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SIMULADO 2
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A língua está viva Animais no espaço
Ivana Traversim Vários animais viajaram pelo espaço como
astronautas.
Na gramática, como muitos sabem e outros
nem tanto, existe a exceção da exceção. Isso não Os russos já usaram cachorros em suas
quer dizer que vale tudo na hora de falar ou experiências. Eles têm o sistema cardíaco
escrever. Há normas sobre as quais não podemos parecido com o dos seres humanos. Estudando
passar, mas existem também as preferências de o que acontece com eles, os cientistas
determinado autor – regras que não são regras, descobrem quais problemas podem acontecer
apenas opções. De vez em quando aparece com as pessoas.
alguém querendo fazer dessas escolhas uma A cadela Laika, tripulante da Sputnik-2, foi
regra. Geralmente são os que não estão bem o primeiro ser vivo a ir ao espaço, em
inteirados da língua e buscam soluções rápidas novembro de 1957, quatro anos antes do
nos guias práticos de redação. Nada contra. O primeiro homem, o astronauta Gagarin.
problema é julgar inquestionáveis as informações Os norte-americanos gostam de fazer
que esses manuais contêm, esquecendo-se de que experiências científicas espaciais com
eles estão, na maioria dos casos, sendo práticos – macacos, pois o corpo deles se parece com o
deixando para as gramáticas a explicação dos humano. O chimpanzé é o preferido porque é
fundamentos da língua portuguesa. inteligente e convive melhor com o homem do
(...) que as outras espécies de macacos. Ele
Com informação, vocabulário e o auxílio da aprende a comer alimentos sintéticos e não se
gramática, você tem plenas condições de escrever incomoda com a roupa espacial.
um bom texto. Mas, antes de se aventurar, Além disso, os macacos são treinados e
considere quem vai ler o que você escreveu. A podem fazer tarefas a bordo, como acionar os
galera da faculdade, o pessoal da empresa ou a comandos das naves, quando as luzes
turma da balada? As linguagens são diferentes. coloridas acendem no painel, por exemplo.
Afinal, a língua está viva, renovando-se sem Enos foi o mais famoso macaco a viajar
parar, circulando em todos os lugares, em todos os para o espaço, em novembro de 1961, a bordo
momentos do seu dia. Estar antenado, ir no da nave Mercury/Atlas 5. A nave de Enos teve
embalo, baixar um arquivo, clicar no ícone – mais problemas, mas ele voltou são e salvo, depois
que expressões – são maneiras de se inserir num de ter trabalhado direitinho. Seu único erro foi
grupo, de socializar-se. ter comido muito depressa as pastilhas de
(Você S/A, jun. 2003.) banana durante as refeições.
(Folha de São Paulo, 26 de janeiro de 1996)
A tese da dinamicidade da língua comprova-se
pelo fato de que: Entre as informações do texto acima, uma
(A) as regras gramaticais podem transformar-se das principais é que
em exceção. (A) o chimpanzé mais famoso viajou para o
(B) a gramática permite que as regras se tornem espaço a bordo da Mercury-Atlas 5.
opções. (B) os cientistas descobrem problemas que
(C) a língua se manifesta em variados contextos podem acontecer com as pessoas.
e situações. (C) a cadela Laika viajou ao espaço quatro
(D) os manuais de redação são práticos para anos depois de Gagarin.
criar idéias. (D) a viagem do mais famoso macaco para
(E) é possível buscar soluções praticas na hora o espaço aconteceu em 1961.
de escrever. (E) na nave espacial serviam pastilhas de
banana durante as refeições.
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SIMULADO 2
— Mandaram. Mas eu fiz questão de dá-
D16 lo de presente a um amigo que adora
cachorros. Ele está levando um vidão em sua
Prova falsa nova residência.
— Ué... mas você não o detestava?
Quem teve a idéia foi o padrinho da caçula — Como é que ainda arranjou essa sopa pra ele?
ele me conta. Trouxe o cachorro de presente e — Problema de consciência — explicou:
logo a família inteira se apaixonou pelo bicho. Ele O pipi não era dele.
até que não é contra isso de se ter um animalzinho E suspirou cheio de remorso.
em casa, desde que seja obediente e com um
mínimo de educação. PONTE PRETA, Stanislaw. Para gostar de ler. Gol de padre
— Mas o cachorro era um chato — e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1998. v. 23. p. 24-25.
desabafou.
Desses cachorrinhos de caça, cheios de O que gera humor no texto é o fato de:
nhenhenhém, que comem comidinha especial, (A) a família se apaixonar pelo cachorro.
precisam de muitos cuidados, enfim, um chato de (B) a mulher dizer que nunca houve
galocha. E, como se isto não bastasse, implicava cachorro fingido.
com o dono da casa. (C) o cachorro fazer pipi onde não devia.
