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Escatologia, (do grego antigo escato "último", mais o sufixo-logia, “estudo”) Etimologicamente a escatologia é o
estudo das ultimas coisas, é uma parte da teologia e filosofia que trata dos últimos eventos na história do mundo ou
do destino final do gênero humano, comumente denominado como fim do mundo.

Em nosso curso escatológico trataremos dos principais pontos da escatologia, veremos as profecias de Daniel com
ênfase nas “70ª Semanas,” profecias que se constitui o esqueleto de toda escatologia veterotestamentária. Iremos
aprender detalhadamente o Capitulo 24 de Mateus, denominado “sermão das ultimas coisas”, onde o Senhor tece
toda sua sequencia escatológica. Veremos ainda todas as principais correntes teológicas sobre o arrebatamento e
concluiremos analisando os “eventos finais” onde aprenderemos a sequencia final de eventos com ênfase no pós
“Armagedom”. Após analise escatológica completa nos deteremos na ultima aula para falar de “Nova Era”, que tem
como objetivo nos mostrar a preparação dos senhores do mundo para a chegada do falso-profeta e do anticristo.

A escatologia não é algo apenas do cristianismo, todas as grandes religiões tem as suas próprias visões de o “fim de
tudo”, como provenientes do judaísmo temos muito em comum com as esperanças escatológicas judaicas, e assim
se constituiu obrigação alinharmos nossos pontos de vistas, uma vez que Jesus, os profetas e os apóstolos eram
judeus e tiveram como primeiros interlocutores o seu próprio povo. A literatura apocalíptica representada no Novo
Testamento, mais agudamente em Apocalipse é um fenômeno presente em toda a Bíblia, onde a esperança é o

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próprio Deus reinar acabando assim com as injustiças e tristezas, esse é o grande ponto para entendermos a
escatologia, já que essa literatura especifica foi produzida por profetas e apóstolos em cativeiro ou perseguições.

1. A Estátua de Nabucodonosor.
Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era
excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas
coxas de cobre;
As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.
Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de
ferro e de barro, e os esmiuçou.
Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como
pragana das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que
feriu a estátua, se tornou grande monte, e encheu toda a terra. Daniel 2:31-35

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Essa é a primeira profecia de impacto do livro de Daniel, a base dessa visão foi um sonho dado por Deus a
Nabucodonosor rei de Babilônia, cujo conteúdo e interpretação foram dados somente a Daniel. O livro conta que
Nabucodonosor estava dormindo pensando na sequencia da historia, quando em seu sonho foi lhe dado uma grande
estatua de aparecia formidável. Essa estatua tinha a cabeça de ouro, seu peito e os braços de prata, o ventre e as
coxas de cobre, suas pernas de ferro e seus pés parte ferro e parte barro, porem enquanto via essa estatua uma
pedra foi cotada se auxilio algum, e feriu a estatua nos pés esmiuçando totalmente todos os materiais, e após a
pedra se tornou um grande monte que encheu toda a Terra. Esse sonho de cunho escatológico revela o plano
escatológico de Deus na historia, através do levante e o abatimento de impérios, a seguir analisaremos ponto por
ponto desse maravilhoso sonho.

“Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória. E onde quer
que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que
reinasse sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro.” Daniel 2:37,38

A cabeça de ouro foi identificada como o reino de Babilônia cujo rei era o próprio Nabucodonosor, o agente
sonhador. O reino de babilônia foi comparado ao ouro por ser considerado o reino mais excelente da historia,
realmente a cidade de Babilônia foi a mais magnifica de toda antiguidade.

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“E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de cobre, o qual dominará
sobre toda a terra.” Daniel 2:39

Seguindo a marcha inexorável da historia surge outro império, o persa, considerado inferior ao Babilônico por Daniel
e por isso chamado de reino de prata, é composto pelo peito e braços. Nos braços que reside a grande força do
corpo e assim é chamado o império medo-persa que talvez fosse o mais poderoso de toda antiguidade, assim como
o corpo tem dois braços esse império era composto por dois povos, os medos e os persas. O exercito medo-persa
responsável pela força e extensão gigantesca do império foi com certeza o maior de toda historia antiga.

“E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de cobre, o qual dominará
sobre toda a terra.” Daniel 2:39

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Após a queda do medo-persas o sonho de Nabucodonosor introduz um terceiro império o grego, que com um
pequeno contingente de soldados consegue a proeza de dominar todo o mundo antigo. Assim como nos membros
inferiores que esta nossa velocidades, a Grécia rapidamente dominou o mundo, e semelhante ao cobre que é muito
mais maleável que outros metais, assim foi o império grego flexível com seus súditos. O grande trunfo do império
estava em seu líder, Alexandre o grande que com sua coragem e pericia militar varreu todo o mundo antigo.

“E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que
quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços.” Daniel 2:40

O quarto império seria o mais forte, comparado ao ferro que tudo esmiúça e inflexível como esse metal que tudo
quebra. Suas duas pernas simbolizam o império ocidental cuja capital era Roma e o império oriental cuja capital era
Constantinopla. A força do império romano estava em seu controle sobre os povos conquistados, garantidos por
suas legiões espalhadas por todo o império. Roma era o império vigente durante a vida de Jesus seus apóstolos, foi
Tito príncipe e general romano que destruiu Jerusalém e espalhou os judeus pelo mundo por quase 2000 mil anos.
As pernas de ferro representam o império romano que já deixou de existir, sua perna esquerda (império oriental)
caiu para os bárbaros em 476 da era cristã, já a perna direita (império ocidental) caiu para os otomanos (império de
religião islâmica) em 1454.

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“E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será
um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado
com barro de lodo. E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma
parte o reino será forte, e por outra será frágil.” Daniel 2:41,42

Chegamos ao ultimo império visto por Nabucodonosor, na verdade esse continua sendo o quarto império, enquanto
as pernas de ferro são a representação do império romano antigo que já caiu, os pés parte de ferro e parte de barro
é a revelação do império romano escatológico. Alguns veem na mistura ferro e barro as formas de governo atual, o
barro marcando a flexibilidade do capitalismo e o fero denotando a rigidez do comunismo. É importante assinalar
que durante o império dos pés de ferro e barro que a pedra que é Jesus acabara com os reinos humanos e
estabelecerá o reinado do Messias, o milênio. Quando diz que a pedra esmiuçará os reinos humanos, se refere ao
fim da era dos homens e o inicio do governo milenar do Senhor, onde todos os reinos da terra estarão submetidos
ao Jesus.

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2. Os animais estranhos de Daniel

Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu
agitavam o mar grande. E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro
era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado
da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem. Continuei olhando, e
eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três
costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne. Depois disto, eu
continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas
costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. Depois disto eu continuei
olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha

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dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente
de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.

Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três
dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma
boca que falava grandes coisas. Daniel 7:2-8

Esse sonho profético de Daniel contido no capitulo 7 de seu livro é uma confirmação e ampliação do sonho de
Nabucodonosor no capitulo dois. Nesse sonho Daniel vê 4 animais poderosos, cada um representando um império
visto na estatua do sonho do rei da Babilônia, esses animais subiam do mar, termo bíblico para nações da terra (Is
40:15; Ap 17:15; mais especificadamente para as nações da bacia do mediterrâneo de onde surgiu todos esses
impérios), significando que essas nações são gentílicas, já que profeticamente terra ´Israel (Js 1:15; Sl 37:29; Dn 9:24;
Zc 2:12). Nesse sonho de Daniel os mesmos impérios são retratados com figuras animalescas, sendo o leão o império
babilônico, o urso o persa, o leopardo alado a Grécia e o animal espantoso o império romano em suas duas faces, a
histórica que já caiu e a escatológica para a tribulação.

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“O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e
foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.”

Daniel 7:4

Assim como o ouro, o leão é um símbolo da realeza e do poder, e esse mesmo leão era o símbolo usado por
Nabucodonosor em suas guerras, as asas cujo leão era dotado mostrava a velocidade das conquistas de
Nabucodonosor. As asas arrancadas fazem alusão primeiro a queda do império, conquistados em 539 a.C. pelos
persas e segundo a Nabucodonosor que após reconhecer o Senhor pode voltar ser homem (coração de homem, Dn
4). Assim sendo podemos ligar as duas visões em Daniel, onde a cabeça de ouro e o leão alado representam o reino
babilônico com sua expressão máxima em Nabucodonosor.

Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado,
tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.
Daniel 7:5

O urso da visão de Daniel 7 representa o poderoso império persa, representado no sonho da estatua como o peito e
braços de cobre, o urso é um animal muito forte porem lento e assim foi a característica do império persa, um
período de conquistas lento e muito extenso. Já as 3 costelas na boca do urso demonstra os 3 impérios que os persas
necessitaram abater para conquistar o mundo antigo, e são esses a babilônia, o Egito e a Lídia (império localizado na
Ásia Menor). Foi durante o império persa que os judeus enfim puderam regressar do cativeiro babilônico, sendo
província desse império até sua queda frente aos gregos de Alexandre o magno.

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“Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de
ave nas suas costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.” Daniel 7:6

O terceiro animal o leopardo alado corresponde ao ventre e coxas de cobre da estatua de Nabucodonosor, esse
animal era considerado o mais rápido de todos para o mundo antigo e demonstra a rapidez que os gregos
dominariam o mundo, suas 4 asas representam os 4 ventos (4 cantos do mundo) e mostram a extensão desse
império. Suas 4 cabeças representam os 4 generais de Alexandre o grande, que dividiram seu império após sua
morte repentina.

“Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os
outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro e as suas unhas de bronze; que devorava, fazia em
pedaços e pisava aos pés o que sobrava; E também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça, e do
outro que subiu, e diante do qual caíram três, isto é, daquele que tinha olhos, e uma boca que falava
grandes coisas, e cujo parecer era mais robusto do que o dos seus companheiros.” Daniel 7:19,20

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A quarta besta é uma espécie que não possuía uma classificação no reino animal, por isso é classificada por Daniel
como um animal terrível e espantoso, essa besta descreve o império romano, assim como as pernas de ferro e os
pés parte de ferro e parte de barro da estatua de Nabucodonosor. Assim como no relato de Daniel capitulo 2 o ferro
é descrito como esmiuçando tudo (conquistando todos os impérios) o animal espantoso é descrito com dentes de
ferro que com grande poder devorava e fazia em pedaços todos em seu caminho, o animal não pode ser identificado
por Daniel pois era uma espécie que não existia e não fazia parte da cultura judaica, porem em Apocalipse podemos
ver aos olhos da cultura greco-romana que o tal anima era um dragão (Ap 12:3). O mistério dos chifres também é
revelado por Daniel, que semelhantemente a estatua de Nabucodonosor com seus 10 dedos representando 10
reinos, assim também é o significado dos 10 chifres, a profecia dos 10 reinos possui dois cumprimentos, o histórico
no império romano no passado e escatológico no império romano na tribulação. Vejamos as duas visões das 10
nações da estatua de Nabucodonosor e do animal terrível sonhado por Daniel:

Esse mapa mostra a divisão dos reinos bárbaros dentro do império romano na idade média, onde 5 nações são
consideradas pacificas e a favor do império (francos, Visigodos, Suevos, Lombardos e Burgúndios), já as outras 5
nações barbaras eram consideradas belicosas e destrutivas ao império romano (Vândalos, Hérulos, Ostrogodos,
Germânicos e Anglos).

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Essa divisão acima, feita pelo clube de Roma divide o mundo em 10 grandes regiões (10 dedos e 10 chifres), 5 dessas
regiões são consideras capitalistas e por isso identificadas com a parte de barro, por ser flexível (América do Norte,
Europa Ocidental, Japão e região, Austrália, África do Sul e suas regiões e América Latina), já 5 dessas regiões são
consideradas socialistas e por isso identificadas com a parte de ferro, já que são países inflexível e chamados cortina
de ferro (Rússia e Europa Oriental, África Central, Mundo Árabe (Norte da África e Oriente Médio), Índia e sua região
e a China).

Clube de Roma é uma organização não governamental cujos membros são presidentes e ex-presidentes das nações,
embaixadores e outras pessoas de cargos de grande influência no cenário político mundial. Essa organização auto
define sua missão como atuação como catalista global que é livre de interesses políticos, ideológicos ou comerciais.
Segundo ainda a própria organização, o Clube de Roma contribui para a solução do que se chama problemática
mundial, que é o conjunto complexo dos problemas cruciais que desafiam a humanidade, como: problemas políticos,
sociais, econômicos, tecnológicos, meio ambiente, psicológicos e culturais.

3. A visão do carneiro, do bode e do chifre pequeno

E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha dois chifres; e os
dois chifres eram altos, mas um era mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. Vi que o
carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia
resistir; nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade, e se
engrandecia. E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas
sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre insigne entre os olhos. E dirigiu-se ao carneiro que
tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no ímpeto da sua
força. E vi-o chegar perto do carneiro, enfurecido contra ele, e ferindo-o quebrou-lhe os dois chifres, pois
não havia força no carneiro para lhe resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; não houve
quem pudesse livrar o carneiro da sua mão. E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na
sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro também
insignes, para os quatro ventos do céu. E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu
muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa. Daniel 8:3-9

Essa terceira sequencia de profecias do livro de Daniel é muito complexa e abrangente, juntando em si elementos
das duas primeiras series fatos históricos e elementos escatológicos. O carneiro nessa profecia representa o império
medo-persa (semelhante ao peito e braços de cobre e o urso com costelas na boca). Seus dois chifres identificam a
os povos geradores do império os medos e os persas, sendo os persas maiores por ter submetido à média, quando
fala que o chifre maior é o ultimo a subir relata que sempre a média foi senhora da pérsia, porem no começo do
império a pérsia conseguiu sair do julgo da média e a conquistar. A sequencia dos eventos mostra que o carneiro da
marradas (conquista) para o ocidente (Ásia Menor e Lídios), para o norte (babilônia) e para o sul (Palestina e Egito).

O bode vindo do ocidente (referencia a Grécia ao ocidente do império persa), sem tocar o chão (talvez referência à
velocidade da conquista), o chifre destacado que o bode possuía é a descrição de Alexandre o magno, o grande líder
grego. O bode sai vitorioso da guerra e Alexandre o grande conquista todo o império persa, e se tornou soberano do
mundo antigo. Porem no auge de seu poder Alexandre morre misteriosamente e em seu lugar se levanta seus 4
generais que dividem entre si o império.

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Porem, após esses 4 chifres um deles cresceu de sobremaneira e se engrandeceu muito para o sul (palestina), para o
oriente (síria) e chegou seu domínio a terra santa, Jerusalém. Esse chifre pequeno é identificado na historia como
Antíoco IV Epifânio, o violador do Templo de Jerusalém e o causador da guerra dos Macabeus.

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4. Revelação do chifre pequeno

Nesse tópico iremos tratar do “chifre pequeno” de forma escatológica, já que no capitulo 3 fizemos uma síntese
histórica sobre o primeiro aspecto da profecia, cumprida em Antíoco Epifânio. Iremos analisar o cumprimento dessa
profecia na idade média (escatologia para Daniel) e sua cabal extensão, no reino tribulacional do anticristo. Na idade
média os 10 chifres eram identificados como as 10 nações barbaras existentes dentro do império romano, cujo chifre
pequeno é tido como Clóvis o rei dos francos. Já para o reino do anticristo os 10 chifres são identificados como as 10
regiões divididas pelo clube de Roma e o chifre pequeno escatológico tentaremos identificar.

“Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três
dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma
boca que falava grandes coisas.” Daniel 7:8

“E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará
outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis.” Daniel 7:24

Na idade média, como falado o “chifre pequeno” é o rei franco Clóvis, e os 10 chifres a divisão do império romano
pelas 10 nações barbaras, portanto o reino franco e seu rei Clóvis são provenientes do império romano e assim
levantado da quarta besta (império romano).

Já no cenário escatológico é consenso entre a maioria dos teólogos que os 10 chifres ou dedos da estatua serão o
reino reconstruído do império romano, esse com abrangência mundial, mais com capital e comando na Europa
Ocidental. Acreditamos que o ”chifre pequeno” será proveniente da união Europeia, ou novo império romano.

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A união Europeia passou a existir a partir do tratado de Roma, iniciando assim a reconstrução do império romano,
como mostrado no mapa da pagina 12 (possível divisão do reino do anticristo) a união da Europa visa globalizar o
mundo todo e assim dar sustentabilidade para as duas bestas (do mar e da terra). Percebemos assim que a primeira
característica do “chifre pequeno” é ser oriundo dos 10 chifres e, portanto proveniente da Europa ou império
romano renovado.

“E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará
outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis.” Daniel 7:24

Clóvis identificado como o “chifre pequeno” da idade média surgiu ao poder inesperadamente, quando ele apareceu
o império romano já havia sido apresentava a divisão de seus 10 reinos (10 chifres e 10 dedos). Clóvis ascendeu ao
poder após unificar varias tribos francas e assim unificar o reino Franco (a França tem esse nome derivado dos
francos).

O “chifre pequeno” identificado como o anticristo aparecerá somente depois dos 10 chifres, isso significa que surgirá
após a divisão do mundo em 10 regiões. No capitulo 13 de Apocalipse vemos que a besta do mar identificada como o
falso-profeta é a primeira a surgir (Ap 13:1,2) e que essa reinará por 42 meses ou 3 anos e meio (Ap 13:5), e assim
ela que cuidará do firmamento do pacto (Dn 9:27) e de conduzir os 10 chifres (governantes), após esse período de 42
meses a besta do mar cederá seu lugar a besta da terra ou anticristo (Ap 13:11,12).

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“E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará
outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. E proferirá palavras contra o Altíssimo, e
destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua
mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo.” Daniel 7:24,25

Quando apareceu para o império romano Clóvis era apenas mais um líder tribal e, portanto sem importância politica
ou militar, mas com o passar dos anos e com seu feito em unificar as tribos francas, ele se transforma em um rei de
destaque e poder, cavando assim seu lugar na politica do império romano. Para ficar claro, Clóvis surgiu como
alguém sem importância e aos poucos foi se tornando um poderoso rei, até se tornar o rei mais poderoso de todo
império romano ocidental.

