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Para uma melhor compreensão sobre a história de Joaquín Archivaldo Guzmán Loera –
(El Chapo), deve-se recorrer aos memoriais históricos que trazem fatos antecedentes a sua
aparição e domínio do tráfico de drogas na cidade de Sinaloa, Mexico. Pedro Alviles Perez, seu
tio, também nascido em Sinaloa em 1938, foi um dos fundadores da primeira geração de
traficantes de maconha e transportava a droga de avião para os Estados Unidos da América.
Joaquín Guzmán Loera - (El Chapo), era um jovem sofrido, pobre, o mais velho dos sete
irmãos que sua mãe tivera. Trabalhava vendendo balas, doces, refrigerantes, para ajudar sua mãe
na manutenção do orçamento da residência onde viviam. Quanto ao pai de Guzmán, era
alcoólatra, violento e viciado, não contribuía tanto no orçamento doméstico, pois, seu dinheiro
gastava todo com jogo e a prostituição. As constantes desavenças com o pai, a violência física
aplicada contra sua mãe, levaram El Chapo, a sair da casa, indo morar com seu Avô, nascendo ali
uma maior aproximação com seu tio e traficante internacional de drogas Pedro Alviles Perez.
Trabalhando com seu tio formou-se uma amizade e confiança de forma gradativa. Alviles
permitia que seu sobrinho lhe acompanhasse e participasse das negociações. “El Chapo e Alvilez”
nutriam respeito, ética e havia boas expectativas e esperanças futuras sobre o aproveitamento
das habilidades de Guzman, passando inclusive a contratá-lo como seu assassino pessoal.
Entretanto, em 15 de setembro de 1978, com 40 anos de idade, Alviles, denunciado e, numa
troca de tiros, veio a óbito pela Policia Federal.
E foi desta forma que Guzmán, passou a impulsionar os negócios de seu tio. Aos 21 anos
de idade El Chapo, já era conhecido e respeitado, possuía dinheiro, articulações políticas, inclusive
com o Estado Mexicano. Também detinha fortes alianças com outros traficantes, vez que
monopolizou a distribuição do Narcotráfico. Sua ousadia e o desejo de expansão internacional
com abertura de novos pontos de drogas, o desejo de conquistar e abrir rotas e muitos outros
laboratórios fez de Guzmán uma liderança sem outra igual em todos os tempos no México.
Aliados as suas inquestionáveis decisões também tinham a violência, a brutalidade e muitos
assassinatos que ele mesmo fazia questão de fazê-lo quando havia falhas em seu sistema, em sua
organização criminosa.
Ao final dos anos 70, se uniu a Héctor Luiz Palmas Salazar, traficante também em
ascensão do México. Juntos, aparentemente eram imbatíveis. Foi Guzmán quem ajudou a Salazar
a mapear todas as rotas de tráfico antes não exploradas do México para os EUA, que futuramente
seriam revisadas pelo principal chefão da máfia Miguel Ángel Félix Gallardo. El Padrinho, como
era conhecido, vendo as habilidades de El Chapo o trouxe para trabalhar consigo, estruturando,
orientando, e abrindo nova logística para distribuição do produto em seu cartel, apresentando-o
a um mundo anteriormente desconhecido.
El Chapo com poder absoluto do Cartel de Sinaloa, fez seu negócio crescer numa
velocidade assustadora iniciando uma produção em alta escala de cocaína, heroína, Ice,
metanfetamina e cristais em um grande laboratório montado no meio de uma floresta deserta,
em conjunto com uma cidade o que não chamava atenção. E, já a essa altura, dominava todo o
comercio ilegal de drogas na Cidade do México, EUA, ASIA, EUROPA e demais países.
Segundo o Historiador Filipe Figueiredo (2009), que possui um canal no you tube ao se
referir a El Chapo, declarou o seguinte: “se o carregamento não chegasse na hora ou a pessoa
decidisse vender a carga para outro cartel, ele mesmo atirava no responsável” E mais: afirma que
com a liderança de El Chapo, 70% de toda droga que entrava nos EUA eram advindas do México.
