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A norma IEC 61850 e

os requisitos de redes
de subestações

Vinicius Ferrari
Engenharia de Aplicação

© SEL 2023
© SEL 2023
Tópicos da apresentação

▪ Introdução à IEC 61850

▪ Requisitos de desempenho e diretrizes para engenharia de rede;


– Latência;
– Controle de Tráfego;
– Disponibilidade e Confiabilidade.

▪ Requisitos para equipamentos de comunicação de subestações;


▪ Governança da rede do sistema elétrico;
▪ Monitoramento de redes IEC 61850.
Introdução a IEC 61850

O QUE É?

“Norma criada para DEFINIR diretrizes para a


modelagem virtual de subestações e PADRONIZAR
os métodos de comunicação entre os dispositivos”

A IEC 61850 NÃO é um protocolo!


Principais objetivos da norma
▪ Padronização global;
▪ Conjunto de protocolos (GOOSE, SV, MMS...);
▪ Requisitos de velocidade e performance;
▪ Disponibilidade e confiabilidade;
▪ Linguagem única entre todos os tipos de dispositivo;
▪ Compatibilidade entre fabricantes;
▪ Suporte à evolução de tecnologias.

Com VLAN’s: Apenas IED’s 2, 5 e 6 recebem a mensagem


Aplicação de redes Ethernet no sistema elétrico

A utilização de redes Ethernet no sistema elétrico


tem se expandido, e sua função ficando cada vez
mais crítica.

Transporte de informações críticas


diretamente vinculadas ao funcionamento GOOSE e SV
e desempenho do sistema de proteção. IEC 61850
Proposta IEC 61850

Digitalização:
IEC 61850 foi desenvolvida para que um dia tudo seja feito via rede!
Modelo IEC 61850

Centro de Controle
IHM / SCADA Engenharia
Nível de
Roteador Gateway Estação
STATION BUS
(Rede Ethernet)

Nível de Bay
SEL-751 SEL-751 SEL-751 SEL-751 SEL-751
PROCESS BUS
(Rede Ethernet)

Equipamentos Primários (Disjuntores, Nível de


Seccionadoras, TCs, TPs) e Merging Units Processo
Exemplo de Aplicação: Station Bus
Aplicação amplamente utilizada atualmente

IHM / SCADA Engenharia

Roteador Gateway
Nível de
Estação
STATION BUS
Switch Ethernet
(Rede Ethernet) MMS

Nível de Bay
SEL-751 SEL-751 SEL-751 SEL-751 SEL-751
GOOSE
Fiação Tradicional

Equipamentos Primários (Disjuntores, Nível de


Seccionadoras, TCs, TPs) Processo
Exemplo de Aplicação: Station e Process Bus
Tendência para o futuro

IHM / SCADA Engenharia

Roteador Gateway
Nível de
Estação
STATION BUS
Switch Ethernet
(Rede Ethernet) MMS

SEL-451 SEL-451
Nível de Bay
SEL-451 SEL-451

PROCESS BUS
GOOSE
Switch Ethernet
(Rede Ethernet)
SV GOOSE
Equipamentos Primários (Disjuntores, Nível de
Seccionadoras, TCs, TPs) e Merging Units Processo
MMS: Manufacturing Message Specification
▪ Mesma função dos protocolos DNP-3 e
IEC 60870-5-101/104:

– Aquisição de dados,
supervisão e controle.

▪ Criado na década de 90
(Norma ISO 9506).

▪ O protocolo já existia e foi adotado pela


norma IEC-61850, diferente dos
protocolos GOOSE e SV que foram
criados especificamente subestações.
GOOSE: Generic Object Oriented Substation Event

▪ Alta velocidade.

▪ Requisitos rígidos de tempo.

▪ Comunicação entre IED’s (Horizontal).

▪ Substitui cabos de controle:

– Trip, Intertravamentos, Falha de


disjuntor, Seletividade Lógica, etc.

