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Natal/RN
Novembro 2017
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Natal/RN
Novembro 2017
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COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________
Profª. Drª. Eliane Leão
Orientadora/Presidente da Banca
________________________________________
Prof. Ms. Gilvando Pereira da Silva
Membro
________________________________________
Prof. Ms. Antonio Guilherme Cardoso Rodrigues
Membro
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The present research used the research model entitled Experiênci-Ação (LEÃO,
2013) to accompany a process of teaching / learning music in a contexto of group
teaching. The instrument taught through Collective Teaching Methodology (SÁ and
LEÃO, 2013) was the keyboard. Participants were 4 (four) students, over 60 (sixty)
years old, who experienced music learning from 13 (thirteen) classes, in 2 (two)
groups. The Experience-Action was carried out in the 'Free Music Workshop', in
Natal/RN, with the aim of showing the relevance of collective keyboard teaching. It is
assumed that this is a musical instrument that promotes the development of learning, in
an age group that often is not contemplated with similar processes. As to research
methodology and procedures, first, of the schedules were made thirteen (13) classes,
describing the interests of the subject, and the answers were detected in format of
Protocols; totaling about 26 lessons reported. A questionnaire with 5 (five) questions
was answered that aimed to detect the participants' experiences, from their
perspective. They were analyzed as was the daily life of the students and the
impression of the participants about the musical learning Experience-Action on
collective teaching model, by detecting important elements, titled Excerpts. Partial
Analyzes of the Excerpts were made, in which the gradual development of the
students within the reality of each one, was emphasized of the results of the data. The
Final Conclusions have been reached. It was observed that the perception students
have of their own musical development in everyday life, in a collective education
context, from 5 criteria: 1 - the issue of group interaction; 2 - the issue of student
autonomy in class; 3 - the identification of the importance of the experience in the
environment of their houses; 4 - what was positive of the Collective Teaching; 5 - what
was not positive in Collective Education; and 6 - the interaction between teacher and
student. From the results, it was possible to assess the construction of what was or
was not positive during the research period, in the context of the participatory and
interactive environment between teacher and student. The researcher indicates, after
the analysis, that this activity should be valued and proposes new steps for this
research, with continuity with a larger group, expanded with more participants.
LISTA DE FOTOS
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................09
2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................10
2.1 – ENSINO COLETIVO...........................................................................12
2.2 – RELAÇÕES INTERPESSOAIS..........................................................12
3 – MÚSICA PARA A TERCEIRA IDADE........................................................13
3.1 – OS BENEFÍCIOS.............................................................................. 14
4 – METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................15
4.1 – COLETA DE DADOS............................................................................16
4.2 – ‘PROTOCOLOS’ E SEUS RESPECTIVOS ‘EXCERTOS’....................17
4.2.1 – Análise Parciais dos Excertos dos Protocolos............................40
4.3 – RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS E TABELA DAS
RESPOSTAS................................................................................................43
4.3.1 – Análises Parciais dos Excertos das Entrevistas.........................48
5 – ANÁLISE FINAIS DOS DADOS.................................................................49
6 – CONCLUSÕES FINAIS...............................................................................54
REFERÊNCIAS.................................................................................................57
ANEXOS...........................................................................................................58
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1 INTRODUÇÃO
Este texto conta com uma Introdução, 3 (três) capítulos Teóricos, 1 (um)
capítulo para descrever a Metodologia de Pesquisa e os procedimentos de
Análises Parciais e Análises Finais e uma Conclusão Final.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este estudo de final do curso, agora sendo apresentado fez todo o seu
planejamento pressupondo que as relações interpessoais promoveriam a melhor
relação entre os alunos e entre aluno/professor.
Para a autora, “nem sempre a finitude vem com o envelhecer, o que por
muitas vezes é esperado, em função das fases da vida”. Entende que há
múltiplas faces do tempo, como o psicológico e o cronológico. Estas faces do
tempo “fazem com que as percepções diante dos desafios sejam diferenciadas”
(ibid, 2015, p.29).
3.1 – OS BENEFÍCIOS
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
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Protocolos – Anotações do pesquisador/professor sobre o que aconteceu nas aulas. Pode
conter o relatório e/ou planejamento das aulas e das ações observadas.
2 Experienci-Acão – processo de vivência musical definido com o processo planejado, flexível
quanto ao atendimento das necessidades que os alunos trazem para a sala de aula e observado
pelo professor intermediador /pesquisador, com fins de análise de seu resultados curto e logo
prazo (SANTOS e LEÃO, p. 123, 2013).
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Os alunos que participaram das aulas que serão descritas abaixo foram 2
(dois): José Soares (62 anos) e Jesilda Pires Rocha (64 anos). Essas aulas
foram ministradas do período de 14 de março à 06 de junho de 2017, na Oficina
Livre de Música, no bairro de Cidade Verde, Natal. A duração das aulas foi de 50
minutos, uma vez por semana; sendo na terça feira, das 10 às 11 da manhã,
com conteúdo musical, teórico e prático, aplicado ao teclado.
EXCERTOS DA AULA 1
aprendizagem”; “ao meu ver, deve ser passado lentamente, varias vezes ate
que o corpo entenda os movimentos”; “essa repetição precisa ser feita com
atenção para que não gere problemas de articulação e também desmotivação
fazer tudo de maneira equilibrada.”; “com a explicação mais detalhada e
minuciosa sobre cada um ele conseguiu compreender quando começamos a
passar os exercícios práticos no teclado”; “teclado os alunos tem mais
dificuldade em trabalhar a mão esquerda”; “com a repetição lentamente e várias
vezes eles conseguiram”; “tiveram alguma dificuldade nas linhas
suplementares superiores e inferiores, resolvemos com mais um tempo de
explicação”;” procuramos fazer associação com o ritmo tocando com o lápis no
quadro de maneira desorganizada e posteriormente organizadamente”.
Conteúdo :
Aquecimento e relaxamento do corpo
Pentacordio de do maior e sol maior
Leitura rítmica mão esquerda e direita 2/4 3/4 4/4
Melodia para a mão direita e acompanhamento da esquerda
“Ode Alegria’ e ‘Bandeira Branca’.
EXCERTOS DA AULA 2
Conteúdo :
Percepção melódica notas de Do a Sol
Pentacordio de Re e La maior
Revisão da música da aula anterior
‘Bandeira Branca’
EXCERTOS DA AULA 3
EXCERTOS DA AULA 4
EXCERTOS DA AULA 5
“ antes de tocar a peça, precisamos relaxar e fazemos isso”; “Sempre faço uma
comparação com atleta “; “e digo que tocar também é uma atividade física,
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como também uma atividade metal”; “Ela disse que não teve muito tempo de
treinar e reconhece que se não treinar bastante os resultados não virão”.
conteúdo da aula :
Aquecimento e relaxamento do corpo
Leitura rítmica a duas partes
Revisão dos pentacordios estudado
Revisão das músicas estudadas
Música nova:
Jose Soares: ‘Eurovisione’.
Jesilda Rocha: ‘Olhos Negros’.
Nessa aula, José Soares faltou. Começamos sem ele. Pedimos ao aluno, no
caso Jesilda, que fizesse um breve relato do que aconteceu durante a semana
santa, relatei pra ela que tive crise de coluna conversamos um pouco sobre
saúde e retomamos aos assuntos pertinentes a aula , começamos como sempre
com o relaxamento do corpo. Ela relatou que o Filho começou os estudos de
piano na escola de música. Daí começamos a aula com a leitura rítmica a duas
partes; introduzimos uma nova figura a semicolcheia. Vou escrevendo no quadro
e ela copia em seu caderno as figuras musicais que já passamos semínima,
mínima. Ao iniciar pedi pra que ela começasse a fazer a leitura sem parar, com
o intuito de forçar a primeira vista, pois a mesma estava lendo e parou porque
errou. Lemos todo o exercício de seis compassos. Depois voltamos a passar
parte por parte repetindo o que foi necessário. Ela teve um pouco de dificuldade
em manter o andamento lento, porém, ao final deu certo essa atividade. No
segundo momento da aula, trabalhamos os pentacordios já estudados, de dó
maior e sol maior, la maior, re, mi e si . Primeiramente, com a mão direita em
semínima; depois, com a mão esquerda, em semínima; e, posteriormente, às
duas mãos simultaneamente. Gradativamente, procuramos aumentar a
velocidade do exercício. Também fizemos o exercício em várias oitavas. Com o
propósito de fazer o aluno ter uma dimensão da extensão do instrumento,
pedimos que ela executasse todos os pentacordios sem olhar pra o caderno, pra
forçar a memorização. Trabalhamos em ciclo de quintas e falei pra ela estudar
memorizando. Assim, quando passamos os pentacordios de ré e lá, ela frisou:
‘tem sustenido no fa#’. Dei-lhe os parabéns pela percepção. Passamos para a
musica ‘Olhos Negros’. Ao cobrar mais treino, ela disse que sabe a importância
do treino pois o filho já tem uma pilha de atividades para executar e ela já vê
resultados. Falamos e discutimos sobre a realidade de vida de cada um no que
tange a disponibilidade de tempo. Começamos com a música ‘Olhos Negros’ em
ré menor apenas com a mão direita. Chamamos a atenção pra o dedilhado
correto. Ela pediu pra que eu mostrasse como seria com a mão esquerda, o
acompanhamento. Eu mostrei. Porém, disse que primeiro resolvemos uma coisa
de cada vez e depois colocamos a mão esquerda. Sempre, na execução da
melodia, peço pra ela cantar as notas, ou seja, o solfejo. Passamos uma nova
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EXCERTOS DA AULA 6
Conteúdo da aula:
Na primeira parte da aula, tratamos de alguns assuntos da teoria musical: som,
duração, intensidade, timbre e altura. No segundo momento, abordamos: ritmo,
leitura à uma parte, com colcheia, semínimas, mínimas e semibreve. Logo após,
praticamos exercícios à duas partes. No terceiro momento da aula, preparamos
o corpo. Depois, começamos com a leitura das músicas novas; revisamos e
solfejamos as escalas de dó maior e sol maior. Quando começamos com a
teoria, trabalhamos a percepção dos mesmos. Na leitura rítmica, pedimos pra
que eles completassem os compassos com os valores respectivos. Durante a
leitura, aumentamos o andamento, gradativamente. Em cada exercício,
pontuamos a diferença entre síncope e contratempo. Dobramos o horário nessa
aula porque na terça feira posterior não teremos aula.
Fui falando sobre as propriedades físicas do som e mostrando no teclado.
Falamos também sobre a questão duração, mostrando no teclado, com o
propósito de fazer com que a memória auditiva deles fosse aguçada. Passei
vários timbres de instrumentos no teclado e eles foram desafiados a
perceberem que tipo de instrumento estava tocando. Quando terminamos o
conteúdo sobre timbre, entramos no assunto de leitura rítmica. Trabalhamos
com as figuras de semínimas, mínimas e semibreves. Escrevi no quadro o ritmo
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duas semanas para treinar’. Eu sempre digo: ‘façam um milhão de vezes por
dia’”; “Digo para que eles treinem em casa a música, dando em ênfase ao
solfejo; e depois, executarem no instrumento [...] Ele disse que tem muita coisa
pra fazer em casa, porém irá conseguir um tempinho pra estudar”.
EXCERTOS DA AULA 9
Turma da terça feira 16/05/17 e dia 23/05/17 - 10° e a 11° aula os alunos
faltaram
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Na 12° aula que foi realizada no dia 30/05/17 começamos passando as músicas,
vou explicando para eles como deverá ser o processo de aprendizagem e como
eles devem fazer para estudar as músicas na qual passamos, na medida em
que vamos passamos. Começo explicando a questão do dedilhado, que é
fundamental. Passamos a primeira frase da música ‘Olhos Negros’, dedo por
dedo e nota por nota. Vou ouvindo e tirando as dúvidas por frase de cada um.
Explico que a música deve ser estudada por parte, por frase e não, inteira.
Procuramos dar ênfase ao solfejo. Cada nota tocada deverá ser pronunciada na
boca primeiramente e, depois, nos dedos; de acordo com o que irá aparecendo
de conteúdo teórico na música, vamos explicando e assim vai dando certo.
Puxamos um assunto sobre carros enquanto falava com Jose Soares sobre
esse assunto. Jesilda se solta e toca bem melhor. Observamos que quando o
aluno não está sendo observado ou cobrado ele mostra mais resultados.
Observamos que a aluna está mais segura em determinadas partes da música.
Peço pra que ela diga as notas pra seu colega de turma e isso gera um clima
bacana entre eles, pois o ser humano é um ser social, um precisa do outro;
então, nessa proposta de ensino, um interage muito com outro.
EXCERTOS DA AULA 12
“vou explicando para eles como deverá ser o processo de aprendizagem” [...]
começo explicando a questão do dedilhado, que é fundamental”; “de acordo com
o que irá aparecendo de conteúdo teórico na música, vamos explicando e assim
vai dando certo”; “Jesilda se solta e toca bem melhor”; “Observamos que
quando o aluno não está sendo observado ou cobrado ele mostra mais
resultados”; “Observamos que a aluna está mais segura em determinadas
partes da música”; “Peço pra que ela diga as notas pra seu colega de turma e
isso gera um clima bacana entre eles”; “então, nessa proposta de ensino, um
interage muito com outro”.
EXCERTOS DA AULA 13
“A primeira coisa que um aluno falou foi: ‘qual a música que passamos na
última aula?’; eu prontamente respondi: foi ‘Olhos Negros’ e ‘Eurovisione’ [...] .
Ele se queixa de esquecimento e diz: ‘mas não lembro que passamos a música
tal e eu treinei durante a semana toda essa outra’. Mostramos a sequência das
aulas, inclusive as gravações das aulas e, só assim, ele se convenceu de que
estava treinando a música errada”; “Observamos, com isso, que esse tipo de
lapso de memória ocorre com frequência com esses alunos nessa faixa etária; aí
onde entra a importância do estudo da música que ativa partes das faculdades
mentais, que só a música pode despertar ou ser ativada no idoso”; “aí onde
entra a importância do estudo da música que ativa partes das faculdades
mentais, que só a música pode despertar ou ser ativada no idoso.”; “ Desta feita,
vou escutando cada um individualmente”; “José Soares diz: ‘povo véio não
aprende mais nada não!’. A própria pessoa não acredita no potencial que ela
pode dar de resultado. Isso é um ledo engano que as pessoas têm a respeito da
aprendizagem pra os idosos. Dou uma palavra de ânimo como sempre faço”;
“ Ela resiste um pouco mas aceita o desafio e tenta fazer”; “Jesilda diz que está
conseguido, mas o processo é mais trabalhoso. Porém já vemos resultados. A
aluna relata que foi ao teatro ver a sinfônica e estava feliz.”.
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EXCERTOS DA AULA 1
“ele começou falando sobre a importância da música nas vidas das pessoas”; “.
Ele fez menção das lembranças que tem da sua mãe, que colocava ele pra
dormir tocando acordeon e balançava a rede na qual ele estava deitado”; “Ele
ainda lembra das canções que a mãe dele tocava e cantava pra que ele
pudesse dormir”; “ai escutou essa música tocada por um músico em uma praça;
e ai, pôde voltar há anos atrás, “; ‘passar o conhecimento da linguagem e
estruturação musical levando essa discussão à respeito da importância de ler e
conhecer a partitura e seus códigos”; “para a terceira idade, o ensino da música
é muito relevante porque eles estão ali por amor e fazem a coisa com prazer e
também por necessidade”; “A pessoa pode estar realizando um sonho que não
teve a oportunidade de realizar durante a sua vida e só agora está em contato
com a música”; “Fiz menção à várias composições em que é o ritmo o fator
inicial pra o aprendizado das melodias. Cito Luiz Gonzaga, Beethoven”; “pra ler
música e entender sua linguagem ele precisa ler a partitura. [...] passando passo
a passo a iniciação à leitura”.
EXCERTOS DA AULA 2
EXCERTOS DA AULA 3
“ ‘eu estudei bastante e estava muito feliz por ter conseguido o resultado’
“;“Rimos um pouco e demos início a correção das atividades”; “Outro aluno disse
que conhece o campo harmônico porém, não tem afinidade com as cifras na
íntegra. Fomos explicando as cifras pra que eles entendessem o que realmente
estavam fazendo”; “Expliquei a um outro aluno que não entendeu”; “Procuro
incentivar os alunos a ligarem [...] “; “Fizemos e demos exemplos com as
músicas na qual eles estão trabalhando. Com essas explicações, um dos alunos
disse que agora é que começou a entender o assunto “; “Um dos alunos ficou
bastante feliz em saber como irá estudar memorizar as sequências”; “Uma aluna
disse: ‘que legal! gostei muito dessa explicação’. Outro aluno disse: ‘eu vou
pescando devagarzinho’. Disse que tem dificuldade porque tem”; “Ele disse que:
‘teve problemas com a forma de ensino dos professores que ele teve outrora,
por essa razão essa dificuldade’”; “E só depois de anos é que foi aprender por
cifra pela internet”; “chegamos ao final da aula, de uma maneira descontraída”.
Começamos a aula e a aluna mostra o que foi feito em casa dentro das
sequencias harmônica, nas tonalidades de do maior e de mi maior. Nesse dia,
apenas a aluna Eliane de Medeiros pode vir; então seguimos com o conteúdo
programático. Começamos com o aquecimento do corpo e os pentacordios
maiores de lá maior e ré maior. Estudamos as escalas e, desta feita, em duas
oitavas, sendo a de dó maior e sol maior.
Explico que tocar é uma atividade física e o corpo precisa estar preparado.
Enfatizo que pra qualquer atividade física é fundamental a preparação do corpo
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e na música não é diferente. Pergunto pra ela se no coral que ela participa tem
essa preparação. Ela diz que não. Ela relata que existe muita discriminação em
relação às pessoas que vivem da música. O próprio filho dela vive da música e o
pai reprovava muito esse trabalho. Dando continuidade ao conteúdo teórico,
passamos uma leitura à duas partes. Trabalhamos juntos a leitura rítmica. Falo
da importância de fazermos isso pois será muito bom pra parte prática no
teclado. Ela gosta do assunto e faz corretamente. Começamos a passar os
pentacordios primeiro com uma mão e, depois, com as duas mãos. Fizemos
sempre devagar e depois aumentando paulatinamente até que o corpo
entendesse os movimentos. Mostrei uma música no teclado e ela pergunta se
está perto de ficar assim como eu. Eu disse que ela precisava estudar todos os
dias. Ela ficou encantada. Praticamos a escala de lá maior com mãos separadas
e, depois, juntamos as mãos. Fomos praticando e pegando agilidade e assim
fomos dando continuidade à aula. Pedi pra que continuassem treinando em
casa. Daí, passamos as escalas. Ela falou sobre as vacinações para os idosos e
disse da importância de tomar; e, assim, conversamos um pouco sobre saúde e
concluímos a nossa quarta aula. Perguntei se tinham alguma dúvida sobre os
conteúdos, porém ela disse que não tinha dúvidas e assim encerramos.
EXCERTOS DA AULA 4
“Começamos a aula e a aluna mostra o que foi feito em casa dentro das
sequências harmônicas”; “então seguimos com o conteúdo programático”; “Ela
relata que existe muita discriminação em relação às pessoas que vivem da
música”; “Trabalhamos juntos a leitura rítmica. Falei da importância de fazermos
isso pois será muito bom pra parte prática no teclado”; “Eu disse que ela
precisava estudar todos os dias. [...] Fomos praticando e pegando agilidade e
assim vamos dando continuidade à aula. Pedi pra que continuasse treinando
em casa”.
Começamos a aula com Bernardo falando sobre os mosquitos que atacaram ele
durante o fim de semana; e, ainda, relatou que perdeu todos os contatos do
celular porque precisou formatar o celular. Passamos um tempo falando sobre
isso. Começamos com o relaxamento do corpo. Falamos que a respiração é
fundamental pra o relaxamento e por fim o desabafo. Começamos com os penta
cordios de mi maior e si maior. Passamos também os arpejos, os acordes e
suas inversões. Passamos os pentacordios; eu toco e eles repetem, sem
partitura. Falei que eu só passarei uma atividade se eu ver que eles têm
capacidade de executarem. Bernardo disse: ‘muito bem e que gosta da minha
forma de exigir o conteúdo’. Procurei passar devagar com cada um deles e
depois aumentar a velocidade. Durante a execução do exercício pedi pra que
eles fizessem o solfejo. Passamos as músicas ‘Besame Mucho’. Fomos
passando passo a passo, bem devagar. Bernado disse: ‘eu vou escrever tudo’,
as atividades de sala de aula e também as pra casa’. Ele anotou com muita
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EXCERTOS DA AULA 5
Demos início à aula falando sobre saúde porque eu estava com crise de coluna.r
Bernardo, por ser médico, me indicou uma injeção na qual eu comprei e ele
mesmo aplicou após a aula. Retomamos a aula passando a música ‘Bejame
Mutho’, tentando juntar as mãos porque até então estávamos fazendo tudo
separado. Passamos um tempo passando com Bernardo. Ele sempre escrevia
tudo que passamos no quadro e demonstrou ser bem interessado nas
atividades. Bernardo interrompeu a aula e disse que as minhas dores são em
detrimento da minha dormida na cama e, que a partir de hoje não poderei mais
dormir na mesma. E, sim, que passarei a dormir de rede. Voltando pra música,
ele disse que passou quarenta anos tocando de maneira errada e que só agora
está aprendendo a tocar de maneira correta. Ainda, disse que os professores
que ele teve não eram... [?] Passamos a harmonia pra Eliane de Medeiros. Ela
está passando a música ‘Esqueça’. Ao passarmos a introdução da música, ela
disse que achou estranho a música só na introdução. Porém, depois, a música
foi criando forma e ela conseguiu desenrolar. Ligamos o acompanhamento
automático do teclado e reduzimos o andamento da música pra que ela pudesse
juntar as mãos, porque até então, estávamos fazendo com mãos separadas.
Observamos que o processo mental é muito lento. Procuramos passar o
conteúdo teórico e prático de maneira lenta e com muita paciência. É
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EXCERTOS DA AULA 6
“Demos início à aula falando sobre saúde porque eu estava com [...]”; “Bernardo,
por ser médico, me indicou [...]”; Retomamos a aula passando a música ‘Bejame
Mucho’, tentando juntar as mãos porque até então estávamos fazendo tudo
separado”; “Passamos um tempo passando com Bernardo”; ”Bernardo
interrompeu a aula e disse que as minhas dores [...]”; “Voltando pra música, ele
disse que passou quarenta anos tocando de maneira errada e que só agora está
aprendendo a tocar de maneira correta”. “Passamos a harmonia pra Eliane de
Medeiros”; “Ao passarmos a introdução da música, ela disse que achou estranho
a música só na introdução”; “Porém, depois, a música foi criando forma e ela
conseguiu desenrolar”; “Observamos que o processo mental é muito lento.
Procuramos passar o conteúdo teórico e prático de maneira lenta e com muita
paciência”; “É fundamental a paciência no ensino em escola especializada,
principalmente no acolhimento desse público”; “Sou enfático na definição do
ritmo com cada um deles”;
EXCERTOS DA AULA 7
Conteúdo:
Aquecimento e preparação do corpo
Leitura a duas partes
Música: Bejame Mucho
Bernardo chegou na aula falando sobre a importância da musculação. Ficamos
conversando um pouco sobre saúde e a importância. Ele disse que tá fazendo
ioga. Enfim, ficamos um bom tempo da aula conversando e achando graça
sobre esses assuntos. Após isso, começamos com o alongamento e o
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relaxamento do corpo. Ele disse que foi picado pelos mosquitos em uma casa
que ele tem na zona rural, apesar de ter cem peixes dentro, ainda cria
mosquito. Perguntei se ele estudou muito essa semana e ele disse que não se
organizou, porém está com o propósito de separar um horário específico pra
que possa estudar sistematicamente, pois ele disse que só vai pro teclado
quando se lembra e assim ele não está feliz. Disse que vai acordar cedo, como
já é de praxe e vai separar um tempo para o teclado. Pedi pra ele pegar o
caderno de música e fomos fazer um exercício rítmico à duas partes. Ele disse
que comprou uma sanfona por cinco mil e quando foi tocar pela primeira vez os
baixos afundaram. Ele levou para o concerto e gastou cem reais e estava triste
por ter comprado um instrumento caro que não prestava. Seguimos com o
conteúdo. Escrevi o exercício no quadro e ele copiou em seu caderno. Expliquei
como se estrutura o exercício no quadro e assim fizemos a mão direita na parte
de cima de uma linha e mão esquerda na parte de baixo. Eu peguei o pandeiro
e cantei uma música por nome de ‘Bixiga’. Mostrei pra ele outras músicas em
samba enquanto ele copiava a lição que estava no quadro. Ele falou que Arlindo
Cruz teve um ‘avc’ e estava mal no hospital. Ele disse que teve aula de pandeiro
com professor, porém parou. Eu tento dar uma rápida explicação pra ele mas
ele diz que tem dificuldades. Passamos o exercício. Ele tem certa dificuldade em
definir as mãos na hora da execução, porém trabalhamos devagar e ele foi
desenrolando. Após a conclusão da leitura à duas partes, passamos as músicas
que ele estava estudando. Tiramos as dúvidas sobre a divisão de trechos da
música e assim a música foi criando forma. Surgiu uma divisão de Tercina e ele
confundiu com o dedilhado; porém expliquei e ele compreendeu. Durante a
passada da música eu fiz a harmonia no violão e ele fez a melodia com a mão
direita no teclado. Falei pra ele dizer o nome das notas, porque as notas vêm da
cabeça dele pra os dedos e não, dos dedos pra cabeça. Ele achou muito bom,
porque os erros que ele está comentando são cognitivos e precisam estar
firmadas as informações melódicas na sua mente. Enfatizo que a repetição é
fundamental pra trabalharmos a memória muscular. Falo da importância da
partitura porque está tudo escrito ali, dedos, notas, bem como sua altura na
escala. Eu disse: ‘tocar com regras e árduo, né isso?’. Ele, porém, responde:
‘mas é valioso, porque ao longo de sua vida não tinha estudado assim por
música, dando tanta atenção ao que está escrito’. Ele pede mais uma
explicação para entender melhor as voltas e os sinais de repetição; e, assim,
seguimos para o fim dessa aula.
EXCERTOS DA AULA 9
Conteúdo:
Aquecimento e preparação do corpo
Solfejo baseado na música ‘Bejame Mucho’
Ensaio em aula da música para a apresentação que será dia 27/05/17
rasante quando pegam os filhotes. É assim as corujas vivem. Ele pediu pra que
eu coloque o dedilhado correto da música que estamos trabalhando. Voltei a
explicar sobre as voltas que estão dentro da música. Passamos a música por
completo. Tentamos com as duas mãos. Ele tinha algumas dúvidas e
dificuldades; porém, conseguiu progredir. Terminamos assim a nossa aula de
maneira alegre e descontraída.
EXCERTOS DA AULA 10
EXCERTOS DA AULA 11
como tudo o que estrutura a formação das frases melódicas executada pela mão
direita e da harmonia pela mão esquerda. Passamos essa música com objetivo
de fazer com que os alunos realmente conseguissem ler a partitura que lhes
foram passadas. Falamos que ao passar uma música que eles já conhecem, a
memória auditiva ajuda o ouvido a conduzir a melodia; porém, uma música
desconhecida o aluno tem de ler realmente o que está escrito. Explicamos como
se forma o acorde com 7. Pedi pra que eles fazerem a contagem dos graus da
escala para assim descobrirem que essas notas são de tensão harmônica. Foi
definido a formação dos acordes, com seus respectivos dedos. Pedi para
praticarem. Em dado momento da aula, pedi pra que um aluno fizesse o primeiro
compasso e, outro aluno, o segundo compasso; e, assim por diante. O
propósito foi analisar a concentração dos mesmos na leitura musical. Disse que
a música deve estar na cabeça pra depois vir para os dedos. Por essa razão,
damos tanta ênfase ao solfejo, à leitura rítmica e à leitura métrica. Isso é uma
construção diária que deve ser associada à prática instrumental. Concluímos
assim nossa sequência de aulas com resultado satisfatório, vendo que a
construção do conhecimento técnico instrumental é consolidado com o tempo,
com muita prática; e, acima de tudo, com muita determinação, que é
exatamente permanecer firme no objetivo. Em outras palavras, do adágio
popular: ‘agua mole em pedra dura, tanto bate até que fura´.
