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LOBO-GUARÁ

(Chrysocyon
Chrysocyon brachyurus
brachyurus)

EDUARDO MARTINS MENDONÇA


GABRIELLY LUDOVINO
IANAE ROSSI ONOFRE
JAIR PINHEIRO FILHO
MARIA EDUARDA NIZAR
STEFANNY FERNANDA DA VEIGA MOREIRA

ITAJAÍ/SC
2022/2
EDUARDO MARTINS MENDONÇA
GABRIELLY LUDOVINO
IANAE ROSSI ONOFRE
JAIR PINHEIRO FILHO
MARIA EDUARDA NIZAR
STEFANNY FERNANDA DA VEIGA MOREIRA

LOBO-GUARÁ
(Chrysocyon brachyurus)

Projeto apresentado a Unidade Curricular


de Meio Ambiente e Medicina de Animais
Silvestres, do curso de Medicina
Veterinária, da UniSul.

Prof. Diogo Cristo da Silva e Silva


Prof. Ederson Américo de Andrade

ITAJAÍ
2022/2
RESUMO

Lobo-Guará
Guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo sul
sul-americano
americano com
peso entre 20 e 30 kg. A espécie tem caracteres morfológicos peculiares entre
os canídeos, como suas patas longas e finas, pêlos longos laranja
laranja-
avermelhados e orelhas grandes. Possui um
umaa crina negra no dorso, mesma cor
do focinho, das patas dianteiras e mais da metade distal das patas traseiras. A
região interna do pescoço, a parte interna das orelhas e um pouco da cauda
(na maioria das vezes, a ponta) são brancas. Hoje a espécie ocupa á
áreas do
centro-sul
sul do estado do Maranhão até o Uruguai, e do extremo leste do Peru
até o estado do Espírito Santo e sul da Bahia, incluindo em seu mapa de
distribuição áreas em seis países latino
latino-americanos:
americanos: Argentina, Bolívia, Brasil,
Paraguai, Peru e Uruguai.
guai. Acredita
Acredita-se
se que a distribuição atual sofreu grandes
reduções, em especial na porção sul de seu limite. Aparentemente, houve uma
expansão em sua área de distribuição em áreas antropizadas de Floresta
Amazônica e Mata Atlântica nos seus limites norte e leste. Apesar de possuir
uma ampla distribuição, a espécie está listada entre as ameaçadas de extinção
no Brasil (2003), na categoria vulnerável, e quase ameaçada pela classificação
da IUCN (2004).

Palavras-chave: Lobo
obo-Guará, canídeo, Floresta Amazônica.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

Estudos freqüentes vem avaliando a biodiversidade mundial. No topo se


encontra a região dos Andes Tropicais, localizado a noroeste do Brasil,
agrupando o maior número de espécies de aves, anfíbios e plantas, além de
ocupar a lista das dez regiões com o maior número de mamíferos e répteis.
Logo abaixo situa-se o Brasil, um dos poucos países de maior biodiversidade
do planeta (Cavalcanti, 1999). Um dos biomas brasileiros responsáveis por
tamanha diversidade biológica é o Cerrado, que atualmente possui 356 000
km2 (20 % da área original, Cavalcanti, 1999). Existem estimativas apontando
a presença de 195 espécies de mamíferos, 113 espécies de anfíbios, 180 de
répteis e mais de 6 000 de plantas vasculares (Conservation International,
1999). Mas apesar disso, poucos recursos tem sido investidos na proteção dos
seus ecossistemas. Dentre os mamíferos do Cerrado, podemos destacar a
família dos canídeos. Sua evolução é difícil de se precisar, no entanto, sabe-se
que os canídeos se originaram de uma espécie de mamífero já extinta, o
Tomarchus, que eram animais parecidos com os lobos, porém mais fortes e
com pernas longas. Dele surgiu um tipo diferente, com o crânio menos
alongado, focinho mais curto e pernas menos compridas. A partir daí, surgiram
as demais variações desta família. No Brasil temos algumas espécies, e dentre
elas, o Chrysocyon brachyurus, sendo o maior canídeo da América do Sul. Por
sua acentuada timidez, e estar vulnerável a extinção (Red list, IUCN), estudos
sobre a vida deste animal são raros e difíceis. Justamente por esse motivo, são
relativamente escassas as publicações sobre o lobo-guará. Sendo assim, o
presente trabalho tem por objetivo, reunir os conhecimentos já existente sobre
o Chrysocyon brachyurus, agrupando algumas informações, sobre as
características mais marcantes desse canídeo, somando assim uma obra a
facilitar posteriores estudos ou revisões sobre este fascinante animal.
DESENVOLVIMENTO

