Você está na página 1de 15

7 - A SEGURANÇA NA INDÚSTRIA

7.1. A SEGURANÇA E OS SEGUROS

Na implantação de uma indústria, deve-se ter em conta que suas instalações e seu pessoal
estarão sujeitos eventualmente a riscos de vária s origens, que podem prejudicar ou mesmo impedir a
produção, com prejuízo s para a empresa e a perda preciosa de vidas.
Entre os riscos a que está exposta uma indústria poderíamos relacionar como principais:
— os danos causados por agentes naturais (terremotos, inundações, vendavais);
— os incêndios e as explosões;
— os roubos e furtos;
— os denominados "Riscos de Engenharia".
A busca da segurança contra esses eventos dever á ser iniciada com os estudos de localização,
escolhendo-se um local livre de inundações e menos exposto aos agentes naturais.
Essa preocupação com a segurança prosseguir á ao longo do projeto, pela escolha de processos
e de materiais de construção adequados e pela previsão de sistemas e equipamentos de prevenção,
alarme e combate as vária s formas de sinistro.
Essa busca não dever á cessar nem mesmo durante as obras e a operação da indústria, quando
tudo se fará para reduzir os acidentes de trabalho e prevenir os furtos de material e de eventuais
segredos de produção (espionagem industrial).
Intimamente ligados ao estudo da segurança na indústria estão, naturalmente, a garantia
oferecida pelo seguro e o custo dessa garantia, ou seja, o prêmio do seguro, a ser pago em troca da
cobertura que ele proporciona. Essa inter-relação entre a segurança industrial e os seguros leva-nos a
abordar aqui, conjuntamente, esses dois aspectos da questão.
No âmbito de uma indústria desempenha papel preponderante o seguro contra incêndios, que
também inclui o risco de queda de raio na área da indústria e o risco de explosão de gás normalmente
empregado em aparelhos de uso doméstico. Este seguro é obrigatório até o valor de reposição dos bens
segurados (e não o valor dos referidos bens quando novos) e sempre inclui cláusula de rateio para o
caso de sinistros que não representem perda total.
É óbvio que a extensão do seguro até um valor que cubra a reconstrução das instalações ao
preço atual dar á maior tranqüilidade à empresa, sem onerar substancialmente seus orçamentos, daí ser
recomendável adotar-se para o cálculo o valor dos bens como se fossem novos.
Outros seguros de grande importância para uma indústria são:
— seguro contra explosão, nos casos em que esta não é coberta pelo seguro contra incêndio. É
o caso de indústria s que operem com materiais explosivos, e de todas as instalações que utilizam
caldeiras, ar comprimido, gases etc. Um seguro contra incêndio, em tais casos, não cobriria os prejuízo s
inerentes à explosão em si, mas apenas os danos causados pelo incêndio provocado pela explosão;
— seguro de lucros cessantes, que cobre a perda do lucro bruto de uma indústria que seja
forçada a interromper sua produção em decorrência de uma das causas previstas na apólice. Não sendo
um tipo de seguro que dependa diretamente das providências de implantação da indústria, dele não
nos ocuparemos adiante;
— seguros de riscos diversos — cobrem uma grande gama de riscos, desde a recomposição de
registros e documentos de uma empresa destruídos pelo fogo até a deterioração de materiais
perecíveis armazenados em locais frigorificados, por falha do sistema de refrigeração;
— seguros de riscos de Engenharia, que têm grande importância para a implantação da
indústria, pois cobrem os danos ocorridos durante a construção da indústria e também garantem a
indenização por quebra dos equipamentos depois de instalados (vide item 7.7 para maiores detalhes).
Os prêmios de seguros obedecem geralmente a uma escala decrescente, função do cuidado
com que se cerca a construção e a operação da indústria. Assim sendo, pode-se pagar menor prêmio se
as instalações da indústria tiverem sido adequadamente projetadas e forem convenientemente
operadas. Dotar a indústria de melhores condições de segurança passa a ser, assim, uma forma válida
de reduzir as despesas com seguros, permitindo-nos estabelecer, em termos econômicos, um valor para
a segurança.

7.2. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

Entre os riscos a que está sujeita uma indústria, o mais temido é, normalmente, o de incêndio.
O incêndio em uma indústria provoca, além de sua paralisação mais ou menos longa, uma série
de efeitos colaterais, desarticulando todo o trabalho na empresa e gerando muitas vezes um ambiente
tenso para seus funcionários.
O prêmio pago anualmente para se segurar uma indústria contra os riscos de incêndio será, por
seu turno, tanto menor quanto maiores as precauções que tenham sido tomadas na implantação da
indústria , dotando-a de instalações menos vulneráveis ao fogo e cercando-a de sistemas adequados de
alarme e proteção contra esses sinistros.
A escolha dos materiais, equipamentos e sistemas que deverão prevenir, detectar e finalmente
combater um incêndio em uma indústria dependerá, basicamente, dos seguintes dados:
— legislação existente (nacional e local);
— localização da indústria;
— tipos de atividade da indústria;
— qualidade das construções e das instalações da indústria;
— treinamento dos operadores.
É sempre conveniente verificar-se a existência da legislação local e de normas estabelecidas
pelo Corpo de Bombeiros ou pela Prefeitura Municipal, que possam influir diretamente na definição dos
recursos exigidos para o combate ao fogo. A aprovação do projeto pelo Corpo de Bombeiros ou pela
Prefeitura Municipal é que vai, em última análise, autorizar o funcionamento da instalação. No plano
federal o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), através da Tarifa de Seguro - Incêndio do Brasil (TSIB),
estabelece as normas e condições que regulamentam os descontos nos prêmios e permitem a
aprovação das instalações quanto ao risco de incêndio.
A localização da indústria terá influência direta na definição da "Classe de Localização",
estabelecida na TSIB do Instituto de Resseguros do Brasil. A localização pode ser enquadrada, de acordo
com a TSIB, em quatro classes, definidas no seu artigo 69. Como localidades de primeira classe são
consideradas as cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto
Alegre e Santos. As classes 2 e 3 reúne m cidades de menor importância , dotadas de Corpos de
Bombeiros menos aparelhados que as de classe 1. Na classe 4 está incluída a maioria das pequenas
cidades, vilas e localidades do interior do país , desprovidas de Corpo de Bombeiros local. As indústria s
localizadas em cidades da classe 1 têm, do ponto de vista de prêmios de seguro contra incêndio, nítida
vantagem sobre as demais localizações.
A atividade desempenhada pela indústria tem também importância fundamental no projeto das
instalações de combate a incêndio, pois d á origem à "Classe de Ocupação" definida no artigo 79 da TSIB
do IRB.
Quanto à sua ocupação as unidades isoladas e as edificações de uma indústria serão
classificadas de 01 a 13, sendo a classe 01 aquela que oferece menor risco de incêndio, como por
exemplo, as seções de fabricação de uma indústria de cimento, e a classe 13 a de maior risco (fábrica de
explosivos, por exemplo).
No Quadro 7.1, à guisa de exemplo, reunimos alguns tipos mais usuais de instalações ou
unidades industriais com suas respectivas "Classes de Ocupação".
Quadro 7.1. CLASSE S DE OCUPAÇÃO DE ALGUNS RISCOS INDUSTRIAIS. Os riscos enquadrados em mais de uma
classe estão discriminados na Lista de Ocupações do IRB, que define a aplicação de cada classe.

