Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
sem que a caldeira fosse trocada por uma de maior operacional. Cada vez mais é possível trabalhar com
capacidade e com menor desgaste. Para quem não segurança em caldeiras e vasos de pressão. Basta para
conhece como funciona uma caldeira, imagine uma isto que haja a preocupação com a vida daqueles que
panela de pressão com aquela válvula fixa que fica em trabalham nestes equipamentos e também com as
cima da tampa, não deixando o vapor sair. O que pode conseqüências, desastrosas, de uma explosão.
acontecer quando a pressão interna for maior que a
resistência do material da panela? Na mesma situação
OPERAÇÃO INSEGURA
encontrava-se esta caldeira, quando inspecionada pelo
engenheiro Angelo Gaetanino Gaudio, da empresa
Consultag Desenvolvimento Industrial e Energético Ltda, Principais causas de acidentes são provocadas por falhas
no Rio Grande do Sul. humanas
O número de acidentes, considerando a quantidade No Brasil, não existe estatísticas de quantas caldeiras e
destes equipamentos em funcionamento, é pequeno. vasos de pressão estão em funcionamento e muito
Porém, dizem que isto ocorre por causa do fator sorte. menos sobre os acidentes ocorridos. Na opinião do
“Se tem um Deus que protege as crianças e os bêbados. engenheiro mecânico e inspetor de caldeiras Mauro
ele também protege os operadores”, observa Lourenço Pessoa de MelIo, diretor da Mega Steam, empresa
Joaquim de Andrade, chefe de administração, vendas e especializada em inspeção, de Porto Alegre/RS, a maior
assistência técnica da ATA Combustão Técnica S/A. Ele parte dos acidentes que ocorrem com caldeiras são por
diz que geralmente os donos das empresas pensam que falhas humanas. Utilizando as estatísticas norte
os acidentes só vão acontecer com o vizinho. O uso americanas do National Board Builetin realizadas neste
destes equipamentos em diversos setores representa ano, ele mostra que 10% dos acidentes são por falha de
uma opção energética de baixo custo. Uma caldeira pode projeto e fabricação, e os outros 90% são por erro
ser aproveitada de diversas formas. A partir da queima humano. Acidentes por causa de válvulas de segurança,
de um combustível, ela aquece a água que se transforma nível de água, falha nos limites de controle de
em vapor, e sob pressão, gera energia termodinâmica. combustão e dos queimadores, instalação e reparos
Transformada em energia mecânica, gera eletricidade, inadequados, todos têm por trás o elemento humano,
constituindo-se numa fonte alternativa de geração de que durante as inspeções, manutenção e a operação não
energia e calor. O aquecimento da caldeira se obtém pela atuam corretamente.
queima de combustível sólido como a lenha, cavaco,
carvão, bagaços; ou liquido como óleos combustíveis e
“A estatística subentende como único elemento de falha
álcalis; e ainda gasosos como os gases liquefeitos de
humana o erro do operador”, explica Mello.
petráleo.
2
tivesse tido tempo de regular os controles depois de trabalhadores durante os cursos de operadores de
ouvir o alarme que indica o superaquecimento. caldeiras. Dos 175 entrevistados, mais de 50%
declararam que assimilaram mais ou menos o que
estava sendo ministrado. Ele constatou que o nível de
Outro acidente que ilustra a situação de risco e
escolaridade destes profissionais é muito baixo, não
desinformação ocorreu em 1989, na cidade de
ultrapassando sequer o 1° grau. Embora vários deles
Sananduva/RS. Por total falta de cuidados, uma
trabalhem com caldeira há tempo, a maioria tem um
caldeira de 1.000 Kg/h de vapor e pressão de 4 kgf/cm2
conhecimento muito superficial do que seja o
de uma destilaria de álcool explodiu, matando o
equipamento em si e os riscos que ele oferece. Este
operador e ferindo duas pessoas. O trabalhador que
estudo, desenvolvido na região de Bauru/SP, revela que
operava a caldeira não tinha realizado nenhum curso ou
cerca de 23% ainda não têm o curso de operador de
treinamento e a caldeira nunca foi inspecionada. Até
caldeira.
hoje o processo civil e criminal está em andamento na
Justiça.