Foi preso pela primeira vez em 1993 na Guatemala. Extraditado para o México,
condenado a 20 anos de prisão em regime fechado pela prática dos crimes de assassinato e
tráfico de drogas. Ficou confinado na Prisão de Puenta Grande, presídio federal de segurança
máxima, rumores afirmam que em decorrência de suborno a agentes penitenciários conseguiu
escapar, o que originou no ano de 2001, uma recompensa de mais de 8,8 milhões de dólares para
aquele que informasse seu paradeiro. Recapturado mais uma vez no ano de 2014, conseguiu fugir
por um túnel, retornou em 2016 ao cárcere, acusado de várias ações relacionadas a liderança do
cartel de Sinaloa. Atualmente condenado por duas prisões perpétuas no ADX Florence.
Não é fácil traçar o perfil Criminológico do criminoso El Chapo apenas com os dados que
se apresentam. Entretanto com esforços e material de apoios que criminólogos antigos
dispuseram na internet, associado a matérias de apoio foi a base que deu suporte técnico a
presente análise, tornou-se de uma forma mais simples o que detinha tudo para ser mais
complexo, assim passa-se a discorrer o perfil criminológico desse narcotraficante
internacionalmente conhecido como El Chapo.
Vejamos as ponderações de Alexandre Rocha Almeida de Moraes e Ricardo Ferracini
Neto (2019, p 313), acerca da criminalidade:
"Se o jovem vive em ambiente onde a criminalidade é comum, ele terá maior facilidade
de acesso a um meio ilegítimo para alcançar seu objetivo do que a um meio legitimo. Estes meios
legítimos ficarão mais distanciados e cada vez mais dificultados por barreira sociais impostas.
Assim, por uma questão de oportunidade diferenciada, o jovem usará dos meios que estão de
forma mais facilitada à sua disposição, muitas vezes, o meio ilícito."
De tal modo, jovens como El Chapo, são atingidos pela mencionada desídia institucional.
É muito difícil a realidade infanto juvenil, numa cidade como Sinaloa, onde não é apontado um
ensino de qualidade, tendo a miserabilidade se instalado, uma região agrícola onde
aproximadamente 20% de toda produção é o plantio e cultivo de maconha e papoula. A dura
realidade se iniciar ainda nas primeiras fases da vida, levando-se em consideração que há
necessidade de trabalhar, se alimentar, se vestir e calçar, e o narcotráfico é bastante generoso
nesses aspecto, e esses jovens transformam-se em alvos fácil. As atividades desenvolvidas por El
Chapo ainda que ilícita lhe deram oportunidades para sobrevivência e sustentar sua família
conseguindo se alto firmar através da imposição, da violência atingido os fins esperados.
Tudo que El Chapo viveu, conviveu e aprendeu desenvolveu e aprimorou em seu meio
social, teve fim específico de auferir lucros através do tráfico de drogas, sobrevier e enriquecer
dele a qualquer situação promovendo de forma sistêmica a sua liderança impondo-a através da
auto-tutela, praticando assassinatos, apossando-se de terras alheias, lutando para garantir a sua
posição no Cartel de Sinaloa, perseguindo o caminho do Tráfico de Drogas por ser o único meio
de sobrevivência e até porque de certa forma lhe traz satisfação. Para se ter uma maior
compreensão acerca das características criminológicas de El Chapo, me utilizei dos método
longitudinal, Raciocínio por Indução e Dedução, em decorrência do pouco acervo encontrado a
respeito do mesmo, tendo como material de apoio o canal Netflix e, como base cientifica para
essa construção de Perfil Criminológico autores que trataram e tratam acerca da temática em
questão.
Com efeito, os tais métodos abraçam perfeitamente o objeto de estudo, efetuado por
meios de arquivos público na internet, rede mundial de computadores, pesquisas bibliográficas,
onde diante de tamanha gama de informações algumas deturpadas extraiu-se o melhor que se
pode no que concerne seus aspectos sociais, educacionais, familiares, psicológicos e etc.
Como base da análise Criminológica do perfil de El Chapo, foi mister buscar ajuda na divisão
sistemática de Gopping (1975) que fala sobre:
• A esfera de Família;
• A família da procriação.
Assim, passo a analisar o comportamento de El Chapo, iniciando pelo aspecto familiar, aonde
a convivência família era a pior possível, indiscutivelmente havia ausência de estrutura e diversos
desequilíbrios comportamentais por parte de seu pai alcóolatra, viciado, jogador e que gastava
tudo que auferia no trabalho com prostitutas além de espancar sua esposa e praticar abusos
violência contra o próprio Joaquín. Entretanto, El Chapo torna-se um adulto com característica
bem peculiares de seu pai, embora, demonstrasse uma repulsa aos seus comportamentos.
