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Douglas Wilson - Reformando o Casamento
Douglas Wilson - Reformando o Casamento
Reformando
o Casamento
A Vida Conjugal Conforme o Evangelho
DOUGLAS WILSON
Reformando
o Casamento
Outros títulos da série:
Futuros Homens
Criando meninos para enfrentar gigantes
O marido federal
A liderança bíblica no lar
*
DOUGLAS WILSON
®
CURE
© CLIRE 2013. Tradução autorizada da edição americana em Inglês
© 2001,2012 Canon Press
l.a revisão, 2005. 2.a revisão, 2012.
Todos os direitos reservados.
ISBN: 978-85-62828-25-6
*
UMA TEOLOGIA PRÁTICA DO CASAMENTO
1. FUNDAM ENTOS
2. O PACTO
3. C O M P A N H IA ID Ô N E A
4. C R IA N Ç A S P IED O SA S
Uma das coisas que o homem obviamente não pode fazer
sozinho é reproduzir-se, e esse é o segundo propósito do
casamento. Na tarefa de encher a terra, que foi o que Deus
ordenou, um homem sozinho está completamente desam
parado. Por isso o profeta Malaquias nos diz que outro pro
pósito declarado do casamento é a bênção de uma semente
piedosa:
5. P R O T E Ç Ã O SEXUA L
LIDERANÇA E AUTORIDADE
1. A U T O R ID A D E IN ESCAPÁVEL
U
ma rápida lição gramatical pode ajudar a explicar a na
tureza da autoridade bíblica no lar. Muitas vezes, ao
ler as Escrituras, os cristãos confundem indicativos e impe
rativos. Um indicativo é uma afirmação de um fato; não há
nenhum dever nele — a cadeira é marrom; o barco é grande;
a neve é encrespada. Um imperativo , por outro lado, é uma
ordem; ele nos diz o que devemos fazer. Feche a porta! Ligue
o computador! Pare! Consequentemente, se alguém dissesse:
“O livro está sobre a mesa”, isto seria uma simples afirmação
de um fato. E um indicativo. Mas se alguém diz: “Ponha o
livro sobre a mesa”, isso é uma ordem — um imperativo.
A razão para realçar essa distinção é que muitos cris
tãos têm entendido mal o que a Bíblia está dizendo porque
tentam transformar indicativos em imperativos. Quando se
trata do evangelho, o coração carnal adora cometer esse
mesmo equívoco. Que é o evangelho senão um grande indi
cativo? Pregadores fiéis proclamam aquilo que Deus já fez
na cruz para salvar pecadores, enquanto homens ímpios ten
tam transformar a mensagem do evangelho em alguma coisa
que possam fazer para conseguir a salvação.
A mesma confusão “gramatical” acontece quando ma
ridos buscam entender o que a Bíblia ensina sobre liderança
e autoridade no casamento. A Bíblia diz que o “marido é o
cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja”
(Ef 5.23). Está muito claro que Paulo não diz que o marido
deve ser o cabeça da mulher. Ele diz que o marido é o cabeça.
Nesse verso, o apóstolo não está nos dizendo como os casa
mentos devem funcionar (isso aparece nos versos seguintes).
Antes, ele está nos dizendo o que é a relação de casamento
entre marido e mulher. O casamento é em parte definido
como a autoridade de um marido sobre a esposa. Em outras
palavras, sem essa autoridade, não há casamento.
Isso não significa que Deus não deu nenhum imperati
vo aos maridos. Nos versos sesuintes
o encontramos um im-
perativo de fato muito básico — o marido é ordenado a amar
a esposa como Cristo amou a igreja. Mas em lugar algum é
ordenado a ser cabeça de sua esposa. E isso porque ele já é o
cabeça da esposa, em razão da natureza mesma do casamento.
Se ele não a ama, é um cabeça medíocre, todavia, cabeça.
Meditar sobre isso é algo de grande valor para os mari
dos. Por ser o marido o cabeça de sua esposa, ele se encontra
em uma posição de liderança inescapável. Não pode recusar
-se a liderar sem que isso tenha conseqüências. Se tentar
abdicar de alguma forma, ele pode, por meio de sua rebeldia,
ser um líder fraco. Mas não importa o que faça ou aonde
vá, ele ainda será o líder de sua esposa. Foi assim que Deus
projetou o casamento. Ele nos criou como homem e mulher
de tal modo a assegurar que os homens teriam domínio no
matrimônio. Se o marido é piedoso, então esse domínio não
será severo; será caracterizado pelo mesmo amor sacrificial
demonstrado por nosso Senhor — Dominus — na cruz. Se
um marido tentar fugir de sua liderança, essa renúncia irá
dominar o lar. Se pegar um avião e for para o outro lado do
país e permanecer ah, ele ainda dominará em sua ausência
e por sua ausência. Quantas crianças não cresceram em um
lar dominado pela cadeira vazia na mesa? Se o casamento é
daqueles no qual a esposa “veste calças”, essa falha no caráter
do marido é justamente a coisa mais óbvia sobre o casa
mento, criando um matrimônio c lar infelizes. Sua renúncia
domina.
Nessa passagem de Efésios, Paulo nos diz que os ma
ridos, em seu papel como cabeças, fornecem uma imagem
de C risto e a igreja. Cada casamento, em qualquer lugar
do mundo, é uma imagem de Cristo e a igreja. Em razão
do pecado e rebeldia, muitas dessas imagens são mentiras
deslavadas sobre Cristo. Mas um m arido nunca deixa , por
meio de suas ações , de dizer algo sobre Cristo e a igreja. Se é
obediente a Deus, está pregando a verdade; se não ama sua
esposa, está falando apostasia e mentira — mas está sempre
falando. Se abandonar sua esposa, está dizendo que esse é
o modo como Cristo trata sua noiva — o que é mentira. Se
for grosseiro com sua esposa e a machucar, está dizendo que
Cristo age assim com a igreja — o que é outra vez mentira.
Se dorme com outra mulher, é um adúltero, e também blas-
femador. C om o poderia Cristo amar outro alguém que não
a sua própria noiva? E chocante ver a maneira como, por
alguns minutos de prazer, homens infiéis podem caluniar a
fidelidade de Cristo.
Essas são palavras duras. E mesmo especificando o
que estou dizendo, é provável que muitos leitores tenham
reagido mal ao uso inicial da palavra domínio. Esse fato é
simplesmente outro testemunho do quanto a igreja cristã é
influenciada pela propaganda do feminismo — seja do tipo
mundano que odeia os homens, ou do tipo asséptico e “evan
gélico”. Entretanto, o domínio do marido é um fato; a única
escolha que temos é entre o domínio amoroso e construtivo
ou a tirania odiosa e destrutiva. Argumentar contra a reali
dade de que o marido é o líder do lar é como atirar-se de um
precipício para contestar a lei da gravidade. Por mais que o
sujeito apresente suas razões enquanto segue em queda livre,
ao fim acabará por ver-se refutado, da pior maneira possível.
Não importa se os cristãos estão fazendo concessões
ao feminismo, tais concessões não poderão anular o indica
tivo deixado por Deus na criação. E como poderiam? Deus
construiu a liderança do marido na própria estrutura do ca
samento. Mas o que tais concessões ao feminismo podem
fazer, o fazem muito bem — trazem rebelião e pecado. Tal
rebelião impede que o marido obedeça ao imperativo , que é
amar a sua esposa. E quais as conseqüências? Vemos maridos
negando sua posição como cabeça da esposa e recusando-se
a amá-las como são instruídos a fazer.
2. A M O R E R E S P E IT O
O segundo grande mandamento exige que amemos o nos
so próximo como a nós mesmos: “O segundo é: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento
maior do que estes” (Mc 12.31). E, é claro, se perguntarmos
“quem é o nosso próximo”, a resposta que Jesus nos dá é que
a pessoa que está em frente a nós é o nosso próximo. C om o
a parábola deixa claro, isso inclui o estrangeiro do outro
lado da rua, mas também aqueles com os quais vivemos.
Certamente a Escritura exige que marido e esposa amem
um ao outro.
Mas quando a Bíblia dá um mandamento específico
ao marido enquanto m arido , e faz o mesmo com a esposa
enquanto esposa , a ênfase nos respectivos mandamentos é
notavelmente diferente. Por exemplo, as esposas são especi
ficamente ordenadas a amarem ao marido. Em uma passa
gem (Tt 2.4), pede-se que as mulheres mais velhas ensinem
as mais jovens a "amarem ao marido”. Mas essa é uma pala
vra composta (philandros), e a forma da palavra para amor
refere-se a uma calorosa afeição. Nesse verso, o mesmo tipo
de palavra composta é usada com respeito aos filhos. P o
deríamos parafrasear a passagem para dizer que as mulhe
res mais velhas devem ensinar as mais jovens a serem "dos
filhos” e “do marido”. Fora dessa passagem, a atitude que
é exigida das mulheres é de respeito . "A esposa respeite ao
marido” (E f 5.33).
Os homens, por outro lado, são ordenados a amar (aga-
pao) a esposa até às últimas conseqüências. Dois exempios
são dados para os homens, e ambos exigem tremendo sa
crifício de si. Primeiro, os homens devem amar a esposa do
mesmo modo como amam seu próprio corpo: “Assim tam
bém os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio
corpo” (E f 5.28). Ninguém jamais odiou a si mesmo, ensina
Paulo, e isso nos provê de um bom padrão para tratarmos o
outro. Um marido deve ser tão pronto na busca pelo bem
-estar da esposa como o é para o seu próprio bem-estar. Isso
é nada menos do que aplicar ao casamento a regra de ouro.
Segundo, homens devem amar a esposa como Cristo amou
a igreja: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo
amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (E f 5.25).
A Escritura aqui claramente apresenta nossos deveres.
As esposas devem respeitar o marido, e os maridos devem
amar a esposa. Porém, ainda há mais. Quando considera
mos essas exigências e vemos como homens e mulheres se
relacionam, podemos perceber a harmonia entre aquilo que
Deus requer e aquilo que precisamos dar e receber.
