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PALAVRAS-CHAVE
4. INTRODUÇÃO
Além disso, não são apenas as mulheres pretas que além de fácil alvo
para o tráfico de drogas que sofrem com a seletividade penal, uma
consequência marcante do encarceramento em massa é que essas mulheres
que tem uma dupla jornada como mães, tem seus filhos que são dependentes
delas para subsistência também à mercê do Estado, nos casos em que o lar é
composto somente da mãe e da criança, por exemplo, se não houver outra
pessoa que possa se responsabilizar pela criança a mesma muito
provavelmente será encaminhada por um orfanato, ato esse que
inevitavelmente desencadeia uma série de outros problemas para esse lar,
bem como para a mãe e a criança. Isto posto, um dos itens que também serão
abordados no decorrer desta pesquisa será o estudo de alguma forma que
possibilite uma mudança na política de proteção social, para a mulher que está
cada dia mais vulnerável ao tráfico de drogas como consequência de tudo a
que é submetida uma mulher negra neste país, e também, as crianças filhas e
filhos de mulheres pretas que estão expostas ao tráfico e consequentemente a
seletividade penal do Estado brasileiro. (BOITEUX, 2016, p. 3).
5. OBJETIVOS
6. METODOLOGIA
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta senda, é tão fácil visualizar tal realidade das prisões brasileiras,
que no ano de 2016, o atual Ministro da Justiça, à época dos fatos José
Eduardo Martins Cardoso, fez a seguinte afirmação sobre as prisões
brasileiras:
É visível a falha do cárcere no Brasil, uma vez que até mesmo quem
detém o poder tem medo e afirma publicamente o fracasso prisional brasileiro,
quiçá quem o enfrenta na pele. O mais alarmante na situação prisional no
Brasil, é que desde a colonização, desde a escravidão, o sistema prisional do
Brasil, ainda que com algumas poucas transformações guardam memória do
terror da escravidão, da violência, da desumanização do corpo preto, e no
recorte desse trabalho, principalmente mulheres negras. (BOITEUX, 2016,
s/p).
2. DA SENZALA AO CÁRCERE
De volta aos dados trazidos pelo INFOPEN 2022, das 27.547 (vinte e
sete mil, quinhentos e quarenta e sete mil) mulheres encarceradas, mais de 12
(doze) mil mulheres foram encarceradas pelo delito de tráfico de drogas, o que
reafirma a informação anteriormente mencionada nesta pesquisa, a saber que
muitas mulheres negras, a margem da sociedade recorrem ao tráfico e outras
condutas delitivas como uma forma de subsistência, diante de uma sociedade
estruturalmente racista que inviabiliza a sobrevivência da população negra por
vias tradicionais como de uma pessoa não negra faria. (FERNANDES;
ERCOLANI, 2020, s/p).
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Isto posto, é possível concluir que o Brasil, ainda que após mais de 120
(cento e vinte) anos de abolição, ainda é um país escancaradamente racista,
que tras mazelas da escravidão até a contemporaneidade, tendo a mais de 500
(quinhentos) o mesmo alvo: corpos negros. No recore desta pesquisa,
mulheres negras que todos os dias tem suas vidas transgredidas pelo sistema,
que seletivamente, escolhe corpos negros para vitimizar.
Dessa feita, também foi possível concluir, que o encarceramento não foi
e não é a única ferramenta do racismo para marginalizar mulheres pretas, na
realidade o encarceramento é apenas um tentaculo do grande polvo que é o
sistema racista. No decorrer da pesquisa, conforme demonstrado, foi possível
perceber que o racismo age em todas as nuances da vida de uma pessoa
preta.
O encarceramento em massa de mulheres negras, é na realidade a
ultima ratio, do referido sistema, antes de encarcerar, o racismo tira de milheres
de mulheres negras a oportunidade de emprego, um lar estruturado, onde as
mesmas não sejam expostas constantemente a violencia física, moral,
pssiquica, bem como, muitas vezes patrimonial.
Grande parte das mulheres que vão parar nos presidios do Brasil, na
realidade cometeram crimes como ultima alternativa de sobrevivencia,
conforme demonstrado anteriormente, muitas justificativas são em razão do
abandono sofrido pelos parceiros, ou aqueles que antes mantinham a
economia familiar e também vieram ao sistema penitebciário, não sobrando a
essas mulheres outra solução que não a continuidade delitiva para manter a
casa.
Além disso, as favelas e periferas tem grande particpação no cenário do
encarceramento feminino negro, porque não restou outro lugar na sociedade
que coubessem mulheres negras, não foi oportuizado a essas mulheres ocupar
outro espaço que não as favelas e periferias de todas as cidades do Brasil,
cercadas de miséria, violencia, e condições subhumanas de sobrevivencia,
retirando dessas mulheres qualquer possibillidade de escolha para uma vida
diferente da criminalidade.
Nesse diapasão, impossível não mencionar o papel que o Estado deixa
de cumprir ao não oportuizar a essas mulheres um lugar diferente do que
ocupam atualmete na sociedade. Inexiste por parte do Estado, politcas públicas
capazes de ao menos dar a mulheres negras a possibilidade de escolher entre
uma vida comum ou a criminalidade. Não obstante, o Estado que deveria
proteger essas mulheres das marcas do sistema escravocrata, conta na
verdade, com o apoio desse sistema para continuar vitimizando e
marginalizado mulheres negras.
Por fim, cumpre trazer a baila ainda, o fracasso do sistema prisional, que
além de encarcerar mulheres negras, muita delas, com seus filhos, sem
oferecer nenhuma condição digna de reeducação social, causa na realidade,
um sofrimento inenarravel a essas mulheres, e muitas das vezes, quando não
abandonas pela familia e os companheiros, o sofrimento se estente aos laços
familiares, a distancia dos filhos que não podem e também não devem
permancer no ambiente inospido das prisões.
Os presidio, quase nunca, oferecem condições de reeducação social, na
realidade, os dados apontados do INFOPEN 2022, ilustram a tamanha mazela
e fracasso do sistema prisional, que além de não ressocializar, que é sua
função básica, expoe mulheres negras a condições degradantes de
sobrevivecia. O défict na saúde, principalmente mental, o abando estatal, e o
fracasso do sistema, ainda que após o cumprimento da pena, continua
encarcerando perpetuamente mulheres negras no Brasil.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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