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A mulher e o envolvimento com o tráfico de drogas: uma análise das matérias

de um veículo de comunicação catarinense

Bárbara Martini1
Keylla Maciel Gomes da Silva¹
Elisângela Domingues Michelatto Natt2

Resumo: O significativo crescimento do número de mulheres envolvidas com o tráfico


de drogas no Brasil não só desvela complexos problemas em torno das relações de
gênero no país, mas sinaliza para a objetificação da mulher na sociedade. Nesse
sentido, buscou-se analisar o conteúdo de reportagens sobre mulheres envolvidas
com o tráfico de drogas no estado de Santa Catarina, identificando o veículo que mais
versa sobre essa temática e selecionado aquele com maior número de matérias sobre
o assunto, buscando conhecer como são retratadas essas mulheres e entender como
lhes é atribuída a participação nos delitos cometidos. Para as análises utilizou-se a
técnica de análise de conteúdo, de Bardin. Concluiu-se que as histórias dessas
mulheres, bem como as relações de gênero que a levam ao envolvimento com o
tráfico não são considerados nas narrativas, demonstrando um modelo raso e puro.

Palavras-chave: Gênero. Mulheres. Tráfico de Drogas. Mídia.

1. INTRODUÇÃO

O encarceramento feminino no Brasil apresenta um crescimento exponencial


no cenário nacional desde os anos 2000, visto que teve um aumento de 455% desse
período até o ano de 2016, atingindo o registro de 42 mil mulheres privadas de
liberdade. O cenário nacional, então mencionado, configura a colocação do Brasil com
a quarta maior população de mulheres aprisionadas do mundo. Ao que se refere a