Assim como foi com Clóvis, imaginamos que será com o anticristo, o “chifre pequeno” escatológico, portanto no
começo da tribulação, que será dominada pelo falso-profeta (besta do mar) ele terá pequeno destaque e crescerá no
decorrer do período de 42 meses que reinara a primeira besta.

“E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a
terra formosa. E se engrandeceu até contra o exército do céu; e a alguns do exército, e das estrelas,
lançou por terra, e os pisou. E se engrandeceu até contra o príncipe do exército; e por ele foi tirado o
sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra. E um exército foi dado contra o
sacrifício contínuo, por causa da transgressão; e lançou a verdade por terra, e o fez, e prosperou.” Daniel
8:9-12

Essa profecia se cumpriu literalmente em Antíoco Epifânio como antes assinalado, porem não a ligação dessa
profecia especifica na vida de Clóvis, mas com certeza ela terá seu cumprimento cabal no “chifre pequeno”
vindouro, que será o anticristo. Como já aprendemos o anticristo (chifre pequeno ou besta da terra) surgirá após o
período do falso-profeta (besta do mar) e reinará nos últimos 3 anos e meio (um tempo, e tempos e metade de um
tempo, Dn 7:25). O texto de Daniel 8:9-12 nos dá a ocasião especifica do aparecimento do “chifre pequeno”, no dia
que cessará o sacrifício, esse episódio é conhecido em outras passagens com a “quebra do pacto” (Dn 9:27; Mt
24:15; 1 Ts 5:3; 2 Ts 2:3). O pacto será firmado no começo da tribulação (Dn 9:27)pelo falso-profeta que reinará nos
primeiros 42 meses (3 anos e meio) e será quebrado pelo anticristo (chifre Pequeno) que aparecerá nessa ocasião e
dominará os últimos 3 anos e meio.

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“E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará
outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis.” Daniel 7:24

Voltando ao capitulo 7 temos esses fatos ocorrendo em Clóvis, que para chegar a rei do império romano ocidental e
acudir o papa precisou derrubar 3 nações (3 chifres – Dn 7:24), essas nações consideradas do grupo hostil ao império
romano (mapa pág. 12 – Europa Dividida) são os hérulos, os vândalos e os ostrogodos, todos ameaçavam a cidade
de Roma e a fé católica.

Semelhante ao processo que levou Clóvis ao poder e defendeu o império romano, a Ascenção do anticristo também
causará a queda de 3 nações (chifres) talvez consideradas hostis (comunistas – vide mapa pág. 12 – possível divisão
do reino do anticristo). Com esses dados em mente podemos reconstruir que o falso-profeta irá fazer o pacto com
Israel e unificar o mundo em 10 regiões (mapa pág. 12 – Europa Dividida), seu reinado durará 3 anos e meio, no
final desse primeiro período aparecerá o anticristo (chofre pequeno) quebrará o pacto e aniquilará e 3 nações
(chifres) hostis.

“Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três
dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma
boca que falava grandes coisas.” Daniel 7:8

“E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os


tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo.”
Daniel 7:25

A referencia a proferir palavras contra o altíssimo é uma pista que o texto nos dá para o caráter do “chifre pequeno”,
alguém que se levanta contra o verdadeiro Deus e faz de si mesmo senhor (2 Ts 2:4). Esse é outra profecia que
aparentemente não pode ser aplicada a Clóvis, e sim a Antíoco Epifânio, que com seu zelo pelo helenismo
conspurcou o Templo de Jerusalém e proferiu palavras contra a religião judaica e seu Deus.

O anticristo (chifre pequeno) será aquele que se levantará como falso messias e trabalhará para enganar os judeus
para abandonarem seu Deus e o seguir. Após a quebra do pacto ele se mostrará como aquele que lutará em tudo
contra o Senhor a ponto de proferir palavras e blasfêmias contra o altíssimo. Outra pista que temos é o fato dele
quebrar as leis (Torah) de Israel, nos dando uma idéia que é conhecedor dessas e, portanto um israelita, querendo
levar os judeus a deixarem a lei.

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Como antes dito a primeiro aparecer será o falso-profeta que reinará nos primeiros 3 anos e meios, nesse tempo
unificara o mundo em 10 regiões (chifres) e firmara o pacto com Israel (Dn 9:27), no final desses 42 meses o falso-
profeta entregará seu reinado ao anticristo (Ap 13:11,12) que surgirá depois e dentro dos 10 chifres (governo
mundial – Dn 7:24) a ocasião especifica que ele aparecerá será na quebra do pacto (Dn 9:27) na metade da
Tribulação (Dn 8:9-12) e após reinará nos últimos 3 anos e meio (Dn 7:24,25) e seu fim será no Armagedom (Dn 7:26;
9:27; Ap 19:19-21).

O chifre pequeno será chamado de anticristo ou o oposto de Cristo, sabemos a palavra grega “cristo” é a tradução da
palavra “hebraica” messias que no português significa “ungido”, essa palavra leva o conceito de alguém semelhante
ao rei Davi (rei, sacerdote e profeta - 2 Sm 7:12), portanto para que Israel aceite o anticristo esse deverá ser da
linhagem de Davi pertencente a tribo de Judá. Para alguém reclamar o posto de messias ele precisará ser judeu
proveniente da tribo de Judá, se não for assim Israel não aceitará.

Outra característica do “chifre pequeno” é ser a “besta que sobe da terra” (Ap 13:11), que como já vimos significa
ser israelita de nascimento, já que profeticamente “terra’ é a Canaã, a terra prometida por Deus aos israelitas. Vimos
também que ele irá mudar a lei (Torah - Dn 7:24,25), característica que somente um israelita doutrinado na Torah
poderia fazer. Concordando com o argumento do Messias judeu, vemos que com certeza o anticristo será Israelita,
lembrando que para ser israelita não necessita nascer em Israel e sim ter a mãe israelita.

Um ponto que aparentemente seria discrepante ao ser analisado superficialmente é do “pequeno chifre” ser
oriundo dos 10 chifres, que como vimos é o império romano restaurado, esse ponto pode ser propiciado pelo fato de

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um europeu com mãe israelita ser considerado um israelita puro. Abaixo veremos algumas informações que nos
ajudará a traçar o perfil do “chifre pequeno” e a até dar um palpite sobre sua identidade.

“Muitas pessoas ainda não pode compreender Kate Middleton ou por que razão ela, uma suposta
‘plebeia’ iria se casar com o príncipe William. Mas escondida bem debaixo dos nossos narizes, a grande
mídia controlada está escondendo a verdade. Kate Middleton é uma judia de uma linha materna de não
praticantes, assimilado e pobres judeus sefarditas (Judeus originários de Portugal e Espanha) alinhado
com a Igreja da Inglaterra. A mãe, cujo nome de solteira é Goldsmith, praticante ou não é judia e sob a
lei judaica, se a mãe é judia, então, as crianças são judaicas, portanto, os filhos de Príncipe William serão
legalmente judaicos … .especialmente como William, sob a lei judaica, é também um judeu!”

“Sob a lei judaica, se William e Kate tiverem filhos, seus filhos serão judeus!”

“PRINCESA DIANA era judia porque sua mãe era judia, PORTANTO, os príncipes William e Harry são
judeus:”.

Fonte: FONTES: http://www.wucnews.com / http://www.portrasdamidiamundial.com

Pesquisa sobre a linhagem do anticristo:

http://www.nunes3373.com/news/a-linhagem-sanguinea-do-anticristo-parte-1-a-prova-cabal/

Os pesquisadores do plano da Nova Ordem Mundial reconheceram que o plano global para produzir o
Anticristo passa por uma linhagem sanguínea da Europa [Alemanha e França] por um descendente
merovíngio, especificamente por meio de um rei do século V, chamado Merovee. Ele adorava o urso na
forma da deusa romana Diana, que também é conhecida como a Artêmis grega, a “deusa-mãe virgem”
da caça e da lua, normalmente associada ao unicórnio.

O Anticristo deve possuir a mais distinta herança sangüínea, ou linhagem. Ele deve ter a mais pura das
heranças sangüíneas, e deve ser capaz de provar aos judeus que possui uma linhagem que pode ser
rastreada até o rei Davi. De toda a nobreza do mundo, o príncipe Willian possui a mais pura de ambas as
linhagens.

Assim que a pessoa que for o Anticristo vincular sua linhagem à de Jesus Cristo, terá vínculos com o rei
Davi, cumprindo, assim, o pré-requisito judaico de que o Messias seja da Casa de Davi. Entretanto, a
rainha Elizabeth II afirma ser da “Casa de Davi — A Linhagem Real”. Portanto, o príncipe Willian também
está vinculado com o rei Davi fisicamente, e não apenas por meio da linhagem da lenda merovíngia.

Fonte: http://quebrandocodigomarte.blogspot.com.br/2011/10/genealogia-da-familia-real-
britanica.html

20
Aprendemos com os dados acima que parte da família real britânica possui origens judaicas e reclamam para si a
própria semente de Davi, portanto alguns de seus membros poderiam reclamar a posição de messias israelita, outro
dado é que a Inglaterra (anglo-saxões) é um dos chifres da quarta besta e, portanto o “chifre pequeno” poderá surgir
desse reino. Alguns príncipes ingleses juntam em si à inédita combinação perfeita para ser o anticristo, pertencer à
linhagem judaica, por Davi e pertencer a um dos chifres da quarta besta (império romano), outra informação
importante é que nem um deles tem destaque politico mundial, pelo menos a vista do grande público, o que
legitimaria a ascensão de um deles de acordo com as profecias. A posição discreta que ocupam na politica mundial
contrasta grandemente com a força e poder que a família real britânica goza nos bastidores, onde formam o
comando do Clube de Roma (vide pág. 13, resumo sobre o Clube de Roma).

http://1.bp.blogspot.com/-KxWntl3_veg/TknF532-0DI/AAAAAAAABBc/ZTCA9tVZ4vw/s1600/WillGoat.jpg

21
Para a maioria dos teólogos que sustentam essa tese, o príncipe William pela idade é o principal pretendente ao
cargo de anticristo, alguns informantes noticiam que ele já esta sendo preparado para ser rei do Mundo.

“O Príncipe William Dá Dois Passos Enormes Para se Tornar o Futuro Cristo da Nova Era”
Passo 1: Em consonância com nossa crença que o Anticristo virá da Casa de Windsor, o príncipe William
foi iniciado em junho passado na Ordem da Jarreteira, uma ordem de cavalaria formada em 1348 e que
exerce grande controle sobre os Illuminati globais.

Passo 2: O príncipe Charles e a rainha Elizabeth II anunciaram planos de fazer o príncipe William passar
por um estágio de dois anos de duração para aprender a ser rei — um treinamento inédito na história da
Inglaterra! Estará William sendo preparado para exercer o papel de Anticristo, o "homem do pecado"?

Fonte: http://www.espada.eti.br/n2308.asp

“Preparados para ver William e Kate como rei e rainha do Reino Unido? Parece que já está decidido: de
acordo com uma fonte de dentro do palácio de Buckingham, a rainha Elizabeth 2ª já teria anunciado
oficialmente a sua decisão de passar a coroa para o neto, diz a revista Life & Style.”

“Com esse anúncio, a monarca quebra a linha natural de sucessão, que teria o seu filho, Príncipe Charles,
como próximo rei. “A majestade percebeu que William e Kate são o futuro”. Ela passou 65 anos se
certificando de que a Casa de Windsor sobreviva e enxerga nos dois a energia e a star quality para fazer
o trabalho em um mundo moderno”, afirma a fonte.”.

Fonte: https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/william-e-kate-serao-rei-e-rainha-em-breve-diz-
revista-entenda-a-historia

http://2.bp.blogspot.com/-rVZLSAxnfK8/Tkm_cn3kesI/AAAAAAAABBM/vNlKfUJ2bMU/s1600/wiilian.jpg

22
5. As 70 Semanas de Daniel

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a
transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a
visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e
para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas;
as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas
será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e
o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as
assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o
sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que
está determinado será derramado sobre o assolador.” Daniel 9:24-27

Comparando a escatologia bíblica com um edifício, as “70 semanas de Daniel” seriam as colunas de sustentação,
onde todas as outras profecias de algum modo estão assentadas dentro dessa estrutura. Todas as profecias
escatológicas tanto do Antigo como do Novo Testamento interagem e podem ser inseridas dentro de seu conceito,
as “70 semanas de Daniel” é uma espécie de guia para entender todo o contexto escatológico bíblico.

O nome “70 semanas” é tirado dentro do próprio texto (Dn 9:24 a), e significa um período de tempo para
cumprimento cabal das profecias. A interpretação de que as semanas significam anos ao invés de dias deriva do
contexto onde a ultima semana é retratada como 2 períodos de 3 anos e meio (Dn 9:27; 12:7,11), outro ponto é que
no original semana significa apenas “período de sete” e pode ser aplicado a dias ou anos.

O foco dessa profecia esta anunciado no versículo 24, onde ela é endereçada para o povo de Daniel (israelitas) e sua
santa cidade (Jerusalém), assim temos um povo determinado os judeus e uma geografia determinada à cidade de
Jerusalém. Com esse marcos definidos podemos entender que o epicentro da profecia se cumprirá sobre Jerusalém
e a Judeia e sobre o povo judaico, deixando assim a igreja fora dessa previsão.

O tempo completo dessa profecia é de 70 semanas anulares ou 490 anos, desse tempo entendemos que se
cumpriram 483 anos ou 69 semanas, e a ultima se cumprira durante a tribulação. Todo o desenvolvimento dessa
profecia se cumpriu sobre os judeus em Jerusalém e na Judéia, assim o tempo parou de correr em 70 d. C. quando os
judeus foram exilados permanentemente de suas terras.

23
Essa linha do tempo compreende toda a profecia das “70 semanas de Daniel”, desde seu inicio, passando por sua
interrupção na 69ª semana e culminando na ultima semana chamada de tribulação. Toda a profecia é composta por
uma serie de 3 eventos, do marco inicial até a restauração de Jerusalém, da restauração até a retirada do Messias e
após um intervalo indeterminado a última semana, veremos agora de forma separada cada ponto da profecia.

1º Período (do decreto a 7 semanas)

24
“Esta é, pois, a cópia da carta que o rei Artaxerxes deu ao sacerdote Esdras, o escriba das palavras dos
mandamentos do Senhor, e dos seus estatutos sobre Israel: Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras,
escriba da lei do Deus do céu, paz perfeita, em tal tempo. Por mim se decreta que no meu reino todo
aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir contigo a Jerusalém, vá.
Porquanto és enviado da parte do rei e dos seus sete conselheiros para fazeres inquirição a respeito de
Judá e de Jerusalém, conforme à lei do teu Deus, que está na tua mão; E para levares a prata e o ouro
que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus de Israel, cuja habitação está em
Jerusalém; E toda a prata e o ouro que achares em toda a província de babilônia, com as ofertas
voluntárias do povo e dos sacerdotes, que voluntariamente oferecerem, para a casa de seu Deus, que
está em Jerusalém. Portanto diligentemente comprarás com este dinheiro novilhos, carneiros, cordeiros,
com as suas ofertas de alimentos, e as suas libações, e as oferecerás sobre o altar da casa de vosso Deus,
que está em Jerusalém.” Esdras 7:11-17

Esse decreto de Artaxerxes dado a Esdras em 457 a.C. é considerado o marco inicial das “70 semanas de Daniel”,
então com essa data fixada (457 a.c.) podemos começar toda a sequencia dessa maravilhosa profecia. A primeira
parte prevê que após o decreto de reconstrução teria um período de 7 semanas (49 anos), que termina com a
reconstrução completa de Jerusalém em 408 a.C. (lembrando que quando acrescentamos anos no período antes de
Cristo chegamos mais perto do ano “0”, o que é o inverso dos calculo para depois de Cristo). Sendo assim o marco
inicial para a profecia das “70 semanas é o decreto de Artaxerxes a Esdras em 457 a.C. e o primeiro período (7
semanas) termina com a reconstrução completa de Jerusalém em 408 a.C.

2ª Período (7 semanas = 62)


“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a
transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a
visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. 25Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e
para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas;
as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26E depois das sessenta e duas semanas
será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e
o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as
assolações”. Daniel 9:24-26

25
O segundo período da profecia começa no ano de 408 a.C. (reconstrução de Jerusalém) e termina no ano de 26 d.C.
com a morte do Messias, do inicio da profecia em 457 a.C. até a morte de Cristo em 26 d.C. passam 483 anos ou 69
semanas, o que cumpri literalmente as primeiras 69 semanas (lembrando que a ultima semana, denominada
tribulação é escatológica). O questionamento que surge é como que Jesus morreu no ano 26, se ele foi executado
com 33 anos? Muito simples, a um consenso dos arqueólogos que o decreto de Cirino (Lc 2:1-3) que marca a data do
nascimento de Jesus foi no ano 6 a.C. o que configura um erro de calculo atribuir o ano de zero para o nascimento de
Jesus. Se levarmos em conta que o Senhor nasceu no ano de 6 a.C. (fonte: a Bíblia e a Arqueologia de Dr. John A.
Thompson pág. 437) e somarmos 33 anos, o resultado será 26 d.C. (não esquecer de somar o “0”)o que bate
corretamente com a profecia das “70 semanas de Daniel” que projetaram 483 anos (69 semanas) do decreto de
reconstrução de Jerusalém (457 a.C.) a morte do Messias (26 d.C.). Com o final das 69 semanas entramos em um
período indeterminado que só acabará com a firmação do pacto (Dn 9:27).

O tempo indeterminado entre a 69ª semana e a 70ª semana é chamado de “tempo dos Gentios”, esse termo foi
tirado através de uma interpretação do discurso escatológico de Cristo (Lc 21:24), já que na profecia original de
Daniel não contem tal noção. Para que entendamos perfeitamente a extensão desse termo “tempo dos gentios” e
sua importância para a sequência escatológica precisamos encontrar o verdadeiro significado dessa expressão.
Alguns teóricos acreditam que “tempo dos gentios” se refere ao tempo da igreja na terra, já que a igreja é gentílica,

26
outro grupo acredita que essa expressão se refere ao tempo de domínio estrangeiro em Judá e, portanto nada tem
haver com a igreja. Vejamos agora profundamente o que significa “tempo dos gentios”.