▪ Mapeado diretamente na camada de


enlace.
SV: Sampled Values
▪ Alta velocidade;
▪ Requisitos rígidos de tempo; SEL-451 SEL-421 SEL-487

▪ Maior demanda da rede;


SV SV SV

▪ Dados analógicos para


proteção;
▪ Substitui cabos de sinais
secundários:
– Corrente e Tensão.
▪ Mapeado na camada de PUBLICADOR

enlace.
Automação
Subestações x Automação
Industrial

Requisitos de Performance Requisitos de Performance


• Supervisão, controle e proteção. • Supervisão e controle.
• Exige maior velocidade. • Requisitos de tempo menos rígidos.
• Hardware com requisitos específicos • Hardware robusto, mas não atendem os
(IEC 61850-3 e IEEE 1613). requisitos específicos para subestações.
• Estampa de tempo (Timestamp) < 1ms. • Geralmente, não possuem Timestamp.
Protocolos: Protocolos:
IEC 61850, DNP3, IEC 60870-5, etc. Modbus, Ethernet/IP, DeviceNet, etc.
Requisitos de desempenho e
diretrizes para engenharia de rede
IEC 61850-5 define os requisitos da
comunicação de acordo com sua
função no sistema de automação da
subestação.

IEC 61850-90-4 fornece definições,


diretrizes e especificações para a
engenharia de redes de subestações.
Requisitos de desempenho e
diretrizes para engenharia de rede
▪ As redes para subestações devem ser projetadas para
atender aos requisitos de aplicações críticas:
– Latência
– Controle de Tráfego
– Disponibilidade e Confiabilidade
Requisitos de desempenho
Definições da IEC 61850-5

IEC 61850-5: 11.1.1.1

IEC 61850-5: 11.1.2.2

✓ A IEC 61850 não padroniza funções, apenas a comunicação.


✓ A norma define o tempo máximo para a troca de informações, chamado de “Transfer Time”.
✓ A comunicação deve ser rápida o suficiente para não prejudicar a performance da função.
Funções distribuídas
Dispositivo Físico Dispositivo Físico

79 25 27 Função Distribuída 27 25 79
59 51 50 50 51 59
50N 50N

Conexão Física Conexão Lógica

▪ Função Distribuída: Função onde dois ou mais dispositivos desempenham


em conjunto uma determinada operação no sistema elétrico.
Exemplo de função distribuída
Aplicação de mensagens GOOSE na média tensão

Exemplo de aplicação:
Trip ocasionado por Arco Elétrico

GOOSE GOOSE
Cada
milissegundo
faz a diferença!
Exemplo de função distribuída
Aplicação de mensagens GOOSE na baixa tensão

Exemplo de aplicação:
Trip ocasionado por Arco Elétrico

Cada
milissegundo
faz a diferença!
Classes de performance

Tipo Protocolo Classe de Performance Transfer Time

P1 3 ms
Tipo 1A (Trip)
GOOSE P2 10 ms
Tipo 1B P3 20 ms
Tipo 2 P4 100 ms
Transfer Time:
MMS P5 500 ms
Tipo 3 Tempo máximo para a
P6 1000 ms
troca de informações
P7 3 ms
Tipo 4 SV
P8 10 ms
Tipo 5 P9 >1000 ms
P10 500 ms
MMS
Tipo6 P11 1000 ms
P12 >1000 ms

Referência: IEC 61850-5 Ed.2 – Sessão 11.2


Transfer Time ≠ Latência da rede

Dispositivo Físico 1 Dispositivo Físico 2

Processamento
Comunicação 2
Processamento
Comunicação 1
Tempo de aplicação 1 Tempo de aplicação 2
Rede
f1 f2

ta tb tc
40% 20% 40% 0,6 ms = Latência
máxima da rede (tb)
Transfer Time para mensagens de
alta velocidade (3 ms)
Referência: IEC 61850-10 Ed.2 – Sessão 8.2.1
Considerações sobre tráfego e latência
▪ Latência é afetada pelo número de
saltos e tráfego da rede.

▪ Simplificação e redução de
equipamentos em série favorece a
latência.

▪ O tráfego pode ser controlado através


das VLAN’s (Virtual Local Network).

▪ A priorização de pacotes minimiza


possíveis atrasos de mensagens
críticas.
Requisitos de desempenho e
diretrizes para engenharia de rede
▪ As redes para subestações devem ser projetadas para
atender aos requisitos de aplicações críticas:
– Latência
– Controle de Tráfego
– Disponibilidade e Confiabilidade
Por que é necessário controle de tráfego?
MENSAGEM 1

MENSAGEM 1
DATASET

MENSAGEM 1

GOOSE Multicast
Publicador / Assinante

PUBLICADOR NÃO ASSINANTE ASSINANTE NÃO ASSINANTE

▪ A mensagem GOOSE é “divulgada” na rede pelo PUBLICADOR, e não tem um destino definido.

▪ Todos receberão a mensagem, mas apenas os ASSINANTES vão “usar” a informação.

▪ Trafego Multicast não controlado tem comportamento de Broadcast.


