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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA AMAZÔNIA - UNIESAMAZ

CURSO DE BACHARELADO EM ODONTOLOGIA

OS MANEJOS CONTRIBUTIVOS AO CIRUGIÃO-DENTISTA PARA O


ATENDIMENTO RESPONSÁVEL A PACIENTES PORTADORES DO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA. UMA REVISÃO DE
LITERATURA

BELÉM
2023
ANA ALBUQUERQUE CANTÃO
NYKOLE MANNOLY ARAÚJO SILVA

OS MANEJOS CONTRIBUTIVOS AO CIRUGIÃO-DENTISTA PARA O


ATENDIMENTO RESPONSÁVEL A PACIENTES PORTADORES DO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA. UMA REVISÃO DE
LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro Universitário da
Amazônia - UNIESAMAZ, como
requisito obrigatório para obtenção do
grau de Bacharel em Odontologia.

Orientador: Antônio José da Silva


Nogueira.

BELÉM
2023
OS MANEJOS CONTRIBUTIVOS AO CIRUGIÃO-DENTISTA PARA O
ATENDIMENTO RESPONSÁVEL A PACIENTES PORTADORES DO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA. UMA REVISÃO DE
LITERATURA

Ana Albuquerque Cantão¹


Nykole Mannoly Araújo Silva

RESUMO

A produção deste artigo em questão teve como objetivo geral, apresentar uma revisão de
literatura evidenciando a imprescindibilidade dos manejos como contributo ao cirurgião-
dentista para o atendimento responsável a pacientes portadores do Transtorno do
Espectro Autista – TEA. O estudo visou responder ao problema sobre se: - A literatura
científica corrobora existir manejos contributivos ao cirurgião-dentista para o atendimento
responsável a pacientes portadores de Transtorno do Espectro Autista – TEA? De modo
específico, intentou: - Expor os principais aspectos do Transtorno do Espectro Autista -
TEA; - Explicitar os manejos contributivos ao cirurgião-dentista para o atendimento
responsável a paciente portador de TEA. A metodologia da pesquisa imanente reproduziu
um caráter teórico consubstanciando uma pesquisa bibliográfica qualitativa, a qual embasada
em uma revisão da literatura inerente aos principais conteúdos teóricos que delineiam o
trabalho científico pertinente. Os resultados e discussões foram obtidos a partir dos conteúdos
oriundos da revisão de literatura para resposta ao problema e sugestões.

Palavras-Chave: Cirurgião-Dentista; Manejos; Atendimento Responsável; Pacientes; TEA.

ABSTRACT

The development of this article in question has the general objective of presenting a literature
review highlighting the indispensability of management as a contribution to the dentist for
responsible care for Autism Spectrum Disorder – ASD patients. The study aimed to answer
the problem of whether: - Does the scientific literature corroborate the existence of conducive
management for the dentist to provide responsible care to patients with Autism Spectrum
Disorder – ASD? Specifically, it aims to: Explain the main aspects of Autism Spectrum
Disorder - ASD; - Explain the contributory management to the dentist for responsible care for
patients with ASD. The immanent research methodology reproduced a theoretical character,
substantiating a qualitative bibliographical research, which was based on a review of the
literature inherent to the main theoretical contents that outline the relevant scientific work.
The results and discussions were obtained from the contents arising from the literature review
to respond to the problem and suggestions.

Keywords: Dental Surgeon. Responsible Service. Management. Patients. ASD.

__________________________________________________________________________________________
¹Graduanda do curso de Bacharelado em Odontologia – UNIE$ZAMAZ.
²Graduanda do curso de Bacharelado em Odontologia – UNIE$ZAMAZ.
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1 INTRODUÇÃO

O denominado Transtorno do Espectro Autista - TEA é definido como uma síndrome


comportamental que compromete o desenvolvimento motor e psiconeurológico das pessoas,
entravando a cognição, a linguagem, a alimentação e a interação social da criança. Nesse
evento, se encontra presente a retração ou até mesmo a perda do tônus muscular, fato deletério
à coordenação motora fina e, por conseguinte, a promoção da dificuldade de higienização
bucal da criança (ARAÚJO et al., 2021).
Em uma clínica odontológica, os profissionais terão vários desafios no decorrer do
tratamento com um paciente portador de Transtorno de Espectro Autista – TEA. Estudos
mostraram que, para a obtenção de um tratamento odontológico responsável, se faz necessário
a utilização de manejos específicos em conjunto com o suporte da família, tornando esse
atendimento a um paciente portador de TEA, efetivo e digno (LOPES et al., 2022).
Esse fato evidencia a necessidade da constituição do estudo, baseado em uma revisão
de literatura, visando responder ao problema que emerge, o qual é: - A literatura científica
corrobora existir manejos contributivos ao Cirurgião-Dentista para um atendimento
responsável a pacientes portadores do Transtorno do Espectro Autista – TEA?
Assim, visando responder ao questionamento supralevantado, o objetivo geral
deste artigo foi elaborar uma revisão de literatura evidenciando a relevância que
assumem os manejos utilizados pelo cirurgião-dentista como contributo ao atendimento
responsável a pacientes portadores do Transtorno do Espectro Autista – TEA.
Mais especificamente, o estudo demandou: Descrever os principais aspectos do
Transtorno do Espectro Autista - TEA; - Apresentar os manejos contributivos para um
atendimento responsável do cirurgião-dentista a paciente portador de TEA;
Crianças com autismo evidenciam um processo seletivo na sua alimentação e por
causa disso, em geral, preferem alimentos açucarados, o que as torna mais passíveis de serem
acometidas por cáries. Pelo fato de possuírem travamentos nas relações interpessoais,
normalmente, os pacientes portadores do TEA não aceitam o tratamento odontológico,
tornando imprescindível o atendimento responsável pelo cirurgião-dentista, embasado em
manejos que produzam efeitos positivos nesses pacientes, em relação ao seu comportamento
(SOUSA; ROLIM, 2022).
Neste diapasão, há a necessidade de um acompanhamento frequente para pacientes
com TEA por parte do profissional de odontologia, no sentido de promover a instrução aos
responsáveis pela adoção de uma dieta saudável, e uma higienização bucal adequada. Assim,
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torna-se indispensável que o Cirurgião Dentista via o contributo das manobras, labore a
preservação da saúde bucal de paciente portador do TEA procedendo ao tratamento de forma
que, no decorrer do processo, todas as necessidades dos pacientes sejam atendidas de maneira
responsável (FONSECA; MORAES; YAMASHITA, 2022).
Neste nexo, a justificativa para a concepção desta pesquisa está intrinsecamente
atrelada à pretensão de aprimoramento da percepção pessoal, social e profissional inerente ao
tema. Na área pessoal, indubitavelmente, foi auferido um maior aprendizado em relação ao
assunto, consubstanciando a continuidade dada a nossa pretensão de alcançar níveis mais
elevados de conhecimentos teóricos, consequentemente, a progressão na formação acadêmica.
No âmbito social adquiriu-se conhecimento sobre os manejos pelos quais se pode
conseguir a responsabilidade no atendimento odontológico a paciente portador do TEA, sendo
uma forma de haver uma participação ativa aprimorando as relações interpessoais. No campo
profissional, obteve-se a competência humana oriunda dos conhecimentos, habilidades e
atitudes adquiridas a partira dos distintos níveis de práticas, quando se atingiu os objetivos
específicos de cada função no decurso da prática de estágio da atividade odontológica.
Este contexto consubstanciou uma pesquisa bibliográfica, a qual embasada em uma
revisão sistemática da literatura inerente aos principais conteúdos teóricos que delinearam o
trabalho científico pertinente. Essa revisão é o que se denomina de levantamento bibliográfico
ou revisão bibliográfica, em que foram executadas as consultas aos periódicos e artigos
científicos, entre outras fontes. Ela se baseou em uma diversidade de teorias visando o
desenvolvimento do eixo temático, de natureza oriunda das concepções dos vários autores,
que fundamentaram a contextualização do tema, os quais partes constantes nas referências.
Pertinente aos meios, esta revisão sistemática se desenvolveu a partir de materiais
didáticos, no caso, artigos científicos, inseridos em revistas científicas e na mídia eletrônica.
Inerente aos fins, a pesquisa foi descritiva usando procedimentos técnicos condizentes, os
quais coletaram, analisaram e interpretaram os fatos estudados, sob um enfoque original,
configurando características de um estudo qualitativo, que consistiu em não usar métodos e
técnicas estatísticas, com o pesquisador tendo buscado, a partir da coleta de dados, uma
análise indutiva destes acarretando os resultados e discussões.

