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PROJETO DE PESQUISA

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

ALUNA: Mikaele Marques Silva


TRÁFICO INTERNACIONAL DE MULHERES PARA FINS DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL E TRABALHO ESCRAVO

RESUMO
O trabalho tem como objetivo analisar o tráfico internacional de mulheres para fins de
exploração sexual. Ira abordar as formar de como os traficantes engana as mulheres de
classes mais carente com um intuito de uma vida melhor, sua origem, dados estatísticos,
e o quanto esse mercado é lucrativo perdendo somente para o tráfico de armas, além de
como o tráfico acontece e suas principais rotas, quais são as vítimas e os aliciadores, e
informações sobre investigação e condenação. O objetivo geral desse trabalho traz a
analise ampla de quais o real motivo que leva a vítima a cair nesse golpe, a quais
condições de vida e trabalho a vítima é submetida e se as políticas de enfrentamento ao
tráfico internacional são suficientes para ajudar as vítimas, principalmente as com
menos acesso à informação. A pesquisa aplicada neste trabalho vai nos trazer a visão e
nos ajudar a intender o que leva grande parte das adolescentes e mulheres de baixa
renda a serem traficadas para exploração sexual, e como são mantidas dentro das casas
noturnas e como a polícia e as leis internacional, se aplicada na dignidade e proteção
delas.

Palavras-chave: Tráfico Humano. Tráfico Internacional de Mulheres.


Exploração Sexual. Sumário: Introdução. 1 - Tráfico Internacional de Mulheres para
Fins de Exploração Sexual. 2 – Legislação Aplicável ao Tráfico Internacional de
Mulheres. 3 – Conclusão. 4 – Referências.

INTRODUÇÃO
O tráfico internacional de pessoas, em sua maioria tem como alvo mulheres e crianças,
tendo em vista a sua fragilidade de defesa. O tráfico consiste em uma atividade bastante
lucrativa nos dias atuais, que envolve redes internacionais de criminosos por todo
mundo. E notório como essa prática tem crescido nos últimos anos devido a vários
fatores que existem e que não foram corrigidos, tais como: conflitos mundiais;
intensificação do fluxo de refugiados e imigrantes fugindo do horror das guerras e da
escassez econômica em busca de uma vida mais digna e mais tranquila em outros
Países. Falsa ilusão de que os aliciadores fazem para as vítimas e para as famílias,
visando dá a elas uma a falsa realidade de carreira de modelos ou até mesmos de
empregos com renda mais elevadas, enche as de esperança. Um dos fatores gerador
desse crime com base em pesquisa, revelou que os grupos de aliciadores para o tráfico
internacional de mulheres e crianças com fins de exploração sexual geralmente recrutam
as vítimas mais vulneráveis em países e regiões mais pobres do mundo, pessoas estas
que se encontram em condições sociais de desigualdade, onde há pouco acesso a
informação, a maioria das vítimas são mulheres e meninas, índice que chega a 72% dos
casos. Os outros 21% são homens e 7% meninos. Em relação ao tráfico de mulheres, o
relatório mostra que 83% são traficadas para a exploração sexual, 13% para trabalho
forçado e 4% para outras formas de exploração, os fatores que leva a esses índices e o
crescimento violência , instabilidade política e econômica, a globalização com a
abertura das fronteiras e integração dos espaços geográficos mundiais, aumento das
desigualdades socioeconômicas; desastres naturais, ineficácia das leis e desinteresse dos
estados e autoridades responsáveis; preconceitos relacionados com gêneros, raça e
culturas que geram milhares de possíveis vítimas para os atentos olheiros das redes
criminosas. A problemática desta pesquisa e identificar o perfil do aliciador e como ele
convence a vítima. O objetivo geral consiste em analisar quais motivos levam uma
pessoa a ser traficada para fins de exploração sexual e trabalho escravo a quais
condições de vida que a vítima é submetida a essa exploração, e se as políticas de
enfrentamento ao tráfico internacional são suficientes para ajudar a combater o tráfico.
Este tema é de suma relevância acadêmica, social e política, já que fere a dignidade da
pessoa humana, a saúde da vítima, e a impossibilidade de se livrar da exploração devido
os valores altos das dívidas impagáveis e das ameaças que elas sofrem sobre seus
familiares. Além das humilhações que a vítima sofre no trabalho, violência sexual,
moral e física elas são submetidas ao tráfico de drogas ou até mesmo ao uso e consumo
de bebidas e drogas, fazendo assim com que sua dívida seja eterna com os traficantes.
Sendo assim, o primeiro capítulo abordará seu conceito o quanto esse mercado é
lucrativo, bem como as principais rotas, quem liga as vítimas e os aliciadores, e
informações sobre investigação e leis aplicadas para a condenação dos traficantes. O
capítulo seguinte explicará como acontece o tráfico, quais motivos levam mulheres a
aceitar as ofertas ilusórias dos aliciadores e o que elas sofrem quando chegam ao país
receptador. Apresenta-se, por fim, a legislação aplicável ao tráfico internacional de
mulheres.
1 TRÁFICO INTERNACIONAL DE MULHERES PARA FINS DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL E TRABALHO ESCRAVO
Nos termos da Lei nº 13.344/2016, que alterou o Código Penal, o tráfico de pessoas
consiste em agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade
de:
I - Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de
escravo; III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual.

