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Formulário 10

RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA/UEMS

Edital: Edital UEMS/CNPq N° 03/2022 –PROPPI/UEMS - PIBIC


Acadêmico(a): JÉSSYCA BRENDA RODRIGUES DE PAULA
Orientador(a): ISAEL JOSÉ SANTANA
Título do projeto: ENCARCERAMENTO FEMINO NEGRO COMO
CONSEQUENCIA DA SELETIVIDADE PENAL.
Curso de graduação: Direito
Unidade: Paranaíba
Área de conhecimento: Ciências sociais aplicadas: Direito Grande área
Ciências sociais aplicadas 6.00.00.00-7 Área CNPq: 6.01.00.00-1 Subárea:
6.01.04.00-7

SOBRE A SUA PESQUISA DE IC , RESPONDA:

1. Na sua avaliação, os objetivos da pesquisa foram atingidos? Justifique


em caso de resposta negativa.
( x ) SIM ( ) NÃO

2. Houve alguma mudança? Justifique em caso de alteração.


( )Título ( ) Metodologia ( ) Carga Horária ( ) Cronograma ( x ) Nenhuma

3. RESUMO DO RELATÓRIO (máximo 250 palavras)


A questão prisional tem ocupado espaço em pesquisas e debates ao longo do
tempo sem que, no entanto, tenha avançado em sua sistemática ou eficácia
legalmente prevista. Analisando os dados sobre o sistema prisional liberados
pelo INFOPEN os dados sobre o encarceramento negro feminino são
alarmantes. No decorrer a pesquisa, buscou-se compreender as origens do
sistema prisional, e as heranças deixadas pelo sistema escravocrata que ainda
nos dias de hoje marginaliza mulheres negras. Atraves de uma analise
documental, bem como de dados informados pelo sistema de informações
penitenciárias foram obtidos os resultados da presente pesquisa. Ademais
atraves de uma breve retrospectiva da origem do sistema prisional, foi possível
ainda, observar de que forma o sistema se atualizou, de maneira a continuar
vitimizando e marginalizando mulheres negras, ainda que com o suposto
avanço dos direitos humanos, e da humanização da aplicação da pena. Dessa
feita foi possível concluir que ainda na atualidade o racismo atravessou
diversas gerações, se modernizando com o decorrer do tempo atravessando
de diversas formas a vida da mulher negra no Brasil, tendo como uma das
principais ferramentas, a seletividade penal.

PALAVRAS-CHAVE

Encarceramento feminino negro; direito penal; seletividade penal; racismo


estrutural.

4. INTRODUÇÃO

O sistema prisional que também é sistema de controle social, é


perpassado pelo racismo, esse mesmo sistema que funciona de forma bruta e
sistematizada desde a escravidão, apesar de teoricamente não existir mais
escravidão no Brasil, o sistema atua de forma explicita contra a população
negra do Brasil, é impossível que o número de pessoas pretas encarceradas
seja meramente uma coincidência de que o delito que mais encarcera pessoas
pretas no Brasil, seja o tráfico de drogas. (INFOPEN, 2022). O racismo atua de
forma inteligente na sociedade, apesar de propriamente não existir mais
escravidão, essa realidade continua, mas agora a figura da casa grande são as
penitenciárias que estão repletas de mulheres pretas, pardas e negras, que
mesmo que houvesse uma razão e justificativa maior para praticar quaisquer
que seja a conduta típica, ainda estão encarceradas. Nesse sentido afirma
Angela Davis:

[...] percebi que este tipo de punição que está associada ao


encarceramento, ao aprisionamento, tem mantido ligações muito óbvias
com os sistemas de escravização. Essa relação entre o sistema
carcerário e a escravidão não é só uma questão de estabelecer
analogias. Mas é uma questão de genealogia. Isso não parte do
pressuposto daqueles que argumentam que este sistema escravocrata
deveria ser mantido como instituição, que deveria ser transformado em
uma instituição ‘mais humanizada’. Isso não faz nenhum sentido. [...]
(DAVIS, 2017, s/p.)
Vale mencionar aqui o tráfico porque é a maior modalidade pela qual as
mulheres pretas são encarceradas, e também, concidentemente ou não, as
justificativas dessas mulheres por estarem em uma situação de praticar a
conduta típica são sempre as mesmas, a vulnerabilidade socioeconômica, a
violência e o abuso doméstico, o desaparto estatal e a necessidade de
sustentar os filhos. (BORGES, 2019, s/p.). O racismo que é um sistema
inteligente não deixa margem para a população preta, as mulheres periféricas e
pretas são consequentemente marginalizadas o que causa um reflexo direto na
modalidade e qualidade de vida que resta pra essas mulheres. Não suficiente o
peso de precisar recorrer a conduta típicas para a sobrevivência, e nesse
contexto majoritariamente o tráfico de droga, essas mulheres muito
provavelmente não terão acesso ao papel ressocializador, que em tese, é a
função do cárcere. Nesse sentido postula Juliana Borges:

[...] A figura do criminoso abre espaço para todo tipo de


discriminação e reprovação, com total respaldo social para
isso. E ao retomarmos os dados que demonstram que há um
grupo-alvo e predominante entre a população prisional, ou seja,
que é considerada criminosa, temos aí uma fórmula perfeita de
escamoteamento de um preconceito que é racial
primordialmente. [...]. (BORGES, 2019, p. 21)

Torna-se imprescindível falar sobre o encarceramento feminino negro no


Brasil, sem analisar sua relação com o a Lei de Drogas. Afim de compreender
estruturalmente o problema, faremos uma breve viagem na história, para
compreender de onde surgiu a guerra as drogas, e como e por quê ela interfere
na realidade das mulheres negras encarceradas no Brasil. Em primeiro lugar, a
ideologia da Guerra as Drogas começou primordialmente na “Convenção Para
Repressão do Tráfico Ilícito das Drogas Nocivas”, que aconteceu em Genebra
no ano de 1936. Da conferência nasce então o Decreto 2.994, de 17 de agosto
de 1937, além do Decreto o Brasil teve outras Leis Ordinárias que surgiram
posteriormente como por exemplo: Decreto nº 54.216 de 1964; Lei nº 5. 726,
conhecida como Lei Antitóxicos; a Lei n° 6.368/1976, vale mencionar aqui que
as duas últimas lei já abordam a diferenciação entre o tráfico e o uso, ou seja,
traficantes e usuários já tinham distinção penal nessa época. (SANTOS,
ROCHA E OLIVEIRA, 2020, p. 4).
O ponto central da guerra as drogas e de como ela se tornou na verdade
guerra contra pessoas pretas surge no momento em que o que anteriormente
era uma política de combate a substancias que são nocivas à saúde pública
torna-se uma guerra e não mais uma política, e posteriormente o que deveria
ser um combate contra as substancias, ao mal que elas causam e como essa
se torna a única alternativa de diversas mulheres pretas no Brasil, torna-se na
realidade uma guerra direcionada a pessoas pretas, onde as mulheres pretas
que são tema central desse projeto de pesquisa carregam um alvo nas costas.
(MBEMBE, 2018, s/p.). Ademais, todo esse contexto truculento não surge de
uma preocupação real com as drogas, o que elas podem fazer na vida das
pessoas, o porquê a população preta é majoritariamente atingida por essas
substâncias, ou até mesmo de um questionamento de onde o Estado está
falhando no aparato dessas pessoas que encontram no tráfico a única forma de
sobrevivência, mas, sim na ideia de “prevenção”. (SANTOS, ROCHA E
OLIVEIRA, 2020, p. 5).