Sendo assim, sua infância e juventude foram marcadas pela violência física, psicológica e
moral praticada por seu pai no âmbito familiar.
Tem-se notícia que o 1º crime praticado por El Pacho foi quando iniciou a vender drogas
escondido de seu pai para ajudar na manutenção do lar em que viviam sua mãe e irmãos isso aos
15 anos.
Após El Chapo, ter passado a conviver com seu tio, passou a sedimentar-se dentro de uma
organização estruturada adquirindo seu espaço com lealdade, competência e disciplina na cadeia
de ordem da organização criminosa. Naquele momento El Chapo já sustentava toda a sua família
e inclusive seu próprio pai, que aos arrepios da ignorância, hipocrisia e arrogância servia-se dos
valores que a genitora de El Chapo auferia com a venda de drogas do filho.
No contexto social, não foi encontrado relatos de uma vida social saudável na cidade, sabe-
se que o local onde nasceu, cresceu e conviveu não havia perspectiva de crescimento para si.
Assim, muito embora Sinaloa ser uma cidade grande da capital mexicana, era composta
basicamente de pequenos agricultores onde a cultura de plantio e colheita é o produto já
mencionado. E assim foi marcada a infância e juventude de El Chapo.
Outro ponto que merece destaque é a ausência de um controle social, visto que a ideia de
controle social experimentada pela unidade estatal é de se perpetuar e limita ação de
delinquentes e criminosos e nunca ao contrário. A ideia de controle social é que as instituições
governamentais Poder Judiciário, Ministério Público, O Estado exercessem o controle sobre El
Chapo, entretanto diante de suas desmedidas ações dentro do Narcotráfico apontavam de forma
estranha sua liderança de diversas formas. E sendo assim, El Chapo acreditava ele mesmo
representar essas instituições, pelos benefícios que acreditava estar gerando para a sociedade
criminosa que criou e sedimentou dentro do crime organizado.
El Chapo por não responder de forma positivada as normas de controle estatal, até porque
acreditava ele mesmo sempre dar as ordens se perpetuou no narcotráfico e essa visão restou
clara e evidente diante de sua ascensão no mundo do crime. Da mesma forma que restou
demonstrado a inércia do estado Mexicano ao permiti o plantio e o cultivo da matéria prima que
serve para fazer drogas ilícitas para em momento posterior de forma antagônica punir o seu
comércio, quando se sabe que parte do PIB daquele país vem da comercialização, isso sim é um
despautério.
Desta forma todas as contribuições retro mencionadas sobrevieram no sentido lógico de
apontarem uma linha entre a cultura e a subcultura sendo que esta última associa diretamente
possíveis figuras criminosas. Do delito deriva-se o delinquente, que é fruto duma realidade
histórica que envolve a subcultura, local onde o sujeito está submerso e que contribui para
estatísticas junto aos estudos criminológicos e, a partir dos abalizados estudos dessas ações,
hábitos, costumes, vícios que temos os desajustes sociais.
Quando El Chapo passa a praticar a violência e transformá-la aquilo como algo normal,
punindo seus opositores com a pena capital inclusive, eliminando seus concorrentes buscando a
qualquer preço atingir seus objetivos, extrai-se desse comportamento a presença da Teoria da
Subcultura Delinquente, que foi desenvolvida por Wolfgang e Ferracuti (1967), ao afirmar que
alguns grupos certamente diante do que é vivido em seu cotidiano passam a aceitar a violência
como algo normal, passando a valorizar a violência e tê-la como aliada,
Conclusão.
Não existem relatos de ausência de controle social informal, sabe-se que El Chapo abandonou
a escola, certamente para trabalhar e isso foi uma opção de sua pessoa. Optando ainda deixar de
vender bananas, balas e doces para ingressar no mundo do crime aos 15 anos quando começou
a vender maconha, e posteriormente trabalhando com seu tio, foi contratado como matador de
aluguel.
El Chapo era um criminoso frio, um assassino implacável, um traficante ambicioso, não seguia
regras, não tinha controle um verdadeira psicopata, uma pessoa doente, um péssimo exemplo
que foi preso diversas vezes e ao ser extraditado para os Estados Unidos da América, deixou
exemplo para o jovem de que o crime não compensa. E esse sim é o exemplo a ser seguido e o
legado por si deixado.
