Você está na página 1de 23

A GEOGRAFIA DAS ÁGUAS NO VALE DO JAGUARIBE:

PRODUÇÃO DA NATUREZA, CONFLITOS E


RESISTÊNCIAS

DISCENTE: DIEGO GADELHA DE ALMEIDA


ORIENTADOR: LUIZ CRUZ LIMA
Introdução

(1) Nossa tese parte da hipótese de que o Vale do Jaguaribe (CE), com foco no
seu médio-baixo curso, foi um subespaço capturado por ideologias
geográficas e políticas territoriais (MORAES, 2005) de corte hídrico, que
transfiguraram a geografia das águas com efeitos diretos na questão
agrária cearense.

(2) Re-desenho dos caminhos das águas e da disponibilidade hídrica, novas


atividades agrícolas hidrointensivas (frutas e camarão, em realce) e as
disputas pelo controle do ciclo hidrossocial (BUDDS, 2011; SWYNGEDOUW,
2006) protagonizadas por agentes econômicos de origem local-regional, como
também nacional e internacional.
Introdução

OBJETIVO GERAL:
• Objetivamos com a presente proposta de tese de doutoramento
oferecer uma crítica ao processo de produção capitalista da natureza
que resulta na transfiguração da geografia das águas no Vale do
Jaguaribe (CE), dando ênfase aos conflitos, às injustiças e resistências
que redimensionam a questão agrária regional.
Específicos
(1) desvelar qual o papel das ideologias geográficas e das políticas
territoriais, acionadas pelo Estado-frações do capital, na produção da atual
configuração hidrossocial do Vale do Jaguaribe;
(2) identificar e analisar quais sistemas de engenharias/normas
(re)desenham os fluxos, os usos e os destinatários da água no recorte
espacial da pesquisa;
(3) compreender e cartografar como as práticas espaciais do Estado e
das frações do capital – em torno do acesso, dos usos e da dominação das
águas – conformam territórios atravessados por injustiças e conflitos;
(4) apreender e visibilizar as práticas espaciais insurgentes de grupos e
classes sociais que tensionam o regime metabólico do capital e anunciam
outros projetos e usos das águas-territórios.
A produção da configuração hidro-social do Vale do
Jaguaribe
Reservatórios Monitorados pela Cogerh – 2020
Bacia
Hidrográfica Capacidade Reservatórios (%)
Alto Jaguaribe 2.771,10 14,90
Médio
Jaguaribe 7.373,99 39,64
Baixo Jaguaribe 24,99 0,13
Banabuiú 2.755,32 14,81
Acaraú 1.719,71 9,24
Coreaú 301,68 1,62
Curu 1.028,80 5,53
Litoral 214,90 1,16
Metropolitana 1.383,75 7,44
Salgado 452,31 2,43
Serra da
Ibiapaba 141,00 0,76
Sertões de
Crateús 436,04 2,34
Total 18.603,59 100,00
http://atlas.cogerh.com.br/
Macro Configuração hidro-social do Vale do Jaguaribe

FONTE: Ubirajara Patrício


Álvares da Silva1, Antônio
Martins da Costa2, Gianni
Peixoto B. Lima3 &
Berthyer Peixoto Lima
Referencial Teórico
Economia
Política
Marxista

Produção
da
Natureza
Ecologia
Geografia
Política
Agrária
L.A
Eixos teóricos e temáticos
Metabolismo
Produção da natureza
sociedade-natureza: Ciclo hidrossocial/configurações
MARX, 2013; FOSTER, Metabolismo sociedade-natureza hidrossociais/paisagens hídricas
2005; Sistemas técnicos
Regimes metabólicos
Dimensão naturogênica do semiárido
-Produção capitalista da
Formação territorial, ideologias geográficas e
natureza: SMITH,1988; políticas territoriais
MARQUES, 2019; Produção dos Sertões, Nordestes, Semiáridos Seca, questão agrária e políticas de
HARVEY, 2020; e da água, desenvolvimento regional
BUDDS, 2011; Estado e dinâmica de classes
Relações sociais de produção e de poder
SWYNGEDOUW, 2006.
Substrato espacial material
Produção do espaço/ do território Práticas espaciais
-Questão agrária Territorialização, territorialidade e conflitos
nordestina OLIVEIRA, A multidimensionalidade da água
1981; BURSZTYN, 1985; Políticas hídricas e as rodadas de
Ecologia política das águas neoliberalização
CARVALHO, 1988;
Produção da escassez, mercantilização e
ANDRADE, 2005 cercamentos das águas
Agrohidronegócio, pilhagem e injustiças hídricas
Contraespaço e reapropriação social da natureza
Práticas insurgentes, resistências e sertões Movimentos e ativismos sociais no campo
Convivência com o semiárido
Regimes metabólicos e projetos socioecológicos
para além do capital
METODOLOGIA
Eixo 1 - Vale do Jaguaribe: laboratório e produto das políticas de combate à seca e de
gestão dos recursos hídricos no Estado do Ceará
METODOLOGIA
Eixo 2 - Dominação e apropriação das águas do Vale do Jaguaribe: uma cartografia
dos latifúndios hídricos e dos “Sem-Água”.
OS LATIFÚNDIOS HÍDRICOS - 2019