Além disso, a seletividade penal, que também é objeto de estudo desta


pesquisa, faz com que grande parte das mulheres encarceradas que
majoritariamente já se encontram em uma sua situação de vulnerabilidade, seja
econômica, cultural, afetiva e em alguns casos gravidas, faz com que essas
mulheres que não cometeram crimes com uso da violência, fiquem mais
tempos encarceradas, não sejam privilegiadas com indutos natalinos, por
exemplo, sendo o tráfico de drogas considerado um crime hediondo essas
mulheres quase nunca tem direito a esses benefícios, mesmo não tenho
cometido crimes culminados com violência. . E ainda, existem mulheres
grávidas encarceradas que são submetidas a situações degradantes e
desumanas, como por exemplo ter que dar à luz algemadas, muitas das vezes
sem uma condição mínima de cuidados e higienes coma vida da mulher e
também da criança, já ocorreu inclusive de terem o parto dentro do camburão,
sem mencionar que, como dito anteriormente, grande parte das mulheres
pretas são encarceradas pelo tráfico de drogas são mães, algumas
abandonadas pelo parceiro, sendo esse inclusive o principal motivo que levou
essas mulheres a recorrem ao tráfico de drogas, o sustento dos filhos. Nesse
sentido diz Luciana Boiteux:
Se sistema penal é estruturalmente seletivo no geral, verifica-
se a especial (e perversa) seletividade com que se encarceram
mulheres mães, negras e pobres, justo aquelas que buscam no
comércio ilícito de drogas, por necessidades de subsistência de
sua família, uma mulher remuneração. Quando não são
coagidas ou ameaçadas para levar drogas a presídios.
(BOITEUX, 2016, p. 2).

Uma percepção essencial acerca do assunto começa de uma análise


dos lares dessas mulheres, e inevitavelmente esse aspecto destaca o alto
índice de violência doméstica contra mulheres negras. Esse estudo que parte
exatamente do lugar que deveria ser o ambiente seguro, de todas essas
mulheres, que são vítimas não só do Estado como também do racismo que
reforça esse pavor na vida de mulheres negras de todo o país, se dá não
apenas pelos motivos citados anteriormente bem como, em compreender em
como esse tipo de racismo atua subalternizando o grupo étnico-racial negro ao
dominante. (CARRIJO; MARTINS, 2019, s/p.).

Além disso, não são apenas as mulheres pretas que além de fácil alvo
para o tráfico de drogas que sofrem com a seletividade penal, uma
consequência marcante do encarceramento em massa é que essas mulheres
que tem uma dupla jornada como mães, tem seus filhos que são dependentes
delas para subsistência também à mercê do Estado, nos casos em que o lar é
composto somente da mãe e da criança, por exemplo, se não houver outra
pessoa que possa se responsabilizar pela criança a mesma muito
provavelmente será encaminhada por um orfanato, ato esse que
inevitavelmente desencadeia uma série de outros problemas para esse lar,
bem como para a mãe e a criança. Isto posto, um dos itens que também serão
abordados no decorrer desta pesquisa será o estudo de alguma forma que
possibilite uma mudança na política de proteção social, para a mulher que está
cada dia mais vulnerável ao tráfico de drogas como consequência de tudo a
que é submetida uma mulher negra neste país, e também, as crianças filhas e
filhos de mulheres pretas que estão expostas ao tráfico e consequentemente a
seletividade penal do Estado brasileiro. (BOITEUX, 2016, p. 3).

5. OBJETIVOS

Foram objetivos gerais, da preente pesquisa entender o processo do


encarceramento feminino de mulheres negras, pretas e pardas dentro do
sistema de seletividade penal. Dentro de um sistema cultural excludente
decorrente de classes sociais com menor acesso direitos econômicos e
culturais. Bem como, demonstrar como as mulheres negras são vítimas da
seletividade penal e como isso afeta possíveis gerais pretas no Brasil.
Dessa feita, os obejtivos específicos foram Investigar a história da
mulher no Brasil, analisar o contingente de mulheres negras, pretas e pardas, e
por fim, pesquisar fatores que levam a diferença no encarceramento.

6. METODOLOGIA

Partindo da seguinte ideia segundo a qual: “Pesquisa é um


procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um
tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou
para descobrir verdades parciais”. (LAKATOS e MARCONI, 2001, s/p.) o
presente projeto pretende utilizar a pesquisa bibliográfica documental para
assim extrair os conteúdos necessários ao desenvolvimento do tema proposto.
De tal forma, para atingir este objetivo, será empregado o método
dedutivo-indutivo: com a finalidade de analisar a legislação nacional e
internacional que guarde relação com a matéria, os casos concretos e as
decisões já prolatadas sobre o tema para construir um teto final crítico e
resultante dessas obras. A técnica de pesquisa/ procedimento da pesquisa
bibliográfica e documental, vez que o trabalho realizar-se-á a partir do estudo
de obras nacionais e estrangeiras relativas ao tema, artigos de revistas
especializadas, consultas aos sites dos órgãos oficiais nacionais e
internacionais que possam subsidiar sustentação teórica da pesquisa.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. BREVE ANÁLISE DA ORIGEM DO SISTEMA PRISIONAL

Para melhor compreensão do tema, passemos por uma breve síntese do


sistema prisional, a partir da Idade média até com contemporaneidade, afim de
que possamos entender as transformações que perpassaram o sistema
prisional e como de forma significativa, impactaram e ainda impactam a vida de
mulheres pretas no Brasil. De plano, imperioso trazer à baila, a luz de Ângela
Davis, como era a realidade das mulheres durante a escravidão:
A maioria das meninas e das mulheres, assim como a maioria dos
meninos e dos homens, trabalhava pesado na lavoura do
amanhecer ao pôr do sol. No que dizia respeito ao trabalho, a força
e a produtividade sob a ameaça do açoite eram mais relevantes do
que questões relativas ao sexo. Nesse sentido, a opressão das
mulheres era idêntica à dos homens. Mas as mulheres também
sofriam de forma diferente porque eram vítimas de abuso sexual
e outros maus-tratos bárbaros que só poderiam ser infligidos a
elas. A postura dos senhores em relação às escravas era regida
pela conveniência: quando era lucrativo explorá-las como se
fossem homens, eram vistas como desprovidas de gênero; mas,
quando podiam ser exploradas, punidas e reprimidas de modos
cabíveis apenas às mulheres, elas eram reduzidas
exclusivamente à sua condição de fêmeas. (DAVIS, 2016. P.25).
Grifei

