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LABORATÓRIO DE FÍSICA I

Apostila Teoria de Erros

Pablo A. Venegas Urenda e Denise Fernandes de Mello


Departamento de Física
Faculdade de Ciências - Unesp – Bauru

Lab. Física I
Pablo A. Venegas e Denise F. de Mello
Depto. de Física – FC Unesp – Bauru
1. O Método Científico

A palavra método vem do grego méthodos, (caminho para chegar a um fim). O método
científico é um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a fim de produzir
novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. Na maioria das
disciplinas científicas consiste em juntar evidências observáveis, empíricas (ou seja, baseadas
apenas na experiência) e mensuráveis e as analisar com o uso da lógica. Para muitos autores o
método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência (Haddad).

"...ciência consiste em agrupar fatos para que leis gerais ou conclusões possam ser tiradas deles."
- Charles Darwin

O método científico é composto dos seguintes elementos:

• Caracterização - Quantificações, observações e medidas.


• Hipóteses - Explicações hipotéticas das observações e medidas.
• Previsões - Deduções lógicas das hipóteses.
• Experimentos - Testes dos três elementos acima.

O método científico consiste dos seguintes aspectos:

• Observação - Uma observação pode ser simples, isto é, feita a olho nu, ou pode exigir a
utilização de instrumentos apropriados.
• Descrição - O experimento precisa ser replicável (capaz de ser reproduzido).
• Previsão - As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no
presente e no futuro.
• Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada.
Experiência controlada é aquela que é realizada com técnicas que permitem descartar as
variáveis passíveis de mascarar o resultado.
• Falseabilidade - toda hipótese tem que ser falseável ou refutável. Isso quer dizer que
mesmo que haja um consenso sobre uma hipótese ou teoria, é necessário que se mantenha
a possibilidade de se refutá-la. Está fortemente associada ao fato que uma teoria não é
definitiva. Se novas observações refutam uma teoria, ela deve ser abandonada e novas
hipóteses levantadas que expliquem todas as observações. É um dos elementos mais
importantes do método científico.
• Explicação das Causas - Na maioria das áreas da Ciência é necessário que haja
causalidade. Nessas condições os seguintes requerimentos são vistos como importantes
no entendimento científico:

•Identificação das Causas


•Correlação dos eventos - As causas precisam se correlacionar com as
observações.
• Ordem dos eventos - As causas precisam preceder no tempo os efeitos observados.

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2. Teoria de Erros

As grandezas físicas são determinadas experimentalmente através de medidas ou combinações


de medidas. Quando realizamos medidas experimentais estas possuem incertezas, as quais
podem estar associadas tanto às características do(s) equipamento(s) utilizado(s) como com o
próprio experimentador. A Teoria de Erros, que será abordada aqui na sua forma mais simples e
sucinta, tem como objetivo introduzir para o estudante os conceitos fundamentais e o formalismo
geral usados no tratamento de dados experimentais.

O objetivo:
a) Determinar com a maior precisão possível o valor verdadeiro da grandeza de interesse.
b) Qual a incerteza associada a esta.

Definições:

Medição Conjunto de operações que têm por objetivo determinar o valor


de uma grandeza.
Mensurando Grandeza específica submetida à medição.
Incerteza Parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a
dispersão dos valores que podem ser atribuídas à medida
Erro Resultado da medida menos o valor verdadeiro da medida.
Valor verdadeiro Na pratica é impossível determinar com precisão infinita qualquer
dado experimental, entretanto, podemos definir o valor verdadeiro
como:
• “Valor consistente com a definição de uma dada grandeza
específica ou mensurando” (definição ISO)

• “Valor obtido após uma série infinita de medidas


realizadas sob as mesma condições com um instrumento
que não é afetado por erros sistemáticos.”
A primeira definição parece vaga, mas e mais pratica e mais geral que
a segunda.
Exatidão ou Exatidão é o grau de concordância entre o resultado de uma medição
Acurácia e o valor verdadeiro do mensurando.
Precisão Precisão é um conceito qualitativo para indicar o grau de
concordância entre os diversos resultados experimentais obtidos em
condições de repetitividade.

TIPOS DE ERRO:

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. Geralmente, ocorrem erros de vários tipos numa mesma medição. Considerando um
conjunto xi ( i = 1, 2, ..., n ) de medições os tipos de erros podem ser agrupados em três grandes
grupos que são: os erros sistemáticos e erros estatísticos (ou aleatórios) e erros grosseiros, e
definidos como segue.

