Você está na página 1de 25

Desempenho de Fundações de Edifícios

Alexandre Duarte Gusmão


Escola Politécnica – Universidade de Pernambuco e CEFET/PE, Recife, Brasil

RESUMO: O desempenho de uma edificação é governado pela interação entre a superestrutura,


infra-estrutura e terreno de fundação, em um complexo mecanismo denominado de interação solo-
estrutura – ISE. Na prática, no entanto, esta interação é comumente desprezada, com os projetos de
fundações e estrutural sendo desenvolvidos sem se levar em consideração tal mecanismo. O artigo
apresenta as principais técnicas de monitoramento de edifícios, bem como os efeitos da ISE no seu
desempenho. Vários casos de prédios monitorados são apresentados. Conclui-se que tanto a ISE
quanto monitoramento de recalques já podem ser incorporados à prática de projetos e controle
tecnológico da execução de edificações.

PALAVRAS-CHAVE: Recalques, Fundações, Monitoramento, Interação Solo-Estrutura.

1 INTRODUÇÃO geotécnicas do terreno, desprezando-se o efeito


da rigidez da estrutura. Com isto, se cria um
As modernas teorias de análise estrutural verdadeiro fosso entre o terreno da fundação e a
consideram as edificações como sendo estrutura (Fig. 2).
constituídas por três partes: (i) superestrutura, Também na prática pouco se tem monitorado
que corresponde à parte da edificação que será o desempenho das edificações, mas apenas o
utilizada após a sua construção, e é constituída desempenho das suas partes, que não
por paredes, lajes, vigas e pilares; (ii) infra- reproduzem necessariamente o comportamento
estrutura, que é constituída pelos elementos que do “todo”, ou do “sistema” como afirma o Prof.
transferem o carregamento da superestrutura Nelson Aoki (Tabela 1).
para o terreno de fundação (sapatas, blocos,
estacas e cintas); (iii) terreno de fundação, que
tem como objetivo absorver os esforços
desenvolvidos na superestrutura (Fig. 1).
O desempenho de uma edificação é na
realidade governado pela interação entre estas
três partes, em um complexo mecanismo
denominado de interação solo-estrutura – ISE.
Na prática, no entanto, esta interação é
comumente desprezada, com os projetos de
fundações e estrutural sendo desenvolvidos sem
se levar em consideração tal mecanismo
(Gusmão, 1990).
Em um projeto estrutural convencional de
uma edificação, é normalmente assumida a
hipótese dos seus apoios serem indeslocáveis,
ou seja, não haver recalques. Em função disto,
tanto o cálculo das cargas na fundação, como o
dimensionamento dos elementos estruturais são
feitos com base nesta hipótese. Por outro lado, o Figura 1. Partes de uma edificação.
projeto de fundações convencional é
desenvolvido levando-se em consideração
apenas as cargas nos apoios (obtidas no projeto
estrutural convencional), e as propriedades
? 2.1 Trabalhos mais Recentes
INTERAÇÃO V1 V2 V3 V4
SOLO-ESTRUTURA O número de trabalhos publicados na literatura
técnica sobre monitoramento de edifícios e ISE
é muito pequeno se comparado com outros
temas, tais como provas de carga, ensaios, etc.
Para comprovar tal hipótese, foi feita uma
V1 V2 V3 V4 revisão bibliográfica nos principais eventos
S1 S2 S3 S4 freqüentados pela comunidade geotécnica
? brasileira, e na Revista Solos & Rochas. Foram
consideradas apenas as últimas edições dos
PROJETO DA PROJETO DAS
SUPERESTRUTURA FUNDAÇÕES
eventos (Tab. 2).
A Revista Solos & Rochas da ABMS, por
Figura 2. Hipóteses básicas do projeto convencional. exemplo, em quase 30 anos só publicou 04
artigos sobre monitoramento de edifícios, o que
Tabela 1. Monitoramento do desempenho das partes da é muito pouco para a relevância do assunto.
edificação. Há ainda várias dissertações e teses
Parte Monitoramento / Ensaios
desenvolvidas nas universidades brasileiras nos
-Controle dos materiais (alvenarias,
Superestrutura concreto, aço, etc) últimos anos (Tabela 3). Certamente deve haver
-Controle dos processos outros trabalhos não pesquisados pelo autor.
construtivos (dimensões, prumos,
etc)
-Ensaios de placa Tabela 2. Relação de trabalhos recentes sobre
Infra-Estrutura -Provas de carga em estacas monitoramento de edificações e ISE em Periódicos e
-Controles de execução (negas, Eventos.
repique elástico, etc) Periódico / Evento No. de Trabalhos
Terreno de -Ensaios de laboratório Revista Solos & Rochas (1978 a 04
Fundação -Ensaios de campo 2005)
Simpósio sobre ISE – São Carlos 07
Outro aspecto relevante, é que ninguém (2000)
“compra” as partes de uma edificação, mas o Simpósio sobre Edifícios da Orla 04
de Santos – Santos (2003)
seu todo, que na prática significa o seu
INFOGEO – Curitiba (2001) 01
desempenho (Fig. 3). É fundamental que INFOGEO – Belo Horizonte 03
também se faça o monitoramento do (2005)
desempenho da edificação, ou seja, medição de SEFE – São Paulo (1996) --
cargas nos apoios e movimentos da fundação. SEFE – São Paulo (2000) 07
Este trabalho tem como objetivo apresentar SEFE – São Paulo (2004) 05
as principais técnicas de monitoramento de COBRAMSEG – Brasília (1998) 03
COBRAMSEG – São Paulo 05
edificações, os efeitos da ISE no seu (2002)
desempenho, e ainda vários exemplos de obras PCSMGE – Foz do Iguaçu 02
em diferentes condições de subsolo. (1999)
PCSMGE – Cambridge (2003) 02
ICSMGE – Hamburgo (1997) 04
SUPERES- INFRA- TERRENO DE ICSMGE – Istambul (2001) --
TRUTURA ESTRUTURA FUNDAÇÃO ICSMGE – Osaka (2005) 04

PARTES

CLIENTE $$$$ EDIFICAÇÃO TODO

Figura 3. “Partes” versus “todo” de uma edificação.


2 MONITORAMENTO DE EDIFÍCIOS Tabela 3. Relação de dissertações e teses recentes sobre
monitoramento de edificações e ISE. Um caso interessante de mudança desse
Universidade Referência paradigma ocorreu em Recife, que é hoje o
- Costa (2003)
lugar onde mais se mede recalque de prédios no
UFF - Rosa (2005)
- Silva (2005) Brasil. Desde o início da Década de 90 do
COPPE/UFRJ - Gonçalves (2004) século passado, que foi feito um trabalho de
UENF - Crespo (2004) conscientização da necessidade do
- Reis (2000) monitoramento dos recalques, usando-se de
- Iwamoto (2000) algumas interessantes estratégias: (i) o
- Mendonça (2000)
USP/SC - Holanda Jr. (2002)
monitoramento deve ser encarado como um
- Jordão (2003) controle tecnológico da obra, a exemplo de
- Ribeiro (2005) tantos outros, como controle da resistência do
- Russo Neto (2005) concreto; (ii) o monitoramento permite um
UnB -Soares (2004) melhor entendimento do comportamento de
USP/SP - Cardozo (2002)
uma edificação, e uma retroanálise dos
UFPB/CG -Lucena (2003)
UFPE - Milfond (1999) parâmetros dos solos, o que tem conduzido a
- Fonte (2000) projetos mais arrojados (e nem por isso menos
seguros); (iii) o monitoramento permite
A Tabela 4 apresenta um resumo dos identificar com mais segurança as causas de
principais trabalhos nas fontes consultadas. eventuais patologias que possam surgir nos
Algumas observações podem ser feitas: (i) a prédios, onde normalmente a fundação é
maioria dos casos envolve fundações colocada em suspeita (neste caso, quem tem
superficiais (sapatas e radier); (ii) há poucos exigido o monitoramento são as empresas
casos de prédios de pequeno porte (abaixo de executoras de fundações).
05 pavimentos) e em alvenaria estrutural; (iii) a Uma pesquisa no banco de dados da empresa
maior parte dos trabalhos brasileiros é da de consultoria do presente autor mostrou que
Região Nordeste (cerca de 40%). entre 1989 e 2005 foram monitorados 75
Atualmente o monitoramento de edificações edifícios apenas em Recife, e que em apenas 11
ainda se restringe apenas à medição dos prédios o monitoramento foi motivado pelo
recalques. Ainda não se tem uma metodologia aparecimento de patologias, as quais nem
suficientemente difundida para medição das sempre eram decorrentes de movimentos da
cargas nos apoios dos prédios, mas há trabalhos fundação. Atualmente o monitoramento de
recentes promissores, tal como o apresentado recalques já está inclusive incorporado aos
por Russo Neto (2005). O monitoramento de sistemas de qualidade de muitas construtoras
recalques no Brasil sempre esteve associado a em Recife.
obras com desempenho insatisfatório, com Um outro aspecto interessante é que o
patologias e muitas vezes necessidade de monitoramento representa um custo muito
reforço das fundações. Neste sentido, parece baixo em comparação com o custo total da obra,
que os problemas dos prédios em Santos ou mesmo em comparação com o custo de
causaram “traumas” nos nossos engenheiros, outros ensaios e controles (Tabela 5).
que muitas vezes preferem a máxima de que “o
que os olhos não vêem, o coração não sente...”,
como se o fato de medir ou não os recalques 2.2 Medição de Recalques
pudesse influenciar o desempenho do prédio.
No entanto, há que se considerar, como O equipamento empregado para medida dos
destacam Danziger et al. (2000a), que as recalques é bastante simples, sendo constituído
medições de recalques durante longos períodos por pinos; referência de nível (RN); nível; e
nas fundações de obras em Santos constituem mira.
importantes contribuições para a Engenharia
Brasileira, revelando o comportamento real
destas obras e norteando os projetos mais
recentes de fundações (Machado, 1958).
Tabela 4. Resumo dos trabalhos publicados sobre monitoramento e ISE em vários periódicos / eventos.
Estrutura Tipo de Fundação Previsão de Recalques Monitoramento
Tipo No. de Convencional Com ISE RN Medição de Recalque Referência
Pavimentos Carga (mm)
CA 15 Sapata Sim Não Vizinho Não 103 (máximo) Gusmão (1994)
CA 12 Sapata Sim Não NI Não 351,8 (médio) Gusmão (1994)
CA 02 Sapata Sim Sim NI Não 175,5 (médio) Gusmão (1994)
CA 19 Sapata Sim Sim NI Não -- Moura (1999)
CA 17 Sapata Não Não Bench-Mark Não 11,7 (máximo) Castello et al. (2001)
CA 09 Sapata Sim Não Vizinho Não 14,5 (máximo) Lucena et al. (2004)
CA 09 Sapata Sim Não Vizinho Não 13,5 (máximo) Lucena et al. (2004)
CA 12 Sapata Sim Não Vizinho Não 7,5 (máximo) Lucena et al. (2004)
CA 12 Tubulão Sim Sim NI Não 9,0 (máximo) Antunes e Iwamoto (2000)
CA 03 Sapata Não Não Vizinho Não 4,8 (máximo) Danziger et al. (2000b)
-- -- -- -- -- -- -- -- Fonte et al. (2000)
CA 20 Sapata Não Não Vizinho Não 12,0 (máximo) Gusmão et al. (2000a)
CA 15 Sapata Sim Não Vizinho Não 105,5 (máximo) Gusmão et al. (2000b)
CA 08/11 Tubulão / Sapata Sim Sim NI Não -- Mendonça e Aoki (2000ª)
CA 12 (3x) Sapata Sim Sim NI Não -- Reis e Aoki (2000)
CA 17 Sapatas / Estacões Não Não NI Não -- Maffei et al. (2003)
CA 10 Sapata Não Não NI Não 80 (máximo) Campos (2003)
CA 18 Sapata Não Não NI Não 17 (máximo) Campos (2003)
CA 11 Sapata Não Não NI Não 83 (máximo) Campos (2003)
CA 07 Sapata Sim Não Bench- Mark Não 135 (máximo) Seixas e Gonçalves (2003)
CA 12 Sapata / Sangria Não Não NI Não 500 (máximo) Falconi et al. (2003)
-- -- -- -- -- -- -- -- Fonte et al. (2001)
CA 12 (3x) Sapata Sim Sim NI Não -- Reis e Aoki (2005)
CA 13 Hélice contínua Não Sim Vizinho Não 42 (máximo) Maia et al. (2005a)
-- -- -- -- -- -- -- -- Fonte e Fonte (2005)
CA 12 Estaca Franki Não Não Vizinho Não 32,6 (máximo) Danziger et al. (2000ª)
CA 13 (8x) Sapata Não Não Bench-Mark Não 15 a 480 (médio) Pacheco et al. (2000)
ALV 04 Estacas escavadas Não Não Bench-Mark Não 45 (máximo) Niyama et al. (2000)
CA 04/08/16/32 -- Sim Sim -- Não -- Madureira e Bezerra (2000)
CA 08/11 Tubulão / Sapata Sim Sim NI Não -- Mendonça e Aoki (2000b)
CA 08 Tubulão Não Não Vizinho Não 4,1 (máximo) Lobo et al. (2000)
CA 15 Sapata Não Não Vizinho Não 93 (máximo) Gusmão (2000)
CA 20 Estaca Franki Não Não Vizinho Não 12 (máximo) Gusmão (2000)
CA = concreto armado; ALV = alvenaria estrutural; NI = não informado

