A Importância do Monitoramento de Recalques durante a

Construção: Caso de Obra.

Neusa Maria Bezerra Mota
UniCEUB, Brasília, Brasil, neusa.mota@uniceub.br
BMS Engenharia, Brasilia, Brasil, neusamota@bmsengenharia.com.br

Irene de Azevedo Joffily

UniCEUB, Brasília, Brasil, irene.lima@uniceub.br
BMS Engenharia, Brasilia, Brasil, irene@bmsengenharia.com.br

Gabriela de Athayde Duboc Bahia

UniCEUB, Brasília, Brasil, gabrieladuboc@gmail.com

RESUMO: A prática brasileira de fundações consiste em realizar controle de recalques apenas

quando há o indício de patologias, sendo que em casos dessa natureza não se tem qualquer idéia dos
recalques anteriores e, portanto, do desempenho das fundações. O monitoramento dos recalques ao
longo da construção vem, então, ser uma ferramenta de análise de como a interação solo-estrutura se
desenvolve com o aumento dos carregamentos e rigidez, e posteriormente, ao longo da vida útil da
edificação. Objetivo deste trabalho é apresentar o monitoramento de recalques de uma edificação
localizada em Águas Claras-DF, visando à análise do comportamento do terreno de fundação nas
diferentes etapas de carregamento da obra ao longo da construção. São apresentadas ferramentas de
avaliação e interpretação de resultados que se mostraram eficazes, pois permitem fácil visualização
dos recalques e de seus parâmetros associados, tanto espacialmente quanto ao longo do tempo. Para
o edifício instrumentado percebem-se, em geral, tendências esperadas, como o aumento dos
recalques absolutos, diminuição da velocidade e uniformização dos recalques ao longo do tempo. O
estudo efetuado se mostra um guia para trabalhos futuros e apresenta formas claras e objetivas para
a análise de dados, facilitando o processo de interpretação dos resultados.

PALAVRAS-CHAVE: Desempenho, Fundações, Recalques.

1 INTRODUÇÃO
O controle de desempenho de edifícios é um
tema cada vez mais abordado, dada à
necessidade da obra atingir a vida útil adequada
e atender as expectativas do cliente.
Atualmente, o controle de recalque está
associado a obras com desempenho
insatisfatório, com patologias e muitas vezes
necessidade de reforço de fundações
(GUSMÃO, 2006). No entanto é uma solução
que, utilizada de maneira preventiva, é uma
ferramenta útil para a gestão de risco dos
empreendimentos. Um diagnóstico de recalques
distorcionais excessivos durante a construção
antecipa a intervenção, que se executada após a
entrega, onera ou até mesmo inviabiliza a
solução.
Além disso, um banco de dados de recalques
em edifícios, principalmente se medidos junto
com as cargas dos edifícios, pode subsidiar os
modelos de interação solo-estrutura (ISE) para
diversos perfis de solo. A utilização da ISE
otimiza os projetos estruturais e de fundação
considerando que a diferença entre a carga nos
pilares, entre o cálculo estrutural convencional,
considerando apoios indeslocáveis, e a análise
com consideração da ISE, pode ser de até 30%
(GONÇALVES, 2004).
A NBR 6122/2010 traz em seu texto a
obrigatoriedade do controle de recalque durante
a construção em estruturas com mais de 60 m
de altura com relação ao térreo.
 Na região do entorno de Brasília, mesmo além da presença de uma camada de turfa com
antes da norma trazer como obrigatório o valores baixos de NSPT o que dificultou bastante
controle de recalque, diversas obras vinham às escavações e a execução dos grampos das
sendo contempladas com medições de recalques cortinas provisórias (Figura 4).
desde o início da construção, contribuindo para
que tal monitoramento represente um controle
de qualidade das fundações. Estas medições
foram iniciadas na UnB em 2008, em um
projeto final de curso de graduação (SERIQUE
& PASCHOALI, 2008). O presente artigo
analisa um caso de obra instrumentada com
início em 2009 e finalizado em 2011.
Medições recentes na região confirmam o
histórico de pequenos recalques. Em medições
feitas nas fases iniciais, há dificuldades de
determinação de recalques já que os valores
encontrados são, várias vezes, menor que a
incerteza do método. Porém, alguns casos
verificam-se dados interessantes, como a obra Figura 1 – Localização em 3D dos furos de sondagens a
percussão (SPT) e do nível d’água.
analisada nesse artigo, que indica o efeito da
variabilidade do subsolo e da rigidez do edifício
nos valores de recalque.