Os mandamentos são dados às nossas respectivas fra
quezas no desempenho de nossos deveres. Os homens pre
cisam cumprir seu dever com respeito à esposa — precisam
obedecer à ordem de amar. As mulheres, da mesma forma,
precisam cumprir seu dever — precisam obedecer à ordem
de respeitar. Mas os homens são geralmente fracos nesse tipo
de amor. C . S. Lewis certa vez comentou que as mulheres
tendem a pensar no amor como arranjar problemas por cau
sa de alguém (o que está muito mais próximo da definição
bíblica), enquanto os homens tendem a pensar no amor
como não dar problema a outros. Consequentemente, os
homens precisam trabalhar nessa área, e são instruídos pela
Escritura a um esforço nesse sentido. De modo similar, as
mulheres são plenamente capazes de amar um homem e de
se sacrificar por ele, ainda que acreditem o tempo todo que
o sujeito é um perfeito e completo idiota. As mulheres são
boas neste tipo de amor, mas a exigência central dada às mu
lheres é que devem respeitar o marido. Quando as mulheres
cristãs se reúnem (p.ex.: para orar ou estudar a Bíblia), elas
muitas vezes falam do marido de um modo extremamente
desrespeitoso. Então saem correndo para casa para cozinhar,
limpar, e cuidar de seus filhos. Por quê? Porque amam o
marido. Ora, não e errado que amem o marido desse modo,
mas é certamente errado substituir o amor pelo respeito que
Deus exige.
Podemos também ver que os mandamentos dados têm
outro tipo de relação com nossas respectivas fraquezas. O
homem tem a necessidade de ser respeitado , e a mulher tem
a necessidade de ser am ada . Quando a Escritura diz, por
exemplo, que os presbíteros de uma igreja devem pastorear
o rebanho, é uma inferência legítima dizer que o rebanho
precisa de alimento. Do mesmo modo, quando a Escritura
enfatiza que as esposas devem respeitar o marido, é uma
inferência legítima dizer que o marido precisa de respeito.
O mesmo, é verdade com as esposas. Se a Bíblia exige que os
maridos amem a esposa, podemos seguramente dizer que a
esposa precisa ser amada.
Mas somos normalmente como o homem que deu uma
espingarda de caça de presente de Natal à esposa porque era
o que ele queria ter. D e igual maneira, quando uma esposa
está tentando consertar um casamento problemático, ela dá
ao seu marido aquilo que ela desejaria receber, e não aquilo
que Deus ordenou ou o que o marido necessita. Ela o ama,
e deixa isso claro para ele. Mas ela o respeita e deixa isso
evidente? .
Temos dificuldades porque não seguimos as instruções
bíblicas. Quando comunica seu amor por sua esposa (de for
ma verbal ou não), o marido deve buscar comunicar a ela
a segurança inclusa em seu compromisso pactuai. Será seu
provedor, cuidará dela, irá nutri-la, se sacrificará por ela, e
assim por diante. A esposa necessita estar segura do amor de
seu esposo. A mulher precisa receber amor do marido.
Quando uma esposa está respeitando e honrando o
marido, a relação é completamente diferente. Ao invés de se
concentrar na segurança do relacionamento, o respeito é di
recionado para as habilidades e conquistas dele — quão duro
trabalha, quão fielmente regressa para casa, quão paciente
ele e com as crianças, e assim por diante.
Alguns pontos específicos podem causar problemas a
alguns maridos que pensam que não precisam voltar para
casa, e a algumas esposas que pensam que o sujeito não
arregaça tanto as mangas quanto poderia. Mas o amor deve
ser prestado às esposas e o respeito aos maridos, tal como
Deus o exige, c não porque qualquer esposa ou marido
chegou a merecer. Paulo não diz: “Maridos, amai vossa
esposa se . D e u s diz aos maridos que o façam indepen
dentemente do que a esposa está fazendo, e diz às esposas
que o façam sem importar a forma como o marido está
agindo. Nossa obediência não depende da obediência de
nossa esposa. E é sempre bom lembrarmos que Deus exige
que nosso cônjuge nos de algo que é muito mais do que
aquilo que merecemos.
4. R E S P O N S A B IL ID A D E
5. O VASO MAIS FR Á G IL
6. IG U A LD A D E DE C O N D IÇ Õ E S
7. C O R A Ç Ã O DE SERVO
1. O S P R IV IL É G IO S D O D E V E R M A T R IM O N IA L
3. D E V E R E S B ÍB L IC O S DA ESPOSA
*
AMOR EFICAZ
1. O A M O R G E R A BELEZA
2. A Q U E ST Ã O DA BELEZA F ÍSIC A
3. V E R D A D E IR A BELEZA
4. C O R T E SIA
5. A M O R R O M Â N T IC O
Em seu livro A legoria do Amor , C . S. Lewis comentou
sobre a tradição do amor romântico na cultura ocidental.
Disse ele:
1. O PRO BLEM A D O P EC A D O
2. R E C O N C IL IA N D O -S E
3. R E G R A S DA CASA PARA A C E R T O S R Á P ID O S
A confissão de pecado simplesmente traz o problema à tona.
Bem cedo em nosso casamento, eu e minha esposa deter
minamos manter certas regras em casa que nos ajudassem
a caminhar juntos. Essas regras tinham o propósito de nos
ajudar a acertar as contas rapidamente, e eram aplicadas
sempre que experimentávamos algum atrito.
A primeira regra que adotados foi nunca se separar até
que as coisas estivessem resolvidas. Marido e esposa devem es
tar juntos. Ele não deve ir trabalhar, nem ela sair às compras.
Devem resolver o problema na hora em que aparecem. Isso
não significa que o sujeito vai, todo dia, chegar atrasado ao
trabalho. Um casal pode entrar em acordo tão rapidamente
quanto se desentendeu. Tudo o que e necessário é admitir
que se está errado. Se o atrito foi sobre o talão de cheques,
não é necessário fazer um balanço do mês inteiro antes de
saírem para outro lugar, mas o pecado deve ser confessado.
A segunda regra foi nunca receber ninguém em casa
quando não houver harmonia no lar. Não deixe ninguém
entrar em sua casa se vocês não estiverem em comunhão. Se
um casal está no meio de um atrito, e alguém bate à porta,
eles não devem atender até que a comunhão seja restabeleci
da. Sc lá fora estiver chovendo, é bom que isso seja rápido!
A terceira regra é similar: nunca ira lugar algum quando
estiver sem comunhão . Se o casal tiver um atrito a caminho
da igreja, devem resolver isto no carro, antes de entrar para
o culto. Sc o problema surgiu no caminho para a casa dc um
amigo, não devem entrar lá até que as coisas estejam bem.
A quarta regra pede uma pequena explicação. Muitas
vezes um casal está com amigos, e um dos dois fala alguma
coisa que ofende o outro. Sc o pecado foi óbvio a todos,
então a restituição deve ser feita na presença dc todos. A res
tituição deve sempre ser tão pública quanto a ofensa. Mas,
muitas vezes, um dos cônjuges se ofende sem que o outro
se dê conta de que algo aconteceu. A explosão visível só
acontece no carro, a caminho de casa. Quando um problema
acontece no momento em que há outras pessoas por perto, o
casal deve ter um sinal manual que significa “me perdoe”, e
uma resposta que signifique “eu te perdoo”. A regra é nunca
esperar para se acertar depois , mesmo quando rodeados por
outras pessoas.
Mais uma regra irá manter um homem e sua esposa
caminhando com o Senhor e um com o outro. Nunca ter
relações sexuais quando não estiverem em comunhão. Isso os
impedirá de tornar hipocrisia aquilo que Deus planejou para
que fosse uma experiência unificadora e maravilhosa.
A aplicação dessas regras terá um tremendo impacto
sobre o relacionamento dc um casal com seus amigos e fa
miliares. Sem tais restrições, quando um casal enfrenta pro
blemas, todos os amigos e parentes ficam sabendo. Mas se
praticam estas coisas, ninguém nunca verá o casal, junto ou
individualmente, enquanto não estão em harmonia. Deus
quer que homem e mulher sejam um no mundo, e esse tipo
de ação irá capacitá-los a isto. Não se trata de uma harmonia
hipócrita, porque eles realmente estão em comunhão. A in
da lavam a roupa suja, mas em casa. E uma adesão estrita a
essas regras ajudará a evitar que os problemas do pecado se
acumulem.
CAPÍTULO 6
TENTAÇÕES DIVERSAS
1. A S ÍN D R O M E D O C A R A LEGAL
usana acredita que o homem com quem se casou é um
S sujeito muito legal, por isso ela realmente não sabe por
que está tão frustrada com ele. Quando se irrita com ele,
sente-se culpada — não por causa da ira, mas porque não há
qualquer causa aparente. Ela está profundamente desconten
te, e, contudo, sente que ninguém pode realmente entender
por que ela está frustrada. C om o outros podem entender,
quando nem mesmo ela entende? Por que será que ela se
sente tão aborrecida com um cara tão simpático?
N o mundo cristão, hoje em dia, incontáveis casamen
tos não foram realmente consumados espiritualmente. O
pacto do casamento foi feito, e há consumação física, mas
o casamento ainda não vai bem. E não vai bem porque um
casamento não pode se consumar espiritualmente se o ma
rido age como um cunuco espiritual. Eunuco é aquele que é
impotente em sua masculinidade — algo diferente de ser do
sexo masculino, o que é simplesmente biológico.
Quando um marido tem esse problema, o resultado
para a esposa é a tentação de estar profundamente frustrada
e ressentida. Quando cede a essa tentação, os sintomas dessa
frustração podem se manifestar dc várias maneiras, peque
nas ou grandes. Algumas das grandes manifestações podem
incluir glutonaria e embriaguez.
A ironia é que tais eunucos espirituais são quase sem
pre sujeitos legais. E porque os sintomas dessa negligência
espiritual normalmente aparecem na esposa, o mundo que
os assiste geralmente se espanta: “o que aconteceu com ela }”
Com o conseqüência, ela sente-se ainda mais frustrada e res
sentida. Há tantos exemplos desse padrão de acontecimen
tos que podemos dar a ele um nome — a Síndrome do Cara
Legal.
Agora, evidentemente, é importante definir isto. Nem
todos os maridos com esposas problemáticas são “caras le
gais”. A Bíblia alerta os homens a que não sejam duros no
trato com a esposa (Cl 3.19). Mas a Síndrome do Cara G ros
seiro não é difícil de identificar; quando uma mulher tem
um homem que a trata como lixo, não há mistério em saber
por que ela está infeliz. O propósito aqui é tratar daquelas
situações nas quais uma mulher está claramente frustrada
no casamento com um sujeito simpático — e, consequente
mente, confusa por isso.
Há inúmeros homens cristãos legais cuja esposa está
neste estado de frustração contínua. E quanto mais frus
trada a esposa fica, mais simpático o esposo tenta ser. In fe
lizmente, essa “simpatia” não é a bondade bíblica. Não é o
amor de que tratamos anteriormente; é abandonar, abdicar
de seu papel. Com o passar do tempo, a situação passa a ficar
mais difícil, mesmo para ele, de modo que se descontrola
com a frustração dela. Mas ele sabe que aquilo está errado,
e por isso pede desculpas, e retorna ao velho padrão de ne
gligência para com a esposa, ao invés de amá-la por meio da
liderança.