O Protocolo da Convenção de Palermo, que trata da punição do tráfico de pessoas,


especialmente mulheres e crianças, em seu artigo 3º, alínea a, define como tráfico de
pessoas [...]
O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento dessas, recorrendo à ameaça
ou uso da força ou outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à
situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o
consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração.

Para ser considerado exploração, é necessário haver “exploração da prostituição de


outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, à
escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos”.
Esse tipo de tráfico é um problema recente; são retratados como escravidão moderna. A
escravidão e tráfico internacional tem vários aspectos que traz, informações, por meio
de outrem e que visam lucro. É possível compreender o que é comercializado quando se
remete a tráfico humano: podemos destacar que além da prostituição e do serviço
escravo o tráfico de pessoas serve como comercialização de partes do corpo humano,
tais como a remoção de tecidos e órgãos, destaca-se também a importação se submissão
de mulheres para a finalidade de casamento servil, e sempre visando a exploração
sexual. O tráfico internacional de pessoas atualmente abrange boa parte dos países,
chegando a estatística anual com mais de 1 milhão de pessoas, o tráfico de pessoas é
visto como um dos crimes mais lucrativos, movimentando US$ 32 bilhões anuais e
ficando atrás apenas do contrabando de armas e drogas. Maneiras deste crime são: o
trabalho doméstico forçado, casamentos sem consentimento, servidão, tráfico de drogas,
recrutamento para frentes de batalha e serviços obrigatórios em tecelagens, minas e
indústrias