- Câmaras frigoríficas 03 03
- Dependências de fábricas abaixo listadas, quando
localizadas na área do estabelecimento:
Almoxarifados 03/07
Ambulatório 01
Casa de balanças 02
Casa de caldeiras 02
Casa de força 02
Creche 01
Escola 01
Escritórios 01
Galerias 02
Instalações sanitárias 01
Laboratório de análise 02
Portaria 01
Refeitório 01
- Depósitos de:
Acetileno 03 a 08
Carvão mineral 05 a 10
Carvão vegetal 05 a 10
Celulose 03
Explosivos 12
Gás carbônico 03
Gases combustíveis 03 a 08
Inflamáveis 04 a 13
Metais 01/02
óleos minerais inflamáveis 07/13
óleos vegetais e sementes
oleaginosas 03/04
Oxigênio 03
Papel e papelão 03/07
— Estaleiros 07
— Estações elevatórias e reservatórios
dágua 02
— Fábricas de:
Acetileno 05/07
Ácido Sulfúrico 07
Adubos 04 a 09
Celulose 04
Cerveja 03
Cimento 01/02
Explosivos 13
Cigarros 04
Artigos metálicos 03 a 05
Oxigênio 04
Papel 03 a 07
Plásticos 04 a 12
Produtos farmacêuticos 03 a 08
Tintas 04/09
Vidro 07
— Fábricas em montagem ou desmontagem 03
— Indústria siderúrgica 02 a 08
— Matadouro 02 a 07
— Montagem de automóveis 04/05
— Oficinas de pintura 06
— Refinação e destilação de óleos minerais 09
— Subestações e transformadores 02 a 07
Face às freqüentes revisões e às complementações da Lista de Ocupações impostas pelos
avanços tecnológicos e pelo aprimoramento do sistema securitário, recomenda-se a consulta à edição
atualizada da TSIB para obtenção da classe de ocupação aplicável a cada uma das unidades que
compõem a indústria, as quais na terminologia securitária se denominam "risco".
A qualidade das construções se fará também sentir no projeto das instalações de combate a
incêndio, uma vez que quanto maior for a participação de materiais incombustíveis nas construções
menor ser á a probabilidade de sinistro por fogo, e menor, portanto, a necessidade de se dotar a
instalação com sistemas adicionais de detecção e combate.
As construções são grupadas, para esse fim, em quatro classes de construção, de acordo com o
Art. 89 da TSIB. Para ser classificada como de primeira classe, a construção deve ter:
- estrutura integral de concreto armado ou de aço, protegido por alvenaria ou concreto,
entendendo-se por estrutura integral as colunas, as vigas e as cintas de amarração;
- pisos de todos os pavimentos constituídos por laje de concreto armado ou por lajes pré-
moldadas, permitindo-se que o piso do pavimento assente no solo seja de qualquer material
incombustível;
-teto ou forro, se existente, do último pavimento constituído de material incombustível;
— escadarias de comunicação geral entre os diversos pavimentos construídos com material
incombustível;
- paredes externas de material incombustível;
- cobertura de material incombustível, assente em armação metálica ou de concreto;
- havendo elevadores, os vãos próprios devem ser fechados com material incombustível;
- instalação elétrica em geral embutida ou, se aparente, protegida por tubos e caixas de ferro ou
equivalentes.
Essas condições estabelecidas pelo IRB para as construções de primeira classe admitem uma
série de considerações e concessões relacionadas no Art. 159 da TSIB daquele Instituto, entre as quais
devem ser consideradas:
1. Dispensa-se a estrutura integral de concreto armado ou de aço protegido por concreto ou
alvenaria:
a) nos prédio s com 1 e 2 pavimentos em que haja laje, teto ou forro constituído por laje de
concreto armado ou por lajes pré-moldadas;
b) nos dois últimos pavimentos de prédio s de três ou mais pavimentos.
2. A cobertura poder á ser assentada em armação que não seja metálica ou de concreto (de
madeira, por exemplo) nos prédio s de três ou mais pavimentos ou nos prédios de um ou dois
pavimentos que possuam teto ou forro de concreto armado.
Em ambos os casos citados devem ser obedecidas as demais exigências para enquadramento na
classe 1.
O Art. 8º da mesma Tarifa define as condições para enquadramento de uma construção nas
classes 2, 3 e 4, gradativamente mais vulneráveis ao risco de incêndio.
Uma edificação pode, não obstante, ser enquadrada por partes em classes de construção
distintas, se forem caracterizados os riscos isolados.
Entende-se por risco isolado uma parte da construção que esteja efetivamente separada do
restante da construção por meio de paredes ou espaço s desocupados que atendam às exigências
mínimas do IRB no Art. 59 da TSIB. Graça s a esse conceito de risco isolado, uma indústria que utilize
corretamente as prescrições do IRB poderá, com a instalação de portas corta-fogo, paredes divisórias
até acima do telhado e outros recursos previstos naquele artigo, isolar uma seção de maior
periculosidade do restante da indústria. Com isso, as classes menos favoráveis de ocupação e de
construção ficarão restritas aos riscos isolados (que podem ser vários), permitindo-se classificar o
restante da edificação ou da indústria em classes mais favoráveis para efeito de taxação de seguro. O
Quadro 7.2 indica algumas situações, processos e materiais que justificam freqüentemente o
tratamento como riscos isolados.
Como exemplo poderíamos citar a distinção existente na classificação de uma serraria (classe de
ocupação 7, 8 ou 9, dependendo da força-motriz utilizada) e de seu escritório (que sendo devidamente
isolado do restante da indústria seria enquadrado na classe 1, de taxação bem mais baixa, portanto).
O conceito de risco isolado é, pois muito importante no projeto das instalações de uma
indústria, já a partir da definição de seu arranjo físico.
Escadas, poços de elevador, incineradores e centrais de ar condicionado devem ser projetados
dentro das prescrições do IRB, a fim de que não ponham em comunicação locais, pavimentos ou
edificações de classe de construção inferior, pois nesse caso prevalece, para todas as partes do
conjunto, a classe de ocupação mais desfavorável.