2 REVISÃO DA LITERATURA

O momento de revisão de literatura se configura pela seleção e explicitação do


significado de cada palavra-chave tratada na pesquisa, em consonância com a linha de
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pesquisa e teoria adotadas e, baseadas em trabalhos científicos e acadêmicos. Nesta acepção,


ela possibilita a discussão de uma gama variada de discernimentos de inúmeros autores
concernente ao mesmo tema para chegar a resultados e discuti-los.
A revisão de literatura, a partir da resposta ao problema levantado na pesquisa,
consubstancia a exposição de ideias, objetivando despertar em quem lê o material
contextualizado, a demanda pela constituição de novos saberes. Destaque-se que, este estudo
encontra-se intrinsecamente ligado aos estudiosos que tratam da temática em voga sobre a
relevância que assumem os manejos utilizados pelo cirurgião-dentista no atendimento
responsável a pacientes portadores do Transtorno do Espectro Autista – TEA.
Neste nexo, considera-se que o cirurgião-dentista no atendimento responsável a
pacientes com TEA, confronta um processo de alta complexidade, devido a várias
revelações clínicas, entrave na adequação ao ambiente e ao profissional, a qual a partir da
produção de uma abordagem especializada e individualizada e baseada em manejos, pode
sofrer retração, por conseguinte, uma amenização. É preciso se conhecer e aprender os
manejos contributivos básicos para fixar uma conexão, avançar no tratamento e prognose
dos pacientes, acelerando o grau de conhecimento e propiciando melhores soluções aos
problemas que surgem no tratamento (AZEVEDO; CERQUEIRA; CRUZ, 2022).

2.1 OS PRINCIPAIS ASPECTOS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA –


TEA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), síndrome do comportamento e do


desenvolvimento neurológico foi descoberto pelo médico austríaco Dr. Leo Kanner, em 1943,
e, se insere em um contexto de modificações tidas como necessidades especiais. Essa natureza
se define via déficits na comunicação verbal e não verbal, entraves na interação social, além
de comportamentos limitados, repetitivos e reações inesperadas a impulsos ambientais.
“Kanner, percebeu que as crianças acometidas pelo transtorno, possuíam resistências a
mudanças, ficando perturbadas quando ocorressem desvios em sua rotina, podendo até mesmo
entrar em pânico se algo estivesse fora do seu lugar habitual” (LOPES, et al., 2022, p.2).
Com etiologia ainda indeterminada, o Transtorno do Espectro Autista -TEA, admite
a multicausalidade, existindo variadas pressuposições inerente ao que propicia seu
aparecimento, tais como: agentes genéticos e ambientais, infecções virais, exposição a
produtos químicos, modificações neuropsicológicas, complicações neonatais ou perinatais e
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desequilíbrios metabólicos, que conjuminam variados sintomas. Pesquisas mostram que uma
tendência genética ao autismo pode operar, conjuntamente com outros fatores não herdados,
como influências ambientais, interrupção do fornecimento de oxigênio ao cérebro durante a
gravidez, ou mesmo exposição a pesticidas (AZEVEDO; CERQUEIRA; CRUZ, 2022).

Essas pessoas são portadoras de entraves permanentes ou temporários atrelados à


adaptação física, intelectual ou emocional inerentes aos padrões neurotípicos e tidas como
especiais. É comum, as crianças com o TEA recusarem frequentar lugares com muitas pessoas
e atividades em grupo, também, costumam ser hiperativas, possuir uma atenção reduzida e
inclinações a automutilação. Além disso, “podem apresentar desregulação emocional com
tendência a comportamentos agressivos e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais”
(SANTANA et al., 2020, p.2).

