Você está na página 1de 5

Daniel e Apocalipse, uma interpretação

As profecias bíblicas nos surpreendem muitas vezes quando nos


deixam indícios que favorecem a sua interpretação. Visões, como as
registradas no Livro de Daniel, Capítulo 7 são enigmas aparentemente
difíceis de entender, mas que se tornam acessíveis com as explicações
contidas no próprio capítulo.
As profecias relatadas em Daniel Capítulo 7 apontam para fatos que
se cumpririam até a chegada do Reino de Deus:
² Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que
os quatro ventos do céu agitavam o mar grande.
³ E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.
⁴ O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava,
foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como
um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.
⁵ Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o
qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus
dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.
⁶ Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um
leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também este
animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.
⁷ Depois disto eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto
animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de
ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era
diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez
chifres.
¹³ Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens
do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram
chegar até ele.
¹⁴ E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos,
nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não
passará, e o seu reino tal, que não será destruído. Daniel 7:2-7; 13,14
O texto profético aqui relatado está em harmonia com o Capítulo
2:31-45 do mesmo livro. De maneira clara, Deus não apenas revela o futuro
da humanidade como também coloca em detalhes como isso ocorrerá no
“agitado mar grande”, a figura do cenário onde ocorrerá a dinâmica política
mundial dos governos gentílicos. A sucessão de impérios que se levantarão
na terra um após o outro indica que um poder invisível mantém de forma
contínua um sistema que age em oposição ao Reino de Deus. Esse sistema
começou alguns séculos após o Dilúvio:
⁸ E Cuxe gerou a Ninrode; este começou a ser poderoso na terra. 9
⁹ E este foi poderoso caçador diante da face do Senhor; por isso se diz: Como
Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor.
¹⁰ E o princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de
Sinar.
¹¹ Desta mesma terra saiu à Assíria e edificou a Nínive, Reobote-Ir, Calá,
¹² E Resen, entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade). Gênesis 10:8-12
É notório que Ninrode foi o primeiro líder humano desse sistema
mundial que opera no mundo caído. Deve-se ressaltar que esse sistema
invisível se expressa em governos visíveis que se alternam no poder durante
História: Impérios como o Assírio, Babilônico, Medo-Persa, Grego Romano
são exemplos desses governos humanos.
Atualmente, qual é o poder visível operante no mundo? Não há outra
interpretação senão assumir o que está expresso no próprio Livro de Daniel
nos capítulos 2 e 7. Sobre a Estatua vista por Nabucodonosor que
simbolicamente representava os reinos mundiais assim está escrito sobre o
último governo humano: ³³ As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro
e em parte de barro. Daniel 2:33. Na visão, Roma (último império) foi
representada pelo “Ferro” nas duas pernas da estátua, que pode estar
fazendo referência ao império romano do Ocidente e império romano do
Oriente. Os pés da estatua formado por ferro e barro são os reinos oriundos
das duas pernas. Referem-se às nações atuais orientais e ocidentais. O texto
bíblico deixa claro: ⁴² E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em
parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será
frágil.
⁴³ Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-
ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o
ferro não se mistura com o barro. Daniel 2:42,43. A forma da última
expressão visível do sistema mundial é que não seria um império único
como foram os anteriores, mas possuiria características como o ferro
(herança do último império, Roma) e barro, mas que não se misturariam.
O Capítulo 13 de Apocalipse apresenta também uma visão do mesmo
sistema mundial: ² E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus
pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu
poder, e o seu trono, e grande poderio. Apocalipse 13:2. Percebe-se que a
Besta vista por João é um amálgama dos mesmos animais vistos por Daniel,
Leopardo, Urso e Leão. Possivelmente é uma referência ao Império Romano,
uma fusão de todos os impérios anteriores. O versículo 8 do Capítulo 17 do
Livro das Revelações faz a seguinte afirmação: “...⁸ vendo a besta que era e
já não é, ainda que é”. Apocalipse 17:8. Essa referência revela a natureza da
Besta, um sistema mundial que existe em diferentes estágios da
humanidade se alternando por meio de governos humanos em diferentes
épocas da história humana.
As cabeças da Besta se referem aos governos visíveis que se
expressam nessas diferentes épocas: ¹ E eu pus-me sobre a areia do mar, e
vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os
seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.
Apocalipse 13. Quando João escreveu o Apocalipse, cinco dessas cabeças já
tinha caído e uma existia no seu tempo e a sétima viria ainda, mas duraria
pouco tempo: ¹⁰ E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro
ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo.
Apocalipse 17:10. Possivelmente, a cabeça existente é uma referência ao
Império Romano, o poder secular visível do sistema mundial do tempo da
revelação de João. A sétima cabeça viria após a queda da sexta, não está
muito claro a quem se refere. No entanto está implícito que a oitava cabeça
é mais poderosa que as demais, a ponto de se confundir com a própria
Besta, ou seja com o próprio sistema mundial: “¹¹ E a besta que era e já não
é, é ela também o oitavo...” Apocalipse 17:11. A oitava cabeça é mais
enigmática, no entanto o texto bíblico deixa claro que no tempo de João ela
não possuía nenhuma expressão de poder ou governo, mas no futuro do
apostolo a besta subiria do abismo: “⁸ ... e há de subir do abismo, e irá à
perdição. Apocalipse 17:8. Outro detalhe a considerar é que a oitava cabeça
é uma das que existiram anteriormente: “...¹¹ é ela também o oitavo, e é dos
sete ...” Apocalipse 17:11. Além de ser uma das sete anteriores é a mesma
cabeça que recebe a cura de uma chaga mortal: “³ E vi uma das suas cabeças
como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se
maravilhou após a besta.” Apocalipse 13:3.
Aparentemente, a oitava cabeça é algum dos antigos impérios que
retornarão com um poder político ainda maior e que sem dúvida será o
governo do Anticristo. Talvez os rumos da política global atual não
favorecem um entendimento satisfatório sobre esse governo, pois vivemos
o estágio em que na visão dos profetas é ainda “a agitação das águas”
(dinâmica da geopolítica mundial): “² Falou Daniel, e disse: Eu estava
olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam
o mar grande. Daniel 7:2; “¹ E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do
mar uma besta...” Apocalipse 13:1. O filho do pecado ainda será revelado,
mas o seu espírito maligno já opera nos filhos da desobediência. Os salvos,
no entanto, aguardam o retorno de Cristo, cujo Reino é eterno. Não se
deixam enganar pelos falsos ungidos da atualidade, muitos são mensageiros
do próprio Anticristo.

Você também pode gostar