A presente pesquisa é de natureza qualitativa e consistiu em uma pesquisa de


campo e uma pesquisa bibliográfica. A pesquisa de campo foi realizada por
meio de observações sobre o modo de vida do lobo-guará em cativeiro, no
zoológico de Balneário Camboriú/SC. Além das observações, ocorreram
entrevistas dialogadas com a médica veterinária do zoologico sobre a vida
destes animais, para saber sobre sua alimentação, reprodução,
comportamento. As observações foram feitas a partir da visita guiada pelo
professor Dr. Ederson Andrade. Quanto à pesquisa bibliográfica realizou
estudos em artigos científicos sobre a vida deste animal, na natureza e em
cativeiro. A intenção é verificar como estes animais são tratados e verificar se o
zoológico busca promover aos animais em cativeiro algumas situações
semelhante à vida em seu habitat natural.

DADOS DO LOCAL
No zoológico de Balneário Camboriú possui quatro lobos-guará atualmente,
inicialmente eram um casal, houve uma reprodução que resultou em dois
filhotes, um macho e uma fêmea (informações dadas pela médica veterinária
responsável). Foi um fato que deixou todos felizes por conta da espécie estar
vulnerável a extinção pela IUCN (União Internacional para a Conservação da
Natureza e dos Recursos Naturais).
Parente dos lobos selvagens e dos cachorros domésticos, o lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus) é um animal típico do Cerrado e maior canídeo
(canídeo, é a da família de mamíferos de ordem carnívora que engloba cães,
raposa, lobos da América do Sul. Observou-se uma grande preferência dos
lobos guarás por regiões de campos rupestres, evitando fortemente áreas de
florestas úmidas. Está presente praticamente em todo bioma do cerrado e
áreas do sul do Brasil, pode aparecer esporadicamente em áreas do pantanal,
além de outros cinco Países, Bolívia, Argentina, Paraguai, Peru e Uruguai,
devido ao desmatamento do cerrado e outros ambientes, por esse fator
acreditasse que na distribuição atual sofreu grandes reduções, por outro lado, o
2

lobo aumentou sua área de ocupação, se adaptam em áreas desmatadas,


devido a grande diversidade de ambientes que ocupa e de alimentos que são
encontrados em áreas de intenso uso humano, isso prejudica a função primária
do lobo guará, que é um grande dispersor de sementes.

Existem registros esporádicos em áreas do bioma Pantanal e de transição do


cerrado e catinga e do cerrado e Amazônia, porém já se fortalece em ambiente
de mata atlântica como habitat importante de sua ocupação, principalmente
nos estados de SP – RJ – MG – PR.

Dados climáticos do local


O cerrado é um bioma brasileiro localizado principalmente na região centro-
oeste do país, são áreas mais propícias para se encontrar a espécie do lobo
guará . É considerado o segundo maior bioma da américa do sul com mais de
200 milhões de hectares e ocupa mais de 20% da área territorial do Brasil.

Bioma é um tipo de ecossistema que possui características próprias que o


tornam diferente dos demais, como vegetação, fauna, clima e ocorrências
hidrográficas.

Características do serrado

O Cerrado tem outra característica marcante, a biodiversidade, seja nas


espécies de vegetação, árvores, flores ou de animais o cerrado é um dos
biomas mais diversos do mundo.

A vegetação e a flora do cerrado são bem diversificadas e variam de acordo


com a localização da área, já que o cerrado abrange vários estados diferentes.

Vegetação do serrado

A vegetação, chamada de gramínea, é rasteira e formada por arbustos não


muito grandes de no máximo 20 metros de altura, com casca grossa e troncos
retorcidos. Além disso, as raízes das árvores e arbustos são bastante
profundas, o que facilita a busca por água nos períodos de maior seca no
cerrado.

A flora do cerrado é uma das mais variadas do mundo, o bioma possui mais de
11 mil espécies de plantas naturais do ecossistema. São algumas das espécies
de plantas e árvores encontradas no cerrado.
3

DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE
Caracterização da espécie
O lobo-guará é o maior de todos os canídeos Sul Americanos (ver classificação
completa na tabela 1). A cor em geral é laranja-avermelhada, possuindo
orelhas grandes com a ponta branca (Fig. 1). A extremidade do focinho e dos
longos membros sãs pretos com a ponta do rabo branca. Quando adultos,
pesam aproximadamente 23 Kg, com comprimento de 1,2 a 1,3 m, chegando o
rabo a medir 47 cm. Segundo alguns autores (Sheldon, 1992; Nowak e
Paradiso, 1983), é um primo distante dos cães do Pólo-Norte e parente
próximo da raposado-campo e do cachorro-do-mato Cerdocyon.

