de sua magia para Marina.
— Eu te amo, criança. Salve nosso reino e diga a seu pai que sentirei
sua falta, mas sempre estarei presente em seu coração. — sussurrou
Ladonna.
— Avó….
O suave grito de protesto de Marina se desvaneceu com o último jardim
mágico que sua avó havia criado. Ela fechou os olhos e se concentrou na
magia girando em torno de Mike e ela mesma. Ela sentiu a mão dele apertar
a dela enquanto as cores da magia começavam a mudar para as de madeira
e pedra ricas.
Um soluço rouco ficou preso em sua garganta, e ela se forçou a ficar
forte enquanto a onda de dor a varreu. Lágrimas silenciosas escorriam por
suas bochechas, e ela teve que piscar para clarear a visão. Seu olhar varreu
a sala antes de voltar para Mike quando ele balançou e se inclinou para apoiar
as mãos nos joelhos. Descansando a mão nas costas dele, seu olhar fixo em
um par de olhos azuis claros brilhantes.
— O Rei do Mar. — ela sussurrou.
Capítulo Treze
— Sim. Tenho que admitir que este foi um dos eventos mais estranhos
da minha vida. — disse Mike.
— Fala sério! Se alguém me dissesse que eu acabaria em um mundo
mágico e me apaixonaria por um tritão, eu teria apontado para a porta mais
próxima ou talvez para um hospício. — Jenny respondeu, sentando-se na
cadeira em frente a ele.
Seus olhos se desviaram para onde Marina e Órion estavam
conversando baixinho. Ele podia ouvir a conversa deles e entendeu que o Rei
do Mar queria ouvir o que havia acontecido no ano passado. Seu estômago se
apertou quando Marina compartilhou os horrores de tentar manter a si
mesma e ao grupo de crianças em segurança.
— Então, ele é realmente o Rei do Mar? Quero dizer, é apenas um nome
ou ele é realmente um…você sabe….— Mike acenou com a mão como se
estivesse nadando.
— Sim, ele realmente é um tritão. — Jenny respondeu, olhando para
Órion com uma expressão que mostrava seu amor pelo homem. — Eu
também sou, agora.
Mike voltou a olhar para Jenny com um olhar assustado.
— Ele transformou você em uma sereia? — ele perguntou surpreso.
— Bem, minhas pernas não se transformam em um rabo; mas sim, eu
posso nadar e respirar debaixo d'água como uma sereia assim como Carly
pode se transformar em um dragão e voar. — Jenny disse com um sorriso,
seus olhos brilhando com diversão. — Ontem, um de seus filhos pegou um
resfriado, e Drago insistiu que eles voltassem para casa, ou você os teria
conhecido hoje.
Mike tomou um grande gole de sua bebida antes de colocar o copo na
mesa. Sereias, dragões, bruxas, Cães do Inferno, ogros e a lista não parava
de crescer. Ele estudou as feições brilhantes de Jenny quando ela se inclinou
para pegar o bebê que estava deitado no berço e começava a chorar.
Ele não precisava perguntar se ela estava feliz aqui. O sorriso satisfeito
em seus lábios era uma resposta mais que suficiente. Do pouco que ela havia
mencionado Carly, parece que a outra mulher desaparecida estava
igualmente feliz.
Ele moveu seu olhar para onde Marina estava parada perto das portas
da varanda.
Um brilho quente se espalhou por seu corpo. Ele agora percebia que a
atração que sentia por Marina era mais profunda do que paixão. Ele estava
se apaixonando por ela.
— Você acha que Órion nos ajudará? — ele perguntou em voz baixa.
Jenny assentiu, olhando para Órion enquanto ouvia Marina com uma
expressão tensa.
—Sim. — ela respondeu em um tom confiante. — Sim. Ele sabe que
Magna é sua responsabilidade. Ele me disse que ela mudou anos atrás,
quando eles eram adolescentes. Ele não entende o porquê, mas percebe que
é sua responsabilidade detê-la.