A Portaria nº 23 (NR-13) faculta o curso para aqueles
com pelo menos três anos de experiência nessa
No caso das grandes caldeiras, segundo o
atividade, até 8 de maio de 1984. Mas, na avaliação de
engenheiro de equipamentos Marcelo SaIles, da
Valle, isto representa um grande risco para as empresas
Refinaria Duque de Caxias da Petrobrás, no Rio de
que empregam este tipo de operador. “Em muitos casos
Janeiro, a chance de acidentes por falhas de
eles não têm a mínima noção de porquê e o que fazer
manutenção, projetos e equipamentos é quase
numa situação de emergência e podem provocar danos
nenhuma. “A causa nunca é isolada, mas
ao equipamento”, explica. Nestas circunstâncias as
predominantemente existe a falha humana”. Salles
empresas deveriam, na primeira oportunidade, fazer este
destaca que nenhuma empresa deixa um operador
operador participar do curso, para aprofundar os seus
numa caldeira de grande porte sem nenhum preparo.
conhecimentos práticos e com um mínimo necessário de
“Sempre há um treinamento”, afirma.
teoria.
3
Outro motivo para o superaquecimento ocorre
quando se coloca uma caldeira com potência baixa em
relação às necessidades da produção de vapor e, para
atender a demanda, intensifica-se o fornecimento de
energia na fomalha. Nestes casos, ao invés de alcançar a
produção desejada, se consegue rupturas, fissuras ou
deformação dos tubos, potencializando o perigo de
explosão.
4
Como pode-se perceber, vários são os fatores que prontuário com as especificações técnicas do
contribuem para um acidente com caldeiras. No entanto, equipamento.
várias também são as técnicas e formas de detectar
estes problemas e garantir um funcionamento seguro.
Este inspetor anota tudo e, todo ano, tem que fazer a
Procedimentos simples, como as inspeções periódicas, e
vistoria. Nestas circustâncias, inspeciona novamente,
exames mais rigorosos, com auxílio de técnicas mais
interna e externamente, através de exame visual, e
apuradas e seguras, permitem a indicação do tempo
examina a estrutura metalográfica da caldeira com
remanescente de uma caldeira.
alguns testes. Ele descobre se existe trinca no metal,
corrosão ou incrustação, utilizando instrumentos como
ultra-som, raio-x, líquidos penetrantes, partículas
magnéticas. Conforme a situação, pode usar outros
recursos, como os ensaios-não-destrutivos, para uma
avaliação minuciosa. Além disso, o inspetor simula a
falta de água, vê se tem ferrugem na água e se os
equipamentos de segurança estão funcionando,
regulando a válvula de segurança. Faz também outros
testes com a caldeira fria e aquecida.
TESTANDO AS ESTRUTURAS
5
qualidade do serviço. Geralmente as empresas avaliam A então secretária de Segurança e Saúde no Trabalho,
somente o valor da inspeção, mas não levam em Raquel Rigotto, deu inicio à formação do primeiro Grupo
consideração a relação custo/benefício de um exame Técnico de Trabalho Tripartite - composto pelo Governo,
mais minucioso nos equipamentos. Por exemplo, numa empresários e trabalhadores - para a revisão da NR-13.
inspeção simples com os métodos convencionais, o Num período de 10 meses e com participação dos
inspetor pode condenar o uso do equipamento. “É segmentos representados, o novo texto para a NR- 13 foi
comum encontrar trincas e já é suficiente para condenar elaborado. Walter Barelli estava para sair do Ministério
o equipamento”. Explica Jorge Alberto Vianna, da do Trabalho e o grupo avaliou que teriam que aproveitar
Brasitest, empresa especializada em ensaios-não- aquele momento para concretizar os trabalhos, explicou
destrutivos, de São Paulo. o engenheiro Luiz António Moschini de Souza, chefe do
setor de Inspeção de Equipamentos na PQU.
6
Desta forma, passou-se para os Conselhos Federal e paralisação resultaria em vultosos prejuízos de perda de
Regional deEngenharia e Arquitetura (Confea e CREA) a produção e de lucros cessantes.
fiscalização sobre o exercício profissional dos
engenheiros inspetores de caldeira. Por sua vez, os
Visando a volta da operação do equipamento, dentro da
inspetores ficaram responsáveis pelo envio dos relatórios
condição de máximo de segurança e confiabilidade, foi
de inspeção para os sindicatos de trabalhadores da
executado exame de Emissão Acústica, monitorando a
categoria predominante no estabelecimento.
atividade das descontinuidades existentes.