O autismo se inicia no decurso da infância, anterior a três anos de idade, podendo


evidenciar sintomas próprios da moléstia, a qual quando identificada, permite um diagnóstico
adequado. “O grau de diagnóstico do portador de autismo pode ser de leve a grave, cujo
acarreta retardo na fala, repulsão de texturas e alimentos, complexidade na inter-relação
pessoal e de contato olho a olho” (FERREIRA et al., 2021, p.2).
Isso significa asseverar que para que possa haver um diagnóstico confiável, se torna
indispensável uma gama diversificada de informação, inserindo aí, observações do clínico,
história do cuidador e, quando possível, um auto relato. Normalmente, “não é possível
estabelecer com segurança o diagnóstico de autismo antes dos três anos, mesmo que a criança
apresente alguns sintomas do transtorno” (COSTA, 2021, p.23).
Concretamente, os pacientes com Transtorno do Espectro Autista têm limitações,
entre elas, as motoras, cujas influenciam direta e indiretamente na saúde bucal deles,
acompanhadas na maior parte das vezes por uma dieta cariogênica, modificações no pH oral
(gerados pela ingestão de medicamentos), hábitos parafuncionais (bruxismo, apertamento)
e hipersalivação. Por essa razão, “esses pacientes estão mais susceptíveis a lesões de cárie
e doenças periodontais” (AZEVEDO; CERQUEIRA; CRUZ, 2022, p.15431).
Em estudos que executam uma analogia entre pacientes com TEA e os não
portadores do transtorno pertinente, foi visto que os primeiros podem ter uma higiene bucal
deficiente, com alguns agravantes, como a gengivite. Por isso, na clínica odontológica, o
Cirurgião-Dentista deve atentar às características bucais como pouco tônus muscular, pouca
coordenação da língua e um acúmulo de saliva na boca, proporcionando o armazenamento do
alimento na cavidade bucal, podendo predispor lesões cariosas (ARAÚJO et al., 2021).
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Ademais, devido à hipertrofia gengival, em geral, gerada pelo uso reiterado de


fármacos, muitos destes pacientes podem ser acometidos e sofrer com uma erupção dentária
tardia, assim como, evidenciar maior inclinação a má oclusão, lesões dentárias, interposição
da língua e mania de morder os lábios. Quer dizer, o cirurgião dentista deve estar apto para
saber lidar com as limitações do paciente, portador do TEA de forma segura e humanizada,
promovendo um acolhimento diferenciado a fim de garantir resultados não somente aos
pacientes como até mesmo aos familiares e responsáveis (SOUSA; ROLIM, 2022).
Nestas circunstâncias, o avanço do atendimento odontológico a pacientes
portadores de TEA está intimamente atrelado a uma anamnese detalhada, planejamento,
diagnóstico e prognóstico do tratamento. Os procedimentos terapêuticos se subordinam
integralmente às adequações concernentes a idade, a classificação e a necessidade
odontológica. Nessa panorâmica, o tratamento odontológico de crianças com TEA deve estar
sob a égide de um manejo diferenciado, enfatizando o condicionamento periódico e a
utilização de técnicas particulares visando a mantença da saúde bucal do paciente portador
de TEA (SANTANA et al., 2020).

2.2 OS MANEJOS CONTRIBUTIVOS PARA UM ATENDIMENTO RESPONSÁVEL


DO CIRURGIÃO-DENTISTA AO PACIENTE PORTADOR DE TEA

No atendimento odontológico dos pacientes portadores de TEA não existe espaço


para improvisação, neste caso, torna-se indispensável saber: o que eles vão fazer? Como?
Com quem? E, por quanto tempo deve permanecer nessa atividade? No modo técnico, todo
e qualquer dentista é habilitado a receber e atender um paciente autista, ressalte-se, porém,
que essas pessoas evidenciam comportamentos de natureza individuais as quais “podem
dificultar o atendimento, sendo assim, nos casos de pacientes que fazem uso de
medicações, definir a listagem das que podem ser útil para estabelecer um quadro
comportamental previsto a partir delas” (MIQUILINI; MEIRA; MARTINS 2022, p.52).
Para realizar o atendimento ao paciente portador de TEA, o cirurgião-dentista deve
proceder à busca por opções que agilizem o procedimento, usando métodos subjetivos, com
estratégias de interação, visando atrair o foco do paciente para o tratamento odontológico,
sendo relevante a compreensão do profissional inerente à condição desses pacientes, acatando
suas limitações. Quando o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é objeto da atenção no
ambiente odontológico, “torna-se necessário o manejo adequado, o conhecimento de tais
condições e aptidão profissional para o melhor atendimento” (MARTINS et al., 2023, p.50).
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No contexto da odontologia, desenvolvem-se procedimentos terapêuticos


empregados em tratamentos de pacientes autistas, a fim de que se possa fazer um atendimento
responsável, com segurança e demandando evitar qualquer uma espécie de trauma. Ao
proceder a atendimentos odontológicos mesmo que envolto em um ambiente de serenidade, o
cirurgião dentista deve possuir conhecimento antecipado concernente ao tratamento de
pacientes autistas. As condutas repetitivas acarretam temor e a comunicação é um entrave
somativo para a conclusão do tratamento (FONSECA; MORAES; YAMASHITA, 2022).
Não obstante, existe uma grande adversidade durante o atendimento dos pacientes
portadores do TEA. Havendo necessidade da geração de um atrelamento entre o profissional
dentista que deve transmitir confiança e segurança, e o paciente. O cirurgião dentista deve
estar a par de como desenvolver técnicas de abordagem para facilitar o atendimento nas
consultas periódicas destes pacientes, evitando o uso da anestesia geral. Além da importância
de uma boa relação do profissional com a família do paciente, para que se consiga entender os
níveis de severidade do transtorno e auxiliar na melhora da saúde bucal da criança de forma
efetiva (TASSO; FERRACINE; HOSHINO, 2022, p.45)
Assim, o manejo odontológico de pessoas com TEA emerge desafiador ao cirurgião-
dentista, principalmente o pediátrico, pois essas crianças, não permitem uma comunicação
condizente, respondendo com ânsia a qualquer estímulo sonoro, visual e olfáctico. Há o
desenvolvimento de uma variedade de métodos nestes últimos anos, visando uma abordagem
comportamental da criança autista na prática odontológica. Esses paradigmas “se concentram
na compreensão da cultura do autismo, na forma de pensar, aprender e vivenciar o
mundo, para que essas diferenças cognitivas expliquem os sintomas e problemas
comportamentais que esses pacientes apresentam” (SOUSA; ROLIM, 2022, 1564).
A propósito, o manejo do paciente com autismo deve ser multiprofissional, seja
paciente criança ou adulto, com a terapia levada a efeito por uma equipe multidisciplinar, e
sob essa perspectiva foram notadas algumas técnicas de manejo comportamental voltadas para
pessoas com autismo. Além do uso de medicação para o controle de sinais relacionados ao
autismo, enfatizam a importância de programas de intervenção comportamental intensiva e
precoce, demonstrando resultados eficazes (MOREIRA et al., 2019, p.39).
Essas técnicas de manejo do comportamento têm sido utilizadas com a finalidade de
facilitar a realização de tratamentos odontológicos em crianças com TEA. Devido ao número
crescente de diagnóstico dessa desordem, é importante que o cirurgião-dentista,
independentemente de sua especialidade, possua informação adequada para realizar essas
técnicas no atendimento odontológico (GONÇALVES; PRIMO; PINTOR, 2021, p.868)
9