2 CARACTERÍSTICAS DA OBRA E DO
SUBSOLO

A edificação residencial consiste de três juntas

A, B e C e embasamento (junta D). A estrutura
da junta A possui 5 subsolos, 28 pavimentos
tipos, a junta B tem 4 subsolos e 28 pavimentos
e a junta C 4 subsolos e 20 pavimentos. Todas
com um semi-enterrado, um pilotis de acesso e
uma cobertura. O lote do empreendimento
possui área total de 3294 m². Figura 2 – Perfil estratigráfico em 3D.
Chegam às fundações pilares com cargas de
até 14660 kN. Adotaram-se fundações em
estacas hélice continua com diâmetros de 40 a
70 cm e profundidade média de 16,0 m.
Foram executados 8 (oito) furos de
sondagens na região das projeções, localizados
conforme mostrado na Figura 1. O subsolo local
se constitui de um horizonte de argila arenosa
siltosa, seguida da argila siltosa arenosa cinza
(turfa), com NSPT de 2 a 15 golpes, sobrejacente
a camada de silte arenoso amarelo e silte roxo
com NSPT de 15 a 31 golpes e nível de água a
6,0 m de profundidade, conforme Figuras 2 e 3.
Figura 3 – Perfil estratigráfico do solo local – seção B-B’.
A cota 84,20 referente à escavação do 5º
subsolo encontra-se abaixo do nível de água,