1 Acadêmicas do Curso de Psicologia


2 Professora Orientadora
região sul do Brasil, dessas 42 mil mulheres, 6.724 concentram-se nela. (INFOPEN,
2016)
Nesse sentido, outro dado pertinente a questão, é o tipo de delito predominante
nesse cenário, o tráfico de drogas, o qual compreende 62% do total dessa população
(INFOPEN, 2016). Nesse contexto, nota-se que a principal razão pela qual mulheres
são aprisionadas atualmente no Brasil, é a ligação com tráfico de drogas.
A privação de liberdade se estabelece historicamente, como menciona Cortina
(2015), numa tentativa de higienizar e controlar os corpos de uma população marginal
e antagônica a lógica do sistema capitalista. Deste modo, constitui-se como instituição
justificada pela ordem moral, que aprisiona o indivíduo que transgredi essa moralidade
estabelecida nas leis.
Nesse sentido, Oliveira (2018) aponta, que, o aprisionamento se apresenta por
uma gama de incidência penal recorrente, a qual sofre alterações históricas, na
medida que também sofre variação de acordo com gênero. Com isso, a partir da
década de 80, surge então, tais modificações a respeito da causalidade de
aprisionamentos femininos, de modo que, até o dado período, a maior prevalência de
atos delitivos se caracterizava como crimes domésticos. A partir disto, crimes
envolvidos com o tráfico de drogas começou a crescer exponencialmente no universo
feminino, tornando-o o principal motivo de encarceramento, seguido por roubo e furto.
Esse dado, permite inferir correlação com as novas configurações familiares e
de mercado de trabalho. Essas configurações transferem paulatinamente o
crescimento da responsabilização da subsistência do lar e dependentes às mulheres,
consequentemente aumentando a necessidade da participação feminina no mercado
de trabalho.
No entanto, essas funções da mulher na sociedade, não garantem a efetiva
inserção no mercado de trabalho, portanto, não cria condições do exercício pleno de
tais novas funções, construindo nessa medida, situações economicamente
vulneráveis. Com isso, atividades ligadas ao tráfico de drogas, demonstram-se como
uma alternativa na garantia da subsistência (SANTIN, 2019; HELPS, 2019).
Outro fato que, comumente permeia a relação de mulheres com o tráfico de
drogas, é o relacionamento afetivo com homens já inseridos em atividades
relacionadas ao tráfico. Portanto, o envolvimento amoroso com homens traficantes,
tem demonstrado correlação com a entrada para atividades relacionadas ao tráfico de
drogas (AMARAL, 2019).
Esse significativo crescimento do envolvimento de mulheres com atividades
relacionadas ao tráfico de drogas e consequentemente o encarceramento das
mesmas, nas últimas décadas, suscita cada vez mais que se busque conhecer as
motivações e respectivos contextos constituintes deste comportamento transgressor
da ordem vigente, bem como ainda requer mais pesquisas que desvelem as
minuciosidades da condição de vulnerabilidade dessas mulheres.
Buscando mais informações sobre o que já se tem produzido sob essa
temática, a partir do levantamento realizado na base de dados do Google Acadêmico
utilizando as palavras chaves; mulher + tráfico de drogas, foram encontrados 38.400
textos científicos, dentre esses, 24.220 eram do âmbito da Psicologia. Entre alguns
desses textos, encontramos importantes trechos argumentativos pertinentes a
relevância científica a que se propõe o vigente estudo.
Germano, Monteiro e Liberato (2018), por exemplo, mencionam que a
psicologia tem o dever de fomentar discussões sobre o modelo punitivista a partir de
uma postura ética, política e radical, nos espaços macro e micropolíticos, que
considerem ainda, a gênese da lógica das prisões. Em outras palavras, a relevância
das pesquisas psicológicas nesse âmbito, possuem o dever em compreender as
estruturas que fundamentam a privação de liberdade, além de promover articulações
políticas que produzam saúde no sentido ampliado, dessa população.
Já Oliveira (2018) pontua que, a insipiência de pesquisas voltadas a
compreensão da complexa realidade da mulher envolvida com o tráfico de drogas e
todos os fenômenos constituintes à questão, no contexto brasileiro, configura-se como
incremento para o avanço de pesquisas nesse âmbito.
Nesse sentido, buscou-se neste trabalho analisar o conteúdo de reportagens
sobre mulheres envolvidas com o tráfico de drogas no estado de Santa Catarina. Para
que fosse alcançado esse objetivo foi (1) identificado o veículo que mais versa sobre
essa temática e selecionado aquele com maior número de matérias sobre o assunto,
buscando (2) conhecer como são retratadas essas mulheres e (3) entender como lhes
é atribuída a participação nos delitos cometidos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Crime: uma perspectiva de gênero

2.1.1 Conceito de Gênero

Ao recorrer a palavra mulher, faz-se necessário situar seu significado nos


diversos contextos de aplicação do termo. Para biologia trata-se então do sexo
feminino, o qual difere-se do masculino pelo aparelho reprodutor sexual. No entanto,
as diferenças possuem outros marcadores, como os de ordem cultural que
categorizam e atribuem significado ao que é ser mulher, esse marcador denomina-se
de gênero (RAMOS et al., 2017).
De acordo com o que traz Butler (2003) a noção de mulher a partir do gênero
carrega modos de ser que são construídos socialmente, ou seja, ele não é
consequência do sexo biológico, e, que, para além disto, o que é compreendido como
ser mulher dentro da cultura acaba por se caracterizar como destino. A autora traz
então a noção da binaridade presente na noção de gênero bem como no sexo
biológico, porém como uma crítica, já que essa predeterminação cultural se concebe
em um determinismo, que padroniza papéis a serem incorporados na sociedade.