De plano, é fundamental que possamos construir a realidade de uma


mulher negra na época da escravidão. Ser uma mulher no período
escravocrata retirava por completo a humanidade que havia no corpo negro.
Mulheres negras, eram braços fortes de serviço, eram amas de leite, eram mão
de obra na lavoura, eram banquetes sexuais para seus senhores. Uma vez
que, eram submetidas a horas e horas de trabalho escravo, e ainda eram
estupradas durante a noite, u em qualquer ocasião que os senhores
quisessem. E ainda, tinham que conviver com o ódio enraizado no amago do
ser das senhoras brancas, que ao menor sinal de seu marido se interessava
por uma escrava, tornava a vida dessa mulher ainda mais insuportável,
submetendo-as muitas vezes a castigos físicos, além da violência do trabalho,
das relações sexuais forçadas. (DAVIS, 2016. s/p).
Dessa feita, a punição antes do início daquilo que hoje conhecemos como
prisão, era o suplício, que segundo Foucault, era a punição física, dor e
sofrimento palpáveis, era a própria aplicação da vingança, o suplício permitia o
sofrimento do corpo humano. (GRINCHPUM; MARTINS, 2016, p. 3).
A primeira prisão, propriamente dita, surgiu com ingleses na Idade Média,
todavia, aquele não foi o primeiro espaço destinado ao recolhimento de
pessoas com o intuito de punir e reeducar. Na verdade, a primeira prisão teve
como espelho os mosteiros também durante a Idade Média. Que a época dos
fatos, visando “punir” os monges e clérigos que não cumprissem
adequadamente suas atribuições. (MACHADO; SOUZA; SOUZA, 2013).

Com o passar dos tempos, a ideia de prisão espalhou-se ainda mais em


meados do século XVIII, ocasião em que a maior parte das prisões era
concentradas nas populações antigas como Grécia, Babilônia, Egito e outras
civilizações antigas. Importante mencionar, que naquela época as prisões eram
lugares de custódia, mas também, de tortura, fato que causou mazelas tão
profundas em todo o sistema prisional que maculou vestígios até a
contemporaneidade. (MACHADO; SOUZA; SOUZA, 2013).

A primeira instituição penal na antiguidade foi o Hospício de San Michel,


em Roma, cuja destinação era primeiramente encarcerar “meninos
incorrigíveis”, está se denominava Casa de Correção (MAGNABOSCO, 1998).
O Brasil só teve sua primeira prisão em meados do século XIX, com o Código
Penal de 1980, não haveria mais penas perpetuas ou coletivas, restringindo-se
apenas a penas privativas de liberdade.

Quando se fala em penas privativas de liberdade, existem três sistemas


prisionais, o da Filadélfia ou celular, o Auburn ou silent system e por último o
sistema progressivo, irlandês ou inglês. Sendo este último, o que mais se
assemelha ao sistema prisional do Brasil, ainda nos dias de hoje.
Segundo Ana Elise Bernal Machado:

O sistema Progressivo surgiu na Inglaterra do século XIX e


considerava o comportamento e aproveitamento do preso, verificados
por suas boas condutas e trabalho e dividindo seu período em
estágios, tendo por fim a liberdade condicional se passasse por todas
as fases de forma adequada. É o que mais se aproxima do sistema
adotado no Brasil, apesar de ter algumas modificações.” (MACHADO;
SOUZA; SOUZA, 2013).

No decorrer do século XX, houve diversas formas de pensar a


legitimidade social das prisões, na intenção de supostamente, aprimorar o
controle da população carcerária. Cada prisão tinha uma justificativa, todavia,
tratando-se de população carcerária feminina, a prisão era organizada de
acordo com as condições do sexo. Sem levar em consideração o crime, a
gravidade, ou a condição da mulher no momento da prática do ilícito penal,
mas apenas e tão somente, qualidades inerentes ao sexo feminino.
(MACHADO; SOUZA; SOUZA, 2013).

As primeiras materializações das prisões do Brasil, foram com a


colonização, momento em que as prisões eram na verdade, cadeias públicas
que somente tinham o propósito de manter a liberdade da pessoa cerceada até
chegar o momento dessas pessoas serem castigadas ou enforcadas.
(GRINCHPUM; MARTINS, 2016, p. 3).

O primeiro estabelecimento prisional brasileiro, foi a Penitenciária Madre


Pelletier, fundada em 1937, na época a prisão era chamada de Instituto
Feminino de Readaptação, criado por freiras, o alvo naquele ano eram
mulheres prostitutas, mulheres em situação de rua. Um fator importante, é que
segundo Queiroz, 2015, o lugar não era destinado somente a prisão, mas
também, a domesticação de mulheres, sometendo-as a atividades manuais,
como costura, artesanato e afins. (GRINCHPUM; MARTINS, 2016, p. 5).

Quando as mulheres começaram a cometer crimes de verdade e ficou


mais difícil manter a segurança, as freiras entregaram o presídio à Secretaria
de Justiça, mas se mantiveram na direção por longos e obscuros anos. [...] Só
em 1981 as irmãs deixaram a administração do presídio para o Estado.
(QUEIROZ, 2015, p.132).

Ainda que existissem autoras que consideram o fato de que passar a


existir prisões femininas, foi um grande avanço. O que não pode passar
despercebido, é que os maiores alvos das prisões femininas serem foram
mulheres negras. Isso, em razão de toda herança ainda da escravidão, que foi
perpassando tempo a tempo, com formas cada vez mais atualizadas de
atravessar corpos negros. Desta forma, foi inevitável que nosso pensamento
não fosse consoante com a ideia que toda e qualquer transgressão deve ser
resolvida com a prisão. (BORGES, 2019, p. 27).

Com o advento do Decreto-lei 12.116/1941 foram criados no Brasil,


presídios femininos, na pretensão de separar homens e mulheres no cárcere,
segundo o disposto no art. 1º do referido decreto, in verbis:

Artigo 1.º - É criada junto à Penitenciária do Estado e sujeita às leis e


regulamentos em vigor, no que lhe for aplicável, um Secção destinada
ao "Presidio de Mulheres", subordinada à administração daquele
estabelecimento.
Parágrafo único - Na Secção de que trata este artigo - instalada em
imóvel situado nos terrenos da Penitenciária, especialmente adaptado
- somente serão recolhidas mulheres definitivamente condenadas.

Antes do Decreto-lei 12.116/41 as mulheres, independentemente da


idade, do crime, e de qualquer outra circunstância como ser ou não lactante,
por exemplo, cumpriam pena em prisões mistas. Fato ainda mais alarmante e
desesperador, uma vez que cumprir pena em celas conjuntas submetiam essas
mulheres, além da situação degradante do cárcere, a um novo histórico de
violência. Essas mulheres além de estarem sujeitas as mazelas do cárcere,
constantemente eram estupradas, por outras internos a forçadas a substituição
em uma tentativa de sobreviver na prisão. (QUEIROZ, 2015, p. 131).

