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Pesquisa sobre o tráfico de mulher para prostituição.

Quadrilha traficava anualmente cerca de 90 mulheres para prostituição no exterior

· Elas eram aliciadas com a promessa de pagamento de pelo menos US$ 10 mil; quadrilha
movimentou US$ 45 milhões desde 2007

Brasileiras do meio artístico, segundo a polícia, recebiam até U$ 100 mil por semana para
ter relações sexuais com clientes de elevado poder econômico no exterior.

 SÃO PAULO - A quadrilha acusada de traficar mulheres brasileiras para prostituição no


exterior desbaratada nesta quinta-feira pela Polícia Federal (PF) levava, anualmente, cerca
de 90 delas para Angola, Portugal, África do Sul e Áustria (um caso). Segundo o delegado
Luiz Tempestini, dois tipos de mulheres partiam do Brasil para o exterior no intuito de
passar de 7 a 10 dias nesses países e manter no período relações sexuais com
empresários, autoridades e outros clientes de elevado poder econômico.

O primeiro deles era formado por mulheres aliciadas em uma casa de prostituição no bairro
de Indianópolis, Zona Sul de São Paulo, algumas delas garotas de programa, segundo a
PF, que ganhavam cerca de US$ 10 mil por semana. O segundo grupo tinha modelos
capas de revistas masculinas e outras que participavam de programas de tevê - elas
chegavam a faturar US$ 100 mil no mesmo período.

As identidades dos cinco presos nesta quinta-feira pela PF dentro da Operação Garina não
foram reveladas, assim como as das mulheres. O delegado Tempestini, que investiga a
ação da quadrilha há um ano, disse, no entanto, que algumas não chegaram a receber a
quantia acordada com aliciadores aqui no Brasil. Segundo ele, pela lei, as mulheres são
tratadas como vítimas e não responderão criminalmente, ainda que algumas tenham sido
levadas ao exterior pela mesma quadrilha quatro ou cinco vezes.

Foram presos três homens e duas mulheres. Essas últimas eram as duas principais
aliciadoras. Um dos homens é empresário do ramo de shows e chefiava o bando. Além
dele, havia um outro aliciador, menor, e um homem responsável pela parte burocrática da
quadrilha - disse o delegado, acrescentando que, depois do aliciamento, a viagem
acontecia depois de duas ou três semanas.

Além dos cinco mandados de prisão, foram cumpridos outros 11 de busca e apreensão
nas cidades paulistas de São Paulo, São Bernardo do Campo, Cotia e Guarulhos. Além
desses presos, dois estrangeiros que se encontram no exterior, também integrantes do
grupo criminoso, tiveram prisão decretada pela Justiça Federal e seus nomes foram
incluídos na lista mundial de procurados pela Interpol, a difusão vermelha.

Estima-se que a organização criminosa movimentou aproximadamente US$ 45 milhões


com o tráfico internacional de mulheres desde 2007. Nesta quinta-feira foram
apreendidos pela PF 11 carros de luxo, 23 passaportes, 9 cópias de passaportes, 14
pedidos de visto junto ao consulado de Angola, moeda estrangeira (ien, euro, dólar e
kwanza angolano) e drogas.

De acordo com o delegado, as mulheres eram obrigadas a manter relações sexuais sem
preservativos com clientes estrangeiros. Para essas vítimas, os criminosos ofereciam um
falso coquetel de drogas anti-HIV.

Os investigados serão indiciados por crime de participação em organização criminosa,


tráfico internacional de pessoas, favorecimento à prostituição, rufianismo, estelionato,
cárcere privado e perigo para a vida ou saúde de outrem, cujas penas máximas somadas
podem atingir 41 anos de prisão.

Segundo o delegado, duas remessas de mulheres eram mandadas por mês ao exterior,
cada uma delas com 4 ou 5 mulheres. As idades delas variavam entre 21 e 25 anos.

