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O QUE É
CONCEITO
Se a turma fosse de quinto ano, duas ou três dessas crianças seriam daquelas
que sabem tudo de matemática e que pedem novos desafios porque já estão lá
na frente enquanto os colegas ainda estão absorvendo os conceitos mais
básicos. Oito ou nove delas, por outro lado, estariam entre as que têm tanta
dificuldade que precisam de uma atenção especial; neste grupo, é provável que
ao menos uma tivesse algum déficit de aprendizagem mais sério. Os 18 ou 19
restantes comporiam um grupo com conhecimentos de um nível que oscila
entre o mínimo necessário e o adequado.
QEdu
50 mi
de alunos estão na educação básica no Brasil
83%
Estão matriculados na rede pública
12%
Sabem no 9º ano o que deveriam de matemática
22%
Sabem no 9º ano o que deveriam de português
Influências
COMO FAZ
Para demonstrar como a personalização acontece na prática,
o Porvir pesquisou iniciativas que utilizam diferentes estratégias para promover
um ensino personalizado. Algumas dessas experiências estão centradas no
uso da tecnologia, outras pouco utilizam recursos digitais. Há aquelas que têm
como foco crianças e as que se voltam mais para os adolescentes. Parte delas
estão no Brasil, outras no exterior. Todas são gratuitas e acontecem em três
tipos de escolas: públicas convencionais, geridas via parceria público-privado
ou mantidas por investidores sociais.
Antes de conhecer as experiências, confira algumas características recorrentes
em todas elas:
Autonomia
As escolas que se propõem a oferecer um ensino mais personalizado colocam
o aluno no centro de sua proposta pedagógica e criam oportunidades para que
se torne o principal agente do seu aprendizado. Não por acaso, o
desenvolvimento de indivíduos autônomos é um valor importante para todas as
iniciativas visitadas. A autonomia é estimulada a partir de diferentes
estratégias. Em algumas escolas, os alunos elaboram seus planos individuais
de aprendizado, outras dão ao estudante a liberdade de fazer escolhas ao
longo de sua trajetória escolar.
Ambiente de aprendizagem
Para que os alunos tenham a possibilidade de aprender de diferentes
maneiras, as escolas têm reorganizado seu espaço físico. Na maior parte das
vezes, a opção é por mobiliário flexível, que permite diferentes arranjos,
capazes de abrigar atividades diversas (on-line, experimentações, debates e
até aulas expositivas), tanto realizadas individualmente, quanto em grupos. Há
escolas que aboliram as salas de aula tradicionais. A presença de dispositivos
móveis, como tablets e celulares, também ampliam a variedade de ambientes
em que aprender é possível.
Mentoria
O apoio individual oferecido por um adulto de referência é outra das estratégias
usadas para promoção do ensino personalizado. Normalmente, cada professor
tem um número máximo de alunos que acompanha em diferentes níveis: rotina
acadêmica, projeto de vida, dificuldades fora do âmbito escolar e articulação
com família. Em alguns casos, o mentor (tutor ou orientador) também é aquele
que ajuda o aluno a descobrir seus talentos e se conectar com pessoas de fora
da escola que podem apoiá-lo no desenvolvimento dessas habilidades. A
mentoria não tem como foco o acompanhamento psicológico, mas o apoio ao
estudante no alcance de metas e na superação de desafios.
As atividades são definidas por cada aluno com seu tutor e anotadas
em roteiros de estudo individuais, uma das ferramentas pedagógicas que o
Âncora usa para estimular a autonomia e o autoconhecimento dos alunos.
Funciona assim: os alunos descobrem interesses específicos, procuram seus
tutores e, juntos, constroem uma tabela com objetivos de aprendizagem para
um determinado período. Nesse percurso, os alunos estudam conteúdos das
mais diversas disciplinas. Se as crianças se interessarem em conhecer
assuntos mais profundamente, os tutores estão ali para ajudar. No fim, os
alunos têm que desenvolver um projeto a partir do assunto pelo qual se
interessaram.
Naquele dia, por causa da chuva, a maior parte dos alunos estava estudando
nos salões. Mas Ana Carolina Sá, 10, não. Ela estava sob a lona do circo, com
sua tabela periódica e notebook em mãos, estudando como construir um
laboratório de química na escola. Uma prima mais velha havia mostrado para
ela um material da disciplina, ela se interessou e pediu para a tutora incluir
química em seu roteiro. "Eu agora estou pesquisando como montar um
laboratório, que equipamentos eu preciso, essas coisas. Para isso, eu preciso
estudar sobre química. Assim, eu consigo ensinar os outros. Como é que eu
vou ensinar, se eu mesma não souber?", pergunta a menina.