Além disso, faz-se necessário compreender que o manejo odontológico se torna


imprescindível para um adequado e condizente condicionamento e, por consequência,
atendimento/tratamento. Com isso, é fato que a orientação do cirurgião-dentista além de
assumir papel de destaque para a educação pode contribuir na diminuição de maiores
complicações futuras, assim como promover um prognóstico e tratamento adequado para cada
um dos seus pacientes (AZEVEDO; CERQUEIRA; CRUZ, 2022).
Destaque-se o contributo dos meios farmacológicos, com fins de obter uma conduta
condizente do paciente portador de TEA, sendo indicada, principalmente, a sedação
consciente, a qual baseada nos fármacos benzodiazepínicos orais, devido suas propriedades
ansiolíticas, sedativas e hipnóticas, tais como: Midazolam, Alprazolam, Diazepam,
Lorazepam, e Triazolam, cujos ordenados conforme o início de ação e duração do efeito
ansiolítico (MARINHO; SANTOS; PICCIANI, 2019).
Ademais, ressalve-se que o maior temor dos pacientes com TEA como o de outros
pacientes é sentir dor. Assim, é preciso a conscientização de cirurgiões-dentistas sobre a
necessidade de amenizar a dor ou a expectativa dela, por exemplo, via uso do óxido nitroso,
cujo é um grande adjunto no controle da dor em pacientes com TEA. Isso porque reduz o
medo dos tratamentos odontológicos e ameniza a ansiedade que acometem eles. O uso da
técnica como sedação e analgesia em distintos eventos se apresenta como uma vantagem no
atendimento odontológico pois que além de dar segurança, não deprime o centro respiratório
(MACHADO; LABUTO, 2022).

3 METODOLOGIA

Essa pesquisa reproduziu um caráter de revisão de literatura, já que se baseou em uma


diversidade de teorias visando o desenvolvimento do eixo temático, de natureza oriunda das
concepções dos vários autores que fundamentam a contextualização do tema, os quais são
parte constante das referências.
Inerente aos meios, a revisão de literatura teve seu desenvolvimento gerado, a partir de
materiais didáticos, no caso, artigos científicos, inseridos em revistas científicas e na mídia
eletrônica. Concernente aos fins, a pesquisa foi descritiva com uma metodologia adequada,
que coletou, analisou e interpretou os fatos estudados, sob um enfoque original,
caracterizando um estudo qualitativo, cujo consiste em não utilizar métodos e técnicas
estatísticas, com o pesquisador buscando a partir da coleta de dados, uma análise indutiva
destes.
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A revisão de literatura ou fonte secundária ofereceu a oportunidade para a análise e


compreensão do objeto de estudo, que neste caso, são os manejos como contributo ao
cirurgião-dentista para o atendimento responsável a pacientes portadores do Transtorno
do Espectro Autista – TEA via o contato direto com material escrito e documentado sobre o
assunto em questão e, como asseverado por Lakatos; Marconi quando aludem que

A revisão de literatura, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada


pública inerente ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais,
revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, etc. até meios de comunicação orais:
rádio, gravações em fita magnéticas e audiovisuais: filmes e televisão. objetiva
“colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado
sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham
sido transcritos por algum modo, quer publicadas quer gravadas” (2007, p. 185).

Para a execução da pesquisa qualitativa, se aplicou a demanda bibliográfica, com


ênfase em periódicos científicos disponibilizados eletronicamente, por plataformas de sites
eletrônicos e a pesquisa em obras indexadas em bases de dados, cujos provedores foram
selecionados consoante suas amplitudes e importâncias ao conjuminar inúmeras revistas. A
pesquisa qualitativa está atrelada ao levantamento de dados inerentes às motivações de um
grupo, em discernir e interpretar determinados comportamentos, as opiniões e as expectativas
dos indivíduos de uma população (NERY; BORGES, 2005),
Esse tipo de pesquisa sempre respeita o quadro da revisão de literatura elaborado,
com fins de garantir que todos os tópicos previamente levantados nos objetivos específicos,
sejam abordados, mas, não se exige apenas reposta direta, inversamente, buscam-se todos os
modelos e métodos estimulados que explicarão em detalhes as motivações que levam a
distintos comportamentos. Assim, interpretar os fenômenos e atribuir significados foram
essenciais ao êxito deste estudo, o qual “não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O
ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave
para analisar os dados de forma indutiva” (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010, p.
26).
Os procedimentos técnicos que foram efetivados nos artigos consultados embasaram-
se em análises e, subsequentemente, foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão,
resultando assim nas coletas de informações imprescindíveis para o desenvolvimento do
estudo. Neste sentido, realizou-se uma demanda por bibliografias delimitadas pelas palavras-
chave: Cirurgião-Dentista; Responsabilidade; Atendimento; Pacientes; TEA. Apos, buscou-se
o desenvolvimento do eixo temático e análise dos dados, cujos baseado nas concepções dos
diversos autores que abordaram e contextualizaram o assunto pertinente.
11