— Eu não ia perguntar, mas bem... Este mundo é tão diferente do nosso.
Como você soube com certeza que seria feliz aqui? — perguntou Mike.
Seu olhar permaneceu em Marina. Sua expressão relaxou, e ela
assentiu enquanto ouvia Órion. Ele podia ver o alívio em seus olhos e um
pouco da tensão desaparecer de seu corpo.
— Nós realmente sabemos até tentarmos? — ela perguntou com uma
sobrancelha levantada. — Sim, este mundo é diferente, mas se apaixonar e
ter uma família é o mesmo - contanto que você possa superar o fato de que
seus novos sogros podem ser sereias, dragões, bruxas ou até mesmo
monstros. Eu não consigo imaginar voltar ao nosso mundo - especialmente
agora. — Jenny respondeu, olhando para sua filha. — Eu pertenço a este
lugar. E você? Eu vejo o jeito que você olha para Marina e o jeito que ela olha
para você. A vida é muito diferente para as pessoas aqui. Alguém como Órion
nunca poderia sobreviver em nosso mundo. Seria muito perigoso.
— Sinceramente, nunca pensei em Marina vindo para o nosso mundo.
Inferno, eu ainda não entendo como cheguei aqui. — Mike admitiu.
— Magna foi fundamental para eu estar aqui. Um dia depois de falar
com você, voltei ao Yachats State Park para procurar pistas sobre o
desaparecimento de Carly. Não encontrei nada, é claro. Eu tinha decidido que
era hora de deixar ir. — Ela balançou a cabeça e virou-se para olhar para
Órion. — Sempre amei a água. Desci até a praia e, pouco tempo depois, ouvi
Dolph, o filho mais velho de Órion, rindo. — Ela se virou para olhar para
Mike, um sorriso suave curvou seus lábios. — Mais tarde, ele disse que quase
desistiu de encontrar uma mulher de cabelos cor de fogo para ser sua mãe
quando me viu andando pela praia. Quando ele correu para a água, eu o
segui. Eu estava com medo que ele se afogasse. A próxima coisa que eu soube,
eu estava neste mundo. — ela terminou.
— Você sabe se há um caminho de volta? — perguntou Mike.
Jenny deu de ombros.
— Suponho que se há um caminho pra cá, há um caminho de volta.
Carly me disse que estava caminhando pela trilha quando foi pega por uma
tempestade. Havia uma rachadura na lateral da montanha que se abria no
que parecia ser uma pequena caverna. Ela se espremeu através dela. A
próxima coisa que ela sabia, ela tinha tropeçado no tesouro de Drago. —
Jenny riu e balançou a cabeça. — Carly é a única pessoa que conheço que
podia acabar em uma caverna cheia de ouro e ver apenas o dragão. Ela me
disse que Drago disse a ela para escolher seu tesouro com sabedoria e não
sabia o que pensar quando perguntou se poderia ficar com ele.
— Você acha que a Bruxa do Mar teve alguma coisa a ver com Carly
estar aqui? — perguntou Mike.
— Não sei. Sinceramente não sei o que pensar da mulher. É como se ela
tivesse duas personalidades diferentes. Uma parte dela é boa, ela ajudou
Juno em um momento, enquanto outra parte dela é pura maldade. — disse
ela.
— Vou ajudar Marina e seu povo. Se Drago ajudará, ele estará aqui ao
amanhecer. — Órion disse.
— Lembre-se do que Nali disse. — Jenny avisou.
Órion assentiu.
— Eu lembro. É por isso que estou enviando pedidos também para os
outros governantes. — disse ele.
— Outros governantes? — Mike perguntou, confuso.
Marina se aproximou e se sentou na cadeira ao lado de Mike. Ela ainda
segurava o Sr. Bow com força em suas mãos. Mike se inclinou e pegou uma
das mãos dela.