Tabela 4. Resumo dos trabalhos publicados sobre monitoramento e ISE em vários periódicos / eventos (continuação)
Estrutura Tipo de Fundação Previsão de Recalques Monitoramento
Tipo No. de Convencional Com ISE RN Medição de Recalque Referência
Pavimentos Carga (mm)
CA 13 Estaca Hélice Não Não Vizinho Não 42 (máximo) Maia et al. (2004)
CA 18 Sapata Sim Não Vizinho Não 14,5 (máximo) Cavalcante et al. (2004)
CA 05 Sapata Não Não NI Não 400 (máximo) Oliveira e Oliveira (2004)
CA 11/18 Sapata Sim Não -- Não -- Gonçalves (2004)
CA 03 Sapata Sim Não Vizinho Não 6,74 (médio) Gonçalves et al. (2004)
CA 15 Sapata Não Não Vizinho Não 42 (máximo) Gusmão Filho et al. (1998)
CA 18 Sapata Não Não Vizinho Não 14,5 (máximo) Gusmão Filho et al. (1998)
CA 17 Sapata Sim Não NI Não 500 (máximo) Mendonça et al. (1998)
CA 13 Tubulão Não Não Vizinho Não 4,8 (máximo) Lobo et al. (1998)
CA 04 Sapata Sim Não Bench-Mark Não 305 (máximo) Dias e Moraes (1998)
CA 15/13/20 Sapata Não Não Vizinho Não 105/500/7,5 Oliveira et al. (2002)
(máximo)
CA -- Sapata Não Não NI Não -- Gonçalves e Cardozo
(2002)
CA 24 Sapata Não Não Vizinho Não 21 (máximo) Gusmão e Calado Jr. (2002)
CA 30 Sapata Não Não NI Não 26 (máximo) Soares e Soares (2002)
CA 28 Estaca Pré-moldada Não Não NI Não 21 (máximo) Soares e Soares (2002)
CA -- -- -- -- -- Sim -- Russo Neto et al. (2002)
ALV 04 Sapata Sim Não Bench-Mark Não 444 (máximo) Pedreira et al. (2002)
CA 15 Sapata Não Não Vizinho Não 93 (máximo) Gusmão Filho et al. (1999)
CA 14 Tubulão Não Não Vizinho Não 9,1 (máximo) Lobo et al. (1999)
CA 07 Sapata Sim Não Bench-Mark Não 115 (máximo) Oliveira e Gonçalves
(2003)
CA vários -- -- -- -- -- Banco de dados Gusmão et al. (2003)
CA 12 Estaca Franki Não Não NI Sim 26,6 (máximo) Danziger et al. (1997)
CA 25 Estaca “T” Sim Não NI Não 34,7 (máximo) Décourt (1997)
CA 18 Estaca Pré-moldada Sim Sim Bench-Mark Não -- Gusmão Filho e Guimarães
(1997)
CA 24 Radier Estaqueado Sim Não NI Não 31,1 (médio) Yu-Kang et al. (1997)
CA 16 Radier Sim Sim NI Não 182 (máximo) Paramonov et al. (2005)
CA 40 Radier Sim Sim NI Não 2,69 (máximo) Justo et al. (2005)
CA 17 Radier Sim Não NI Não 28 (máximo) Reul e Ripper (2005)
CA 13 Estaca Hélice Não Não Vizinho Não 42 (máximo) Maia et al. (2005b)
CA = concreto armado; ALV = alvenaria estrutural; NI = não informado
Tabela 5. Comparação de custos entre o monitoramento
de recalques e outros controles geotécnicos.
Serviço Custo*
(R$)
-Prova de carga estática em - 12.000,00 a
estaca (carga de ensaio de 3 MN) 15.000,00
-Prova de carga dinâmica (05 - 5.000,00 a
ensaios + 02 análises capwap) 8.000,00
-Medição de recalques - 4.000,00**
(nivelamento + 06 leituras)
*estimado em Recife (1 US$ = R$ 2,30)
**custo diluído ao longo do tempo de construção

2.2.1 Pinos
Figura 4. Detalhe do pino usado em Recife.
Há vários tipos de pinos que podem ser usados
no controle de recalques. Normalmente são
fabricados em aço inoxidável, e usam um Este último tipo está mais sujeito a
sistema tipo macho e fêmea. Inicialmente o deslocamentos provocados por várias causas,
elemento fêmea é fixado com material colante tais como choques, vibrações decorrentes de
no ponto a ser monitorado (por exemplo, a face tráfego de veículos, etc. Este problema, no
de um pilar). Por ocasião de cada medição, é entanto, pode ser minimizado através da escolha
introduzido o elemento macho através de rosca do ponto de instalação. Em qualquer caso, é
ao elemento fêmea. O macho deve possuir na recomendável que sejam instalados pelo menos
sua extremidade uma base esférica, onde a mira dois RNs. Ressalta-se, ainda, que o RN
se apóia. A Figura 4 mostra o pino que tem sido superficial sempre medirá os recalques
usado em Recife (notar que o macho está sem a diferenciais (que são os mais importantes),
sua base esférica). Este pino custa cerca de R$ independente de se movimentar ou não.
3,00 em Recife, mais R$ 10,00 de instalação O grande problema do bench-mark é o seu
por unidade. elevado custo, o que normalmente duplica ou
Danziger et al. (1997) e Danziger et al. triplica o custo do monitoramento. Em Recife,
(2000a) apresentaram pinos fabricados em aço um bench-mark custa entre R$ 150,00 e 200,00
inoxidável, que são diferentes dos pinos por metro linear, dependendo da profundidade.
habitualmente usados, em que o macho é fixado Na Tabela 4, pode-se observar que a maioria
através de rosca à fêmea. O sistema usado é dos prédios monitorados usou como RN pontos
simplesmente encaixado, de forma a propiciar vizinhos ao próprio prédio.
melhor acurácia aos resultados, uma vez que as
medições são feitas com o macho sempre na
mesma posição, diferentemente dos pinos 2.2.3 Nível
tradicionais. Os pinos de encaixe têm a
desvantagem, entretanto, de possuírem um O nível deve ser ótico e dotado de placa plano
diâmetro maior que os de rosca, o que torna um paralela. É importante que o instrumento seja
pouco mais trabalhosa a sua instalação, além do regularmente aferido por empresas
maior custo. especializadas.

2.2.2 Referência de Nível (RN) 2.2.4 Mira

A referência de nível ideal é aquela que se A mira deve ser graduada em chapa de invar,
apresenta como indeslocável. Pode ser profunda para diminuir os efeitos das variações térmicas,
(conhecida como bench-mark) ou superficial. e deve ser posicionada nivelada no pino (Fig.5).
Etapa No. de
Medições
-Até a concretagem da 1ª laje Instalação dos
pinos +
Nivelamento
-Até a concretagem da coberta +02
-Até o final do assentamento da +01
alvenaria
-Até o final do revestimento interno +01
e externo:
-Até o final do assentamento de piso +01
-Antes da entrega do prédio +01
Total 07

2.3 Medição de Cargas nos Apoios

A medição de carga nos apoios das edificações


raramente é feita na prática (Danziger et al.,
1997; Russo Neto et al., 2002; Russo Neto,
2005). A medição envolve muitas incertezas,
Figura 5. Detalhe da mira apoiada no elemento macho. além de exigir pessoal mais qualificado.
A medição de carga é sempre feita de
maneira indireta (células de carga e medidores
2.2.5 Frequência do Monitoramento de deformação), ou seja, mede-se a deformação
em uma determinada seção, e a partir da relação
Não há uma regra geral para se estabelecer a tensão-deformação do material, chega-se à
freqüência do monitoramento, nem a carga atuante.
quantidade de pontos a serem monitorados. No caso específico do concreto armado, que
Como geralmente o custo dos pinos e das no nosso país representa a maior parte dos casos
medições é baixo, é recomendável que todos os de edificações, o problema passa a ser mais
pilares da estrutura principal do prédio sejam complicado, tendo em vista a heterogeneidade
instrumentados. Caso não seja possível, deve da seção, onde o aço e o concreto têm
ser feita uma distribuição de pinos que propriedades bem diferentes. As deformações
contemple toda a projeção do prédio. são provocadas não apenas pela variação das
Na Tabela 6, há uma sugestão de freqüência tensões, mas há ainda que considerar os
do monitoramento, que deve ser adaptada para seguintes efeitos: (i) fluência, que é a
cada caso. De um modo geral, deve-se deformação sob carga constante; (ii) retração do
concentrar um maior número de medições nas concreto decorrente da variação de umidade;
etapas de concretagem da estrutura e (iii) variação térmica.
assentamento de alvenaria, por representarem O trabalho brasileiro mais completo sobre
cerca de 60% do carregamento de um prédio medição de carga em pilares é a tese de
(excluindo-se os efeitos da ação do vento). É doutoramento de Russo Neto (2005), que
importante que os pinos sejam preservados após desenvolveu um extensômetro mecânico de
a ocupação do prédio, para permitir eventuais haste para medição da deformação dos pilares.
nivelamentos que sejam necessários. Danziger O autor apresenta o caso da construção de um
et al. (2000a) apresentam um exemplo de prédio com 04 pavimentos, com estrutura de
monitoramento, onde foram feitas seis concreto armado pré-fabricado. Foram feitas
medições mais o nivelamento. medições de cargas e recalques durante toda a
construção.

