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PROJETO RADAM
Presidente — Acyr Avila da Luz
Secretério Executivo — Antonio Luiz Sampaio de Almeida
Superintendente Técnico Operacional — Otto Bittencourt Netto
5? DISTRITO-DNPM
Chefe — Manoel da Redençao e Silva
MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA
DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÂO MINERAL
PROJETO RADAM
GEOLOGIA
GEOMORFOLOGIA
SOLOS
VEGETACAO
USO POTENCIAL DA TERRA
RIO DE JANEIRO
Scanned from original by ISRIC - World Soil Information, as ICSU
World Data Centre for Soils. The purpose is to make a safe
depository for endangered documents and to make the accrued
information available for consultation, following Fair Use
Guidelines. Every effort is taken to respect Copyright of the
materials within the archives where the identification of the
Copyright holder is clear and, where feasible, to contact the
originators. For questions please contact soil.isric@wur.nl
indicating the item reference number concerned.
Brasil. Departamento Nacional de Produçâo Mineral.
Projeto Radam.
Parte das folhas SC.23 Rio Säo Francisco e SC.24
Aracaju; geologia, geomorfologia, solos, vegetaçâo e
uso potencial da terra. Rio de Janeiro, 1973.
(Levantamento de recursos naturais, 1) 27,5 crn
CDD 550.981
GEOLOGIA
GEOMORFOLOGIA
SOLOS
VEGETAÇÂO
USO POTENCIAL DA TERRA
NB NB
NA NA
(T -
SA
APRESEIMTAÇAO
Entretando, de tal forma se mostrou eficaz o Projeto RADAM que despertou interesse de
diversas entidades governamentais, conduzindo, em conseqüência, a sucessivas ampliacöes
da ârea dos aerolevantamentos, totalizando hoje 4.600.000 k m 2 , o que corresponde a
54% do território nacional coberto com imagens de radar.
Deste modo, a dimensao continental da area do Projeto veio colocar nosso Pai's em
posiçâo de destaque no cenârio mundial com o que realiza o mais amplo programa de
mapeamento integrado ja realizado em todo tempo.
Por tudo isto, o Projeto RADAM prossegue em sua corrida contra o tempo para, em
1975, com a divulgaçao dos resultados finais, ora apresentados parcialmente, consolidar a
implantaçao de todos os programas necessârios à integraçao cabal do Norte e Nordeste à
economia nacional.
Este trabalho, sendo gigante e. de incomensurâvel valor, é, entretanto, uma part feu la das
grandes realizaçoes do governo, nos nossos tempos.
Este volume contém o estudo de uma ârea de 219.510 k m 2 , abrangendo partes da Folha
SC.23 Rio Sao Francisco e da Folha SC.24 Aracaju, ao todo com 12 folhas de 1? por
1930', na escala de 1:250.000.
O enfoque regional dos estudos, com base em mosaicos de 18.000 k m 2 , conduziu a uma
metodologia de partir do gérai para o particular. Esta téenica de mapeamento deu origem
a discrepâneias entre o mapa geológico do RADAM e outros je existentes — executados
mediante compilaçâo de trabalhos detalhados e reduzidos a uma escala menor —, para a
apresentaçao de grandes regioes.
Na seçao final, esta monografia trata da si'ntese dos estudos temâticos conclui'dos pelo
Projeto RADAM, com vistas ao aproveitamento racional da terra. O "Mapa de Uso
Potencial da Terra" indica a média da capacidade natural do uso da terra. Por ele se
prétende orientar os programas de desenvolvimento na regiao, no que respeita à
implantaçào das atividades agropecuâria, madeireira, de extrativismo vegetal e mineral.
Esteveà f rente do Projeto, nos seus primeiros dois anos, como seu Presidente, o Engenheiro
Joao Maciel de Mou ra, que muito contribuiu para a consolidaçâo e êxito do RADAM.
Além dos autores e participantes que figuram nas respectivas seçoes da presente
monografia, participaram do Projeto em seus primeiros tempos, os seguintes técnicos:
Luiz Henrique Aguiar de Azevedo, Roberto Ribeiro Pereira, Fernando Adolpho Garcia
Penna e Yara Mattos de Simas Enéas.
4
ACYR Â V I L A DA L U Z < ^
Presidente do Projeto RADAM
GEOLOGU
GEOLOGIA DE PARTE DAS FOLHAS SC.23 RIO SAO FRANCISCO E SC.24 ARACAJU
AUTORES:
Geólogo AURIMAR DE BARROS NUNES
Geólogo CESAR N. BARROS FILHO
Geólogo RUY FERNANDES DA F. LIMA
PARTICIPANTES:
Geólogo ANDERSON CAIO RODRIGUES
Geólogo AUGUSTO JOSÉ PEDREIRA
Geólogo ARMINIOVALE
Geólogo SYLVIO BAETA NEVES
SUMÄRIO
ABSTRACT 1/5
1. INTRODUÇÂO I/6
1.1. ObjetivosdoTrabalho I/6
3. ESTRATIGRAFIA I/9
3.1. General idades I/9
3.2. Descriçâo das Unidades 1/11
3.2.1. GrupoCarai'ba 1/11
3.2.2. GrupoColomi 1/11
3.2.3. GrupoSalgueiro 1/11
3.2.4. GrupoTombador 1/12
3.2.5. Formaçao Serra Grande 1/13
3.2.6. Formaçao Pimenteiras 1/14
3.2.7. Formaçao Cabeças 1/14
3.2.8. Formaçao Longâ 1/15
3.2.9. Formaçao Piaui 1/15
3.2.10. Formaçao Pedra de Fogo 1/16
3.2.11. Formaçao Sambaiba 1/16
3.2.12. Formaçao Orozimbo 1/17
3.2.13. Formaçao Itapecuru 1/18
3.2.14. Formaçao Caatinga 1/18
3.2.15. Formaçao Serra Tabatinga 1/19
3.2.16. Aluvioes e Dunas. 1/19
4. ESTRUTURAS I/20
4.1. Estrutura Regional I/20
4.2. Estruturas Locais I/20
I/2
4.2.1. Falhas I/20
4.2.2. Dobras I/22
8. BIBLIOGRAFIA I/30
I/3
TÄBUA DE ILUSTRACÖES
MA PA
Geológico (em envelope anexo)
FIGURA
Coluna Geológica 1/10
FOTOS
1 — Migmatitos do Grupo Carai'ba
2 — Calcârio Metamórfico do Grupo Salgueiro
3 — Escarpa do Arenito Tombador
4 — Vista Aérea do Arenito Tombador
5 — Formaçao Serra Grande
6 — Base da Formaçao Serra Grande
7 _ Formaçao Pimenteiras
8 — Formaçao Cabeças
9 — Estratificaçao Cruzada na Formaçao Cabeças
10 — Formaçao Longé
11 — Formaçao Pedra de Fogo
12 — Arenitos e Siltitos da Formaçao Pedra de Fogo
13 — Chapada das Mangabeiras
14 — Formaçao Sambal'ba
15 — Basalto sobre Formaçao Pimenteiras
16 — Contato Superior do Basalto
17 — Vista Aérea da Parte Interna da Serra da Cangalha
18 — Vista Aérea da Periferia da Serra da Cangalha
I/4
ABSTRACT
The first results from the geologic mapping based upon utilization of
1:250.000 and 1:1.000.000 radar imagery are being presented. The area
encompasses the south-southeast part of the Piauf-Maranhao sedimentary
basin and Pre-Cambrian rocks. Comments are made on the advantages of
regional mapping at these scales. The Mesozoic and the Basalts are
considered as very important geological features for undestanding the basin,
and therefore they are analysed and emphasized. Stratigraphy and structures
(regional and local) are described comparing the present concepts with those
exposed in precedent works. Location of major mineral occurences are
shown with suggestions of promising areas for prospection, pointing out the
convenience of detailed complementary studies in two outlined structures
aiming at oil explorations.
I/5
1. INTRODUÇAO
I/6
2. ASPECTOS GERAIS
I/7
Os solos dominantes säo Latossolo Vermelho Maranhäo e do Tombador. Apresenta pedi-
Amarelo e Areias Quartzosas. A fertilidade é mentos escalonados, campos de dunas e plani'-
baixa. cies aluviais. Alguns "inselbergues" sobressaem
na paisagem extremamente dissecada.
I/8
3. ESTRATIGRAFIA
I/9
COLUNA GEOLOGICA
COLUNA OESCRIÇÂO LITOLÓGICA FORMAÇÂO GRUPO
ALUVIÖES E DUNAS:
Cascalhos, argilas e areias finas bem classificadas.
SERRA DA
Arenitos ferruginosos iateritizados.
TABATINGA
Calcârio amarelo, argiloso com seixos de
CAATINGA
quartzo dispersos.
DISCORDÂNCIA
Arenitos e argilitos vermelhos, laminados. ITAPECURU
DISCORDÂNCIA
Basalto preto-arroxeado, amigdaloidal.
OROZIMBO
DISCORDÂNCIA
Arenito fino a medio com grandes estratificacöes
cruzadas. SAMBAI'BA
DISCORDÂNCIA ANGULAR
Micaxistos, quartzitos micaceos e leitos de SALGUEIRO
calcârio cristalino.
DISCORDÂNCIA ANGULAR (? )
COLOMI
Quartzitos, dolomitos e itabiritos.
DISCORDÂNCIA ANGULAR
1/10
3.2. Descriçâo das Unidades
Dataçao geocronológica de uma amostra deste A litologia prédominante säo micaxistos a duas
Grupo, da Regiäo de Curaçâ—BA, forneceu a micas e granada, de cores cinza-escuro e
idade de 1880 milhöes de anos. avermelhado. No sopé da Serra da Capivara, na
estrada de Säo Raimundo Nonato para Säo Joäo
do Piauî, encontrou-se um pacote de quartzo-
3.2.2. GRUPO COLOMI filito de cor cinza-esverdeado, contendo inter-
calaçoes de leitos de meta-arcósio de cor cinza-
Referências a este grupo säo feitas por Barbosa avermelhado; jâ nas folhas de Parnaguâ e Cor-
(7) (1965) onde cita que "jâ em 1878 Derby rente, os xistos tomam coloraçao arroxeada,
referia-se a ocorrências fern'feras na Serra dos provavelmente devido à presença de ôxido de
Colomis, situada a nordeste da cidade de Reman- manganês. Em menor proporçao, ocorrem leitos
so—BA". Empregamos aqui o grupo Colomi no de quartzito micâceo e calcârio cristalino de cor
mesmo sentido do autor acima citado. cinza-azulado. Todo este conjunto foi intrudido
1/11
por corpos de rochas bésicas e ultrabésicas, Na area em apreço, o Grupo Tombador ocupa
como o da Fazenda Brejo Seco, situada 50 km a estreita faixa situada no extremo sudeste da area
sudeste de Säo Joäo do Piaui', onde existe mapeada. Por esse motivo, näo se cogitou
extensa ocorrência de gabro e corpo de serpen- estudé-la em detalhe, deixando-se para fazê-lo no
tinito, mineralizado em crisotila e ni'quel, com proximo ano, quando o mapeamento sera esten-
aproximadamente 6 km de comprimento por dido àquela direcäo. Assim, apresentamos esse
2 km de largura. grupo com as mesmas divisoes feitas por Barbo-
sa, que, a nosso ver, é a mais consistente dentro
O Grupo Salgueiro ocupa faixa conti'nua com do estâgio atual dos conhecimentos dessa unida-
direcäo gerat nordeste-sudoeste, abrangendo as de.
cidades de Paulistana, Säo Raimundo Nonato, A idade ordoviciana desse grupo ainda é
Caracol e Cristalândia, no limite sul da area do duvidosa e Ihe é atribui'da em virtude de ser
mapeamento. considerado mais antigo do que a Formaçao
Serra Grande e mais jovem que as instrusöes
Esse grupo assenta-se discordantemente sobre o sieniticas que cortam o Grupo Salguèiro.
Grupo Carai'ba e seu contato superior, na area
mapeada, se faz com a unidade basal da bacia do
Piauf-Maranhäo, que Ihe sobrepöe em ni'tida 3.2.4.1. Formaçao Tombador (? )
discordância angular, perfeitamente visi'vel na
meia encosta da Serra da Capivara.
O termo Formaçao é aqui usado duvidosamente
porque entra em desacordo com o Código
Uma amostra de um dique de composicäo Estratigrâfico, desde quando Tombador foi
grani'tica que corta os filitos, analisada no originalmente utilizado por Branner (12) para
Laboratório de Geocronologia da U.S.P., forne- définir um grupo. À falta de dados mais
ceu a idade de 636 milhöes de anos, Barbosa c o n c r e t o s , preferimos permanecer usando
(7) (1965) cita que determinacöes anteriores em Formaçao Tombador, com interrogacäo, do que
intrusivas grani'ticas e sieni'ticas desse grupo apresentar um novo nome.
forneceram idades entre 530 e 590 milhöes de
anos. Esta sedimentaçao se inicia com um conglome-
rado polimi'tico de seixos e matacöes de quartzo,
migmatito, quartzito e minério de ferro. Esse
3.2.4. GRUPO TOMBADOR conglomerado varia grandemente em espessura e
distribuiçào geogrâf ica; a espessura mais comum
Este grupo foi descrito pela primeira vez por é em torno de 10 métros; entretanto Barbosa
Branner(12)(i910), que o dividiu em tres unida- (7) cita que na fazenda Säo Pedro, no Riacho
des: Arenito Tombador, Pedérneiras Jacui'pe e Grotäo, ele chega a uma espessura da ordern de
folhelhos Caboclo. Acima desse conjunto, 500 métros. A o conglomerado, segue-se espesso
vinham as "Camadas Lavras". Em 1953, Fernan- pacote de arenito, em gérai branco a cinza claro,
do de Almeida, em Relatório Anual do Diretor fino, com raros leitos de folhelhos cinza,
do DNPM,(46) reconheceu as formacöesTomba- intercalados; algumas camadas de arenito apre-
dor e Caboclo, considerando Pedérneiras Jacui'pe sentam-se com coloraçâo cinza-arroxeada,
como pertencentes a outra formaçao sobreposta provavelmente devido à presença de óxido de
ao grupo Barbosa (7) (1965) considerou as manganês; estratificaçao diagonal e marcas de
"Camadas Lavras" de Branner(12) como perten- ondas säo visfveis em alguns bancos. Proximo as
centes ao conjunto Tombador e designou-as pro- linhas de falhas e fraturas, os arenitos tornam-se
visoriamente de Formaçao Laje quartz fticos.
1/12
A formaçao assenta-se, em discordância, sobre as O contato inferior com a Formaçao Caboclo é
unidades Pré-Cambrianas, notadamente sobre o concordante e na ârea mapeada nenhuma forma-
Grupo Colomi, que forneceu seixos de quartzito çao se Ihe sobrepöe. Estes arenitos estao em
e minério de ferroao seu conglomerado basal. O altitudes da ordern de 1.200 métros, as maiores
contato superior se faz com a Formaçao Caboclo em toda a ârea trabalhada.
em perfeita concordância.
1/13
te, nâo ultrapassa a 20 ou 30 métros. Em Curimatâ, a Formaçâo Cabeças ultrapassa a.érea
subsuperfi'cie, a sua espessura aumenta conside- de deposiçâo da Formaçâo Pimenteiras, deposi-
ravelmente e jâ no Vale do Gurguéia, no poço de tando-se diretamente sobre os arenitos da For-
Violeto, perfurado pelo DNOCS, ultrapassa 250 maçao Serra Grande. Na area trabalhada, a
métros. espessura maxima desta unidade foi estimada em
70 métros, na estrada de Sâo Joäo do Piauf para
O contato inferior se faz em ni'tida discordância Simpli'cio Mendes. Em sub-superffcie, ela se
angular sobre rochas metarmórficas do Pré-Cam- espessa rapidamente, e no poço do Violeto —
briano; o superior se faz com os folhelhos da Vale do Rio Gurgéia, atinge a possança de 250
F ormaçâo Pimenteiras, de maneira concordante métros.
e em certos locais é marcado por superficie
ferruginosa endurecida. O contato inferior, com a Formaçâo Serra
Grande, é concordante e o superior, com a
Até o presente, näo foram encontrados fósseis Formaçâo Cabeças, do tipo gradacional.
na Formaçâo Serra Grande. A idade siluro-devo-
niana Ihe é atribui'da em virtude da posiçâo A idade devoniana inferior Ihe é assegurada pelo
estratigrâfica, abaixo do Pimenteiras, datada do seu conteûdo fossilffero.
Denoviano Inferior.
1/14
grande parte pela Formaçâo Sambai'ba. Esta sos, com intercalaçôes de arenitos finos de cor
faixa é interrompida na altura de Curimatâ-Paus, branco-amarelo, laminados; no vale do Rio
pela falha de Curimatâ. No bloco abaixado, nâo Gurguéia e em Canto do Buriti, os folhelhos
encontramos afloramentos caracterfsticos dessa apresentam-se arroxeados e bastante micâceos,
unidade. tornando-se extremamente semelhante aos folhe-
lhos do Pimenteiras.
Na regiâo entre Caracol e Parnaguâ, essa forma-
çâo transgride a Formaçâo Pimenteiras, deposi- As melhores exposiçoes da formaçâo estäo no
tando-se diretamente sobre os arenitos Serra vale do Rio Gurguéia, nas proximidades da
Grande. Na ârea mapeada, a Formaçâo Cabeças cidade de Bom Jesus e nas imediacöes da cidade
esta melhor representada na Serra das Confu- de Canto de Buriti. A sua espessura, no poço de
söes, na estrada de Cristiano Castro para Caracol, Violeto, no vale do Gurguéia, é da ordern de 60
onde forma excelentes exposiçoes, com espes- métros.
sura estimada da ordern de 80 métros. No poço
do Violeto, no Vale do Gurguéia, atinge 300 O contato inferior com a Formaçâo Cabeças é
métros de espessura. concordante. O superior com a Formaçâo Piauf
é concordante e em certos locais torna-se grada-
cional.
O contato inferior com a Formaçâo Pimenteiras
é gradacional e em certos locais, nas bordas da
bacia, o Cabeças ultrapassou a ârea de deposiçao A sua idade, Devoniano Superior, é baseada em
do Pimenteiras, achando-se diretamente sobre os estudos de pólens e macrofósseis.
arenitos da Formaçâo Serra Grande. O contato
superior com a Formaçâo Longâ é concordante.
3.2.9. FORMAÇAO PIAUf
A sua idade, Devoniano Médio a Superior, foi
fornecida por estudos de pôlens. O nome série Piauf foi usado pela primeira vez
por Small(48) (1913), incluindo toda a seçâo
paleozóica da bacia do Piauf-Maranhäo. Duarte,
3.2.8. FORMAÇAO LONGA citado por Messner e Woodridge (31)(1946),
restringiu o termo Piauf para representar o
A primeira referência ao nome Longâ foi feita conjunto de rochas de idade Pensilvaniana. O
por Albuquerque e Dequech(5) (1946) que, nome Poti foi dado por Paiva(41) (1937)a uma
fazendo uma seçâo no Rio Longâ, descreveram seçâo de arenitos e siltitos com restos de plantas
uma unidade que denominaram de folhelhos do e leitos milimétricos de carvâo, encontrada no
Rio Longâ; estes autores consideraram-na poço nP 125 em Teresina, PI. Kegel(20) (1953)
Devoniana. Campbell (15)(16)(1947-49) admitiu diz ter reconhecido esta unidade em superf l'cie e,
estes sedimentos como sendo de idade carbon\- com base em fósseis, datou-a como Carbon i'fero
fera, imediatamente acima da Formaçâo Serra Inferior (Mississipiano). Em todos os trabalhos
Grande. Brasil (15)(1947)atribuiu-lhe idade per- subséquentes, aparecem os sedimentos carbo-
miana. Blankennagel(10)(1952)colocou-a na sua ni'feros divididos nas Formaçôes Poti e Piaui',
verdadeira posiçao estratigrâfica, isto é, acima do admitindo-se inclusive discordância entre os
arenito Cabeças e abaixo dos sedimentos do dois. Nesse mapeamento, verificamos que esta
Carbon i'f e ro. separaçâo é impraticâvel, pois os seus limites nao
sâo reconheci'veis nem no campo e muito menos
Constitui-se predominantemente de folhelhos e nas imagens de radar. Assim, consideramos todos
siltitos cinza-escuros a preto, em gérai carbono- os sedimentos carbonfferos como uma ûnica
1/15
formaçâo. Pelo critério de prioridade, o nome O mesmo autor chamou de Formaçâo Motuca
que prevalece é o de Piauf aos folhelhos vcrmelhos, com leitos de anidrita,
que ficariam acima do Pedra de Fogo, encontra-
Predominam arenitos cinza-claros e amarelados, dos na Fazenda Motuca, entre Sao Domingos do
finos a muito finos, com acamamento delgado e Maranhâo e Benedito Leite, MA., I isboa
localmente corn aspecto lajeado; em algumas (1914) deu o nome de Pastos Bons para um
regiôes torna-se grosseiro e conglomerâtico com conjunto de arenitos e folhelhos, existentes na
grandes estratif icaçoes cruzadas. Na parte média, cidade de Pastos Bons, MA., e colocou-os no
aparecem intercalaçoes de siltitos e folhelhos Cretéceo. No presente trabal ho, tanto os folhe-
cinza-escuro e verde, contendo em alguns locais lhos Motuca como Pastos Bons sâo considerados
fragmentos de plantas carbonizadas e leitos variaçôes faciológicas da Formaçâo Pedra de
milimétricos de carvâo. Leitós delgados de calcâ- Fogo.
rio, em gérai dolomi'tico e fossili'fero, foram
encontrados na parte superior da formaçâo. Arenitos, siltitos e folhelhos, intercalam-se em
proporçoes variadas; os arenitos sâo brancos e
As melhores e mais amplas exposiçoes dessa amarelo-claros, finos a muitos finos, enquanto os
unidade ocorrem na parte oeste da area, onde siltitos e folhelhos sâo de tonalidade vermelho-
aflora em uma faixa conti'nua de direçâo pûrpura e verde, pouco micâceos e de baixa
norte-sul com largura da ordern de 100 km. fissilidade. Leitos e bancos de silex estâo présen-
Aflora ainda nos vales dos Rios Parnai'ba, Uruçuf tes em vârios ni'veis estratigrâficos; calcârios
brancos e leitos de anidrita sâo fréquentes no
topo da formaçâo.
Preto e Gurguéia, nos quais o seu limite sul é
dado pela falha de Curimatâ. Em grande parte da Esta unidade aparece em ampla faixa nas baixa-
ârea é recoberta pela Formaçâo Sambafba; a sua das de Gilbués e Monte Alegre, estendendo-se
espessura estimada é da ordern de 400 métros. até o vale do Rio Parnai'ba; também ocorre em
estreita faixa que se inicia a oeste da cidade de
O contato inferior com a Formaçâo Longâ é do Lizarda, com direçâo à Serra da Cangalha. A sua
tipo concordante, tornando-se gradacional em espessura, na ârea, é estimada entre 150 e 200
certas âreas; o superior se faz com a Formaçâo métros.
Pedra de Fogo de maneira concordante.
O contato inferior, com a Formaçâo Piaui', é
A idade carbon ffera é baseada em macro e concordante, enquanto o superior, com a For-
microfósseis. maçâo Sambai'ba, é nitidamente discordante; em
certas areas, como a nordeste de Lizarda, é
marcado por conglomerado de seixos de silex.
1/16
superior da Formaçâo Melancieiras, datando-a 3.2.12 FORMAÇÂO OROZIMBO
do Cretâceo. Campbell (15)(1947)usou omesmo
nome para representar um pacote de arenitos Os basaltos e diabâsios que ocorrem na bacia do
que ocorria sob o diabâsico, como membro da Piaui'-Maranhäo, começaram a ser estudados de
Formaçâo Enxu, também do Cretâceo. Brazil maneira mais cuidadosa a partir do trabalho de
(15) (1947) conservou o Sambai'ba como mem- Aguiar (3) (1969), que os separou em duas
bro da Formaçâo Melancieiras, colocando-o en- unidades: Mosquito e Sardinha. O primeiro séria
tretanto, no Jurâssico, cabendo a Messner e do Triässico e o segundo do Cretâceo Inferior,
Woodridge(31) (1964) elevar o Sambai'ba à ca- ficando entre os dois as Formaçoes Pastos Bons
tegoria de formaçâo, estratigraficamente supe- e Corda. Neste trabalho, constatou-se sua funda-
rior aos sedimentos Pastos Bons. Aguiar(3) ( 1969 ) mental importância como elemento chave na
inverteu estas posiçôes. No presente relatório, o subdivisâo estratigrâfica, e é apresentado como
termo Sambai'ba représenta o conjunto dos uma ûnica unidade, mapeada com o nome de
arenitos sobrepostos à Formaçâo Pedra de Fogo Orozimbo, por estar muito bem representada
e sotopostos ao derrame basâltico Orozimbo, de nesta local idade.
idade Jurâssico-Cretâceo Inferior.
A vila de Orozimbo localiza-se entre as cidades
Compöe-se predominantemente de arenitos ro- de Sâ*o Joâo dos Patos e Pastos Bons, no
seos e avermelhados, também brancos ou amare- Maranhâo; ai' estao as melhores exposiçoes en-
lados finos a médios, pouco argilosos, com finas contradas, inclusive com topo e base bem
intercalacöes de si'lex e abundância de estratifi- definidos. O basalto é de cor prêta e verde-
cacöes cruzadas. escuro, quando fresco, e arroxeado, nas superfi'-
cies intemperizadas, geralmente amigdaloidal.
A sua ârea de afloramento é muito extensa,
cobrindo a cerca de 30% de toda a superffcie
Na ârea de Orozimbo, foi medida uma espessura
mapeada. A sua espessura é muito variâvel, indo
de 93 métros. Na ârea objeto deste relatório a
desde poucos métros na Serra de Born Jesus da
sua espessura maxima é da ordem de 50 métros e
Gurguéia, chegando a atingir 100 métros na
esta representada na regiâo sul-sudeste de Lizar-
parte nordeste de Lizarda.
da, GÖ; sua extensa ârea de afloramento, indica-
da no mapa, foi inferida pela interpretaçào da
A Formaçâo Sambai'ba recobre discordantemen- imagem, existindo locais onde os basaltos estao
te todas as formaçoes mais antigas; na ârea recobertos por sedimentos inconsolidados, pro-
nordeste de Lizarda, o seu contato com a ven ientes da Formaçâo Itapecuru.
Formaçâo Pedra de Fogo é marcado porconglo-
merado basai de seixos de quartzo e fragmentos
de si'lex, o que reforça a idéia da discordância. O
O contato inferior é discordante com a Forma-
contato superior ora se faz corn o basalto
çâo Sambai'ba, embora em outras areas possa
Orozimbo, de idade Jurâssica-Cretâceo Inferior,
estar sobre qualquer unidade mais antiga. O
ora com os arenitos Itapecuru (antes chamados
superior é também discordante com a Formaçâo
Urucuia) do Cretâceo, sendo induscuti'vel o
Itapecuru.
carâter discordante.
1/17
3.2.13 FORMAÇÂO ITAPECURU
1/18
3.2.15 FORMAÇAO SERRA DA TABATIN- repousa, chegando a atingir 30 métros.
GA
Nenhum fossil foi encontrado nesta unidade e a
Com esta designaçao provisória descrevemos os sua idade Terciâria, segundo Winge (50) (1967),
arenitos que formam a chapada conhecida como é inferida a partir da superf feie de "peneplana-
Serra da Tabatinga, situada na parte centro-sul, çâo" correlacionada a outras existentes no nor-
da folha de Parnaguâ, abrangendo partes dos deste do Brasil.
estados do Piaui e Bahia. Winge (50) (1967)
mapeou esses sedimentos como "lateritas e 3.2.16 ALUVIÖES E DUNAS
areias laterizadas", de idade Terciâria. Acredita-
mos que esta unidade deva ser elevada à catego- Duas pequenas âreas de acumulaçoes de origem
ria de formaçao e sugerimos o nome de Serra da eólica foram mapeadas na margem esquerda do
Tabatinga. Rio Sâo Francisco, na altura das cidades de Casa
Nova e Sento Se. Suas formas sâo alongadas e
A seqüência se inicia corn argilitos de cor constituem-se de areias finas bem classificadas,
amarelo-avermelhados, passando a arenitos con- apresentando grâos foscos. As aluviöes mais
glomeréticos, ferruginosos, com seixos dispersos; importantes e dignas de serem representadas sâo
no topo predominam lateritas vermelho-escuras. as do Rio Sâo Francisco onde ocorrem em uma
faixa contfnua com largura variével entre 5 e
A sua espessura é variâvel com as irregularidades 15 km. Sao sedimentos areno-argilosos e casca-
do embasamento metamórfico sobre a quai Ihos inconsolidados.
1/19
4. ESTRUTURAS
1/21
grande extensäo, inclusive prolongando-se para sobressaindo-se, pelas suas complexidades e im-
sudoeste fora dos limites do presente mapeamen- portância, aquelas delineadas nas rochas de idade
to e sugere-se a possibilidade do seu prolonga- pré-cambriana As rochas do Grupo Tombador
mento para nordeste, juntando-se ao grande apresentam-se suavemente dobradas, enquanto
lineamento de Guaraciaba do Norte, jâ no nas rochas paleozóicas da bacia do Piauf—Mara-
extremo norte oriental da bacia do Piauf—Ma- nhäo näo foram constatados dobramentos:
ranhäo. É falhamento do tipo normal, com o
apenas algumas feiçoes dômicas, possivelmente
bloco sudeste abaixado em relaçao ao bloco
causadas por intrusöes de rochas i'gneas, e dobras
noroeste e um rejeito da ordern de 100 a
de arrasto associadas aos grandes falhamentos.
150 métros. A idade desse falhamento é pré-
Isto indica que as rochas mais antigas sofreram
Sambai'ba, entretanto em algumas éreas, como
esforços de compressäo, e na bacia apenas
em Lizarda, parece ter sofrido reajustamentos
ativaram esforços tensionais.
posteriores afetando as rochas mesozóicas.
I/22
de rochas fgneas, que entretanto nâo chegam a da ordem de 8 km e desenvolve-se em arenitos
atingir a superffcie. da Formaçâo Sambafba.
Esta estrutura jâ era conhecida, tendo sido Esta estrutura é um grande bloco abaixado, de
inclusive objeto de estudos por parte de algumas direçâo noroeste-sudeste, limitado a nordeste e
companhias. Tem a forma circular, com apro- sudeste, respectivamente pelas falhas de Curima-
ximadamente 1 km de diâmetro e localiza-se na tâ e Barreiras, enquanto a noroeste é truncado,
parte centro-norte da folha de Alto Parnai'ba, ao sul da cidade de Alto Parnafba, pela falha de
nas nascentes do Riacho da Rapadura. Na Lizarda. Tem uma extensäo, dentro da bacia, de
depressâo central, aflora uma rocha ultrabâsica, 160 km e uma largura variando entre 60 e
classificada, em trabalhos anteriores, como kim- 80 km. Em conseqüência do maior espessamento
berlito. Em volta da estrutura, os arenitos da das formaçôes em direçâo ao centro da bacia
Formaçâo Sambafba mantêm-se horizontais, (direçâo norte do Graben), bem como pelos
apresentando algumas fraturas. maiores rejeitos das falhas de Curimaté e Lizar-
da, que se interceptam nesta regiâo, acredita-se
existir nesta ârea uma estrutura bastante interes-
4.2.2.4 Domo da Fazenda Macaco sante.
Esta estrutura foi observada na parte nordeste da A parte norte desta estrutura esta recoberta
folha de Corrente, estrada que liga esta cidade à pelos arenitos da Formaçâo Sambafba.
de Gilbués, PI. Tem diâmetro de aproximada-
mente 10 km e se evidencia nos arenitos da
Formaçâo Sambafba, sendo recoberta em cerca 4.2.2.7 Alto Estrutural da Serra Grande
de um terço pela Formaçâo Itapecuru. A sua
origem é provavelmente dévida à intrusâo da Situa-se na folha de Tasso Fragoso, a leste da
rocha fgnea, que entretanto näo chega a aflorar. cidade do mesmo nome. É limitado na parte
sudoeste pela falha de Curimatâ, que nesta ârea
segue o curso do Rio Riozinho, colocando em
4.2.2.5 Estrutura Circular da Serra da Boa contato as Formaçôes Pedra de Fogoe Piauf; na
Vista parte sudeste é, provavelmente, limitado pelo
prolongamento da falha de Lizarda, que se
Esta estrutura localiza-se na Serra de Boa Vista, apresenta recoberta pela Formaçâo Sambafba.
no canto noroeste da folha de Sâo Joâo do Para ö lado nordeste-noroeste, deverâ haver
Piauf. Foi interpretada a partir do padrao fechamento da estrutura, dado pelo prôprio
circular da rede de drenagem. Tem um diâmetro mergulho. regional das formaçôes.
