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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO AO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

PARECER AGU/PGF/PF-IFES/ESPS nº 008/2023


PROCESSO IFES/ES N. 23147.005958/2021-63
INTERESSADO: REITORIA – IFES
ASSUNTO: AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE TI

EMENTA: Licitações, contratos e patrimônio. Pregão,


na forma eletrônica, para registro de preços. e
Aquisição de equipamentos de comutador de dados
(switch) e transceivers minigbic para atender o
Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes. Solução de
TI. Aplicação de cota reservada para ME/EPP ou
justificativa da impossibilidade. Instrução Normativa
nº 1/2019. Decreto nº 10.024/2019. Possibilidade.
Aprovação com ressalvas.

Magnífico Reitor,

I. RELATÓRIO

1. Trata-se de processo eletrônico encaminhado via SIPAC solicitando parecer jurídico


quanto ao procedimento licitatório, na modalidade pregão, na forma eletrônica, para
registro de preços, visando à aquisição de equipamentos de comutador de dados (switch) e
transceivers minigbic para atender as necessidades do Instituto Federal do Espírito Santo.
2. Constam dos autos os seguintes documentos principais:
a) Documento de Oficialização da Demanda – modelo requisitante, doc. 1;
b) Documento de Oficialização da Demanda – parecer da TI, doc. 2;
c) Documento de Oficialização da Demanda – parecer da Administração, doc. 3;
d) designação da Equipe de Planejamento da Contratação, doc. 6;
e) manifestação da Coordenadoria de Tecnologia da Informação, doc. 7;
f) Estudo Técnico Preliminar, docs. 8-9;
g) Termo de Referência, doc. 10;
h) pesquisa de preços, docs. 12-14;
i) Mapa de Gerenciamento de Riscos, doc. 15;
j) especificações técnicas para conexão à Metrovix, doc. 16;
k) planilha estimativa, doc. 17;
l) Estudo Técnico Preliminar atualizado, doc. 18;
m) autorização da despesa, doc. 23;
n) minuta de Ordem de Fornecimento, doc. 26;
o) registro da IRP, doc. 29;
p) minuta do Edital e anexos, doc. 30;
q) encaminhamento a este Consultivo, docs. 31-32.

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3. Os autos foram encaminhados a esta Procuradoria Federal junto ao IFES, para emis-
são de parecer jurídico, nos termos do parágrafo único do artigo 38 da Lei nº 8.666/93.
4. Em apertada síntese, é o relatório.

II. FUNDAMENTAÇÃO

II.1 Questões preliminares

5. Salientamos que o exame aqui empreendido se restringe aos aspectos


exclusivamente jurídicos do procedimento, excluídos, portanto, aqueles de natureza técnica,
inclusive quanto ao detalhamento do objeto do ajuste, suas características, requisitos e
especificações. Sobre tais dados, partiremos da premissa de que a autoridade competente se
municiou dos conhecimentos específicos imprescindíveis a sua adequação às necessidades
da Administração.
6. Destaque-se que parte das observações expendidas por esta Consultoria Jurídica não
passam de recomendações, com vistas a salvaguardar a autoridade assessorada, e não
vinculá-la. O acatamento ou não das recomendações decorre do exercício da competência
discricionária da autoridade administrativa. Por outro lado, o prosseguimento do feito sem a
correção de questões que envolvam a legalidade, de observância obrigatória pela
Administração, apontadas como óbices a serem corrigidos ou superados, são de
responsabilidade exclusiva do órgão.
7. Presume-se, outrossim, que a autoridade consulente e o ordenador de despesas
tenham competência para praticar os atos da pretendida contratação, zelando ainda para
que todos os atos processuais sejam praticados somente por aqueles que detenham as
correspondentes atribuições.

