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545/2011-2
RELATÓRIO
pela representante que a RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. obtivera, em 2009, ano
anterior aos da sua participação em licitações exclusivas para ME e EPP (2010 e 2011),
faturamento bruto superior a R$ 3.000.000,00, ultrapassando, assim, o limite legal para o seu
enquadramento como EPP.
12. Por oportuno, cabe esclarecer que o mencionado enquadramento deve ser realizado
pelas Juntas Comerciais, “mediante arquivamento de declaração procedida pelo empresário ou
sociedade em instrumento específico para essa finalidade”, conforme estabelece o art. 1º da
Instrução Normativa n.º 103/2007, expedida pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio
(DNRC), que assim dispõe:
Art. 1º O enquadramento, reenquadramento e desenquadramento de microempresa e empresa de
pequeno porte pelas Juntas Comerciais será efetuado, conforme o caso, mediante arquivamento de
declaração procedida pelo empresário ou sociedade em instrumento específico para essa finalidade.
Parágrafo único. A declaração a que se refere este artigo conterá, obrigatoriamente:
I – Título da Declaração, conforme o caso:
a) DECLARAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DE ME ou EPP;
b) DECLARAÇÃO DE REENQUADRAMENTO DE ME PARA EPP ou DE EPP PARA ME;
c) DECLARAÇÃO DE DESENQUADRAMENTO DE ME ou EPP;
II – Requerimento do empresário ou da sociedade, dirigido ao Presidente da Junta Comercial da
Unidade da Federação a que se destina, requerendo o arquivamento da declaração, da qual constarão os
dados e o teor da declaração em conformidade com as situações a seguir:
a) enquadramento:
1. nome empresarial, endereço, Número de Identificação do Registro de Empresas – NIRE, data de
registro do ato constitutivo e número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ,
quando enquadrada após a sua constituição;
2. declaração, sob as penas da lei, do empresário ou de todos os sócios de que o empresário ou a
sociedade se enquadra na situação de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei
Complementar nº 123, de 2006;
[...]
c) desenquadramento
1. nome empresarial, endereço, Número de Identificação do Registro de Empresas – NIRE, data de
registro do ato constitutivo e número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ;
2. declaração, sob as penas da lei, do empresário ou de todos os sócios de que o empresário ou a
sociedade se desenquadra da condição de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei
Complementar nº 123, de 2006. (grifei)
13. Dessa forma, o enquadramento como ME ou EPP depende de solicitação da própria
empresa, junto ao presidente da respectiva Junta Comercial do Estado da Federação onde se
localiza, requerendo o arquivamento da “Declaração de Enquadramento de ME ou EPP”,
conforme a alínea a.2 do inc. II do parágrafo único do art. 1º da citada IN-DNRC n.º 103/2007. Do
mesmo modo, cabe à empresa solicitar o desenquadramento da situação de ME ou EPP, de acordo
com a alínea c.2 do inc. II do parágrafo único do art. 1º da mencionada IN.
14. Nesse contexto, caberia à empresa RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda., após o
término do exercício de 2009, dirigir-se à competente Junta Comercial para declarar seu
desenquadramento da condição de EPP. Isso porque naquele exercício, segundo a representante, a
aludida empresa havia extrapolado o faturamento de R$ 2.400.000,00, o qual permitiria ser
mantido seu enquadramento como EPP.
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15. No entanto, a empresa não solicitou a alteração do seu enquadramento e, por fim,
participou de procedimentos licitatórios exclusivos para micro e pequenas empresas, vencendo
certames e beneficiando-se da sua própria omissão.
