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Análise de Resultados

06 de novembro de 2023

Vale Recomendação

Compra
Solidez operacional e financeira, com valor a ser
destravado diante de fatores macroeconômicos
Dados
No 3T23, a Vale apresentou receita líquida de US$10,6 bilhões Trimestre de referência 3T23
(+9,8% t/t e +7,0% a/a). A receita do segmento de soluções de Vale
Nome
minério de ferro foi de US$8,9 bilhões (+14,0% t/t e 13,2% a/a),
representando 83% da receita trimestral da Vale, com destaque Preço R$ 71,20
para a evolução dos finos de minério. O volume de finos Preço-Alvo R$ 95,00
vendido foi de 69Mt (+10,1% t/t e +6,6% a/a), superando as Upside Potencial % 33%
nossas expectativas de 65Mt, a um preço médio de referência
Setor Mineração
de US$114/t (+2,7% t/t e +10,4% a/a), que culminaram em um
preço realizado de finos de US$105,1/t (+6,7% t/t e +13,5% Bolsa Bovespa
a/a). De fato, condições mais favoráveis do mercado, com
destaque para a China, contribuíram para um avanço no
volume comercializado a um preço médio superior.
Métricas
Valor de Mercado (Milhões) R$ 306.363,21
As vendas de pelotas atingiram 8,6Mt (-2,2% t/t e +1,1% a/a), Data IPO 02/01/1986
sendo que o preço médio foi de US$161,2/t (+0,5% t/t e -17,0% Novo Mercado
Listagem
a/a). O prêmio de qualidade foi de US$3,8/t (-15,6% t/t e -42,4%
a/a), de modo que o prêmio de finos totalizou US$0,8/t (+33,3% Máxima 52w R$ 93,09
t/t e +33,3% a/a) e o prêmio de pelotas foi de US$3,0/t (-23,1% Mínima 52w R$ 61,05
t/t e -50,0% a/a). A redução do prêmio de qualidade da Vale é Beta 2y 0,46
reflexo de uma menor contribuição da venda de pelotas, além
de menores prêmios pagos pelo mercado como um todo, uma Margem EBITDA 39,32%
vez que as siderúrgicas vêm dando preferência a produtos de Margem Líquida 19,82%
menor qualidade, consequência da redução nas margens das ROE 14,50%
aciarias.
Alavancagem 0,63 x
O segmento de metais para transição energética, por sua vez, Dividend Yield 5,67%
foi responsável por uma receita líquida de US$1,7 bilhão (-8,2%
t/t e -15,9% a/a). A parte referente ao níquel contribuiu com
Múltiplos
US$833 milhões (-10,4% t/t e -13,2% a/a), tendo apresentado
volume de 39kt (-2,5% t/t e -11,4% a/a) a um preço médio de LTM 2023P 2024P
US$21.237/t (-7,9% t/t e -2,0% a/a). Na LME (London Metal P/L 6,67 x 5,26 x 5,52 x
Exchange, a Bolsa de metais de Londres) o níquel encerrou o P/VPA 1,61 x 1,39 x 1,22 x
3T23 a US$20.344/t (-8,8% t/t e -7,8% a/a), sendo que o preço
médio realizado pela Vale não sofreu impactos da mesma EV/EBITDA 4,56 x 16,92 x 18,27 x
magnitude em decorrência de resultados de hedge, vendas a
preços fixos e prêmios dos produtos comercializados.

A receita líquida proveniente das operações de cobre foi de


US$567 milhões (+9,9% t/t e +24,1% a/a), com um volume de
vendas de 74kt (0% t/t e +4,2% a/a) a um preço médio de
US$7.680/t (+9,9% t/t e +18,5% a/a). O preço médio do cobre
na LME ficou em US$8.356/t (-1,3% t/t e +7,9% a/a), de forma
que os números da Vale foram afetados pela cotação mais
baixa do cobre futuro. Apesar do avanço das operações de
cobre, sobretudo com Salobo III atingindo 80% da sua
capacidade, o guidance de produção para 2023 foi revisado
para o intervalo de 315kt - 325kt (-15kt), consequência de
mudanças no método de lavra em Coleman e à manutenção
adicional na mina de Salobo e nas plantas de Salobo I e II.
jan/21 jul/21 jan/22 jul/22 jan/23 jul/23
O custo da Vale foi de US$6,3 bilhões no 3T23 (+6,21% t/t e
+0,13% a/a), sendo que 47% deste valor foi gasto em reais e Vale Ibovespa
46% em dólares. O segmento de soluções de minério de ferro foi responsável por um CPV de US$4,6 bilhões (+8,5% t/t e +7,6% a/a). O
destaque fica por conta do custo caixa C1 que, ao expurgar as compras de terceiros, totalizou US$21,9/t (-6,8% t/t e +12,9% a/a), rumo ao
cumprimento do guidance de US$21,5/t - US$22,5/t. A queda em relação ao 2T23 foi motivada, principalmente, por menores gastos com
demurrage e à maior diluição dos custos fixos. O custo unitário do frete de minério chegou a US$18,9/t (+7,4% t/t e -15,6% a/a). A elevação
em relação ao 2T23 se deu, sobretudo, em função dos custos dos combustíveis, o que encareceu o frete.

