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SUMÁRIO
Introdução…………………………………………………………………………............1
Conceitos gerais…………………………………………………….……....…………….2
2.1Tipos de tráfico………………………………………………………………...3
2.2 Perfil do aliciamento……………………………………………...……..……4
Crianças e adolescentes…...…………………………………………………………….5
3.1 Exploração sexual infanto juvenil……………………………..……………6
3.2 Modalidades de exploração relacionadas ao tráfico de crianças e
adolescentes..............................................................................................................7
3.3Rotas dos tráficos e Classificação………………………………………...13
3.4 Shores of Grace………………………………………………………….......14
Conclusão………………………………………………………………………………....15
Biografia……………………………………………………………………………….......16
O tráfico humano é mais do que uma grave violação da
lei. É uma afronta à dignidade humana.
INTRODUÇÃO
O tráfico humano é a terceira prática ilegal mais rentável do mundo, apenas
atrás da compra e venda de armamentos e drogas. Para John Roberts, juiz-chefe dos
Estados Unidos, o contexto da comercialização humana está diretamente ligado à
escravidão, podendo ser considerada “sua evolução moderna”. Já a Organização das
Nações Unidas (ONU), no Protocolo de Palermo, define tráfico de pessoas como:
“O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de
pessoas, recorrendo-se à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de coação,
ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade
ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benéficos para obter o consentimento
de uma pessoa que tenha autoridade sobre a outra para fins de exploração.”
Em outras palavras, o tráfico é o aliciamento e transporte de indivíduos usando
de coerção - como a força -, a fraude, o abuso da situação de vulnerabilidade com o
propósito de explorá-los.
A prática criminosa é muito lucrativa. Segundo o Escritório das Nações Unidas
sobre Drogas e Crimes (UNODC), o crime movimenta cerca de 32 bilhões de dólares
por ano e o lucro em cima de cada vítima pode chegar a US$30 mil por ano, pois é
uma “mercadoria” que pode ser vendida várias vezes. E o tráfico humano pode ser
para fins de atividades sexuais comerciais (prostituição, turismo sexual, pornografia),
mas também para trabalho forçado e escravo (na agricultura, na pesca, nos serviços
domésticos, na indústria) e também para extração de órgãos e adoção ilegal. Destes,
o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas (UNODC), indica que a exploração sexual
é a finalidade mais comum do tráfico humano perpetrado em todo o mundo, atingindo
quase 80% das vítimas. Do valor arrecadado, cerca de 85% provêm de exploração
sexual.
Segundo a Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para
fins de Exploração Sexual Comercial - PESTRAF -, as mulheres geralmente são
traficadas nas 120 das 131 rotas internacionais, já as adolescentes geralmente são
levadas por rotas intermunicipais e interestaduais ou até em países da América do
Sul.
O tráfico humano apresenta uma forte ofensa aos direitos humanos e uma
afronta à dignidade, pois os aliciadores usufruem do enfrentamento da vítima em face
das diversas questões da expressão social para, por meio de coerção e engano,
traficá-las. Portanto, é imprescindível a atuação da assistente social na prevenção e
também em situações de pessoas que já são vítimas do tráfico humano e porventura
conseguiram escapar, juntamente com outros órgãos e Estado.
CONCEITOS GERAIS
2.1 TIPOS DE TRÁFICO HUMANO
● Tráfico para Exploração de Trabalho
Essa modalidade inclui o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas
similares à escravatura e “servidão”. É todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa
sob ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente. Essa
modalidade inclui primeiramente a proposta de trabalho em condições inegáveis, mas
vem acompanhando sanção - violência, confinamento, ameaça de morte ao
trabalhador e a seus familiares, confisco de documentos pessoais e até manipulação
psicológica. Além disso, a vítima pode se ver em uma “servidão por dívida”, pois vai
com a promessa de trabalho e após um tempo pode ser cobrado dela tudo que
envolve sua viagem e permanência no local de trabalho - viagem, alimentação,
habitação e outros, assim, se vê em uma situação de trabalhar para pagar uma dívida
que não fora acordada anteriormente. Nos países industrializados e em transição, mais
de 75% do total de trabalhadores forçados são vítimas do tráfico de pessoas. Quanto
ao trabalho infantil, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) calcula que há mais
de 5,7 milhões de crianças vítimas de exposição do trabalho no mundo.