CASO 02
CASO 03
Antes de mais nada cabe trazer a baila o conceito de controle social formal, sendo o
mesmo, em apertada síntese, aquele exercido pelo Estado, atuando de forma meramente
complementar ao chamado controle social informal (que aquele exercido por entidades sociais
não ligados ao próprio sistema repressivo criminal). Dessa forma, cabe a esse controle, que é
realizado pelo Estado, fazendo uso desses órgãos especialmente criados para o fim de regular a
sociedade e reprimir as condutas desviantes/ criminosas, atacar de frente a criminalidade, com
vistas a reafirmar a ordem jurídico-penal.
Assim segundo Alexandre Rocha Almeida de Moraes e Ricardo Ferracini Neto:
“Existindo falha do controle social informal, outra forma de controle passa a atuar de
maneira absolutamente distinta. Surge a autuação do controle social formal. As sanções não mais
serão aquelas de cunho meramente social, como eram na escola, ou na comunidade. A atuação
vem através de um controle normativo jurídico que prevê uma sanção intimidativa.”
Assim por pior que sejam as condições da criminalidade de uma sociedade, com grandes
índices de delitos e insegurança, como acontece atualmente no Brasil, a grande maioria das
pessoas sofrem influência positiva do controle social informal, notadamente a família, a escola, o
ambiente de trabalho, a igreja e a própria comunidade a qual o individuo se encontra ligado, o
que afasta a grande maioria das pessoas de cometer delitos, temendo por sua reprovação junto
as citadas instituições.
Contudo, sempre existiu em todas as sociedades organizadas, e em todas as épocas,
pessoas que acabavam por violar os preceitos penais, sendo necessário a existência de órgãos do
próprio Estado para exercer o controle formal dos comportamentos dos membros da sociedade.
Na doutrina criminológica brasileira, é comum se afirmar que existem três instâncias que exercem
o controle formal das condutas dos membros da sociedade, sendo eles a Polícia, o Ministério
Público e o Poder Judiciário.
Nesse sentido Christiano Gonzaga (2019, p. 75) afirma que:
“Para completar o estudo acerca dos controles sociais, destacam-se os chamados formais,
ou seja, exercidos sob a influência e coordenação do Estado. Os principais estudados na área da
Criminologia são a Polícia, o Ministério Público e o Poder Judiciário.”
A primeira instância de controle social formal seria a polícia em seu sentido amplo, pois
no Brasil a uma multiplicidade de órgãos policiais, havendo uma clara divisão entre os órgãos
ostensivos de segurança pública e os órgãos repressivos.
Os primeiros (órgãos preventivos) são aqueles que atuam de forma ostensiva na
sociedade, visando fiscalizar e evitar que delitos ocorram, estando entre eles as policias militares
de cada estado federado e do distrito federal, que tem por função garantir a ordem pública,
evitando o cometimento de delitos, ainda realizando o patrulhamento ostensivo das rodovias
estaduais.
No âmbito federal existem a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal,
cabendo à primeira o policiamento ostensivo das Rodovias Federais com vistas a reprimir crimes
que ocorram nessa rodovias (como conduzir veículo sob efeito de drogas ou tráfico interestadual
de drogas), enquanto a Polícia Ferroviária Federal cabe o policiamento ostensivo das ferrovias
brasileiras, contudo a pequena malha ferroviária brasileira, e a falta de interesse atualmente
nesse tipo de repressão, bem como a falta de novos concursos públicos para ingresso na carreira
de policial ferroviário federal, deram a esse órgão o título de menor polícia do mundo, estando
tal instituição caminhando a passos largos para a sua extinção definitiva.
No âmbito repressivo, ou seja, que atua após o cometimento do crime, com vistas a
reprimir a criminalidade levando o autor do crime a ser responsabilizado junto ao Poder
Judiciário, temos as polícias civis de cada estado e do distrito federal, e a polícia federal.
Essas instituições são dirigidas por delegados de polícia de carreira, devendo o mesmo possuir
formação em direito, sendo que essa exigência dos delegados possuírem formação em ciências
jurídicas, se justifica para que esse profissional, durante as investigações criminais zele pela
garantia e respeito aos direitos e liberdades fundamentais de todos as pessoas que se encontram
relacionadas, de alguma forma, com investigações criminais (vítimas, testemunhas e,
principalmente, imputados/investigados).
