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Criminologia Feminista
crime e gênero
O presente artigo visa analisar a relação entre mulher e crime, bem como também a evolução
do estereótipo de mulher criminosa, suas implicações sociais e especificamente o tipo penal
que mais prende mulheres no mundo: o tráfico de drogas. Utilizou-se o método dedutivo,
partindo da premissa maior sobre a participação da mulher no crime e do controle sociopenal
exercido sobre ela, para a específica, destrinchando questões sobre o crime mais cometido por
mulheres: o tráfico de drogas. O objetivo do trabalho é analisar a evolução dos estudos entre
crime e gênero, bem como também o controle social e penal que a mulher sofre ao se tornar
criminosa, sob o ponto de vista do crime que mais prende mulheres. Em suma, diante das
análises sobre o controle sociopenal e a participação da mulher no crime de tráfico de drogas,
há a necessidade de uma criminologia feminista que olhe o crime e a mulher criminosa sob
uma perspectiva de gênero, tratando-a não como objeto, mas sim sujeito de direitos.
A criminalidade feminina engloba questões além da esfera jurídica, isto é, uma mulher se torna
criminosa por diversos fatores como falta de oportunidades, pelo fato de serem esposas de
homens envolvidos com o tráfico e, na grande maioria das vezes, por receberem propostas
econômicas acima da realidade vivida por elas, como o caso das mulas do tráfico. (61)
pode-se considerar que o direito penal é um sistema de controle das relações de propriedade,
moral, trabalho, e consequentemente o sistema de controle dirigido para mulher é o informal,
ou seja, aquele que se realiza na família, por exemplo. Conforme discorre Soraia da Rosa
Mendes (2017), não é possível analisar os processos de criminalização e vitimização das
mulheres sem que se leve em conta crenças, condutas, atitudes e modelos culturais
(informais), bem como também as agências punitivas estatais (formais). A análise dos
processos de criminalização e vitimização das mulheres exige esta dupla tarefa (63)
o crime que mais encarcera mulheres no Brasil é o tráfico de drogas, segundo dados do
INFOPEN Mulheres (2018), o tráfico de drogas representa 62% das incidências penais que
mulheres privadas de liberdade foram condenadas ou aguardam julgamento. Entre as
tipificações relacionadas ao tráfico de drogas, o crime de Associação para o tráfico corresponde
a 16% das incidências e o crime de Tráfico internacional de drogas responde por 2%, sendo que
o restante das incidências se refere a tipificação de Tráfico de drogas, propriamente dita.
(INFOPEN, p. 53, 2017). (64)
Assim, traz á tona a problemática do encarceramento em massa no Brasil. Além de ser uma
questão criminológica, também é uma questão do econômica e do Estado, o qual não possui
planejamento e políticas públicas voltadas para as mulheres que precisam se submeter à
situações que acabam levando-as para dentro do cárcere. O perfil da mulher encarcerada no
Brasil é: Jovem (50%), negra (68%), solteira (57%), de baixa escolaridade (62%), cometeu crime
de tráfico de drogas (68%), (BONTEMPO, 2018.1, p. 40/41). (65)
Cometer crime não está dentro do espectro da feminilidade que a sociedade espera da mulher
(67)
Diante das inúmeras violações de direitos que a mulher privativa sofre, aliada à sua
invisibilidade dentro da própria organização criminosa, surge a necessidade de uma
criminologia feminista, que trate a mulher criminosa como sujeito, cujo principal objetivo desta
é inserir a mulher por completo na esfera do Sistema Penal (70) (COMO?)
podemos ressaltar que o desígnio da presente pesquisa é também procurar ampliar,
complementar e aperfeiçoar o conhecimento do quadro conjuntural do cárcere feminino
estabelecido no Brasil, bem como fornecer novos elementos para ajudar a fundamentar
futuras formulações de políticas públicas sobre o assunto.