● Tráfico para Remoção de Órgãos
O fator determinante é a falta de órgãos em relação à demanda por
transplantes. A cooptação das vítimas geralmente ocorre em regiões assoladas pela
miséria e pela falta de acesso ao conhecimento, em que as pessoas são convencidas
a vender um de seus órgãos ou enganadas para fazê-lo em troca de dinheiro ou de
objetos.
● Tráfico com fins de exploração sexual
Forma de obter benefícios financeiros ou outros, através do envolvimento da
vítima na prostituição, servitude sexual ou outros tipos de serviços sexuais, incluindo
atos pornográficos ou a produção de materiais pornográficos. O programa Mujer,
Justicia e Genero (2000) constata que a América Larina e o Caribe são as regiões com
maior número de mulheres e meninas aliciadas para a indústria do sexo. A exploração
sexual comercial ocorre tanto nos casos voluntários no mercado do sexo, como maior
número de mulheres e meninas aliciadas para a indústria do sexo. A exploração sexual
comercial ocorre tanto nos casos voluntários no mercado do sexo, como o
involuntário.
● Adoção irregular
Ocorre geralmente através de esquema criminoso que aliciam e sequestram os
menores nos hospitais, nas ruas, saídas de escolas e cursos. O aliciamento ocorre
após o nascimento do bebê, pois os aliciadores ficam próximos sondando como é a
estrutura familiar. É possível observar essa prática na série Jane The Virgin, em que o
filho de Jane é observado desde a saída da maternidade até o devido sequestro. Além
disso, observam as condições da vítima. Há casos de corrupção hospitalar, em que os
informantes fazem parte da equipe do hospital e quando surge um possível alvo, há
contato com o aliciador. Muitas das adoções irregulares têm como intuito disfarçar a
prática de outros crimes, bem como a intenção de tornar a vítima futura trabalhadora
do sexo, ou para trabalho forçado ou extração de órgãos e tecidos, ou seja, a adoção
torna-se um meio para uma exploração final.
CRIANÇA E ADOLESCENTE
Tráfico na terminologia jurídica exprime o comércio ilícito, a negociação. Nosso
País é um dos principais países da América latina a contribuir para o tráfico
internacional. Porém, ainda são escassas as informações disponíveis que dão uma
dimensão real do número de casos. As tentativas de mapeamento confrontam com a
ausência de legislação nacional adequada e de políticas públicas específicas. A
maioria das informações existentes no País sobre violações concentram-se na
exploração sexual, no trabalho infantil, na adoção internacional e na pedofilia, mas,
não são especificadas as redes que articulam o aliciamento, a movimentação, a
coação e a exploração final,que também dizem respeito ao tráfico.
A combinação entre a movimentação e a exploração é que caracteriza o tráfico.
As pessoas traficadas no mundo inteiro, entre elas, as crianças, são provenientes de
países do chamado Terceiro Mundo (Ásia, África, América do Sul e o Leste Europeu),
são encaminhadas, na maioria das vezes, para países desenvolvidos (Estados Unidos,
Europa Ocidental, Israel e Japão) onde são impostas à exploração sexual, em
condições análogas ao trabalho forçado, e até mesmo à escravidão. No último século,
o Brasil trocou sua condição de destino para fornecedor do tráfico internacional de
crianças.
O tráfico é essencialmente uma atividade lucrativa, que perde apenas para o
tráfico de drogas e o contrabando de armas, possui também a função de sustentáculo
para a consumação destes. A miséria e a desigualdade entre os países são fatores
que colaboram para o tráfico de crianças nos países subdesenvolvidos. Vê-se aqui
relacionados o abuso doméstico e a negligência, conflitos armados, consumismo, vida
e trabalho nas ruas, discriminação, ausência de direitos ou a baixa aplicação das
regras internacionais de direitos humanos, pobreza, desigualdade de oportunidades
e de renda, instabilidade econômica e política, entre outros, como a vulnerabilidade
da criança e do adolescente.