Descrição IUCN
Classificação taxonômica do lobo-guará.

Categoria: Taxon

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Carnivora

Família: Canidae

Gênero: Chrysocyon

Espécie: Chrysocyon brachyurus

Nome Popular Lobo-de-crina, Lobo-vermelho, Aguará, Aguaraçu.


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O lobo-guará habita em campos, pastagens e nos Cerrados da América do sul,


oeste dos Pampas do Peru, sul do Paraguai, partes da Argentina e Uruguai e 7
no centro-oeste brasileiro. Vive em lugares com muita vegetação natural,
especialmente campos próximos à baixadas, com capoeirões ou matas
arbustivas, evitando locais próximos a habitações humanas. Este canídeo
distribui-se amplamente pelos Cerrados brasileiros, sendo comum em várias
localidades. A região do Cerrado está localizada basicamente no Planalto
Central do Brasil e ocupa mais de 2 000 000 km2, o que representa 23% do
território brasileiro (Sano & Almeida, 1998).
O Cerrado é distribuído em área contínua pelos estados de Goiás, Tocantins e
o Distrito Federal, parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, São Paulo, norte da
Amazônia, Pará e Roraima. Abrigando tão vasta área, é esperado que não se
encontre no Cerrado apenas um único tipo de clima, mas na maioria de sua
região é predominante o tipo quente e úmido. A precipitação anual do Cerrado
é menor do que nas florestas pluviais tropicais, variando de 750 a 2000 mm,
distribuídos em duas estações, com cerca de 80% das chuvas concentradas de
outubro a março e uma estação seca entre maio e setembro (Sano & Almeida,
1998). A temperatura média anual situa-se entre 18° e 23° C, dependendo da
altitude e latitude (Raven, 8 1996). Podem ocorrer períodos de seca de uma a
três semanas, os chamados veranicos, durante a estação chuvosa
especialmente nos meses de janeiro ou fevereiro. Este tipo de variação na
precipitação anual, tem uma influência muito grande na alimentação do lobo-
guará, mudando seu hábito alimentar na estação seca e chuvosa. A formação
vegetal do Cerrado é do tipo arbustivo-herbácea densa que ocorre na formação
de savanas. Sano & Almeida (1998) descreve a vegetação do Cerrado em
onze tipos fitofisionômicos gerais, enquadrados em formações florestais (Mata
Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), de savanas (Cerrado Sentido
Estrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Veredas) e campestres (Campo Sujo,
Campo Limpo e Campo Rupestre). As árvores em geral não são muito altas,
tendo em média de três a seis metros, com troncos e galhos retorcidos
apresentando freqüentemente casca espessa, sendo muito ramificadas e com
copas irregulares. Devido a distribuição esparsa de árvores, o solo é
geralmente bem iluminado. As árvores são decíduas, sempre verdes e
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esparsas, que ocorrem isoladamente ou em grupos, perdendo as folhas na


estação seca. Ervas perenes são comuns. O Cerrado é um tipo de savana,
ocupando a região entre florestas tropicais úmidas e desertos (Raven, 1996), e
como tal, seu aspecto está relacionado em grande parte às queimadas
periódicas. O inverno é longo e quente, e as pessoas freqüentemente queimam
a planície para estimular o brotamento de novas gramíneas para sustentar os
rebanhos domésticos. A preocupação em preservar e, em alguns casos,
recuperar áreas degradadas, tem formado inúmeras áreas de proteção,
agrupando fauna e flora de espécies bastantes heterogêneas do Cerrado
(Conservation Internacional, 1999). Impressionante nessas áreas de proteção é
a capacidade de recuperação da vegetação. Os incêndios, ocorrem
principalmente na estação seca, entre os meses de agosto a setembro, e no
caso do Parque Nacional das Emas e do Parque Nacional de Brasília já
chegaram a atingir quase a totalidade dessas áreas, matando animais e
destruindo a vegetação (Cavalcanti, 1999). Controlado o fogo e com a chegada
das primeiras chuvas, a vegetação rasteira volta a brotar, as 9 árvores
retorcidas e enegrecidas pelo fogo tornam-se exuberantes e os animais
reaparecem.