ERROS SISTEMÁTICOS

Erro sistemático : é um erro que afeta igualmente todas as n medições xi. Isto é, o
conjunto completo das n medições xi apresenta-se igualmente deslocada com relação ao
valor verdadeiro xv.

Erros sistemáticos podem ser de vários tipos tais como:

Erro sistemático instrumental : erro que resulta da calibração do instrumento


de medição. Exemplo: balança que não foi zerada antes da medição

Erro sistemático ambiental : erro devido a efeitos do ambiente sobre a


experiência. Fatores ambientais como temperatura, pressão, umidade e outros
podem introduzir erros no resultado de medição.

Erro sistemático observacional : erro devido a pequenas falhas de


procedimentos ou limitações do observador. Por exemplo o efeito de paralaxe na
leitura de escalas de instrumentos, desde que ele seja cometido todas as vezes da
mesma forma.

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ERRO ESTATÍSTICO OU ALEATÓRIO

Erro Estatístico ou aleatório: é a medida da dispersão dos n resultados xi em torno do


valor verdadeiro xv . Erros estatísticos (ou aleatórios ) resultam de variações aleatórias
nas medições, provenientes de fatores que não podem ser controlados ou que, por algum
motivo, não foram controlados. Por exemplo, na medição de massa com balança,
correntes de ar ou vibrações (fatores aleatórios) podem introduzir erros estatísticos na
medição.

ERRO GROSSEIRO
Erro Gosseiro: são aqueles provenientes de falhas grosseiras do operador como por
exemplo:
- engano de leitura: o experimentador lê 10 no lugar de 100
- troca de unidades.

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-

PRECISÃO VS EXATIDÃO
XATIDÃO

Boa
oa precisão significa erro estatístico pequeno, de forma que os resultados
apresentam boa repetitividade. Note
Note, entretanto,, que mesmo com boa precisão a
exatidão ou acurácia pode ser ruim caso exista erro sistemático grande.

xv Boa precisão: baixa dispersão o de


resultados. Erros fortuitos pequenos.
Porém, existem erros sistemáticos:
ticos:
resultado não exato.

Fraca precisão: grande dispersã ão de


resultados. Erros fortuitos elevados.
Não existência de erros sistemáticos:
ticos:
resultado exato.

Fraca precisão: grande dispersã ão de


resultados. Erros fortuitos elevados.
Existência de erros sistemáticos:
ticos:
resultado não exato.

Boa precisão: baixa dispersão o de


resultados. Erros fortuitos pequenos.
Não existência de erros sistemáticos:
ticos:
resultado exato.

Figura 1: Precisão vs. exatidão

Na ausência de erro sistemático, a incerteza na medida e o intervalo de confiança podem ser


definidos como:

• Incerteza padrão: É a incerteza no resultado


sultado final dada na forma de um desvio
padrão.
• Intervalo de confiança: Considerando um intervalo entre a e b, pode-se
se fazer a seguinte
afirmativa em relação a uma quantidade desconhecida y:

Se a afirmativa tem probabilidade P de ser correta, o intervalo definido pelos


valores a e b é um intervalo de confiança P para y.

• Nível de confiança: O coeficiente de confiança, nível de confiança ou confiança é a


probabilidade P de para um determinado intervalo de confiança.

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Por exemplo, se yv é o valor verdadeiro de uma grandeza, y é um resultado experimental e
σy é a incerteza ou desvio padrão:
y - Sy ≤ yv ≤ y + Sy ( com P ∼ 68% )

define intervalo com confiança de P ∼ 68%, para distribuição normal de erros e incerteza σ
obtida a partir de número de graus de liberdade ( número de medições ) razoavelmente grande.

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO DESVIO PADRÃO E


INTERVALO DE CONFIANÇA

99,73%
Percentuais da
distribuição 95,44%
Normal: 68,26%

2 7 .6 2 7 .8 28 2 8 .2 2 8 .4 2 8 .6 2 8 .8 29 2 9 .2
-1σ +1σ
-2σ +2σ
-3σ +3σ

Figura 2: A Figura mostra a freqüência com que cada uma das medidas se repete. No
eixo das abscissas (x) esta o valor da medida e no eixo das ordenadas (y) esta a
freqüência com que cada uma se repete.