2.1.2 O papel da mulher em relação a criminalidade

Ao estudar o fenômeno do crime, vários traços marcantes se destacam, entre


os quais há uma diferença significativa entre homens e mulheres neste fenômeno.
Essa premissa é confirmada pelos dados da Infopen (Levantamento Nacional de
Informações Penitenciárias), disponibilizada em dezembro de 2019, por meio do
Poder Penitenciário Nacional, sobre a taxa de incidência da legislação sobre drogas,
o que explica ser esse o motivo da privação de liberdade de 50,94% das mulheres,
enquanto para os homens esse percentual cai para 19,17%. Outro aspecto que revela
a diferença de gênero nas práticas criminais é a tipologia dos crimes contra o
patrimônio, onde esse percentual se inverte e indica 51,84% para os homens e
26,52% para as mulheres (INFOPEN, 2019).
A relação entre mulheres e a alta prevalência do envolvimento com o crime de
tráfico de drogas, ainda não possui consenso para uma definição exata. Entretanto,
pesquisas nesse âmbito, tem demonstrado forte correlação entre mulheres que se
tornam parceiras de homens envolvidos com tráfico, devido a um relacionamento
afetivo estabelecido, o que impacta significativamente em suas prisões (SILVA, 2105).
Essa informação, mostra, que não há, necessariamente, uma ligação direta de
mulheres com o tráfico de drogas, e que este, por vezes, se estabelece a partir da
cumplicidade derivada da vinculação com homens traficantes, concebendo com isso,
a passividade da mulher nesse contexto.
Nesse sentido, tal prerrogativa reafirma a conexão entre papéis sociais
historicamente definidos para as mulheres, que conquistaram o valor da mulher por
meio do casamento, da obediência e fidelidade desmedida aos homens. Essa
afirmativa era reforçada principalmente pela igreja, que pregava a ideia da “santa-
mãezinha”, a qual estimulava os ideais de condescendência, resignação e docilidade
ao casamento e consequentemente dominação do homem, como afirmara Priore
(1993).
Outra perspectiva a ser considerada no contexto de alto índice de mulheres
envolvidas com tráfico de drogas em relação aos homens, se dá na medida em que
há necessidade de vislumbrar a possibilidade de a mulher ocupar o papel de
protagonista nesse cenário. Com isso, subverte-se a ordem social até então
estabelecida, que, subjuga-a vinculada a esse crime, pelo viés afetivo dependente e
traz a realidade de uma perspectiva econômica. Quer dizer, que o envolvimento com
o tráfico ocorre pelo retorno financeiro, o qual torna-se relevante para mulher, à
medida que aumenta o número de mulheres que são responsáveis pelo sustento da
família (CURCIO, 2016).
Outro elemento complementar a este conceito é o poder e o respeito
experimentado pelas mulheres diretamente envolvidas no tráfico. Tal cenário também
lhes confere um lugar de poder e autoridade que historicamente poucas pessoas
tiveram experiência (BARCINSKI, 2009). Esse questionável privilégio vai contra o que
Butler (2016) menciona sobre a superação de conceitos sociais predefinidos de
gênero, por meio de uma força inovadora que se impõe ao sujeito como uma forma
de resistência que ela denomina como agência.
Considerando todas essas perspectivas, foram encontrados e sintetizados três
elementos que constroem o enredo do envolvimento das mulheres com o tráfico. O
primeiro, está vinculado ao (1) papel de submissão de gênero construído pelas
instituições dominantes. Seguido pela (2) necessidade econômica, já que, nesse
aspecto, o tráfico representa uma alternativa de subsistência em uma sociedade
marcada pelo sistema capitalista que acarreta imensa desigualdade social. E por fim,
(3) a necessidade de construção da subjetividade pautada no protagonismo da sua
própria história.
Diante da complexidade envolvendo esse contexto, fica evidente o enlace de gênero
com o crime de tráfico de drogas, nessa lógica, a mulher segue sendo duplamente
estigmatizada. A princípio por transgredir a norma que estabelece sua “função”
enquanto mulher na sociedade, na sequência, é julgada também, por infringir as leis
penais constituídas pelo estado burguês (SILVA, 2015; BUGLIONE, 2002). Por
conseguinte, mesmo com os avanços dos direitos das mulheres e a progressiva
desconstrução de identidades pré-definidas na sociedade do século XXI, as mulheres
seguem sendo afetadas pelas raízes estruturais da sociedade capitalista e patriarcal
por sua lógica primordial.

