Você está na página 1de 1

AP2 – Estado, Direito e Cidadania em Perspectiva Comparada – 01/2021

1. A respeito da crise de segurança pública do Rio de Janeiro, tendo em vista a


apresentação do resultado duma pesquisa em outubro de 2020, dando conta do domínio
de organizações criminosas sobre territórios e pessoas. Quais os fatores que corroboram
para que o fenômeno seja observado como um problema de
Segurança Nacional?

Nem sempre o crime foi organizado, no início crime era para os que estavam à margem
da sociedade, mas com o início do governo militar houve também o surgimento de
grupos com ideologias políticas, tidos como subversivos (aqueles que se opunham ao
governo militar), que realizavam assalto a bancos, seqüestros, e após a prisão, os
integrantes destes grupos eram tidos como presos políticos e ficavam segregados nas
prisões. Não é errado afirmar que a então Falange Vermelha tenha surgido em
decorrência da troca de experiências entre presos comuns e políticos durante o convívio
no Instituto Penal Cândido Mendes. A Falange tinha um caixa onde era depositada parte
dos proventos arrecadados pelas atividades criminosas daqueles que estavam em
liberdade, de modo a possibilitar o financiamento da fuga dos demais. Os integrantes da
facção que estavam em liberdade começaram a pôr em prática os ensinamentos que
haviam adquirido ao longo dos anos de convivência com os presos políticos.
Organizando e praticando inúmeros dos mais variados delitos o agora Comando
Vermelho ganha notoriedade, atingindo as páginas dos jornais e tornando-se o grande
responsável pelo aumento dos índices de violência urbana e os que ainda permaneciam
presos ou eram recapturados reforçavam a autoridade e respeito da facção no seio da
massa carcerária. Paralelo à criação da Falange Vermelha, surge na favela de Rio das
Pedras, da organização de comerciantes locais para pagar policiais que não fossem
permitir que a comunidade fosse tomada por traficantes ou outros tipos de criminosos,
outro tipo de organização criminosa hoje chamada de Milícia. Se descreviam como
forma de segurança alternativa, por oferecer, às favelas, a oportunidade de se livrar da
dominação das facções do tráfico. A milícia inicialmente teve apoio de moradores de
favelas e até políticos, chegando a ser chamada de “autodefesa comunitária” e um “mal
menor que o tráfico”, mas a história prova que não é bem assim que acontece e
enquanto o Estado não se fizer presente dentro das favelas, oferecendo os serviços
públicos e investindo em educação de qualidade, haverá outros “comandos”, “milícias”
e afins, aumentando o domínio dessas organizações criminosas não só no Rio de Janeiro
mas por todo o Brasil.

Você também pode gostar