Figura 4 – Identificação da superfície de escavação
seguida da camada de turfa.
3 MÉTODO DE MONITORAMENTO DE
RECALQUES
3.1 Equipamentos
A prática atual de medidas de recalques envolve
a realização de um nivelamento ótico de
precisão, tomando-se por base uma referência
de nível profunda, e pontos fixos na estrutura na
qual se pretende medir os deslocamentos
verticais (RUSSO NETO, 2005).
A Figura 5 ilustra os elementos envolvidos
no processo.
Figura 5 – Arranjo esquemático de medida de recalques
com uso de nivelamento ótico.
Nível ótico
O nível ótico é dotado de placa plano
paralela, munida de micrômetro. Estes
elementos proporcionam precisão de leitura da
ordem de décimos de milímetros. Para que o
equipamento atinja o nivelamento horizontal
necessário, ele é munido de tripé e nível de
bolha circular acoplado.
Empregaram-se dois níveis da marca Wild
Heerbrug Switzerland NA2, com micrômetro de
placa paralela. Os equipamentos usados para as
leituras dos recalques podem ser visualizados na
Figura 6. A calibração dos equipamentos é
indispensável para evitar possível fonte de
imprecisões do método.
Mira ou Régua
A mira tem escala graduada em chapa de
ínvar, evitando-se efeitos de dilatação térmica.
É acoplado nível tipo bolha fixo ao seu corpo,
que pode ser do tipo cantoneira.
Figura 6 – Medição de recalque na obra, níveis e régua de
invar.
Pino de recalque
Em geral os pinos de recalque são
confeccionados em com uma extremidade
esférica sobre a qual é apoiada a mira. São
compostos por dois elementos: o pino fêmea,
elemento cilíndrico em latão com tampa
rosqueável, que é fixado com uso de resina
epóxi à estrutura em orifícios executados
normalmente próximos à base do pilar; e o pino
macho, removível, o qual é rosqueado aos pinos
fêmeas nos pontos de medida, no momento da
leitura.
Vale salientar que este modelo não é único,
sendo que diversos autores apresentam pinos
com outras geometrias e concepções, adaptados
para diferentes tipos de estrutura e condições
particulares de obra. A NBR 9061/1995 –
Segurança de escavação a céu aberto – propõe
modelo de pino fêmea onde há a existência de
uma estrutura de ancoragem em forma de Y,
assim como uma tampa em forma de parafuso
com função de proteger a abertura contra
entrada de sujeiras.
Danziger et al. (1997) e Danziger et al.
(2000a) apud Gusmão (2006), apresentaram
pinos fabricados em aço inoxidável, que são
diferentes dos pinos habitualmente usados com
sistema de rosca. O sistema usado é
simplesmente encaixado, de forma a propiciar
melhor acurácia aos resultados, uma vez que as
medições são feitas com o macho sempre na
mesma posição, diferentemente dos pinos
tradicionais. Os pinos de encaixe têm a
desvantagem, entretanto, de possuírem um
diâmetro maior que os de rosca, o que torna um
pouco mais trabalhosa a sua instalação, além do
maior custo.
Outros dois modelos são apresentados no
trabalho de Russo Neto (2005) e Gusmão
(2006).
Andrade et al. (2000), em seu trabalho
apresenta uma concepção diferenciada para os
pinos, onde foram feitos furos nos pilares por
meio de uma furadeira de alto impacto, e neles
introduziu-se buchas de plástico com 5
milímetros, onde foram rosqueados parafusos
comuns. As leituras eram feitas pendurando-se
uma régua metálica na cabeça dos parafusos. O
autor relata que esta alternativa mostrou-se não
só econômica como altamente satisfatória.
Em qualquer caso, é importante que os pinos
sejam preservados após a ocupação do prédio,
para permitir eventuais nivelamentos que sejam
necessários no decorrer de sua vida útil.
Referência de nível (“bench-mark”)
A referência de nível deve ser executada de
forma que se garanta sua indeslocabilidade.
Pode ser profunda ou superficial, no entanto
referências superficiais tipo meio-fio, poste,
devem ser evitadas, pois estão sujeitas a
deslocamentos que não são percebidos. Devido
a esse fato, a referência adotada no estudo é do
tipo profunda (“bench-mark”).
A dificuldade encontrada no caso de
referências profundas é seu elevado custo.
Recomenda-se instalar mais de uma referência
de nível no local, de modo que seja possível
aferir eventuais deslocamentos e propiciar um
elemento de reserva contra eventuais acidentes
de obra. É executada em furos de sondagem de
diâmetro superior a três polegadas, os quais
devem se estender preferencialmente até o
estrato rochoso. Na sua extremidade superior
deve ser chumbada uma haste com um elemento
esférico, em geral de latão, sobre o qual se apoia
a mira.
A NBR 9061/1995 – Segurança de escavação
a céu aberto – propõe um modelo para execução
de um marco de referência
Como a execução de uma referência de nível
profunda para o controle de recalques nem
sempre é viável, muitos autores acabam
adotando soluções mais simplificadas. Soares
(2005) e Gonçalves (2004) adotaram pinos
semi-esféricos em meios-fios, suficientemente
afastados da região de influência da ação do
carregamento do edifício como referência;
Andrade et al. (2000) adotou um pino em um
pilar distante da área de influência dos
recalques; Danziger (2005) optou pela
instalação de pinos em postes, empregando-se
pelo menos duas referências.
A referência de nível precisa ser indeslocavel
e preservada durante e após a construção dos
edifícios.
Tendo em vista tais parâmetros, foi escolhido
o local do bench marck no 4º subsolo com
profundidade final de 1,5 m até o impenetrável,
seguindo as recomendações da NBR 9061/81.
A preservação das RNs depois de finalizada
a construção é de fundamental importância,
visto que medições de recalques podem ser
tomadas a qualquer tempo durante a vida útil
dos edifícios, com o intuito de avaliar o
desempenho das fundações. É o caso, por
exemplo, de quando a fundação é posta sob
suspeita com o aparecimento de patologias na
estrutura, e deseja-se monitorar se houve
realmente algum comportamento anômalo.
3.2 Procedimentos
A metodologia empregada no presente estudo
consistiu em se verificar o desenvolvimento dos
recalques ao longo da construção, de forma que
se possa averiguar a redistribuição de cargas nos
pilares e verificar como se dá a interação solo-
estrutura, comparando-se os dados obtidos com
resultados esperados teoricamente. Foi também
avaliado se o empreendimento possui recalques
distorcionais dentro dos padrões de segurança.
Para isso, foram instalados pinos de aço
inoxidável em fêmeas de latão em 10 (dez) dos
29 (vinte e nove) pilares da Junta A, 13 (treze)
dos 26 (vinte e seis) pilares da Junta B e em 11
(onze) dos 24 (vinte e quatro) pilares da Junta
C, sendo um pilar do embasamento. A escolha
recaiu sobre os mais carregados, ou em pilares
vizinhos com grandes diferenças de carga.
 Tendo em vista o objetivo de monitoramento longo do tempo, demonstrando como a
dos recalques desde o início da construção, com interação solo-estrutura os influencia.
medições envolvendo todas as etapas As medições geram dados bastante simples,
construtivas, o nivelamento ou leitura de que consistem em valores de cota de ré e vante
referência foi iniciado após concretagem da 4ª para cada pilar instrumentado, e que por si só
laje da junta A e 9ª laje das juntas B e C em não são resultados com significado.
23/12/2009. As Tabelas 1 a 3 apresentam o Para cada campanha de medições, os dados
levantamento dos quantitativos dos serviços obtidos de ré e vante de cada pilar são dispostos
executados entre o nivelamento e a 4 ª medição em planilhas de cálculo, onde são calculadas
dos pilares das Juntas A, B e C respectivamente, suas cotas em relação à referência de nível
realizados em 28/01/11. indeslocável (considerada cota zero).
Com posse dos valores de cota de todos os
Tabela 1 – Quantitativos na 4ª medição – Junta A pilares para cada dia de medição, podem ser
Percentual dos serviços executados calculados os recalques parciais e totais e seu
Pilar 100% desenvolvimento no decorrer dos dias.
Laje 100% A partir das coordenadas e dos recalques
Alvenaria 86% absolutos totais em cada data, podem ser
Contrapiso 82% calculados os recalques distorcionais para todas
Revestimento Interno 59% as combinações de pilares da obra.
Revestimento Externo 50%
4.2 Análise do Procedimento de Medições de
Tabela 2 – Quantitativos na 4ª medição – Junta B Recalques Adotado e Sugestões baseadas em
Percentual dos serviços executados outros Trabalhos
Pilar 100%
Laje 100% Burland et al. (1977) sugerem valores de
Alvenaria 92% recalques totais limites aplicáveis aos casos de
Contrapiso 88% estruturas usuais, separando os casos de
Revestimento Interno 50% fundações profundas apoiadas em areia e
Revestimento Externo 50% argilas, a saber:
- Areias: máx = 25 mm
Tabela 3 – Quantitativos na 4ª medição – Junta C - Argilas: máx = 40 mm
Percentual dos serviços executados Segundo os autores, no caso de outros tipos
Pilar 100%
de solos, recomenda-se que os recalques
Laje 100%
prováveis sejam estimados e avaliadas as suas
Alvenaria 81% consequências perante o problema em estudo.
Contrapiso 93% Os valores acima se aplicam a estruturas
Revestimento Interno 66% convencionais de aço e concreto. Não se
Revestimento Externo 0% aplicam aos casos de prédios em alvenaria
portante, para os quais os critérios serão mais
rigorosos, dependentes da relação L/H
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS (comprimento/altura) da construção e do modo
RESULTADOS de deformação previsto.
Teoricamente, uma estrutura com recalques
4.1 Medições de Recalque – Ferramentas de uniformes não sofreria danos, mesmo para
Análise valores exagerados de recalque total. Na prática,
no entanto, a ocorrência de recalque uniforme
O controle de recalques gera uma série de dados não acontece, havendo sempre recalques
que corretamente analisados podem indicar diferenciais decorrentes de algum tipo de
como se desenvolvem os recalques tanto excentricidade de cargas, ou heterogeneidade do
espacialmente na projeção do edifício quanto ao
solo. A limitação do recalque total é uma das A seguir serão apresentados os resultados
maneiras de limitar o recalque diferencial. obtidos durante os estudos (Tabelas 4 a 6 e
Abaixo são apresentadas referências relativas Figuras 7 a 9).
a recalques distorcionais pelos critérios de
Bjerrum (1963) que procuram estabelecer Tabela 4 – Recalque total e velocidade de recalque da 4ª
Medição da Junta A
limites para a distorção angular em função de Junta A
vários tipos de danos: Data Data
β = 1/500: limite seguro para evitar danos em Δt = 401 dias
23/12/2009 28/01/2011

