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Na implantação de uma indústria, deve-se ter em conta que suas instalações e seu pessoal
estarão sujeitos eventualmente a riscos de vária s origens, que podem prejudicar ou mesmo impedir a
produção, com prejuízo s para a empresa e a perda preciosa de vidas.
Entre os riscos a que está exposta uma indústria poderíamos relacionar como principais:
— os danos causados por agentes naturais (terremotos, inundações, vendavais);
— os incêndios e as explosões;
— os roubos e furtos;
— os denominados "Riscos de Engenharia".
A busca da segurança contra esses eventos dever á ser iniciada com os estudos de localização,
escolhendo-se um local livre de inundações e menos exposto aos agentes naturais.
Essa preocupação com a segurança prosseguir á ao longo do projeto, pela escolha de processos
e de materiais de construção adequados e pela previsão de sistemas e equipamentos de prevenção,
alarme e combate as vária s formas de sinistro.
Essa busca não dever á cessar nem mesmo durante as obras e a operação da indústria, quando
tudo se fará para reduzir os acidentes de trabalho e prevenir os furtos de material e de eventuais
segredos de produção (espionagem industrial).
Intimamente ligados ao estudo da segurança na indústria estão, naturalmente, a garantia
oferecida pelo seguro e o custo dessa garantia, ou seja, o prêmio do seguro, a ser pago em troca da
cobertura que ele proporciona. Essa inter-relação entre a segurança industrial e os seguros leva-nos a
abordar aqui, conjuntamente, esses dois aspectos da questão.
No âmbito de uma indústria desempenha papel preponderante o seguro contra incêndios, que
também inclui o risco de queda de raio na área da indústria e o risco de explosão de gás normalmente
empregado em aparelhos de uso doméstico. Este seguro é obrigatório até o valor de reposição dos bens
segurados (e não o valor dos referidos bens quando novos) e sempre inclui cláusula de rateio para o
caso de sinistros que não representem perda total.
É óbvio que a extensão do seguro até um valor que cubra a reconstrução das instalações ao
preço atual dar á maior tranqüilidade à empresa, sem onerar substancialmente seus orçamentos, daí ser
recomendável adotar-se para o cálculo o valor dos bens como se fossem novos.
Outros seguros de grande importância para uma indústria são:
— seguro contra explosão, nos casos em que esta não é coberta pelo seguro contra incêndio. É
o caso de indústria s que operem com materiais explosivos, e de todas as instalações que utilizam
caldeiras, ar comprimido, gases etc. Um seguro contra incêndio, em tais casos, não cobriria os prejuízo s
inerentes à explosão em si, mas apenas os danos causados pelo incêndio provocado pela explosão;
— seguro de lucros cessantes, que cobre a perda do lucro bruto de uma indústria que seja
forçada a interromper sua produção em decorrência de uma das causas previstas na apólice. Não sendo
um tipo de seguro que dependa diretamente das providências de implantação da indústria, dele não
nos ocuparemos adiante;
— seguros de riscos diversos — cobrem uma grande gama de riscos, desde a recomposição de
registros e documentos de uma empresa destruídos pelo fogo até a deterioração de materiais
perecíveis armazenados em locais frigorificados, por falha do sistema de refrigeração;
— seguros de riscos de Engenharia, que têm grande importância para a implantação da
indústria, pois cobrem os danos ocorridos durante a construção da indústria e também garantem a
indenização por quebra dos equipamentos depois de instalados (vide item 7.7 para maiores detalhes).
Os prêmios de seguros obedecem geralmente a uma escala decrescente, função do cuidado
com que se cerca a construção e a operação da indústria. Assim sendo, pode-se pagar menor prêmio se
as instalações da indústria tiverem sido adequadamente projetadas e forem convenientemente
operadas. Dotar a indústria de melhores condições de segurança passa a ser, assim, uma forma válida
de reduzir as despesas com seguros, permitindo-nos estabelecer, em termos econômicos, um valor para
a segurança.
Entre os riscos a que está sujeita uma indústria, o mais temido é, normalmente, o de incêndio.