II.2 Da exclusividade e reserva de cota para ME/EPP/COOP

8. O Decreto nº 8.538/2015, em seu art. 6º, estabelece que as licitações para


contratações de bens e serviços com valores iguais ou inferiores a 80 (oitenta) mil reais
devem ser efetuadas com exclusividade para Microempresas (ME), Empresas de Pequeno
Porte (EPP) e Cooperativas (COOP)1.
9. No mesmo sentido dispõe a Orientação Normativa AGU nº 47/2014:

“EM LICITAÇÃO DIVIDIDA EM ITENS OU LOTES/GRUPOS, DEVERÁ SER


1
Quanto às cooperativas, aplica-se o dispositivo em virtude do art. 34 da Lei n. 11.488/2007: Art. 34. Aplica-se às sociedades
cooperativas que tenham auferido, no ano-calendário anterior, receita bruta até o limite definido no inciso II do caput do art. 3o da Lei
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, nela incluídos os atos cooperados e não-cooperados, o disposto nos Capítulos V a X, na
Seção IV do Capítulo XI, e no Capítulo XII da referida Lei Complementar.

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ADOTADA A PARTICIPAÇÃO EXCLUSIVA DE MICROEMPRESA, EMPRESA DE


PEQUENO PORTE OU SOCIEDADE COOPERATIVA (ART. 34 DA LEI Nº 11.488,
DE 2007) EM RELAÇÃO AOS ITENS OU LOTES/GRUPOS CUJO VALOR SEJA
IGUAL OU INFERIOR A R$ 80.000,00 (OITENTA MIL REAIS), DESDE QUE NÃO
HAJA A SUBSUNÇÃO A QUAISQUER DAS SITUAÇÕES PREVISTAS PELO ART.
9º DO DECRETO Nº 6.204, DE 2007”

10. Já a Lei Complementar nº 123/2006, que rege a contratação de Microempresa e


Empresas de Pequeno Porte pela Administração Pública, estabelece em seu Art. 48:

Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar,


a administração pública: (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
2014)
(…)
III - deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza
divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a
contratação de microempresas e empresas de pequeno porte. (Redação
dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
(...)
Art. 49. Não se aplica o disposto nos arts. 47 e 48 desta Lei Complementar
quando: (Vide Lei nº 14.133, de 2021
I – (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
II – não houver um mínimo de 3 (três) fornecedores competitivos
enquadrados como microempresas ou empresas de pequeno porte sediados
local ou regionalmente e capazes de cumprir as exigências estabelecidas no
instrumento convocatório;
III – o tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e
empresas de pequeno porte não for vantajoso para a administração pública
ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto a ser
contratado;
IV - a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos dos arts. 24 e 25 da
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, excetuando-se as dispensas tratadas
pelos incisos I e II do art. 24 da mesma Lei, nas quais a compra deverá ser
feita preferencialmente de microempresas e empresas de pequeno porte,
aplicando-se o disposto no inciso I do art. 48. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)

11. No caso em análise, a Administração justificou a não aplicação de cota para ME/EPP,
conforme se observa nos itens 2.1.4 e 3.4 do Termo de Referência.

II.3 Da utilização do Sistema de Registro de Preços (SRP)

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12. A estrutura jurídica do Sistema de Registro de Preços – SRP apresenta peculiaridades


em relação à licitação convencional. Sua natureza jurídica assemelha-se ao instituto do
“contrato preliminar” inserto no Código Civil (arts. 462 a 466). Convém fixar, portanto, seu
conceito na lição do eminente Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, em sua obra Sistema de
Registro de Preços e Pregão. 2ª Ed. Belo Horizonte: Fórum, 2005, p. 31, in verbis:

“Sistema de Registro de Preços é um procedimento especial de licitação que


se efetiva por meio de uma concorrência ou pregão ‘sui generis’,
selecionando a proposta mais vantajosa, com observância ao princípio da
isonomia, para eventual e futura contratação pela Administração”.

