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Diário do ano da aprovação:

Olá, eu do futuro

Estou lhe escrevendo mais uma vez, afim de estabelecer aqui algumas bases para que entenda o que se
passa em minha cabeça em dias tão solitários com o os de hoje. Passei a madrugada lendo o diário
daquela mocinha que morreu na segunda guerra após viver quase 3 anos de isolamento. Tantos sonhos,
tantos desejos, tantos sentimentos acumulados em pastas bagunçadas e criptografadas à lente humana.
Me identifiquei tanto com ela, mesmo ela tendo apenas uns 14/15 anos(idade aproximada de sua
morte). É tão pesado escrever ''sua morte'', porque tudo o que ela pensava(ou ao menos um pouco),
tudo o que ela transmitia através de seu olhar penitencioso, angustiado, está ali. Ao meu acesso. É tão
estranho, e isso me angunstia DEMAIS. Especializei-me na na sutil tarefa diária de esconder emoções,
desejos, sonhos, e de brinde, por entender-me cada vez mais, entendo o próximo. Como se fosse um
sistema de espelhos duplos, onde o que se reflete através de minha dor, é verossímil ao que se enxerga
da sutil felicidade do próximo. Quando saio na rua, tento buscar aquele olhar. Aquele olhar que
machuca, que revela, que transmite, que sente e ressente, oprime. Tento identificá-lo no meio da
multidão, e tudo o que encontro são cores homogêneas, sem transmissibilidade, sem compatibilidade.
Sinto tanta carência, ainda mais no dia de hoje. Sim, carência, solidão, mas nunca solitude. Almejo tantas
coisas. Crescer na vida, prosperar, viver, respirar novos ares, e o ponto comum nisso tudo é só um:
encontrar aquele alguém. Aquela pessoa. Aquela garota que desperte em mim fascínio, uma
deslumbrância, uma luz que me falta, um novo sentimento, que vibre meu espaço de virtudes, e que
estes oscilem como ondas em um rio calmo, manso, limpo. Que ela veja o meu olhar, e encontre-se nele,
que ela perca-se nele, que ela sinta-o. Tenho um desejo imenso de encontrá-la, mas onde? Como? Se
saio por aí, metade do encanto se perde, porque estaria eu objetificando algo que tenha um padrão de
encontro, e me sinto bem nas surpresas(boas, claro). Aquele vulto, aquele devaneio que nossa
frequência de cortes não acompanha, que faz nosso espírito mergulhar e perder-se, e quando se der
conta, está boiando no fundo do oceano, na paz, na luz, nas estrelas. Aquela garota que sorria, mas
desperte em mim o chorar, porque a felicidade encoontra-se em tudo o que já se perdeu dentro de mim.
Aquela garota que olhe, e me encante com os mistérios de seu olhar, com a clareza e obscuridade dele.
Que desperte em meu ser a vontade de buscá-la, óh doce, em todos os lugares. Me desperte
sentimentos, algo novo, um alguém, só para que esteja ali. Ao meu lado. Para que eu tenha certeza de
que não sou tão único, nem tão comum, só alguém que foi feito para amá-la. Marasmo. É o que define
meus sentimentos. Eu um incomensurável sucesso em reprimi-los, e olha, que talento eu tenho para tal.
O mais estranho, é que às vezes, nem sinto falta deles. De sentir. Mas hoje, eu queria tê-la aqu comigo,
para chorar no teu colo, para amar-te a noite inteira em algum lugar com muitas estrelas, com a lua, e
quase nenhuma casa para nos atrapalhar. Só nós. Ah, como eu almejo isso. Como eu quero isso. Não
uma namorada,. mas sim, a namorada. A companheira. A pessoa. ''A'' ser-humano. Ai meu Deus, me
perdi em meus desejos. Mas para quem falo isso? Para ninguém. Eu guardo tudo. Por isso SUPER ME
IDENTIFIQUEI com a Anne, mesmo ela sendo uma criança quando escreveu aquilo. Para mim, não há
tanta diferença. Quanta maturidade. Ela tinha esse problema em não contar para as pessoas os seus
desejos mais profundos, mais sórdidos, mais indelicados, e isso a torturava. É A MESMA COISA que sinto.
Uma tortura inconsciente em minha alma. EU QUERO ter alguém para falar, para olhar, para sentir, para
desejar. AQUELA GAROTA, A GAROTA. Eu a quero. Quando ela virá? Quando ela aparecerá? Quando ela
circunscreverá seus problemas aos meus? Quando eu tornarei-me dela, e ela, minha? Quando nós
andaremos a noite pelas ruas matuosas e escuras, desertas, com tanta luz de espírito, só pensando na
vida e olhando as estrelas em uma noite fria e nebulosa? Quando eu a terei? Eu não sei, mas que esse
dia chegue logo. Por favor, Deus. Dê-me a oportunidade de sentir algo novo, se não esses sentimentos
que me sufocam a cada dia, se não essa neutralidade, se não essa frieza. POR FAVOR, atente-se a mim,
porque tens um humaninho aqui sofrendo bastante.

05/03/22 -

Olá, eu do futuro

mais uma vez voltei, e cada vez mais sinto que estou ficando vez mais opaco por dentro. Hoje não só
sinto, como também sei disso. Antes eu só sentia, era uma ideia consciente desajustada. Aqui jaz a
diferença. Ideias inconscientes são formadas em uma camada de nosso cérebro que trabalha com
percepções sinestésicas, misturando-se estas a uma pequena camada de pequenos saberes que nosso
cérebro possui. Depois disso, nosso hardware é capaz de suportar um software que executa milhões de
combinações de saberes e sensações, que como variações coplanares e circunlineares, formam-se
através de interações que chamo de ''interações virtuais'' - porque não existe, necessariamente, uma
interação desse tipo, se não vários pulsos elétricos com frequências altíssimas. Tais interações são
capazes de formar-se em diversas camadas de superfícies, com pequenos pontos que chamo de pontos
informações. Em minha cabeça, adoro imaginar pequenos círculos oscilando, etc...o fato é que, minhas
sensações me diziam que, de fato, eu precisava sentir algo, nem que seja algo completamente fútil, sem
necessariamente possuir uma coonestividade com a realidade. Vou lhe confidenciar algo
EXTREMAMENTE particular, que não deve sair daqui NUNQUINHA, viu? À noite, quando vou dormir, e
está tudo escuro, só eu, a solidão, e o escuro aconchegante do meu quarto, minha mente devaneia por
milhares de dimensões. A minha preferida é onde eu projeto uma falsa felicidade, onde eu tenha alguém
que seja muito parecido com o que imagino de uma garota ideal, embora este seja um termo fútil. Eu
devaneio mesmo. Porque eu imagino uma noite perfeita com ela, com luzes halógenas intermitentes,
parecidas com as estruturas inglesas(londrinas). Eu imagino uma rotina com ela, com eu amanhecendo
pensando nela, indo vê-la, etc...eu não imagino quão louco isso é, porque para mim isso é
completamente normal. Veja, se tens um remédio para aguentar a solidão com os pés fincados na
sobriedade, eu imagino que qualquer rota de fuga que não machuque seu ser consciente é
completamente válida. E eu digo que não machuca porque não sou dependente desse mundo projetado.
Ele não conflui com minha realidade consciente, e em nenhum momento eu fantasio esse mundo no
mundo prático e consciente(o que muitos chamam de real, e devo questionar esse termo ''consciente'',
mas tudo bem). Ou seja, estou sóbrio desse tipo de coisa. Na verdade, sou bem normal a maior parte do
tempo, se você olhar bem. Tenho costumes não muito comuns, claro, mas veja bem: queres uma
máquina perfeita rodando um programa de uma forma linear e limpa? Compres um computador com
uma qualidade de processamento minimamente boa, e curta. O ser-humano é esquisito mesmo, e não
me envergonho de possuir meus hábitos. Sou um jovem com sonhos, ideias, e um pouco preguiçoso,
mas é isso. Ah, na minha realidade projetada, a garota ideal seria a Ângela Moraes, do instagram, garota
pela qual me apaixonei perdidamente no ano passado, mesmo ela nem sabendo que existo. É muito
triste, eu sei, mas é a vida. Quem nunca se apaixonou por uma garota a qual você sabia que jamais
aconteceria algo, como uma estrela de cinema. Não quero comparar, claro, mas são duas situações
parecidas. E para a falar verdade, conheci mais umas garotas(poucas) durante esse tempo, mas
nenhuma me despertou aquele ''q'' de diferente em mim. Uma, inclusive, eu curti bastante, mas não me
apaixonei, só me viciei um pouquinho, mas hoje já é página virada. Estou estabelecendo margens para
que não aconteça de novo, e para que quando chegue ''aquela garota, ahh, aquela'', eu possa sentir algo
único, novo. Até lá, prefiro seguir aqui com minha vida, estudando, vendo The Mentalist enquanto
estudo, etc...e sim, hoje à noite, provavelmente projetarei aquele mundo novamente, e cara, é melhor
aceitar, porque eu ultimamente tenho vencido um pouco a dor da solidão com esses remédios. E veja,
estou seguindo bem, embora nitidamente não esteja feliz. Enfim...por dias melhores, caríssimo eu do
futuro, por dias melhores aqui seguimos....