Pilares
paredes de edifícios; Nivelamento 4ª Medição Recalque Velocidade
β = 1/300: limite a partir do qual começam a Cota de Cota de Total de Recalque
Referência Referência (mm) (µm/dia)
aparecer trincas em paredes de edifícios;
(mm) (mm)
β = 1/150: limite a partir do qual se pode P101 2609,620 2606,470 3,15 7,86
esperar danos estruturais em edifícios correntes. P105 2634,800 2631,125 3,68 9,16
Lembra-se que os valores acima foram P108 2630,535 2625,535 5,00 12,47
P109 2711,540 2706,500 5,04 12,57
obtidos a partir de estruturas que apresentaram
P110 2599,815 2592,710 7,11 17,72
algum tipo de dano, representando a distorção P114 2562,675 2557,335 5,34 13,32
angular total medida, não necessariamente P115 2622,240 2616,430 5,81 14,49
aquela que ocorreu após aplicação dos P116 2620,295 2616,000 4,30 10,71
P121 2582,610 2578,860 3,75 9,35
acabamentos. P123 2633,565 2629,260 4,30 10,74
É importante obter a velocidade de
ocorrência dos recalques em micras por dia
(μ/dia). Na prática os valores dependem de
inúmeros fatores, sendo o mais relevante deles o
comportamento do solo sob carga.
Como indicação genérica dos valores usuais,
Milititsky et al (2005) apresentam as referências
relativas a velocidades de recalque:
- Prédios com mais de 5 anos, velocidade
menor que 10 µ/dia;
- Prédios entre 1 e 5 anos, entre 10 e 20 µ/dia;
- Prédios em fundações diretas, fase
Figura 7 - Curva de isorecalque da 4ª Medição - Junta A
construtiva, até 200 µ/dia;
- Prédios em fundações profundas, fase Tabela 5 – Recalque total e velocidade de recalque da 4ª
construtiva, até 80 µ/dia. Medição da Junta B
Junta B
Por fim, vale ressaltar, que os valores de Data Data
referência são para os casos habituais, valores Δt = 401 dias
23/12/2009 28/01/2011
Pilares