13. Este procedimento de licitação é especial porque a Administração se vincula, em


termos, à proposta do licitante vencedor, uma vez que a Administração não está obrigada a
comprar. Contudo, se comprar, não poderá adquirir os bens objeto do certame de outro
licitante que não seja aquele que ofereceu a melhor proposta. Por outro lado, o licitante
continua com o dever de garantir o preço, salvo supervenientes e comprovadas alterações
dos custos dos insumos.
14. Nesse aspecto, vale trazer a lume o artigo 3º, incisos I a IV, do Decreto Federal no
7.892, de 23 de janeiro de 2013, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto
no artigo 15, da Lei Federal no 8.666, de 21 de junho de 1993, in verbis:

Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes


hipóteses:
I – quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de
contratações frequentes;
II – quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas
parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida
ou em regime de tarefa;
III – quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de
serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a
programas de governo; ou
IV – quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o
quantitativo a ser demandado pela Administração”.

15. Trata-se de processo visando futura aquisição, de forma parcelada, temos justificada
a adequação do procedimento ao Sistema de Registro de Preços, regulamentado pelo
Decreto Federal nº 7.892/2013.
16. A Administração informou que o item é específico para a Reitoria e Cidade da
Inovação (doc. 20). Nesse sentido, recomendo analisar a pertinência da possibilidade de
adesão a Ata contida no Edital e seus anexos.

II.4 Da Intenção de Registro de Preços – IRP

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17. O procedimento de Intenção de Registro de Preços – IRP, previsto no art. 4º do


Decreto nº 7.892/2013, visa ao registro e divulgação dos itens a serem licitados para
consolidar informações relativas à estimativa individual e total de consumo e também para
confirmar junto aos órgãos participantes a sua concordância com o objeto a ser licitado.
18. Dessa forma, e como condição para a continuidade da contratação com a utilização
do sistema de registro de preços, é preciso que seja observado o procedimento de IRP, nos
termos previstos no novo Decreto regulamentador. Salienta-se, contudo, que a divulgação
poderá ser dispensada, de forma justificada, pelo órgão gerenciador (Art. 4º, § 1º, do
Decreto nº 7.892/2013, com nova redação dada pelo Decreto nº 8.250/2014).
19. No caso, observa o lançamento da Intenção de Registro de Preços (doc. 29).

II.5 Do atendimento à IN nº 1/2019

20. Cabe destacar que a partir de julho de 2019 teve início a vigência da IN nº 1, de 4 de
abril de 2019, que dispõe sobre o processo de contratação de soluções de Tecnologia da
Informação e Comunicação – TIC pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema de
Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação – SISP do Poder Executivo Federal.
21. De início, cabe destacar o Art. 6º da IN:

Art. 6º As contratações de soluções de TIC no âmbito dos órgãos e entidades


integrantes do SISP deverão estar:
I - em consonância com o PDTIC do órgão ou entidade, elaborado conforme
Portaria SGD/ME nº 778, de 4 de abril de 2019;
II - previstas no Plano Anual de Contratações;
III - alinhadas à Estratégia de Governo Digital, instituída pelo Decreto nº
10.332, de 28 de abril de 2020; e (Alterado pela Instrução Normativa nº 31,
de 23 de março de 2021)
IV - integradas à Plataforma de Cidadania Digital, nos termos do Decreto nº
8.936, de 19 de dezembro de 2016, quando tiverem por objetivo a oferta
digital de serviços públicos.

22. Sendo assim, deve estar documentado nos autos o atendimento a todos os incisos
acima elencados.

II.5.1 Planejamento da contratação

23. Preliminarmente, analisaremos a fase de Planejamento da Contratação, que deve


estar em consonância com o Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação –

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PDTIC (art. 6º, I, da IN nº 1/2019). Nessa fase, a Administração deve executar três etapas,
nos termos do art. 9º da IN nº 1/2019:

I - instituição da Equipe de Planejamento da Contratação;


II - elaboração do Estudo Técnico Preliminar da Contratação; e
III - elaboração do Termo de Referência ou Projeto Básico.