06/03/2022 -

Olá, eu do futuro

Sei como tem sido, eu sei mesmo. Minha mente tem me dado alguns refúgios, muitos para falar a
verdade. PS: é tão difícil acessar meus pensamentos com um som tão alto do vizinho. PESTE DE
BAIRROOO, PESTE DE GENTINHA. Minha mente tem trabalhado em alguns problemas matemáticos
muito divertidos, e isso eu tenho tido como um hobbie, embora eu saiba que minha aprovação no ITA
dependa dessas resoluções. Não consigo levar meu grande amor(matemática) como um fardo a ser
carregado. Me machuca pensar que tamanha beleza natural tenha que ser carregada com ardor e dor, eu
não imagino. Mas seguimos nesse ponto, e bem. Quanto a minha noite, bem, foi difícil, pois tive outra
crise de ansiedade de madrugada, e por causa disso, consegui dormir apenas uns 30min depois, e foi
bem complicado. Quanta a outras coisas, monotonia pura. Estudos, pensamentos a cerca da natureza
das coisas, monotonia, bla bla bla...ainda sinto falta daquele sentimento diferente que lhe confidenciei, e
para falar a verdade, nem ando buscando-o mais, apenas sigo minha vida, construindo minhas bases
para o futuro para que mais para frente, torne-se realidade minha fantasia: gramado(RS), frio, casacos,
rua privilegiada com um toque europeu, vizinhos bem educados e quietos(provável que seja assim),
minha família, cachorro, filhos, esposa, etc...sair de tardezinha com aquele frio delicioso para brincar
com o cachorro, à noite ler um bom livro com a lareira saltitando seu ardor em uma sala escura e
aconchegante, e vendo, como sempre, the mentalist para completar, claro. Bom, a noite vou ir ver o
amor de minha vida, minha amiguinha Belinha, minha melhor amiga. Ela está passando por um tempo
de cio, então não posso trazê-la para cá, então deixo-a no conforte aconchegante do nosso imenso
terraço, com espaço para ela brincar, cama deliciosa, e seus brinquedos(vou comprar mais). Mas em
breve vou subir para ficar com ela, pois geralmente, eu a levo para passear quando minha mãe vai à
igreja, então nós rodamos o brito inteiro, ela cheira coisas novas, e é isso. Somos felizes assim. Mas
agora tem esse cio, então vamos aguardar...até agora é isso, depois lhe atualizo mais. Olha, escrevo isso
algumas horas depois, e devo lhe dizer que por mais que eu pareça excentricamente egoísta, devo-lhe
dizer que sou uma pessoa muito boa que camufla suas boas ações devido as minhas questões internas,
mas no fundo sou uma pessoa altruísta, costumo olhar mais o lado dos outros do que o meu, desde que
eu tenha um laço com esse outro. Minha cachorra não pode passear hoje porque ela está no cio, e é um
saco não poder levá-la para passear, tampouco trazê-la para a parte de baixo da casa, pois isso quebra
uma rotina, e quando isso se quebra, é a mesma coisa que enfiar uma faca em mim. Porque eu tenho
um ciclo padronizado: primeiro acordo, respiro o ar das manhãs com aquele ressoar maravilhoso do
canto dos mais diversos pássaros, depois cheiro o café(sim, o pó), e após isso, preparo uma xícara, mas
sem antes de eu pôr The Mentalist no notebook, e fico ali assistindo até o café passar. Depois eu busco
belinha para trazer para cá, pego meu café, e assisto the mentalist estudando(produzi MUITA, MUITA
coisa só fazendo isso). Depois brinco com belinha, como sempre encho-a de carinho e amores, continuo
a assistir the mentalist, e quando acaba, continuo a escrever mais algumas coisas. Após isso, minha mãe
chega do trabalho, belinha sobe com ela para a parte de cima da casa, e eu continuo a escrever aqui em
baixo, intercalando com deitadas na cama para pensamentos. Acontece que ultimamente belinha tem
estado, como eu disse, no cio, então a minha rotina se embaralha todinha, pois eu não consigo deixá-la
por um longo período sozinha(sim, ela é MUITO mimada aqui em casa, e digo isso com ORGULHO). Esse
mês ela vai ao veterinário para castrar, afim de que não passe mais por isso. Enfim...é basicamente isso.
Ah, tive mais umas ideias brilhantes para a resolução de um probleminha matemático aí. Acontece que
misturei umas ideias mais independentes de um estudo independente(que fiz penando exclusivamente
na natureza) afim de resolucionar umas questões pendentes na natureza. Aff, eu sei que o texto tá chato,
mas é isso, minha mente está disparando excelentes ideias, e espero que continue assim até o fim do
ano. Vamos por mais, querida mente. Escrevo isto mais algumas horas depois do texto anterior, e sinto
que estou sufocando estando em um lugar cercado por mentes vagas e vazias. Eu sinto que quero
encontrar pessoas para falar sobre teses, teorias, filosofias, psicologias, e no fim o que tenho é minha
mãe, veja bem isto, implicando com o nome do livro de Dostoievsk(Crime Castigo). Ela acha realmente
que ''esse livro não tem nada de bom a ensinar, não''. Realmente, pow. O que tem a ensinar é a bíblia
sagrada dela que ela lê enquanto assiste àquelas novelas estúpidas religiosas, com fanatismos, sim
fanatismos, impregnados em seus dicursos vazios e hipócritas. Estás a ver o motivo de eu querer tanto
uma namorada, ou algo do tipo, com quem eu possa compartilhar ideias com ela tal qual está para um
pássaro livre, solto e leve que pousa em uma janela aberta, com um ar puro e vil, no qual ele possa
cantar para este a manhã toda. É triste a minha situação porque me sinto preso em um covil de pessoas
que não falam a mesma língua que a minha. Eu clamo por x, eles entendem y, eu clamo por vida, eles
me dão dores de cabeça e raiva. Eu entendo que tudo o que fiz, até agora, foi lhes dar decepção, e estou
trabalhando para mudar isto, mas ela faz questão de martelar minha cabeça com essas estupidez dela, e
isso me enche de raiva. Mas com o tempo eu aprendo a lidar com isto, mas quero expressar aqui minha
fúria, minha raiva com a ignorância humana. Que todos se explodam, o que vale sou eu. Eu estou
trabalhando para construir meu futuro e só isso importa. O que os outros pensam, sinceramente, não
me importo, e nunca me importarei. Que eu seja eu cada vez mais, por toda a vida, porque não há nada
melhor do que respirar vida, e sentir-se pleno e completo dentro de si. E só isso vale. Ponto.(não que eu
me sinta completo por dentro, muito pelo contrário. Mas é bom pensar positivo às vezes).

PS: Já lhe disse o motivo pelo qual eu comecei a escrever esta espécie de diário virtual? Bomm, lhe
conto. Eu uso o papel para escrever uma penca de equações, talvezz um barril de pencas dentro de
outros barris, porque em meu quarto, se entras, estabelecerás rapidamente um padrão psicológico meu.
Se abres a porta, verás primeiramente cuecas e bermudas jogadas no chão, junto com outras coisas
aleatórias, como um papel de biscoito de leite condensado que comi e deixei ali, e quando fui ver
agorinha mesmo, está ali no chão, junto com camisas, etc...só aí já é um pouco assustador, agora se
oplhas para o seu lado esquerdo em relação a minha porta, verás papel aqui, papel ali, no meu armário
mais papel, na minha mesa mais papel. Se pensas que são pensamentos transliterados por uma língua
conversacional como a língua portuguesa, estás severamente enganado. São pensamentos transcritos
por uma lógica matemática, então, ao menos que seja tão bom ou melhor do que eu em matemática,
não conseguirás ler de uma forma compreensível. Meus pensamentos são trancados em sigilo, e
ninguém sabe de fato o que penso. E EU ODEIO, ODEIO, ODEIO, ODEIO ISSO. Eu quero ser entendido. Eu
quero que alguém chegue, olhe nos meus olhos, e diga: sei o que está pensando. Ao menos que não seja
um olhar tão profundo e transmissível, que esteja encriptografado ali as respostas e causalidades pela
qual sou compreendido, eu direi que a pessoa esdtá certa e irei para o meu quarto. Porque não falo
muito, não porque eu queira, mas porque sou forçado a isso. Eu queria falar muito, mas à minha
maneira, ao meu jeito, e não com piadas sobre peido, ou fofocas, ou coisas do tpo. Amo minha mãe, e
daria minha vida por ela sem hesitar. Eu sei disso. Pularia do penhasco para salvá-la, se necessário, e ela
é a pessoa que mais amo aqui na terra, embora ela não compreenda minha forma de amar, mas ela não
é a pessoa que eu manteria um bom papo, um papo interessante por um longo tempo. Ninguém
conseguiu isso comigo, na verdade(a não ser minha vó, já que nós gostamos de bbb e algumas novelas, e
por mais uns outros fatores). Sabe o que é sair de sua casa sabendo que vai a casa de alguém
incrível(que não seja sua mãe, ou sua vó, ou alguém de sua família. Um outro alguém.), e então você se
arruma, passa um bom perfume, arruma eu cabelo, olha seus dentes no espelho, sente seu hálito pela
20000º vez, pois então, eu não tenho isso. Eu ,na verdade, tenho sim. Tenho os pássaros, o céu estrelado
que saio para senti-lo em minha pele, em minha alma, o sol matinal misturado com minha empolgação
em senti-lo, em tocar em suas maravilhas, nos pássaros, nas plantas, etc...esse é o motivo, mas às vezes
sinto falta de ter um outro alguém. Enfim...é isso, caríssimo e queridíssimo e calidecido eu do futuro.
Espero que esteja melhor do que eu aqui, em minha cama.