Visando consubstanciar a técnica de análise de dados se utilizou a análise de


conteúdo, a qual configura um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando
obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
“indicadores (quantitativos ou não) que permitam inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou
não)” (BARDIN, 2011, p. 47),
Nesse sentido, assumiram papel de destaque, as fases da técnica de análise, as quais
se fundamentaram nos seguintes ordenamentos:
1- Pré-análise correspondeu à fase em que há a compilação e organização do material
a ser analisado visando torná-lo operacional, sistematizando as ideias iniciais. É a organização
propriamente dita via quatro fases: 1 - Leitura flutuante; - Escolha dos documentos; 3 -
Formulação dos objetivos; 4 - Referenciação dos índices e elaboração de indicadores
(BARDIN, 2011).
2- Exploração do material com a definição de categoria (sistema de codificação) e a
identificação das unidades de registro (unidade de significação a codificar, (categorização e à
contagem frequencial) e das unidades de contexto nos documentos (unidade de compreensão
para codificar a unidade de registro que é inerente ao segmento da mensagem, a fim de
compreender a significação exata da unidade de registro). Foi a fase da descrição analítica,
referente “ao corpus (qualquer material textual coletado) submetido a um estudo aprofundado,
orientado pelas hipóteses e referenciais teóricos (BARDIN, 2011).
3 - Tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Esta fase “é destinada ao
tratamento dos resultados; ocorrendo nela a condensação e o destaque das informações para
análise, culminando nas interpretações inferenciais; é o momento da intuição, da análise
reflexiva e crítica” (BARDIN, 2011).
Para Bardin (2011, p.40), o enfoque destas três distintas fases da análise de conteúdo,
isto é, pré-análise, exploração do material, e o tratamento dos dados, resultados e discussões e
as conclusões, será possível codificar e categorizar o estudo e assim, facilitar o entendimento
oriundo dos dados bibliográficos levantados.
Para ordenação dessa pesquisa, executaram-se consultas às obras indexadas na base
de dado SciELO. Foram usados como base de estudo os seguintes descritores: Cirurgião-
Dentista; Atendimento; Responsável; Pacientes; TEA, assim como palavras no idioma inglês,
combinando o operador boleano AND com os termos da consulta. Efetuada a busca geral, a
qual desenvolvida no período de março a maio de 2023 foram encontrados 40 artigos, e
executada a leitura dos títulos, resumos e do contextualizado, e, aplicados os critérios de
12

inclusão e exclusão, restaram 14 artigos. Reporte-se que, a alta exclusão foi consequência dos
artigos não evidenciarem adequação ao tema laborado.
Os artigos incluídos foram os que estavam disponíveis, sem cobrança pecuniária, nas
bases de dados, disponíveis para leitura, e considerados condizentes com o tema proposto, e
que serviram para identificar a amostra da pesquisa, no caso: a) Identificar a amostra da
pesquisa, conforme o explicitado no Quadro 1, abaixo:

Quadro 1: Identificação do estudo por ano, autoria, periódico e objetivo: amostra de artigos publicados entre 2019
e 2023.

ANO TÍTULO AUTORIA PERIÓDIC OBJETIVO


O
2022 Atendimento odontológico e TASSO, Revista Realizar uma revisão bibliográfica
técnicas de manejo para Michele G.; Interciência sobre as abordagens clínicas,
pacientes com transtorno do FERRACINE, - IMES científicas e técnicas de manejo que
espectro autista. Suzane A.; Catanduva podem ser usadas nos atendimentos
HOSHINO, aos pacientes autistas nas clínicas
Roberto A odontológicas.
2022 Manejo odontológico em SOUZA , Laíza Revista Relatar as principais características
pacientes com Transtorno A. P. de; Ibero- do manejo do Odontológico em
do Espectro Autista. ROLIM, Valéria Americana pacientes com Transtorno do
C. L. de B. de Espectro Autista (TEA).
Humanidad
es, Ciências
e Educação
2022 Atendimento em pacientes FONSECA João Research, Apresentar por meio de uma revisão
com Transtorno do Espectro V. Da S.; Society and de literatura narrativa quais
Autista MORAES Ester Developmen dificuldades o profissional da
O.; t odontologia
YAMASHITA, encontra no tratamento de paciente
Ricardo K. autistas e quais melhorias podem ser
feitas no atendimnto afim de deixar o
paciente confortável.
2022 Atendimento odontológico à LOPES, Research, Apresentar por meio de uma revisão
criança com transtorno do Cristina da S et Society and de literatura, condutas a serem
espectro autista - Revisão de al. Developmen abordadas no atendimento
literatura. t odontológico prestado para crianças
com transtorno do espectro autista,
visando um melhor tratamento a
esses pacientes.
O manejo odontológico à AZEVEDO, Brazilian Compreender o conjunto de
pacientes com transtorno do D.J.A.; Journal of circunstâncias no tratamento
2022 espectro autista. CERQUEIRA, Developmen odontológico para pacientes com
J.G.V.; CRUZ, t TEA, bem como ajudar na
V.S.A.. qualificação profissional a partir de
uma abordagem humana, ética e de
atuação diferenciada do manejo e
adaptação profissional.

202 Utilização do óxido nitroso MACHADO, Cadernos Conscientizar de cirurgiões-dentistas


2 na sedação consciente em Aline G. S.; de sobre a necessidade de amenizar a dor
pacientes pediátricos na LABUTO, Odontologia ou a expectativa dela, promovendo um
odontologia. Mônica M. A do ambiente agradável para o mesmo.
UNIFESO
13