C om o Pedro ensina, as mulheres precisam entender
que estão sendo conduzidas por um senhor: “C om o fazia
Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual
vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo
perturbação alguma” (lPe 3.6). Infelizmente, muitas mulhe
res são dirigidas (se é que podemos chamar isso de direção)
por homens que nada mais são do que “desculpas ambu
lantes”, que comem, falam, vivem, e respiram imposições.
Quantas mulheres cristãs hoje podem se considerar filhas
de Abraão? Quantas delas podem se imaginar chamando seu
marido de senhor sem rir-se? £/e? Mas um marido é alguém
que cuida e cultiva com autoridade.
Falta mencionar que essa autoridade deve ser exercida
por um homem com uma disposição de serviço semelhante a
Cristo. Ele não deve exercer sua autoridade de modo egoísta.
Mas deve exercê-la; pois é marido. E trágico que em nos
sa cultura a palavra marido seja entendida como nada mais
do que um homem legalmente comprometido (por alguns
anos) com uma mulher específica. A etimologia do termo
em inglês, por sua vez, envolve algo mais do que isso. Ser
marido \husbandry\ é cuidadosamente manejar os recursos
— ser mordomo. E quando alguém decidir ser o marido dc
uma mulher, deve entender que não pode fazer isto a menos
que aja com autoridade.
Ele deve agir como alguém que tem o direito de estar
ali. Ele é o senhor do jardim, e lhe foi ordenado por Deus
cuidar desse jardim para que dê muito fruto. Não se pode
conseguir isso “dando uma volta” no jardim e sendo simpáti
co. O jardim deve ser administrado, e governado, e mantido,
c cultivado. Para muitos maridos, essa é uma ideia dc outro
planeta; eles certamente gastam todo o seu tempo no jardim,
ajudando a qualquer fruto que casualmente decida crescer,
mas sempre tem aquele olhar dc alguém culpado por entrar
ali ilegalmente.
Nenhum cultivo é necessário quando se quer ter um
jardim cheio de abrolhos. E se alguém deseja uma esposa
cheia de frustração, é só também não fazer nada. Tudo que
um homem precisa fazer é deixá-la sozinha. E os caras sim
páticos são muito bons em deixar a esposa sozinha.
O homem severo entra no jardim para pisoteá-lo. Ele é
uma presença destrutiva. E, tragicamente, há homens que se
encaixam nessa descrição. Mas na igreja cristã, atualmente,
encontramos muito mais o problema oposto. Homens que
não fazem nada diretamente destrutivo: apenas cruzam os
braços e assistem aos abrolhos crescerem. Não têm certeza
sobre o direito de estar ali, e começar a arrancar os abrolhos
significaria que estão assumindo a responsabilidade pelo
estado do jardim — então é melhor não fazer isso. Tal abdi
cação é uma abdicação de sua m ordom ia ; é abrir mão do seu
papel de um cultivador cuidadoso. E a esposa está frustrada
porque tem um marido apenas nominalmente, mas na ver
dade não tem marido algum.
Alguns homens podem contestar dizendo que a esposa
quer mesmo é ficar sozinha, no canto dela. Todos eles esta-
riam respeitando os desejos da esposa. Há duas respostas a
isso. Uma é que exija ou não a esposa ficar sozinha, isso não
altera o fato de que Cristo exige que ela não esteja sozinha.
“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a
igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). O homem
é cabeça da mulher, e o cabeça do homem é Cristo. F Cristo
ordenou aos maridos que o imitassem — c isto exige um
amor que não retrocede ou permanece em modo de espera.
Em segundo lugar, as esposas precisam ser conduzidas com
mão firme. Uma esposa irá com frequência testar seu marido
em alguma área, e ficar completamente desapontada (e frus
trada) se ele fizer concessões. E crucial que um marido dê
a sua esposa aquilo que a Bíblia diz que ela precisa, ao invés
daquilo que ela diz que precisa.
Assim, um marido piedoso é um piedoso senhor. Uma
mulher que entende essa verdade bíblica e chama a certo
homem dc marido está também o chamando de seu senhor. E
trágico que a abdicação total da parte dos homens modernos
tenha tornado a ideia de senhorio no lar algo tão risível. Um
homem não pode progredir somente com boas intenções.
Não pode ir adiante simplesmente com uma conduta sim
pática. Não pode avançar apenas com uma disposição afável.
Não pode chegar a lugar algum apenas com a boa reputação
de que desfruta na igreja ou vizinhança por ser um sujeito
afável. Em um mundo dc eunucos espirituais, é bom encon
trar um homem que é mais do que simplesmente alguém do
sexo masculino.
Então, esta é a raiz do problema: muitos homens cris
tãos são sujeitos legais, mas não proveem a força da liderança
que Deus requer e que a esposa necessita: “Quero, entre
tanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o
homem, o cabeça da mulher, c Deus, o cabeça de C risto”
(IC o 11.3). *
Mas diagnosticar um problema não é o mesmo que
resolvê-lo. Muitos maridos podem prontamente ver que são
negligentes de um modo que não deveriam, mas nem por
isso sabem precisamente o que fazer. A primeira coisa a fa
zer é confessar o problema geral a Deus como pecado . Deus
estabeleceu certa forma de governo na família e não temos
qualquer autoridade para alterar ou modificar aquilo que ele
estabeleceu. Se a alteração foi feita em rebelião deliberada,
ou simplesmente é fruto de fraqueza, não importa. Se não
se adequa ao padrão estabelecido por Deus, deve ser con
fessada.
A segunda coisa é identificar áreas específicas de negli
gência. Uma vez feito isto, devem também ser confessadas
como pecado. Alguns exemplos específicos são dados abai
xo, mas são apenas exemplos. De modo algum esta lista deve
ser considerada exaustiva.
2. D IF E R E N Ç A S E N T R E H O M E N S E M U L H E R E S
Vivemos em uma cultura igualitária que odeia distinções
“injustas” de qualquer tipo. Embora essa posição possa pa
recer óbvia para a mente moderna, ela é completamente con
trária à Escritura. Sc Deus nos criou com certas diferenças
c distinções, e ele dc fato o fez, corremos por nossa conta
os riscos quando desprezamos tais distinções. Esse é o caso
específico quando se trata das diferenças entre homens e
mulheres. '
Mas quando fazemos distinções sobre classes de pesso
as, é necessário generalizar. Portanto, devemos justificar a
legitimidade de algumas formas dc generalização. Em Tito
1.12, Paulo afirma o seguinte: “Foi mesmo, dentre eles, um
seu profeta, que disse: Crctenses, sempre mentirosos, feras
terríveis, ventres preguiçosos.” Aqui Paulo está generalizan
do ao dizer que os cidadãos de Creta são sempre mentirosos,
feras terríveis, ventres preguiçosos. Paulo se sentiu livre para
fazer uma generalização mesmo sabendo que não seria ver
dade em todos os casos específicos. O próprio profeta, sendo
cretense, obviamente não estava sempre mentindo, porque
o que ele disse aqui é verdade. Esse profeta específico é uma
exceção à regra, mas a generalização permanece legítima.
Quando fazemos generalizações sóbrias não estamos
sendo irracionais. Podemos olhar para o mundo e observar
que diferentes tipos de pessoas tendem a seguir certos pa
drões de comportamento. Tendo feito as observações, po
demos então buscar entender quais diferenças vêm de Deus
e quais são pecaminosas e por isso precisam ser mudadas. A
característica destacada por Paulo nos crctenses era pecami
nosa, e o apóstolo estava escrevendo para que Tito conduzis
se seu ministério com vistas a promover mudanças.
Também podemos generalizar sobre homens e mulhe
res, maridos e esposas. Por exemplo, os homens são mais
altos do que as mulheres (mas, óbvio, nem sempre). Entre
tanto, a generalização é legítima. Devemos simplesmente
entender e desfrutar de certas diferenças criadas por Deus
entre homens e mulheres. Outras diferenças, contudo, ten
dem a produzir reações pecaminosas de um para com o ou
tro.
Algumas dessas diferenças têm ligação com os papéis
que Deus determinou para homens e mulheres. Por exem
plo, um martelo e um alicate são diferentes, mas essas dife
renças não são arbitrárias. Alguém inventou o martelo e o
alicate, cada qual com um propósito específico. As diferen
ças entre eles são diferenças na característica do modelo. De
modo similar, as diferentes tarefas designadas para homens
e mulheres explicam muitas de suas diferenças. Tais diferen
ças podem se manifestar de várias maneiras.
Por exemplo, suponha que um marido chegue do traba
lho, e lhe ocorra (vejam só!) a remota possibilidade de que
sua esposa não tenha tido um dia muito bom. Ele então per
gunta a ela se há algo de errado. Ela diz que nada está errado.
Mas, com isso, ela quer dizer que tantas coisas estão erradas
que não daria para apontar somente uma, e, além disso, está
dizendo que qualquer um pode perceber que alguma coisa
está errada ali. O marido então responde: “Que bom, então.
Por um momento pensei que algo estivesse errado”, c sai
para assistir ao jornal. No final da noite, é claro, ele desco
bre seu erro — eis ali uma grande explosão. Ela pensa que
ele deveria ter percebido o fato de que alguma coisa estava
errada, c ele alega que perguntou, e ela disse que nada esta
va errado. Homens e mulheres manejam de forma diferente
a linguagem. Quando falhamos em traduzir corretamente
nossas palavras c pensamentos, problemas certamente virão.
C om o já discutido anteriormente, homens e mulhe
res são orientados de maneira diferente (iC o 11.9). Mas um
dos meios fundamentais dc expressarmos nossa orientação
é através da linguagem. Se os casais não se dão conta das
diferentes aplicações do idioma, terão grandes problemas de
comunicação. Quando se dão conta disto, e chegam a perce
ber esses diferentes usos, podem desfrutar de tais diferenças.
Sc não se dão conta, tais diferenças se tornam uma fonte real
de tentação. A falta de compreensão acerca do que o outro
está tentando dizer é um convite ao pecado de julgar mal os
motivos alheios. E quando fazemos isso, impedimos nossa
comunhão. A Bíblia diz que o amor “tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta” (IC o 13.7). O amor não salta
para as conclusões, e não tenta ler os motivos do coração da
outra pessoa. Quando há algum tipo de conflito, é muito fá
cil estar errado sobre os motivos pessoais do outro, c muito
difícil estar certo sobre quais são eles.