“E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos
gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” Lucas 21:24

A palavra grega traduzida como gentio é “ethnos” (um povo) que por sua vez é a tradução da palavra hebraica
“gowy” que literalmente significa um individuo de outro povo (não judeu), mas que na pratica era usada pelos
judeus para descrever alguém que não tinha a benção de Abraão, portanto era um termo pejorativo.

Para descrever o que a palavra “gentio” significa nesse texto precisamos aplicar uma simples regra de interpretação,
uma sintaxe gramatical. A palavra gentio aparece duas vezes no versículo a primeira para descrever que os gentios
iriam pisar em Jerusalém, fato cumprido em 70 d.C. pelos romanos (representando todo o império da bacia do
Mediterrâneo), a segunda vez a palavra gentio esta associada com um tempo. Seria discrepância interpretativa se
uma palavra usada duas vezes em um mesmo tempo tivesse valores diferentes, então é coerente atribuir o mesmo
significado para a palavra “gentios” nas duas ocorrências no versículo. A primeira vez que ela é empregada fica claro
que é para descrever o império romano que pisou Jerusalém e 70 d.C. portanto é coerente aplicar o mesmo valor na
segunda ocorrência, sendo assim “tempo dos gentios” se refere ao tempo os estrangeiros estarão no comando da
cidade santa. Outra observação importante é que durante esse sermão a igreja ainda não existia e os interlocutores
de Jesus eram ainda apenas judeus que queria respostas no âmbito da escatologia judaica.

Essa interpretação é coerente com o contexto de Daniel 9, já que essa citação é uma clara interpretação do Senhor
da passagem de Daniel 9:24-27. No texto de Daniel, diz que o príncipe do povo que há de vir destruiria Jerusalém (Dn
9:26) e realmente o general Tito, príncipe de Roma destruiu Jerusalém e o Templo do Senhor. Em Lucas 21:24 o
Senhor faz uma alusão a profecia de Daniel 9:26 onde um povo gentio (romanos) destroem Jerusalém, como vimos
anteriormente o império romano sempre continuou existindo nos bastidores e voltará a ação durante a tribulação,
sendo assim essa profecia ainda esta em vigor.

Para a maioria dos especialistas o tempo dos gentios não começou na destruição romana, mas sim na invasão de
Nabucodonosor em 587 a.C. quando o ultimo rei de Judá foi depostos (Zedequias), após a queda desse rei Israel
nunca mais terre um rei no trono de Davi, e o próximo e falso rei será o anticristo. “O tempo dos gentios” começou
com Nabucodonosor quando levou os israelitas em cativeiro (Jr 27:5-9). A glória do Senhor partiu de Jerusalém,
como foi vista por Ezequiel (Ez 10:18). O “Tempo dos Gentios” terminará com a vinda de Cristo no juízo para
estabelecer o seu reino em Jerusalém. As profecias de Daniel não falam do “Tempo dos Gentios”, e também não
falam da Igreja, a qual foi o mistério escondido durante o tempo do Velho Testamento (Ef 3:5-6). “O tempo dos
gentios” esta vinculado na profecia do Senhor às duas diásporas (Babilônia e Roma).

“Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então,
os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os que

27
nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas
que estão escritas. Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! porque haverá grande aperto
na terra, e ira sobre este povo. E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e
Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” Lucas 21:20-24

Quando analisamos o contexto inteiro da profecia de Cristo sobre o “Tempo dos gentios” podemos entender o
tempo que ela esta inserida, começando no versículo 20 vemos que o texto tem um cumprimento histórico, no cerco
e conquista de Jerusalém pelos romanos em 7º d.C. Porem, podemos olhar para a passagem com um visão
escatológica, onde o Senhor detalha a aflição de Jerusalém após a quebra do pacto na metade da tribulação (Dn
9:27), vale lembrar que o império reconstruído de Roma será aquele que destruirá Jerusalém na tribulação.

Em Lucas 21:22 o Senhor faz uma citação direta de Daniel 9, “... para que se cumpram todas as coisas que estão
escritas.”(...estão determinadas assolações – Dn 9:26), a mesma ideia é expressa no livro de Mateus (Mt 24:15-21), o
que nos leva a associar esse ensino não somente com o fato ocorrido em 70 d.C. (destruição de Jerusalém) mas
também com um cumprimento escatológico. Mateus 24:15 faz menção direta a duas profecias de Daniel (Dn 9:27 e
Dn 11:31), que deixa claro um cumprimento cabal escatológico, mais precisamente na tribulação, o texto de Lucas é
tirado do mesmo contexto, inclusive repetindo as advertências para os que enfrentarem aquele dia, isso é uma
prova contundente que Lucas 21:24 faz também alusão a quebra do pacto.

Ao analisarmos todas essas facetas que compõem o texto de Lucas 21:24 podemos entender realmente o significado
e extensão da expressão “tempo do Gentios”. Seu significado nos diz que os “gentios” são o povo que pisará
Jerusalém (o mesmo que pisou em 70 d.C.), os romanos (dez chifres), e o “tempo” significa primeiro até quando o
tempo desse império se completar (pleroo (gre) chegar ao fim) e segundo o tempo que Judá permanecer sem rei, a
mercê dos gentios.

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o
endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” Romanos
11:25

Para justificar que o “tempo dos gentios” é a era da igreja na Terra, alguns teólogos usam equivocadamente esse
texto (Rm 11:25), onde afirmam que o ensino de Paulo se liga diretamente ao de Cristo, fazendo uma analogia entre
“tempo dos gentios” e “plenitude dos gentios”, em seus raciocínios eles interpretam que após o arrebatamento
acabará o endurecimento do judeus e assim na tribulação encontraram a Jesus, como isso acontecerá na “plenitude
dos gentios” isso significa que o “tempo do gentios” de Lucas nos diz que a tribulação começará após o “tempo do
Gentios”. Iremos fazer uma exegese desse texto (Rm 11:25) para entendermos o que realmente quer dizer
“plenitude dos gentios” e após extrair esse conhecimento poderemos comparar com o texto de Lucas 21:24 e assim
entender se realmente a uma comparação entre as duas passagens.

Uma das palavras chaves para entendermos esse texto é a palavra grega ethnos, traduzida como gentios, em Lucas
analisamos que para os judeus tinha um conceito pejorativo de “não judeu”, porem para Paulo o apostolo dos
gentios (Rm 11:13), esse termo nunca é falado de modo pejorativo e sim como aqueles que Paulo foca seu
ministério, porque para esse apostolo não havia diferença alguma entre judeus e pessoas de outras nacionalidades
(Gl 3:28) todos são alvos da benção abraâmica (Gl 3:28,29).

A segunda palavra chave do texto é “plenitude” que é uma tradução da palavra grega pleroma que significa “aquilo
que é preenchido”, essa expressão era usada pelos gregos para uma tripulação de navio, onde o navio não zarparia
até que toda a tripulação estivesse a bordo. A última palavra chave é “entrado” uma tradução da palavra grega

28
eiserchomai, que significa “entrar em algo”, A palavra pleroma junto com eiserchomai, nos da uma ideia que o
“navio” não zarpará até que toda a tripulação esteja presente. Logicamente Paulo uso essa expressão para mostrar
que o “barco da salvação” não zarparia até que todos os “Gentios” que haveriam de ser salvos estivessem a bordo. A
questão da escolha dos gentios não foi algo que alcançamos por nossos méritos e sim parte do plano de Deus,
quando Paulo diz “para que não presumais de vós mesmos”, ele quer dizer “para que não sejais arrogantes”, pois o
endurecimento de Israel veio de Deus. Entendido o que o versículo realmente diz, veremos o contexto que ele esta
inserido para termos uma visão completa do texto.

“23)E quanto a eles, caso não permaneçam na incredulidade, serão reconduzidos, porquanto Deus é
poderoso para enxertá-los novamente. 24)Afinal de contas, se tu foste cortado de uma oliveira brava por
natureza e, de forma sobrenatural, foste enxertado na oliveira cultivada, quanto mais serão enxertados
os ramos naturais em sua própria oliveira? O amor de Deus salvará Israel 25)Irmãos, não quero que
ignoreis este mistério para que não sejais presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em
parte, até que chegue a plenitude dos gentios. 26)E assim todo o Israel será salvo, como está escrito:
“Virá de Sião o redentor que desviará de Jacó a impiedade. 27)E esta é a minha aliança com eles quando
Eu remover os seus pecados”. Romanos 11. 23-27 King James

Observando o contexto vemos que Paulo trata de salvação, de como a incredulidade de Israel estendeu a redenção a
todos os povos, porem jamais os ramos naturais da oliveira foi esquecido, e no momento certo Deus salvará seu
povo escolhido, Paulo afirma categoricamente que no final “todo o Israel será salvo”. Com essa análise entendemos
que o primeiro objetivo do texto não é tratar de assuntos escatológicos e sim soteriológico, diferente do texto de
Lucas 21 que é puramente escatológico.

Após compreendermos o conceito do texto e as palavras chaves, conseguimos extrair o verdadeiro significado da
expressão “plenitude dos gentios”. O significado de “Gentios” nesse texto é de povos alcançados pela graça após o
endurecimento de Israel. “Plenitude” tem o conceito de preenchimento de vagas e esta associados à palavra
“entrado” que passa a ideia de pessoas entrando em algum lugar. Juntando os conceitos dessas três palavras
analisadas podemos entender que “Plenitude dos Gentios” se refere aos não judeus que serão salvos pela graça e
após completar esse numero de salvos, o coração endurecido dos judeus mudaram. Esse texto tem cunho muito
mais soteriológico, com uma interpretação mais próxima do calvinismo (predestinação).

Após a exegese dos dois textos podemos chegar à conclusão que tratam de assuntos totalmente discrepantes,
enquanto o texto de Lucas 21 é escatológico o de Romanos 11 é soteriológico. A aplicação de “Gentios” também é
diversa nos dois textos, em Lucas 21 “gentios” significam não judeus e especificadamente romanos, no texto de
Romanos 11 já significa todos os povos não judeus que alcançaram a salvação. A função dos “gentios” também é
bastante conflitante, em Lucas são aqueles que destruíram Jerusalém e já em Romanos são aqueles que se tornaram
alvo da salvação. A uma grande diferença entre “tempo” e “plenitude”, o primeiro diz respeito a “um espaço de
tempo” e se liga com a palavra “completem” que mostra um período de tempo que esse império estará em vigor.
Agora “plenitude” significa “completar um lugar”, sem referencia a um espaço de tempo, “plenitude” no texto de
Romanos 11 se liga a palavra “entrado” que significa “entrar em um lugar”, a junção de “plenitude” e “entrado”
literalmente nos diz completar as vagas daqueles que serão salvos, ou usando a expressão de Paulo no original “até
que se complete o navio da salvação”.

29
Podemos então entender que os versículos de Lucas 21:24 e Romanos 11:25 não possuem conexão nenhuma, e não
devem ser entendidos como “elo das escrituras” ou complemento mútuo entre eles. Após desvincular os dois textos
poderemos entender facilmente que “tempo dos gentios” significa apenas o tempo de vigor do império romano e o
tempo que em que não se tem um rei no trono de Davi, qualquer associação de Lucas 21:24 com a igreja se torna
antibíblico e erro grave de interpretação. Assim corrigiremos a expressão não bíblica de “Tempo da Igreja”, por
simplesmente o que o versículo trás “tempo dos gentios”.

“O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo
Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo
corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;” Efésios 3:5,6

Para finalizar o tema “tempo dos gentios” trazemos um ensino de Paulo, onde esse afirma que a salvação dos
gentios e consequentemente a igreja não foi um conhecimento apresentado no Antigo Testamento e sim entregue
pelo Espirito aos apóstolos (talvez referência aos 12) e aos santos (somente os que são santificados pelo Espirito,
evento após a delegação por parte de Cristo) profetas (no Novo Testamento aqueles que fazem uso das Escrituras,
os auxiliares dos apóstolos na Palavra). Levando em consideração que a igreja não foi anunciada antes do livro de
Atos, podemos afirmar que as Profecias de Daniel e mesmo o sermão profético do Senhor não revelaram esse
conhecimento, assim sendo os textos de Lucas 21, Mateus 24 ou qualquer outro precedente a formação da igreja
não trata em suas profecias da igreja, ficando restrito a profecias ensinadas pelos apóstolos e demais escritores de
epistolas.

Concluímos que as profecias que estudamos de Daniel, e o sermão escatológico do Mestre (presente nos sinóticos)
não enquadram a igreja em nenhuma parte, devendo ser entendidos como revelações escatológicas judaicas ou
gerais para todo o mundo.

3º e Ultimo período (A ultima Semana)


“E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a
oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está
determinado será derramado sobre o assolador.” Daniel 9:27

O começo da ultima semana da profecia não é registrado em forma de tempo determinado como foram as primeiras
69 semanas, mas através de um marco seguro, a realização da aliança. Como vimos a pouco a igreja não participa
dessa profecia, ficando essa restrita a sua própria intepretação, assim sendo a noção que o arrebatamento marcará
o inicio dessa ultima semana é falso, o único marco seguro para seu inicio é o que o texto trás “E ele firmará aliança
com muitos por uma semana”. Com auxílios de outros textos de Daniel entendemos que o pacto é a volta da
realização de sacrifícios em Jerusalém (Dn 11:31,32) consequentemente a construção do terceiro templo, já que sem
templo não há sacrifícios. Assim sendo podemos precisar como marco inicial e seguro para o começo da tribulação
(70ª semana) a inauguração do Templo de Jerusalém, a após esse evento teremos os 7 anos da ultima semana
anular vistas por Daniel. Lembrando que os 3 primeiros anos e meio é competência do falsoprofeta e portanto o
firmamento do pacto e a união das dez regiões mundiais (10 chifres) serão feitos por ele.

A metade da ultima semana (3 anos e meios) também é registrada através de um marco seguro, a quebra do pacto e
esse será o primeiro ato do anticristo (chifre pequeno), que como já vimos surgirá somente na metade da tribulação.
O final da semana será marcado pela volta triunfal de Jesus com sua igreja (Zc 14:5; Mt 24:29,30; Jd 14;Ap 19:11-21),
o final do Armagedom (Mt 24:29-34; Ap 16:16) e a morte do anticristo (Dn 9:27; Ap 19:19-21). A ultima semana
possui seus marcos seguros para inicio, meio e fim, sendo a firmação do pacto o marco inicial, a quebra dele marcará

30
o meio e a volta gloriosa de Jesus sufocando a rebelião mundial o final. Qualquer tentativa de marcar esses eventos
através de outros marcos se constitui erro de interpretação e acréscimo as Escrituras, o texto de Daniel 9:27 trás em
si todos os pontos importantes da ultima semana, além de serrem comprovados em outros textos do autor e de
outros escritores, sempre respeitando a delimitação do texto (Dn 9:27) e jamais os alterando ou acrescentando
outros marcos.

31
1. Introdução
O sermão profético de Jesus contido respectivamente nos capítulos de Mateus 24 (Mateus 24:1-31), Marcos 13
(Marcos 13:1-27) e Lucas 21 (Lucas 21:5-36), é chamado de pequeno apocalipse de Cristo e constitui uma fonte
interpretativa fidedigna sobre as profecias de Daniel com uma atenção especial sobre o entendimento do Senhor
sobre as “70 semanas de Daniel”. Assim como a visão de Daniel que não deixava entrever a igreja (Ef 3:5,6) a
interpretação de Cristo sobre as profecias de Daniel também não enquadram a igreja, se limitando a exprimir uma
escatologia com olhar judaico. Para analise desse sermão contido nos sinóticos, iremos usar como base o capítulo

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24 de Mateus, que apresenta de forma mais completa os ensinos do Senhor, durante a análise iremos fazer uso de
forma complementar de outros livros que se ligam ao ensino de Mateus 24. O contexto do sermão de Jesus é uma
resposta às perguntas efetuadas pelos seus primeiros interlocutores, seus próprios apóstolos, que no momento
ainda eram meros israelitas com questionamentos próprios de conhecedores do Antigo Testamento, o que Jesus fez
foi somente propiciar as os questionamentos que seus discípulos tinham acerca das ultimas coisa relacionadas a
Israel, lembrando que ainda não conheciam o projeto igreja, por isso não abordaram tal tema. A seguir veremos um
índice com a divisão de assuntos feitos por Cristo em seu sermão, após demonstraremos o porquê dessa divisão
dentro do texto e explicaremos separadamente cada secção.

1.1. Motivação do Sermão


“E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a
estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará
aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada. E, estando assentado no Monte das Oliveiras,
chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que
sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” Mateus 24:1-3

Após sair do Templo de Jerusalém os apóstolos mostram sua magnifica estrutura ao Mestre, talvez pensando que ele
fizesse um comentário de elogio do maior orgulho de Israel, porem o que o Senhor respondeu chocou grandemente
seus discípulos. Ainda com Cristo os apóstolos participavam da vida religiosa de Israel e frequentava suas festas
prescritas na lei, e assim como todos os judeus o orgulho e esperança de seus corações era o Templo, lugar da
morada de Deus, portanto um ataque do Mestre direto a sua estrutura deve ter causado grande comoção entre seus

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seguidores. Ao chegar ao monte das Oliveiras lugar de oração e ensinos particulares, os apóstolos chegam ao Senhor
para que ele revele quando acontecerão as coisas atrozes que ele profetizou. As perguntas que foram feitas para o
Mestre, foram à motivação para o seu discurso, e, portanto seu ensino foi resposta às indagações feitas por seus
discípulos. Para entendermos realmente o “Sermão das Ultimas coisas”, precisamos entender a extensão e
verdadeiro significado das perguntas dos discípulos e como o mestre as respondeu. As questões que iriam orientar a
didática do mestre são; Quando aconteceram as coisas que o Senhor previu, com ênfase na destruição do Templo,
quais sinais evidenciaram sua volta e o fim dos tempos, o verdadeiro significado de cada uma dessas questões será
apresentado no decorrer do livro.