7
conhecimento técnico, organizamos reuniões com os Embora a norma mencione alguns itens que devam
operadores de caldeiras do ABC paulista e todas as constar no relatório de inspeção, não existe uma
sugestões foram absorvidas pela Comissão”, ressalta padronização, por isto o próximo passo será tentar
Freitas. Entre elas foi colocada a probição de calços, que formular um modelo de relatório.
significa a anulação dos sistemas de segurança das
caldeiras para que elas continuem funcionando. Esta
Nível técnico - A representação empresarial no grupo
prática é muito comum nas empresas e, além de
tripartite queria elevar os prazos de inspeção e o nível
comprometer o equipamento, é um forte componente
técnico da norma. A base do texto partiu dos pontos
para que ocorra os acidentes.
fracos detectados na norma anterior e nas referências do
código da American Society of Mechanical Engineers
Barrando a corrupção – O livre acesso da CIPA e dos (ASME), National Board, norma ABNT NB-55, API RP
sindicatos à documentação das caldeiras e vasos para 510 e nas legislações francesa, espanhola e inglesa.
evitar os relatórios fantasmas de inspeção; os estágios
práticos na própria caldeira onde o operador vai
Para as empresas com grandes caldeiras, do tipo A,
trabalhar; os manuais de operação em português; a
cumprir os prazos de inspeção, conforme a norma, era
proibição de sistema de drenagem rápida em situação
uma dificuldade. “Após o periodo de 12 meses, nós
perigosa, assim como a terceirização dos serviços
prorrogávamos os prazos por mais seis. Assim,
próprios de inspeção; e a negociação no caso de
conseguiamos cumprir a norma”, esclarece Rubens
qualquer modificação de projeto e condições
Walter Osés, supervisor Técnico da fábrica de celulose
operacionais, nasceram dos operadores. “Procuramos
Riocell, de GuaibaJRS. “A antiga norma não estava
colocar o mínimo para que as coisas sejam feitas com
adequada para os usuários de grandes caldeiras”, relata
segurança. Aquelas empresas que não estiverem de
o engenheiro Marcelio SalIes, da Refinaria Duque de
acordo, devem procurar o seu sindicato para negociar.
Caxias da Petrobrás, no Rio de Janeiro.
Com isto, nós acreditamos também estar evitando a
corrupção”, afirma Freitas.
Ele explica que as inspeções nestes equipamentos devem
ter períodos mais longos, porque a cada parada a vida
Moschini disse que a participação dos trabalhadores
útil do equipamento se reduz. O resfriamento, a queima
neste processo teve uma contribuição fundamental.
do combustível, e o reaquecimento podem causar fadiga
Piincipalmente,para desfazer os preconceitos sobre a
térmica no material da caldeira. “Cada dia de parada
falta de conhecimento técnico dos trabalhadores.
custa 300 mil dólares”, calcula 1, explicando que as
“Durante o processo de revisão da norma, percebemos
caldeiras acopladas à unidade de processos podem
muitas coisas que dizem respeito ao trabalho deles que
operar até quatro anos continuamente.
nós, técnicos, desconhecíamos”, ressaltou. O
representante da SSST no grupo, Almir Augusto Chaves,
alerta para outro detalhe. “A partir de agora não dá para Dentre as modificações apresentadas, destacam-se o
subestimar os sindicatos porque eles estão procurando enquadramento das caldeiras por categorias,
se informar, estão realizando cursos e vão começar a estabelecendo a relação entre pressão e volume. Além
discutir e cobrar tecnicamente as questões”. disto são estabelecidas exigências especificas para cada
categoria. Os vasos de pressão passaram a ser
enquadrados a partir de exigências quanto à segurança
específica, segundo a toxicidade e a quantidade de
produtos armazenados. Outro acréscimo importante é a
necessidade de apresentarem o prontuário na sua
documentação, a exemplo do que se exige para as
caldeiras.