Homens e mulheres também pensam de maneira dife
rente. Há vezes em que a esposa está muito perturbada por
alguma razão, c o marido pensa que deve dar-lhe um sermão
sobre o porquê as coisas aconteceram dessa forma. Mas seus
dons dc análise, ainda que aguçados, não são bons para essa
situação. Nessa ocasião, ela não precisa dc informação —
precisa de um abraço. Ele deve dizer-lhe que tudo vai ficar
bem, e depois disso manter a boca fechada. Isso não signi
fica que suas habilidades analíticas não tenham uso. Se falar
com ela mais tarde, e disser que esteve pensando e orando a
respeito do que aconteceu ontem e que tem algumas ideias
sobre como lidar com aquilo da próxima vez, ela irá agra
decer bastante.
As diferenças na maneira de pensar se manifestam cm
outras áreas. As mulheres parecem ter uma mente com múl
tiplas vias, podendo saltar de uma trilha para outra sem per
der nada. Os homens revelam ter uma mente com uma única
via linear. Uma vez eu e minha esposa saímos de carro para
procurar casas; vimos uma que nos interessou, c falamos um
pouco sobre ela. Trcs dias depois, Nancy continuou nossa
conversa onde havíamos parado, sem que houvesse qualquer
antecedente; é desnecessário dizer que fiquei sem saber do
que ela estava falando. Ao mesmo tempo, é intrigante como
as mulheres podem estar juntas e falar deste modo uma com
a outra sem se confundirem. As mulheres são muito mais
flexíveis no modo como relacionam uma coisa com a outra.
Na mente delas tudo está conectado. C om os homens, e
muito mais fácil desconectar um objeto do outro. C onse
quentemente, se alguma coisa está incomodando uma mu
lher em uma determinada área, é muito provável que esse
problema surja em outra área completamente diferente. E o
esposo fica confuso porque está tentando entender como ela
passou de um assunto para o outro.
Por causa disso, as mulheres devem tomar cuidado para
que esse tipo de coisa não se acumule por três meses c então
exploda. Tão logo resista à tentação de pecar cm uma área
específica, ela deve lembrar-se dc falar ao marido sobre isto
na primeira ocasião propícia. Se o pecado se manifesta como
um problema de atitude (alguém se torna indiferente), então
o pedido de desculpas precisa ser feito imediatamente. Se a
tentação de agir mal sobrevêm, deve ser renunciada c discu
tida na primeira boa oportunidade que surgir.
Além disso, muitas mulheres querem que o marido
faça, espontaneamente , pequenas coisas planejadas, c não
porque alguém o ensinou a fazer. Veja o caso de um marido
que compra flores para sua esposa — os homens não fazem
coisas assim espontaneamente. Se aparentar ser espontâneo,
então isso simplesmente significa que ele foi bem treinado
nisto c ensinado desde cedo. Se um filho é criado correta
mente e seu pai lhe ensina a fazer tais coisas para sua mãe,
quando se casar isso será para ele algo espontâneo. Ele deve
buscar aprender a espontaneidade , e ela deve aprender a dei
xar que ele aprenda.
3. A B D IC A Ç Ã O E D ÍV ID A
Não empreste nem peça emprestado; pois quem em
presta perde dinheiro e amigo; e quem pede emprestado
perde as rédeas do seu cultivo.
(Shakcspeare, Hamlet 1.3)
4. P O R N O G R A F IA
5. C R ÍT IC A S
Em uma conversa conjugal, palavras como “nunca” e “sem
pre” sao expressões de ataque. Suponha que a esposa diga
ao marido que sente como se estivesse trabalhando em casa
sozinha, enquanto ele senta e lê o jornal. Se ela simples
mente deixar ele à vontade, então logo terão uma briga. Mas
se ela expressar sua preocupação sem palavras acusadoras
como sempre e nunca , ele estará em uma posição melhor para
responder de maneira piedosa. A Bíblia exige que sejamos
rápidos para ouvir, e tardios para falar. Nesse exemplo, se o
marido agir assim, já estará a três quartos do caminho para
resolver uma situação potencialmente perigosa.
A maioria de nós precisa de prática em ser prontos para
ouvir. Suponha que uma esposa apresente suas inquietações,
e faça isso sem ira. Se o marido responde -se defendendo
(se ele está certo ou errado pouco importa), então provavel
mente não está sendo rápido cm ouvir. Mas se ele a escuta, e
então diz algo como: “Deixe-me ter certeza de que entendi.
Você pensa que...” Após esse ponto, seja qual for sua respos
ta, a esposa ao menos saberá que ele a escutou e entendeu.
Isso é obediência ao mandamento de ser rápido cm ouvir.
Ouvir deste modo tem duas vantagens. A primeira é
que ajuda a dirimir um possível novo problema. E difícil
lutar com alguém que está ouvindo você de maneira com-
prccnsiva. Segundo, ao ouvir desse modo, fica difícil para a
outra pessoa se sair com afirmações de “nunca”, tais como:
“Você nunca ouve o que eu digo”.
Maridos e mulheres têm problemas entendendo um ao
outro pela mesma razão que as outras pessoas — eles não
escutam um ao outro: “Sabeis estas coisas, meus amados
irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio
para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). A Bíblia exige de
nós que demos importância ao ouvir. Um bom modo de se
autodiscipliriar nisto é repetir aquilo que o outro diz. Isso
deixa claro que você entendeu o que estava escutando. E é
algo particularmente importante para os homens fazerem
porque eles são geralmente mais deficientes do que deve
riam na comunicação com a esposa. As mulheres são muito
mais interessadas na comunicação com o marido, e são ge
ralmente melhores do que os homens nisto, embora também
tenham seus problemas. Os homens, por mais perspicazes
que sejam em suas análises, muitas vezes não entendem o
que uma mulher está dizendo. Isso pode levá-los a repetir
duas ou três vezes o que ela disse antes, até que ela possa
confirmar: “Sim, foi isso o que eu disse”.
Quando alguém faz uma crítica, é difícil ser pronto
para ouvir e tardio para falar. Aquele que critica geralmente
irá querer uma resposta imediata; e normalmente não é sábio
tentar responder de pronto porque a resposta tende a ser
defensiva e subjetiva. Suponha que a esposa tenha uma pre
ocupação básica sobre a disciplina dos filhos (“Sinto como
se eu os estivesse criando por minha conta”). Ela expressa
isto ao marido, e então ele repete o que entendeu. Ora, ele
é culpado ou inocente. Se for culpado, então o Senhor pode
falar à sua consciência imediatamente — ele deve admitir o
problema ali mesmo. Mas se for inocente, não deve defender
sua inocência naquele momento. Ao invés disso, deve ser
tardio em responder e lento em defender a si mesmo.
Mas se o marido possui uma defesa razoável, a última
coisa que deve fazer é apresentá-la naquele momento. Deve
mostrar que entende as preocupações da esposa, repetindo
cada uma delas, e então dizer que gostaria de falar sobre
o assunto depois. Ele precisa de algum tempo para pensar
sobre aquilo e orar a respeito. Isso significa que se concluir
que sua esposa está errada, ele o fez de maneira consciente
e em oração, após um período de tempo. Sc for óbvio que
ela está certa, ele deve admitir imediatamente. De qualquer
modo se evita a querela.
O objetivo não é vencer o debate, mas preservar o rela
cionamento. Quando o esposo ganha de 15 a 3 nas disputas
entre marido c mulher, ambos estão perdendo. Mas se as
discussões são dirimidas, há boas chances de ambos enten
derem a legitimidade da perspectiva masculina e feminina, e
de o equilíbrio ser encontrado num meio-termo.
Os recém-casados às vezes pensam que ser íntimo e
próximo um do outro significa partilhar tudo que passa pela
cabeça, inclusive suas tentações. Não há melhor maneira de
perder o rumo e não saber para onde vai do que partilhar
suas tentações um com o outro. Se alguém é tentado a pecar,
e confessa isso a outra pessoa, aquilo representará tentação
para os dois. Não há pecado em ser tentado. Não é neces
sário pedir perdão por cada pensamento que lhe passa pela
cabeça. Se marido c mulher passam a confessar tentações,
começa um jogo de perseguição.
Ao mesmo tempo, é possível partilhar uma tentação
no momento em que ocorre caso a outra pessoa não esteja
envolvida nas motivações. Suponha que cada vez que o ma
rido tire suas meias na sala a esposa seja tentada a discutir.
Se ele acaba de fazer isso, e sua esposa está vendo, então
não é hora de dizer nada. Ela pode tomar um curso de ação
diferente. Em outra ocasião, pode dizer: “Querido, posso
lhe falar sobre algo que me aflige?” Ele então consente, o
que significa que pediu para saber. Ela então diz: “Isso não
está me tirando do sério neste instante, mas é algo que me
inquieta”. Não há melhor caminho para tornar uma tentação
cm pecado do que partilhá-la enquanto a experimenta.
6. C IÚ M E S
1. EM G UA RD A
3. A BÊN Ç Ã O D O L E IT O M A T R IM O N IA L
4. UMA SÓ CARNE
A união sexual c um aspecto tão íntimo de nossa vida que
deve ser protegida caso queiramos ser protegidos. Deve existir
uma alta cerca do pacto à sua volta. Mas porque a união cm
uma só carne ocorre todas as vezes em que há união sexual,
seja moral ou imoral, devemos santificar e selar a união sexual
com um voto pactuai. Quando a união sexual é selada com
um voto pactuai lícito, é chamada de casamento.
Quando uma nova família se forma, ela é formada em
torno de um relacionamento sexual. A Bíblia nos ensina
que esse matrimônio retrata o relacionamento entre Cristo
e a igreja. Tal como marido e esposa são fisicamente unidos
como se fossem um, assim Cristo e a igreja estão espiritual
mente unidos. Quando um marido e a esposa desfrutam de
união física juntamente com harmonia espiritual, então esse
é um bom retrato de Cristo e a igreja. Um casal que possua
união física, mas que esteja constantemente brigando está
constantemente mentindo sobre Cristo e a igreja.
Marido e mulher não têm a opção de não dizer coisa al
guma sobre Cristo e a igreja. Se o marido e a esposa estão de
carro, passa por eles uma mulher que está usando um vestido
que a deixa praticamente nua, e o marido quase bate o carro
olhando para ela, então o mundo inteiro sabe que sua esposa
foi insultada. Mas o mundo realmente não sabe o motivo. O
marido está dizendo que, mesmo apesar de Jesus ter escolhi
do um povo para si mesmo, e então derramado seu sangue
por sua eleita, ainda está embasbacado por uma estranha. A
mentira diz que Cristo é infiel a sua eleita. Assim, a infide
lidade física ou mental está contando uma mentira sobre a
fidelidade espiritual de Jesus a seu povo. Os casais cristãos
devem proteger sua harmonia sexual e espiritual, mantendo
essa união livre de todas as interrupções. De outro modo,
mentimos ao mundo sobre Cristo e a igreja.