24. Devem constar no processo o Documento de Oficialização de Demanda, nos termos


do art. 10 da IN nº 1/2019 e a indicação da Equipe de Planejamento e Contratação, nos
termos dos arts. 9º e 10 da IN nº 1/2019.
25. Por sua vez, o Estudo Técnico Preliminar da Contratação, documento essencial à
contratação de soluções de TI, será realizado pelos Integrantes Técnico e Requisitante,
compreendendo, no mínimo, as seguintes tarefas, nos termos do art. 11 IN nº 1/2019:

I - definição e especificação das necessidades de negócio e tecnológicas, e


dos requisitos necessários e suficientes à escolha da solução de TIC,
contendo de forma detalhada, motivada e justificada, inclusive quanto à
forma de cálculo, o quantitativo de bens e serviços necessários para a sua
composição;
II - análise comparativa de soluções, que deve considerar, além do aspecto
econômico, os aspectos qualitativos em termos de benefícios para o alcance
dos objetivos da contratação, observando:
a) necessidades similares em outros órgãos ou entidades da Administração
Pública e as soluções adotadas; (Alterado pela Instrução Normativa nº 31,
de 23 de março de 2021)
b) as alternativas do mercado;
c) a existência de softwares disponíveis conforme descrito na Portaria
STI/MP nº 46, de 28 de setembro de 2016;
d) as políticas, os modelos e os padrões de governo, a exemplo dos Padrões
de Interoperabilidade de Governo Eletrônico - ePing, Modelo de
Acessibilidade em Governo Eletrônico - eMag, Padrões Web em Governo
Eletrônico - ePwg, Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil e
Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística
de Documentos - e-ARQ Brasil, quando aplicáveis;
e) as necessidades de adequação do ambiente do órgão ou entidade para
viabilizar a execução contratual;
f) os diferentes modelos de prestação do serviço;
g) os diferentes tipos de soluções em termos de especificação, composição
ou características dos bens e serviços integrantes;
h) a possibilidade de aquisição na forma de bens ou contratação como
serviço; e
i) a ampliação ou substituição da solução implantada;
j) as diferentes métricas de prestação do serviço e de pagamento. (Incluído
pela Instrução Normativa nº 31, de 23 de março de 2021)

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III - análise comparativa de custos, que deverá considerar apenas as


soluções técnica e funcionalmente viáveis, incluindo: (Alterado pela
Instrução Normativa nº 31, de 23 de março de 2021)
a) cálculo dos custos totais de propriedade (Total Cost Ownership - TCO) por
meio da obtenção dos custos inerentes ao ciclo de vida dos bens e serviços
de cada solução, a exemplo dos valores de aquisição dos ativos, insumos,
garantia técnica estendida, manutenção, migração e treinamento;
e (Alterado pela Instrução Normativa nº 31, de 23 de março de 2021)
b) memória de cálculo que referencie os preços e os custos utilizados na
análise, com vistas a permitir a verificação da origem dos dados;
IV - estimativa do custo total da contratação; e
V - declaração da viabilidade da contratação, contendo a justificativa da
solução escolhida, que deverá abranger a identificação dos benefícios a
serem alcançados em termos de eficácia, eficiência, efetividade e
economicidade.

26. O Termo de Referência ou Projeto Básico será elaborado pela Equipe de


Planejamento da Contratação a partir do Estudo Técnico Preliminar da Contratação,
incluindo, no mínimo, as seguintes informações, nos termos do art. 12 da IN nº 1/2019.

I - definição do objeto da contratação, conforme art. 13;


II - código(s) do Catálogo de Materiais - Catmat ou do Catálogo de Serviços -
Catser relacionado(s) a cada item da contratação, disponíveis no Portal de
Compras do Governo Federal;
III - descrição da solução de TIC, conforme art. 14;
IV - justificativa para contratação da solução, conforme art. 15;
V - especificação dos requisitos da contratação, conforme art. 16;
VI - definição das responsabilidades da contratante, da contratada e do
órgão gerenciador da Ata de Registro de Preços, quando aplicável,
conforme art. 17;
VII - Modelo de Execução e Gestão do Contrato, conforme arts. 18 e 19;
VIII - estimativas de preços da contratação, conforme art. 20;
IX - adequação orçamentária e cronograma físico-financeiro, conforme art.
21;
X - regime de execução do contrato, conforme art. 22;
XI - critérios técnicos para seleção do fornecedor, conforme art. 23; e
XII - índice de correção monetária, quando for o caso, conforme art. 24.