8
O engenheiro Rui Magrini, da DRT de São Paulo, que
coordenou os trabalhos do grupo, disse que neste
aspecto, as empresas que utilizam caldeiras pequenas
não terão dificuldades de se adequarem. Isto porque a
dilatação dos prazos atinge as grandes caldeiras, que
precisam de tempo para se reestruturarem. “As
pequenas têm que ser inspecionadas rigorosamente a
cada 12 meses. Isto é uma questão de mérito e não tem
prorrogação”, destaca.
Se por um lado ela objetiva a qualificação deste Como já é tradicional no país, o jeitinho brasileiro
profissional, que lida com um equipamento perigoso, por também funciona no caso das inspeções. “Numa
outro, a realidade em algumas empresas demonstra que ocasião, foi constatado que um mesmo inspetor esteve
o operador possui outras funções. Fora o baixo grau de em três empresas, no mesmo dia e horário”, relata
escolaridade e o analfabetismo, muitos operadores que Gonzales. Esta é uma realidade que pode terminar com
hoje trabalham com caldeiras aprenderam na prática. a fiscalização dos trabalhadores e seus sindicatos.
“Eles não sabem o que estão operando, como atuar em Também, a ação do Ministério Público responsabílizando
casos de emergência e os riscos que representam os àqueles que por imprudência, imperícia ou negligência
equipamentos”, revela Wagner Branco, químico venham a causar danos a outros, é outro reforço para
industrial da Divisão Térmica da Confor, de São Paulo. garantir a segurança das caldeiras e vasos sob pressão.
Ele diz que estão habituados com a tecnologia de boca a
boca e possuem muitos vícios operacionais.
O envio do relatório de inspeção para as DRTs visava o
acompanhamento da situação das caldeiras, o que para
Repercussão – Apesar de muitos questionamentos sobre os vasos de pressão nem existia. A DRT do Rio Grande
a complexidade da nova norma, o resultado obtido pode do Sul foi pioneira na iniciativa de controle dos
ser avaliado pela repercussão que está atingindo junto à relatórios de inspeção, ao firmarem convênio entre o
sociedade. Centro de Apoio a Pequena e Média Empresa (Ceag/RS)
- antecessor do Sebrae - onde os relatórios eram
Vários cursos, seminários e encontros foram e estão centralizados e submetidos a uma avaliação por um
sendo realizados para explicar o novo texto, e as engenheiro inspetor, mantido pela entidade. Mas no
possíveis dúvidas e imperfeiçôes já estâo sendo final da década de 80 este convênio foi extinto. “O
colocadas. “Nós percebemos que no Brasil inteiro trabalho era eficiente porque dava uma garantia ao
existem pessoas preocupadas, porque foi feita uma empresário e mantinha a ética entre os profissionais”,
norma participativa. A outra foi imposta e não se sabe esclarece Gonzales, relatando que, na falta de dados, o
quem fez”, observa o engenheiro Luiz Antônio Moschini, inspetor era chamado para explicá-los. Se não fosse
representante das empresas no grupo. Ele acrescenta convincente, teria que refazer o laudo e até, em último
que as DRTs e uma centena de empresas participaram, caso, a inspeção.
e mais de mil técnicos deram palpites.
Com este procedimento houve uma moralização nos
As possíveis distorções que ocorreram foram por causa serviços de inspeção. A partir da detecção dos laudos
da conjuntura. O recente processo de reelaboração da fantasmas, houve a necessidade de um resgate da
norma apresentou um texto que contempla aspectos não questão ética da profissão e com este objetivo foi criada
suscitados na anterior, como a manutenção e a a AEIERGS, em 1988.
operação, e os não menos perigosos vasos depressão.
Faltou somente aparte de tubulação, que ficou para uma Atualmente, embora não exista mais este controle sobre
próxima norma. os laudos, a entidade se propõe a reorganizar este tipo
de atendimento, servindo como intermediária entre os
A BUSCA DA ÉTICA sindicatos e os inspetores, facilitando o envio e ainda
fazendo a análise. Mas para isto é preciso fazer um
acordo com o CREA, a DRT e os sindicatos, porque a
Entidade luta pela moralidade nos serviços de inspeção entidade não possui esta competência legal.
de caldeiras e vasos de pressão
9
Os valores das inspeções no Rio Grande do Sul também
foram resolvidos com a confecção de uma tabela de
honorários, pela AEIERGS, que é utilizada por todos os
engenheiros, não havendo concorrência por questão de
preço, mas sim da qualidade. “Isto favorece o
profissional e o empresário. Porque o primeiro recebe
pelo seu trabalho e o segundo paga com a certeza de ter
um bom serviço”. Para auxiliar nos testes de inspeção, a
associação coloca à disposição dos engenheiros um
aparelho de ultra-som. Além disto, a entidade colabora
prestando informações sobre dúvidas e esclarecimentos
para os usuários de caldeiras.