Quando a mentira está presente, os filhos em casa ge
ralmente são os primeiros a senti-la. Sc os filhos dessa união
sexual devem ter uma alta visão da igreja cristã, então devem
ser apresentados e ensinados a ter uma alta visão da própria
mãe. Se a mãe é amada e tratada pelo esposo do modo como
C risto ama a igreja, então o pai deles está dizendo-lhes a
verdade sobre Jesus e a igreja. Esse testemunho inclui uma
devoção sexual visível.
A Bíblia nos diz claramente que não temos nada a ver
com a imoralidade sexual. Devemos evitar e não participar
nem mesmo de brincadeiras verbais sobre imoralidade: “Mas
a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer
se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem conver
sação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas in
convenientes; antes, pelo contrário, ações dc graças” (Ef 5.3).
Contudo, para alguns parece que a instrução bíblica
sobre esse ponto significa também que nunca se deve men
cionar a moralidade do sexo. Mas a Bíblia diz que na c o
munidade cristã não deve haver insinuações de imoralidade
sexual. Devemos ser puros em nossa conversação c em nossa
diversão. Ela não diz “...mas o sexo nem sequer se nomeie
entre vós” A relação sexual entre marido e esposa não é
imoralidade sexual. Não há nada dc errado com as crianças
saberem que o pai delas é homem e que a mãe é mulher e
que eles mantêm um relacionamento sexual. Há algo erra
do quando não sabem que isso acontece. Tragicamente, há
muitas crianças que podem facilmente imaginar seus pais
sentando-se em frente à televisão e rindo de piadas sujas,
embora não possam compreender que mamãe e papai mante
nham um relacionamento sexual. Não podem compreender
os pais envolvidos em um procedimento sexual moral , mas
podem vê-los envolvidos em imoralidade. Essa c uma pro
funda tragédia.
Q ue há um relacionamento sexual no centro do lar é
algo que deve ser evidente a todos que nele vivem — abraços,
beijos, e atenção romântica. Se os filhos sabem que há uma
união fundamental entre marido e esposa, facilmente p o
dem entender a analogia espiritual entre Cristo e seu povo:
“Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja”
(Ef 5.32).
O s cristãos geralmente têm uma visão desequilibra
da das relações sexuais porque assimilaram a propaganda
da indústria do entretenim ento. Mas suponha que uma
noite um vizinho bata na porta de um cristão e diga algo
do tipo:
— “Gostaríamos de fazer um convite a vocês esta noite...”
— “Oh, muito obrigado!”, ele responde, sem suspeitar
do que se trata.
— “Calma, calma, deixe-me terminar dc dizer. Gosta
ríamos de convidar vocês para entrar em nosso quarto c nos
assistir enquanto fazemos sexo. Isso pode ser algo realmente
excitante para todos nós”.
O cristão recusa horrorizado:
•
—- “Não podemos! Você sabe, somos cristãos”.
— “Ah, claro”, responde balançando a cabeça. “Isso
poderia ser um pouco demais para vocês. Então, vamos fazer
o seguinte: Nós temos uma câmera de vídeo. Por que não
gravamos tudo, e eu trago aqui pela manhã? Então vocês
podem assistir quando quiserem”.
O cristão explica que isso também não seria possível.
— “Não estou entendendo”, diz o vizinho, com um
olhar perturbado. “Semana passada vocês nos convidaram
para a casa de vocês e nos sentamos todos para assistir a um
filme na tevê. Nele havia umas poucas cenas de nudez. Por
que você está disposto a assistir a mulher de outro homem,
mas não a minha? Minha esposa pode não ser uma miss,
porém...”
Aqui o pobre cristão interrompe e explica que a aparên
cia da mulher do vizinho não tem nada a ver com a recusa.
E passa a explicar que não são cristãos comuns. Eles perten
cem a um grupo muito especial — o dos hipócritas.
Hipocrisia é uma palavra muito forte? Penso que não.
Muitos cristãos estão dispostos a assistir, por meio de uma
câmera cinematográfica, aquilo que jamais sonhariam ver
em pessoa. Não entrariam num bar onde há garotas com
seios à mostra, mas assistem alegremente a filmes nos quais
há muito mais. Estaria a maioria dos homens cristãos dis
posta a dar voltas pela vizinhança, observando as mulheres
na janela? Certamente não. Mas, e se descobrissem uma mu
lher que tenha percebido a presença deles e esteja disposta
a se despir em frente à janela? Isso seria pior ainda. E se ela
fosse paga para fazer isso? Pior, pior, muito pior. E se ela
estivesse ganhando muito dinheiro, tivesse um produtor e
diretor, e fizesse tudo isso para as câmeras, com milhões de
homens vendo-a pela janela e desejando-a? Isso seria absur
damente diferente, tornando a questão muito “complexa”,
não é mesmo?
Alguns tentam relevar esse tipo de comportamento
com base nos padrões contemporâneos. Os cristãos não
querem ser diferentes naquilo queassistem. Não querem ad
mitir que seus discipulados se aplicam nessa área. E também
não querem admitir que a atividade sexual e nudez na tela é
para eles sexualmente excitante.
Mas aqueles que negam que tais coisas têm efeito so
bre eles estão simplesmente enganando a si mesmos. Não há
como assistir — por diversão -— cenas sexuais e exposição de
nudez sem ser de alguma maneira afetado negativamente.
Mas existem homens que negam que tais coisas os afetem.
Tal negação parte de dois tipos de homens. N o primeiro
grupo estão os mentirosos. Eles estão mentindo para si
mesmos ou para os outros, e muito provavelmente nos dois
casos. O homem é excitado ou despertado sexualmente por
aquilo que vê, mas como cristão, sabe que não é socialmente
aceitável dizer isso. Então vai ao cinema com seus amigos
cristãos, e fala desse modo: “O filme foi realmente muito
bom. Foi lamentável ter tido aquela cena”. Mas em seu cora
ção, aquela única cena foi a guloseima que ele engoliu.
Há outro tipo de homem que nega que isso o afete, e
está dizendo a verdade. Mas por que aquilo não o desper
ta sexualmente? Porque seu coração está endurecido, e sua
consciência cauterizada: “Todas as coisas são puras para os
puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro.
Porque tanto a mente como a consciência deles estão cor
rompidas” (Tt 1.15). Este sujeito tem a consciência tão in
sensível que seria necessário muito mais do qu e aquilo para
mexer com ele.
Mas o coração pode ser muito enganoso. Há um tercei
ro modo de pecar neste tipo de coisa. Essa reação reconhece
o impacto que tais conteúdos têm, e tenta fazer uso dele.
As pessoas, mesmo cristãs, frequentemente justificam o ato
de ver ou ler materiais imorais dizendo que isso os ajuda na
vida sexual no lar: “Não importa de onde veio o seu apetite,
contanto que você coma em casa.” Essa abordagem ao me
nos tem a virtude de ser honesta. Ela admite que material
sexualmente explícito é sexualmente excitante. Mas essa
abordagem é terrivelmente falha.
Primeiro, a Bíblia diz expressamente aos homens onde
a satisfação e a excitação devem estar. Somente em sua pró
pria esposa. Certa vez estive falando com um homem cristão
sobre o tipo de filmes que ele assistia. Ele se justificou desse
modo: “Quando vejo o corpo de outra mulher em um filme,
imagino o rosto da minha esposa naquele corpo.” A Bíblia
claramente contradiz esse tipo de pensamento: “Alegra-te
com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela
graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e em
briaga-te sempre com as suas carícias” (Pv 5.18-19). Isso sig
nifica que um homem deve assegurar-se de que somente sua
esposa é a base de sua excitação e satisfação sexual. Outras
mulheres, sejam em filmes, livros, ou revistas, não devem
ser fonte de estímulo. Tão logo outras mulheres entrem nos
desejos sexuais de um marido, a clara proibição de Cristo se
aplica: “Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma
mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com
ela” (Mt 5.28).
A segunda resposta é terminantemente negar que esse
tipo dc coisa ajude os casais na vida sexual. A introdução de
outros em um relacionamento sexual (estejam eles cm duas
dimensões ou não) é somente fonte de frustração em longo
prazo. Isso porque é inevitável surgirem comparações, e tais
comparações são destrutivas em um relacionamento pactuai
piedoso.
Isso não implica, em curto prazo, negar a excitação que
tais coisas introduzem. Se não fosse excitante, as pessoas
não o fariam. Mas intensidade e excitação de curto prazo
não justificam a prática. Dez mulheres podem dar a um ho
mem mais satisfação na cama do que apenas uma — por
um curto período. Mas isso é simplesmente adquirir intenso
prazer em curto prazo a troco de tristeza em longo prazo.
Essas mulheres não poderão ser auxiliadoras, companheiras,
nem criarão os filhos desse homem melhor do que uma só
mulher poderia.
Um casal pode obter estímulos de curto prazo a par
tir de filmes, livros, ou revistas que variam do sugestivo ao
explícito. Mas isso não torna essa prática lícita. A luxúria
sempre exige mais excitação — sempre mais, e mais! C on se
quentemente, a luxúria tenta obter de algo finito aquilo que
somente o infinito pode prover. A recompensa por essa ex
citação é a frustração e o descontentamento cm longo prazo.
A esposa não pode ser tão excitante como algumas dessas
vacas cenográficas de Basã, e o marido não tem a estamina
sexual ou heroísmo que tais materiais supõem que ele deva
ter. Assim, homem e mulher concordaram em comparar-se
a uma mentira. Sexo no mundo real não é como as fantasias
que eles resolveram aceitar do mundo da ficção sexual. Mas
porque consentem com a mentira de que tudo o que pos
suem “não é o bastante”, irão sempre estar descontentes com
aquilo que Deus lhes deu.
A base é esta: para estar debaixo da bênção de Deus de
vemos aceitar nossas limitações típicas de criaturas. Quando
aceitas em sabedoria, as próprias limitações são encaradas
como uma bênção.
Quais são algumas dessas limitações? Um homem é
limitado a uma mulher. Um homem é limitado a uma quan
tidade finita de prazer sexual. Ele é limitado, e todas as suas
limitações são uma grande bênção de Deus. Em resumo, é
bom ser uma criatura. O modo como pensamos tem conse
qüências no longo-prazo; isso, e somente isso, é defesa contra
a busca pelo prazer sexual ilimitado.