Segregação de redes e controle de tráfego
REDE EXTERNA
A segregação é primordial CLP
SWITCH

para que as redes mantenham SWITCH SWITCH

sua independência. SWITCH


192.168.2.0/24

Roteador / Firewall

▪ Conexão através de roteador ou SUBESTAÇÃO


SWITCH
(IEC 61850)
firewall.
IED SWITCH GOOSE SWITCH

▪ Impede que o tráfego GOOSE


se propague para a outra rede. SWITCH

IED IED

▪ Roteador descarta mensagens 192.168.3.0/24


GOOSE Multicast de camada 2.
Segregação de redes e controle de tráfego
REDE EXTERNA
O controle de trafego CLP
SWITCH

Multicast na rede da SWITCH SWITCH

subestação. SWITCH
192.168.2.0/24

Roteador / Firewall
▪ Utilização de VLANs (Virtual LAN)
SUBESTAÇÃO
permite este controle. (IEC 61850) SWITCH

VID 10 Controle de
IED SWITCH GOOSE com SWITCH
▪ A Tag da VLAN (VID) é utilizada VLAN’s
VID 20
para controle de tráfego GOOSE SWITCH

na rede. IED 10
20
VID 20
IED
VID 10
192.168.3.0/24
Técnicas para controle de
trafego em redes IEC 61850
Switches Tradicionais Switches SDN

▪ Controle com VLAN’s; ▪ Redes definidas por software;


▪ Filtros Multicast; ▪ Controle de trafego baseado
em regras de encaminhamento.
▪ Switches gerenciáveis tradicionais.
– Exemplo: SEL-2730M ▪ Switches SDN
– Exemplo: SEL-2741 / 2740S /
2742S
Controle de tráfego com switches SDN
Software Defined Network

Switch SDN: SEL-2740S e SEL-2742S


✓ Elimina vulnerabilidades e limitações inerentes da Ethernet;
✓ Controle de tráfego da rede com maior precisão;
✓ Recomposição da rede em menos de 0,1 ms.
Diretrizes para Engenharia de Rede

▪ As redes para subestações devem ser projetadas para


atender aos requisitos de aplicações críticas:
– Latência
– Controle de Tráfego
– Disponibilidade e Confiabilidade
A rede é parte integrante do sistema de proteção
Falha da rede = Falha da proteção

Função de Proteção

IED IED
Network
TRIP GOOSE

✓ Equipamentos da rede devem possuir a mesma robustez e confiabilidade dos relés.


✓ Devem ser previsto métodos de redundância e/ou recuperação em caso de falhas na rede.
Redes de alta disponibilidade

▪ Abordagem 1: Métodos de Recuperação / Recomposição


RSTP
– Caminhos alternativos são acionados em casos de falhas ou
– Após detecção da falha precisam reagir. SDN

▪ Abordagem 2: Métodos de Redundância / Duplicação


– Comunicação totalmente duplicada.
PRP
ou
– Todos os pacotes (tráfego) são redundantes. HSR
– Infraestrutura pode ou não ser também duplicada.
RSTP: Rapid Spanning Tree Protocol

▪ RSTP desabilita logicamente um dos links, evitando o loop da rede.

Falha da rede
IED SWITCH O link secundário é
reativado em caso de
SWITCH IED falha do link principal.

SWITCH
→ Link reativado
→ Link logicamente desativado
Fatores que afetam a performance do RSTP

▪ Nem todos os switches são otimizados para RSTP.


▪ Durante a convergência, alguns dispositivos podem ficar “no escuro”.
▪ O tempo de convergência do RSTP depende de vários fatores:
– Hardware e firmware do switches.
– Topologia e complexidade da rede.
– Ajustes de RSTP nos switches.
– Mídia de conexão.
– O efeito de diferentes eventos na rede.
Qual o tempo máximo para recomposição da rede?

▪ Exemplo (GOOSE): No caso de mensagens GOOSE, a “escuridão” da rede


não deve sobrepor o período de retransmissão.

Até 16 ms: Seguro > 16 ms: Não seguro

Retransmissão GOOSE

Tempo (ms)

t=0 4 8 12 16 ... 1000

Falta no sistema de potência e falha na rede simultânea


Como evitar período de escuridão excessivo?