O n4ome da operação, Garina, significa menina na gíria de Angola, principal destino do


tráfico de mulheres praticado pela organização criminosa desarticulada.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/quadrilha-traficava-


anualmente-cerca-de-90-mulheres-para-prostituicao-no-exterior-10524357#ixzz30lle84Qv 
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Tráfico de mulheres para prostituição é


problema para o Brasil, afirma
especialista no Fórum de Justiça.
Jovens brasileiras são grandes vítimas do trabalho sexual
escravo no exterior
fala de isack
O número de jovens brasileiras que vão para o exterior trabalhar como prostitutas ainda é grande,
apesar de o país ter assinado o texto da Convenção de Palermo,A Convenção de Palermo, um dos
poucos marcos legais que tratam do tráfico de pessoas, contra o crime organizado
internacional.Não temos dúvidas sobre o crescimento do problema.
  Não existem dados porque, afinal, é uma prática ilegal. Mas estima-se que o tráfico internacional
de pessoas movimente, anualmente, cerca de US$ 50 bilhões em todo o mundo.Segundo alguns
pesquisadores,mesmo as brasileiras que têm conhecimento que serão prostitutas lá fora, não
sabem que serão escravizadas.A maioria aceita ir para outros países, pois pensa que poderá
melhorar a condição de sua vida, mas não tem noção do que isso representa. O tráfico de
mulheres é uma das modalidades do tráfico de pessoas mais praticadas no mundo
contemporâneo. O tráfico de mulheres em sua essência, se presta a escravidão sexual e à venda
da mulher como objeto sexual.Sabe-se que essas mulheres trabalham de 10 a 13 horas diárias no
mercado do sexo, não podendo recusar clientes e sendo submetidas ao uso abusivo de drogas e
álcool para permanecerem despertas .Elas acabam não se reconhecendo como traficadas, não se
dão conta da grave exploração que sofrem, apenas admitem que foram enganadas.

Para o especialista, o Brasil não deve apenas aumentar a repressão à exportação dessas jovens,
mas também criar condições para que elas não queiram deixar o país.
 
- Nós estamos falhando na repressão ao tráfico internacional de pessoas e precisamos de
mudanças com urgência.
 
Mattar Júnior defende ainda a discussão em torno da revisão do Código Penal que, segundo ele, só
conta com um artigo que aborda o tráfico internacional de pessoas, para fins de exploração
sexual.

http://noticias.r7.com/brasil/noticias/trafico-de-mulheres-
para-prostituicao-e-problema-para-o-brasil-diz-especialista-
20100513.html
O tráfico de mulheres é uma das modalidades do tráfico de pessoas mais praticadas no mundo
contemporâneo. O tráfico de mulheres em sua essência, se presta a escravidão sexual e à venda
da mulher como objeto sexual, muitas vezes contra a sua vontade.

Segundo Relatório da Anistia Internacional, o tráfico de pessoas é uma das formas ilegais mais
lucrativas no mercado mundial. Dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) estimam que
o tráfico humano movimente por ano cerca de 32 bilhões de dólares.
A Convenção de Palermo, um dos poucos marcos legais que tratam do tráfico de pessoas, o define
como o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento de pessoas utilizando-se de
ameaça, uso da força, formas de coação e abuso de autoridade sobre situações de vulnerabilidade
para fins de exploração.

Segundo estimativas do Instituto Europeu para o Controle e Prevenção do Crime, cerca de 500 mil
pessoas são traficadas de países mais pobres para este continente por ano. Quanto ao tráfico de
pessoas para fins sexuais, estima-se que 98% das vítimas em todo o mundo são mulheres.

Para quem realiza este tipo de exploração, a atividade tem baixos riscos e altos lucros. As mulheres
traficadas entram no seu país de destino com visto de turista e a ação da exploração sexual muitas
vezes é camuflada nos registros por atividades legais como o agenciamento de modelos, babás,
garçonetes ou dançarinas.

Poucas das mulheres vítimas deste crime têm ciência de que a migração se destina à exploração
sexual. Por vezes elas permanecem em cárcere privado, sob permanente vigilância, além de
sofrerem preconceito e discriminação por parte dos clientes e dos donos dos estabelecimentos.