Quadro 7.2. MATERIAIS E PROCESSOS QUE OFERECEM MAIOR RISCO DE INCÊNDIO

— Substâncias com ponto de fulgor abaixo de 70° C.


— Substâncias que se tornem perigosas em contato com a água.
— Substâncias que se tornem perigosas em contato com o ar.
— Gases em geral, comprimidos ou liquefeitos.
— Substâncias corrosivas.
— Substâncias venenosas.
— Substâncias radioativas.
— Processos que envolvam solventes inflamáveis.
— Processos que produzam poeiras em suspensão no ar.
— Processos de pintura por jateamento.
— Processos que envolvam aplicação de calor.

É também importante considerar que os "riscos" ao ar livre, bem como tanques e silos metálicos
destinados a armazenamento a granel são enquadrados na classe 2 de construção. Na classe 2 se
enquadram ainda os tipos de construções a seguir relacionados, bastante comuns em indústrias.
1. Construções com paredes externas inteiramente de alvenaria (de pedra ou tijolo), isto é, em
cuja construção não sejam empregados outros materiais além de cimento, pedra, areia, ferro, tijolos ou
argamassas à base de cimento, cal, saibro e areia:
cobertura de material incombustível, permitindo-se assentamento sobre travejamento de madeira e
ainda lanternins ou respiradouros de qualquer material.
2. Construções com paredes externas de tijolos com vigas metálicas ou de madeira embutida;
cobertura de material incombustível, permitindo-se assentamento sobre travejamento de madeira e
ainda lanternins ou respiradouros de qualquer material.
3. Construções abertas dotadas de cobertura de material incombustível, permitindo-se colunas
de sustentação e o fechamento externo das tesouras em qualquer material.
4. Construções com paredes externas e cobertura nas características exigidas no item 1 acima,
permitindo-se o emprego, nas paredes externas, em escala inferior a 25% da área total dessas paredes,
de chapas metálica s ou de matéria s incombustíveis da categoria do fibrocimento.
5. Construções com paredes externas nas características exigidas no item 1 anteriormente
citado, permitindo-se, nas paredes externas, o emprego de chapas metálicas ou de materiais
incombustíveis da categoria fibrocimento, sustentados por material incombustível , desde que o edifício
possua estrutura integral de aço e cobertura de material incombustível assente em peça s metálica s ou
de concreto.
O Código de Edificações da cidade de São Paulo (Lei 8 266 a 20.07.75) estabelece, em seu artigo
375, que a estrutura, as paredes e os pavimentos das edificações industriais deverão ser de material
resistente a 4 horas de fogo, no mínimo.