---- Com amor, seu querido João Victor de 2022(o melhor ano de nossa vida).

07/03/2022

Caro eu do futuro,

Até agora não tive tantos pensamentos, mas como me dói ficar sem internet. Eu adoro a internet, adoro
navegar pelos espaços virtuais e me sentir em todas as rodas de conversa, em todos os papos, todas as
ideias, todas as conversas. Me sinto bem na internet, mas isso expôe um lado meio obsessivo dentro de
mim, no qual provavelmente depende de algum tipo de vício, mas depois eu reflito sobre essas questões
internas. Não estou nem aí, quero que a internet volte logo. Meu caríssimo, voltei aqui depois de
algumas horas para atualizar o status da internet: fora do ar, assim como...bom, não pensei em uma boa
piada para conectar, mas é isso.
13/03/2022

Cato eu do futuro,

Venho lhe atualizar aqui nesta carta virtual o status de minha vida, de minha linda e inspiradora vida:
Listarei em tópicos, e subsequentemente, associarás de uma forma dedutiva uma ideia à outra

1 - A internet voltou. Ótimo. Adoro-a, e não sou um falso moralista em dizer que ''somos seres
programados em vícios, e nosso cérebro torna-se um reflexo de códigos flutuantes criptografados de
redes desonestas'', até porque é verdade, mas mesmo assim eu adoro. Platão estava certo, nós seres
humanos adoramos a caverna, e só de pensar em sair dela, nossaa espinhas saltitam de dor. Pensando
de forma realista, sou um jovem manipulado por redes psicotipografadas, e meus pensamentos, não sei
em que proporção, derivam dessa intermediação do mundo virtual com o mundo real. Mas não quero
filosofar, estou só listando. Ótimo! A internet voltou e estou feliz por isso. Posso acessar o twitter, o
youtube que adoro muito, e tudo mais. 1 notícia boa conta como um ponto para mais. 1 ponto.

2 - Tenho estudado, e não há nada de novo nisso

3 - Novamente sinto aquele sentimento meio perturbador. Já lhe expliquei, caro eu do futuro, eu sei,
mas mesmo assim acredite em mim, não entendes o quão perturbador é. E razão para que este se
despertasse é desconhecido para mim. Tive uma conversa esclarecedora comigo mesmo no banho há
alguns dias, e parecia que Deus havia tomado meus pensamentos e me esclarecido, pela primeira vez em
muito tempo, um realismo puro. Sabe, sem resquícios de mentiras. Apenas realismos. Apenas verdades.
Levantei questões como a possibilidade de eu estar apaixonado por uma pessoa morta, que seria a Anne
Frank, e Deus silenciosamente me esclareceu que na verdade, me apaixonei pelo o que essa história
despertou em mim. Que depois de todos aqueles traumas pelos quais fui obrigado a passar novamente,
e até emsmo aqueles pelos quais passei quando pequenininho, meu cérebro está me protegendo
instintivamente de qualquer coisa que possa me machucar. Que na verdade, essa meu excentricismo,
egoísmo, falta de amor pelo próximo, empatia, é uma forma de meu cérebro se desligar de tudo o que é
sentimental, e me focar apenas no racional, no lógico, no bom, no que não gasta tanta energia(mesmo
que os estudos gastem, mas eu gosto deles, então não conta). Que meu cérebro tem se refugiado em
pequenos esconderijos inconscientes que criei quando passei por essas situações, e que agora, depois
de tantos anos, como não tratei dessa questões com psicoterapia, meu cérebro cavou um poço muito
fundo para esconder as funções mais sentimentais, mais empáticas, mais joviais de mim. E há pouco
tempo, cheguei a pensar que eu não os tinha mais. Que eu os perdi. Que eles não existiam mais. E era
estranho porque eu seria capaz de matar uma pessoa cruelmente que parecia que eu não sentiria nada,
mas ledo engano. Ledo engano, meu caro. Essas funções apenas estavam escondidas, e como ninguém
ainda os tinha encontrado, elas continuaram enterradas no meu inconsciente. E quando senti que aquela
terra seca e arenosa estava sendo deposta do buraco que meu cérebro cavou, senti algo, algo novo, algo
diferente, algo que dói, que machuca, que marca como uma chapa quente na pele, como marca que o
sol de verão deixa na pele de uma linda moça branca. É diferente, é estranho demais. É como se fosse
novo, algo novo. E isso aconteceu depois que li o dário da Anne Frank. Não sei porque caralho, mas ela
despertou isso em mim. A história, as situações, ela mesmo, os pensamentos dela, tudo me deixou
sentindo algo muito, muito novo. Que não sentia há tempos, e agora não sei como lidar com esse
sentimento. O que faço? Toda vez que procuro por anne frank na internet, sinto pontadas de faca em
minha cabeça e em meu coração, e um sentimento novo é despertado em mim. O que está
acontecendo? Deus me deu essa resposta que tanto pedi no banheiro, na ação do banho. Deus me disse
que na verdade, me apaixonei por esse sentimento, em apaixonei em senti-lo, mesmo que ele me
machuque um pouco. É como se meu cérebro se viciasse em sentir essa reação química ocorrendo, e
buscasse sempre por mais. Que isso não era paixão como eu desconfiava que poderia ser, mas uma
forma de sentir algo novo, algo que me despertou daquele marasmo de monotonia, de racionalidade, de
realismo em doses charopantes diárias. Eu já aguentava mais. Esse sentimento me mostrou algo que
nunca esquecerei: QUE EU SINTO, QUE EU SINTO AMOR, PAIXÃO, EMPATIA. Sempre existiu em mim, mas
eu estava me protegendo. Meu cérebro estava me protegendo de uma forma inconsciente, mas agora
sei como controlar isso. Sei como despertar e fugir da monotnia de sentimentos homogêneos. Quando
eu quiser sentir, sei onde ir. Mas veja: não se resume a isso, e esse sentimento pode despertar em mim
coias novas. Vontade de viver mais no sentido de namorar, beijar na boca, encontrar uma garota bacana
sem a necessidade de atender meus protocolos de tempo, espaço, etc...isso despertou em mim o sol, a
lua, a vida. Eu posso voar, sentir os cheiros novamente. Por que não arrumar uma namorada? Por que
não ser um pouco irracionar às vezes? EU POSSO! Por isso sei que existe uma mistura infinita de saberes
irracionais dentro de mim, saberes inconscientes, e como despertá-los? Como encontrá-los nesse
labirinto infinito que é nosso ser consciente/inconsciente? VIVENDO! Colecionando momentos. Essa é
minha conclusão depois de todas essa reflexões: a vida é pura em seus mais altos estágios de pureza de
pensamentos, e é contínua quando essa pureza se recicla com o novo. E usarei isso como máxima, pois
eu aprendi. Eu aprendi isso. A vida não é como eu espero ser, ela é o que é, e essa é a beleza que eu não
enxergava em meu mundinho, entende? A vida sendo entrópica, é muito mais bela. É o que a torna real.
Quão tolo eu era. E veja só, eu comecei o texto pretendendo listar problemas e fazer uma pontuação
com base nisso, mas adivinhe: mudei de ideia. A vida deve ser respirada, apreciada, e não há tempo para
reclamação, pois ela é passageira. Prefiro senti-la.

14/03/2022:

Caro eu do futuro,

minha criatividade hoje, ou melhor, minha inspiração, se aproximou MUITO do zero. Eu fui um zero à
esquerda hoje, e sendo sincero, não conseguirei dormir. Eu bato na cama, penso no sono, e o renego.
Uma mistura de insatisfação com perturbação. Me sinto muito perturbado por causa do dia que ti;ve
hoje, que basicamente se resumiu a produtividade ZERO. Como dormir sabendo que no dia de hoje não
tive boas ideias para resoluções de problemas matemáticos? Tentarei bater na cama, ou não, sei lá.
Espero ficar acordado para passar logo a noite e que chegue logo a manhã e seu charme inspirador, e
que esta possa me inspirar novamente. Não dormir é algo natural na vida de um estudante. Diga-me UM
estudante/nerd que nunca ficou sem dormir algumas noite? É natural, é claro. Eu vivo com esse
puritismo ideológico centrado em minhas escolhas, onde eu tenho que seguir essas rotinas, mas veja,
hoje eu não conseguirei dormir. Parece que meu eu interior no dia de hoje está gritando, berrando.
Parece que minha mente hoje não disparou ideias criativas, tampouco estive com aquele brio para
buscá-las, mas lhe garanto que não vou dormir até que eu consiga fazer o que me propus a fazer no dia
de hoje. Hoje foi um fracasso, e não vou dormir, não vou dormir MESMO, porque me sinto
descomprometido comigo no dia de hoje, e sinto que só vou cessar isso se eu ficar acordado e resolver
tudo o que me propus a fazer no dia de hoje. É isso. Ficarei acordado. O que farei para que chegue logo a
manhã para que eu inspire-a e renove-me por dentro? Verei um bom filme. Às 5:30 da manhã
aproximadamente estou disposto a apreciar uma bela manhã, renovar-me, e aí sim, com minha
inspiração renovada, resolver esse problema. Voltarei aqui para relatar o ocorrido. Beijocas.