EXCERTOS DA AULA 13
4 Que aspectos de sua vida melhoraram por causa de sua participação nas
aulas de teclado?
Apesar de ter falhado muito nos estudos acho que melhorei na memória na
coordenação e faz bem estudar música.
Na atividade musical no me caso , para tudo tenho que utilizar a memória pois
lembrar de conceitos que não utilizo no dia dia . as contribuições na minha vida
foi principalmente a movimentação mental que acredito ser importante para a
utilização dessa parte do corpo que andava meio parada.
4 Que aspectos de sua vida melhoraram por causa de sua participação nas
aulas de teclado?
As melhorias encontradas em minha vida foram principalmente a movimentação
e a utilização cerebral no sentido da ativação da memória.
conexões nervosas do cérebro que lhe dão muita agilidade nas escalas ele
pode fazer muitas notas rápidas dentro do tempo , que também e medica falei
isso com ela.
Piazola me chamava a atenção eu prestava tanta atenção a ele porque
colocava tanta emoção no que fazia que eu dizia que ele poderia ter um
derrame cerebral que porque ela coloca muita emoção nos acordes que ele
fazia em suas composições falsetes em acordes os acordes de piazola são
inusitado ninguém faz aquilo que ele fazia eu tinha certeza que ele era
hipertenso eu tinha certeza que um dia ele teria um derrame cerebral devido as
fortes emoções que ele mostrava em suas expressões faciais em sua face
não deu outro morreu de derrame caiu pra traz e ali partiu, então eu digo a vpçe
eu sou plural do mesmo jeito que eu atendo bem um paciente eu também sei
apreciar um acorde bonito ei escrever um texto eu faço isso naturalmente como
quem urina, minha luta a gora e se desvencilhar dos vícios que construí durante
40 anos.
Sempre fazendo parâmetros e ligações com o que já tinha sido visto e com
algumas historias e Historias sobre a musica e seus compositores , quando a
memória e treinada na atividade musical, esse treino passa a influir
positivamente no dia a dia principalmente com o idoso que precisa fazer
relações para ativar a memória , na hora em que você ta ensinado um coisa e
faz ligação com outra e conta uma historia que e pra facilitar essa percepção
essa ligação e muito importante
4 Que aspectos de sua vida melhoraram por causa de sua participação nas
aulas de teclado?
O pensar diferente e no futuro passei a ser perseverante para aprender para
fazer outras coisas , criar mais me dedicar mais e principalmente querer viver
quando completie 70 anos pensei tenho que correr para dar tempo porque iniciei
a ladeira final e o teclado , as aulas tem contribuído positivamente para isso. Se
não você fica so pensando nessa decadência nessa velhice em que hora vou
morrer e a música me faz esquecer as mazelas da vida e viver melhor.
1 - De que forma a sua memória foi Sim, em seis (6) Lembrar conceitos Preenche o cérebro. Me fez relembrar
utilizada durante as atividades aspectos: leitura de musicais. Hoje vejo meu histórias de músicas e
musicais? E quais foram as notas, observando o Movimentação conhecimento compositores; ativou a
contribuições para sua vida nas tempo; conhecendo mental. empírico de forma memória de um idoso;
atividades corriqueiras? o teclado; lugares sistematizada pela ajudou a estabelecer
das notas no partitura. ligações entre assuntos;
teclado; melhorou a percepção.
coordenação motora
de mãos e dedos.
2 - A sua vida melhorou com a aula Sim. Musica me faz De muito esquecido Me permitiu Viver com objetivo pois a
de musica ? Se sim, por que? bem. passei a ter agitação satisfação. Música é vida fica com cor. Musica
musical mental. vida interior, diminui é alento, remédio;
Melhorei qualidade a solidão, preenche felicidade de tocar.
de vida. o coração do Inspira planos futuros.
homem, aproxima
pessoas. Ela fere,
ela mexe com o eu
profundo.
3 - Você se sentiu melhor ou Vou continuar Apesar de ter Sempre tive Me sinto diferente,
diferente, ou com vontade de estudando. melhoriado, não sei interesse. Estou satisfeita, participativa e
participar? se continuo. Sou atingindo uma meta. alegre.
preguiçoso.
4 - Que aspectos de sua vida Faltei muito. Mas Mais movimentação Melhoraram: Pensar diferente e no
melhoraram por causa de sua melhorei na memória e utilização cerebral. Correlacionar ‘tocar futuro. Ser perseverante
participação nas aulas de teclado? e coordenação. Ativação da de ouvido’ com a para aprender outras
memória. técnica e a teoria coisas, criar mais.
aprendida; me traz Dedicação e criar mais
emoções familiares me dedicar mais; querer
do passado; me viver. O teclado tem
mostra que a música contribuído
recuperar a doença; positivamente. Faz
que acordes geram esquecer a velhice e as
emoções; que luto mazelas da vida.
para deixar os vícios
dos meus 40 anos.
5 - Você gostou de iniciar ou voltar a Sim. Faz bem à Gostei muito. Muito. Troquei Sim. Tocar foi o sonho
ter aula de música? saúde. Aprendo a tocar com prioridades após a aposentadoria.
desenvoltura; retardo financeiras por
doenças mentais; desenvolvimento de
melhoro a saúde e a outros dons, como a
mente. música.
51
A interação do grupo:
acertou e/ou entendeu; que pode fazer a melodia, quando o professor faz
a harmonia; que se sente bem quando o tamanho da grafia da partitura é
aumentada, para enxergar melhor; que deve ter atenção para executar
bem no teclado; que a interação entre os participantes do grupo são
propostas de ensino; que a musica e importante na vida das pessoas; o
aprendizado acontece quando aprende devagar e em etapas, no passo a
passo; que ele constrói, como os colegas, o conhecimento aos poucos;
que valorizam as práticas de memória em sala de aula; que a capacidade
de expor o conteúdo para o grupo motiva o aluno a aprender; que a auto-
estima de cada aluno aumenta com o sucesso na execução musical e na
aprendizagem dos conteúdos.
6 CONCLUSÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXOS
Obs: Neste Anexo, foram copiados os Excertos dos Protocolos das 2 (duas)
turmas e as Fotos da turma.
EXCERTOS DA AULA 1
aprendizagem”; “ao meu ver, deve ser passado lentamente, varias vezes ate
que o corpo entenda os movimentos”; “essa repetição precisa ser feita com
atenção para que não gere problemas de articulação e também desmotivação
fazer tudo de maneira equilibrada.”; “com a explicação mais detalhada e
minuciosa sobre cada um ele conseguiu compreender quando começamos a
passar os exercícios práticos no teclado”; “teclado os alunos tem mais
dificuldade em trabalhar a mão esquerda”; “com a repetição lentamente e várias
vezes eles conseguiram”; “tiveram alguma dificuldade nas linhas
suplementares superiores e inferiores, resolvemos com mais um tempo de
explicação”;” procuramos fazer associação com o ritmo tocando com o lápis no
quadro de maneira desorganizada e posteriormente organizadamente”.
EXCERTOS DA AULA 2
EXCERTOS DA AULA 3
EXCERTOS DA AULA 4
EXCERTOS DA AULA 5
“ antes de tocar a peça, precisamos relaxar e fazemos isso”; “Sempre faço uma
comparação com atleta “; “e digo que tocar também é uma atividade física,
como também uma atividade metal”; “Ela disse que não teve muito tempo de
treinar e reconhece que se não treinar bastante os resultados não virão”.
EXCERTOS DA AULA 6
EXCERTOS DA AULA 9
62
EXCERTOS DA AULA 12
“vou explicando para eles como deverá ser o processo de aprendizagem” [...]
começo explicando a questão do dedilhado, que é fundamental”; “de acordo com
o que irá aparecendo de conteúdo teórico na música, vamos explicando e assim
vai dando certo”; “Jesilda se solta e toca bem melhor”; “Observamos que
quando o aluno não está sendo observado ou cobrado ele mostra mais
resultados”; “Observamos que a aluna está mais segura em determinadas
partes da música”; “Peço pra que ela diga as notas pra seu colega de turma e
isso gera um clima bacana entre eles”; “então, nessa proposta de ensino, um
interage muito com outro”.
EXCERTOS DA AULA 13
“A primeira coisa que um aluno falou foi: ‘qual a música que passamos na
última aula?’; eu prontamente respondi: foi ‘Olhos Negros’ e ‘Eurovisione’ [...] .
Ele se queixa de esquecimento e diz: ‘mas não lembro que passamos a música
tal e eu treinei durante a semana toda essa outra’. Mostramos a sequência das
aulas, inclusive as gravações das aulas e, só assim, ele se convenceu de que
estava treinando a música errada”; “Observamos, com isso, que esse tipo de
lapso de memória ocorre com frequência com esses alunos nessa faixa etária; aí
onde entra a importância do estudo da música que ativa partes das faculdades
mentais, que só a música pode despertar ou ser ativada no idoso”; “aí onde
entra a importância do estudo da música que ativa partes das faculdades
mentais, que só a música pode despertar ou ser ativada no idoso.”; “ Desta feita,
vou escutando cada um individualmente”; “José Soares diz: ‘povo véio não
aprende mais nada não!’. A própria pessoa não acredita no potencial que ela
pode dar de resultado. Isso é um ledo engano que as pessoas têm a respeito da
aprendizagem pra os idosos. Dou uma palavra de ânimo como sempre faço”;
“ Ela resiste um pouco mas aceita o desafio e tenta fazer”; “Jesilda diz que está
conseguido, mas o processo é mais trabalhoso. Porém já vemos resultados. A
aluna relata que foi ao teatro ver a sinfônica e estava feliz.”.
63
EXCERTOS DA AULA 1
“ele começou falando sobre a importância da música nas vidas das pessoas”; “.
Ele fez menção das lembranças que tem da sua mãe, que colocava ele pra
dormir tocando acordeon e balançava a rede na qual ele estava deitado”; “Ele
ainda lembra das canções que a mãe dele tocava e cantava pra que ele
pudesse dormir”; “ai escutou essa música tocada por um músico em uma praça;
e ai, pôde voltar há anos atrás, “; ‘passar o conhecimento da linguagem e
estruturação musical levando essa discussão à respeito da importância de ler e
conhecer a partitura e seus códigos”; “para a terceira idade, o ensino da música
é muito relevante porque eles estão ali por amor e fazem a coisa com prazer e
também por necessidade”; “A pessoa pode estar realizando um sonho que não
teve a oportunidade de realizar durante a sua vida e só agora está em contato
com a música”; “Fiz menção à várias composições em que é o ritmo o fator
inicial pra o aprendizado das melodias. Cito Luiz Gonzaga, Beethoven”; “pra ler
música e entender sua linguagem ele precisa ler a partitura. [...] passando passo
a passo a iniciação à leitura”.
EXCERTOS DA AULA 2
EXCERTOS DA AULA 3
“ ‘eu estudei bastante e estava muito feliz por ter conseguido o resultado’
“;“Rimos um pouco e demos início a correção das atividades”; “Outro aluno disse
que conhece o campo harmônico porém, não tem afinidade com as cifras na
íntegra. Fomos explicando as cifras pra que eles entendessem o que realmente
estavam fazendo”; “Expliquei a um outro aluno que não entendeu”; “Procuro
incentivar os alunos a ligarem [...] “; “Fizemos e demos exemplos com as
músicas na qual eles estão trabalhando. Com essas explicações, um dos alunos
disse que agora é que começou a entender o assunto “; “Um dos alunos ficou
bastante feliz em saber como irá estudar memorizar as sequências”; “Uma aluna
disse: ‘que legal! gostei muito dessa explicação’. Outro aluno disse: ‘eu vou
pescando devagarzinho’. Disse que tem dificuldade porque tem”; “Ele disse que:
‘teve problemas com a forma de ensino dos professores que ele teve outrora,
por essa razão essa dificuldade’”; “E só depois de anos é que foi aprender por
cifra pela internet”; “chegamos ao final da aula, de uma maneira descontraída”.
64
EXCERTOS DA AULA 4
“Começamos a aula e a aluna mostra o que foi feito em casa dentro das
sequências harmônicas”; “então seguimos com o conteúdo programático”; “Ela
relata que existe muita discriminação em relação às pessoas que vivem da
música”; “Trabalhamos juntos a leitura rítmica. Falei da importância de fazermos
isso pois será muito bom pra parte prática no teclado”; “Eu disse que ela
precisava estudar todos os dias. [...] Fomos praticando e pegando agilidade e
assim vamos dando continuidade à aula. Pedi pra que continuasse treinando
em casa”.
EXCERTOS DA AULA 5
EXCERTOS DA AULA 6
“Demos início à aula falando sobre saúde porque eu estava com [...]”; “Bernardo,
por ser médico, me indicou [...]”; Retomamos a aula passando a música ‘Bejame
Mucho’, tentando juntar as mãos porque até então estávamos fazendo tudo
separado”; “Passamos um tempo passando com Bernardo”; ”Bernardo
interrompeu a aula e disse que as minhas dores [...]”; “Voltando pra música, ele
disse que passou quarenta anos tocando de maneira errada e que só agora está
aprendendo a tocar de maneira correta”. “Passamos a harmonia pra Eliane de
Medeiros”; “Ao passarmos a introdução da música, ela disse que achou estranho
a música só na introdução”; “Porém, depois, a música foi criando forma e ela
conseguiu desenrolar”; “Observamos que o processo mental é muito lento.
Procuramos passar o conteúdo teórico e prático de maneira lenta e com muita
paciência”; “É fundamental a paciência no ensino em escola especializada,
65
EXCERTOS DA AULA 7
EXCERTOS DA AULA 9
EXCERTOS DA AULA 10
EXCERTOS DA AULA 11
....
EXCERTOS DA AULA 13
C – FOTOS DA TURMA
____________________________
Danilo Cesar Guanais de Oliveira
Coordenador de Licenciatura em Música
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA
NATAL
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA
NATAL
2012
I
Catalogação da Publicação na Fonte
Biblioteca Setorial da Escola de Música
I
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
NATAL
2012
II
Eu te louvarei, porque de um modo terrível, e tão
maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas
obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus
ossos não te foram encobertos, quando no oculto
fui feito, e entretecido nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e
no teu livro todas estas coisas foram escritas; as
quais em continuação foram formadas, quando
nem ainda uma delas havia. E quão preciosos me
são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes
são as somas deles! Sonda-me, ó Deus, e conhece
o meu coração; prova-me e conhece os meus
pensamentos.
(Salmos 139:14-17 e 23)
III
AGRADECIMENTOS
Toda honra e glória ao meu Deus autor e consumador da minha fé!! A ELE toda a minha
gratidão, dedicação e amor.
Agradeço a Deus por ser meu amigo em todo tempo, por ser meu porto seguro, por ser
meu mestre, por cuidar de mim em cada detalhe. A Ele dedico minha vida e o meu louvor. Sim,
agradeço a Deus por tudo o que ELE fez e faz por mim, por todas as oportunidades que me
concedeu e principalmente por ter mandado seu único filho, Jesus, que chorou, sofreu e morreu
para que hoje eu pudesse viver feliz e livre, aguardando o dia em que Ele virá para nos buscar.
MARANATA!!!
Agradeço aos meus pais, Aldefran e Fátima, meus mestres e amigos. Por terem dedicado
grande parte de sua juventude para criar a mim e ao meu irmão, por terem passado noites
acordados, por terem renunciado tanto de suas vidas por nós, por terem me ensinado a ser forte,
por terem me apoiado e me ajudado a tomar tantas decisões. Agradeço pela amizade que temos e
por vocês serem os pais que são. Cada orientação foi de grande valia. Obrigada por terem tanta
paciência em nos ensinar sobre a vida, por terem me apresentado ao Senhor Jesus e por terem me
ensinado que nEle a minha vida está segura.
Agradeço ao meu irmão, Jonathas, que me atura e anda comigo pra cima e pra baixo.
Agradeço por ser meu amigo, meu cúmplice e por me ajudar tantas vezes. A você Joninha por
tanta dedicação, ideias legais e me mostrar tantas novidades. Valeu!!!
Ao meu querido Harlyson que com tanta paciência me escuta quando estou precisando
falar, é meu ombro amigo quando estou triste e me coloca pra cima e me fazer sorrir quando
ninguém mais consegue. Agradeço por todo esforço e empenho dedicado a mim. Obrigada por
seu amor. Agradeço por ter me ajudado a renunciar e tantas saídas para que eu pudesse terminar
este trabalho, por estudar comigo tantas vezes e por acreditar que em Deus irei realizar meus
sonhos.
A Monaci e sua família, por terem acreditado que seria possível concluir mais essa
etapa. Pelo investimento e ajuda em tantos momentos. Não vou esquecer do que você fez por
mim.
Agradeço a todos os professores que fizeram parte da minha formação. À Socorro Luna
por ter me incentivado a estudar música, por ter acreditado em mim, nunca esquecerei de Jubal
IV
(O violoncelo que você comprou pra que eu tocasse na Orquestra Filarmônica Juvenil Ágape).
Ao professor Ailson Saraiva, que me fez ver música com outros olhos. Ao professor Emerson
Alencar sempre me dando oportunidade de crescer sem esquecer de dar boas gargalhadas com as
coisas sérias da vida, à Kátia Campos que acreditou em mim; em fim a vocês a minha gratidão
por ajudaram crescer pessoal e profissionalmente.
Aos meus professores da graduação, que dedicam suas vidas ao ensino.
Ao prof. Dr. Jean, meu orientador que, mesmo sendo tão atarefado, dedicou tanto de seu
tempo para concretização deste trabalho. Obrigada!
Aos professores que farão parte da banca examinadora, por disponibilizarem parte do
seu tempo (que é muito corrido) para ler e avaliar este trabalho. Obrigada!
Aos meu maestro, Pr Daniel e sua família que nos ensinam a servir melhor ao Senhor e
por deixarem as portas do departamento de música sempre abertas. Se não fosse o trabalho que
por vocês é realizado com tanto carinho na obra do Senhor, este trabalho não teria sido realizado.
Ao meu líder e amigo, Pb. Guilherme e a sua família que está sempre ao nosso lado, nos
ajudando, aconselhando e ensinando. Agradeço a Deus por vossas vidas, pela dedicação e zelo
com que nos tratam.
Ao meu gerente Edivaldo Barbosa e aos colegas de trabalho que compõe a equipe CGI,
Vitória (Mamis), Creso, Souza , Willamis e Isabel (Bel bel). Obrigada por acreditarem em mim.
Obrigada pela compreensão, força, ajuda e pelas gostosas gargalhadas nos momentos de
descontração. Agradeço a Deus pela vida de cada um de vocês e oro para que o Senhor continue
abençoando a cada um.
Aos amigos e irmãos que cresceram comigo em graça, conhecimento, presepadas e afins
(risos). Em especial a Yuri Soares (Pimpão), Débora Luna (Suspy), Camila Luna (Mila), Dase
Luisa (Taxinha), Lucinha (ela gosta de Lucinha mesmo), Naama Maia (Nems), Débora Mendes
(Debrinha), Luan, Anny, Rafalea Bulhões, Mariela, Mileny, Tomas, Priscila Gomes, Fábio
Machado, Jason, Helaine, Fábio, Ana Paula, Sérgio (e família), Binho, Ruthynha, Sofia e aos que
eu não citei , também agradeço por me ajudarem e acreditam em mim.
Aos meus colegas de curso com quem compartilhei bons momentos de discussões
calorosas e boas risadas. Deus continue abençoando vocês.
Em fim a todos os que não pude citar nestas duas páginas, mas agradeço por estarem
comigo sempre. Deus continue abençoando a todos.
V
RESUMO
O presente trabalho realizou um estudo na escola de música da Igreja Evangélica Assembleia de
Deus no Rio Grande do Norte com o objetivo de mostrar a relevância do ensino coletivo de um
instrumento musical para o desenvolvimento do aprendizado. Para tanto, foi realizado um
levantamento de dados através da aplicação de questionários para o professor de teclado e para 16
dos 26 alunos do curso de teclado da escola de música. A Pesquisa investigou como acontecem
as aulas coletivas de teclado, analisando a metodologia aplicada em sala pelo professor, seu papel
dentro do ambiente de aprendizado, a percepção que os alunos têm de seu próprio
desenvolvimento musical, a questão da interação e da autonomia dos alunos em sala e a
construção de um ambiente colaborativo de aprendizado. Evidenciou-se que, mesmo em um
ambiente heterogêneo, onde interesses e objetivos pessoais no aprendizado musical são variados,
a metodologia utilizada pelo professor atende às necessidades da turma, uma vez que as respostas
dos alunos foram positivas quando questionados se estavam satisfeitos com o que lhes era
ensinado e forma de como era ensinado. Conclui-se, portanto, que este trabalho conseguiu atingir
seu objetivo central, visto que os dados coletados e analisados evidenciaram a importância do
ensino coletivo para a aprendizagem musical.
VI
ABSTRACT
This research conducted a study at the music school of the Assembly of God Evangelical Church
in Rio Grande do Norte aiming to show the relevance of collective classes of a musical
instrument for the development of learning. For this, a survey was conducted with the aid of a
questionnaire for the keyboard teacher and for 16 out of his 26 keyboard students of the music
school. The survey investigated how the keyboard group lessons happen, analyzing the
methodology applied in the classroom by the teacher, his role within the learning environment,
the self-perception that students have of their own musical development, interaction and
autonomy of students in the classroom and the construction of a collaborative learning
environment. It was evident that, even in a heterogeneous environment, where personal interests
and objectives are varied in musical learning, the methodology used by the teacher accords to the
needs of the group, since the students' responses were positive when asked if they were satisfied
with what they was taught and how it was done. Thus, it can be concluded that this research has
achieved its main objective, since important points were raised and evaluated regarding the
collective learning and data analyzed show how collective learning relevant to the students'
musical development.
VII
LISTA DE TABELAS
TAB 01. Dados do Professor..........................................................................................................31
VIII
LISTA DE GRÁFICOS
GRAFICO 01. Estudou em outra Instituição.................................................................................36
GRAFICO 05. Você acha que o ensino em grupo atrapalha seu desenvolvimento
musical...........................................................................................................................................38
GRAFICO 07. na sua opinião Não aprender algum dos conteúdos tem a ver com o fato das aulas
serem em grupo..............................................................................................................................39
GRAFICO 08. Na sua opinião, o professor conegue dar atenção a todos os alunos? ..................39
IX
SUMÁRIO
CAPÍTULO I .......................................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
Objetivos gerais ................................................................................................................. 12
Objetivos específicos......................................................................................................... 12
Justificativa da pesquisa .................................................................................................... 12
Relevância da pesquisa...................................................................................................... 13
Metodologia da pesquisa ................................................................................................... 13
CAPÍTULO II ......................................................................................................................... 15
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS
MUSICAIS .......................................................................................................................... 15
Um breve histórico sobre o ensino coletivo ...................................................................... 15
Principais aspectos do ensino coletivo .............................................................................. 15
O ensino coletivo ............................................................................................................... 16
O que é ensino coletivo? ................................................................................................... 17
Princípios e metodologias do ensino coletivo ................................................................... 19
Dificuldades na prática do ensino coletivo ....................................................................... 20
CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 21
O ENSINO COLETIVO DE TECLADO NO DEPARTAMENTO DE MÚSICA DA
ASSEMBLEIA DE DEUS NO RIO GRANDE DO NORTE-RN .................................... 21
A música na Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte - IEADERN
........................................................................................................................................... 21
Escola de música da IEADERN no templo central ........................................................... 25
As aulas de teclado ............................................................................................................ 26
Perfil do professor ............................................................................................................. 28
Perfil dos alunos ................................................................................................................ 29
CAPÍTULO IV........................................................................................................................ 30
VERIFICAÇÃO DOS DADOS LEVANTADOS ............................................................. 30
CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 43
APÊNDICE.......................................................................................................................... 45
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
Grande parte das escolas de ensino de música especializada trabalha o ensino
individual do instrumento musical com seus alunos. Nessas aulas onde o professor é a pessoa
que passa todo o conhecimento e o aluno é aquele que recebe, tem-se a ideia de formar
virtuosis da música. Esse tipo de ensino dificulta, muitas vezes, o desenvolvimento do aluno e
o trabalho de alguns professores que não têm paciência para começar a ensinar do zero.
Ao observar as escolas de música especializadas, é possível perceber que apenas
uma minoria da população tem acesso a educação musical. Um dos fatores que influencia
nessa segregação é que a maior parte da população não tem condições financeiras para
frequentar uma aula de música particular. Em muitas escolas de música o valor da hora/aula é
muito alto, deixando muitas pessoas que tem vontade de aprender do lado de fora do ambiente
musicalizador.
Outro problema encontrado é a carência de docentes, ou seja, muitos alunos para
poucos professores. Este é um fator que também dificulta o acesso das pessoas às escolas
especializadas, desta forma, o ensino coletivo oportuniza a inserção de mais pessoas nas
escolas de música e a participação desses alunos em grupos de estudo coletivo.
O ensino coletivo, ou em grupo, pode ser definido como a prática de aprender
juntos, aprender com o outro.
Para o professor desta modalidade de ensino cabe a elaboração de estratégias e a
constante busca de métodos e meios para a formação de um programa que o ajude a conduzir
sua turma. Bem sabemos que quando se fala em ensino em grupo podemos evidentemente
visualizar que o professor precisa ter sensibilidade para entender que seus alunos são
diferentes e cada um busca um objetivo. Desta maneira seu trabalho precisa abranger toda a
turma de forma que nenhum seja prejudicado.
Assim pode-se perceber que o ensino coletivo na educação musical colabora para o
desenvolvimento da autonomia, pois neste espaço o aluno está sendo preparado para o
momento individual. Além disso, o ensino coletivo possibilita uma maior abertura para alunos
que possuem maior dificuldade na execução instrumental.
Diante do exposto este trabalho objetiva mostrar a importância do ensino coletivo de
instrumentos musicais, a partir de um estudo realizado com os alunos de teclado de turmas
11
iniciantes e intermediárias da escola de música da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do
Rio Grande do Norte (IEADERN), templo central.
Deste modo, este trabalho está dividido em quatro capítulos principais. No capítulo
inicial temos a parte introdutória do trabalho, seus objetivos gerais e específicos, a
justificativa da pesquisa, a relevância desta pesquisa e a metodologia utilizada para o
levantamento dos dados. O segundo capítulo é composto por uma breve explanação sobre as
principais questões do ensino coletivo, como um breve histórico sobre o ensino coletivo, sua
definição, métodos e principais dificuldades. No terceiro capítulo é exposto um breve
histórico sobre o Departamento de música da IEADERN, o perfil do professor e dos alunos
entrevistados. No quarto capítulo temos a apresentação e análise dos dados levantados durante
o período da pesquisa e as considerações sobre cada análise. Por ultimo são apresentadas as
considerações finais sobre o trabalho realizado e a conclusão.
Objetivos gerais
O objetivo geral da presente pesquisa é identificar a relevância da prática do ensino
coletivo de um instrumento musical, baseado na análise de dados realizada através de
questionário durante as aulas de teclado no Departamento de música da Igreja Evangélica
Assembleia de Deus do RN, Templo central.
Objetivos específicos
Identificar a metodologia utilizada pelo professor nas aulas coletivas de instrumento;
Analisar as impressões dos estudantes sobre o seu desenvolvimento;
Identificar os pontos relevantes relacionados ao ensino coletivo do teclado.