I/23
5. OCORRËNCIAS MINERAIS
Na fazenda Brejo Seco, situada 50 km a sudeste pessos leitos de calcério dolomi'ticos sâo encon-
da cidade de Säo Joäo do Piaui', constatou-se a trados no Grupo Colomi. Os calcârios da Forma-
existência de urn corpo de rocha ultrabâsica çao Caatinga, ao sul de Juazeiro da Bahia, sâo
serpentinizada, com 6 km de comprimento por explorados para o fabrico de cal; em algumas
2 km de largura. Esta érea, depois dos estudos areas encontra-se bastante endurecido, sendo
iniciais realizados pela Divisäo de Geologia da explorado como mérmore.
Coordenacäo de Desenvolvimento do Estado do
Piaui', esté em fase de pesquisa pela Companhia
Vale do Rio Doce, esperando-se que em breve 5.3 Magnesita
entre em fase de produçâo, jâ que foram
constatados jazimentos comerciais de ni'quel e Extensas jazidas de magnesita sâo exploradas na
de amianto-crisotila, de boa qualidade. Associa- regiâo de Castela, munici'pio de Sento Se,
dos foram encontrados minerais de cobre, cobal- situado de 15 km da margem direita do Rio Sâo
to e possivelmente platina. Francisco, pela C ompanhia de Mineraçâo e
Agricultura do Sâo Francisco. A magnesita é de
Outro corpo de rocha ultrabâsica, aflora no cor clara e rosa, com manchas vermelhas e
centro da estrutura conhecida como "Redon- aparece sempre dentro dos dolomitos do Grupo
däo", situada aproximadamente a 80 km na Colomi. Segundo Barbosa (7) (1965), a sua
direcäo noroeste da cidade de Gilbués e 15 km a origem se deu por diferenciaçâo metamórfica a
sudeste de Santa Filoména. Trabalhos anteriores partir dos dolomitos.
classificam esta rocha como kimberlito, surgindo
dai', a possibilidade, que poderâ ser confirmada
por trabalhos de detalhe de esta rocha ser 5.4 Talco
responsâvel pelos depósitos aluvionares de
diamante, hâ muito tempo conhecidas nas Lentes de talco foram observadas em vârios
imediacöes das cidades de Gilbués e Monte pontos, dentro dos dolomitos do Grupo Colomi,
Alegre. ou associadas aos xistos e gnaisses do Grupo
Carai'ba. A mais importante situa-se aproximada-
mente a 36 km no rumo sudeste da cidade de
5.2 Calcârios Sâo Raimundo. Nonato, margem esquerda da
estrada que liga esta cidade à de Remanso, BA.
Lentes de calcârio foram encontradas em vârios Esta jazida foi reconhecida pelos geólogos da
pontos, intercaladas nos micaxistos e filitos do Divisäo de Geologia da Coordenacäo de Desen-
Grupo Salgueiro. A mais importante, pela sua volvimento do Piauf e se encontra atualmente
possança e localizaçâo, é a que existe nas em fase de pesquisa.
imediacöes do povoado de Vargem Grande, as
margens da BR-020, no trecho Sâo Raimundo
Nonato — Säo Joäo do Piaui'; nesta localidade 5.5 Rutilo
ele é explorado de maneira rudimentär para o
fabrico de cal. Salienta-se que, em algumas éreas, Ocorrências de rutilo sâo conhecidas em vârios
este calcârio sofreu maior intensidade demeta- lugares da regiâo sul do Piaui'. As principais sâo
morfismo, transformando-se em mârmore. Es- mencionadas entre Curimatâ e Mansidâo e na
I/24
regiäo de Corrente e Cristalândia do Piaui'. A pesquisas petrol i'feras nesta regiäo. No tocante a
extracäo é feita à forma de garimpagem ao longo carväo mineral, conquanto näo se tenham obser-
dos córregos e riachos da regiäo. vado evidências de sua ocorrência apresenta-se
vasta érea de afioramento de terrenos carbon ffe-
ros, o que poderé servir, pelo menos, como
5.6 Petróleo e Carväo ponto de partida para programaçâo de futuras
pesquisas desse minerai.
O mapeamento geológico da porçao sul-sudeste
da Bacia do Piaui'-Maranhäo apresenta grandes Quanto ao petróleo, näo foram ainda encontra-
modificacöes, principalmente de caréter estrutu- dos indi'cios satisfatórios de acumulaçôes econô-
ral, que poderäo servir de bases a futuras micas.
1/25
6. CONCLUSÖES E R ECO M E NDAÇÔES
I/26
sul-sudeste do Piaui', especialmente nas rochas petróleo, deveriam ser efetuados na parte norte
do Grupo Salgueiro. Acreditamos que outros de Gilbués—Monte Alegre e no Alto Estrutural
corpos de rochas bésicas e ultrabasicas poderäo da Serra Grande. Salienta-se que, neste ultimo,
ai'ser encontrados. possivel mente jé na parte baixa da estrutura,
p_T_^. _ n fora da area mapeada, foram encontrados os
' ' melhores indi'cios de petróleo da bacia, no poço
T ... .. . . . de Testa Branca.
Trabalhos adicionais, visando a pesquisa de
1/27
7. RESUMO
Apresentam-se aqui os primeiros resultados que Na ârea mapeada distinguem-se duas provfncias
se obtiveram no mapeamento geológico utilizan- geológicas. A primeira esta representada por
do como base as imagens de radar nas escalas de rochas metamôrficas de idade pré-Cambriana,
1:250.000 e 1:1000.000. notadamente migmatitos, gnaisses, xistos,
quartzitos e calcârio cristalino, as quais sao
Coube a esta équipe o mapeamento de uma area apresentadas divididas em très grupos: Carafba,
com 846.000 k m 2 , compreendida entre os me- Colomi e Salgueiro. Corpos intrusivos de rochas
ridianos de 40P 30' a 489 00'W e do paralelo de bésicas e ultrabâsicas foram encontrados, princi-
119 00 S ao litoräl. Abränge a totalidade dos pal mente, nas rochas do ultimo grupo.
territórios piauiense e maranhense e parte dos Coberturas sedimentäres de idades diversas fo-
Estados do Cearé, Pernambuco, Bahia, Goiâs e ram observadas, em âreas restritas, sobre as
Paré, enquanto que geologicamente corresponde rochas Pré-Cambrianas.
a toda a bacia sedimentär do Piaui'—Maranhâo.
E mbora se tenha trabalhado concomitantemente
A segunda provmcia geológica é representada
toda a ârea, para efeito de uniformizaçâo de
pela parte sul-sudeste da bacia sedimentär do
todos os trabalhos do RADAM, ela sera apresen-
Piaui'—Maranhâo. Aqui ocorrem rochas cujas
tada subdividida em très partes, sendo que este
idades vâo do Paleozóico Inferior (Siluriano) ao
relatório se réfère especificamente à ârea limita- Mesozóico Superior (Cretâceo). As formaçoes
da pelas latitudes de 89 00' a 119 00'S e pelas mesozóicas têm ampla distribuiçâo geogréfica,
longitudes de 409 30' e 489% 00' W; corn uma mascarando em grande parte a visualizaçao das
superfi'cie de 219.510 km 2 e que constitue formaçoes mais antigas. A extrusâo basâltica do
partes das folhas SC.23 e SC.24. Juréssico Superior ao Cretâceo Inferior foi usada
como chave no posicionamento estratigrâfico
Com o mapeamento desta ârea visava-se a duas das unidades mesozóicas. Rochas basâlticas de
finalidades primordiais. O primeiro era o próprio idades mais antigas foram mapeadas sem contu-
objetivo do Projeto RADAM, isto é, fornecer a do se chegar a estabelecer com precisäo as suas
curto prazo uma visao panorâmica dos principais posiçoes estratigréficas. Estudos de detalhe vi-
aspectos geológicos de extensas âreas do norte e sando a este aspecto seriam recomendâveis.
nordeste do Pai's. O segundo consistia em se
verificar o grau de detalhe a que se poderia
chegar utilizando como base as imagens de radar, A ârea sedimentär tem a configuraçâo estrutural
uma vez que esta ârea jâ havia sido trabalhada de um homoclinal corn mergulhos suaves (1 a
com o auxi'lio de outros sensores. 80) na direçâo norte-noroeste, sendo observado
principalmente nas rochas paleozóicas, enquanto
Inicialmente, tentou-se transferir para as imagens as formaçoes mesozóicas apresentam-se subhori-
de radar os produtos obtidos em trabalhos zontais em toda a sua ârea de ocorrência.
anteriores, procedimento este que se mostrou Extensos falhamentos de gravidade foram deli-
impraticâvel, obrjgando-nos a observar, no cam- neados na regiâo sul-sudoeste, os quais deram
po, quai a maneira mais prâtica de utilizaçâo das origem a estruturas de blocos altos e baixos.
imagens. A partir dai' procedeu-se a interpreta-
çôes preliminares, seguindo-se os trabalhos de Dobramentos complexos e falhas de deslocamen-
campo que conduziram à confecçâo dos mapas to horizontal foram mapeados na faixa de
finais. terrenos Pré-Cambrianos, enquanto nas rochas
1/28
do Grupo Tombador constataram-se amplos e imprescindi'veis ao mapeamento regional, dando
suaves dobramentos. inclusive maior grau de detalhe do que aquele
esperado.
Algumas ocorrências minerais foram observadas
das quais destacam-se as seguintes: Nfquel, Recomendam-se estudos de detalhe na borda
Amianto-Crisotila, Diamante, Magnesita, Rutilo, sul-sudeste do Piaui', objetivando a localizaçao
Talco e Calcério. de novos corpos de rochas bésicas e ultrabésicas.
Trabalhos adicionais, visando à pesquisa de
petróleo, deveriam ser efetuados nas estruturas
Conclui-se que as imagens de radar (pelas suas em blocos delineadas na parte sul-sudoeste da
clarezas e notéveis visual izacöes de conjunto) sao bacia do Piaui'—Maranhâo.
1/29
8. BIBLIOGRAFIA GEOLOGIA. Curitiba, 1967. p. 151 - 158.
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I/30
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I/32
F0T0 1
Migmatitos do Grupo Carafba, mostrando dobras ptigmaticas e veios de pegmatito.
Local: Estrada Säo Raimundo Nonato — Remanso.
FOTO 2
Morro de calcério metamórfico, pertencente ao Grupo Salgueiro.
Local: Vargem Grande, margem direita da estrada de Säo Raimundo Nonato para
Sào Joëo do Piauf.
FOTO 3
Vista aérea da escarpa do arenito Tombador.
Local: Margem direita do Rio Säo Francisco, a SW de Petrolina.
FOTO 4
Vista àerea de uma escarpa do arenito Tombador, mostrando mergulho de 10 a 159
para sul.
Local: Margem direita do Rio Sao Francisco, a SW de Petrolina.
FOTO 5
Vista dos arenitos grosseiros e conglomerados da Formaçâo Serra Grande.
Local: Boqueiräo da Serra da Capivara, na estrada de Säo Raimundo Nonato para
Sào Joâo do Piauf.
FOTO 6
Parte basal da Formaçâo Serra Grande; vêem-se arenitos grosseiros na base (parte
clara) seguidos por espesso leito de conglomerado.
Local: Serra da Capivara, na estrada de Sào Raimundo Nonato para Säo Joao do
Piaui'.
FOTO 7
Formaçâo Pimenteiras, proximo ao contato com a Formaçao Cabeças. Nota-se que
os folhelhos e siltitos arroxeados gradam para arenitos no topo do morro.
Local: Fazenda Capim, proximo a subida da Serra das Confusöes, na estrada
Cristino Castro-Caracol, PI.
FOTO 8
Vista dos arenitos grosseiros da Formaçao Cabeças, na encosta da Serra das
Confusöes, na estrada Cristino Castro-Caracol, PI.
FOTO 9
Arenitos da Formaçao Cabeças, mostrando grandes estratificaçoes cruzadas.
Local: Serra das Confusöes, na estradade Cristino Castro para Caracol, PI.
FOTO 10
Formaçao Longä, mostrando folhetos roxos com finas intercalaçoes de arenitos.
Aspecto muito semelhante aos sedimentos da Formaçao Pimenteiras.
Local: Vale do Rio Gurguéia nas proximidades da Cidade de Born Jesus.
FOTO 11
Formaçâo Pedra de Fogo, proximo ao aeroporto de Gilbués, Pi. Aparecem folhelhos
vermelhos com manchas claras, contendo finos leitos de siltitos.
FOTO 12
Arenitos e siltitos vermelhos da Formaçâo Pedra de Fogo.
Local: Estrada de Gilbués- Monte Alegre.
FOTO 13
Foto aérea mostrando a encosta norte da Chapada das Mangabeiras, ao sul da cidade
de Lizarda. Vêem-se os arenitos claros da Formacao Itapecuru.
FOTO 14
Vista dos arenitos da Formacao Samba iba que ocorrem na margem esquerda do Rio
Gurguéia, entre as cidades de Cristino Castro e Bom Jesus. Observe-se a sua perfeita
horizontalidade.
FOTO 15
Basalto {? ) sobre sedimentos da Formaçâo Pimenteiras. Os sedimentos, na base,
têm coloraçâo cinza, enquanto o basalto mostra-se amarelado.
Local: Estrada Canto do Buriti — Sao Raimundo Nonato.
FOTO 16
Contato superior do basalto, encontrado na estrada Canto do Buriti — Säo
Raimundo Nonato. Acima do basalto, vêem-se arenitos e siltitos vermelhos.
FOTO 17
Vista aérea parcial da parte interna da estrutura dômica da Serra da Cangalha. As
camadas mergulham 60? para fora estrutura.
FOTO 18
Vista aérea mostrando a parte periférica da estrutura da Serra da Cangalha. Nota-se
que os arenitos da Formacäo Sambafba estâoem perfeita horizontalidade.
GEOMORFOLOGIII
GEOMORFOLOGIA DE PARTE DAS FOLHAS SC.23 RIO SÄO FRANCISCO
ESC.24ARACAJU
AUTORES:
PARTICIPANTES:
Até ini'cio de 1972 o setor de Geomorfologia näo existia tal como agora se
estrutura. A unidade operacional da qual se desmembrou é o setor de Uso
Potencial da Terra. Até entao os estudos de Geomorfologia eram realizados
corn a finalidade de fornecer detalhes para a elaboraçao das pesquisas de Uso
Potencial da Terra. Os técnicos necessârios a este tipo de trabalho foram
selecionados em funcäo daqueles objetivos.
11/2
SUMÂRIO
ABSTRACT 11/5
1. INTRODUÇAO II/6
2. METODOLOGIA II/9
4. RESUMO M/23
5. BIBLIOGRAFIA H/24
II/3
TÂBUA DE ILUSTRAÇÔES
MAPA
Geomorfológico (em envelope anexo)
QUADRO
Quadro — Resumo da Geomorfogênese de parte das folhas SC.23 e
SC.24 11/22
FIGURAS
1 - Posiçao das folhas na escala 1:250.000 II/7
2 — Limites polfticos, rios e cidades principals II/8
3 — Bloco — Diagrama esquemâtico da area II/8
4 - Perfis BB' e CC' 11/15
5 - Perfis D D ' e EE' 11/18
FOTOS
1 — Mesas e patamares desaobrados da Chapada das Mangabei ras
2 — Escarpa festonada ao norte da Chapada das Mangabei ras
3 — Rebordos do patamar estrutural da Chapada das Mangabeiras
4 — Escarpa em "glint" da Chapada do Araripe
5 — Pedimentos na Formacäo Cabeças
6 — Lagoas no Vale do Gurguéia
7 — Nfvel de pediplano na Depressäo do Tocantins
8 — Cristas residuais em patamar estrutural da Depressâo do
Tocantins
9 — Estrutura dômica na Serra do Cangalha
10 — Terraços na confluência do Rio Sono com o Rio Perdida
11 — "Hog-Backs" em estrutura pré-cambriana
12 — Superfi'cie pediplanada na Depressâo Periférica do Medio Sao
Francisco
13 — Erosäo antrópica em garimpos diamanti'feros
14 — Solifluxao no pedimento da margem direita do Rio Säo
Francisco
II/4
ABSTRACT
11/5
1. INTRODUÇAO
Este relatório refere-se ao mapeamento de partes pediplanadas em topos altos e atacados pela
das folhas SC.23 - Rio Säo Francisco e SC.24 - erosâo. As estruturas eo-cambrianas foram atra-
Aracaju num total de 12 folhas na escala vessadas pelo Rio Sâo Francisco, aparecendo na
1:250.000 (1°00' x 1°30'), totalizando margem esquerda je sob formas de cristasalon-
219.510 km2. gadas. No extremo nordeste do mapa, aparece
uma pequena parte da Chapada do Araripe cujo
A nomenclatura e designaçâo das folhas estudo sera feito em outro relatório.
1:250.000, bem como os limites polfticos, prin-
cipais rios e cidades constam das figuras 1 e 2. Entre a grande massa de relevo do Planalto da
Bacia Sedimentär Piauf—Maranhäo e as termi-
A maior massa de relevo é representada por naçôes da Chapada Diamantina e da Chapada das
superf i'cies estruturais da Bacia Piauf—Maranhäo, Mangabeiras, interpöe-se um väo, topografica-
submetidas a processus erosivos mais amplos do mente deprimido, que acompanha os rebordos
tipo pedimentaçâo. A pedimentaçâo aparece nos estruturais da Bacia Piauf—Maranhäo formando
vales dos rios de maior dimensâo mapeados um arco contfnuo de depressöes erosivas. Esse
como vales pedimentados. O material transpor- arco foi subdividido de acordo com suas relaçoes
tado alcahça as calhas, onde, eventual mente, com as estruturas geológicas e aspectos parti-
coalesce com as aluviöes. Rebordos estruturais culares do relevo em très unidades: Depressäo
fazem os limites entre os vales e as superficies Interplanéltica de Parnaguâ, Depressäo Periférica
tabulares estruturais. Estas superf fcies formam a do Médio Säo Francisco e Depressäo Ortoclinal
parte sul da Bacia paleozóica do Piauf—Mara- do Médio Tocantins. O relevo das Depressöes
nhäo. Esta unidade foi designada como Planalto Periféricas e Interplanâltica é baixo, com exten-
da Bacia Sedimentär Piauf—Maranhäo. sos pediplanos revestidos de cobertura arenosa.
Cristas, "inselbergs", lagoas e drenagem inter-
Em ordern de grandeza espacial, segue-se a mitente caracterizam estas depressöes. A Depres-
terminaçao de um conjunto de altos planaltos, säo do Medio Tocantins difere das duas précé-
divisor das bacias hidrogréficas do Sâo Francisco dentes por suas relaçoes com a estrutura. Seu
e Tocantins, que termina dentro da area ma- relevo é constitufdo de patamares estruturais,
peada com o nome de Chapada das Mangabei ras, escalonados em direçâo à parte mais baixa,
constitufda de sedimentos cretâcicos. O relevo limite ocidental da folha. Os tipos de dissecaçao
prédominante sâo superffcies estruturais ata- dos patamares sâo mesas agrupadas. As cinco
cadas por pedimentaçâo, em eu jas bordas apare- grandes unidades morfoclimâticas e morfo-
cem escarpas erosivas muito festonadas, even- estruturais foram determinadas a partir da inte-
tualmente substitufdas por interpenetraçâo de graçâo de suas formas de relevo, de carac-
pediplanos. Grandes relevos em mesas se desta- terfsticas erosivas e de posiçoes altimétricas
cam do conjunto, onde penetram vales pedimen- relativas.
tados. Esta unidade foi denominada Planalto
Ocidental do Sâo Francisco. As variaçôes climéticas dentro da area mapeada
säo pequenas quando tomadas em termos de
A sudeste da érea mapeada, aparecem termina- fatores meteorológicos convencionais: trata-se de
çôes da Chapada Diamantina em mesas menores um conjunto de climas com estaeäo seca de
que as da Chapada da Mangabei ra, representada grande duraçâo comportando morfogênese
por rochas eo-cambrianas. Estas rochas estao essencialmente mecânica. Considerando-se um
II/6
elemento mais sensi'vel — a vegetaçao, nota-se Esta faixa, por natureza, tem delimitaçoes mais
que a parte oriental, coberta por caatinga, é mais imprecisas. Atinge apenas a borda da Depressäo
seca, do ponto de vista da ecologia e da de Paranaguâ e alcança os Planaltos da Bacia
geomorfogênese. A semi-aridez atinge toda a Sedimentär Piaui — Maranhâo, tendo o vale do
ârea da Depressäo do Médio Sao Francisco, os Rio Gurguéia como limite aproximado.
limites da Depressäo Interplanéltica de Parnaguâ
e alcança os limites sudeste do Planalto da Bacia Esses bioclimas, os tipos de vegetaçâo respec-
Sedimentär do Piauf—Maranhâo, exatamente na tivos e a predominância de estruturas sedimen-
ârea atingida de modo mais intenso pela erosâo. täres definem os regimes dos grandes rios.
Esta parte de caatinga tem bioclima do tipo Exceto o Rio Säo Francisco, os demais cursos
bixérico. d'âgua da ârea de caatinga e parcialmente os da
faixa de transiçao säo intermitentes. Os princi-
Na parte ocidental da area, cobrindo a Chapada pais rios da ârea de cerrado säo perenes, porém
das Mangabei ras, parte oeste da Depressäo de com regimes de grande variaçao sazonâria de
Parnaguâ, toda a Depressäo do Médio Tocantins descarga, como se observa pelas formas de seus
e a maior parte do Planalto da Bacia Sedimentär leitos. O carâter general izado da aridez podeser
Piauf—Maranhâo, o clima seco apresenta maior comprovado pela intermitência da 2? ordern de
duraçâo da estaçâo ûmida e o revestimento drenagem.
vegetal é de cerrados. A morfogênese ainda
mecânica, é apenas suavizada pela presença de Nestes domi'nios morfoclimâticos secos, os solos
um pouco mais de umidade. É o domfnio do prédominantes säo o Latossolo Vermelho, de
bioclima termoxeroquimênico atenuado. textura ora média ora argilosa e Areias Quart-
zosas. Solos laterfticos Bruno Avermelhados e
Entre esses dois bioclimas intercala-se uma faixa concrecionârios säo mais comuns na parte oci-
de clima mesoxeroquimenico onde aparece uma dental. Litólitos , Podzólico Vermelho Amarelo
zona de transiçao entre cerrados e caatingas. ocorrem nas Depressöes.
48* 00' 46' 30' 45' 00' 43' 30' 42* 00' 40*30'
8' 00' 8*00'
M/7
Fig. 2 Limites poh'ticos, rios e cidades principais
e°oo"
IOPOO1
n»otf
«e«»'
ESCALA
90 O 90 NO 190 200 ka
11/8
2. METODOLOGIA
M/9
As limitacöes referem-se à ausência de represen- e. A necessidade de grupar e de compartimentar
taçâo das formaçôes superficiais, nem sempre as formas de relevo, para atender as aspiraçoes
acessfveis e nem sempre mapeéveis e que só se cientfficas, as solicitaçôes operacionais do pró-
completam corn trabalhos de campo posteriores. prio Projeto RADAM e à utilizaçâo do mapea-
Outra deficiência do mapa é dada pela dupla mento pelo pûblico.
necessidade de representaçâo de tipos de formas,
simultaneamente corn os processus morfoge- f. A fixaçâo de legenda aberta, devido à natu-
néticos. Por isto nâo é urn mapa geomorfológico reza sistemâtica do mapeamento e à possibi-
na plenitude de seu conceito mas contém todas lidade de se encontrar em fatos insuspeitados ou
as demais informaçoes obtidas apenas pela de diffcil previsâo. Isto que a érea a ser mapea-
imagem e sobrevôo. dase estende desde os domfnios morfocliméticos
mais secos até os mais ûmidos do Brasil florestal,
Dentro das caracterfsticas de metodologia, da abrangendo problemas de geomorfologia lito-
natureza sistemâtica do mapeamento e da opor- rânea e formas fluviais intrincadas da bacia
tunidade de publicaçâo em cores, o mapa amazônica
geomorfológico resultante nâo podia perder a
informaçâo dada pelas imagens de radar para g. A representaçâo das formaçôes superficiais,
aumentar o conhecimento geomorfológico do que sâo dados comprovadores da geomorfo-
território mapeado. gênese.
Segundo os preceitos normativos fixados por Esses oito problemas de cartografia geomorfo-
Moreira (1969) e Ab'Saber (1969) deviam ser lógica exigiram uma série de pesquisas para se
solucionados os seguintes problemas: encontrar soluçoes mais adequadas que, conf igu-
rada no mapa anexo, séria irreversi'vel, e nao de
a. A necessidade de figurar a base geológica amostragem regional.
como elemento essencial do mapa geomorfo-
lógico. 0$ problemas da representaçâo da base geo'.ogica
superam-se parcialmente, porque o Projeto
b. A fixaçâo, delimitaçâo e descriçâo précisas RADAM publica carta geológica incluindo tam-
das formas de relevo em si mesmas, como bém representaçâo dos principals dados que o
registro de evento, amarrado em nfvel de coorde- mapeamento geomorfológico requer. Resta
nadas e posicionamento planimétrico, desde que pequena dificuldade: a superposiçâo de duas
a interpretaçao destas formas é, por natureza, cartas, ainda que de mesma escala. 0 registro das
discutfvel e superével. formas de relevo em si mesmas foi solucionado
pela metodologia e pela interpretaçao da imagem
c. A fixaçâo de altimetria e relacionamento entre do radar cujos mosaicos ressaltam estas formas.
as diferentes massas de relevo, jâ que o mapea- A legenda completou a soluçâo. A fixaçâo da
mento abränge érea onde o levantamento plani- altimetria relativa das diversas massas foi resol-
métrico e altimétrico preciso ainda esté se vida pelo emprego de cores diferentes, corn os
processando. tons mais fortes hierarquizados das partes altas
para as mais baixas. A soluçâo dada ao problema
d. A representaçâo dos domfnios morfocli- de representaçâo da idéia de altimetria pelo
maticos e morfoestruturais. emprego de cores poderia ser entendida como
11/10
sub-aproveitamento de elemento grâfico de letras, sempre notadas em maiûsculas. Esta
grande valor, se as cores nâo solucionassem divisâo dâ a gênese de forma; as letras podem ser
simultaneamente o problems da comparti- combinadas entre si em muitos casos (SE, EA ou
mentaçâo e do grupamento de tipos de relevo. O SA) As letras maiûsculas seguem-se associaçoes
emprego de cores dé, à média aproximaçâo minûsculas correspondentes ao registro da forma
visual, a idéia de altimetria relativa e a da em si mesma. A associaçâo das minûsculas pode
compartimentaçâo do relevo mapeado e, à conter também referência à sua gênese. Adotou-
pequena distância, podem-se identificar as se preferentemente a letra com que se inicia o
formas de relevo. O problema da representaçao nome da forma, mas hé também combinaçoes de
dos dommios morfoclimâticos e morfoestru- mais de uma letra quando a primeira estiver
turais foi solucionado em nfveis diferentes. As esgotada. A qualificaçâo da gênese da forma é
unidades morfoestruturais correspondem, apro- colocada no final da associaçâo. O registro do
ximadamente, à propria compartimentaçâo do tipo de forma de relevo é colocado no meio, e a
relevo. Sâo marcadas, no mapa, pela diferen- categoria, lato sensu, em letra maiûscula abrindo
ciaçâo de cores e tons e imediatamente visua- a associaçâo. Isto permite uma separaçâo clara
lizadas. Graficamente, nâo era possivel ou reco- do que é registro direto, portanto imutével, do
mendóvel a superposiçâo das unidades morfo- que é interpretativo, portanto transitório. Um
climâticas, quer em cores quer em preto. A destaque pelo valor pragmético, operacional e
soluçâo encontrada foi realizàvel ao ni'vel de cientffico foi dado aos tipos de dissecaçâo
legenda, onde as linhas de limites dos dois tipos precedido de d, seguindo-se uma letra ou associa-
de unidades foram superpostas, em esquema à çâo de letras que qualifica seu tipo. Esta
parte, integradas e definidas. Na medida em que qualificaçâo supera designaçoes inapreciaveis
se publicarem os mapeamentos do Projeto como forte, fraca ou moderadamente dissecados.
RADAM essa superposiçâo continuaré, podendo Os sfmbolos geomorfológicos e geológicos neces-
ao término, conseguir divisâo de extensa érea do sérios sâo impressos em preto, bem como as
Brasil. As unidades morfoclimaticas seguem as compartimentaçoes do relevo. A legenda se
proposiçôes de Ab'Sâber (1967). Corn a utili- esclarece mais com uma complementaçao sinté-
zaçâo de um mapa fitoecológico realizado pelo tica do que cada associaçâo représenta na érea
Projeto RADAM fêz-se uma superposiçâo que mapeada. Aberta deste modo, a associaçâo de
altera a grandes linhas fixadas por Ab'Séber letras pode modificar-se de mapa para mapa sem
(1967). Esta alteraçâo é explicada pela maior perder homogeneidade em relaçâo à carta précé-
sensibilidade contida no mapa fitoecológico que dente e sem perder a qualificaçâo de fatos que
utiliza elementos mais sensi'veis como os bio- poderâo aparecer em outras folhas a serem
climas e os tipos de vegetaçâo. Conseguiu-se, mapeadas.
entâo, um mapa esquemético capaz de définir
principalmente as zonas de transiçâo entre os Deste modo, o mapa atingiu, quanto à represen-
grandes dômfnios morfocliméticos. taçao gréfica, a quase totalidade dos objetivos
que deve ter, ficando ainda sem soluçâo gréfica,
na érea mapeada, a representaçao das formaçoes
2.4. Chave da Legenda superficiais e a dinâmica da geomorfogênese. As
dificuldades de indicaçâo destes dois tipos de
A fixaçâo de legenda aberta, depois de superadas fenômenos têm sido sentidas até em mapea-
muitas experièncias, foi resolvida por associaçâo mentos feitos sobre fotos em escalas em torno
de letras que detalham as categorias de formas de 1:50.000. No caso do mapeamento do Pro-
tomadas lato sensu: S — estruturais, E — erosivas jeto RADAM, o problema cresce pelo nîvel da
e A — acumulaçâo, que iniciam grupamento de escala e pela nâo realizaçâo de trabalhos de
M/11
campo que permitissem acompanhamento siste- detalhes para todos os tipos de formas mapea-
mâtico dos fatos referidos. Alguns dados destes das, colocados dentro de perspectiva da história
dois fenômenos podem ser deduzidos correta- geomorfológica regional. No relato da genese das
mente, porém de modo indireto, da legenda, e formas, seräo separados e ressaltados os eventos
outros serâo referidosem ni'vel de relatorio, com comprovados daqueles que podem ter aconte-
base em bibliografia. cido, mas que nâo deixaram formas ou depósitos
A metodologia adotada neste relatorio é simples. comprobatórios, percepti'veis pela metodologia
Visa a transmitir idéia de conjunto da érea. Hâ utilizada.
11/12
3. EVOLUÇÂO DO RELEVO
M/13
zonas de contacto entre as bacias sedimentäres e métros acima da regiäo mais baixa. Esse nfvel
maciços antigos. Esses processus näo se limitam corresponde aos topos do Pediplano Pré-cre-
apenas as zonas de contacto, mas interessam tâcico que afloram nas folhas SC.23 e SC.24.
também as areas da Bacia do Piauf-Maranhäo e Deste modo, a fase de erosâo que esculpiu esse
pré-devonianas. pediplano terminou ao nfvel da Superf fcie Pré-
cretécica em muitos lugares. Nao foi possfvel a
reconstituiçâo desta superffcie de pediplanaçâo.