2 TRÁFICO INTERNACIONAL DE MULHERES PARA FINS DE


EXPLORAÇÃO SEXUAL
É importante entender que os tipos de tráfico humano não estão isolados; às vezes, um
tipo leva a outro. Tal afirmação é de mais fácil compreensão quando se faz menção à
diversidade regional que leva muitas pessoas a buscar melhores condições de vida em
outras cidades, num crescente fluxo migratório, impulsionadas por instabilidade
financeira, dificuldade em conseguir emprego, discriminação, violência doméstica, entre
outros problemas econômicos, pessoais e políticos, que faz com que milhares de
mulheres, sujeitam-se a trabalhar na prostituição no exterior. No entanto, os aliciadores
distorcem a realidade para essas vítimas, que pensam que terão outra condição de vida
na qual irá se relacionar apenas com pessoas influentes ou até mesmo irá trabalhar em
empresas renomadas, enquanto são escravizadas e exploradas sexualmente, elas são
submetidas a dividas enormes que faz com que elas nunca tenham sua liberdade. Temos
também que ressaltar o tráfico de crianças que são comercializadas para fins de adoção
ilegal, comércio também bastante rentável e com alto grau de periculosidade, sem
contar nas inúmeras crianças desaparecidas em pais mais pobres, que tem aumentado
com o passar dos anos. A maioria desses crimes acaba sendo acobertados pelas grandes
milícias de traficantes.
É imprescindível estudar o tráfico de mulheres, pois este se tornou essencial fonte de
renda para o crime organizado. Em 2012 a TV globo transmitiu uma novela “ SALVE
O JORGE ´´ que retratava muito esse assunto de tráfico humano e exploração sexual
nela mostrava a forma de como os aliciadores se aproveitam dessa fragilidade e as
aliciam, em troca da promessa de ganhos enormes, a forma deles se aproximar de cada
vítima e como era feita a imigração dessas pessoas nos países. Essa indústria
movimenta, só no Brasil, milhões de reais e escraviza mulheres e crianças. Nosso país é
um dos mais cativantes roteiros sexuais do mundo, segundo os aliciadores beleza das
mulheres atrai mais compradores e clientes para as boates e a desigualdade social de
algumas regiões e mais propicia a fazer com que as vítimas se iluda com facilidade
usando até mesmo pessoas aliciadas para mentir sobre suas vidas, trazendo mais
esperança para as vítimas. É relevante considerar também como causa dessa opção a
globalização, pois a redução das fronteiras tornou viável usufruir de melhores condições
de vida em países desenvolvidos e, por outro lado, os conflitos armados internos não
fornecem ao cidadão outra alternativa senão fugir do território nacional. Contudo,
quando chegam ao país receptador, a situação em que as vítimas se veem é totalmente
diferente da pactuada. Elas não têm acesso aos documentos pessoais são confiscados
para que elas não possam voltar para suas casas, chegando lá elas ficam trancadas em
dormitórios, saindo somente para o trabalho sexual – para o qual são forçadas –, com
movimentos monitorados e restritos para evitar qualquer tipo de fugas. Muitas dessas
vítimas são estupradas, agredidas e drogadas pelos traficantes. Sendo assim, a rotina
delas é de ininterrupta exploração sexual. Algumas até conseguem fugir, entretanto,
como não falam a língua local, deparam-se com a dificuldade de pedir ajuda, além do
receio de serem penalizadas pela entrada ilegal no país e quando pegas são brutalmente
espancadas e tem suas famílias ameaçadas de morte. O esquema comandado pelas
máfias que gerenciam o tráfico de mulheres é muito bem articulado, vários itens estão
inclusos no financiamento das mulheres: os donos das boates pagam as viagens, o
sustento, provêm drogas e álcool, e combinam os primeiros programas das vítimas.
Dessa maneira, elas ficam presas a eles até quitarem todos os gastos de locomoção e
sobrevivência. O regime imposto varia de boate para boate. Em alguns estabelecimentos
o regime é fechado, ou seja, as moças ficam presas na própria boate. Em outros, há
saída sob constante vigia, mas é preciso voltar diariamente e pagar pelo dia de trabalho.
É fácil aos aliciadores recrutar vítimas, visto que eles geralmente identificam os pontos
de fraqueza social – problemas socioeconômicos visíveis. Às vezes, participam da
consumação do aliciamento pessoas da própria família, bem como pessoas conhecidas
da vítima colaboram com a intermediação. Pode-se indagar se a vítima não sabia que
iria se prostituir no exterior. Geralmente ela sabe, mas a fantasia que lhe é vendida é
maravilhosa: clientes famosos, ricos, atores de cinema, além de altos salários e boas
chances de se casarem com seus clientes. O perfil das vítimas é 18 a 29 anos e ensino
fundamental incompleto. 90% delas já têm filhos. O convite é aceito no intuito de juntar
dinheiro para a mãe, que fica cuidando do filho no Brasil, comprar uma casa. O
fascinante sonho começa a tomar forma no dia da viagem, como explica Marco [...] elas
são levadas para o salão de beleza e ganham um banho de loja. Ainda no avião, o
criminoso retém o passaporte das vítimas e as levam diretamente para a boate para onde
foram vendidas. Lá elas são informadas que só poderão sair dali quando conseguirem
pagar o valor que custaram para o local. Nas boates as vítimas são coagidas, a pratica
de manter de 10 a 15 relações sexuais por dia, mas também a beber e se drogar “para
acompanhar os clientes e gerar mais lucros para os estabelecimentos”. A jornada de
trabalho de prostituição gira em torno de 16 a 18 horas diárias, estando a vítima
emocional e fisicamente bem ou não, além das constantes violências físicas.

2.1 Legislação Aplicável ao Tráfico Internacional de Mulheres


Uma das principais leis que abordam o tráfico de mulheres se refere a
Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009. Esta lei estuda os crimes contra a
dignidade e liberdade sexual. No capítulo V, a partir dos Artigos 228, trata do
“Do Lenocínio e do tráfico de pessoas para fim de prostituição ou outra forma
de exploração sexual”. Por conseguinte, tem a lei 13.344, de 6 de outubro de
2016, que explana a respeito da prevenção e repressão ao tráfico interno e
internacional de pessoas.
O Código Penal Brasileiro relata em seu texto, o Capítulo VI, o qual
descreve em relação aos “Crimes contra a liberdade individual”, os Artigos 149
e 149-A, ambos abarcam quanto a “Redução a condição análoga à de
escravo”, e o “Tráfico de pessoas”. Julga-se que o tráfico de mulheres envolve
quatro crimes principais: o de dignidade e liberdade sexual da vítima,
prevenção do crime, liberdade individual e trabalho semelhante a escravidão,
além de outros que são considerados menores (MASSON, 2014).