Atualmente, a situação dos presídios femininos não difere tanto da


realidade do século passado, as mazelas e o descaso são os mesmos, a
estrutura ainda é precária, o cárcere ainda falha miseravelmente em sua
função ressocializadora, não existem oportunidades após a prisão, bem como
não houve após a suposta “abolição” da escravidão no Brasil. (BATISTELA,
AMARAL, 2014, s/p).

É possível perceber que as prisões sempre foram lugares marcados por


violência, das mais diversas formas e por muito tempo ao sofrimento físico
propriamente dito, era espaço de covardia, de mazela e dor. Nesse sentido
postula Costa e Dias (2013. p. 103), “a estes indivíduos não existem caminho
delimitados para o retorno à sociedade, de modo que a incerteza de seu futuro
se dá rumo às profundezas do desconhecido”. (COSTA, DIAS, 2013, s/p).

Nesta senda, é tão fácil visualizar tal realidade das prisões brasileiras,
que no ano de 2016, o atual Ministro da Justiça, à época dos fatos José
Eduardo Martins Cardoso, fez a seguinte afirmação sobre as prisões
brasileiras:

Do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em


alguma prisão nossa, eu preferia morrer. Quem entra em um
presídio como pequeno delinquente muitas vezes sai como membro
de uma organização criminosa para praticar grandes crimes.
(CARDOSO, 2016, s/p).

É visível a falha do cárcere no Brasil, uma vez que até mesmo quem
detém o poder tem medo e afirma publicamente o fracasso prisional brasileiro,
quiçá quem o enfrenta na pele. O mais alarmante na situação prisional no
Brasil, é que desde a colonização, desde a escravidão, o sistema prisional do
Brasil, ainda que com algumas poucas transformações guardam memória do
terror da escravidão, da violência, da desumanização do corpo preto, e no
recorte desse trabalho, principalmente mulheres negras. (BOITEUX, 2016,
s/p).

Curioso pensar, qual a lógica adota por um sistema que consolidou-se


na ideia de reeducar pessoas apoiando-se num viés que explora e ignora
direitos e necessidades básicas. Nas palavras de Juliana Borges: “Direitos e
avanços ou simples reorganização e reestruturação da punição?” (BORGES,
2015, s/p).

Afinal, desde o modelo escravocrata, ainda que todos os supostos


avanços, uma coisa que nunca mudou é exatamente a suposta solução para
transgressões: cerceamento da liberdade, violência, ausência de direitos
fundamentais. O modelo de punição apenas se atualizou a realidade, as leis, e
ao senso comum, de maneira que independente do tempo, é natural a ideia de
que “se está presa é porque mereceu”. (FERNANDES; ERCOLANI, 2020, s/p).

Oportuno citar o mandamento constitucional disposto no art. 5º, XLIX da


Constituição Federal de 1988, “é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral”, em um país onde o índice de ineficácia do sistema
prisional é absurdo, em completo desrespeito ao preceito constitucionais, as
instituições prisionais femininas, ignoram e violam a dignidade física e moral de
mulheres, especificamente, negras, encarceradas todos os dias. Proibindo o
acesso dessas mulheres a condições dignas de acesso à educação, a
reeducação se é pode ser chamado de tal. (BRASIL CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, 1988, s/p).

As celas são superlotas, inexiste espaço para a quantidade de internas,


mal existe qualquer atividade recreativa ou educativa, mal existem lugares para
dormir, quiçá respeito a integridade física e moral, sobreviver mais um dia no
cárcere é considerado uma vitória por muitas mulheres encarceras no Brasil.
(BORGES, 2019, s/p).

Não suficiente o disposto na CF/88, a Lei 7.210 de 1984, a Lei de


Execução Penal, também dispõe sobre o direito da pessoa sentenciada a pena
privativa de liberdade, a saber:

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá


dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de
aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência
humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). grifei

Nesse diapasão, ainda que a Constituição Federal, e a Lei de Execução


Penal assegurem a pessoa condenada o direito do mínimo existencial dentro
de um estabelecimento prisional, o que se vê na realidade, são as grandes
marcas deixadas desde a escravidão, marcas que retiram a humanidade, e a
dignidade de pessoas sentenciadas, e principalmente de mulheres, que a
pouco nem tinham um estabelecimento específico para comprimirem suas
penas. Vale mencionar ainda, que no que tange mulheres negras, ainda que
fora do sistema prisional são perseguidas pela fome, miséria e pobreza, o que
conforme demonstrado a seguir, é uma das principais causas do
encarceramento feminino negro no Brasil. (BOITEUX, 2016, s/p).

Outrossim, é impossível falar sobre a origem do sistema prisional, nem


mencionar e considerar as ideologias que figuravam e ainda figuram como
plano de fundo para o papel das prisões, de forma a determinar as formas do
sistema prisional. As ideologias por trás da ideia do sistema ideal para
repressão a criminalidade também condicionam desde os tempos imemoriais
mulheres negras ao lugar de servidão e concomitantemente ao cárcere.
(GUIDO, 2015, s/p).

Para Sueli Carneiro (2005), a análise do que constitui a base da


sociedade brasileira, é denominado “dispositivo racial”, em linhas gerais, a
ideologia da sociedade brasileira foi formada pelo racismo. O racismo estrutural
engendrado na estrutura e na formação da sociedade brasileira, constituiu no
senso comum brasileiro a ideia de que inexiste forma eficaz de repressão e
prevenção a criminalidade, que não o cárcere. Nesta senda postulou Juliana
Borges:

“[...] Nosso pensamento é condicionado a pensar as prisões como


algo inevitável para quaisquer transgressões convencionadas
socialmente. Portanto, a punição já foi naturalizada no imaginário
social. Nesse sentido, muitas vezes ativistas que questionam o status
punitivista e chegam até a defender o chamado abolicionismo penal
são considerados meros sonhadores e defensores de algo
impensável, se não impossível [...]. (BORGES, 2019, p.28).
Não obstante, além de inexistir no imaginário social, outra solução para
quebra de contratos sociais, que não seja o cárcere, a seletividade penal
determinada obviamente pelas ferramentas do racismo estrutural, fazem de
corpos negros verdadeiros alvos humanos para o cárcere, a prova disso é a
diferença no número de mulheres negras encarceradas e mulheres brancas
encarceradas. (GRINCHPUM, MARTINS, 2019, s/p).
E ainda, um fator interessantíssimo, é que em nenhum momento na
história das prisões femininas no Brasil, o número de mulheres brancas
encarceradas foi superior ao número de mulheres brancas, e por obvio,
considerando o histórico brasileiro, não se trata de mera coincidência, e sim da
verdadeira manifestação da seletividade penal em corpos negros. Além disso,
desde quando ainda não existiam prisões propriamente ditas, ou quando ainda
as prisões eram mistas, nunca o número de mulheres brancas encarceradas foi
superior ao de mulheres negras. (INFOPEN, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022).