O incêndio em uma indústria provoca, além de sua paralisação mais ou menos longa, uma série
de efeitos colaterais, desarticulando todo o trabalho na empresa e gerando muitas vezes um ambiente
tenso para seus funcionários.
O prêmio pago anualmente para se segurar uma indústria contra os riscos de incêndio será, por
seu turno, tanto menor quanto maiores as precauções que tenham sido tomadas na implantação da
indústria , dotando-a de instalações menos vulneráveis ao fogo e cercando-a de sistemas adequados de
alarme e proteção contra esses sinistros.
A escolha dos materiais, equipamentos e sistemas que deverão prevenir, detectar e finalmente
combater um incêndio em uma indústria dependerá, basicamente, dos seguintes dados:
— legislação existente (nacional e local);
— localização da indústria;
— tipos de atividade da indústria;
— qualidade das construções e das instalações da indústria;
— treinamento dos operadores.
É sempre conveniente verificar-se a existência da legislação local e de normas estabelecidas
pelo Corpo de Bombeiros ou pela Prefeitura Municipal, que possam influir diretamente na definição dos
recursos exigidos para o combate ao fogo. A aprovação do projeto pelo Corpo de Bombeiros ou pela
Prefeitura Municipal é que vai, em última análise, autorizar o funcionamento da instalação. No plano
federal o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), através da Tarifa de Seguro - Incêndio do Brasil (TSIB),
estabelece as normas e condições que regulamentam os descontos nos prêmios e permitem a
aprovação das instalações quanto ao risco de incêndio.
A localização da indústria terá influência direta na definição da "Classe de Localização",
estabelecida na TSIB do Instituto de Resseguros do Brasil. A localização pode ser enquadrada, de acordo
com a TSIB, em quatro classes, definidas no seu artigo 69. Como localidades de primeira classe são
consideradas as cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto
Alegre e Santos. As classes 2 e 3 reúne m cidades de menor importância , dotadas de Corpos de
Bombeiros menos aparelhados que as de classe 1. Na classe 4 está incluída a maioria das pequenas
cidades, vilas e localidades do interior do país , desprovidas de Corpo de Bombeiros local. As indústria s
localizadas em cidades da classe 1 têm, do ponto de vista de prêmios de seguro contra incêndio, nítida
vantagem sobre as demais localizações.
A atividade desempenhada pela indústria tem também importância fundamental no projeto das
instalações de combate a incêndio, pois d á origem à "Classe de Ocupação" definida no artigo 79 da TSIB
do IRB.
Quanto à sua ocupação as unidades isoladas e as edificações de uma indústria serão
classificadas de 01 a 13, sendo a classe 01 aquela que oferece menor risco de incêndio, como por
exemplo, as seções de fabricação de uma indústria de cimento, e a classe 13 a de maior risco (fábrica de
explosivos, por exemplo).
No Quadro 7.1, à guisa de exemplo, reunimos alguns tipos mais usuais de instalações ou
unidades industriais com suas respectivas "Classes de Ocupação".
Quadro 7.1. CLASSE S DE OCUPAÇÃO DE ALGUNS RISCOS INDUSTRIAIS. Os riscos enquadrados em mais de uma
classe estão discriminados na Lista de Ocupações do IRB, que define a aplicação de cada classe.