7.3. TAXAÇÃO E REDUÇÕES NOS PRÉMIOS DE SEGUROS CONTRA INCÊNDIO

A conjugação das classes de localização, ocupação e construção (abreviadamente


conhecida por LOC) define a taxação que incide sobre uma determinada unidade (ou risco) da indústria,
sendo essa taxação obtida através de tabelas do IRB (ver Art. IU . da TSIB).
Essas taxas são equivalentes às percentagens aplicáveis anualmente sobre as importâncias
seguradas e poderão ser reduzidas substancialmente sempre que as instalações possuírem recursos
próprios de prevenção e de combate a incêndios. Para isso deve ser consultada a Portaria n9 21 do
extinto Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização (DNSPC), que define as condições
que devem ser cumpridas para que seja concedida a redução.
Definidas essas condições ainda na fase de anteprojeto da indústria, tornar-se- á mais fácil
conduzir todo o projeto visando a uma proteção mais eficiente do ponto de vista técnico, e que seja, ao
mesmo tempo, economicamente atraente.
As indústrias que possuírem, portanto, em suas instalações um ou mais sistemas aprovados de
detecção, alarma e combate a incêndios gozarão de descontos no cálculo dos prêmios anuais de seguro.
Sistemas novos ou especiais podem vir a ser autorizados mediante consulta ao IRB.
Os descontos correspondentes a cada tipo de proteção instalada na indústria se somam, sob a
condição de que o desconto total não seja superior a 70%. Do ponto de vista econômico, esse dado
assume importância a partir do momento em que um sistema adicional de proteção pode não implicar
em qualquer desconto, o que significaria, em suma, aumento teórico da segurança mas não redução do
custo do seguro. É ainda oportuno lembrar que a instalação de alguns sistemas de proteção já é
obrigatória por lei, sendo exigida normalmente pelas leis trabalhistas e pelo Corpo de Bombeiros local,
como é o caso de hidrantes e de extintores, independendo, portanto, de qualquer consideração de
desconto que possa acarretar na taxação do seguro.
Os sistemas de proteção contra os riscos de incêndio podem ser automáticos ou atuar sob
comando. Esses sistemas visam, basicamente, a: prevenir a formação do incêndio; detectar o foco do
incêndio; dar o alarma e, finalmente, combater o fogo.
A prevenção do incêndio é obtida principalmente:
- com o uso de materiais e técnicas adequadas na construção e na operação da indústria;
- com o treinamento do pessoal, alertado para os riscos e as formas de irrupção do fogo.
A detecção e o alarma do incêndio são feitos principalmente:
- por dispositivos automático s que denunciam a existência, no ambiente, de temperaturas
elevadas, de chamas, de fumaça e outras manifestações do fogo que possam servir para acionar esses
dispositivos;
- pelo aviso imediato, por meio de telefone, sirenes e outros meios de comunicação, permitindo
a um funcionário alertar toda a empresa em prazo bastante curto.
O combate ao incêndio é efetuado através de um ou mais sistemas dentre os a seguir
enumerados:
1. Instalação automática de detecção e alarma. É baseada normalmente na atuação de sensores
dos tipos térmicos, termovelocimétricos, infravermelhos ou por detecção de fumaça. Esses sensores
disparam os dispositivos de alarma óptico e acústico, situados em um quadro indicador central, e
podem estabelecer contatos telefônicos com postos de controle distantes ou com o próprio Corpo de
Bombeiros local. Cada local protegido pelo sistema deve ter pelo menos dois detectores e as eventuais
fontes de energia elétrica requeridas devem ser permanentes e exclusivas. Os descontos aprovados
pelo IRB para uma instalação automática de detecção e alarma serão de:
- até 5% se a instalação estiver conjugada a sistema aprovado de extintores;
- até 10% se a instalação estiver conjugada a sistema de hidrantes, complementado ou não por
extintores.
Estes descontos não poderão ser superiores aos descontos propiciados por instalação de
proteção sob comando também existente; o desconto máximo permitido para a conjunção da
instalação de detecção e alarma com instalações de proteção sob comando é de 40%.
2. Instalação automática de alarma e combate a princípios de incêndio por chuveiros
automáticos ("sprinklers"). Este sistema faz disparar um jato dágua diretamente sobre o foco do
incêndio, controlando-o de início e impedindo que as chamas se alastrem. A norma brasileira PNB-194 e
a especificação P-EB-152 fornecem elementos para aplicação desses sistemas. A imagem vulgar de que
o sistema de sprinklers causa mais dano pela ação da água do que o fogo propriamente dito é errônea e
pode ser facilmente refutada, pois mais vale danificar pela água uma pequena parte da edificação, ou
alguns equipamentos e materiais, do que permitir que as chamas se alastrem, pondo em risco toda a
indústria.
O sistema de sprinklers é mantido permanentemente sob pressão, consistindo de uma rede de
tubulações de água e de terminais situados adequadamente sobre os possíveis focos de incêndio.
Utiliza-se normalmente a fusão de uma liga ou a ruptura de uma ampola que contém um líquido
dilatável para romper a vedação do sprinkler e permitir a saída da água. A queda de pressão na rede,
decorrente da atuação de um ou mais sprinklers ou por ruptura das canalizações, provoca também o
acionamento dos alarmas.
A instalação de um sistema de sprinklers permitirá reduções de até 60% na taxa de seguro
aplicável aos riscos protegidos pelo sistema.
3. Instalação de combate a incêndios por hidrantes. O sistema de hidrantes consiste de uma
rede de distribuição de água, alimentada diretamente por um reservatório ou por bombas, que suprem
os hidrantes dispostos convenientemente pela indústria. A esses hidrantes são acopladas, em caso de
incêndio, mangueiras dotadas de esguicho em sua extremidade. O sistema de hidrantes deve atender
aos seguintes requisitos:
a) qualquer ponto do risco protegido pelo sistema deve poder ser atingido por 2 jatos de água
simultâneos , distando cada ponto no máximo 10 m da extremidade dos esguichos das mangueiras
esticadas;
b) a localização de cada hidrante deve ser tal que seu operador não possa ficar bloqueado pelo
fogo;
c) os hidrantes poderão ser internos ou externos aos edifícios. No caso de existirem apenas
hidrantes externos, esses deverão permitir atingir qualquer parte interna do risco;
d) as tubulações devem ser, se possível, aparentes, com diâmetro não inferior a 2½, e podem
ser de ferro fundido, aço ou cobre. A altura do dispositivo de manobra, a contar do piso, não deve
exceder 1,50 m;
e) o suprimento de água deve ser feito por gravidade ou por bomba de recalque de
acionamento próprio e direto, capaz de fornecer uma vazão igual à de dois jatos simultâneos;
f) para se manter uma classe de proteção equivalente à classe do risco protegido pelo sistema
de hidrantes, a vazão mínima em cada tomada dever á ser de 250 l/min. para os riscos isolados de classe
1 e 2 de ocupação, excluído s os depósitos . Para os riscos isolados de classe 3 a 6 e os depósito s de
classes 1 e 2 de ocupação, a vazão mínima requerida por tomada é 500 l/min. Para os riscos isolados de
classe 7 a 13, a vazão mínima é de 900 l/min.;
g) no caso de reservatório elevado, este deve assegurar dois jatos simultâneos durante, no
mínimo, 30 minutos. O fundo do reservatório deve estar no mínimo 10 m acima do ponto mais alto a
proteger por hidrantes externos, ou 10 m acima do ponto de tomada de água mais elevado, no caso de
hidrantes internos. Com base nas vazões mínimas estabelecidas no item (f) acima, chega-se aos
seguintes volumes mínimos para o reservatório elevado:
- riscos classe A: 15 0001;
- riscos classe B: 30 0001;
- riscos classe C: 54 0001;
h) usando-se bomba de recalque, o reservatório baixo deve conter no mínimo uma reserva de
120 000 litros para qualquer classe de risco;
i) para acesso aos hidrantes e às válvula s do sistema devem ser mantidas passagens com
largura mínima de 0,60 m.
Dependendo das características técnica s do sistema, da existência de bombas própria s e do
tipo de risco, a instalação de um sistema de hidrantes permitirá descontos desde 4% até 30% nas taxas
normais de seguro. A consulta ao Corpo de Bombeiros local, às tabelas do IRB e à portaria n? 21 do
antigo DNSPC poderá elucidar quaisquer dúvidas adicionais do projetista. A norma PNB-24 fornece
subsídio s para as instalações prediais sob comando. É ainda importante levar em consideração que o
uso de água para combate ao fogo não deve ocorrer:
a. em ambiente carregado de p ó de alumínio , magnésio , carbureto de cálcio ou de substâncias
suscetíveis de desprenderem gases inflamáveis ou nocivos;
b. contra líquido s inflamáveis , graxas, tintas e vernizes, a não ser que a água seja pulverizada;
c. contra equipamentos elétrico s sob tensão.
4. Sistema de proteção por extintores. A instalação de extintores para combate a incêndios em
uma indústria dever á se basear em dois princípios:
a. a natureza de fogo a extinguir. Para esse fim, a origem do fogo pode ser enquadrada em três
categorias:
Categoria 1: fogo em madeira, tecidos, algodão e papéis . Nessa categoria o efeito que se deseja
é o de resfriar o material.
Categoria 2: fogo em líquido s inflamáveis , óleos e graxas, onde o efeito que se deseja é o de
abafar o fogo, cortando-lhe o suprimento de oxigênio.
Categoria 3: fogo em equipamento elétrico , onde o produto lançado pelo extintor tem que ser
não-condutor de eletricidade.
b. a natureza da substância lançada pelo extintor sobre o fogo. Utilizam-se para o fogo de categoria 1 os
extintores de espuma, soda-ácido, água e outras soluções de mesmo efeito. Para fogo de categoria 2
devem ser utilizados extintores de espuma, de tetracloreto de carbono, de gás carbônico e de pó
químico ; para esse tipo de fogo é ainda recomendável o lançamento de areia. Para fogo de categoria 3
utiliza-se o tetracloreto de carbono, o gás carbônico, o p ó químico e, se a tensão for baixa ou a corrente
estiver desligada, podem ser utilizados extintores de espuma.
A determinação do número de extintores a instalar em determinado recinto depende da classe
do risco e da área a proteger. Para riscos de classe A (ver sistema de hidrantes), admite-se que um
operador dever á caminhar no máximo 20 m para atingir um extintor. Nos riscos de classe B, essa
distância é reduzida para 15 m e nos de classe C, para 10 m.
O número total de extintores é ainda condicionado pelo conceito de "unidade extintora". Para
cada- substância estabeleceu-se um volume ou peso mínimo que constitui uma "unidade extintora".
Assim, uma unidade extintora de espuma será constituída de um extintor de 10 litros ou 2 extintores de
5 litros; procedendo-se da mesma forma para as demais substancias, pode-se elaborar o Quadro 7.3.