Justificativa da pesquisa
Um dos principais motivos que levou a pesquisadora a realizar a pesquisa foi o fato
de ser oriunda de uma escola de música especializada e ter experimentado as modalidades de
ensino, individual e em grupo. Em sua experiência a pesquisadora observou que teve melhor
desenvolvimento nas aulas em grupo enquanto enfrentou dificuldades nas aulas individuais.
Outro fator que contribuiu para a realização desta pesquisa foi a oportunidade e
facilidade de acesso às aulas de teclado, já que atualmente a pesquisadora faz parte da
Orquestra Filarmônica Gênesis, é membro da IEADERN, templo central, e foi parte do corpo
docente da escola de música desta mesma instituição.
12
O fato de ter tido oportunidade de estagiar com as turmas de teclado, ter visto o
desenvolvimento e conhecer os alunos também influenciou na escolha deste tema.
Por entender que a educação coletiva de um instrumento musical é um tema bastante
discutido e pouco aceito em algumas escolas, este trabalho contribuirá para que se perceba a
importância e relevância desta modalidade de ensino.
A carência de pesquisas sobre o ensino coletivo de teclado foi outro motivador para a
escolha deste tema, visto que grande parte dos artigos e estudos encontrados para
embasamento teórico deste trabalho são voltados para o ensino de cordas.
Relevância da pesquisa
Acreditamos que a relevância desta pesquisa está em apresentar resultados concretos
de analises realizadas através de instrumento de coleta de de dados que mostram a realidade
do ensino de teclado e a situação do desenvolvimento dos alunos deste instrumento, para que,
caso haja necessidade sejam elaboradas sugestões de melhoria para que se alcance um melhor
desempenho nas aulas.
Outro ponto, não menos, importante é a contribuição para o desenvolvimento pessoal
e profissional da pesquisadora que desenvolveu o trabalho, pois este estudo serviu para
ampliação de sua visão no tocante ao ensino coletivo e agregando valores a sua prática
docente.
Metodologia da pesquisa
Caracterização da pesquisa
13
População e Amostra
14
CAPÍTULO II
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO COLETIVO DE
INSTRUMENTOS MUSICAIS
15
É possível utilizar neste campo de pesquisa os ensinamentos de Vigotsky (1989) no
que diz respeito à interação e à consequente partilha de conhecimento entre os alunos, visto
que o ensino da música, assim como qualquer conhecimento ou habilidade, é fundamentado
pelas noções de troca de saberes e experiências. Vigotsky contribui, através da teoria da zona
de desenvolvimento proximal, segundo a qual o nível ideal de aprendizado é alcançado
quando o professor fornece ao aluno um conhecimento de nível imediatamente superior ao
atual. Além disso, os menos experientes acabam sendo beneficiados através da interação com
os mais experientes em uma situação de troca de conhecimentos. Nesse contexto, os mais
habilitados desempenham papel de mediador entre os menos experientes e o conhecimento,
auxiliando o professor em um espaço em que impera o princípio da colaboratividade. Os mais
experientes, em contrapartida da transmissão de seus conhecimentos, são beneficiados com a
fixação destes, uma vez que a situação empírica de partilha solidifica a aquisição do
conhecimento, além de estimular a motivação por participar de um ambiente de ensino
colaborativo em que seus conhecimentos e suas habilidades são úteis na construção do
conhecimento partilhado.
Trataremos neste capítulo sobre as concepções do ensino coletivo de um instrumento
musical, tomando como referência trabalhos publicados e a experiência de professores da
área. Para entendermos melhor sobre o assunto levantaremos alguns questionamentos que
nortearão nossa percepção sobre esta modalidade de ensino.
O ensino coletivo
Alguns professores de música que atuam em escolas especializadas, universidades e
conservatórios não acreditam na eficiência e eficácia do ensino coletivo. É compreensível que
muitos desses educadores ainda desacreditem nesta modalidade de ensino, pois reunir duas ou
dez pessoas em um mesmo horário e lugar, tocando juntos sem transformar em um ensaio, é
um pouco difícil de visualizar.
Grande parte dos conservatórios e escolas especializadas ainda veem a aula prática
de um instrumento musical muito individual, onde na sala devem estar apenas o professor e o
aluno. Para tal ainda utilizam meios de seleção muito rígidos que sempre excluem iniciantes
ou pessoas que nunca tiveram contato com um instrumento musical. “Esta percepção de
ensino se contrapõem a metodologia do ensino coletivo que mostra que na prática coletiva é
possível compartilhar conhecimento, espaço e que a interação e diferença são partes
importantes do aprendizado” (TOURINHO, 2007, p. 1).
16
Um professor que ministra aulas individuais defende a ideia de que só obterá
resultados se o aluno estiver só. Enquanto que no ensino coletivo percebemos que o aluno
aprende não só com o “mestre”, mas com o meio, da mesma maneira que ele aprende a andar,
falar, comer, desenvolvendo hábitos que são estimulados pelo entorno social.
Fortalecendo a teoria de que o ensino coletivo possibilita muito mais que
conhecimento e técnica, no Brasil alguns nomes como Cristina Tourinho, Maria Isabel
Montandon, entre outros, utilizam o ensino coletivo como método eficiente do início do
aprendizado instrumental, mostrando que o ensino coletivo de um instrumento musical é uma
ferramenta importante para a socialização e democratização do aprendizado musical. Segundo
Tourinho:
[...] a aula de instrumento que coloca vários alunos juntos (muitas vezes para
economizar tempo), com um tocando determinado repertório padrão
enquanto os outros escutam não é 'ensino em grupo' ou 'aprendizagem em
grupo' mas aulas individuais dadas em grupo. Por que? Cito dois critérios
que considero 'básico', dentre outros: na aula em grupo, todos devem estar
envolvidos e ativos todo o tempo, mesmo que com atividades diferentes.
Segundo, tocar bem é o resultado de uma musicalização bem desenvolvida
[...] (MONTANDON, 2004, p.4)
A partitura no ensino coletivo ou não está presente nas aulas iniciais, onde o
trabalho é feito por imitação, ou é apresentada de forma funcional, isto é,
serve para um resultado específico e imediato. Junto com musicalizar está
implícito o conceito de desenvolver a percepção auditiva mais do que
decodificar símbolos musicais (TOURINHO, 2007, p. 2).
19
sensibilidade e a percepção, pois o aluno não passa a concentrar-se apenas na partitura, mas
concentra-se na música que está executando .
Planejar para o grupo é outra metodologia importante e que deve ser levada em
consideração. No planejamento devem ser considerados cada momento da aula e o ritmo de
cada aluno. Observar se o conteúdo ministrado serve para todos os alunos e ter a sensibilidade
de visualizar como cada um irá receber as informações dentro das suas dificuldades e
limitações.
20
CAPÍTULO III
O ENSINO COLETIVO DE TECLADO NO DEPARTAMENTO
DE MÚSICA DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO RIO GRANDE
DO NORTE-RN
1
Priscila Gomes de Souza, maestrina titular do Coral Infanto Juvenil Sementinha e regente auxiliar da Orquestra
Filarmônica Evangélica Gênesis e professora de música no município do Natal/RN- data: 03/10/2012.
Pesquisou e publicou dados em sua monografia (Ver referências)
21
O movimento pentecostal, como era chamado, chegou ao Rio Grande do Norte em
1918, que foi fundada pelo pastor José Estumano de Morais, que veio do Belém do Pará. O
primeiro culto foi realizado no dia 13 de janeiro de 1918 na residência do soldado Luiz de
França. O primeiro templo foi inaugurado em 1920 época em que a igreja era, muitas vezes,
impedida de realizar cultos e proclamar o evangelho (IEADERN, 2012).2
A IEADERN cresceu e se tornou uma das maiores denominações do RN. Sediada no
centro do Bairro do alecrim, ela consegue atuar com membros de todas as faixas estarias
através de departamentos3 que realizam trabalhos específicos com as pessoas que fazem parte
deles. O Departamento de música da Assembleia de Deus (DEMAD) atua e dá suporte em
praticamente todos os seguimentos da igreja, preparando músicos para tocar nos eventos
patrocinados pela igreja.
A música na IEADERN
Assim um grupo formado por músicos que tocavam sob a regência do pastor Nelson
Bezerril, participavam dos cultos e festividades da igreja mesmo antes da formação oficial da
banda, tanto na capital quanto por todo o estado do RN.
2
Fonte: IEADERN, Site oficial da Assembleia de Deus no RN.
3
A IEADERN realiza trabalhos específicos com todos os membros das igrejas de crianças à idosos. Assim
dividem em Departamento Infantil (DEPIN), Departamento Feminino da Assembleia de Deus (DEFAD),
Departamento de Senhores da Assembleia de Deus (DESAD), Departamento de Jovens da Assembleia de Deus
(DEJAD), Departamento de Idosos através do projeto Águia, departamento de música da Assembleia de Deus
(DEMAD) entre outros que realizam trabalhos específicos.
22
Percebeu-se então a necessidade da oficialização da banda de música da IEADERN.
No dia primeiro de agosto de 1954, o Pastor Nelson Bezerril fundou a Banda de Música da
Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Natal-RN, com 32 componentes do sexo masculino
(SOUZA, 2009, p. 25).
Os músicos que faziam parte da banda em sua maioria eram do sexo masculino e
tinha oportunidade de estudar música nas igrejas, escotismos, na escola e música da UFRN e
nas forças Armadas (SOUZA, 2009, p. 26). Somente em 1974, as mulheres passaram a fazer
parte da banda, pois eram incentivadas a estudar música na igreja para fazerem parte do coro e
só depois entrarem na banda.
Para atrair jovens músicos foram introduzidos muitos hinos avulsos (extra
hinário oficial da igreja, ou seja, a Harpa Cristã), em estilos musicais que
tinham maior aproximação com o gosto musical dos jovens da época. Além
do que foram introduzidos instrumentos musicais como a bateria, o contra-
Baixo, o teclado (sintetizador) e a Guitarra elétrica (SOUZA, 2009, p. 32).
23
As cordas (Violino, Viola e Violoncelo) passaram a compor a banda em 1999,
participando dos ensaios uma vez por mês quando tocavam junto com a antiga formação,
metais e base.
Apenas no dia 26 de Março do ano 2000, a banda Gênesis passou a se chamar
Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis. Num período de dez anos, ou seja, desde a sua
formação, o número de componentes da OFEG, passou de 28 para 137, tendo 90% dos
componentes iniciado seus estudos na Escola de Música da própria igreja (SOUZA, 2009, p.
36).
Atualmente a Orquestra conta com a participação de cento e dez músicos efetivos,
nem todos possuem formação musical superior ou técnica, mas grande parte iniciou seus
estudos musicais na escola de música do DEMAD.
No ano de 2012 a igreja completou setenta e quatro anos do início do movimento
musical, cinquenta e oito anos de fundação da banda de música e doze anos da nova formação
para Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis - OFEG.
24
trabalho de reestruturação e organização do Departamento. Após esse feito fundou, junto com
sua esposa, Eunice Gomes, a escola de música da IEADERN.
Como afirma Souza, os alunos das aulas práticas que desejam ter a prática e a
vivência da prática de conjunto são encaminhados para OFEGAL.
As aulas teóricas e práticas da escola de música são ministradas por adultos e jovens,
ex-alunos, que hoje fazem parte da OFEG. Um ponto importante a ser observado é que grande
parte dos alunos das primeiras turmas passaram pela OFEG e hoje ajudam em congregações4
dos diversos setores5 da IEADERN.
4
Congregações: Diversos templos espalhados pela cidade.
5
A IEADERN dividiu suas congregações em áreas e em setores com o objetivo de melhor administra-las, assim
uma determinada área abrange um número de bairros e um bairro pode ter um ou mais setores e cada setor tem
de 5 a 7 congregações. Hierarquicamente os pastores das congregações respondem aos pastores de setor e estes
respondem a administração maior da IEADERN.
25
São exigidos para ingressar na escola de música que o aluno saiba ler, escrever e
realizar operações matemáticas. Ter idade mínima de oito anos e não tem limite de idade, pois
a escola acredita que adultos e terceira idade também são capazes de aprender no seu próprio
ritmo (SOUZA,2009, p. 41).
A pesquisa realizada por Souza em 2009, mostra que:
As aulas de teclado
As aulas de teclado são semanais e tem duração de uma hora. Os horários das aulas
são variados e são de acordo com a disponibilidade do professor e do aluno; assim o aluno
marca com o professor um horário que se encaixe em sua agenda.
Dentro da sala de aula estão dispostos seis teclados, sendo que um deles é utilizado
pelo professor. As aulas iniciam com um momento de recapitulação dos conhecimentos
passados na aula anterior em conjunto o professor trabalha toda a parte de aquecimento
corporal. Esta primeira etapa dura cerca de dez minutos. Para recapitular o conteúdo que foi
passado, o professor pede para que todos toquem juntos a música que foi estudada.
O professor relata o início da sua aula falando que:
26
os fones de ouvido para não atrapalhar os colegas. (DAVID HARLYSON 6,
2012).
Após essa primeira etapa da aula, uma nova música é apresentada ao aluno. Vale
salientar que o professor escolhe a música de acordo com o objetivo da aula, ou seja, se
naquela aula ele pretende ensinar arpejos, a música escolhida é uma que possua o maior
número de arpejos possíveis. Contrariando as metodologias tradicionais de ensino, que
defendem a ideia de apresentar a teoria e depois a prática, o professor apresenta a música e vai
ensinando os alunos a tocarem, quando eles estão em um nível relevante, ele apresenta o
conceito.
Essa ideia é também defendida por Oliveira (1998) quando enfatiza que:
Para o professor esse momento é importante para que o aluno faça suas descobertas
sobre o que foi apresentado. Ele ressalta que:
Esse momento serve para que o aluno faça suas “descobertas” sobre o
conhecimento novo apresentado e levante hipóteses sobre como executá-lo.
Em seguida, vem a parte de levantamento das hipóteses, da verificação da
veracidade de cada uma e da construção dos conceitos. Todos participam
ativamente, despertando assim a motivação, a autonomia e a construção
colaborativa do saber. Para exemplificar, costumo passar para os alunos uma
música que traga alguns conhecimentos novos para eles. Deixo à vontade
para executá-la e levantar hipóteses de como lidar com o que ele ainda não
conhece. Depois, fazemos um levantamento com todo o grupo sobre os
pontos novos e construímos o conceito de cada um deles. Essa etapa dura
cerca de 20 minutos. A etapa seguinte é a de retorno ao conhecimento
apresentado no início. Ele não é mais novo, pois os alunos,
colaborativamente, procederam à descoberta desse conhecimento. Agora é o
momento de executá-lo. Nesse momento, o papel do professor é de “passear”
pela sala e dedicar um tempo a cada um para sanar as possíveis dúvidas ou
corrigir os erros, se for o caso. É o caso de um acorde novo que os alunos
descobriram como ele é formado no momento da verificação das hipóteses
levantadas. Agora, na fase de retorno à execução, é a hora de verificar se ele
consegue tocá-lo satisfatoriamente. Essa etapa também dura cerca de 20
minutos (DAVID HARLYSON, 2012).
6
DAVID HARLYSON é o professor de teclado do departamento de música da IEADERN.
27
Após o processo de descoberta e de treino ele pede para que todos os alunos
executem a música juntos e vai fazendo as correções necessárias. Ele expressa isso falando
que:
Dessa maneira ele conduz suas aulas e caso um dos alunos não tenha conseguido
progredir, ele continua o seu programa dando a devida atenção àquele que não obteve a
progressão desejada.
Perfil Do Professor
O professor de teclado da escola de música do DEMAD é licenciado em Letras com
habilitação na língua francesa e em língua portuguesa. Seu primeiro contato com a música foi
na escola de música da IEADERN, em 1997. Nesta época, segundo o professor, o curso
teórico tinha duração de um ano e após o aluno escolhia o instrumento que iria estudar. Por
influencia da mãe, ele decidiu estudar telado, porém estudou poucos meses pois não se
adaptou à metodologia aplicada pela professora da época. Quando parou, guardou o teclado
por alguns dias, mas resolveu voltar a estudar em casa, sozinho, pois gostava do instrumento.
Inspirado pelo pai, que trouxe uma revistinha musical ele começou a procurar material de
estudo para aperfeiçoamento musical, assim procurou autores como Nelson Faria, Antônio
Adolfo, Almir Chediak, buscando embasamento teórico para continuar seus estudos. Sozinho
iniciou o estudo da harmonia, da improvisação, do arranjo e orquestração. Desde então, tem
buscado aprimorar sua performance no instrumento.
Entrou na Orquestra no ano de 1999, com aproximadamente dois anos de estudo.
Nesta época tentou voltar a estudar com ajuda de um professor que era o tecladista da
orquestra. Nesse mesmo ano ele foi convidado para participar do recital de Natal e a partir dai
ingressou oficialmente na OFEG, onde toca até hoje.
No ano de 2003, a escola de música tinha uma demanda muito alta de alunos que
procurava(m) aprender teclado e a escola dispunha de apenas um professor. Então a
28
coordenação da escola convidou o atual professor para fazer parte do quadro de professores.
Em 2004, ele precisou se afastar por motivos familiares, voltando a dar aula em 2009, após o
termino da sua graduação em Letras.
29
CAPÍTULO IV
VERIFICAÇÃO DOS DADOS LEVANTADOS
Análise de dados
Questionário do Professor
As perguntas abordadas no questionário do professor são compostas por quatro
blocos.
O primeiro bloco compreende questões pessoais e contém perguntas como nome,
idade, sexo, formação acadêmica e histórico musical. Alguns desses dados foram
apresentados no capítulo anterior, na seção Perfil do professor, porém serão retomados nesta
análise.
No segundo bloco foram abordadas questões relacionadas à metodologia utilizada
pelo professor, quais são os autores em que são baseadas suas aulas e atitudes em sala de aula.
O terceiro bloco compreende questionamentos relacionados ao ensino de música e
aspectos do ensino coletivo de um instrumento musical, quais as percepções do professor
sobre o assunto, qual sua motivação em escolher o ensino coletivo.
30
Bloco 01: questões pessoais
Com a devida autorização do professor publicaremos o seu nome nesta pesquisa.
31
língua para o ensino da música. Dessa forma, pude trazer alguns conceitos,
como:
A resposta dada pelo professor reforça o que é dito por Tourinho, quando conceitua
o ensino coletivo como transposição inata de comportamento humano de observação e
imitação para o aprendizado musical (TOURINHO, 2007).
A questão de número 6 pergunta ao professor se ele consegue atender às
necessidades dos alunos. Ele relata que:
É outro ponto sensível. De uma maneira geral, sim, mas temos que ver que
todos eles têm necessidades diferentes, sendo às vezes impossível de atender
a todos de forma específica. Existe também outra questão paralela a essa:
atender a todas as necessidades de cada aluno. Da mesma forma, não é
possível chegar a tal ponto, pois cada aluno tem necessidades específicas e
intangíveis ao professor. Esses pontos não são críticos apenas em aulas em
grupo, pois em aulas individuais o professor tem a mesma dificuldade. Na
metodologia adotada nas aulas em grupo, essa lacuna pode ser suprida pelo
incentivo à autonomia. Como o professor não pode abarcar as necessidades
de todos nem todas as necessidades de cada um, ele traça o plano geral e
cada aluno busca de forma autônoma preencher com suas necessidades
específicas. Isso acontece muito com relação ao repertório usado nas aulas.
Como se trata de uma instituição religiosa, o repertorio proposto é o usado
nas igrejas. Assim, o aluno que procura a escola que não faz parte do círculo
religioso acaba aprendendo as músicas e a teoria usada por trás delas e as
adapta às musicas de sua preferência (DAVID HARLYSON, 2012).
33
A pergunta de número 7 questiona ao professor se ele já ministrou aulas de teclado
individual. A resposta foi positiva; diante disso, a questão de número 8 perguntou quais foram
as principais diferenças identificadas por ele.
Percebe-se na fala do professor David Harlyson o que é dito por Almeida (2004),
quando ressalta que:
Cada um tem o seu próprio tempo, que é muito mais variável do que se
imagina inicialmente. Talvez resida aqui a maior dificuldade para a
aplicação do ensino coletivo (ALMEIDA, 2004 p. 27).
Assim, respeitar o ritmo dos alunos, fazê-los compreender que o ensino em grupo
possibilita maior interação e auxilia o desenvolvimento musical torna-se fundamental para a
condução das aulas. Ministrar o conteúdo de forma abrangente, mostrando os resultados
obtidos durante cada aula.
O ensino coletivo de instrumentos permite que o saber musical, passo a passo,
acompanhe o fazer musical numa combinação prática, harmoniosa e proveitosa, e deve ser
ministrado de maneira simples e agradável (ALMEIDA, 2004).
34
o histórico do aprendizado musical. E o terceiro bloco mostra como os alunos veem as aulas
em grupo. Ainda no terceiro bloco alguns depoimentos serão citados.
Por questões éticas não divulgaremos os nomes dos alunos. Desta forma cada aluno
recebeu um número, sendo Aluno 1, Aluno 2 , até completar Aluno 16.
Alunos
Nome Idade Sexo
Aluno 1 42 Feminino
Aluno 2 51 Feminino
Aluno 3 14 Feminino
Aluno 4 - Feminino
Aluno 5 17 Feminino
Aluno 6 17 Masculino
Aluno 7 39 Masculino
Aluno 8 54 Feminino
Aluno 9 59 Feminino
Aluno 10 10 Masculino
Aluno 11 53 Feminino
Aluno 12 9 Masculino
Aluno 13 9 Masculino
Aluno 14 13 Masculino
Aluno 15 13 Masculino
Aluno 16 11 Masculino
TAB 02 Fonte: Dados da pesquisa, 2012
Dos dezesseis alunos que responderam a pesquisa oito são homens e oito mulheres.
35
Estudou música em outra instituição
15
12
10
5 4
0
Sim Não
Dos dezesseis alunos apenas 25% tiveram aula música em outras instituições. É
possível observar que boa parte dos alunos que estudam teclado iniciaram sua vida musical na
escola de música da IEADERN (GRÁFICO 1).
A questão de número 2 perguntou se os alunos já tiveram aulas de música
individualmente. Observando os dados abaixo vemos que 56% dos alunos já tiveram aula de
teclado individualmente (GRAFICO 2).
36
Você pretende continuar estudando música?
20
15
15
10
5
1
0
Sim Não
As questões que seguem são relacionadas à percepção dos alunos sobre as aulas de
música em grupo.
10
0
Sim Não
37
Você acha que o ensino em grupo atrapalha seu
desenvolvimento musical?
15 14
10
5 GRÁFICO 5
2
0
Sim Não
O gráfico abaixo mostra outro ponto contraditório, pois 100% dos alunos
responderam que os colegas contribuem com seu aprendizado.
15
10
0
Sim Não
38
Na sua opinião não aprender algum dos conteúdos tem a
ver com o fato das aulas serem em grupo?
20
15
15
10
5 1
0
Sim Não
Os dois gráficos que seguem questionam aos alunos se eles acreditam que o
professor consegue dar atenção a todos os alunos presentes em sala de aula e se eles estão
satisfeitos com o que é ensinado.
10
0
Sim Não
10
0
Sim Não
39
A ultima questão pede aos alunos que escrevam um comentário com a visão de cada
um relacionada ao ensino coletivo. Os depoimentos fornecidos pelos alunos reforçam o que
foi apresentado nos gráficos. Selecionamos os depoimentos mais significativos.
Depoimento do Aluno 1:
Depoimento Aluno 3:
Depoimento Aluno 6:
Eu acho as aulas em grupo muito bom, porque às vezes meus colegas tiram
duvidas que nós podemos ter na frente (ALUNO 6).
Depoimento Aluno 7:
Depoimento Aluno 9:
Eu gosto porque às vezes um aluno nos ajuda a tirar uma dúvida que às
vezes o professor não entendeu muito bem nossa pergunta, ai ajuda a
esclarecer (ALUNO 9).
São muito legais, o professor ensina bem, ele é legal, brincalhão e consegue
dar atenção a todos, por isso vou continuar tendo aulas de música (ALUNO
10).
40
Depoimento Aluno 15:
CONCLUSÃO
Esta pesquisa tenta responder à questões relacionadas à metodologia utilizada pelo
professor, analisar as impressões dos alunos sobre as aulas coletivas e seu desenvolvimento
em sala e quais os principais pontos relacionados ao ensino coletivo de teclado. Desta forma,
a analise de dados destaca que a metodologia utilizada pelo professor de teclado contribui
para o sucesso de suas aulas; a forma como ele aplica os métodos da área de letras para o
ensino musical possibilita a fluência da aula e contribui estimulando os alunos à participarem
delas. Durante a fala do professor é possível observar que ele aplica metodologias que são
utilizadas por professores de música, porém de forma inconsciente. Outro ponto relevante é a
forma como ele conduz a aula, sempre inicia questionando ao grupo sobre os exercícios
aplicados na aula anterior e conduz os alunos construindo com eles um raciocínio lógico.
Durante essa construção ocorre o que muitos alunos citaram nos depoimentos quando dizem
que em alguns momentos tem dúvidas e os colegas ajudam a esclarecer, ou quando o
professor não entende a pergunta e outro colega que entendeu explica de uma maneira melhor.
Os gráficos e depoimentos apresentados contribuem para afirmar que os alunos se
sentem à vontade com o ensino coletivo e que acreditam que parte de seu desenvolvimento
musical se dá pelo fato das aulas serem em grupo. Assim, é possível perceber que as aulas
coletivas de teclado não são mero ajuntamento de pessoas em sala pra que a hora/aula se torne
mais lucrativa. Porém, há construção conjunta de conhecimento, há partilha de experiências
41
musicais e conhecimento de mundo e ainda há criação de laços afetivos que contribuem com a
permanência dos alunos durante todo o curso.
Esta pesquisa destaca alguns aspectos musicais e não musicais importantes sobre o
ensino coletivo de teclado do departamento de música da IEADERN, tais como:
O estimulo à construção conjunta de conhecimento, respeito mútuo, cooperação e
motivação entre os alunos;
O desenvolvimento do repertório de maneira mais lúdica e mais rápida;
A economia de tempo, pela possibilidade de unir vários alunos em uma sala e ensinar
a todos ao mesmo tempo;
A dedicação do professor em buscar novas estratégias de ensino e readequar seus
conhecimentos para a área do ensino musical.
Como apontado em algumas respostas, uma pequena porcentagem dos alunos
respondeu que o ensino coletivo atrapalha seu desenvolvimento. Como observado no segundo
capítulo, que trata das dificuldades encontradas na prática do ensino, é possível destacar que
para essa porcentagem de alunos que se sentem prejudicadas com o coletivo, pode optar pelo
ensino individual. Este por sua vez é um modelo de ensino válido principalmente para alunos
que estão em um nível musical mais avaçado.
Portanto, a partir da averiguação e análise de dados que constatou a relevância da
prática do ensino coletivo de um instrumento musical, conclui-se que o ensino coletivo de
teclado na escola de música da IEADERN contribui significativamente para o
desenvolvimento musical dos alunos do curso de teclado.
42
REFERÊNCIAS
BABBIE, Earl. Métodos de pesquisa de survey. Tradução de Guilherme Cezarino. 2. ed.
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999. 519p. Original inglês.
CALLEJA, José Manuel Ruiz. Os professores deste século. Algumas reflexões. Revista
Institucional Universidad Tecnológica del Chocó: Investigacion, Biodiversidad e Desarrollo
2008; 27(1): 109 – 117
43
______PRISCILA GOMES. Maestrina titular do Coral Infanto Juvenil Sementinha e regente
auxiliar da Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis e professora de música no município
do Natal/RN. [2012]. Entrevistador: Jemima de Moura Carvalho Feitosa. Natal, RN, 2012.