3.2. Desnudaçâo Pos-Cretâcica e o Pediplano A imagem de radar indica urn torn homogêneo
Pliocênico que alcança nos pacotes sedimentäres da Bacia
A fase de evoluçâo do relevo, após a elaboraçâo Piauf-Maranhäo. As areas onde as superffcies
de uma superf fcie pré-cretâcica estende-se desde atingiram os sedimentos sem rupturas de déclive,
o final do Cretéceo até o final do Terciârio. O foram assinaladas no mapa pela indicaçâo cai-
documento de controle que se tem na area mento de superf fcie.
mapeada para comprovar essa afirmaçâo é um
nfvel de aplainamento do tipo pediplano que a Na evoluçâo do relevo, o resultado deste pro-
imagem de radar mostrou e foi parcialmente cesso de pediplanaçâo, além de seus próprios
mapeado por Kegel (1956). Atinge o topo dab testemunhos jâ citados foi o seccionamento final
Serras do Boqueiräo, da Batateira, Estreito, da continuidade espacial de pacotes sedimen-
parte da Serra da Tabatinga e partes altas da täres agora ilhados como as chapadas das Manga-
Bacia Piauf-Maranhäo. O processo deixou em beiras e do Araripe. A Formaçâo Itapecuru,
alguns destes lugares resfduos basais de sedi- presente na Chapada das Mangabei ras e no
mentos da Bacia Piauf-Maranhao e em outros centro da Bacia foi também seccionada em
também eles foram retirados deixando exposto sua disposiçâo espacial e acentuada nesta fase. Os
material alterado do pré-devoniano subjacente. rebordos entâo, jâ erosivos, da Bacia Piauf-
Maranhäo näo deviam estar marcados, em toda
Informaçoes bibliogrâficas (Prospec, 1972, iné- sua extensäo, como constam do mapeamento,
dito) descrevem dois tipos de cobertura de porque o pediplano criou apenas leve depressäo
alteraçâo com espessura de 15m na Serra da entre a Bacia e os terrenos pré-devonianos. Este
Tabatinga sendo o da base composta de frag- Pediplano Pliocênico chegou ao seu término
mentos de quartzo dentro da matriz arenosa aproximadamente coïncidente com a superffcie
limonitizada e a superior composta de laterito pré-cretâcica e pós-triassica. Os perfis B-B' e
concrecional capeado por depósitos arenosos D-D' (fig. 4 e 5) mostram a superposiçâo destas
lateritizados. Dois fàcies diferentes em forma- duas superf fcies erosivas. A fase erosiva que
çôes superficiais significam eventos geomorfolô- terminou com a coincidência das duas super-
gicos diferentes. Por isto, a base do deposito de ffcies expos o derrame basâltico na folha de
cobertura é do Pediplano Pré-Cretécico exumado Lizarda. Os derrames aparecem em formas de
e o topo é deposito deste Pediplano Pliocênico. mesas com topos pedimentados e se integram na
Esses dois nfveis estâo superpostos na Serra da base da escarpa da Chapada das Mangabeiras
Tabatinga. Isto indica claramente que o processo corn inclinaçâo fraca. Os rebordos das mesas de
de formaçâp deste ni'vel terminou em clima seco basalto aparecem apenas na parte norte. Os
e a lateritizaçâo é indicadora de estaçâo ûmida. fenômenos de pedimentaçâo intensa que ocor-
A lateritizaçao pode ter sido realizada posterior- rem no alto Parnafba, alto Gurguéia e nos
mente. basaltos, estâo mais elevados que os das demais
depressöes. Isto obrigou subcompartimentacäo
Os relevos residuais deste nfvel de pediplano na Depressäo Pamaguâ. No alinhamento de
rebordos estruturais que envolve, no mapa, os
estâo hoje nas cotas 500/600 métros e 100/150
M/14
RIACHO GRANDE PEDIPLANO P R É - C R E T A C I C O EXUMADO
RIO S. FRANCISCO
INSELBERG
DUNAS FIXAS
SERRA DA BATATE IRA CHAPADA DO ARARIPE
I RELEVO
B APALACHEANO PEDIPLANO PLIOCÉNICO
B'
i AREA DE EXUMAÇAO DE j
ppni PLANI'CIE PEDIPLANO PLEISTOCÉNICO ESTRUTURAS PRÉ-CAMBRIANAS '
ALUVIAL
MINTO
10 20 30 40 50km
ESCALA G R A F I C A
CJ1
CRISTAIS
ESTRUTURAIS
CHAPADA DAS MANGABEI RAS EXUMADAS
I RIO PARAIM PEDIPLANO PEDIPLANO
SUPERFI'CIE PLIOCÉNICO
PRÉ-CRETACICO
c-U i PEDIPLANADA
C'
S. DA TA- S. DA TA-
PEDI- BATINGA BATINGA
MENTO
10 20 30 40 50km
ESCALA GRAFICA
11/16
mapeamento a 1:1.000.000, onde aparecem, em Na origem e cronologia das escarpas, uma
maioria, sob a simbologia de cristas estruturais. exceçao deve ser anotada para a Chapada das
Todos eles ocorrem, exclusivamente, em rochas Mangabei ras. A Depressäo de Pamaguâ nao é
pré-devonianas e alguns representam zonas de periférica à Bacia Piauf-Maranhäo, à quai se liga
"eversäo" bem caracterizadas. em continuidade e sem interrupçao por escarpas.
A gênese desta Depressäo esta ligada a fenô-
Os relevos apalacheanos pressupSem levanta- menos de periferia em relaçao aos arenitos
mento epirogenético, em sua gênese, a fim de Itapecuru. No processo de exumaçao que o
que seus topos pudessem manter-se nivelados e Pediplano Pliocênico realizou nos derrames basél-
ocorressem fenômenos de superimposiçao ticos, criou-se uma escarpa entre as mesas dos
abrindo os "gaps" (boqueiröes). Esse movimento basaltos e os arenitos. Isto permitiu o apare-
epirogenético corresponde à fase final da reati- cimento constante de âgua acumulada pelos
vaçao Wealdeniana que durou do Plioceno ao arenitos Itapecuru. Com esse fato se deu ao
Pleistoceno (Almeida, 1969). Os rios deviam ser tempo do Pediplano Pliocênico, os rebordos
suficientemente compétentes para a superim- estruturais das Mangabeiras säo anteriores aos
posiçao, logo sob tipo de clima näo täo seco demais. Isto explica também o desnivelamento
como o do final da fase anterior, mas nSo tao entre a superffcie pré-cretâcica e o Pediplano
ûmido que fosse capaz de dissecar os resi'duos do Pliocênico nos perfil C-C' e D-D' (fig. 4 e 5). A
Pediplano Pliocênico. Nestas condicöes tectô- abertura das escarpas é assim uma evidência de
nicas e climâticas verificou-se o desmonte do mudança climâtica no infcio do Pleistoceno, no
Pediplano Pliocênico que deixou como teste- processo de desmonte do Pediplano Pliocênico.
munhos os relevos apalacheanos. Depois disso, mesmo que o clima tenha perdido
umidade, os escarpamentos puderam prosseguir
Nos limites erosionais da Bacia Piaùf-Maranhao em seu processo evolutivo. Houve, contudo,
foram esculpidas as primeiras escarpas erosivas retardamento natural, transformando muitas
em formas de "glint", "cuestas" ou rebordos escarpas em tipos de dissecaçao, em decorrência
estruturais nâo definidos. Estes tipos de escarpa- da variacäo da natureza das camadas e dos
mento colocaram os limites erosionais na posi- ambientes de vegetaçao, possivelmente em fase
çao indicada pelo mapeamento. A continuidade posterior à formaçâo de Pediplano Pliocênico.
do Pediplano Pliocênico foi quebrado, pela
primeira vez, com abertura das "cuestas" e O processo de abertura de escarpamentos, logo
instalacäo de sua drenagem correspondente, no infcio do Pleistoceno, deu, pela primeira vez,
além de terminacöes associadas, em quase todos uma definiçao, em termos de relevo, as estru-
os limites principals da Bacia Piauf-Maranhäo. turas da Bacia Sedimentär. Isto porque, ao
Anteriormente a continuidade do Pediplano tempo do Pediplano Pliocênico, os processus de
Pliocênico mascarava estes limites. Na gênese pediplanaçao cortaram indistintamente, as for-
destas escarpas, parece inevitâvel a aceitacäo da maçoes pré-devonianas e paleomesozóicas da
idéia de clima ûmido no infcio desta fase. O Bacia, havendo entäo, pouca correspondência
fraco mergulho das camadas da Bacia Piaui'- entre estrutura e relevo.
Maranhäo para urn eixo estrutural interno con-
trôla a drenagem e os aqui'feros dentro dos No infcio do Plioceno, hâ possibilidades de o
limites dessas estruturas. Näo hâ, na maioria das Rio Tocantins se ter deslocado em direçao as
escarpas limitadoras das superffcies tabulares da bordas ocidentais da Bacia de um modo que o
Bacia Piauf-Maranhäo, fontes d'égua capazes de nfvel atual de mapeamento ainda nâo pode
criar escarpas por erosäo diferencial, como é determinar. Seus afluentes da margem direita da
conhecido nas escarpas da Chapada do Araripe. folha SC.23 (Manoel Alves Pequeno, Vermelho,
11/17
CHAPADA DAS MANGABEI RAS
RIO SAPÄO
RIO PARNAI'BA RIO MEDONHO
PEDIPLANO PLIOCÊNICO
_ PEDIPLANO D'
PRÉ-CRETÂCICO
MESAS DE BASALTO
0 10 20 30 40 50km
ESCALA GRÄFICA
00
RIO DO SONO
PATAMARÉS ESTRUTURAIS SUBMETIDOS A PROCESSUS DE PEDIMENTAÇÂO
E'
TERRAÇO
ESTRUTURAL
0 10 20 30 40 50km
ESCALA GRÄFICA
11/19
säo espacial menor do que na folha de Xique- quadro regional. Hâ possibilidades de ter ocor-
Xique e outras näo mapeadas. A maior parte esté rido, neste tempo, mudanças de vegetaçao
fixada pela vegetaçao em intensidades diferentes. porque grande numero dos fósseis encontrados
Os conjuntos mais compactos foram mapeados. nas "playas" eram vegetarianos que as procura-
vam pela âgua acumulada. Em condiçoes de
Na base destas dunas, hâ argila endurecida de cor aridez pronunciada, a forte evaporaçao permitiu
cinza esverdeada, contendo granulös e seixos de a formacäo das crostas de calcério sob forma de
quartzo de até 2 cm (Prospec, 1972, inédito). "caliche".
Essa argila é impermeâvel e sua cor pode ser
interpretada como indicaçao de hidromorfismo Na Depressâo Interplanéltica de Parnagué näo se
anterior à fase da modelagem em dunas parabó- encontrou documentos geomorfolôgicoscapazes
licas com ventos de leste para oeste. Ja foi de generalizar para esta ârea os processus
sugerido que a origem das areias fosse fluvial vigentes na Depressâo do Médio Säo Francisco.
remanejadas posteriormente pel os ventos. O A continuidade espacial das duas depressoes
mapeamento permitiu, contudo, a constataçao limitadas artificialmente no mapa näo impede,
destas dunas em areas bem distantes do Rio Sao contudo, a extrapolaçao, pois a cobertura are-
Francisco, protegidas por relevos residuais e com nosa que recobre o Pediplano Pleistocênico é
drenagens incompétentes. A gênese das dunas muito espessa, chegando a 30 m, porém em
destas posiçoes parece relacionar-se à extensa facies conglomerético.
cobertura arenosa, parcialmente modeladas pelo
vento como indica sua boa classificaçao. Um
furo de sonda realizado na margem esquerda do 3.4. Retomada de Erosâo no Pediplano Pleisto-
Rio Jacaré revelou os depósitos arenosos e cênico
argilosos que recobrem a Depressäo do Médio
Säo Francisco em interdigitaçao com as camadas Esta fase é constitui'da por uma retomada da
do calcârio Cacimba (Prospec, 1972, inédito). erosäo sobre o Pediplano Pleistocênico e carac-
Isto mostra contemporaneidade das duas facies. terizada pelas seguintes evidências: exorrei'smo
Como o calcârio Cacimba é fossil ffero, podem-se dos antigos "bolsones" e "playas", superimpo-
datar as dunas e, conseqüentemente, o Pediplano siçâo de alguns campos de dunas pela drenagem
a que estao relacionadas.
e deposicäo de aluviöes nos grandes rios perenes.
Na drenagem do Rio Parnai'ba, alguns vales
A bibliografia geológica e geomorfológica faz pedimentados sofrem a retomada de erosäo
numerosas referências aos restritos afloramento holocênica pelo aparecimento de veredas. O
do calcério Cacimba. Elas esclarecem que eles mesmo ocorre na Depressâo do Médio Tocan-
säo evaporitos, talvez "caliche", formados pela tins, onde asveredassucedem aos anfiteatros e os
dissoluçâo de calcârios pré-existentes e deposi- "canons" sem relacäo direta com a drenagem
tados em "playas" sob clima semi-ârido. Fósseis gérai. O Rio Piaui (folha de Säo Joäo do Piauf)
de grandes vertebrados foram encontrados nas disseca parte do Pediplano Pleistocênico.
antigas "playas" onde ocorre calcârio Cacimba.
Säo datados como pleistocênicos. Deste modo o A cobertura de depósitos arenosos correspon-
pediplano mais baixo da area mapeada fica dentes aos Pediplanos Pliocênico e Pleistocênico
datado como pleistocênico e denominado de coalescidos, começa a ser retirada, mas em
Pediplano Pleistocênico. Este conjunto de fatos muitas âreas esta cobertura dissimula escarpas
informa que no Pleistoceno a Depressâo do estruturais. Isto justifica que as formas tabulares
Médio Säo Francisco chegou a aridez bem da Bacia Piaui'-Maranhäo tenham sido mapeadas
acentuada, dentro das variacöes climéticas do como superfi'cies estruturais erosivas simultanea-
II/20
mente e nao apenas como superf i'cies estruturais. vegetal, criando fenômenos de erosâo acelerada
A retomada da erosâo por muitos rios removeu a dos solos. A escala do mapeamento permitiu a
cobertura arenosa do Pediplano Pleistocênico. constataçao de fenômeno ligado geneticamente à
Em alguns lugares ela permaneceu, dificul- açao antrópica e que resultou em formas de
tando uma delimitaçao correta entre o Pediplano relevo. Esté localizado à margem direita do Rio
Pleistocênico e as areas embutidas. Isto ocorre, Säo Francisco e mapeado "lato sensu" como
por exemplo, nos limites entre a Depressao do solifluxao. Na ârea de menor extensäo deste
Medio Säo Francisco e a Depressao de Parnaguâ. fato, a cobertura arenosa foi retirada, permi-
Tal circunstância obrigou a fixaçao de limites tindo o aparecimento de embasamento pré-devo-
aproximados. A ressalva é importante na medida niano. Hâ duas outras éreas semelhantes onde,
em que o mapeamento nao déforma a realidade além da retirada da cobertura, ocorreu uma
complexa do fenômeno e consegue visualizar o redeposiçâo parcial da cobertura arenosa de
processo de abertura das depressöes, o mais montante, modificando o torn da imagem de
importante da geomorfogênese da area mapeada. radar.
11/21
QUADRO - RESUMO DA GEOMORFOGÉNESE DE PARTE DAS FOLHAS SC.23 E SC.24
FASES AMBIENTES
FORMAS DE RELEVO RESULTANTES OU DE POS I TOS DE DEPÓSITOS MOVIMENTOS COLUNA
GEOMORFO- MORFO-
POSSIBILIDADES DE EVENTOS. COBERTURA CORRELATIVOS TECTÔNICOS GEOLÓGICA
GENÉTICAS CLIMÄTICOS
• Consecuçâo do Pediplano Pleistocênico parcial- — Deposiçâo areno- — Calcârio Cacimba, - Morfogênese me- - Possibilidades de
mente coincidente com o Pediplano Pliocênico sa generalizada. fossil ff ero, evapo- cânica em climas movimentos eus-
na parte baixa da Serra da Tabatinga. ritos. de maxima semi- tâticos, causado-
• Correlaçâo entre estrutura e relevo nos Planai- — Faciès conglome- aridez no final da res do exorreismo
tos da Bacia Piauf-Maranhäo. râticas na Depres- fase. da fase posterior.
DESNUDA-
- Abertura final das Depressôes Periféricas e Inter- sâo Parnaguâ.
CÄO PÔS-
plana'lticas.
CRETÂCEA E
• Elaboraçâo das escarpas estruturais, dando limi- - Avanço da semi-
FORMACÄO Pleistoceno
tes erosivos à Bacia Piauf-Maranhâo. aridezemdireçâo
DO PEDIPLANO
• Eversâo no sopé da Serra da Tabatinga e no sopé a Oeste
PLIOCÊNICO
da Chapada do Araripe.
• Superimposiçâo generalizada com a abertura de
"gaps" na Serra do Boqueirâo. • Clima subûmido.
- Desmonte do Pediplano Pliocênico que ficou — LateritizaçSo dos Morfogênese me-
conservado principal mente nas Serras da Game- depósitos ante- cânica. Drenagem - Final da reativa-
lei ra e Conceiçâo. riores. competente. çâo Wealdeniana.
11/23
5. BIBLIOGRAFIA
I.AB'SABER, Aziz Nacib. Depressoes perifé- 8. ALMEIDA, F.F.M. de. Diferenciacäo da plata-
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leiro. B. Paulista Geogr., Sâo Paulo, 1, 1949, v. 1A (inédito).
21 P.
M/24
FOTO 1
Mesas e patamares desdobrados da Chapada das Mangabeiras, em direçâo à
Depressâo do Tocantins. Folha de Lizarda. Em primeiro piano, cornija de rocha
mais resistente, entre duas camadas mais tenras.
FOTO 2
Escarpa festonâda ao norte da Chapada das Mangabeiras, folha de Alto Parnai'ba
Em primeiro piano relevos residuais em pedimentos e pequeno curso d'égua com
nascente no sopé da escarpa. Em segundo piano, cornija arenftica e superffcie
estrutural — erosiva do topo da chapada.
FOTO 3
Rebordos pouco acentuados
do patamar estrutural da
Chap ad a das Mangabeiras.
F o l h a de L i z a r d a . A
modificaçao da vegetaçào
marca o contato litologico.
FOTO 4
Escarpa em "glint" da Chapada do Araripe. Folha de Paulistana. Em primeiro
piano, encostas com caracterfsticas mais ûmidas, a nordeste da Depressao Periférica
do Médio Sao Francisco. Observa-se o caimento da superf feie pediplanada do topo
da chapada, de NE para SW.
FOTO 5
Pedimentos da Formaçao Cabeças. Afloramentos arenfticos intensamente
dissecados na vertente direita do vale pedimentado do Rio Santana. Reverso da
"cuesta" da Serra Vermelha. Folha de Bom Jesus. Forte diaclasamento orienta este
tipo peculiar de dissecaçâo em arenitos. Em segundo piano, o aplainamento
pliocênico bem conservado.
FOTO 6
Lagoas no vale do Gurguéia. Aspectos da retomada de erosâo, com caracteri'sticas
mais ümidas, no alto vale pedimentado do Rio Gurguéia. Folha de Bom Jesus. Em
primeiro piano, lagoas e conjuntos de buritis. Em segundo piano, a ocupaçâo
humana assinalando a faixa de aluvioes férteis.
FOTO 7
Extenso nfvel de pedipiano da Depressao do Tocantins. Folha de Lizarda. Ao
fundo, testemunho do ni'vel da Chapada das Mangabeiras. Destacando-se, ao centro,
mesa menor de topo rebaixado.
FOTO 8
Cristas residuais em patamar estrutural da Depressao do Tocantins. Em primeiro
piano, vertentes pedimentadas e algumas nascentes. Ao fundo, pedipiano bem
conservado sobre patamar estrutural.
FOTOS
Estrutura dômica em arenitos, na Serra da Cangalha. Folha de Itacajà. Em primeiro
piano, cristas em semicircunferência e rebordo mais rebaîxado. As vertentes
externas mostram ind îcios de pedimentaçào e a vegetaçao mais densa do interior do
domo sugere maior concentraçâo de umidade, em litologias homogêneas. Ao fundo
rebordos areni'ticos da circunferencia exterior da estrutura.
FOTO 10
Terraços na confluência do
Rio do Sono com o Rio
Perdida. Folha de Lizarda.
Terraço estrutural do Rio do
Sono, a direita.
FOTO 11
"Hog Backs" em estrutura Pré-Cambriana na Depressao Periférica do Medio Sao
Francisco. Folha de Paulistana. Em primeiro piano, à direita, pedimentos bem
conservados e deposito de talus encimado por rebordos quartzfticos voltados para a
esquerda. Ao fundo, o Pediplano Pleistocénico.
FOTO 12
Superficie Pediptanada na Depressäo Periférica do Medio Sao Francisco. Em
primeiro ptano, "inselberg" em crista estrutural do Pré-Cambriano e terraço
pedimentado, proximo a Petrolina.
FOTO 13
Erosao antrópica em garimpos de diamante, proximo a Gilbués, folha de Alto
Parnafba. Em primeiro detalhes do ravinamento intenso que disseca rocha. Ao
centro mesa residual. Em segundo piano, o pedimento dissecado e rebordos
estruturais.
FOTO 14
Solifluxäo no pedimento da margem direita do Rio Sao Francisco. Folha de
Petrolina, nas proximidades de Santo Sé. Ao fundo, escarpamentos e superf i'cie de
erosào entalhada sobre rochas do Pré-Cambriano.
SOLOS
LEVANTAMENTO EXPLORATÛRIO DE SOLOS DE PARTE DAS FOLHAS SC.23 RIO SÄO
FRANCISCO E SC.24 ARACAJU
AUTORES:
PARTICIPANTES:
Ml/2
SUMÄRIO
ABSTRACT 111/5
1. INTRODUÇÂO Ml/6
Hl/3
TÄBUA DE ILUSTRAÇÔES
MAPAS
Mapa Exploratório de Solos (Em Envelope Anexo)
Mapa de Aptidâo Agn'cola dos Solos (Em Envelope Anexo)
QUADRO
Quadro dos Balanços Hfdricos da Area 111/11
FOTOS
1. Vista Aérea da Unidade de Mapeamento LV1
2. Superf i'cie de Solo com Rachaduras em Vertissolo
3. Perfil de Latossolo Vermelho Amarelo
4. Perfil de Solo Concrecionârio Lateri'tico
5. Perfil de Vertissolo
6. Vista Regional da Unidade BL de Mapeamento BL
7. Perfil de Areias Quartzosas
Hl/4
ABSTRACT
The present exploratory survey of soils, using radar imagery, was carried out
with the objectives of identifying, cartographing and establishing the
agricultural suitableness of soils in south Piaui and Maranhao, and northwest
Bahia and northeast Goiâs States, covering an area of about 219.510 square
kilometers.
In the southeastern most area, in recent alluvia of the Säo Francisco River,
under similar conditions of climate and vegetation, it has been observed the
occurrence of eutrophic alluvial soils, of hydromorphic soils and of solodized
solonetz. Vertisols occur over carbonate formations and in areas of black clay
deposits.
It has been determined that the major limitations for agricultural usage of
soils are mainly because of climatic conditions of the area, and, where those
conditions are not so rigorous, because of low fertility.
HI/5
1. INTRODUÇÂO
11 i/e
2. D E S C R I Ç Â O G E R A L D A Â R E A
Ml/7
chapada das Mangabei ras e a serra da Tabatinga, Modelada a œste em rochas sedimentäres, a
que se encontram separadas pelos vales do rio depressäo ocupa a leste âreas de formaçôes
Paraim e seusafluentes. A leste, comunica-se sedimentäres estratigraficamente inferiores: a
com o Planalto Sedimentär da Bacia do Mara- sudoeste, entre as Mangabeiras e a Tabatinga,
nhâo/Piauf através do contato das Mangabeiras alcança terrenos pré-cambrianos, comunicando-
com a ârea dissecada de besaltos do rebordo SW se com a depressâo do médio Sâo Francisco.
da Bacia.
A topografia é uniforme na parte ocidental da
O Planalto Ocidental do Médio Sâo Francisco depressâo; na ârea de rochas pré-cambrianas
serve de divisor trfplice para as drenagens dos aparecem cristas quartzfticas e relevos tabu I if or-
rios Sâo Francisco, ParnaCba e Tocantins. Tem o mes de cobertura arenosa.
aspecto de grande massa de relevo tabuliforme
interposta entre as Depressöes Interplanâltica, A ârea ocupada pelas nascentes dos rios Parnafba
do Médio Sâo Francisco e do Medio Tocantins. e Gurguéia possui drenagem sazonâria intermi-
A altitude média (700/800 m) é superior à do tente. Desde as suas cabeceiras, pos bordos
Planalto da Bacia Sedimentär do PI/MA. A setentrionais do alinhamento Mangabeira/Taba-
chapada das Mangabeiras, com altitude média de tinga, os rios atravessam de sul a norte a
800 m, apresenta camadas horizontais suavemen- Depressâo Interplanâltica, até penetrarem nas
te inclinadas para W. Sua escarpa frontal é escarpas de cuesta através de percées conséquen-
formada por largos anfiteatros com pedimentos tes.
na base. O corpo da Chapada esta isolado por
numerosos testemunhos. Aqui ocorrem dominantemente Areias Quartzo-
sas, Latossolo Vermelho-Amarelo textura média
A drenagem atua por entalhes curtos e profun- e Solos Litólicos; em areas menores, Podzólico-
dos, originando o aparecimento de pequenos Vermelho-Amarelo Equivalente Eutrófico, e La-
cariions. No trecho das cabeceiras dos afluentes ten'tico Bruno Avermelhado Eutrófico, os dois
do rio Tocantins a desnudaçâo originou escarpas Ultimos com fertilidade média e alta.
interiores, cujo recuo abre amplos vales que
cobrem a ârea do brejo do Veredâo. d) Depressâo Perif erica do Medio Sao Francisco
— Estende-se pela parte sudeste da ârea, envol-
A serra da Tabatinga é o prolongamento das vendo o bordo da Bacia do Maranhäo/Piaui', de
Mangabeiras. A cobertura areni'tica da Tabatinga SW para NE. Modelada em terrenos cristalinos,
é mais delgada que a das Mangabeiras, aparecen- esta depressäo, de caracterfsticas semi-âridas,
do no seu rebordo âreas de estrutura do Pré- apresenta-se periférica em relaçâo ao Planalto
Cambriano, exumadas. Sedimentär. Altitude média de 400/500 m.
Nesta unidade dominam o Latossolo Vermelho- Situa-se entre as serras da Tabatinga, Vermelha e
Amarelo textura média e as Areias Quartzosas, Dois Irmäos, de um lado; do outro lado ficam as
ambos de fertilidade baixa. serras do Boqueiräo, da Onça e da Batateira,
estas na margem direita do rio Sâo Francisco.
c) Depressâo Interplanâltica de Parnaguâ — Vâo
transversal interplanéltico, de direçâo gérai E-W A drenagem é intermitente, apenas o rio Sâo
e altitude média de 500/550 m, é limftrofe ao Francisco e perene. A Depressâo apresenta pedi-
contato do Planalto da Bacia Sedimentär planos desdobrados, pedimentos escalonados,
Piau f/Ma ran häo com o Planalto Ocidental Médio campos de dunas, terraços e planfcies aluviais.
do Sâo Francisco. Possui também trechos bastante dissecados, em
II 1/8
meio aos quais se destacam relevos residuais 2.3. Clima
representados por inselbergues, cristas estrutu-
rais e por relevo de tipo apalachiano (serra do A ârea estudada enquadra-se dentro de um clima
Estreito a SW. e serra do Boqueiräo, a SSE-NNW quente tropical, corn estaçao seca pronunciada.
da ârea), atravessado em boqueiröes epigênicos Segundo a classificaçao de Gaussen, mais concor-
por afluentes do rio Säo Francisco. dante corn a distribuiçao dos solos, ocorrem
nesta ârea dois tipos de clima: O Xeroquimênico
e o Bixérico. O primeiro corresponde à zona de
Nos pediplanos ocorrem Latossolos Vermelho- savana tropical, ou cerrado, a oeste do rio
Amarelos Eutróficos e Distróficos, de textura Gurguéia; e o segundo, a leste deste ûltimo,
média: Areias Quartzosas e Podzolico Verme- corresponde a zona semi-ârida ou representada
Iho-Amarelo Equivalente Eutrófico textura pela caatinga.
média, nas areas com material de cobertura;
enquanto as areas desnudadas e dissecadas apre- O primeiro varia de Termoxeroquimênico para
sentam freqüentemente solos Bruno Nao Câl- Mesoxeroquimênico, corn a seguinte caracteriza-
cicos, Podzólico Vermelho-Amarelo Equivalente çâo: Termoxeroquimênico (curva ombrotérmica
Eutrófico, e Solos Litólicos Eutróficos. de Sâo Raimundo Nonato), com a temperatura
mmima do mes mais f rio superior a 15°C, e
peri'odo seco acentuado de 7 ou 8 meses (para
oeste, este clima torna-se mais atenuado, com
e) Depressäo Ortoclinal do Medio Tocantins — um peri'odo seco de 3 a 4 meses); Mesoxeroqui-
Situada na parte ocidental da érea, constitui a mênico (curva ombrotérmica de Barra e Ibipetu-
regiäo drenada pelos afluentes da margem direità ba), com temperatura mmima do mes mais frio
do rio Tocantins, cujo curso aparece apenas no inferior a 15°C, e peri'odo seco médio de 5 ou 6
extremo noroeste do mapa. Trata-se de uma meses.
depressäo em estrutura monoclinal, modelada
nas formacöes sedimentäres do sudoeste da A precipitaçao maxima, na ârea, ocorre na parte
Bacia do Piaui'/Maranhäo com testemunhos, oeste, onde atinge um total aproximado de
pediplanos desdobrados e terraços. Possui altitu- 1.700 mm anuais; enquanto que a mmima,
de média de 100 a 200 m, declinando suavemen- correspondendo à zona mais ârida, fica em torno
te de E para W. de 600 mm. A temperatura média anual é
superior a 22°C.
III/9
2.3.1. DISPONIBILIDADE DE ÄGUA E POS- 2.4. Geologia e Material Originério
SIBILIDADE DE EXPLORAÇÂO AGRI-
COLA Grande parte da area estudada esté inclui'da
geologicamente na bacia sedimentär do Mara-
Dentre as condicöes climâticas a serem conside- nhao, que recobre o bordo sudoeste da area, à
radas para a utilizaçao do solo nos diversos exceçâo da parte leste, onde aparecem rochas
ramos de exploracäo humana, o conhecimento pré-cambrianas.
das condicoes hi'dricas do solo constitui um dos
mais importantes elementos de clima a conside- Pode ser dividida em duas provi'ncias geológicas
rar. Entretanto, para a estimativa dessas condi- bem distintas. A primeira provi'ncia cobre 60%
coes näo basta somente conhecer a quantidade da superfi'cie e é representada pela parte sul-
de âgua que o solo recebe da atmosfera. É sudeste da bacia sedimentär do Piaui'/Maranhäo.
precise ainda, considerar as perdas de égua do Aqui estäo expostas formacöes sedimentäres
solo por evaporaçao e aquelas dévida à transpira- cujas idades vâo do Paleozóico Inferior (Silu-
çao vegetal, esta chamada "evapotranspiraçao" riano) ao Mesozóico Superior (Cretéceo). Litolo-
O sistema de balanço hi'drico de THORNTH- gicamente, essas formacöes constituem-se de
WAITE e M A T H E R , que é o cotejo entre a arenitos finos e grosseiros, locaimente conglo-
evapotranspiraçao e a precipitaçâo, permite esti- meréticos, corn intercalaçoes mais ou menos
mar corn aceitâvel exatidäo esta disponibilidade espessas de siltitos e folhetos de cores variegadas,
hfdrica, necessâria aos trabalhos hidrológicos e geralmente calci'feros. Efusivas b-'sicas, de idade
outros ligados à economia da égua na natureza. juro-cretécia, estäo bem représentas na regiäo
sul-sudeste de Lizarda, no sopé d t chapada das
Na estimativa do balanço hi'drico da area (qua- Mangabeiras. A estrutura gérai é de um Orto-
dro a seguir), foram estudadas as estaçoes clinal com mergulhos muito suaves para norte-
meteorológicas de Sao Raimundo Nonato, no noroeste; outras estruturas se acham grande-
Piaui', de Ibipetuba, Barra e Remanso, na Bahia, mente mascaradas pelas formacöes mesozóicas
e de Carolina no Maranhäo. Estes balanços que recobrem grande parte da area, e säo
permitiram constatar as variaçoes das condicöes indicadas apenas pelo controle estrutural que
de umidade do solo dentro das localidades sofre a rede de drenagem. As aluviöes estäo
compreendidas por aquelas estaçoes meteoroló- restritas aos vales dos grandes rios, enquanto
gicas. Os excedentes de égua sujeitos a percola- coberturas arenosas e laterfticas têm ampla
çao variam de 45,3 mm em Ibipetuba, na Bahia, distribuiçao geogréfica. A segunda provi'ncia
cobre cerca de 40% da superfi'cie total e
a 497,5 mm em Carolina, no Maranhäo — ali, o
localiza-se na parte leste-sudeste do mapa. Cons-
pen'odo seco vai de maio a outubro, para a
titui-se predom inantemente de rochas do
primeira, e de junho a outubro, para a segunda.
Pré-Cambriano, notadamente granitos, migma-
As deficiências variam bastante para a area:
titos, gnaisses, xistos, quartzitos e lentes de
desde 433,5 mm, em Ibipetuba, a 1184 mm, em
calcério cristalino. Este conjunto apresenta-se
Remanso, ambas na Bahia. Como registra o qua-
dobrado, falhado e intrudido por corpos de
dro I de balanço hfdrico, a égua armazenada a-
rochas bésicas e ultrabésicas. Nesta provmcia
nual é de maneira gérai, bastante baixa, situaçâo
encontram-se, ainda, areas restritas recobertas
dévida à baixa precipitaçâo e à elevada evapora-
por rochas sedimentäres de idades diversas,
çao que se verif ica na maior parte da regiäo estu-
como, por exemplo, o arenito Tombador, de
dada. Isso iré condicionar a préticas especiais de
idade eo-cambriana, que aflora na margem
manejo a utilizacäü da âgua numa exploracäo a-
direita do Rio Säo Francisco, nas folhas
grfcola racional.