acima dos apresentados podem ocorrer Nivelamento 4ª Medição Recalque Velocidade

temporariamente devido a fatores externos à Cota de Ref. Cota de Total de Recalque
obra, como por exemplo, rebaixamento de (mm) Ref. (mm) (mm) (µm/dia)
P202 2583,255 2579,330 3,99 9,79
lençol freático, escavações de valas profundas P204 2611,260 2607,550 3,71 9,25
próximas à obra, ação de atrito negativo em P206 2541,320 2537,075 4,24 10,59
estacas, etc. P207 2531,155 2526,080 5,07 12,66
Para análise da distribuição dos recalques de P208 2581,870 2577,790 4,08 10,17
P209 2597,640 2591,470 6,17 15,39
forma espacial emprega-se o software Surfer, P210 2438,055 2434,575 3,48 8,68
por onde são geradas curvas de isorecalques P212 2498,980 2494,980 4,00 9,98
que, análogas às curvas de nível topográficas, P213 2494,375 2492,125 2,25 5,61
P214 2458,680 2454,020 4,66 11,62
representam as curvas de igual recalque. P215 2565,350 2559,850 5,50 13,72
P217 2631,205 2625,215 5,99 14,94
4.3 Resultados e Análise do Controle de P218 2507,970 * - -
Recalques das Juntas Instrumentadas * Não foi possível realizar a medida no local
 pilares instrumentados. A Tabela 7 apresenta os
valores máximos obtidos por juntas.

