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Breve História da cidade de São

Gonçalo

Alexandre Martins*

Em 1502 foi descoberta a Baía de Guanabara e, em decorrência, suas


regiões. A chamada Banda D'Além tinha uma sesmaria, a de São Gonçalo,
parte da Capitania de São Vicente.

Foi o viajante francês Jean Lery quem, em 1557, fez a primeira referência
escrita que se conhece, às terras do hoje município de São Gonçalo. Em
seu livro “Viagem às terras do Brasil” ele comenta que encontrou aldeias
indígenas Tupis em torno da baía que nós hoje chamamos de Guanabara
e localizada a Ilha de Itaoca, como o ponto de uma delas. 1

A Sesmaria de São Gonçalo compreendia o espaço o que hoje seria da


Praia de Icaraí à Praia da Luz. Seu desbravamento se deu pelos Jesuítas,
que construíram portos e fazendas. À época existiam poucos habitantes
nativos, como os índios

É, pois, em abril de 1579 que se tem o início da história de São Gonçalo. A


paróquia data dee 10 de fevereiro de 1646, bem como a transformação da
sesmaria em Frequesia.

Gonçalo Gonçalves, “O Velho” é considerado o primeiro donatário da


Sesmaria que deu origem à atual cidade, cuja carta de doação data de 6
de abril de 1579 de terras “com mil braças de largo e 1500 de comprido,
em Suassunhã do Porto de Birapitanga”. Fidalgo natural de Amarante,
região do Minho, em Portugal, morava no Rio de Janeiro. De posse da
terra, erigiu a igreja de São Gonçalo do Amarante, às márgens do Rio
Imboaçu, aonde hoje está a igreja matriz. O povoado surge em seguida,
onde hoje é o bairro do Zé Garoto.

Revolta da Cachaça é o nome pelo qual passou à História do Brasil o


episódio ocorrido entre final de 1660 e começo do ano seguinte, no Rio de
Janeiro, motivado pelo aumento de impostos excessivamente cobrados
aos fabricantes de aguardente. Também é chamada de Revolta do
Barbalho ou Bernarda. Governava o Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá
e Benevides, no início de 1660. Produtores da região norte da Baía da
Guanabara, então Freguesia de São Gonçalo do Amarante (atuais
municípios de São Gonçalo e Niterói) rebelaram-se contra a taxa.

Durante seis meses houve reuniões na fazenda de Jerônimo Barbalho


Menezes de Bezerra, na Ponta do Bravo (atual bairro do Gradim, em São
Gonçalo).

Na madrugada de 8 de novembro de 1660, liderados pelo fazendeiro, os


revoltosos atravessam a baía, convocando o povo da cidade pelo toque
de sinos a reunir-se diante do prédio da Câmara. Totalizavam 112
senhores de engenho, 10 de São Gonçalo, que exigiam o fim da cobrança
das taxas, bem como a devolução daquilo já arrecadado. Tomé de Sousa
Alvarenga, tio do governador e em exercício durante sua ausência.
Alvarenga foi enviado para Portugal junto a uma lista de acusações contra
sua família, então poderosa. Salvador de Sá organizou uma tropa de
paulistas. O Rio de Janeiro foi atacado de surpresa, na madrugada de 6
de abril. As tropas baianas vieram pela praia, enquanto Salvador de Sá
invadia com os seus pelo interior. Apanhados de surpresa, os revoltosos
não opuseram resistência.

Aprisionados os líderes, foi montada uma corte marcial que condenou os


rebeldes à prisão. Jerônimo Barbalho, único condenado à morte, foi
decapitado e sua cabeça afixada no pelourinho.

O Conselho Ultramarino, porém, deu razão aos rebelados. Salvador de Sá


foi afastado de suas funções e teve de responder em Portugal por seus
excessos. A família Sá, descendente do ex-governador-geral Mem de Sá e
do fundador da cidade do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, perdeu prestígio
e a grande influência que até então conseguira manter. Os rebeldes
condenados foram libertados.