44
APÊNDICE
45
APÊNDICE I
QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR
Professor, este questionário faz parte de uma pesquisa para construção e análise de
dados para elaboração de monografia que está sendo realizada no curso de música da UFRN.
Neste Questionário, abordaremos questões sobre o ensino em grupo de teclado.
Idade: 26 anos
Sou formado em letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Possuo 2 habilitações: licenciatura em língua francesa (2008) e licenciatura em língua
portuguesa (2012).
3. Qual a sua concepção sobre ensino coletivo? Você acredita que ele é eficaz?
É complicado falar em domínio total, pois, em meu ver, nunca temos domínio total
sobre as coisas, mas um domínio satisfatório. Esse sim, percebo tê-lo sobre a turma.
É outro ponto sensível. De uma maneira geral, sim, mas temos que ver que todos
eles têm necessidades diferentes, sendo às vezes impossível de atender a todos de forma
específica. Existe também outra questão paralela a essa: atender a todas as necessidades de
cada aluno. Da mesma forma, não é possível chegar a tal ponto, pois cada aluno tem
necessidades específicas e intangíveis ao professor. Esses pontos não são críticos apenas em
aulas em grupo, pois em aulas individuais o professor tem a mesma dificuldade. Na
47
metodologia adotada nas aulas em grupo, essa lacuna pode ser suprida pelo incentivo à
autonomia. Como o professor não pode abarcar as necessidades de todos nem todas as
necessidades de cada um, ele traça o plano geral e cada aluno busca de forma autônoma
preencher com suas necessidades específicas. Isso acontece muito com relação ao repertório
usado nas aulas. Como se trata de uma instituição religiosa, o repertorio proposto é o usado
nas igrejas. Assim, o aluno que procura a escola que não faz parte do círculo religioso acaba
aprendendo as músicas e a teoria usada por trás delas e as adapta às musicas de sua
preferência.
7. Você já deu aula de teclado individual? Caso a resposta seja “sim” responder a
pergunta 8. Se a resposta for negativa responder a pergunta 9.
Sim.
10. Entre as diversas turmas que você dá aula, em alguma delas você percebe alguma
dificuldade quanto ao fato das aulas serem em grupo? Caso a resposta seja positiva, favor,
listar as principais?
48
Não, não percebi dificuldade por ser aula em grupo, justamente pelo exposto na
pergunta anterior.
11. Você acredita que seus alunos conseguem desenvolver todo o conteúdo que é
passado?
Mais uma vez, falar de “todo” é discutível. Não posso afirmar que todo conteúdo é
absorvido, assim como acontece em aulas individuais. Mas posso falar sim em progressão
satisfatória, e isso tem acontecido com os alunos.
49
construção colaborativa do saber. Para exemplificar, costumo passar para os alunos uma
música que traga alguns conhecimentos novos para eles. Deixo à vontade para executá-la e
levantar hipóteses de como lidar com o que ele ainda não conhece. Depois, fazemos um
levantamento com todo o grupo sobre os pontos novos e construímos o conceito de cada um
deles. Essa etapa dura cerca de 20 minutos
A etapa seguinte é a de retorno ao conhecimento apresentado no início. Ele não é
mais novo, pois os alunos, colaborativamente, procederam à descoberta desse conhecimento.
Agora é o momento de executá-lo. Nesse momento, o papel do professor é de “passear” pela
sala e dedicar um tempo a cada um para sanar as possíveis dúvidas ou corrigir os erros, se
for o caso. É o caso de um acorde novo que os alunos descobriram como ele é formado no
momento da verificação das hipóteses levantadas. Agora, na fase de retorno à execução, é a
hora de verificar se ele consegue tocá-lo satisfatoriamente. Essa etapa também dura cerca de
20 minutos.
A etapa final é a de execução em conjunto. São os 10 minutos finais da aula. Nesse
momento, procedemos ao “teste final” da performance. Os alunos retiram seus fones de
ouvido e começamos a tocar em conjunto. A partir daí, tanto o professor como o próprio
aluno verificas e de fato ele conseguiu internalizar o conhecimento e executá-lo no
instrumento de maneira satisfatória. Aos que não conseguiram, são propostas medidas
corretivas para que o faça em casa. Na semana seguinte o ciclo reinicia no momento da
revisão, pois os que conseguiram tocar de maneira satisfatória terão os 10 minutos iniciais
para relembrar o que foi passado na aula e os que não conseguiram terão esse tempo para
mostrar ao professor o progresso conseguido em casa.
50
APÊNDICE II
QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS
Alunos, este formulário que irão responder faz parte de uma pesquisa para
construção e análise de dados para elaboração de monografia que está sendo realizada por
uma aluna da UFRN. Neste formulário abordaremos questões sobre o ensino coletivo (em
grupo) do teclado.
É importante ressaltar que as respostas precisam ser sinceras pois esta pesquisa faz
parte de um trabalho acadêmico científico. Não é necessário se identificar.
51
8. Você está satisfeito com o que é ensinado?
( ) Sim ( ) Não
11. Escreva um breve comentário com sua opinião sobre as aulas em grupo:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
52
Carmen Vianna dos Santos
TECLADO ELETRÔNICO:
grupo
Escola de Música
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
13/julho/2006
1
Carmen Vianna dos Santos
TECLADO ELETRÔNICO:
grupo
Área de concentração:
Educação Musical
Linha de pesquisa:
Orientadora:
2
Escola de Música
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
13/julho/2006
________________________________________________________
Profª Drª Patrícia Furst Santiago
Orientadora
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
________________________________________________________
Prof. Dr. Antônio Carlos Guimarães
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais/UEMG
________________________________________________________
Profª Pós-Drª Sandra Loureiro de Freitas Reis
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
3
________________________________________________________
Prof. Dr. Ângelo Nonato Natale Cardoso
Suplente
Instituição: Universidade Federal da Bahia/UFBA
4
arte. A arte da minha ciência. A harmonia
das estrelas no céu, o anseio de
fraternidade no coração do homem. Tal é
o segredo da minha música” (Bach apud
Thomas, 1956, p.16)
ii
5
Este trabalho é dedicado à minha avó
Vicência da Silva Vianna (in memorian)
que com sabedoria, carinho, paciência e
determinação, semeou em minha vida o
amor e o respeito pela música.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, nosso Pai e Mestre, agradeço pela graça de fazer parte deste mundo, e
nele me realizar como mãe, esposa, mulher, filha e professora.
À minha cara orientadora Profª Drª Patrícia Furst Santiago que, com sua
seriedade, conhecimento, profissionalismo, respeito e amizade, esteve sempre
disponível e pronta a me ajudar na organização das minhas propostas e idéias.
Aos professores das bancas dos Exames de Qualificação e Defesa, Drª Glaura
Lucas, Dr. Antônio Carlos Guimarães, Drª Sandra Loureiro de Freitas Reis e Dr.
Ângelo Nonato Natale Cardoso, que com sua experiência contribuíram para
iluminar os caminhos dessa dissertação.
Aos professores Abel Morais, Ana Consuelo Ramos, Ângelo Nonato, Cibele
Lauria, Gislene Marino, Jussara Fernandino, Maria Betânia Parizzi Fonseca, Thaís
Maura que atenciosamente me atenderam durante o trabalho final de pesquisa e
muito contribuíram com suas opiniões e participação.
6
Aos alunos que cordialmente participaram dessa pesquisa e ao amigo Luiz Sérgio
Vaz, pelo apoio dispensado à realização dos gráficos.
iv
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS........................................................................................ ix
ABSTRACT......................................................................................................... xi
RESUMO........................................................................................................... xiii
INTRODUÇÃO....................................................................................................01
7
1.2.2 Educadores musicais representativos da 2ª metade do século XX.......35
1.2.2.1 Violeta Hemsky de Gainza (1930 ).............................................35
1.2.2.2 Keith Swanwick (1937- ) ............................................................36
1.2.2.3 Sérgio de Oliveira Vasconcellos Corrêa (1934 -) .......................38
1.3 Pedagogia do piano – uma visão panorâmica ...........................................42
1.3.1 “Robert Pace” – de Robert Pace (1961) ....................................................45
8
2.4.4 Procedimentos organizacionais para o Instrumento Musicalizador –
Teclado I nos Cursos de Licenciatura em Música da UEMG...................80
2.4.5 Procedimentos para a reorganização dos grupos de alunos de
teclado II ...................................................................................................83
2.4.6 Conteúdo programático e vivências multidisciplinares nas aulas de
teclado em grupo........................................................................................84
2.4.7 Adaptação de materiais musicais e sistematização de padrões rítmicos
de acompanhamento...................................................................................87
vi
9
4.3 Avaliação das oito amostras.......................................................................115
4.3.1 Atividades realizadas em sala de aula ....................................................115
4.3.2 Conteúdos do processo pedagógico ......................................................120
4.3.2.1 Ensino da harmonia.......................................................................120
4.3.2.2 Repertório.......................................................................................121
4.3.3 Aspectos do processo pedagógico ........................................................122
4.3.3.1 Planejamento das aulas/ distribuição de tarefas/ recursos do
teclado....................................................................................................122
vii
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................139
10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................142
ANEXOS ..............................................................................................................148
ANEXO 1 – Resultado dos questionários e perguntas da entrevista em DVD
Perguntas da entrevista com os alunos participantes (gravada no DVD 2)
ANEXO 2 – Roteiro para apreciação dos dois DVDs
viii
DVD número 1 (17 cenas) contém: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª amostras
DVD número 2 (13 cenas) contém:
• 8ª amostra
• Ilustração do recurso de acompanhamento automático utilizado pelo aluno
Danilo na cena (5)
• Entrevista com alunos participantes da pesquisa empírica
• Colaboração de dois ex-alunos
11
ix
LISTA DE QUADROS
12
QUADRO 17 - Atividades que ilustram a 3ª amostra............................................106
QUADRO 18 - Atividades que ilustram a 4ª amostra............................................107
QUADRO 19 - Atividades que ilustram a 5ª amostra............................................107
QUADRO 20 - Atividades que ilustram a 6ª amostra............................................108
QUADRO 21 - Atividades que ilustram a 7ª amostra............................................108
QUADRO 22 - Atividades que ilustram a 8ª amostra............................................109
QUADRO 23 - Curso de Licenciatura em Música 2º período - teclado II.............109
x
13
xi
ABSTRACT
work for more than 25 years. During this time, I have been developing
together with the Yamaha Musical Education System and a broad view of
14
From the empirical point of view, an evaluation of the musicalisation
process and electronic keyboard teaching was conducted within the context
xii
process of learning.
programmes.
15
xiii
RESUMO
adultos por intermédio dos teclados eletrônicos. O presente estudo teve como
teclado em grupo.
16
Sob o ponto de vista empírico, realizou-se uma avaliação do ensino do teclado
Minas Gerais. Tal avaliação foi realizada por um grupo de educadores musicais
xiv
processo de aprendizado.
Licenciatura.
17
INTRODUÇÃO
18
INTRODUÇÃO
até oito pessoas, com idades variando entre doze e sessenta e cinco anos.
Durante treze anos como professora desta instituição, portanto até 1990, convivi
Music Foundation, ou seja, trazia consigo uma tecnologia referente aos teclados
19
adaptar o repertório dos métodos e a cronologia de trabalho ao contexto cultural
brasileiro. Dessa forma o curso de órgão de pedal, outrora planejado para ser
jeitinho para não cumprirem com seus deveres no tempo determinado”, palavras
com objetivos profissionais ou por hobby, esse ensino tem se propagado ao longo
1
Inicialmente em São Paulo (1972)
2
Em palestra proferida em 1979 na sede da Yamaha Musical do Brasil.
3
Portanto, a musicalização por intermédio dos órgãos eletrônicos e, posteriormente, através dos teclados
eletrônicos ocorre no Brasil desde 1972 em São Paulo e em Belo Horizonte a partir de 1977.
20
décadas. No cenário dos cursos de graduação, um público que vem crescendo
Para cada área, para cada situação, para cada conceito que se
queira formar ou conhecimento que se pretenda revelar, temos à
disposição uma quantidade insuspeita de recursos didáticos e de
caminhos a seguir. Cabe ao educador a tarefa de escolher qual o
mais adequado. No caso de não encontrar entre os já conhecidos,
nenhum que o satisfaça, deve recorrer então à sua experiência e
criatividade propondo, testando e avaliando novas técnicas.
21
abordagem e a sistematização de uma pedagogia direcionada ao instrumento,
o ensino médio.
22
O capítulo I se encarrega da revisão de literatura que abrange três dos quatro
23
em sala de aula e como podemos nos valer da literatura pianística traduzindo-a
nas aulas de teclado em grupo, bem como a análise desta avaliação, à luz da
24
Almeja-se com este estudo, contribuir de forma significativa para estimular a
25
CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO MUSICAL
Este capítulo apresenta três dos quatro pilares que constituem a fundamentação
26
Londres. Portanto, torna-se imprescindível que seja discutida a validação dos
O primeiro órgão foi construído na Grécia há mais de dois mil anos. Sua invenção
27
réguas de registro feitas de tábuas de madeira localizadas entre o someiro (caixa
com a palma da mão, com o punho e até mesmo com pancadas. Do século XIII
instrumentista, cujo fole seria movido pela mão esquerda e as teclas tocadas ou
órgão médio, o positivo, que poderia ser transportado com facilidade e deveria
Durante o século XV, quase todos esses instrumentos tinham dois manuais com
teclas para serem executados com os dedos. Esses manuais haviam sido
rápido ao longo do século XV; tanto assim que, nas últimas décadas, as teclas já
28
séculos seguintes, provocou grandes inovações nos órgãos, quanto à qualidade
expressivo”.
caixa que, por meio de um pedal, permitia a realização de uma ampla variedade
29
discos long-play, as filmadoras, o vídeo, as comunicações via satélite, o gravador
O primeiro teclado elétrico foi feito há mais de cem anos. Em 1895, o americano
York pelo próprio inventor. Segundo GRIMSHAW (1998, P.19) “A platéia ficou
Em 1920, o russo Leon Theremin inventou um instrumento menor e mais leve que
cuja altura e volume das notas eram controlados pelo movimento das mãos, entre
um aro de metal e uma haste presa ao instrumento. Uma das primeiras obras
musicais que se utilizou de instrumentos eletrônicos foi Fête des Belles, escrita
Ondes Martenot, criados por Maurice Martenot, contendo cinco oitavas de notas
que podiam ser tocadas ao mesmo tempo. Também André Jolivet explorou o
Martenot e com o emprego de certos recursos desse instrumento, nos faz ouvir os
30
mágica, conduziu-o a descobrir no Martenot recursos que seu próprio inventor
pedaleiras e o móvel. Porém, quando surgiu nos anos 50, o órgão eletrônico não
deixando-o cada vez mais compacto e portátil. Os sons do órgão eletrônico, assim
como todos os seus controles de altura, timbre, vibratos e apoio rítmico, são
timbre peculiar, e, ainda hoje, muito utilizado pelos músicos de Blues e Jazz.
Eminent.
31
Atualmente, o emprego do órgão eletrônico de pedaleira em recitais e concertos
não é tão difundido, como ocorria nos anos de 1960, 70 e 80. Também o ensino
musical por meio desse instrumento ficou bastante reduzido. Esse quadro se
órgãos eletrônicos.
Evolução CARACTERÍSTICAS
(2000 a.C.) Hydraulos, Pressão de água e ar bombeado à mão.
invenção atribuída ao Medida: 3m.de altura e 1,40 m de amplitude horizontal e
engenheiro grego 19 teclas com largura de 5 cm.
Ctesíbio de Alexandria No Império Romano, esse instrumento era tocado em
cerimônias, rituais e exibições de gladiadores
(400 d.C.) Impulso hidráulico substituído pelo princípio pneumático
(do grego – vento).
Fornecimento de ar por meio de foles.
Possuía réguas de registro constituídas por madeiras
localizadas entre o someiro (caixa de ar) e a parte inferior
dos tubos, que se abriam e fechavam.
Empregado na Igreja Medieval
(Século XII) Réguas de registro substituídas por teclas
(Século XIII ...) Paralelamente ao grande órgão de igreja, desenvolveu-se
também uma quantidade de tipos menores de órgão: O
regal e o positivo, ambos de uso familiar e de destinação
profana.
(Século XV) • Quase todos os órgãos tinham dois manuais com teclas
sensíveis ao toque digital e munidos com pedais.
Durante o século XVI • Melhor afinação e qualidade sonora, inclusão do registro
dentre as novidades e vibrato imitando esse recurso da voz humana.
recursos oferecidos • Maior possibilidade de coloridos timbrísticos pela técnica
pelos órgãos italianos e de combinação dos registros e a obtenção de uma
alemães, podemos citar: possante sonoridade, resultante da fusão de dois
teclados.
Século XVIII • Os franceses elevaram o número dos teclados manuais
de dois para cinco.
• Os órgãos tornaram-se mais expressivos através da
inclusão de uma caixa expressiva.
• Os músicos românticos dedicaram boa parte de suas
32
composições ao enriquecimento da literatura organística.
1895 – o americano • Consistia de um gerador rotativo de grandes dimensões e
Thaddeus Cahill auscultadores de telefone presos ao teclado.
inventou o • O som saía quando se pressionava uma tecla.
Telharmonium • Pesava 200 toneladas e tinha dezoito metros de
comprimento.
1920, o russo Theremin • A altura e volume das notas eram controlados pelo
inventou um instrumento movimento das mãos, entre um aro de metal e uma haste
menor e mais leve que o presa ao instrumento.
Telharmonium
Ondes Martenot – de • Utilizados na peça Fête des Belles, escrita por Olivier
Maurice Martenot Messiaen e Suíte Délfica de André Jolivet.
1936 os alemães criaram • Possuía seis oitavas e já contava com pedais que
o Hellertion conseguiam reproduzir o som de outros instrumentos
musicais e a execução de harmonias.
A partir dos anos 50 – • O órgão eletrônico, basicamente, se compunha de
órgãos eletrônicos de válvulas, osciladores, filtros e amplificadores.
pedaleira: Hammond, • A descoberta do transistor e o emprego da tecnologia
Eminent, Farfisa, eletrônica contribuíram para melhorar a sonoridade, a
Yamaha, Roland. qualidade e demais recursos, deixando-o cada vez mais
compacto e portátil.
por Pierre Schaefer em suas sinfonias. Como GRIMSHAW (1998, p.22) afirma:
convencional e foi um dos primeiros a usar um piano com objetos colocados entre
33
as cordas para modificar os sons – o piano preparado. Em meio a este
Radio Corporation of America – RCA, que nesse mesmo ano recebeu o Prêmio
Nobel por tal invenção. Tratava-se de um aparelho eletrônico difícil de ser operado
No início dos anos de 1960, o músico, engenheiro e físico norte americano Robert
não para técnicos. Assim, o sintetizador que leva o seu nome, começou a se
criativo muito grande, pois muitos músicos e técnicos desenvolveram sons novos
ligadas a dois grandes nomes do cenário eletrônico musical: Wendy Carlos e Keith
Emerson. Wendy Carlos foi responsável pela primeira obra musical totalmente
34
largamente empregados para realização de trilhas sonoras e efeitos sonoros
conhecemos hoje como estilo New Age, utilizando o sintetizador Moog para
simular sons da natureza, tais como chuvas, ventos, pássaros, lobos uivando.
Também criou trilhas para os filmes O Iluminado do diretor Stanley Kubrick e Tron
ser adquiridos conforme a necessidade, mas ainda assim com custo elevado,
muito pesados e complicados para se operar. Logo a seguir a Moog Music lançou
geração dos Minimoogs. Isso aconteceu sob influência do músico Keith Emerson
que acreditava que a invenção de Robert Moog não deveria ficar confinada dentro
de um estúdio e sim ser utilizada para apresentações ao vivo, viajando por vários
palcos do mundo.
35
Paralelamente aos sintetizadores, desenvolveram-se os teclados eletrônicos, ou
tecnologia digital e aqueles que possuírem maior qualidade sonora podem estar
36
1.1.4 Literatura para órgãos e teclados eletrônicos
Como já mencionado na Introdução deste estudo (ver pág. 2), na década de 1970,
São Paulo e, poucos anos mais tarde, em outras cidades brasileiras, chegando a
instrumentos, aulas coletivas de música por meio dos órgãos eletrônicos e venda
não se resumia a esses oito steps. Os alunos poderiam adquirir outros métodos
37
direcionando-a aos instrumentos em demanda – os teclados eletrônicos. Até
porém não de uma forma organizada didaticamente. Na maioria das vezes se trata
Teclado, junho 2001, n.57, p. 33). Durante a mesma entrevista “Teclado X Piano”,
substituirá o piano”.
música popular. Muitas vezes nos deparamos apenas com a letra de uma música,
38
determinado padrão rítmico para acompanhamento. Nesse contexto, dentre várias
popular brasileira: versão compacta: 300 canções cifradas para violão, de Mário
adaptá-la para suas aulas cantando a letra enquanto executa um padrão rítmico
São melodias para instrumentistas que lêem em clave de sol mediante harmonia
instrumentação.
Vários são os exemplares lançados pelo músico Almir Chediak – Song books –
de sol e as cifras. Almir Chediak acrescenta aos seus trabalhos, uma bibliografia
39
Uma outra apresentação para a escrita de música popular, consiste em adicionar
em clave de sol acompanhada por cifras. Essa notação favorece alguns músicos
que não têm o hábito de ler harmonia cifrada. Dentre muitos álbuns assim
Viva.
direcionar uma literatura específica para seu idioma próprio, considerando seus
40
outros que através de incansáveis pesquisas, propiciaram discussões quanto às
adultos em grupo por meio dos teclados eletrônicos, observada in loco, ou seja, na
proporcionadas por Dalcroze, Orff, Kodály, Suzuki, Willems e mais tarde por
41
O modelo moderno de educação tem a psicologia cognitiva como base de
pensamento.
42
Kodály, Willems, Gainza, Swanwick e Vasconcellos Corrêa foram apontados para
ao deslocar a ênfase, que até então havia recaído na disciplina musical, para o
43
1.2.1.1 Emile Jacques Dalcroze (1865-1950)
o ‘soar’ desses elementos em seus próprios instrumentos. Dedicou sua vida a criar
Tem sua teoria educacional formulada em dois livros: Ritmo, Música e Educação
pressuposto que não apenas o ouvido é capaz de perceber os sons, mas sim todo
utilizar o corpo tão habilmente quanto sua voz, a pessoa estará desenvolvendo
44
mental, físico e emocional. Dalcroze considera que ao treinamento auditivo e
rítmico, devem ser acrescidas mudanças de dinâmica e tempo. Ele entende que o
forma, ao finalizar o curso, os alunos deveriam dizer ‘eu sinto’ em lugar de dizer
apenas ‘eu sei’. O reviver dos movimentos naturais propostos por Dalcroze em
sua ginástica rítmica evoluiu com seu discípulo Rudolf Bode e se estendeu a
Willems e outros.
45
pedagógicas. Grande parte desse material, introduzido nas escolas húngaras na
Ian Guest (1997) acredita que a expansão e adoção do método Kodály é flagrante,
na maioria dos países do mundo. No Brasil, ele próprio vem usando e difundindo o
46
Kaszás e Marli Ávila são os responsáveis pela aplicação brasileira do método
professor de música deve ser receptivo à vida, vivo e dinâmico, seu valor importa
tanto ou mais do que o método empregado. (WILLEMS, apud Mettig Rocha, 1990,
p.26)
humanas”. (ibid)
47
Os elementos de vida aos quais Willems se refere são os três elementos
mesmo tempo como ciência e como arte, portanto, como matéria e espírito. Essa
FONSECA:
Em seu livro Novas Idéias Filosóficas sobre a Música (p. 7 – citado por Mettig
deles. Segundo Mettig Rocha (1990, p. 19), “Willems fazia questão de dizer que
Willems entende que a prática deve anteceder a teoria musical, pois o ritmo e o
48
riqueza que devem ser amplamente explorados na educação musical. A atividade
simples, com distância intervalar não superior a cinco notas, em idioma modal ou
de nota, graus etc. Num primeiro instante, o aluno deve ouvir, reconhecer e
chaves, moedas, copos etc e praticar exercícios de ordenação (por exemplo, sons
sutis dos sons. Utilizando-se dos parâmetros dos sons, alcançaremos o domínio
seguida à harmonia.
49
dinâmica, vital. O sentido do tempo e sua organização rítmica dentro dos
empregando-se mais a ação das mãos do que dos pés. A marcha deve ser
conferência gravada por METTIG ROCHA (1990, p.19) esse pedagogo discursou
em sala de aula:
50
• Constatei em Willems o emprego de canções para a musicalização,
Motivações
DALCROZE Criar caminhos que ajudassem seus alunos a desenvolver suas
habilidades de sentir, ouvir, inventar.
KODÁLY Musicalizar a criança, respeitando as relações psicológicas entre a
música e a criança.
WILLEMS Enfatizar a invenção de uma forma natural, permitindo que a criança se
manifeste de forma espontânea e não cerebral
Princípios
DALCROZE Educação musical como um treinamento que envolve corpo e mente
convertendo conhecimento musical em entendimento musical e
socialização.
KODÁLY O aprendizado musical é tão importante quanto o aprendizado do
idioma materno e ambos devem começar a serem aprendidos desde os
primeiros anos de vida.
WILLEMS Devem permanecer inalterados do começo ao fim do trabalho: a
observação das relações psicológicas estabelecidas entre a música e o
ser humano; a não utilização de recursos extra musicais no ensino
musical; a ênfase na necessidade de prática musical.
Abordagem
DALCROZE Através de seu método – Eurritmia (bom movimento ou bom fluir) –
proporciona respostas físicas à experimentação dos elementos musicais
essenciais para a compreensão musical – ritmo, melodia, harmonia,
dinâmica, fraseado e forma musical
KODÁLY O canto é o modo básico de instrução utilizado de forma progressiva e
ilustrando os elementos musicais (melodia, ritmo, harmonia) e
permitindo vivências quanto à organização formal e improvisação.
WILLEMS Voltada para os elementos da vida de ordem fisiológica, afetiva e
mental. Willems entende a música ao mesmo tempo como ciência e
como arte, portanto, como matéria e espírito. A atividade pedagógica
deve-se centrar inicialmente nas canções populares, tradicionais,
simples.
Objetivos
51
DALCROZE Desenvolver a expressão por meio do movimento corporal e também a
criatividade. Promover a socialização
KODÁLY Utilizando-se da herança musical de seu país, desenvolver o potencial
musical das crianças da Hungria, assim como as habilidades de leitura
e escrita musicais de toda a população
WILLEMS Desenvolver na criança o amor pela música, por meio de uma educação
musical de base, não ensinando apenas rudimentos da música. Dotar a
educação musical de raízes profundamente humanas.
apontados por mim, para ilustrar essa filosofia da educação musical a partir de
1950.
52
A exploração de sons gravados advindos de fontes naturais caracterizam a música
53
Muitos dos educadores musicais do século XX defendem uma educação musical
(FRANÇA, 1995, p.8). SWANWICK (1979, p. 39) considera que os caminhos pelos
54
instrumental deve incluir a compreensão musical. Aprender a tocar um instrumento
musical”.
55
“Somente com a lucidez proveniente de um preparo intelectual
intenso e consistente, e principalmente com muito amor à causa da
educação é que se pode aspirar a resultados satisfatórios, desde
que estes estejam condicionados a objetivos claramente expressos
e insistentemente perseguidos. Só o planejamento cientificamente
orientado pode levar a esses resultados”. (VASCONCELLOS
CORRÊA, 1971, p. 4)
seja configurado por seus objetivos ou pelas metas que pretende atingir, ainda
educativos. Nesse sentido, esse aluno mais experiente “deverá traçar um plano de
6). Dessa maneira, sem rotular, cercear e limitar reações dos alunos, o professor
56
ao processo educacional. Assim sendo, VASCONCELLOS CORRÊA (1971, p.6)
efetivo junto ao grupo para o qual se destina; deve ser também flexível,
recursos pedagógicos que aprimorem a sua função de educador. “No caso de não
57
experiência e criatividade propondo, testando e avaliando novas técnicas”.
idéias pedagógicas.