— O Rei do Mar vai pedir ajuda ao Rei dos Gigantes, à Imperatriz dos
Monstros, ao Rei dos Piratas e aos Elementais. — explicou Marina.
— A Imperatriz dos Monstros…. Mal posso esperar para ver quem mais
aparece.
Mike repetiu com um aceno de cabeça.
Capítulo Quatorze
Marina suspeitava que sabia o que Mike queria dizer com quente. Se
suas suspeitas estivessem corretas, ela estava pronta. Seu corpo parecia
estar pegando fogo. Ela nunca esperou que provocá-lo do jeito que ela fez faria
com que seu corpo reagisse do jeito que reagiu.
Ela inclinou a cabeça para trás e estremeceu apesar da água quente
girando em torno deles. Ela separou as pernas para montar Mike quando ele
a puxou para ele. Quando ela sentiu seu pau roçando contra sua
feminilidade, um pico de intenso desejo a atravessou, começando entre as
pernas e passando por todo o corpo com uma rapidez que a deixou ofegante.
Instintivamente, ela agarrou os ombros dele e se ergueu de joelhos para
se unir a ele. Um gemido de frustração escapou dela quando ele estendeu a
mão e envolveu as mãos em sua cintura - efetivamente impedindo que ela se
empalasse nele. Em uma nota positiva, o movimento alinhou seu seio com a
boca dele.
— Você faz minhas entranhas derreterem. — ela choramingou.
Ele virou a cabeça e trancou os lábios em torno de seu mamilo tenso.
— Sim! — ela gritou.
A sensação de seus lábios puxando seus bicos endurecidos era muito
melhor do que quando ela usava os dedos. Inclinando a cabeça, ela o viu rolar
a língua sobre a crista tensa e rosada.
— O outro... Está se sentindo negligenciado. — ela ordenou com a voz
rouca.
A respiração suave e quente de Mike acariciou sua carne fria quando ele
a soltou.
— Você é uma coisinha mandona. Eu gosto disso. — ele rosnou antes
de capturar seu outro mamilo.
— Oh! Isso está fazendo coisas entre minhas pernas. — ela disse, suas
unhas se curvando contra seus ombros.
— Vamos ver quais outras sensações eu posso te fazer ter. — ele
murmurou contra seu peito.
— Outras… — ela engasgou com um soluço.
A outra era a mão dele movendo-se de sua cintura para o monte entre
suas pernas. Seus dedos a provocaram, correndo ao longo das dobras macias
que a protegiam.
Quando ele roçou sua protuberância inchada, ela estremeceu.
— Vou lavar você, Marina. Eu quero levar meu tempo explorando você.
— Mike disse contra sua pele úmida.
— Podemos... não podemos esperar para explorar mais tarde? — ela
respirou com uma voz instável.
— Oh, não, minha bruxinha impaciente. A primeira vez é tudo sobre
tortura pelo prazer. — ele riu, virando-a em seus braços. — E eu pretendo
torturá-la até você gritar.
Marina agarrou a lateral da banheira grande e segurou quando ele
passou as mãos pelos braços dela e os pressionou na borda da banheira.
Suas mãos deslizaram de volta para baixo e ele agarrou seus quadris,
puxando suas nádegas para cima e espalhando suas pernas. Seus dedos se
curvaram quando ele correu as duas mãos sobre as bochechas de sua bunda.
— Eu sempre fui um homem de peito e bunda. — ele a informou.
— Eu... Isso é bom... bom... saber… — ela respondeu. — O que você
fará? — ela perguntou, lambendo os lábios depois que ela ouviu o barulho da
água quando ele se levantou.
— Você vai confiar em mim? — ele perguntou.
Os olhos de Marina se encontraram no espelho da parede oposta. Ela
podia ver tudo o que ele estava fazendo. Havia algo extremamente erótico em
observar o que estava acontecendo enquanto o experimentava. Ela o seguiu
com os olhos enquanto ele pegava uma barra do sabonete levemente
perfumado. O aroma de sempre-vivas frescas a alcançou quando ele
umedeceu a barra e começou a esfregá-la entre as mãos.