Em 1749 foi criada a Estrada Real (atual rua Moreira César) ligando Niterói
a Alcântara. À época o trajeto era feito por embarcações do Porto de
Niterói para os portos de São Gonçalo (Ponte, Luz, Neves, Bandeira e Lira)
e a ligação com o Rio de Janeiro se dava tembém por esses portos.

Com a criação, em 21 de junho de 1769, da Freguesia de Paquetá, esta é


anexada a São Gonçalo, sendo anexada finalmente pelo Rio de Janeiro
somente em 1833.

Em 1779, São Gonçalo contava com 23 engenhos de açúcar, com 952


escravos numa população de mais de seis mil habitantes.

Em 1780 recebeu as primeiras mudas de café, oriundas de Belém, no


Pará.De São Gonçalo, expandiu-se para todo o Estado do Rio e para o
Vale do Paraíba.

Em 1819 é criada a Vila Real de Praia Grande e São Gonçalo é anexada


junto com outras freguesias. Em 1834 é denominada Cidade de Niterói e,
em 1835, é elevada a capital do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1847, o Imperador D. Pedro II visita São Gonçalo pela primeira vez,


hospedando-se na sede da Fazenda do Jacaré (atual bairro do Patronato).

Em 1860, possuía São Gonçalo 30 engenhos de cana e 10 fornos de


cerâmica, exportando seus produtos pelos portos de Gradim, da Pedra,
Maruí, Neves, Guaxindiba, da Madama, da Ponte, da Luz, do Rosa e Boa
Vista.

Em 1890, foi São Gonçalo a sede da primeira Região Policial do Estado do


Rio, conseguindo ainda, aos 22 de outubro, seu desmembramento de
Niterói. Em 1899 é inaugurado o primeiro prédio da Prefeitura, no mesmo
local atual, embora seu primeiro prefeito, Cel. Ernesto Francisco Ribeiro,
tenha somente sido nomeado em 1904. Em 1922, São Gonçalo é
reconhecida oficialmente como cidade.

Em 1943, o distrito de Itaipú é cedido para o município de Niterói e São


Gonçalo deixa de ter sua ligação com a Costa brasileira.

Não somente o Imperador e a Princesa Isabel, mas Presidentes do Brasil


visitaram São Gonçalo, como Getúlio Vargas em 1943 e Juscelino
Kubitschek em 1956.

Os primeiros bairros de São Gonçalo tiveram origem das fazendas de


cana de açúcar que foram loteadas no início do século XX, daí muitos
terem seus nomes, como Trindade, Itaúna, Colubandê, etc. Outros, pelos
portos que existiam no local, como Porto Novo, Porto da Madama e
outros.

Muitos brasileiros importantes nasceram em São Gonçalo, como o Conde


Baurepaire Rohan, construtor do primeiro Plano Diretor da cidade do Rio
de Janeiro; Orlando Rangel, introdutor da Indústria Farmacêutica no Brasil;
dentre outros.

***

(*) empresário cultural, Presidente-fundador da SAL.

1- O termo tamoios se refere a uma aliança de povos indígenas do tronco


lingüístico tupi que habitavam a costa dos atuais estados de São Paulo
(litoral norte) e Rio de Janeiro (Vale do Paraíba fluminense). Esta aliança,
liderada pela nação tupinambá, congregava também os guaianazes e
aimorés. Portanto "tamoio" não se trata de um etnônimo, ou seja, de uma
tribo ou nação indígena específica. O termo "tamoio" vem "tamuya" que
em língua tupi significa "os anciãos". A aliança de tribos, conhecida como
Confederação dos Tamoios, foi motivada pelos ataques dos portugueses
e mestiços que procuravam capturar escravos entre os indígenas para
trabalhar nas primeiras plantações de cana-de-açúcar. Por décadas, os
Tamoios foram a única resistência organizada contra a colonização
portuguesa

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