58
GAINZA “Difícil e complicada a tarefa do pedagogo. Um duplo compromisso –
perante o homem e perante sua cultura – exige que viva o presente,
compartilhando e compreendendo o mundo exterior e as inquietações
espirituais de seus alunos, sem descuidar da sua ancestral missão,
aquela que consiste em preservar a cultura, rastreando no passado as
essências vivas e resgatáveis desse mesmo homem que hoje se
preocupa”.
“Educar-se na música é crescer plenamente e com alegria.
Desenvolver sem dar alegria não é suficiente. Dar alegria sem
desenvolver tampouco é educar”.
SWANWICK “Uma educação comprometida com a qualidade da experiência
musical cuida para que o estudante caminhe entre todas as quatro
camadas do discurso musical: materiais, expressão, forma e valor”
“A pluralidade contemporânea das músicas requer uma redefinição
das relações entre o fazer musical na comunidade e a educação
musical formal no estúdio e na sala de aula”.
“O método específico de ensino não é tão importante quanto nossa
percepção do que a música é ou do que ela faz” (...) “Olhar um
eficiente professor de música trabalhando (em vez de um “treinador”
ou “instrutor”) é observar esse forte senso de intenção musical
relacionado com propósitos educacionais: as técnicas são usadas para
fins musicais, o conhecimento de fatos informa a compreensão
musical”.
V. CORRÊA “Somente com a lucidez proveniente de um preparo intelectual intenso
e consistente, e principalmente com muito amor à causa da educação
é que se pode aspirar a resultados satisfatórios, desde que estes
estejam condicionados a objetivos claramente expressos e
insistentemente perseguidos.”
“É dever do professor procurar constantemente recursos técnicos que
possibilitem um melhor desenvolvimento de sua função educativa”.
“Sabe-se que cada indivíduo reúne uma soma enorme e diversificada
de comportamentos, aptidões, emoções e interesses que compõe a
sua individualidade e que o torna diferente dos demais, exigindo
portanto do educador, uma constante atitude avaliativa no sentido de
perceber suas reações, seus centros de interesse, seu crescimento
intelectual, seu desenvolvimento motor e tudo o mais, para poder
auxiliá-lo na caminhada ascendente em direção à constituição integral
de suas potencialidades”.
59
convencional dos instrumentos tradicionais. Essas inovações sonoras resultaram
música da atualidade” (PAZ, Ermelinda A., 2000. p.10). Diante dessa perspectiva
nesta segunda metade do século passado. Segundo PAYNTER & ASTON (1985),
60
Ao longo do século XX, os professores de piano alargaram gradativamente sua
p.36) aponta o educador musical como aquele que “se relaciona com o fazer e o
aquele que “se relaciona com o ensinar música”. Paralelamente a esta tendência
primeira metade do século XX. De acordo com MONTANDON (1992, p.10), a aula
em grupo é:
61
Dentre tantos outros importantes livros que compõem a literatura pianística,
Ramos (2001).
Craveiro Campos
etapas:
62
1ª etapa - Criando e Aprendendo - Música para piano - Tarefas
2ª etapa - Criando e Aprendendo - Música para piano -----------
3ª etapa - Criando e Aprendendo - Música para piano -----------
4ª etapa - Criando e Aprendendo - Música para piano -----------
pela escrita. Os conteúdos dessa série de quatro livros encerram exercícios que
63
O livro “Tarefas”, (1961) apresentado em volume único, propicia ao iniciante,
harmonização.
habilidades funcionais, ciranda dos tons (escala diatônica, modo maior e menor).:
leitura de notas de linhas suplementares; leitura global das claves de Sol e de Fá;
64
acompanhamento harmônico complementar às peças executadas pelo estudante,
65
1.3.7 Piano 1: Arranjos e Atividades – de Gislene Marino e Ana Consuelo
Ramos (2001)
Conforme parecer das autoras, Piano 1, organizado em seis capítulos, pode ser
das canções por audição, improvisação e habitual leitura prévia4 das partituras.
de piano. Em nota explicativa, logo no início do álbum para piano a quatro mãos,
Gallet enfatiza que “estes 12 Exercicios Brasileiros, podem servir para alumnos
ezecução de musica brasileira (sic). Gallet justifica que, uma vez (...) “não
4
Constitui-se pelo exame prévio da partitura, pela verbalização dos elementos estruturais e formais
que possam ser visualizados e apreendidos, no primeiro contato com o texto musical, por uma
contextualização histórica e estilística e pela realização de determinados padrões rítmicos e
melódicos fora do instrumento. A leitura prévia é compreendida como uma via preliminar para o
66
auditivamente o conhecimento de casos simples de nosso processo ritmico,
brasileiras como danças e cantigas, com a intenção de fixar seus rítmos próprios
breves informações sobre cada uma das composições: Valsa Sestrosa, Puladinho
As partes que cabem ao aluno são escritas em uníssono, executadas pelas mãos
esquerda (Dó 4 a Sol 4) e direita (Dó 5 a Sol 5). Somente em dois exercícios são
estudo de uma obra musical e para o que é, comumente denominado, leitura à primeira vista.
(RAMOS, Ana Consuelo, Dissertação de Mestrado, 2005,p. 43).
67
ezecução extremamente ritmada, de andamentos comodos aos indicados, por
cada um”. (sic). Durante suas últimas palavras em nota explicativa enfatiza que “é
ao piano solo, piano a quatro e seis mãos, flauta doce, coro infantil, conjunto
solo, editada em 1988. “Tendo como objetivo tornar possível o quanto antes o
contato com gêneros musicais brasileiros, é que nasceu essa coletânea de peças
encontradas em nota explicativa que (...) “fornece dados sobre cada peça que
68
Assim como Gallet, Miranda em Postais Brasileiros, se mostra preocupada em
sua pesquisa:
Entre os anos de 1992 e 1993, Moema Craveiro Campos compôs essas treze
Brasília. “Minha única intenção foi usar a riqueza da música brasileira para motivá-
69
“oferecendo-lhes ritmos que naturalmente já estão nos seus ‘ouvidos’, além de
rítmicos que, embora pareçam difíceis, são parte da nossa raiz”. (Campos, 2002,
apresentação, p.7).
Sertaneja, Nova Bossa, Quadrilha, Cantoria das Teclas, Seresta, Rock Brasileiro,
Cada uma das peças possui uma nota explicativa que esclarece sua origem, se
representam valioso material que pode ser transferido ou adaptado para as aulas
70
Em “Robert Pace” – de Robert Pace (1961) e Educação Musical Através do
(2001) são livros direcionados ao aluno principiante, aquela criança que fará seus
– Luciano Gallet, Postais Brasileiros – peças para piano solo – Elvira Drumond e
71
Conteúdo abordado ao longo dos três volumes para professor e aluno
Musicalização Experiências – descobertas – pré-leitura
Leitura Utilizando teclas brancas e pretas
Habilidades funcionais ---------------------------------------------
Ciranda dos tons Escala diatônica – modo maior e menor.
Piano Brincando – atividade de apoio do professor – volume I – Maria Betânia
Parizzi Fonseca e Patrícia Furst Santiago (1993)
Capítulos Síntese dos objetivos propostos aos alunos
I. O Piano Reconhecer e nomear estruturas básicas que compõem o piano assim
como suas funções.
II.O Teclado Visualização e automatismo da topografia do teclado através de
atividades de escrita ,de colorir, de completar e de tocar.
III.Coordenação Por meio de desenhos, jogos e atividades escritas desenvolver a
Motora coordenação motora, utilizando melhor ombros, cotovelos e punhos.
IV.Sons e Apresentação de clusters, pontos, linhas, glissando, ou seja, grafia não
Grafias convencional utilizada na música contemporânea.
V.Leitura Visualizar e reconhecer intervalos de segunda através da escrita e
Relativa atividades que envolvam raciocínio e performance.
VI.Ordenação Compreender o movimento sonoro e o uso da pauta, notas em forma
das notas escalar ou superpostas verticalmente.
VII.Ritmo Vivenciar corporal e conscientemente os movimentos básicos como
andar, correr, ressaltando a irregularidade presente na música
contemporânea e propondo um sentido musical aos signos.
VIII.Leitura Integrar os aspectos vivenciados ao longo dos capítulos III, IV, V e VI e
Absoluta determinar as claves de Sol e de Fá.
Capítulo Piano 1: Arranjos e Atividades – Gislene Marino e Ana Consuelo Ramos
(2001)
1 Altura, ritmo e intensidade abordados de forma livre através da exploração
dos timbres do piano. Criação e sonorização de histórias.
2 Trabalha-se a postura do corpo em relação ao piano. Uso de leitura prévia em
partituras com clusters, glissandi, piano e forte explorando sons graves, médio
e agudo.
3 Vivência, criação e improvisação nas teclas pretas, mão em forma de pinça.
Aprendizado por imitação.
4 Improvisação e criação de pequenas melodias a partir de dois sons, por
imitação, por gráfico ou por audição. Emprego de intervalos até quatro notas,
alterações (# e b), relação dobro-metade, numeração das oitavas, mão em
forma de arco, dedilhado, transposição.
5 Criação de pequenas melodias a partir dos três primeiros sons da escala
maior através de leitura relativa no bigrama e utilizando semínima e sua
pausa, colcheias e mínima. Barras e indicações de compasso.
6 Aprendizado por leitura absoluta em pauta dupla (clave de Sol e de Fá) entre
o Dó 2 e Dó 4, utilizando os três primeiros sons da escala maior. Criação de
pequenas séries rítmicas empregando o material rítmico explorado,
acrescentando-se a mínima pontuada, a mínima, a semibreve e suas
respectivas pausas.
72
A seguir, no quadro 6 teremos uma síntese da pedagogia do piano com ênfase
em gêneros brasileiros:
73
Baião Mulato/ Choro de Proporcionar aos alunos a chance de
Criança/ Sertaneja/ desenvolverem a leitura de alguns padrões rítmicos
Nova Bossa/ Quadrilha/ que são parte da nossa raiz
Cantoria das Teclas/ Cada uma das peças possui uma nota explicativa
Seresta/ Rock que esclarece sua origem, se se trata de música
Brasileiro/ Xoteando/ urbana ou rural, qual tipo de instrumentação original
Nova Modinha/ Toada/ adequada ao gênero abordado e breve ilustração
Valsa Antiga e histórica
Escorregando em Composições utilizando compassos simples ou
Nazareth. compostos, tonais ou modais, com armaduras com
poucos ou nenhum acidentes musicais.
do piano e o ensino em grupo (capítulo 2), os quais emergiram dos pilares que
e na pedagogia do piano.
74
Pedagogia do Vivências/criações/práticas instrumentais; aprendizado por descoberta
e de forma lúdica; consciência corporal; reconhecimento da topografia
piano do piano/dedilhado; grafia musical convencional ou não; aulas
individuais ou em grupo; conhecer, praticar e compreender células
rítmico-melódicas que caracterizam a linguagem da música brasileira
de raiz.
75
CAPÍTULO 2 – ENSINO EM GRUPO
tarefa. De acordo com sua teoria, o que caracteriza esses grupos “é a relação que
76
seus integrantes mantêm com a tarefa e esta tarefa poderá ser a obtenção da
vínculo, ou seja, “uma estrutura dinâmica que engloba o indivíduo como aquele(s)
evolução” e considera que uma das leis básicas da técnica dos grupos operativos
2000, p.36).
“os grupos geram dinâmicas que demandam sempre novas orientações”. (ibid). O
5
Termo germânico cuja tradução aproximada pode ser configuração, modelo ou forma.
77
papel do professor é de fundamental importância para o bom funcionamento dos
grupos. BONALS (2003, p. 40) opta por uma dinâmica de trabalho em sala de aula
capítulo juntamente com outros estudiosos que são mencionados ao longo desse
integral. No século XX, sob uma visão mais humanista surgiram propostas
78
A felicidade é uma função natural da nossa capacidade de ser
inteiro, de ser verdadeiros, de ser tudo o que somos. A tarefa da
educação é facilitar que a pessoa seja tudo o que ela é, nem mais,
nem menos. (ROBERTO CREMA apud CARDOSO, 1995, p.43).
humanas”.
79
QUADRO 8 - Ensino em grupo - contribuições
MONTANDON “Alguns podem vir a ser músicos mas a grande maioria irá utilizar a
música como parte de sua formação geral, enriquecendo suas vidas e
aumentando o nível de apreciação”
(DUNLAP, 1939, P. 299, citado por Montandon)
YAMAHA Fundamentado em três conceitos: educação oportuna, lições em grupo
SISTEMA DE e ênfase na criatividade.
EDUCAÇÃO
MUSICAL As aulas em grupo favorecem vivenciar ricas experiências musicais,
fazendo amizade através da música, desenvolvendo o cooperativismo e
aprofundando conhecimentos musicais através do estudo em grupo.
80
CARDOSO “Hoje ser holístico é saber respeitar as diferenças, identificando a unidade
dialética das parte no plano da totalidade. A atual abordagem holística da
educação não pretende ser uma nova verdade que detenha a chave única
das respostas para os problemas da humanidade. Ela é essencialmente
uma abertura incondicional e permanente para o novo, para as infinitas
possibilidades de realização do ser humano”.
“O intelecto, a sensação, a intuição e o sentimento são caminhos de
diferentes conhecimentos”. “A aprendizagem significativa é aquela que
também proporciona um auto conhecimento e, portanto, é essencialmente
um processo de mudança de valores pessoais”.
CARDOSO(1995, p.47, 56,57)
Objetivos gerais da abordagem holística em educação
Propiciar a aquisição do saber científico, estabelecendo pontes entre este e a Filosofia, a
Arte e as Tradições espirituais para descobrir novas respostas para os desafios da
sociedade atual.
Recuperar a curiosidade natural e o prazer pelos conhecimentos, pelo processo de
autodescoberta.
Desenvolver a autodisciplina do aluno fundamentada na paixão por aquilo de que se
gosta.
Estimular o cultivo pessoal dos valores universais (amor, compaixão, verdade, harmonia)
mediante o contato com as Tradições espirituais.
Desenvolver a espiritualidade do aluno fundada numa consciência ética não dogmática.
Cultivar e ampliar as potencialidades do aluno, estimulando a iniciativa, a sensibilidade,
a imaginação, a criatividade, a autoconfiança, para um convívio social mais harmonioso
e consciente.
Documento da GATE: Global Alliance for Transforming Education. Movimento educacional com
sede em Atlanta, Geórgia, EUA. Em 1991 publicou o documento “Education 2000: A Holistic
Perspective”
XIX. Segundo a autora, o incentivo para o ensino de piano em grupo nas escolas
Logier. A idéia central dessa metodologia era atender a grandes grupos de alunos,
81
em diferentes estágios de aprendizagem, associando desde as primeiras aulas
implantação das aulas de piano em grupo nas escolas públicas e particulares dos
sem privilegiar apenas os talentosos. “Alguns podem vir a ser músicos, mas a
grande maioria irá utilizar a música como parte de sua formação geral,
décadas. Considera-se que o ensino em grupo teve início no século XIX, a partir
82
Trata-se de um aprendizado centrado na prática de instrumento, afastado de
Segundo OLIVEIRA (1998, p13 in CRUVINEL, 2003, p 45), dos anos 50 aos
ensino de cordas em grupo que se espalhou por todo o Brasil nos anos seguintes,
Ainda nos idos de 1970, o ensino musical em grupo também despontava por meio
filiais suas por outros grandes centros urbanos brasileiros. Tratava-se de uma
educação musical começaram com aulas de música para crianças em idade pré-
83
Music Education System, incorpora seus próprios métodos, fixa-se no objetivo de
expressarem por meio da música. Dados atuais indicam que as escolas musicais
(www.globalyamaha.com)
Nos próximos parágrafos, faremos uma conexão entre educação musical e ensino
criatividade.
com idades a partir dos dois anos. Nessa faixa etária elas se desenvolvem muito
84
rapidamente, tanto física, mental como emocionalmente. Assim sendo, a Yamaha
suas bases sociais e habilidades de comunicação. Dos três aos cinco anos, de
senso de afinação tão bem quanto identificar sons. Elas aprendem os três
brincando.
Aquelas crianças que alcançaram as habilidades básicas até então, estão aptas a
mudar para a próxima etapa. Coincide com a idade escolar, quando aos seis anos
Yamaha oferece uma ampla série de cursos que vão de encontro às necessidades
85
A Yamaha Music Foundation está empenhada em incrementar a educação
musical num sentido mais amplo. Com essa finalidade, ela oferece uma série de
música, não apenas os que trabalham nessa instituição. São promovidos também
Com o decorrer dos anos, diversos cursos foram implantados pela Yamaha com o
intuito de atender interesses musicais diversos, tais como curso de piano para
estudando música em mais de dois mil locais entre Japão e outras escolas
musicais de uma maneira bem planejada, enquanto verificam sua total habilidade.
Este sistema está aberto também àqueles que não estudam nas escolas Yamaha.
(www.globalyamaha.com)
86
Todas as publicações da Yamaha são planejadas e produzidas de acordo com
Primeiramente, esses candidatos precisam passar por uma prova para depois
sucesso desse programa tem sido reconhecido através das realizações de muitos
87
Criada em 1970, a Yamaha Music Academy proporciona uma educação musical
grau da Yamaha foi instituída desde 1967 e é do meu conhecimento desde minha
admissão nessa empresa em 1978 – filial Belo Horizonte, onde permaneci por
treze anos. Ao concluir cada um dos oito métodos (steps), além de um certificado,
seguinte ordem:
STEPS 1 2 3 4 5 6 7 8
GRAUS 13 12 11 10 9 8 7 6
Quando o aluno termina o curso, está apto a se inscrever para o exame de grau
ênfase na criatividade. Por sua vez, esses princípios adotados pelo Sistema
88
apresentada e reapresentada em variados contextos, cada vez mais complexos e
musical
vizinhas em A e B.
89
9 Fake (liberdade rítmica, balanço) e filler (preenchimentos melódicos ou
• Apreciação musical
90
9 Princípios de leitura à primeira vista em linguagem cifrada ou em clave de Sol e
de Fá.
• Performance
composições próprias.
seminários que eram oferecidos pela Yamaha matriz em São Paulo. Com este
91
desenvolvimento como professor e músico performático. Para tal, eram
dentre outros.
92
instrumento e apresento as estratégias pedagógicas e as dinâmicas utilizadas em
sala de aula.
93
A musicalização através dos teclados eletrônicos ocorre, muitas vezes, de forma
ARROYO (apud DEL BEN, 2003, p. 77) define Educação Musical como um
justifica que neste contexto são abordadas várias disciplinas que se dedicam ao
94
Universidade do Estado de Minas Gerais
aos dois Cursos de Licenciatura oferecidos pela UEMG, são elaboradas em níveis
vestibular de 2005, esse curso tem sofrido alterações em seu regime de ingresso,
assim como modificações em sua grade curricular. Saliento que essas mudanças
95
conteúdos teóricos e expandir seu potencial criativo. De acordo com
realiza em sala de aula é uma prática coletiva. Pede-se também, que pratiquem as
musical no instrumento. Porém, boa parte dos alunos não possui o instrumento, e,
dificilmente recorrem aos pianos da Escola de Música para estudar. Assim sendo,
quase todas as aulas se iniciam com uma revisão prática e teórica dos conteúdos
abordados anteriormente.
96
deve se movimentar ao longo do corredor que separa as filas de teclados e
observar a performance dos alunos, assim como requisitar que entre eles haja um
para seu professor. Nesse relatório o aluno deverá fazer um paralelo entre os
Primeira etapa : Durante a primeira aula deve-se realizar uma entrevista coletiva
níveis:
97
• Grupo elementar: alunos com pouca experiência prática em teclado ou piano.
Desta breve entrevista formam-se, em média, seis grupos variando entre seis e
nove alunos por grupo. Cada um dos seis grupos freqüentará a disciplina uma vez
Segunda etapa: Elaboração do material prático para ser utilizado em cada grupo,
98
Quarta etapa : se necessário, ao longo do semestre:
procedendo, até o final do semestre, eles terão um tempo maior para observar
• Manter o grupo cada vez mais unido e com respeito mútuo pelas facilidades e
6
Mediante o conteúdo programático fornecido pelo Plano de Ensino da ESMU/UEMG é possível
adaptar um repertório musical para os períodos estipulados para a disciplina Instrumento
Musicalizador – Teclado Eletrônico.
7
Exemplo dessas tarefas na 1ª amostra do DVD 1, em anexo.
99
Quinta etapa: apresentação de um trabalho escrito, com assuntos diretamente
módulos de som.
teclado II
100
• Utilização desse mesmo material para o desenvolvimento musical criativo do
músicas populares9;
instrumento teclado;
• Após esse primeiro passo, que é o entendimento global das obras, sem
exigência de execução das mesmas, cada aluno fará uma leitura das pautas
professora.
8
Exemplos do material no anexo 2.
9
Consultar 3a amostra do DVD 1 em anexo.
101
teclado em grupo
permitir que, como futuros profissionais, esses alunos saibam abordar o teclado
102
• Linguagem harmônica – cifragem popular.
• Encadeamentos de acordes
brasileira e estrangeira.
10
Conteúdos exemplificados ao longo das oito amostras contidas nos DVDs em anexo.
103
Durante o estudo das músicas em sala de aula, o professor deve fazer a
de acompanhamento
11
Gêneros musicais também citados no Capítulo 1, quando trata da Pedagogia do Piano
104
rítmicos”, também ilustrados pelos grandes compositores já mencionados e outros
105
2.4.8 Procedimentos observados pela professora-pesquisadora
Inicialmente, realizo uma breve entrevista com o aluno, e assim me informo quanto
aos seus ideais profissionais, seu envolvimento com a música e suas expectativas
cansativas.
106
Na grande maioria dos casos, a falha de um planejamento se
encontra na inadequação das técnicas escolhidas para levar o
conteúdo a alcançar os fins previstos. Por isso, deve-se
experimentar os mais variados processos, sempre com a
preocupação de observar analiticamente quais os mais
aconselháveis à especificidade do conteúdo, do momento e das
condições materiais e humanas encontradas. Criar e desenvolver
meios próprios de comunicação. Adotar recursos que dinamizem a
ação educativa.
em grupo:
107
Estratégias • Estudar com timbres alternativos ilustrando pequenas
orquestrações;
• Correlacionar estilos musicais às instrumentações propiciadas
pelo instrumento teclado;
• Reconhecimento e prática de padrões rítmicos de
acompanhamento que caracterizam vários gêneros musicais;
• Utilização de repertório complementar ou material alternativo
para garantia do funcionamento equilibrado do grupo;
• Avaliações em grupo e individuais, auto-avaliação.
Complementações • Cabe aos alunos: pesquisar a respeito da história dos órgãos/
didático- teclados e sua contextualização histórico-musical;
pedagógicas • Cabe aos professores: propiciar aos alunos seminários,
palestras ilustrativas e recitais que exemplifiquem as reais
possibilidades de performance aos instrumentos eletrônicos,
uma vez que em sala de aula a função prioritária é
musicalizar, proporcionar vivências multidisciplinares.
108
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA
109
Este capítulo ocupa-se em esclarecer os procedimentos metodológicos adotados
na presente investigação.
Objetivos específicos
110
• Desenvolver para o ensino do teclado em grupo, exercícios rítmicos de ação
em grupo.
dados. O estudo empírico relata situações da sala de aula, registra como foram
111
abordados e desenvolvidos os conteúdos programáticos da disciplina Teclado –
aperfeiçoadas?
disciplinas?
• Será que esta abordagem ajudou os alunos a lidar com outras disciplinas,
112
• São estas estratégias pedagógicas efetivas?
teclado eletrônico.
113
Uma pesquisa avaliativa deve ser conduzida através da formulação de
determinadas perguntas, tais quais: Quais serão os beneficiados por esse estudo?
Conclui ROBSON (2002, p. 203) que a avaliação deve indicar que mudanças são
flexíveis.
está cada vez mais presente nas discussões da área educacional. (...) “Avaliar em
114
artes é difícil, uma vez que a avaliação não pode ser objetiva quando se trata de
áreas que envolvem a criatividade ou, no caso da música, o que deve ser avaliado
nem sempre tem uma resposta muito clara e simples” (HENTSCHKE & SOUZA,
integral do aluno nos aspectos intelectual, emocional, social, físico e motor. Como
115
Vasconcelos Corrêa sugere a avaliação não deve ter uma “preocupação unilateral
preocupar com a forma “como um indivíduo pensa, age e reage de acordo com
criatividade.
o seu grau de impacto nos alunos, também estar atento se o currículo produzido
116
3.2.2 As etapas do estudo
deste estudo avaliativo que, de acordo com ROBSON (2002, p. 209), deve
Uma vez reconhecido o meu campo de trabalho, foi possível delimitar o problema.
em Música.
117
A seleção dos sujeitos participantes da pesquisa empírica transcorreu de maneira
natural, sem oferecer algum obstáculo ou resistência por parte dos mesmos.
118
uma sessão de entrevistas semi-estruturadas no término do trabalho empírico, a
seguinte população:
119
pois com exceção da turma A2, os demais alunos estiveram sob minha orientação
ferramenta musicalizadora.
120
DIONNE, 1999, p. 170) e acessibilidade por não apresentar o rigor das pesquisas
12
Aluno matriculado nos curso e por não continuar a freqüentar a disciplina, aparece apenas nas
primeiras filmagens
13
Ibid
14
Ibid
121
QUADRO 13 -Turma A3 – Curso de Licenciatura em Música - Teclado IV
122
da análise de dados fornecidos por um questionário fechado e por entrevista semi-
filmagens das aulas e entrevista com alunos, e o fato de que a maioria dos alunos
as atividades que foram filmadas, em quais turmas e por quanto tempo ocorreram.
123
QUADRO 16 - Atividades que ilustram a 2a amostra
124
QUADRO 18 - Atividades que ilustram a 4ª amostra
125
QUADRO 20 - Atividades que ilustram a 6ª amostra
126
QUADRO 22 - Atividades que ilustram a 8ª amostra
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA – 4º período – Teclado IV
8ª amostra 20 minutos extraídos da aula do dia 16 de Novembro–(Turma A3)
Conteúdo/ Compreensão da estruturação da música Dansa Campestre de
abordagens Francisco Mignone.
A harmonia transferida também para acordes cifrados.
Leitura à primeira vista.
Estratégias Utilização de uma partitura originalmente para piano, “filtrada”
para a linguagem do instrumento teclado eletrônico.
Utilização de timbres diferentes proporcionados pelo teclado
eletrônico ilustrando possíveis orquestrações para a música
selecionada para estudo.
Distribuição das tarefas entre os alunos.
Movimentação do professor em sala de aula, permitindo melhor
apreciação da compreensão e realização das tarefas
direcionadas aos alunos.
Alunos Kelly – Luciene – Patrícia – Rafael – Ronan - Solange
presentes
Observações Aulas às quartas-feiras (19:35 h), uma vez por semana com
sobre as aulas duração de 50 minutos.
Em sala de aula 9 instrumentos de modelos mais simples
(Yamaha e Casio)
semestre de 2005:
127
QUADRO 24 - Curso de Licenciatura em Música – 4º período - teclado IV
Alunos participantes Termo de consentimento Depoimento Questionário
pela participação em espontâneo
aula filmada
Edna de Aguiar Magalhães Silva Assinado Filmado Respondido
Kelly Elaine de Oliveira Assinado Filmado Respondido
Luciene Guimarães França Assinado Filmado Respondido
Patrícia Valéria da Rocha Assinado Filmado Respondido
Rafael Alves Soares de Souza Assinado Filmado Respondido
Ronan Alves da Rocha Assinado Filmado Respondido
Solange Guedes de Oliveira Carneiro Assinado Filmado Respondido
128
Instrumento Musicalizador - Teclado junto aos Cursos de Licenciatura da Escola
seus próprios critérios. Portanto, eles não tiveram acesso a qualquer informação
teóricas quanto práticas, a saber: Ângelo Nonato, Cibele Lauria, Gislene Marino,
entrevistas com alunos, que estão gravadas no DVD 2, não estiveram sujeitas à
avaliação.