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A IMPORTÂNCIA DE FAZER UM NÚMERO GRANDE DE
MEDIDAS

Como mostrado na Figura 2, a freqüência com que as medidas acontecem segue uma distribuição
gaussiana, através da qual é possível achar o desvio padrão. Entretanto, esta distribuição fica
bem definida apenas quando um número grande de medidas é feito. Na Figura 3, mostramos um
caso, em que um número grande de medidas foi feito (círculos da cor azul) e outro em que um
número pequeno de medidas foi realizado(pontos pretos). Podemos ver que quando um número
reduzido de medidas é feito algumas das freqüências tem um valor menor do esperado. Ao
tentarmos ajustar os dados através de uma curva gaussiana (linha vermelha), a distribuição
resultante pode não representar corretamente o comportamento do sistema. No caso podemos ver
que a curva esta deslocada e o desvio padrão não corresponde ao que deveria ser.

1.0

0.9

0.8

0.7
Frequência

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0
-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140
X

Figura 3: Nesta Figura apresentamos um caso extremo em que devido ao reduzido número de
medidas, algumas freqüência simplesmente não aparecem. A curva de círculos da cor azul
corresponde a um experimento feito com um numero grande de medidas, os pontos pretos
correspondem a um experimento feito com poucas medidas. Ao tentarmos ajustar os pontos

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pretos por uma gaussiana, podemos ver que a curva obtida (curva da cor vermelha) esta muito
longe do que deveria ser e, conseqüentemente, nos leva a valores errados do desvio padrão.

Bibliografia:
http://www.fis.ita.br/labfis24/indice.htm
http://www.roma1.infn.it/~dagos/cern/node7.html
IFGW-Unicamp.
http://www.physics.unc.edu/about/labs/content/uncertainty.pdf
Técnicas Laboratoriais de Física – Cap. IV Departamento de Física da FCTUC.
Guia para Física Experimental Carlos Henrique de Brito Cruz e Hugo Luis Fragnito,

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COMO CALCULAR O INTERVALO DE CONFIANCA EM
FUNÇÃO DO DESVIO PADRÃO S?
Algarismos Significativos
Vamos considerar a situação hipotética em que temos um objeto AB e desejamos medir seu
comprimento com uma régua graduada em centímetros.

Fig. 4 – Medida do comprimento de um objeto AB

Pela ilustração da Figura 5, podemos afirmar com certeza que o objeto A tem 8 centímetros de
comprimento, mas a fração de 1 centímetro a mais dos 8 centímetros não podemos afirmar com
certeza qual é. Por exemplo, três experimentadores poderiam fazer as seguintes leituras:
C=8,7cm (experimentador 1)
C=8,8cm (experimentador 2)
C=8,6cm (experimentador 3)

Define-se algarismos significativos como todos os algarismos que temos certeza mais o
algarismo duvidoso. O último algarismo à direita representa o algarismo duvidoso. É nele que
reside a dúvida (ou incerteza) da medida.

Assim sendo, se uma medida é expressa como m=100,00 ou 100,05 ou 100,10 Kg, significa que
a dúvida (incerteza) é da ordem de centésimos da unidade. Se por outro lado tivermos m=100 ou
102 ou 105 Kg, a incerteza é da ordem de unidades.

OBS: ao realizarmos medidas é aceito em geral apenas estimativas da ordem de décimos da


menor divisão da escala do instrumento. Estimar centésimos ou milésimos da menor divisão da
escala está em geral fora do limite de percepção dos seres humanos.

Incerteza Absoluta
Adota-se em geral como sendo o módulo do valor da metade da menor divisão da escala.
No exemplo acima onde utilizamos uma régua graduada em centímetros, a incerteza absoluta é
de 0,5cm.

Incerteza Relativa
É definida como quociente entre a incerteza absoluta e o valor medido da grandeza. Usualmente
é expressa em termos percentuais. Por exemplo, no caso do comprimento do objeto A ser igual a
5,6cm e a incerteza absoluta 0,5cm temos uma incerteza relativa de 8,9%. Podemos perceber
que quanto menor a incerteza relativa, maior a qualidade da medida.

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Arredondamento
Ao fazermos o arredondamento de um valor para outro com menos algarismos significativos,
utilizaremos a seguinte regra:
1. Se o algarismo a ser suprimido for maior ou igual a 5, o imediatamente anterior será
acrescido de uma unidade.
2. Se o algarismo a ser suprimido for menor que 5, o imediatamente anterior não sofrerá
nenhuma alteração.

Exemplos: A medida A=235,683m com 5 algarismos significativos ficaria expresso como


A=235,68m. Com 3 algarismos significativos ficaria A=236m.

Valor Médio ( X )
O valor médio de uma grandeza é definido como a média aritmética dos valores medidos:

1 N 1
X =  X i = ( X1 + X 2 + ⋯ + X N ) ( 1)
N i =1 N

onde Xi corresponde a i-ésima medida e N ao número total de medidas realizadas.