Ele recolocou a barra e virou aquelas mãos hipnotizantes para ela em
seguida.
Arrepios subiram sobre sua pele antes de desaparecer rapidamente
quando ele começou a passar as mãos ensaboadas por baixo dela, de seus
quadris ao longo de seu estômago e até seus seios, onde ele os provocou
novamente. Um suspiro escapou dela quando ele os beliscou.
— Às vezes, um pouco de dor leve pode levar a muito prazer. — explicou
ele.
— Como pode a dor…? Oh! É assim…— ela exclamou quando ele os
beliscou novamente antes de beliscar seus mamilos e rolar os dedos.
Marina mordeu o lábio para não gritar quando Mike continuou seu
ataque sensual em seu corpo. Suas mãos correram ao longo de seus braços,
lavando-a do ombro até os dedos antes de puxá-la de volta contra seu corpo
para enxaguá-la. Ela relaxou contra ele quando ele pegou o sabonete
novamente. Desta vez ela estava sentada em seu colo. Ele tinha seus pés
enganchados em torno de seus tornozelos, segurando as pernas dela. Foi a
sensação de seu pênis pulsando contra sua bunda que a fez mexer os quadris.
Ela jogou a cabeça para trás contra seu ombro quando ele começou a
lavar seu peito e estômago. Seus dedos pausaram, levando tempo para se
certificar de que seus mamilos permaneciam duros e latejantes. Ela se
levantou quando ele apertou os mamilos firmemente entre seus dedos, e ele
se levantou com ela, pressionando seu pênis ao longo de sua bunda.
— Você pode sentir o quanto eu quero você? — ele murmurou, roçando
um beijo ao longo de seu ombro enquanto suas mãos desciam para seus
cachos macios.
— Eu quero você — ela choramingou.
Querer era um eufemismo, ela decidiu. Ela o desejava. Seu corpo
parecia que não lhe pertencia mais. Cada centímetro era supersensível e
lugares que ela não sabia que poderiam doer, doíam - de uma forma muito
prazerosa.
Ela abriu as pernas quando ele começou a acariciá-la. Ele estava
esfregando contra sua protuberância enquanto brincava com seu seio. O
calor que a percorria não tinha nada a ver com a água morna e tudo a ver
com o que Mike estava fazendo com ela.
— Mike... Mike... Ah!!! — sua voz se elevou e seu corpo enrijeceu.
Ela já havia sentido essa adrenalina antes, mas nunca com tanta
intensidade. Os livros que sua avó lhe dera sempre mencionavam o brilho das
luzes atrás dos olhos fechados e o prazer entorpecente, mas ela sempre achou
que o autor havia escrito um exagero grosseiro dos sentimentos que se podia
sentir.
Quando seu corpo se derreteu contra o dele, ela decidiu que era ela
quem estava errada. Os sentimentos eram muito mais intensos. Ela gemeu
quando os dedos dele deslizaram de seu clitóris ainda latejante, e ele a virou
em seus braços.
— Este é apenas o começo. — ele prometeu quando ela olhou para ele
com uma expressão atordoada.
— Isso significa que é minha vez de lavar você? — ela ronronou, tocando
seu cabelo na parte de trás de sua cabeça enquanto se esfregava contra seu
pau duro.
— Filha de uma….
Marina capturou o palavrão suave de Mike com os lábios. Se as
histórias que ela leu fossem verdadeiras, ela poderia dar tanto prazer a ele
quanto ele havia dado a ela. Ela planejava explorar um pouco por si mesma
para descobrir.
Mike respirou fundo quando Marina passou as mãos para cima e para
baixo em seu peito. Ela enrolou os dedos em seu cabelo escuro e áspero e
gentilmente o puxou.