Quadro 7.3. UNIDADES EXTINTORAS


Tipo de extintor Número de extintores e respectiva capacidade para constituir
uma unidade extintora
Espuma 1 x 10 l ou 2 x 5 l
Soda-ácido 1 x 10 l ou 2 x 5
Tetracloreto de carbono 2 x3 l ou 3x21 ou 4x 1 I
Gás carbónico 1 x 6 kg ou 2 x 4 kg ou 3 x 2 kg ou 4 x 1 kg
Pó químico 1 x 4 kg ou 2 x 2 kg ou 3 x 1 kg

Para riscos de classe A requer-se 1 unidade extintora para cada 500 m2 ; na classe B, 1 unidade
para cada 250 m2 ; na classe C, 1 unidade para cada 150 m2 .
Qualquer que seja, contudo, a área e a classe de um risco, devem ser instaladas pelo menos
duas unidades extintoras por pavimento. Para locais onde o uso do extintor manual não tenha alcance,
ou em locais que requeiram melhor proteção que a assegurada pela rede de hidrantes, é recomendado
o emprego de extintores de grande capacidade, montados em carretas sobre rodas. Estes extintores,
dotados de mangueiras e com até 160 litros de capacidade, permitem proteger área s bastantes
extensas graças à sua mobilidade e ao alcance do seu jato, que pode atingir 15 m.
Como recomendações adicionais a observar na localização dos extintores, deve-se prever que:
- estejam situados em local visível, protegido contra golpes e onde haja menor probabilidade do
fogo bloquear o acesso;
- não devem ficar jamais encobertos por pilhas de material e outros obstáculos;
- não devem ser instalados em paredes de escadas;
- sua parte superior não deve ficar a mais de 1,80 m do piso.
O desconto máximo nas taxas de seguro obtido com a instalação de extintores dentro das
normas e prescrições do IRB é de 5%.
5. Outros sistemas de proteção e combate ao fogo. Além dos sistemas acima descritos e que são
diretamente abordados pelas normas do IRB e da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), outros
sistemas podem ser instalados, aumentando a confiabilidade das medidas de prevenção de incêndios na
indústria.
Esses sistemas poderão ser aceitos pela Companhia Seguradora e pelo IRB, após estudos
solicitados pelo interessado. Cabe citar, entre outros:
a) os sistemas centralizados de lançamento de espuma, utilizados no combate a incêndios
gerados por líquidos inflamáveis;
b) os sistemas centralizados de inundação por C02 , utilizados em ambientes fechados,
contendo equipamentos elétricos , líquidos inflamáveis ou documentos e valores que não devam ser
destruído s pela água;
c) os sistemas mulsifyre, adotados no combate a incêndios em líquidos inflamáveis, que são
misturados com água e transformados em uma emulsão não combustível;
d) os sistemas de pulverização de água sobre tanques e reservatórios de gás liquefeito de
petróleo, utilizados na eventualidade de vasamento de gás . O vapor dágua decorrente da pulverização
diminui o risco de explosão, alterando as proporções entre comburente e combustível, além de
provocar a turbulência do ar, o que dissipa a mistura perigosa.
Esses sistemas podem ser de comando manual ou de funcionamento automático e sua
instalação somente dever á ser feita através de firma especializada que assegure a integridade
operacional do sistema e também se responsabilize pela manutenção de rotina e pelo suprimento de
peça s de reposição. O fabricante desses sistemas saberá ainda orientar o projetista quanto às eventuais
reduções em prêmios de seguro de que gozem sistemas semelhantes já instalados em outras empresas.

7.4. ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS

Sintetizamos a seguir, em oito itens, as etapas principais de um projeto para proteger uma
indústria contra riscos do fogo.
1. Obter junto ao Corpo de Bombeiros local ou, quando inexistente, junto à Prefeitura
Municipal, informações completas sobre as exigências que serão feitas para o fornecimento do atestado
de vistoria final das instalações da indústria.
2. Determinar a "classe de localização" da indústria, (ver Art. 6? da TSIB).
3. Determinara "classe de ocupação" para cada unidade ou edificação que integre a indústria e
que possa ser considerada como risco isolado, (ver Art. 79 e parte 3? da TSIB).
4. Estabelecer, de conformidade com as especificações de construção e de arquitetura, a "classe
de construção" na qual se enquadre cada edificação da indústria, isolando, de acordo com as normas, os
vários recintos de ocupação, (ver Art. 8? da TSIB).
5. Determinar o valor do prêmio anual de seguro contra fogo a ser pago dotando-se a indústria
somente com os recursos de combate ao fogo obrigatórios por lei e que já fariam necessariamente
parte do projeto.
6. Calcular os abatimentos do prêmio anual de seguro contra fogo decorrentes da instalação de
sistemas ou de equipamentos de prevenção e combate ao fogo de caráter não-obrigatório, e cuja
instalação se justifique, tecnicamente, nas diversas unidades da indústria.
7. Comparar o custo real instalado de cada sistema ou equipamento não-obrigatório, com o
correspondente abatimento sofrido pelo prêmio anual do seguro. Calcular assim o período de
amortização de cada sistema ou equipamento não obrigatório.
A decisão de instalar os sistemas ou equipamentos não-obrigatórios ser á justificada por um
período de amortização curto, aliado ao aumento da segurança interna da indústria. Deve-se ainda
considerar a diminuição do risco de interrupção de produção (lucros cessantes) da empresa na
eventualidade de um sinistro que seja prontamente debelado e circunscrito pelos sistemas e
equipamentos instalados.
8. O projeto dever á ser elaborado com a assistência, sempre que possível, de companhia
seguradora ou de pessoal técnico especializado na matéria, que possa orientar a empresa e o projetista
na escolha das soluções mais recomendáveis.
Como as exigências do IRB para concessão de descontos não coincidem, obrigatoriamente, com
as exigências do Corpo de Bombeiros ou da Prefeitura local para concessão do atestado de vistoria final,
é importante que a indústria seja dotada de recursos de prevenção e combate ao fogo que atendam
indistintamente às exigências mínimas desses órgãos, possibilitando, portanto, a concessão dos
descontos e a aceitação da obra.
A apresentação do projeto ao Corpo de Bombeiros para aprovação deve compreender vários
jogos de plantas onde estejam identificados os riscos e suas ocupações e localizados todos os recursos
de prevenção e combate a incêndio. Além das plantas devem ser apresentados memoriais descritivos da
instalação, com as características das construções e a descrição dos sistemas de prevenção e combate
ao fogo.
Como fonte de consulta adicional, embora de uso não obrigatório no Brasil, os código s norte-
americanos elaborados pela National Fire Protection Association (NFPA) podem ser de grande valia para
o projetista de instalações industriais.