Esse valor representa o valor mais provável da grandeza medida.

Desvio ou incerteza

O termo desvio é utilizado para representar a discrepância das medidas em relação ao valor mais
provável – o valor médio.

Desvio Absoluto (di)


É a diferença entre um valor particular medido e o valor mais provável ( em geral o valor
médio):
di = X i − X (2)

Representa o desvio de uma medida particular do valor médio.

Em geral estamos interessados em conhecer não o desvio de uma medida ou outra em particular,
mas a dispersão das nossas medidas em geral. Existem várias definições de desvios. Aqui
estaremos utilizando o desvio padrão:

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Desvio Padrão (S)

1 N
S= (X i
− X )2 (3)
N i =1

Como expressar o valor da Grandeza Física

Uma grandeza física deve ser expressa como:

G = (G ± S G ) u (4)

onde G é o valor médio da grandeza, SG é o desvio padrão correspondente e u é a unidade desta


grandeza.

- O desvio deve ser sempre expresso com um único algarismo diferente de zero.

Tabela I – Exemplos de como expressar os desvios

I S(u.a.) sem S(u.a.) com um único Apresentação final de


aproximar algarismo diferente de zero S(u.a.)
1 0,3428 0,3 3 x 10-1
2 17,97 20 2 x 101
3 376,59 400 4 x 102
4 230 200 2x 102

(OBS: u.a. significa unidades arbitrárias)

- o valor médio deve ser expresso com o algarismo duvidoso de acordo com o desvio.

Tabela II – Exemplos de como a grandeza deve ser expressa

i X(u.a.) S(u.a.) sem S(u.a.) com Visualização da Expressão


aproximar um único Expressão antes correta da
algarismo de utilizar grandeza
significativo potências de 10
1 5,983 0,035 0,04 5,98 ± 0,04 (598 ±4 )x 10-2
2 112,356 2,58 3 112 ± 3 112 ± 3
3 98.342,20 139,45 100 98.300 ± 100 (983±1) x 102
4 350,65 39,9 40 350± 40 (35 ± 4) x 10
5 11,354 3,98 4 11 ± 4 11 ± 4
6 0,9867 0,0047 0,005 0,987 ± 0,005 (987 ± 5) x 10-3
7 139.876,97 4.900 5000 140.000 ± 5.000 (140 ± 5 )x 103

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Propagação de Erros
Muitas grandezas físicas não podem ser medidas diretamente, mas são obtidas por meio de
operações com outras grandezas medidas, que já apresentam desvios.
Como exemplo, podemos citar o caso de determinarmos a aceleração da gravidade através das
medidas de altura de queda de um objeto e do seu tempo de queda, ou o caso onde queremos
determinar a resistência de um circuito através de medidas de voltagem e corrente. Estando as
diversas grandezas medidas afetadas de desvios, a grandeza calculada terá também um desvio.
Descrevemos abaixo como calcular esses desvios propagados para grandezas obtidas a partir da
soma (ou subtração), produto ou quociente de outras grandezas.

1. Soma (ou subtração) :

C = A± B S C = S A2 + S B2

A ± B = C ± SC = A ± B ± S A2 + S B2 (5)

2. Produto:

S A2 S B2
C = A⋅ B SC = C ⋅ 2
+ 2
A B

S A2 S B2
A ⋅ B = C ± SC = A ⋅ B ± C ⋅ 2
+ 2
(6)
A B

3. Quociente :

A S A2 S B2
C= SC = C ⋅ 2
+ 2
B A B

S A2 S B2
A / B = C ± SC = A / B ± SC = A / B ± C ⋅ 2
+ 2
(7)
A B

onde: A e B são os valores médios das grandezas medidas, S A e S B seus respectivos desvios
padrão. C é a grandeza obtida pela operação com A e B , e S c o desvio propagado da grandeza
C.

