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LEI N. 2.195, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2000.

Estabelece normas de conduta dos agentes públicos detentores de


cargos ou funções na Administração Estadual: cria a Comissão de
Ética Estadual, e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.


Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei estabelece normas de conduta referente aos ocupantes de cargos
na administração pública estadual.
Art. 2º O agente público estadual desempenhará suas funções com estrita
observância aos padrões éticos inerentes à função pública, de forma a preservar e ampliar a
confiança do público na integralidade, objetividade e imparcialidade do Governo,
reconhecendo-se como padrões éticos essenciais aos objetivos desta Lei, sendo vedado, entre
outros:
I - criar vínculos pessoais ou obrigações com os administrados;
II - dar tratamento preferencial a qualquer pessoa ou entidade;
III - utilizar informações privilegiadas em proveito próprio;
IV - utilizar bens e serviços em benefício próprio;
V - valer de informações internas do Governo depois de ter deixado o cargo.
Art. 3º O agente público estadual desempenhará suas funções oficiais e
organizará seus negócios pessoais de modo que possam, em qualquer circunstância, resistir ao
exame público quanto a sua lisura e adequação.
Art. 4º A partir da nomeação para o cargo ou função, o nomeado organizará seus
negócios privados de modo a prevenir ocorrência potencial ou real ou mesmo aparente de
conflito com o interesse público, sob pena de ser obstada a sua posse.
Art. 5º O interesse público sempre prevalecerá nos casos em que os interesses
privados do agente público estadual estejam em conflito com suas funções oficiais.
Art. 6º No ato de posse, o agente público estadual se comprometerá ao fiel
cumprimento das disposições legais e regulamentares aplicáveis aos servidores públicos e às
disposições desta Lei, em particular.
Art. 7º No ato da posse em cargo público ou admissão em emprego permanente, o
agente público estadual encaminhará à Comissão de Ética Estadual de que trata os artigos 18 e
seguintes desta Lei, uma cópia de Declaração de Situação Patrimonial, na forma por esta
determinada, bem como sobre situações patrimoniais de outras naturezas que possam suscitar
conflitos entre o servidor e o Estado e o modo pelo qual pretende administrar tais situações
durante o tempo em que permanecer no cargo.
Art. 8º O agente público atualizará, anualmente, as informações constantes da
Declaração de Situação Patrimonial, informando à Comissão de Ética Estadual qualquer
alteração de vulto na sua situação patrimonial.
Art. 9º Em caso de dúvida sobre questões patrimoniais, o agente público Estadual
deverá consultar a Comissão de Ética Estadual.
Art. 10. A participação do agente público estadual em atividades não
compreendidas em suas atribuições funcionais é permitida desde que não seja incompatível
com as atribuições de seu cargo.
Art. 11. O titular de cargo público ou função pública estadual não deve aceitar
presentes, hospitalidade, transporte e cortesias de pessoas que, direta ou indiretamente,
possam ter seus interesses afetados por decisões de sua competência ou de seus subordinados.
Art. 12. No relacionamento do agente público estadual com pessoas que possam
ser afetadas por suas decisões, os contatos terão sempre caráter oficial e público.
Parágrafo único. Para fins de controle, o agente público estadual manterá registro
sumário de reuniões havidas, do qual constará o nome dos participantes e a natureza do
assunto tratado.
Art. 13. Quando no relacionamento com outros órgãos e servidores da
Administração, o titular de cargo público ou função pública estadual deparar-se com situações
que possam gerar conflitos de interesses procederá da seguinte forma:
I - abster-se de tomar qualquer decisão de caráter pessoal, antes de estabelecida à
situação específica capaz de gerar esses conflitos;
II - tratando-se de decisão colegiada, deve comunicar a circunstância aos demais
participantes do processo decisório, abstendo-se de votar e discutir a matéria;
III - no caso de Secretário de Estado, este deverá transferir a Secretaria de Estado
de Governo o encargo de decidir sobre a matéria;
IV - nos demais casos, o agente público estadual transferirá a autoridade
imediatamente superior o encargo de decidir sobre a matéria.
Art. 14. A transgressão de qualquer das normas estabelecidas nesta Lei importará
advertência ou desligamento do serviço público estadual, a critério do Governador do Estado,
sem prejuízo de outras cominações legais, assegurado o contraditório.
Art. 15. O agente público estadual, após deixar o cargo, deve comportar-se de
forma a não ter vantagem indevida das atribuições que exerceu no serviço público.
Art. 16. Após deixar o cargo ou função, o agente público estadual não poderá:
I - atuar em beneficio próprio ou representar pessoa física ou jurídica,
em.processo ou negócio em que o Governo seja parte e no qual tenha participado quando
exercia o cargo;
II - prestar consultoria valendo-se de dados não divulgados a respeito de
Programas ou políticas do órgão público a que esteve vinculado com o qual tenha tido
relacionamento direto e relevante na função.
Art. 17. Durante o período de um ano, após ter deixado o cargo ou função, o
agente público estadual não poderá:
I - aceitar nomeação para cargo de administrador ou conselheiro, ou vínculo de
emprego ou de prestação de serviços, em entidade com a qual tenha mantido relacionamento
oficial direto e relevante nos 12 (doze) meses anteriores à sua saída do cargo ou função;
II - intervir em nome de pessoa física ou jurídica, em órgão público com o qual
tenha tido relacionamento oficial direto e relevante nos 12 meses anteriores a sua saída do
cargo ou função.
Art. 18. Fica criada a Comissão de Ética Estadual com a finalidade de subsidiar o
Governador do Estado na tomada de decisões referentes a atos de servidores públicos
estaduais que possam caracterizar conduta aética.
Art. 19. Compete a Comissão de Ética Estadual:
I - revisar as normas que disponham sobre conduta na Administração pública
estadual.
II - Revogado pelo art. 4º da Lei Complementar n. 250, de 13.8.2018 – DOMS, de
14.8.2018.
Parágrafo único. Revogado pelo art. 4º da Lei Complementar n. 250, de
13.8.2018 – DOMS, de 14.8.2018.
Art. 20. A Comissão de Ética Estadual será composta de cinco membros,
nomeados pelo Governador do Estado, dentre pessoas de idoneidade, moral ilibada e notório
conhecimento de Administração pública.
§ 1° Os membros da Comissão serão nomeados para mandato de dois anos,
permitida uma recondução consecutiva.
§ 2° O Presidente da Comissão, com mandato de um ano, será eleito por seus
pares, em reunião marcada para tal finalidade.
§ 3° As atividades da Comissão são consideradas serviço público relevante, sem
direito a remuneração
Art. 21. As despesas decorrentes do funcionamento da Comissão correrão à conta
de dotação orçamentária do órgão a que for vinculada por ato do Governador.
Art. 22. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.

Campo Grande, 18 de dezembro de 2000.

José Orcírio Miranda dos Santos


Governador

DOMS-22(5410):2-3, 19.12.2000

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