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Disciplina: Filosofia III

Professora: Marcela Tavares


Assunto: Mulheres na Ciência

UM POUCO SOBRE AS MULHERES NA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS

É fato inegável a exclusão social da mulher ao longo da história. A sua submissão foi legitimada por
mitos e religiões, uma vez que os homens quase sempre tiveram em suas mãos o destino de todas as
comunidades, gerando, assim, uma relação de dicotomia, em que uma parte da sociedade mandava e outra
obedecia e ajustava-se às normas e às regras estabelecidas. (NUNES et al., 2009) Claro que existiram
sociedades matriarcais, e ainda existem, aquelas que foram social, econômica, política e culturalmente criadas
por mulheres. Essas sociedades não são espelhos das sociedades patriarcais, invertendo o gênero dominante. Ao
contrário, são em sua maioria sociedades igualitárias no que se refere ao gênero, mesmo quando as mulheres
estão na liderança.
A História da Ciência é caracterizada pela exclusão da mulher, tendo sido desconsiderada, lançada fora
do poder, da política e dos centros de decisão por séculos. Ela foi formada em contextos culturais e sociais
diferentes aos do homem, além de sofrer exigências corporais e morais (RAGO, 2004). Isso é percebido
facilmente pela pouquíssima projeção de mulheres cientistas que até o século XX, quando ocorre a revolução
feminista, que possibilitou o acesso das mulheres não só à cidadania, mas também à cultura (RAGO, 2004). A
Ciência, como se apresenta atualmente, é produto da exclusão. Quando abrimos os livros de História das
Ciências, encontramos narrativas de homens, em sua grande maioria europeus, que, desde sua infância, foram
expostos e viveram em ambientes intelectuais e culturalmente enriquecedores e que tiveram a possibilidade de
dedicação exclusiva à Ciência durante a vida adulta, sendo constantemente enaltecidos (PRADO;
RODRIGUES, 2019). Shienbinger (2001, p. 37) afirma que:

A Ciência moderna é um produto de centenas de anos de exclusão das mulheres, o processo de trazer
mulheres para a Ciência exigiu, e vai continuar a exigir, profundas mudanças estruturais na cultura,
métodos e conteúdo da Ciência. Não se deve esperar que as mulheres alegremente tenham êxito num
empreendimento que em suas origens foi estruturado para excluí-las (...) historicamente, as mulheres
como um grupo foram excluídas sem nenhuma outra razão que não seu sexo.

Assim, também é a fala de Nunes et al. (2009, p. 18), que diz que “a interferência feminina nos
caminhos históricos é menosprezada e nunca percebida como uma participação ativa, capaz de guiar decisões”.
A exemplo, temos a história da participação das irmãs e esposas de diversos célebres nomes da Ciência, como
Sofie Brahe (irmã de Tyco Brahe), Marie-Anne Pierrette Paulze Lavoisier (esposa de Antoine Laurent
Lavoisier), entre outras, que não foram reconhecidas pelos seus trabalhos, nem nunca tiveram seus nomes
ligados diretamente a teorias científicas, mas que colaboraram efetivamente para que estas fossem
desenvolvidas. As mulheres ainda são figuras escassas em premiações. Vejamos o Prêmio Nobel, uma das
principais premiações mundiais para reconhecimento de pessoas que desenvolvem trabalhos, ações e pesquisas
em benefício da humanidade. Essa premiação ocorre anualmente desde 1901. Dito isso, até 2020, 962 pessoas
foram laureadas, dentre estas, apenas 57 mulheres na área das Ciências, ou seja, 5,9% do total de ganhadores,
nas subáreas Fisiologia e Medicina, Química e Física, onde tivemos 23 mulheres (40,3%), e apenas 7 mulheres
ganhadoras do Nobel de Química, o que corresponde a 30,4% do total de mulheres ganhadoras na área das
Ciências e 12,3% do total de mulheres laureadas em outras categorias (Paz, Ciências Econômicas e Literatura).

As mulheres laureadas em Química foram Marie Curie (primeira e única mulher a ganhar dois prêmios,
um em Química e outro em Física), no ano de 1911; Irène Joliot-Curie, filha de Marie Curie, em 1935;
Dorothy Hodgkin, em 1964; Frances Arnold, em 2018; Ada E. Yonath, no ano de 2019, e Emmanuelle
Charpentier e Jennifer A. Doudna, no ano 2020.
Além disso mulheres em outras áreas das ciências também foram extremamente importante tais como:
Barbara McClintock (primeira mulher a receber, sozinha, um prêmio Nobel de Medicina), Alice Ball
(química que criou o primeiro tratamento eficaz contra a hanseníase ), Rosalind Franklin (teve um papel
fundamental na descoberta da estrutura de dupla-hélice do DNA), Jewel Plummer Cobb (trabalhou para
descobrir quais compostos eram mais efetivos no combate às células cancerosas), Gladys W. Royal (pesquisou
transplantes de medula óssea como tratamento para radiação.), Annie Easley (desenvolveu um software para o
Centaur, um dos lançadores de foguete mais importantes da NASA), Katherine Johnson (calculou as
trajetórias de várias missões da Nasa e foi essencial para o lançamento do primeiro americano ao Espaço),
Christine Concile Mann Darden (liderou o grupo de estudos da NASA sobre estrondo sônico), Marie M.
Daly (pesquisou sobre a ligação entre colesterol alto e artérias entupidas), Mary-Claire King (desvendou a
genética do câncer de mama), Valerie Thomas (inventou o Transmissor de Ilusão), Bessie Blount Griffen
(inventou um dispositivo que ajudava pessoas que perderam membros a se alimentarem sozinhas), Patricia
Bath (inventou a sonda Laserphaco, dispositivo que melhorou o tratamento de pacientes com catarata),
Jaqueline Goes de Jesus (liderou a equipe que sequenciou o novo coronavírus no Brasil), dentre outras
milhares de mulheres cientistas que muitas vezes nunca ouvimos falar na mídia ou em sala de aula.

Assim, torna-se necessário compreender a exclusão das mulheres nas Ciências e dar visibilidade às
figuras femininas silenciadas e esquecidas na história, tendo em vista a formação de uma percepção melhor da
construção científica real e da desconstrução de pensamentos, ações e atitudes que levam culturas e sociedades
a associarem as mulheres a incapazes para as Ciências.

BIBLIOGRAFIA:

NUNES, A. O. A história de sete mulheres na Química. Periódico Tchê Química. V.6. n°11. Porto Alegre-RS.
2009.
PRADO, L.; RODRIGUES, D. F. Mulheres na história da Ciência: Uma década de publicações nas revistas
Química Nova e Química Nova na Escola. História da Ciência e ensino. Construindo Interfaces. V. 19. P. 54 a
70. 2019.
RAGO, M. Ser Mulher no Século XXI ou Carta de Alforria. In: VENTURI, Gustavo; RECAMÁN, Marisol;
OLIVEIRA, Suely de (orgs). A mulher brasileira nos espaços públicos e privados. São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 2004.
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