A Figura 6 apresenta a evolução da carga


Tabela 6. Freqüência do monitoramento de recalques.
atuante em um pilar no período de construção A Tabela 7 mostra as principais
do prédio. A carga teórica foi obtida através da conseqüências destas hipóteses.
modelagem da estrutura pelo programa
SAP2000. Observa-se uma perfeita
concordância entre os valores medidos e 3.2 Movimentos da Fundação
calculados.
Burland e Wroth (1974) propuseram um
conjunto consistente de definições para
descrever os movimentos da fundação (Figura 7
3 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA – notar que o recalque está representado pela
letra W). Um dos conceitos mais usados na
3.1 Generalidades previsão de patologias em edificações
decorrentes de movimentos da fundação é a
Como foi visto anteriormente, nos projetos rotação relativa ou distorção angular (b).
convencionais de edificações são desprezados No caso da inclinação ser nula, o seu valor
os efeitos da ISE provocados pela deformação coincide com o da rotação (Q), que pode ser
do terreno e pela rigidez da estrutura. Diversos
calculada pela relação entre o recalque
trabalhos têm mostrado que a ISE provoca uma
diferencial entre dois pontos e o seu vão,
redistribuição de esforços nos elementos
facilitando os cálculos.
estruturais, e em especial nas cargas nos pilares
(Chamecki, 1954; Poulos, 1975; Gusmão,
1990). Esta redistribuição depende, entre coisas,
da rigidez relativa estrutura-solo e da
deformada de recalques da edificação.
Uma outra conseqüência importante
decorrente da ISE, é que a solidariedade
existente entre os elementos da estrutura
confere à mesma uma considerável rigidez,
restringindo o movimento relativo entre os
apoios, e fazendo com que os recalques
diferenciais sejam menores que os estimados.
Por isso, a consideração da ISE pode viabilizar
projetos de fundações que não seriam aceitos
por uma análise convencional.

Figura 6. Evolução da carga de um pilar ao Figura 7. Movimentos da fundação (Gusmão, 1990).


longo da construção (Russo Neto, 2005).
Tabela 7. Efeitos da interação solo-estrutura em edifícios.
Hipótese Conseqüências

-Apoios são considerados indeslocáveis. -Redistribuição de cargas e esforços nos elementos


estruturais, especialmente vigas e pilares.
-Alívio de carga nos pilares mais carregados e sobrecarga
nos pilares menos carregados.
-Pode haver danos nos elementos estruturais.
-Apoios podem recalcar de maneira independente uns -A ligação entre os elementos estruturais confere à
dos outros. estrutura uma rigidez, que restringe os recalques
diferenciais.
-A deformada de recalques medida é mais suave que a
estimada convencionalmente.
-Há uma tendência de uniformização dos recalques.
-O carregamento do prédio só ocorre ao final da sua -À medida que a estrutura vai sendo construída, vai
construção. havendo um aumento do seu carregamento, e dos
recalques absolutos.
-Há, no entanto, um aumento da rigidez da estrutura, que
faz com que haja uma tendência de uniformização dos
recalques.
-Há uma altura limite, correspondente aos cinco primeiros
pavimentos, em que praticamente não há mais aumento da
rigidez para fins de uniformização dos recalques.

3.3 Avaliação dos Efeitos da ISE

Gusmão (1994) mostrou que se pode analisar o


Si = S + ∆Si
desempenho de uma edificação qualquer o
associando a dois diferentes modelos: um que S = f ( tensão-deformação )
represente o valor médio dos recalques (tensão- ∆Si = f ( interação solo-estrutura )
deformação do terreno); e outro que represente S
a sua distribuição (interação solo-estrutura),
como mostra a Figura 8.
ESTIMADO CONVENCIONALMENTE
A ISE influencia a deformada de recalques
da edificação, fazendo com que fique mais MEDIDO

suave, embora o recalque absoluto médio seja


Figura 8. Modelos para estimativa do recalque de
independente. Com isto, pode-se admitir que o
edificações (Gusmão, 1994).
recalque absoluto médio seja função apenas do
carregamento total da estrutura e das
propriedades de deformação do terreno.
Conseqüentemente, a diferença entre os valores
do recalque médio medido e estimado pode ser
associada à representatividade do modelo
tensão-deformação adotado (Fig. 9).
A distribuição dos recalques e,
consequentemente a ISE, pode ser associada a
sua dispersão, representada através do
coeficiente de variação CV (relação entre o
desvio-padrão e a média do recalque absoluto).
Com isto, a diferença entre os valores do
coeficiente de variação medido e estimado pode Figura 9. Influência da rigidez na distribuição dos
recalques de edificações (Gusmão, 1994).
ser associada à representatividade do modelo de
ISE adotado.
100.00
Para exemplificar a metodologia, será

CARREGAMENTO (%)
considerado um prédio com 15 pavimentos, em
que foi feita a medição dos recalques durante 50.00

toda sua construção (Gusmão e Gusmão Filho,


1990; Lopes e Gusmão, 1991). A Figura 10 0.00

mostra o perfil geotécnico do subsolo.


TEMPO (dias)
Para a avaliação do carregamento médio 0 100 200 300 400

atuante na estrutura, foi admitida a distribuição 0.00

de cargas mostrada Tabela 8. As cargas foram

RECALQUE (mm)
30.00

estimadas proporcionalmente ao número de 60.00


RECALQUE

pavimentos completados (concreto, alvenaria, 90.00


MÁXIMO (P31)
MÉDIO

revestimentos, pisos, etc). 120.00


MÍNIMO (P3)

A Figura 11 apresenta a evolução do


carregamento e recalque ao longo do tempo. As
Figuras 12 e 13 apresentam as curvas de Figura 11. Evolução do carregamento e recalques –
isorecalques estimados convencionalmente e Caso 1.
medidos. Observa-se que a medição mostra que
houve uma redução do recalque absoluto
P1 P4
máximo (nos pilares centrais) e um aumento do P2 P3

recalque mínimo (pilares da periferia).


N-SPT P5 P10
P6 P7 P8 P9
0 10 20 30 40
SAPATA
0 P11 P14
ESTACAS DE P15 P16
AREIA MÉDIA E COMPACTAÇÃO
FINA (AREIA + BRITA)
P17 P18 P19 P20

AREIA ARGILOSA COM


P23 P24 P21 P22 P25 P26
MATÉRIA ORGÂNICA
10

AREIA FINA SILTOSA COM


POUCA MAT.ORGÂNICA

P31 P32
P29 P30 P33 P34
20

ARGILA ORGÂNICA
SILTOSA Obs.: Os pilares P12, P13, P27 e P28 não existem.
0 2 4 6 8
SONDAGEM

ANTES
APÓS
Figura 12. Isorecalques estimados convencionalmente –
30
Caso 1.
AREIA FINA E P1 P4
MÉDIA P2 P3

PROF.(m) 40

P5 P10
Figura 10. Perfil do subsolo – Caso 1. P6 P7 P8 P9

P11 P14
P15 P16
Tabela 8. Distribuição das cargas na estrutura.
P17 P18 P19 P20
Tipo Carregamento Parcial
(%)* P23 P24 P21 P22 P25 P26
-Estrutura de concreto 40,0
armado
-Alvenarias 20,0
-Revestimento externo 7,5 P29 P30
P31 P32
P33 P34
-Revestimento interno 7,5
-Pisos 10,0 0 2 4 6 8
Obs.: Os pilares P12, P13, P27 e P28 não existem.
-Sobrecarga 15,0
*em relação ao carregamento total. Figura 13. Isorecalques medidos – Caso 1.
A Tabela 9 mostra algumas características sem ISE e medidos (desprezou-se a inclinação
referentes à distribuição dos recalques de corpo rígido do prédio). Observa-se que os
estimados e medidos. Os recalques médios têm recalques diferenciais medidos são menores que
a mesma ordem de grandeza, revelando uma os estimados, e que a previsão sem ISE era que
boa representatividade do modelo tensão- várias rotações atingissem valores maiores que
deformação adotado na previsão dos recalques. 1/300, que é o limite de início de fissuramento
No entanto, como era de se esperar, o de painéis de alvenaria em estruturas
coeficiente de variação dos recalques medidos é aporticadas de concreto (Bjerrum, 1963). De
menor que o dos recalques estimados, devido à fato, até a época da última medição dos
influência da rigidez da estrutura na tendência à recalques, o prédio não apresentava quaisquer
uniformização dos recalques. patologias relacionadas a movimentos da
fundação.