Espera aí. Química, Carol? Mas você só tem 10 anos. "Se eu estivesse em
outra escola, eu ainda não ia [estar estudando química] porque eu ainda ia
estar no quinto ano. Ainda ia ter que estudar um monte de coisas até chegar
em química. Mas já tô adiantada porque eu aprendo as coisas mais rápido.
Aqui, assim que eu termino de estudar um assunto, eu posso já passar para
outro e aí eu vou aprendendo mais."
SUA VEZ
PAPEL DO PROFESSOR
POR QUE
A postura do professor em uma aula híbrida e personalizada não é a mesma
que em uma aula tradicional. Aqui, quem deve estar no centro do processo de
ensino-aprendizagem é o aluno, não o professor, que deve incentivar e propor
atividades que valorizem as interações interpessoais. Para tanto, alguns papéis
enraizados na cultura escolar precisam ser revistos. Outros papéis, por sua
vez, precisam ser mantidos.
DESAFIO
Após refletir sobre as mudanças essenciais do papel do professor, o educador
deve escolher uma delas e procurar desenvolvê-la em sala.
PASSO A PASSO
1. Escolher uma das cinco mudanças descritas acima, de preferência aquela
que represente um desafio maior, e procurar implementá-la em uma aula no
modelo híbrido;
https://www.youtube.com/watch?v=ecOg_OumGlk&index=3&list=PLiRvxKpahS16WkQHN6GjBzF-3TWpH
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SUGESTÕES
- Procurar interagir com professores da escola, sugerindo ou ampliando
discussões sobre essas questões: o que o professor deve deixar para trás em
um modelo de ensino híbrido e personalizado? O que ele deve manter?
“Foi muito interessante buscar um desafio próprio para superar. Refletir sobre
minhas próprias práticas e tentar me desafiar a mudar.”
REFERÊNCIAS
O papel do professor. Proposta de registro de aprendizados ao longo do
desafio.
CULTURA ESCOLAR
POR QUE
Sabemos o quanto a nossa cultura escolar está influenciada pela maneira com
que professores, alunos e familiares pensam a escola e o quanto o modelo
tradicional de ensino foi considerado, durante muito tempo, a única forma de
possibilitar a aprendizagem de conceitos. Hoje, também sabemos que várias
são as formas possíveis de inovar. Para que isso ocorra, acima de tudo, os
professores, o coordenador pedagógico e o diretor devem estar profundamente
envolvidos no processo.
https://www.youtube.com/watch?v=0pBqkQcX1XY&index=6&list=PLiRvxKpahS16WkQHN6GjBzF-3TWpH
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EXEMPLO
Para que uma nova cultura escolar seja criada, as ideias não devem ser
impostas às escolas, mas criadas por elas. Os erros devem ser vistos como
parte do processo. O que não da certo serve como reflexão e aprendizado. É
necessário tentar para inovar. É necessário arriscar!
DESAFIO
Para mudar, é preciso fazer um reflexão sobre como está configurada a cultura
na sua escola e os impactos do uso da abordagem do ensino híbrido. A
intenção é construir um ambiente propício para a inovação em sala de aula a
partir de uma sensibilização coletiva para a importância do tema.
PASSO A PASSO
SUGESTÕES
REFERÊNCIAS
ESPAÇO
POR QUE
A maneira como o educador organiza o espaço da sala de aula pode –
ou não – promover a interação dos alunos e influenciar os papéis de
todos os envolvidos no processo de aprendizagem. Salas de aula com
carteiras enfileiradas indicam uma proposta de aula diferente do que a
que possui carteiras organizadas em semicírculo e, da mesma maneira,
é possível alcançar objetivos pedagógicos diferentes a partir de um uso
inteligente das possibilidades que o ambiente proporciona.
EXEMPLO
DESAFIO
PASSO A PASSO
- Agendar um dia ou uma aula por semana para realizar a proposta de rotação
por estações para que, gradativamente, os estudantes fiquem mais autônomos
nessa proposta;- Selecionar um aluno monitor para uma das estações. Essa
função é assumida de forma alternada pelos alunos e as funções do monitor
devem ser escolhidas pelo group em comum acordo com o professor;
- Compartilhar os resultados;
- Refletir: o que funcionou? O que não funcionou? Qual foi o maior desafio?