II.5.2 Seleção do fornecedor

27. Na fase de Seleção do Fornecedor, a IN nº 1/2019, no art. 25, dispõe que é


obrigatória a utilização da modalidade Pregão para as contratações de que trata esta IN

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sempre que a solução de TIC for enquadrada como bem ou serviço comum, conforme o
disposto no §1º, art. 9º do Decreto nº 7.174/2010, in verbis:

Art. 25. A fase de Seleção do Fornecedor observará as normas pertinentes,


incluindo o disposto na Lei nº 8.666, de 1993, na Lei nº 10.520, de 2002, no
Decreto nº 9.507, de 2018, no Decreto nº 3.555, de 2000, no Decreto nº
5.450, de 2005, no Decreto nº 7.174, de 2010, e no Decreto nº 7.892, de
2013, e respectivas atualizações supervenientes.
Parágrafo único. É obrigatória a utilização da modalidade Pregão para as
contratações de que trata esta Instrução Normativa sempre que a solução
de TIC for enquadrada como bem ou serviço comum, conforme o disposto
no § 1º, art. 9º do Decreto nº 7.174, de 2010.

Art. 9º Para a contratação de bens e serviços de informática e automação,


deverão ser adotados os tipos de licitação ”menor preço” ou “técnica e
preço”, conforme disciplinado neste Decreto, ressalvadas as hipóteses de
dispensa ou inexigibilidade previstas na legislação.
§ 1º A licitação do tipo menor preço será exclusiva para a aquisição de
bens e serviços de informática e automação considerados comuns, na
forma do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 10.520, de 2002, e deverá
ser realizada na modalidade de pregão, preferencialmente na forma
eletrônica, conforme determina o art. 4º do Decreto n. 5.450, de 31 de
maio de 2005. (...)

28. Observe-se que a avaliação da natureza do objeto licitatório para fins de utilização da
modalidade pregão compete ao setor técnico da Administração, constituindo atribuição do
órgão jurídica o exame da modalidade licitatória aplicável, conforme disposto na Orientação
Normativa AGU nº 54, de 25 de abril de 2014, verbis:

“COMPETE AO AGENTE OU SETOR TÉCNICO DA ADMINISTRAÇÃO DECLARAR


QUE O OBJETO LICITATÓRIO É DE NATUREZA COMUM PARA EFEITO DE
UTILIZAÇÃO DA MODALIDADE PREGÃO E DEFINIR SE O OBJETO
CORRESPONDE A OBRA OU SERVIÇO DE ENGENHARIA, SENDO ATRIBUIÇÃO
DO ÓRGÃO JURÍDICO ANALISAR O DEVIDO ENQUADRAMENTO DA
MODALIDADE LICITATÓRIA APLICÁVEL”

29. No caso em análise, observo no item 1.4 do Termo de Referência informação de que
“os objetos da presente licitação enquadram-se na categoria de bens e serviços comuns nos
termos do artigo 1º da lei 10.520/2002 e artigo 1º e art. 3º inciso II do decreto 10.024/2019”.
30. Por fim, destaca-se a fase de Gestão do Contrato, que visa acompanhar e garantir a
adequada prestação dos serviços e o fornecimento dos bens que compõem a solução de TIC
durante todo o período de execução do contrato, devendo ser observado o disposto nos
Arts. 29 e 30 da In nº 1/2019.

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31. In casu, observa-se o atendimento aos requisitos da IN nº 1/2019.