2.2 O Tráfico de Drogas e o Sistema Punitivo no Brasil

Para que se faça compreensível a lógica do sistema punitivista, advém situar


previamente a noção de crime, a qual de acordo com o que traz Baratta (2011), é
necessário adotar um viés crítico, que descarte o olhar positivista psicobiológico do
crime e torne a compreender o processo de criminalização em si. Este, ao ser
interpretado pelo prisma da criminologia crítica, se coloca como um fenômeno
enviesado com as relações de produção do capitalismo, com isso, situa o processo
de criminalização no seio estruturante de conflitos sociais advindo da afirmativa do
poder político-econômico regente. Sendo assim, se estabelece a partir da
intencionalidade do sistema punitivo, que se transpõe como mantenedor da ordem
estabelecida pela classe dominante do estado burguês, e, com isso, estabelece o foco
da criminalização em seu próprio processo constitutivo, ou seja, no próprio reflexo
tensional dessa manutenção das desigualdades sociais (BARATTA, 2011).
No intuito de aperfeiçoar as técnicas punitivas, o estado reconfigura suas
tecnologias punitivas, porém, não no sentido de humaniza-las, mas sim disciplinar
com maior poder sobre os corpos, intervindo para além do controle físico, atingindo
principalmente o nível psicológico dos apenados/as. Tal premissa, corrobora com a
perspectiva crítica da criminologia, visto que essas tecnologias punitivas se tornam
tecnologias políticas, à medida que disciplina esses corpos a exercerem determinada
função social em detrimento do aspecto econômico das relações de produção
(FOCAULT, 1986).

2.3 A mídia e seu poder de discurso

Enquanto preceito primordial, a mídia se coloca como um instrumento de


propagação de informações. Para além disto, essas informações acabam por
estabelecer uma representação no mundo a partir de seu conteúdo. Não obstante,
mesmo com o exponencial desenvolvimento da tecnologia e o grande número de
informações, ela não contempla toda a pluralidade de representações da vida
(BIROLI, 2011). Desse modo, pode haver representações unilaterais e/ou
homogêneas acerca de uma determinada realidade, principalmente quando há
disputa ideológica e/ou política, com o objetivo de construir uma “verdade” sobre
cenários que se constituem por diversas perspectivas.
Ribeiro e Mezarroba (2019) citam que a mídia possui um poder simbólico, poder
esse capaz de construir visões de mundo, do que é “normal”, “certo”, “bom” ou “ruim”.
Nesse sentido, criam-se então referências que dão o direcionamento através do
discurso.

3. METODOLOGIA

3.1 Natureza da Pesquisa

A caracteriza-se por seu aspecto qualitativo, uma vez que há a preocupação


com questões e temas que não podem ser quantificados, tendo o foco principal na
compreensão e análise de aspectos envoltos nas relações sociais (GERHARDT;
SILVEIRA, 2009). Nesse sentido, busca-se a objetivação do fenômeno, a
hierarquização do que será descrito, a tentativa de compreensão, explicação e
pertinência das relações entre o global e o local em determinado fenômeno. Também
se demarca nesse formato de pesquisa, a observância das diferenças entre o mundo
social e o mundo natural bem como o respeito ao caráter interativo entre os objetivos
buscados pelos pesquisadores em suas orientações teóricas e as informações
empíricas, buscando assim, resultados fidedignos, em oposição ao pressuposto que
defende um modelo quantitativo de pesquisa.
Minayo (2014) afirma que a pesquisa qualitativa considera um universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, correspondendo a um
espaço mais profundo das relações e processos que envolvem os fenômenos não
restritos à operacionalização de variáveis. Nesse sentido, a pesquisa acaba por
ganhar também um caráter descritivo, uma vez que exige dos pesquisadores o acesso
e apresentação de uma série de informações sobre o que se está pesquisando.