111/10
QUADRO
Balanço hfdrico segundo THORNTHWAITE e MATHER com base
em dados termopluviométricos (Balanços Hi'dricos do Brasil)
MÊS JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO
98.8 111.8 134.0 67.1 12.9 2.2 0.1 0.5 2.1 33.5 82.7 98.6 644.3
EP 137.2 123.2 133.4 125.7 128.3 105.6 86.0 94.9 115.0 152.6 120.8 139.7 1462.4
ER 98.8 111.8 133.4 67.7 12.9 2.2 0.1 0.5 2.1 33.5 82.7 98.6 644.3
ARM 0 0 0.6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0.6
EXC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
OEF 38.4 11.4 0 58.0 115.4 103.4 85.9 94.4 112.9 119.1 38.1 41.1 818.1
P 78.0 82.5 87.9 34.6 21.9 10.2 10.5 10.0 7.6 13.8 55.5 91.8 504.3
EP 153.4 120.2 148.1 141.6 138.4 124.8 122.0 131.3 142.0 156.9 154.3 156.2 1689.2
EH 78.0 82.5 87.9 34.6 21.9 10.2 10.5 10.0 7.6 13.8 55.5 91.8 504.3
ARM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
EXC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
DEF 75.4 37.7 60.2 107.0 116.5 114.6 111.5 121.3 134.4 143.1 98.8 64.4 1.184.9
P 155.4 162.0 112.6 62.6 15.7 10.7 1.9 2.5 19.2 68.4 136.9 162.5 910.4
EP 115.6 106.7 113.4 106.9 98.0 76.8 78.8 90.9 120.0 143.1 126.0 123.2 1.298.6
ER 115.6 106.7 113.4 106.9 70.6 10.7 1.9 2.5 19.2 68.4 126.0 123.2 865.1
ARM 90.0 100.0 99.2 54.9 0 0 0 0 0 0 10.9 50.2 405.2
EXC 0 45.3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 45.3
DEF 0 0 0 0 27.4 66.1 76.1 88.4 100.8 74.7 0 0 433.5
P 241.9 261.6 279.0 168.0 49.2 9.5 12.7 15.7 42.3 126.3 182.1 202.7 1591.0
EP 123.0 108.3 120.6 130.0 136.7 128.7 132.6 144.2 141.0 141.8 132.9 123.0 1562.8
ER 123.0 108.3 120.6 130.0 136.3 22.0 12.7 15.7 42.3 126.3 32.9 123.0 1093.5
ARM 100.0 100.0 100.0 100.0 12.5 0 0 0 0 0 49.2 100.0 561.7
EXC 118.9 153.3 158.4 38.0 0 0 0 0 0 0 0 28.9 497.5
DEF 0 0 0 0 0 106.7 119.9 128.5 98.7 15.5 0 0 469.3
P 90.4 142.2 106.0 30.9 13.4 10.6 10.3 10.0 12.4 37.2 126.1 132.5 722.0
EP 146.9 128.0 138.6 132.7 117.2 96.0 100.0 113.1 141.0 157.9 149.1 147.4 1567.9
ER 90.4 128.0 120.2 30.9 13.4 10.6 10.3 10.0 12.4 37.2 126.1 132.5 722.0
ARM 0 14.2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14.2
EXC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
DEF 56.5 0 18.4 101.8 103.8 85.4 89.7 103.1 128.6 120.7 23.0 14.9 845.9
CRETÂCEO
Formaçao Itapecuru — arenitos e argilitos; 2.5. Vegetaçao
calcârio
Nesta àrea, de acordo com o relatório do Setor
JURASSICO de Vegetaçio, do Projeto RADAM, ocorrem as
Formaçio Orozimbo — basalto. seguintes formaçoes:
Formaçao Pedra de Fogo — arenitos, siltitos e c) Caatinga com subdivisoes em: Arbórea,
folhelhos. Aberta, Arbustiva e Parque.
111/12
A Caatinga cobre extensivamente a zona oeste Na zona de Cerrado, a maioria dos solos se
da area, sobre os pediplanos da depressäo caracterizam por um grau de fertilidade muito
säo-franciscana, desde a supracitada depressao baixo, em contraste com a Caatinga, onde, de
interplanältica de Paranagué até o limite leste do modo gérai, eles primam por uma saturaçao de
bloco. bases que vai de média a alta.
111/13
3. METODOLOGIA
O presente levantamento résulta de métodos Foram coletadas amostras para anâlise de ferti-
conjugados de elaboraçao, tendo-se adotado, lidade, sendo uma superficial composta, coïn-
sempre que possfvel, a metodologia conven- cidente com o horizonte A (± 20 cm), e outra
cional de trabalhos pedológicos para a deter- em profundidade correspondente ao horizonte
minaçao e identificaçao das unidades mapeadas. B.
Nas areas de acesso im possfvel, o mapeamento
desenvolveu-se por processo de extrapolaçao, à
base de dados e informaçoes sobre areas con-
tfguas que apresentavam padroes fisiogréficos c) Interpretaçao Final — Incluiu a integraçao das
anâlogos. observaçoes de campo e o estabelecimento de
unidades finais de mapeamento; reinterpretaçâo
A sistemâtica operacional consistiu em: dos mosaicos; e operaçao de fechamento, com
coleta, descriçao e anâlise dos perfis represen-
a) Interpretaçao Preliminar — baseada em crité- tativos das unidades.
rios fisiogrâficos para o estabelecimento das
unidades de mapeamento. Usou-se mosaico d) Mapeamento — Compreendeu a desenho e
semicontrolado de imagem de radar, na escala de transferência das informaçoes dos mosaicos para
1:250 000; faixas estereoscópicas de imagem de overlays; estes foram, posteriormente, reduzidos
radar, na mesma escala; e, eventualmente, e transferidos a uma representaçâo cartogrâfica,
fotografias infravermelhas e multiespectrais, em em escala de 1:1.000.000.
escalas 1:130 000 e 1:70 000, respectivamente.
Nesta etapa, foram consultadas todas as publi- e) Interpretaçao dos Dados e Relatório — Efe-
caçoes jâ existentes a respeito da ârea ou tuou-se uma anâlise dos dados pedológicos
proximidades. obtidos de cada folha em 1:250.000 correla-
cionando-se as informaçoes em todo urn bloco
b) Trabalho de Campo — Adotado o sistema de ou conjunto de folhas.
caminhamentos, através de um roteiro pré-esta-
belecido que permitisse estudar maior numero A parte conclusiva desta interpretaçao distribuiu
possfvel de unidades fisiogrâficas. O exame dos as terras em classes de aptidäo para uso agrfcola,
solos foi realizado por meio de tradagens e de acordo com os sistemas primitivo e desen-
observaçoes em cortes de estrada. A densidade volvido de manejo (sistemas de classificaçao de
das observaçoes variou em funçao das caracte- terras adotado pela Divisao de Pesquisa Pedo-
rfsticas de cada ârea, no tocante ao seu grau de lógica do M.A.) para culturas de ciclo curto e
heterogeneidade. Em locais escolhidos foram ciclo longo.
abertas trincheiras, para a descriçao dos perfis
representatives, e coletadas amostras, para a Finalmente redigiu-se urn relatório descritivo da
caracterizaçao das unidades pedológicas de ârea, contendo todas as informaçoes obtidas
maior expressao. através do levantamento.
111/14
4. DESCRIÇÂO DAS UNIDADES TAXO-
NÖMICAS
Dentro dos limites da area estudada, foi regis- baixadas aluviais, no fundo dos vales principals.
trado a presença das seguintes classes de solos
principals ou dominantes: g) Vertisso/o — restrito a depressoes do relevo
nos pediplanos próximos ao rio Sao Francisco,
a) Latossolo Vermelho-Amarelo textura comumente relacionado com rochas calcârias.
média — domina sobre as chapadas ou platôs
elevados, algumas vezes associado a Areias Além desses, ocorrem outras de menor impor-
Quartzosas. tância, descritos a seguir.
111/15
4.1.1. CAR ACTE RIZAÇAO MO RFC" LOG I CA E ANALITICA DA UNIDADE
PERFILN91 FO LH A SC.23-XB
Localizaçâo: km 26,8 na Estrada Canto do Buriti — Eliseu Martins, a 25 m pelo lado direito.
Relevo: piano
A-j 0-22 cm; bruno (10YR 5/3, ûmido); franco arenoso; fraca pequena a média granular e graos
simples; solto a muito friâvel, nâ*o pléstico e nao pegajoso; poros pequenos e poucos; rai'zes finas
e muitas; transiçao plana e gradual.
Ao 22-33 cm; bruno amarelado (10YR 5/4, ûmido); franco arenoso; fraca pequena a média
granular; muito friâvel, nao plâstico e nao pegajoso; poros pequenos, comuns; rai'zes finas e
média, muitas; transiçao plana e difusa.
B-j 33-62 cm; bruno amarelado (10YR 5/4, ûmido); franco arenoso; maciça porosa pouco coesa que
se desfaz em fraca pequena a média granular; muito friâvel, nao pléstico e nao pegajoso; poros
pequenos, comuns, e canais poucos; rai'zes finas e médias, muitas; transiçao plana e gradual.
B21 62-105cm; amarelo brunado (10YR 6/6, ûmido); franco argilo arenoso; maciça porosa pouco
coesa que se desfaz em fraca pequena a média granular; muito friâvel, ligeiramente plâstico e nio
pegajoso; poros pequenos, comuns; rai'zes finas e médias, comuns; transiçao plana e difusa.
B22 105-120 cm; amarelo brunado (10YR 6/6, ûmido); franco argilo arenoso; maciça porosa pouco
coesa; muito friâvel, ligeiramente plâstico e nao pegajoso; rafzes finas e médias, comuns.
111/16
PERFIL N? 1
4,0 3,6 42 32 16 10 3 70
3,9 3,5 39 31 19 11 6 45
4,0 3,8 33 34 16 17 9 47
4,6 4,0 25 33 22 20 5 75
4,4 4,0 26 32 17 25 X 100
ANÂLISE: IPEAN
111/17
PERFILN?2 FOLHASC.23-XD
Situaçao, déclive e cobertura vegetal; trincheira aberta em topo de elevaçâo corn 4% de déclive, sob
cobertura de caatinga.
Vegetaçâo: caatinga
A-j 0-15 cm; bruno a bruno escuro (10YR 4/3, ûmido), franco-arenoso; maciça que se desfaz em
fraca pequena a média granular; macio, muito friével, nao pléstico e nao pegajoso; transiçao
plana e graduai.
B-| 34-58 cm; bruno amarelado (10YR 5/8, ûmido); franco arenoso; maciça que se desfaz em fraca
pequena a média granular; muito friâvel, ligeiramente plâstico e ligeiramente pegajoso; transiçao
plana e difusa.
B21 58-85 cm; bruno amarelo (10YR 5/8, ûmido); franco arenoso; maciça que se desfaz em fraca
pequena e média granular; ligeiramente duro, friével, ligeiramente plâstico e ligeiramente
pegajoso; transiçao plana e gradual.
B22 85-138 cm; amarelo brunado (10YR 6/8, ûmido); franco arenoso; maciça porosa que se desfaz
em fraca pequena a média granular; ligeiramente duro, friével, ligeiramente plâstico e ligeiramente
pegajoso; transiçao plana e difusa.
B3 138-155 c m + ; amarelo brunado (10YR 6/8, ûmido); franco arenoso; maciça que se desfaz em
fraca pequena a média granular; friâvel, ligeiramente plâstico e ligeiramente pegajoso.
111/18
PERFIL N? 2
Prof, 100 Al
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO 2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al + S
5,3 4,4 62 18 9 11 82
5,0 4,0 61 15 16 8 88
4,6 4,0 52 13 17 18 100
5,3 4,7 43 19 20 18 94
6,3 5,3 35 22 30 18 100
5,9 5,0 33 23 27 17 100
ANÂLISE: IPEAN
(* ) Perfil evidenciando Podzolizaçâo.
Ml/19
4.2. Podzolico Vermelho-Amarelo Equivalente
Eutrofico
Os Podzólicos Vermelho-Amarelos säo solos bem descritos por VIEIRA e AMARAL FILHO no
desenvolvidos, que possuem urn horizonte A Paraguai; dos citados por DAMES em JAVA; dos
fraco (ócrico) e urn horizonte B argi'lico. O descritos por SIMONSON para o sul dos Estados
horizonte .4 7 mineral esté assentado sobre um Unidos; e dos citados por SANTOS et alii para o
horizonte A2, ligeiramente descolorido e muito Nücleo Colonial de Gurguéia.
pouco desenvolvido, o qual, por sua vez, assenta
sobre o horizonte B vermelho-amarelado, nos Entre as caracteri'sticas utilizadas para a sua
matizes 7.5YR ou 5YR, de textura relativa- classificacäo podem enumerar:
mente pesada, havendo boa diferença textural
entre o A eoB. a) diferença textural marcante entre o A eo B
b) presença de A2 pouco evolui'do
c) transiçao clara e gradual entre os horizöntes^
Säo solos, na maioria, de fertilidade média/alta, eß
de textura argilosa, que apresentam seqüência de
horizonte do tipo A, B, C, cuja espessura nao d) horizonte B estruturado
excède a 200 cm, com pronunciada diferen- e) presença de cutanés de argila no horizonte B
ciaçao entre o A e o B, à semelhança do que
ocorre no Estado de Mato Grosso; dos que Nesta ârea, como variaçao da unidade modal,
descreveu BARROS et alii no Estado do Rio de podem ocorrer âreas de Podzolico Vermelho-
Janeiro; dos que cita LEMOS et alii; dos Amarelo concrecionârio.
Localizaçâo: A 2,2 km de Säo Joäo do Piaui', em direçao a Simpli'cio Mendes, penetrando 100 m no
lado direito.
Situaçâo, déclive e cobertura vegetal sobre o perfil: trincheira aberta em topo de elevaçao com 5% de
déclive, sob cobertura de caatinga.
Ml/20
Ap 0-8 cm; bruno (10YR 5/3, ûmido); areia; gräos simples, solto, näo plastico e n§o pegajoso; rai'zes
finas muitas e médias comuns; transiçao plana e gradual.
A3 8-22 cm; bruno amarelado (10YR 5/4, ümido); areia franca; maciça porosa pouco coerente que
se desfaz em fraca pequena granular; ligeiramente duro, friâvel, näo plâstico e näo pegajoso;
porös e canais comuns; rai'zes finas comuns; transiçao plana e gradual.
B21 22-54 cm; amarelo avermelhado ( 7 . 5 Y R 6 / 6 , ümido); franco argilo arenoso; fraca pequena a
média blocos subangulares; duro, friâvel, ligeiramente plâstico e näo pegajoso; poros e canais
comuns; rai'zes finas comuns; transiçao plana e difusa.
B22 54-86 cm; amarelo avermelhado (7.5YR 6/6, ümido); franco argiloso arenoso; fraca pequena e
média blocos subangulares; duro, friâvel, plâstico e ligeiramente pegajoso; transiçao plana e
clara.
B3 86- 145 + cm; amarelo avermelhado (7.5YR 6/6, ümido); franco arenoso; estrutura impercepti'vel,
devido à grande quantidade de concreçoes ferruginosas; ligeiramente plâstico e näo pegajoso.
111/21
PERFIL N? 3
Prof. 100 AI
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO 2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al + S
6,2 5,8 32 62 x 2 67
6,0 4,9 30 46 18 4 33
5,1 4,0 23 32 20 25 2 92
5,0 4,1 22 30 20 28 x 100
4,9 4,0 22 26 24 28 1 96
ANÂLISE: IPEAN
111/22
4.2.2. CAR ACTE RIZAÇAO MOR FO LÛG ICA E ANALITICA DA UNIDADE
Situaçao déclive e cobertura vegetal sobre o perfil: trincheira em topo de elevaçao corn 25% de déclive,
sob cobertura de caatinga.
Relevo: ondulado
Vegetaçâo: caatinga
A-j/Ag 0-15 cm; vermelho (2.5YR 4/6, ûmido); franco argilo arenoso cascalhento; moderada
pequena a média blocos subangulares; duro, firme, plâstico e pegajoso; rai'zes finas e comuns;
transiçao plana e clara.
B-| 15-32 cm; vermelho escuro (2.5YR 3/6, ûmido); argila arenosa cascalhenta; moderada
pequena a média, blocos subangulares; muito duro, firme, plâstico e pegajoso; rai'zes finas e
comuns; transiçao plana e gradual.
B2 32-50 cm; vermelho escuro (10R 3/6,.ümido); argila arenosa cascalhenta; moderada a forte
pequena a média blocos angulares e subangulares; muito duro, firme, plâstico e muito
pegajoso; rai'zes finas e comuns; transiçao plana e clara.
Bg 50-73 cm; vermelho (10R 5/8, ûmido); franco; forte média blocos angulares e subangulares;
muito duro, firme, ligeiramente plâstico e ligeiramente pegajoso; rai'zes finas e poucas;
transiçao ondulada e gradual.
C-| 73-103+cm;vermelho (10R 4/6, ûmido); franco argiloso; moderada média blocos angulares;
duro, friével, ligeiramente pegajoso; rai'zes finas e poucas.
III/23
PERFIL N? 4
Prof, % %
C 100 Al
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 C N N Al + S
19 43 11 27 5 81
5,3 4,0 11 36 7 46 22 52
5,0 4,0 12 35 3 50 X 100
5,4 4,2 16 21 41 22 X 100
4,8 4,3 15 27 27 31 X 100
ANÂLISE: IPEAN
111/24
4.3. Laterftico Bruno Avermelhado
Localizaçao: estrada que sai de Tamarino (Lagoa Cercada), passando pela lagoa (olaria) e correndo o
eixo maior do baixao, a 5,7 km de Tamarino
Erosao: nula
Relevo: piano — estes solos ocupam os vales encaixados entre as chapadas dissecadas
Ml/25
Ai i 0-8 cm; bruno muito escuro (10YR 2/2, ûmido), bruno escuro (7.5YR 3/3, ûmido amassado),
bruno avermelhado (6YR 5/3, seco) e bruno acinzentado escuro (10YR 4.5/2, seco
triturado); franco; forte média blocos angulares; muitos poros, pequenos e médios, circulares
e eli'pticos; muito duro, friâvel, plastico e ligeiramente pegajoso; transiçâo plana e gradual.
Ai2 8-15 cm; bruno avermelhado (4YR 4/4, ümido), bruno avermelhado escuro (5YR 3/3-5,
ûmido amassado), bruno avermelhado claro (5YR 5.5/3, seco) e bruno (7.5YR 5/4, seco
triturado); franco; forte grande blocos angulares; muito poros, muito pequenos e pequenos;
duro a muito duro, friâvel, plâstico e pegajoso; transiçâo plana e gradual.
Ag 15-24 cm; bruno avermelhado (5YR 4/3, ûmido), bruno avermelhado escuro (5YR 3/4,
ûmido amassado), bruno avermelhado (5YR 5/3, seco) e bruno avermelhado claro (5YR 6/4,
seco triturado); franco; fraca a moderada média blocos subangulares; poros comuns, pequenos
e muito pequenos, circulares; duro, friével a muito friâvel, muito pléstico e muito pegajoso;
transiçâo plana e gradual.
B-j 24-39 cm; bruno avermelhado (2.5YR 4/4, ümido, idem ûmido amassado), bruno
avermelhado (3.5YR 5/4, seco) e bruno avermelhado (5YR 5/4, seco triturado); franco
argiloso; fraca a moderada media blocos subangulares; poros comuns, pequenos e médios,
circulares; cerosidade pouca e fraca; ligeiramente duro a duro, muito friâvel, muito pléstico e
muito pegajoso; transiçâo plana e difusa.
B21 39-71 cm; vermelho escuro (2.5YR 3.5/6, ûmido idem ûmido amassado), bruno avermelhado
(4YR 5/4, seco) e bruno avermelhado (5YR 5/3.5, seco triturado); franco argiloso; moderada
média blocos subangulares; poros comuns, muito pequenos e pequenos; cerosidade comum e
moderada; duro a ligeiramente duro, friével, muito pléstico e muito pegajoso; transiçâo plana
e difusa.
B22 71-123 cm; vermelho escuro (2.5YR 3/6, ümido amassado), bruno avermelhado (2.5YR 4/4,
ûmido amassado), bruno avermelhado (2.5YR 4.5/4, seco) e bruno avermelhado (5YR 5/4,
seco triturado); argila; forte pequena a média, blocos subangulares; poros comuns, muito
pequenos; cerosidade abundante e forte; ligeiramente duro, friével, muito pléstico e muito
pegajoso; transiçâo plana e difusa.
B23 123-153 cm; vermelho (2.5YR 4/5, ümido), bruno avermelhado (2.5YR 4/5, ümido
amassado), bruno avermelhado (2.5YR 5/5, seco) e bruno avermelhado (5YR 5/4, seco
triturado); franco argiloso; moderada grande blocos subangulares; cerosidade abundante
moderada a forte; poros comuns, muito pequenos; ligeiramente duro, friével a firme, muito
pléstico e muito pegajoso; transiçâo plana e difusa.
Bg 153-175 cm + ; vermelho (2.5YR 4/6, ümido), vermelho (2.5YR 5/6, ümido amassado), bruno
avermelhado (2.5YR 4/5, ümido amassado), avermelhado (4YR 6/5, seco triturado),
mosqueado pouco, pequeno e difuso, alaranjado; franco arenoso; fraca a moderada, grande
blocos subangulares; muitos poros, muito pequenos; cerosidade pouca a comum, moderada;
duro, friével, muito pléstico e muito pegajoso.
Hl/26
Rai'zes: muitas no A11 e no A12. Comuns no A3 e no B1; poucas no B21; raras no B22enoB23.
Apresentam rafzes secundérias e terciârias. As terciérias têm diâmetro de t a 3 mm e as
secundârias de 2 a 5 mm.
III/27
PERFIL N?' 1
LOCAL: muniei'pio de Eliseu Martins, estrada que sai de Tamarino (Lagoa Cercada) passando pela
lagoa (olaria)
CLASSIFICAÇÂO: Lateri'tico Bruno Avermelhado Eutrófico
2738 0-8 A11 8,9 6,2 2,4 2,43 1,95 1,97 0,20 10 0
2739 8 - 15 A12 11,2 7,9 2,5 2,43 2,01 0,92 0,08 12 0
2740 15-24 A3 12,8 9,2 2,7 2,37 1,99 0,79 0,07 11 0
2741 24-39 B1 15,8 10,9 2,8 2,46 2,10 0,44 0,04 11 9
2742 39-71 B21 18,2 12,5 3,8 2,46 2,06 0,43 0,04 11 20
2743 71 - 123 B22 24,5 15,1 4,9 2,76 2,28 0,37 0,04 9 14
2744 123-153 B23 15,3 10,3 3,3 2,52 2,09 0,28 0,03 9 4
2745 153- 175 + B3 12,3 8,4 2,6 2,50 2,09 0,18 0,02 9 5
111/28
4.4. Bruno Nâo Câlcico
Säo solos que mostram seqüência de Horizontes O horizonte B é de textura argilosa e estrutura
A, B, C e perfil com espessura média que näo normalmente prismâtica, ou blocos angulares e
chega alcançar 100 cm. subangulares, onde aparece alguma cerosidade
recobrindo fracamente as unidades estruturais. A
No horizonte A a textura é, normalmente franco atividade de argila é normalmente alta (>24
arenosa cascalhenta, e a estrutura maciça ou mE/100g) e a saturacäo com bases superior a
fraca, em blocos e granular. 50%. A cor se apresenta normalmente no matiz
de 2.5YR, com croma variando de 3 a 8 para
solo ûmido.
Situaçao, déclive e cobertura vegetal sobre o perfil: trincheira em topo de elevaçao com 30% de
déclive, sob cobertura de caatinga
Relevo: ondulado
Vegetaçao: caatinga.
A-j 0-18 cm; bruno escuro (7.5YR 4/4, ûmido); franco arenoso cascalhento; maciça coerente que
se quebra em blocos angulares; muito duro, friâvel, plâstico e pegajoso; rai'zes comuns e finas;
transiçao plana e clara.
B-j 18-28 cm; bruno avermelhado escuro (10YR 4/4, ûmido); franco argiloso cascalhento;
moderada média, blocos angulares; muito duro, firme, plâstico e pegajoso; rai'zes poucas finas
e médias; transiçao plana e clara.
B2 28-58 cm; bruno olivâceo (2.5Y 4/4, Cimido); franco argiloso com cascalho; composta de
moderada média prismâtica e blocos angulares; extremamente duro, firme, muito plâstico e
muito pegajoso; rai'zes raras e finas; transiçao ondulada e clara.
III/29
Bg 58-60 cm + ; olivéceo a bruno acinzentado escuro (2.5Y 4/3, umido); franco argiloso;
moderada média blocos angulares; extremamente duro, firme, plâstico e muito pegajoso.
111/30
PERFIL N? 5
Prof, 100 Al
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al + S
5,6 5,0 29 25 27 19 2 89
5,5 4,0 24 13 25 38 21 45
5,8 4,7 22 14 28 36 7 81
6,5 6,1 20 14 36 30 19 37
ANÂLISE: IPEAN
111/31
4.5. Concrecibnârio Laten'tico
Esta unidade esta constitui'da por solos mediana- B. Possuem boa distribuiçao de poros e uma
mente profundos, formados por uma mistura de estrutura subangular mascarada pelas concrecöes
parti'culas mineralógicas finas e concrecöes de later i'ticas.
varios diâmetros, que na maioria dos casos
preenchem completamente as caracten'sticas de Trata-se de solos com perfil geralmente dos tipos
um perfil com B textural. Acn, Ben e C, onde um horizonte A pouco
profundo assenta sobre um horizonte B de
O horizonte A, que se encontra escurecido pela aproximadamente 80 cm. Apresentam-se, por-
matéria orgânica, possui cor variando de bruno, tanto, pesados (argilosos), muito fortemente
no matiz 10YR, a vermelho escuro, no matiz âcidos a âcidos e com baixa saturaçao de bases.
2.5YR, e o horizonte B cor variando de bruno
amarelado (10YR) a vermelho escuro (2.5YR). Estas unidadesocorrem com maior frequêneia na
parte oeste da area, associada quase sempre ao
Os perfis podem apresentar-se completamente Latossolo Vermelho-Amarelo argiloso e, por
argilosos ou argilo-arenosos no A, e argilosos no vezes, as Areias Quartzosas.
Situaçao e declividade: lado esquerdo da estrada, a 30 métros, corte de estrada no terço médio da
elevaçao com declividade de 10 a 15%
Apen 0-18 cm; bruno acinzentado muito escuro (10YR 3/2, ûmido); franco argilo arenoso; fraca
pequena a média granular e blocos subangulares; ligeiramente plâsticoe ligeiramente pegajoso;
poucos poros e canais comuns; transiçâo ondulada e gradual.
Ml/32
Bien 18-36 cm; bruno amarelado (10YR 5/4, ûmido); franco argilo arenoso; pléstico e pegajoso;
poucos poros e canais comuns; transiçao ondulada e gradual.
B2cn 36-62 cm; amarelo avermelhado (7.5YR 6/6, ümido); argila arenosa; plëstico e pegajoso;
poucos poros e canais; transiçao ondulada e gradual.
B3/Ccn 62-155 cm; amarelo avermelhado (7.5YR 6/8, ûmido); argila arenosa; plästico e pegajoso.
Observaçôes: Foi caracterizada estruturada somente no Ap, nos demais horizontes tornou-se dif feil,
devido à concentraçao de concreçoes ferruginosas.
111/33
PERFIL N? 6
Prof. 100 AI
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO 2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al+S
4,2 3,6 20 35 16 29 7 76
4,2 4,0 14 40 12 34 25 26
4,4 3,9 12 37 10 41 12 71
4,6 3.8 12 34 10 44 23 36
ANÂLISE: IPEAN
111/34
4.6. Vertissolo
A coloraçâo do horizonte A esta no matiz 10YR Nestes solos ocorrem rachaduras na estaçao seca,
com valor e croma variando 2 a 4 e de 1 a 3, acusando a presença de alto teor de argila de
respectivamente. A textura é geralmente da retfcula expansi'vel.
classe argila e a estrutura é em blocos ou
granular. A saturaçao com bases é sempre alta, desde a
superfi'cie até os horizontes inferiores (>50%).
0 horizonte C tern coloraçâo nos matizes de
10YR a 5Y, valor de 3 a 5 e croma de 1 a 5. A
Classificaçâo: Vertissolo
1 0-20 cm; bruno acinzentado muito escuro (2.5Y 3/2); franco argilo arenoso corn cascalho;
moderada pequena blocos subangulares; ligeiramente duro e friével; plâstico e ligeiramente
pegajoso; ondulado e gradual.
2 20-55 cm; bruno escuro (10YR 3/3, seco) e bruno acinzentado muito escuro (10YR 3/2, ûmido);
argila arenosa cascalhenta, com fendas; forte grande blocos angulares e prismâtica com superf i'cies
de estriamento; duro, firme, plâstico e pegajoso; ondulada e gradual.
3 55-90 cm; bruno escuro (10YR 3/3, seco) e bruno acinzentado muito escuro (10YR 3/2, ûmido);
argila arenosa cascalhenta; forte grande blocos angulares e prismâtica com superffcies de
estriamento; muito duro, muito firme, muito plâstico e pegajoso; e pontuacöes de calcârio
pequenas e comuns.
III/35
PERFIL N?«D102
CLASSIFICAÇÂO: VERTISSOLO
Prof, C 100 Al
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiOi AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al+S
IM/36
4.7. Solonetz Solodizado
1 0-2 cm; bruno pélido (10YR 6/3, seco) e bruno (10YR 4/3, ûmido); areia; maciça porosa e
algumas vezes laminar na superffcie; macio, muito friàvel, nao pléstico e nao pegajoso; rai'zes
abundantes; clara e irregular.
2 2-16 cm; bruno pâlido (10YR 6/3, seco) e bruno escuro (10YR 4/3, ûmido); areia; maciça porosa
que rompe em muito fraca e muito pequena granular; macio, muito friével, nao plâstico e nao
pegajoso; rai'zes abundantes; linha de pedras descontfnua entre este e o horizonte seguinte;
ondulado e abrupta.
3 16-17 cm; cinzaclaro (10YR 7/2, seco) e bruno amarelado claro (10YR 6/4, ûmido); areia; graos
simples; solto, nao plâstico e nao pegajoso; rai'zes poucas; ondulada e abrupta.
Ml/37
4 17-34 cm; bruno (10YR 5/3, seco) e bruno escuro (10YR 4/3, urnido); argila arenosa; grande e
forte colunar; muito duro, muito firme; pléstico e muito pegajoso; rai'zes poucas; presença de
filmes de argila preenchendo os poros.
5 34-46 cm; amarelo pélido (5Y 7/3, seco) e oliva pâlido (5Y 6/3, ûmido); franco argilo arenoso;
moderada pequena blocos subangulares; duro, friével, ligeiramente pléstico e pegajoso; rafzes
poucas; irregular e abrupta.
Ml/38
PERFIL N? K 1 5
Prof. 100 AI
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiOi AljO 3 Fe 2 O 3 N N Al+S
III/39
4.8. Areias Quartzosas
Areias Quartzosas — sao solos que apresentam Podem possuir perfil com o ^ muito fracamente
urn perfil pouco evolui'do, com baixa atividade diferenciado em A1 e A3, com uma espessura
de argila, saturacäo baixa e soma de bases bastante variâvel.
freqüentemente bastante baixa. Säo solos per-
meâveis, de textura leve, cujo conteüdo de argila Geralmente, trata-se de solos profundos, com
näo ultrapassa a 15% no horizonte B. Possuem perfis, em média, acima de 200 cm, que apare-
coloraçâo nos matizes 10YR e 5YR e apresen- cem bem drenados, porosos e corn consistência
tam fraca diferenciaçao morfológica entre os muito friâvel, ou mesmo sotto em todo o perfil.
horizontes.
PERFIL N9 7 Folha:SC23-XB
Localizacüo: Km 6,9 na estrada Sao Joäo do Piauf — Simplfcio Mendes, a 25 métros do lado
esquerdo
Vegetacäo: caatinga
Ap 0-10 cm; bruno claro acinzentado (10YR 6/3, ümido); areia franca; maciça porosa pouco
coerente "in situ"; solto, muito friâvel, näo plâstico e näo pegajoso; poros e canais poucos;
rai'zes finas e médias abundantes; transiçao plana e clara.
Ag 10-19 cm; coloraçâo variegada, composta de bruno claro acinzentado (10YR 6/3, ümido) e
bruno amarelado claro (10YR 6/4, ümido); areia; maciça porosa pouco coerente; macio, muito
friâvel, nao plâstico e nao pegajoso; poros e canais poucos e pequenos; rai'zes finas e médias
abundantes; transiçao plana e gradual.
Ci 19-36cm; bruno amarelado (10YR 5/4, ümido); areia; maciça pouco coerente; muito friavel, näo
plâstico e näo pegajoso; poros e canais poucos e pequenos; rafzes finas e médias muitas, e grossas
raras; transiçao plana e gradual.
111/40
C2 36-81 cm; bruno amarelado (10YR 5/6, Cimido); areia; maciça porosa pouco coerente; muito
friâvel, näo plâstico e näo pegajoso; poros poucos e pequenos; rai'zes finas e médias comuns;
transiçao plana e difusa.
C3 81-115 cm + ; bruno amarelado (10YR 5/6, ümido); areia franca; maciça porosa pouco coerente;
muito friâvel, nao pléstico e näo pegajoso.
