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EDITOR*
vozes indices para catålogo sistemåtico:
1. Politica dos movimentos sociais 320.019
2 processo articulat6rio, mas é possivel perceber quantas
democratizaqäo da pr6pria 16gica das
mudanqas de
instituiqöes chamadas
democråticas foram antes inspiradas e experimentadas totalmente
por pråticas de movimentos sociais, protestos e aqöes coletivas no
A dissipagäo da politica no campo de decorrer da hist6ria de muitas sociedades. Esse é um dos exemplos das
capacidades de assembleias que um povo livre pode ter e que inaugurou
estudos dos movimentos sociais muitas formas de dec:isöes coletivas instituc:ionalizadas. Por certo, esta
passagem das formas de laborat6rios experimentais das pråticas
Marco Aurélio Måximo Prado soc:iais ås vidas instituc:ionais näo significa uma simples passagem,
mas sobretudo, uma reinterpretagäo das pråticas antes livres e
autdnomas.
relagäo entre a estrutura social e os atores sociais, mas também as século XX desse campo te6rico. Se opondo ås teorias anteriores de
identidades coletivas (MELUCCI, 1994), as crengas e valores (SMELSER, cunho mais psic016gico e patologizadores dos protestos, o grupo do
1962), as mudangas nas consciéncias individuais (SANDOVAL, 1989), Palo Centerfor Advanced Study que tinha Sido no passado dirigido por
os ciclos de protestos (TARROW, 1996) e as representagöes e N. Smelser, trouxe um novo olhar para o campo dos movimentos
constituigäo das minorias sociais (MOSCOVICI, 1895). sociais.
Além disso, os estudos sobre a constituigäo das dinåmicas das Apesar desse movimento, que configurou um campo te6rico e
identidades coletivas ap6s a emergéncia de movimentos por direitos analitico efervescente e denso, a problematizagäo sobre o que vem a ser
civis e por valores identitårios efervesceu ainda mais o campo de a politica e suas definigöes permaneceram como uma questäo
estudos e desenvolvimento te6rico dos movimentos sociais fortemente silenciosa, embora ela em si seja estridente. O acümulo de dados e
calcado entre relagöes de pesquisadores e pesquisadoras localizadas informagöes qualitativas e quantitativas sobre protestos e
nas universidades estadunidenses e europeias. movimentos sociais silenciou uma questäo bastante barulhenta: O que
se define como politico nos atos de protestos e dos movimentos
Algumas abordagens desse campo tornaram-se referéncias
sociais? Qual a linha divis6ria que poderiamos sublinhar ao classificar
importantes para pesquisas no século XX (STAGGENBORG, 2011). O
algumas formas de assembleia como protestos e movimentos sociais
trabalho de Suzane Staggenborg (2001) intitulado Social Movements
politicos e outras näo? Por que alguns atos coletivos que mudaram a
compilou com refinado cuidado as variadas abordagens que
forma de organizar as sociedades ocidentais nos finais do século XX
constituem atualmente esse campo. Desde os estudos de
näo foram eleitos como classificat6rios de movimentos sociais e
comportamentos coletivos e de massa (LE BON, 1995) e suas variagöes
protestos por parte dos pesquisadores? 16gicas institucionais (FLACKS, 2005). Nunca um campo te6rico-
analitico sistematizou tantos dados de protestos e de formas
Com estas e outras questöes em mente é que o incömodo sobre o
participativas, mas também nunca soubemos täo pouco das invengöes
tema da politica permaneceu fazendo ecos sonoros mesmo quando o
de coletivos que näo legitimados como atos politicos foram relegados
siléncio sobre ela parece perdurar. Nas principais abordagens e anålises
historicamente pelo campo cientifico (PRADO & COSTA, 2009).
sobre vårias experiéncias de protestos e movimentos sociais
produzidas a partir de um escrutinio bastante rigoroso do ponto de No entanto, esse ocultamento näo se deu propositalmente, mas
vista metod016gico, um incömodo sobre os fundamentos da politica muito mais devido ås concepgöes te6ricas e epistémicas sobre o
pode ser observado (FLACKS, 2005). A pergunta provocativa colocada politico e a experiéncia subjetiva das agöes coletivas e protestos. Ou
por Flacks (2005) em seu artigo pode sugerir o que aqui estamos a seja, permanecem ainda relativamente veladas
as nogöes de politica
arguir: Serå que a pråtica de uma "ciéncia normal" colide com a dimensäo nesse debate, mas näo menos perturbadoras entre n6s (FLACKS, 2005).