18/03/2022

Olá, caríssimo eu do futuro

Venho lhe contar que amanhã começarei a assistir algumas aulas provisórias enquanto minha aprovação
no ITA ainda não chega. Status: agoniado. Motivo? Não suporto uma sala com 2 pessoas, imagina com
um monte. Outro motivo? Me sinto humilhado, muito humilhado mesmo. Mas minha hora vai chegar.
Enfim...deseje-me sorte. Escrevo isso às 9:58 da manhã, algumas horas depois, e lhe digo que se dormi
umas 4 horas foi muita coisa. Meu sono anda desregulado porque às vezes madrugo resolvendo
questões, em um misto de resoluções e ansiedade projetada na minha boca toda nua. Ultimamente
meus níveis de ansiedade tem aumentado, o que indica um fator consequente de estresse em meu
cérebro. O fato é que, percebi que meu cérebro dejeta toda necessidade de compensação/perda de
energia com esses níveis elevados de estresse e pensamentos acelerados com o ganho de atividades
tolas que envolvam um sistema de ganho/recompensa. Como se eu injetasse estresse nele, e ele não
suportasse viver com tamanho fluxo de energia, e então tenta dispersá-lo com pequenas atividades.
Enfim, só algumas observações. Até mais. Alguns minutos depois, escrevo isto. Como pode? O
comportamento humano é fascinante para mim. É simplesmente impressionante a evolução dos
pensamentos dos seres de acordo com o ambiente que vos inspira. Como pode? O meio afeta de uma
forma direta as reações de nosso cérebro, e tudo isso está intrínsecamente ligado. Por que não avaliar
tudo de uma só forma? Digo, as variações do fluxo de energia do nosso cérebro de acordo com o
comportamento do espaço que nos cerca. É interessante avaliar as coisas dessa forma. Eu chamaria de
''neurofísica''. Fascinante. Estou com raiva. À noite tem essas aulas para assistir no west shopping com
pessoas ao redor e não quero nada isso. Boas notícias! Não fui hoje porque, pasmem, a professora
cancelou a aula. Então temos a noite inteira só nossa para fazer o que quisermos. Bom, farei o de
sempre: estudar e fazer outras coisas. Hoje tenho que resolver mais umas 3 provas, e sinto que vou
conseguir. Errei, não são 3, são 5. Isso vai levar uma madrugada toda talvez. Enfim...estou focado.
Terminarei em breve todas as listas de matmática, e começarei ainda hoje ou amanhã a ter o mesmo
pique em física(que tenho muita facilidade - ou como eu prefiro chamar, um amor no qual identifiquei
assim que tive a oportunidade. Ainda estou na dúvida se sou mais do ramo da física ou da matemática.
Embora eu não curta muito diferenciar as coisas, pois para mim a natureza matemática se faz presente
em vários aspectos que são integrados para todas as áreas de conhecimento, eu sinto que tenho uma
afinidade maior com física. Mas também sou tarado por matemático. Aff, não sei. Amo as duas.

Não posso mudar o passado. Este já está consumado. Isso é um fato, e não posso lutar contra isso.
Minha mente não pode resistir a isso. Mas, definitivament e, posso e devo mudar o que vem a
acontecer. Não posso me apegar ao passado, a um passado que não pertence a mim, que nem é meu.
Preciso pensar no meu futuro, que aparenta ser brilhante. É esta a minha decisão. Prometo que não
ficarei me alongando em passados que não são pertencentes a mim, imaginando sonhos e possibilidades
que já foram consumadas há décadas. O meu futuro é mais importante, o que vem a acontecer é o que
deve importar. Ela morreu, e não posso mudar isso. Nem deveria, afinal, ela não é nada minha. Morreu
há décadas e não influi em absolutamente nada em minha vida. A minha vida é mais importante, porque
eu a tenho. Enquanto eu a tiver, a agarrarei. Estou cambaleando de sono, e hoje percebi uma nuance,
que nem seria uma nuance, mas o que chamo de porta de ativação, que eu nunca havia tido. Tudo isso
precedeu a um dilema psicoanalítico sobre o qual eu questionava minha ética, se eu era um homem
bom ou um homem mal. Parece ser uma questão trivial e infantil, como uma criança que descreve o
homem que jogou seu pirulito no chão sujo, como um homem mal, e aquele que a ajuda, como um
homem bom. Não, não trilhei por este caminho. Tracei esses fatores e integrei-os a uma grande de
correlações que listei em 3 princípios básicos: ética, princípios e valores. Percebi que tais questões sobre
o que é bom ou mal não se diferem muito quando analisei em um espectro do tipo: se não faço, e devo
fazer, e o que é feito influi aos meus próximos e a mim de uma forma positiva, e ainda assim não faço,
não importando questões justificatórias lógicas implícitas, sou x. Logo depois, questionei-me: se faço, e
não devo fazer, e o que é feito

Me perdi em minhas filosofias em um momento de extremo sono. Devo continuar depois a escrever
minhas reflexões.

20/03/2022

Olá, caro eu do futuro,

Impressionantemente, mais uma vez encontro-me em meio ao manso e incípido oceano ostensivo e
claro, limpo, após uma trevosa escuridão, após uma dolorosa escuridão. Novamente, vejo a luz. Enxergo-
a, contemplo-a, e esta torna as minhas perguntas cada vez mais triviais. Minha fase de vida está
chegando ao fim, e estou entrando em um terreno de ilusões, de contemplações tolas e enganosas. A
luz, ao mesmo tempo que torna o resplendor dos movimentos harmonizados das plantas, com o soar
constante das batidas das asas dos pássaros em uma diferença de tempo quase nunca vista, que
intermedeia cada assíntota das curvas de minhas ideias, esta também cega o que não a difere da
escuridão. A luz, ao mesmo tempo que lhe permite ver, o torna cada vez mais cego, mais manipulável,
mais tolo. A luz, ao mesmo tempo que me permite contemplar o lindo, o esbelto, aqueles andares
ternuosos que encantam-se, junto com o balançar dos vestidos das lindas moças que passam na rua,
também joga-me buraco à baixo em uma eterna escuridão interior, em um mundo de cegueira, onde a
luz brilha cada vez mais forte perante a proximidade de meus olhos, e este não a acompanha, não a
entende, e então conforma-se com o que é implícito, com o que parecem ser vultos luminosos, mas na
verdade, é apenas minha mente me cegando, me consternando em um mundo de vergonha, de prazer.
Mas, gosto de olhar para o lado bom, então, adoro minhas fases de boa recepção do que vem de fora, e
adivinhe, estou em uma dessas fases. Como eu sei disso, eu simplesmente não faço ideia. Mas posso
sentir o cheiro do ar puro(puro não, né. Moro no rio de janeiro), da brisa, dos pássaros cantando, do
pleno aviso da natureza de que a manhã chega, e veja, SOU MUITO AGRADECIDO por mais uma manhã.
Hoje eu vejo, HOJE EU VEJO, HOJE EU VEJO, que eu era um tolo, um burro. O fato de eu agradecer por
mais um dia, po.r mais uma manhã, é um ato simplesmente MUITO prazeroso de se fazer. É um ato de
libertação, de aceitação, de abertura para o presente, para o agora, e o pleno e inquestionável
esquecimento do que me machucou, do que me machuca, ESQUECER de um passado de um passado
que nunca me pertenceu,e mesmo assim, eu o recepcionei. Hoje eu vejo, que as manhãs são sagradas,
pois eu estou nelas, as habito. Posso ver o sol, o lindo amanhecer, tomando um café, o lindo amanhecer
apreciando o movimento insurgente do sol, e isso me confirma: estou vivo. Estou aqui. Eu posso. Posso
presenciar a natureza, sentir o cheiro das manhãs, ver a lua, o sol, as estrelas, a irradiação solar perante
o ar, tudo isso. Posso presenciar as nuances da manhã, posso, posso, posso tudo, simplesmente porque
estou vivo. A vida é bela, não pelo que já se passou, mas pelo o que recepciono aqui. No hoje, no agora.
O novo sempre me aguarda, e devo sim esquecer aquele passado que não pertence a mim, nem nunca
pertenceu, pois eu estou vivo, e ele não.

Escrevo isso bem depois. Sinto uma energia diferente. Algo que me impulsiona, que me eleva mais
próximo do meu objetivo, e me fornece mais criatividade, mais ousadia. Me sinto mais ousado, mais
criativo, mais alegre. Acordei assim hoje. Veremos as próximas horas.