O Artigo 228 ao 231-A, da Lei 12.015, do Código Penal brasileiro


apresenta quanto a descrição do crime e a pena:
Art. 228

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,

cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da

vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado,

proteção ou vigilância:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.

Art. 230
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos

ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão,

enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou

empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma,

obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude

ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade

da vítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena

correspondente à violência.” (NR)

Art. 231

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar

a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição,

transportá-la, transferi-la ou alojá-la.

§ 2o A pena é aumentada da metade se:

I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;

II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o

necessário discernimento para a prática do ato;

III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,

cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da

vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado,

proteção ou vigilância; ou

IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.


§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,

aplica-se também multa.” (NR)

Art. 231-A

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou

comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa

condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.

§ 2o A pena é aumentada da metade se:

I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;

II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o

necessário discernimento para a prática do ato;

III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,

cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da

vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado,

proteção ou vigilância; ou

IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.

§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,

aplica-se também multa.” (NR)

Os Artigos citados apresentam as condições para que os crimes sejam


julgados. Seja por motivos de participação direta ou indireta (algum parentesco
com a vítima, ou se trata de tráfico interno ou internacional, se tem mais de 18
anos ou não, se envolve fins lucrativos, a vítima tem alguma enfermidade,
sofreu ameaça etc.). No que se refere a pena pelos atos, abrange dos 2 para 8
anos. Quando estas se aplicam, podem aumentar para o dobro, conforme está
na lei, contando ainda com a multa, que varia bastante de acordo os crimes.
Nota-se que o que está descrito no papel, nem sempre acontece na prática,
pois para que sejam julgados os subitens, o trabalho da polícia é dificultado ao
prender os envolvidos e reunir provas.

Na lei 13.344, nos Artigos 1º ao 17º expõem a respeito das diversas


formas de enfrentamento do crime, em que o Capítulo I pontua “Dos princípios
e das diretrizes”, o Capítulo II remete a “Prevenção ao tráfico de pessoas”; O
Capítulo III – “Da repressão ao tráfico de pessoas”; Capítulo IV “Da proteção e
assistência às vítimas”; Capítulo V - “Das disposições processuais”; Capítulo VI
– “Das campanhas relacionadas ao enfrentamento ao tráfico de pessoas”;
Capítulo VII – “Disposições Finais”.

Aqui nos deteremos a analisar os Artigos 4º, 5º e 6º, conforme descrito


na redação:
Art. 4º A prevenção ao tráfico de pessoas dar-se-á por meio:

I - da implementação de medidas intersetoriais e integradas nas áreas


de saúde, educação, trabalho, segurança pública, justiça, turismo,
assistência social, desenvolvimento rural, esportes, comunicação,
cultura e direitos humanos;

II - de campanhas socioeducativas e de conscientização,


considerando as diferentes realidades e linguagens;

III - de incentivo à mobilização e à participação da sociedade civil; e

IV - de incentivo a projetos de prevenção ao tráfico de pessoas.

Art. 5º A repressão ao tráfico de pessoas dar-se-á por meio:

I - da cooperação entre órgãos do sistema de justiça e segurança,


nacionais e estrangeiros;

II - da integração de políticas e ações de repressão aos crimes


correlatos e da responsabilização dos seus autores;

III - da formação de equipes conjuntas de investigação.

Art. 6º A proteção e o atendimento à vítima direta ou indireta do


tráfico de pessoas compreendem:

I - assistência jurídica, social, de trabalho e emprego e de saúde;

II - acolhimento e abrigo provisório;

III - atenção às suas necessidades específicas, especialmente em


relação a questões de gênero, orientação sexual, origem étnica ou
social, procedência, nacionalidade, raça, religião, faixa etária,
situação migratória, atuação profissional, diversidade cultural,
linguagem, laços sociais e familiares ou outro status;

IV - preservação da intimidade e da identidade;

V- prevenção à revitimização no atendimento e nos procedimentos


investigatórios e judiciais;

VI - atendimento humanizado;

VII - informação sobre procedimentos administrativos e judiciais.

§ 1º A atenção às vítimas dar-se-á com a interrupção da situação de


exploração ou violência, a sua reinserção social, a garantia de
facilitação do acesso à educação, à cultura, à formação profissional e
ao trabalho e, no caso de crianças e adolescentes, a busca de sua
reinserção familiar e comunitária.
§ 2º No exterior, a assistência imediata a vítimas brasileiras estará a
cargo da rede consular brasileira e será prestada independentemente
de sua situação migratória, ocupação ou outro status.