7.5. SEGURANÇA CONTRA ACIDENTES

O projeto de uma indústria deve levar em consideração as técnicas de prevenção de acidentes


que permitam oferecer aos futuros operadores um local de trabalho seguro e dotado de todos os
recursos para atendimentos de urgência no caso de ocorrência de acidentes inevitáveis.
A fiscalização da segurança e higiene do trabalho no Brasil está a cargo do DNSHT
(Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho) e o capítulo V da CLT, Art. 162, determina
que nenhum estabelecimento industrial poderá iniciara sua atividade sem que tenham sido
previamente inspecionadas e aprovadas suas instalações, pela autoridade competente, quanto à
segurança e à higiene do trabalho.
Os principais órgãos interessados no problema da Segurança Industrial são o Serviço Social da
Indústria (SESI), a Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes, o Instituto Brasileiro de
Segurança , a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho e as Delegacias
do Ministério do Trabalho, além do já mencionado DNSHT. Essas entidades poderão assessorar a
empreendedora e seus contratados na observância das melhores técnicas de segurança a serem
adotadas no projeto da indústria em implantação.
Uma vez implantada a indústria, a política de prevenção de acidentes será coordenada pela
CIPA, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, órgão obrigatório, por lei, para todas as empresas
com mais de 100 empregados. A organização e o funcionamento da CIPA são regidos pela Portaria n9 32
do DNSHT, de 16.11.67.
A CIPA fiscaliza o cumprimento da legislação existente com vista à prevenção de acidentes,
treina o pessoal da indústria nas práticas de primeiros socorros e de combate ao fogo e estimula o zelo
pela segurança sob todas as formas.
A prevenção de acidentes, para ser eficaz, dever á ser encarada sob três aspectos distintos:
1. A prevenção que depende intrinsecamente das instalações da indústria, aqui incluídas as
edificações, os equipamentos e todo o ambiente de trabalho.
2. A prevenção decorrente de cuidados pessoais, mediante a adoção, nos casos em que se
apliquem, de vestimentas e calçado s especiais, óculos, capacetes, cintos de segurança e outros meios
de proteção, de fornecimento gratuito pela empresa e de uso obrigatório pelo empregado (Art. 165 da
CLT).
3. A prevenção motivada pela participação consciente de todos os que compõem os quadros de
pessoal da empresa, atuando coletivamente em prol de índices de segurança cada vez mais elevados,
independentemente de regulamentos e de dispositivos legais.
Para a implantação da indústria tem importância apenas o primeiro aspecto, ressaltado em (1),
com o qual dever á preocupar-se o projetista j á na fase de anteprojeto e de elaboração do arranjo físic
o das instalações, definindo as áreas perigosas e insalubres e adequando assim seu projeto às normas
vigentes de segurança industrial.
Uma relação dos cuidados fundamentais a serem observados no projeto de uma indústria, com
vistas à prevenção de acidentes deve incluir os seguintes tópicos:
- isolamento, no arranjo físico, das áreas de maior periculosidade e dos ambientes insalubres,
evitando-se a circulação desnecessária de pessoal de outras unidades por esses locais;
- escolha de materiais adequados para revestimentos dos pisos nas áreas de circulação,
adotando-se superfícies antiderrapantes nos locais onde haja perigo de escorregamento;
- localização racional de postos de socorro de urgência e do ambulatório (ver item 4.3 do Cap.
4);
- instalação de sistemas de ventilação e de exaustão forçada nos ambientes fechados nocivos à
saúde;
- instalação de chuveiros de emergência e lavadores de olhos nas seções que manipulem
corrosivos e tóxicos;
- utilização de veículo s elétrico s em substituição aos acionados por motores de combustão
interna, nos locais de pouca ventilação;
- utilização, se necessário, de componentes blindados, a prova de centelha ou a prova de
explosão, nas instalações de luz e força;
- adoção de cores convencionais e das técnicas modernas de comunicação visual para localizar
postos de socorro e identificar área s de perigo (ver NB-76 da ABNT);
- instalação de corrimãos em escadas e de guarda-corpos em passarelas, plataformas e em
torno de quaisquer aberturas no piso, provisória s ou não;
- dimensionamento de corredores, escadas, rampas e portas para a evacuação rápida de todo o
pessoal de cada recinto. As escadas e rampas devem suportar uma carga móvel de, no mínimo, 500
kg/m2 (Art. 174 da CLT);
- sinalização acústica ou visual alertando para equipamentos de transporte em movimento nas
áreas de trabalho (pontes rolantes, p. ex.);
- sinalização, por meio de cartazes ou avisos da presença de substâncias nocivas à saúde, nos
setores de sua utilização;
- aterramento dos equipamentos e de quaisquer dispositivos metálico s em ambientes onde a
formação de cargas eletrostática s possa originar combustão ou explosão;
- umidificação controlada dos ambientes onde a formação de cargas eletrostáticas possa
originar combustão ou explosão;
- instalação de pára-raios para proteção de estruturas, chaminés, castelos-d'água, tanques de
combustível etc. (ver item 5.15 do Cap. 5);
- ventilação natural ampla em locais de armazenamento de gases e de líquidos inflamáveis ou
nocivos à saúde.
Os cuidados acima listados constituem apenas um elenco de medidas que deveriam ser
consideradas durante as fases de projeto e de construção da indústria. Seguir-se-ia o cuidado em
manter, já com a indústria em operação, a eficácia dessas medidas, o que é atributo da CIPA.
Além das vantagens diretas que decorrem de uma instalação operando com segurança, é
grande sua influência indireta na produtividade e no bom nome da empresa. Os cuidados com a
segurança contra acidentes serão também fonte de economia para a empresa, pois a análise das áreas
de trabalho ou das atividades profissionais classificadas como insalubres ou perigosas poder á reduzir,
no custo da mão-de-obra, a incidência dos adicionais de periculosidade e de insalubridade aplicáveis em
cada caso de acordo com a legislação em vigor.
A insalubridade em uma indústria é definida no Art. n9 209 da Consolidação das Leis do
Trabalho e regulamentada pela Portaria n9 491, de 16.09.65, do Ministério do Trabalho.
A qualificação de insalubre aplica-se somente às seções e locais da indústria atingidos pelas
atividades e operações consideradas como tal na portaria citada, alterada posteriormente pela Portaria
nº 122, de 22.02.67, do mesmo Ministério.
A classificação de um local como insalubre implica na majoração dos salários dos empregados
expostos à insalubridade, nas proporções previstas em lei. O ônus assim decorrente da insalubridade
pode justificar investimentos adicionais para isolamento desse local ou para alteração do processo de
produção, eliminando-se ou restringindo-se as atividades e operações consideradas insalubres.
São basicamente considerados insalubres os trabalhos com chumbo, arsênico, cromo, fósforo,
hidrocarbonetos e outros compostos de carbono, inseticidas, mercúrio, radiações ionizantes, sílica e
silicatos, sulfato de carbono, berílio, cádmio, manganês, fabricação e aplicação de pó s de alumínio,
radiações ultravioleta e infravermelha, exposição a gases e vapores tóxicos, operações permanentes de
solda elétrica e oxiacetilênica, galvanoplastia, fabricação e transporte de cal e cimento, contato com
agentes biológico s (industrialização do lixo e de resíduo s animais) etc. O enquadramento do local de
trabalho poder á variar conforme o tipo de operação executada com esses produtos.
A insalubridade de um local poder á ser classificada em máxima (grau 1), média (grau 2) e
mínima (grau 3), dependendo de como seja o local projetado e utilizado e dependendo do tipo de
operação e das atividades ali desempenhadas. Como exemplo, consideremos a pintura com pigmentos a
base de chumbo. Se a operação for executada a pistola, em um recinto limitado ou fechado, ser á
considerada de insalubridade máxima (grau 1); em um recinto idêntico, utilizando-se pincel, rolo ou
escova, a insalubridade ser á média (grau 2); já na pintura ao ar livre, com o mesmo tipo de pigmento,
seja a pistola ou a mão, a insalubridade ser á mínima (grau 3).
São ainda considerados insalubres os trabalhos em câmara s frigoríficas, em locais sujeitos a
elevadas temperaturas e em ambientes sujeitos a elevado nível de ruído (igual ou superior a 85 dB em
recintos limitados e 90 dB ao ar livre).
A eliminação da insalubridade pode ser obtida mediante a aplicação de medidas de proteção
coletiva ou de recursos para proteção individual.
As medidas de proteção coletiva consistem principalmente:
- na substituição do processo, método ou produto nocivo;
- no isolamento da fase ou processo causador de doença ou intoxicação;
- na limitação do tempo de exposição ao agente insalubre;
- na diluição do produto nocivo por meio de ventilação artificial;
- na remoção do produto nocivo, por ventilação local, exaustora;
- na adoção de técnicas de tratamento acústico que reduzam o ruído no ambiente.
Os recursos de proteção individual incluem máscaras, luvas, óculos, protetores respiratórios e
toda uma grande série de artefatos destinados a reduzir o contato ou o efeito nocivo do agente ou do
ambiente insalubre sobre o indivíduo.
A periculosidade em operações com inflamáveis está, por sua vez, definida na Portaria n? 608,
de 26.10.65, do MTPS. Esta Portaria define as condições e os locais de trabalho que caracterizam a
atividade perigosa com inflamáveis. Entre essas condições, a Portaria estabelece o ponto de fulgor
máximo de 70°C para que a substância seja considerada inflamável.
Os principais locais industriais considerados perigosos devido à presença de inflamáveis estão
relacionados no Quadro 7.4.