3.2 Percurso para a coleta das informações

Esta pesquisa foi realizada com base em notícias veiculadas através do jornal
ND+, pertencente ao grupo ND, de circulação diária em meio eletrônico no estado de
Santa Catarina. A coleta de dados no referido jornal foi realizada durante os períodos
do mês de fevereiro de 2018 a março de 2021, com um total de 17 artigos. Estes
artigos podem ser acessados livremente através de meio eletrônico.
A pesquisa foi realizada diretamente na ferramenta de pesquisa do jornal,
utilizando-se as palavras-chave mulheres + tráfico. A partir dos resultados obtidos, a
seleção de notícias deu-se inicialmente através da leitura flutuante. Denomina-se
assim o primeiro contato do analista com os documentos que compõem o estudo, com
o objetivo de obter impressões iniciais a respeito dos mesmos (BARDIN, 1977).
Utilizou-se como critérios de pesquisa os recursos de notícias, como idioma,
manchete, localização da notícia, se possuía mídias visuais ou não e data. Tais
critérios se mostram importantes, uma vez que a pesquisa necessita de material
específico que corrobore ou não com a teoria.
3.3 Procedimentos para a análise das informações

A pesquisa trata-se de uma análise documental, de caráter descritivo e com


abordagem qualitativa, que segundo Minayo (2014a, p.57), "é o que se aplica ao
estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e
das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como
vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos”.
Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que
segundo Bardin (2011, p.37) “é um conjunto de técnicas de análise das
comunicações”, ou seja, é a interpretação dos significados por meio de uma
“descrição analítica, segundo procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens” (BARDIN, 2011, p.41). Em outras palavras, a análise de
conteúdo permite que o pesquisador entenda as representações dos atores sociais
do objeto de estudo.
A partir desta leitura, iniciou-se a seleção dos artigos de maior relevância para
a pesquisa e foram estabelecidos os critérios de exclusão, são eles: notícias de casos
ocorridos fora do estado de Santa Catarina, não envolvimento direto de mulheres com
o tráfico de drogas e notícias sobre outros crimes cometidos em decorrência do tráfico
de drogas. Após várias leituras, as reportagens selecionadas foram agrupadas por
categorias mais relevantes para investigação. Estas categorias serviram de base para
a elaboração de uma planilha de análise de conteúdo conforme tabela abaixo, para
posteriormente cada tema ser abordado da maneira correta.

Quadro 1 – Categorias selecionadas para a análise

Categorias temáticas Subcategorias Conteúdo abordado

comercialização de - Prisão em flagrante (6) - Envolvimento de


drogas ilícitas (12) - Prisão por meio de menores de idade (4)
investigação (3)
Armazenamento de - Prisão por denúncia (2) - Envolvimento de
drogas (2) familiares (2)
Transporte de drogas - Prisão por revista íntima - Envolvimento de
(2) (2) parceiro íntimo (2)
Fonte: Elaborado pelas autoras.
4. Resultados

A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, observa-se a subdivisão em