Que testes executar e com que freqüência, depende de Nestes recálculos às vezes se arbitra, se adota valores
uma infinidade de fatores que influenciam na conservativos e chega-se a conclusão que o vaso não tem
deteriorização de um vaso sob pressão, como os condições operacionais. Porque todos os valores foram
materiais utilizados; fluidos contidos; pressão; subestimados, visando o lado da segurança. E, por
temperatura e regime de trabalho; processos de desconhecimento, sugere-se que o vaso trabalhe com
fabricação adotados; etc. uma pressão mínima. O proprietário, por sua vez, alega
que precisa de determinada pressão no vaso para o
processo de produção. Como não existe nenhum
documento técnico, no dia que acontecer um acidente, a
Justiça irá questionar quem atestou que o equipamento
podia operar com segurança. Se não tem como
comprovar que estava trabalhando com segurança,
entra a preocupação legal, que os engenheiros devem
ter.
10
utiliza-se ferramentas como os ensaios-não-destrutivos. programa de manutenção é um registro de informações e
Mas, por exemplo, se for radiografar vasos antigos, sua utilização eficiente. Os dados registrados servem de
fatalmente você irá condenar o equipamento. Neste guias de consulta, padrão operacional e registro do
aspecto, entra o problema da nossa realidade cultural, histórico. Poucas indústrias possuem um levantamento
econômica, de desenvolvimento e de tecnologia. Existe operacional adequado. A ação da terceira linha de
uma infinidade de vasos, com finalidades diferentes, atuação depende do empresário e do operário.
trabalhando em temperaturas altas e baixas, com Precisamente, uma maioria de atos inseguros foram
materiais corrosivos, ácidos, bases, líquidos, gases e atribuidos à falhas humanas. De acordo com os
assim por diante. As combinações fazem com que o inspetores, são as seguintes atitudes e os procedimentos
universo seja maior do que caldeiras, e requer do relacionados com o problema:
engenheiro uma versatilidade muito grande. Ele se
depara com coisas nunca vistas antes e para o qual não
a) Demasiada confiança nos controles automáticos, ao
tem uma receita de bolo. Cada caso tem que ser
ponto de substituir o pessoal qualificado por estes
analisado e imaginada uma solução para garantir que o
dispositivos;
equipamento trabalhe com segurança, evitando que não
cause prejuízos operacionais e sociais. Por isto, os
engenheiros devem utilizar sua habilitação profissional b) Desvalorizar ou esquecer completamente as normas
para realmente assumir responsabilidades, prescrever, de segurança na operação de caldeiras;
recomendar e projetar inspeções, definindo roteiros e
não procurar única e exclusivamente se basear em
c) Conhecimentos insuficientes e treinamento precário
normas existentes. Porque não temos normas para tudo
do empresário e do operador;
e não dá para se fazer inspeções em equipamentos
imaginando que existe um roteiro pré-definido.
d) Deficiência de informações aos operadores e técnicos
da equipe, no que se refere à operação e as normas de
EVITANDO OS RISCOS
manutençào;
11
h) Insistir no cumprimento das normas e Relato. No momento do acidente a caldeira queimava
recomendações; apenas gás combustível. O sistema de óleo combustível
encontrava-se isolado em manutenção e o gás CO estava
desviado para a atmosfera, A equipe de operação estava
i) Promover treinamento de todo operário encarregado de
composta por um supervisor, um operador de painel e
caldeira aos operadores para que estejam sempre em dia
um operador de campo.
sobre novos equipamentos e tecnologias;
12
• Houve pressão não justificada, em colocar a caldeira
novamente em operação, já que as demais tinham
capacidade suficiente para absorver a queda da CO
5001. Essa precipitação resulta de uma cultura onde a
continuidade operacional e o rápido retorno à operação
ainda prevalecem sobre o fator segurança.
13