Outrossim, no decorrer de todo o processo de formação e construção do


sistema prisional, ao nosso ver em nenhum momento o cárcere mostrou-se
eficaz na repressão a criminalidade, quiçá na efetivação da segurança pública.
E ainda sim, o método um tanto arcaico e não surpreendentemente semelhante
ao sistema escravocrata, nunca fora questionado ao ponto de chegar ao
mesmo a ser discutido por quem detém a legitimidade para tanto, uma reforma,
ao menos, no sistema prisional. (BORGES, 2019, p. 28).

Todavia, ainda que o histórico de pena no Brasil tenha partido do


suplício, é inadmissível que ainda na atualidade tamanha truculência ainda seja
modelo das formas de repressão e prevenção da criminalidade, principalmente
se tal conceito só é eficaz quando se trata de corpos negros. (MACHADO,
SOUZA, SOUZA, 2013, s/p).

A despeito disso, embora tenha o suplício teoricamente sido banido do


sistema prisional, mais uma marca do mesmo é ainda hoje visível no sistema
prisional, o qual seja, a forma como as extraídas as confissões. Aquilo que
deveria ser mera entrevista, em sede policial, é mais um momento de tortura,
ainda que seja constitucionalmente assegurada a pessoa presa o direito do
contato com seu familiar, o direito de ser assistido por advogado ou defensor
público, bem como de ficar em silencio. Muitas vezes, sequer é comunicado a
mulher, sem mencionar o tamanho abuso de poder exercido pela autoridade
policial no momento da prisão. (BORGES, 2019, p. 29).

Nesse sentido, postula a autora Juliana Borges, em sua obra


“Encarceramento em massa”:

Se pensarmos na realidade nas periferias e nas favelas hoje, e nas


constantes violações de direitos humanos presentes em denúncias de
ações de um braço indispensável da justiça criminal, que é a polícia,
inclusive sendo celebrada em filmes de grande sucesso nacional,
podemos afirmar que a tortura permanece como via, não ligada
diretamente ao Judiciário, mas como prática constante do aparato de
vigilância e repressão. A prática ainda é, infelizmente, recorrente no
país e, a meu ver, mantém os fortes laços com o processo de
formação do Estado brasileiro.(BORGES, 2019, p. 29).

Além disso, acompanhado de todo sofrimento físico e psíquico causado


as mulheres em situação de cárcere, caso estejamos diante de mulheres que
tem familiares, que não estão também em situação de abandono. Tem-se
ainda, todas as dificuldades enfrentadas pela família na hora de tentar notícias
sobre a situação da mulher encarcerada, as dificuldades de visita, sem
mencionar as que deixam filhos. (BOITEUX, 2016, s/p).
Cumpre trazer à baila os ensinamentos de Juliana Borges, que muito
nos ensina quando em sua obra, aborda sobre a precariedade das discussões
acerca do sistema prisional, e não só no que tange a este sistema, mas do
próprio direito penal. Que é mecanismo e braço de força na continuidade das
opressões sofridas por mulheres pretas, muitas vezes encarceradas
injustamente, ou cumprimento penas desproporcionais. (BORGES, 2019. p.
31).
A abolição da escravidão no Brasil, ainda que deixe a falsa sensação de
libertação, na verdade, tratou-se de uma atualização necessárias nos meios de
hierarquização social. Desta forma, aquilo que antes era feito de forma
escancarada e truculenta, pelas ruas ou por qualquer parte do país. Continua a
acontecer, todavia, de forma velada e sob o aparato das leis. Aquilo que antes
era materializado pelo senhor, os proprietários de pessoas escravizadas, a
covardia, a tortura, que era feia na frente de todos para que servisse de
exemplo, ainda acontece, mas agora, dentro das casas, nas periferias, nas
favelas de todo o país. (FERNANDES; ERCOLANI, 2020, s/p).
As violências persistem, ainda se manifestam, violências físicas,
psicológicas, patrimoniais, familiares, institucionais. Todas as formas de
violência que atravessavam corpos negros durante a escravidão, ainda
transpassam esses mesmos corpos atras do sistema, não só do sistema
prisional, mas do sistema de justiça como um todo. (DAVIS, 2016, s/p).
O sistema prisional, que surgiu em tese, sob a justificativa de proteção
das pessoas em favor do cidadão de bem, na verdade, atua como mais uma
ferramenta do racismo, a seletividade penal em corpos negros é a própria
materialização do racismo, velado, estruturalmente, historicamente. Segundo
dados do TST, o Brasil viveu 388 (trezentos e oitenta e oito) anos de
escravidão. A abolição da escravidão aconteceu no Brasil no ano de 1888,
foram mais de trezentos anos de escravidão, e mesmo cento e trinta e cinco
anos após o fim da escravidão, este país ainda marca corpos negros com as
mazelas da escravidão, através de um sistema altamente inteligente e eficaz.
(ARAÚJO, 2022, s/p).
É impossível falar sobre a evolução do sistema prisional no Brasil, sem
mencionar a interferência externa que o país sofreu, inclusive para a própria
abolição da escravidão. Por óbvio as maiores transformações que ocorreram
na realidade carceraria do Brasil foram concomitantemente ao advento das
ideias iluministas, momento em que todo o mundo passava por grandes
transformações e reformas. (BORGES, 2019, p. 32).
Quando dizemos que racismo é um sistema inteligente, significa dizer,
que tudo aquilo que antes era feito de forma escancaradamente violenta, todo
o sofrimento físico, todo sofrimento que era causado ao corpo, não deixou de
acontecer, todavia não necessita exatamente da força física para causar
sofrimento. Em resumo, significa dizer, que o passar do tempo e todas as
transformações que aconteceram no decorrer dos anos, fizeram surgir outras
formas de castigo, sofrimento e punição, a saber, o próprio cárcere. Local em
que punição acontece não apenas de forma física, mas de maneira emocional,
ou melhor, consciente. (BORGES, 2019, s/p).
Observe que foi “necessário” que tais transformações ocorressem, isso
porque, com o advento de novas constituições, pensamentos progressistas, e
principalmente quando ir e vir torna-se um direito, essa é uma forma brilhante
de punir quem em tese, transgredisse a lei. O maior dos problemas
acompanhado de todas essas transformações, mesmo com o passar do tempo
e o suposto avanço dos direitos, ainda é o mesmo do século XV, a violência e
perseguição a corpos negros. (FERNANDES; ERCOLANI, 2020, s/p).
Isso porque, essas mesmas mulheres vítimas da seletividade penal,
conforme demonstrado a seguir, quando não vítimas do próprio sistema, são
colocadas em situação de extrema vulnerabilidade de forma que a única saída,
a unida maneira de tentar sobreviver é através do crime, o que obviamente,
não dura muito tempo para mulheres negras, que rapidamente são
encontradas pelo sistema e encarceradas.
Nesse sentido, postula Luciana Boiteux, 2016:

Se o sistema penal é estruturalmente seletivo no geral, verifica-se a


especial (e perversa) seletividade com que se encarceram mulheres
mães, negras e pobres, justo aquelas que buscam no comercio ilícito
de drogas, por necessidades de subsistência de sua família, uma
melhor remuneração, quando não são coagidas ou ameaçadas, para
levar drogas a presídios. Para essas mulheres, que rompem
duplamente com seu papel social (por praticarem um crime e, além
disso, por serem “mulheres criminosas”) o nível de estigmatização e
isolamento a que estão sujeitas é ainda pior, afastadas de seus filhos
e abandonas por seus companheiros. (BOIETEUX, 2016, s/p).