Tanto a polícia civil quanto a federal, são responsáveis por exercer as funções
investigativas e de polícia judiciária (auxiliar do Poder Judiciário, devendo auxilia-lo a descobrir a
verdade, bem como cumprir as decisões daquele poder), cabendo à polícia federal tais
atribuições no âmbito federal, que ocorre quando houver interesses, direitos ou bens da União
Federal ligadas ao crime objeto da investigação, ou quando os delitos tiverem natureza
interestadual (serem praticados de forma que atinjam dois ou mais estados da federação) ou
internacional (quando a prática criminal é praticada no Brasil e em outro estado estrangeiro
sendo exemplos de tais delitos o tráfico de drogas entre estados brasileiros e o tráfico
internacional de drogas).
Já a Polícia Civil cabe a investigação dos demais delitos que não estejam na esfera de
atribuições da polícia federal, o que na prática significa a grande maioria dos delitos, como
homicídios, roubos, furtos, lesão corporal, estelionato, dentre outros.
Todo essa estrutura de organização dos órgãos policiais é trazida pelo Artigo 144 do Constituição
da República Federativa do Brasil que prescreve:
“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática
tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência
da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de
bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa
civil.
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que
pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais.
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército
subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na
forma do § 4º do art. 39.
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do seu patrimônio nas vias públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou
entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.”
Apesar de grande parte da doutrina desconsiderar que as Guardas Municipais bem como
as guardas de segurança viária sejam instituições de segurança pública, a previsão constitucional
de tais instituições no artigo retro citado deixam claro a natureza de órgão de segurança pública
dos mesmos, e portanto, também devem ser considerados instâncias formais de controle social,
pois a primeira visa resguardar o patrimônio público municipal, que pode ser objeto de ações
delituosas, como por exemplo o delito de dano ao patrimônio público ou furto, enquanto o
segundo mantém a segurança nas vias públicas onde comumente ocorrem delitos tais como
conduzir veículo sob efeito de álcool.
Quanto às policias penais, também previstas no citado artigo, deixaremos a analise das
mesmas para momento posterior da presente analise, por ser sua previsão no citado artigo uma
inovação trazida por uma emenda constitucional promulgada neste ano de 2019, devendo ser
tecidas considerações às mesmas na quarta instância de controle social.
Encerrando, o controle exercido por órgãos policiais no Brasil, gostaríamos de trazer ao debate
três órgãos de investigação e repressão que não se encontram no citado artigo constitucional,
que são as policias militares das forças armadas, sendo estas a Polícia do Exército, a Polícia da
Aeronáutica e a Polícia da Marinha, todas destinadas a investigação e repressão de crimes
militares praticados em detrimento das instituições militares (Exercito, Aeronáutica e Marinha).
Vale salientar que a situação caótica da segurança pública fez com que o estado
brasileiro, notadamente a União Federal, fizesse uso de dois órgãos para coibir ações criminosas,
em momentos de grave crise institucionais relacionadas à segurança pública dos estados
federados, são eles a Força Nacional de Segurança e o Exército Brasileiro.
A Força Nacional de Segurança tem como integrantes policiais federais, rodoviários federais, bem
como policiais militares e civis de diversos estados brasileiros, atuando em situações de graves
crises de segurança pública que ocorrem em alguns estados federados.
Também passou a ser comum o uso do Exército Brasileiro para a repressão de crimes,
sempre quando se está diante de graves crises na segurança pública em alguns estados, onde o
Presidente da República, por meio de decreto de garantia da lei e da ordem, determina que o
Exército intervenha em estados federados para garantir a ordem pública, em casos de grave crise
institucional, o que vem acontecendo sistematicamente na cidade do Rio de Janeiro, desviando
a função do Exército, que deveria ser apenas a segurança externa da soberania nacional, para
atuar como garantidor da ordem pública, com resultados bem longe do satisfatório.
Após a atuação dos órgãos policiais, sejam preventivos ou repressivos passamos a segunda
instância de controle social formal, sendo este exercida pelo Ministério Público, especialmente
os Promotores Criminais a quem cabe ingressar com a ação penal, desencadeando o principio do
devido processo penal com vistas a responsabilizar os autores de delitos.
É comum que a atuação do Ministério Público na ação penal traga aos membros da
sociedade a ideia de que a ação policial serviu como fundamentando para que o ministério
público ingressasse com uma ação penal, algo que trará consequências graves ao autor da ação
denunciada pelo Promotor ao Judiciário, podendo resultar até em prisão do alvo dessa ação
penal, o que causa um temor em potenciais delinquentes que desejam violar o sistema penal,
bem como reafirma às pessoas respeitadoras da legislação a sua fé nas instituições de controle
social formal.
O Ministério Público também é organizado por cada ente da Federação Brasileira,
existindo os Ministérios Públicos dos estados e do distrito federal e o Ministério Público federal,
cabendo a este último do ponto de vista penal zelar pela ordem política e social, bem como
reprimir as ações criminais que violem bens, direitos e interesses da união, bem como ações
criminosas que possuam natureza internacional ou interestadual, enquanto os Ministérios
Públicos dos Estados deverão promover ações penais acerca dos demais delitos.
Ainda é importante citar o Ministério Público eleitoral que cabe promover a ação penal dos crimes
eleitorais.
A terceira instância de controle Social formal é o Poder Judiciário, que após receber a
denúncia ofertada pelo Ministério Público, passa a dar seguimento ao processo penal, primando
pela regularidade formal de todo o processo crime, salvaguardando todas as garantias
fundamentais do acusado, encerrando sua atuação com a sentença Penal, que pode ser
absolutória, afirmando que a pretensão punitiva do Estado não possui fundamento, ou
condenatória, podendo culminar com a prisão do delinquente.
Na estrutura do Poder Judiciário Brasileiro, no que concerna a jurisdição penal nos temos
as Varas ou Juízos Criminais estaduais, Varas ou Juízos Criminais Federais, e as Varas ou Juízos
Eleitorais (que tem competência criminal em relação aos crimes eleitorais), sendo estes os órgãos
jurisdicionais de primeira instância.
Em grau recursal (segunda Instância) temos os Tribunais de Justiça de cada estado da
federação, que são considerados os órgãos de cúpula dos Judiciários de cada Estado, os Tribunais
Federais Regionais (existindo 5 no Brasil, cada um respondendo por uma região do país), e os
Tribunais Regionais Eleitorais, existindo um tribunal Regional Eleitoral para cada estado da
federação. Cabe a cada um desses órgãos analisar o julgar os recursos que combatam as decisões
dos Juízos de primeiras instâncias que estejam no âmbito de suas respectivas competências, ou
ações originarias desde que o acusado tenha foro por prerrogativa de função.
No Brasil tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Superior Tribunal de Justiça podem exercer
competência penal, tanto em grau de recurso, quando há violação de norma constitucional
(Supremo Tribunal Federal) quanto quando há violação de Lei Federal (Superior Tribunal de
Justiça), bem como quando o acusado é detentor de foro por prerrogativa de função, como
ocorre no caso de parlamentares federais que, a depender do delito e de outras circunstâncias,
podem ser julgado em primeira e única instância pelo Supremo Tribunal Federal.
Por fim, e contrariando a doutrina criminológica brasileira que se limita a trazer como
instâncias de controle sociais formais as três antes citadas, é inegável o papel das instituições de
custódia penal (prisões), bem como dos Hospitais de Tratamento e custódia (destinados para o
tratamento e custódia dos inimputáveis), como meios de se ressocializar os infratores das normas
penais, sendo, de fato, uma quarta instância de controle social formal.
Dentro da estrutura brasileira do sistema prisional existem os Presídios Federais, destinados aos
indivíduos que praticam crimes federais, e que também, excepcionalmente, recebem presos
oriundos das Penitenciarias estaduais, notadamente quando estes custodiados possuem fortes
ligações com o crime organizado, tendo em vista que os Presídios Federais possuem uma
estrutura e disciplina mais rígida por parte da União Federal.
No âmbito dos estados federados temos os Presídios/ Penitenciarias de segurança
máxima destinadas a receber os presos mais perigosos, cujos crimes são punidos com pena de
reclusão e que se encontram em regime fechado, bem como as Penitenciarias de segurança
média (ou penitenciarias agrícolas), destinadas a receber os presos punidos com detenção e que
se encontram em regime semi-aberto.