111/41
PERFIL N? 7
Prof, 100 AI
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiOj AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al + S
4,4 3,6 56 21 16 7 2 71
4,4 3,6 49 45 x 6 2 67
4,6 3,8 50 41 5 4 2 50
4,8 4,0 48 47 x 5 1 80
4,9 4,0 46 43 X 11 2 82
ANÂLISE: IPEAN
111/42
4.9. Brunizém Avermelhado
Relevo: ondulado
Vegetacäo: caatinga
A-j 0-16 cm; preto (5YR 2/1, ümido; franco argiloso; moderada pequena a média, blocos
subangulares; firme, muito plâstico e muito pegajoso; rafzes médias e comuns; transiçao plana e
clara.
B2 16-42cm; bruno avermelhado escuro (5YR 3/2, ümido); franco argiloso; moderada a forte
blocos subangulares e angulares; cerosidade comum; duro, firme, muito plâstico e muito
pegajoso; transiçao plana e clara.
Hl/43
B3 42-54 cm; bruno escuro (7.5YR 4/2, urnido); franco; moderada média blocos subangulares e
angulares; duro, firme, plàstico e pegajoso; transiçao clara.
111/44
PERFIL N? 8
Prof, C 100 AI
Protocol o Horiz. Ki Kr
cm SiO 2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al + S
Ca" Mg +
Na + %
5,6 5,0 7 21 38 34 11 68
6,5 4,5 14 22 30 34 2 94
6,5 4,5 19 23 33 25 15 40
ANÂLISE: IPEAN
Hl/45
4.10. Gley Pouco Hûmico
Esta unidade esta constitufda por solos relati- saturaçao e o conteûdo de bases se apresentam
vamente récentes, mal drenados, fortemente freqüentemente baixos:
écidos, pouco profundos e de textura pesada
dominante. 4.11. Solos Aluviais Eutróficos
Caracteriza-se por apresentar condicöes hidro- A esta unidade pertencem solos encontrados nao
mórficas, o que proporciona condiçâo de oxida- somente marginando rios e lagos, mas também,
çâo e reduçao no perfil, conforme a oscilaçâo do por vezes, constituindo calha de drenagem em
lençol freâtico. Os compostos férricos se redu- éreas de topografia movimentada.
zem a ferrosos ou estes se oxidam, provocando o
aparecimento de mosqueados amarelo averme- Trata-se de solos predominantemente minerais,
Ihados, ou mesmo vermelhos, dentro do perfil. récentes, em desenvolvimento, provenientes de
deposiçao fluvial e do arraste da bacia hidrogré-
Possuem perfil geralmente do tipo A e Cg, com fica da area. Possuem textura que pode variar
baixo conteûdo de matéria orgânica e estrutura superficial mente de areia franca a argilosa; estru-
prismética ou em blocos angulares quando o solo tura fracamente desenvolvida na primeira cama-
se encontra seco. Os G leys Pouco Hûmicos sâo, da, deixando aparecer o desenvolvimento de um
portanto, solos com perfil gleyzado, fendidos horizonte A.
superficial mente quando secos, e nos quais a
Localizaçâo: estradaquevai para Eliseu Martins, passando entre a sede e o escritório, indo ate o limite
do Nücleo e descendu perpendicularmente ao rio Gurguéia para a aluviâo, a uma distância de 3,7 km
da sede do Nücleo.
Erosâo: nula
111/46
Relevo: Piano. Estes solos ocupam o caixote do rio, que normalmente fica inundado na época das
âguas.
Vegetaçâo: regional — espécies de caatinga arbórea e espécies de cerradao. O extrato inferior possui
sempre maria-mole, munfumbo e salsa (Ipomoea sp).
I 0-20 cm; bruno avermelhado (2.5YR 4/4, ûmido), mosqueado comum, pequeno e difuso, de cor
amarelada; argila pesada; forte, grande blocos angulares; poucos poros, médios e pequenos,
circulares; extremamente duro, muito plâstico e muito pegajoso; transiçâo plana e clara.
II 20-38cm; vermelho (2.5YR 4/6, ümido); mosqueado pouco, pequeno e distinto, amarelo
avermelhado (7.5YR 6/8, umido) e abundante, pequeno e proeminente, cinzento (10YR 6/1,
ümido); franco siltoso; forte medio blocos angulares; muito poros, pequenos, circulares; muito
duro, firme, muito plâstico e muito pegajoso; transiçâo ondulada e difusa.
III 38-59 cm; vermelho amarelado (5YR 4/6, ümido); mosqueado comum, pequeno a medio e
difuso, vermelho (2.5YR 4/6, ûmido); e comum, medio e proeminente, cinzento (10YR 6/1,
ûmido); franco' forte média blocos angulares; muitos poros, pequenos e médios, circulares;
muito duro, firme, muito plâstico e muito pegajoso; transiçâo plana e gradual.
IV 59-93 cm; vermelho amarelado (4YR 4/6, ümido), mosqueado pouco, pequeno e difuso
vermelho (2.5 YR 4/6, umido); e pouco, pequeno e proeminente, cinzento (10YR 6/1, ümido);
franco arenoso; muitos poros, pequenos e médios, circulares; friâvel e firme, plâstico e pegajoso;
transiçâo plana e abrupta.
V 93105 cm + ; amarelo (10YR 7/6, ûmido); areia; grâos simples; muitos poros; solto, nâo plâstico
e nâo pegajoso.
Rai'zes: comuns na I camada; poucas na II e III camadas; raras na IV camada. As rafzes sao
secundârias, com diâmetro entre 2 mm e 20 mm. A maioria, com diâmetro em torno de 2 mm.
OBS: O solo sof re inundaçoes na época das chuvas. Pela marcaçâo das cercas e das érvores, fica
submerso com mais de 50 cm de âgua da superffeie — o solo apresenta na camada I muitas
fendas de até 5 cm de largura.
111/47
PERFIL N? 5
LOCAL: estrada que vai para Eliseu Martins, passando entre a sede e o escritório.
Prof. 100 Al
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al+S
5,7 4,3 0 0 1 1 35 63 51 24
5,7 4,1 0 0 15 8 53 24 20 17
5,8 4,0 0 0 25 14 39 22 17 23
5,7 3,9 0 0 44 9 27 20 15 25
6,5 4,7 0 0 82 15 2 1 x 100
m/48
4.12. Solos Litólicos
A presente unidade esté constitufda por solos ou cerrado, ocorrendo também em areas de
onde o horizonte A repousa, diretamente ou encostas ümidas sob vegetaçao de floresta cadu-
näp, sobre a rocha R, com perfil pouco evo- cifólia.
lui'do, bastante raso, de textura e fertilidade
variävel, dependendo do material originério. Sao Na area podem ser encontrados Litólicos de
encontrados em areas de relevo suave ondulado, arenitos, de quartzitos, de granitos e de rochas
ondulado e escarpado, sob vegetaçao de caatinga eruptivas bâsicas.
PERFIL N? 9 FolhaSB23-ZD
Pedregosidade: pedregoso
Ap 010 cm; bruno avermelhado escuro (5YR 3/2, ûmido); franco arenoso; fraca pequena e
média granular e blocos subangulares; friével, ligeiramente plâstico e nao pegajoso; transiçao
plana e clara.
A3/C1 10-19 cm; coloraçâo variegada, composta de bruno avermelhado escuro (5YR 3/4, ûmido) e
bruno amarelado escuro (10YR 4/4, ûmido); areia franca; näo plâstico e nâo pegajoso; poucos
poros pequenos; transiçao ondulada e gradual.
IM/49
C2 19-50cm; bruno amarelado escuro (10YR 4/4, ümido); areia franca; näo plästico e näo
pegajoso.
HI/50
PERFIL N? 9
Prof. C 100 AI
Protocole» Horiz. Ki Kr
cm SiOj AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al+S
6,0 5,3 30 34 20 16 1 94
6,5 4,7 53 24 20 3 3 0
6,9 4,6 56 24 19 1 x 100
ANÂLISE: IPEAN
111/51
4.13. Regossolo Eutrófico
Sao solos pouco desenvolvidos, arenosos, pro- O horizonte C, subdividido em Cl, C2 e C3, a-
fundos e que contém materiais primârios de fâcil présenta matiz de 10YR, valores de 4 a 6 e cro-
intemperizaçâo nas fraçoes areia grossa e fina. mas de 4 a 8, quando ûmido.
Apresentam seqüencia de horizontes A, C e /?.
Sao muitos porosos e de baixa capacidade de re-
A saturaçao de bases é sempre de média a alta. O tençâo de âgua.
horizonte A é pouco espesso, corn coloraçâo de
matiz 10YR, valores de 3 a 5 e cromas de 2 a 4.
1 0-20 cm; amarelo avermelhado (7.5 YR 6/6, seco) e bruno forte (7.5 YR 5/6, ûmido);
areia; grâos simples; muito friâvel, nao plâstico e nao pegajoso; transiçao plana e difusa.
2 20-50 cm; amarelo avermelhado (7.5 YR 6/6, seco) e bruno forte (7.5 YR 5/6, ûmido);
areia; graos simples; muito friâvel, nao plâstico e nao pegajoso; transiçao plana e difusa.
3 50-100 cm; bruno forte (7.5 YR 5/8, seco e ümido); areia franca; maciça porosa; macio,
muito friâvel, nao plâstico e nao pegajoso; transiçao plana e difusa.
4 100-140 cm + ; bruno forte (7.5 YR 5/8, ûmido e seco); areia franca; maciça porosa; macio,
friâvel, ligeiramente plâstico e ligeiramente pegajoso.
111/52
PERFIL N? GSS(20A)
Prof. % %
c 100 Al
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO 2 AI 2 O 3 Fe2O3 C N N Al + S
III/53
5. DESCRICÄO DAS UNIDADES DE MAPE-
AMENTO
Aptidio Agricola — As terras desta unidade de Aptidäo Agricola — Solos da classe IVa —
mapeamento integram-se na classe IVa — inapta, apropriados apenas para pastoreio
inaptas para o uso agn'cola, mas apropriadas extensivo. Os fatores limitantes de maior
para pastoreio extensivo, e cujos fatores mais importância sao a fertilidade natural e a defi-
limitantes säo a fertilidade baixa e a deficiência ciência de égua.
de âgua.
Solos de textura argilosa, profundos, bem dre- Solos de textura média e indiscriminadas,
nados, estrutura maciça e fertilidade baixa/ profundos a rasos, forte a excessivamente dre-
média. Aparecem, juntamente com o Latossolo nados, estrutura maciça e granular, fertilidade
Vermelho-Amarelo, textura média, em regiöes baixa. A unidade aqui descrita ocorre princi-
de altos platôs, corn relevo praticamente piano. palmente em chapadas dissecadas, corn relevo
que vai de piano a escarpado.
Aptidäo Agn'cola — As terras desta unidade de
mapeamento integram-se na classe II la — res- Aptidäo Agricola — Solos de baixa fertilidade,
tritas para culturas de ciclo curto e ciclo longo, com deficiência de âgua e, em boa percen-
e cujos fatores mais limitantes säo a fertilidade tagem, com erosäo muito forte. Enquadram-se
natural e a deficiência de égua. na classe IVb — inapta para uso agropecuârio.
Ml/54
UNIDADE DE MAPEAMENTO - LV5 excessivamente e bem drenados, estrutura
maciça e em blocos, fertilidade média/alta e
Latosso/o Vermelho-Amarelo baixa. Aparecem em relevo suave-ondulado, na
Solos Concrecionârios Laterfticos regiao do Pré-Cambriano.
Solos de textura argilosa, profundos e mediana- Aptidäo Agrfcola — Esta unidade de mapea-
mente profundos, bem e excessivamente dre- mento enquadra-se na classe lila — restrita para
nados, estrutura maciça e fertilidade baixa. culturas de ciclo curto e ciclo longo. 0 prin-
Aparecem nos baixos platôs, em relevo piano a cipal impedimento à utilizaçao agrfcola destas
suave-ondulado. terras é a deficiência de égua.
111/55
cultura, pertencem à classe IVa, podendo ser pecuâria por serem muito suscetfveis à erosao e
aproveitados com pecuâria extensiva. Apre- localizadas em érea de estaçao seca bastante
sentam baixa fertilidade natural, deficiência de prolongada.
égua e suscetibilidade à erosäo.
Solos de textura média e arenosa, profundos, Solos de textura argilosa, profundos e mediana-
forte e excessivamente drenados, estrutura mente profundos, bem e moderadamente dre-
maciça, fertilidade média/alta. Aparecem corn nados, estrutura em blocos, fertilidade média a
relevo suave-ondulado, em area do Pré-Cam- alta. Aparecem na regiao do embasamento,
briano. com relevo suave-ondulado e ondulado.
Aptidao Agrfcola — Solos inclufdos na classe Aptidao Agrfcola — Estes solos enquadram-se
II la — restritos para culturas de ciclo curto e na classe II la — restrita para culturas de ciclo
ciclo longo. A deficiência de âgua e o fator curto e ciclo longo. Os fatores impeditivos de
limitante mais influente na regiäo. maior expressao residem na deficiência de âgua
e a suscetibilidade à erosâo.
III/56
UNIDADE DE MAPEAMENTO - PA4 Unidade BL (dominância de Later ft ico Bruno
Avermelhado Eutrófico)
Podzólico Vermelho-Amarelo Equivalente
Eutrófico UNIDADE DE MAPEAMENTO - BL
Latentico Bruno Avermelhado Eutrófico
Latossolo Vermelho-Amarelo textura média Later(tico Bruno Avermelhado Eutrófico
Brunizem Avermelhado
Solos de textura argilosa e média, mediana-
mente profundos e profundos, bem e forte- Solos de textura argilosa, medianamente pro-
mente drenados, estrutura em blocos e maciça, fundos, bem drenados, estrutura em blocos,
fertilidade média/alta e baixa. 0 relevo é fertilidade média/alta. Ocorrem em relevo
suave-ondulado e ondulado. dominantemente suave-ondulado, bastante
dissecado.
Aptidäo Agri'cola — As terras desta unidade,
classe lila, restritas para a agricultura — tanto Aptidäo Agri'cola — Esta unidade enquadra-se
para culturas de ciclo curto como de ciclo na classe IVa — inapta para a agricultura, mas
longo. Os principals fatores limitantes estio na utilizéveis para pastoreio extensivo. A defi-
deficiência de âgua e na suscetibilidade à ciência de égua e a grande suscetibilidade à
erosao. erosäo formam os principals fatores impeditivos
para o uso agri'cola destas terras.
Hl/57
Aptidäo Agricola — Estes solos enquadram-se Aptidäo Agricola — Terras enquadradas na
na classe 11 le — inapta para culturas de ciclo classe IVa — inapta para a utilizacäo agri'cola,
curto e restritos para culturas de ciclo longo. A mas apropriadas para pastoreio extensivo. Os
deficiência de âgua e a suscetibilidade à erosäo impedimentos mais fortes säo a fertilidade
representam os impedimentos mais impor- natural e a deficiência de âgua.
tantes.
Hl/58
Unidade V (dominância de Vertissolo) UNIDADE DE MAPEAMENTO - V3
Vertissolo
Solonetz Solodizado UNIDADE DE MAPEAMENTO - V4
111/59
Unidades AQ (dominância de Areias Quart- fertilidade baixa. Esta unidade ocorre em
zosas) relevo dominantemente suave-ondulado.
Solos de textura arenosa, profundos, exces- Os principais fatores limitantes sao a baixa
sivamente drenados, estrutura em gräos simples, fertilidade natural e a deficiência de àgua.
fertilidade baixa. 0 relevo é suave ondulado,
em area de dunas.
UNIDADE DE MAPEAMENTO - AQ4
Aptidëo Agn'cola — Unidade classificada como
IVa — inapta para a agricultura masapropriada Areias Quartzosas
para o pastoreio extensivo. As principals limi- Solonetz Solodizado
taçôes estao representadas pela deficiência
d'âgua e a baixa fertilidade natural. Solos de textura arenosa e indiscriminada, pro-
fundos e medianamente profundos, excessiva e
imperfeitamente drenados, estrutura maciça e
UNIDADE DE MAPEAMENTO - AQ2 prismätica, fertilidade baixa. Ocorrem em
relevo suave-ondulado e ondulado, na area do
Areias Quartzosas Pré-Cambriano.
Latossolo Vermelho-Amarelo textura média
Aptidëo Agn'cola — Solos da classe IVa —
Solos de textura arenosa e média, profundos, inapta para uso agn'cola, apropriados para o
excessiva e fortemente drenados, estrutura pastoreio extensivo. Fatores limitantes de
maciça, fertilidade baixa. Ocorrem nos altos maior intensidade: a fertilidade natural e a
platos, com relevo suave ondulado e prati- deficiência de égua.
camente piano.
Solos de textura arenosa e argilosa, profundos Aptidëo Agn'cola — Por deficiência de âgua
e medianamente profundos, excessivamente e durante o peri'odo bastante prolongado, e, no
bem drenados, estrutura maciça e em blocos, geral, baixa fertilidade, este solos enquadram-se
Hl/60
na classe IVa — inapta — apropriados para — Unidade A (dominância de Solos Aluviais
pastoreio extensivo. Eutróficos)
UNIDADE DE MAPEAMENTO - A1
UNIDADE DE MAPEAMENTO- AQ6
Solos Aluviais Eutróficos
Areias Quartzosas Solos Hidromórficos Indiscriminados
Latossolo Vermeiho-Amarelo textura média
Pod zó li co Verme/ho-Amare/o Equivalente Solos de textura indiscriminada e argilosa,
Eutrófico medianamente profundos, moderada a imperfei-
tamente drenados, estrutura em blocos e
Solos de textura arenosa, argilosa e média, maciça, fertilidade média e baixa. A Geologia é
profundos e medianamente profundos, exces- formada por depósitos aluviais récentes, de
siva, fortemente e bem drenados, estrutura natureza diversa. Esta unidade situa-se as
maciça e em blocos, fertilidade média/baixa e margens do rio Gurguéia, principalmente. O
média/alta. Ocorrem em relevo suave-ondulado, relevo é praticamente piano.
na area do Pré-Cambriano, quase total mente
em cobertura arenosa. Aptidao agn'cola — Solos enquadrados na classe
Illb — restrita para culturas de ciclo curto e
Aptidao Agn'cola — Terras pertencentes à inaptos para culturas de ciclo longo. Apre-
classe lila — restrita para culturas de ciclo sentam impedimentos por execesso de âgua,
curto e ciclo longo. Os fatores que com maior temporariamente.
intensidade limitam o uso agn'cola desta uni-
dade estâo representados pela deficiência de
âgua e pela fertilidade natural. UNIDADE DE MAPEAMENTO - A2
111/61
UNIDADE DE MAPEAMENTO - A3 UNIDADE DE MAPEAMENTO - R2
Aptidao agn'cola — Estas terras encontram-se Aptidao Agn'cola — As terras desta unidade de
na classe lid — reguläres para culturas de ciclo mapeamento pertencem à classe IVb — inapta
curto e inaptas para culturas de ciclo longo. 0 — com a baixa fertilidade, a deficiência de âgua
fator limitante de maior intensidade consiste e a suscetibilidade à erosäo atuando como
no excesso de âgua durante parte do ano. fatores mais limitantes.
Solos Litólicos
— Unidades R (dominância de Solos Litólicos) Areias Quartzosas
Ml/62
e baixa. O relevo dominante é o forte ondulado, UNIDADE DE MAPEAMENTO - R5
corn variaçoes para mais suave.
Solos Litólicos Eutróficos
Aptidäo Agn'cola — As terras desta unidade de Afloramentos Rochosos
mapeamento integram-se na classe IVb — Areias Quartzosas
inapta para uso agropastoril. Os fatores mais
limitantes sao a fertilidade baixa, a deficiência Solos de textura indiscriminada, média e are-
de âgua e a suscetibilidade à erosâo. nosa, excessiva e fortemente drenados, estru-
tura granular e maciça, fertilidade alta e baixa.
O relevo dominante é forte-ondulado, com area
de suave-ondulado.
111/63
6. USO ATUAL
A atividade agn'cola, nesta area, esté concen- Nesta ârea, a atividade pecuâria é do tipo
trada nos vales dos rios Sâo Francisco, Piaui', extensivo. Prédomina o mestiço zebu, sem
Canindé, Gurguéia, Itaueiras, Parnai'ba e nenhuma seleçâo, quer para leite, quer para
Tocantins. corte.
Embora rudimentär e com manejo primitivo, As pastagens sâo dominantemente natu rais,
reveste-se de forma intensiva, principalmente exceto nos vales onde ocorrem pastos de
no peri'odo chuvoso. No entanto, n§o chega a capim-angola e outros; entretanto, o manejo e
constituir fonte de divisa para os munici'pios. a divisäo das pastagens ainda se acham em
estado muito primitivo.
Dentre as principals culturas, destacam-se a
mandioca, milho, feijäo, algodäo, mamona, Os caprinos, ovinos e su mos complementam
cana-de-acücar, arroz, etc. A horticultura o fornecimento de carne para a pcpulaçâo
(alho, cebola, tomate, pimentäo, couve etc.) é local. Os asininos, eqüinos e muares trabalham
praticada em algumas âreas. como animais de traçâo.
Ml/64
7. APTIDAO AGRICOLA
Para avaliacäo da aptidao agrfcola dos solos, bons e näo existem restricöes importantes para
adotou-se o sistema de uso das terras estabe- as prâticas de manejo.
lecido por Bennema, Beek e Camargo
(1965). Classe II — Aptidao regular — As condicöes
agri'colas dos solos apresentam limitacöes
Este sistema é usado atualménte, no Brasil e moderadas para um grande numero de culturas
em outros pai'ses da America Latina, em climaticamente adaptadas. Podem-se prever
levantamentos de cunho geral ao nt'vel explo- boas produçoes durante os primeiros 10 anos,
ratório e de reconhecimento. Résulta de uma mas decrescem rapidamente para um ni'vel
anâlise dos graus de limitacöes que condi- mediano nos 10 anos seguintes.
cionam o uso agn'cola das terras, como defi-
ciência de fertilidade, suscetibilidade à erosäo, Enquadram-se nesta classe solos de âreas que
deficiência e ou excesso de égua e imped i- envolvem riscos ligeiros de danos ou fracasso
mentos à mecanizaçao. Estas limitacöes säo de culturas, por irregularidade na distribuiçâo
deduzidas em funcäo das caracteri'sticas pedo- de ocorrência de chuvas uma vez num pen'odo
lógicas como drenagem, profundidade efetiva, de mais de 5 anos.
fertilidade, grau de erosâo, etc.
Classe III — Aptidao restrita — As condicöes
Nesta ärea, as terras foram classificadas em agri'colas dos solos apresentam limitacöes fortes
sistemas de manejo primitivo e de manejo para um grande numero de culturas climati-
avançado. camente adaptadas. Podem-se prever produçoes
medianas durante os primeiros anos, mas
decrescem rapidamente para rendimentos
7.1. Sistema de Manejo Primitivo baixos dentro de um pen'odo de 10 anos.
No sistema de manejo primitivo, a aplicacäo Enquadram-se nesta classe solos de éreas onde
das préticas agri'colas oferece baixo ni'vel de existem riscos moderados de danos ou fracasso
conhecimento técnico e näo utilizaçao de de culturas, por irregularidade na distribuiçâo
capital para melhoramento e manutençao das das precipitacöes pluviométricas, corn probabi-
condicöes agri'colas. lidade de ocorrência uma vez num pen'odo de
1 a 5 anos.
Estabeleceram-se, ainda, subclasses em funçao
do tipo de cultivo (ciclos longo e curto) Classe IV — Inapta — As condicöes do solo
recomendado. apresentam limitacöes muito fortes para um
grande numero de culturas climaticamente
adaptadas. Podem-se prever produçoes baixas e
7.1.1. DEFINICÄO DAS CLASSES DE muito baixas, jâ no primeiro ano de uso.
APTIDÄO NO SISTEMA PRIMITIVO
As culturas näo se desenvolvem ou näo é viâvel
Classe I — Aptidao boa — As condicöes do solo o seu cultivo. Umas poucas culturas adaptadas
apresentam limitacöes nulas a ligeiras para urn talvez possam ser efetuadas.
grande numero de culturas climaticamente
adaptadas. Os rendimentos das culturas säo Enquadram-se nesta classe solos de âreas onde
III/65
verificam fortes riscos de danos ou fracasso de Classe I — Aptidäo boa — As condicöes agri'colas
culturas, por irregularidade na distribuiçao das apresentam limitaçoes nulas a ligeiras para uma
precipitaçoes pluviométricas, com probabilidade producäo uniforme de culturas climaticamente
de ocorrência uma vez ou mais cada ano. adaptadas. Os rendimentos das culturas säo bons
e näo existem restriçôes importantes para as
Neste sistema de manejo foram obtidos os pràticas de manejo.
seguintes resultados:
III/66
producäo uniforme de culturas climaticamente apresentam limitacöes muito fortes para uma
adaptadas. Producäo seriamente reduzida e esco- grande variedade de culturas climaticamente
Iha de culturas afetada por uma ou mais limi- adaptadas. A producäo näo é viâvel economi-
tacöes que nao hâ como remover. camente, devido a uma ou mais limitacöes que
näo podem ser removidas.
O baixo rendimento médio podem também
resultar de rendimentos anuais mais baixos ou Haveré talvez umas poucas culturas especiais
de fracasso de culturas, causados por irregu- adaptéveis a estes solos, sob praticas de manejos
laridade na distribuiçao das precipitaçoes pluvio- incomuns.
métricas, com probabilidade de ocorrência uma
vez num pen'odo de 1 a 5 anos. Neste sistema de manejo foram obtidos os
seguintes resul tad os:
Classe IV — Inapta — As condicöes do solo
As areas correspondentes as respectivas classes e sistemas de manejo estäo representadas num mapa em
escala 1:1.000.000, anexo a este relatório.
Hl/67
8. CONCLUSÖES E RECOMENDAÇÛES
III/68
9. ANEXO
PERFILNP10 FOLHASC.23-XB
Localizaçâo: km 21,9 da estrada Canto do Buriti — Säo Raimundo Nonato, a 20 m no lado direito
Relevo: ondulado
Vegetaçâo: caatinga
A-| 0-10 cm; bruno (10YR 5/4, ûmido); franco; fraca pequena e média granular; friâvel, plâstico e
ligeiramente pegajoso; rai'zes finas e médias abundantes; transiçâo plana e clara.
B2 10-26 cm; amarelo brunado (10YR 6/6, ûmido); franco argiloso; fraca pequena e média, em
blocos subangulares; friàvel, plâstico e pegajoso; rafees finas e muitas; transiçâo plana e
gradual.
B2 26-42 cm; amarelo (10YR 7/8, ûmido); argila; moderada pequena a média, em blocos
subangulares; cerosidade comum e fraca; friàvel, plâstico e pegajoso; rai'zes finas poucas;
transiçâo ondulada e gradual.
B3/C 42-60 cm; amarelo (10YR 7/8, ûmido); argila; friâvel, plâstico e pegajoso; rai'zes finas raras.
Obs. — Presença de grande quantidade de quartzo rolado na superf i'cie e no Bj/C; no B2, pouco
cascalho e calhaus. No B3/C os cascalhos e calhaus ocupam aproximadamente 80%.
Ml/69
PERFIL N ? 10
Prof. C 100 AI
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO 2 AI 2 O 3 Fe 2 O 3 N N Al + S
4,2 3,7 29 19 34 18 10 23
4,0 3,8 22 16 28 34 12 65
4,1 3,8 15 17 27 41 29 29
4,3 3,8 14 16 29 41 24 41
ANÄLISE: IPEAN
IM/70
PERFIL N? 11 FOLHA SC.23X-D
Vegetaçao: caatinga
A 0-6 cm; bruno amarelado escuro (10YR 3/4, ümido); franco arenoso, solto, muito friâvel; näo
plâstico e näo pegajoso; raïzes finas e médias, comuns, transiçao plana e gradual.
C1 6-25cm; bruno amarelado escuro (10YR 4 / 4 , ümido); areia franca; solto, muito friâvel; nao
pléstico e näo pegajoso; rai'zes finas e médias, comuns; transiçao plana e gradual.
C2 25-60 cm; amarelo brunado (10YR 6/6, ümido); franco arenoso; solto, muito friével, nào
plâstico e näo pegajoso; rai'zes finas e médias, comuns; transiçao plana e gradual a difusa.
C3 60-120 cm+; amarelo brunado (10YR 6/8, ümido); franco arenoso; solto, muito friâvel; näo
plâstico e näo pegajoso; rai'zes finas e poucas.
111/71
PERFIL N? 11
Prof. % %
c 100 Al
Protocolo Horiz. Ki Kr
cm SiO, AIJOJ Fe2 C N N Al+S
6,1 43 29 22 6
5,7 46 34 14 6
5,4 44 35 10 11
5,3 43 29 18 10
IM/72
9.2. Resultados de Analises de Fertilidade
AMOSTRAS PARA AVALIAÇAO DA FERTILIDADE DOS SOLOS
pH P Cati'ons Permutäveis N
Folha Solo Profund, Local izaçâo
H2O ppm Al+" Ca*~Mg" %
cm mE mE ppm
SC 23 - XC LVA 0-20 4,6 4 0,8 0,6 27 0,05 km 22,7 da estrada Paus a B. Jesus
LVA 0-20 4,5 3 0,9 0,4 35 0,06 km 6,9 da estrada Paus a B. Jesus
SC 23 - XA LVA 0-20 4,6 4 0,7 0,3 23 0,05 km 4,5 da estrada Piaui' a Eliseu
70-100 4,6 <2 0,8 0,2 12 0,08 Martins após Pal mei ras do Piau f
m/73
AMOSTRAS PARA AVALIAÇAO DA FERTI LIDADE DOS SOLOS
pH P Catfons Permutéveis N
Folha Solo Profund, M K* Local izaçâo
H2O ppm Al*** Ca***Mg %
cm mE, mE ppm
SC 24 - V-A Pianosol 0- 15 4,6 <2 0,8 0,3 21 0,03 A 111 km de SimpI fcio Mendes,
SC 24 - V-C LVAm 0-30 4,8 <2 0,8 1,0 57 0,03 A 32 km de Rajada, na estrada
para Remanso.
III/74
AMOSTRAS PARA AVALIACÄO DA FERTILIDADE DOS SOLOS
pH P Catfons Permutâveis N
Folha Solo Profund, Localizacäo
H2O ppm AI*" Ca~Mg" %
cm njE. mE ppm
60-80 4,6 <2 0,9 0,1 10 0,02 estrada para Canto do Buriti
SC 23 - X-D LVAm 0-20 4,3 <2 0,8 0,4 20 0,03 A 11 km de S. Raimundo Nonato,
50-70 4,1 <2 0,8 0,2 16 0,02 na estrada para S. Joäo do Piaui'
m/75
10. RESUMO
Ml/76
de classificaçao de capacidade de uso da terra, tâ*o severas à baixa fertilidade.
preconizado pela DPP — MA, em determinaçâo O ni'vel atual de agricultura é baixo e a pecuéria
das condiçoes agn'colas dos solos, que estâo extensiva constitui a principal ocupaçâo da
expressas, no Mapa de Aptidao Agn'coia, pelos populaçâo rural. O desenvolvimento de âreas
sistemas de manejo primitivo e desenvolvido. potencialmente promissoras, sob o ponto de
Constatou-se que as maiores limitaçoes para o vista de solos, somente sera possi'vel pelo uso da
uso agn'coia dos solos se deve principalmente as irrigaçâo com âgua subterrânea, na parte sedi-
condiçoes climâticas da area e onde estas näo sâo mentär da Area.
111/77
11. BIBLIOGRAFIA
8. BRASIL. Departamento Nacional da Produ- 16. CLINE, M. G. et alii. Soil survey of territory
cäo Mineral. Divisäo de Geologia e Mineralo- of Hawai, island of Hawai, Kawai, Lanai,
gia. Mapa geológico do Brasil; por F.F.M, de Mani, Molokay and Oahu. Soil Survey Series,
Almeida e outros. 1971. Esc. 1:5.000.000. 2 5 : 3 - 6 3 5 , 1939/1955.
9. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia. 17. DAMES, T.W.G. The soil of east central Java.
tàpartamento de Cartografia. Carta interna- Pen/el, Balai Besar, 141: 1 - 155, 1955.
cional do mundo ao milionésimo; Brasil. Rio
de Janeiro, IBGE, 1972. 18. E.U.A. Department of Agriculture. Soil Con-
servation Service. Soil survey manual.
10. BRASIL. Ministério da Agricultura. Equipe Washington D.C., 1951. (U.S. Dept. Agricul-
de Pedologia e Fertilidade do Solo. Levanta- ture. Handbook, 18).
HI/78
19. E.U.A. Department of Agriculture. Soil Con- 28. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
servation Service. So/7 classification: a com- DO SOLO, Rio de Janeiro. Manual de méto-
preensive system, 1967. Supplement, 1968. do de trabalho de campo; 2? aproximaeäo.
22 p. 1967. 33 p.
Ml/79
F0T0 1
Vista aérea da unidade de mapeamento LV1 — Serra Vermelha. Aspectos do relevo
e vegetaçao.
FOTO 2
Superf feie do solo, mostrando rachaduras de um Vertissolo. Arredores de Curimatä
(PO.
Perfil de Latossolo Vermelho
Amarelo textura média —
Serra Bom Jesus da Gurguéia
(PD.
