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A TEORIA DOS

MOVIMENTOS SOCIAIS

SOCIOLOGIA - Profª Valéria Solsona


 Teoria dos Movimentos Sociais
 Por Cristiano das Neves Bodart

 Os movimentos sociais, enquanto objeto empírico, têm alimentado um debate
constante no campo das Ciências Sociais, estimulando e promovendo o
desenvolvimento de múltiplas perspectivas teóricas e focos de atenção diversos.
Buscaremos aqui apresentar, de forma introdutória, as teorias que se
destacaram, sendo elas: a Teoria Marxista dos Movimentos Sociais, a Teoria das
Massas (TM), a Teoria da Mobilização dos Recursos (TMR), a Teoria dos Processos
Políticos (TPP) e a Teoria dos Novos Movimentos Sociais (TNMS).
 As análises marxistas
 Origem: Remontam ao século XIX e possuem sua origem na sociologia clássica
de Karl Marx e Friedrich Engels e se desenvolveu a partir de diversos autores
conhecidos como marxistas.
 Principais características: 1) abordagem de viés estruturalista, ou seja, o
movimento surge como resultado de determinado contexto industrial ou
econômico que possui impacto nas formas de divisão do trabalho e
organização dos operários, 2) no âmbito dos processos associativos está
ancorada na categoria classe (em si, e para ai) e, 3) nas abordagens que focam
no papel da liderança, a destacam como intelectuais orgânicos que são
responsáveis pelo direcionamento e construção ideológica da mobilização.
 Os movimentos sociais são entendidos como ações coletivas de uma classe
social explorada que busca: 1) melhores condições de trabalho, de salários e de
vida e; 2) eclodir uma revolução, a tomada do poder a fim de implantar uma
ditadura do proletariado a fim de suplantar o Capitalismo.
 Teoria das Massas
 Origem: Desenvolvida entre aos anos de 1940 e 1960, sobretudo por
influência das grandes manifestações públicas do nazismo e do
fascismo.
 Principais características: 1) marcada fortemente pelo positivismo e,
em particular, pela sociologia organicista de Durkheim e; 2) a
grande preocupação dos teóricos estava em entender o
comportamento das massas sob uma análise da Psicologia Social,
sendo elas tidas como perigosas e, portanto, combatidas e; 3) a
preocupação era entender os movimentos não democráticos, o
processo de alienação das massas e a perda de controle e
influência das elites culturais.
 Os movimentos sociais são entendidos como patologias sociais,
desajustamentos causados pelas disfunções da modernidade.
Assim, os movimentos sociais são tidos como movimentos desviantes
e irracionais compostos por indivíduos marginalizados.
 Teoria da Mobilização dos Recursos
 Origem: Surge do contexto de transformações políticas ocorridas na
sociedade norte-americana nos anos 1960. Sua origem se relaciona
diretamente a rejeição da ênfase que a Teoria das Massas dava
aos sentimentos e ressentimentos dos grupos coletivos, assim como
o approach eminentemente psicossocial dos clássicos, centrado
nas condições de privação material e cultural dos indivíduos.
 Principais características: 1) preocupação em entender o papel da burocracia
na organização dos movimentos sociais; 2) os estudos focam nos recursos
disponíveis aos movimentos sociais, sendo eles humanos, financeiros e de
infraestrutura; 3) foco no papel das lideranças, sobretudo em sua capacidade
de mobilizar e trocar bens num mercado de barganhas, as quais são entendidas
a partir de uma visão exclusivamente economicista, num processo em que todos
os atores agiam racionalmente, segundo cálculos de custos e benefícios, lógica
emprestada da Teoria da Escolha Racional e a Teoria do Utilitarismo e; 4) as
ações coletivas são explicadas a partir de uma visão comportamentalista
organizacional.
 Os movimentos sociais são entendidos como grupos de interesses, vistos como
organizações e analisados sob a ótica da burocracia de uma instituição, tendo
recebido fortes influências da Sociologia weberiana.
 Teoria dos Processos Políticos
 Origem: Se desenvolve nos anos de 1970 como crítica ao utilitarismo e ao
individualismo metodológico da Teoria da Mobilização dos Recursos
 Principais características: 1) trazer para o centro do debate elementos político-
culturais e simbólicos, os quais passam a ser entendidos como importantes para
atrair novos membros, mobilizar o apoio de variados públicos, constranger as
opções de controle social de seus oponentes e tentar direcionar as políticas
públicas e as ações do Estado; 2) preocupação em observar as dimensões
externas das lutas dos movimentos que são tidas como relevantes para a
competição por poder; 3) ideias, símbolos e palavras-chave são observados
como importantes na construção da identidade dos movimentos sociais e sua
mobilização; 4) foco nos processos sociais de longa e média duração e; 5)
ênfase nas estruturas das oportunidades e restrições políticas.
 Os movimentos sociais são entendidos um ator político de mudança social, esta
entendida como uma ação reformista e não revolucionária.
 Teoria dos Novos Movimentos Sociais
 Origem: surgiu como arcabouço explicativo para os movimentos
sociais transclassistas, ou seja, composto por sujeitos pertencentes a
diferentes classes sociais, ou ainda a movimentos por demandas
pós-materiais, tais a qualidade do ar, a igualdade de gênero e a
luta pela paz.
 Principais características: 1) foca nas identidades coletivas e,
portanto, apresentando uma visão culturalista dos movimentos
sociais; 2) o reconhecimento e o autoreconhecimento são
elementos fundamentais para entender a ação coletiva e; 3)
observação de que as demandas dos movimentos sociais não são
apenas materiais.
 Os movimentos sociais são entendidos como atores sociais
marcados pelo reconhecimento identitário que buscam melhores
condições de vida, envolvendo ganhos materiais e não materiais,
tais como respeito aos diferentes, preservação do meio ambiente,
etc.

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