CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: MOVIMENTOS SOCIAIS PROFESSORA: JEOVANA NUNES RIBEIRO ALUNA: LORENA SANTOS MENDES
Síntese de texto
Nas considerações finais do texto "Teoria dos movimentos sociais paradigmas
clássicos e contemporâneos" a autora, Maria da Glória Gohn, realiza uma síntese dos estudos sobre os movimentos sociais e suas diferentes concepções teóricas ao longo dos anos, desde a década de 60 (quando é introduzido o interesse em estudar o tema como objeto sociológico) até mais recentemente, na década de 90 sobre efeito da globalização. A abordagem clássica compreende as teorias feitas dos anos 20 até os anos 60 do século XX. Pautada na escola norte-americana do interacionismo simbólico, os movimentos sociais eram considerados problemas sociais, algo que estava fora da ordem social. A autora afirma que a notoriedade desse primeiro momento é o caráter sociopsicológico das análises, onde buscava-se entender o comportamento coletivo baseado na individualidade e a estrutura e funcionamento desses movimentos. Outra característica desse primeiro momento é a classificação dualista que os movimentos receberam, como por exemplo movimentos violentos/pacíficos. Inicialmente, até a década de 60, o movimento operário e as lutas sindicais eram os principais focos de estudo dos movimentos sociais. Porém, com o trabalho do sociólogo Herbele (1991) outras ações coletivas organizadas foram incluídas no âmbito dos movimentos,como movimento negro e até mesmo o movimento nazi-fascista e, separadas em movimentos políticos e sociais. No paradigma das teorias baseadas no marxismo, os movimentos sociais estavam intrinsecamente ligados à luta de classes, até os anos 50. A classe trabalhadora e a perspectiva da revolução faziam parte da conjuntura do movimento. Assim, grande parte dos estudos empíricos desenvolvidos eram relacionados ao movimento operário e seus desdobramentos, não havendo diferenciação entre movimentos e organizações, como pontua a autora. Este cenário começa a mudar no final da década de 50 e fortemente nos anos 60, quando novas modalidades são agregadas aos movimentos sociais, como o movimento dos estudantes em vários países europeus, das mulheres, pela paz entre outros. Com isso, um novo olhar é dado sobre os movimentos sociais, afastando-se da concepção conservadora da escola norte-americana e ganhando um viés positivo, como a perspectiva da mudança social. Os estudos também ganham novos paradigmas com a teoria da Mobilização de Recursos, onde estes são analisados de uma ótica econômica, focando os recursos, as estratégias e os interesses. Muitos autores dessa teoria criticaram a corrente marxista por essa focar apenas na classe operária e ignorar ações coletivas de outros atores sociais, dentre outras críticas. Na transição dos anos 70 para os anos 80, um novo personagem emerge para ser estudado, os países que estão na periferia do mundo do capital. Nisso, novas questões e novos cenários sociopolíticos, com novos atores; indígenas, pobres em geral, se unem à esquerda, a intelectuais e clérigos para fazer reivindicações num processo que a própria autora denominou de a nova força da periferia (Gohn, 1985). Porém, entre os intelectuais esse novo paradigma não se popularizou, embora essa perspectiva libertária tenha influenciado ações concretas dentro de alguns movimentos, especialmente os ecológicos. A exceção é de Friedman (1984 e 1994) que define os movimentos sociais a partir da concepção de auto organização e da busca pela emancipação. Já nos anos 90, o quadro estabelecido sobre os movimentos sociais é alterado, tanto suas manifestações concretas quanto sua produção teórica. Alguns autores se preocupam com o surgimento das ONGS na América Latina, adotando diferentes correntes sobre elas, alguns as consideram sinônimos dos movimentos outros a desqualificar este último em detrimento da novidade. A produção acerca do tema se ampliou passando a incluir outras ações coletivas como os protestos sociais. Ao mesmo tempo que o interesse e relevância sobre o tema foi decaindo no plano internacional geral. Especialmente no cenário brasileiro,com a globalização e a redemocratização as reivindicações dos movimentos e lutas sociais saíram do âmbito dos direitos e passaram a focar nos mecanismos de exclusão social. Portanto, o que se percebe é que na década de 90 a abordagem utilizada para estudar os movimentos sociais mescla teorias macro sociais e teorias da ação, ou seja, unindo as teorias feitas nos últimos vinte e cinco anos de estudo sobre o tema. Na visão de Gohn, novos métodos podem surgir na análise da América Latina a partir dessa fusão das várias correntes teóricas sobre os movimentos sociais. No segundo tópico dessas considerações finais, Glória Gohn aborda os efeitos da globalização nos estudos e na prática dos movimentos sociais. Dentre alguns fatores apontados, a revitalização das políticas neoliberais, o declínio do marxismo e a Internet advinda da revolução tecnológica são alguns dos novos influentes parâmetros dos movimentos sociais. Nesse novo parâmetro, a sociedade civil em geral está acima da autonomia dos grupos e os movimentos sociais em si ficam no setor terciário "do Estado" junto das ONGs. Nessa nova conjuntura, o ato de sair às ruas em massa é bem comum na agenda das organizações e um meio de pressionar e manifestar sua vontade, marcando a volta no cenário político internacional. Outro ponto é que essas massas podem ser organizadas a partir de um movimento ou não,sendo que a população participante pode ser superior às bases militantes do movimento. Também há mudanças nos movimentos de Terceiro Mundo na conjuntura internacional, onde os movimentos populares entram em crise e ou se decompõe ou se recolhem à forma de resistência,caso do sem-terras no Brasil, e os movimentos que se articularam mais aos chamados "novos movimentos sociais", fruto do paradigma europeu,redefine-sem e aqueles de caráter global sobrevivem nos moldes da agenda da globalização,onde os movimentos das mulheres torna-se o movimento de gênero e o movimento negro torna-se o movimento afro-americano. Nesse contexto, também ressurge o conservadorismo baseado em reinvidicações de cunho nacionalista,como a raça e religião. A autora ressalta que os muitos dos movimentos sociais se institucionalizaram em organizações por meio das políticas sociais e os militantes, que nos anos 60,70 e 80 eram fortemente influenciados pela paixão pela política,sendo Gramsci, e não desvinculavam sua vida pessoal dos movimentos,agora esses novos militantes priorizam essa separação entre a vida pessoal e a militância, que por sua vez se tornou mais seletiva e quantitativa. Para o sociólogo Giddens (1991), a participação em atividades coletivas tem se tornado uma importante parte na construção de identidades e biografias pessoais não pelo viés ideológico da participação no que se acredita mas principalmente porque o paradigma atual do mundo do trabalho exige cada vez mais a capacidade de trabalhar coletivamente. Com isso, a autora afirma que o que tem ocorrido no anos 90 nas ações coletivas e sua tendência para o século seguinte é a instauração dos interesses de cunho utilitarista do que é melhor para o indivíduo e seu grupo em detrimento de interesses ideológicos/partidários ou filantrópicos/humanitários. Porém, a mesma prefere acreditar nesse caráter da mobilização de luta por justiça social, estimando que as lutas e conquistas passadas dos movimentos sociais democráticos e progressistas sirvam de lição e inspiração para novas mobilizações, o que vêm de encontro com seu pensamento de que os movimentos sociais não ficam parados no tempo e portanto não há uma só teoria considerada correta para abrangê-los em sua totalidade, eles tendem a mudar e se reconfigurar por natureza própria.
Referência:
Gohn,Maria da Glória. Teoria dos movimentos sociais. 5 ed. São Paulo:
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições