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O QUE É?

Corrupção, de acordo com o dicionário Aurélio, significa: ato ou efeito de corromper-se;


decomposição; devassidão, depravação; suborno; peita. Sendo assim, podemos considerar que
corrupção é o ato de se utilizar indevidamente de uma posição de influência para obter
vantagens ou mesmo realizar alguma ação que é considerada ilegal de acordo com as leis
vigentes. A corrupção pode acontecer em situações do dia a dia, mas também pode estar
relacionada com a política. Esse é, por sinal, o campo mais associado com o termo.

Na questão política, a corrupção relaciona-se muito com o suborno, isto é, quando pessoas
utilizam-se de um cargo importante para exigir dinheiro de alguma pessoa. Tendo isso em vista,
se um prefeito exige suborno para realizar a construção de um hospital em determinado local,
por exemplo, ele está sendo corrupto.

ORIGEM DA CORRUPÇÃO:

Segundo o cientista político Fernando Filgueiras, da Universidade Federal de Minas Gerais, nas
civilizações da Antiguidade Clássica, isto é, as civilizações grega e romana, a noção de
corrupção estava sempre associada à ideia de putrefação, destruição e degeneração. Tanto a
palavra latina corrumpere quanto a grega diaphthora indicavam o corrompimento no sentido
de um organismo vivo que é atacado por uma doença e pelo envelhecimento ou uma rocha
que é destruída progressivamente pelo vento e pela água.

O filósofo Aristóteles acreditava que a corrupção era típica do mundo sublunar, isto é, o mundo
terreno existente abaixo das esferas celestes. Para Aristóteles, tudo o que não era terreno era
perfeito e eterno, portanto, não podia ser alvo da corrupção (entendida como degeneração).
Como seres terrenos, os humanos estavam também sujeitos à corrupção, e isso influenciou
profundamente a própria noção de organização política nas civilizações gregas e romanas.

Houve, portanto, uma transposição do conceito de corrupção, aplicado ao mundo físico e


biológico, para o sentido propriamente humano ou político, como explica Filgueiras:

Etimologicamente relacionado ao problema da ordem, o problema da corrupção (diaphthora)


atravessa todas as formas de mediação nas quais a política está organizada, sendo um
fenômeno presente e concebido em sua transfiguração da natureza para a política. A
corrupção, inclusive, é um fato da política, porquanto, de acordo com a acepção do movimento
do corpo político ao longo do tempo, uma vez ela propicia a geração de mecanismos
institucionais para o seu controle. [1]

Se a política é a arte da vida na cidade, ou seja, da vida em sociedade, formando, assim, um


“corpo social”, para que ela não se degenerasse, era necessário que os homens se pautassem
na razão (logos) e nas virtudes (areté), tais como a coragem, a honestidade e a prudência. A
combinação entre razão e a virtude faria com que o homem não cometesse a chamada
“hýbris”, a desmedida do poder, a insensatez que leva às catástrofes e tragédias.

DESORDEM X ORDEM E EXEMPLO DE CATILINA :


Nesse sentido, a atividade política para os antigos estava associada à prática das virtudes e à
busca por uma ordem moral duradoura. A corrupção, por sua vez, era identificada com vícios
como a ambição, a ganância pelo poder, a covardia etc., ou seja, tudo aquilo que causa caos
social, desordem e violência.

Um exemplo clássico dessa concepção no mundo antigo é o do político romano Catilina.


Catilina, que, entre outros cargos importantes da República Romana, exerceu o de governador
da África, tentou ser nomeado Cônsul (o cargo administrativo mais alto) algumas vezes, mas
fracassou em todas. Catilina então passou a “jogar sujo”, mobilizando outros políticos da
República a se juntarem a ele em uma conspiração para assassinar os dois cônsules que
estavam no poder na época. O plano não deu certo, pois foi descoberto nas vésperas. O orador
e também político Marco Túlio Cícero dirigiu contra Catilina uma série de discursos conhecidos
como “catilinárias”. Esses discursos são uma das principais fontes sobre o desvirtuamento
político e, por assim dizer, a corrupção na Antiguidade.