moraldos estudos dos movimentos sociais? Nesse contexto é que problematizaremos exatamente que uma
Näo estamos aqui defendendo que o campo de pesquisas ignorou o compreensäo da politica como dissenso e das formas de subjetivagäo
fenömeno que fez com que o proprio campo emergisse e se politica a partir das teses de Jacques Ranciére (1996) nos brindaria
consolidasse, muito pelo contrårio, o que estamos arguindo é que as uma oportunidade impar de trazer ao debate essa perturbagäo, que de
compreensöes sobre politica, desde a esfera institucional até a forma silenciosa e discreta, tem limitado e estabelecido fronteiras nas
anålises desenvolvidas no campo das teorias dos movimentos sociais
individual näo problematizaram os termos da pr6pria politica, jå que a
politica foi apreendida como expressäo de sua pr6pria empiria. Ou definindo o que vem a ser o ato do protesto cientificamente legitimo,
seja, nogöes sobre politica jå estavam prontas e modularam os olhares portanto, deixando para um lugar invisivel inümeras pråticas que näo
sobre vårios fenömenos que foram estudados e considerados protestos legitimadas pela ciéncia, lutam cotidianamente para refundar a
a criagäo de processos conflitivos de consensos, uma vez que sem poderes e a gestäo das populaqöes, a distribuigäo dos lugares
e das fungöes e os sistemas de legitimagäo dessa distribuigäo.
consenso näo hå legitimagäo das titularidades, portanto, esta 16gica
Proponho entäo dar a este conjunto de processos outro
necessita produzir consentimentos entre n6s, convocar a n6s mesmos
nome. Proponho chamå-lo de policia, ampliando, portanto, o
como populagäo para que participe e aprenda a pr6pria gestäo dos sentido habitual dessa nogäo, dando-lhe também um sentido
corpos, seus lugares nas hierarquias e suas fungöes na sociedade. neutro, näo pejorativo, ao considerar as fungöes da vigilåncia
Esta racionalidade politica da gestäo näo tem nenhum valor e de repressäo habitualmente associadas a essa palavra como
formas particulares de uma ordem muito mais geral que é a
pejorativo, näo é må nem boa, ela é simplesmente uma condigäo da
da distribuiqäo sensivel dos corpos em comunidade
pr6pria politica, uma forma de pensar, sentir e agir a pr6pria politica
(RANCIÉRE, 1996, p. 372).
como uma forma complexa e participativa de gestäo dos modos de
Vida. Ela se materializa como um conjunto de normas sociais que
Voltando å ilustragäo das hierarquias sexuais e de género através
produz modos de Vida, modos de relagäo e modos do sensivel e da das quais nossas leituras da realidade, espontaneamente, säo
percepgäo do mundo social. estruturadas, muitos diriam que os corpos das travestis e de pessoas
transexuais säo considerados menos humanos do que o restante da
Esta racionalidade dos modos de Vida näo s6 cria e reproduz as humanidade, säo corpos näo aceitåveis no åmbito dos consentimentos
formas hierårquicas para os corpos como também produz os proprios normativos, säo corpos monstruosos, montados, falsos e pat016gicos
modos de ser dos sujeitos, determinando fungöes e lugares para cada
nesta perspectiva. Portanto, as hierarquias funcionam como uma lente fungöes e lugares sociais estabelecem assim uma divisäo do sensivel e
de leitura e de sensagäo de nos mesmos, pois säo sutilezas do perceptivel do mundo social.
reconhecimento social, interpessoal e institucional.