ETOLOGIA

Hábito e comportamento natural

Chrysocyon brachyurus são animais principalmente noturnos e têm picos de


atividades crepusculares. São muito tímidos e solitários, mas não são ferozes
como pensam muitos. O lobo-guará só ataca raramente quando acuado e com
medo. Estudos de campo sugerem que os machos são mais ativos do que as
fêmeas (Dietz, 1985). Durante o dia descansam em áreas de cobertura
espessa ou em baixo de grandes pedras, se locomovendo por pequenas
distâncias. O lobo-guará é um animal solitário, se associando apenas durante o
período de gestação. Segundo Dietz (1984), em pesquisa feita na Serra da
Canastra (MG), estes animais precisam de aproximadamente 27 Km² de
território para viver. Porém, mais de um indivíduo pode compartilhar o mesmo
território, mas nunca simultaneamente. Cada animal demarca o território com
6

fezes e urina. É comum encontrar nos trajetos percorrido pelo lobo-guará,


vários pontos com cheiro característico. Eles marcam os mesmos lugares
muitas vezes. A urina é mais difícil de se verificar pois desaparece com
facilidade no ambiente seco e quente. Fezes são mais comuns e encontradas
mais vezes em locais determinados do trajeto. As fezes também são
encontradas comumente em locais favoritos de descanso, em locais de
guarida, ou próximos a pontos proeminentes como topo de pedra, linhas de
cercas, interseções de rastro, ou montes de terra freqüentado pelos lobos.
Estes locais onde freqüentemente são encontradas as fezes são chamados de
latrinas. Na natureza, os trajetos percorridos durante o entardecer e a noite
estão relacionadas apenas ao forrageamento (procura de alimento), mas
também à defesa do território, papel executado pelo macho (Dietz, 1984).
Quanto a vocalização deste canídeo, é mais comum nos períodos de
acasalamento. Kleiman, 1972 e Brady 1981 (apud Dietz, 1984) descreveram a
vocalização do lobo-guará de alta freqüência ou latido estendido. Segundo
Dietz (1984), os autores postularam que a vocalização funciona principalmente
como um mecanismo de espaçamento entre indivíduos. Durante seu estudo de
campo, o autor notou várias trocas de vocalizações entre os parceiros,
indicando que a vocalização poderia estar relacionada a localização dentro do
território. Os lobos-guará andam muito nos mesmos lugares e trilhas, indo e
voltando quase sempre pelo mesmo caminho e na mesma noite. Dificilmente
encontram-se dois ou mais animais adultos juntos. Seus hábitos reservados
dificultam estudos na natureza. Um tipo de associação rara foi observada entre
um lobo-guará e um falcão (Falco femoralis) no Parque Nacional das Emas
(Silveira et. al., 1997). O falcão se alimenta de insetos e pequenos vertebrados
como lagartos, roedores e pássaros. Quando um lobo-guará saia para caçar
animais, era seguido às vezes por um ou dois falcões, que o observa. Nas
vezes em que o lobo não conseguia sucesso, os falcões atacavam a mesma
presa, que exausta, sucumbia ao ataque dos falcões. Deste modo, os falcões
se mostravam animais bastante oportunistas, capturando os animais que
escapavam do ataque do canídeo. Foi notado que para o loboguará este tipo
de associação não trazia benefício algum, mas também não causava prejuízo.
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Bem estar animal


Bem-estar animal foi definido por Donald Broom, em 1986, como “o estado de
um indivíduo em relação às suas tentativas de se adaptar ao ambiente em que
vive”. As Cinco Liberdades9 são princípios norteadores do bem-estar animal, e
são elas:

Liberdade nutricional: Livre de fome e sede. Considera que o animal deve ter
acesso à comida e à água em quantidade, frequências e qualidade ideais para
consumo.

Liberdade sanitária: Diz respeito a viver livre de doenças, dores e livre de


ferimentos de qualquer espécie, além do tratamento adequado, incluindo a
prevenção com vacinas.

Liberdade ambiental: Diz respeito a viver livre de desconforto em um ambiente


com temperatura, superfícies e áreas confortáveis.

Liberdade comportamental: Livre para exercer o seu comportamento natural. É


imprescindível que o animal esteja um ambiente compatível para exercer, por
meio de objetos, ações, espaços, entre outros, os seus comportamentos
naturais.

Liberdade psicológica: Viver livre de sentimentos negativos que possam causar


estresse, ansiedade ou medo, evitando assim o sofrimento psicológico.

MANEJO NUTRICIONAL

Alimentos e alimentação em ambiente natural

Basicamente, os animais necessitam de uma dieta composta por três itens


principais: água, energia e nutrientes. A água é considerada o componente
mais importante de qualquer dieta. A energia, é fornecida principalmente pelos
carboidratos e gordura. Os principais nutrientes são a proteína (aminoácidos),
vitaminas e minerais.

Alimentos e alimentação em cativeiro

O lobo-guará é um animal com hábito alimentar onívoro, ou seja se alimenta


tanto de vegetais quanto de animais, incluem em sua dieta frutos, como a
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banana, maçã, goiaba e lobeira, sendo esta última essencial na manutenção do


lobo Guará, segundo estudos ela possui ação terapêutica e parasitária,
consomem também pequenos vertebrados, como roedores, lagartos e aves. Os
itens de sua dieta podem variar de acordo com a localização e a
disponibilidade de alimentos. Vale salientar que o lobo-guará tem um
importante papel ecológico como dispersor de sementes. No caso da lobeira,
ao passar pelo trato digestório do animal, suas sementes aumentam sua
capacidade germinação.

Apresentação da dieta em ambiente cativo

Os animais em cativeiro dependem exclusivamente daquilo que oferecemos


diariamente, a principal preocupação do profissional é fornecer os principais
nutrientes para atender às necessidades de manutenção, crescimento e
reprodução das espécies. Dessa forma, a dieta deve ser balanceada e deve
conter os ingredientes corretos para compor a necessidade básica de
nutrientes e energia. São oferecidos frutos com casca e vegetais, rações para
cães e carnes.

Estimativa da exigência energética


Dieta em ambiente cativo.

De acordo com o Protocolo para Conservação do Lobo-Guará, a dieta deve ser


planejado de modo que:

• possua um conteúdo protéico baixo a moderado, entre 20-25% de proteína,


DMB (base de matéria seca) para reduzir a quantidade de cistina que os rins
podem excretar.

• promova saúde oral (comida seca e suave). Frequência as 8 hrs e as 15 hrs.

• resulte em fezes bem formadas (refeição de soja pode exacerbar a dissolução


das fezes).

• resulte em urinas mais alcalinas (comidas com alto carboidrato, baixa proteína
animal promoverão urina alcalina).

O que oferecer Lobo-guará:

Alimentos
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20 a 30 % Frutos com casca e vegetais: mamão, melão, melancia, banana,


maçã, uva, manga, coco, tomate, frutos de época, cenoura, beterraba, vagem,
abobrinha, abóbora, etc.

5 a 10 % Carne, frango, pintinho, ovo, animais de biotério.

50 a 70 % Ração para cães.

Outro grande cuidado é com a obesidade, dependendo do tempo que o animal


permanece no Cetas, é importante adequar a quantidade dos alimentos
fornecidos ao grau de atividade dos animais e tamanho do recinto.

MANEJO SANITÁRIO
Manejo de fauna em cativeiro é a intervenção humana de forma sistemática,
visando manter e recuperar populações silvestres em cativeiro para diminuir a
pressão de retirada de espécies da natureza, ofertando à sociedade animais
com origem legal, dentro do princípio da sustentabilidade.

Medicina preventiva

A medicina preventiva se está baseada na rotina diária, consumo de água,


alimentos que supram sua necessidade fisiológica e de manutenção. Com
quantidade de carboidratos, proteínas e vitaminas de acordo com o peso e
idade do animal. Se faz necessário suplementação quando animal está
debilitado ou com dificuldade de absorção.

Nos ares patológicos, as vacinas, antiparasitários são de suma importância


tanto para o animal quanto para o controle de zoonoses.

Exames clínicos e vias de administração de fármacos

Os exames clínicos que são de maior recorrência: exame físico, exame de


Urina e Fezes, exame de Sangue, exame radiográficos.

Administração de fármacos: Pode ser feita de forma oral sendo misturado na


alimentação/ água, ou ainda de forma intravenosa, intramuscular e subcutânea.

Diagnóstico e tratamento das principais patologias


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As principais doenças acometidas a essa espécie são doenças


gastrointestinais em altíssimo índice, no segundo lugar temos doenças
traumáticas e no terceiro lugar doenças respiratórias.

Dentre os problemas gástricos observados, após os exames foi constatado


enterite verminótica, gastrenterite hemorrágica*1, enterite bacteriana,
gastrenterite*2, torção*3 e úlceras. Já visando os problemas respiratórios tendo
alta taxa de pneumonia. Nos problemas traumáticos que são vistos logo
quando o animal é recolhido para tratamentos são causados em virtude de
brigas e acidentes.

Apesar de não constar alta incidência os prejuízos urinários e circulatórios


também estão presentes, dando novamente ênfase aos agentes parasitários,
causando parasitismo renal e filariose.