3.4 Efeito da ISE nos Recalques


120

Diversos trabalhos têm mostrado que os Sest < MÉDIA

recalques total e diferencial máximo diminuem Sest > MÉDIA

de grandeza com o aumento da rigidez relativa


estrutura-solo, sendo que os recalques RECALQUE MEDIDO (mm)
80
Sest < Smedido
diferenciais são mais influenciados por essa (ACRÉSCIMO)
rigidez que os recalques absolutos (Meyerhof, Sest > Smedido
(ALÍVIO)
1953; Barata, 1986; Gusmão, 1990). O recalque
médio é praticamente independente da rigidez,
ou seja, independe da consideração ou não da 40

ISE.
No Caso 1, como o recalque médio estimado
e medido têm a mesma ordem de grandeza,
pode-se compará-los diretamente para avaliar os
0
efeitos da ISE (Fig. 14). Observa-se que para os
0 40 80 120
pilares em que os recalques estimados são RECALQUE ESTIMADO SEM ISE (mm)
inferiores ao valor médio (linha tracejada), os
recalques estimados são menores que os Figura 14. Recalque absoluto estimado
medidos. Já para os pilares que têm recalque convencionalmente versus medido – Caso 1.
previsto acima da média, ocorre o inverso, ou
seja, os recalques estimados são maiores que os 50.00

medidos. Isso mostra que à medida que os ROTAÇÃO


1 / 150

recalques ocorrem, há uma transferência de 40.00


MEDIDA
ESTIMADA CONVENCIONALMENTE
INÍCIO DE FISSURAMENTO

carga dos pilares mais carregados (alívio) para


RECALQUE DIFERENCIAL (mm)

EM PAINÉIS DE ALVENARIA
(BJERRUM, 1963)
1 / 300
os menos carregados (acréscimo). 30.00

20.00

Tabela 9. Características da distribuição dos recalques. 1 / 500

Recalques 10.00
Característica Estimado sem Medido 1 / 1000

ISE
Média 79,2 82,3 0.00

0 2 4 6 8 10
(mm) VÃO ENTRE PILARES (m)

Desvio-padrão 15,0 13,4


(mm) Figura 15. Rotação estimada convencionalmente versus
Coeficiente de 0,189 0,162 medida – Caso 1.
variação – CV 3.5 Efeito da ISE na Carga dos Pilares
A Figura 15 apresenta a comparação entre os
recalques diferenciais (ou rotação) estimados
Gusmão (1990) definiu o fator de recalque redução do valor de CV, especialmente no
(AR), que serve para avaliar os efeitos da início da construção do edifício.
redistribuição de cargas nos pilares:
1.60

S
AR = i (1) ARest < 1

Sm ARest > 1

onde: Si = recalque absoluto do apoio i; Sm = 1.20


ARest < ARmed
recalque absoluto médio. (ACRÉSCIMO)

ARmed
A ISE faz com que haja um alívio de carga ARest > ARmed
nos pilares mais carregados e uma sobrecarga 0.80
(ALÍVIO)

nos pilares menos carregados. A Figura 16


mostra a comparação entre os valores de AR
estimados convencionalmente e medidos.
Observa-se que, para a maioria dos pilares que
têm recalque absoluto estimado maior que a 0.40

0.40 0.80 1.20 1.60


média (Arest > 1), há uma tendência do valor de ARest
AR estimado ser maior que o AR medido
(ARest > ARmed), evidenciando um alívio de Figura 16. Comparação entre os valores de AR estimado
carga. Já nos pilares que têm recalque absoluto convencionalmente e medido – Caso 1.
estimado menor que a média (Arest < 1), há
uma tendência do valor de AR estimado ser
menor que o AR medido (ARest < ARmed),
evidenciando um acréscimo de carga.

3.6 Efeito da Seqüência Construtiva

Normalmente é admitida a hipótese do


carregamento da estrutura ocorrer apenas no
final da sua construção. Gusmão e Gusmão Figura 17. Efeito da seqüência construtiva (Gusmão e
Filho (1994) mostraram, no entanto, que à Gusmão Filho, 1994).
medida que a estrutura vai sendo construída, vai 2.50

havendo um aumento do seu carregamento e ARmax

dos recalques absolutos. Mas, há também um 2.00


ARmin

aumento da rigidez da estrutura, que faz com


que haja uma tendência de uniformização dos 1.50

recalques (Fig. 17).


AR

Gusmão et al. (2003) apresentaram 1.00

resultados de monitoramento de recalques de 20


prédios em Recife. A Figura 18 mostra a 0.50

variação dos valores de AR (máximo e mínimo)


com a evolução do carregamento. Observa-se 0.00

claramente que há uma tendência dos recalques 0 20 40 60


CARREGAMENTO (%)
80 100

máximo e mínimo se aproximarem da média


(AR = 1), à medida que a estrutura vai sendo Figura 18. Evolução dos valores de AR com o
construída, e a sua rigidez vai aumentando. carregamento – banco de dados (Gusmão et al., 2003).
A Figura 19 mostra a evolução do CV com o
carregamento da estrutura. Nota-se que mesmo
havendo um aumento do carregamento (e dos
recalques absolutos), há uma tendência de
1.00 0.60
PRIMEIROS
PAVTOS

0.80

0.40

0.60
CV

CV
0.40

0.20

0.20

0.00 0.00

0 20 40 60 80 100 0 100 200 300 400


CARREGAMENTO (%) TEMPO (dias)

Figura 19 Evolução dos valores de CV com o Figura 20. Evolução dos valores de CV medido – Caso 1.
carregamento – banco de dados (Gusmão et al., 2003).

3.7 Influência dos Primeiros Pavimentos 2.00


PRIMEIROS
PAVTOS

ARmax

No item anterior foi mostrado que o aumento do 1.60


ARmin

número de pavimentos da edificação promove


um aumento da rigidez da estrutura, e diminui a 1.20

dispersão do recalques. É importante notar, no


AR

entanto, que esta tendência à uniformização dos 0.80

recalques não cresce de maneira linear com o


número de pavimentos. 0.40

A Figura 20 apresenta a evolução do CV ao


longo do tempo para o Caso 1. Já na Figura 21 é 0.00
apresentada a evolução dos valores de AR 0 100 200 300 400

máximo e mínimo. Em ambos os casos, nota-se TEMPO (dias)

claramente que há uma altura limite, que em


Figura 21. Evolução dos valores de AR medido – Caso 1.
geral corresponde aos cinco primeiros
pavimentos, em que praticamente não há mais
aumento da rigidez para fins de uniformização
dos recalques (Gusmão Filho e Guimarães,
1997).
Isso ocorre devido ao fato de estruturas
aporticadas abertas com painéis se
comportarem, segundo planos verticais, de
maneira semelhante a uma viga parede. Com
isso as partes mais baixas da estrutura sofrerão
apenas deformações de flexão (Goshy, 1978),
como mostrado na Figura 22. Este fato deve ser
levado em consideração no caso de
enrigecimento de estruturas com o objetivo de
se diminuir o nível dos recalques diferenciais
(Gusmão e Gusmão Filho, 1990).

Figura 22. Analogia da viga parede (Goshy, 1978).


4 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA E Tabela 10. Critérios para avaliação de danos em
DANOS EM EDIFÍCIOS edificações (Gusmão e Gusmão Filho, 1995).
Parâmetro Dano Referências
Associado
4.1 Danos Causados por Recalques Recalque -Estético -Terzaghi e Peck (1987)
Absoluto -Funcional -Polshin e Tokar (1957)
Um projeto de fundações deve sempre Máximo
contemplar três requisitos básicos: (i) Distorção -Estético -Skempton e MacDonald
estabilidade, ou seja, deve haver uma adequada Angular -Funcional (1956)
Máxima -Estrutural -Bjerrum (1963)
segurança contra a ruptura do terreno e do Tensão -Estético -Burland e Wroth (1974)
elemento estrutural da fundação (sapata, estaca, Máxima -Estrutural
etc); (ii) desempenho satisfatório, ou seja, os de Tração
movimentos da fundação para as condições de
trabalho (estado limite de serviço) devem ser
compatíveis com as características da estrutura, Surgem tensões cisalhantes nas faces na
a fim de se evitar danos à edificação (estéticos, parede, e uma tração máxima a 45º.
funcionais ou estruturais); (iii) durabilidade, ou Dependendo da magnitude, pode ocorrer o
seja, a vida útil da fundação não deve ser fissuramento da parede nesta direção,
inferior à da própria estrutura. normalmente na junta entre os tijolos (Holanda
Os danos causados pelos movimentos da Jr., 2002).
fundação podem ser classificados em estéticos, O recalque também provoca o surgimento de
funcionais e estruturais. Por outro lado, a momentos negativo e positivo nos apoios
maioria dos critérios usados para avaliação de periférico e central da viga, respectivamente. Se
danos em edificação faz a comparação entre os a viga não estiver devidamente armada, pode
movimentos da fundação e valores ditos como haver fissuramento (Fig. 23).
limites ou admissíveis (Tabela 10) Finalmente, o recalque também provoca uma
Como já foi mostrado anteriormente, a ISE redistribuição das cargas nos pilares, havendo
influencia significativamente os valores dos uma migração de carga do pilar central para os
recalques da edificação, especialmente os pilares extremos. O acréscimo de carga pode
recalques diferenciais. Logo, o uso desses provocar o esmagamento do pilar.
critérios para avaliação de danos sem a Segundo Maffei et al. (2003), há que se
consideração da ISE pode levar a soluções considerar a rigidez da estrutura na
conservadoras de fundação. redistribuição dos esforços na estrutura. Se a
deformada de recalques for uniforme, há apenas
uma translação da estrutura (sem inclinação), e
4.2 Patologias Típicas não surgem esforços adicionais na estrutura,
mesmo sendo a mesma flexível ou rígida.
A ocorrência de recalques diferenciais causa o
aparecimento de esforços secundários nos
elementos estruturais. A Figura 23 (Gusmão e
Gusmão Filho, 1995), por exemplo, mostra o
caso de um painel de alvenaria apoiado em uma
viga de concreto armado. Admitindo-se que
haja um recalque diferencial da coluna central
em relação aos demais apoios (situação muito
comum de ocorrer na prática), o recalque afeta a
parede, a viga e os pilares.