1.2. Entendendo as perguntas dos Discípulos


“E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular,
dizendo: Dize-nos, (1) quando serão essas coisas, e (2) que sinal haverá da tua vinda e do (3) fim do
mundo?” Mateus 24:3

A primeira coisa que os apóstolos perguntam é quando acontecerá destruição que Cristo previu, suas preocupações
eram a destruição do Templo e da cidade em si, a primeira questão é muito fácil de entender e tem haver com a
destruição promovida pelo general Tito em 70 d.C., mais a frente veremos a visão mais completa de Lucas sobre
evento.

A segunda pergunta esta vinculada a esperança messiânica presente no coração de todo judeus, após a queda de
Ezequias ultimo rei de Judá, todos aguardavam a restauração do eterno trono de Davi profetizado por vários
profetas (2 Sm 7:12-29; Is 55:3,4; Jr 23:5,6; 33:14-18), assim sendo o que os apóstolos esperavam era a volta de
Jesus como rei, lembrando que ainda não conheciam nenhum conceito de arrebatamento cristão. A palavra grega
parousia, traduzida para o português como ”vinda” significa literalmente uma vinda presente, e é usado para
descrever a vinda de um rei, e na verdade como vimos atrás era isso mesmo que os judeus esperavam. O ultimo
versículo do capitulo 23 de Mateus, Jesus diz “Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que
digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.” Essa expressão é tirada do Salmo de numero 118 (Sl 118:25,26)

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onde os judeus pedem para o Senhor os salvar e se alegram quando a salvação do Senhor vem, a uma clara conexão
do texto de Mateus 23:39, Salmo 118:25,26, e Zacarias 14:1-5, todos mostram que o rei voltará quando Jerusalém
estiver em grande aperto. Vejamos agora a etimologia grega da palavra “vinda”.

“Parousia” significa a volta de Jesus como rei, esse evento se dará somente no final do Armagedom, a “vinda” do
Messias (rei segundo Davi) é uma esperança judaica, é se concretizará quando Jesus se assentar no trono de Davi
durante o milênio. A Bíblia descreve a “vinda” de Jesus como um evento terrestre, público e visível (Zc 14:5; Mt
24:27,30; Ap 19:11-16), diferente da promessa do Senhor para o arrebatamento que é nos ares, em segredo, só
para os salvos e instantâneo (1 Co 15:52; 1 Ts 4:16,17; 1 Ts 5:2-4). A palavra grega usada para “arrebatamento” é
“harpazo” e significa levar a força e rapidamente, essa expressão mostra o jeito que será o arrebatamento um rapto
escondido da igreja. Podemos ver que ao perguntar sobre a “vinda” (parousia) de Cristo (Messias) os apóstolos
estavam somente expressando uma esperança judaica, que se concretizará na volta visível do Senhor para reinar, o
conceito de arrebatamento (harpazo) ainda não fazia parte do conhecimento dos apóstolos e estava destinado a ser
conhecido somente na era da igreja (Ef 3:5,6). Abaixo colocarei a etimologia da palavra “arrebatamento” para que
não reste duvida da diferença com a “vinda”.

A terceira pergunta endereçada ao Mestre também é de cunho judaico e é um complemento da segunda pergunta,
pois quando o Messias regressar o governo mundial será dele e assim terminará o governo humano. A expressão
“fim” (do grego, sunteleia) do “mundo” (do grego, aion) pode ser traduzida com termino da era, e é entendido como
fim da era ou do humano. A palavra grega “sunteleia” traduzida erradamente para o português como “fim”, na
verdade significa “consumação” e quer dizer quando algo se completa, já a palavra “aion” também traduzida
erradamente como “mundo” significa “período de tempo”, e passa a ideia de um tempo ou uma era, a junção dessas
duas palavras gregas “sunteleia aion” é traduzido literalmente como consumação dos tempos e trás o conceito de
que a era humana se completou ou chegou ao fim. Abaixo as etimologias de “consumação” e “séculos”.

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A expressão “consumação dos séculos” (grego: sunteleia aion) é uma tentativa de traduzir uma expressão hebraica
“Kalah Olam hazeh” que pode ser traduzido para o português como “Consumação desse Mundo” que quer dizer
começo do “reino de Deus” ou do Messias e consequentemente o fim do governo do homem.

“E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular,
dizendo: Dize-nos, (1) quando serão essas coisas, e (2) que sinal haverá da tua vinda e do (3) fim do
mundo?” Mateus 24:3

Como falado às perguntas dos discípulos foi à motivação que Jesus levou para expressar seu sermão, tudo que segue
é consequência dessas perguntas e repostas diretas ao questionamento. Percebemos durante a exegese desse
versículo que todas as questões são de particular interpretação para os judeus e falam da queda de Jerusalém e a
destruição do Templo, da “vinda” do Messias para Israel e consequentemente seu reinado aniquilando a era do
governo humano. Com o conhecimento do verdadeiro significado das perguntas dos discípulos podemos entender o
ensino de Jesus no “sermão profético”, que é reação a essas questões e uma reinterpretação dos ensinos
veterotestamentários em especial do profeta Daniel (esse é o motivo de estudarmos Daniel na primeira aula).

2. O cumprimento histórico da profecia


“Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre
pedra que não seja derrubada.” Mateus 24:2

“E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo (Roma)
do príncipe (Tito príncipe de Roma), que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com
uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações”. Daniel 9:26

Dentre as perguntas feitas pelos apóstolos a primeiras já se cumpriu, como Jesus tinha previsto Jerusalém foi
destruída e seu templo derrubado, esse cumprimento se deu literalmente em 70 d.C. com a destruição de Jerusalém
e com dispersão do povo judeu por todo mundo. Como podemos ver, na verdade o ensino de Jesus foi uma reedição
da profecia de Daniel anunciada cerca de 550 anos antes, portanto não podemos perder de foco a inspiração usada
pelo nosso Senhor para trazer sua mensagem.

“Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então,
os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os que
nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas
que estão escritas. Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! porque haverá grande aperto
na terra, e ira sobre este povo. E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e
Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” Lucas 21:20-24

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O ensino do Mestre sobre a destruição de Jerusalém é mais evidente no texto de Lucas, onde o autor registra seu
comentário sobre os sinais que antecederiam a conquista romana. Jesus foi claro ao dizer que o cerco a cidade santa
seria a marca registrada da catástrofe eminente, portanto assim que esse fato se apresentasse ele aconselhou a fugir
da cidade para os monte porque a cidade já estava condenada. A questão das gravidas é algo muito mais simples do
que é normalmente ensinado, isso fala somente da dificuldade que uma gestante ou uma lactante teria em fugir do
exercito inimigo. O texto continua falando do grande aperto que os judeus iriam passar e que os gentios (romanos)
iriam matar a muitos e espalhando o resto por todo o mundo, e essa situação irá durar até que o tempo desses
gentios (romanos) chegasse ao fim. A palavra grega “pleroo” usada para o “tempo dos gentios” significa
literalmente “tornar cheio” ou “completar”, e nos fala que as calamidades judaicas durarão até que o tempo dos
romanos chegasse ao fim, previsão que será cumprida após o Armagedom.

“Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre
pedra que não seja derrubada.” Mateus 24:2

Quando Jesus disse que não ficaria pedra sobre pedra do Templo que não fosse derribada, pela logica romana
surgiria uma problemática, já que os supersticiosos romanos não tinham o costume de derrubar instalações
religiosas, para assim evitar maus favores das divindades legais. Normalmente quando as legiões conquistavam uma
cidade, eles incorporavam os deuses locais a seu próprio panteão, fazendo assim uma ligação das divindades dos
povos conquistados com seus deuses (exemplo: o principal deus ligava a Zeus e assim consideravam a mesma
divindade chamada de modo diferente em outras culturas). Assim dificilmente as legiões iriam destruir o Templo de
Jerusalém, porem um boato antigo que os judeus escondiam ouro nos alicerces do Templo foi o fator decisivo para
que os romanos destruíssem totalmente o Templo em busca desse ouro. Mesmo contra a vontade do general Tito
que por muitos meses depois da conquista impediu a destruição do recinto sagrado, no fim os soldados movidos
pela cobiça, venceu a vontade do seu líder e sua superstição e destruíram e escavaram todo o monte Templo. E
assim a profecia de Jesus que ampliou a de Daniel se cumpriu literalmente, Jerusalém foi cercada e destruída, seu
povo morto ou banido de sua terra e seu Templo totalmente destruído.

“Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; E quem estiver sobre o telhado não desça a
tirar alguma coisa de sua casa; E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. Mas ai
das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não aconteça no
inverno nem no sábado;” Mateus 24:16-20

A consenso da maioria dos especialistas que esse texto tem uma abordagem mais escatológica do que de
cumprimento histórico, porem o que ocorreu em 70 d.C. tem uma similaridade muito grande com a destruição
futura, enquadrando assim esse texto com duas possibilidades de cumprimento (Histórica e Escatológica).
Semelhante ao relato de Lucas, Mateus também registra o cuidado do Mestre em instruir seus discípulos a fugir de
Jerusalém ao menor indício dos sinais anunciados. A advertência para as gravidas tem a mesma fonte do registro de
Lucas, e também fala da condição dificultada que elas teriam na fuga, a sugestão para os que estivessem em cima do
telhado não descer, mais antes fugir pelo próprio telhado, demonstra a arquitetura das casas de Israel na época de
Cristo, onde os s eram plainos e uma casa encostada na outra, assim ficaria muito mais fácil fugir de telhado em
telhado até chegar a uma das portas da cidade, do que perder tempo descendo do telhado e fugindo pelas ruas
entulhadas de pessoas desesperadas. A última advertência de Cristo é para que orassem para a fuga não ser no
inverno ou no sábado, essa advertência baseada na lei mosaica é mais uma demonstração que o sermão de Cristo foi
dirigido simplesmente a judeus atuantes e não a igreja ainda não revelada. Quando o Senhor manda orar para a fuga
não ser no inverno ele leva em conta o clima local, que pelas baixas temperaturas e nevascas praticamente
inutilizariam a fuga, a questão do sábado estava condicionado ao tanto que pela tradição judaica se pode caminha
em um sábado (eram 2000 côvados correspondente a cerca de 1000 metros, distância que podia ser percorrida sem

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quebrar a lei, isso segundo a tradição rabínica, sem citações bíblicas para apoiar), que com essa distancia ninguém
poderia fugir dos inimigos sem quebrar a tradição e supostamente a “lei”.

3. O principio das Dores


“Mas todas estas coisas são o princípio de dores.” Mateus 24:8

O período denominado “princípio das dores” é retirado desse versículo e, portanto tem base bíblica para se usar
esse titulo, assim sendo usamos para nomear esse período uma expressão que o próprio Cristo cunhou. Iremos
analisar pelos textos bíblicos o que realmente significa “principio das dores”, sua etimologia, qual sua extensão e
aplicação, e como é aplicado na sequencia de eventos escatológicos tecidos por nosso Mestre. Além de definir
precisamente esse período, iremos fazer uma exegese versículo por versículo, e após o encaixaremos na coerência
da totalidade do sermão averiguado.

3.1. O que são dores de Parto


Algumas vezes que a Bíblia descreve a “Grande Tribulação” ela usa a figura das “dores de parto” (1 Ts 5:3; Ap 12:2), e
mostra que com grande sofrimento o Messias nascerá para Israel (Ap 12:2). Em grego a palavra “odin” significa
“dores de parto” e é aplicado na Bíblia para descrever extremo sofrimento (Is 23:4; Je 48:42; 1 Ts 5:3; Ap 12:2), a
palavra “odin” é usada exclusivamente para dores de parto, qualquer outra dor se usa a palavra grega “odune”.
Quando aparece a expressão “principio das dores” as palavras gregas usadas são “arché odin” e só pode ser
traduzidas como “dores que precedem um nascimento”, assim sendo “principio das dores” são eventos que
precedem as dores, assim como as contrações precedem um parto. Lembrando que os discípulos perguntaram ao
Senhor qual seriam os sinais de sua “parousia” (volta do rei), entenderemos que os “princípios das dores” não são
sinais do arrebatamento e sim indicações da sua volta triunfante. Esse entendimento faz todo o sentido já que a
volta do Messias é descrito como “dores de partos” para o nascimento do Senhor para Israel, não poderia ter outro
sinal além das dores de contração ou “principio das dores”.

Além de “dores de parto” a Palavra de Deus usa a expressão “grande tribulação” para nomear os eventos
cataclísmicos que antecedem a volta do Messias, a palavra grega “thlipsis” traduzida como tribulação significa
“prensar” e era usado para descrever o ato de espremer azeitonas para fazer azeite. O período da “grande
tribulação” é descrito na Bíblia como após o “principio das dores” e sempre é acompanhado um período de
sofrimento nunca antes experimentado (Dn 12:1; Mt 24:21; Mc 13:19). As dores de parto (odin) também são
descritas como um evento de sofrimento impar (1 Ts 5:3; Ap 12:2-11), e tratado de forma semelhante com a “grande
tribulação”, isso nos dá a entender que “dores de parto” e “grande tribulação” são duas expressões sinônimas para
nomear o mesmo evento. Assim sendo a “grande tribulação” é um evento que culminará na volta do Messias (Mt
24:29,30), ou no nascimento do Messias para Israel (Ap 12:2-11), e portanto o “principio das dores” são eventos que
precedem a “grande tribulação” ou seu outro nome “dores de parto”.

Lembrando que segundo Daniel (Dn 9:27) a ultima semana seria dividida em dois períodos, e a grande destruição
seria propagada somente na segunda metade da semana, entendemos que a ‘grande tribulação acontecerá
somente na ultima parte da derradeira semana. Se entendermos que o “principio das dores” e as “dores de parto”
fazem parte do mesmo contexto, que culminará com o nascimento do Messias para Israel, conseguiremos perceber
que a divisão da ultima semana de Daniel esta separada nesses dois períodos, o primeiro “principio das dores” nos
primeiros 3 anos e meio, que serão somente de sinais para o nascimento ou pequenas dores, e o segundo período
que será o parto propriamente dito, esse será o período real da “grande tribulação” e compreenderá os últimos 3
anos e meio, findando na volta (parousia) de Cristo.

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“E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos
serão abreviados aqueles dias.” Mateus 24:22

A palavra “abreviados” nesse versículo na verdade foi mal traduzido, a palavra grega “koloboo” significa literalmente
mutilar, e era usada quando se cortava alguma coisa ao meio. Quando diz que “se aqueles dias não fossem
abreviados" devemos entender, se aqueles dias não fossem cortados ao meio, isso significa que a “grande
tribulação” não será toda a ultima semana, e sim os últimos 3 anos e meio. Se a “grande tribulação” ou “dores de
parto” serão somente nos últimos 3 anos e meio, resta ao “principio das dores” os primeiros três anos e meio.

“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar
santo; quem lê, entenda; Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes” Mateus 24:15,16

Vemos a coerência desse raciocínio nesse versículo falado pelo Mestre, onde a destruição começará somente depois
da quebra do pacto, que como sabemos será somente na metade da ultima semana (Dn 9:27), todo o período que
antecede a quebra do pacto é denominado “principio das dores” (Mt 24:4-14). Alinhando o ensino de Jesus com o de
Daniel podemos ver que o período de extremo sofrimento ocorrerá somente após a quebra do pacto, que como
vimos na aula passada será no surgimento do anticristo. Podemos concluir que a ultima semana de Daniel começará
com o firmamento do pacto (feito pelo falso profeta), esse evento será denominado “principio das dores” e terá um
período de 3 anos e meio, após a quebra do pacto (pelo anticristo) começará a “grande tribulação” e esse sim é o
período descrito como de “dores de parto” ou de maior aflição já ocorrida, a “grande tribulação” acabará com a
volta do Messias ou seu nascimento para Israel. Vejamos um gráfico que condensa toda essas informações:

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3.2. O que não são os princípios das dores
“E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular,
dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”
Mateus 24:3

I-Como vimos os “princípios das dores” é um período que antecedem e predizem a volta (parousia) do Messias,
portanto não esta vinculada ao arrebatamento da igreja. Quando os apóstolos questionam o senhor sobre os sinais
de sua volta (parousia), eles fazem com o conhecimento judaico, antes de qualquer revelação sobre a igreja e
consequentemente sem qualquer noção de arrebatamento. Então “principio das dores” não são sinais que
precedem o arrebatamento (harpazo) e sim sinais que antecedem a volta do Cristo (parousia).

II-Vincular o “principio das dores” com o arrebatamento da igreja se constitui um desconhecimento histórico, já que
muitas vezes os “tais sinais” do rapto da igreja se cumpriram de forma muito mais evidentes do em nosso período.
Quando João escreveu o Apocalipse ele usou esse livro para trazer esperança ao corpo de Cristo na perseguição, e
desde esse momento esse tomo é usado para trazer esperança nas perseguições. As perseguições fazem parte dos
sinais dos “princípios das dores”, e constituem parte de quase toda historia da igreja, hoje em alguns países a igreja
sofre perseguições, porem em alguns períodos da antiguidade, toda a igreja sofreu com as perseguições, e como
dito, esse mal atinge somente uma parte de nossas igrejas, não toda ela como antigamente. Se perseguição da igreja
fosse um sinal do arrebatamento, estaríamos muito longe desse evento, pois a perseguição presente é muito branda
e pálida, se comparadas às passadas. Só no império romano ouve cerca de 10 ondas de perseguição contra toda a
igreja, abaixo anexarei o nome dos imperadores que perseguiram nossos irmãos.

III-Outro erro é creditar a crise global como marcas do arrebatamento, se olharmos para a historia veremos que
ouve períodos com crises sociais muito maiores que enfrentamos, como por exemplo, a queda de Roma em 476 e a
de Constantinopla em 1453. Quando Roma caiu frente à fúria dos bárbaros o império e consequentemente a
cristandade sofreu a maior crise de sua historia, além da desfragmentação social, ouve um período de estrema
pobreza e consequentemente muitas doenças, quem viveu naquele tempo com certeza acho que vivia o apocalipse.
Outro momento de crise que deixou impressão na historia foi a queda de Constantinopla, esse evento perpetrado
pelos turcos otomanos (islâmicos) semeou o terror em toda cristandade ocidental, além de grande destruição de
marcos cristãos, as muitas execuções de irmão da fé, produziu efeito negativo na fé já que o império cristão foi
derrubado por infiéis, os contemporâneos acreditavam que o califa otomano era o próprio anticristo.