No segmento de metais para transição energética, o CPV foi de US$1,6 bilhão (-1,1% t/t e -15,0% a/a). Na parte de níquel, o custo, excluídas
as compras de terceiros, chegou a US$23.039/t (+9,0% t/t e +6,1% a/a), consequência da menor diluição de custos fixos e dos maiores
custos de manutenção. Em relação ao cobre, o CPV foi de US$5.512/t (-8,8% t/t e +6,6% a/a). As despesas operacionais totais foram de
US$964 milhões no 3T23 (+21,2% t/t e +26,0% a/a), com destaque para as despesas de US$227 milhões (+127,0% t/t e +48,4% a/a)
referentes aos finos de minério. Dessa forma, o EBITDA ajustado proforma das operações continuadas da Vale no 3T23 totalizou US$4,5
bilhões (+8,1% t/t e +12,0% a/a). As soluções de minério de ferro tiveram EBITDA de US$4,4 bilhões (+13,0% t/t e +18,1% a/a), com destaque
para os finos de minério, cujo EBITDA atingiu US$3,7 bilhões (+19,7% t/t e +31,7% a/a). Dessa forma, o break-even de EBITDA de finos e
pelotas foi de US$55,7/dmt (+5,1% t/t e +8,6% a/a), de com o break-even de EBITDA de finos e pelotas entregues na China chegando a
US$63,5/dmt (+5,5% t/t e +9,1% a/a).

No segmento de metais para transição energética, o EBITDA foi de US$379 milhões (-20,4% t/t e +4,1% a/a). O EBITDA referente à
exploração de níquel foi de US$100 milhões (-57,4% t/t e -52,2% a/a), com o break-even EBITDA em US$18.570/t (+8,7% t/t e +8,8% a/a). Já
na parte de cobre, o EBITDA ficou em US$269 milhões (+14,0% t/t e +73,5% a/a), com break-even EBITDA de US$3.264/t (+4,9% t/t e -10,3%
a/a), desconsiderando o projeto de Hu’u.

No trimestre em questão, o resultado financeiro da Vale foi de US$385 milhões negativos, apresentando uma piora diante dos US$157
milhões negativos apresentados no 2T23 e dos US$2,3 bilhões positivos do 3T22. As receitas financeiras foram de US$100 milhões (-5,7%
t/t e -29,1% a/a), sendo a queda justificada pela diminuição de caixa e equivalentes e de aplicações financeiras. As despesas financeiras
foram de US$362 milhões negativos (-8,8% t/t e +63,8% a/a), sendo o aumento consequência de maior dívida bruta. Os derivativos
apresentaram resultado negativo de US$51 milhões, revertendo os US$563 milhões do 2T23 e os US$190 milhões observados,
respectivamente, no 2T23 e no 3T22. De toda forma, os derivativos apresentaram um resultado positivo de caixa no montante de US$70
milhões ao longo do 3T23. Por fim, a variação cambial e monetária foi de US$102 milhões negativos no 3T23, contra os US$157 milhões
negativos do 2T23 e dos US$2,3 bilhões positivos do 3T22. Esta diferença foi ocasionada, sobretudo, por um fortalecimento do real frente ao
dólar na comparação com o mesmo período do ano passado.

Ao fim do 3T23, a Vale possuía uma dívida bruta, considerando arrendamentos, de US$14,0 bilhões (+0,71% t/t e +15,0% a/a), ao passo que a
posição de caixa foi de US$4,0 bilhões (-19,9% t/t e -22,9% a/a). A dívida líquida expandida totalizou US$15,5 bilhões (+5,5% t/t e +16,6% a/a),
sendo que a alta foi ocasionada, principalmente, pelo pagamento de JCP no trimestre. De toda forma, a dívida líquida fica na meta,
atualmente entre US$10 e US$20 bilhões. O prazo médio da dívida está em 8,2 anos, o que corresponde a uma ligeira redução frente aos 8,4
anos frente ao 2T23. O custo médio da dívida está, atualmente, em 5,6%, leve redução em relação aos 5,7% apurados no trimestre anterior. A
alavancagem, mensurada pela razão entre a dívida líquida e o EBITDA, encerrou o trimestre em 0,6x, igual àquele do 2T23 e acima dos 0,3x
observados no 3T22. O lucro líquido das operações continuadas foi de US$2,8 bilhões (+217,9% t/t e -36,3% a/a). A redução em relação ao
3T22 foi consequência de um resultado financeiro negativo, devido, principalmente, às variações cambiais. No trimestre, a Vale apresentou
caixa líquido das atividades operacionais que totalizaram US$2,9 bilhões (+50,8% t/t e -15,6% a/a).

Dessa forma, vemos como positivos os resultados entregues pela Vale ao longo do 3T23. Os finos de minério de ferro, principal produto da
Vale em termos de receita, tiveram crescimento nas vendas e no preço médio praticado, fruto de condições de mercado mais favoráveis. O
custo de caixa C1 apresentou retração em relação ao 2T23, sendo que o break-even de EBITDA aumentou, impactado pelas despesas e pelo
preço dos combustíveis. O endividamento da Empresa permaneceu em posição confortável, dentro do guidance estabelecido. O resultado
financeiro, em decorrência do fortalecimento do real frente ao dólar, foi negativo, o que acabou pressionando o lucro líquido. Assim,
reiteramos a compra em Vale para o longo prazo.

Sobre
Fundada como uma estatal no ano de 1942 e atualmente uma empresa privada, a Vale é uma das principais
mineradoras do mundo e possui um dos maiores valores de mercado entre as companhias brasileiras.
Presente em, aproximadamente, 30 países, a Empresa é uma das maiores produtoras mundiais de minério de
ferro, pelotas e níquel, além de também produzir ouro e prata.

Dividindo-se em quatro linhas de negócios - mineração, logística, energia e siderurgia -, as ações da Vale são
negociadas na B3, na bolsa de Nova Iorque (NYSE) e nas Bolsas europeias de Paris e Madrid.
Equipe
Lucas Carvalho
Head de Análise de Investimentos
lucas.lima@toroinvestimentos.com.br

Lucas Serra
Analista de Investimentos
lucas.serra@toroinvestimentos.com.br

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