▪ Existem diversas estratégias, por exemplo:


– Trabalhar com uma topologia de rede e switches adequados.
– Realizar uma boa configuração do RSTP.
– Utilizar redes SDN (modo proativo).
– Trabalhar com duplicação de pacotes (PRP).
A rede é parte integrante do sistema de proteção
Falha da rede = Falha da proteção

Função de Proteção

IED IED
Network
TRIP GOOSE

Equipamentos da rede devem possuir a mesma


robustez e confiabilidade dos relés.
Sobrevivendo no ambiente
hostil de uma subestação
• Como os relés microprocessados sobrevivem a
condições agressivas?

• São projetados e construídos para atender aos padrões


IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers).

• IEEE define requisitos específicos para aplicação em


subestações.

▪ Equipamentos de comunicação devem


sobreviver às mesmas condições.
Existem normas especificas para dispositivos
de comunicação de subestações?

▪ IEEE 1613 - Environmental and testing requirements for


communications networking devices in substations.

▪ IEC 61850-3 - Communication networks and systems for power


utility automation - Part 3: General requirements.
Testes da IEEE 1613
▪ Temperatura máxima/mínima;
▪ Humidade máxima/mínima;
▪ Suportabilidade dielétrica;
▪ Suportabilidade de vibração;
▪ Interferência de radiofrequência (RFI);
▪ Tensão de impulsos;
▪ Surtos transientes e oscilatórios;
▪ Descarga eletrostática (ESD);
ANSI/IEEE C37.2-2008 - Standard Electrical
Power System Device Function Numbers:
Norma que define a numeração de funções no sistema elétrico (Tabela ANSI).
Alguns exemplos:

▪ 50 - Relé de sobrecorrente instantâneo ▪ 49 – Relé térmico

▪ 51 - Relé de sobrecorrente temporizado ▪ 46 - Relé desbalanceamento de corrente

▪ 21 - Relé de distância ▪ 47 - Relé de desbalanceamento de tensão

▪ 87 - Relé de proteção diferencial ▪ 16 - Dispositivo de comunicação

▪ 27 - Relé de subtensão ▪ 52 - Disjuntor de corrente alternada

▪ 59 - Relé de sobretensão ▪ 86 - Relé auxiliar de bloqueio

▪ 67 - Relé direcional de sobrecorrente Entre outros.


Exemplo de sistema de proteção e controle
Rede Externa
Nível 3: Acesso H2M
16F

M2M Sistema Elétrico


Talvez a função
16E Switch ANSI 16
Ethernet
seja nova para equipe TI

Nível 2: Automação (SEP) 30 11 RTU RIO 30 11 RTU RIO


CLK

16S

21 67 81 87 67 27 87 46 87 32 90 11 79 25 27

51 50 25 51 50 59 25 81 51 50 30 49 51 50 59

24 40 24 49

Nível 1: Proteção

30 11 RTU RIO
79 25 27 21 67 81 79 25
RIO

51 50 59 51 50 25 51 50

Nível 0: Físico
Governança da rede do Sistema Elétrico
Rede Externa

TI

SEP Sistema Elétrico

Até onde deve ir


jurisdição de TI?

TI

SEP
Novas tecnologias exigem a modernização
das profissões técnicas

“Com o tempo a tendência é o profissional de elétrica


usar mais o Wireshark do que o multímetro”
Monitoramento de redes IEC 61850
Rede Externa
Acesso Externo

TI

SEP
Logs, Alarmes e Dados Históricos

Concentrador / Gateway Visualização da dados em tempo real

Estatísticas operacionais

✓ Monitoramento de interfaces;
Aquisição de Dados
✓ Monitoramento GOOSE;
✓ Monitoramento SV;
IEDs IEDs IEDs
IEDs
✓ Monitoramento de sincronismo de tempo.
Monitoramento de redes IEC 61850

Interface gráfica de
monitoramento de rede
IEC 61850 (GOOSE)
Conclusões

✓ Redes de subestação possuem protocolos, mecanismos de comunicação e


requisitos de performance definidos na norma IEC 61850.

✓ As redes para subestações devem ser projetadas para atender aos requisitos
termos latência, controle de tráfego, disponibilidade e confiabilidade.

✓ As VLANs são configuradas e aplicadas de forma diferente em redes IEC


61850 vs redes de TI.

✓ Ambiente de subestações são agressivos e exigem equipamentos


específicos.
Conclusões

✓ Equipamentos de comunicação da subestação devem atender aos requisitos da


IEEE 1613 e IEC 61850-3.

✓ A rede da subestação é parte integrante do sistema de proteção.

✓ Devem ser previsto métodos de redundância e/ou recuperação em caso de


falhas na rede.

✓ Novas tecnologias exigem a modernização das profissões técnicas.


Obrigado!

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