16. Feitas essas considerações, aquiescendo, no essencial, à proposta da unidade técnica,
DECIDO:
16.1. conhecer da Representação, porquanto atendidos os requisitos de admissibilidade
previstos no art. 237, VII e parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, c/c o art. 113,
§ 1º, da Lei n.º 8.666/93;
16.2. indeferir o pedido acerca da chancela de sigilo sobre os presentes autos;
16.3. autorizar a oitiva da empresa RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. para que
apresente, se assim desejar, esclarecimentos quanto ao fato de haver participado, em 2010 e 2011,
de licitações destinadas exclusivamente a ME e EPP, sendo que seu faturamento bruto no anterior
(2009) teria sido superior ao limite previsto na Lei Complementar n.º 123/2006, alertando-a de
que, se confirmada fraude à licitação, este Tribunal poderá declarar a inidoneidade da empresa
para participar de licitações no âmbito da administração pública federal por até cinco anos, nos
termos do art. 46 da Lei n.º 8.443/92;
16.4. autorizar a realização das diligências que se fizerem necessárias com vistas à instrução
do feito (item 11 da peça instrutiva produzida pela unidade técnica);
16.5. determinar à Secex-SC que:
I) ao promover a oitiva acima determinada, envie ao destinatário cópia de todos os elementos
necessários à apresentação dos seus esclarecimentos a este Tribunal;
II) dê imediata ciência do teor deste despacho à autora da Representação.”
5. Realizada a oitiva, não houve manifestação da empresa. Em consequência, foi efetivada a
audiência da RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. para apresentar “razões de justificativa
quanto ao fato de a citada sociedade haver participado, em 2010 e 2011, de licitações destinadas
exclusivamente a micro (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), sendo que o faturamento bruto
dessa empresa, no ano anterior (2009), teria sido superior ao limite previsto na Lei Complementar
nº 123/2006”.
6. As justificativas oferecidas a este Tribunal foram devidamente analisadas no âmbito da
Secex-SC. Adoto, como parte integrante deste Relatório, a bem elaborada instrução produzida pelo
Auditor Carlos Alberto Lellis, vazada nos seguintes termos:
“Com base na competência delegada pelo Exmº Ministro-Relator José Jorge, a empresa RLP
foi ouvida em audiência para se manifestar acerca da imputação de ter se beneficiado das
prerrogativas previstas na Lei Complementar 123/2006 nos exercícios de 2010 e 2011,
participando de licitações exclusivas para Empresas de Pequeno Porte – EPP, e usufruindo do
regime do Simples Nacional.
RAZÕES DE JUSTIFICATIVA APRESENTADAS
2. Sinteticamente, as razões apresentadas pela empresa são as seguintes:
a) Considera que as provas apresentadas foram obtidas de forma ilícita por ex-
funcionário e violam seu sigilo fiscal, maculando com nulidade insanável o processo e
inviabilizando a apenação;
b) Atribui a responsabilidade pelos erros do balanço da empresa, onde foram omitidas
receitas auferidas no exercício de 2009, ao profissional contabilista responsável pela escrituração;
VOTO
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 23 de novembro de 2011.
JOSÉ JORGE
Relator
1. Processo nº TC 012.545/2011-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Interessada: RTS - Brasil Sistemas Ltda.
4. Entidade: RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - SC (SECEX-SC).
8. Advogados constituídos nos autos: Joel de Menezes Niebuhr (OAB/SC 12.639), Pedro de Menezes
Niebuhr (OAB/SC 19.555) e André Lipp Pinto Basto Lupi (OAB/SC 12.599).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação destinada a apurar possíveis
irregularidades perpetradas pela empresa RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda., a qual teria
participado, de forma indevida, de licitações públicas na condição de empresa de pequeno porte (EPP),
sem possuir os requisitos legais necessários para tal caracterização.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da Representação e considerá-la procedente;
9.2. declarar a empresa RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. (CNPJ 00.539.911/0001-
91) inidônea para participar de licitação na Administração Pública Federal, por 6 (seis) meses;
9.3. remeter cópia do Acórdão, acompanhado do Relatório e Voto que o fundamentam:
9.3.1. à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, para as providências necessárias à atualização do registro da empresa RLP
Comércio e Assistência Técnica Ltda. (CNPJ 00.539.911/0001-91) no Sistema de Cadastramento
Unificado de Fornecedores (Sicaf);
9.3.2. ao Ministério Público Federal e à Secretaria da Receita Federal do Brasil/MF, para as
ações nas respectivas áreas de competência; e
9.4. arquivar os autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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