- Câmaras frigoríficas 03 03
- Dependências de fábricas abaixo listadas, quando
localizadas na área do estabelecimento:
Almoxarifados 03/07
Ambulatório 01
Casa de balanças 02
Casa de caldeiras 02
Casa de força 02
Creche 01
Escola 01
Escritórios 01
Galerias 02
Instalações sanitárias 01
Laboratório de análise 02
Portaria 01
Refeitório 01
- Depósitos de:
Acetileno 03 a 08
Carvão mineral 05 a 10
Carvão vegetal 05 a 10
Celulose 03
Explosivos 12
Gás carbônico 03
Gases combustíveis 03 a 08
Inflamáveis 04 a 13
Metais 01/02
óleos minerais inflamáveis 07/13
óleos vegetais e sementes
oleaginosas 03/04
Oxigênio 03
Papel e papelão 03/07
— Estaleiros 07
— Estações elevatórias e reservatórios
dágua 02
— Fábricas de:
Acetileno 05/07
Ácido Sulfúrico 07
Adubos 04 a 09
Celulose 04
Cerveja 03
Cimento 01/02
Explosivos 13
Cigarros 04
Artigos metálicos 03 a 05
Oxigênio 04
Papel 03 a 07
Plásticos 04 a 12
Produtos farmacêuticos 03 a 08
Tintas 04/09
Vidro 07
— Fábricas em montagem ou desmontagem 03
— Indústria siderúrgica 02 a 08
— Matadouro 02 a 07
— Montagem de automóveis 04/05
— Oficinas de pintura 06
— Refinação e destilação de óleos minerais 09
— Subestações e transformadores 02 a 07
Face às freqüentes revisões e às complementações da Lista de Ocupações impostas pelos
avanços tecnológicos e pelo aprimoramento do sistema securitário, recomenda-se a consulta à edição
atualizada da TSIB para obtenção da classe de ocupação aplicável a cada uma das unidades que
compõem a indústria, as quais na terminologia securitária se denominam "risco".
A qualidade das construções se fará também sentir no projeto das instalações de combate a
incêndio, uma vez que quanto maior for a participação de materiais incombustíveis nas construções
menor ser á a probabilidade de sinistro por fogo, e menor, portanto, a necessidade de se dotar a
instalação com sistemas adicionais de detecção e combate.
As construções são grupadas, para esse fim, em quatro classes de construção, de acordo com o
Art. 89 da TSIB. Para ser classificada como de primeira classe, a construção deve ter:
- estrutura integral de concreto armado ou de aço, protegido por alvenaria ou concreto,
entendendo-se por estrutura integral as colunas, as vigas e as cintas de amarração;
- pisos de todos os pavimentos constituídos por laje de concreto armado ou por lajes pré-
moldadas, permitindo-se que o piso do pavimento assente no solo seja de qualquer material
incombustível;
-teto ou forro, se existente, do último pavimento constituído de material incombustível;
— escadarias de comunicação geral entre os diversos pavimentos construídos com material
incombustível;
- paredes externas de material incombustível;
- cobertura de material incombustível, assente em armação metálica ou de concreto;
- havendo elevadores, os vãos próprios devem ser fechados com material incombustível;
- instalação elétrica em geral embutida ou, se aparente, protegida por tubos e caixas de ferro ou
equivalentes.
Essas condições estabelecidas pelo IRB para as construções de primeira classe admitem uma
série de considerações e concessões relacionadas no Art. 159 da TSIB daquele Instituto, entre as quais
devem ser consideradas:
1. Dispensa-se a estrutura integral de concreto armado ou de aço protegido por concreto ou
alvenaria:
a) nos prédio s com 1 e 2 pavimentos em que haja laje, teto ou forro constituído por laje de
concreto armado ou por lajes pré-moldadas;
b) nos dois últimos pavimentos de prédio s de três ou mais pavimentos.
2. A cobertura poder á ser assentada em armação que não seja metálica ou de concreto (de
madeira, por exemplo) nos prédio s de três ou mais pavimentos ou nos prédios de um ou dois
pavimentos que possuam teto ou forro de concreto armado.
Em ambos os casos citados devem ser obedecidas as demais exigências para enquadramento na
classe 1.
O Art. 8º da mesma Tarifa define as condições para enquadramento de uma construção nas
classes 2, 3 e 4, gradativamente mais vulneráveis ao risco de incêndio.
Uma edificação pode, não obstante, ser enquadrada por partes em classes de construção
distintas, se forem caracterizados os riscos isolados.