II.6 Da instrução processual / da fase interna do pregão

32. Ao compulsar o processo eletrônico verifica-se que foi devidamente autuado e


protocolado, sendo desnecessária a numeração de folha/página. Os documentos integrantes
do processo digital receberam a ordem sequencial sem falhas e a inserção de novos
documentos avulsos foi realizada após o último, sem alteração da numeração sequencial dos
documentos no processo, atendendo, assim, ao disposto no art. 38, caput, da Lei nº
8.666/93 e itens 2.6 e 2.7 da Portaria Interministerial nº 1.677/2015.
33. Consta a solicitação/requisição do objeto, elaborada pelo agente ou setor
competente (Acórdão 254/2004 – Segunda Câmara – TCU).
34. O processo de pregão deve estar instruído com os seguintes documentos, conforme
disposto no artigo 8º do Decreto no 10.024, de 20 de setembro de 2019:

Art. 8º O processo relativo ao pregão, na forma eletrônica, será instruído


com os seguintes documentos, no mínimo:
I - estudo técnico preliminar, quando necessário;
II - termo de referência;
III - planilha estimativa de despesa;
IV - previsão dos recursos orçamentários necessários, com a indicação das
rubricas, exceto na hipótese de pregão para registro de preços;
V - autorização de abertura da licitação;
VI - designação do pregoeiro e da equipe de apoio;
VII - edital e respectivos anexos;
VIII - minuta do termo do contrato, ou instrumento equivalente, ou minuta
da ata de registro de preços, conforme o caso;
IX - parecer jurídico;
X - documentação exigida e apresentada para a habilitação;
XI- proposta de preços do licitante;
XII - ata da sessão pública, que conterá os seguintes registros, entre outros:
(…)
XIII - comprovantes das publicações:
(…)
XIV - ato de homologação.

35. Observa-se que o órgão requisitante da licitação elaborou a minuta do Termo de


Referência, constando a definição do objeto contratual e dos métodos para a sua execução,
o valor estimado da licitação, o critério de aceitação do objeto, os deveres do contratado e
do contratante, a relação dos documentos essenciais à verificação da qualificação técnica e

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econômico-financeira, os procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato, o


prazo para execução do contrato e as sanções previstas de forma objetiva, suficiente e clara,
ex vi o disposto no artigo 3o, inciso XI, do Decreto no 10.024, de 20 de setembro de 2019.
36. A autoridade competente autorizou a abertura da licitação, conforme disposto no art.
8º, inciso V, do Decreto no 10.024/2019 (doc. 23), restando aprovar expressamente o termo
de referência, conforme dispõe o art. 14, inciso II, do referido diploma legal.
37. Para conduzir os trabalhos pertinentes ao pregão eletrônico devem ser designados
servidores para atuarem como pregoeiro e equipe de apoio, nos termos do artigo 3º, inciso
VI, da Lei Federal nº 10.520, de 17 de julho de 2002, c/c os artigos 8º, inciso VI e 13, inciso
I, do Decreto nº 10.024, de 20 de setembro de 2019.
38. A adequada pesquisa de preços permite a correta estimativa do custo do objeto a ser
adquirido em planilhas de quantitativos e preços unitários, define os recursos orçamentários
suficientes para a cobertura das despesas contratuais e serve de balizamento para a análise
das propostas dos licitantes, conforme dispõem os arts. 7º,§ 2º, II, 15, V, § 1º, 40, §2º, II, 43,
IV e V, todos da lei 8.666/93.
39. Nesse ponto, destaco que a Administração deve observar as exigências da nova
Instrução Normativa nº 73/2020, que em seu Capítulo II traz especificamente os
procedimentos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e
contratação de serviços em geral, no âmbito da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional, o qual transcrevo a seguir.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 73, DE 5 DE AGOSTO DE 2020