Figura 23. Patologias típicas em uma estrutura aporticada


de concreto (Gusmão e Gusmão Filho, 1995).
Se, ao contrário, a deformada não for A Figura 26 mostra as rotações medidas
uniforme, a estrutura perfeitamente flexível entre os pilares vizinhos. Observa-se que várias
acompanha os movimentos do terreno e rotações atingiram valores entre 1/300 e 1/500,
também não há esforços adicionais na estrutura. o que era coerente com alguns dos danos
Se, no entanto, for uma estrutura rígida, há uma observados.
N-SPT
significativa redistribuição de esforços. 0 10 20 30

No caso de estruturas de concreto armado, 0

como a seção de armadura varia ao longo das AREIA ARGILOSA

vigas, o momento resistente é variável, o que


facilita a formação de rótulas plásticas, ARGILA SILTOSA

tornando a estrutura isostática. Isso faz com que AREIA FINA SILTOSA
10

deixem de ocorrer esforços adicionais devido a


novos recalques. O colapso da estrutura só
ocorre após ser esgotada a capacidade de 20

rotação das rótulas plásticas. Portanto, as ARGILA


SILTOSA

estruturas de concreto podem se adaptar a


recalques diferenciais, desde que devidamente
armadas, de modo a manter o equilíbrio entre os 30 SONDAGEM

SP-01
esforços solicitantes e os resistentes (Maffei et
al., 2003). AREIA MÉDIA E FINA
ESTACAS PRÉ-MOLDADAS
DE CONCRETO COM
COMPRIMENTO VARIÁVEL

PROF.(m) 40

4.3 Exemplo – Caso 2 Figura 24. Perfil do subsolo – Caso 2.

Para exemplificar a influência da ISE nos P1 P2


P3 P4 P5 P6
P7 P8

danos de edifícios, será considerado o caso de


um conjunto residencial composto por 07
P9
prédios em concreto armado com 17 P10 P11 P12 P13
P14 P15
pavimentos, que foram construídos no Recife
(Gusmão e Gusmão Filho, 1994). P16 P17
P18 P19 P20 P21
O projeto previa que as estacas tivessem P22

comprimento variando entre 30 e 42 m,


dependendo da profundidade da camada P25 P26 P27 P28
P30
resistente (Fig. 24). Na execução do P23 P24 P29

estaqueamento, ficou comprovado que algumas


estacas não atingiram a camada resistente. 0 2 4 6 8

Mesmo diante do impasse, o empreendedor


Figura 25. Isorecalques medidos – Caso 2.
resolveu continuar a construção sem nenhum
reforço da fundação, que se fosse necessário 50.00
1 / 150
seria feito a durante a construção dos prédios. ROTAÇÃO

MEDIDA

Foi, feito, então, o monitoramento de todos os 40.00


RECALQUE DIFERENCIAL (mm)

30 pilares de todos 07 prédios, durante 18 1 / 300

meses. Neste período, surgiram vários danos na 30.00

estrutura nos blocos.


A Figura 25 mostra as isorecalques da última 20.00

1 / 500
medição do Bloco F, que foi onde houve a
maior incidência de danos. A maior parte dos 10.00
1 / 1000
danos eram fissuras nas alvenarias, mas também
havia fissuras em lajes e vigas. Apesar do 0.00

0 2 4 6 8 10

prédio ser simétrico, houve uma pequena VÃO ENTRE PILARES (m)

inclinação de corpo rígido da ordem de 1/4000. Figura 26. Rotações medidas – Caso 2.
No entanto, havia a suspeita dos danos terem elasticidade tanto para o solo, quanto para a
sido provocados não apenas por recalques. Foi, estrutura. São apresentados diversos gráficos
então, feito um levantamento completo de todas que mostram a influência da rigidez relativa
as patologias em todos os 17 andares do prédio estrutura-solo nos recalques e momentos
(Fig. 27). Observa-se que os danos ocorreram fletores na fundação. O autor sugere também
em todos os pavimentos, mas houve de fato fórmulas que permitem substituir a edificação
uma maior incidência nos primeiros real por outra com rigidez equivalente,
pavimentos. simplificando as análises de ISE.
Com isso, ficou comprovado que os danos Em 1954, Samuel Chamecki publicou um
surgidos não foram provocados apenas por dos mais importantes trabalhos da história da
recalques, mas também por deformação geotecnia no Brasil, onde foi apresentada uma
excessiva de alguns elementos estruturais (lajes metodologia para análises de ISE. O método
e vigas). Estes danos eram fáceis de serem requer uma análise iterativa, até que haja a
identificados, pois se repetiam em todos os convergência das reações de apoio e recalques.
pavimentos com a mesma intensidade, Poulos (1975) apresentou uma metodologia
diferentemente dos danos provocados por geral para estimativa do recalque de uma
recalque, que eram mais intensos nos primeiros edificação, na qual a superestrutura, fundação e
pavimentos. terreno de fundação são tratados como um
sistema único. Na realidade a metodologia é
semelhante à proposta por Chamecki (1955),
5 PREVISÃO DE RECALQUES mas foi desenvolvida na forma matricial, o que
CONSIDERANDO-SE A ISE EM EDIFÍCIOS facilita a sua implementação em programas
computacionais.
5.1 Histórico Barata (1986) apresentou uma metodologia,
em caráter experimental, para previsão de
Em 1953, Meyerhof publicou um trabalho que é recalques levando-se em consideração a rigidez
considerado uma das primeiras tentativas de se da estrutura. Neste trabalho o autor tenta
considerar os efeitos da ISE em edificações. exprimir graficamente a relação entre a
deflexão relativa e o recalque absoluto máximo,
50
e a rigidez da estrutura, que é representada pela
relação entre a altura do prédio e o seu
comprimento em planta. Gusmão (1990),
40 PRÉDIO mostrou que a metodologia apresentou
BLOCO F resultado satisfatório para o Caso 1 (Fig. 28).
ALTURA DO PRÉDIO (m)

30

20

5o. PAVTO

10

ESTR. FUNDAÇÃO

0 20 40 60
NÚMERO DE FISSURAS Figura 28. Aplicação da metodologia proposta por Barata
(1986) ao Caso 1 (Gusmão, 1990).
Figura 27. Distribuição dos danos nas alvenarias por
5.2 Modelos mais Recentes
pavimento e suas prováveis causas – Caso 2.
A análise está baseada na teoria da
Há várias pesquisas no mundo com proposição nas paredes externas dos andares inferiores
de metodologias para a consideração da ISE na chegam a aumentar até 234% (Fig. 30). Apesar
previsão de recalques. No Brasil, em particular, dessa magnitude, os autores concluem que
destacam-se os trabalhos desenvolvidos na mesmo em análises não lineares considerando-
USP/São Carlos coordenados por Nelson Aoki se a plastificação do solo, os valores não se
e José Cintra; na UFPE, por Antônio Oscar da alteram de modo significativo. Também se
Fonte; na COPPE/UFRJ por Fernando Danziger observa que os efeitos da ISE não atingem mais
e Paulo Santa Maria; na UERJ e UFF por que três pavimentos.
Bernadete Danziger e Eliane Carvalho; na Outros modelos para cálculo de recalques
USP/São Paulo por Carlos Maffei e Heloísa considerando-se a ISE podem ser encontrados em
Gonçalves; na UENF por Paulo Maia; na UnB Fonte (2000), Iwamoto (2000) e Ribeiro (2005).
por Renato Cunha; e na UPE por Alexandre
Gusmão.
Um interessante trabalho foi desenvolvido
por Reis (2000), que inclusive conquistou o
Prêmio Icarahy da Silveira da ABMS. Neste
trabalho estuda-se a ISE de grupo de edifícios
com fundações superficiais, em maciço de solos
de argila mole. O comportamento ao longo do
tempo da argila mole é analisado com o modelo
reológico de Kelvin. Os parâmetros do modelo
são determinados através do ajuste entre as
curvas recalque–tempo do modelo e as curvas
medidas em três prédios, construídos
simultaneamente, na cidade de Santos/SP.
A ISE provoca uma tendência de
uniformização dos recalques, e isto fica
evidente ao compararem-se os recalques Figura 29. Curvas isorecalques calculados com grupo de
prédios com e sem ISE (Reis, 2000).
calculados com procedimento convencional
com os recalques calculados considerando o 40

efeito da rigidez da superestrutura. O ANÁLISE

mecanismo de transferência de carga entre os CONVENCIONAL

pilares provoca recalques maiores que os 30


INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA

determinados convencionalmente nos pilares


ALTURA DO PRÉDIO (m)

periféricos. Nos pilares centrais, o mecanismo


de transferência de carga produz recalques
menores que os calculados sem interação (Fig. 20

29). Outro ponto importante é o fato do valor do


recalque de uma fundação não ser condicionado
apenas pela carga que chega nesta fundação, e 10 3o. PAVTO
sim pelo estado de tensões a que o maciço está
submetido. Este estado de tensões depende de
+ 234 % ???
todas as cargas, em todos os pilares, inclusive
de prédios vizinhos (Reis, 2000). 0

Paramonov et al. (2005), apresentaram um 0 1000 2000


ESFORÇO NORMAL NA PAREDE (kN/m)
software de previsão de ISE com base no MEF,
com implementação de vários modelos para a Figura 30. Esforço normal com e sem ISE na parede
superestrutura, infra-estrutura e terreno de externa do prédio (adaptado de Paramonov et al., 2005)
fundação. É apresentado um exemplo de um 6 DESEMPENHO DE FUNDAÇÕES DE
prédio modelado como uma caixa. Quando se EDIFÍCIOS EM RECIFE
considera o efeito da ISE, os esforços normais
6.1 Prática de Fundações no Recife proposta, serão apresentados alguns casos de
monitoramento de prédios em Recife.
Morfologicamente a Cidade do Recife apresenta
duas paisagens muito distintas: os morros e a
planície. A ocupação da cidade com edificações 6.3 Terrenos com Camadas de Argila Mole
de grande porte tem se dado, contudo, apenas
no espaço confinado entre os morros e a orla No Bairro de Boa Viagem, há dois perfis
marítima, que se constitui em uma grande geotécnicos típicos (Fig. 33). No caso (a), a
planície de origem flúvio-marinha. camada argilosa mole aparece a partir de 10 m
Neste contexto geológico, o subsolo típico é de profundidade, e a solução de fundação típica
muito variado. Encontram-se camadas de areia para prédios com até 15 lajes, é a adoção de
fina e média, de compacidade fofa, intercaladas sapatas associadas a um melhoramento do
ou seguidas por outras, seja de argila orgânica terreno superficial com estacas de compactação.
mole, seja de areia concrecionada muito Neste caso, os recalques máximos medidos são
compacta ou arenitos bem consolidados. Os normalmente superiores a 100 mm.
depósitos de argila orgânica mole e média são
encontrados em cerca de 50% da área da
planície, muitas vezes em subsuperfície e com
espessuras superiores a 15 m.
Por tudo isto, a prática atual de fundações no po
Recife é fortemente direcionada pelas
1
características geológico-geotécnicas do
subsolo, ainda que outros fatores influenciem na 2
Dpo
escolha e sejam assim encontrados diversos
tipos de fundação na cidade (Gusmão, 2005).
H CAMADA ARGILOSA

6.2 Metodologia para Interpretação das


Medições de Recalques
Figura 31. Hipótese para o cálculo da tensão vertical no
Oliveira et al. (2002) apresentaram uma topo da camada argilosa – fundação com sapatas.
metodologia para interpretação de medições de
recalque, como se a construção do prédio fosse
um ensaio edométrico no campo. Foi
introduzido o conceito de curva normalizada
tensão-deformação da fundação. A
normalização é feita considerando-se a relação
entre o recalque médio do prédio de uma dada
medição, dividido pela espessura da camada de
1 po
argila mole (H).
A idéia desta interpretação é analisar leituras 2
de recalque como um ensaio de adensamento no Dpo
campo, com as devidas ressalvas em termos de
condições de contorno, principalmente pelo fato H CAMADA ARGILOSA

da drenagem ser parcial em cada carregamento.