PS: Hoje, ao passar pela rua e avistar uma garota que cumpria todos os padrões que me enlouquecem,
percebi que preciso arrumar uma namorada. Alguém. Só isso.

21/03/2022

Olá, caro eu do futuro,

Sinto muito, mas venho lhe trazer algumas dores de cabeça. Bom, para começar, estava tudo bem até eu
acessar o site da faculdade de mentirinha que faço(estácio) enquanto me preparo em segredo para o
ITA, e observar que a grade curricular das matérias dispostas equivalem a uma frequência de 1 DIA POR
SEMANA. Para muitos, pode parecer legal, bacana. Mas veja, eu sou um cientista, pratico ciências, e
mesmo tendo fracassado várias vezes, sei do meu potencial. Não sou um aluno que sorri quando vê que
a grade curricular equivale a essa pobreza na frequência semanal. Então, obviamente, irei ligar para eles
e pedir uma transferência imediata para o curso presencial. Só teremos um desafio para carregarmos até
o dia da prova do ITA: o valor da mensalidade. Eu pagarei tudo. Eu já fiz as contas, e o dinheiro que juntei
durante o ano passado, poderá quitar até o mês 8. Até lá, já estarei em fase final de preparação para o
ITA. Sorte para todos nós. Agora irei praticar ciências em paz, sem interferência de Estácio, nem nada.

Eu sei, sei bem o que tem pensado. Sei que pensas: quão imaturo és para que, à plenitude de tua
inicialização na vida adulta, fiques suplicando por sentimentos tolos e rasos? Como por exemplo, uma
possível namorada, que além de ter de cumprir com requisitos de teus espaços de projeções, ainda deve
cumprir um protocolo espaço-temporal? Isso, de fato, é uma extrema tolice. Estou passando este ano,
mais do que nunca, por uma fase de evolução aguda. Este ano tomei consciência plena de meus deveres
comop neto, como filho, como inquilino de uma casca que eu sei que está para mofar em meio ao
deserto. Em uma casca que há muito foi despida por mais de um ser que, eu pensava sim, controlá-los.
QUanta insapiência minha. Este tempo todo, pensava ter controle sobre tudo, e que eu deveria exercer
controle sobre todas as fases de minha vida, sobre o que cada um faz, sobre cada um diz, sobre o que
cada pensa. Minha identidade egoísta e supressora deu lugar a uma identidade patologicamente
perversa. Uma identidade que sempre coexistiu com meu ser consciente. Penso comigo: o que teria
despertado-me de tamanha compressão intrapessoal, que fez com que as camadas de minha essência,
que oscilavam em pacotes conjuntos, se despissem uma da outra e tornassem-se independentes?
Quando isso aconteceu sem que eu percebesse? A verdade é que eu nunca tive controle de nada. Nem
da minha vida, nem na dos outros, e hoje eu vejo que o controle commpartilha o mesmo espaço de
consciência da dor, da tristeza, e apesar de tudo, da ciência do ser que existe dentro de mim, que vai do
fundo de minha da minha alma, ao mundo exterior para que todos vejam. O ser que existe, o ser que
tem uma identidade binária a qual o mundo atribuiu a mim. Eu devo ter a ciência de que este ser precisa
ser respeitado, e que por mais que minhas desvirtudes tenham gritado cada vez mais alto dentro de
minha mente por refúgio, eu tenho a ciência de que o controle, provém do que é justo, do que é real, e o
que é real, na maioria das vezes é doloroso. Hoje eu vejo isso mais do que nunca, e sei que meus olhos
estão completamente desvendados do mundo que criei em minha cabeça. Do mundo de
irresponsabilidades, do mundo da incompassibilidade, da incompreensão mútua interpessoal, do mundo
de arrogâncias, certezas absolutas. Hoje, enfim, vejo que sou uma pessoa mais madura, que está
disposto a ser marcado pela chapa quente da dor, a fim de que eu possa viver o real. Viver o que foi
atribuído a mim. Se engana quem pensa que a felicidade é proveniente do que se enxerga através do
óbvio, pois se não esta se faria presente em momentos subconsecutivos com roteiros pré-escritos, e
sabemos que não é assim. A felicidade é uma ferramenta de incompreensão da dor, e quanto menos
sabemos sobre a dor que sentimos, mais infelizes somos, e por mais que tentamos rechear o prato com
cores vivas e saltitantes apenas com fins sinestésicos, a realidade é completamente o oposto, pois o
efeito colateral da ''felicidade'' infinda, é a perda de uma identidade puramente sua, puramente
verdadeira. Viverás um mundo de duplas, triplas, n-ésimas personalidades que nem a ti pertencem. Hoje
vejo, que preciso muito da dor para que eu viva o mundo real. Só sentindo-a, poderei ter a certeza de
que de fato estou vivendo, não no meu mundo criado ou projetado, mas no mundo que se dispõe ao
meu redor, e por mais que eu lhe atribua significados surrealistas e que raramente serão alcançados,
este raramente virá a ser o que penso. Hoje vejo que durante anos de minha vida fui egoísta, tolo, fútil,
asqueroso, mesquinho, e que o tempo inteiro pensava em prazer, prazer, paz e prazer. Quão tolo eu era.
Mal sabia que a realidade em que eu pensava viver, estirou suas persianas perante os meus olhos e
cegaram-me, e pasmem, após momentos de profunda dor, pude ver quão raso era tudo aquilo.
Coincidência? Provavelmente não.

PS: Olha esse poema que escrevi durante uma crise que tive, e que me reflete tão, mas tão bem:

Dual

No fundo dos meus olhos, habitam dois seres.

No fundo da minha alma, habitam dois seres.

Uma criança assustada, que observa as paisagens em busca do tão sonhado refúgio

Da tão sonhada paz. Ela corre em campos com oliveiras, rosas que sorriem ao incrível

som do poente, pássaros que o faz lembrar da felicidade. Essa criança vive, ela morre.

Instantaneamente, ela habita e vaga. Vaga pelo deserto. Instantaneamente, ela brilha e

vive morta de medo no escuro. Instantaneamente, ela sorri e chora. Ela observa, mas

desalma, desfalece de suas convicções em um simples olhar, em um simples gesto, e logo

após, volta à tepidez.

A criança valente, ofusca sua bondade. Lhe fornece seus poderes de análise realista, e lhe

derruba da cadeira da sobriedade. Ela vive através de sua dor, e suga suas energias a todo

instante, e ao mesmo tempo clama para que você a ouça gritar, implorando por sua dose

diária de sangue, de dor, de escuridão, de egoísmo, de raiva, de força. Ela lhe derruba do

palanque da moralidade, sem se importar com quem cai junto de ti. Sem se importar com

nada, ela vive, ela co-habita com sua essência /pura. Se olhas por trás de suas cortinas,
sentirás um cheiro intragável, e quase nunca te conformarás a viver naquele lugar, mas

invariavelmente, cairás nele, e gritarás, enquanto a criança valente lhe amarra, lhe torturas,

suga seu sangue, suga sua dor. Ela existe, até que ela morra, ou até que eu morra.

Vê bem? Bipolaridade? Talvez. Comutatividade? Talvez. Vejamos.

22/02/2022

Olá, caro eu do futuro

Está uma noite agradável, bonita, e a temperatura ambiente está maravilhosamente agradante. Esta é
uma daquelas noites quase perfeitas, pois o céu está com poucas nuvens, a lua sorri perante o
resplendor de sua fotoluminescência. Está uma noite perfeita para trabalharmos bebendo um café
quentinho, e vendo ''the mentalist'' enquanto estudo. Quem me vê falando assim, supõe que está tudo
muito bonito em minha vida. MUITO pelo contrário. As coisas em minha família vão de mal a pior, mas
procuro sempre manter a calma, a serenidade, e a paciência de que estes são apenas ''lonely days'' -
como diz uma das minhas bandas de metal favoritas. Me sinto vivo por dentro, e o ar que respiro me
parece amigável e sereno. Ótimo, pois imagino se eu estivesse em minha fase depressiva com tudo isso
acontecendo. Seria, definitivamente, o verdadeiro caos.

Deixei um pouco a minha diversão de lado para lhe trazer um pensamento que tenho tido na cabeça,
querido eu do futuro. Sei que pode estar muito ocupado com a vida adulta, com os afazeres obrigatórios
e restritivos que a responsabilidade cotidiana impõe sobre ti. Isso cansa, exaspera, e até mesmo lhe
deixa triste, não é? Lhe conheço bem. Sei bem como funcionas. Embora olhes para o lado e vejas tudo
escuro, e logo após o céu lhe acorda com seu encantador resplendor, eu entendo que as pessoas às
vezes podem lhe ajudar muito. Sim, eu sei. Tens uma tendência narcisista, antissocial, e muito
introvertida, acontece que eu penso muito sobre o efeito da dualidade da opositividade insensitiva. Eu
entendo que por assumir um comportamento deveras introvertido e muitas das vezes arrogante,
renegando os indivíduos que se aproximam(ou tentam) de ti, e até mesmo sendo petulante o suficiente
para lhes enganar com uma personalidade que nem a ti pertence, como em uma baile de máscaras
carnavalescas, tu te oprimes,e isso causa um efeito oposto do que pensas ser uma ''sobriedade''
mundana. Na verdade, estás a criar algo dentro de ti que é ruim o suficiente que não queres mostrar
para ninguém, o problema é que, o ruim de manter um animal feroz encarcerado, é que este se
alimentado, pode fugir da jaula a qualquer momento e dominar-te. Talvez, o próxima sejas tu na jaula.
Então não tenhas medo, pois as pessoas estão aí para lhe mostrar seu verdadeiro eu, e para que tenhas
a oportunidade de não alimentar este monstro, mas torná-lo uma verdadeira parte compactada de seus
infinitos teus, e que possa aprender a controlá-las das formas mais variadas possíveis.