Uma das formas de sua convocat6ria subjetiva é a criagäo dos
Portanto, faz-se mister um
profundo debate sobre como as processos de legitimagäo, que no caso das hierarquias sexuais e de
normativas sociais no åmbito hierårquico criam realidades para serem género, historicamente, se constituiram por meio da ideologia do
vividas e outras para näo serem legitimadas. As hierarquias sociais binarismo de género, das ciéncias sexuais e/ou o preconceito social.
desse modo se materializam nas normas sociais que por sua vez
constituem formas de Vida, de subjetivagäo e de percepgäo da Vida
No caso de nosso exemplo, historicamente temos disponivel a ideia
social.
entre muitos grupos sociais de que o corpo travesti é um corpo
deformado, sem direitos, näo deve ser respeitado, pode ser apedrejado,
Ainda que as normas de género nos precedam e atuem sobre
morto, assassinado, é um corpo que, ao romper a norma da
n6s (este é um sentido de sua atuagäo), somos obrigados a
e
racionalidade da gestäo, merece ser eliminado, é um corpo sem
reproduzi-las, quando comegamos, sempre
involuntariamente, a reproduzi-las, algo sempre pode dar humano, sem cidadania.
errado (e este é um segundo sentido de atuagäo). E, ainda, no Näo por outro motivo, esse tipo de violéncia de género
curso dessa reproduqäo, a fragilidade da norma é revelada ou
costumeiramente existente em paises como o Brasil näo é certificado
um outro conjunto de convengöes culturais atua produzindo
confusäo ou conflito no interior de um campo de normas,
como violéncia, dada a sua invisibilidade e aceitabilidade na cultura e
out no meio de nossa atuagäo, outro desejo comega a nas instituigöes sociais. Ele representa algo que näo corresponde ås
governar e formas de resisténcia se desenvolvem, algo novo hierarquias sociais e ås normas sociais consentidas.
ocorre, diferentemente do que foi planejado (BUTLER, 2015,
Também poderiamos ser mais estratégicos e dizer que através do
p. 31).
conhecimento cientifico,que desde sempre buscou provar que este
Mas para além dessa organizagäo dos corpos em sociedade, a
corpo é um corpo pat016gico em um sujeito em desvio, aprendemos que
racionalidade da gestäo precisa nos convencer e nos fazer sentir que
é um corpo que merece terapéuticas corretivas porque ele imita
assim mesmo funcionam as hierarquias, de modo que quanto menos
artificialmente um corpo de mulher (este sim seria natural e original),
elas aparecerem evidentes mais encontram forgas para suas
assim ele merece corregöes, terapéuticas e acertos para que volte a ser
permanéncias. A policia, portanto nos termos de J. Ranciére, exige sua
um corpo no lugar certo, com sua fungäo destinada no mundo da
convocat6ria participativa para sua legitimidade. A organizagäo das
gestäo.
Mas hå outra racionalidade, outra que näo é a da gestäo, mas é a da
Assim, este tipo de racionalidade politica assume que os processos
politica propriamente dita. Nesta racionalidade politica, o que se
de legitimagäo säo muito importantes para sua pr6pria sustentagäo
estabelece é o dissenso com a gestäo, aqui näo säo formas
como racionalidade, pois säo eles que criam um universo do sensivel
participativas adequadas dos microfones, racionalizadas,
capaz de nos convocar com suas lentes hierårquicas a ler o mundo e se
hierarquizadas, ao contrårio, nesta outra forma de racionalidade o que
posicionar sobre ele ou a näo ver um mundo que jå näo viamos como
se då é a desorganizagäo da
anterior, é a desclassificagäo daquilo que
consequéncia do limite cognitivo do pr6prio preconceito formado
o desgoverno dos corpos e de suas fungöes, segundo
foi classificåvel, é
como parte do sistema de legitimagäo (PRADO & MACHADO, 2012).
