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Texto 4:
Membros de ONGs que acompanham o superlotado sistema prisional brasileiro (são quase
dois presos por vaga) costumam delatar casos como esse às autoridades assim como ao
organismos internacionais. Na semana passada, o Governo federal foi instado a responder a
uma série de questões ao Conselho Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
Nos últimos anos ganharam repercussão os casos de Pedrinhas, em São Luís, e o do
Presídio Central, de Porto Alegre. Em ambos há flagrantes violações de direitos humanos,
com assassinatos de presos e o domínio de facções criminosas que decidem tudo, inclusive
quem pode ou não comemorar o Natal. Essa, aliás, acaba sendo a síntese das prisões do
Brasil.
O caos penitenciário não se limita aos maiores Estados ou às penitenciárias mais famosas.
Relatórios recentes do Conselho da Comunidade e da Pastoral Carcerária mostram que as
condições das cadeias do Amapá, no norte do país, e do Espírito Santo, no sudeste também
estão precárias.
No Amapá, há diversas barreiras a serem enfrentadas quando se entra em uma prisão. A
primeira delas é o odor que vem de dentro das celas. “Era o mau cheiro de fezes de ratos,
baratas e restos de alimentos jogados no corredor. A cela estava sem água. O sanitário não
funciona, não tem água. A cela está com muita sujeira antiga, não tem um local onde os
presos possam se sentar”, ressalta Valdir João Silveira, o coordenador nacional da Pastoral
em seu relato de inspeção.
Hoje, cerca de 26% da massa carcerária foi presa por tráfico e 23% por crimes não
violentos, como furto, estelionato e apropriação indébita. “Não são todos, mas vários deles
poderiam estar cumprindo a pena de uma outra maneira”, afirmou Custódio. O resultado,
conforme esse estudioso do assunto, é um Estado que anuncia ao mundo que está
prendendo cada vez mais, mas que não dá condições de recuperação ao seu detento.
Nesse contexto, vários especialistas dizem que é difícil fugir de uma pergunta mais
acadêmica do que prática: como ensinar a pessoa a viver em liberdade tirando a liberdade
dela?
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Fonte: http://akina.jusbrasil.com.br/artigos/142711134/cadeias-brasileiras-continuam-
superlotadas-e-sob-o-dominio-de-faccoes?ref=topic_feed