Sabe-se que essas mulheres trabalham de 10 a 13 horas diárias no mercado do sexo, não podendo
recusar clientes e sendo submetidas ao uso abusivo de drogas e álcool para permanecerem
despertas .Elas acabam não se reconhecendo como traficadas, não se dão conta da grave
exploração que sofrem, apenas admitem que foram enganadas.

O tráfico para fins de exploração sexual traz irreversíveis consequências às mulheres. Estas ficam
expostas a todo tipo de doença sexualmente transmissível, inclusive ao vírus HIV, sofrem ataques
físicos por parte dos clientes, são atacadas sexualmente pelos aliciadores, têm que lidar com
constantes ameaças ou intimidações por todo o período que permanecem em regime de escravidão
sexual, além de destinarem todo o dinheiro que arrecadam para pagar a dívida contraída com os
cafetões.

Para a Associação para a Prevenção e Reinserção da Mulher Prostituída (APRAMP) a


situação das brasileiras inseridas neste mercado de exploração merece atenção. A
instituição alerta que o Brasil é hoje o país com maior número de mulheres traficadas para
fins sexuais da América do Sul. Dados da Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres,
Crianças e Adolescentes (PESTRAF) contabilizam 110 rotas nacionais e 131 rotas
internacionais, sendo 32 dessas para a Espanha.

O mais alarmante é que se detectou que vem aumentando a quantidade de brasileiras que entram
nos países de língua latina da Europa para fins de exploração sexual. Dessas tantas, muitas estão
sofrendo uma nova forma de exploração: a revenda. As mulheres permanecem um pequeno
período, menos de 28 dias, em um estabelecimento de prostituição, em seguida são revendidas a
outros estabelecimentos com a finalidade levar novas possibilidade de escolha dos clientes. Para a
estudiosa do assunto Iana Matei, o aumento desse comércio de troca é consequência da relação de
traficantes de entorpecentes com a exploração sexual, levando a este ramo a administração em
rede e a renovação de mercadoria para lucrar mais.

Perfil
A Fundação francesa Scelles, que luta contra a exploração sexual, divulgou que há cerca de 42
milhões de pessoas em situação de prostituição no mundo; 75% dessas são mulheres com idade
entre 13 e 25 anos.

O relatório da OIT sobre o assunto acrescenta que são de classes populares, apresentam baixa
escolaridade, habitam em espaços urbanos periféricos com carência de saneamento, transporte
(dentre outros bens sociais comunitários), moram com familiares, têm filhos e exercem atividades
laborais com baixa remuneração. Muitas delas já foram submetidas a alguma forma de prostituição.

O mesmo relatório avalia que entre as causas do tráfico de pessoas para fins de exploração
sexual estão: instabilidade política, econômica e civil em regiões de conflito, emigração não
legalizada, violência doméstica, ausência de oportunidades de trabalho. Esta última é maior
motivação por conta da vulne-rabilidade social e econômica em que essa situação insere as
mulheres.

Toda essa relação de exploração reflete claramente que o tráfico de mulheres é uma das maiores
expressões da ação da sociedade capitalista na vida das mulheres trabalhadoras, as quais,
precisando sobreviver, submetem-se a condições de vida degradantes. Nos períodos de crise,
como o que vivemos atualmente, isto tende a se agravar, como mostram os dados, já que a
exploração da classe trabalhadora como um todo, aumenta. O capitalismo, todos sabemos, se
fundamenta na realização de lucro para poucos à custa do trabalho de muitos e a qualquer preço.

A sociedade capitalista expõe o corpo das mulheres, utilizando para vender os mais variados
produtos e leva esta mercantilização até as últimas consequências, tornando as próprias mulheres
mercadorias, as quais se vendem, se compram, se usam e se exploram da maneira mais cruel.

Esta dura realidade coloca a toda classe trabalhadora e em específico às mulheres a necessidade
de lutar para colocar fim a esta exploração e opressão. Coloca a necessidade de organização para
que tenha fim de uma vez por todas este sistema, que se utiliza do corpo, do sangue, do trabalho
de uma enorme parcela da população para enriquecer uma minoria.

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