129
CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS
130
CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS
É prudente reiterar que não foi imposto aos avaliadores critério algum para
conduzir sua observação. Pelo contrário, eles deveriam apontar quais foram as
atividades realizadas nas mostras contidas nos DVDs e opinar livremente sobre os
faixa 5)
131
4.1 As oito amostras avaliadas (DVD 1 e 2)
aos avaliadores, para que os mesmos tivessem total liberdade em manifestar suas
opiniões.
132
das tarefas instrumento
9 Planejamento da
aula *
9 Distribuição das
tarefas
9 Progressividade
9 Emprego de
canções simples
9 Interdisciplinari-
dade
9 Organização dos
objetivos *
9 Domínio dos
conteúdos *
9 Didática*
9 Domínio da
linguagem do
instrumento *
9 Material escrito *
conteúdos por eles identificados nas oito amostras de aulas, ilustrando, assim, as
avaliador B indicou que, “nessas amostras, pode-se observar, de certa forma, dois
133
tipos de ensino: um explícito e mais óbvio e outro menos evidente, mas não
menos importante”.
quadro 16. Também traduzem sua visão pedagógica sobre a conduta das aulas. O
134
Montagem de arranjo integrando as capacidades individuais: alguns
tocam só a melodia, outros melodia e acordes, outros só o baixo.
Mas todos ouvem algo interessante e exercem o mesma música.
harmônica”.
Willems (ver p.33): “na educação musical não é importante o resultado imediato
(ver p. 60)
propostas”.
135
“É de fundamental importância a convivência dos pianistas com a linguagem do
mais avançado para alunos que estudam piano e já têm coordenação mais
pensamento.
136
As atividades selecionadas para a 5ª amostra (DVD 1 – 5ª faixa), foram
Acrescenta que “esse arranjo trabalha a forma musical: introdução para um grupo,
tema para outro, repetição para outro etc”. Porém, segundo E, “o arranjo dado
forma, seções de improviso etc”. Justifica E que esse comentário é “mais uma
sugestão do que um ponto negativo, mais uma vez de quem não conhece o todo
do processo”.
137
4.3.2 Conteúdos do processo pedagógico
eminentemente prática”.
dedilhado.
modais, semitons, cromatismo etc – fixa e preenche lacunas com esse estudo
138
4.3.2.2 Repertório
o uso do repertório para abordar determinada questão teórica e faz isso muito
bem: utiliza uma peça para trabalhar determinado conteúdo, trazendo, através da
vivência, a conceituação”.
musicalizadoras de KODÁLY.
coordenação motora”.
139
Kodály e Willems acreditam que a atividade pedagógica deve-se centrar
brasileiros.
seguinte maneira:
140
Segundo compreendido através de estudos sobre VASCONCELLOS CORRÊA
educador e seja configurado por seus objetivos ou pelas metas que pretende
processos educativos.
eletrônico”, e (...) “assim como o violão e a flauta doce, o teclado pode ser meio
ressaltar que a ótima condução das aulas permite que os alunos fiquem à vontade
para tocar da maneira que eles acharem melhor; não sendo exigido um nível
Com relação ao estudo cromático dos acordes maiores (amostra 1), ainda os
já tocaram, acumulando, assim, todas as notas dos acordes, para maior fixação
dos mesmos” ou “não soltar as mãos da tecla para não perder a referência táctil,
que a parte menos evidente dessa atividade é que “ao tocar junto com essa
141
portanto, vão, muitas vezes, sem se darem conta, assimilando as relações
opina a educadora C :
Recorrendo a Swanwick (ver p. 38) verificamos que ”(...) fazer música em grupo
apresentar em público”. Gainza (ver p. 36), afirma que “as pesquisas pedagógicas
técnicas e estilos”
De acordo com F (amostra 2), vale a pena ressaltar como pontos positivos a ação
para ajudar os alunos (um deles é deficiente visual e é possível perceber que ele
142
Com relação à 3ª amostra, C aponta como um aspecto positivo “desenvolver a
4.3.3.4 Motivação/disponibilidade
Enquanto solfeja, observa a leitura de um, dita o acorde para o outro, abaixa o
143
letra, em lugar do solfejo. Seria um momento até mesmo de apreciação”. O
chorinho:
4.3.3.5 Criatividade
atrasou o ritmo, repetir mais uma vez para fluir a quadratura. Ou cantar
144
Com relação às atividades que exercitam a elaboração de fraseados com
criação e improvisação são propostas por Gislene Marino e Ana Consuelo (Piano
Santiago (Atividade de apoio do professor – volume 1). Por sua vez, um dos
música.
Está correta a avaliadora E, quando menciona “imagino que a professora não quis
improvisação”.
145
4.3.3.6 Progressividade
4.3.3.7 Interdisciplinaridade
uma só vez, são vistos e trabalhados vários aspectos teóricos, literatura pianística,
146
são aflorados exigindo do professor o grande desafio de tentar lidar com a
da obra a ser tocada ou adaptada para o teclado”. Também aponta como aspecto
integrada e holística.
147
A respeito da 8ª amostra, de acordo com o observador C, “essa peça para piano
adaptada para o teclado permite uma análise da forma e utilização dos diferentes
timbres em cada seção, reforçando a análise”. Para E, “os alunos têm um retorno:
OLIVEIRA (1991, p.36) aponta o educador musical como aquele que “se relaciona
com o fazer e o ensinar a entender a música”. Assim sendo, uma abordagem mais
e a elaboração de conceitos.
ao ruído dentro de sala de aula: “os alunos fizeram muito barulho durante a aula.
148
explica – o ensino instrumental coletivo necessita de uma organização neste
própria filmagem daquela aula, que fora uma surpresa para todos. Mesmo assim,
dos alunos”, cogita que “talvez pela qualidade dos instrumentos (capacidade de
batido” e, por fim, menciona que não verificou nenhum trabalho específico com
execução”.
149
vezes, canta, conta os tempos ou bate palmas durante a execução dos alunos, o
sempre cantem a melodia que está sendo estudada, conforme sugerido pelo
tais como: church organ, pipe organ, 16+4 organ, 16+4+2 organ etc. Esses dois
eletrônicos.
150
pelos professores avaliadores sobre o procedimento pedagógico geral percebido
sugestão, não uma levantamento negativo; X - categoria que não foi comentada
A B C D E F
Dinâmica adequada ao grupo P P P X P P
Compreensão musical P P P P P P
Processo pedagógico e pedagogia da
Inovações sonoras P P P P P P
Criatividade P P P P P P
Especificidades do teclado eletrônico P P P P P P
Expressividade musical ao instrumento N* X X N N* X
Psico- Participação P X P X P P
socioló- Produtividade P P P P P P
gicos Respeito à individualidade P P P X P P
Socialização P P P X P P
151
A partir do resultado alcançado e demonstrado no quadro anterior, analiso e
nas amostras das aulas. Somente o parecerista D não se manifestou com relação
152
Transparecendo certa preocupação relacionada à postura de determinados
menciona que “não parece existir uma preocupação com questões motoras
recomendações posturais são feitas por mim durante as aulas, mas tratarei de
153
pareceristas foram unânimes em apontar apenas pontos positivos durante a
4.6.3 Dedilhado
Quanto a este item, três avaliadores nada comentaram. Com relação ao estudo
positivos, como “não soltar as mãos da tecla para não perder a referência,
a atenção para o “pouco cuidado com a digitação e postura das mãos; alguns
que “as orientações para dedilhado foram bastante positivas e com resultados
154
em Música – , considerando o histórico e contexto dos alunos: a maioria dispõe
de pouco tempo para treinar ou não possui teclado em casa para estudar”.
alunos ainda têm dúvida em relação à localização das notas no teclado. Não sei
quanto tempo eles já têm de estudo, mas sugiro aplicar algumas atividades
aos conteúdos das aulas para iniciantes, alguns exercícios que deverão ser
sobre as oito amostras das aulas filmadas. Prática musical, inovações sonoras,
155
observações do educador e avaliador D, “parece não haver ênfase na condução
melódica das frases musicais. O que se ouve é uma sucessão de sons sem um
direcionamento melódico”.
De acordo com o que já foi exposto na p. 132, os teclados da sala de aula não
expressiva das frases musicais. Os alunos têm consciência dessa falha. Aqueles
formal, modulação (se houver), campo harmônico etc. Nesse momento, além de
novos sons em seus próprios teclados e que fiquem atentos com relação às
questões de dinâmica.
156
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para tal recorreu-se a uma extensa e variada fundamentação teórica, pois acredito
para a obtenção de dados reais ocorrentes em sala de aula. Quanto aos alunos
157
dados, assim como totalmente envolvidos e solidários com os objetivos da
pesquisa.
relatório do que havia ocorrido durante as aulas, e, apenas pela observação das
estudos.
interdisciplinaridade.
Por outro lado, preciso adotar como pontos importantes a serem trabalhados,
158
E assim, continua a eterna busca do homem pelo conhecimento: “sábio é o que
devir e, como criatura humana, incompleta” (ROSA ALVES, 2001, p. 3). Ou nas
capacidade de adaptação:
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SANTOS, Moacir. Choros & Alegria. Rio de Janeiro: Jobim Music, 2005.
165
THOMAS, Henry; THOMAS, Dana Lee. Vidas de grandes. Trad. Otávio Mendes
Cajado. Porto Alegre: Editora Globo, 5ª ed.,1956.
www.globalyamaha.com
ANEXOS
166
ANEXO 1 – Resultado dos questionários e perguntas da entrevista no DVD
167
Gonzaga, Lorenzo Fernandez, Ernesto Nazaré, Francisco Mignone, Pixinguinha,
7. Como foi seu interesse pelo repertório musical adotado esse semestre na
( ) sim ( ) não
criatividade musical ?
168
( ) nada ( ) pouco ( ) mais ou menos ( ) muito
teclado até este momento do curso? (pode assinalar mais de uma alternativa)
( ) sim ( ) não
15
169
Sim Não
Tab. 2 - Sobre as gerações de músicos na família
Respostas Nº alunos
Não há 9
Uma 7
Duas 6
Mais de 2 2
Total 24
9
7 6
2
16
Sim Não
170
Total 24
19
3 2
0
23
11 10
2 1
171
Tab. 7 - Sobre o interesse pelo repertório musical
Respostas Nº alunos
Nenhum 0
Fraco 0
Médio 10
Grande 14
Total 24
14
10
0 0
18
4
2
0
24 24 Sim
22
Não
15
2
0 0
172
Útil Relevante Novidade Signif icativo
Tab. 10 - Sobre o planejamento do trabalho de musicalização
Respostas Nº alunos
Fraco 0
Bom 4
Muito bom 10
Ótimo 10
Total 24
10 10
Sim Não
173
Total 24
11
9
4
0
10
7 6
13
10
174
Tab. 15 - Sobre a contribuição dos trabalhos de
musicalização nos teclados
Respostas Nº alunos
Sim 24
Não 0
Total 24
24
Sim Não
17
5
2
0
175
2 – A musicalização aos teclados favoreceu o entendimento de conteúdos
ANEXO 2
176
AMOSTRA NÚMERO DA(S) CENA(S)
1ª 1/17 – 2/17 – 3/17 – 4/17 – 5/17 – 6/17 – 7/17
2ª 8/17 – 9/17 – 10/17 – 11/17
ª
3 12/17
4ª 13/17 – 14/17
5ª 14/17
ª
6 15/17 – 16/17
ª
7 17/17
8ª AMOSTRA
177
cena(s)
1º de Dezembro Lindberg LEA 8º VI 2/13
Ana Paula
Leandro Acácio LEA 8º VI 3/13
Thaíse LEA 8º VI 4/13
Daniel (convidado)
5 de Dezembro Danilo (convidado) LEA 6º - 5/13
(demonstração)
Ronan LIM 4º IV
º
Edna LIM 4 IV
Felipe LIM 2º II 6/13
º
Leonardo Laporte LIM 2 II
º
Alice LIM 2 II 713
Leandro LIM 2º II
Ronald LIM 2º II 8/13
º
Edson LIM 2 II 9/13
Layla LIM 2º II 10/13
Cícero LIM 2º II
º
Patrícia LIM 4 IV 11/13
º
Luciene LIM 4 IV
Rafael LIM 4º IV
ANEXO 3
178
MODELO DE FICHA DE AVALIAÇÃO
Objetivos específicos
179
2. Desenvolver para o ensino do teclado em grupo, exercícios rítmicos de ação
grupo.
DVD 1
Amostra 1
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
Amostra 2
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
Amostra 3
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
Amostra 4
ATIVIDADES:
180
COMENTÁRIOS:
Amostra 5
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
Amostra 6
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
Amostra 7
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
....................................................................................................................................
DVD 2
Amostra 8
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
ATIVIDADES:
COMENTÁRIOS:
181
ANEXO 4
alunos participantes.
182
183
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE MÚSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA
Recife
2022
GUSTAVO ANDRADE MACIEL
Recife
2022
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do programa de geração automática do SIB/UFPE
BANCA EXAMINADORA
--------------------------------------------------
Profº. Dr. Leandro Pereira de Souza
Universidade Federal de Pernambuco
--------------------------------------------------
Profº. Me. Rodrigo Cezar Luna dos Santos
Universidade Federal de Pernambuco
--------------------------------------------------
Profº. Dr. Sérgio Ricardo de Godoy Lima (orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
DEDICATÓRIA
Ao meu pai, Francisco de Assis Lins Maciel, que foi o meu único e melhor professor de teclado.
Ao professor Sérgio Godoy, por sua disponibilidade, dedicando seu tempo para a realização
desse trabalho.
À Viviane Louro, pelo seu carinho, preocupação, puxões de orelha, apoio em minhas escolhas,
e por me ajudar a ser um ser humano melhor.
À família de Viviane Louro, que sempre me apoiou e prestigiou meus trabalhos musicais.
Ao maestro Carlos Ribeiro, que junto com meu pai, me mostraram o quão maravilhoso é o
teclado eletrônico, e todas as suas possibilidades.
Ao meu amigo Alessandro Alves Teixeira, o “Tio Chico”, por caminhar junto comigo durante
um longo tempo em minha jornada musical.
LISTA DE QUADROS
Esta pesquisa tem como objetivo geral promover uma discussão sobre as potencialidades e usos
profissionais do instrumento teclado para que seja considerado um instrumento musical com
seu lugar próprio como “instrumento-fim” e não “instrumento-meio” (lugar em que comumente
é tratado como um piano mais precário ou um mero facilitador da musicalização). Como
objetivos específicos pretende: descrever brevemente a história da música eletrônica; apresentar
as características básicas do instrumento teclado; apresentar a problemática e discutir acerca do
teclado eletrônico não ser considerado um instrumento de fato e sobre a falta de material
didático. A metodologia escolhida foi a de levantamento bibliográfico sobre o
ensino/aprendizagem desse instrumento. Nesse sentido, foi feita uma pesquisa bibliográfica em
duas revistas de música de alto impacto no cenário musical nacional (ABEM e OPUS
(ANPPOM). Finalizo este trabalho com uma discussão dialogal acerca dos resultados
encontrados no mapeamento bibliográfico.
This research aims to promote a discussion about the potentialities and professional uses of the
keyboard instrument so that it can be considered a musical instrument with its own place as an
"end-instrument" and not as an "instrument-mean" (a place in which it is commonly treated as
a more precarious piano or a mere facilitator of musicalization). The specific objectives are: to
describe briefly the history of electronic music; to present the basic characteristics of the
keyboard instrument; to present the problem and discuss about the electronic keyboard not
being considered an instrument in fact and about the lack of didactic material. The methodology
chosen was a bibliographic survey about the teaching/learning of this instrument. In this sense,
a bibliographical research was done in two music magazines of high impact in the national
musical scenario (ABEM and OPUS (ANPPOM). I end this work with a dialogical discussion
about the results found in the bibliographic mapping.
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10
2. O ENSINO DE TECLADO...............................................................................................26
2.1 O teclado é um instrumento musical?.................................................................26
3. METODOLOGIA E RESULTADOS...............................................................................29
3.1 Levantamento Bibliográfico................................................................................29
4. DISCUSSÃO........................................................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................33
REFERÊNCIAS......................................................................................................................35
INTRODUÇÃO
O teclado eletrônico surgiu na minha vida em 1999, aos meus 12 anos de idade, através
de meu pai: meu primeiro professor, não só desse instrumento, mas de música como um todo.
Meu primeiro contato com o teclado foi como uma brincadeira, no qual eu simulava o uso dele
como um teclado de computador, pois não tínhamos um. Até que um certo dia, meu pai me
ensinou uma melodia e, assim que aprendi essa melodia, outras músicas foram entrando em
meu repertório. Nesse mesmo ano (1999) comecei me apresentar junto com meu pai, o
acompanhando em bares, restaurantes, festas particulares e afins. Continuei aprendendo apenas
com meu pai durante seis anos, até que em 2006 comecei meus estudos formais em teclado
eletrônico, em uma escola de música chamada Espaço da Música.
Os meus estudos acadêmicos começaram em uma escola particular de música chamada
Espaço da Música, que se localiza na cidade do Recife, onde meu professor de teclado - que
não era tecladista, mas sim, baixista - fazia as aulas se resumirem a lições de harmonia e teoria
musical aplicada na prática, ou seja, a aula de teclado era, na verdade, uma aula de teoria usando
o teclado. Nas aulas, não havia nenhum tipo de aprofundamento referente a tecnologia do
teclado e muito menos as técnicas para a execução dele. Após um ano e meio de aulas de teclado
e teoria musical, saí com um conhecimento razoável de teoria, harmonia e leitura de partitura,
mas sem nenhum aprendizado de fato sobre qualquer técnica específica do instrumento.
Em seguida, consegui uma vaga no Conservatório Pernambucano de Música, onde
entrei como aluno no curso regular de piano popular, trocando rapidamente para o de teclado,
pois era o instrumento que eu queria. Apesar de ter conseguido de forma fácil a troca de curso
e o meu novo professor ter sido, de fato, tecladista, minhas aulas se resumiam a leitura de
partituras facilitadas, no formato de melodia com cifras para serem tocados com a mão
esquerda, sem nenhum tipo de aprofundamento quanto aos demais recursos oferecidos pelo
instrumento e às suas aplicabilidades performáticas. Além das aulas de teclado, tive a
oportunidade de ter também aulas de piano popular e erudito, onde pude estudar os exercícios
necessários para evoluir na execução da técnica nas teclas.
Até chegar a minha conclusão de curso, passei por vários outros professores de teclado,
sendo que nenhum deles era, de fato, tecladista, concluindo o curso de teclado como um aluno
do curso de piano popular e erudito, já que esses professores eram pianistas e não tecladistas de
formação, portanto não exploravam os recursos tecnológicos do instrumento em sala de aula.
A experiência que tive como aluno de piano e ainda tenho como estudante de música na
universidade me auxilia no estudo do teclado eletrônico, onde isso sempre foi um desafio de
certo autodidatismo, através de pesquisas, observações, conversas e afins.
Adentrei o curso de licenciatura em música na Universidade Federal de Pernambuco,
no ano de 2016, e me deparei com posturas por parte de docentes, igualmente preconceituosas
com meu instrumento. Certa vez um professor me disse, após eu apresentar minha ideia do
projeto do trabalho de conclusão de curso sobre ensino de teclado: - “mas teclado não é
instrumento”. Outra vez, ao levar o teclado para tocar em um grande grupo musical da
universidade, ouvi de outro professor: “não seria melhor você tocar no piano? É mais bonito”.
O interessante é que por parte dos demais estudantes nunca sofri discriminação, nem ouvi
“piadinhas” sobre ser tecladista, mas por parte de alguns docentes, sim.
Logo, foram as experiências acima relatadas que me motivaram a desenvolver esse
trabalho, ou seja, a vivência de ser um tecladista numa realidade musical acadêmica que não
valoriza o instrumento em questão em suas peculiaridades, mas sim, o coloca, muitas vezes,
como um instrumento com menos importância (na hierarquia dos instrumentos musicais) ou
como um passo anterior para se chegar ao piano ou, então, como uma ferramenta
musicalizadora, somente.
Adentrando à pesquisa propriamente dita, para os objetivos deste termo, faço uso do
termo teclado, no sentido comum, que designa um instrumento cujas principais características
que pretendo destacar instrumentalizam o músico para a “criação de uma quantidade infindável
de timbres e efeitos únicos” (FARIAS, 2017, p. 10). Tendo, hoje, como particularidade
principal ser um instrumento eletrônico, tal característica oferece recursos para a captação de
sons externos em técnica de amostragem sonora (sampler), de manipulação e invenção de
timbres a partir de dados gravados durante a performance ou fornecidos junto ao hardware
desde a fábrica em técnicas de modelagem sonora denominada como síntese sonora. É possível
afirmar, a meu ver, que qualquer teclado hoje oferece os recursos de simular timbres de outros
instrumentos para além de gerar os seus próprios: “geralmente podem produzir como piano,
trombetas1, cordas, órgãos, sintetizadores e muito mais” (TECLADO, 2022, online).
Dito tudo isto, o que mais me despertou o interesse, foi verificar como estas
potencialidades são estudadas no âmbito de pesquisas e da produção acadêmica no Brasil,
especificamente e como objetivo central deste trabalho, no que diz respeito a uma formação
1
Referindo-se a instrumentos da família dos metais.
especializada de tecladistas, como são pensados os percursos de ensino e aprendizagem musical
em um instrumento nesse nível de complexidade para além de conteúdos musicais tradicionais,
o que será mais bem discutido adiante. Farias (2017, p.78) em sua pesquisa cujo recorte se
estende de março de 2015 a janeiro de 2017, aponta que:
Por conta dessa escassez de literatura, e por dificuldades sentidas em experiência própria
como aluno de teclado em escolas de música, decidi investigar sobre o tema, realizando um
levantamento bibliográfico. Logo, sendo o intuito deste trabalho requisitar para o teclado o
lugar de instrumento-fim, vou um pouco adiante, ao propor uma discussão preliminar sobre o
que seria uma pedagogia do ensino do teclado tomando-o enquanto um instrumento dotado de
especificidades próprias que demandam formação técnica e estética bastante distinta de outros
ainda considerados como principais da família do teclado como o piano ou órgão. Importa
destacar que tal perspectiva pretende avançar no reconhecimento do teclado como instrumento
protagonista, onde isto será mais bem discutido nas considerações finais. Os objetivos
específicos são: sintetizar a história da música eletrônica e do teclado eletrônico; descrever os
tipos de teclado eletrônico e suas principais características; problematizar as questões do ensino
de teclado como um instrumento próprio.
Talvez seja possível afirmar que, no senso comum, a expressão “música eletrônica”
denomina um modelo de música que se inicia a partir da invenção e uso dos sintetizadores.
Porém, é fato, que o interesse pela criação de novos timbres e técnicas de produção e
expressividade sonoras, na prática, se confunde com a história da própria civilização. Este
princípio técnico de se criar artefatos e instrumentos e de transformar, evidentemente, tem seu
desenvolvimento sempre vinculado aos recursos tecnológicos disponíveis a cada época e região
do planeta. É do crescente acesso e controle sobre a eletricidade e em seguida, sobre os meios
de controle eletrônicos que os instrumentos e a música associada a esta tecnologia manifestam-
se com destaque a partir de meados do século XX.
Ashley (1985, p. 251) o define como sendo a “música em que várias ideias musicais
são gravadas em uma fita magnética (tape), e posteriormente reproduzidas por meios
eletroacústicos, sendo a execução, portanto o playback da fita”. Como coloca Ashley (1985), a
manipulação de instrumentos musicais eletrônicos, mesmo junto a instrumentos acústicos, “não
constitui música eletrônica propriamente dita” (p. 251). Já Kennedy (1980, p.201) discorre
sobre o significado da música eletrônica como sendo:
A música eletrônica em si começa nos primeiros anos da década de 1950, onde surgem
as primeiras composições e “teve como precursor um estúdio de música concreta, estabelecido
em Paris, em 1948, por Schaeffer e Henry3” (ASHLEY, 1985, p. 251). Pesquisas relacionadas
a essa música experimental aconteciam nos estúdios de radiodifusão e eram dirigidas por Pierre
Schaeffer, onde “três ou quatro anos mais tarde, a Rádio de Colônia abre, por sua vez, um
estúdio de música chamada eletrônica” (BARRAUD, 2005, p. 150).
A música concreta passa por caminhos que vão além do uso de notas, timbres e escalas,
usando sons que existem na natureza, no dia a dia, registrando-os e os manipulando. Segundo
Ashley (1985, p. 251):
2
O Helmholtz Sound Synthesizer foi o primeiro instrumento a reivindicar o nome de sintetizador, usando
harmônicos e filtragem básica na criação de sons. O Theremin é um instrumento manipulado através do movimento
das mãos para cima e para baixo e para longe ou perto do dispositivo, desta forma produzindo interferências nas
ondas eletromagnéticas no que resulta em alterações de altura (frequência) e de amplitude (volume) do som (A
SHORT HISTORY OF ELECTRONIC MUSIC, 2022).
3
Pierre Schaeffer (1910-1955), foi um compositor francês formado como técnico de rádio tendo trabalhado para
a ORTF (Office de Radiodiffusion Télévision Française) em Paris. Em 1942. Em 1948 iniciou experiências
baseadas na montagem de sons gravados, quando cunhou o termo música concreta. Pierre Henry (1927- 2017), foi
um compositor francês, diretor do Groupe de Recherches de Musique Concrète, Fr. Radio, 1950-8, trabalhando
com Pierre Schaeffer (KENNEDY, 1980).
A tecnologia musical surgida acaba por inspirar a música concreta, onde ela é usada na
manipulação das amostras de som, que agora podem ser modificadas à vontade em relação sua
altura e duração. “Assim partindo de um simples e único som emitido por uma cantora, chega-
se a título experimental e por transformação do som e das durações, a reconstituir e a gravar
toda uma fuga de Bach (BARRAUD, 2005, p. 151).
Muito da música atual que surge desde o começo da década de 70 tem como influência
a música concreta, que se infiltra na música popular, com sua abordagem sem barreiras para a
manipulação e o processamento do som. Sendo assim a “distinção entre música concreta e
música eletrônica tende a desaparecer, dando lugar à denominação genérica de música
eletrônica” (ASHLEY, 1985, p. 251).
Tanto o clavicórdio quanto o cravo são instrumentos de teclas que quando tocadas
acionam um mecanismo que percute a corda, assim produzindo o som. Diferente do clavicórdio
que só possui uma fileira de teclas, o cravo por sua vez pode ter de “uma a três fileiras de
teclados, chamadas de manuais” (A HISTÓRIA DAS TECLAS: DO ÓRGÃO AO TECLADO
ELETRÔNICO, 2021, online). Já o piano surge como uma evolução do cravo, sendo um
instrumento que ao invés de ter as cordas percutidas, agora “elas são tocadas por martelos que
se afastam logo depois de toca-las, o que faz com que elas vibrem livremente”. (A HISTÓRIA
DAS TECLAS: DO ÓRGÃO AO TECLADO ELETRÔNICO, 2021, online). Outra
característica desse instrumento, é que ele é capaz de produzir sons suaves ou fortes,
dependendo da intensidade na qual as teclas são tocadas.
Esse instrumento foi pensado para ter uma sonoridade versátil, próxima a de uma
orquestra. Buja (2022, online) cita algumas de suas características:
Os comandos que ficam na gaveta a esquerda do teclado referidos pela autora são
potenciômetros e interruptores que “regem a articulação, dinâmica, timbre e outras dimensões
do som” (BUJA, 2022, online).