Entende-se por risco isolado uma parte da construção que esteja efetivamente separada do
restante da construção por meio de paredes ou espaço s desocupados que atendam às exigências
mínimas do IRB no Art. 59 da TSIB. Graça s a esse conceito de risco isolado, uma indústria que utilize
corretamente as prescrições do IRB poderá, com a instalação de portas corta-fogo, paredes divisórias
até acima do telhado e outros recursos previstos naquele artigo, isolar uma seção de maior
periculosidade do restante da indústria. Com isso, as classes menos favoráveis de ocupação e de
construção ficarão restritas aos riscos isolados (que podem ser vários), permitindo-se classificar o
restante da edificação ou da indústria em classes mais favoráveis para efeito de taxação de seguro. O
Quadro 7.2 indica algumas situações, processos e materiais que justificam freqüentemente o
tratamento como riscos isolados.
Como exemplo poderíamos citar a distinção existente na classificação de uma serraria (classe de
ocupação 7, 8 ou 9, dependendo da força-motriz utilizada) e de seu escritório (que sendo devidamente
isolado do restante da indústria seria enquadrado na classe 1, de taxação bem mais baixa, portanto).
O conceito de risco isolado é, pois muito importante no projeto das instalações de uma
indústria, já a partir da definição de seu arranjo físico.
Escadas, poços de elevador, incineradores e centrais de ar condicionado devem ser projetados
dentro das prescrições do IRB, a fim de que não ponham em comunicação locais, pavimentos ou
edificações de classe de construção inferior, pois nesse caso prevalece, para todas as partes do
conjunto, a classe de ocupação mais desfavorável.
É também importante considerar que os "riscos" ao ar livre, bem como tanques e silos metálicos
destinados a armazenamento a granel são enquadrados na classe 2 de construção. Na classe 2 se
enquadram ainda os tipos de construções a seguir relacionados, bastante comuns em indústrias.
1. Construções com paredes externas inteiramente de alvenaria (de pedra ou tijolo), isto é, em
cuja construção não sejam empregados outros materiais além de cimento, pedra, areia, ferro, tijolos ou
argamassas à base de cimento, cal, saibro e areia:
cobertura de material incombustível, permitindo-se assentamento sobre travejamento de madeira e
ainda lanternins ou respiradouros de qualquer material.
2. Construções com paredes externas de tijolos com vigas metálicas ou de madeira embutida;
cobertura de material incombustível, permitindo-se assentamento sobre travejamento de madeira e
ainda lanternins ou respiradouros de qualquer material.
3. Construções abertas dotadas de cobertura de material incombustível, permitindo-se colunas
de sustentação e o fechamento externo das tesouras em qualquer material.
4. Construções com paredes externas e cobertura nas características exigidas no item 1 acima,
permitindo-se o emprego, nas paredes externas, em escala inferior a 25% da área total dessas paredes,
de chapas metálica s ou de matéria s incombustíveis da categoria do fibrocimento.
5. Construções com paredes externas nas características exigidas no item 1 anteriormente
citado, permitindo-se, nas paredes externas, o emprego de chapas metálicas ou de materiais
incombustíveis da categoria fibrocimento, sustentados por material incombustível , desde que o edifício
possua estrutura integral de aço e cobertura de material incombustível assente em peça s metálica s ou
de concreto.
O Código de Edificações da cidade de São Paulo (Lei 8 266 a 20.07.75) estabelece, em seu artigo
375, que a estrutura, as paredes e os pavimentos das edificações industriais deverão ser de material
resistente a 4 horas de fogo, no mínimo.
Para riscos de classe A requer-se 1 unidade extintora para cada 500 m2 ; na classe B, 1 unidade
para cada 250 m2 ; na classe C, 1 unidade para cada 150 m2 .
Qualquer que seja, contudo, a área e a classe de um risco, devem ser instaladas pelo menos
duas unidades extintoras por pavimento. Para locais onde o uso do extintor manual não tenha alcance,
ou em locais que requeiram melhor proteção que a assegurada pela rede de hidrantes, é recomendado
o emprego de extintores de grande capacidade, montados em carretas sobre rodas. Estes extintores,
dotados de mangueiras e com até 160 litros de capacidade, permitem proteger área s bastantes
extensas graças à sua mobilidade e ao alcance do seu jato, que pode atingir 15 m.
