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COLÉGIO ESTADUAL PROFº AMAZOR VIEIRA BORGES

RUA MARIA DA GLÓRIA S/N AUSTIN- NOVA IGUAÇU - RJ


AVALIAÇÃO BIMESTRAL DE 2014 - 4º BIMESTRE
ALUNO: TURMA: 901

PROF: Trabalho Comp/Cad/Freq SAERJ Prova


Ligia Silva

Agora que você estudou as aulas deste bimestre, está preparado para testar os conhecimentos adquiridos
ao longo destas quatro semanas! A seguir, você deverá responder às questões propostas. Elas foram formuladas
de acordo com as habilidades trabalhadas no bimestre.

Você vai ler um fragmento do capítulo XIX de O Cortiço, em que o narrador conta como Bertoleza percebeu o
esforço de João Romão para ascender socialmente. Após, responda às questões de 1 a 5.

... Era isto justamente o que, tanto o Barão como o Botelho, morriam por
que lhe dissessem. Sim, porque aquela boa casa que se estava fazendo, e os ricos
móveis encomendados, e mais as pratas e as porcelanas que haviam de vir, não
seriam decerto para os beiços da negra velha! Conservá-la ia como criada?
Impossível! Todo Botafogo sabia que eles até aí fizeram vida comum!
Todavia, tanto o Miranda, como o outro, não se animavam a abrir o bico a
esse respeito com o vizinho e contentavam-se em boquejar entre si
misteriosamente, palpitando ambos por ver a saída que o vendeiro acharia para
semelhante situação.
Maldita preta dos diabos! Era ela o único defeito, o senão de um
homem tão importante e tão digno.
Agora, não se passava um domingo sem que o amigo de Bertoleza fosse
jantar à casa do Miranda. Iam juntos ao teatro. João Romão dava o braço à
Zulmira, e, procurando galanteá-la e mais ao resto da família, desfazia-se em
obséquios brutais e dispendiosos, com uma franqueza exagerada que não
olhava gastos. Se tinham de tomar alguma coisa, ele fazia vir logo três, quatro
garrafas ao mesmo tempo, pedindo sempre o triplo do necessário e acumulando
compras inúteis de doces, flores e tudo o que aparecia. Nos leilões das festas de
arraial era tão feroz a sua febre de obsequiar a gente do Miranda, que nunca voltava para casa sem um homem atrás,
carregado com os mimos que o vendeiro arrematava.
E Bertoleza bem que compreendia tudo isso e bem que estranhava a transformação do amigo. Ele
ultimamente mal se chegava para ela e, quando o fazia, era com tal repugnância, que antes não o fizesse. A desgraçada
muita vez sentia-lhe cheiro de outras mulheres, perfumes de cocotes estrangeiras e chorava em segredo, sem ânimo de
reclamar os seus direitos. Na sua obscura condição de animal de trabalho, já não era amor o que a mísera desejava,
era somente confiança no amparo da sua velhice quando de todo lhe faltassem as forças para ganhar a vida. E
contentava- se em suspirar no meio de grandes silêncios durante o serviço de todo o dia, covarde e resignada, como seus
pais que a deixaram nascer e crescer no cativeiro. Escondia-se de todos, mesmo da gentalha do frege e da estalagem,
envergonhada de si própria, amaldiçoando-se por ser quem era, triste de sentir-se a mancha negra, a indecorosa
nódoa daquela prosperidade brilhante e clara.
E, no entanto, adorava o amigo, tinha por ele o fanatismo irracional das caboclas do Amazonas pelo branco a
que se escravizam, dessas que morrem de ciúmes, mas que também são capazes de matar-se para poupar ao seu
ídolo a vergonha do seu amor. O que custava aquele homem consentir que ela, uma vez por outra, se chegasse para
junto dele? Todo o dono, nos momentos de bom humor, afaga o seu cão... Mas qual! o destino de Bertoleza fazia-se
cada vez mais estrito e mais sombrio; pouco a pouco deixara totalmente de ser a amante do vendeiro, para ficar
sendo só uma sua escrava. Como sempre, era a primeira a erguer-se e a última a deitar-se; de manhã escamando
peixe, à noite vendendo-o à porta, para descansar da trabalheira grossa das horas de sol; sempre sem domingo nem
dia santo, sem tempo para cuidar de si, feia, gasta, imunda, repugnante, com o coração eternamente emprenhado de
desgostos que nunca vinham à luz. Afinal, convencendo-se de que ela, sem ter ainda morrido, já não vivia para ninguém,
nem tampouco para si, desabou num fundo entorpecimento apático, estagnado como um charco podre que causa nojo.
Fizera -se áspera, desconfiada, sobrolho carrancudo, uma linha dura de um canto ao outro da boca. E durante dias
inteiros, sem interromper o serviço, que ela fazia agora automaticamente, por um hábito de muitos anos, gesticulava
e mexia com os lábios, monologando sem pronunciar as palavras. Parecia indiferente a tudo, a tudo que a
cercava...