três categorias principais. A categoria comercialização de drogas ilícitas representa
75% de todo o material pesquisado, e refere-se às notícias cujo tema principal aborde
a comercialização de drogas realizada por mulheres. Dentro desta categoria principal,
identificaram-se duas outras subcategorias, são elas: prisão em flagrante e prisão por
investigação policial. A subcategoria prisão em flagrante define as notícias em que a
apreensão de drogas e consequente prisão das mulheres aconteceram em flagrante.
Já a subcategoria prisão por meio de investigação refere-se a buscas e apreensões
de mulheres que já eram suspeitas do crime de tráfico de drogas, sendo emitido e
cumprido então um mandado de prisão a estas mulheres de acordo com o Art. 285 do
código de processo penal (BRASIL, 1941). Além destas subcategorias, encontrou-se
o conteúdo abordado com maior frequência, identificado como envolvimento de
menores de idade. Esta categoria aborda notícias cujo texto apresente o envolvimento
de menores de idade no crime de tráfico de drogas, sem a necessidade de o menor
pertencer ao grupo familiar.
A segunda categoria principal identificada refere-se ao armazenamento de
drogas, e representa 12,5% de todo o material pesquisado. Esta categoria inclui textos
em que as mulheres citadas não estavam ligadas diretamente a comercialização de
drogas ilícitas, mas sim no armazenamento delas. Dentro desta categoria, observou-
se a subcategoria prisão por meio de denúncia, a qual refere-se à abordagem policial
por meio de denúncias anônimas feitas por terceiros. Dentro desta subcategoria,
identificou-se o conteúdo abordado com maior predominância, referente ao
envolvimento de familiares. Este terceiro item refere-se aquelas notícias em que
familiares estavam presentes no momento da abordagem policial. Dentre estes
familiares, incluem-se filhos ou irmãos, maiores ou menores de idade.
A categoria transporte de drogas ilícitas representa 12,5% de todo o material
coletado e refere-se principalmente ao transporte ou entrega de drogas para terceiros.
Dentro desta categoria, observa-se a subcategoria prisão por meio de revista íntima,
que resume o fato de a prisão ter ocorrido no ato da revista para visita íntima em
presídios masculinos. O conteúdo abordado nesta subcategoria refere-se ao
envolvimento de parceiro íntimo no crime.
5. Discussão