Como recomendações adicionais a observar na localização dos extintores, deve-se prever que:
- estejam situados em local visível, protegido contra golpes e onde haja menor probabilidade do
fogo bloquear o acesso;
- não devem ficar jamais encobertos por pilhas de material e outros obstáculos;
- não devem ser instalados em paredes de escadas;
- sua parte superior não deve ficar a mais de 1,80 m do piso.
O desconto máximo nas taxas de seguro obtido com a instalação de extintores dentro das
normas e prescrições do IRB é de 5%.
5. Outros sistemas de proteção e combate ao fogo. Além dos sistemas acima descritos e que são
diretamente abordados pelas normas do IRB e da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), outros
sistemas podem ser instalados, aumentando a confiabilidade das medidas de prevenção de incêndios na
indústria.
Esses sistemas poderão ser aceitos pela Companhia Seguradora e pelo IRB, após estudos
solicitados pelo interessado. Cabe citar, entre outros:
a) os sistemas centralizados de lançamento de espuma, utilizados no combate a incêndios
gerados por líquidos inflamáveis;
b) os sistemas centralizados de inundação por C02 , utilizados em ambientes fechados,
contendo equipamentos elétricos , líquidos inflamáveis ou documentos e valores que não devam ser
destruído s pela água;
c) os sistemas mulsifyre, adotados no combate a incêndios em líquidos inflamáveis, que são
misturados com água e transformados em uma emulsão não combustível;
d) os sistemas de pulverização de água sobre tanques e reservatórios de gás liquefeito de
petróleo, utilizados na eventualidade de vasamento de gás . O vapor dágua decorrente da pulverização
diminui o risco de explosão, alterando as proporções entre comburente e combustível, além de
provocar a turbulência do ar, o que dissipa a mistura perigosa.
Esses sistemas podem ser de comando manual ou de funcionamento automático e sua
instalação somente dever á ser feita através de firma especializada que assegure a integridade
operacional do sistema e também se responsabilize pela manutenção de rotina e pelo suprimento de
peça s de reposição. O fabricante desses sistemas saberá ainda orientar o projetista quanto às eventuais
reduções em prêmios de seguro de que gozem sistemas semelhantes já instalados em outras empresas.
Sintetizamos a seguir, em oito itens, as etapas principais de um projeto para proteger uma
indústria contra riscos do fogo.
1. Obter junto ao Corpo de Bombeiros local ou, quando inexistente, junto à Prefeitura
Municipal, informações completas sobre as exigências que serão feitas para o fornecimento do atestado
de vistoria final das instalações da indústria.
2. Determinar a "classe de localização" da indústria, (ver Art. 6? da TSIB).
3. Determinara "classe de ocupação" para cada unidade ou edificação que integre a indústria e
que possa ser considerada como risco isolado, (ver Art. 79 e parte 3? da TSIB).
4. Estabelecer, de conformidade com as especificações de construção e de arquitetura, a "classe
de construção" na qual se enquadre cada edificação da indústria, isolando, de acordo com as normas, os
vários recintos de ocupação, (ver Art. 8? da TSIB).
5. Determinar o valor do prêmio anual de seguro contra fogo a ser pago dotando-se a indústria
somente com os recursos de combate ao fogo obrigatórios por lei e que já fariam necessariamente
parte do projeto.
6. Calcular os abatimentos do prêmio anual de seguro contra fogo decorrentes da instalação de
sistemas ou de equipamentos de prevenção e combate ao fogo de caráter não-obrigatório, e cuja
instalação se justifique, tecnicamente, nas diversas unidades da indústria.
7. Comparar o custo real instalado de cada sistema ou equipamento não-obrigatório, com o
correspondente abatimento sofrido pelo prêmio anual do seguro. Calcular assim o período de
amortização de cada sistema ou equipamento não obrigatório.
A decisão de instalar os sistemas ou equipamentos não-obrigatórios ser á justificada por um
período de amortização curto, aliado ao aumento da segurança interna da indústria. Deve-se ainda
considerar a diminuição do risco de interrupção de produção (lucros cessantes) da empresa na
eventualidade de um sinistro que seja prontamente debelado e circunscrito pelos sistemas e
equipamentos instalados.