Facilitando o atendimento MIQUILINI, I. Revista Da Facilitar o atendimento e manejo de


odontológico a pacientes A. A.; MEIRA, Faculdade pacientes autistas por parte do
2022 autistas através de F. C. G. de A.; De cirurgião-dentista a partir de
abordagens clínicas a partir MARTINS, G. Odontologia abordagens clínicas direcionadas
de uma revisão de literatura. B. . Da UFBA
2021 Pacientes com Transtorno ARAUJO, et al. Research, Realizar uma revisão de literatura
do Espectro Autista e Fernanda S.; . Society and sobre a importância do tratamento
desafio para atendimento Developmen odontológico no paciente com TEA via
odontológico – revisão de t análise dos acometimentos bucais mais
literatura. comuns nesses indivíduos e dos
desafios enfrentados pelo cirurgião-
dentista frente a toda complexidade do
TEA.
2021 Influência dos métodos de COSTA, Cuidarte Identificar a influência de métodos
ensino PECS e TEACCH Gabriela C. de Enfermage alternativos no desenvolvimento
sobre o desenvolvimento P. et al. m. neuropsicomotor de crianças com
neuropsicomotor de crianças Transtorno do Espectro Autista (TEA).
com transtorno do espectro
autista
2021 Um jeito único de sorrir: FERREIRA, Research, Relacionar os aspectos
atendimento odontológico Maleide L; et Society and comportamentais de pacientes com
aos pacientes com al. Developmen espectro autista, visando discutir
transtorno do espectro t. perspectivas relevantes sobre a
autista – revisão integrativa abordagem psicológica desses no
da literatura. consultório odontológico.
202 Técnicas psicológicas GONÇALVE Revista Apresentar uma revisão de literatura,
1 para manejo S, Yasmin; Psicologia através de uma scopingreview, sobre a
utilização de técnicas psicológicas no
odontológico de PRIMO, , Saúde & manejo do comportamento de
pacientes com Laura; Doenças. pacientes com Transtorno do Espectro
transtorno do espectro. PINTOR, Autista no ambiente odontológico.
Andréa.
2020 Pacientes autistas: manobras SANTANA, Revista Investigar as abordagens clínicas e
e técnicas para et al. Lavínia Extensão & técnicas de manejo que podem ser
condicionamento no M.; Sociedade. usadas nos atendimentos aos pacientes
atendimento odontológico. . autistas assistidos pelo projeto de
extensão Atendimento Integral ao
Paciente com Deficiência
Neuropsicomotora.
2019 Contribuição dos MARINHO, J Clin Exp Demonstrar um estudo sobre a
benzodiazepínicos na Marcello A.; Dent. contribuição da sedação consciente
assistência odontológica de SANTOS, com BZD em ENDs.
pacientes com necessidades Bruna M. dos;
especiais. PICCIANI,
Bruna L. S
2019 Uso do TEACCH como MOREIRA et Scientific Relatar um caso clínico de
coadjuvante ao atendimento al, Francine do Investigatio dessensibilização ao tratamento
odontológico em pacientes C. L.; ns in odontológico de paciente com TEA,
com autismo: relato de caso. Dentistry por meio da estratégia pedagógica
Tratamento e Educação para Autistas e
Crianças com Limitações relacionadas
à Comunicação (TEACCH).
Fonte: Autoria, 2023.
14

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo o evidenciado pela literatura pesquisada, o Transtorno do Espectro Autista


– TEA se configura como um grande entrave nas analogias sociais, pelo seu
comprometimento na comunicação e pela sensibilidade a ruídos e alterações cotidianos. Por
isso assume papel de destaque a compreensão das características do TEA dentro do ambiente
odontológico a fim de “permitir ao profissional e equipe o uso adequado de técnicas de
manejo, tendo em vista que esses pacientes normalmente recusam interações profissionais”
(MARTINS et al., 2023, p.5).
Não obstante, verificou-se que as crianças portadoras do Transtorno do Espetro do
Autismo - TEA necessitam quando do atendimento por parte do Cirurgião-Dentista, de
procedimentos odontológicos, que sejam consubstanciados por um atendimento responsável,
para um trabalho com eficácia, eficiência e efetividade a partir da compreensão de cada
especificidade desse tipo de paciente. Neste diapasão, é essencial que “os profissionais sejam
capacitados, conheçam o paciente sobre suas limitações e personalize individualmente cada
atendimento, envolvendo como parte fundamental do tratamento o núcleo familiar” (LOPES
et al., 2022, p.5).
Corroborando esse contexto Fonseca; Moraes; Yamashita (2022, p.7) aludem que

O atendimento do paciente autista é realmente complexo e requer dedicação do


cirurgião-dentista. É necessário que os pais recebam instruções de como cuidar da
higiene bucal dos seus filhos, a fim de evitar que as doenças orais se instalem. É
possível realizar o atendimento do paciente autista no consultório dentário sem
causar estresse. Todo cirurgião dentista “está apto a cuidar de um paciente autista
desde que tenha preparo adequado para realizar os procedimentos e compreenda as
limitações de cada indivíduo”

Ainda conforme a literatura, o tratamento de pacientes autistas é plausível no interior


do consultório odontológico, desde que o profissional acate as condutas determinadas, a
partir de uma abordagem e preparo condizentes, reconhecendo a relevância do atendimento
individualizado, diferenciado e particular a cada paciente. O Cirurgião-Dentista não trata
isoladamente dos dentes, mas da pessoa por inteiro. O paciente demanda bem-estar integral,
abarcando a saúde bucal, o conforto, autoestima e a inserção social. Assim, “considerar a
totalidade de cada ser humano é dever do cirurgião-dentista, principalmente no que diz
respeito a pacientes com TEA” (MIQUILINI: MEIRA; MARTINS 2022, p.55).
Concernente a esta conjuntura Ferreira et al. (2021) aduzem que
15

Para envolver a criança no tratamento e conseguir o incentivo dos pais, várias


tentativas e abordagens são feitas. Os pacientes com autismo possuem padrões
únicos e individuais de comportamento social e de comunicação. Por isso, o
atendimento odontológico é diferente para cada pessoa com necessidade especial
que entra no consultório. O atendimento deve ser calmo e com sons baixos,
controlando a entonação vocal e tendo, também, uma comunicação não verbal.

A literatura aponta que devido os obstáculos enfrentados pelos pais e cuidadores, os


pacientes autistas devem receber um tratamento interdisciplinar, em que o cirurgião-dentista
inserido na equipe deve mostrar a relevância dos cuidados preventivos sobre as patologias
bucais e as orientações quanto à dieta e higiene bucal e, o tratamento devido. Para isso, o
discernimento do Cirurgião-Dentista no desenvolvimento desta equipe, precisa de capacitação
e treinamento para os tornar aptos à prática do atendimento humanizado via técnicas de
abordagem e protocolos específicos, para entender o paciente, discernir suas restrições e
individualidades e melhorar a qualidade de vida das família (ARAUJO, et al., 2021).
Na literatura estudada, Sousa; Rolim (2022) reforçam essas conjunturas falando que

O paciente autista representa um desafio no campo odontológico devido ao


desconhecimento da doença pelo profissional e devido ao quadro complexo que
apresenta, com atitudes comportamentais inerentes, por isso é
necessário conhecer suas características no nível biológico, psicológico,
social e seu sistema estomatognático para poder desenhar uma abordagem
comportamental adequada para cada um deles que vem à consulta.