As informações apresentadas demonstram um índice elevado de envolvimento


de mulheres com o tráfico de drogas, principalmente com a comercialização de
drogas. Tal fato pode ser motivado pela busca de algum retorno financeiro, uma vez
que mulheres encontram dificuldades de se inserir no mercado de trabalho e garantir
condições mínimas para o sustento e provimento da família (SANTIN, 2019). Ainda
segundo Santin (2019), o aumento de mulheres responsáveis pelo lar aliado aos
baixos salários quando comparados aos dos homens também é apontado como um
dos motivos do envolvimento destas mulheres. Nesse sentido, conforme cita Silva
(2015, p.30), o tráfico de drogas oferece “uma alternativa de subsistência que as ajuda
a driblar o mercado precário e excludente para nele se inserirem”.
Outro motivo que pode estar relacionado ao envolvimento e consequente
prisão por tráfico são as dificuldades encontradas pelas mulheres nos trabalhos
ilegais, sendo comum desenvolverem trabalhos secundários de menor importância,
com ganhos inferiores e de maior risco (ALARID et al, 2000; SOARES E ILGENFRITZ,
2002).
A segunda categoria, armazenamento de drogas, está intimamente relacionada
à primeira, contendo menor porcentagem do que a comercialização de drogas. Porém,
cabe discutir também os motivos que levaram essas mulheres envolvidas com tráfico
a cometer o crime. Silva (2015) cita que existe uma ausência de consenso sobre as
causas que levam as mulheres ingressarem no tráfico, sendo que, um dos motivos
que apresentam maior recorrência é a vinculação a um parceiro envolvido com tráfico
previamente. Tal motivo não poder ser ignorado, já que, ainda é uma realidade entre
algumas mulheres o envolvimento no tráfico através de parceiros, porém não é o
único. Como ressalta a autora, vincular a presença dessas mulheres no tráfico
somente através do parceiro enfatiza e reforça padrões e estereótipos de gênero e
não coloca em pauta os condicionantes sociais e econômicos para o ingresso no
crime. A autora nos leva a pensar que tal vinculação pode aumentar o grau de
vitimização feminina e não representa a realidade de todas as mulheres (SILVA,
2015).
Portanto, a adesão ao tráfico de drogas deve ser observada a partir de um
contexto que apresenta condições limitadas de vida. Estes aspectos podem influenciar
o grau de influência e voluntariedade dessa escolha de vida, devendo-se observar as
condições sociais e econômicas ao qual estão inseridas (FARIA E BARROS, 2011).
Este argumento pode ser confirmado por Scherer et al (2011), que mostra as
características mais comuns entre mulheres envolvidas por tráfico de drogas:
integrantes de grupos de vulnerabilidade e exclusão social, mães solteiras, com idade
média de 25 a 30 anos, com baixa escolaridade e vítimas de violência.
Estas características podem explicar muito bem o envolvimento de familiares e
menores de idade, já que, a vulnerabilidade social e econômica afeta e influencia estas
mulheres, muitas vezes mães, a se envolverem com atividades relacionadas ao crime
com o intuito de buscar melhores condições de vida.
A terceira categoria, transporte de drogas, pode ser usada para explicar na
prática as relações entre a mulher e o parceiro no tráfico. Explica-se também o
conteúdo abordado referente ao envolvimento de parceiro íntimo. Durante as
pesquisas, os crimes citados como transporte de drogas se deram durante tentativa
de entrada em presídios masculinos para a entrega aos companheiros que estavam
presos. Esta atividade é descrita como mula ou avião, e consiste, segundo Silva
(2015), no transporte e entrega de drogas ao cliente, muito comum acontecer dentro
de presídios.
O alto risco e exposição dessas mulheres justifica o aumento crescente de suas
prisões. Nas entregas realizadas em presídios, esta encomenda poderá ser para um
companheiro ou para vendas realizadas por negociadores, que colocam a mulher
como responsável em entrar com o conteúdo espalhado pelo corpo (SILVA, 2015).
Para Ramos (2012), a participação de mulheres nesse tipo de crime é fundamental
para a manutenção desse nicho do tráfico, sendo usadas não somente para o
transporte, mas também como “boi de piranha”, sendo pegas para então outras
mulheres passarem com quantidades maiores.
As subcategorias relacionadas às prisões (prisão em flagrante, prisão por
denúncia anônima, prisão por investigação criminal e prisão por meio de revista
íntima) pode ser explicado a partir das teorias e ideologias positivistas, que segundo
Baratta (2011), se coloca como um fenômeno enviesado com as relações de produção
do capitalismo, de modo que, estabelece o foco da criminalização em seu próprio
processo constitutivo, ou seja, no próprio reflexo tensional da manutenção das
desigualdades sociais (BARATTA, 2011).
O modo do qual o encarceramento se tornou a principal maneira de punição
pelo estado esteve muito relacionado a ascensão do capitalismo e ao aparecimento
de novas ideologias, que refletiram a ascensão da burguesia como a classe social do
qual interesses patrocinavam novas ideias científicas, filosóficas, culturais e populares
(DAVIS, 2019). Portanto, o cárcere aparece como forma de retirar a liberdade de um
indivíduo no contexto da ascensão do capitalismo, sendo necessário a naturalização
desta forma de controle social.
Um poder dominante pode se legitimar promovendo crenças e valores
compatíveis consigo próprio; naturalizando e universalizando tais
crenças de modo a torná-las óbvias e aparentemente inevitáveis;
denegrindo ideias que possam desafiá-lo; excluindo formas rivais de
pensamento, mediante talvez alguma lógica não declarada mas
sistemática; e obscurecendo a realidade social de modo a favorecê-lo.
Tal “mistificação”, como é comumente conhecida, com frequência
assume a forma de camuflagem ou repressão dos conflitos sociais, da
qual se origina o conceito de ideologia como uma resolução imaginária
de contradições reais. Em qualquer formação ideológica genuína,
todas as seis estratégias podem estabelecer entre si interações
complexas. (EAGLETON, 2019, p. 22).