Ranciére (1996). Nas palavras do autor, essa é a desmedida
No entanto a gestäo, ou melhor, a racionalidade da gestäo como democråtica.
uma das racionalidades da politica näo é s6 brutal, ela pode também
A desmedida democråtica näo tem nada a ver com uma
ser sensivel e mais suave dado os tempos histéricos em que hå uma
loucura consumista qualquer. É simplesmente a perda da
ret6rica em que os direitos devem, ao menos teoricamente, serem medida com a qual a natureza regia o artificio comunitårio
garantidos a todos, independente de suas categorizagöes. através das relagöes de autoridade que estruturam o corpo
social. O escåndalo é o de um titulo para governar
N6s vivemos, desse ponto de vista, um momento onde esta
racionalidade da gestäo se altera entre a violéncia fisica e simb61ica e a
completamente distinto de qualquer analogia com aqueles
que ordenam as relagöes sociais, de qualquer analogia entre a
convocat6ria identitåria do reconhecimento, entre a repressäo contra
convengäo humana e a ordem da natureza. É o de uma
os deslocamentos das fungöes e o convite a conferéncia e a participagäo superioridade que näo se fundamenta em nenhum outro
moldada pelos processos jå decididos, entre a morte dos corpos principio além da pröpria auséncia de superioridade
desalinhados das normas e a classificagäo categ6rica e cientifica, jå (RANCIÉRE, 2014, p. 56).
que näo existe organizagäo social sem classificagäo da populagäo, ou Aqui reside, portanto, a pr6pria politica, o ato que desorganiza a
seja, näo existe Estado sem governangas de nossos pr6prios corpos.
gestäo e a reorganiza de forma a dar a palavra para aqueles corpos que
Esse movimento é que permite compreender e nomear esse processo nunca foram contados, näo foram visiveis, foram tidos historicamente
da dissipagäo e da substituigäo da
cultural, institucional e analitico como da contabilidade dos governos. O ato desta razäo politica
fora
politica pela racionalidade da gestäo e que encontra seu näo exige ser contado simplesmente, näo exige que uma certa gama dos
enquadramento muitas vezes no campo te6rico de anålise dos direitos seja dividido, mas exige sim que o pr6prio direito seja
processos politicos, dos movimentos sociais e dos protestos. inventado, que as formas de poder e de dominagäo sejam alteradas e
que a igualdade seja o principio inaugural. Por sujeitos politicos, entende-se, a partir da proposigäo de Ranciére
(1996) que estes näo correspondem å transparéncia como narradores
A politica é a pråtica na qual a 16gica do trago igualitårio
assume a forma do tratamento de um dano, onde ela se torna ünicos da hist6ria, nem å temporalidade como sujeitos privilegiados
o argumento de um dano principal que vem ligar-se a tal da mudanga, ou a uma capacidade de razoabilidade consentida tal qual
litigio determinado na divisäo das ocupagöes, das fungöes e do litigio. Säo,
as identidades reguladas. Sujeitos säo aqui emergentes
dos lugares (RANCIÉRE, 1996, p. 47). segundo o autor, enunciados dos näo contados, discursos onde
Portanto, podemos pensar que enquanto a gestäo é permanente, a anteriormente so escutåvamos ruidos, vozes onde s6 se ouviam
politica é rara, enquanto a gestäo é participagäo para o consenso, a barulho.
politica é ato de dissenso, enquanto a gestäo é a condigäo do curso Sujeitos em ato, como capacidades pontuais e locais de
normal das sociedades, a politica é o seu desvio, pois apela para a construir, em sua universalidade virtual, aqueles mundos
verificagäo, para a conferéncia da igualdade entre todos n6s. Enquanto polémicos que desfazem a ordem policial. Portanto, säo
a racionalidade da gestäo produz a dominagäo muitas vezes sem forga, sempre precårios, sempre suscetiveis de se confundir de
mas sempre com convocat6rias participativas, a politica ås vezes exige novo com simples parcelas do corpo social que pedem
a forga, a indignagäo, o rompimento das regras do jogo, pois o que se apenas a otimizagäo da sua parte (RANCIÉRE, 1996, p. 378).