Ele baixou as pálpebras quando ela as moveu sobre seus mamilos. Eles
eram duros e extremamente sensíveis.
Ele soltou o fôlego que estava segurando quando ela os beliscou com a
unha. Seu pênis empurrou sob seus quadris rolando. A sensação de sua
carne macia esfregando ao longo de seu longo eixo o fez cerrar os dentes.
Ela se inclinou para frente e roçou os seios para frente e para trás contra
o peito dele. Os lábios dela pararam um pouco longe dos dele, e seus olhos
brilharam com desejo feroz. Por um momento, Mike se perguntou se havia
morrido na praia e de alguma forma acabou neste perfeito paraíso após a
morte.
— Eu quero te lavar. — ela murmurou contra seus lábios. — E provar
você.
— Droga!— Mike praguejou, fechando os olhos quando ela se abaixou
entre eles e colocou a mão ao redor de seu pênis ingurgitado de sangue.
Sua cabeça caiu para trás enquanto ela o acariciava. Ele podia ouvi-la
pegando a barra de sabão. Segundos depois, ela passou a barra em seu peito
e ombros.
Enquanto ela o lavava com uma mão, ela continuava a deslizar da ponta
de sua cabeça ultrassensível até a base de seu saco duro como pedra com a
outra.
Ele levantou o braço quando ela passou a mão por baixo dele antes de
deslizar pelo seu estômago. Seus quadris se moveram para cima e para baixo,
não parando quando ela brevemente o segurou com um aperto de duas mãos.
Ele gemeu e abriu os olhos quando ela recuou, liberando seu pênis e
deslizando as mãos ao longo de suas coxas afastadas. Ela sorriu para ele com
confiança construída sobre o conhecimento de que o tinha completamente
fascinado.
Lambendo o lábio inferior, ela fez sinal para ele se virar e ficar de pé.
Mike fez o que ela pediu. Ele se certificou de que seu pênis roçasse seus
lábios entreabertos. Esse movimento acabou sendo um grande erro quando
sua língua saiu e ela passou a ponta nele.
— Marina...— ele avisou, cerrando os punhos.
— Ainda não. — ela respondeu com um sorriso secreto. — Você também
merece sentir o prazer.
Ele rosnou baixinho e se virou quando ela se levantou e colocou as mãos
em seus quadris. Mike olhou para baixo, seguindo a mão dela enquanto ela
pegava o sabonete mais uma vez. Ele desejou que houvesse um espelho na
parede que ele estava encarando como havia do outro lado. Tudo o que ele
podia fazer era fechar os olhos e imaginar como ela era parada atrás dele,
esfregando as mãos sobre seus ombros e descendo pelas costas até as
nádegas. Ele enrijeceu quando sentiu os dedos dela percorrerem a fenda.
— Acho que posso me sentir atraída por sua bunda também. — ela
disse, pressionando os seios contra as costas dele e passando as mãos
ensaboadas entre suas bochechas.
— Maldita mulher! Eu não vou aguentar se você continuar assim. — ele
murmurou com uma voz rouca.
— Temos a noite toda. — ela murmurou.
A noite toda não seria suficiente para ele. Ela deslizou as mãos
ensaboadas em torno da cintura dele e segurou seu pau com as duas mãos.
Ele inclinou a cabeça e abriu os olhos, observando com prazer enquanto ela
deslizava as mãos para frente e para trás.
A ponta de seu pênis estava tão cheia que gotas de pré-sêmen escoavam
da ponta bulbosa roxo-azulada. Um estremecimento o percorreu quando os
dedos dela roçaram a pequena fenda.
— Não vou aguentar. — ele exclamou com uma voz áspera, descendo e
agarrando seus pulsos. Ele se virou em seus braços, o rosto tenso enquanto
lutava pelo controle. — Enxague e se incline sobre o lado.