Seu eu do ano de sua aprovação no ITA, 2022


Escrevo isto algumas horas depois:

O oceano se posta ao meu ver. O oceano vislumbra o que sei e o que não sei, e este se mantém à minha
espera. Tudo está em minhas mãos, e a espera me angustia, a certeza me mata, e as incertezas me
deixam ansioso. Tudo está no sim e no não, mas ambos me atormentam. Ambos representam uma
ambivalência de dor, e o que me mantém de pé é a certeza de que tudo vai dar certo. São fases. Fases
vem, mas não te esqueças que elas também passam. Uma hora eu sei que Deus há de olhar para mim e
perceber que estou me esforçando para que tudo dê tudo certo, e há ocorrer tudo bem. Dormi muito
pouco. Se dormi duas horas hoje foi muito. Em breve hei de continuar a trabalhar, e creio eu que as
coisas vão se sair bem, sim. Apenas um bom café forte, encorpado, e envivessedor para me animar
agora. Preciso disso para continuar a trabalhar. Preciso da fonte amarga e quente da vida. Estou com
muito sono, perdão. Os textos saíram péssimos. Me desculpe. Mas tudo há de dar certo, pois eu sei que
a natureza há de olhar por mim.

23/03/2022

Olá, caro eu do futuro

Novamente sou telespectador de um grande conflito que ocorre dentro de mim. Como é estranho o
comportamento humano. Como eu disse, caríssimo eu do futuro, eu vivo pelo meu sim e pelo não, e
vivo uma verdadeira ambivalência que resulta apenas em uma dor que sinto em meu peito, uma dor que
crava, que grita. Em breve tomarei meu café, e talvez eu escreva mais aqui. Beijoos.

Voltei uns minutos depois. O que eu penso sobre as relações interpessoais na adolescência/começo da
vida adulta? Com certeza meu pai e minha mãe dariam qualquer coisa para saber o que de fato penso.
Saiba, caro eu do futuro, que eles pensam, de fato, que eu sou gay. É um absurdo pensar isso de mim,
mesmo eu abendo que não há nada de errado com isso. Falo de absurdo pois os motivos que os fazem
pensar desta forma é simplesmente infatil e tolo. O fato é que em minha adolescência de fato não fui um
namorador. Para falar a verdade, nunca namorei em minha vida. E sim, tenho curiosidade para saber
como é acordar sabendo que tem alguém, que não sejam pessoas de sua família, que sente-se louca
para lhe ver em alguma hora do dia, e que esta tem um sentimento muito especial por você. Isso prova
mais uma vez um ponto sobre o qual andei pensando esses dias, mas não quero falar sobre isso agora. O
fato é que eu não estou pronto para viver isso, não agora. Eu exerço uma relação de
autoquestionamento supondo realidades em que eu seja a terceira pessoa, e a razão fica parcialmente
fora de plano. A primeira pessoa é uma parte consciente de meu cérebro que se mistura com partes
inconscientes, que criam um plano de dedução parcial onde eu tenha uma certa ideia sobre o limite de
meu ser consciente em uma relação de respeito, de amor e sinceridade, e tudo aquilo que deixe rastros
de uma possível imaturidade em relação a minha personalidade mais questionadora, mais desligada com
as conexões de moralidade, e eu saiba que de fato há uma possibilidade de que esta personalidade
exerça um grande controle sobre minha mente consciente, em um espaço de congruências que seja
muito novo para mim(como uma relação de namoro, por exemplo), serve para que eu trabalhe mais
minha maturidade, minhas questões internas, pois minha vontade de viver algo que seja verdadeiro e de
respeito, é muto maior do que minha curiosidade e necessidade de matar uma carência que não diz
sobre outra pessoa, mas sobre mim. Prefiro resolver essas questões primeiro, e muito provavelmente em
breve hei de entrar em um relacionamento. É questão de paciência.

26/03/2022 -

Olá, caro eu do futuro,

Estou confiante demais com aqueles assuntos referentes a estudos, mas não é sobre isso que eu queria
falar com você hoje. É mais sobre uma sensação que exprime em mim uma curiosidade, que por hora
tende a ser bem diminuta, e por outra hora tende a ser extrema: como as pessoas veem umas às outras?
Eu sei, é uma pergunta óbvia, eu sei disso. Sei também dos preceitos psicológicos sobre grupos,
sociedades, ideias em cadeia, seres compartilhados, onde nossa mente expande em questões de
padrões morais, filosóficos, etc...quando esta compartilha ideias com outras mentes, etc, etc...mas eu
falo aqui sobre uma questão mais bruta, mais material. Uma questão de visão alternada, onde eu
pudesse espiar o que o outro pensa por apenas alguns segundos. Você deve estar se perguntando: por
que esse idiota está com um questionamento tão idiota como esse já tendo tido outros muito mais
inteligentes? Bom...não sei lhe dizer, mas é algo que me intriga, sabe? Saber que existe um outro campo
de visões que, talvez, se difiram muito das minhas em vários aspectos. Saber que existe uma outra
consciência além da minha me choca.

Mas está aí o enigma moral: nossa mente não suporta pensar em uma outra consciência com seus
plenos deveres éticos e morais que, por vezes, superem em vários graus a nossa. A mente humana é
egoísta, mas necessita da co-habitação para sobreviver, então qual serial o padrão comum aqui? Poderia
nossa mente ceder ao que esta necessita em nome do que é bom e em nome do que é um pleno
exercício de grupo(agrupamento, socialização), ou esta cederia à sua natureza mais egoísta, mais
excêntrica, mais própria? A questão é uma análise de dualidades que pertencem a uma mesma função,
pois estamos falando de uma questão de troca/ganho, pois ao mesmo tempo em que esta cederia sua
convivência mútua, e logo perderia benefícios bioquímicos de reações cerebrais desencadeadas pela
plena convivência, esta ganharia poderes mais absolutos quando falamos em exercício de
''uniconsciência''. Por isso, talvez, e SÓ TALVEZ, os psicopatas tendam a ter um desenvolvimento durante
a história das espécies focado neste lado da moeda. Então fica a pergunta: como lidar? Pois todo esses
processos tendem a incidir em um só processo geral, com especificidades divergentes, mas ambos se
agrupam em um só desenvolvimento da espécie humana(claro, descartando a natureza torpe e vil de
uma identidade para a outra). Poderiamos punir uma natureza que pertence a um processo legítimo e
claro de ancestralização e gênese compartilhada? Ou aprenderiamos a lidar com ambas as naturezas a
fim de respeitar o processo da evolução em geral? A questão dos encaixes étnicos e éticos em uma só
planilha desperta um código criptografado em um número de páginas exacerbantes, por isso prefiro não
tratar de aspectos técnicos.

Hoje eu estou molenga e cheio de preguiça. Mal consigo levantar para escrever no quadro, por isso
acredito que hoje terei que estudar compartilhando espaço com a dor. Odeio quando isso acontece, pois
para mim, os estudos deveriam ser prazerosos e orgânicos, mas tudo bem. Estou sem criatividade para
escrever algo de bom aqui, então é isso. Até maaaais!

27/03/2022

Olá, caro eu do futuro,

Adoro quando sou o primeiro a acordar, a fazer as coisas. Por mais que possa parecer idiota a primeira
vista de uma pessoa qualquer, para mim é muito importante. Uma matina bonita, inspiradora, limpa e
fresca como a de hoje é uma fonte primária divina de inspiração para todos os que se dispõe a pensar
olhando para cima, para o universo. Primeiramente, relato a ti que preparo um café bem forte para que
me desperte de qualquer restício de sono, e logo após, faço minhas demais coisas. São os pequenos
detalhes que fazem com que nosso cérebro funcione de uma forma melhor, pois a natureza recompensa
os detalhistas, os que se arriscam a analisar os percalços da vida e ainda assim, depois de tudo, tem a
ousadia de apreciar tudo aquilo que é belo, tudo aquilo que se dispõe diante de sua visão, que Deus lhe
permitiu, depois de todas as coisas, sentar e apreciar sua obra. Porque eu acredito que a natureza não só
deva ser contemplada, pois este precede o que de fato não se sabe dela, o que não é assertivo, pois o
contemplar é enganoso. Mas o ver, o apreciar, é simplesmente a pitada de um tempero em um prato que
um cientista deva se esbaldar. Não sei porque estou lhe dizendo isso, mas me deu vontade.