Nesta análise os valores intermediários são Figura 32. Hipótese para o cálculo da tensão vertical no
obtidos a partir de leituras de recalque ao longo topo da camada argilosa – fundação com estacas.
da construção do prédio e adota-se a tensão
vertical final no topo da camada argilosa (Fig.
31 e 32). Para exemplificar a metodologia
N-SPT
NT NT
0 10 20 30 40 SAPATA
0

5m
ESTACAS DE
COMPACTAÇÃO
(AREIA + BRITA)
ESTACAS DE
COMPACTAÇÃO
8m AREIA FINA E
MÉDIA
5

10 m
10

20 m
ARGILA
MOLE 15
ARGILA
MOLE ARGILA ORGÂNICA
SILTOSA
SONDAGEM

ANTES
20
APÓS

35 m 35 m

PROF.(m) 25
(a) (b)
Figura 34. Perfil do subsolo – Caso 3.
Figura 33. Perfis típicos em Boa Viagem e soluções de
fundações (Gusmão, 2000). P1 P2

No caso (b), a camada argilosa aparece a 14.00


14.00

uma pequena profundidade, inviabilizando uma P3 P4

solução em fundação superficial. A solução 12.00


12.00
P5 P8
típica é a utilização de estacas tipo Franki ou P6 P7
pré-moldadas de concreto assentes entre 12 e 10.00
10.00

18 m de profundidade, trabalhando com carga


8.00
reduzida (50 a 80% da carga admissível como 8.00

elemento estrutural). Os recalques máximos P9 P10


6.00
medidos para prédios com mais de 15 lajes são 6.00

normalmente inferiores a 40 mm.


P11
4.00
4.00 P12 P13 P14
A Figura 34 mostra o perfil geotécnico do
subsolo do Caso 3, bem como alguns detalhes 2.00
2.00
da fundação. A Figura 35 apresenta as
P15 P17
isorecalques referentes à última medição. Este 0.00
P16
0.00
prédio, junto com o Caso 1, é representativo do 2.00
2.00 4.00
4.00 6.00
6.00 8.00
8.00 10.00
10.00 12.00
12.00 14.00
14.00 16.00
16.00

perfil tipo (a) mostrado na Figura 33. Figura 35. Isorecalques medidos – Caso 3.
A Figura 36 mostra a curva edométrica de
campo obtida pela metodologia proposta (Casos
1 e 3). As curvas exibem uma tensão de
escoamento ou de sobreadensamento que separa
dois tipos de comportamento, com diferentes
inclinações na curva tensão-deformação. O
escoamento neste caso é uma desestruturação
devido à compressão (Oliveira et al., 2002).
Para os dois casos, o valor do OCR é igual a
1,24. Este valor é compatível com as pesquisas
sobre as argilas moles do Recife, que têm
mostrado que as mesmas são levementes
sobreadensadas (Coutinho e Bello, 2005).
Figura 36. Curva edométrica de campo – Casos 1 e 3.
As Figuras 37 e 38 mostram o perfil argilosas já havia sido observada por Gusmão
geotécnico do subsolo dos Casos 4 e 5, bem (2000) em ensaios edométricos feitos em
como alguns detalhes da fundação profunda. As amostras de boa qualidade (Fig. 42). Este
Figuras 39 e 40 apresentam as isorecalques aumento do OCR na camada mais profunda está
referentes às últimas medições. Estes dois casos provavelmente associado ao fato desta camada
de prédios são representativos do perfil tipo (b) ser mais antiga (Massad, 1999).
mostrado na Figura 40.
P1 P2
A Figura 41 mostra a curva edométrica de
campo. Neste caso, os valores de OCR são
ordem de 1,60. Este valor é maior que o obtido P3 P8

para os Casos 1 e 3, onde a camada de argila é P4 P5


P6
P7

mais superficial.
N-SPT
0 10 20 30 40 P10 P11
P9 P12
0

AREIA FINA SONDAGEM


E MÉDIA
SP-1
5

ARGILA ORGÂNICA ESTACA PRÉ-MOLDADA


10 DE CONCRETO P13 P16
SILTOSA
P14 P15

15
AREIA MÉDIA
E FINA P17 P18

20
0 2 4 6 8

25
ARGILA ORGÂNICA
SILTOSA Figura 39. Isorecalques medidos – Caso 4.
30

35

P1 P2 P3 P4 P5 P6

40
AREIA FINA
SILTOSA P7 P8 P9 P10
PROF.(m) 45
P11
P12 P17
Figura 37. Perfil do subsolo – Caso 4. P13 P14 P15 P16

N-SPT 0 2 4 6 8
0 10 20 30 40

0
Figura 40. Isorecalques medidos – Caso 5.
SONDAGEM
AREIA FINA
E MÉDIA ESTACA TIPO
SP-1
FRANKI

10

ARGILA MELHORAMENTO
SILTOSA (AREIA + BRITA)

20

ARGILA
SILTOSA

30

AREIA MÉDIA
E FINA
PROF.(m) 40

Figura 41. Curva edométrica de campo – Casos 4 e 5.


Figura 38. Perfil do subsolo – Caso 5.
Esta diferença do OCR entre as camadas
OCR
0 1 2 3 quadrangular cobrindo toda a área de projeção
0 da lâmina do prédio, estendendo-se uma ou
OCR

LABORATÓRIO duas filas de estacas além dos limites da lâmina,


MONITORAMENTO
visando cobrir regiões influenciadas pelo
espraiamento das pressões (Gusmão, 2005b).
10 O melhoramento possibilita elevar a pressão
PROFUNDIDADE (m)

admissível do terreno para valores de até


600 kPa, implicando em uma significativa
diminuição dos volumes de escavação e de
20 concreto. Esta técnica tem permitido a adoção
de fundações superficiais em prédios com até
30 pavimentos, em locais que de outra maneira
requereriam fundações profundas (Gusmão
30 Filho e Gusmão, 1990; 1994 e 2000).
Figura 42. Variação do OCR com a profundidade para
amostras de boa qualidade (adaptado de Gusmão, 2000). N-SPT
0 10 20 30 40

6.4 Terrenos com Fragmentos de Conchas 0

AREIA FINA
e/ou Corais E MÉDIA
2

SAPATA
A Figura 43 mostra o perfil geotécnico do AREIA FINA E MÉDIA
CONCRECIONADA
4

subsolo do Caso 6, cuja fundação é superficial. 6

A peculiaridade deste caso está na presença de


uma camada de fragmentos de corais e conchas FRAGMENTOS DE CORAL
E CONCHA, COM AREIA
8

entre 5 e 13 m de profundidade, que aparece 10


com freqüência em várias regiões da cidade do
Recife (Pacheco et al., 2000). 12

A Figura 44 mostra a curva edométrica de 14


campo obtida pela metodologia proposta. Nota- AREIA MÉDIA

se que há um comportamento próximo de um E FINA


16

colapso para uma tensão vertical de 147 kPa. 18


SONDAGEM

Este fato pode indicar que houve esmagamento SP-6

dos fragmentos de corais e conchas no campo PROF.(m) 20

(“crushing”). Outro aspecto interessante é que Figura 43. Perfil do subsolo – Caso 6.
mesmo sendo um material com comportamento
granular, a sua compressibilidade é da mesma
ordem de grandeza de uma argila mole
(recalque normalizado igual a 1,1 %), o que
mostra que o esmagamento dos grãos deve ser
considerado nos projetos de fundações neste
tipo de formação geológica.

6.5 Terrenos Arenosos com Melhoramento

A técnica de melhoramento com estacas de


compactação de areia e brita tem sido
largamente utilizada no Recife e várias outras
cidades nordestinas desde a Década de 70, com
resultados bastante satisfatórios. Esta técnica Figura 44. Curva edométrica de campo – Caso 6.
consiste na execução de uma malha
Gusmão e Calado Jr. (2002) apresentaram o A Tabela 11 apresenta os valores de Es e a
monitoramento de recalques de um prédio de retroanalisados. Os valores de Es variam de 99
concreto armado com 24 lajes (Caso 7). As a 196 MPa e são típicos de uma areia
fundações do prédio são superficiais tipo medianamente compacta a compacta. Já o valor
sapatas para uma pressão de trabalho de 450 de a varia de 6,7 a 10,9 MPa, e tem valor médio
kPa, associadas a um melhoramento do terreno de 8,6 MPa. Este valor é maior que o
com estacas compactação. normalmente sugerido em outros trabalhos
A Figura 45 mostra a variação do recalque (Barata, 1986). A provável explicação está no
médio com carregamento médio da estrutura. fato do maciço não ser homogêneo, como
Observa-se uma relação praticamente linear, pressupõe a Equação (2). Na realidade, há uma
como seria esperado para um depósito granular. camada de material resistente (solo melhorado)
Este mesmo comportamento tem sido sobrejacente a uma camada fraca (solo natural),
observado em vários outros prédios em terrenos o que faz com o módulo equivalente aumente.
melhorados em Recife.
Com o objetivo de se obter o módulo de Tabela 11. Retronálise do módulo de deformabilidade do
deformabilidade do maciço (Es), foi feita a maciço – Terrenos melhorados.
retroanálise do recalque médio medido do Caso No. Smedio NSPT Es a
Pavtos (mm) (MPa) (MPa)
prédio através da equação clássica da Teoria da
8 25 14,65 11 99 9,0
Elasticidade: 9 23 3,59 18 196 10,9
10 29 23,00 18 147 8,2
po ⋅ B ⋅ (1 − µ 2 ) 11 22 5,82 15 101 6,7
Es = ⋅I (2) 12 26 18,25 20 166 8,3
Smedio
13 30 20,36 14 122 8,7
14 17 13,46 15 114 7,6
onde: po = pressão média transmitida pelo 15 16 14,17 12 113 9,4
prédio; Smedio = recalque médio do prédio; B = 16 24 14,53 12 128 10,7
largura do prédio em planta; I = coeficiente que 17 20 14,47 14 100 7,2
depende da forma em planta do prédio, e da
rigidez do prédio (tomado igual a 1 para todos
os casos). 7 CONCLUSÕES

Também foi retroanalisado o coeficiente de Apesar de não ser considerada nos projetos
correlação a entre Es e o valor do NSPT médio convencionais, a ISE é quem comanda o
até uma profundidade igual à largura em planta desempenho da fundação e da própria estrutura
do prédio (B). de uma edificação. O trabalho mostrou que a
ISE promove uma tendência à uniformização
Es ( MPa) dos recalques, e uma redistribuição de esforços
α (MPa ) = (3) nos elementos estruturais. Vários aspectos
N SPT influenciam a rigidez da estrutura, mas o
principal é a altura da edificação, e em especial
os seus primeiros pavimentos.
CARREGAMENTO (%)
0 20 40 60 80 100 Os casos de obras apresentados mostraram
0.00
que o monitoramento deve ser desmistificado
RECALQUE MÉDIO (mm)