Quadro 7.4. LOCAIS INDUSTRIAIS CLASSIFICADOS COMO PERIGOSOS DEVIDO À PRESENÇA DE MATERIAIS
INFLAMÁVEIS (Portaria n9 608, de 26.10.65, do MTPS).
1. Unidades de processamento das refinarias, contornadas por uma faixa de pelo menos 30 m de largura.
2. Outros locais de refinaria onde se realizam operações com inflamáveis em estado de volatização ou que
possam se volatizar por falha ou defeito decorrente de sistemas de segurança e fechamento. Estes locais devem
ser acrescidos de uma faixa com, no mínimo, 15 m de largura.
3. Toda a bacia de segurança de tanques de inflamáveis líquidos.
4. O espaço compreendido pelo raio de 3 m com centro em pontos eventuais de vazamento (registros, flanges
etc.) de tanques elevados contendo inflamáveis gasosos.
5. Local de carga e descarga de inflamáveis líquidos em navios, chatas e batelões, somente durante as operações
de carga ou descarga e numa faixa de 15 m da beira do cais em todo comprimento da embarcação.
6. Local de enchimento de vagões-tanques e de caminhões-tanques, num raio de 15 m contado das bocas de
enchimento de inflamáveis líquidos ou de 7,5 m dos eventuais pontos de vazamento (válvulas e registros) com
inflamáveis gasosos liquefeitos.
7. Local de enchimento de tambores ou latas com inflamáveis líquidos, incluindo toda a área se for um recinto
fechado, ou em um raio de 7,5 m contado do bico de enchimento, tratando-se de locais abertos.
8. Plataformas de enchimento de GLP num raio de 15 m com centro nos bicos de enchimento dos botijões e
cilindros.
9. Local de descarga de caminhões-tanques e de vagões-tanques, num raio de 7,5 m com centro nas bocas de
enchimento, no caso de tanques subterrâneos, ou com centro nos eventuais pontos de vazamento (válvulas e
registros), no caso de tanques elevados.
10. Outros locais onde se faça, por exemplo, a manutenção de veículos-tanques, de bombas ou de vasilhames, ou
onde se realizem operações de desgaseificação e de decantação de vasilhames, ou ainda a armazenagem de
vasilhames contendo inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos. Em geral essas áreas são acrescidas de faixas de
proteção de 3 ou 7,5 m de largura, conforme estipulado na Portaria, dependendo das características da operação
e do projeto do recinto.

A classificação de periculosidade dada a um local ou a uma determinada atividade implicar á no


pagamento de adicionais sobre a remuneração básica do pessoal ali empregado permanentemente. É,
pois, recomendável a cuidadosa análise prévia desses locais por ocasião do projeto da indústria, visando
à correta delimitação das áreas perigosas e sua aprovação prévia pelo órgão local de segurança e de
higiene no trabalho.
No âmbito nacional, o DNSHT é o órgão que dirime as dúvidas porventura suscitadas na
aplicação das regras que definem a periculosidade do local e da atividade industrial.