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Exemplo

Calcule a área de um retângulo de lados:


X = 10 ± 1
Y = 20 ± 3
Área = A = X·Y
Nesse caso a propagação do desvio pode ser escrita como

S X2 SY2
SC = C ⋅ 2
+ 2
com C = X ⋅ Y
X Y
Então a área pode ser calculada como:

S X2 SY2
A = X ⋅Y = X ⋅Y ± C ⋅ 2
+ 2
X Y

Calcule o volume do paralelepípedo de lados:


X = 10 ± 1
Y = 20 ± 3
Z = 10 ± 2
Volume = V = X·Y·Z

S X2 SY2 S Z2
SC = C ⋅ 2
+ 2
+ 2
com C = X ⋅Y ⋅ Z
X Y Z
Neste caso o volume pode ser calculado como:

S X2 SY2 S Z2
V = X ⋅Y ⋅ Z = X ⋅Y ⋅ Z ± C ⋅ 2
+ 2
+ 2
X Y Z

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Exemplo Cálculo Desvio Padrão

Suponhamos que medimos vários valores de comprimento (xi) que estão na


primeira coluna da Tabela abaixo:

x(m) (x-xm)^2
1.00 0.0004
1.10 0.0064
0.90 0.0144
0.80 0.0484
1.30 0.0784
Soma 5.10 0.1480
Média 1.02 0.0296
Desvio 0.1720

Passos a seguir:
1) Cálculo da média:

1 + 1.1 + .9 + .8 + 1.3
̅= = 1.02
5

2) Desvio absoluto ( − ̅ ):

x(m) ( − ̅) ( − ̅)
1.00 (1.0-1.02) 0.0004
1.10 (1.1-1.02) 0.0064
0.90 (0.9-1.02) 0.0144
0.80 (0.8-1.02) 0.0484
1.30 (1.3-1.02) 0.0784

3) Desvio Padrão

1 N
2 1
S=
N
 ( x − x)
i =1
i =
5
(.0004 + .0064 + .0144 + .0484 + .0784 ) = 0.172 =
S = 0.2 = 2.0 i10−1

= ̅± = 1.02 ± 2.0 10 = (10.2 ± 2.0)10


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2. Instrumentos de Medida de Precisão

Os instrumentos de medida de precisão aos quais estaremos nos referindo aqui correspondem ao
paquímetro e ao micrômetro.

Paquímetro
O paquímetro é um instrumento de precisão utilizado para a medição de espessuras, diâmetros e
pequenas distâncias. Em geral possui precisão de décimos de milímetros (alguns tem precisão
até de centésimos de milímetros).
O princípio de funcionamento do paquímetro consiste em uma escala auxiliar que desliza sobre
uma escala principal permitindo assim a realização de leituras exatas das frações dos valores da
escala principal. Esta escala auxiliar é conhecida como nônio ou vernier, em homenagem aos
seus inventores Petrus Nonius (1492-1577) e Pierre Vernier (1580-1637). Existem vários tipos
de paquímetros, sendo o mais conhecido o paquímetro tipo universal que ilustramos abaixo e que
estaremos utilizando em nossos laboratórios.

Fig.1 - Paquímetro universal

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http://macbeth.if.usp.br/~gusev/PaquimetroMicrometro.pdf Pablo A. Venegas e Denise F. de Mello
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TIPOS DE MEDIDAS

Com orelhas externas:

Com orelhas internas:

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Haste de profundidade:

Medição de ressaltos

https://metrology423.blogspot.com/2014/12/tecnica-de-utilizacao-do-paquimetro.html

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Cuidados a serem tomados na realização das medições
- posicionamento correto do instrumento com relação ao objeto a ser medido
- verificar se não há sujeira nas pernas de medição
- verificar se o zero da escala principal confere com o zero do nônio
- não usar força excessiva durante a medição
- cuidado com erro de paralaxe na leitura

Realização da Leitura
1. Identifique o valor da medida na escala principal antes do zero do nônio.
2. Identifique o valor correspondente do traço do nônio que coincide com o traço da escala
principal.
3. O valor final da medida é a soma dos valores obtidos nos passos 1 e 2.

Fig. 4 - Figura com uma leitura particular: 24.7 mm=2.47cm.

PARTE PRÁTICA I: Utilizar o paquímetro para medir as dimensões do objeto fornecido em


laboratório para determinar seu volume. Deverá ser utilizada a teoria de erros para a obtenção e
apresentação dos resultados.

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Micrômetro
É um instrumento de medida que em geral consegue avaliar centésimos de milímetro, sendo
empregado principalmente para medir espessuras de lâminas e diâmetros de fios e tubos.

Fig.5 – Ilustração de um micrômetro externo

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Exemplo de medida

PARTE PRÁTICA II: Nosso objetivo será utilizar o micrômetro para realizar medidas do
diâmetro de um fio, determinar então a área da seção reta deste fio e o respectivo desvio.

O NOSSO OBJETIVO AGORA É VERIFICAR ATRAVÉS


DE MEDIDAS EXPERIMENTAIS A VALIDADE DE
ALGUNS DOS PRINCIPAIS MODELOS USADOS NA
FÌSICA CLÀSSICA

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