5.00
pelos geotécnicos e engenheiros estruturais, e
deve ser considerado como mais um controle
10.00

RECALQUE
tecnológico da construção de um prédio.
15.00 MEDIDO Mostra-se, ainda, já há disponíveis ferramentas
REGRESSÃO LINEAR (r^2 = 0,94)

20.00 computacionais que permitem, sem maiores


dificuldades, que a ISE seja considerada nos
Figura 45. Evolução do recalque médio com o projetos de edificações.
carregamento – Caso 7.
AGRADECIMENTOS Construção como um Controle de Qualidade das
Fundações. Anais do 4º SEFE, SEFE IV, São Paulo,
vol. 1, pp. 191-202.
O autor gostaria de agradecer aos Engenheiros Danziger, B. R.; Danziger, F. A. B. e Crispel, F. A.
Jaime de A. Gusmão Filho e Gilmar de Brito (2000b), A Medida dos Recalques desde o Início da
Maia, pelas discussões dos resultados. Construção como um Indicador da Interação Solo x
O autor também agradece o convite feito Estrutura. Simpósio sobre ISE, São Carlos, CD Rom.
pela Comissão Organizadora do evento, em Danziger, F. A. B.; Barata, F. E.; Santa Maria, P. E. L.;
Danziger, B.R. e Crispel, F. A. (1997), Measurement
especial, ao Colega Alessander Kormann. of Settlements and Strains on Buildings from the
Beginning of Construction. In: XIV ICSMFE,
Hamburg, Vol. 2, pp. 787-788.
REFERÊNCIAS Décourt, L. (1997), Design and Behaviour of Tall
Buildings on T-Piles Foundations. XIV ICSMFE,
Antunes, H. M. C. C. e Iwamoto, R. K. (2000), Hamburg, Vol. 2, pp. 789-790.
Comparação entre Resultados Observados in Situ e Dias, C. R. R. e Moraes, J. M. (1998), Desempenho de
Modelos Numéricos Para a Interação Estrutura – uma Fundação Superficial sobre Solo Estabilizado
Solo, Simpósio sobre ISE, São Carlos, CD Rom. com Cinza e Cal e Camada Compressível Profunda –
Barata, F. E. (1986), Recalques de Edifícios sobre Controle de Recalques. XI COBRAMSEG, Brasília,
Fundações Diretas em Terrenos de Vol. 3, pp.1549-1556.
Compressibilidade Rápida e com a Consideração da Falconi, F.; Azem, F. e Hachich, W. C. (2003), Proposta
Rigidez da Estrutura. Tese de Concurso para de Renivelamento de Prédios em Santos. Workshop
Professor Titular do Departamento de Construção Passado, Presente e Futuro dos Edifícios da Orla
Civil, Escola de Engenharia da UFRJ, Rio de Janeiro. Marítima de Santos, pp. 127-134.
Bjerrum, L. (1963), Discussion, Proc. of ECSMFE, Fonte, A. O. C.; Fonte, F. L. F. E Milfont, M. L. B.
Wiesdaden, Vol.2, pp.135. (2000), Sistema Computacional Edifício – Módulo
Burland, J. B e Wroth, C. P. (1974). Settlements of Interação Solo-Estrutura – Um Sistema de Apoio à
Buildings and Associated Damage. Proc. of Pesquisa e à Pós-Graduação em Engenharia Civil na
Conference on Settlements of Structures, UFPE, Simpósio sobre ISE, São Carlos, CD Rom.
Cambridge/UK, pp. 611-654, Fonte, F. L. F. (2000). Análise de Interação Solo-
Campos, G. C. (2003), Controle de Recalques em Estrutura em Edifícios. Mestrado, UFPE, Recife.
Edifícios da Orla Marítima. Workshop Passado, Fonte, F. L. F.; Fonte, A. O. C. e Pontes Filho, I. D.
Presente e Futuro dos Edifícios da Orla Marítima de (2001), Análise de Interação Solo-Estrutura em
Santos, pp. 105-115. Edifícios. 4º INFOGEO, Curitiba, CD Rom.
Cardozo, D. L. S. (2002), Análise dos Recalques de Gonçalves, H. H. S. e Cardozo, D. L. S. (2002),
Alguns Edifícios da Orla Marítima de Santos. Conseqüências Técnicas e Sociais da Utilização de
Mestrado, Poli/USP, São Paulo. Fundações Diretas Rasas para Prédios Construídos em
Castello, R.R; Polido, U. F.; Bicalho, K. V. e Ribeiro, R. Santos. 13o. COBRAMSEG, São Paulo, CD Rom.
C. H. (2001), Recalques Observados de Sapatas em Gonçalves, H. H. S. (2004), A Utilização de Isócronas
Solos Terciários de São Paulo, Revista Solos e Tensão-Deformação para a Determinação de
Rochas, São Paulo, Vol.24 (2), pp.143-153. Recalques por Adensamento Secundário. 5o. SEFE,
Cavalcante, S. P. P. Gusmão, A. D. e Gusmão Filho, J. A. São Paulo, vol. 2, pp. 236-244.
(2004), Análise de Interação Solo-Estrutura em um Gonçalves, J. C.; Danziger, F. A. B.; Santa Maria, P. E.
Edifício sobre um Perfil Arenoso e Heterogêneo de L. e Crispel, F. A. (2004), Comparação entre
Jaboatão dos Guararapes. 5o. SEFE, São Paulo, vol. Recalques Medidos e Previstos em Edifício em
2, pp. 477-490. Fundações Superficiais. 5o. SEFE, São Paulo, vol. 2,
Chamecki, S. (1954), Consideração da Rigidez da pp. 290-299.
Estrutura no Cálculo dos Recalques da Fundação. Em Gonçalves, J. C. (2004). Avaliação da Influência dos
I COBRAMSEF, Porto Alegre vol. 1, pp. 35-80. Recalques das Fundações na Variação de Cargas dos
Costa, R. V. (2003), Estudo de Casos de Obra Pilares de um Edifício. Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio
Envolvendo o Monitoramento dos Recalques desde o de Janeiro.
Início da Construção. Mestrado, UFF, Niterói. Goschy, B. (1978), Soil-Foundation-Structure
Coutinho, R. Q e Bello, M. I. M. C. V. (2005), Aterros Interaction. Journal of the Structural Division, ASCE,
sobre Solos Moles. Em Gusmão, A. D.; Gusmão vol. 104, n. ST5, pp. 749-761.
Filho, J. A.; Oliveira, J. T. R. e Maia, G. B. (Org.). Gusmão, A. D. (1990), Estudo da Interação Solo-
Geotecnia no Nordeste. Recife, Vol. 1, pp.111-153. Estrutura e sua Influência em Recalques de
Crespo, V. A. S. (2004). Estudo da Sensibilidade de Edificações, Tese de Mestrado, COPPE, UFRJ, Rio
Edificações em Relação ao Solo. Mestrado, UENF, de Janeiro.
Campos dos Goytacazes. Gusmão, A. D. e Gusmão Filho, J.A. (1990). Um Caso
Danziger, B. R.; Danziger, F. A. B. e Crispel, F. A. Prático dos Efeitos da Interação Solo-Estrutura em
(2000a), A Medida dos Recalques desde o Início da
Edificações. IX COBRAMSEF, Salvador, vol. 2, pp. International Conference on Geotechnical and
437-446. Geological Engineering, Melbourne, CD Rom.
Gusmão, A. D. (1994), Aspectos Relevantes da Interação Hollanda Jr., O. G.(2002), Influência de Recalques em
Solo-Estrutura em Edificações, Revista Solos e Edifícios de Alvenaria Estrutural. Doutorado,
Rochas, São Paulo, Vol.17, No.1, pp.47-55. EESC/USP, São Carlos.
Gusmão, A. D. e Gusmão Filho, J. A. (1994), Iwamoto, R. K. (2000). Alguns Aspectos dos Efeitos da
Construction Sequence Effect on Settlements of Interação Solo-Estrutura em Edifícios de Múltiplos
Buildings, Proc. of XIII ICSMFE, New Delhi, Vol.3, andares com Fundação Profunda. Mestrado,
p.1803-1806. EESC/USP, São Carlos.
Gusmão, A. D. e Gusmão Filho, J. A. (1995) Soil- Jordão, D. R. (2003), Estabilidade Global de Edifícios
Structure Interaction on Building Damage, Proc. of X sobre Fundações Profundas Considerando a
PCSMFE, Guadalajara, Vol.2, p.1139-1149. Interação Solo-Estrutura. Mestrado, EESC/USP, São
Gusmão, A. D. (2000), Influência da Qualidade de Carlos.
Amostras de Argilas Moles na Previsão de Recalques Justo, J. L.; Justo, E. e Durand, P. (2005), Prediction and
de Edifícios, IV SEFE, São Paulo, Vol.1, pp.71-84. Performance for the Foundation of a 40-Storied
Gusmão, A. D.; Gusmão Filho, J. A. e Pacheco, J. L. Tower in Tenerife Island. 16th ICSMGE, Osaka, CD
(2000a), Interação Solo-Estrutura em um Edifício Rom.
com Fundação em Terreno Melhorado, Simpósio Lobo, A. S.; Ferreira, C. V. e Albiero, J. H. (1998),
sobre ISE, São Carlos, CD Rom. Acompanhamento de Recalques dos Pilares de um
Gusmão, A. D.; Gusmão Filho, J. A. e Maia, G. B. Edifício, Apoiados em Tubulões, no Interior de São
(2000b), Medições de Recalque de um Prédio em Paulo. XI COBRAMSEG, Brasília, vol. 3, pp. 1461-
Recife, Simpósio sobre ISE, São Carlos, CD Rom 1468.
Gusmão, A. D e Calado Jr., I. H. (2002). Efeitos da Lobo, A. S.; Ferreira, C. V.; Albiero, J. H. e Giacheti, H.
Interação Solo-Estrutura em uma Edificação com L. (1999), Settlements of Drilled Caissons on Sandy
Fundação em Terreno Melhorado. 13o. Soil. Proc., PCSMGE, Foz do Iguaçu, vol. 3, pp.
COBRAMSEG, São Paulo, vol. 3, pp.1743-1752. 1953- 1599.
Gusmão, A. D.; Gusmão Filho, J. A. e Calado Jr., I. H. Lobo, A. S.; Ferreira, C. V.; Albiero, J. H. e Anunciação,
(2003), Settlement Monitoring of Buildings - The R. G. (2000), Recalques dos Tubulões Durante a