Os homens em rebeldia contra Deus têm problemas
ao entender a importância da distinção entre o Criador c
a criatura. Eis porque toda rebelião contra Deus está en
raizada, de maneira última, em um desejo de substituí-lo.
Os homens não querem simplesmente fugir da autoridade
dc Deus; querem derrubá-lo. Isso não significa que sempre
exista o desejo consciente de destronar o Criador, Nem que
Deus esteja preocupado com a possibilidade disto ter algum
sucesso. Mas certamente significa que, dc modo conscien
te ou não, essas tentativas sem sucesso de “se tornar como
Deus” resultarão em caos na vida dos rebeldes. E quando a
natureza da rebeldia é sexual, também a natureza do caos e
sexual.
O problema central com a luxúria é a inabalável recusa
de respeitar os limites. Com o mencionei acima, a luxúria c
o desejo de receber de uma coisa finita aquilo que somente
o infinito pode dar. Ela busca elevar aquilo que é criado
(atividade sexual) ao nível de Deus. Mas porque somos fi
nitos, nossos prazeres sexuais são também finitos. Isso sig
nifica que há um fim neles. Porém, a luxúria é incapaz de
dizer “basta” Deve sempre haver algo mais, e depois mais
um pouco. Há prazer — mas nunca satisfação. E por essa
razão que a luxúria irá sempre conduzir a várias perversões.
Uma vez extraído todo o prazer possível dos limites sexuais
finitos dados a nós por Deus, a luxúria demanda novos terri
tórios. O fato de que o novo território é hostil ao verdadeiro
prazer sexual não detém aquele que é dominado pela luxúria.
Ele vai em frente, sem perceber que está destruindo aquilo
mesmo que elegeu como objeto de culto.
Devemos retornar novamente a lTessalonicenses 4.3-5:
“ Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos
abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir
o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo
de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus.” E
importante notar como Paulo vincula a moralidade sexual
a um conhecimento dc Deus. Se o infinito Deus trino da
Bíblia é negado, então em algum ponto (nem que seja na
mente dos homens rebeldes), se irá buscar alguma coisa para
substituí-lo.
Para os que estão sob o jugo da luxúria, a coisa criada
que idolatram c a sexualidade. E o destino dessa coisa criada
c o mesmo de todas as outras quando elevadas ao status de
“divindade”. Incapaz de se tornar Deus, se transforma em
algo deformado, que passa a ser adorado e servido por seus
devotos — outras criaturas deformadas e distorcidas. Mas
esse ídolo, como todos os ídolos, irá ruir e desmoronar. Ele
tem olhos, mas não vê; ouvidos, mas não ouve; e mãos que
não podem amar.
A Bíblia nos diz para sermos renovados em nossa m en
te. Devemos aprender a pensar de maneira diferente sobre o
modo como vivemos, e nunca devemos esquecer que nossa
natureza sexual c nossas relações sexuais constituem uma
porção demarcada de nossa vida. Por causa disso, os cristãos
devem evitar qualquer compromisso com o mundo nesse
ponto. Não devemos nos comprometer com o mundo em
sua conduta desenfreada, ou quando ele se torna reacionário
e moralista. Em outras palavras, devemos ser diferentes —
ou como a Bíblia afirma, devemos ser santos. Isso significa
que os cristãos devem perseguir a santidade sexual.
5. A DISCIPLINA DA FIDELIDADE
Deus nos fez homens e mulheres. Isso é óbvio; mas o modo
como ele o fez foi instrutivo. Quando o Senhor Jesus ensi
nou sobre a questão do divórcio, ele apelou para a ordenança
do casamento na criação, encontrada nos primeiros capítu
los de Gênesis. Cristo nos ensinou que Deus uniu homem e
mulher em casamento, e que aquilo que Deus uniu nenhum
homem tem autoridade para separar. A tentação é argumen
tar que Deus, ali em Gênesis, uniu somente Adão e Eva —
dois indivíduos específicos. Mas esse argumento resiste ao
ensino de Cristo, que reafirmou que Adão c Eva eram um
casal paradigma. Quando Deus os uniu, ele estava unindo
cada homem e mulher que alguma vez se uniu sexualmente
em um laço pactuai.
Outros fatos são também óbvios a partir ordenança
do casamento na criação. Porque Deus criou Adão c Eva, a
homossexualidade está excluída. Porque Adão não encon
trou auxiliadora para si entre os animais, a bestialidade está
excluída. E porque Deus criou somente uma mulher para
Adão, o padrão da monogamia foi estabelecido c demons
trado.
Portanto, o argumento com respeito à poligamia seria
fácil de tratar, não fosse pela poligamia encontrada no A n
tigo Testamento entre os santos de Deus. C om o devemos
entender isto? Primeiro, vemos que a poligamia foi institu
ída pelo hom em , não por Deus. O primeiro registro de uma
união poligâmica foi de Lameque (Gn 4.19), sem qualquer
indício de aprovação divina. Contudo, ainda tomando em
conta a origem humana da poligamia, vemos que muitos dos
santos de Deus no Antigo Testamento tinham mais de uma
esposa ao mesmo tempo — Abraão, Jacó, Davi, e outros.
Ao tratar dessa questão, devemos primeiro reconhecer
que tal poligamia não era meramente especulativa. Não se
trata de conjectura. Vivemos em uma cultura que engendra
grande assalto à definição bíblica de família. Sc não houver
nenhuma reforma bíblica cm nossa cultura, as uniões poli-
gâmicas logo serão legalizadas nos Estados Unidos. Q u an
do isso acontecer, qual será a atitude da igreja? E por quê}
Não podemos responder com saudosismos moralistas; nossa
resposta deve ser completamente bíblica. Devemos edificar
uma teologia do casamento que leve toda a Escritura em con
ta, incluindo a poligamia dos santos do Antigo Testamento.
O primeiro ponto da resposta é lembrar-se da orde
nança da criação. Deus nos criou para vivermos como casais.
C om o cristãos, nosso desejo deve ser viver desse modo.
Em segundo lugar, no Novo Testamento, aprendemos
que todo casal casado é uma representação de Cristo c a
igreja. Casais que vivem em pecaminosa rebeldia não es
tão apenas destruindo a própria vida, estão mentindo sobre
Cristo. Cristo é o noivo, e a igreja a sua noiva. Porque Cristo
tem somente uma noiva, o casamento poligâmico é uma re
presentação defeituosa e deformada de Cristo. Portanto, a
poligamia deve ser evitada por todos os cristãos coerentes;
ela desonra ao Senhor e à fidelidade dele.
Essa compreensão do casamento explica por que um
presbítero na igreja cristã deve ser “marido de uma só mu
lher” (iTm 3.2; Tt 1.6). Os presbíteros devem ser padrão e
exemplo para os demais santos (H b 13.7, 17). C om o con
seqüência, a Bíblia proíbe em absoluto a poligamia na lide
rança da igreja. Ao mesmo tempo, em uma cultura na qual
a poligamia é legalizada, um polígamo pode ser admitido à
membresia na igreja. Por exemplo, se um homem com três
esposas em uma tribo primitiva se converte, o que deve ser
feito? Ao contrário de um adúltero ou homossexual, o polí
gamo não pode deixar seu pecado para trás. Deve permane
cer casado com suas esposas. Um homem só pode deixar a
poligamia por meio do divórcio, o qual é outro pecado. Tal
homem não poderá ser líder na igreja porque esse não é o
padrão para o casamento cristão. Entretanto, os exemplos
do Antigo Testamento nos mostram que a poligamia pode
ser tolerada de uma maneira limitada.
Enquanto nos preparamos para esse tempo, os homens
cristãos devem aprender a se disciplinar cm sua fidelidade
para com a esposa: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa
santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada
um de vós saiba possuir o próprio corpo [vaso] em santifi
cação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios
que não conhecem a Deus...” (lTs 4.3-5). Há dois aspectos
claros a esse respeito.
O primeiro é resistir à infidelidade, ou como Paulo
afirma, se abster da imoralidade. Cristo foi contundente
sobre a questão da luxúria, e vivemos em uma cultura que
realmente não encoraja as mulheres a se vestir com muito
tecido. Somos todos circundados por toda sorte de prosti
tuição visual — em revistas, filmes, livros. Há diariamente
inúmeras tentações à infidelidade. A palavra de Deus aos
homens cristãos é clara — abstenham-se .
O segundo aspecto da instrução de Paulo exige devo
ta atenção à esposa. Nessa passagem de lTessalonicenses, a
atenção demonstrada é certamente sexual. O modo como o
homem deve possuir a esposa sexualmente deve ser acompa
nhado em “santificação e honra”. O autor dc Hebreus diz o
mesmo — “Digno de honra entre todos seja o matrimônio,
bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os im
puros e adúlteros” (H b 13.4).
Há também perigos fora da mente. Muitas vezes os
maridos falham em edificar uma cerca de proteção sufi
cientemente alta em torno do relacionamento pactuai do
casamento. Fazem isso ao permitir que relacionamentos
um-a-um se desenvolvam com pessoas do sexo oposto fora
da família imediata. Um homem pode permitir que um re
lacionamento com uma amiga se desenvolva — não sendo
ela sua esposa, mãe, irmã, filha, ou avó. Uma esposa pode
ser próxima dc um homem sem que ele seja seu marido, pai,
irmão, filho, ou avô. Isso é imprudência; quando dois indiví
duos estão vigiando apenas contra a intimidade física, estão
permitindo que outras formas de intimidade se desenvol
vam. Para guardar-se contra isso, um casal casado deve fazer
amizades, e funcionar socialmente, como um casal.
O s homens cristãos não devem abster-se das contami
nações sexuais que nos rodeiam porque se opõem às relações
sexuais; devem abster-se porque se opõe ao desenfreado
vandalismo dessas relações. Nossa cultura está fazendo com
o sexo o que as pessoas que mastigam com a boca aberta
fazem com a comida. A Bíblia nos ensina que fazer sexo
deve ser algo honroso entre os cristãos; honrar significa ter
uma alta estima. Os cristãos que reagem à imoralidade pú
blica tornando-se santarrõcs pudicos em seu próprio leito
são com certeza uma parte do problema.
CAPÍTULO 8
MULTIPLICAI E FRUTIFICAI
1. A BEN Ç Ã O D O S F IL H O S
3. Q U E D IZ E R S O B R E O C O N T R O L E D E N A TA LI
DADE?