Está uma bela manhã. Minha vontade de viver, de respirar, de enaltecer, de andar, de ouvir o som da
natureza me inspira de uma forma profunda e particular. Nosso cérebro está em uma contínua sintonia
com as vibrações naturais que são despertadas pelo pôr da lua e do sol, e quando compreendemos que
aquilo de fato acontece, tudo fica mais fácil e belo. Quando olhamos para as belezas naturais, sentimos
que gostariamos sim de alcançar tudo aquilo, de olhar para um futuro próximo ou longínquo, ou até
mesmo contemplamos um passado distante no qual, de fato, éramos felizes. É como se a essência
despertada pelo poente fosse refletida em infinitas camadas inclinadas de espelhos para todas as
direções temporais possíveis, onde em um toque de sobrenaturalidade, pudéssemos entender o
presente apenas admirando o reflexo do passado, e mesmo com tudo isso, temos a certeza de que tudo
aquilo vai acabar, e um novo ciclo se ininiará. Como em uma orquestra sinfônica, onde a adrenalina de
Beethoven em seu refrão magnético confluisse com a calmaria e mansidão de seus toques incípidos e
calmos, e quando sabemos que um dá início ao outro em uma sucessão de notas, sabemos que tudo
aquilo acabará. Uma hora, sempre acaba. Pois sabemos de ponta-a-ponta o declarar das notas, e quando
tudo aquilo ressoa por completo no ar mais impuro e insano em que respiramos, sabemos que um dia
novo virá. Um dia de paz, um dia de glórias. Um dia de paz. Pois a natureza nos faz questão de nos
mostrar alternada e contínuamente dia após dia, e se tivermos a sensibilidade de ouvi-la cantar, de ouvi-
la respirar, entenderemos isso e nos sentiremos gratos por toda aquela turbulência, pois ela engrandece
os momentos gloriosos, como ocorre entre o sol e a lua.

A plena consciência de que há um futuro bonito e agradável me inspira cada vez mais. Hoje vejo que não
quero me embebedar no presente, pois o processo que me torna mais forte deve e merece ser visto de
uma maneira sóbria.
30/03/2022

Olá, caro eu do futuro,

Mais uma vez está uma bela manhã. Os pássaros cantam, o sol incide sobre a minha janela, e as
pequenas refrações causadas é o que me encanta. Claro, tudo o que diz respeita a natureza sempre vai
me encantar, mas a vida me inspira. Esta me faz querer ter fome, ter cede, ter prazeres. Além de tudo, e
apesar de tudo, estou vivo. Estou aqui. Posso apreciar o que é bom, o que é belo. Antigamente eu
apreciava muito a morte, e lidei um tempo com a profunda escuridão. Uma total ausência de luz dentro
de mim. Mas hoje, como diria Nietzsche, posso dizer que olhei diretamente para a escuridão, mas não o
tempo suficiente para que esta olhasse de volta para mim. Flertei com o que a mim nunca pertenceu, e
graças aos Deuses, estou aqui. Vivo. É o que me importa.

29/04/2022

Olá, caríssimo,

Não lhe escrevi este mês por falta de vontade de lhe escrever, e por um outro motivo muito claro: estou
com a minha mente a mil. Meus estudos vão indo muito bem. Quem me dera se os meus motivos de
profunda inquietação se ativessem somente a este tópico. Não consigo encontrar-me dentro de minha
própria mente. Dentro de meu próprio ser, e meu âmago infla conforme a música toca, e eu não sei se o
protejo, ou deixo que este, em alguma hora, estoure de tanta inflar. Meu ser, meu espírito, encontram-se
em uma terrível confusão, pois não consigo sentir-me mais como antes. A solitude completa uma
sombra que permanece silente e imóvel, com sua fonte projetiva intacta e fria. Como uma árvore à luz
do dia que permanece quieta e serena. Sinto-me vazio. Sinto-me sem inspiração filosófica, sem o inspirar
matinal e noturno que eu costumava ter. Mas o estranho disso tudo, é que não sinto-me triste, culpado
ou desesperado superficialmente. Mantenho-me calmo, paciente e frio para com minhas
responsabilidades, quando meus conflitos internos exasperam sua profunda intepidez e agitação.
Raramente perco a paciência com aqueles que me irritam, e quando perco, recomponho-me
rapidamente, percebendo minha falha de coercividade, e logo após, tudo volta ao normal. Procuro por
algo que me inspire, que me faça respirar e sentir que tudo ao meu redor brilha, que tudo ao meu redor
transcende o que vejo, transcende o que sinto e espero. Que tudo ao meu redor põe-se de uma forma
mais bonita e natural em relação ao cinzeiro que costumo ver ultimamente. Não se engane, não sou uma
pessoa triste, mas talvez seja amargurado. O amargor é a consequência clara e natural do cansaço. O
cansaço de me relacionar com todos ao meu redor, quando sei que meu cérebro necessita disso.
Necessita ter este espaço para que novas amplitudes emocionais e espirituais sejam alcançadas pelo
meu ser, ao invés das mesmices de sempre. Mas como sair desse vácuo? Como? Tenho medo de que as
pessoas enxerguem um lado um pouco escuro que escondo dentro de mim. No dia-a-dia procuro ocultá-
lo, mas a solidão é como um espelho que reflete algo além do que seu esqueleto se orgulha em
esconder. Esta é sua melhor juíza, pois lhe revela quem podes, deves e presencialmente tu és, e na
maioria das vezes, enganamo-nos dizendo que esta nos engana, ou nos ofusca a realidade. Não. Esta é
como um rosto sem maquiagem, uma paisagem verde e azul escurecendo pouco a pouco, como uma
noite sem o luar. Esta torna-se necessária pois lhe põe junto com teus demônios no escuro, no vazio,
junto com teu espírito, e no caso de constranger-se com tua própria presença, provavelmente tu vivas
em uma verdadeira auto-sabotagem superficial, onde crias um espaço de recreação, ao seu parecer,
infinito. Mas quando a música para de tocar...o silêncio lhe revela o que há de verdadeiro dentro de ti.
Quer um conselho? Passe uns dias com essa sua parte. Se voltares depois disso tudo sem uma crise de
identidade, então parabéns!

06/06/2022:

Olá, caro eu do futuro,

Chega a ser estranho olhar para trás e ver aquele menino de 2017 se iludindo com o futuro, sem mesmo
saber das fases difíceis e traumatizantes pelas quais passaria e teria que enfrentar, sem exitar, tudo de
cabeça levantada. Chega a ser estranho olhar para aquele garoto com um brio espelhado na alma, com
um encanto no coração que brilhava o seu esplendor interno na proporção em que absorvia a natureza
fétida das coisas. Aquele menino que de nada sabia, se não tudo aquilo que pensava. Vejo minhas fases
de maturação como um processo longínquo e de muita luta, de muito choro e um combate intenso para
que eu continuasse sonhando. Meu sobrenome foi moldado sobre o fracasso, e fiz deste minha
motivação. Não cheguei a lugar algum ainda, e sei que o futuro é difícil, é combativo e intenso, mas este
ano eu pude perceber que os traumas de meu passado são repetidos em doses charopantes dia após
dia, e eu percebi que o jeito de lidar com este é abrangendo minhas perspectivas, e lutar para que estas
viessem e pudessem ser vislumbradas como uma possibilidade de real. Hoje, depois de 5 longos anos,
vejo pela primeira vez as coisas como elas são, e me encaixo em um contexto pela primeira vez. Pela
primeira vez, vejo que passei por um processo que antes era renegado pelo meu ego, mas hoje eu o
abraço com orgulho. Este processo me motivou para que eu chegasse nesse ciclo que foi finalizado há
pouco. Há pouco feche um tópico muito importante de meus estudos, e a partir de hoje iniciei o 1.3, que
será ainda mais árduo e desgastante(por sorte, é claro). Me apaixonei por essa intensidade, por esse frio
na barriga de correr um risco e saber que riscos devem ser corridos todos os dias, e é isso que me motiva
a seguir em frente, a continuar noites e noites acordado. Repito, não cheguei a lugar algum. Nunca
cheguei. Estou caminhando, caminhando, caminhando e caminhando em um lento processo que me
levará a algum lugar. As abdicações sentimentais de um jovem que sente uma necessidade muito grande
de se relacionar com outras pessoas, mas ainda assim abre mão disso tudo em nome da ciência, de seus
estudos, de seu compromisso para consigo, simplesmente arde em doses diárias que beiram o
arrependimento e o orgulho. Mas devon sentir orgulho, porque a minha mente abrange a ciência, e a
ciência, mora e vive em minha mente. Me banharei desta, e acordarei pensando nesta, e esta sim um
linda moça apaixonada pela qual vale a pena sentar, esguiçar meus pés e admirá-la com o luar. Esta sim,
me causa um grande tesão.

De João Victor, 2022, o melhor ano de sua vida.