FOTO 4
Perfil de Solo Concrecionârio Laten'tico — Municfpiode Itaueira (PI).
FOTO 5
P e r f i l de Vertissolo —
Municfpio de Juazeiro (BA).
FOTO 6
Vista regional da unidade de mapeamento BL — nordeste de Corrente (PI).
Aspectos do relevo e vegetaçao.
FOTO 7
Perfil de Areias Quartzosas
Municfpio de Oei ras (PI).
VEGETflÇBO
AS REGIÖES FITOECOLÓGICAS, SUA NATUREZA E SEUS RECURSOS ECONOMICOS
ESTUDO FITOGEOGRAFICO DE PARTE DAS FOLHAS SC.23 RIO SÄO FRANCISCO E SC.24
ARACAJU
AUTORES:
PARTICIPANTES:
ABSTRACT
1. INTRODUCÄO IV/5
2. METODOLOGIA IV/6
3. LEGENDA IV/9
3.1. Chave de Classificaçâo IV/9
3.1.1. Cerrado IV/9
3.1.2. Contato IV/9
3.1.3. Caatinga IV/10
3.1.4. Agropecuâria IV/10
3.2. Descriçâo das Fisionomias Ecológicas IV/10
3.2.1. Cerrado IV/10
3.2.2. Caatinga IV/11
4. REGIOESFITOECOLÓGICAS IV/13
4.1. Regiäo do Cerrado IV/13
4.1.1. Sub-Regiäo da Depressäo da Bacia do Tocantins IV/13
4.1.2. Sub-Regiâo dos Altos Platos do Maranhäo - Piaui' IV/13
4.1.3. Sub-Regiäo dos Platos da Bacia do Säo Francisco I V/15
4.2. Regiao da Caatinga IV/15
4.2.1. Sub-Regiäo da Depressäo Periférica de Cratéus/Parnaguâ I V/15
4.2.2. Sub-Regiäo da Depressäo Säo-Franciscana IV/16
4.3. Ärea de Contato Cerrado/Caatinga IV/16
5. BIOCLIMAS IV/19
6. CONCLUSOES IV/22
7. RESUMO IV/23
8. BIBLIOGRAFIA IV/24
9. ANEXOS IV/26
9.1. Sintese Temätica das Folhas na Escala 1:250.000 IV/26
9.1.1. Folha SC.23-X-B Säo JoäodoPiauf IV/29
9.1.2. Folha SC.23-X-D Säo Ra.mundo Nonato IV/32
9.1.3. Folha SC.23-Z-A Parnaguâ IV/36
9.1.4. Folha SC.23-X-C Born Jesus IV/39
9.1.5. Folha SC.23-X-A Eliseu Martins IV/43
IV/2
9.1.6. Folha SC.23-V-B Tasso Fragoso IV/46
9.1.7. Folha SC.23-V-D Alto Parnaiba IV/48
9.1.8. Folha SC.23-Y-B Corrente IV/51
9.1.9. Folha SC.23-V-C Lizarda IV/55
9.1.10. Folha SC.23-V-A Itacaja IV/58
9.1.11. Folha SC.24-V-C Petrolina IV/61
9.1.12. Folha SC.24-V-A Paulistana IV/64
9.2. Lista das Espécies Caracten'sticas IV/66
9.2.1. Espécies do Cerrado IV/66
9.2.2. Espécies da Caatinga IV/67
IV/3
TÄBUA DAS ILUSTRACÖES
MAPA
Mapa Fitoecológico (em envelope anexo)
QUADROS
Quadro I — Zonacäo Regional (Sub-Regiöes) IV/14
Quadro II —Zonacäo Regional (Ecossistema) IV/18
Quadro 111 — Curvas Ombrotérmicas de Gaussen I V/20
Quadro IV — Zonacäo Regional (Ambientes) IV/27
FOTOS
Foto 1 - Cerradâo
Foto 2 - Campo Cerrado
Foto 3 - Parque do Cerrado Natural
Foto 4 - Parque Cerrado Artificial
Foto 5 - Floresta-de-Galeria
Foto 6 - Caatinga Arbórea Densa
Foto 7 - Caatinga Arbórea Aberta
Foto 8 - Caatinga Arbustiva Densa
Foto 9 - Caatinga Arbustiva Aberta
Foto 10 - Parque da Caatinga .
FIGURAS
Figura 1 —Localizaçao das Folhas na escala 1:250.000 IV/26
Figura 2 — Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-X B IV/28
Figura 3 — Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-X D IV/31
Figura 4 — Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-Z- A IV/35
Figura 5 — Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-X C IV/38
Figura 6 — Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-X A IV/42
Figura 7- Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-V -B IV/45
Figura 8 Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-V -D IV/47
Figura 9 Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-Y •B IV/50
Figura 10 Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-V •C IV/54
Figura 11 Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.23-V -A IV/57
Figura 12 Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.24-V -C IV/60
Figura 13 Mapa Fisionomico-Ecológico da Folha SC.24-V -A IV/63
IV/4
ABSTRACT
Between the cerrado and the caatinga there is a contact area where cerrado
species grow together mixed with other species of the caatinga, or there
occurs an interpénétration (wedge in) of species of these two ecological
areas.
The area is included in the class of thermal climates with two climatic
sub-classes: Xerochimenic and Bixeric-hemieremic.
IV/5
1. INTRODUÇAO
As Folhas SC.23 Rio Säo Francisco e SC.24 a) Regiao Ecológica (Bioma) — É uma deter-
Aracaju, com apenas 219.510 Km 2 de érea minada flora, de forma biológica 1 caracte-
coberta pelo Radar, integram areas florfsticas n'stica, que se répète dentro de urn mesmo
de duas Regiöes Ecológicas — a do Cerrado e a clima, muitas vezes em àreas geológicas dife-
da Caatinga — que puderam ser separadas pelos rentes. Assim sendo, as regiöes ecológicas terao
gradientes ecofógicos fundamentais (climéticos, nomes que, jâ consagrados no Pai's, sempre
litológicos e morfológicos), de direçao leste- correspondem a uma classe ou subclasse de
oeste, e, como essa linha bésica é a da vege- formaçâo, de Ellenberg.
taçâo, facilmente se podem observar as suas
variaçôes fisionômicas (mapa). b) Sub-Regiäo Ecológica — É a reuniao de
unidades de vegetaçâo, com a mesma florfstica,
Porém, como o tempo disponfvel para o que coincidem sugestivamente com as areas de
mapeamento é as dificuldades regionais nâo história geológica uniforme. As sub-regioes
permitiram o detalhe do levantamento no ecológicas, entao, nâo se referem a tipos de
terreno, o ni'vel de nossa abstraçâo ficou res- formaçoes, mas, sim, a âreas regionais que, por
trito à- fotointerpretaçao, com um mfnimo suas caracten'sticas especi'ficas, podem ser
indispensàvel de verificaçao terrestre, aliada à separadas. Assim, a denominaçao da sub-regiao
observaçao aérea em vôos a baixa altura, para ecológica sera regional, mas precedida sempre
as necessidades extrapolaçoes. da feiçâo morfológica dominante.
Essas linhas de vôo, cuja maneira de escolha foi c) Unidade de Vegetaçâo (Ecossistema) — Ë
inteiramente baseada na interpretaçâo morfo- formada por um mosaico de espécies, as quais
lógica preliminar, visaram, pela observaçao estäo combinadas em um emaranhado de
direta do alvo, a associar a imagem com a formas e tamanhos que se repetem invaria-
vegetaçâo refletida, ponto de partida para o velmente corn as mesmas fisionomias, dentro
levantamento fisionômico-ecologico na imagem dos limites de cada feiçâo morfológica.
de Radar, na escala de 1:250.000.
d) Unidade Fisionômica (Ambiente) — Pode
Jâ os pontos de verificaçao terrestre apenas coincidir com uma comunidade e até mesmo
tiveram como objetivo urn reconhecimento com um grupo de espécies (no caso dos grupos
flon'stico dos grupos de formaçâo, onde as gregârios), ou, ainda, ser uma mistura desses
espécies caracten'sticas foram anotadas para grupamentos, que coexistem em determinadas
posterior observaçao aérea. condiçôes ecológicas. Mas, como a unidade
fisionômica é determinada pela formaçâo domi-
Assim, o presente estudo procurou, pela obser- nante, a sua denominaçao nâ"o implica neces-
vaçao direta, définir para extrapolaçao aerofo- sariamente uma identificaçao flon'stica, mas,
togramétrica o seguinte espectro de organizaçao s i m , a classificaçâo fisionômico-ecologica
ecológica (Veloso, 1971), em correlaçâo, por regional, que coincide sempre com os grupos
adaptaçao, ao Sistema Fisionômico-Ecologico de formaçâo, de Ellenberg.
de Ellenberg {Ellenberg et Mueller-Dombois,
1965/66):
1 Divisäo biológica estrutural das plantas, pelos caractères
relacionados com a adaptaçao ao ambiente ecológico
(Raunkjaer, 1934).
IV/6
e) Grupos Fisionômicos (Fisionomia) — É uma i) Refûgio — É um encrave de determinado
combinaçao indefinida de espécie que se entre- grupo de formaçao, bem distante de sua regiao
laçam, na quai se distinguem as dominantes, ecológica, situado em ambientes condicionados
que geralmente refletem as caracteri'sticas por fatores especiais, existentes em meio que é
fundamentals do ambiente. geralmente hostil ao encrave.
IV/7
2. METODOLOGIA
Na interpretaçao das Folhas Rio Sao Francisco e textura, onde a delineaçao segue de ini'cio
e Aracaju, foram usados mosaicos näo contro- ambientes morfológicos, de acordo com os
lados das imagens de Radar 1 , com as faixas padroes citados. Após o traçado preliminar,
para estereoscopia (imagens e faixas na escala procede-se à integraçao para o estudo das areas
1 : 2 5 0 . 0 0 0 ) ; fotografias infravermelho em a serem sobrevoadas.
copias preto e branco e falsa cor, escala
1:130.000; vôos de reconhecimento a baixa No sobrevôo, säo tiradas fotografias coloridas
altura e observacöes terrestres. dos ambientes morfológicos delimitados, e
observadas as correlaçoes entre os padroes da
A metodologia estabelecida para a execuçâo imagem de Radar e a vegetaçao. Nos percursos
dos trabalhos compreendeu: terrestres, sâo analisadas as fisionomias végétais
ligadas aos ambientes morfológicos, e final-
a) interpretaçao do mosaico de imagem de mente descritas as comunidades, com a identi-
Radar, näo controlado, com auxflio dos demais ficaçâo dos grupos de espécies mais carac-
sensores; ten'sticos de cada ambiente.
IV/8
3. LEGENDA DAS FOLHAS SC.23 RIO SÄO
FRANCISCO E SC.24 ARACAJU
3.1.1. CERRADO
I - Cerradao
a) Relevo Tabuliforme
a—1 ) chapadas Scrp
a—2) mesas Scrm
b) Relevo Acidentado (testemunhos) Sca
c) Vales e Depressöes Scv
11 — Campo Cerrado
111 - Parque
1 Termo que se réfère à dinribuiçâo das formaçôes végétais de uma determinada regiâo ecológica, pelas principais feiçdes morfológicas.
IV/9
3.1.3. CAATINGA
I — Arbórea
a) Densa
a—1 ) relevo acidentado Eada
a—2) vales e depressöes Eadv
b) Aberta
b—1 ) relevo acidentado Eaba
b—2) vales e depressöes Eabv
b—3) relevo aplainado.
— ondulado Eabo
— suave Eabs
11 — Arbustiva
a) Densa
a—1) relevo acidentado Euda
a—2) vales e depressöes Eudv
a—3) relevo aplainado
— residual (cristas) Eudc
— ondulado Eudo
— suave , Euds.
b) Aberta
b—1) relevo tabuliforme
— chapadas Eubt
b - 2 ) relevo acidentado Euba
b—3) vales e depressöes Eubv
b—4) relevo aplainado
— ondulado Eubo
— suave Eubs
III — Parque
a) Misto Epm
b) Latifoliado EpI
3.1.4. AGROPECUARIA Ap
3.2.1. CERRADO
É uma classe de formaçâo predominantemente torrenciais bem demarcadas pelo pen'odo seco,
dos climas quentes umidos, com chuvas caracterizada sobretudo por suas ârvores
IV/10
tortuosas, de grandes folhas raramente deciduais, das âreas onde normalmente existem inundaçoes
bem como por formas biológicas ti'picas periódicas, ou das areas encharcadas permanen-
adaptadas aos solos déficientes, profundos e temente (foto 3).
aluminizados (A/vim etal., 1952; Arens, 1963; e
Good/and, 1971). Contudo, a atividade agropastoril, normalmente
associada ao fogo anual, vem transformando
As subdivisöes fisionômicas do Cerrado foram extensas areas de cerradöes e campos cerrados
baseadas exclusivamente no modo como as em uma formaçao disci ("max,7 onde algumas
ârvores se distribuem na regiao (Veloso, espécies arbóreas, que resistem ao fogo pela sua
1946/63), possibilitando assim identificé-las em estrutura (casca corticosa, xilopódios e outras
qualquer época do ano. adaptaçoes xeromórficas), 8 formam uma fisio-
nomia campestre com grami'neas em tufos e
a) Cerradäo — É a formaçao cli'max 1 do grupo grande quantidade de lenhosas rasteiras, entre-
arbóreo uniforme, geralmente com pouco mais laçadas por palmeiras anas e ârvores isoladas ou
de 5 métros de altura, ârvores densamente reunidas em pequenos grupos (Warming, 1908).
dispostas, mas cujas copas nao se tocam, sem urn (Foto 4).
ni'tido estrato arbustivo e com um tapete
graminoso raio, em tufos, que é freqüentemente Dentro da classe de formaçao Cerrado, fazendo
intercalado de palmeiras anas e plantas lenhosas parte da paisagem regional, encontram-se nao
raste iras (foto 1). raras vezes, serpenteando os talvegues dos vales
por onde correm perenes cursos d'âgua,
b) Campo Cerrado — É uma formaçao sub- refûgios florestais autóctones, cujas espécies
ch'max2 do grupo arbóreo, com pequenas arbóreas mesofilas,9 erectas, relativamente altas
érvores esparsas (entre 2 e 5 métros de altura), e finas, formam densas galerias (foto 5).
esgalhadas e bastante tortuosas, dispersas sobre
um tapete graminoso contfnuo de hemicrip- Sendo assim, a floresta-de-galeria é um refügio
tófitas, 3 intercalado de plantas arbustivas baixas florestal situado ao longo dos córregos da
e outras lenhosas rasteiras, geralmente providas Regiäo Ecológica do Cerrado.
de xilopódios 4 (Rachid, 1947). (Foto 2).
1 Cli'max: méximo biológico de uma vegetaçâo de determinada 7 Disclfmax: vegetaçâo que sobrevive à açâo constante do fogo,
regiâo ecológica. ou que surge nas âreas destrufdas — no caso presente, o fogo
2 Subcl/'max .etapa anticlimâtica, mas próxima ao cl f max, cuja periódico é o fator responsâvel (clfmax-de-fogo).
sucessäo estacionou por efeito de fatores naturais ou artifi- 8 Xeromórfica: planta que apresenta adaptaçoes a deficiências
ciais. do balanço hfdrico. No caso do Cerrado, a intensa e constante
3 Hemicriptófita: conjunto de formas végétais cuja parte aérea transpiraçâo da maioria de suas espécies, revelam que as
morre anualmente, ficando suas gemas de crescimento, situa- adaptaçoes xeromórficas nâo estâo ligadas ao deficit do
das ao nfvel do solo, protegidas pelas folhas mortas, no caso balanço hfdrico. (Arens et alii, 1958; e Ferri, 1962).
das grami'neas. 9 Mesofila: folhas de tamanho médio.
4 Xilópódio: tuberosidade radicular com réserva d'âgua. 10 Nanofiliada (nanofila):folhas pequenas— no caso espécies de
5 Cespitoso: campo graminoso denso, baixo e perene. leguminosas.
6 Fanerófita: conjunto de formas végétais com brotos terminais
situados acima do solo, sem nenhuma protecäo.
IV/11
formas biológicas com adaptaçôes xeromórficas no grupo foram inclui'das, por serem fisionomi-
(Ferri, 1955), tais como fanerófitas espinhosas camente comparéveis no ni'vel de abstraçao do
de porte bastante heterogêneo, caméfitas nosso trabalho, a chamada "Caatinga seca agru-
suculentas,1 géofitas2 e terófitas,3 devendo-se pada" (Egler, 1951 e a "Caatinga em tufos" (Ve-
incluir nestas ultimas a maioria das grammeas. loso et al., 1970), formando um grupo que deno-
minamos "Caatinga arbustiva aberta".
As subdivisées fisionômicas da Caatinga foram
baseadas na distribuiçao da vegetaçâo pelo ter- A caatinga arbustiva densa, comunidade sub-
reno, de acordo corn a projeçao vertical de suas ch'max, é denominada por espécies espinhosas
espécies (Luetzelburg, 1923; Egler, 1951; Veto de folhas deciduais, altura mais ou menos
so et al., 1970). Claro esta que corn isso homogênea, e, nio raras vezes.entremeadas de
apenas se visou à possibilidade de identificâ-las cactâceas de grande porte que sobressaem ao
facilmente em qualquer época do ano. estrato arbustivo (foto 8).
1 Caméfrfa.-conjunto de formas végétais que os brotos terminais 4 Sercllmax: etapa pouco avançada da sucessäo, que, por moti-
situados acima do solo, protegidos por pêlos, escamas ou vos especiais, permanece indefinidamente sem se transformar.
brâcteas. 5 Murundu: termo popular para designar pequenas areas ligeira-
2 Geôfita: conjunto de formas végétais corn os brotos terminais mente mais elevadas, que se espalham pelas largas depressSes
situados embaixo da terra, ficando assim protegidos. alagadas periodicamente. Um murundu pode ter infcio em um
3 Terófita: oonjunto de formas végétais anuais capazes de com- cupinzeiro ou ao redor das ra fzes de uma palmeira.
pletarem seu ciclo vital durante a estaçâo favorâvel.
IV/12
F0T0 1
Cerradäo (Woodland Savanna) — Em primeiro piano, o Cerradao numa encosta
areni'tica pouco dissecada, destacando-se a faveira-de-bolota (Parkia platycephala
Benth). Em segundo piano, em cima do platö, aparecem manchas de campos
[Grasslands), Parques {Parklands) e extensôes maiores de Campo Cerrado (Isolated
Tree Savanna).
FOTO 2
Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna) — Testemunho arenftico coberto
parcialmente pelo Campo Cerrado, vendo-se, na parte mais dissecada, o solo nu e
raros grupamentos arbóreos.
FOTO 3
Parque (Parkland) — Trecho do parque natural, vendo-se a extensao graminosa, com
raros indivfduos arbóreos de murici {Byrsonima sp.).
FOTO 4
Parque (Parkland) — Floresta-de-galeria (no tatvegue das baixas ondulaçoes)
margeada por Parques naturais, que délimita a acäo das maiores cheias; e Parque
artificial provocado pelas devastaçoes seguidas de fogo anual, no Campo Cerrado.
F0T0 1
Cerradäo (Woodtand Savanna) — Em primeiro piano, o Cerradäo numa encosta
arenftica pouco dissecada, destacando-se a faveira-de-bolota (Parkia platycephala
Benth). Em segundo piano, em cima do platô, aparecem manchas de campos
(Grasslands), Parques (Parklands) e extensoes maiores de Campo Cerrado (Isolated
Tree Savanna).
FOTO 2
Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna) — Testemunho areni'tico coberto
parcialmente pelo Campo Cerrado, vendo-se, na parte mais dissecada, o solo nu e
raros grupamentos arboreos.
r
FOTO 7
FOTO 8
Caatinga Arbustiva Densa {Closed Thornbush Steppe) — Uma érea festonada.
Justamente entre os festôes é onde se encontra a caatinga arbustiva densa de
jurema-preta [Mimosa hostiiis Benth.).
FOTO 9
Caatinga Arbustiva Aberta [Open Thornbush Steppe ) — Urn aplainado, nas
proximidades de Petrolina, coberto pela caatinga espinhosa, em tufos. Estes tufos
sào geralmente compostos pela faveleira {Cnidosculus phyllacanthus (Maell. Arg.)
{Pax. et K. Hoffm.), arbusto de espinhos no caule e nas folhas, circundada por
pequenas plantas, também espinhosas, como a catingueira-rasteira (Caesatpint'a
macrophylla Mart.).
FOTO 10
Parque Misto da Caatinga (Parkland Steppe) - Galeria de carnaüba {Copernicia
cerifera (A. Cam.) (Mart.) que délimita os cursos d'âgua temporârios e areas
encharcadas, com extensöes campestres de plantas anuais.
4 - REGIÖES FITOECOLÖGICAS
Estes ambientes säo caracterizados pelo capim É uma sub-regiäo caracterizada por chapadas
barba-de-bode [Aristida sp.) e outras poucas muito bem marcadas por depressöes longitudi-
Graminae que, ao lado das Compositae, Legumi- nais,2 limitada a leste pela depressao do Rio
nosae e Myrtaceae arbustivas baixas e escan-
1 Sinûsia: conjunto de plantas corn exigëncias ecológicas mais 2 Depressao longitudinal: é uma ârea mais baixa em relaçâo ao
ou menos uniformes. relevo contfguo, com forma alongada e relativamente estreita
{Guerre, 1966).
IV/13
QUADRO-I
ZONAÇÂO REGIONAL
SUB-REGIÖES
FAIXA DE CONTATO
(CERRADO-CAATINGA)
As poucas florestas-de-galeria af observadas man- É uma sub-regiao bem limitada a oeste pela
têm a mesma fisionomia, embora sejam caracte- encosta da serra Grande e a leste pela Sub-
rizadas por duas espécies autóctones: óleo-ver- Regiâo aplainada do Rio Sao Francisco. Tanto
melho (Copaifera luetzelburgii Harms.) e jatobâ ao norte como ao sul, ela ultrapassa os limites
(Hymenaea martiana Hayne). das Folhas estudadas.
1 Vicariantes: säo espécies diferentes, de um mesmo gênero, 2 Depressâo periférica: no caso, é uma ârea arrasada pré-Cam-
que vivem em locais bem afastados, mas com idênticas briana, situada ao longo do contato com o platô sedimentär.
exigências.
I V/15
Seu relevo, de ondulado a acidentado, consti- tados sobre o embasamento cristalino, foram em
tufdo por um conjunto de rochas metamorf icas muitos locais retrabalhados. Na ârea observa-se
em pediplainaçao, esta atualmente coberto pela enorme quantidade de lajedos (boulders) contf-
caatinga arbórea aberta (subch'max), com areas nuos ou fraturados, justamente onde se acham as
relfquias da caatinga arbórea densa (ch'max), concentraçoes de macambira e xiquexique.
estabelecida ao longo do vale do rio.
A sub-regiâo ecológica é caracterizada pela caa-
Na sub-regiäo säo freqüentemente revistadas tinga arbustiva aberta, dominada pela faveira
cristas monoclinais quartz ft icas, apresentando na (Cnidosculus phyllacanthus (Muell Arg.) Pax. et
encosta suave uma cobertura arbustiva densa de K. Hoffm.), com grupamentos, as vezes densos,
jurema-preta (Mimosa acutistipula Benth.), corn de facheiro e, mais raramente, de mandacaru
facheiro (Leocereussquamosus (Guerke) Werd.), (Cereus jamacaru D C ) . Essa fisionomia de vez
de forma colunar, sobressaindo do estrato arbus- em quando apresenta nuanças marcadas por
tivo e formando uma fisionomia somente ai' esparsos exemplares de braûna, aroeira, umbura-
verificada. Na base da escarpa abrupta, limitado na-de-espinho (Bursera leptophloios Mart.) e
a ela, justamente entre a rocha desagregada, umbu (Spondias tuberosa A. Cam.), que
observa-se o angico (Anadenanthera macrocarpa ultrapassam o estrato arbustivo uniforme, o
(Benth.) Brenau) gregârio, com porte relativa- quai, por sua vez, cobre uma sinüsia mais baixa
mente baixo, quase arbustivo. corn tu f os de Cactaceae, Bromeliaceae e Legu-
minosae em torno dos arbustos e érvores.
Esses ambientes sâo caracterizados pelas faneró-
fitas de porte arbóreo, das quais salientamos, Ao longo dos rios, principalmente do Sao
pela freqüência, a braûna (Schnopsis brasiliensis Francisco, na ârea de inundaçâo periódica, ob-
Engl.) e a aroeira (Astronium urundeuva Engl.); serva-se uma fisionomia de Parque, onde a
e o arbustivo é dominado pela jurema-preta. No carnaûba (Copernicia cerifera (A. Cam.) Mart.) e
estrato mais baixo, destacam-se algumas espécies arbustos copados, em mistura, formam o que
que säo comuns a todos os tipos de caatinga, chamamos de "Parque Misto".
como a macambira (Bromelia laciniosa Mart.), o
xiquexique (Pilocereus gounellii Web.) e a catin-
gueira-rasteira (Caesalpinia microphylla Mart.). 4.3. Area de Contato Cerrado/Caatinga
Nos vales, geralmente rasos e muito abertos, com Compreende duas areas diferentes: encrave e
âgua abundante quando chove, e completamente mistura.
secos a maior parte do ano, o juazeiro (Ziziphus
joazeiro Mart.) aparece sempre verde ao lado da Antes de caracterizaçao destas âreas, porém,
catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.) cadu- achamos necessério explicar o conceito de "ârea
cifólia, caracterizando-os. de mistura" e "de encrave", que, em deter-
minados pontos, aparecem entre aquelas vegeta-
çoes.
4.2.2. SUB-REGIÄO DA DEPRESSÄO SÄO-
FRANCISCANA É por demais conhecido, pelo menos desde
Schimper (Schimper, 1903), o fato de que uma
É uma sub-regiâo influenciada pelo Rio Sao vegetaçao apresenta gradaçao para outra, par-
Francisco, caracterizada em parte pela enorme tindo do seu ótimo de condiçoes morfoclimé-
plan feie säo-franciscana, onde os depósitos alu- ticas até o extremo oposto, quando desaparece.
viais, de espessura variâvel, diretamente assen-
IV/16
Guiando-nos por este conceito, que reconhe- Assim, essas areas estao unidas em uma ünica
cemos ser simplista no sentido da generalizaçao, faixa, onde tanto a mistura de espécies como o
encontramos âreas de mistura onde determi- encrave de formaçôes do Cerrado e da Caatinga
nadas espécies do Cerrado vivem ao lado de refletem àpenas diferenças litológicas e uma
outras da Caatinga; mas, também, encontramos possfvel gradaçâo climética. Contudo, as rochas
âreas onde o Cerrado e a Caatinga entram em sedimentäres arenosas, muito espessas (Cerrado),
contato brusco, separando numa linha ni'tida as e as rochas metamórficas argilosas, capeadas ou
duas vegetacöes; e, finalmente, âreas onde se nao por fina camada arenosa (Caatinga), separam
pode observar interpenetracäo de grupos de bem as âreas de encrave das âreas dissecadas.
formaçôes que conservam suas caracten'sticas onde espécies proprias de cada vegetaçâo, porém
ecológicas, como duas vegetacöes diferentes que com as mesmas exigências ecológicas, se mistu-
sâo. ram (quadro II).
IV/17
QUADRO-II
ZONAÇAO REGIONAL
(Ecossistemas)
CAATINGA
CERRADO (Vegetaçao Angustifoliada.
(Vegetaçao de Arbórea Predominantemente Decidual
Aberta a Campestre) e Espinhosa)
FAIXA DE CONTATO
(Area de Mistura — Ârvores do
CERRADAO-CLIKIAX Cerrado com Arbustos da Caatinga) CAATINGA ARBÓREA
(Arvoretas Esgalhadas, DENSA-CLllVIAX
Latifoliadas, Finas de (Arvores Deciduais de
Casca G rossa) Casca Fina)
Com base nas Normais Climatológicas dispo- caracterizacäo dos nossos bioclimas. Entäo, estes
ni'veis (M.A. Escritório de Meteorologia, 1970), seräo baseados em apenas dois princi'pios:
verificou-se que a area parcial das Folhas SC. 23
Rio Sao Francisco e SC.24 Aracaju esta perfeita- a) classificaçâo dos climas pelo método das
mente enquadrada dentro do Clima quente curvasombrotérmicas (quadro III);
(temperaturas médias mensais äcima dos 10°C),
com dias longos (area tropical) e chuvas perió- b) levantamento fisionômico-ecologico da vege-
dicas (largos perfodos secos). tacäo (quadro I).
Na area, constatou-se a existência de dois tipos Assim, a ârea parcial das Folhas SC.23 Rio Säo
de vegetacäo; savana arborizada e estepe espi- Francisco e SC.24 Aracaju foi inclui'da na classe
nhosa, vivendo uma ao lado da outra, o que dos climas térmicos (temperatura do mês mais
evidentemente sugere uma analogia climâtica frio, compreendida entre 10° e 20°C).
entre esses tipos de vegetacäo.
Nesta ârea podemos identificar pela curva
Como explicar o fenomeno em face da aparente ombrotérmica, através da rede de Estaçôes
disparidade biológica? Para fazê-lo, lançamos Meteorológicas, duas subclasses climâticas,
mäo da classificaçâo bioclimâtica de Bagnouls e subdivididas em 4 grupos:
Gaussen (1957), adaptada para a India por
Meher-Homji (1963), que, numa revisao cuida- a) Clima Xeroquimênico1 (Curva ombrotérmica
dosa dos métodos de classificaçâo climâtica, corn menos de 8 meses secos) :
concluiu que o melhor sistema para pôr em
evidência as regiöes de climas anélogos era o a-1) Termoxeroquimênico acentuado (tempera-
climético de Gaussen. Isso porque a sua curva tura do mês mais frio > 15°C);
ombrotérmica, baseada no ritmo da temperatura
e da precipitaçao através do ano.explica determi- a-2) mesoxeroquimênico (temperatura do mês
nados fenomenos da distribuicäo das plantas, mais frio > 15°C);
que urn levantamento fitogeogrâfico näo conse-
gue esclarecer suficientemente; e, assim, dâ lugar a-3) termoxeroquimênico atenuado (tempe-
a informacöes para uma futura recomposicäo ratura do mês mais frio > 15°C) ;
economica dos recursos renovâveis da area, a
curto prazo, pela introduçao de plantas de b) Clima Bixérico (curva ombrotérmica corn
outras âreas anâlogas. dois peri'odos secos):
Mas, como sabemos que certas classificaçoes b-4) bixérico-hemierêmico (com os dois perfo-
fitogeogrâficas têm um significado muito impor- dos secos somando mais de 8 meses).
tante para caracterizar as regiöes climâticas,
adotamos o sistema de Gaussen (1955), corn Assim, na érea existem dois climas: o xeroqui-
adaptaçoes, e, a classificaçâo fisionomica-eco- menio (curva ombrotérmica de Remanso, Barra,
lógica das formaçoes végétais como bases para a
IV/19
QUADRO-III
CAROLINA - MARANHÄO
(Altitude: 184,00 m)
Lat. 07°20' S
Long. 47°28' W. Grw.
Perfodo: 1931/1960 2O0
IOO
IV/21
6. CONCLUSÖES
IV/22
7. RESUMO
O mapeamento foi realizado com base na foto- nadas com testemunhos areni'ticos, apresenta na
interpretacäo das imagens de Radar comple- depressao periférica de Crateûs-Paranagué, uma
mentada com vôos de reconhecimento a baixa fisionomia arbórea e na depressao Säo Francis-
altura e observacöes terrestres, que permitiram cana uma vegetaçao arbustiva, ambas deciduais
uma classificaçâo fisionômica ecológica da vege- espinhosas.
taçâo do cerrado (Savanna) e da Caatinga
(Steppe). Entre o Cerrado e Caatinga, existe uma ârea de
contato, onde espécies do Cerrado, crescem ao
O Cerrado, ocupando a Bacia Sedimentär Paleo- lado de outras da Caatinga (mistura), ou hâ
Mesozoica do Maranhio-Piauf, apresenta 3 fisio- interpenetraçao de espécies das duas areas ecoló-
nomias: Parque (Parkland) da depressao do gicas (encrave).
Tocantins, Cerradäo (Woodland Savanna) dos
altos platos do Maranhäo-Piaui', e Campo cer- A ârea esté inclui'da na classe dos climas tér-
rado (Isolated tree Savanna) dos platos do Säo micos, com 2 sub-classes climâticas: Xero-
Francisco. quimênico e Bixérico-hemierêmico.
IV/23
8. BIBLIOGRAFIA
I V/24
19. RAUNKJAER, C. The life forms of plant da regiao Centro-Oeste. Mem. Inst. Oswaldo
statistical plants geography. Oxford, Claren- Cruz, 61 (2): 357-370, 1963.
don Press, 1934. 632 p.
25. VELOSO, H. ?. Atlas florestal do Brasil. Rio
20. RIZZINE, C. T. Sobre a distinçâo e a distri- de Janeiro, Ministério ^a Agricultura, 1966.
buiçâo das duas espécies de babaçu (Or- 82 p.
bignia). R. Bras. Geog., 25(3): 27-40, 1963.