(…)
CAPÍTULO II
ELABORAÇÃO DA PESQUISA DE PREÇOS
Formalização
Art. 3º A pesquisa de preços será materializada em documento que conterá,
no mínimo:
I - identificação do agente responsável pela cotação;
II - caracterização das fontes consultadas;
III - série de preços coletados;
IV - método matemático aplicado para a definição do valor estimado; e
V - justificativas para a metodologia utilizada, em especial para a
desconsideração de valores inexequíveis, inconsistentes e excessivamente
elevados, se aplicável.
Critérios
Art. 4º Na pesquisa de preços, sempre que possível, deverão ser observadas
as condições comerciais praticadas, incluindo prazos e locais de entrega,
instalação e montagem do bem ou execução do serviço, formas de
pagamento, fretes, garantias exigidas e marcas e modelos, quando for o
caso.
Parâmetros

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Art. 5º A pesquisa de preços para fins de determinação do preço estimado


em processo licitatório para a aquisição e contratação de serviços em geral
será realizada mediante a utilização dos seguintes parâmetros, empregados
de forma combinada ou não:
I – Painel de Preços, disponível no endereço eletrônico
gov.br/paineldeprecos, desde que as cotações refiram-se a aquisições ou
contratações firmadas no período de até 1 (um) ano anterior à data de
divulgação do instrumento convocatório;
II – aquisições e contratações similares de outros entes públicos, firmadas
no período de até 1 (um) ano anterior à data de divulgação do instrumento
convocatório;
III – dados de pesquisa publicada em mídia especializada, de sítios
eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que atualizados no
momento da pesquisa e compreendidos no intervalo de até 6 (seis) meses
de antecedência da data de divulgação do instrumento convocatório,
contendo a data e hora de acesso; ou
IV – pesquisa direta com fornecedores, mediante solicitação formal de
cotação, desde que os orçamentos considerados estejam compreendidos no
intervalo de até 6 (seis) meses de antecedência da data de divulgação do
instrumento convocatório.
§1º Deverão ser priorizados os parâmetros estabelecidos nos incisos I e II.
§ 2º Quando a pesquisa de preços for realizada com os fornecedores, nos
termos do inciso IV, deverá ser observado:
I – prazo de resposta conferido ao fornecedor compatível com a
complexidade do objeto a ser licitado;
II – obtenção de propostas formais, contendo, no mínimo:
a) descrição do objeto, valor unitário e total;
b) número do Cadastro de Pessoa Física – CPF ou do Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica – CNPJ do proponente;
c) endereço e telefone de contato; e
d) data de emissão.
III – registro, nos autos da contratação correspondente, da relação de
fornecedores que foram consultados e não enviaram propostas como
resposta à solicitação de que trata o inciso IV do caput.
Metodologia
Art. 6º Serão utilizados, como métodos para obtenção do preço estimado, a
média, a mediana ou o menor dos valores obtidos na pesquisa de preços,
desde que o cálculo incida sobre um conjunto de três ou mais preços,
oriundos de um ou mais dos parâmetros de que trata o art. 5º,
desconsiderados os valores inexequíveis, inconsistentes e os excessivamente
elevados.
§ 1º Poderão ser utilizados outros critérios ou métodos, desde que
devidamente justificados nos autos pelo gestor responsável e aprovados
pela autoridade competente.

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§ 2º Para desconsideração dos valores inexequíveis, inconsistentes e os


excessivamente elevados, deverão ser adotados critérios fundamentados e
descritos no processo administrativo.
§ 3º Os preços coletados devem ser analisados de forma crítica, em especial,
quando houver grande variação entre os valores apresentados.
§ 4º Excepcionalmente, será admitida a determinação de preço estimado
com base em menos de três preços, desde que devidamente justificada nos
autos pelo gestor responsável e aprovado pela autoridade competente.