É possível observar, que as mulheres que são atravessas pelo racismo


estrutural, além de serem ultrapassadas pela esfera penal propriamente dita,
também sofrem outras transgressões em seu ser, no âmbito familiar,
sentimental, afetivo, comercial, e em todos os outros. Observa-se que a
condenação criminal, ela não sobrevém apenas sobre a liberdade da mulher
negra, mas sim, sobre todas as áreas de sua vida, sobretudo, fechando todas
as portas possíveis, após o cárcere, como se tal sofrimento não bastasse.
(FERNANDES; ERCOLANI, 2020, s/p).
A seletividade penal incorre no papel direto de excluir mulheres negras
da sociedade. Mulheres essas que desde a escravidão vivem as margens da
sociedade, tendo seus direitos, sua vida e sua humanidade constantemente
transgredidas pelas realidades sociais desse país. Que ainda diante dos
supostos avanços dos direitos das mulheres, não necessariamente mulheres
negras estão sendo incluídas nesses supostos avanços. O Brasil, executa uma
política que mais se parece com uma política genocida, onde a população
negra é o alvo principal. Um exemplo disso, é a famigerada guerra as drogas,
que nunca foi guerra as drogas, e sim guerra a pessoas pretas, e
principalmente, a mulheres negras, que são encarceradas em massa, na
grande maioria das vezes pelo delito de tráfico de drogas. (SILVA, 2016, s/p).
A política de drogas no Brasil, é o exemplo mais claro e recente da
atualização das formas de repressão as vidas negras, causadas pelo Estado.
Grande parte das mulheres negras encarceradas no Brasil, foram condenadas
por tráficos de drogas, ou furto, a saber, 12.944 (doze mil, novecentos e
quarenta e quatro) mulheres foram encarceradas por tráficos de drogas, e
13.990 (treze mil novecentos e noventa) mulheres presas por furto. (INFOPEN,
2022). Muitas dessas mulheres presas com quantidades ínfimas de sustância,
muitas pela primeira vez ‘fazendo um corre’ - expressão muito utilizada nas
favelas e periferias do Brasil, para tipificar a conduta de traficar ou transportar
entorpecentes – outras encarceradas por furtarem alimentos. A expectativa era
que com o advento da Lei 11.343/06, as prisões por tráfico de drogas
diminuíssem, uma vez que, a ideia era separar o traficante do usuário. (SILVA,
2016, s/p).
Todavia, no Brasil, com a manutenção da conduta racista, e a própria
manifestação estrutural do racismo, ainda mais pessoas foram encarceradas
pela conduta de tráfico de drogas. Isso, porque a Lei não define uma
quantidade, ou ao menos fornece um rol exemplificativo, para diferenciar o
traficante do usuário. Com isso, a definição de traficante e usuário, é feito à
discricionariedade do magistrado, em um país onde pessoas negras fazendo
atividades físicas nas ruas, são comumente confundidas com ladrões ou
criminosos, o resultado não poderia ser diferente. Ainda mais pessoas são
encarceradas por tráficos de drogas no Brasil, mesmo com quantidades ínfimas
de entorpecente, mesmo sem nenhum outro elemento que indicasse a
traficância. (BOITEUX, 2016, s/p).
Silvio Almeida, em sua obra “O que é racismo estrutural?”, conceitua
racismo como:
[...] uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como
fundamento, e que se manifesta por meio de práticas
conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens
ou privilégios, a depender do grupo racial ao qual pertencem [...].
(ALMEIDA, 2018, p. 25). grifei
Desta forma, só é possível compreender o sistema carcerário, se
fizermos uma análise através de raça, gênero e classe, que são os principais
fatores que encarceram mulheres negras no Brasil. Como forma de analisar
como o sistema faz de mulheres negras o principal alvo dos presídios, são os
dados trazidos pelo Departamento de Informações Penitenciárias. De 2000 até
2019, a população carcerária feminina cresceu 564%, no ano de 2000 a taxa
de aprisionamento de mulheres era de 5,60%, atualmente esta taxa está em
27,55%, o que significa que no ano de 2022, o úmero de mulheres
encarceradas era de 27.547 (vinte e sete mil, quinhentos e quarenta e sete)
mulheres encarceradas no Brasil. (INFOPEN, 2022).
Dessa feita, além do enorme problema do encarceramento de mulheres
negras propriamente dito, existem outros fatores alarmantes e degradantes que
atravessem o copo de mulheres negras, para além do sistema prisional,
começando pelo número de crianças dentro dos estabelecimentos prisionais,
no ano de 2022, existiam mais de 100 (cem) crianças, encarceradas junto com
suas mães, e a maior parte delas, tinham até 06 (seis) meses de idade, o que
significa que passam os primeiros momentos de sua vida, dentro de uma
prisão. (INFOPEN, 2022).
Em contrapartida, em recente decisão o Supremo Tribunal Federal
concedeu prisão domiciliar a uma mulher mãe de dois filhos menores de 12
anos acusada de tráfico de drogas. Cumpre ressaltar ainda, que tal decisão
encontra aparato no próprio Código de Processo Penal que prevê a
possibilidade de substituição da prisão preventiva imposta à mãe ou
responsável por crianças por prisão domiciliar, desde que ela não tenha
cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa nem contra seu filho
ou dependente. (BARROSO, 2023, s/p).
Ademais, existem cerca de 190 (cento e noventa) mulheres gestantes ou
parturientes dentro do sistema carcerário, o que dá vasão para um outro
problema, os estabelecimentos prisionais originalmente não foram construídos
para a população feminina, o que significa não existem condições
minimamente adequadas para mulheres gestantes, parturientes, lactantes e
quiçá, para as crianças. Segundo dados do INFOPEN 2022, existe apenas 01
(um) equipe própria para atendimento em berçários/cuidadores, para um total
de 120 (cento e vinte) crianças dentro do sistema. Apenas duas equipes
própria para pediatria, no país todo, insta salientar inclusive, que do número de
crianças dentro do sistema prisional, não encontram-se todas na mesma
unidade prisional, desta forma, existem duas equipes próprias de pediatria,
para mais de 100 (cem) crianças encarceradas, o que por si só, demonstra a
discrepância entre a demanda e a solução oferecida pelo Estado. Não
suficientemente, para quase 200 (duzentas) mulheres gestantes ou
parturientes, existem apenas 67 (sessenta e sete) celas adequadas, mais uma
vez a miséria d sistema prisional, atravessa o corpo de mulheres em situação
de cárcere, e não apenas das mulheres, como de seus filhos também, os que
já nasceram e estão no sistema, e os que ainda nem nasceram, e ainda assim,
já estão no sistema. (INFOPEN 2022).
De acordo com dados do Conselho o Nacional de Justiça, as crianças
podem ficar no máximo até 01 (um) ano de idade, dentro do sistema prisional
com as mães. Via de regra, um dos momentos mais dolorosos dentro do
cárcere, sem sombra de dúvidas é retirar essa criança dos braços da mãe, que
ainda que dentro de um sistema miserável, cheio de mazelas, com nenhuma
estrutura, o laço maternal não deixa de se formar em razão do cárcere, forma-
se mais um trauma na mulher encarcerada dentro do sistema. (DINIZ, 2015,
s/p).
Além da situação desumana aqui o cárcere submete mulheres negras e
seus filhos, recém nascidos ou ainda durante a gestação, outro problema que
não pode ser ignorado e que também funciona com base nas diretrizes da
seletividade penal, são as condições de saúde dentro do estabelecimento
prisional, segundo relatos trazidos por Debora Diniz, em sua obra: Cadeia:
relatos sobres mulheres, muitas mulheres não são devidamente avaliadas
durante o atendimento médico, no estabelecimento, algumas por possuírem um
histórico de vício, sempre que fazem uma visita ao ambulatório, são
surpreendidas pelo descaso, mais uma vez, todo e qualquer sofrimento mental,
não é problema prisão, é no máximo, abstinência. (DINIZ, 2015, s/p).
O cárcere e todas as consequências de decorrem dele, ocasionam a morte
social de muitas mulheres negras, o sistema e a seletividade penal apregoam
alvos nas costas de mulheres negras desde sua infância, desde o preterimento
sofrimento por meninas e mulheres negras, com o passar do tempo só muda, a
forma como essas mulheres serão alvo, ou na verdade, de quê, elas serão
alvo. O que começou com as chibatas e estupros, continuou com a
segregação, a falta de emprego, o lar desestruturado, a violência doméstica, o
abandono matrimonial, a falta de emprego e condições básicas de
sobrevivência, o tráfico como ultima ratio para a sobrevivência, e por fim, o
sistema prisional, que causa a morte de mulheres negras durante ou pós o
encarceramento. (FERNANDES; ERCOLANI, 2020, s/p).