Figura 2. O RCA Electronic Music Synthesizer e seus inventores Harry Olson (de pé), e Herbert Belar.
Com o passar dos anos, os sintetizadores foram se tornando cada vez mais portáteis e
fáceis de se manusear, e assim se popularizando entre os/as musicistas. Alguns dos artistas que
se destacaram usando esses instrumentos foram: Wendy Carlos (1939 -), “[...] responsável pela
primeira obra musical totalmente executada em um sintetizador Moog. Gravou em 1968 obras
de Bach com timbres inusitados proporcionados pelo sintetizador [...] (SANTOS, 2006, p.34),
e Keith Emerson (1944-2016), músico e compositor inglês, “foi o primeiro integrante de uma
banda de rock progressivo a introduzir o Moog, ao vivo, nos palcos (SANTOS 2006, p.35). Na
música “Lucky man”, composta por Greg Lake no ano de 1970, da banda Emerson, Lake and
Palmer 4, há um solo de Moog executado pelo Keith Emerson, começando em 3:06 e se
estendendo até o final.
O próximo nível de desenvolvimento tecnológico vem com os teclados digitais, que se
caracterizaram por uma capacidade de por meio de algoritmos simularem com maior precisão
os timbres de outros instrumentos, e, uma ainda hoje crescente capacidade de armazenamento
de dados, tanto como memória a ser acessada quanto como para processamento em tempo real.
“Vendidos aos milhões – Korg M1, Yamaha DX7 e Roland D-50 foram largamente utilizados
para replicar sons 'reais' [...]” (A SHORT HISTORY OF ELECTRONIC MUSIC, 2022,
online).
Atualmente, por conta de sua versatilidade e flexibilidade, o teclado eletrônico é
amplamente utilizado, podendo facilmente substituir um grupo musical completo, simulando
os sons dos mais diversos instrumentos musicais. Além disso, no mercado atual são
continuamente ofertadas diversas categorias de teclados digitais, sendo que aqueles que
possuírem maior qualidade sonora podem estar além das salas de aula, aparecendo “também
em estúdios caseiros, destinando-se a gravações de discos ou trilhas sonoras” (SANTOS, 2006,
p.36). Isto requer ser mais bem explicado pelo que descreverei a partir dos itens seguintes.
4
Link do vídeo: https://youtu.be/3ds55ii0wqc
Em se tratando desses recursos oferecidos, é importante destacar que existem diferentes
categorias de teclados, onde cada uma tem características que as difere das outras. Hoje, as
categorias que percebo disponíveis no mercado são os teclados: arranjadores; sintetizadores;
controladores; pianos digitais e workstations5.
Os teclados arranjadores (figura 4) são chamados assim, pois tem como principal
característica os ritmos automáticos, onde como o próprio nome já diz, com ele é possível criar
um arranjo com acompanhamento gravado no teclado. Esses ritmos variam entre pop, rock,
balada, jazz, samba, bossa-nova, entre outros, contendo instrumentos como bateria, baixo,
strings6, violão, guitarra, trompete, trombone, etc. Além dos ritmos automáticos, essa categoria
de teclado também vem com timbres diversos armazenados, sendo eles não editaveis .
5
Estações de trabalho, em tradução livre.
6
É comum, por parte dos fabricantes, se fazer uso do termo originalmente em inglês strings para designar os
programas de timbres de cordas friccionadas quer sejam como instrumentos solo ou agrupados em naipes.
O primeiro sintetizador real, tal como conhecemos hoje, foi desenvolvido por
um colega chamado Bob Moog. O que ele fez foi tomar componentes
eletrônicos geradores de som grandes e dispendiosos e substitui-los por
componentes pequenos e baratos. Colocou-os a todos num elegantemente
simples pacote lógico e chamou-lhe de sistema Moog Modular. Este foi o
primeiro sintetizador comercialmente disponível, e foi introduzido em 1965.
Seis anos mais tarde, Moog refinou e aperfeiçoou a sua criação, tornando-a
menor e mais portátil, bem como menos dispendioso, até que finalmente
introduziu o que ainda hoje é um dos sintetizadores mais populares de todos
os tempos, o Minimoog (figura 5).
7
O sampler é um equipamento que consegue armazenar sons chamados de samples em diferentes formatos (O
QUE É UM SAMPLER, 2021, online).
8
MIDI é a abreviação de Musical Instrument Digital Interface. É uma linguagem que permite que computadores,
instrumentos musicais e hardwares se comuniquem (BRANDÃO, 2017, online).
Figura 7. Teclado controlador USB9 Novation LaunchKey.
Os chamados pianos digitais (figura 8) são teclados que tem como objetivo imitar
fielmente um piano acústico, principalmente nos aspectos de quantidade de teclas, ação das
mesmas e timbre. Com uma quantidade menor de timbres, sendo o foco no timbre de piano e
teclas mais pesadas, uma das suas principais qualidades é o fato de não precisar afiná-lo todas
as vezes que for executa-lo. A única coisa necessária para usá-lo é de uma tomada elétrica, pois
apesar de ser pensado pra ser usado por pianistas, se trata de um teclado eletrônico, por isso não
há cordas e a ação de martelos na execução das teclas.
9
Universal Serial Bus.
Os workstations (figura 9) são verdadeiros estúdios portáteis, voltados não só
para a execução, mas também para a composição, arranjo e produção musical. São muito
utilizados por compositores e arranjadores, compondo o set instrumental de estúdios de
gravação, por conta de suas ferramentas e qualidade dos timbres e efeitos sonoros. Possuem
além de uma série de timbres diferentes e funções de um sintetizador, sequenciadores para
composição e arranjos. São amplamente utilizados em estúdio, porém também são máquinas
perfeitas para os palcos. O quadro 1 sumariza as principais informações sobre os tipos de
teclado.
Sintetizadores Não contém ritmos automáticos e sim timbres e funções para a manipulação
deles.
Controladores Não contém ritmos automáticos e timbres, apenas diversos botões além das
teclas para controle de instrumentos digitais, através da conexão MIDI.
Pianos digitais Contém poucos timbres não manipuláveis, focado no timbre de piano
acústico, além de possuir 88 teclas pesadas como as de um piano acústico.
Não contém ritmos automáticos.
Workstations Não contém ritmos automáticos, e sim uma gama enorme de timbres e
funções para manipulá-los, assim como um sintetizador. Possui também
sequenciadores para composição, arranjo e produção musical.
2. O ENSINO DE TECLADO
Afirmo que sim. Por que não? Mas, o termo teclado, tal como é utilizado hoje, denomina
uma tipologia e diversos instrumentos de tecla, sem dúvida, mas cuja tecnologia de construção
tem relação direta com o desenvolvimento da chamada música eletrônica, que surge no final da
década de 1940. É justamente esta peculiaridade das tecnologias atuais, notadamente a
eletrônica e a digital, que torna este tipo de instrumento, não apenas um híbrido, mas um objeto
técnico aberto, inacabado, e em permanente transformação. Apesar de ter características
técnicas específicas, identidade própria em relação a maneira como é desenvolvido e como
funciona, o teclado tem esse nome por ser “um sistema de teclas musicais, presente em outros
instrumentos seculares como o órgão, o cravo e o piano” (FARIAS, 2017, p.77). Em relação a
essa identidade, esse instrumento possui inúmeras possibilidades comparado aos instrumentos
de teclas que o antecedem, pois possuem “vários recursos como programações rítmicas, pista
para gravação, diversidade timbrística, sensibilidade ao toque, dentre outros” (SANTOS, 2006,
p. 20). Por conta de tais características, tudo que tange ao ensino do teclado e a formação do
tecladista torna-se um desafio, Farias (2017, p.77) afirma que:
Por outro lado, quando esses mesmos recursos oferecidos são vistos de forma didática
nas aulas, o quadro se inverte, e conseguimos perceber o quanto o teclado eletrônico tem a
oferecer além do que se pode trabalhar usando apenas métodos de piano popular, sem que ele
seja invalidado como instrumento musical. Quando essas possibilidades tecnológicas se
atrelam a outras questões como o desenvolvimento de leitura musical, bem como a execução
técnica e a postura corporal ao instrumento, elas “podem subsidiar o desenvolvimento técnico-
interpretativo dos estudantes a partir de suas preferências musicais” (ALMEIDA, 2018, p.10).
Almeida (2018, p. 10) também afirma que:
É possível propor, também, o desenvolvimento de outras habilidades, tais
como a de execução instrumental individual, coletiva e em público, a
integração de novas tecnologias digitais (recursos de informática), destinadas
à execução instrumental [...].
Com todas essas capacidades, o avanço tecnológico do teclado eletrônico se alia à busca
por praticidade e custo mais acessível. Santos (2006, p.20) aponta que “o sucesso e aceitação
obtidos pelos “elegantes” órgãos de pedal, davam lugar aos sofisticados e interessantes teclados
eletrônicos”. Toda essa praticidade acaba por consequência considerando que “desde que
explorado adequadamente, os teclados assim como outros instrumentos, favorecem uma
agradável interação entre aluno e aprendizado musical em qualquer faixa etária” (SANTOS,
2006, p. 20).
3. METODOLOGIA E RESULTADOS
O artigo foi publicado na Revista da ABEM no ano de 2017, e teve por objetivo:
compreender a formação, atuação e identidades musicais de tecladistas, a partir de uma pesquisa
realizada com três músicos que se utilizaram da tecnologia oferecida pelo teclado eletrônico.
O resultado da pesquisa corrobora com o que já foi citado anteriormente, não só pela
autora em questão, mas por outros autores, que afirmam que a escassez de material didático é
um problema no campo do ensino/aprendizagem do instrumento.
4. DISCUSSÃO
Outro fator interessante a ser discutido é que o teclado, apesar de não possuir um grande
status no meio acadêmico musical, é amplamente utilizado em shows de grandes artistas, como
por exemplo: a performance do tecladista e trompetista Andy Weiner no show da cantora Chaka
Khan, realizado no ano 200010; a performance do tecladista Glauton Campello no show do
Djavan, realizado em 201411; a performance do tecladista e saxofonista Larry Williams no show
de Lee Ritenour e Dave Gruisin, realizado em 1985 12; e a performance do tecladista Joe
Zawinul, acompanhando a cantora Maria João13. Artistas esses, nacionais e internacionais, e
que usam o teclado em seus shows com diversas possibilidades timbrísticas e de atuação do
músico. No entanto, na hora do ensino do teclado em si, como um instrumento singular e que
tem seu próprio funcionamento, quase não encontramos métodos e profissionais.
Portanto, para finalizar, deixaremos algumas questões que merecem maiores pesquisas
e aprofundamento nas discussões: se o mercado da música popular tem um forte espaço para o
teclado, por que ainda é imperativa a percepção do teclado apenas como “instrumento-meio”
para outras atividades ou como um instrumento auxiliar para docência na musicalização? Por
que sua potencialidade e usos no meio profissional, notadamente, no campo da chamada música
popular ainda são pouco explorados nos cursos de formação básica, técnica e superior no
Brasil?
10
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=8-udRVkStb4&t=2156s
11
DJAVAN: Rua dos Amores - Ao Vivo. Direção: Hugo Prata. Produção: Luanda Records. Intérprete: Djavan.
Gravação de Guilherme Medeiros. [S. l.]: Sony Music, 2014. 1 DVD (145 min.).
12
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=7_g7I88h-z8&t=3295s
13
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=0EIUOdvk-Wg
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Importante atentar para o fato de que essas potencialidades são utilizadas tanto em
situações de performances ao vivo, quanto em gravações de estúdio profissional ou caseiro.
Para tanto, de maneira mais específica, o estudante de teclado precisa desenvolver habilidades
para tocar com acompanhamentos automáticos que simulam a performance de músicos reais;
O estudo do teclado deveria ser estimulado para a criação e a modelação de timbres (design de
som), para a gravação e reprodução de músicas (importantes para desenvolvimento de uma
prática composicional e performativa), dentre outros recursos etc. O uso desse instrumento em
sala de aula abre um campo de possibilidades quase infinitas para o estudante, onde a ele pode
ser oportunizado o desenvolvimento de outras formas de escuta, percepção, memória, ação e
reação e, claro, de gestualidades de aprendizagem de outros aspectos teóricos relativos ao som
e acústica e a novos procedimentos técnicos relacionados a esses modos de fazer.
Neste trabalho pretendi avançar no reconhecimento do teclado como um instrumento
protagonista, vimos exemplos de uso profissional do instrumento em diversos contextos,
práticas e gêneros musicais, ultrapassando a visão que enxerga seu uso enquanto instrumento
auxiliar didático em contextos de aula, ensinado quase como uma interface de imitação precária
de outros instrumentos acústicos em que destaco principalmente o piano. Isto é, prosseguindo
esta visão de ensino, conservadora e porque não retrógrada, pois vai na contramão das
inovações em um mundo cada vez mais tecnologizado, a meu ver, a tendência será aumentar o
distanciamento entre a realidade particular dos discentes e mesmo dos docentes em suas práticas
artísticas fora da escola e o que efetivamente desenvolvem em salas de aula. Nesta minha breve
pesquisa, esta parece minha impressão mais forte, embora reconheça que ainda preliminar sobre
o problema do ensino do teclado como instrumento principal.
Por tudo aqui abordado, espero que essa pesquisa ajude as pessoas a compreender que
o teclado eletrônico é um instrumento musical único e potente para o ensino/aprendizagem de
música (de uso já largamente estabelecido no meio da música, pelo menos desde meados dos
anos 1950). Finalmente, pretendo, a partir desses primeiros achados nesta pesquisa, dedicar-me
a produzir mais estudos sobre esse instrumento que tem tanto a oferecer e, talvez, difundir mais
o interesse por esse instrumento ou categoria como objeto de pesquisa, haja vista, sua
participação crucial em inúmeros gêneros musicais atuais.
REFERÊNCIAS
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graduação em música) – Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
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Resumo: O presente projeto de pesquisa propõe uma reflexão sobre o ensino do teclado eletrônico na
visão da sociologia da educação musical. A pesquisa visa refletir a aula de teclado eletrônico a partir
de um diálogo com os alunos e com as suas práticas musicais cotidianas.
1 Bacharel em piano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduou-se em 2013, sob
orientação da Profª Drª Cristina Capparelli Gerling. Durante a graduação, participou de festivais no
Brasil e nos EUA e teve contato com pianistas de diversos lugares do mundo nas masterclasses
oferecidas pela universidade. Também atuou ativamente como bolsista de Iniciação Científica,
contribuindo para as pesquisas no repertório para piano de músicas latino-americanas. Desde 2011,
dá aulas de piano e acompanha ao piano regularmente cantores e instrumentistas. Em abril de 2014,
passa a integrar o corpo docente da FUNDARTE como professora de piano e teclado.
p. 452
ensino das músicas favoritas dos alunos. Também utilizei aplicativos de gravação,
como o GarageBand, para poder reproduzir em sala de aula a sensação de tocar em
banda e prepará-los para esse tipo de performance.
Com as crianças, a abordagem deu-se de outra forma. Ainda sem um gosto
musical muito definido, elas não se importavam em tocar pequenas melodias
folclóricas conhecidas. Porém, a abordagem de realizar apenas leituras de partituras
teve que ser repensada, uma vez que as crianças hoje convivem muito com diversas
tecnologias e mídias, precisando de mais atrativos além dos livros para atrair sua
atenção. Busquei aplicativos de educação musical e outras ferramentas tecnológicas
encontradas nos próprios teclados Yamaha que dinamizaram a aula.
O meu interesse em lidar com a aula de música dessa forma surgiu a partir de
uma dificuldade inesperada. Deparei-me com um instrumento musical que carecia de
material didático, o que me levou a buscar novas fontes para produção de material e
acabei descobrindo que a maior e melhor fonte de produção desse material são os
próprios alunos em sala de aula.
Fundamentação teórica
Ao citar a socióloga francesa Anne-marie Green, Jusamara Souza descreve
como "a presença da música em nossa vida cotidiana é tão importante que podemos
considerá-la como um fato social a ser estudado" (2004, p. 07). Ainda que soe uma
afirmação óbvia, Souza continua e escreve que, como na sala de aula, a "música
ainda aparece como um objeto que pode ser tratado descontextualizado de sua
produção sociocultural" (2004, p. 08). O resultado disso é que nós, como professores,
"agimos constantemente como se nossos alunos sobre música nada soubessem,
buscamos ensiná-la continuamente, mal permitindo que expressem interesses
musicais diferentes dos nossos" (2004, p. 09). Essa relação intrínseca com a música
é demonstrada por Souza em seu artigo ao citar a dissertação de mestrado de Vânia
Fialho, trazendo a fala de um jovem que diz “sem ele (o rap) eu acho que eu não vivo”
(2004, p. 8). Relembro aqui também o clip de Closer to the Edge, da banda 30
Seconds to Mars, onde, no final, uma jovem afirma "Algumas pessoas acreditam em
Deus, eu acredito na música." Em seguida, outro jovem afirma: "A música significa
p. 453
tudo para mim." Souza lembra Jofre Dumazedier que descreve essa prática, de
ignorar em sala de aula aquilo que os alunos praticam no seu tempo livre fora da sala,
como "política do avestruz". Essa metáfora mostra-se muito apropriada, uma vez que
só mesmo enfiando a cabeça na terra para ser capaz de ignorar tantas demonstrações
de amor e devoção à música por parte dos jovens. Entendo que ao agirmos assim
abrimos mão de nosso maior privilégio como professores de música, que é o de ter
como conteúdo algo com o qual jovens guardam uma relação íntima e investem boa
parte do seu tempo livre.
Ao ler Berger e Luckman, pude compreender como a minha aula poderia ser
beneficiada por uma abordagem que, diferente do que tem acontecido, traz para
dentro da sala de aula as relações que o aluno constrói com a música fora dela. O
autor descreve o cotidiano como a realidade por excelência. Segundo ele, o "nível de
tensão da consciência chega ao máximo na vida cotidiana, isto é, esta última impõe-
se à consciência de maneira mais maciça, urgente e intensa." (1985, p. 38). Isso
significa que no momento que eu nego ao aluno durante a aula de música o estudo
do repertório que ele conhece, convive rotineiramente e com o qual guarda vínculos
emocionais, eu desvinculo a aula da realidade do aluno. Por exemplo, um aluno expõe
para mim seu interesse em uma determinada canção popular. Eu, por minha vez,
apresento a ele a possibilidade de ele tocar esta música. Ele não sabe tocar a música,
portanto, eu o coloco diante de um problema. Porém eu não interrompo sua realidade
cotidiana, pois ainda estamos falando daquela da sua música favorita. Dessa forma,
esse problema pode ser resolvido e o conhecimento adquirido integrado à sua rotina.
Porém, se eu ignoro sua cultura e proponho aprender elementos musicais com uma
música desconhecida para ele, eu estou interrompendo sua rotina, apresentando uma
situação com a qual ele não guarda nenhuma identificação. Berger e Luckman
descrevem como enquanto a realidade compreende estes dois setores, o
problemático e o não-problemática, o setor não-problemático só poderá ser aprendido
como não problemático se não pertencer a um a realidade inteiramente diferente (p.
41). Alguns poderiam afirmar que, por ser tudo música, indiferente do gênero, seria
exageros dizer que ao utilizar uma música desconhecida do aluno, estou
apresentando a ele uma realidade completamente diferente. Talvez seja exagero, mas
p. 454
se é tudo música, indiferente do gênero a que pertence, por que não facilitar o
processo de aprendizagem do aluno utilizando músicas da cultura dele para ensinar
os conceitos musicais e a técnica pretendida?
A socióloga inglesa Lucy Green descreve em seu trabalho a importância de
compreender os diferentes significados que a música assume socialmente para
aprofundar a reflexão na educação musical. Ela demonstra como desses significados
podem advir uma abertura ao aprendizado ou uma resistência ao ensino. Green
apresenta dois aspectos teóricos do significado que a música assume: o significado
inerente e o significado delineado. O significado inerente trata do significado
construídos pelos materiais sonoros em si, quando apresentados de forma coerente
e percebidos racionalmente pelo ouvinte. "Essas inter-relações estarão imanentes em
todos as peças, mas elas poderão emergir das experiências anteriores do ouvinte, de
um número de peças que juntas formam um estilo, sub-estilo ou gênero" (GREEN,
1997, p. 27). Já o significado delineado trata dos elementos extra-musicais que
relacionamos a um determinado estilo de música, como por exemplo, a elegância de
um concerto de gala de música erudita ou as roupas pretas que vinculamos com
“rockeiros”. Este significado será sempre resultado de uma construção social.
"Quando escutamos música, não podemos separar inteiramente nossas experiências
dos seus significados inerentes, de uma maior ou menor consciência do contexto
social que acompanha sua produção, distribuição ou recepção" (GREEN, 1997, p. 29).
Green chama esses significados de delineados pois entende que a "música,
metaforicamente, delineia uma pletora de fatores simbólicos" (GREEN, 1997, p. 29).
Numa experiência musical completa, estes dois significados coexistem. Podemos ter
uma reação afirmativa aos significados inerentes de uma obra quando sentimos que
compreendemos seu significado ou sentir uma repulsa, quando não compreendemos
a música, acreditando que ela seja caótica e obscura. Quanto aos significados
delineados, podemos ter uma experiência positiva, nos identificando com os valores
delineados por aquela música ou uma experiência negativa, quando não nós
reconhecemos naquela música, quando sentimos que ela não nos representa nem
representa a classe em que estamos inseridos (GREEN, 1997, p. 31). Com este
contexto em mente, podemos compreender alguns problemas na educação musical.
p. 455
A questão é que "atitudes tendenciosas a respeito de um dos aspectos do significado
musical podem suplantar e influenciar nossas atitudes em relação ao outro." (GREEN,
p. 32) É o caso de um educador que se recusa a aceitar o funk ou o hip-hop em sua
sala de aula ("isso não é música") pois reage negativamente aos seus significados
delineados, o que acaba tornando-o surdo para os significados inerentes da música.
Também é o caso de um aluno que está acostumado a ouvir apenas canções com a
mesma forma e poucos minutos de duração, que vê-se diante de uma sinfonia de
Beethoven, instrumental e com 60 minutos de duração. Aquele material não apela aos
conhecimentos do aluno de repetição, estrutura, início, meio, fim, assim o aluno não
atenta aos significados inerentes da obra, tendo uma reação negativa aos significados
delineados da música ("música de gente velha").
Como objetivo geral da pesquisa buscarei compreender a relação que os
alunos de teclado eletrônico guardam com a música e com o aprendizado desse
instrumento.
Como objetivos específicos buscarei: compreender as práticas musicais
cotidianas dos alunos e como agregá-las ao ensino de música em sala de aula;
descobrir maneiras de enriquecer práticas cotidianas dos alunos através da aula de
teclado; buscar ferramentas e materiais de ensino que estejam em sintonia com as
ferramentas usadas pelos alunos no seu dia a dia.
Metodologia
Para esta pesquisa, realizarei um estudo de caso com alguns alunos da minha
classe de teclado eletrônico da Fundação Municipal de Artes de Montenegro -
FUNDARTE. Ciente de que apenas a observação não dará conta de trazer a essência
dos fenômenos vividos em sala de aula, realizarei entrevistas semi-estruturadas com
os alunos. Entendo que apenas buscando ouvir os alunos poderei chegar a uma
profunda reflexão sobre a didática do ensino do teclado.
Identifico-me com a possibilidade de uma análise fenomenológica das
informações que forem levantadas a partir entrevistas pela forma como Pais e Berger
e Luckman apresentam a fenomenologia. Pais descreve a função do fenomenologista
usando da metáfora do ninho como descrita por Bachelard:
p. 456
[…] a tarefa da fenomenologista não é a de descobrir os ninhos encontrados
na natureza, trabalho positivamente reservado aos ornitólogos, mas a de
descobrir essa sensação de «ter um ninho na mão», de encontrar de novo
esse deslumbramento candoroso quando, na infância se descobria um ninho.
(PAIS, 1986, p. 31)
Identifico-me com esta postura pois não quero apenas saber se o aprendizado
dos alunos está sendo efetivo, mas sim, como eles se sentem com relação ao
aprendizado. Berger e Luckman usam outra metáfora para expressar as
possibilidades dessa análise:
Considerações
Quando entrei em contato com os conceitos apresentados por Lucy Green
comecei a compreender a raiz de muitos dos problemas de sala de aula. Hoje entendo
que o professor deve ser aquele a dar o primeiro passo e superar seus preconceitos
para alcançar o aluno. Sei que como professora também é minha responsabilidade
apresentar aos alunos o novo. Porém, acredito que este caminho deve ser feito
visando não o meu interesse, mas o crescimento musical do aluno. À medida em que
eu me aproximo do aluno, com respeito pela sua cultura, posso buscar novas músicas
coerentes com o que ele tem trazido.
Acredito que nas entrevistas, encontrarei alunos conscientes de suas
necessidades musicais. Penso que o aluno de teclado eletrônico ouviu muito,
observou suas bandas favoritas e constatou ali a presença não de um instrumento de
teclas secular, consagrado na música erudita, mas um instrumento moderno, que
iniciou sua história a menos de cem anos atrás. É um aluno que busca outra natureza
de conhecimento, exigindo professores com outra natureza de abordagem. Qual é
essa abordagem? Qual é a melhor forma de dar conta dos anseios desses alunos e
enriquecer sua relação com a música? Sobre estas questões pretendo me debruçar.
p. 457
Referências
p. 458
COUTO, A. C. N. do. O ensino de teclado em grupo na universidade... Per Musi, Belo Horizonte, n.28, 2013, p.231-238.
Resumo: Este artigo apresenta algumas atividades realizadas em aulas de teclado em grupo na Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) de acordo com uma abordagem que integra práticas deliberadas (SANTIAGO, 2006) e práticas
informais de aprendizagem musical (GREEN, 2001; 2008). As práticas informais de aprendizagem musical são típicas
do processo de aquisição de habilidades e conhecimentos por músicos populares, enquanto que a prática deliberada
originalmente advém do contexto da aprendizagem do repertório da chamada música de concerto. Nesse estudo, a prática
deliberada é utilizada como parte integral da aprendizagem do repertório instrumental popular. São apresentadas quatro
músicas de níveis específicos dentro da disciplina ministrada, seguido da descrição de como o trabalho se desenvolve.
Palavras-chave: ensino de teclado na música popular; aprendizagem em grupo; abordagem híbrida no ensino da música.
Keyboard group teaching at the university and the popular repertoire: learning through hybrid
practices
Abstract: This article presents examples of activities conducted in keyboard group classes in Brazil at Federal University
of Pernambuco (UFPE), according to a hybrid approach that integrates deliberated practice (SANTIAGO, 2006) and
informal learning practices (GREEN, 2001; 2008). The informal learning practice is a typical process of acquiring skills and
knowledge by popular musicians, while deliberate practice generally comes from learning music in the classical context.
In this study deliberate practice is used as an integral part of popular instrumental music learning. Four songs of specific
teaching levels are presented, followed by a description of its working process.
Keywords: keyboard teaching in popular music; group learning; hybrid approach in music teaching.