26. VELOSO, H. P. & STRANG, H. E. Alguns
21. SAMPAIO, A. J. Fitogeografia do Brasil. Säo
aspectos fisionomicos da vegetaçao do Brasil.
Paulo, Cia Ed. Nacional, 1934 (Coleçâo Bra-
siliana, 35). Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 55(1): 9-76, 1970.
23. VELOSO, H. P. Consideraçoes gérais sobre a 28. WARMING, E. Lagoa Santa; contribuiçao
vegetaçao do Estado de Mato Grosso. para a geografia Phytobiologica. Trad. de A.
I-Notas preliminares sobre o cerrado. Mem.
Loefgren. Minas Gérais, Ed. Impr. Ofic,
Inst. Oswaldo Cruz, 44 (4): 579-603, 1946.
1908.282 p.
24. VELOSO, H. P. Os grandes climaces do Bra-
sil. IlI-Consideraçoes gérais sobre a vegetaçao
IV/25
9. ANEXOS
Descriçao das fisionomias ecológicas dos ambientes morfológicos das folhas na escala 1:250.000 aqui
reduzidas para 1:1.000.000, com conclusöes, sugestöes e areas dos ambientes (Quadro IV).
48'00' 46° 30' 45*00' 43' 30' 42' 00' 40' 30'
8*00' ~j 8' 00'
ITACAJÂ TASSO FRAGOSO ELISEU MARTINS S. JOÄO DO PIAUf PAULISTANA
SC-23-V-A SC23-V-B SC23-X-A SC23-X-B SC24-V-A
9'00' 9' 00'
IV/26
QUADRO-IV
ZONACÄO REGIONAL
(AMBIENTES) (AREAS MISTURADAS-ROCHAS)
BÂSICAS COM AREIAS)
1
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UI
K
SO §1
O Q Sabo^Sudo "• o Sabs.». Suds S i a — Scrc (DEVASTAÇÂO C/ FOGO)
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(RELEVO ACIDENTADO
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(RELEVO TABULAR)
SC.23 - X-B SÄO JOÄO DO PIAUI' Fig. 2
EscoI o gra'fica
10 20 30 40 90 60 Km.
CERRADO
(SAVANNA)
Campo Cerrado Srrp em relevo tabular
(Isolated tree Savanna) Sro em relevo ondulado
Ap (Agropecuâria)
9.1.1. FOLHA SC.23-X-B SÄO JOÄO DO PIAUI'
Nesta folha a Caatinga prédomina sobre o c) Quando esses vales säo mais rasos e formam
Cerrado. O Cerrado encontra-se apenas na parte largas vazantes, intensamente agricultadas, a
oeste, e sua distribuicäo responde de modo fisionomia dominante da érea é a caracterizada
diferente à variacäo de ordern morfológica e ao pela carnaûba, em agrupamentos gregârios, asso-
grau de intervencäo humana. ciada a outras espécies da Caatinga que ocupam
esse meio — vazantes essas marcadas pel o Campo
Cerrado que reveste suas margens e encostas
I) No Cerrado (Savanna) foi observado o onduladas, bastante dissecadas. Ambiente
seguinte: Sro + Eabv + Ap corn 340 km 2 .
b) Quando cobre areas onduladas, onde os Entre a grande depressao periférica e a escarpa
cursos d'égua temporârios apenas demarcam da serra Grande, na parte dissecada, uma fisio-
leitos secos em vales encaixados, o Campo nomia arbórea aberta domina nos vales agricul-
Cerrado é caracterizado pelas mesmas espécies tados, e a arbustiva, com ranssimas ârvores,
citadas anteriormente e apresenta uma fisio- ocupa os testemunhos. Ambiente Eaba + Ap,
nomia mais baixa, densa jâ com algumas jure- com 500 km 2 .
mas. Ambiente Sro, com 96 km 2 .
IV/29
a-2) A sudeste da quadri'cula, ao longo dos rios existiam no ambiente anterior. Ambiente Eubo,
encaixados e margeados por relevo fortemente com 930 km 2 .
dissecado, a Caatinga arbórea densa domina,
formando urn maciço arbóreo uniforme sobre Resumindo:
solos constitui'dos de rochas metamorficas e
sedimentos arenosos transportados. Essa fisio- a) a vegetaçao da Caatinga domina na quadri'-
nomia é caracterizada pela aroeira. Ambiente cula, aparecendo nas depressöes ao longo dos
Eada, corn 1.500 km 2 . rios encaixados e revestindo os baixos platôs;
Entre esses rios, a Caatinga é arbórea aberta, b) a vegetaçao de Cerrado foi observada princi-
dominada pelas mesmas espécies do ambiente palmente nos relevos tabu lares, e, quando em
anterior, revestindo um relevo ondulado, éreas onduladas, com vales rasos, esta associada
capeado por areias finas. Ambiente Eabo, com com a da Caatinga;
1.000.000 km 2 .
c) de acordo corn as observaçoes, a area da
b) Caatinga Arbustiva (Thornbush Steppe) — quadri'cula tem pouca potencialidade econô-
Nos baixos platôs arenosos a Caatinga arbustiva mica quanto aos recursos naturais renovâveis,
domina, caracterizada principalmente pela exceto nas depressöes, onde existe um inci-
jurema-preta, que, as vezes, aparece em agrupa- piente extrativismo;
mentos gregârios, formando manchas inter-
caladas de associaçoes onde ela se apresenta d) a carnaüba e a oiticica, concentradas nas
misturada com o pereiro e a catingueira. depressöes, produzem cera e óleo de valor
Ambiente Eubt corn 5.820 km2 . econômico, embora suas ocorrências sejam
reduzidas;
Na parte mais baixa, jâ arrasada, ao pé da serra
Born Jesus da Gurguéia, em relevo ondulado, a e) a atividade agn'cola convencional esta
fisionomia dominante é a mesma que se concentrada nas depressöes e a pastoril exten-
observa nos platôs elevados. Af, porém, ocor- siva nos platôs, principalmente nos revestidos
rem o pau-ferro e o xiquexique, que näo pelo Cerrado.
IV/30
SC.23 - X-D SAO RAIMUNDO NONATO Fig. 3
Ap (Agropecuâria)
9.1.2. FOLHA SC.23-X-D SAO RAIMUNDO NONATO
a-4) Nas depressoes longitudinais, ainda em b-2) No relevo acidentado, a Caatinga é carac-
fase de formaçâo, vê-se na parte dissecada o terizada pela jurema e pau-ferro, ocorrendo
Cerradäo ocupando os testemunhos, e a neste ambiente cristas quartzi'ticas. Ambiente
Caatinga, caracterizada pelo juazeiro, nos vales Euba + Eudc, nom 260 km 2 .
encaixados entre esses testemunhos. Ambiente
Eabv + Sca + Ap, com 7 km 2 . b-3) O relevo ondulado se acha recoberto pela
Caatinga, caracterizada pela jurema, sendo que
IV/32
entre uma e outra ondulaçao existe agro- camada mais impermeâvel, sao revestidos por
pecuâria. A m b i e n t e Eubo + Ap, com ârvores baixas e bem espacadas, das espécies:
1.580 km 2 . paus-terra, murici, lixeira e outras. Ambiente
Srrp + Serp, com 700 km 2 .
b-4) No relevo aplainado suave, a Caatinga é
caracterizada pela jurema e favela (ambiente b) O Campo Cerrado em relevo ondulado,
Eubs, havendo grande ârea deste ambiente com onde os vales rasos formam largas vazantes, sao
intensa agropecuéria). Ambiente Eubs+Ap, intensamente agricultados e dominados pela
corn 2.130 km 2 . Caatinga, caracterizada pela carnaüba. O
Campo Cerrado, caracterizado pelos paus-terra
e lixeira, ocupa os altos e encostas das peque-
Ill) Parque Misto (Parkland Thornmixed nas elevacöes. Ambiente SEc com
Steppe) — Recobre areas inundadas periodi- Sro + Eabv + Ap
camente pelas enchentes do Rio Sao Francisco, 9 km 2 .
e caracterizadas por uma vegetaçao graminosa,
com ârvores esparsas.
Resumindo:
As inundaçôes funcionam como fator limitante,
pelo menos para algumas espécies lenhosas, a) a Caatinga é a vegetaçao caracteri'stica da
visto que nos locais onde o alagamento per- quadn'cula;
manece mais tempo só a carnaüba é observada,
e, quando o alagamento tem menor duraçâo, b) a devastaçâo causada pelo hörnern concorre
outras ârvores, além dessa palmeira, foram para modificacöes fisionomicas;
observadas, aparecendo a mistura de carnaüba
com érvores isoladas e extensöes graminosas.
c) os tipos de vegetaçao respondem à gradaçâo
Ambiente Epm, com 580 km 2 .
do arrasamento até o pé da serra Bom Jesus da
Gurguéia:
O Cerrado (Savanna) ocupa a parte sedimentär,
cobrindo o relevo tabular, sendo que ao pé da
encosta da serra Grande, onde se dé o contato c-1) as areas da depressio periférica sao
Caatinga/Cerrado, existe uma faixa de mistura ocupadas pelas formaçoes da Caatinga;
de espécies. Ai' prédomina ora o Cerrado, ora a
Caatinga. Ambiente SEm, com 400 km 2 . c-2) as areas tabulares sedimentäres circundan-
tes sao ocupadas pelo Cerrado;
I) Cerradao (Wood/and Savanna)
c-3) os Parques que cobrem areas vizinhas das
O Cerradäo, caracterizado pela faveira-de- margens do Rio Sao Francisco refletem as suas
bolota, cajui', paus-terra, sucupira e outras cheias anuais;
espécies comuns do Cerrado, domina nos
pequenos vales e areas arenosas.
d) sao limitados os recursos naturais da area:
II) Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna) d-1) o potencial madeireiro da ârea é pequeno,
restando algumas espécies, como aroeira e
a) O Campo Cerrado em relevo tabular é entre-
angico, ainda usadas pela populaçâo local;
meado de agrupamentos de Cerradao. Esses
platos, possivelmente capeados por uma
IV/33
d-2) as érvores fruti'feras apreciadas sao jua- d-3) nos vales, desenvolveu-se uma agrope-
zeiro e umbu; cuâria extensiva.
IV/34
SC.23 - Z-A PARNAGUA Fig. 4
Cerradäo
Sea em relevo acidentado — testemunhos
(Woodland Savanna)
Parque
Sps em relevo tabular — platôs
(Parkland)
Contato SEc
grupos (encrave)
(Contact)
Ap (Agropecuâria)
9.1.3. FOLHA SC.23-Z-A PAR NAG UA
IV/36
a arbustiva densa as cristas propriamente ditas. b) nas areas arrasadas, a Caatinga arbustiva
Ambiente Eudo,+ Euba, com 40 km 2 . reflète uma grande intervençâo humana, cons-
tituindo atualmente urn disci (max, onde o fogo
a-2) Nas partes mais dissecadas da chapada, periódico é o principal fator de degradaçâo;
observa-se uma gradacäo na estrutura da
Caatinga, isto é, passa de arbórea aberta, no c) nas areas em pediplanaçao, com relevo de
relevo acidentado, a arbustiva densa, no relevo acidentado a ondulado, a Caatinga apresenta
mais aplainado, caracterizada pela juremas e duas fisionomias: a dos vales agricultados, corn
favela. Ambiente Euda, com 490 km 2 . algumas ârvores deixadas pelo seu maior valor
econômico, e a das ondulaçoes, corn densa
b) Caatinga Arbustiva Aberta (Open vegetaçâo arbustiva e algumas ârvores émer-
Thornbush Steppe) gentes;
Nas partes aplainadas do relevo, tipicamente d) a area ocupada pela Caatinga, na sua quase
valonado, a Caatinga arbustiva aberta ocupa as totalidade, apresenta pouca potential idade
pequenas ondulaçoes (ambiente Eubo, com econômica quanto aos recursos naturais reno-
78 km 2 ), e a agricultura os pequenos vales. véveis, os quais, atualmente, se resumem no
Esses vales, secos na estiagem, tornam-se aproveitamento da cera de carnaûba, do oleo
bastante ümidos na época chuvosa, razao por de oiticica, dos frutos do umbu, do juazeiro, e
que os agricultores os aproveitam intensamente, da lenha;
utilizando as ondulaçoes apenas para ampliarem
suas areas de pastagens. Ambiente Eubo + Ap, e) a area coberta pelo Cerrado, embora menos
com 7.730 km 2 . degradada, apresenta menor potencialidade
econômica, pois que, a nâo ser a lenha e os
Resumindo: precérios campos de pastagem, nao tem
nenhum outro recurso natural renovével de
a) a Caatinga é a vegetaçâo que prédomina na valor conhecido.
quadrfcula, ocupando o Cerrado apenas o
relevo residual arem'tico;
IV/37
SC.23 - X-C BOM JESUS Fig. 5
Parque
Sps em relevo tabular — platôs
(Parkland)
A vegetaçao caracterfstica da quadricula é a b-1) nas chapadas e mesas com areas degra-
Savana . Na parte dissecada da chapada Ver- dadas pela lixiviaçâo e fogo. O ambiente é
melha, observa-se o contato do Cerrado com a caracterizado pelos paus-terra e murici.
Caatinga, onde suas espécies se misturam. O Ambiente Srrp, com 320 km2.
Campo Cerrado aparece na chapada e em
outros testemunhos menores, enquanto nas Em extensa chapada, a intensidade da degra-
depressöes, onde rochas metamórficas foram daçâo ocasionou o aparecimento de Parques,
em parte ou totalmente descapeadas da sua caracterizados pelo solo quase desnudo, reves-
cobertura areni'tica, domina a Caatinga. tido pelo capim barba-de-bode. Ambiente
Srrp + Sps, com 1.800.000 km 2 . Na mesma
I) O Cerrado (Savanna) aparece com très situaçao topogrâfica aparece entremeado com
unidades fisionômicas: grupamentos de Cerradäo, onde a faveira-de-
bolota, piqui e cajui' dominam associados com
a) Cerradäo outras espécies. Ambiente Srrp + Scrp, com
3.750 km2.
a-1) Cerradäo (Woodland Savanna) das depres-
söes longitudinais ainda em fase inicial de b-2) Nas partes aplainadas, as margens do vale
aplainamento, onde camadas arenfticas näo do rio Gurguéia, o Campo Cerrado, caracte-
foram totalmente arrasadas, caracterizado pela rizado pelos paus-terra e lixeira, tem o solo
sucupira e jatobâ, que aparece misturado com coberto por um tapete graminoso raio.
agrupamentos de Campos Cerrados e com a Ambiente Srv, com 1.440 km2
Caatinga arbórea.
c) O Parque (Park/and), na quadri'cula, aparece
a-2) O Cerradäo em mistura com agrupamentos em pequenas areas, com urn tapete graminoso
de Campos Cerrados, possivelmente résultantes raio e agrupamentos de palmeiras anas, e com
das devastacöes seguidas pelo fogo. Ambiente manchas de solos desnudos, sendo provavel-
Scv + Sro com 140 km 2 . mente originado da aeäo do hörnern, através da
devastaçao e do fogo period ico degradando o
a-3) Nas areas dissecadas dessas depressöes, a ambiente primitivo, o Campo Cerrado. Am-
Caatinga arbórea aberta, caracterizada pela biente Sps, com 12.500 km2.
aroeira, é circundada pelo Cerradäo, que ocupa
as encostas e altos da parte festonada do Ao longo da serra Vermelha, observa-se nas
chapadäo. Ambiente Sea + Eaba, com depressöes uma faixa de contato, onde espécies
1.530 km2. do Cerrado e da Caatinga se misturam. Na
parte dissecada da encosta que délimita a bacia
b) Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna), sedimentär maranhense, essa mistura forma
que se apresenta com diferentes fisionomias, uma fisionomia de vegetaçao arbórea baixa,
ocasionadas pela erosäo natural e pela inter- mesofila e semidecidual, aparecendo como
vençâo do hörnern através da devastaçao e do espécies caracten'sticas a jurema, o faveiro, os
fogo periodico. Esta unidade fisionômica apa- paus-terra e a lixeira. Ambiente SEm, com
rece nas seguintes situacöes topogrâficas: 1.000 km2.
IV/39
Il) A Caatinga (Steppe) aparece com duas uni- b) Caatinga Arbustiva (Thornbush Steppe) —
dades fisionômicas: Foi observada nas seguintes situaçoes topo-
gréficas:
a) Caatinga Arbôrea (Thorntree spine Steppe)
— Esta unidade fisionômica foi observada em b-1) Caatinga Arbustiva Aberta (Open Thorn-
diferentes situaçoes topogréficas, com fisio- bush Steppe)
nomias distintas que revelam degradaçao por Os festöes da encosta da Serra Vermelha, em
fatores artificiais (agricultura, fogo e explo- âreas próximas ao Rio Gurguéia, sao recobertos
raçao madeireira). pela Caatinga. Ambiente Euba, corn 40 km2.
a-1) Caatinga Arbôrea Aberta (Open Thorntree Nas âreas aplainadas, proximo à faixa de con-
Steppe), corn os ambientes descritos a seguir: täto Cerrado/Caatinga, ao longo da serra Ver-
melha, a Caatinga arbustiva ocupa as pequenas
Nos vales rasos do Rio Gurguéia, a paisagem é ondulaçoes e as partes mais baixas, e os vales
agrCcola e caracterizada por isolados juazeiros e sâo ocupados pela agricultura. Esses vales, secos
oiticicas nas partes mais ûmidas. Ambiente na estiagem, tornam-se bastante ümidos na
Ap + Eabv, com 6 km 2 . Nos vales largos e época chuvosa, razâo do seu intenso aproveita-
profundos, encaixados no relevo residual, a mento pelos agricultures. Ambiente Eubo +Ap,
Caatinga arbôrea aberta esta associada à arbus- com 350 km2.
tiva densa, caracterizada pela jurema. Ambiente
Eabv + Eudv, com 1.740 km 2 . Em outra ârea b-2) Caatinga Arbustiva Densa (Closed Thorn-
com situaçâo topogréfica semelhante, a Caa- bush Steppe)
tinga arbôrea aberta esta associada à Caatinga
arbustiva densa, que recobre areas aplainadas Nas partes mais dissecadas da chapada apare-
nos largos vales. Ambiente Eabv + Eudo, com cem alguns elementos arbôreos caracten'sticos
800 km 2 . da gradaçao arbôrea/arbustiva, dominando a
jurema e favela. Ambiente Eudo, com 40 km2.
Na parte dissecada da chapada, a fisionomia é
caracterizada pela aroeira. Ambiente Eaba, com Nos relevos residuais das cristas quartz fticas, a
300 km 2 . Em extensos vales a Caatinga deu Caatinga é caracterizada pela jurema e facheiro.
lugar à agricultura, devido ao grau de umidade Ambiente Eudo, corn 10 km2.
na época chuvosa. Ambiente Ap + Eaba, com
580 km 2 . Na depressâo periférica, proximo à Resumindo:
Serra Vermelha, a comunidade é caracterizada
pelo umbu e umburana. Ambiente Eabo, corn a) a vegetaçao do Cerrado domina na quadrf-
390 km2. Nos vales largos e rasos, entre as cula, aparecendo principalmente nos relevos
ondulaçoes, a agricultura aparece em claros na tabu lares;
Caatinga. Ambiente Eabo+Ap, com
3.740 km2. b) a vegetaçao do tipo Caatinga aparece no
valé do Rio Gurguéia e na ârea pediplanada da
Em algumas areas da baixada do Rio Gurguéia, depressâo periférica;-
a Caatinga aparece associada a elementos do
Campo Cerrado, caracterizado pelos paus-terra c) a ârea de contato apresenta-se com grupa-
e lixeira. Ambiente Eabo + Svo, com 80 km2. mentos de Cerrado e Caatinga, que se inter-
IV/40
penetram nas depressöes longitudinals, e com e) o Campo Cerrado, com areas bastante degra-
mistura de espécies na parte dissecada da dadas, näo apresenta urn potencial econômico
encosta que délimita a bacia sedimentär mara- satisfatório, conhecido, só possuindo lenha e
nhense; déficientes pastagens como recurso natural
renovével e aproveitâvel;
d) o Cerradäo, que aparece em manchas nas
formas tabulares e em partes dissecadas da f) a Caatinga, que aparece em areas pedipla-
chapada, é o que apresenta alguma possibi- nadas, apresenta nos vales a carnaûba e a
lidade de utilizacäo da lenha e frutos como oiticica, e alguns frutos, como umbu, utilizados
piqui e cajuf; pela populaçao local.
I V/41
SC.23 - X-A ELISEU MARTINS Fig. 6
r
so
60 Km.
Ap (Agropecuâria)
9.1.5. - FOLHA SC.23-X-A ELISEU MARTINS
Dois tipos de vegetaçao caracterizam a quadn- cies, em geral murici e lixeira. Além desses
cula: o Cerrado e a Caatinga, existindo entre Parques naturais, observam-se outras clareiras
eles àreas de interpenetraçao, onde grupos das no meio desse Campo Cerrado, também com
duas fisionomias se misturam em ambientes pequenas ârvores espaçadas, mas sobre tapete
bem distintos. graminoso em tufos, refletindo uma influência
de outros fatores, por exemplo: o fogo perió-
dico e solos mais rasos existentes nas quebras
I) O Cerrado (Savanna) foi observado em dife- do ni'vel da chapada. Ambiente Srrp + Sps,
rentes ambientes fitoecológicos. com 7.300 km 2 .
b) Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna) a-1) Caatinga arbórea aberta, com manchas de
Caatinga arbustiva nas depressôes longitudinais.
Na quadri'cula, o Campo Cerrado, caracterizado Esta complexa fisionomia sugere mais profunda
pelos paus-terra, barbatimao, lixeira ou sam- intervençao humana. As areas agricultadas,
bai'ba e murici, domina nos relevos tabulares, posteriormente abandonadas, sao ocupadas por
onde diferentes comunidades se intercalam: espécies arbustivas da Caatinga, como juremas e
marmeleiro; enquanto as âreas revestidas pela
b-1) revestindo grandes extensöes tabulares, Caatinga arbórea aberta resultam de dois tipos
vez por outra interrompidas por pequenos de intervençao: retirada parcial de madeiras da
grupos de Cerradäo. Ambiente Srrp+Scrp, Caatinga arbórea densa, e fase adiantada do
com 2.600 km 2 . subclfmax secundârio, ambas caracterizadas
pela canafi'stula. Além disso, existem ao longo
b-2) revestindo pequenas extensöes tabulares. dos cursos d'agua, em geral periódicos, grupos
Ambiente Srrp, com 60 km 2 ; de carnaüba, arvoretas isoladas de juazeiro no
meio dos pastos e campos de cultura, e uma
b-3) entremeado de Parques situados em linha de oiticica as margens dos rios. Ambiente
depressôes rasas, superficialmente mais ümidas Eabv + Eudv, com 4.000 km 2 .
(provâvel ini'cio de urn novo ravinamento).
revestidos por contfnuo tapete graminoso e a-2) Nas âreas dissecadas dos platôs se encon-
espaçadas ârvores anâs de uma ou duas espé- tra uma Caatinga arbórea aberta, caracterizada
IV/43
pela aroeira, e, nos pequenos vales, grupos de cutando-se o vale do Rio Gurguéia, recobertos
Cerradao, onde dominam o jatobé e a sucupira. pela Caatinga;
Ambiente Sea + Eaba com 280 km 2 .
b) o fogo anual vem aviltando a àrea de tal
b) Caatinga Arbustiva (Thornsbush Steppe) — maneira, que talvez sua recuperaçao näo tenha
Esta unidade fisionômica foi observada nas viabilidade econômica a näo ser pelo conserva-
depressoes longitudinais, em duas situaçoes cionismo, e, assim mesmo, a longo prazo;
topogrâficas:
c) a ârea englobada pela quadn'cula nao tem
b-1) quando o relevo dissecado apresenta vales expressao econômica, pelo menos quanto aos
estreitos e relativamente fundos, a Caatinga recursos naturais renovéveis, executando-se o
arbustiva, também de juremas, mostra claros vale do Rio Gurguéia, onde se pratica uma
sem nenhuma vegetaçao nas encostas abruptas. agricultura convencional;
Ambiente Euba, com 500 km 2 ;
d) mesmo o vale do Rio Gurguéia, onde ocor-
b-2) quando o relevo dissecado apresenta vales rem a carnaüba e a oiticica, nao apresenta
rasos entre testemunhos, a Caatinga arbustiva é grande expressao econômica, em vista de sua
densa, caracterizada pela jurema e favela. reduzida érea;
Ambiente Buda, corn 140 km 2 .
e) as chapadas, que abrangem dois terços da
Resumindo: quadn'cula, sâo praticamente inaproveitadas, a
nao ser para uma pecuaria extensiva, que só
a) as chapadas sâo cobertas pelo Campo Cer- terâ viabilidade econômica se praticada nos
rado e as depressoes pelo Cerradao, exe- moldes conservacionistas.
IV/44
SC.23-V-B TASSO FRAGOSO Fig. 7
E s c a la gr a f ica
10 20 SO 40 SO 6 0 Km.
CerradSo
Sev em depressäo longitudinal
(Woodland Savanna)
O Cerradäo que cobre o relevo residual, ainda c-1) Parques situados junto a florestas-de-
existe nas depressöes longitudinais em processo galeria esparsas, formados devido à intervençâo
de aplainamento, é dominado pelo jatobé e humana, que, procurando ampliar àreas de pas-
faveira-de-bolota. Este ambiente apresenta tagens, dévasta e queima a vegetaçio em torno
pequenos grupos de Campos Cerrados, possivel- dos cursos d'égua. Neles se destacam o capim
mente resultantes das devastaçôes seguidas de barba-de-bode, o guriri, ao lado de espécies
fogo. Nos Campos Cerrados destacam-se o arbôreas do Campo Cerrado. Ambiente
murici e a lixeira ou sambai'ba. Ambiente Spfe + Srf, corn 5 000 km 2 .
Scv + Srv, com 606 km 2 .
Resumindo:
Nas areas mais dissecadas das chapadas apa-
recem pequenos grupos de Cerradöes, reves- a) os fatores morfoclimâticos, aliados à açao
tindo os festoes, com composiçâo florfstica do hörnern, säo os principais responsâveis pela
muito semelhante à das florestas-de-galeria, formaçao da paisagem:
com àrvores maiores, destacando-se entre
outras a sucupira e a faveira-de-bolota. a-1) o fogo se estende pelos Campos Cerrados
e Cerradöes, eliminando espécies e transfor-
b) Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna) é a mando essas fisionomias em Parques;
unidade fisionomica dominante na quadn'cula,
aparecendo com diferentes fisionomias, em a-2) os solos, assim desprotegidos, s§o car-
geral provocadas pelo dissecamento natural e reados, expondo a rocha e assoreando os ria-
pela intervençâo humana, através da devastaçao chos e rios;
seguida de fogo periódico.
b) com relaçao à potencialidade econômica da
b-1) Campo Cerrado em relevo residual tabuli- quadn'cula, observou-se que toda a atividade
forme. Este ambiente, com fisionomia ti'pica, é nesse sentido se restringe aos vales dos rios,
dominado pelos paus-terra e lixeira. Ambiente onde uma intensa agricultura de subsistência e
Srrp, com 32 k m 2 . Muitas dessas areas apresen- a extraçâo madeireira acarretam modificaçao na
tam grupos de parques, résultantes da devastaçao paisagem;
e fogo. Ambiente Srrp + Sps, com 10.000 km 2 .
c) os platôs nao oferecem nenhuma possibi-
b-2) Campo Cerrado, situado em relevo ondu- lidade econômica, pelo menos a curto prazo,
lado, com vales revestidos pela floresta-de- sendo o conservacionismo, portanto, a meta
galeria. A composiçâo fisionomica do Campo principal em qualquer planejamento que vise ao
Cerrado é constitufda pelo tapete graminoso desenvolvimento da area.
sombreado pelo estrato arbóreo esparso, onde
I V/46
SC.23 - V - D ALTO PARNAI'BA Fig. 8
Escalg g r a f ico
10 20 50 40 30 60 Km.
Ap (Agropecuâria)
9.1.7. FOLHA SC.23-V-D ALTO PARNAIfcA
A vegetaçâo tfpica da quad n'eu I a é o Cerrado com o buriti e pau-de-tucano, que caracterizam
(Savanna), com pequenas areas de Caatinga a fisionomia do ambiente. Ocorrem junto à
(Steppe) e de contato. comunidade Parques cortados por floresta-de-
galeria, em drenagem esparsa. Ambiente Spfe +
Srf, com 7.490 km2.
I) Cerrado (Savanna)
b-2) Campo Cerrado que reveste:
a) CerradSo (Woodland Savanna) — Observou-se
esta unidade fisionômica nos seguintes — areas com testemunhos do tipo mesa, cuja
ambientes: vegetaçâo foi degradada pelo fogo continuado.
Ambiente Srrp, com 400 km 2 ;
a-1) revestindo as àreas dissecadas dos platôs,
quando é caracterizado pelo jatobâ e sucupira. — areas de platos entremeados em grupos de
Ambiente Sea, com 650 km2. Parques, resultantes da devastaçao e fogo.
Ambiente Srrp +Sps, com 5.470 km2;
a-2) revestindo as depressoes, quando é carac-
terizado pelo jatobâ, sucupira, piqui e cajuf. — âreas onduladas onde o campo cerrado se
Este Cerradäo aparece entremeado do Campo apresenta mais esparso. Ambiente Sro, com
Cerrado no vale do rio Uruçuf—Preto, fisio- 130 km2.
nomia caracterizada por um tapete graminoso
raio e plantas lenhosas de porte arbóreo. Ambi- c) Parque (Park/and) — Unidade fisionômica
ente Scv + Srv, com 870 km2. que na quadn'cula caracteriza grandes areas
cobertas por urn tapete graminoso, com grupa-
Nas partes aplainadas entre testemunhos, o mentos de palmeiras anas e manchas de solos
Cerradäo aparece entremeado de grupos de desnudos, que se originaram da açâo natural,
Parques e Campos Cerrados, com floresta-de- através da erosäo, e da açâo do hörnern, através
galeria, caracterizados pelo buriti, paus-terra, da devastaçao e fogo.
pau-de-tucano e por um tapete graminoso raio.
Ambiente Scv + Spfd + Srf, com 1.030 km 2 . O Parque sem floresta-de-galeria, que aparece
em areas sem vegetaçâo graminosa, é originado
b) Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna) — Éda açâo do hörnern através da devastaçao e
a unidade fisionômica dominante na quadrf- fogo period ico do Campo Cerrado. Essas areas
cula, corn diferentes fisionomias ocasionadas de Parques foram observadas, principalmente,
pelo dissecamento natural e por açâo do no topo das chapadas, em meio ao Campo
hörnern, através do fogo periodico. Cerrado. Ambiente Sps, com 110 km 2 . Entre
as feiçoes do Cerrado e da Caatinga, observa-se
b-1) Campo Cerrado com floresta-de-galeria, uma faixa de contato, onde espe'cies do Cer-
em relevo ondulado, com areas degradadas, rado se misturam com as da Caatinga, for-
onde a açâo do hörnern se faz presente. Obser- mando uma fisionomia arbórea baixa, muito
va-se urn tapete graminoso e outro estrato esgalhada, corn dois estratos, sendo o arbustivo
arbóreo, onde ocorrem os paus-terra e a lixeira caracterizado pela jurema e pelo facheiro, e o
como espécies dominantes; e ao longo dos arbóreo pelos paus-terra e lixeira. Ambiente
pequenos cursos d'égua, a floresta-de-galeria SEm, com 950 km2.
IV/48
Após' essa faixa, surge na parte dissecada dos c) os Parques ocupam as mais variadas
platos uma Caatinga arbórea aberta, caracte- situaçoes topogréficas, que refletem fatores
rizada pela aroeira, e, nos pequenos vales, inibidores da sucessao normal da vegetaçao:
grupos de Cerradöes, onde dominam o jatobé e
sucupira, entremeados com areas agricultadas. c-1) quando situados nas vérzeas permanen-
2
Ambiente SEc t com 530 km . temente encharcadas dos cursos d'âgua;
Eaba + Sca + Ap
c-2) quando situados nas depressöes fechadas e
II) Caatinga (Steppe) rasas, vez por outra encontradas nos platôs,
que sofrem encharcamentos periódicos; e
a) Caatinga arbustiva (Thornbush Steppe) —
Foi observada: c-3) quando o fogo periódico élimina varias
espécies, degradando a vegetaçao natural e
a-1) Caatinga Arbustiva Aberta (Open acelerando a erosäo.
Thornbush Steppe) Nas éreas arrasadas de
relevo ondulado, a Caatinga, com uma Il) A érea arrasada, coberta pela Caatinga,
fisionomia arbustiva densa (arbustos muito apresenta:
esgalhados, espinhosos, caducifólios, nano e
mesofilos), dominada pela jurema, facheiro e a) Caatinga arbórea nas partes dissecadas dos
mandacaru, entremeada de areas agricultadas. testemunhos areni'ticos;
Ambiente Eubo + Ap, com 500 k m 2 .
b) Caatinga arbustiva nas partes apiainadas.