Disponível em http://www.lunaeamigos.com.br/fragmentos/fragmentos8.htm Acesso em 16 out. 2013.


1) Releia com atenção o fragmento a seguir. (0.25)

“Sim, porque aquela boa casa que se estava fazendo, e os ricos móveis
encomendados, e mais as pratas e as porcelanas que haviam de vir, não seriam
decerto para os beiços da negra velha! Conservá-la ia como criada? Impossível! Todo
Botafogo sabia que eles até aí fizeram vida comum!”

A partir da leitura do texto, pode-se deduzir que:

a) João Romão e Bertoleza foram amantes durante anos.


b) João Romão e Bertoleza conheciam-se desde muito jovens.
c) João Romão havia comprado Bertoleza de seu antigo dono.
d) João Romão havia contratado Bertoleza para ser sua criada.

2) Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de discurso indireto livre. (0.25)

a) “João Romão dava o braço à Zulmira, e, procurando galanteá-la e mais ao resto da família (...)”
b) “Maldita preta dos diabos! Era ela o único defeito, o senão de um homem tão importante e tão digno.”
c) “A desgraçada muita vez sentia-lhe cheiro de outras mulheres, perfumes de cocotes estrangeiras e chorava
em segredo (...)”
d) “(...) tanto o Miranda, como o outro, não se animavam a abrir o bico a esse respeito com o vizinho e
contentavam-se em boquejar entre si misteriosamente (...)”

3) Releia a passagem a seguir: (0.5)

“Nos leilões das festas de arraial era tão feroz a sua febre de obsequiar a gente do Miranda, que nunca
voltava para casa sem um homem atrás, carregado com os mimos que o vendeiro arrematava.”

Nesse fragmento, os termos obsequiar e arrematava, significam, respectivamente:

a) oferecer e concluía.
b) presentear e acabava.
c) agradar e adquiria.
d) cortejar e completava.

4) Das passagens a seguir, qual a única que NÃO apresenta uma descrição subjetiva da personagem Bertoleza?
(0.25)

a) “(...) feia, gasta, imunda, repugnante, com o coração eternamente emprenhado de desgostos (...)”
b) “Fizera-se áspera, desconfiada, sobrolho carrancudo, uma linha dura de um canto ao outro da boca.”
c) “(...) sem interromper o serviço (...) gesticulava e mexia com os lábios, monologando sem pronunciar as
palavras.”
d) “E contentava- se em suspirar no meio de grandes silêncios durante o serviço de todo o dia, covarde e
resignada (...)”

5) Observe os dois fragmentos a seguir: (0.5)

I – “Como sempre, era a primeira a erguer-se e a última a deitar-se; de manhã escamando peixe (...)”

II – “(...) desabou num fundo entorpecimento apático, estagnado como um charco podre que causa nojo (...)”

Nesses trechos, pode-se verificar, respectivamente, a presença das figuras de linguagem:


a) hipérbole e metáfora.
b) antítese e comparação.
c) onomatopeia e gradação.
d) metonímia e personificação.

6. Observe o trecho dos quadrinhos de O Cortiço e responda: (1.5)

a) Que tipo de discurso predomina no texto acima?


__________________________________________________________________________________________
b) Quais sinais de pontuação usados para representar esse discurso?
___________________________________________________________________________________________
c) Passe todo o texto para o discurso direto.
___________________________________________________________________________________________

7. A seguir, retiramos do texto fragmentos que contêm algumas figuras de linguagem que você recordou nas aulas.
Identifique-as. (1.0)

a) “(...) tanto o Barão como o Botelho, morriam por que lhe dissessem.” ________________________________
b) “Todo Botafogo sabia que eles até aí fizeram vida comum!” _______________________________________
c) “A negra era como um animal que ficava à espreita...” __________________________________________
d) O Cortiço é um inferno astral para seus habitantes. _______________________________________

8. Em nossas aulas vimos que Parônimos: são palavras que apresentam significados diferentes embora sejam
parecidas na grafia ou na pronúncia e Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, mas significados
diferentes. (0.5)

 Completa corretamente com o elemento do parênteses:

a) O sapato velho foi restaurado com a aplicação de algumas ________ (tachas-taxas);


b) Sílvio _________ na floresta para caçar macacos (imergiu-emergiu);
c) Para impedir a corrente de ar, Luís _______ a porta (cerrou-serrou);
d) Bonifácio ________ pelo buraco da fechadura (expiava-espiava);
e) Quando foi realizado o último ________ ? (censo-senso).
Boa Prova!

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