Em certo sentido, o fato de o controle de natalidade ser um
tema novamente discutido na igreja é um bom sinal. Já não
são muitos os cristãos que assumem automaticamente que
se uma prática está disseminada no mundo ela deve ser legí
tima. Ao mesmo tempo, só porque muitos incrédulos estão
fazendo algo não significa, automaticamente, que aquilo é
errado. Então, como devemos abordar a questão?
O primeiro passo é ver se a Bíblia ensina diretamente
sobre o assunto. E, nesse ponto, está claro que certas form as
de controle de natalidade são expressamente proibidas na
Escritura. Começando pelas mais óbvias, podemos excluir
o infanticídio e o aborto. A Bíblia exclui todas essas práticas
da maneira mais direta possível — “Não matarás.” O que
muitos não sabem é que esse mandamento também exclui
certos métodos de controle de natalidade, tais como a “pílu
la do dia seguinte” ou o “dispositivo intrauterino”. Esses são
métodos que previnem a implantação do óvulo fertilizado
e, consequentemente, tiram ilegalmente uma vida humana
após ela já ter sido gerada.
Mas o que dizer de outros métodos de controle de nata
lidade? A Bíblia diz algo sobre a permissão para um marido
e esposa espaçarem ou limitarem o número de filhos que
terão? A resposta é sim e não. Não há nada na Escritura que
diga que o ato de praticar o controle de natalidade seja ilegal
cm si. Ao mesmo tempo, muito do controle de natalidade
praticado hoje é pecaminoso em sua motivação e aplicação.
Para entender isso temos de olhar primeiro para o tema cor
relacionado.
Enquanto a Bíblia não diz nada sobre o controle da
natalidade, como afirmado anteriormente, ela ensina muito
sobre filhos e família. Então, antes de perguntarmos se essa
prática é pecaminosa, devemos perguntar se ela nasce ou não
de um entendimento e submissão ao ensino da Bíblia sobre
a família. C om o as situações variam, algumas vezes, é isso o
que acontece; mas na maior parte do tempo, não.
Vamos começar com um exemplo de uma situação na
qual o uso do controle de natalidade pode não ser piedo
so. Imagine um casal que está pensando deste modo: “Você
sabe, crianças são uma trabalheira, nossas carreiras estão
indo muito bem nesse momento, o mundo já está povoado
até demais e, além disso, existe agora a pílula do dia seguin
te.” Nada é mais notável do que o fato de que esse casal está
bebendo suposições mundanas através de uma mangueira
de bombeiro.
Agora um contraexemplo: “O Senhor graciosamente
nos deu seis filhos, e eles são todos deleites para nós. Mas,
recentemente, temos pensado sobre fazer algum controle
porque está ficando cada vez mais difícil provê-los com
o cuidado que a Bíblia requer. Estamos começando a ter
problemas para alimentar todos eles — e o custo de uma
educação bíblica (ou o tempo gasto para educá-los em casa)
realmente aumentou”.
Ora, o segundo casal pode estar enganado em suas su
posições (sobre a habilidade de cuidar de sete crianças, por
exemplo). Mas essa suposição errada não é a mesma coisa
que a atitude rebelde e pecaminosa exibida pelo primeiro
casal. Pelo contrário, vemos uma família que crê que os fi
lhos são uma benção, e que tem agido de acordo com esse
pensamento.
Uma vez que a Bíblia não diz nada sobre o controle de
natalidade em si, devemos fazer nosso julgamento pergun
tando se esse controle é motivado por uma atitude bíblica
para com aquilo que a Escritura recomenda — filhos e fa
mília.
Alguns têm argumentado que o caso do derramamento
de sêmen de Ona no chão, em Gênesis, é um exemplo do
juízo de Deus sobre um ato de controle da natalidade. E dc
fato foi — o que só fortalece nosso ponto sobre a primazia
da motivação. Aquilo que foi questionável na ação de Onã foi
sua tentativa deliberada de privar seu irmão de uma descen
dência (Gn 38.9). Em outras palavras, o juízo recaiu sobre ele
porque seus motivos eram maus. Consequentemente, aqueles
que praticam o controle de natalidade com motivos ímpios
estão enveredando pelas sendas de Onã. Mas é preciso muita
ingenuidade para fazer uma conexão entre esse motivo per
verso de Onã e a motivação de um casal piedoso que pratica o
controle de natalidade para espaçar a vinda dc filhos a fim de
maximizar o número de crianças que poderão ter (e.g., porque
a esposa teve de se submeter a uma operação cesárea). Assim,
quando não há um ensino claro na Escritura sobre um tópico
de conduta ética ou moral, é necessário que nos calemos. Não
podemos condenar algumas coisas como pecaminosas em si
simplesmente baseando-nos no fato de que muitas pessoas
que as praticam são pecaminosas em suas motivações.
Mas isso não significa que um marido e esposa cristãos
que praticam o controle de natalidade estão livres para achar
que estão agindo corretamente. E verdade, como afirmamos
acima, que todo esse tema deve ser entendido à luz dc nossas
motivações c dc nossa submissão à visão bíblica da família.
Também é verdade que, na área das motivações, temos de
prestar contas a Deus e somente a ele. O tema do controle
de natalidade não c algo no qual o magistrado civil ou os
presbíteros da igreja podem se meter. Se uma prática ímpia
para com os filhos e a família é visível e aparente, então essa
prática deve ser tratada pelos presbíteros de uma igreja. Mas
eles devem lidar com isto da mesma forma como tratariam
uma situação análoga (e.g., alguém que tem uma prática ím
pia para com o álcool — uma substância que não é pecami
nosa em si mesma, mas da qual se pode abusar).
O s pais são mordomos perante Deus, e Deus confia
filhos a eles. Alguns pais recebem os recursos que Deus lhes
concede e trazem mais filhos para servi-lo. Eles são grande
mente abençoados. Outros pais podem limitar o número de
filhos, mas creem que os filhos que possuem são uma grande
benção, e eles também os trazem para servir ao Senhor. E s
ses pais são também abençoados por Deus. Quando Jesus
contou a parábola dos talentos, ele não se referiu a qualquer
querela entre o homem que tinha dez talentos e o homem
que tinha cinco. Aquele que ficou em apuros (com seu mes
tre, e não com seus conservos) foi aquele único que temeu
ser confiado com qualquer responsabilidade. Ele enterrou
aquilo que tinha e foi condenado pelo seu mestre. E isso é o
que muitos casais cristãos fizeram e estão fazendo. Eles não
querem a responsabilidade que vem com os filhos, embora
Deus tenha dito que os fez um para o propósito dc suscitar
uma semente piedosa (Ml 2.15).
Assim, nosso debate moderno sobre o controle dc na
talidade infelizmente tem girado em torno dos métodos
usados — como se o servo infiel da parábola pudesse justi
ficar-se afirmando que a ação dc enterrar dinheiro no chão
não é inerentemente pecaminosa. Isso até é verdade, mas a
questão não é essa.
Em lugar nenhum da Bíblia é dito que o uso do controle
dc natalidade é pecaminoso. E por isso é errado afirmar que
é. A Bíblia diz com todas as letras que filhos são uma benção
do Senhor. E é pecaminoso falar ou agir como quem pensa
o contrário.
CAPÍTULO 9
1. D IV O R C IO
divórcio é a dissolução dc um casamento. Com o temos
visto, existe casamento quando há união sexual dentro
dc um contexto de um voto pactuai (Mq 2.14). Quando tal
aliança e violada, então o próprio casamento é violado.
Casamento não existe simplesmente porque um casal
se tornou uma só carne. Paulo usa a expressão “tornar-se
um” para descrever o relacionamento de um homem com
uma prostituta (lC o 6.16), o qual, obviamente, não e um
casamento. Um casamento existe quando um relacionamen
to sexual heterossexual é santificado com um voto. Sendo
assim, o casamento requer que um casal se torne uma só
carne, mas também requer um voto pactuai.
Isso nos ajuda a entender por que Deus odeia o divórcio:
<c<Eu odeio o divórcio’, diz o Senhor, o Deus de Israel” (Mq
2.16a, N V I ) . Deus odeia o divórcio porque um propósito
central do casamento pactuai é produzir uma descendência
piedosa (Mq 2.15). O divórcio dilacera a oportunidade que
os pais têm de criar filhos piedosos para o Senhor. Além
disso, sendo o divórcio uma violação da aliança do casamen
to, Deus odeia a falsidade envolvida no ato. O Senhor é um
Deus que guarda a aliança, e odeia o que frauda alianças, tal
como o que e desleal no matrimônio.
Visto que Deus odeia o divórcio, não é de surpreender
que alguns concluam que o divórcio c sempre pecado. In
felizmente, essa posição não faz justiça ao todo do ensino
bíblico sobre o assunto. Obviamente, o divórcio é sempre
pecado para pelo menos um dos cônjuges. E geralmente pe
cado para ambos. Entretanto, ele é algumas vezes um ato de
justiça da parte ofendida c inocente.
Isso não significa que o divórcio é automaticamen
te legítimo para a parte inocente. Pode ser legítimo, mas
com frequência não é. Há uma diferença entre “estar no seu
direito” c agir direito. A parte inocente pode ser inocente
com respeito ao ponto nevrálgico da discussão. Mas isso
não significa que é inocente quanto ao comportamento que
conduziu àquele estado de coisas. Nem significa que a “parte
inocente” irá se conduzir sem amargura ou rancor durante
a disputa. Então, alguém pode ter o direito, ou mesmo a
obrigação de se divorciar de seu cônjuge, mas ainda assim
fazer isto da maneira errada.
Para dar um exemplo concreto, imagine uma mulher
cristã casada há dez anos. O marido dela (que não é cris
tão) tem vivido na prática homossexual pelos últimos cinco
anos. Ela acabou de descobrir isso, e ele está completamente
impenitente. Tem ela o direito de se divorciar? Sim, e pro
vavelmente o deve fazer. E se o fizer, então também tem o
direito de casar novamente.
Mas isso não significa que ela está imune à tentação e
ao pecado no modo como procede ao divórcio. Se irá pecar
ou não depende do modo como se conduz. Ela está fazendo
isto porque está preocupada em fazer a coisa certa peran
te o Senhor? Ou está ressentida, desconfiada c rancorosa?
A tentação sempre será dizer: “Veja o que ele fez comigol”
Mas mesmo cm circunstâncias tão difíceis, ela deve também
olhar para a atitude que Jesus ordenou que seus seguidores
demonstrassem quando fossem maltratados. Verdadeiro
perdão só pode ser dado quando um verdadeiro erro é c o
metido. E o comportamento desse marido se encaixa nesse
quesito.