Essa noção de corrupção associada ao desvirtuamento e à falta de cuidado com o bem comum
atravessaria a Idade Média e chegaria até o início da modernidade com os teóricos políticos do
Renascimento. Contudo, com a ampliação das relações comerciais decorrentes das grandes
navegações, o crescimento urbano, o advento da indústria, a ascensão da burguesia como
classe política – por meio de revoluções como a inglesa (1640-1668) e a francesa (1789-1799)
–, o sistema político começou a ser pensado de forma diferente.

CORRUPÇÃO DO MUNDO GLOBALIZADO :

Uma das maiores dificuldades para o exercício da política no mundo integrado, globalizado, é o
fato de que o universo político está sempre se associando a práticas ilícitas, como o
favorecimento de grandes corporações multinacionais por políticos de determinado país,
lavagem de dinheiro em paraísos fiscais, conexões com máfias e demais associações criminosas
etc. A corrupção, nesse nível, é percebida, mas nem sempre interrogada, investigada. Isso
porque a rede de esquemas ilegais que ela movimenta é incalculável.

O que existe no mundo contemporâneo, grosso modo, é uma espécie de tolerância à


corrupção, desde que o sistema político corrupto não “fuja” com a obrigação da satisfação dos
interesses e das necessidades da população.
TIPOS DE CORRUPÇÃO NO BRASIL:

Do ponto de vista legal, isto é, de acordo com o que as leis brasileiras determinam, existem
dois tipos de corrupção. Trata-se da corrupção ativa e corrupção passiva. Vejamos as diferenças
entre elas:

Corrupção passiva: solicitar ou receber para si ou para outra pessoa vantagem indevida. A
pena é de dois a 12 anos de reclusão e multa.

Corrupção ativa: oferecer vantagem indevida para algum funcionário público a fim de fazê-lo
omitir ou não realizar determinada ação. A pena também é de dois a 12 anos de reclusão e
multa.

Um exemplo efetivo dos dois tipos de corrupção pode ser explicitado pelo exemplo a seguir.
Em uma blitz, a equipe policial identificou que o condutor de um veículo estava com o
documento vencido e dirigindo levemente alcoolizado. Caso o policial solicite suborno para
que o condutor seja liberado sem sofrer punições legais pelas irregularidades identificadas,
comete corrupção passiva.

Agora, se o condutor, para impedir que seu veículo seja apreendido, propõe o pagamento de
um suborno pela sua liberação, comete o crime de corrupção ativa. Como vimos, a punição
para os dois casos é similar.

O QUE CAUSA A CORRUPÇÃO?

As explicações para as origens da corrupção são variadas, mas argumenta-se consistentemente


que a desigualdade social é um dos principais causadores da corrupção. Isso pode ser
percebido pelo fato de que as nações menos desiguais do planeta são nações com menos
incidência de corrupção enquanto nações desiguais têm uma corrupção sistêmica na política e
na sociedade.

Isso pode ser identificado por meio de um índice que avalia a corrupção em 180 nações
anualmente. Esse é o Índice de Percepção de Corrupção, realizado pela Anistia Internacional,
uma organização que combate a corrupção no planeta. As nações menos corruptas do mundo,
em 2021, segundo esse levantamento foram Dinamarca, Finlândia, Nova Zelândia, Noruega,
Cingapura e Suécia, todas nações com baixos índices de desigualdade social.

Por outro lado, as mais corruptas foram Venezuela, Somália, Síria e Sudão do Sul, nações com
grandes índices de pobreza e elevados níveis de desigualdade social. O Brasil, por sua vez,
ocupa a 96ª posição no ranking de 2021. De acordo com o levantamento da Anistia
Internacional, o Brasil regrediu no combate à corrupção nos últimos dez anos, pois em 2012, o
Brasil se encontrava na 69ª posição.

Fonte:

|1| MIRANDA, Luiz Fernando. Unificando os conceitos de corrupção: uma abordagem através
da nova metodologia dos conceitos.

https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/o-que-corrupcao.htm

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