REFERÊNCIAS
AVALIAÇÃO
POR QUE
A palavra avaliação não é das mais queridas entre os alunos, que veem nela
quase uma forma de castigo. Em um ambiente de ensino híbrido e
personalizado, porém, a proposta é que a avaliação seja ressignificada. Ela
passa a expressar a existência de mais instrumentos no auxílio ao
desenvolvimento do aluno. Da mesma maneira, a avaliação deixa de ocorrer
em um ponto no fim do percurso e passa a ocorrer ao longo do processo. Seus
resultados deixam de ter caráter punitivo e passam a prestar informações que
ajudam o educador a intervir na trajetória de aprendizagem do aluno para que
ele tenha mais sucesso. Aqui entram em cena os dados educacionais.
EXEMPLO
Quando pensamos em personalização do ensino, é importante conhecer direito
cada aluno. Neste ponto, a tecnologia tem ajudado muito, uma vez que ela é
capaz de registrar informações sobre o desempenho de cada estudante.
Assim, uma das possibilidades de se usar dados em prol da educação começa
com o uso de recursos tecnológicos para identificar o que os estudantes já
sabem sobre um determinado assunto.
Além disso, ferramentas digitais podem ser usadas para traçar um perfil de
comportamento do aluno e ajudar a delinear de que forma cada um aprende
melhor o conteúdo. Essas informações poderão ser usadas pelos educadores
para ajudar os estudantes a organizar roteiros de objetivos a serem cumpridos
individualmente e de forma personalizada. A análise desses dados, portanto,
passa a ser uma habilidade requerida de educadores.
DESAFIO
Para desenvolver a habilidade de analisar a experiência do aluno a partir de
dados, educadores devem se reunir para interpretar dados dos desempenhos
dos estudantes em relação a um determinado objetivo. A intenção é usar essas
informações para personalizar o ensino.
PASSO A PASSO
1. Estabelecer, com os alunos, metas de aprendizagem e registrar dados sobre
o seu percurso pedagógico.
2. Refletir individualmente sobre as informações que os números trazem.
SUGESTÕES
- Compartilhar as soluções encontradas no passo 3 e 4 com colegas e
aperfeiçoá-las.
REFERÊNCIAS
Diferenciar, individualizar, personalizar o ensino, matéria do Porvir que
apresenta diferentes conceitos segundo a definição da especialista Barbara
Bray.
AUTONOMIA DO ALUNO
POR QUE
EXEMPLOS
DESAFIO
PASSO A PASSO
SUGESTÕES
- Elaborar propostas para viabilizar uma experiência completa para seus alunos
em um modelo híbrido.
REFERÊNCIAS
TECNOLOGIA
POR QUE
O elemento tecnologia, que tem sido fundamental na descoberta de novas
maneiras de ensinar, abre – e muito – o leque de possibilidades pedagógicas
para professores e alunos. Mas a tecnologia sozinha não faz milagre. Apenas
adicionar recursos em sala de aula, como adotar lousa digital ou tablets, não
quer dizer que o ensino esteja sendo transformado.
DESAFIO
Começar a usar a tecnologia em sala de aula pode ajudar os educadores a
oferecer um ensino mais personalizado. Os professores devem refletir sobre
como usar recursos tecnológicos em seu planejamento pedagógico e, para
isso, devem criar um repertório de diferentes recursos tecnológicos digitais.
PASSO A PASSO
1. Pesquisar e selecionar ferramentas tecnológicas (plataformas, softwares,
aplicativos etc.) que possam ser utilizadas em uma proposta de ensino híbrido
– integrando atividades presenciais e digitais;
3. Selecionar, planejar e aplicar uma aula pensando que sua turma deverá
utilizar um dos recursos tecnológicos que você pesquisou.
SUGESTÕES
- Selecionar o recurso tecnológico a partir do planejamento e dos objetivos
pedagógicos daquela aula. É importante não inverter a lógica e elaborar uma
aula para usar um recurso. Ele dever ser meio, e não fim.
OPINIÃO
1. A personalização já está aí
Assim, o termo pode ainda não ser amplamente difundido e o vocabulário pode
não ser comum, mas a personalização já está aí. Como disse o empreendedor
Claudio Sassaki em entrevista para o especial, não estamos mais discutindo se
vai acontecer, estamos discutindo como vai acontecer, em diferentes
realidades.
A maior parte das escolas que visitamos era de tempo integral. Com mais
tempo na escola, é mais factível de cumprir o currículo obrigatório de maneira
significativa, levando os alunos a experimentarem projetos dentro e fora da
escola. Mesmo quando os alunos ficavam na escola apenas por um turno,
havia uma tentativa de fazer com que a educação se estendesse para outros
horários, principalmente pelo uso de plataformas digitais de aprendizado.
Equipe Porvir
http://porvir.org/especiais/personalizacao/#experimente