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IV-Guerras seriam outros sinais que os leigos usam para dizer que precedem o arrebatamento, eles apontam para
guerras isoladas que acontecem em varias regiões do planeta, porem, no quesito guerras estamos vivendo tempos
de “paz”, pois vários outros períodos históricos foram marcados por mais guerras e batalhas mais sangrentas. A
idade média foi toda tingida de vermelho pelo grande numero de guerras que produziu, toda a formação politica
que temos no mundo atual foi delineada por guerras de conquistas. Entre as inúmeras guerras do passado podemos
salientar as duas guerras mundiais, que aconteceram e não foram sucedidas pelo arrebatamento, muito pelo
contrario a igreja ainda esta na terra.

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V-Porem em incidências de sinais que marcariam o “arrebatamento” nada se igualaria a idade média (1200-1300),
onde todos os supostos sinais foram vistos de forma que nunca mais se repetiram e serão superados somente na
“grande tribulação”. Esse período foi varrido por guerras, desastres naturais, crise econômica entre outros males,
nossos maiores registros da época foram deixados pelos europeus (cultura dominante), porem sabemos que esse
período foi de extremo caos em todo o mundo antigo. A morte era algo tão cotidiana que passou ser o tema
dominante da arte, calcula-se que mais de 1/3 da população mundial tenha perecido em função de algum mal. O
que todos os crentes dessas épocas têm em comum era interpretar esses sinais como amostra do fim do mundo, do
cumprimento literal do apocalipse, jamais nenhuma dessas gerações frente a caos alguma vez ligou esses sinais ao
arrebatamento, na verdade essa noção de sinais que antecedem o arrebatamento é relativamente nova e produzida
por quem coseque interpretar de forma correta o texto de Mateus 24.

Concluimos que os “principio das dores” não são sinais que precedem o arrebatamento (harpazo) e sim que
apontam para a volta do Messias (parousia), entendemos tambem que crises maiores que as presentes já
aconteceram e isso não cuminou no arrebatamneto da igreja, assim sendo os “sinais modernos” não estão
apontando para o arrebatamento. Como vimos tambem “principio das dores” é a primeira parte da ultima semana
de Daniel e assim sendo os verdadeiros sinais serão mostrados nesse periodo que antecedem a “grande tribulação”
e a volta de Cristo (parousia).

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3.3. O começo do discurso de Jesus
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos (1) engane; Porque muitos virão em
meu nome, dizendo: Eu sou o (2) Cristo; e (1) enganarão a muitos.” Mateus 24:4,5

Jesus começa seu sermão (lembrando que esse é a resposta das perguntas dos discipulos) nos exortando contra o
engano, pois sabia que muitos enganariam o povo de Deus por maldade ou simplesmente por falta de conhecimento
como aqueles que ensinam que “principio das dores” são sinais do arrebatamento. Além de exortar para que não
fossemos enganados, Ele ainda alertou sobre a presença de falsos “cristos” e completou dizendo que infelizmente
eles enganaria a muitos. A palavra grega “planao” traduzida para o português como “enganar” significa fazer alguém
desviar da verdade, e é aplicado um falso ensinador, portanto, enganar no texto é desvia-lo do caminho reto ou
ensinar erradamente as Escrituras. Quando Jesus disse que viriam muitos em seu nome dizendo que são “Cristo”, na
verdade ele estava falando de pessoas que diriam que são o próprio Messias, já que a palavra grega Cristo significa
Messias em hebraico e ungido em português. Então devemos tomar cuidado com falsos ensinadores que se colocam
na posição de Jesus ou se fazem o próprio Deus. A preocupação das Escrituras é tão grande com o engano sobre
escatologia que só em Mateus 24 Jesus usa 3 vezes a palavra “planao” (enganar religiosamente), outros autores
também usaram essa palavra grega em seus ensinos escatológicos, a única forma de não sermos enganados é
conhecendo as verdades bíblicas. Abaixo listarei alguns dos versículos que os escritores nos recomendam a não
sermos enganados, assim observaremos a importância desse fato, além de perceber pela incidência que os autores
bíblicos já sabiam que muitos seriam enganados em escatologia.

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Porque muitos virão em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.” Mateus 24:4,5

“E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.” Mateus 24:11

“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível
fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:24

“Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo
engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Efésios 4:14

“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se
manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,” 2 Tessalonicenses 2:3

“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a
espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;” 1 Timóteo 4:1

“Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens
abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e
conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no
dia da eternidade”. Amém. 2 Pedro 3:17,18

“Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em
carne. Este tal é o enganador e o anticristo.” 2 João 1:7

“E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta,
dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e
vivia.” Apocalipse 13:14

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3.4. Sofrimento no principio das dores
“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo
aconteça, mas ainda não é o fim (principio das dores).” Mateus 24:6

Como já ensinado os sofrimentos no “principio das dores” serão sinais somente presentes nesse período, divergindo
de qualquer crise que já aconteceu na historia, entre os sinais que acontecerão podemos destacar guerras e seus
rumores. Quando Jesus diz “não vos assusteis”, no original significa para “não chorar” ou “não aborrecer”, a palavra
grega “throeo” aplicada no texto pode significar tanto “chorar” como “aborrecer”. Jesus continua seu raciocínio
dizendo que é necessário que estas coisas aconteçam, essa expressão no original passa a imagem de algo que já está
marcado para acontecer, e, portanto nada pode impedir. O Mestre termina o versículo dizendo “mas ainda não é o
fim”, “telos” é a palavra que Ele usa para “fim” e significa termino de um período e não fim absoluto, assim sendo o
que Jesus quis realmente dizer, é que o período que ele esta falando ainda não chegará ao fim com esses sinais,
portanto, guerras e rumores de guerras ainda não marcaram o fim do período, e como sabemos o período falado é o
“principio das dores”.

“Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e
terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores.” Mateus 24:7,8

No versículo 8 aparece a nomenclatura que dá nome ao período, o termo “principio das dores” foi colocado pelo
próprio Cristo para nomear os sinais que precedem a “grande tribulação” ou as “dores de parto”, que culminará
com sua volta (parousia)e consequentemente seu nascimento para Israel.

“Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vosão; e sereis odiados de todas as
nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros,
e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar
a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Mateus 24:9-12

Quando Jesus fala que “vos hão de entregar para serdes atormentados” no original significa “naquele tempo serão
traídos e entregues para ser provados, a palavra usada no grego para traduzir “atormentados” é “thlipsis’ que
literalmente é aplicado para o ato de prensar azeitonas e no figurado pode significar “ser provados”. Ser odiado
entre as nações pelo nome de Cristo aparentemente significa que aqueles realmente que forem de Cristo serão
odiados pelos religiosos, essa noção é reforçada pela palavra “paradidomi” traduzida na primeira parte do versículo
como “entregar”, pois se os fieis forem entregues por traição, significa que serão denunciados pelos próprios
praticantes da fé. No versículo 10 Jesus fala que muitos seriam escandalizados, que no original, significa
“skandalizo”, que seria mais bem traduzido como “pedra de tropeço”, e significa mais que pessoas serão enganadas
pelos falsos religiosos, do que se escandalizar como traduzido em português, o versículo segue dizendo que os fieis
seria traídos e odiados por sua piedade. Fazendo um resumo dos versículos 9 e 10 entenderemos que o sinal que
Jesus estava dizendo era que os fieis seriam traídos pelos pseudos religiosos e assim entregues a prisões e
execuções. Olhando o cenário moderno podemos atinar para o que significará ser traídos e entregues as
autoridades, após o advento do falsoprofeta, chamado de enganador e profano (Dn 9:27; Mt 24:15; Ap 13:1-8), esse
tomará conta da religião mundial (ecumenismo) introduzindo assim as falsas doutrinas, os verdadeiros crentes
resistiram esse embuste e por isso serão acusados de causar problemas contra a paz e de não se unir a todas as
religiões e assim desabará uma grande perseguição contra a verdadeira igreja, onde os verdadeiros crentes serão
traídos e entregues a justiça como resistentes a fé e paz mundial, lembrando que esse sinal só se insinua
atualmente, mas será cumprido só no “principio das dores”.

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“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim,
esse será salvo.” Mateus 24:12,13

O versículo 12 é um dos piores entendidos de toda a Bíblia, esse sinal esta vinculado ao contexto de traição da
verdadeira igreja, e, portanto fala dos falsos religiosos, já que os ímpios não são tratados nesse texto. A palavra
“anomia” traduzida no português como “iniquidade” significa “transgredir a lei” e é aplicado àquele que apostata da
fé, “anomia” é uma clara referencia que o texto diz de religiosos. “ágape” não significa apenas “amor divino”, mas
também o verdadeiro culto, mais especificadamente a ceia (2 Pe 2:13; Jd 12; A historia ilustrada do cristianismo, vol.
1 pág. 151), sendo assim o “ágape” no texto pode ter dois sentidos, o amor entre irmãos e o verdadeiro culto (a
igreja católica nega o vinho aos membros). Já “psucho” traduzido para esfriar significa literalmente “soprar”, e é
usado quando se sopra uma refeição para esfriá-la, no sentido metafórico significa enfraquecer e é aplicado quando
se deixa o ardor do culto. Resumindo, quando diz que a iniquidade esfriará o amor, devemos entender de dois jeitos,
da apostasia esfriando o amor entre os irmãos da fé (2 Tm 3:1-9)e impedindo o verdadeiro culto a Deus (2 Pe 2:12-
16; Ap 2:14-14).

No versículo 13 Jesus trata dos que passaram pelo “principio das dores”, o que sobreviveu a todos os sinais e mesmo
assim perseveraram fielmente até o fim. A palavra grega “hupomeno” traduzida no versículo como “perseverar”,
significa literalmente “chegar ao fim” e é aplicado a pessoas que passam dificuldades e se mantem fieis até o fim. Já
palavra “salvo” tem origem na palavra grega “sozo” que significa “salvar” e “resgatar”, é usado para designar
prisioneiros de guerra resgatados ou escravos libertos. Como já dito anteriormente a palavra “telos” significa “fim de
um período” e deve ser entendido no seu contexto, quando o Senhor diz que “quem perseverar até o fim”, Ele esta
dizendo até o fim do período narrado, o que no caso é o “principio das dores”, assim sendo quem permanecer fiel
até o fim apesar de todos os sinais do “principio das dores” será salvo. Se juntarmos os conceitos de “hupomeno” e
“sozo” teremos a seguinte definição, aquele que ficar até o fim será resgatado, o que significa que o que permanecer
fiel até o fim do “principio das dores” será resgatado, o que pode significar ser “arrebatado”.

“E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então
virá o fim.” Mateus 24:14

Este versículo é outro muito mal entendido, a explicação dada pelos leigos é que um sinal do arrebatamento da
igreja será a pregação do evangelho de Cristo em todo o mundo, e após vira o arrebatamento, lembrando que esses
sinais são da vinda (parousia do Messias) e que o texto culmina com o “fim”, nem citando o arrebatamento. Segundo
esses ensinadores a obra da igreja que ditará o arrebatamento, e assim propagar o evangelho, apresará esse dia,
vemos que essa noção é uma completa falácia, pois os tempos proféticos já estão ditados pelo Senhor (2 Ts 2:3-8).
No texto de 2 Tessalonicenses 2 no versículo 3b diz “para que a seu próprio tempo seja manifestado”, a expressa
“próprio tempo” em grego é “en kairos heautou” e significa “em um tempo certo”, que pode ser entendido em no
tempo (kairos) escolhido por Deus, os eventos escatológicos não dependem de nosso tempo (Kronos = tempo
humano)e sim totalmente do tempo (kairos) de Deus, qualquer outra explicação seria presunção demais de
criaturas. Outro erro de interpretação no texto é sobre a palavra “pregado” que em português identificamos como o
ato de evangelizar, porem a palavra usada no grego é “kerusso” que significa um anuncio oficial, e era aplicado
quando se avisava a vinda de uma autoridade, para dizer pregação e evangelização o Novo Testamento usa outras
palavras, euaggelizo (evangelizar), diakoneo “ministrar”, kerugma (pregar), portanto o versículo de forma alguma
fala da evangelização mundial e sim do anuncio oficial da volta (parousia) do rei. Porem os equívocos não para por
ai, temos também a identificação do evangelho (boas novas) que será pregado, o texto diz “evangelho do rei” que
significa literalmente boas novas do rei, e, portanto difere do “evangelho da graça” que é pregado em nossos. A
palavra “testemunho” em grego “marturion” nos mostrando que a evento da “parousia” será propagado em todo o
mundo, “testemunho para as nações” significa que todos os povos receberam um aviso oficial (kerusso) da volta do
rei, como se dará esse ultimo sinal do “principio das dores” ainda não esta claro, mas com certeza será glorioso

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(lembrando que os sinais remetem a volta (parousia) do Messias). Abaixo anexarei alguns textos que demonstram a
diferença entre esses dois evangelhos “reino e graça”.

Esses versículos postados acima deixam clara a diferença entre o evangelho do reino e o evangelho da graça,
enquanto o evangelho do reino é particular para Israel, e atende as esperanças messiânicas de um rei assentado no
trono de Davi e esse reinando com justiça sobre todo o mundo, o evangelho da graça é universal, onde a esperança
é a de salvação da alma, que culminará com o arrebatamento da igreja.

A ultima parte de Mateus 24:14 diz “então virá o fim”, mostrando que o ultimo sinal extraordinário do “principio das
dores” será o anuncio oficial (kerusso) do retorno do Messias a todos o povos e após virá o fim. Mas que fim é esse?
Como já vimos “telos” denota fim de um período, e no caso, esse período é o “principio das dores” esse versículo
marca o fim dos 3 anos e meio e após Jesus já começa a falar de um outro período a “grande tribulação” (Mt 24:15-
21), note que o texto sobre a “grande tribulação’ começa falando da quebra do pacto (Mt 24:14; Dn 9:27) deixando
bem claro que esse período será de somente 3 anos e meio. No versículo 14 Jesus acaba sua narrativa do “principio
das dores”, usando a palavra “fim” (telos), após isso acabam-se os primeiros 3 anos e meio e começa a ultima parte
da derradeira semana, denominada “grande tribulação” ou “dores de parto”.

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4. A grande tribulação
“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar
santo; quem lê, entenda; Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes;” Mateus 24:15,16

“Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem
tampouco há de haver.” Mateus 24:21

Há exemplo de “principio das dores”, o termo “grande tribulação” também foi retirado do próprio discurso de Jesus,
e constitui os 3 últimos anos e meio da semana escatológica vista por Daniel, ela tem inicio no versículo 15 com a
quebra do pacto e assim uma ligação direta com o texto de Daniel 9:27. Iremos estudar todo esse período, desde seu
inicio, suas características e seu final marcado pelo retorno (parousia) de Jesus.

4.1. Quem lê, entenda


“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar
santo; quem lê, entenda;” Mateus 24:15

Nesse versículo Jesus faz uma mudança dramática em sua narrativa, após terminar seu ensino sobre o “principio das
dores (... então virá o fim), ele inicia a narrativa sobre a “grande tribulação”, chamando atenção para dois textos em
Daniel (... quem lê, entenda;)” , esses textos são Daniel 9:27 e 11:31.

“E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a
oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está
determinado será derramado sobre o assolador.” Daniel 9:27

As expressões “sobre a asa das abominações virá o assolador” e “estabelecendo abominação desoladora”, falam de
um momento especifico e real, que ocorrerá após o “principio das dores”, mais precisamente na quebra do pacto (2
Ts 2:2,3) que será efetua da pelo anticristo (chifre pequeno). Essas expressões têm duas formas de se entender, pois
“abominação” e “desolação” ou “assolação” podem ter dois significados paralelos, sendo um ocasional (onde se
traduz abominação como um evento de enganação religiosa e desolação ou assolação como um evento destrutivo) e
outra de forma personificada (onde abominação seria um homem que levaria o povo a heresia e desolação ou
assolação seria um homem que traria em si essa destruição).

Em Daniel 9:27 vemos a expressão “sobre a asa das abominações virá o assolador”, onde “sobre as asas” no original
significa “através de” mostrando que através da abominação virá a assolação. A palavra “abominação” é a tradução
no português para a palavra hebraica “shiqquwts” que significa “abominação religiosa, quebra da lei”, ou uma
pessoa que é abominável e induz outros a apostasia espiritual. Já palavra “assolador” significa alguém que traz a
destruição, no hebraico “shamem” significa alguém que faz um lugar desolado, ou algum que traz a destruição,
lembrando que a profecia de Daniel 9 é para a Jerusalém e para os judeus (Dn 9:24, seu povo e sua santa cidade),
portanto o desolador ira trazer destruição para Jerusalém e o povo judeu. Com esses dados em mente podemos
entender que quando Daniel fala “sobre as asas das abominações virá o assolador” ele quer dizer que primeiro
(levando em conta “shiqquwts” como “abominação religiosa”) que através da apostasia virá o assolador (pequeno
chifre Dn 7:24,25; 8:9-12), e segundo (levando em conta “shiqquwts” como enganador ou falsoprofeta), que através
e após o falsoprofeta virá o assolador ou anticristo (Ap 13:11,12). Porem, nas duas interpretações fica claro que após
o engano religioso (quebra do pacto) virá o assolador (perseguição aos judeus, Mt 24:15). Quando Jesus diz “está no
lugar santo” (Mt 24:15), ele mostra claramente que a apostasia (abominação) acontecerá no santíssimo (hagios), isso
é quando se oferecer sacrifico no “santo dos santos”, essa visão combina com Dn 11:31 que diz que a profanação
será no santuário (parte interior do templo, santo dos santos, “miqdash” em hebraico), então podemos afirmar que

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a profanação ocorrera em um “dia da expiação” ou “Yon Kippur”, evento que ocorre somente uma vez ao ano (entre
setembro e outubro). Juntando o fato que já estudamos que através do abominador, virá o assolador, e que essa
abominação será a quebra da lei, ocorrida no santo dos santos, entenderemos que essa quebra do pacto será à
entrada do falsoprofeta e do anticristo (tribo de Judá não entra no Santíssimo) para fazer sacrifício de “Yon Kippur”,
como isso é apostasia, os judeus que estiverem em Jerusalém iram se revoltar, levando assim o anticristo a quebrar
o pacto e os perseguir. O raciocínio de Jesus em Mateus 24 (Mt 24:15-21) leva em conta isso, pois ele avisa que
quando observarem a quebra do pacto, fujam da cidade e da Judéia (1 Ts 5:3), pois se desencadeará a grande
perseguição. Outra coisa que Jesus ensina é se alguém disser que é o Cristo ou disserem que ele esta no interior da
casa, não acreditar. Quando fala Cristo, não esta falando de dizer que é Jesus e sim o que realmente o titulo diz
“Messias” o titulo que o anticristo usará para enganar Israel, Jesus já ensinava a reconhecer o desolador, pois
quando aparecer alguém da tribo da Judá dizendo que é o “Messias” não acredite. Outro conselho é se disser que
ele esta no interior da casa também não credite, na verdade interior da casa é em grego “tameion” que significa
“câmara secreta” e era usado para descrever o santíssimo lugar. Podemos entender que o começo da “grande
tribulação” será marcado pela quebra do pacto feita pelo anticristo no santo dos santos, e após com a não aceitação
dos judeus se iniciará a perseguição e Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora, nem tampouco há de haver.” (Mt 24:21).

