Você está na página 1de 2

Ouriço-preto (Chaetomys subspinosus)

Ordem: Rodentia

Família: Erethizontidae

(até recentemente a sua presença na família Erethizontidae era controversa, sendo defendida
por vários especialistas a sua inclusão na família Echimyidae)

Categoria de risco de extinção e critérios:

Este animal é classificado como Vulnerável (VU) de acordo com os seguintes critérios.

Razões que Proporcionalizaram a Vulnerabilidade da Espécie:

Chaetomys subspinosus é endémico do Brasil, tendo como habitat a Mata Atlântica do sul do
Espírito Santo ao extremo sul de Sergipe.

A espécie prefere as florestas primárias e secundárias mais avançadas, evitando outras


formações vegetais como capoeira e cabruca¹ (nome brasileiro para um tipo de plantações de
cacau).

A extensão de ocorrência calculada foi de aproximadamente 53,326 km² Estima-se que existam
menos de 3% da cobertura original de floresta para ser utilizada como habitat pela espécie.
Com este valor, estima-se que a área de ocupação máxima é de aproximadamente 1,600 km2,
estando severamente fragmentada.

A completa remoção ou simplificação das florestas, incluindo restingas arbóreas²


(Pequeno matagal, à margem de ribeiro ou em terreno fértil – retirado do Dicionário
Priberam.), representa um dos principais fatores de ameaça para a espécie, por ser essa uma
espécie estritamente arborícola e dependente da estrutura florestal nativa. Além disso, fatores
como o fogo e caça devem ser levados em consideração, uma vez que nas áreas de bordas este
animal pode ser mais vulnerável a estes eventos e ter limitada capacidade de fuga.

A espécie ainda apresenta baixa taxa reprodução e elevados níveis de endogamia³


(reprodução com alta frequência de cruzamento entre indivíduos que apresentam consangui-
nidade) no sul da Bahia. Desta forma, a espécie é categorizada como Vulnerável (VU), pelo
critério B2ab(ii,iii).

Distribuição geográfica

A espécie é endémica do Brasil, habitando na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, nordeste de


Minas Gerais, extremo sul de Sergipe, Espírito Santo e extremo norte do Rio de Janeiro.

A espécie não foi registada no Rio de Janeiro em investigações recentes (G. Giné, com. pess.,
2013).

A extensão de ocorrência para a espécie foi calculada em 53.326 km². Para o cálculo foi
excluído o extremo norte do Rio de Janeiro e uma região que abrange o norte do Espírito Santo
e extremo sul da Bahia, já que não há registos da espécie nessa área, apesar do intenso esforço
de procura (G. Giné, com. pess., 2013).

Assim, para o cálculo da extensão de ocorrência foram considerados dois polígonos, um que
inclui a área do sul da Bahia até o Sergipe, e outra no centro-sul do Espírito Santo. Estima-se
que existam menos de 3% da cobertura original de floresta para ser utilizada como habitat pela
espécie, o que resulta numa área de ocupação estimada em 1.600 km².

cabruca¹ - Nome brasileiro para um tipo de plantações de cacau (Dicionário Priberam);


restingas arbóreas² - Pequeno matagal, à margem de um ribeiro ou terreno fértil (Dicionário Priberam);
endogamia³ - Reprodução com alta frequência de cruzamento entre indivíduos que apresentam consanguinidade (Dicionário
Priberam)
História Natural (descrever e expor o animal)

A espécie é de tamanho grande, 1,3Kg, com comprimento de cabeça e corpo de 380 a 450 mm,
tem o corpo densamente coberto por espinhos cilíndricos, mais curtos e pontiagudos (~15
mm) na cabeça, e nos ombros são mais longos e pouco aguçados (~50 mm) no restante do
dorso, nos membros posteriores e na base da cauda.

Espinhos maiores apresentam uma banda subapical mais escura, de comprimento variável que,
junto às cores mais claras das partes mais afastadas e próximas dos espinhos, proporcionam
uma coloração castanho-clara ao dorso. Ventre coberto com cerdas achatadas, um pouco mais
claro que o dorso. Cabeça arredondada, orelhas curtas, focinho sem pelo e patas posteriores
castanhas. Cauda que tem a capacidade de agarrar e apanhar, grosseira e recoberta de
espinhos na base, mas afinada e recoberta de cerdas em direção à ponta, que é fina e quase
nua, e menor do que o comprimento do corpo.

A espécie é folivoria consumindo principalmente folhas jovens e de espécies pioneiras⁴, apesar


de se alimentar ocasionalmente de flores e frutos. Tem hábito arborícola, solitário, noturno e
habita principalmente em locais com alta complexidade vertical de vegetação, como florestas e
áreas de borda na Mata Atlântica.

As áreas de borda foram preferidas para o repouso diurno, alimentação e deposição das fezes,
indicando que a espécie é especializada no uso dessas áreas. C. subspinosus prefere as florestas
nativas e raramente utiliza seringais e capoeiras⁵

População

A população está a diminuir, porém não é possível quantificar o seu declínio.

Tendência populacional: a declinar.

Ameaças

Estima-se que existam menos de 3% da cobertura original de floresta para ser utilizada como
habitat pela espécie. A completa remoção ou simplificação das florestas, incluindo restingas
arbóreas, representa um dos principais fatores de ameaça para a espécie, por ser esta uma
espécie estritamente arborícola e dependente da estrutura florestal nativa.

Além disso, fatores como fogo e caça devem ser levados em consideração, uma vez que nas
áreas de bordas este animal pode ser mais vulnerável a esses eventos e ter limitada capacidade
de fuga. No entanto, a perda de habitat é a principal ameaça detetada para a conservação a
longo-prazo da espécie. A espécie ainda apresenta baixa taxa de reprodutividade e elevados
níveis de endogamia no sul da Bahia, estando a população severamente fragmentada nos
remanescentes de Mata Atlântica.

Ações de conservação

A espécie está inserida no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata
Atlântica Central. Ações que visem à preservação e restauração das florestas nativas são
primordiais para a conservação dessa espécie.

Presença em unidades de conservação

Bahia: PARNA do Descobrimento, PARNA e Histórico do Monte Pascoal, PARNA Pau Brasil,
REBIO de Una; Espírito Santo: PE Paulo César Vinha, REBIO do Córrego Veado, REBIO do
Córrego Grande, REBIO de Comboios, REBIO de Nova Lombardia, REBIO de Sooretama.

Espécies pioneiras⁴ - A expressão “espécies pioneiras” é usada para designar os organismos vivos que conseguem desenvolver-se em
locais inóspitos, com condições pouco favoráveis, sendo os primeiros a colonizar zonas onde a maioria dos seres vivos não consegue
sobreviver. (florestas.pt)
capoeiras⁵ - vegetação secundária composta por gramíneas e arbustos esparsos, que cresce após a derrubada da vegetação original
(Wikipédia)

Você também pode gostar