Sinais clínicos relacionados aos problemas gastrointestinais

Diarréia, vômito, anorexia, e prostração.

Tratamento aos agentes parasitários

Agentes Tratamento
Ectoparasitas Finopril tópico
Ctenocephalides (pulgas) Permetrina tópico
Moscas
Enteroparasitos Disofen 37,5 mg/ 5kg; nitroscanate
Ancylostoma sp 30 50mg/ kg vo; palmoato de pirantel +
Trichuris sp-9 praziquantel vo dose única;
Stromgyloides sp-3 mebendazole 100mg/ kg vo, 2x/7-
Toxocara sp -3 10dias.
Coccídeo-2 Levamizole vo, 150mg/adulto e
Dioctophyme renale – 6 80mg/ infantil.
Dirophylaria sp-1 Sulfanilamidopirimidina 25-100mg/kg
vo, 2x 5-7dias.
Recomendado cirurgia
Ivermectin 6-12mg/kg ou milbemicina
500-999 mcg/kg)
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Bactérias b Cloranfenicol 100mg/kg, 2x/dia/7-10


Salmonella sp -2 dias; trimetoprim + sulfametoxazol
Escherichia coli-1 1ml/kg/7dias.
Leptospira sp-2 Estreptomicina 25mg/kg im 3-5 dias.
Virus Soro hiperimune e controle da
Parvovírus-17 hidratação, acidose e da infecção
secundária, Tc.

O diagnóstico de agente parasitários fica por conta dos exames de urina/fezes,


sangue, secreções e raspagem.

Visando problemas respiratórios

Com maior incidência visualizamos os casos de pneumonia, que vem de um


processo secundário de infecção pulmonar que nada mais é que a proliferação
de fungos, vírus ou bactérias se aproveitando de alguma debilidade respiratória
já do mesmo.

Principais sinais clínicos

Febre, desidratação, dificuldade respiratória, tosse, diarréia, vômitos. Além dos


sinais clínico o médico veterinário deve pedir exames complementares como
sangue e se necessário em caso de dúvida uma radiográfia.

Tratamento

Em casos mais graves se indica a internação.

Deve ser administrado Anti-inflamatórios, diuréticos, expectorantes,


antitérmicos e poli vitamínicos.

Protocolo para captura e contenção

Os meios de contenção são feitos através de focinheira de corda, cambão,


gaiolas, caixas de feitas de madeira, rede de arrasto e toalhas sempre são
importantes para evitar estres ao mesmo. Sendo usados em outros métodos de
captura, rifles e zarabatanas municiados com dardos de fármacos propriamente
dosados. Esse método é mais utilizado quando o animal precisa ser aprendido
rapidamente em locais livres.
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Contenção química

O fármaco mais utilizado para a anestesia da espécie é o Cloridrato de


cetamina (7 à 10mg/kg), associado a com o Midazolam (0,3 á 0,5mg/kg).
Variação calculada conforme o peso.

DESCRIÇÃO DOS RECINTOS


Recinto tem como definição uma área cercada, compreendida de muros ou
obras de defesa, dito isso, ao manter animais em cativeiro acarreta,
imprescindivelmente, lhes proporcionar bem estar, saúde física e psicológica.
Existem procedimentos estudados e comprovados tais como, o enriquecimento
ambiental, alimentar, sensorial, físico e cognitivo, os quais tendem a elevar o
bem estar do animal em cativeiro obtendo alterações em seu recinto.

Os recintos devem seguir as normas estabelecidas na Instrução Normativa do


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) nº 07, de 30 de abril de 2015, de acordo com cada espécie.

Instrução normativa

Instrução Normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis (IBAMA) nº 07, de 30 de abril de 2015 institui e normatiza
as categorias de uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro. Esta instrução
estabelece que, no caso de mamíferos, como é o caso do Lobo Guará
(Chrysocyon brachyurus), os recintos devem atender aos requisitos.
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As recomendações encontram-se sob forma tabular, segundo a Sistemática do


Livro "Mammals Species of the World" - a Taxonomic and Geographic
Reference. Edited by Don E. Wilson and Dee Ann M. Reeder. 2nd. Ed. 1993.
Para espécies de hábitos arborícolas, o abrigo deverá ser localizado no estrato
superior do recinto; Os recintos que abrigam espécies que constam na Lista
Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção deverão seguir
as recomendações dos respectivos Comitês; Se a ocupação máxima
recomendada aumentar de mais que sua metade, a área do alojamento,
tanques e abrigos e o número de cambiamento e maternidade deverão ser
dobrados. Se a ocupação máxima recomendada diminuir em até 40%, as áreas
recomendadas poderão diminuir 30%.