Tabela 7 – Recalques distorcionais máximos referentes a

4a medição para as Junta A/B/C
Junta A Junta B Junta C
Dist. Dist. Dist.
Pilares Pilares Pilares
Angular Ang. Ang.
P105/ P212/ P219A/P
1/1640 1/2295 1/822
P110 P215 220A
P109/ P213/ P220A/
1/3460 1/2903 1/1557
P110 P215 P308
Vale ressaltar que os pilares que obtiveram
maior recalque como o P110 com recalque total
de 7,11 mm, P209 com 6,17 mm, P308 com
5,875 mm e P115 com 5,81 mm são pilares de
Figura 8 - Curva de isorecalque da 4ª Medição - Junta B
elevador e escada, portanto os mais carregados.
A figura 10 representa a evolução dos recalques
Tabela 6 - Recalque total e velocidade de recalque da 4ª absolutos dos referidos pilares.
Medição da Junta C No geral, observa-se que todos os valores
Junta C obtidos estão dentro de limites aceitáveis e
Data Data
Δt = 401 dias comprovam o desempenho satisfatório das
23/12/2009 28/01/2011
fundações.
Pilares

Nivelamento 4ª Medição Recalque Velocidade

Cota de Cota de Total de
Referência Referência (mm) Recalque
(mm) (mm) (µm/dia)
P141 2582,025 2578,860 3,165 7,89
P219A 2636,030 2631,030 5,000 12,47
P220A 2613,430 2612,980 0,450 1,12
P307 2578,665 2573,860 4,805 11,98
P308 2586,305 2580,430 5,875 14,65
P309 2583,390 2577,555 5,835 14,55
P310 2617,455 2613,695 3,760 9,38
P314 2597,965 2595,600 2,365 5,90
Figura 10 – Curvas de evolução de recalque dos pilares
P315 2596,040 2594,880 1,160 2,89
P316 2674,665 2673,560 1,105 2,76
de escadas e elevadores.
P319 2575,740 2575,070 0,670 1,67

5 CONCLUSÃO

A prática brasileira de fundações consiste em

Figura 9 - Curva de isorecalque da 4ª Medição -Junta C
Os recalques distorcionais foram calculados
para todos os casos, considerando todos os
realizar controle de recalques apenas quando há
o indício de patologias, sendo que em casos
dessa natureza não se tem qualquer idéia dos
recalques anteriores e, portanto, do desempenho
das fundações em todas as fases da obra.
Dessa forma, atestou-se a importância do
controle de recalques como um controle
tecnológico da obra como um todo, visto que
por meio dele pode-se obter um melhor
entendimento do comportamento de uma
edificação, assim como identificar com mais
segurança as causas de eventuais patologias que
possam surgir nas edificações.
 No estudo percebeu-se que a geometria dos
pinos utilizada, bem como seu sistema de
encaixe, são adequados e que a proteção é
necessária para evitar acúmulo de sujeira no
sistema de rosca. É imprescindível a calibração
dos equipamentos para evitar possível fonte de
imprecisões do método.
Com relação ao modelo de referência de
nível adotado, percebeu-se que o mesmo foi
adequado. A frequência com que as medições
foram realizadas se apresentou satisfatória, no
entanto, o estudo não pôde abranger todas as
etapas construtivas dos edifícios, devido a
incompatibilidade das medições com o
cronograma da obra.
As ferramentas de avaliação e interpretação
de resultados se mostraram eficazes, pois
permitem fácil visualização dos recalques e de
seus parâmetros associados (velocidade, média,
desvio padrão e coeficiente de variação)
espacialmente e ao longo do tempo, indicando
pontos onde ocorrem situações críticas, além de
que são de fácil aplicação em situações
diversas.
Na análise das juntas instrumentadas, no
período de 23/12/2009 e 28/01/2011, os
resultados podem ser considerados aceitáveis,
dentro dos limites estabelecidos por
bibliografias consagradas. Perceberam-se, em
geral, tendências esperadas, como o aumento
dos recalques absolutos, diminuição da
velocidade e uniformização dos recalques ao
longo do tempo. Além disso, não foi verificada
nenhuma indicação de recalque distorcional
preocupante, confirmada pela não evidência de
patologias na obra.
Por fim, o presente trabalho buscou mostrar
a importância do controle de recalques como
um controle tecnológico da obra como um todo,
visto que por meio dele pôde-se obter um
melhor entendimento do comportamento de
uma edificação, assim como identificar com
mais segurança as causas de eventuais
patologias que possam surgir nas edificações.
Aliado a essas características, tem-se o fato de
apresentar custo muito baixo em comparação a
outros tipos de controles e ensaios.
REFERÊNCIAS
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