2. DA SENZALA AO CÁRCERE

Trazidas como objetos, como mão de obra, como máquinas


reprodutivas, ou como objetos sexuais disponíveis a qualquer momento, com
ou sem crueldade, com ou sem consentimento (e na esmagadora maioria das
vezes, sem ele), mulheres negras, sofreram transgressões nas esferas físicas,
emocionais, patrimoniais e individuais, nunca houve a chance de escolha para
mulheres negras. (BOITEUX, 2016, /p).

Vitimadas das zeladas até o cárcere, houve um longo percurso de


transgressões físicas, emocionais e patrimoniais, sofridos por mulheres negras
ao longo da história. Antes de compreendermos propriamente como a o
encarceramento feminino negro é o resultado, atual, da seletividade penal,
entenderemos o percurso, sofrido por mulheres negras desde o começo dos
tempos, e de quais formas toda a opressão aconteceu. (FERNANDES, 2005,
s/p).

Na obra “Falcão Mulheres e o tráfico”, MV Bill e Celso Athayde, relatam


a história de várias mulheres, a maioria delas negras, e como cada uma,
através de perspectivas completamente diferentes, acabaram parando em um
mesmo lugar, o tráfico de drogas, o presídio ou o caixão. Cada mulher tinha um
histórico particular, que em nada se comunicava como as demais histórias, a
não ser por um único fator: a favela. (ATHAYDE; BILL, 2007)

Logo após a alegada abolição da escravidão no Brasil, após longos 300


(trezentos) anos de violência, abusos, exploração de poder, castigos físicos, e
chegado o momento, que ao nosso ver, parece um dos mais promissores da
humanidade. Claro, não em razão as próprias vontades do Brasil, mas em
decorrência da influência política externa ao país. (GUIDO, 2015, s/p).
Com o suposto fim do sistema brutal da escravidão, uma coisa
permaneceu: a população negra, que agora ainda que não mais pertencente a
nenhum senhor ou senhora, também não tinham casas, comida, trabalho ou
sequer, qualquer política e integração do negro da sociedade. Diante de tal
contexto, sem nenhuma política pública de inclusão, aquilo que conhecemos
como escravidão, só deixou de ter o mesmo nome. Pessoas negras
continuavam as margens da sociedade, momento em que começam a surgir
favelas, um emaranhado de casas, as margens da sociedade, sem
planejamento, sem encanamento, sem energia adequada, sem acesso à
saúde, ou a educação, ou a qualquer elemento básico de sobrevivência.
(NOELLE, 2017, s/p).

Dessa feita, diante do contexto de recomeço da população negra, não


havia muitas condições para mulheres negras, recém abolidas, sem nenhuma
condição de reconstruir a vida longe da realidade de dor e sofrimento físico em
que começaram nesse país. A partir desse momento, aquilo que deveria ser
um recomeço, de certa forma não deixou de ser, mas, nem de perto positivo e
feliz, que é o que se espera de recomeços. (BATISTELA, AMARAL, 2014, s/p).

Ainda as margens da sociedade, ocupando favelas e periferias de todo


país, as saídas não eram muitas para mulheres pretas, as condições de
trabalho ainda são análogas a que acabou de sair, o salário não é alto, a carga
horária era intensa, os benefícios sequer existiam, enquanto isso, os filhos
estavam em casa ou na rua, era impossível cuidar da vida, da sobrevivência,
da casa e ainda saber onde estavam os filhos a qualquer hora no dia. Em
resumo, as opções eram duas: trabalhar 12 horas por um salário que mal
colocava comida na mesa, ou entrar no tráfico, que não garantia segurança e
nem tempo de vida, mas colocava comida na mesa, comprava um tênis novo
pra criança ir à escola e pagava o aluguel. (LIMA; MIRANDA, 2017, s/p).

Angela Davis, em 2017, durante uma visita ao Brasil, postulou sobre


como os presídios são alimentados por corpos negros, e ainda, falou sobre a
ligação direta entre o punitivíssimo e sua herança de escravidão. A escravidão,
através de uma atualização do seu próprio sistema, criou uma forma,
supostamente, mais humanizada de punir transgressões, todavia, não passa
de uma ferramenta para continuar mantendo corpos negros sobre o controle do
Estado. Dessa feita, o que hoje conhecemos como um “novo sistema”, é na
verdade, o sistema escravocrata atuando ainda nos tempos de hoje, com uma
nova roupagem, com a ideia de humanização das penas, aquilo que na vida
real, nem beira nenhuma evidência de humanização. (FERNANDES, 2005,
s/p).