Algumas rotas do tráfico de crianças e adolescentes se confundem com as
rotas do tráfico de drogas e armas. Existe uma diferenciação do tráfico de mulheres
para o de crianças, isso decorre da condição específica de vulnerabilidade da criança.
No tráfico, a exploração está articulada com o mercado. Não ocorre apenas o abuso
ou a exploração sexual com este propósito, existe aqui o interesse na comercialização,
ou seja, na lucratividade. Identificar o tráfico de mulheres, crianças e adolescentes é
um trabalho de interpretar e analisar situações que se apresentam como tráfico
(aquelas oficialmente registradas) e situações que trazem a suspeita de se tratar de
tráfico por apresentar elementos típicos do tráfico, apesar de registrado como outra
situação de violação de direito (desaparecimento, fuga do lar, favorecimento para
prostituição).
A constatação de que o tráfico se esconde nos espaços legalizados e participa
do sistema de organização legal, é confirmada por Michele Hirsch (1996): “Frentes
legais para desguiar o tráfico para dentro da União Europeia inclui: artistas, artistas de
cabaré, meninas au-pair, estudantes, pessoas que solicitam o status de refugiado
político, adoções, casamentos etc.”
CONCLUSÃO
No decorrer da pesquisa científica é possível verificar que o tráfico de pessoas
ocorre de diversas formas e modalidades. Podendo qualquer pessoa ser vítima do
delito, dependendo da finalidade. Entretanto, vale salientar que a maioria das vítimas
do delito são mulheres e menores de 18 anos. A presente pesquisa traz em seu
contexto especialmente o conceito abrangente acerca das modalidades implícitas no
delito inicial, tais como a exploração sexual, o trabalho forçado/escravo, o casamento
servil, adoção irregular, bem como venda de órgãos, tecidos ou partes do corpo
humano.
A conceituação do delito foi extremamente necessária para que se notasse a
preocupação no âmbito nacional e internacional acerca do tráfico de pessoas e o bem-
estar das vítimas. Podendo verificar que na prática as normas de enfrentamento são
falhas e insuficientes. Vale destacar que as políticas de enfrentamento e combate se
preocupam fortemente com a atenção e o cuidado com as vítimas do delito, se
preocupando em ampliar os dados referentes às vítimas do delito. A ampliação da
tipificação do tráfico no âmbito nacional foi essencial tendo em vista que passou a
ampliar outras modalidades do delito do tráfico de pessoas.
Observa-se, todavia, que embora a legislação nacional tipifique as modalidades
e puna com reclusão os autores do delito, ainda assim as vitimas se encontram em
desvantagem, principalmente as crianças e os adolescentes, tendo em vista que
embora haja o plano nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas e a violência
sexual contra crianças e adolescentes, não há na prática uma política que tenha como
prioridade a assistência especializada aos menores vitimas do tráfico. Carecendo,
portanto, de um atendimento especializado a prestação de assistência psíquica, moral
e física às vítimas do delito, tornando estes extremamente desamparados tendo em
vista que ainda estão imaturos fisicamente, moralmente e psiquicamente.
Contudo, conclui-se que o tráfico de pessoas é um delito silencioso que
acarreta inúmeras vítimas, para as mais diversas finalidades, devendo destacar,
portanto, que as vítimas mais frequentes segundo dados são mulheres e meninas. A
legislação nacional pune o agente e os participantes do tráfico em questão. Porém,
não há uma política de conscientização, enfrentamento e combate especializados no
tráfico de crianças e adolescentes, pois embora haja política específica tráfico de
pessoas e a violência sexual contra crianças e adolescentes não há um cuidado
especializado aos menores vítimas do tráfico de crianças e adolescentes.
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