8. O projeto dever á ser elaborado com a assistência, sempre que possível, de companhia
seguradora ou de pessoal técnico especializado na matéria, que possa orientar a empresa e o projetista
na escolha das soluções mais recomendáveis.
Como as exigências do IRB para concessão de descontos não coincidem, obrigatoriamente, com
as exigências do Corpo de Bombeiros ou da Prefeitura local para concessão do atestado de vistoria final,
é importante que a indústria seja dotada de recursos de prevenção e combate ao fogo que atendam
indistintamente às exigências mínimas desses órgãos, possibilitando, portanto, a concessão dos
descontos e a aceitação da obra.
A apresentação do projeto ao Corpo de Bombeiros para aprovação deve compreender vários
jogos de plantas onde estejam identificados os riscos e suas ocupações e localizados todos os recursos
de prevenção e combate a incêndio. Além das plantas devem ser apresentados memoriais descritivos da
instalação, com as características das construções e a descrição dos sistemas de prevenção e combate
ao fogo.
Como fonte de consulta adicional, embora de uso não obrigatório no Brasil, os código s norte-
americanos elaborados pela National Fire Protection Association (NFPA) podem ser de grande valia para
o projetista de instalações industriais.
Quadro 7.4. LOCAIS INDUSTRIAIS CLASSIFICADOS COMO PERIGOSOS DEVIDO À PRESENÇA DE MATERIAIS
INFLAMÁVEIS (Portaria n9 608, de 26.10.65, do MTPS).
1. Unidades de processamento das refinarias, contornadas por uma faixa de pelo menos 30 m de largura.
2. Outros locais de refinaria onde se realizam operações com inflamáveis em estado de volatização ou que
possam se volatizar por falha ou defeito decorrente de sistemas de segurança e fechamento. Estes locais devem
ser acrescidos de uma faixa com, no mínimo, 15 m de largura.
3. Toda a bacia de segurança de tanques de inflamáveis líquidos.
4. O espaço compreendido pelo raio de 3 m com centro em pontos eventuais de vazamento (registros, flanges
etc.) de tanques elevados contendo inflamáveis gasosos.
5. Local de carga e descarga de inflamáveis líquidos em navios, chatas e batelões, somente durante as operações
de carga ou descarga e numa faixa de 15 m da beira do cais em todo comprimento da embarcação.
6. Local de enchimento de vagões-tanques e de caminhões-tanques, num raio de 15 m contado das bocas de
enchimento de inflamáveis líquidos ou de 7,5 m dos eventuais pontos de vazamento (válvulas e registros) com
inflamáveis gasosos liquefeitos.
7. Local de enchimento de tambores ou latas com inflamáveis líquidos, incluindo toda a área se for um recinto
fechado, ou em um raio de 7,5 m contado do bico de enchimento, tratando-se de locais abertos.
8. Plataformas de enchimento de GLP num raio de 15 m com centro nos bicos de enchimento dos botijões e
cilindros.
9. Local de descarga de caminhões-tanques e de vagões-tanques, num raio de 7,5 m com centro nas bocas de
enchimento, no caso de tanques subterrâneos, ou com centro nos eventuais pontos de vazamento (válvulas e
registros), no caso de tanques elevados.
10. Outros locais onde se faça, por exemplo, a manutenção de veículos-tanques, de bombas ou de vasilhames, ou
onde se realizem operações de desgaseificação e de decantação de vasilhames, ou ainda a armazenagem de
vasilhames contendo inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos. Em geral essas áreas são acrescidas de faixas de
proteção de 3 ou 7,5 m de largura, conforme estipulado na Portaria, dependendo das características da operação
e do projeto do recinto.
A segurança contra furtos em uma indústria visa, principalmente, a prevenir o trânsito ilícito de
materiais e de ferramentas, embora também assuma importância crescente a chamada espionagem
industrial, forma de furto envolvendo idéias e projetos.
A política de segurança contra furtos e roubos em uma indústria é usualmente baseada nos
princípios relacionados a seguir.