§ 3º A assistência à saúde prevista no inciso I deste artigo deve


compreender os aspectos de recuperação física e psicológica da
vítima.

O Artigo 6º traz em seu texto, o destaque para a atenção e cuidados de proteção


à vítima. Em outro viés, perante a lei, é reservada uma equipe de apoio para a vítima de
tráfico (no caso as mulheres), que a ampare nos processos que se referem ao jurídico,
social, saúde, trabalho e emprego, tanto em território nacional como internacional.

Os Artigos 4º, 5º e 6º mostram que a prevenção, a repressão e o enfrentamento


ao crime de tráfico de pessoas devem ser tarefas executadas em equipe, que inclua
órgãos nacionais e internacionais. As práticas estão previstas em lei, mas não tem um
efeito tão positivo quanto deveria ter se for observar cada um dos artigos presentes no
Código Penal, revelando-se um sistema com diversas falhas.

Os Artigos 149 e 149-A do Código Penal dissertam quanto aos crimes de


analogia à escravidão e tráfico de pessoas, e a aplicação da pena (de 4 a 8 anos) é
semelhante aos crimes descritos nas Lei 12.015 e 13.344. Mas, observa-se uma pequena
diferença na seguinte parte:

IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.


§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário
e não integrar organização criminosa. (Grifos nossos)
Verifica-se que a pena aumenta quando o tráfico acontece fora do país de origem
da pessoa. Mas, no artigo apresentado a pena é reduzida nos casos daquele que está
cometendo o ato, não tiver passagem pela polícia e nem fazer parte de qualquer espécie
de sistema para prática de crime. Bittencourt relata que muitas quadrilhas agem de
formas e em momentos diferentes, resultando na dificuldade em desarmar as quadrilhas
e prender os criminosos. Logo, compreende-se que os criminosos costumam ter pessoas
influentes em setores e áreas que a polícia não investigaria, por não haver suspeitas
visíveis, como o setor público, por exemplo, muitos entram para a organização em troca
de propina.
3 CONCLUSÃO
Por mais que o Brasil e outros países tenham progredido na questão legislativa contra o
tráfico internacional, leis nacionais ou tratados internacionais são capazes de proibir o
tráfico de pessoas, mas não suficiente para inibir a prática da chamada “escravidão
moderna”, visto que para tal necessita-se de uma série de fatores, começando por
localizar as vítimas e os criminosos, para que estes sejam julgados e penalizados. De
toda forma, a prevenção é um dos modos mais eficazes de combater este crime
Campanhas informativas precisam mostrar a realidade de vítimas do tráfico, para
conscientizar as vítimas em potencial e incentivar denúncias inclusive nas redes sociais.
O que tornará, efetivamente, a proteção eficaz são as ações de urgência, as quais serão
exitosas apenas se houver dura reprimenda ao tráfico. As instituições públicas precisam
trabalhar de forma ética e eficaz, atentas aos detalhes, acompanhando a confecção de
passaportes e concessão de vistos, nos postos de fronteiras, nos aeroportos, entre outras
entidades diretamente ligadas às ações de combate e de repressão ao tráfico humano
4 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Hugo Tiago. Tráfico Internacional de Mulheres: conceituação, dados e
legislação aplicável ao tema. E-gov, 8 dez. 2011. BRASIL. Decreto nº 5.017, de 12 de
março de 2004. Promulga o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição
do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças. DOU, 15 mar. 2004. ______.
Secretaria Nacional de Justiça. Indícios de tráfico de pessoas no universo de deportadas
e não admitidas que regressam ao Brasil via o aeroporto de Guarulhos. Brasília:
Ministério da Justiça, 2005. ______. Lei nº 13.344, de 6 de outubro de 2016. Dispõe
sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de pessoas e sobre
medidas de atenção às vítimas; altera a Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, o
Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e o
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e revoga dispositivos
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Brasília, 6 out.
2016. ______. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Consultoria para o
levantamento e sistematização de dados sobre o tráfico de pessoas no Brasil para o
período 2014-2016: produto 03 – Relatório consolidado a partir do levantamento e
sistematização de dados sobre o tráfico de pessoas no Brasil sobre o
período de 2014 a 2016. Brasília, dez. 2017.
Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de
Exploração Sexual Comercial no Brasil – Pestraf

https://andi.org.br/documento/pesquisa-sobre-trafico-de-mulheres-criancas-e-
adolescentes-para-fins-de-exploracao-sexual-comercial-no-brasil-pestraf/

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