“E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício
contínuo, estabelecendo abominação desoladora.” Daniel 11:31

Esse texto vai além de Daniel 9:27 para explicar o que será quebra do pacto, colocando a “abominação desoladora”
após esse funesto evento, além da quebra do pacto e da perseguição, o sacrifício continuo (realizado todo
dia)também será proibido, mostrando que os judeus perderão domínio, do santuário, de suas fortalezas e serão
expulsos de sua santa cidade (Lc 21:24). A expressão “abominação desoladora” ou expressões sinônimas aparecem
em vários textos Bíblicos (Dn 9:24; Dn 11:31; Mt 24:15; Mc 13:13; Lc 21:20; 1 Ts 5:3; 2 Ts 2:3; Ap 13:11,12), e
significa um dia específico, o dia em que a abominação (apostasia religiosa do falsoprofeta) trará a desolação
(destruição feita pelo anticristo), esse dia marcará o fim “do principio das dores” e o inicio da “grande tribulação”.

4.2. A perseguição da grande tribulação


“Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; E quem estiver sobre o telhado não desça a
tirar alguma coisa de sua casa; E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.
Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não aconteça
no inverno nem no sábado; Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora, nem tampouco há de haver.” Mateus 24:16-21

Como vimos anteriormente o epicentro da “abominação desoladora” será em Jerusalém e sobre o povo judeu por
isso Jesus os recomenda a fugirem, da cidade e de toda Judéia (estado), uma noção mais clara sobre esse versículo
esta registrada na págs. 36 e 37. A partir da quebra do pacto começará a maior aflição já registrada, portanto essa
aflição será somente nos últimos 3 anos e meio da derradeira semana de Daniel.

“E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz
de trovão: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco;
e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer. “Apocalipse 6:1,2

A maioria dos teólogos concorda que o cavaleiro branco do primeiro selo é o anticristo que virá para reinar na
“grande tribulação”. Além de Jesus ser aquele que abre o selo, o que literaturamente o tira do contexto (como ser
aquele que abre o selo e um dos personagens do selo juntamente?), ainda esse é armado por um arco, já o Senhor é

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descrito como tendo uma espada (Ap15:19), arco pela cultura bíblica sempre esta relacionado com destruição
(assolador), outro porem é que o cavaleiro branco do primeiro selo é descrito acompanhado por desgraças, já o
Senhor sempre é descrito voltando (parousia) com os santos (Zc 14:5; Jd 14; Ap 19:14). Como acreditamos que o
anticristo é o cavaleiro branco do primeiro selo, conseguimos entender que o primeiro selo será aberto somente
após o “principio das dores”, ou seja, durante a quebra do pacto, e o “arco” dado para ele é a destruição após a
“abominação desoladora”. Se levarmos em conta que o primeiro selo é aberto no começo da “grande tribulação”,
veremos que toda a sequencia de Apocalipse iniciada com a abertura desse selo se cumprirá nos últimos 3 anos e
meio da semana escatológica de Daniel.

“E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma
coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias
de dar à luz”. Apocalipse 12:1,2

“E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o
mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. E ouvi uma grande voz no
céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo;
porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de
noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as
suas vidas até à morte. Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra
e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.” Apocalipse
12:9-12

Com o aparecimento do anticristo (chifre) pequeno na quebra do pacto dá-se o inicio a sequência escatológica de
Apocalipse (abertura do primeiro selo) e a “grande tribulação”, porem, porque o anticristo (chifre pequeno)
aparecerá somente na quebra do Pacto? A resposta esta nesse texto de Apocalipse 12, pois a Palavra diz que o
anticristo terá toda a eficácia e poder de Satanás (2 Ts 2:9) e assim sendo precisará de Satanás na Terra para obter
esse poder, evento que é narrado em Apocalipse 12. Um simbolismo fácil de entender são as 12 estrelas na coroa da
mulher perseguida pelo dragão, que com certeza fala das 12 tribos de Israel, a questão de ela estar gravida diz do
nascimento do Messias depois da “grande tribulação”, também chamada de “dores de parto”. Com base nessa
complexa corrente de textos bíblicos podemos entender a ligação das profecias bíblicas, Que a “grande tribulação”
ou as “dores de parto” irão iniciar com o aparecimento do anticristo, que com o poder se Satanás que acaba de vir a
Terra derrubado por Miguel, tem a ousadia de aparecer (chifre pequeno) e quebrar o pacto, e assim com a
“abominação assoladora” inicia-se a “grande tribulação” e abre-se o primeiro selo, já que o anticristo é o cavaleiro
branco com o arco na mão.

Apocalipse 12 é um texto que grande parte dos interpretes bíblicos entendem de modo equivocado, pois o coloca
como algo passado para adaptá-lo a uma falsa doutrina chamada “teoria da lacuna” (tenho um tratado que aniquila
essa falácia). O contexto do texto o coloca em um livro escatológico cujo do capitulo 4 em diante trata somente de
questões até aqui futuras, seria esse o único texto a fugir da logica? Outro dado importante é as 12 estrelas
simbolismo claro as doze tribos israelitas, as dores de parto também falam do nascimento do Messias que ainda não
nasceu para os israelitas (Jo 1:11,12), vale lembrar que como já comentado Israel aguarda um Messias assentado no
trono de Davi. O texto também fala de pessoas venceram o Diabo por ser lavadas pelo sangue de Jesus (Ap 12:11),
colocando o texto pelo menos depois da morte do cordeiro. O contexto apocalíptico com desastre mostram um
tempo só registrado na “grande tribulação” (Mt 24:29), e coerentemente ambientado durante a “grande tribulação”,
o registro de um período de “1260 dias” (Ap 12:6) e a citação de “um tempo, e tempos, e metade de um tempo” (Ap
12:14), demonstram claramente que esse período será apenas de 3 anos e meio, assim como a “grande tribulação”
ou “dores de parto”. Vimos que esse evento da queda do dragão, esta registra em um livro com profecias

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escatológicas que ainda não se cumpriram, e que envolve Israel (12 estrelas), o nascimento do Messias depois da
“grande tribulação” (A mulher gravida), todo um contexto apocalíptico com coerência de texto com o cenário
pintado por Cristo em Mateus 24 e que cobrirá um período de 3 anos e meio que concorda com a duração da
“grande tribulação” ou “dores de parto”, assim sendo colocar esse texto como algo que já aconteceu é um
assassinato da interpretação bíblica e deve ser entendida como heresia e falso ensino. A coerência do texto aplica a
queda de Satanás no final do “principio das dores” e como evento determinante para a “quebra do pacto” e inicio da
“grande tribulação”, assim sendo esse evento explica porque o anticristo (chifre pequeno) só aparecerá na
“abominação assoladora”.

4.3. O fim da grande tribulação


“Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a
vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.” Mateus 24:27,28

A “grande tribulação” terminará com a volta (parousia) de Cristo, ou as “dores de parto” findaram com o
“nascimento” do Messias para Israel. Esse versículo para de um grande sinal visto no mundo todo (sai do oriente
para o ocidente), e como já aprendemos sinal visível não faz parte do “arrebatamento” e sim da vinda de Jesus
(parousia). A grande marca desse retorno (parousia) de Cristo é a grande quantidade de cadáveres, o que mostra o
resultado das mortes na grande “tribulação”. O tempo de Angustia para Jacó (Je 30:17, outro nome para “grande
tribulação”), findará com a volta de Cristo para salvamento dos judeus da mão do anticristo, esse evento é chamado
de “Armagedom” e marca o fim da “grande tribulação” e inicio do “reino milenar” de Cristo o Messias de Israel, o
próximo capitulo trataremos desse evento único.

5. O Armagedom
“E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão
do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e
todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória.” Mateus 24:29,30

Na verdade Armagedom faz parte da “grande Tribulação”, e constitui o derradeiro acontecimento desse período,
onde Jesus voltará (parousia) como Messias almejado pelos israelitas, acabará com a “grande tribulação”, aniquilará
os exércitos do anticristo e enfim nascerá para Israel como o rei almejado. O nome “Armagedom” que nomeia esse
período final da “grande tribulação” é tirado de Apocalipse, e corresponde ao espaço geográfico em que
acontecerão esses eventos (Ap 16:16). A expressão “logo depois” no original grego denota algo imediatamente após,
associado com “aflição” podemos entender que os eventos que serão narrados por Cristo se cumprirão
imediatamente após “grande tribulação”. Os últimos sinais para a volta de Cristo (parousia) são a total desordem no
cosmos, com queda de estrela (meteoros), o sol e a lua escurecendo, e com esse cenário apocalíptico o Senhor
retorna. Quando fala “então aparecerá” no original aparece a palavra grega “phaino” que significa “trazer a luz”,
”aparecer visivelmente”, já vinda do Senhor é comparada a um sinal do grego “semeion” que significa algo visível
(lembrando que o arrebatamento também chamado de harpazo será secreto), e que todas as tribos (nações)
lamentaram sua volta evidenciando que o evento será publico e visível, a palavra. A última parte do versículo 30 diz
que Ele virá “com poder e grande glória”, o que significa que realmente virá como rei, a palavra grega “doxa”
significa literalmente em português “justiça”, e mostra que Ele virá para julgar a todos os que estiverem ainda vivos
na Terra.

5.1. O arrebatamento

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“E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os
quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” Mateus 24:31

Quando olhamos a parábola do “rico e o Lazaro” (Lc 16) vemos que os mortos eram encaminhados ao “seio de
Abraão” por anjos, se prestarmos atenção nesse texto evidenciaremos que o fato narrado por Cristo é enquadrado
no conceito veterotestamentários, isso é, antes da morte de Cristo. O pecado que condenou o rico ao hades é não
atender um necessitado a sua porta e, portanto ele foi condenado pela lei (Lv 19:9,10; Lv 23:22; Dt 15:11; Dt 24:19-
22; Is 58:7), assim sendo o texto fala de judeus que viviam e praticavam a lei. Outro ponto é ajuda dos anjos, como
vemos no Antigo Testamento os nossos irmãos não tinham o auxilio do Espirito Santo, que foi delegado por Cristo
depois de sua morte (Jo 7:39), assim sendo precisavam dos anjos para serem conduzidos ao “seio de Abraão”, porem
em nós habita o Espirito de Cristo como um selo para a redenção (Rm 8:9-11; Ef 1:13-15), e assim é o Espirito que
em nós habita que nos conduz para a redenção. Entendendo isso, vemos que o arrebatamento citado nesse
versículo não condiz ao da igreja (Que será efetuado pelo Espirito) e sim a os judeus (por isso auxilio dos anjos).
Outra evidencia que o referido arrebatamento não será o da igreja é o fato de Jesus voltar (parousia) com seus
santos, que são os que foram arrebatados e constituem os santificados pelo Espirito Santo (No Antigo Testamento
não haviam santificados) portanto a igreja e talvez os anjos são os santos que acompanharão o Senhor (Zc 14:5; Jd
14; Ap 19:11-14).

“E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o
oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um
vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul. E
fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como
fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o Senhor meu Deus, e todos os
santos contigo.” Zacarias 14:4,5

Nesse texto Zacarias profetiza o Armagedom que é o fim da “grande tribulação”, em um momento derradeiro o
anticristo com todo seu exercito (Ap 16:16) cerca os remanentes judeus aos pés do monte das Oliveiras, esse se
fende ao meio abrindo caminho para os israelitas fugirem, e nesse momento de grande angustia o Messias esperado
volta para Israel e salva seu povo. Lembrando que segundo a tradição Jesus é assunto aos céus no monte das
Oliveiras (Igreja Ortodoxa Russa mantém o Convento nesse local), e o anjo disse que ele voltaria do mesmo modo (At
1:11,12), podemos concluir que a sua vinda (parousia) se dará no monte das Oliveiras, no momento que salva seu
povo da destruição.

“E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que
em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e
como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E
cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém
podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra.”
Apocalipse 14:1-3

Essa cena constitui um momento após o texto de Zacarias 14, lembrando que nesses versículos os remanescentes
judeus estão dentro do monte das Oliveiras perseguidos pelo anticristo, e nesse momento o Senhor volta e os livra
da morte, agora vemos os salvos de Israel no monte Sião (lugar do palácio de Davi) cantando hinos a Deus e sendo
referidos como comprados da terra. A consenso de grande parte dos teólogos que a Jerusalém que Jesus reinará
estará sobre a cidade de Davi, assim sendo os 144 mil judeus salvos da “grande tribulação” estão juntamente com
Cristo no mesmo lugar que os arrebatados da igreja também estarão, evidenciando assim o arrebatamento judaico.

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5.2. O termino do Armagedom
“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o
Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.” Mateus 24:30

O “Armagedom” e consequentemente a “grande tribulação” acabará com a volta (parousia) de Cristo, sua vinda em
glória será um evento testemunhado por todos os que estiverem vivos. Com a sua volta poderosa, Ele trará justiça
sobre toda a terra, e assim implementará um reino de paz.

“E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo
meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos à ceia do grande Deus; Para que comais a carne dos reis, e a carne dos
tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de todos
os homens, livres e servos, pequenos e grandes. E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos
reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército. E a besta
foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam
o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde
com enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o
cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes.” Apocalipse 19:17-21

A vinda do Messias colocará fim a “grande tribulação” e a afronta do “Armagedom”, com espada que sai da sua boca
o Senhor aniquilará os exercito inimigos, o anticristo e o falso profeta serão presos, deixando os remanentes da terra
em paz para uma era de justiça como nunca houve, e esse é o cumprimento de toda esperança messiânica, onde um
rei segundo a linhagem de Davi reinara com equidade em Jerusalém, e de lá regerá o mundo todo.

“E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu
o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e
ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem.
E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.” Apocalipse 20:1-3

Esse período de paz terá um período de mil anos, que em grego é “chilioi”, que se traduzem como literalmente mil,
assim os mil anos são realmente literais, quando os mil não são literais no grego escreve-se “murias” que significa
um grande numero figurado. Com a prisão de Satanás após o Armagedom, com o agente da tentação preso, os
seres humanos estão livres para não pecarem. A sequencia escatológica do milênio será um assunto tratado em
outro capitulo (capitulo 4).

6. O fim da sequencia escatológica de Mateus 24


“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. Mas daquele dia e hora ninguém
sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.” Mateus 24:35,36

A sequência escatológica do sermão profético termina com esse texto, a partir disso Jesus trata de parábolas que
elucidam pontos de seu discurso, porem, não tem exatidão cronológica com o sermão. Após o Senhor fechar sua
cronologia escatológica com o fim do “Armagedom”, Ele dá testemunho que suas palavras são verdadeiras e com
certeza irão se cumprir, mesmo que o céu é terra passem porem as Palavras do mestre não hão de passar e se
cumpriram a risca. Lembrando que todo o discurso de Mateus 24 fala da vinda do Messias (parousia) e seu fim frisa
sua volta gloriosa, seria incoerente creditar ao arrebatamento (harpazo) o tempo que ninguém conhece (Mas
daquele dia e hora ninguém sabe), por coerência textual é fácil entender que o dia realmente que ninguém sabe é a
o dia da vinda (parousia). Dizer que Jesus como Deus não sabe o dia de sua volta, apesar de sua onisciência é uma

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grande discrepância, por isso devemos ter cuidado ao analisar o texto e tirar do Senhor atributos divinos que lhe são
inerentes, a única explicação para essa afirmação é Jesus arroga para si a natureza humana e assim como homem
normal não compreenderia o tempo (Kairos) de Deus.

Com esse texto terminamos a sequencia do Sermão escatológico de Jesus, conseguindo entender a motivação e as
respostas que o Senhor deu a base das perguntas dos seus discípulos. Pudemos ver a parte histórica do sermão,
cumprida em 70 d.C. com a destruição de Jerusalém e do Templo, a primeira parte escatológica denominada
“principio das dores”, que se liga com os primeiros 3 anos e meio de Daniel, após a quebra do pacto (abominação
desoladora) entramos na “grande tribulação” que culmina no Armagedom” com a volta do Senhor junto com seus
santos, para implementar o reino milenar. Repostarei o gráfico com o resumos escatológico de Daniel e Jesus.

Para concluir os ensinos escatológicos de Jesus trataremos agora da interpretação correta de algumas parábolas que
o Senhor usou nesse sermão. Veremos a parábolas “da figueira”, “do servo bom e o servo mal” e “das dez virgens”,
após essa investigação hermenêutica, estaremos entendendo os tipos de literatura de parábolas que o Senhor usa a
coerência delas com o resto do sermão escatológico e o verdadeiro significado de cada aviso contido nessas
parábolas.