7.6. SEGURANÇA CONTRA FURTOS E ROUBOS

A segurança contra furtos em uma indústria visa, principalmente, a prevenir o trânsito ilícito de
materiais e de ferramentas, embora também assuma importância crescente a chamada espionagem
industrial, forma de furto envolvendo idéias e projetos.
A política de segurança contra furtos e roubos em uma indústria é usualmente baseada nos
princípios relacionados a seguir.
1. A entrada e a saída de pessoal estranho à indústria devem ser rigorosamente controladas
pela Portaria Central ou por outros locais de acesso eventualmente existentes. O sistema de revista
individual ou aleatória poder á ser necessário em certos tipos de indústria s e em circunstância s
especiais.
2. A área ocupada pela indústria dever á ser efetivamente cercada, adotando-se de preferência
cercas metálicas, teladas, que permitem a observação de qualquer movimento nas imediações do
terreno.
3. A iluminação das áreas externas junto à periferia do terreno dever á ser eficiente e ser á
estudada de maneira a evitar o ofuscamento do pessoal de guarda.
4. As rondas efetuadas periodicamente pelo pessoal de guarda deverão ter itinerários pré-
estudados, com vistas aos locais mais vulneráveis, incluindo, se possível, relógio s controladores de
ronda.
5. Em caso de falha no suprimento de energia, um sistema de iluminação de emergência dever á
assegurar um mínimo de luminosidade nos pontos-chave da área da indústria.
6. Dependendo do grau de segurança desejado, poderão ser instalados sistemas de alarma e de
observação por controle-remoto, incluindo:
— sensores fotoelétricos;
— sensores infra-vermelhos;
— circuitos fechados de televisão.
Algumas das providências relacionadas com a segurança contra furto são também de interesse
para a segurança contra incêndio e outros sinistros. É o caso das rondas e de alguns sistemas de alarma
e de observação. Toma-se, portanto, recomendável que os problemas de segurança da indústria sejam
analisados como um todo durante a fase de projeto, tirando-se assim o máximo proveito dos
investimentos feitos visando a segurança de suas instalações, de seu pessoal e de seu acervo
tecnológico.

7.7. O SEGURO DAS OBRAS E DA OPERAÇÃO DA INDÚSTRIA

Além dos riscos decorrentes de incêndios, acidentes, furtos e roubos, uma indústria está sujeita,
durante e após sua implantação, a uma série de riscos eventuais, que são catalogados, para fins de
seguro, no ramo denominado "Riscos de Engenharia".
Esse ramo de seguros foi instituído para amparar construtores, montadores e proprietário s dos
bens e das instalações da indústria contra as perdas e danos decorrentes de qualquer causa de natureza
súbita e imprevisível que se enquadre em um dos três tipos seguintes de seguro.
1. Seguro de instalação e montagem — visa a amparar as firmas montadoras, construtoras ou os
proprietário s dos bens, contra perdas e danos que possam advir de acidentes durante a montagem e o
teste das instalações.
2. Seguro de obras civis em construção - garante a firma construtora contra os prejuízos
materiais inerentes à sua atividade durante a fase de construção da indústria.
3. Seguro de quebra de máquinas — visa a amparar a empreendedora conta prejuízos materiais,
decorrentes de acidentes que possam danificar suas máquinas após instaladas e testadas.
Os seguros de instalação e montagem e de obras civis em construção cobrem usualmente o
período que vai da descarga do material segurado no canteiro de obras até a conclusão da construção e
da montagem e a execução dos testes individuais e conjuntos das instalações. Esses seguros garantem
contra os riscos inerentes à montagem e à construção, incluindo incêndio, raio, explosão, roubos e
furtos, falhas de montagem, atos dolosos, desmoronamentos de estruturas (exceto os causados por
erro de projeto), além dos danos causados pela natureza tais como gelo, geada, tempestades etc.
O seguro de quebra de máquina s cobre normalmente a ocorrência de defeitos de material e de
fabricação, de erros de projeto e de montagem, de atos dolosos, de imperícia e negligência, de curto-
circuito, de falhas dos sistemas de lubrificação e de segurança das instalações, além de cobrir a
eventualidade de queda de objetos no interior dos equipamentos ou de soltura de peça s que possam
causar danos ao conjunto. Esse seguro prevê ainda a ação das forças da natureza, tais como gelo, geada,
tempestades etc. Estão excluídos, geralmente, dos vário s tipos de seguros acima descritos, as perdas
causadas por atos de guerra, guerra civil, revolução, rebelião, tumultos e danos de origem nuclear.
A descrição exata e as condições de contratação das três modalidades de seguro acima apresentadas
poderão ser obtidas junto às Companhias Seguradoras ou diretamente no Instituto de Resseguros do
Brasil.

7.8. NORMAS E ESPECIFICAÇÕES RELACIONADAS COM A SEGURANÇA


Normas e especificações brasileiras (ABNT)
PNB-24 - Instalações hidráulicas prediais contra incêndio, sob comando.
NB-32 - Proteção radiológica.
NB-33 — Usos, cuidados e proteção das ferramentas abrasivas — código de segurança.
NB-56 - Segurança nos andaimes.
NB-76 — Cor na Segurança do Trabalho.
NB-98 — Armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis e combustíveis.
NB-165 - Proteção de edificações contra descargas elétricas atmosféricas.
NB-190 - Fabricação e instalação de tanques subterrâneos para postos de serviço de distribuição de
combustíveis inflamáveis.
NB-194 — Sistemas de chuveiros automáticos para ocupações denominadas "riscos leves".
PNB-216— Armazenamento de petróleo e de seus derivados líquidos.
PNB-222- Segurança de instalações de ar comprimido.
EB-17 - Extintores de incêndio tipos soda-ácido, espuma química e carga líquida portáteis.
EB-52 - Extintores de incêndio, tipos soda-ácido, espuma química e carga líquida sobre rodas.
EB-148 — Extintores de incêndio com carga de p ó químico.
EB-149 — Extintores de incêndio com carga de água.
EB-150 — Extintores de incêndio com carga de gás carbônico.
PEB-152- Chuveiros automáticos para extinção de incêndio.
PEB-242 - Portas corta-fogo leves, de madeira, revestidas de metal.
PEB-315- Porta corta-fogo leve, de madeira, pintada com tinta retardante.
Normas e especificações estrangeiras
- Normas da National Fire Protection Association (NFPA).
- Regras das Sociedades Seguradoras e Classificadoras aplicáveis a instalações industriais
(Lloyd's Register, Bureau Veritas, Underwriter's Laboratories etc).
Outras fontes de referência.
- Legislação local referente à segurança sob seus múltiplos aspectos.
- Regulamentos do Corpo de Bombeiros local.
— Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista complementar.
- Tarifa Seguro-Incêndio do Brasil - publicação nº 49, do Instituto de Resseguros do Brasil.

Você também pode gostar