Marina afundou na água. Mike a seguiu, enxaguando o sabonete de seu
corpo. Sua mão agarrou seu pênis. Ele apertou seu pênis latejante, esperando
adiar sua necessidade de gozar para que pudesse fazê-la gozar novamente.
Essa esperança desapareceu quando ela se levantou e puxou a toalha
estendida para o lado o suficiente para que ela pudesse apoiar os cotovelos
nela. Sua bela bunda estava levantada no ar e ele podia ver as dobras
inchadas se separarem.
Ajoelhando-se atrás dela, ele abriu seus lábios e pressionou dois dedos
nela, esticando-a enquanto usava o polegar para brincar com seu clitóris
úmido. Ele se inclinou para frente e beliscou sua bochecha esquerda. Como
ele esperava, a umidade escorregadia guiou seus dedos mais fundo.
Acariciando-a, ele empurrou cada vez mais fundo até sentir a barreira de
membrana fina.
Ele removeu os dedos e se levantou atrás dela. Ele guiou seu pau para
sua entrada, o filme de seu pré-gozo se misturando com a sua umidade.
Ambos estavam mais do que prontos. Ele deslizou a ponta de seu pênis dentro
dela, fazendo uma pausa para dar-lhe tempo para se ajustar.
Suas pernas tremiam enquanto observava seu pau desaparecer
lentamente. Ele podia sentir seu canal apertado envolvendo-o. Deslizando as
mãos para seus quadris, ele segurou seus quadris balançando ainda para lhe
dar tempo para recuperar o controle.
—Vou tentar não te machucar. — disse ele com uma voz tensa, travando
os olhos com os dela no espelho.
— O prazer pode ser doloroso às vezes. — ela sussurrou, olhando para
ele com olhos sem piscar enquanto ela empurrava para trás.
— Droga, Marina. — Mike gritou, sentindo seu pau deslizar mais fundo
dentro dela.
O fio de controle dele se rompeu quando ele sentiu a barreira que os
separava se romper, e ele se inclinou para frente, prendendo-a debaixo dele.
Ele soltou os quadris dela para segurar seus seios enquanto começava a
balançar com uma necessidade primitiva de marcar e reivindicar a mulher
como sua.
Ele beliscou os mamilos dela, observando o flash de dor se transformar
em prazer imediato enquanto investia nela. Ele soltou um seio para deslizar
a mão entre as pernas dela. Ele encontrou o ponto sensível que procurava e
começou a acariciá-lo no mesmo ritmo intenso de suas investidas.
Seus dedos se abriram ao redor do azulejo liso que cercava a banheira,
e ela empurrou os quadris para trás, encorajando-o a tomá-la sem restrições.
Quando ela gozou, seu grito longo e alto ecoou pela sala. Seu canal apertou
seu pênis com tanta pressão que ele jurou que não eram mais duas pessoas,
mas uma.
Ele balançou os quadris cada vez mais rápido, apesar da resistência do
corpo dela em permitir que ele se afastasse. A ponta bulbosa afundou
profundamente, e ele sentiu a força poderosa de sua semente derramando
dele. Ele apertou seus quadris contra suas nádegas, empurrando tão fundo
quanto seu pênis podia ir. Atrás de suas pálpebras fechadas, ele viu as faíscas
brancas se conectando com fios de cores brilhantes. Os fios arquearam para
fora, envolvendo seus corpos.
Caindo para frente, ele colocou as mãos em ambos os lados do corpo de
Marina, segurando-a presa sob ele. Seu corpo ainda estava preso ao dela.
Ambos estavam respirando com dificuldade, e ele podia sentir que ela tremia.
— Será sempre assim? — ela sussurrou, com a cabeça baixa e os olhos
fechados.
— Algo me diz que será ainda melhor. — ele murmurou, dando um beijo
no ombro dela.
— Eu gostaria disso. — ela respondeu com um suspiro.