Muitas vezes uma mulher em tal situação se recusa
a perdoar porque presume que se oferecer perdão terá de
permanecer com o marido. Mas isso não é necessariamen
te assim. Dependerá de outras circunstâncias: se o marido
renunciou ao seu procedimento homossexual, se ele tem
A I D S , se tornou-se cristão, etc. E mesmo assim compete
a ela decidir — conquanto esteja agindo biblicamcntc e
não buscando justificar sua amargura com um versículo-
-chavc.
Ao mesmo tempo, ela deve examinar seu próprio com
portamento ao longo dos dez anos de casamento. Ela buscou
ganhar o marido para o Senhor seguindo o modo bíblico
(lPe 3.1-6), ou viveu com ele a seu próprio modo, e nos seus
próprios termos? Sc a resposta for a última opção, então
deve reconhecer esse pecado a Deus^nfes de decidir buscar
o divórcio. D e outro modo, ela não possui um claro enten
dimento das causas do fracasso do seu casamento e do que
precedeu a violação da aliança.
Alguns irão talvez alegar que isso a fará sentir-se cul
pada pelo término do casamento, embora fosse o marido o
responsável direto. Ora, é claro que ele era o responsável. O
marido é cabeça de todos que estão na casa e das atividades
do lar. isso significa que é o guardião da aliança, ainda que
não seja cristão e não tenha a menor ideia do que significa
aliança. Entretanto, mesmo assim a esposa deve entender,
como cristã, em que momento cia não foi obediente a Deus.
Isso dc maneira alguma diminui a gravidade do pecado do
marido. Mas a capacita a decidir o que deve fazer tendo ago
ra a visão clara que procede do perdão.
Sendo o marido o guardião da aliança de casamento,
o gênero da parte inocente é, sim, importante nas decisões
com respeito ao divórcio. A comunidade cristã está cheia dc
mulheres piedosas que têm maridos incrédulos. Contudo,
é mais raro de encontrar homens piedosos com esposas in
crédulas. Isso ilustra o impacto que o marido tem sobre o
estado espiritual do casamento.
Com respeito ao divórcio, isso quer dizer que é muito
mais provável que as esposas sejam maltratadas por seus ma
ridos do que o contrário. Se um homem c infiel a sua esposa,
é bem possível que ela esteja sendo o tipo de esposa que
Deus quer que ela seja. Se uma mulher está sendo infiel a seu
marido, é muito pouco provável que ele esteja cumprindo
seu papel de maneira adequada.
Isso não significa que não possa se divorciar dela, mas
significa que deve assumir total responsabilidade por aquilo
que tem feito (ou, melhor, pelo que não tem feito). Se assu
mir essa responsabilidade, estará muito mais apto para fazer
aquilo que Deus quer que ele faça. Em outras palavras, se a
parte inocente é o marido, é muito provável que o inocente
tenha alguma parcela significativa de culpa.
Essa não é uma lei universal, mas é um padrão geral.
Algumas exceções podem obviamente incluir situações nas
quais o casamento deteriorou-se antes que o esposo se tor
nasse cristão. Em tal situação, pode ser que o casamento já
estivesse em seus suspiros finais, ou que a esposa não qui
sesse nada com Cristo. Uma coisa para se lembrar, como
regra geral, é que a parte inocente (homem ou mulher) tem
acesso a muitos recursos cm termos dc ensino bíblico. Esses
recursos raramente são usados.
E incomum ver uma situação na qual a parte inocente
entra no divórcio com uma atitude piedosa. Tenho visto vá
rias situações em que há razões bíblicas para o divórcio. Mas
não tenho visto muitas nas quais a situação foi conduzida
com uma atitude bíblica. Pela graça de Deus, algumas vezes
as coisas são resolvidas. E geralmente, quando a atitude é
correta, a possibilidade de uma reconciliação piedosa é mui
to grande.
N
ossa cultura c caracterizada por homens que não sa
bem lidar com sua posição de homens. Em nossa tolice,
nos apartamos do ensino bíblico sobre a masculinidade, e
de sua importância central para o lar cristão. Com a falsa
sabedoria dos tolos, temos tratado de substituir a dureza da
masculinidade pela delicadeza das mulheres. Os resultados
disso cm nosso casamento c famílias — e consequentemente
em nossa cultura — têm sido nada menos que desastrosos.
Os homens estão aturdidos com o mundo que os rodeia
e com as responsabilidades que um homem de Deus deve
carregar em tal mundo. Alguns docilmente se submetem à
nossa rebeldia cultural contra a masculinidade; outros pa
decem em silêncio, sem saber o que fazer; outros fingem
concordar com o conceito de igualdade para que possam
exercer um domínio perverso sobre as mulheres; ainda ou
tros se contentam com as migalhas que lhe são lançadas. Eles
não acham que abriram mão de sua masculinidade, porque
gastam uma quantidade generosa de tempo com esportes,
carros, e jogos. Mas a masculinidade deve ser genuína, e
deve convergir para dentro de casa.
A castração dos homens cristãos, e a conseqüente fe-
minilização da família, igreja, e cultura, começaram a serio
no século passado, quando o poder do eficaz evangelho da
graça foi abandonado, dando lugar a um sentimento reli
gioso. Em nosso desafio doutrinário, a resposta fem inina
da fé foi confundida com a iniciativa masculina de Deus no
evangelho. Maridos, de quem a Escritura exige que imitem o
amor de Cristo, eram então ensinados ao erro de que o amor
de Cristo por seu povo era impotente. A eficácia do am or foi
então abandonada, e o sentimento de am or entronizado. E
os homens se tornaram impotentes cm sua imitação de um
Senhor impotente.
Sobre a cruz, Cristo venceu o pecado e a morte, e res
gatou um povo a ser chamado pelo seu nome. Em resumo, a
cruz foi eficaz, e a igreja evangélica costumava sustentar um
testemunho consistente dessa verdade. Quando o evangelho
é compreendido, e os maridos são exortados a amar a esposa
imitando o amor de Cristo pela igreja, eles passam a imitar
um amor eficaz. Mas no último século a igreja lentamente
abandonou esse entendimento bíblico da cruz. O poder da
cruz para salvar pecadores começou a ser negado, mas para
os evangélicos a cruz ainda tinha de significar alguma coisa.
E, como resultado, a igreja começou a enfatizar o sentimen
to do amor de Cristo, ao invés da eficácia desse amor. Jesus
passou a chamar docemente e com ternura, e os evangélicos,
em massa, começaram a deixar o lar.
Com o resultado, os homens, quando eram agora exor
tados a imitar o amor de Cristo pela igreja, não tinham ou
tra coisa para imitar senão um ensino errado sobre o amor
de Cristo. As conseqüências nefastas podem ser vistas em
toda parte. Uma pessoa com um nó na garganta pode não
ter experimentado o poder de Deus, mas ainda sente alguma
coisa. Pode ser que anos se passem até que descubra a fraude.
Um bom tempo transcorreu em nossa cultura, e temos des
coberto que os resultados são de fato amargos — adultério,
esposas desrespeitosas, maridos grosseiros, divórcio, filhos
rebeldes, aborto, sodomia. Apesar disso, ainda não chega
mos a entender que o fruto amargo vem de uma árvore que
nós plantamos.
Devemos reconhecer e confessar que a revolta da nossa
atual cultura contra o Altíssimo é uma revolta que começou
nas famílias da igreja, entre aqueles que professavam o nome
do Senhor. Se o sal se torna insípido é pisado pelos homens.
Maridos que não imitam o amor eficaz dc Cristo verão a
própria família ser também pisada. Durante o último século,
foi precisamente isso o que pôde ser visto.
Enquanto continuamos orando pela reforma do casa
mento, devemos também orar para que os maridos cristãos
venham a renovar ou a cumprir alguns requisitos pactuais
básicos perante o Senhor.
O marido deve primeiro decidir que irá se instruir a
fundo no ensino da Bíblia sobre casamento, liderança, e fa
mília, e que irá de boa vontade submeter-se a tal ensino, e
pô-lo em prática em seu lar. Isso o fará capaz dc, pela pri
meira vez, dizer com entendimento: Ueu e a minha casa ser
viremos ao Senhor”.
Ele irá amar sua esposa como Cristo amou a igreja,
entregando-se por ela. Irá assumir a responsabilidade pela
beleza da esposa.
Não irá transferir qualquer responsabilidade pela con
dição espiritual, emocional, física, c financeira de sua casa
a seus pais, esposa, filhos, igreja, ou sociedade. Irá assumir,
perante o Senhor, toda responsabilidade pelo lar que repre
senta perante Deus, e rogará por graça para manter-se firme.
Não permitirá que seus filhos sejam ensinados, instru
ídos, ou criados por homens c mulheres que vivem e ensi
nam de maneira contrária a Deus. Irá retirar seus filhos das
escolas do governo e educá-los em casa ou cm uma escola
piedosa.
N ão retirará a esposa de suas obrigações primárias
como mãe e da administração do lar. A levará para casa,
para os filhos, o lugar que Deus ordenou para ela estar, e irá
encorajá-la e amá-la nessa vocação. Ele irá estabelecê-la em
um lugar onde possa alcançar grandeza, e quando ela já a
houver alcançado, se levantará e a chamará ditosa.
Não irá confundir o amor que Deus requer que tenha
pela esposa com a falsa “amabilidade” que renuncia à respon
sabilidade de liderança.
Irá ensinar à esposa a Palavra de Deus, e juntos ensi
narão aos filhos.
Trabalhará arduamente para que sua esposa seja capaz
de vestir e alimentar a família.
Se devotará à sua esposa sexualmente, tratando-a com
entendimento e sabedoria.
Estabelecerá o caráter do lar por meio de sua paciência,
reverência, dignidade, bondade, e cortesia.
E irá agradecer a Deus pela misericórdia demonstrada
através do Senhor Jesus Cristo.
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do seu lar?
A FONTE DESTE A R O M A é o relacion am en to entre m arido e esposa.
M u itos podem sim ular a o bed iência aos padrões de D eu s, cu m p rin d o -o s de m odo
m eram ente externo. O que não podem os sim ular é a fragráncia incon fund ív el que
M u ito s livros sobre casam ento oferecem listas e m étodos de com o m elhorar os
relacionam en tos, sem com preend er que a questão real é sem pre o coração. E m
resolver os con flito s sem dem ora e evitar querelas, fugir de problem as com o a
sínd rom e do cara legal e da arm adilha de exteriorizar tentações. E m sum a, ele
apresenta um a teologia prática do casam ento que tem im plicações em todas as áreas,
desde o sexo e a ad m inistração das finanças, até o ato de largar as m eias na sala.
ISBN 978-85-62828-25-6
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