1. A entrada e a saída de pessoal estranho à indústria devem ser rigorosamente controladas
pela Portaria Central ou por outros locais de acesso eventualmente existentes. O sistema de revista
individual ou aleatória poder á ser necessário em certos tipos de indústria s e em circunstância s
especiais.
2. A área ocupada pela indústria dever á ser efetivamente cercada, adotando-se de preferência
cercas metálicas, teladas, que permitem a observação de qualquer movimento nas imediações do
terreno.
3. A iluminação das áreas externas junto à periferia do terreno dever á ser eficiente e ser á
estudada de maneira a evitar o ofuscamento do pessoal de guarda.
4. As rondas efetuadas periodicamente pelo pessoal de guarda deverão ter itinerários pré-
estudados, com vistas aos locais mais vulneráveis, incluindo, se possível, relógio s controladores de
ronda.
5. Em caso de falha no suprimento de energia, um sistema de iluminação de emergência dever á
assegurar um mínimo de luminosidade nos pontos-chave da área da indústria.
6. Dependendo do grau de segurança desejado, poderão ser instalados sistemas de alarma e de
observação por controle-remoto, incluindo:
— sensores fotoelétricos;
— sensores infra-vermelhos;
— circuitos fechados de televisão.
Algumas das providências relacionadas com a segurança contra furto são também de interesse
para a segurança contra incêndio e outros sinistros. É o caso das rondas e de alguns sistemas de alarma
e de observação. Toma-se, portanto, recomendável que os problemas de segurança da indústria sejam
analisados como um todo durante a fase de projeto, tirando-se assim o máximo proveito dos
investimentos feitos visando a segurança de suas instalações, de seu pessoal e de seu acervo
tecnológico.
Além dos riscos decorrentes de incêndios, acidentes, furtos e roubos, uma indústria está sujeita,
durante e após sua implantação, a uma série de riscos eventuais, que são catalogados, para fins de
seguro, no ramo denominado "Riscos de Engenharia".
Esse ramo de seguros foi instituído para amparar construtores, montadores e proprietário s dos
bens e das instalações da indústria contra as perdas e danos decorrentes de qualquer causa de natureza
súbita e imprevisível que se enquadre em um dos três tipos seguintes de seguro.
1. Seguro de instalação e montagem — visa a amparar as firmas montadoras, construtoras ou os
proprietário s dos bens, contra perdas e danos que possam advir de acidentes durante a montagem e o
teste das instalações.
2. Seguro de obras civis em construção - garante a firma construtora contra os prejuízos
materiais inerentes à sua atividade durante a fase de construção da indústria.
3. Seguro de quebra de máquinas — visa a amparar a empreendedora conta prejuízos materiais,
decorrentes de acidentes que possam danificar suas máquinas após instaladas e testadas.
Os seguros de instalação e montagem e de obras civis em construção cobrem usualmente o
período que vai da descarga do material segurado no canteiro de obras até a conclusão da construção e
da montagem e a execução dos testes individuais e conjuntos das instalações. Esses seguros garantem
contra os riscos inerentes à montagem e à construção, incluindo incêndio, raio, explosão, roubos e
furtos, falhas de montagem, atos dolosos, desmoronamentos de estruturas (exceto os causados por
erro de projeto), além dos danos causados pela natureza tais como gelo, geada, tempestades etc.
O seguro de quebra de máquina s cobre normalmente a ocorrência de defeitos de material e de
fabricação, de erros de projeto e de montagem, de atos dolosos, de imperícia e negligência, de curto-
circuito, de falhas dos sistemas de lubrificação e de segurança das instalações, além de cobrir a
eventualidade de queda de objetos no interior dos equipamentos ou de soltura de peça s que possam
causar danos ao conjunto. Esse seguro prevê ainda a ação das forças da natureza, tais como gelo, geada,
tempestades etc. Estão excluídos, geralmente, dos vário s tipos de seguros acima descritos, as perdas
causadas por atos de guerra, guerra civil, revolução, rebelião, tumultos e danos de origem nuclear.
A descrição exata e as condições de contratação das três modalidades de seguro acima apresentadas
poderão ser obtidas junto às Companhias Seguradoras ou diretamente no Instituto de Resseguros do
Brasil.