1. Introdução
A disciplina “Instrumento Auxiliar – Teclado” faz parte apresentar algumas dessas linhas escolhidas para o
da grade curricular do curso de licenciatura em Música desenvolvimento do atual trabalho desta disciplina
da UFPE, local onde atuo como docente, e possui junto aos alunos, bem como os critérios para tal escolha.
duração de quatro semestres. Tendo como ementa “o Em seguida, apresentaremos exemplos da aplicação
desenvolvimento de habilidades funcionais pela prática de tais conceitos através de práticas pedagógicas
ao teclado de estudos e peças adequadas”, esta disciplina realizadas com o repertório que integra as aulas. Apesar
objetiva capacitar o futuro professor de Música a de este repertório incluir peças oriundas de variados
desenvolver suas habilidades técnicas nesse instrumento, gêneros e estilos musicais, recortamos o trabalho
visando sua utilização pedagógica de forma expressiva desenvolvido a partir da utilização do repertório que faz
e criativa em sala de aula, principalmente no contexto parte da música popular. Esta opção de recorte se faz
da escola regular. Nesse sentido se insere o conceito de pela necessidade de focalizar determinados princípios
“instrumento auxiliar”, expresso em seu título. pedagógicos presentes na fundamentação teórica que
orienta tais procedimentos, no intuito de apresentar
No entanto, o conteúdo e a forma de trabalhá-lo uma possibilidade de abordagem que integre práticas
podem variar de acordo com as linhas pedagógicas originárias de contextos distintos, mas que no presente
adotadas por cada docente. Este artigo pretende trabalho são utilizadas como complementares.
PER MUSI – Revista Acadêmica de Música – n.28, 256 p., jul. - dez., 2013 Recebido em: 24/08/2012 - Aprovado em: 04/01/2013
231
COUTO, A. C. N. do. O ensino de teclado em grupo na universidade... Per Musi, Belo Horizonte, n.28, 2013, p.231-238.
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COUTO, A. C. N. do. O ensino de teclado em grupo na universidade... Per Musi, Belo Horizonte, n.28, 2013, p.231-238.
orientadas, podem favorecer um ambiente satisfatório verbal, habilidade para perceber o momento ideal de
não só à aprendizagem instrumental, mas também permanecer ou não no mesmo exercício, organização do
ao desenvolvimento de outras habilidades adquiridas tempo da aula, etc. (CRUVINEL, 2005, p.74-77).
unicamente através da interação em grupo.
3. Exemplos de atividades desenvolvidas nas
Para GREEN (2008, p.120), na aprendizagem informal aulas de “Instrumento Auxiliar – Teclado”
costumam ocorrer dois aspectos da aprendizagem em
grupo. Primeiro, existe o que esta autora denomina de da UFPE, através da utilização do repertório
“aprendizagem no grupo”. Essa aprendizagem acontece composto por músicas populares
de maneira mais inconsciente ou mesmo acidentalmente, Como mencionado no início deste artigo, o repertório
“sem querer”, pelo simples fato de se estar fazendo parte utilizado nas aulas integra peças oriundas tanto da literatura
de um grupo. Isso se dá não só durante o próprio fazer tradicional de piano, quanto de peças do folclore brasileiro,
musical, mas também pela observação do que os colegas e também de músicas pertencentes ao cancioneiro
estão fazendo, ouvindo e imitando. Também se aprende popular estrangeiro e brasileiro. Neste último caso
antes e depois do fazer musical, quando se discute e se específico, pesquisas realizadas no próprio Departamento
decide o que irá ser feito, ou se avalia o que já foi feito. de Música da UFPE fornecem material pedagógico que
Esse tipo de experiência tende a conduzir a uma gradual possibilita a constante atualização do repertório utilizado
melhora do produto musical. (LIMA; COUTO, 2010). Vale ainda ressaltar que, embora o
repertório utilizado transite entre o popular e o erudito,
Segundo, existe o aspecto da aprendizagem em grupo as abordagens utilizadas em sala de aula não se limitam a
conhecido como “aprendizagem dirigida por um colega”. direcionar a prática deliberada para o estudo do repertório
Isso ocorre quando um colega ensina diretamente, erudito, e a prática informal para o repertório popular.
falando ou demonstrando. A autora diz que costuma Mais do que isso, elas se integram e se complementam de
surgir naturalmente um líder nessas situações. Também maneira híbrida em ambos os repertórios, buscando uma
costuma ocorrer o desenvolvimento de um espírito de aprendizagem mais integral do instrumento. A seguir serão
cooperação entre os participantes (GREEN, 2008, p.127), apresentadas algumas atividades desenvolvidas em sala de
assim como também o desenvolvimento da capacidade aula, através de exemplos em que se utiliza o repertório
de integrar os interesses individuais aos do coletivo composto por músicas populares, que buscam integrar as
(FONSECA; SANTIAGO, 1993). A linguagem que os colegas práticas descritas acima.
costumam usar é mais comum entre eles, e assim eles
encontram diferentes formas de ensinar. 3.1 Atividades desenvolvidas em Teclado 1
A música Asa Branca (Ex.1), pertencente ao cancioneiro
SWANWICK (1994, p.9-10) também lista uma série de
popular brasileiro, é geralmente muito conhecida, o que
benefícios proporcionados pela aprendizagem em aulas
proporciona a possibilidade de ser trabalhada também de
coletivas: julgamento crítico da execução dos outros;
ouvido, tanto a melodia quanto a harmonia. Sua extensão
sensação de se apresentar em público; aprendizagem
é de um Pentacorde Maior, delimitando o posicionamento
através da imitação e comparação; a escuta cuidadosa;
da mão direita numa região fixa, eliminando assim a
observação perceptiva; estímulo pelos triunfos dos colegas
necessidade de deslocamento ou saltos, ação que no caso
e o reconhecimento de suas dificuldades; aprendizagem
do instrumentista iniciante pode se tornar um obstáculo.
por observação indireta.
Pelo fato de cada dedo da mão direita se posicionar sobre
uma nota correspondente ao Pentacorde Maior, essa peça
As aulas em grupo também são vistas como vantajosas
favorece a prática de exercícios de transposição, bastando,
por serem mais econômicas, dinâmicas, estimulantes
para isso, mudar de tonalidade, porém conservando o
e divertidas (GONÇALVES; MERHY, 1986, p.242;
mesmo dedilhado.
MONTANDON, 1995, p.75).
Em sala de aula, costumam-se realizar as seguintes
Vale ressaltar que todos os aspectos acima mencionados
práticas:
poderão ser contemplados numa aula coletiva de
1) Complete a melodia na pauta. Caso você não conheça esta
instrumentos, desde que ocorram em atividades música, pesquise e aprenda de ouvido a melodia e a harmonia.
devidamente orientadas. De acordo com CRUVINEL (2005, 2) Escolha uma harmonia, que pode ser a que você conhece, ou
p.75), nesse tipo de aula a melhor técnica de trabalho é uma original, e escreva as cifras.
o estudo dirigido2, em oposição ao ensino explanatório 3) Crie um padrão rítmico de acompanhamento3.
4) Toque a quatro mãos: um aluno toca melodia em uníssono
e dissertativo. No formato dirigido, o professor assume usando as duas mãos, e outro aluno toca o padrão rítmico de
uma postura semelhante a de um regente, dando acompanhamento.
ênfase à prática, distribuindo atividades entre todos os 5) Improvise sobre a estrutura harmônica. (COUTO, 2011a, p.16).
alunos simultaneamente, de maneira que todos estejam
envolvidos nas atividades propostas. Além disso, a autora Nesta última atividade há a oportunidade de se trabalhar
afirma que o professor de aulas coletivas de instrumento musicalmente a partir das condições técnico-motoras
necessita possuir qualidades tais como carisma, habilidade de cada um. De acordo com FRANÇA (2000), geralmente
233
COUTO, A. C. N. do. O ensino de teclado em grupo na universidade... Per Musi, Belo Horizonte, n.28, 2013, p.231-238.
Ex.1: Trechos da peça Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (c.1-17).
Transcrição da autora (in: COUTO, 2011a, p.16)
os alunos tendem a se expressar melhor musicalmente do mesmo modo, para adquirir automatismo nos
através de suas próprias criações, pois: movimentos motores.
4. Crie um padrão rítmico de acompanhamento, e toque
Ao executar suas próprias composições, eles estão tocando algo
tecnicamente apropriado para seus dedos e expressando seu
em dupla com um colega, alternando as funções entre
próprio pensamento musical, com suas formas, expressividade e quem faz a melodia e quem faz o acompanhamento
significado: eles têm a oportunidade de ‘falar’ por eles mesmos’ 5. Procure realizar as intervenções rítmicas sugeridas
(FRANÇA, 2000, p.58). pela gravação ouvida
6. Escreva a melodia na clave de Sol.
Os conteúdos trabalhados com esta peça são: Pentacorde
Maior, tríades na posição fundamental, padrões rítmicos Os conteúdos trabalhados com esta peça são: apreciação
de acompanhamento, leitura e escrita musicais, prática musical, história da música popular brasileira, Sétimas
de tocar de ouvido, improvisação e criação musical, maiores e menores, cifragem, prática de tocar de ouvido,
harmonização livre, automatismo do dedilhado. prática de tocar em conjunto, escrita musical.
234
COUTO, A. C. N. do. O ensino de teclado em grupo na universidade... Per Musi, Belo Horizonte, n.28, 2013, p.231-238.
Ex.2: Peça O Trem Azul, de Lô Borges e Ronaldo Bastos, em versão cifrada transcrita pela autora
(in: COUTO 2011b, p.7)
Ex.3: Viagem, de João de Aquino e Paulo César Pinheiro (c.1-16). (in: CHEDIAK, 2004, p.166)
235
COUTO, A. C. N. do. O ensino de teclado em grupo na universidade... Per Musi, Belo Horizonte, n.28, 2013, p.231-238.
Ex.4: Eleanor Rigby, de John Lennon e Paul McCartney (c.1-12) Transcrição e arranjo da autora. (in: COUTO, 2011c, p.19).
236
COUTO, A. C. N. do. O ensino de teclado em grupo na universidade... Per Musi, Belo Horizonte, n.28, 2013, p.231-238.
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Notas
1 Tradução livre da autora
2 De acordo com esta autora, esse conceito é utilizado por Alberto Jaffé, educador musical especializado no ensino coletivo de cordas, para denominar
a estrutura didática das aulas coletivas.
3 Padrão rítmico de acompanhamento (P.R.) é um padrão utilizado para a realização de acompanhamentos ao teclado, sendo que a mão direita
executa os acordes, e a esquerda geralmente o baixo – quase sempre a fundamental, a não ser nos casos de baixos invertidos. A escrita do P.R. é
feita na forma de ação rítmica a duas vozes, e sintetiza o perfil rítmico de algum estilo musical. Por exemplo, no caso do Baião, o P.R. será:
Vale ressaltar que o P.R. é apenas um modelo esquemático. De acordo com a prática, a criatividade e a desenvoltura de cada um, o P.R. pode ser
variado de diversas maneiras, tornando a execução do acompanhamento mais interessante.
Ana Carolina Nunes do Couto é Doutoranda em Sociologia pela UFPE, Mestre em Música (2008) e especialista em
Educação Musical (2004) pela UFMG, graduada em Licenciatura em Música pela UEL (2002). Atuou como professora
na Escola de Música da UEMG de 2005 a 2009. Atualmente é professora assistente no Departamento de Música UFPE,
lecionando na cadeira “Instrumento auxiliar – Teclado”. Neste local também desenvolve o projeto de extensão “Eu faço
Música!”, que busca conhecer os processos de criação musical de grupos de música popular do Departamento de Música
da UFPE, e é integrante do Grupo de Pesquisa em Formação e Atuação Profissional de Professores de Música. Tem
artigos publicados em anais de congressos da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), da Saccom (Sociedad
Argentina para las Ciencias Cognitivas de La Música), e em revistas especializadas.
238
A Docência On-line: Um Caso no Ensino de Teclado na
Licenciatura em Música a Distância da UnB
Resumo
Esta pesquisa teve por objetivo investigar como ocorre o ensino de teclado
a distância, no âmbito do curso de licenciatura em Música a distância da
Universidade de Brasília (UnB), assim como a utilização das tecnologias digitais
nessa modalidade de ensino. A metodologia adotada foi o estudo de caso e os
dados foram obtidos a partir de entrevistas semiestruturadas com os professores
responsáveis pela criação das disciplinas de teclado do referido curso. Verificou-se
que o ensino de teclado a distância ocorre prioritariamente de modo assíncrono
entre professor e aluno por meio de materiais pedagógicos, produzidos
previamente e veiculados por meio da combinação de diversas mídias digitais. O
emprego das tecnologias digitais no ensino a distância é massivo e sua utilização,
por vezes, é aleatória. Apesar de a interação entre professor e aluno ocorrer
majoritariamente assincronamente, em detrimento das formas síncronas de
comunicação, o aprendizado do teclado é viável para a finalidade a que se dispõe:
ter o instrumento de teclas para ensinar e fazer música.
Abstract
281
1. Introdução
282
partir da década de 1990 - participante nos processos de elaboração e implementação
de políticas de EaD no Brasil (Pereira, Moraes, 2009).
283
Com uma temática direcionada ao estudo de violão via videoconferência, Braga
(2009) descreveu o desenvolvimento de sua pesquisa, desde os estágios iniciais, com
o planejamento do curso, até a fase de implementação. O projeto “Oficina de Violão a
distância” teve por objetivo constatar quais padrões de interação eram mais
pertinentes entre estudantes e professores durante o curso. Tais atividades foram
realizadas por meio de videoconferências, além de encontros presenciais já
estabelecidos. Segundo o autor, apesar das limitações técnicas do recurso utilizado
para realizar as aulas, os resultados apontaram para uma efetiva aprendizagem
musical, além de destacar uma maior interação entre professor e aluno, e aluno e
aluno, num contexto de aprendizagem de um instrumento a distância.
284
dentre os quais: 1) ser estruturado sobre o ensino coletivo; 2) priorizar a memória e
incentivar a execução de ouvido; 3) ter o teclado como colaborador ao acompanhar a
voz humana; e 4) ser ensinado a distância por meio das TIC. Os resultados obtidos
nesse curso da UFRGS apontaram para um “aproveitamento necessário, satisfatório e
promissor deste modelo de ensino, que adota a EAD mediada por tecnologias da
informação e comunicação”, em que os objetivos, além da inserção dessa modalidade
totalmente a distância, foram proporcionar uma ampliação das formas de estudo do
presencial, “enriquecendo as perspectivas profissionais dos alunos”, além da percepção
da presença das TIC na educação, o que oferece “oportunidades de atuação e novas
formas de inserção no mercado de trabalho, ampliando conhecimentos e modos de
interação” (Domenici et al, 2012, p. 147-148).
2. Metodologia
285
Dadas as características da pesquisa de natureza qualitativa, na qual os dados
emergem para se conhecer e compreender uma situação específica, através de
experiências íntimas, em um determinado momento e lugar (Stake, 2011, p.101-102),
realizou-se um estudo de caso sobre o ensino de teclado do curso de licenciatura em
Música a distância da UnB por meio da perspectiva dos professores entrevistados. De
acordo com Yin, o estudo de caso é uma “investigação empírica” que incita a uma
profunda compreensão de um determinado fenômeno atual em seu contexto, em que
“os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes”, ou seja,
nem sempre são “distinguíveis nas situações da vida real” (YIN, 2010, p.39-40). Para
a coleta dos dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada. Segundo Yin (2010), a
entrevista é uma das fontes mais importantes de informações para o estudo de caso,
de modo que as conversas fluam naturalmente, evitando-se assim as estruturas
rígidas. De acordo com Gaskell (2002), é necessário preparar-se devidamente para a
aplicação das entrevistas, o que inclui as seguintes etapas: preparação, planejamento,
seleção dos entrevistados. Para o autor, o pesquisador deve considerar ainda duas
questões: a especificação do tópico guia (o que perguntar) e a seleção dos
entrevistados (a quem perguntar).
3. Resultados e Discussão
286
processo de análise das entrevistas piloto, durante a coleta, assim como enquanto os
dados eram transcritos, com a finalidade de identificar e registrar ideias, códigos,
temas semelhantes obtidos nas coletas dos dados para que passagens do texto
pudessem ser combinadas. Esse processo, segundo Gibbs (2009), é utilizado para se
exemplificar um mesmo fenômeno ou ideia e permitir que os dados possam ser
examinados de forma estruturada, o que possibilita uma melhor organização dos
mesmos (Gibbs, 2009).
Você abre o computador, você tem lá toda a chamada daquele dia. Você
vai ter uma apostila que você vai abrir e te trazer as instruções, todos
os passos do que você vai fazer. Então você tem uma semana, sozinho,
lá na sua casa. (...) Então ele tem uma apostila, ele tem vídeos, ele tem
áudio, ele tem material de leitura em alguns casos, em alguns dias, e ele
tem, nessa apostila, tudo discriminado, passo a passo o que ele tem que
fazer. Então, você vai fazer isso, isso, isso e aí pede pra distribuir durante
a semana a realização dessas atividades (EPN).
O professor Mateus exemplifica como seria o comando para o aluno, para que
este realize as atividades propostas, seguindo determinadas etapas para a efetivação
da aprendizagem, a qual deve ser realizada com alguma referência, seja por meio de
um áudio, de uma grafia ou de um vídeo:
287
é: onde estão as partes tecnicamente mais difíceis da peça? Que tipo de
dificuldade técnica que é? Então, que tipo de preparação você dá pro
aluno pra que quando ele chegue na peça, ele consiga tocar com menos
problema ou mais fluentemente. Como eu resolvi isso? Eu peço pro
aluno, eu faço essas etapas aqui, agora vocês vão tocar isso aqui e,
então, eu faço no vídeo (EPM).
Com base nas respostas obtidas, infere-se que a interação entre professor e
aluno é, prioritariamente, assíncrona em que o principal meio de interação é por meio
dos materiais pedagógicos. O professor, nesse processo, torna-se um mediador entre
o material pedagógico e o aluno. De acordo com Braga (2009, p.220), uma aula de
música a distância pode ter bom funcionamento quando os alunos “são estimulados a
interagirem e encontrarem suas próprias soluções com o professor auxiliando,
pontualmente, dando algumas dicas e orientações somente quando isso for
extremamente necessário”. Para que a intervenção tenha um bom resultado, como
afirma Braga (2009), faz-se necessário que esse tipo de interação esteja contemplado
no planejamento do curso do professor conteudista, de modo que as atividades sejam
direcionadas para que os alunos reflitam sobre suas ações.
288
Para uma maior interação em tempo real, outros meios poderiam ser utilizados
como as videoconferências; no entanto, devido a algumas dificuldades momentâneas
como falha de áudio, conexão da internet, poderiam tornar essas atividades inviáveis,
de acordo com os professores entrevistados, em especial para turmas com muitos
alunos. O uso dessa ferramenta é ideal para turmas com número de alunos reduzidos
(Braga, 2009). Gohn (2009) afirma que vídeos pré-gravados são opções viáveis para
uma transposição do contato visual necessário em estudos musicais a distância como
modo de suprir a não presença de aluno e professor num mesmo espaço e tempo.
289
mostrar a posição da mão, né?, mais nesse sentido que eu mostrei os
vídeos (EPL).
Ainda de acordo com o professor Lucas, a parte escrita da disciplina foi planejada
primeiramente, sendo as mídias utilizadas em segundo plano, pois para ele, “(...) os
recursos, eles eram apenas... uma forma pra facilitar a aprendizagem do aluno, eles
não eram primordiais, fundamentais, (...) eles eram pra facilitar” (EPL). Lucas discorre
ainda que havia pensado, posteriormente ao planejamento da parte pedagógica de sua
disciplina, quais recursos deveria utilizar, de modo a facilitar a aprendizagem do aluno,
mesmo não sabendo como iria fazer ou mesmo “não tendo conhecimento, eu sabia que
eu queria que fosse daquela forma, que seria mais fácil para o aluno, e que eu ia ter
de buscar ajuda de alguma forma pra poder por esse sistema funcionar” (EPL).
Assim, como apontada pela literatura, a discussão sobre seleção das mídias é
ampla e complexa, em virtude da gama de programas computacionais e das constantes
inovações dessas ferramentas tecnológicas. Como descritos por Moore e Kearsley
(2007), os professores precisam ser criativos na escolha ou na combinação das mídias
bem como identificar a tecnologia mais apropriada para a veiculação. Os autores
afirmam que o professor não pode se ater somente a um tipo de mídia, que é preciso
conhecer outros tipos de ferramentas tecnológicas e saber os pontos fortes e fracos de
cada tecnologia digital, assim como estar preparado para eventuais contratempos. Para
os autores, deve ser levado em conta o público-alvo, o tempo que demanda para os
materiais serem produzidos e a confiabilidade das mídias.
290
Longe de ser encerrada ou mesmo taxativa, na discussão da utilização e
integração das diversas mídias na educação musical a distância, em especial no ensino
de instrumentos, os professores relataram que, apesar das dificuldades encontradas
em como operar determinada tecnologia, os objetivos das disciplinas foram
alcançados. Entretanto, percebe-se que a utilização das mídias partiu das ferramentas
disponíveis, principalmente daquelas que os professores conheciam no momento da
criação das disciplinas, e deu-se de forma aleatória.
Criei uma disciplina sem nenhuma experiência, sem nunca saber o que
que era. (...) Olhando hoje, eu penso que já teria que conhecer. Você faz
bem alguma coisa quando você já conhece. Você se sente à vontade. Eu
não conhecia nada. Eu nunca tinha visto uma disciplina a distância. Eu
não sabia o que era Moodle. Eu não sabia como é que alguém podia
aprender a distância. (...) a minha preocupação era: como uma pessoa
vai poder, dispondo do computador, aprender a tocar um instrumento, a
compreender música, a ler música (EPM).
291
Outro professor, Nicolas, também destaca que nunca havia tido contato algum
com o ensino a distância ou mesmo de quais seriam os conhecimentos básicos
necessários para se atuar na EaD e pontua, ainda, que o importante para a
universidade “era mais a elaboração do material pedagógico do que conhecimento de
ensino a distância, dos procedimentos a distância, entendeu?” (EPN).
Por meio dos relatos apresentados, bem como a literatura abordada sobre
formação, há de se concordar com Belloni (2009, p. 87) quando diz que “qualquer
melhoria ou inovação em educação passa necessariamente pela melhoria e inovação
na formação de formadores”. Os autores Moore e Kearsley (2007, p.172) destacam a
importância de um treinamento de professores para a prática da educação a distância,
o que abarca ao menos três componentes: 1) ampla prática com a mão na massa da
divulgação das tecnologias envolvidas; 2) práticas com técnicas para humanizar um
curso; 3) prática com técnicas para facilitar a participação do aluno (Moore, Kearsley,
2007, p.172) [grifo dos autores].
292
Com essa autonomia, o professor será capaz de manusear corretamente as
ferramentas aplicadas no ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Essa formação,
além de suprir as necessidades imediatas dos professores, pode provocar uma reflexão
de qual, como e o porquê de se utilizar determinada mídia para se alcançar os
propósitos de uma disciplina, bem como incitar pesquisas de outras ferramentas
tecnológicas que possibilitem alcançar os objetivos e facilitar a aprendizagem dos
alunos.
4. Considerações finais
293
voltada especificamente para o ensino on-line. Esse professor deve, também, conhecer
o suficiente sobre a plataforma utilizada pela instituição à qual esteja vinculado, a fim
de que o material produzido por ele esteja em conformidade com a estrutura que
permita ao ambiente virtual de aprendizagem (AVA) configurar o curso. É necessário
ainda conhecer quais as tecnologias digitais utilizadas em um curso a distância, como
usá-las corretamente em sua prática on-line de modo que as ferramentas selecionadas
sejam aplicadas a fim de facilitar o processo de ensino e aprendizagem.
294
consciência de que a educação on-line não deve ser pautada somente nas
oportunidades e desafios proporcionados pelas tecnologias digitais, mas em mudanças
nas práticas pedagógicas, assim como na alteração de postura dos profissionais
envolvidos, de modo que o ensino e a aprendizagem sejam desvinculados do ensino
presencial e adquiram características próprias. Tais transformações poderão
proporcionar significativas alterações no que tange aos aspectos organizacionais de um
curso a distância e na qualificação de seus profissionais, de maneira que estes
adequem seu ensino à realidade da educação a distância e de seus alunos, como
também que as discussões mediadas pelos professores facilitem a construção do
conhecimento.
Agradecimentos
Nota
1
Nomenclatura utilizada pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para
designar os docentes autores de disciplinas para os cursos a distância.
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Porto Alegre: Bookman.
297
Educação Musical e o Currículo em Música: O Ensino do Teclado
Eletrônico na FUNDARTE
A motivação
A Educação Musical
Procedimentos Metodológicos
Referências
Conheça um pouco mais sobre as origens e curiosidades desse versátil instrumento musical!
Os primeiros instrumentos de teclas surgiram em meados do século III a.C. Entre os “irmãos
mais velhos” do teclado, estão: o órgão, o clavicórdio, o cravo e o piano.
ÓRGÃO
O órgão é um dos instrumentos mais antigos da tradição musical do Ocidente. É considerado
o primeiro instrumento de teclas.
O seu antepassado é o hidraulo, hydraulos ou órgão hidráulico, inventado no século III a.C.
pelo engenheiro grego Ctesíbio de Alexandria, responsável pelo cruzamento da flauta típica
grega, o aulo, com o sistema hidráulico de injeção de ar comprimido nos tubos.
Este instrumento teve grande destaque durante o Império Romano. Alcançando altas
amplitudes sonoras (volume), era excelente para ser utilizado ao ar-livre: em jogos, no circo e
nos anfiteatros. Nesta altura, o hidraulo era já denominado órgão hidráulico (organum
hydraulicum em latim ou organon hydraulikon em grego).
O sistema hidráulico foi usado até ao século V, surgindo no século IV o sistema pneumático
de foles. Como já não havia mais o componente hidráulico, o instrumento passou a ser
denominado “Organus”.
Desde sua invenção até o século XIV, o órgão permaneceu como o único instrumento de
teclas.
CLAVICÓRDIO
O clavicórdio foi inventado no início do século XIV, constituído por teclado e cordas
percutidas.
Foi usado na Europa desde o final da Idade Média, passando pelo Renascimento, Barroco, até
o período Clássico. Historicamente, era utilizado como um instrumento para se praticar ou
como um auxiliar para composições, já que não produzia um som com volume adequado à
audição em grandes espaços.
CRAVO
A origem do cravo é obscura, mas sabe-se que surgiu em algum momento da alta Idade
Média. As mais antigas referências escritas sobre o instrumento datam de 1300.
O cravo é classificado como um instrumento de cordas pinçadas, pois para cada tecla tocada,
três ou mais cordas são beliscadas por um “pelectro”, originalmente feito de pena ou de
couro animal. Um cravo pode conter de uma a três fileiras de teclados, chamadas de
manuais. Existem duas variantes principais deste instrumento: a espineta e o virginal.
O grande esplendor do cravo ocorreu no período Barroco, com as inúmeras suítes, fantasias e
fugas, além do papel de baixo contínuo e no recitativo de óperas. Dentre os grandes
compositores para cravo, estão: Scarlatti, Bach, Haendel, Couperin e Rameau.
PIANO
Em 1700, surge o piano, inventado pelo italiano Bartolomeo Cristofori, perito em música e
fabricante de instrumentos musicais desde criança.
Outro ponto interessante é que o piano é capaz de emitir sons suaves ou fortes conforme a
intensidade aplicada pelo músico, e o cravo não é capaz de tal ação.
Apesar de Bartolomeo ter criado o instrumento musical, ele foi considerado bastante
precário em seus primórdios. No decorrer das décadas, o pianoforte foi aperfeiçoado
tornando-se gradualmente mais clássico e comum no Ocidente, atendendo às novas
exigências do Classicismo moderno, para ser tocado em grandes teatros.
Em 1783, o inglês John Brodwood acrescentou o pedal de surdina e o pedal direito. E em 1821,
o francês Sébastien Erhard criou o mecanismo que permite o toque repetido das mesmas
teclas. Essas pequenas mudanças fizeram muita diferença para a evolução do instrumento.
TECLADO ELETRÔNICO
Nos anos 60 houve um significativo desenvolvimento dos teclados sintetizadores. Foi nesse
período que os teclados eletrônicos começaram a reproduzir satisfatoriamente o timbre do
piano e de outros instrumentos musicais.