Considerando tais requisitos a instrução normativa estipula níveis de segurança


divididos em, I- O tratador pode entrar estando o animal solto no recinto, II-
Deve-se prender o animal para o tratador entrar e III- Além de prender o animal
no cambiamento com trava e cadeado, deverá haver corredor ou câmara de
segurança.

Os níveis de segurança são reforçados para que os tratadores possam realizar


seus afazeres sem que sejam surpreendidos por ataques ou quaisquer ações
que possam atingir sua integridade física. No caso do animal em questão
apenas o NS II é relevante.

A primeira lei brasileira sobre o funcionamento de zoológicos foi a Lei n° 7173,


de 14 de dezembro de 1983 dispõe sobre o estabelecimento e funcionamento
de jardins zoológicos, mas, apenas com a entrada em vigor da instrução
normativa nº 4 em 2002 que foram estabelecidas as condições mínimas para o
recinto de animais em cativeiro.

Número de indivíduos no recinto

A Instrução Normativa dispõe que em relação à classe Mamíferos,


especificadamente do gênero Chrysocyon, em cada recinto o número de
indivíduos deve ser dois (2).

Descreve que caso sua ocupação seja ultrapassada em mais que sua metade,
o recinto no seu todo, desde a área do alojamento, tanques, abrigos e sua área
de cambiamento e maternidade deverão ser dobrados também.
14

Em outro modo, se porventura, sua capacidade máxima diminuir


consideravelmente em até 40%, seu recinto num todo deverá reduzir sua
ocupação 30%.

Dimensionamento e características gerais do recinto atualmente

Recinto do Lobo Guará mede aproximadamente 200 m² como consta na IN,


teoricamente pequeno se comparar ao espaço previsto em vida livre, em todo
caso, conta com piso de terra com grama ou outra vegetação rasteira, dois
espaços que servem de abrigos com dois cambiamentos de 3 m² cada que
deve ser recoberto com material macio em caso de nascimento de crias, em
regiões onde o clima é frio os abrigos e cambiamento devem ser aquecidos.
Como também, devem ter disponíveis pelo cativeiro troncos, árvores de
pequeno porte.

Sugestões de melhoria do recinto e Enriquecimento ambiental

Os recintos dos mamíferos em zoológicos devem seguir os requisitos


estabelecidos na IN, mas em todo caso, podem existir melhorias internas para
contribuir com o bem estar do animal.

A vegetação natural do recinto deve crescer de forma natural para que se


pareça com a vida livre da floresta, como também existem formas de melhorias
e desenvolvimento por parte do enriquecimento ambiental, alimentar, sensorial,
físico e cognitivo que podem e devem ser mantidos constantemente.

É de suma importância que se conheça as necessidades da espécie em


questão para que com isso sejam oferecidas as melhores condições. Dentre os
tipos de enriquecimento ambiental, há estudos que comprovam a efetividade
da fase alimentar que obteve grande interação dentre os animais do recinto,
constituiu em, anexar trouxinhas feitas de papel com carnes distribuídas por
todo o recinto.
15

Figura 11 - Planta baixa do recinto para Iguana, contextualizada com recintos vizinhos e
corredor de segurança em uma casa de répteis. Troncos para escalada e vegetação não foram
representados. Fonte: O Google, 2022

Outra técnica utilizada seria a distribuição de galhos e cordas entrelaçados,


folhas espalhadas, tronco com diversos orifícios, areia.

A lobeira (Solanum lycocarpum), pode ser utilizada tanto para melhoria do


recinto quanto utilizada para enriquecimento ambiental do animal, sendo de
suma importância para a continuação da biodiversidade local, pois, após
ingerida quando o animal defecar, suas sementes serão espalhadas pelo
recinto.

Técnica estimulatória-sensorial, foram espalhados no recinto, ossos, frutas


inteiras, caixa de papelão e coco verde com carne em seu interior.

Ainda seguindo a técnica alimentar, alimentos dispostos em locais escondidos,


em caixas lacradas, além do oferecimento de picolé de fígado. Diferentes itens
alimentares daqueles normalmente fornecidos pelo zoológico incluíram ovos
crus, frutas inteiras e com casca.

Dentre as melhorias, a inserção de práticas de caça dentro do recinto para que


o animal esteja ainda mais próximo de seu habitat em vida livre sempre que
possível, a interação diversificada com animais da mesma espécie ou que
estejam na mesma ordem de criação.