Sob este prisma, se torna imprescindível o uso de manejos com fins de melhorar a
comunicação com o paciente, recursos verbais, não verbais, sensoriais, entre outros. Optar
pelo manejo ou procedimento terapêutico deve se fundamentar em informações explícitas
inerentes aos seus princípios, o grau do transtorno, técnica a ser realizada e expectativas de
resultados. “Deve-se orientar e informar às famílias quanto às alternativas disponíveis, suas
vantagens e limitações para o condicionamento dos pacientes com transtorno do espectro
autista” (SANTANA et al., 2020, p.163).
Aa literatura explicita que o nível de gravidade de certa conduta desse paciente
portador de TEA deriva da imputação ao déficit no desenvolvimento da linguagem e da
espécie de diagnóstico recebido. Confronte esses obstáculos, o TEA configura uma grande
parcela das indicações à efetivação de tratamento odontológico sob a égide de vários manejos,
além do anestesiamento geral. Neste nexo, os cirurgiões-dentistas devem possuir
conhecimento pertinente à doença, pois só assim será aplicado o manejo adequado, ou seja,
além do uso de medicação para o controle de sinais inatos ao TEA, usar manejos de mediação
comportamental intensiva e precoce, com resultantes profícuas (MOREIRA et al., 2019).
16

O intento do manejo de pacientes com TEA é elevar a autonomia, melhorar o avanço


da comunicação e propiciar assistência aos cuidadores. Neste cenário, retrata-se a relevância
do uso de modelos de condicionamento e abordagens: Tratamento e Educação para Autistas e
Crianças com Limitações relacionadas à Comunicação (TEACCH); Sistema de Comunicação
por Trocas de Imagens (PECS); Análise do Comportamento Aplicada (ABA) (AZEVEDO;
CERQUEIRA; CRUZ, 2022).
O TEACCH é um manejo transdisciplinar, pois atrela atendimento educacional e
clínico (psicoeducativo) e, se embasa na teoria comportamental e na psicolinguística. Seus
princípios são: desenvolver habilidades educacionais, aceitando a deficiência na comunicação
demandando um ambiente que equilibre o déficit, além de obter uma colaboração recíproca
dos pais e dos profissionais que auxiliam a criança via permutas de conhecimentos. O
TEACCH “evidencia as habilidades desenvolvidas, em desenvolvimento e ainda não iniciadas
pela criança. O método é laborado por profissionais de múltiplas disciplinas que atuam como
generalistas, ampliando a resolução dos problemas e sendo eficazes” (COSTA, 2021, p.24).
Essa concepção é robustecida consoante a literatura pela afirmação de Tasso;
Ferracine; Hoshino (2022) de que O TEACCH possui como objetivo

Desenvolver sistemas organizados, em que se entende que as crianças possam se


desenvolver em ambientes mais estruturados, onde ela possa compreender um
padrão com aquisição de independência em suas atividades de vida diária, no
decorrer do tempo. Na Odontologia é aplicado de forma que a sequência da
escovação seja expressa pelos pais aos seus filhos, fazendo com que a criança repita
o procedimento em casa, tendo como objetivo a compreensão e a formação do
hábito.

O PECS é um manejo desenvolvido intentando fixar uma comunicação adicional


e/ou selecionada com o autista ou com outras crianças que evidenciam entraves na fala, via
troca de figuras de itens que simbolizam potenciais reforçadores pelos elementos
representados nas imagens (objetos ou atividades desejadas). O escopo “é desenvolver uma
comunicação verbal não vocal da criança, ensinando-a a requisitar seus desejos (operante
mando) para depois aprender a habilidade funcional de trocar as figuras pelos desejos”
(COSTA, 2021, p. 24).
Concernente ao PECS Santana et al. (2020) afiançam este ser um manejo que

Também pode ser utilizado no consultório odontológico para ajudar o autista na


comunicação. Essa técnica influencia o paciente a indicar na imagem aquilo que
deseja, além de ajudar no estreitamento da relação entre profissional e paciente.
Alguns autistas não desenvolvem a fala, mas conseguem expressar seus anseios e se
relacionar através de instrumentos como o PECS.
17

O ABA é um manejo cujo princípio se funda no comportamento positivo ou


negativo, permitindo se obter algo que se quer, tem como meta suprimir os comportamentos
cabulosos. Esse manejo é empregado na Odontologia influenciando o cirurgião-dentista a não
desistir do tratamento e a criança se mantenha calma na consulta. Como abordagem, o
dentista primeiro observa o comportamento do paciente autista, para depois desenvolver uma
alternativa de tratamento. É um método que requer esforço por parte dos pais e da criança
(TASSO; FERRACINE; HOSHINO, 2022).
Conforme encontrado na literatura Santana et al. (2020) enfatiza que a terapia ABA

Ensina habilidades específicas, em etapas, ao paciente autista. Os bons


comportamentos são influenciados e recompensados, já os indesejáveis são
ignorados e desencorajados. Na odontologia, melhora a aplicabilidade das técnicas
convencionais para execução de atendimentos, diminuindo a necessidade de
procedimentos mais invasivos, como técnicas de restrição e a sedação.