disputa näo é o que o jogo poderå dar ao vencedor, mas sim a pr6pria Sujeitos politicos portanto estariam em um certo deslocamento
forma de jogar, pois pretende-se, na racionalidade da politica, entre o corpo social e si mesmos. Säo
a invengäo pråtica de
propriamente dita, reorganizar os parceiros do jogo. afastamentos das pr6prias identidades coletivas e individuais que
O mundo da politica, nesta visäo, é um mundo polémico no qual se com a diståncia dos sistemas de legitimagäo permitem reinventar-se a
si mesmo e ao mundo. Näo säo lideres, vanguardas ou ativistas
reatualiza a igualdade entre todos n6s, mesmo na pouca igualdade
possivel. É um mundo que näo estå nas leis e nas instituigöes. Nas espontåneos, mas säo experiéncias contextualizadas, localizadas que
palavras de Jacques Ranciére é a torgäo constitutiva da pr6pria politica desorganizam as hierarquias, as fungöes e os lugares sociais de forma a
(RANCIÉRE, 1996). verificar o qué da igualdade temos n6s e o dano que as hierarquias
produziram no interior dos processos de dominagäo. Näo säo
A politica nesses termos pode ser entendida como um processo de
identidades, mas säo, antes de tudo, processos de desindentificagäo e
subjetivagäo politica. Um processo de deslocamento das teias passagens entre um mundo consentido e a virtualidade de um mundo
identitårias do corpo social. A compreensäo de uma ontologia negativa
a ser construido.
do sujeito politico joga aqui conceitualmente um papel fundamental.
A subjetivagäo politica é uma operagäo simbélica que diz dos lugares e das fungöes jå marcados pelas hierarquias sociais.
respeito a uma identidade constituida. Portanto, ainda se Portanto, fundamentar um conceito politico capaz de organizar as
trata de uma forma de simbolizagäo. Esta se conströi sobre a lentes cientificas para abordagens dos protestos nos parece
base de certa consisténcia social que trabalha a partir do oportunidade impar de avangar na escuta do ocultamento da pr6pria
interior. Tomando o que denomino de movimento operårio politica desfeita em formas de gestäo.
ou proletariado, percebe-se com facilidade que se tem apenas
Para o desenvolvimento dessa tarefa, a de escutar o estridente
um nome para duas coisas: primeiro, a existéncia de uma
ocultamento desse debate, corroboro aqui o argumento contemporåneo
massa de gente pertencente a uma mesma condigäo, que jå
estå compreendida em uma simbolizagäo da ordem coletiva; de Jacques Ranciére (1996), aquele de que hå uma dissipagäo atual, e eu
segundo, a desidentificagäo, que transforma o sentido diria que esse argumento é analisador de sociedades como o Brasil, que
mesmo da simbolizagäo, ao fazer dela näo a designagäo de tenta nos impor uma sensibilidade e uma racionalidade pr6pria da
uma identidade coletiva, mas sim a de uma capacidade dissimulagäo da politica em gestäo. Nas palavras de Ranciére,
coletiva para construir um novo comum (RANCIÉRE, 2014b, se a politica é um desvio singular do curso "normal" da
p. 168-169). dominaqäo, isso quer dizer que estå sempre ameaqada de se
Essas ideias aqui corroboradas podem auxiliar a uma compreensäo dissipar. Ora, a forma mais radical dessa dissipagäo näo é o
simples desaparecimento, é a confusäo com o seu contrårio,
do movimento que estamos vivendo em muitas sociedades atuais.
a policia. O risco dos sujeitos politicos é confundir-se de novo
Uma negagäo dos conflitos e dos dissensos através das mais variadas
com as partes orgånicas do corpo social ou com esse proprio
moralizagöes dos atos politicos e uma emergéncia de sentimentos de
corpo (RANCIÉRE, 1996, p. 378).
Odio e aversäo a muitas 16gicas da aparigäo dos sujeitos politicos.
Portanto, assume espago fundamental a 16gica participativa, pois
Esse movimento, esta é nossa hip6tese aqui, em parte é quanto mais a participagäo social se transforma numa condigäo da
consequéncia da dissipagäo das racionalidades da politica. A existéncia e legitimidade institucional das instituigöes de governanga
dissipagäo é esse processo hist6rico que ao transformar elementos de que convocam a participagäo a todo instante, mais se confundem
uma racionalidade em outra, desperdiga a forga do elemento que a sujeitos politicos e corpo social.
campo te6rico que constituiu as politicas do protesto como um campo Movements: a partial theory. In: McCARTHY, J. & ZALD, M. (eds.). Social
cientifico legitimo, mas näo problematizou as fronteiras epistémicas Movements in an Organizational Society: collected essays. Londres:
do que é a pr6pria politica. Transaction.