— Vivia de rabo abanando para todo mundo, (D) o dono da casa achar o cachorro um
mas quando eu entrava em casa vinha logo com chato.
aquele latido fininho e antipático, de cachorro de (E) o pipi feito no vestido novo não ser do
francesa. cachorro.
Ainda por cima era puxa-saco. Lembrava
certos políticos da oposição, que espinafram o
ministro, mas quando estão com o ministro, ficam D17
mais por baixo que tapete de porão. Quando
cruzavam num corredor ou qualquer outra A culpa é do dono?
dependência da casa, o desgraçado rosnava A reportagem “Eles estão soltos” (17 de
ameaçador, mas quando a patroa estava perto, janeiro), sobre os cães da raça pit bull que
abanava o rabinho, fingindo-se seu amigo. passeiam livremente pelas praias cariocas,
— Quando eu reclamava, dizendo que o deixou leitores indignados com a defesa que
cachorro era um cínico, minha mulher brigava seus criadores fazem de seus animais. Um
comigo, dizendo que nunca houve cachorro fingido deles dizia que os cães só se tornam
e eu é que implicava com o “pobrezinho”. agressivos quando algum movimento os
Num rápido balanço poderia assinalar: o assusta. Sandro Megale Pizzo, de São Carlos,
cachorro comeu oito meias suas, roeu a manga de retruca que é difícil saber quais de nossos
um paletó de casemira inglesa, rasgara diversos movimentos “assustariam” um pit bull. De
livros, não podia ver um pé de sapato que Siegen, na Alemanha, a leitora Regina Castro
arrastava para locais incríveis. A vida lá em sua Schaefer diz que pergunta a si mesma que tipo
casa estava se tornando insuportável. Estava de gente pode ter como animal de estimação
vendo a hora em que se desquitava por causa um cachorro que é capaz de matar e desfigurar
daquele bicho cretino. Tentou mandá-lo embora pessoas.
umas vinte vezes e era uma choradeira das Veja, Abril. 28/2/2001.
crianças e uma espinafração da mulher.
— Você é um desalmado — disse ela, uma O que sugere o uso de aspas na palavra
vez. “assustariam”?
Venceu a guerra fria com o cachorro graças à (A) raiva.
má educação do adversário. O cãozinho começou (B) ironia.
a fazer pipi onde não devia. Várias vezes (C) medo.
exemplado, prosseguiu no feio vício. Fez diversas (D) insegurança.
vezes no tapete da sala. Fez duas na boneca da (E) ignorância.
filha maior. Quatro ou cinco vezes fez nos
brinquedos da caçula. E tudo culminou com o pipi
que fez em cima do vestido novo de sua mulher.
— Aí mandaram o cachorro embora? —
perguntei.
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SIMULADO 2
Eu quero é ir-me embora
D16 Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
Leite
Eu me sento
Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram Eu fumo
quando a gente comprava leite em garrafa, na Eu como
leiteria da esquina? (...) Eu não agüento
Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai Você está tão curtida
ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Eu quero é tocar fogo nesse apartamento
Estou falando isso porque agora mesmo peguei um Você não acredita
pacote de leite − leite em pacote, imagina, Tereza! Traz meu café com suíta
− na porta dos fundos e estava escrito que é Eu tomo
pasterizado ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é Bota a sobremesa
garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o Eu como eu como eu como eu como eu como
escambau. Você
Será que isso é mesmo leite? No dicionário Tem que saber que eu quero é correr mundo
diz que leite é outra coisa: “líquido branco, Correr perigo
contendo água, proteína, açúcar e sais minerais”. Eu quero é ir-me embora
Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser Eu quero dar o fora
humano o usa há mais de 5.000 mil anos. É o único E quero que você venha comigo.
alimento só alimento. A carne serve pro animal (VELOSO, Caetano. Literatura Comentada: Você
andar, a fruta serve para fazer outra fruta, o ovo Não Entende Nada. 2 Ed. Nova Cultura. 1998)
serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite.
Ou toma ou bota fora. A repetição da expressão “eu quero”, em
Esse aqui examinando bem, é só pra botar diversos versos, tem por objetivo
fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do (A) fazer associações de sentido.
que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que (B) refutar argumentos anteriores.
nem vaca tem por trás desse negócio. (C) detalhar sonhos e pretensões.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os (D) apresentar explicações novas.
meninos não gostem de leite. Mas, como não (E) reforçar a expressão dos desejos.
gostam? Não gostam como? Nunca tomaram!
Múúúúúúú!
Millôr Fernandes. O Estado de São Paulo. 22/08/1999. D13