Resumindo:
Os recursos natu rais renovâveis ai' existentes
I) A area arenosa profunda é revestida pela sâo de pouco valor econômico. Algumas
Savanna do tipo Cerrado. plantas, como o piqui, cajui' e outras de menor
importancia, sâo utilizadas pela populaçâo local
a) Os Campos Cerrados ocupam os platôs are- como fonte de alimento; outras, cortadas para
ni'ticos e as parcelas arenosas de deposicäo, lenha de cerca.
com solos profundos laterizados;
Essa érea de vocaçâo agropastoril, atualmente
b) os Cerradöes ocupam as depressöes longi- em fase de total degradaçao pelo fogo, só
tudinais e os festonamentos dos platôs, refle- apresenta como recuperâveis as depressöes lon-
tindo parcelas de solos rejuvenescidos; g'itudinais, por onde correm os rios maiores.
IV/49
SC.23 - Y-B COR RENTE Fig. 9
Escalo grafica
10 20 Ï0 40 SO 6 0 Km.
Ap (Agropecuâria)
9.1.8. FOLHA SC 23-YB CORRENTE
IV/51
c-1) Parque com floresta-de-galeria em dre- mente agricultados, corn isolados juazeiros,
nagem esparsa, caracterizado pelo relevo ondu- grupamentos de carnaüba, e ao longo dos rios,
lado, abrangendo muitos vales secos e alguns na linha das maiores enchentes, a oiticica.
cursos d'âgua, ladeados por elementos flores- Nesses vales, principalmente nas éreas abando-
tais. Este ambiente apresenta duas fisionomias: nadas pelos agricultures, surgem manchas de
Caatinga arbustiva aberta caracterizada pelas
— ondulaçao coberta pelo Parque, com j u r e m as. Ambiente Ap+Eabv+Eubv, com
manchas de Campo Cerrado, reliquias da antiga 740 k m 2 .
vegetaçao dominante, e floresta-de-galeria nos
vales. AmbienteS'p/e-'-Sr/, com 3 300 km 2 . b) Caatinga Arbustiva (Thornbush Steppe)
IV/52
d-2) os outros recursos foram, se nao total- com folhas capazes de fornecer cera, o umbu,
mente eliminados, pelo menos muito afetados, cujos frutos säo comesti'veis, e o juazeiro, cujos
quer pela devastacäo, quer pelo fogo; frutos e folhas o gado consome;
IV/53
SC.23-V-C LIZARDA Fig. 10
SO 6 0 Km.
a-t) Cerradäo que reveste as encostas aciden- Certos trechos dessas chapadas (descapeados de
tadas das chapadas, caracterizado pela sucupira, sua camada arenosa) sâo ocupados pelos
angico e jatobâ. Ambiente Sea, com 20 k m 2 . Parques, onde se verifica uma cobertura rasteira
lenhosa, entremeada de tufos graminosos.
a-2) Cerradäo que reveste os vales encaixados Ambiente Srrp+Sps, corn 1 280 k m 2 .
entre os festoes dos relevos residuais, onde
aparece o jatobâ, sucupira e outras espécies b-4) Campo Cerrado em relevo ondulado,
menos caracteri'sticas. Essa comunidade ocorre caracterizado pela lixeira e pelo murici, domi-
entremeada com grupamentos de Campo Cer- nando sobre uma vegetaçâo lenhosa baixa e
rado e Parques cortados por densa rede de grammeas em tufos. Ambiente Sro, com
drenagem, com floresta-de-galeria. As espécies 3 400 k m 2 .
dominantes — buriti, paus-terra e pau-de-tucano
— caracterizam essas fisionomias. Ambiente c) Parque (Parkland) — Unidade fisionômica
Sco + Spfd + Srf, corn 4 1 0 k m 2 . caracterizada pelas grandes extensöes de
campos mistos, corn ârvores isoladas, mais ou
b) Campo Cerrado (Isolated Tree Savanna) — menos dispostas simetricamente, ocupando très
Apresenta-se com diferentes fisionomias, identi- ambientes diversos:
ficadas nas mais variadas situaçôes topogrâficas.
c-1) Parque com floresta-de-galeria dispersa em
b-1) Campo Cerrado que reveste as âreas drenagem densa. A fisionomia é dada pelo
onduladas. Ai' se observa urn raio tapete grami- capim barba-de-bode, que na parte festonada
noso e urn estrato arbóreo esparso, onde da chapada ocorre intercalado de pequenos
ocorrem os paus-terra e a lixeira como espécies grupos arbóreos. Nos pequenos cursos d'âgua, a
dominantes. Ao longo dos pequenos cursos floresta-de-galeria, com o buriti e pau-de-
d'égua, a floresta-de-galeria, com o buriti e tucano, caracteriza a comunidade. Ambiente
pau-de-tucano, compöe o ambiente. Ambiente Spfd, corn 260 km 2 .
Srf, com 3 090 k m 2 .
c-2) Parque com floresta-de-galeria em dre-
b-2) Campo Cerrado que reveste um relevo nagem esparsa, encontrado principalmente as
valonado, e com uma composiçâo flori'stica margens do Rio Sono. Essa fisionomia terâ,
caracterizada pela mangaba, associada a outras provavelmente, resultado de açâo do hörnern
espécies arbóreas, dentre as quais se destacam: através da devastaçao, para o estabelecimento
paus-terra, barbatimäo, lixeira ou sambai'ba, de uma agropecuâria convencional, que foi
faveiro e o murici. Ambiente Srrc, com abandonada. Ambiente Spfe, corn 820 k m 2 .
60 k m 2 .
IV/55
c-3) Parque das chapadas, formado por acäo c) nas areas residuais, o fogo é eventual, alte-
do hörnern através do fogo periódico. Ambi- rando a fisionomia de modo diverso:
ente Sps, com 30 km 2 .
c-1) nas chapadas, o Campo Cerrado fica
Resumindo: homogêneo, pela eliminaçâo das espécies menos
adaptadas ao fogo;
O fogo desempenha importante papel na distri-
buicäo do Cerrado. c-2) nas mesas, a vegetaçâo, dificilmente
atingida pelo fogo, torna-se mais complexa;
a) Nos relevos ondulados, o fogo, ateado para
a limpeza dos pastos, origina primeiramente o c-3) nos pequenos testemunhos, o fogo, aliado
Campo Cerrado, que, pela devastaçâo conti- à topografia adversa, seleciona ainda mais as
nuada, résulta em parque disci i'max; ' espécies.
b) nas depressoes e vales fechados com Area de vocacao agropastoril, encontra-se atual-
floresta-de-galeria, normalmente umidos, o fogo mente em fase de total degradaçao pelo fogo,
pouco altera a vegetaçâo, a näo ser nas limi- restando como aproveitéveis as depressoes e os
tadas areas aproveitadas para o estabelecimento vales dos pequenos cursos d'âgua.
da agricultura;
IV/56
SC.23 -V-A I T A C A J A Fig. 11
Escola grafica
10 20 50 «O SO 6 0 Km.
Ap (Agropecuâria)
9.1.10. FOLHA SC.23-V-A ITACAJA
IV/58
hörnern, que procura manter o campo grami- a-1) nas éreas planas das chapadas, o fogo
noso pelo fogo, degradando-o. apenas degradou a Savana pela seleçao de
espécies mais resistentes, dando origem aos
c-1) Parque em ambiente de relevo ondulado, Campos Cerrados e aos campos sujos domi-
com drenagem densa — Fisionomia de campos, nados pelo capim-barba-de-bode (clfmax de
com pequenas ârvores bem espaçadas e flo- fogo);
resta-de-galeria ao longo dos riachos.
a-2) nas areas onduladas, a degradaçâo atingiu
A fisionomia é dominada pelo capim barba-de- mais fundamente o solo, porque o fogo, des-
bode, com grupos de plantas lenhosas rasteiras truindo a vegetaçâo, pouco antes das chuvas,
e érvores espaçadas, destacando-se o murici e o facilitou a erosâo, que muitas vezes descapeou
faveiro. Ambiente Spfd, com 1.000 km 2 . grandes porçôes arenosas, transformando em
Parques a fisionomia original dos Campos
c-2) Parque em ambiente de relevo ondulado, Cerrados (clfmax de fogo);
com drenagem esparsa — Fisionomia de grandes
âreas campestres, interrompidas por grupos de a-3) nas âreas acidentadas, naturalmente mais
érvores esparsamente distribu fdas, em gérai de ûmidas, o fogo pouco alterou o Cerradâo, mas,
uma só espécie, corn largas floresta-de-galeria, quando aliado à devastaçâo para a implantaçao
nos vales, onde domina o buriti. A composiçao de precérios campos de çultura, näo mais
florîstica é mais simples que a do ambiente haverâ recuperaçâo (clfmax de fogo);
anterior, composta de campim barba-de-bode,
que forma o tapete graminoso, com guriri e b) a regiao abrangida pela quadrfcula näo apre-
ârvores isoladas, dominando a lixëira. Ambiente senta atualmente nenhuma potencialidade
Spfe, com 1.460 km 2 . econômica. Isso porque, sendo uma regiao
originalmente revestida por Savana, corn duas
Resumindo: âreas de utilizaçâo — uma razoavelmente plana,
com campos arborizados, de vocaçâo pastoril, e
a) na regiao, a forma do relevo e o fogo säo os outra acidentada, corn Cerradôes de baixo
fatores ecológicos que mais influfram sobre a rendimento madeireiro — acha-se hoje inteira-
atual transformaçâo da paisagem: mente degradada pelo uso indiscriminado do
fogo.
IV/59
SC.24-V-C PETROLINA Fig. 12
Parque
Epm misto
(Parkland)
Ap (Agropecuéria)
9.1.11. FOLHA SC.24-V-C PETROLINA
IV/61
c) dos recursos naturais da érea, apenas a juazeiro e umbu fornecem seus frutos à popu-
aroeira e o angico oferecem condiçoes de apro- laçâo local, que os utiliza como alimento.
veitamento madeireiro e lenha, sendo que o
IV/62
SC.24 - V - A PAULISTANA Fig. 13
Escalo gr a f ica
IO 20 30 40 SO 6 0 Kn
Cerradâo
Sea em relevo acidentado — testemunhos
(Woodland Savanna)
CERRADO
(SAVANNA)
Campo cerrado
Srrp em relevo tabular
(Isolated tree Savanna)
Contato Sec
(encrave)
(Contact) grupos
Ap(Agropecuâria)
9.1.12 FOLHA SC.24-V-A PAULISTANA
A vegetaçao do tipo Caatinga (Steppe) apre- Nos relevos ondufados, cobrindo pequenas
senta-se caracterizando a quadrlcula, distri- ondulaçoes, a Caatinga é caracterizada pela
buindo-se em funcäo dös diferentes aspectos aroeira e braüna constituindo o estrato arbó-
morfológicos. reo, e pela jurema constituindo o estrato arbus-
tivo. Ambiente Eabo, com 2 770 000 km 2 . Os
I) Caatinga Arbórea (Thorntree Steppe) vales largos e rasos, formados pelas pequenas
ondulaçoes, sâo utilizados para agricultura.
a) Caatinga Arbórea Densa (Closed Thorntree Ambiente Eabo + Ap, corn 7 780 000 km 2 .
Steppe)
Nos platôs revestidos pela Caatinga arbórea
A unidade fisionomica foi observada nos vales aberta, observa-se uma agricultura convencional
largos e rasos, com alguma agricultura, caracte- e a dominância da aroeira e braüna na sinüsia
rizada pelo juazeiro e umbu. Ambiente Eadv + arbórea, e da jurema na arbustiva. Ambiente
Ap, com 700 km2 ; £abt + Ap, com 109 km 2 .
IV/64
Nos relevos aplainados, a Caatinga aparece em através da devastaçào e do fogo periódico,
areas sob processo de arrasamento, caracte- encontra-se a Caatinga arbustiva dominando a
rizada pela jurema e marmeleiro. Ambiente paisagem, embora ocorram em algumas âreas
Eubs, corn 275 k m 2 . grupamentos de Caatinga arbórea aberta;
IV/65
9.2. Lista das Espécies Caracterfsticas
IV/66
9.2.2. ESPÉCIES DE CAATINGA
1 Na cP tb Nanofanerôf ita decidual (Na cP), com espinhos nos galhos (tb)
2 NacPa Nanofaneróf ita decidual (Na cP), sem espinhos (a)
3 Mi cP tb Microfanerófita decidual (Mi cP), com espinhos nos galhos (tb)
4 Mi cP tbl Microfanerófita decidual (Mi cP), corn espinhos nos galhos e folhas (tbl)
5 Mi cP a Microfanerófita decidual (Mi cP), sem espinhos (a)
6 Mes cP a Mesofanerófita decidual (Mes cP), sem espinhos (a)
7 Mi P xylp Microfanerófita sempre-verde (Mi P), com xilopódio (xylp)
8 Mi P ros Microfanerófita sempre-verde (Mi P), de folhas rosuladas (ros)
9 P suce Fanerófita (P) suculenta (suce)
10 Ch E frut B Caméfita (Ch) epffita (E) lenhosa (frut), com folhas afuniladas em forma de concha (b)
IV/67
USO POTENCIU.
Dfl TERRA
USO POTENCIAL DA TERRA DE PARTE DAS FOLHAS SC.23 RIO SAO FRANCISCO
ESC.24 ARACAJU*
(AVALIAÇAO MÉDIA DA CAPACIDADE NATURAL DO USO DA TERRA)
AUTO RES:
PARTICIPANTE:
ABSTRACT V/5
1. INTRODUÇAO V/6
2. OBJETIVO G ER AL V/6
4. METODOLOGIA V/8
4.1. Conceituaçao das Atividades V/8
4.2. Elementos Disponfveis V/8
4.3. Avaliaçâo e Classificaçâo V/8
8. RESUMO V/16
9. BIBLIOGRAFIA V/17
V/2
TÄBUA DE ILUSTRAÇÔES
MAPA
Mapa de uso potencial da terra (em envelope anexo)
FIGURA
Limites propostos para o Parque Nacional do Veredäo V/19
TABELAS
1 — Classes da média da capacidade V/8
2 — Distribuiçao das areas de proteçao ao ecosistema e atividades de produçao V/12
V/3
ABSTRACT
The map not only supplies information as to the regional reality, but also
serves as an instrument to evaluate the potentiality of the area when
socioeconomic and infrastructure data are introduced to it.
V/5
1. INTRODUÇAO
2. OBJETIVO GERAL
CAPACIDADE NATURAL — resultado da interaçao de fatores f fsicos e bióticos, expressa pela possibilidade de aproveitamento econô-
mico.
V/6
3. OBJETIVOSESPECIFICOS
3.1. fornecer aos órgaos encarregados do plane- qüëncia de fatores restritivos extremos, reco-
jamento, mais eiementos para a seleçâo de areas mendam maior cautela na sua utilizaçao;
visando a elaboraçâo de pianos e programas de
desenvolvimento; 3.5. localizar areas que, por sua vegetaçâo e/ou
pela presença de espécies em vias de desapare-
3.2. çontribuir para a organizaçâo e reorgani- cimento devam ser preservadas;
zaçâo do espaço econômico, evitando ou mini-
mizando os efeitos dos desequili'brios regionais: 3.6. propor âreas que, pelos aspectos peculiares
a Amazônia e o Nordeste säo exemplos mar- da paisagem, em particular ligados à vegetaçao, à
cantes; geologia e ao relevo, justifiquem a sua proteçâo
sob a forma de parques nacionais ou réservas
3.3. çontribuir, a partir da seleçâo de areas équivalentes;
programas, para estudos de maior detalhe basea-
dos nos documentos sintéticos que säo os mapas 3.7. indicar, pelas informaçoes de natureza geo-
tematicos; lógica, areas com probabilidades para a explo-
raçâo dos recursos minerais, visando a mineraçâo
3.4. définir areas em que as condiçoes de propriamente dita, a correçao de solos, cons-
vulnerabilidade dos ecossistemas, como conse- truçôes civis. . .
V/7
4. METODOLOGIA
Objetivando a avaliaçao global e independente conjunta dos elementos fornecidos pelos mapas
dos fatores sócio-económicos, no mapa foram temâticos atendendo as seguintes etapas:
consideradas as seguintes atividades de pro-
duçâo: exploraçao madeireira, lavoura e criaçSo 4.3.1. estabelecimento das grandes unidades
de gado em pasto plantado , extrativismo vege- homogêneas a partir de elementos obtidos dos
tal e criaçao de gado em pastos natura/'s. mapas geomorfológico e geológico, comple-
mentados pelo exame das imagens de radar.
4.1. Conceituaçao das Atividades 4.3.2. em cada uma das atividades foram atri-
bui'dos pesos que variam de 0 (zero) a 1 (um)
EXPLORAÇAO DE MADEIRA (EXM) para os dados obtidos nos mapas de solos*
— aproveitamento de recursos florestais em ter- geomorfológico, fitogeogréfico,- avaliando-se
mos de produçâo madeireira. assim as condicöes de solo, relevo, clima e
LAVOURA E CRIAÇÂO DE GADO EM PAS- vegetaçao para as grandes unidades homogêneas.
TO PLANTADO (LAV)
— atividades agn'colas, tendo em vista a implan- 4.3.3. adoçâo de critério combinatório probabi-
taçâo de culturas de subsistência e/ou comer- li'stico, sob a forma de multiplicaçâo sucessiva
ciais e pastos plantados. dos respectivos pesos, obtendo-se assim, os
EXTRATIVISMO VE GETAL (EXV) i'ndices de capacidade natural. O fndice unitério
— aproveitamento de recursos florestais, ex- representaria condicöes ótimas para todos os
clu fda a madeira. fatores.
CRIAÇÂO DE GADO EM PASTOS NATURAIS
A quantificaçâo resultante conduziu à definiçâo
(GPN)
de cinco (5) classes da média da capacidade:
— atividade pecuéria que utiliza vegetaçao espon-
alta, média, baixa, muito baixa e näo significante
tânea de tipo "campo", que inclui formacöes (Tabela I) permitindo também a identificaçao
herbâceas, arbustivas e mistas. dos fatores restritivos as atividades agrope-
cuérias.
4.2. Elementos Dispom'veis
TABELA I
Na avaliaçao da média capacidade natural do uso
da terra foram utilizados os seguintes elementos: CLASSE DI'GITO
mosaicos semicontrolados de radar, na escala DE INTERVALO INDICADOR
1:2 50.000, mapas temâticos, nas escalas CAPACIDADE NO MAPA
1:1.000.000 e 1:250.000 e consulta à biblio-
grafia disponibel. Alta (A) > a 0,60 4
Média (M) 0,40 a 0,60 3
Baixa (B) 0,20 a 0,40 2
4.3. Avaliaçao e Classificaçâo Muito Baixa (MB) 0,10 a 0,20 1
Näo Signifi-
A metodologia adotada baseou-se na utilizacäo cante (NS) < a 0,10 0
V/8
A classe considerada A L T A compreende os Estâo nesse caso:
mdices superiores a 0,60; entretanto, uma ava-
liaçâo preliminar indicou a possibilidade remota — éreas que, pela forma e energia do relevo sâo
de ocorrência de areas com mdices acima de consideradas de preservaçâo permanente, em
0,85. consonância com o Artigo 29 da Lei n9 4771/65
(Código Florestal Brasileiro). Sào as ÂREAS DE
A CLASSE NÄO SIGNIFICANTE, revelando PROTEÇAO AO ECOSSISTEMA POR IMPO-
capacidade inexpressiva, sera considerada equiva- SICÄO LEGAL.
lente à inexistência de atividade à quai se referir,
nâo sendo, por isso mencionada na anâlise das — âreas que devem oferecer condiçôes para a
capacidades natu rais. recreaçâo e a preservaçâo e pesquisa de aspectos
peculiares da paisagem, da flora e da fauna. Sao
Condiçôes particulares de relevo, solo, açao as AREAS DE PROTECÄO AO ECOSSISTEMA
antrópica, etc. . ., definem areas em que o POR CONDIÇOES ECOLÔGICAS PARTI-
ecossistema vem sendo submetido a uma contf- CULARES.
nua reduçâo de sua capacidade natural, com
graves conseqüências, em particular, para os Quanto as AREAS DE PROTEÇAO AO ECOS-
solos. Tais areas säo classificadas como de SISTEMA POR IMPOSICÄO LEGAL, deve ser
UTILIZACÄO CONDICIONADA A ESTUDOS salientado que a generalizaçâo cartogrâfica
ESPECIFICOS. imposta pela escala do mapa, nâo permitiu que
fossem indicadas as âreas de preservaçâo perma-
Foram também definidas âreas que, por suas nente situadas ao longo dos cursos d'âgua, em
condiçôes particulares sâ"o enquadradas na cate- torno de lagoas (Lagoa de Parnaguâ, por exem-
goria de AREAS DE PROTEÇAO AO ECOSSIS- plo), nos bordos de algumas chapadas e tabu-
TEMA. lei ros, nem nas nascentes e cabeceiras de rios,
conforme exige o Código Florestal.
V/9
5. ANÄLISE DO MAPA DE USO POTENCIAL
DA TERRA
V/10
5.2.1.4. A atividade isolada de CRIAÇAO DE para a pecuéria — ela é classificada como de
GADO EM PASTOS NATU RAIS com capacidade UTILIZAÇÂO CONDICIONADA A ESTUDOS
MUITO BAIXA (0001), BAIXA (0002) e MÉ- ESPECI'FICOS.
DIA (0003), prédomina no setor oeste da area, 5.2.1.7. Areas definidas como de PROTECÄO
compreendendo em particular a regiäo dos altos AO ECOSSISTEMA POR IMPOSIÇÂO LEGAL,
formadores do Parnafba e na bacia do Tocantins, têm sua maior expressao no bordo ocidental da
as cabeceiras do Rio Formoso. Serra da Cangalha, limites dos estados de Goiâs e
Maranhäo; na vertente oriental da Serra dos
5.2.1.5. As atividades LAVOURA e CRIAÇAO Pénitentes; nos vales dos afluentes da margem
DE GADO EM PASTO PLANTADO, associada à direita do Rio Gurguéia, na porçâo em que este
CRIAÇAO DE GADO EM PASTOS NATURAIS, entalha a Serra do Born Jesus da Gurguéia e vales
apresentam-se sob seis combinacöes diferentes do Rio Piaui' e seus afluentes.
com distribuiçao generalizada em toda a area.
Destacam-se, entretanto, como areas de i'ndices A Tabela II mostra a distribuiçao, por classes,
de capacidade mais elevados os aluvioes dos Rios das areas das Atividades de Producäo (isolada ou
Gurguéia e Säo Francisco e duas areas no setor em coexistência), as de UTILIZAÇÂO CONDI-
nor-nordeste do mapa, correspondentes aos vales CIONADA A ESTUDOS ESPECI'FICOS e as de
dos afluentes da margem direita do Rio Piaui'. PROTECÄO AO ECOSSISTEMA POR IMPOSI-
ÇÂO LEGAL e por CONDIÇOES ECOLÖ-
5.2.1.6. Merece especial destaque, por sua ex- GICASPARTICULARES.
tensäo, a érea que abränge o setor este-sudeste
do mapa, incluindo a regiäo em torno de Na area de PROTECÄO AO ECOSSISTEMA
Juazeiro, Petrolina, Casa Nova, Sento Sé e do POR CONDIÇOES ECOLÔGICAS PARTI-
vale do Rio Itaquatiara, afluente da margem CU LARES estäo englobadas as areas de
direita do Piaui'. Em decorrência da semi-aridez, 4.270 km 2 , 2.480 km2 e 3.180 km2 que tam-
complementada por condicöes de relevo, solos bém foram consideradas e computadas nas res-
rasos e pela intensa utilizaçao — particularmente pectivas colunas das classes de atividades (0001,
0002,0103).
V/11
TABELA II - DISTRIBUIÇÂO DAS AREAS DE PROTEÇAO AO ECOSSISTEMA E ATIVIDADES DE PRODUÇÂO
Areas de Proteçâo do
Areas de Atividades Isoladas
Ecossistema Atividades
Utiiizaçâo
em
Condicionada
Condiçôes Por Criaçâo de Gado em Lavoura e Criaçâo de Coexistência
a Estudos
Ecológicas Imposiçâo Pastos Naturais Gado em Pasto
Especfficos
Particulares Legal (GPN) Plantado (LAV)
EXM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
o
Atividade
LAV 0 0 1 0 0 0 1 2 1 1 1 2 2 3
o o o
o o o
EXV 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
GPN 1 2 3 1 2 3 0 0 1 2 3 1 2 2
CLASSES ABREVIATURAS
4 - ALTA EXM - EXPLORAÇÂO DE MADEIRA
3 - MÉDIA LAV - LAVOURA E CRIAÇÂO DE GADO EM PASTO PLANTADO
2 - BAIXA EXV - EXTRATIVISMO VEGETAL
1 - MUITO BAIXA GPN - CRIAÇÂO DE GADO EM PASTOS NATURAIS
0 - NÄ0 SIGNIFICANTE
6. CONCLUSÖES E JUSTIFICATIVAS
A avaliaçâo feita e a constataçâo através do lidade de obtençâo d'âgua nas zonas onde se
mapa da distribuiçâo das classes de capacidade adensam as depressöes fechadas e nas proximi-
mostram que: dades do Sao Francisco e outros vales.
6.1. a area, no seu conjunto, apresenta ni'veis 6.5. Por tratar-se de regiao de ocupaçao antigae
baixos de capacidade média natural para o uso condiçoes de semi-aridez, relevo e solos rasos,
da terra; deveré ser dada especial atençao à ârea compre-
endida no setor este-sudeste do mapa, corn
6.2. esses ni'veis podem ser atribui'dos, em prin- relaçâo aos processus a adotar quanto à sua
ci'pio, a dois dos mais importantes fatores utilizaçao (praticas de conservaçao do solo,
restritivos: o solo e o clima; silvicultura . . .). Af, em condiçoes climéticas altc-
mente desfavorâveis, o Hörnern — através da pe-
6.3. existe uma feiçâo singular quanto à distri- cuâria, em particular a de caprinos — vem con-
buiçâo desses fatores restritivos: tribuindo para o desequilfbrio do ecossistema da
Caatinga. Para essas âreas, sao recomendados es-
— nos setores nor-noroeste, este e sul-sudeste, as tudos mais profundos, que conduzam ao esta-
atividades concomitantes de lavoura e criaçao de belecimento de tecnologia adequada ao uso do
gado têm maior probabilidade, o que pode ser solo.
atribufdo à relativa fertilidade dos solos; porém,
säo exatamente essas âreas que apresentam maio- 6.6. Atençao especial também deverâ ser dispen-
res limitaçôes climéticas; sada as âreas definidas como de PROTECÄO AO
ECOSSISTEMA POR IMPOSIÇÀO LEGAL,
— no restante da ârea, o Cerrado, por sua fraca onde praticas conservacionistas de florestamento
capacidade energética é o fator restritivo mais e reflorestamento deverao proporcionar condi-
importante à criaçao de gado em pastos naturais, çoes impeditivas aos processos de erosâo e
muito embora o seu bioclima seja atenuado em outros de graves consequencias para o equih'brio
relaçâo ao da Caatinga. ecológico dessas âreas.
6.4. a distribuiçâo atual das atividades agrope- 6.7. É proposta a criaçao do PARQUE NACIO-
cuârias na area em questao (Albuquerque, 1962; NAL DO VEREDÄO (Figura e Anexo).
Barroso, 1962; Silva, 1962; Veirano, 1962;
Mesquita et alii, 1968; Instituto Brasileiro de Essa proposiçao considéra as condiçoes parti-
Estatistica, 1970 A; Instituto Brasileiro de Esta- culares com relaçâo à geomorfologia e à hidro-
ti'stica, 1970 B e Silva et alii, 1970), na realidade grafia da Chapada das Mangabeiras na regiao do
parece opor-se à expressao tao frequentemente divisor de âguas das bacias do Sao Francisco e do
empregada e tradicionalmente aceita da "voca- Amazonas (Pereira, 1943). Trata-se de regiao de
çâo natural da terra". Ao contrario, conduz a particular importância do ponto de vista biogeo-
que seja levantada a hipótese de que essa grâfico porque, no pen'odo chuvoso, se estabe-
distribuiçâo seja o resu.ltado de uma ocupaçao lece no Brejo do Veredào, a intercomunicaçâo
tradicional e conseqüência da baixa capacidade entre as referidas bacias. As implicaçôes florfs-
aquisitiva da regiao, refletindo, assim, mais tico-faunfsticas que esse fato pode acarretar, sao
uma facilidade de ocupaçao representada — no previsi'veis e merecem pesquisas aprofundadas. A
caso da area da Caatinga — pela maior possibi- inclusâo, na ârea proposta do Parque Nacional
V/13
do Veredâo, das cabeceiras dos altos formadores grâfica, de modo a estabelecer diferenças ou
do Pamai'ba, objetiva oferecer condiçôes para a afinidades existentes nos campos da Zoologia e
extensäo daquelas pesquisas a outra bacia hidro- da Botânica.
V/14
7. O MAPA DE USO POTENCIAL DA TERRA
E AS PERSPECTIVAS REGIONAIS
V/15
8. RESUMO
— contribuir para a adoçao de uma polftica de A aplicaçâo dessa metodologia levou à consta-
ocupaçâo da terra que situe o Hörnern como tacäo da existência de onze diferentes combina-
construtor e nao destruidor da paisagem; cöes das atividades. As atividades de EXPLO-
RACÄO DE MADEIRA e EXTRATiVISMO
— fornecer elementos para a seleçâo de âreas VEGETAL, figuram somente na classe NÄO
visando a elaboraçâo de pianos e programas de SIGNIFICANTE. Outrossim, evidenciou areas,
desenvolvimento; nas quais as condicöes extremas de relevo, solo e
clima, sugerem a adocäo de medidas de protecäo
— contribuir na organizaçao e reorganizaçao do ao ecossistema (prâticas de cönservacäo do solo,
espaço econômico e, conseqüentemente, evitar utilizacäo sob a forma de areas de florestamento
ou minimizar os efeitos dos desequih'brios regio- ou reflorestamento . . . ).
nais;
A avaliacäo feita e a constatacäo da distribuicäo
— contribuir para a manutençao do equilfbrio quantificada das âreas, révéla que, no seu con-
ecológico e a cönservacäo da natureza. junto, a area estudada apresenta ni'veis baixos de
capacidade média natural que, de modo genera-
Na avaliacäo da média da capacidade natural lizado, podem ser atribui'dos aos fatores clima e
para o uso da terra, foram utilizados dados solo. O primeiro sendo mais importante no setor
obtidos dos mapas teméticos e das imagens de este-sudeste e o segundo no restante da area.
radar na escala de 1:250.000. Para cada area
homogênea, definida a partir dos mapas geoló- O mapa proporciona, näo só o conhecimento da
gico e geomorfológico e utilizando pesos, realidade regional mas também permite que,
foram avaliadas as condicöes de clima, relevo, acrescido de informacöes de natureza sócio-
solo e vegetaçào para as seguintes atividades de econômica e de infra-estrutura, sirva de instru-
producäo: EXPLORACÄO DE MADEIRA, mento para a avaliacäo dopotencial da area.
LAVOURA E CRIAÇAO DE GADO EM
V/16
9. BIBLIOGRAFIA
V/17
10. ANEXO
V/18
47°00' 46°00' 43°30'
IO°OO' - IO°OO'
o, v
/PEORA l
f DA BALISA
V/19
OUTROS PRODUTOS DO PROJETO RADAM
Além dos mapas temâticos na escala 1:1.000.000 e relatórios relativos a este bloco, encontram-se à
disposiçâo do püblico, os seguintes produtos finais:
a) Folha de 1°00' x 1030' - na escala 1:250.000 - abrangendo cerca de 18.000 km 2 , podendo ser
acompanhada por faixas dé radar na mesma escala, permitindo visäo estereoscópica em aproximada-
mente 50% da area.
2. Fotografies*
3. Vfdeo-Tape*
Na escala 1:23.000 — para sua utilizaçao se faz necessâria aparelhagem especial de TV. Apresenta as
mesmas restriçôes das fotografias.
4. Perfis Altimétricos
Ao longo de cada linha de vôo (27 em 27 km), foram registrados perfis que fornecem a altitude do
terreno. A aproximaçâo absoluta é da ordern de 30 a 50 m. Por sua consistência a precisâo relativa ao
longo de uma mesma linha de vôo, pode ser considerada boa.
5. Mapas Planimétricos
6. Mapas Temâticos
SETOR VEGETACÄO:
COORDENADORA: Naturalists Adélia Maria Salviano Japiassü
ASSESSOR: Eng? Agron. Henrique Pimenta Veloso
Eng?Florestal Eduardo Pinto da Costa
Eng? Florestal Evaristo Francisco de Moura Terezo
Eng? Florestal Floral im de Jesus Fonseca Coelho
Eng? Florestal Heliomar Magnago
Geogr. Lucia Maria Cardoso Gonçalves
Eng? Florestal Lufz Goes Filho
Eng? Agron. Oswaldo Koury Junior
Eng? Florestal Pedro Furtado Leite
Eng? Florestal Petronio Pires Furtado
Eng? Florestal Shigeo Doi
Eng? Florestal Walmor Nogueira da Fonseca