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7. As parábolas escatológicas de Jesus

7.1. A parábola da figueira


“Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas,
sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está
próximo, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas
aconteçam.” Mateus 24:32-34

A parábola da figueira é uma das menos entendidas das parábolas do Senhor, para se adequar em algumas falácias
interpretes tiram esse ensino do seu contexto e entendem através de suas teorias. Como todo o discurso de Mateus
24, esse texto deve ser entendido a ótica do judaísmo, e se ajustar ao sermão de Cristo, de outro modo tiraremos
essa parábola de seu contexto e de sua coerência incorrendo em erro de hermenêutica. Para um entendimento fiel
daquilo que o Senhor realmente quis dizer precisamos aprender todas as expressões aos olhos da língua original e da
cultura da época, começaremos elucidar essa parábola provando que a figueira se refere realmente a Israel.

7.1.1. Israel como a figueira


“Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como a estes bons figos, assim também conhecerei aos de Judá,
levados em cativeiro; os quais enviei deste lugar para a terra dos caldeus, para o seu bem. Porei os meus
olhos sobre eles, para o seu bem, e os farei voltar a esta terra, e edificá-los-ei, e não os destruirei; e
plantá-los-ei, e não os arrancarei.” Jeremias 24:5,6

Nesse trecho Jeremias faz uma ligação direta dos frutos da figueira com Judá os remanescentes de Israel, falando do
cativeiro babilônico como o corte da arvore e sua volta como a plantando de novo. Na parábola do agricultor (Lc
13:6-9), Jesus considera Israel como uma figueira infrutífera que seria cortada se persistisse em não dar seus frutos,
e realmente essa palavra se cumpriu na destruição de Jerusalém em 70 de nossa era.

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Além dessa base bíblica podemos ver pela historia que o próprio povo israelita faz essa analogia entre a figueira e
sua nação, em 1976 o rabi messiânico Paul Lieberman chamou o avivamento messiânico de Israel como “a figueira
floresce”. A figueira (símbolo alimentação e fartura) junto à videira (símbolo da alegria) e oliveira (símbolo da
espiritualidade e comunhão com Deus) é as três arvores símbolos de Israel, essas árvores são usadas varias vezes nas
escrituras simbolizando a nação eleita (Sl 80:8-16; Is 5:1-7; 1 Rs 4:25; Mq 4:4; Zc 3:10; SI 52:8; Jr 11:16; Rm 11:17-27).
Com esses textos bíblicos provamos que a figueira é uma das arvores símbolos de Israel e que é usada para
representar esse povo em profecias, concluindo isso veremos realmente o que o texto fala.

7.2. Os ramos brotaram


“Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas,
sabeis que está próximo o verão.” Mateus 24:32

O renovo da figueira é uma evidencia que as profecias de Mateus 24 não são exclusivas para a primeira geração de
ouvintes, pois após a destruição de 70, Israel demorou cerca de dois milênios para voltar florescer. A expressão
“próximo o verão” nos fala de frutificação, pois com os rigorosos invernos em Israel, os frutos só aparecem entre a
primavera e o verão, Jesus então esta dizendo que após esses eventos funestos Israel voltará dar frutos (período
milenar), e esse frutos são condicionados a volta do Messias. Assumindo que o renovo da figueira se cumpriu com a
volta dos israelitas podemos evidenciar que realmente o verão ou a volta de Cristo (parousia) esta próxima.

“Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.” Mateus 24:33

A frutificação de Israel é condicionado ao nascimento do Messias para eles, que será em um período conhecido
como “grande tribulação” ou “dores de parto”, que culminara com a volta do Messias colocando Israel de novo em
evidência mundial e assim reflorescera a figueira.

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7.3. Este povo não passará
“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.” Mateus
24:34

Alguns pseudos intérpretes interpretam esse texto como se “não passará esta geração” significasse que a geração de
pessoas que viram à restauração de Israel não fosse morrer antes de ver o arrebatamento. Essa interpretação erra
em todos seus pressupostos, desde fixar o arrebatamento no lugar da volta de Cristo (parousia), na questão de fixar
uma data para o inicio da profecia, na definição do que seria um tempo de geração de vida e ainda no significado
que aplica a palavra “geração”, iremos agora explicar realmente o que significa “não passará esta geração sem que
todas estas coisas aconteçam”.

Primeiro erro é a questão que o “sinal da figueira” fala do arrebatamento, vimos durante toda essa aula que Jesus
descreve sua parousia (volta em glória) e a questão do arrebatamento (harpazo) não é sequer sugerida. Sendo assim
o sinal da figueira prevê o retorno do Messias (parousia) e consequentemente o renovo da figueira (Israel), note que
o arrebatamento não contém conexão alguma com a restauração de Israel que será consumada somente na volta do
Messias, assim não posso separar o momento que os frutos começam a florescer com o nascimento deles no milênio
após a parousia, separar dois eventos de uma profecia se contem discrepância e selecionar o que quero usar.

O segundo problema esta em achar uma data para o inicio da suposta “geração da figueira”, já que há algumas datas
que poderiam reclamar esse evento. A primeira data é 1918, que tem como marco a “declaração de Balfour”, que foi
a ordem para criação de uma nação judaica na palestina, província inglesa na época. 1947 a ONU vaticinou a
existência do estado de Israel na palestina e fez divisão das terras com os árabes. Em 1948 Israel declara sua
independência e a ONU reconhece como estado soberano. Em 1967 Israel recupera sua histórica capital Jerusalém e
essa é a data mais importante aos olhos dos Judeus, lembrando que a profecia de Daniel limita-se a o povo judeu e
sua santa cidade (Dn 9:24), Jerusalém, profeticamente talvez essa seja a data mais exata para o “sinal da figueira”.
Já outros preferem a data de 1980 quando Israel unificou toda Jerusalém sob o seu governo, outros ainda acreditam
que a figueira nem começou a florescer, pois a maioria do povo judeu ainda vive exilado no mundo todo, segundo
esses a figueira se renovará quando todo o povo voltar a sua terra. Como vemos é muito difícil precisar quando se
iniciou o “sinal da figueira” e em que data se iniciaria essa “ultima geração”, a muitas datas que poderiam reclamar
esse inicio, mas todas com prós e contras.

O terceiro erro é creditar um numero definido de anos para a duração de uma geração, os falsos mestres ensinam
que a geração possuiria 70 anos baseados em um salmo, mostraremos agora porque não conseguimos definir a
extensão de uma geração.

“Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o
orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.” Salmos 90:10

Para começar esse texto não fixa uma idade definida, ele cita duas abstratamente 70 e 80 anos, e quando fala da
ultima data 80 anos não diz que é limite e sim que quem chega é cansaço e enfado, agora porque e ”estudiosos”
ignoram uma das datas (80) e se apegam a uma (70) é um mistério, outro sim, é que o texto não foca em um limite
de idade, compreender que 70 é um numero limite para uma geração já consiste em problema de alfabetização.

Outra questão é o tipo de literatura do texto, que é poética, sendo identificados pelo paralelismo sinonímico,
àqueles que possuem uma pequena noção de literatura hebraica saberá que quando o texto é poético aplica-se a
conotação (sentido figurado), assim sendo o texto não requer para si exatidão doutrinaria e sim uma poesia sobre a
brevidade da vida. O texto analisado não tem valor literal, 70 e 80 anos são datas comparativas que expressão
unicamente a brevidade da vida humana, tendo como coerência o final do texto que diz “pois cedo se corta e vamos

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voando”. Entender esse poema como algo literal e desconhecer a hermenêutica e aplicar para um texto conotativo
valor literal apresentado em uma prosa (estilo de linguagem livre).

Do ponto de vista profético, alguns “estudiosos” afirmam que uma geração tem quarenta anos. Mas, devido aos
dados analisados acima, devemos ter a cautela e considerar o numeral quarenta como um número apenas simbólico
do ponto de vista profético. Há muita coisa envolvendo o número quarenta na Bíblia. Sobre este número, devemos
observar que ele está relacionado a vários períodos de julgamento ou de condenação conforme Gênesis 7:4 e
Ezequiel 29:11,12. Também foi o período em que "se acendeu a ira do SENHOR contra Israel, e fê-los andar errantes
pelo deserto quarenta anos, até que se consumiu toda a geração que procedera mal perante o SENHOR". Porem
essa data nunca foi vinculado com o tempo médio de vida de pessoas na Bíblia e por isso acreditar que uma geração
é contada por 40 anos se constitui uma falácia e uso indevido de textos proféticos.

O único parâmetro literal que temos de um limite de vida é de 120 anos (Gn 6:3) e mesmo assim muitos viveram
muito mais que isso após esse decreto. O limite de 120 anos se constitui um limitador para a vida humana, e jamais
arrogou para si estatos de uma geração, simplesmente é um limite imposto.

Se considerarmos que uma geração é contada por media de vida, adotaríamos mais de 72 anos que é a média global,
porem como a profecia é para o povo de Daniel (judeus) poderia adotar como uma geração 81.6 anos, que é a média
de vida de um judeu. Não a nada na Bíblia que explica se uma geração é um tempo médio de vida, se é o tempo de
nascimento de filhos ou qualquer outro parâmetro, tentar adivinhar o tempo de uma geração e quantos anos é se
constitui em uma ventura e tiro no escuro, e teologia não são para aventureiros e sim mestres instruídos na Palavra.

“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.” Mateus
24:34

Agora vamos aprender o que significa realmente a palavra “geração” no texto, primeiro começarei com a etimologia
tirada do DITAT e do STRONG.

A palavra grega “genea” significa literalmente uma linhagem familiar, um povo com genealogia comum, e não um
comprimento de vida humana como entendem esses leigos. Quando disse que essa “geração” não passaria, Jesus
falava do povo judeu, que mesmo com todos os sinais anteriores não seriam destruídos mais permaneceriam. Na
verdade Jesus fez eco a uma profecia anunciada por Jeremias (Je 31:35-37) que diz que Israel só pereceria quando
deixasse de existir o equilíbrio de céu e da terra, Jesus vai mais longe, mesmo com a desintegração do céu e da terra
(Mt 24:29) Israel seguiria existindo.

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A palavra grega “parerchomai” traduzida como “passará” significa metaforicamente “morrer, perecer” e deve ser
entendida como que a geração de Israel mesmo na “grande tribulação” não perecerá. Na verdade vemos que não
importa o que aconteça (nazismo, árabes) Israel sempre sobrevive.

Os rolos achados no mar Morto (Curã) confirmam o entendimento dos linguistas a cerca do que significa “geração”,
esses rolos aplicam o texto com relacionados com os judeus que sobrevirão a matança de 70 d.C. A um consenso que
o texto não deve ser entendido como literal, servindo só para os judeus que viveram naquela época e sim como uma
figura para toda historia de Israel e todos os sobreviventes de cada calamidade sofrida por esse povo, porem, deve-
se dar uma ênfase especial para o cumprimento escatológico e para os que sobreviverem a ultima angustia antes da
volta do Messias . Segue abaixo a postagem do Léxico grego sobre a palavra “genea”. (fonte: As Parábolas de Jesus
de Simon J. Kistemaker pág. 123).

Agora postarei como seria o texto no original grego traduzido pelo DITAT:

No texto traduzido do grego ao pé da letra podemos ver com mais propriedade seu real significado, em seu início o
texto não diz de frutos e sim de folhas tenras, mostrando que ainda estarão em flores, já que coerentemente
falando Israel só dará fruto após o nascimento do Messias (parousia), a garantia do verão é uma figura que diz que

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os frutos de Israel estão garantidos, assim como sempre existira verão e assim as arvores sempre frutificarão.
Quando Israel começar florir, a volta do Senhor (parousia) é eminente, pois isso é sinal do verão ou da frutificação de
Israel. Não esquecerei essa geração nos fala de Jesus cuidar de seu povo mesmo na “tribulação” e cuidará da figueira
enquanto ainda não houver ramos, talvez uma ligação com as parábolas do agricultor (Luc 13:6-9) e a parábola da
oliveira de Paulo (Rm 11:17-27), outro texto significativo para compararmos com esse é de Joel 2:22, que garante
que as arvores de Israel continuaram a dar seus frutos esmo em grande angustia, alguns vê a parábola da figueira
como analogia a essa profecia de Joel. O texto termina com a garantia do Senhor que tudo que Ele anunciou se
cumprirá.

Após estudar minunciosamente a parábola da figueira passamos a entender no seu verdadeiro contexto, onde a
figueira é uma figura de Israel, e sendo assim toda sua aplicação é para os judeus (Seu povo e sua santa cidade – Dn
9:24), que o sinal em evidencia precede a volta de Jesus (parousia) e nunca o arrebatamento, que não conseguimos
precisar o momento do inicio da profecia e que geração é uma designação do ramo familiar dos judeus e jamais um
cumprimento de anos ou de vida humana. O mais importante é entender que essa promessa de Cristo garante que
mesmo na “grande tribulação” o povo judeu jamais será destruído, a analogia com os 144000 israelitas marcados
para sobreviver a “dores de parto” é inevitável e natural.

7.2. A parábola do servo bom e do servo mau


“Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento
a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em
verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens. Mas se aquele mau servo disser no seu coração:
O meu senhor tarde virá; E começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios,
Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, E separá-lo-á,
e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Mateus 24:45-51

Essa parábola foi assimilada ao nosso estudo por ser similar a muitas outras, onde o principal objetivo desse tipo de
parábola é trazer uma sabedoria por meio da comparação entre o bem e o mal, esse tipo de literatura hebraica é
chamado de mashal (comparação). Vejamos a classificação dessa parábola:

Parábolas de crise é um agrupamento que juntam todas as parábolas com características em que existem
possibilidades de fim eminente e trágico, no caso dessa parábola um dos personagens (servo mau) corre o risco de
por seu mau comportamento ser surpreendido pela volta de seu Senhor e assim castigado. A antítese consiste na

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utilização de termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido, aplicado a essa parábola descreve as
obras discrepantes dos dois servos (o bom e mau) e consequentemente a recompensa diferente que os dois
receberam. A antítese dupla se caracteriza pela as duas comparações uma entre os servos e outra entre as
recompensas que ganharam. Já questão da síncrese é uma literatura semelhante à antítese onde se observa
atentamente o comportamento dos personagens e os recompensam a partir de suas ações. Essa parábola pode ser
descrita como um mashal onde de modo implícito fica-se subentendido o contraste entre os dois servos, esse tipo de
literatura (mashal) deve ser entendido sempre de maneira metafórica, jamais literal, pois o importante é a
discrepância entre o bem e o mal, e a recompensa proporcional a os atos. O objetivo dessa parábola e de outras de
estilo semelhante é mostrar claramente a discrepância entre dois comportamentos ou personagens (no caso o servo
bom e o servo mau) e dar uma resposta positiva ao comportamento almejado e uma resposta negativa ao
comportamento evitado, essa discrepância deve ser bem clara para que criando um mal estar para o mau
comportamento todos escolham o bom caminho com a boa recompensa no final. Na verdade esse texto não pode
ser considerado uma parábola na língua portuguesa (Uma narrativa metafórica através de exemplos reais com
objetivo de passar uma moral), pois não uma narrativa que espera instruir através de uma historia metafórica com
intuito de trazer a tona um a “moral para historia”, mas sim tem como objetivo passar uma simples comparação
entre o “bem e o mal”, e na maioria das vezes essa antítese é dupla, pois visa mostrar a diferença do bem e do mal e
as recompensas pelas escolhas. Na literatura judaica parábolas são chamadas “ninshal” e tem como características
instruir a sabedoria através de historias tiradas da vida real, já os “mashal” tem como finalidade fazer comparações
de discrepância para induzir através de simples constatações qual o melhor caminho para seguir, sendo assim
podemos classificar essa parábola como “mashal”.

“Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento
a seu tempo?” Mateus 24:45

Já Podemos observar desde o começo do texto qual é o objetivo dessa parábola, quando Jesus diz, “Quem é, pois, o
servo fiel e prudente”, Ele nos induz a uma introspecção e nos direciona a procurar ser esse servo, o inicio da
parábola já deixa claro que será uma comparação (mashal) e que o desejado será ser “servo fiel e prudente”.

“Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, E separá-lo-á,
e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Mateus 24:50,51

Após tecer no corpo literário do mashal o que é ser servo bom e o que é ser servo mal, Jesus fala das recompensas
que terão esses dois servos o primeiro será colocado sobre todos os bens de seu Senhor, que mostra a exaltação que
esse servo terá, já o servo mal será destinado a um lugar de tormentos, mostrando que seu Senhor o punirá.

É consenso dos verdadeiros teólogos que esse mashal é direcionado primariamente aos sacerdotes, levitas e
escribas, os que administravam a obra de Deus nos tempos de Jesus (lembrando que não havia igreja na época),
porem com certeza esse texto pode ser aplicado aos lideres religiosos da igreja, só adaptando para o arrebatamento
(harpazo), já que a ideia original trata da vinda do Senhor (parousia).

Quando diz que o Senhor voltará, na verdade esta se referindo a sua parousia, essa sim acontecerá em um momento
não aguardado, a palavra grega “dichotomeo” traduzida nesse texto por “separá-lo-á” significa literalmente cortar
ao meio, e era uma forma de execução na antiguidade, muitos vêm nessa palavra (dichotomeo) uma evidencia para
morte física daqueles lideres judeus que seguirão ao falso profeta e ao anticristo, aplicando para igreja seria a morte
para todos obreiros fraudulentos. Quando diz que o Senhor os “destinará” no original é “tithemi” que deve ser
traduzido como estabelecido permanentemente no lugar de tormentos, servindo primeiramente aos judeus, mas
também aplicado a religiosos cristãos. A ultima palavra de efeito da parábola é “hipócritas” do grego “hupokrites”
que significa literalmente “atores e falsos”, mas metaforicamente era usado para descrever “falsos mestres”
(lembrando que mashal é entendido metaforicamente), com as duas aplicações entendemos que fala tanto de

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lideres judeus que enganaram seu povo em toda historia, e mais especificadamente os que enganaram a ultima
geração, como vale também para lideres cristão que ensinam heresias a seu povo.

Se você for observador notará uma discrepância nessa ultima explicação, se todo o discurso de Mateus 24 é para
judeus, porque essa parábola também pode ser aplicada a cristãos? Muito simples, A maioria do texto de Mateus 24
foi escrito em forma de prosa, como narrativa literal e deve ser aplicada a interpretação a luz da literalidade do
texto, levando em conta as perguntas dos discípulos e o contexto judaico do sermão. Porem a literatura mashal é
entendido de forma figurada, nos dando a possibilidade de aplicar o texto a nossa realidade, assim como o escritor
sagrado que muito tempo após a morte de Jesus, já com a existência da igreja produziu esse texto, talvez até mesmo
ao registrar a parábola tenha sido influenciado pela existência da igreja e assim reinterpretado sutilmente o ensino,
já que a licença poética permitiria.