Experience of Recife, Brazil, XII PCSMFE, Construção de um Edifício. Anais do 4º SEFE, São
Cambridge/USA, Vol. 2, pp.2727-2732. Paulo, vol. 1, pp. 45-57.
Gusmão, A. D. (2005a), Prática de Fundações no Recife. Lopes, F. R. e Gusmão, A. D. (1991), On the Soil-
Em Gusmão, A. D.; Gusmão Filho, J. A.; Oliveira, J. Structure Interaction and its Influence on the
T. R. e Maia, G. B. (Org.). Geotecnia no Nordeste. Foundation Settlements. X ECSMFE, Firenze, vol. 1,
Recife, vol. 1, p. 225-246. pp. 475-478.
Gusmão, A. D. (2005b), Melhoramento de Terrenos Lucena, A. E. F. L. (2003). Monitoramento de Recalques
Arenosos. Em Gusmão, A. D.; Gusmão Filho, J. A.; de Edifícios e Avaliação da Interação Solo-Estrutura.
Oliveira, J. T. R. e Maia, G. B. (Org.). Geotecnia no Mestrado, UFPB/CG, Campina Grande.
Nordeste. Recife, vol. 1, p. 331-363. Lucena, A. E. F. L.; Bezerra, R. L. e Gusmão, A. D.
Gusmão Filho, J. A. (1998), Fundações: do (2004), Monitoramento de Recalques de Edifícios
Conhecimento Geológico à Prática da Engenharia, desde o Início da Construção e Avaliação da
Editora da UFPE, Recife. Interação Solo-Estrutura. Revista Solos e Rochas,
Gusmão Filho, J. A. e Gusmão, A. D. (1990), São Paulo, vol. 27 (3), pp. 215-230.
Contribuição ao Estudo do Melhoramento de Machado, J. (1957), Estudo Comparativo de Recalques
Terrenos Arenosos, IX COBRAMSEF, Salvador, Calculados e Observados em Fundações Diretas de
Vol.2, pp.395-402. Santos. 2o. COBRAMSEF, Recife e Campina
Gusmão Filho, J. A. e Gusmão, A. D. (1994), Estudo de Grande, vol. 1, pp. 21-36.
Casos de Fundações em Terrenos Melhorados, X Madureira, E. L. e Bezerra, J. E. (2000), Influência da
COBRAMSEF, Foz do Iguaçu, Vol.1, pp.191-198. Interação Solo-Estrutura na Distribuição de Cargas
Gusmão Filho, J. A. e Guimarães, L. J. N. (1997), Limit dos Pilares, IV SEFE, São Paulo, Vol.2, pp.178-184.
Stiffness in Soil Structure Interaction of Buildings. Maffei, C. E. M.; Gonçalves, H. H. S. e Pimenta, P. M.
XIV ICSMFE, Hamburg, Vol. 2, pp. 807-808. (2003), Renivelamento do Edifício Núncio Malzoni -
Gusmão Filho, J. A., Gusmão, A. D. e Maia, G. B. Projeto e Aspectos Estruturais. Workshop Passado,
(1998), Prática de Fundações na Cidade do Recife: Presente e Futuro dos Edifícios da Orla Marítima de
Exemplos de Casos, XI COBRAMSEG, Brasília, Vol. Santos, pp. 77-100.
3, pp.1415-1422. Maia, P. C. A.; Barros, R.A e Saboya, F. A. (2004),
Gusmão Filho, J. A., Gusmão, A. D. e Maia, G. B. Acompanhamento de Recalques de Fundação em
(1999), Performance of a High Building with Estacas Hélice na Região de Campos dos Goytacazes.
Superficial Foundation in Recife, Brazil, XI 5o. SEFE, São Paulo, vol. 2, pp. 441-449.
PCSMFE, Foz do Iguaçu, Vol. 3, pp.1563-1569. Maia, P. C. A.; Barros, R.A e Saboya, F. A. (2005b),
Gusmão Filho, J. A. e Gusmão, A. D. (2000), Control and Prediction of the Pile Foundations
Compaction Piles for Building Foundation,
Behavior Through Settlement Measures. 16th Polshin, D. E. e Tokar, R. A. (1957). Maximum
ICSMGE, Osaka, CD Rom. Allowable non-Uniform Settlement of Structures.
Massad, F. (1999), Baixada Santista: Implicações da ICSMFE, London, vol. 1, pp.402-405.
História Geológica no Projeto de Fundações, Revista Poulos, H. G. (1975). Settlement Analysis of Structural
Solos e Rochas, São Paulo, Vol.22 (1), pp.3-49. Foundation Systems. 4th. South-East Asian
Mendonça, J. C. (2000), Um Modelo Computacional de Conference on Soil Engineering, Kuala Lumpur, Vol.
Análise da Interação Estrutura-Maciço de Solos em 4, pp. 52-62.
Edifícios. Mestrado, EESC/USP, São Carlos. Reis, J. H. C. (2000), Interação Solo-Estrutura de Grupo
Mendonça, J. C.; Reis, J. H. C. e Aoki, N. (1998), de Edifícios com Fundações Superficiais em Argila
Considerações sobre a Influência Recíproca de Mole. Mestrado, EESC/USP, São Carlos.
Fundações de Prédios Vizinhos em Regiões de Argila Reis, J. H. C. e Aoki, N. (2000), Análise de Interação
Mole. XI COBRAMSEG, Brasília, Vol. 3, pp.1527- Solo – Estrutura em Maciço de Argila Mole,
1534. Simpósio sobre ISE, São Carlos, CD Rom.
Mendonça, J. C. e Aoki, N. (2000a), Previsão da Reis, J. H. C. e Aoki, N. (2005), Aplicação do Método de
Variação dos Recalques de um Edifício pela Aproximações Sucessivas para Solução de Problemas
Inundação Permanente do Maciço Suporte em Interação Solo-Estrutura de Edifícios. 5º
considerando a Interação com a Superestrutura, INFOGEO, Belo Horizonte, CD Rom.
Simpósio sobre ISE, São Carlos, CD Rom. Reul, O. e Ripper, P. (2005), Foundation of a Tall
Mendonça, J. C. e Aoki, N. (2000b), Sistema Building in Cavernous Limestone. 16th ICSMGE,
Computacional Orientado a Objetos para Análise da Osaka, CD Rom.
Interação Solo-Estrutura de Edifícios em Fundações Ribeiro, D. B. (2005), Análise da Interação Solo-
Profundas, IV SEFE, São Paulo, Vol.2, pp.262-270. Estrutura Via Acoplamento MEC-MEF. Mestrado,
Meyerhof, G. G. (1953), Some Recent Foundation EESC/USP, São Carlos.
Research and its Application to Design. Structural Rosa, L. M. P. (2005), Interação Solo-Estrutura –
Engineering, Londres, vol. 31, pp. 151-167. Análise de um Caso de Obra Envolvendo Danos
Milfont, M. L. B. (1999), Interação Solo-Estrutura de Estruturais. Mestrado, UFF, Niterói.
Fundações em Grelha sobre Base Elástica. Mestrado, Russo Neto, L; Aoki, N. e Menegotto, M. L. (2002),
Departamento de Engenharia Civil/UFPE, Recife. Instrumento para Medida de Carga em Pilares. 13o.
Moura, A. R. L. U. (1999), Análise Tridimensional de COBRAMSEG, São Paulo, CD Rom.
Interação Solo-Estrutura em Edifícios, Revista Solos Russo Neto, L. (2005), Interpretação de Deformação e
e Rochas, São Paulo, Vol.22 (2), pp.87-100. Recalque na Fase de Montagem de Estrutura de
Niyama, S.; Moraes, J. T. L e Campos, G. C. (2000), Concreto com Fundação em Estaca Cravada.
Recuperação das Fundações de um Edifício Doutorado, EESC/USP, São Carlos.
Habitacional em Acelerado Processo de Recalque e Seixas, N. J. O e Gonçalves, H. H. S. (2003), O Edifício
Tombamento, IV SEFE, São Paulo, Vol.1, pp.393- da Universidade Santa Cecília – Medidas de Recalque
402. desde o Início da Obra. Workshop Passado, Presente e
Oliveira, A. e Oliveira, J. A. L. (2004), Reforço de Futuro dos Edifícios da Orla Marítima de Santos, pp.
Fundações e Renivelamento Geotécnico de Edifício 117-126.
na Baixada Santista – Abismo IV. 5o. SEFE, São Silva, M. K. (2005), Interação Solo-Estrutura – Uma
Paulo, vol. 1, pp. 80-89. Contribuição à Interpretação dos Registros
Oliveira, J. T. R.; Gusmão, A. D. e Araújo, A. G. (2002), Experimentais. Mestrado, UFF, Niterói.
Comportamento Tensão-Deformação das Fundações Skempton, A.W. e MacDonald, D. H. (1956), Allowable
de Três Edifícios Monitorados. 13o. COBRAMSEG, Settlements of Buildings, Institution of Civil
São Paulo, vol. 3, pp. 1701-1711. Engineers, London, Part 3, Vol. 5, pp.727-768.
Oliveira, N. J. e Gonçalves, H. H. S. (2003), Comparison Soares, J. M. (2004), Estudo Numérico-Experimental da
between the Calculated and Observed Settlement in a Interação Solo-Estrutura em Dois Edifícios do
Building Located in the Municipality of Santos- Distrito Federal. Doutorado, UnB, Brasília.
Brazil. XII PCSMFE, Cambridge/USA, Vol. 2, Soares, V. B. e Soares, W. C. (2002), Fundações de
pp.2703-2708. Grandes Edifícios com Estacas e Blocos de
Pacheco, J. L.; Gusmão, A. D.; Gusmão Filho, J. A. e Coroamento, Participando das Reações do Solo e
Amorim Jr, W. M. (2000), Recalque de Edifícios em Medições dos Recalques Obtidos. 13o.
Depósitos de Conchas, IV SEFE, São Paulo, Vol. 1, COBRAMSEG, São Paulo, CD Rom.
pp.227-237. Yu-kang, H.; Xiao-ming, L. e Qiang-hua, C. (1997),
Paramonov, V. N.; Shashkin, C. G. e Vasenin, V. A. Studies of Pile-Box Foundation Interaction under a
(2005), Overall Regularities of Soil-Structure Tall Building. XIV ICSMFE, Hamburg, Vol. 2, pp.
Interaction. 16th ICSMGE, Osaka, CD Rom. 823-826.
Pedreira, C. L. S.; Dias, C. R. R. e Schnaid, F. (2002),
Recalque de Edificação Construída sobre Camada
Tratada Apoiada em Solo Compressível: Estudo de
Caso. 13o. COBRAMSEG, São Paulo, CD Rom.

Você também pode gostar