07/07/2022,

Olá, caro eu do futuro,

Hoje minha mente despertou com toda a força e entusiasmo possíveis, mesmo que ao amanhecer tenha
ocorrido um probleminha ou outro, mas o dia de ontem simplesmente foi tenebroso no sentido
sentimental para mim. Ver coisas que ferem, que machucam, que arranham você por dentro e ainda
assim sentir uma imensa sensação de impotência, é uma das piores coisas da sua vida. Às vezes recordo-
me daquele garoto tão jovem em 2014, jogando videogame o dia todo e todo o dia, e me vejo naquela
rotina com as pessoas que amava profundamente, cada segundo, cada hora, eu imagino tudo se mover,
todas as cores saturadas e quentes, ouço as vozes daqueles que amava profundamente oscilando até a
mim, sinto os seus chegares, o cheiro do café sendo pronto na cozinha logo ao amanhecer, logo de
manhãzinha. Ouço o dormir deles e o som dos pássaros, a brisa matinal, tudo que compunha aqueles
dias. Tudo aquilo parece um sonho tão distante, que a sensação que dá é que nada daquilo existiu. Que
tudo é produto de minha imaginaão, e que a vida sempre foi triste e solitária. Que a vida sempre se
resumiu a sentir dor, angústia, uma sensação de aperto no peito a cada segundo. A impressão que dá é
que o fato de esses momentos tão felizes virem a minha mente em um flash espontâneo de luz, parece
que nada daquilo faz sentido, e que todos só existem em minha cabeça. Dentro de mim. O fato de eu
saber que fui muito feliz naqueles dias me causa uma inquietação tão grande, que pareço aqueles
indígenas em 1500 que viram pela primeira vez os europeus embarcarem em suas ilhas em navios
imensos, de tão surpreso que fico. Parece que esse sentimento genuíno é uma equação matemática que
a cada dia torna-se mais irresoluta. Como dói. Como machuca esses flahs. Como me aperta. Como me
espreme por dentro, e sinto que tudo o que posso fazer é lembrar daqueles belos dias, e sentir que
aquele eu, aqueles momentos, aquelas vozes, aqueles cheiros, aquele sentir, aquele arrepio, aquela
ansiedade boa, foram perdidos junto ao vento, e parece que nunca mais sentirei nada daquilo. Nunca
mais. Pareço buscar as respostas, pareço buscar aquilo tudo de novo para sentir tudo de novo de tão
bom que era, e a sensação é que pareço estar encaixando o o quadrado no espaço do círculo, e mesmo
que eu consiga me iludir por alguns segundos de que aquilo está certo e está funcionando, logo me vem
que tudo aquilo já não é mais como antes, e nunca mais voltará a ser. As tardes, aquelas belas tardes
com o pôr do sol, com aquele programa da globo que passava de tarde, com as vozes interagindo entre
si, com os risos sinceros, com aqueles andarilhos que passavam toda hora pela sala para ir a algum lugar,
aquela cozinha cheia e todos sorrindo, todos bebendo. Você ia a cozinha, e via um gritando e rindo tão
alto que mais parecia uma briga de bêbados, no quintal o som dda música falava mais alto do que todos
os presentes, e era como uma disputa para ver quem iria falar mais alto no próximo segundo, até que
todos pareciam estar berrando em um campo de guerra com granadas sendo atiradas, e no fim, tudo
terminava em cerveja e risadas. Sinto aquele calor, aquela temperatura da casa como se ainda estivesse
lá. Como se eu voltasse no tempo e estivesse observando tudo. Mas não. Não posso voltar no tempo.
Não posso viver tudo aquilo de novo com as pessoas que mais amava, que mais queria ter por perto,
porque tudo acabou. Todos se foram. Os andarilhos hoje em dia se resumem a formigas, uma ou duas
pessoas. O quintal, antes tão fervoroso que parecia um campo de batalha de alta que eram as vozes,
hoje se resume a silêncio. A cozinha, que antes tinha pessoas preparando coisas e rindo, gritando,
deixando sem querer copos e talheres caindo que tudo junto formava uma sintonia que chamavam de ''o
som do caos'', hoje se resume a solitude. Tudo frio, azul e quieto. Nada. Quando tento me afogar na
enganação ao pensar que tudo está bem, logo me vem a trombeta do caos no fundo da minha mente,
como um som que vai oscilando, oscilando, até que torna-se impossível de não ser escutado. O que
termnava em risos e cerveja, hoje termina em depressões, silêncio, friezas...e fugir daquela situação não
é a solução. Mas estou tão cansado para enfrentá-la, para combatê-la como o excelente soldado que
sempre fui em situações dessas. Me sinto esgotado emocionalmente para entrentar essa situação em
específico, então cabe a mim lembrar do passado e ficar com as boas lembranças. Se as ruins eu as
quiser, basta que eu olhe para o presente. Mas dói tanto.

08/06/2022,

Dói danto abdicar da vida social em nome de algo maior e que eu tanto quero. É a parte mais dolorosa
de todas.Me sinto só.

09/06/2022,

Ainda só, mas tudo tem valido muito a pena. Mais do que nunca consigo enxergar isto..

05/08/2022,

Sim, tenho tantas coisas para lhe falar. As coisas não sairam conforme planejamos, mas tudo pode
melhorar.

09/08/2022,

Em nome de minha paz de espírito, em nome do meu eu interior, afoguei meus quereres em prol da
perseverança solo. Quanto menos sabem no que pensas, menos as pessoas o importunarão com
opiniões que incidem sobre o ponto correto, mas ecoam, como sempre, no poço da ignorância e tolice.
Mantenha teu foco sobre tua mente, que paira sobre teus objetivos secretamente. Desta forma, as
pessoas parecerão ridículas e estúpidas por não saberem no que de fato pensam, e pensarão estar
corretas sobre si.

10/08/2022,

Entendo as pessoas tristes. Olho para elas e vejo uma certa verdade. Uma verdade pura, um pouco
mística, mas pura. Certa vez, estava convencido em um manhã limpa, ensolarada e bem fresca, de que
eu estava em um estado de plena felicidade. De plena contemplação. Peguei minha bicicleta, abri o
portão, e com os meus olhos brilhando, deslizei pelas ruas esburacadas com meu sorriso no rosto.
Saltitante. Quase extasiado de felicidade. O porquê? Nunca saberei lhe dizer. Eu usei como pretexto um
gatilho de gratidão para justificar meu completo caos, a fim de estabelecer um ponto causal que
justificasse aquele estado. Sempre justificando...sempre explicando. O porquê disso? Quando? Onde? E
explique exatamente...como aquilo ocorre. O tempo. O espaço. Latitude? Longitude? Tudo.
Absolutamente tudo explicado, remoído. Como um café puro que passa por sua fase de moeção. E a
explicação para meu estado? Como, e...por quê? Eu lhe diria se tivesse pensado em uma explicação
lógica. Afinal, é o que faço. Lógica. Olho, penso, contemplo, concluo, escrevo. Assertividade, João.
Assertividade. Explique-se. Explique-me o porquê de estar sorrindo. Mas se estiveres triste, ocorre a
antítese? Ou um vale, e o outro não vale? Um estado de espírito é por natureza autoexplicativo, ou deve
sempre ser endossado seguido de um sorrisinho, aquele sorrisinho que você dá depois de lhe ocorrer
um presságio, um feixe vultuoso de luz que lhe induz a pôr-se em um quadradinho mágico enumerado,
escrito, pré-escrito. Didático. E toda vez que uma face é girada para o oposto, vale a recíproca? Estou
exausto das pessoas. Enjoativas. Essa é a minha explicação. Enjoativas.

14/08/2022,

O que dizer para os meu netos? Seu vô não os quis em dado momento da vida? Ah, a vida é, de fato,
capciosa em seus andares. O caminho do arrependimento seria o amargor eterno da vida eterna? O
pobre sabatenado, ao beijar uma linda moça de olhos castanhos e cabelo cacheado, senta em sua cama
e envergonha-se profundamente de ter lhe prestado uma dose de sentimento. Por quê? O pobre
comissionário se arrepende profundamente de ter ofendido seu lamentável chefe após uma ofensa,
mesma estando na razão de sua natureza arrogante, narcísica e não coonestiva. Por quê? Devo me
arrepender de meus dizeres, de meu pensar? De minha vontade? De minha natureza? Os atos justificam
a essência prática de um ser, senão, este seria apenas um vulto na escuridão. Os meus atos justificam
minha natureza, ou então serei apenas...uma folha virada. Uma página não escrita. Um ponto que nunca
sequer pertenceu a algum espaço. A sociedade aceita o diferente que não lhe foge de seu campo de
visão turvo e lineado, pois se não pertenceres, tu não existes!

16/08/2022,

Estou feliz. Hoje vou dar entrada no meu requerimento para cursar as disciplinas que faltei no início do
ano para minha preparação para o ITA. Provavelmente vou entrar com uma turma de novos alunos,
afinal, vou cursar o que faltou ser cursado no início do ano. Finalmente vou conseguir resolver esse
problema, vou começar no meu emprego novo e pagar minhas coisas, e de quebra, continuarei a me
preparar para o ITA. Quando tudo estiver nesse estágio, estarei em equilíbrio novaamente com aa vida.
Resolver problemas de requerimento - cursar o que faltava - começar o emprego - equilibrar tudo
novamente.

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