Uma hora depois, Mike gentilmente deitou Marina na cama grande. Ela
se virou e se aconchegou contra ele quando ele deslizou ao lado dela. Ele
passou um braço ao redor dela e a puxou para perto. Ele correu sua mão com
ternura para cima e para baixo na pele nua do braço dela, depois que ela
soltou um suspiro satisfeito e envolveu sua perna ao redor dele. Ele olhou
para o teto, perdido em pensamentos, enquanto seu corpo saciado relaxava.
Eles ficaram no banho até que o frio da água os expulsou.
Mike esperava que a água morna aliviasse qualquer dor que Marina
pudesse sentir, dando-lhe tempo para recuperar o controle de seu corpo
trêmulo.
Ele jurou que tinha visto fogos de artifício explodindo em sua cabeça
quando eles fizeram amor.
Para alguém tão inexperiente como Marina, ela tinha que ser a mulher
mais sexy que ele já conheceu. Ela não tinha congelado ou resistido a
nenhum de seus toques. Sua confiança era um presente precioso que ele não
queria que ela nunca se arrependesse de lhe dar.
Tendo sua cota de amantes ao longo dos anos, especialmente da
adolescência aos vinte e tantos anos, nenhuma havia tocado seu coração
como Marina. Os últimos anos tinham sido diferentes. Ele percebeu que havia
saído do estágio em sua vida onde estava apenas buscando prazer irracional
para querer algo mais profundo. Inquieto, ele não sabia o que estava
procurando até conhecer Marina.
— Eu te amo, Marina. — ele murmurou, virando a cabeça e dando um
beijo na testa dela.
Seus braços se apertaram ao redor dela quando ela enrijeceu
brevemente. Ele esperou. Este era um território novo e muito desconhecido
para ele. Ele nunca havia dito a uma mulher que a amava antes.
— Eu também te amo, Mike. — disse ela, inclinando a cabeça para
trás. Ele podia ver a felicidade em seus olhos. — Juntos, fazemos uma magia
forte.
Mike riu.
— Me dê algumas horas, e eu mostrarei o quanto podemos fazer. — ele
brincou, relaxando contra os travesseiros.
Um sorriso ergueu os cantos de seus lábios, mesmo quando suas
pálpebras caíram de exaustão. Seu corpo ainda estava zumbindo de seu
orgasmo e a sensação da mulher em seus braços. Ele daria a ambos algumas
horas para se recuperar antes de acordá-la.
Nós dois temos muito mais a explorar, ele pensou, caindo em um sono
profundo e reparador.
Duas horas depois, Marina chamou Mike quando ele terminou de calçar
as botas. Ele se sentiu estranho vestido como os locais. As botas de cano alto
em tom marrom escuro combinavam com as calças justas da mesma cor. A
camisa bege e o colete preto completavam sua roupa. Ele sentiu como se
estivesse se vestindo para encontrar tesouros perdidos. Tudo o que ele
precisava era de um chapéu de aro largo e um chicote!
Yachats, Oregon
— Onde estamos? — Marina perguntou, olhando ao redor.
Mike empurrou para baixo o turbilhão em seu estômago e respirou
fundo o ar salgado e nebuloso. Ele sabia exatamente onde estavam - na praia
do Parque Estadual Yachats, onde toda essa aventura tinha começado. Agora
a questão era, como ele chegou em casa e depois na cidade. Franzindo a testa,
ele se lembrou que os guardas tinham uma área de serviço não muito longe
dali.
— Estamos na praia onde Charlie e eu estávamos antes de você abrir o
portal. — ele explicou, tentando avaliar em que direção ele precisava ir na
neblina. — Há um pátio de serviço de guarda florestal a cerca de 800 metros
daqui. Se tivermos sorte, poderemos encontrar um veículo que podemos
pegar emprestado.
— A neblina é sempre tão espessa? — Marina perguntou, virando-se
quando ele começou a puxá-la pela praia.