A literatura pesquisada apresentou ainda outros manejos psicológicos como: dizer-


mostrar-fazer, dessensibilização, distração, controle de voz e a recompensa e modelagem com
treinamento visual antecipado, como contributo favorável ao cirurgião-dentista no decorrer do
atendimento/tratamento odontológico, no manejo do comportamento de pacientes com TEA.
O uso desses manejos facilita a execução de procedimentos odontológicos em crianças com
TEA, mesmo as não-verbais e as com parco grau intelectivo, enfatize-se que, essa abordagem
comportamental deve ser empregada como primeira estratégia no âmbito odontológico”
(GONÇALVES; PRIMO; PINTOR, 2021, p.878).
Embasado em uma revisão de literatura Azevedo; Cerqueira; Cruz (2022) sintetizam
esses manejos psicológicos supra referidos

O dizer-mostrar-fazer é o mostrar lento ao paciente, de instrumentais usados na


clínica, e expor suas funções detalhando verbal e manualmente, via linguagem fácil
de entender, para que ele consiga discernir como será feito o procedimento. A
dessensibilização consiste em sugestionar o paciente a relaxar e, por conseguinte, se
adaptar ao tratamento sugerido. A distração é usada para desfocar o paciente de
possíveis eventos desagradáveis no decorrer do atendimento. O uso do controle da
voz e a recompensa servem para repreender ou compensar a criança, segundo o seu
comportamento, durante o atendimento. A modelagem com treinamento visual
antecipado é fazer o paciente portador de TEA ver o atendimento de outra criança,
para que possa entender e aprender como se comportar durante o atendimento.

Ainda concorde com a literatura, ressalte-se que, além dos manejos supracitados e
pertinentes às práticas em consultórios odontológicas, o uso reiterado de Midazolam foi a
opção selecionada em analogia a outras drogas, por ter um início mais acelerado de ação e
18

com efeito farmacológico de breve duração e por poder ser administrado em crianças, adultos
e idosos. Embora os estudos apontem a sedação oral com BZDs como uma opção eficaz na
odontologia, existem poucas pesquisas avaliando o efeito dessa sedação, no atendimento
odontológico em pacientes com TEA (MARINHO; SANTOS; PICCIANI, 2019).
Enfatize-se, outrossim, os estudos que apontam o uso exitoso da sedação com óxido
nitroso no decorrer do atendimento do paciente com TEA. O gás é um significativo sedativo,
promovendo a efetivação de um atendimento odontológico tranquilo e confortável. A técnica
proporciona um controle preciso inerente a dose administrada e, sobremaneira, a ausência de
efeito colateral clinicamente relevante. Suscita o princípio de ação e recuperação acelerado, e,
após o seu uso permite o pronto retorno do paciente à sua rotina. “O óxido nitroso possui
características inertes ao organismo, o que proporciona segurança ao seu uso, com mínimo
risco à saúde e à vida do paciente” (MACHADO; LABUTO, 2022, p.104).
Em suma é de alta relevância que o cirurgião-dentista possua domínio sobre esses
manejos para poder se comunicar com o paciente. A opção por um método ou procedimento
terapêutico deve se embasar em informações explícitas inerentes aos seus princípios, o grau
do transtorno, técnica a ser usada e expectativas de resultados. Deve informar às famílias
quanto às alternativas disponíveis, suas vantagens e limitações. O profissional deve considerar
o ser humano integralmente, principalmente quando atender pessoas portadoras de TEA.
Nesse processo, é imprescindível a adoção de uma abordagem humanizada, demandando a
colaboração do paciente e o desenvolvimento da sua confiança (SANTANA et al., 2020).

CONCLUSÃO

O artigo em questão espera-se ter obtido seu objetivo geral, apresentando um estudo
fundamentado por uma revisão de literatura que evidenciaou a necessidade dos manejos
como contributo ao cirurgião-dentista para o atendimento responsável a pacientes
portadores do Transtorno do Espectro Autista – TEA.
Neste caso, via seus objetivos específicos, constituiu uma revisão de literatura de
conteúdo relevante, baseado nas concepções de vários autores, os quais propiciaram material
que reportaram sobre os principais aspectos temáticos, ou melhor: explicitou os principais
aspectos do Transtorno do Espectro Autista - TEA; - Expôs os manejos contributivos ao
cirurgião-dentista para o atendimento responsável a paciente portador de TEA.
A partir da contextualização dos objetivos propostos, e a realização da revisão da
literatura, se pode responder de modo afirmativo ao problema suscitado, pois de acordo com
19

os autores pesquisados e parte constante do quadro sinótico constituído, a literatura científica


corrobora existir manejos contributivos ao cirurgião-dentista para o atendimento responsável
a pacientes portadores de Transtorno do Espectro Autista – TEA.
A partir dos resultados obtidos, pode-se inferir que:
- As crianças com Transtorno do Espetro do Autismo - TEA, necessitam por parte
do Cirurgião-Dentista de procedimentos odontológicos, embasado em um atendimento
responsável, para um trabalho com eficácia, eficiência e na compreensão de cada
especificidade desse tipo de paciente;
- O tratamento de pacientes autistas é plausível no interior do consultório
odontológico, desde que o profissional acate as condutas determinadas, a partir de uma
abordagem e preparo condizentes, reconhecendo a relevância do atendimento
individualizado, diferenciado e particular a cada paciente;
- Sob este prisma, se torna imprescindível o uso de manejos com fins de melhorar a
comunicação com o paciente, recursos verbais, não verbais, sensoriais, entre outros O intento
do manejo de pacientes com TEA é elevar a autonomia, melhorar o avanço da comunicação e
propiciar assistência aos cuidadores. Os principais modelos de condicionamento e abordagens.
Enfatizaram foram:
- O TEACCH é um manejo transdisciplinar, pois atrela atendimento educacional e
clínico (psicoeducativo) e, se embasa na teoria comportamental e na psicolinguística.
- O PECS é um manejo desenvolvido intentando fixar uma comunicação adicional
e/ou selecionada com o autista ou com outras crianças que evidenciam entraves na fala, via
troca de figuras de itens que simbolizam potenciais reforçadores pelos elementos
representados nas imagens (objetos ou atividades desejadas).
- O ABA é um manejo cujo princípio se funda no comportamento positivo ou
negativo, permitindo se obter algo que se quer, tem como meta suprimir os comportamentos
deletérios.
- Enfatizou-se, outrossim, os estudos que apontaram o uso exitoso da sedação com
óxido nitroso no decorrer do atendimento do paciente com TEA.
Em suma, alcançadas as propostas via o desenvolvimento temático, e, com base nos
resultados obtidos e discussões junto aos autores estudiosos do tema, sugere-se que haja um maior
aprofundamento pela literatura científica em relação aos estudos inerentes ao manejo de contributivos
pelo cirurgião-dentista para o atendimento responsável a pacientes portadores do
Transtorno do Espectro Autista – TEA.
20

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