No âmbito dos estados ainda devemos citar as Cadeias Públicas, destinadas aos presos
provisórios (que se encontram presos sem qualquer condenação penal), embora seja comum que
os presos provisórios aguardem o julgamento, em muitas ocasiões, em Penitenciarias de
Segurança Máxima.
Os estados federados possuem e mantém os Hospitais de Custódia e Tratamento
psiquiátrico, local para manter os inimputáveis, nos termos do artigo 26 do Código Penal, com
vistas, de um lado, ao tratamento de pessoas com doenças mentais que cometeram crimes, e de
outro a defesa da própria sociedade que deve ser resguardada de tais indivíduos quando os
mesmos forem considerados perigosos para o convívio social.
Não obstante toda a estrutura carcerária brasileira tenha por pilares principiológicos a
individualização da pena, e o objetivo de ressocializar os apenados, tais escopos em grande parte
não são atingidos, possuindo o Brasil um grande índice de reincidência, sendo as prisões
verdadeiras universidades do crime, posto que os presos em tais instituições acabam recebendo
um tratamento desumano, que apenas os deixam cada vez mais revoltados com o sistema penal
como um todo, e por vezes tais presos para sobreviverem aos horrores das prisões brasileiras,
acabam se envolvendo com facções do crime organizado, principalmente aquelas que nasceram
e se desenvolveram diante da omissão estatal em tentar, de forma eficaz, ressocializar seus
presos, sendo um exemplo de facção criminosa que nasceu e se desenvolveu dentro do sistema
prisional brasileiro o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ainda podemos citar as condições de alguns estados brasileiros que mantém presos
provisórios e definitivos em delegacias, um dos retratos mais significativos do descaso e falta de
compromisso estatal com a ressocialização dos presos e com a segurança pública da população.
Cada Presidio ou Penitenciaria possui a sua própria policial penal, que fora elevada ao status
constitucional por meio de emenda constitucional promulgada neste ano de 2019, já citada no
bojo do presente estudo, cabendo a tais profissionais a custódia e a disciplina dos apenados
enquanto estejam custodiados nos já mencionados estabelecimentos prisionais.
Existem, desta forma, a Policia Penal Federal, responsável pelas prisões federais, e as policias
penais de cada estado federado, responsáveis pelos presídios/ penitenciarias estaduais.
Vale salientar que, com vistas a promover uma melhor individualização da pena,
escolhendo o modo de cumprimento de pena que melhor estimule a ressocialização dos presos,
é indispensável que os estabelecimentos prisionais possuam um corpo de psicólogos e assistentes
sociais, o que nem sempre ocorre.
Na realidade brasileira também existem os órgãos de reeducação de adolescentes
infratores (FUNASE, como são chamados no Estado de Pernambuco), destinados a reeducação
de adolescentes entre 12 e 17 anos que cometeram ato infracionais (termo técnico para os crimes
praticados por menos de 18 anos), sendo que tais órgão possuem agentes sócio educativos, que
possuem atribuições similares aos policiais penais.
Infelizmente esses órgãos de reeducação de adolescentes possuem os mesmos problemas dos
demais estabelecimentos prisionais estaduais, pouco contribuindo para ressocialização dos
internos.
A legislação brasileira também prevê as casas de Albergado, locais destinados aos presos
em regime aberto, contudo tais órgãos são praticamente inexistentes no Brasil.
Temos que citar também os Juízos de Execução Penal, que existem tanto na esfera federal quanto
estadual, com vistas a decidir qualquer incidente referente ao cumprimento de pena de um
condenado, tais como a progressão penal (de regime fechado para semi-aberto, e de semi-aberto
para aberto), livramento condicional, dentre outros incidentes, sendo um órgão do Poder
Judiciário (terceira instância de controle social formal), mas que tem forte influência no modo
que se desenvolve o cumprimento da pena (quarta instância de controle social formal).
Junto aos Juízos de Execução Penal também existem os promotores de execução penal, membros
do Ministério Público, a quem cabe fiscalizar a aplicação da lei referente as questões incidentes
que ocorrem durante o cumprimento de pena.
Por fim, cabe mencionarmos a importância da atividade dos advogados, que auxiliam os
acusados durante todas essas instâncias de controle social formal, sempre defendendo os direitos
e garantias dos acusados, e conforme artigo 133 da Constituição Federal Brasileira, tais
profissionais são “indispensável à administração da justiça, sendo invioláveis por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.