REQUERENTE MUNICÍPIO
Título
AQUIFEROS TIPO USO
VOLUME
OUTORGADO(m³)
VOLUME OUTORGADO m³
(%)
CISTERNA(16.000 L)

TROPICAL NORDESTE FRUIT LIMOEIRO DO


JANDAIRA IRRIGAÇÃO 30,52% 208.600,63
AGROINDUSTRIA NORTE 3.337.610,12

TERRA SANTA IMPORTADORA E


QUIXERE JANDAIRA IRRIGAÇÃO 12,53%
EXPORTADORA DE FRUTAS LTDA 1.370.158,33 85.634,90

FRUTOBRAZ - Agrocomercial e
QUIXERE JANDAIRA IRRIGAÇÃO 9,07%
Exportadora de Frutas Ltda 991.842,14 61.990,13

MERI POBO AGROPECUÁRIA LTDA JAGUARUANA AÇU IRRIGAÇÃO 8,48%


927.777,88 57.986,12
JOAO TEIXEIRA JUNIOR QUIXERE JANDAIRA IRRIGAÇÃO 7,32%
800.898,00 50.056,13
LIMOEIRO DO
AGRÍCOLA FAMOSA LTDA JANDAIRA IRRIGAÇÃO 7,06%
NORTE 771.940,44 48.246,28
MERI POBO AGROPECUÁRIA LTDA JAGUARUANA AÇU IRRIGAÇÃO 6,92%
756.823,38 47.301,46
FRUTA FROTA LTDA QUIXERE JANDAIRA IRRIGAÇÃO 6,69%
731.106,13 45.694,13
LIMOEIRO DO
AGRÍCOLA FAMOSA LTDA JANDAIRA IRRIGAÇÃO 5,74%
NORTE 627.424,70 39.214,04
AGRÍCOLA FAMOSA LTDA QUIXERE JANDAIRA IRRIGAÇÃO 5,67%
619.956,41 38.747,28
TOTAL 10.935.537,53 100,00% 683.471,10
METODOLOGIA

Eixo 3: Pilhagem ambiental e alternativas ao regime metabólico


do capital
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
32% DA VAZÃO OPERADA FOI CONCENTRADA PELA
FAPIJA + DISTAR =
+ - 15 MIL HECTARES DE IRRIGAÇÃO.
FONTE: COGERH - NOTA TÉCNICA UNIFICADA Nº 001/2020
Concentração, privatização e
superexploração hídrica
AGRÍCOLA FAMOSA LTDA

9 OUTORGAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA


SOMA DO VOLUME OUTORGADO – ANO = 4.319.662,89 m3 = 4.319.662.890 Litros

MERI POBO AGROPECUÁRIA LTDA


6 OUTORGAS (3 SUPERFICIAIS E 3 SUBTERRÂNEAS)
SOMA DO VOLUME OUTORGADO – ANO = 22113831,79 m3 = 22113831790 Litros

AGRÍCOLA EM CISTERNAS DE 16 MIL LITROS = 269.978 MIL CISTERNAS.


MERI POBO EM CISTERNAS DE 16 MIL LITROS = 1.382.114 MILHÕES DE CISTERNAS.
MERI POBO EM CISTERNAS DE 52 MIL LITROS = 425.265 MIL CISTERNAS.
EM SÍNTESE
(1) (NOVA) Geografia das águas no Vale do Jaguaribe X Frações de
Classe X Relações de Poder X Produções Hidrointensivas.

(2) Veias colonizadas pelo Capital X “Ciclo da água” x Sangria dos


Territórios.

(3) Pilhagem da água; Desigual distribuição dos rejeitos e proveitos e


Ruptura metabólica.

(4) Sofrimento; injustiças ambientais; conflitos e alternativas ao regime


metabólico do capital.
Referências

Você também pode gostar