A partir desse conceito da construção de uma cultura punitivista, é possível


entender o seu funcionamento, já que o seu principal papel, a punição institucional á
aqueles chamados de criminosos por meio do cárcere, é naturalizado, de modo que
pouco se discute e não se imagina a possibilidade de uma sociedade em que ele não
é uma alternativa.
O medo então é utilizado como uma ferramenta de controle social para a
manutenção desses interesses. A burguesia trata de constantemente criar conflitos
para manter os conflitos e alienar a classe trabalhadora. Chomsky (2013) cita sobre a
ideia do controle dos meios de comunicação, em que:
O rebanho desorientado representa um problema. Temos de impedir
que saia por aí urrando e pisoteando tudo. Temos de distraí-lo. Ele
deve assistir aos jogos de futebol americano, às séries cômicas ou aos
filmes violentos. De vez em quando você o convoca a entoar slogans
sem sentido como “Apoiem nossas tropas”. Você tem de mantê-lo bem
assustado, porque a menos que esteja suficientemente assustado e
amedrontado com todo tipo de demônio interno, externo ou sabe-se lá
de onde que virá destruí-lo, ele pode começar a pensar, o que é muito
perigoso, porque ele não é preparado para pensar. Portanto, é
importante distraí-lo e marginalizá-lo (CHOMSKY, 2013, p. 28).
Portanto, a mídia se torna um meio de disseminação da ideologia dominante,
criando contraventores que servirão como inimigos, como forma de causar medo e
distração pela classe dominante, culpabilizando a classe dominada pelas
desigualdades e contradições gerada pelo capitalismo. O poder social da imprensa
tem o poder de quebrar então o princípio da presunção de inocência, que segundo a
constituição federal de 1988, no seu Art. 5°, inciso LVII, diz que “ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”
(BRASIL, 1988), tornando pessoas inocentes em pessoas criminosas para a
sociedade, uma vez que expõem o suposto acusado, que poderá projetar efeitos
sobre o julgamento deste (MELO, 2010).

6. Considerações Finais

A mídia é, e sempre foi, uma importante ferramenta na formação de opiniões,


encontrando atualmente uma importância cada vez maior na sociedade. Portanto, se
seu papel é tão grande, seu poder é proporcional, devendo ser utilizado com
responsabilidade e neutralidade. Uma mídia tendenciosa pode afetar de maneiras
drásticas uma certa população alvo, ou pessoas em específico.
Durante as pesquisas, foi possível observar a prevalência do assunto tráfico de
drogas. Apesar do baixo número de resultados, dado o período de pesquisa e a
especificidade, todo o conteúdo das notícias tinha um objetivo principal: contar a
história da abordagem policial ao prenderem essas mulheres. Em nenhum momento
questionou-se as histórias dessas mulheres, demonstrando um modelo narrativo raso
e puro. Então, questiona-se novamente até que ponto essas notícias poderiam intervir
na vida dessas mulheres afetando o princípio da presunção de inocência.
A escolha dessa narrativa exclui os verdadeiros motivos dessas mulheres
estarem exercendo papéis criminosos. Como aponta Beirne e Messerschmidt (1995,
p.12), “a escassez de meios legítimos leva muitas pessoas à frustração, à tensão e,
consequentemente, às adaptações desviantes”. Então, os crimes soam como um
caminho alternativo para o sucesso econômico ou até mesmo para a existência, haja
visto as características mais comuns dessas mulheres (Baixa escolaridade, mães
solteiras, vítimas de violência, integrantes de grupo de vulnerabilidade). Portanto,
deve-se sempre ter em mente o contexto dessas notícias, não excluindo informações
importantes que constituem a mulher que está inserida no tráfico de drogas.
Quanto aos objetivos propostos para o trabalho, o veículo selecionado permitiu
que fosse analisado o conteúdo de reportagens sobre mulheres envolvidas com o
tráfico de drogas no estado de Santa Catarina. Por meio da identificação de como
essas mulheres são retratadas foi possível conhecer e entender as atribuições dos
papeis dessas mulheres na participação nos delitos. Compreende-se como limitação
desta pesquisa a necessidade de uma maior abrangência quanto aos veículos de
comunicação do Estado, bem como a necessidade de investigações futuras, como a
abordagens direta a jornalistas para que falem sobre sua percepção quanto ao tema
e as possibilidades e limitações para publicar matérias desse cunho, e ainda
entrevistas com as mulheres acusadas pelo envolvimento como tráfico de drogas.

REFERÊNCIAS

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Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Centro
de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo,
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BARATTA, A. A escola liberal clássica do direito penal e a criminologia positivista. In:


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