De volta aos dados trazidos pelo INFOPEN 2022, das 27.547 (vinte e
sete mil, quinhentos e quarenta e sete mil) mulheres encarceradas, mais de 12
(doze) mil mulheres foram encarceradas pelo delito de tráfico de drogas, o que
reafirma a informação anteriormente mencionada nesta pesquisa, a saber que
muitas mulheres negras, a margem da sociedade recorrem ao tráfico e outras
condutas delitivas como uma forma de subsistência, diante de uma sociedade
estruturalmente racista que inviabiliza a sobrevivência da população negra por
vias tradicionais como de uma pessoa não negra faria. (FERNANDES;
ERCOLANI, 2020, s/p).

O encarceramento em massa de mulheres negras, em decorrência da


seletividade penal exercida sobre esses corpos, faz com que urge a
necessidade de se repensar o sistema prisional. Encarcerar é a forma mais
efetiva de reeducação social? Existe reeducação social que sobrevenha ao
cárcere? Esses foram questionamentos que sobrevieram durante toda a
pesquisa, sem sucesso nas respostas, o encarceramento em massa de
mulheres negras, só responde e demonstra como o racismo ainda escolhe e
destina o caminho de mulheres negras no Brasil, dificultando de todas as
pessoas possíveis a sobrevivência da população negra neste país, seja pela
falta de acesso, falta de saúde, falta de educação. Inexiste políticas públicas
que incluam mulheres negras como parte do plano de desenvolvimento do
Brasil. Em razão disso, todos os dias, dezenas de mulheres negras, continuam
sendo encarceradas dia após dia, pelas mesmas razões, raça, gênero e classe.
(FERNANDES; ERCOLANI, 2020, s/p).

Nesse diapasão, afirmam Carolina de Sena e Kamila Machado:

A tarefa do direito também é debater questões de raça, gênero e


classe, compreendendo a profissão enquanto um sujeito coletivo que
incide diretamente na realidade dos sujeitos, e tem responsabilidade
de dar direcionamento crítico ao seu exercício profissional, de modo a
tensionar espaços como o do cárcere em favor de uma sociedade
que não segrega mulheres negras. (FERNANDES; ERCOLANI, 2020,
s/p).

Nesse diapasão, é nosso dever enquanto profissionais do direito,


questionar as estruturas que regem o sistema prisional no Brasil. Ademais,
buscar formas eficazes de resolver transgressões ao ordenamento jurídico
brasileiro, uma vez que, dada a quantidade de ex-detentas que se reinserem
no crime, ante a falta de oportunidades pós cárcere, não adianta apenas e tão
somente jogar um grande numero de mulheres dentro de uma cela, sob a
justifica de reeducação social, em um sistema notadamente falido, que
funciona apenas como uma escola da criminalidade, além de desperdício de
dinheiro público, é brincar com vidas humanas. (MBEMBE, 2018, s/p).

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Isto posto, é possível concluir que o Brasil, ainda que após mais de 120
(cento e vinte) anos de abolição, ainda é um país escancaradamente racista,
que tras mazelas da escravidão até a contemporaneidade, tendo a mais de 500
(quinhentos) o mesmo alvo: corpos negros. No recore desta pesquisa,
mulheres negras que todos os dias tem suas vidas transgredidas pelo sistema,
que seletivamente, escolhe corpos negros para vitimizar.
Dessa feita, também foi possível concluir, que o encarceramento não foi
e não é a única ferramenta do racismo para marginalizar mulheres pretas, na
realidade o encarceramento é apenas um tentaculo do grande polvo que é o
sistema racista. No decorrer da pesquisa, conforme demonstrado, foi possível
perceber que o racismo age em todas as nuances da vida de uma pessoa
preta.
O encarceramento em massa de mulheres negras, é na realidade a
ultima ratio, do referido sistema, antes de encarcerar, o racismo tira de milheres
de mulheres negras a oportunidade de emprego, um lar estruturado, onde as
mesmas não sejam expostas constantemente a violencia física, moral,
pssiquica, bem como, muitas vezes patrimonial.
Grande parte das mulheres que vão parar nos presidios do Brasil, na
realidade cometeram crimes como ultima alternativa de sobrevivencia,
conforme demonstrado anteriormente, muitas justificativas são em razão do
abandono sofrido pelos parceiros, ou aqueles que antes mantinham a
economia familiar e também vieram ao sistema penitebciário, não sobrando a
essas mulheres outra solução que não a continuidade delitiva para manter a
casa.
Além disso, as favelas e periferas tem grande particpação no cenário do
encarceramento feminino negro, porque não restou outro lugar na sociedade
que coubessem mulheres negras, não foi oportuizado a essas mulheres ocupar
outro espaço que não as favelas e periferias de todas as cidades do Brasil,
cercadas de miséria, violencia, e condições subhumanas de sobrevivencia,
retirando dessas mulheres qualquer possibillidade de escolha para uma vida
diferente da criminalidade.
Nesse diapasão, impossível não mencionar o papel que o Estado deixa
de cumprir ao não oportuizar a essas mulheres um lugar diferente do que
ocupam atualmete na sociedade. Inexiste por parte do Estado, politcas públicas
capazes de ao menos dar a mulheres negras a possibilidade de escolher entre
uma vida comum ou a criminalidade. Não obstante, o Estado que deveria
proteger essas mulheres das marcas do sistema escravocrata, conta na
verdade, com o apoio desse sistema para continuar vitimizando e
marginalizado mulheres negras.
Por fim, cumpre trazer a baila ainda, o fracasso do sistema prisional, que
além de encarcerar mulheres negras, muita delas, com seus filhos, sem
oferecer nenhuma condição digna de reeducação social, causa na realidade,
um sofrimento inenarravel a essas mulheres, e muitas das vezes, quando não
abandonas pela familia e os companheiros, o sofrimento se estente aos laços
familiares, a distancia dos filhos que não podem e também não devem
permancer no ambiente inospido das prisões.
Os presidio, quase nunca, oferecem condições de reeducação social, na
realidade, os dados apontados do INFOPEN 2022, ilustram a tamanha mazela
e fracasso do sistema prisional, que além de não ressocializar, que é sua
função básica, expoe mulheres negras a condições degradantes de
sobrevivecia. O défict na saúde, principalmente mental, o abando estatal, e o
fracasso do sistema, ainda que após o cumprimento da pena, continua
encarcerando perpetuamente mulheres negras no Brasil.

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Por ser a expressão da verdade, firmo a presente declaração ficando


responsável pela veracidade das informações contidas neste relatório e
ciência do conteúdo da Resolução CEPE-UEMS Nº 1.415 de 21/05/2014.

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