— Dê cinco minutos e ela pode sumir. — ele riu.
Eles caminharam pela praia até a trilha. Não demorou muito para
chegar ao estacionamento. A névoa começou a se dissipar enquanto eles
corriam pela estrada. Quando chegaram à área de serviço, ela já havia
desaparecido. Mike sorriu quando viu a caminhonete estacionada fora do
galpão.
Como o parque fechava à noite, os guardas eram um pouco menos
prudentes em trancar as coisas. Eles correram para a caminhonete. Mike
testou a porta do motorista.
Com certeza, abriu. Ele deu um passo para trás e fez sinal para Marina
entrar.
Sentando-se no banco do motorista, ele fechou a porta antes de verificar
o porta-óculos e o porta-luvas em busca das chaves. Franzindo a testa
quando não encontrou nada, ele pensou por um momento antes de se inclinar
para a frente e sentir debaixo do banco. Ele fechou os dedos em torno das
chaves de metal. Novatos! Se ele fosse ficar, precisaria ter uma conversa com
o Marty.
Deslizando a chave na ignição, ele ligou a caminhonete e deu ré.
Virando o volante, ligou as luzes de estacionamento e puxou até a
estrada principal. Se ele saísse pela entrada principal, teria que passar pela
casa do guarda florestal.
Para sua sorte, ele conhecia uma maneira melhor. Virando à esquerda,
ele acendeu as luzes e seguiu na direção oposta em direção a uma estrada de
serviço para veículos de emergência.
Dentro de vinte minutos, eles estavam entrando na rodovia principal.
Mike verificou a hora no rádio. Era pouco depois da uma da manhã. O nascer
do sol aconteceria por volta das oito menos um quarto, com algumas
variações de minutos. Ele preferia estar de volta aqui com bastante tempo de
sobra. Levantando o telefone, ele pressionou o botão Início.
— Olá Mike. Como posso ajudá-lo? — uma voz suave e feminina
perguntou.
— A caixa fala! — Marina guinchou, falando pela primeira vez desde que
chegaram à rodovia.
— Desculpe, eu não entendi o que você disse. — seu telefone respondeu.
— Defina o alarme para as sete da manhã. — Mike instruiu.
— Ajustei um alarme para as sete da manhã. — respondeu o telefone.
Mike sorriu quando colocou o celular na mesa, e Marina imediatamente
o pegou e começou a virá-lo. Ela o sacudiu e franzia a testa. Ele estendeu a
mão, pressionou o botão Início e o celular acendeu.
— Nós usamos telefones celulares aqui para nos comunicar. — ele riu.
— Você capturou as imagens da rainha Jenny e da rainha Carly nele
também. — disse ela.
— Sim, com a câmera. — explicou ele, estendendo a mão e pressionando
o ícone.
— Pressione o pequeno símbolo na parte inferior e ele olhará para você,
depois pressione o botão redondo.
Marina riu quando viu a si mesma. Pressionando o botão, ela
resmungou quando viu sua foto. Levantando o celular, ela o estudou por um
momento antes de repetir o processo mais de uma dúzia de vezes, olhando
para cada uma e fazendo poses diferentes.
— Você acabou de descobrir uma tendência popular aqui chamada
selfies. — Mike riu.
— Eu nunca percebi que tinha seios tão pequenos. — ela reclamou,
puxando a camisa para baixo para revelar seu decote e tirando uma foto.
— Ok, isso é o suficiente. — disse Mike, pegando o telefone da mão dela
e deslizando-o no bolso do paletó. — E seus seios são perfeitos. — ele
informou a ela em um tom áspero.
Três horas depois, Marina caminhou pelo pequeno escritório onde Mike
disse que trabalhava. Eles tinham ido para a casa dele primeiro. Ele andou
pelos quartos, pegando itens e colocando-os em mochilas de cores diferentes.
Ela o observou selecionar e descartar itens antes de embalar cuidadosamente
outras coisas.