40. Note-se que essas diretrizes consolidam a praxe administrativa e a orientação do


TCU, no tocante a utilização do número mínimo de três preços ou orçamentos de
fornecedores distintos para realizar a estimativa de preços, por ocasião da instauração de
procedimento licitatório. Além disso, há vedação expressa da utilização de preços
inexequíveis ou os excessivamente elevados como parâmetro de aferição do preço médio.
41. A supracitada IN reforça o entendimento do TCU, no sentido de que “na elaboração
do orçamento estimativo da licitação, bem como na demonstração da vantajosidade de
eventual prorrogação de contrato, devem ser utilizadas fontes diversificadas de pesquisa de
preços. Devem ser priorizadas consultas ao Portal de Compras Governamentais e a
contratações similares de outros entes públicos, em detrimento de pesquisas com
fornecedores, publicadas em mídias especializadas ou em sítios eletrônicos especializados ou
de domínio amplo, cuja adoção deve ser tida como prática subsidiária” (Acórdão 1445/2015
– Plenário).
42. In casu, aparentemente a pesquisa de preços foi realizada da foma adequada, tendo a
Administração justificado a não utilização de preços públicos (doc. 20). De toda sorte,
recomenda-se incluir na planilha estimativa a identificação do servidor responsável pela
pesquisa de preços.
43. A disponibilidade orçamentária não foi expressamente atestada. Não há
irregularidade quanto a este aspecto. Isso porque se tratando de licitação para registro de
preços, conforme Orientação Normativa AGU n o 20, de 1o de abril de 2009, a indicação da
dotação orçamentária é exigível apenas antes da assinatura do contrato ou documento que o
substitua nos termos do artigo 62, caput, da Lei Federal no 8.666/1993; in verbis:

Orientação Normativa/AGU nº 20, de 01.04.2009 (DOU de 07.04.2009, S.


1, ps. 14 e 15) - “Na licitação para registro de preços, a indicação da
dotação orçamentária é exigível apenas antes da assinatura do contrato”.
REFERÊNCIA: arts. 15 e 38, caput, da Lei no 8.666, de 1993; art. 3º do
Decreto nº 3.931, de 2001; Acórdãos TCU 3.146/2004 – Primeira Câmara e
1.279/2008-Plenário.

44. O Órgão requisitante da licitação também elaborou a Minuta do Edital, que vem a ser
o instrumento regulador do certame, com os critérios de elaboração das propostas, na forma
prevista no artigo 8o, inciso VII, do Decreto no 10.024/2019, e com os requisitos constantes

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do artigo 40, caput, sobretudo aqueles previstos nos incisos I, II, III, V, VI, VII, VII, VIII, IX, X,
XIV XV, XVI e XVII, da Lei Federal no 8.666, de 21 de junho de 1993.

II.7 Da Minuta de Edital e anexos

45. Quanto à análise pormenorizada da minuta de edital e seus anexos, verifico que, de
forma geral, constam as cláusulas essenciais e obrigatórias.

III. CONCLUSÃO

46. Ante o exposto, a Advocacia-Geral da União, por meio da Procuradoria Federal


junto ao IFES, manifesta-se pela possibilidade de prosseguimento do processo
administrativo visando à aquisição de equipamentos de comutador de dados (switch) e
transceivers minigbic para atender as necessidades do Instituto Federal do Espírito Santo,
desde que atendidas as recomendações dos parágrafos 16, 22, 36, 37 e 42 deste parecer.
47. Vitória-ES, 9 de janeiro de 2023.

Estevão Santiago Pizol da Silva


Procurador Federal
Procurador-Chefe da PF/Ifes

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E
FOLHA DE ASSINATURAS
CONTRATOS

Emitido em 10/01/2023

PARECER JURÍDICO Nº 12/2023 - REI-PRF (11.02.37.10)

(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)

(Assinado digitalmente em 10/01/2023 09:57 )


ESTEVAO SANTIAGO PIZOL DA SILVA
PROCURADOR CHEFE - TITULAR
REI-PRF (11.02.37.10)
Matrícula: 1380362

Visualize o documento original em https://sipac.ifes.edu.br/documentos/ informando seu número: 12, ano: 2023,
tipo: PARECER JURÍDICO, data de emissão: 10/01/2023 e o código de verificação: 99f104a1a3

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