O enriquecimento ambiental além de modificar o ambiente físico e social,


consiste na melhoria da qualidade de vida reduzindo estresse, distúrbios
comportamentais, intervenções médicas, mortalidade e aumentando sua taxa
de reprodução, assegurando um ambiente que lhes proporcionem tranquilidade
e segurança.
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Croqui e memorial descritivo do recinto

Recinto: Lobo Guará

Local: Zoo Bc

Município: Camboriú

Área: 200 m2

Descrição do perímetro:

O recinto terá 200 m² de área útil, caracterizada por vegetação arbustiva típica
do cerrado com delimitação aberta; um espelho d’água de 0,50 m de
profundidade, a prever tubulação pluvial de alimentação e ralo de escoamento.
Todavia, o local será composto por um comedouro de concreto usinado, em
uma locação bem arejada; seguido de dois cambiamentos de concreto armado,
ambos de 3 m² cercado com grades metálicas; luz de aquecimento e de fácil
acesso. Possui também, cercos mesclados de vidro e alvenaria para facilitação
na visibilidade do ambiente, com dois portões metálicos afim de circulação de
funcionários; previsto o corredor de segurança. previsto o corredor de
segurança.

Imagem I: Croqui do recinto


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Imagem II: Legenda do croqui do recinto

Imagem III: Fachada do recinto


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o estudo sobre a espécie, consideramos que inicialmente a espécie


Chrysocyon brachyurus (llliger, 1815) apresenta variações sutis na sua diera no
que diz respeito a região de ocorrência e a sazonalidade, pode ser
comprovada.

Devido a variação sazonal que ocorre ao longo do ano, a metodologia aplicada


ao presente estudo mostra-se eficiente, principalmente no que se refere a
coleta de dados anuais, devido a grande plasticidade de itens alimentares no
período de transição entre os períodos de seca e chuva.

Para analise estatísticas confiáveis, faz-se necessário o aumento do numero de


coletas, visando, alem disso, identificar quais são os itens de maior importância
na dieta deste canídeo.

Verificou-se que a espécie mostrou-se bem adaptada as mudanças antropicas


do ambiente onde vive e a proximidade de regiões urbanas, chegando a obter
vantagens com esta nova situação.

Os resultados do trabalho mostraram que é necessário a realização de um


processo conscientização com os moradores das regiões rurais onde há a
ocorrência da espécie, com o objetivo de fornecer a estes, condições de
coexistência não apenas com Chrysocyon brachyurus, mas com toda a fauna
nativa da região.

Deve-se fazer valer também as leis que regulamentam as reservas ecológicas,


que recomendam que não haja animais domésticos dentro dos perímetros das
reservas. Estes podem transmitir doenças para as espécies nativas, podendo
ate causar a extinção de populações locais.
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REFERÊNCIAS

Disponível em: https://www.zoo.df.gov.br/vegetacao-em-recintos-do-zoologico-


de-brasilia-da-mais-conforto-aos-animais/ Acesso em: 15/10/2022 às 17:00;

Disponível em:
https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Instrucao_normativa
/2015/in_ibama_07_2015_institui_categorias_uso_manejo_fauna_silvestre_cati
veiro.pdf Acesso em: 15/10/2022 às 17:30;

Disponível em: https://www.crmvrs.gov.br/PDFs/Guia_Animais_Silvestres.pdf


Acesso em: 15/10/2022 às 18:30;

Disponível em:
https://www.ibama.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&legislacao=9
1278 Acesso em: 15/10/2022 às 18:15;

Disponível em: https://www.seb-


ecologia.org.br/revistas/indexar/anais/viiceb/resumos/609a.pdf Acesso em:
15/10/2022 às 16:15;

AMBONI, M.P.M. 2007. Dieta, disponibilidade alimentar e padrão de


movimentação de lobo-guará Chrysocyon brachyurus, no Parque Nacional da
Serra da Canastra, MG. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de
Minas Gerais. 46p;

BELENTANI, S.C.S.; MOTTA-JUNIOR, J.C. & TALAMONI, S.A. 2005. Notes on


the food habits and prey selection of the maned wolf (Chrysocyon brachyurus)
(Mammalia, Canidae) in southeastern Brazil. Biociências 13 (1): 95-98;

BELENTANI, S.C.S.; MOTTA-JUNIOR, J.C. & TALAMONI, S.A. 2005. Notes on


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DlNIZ,L.S.M;LAZZARINI,S.M.;ANGELO,M.J.Problemasmédico-
veterináriosdeLoboguará(Chrysocyol/brachyurus)emcativeiro.RevistadeEducaç
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SP.SãoPaulo,volume2,fascículo2,p.034- 042,1999.

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