Resumindo, essa parábola escatológica considerada um mashal tem como objetivo uma síncrese dupla, onde
ressalta a diferença entre os servos e seus destinos, esse tipo de literatura era muito usada por Jesus e por isso
estudamos um de seus exemplares, todas as parábolas “mashal” devem ser entendidas com as mesmas regras da
conotação.

7.3. A Parábola das 10 virgens


“Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao
encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas,
não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas.”
Mateus 25:1-4

Após estudarmos o que realmente essa parábola diz, creio que o leitor ira rir da interpretação que falsos mestres te
induziram a aceitar, esse texto com certeza é um dos mais mutilados da historia bíblica.

Assim como as duas parábolas que analisamos anteriormente a parábola “das dez virgens” também é considerada
uma parábola de crise, ou seja, com possível castigo para maus comportamentos no final, além disso, as três
parábolas são classificadas como “parábolas de parousia” ou que evidenciam a volta do Messias em glória, assim
sendo interpretar essa palavra como sendo acerca do arrebatamento (harpazo) é discrepância textual. Mesmo sendo
uma parábola mais elaborada que a “do servo bom e servo mau”, ela não deixa de ser um “mashal” ou uma
comparação entre o bem e o mau, e assim coma a outra parábola citada ela também é uma síncrese dupla, ou seja,

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faz duas comparações, a primeira entre as “virgens prudentes” e as “virgens loucas” e a segunda com os destinos
diferentes que cada uma terá, as “prudentes” entraram no casamento e as “loucas” ficaram de fora. Sendo um
“mashal”, toda a interpretação do texto deve ser conotativa, e o cenário e os elementos compositores da trama
devem ser apenas secundários, já que essa literatura prima pela comparação entre o bem e o mau. Para ficar clara a
diferença entre um “mashal” e um “nimshal” abaixo colocarei as definições, outra definição importante é a de
síncrese, que também será anexada abaixo.

“Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao
encontro do esposo” Mateus 25:1

A um entendimento no meio leigo que as “virgens” representam a igreja, porem como já estudamos essa parábola é
aplicada a Israel, portanto as 10”virgens” não fazem parte da igreja e sim do povo Judaico. A palavra usada para
“virgens” em grego “parthenos” não é aplicada para noiva (numphe) e sim para damas de honra, donzelas ou amigas
acompanhantes da noiva, portanto que casa com o noivo não são as damas de honra e sim a noiva, que a proposito
nem aparece na parábola, lembrando que a noiva é a igreja e essa parábola é para Israel. Israel é relacionado com
virgens ou termos similares varias vezes nas Escrituras (Is 37:22; Is 62:5; Je 2:32; Je 31:4; Lm 2:13; Lm 5:11; Ap
12:1,2), já a igreja identificada como a noiva de Cristo (Jo 3:29; Ef 5:25; Ap 19:7; Ap 21:9), assim sendo quem casará
com o noivo (Jesus) não é Israel e sim a igreja, porem como o texto fala somente a Israel acontece essa omissão da
noiva. Para o desespero da maior parte dos intérpretes desta parábola, são muito escassas as informações
disponíveis sobre os costumes matrimoniais do mundo antigo e as práticas podem ter sido diferentes de lugar para
lugar. Tipicamente, o noivado ocorria na casa do pai da noiva e era uma ocasião festiva com bênçãos, velas e
celebração. Durante o período entre o noivado e o casamento, que poderia se estender por vários anos, a jovem
permanecia na casa dos pais. Quando chegava o dia do casamento, depois da noiva estar adornada e perfumada
para o grande momento, ele era, então, levado em uma procissão festiva até a casa do noivo (ou para a casa dos
seus pais, caso o casal fosse morar lá). Ao cair da noite a procissão iniciaria e a noiva seria escoltada até a casa do
noivo por uma multidão com tochas ou lanternas. O noivo saía para receber a noiva e a trazia para dentro de casa
onde as bênçãos e a celebração durariam até sete dias. Em alguns textos, tanto o noivo, quanto a noiva eram
acompanhados por uma multidão pelas ruas até o local onde as festividades ocorreriam. As pessoas que observavam
a celebração tinham a obrigação religiosa de tomar parte nela (fonte: As Parábolas de Jesus de Simon J. Kistemaker
pág.712). Concluímos que a parábola foi descrita conforme as tradições da época, e que o erro das “virgens loucas”

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foi não ter prestado atenção no tempo e assim perder o casamento de sua amiga, alguns veem aqui uma tipologia
para o desprezo de Israel com a igreja e por esse motivo essas serão deixadas de fora. É muito importante entender
que a noiva se encontra com o noivo antes da chegada das suas damas e essa caminham para a casa do noivo (onde
serão as bodas) após a noiva, porem se chegarem depois do começo das comemorações ficam de fora, já que as
cerimonias eram feitas a portas fechadas, esse raciocínio é tirado dos costumes acerca do casamento, porem não
podemos esquecer que na literatura mashal a aplicação é conotativa e as ordens do evento secundárias.

“E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas” Mateus 25:2

A palavra grega “moros” é traduzida no texto como “loucas”, e seu significado metafórico é incrédulas, que talvez fosse uma
indicação a os judeus que não cressem em Jesus, ou aqueles que já não acreditam na parousia (mais provável). Já a palavra
“prudentes” é a tradução da palavra grega “phronimos” que significa literalmente “sábia” porem pode ser entendido
metaforicamente como “iluminadas”, fazendo uma menção aqueles que continuariam a crer na parousia, e não aceitariam o
anticristo, esse entendimento tem base no de discurso de Mateus 24, onde a palavra grega “planao” traduzida por “engano”
significa literalmente “engano religioso” ou “apostasia” (Mt 24:4,11,24).

“As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em
suas vasilhas, com as suas lâmpadas.” Mateus 25:3,4

Como já dissemos o cenário e os elementos constituintes desse mashal são puramente secundários, onde a
importância real é a comparação entre as “virgens prudentes” e “as loucas” e suas recompensas finais, porem o
elemento “azeite” que é o combustível das lâmpadas fez diferença entre os dois grupos, portanto se torna
importante entendermos esse elemento. Como conhecido essa parábola tem como objetivo as damas de honra
(Israel) e não a noiva (igreja), por isso já podemos descartar que o azeite é a unção do Espirito, já que é exclusiva de
quem aceitou a Jesus. O óleo que dá o combustível esta relacionado à lâmpada, que é um símbolo da Palavra de
Deus (Sl 119:105), e assim quem tiver conhecimento não será pego de surpresa naquele dia “1 Ts 5;4-6). Jesus disse
que os judeus conheciam os tempos e sabiam quando iria chover, porem desconheciam os tempos do fim (Lc 12:56),
isso porque não foram iluminados pelo conhecimento que ensinou o mestre, portanto o azeite que fará diferença
será o conhecimento da Palavra, que com ele jamais a luz será apagada.

“E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.” Mateus 25:5

A parousia de Jesus é um grande mistério, e por isso o Senhor ensinou os judeus a estarem sempre alerta, na
parábola do “servo bom e servo mau”, o Senhor voltou antes do previsto (Mt 24:48), já na parábola “das dez
virgens” o Noivo chegou depois do previsto e achou as damas de sua noiva despreparadas. Para não ser pego de
surpresa o povo judeu deve prestar bem atenção nos sinais previsto pelo Mestre e dentre eles o surgimento de um
“messias”, com esses sinais em mente jamais serão pegos de surpresa, pois eles evidenciam que ele esta próximo
(Mt 24:33).

“Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.” Mateus 25:6

As lojas não estariam abertas à meia-noite, mas será que o objetivo é fazer mesmo uma referência à meia-noite, ou
simplesmente há “uma hora avançada da noite”? Em Semahot 8.10 (livro do Talmude judaico)uma parábola fala de
pessoas que saíram de um banquete oferecido por um rei em vários horários diferentes. Algumas saíram na segunda
e na terceira hora da noite, quando as lojas ainda continuavam abertas. Em todos os lugares as pessoas sabem quem
contactar em caso de necessidades emergenciais, especialmente se um banquete importante está acontecendo. As
parábolas nem sempre são realistas e, na verdade, elas não têm a necessidade de realismo. Neste caso, a história
simplesmente pressupõe que as moças haviam conseguido encontrar o azeite para as suas lâmpadas.

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“E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as
bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-
nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não
sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.” Mateus 25:10-13

A parábola termina com a recompensa das “virgens prudentes” que puderam entrar na festa (clara alusão ao
arrebatamento judaico, que será realizado apos a parousia), já as “loucas” não participaram das comemorações e ao
clamarem na porta ouviram “vos não conheço”, talvez referência ao tormento eterno, já que outras palavras
similares acabam com algum tipo de castigo eterno.

8. O final da parte cronológica do sermão escatológico


“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.” Mateus 24:35

Com esse versículo acaba a parte cronológica do “Sermão Escatológico”, a partir do versículo 36 a narrativa passa
para explicações adicionais e parábolas explicativas sobre a parousia do Messias, não tendo assim valor cronológico.
Em Mateus do 1 ao 35 Jesus passa todas as parte que compõe a “tribulação”, a parte histórica (1 ao 3), o “principio
das dores” (4 ao 14), a “grande tribulação” (15 – 26) e o “Armagedom/parousia” (36 – 34), finalmente no versículo
35 Jesus fecha seu discurso. Dizer que não importa o que acontecer suas palavras não hão de passar, é um jeito
categórico de fechar seu discurso, o Mestre faz toda a narrativa cronológica e a fecha garantindo que se cumprirá na
integra, após o fechamento cronológico Ele se preocupa em explicar com alegorias sua parousia e assim pronuncia
suas parábolas dos capítulos 24 e 25. Concluímos então que a parte cronológica do sermão é feita do versículo 1 ao
34, passando por todas as fase da “tribulação”, no versículo 15 Jesus fecha a parte cronológica garantindo seu
cumprimento e após ele repercuti fatos sobre sua parousia, sem nenhum aspecto cronológico (até porque sua
parousia marca o fim da “grande tribulação” ou da ultima semana escatológica de Daniel), simplesmente trata do
assunto mais importante e ultimo evento desse período sua vinda em Glória.

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1. O que é arrebatamento
Já aprendemos que o arrebatamento (harpazo) não pode ser considerado o mesmo evento da parousia judaica
(volta de Cristo), e também vimos que as profecias de Daniel e o Sermão Escatológico de Cristo não tratam da igreja
e do arrebatamento e sim da volta do Messias, por ultimo devemos lembrar que “tempo dos gentios” não trata da
era da igreja e sim do governo de Roma (destruidora de Jerusalém) e dos tempo sem rei da linhagem de Davi no
trono. O arrebatamento da igreja é um evento ensinado principalmente por Paulo, o apostolo dos gentios, veremos
as profecias coerentes sobre o tema, e faremos uma comparação com os ensinos de profecias sobre a parousia, pois
por mais que eles não anunciem o arrebatamento, estão inseridos num tempo que será histórico assim como o
próprio arrebatamento. Nunca podemos perder de vista que aprendemos anteriormente que a ultima semana
escatológica de Daniel, chamada de Tribulação se inicia com a firmação do pacto feita pelo falso profeta, se iniciando
com um período de 3 anos e meio denominados “principio das dores de parto”, terá seu meio com a quebra do
pacto feita pelo anticristo também chamado de chifre pequeno, que chamará “grande tribulação” ou “dores de
parto”, findando com a volta (parousia) de Cristo para aniquilar o Armagedom e implementar o reino Messiânico
milenar. Lembrar que a falso profeta reinará nos 3 anos e meio iniciais e que o anticristo só aparecerá na metade da
tribulação é importante para entender a escatologia de Paulo, já que ele saiu das profecias judaicas e as interpretou
para a igreja. Abaixo um esquema geral das profecias de Jesus e Daniel:

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1.1. Definições de “volta de Cristo”
Vamos enquadrar o arrebatamento dentro de tipos de volta de Cristo somente para estudarmos, isso de forma
puramente orientativa, sem jamais esquecer que volta no grego bíblico é “parousia” ou retorno do rei. A Bíblia
apresenta 3 palavras para descrever “volta de Cristo”, no grego são as palavras “harpazo”, “parousia” e
“apokalupsis”. Ao estudar o verdadeiro significado e aplicação de cada uma dessas palavras poderemos entender o
conceito de arrebatamento e vinda do Senhor.

Harpazo significa em português “levar a força” ou “arrebatar”, era usado para descrever um roubo escondido e
rápido, alguns teólogos fazem a analogia com o roubo do bem mais importante desse mundo, a igreja. As
características ensinadas sobre o arrebatamento (harpazo) é que será um evento rápido, a expressão aplicada aqui é
“num abrir e piscar de olhos” (1 Co 15:52), será nos ares (1 Ts 4:17), a palavra traduzida por ares em grego é “aer"
quando associada com alturas (nas nuvens) se entende como “a região atmosférica”, deixando claro que não será
um evento visível da terra, onde somente os salvos em Cristo saberão e participarão. O evento que todos os olhos
verá (Mt 24:30; Ap 1:7)será a parousia.

A palavra grega “parousia” traduzida como “vinda” em sua etimologia significa “vinda visível do rei”, e trata de sua
volta como Messias de Israel, seus conceitos foram tratados na aula passada e inclui sua volta visível (Mt 24:27,30), e
cumprimento da profecias messiânicas a Israel, sempre vinculada ao evangelho do reino.

Outra palavra que expressa à vinda do Senhor é “apokalupsis”, que é traduzida para o português como “revelar para
se tornar visível” e tem mesma raiz da palavra “apocalipse” que significa “revelação de algo escondido”. Quando se
diz que o Senhor irá se revelar esta associada a sua “parousia” e deve ser entendido como volta visível do Senhor (1
Pe 4:13). Outra palavra que exprime a revelação do Senhor é “phaneroo” que significa “tornar visível” ou “se
manifestar”, aqui nós encontraremos mais dificuldades para determinar se esta relacionada ao “harpazo” ou ao
“parousia” vejam alguns exemplos.

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“Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a
nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória”. Colossenses 3:3,4

Esse texto parece muito semelhante ao de 1 Co 15, mas no caso ele aponta para todos que estão mortos para o
mundo e vivos para Cristo, e quando esse se manifestar nós seremos manifestos em gloria com Ele. Muito claro que
essa revelação é o “harpazo”, pois reduz aos salvos em Cristo Jesus o evento de glorificação, a omissão de Israel ou
os nãos salvos podem ser indício seletividade dos eventos.

“E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com
os anjos do seu poder, Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos
que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna
perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus
santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi
crido entre vós).” 2 Tessalonicenses 1:7-10

Aqui temos um texto mais difícil de entender, porem vamos lançar luz ao texto, primeira consideração sobre essa
carta é que foi a segunda a ser escrita (por volta de 53), logo de, pois de 1 Tessalonicenses, e por isso talvez Paulo
ainda não tinha a doutrina do “harpazo” ainda bem definida, assim se inspirou na “parousia” para trazer esse
conhecimento, pois a violência do evento condiz com que Mateus 24 narra sobre a “volta do Messias”. Ao estudar os
ensinos de Jesus e dos apóstolos que andaram com o Mestre e repercutiram suas doutrinas, Paulo foi influenciado a
juntar o “harpazo” no mesmo evento que a “parousia”, porem em textos posteriores parece que podemos
identificar a diferença dos dois eventos para o apostolo dos gentios. Analisando o texto assim como escrito por
Paulo, o “manifestar” do Senhor, sem duvida esta em coerência com a “parousia”, pois trará vingança para os
rebeldes e eventos cataclísmicos, assim como no “Armagedom” (Zc 14:5-14; Mt 24:27-30; Ap 19:11-21).

“E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo
esplendor da sua vinda;” 2 Tessalonicenses 2:8

Esse texto é muito claro, pois fala de sua vinda para aniquilar o anticristo (Ap 19:11-21), um evento que será o ponto
forte de sua “parousia”. Segue uma tabela com as cronologias das cartas de Paulo.

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“E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não
sejamos confundidos por ele na sua vinda. Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica
a justiça é nascido dele.” 1 João 2:28,29

Tirado de seu contexto, esse texto parasse ambíguo e difícil de entender, se ele refere-se ao “harpazo” ou ao
“parousia”, pois só fala para permanecer nele para que não sejamos confundidos em sua “vinda”. Porem todo o
capítulo fala da revelação e enganação do anticristo, o qual já aprendemos que se manifestará somente na quebra
do pacto e que reinará nos últimos 3 anos e meio, assim sendo Pedro entende que a volta do Senhor será somente
após toda a tribulação, sem duvidas uma visão judaica dos fatos.

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos
que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.” 1 João 3:2

No manuscrito original esse versículo esta no mesmo conceito que o do capitulo anterior, evidenciando assim a
manifestação do Filho de Deus no “parousia”, todo o texto de 1 João 3 ira tratar do diabo e do anticristo, lembrando
que o diabo cairá na terra somente na metade da tribulação e assim dará seu poder ao anticristo.

Podemos observar por esses textos que “apokalupsis” (revelado) e “phaneroo” (tornar visível) são quase que
unicamente aplicados para tratar da “volta do Messias” da “parousia”, e assim tende para entender o
arrebatamento em um evento único com a volta gloriosa de Cristo, aplicando para a igreja o mesmo ensino de
Daniel e Mateus 24, o único que faz essa separação e coloca o “harpazo” da igreja em um evento precedente dos
“parousia” é o apostolo Paulo, por isso para tecermos uma doutrina sobre o arrebatamento mais exata devemos
consultar os escritos desse mestre dos gentios.

Vemos 4 palavras que podem descrever a volta de Cristo, o harpazo (arrebatamento), a parousia (a volta gloriosa), o
“apokalupsis” (revelação do Messias) e o phaneroo (a manifestação de Cristo), notamos também que o único que
trata do arrebatamento da igreja é Paulo, os demais nos colocam no mesmo evento da parousia e o arrebatamento
judaico.

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