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1. Distância em Rn. Espaço métrico 1


1.1. Conjunto de Pontos em IRn 1
1.2. Distância em IRn. Espaço Métrico 2
1.3. Pontos Interiores, Exteriores e Fronteiros a um conjunto 8
1.4. Pontos de acumulação. Derivado. Pontos Isolados. Aderência 10
1.5. Conjunto denso 11
1.6. Subconjuntos particulares dos Espaços métricos 11
1.7. Sucessões em Espaço Métrico. Convergência e Limite 14
2.1. Contextualização 20

UNIDADE I:
ESPAÇOS MÉTRICOS, TOPOLÓGICOS E NORMADOS

1.1. Conjunto de Pontos em IRn

Para falarmos de pontos em IRn precisamos antes de recordar a noção do produto


cartesiano. Chama-se produto cartesiano de A por B, e representa-se por A×B, ao

conjunto de todos os pares ordenados, , que é possível formar com os conjuntos

A e B de forma que o 1º elemento do par ordenado, x, pertença a e o 2º, y, a B, isto


é,

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No caso de produto cartesiano de três conjuntos A, B e C, teremos como
resultado um conjunto cujos elementos são constituídos por ternos ordenados (x, y, z),
isto é,

Quando considerarmos um produto cartesiano de quatro, cinco, seis, … n


conjuntos, teremos como resultados, sucessivamente, conjuntos constituídos por
sequências ordenadas de quatro, cinco, seis, … n elementos respectivamente.

1.2. Noções métricas e espaço métrico

Uma questão da importância fundamental na Análise Matemática é a da


possibilidade de se determinarem distâncias entre os elementos do suporte da estrutura
algébrica. As noções métricas num dado conjunto E refere-se a todas as noções que se
podem definir logicamente a partir da métrica (ou função distância), própria de E, entre
elas figuram, evidentemente, a noção de distância de dois pontos e a noção métrica
primitiva.

Definição

Dado um conjunto não vazio E, chama-se métrica (ou a função distância) nesse
conjunto, a qualquer aplicação 𝑑: 𝐸×𝐸→𝐼𝑅 que associa a cada par de pontos (𝑥, 𝑦)∈𝐸×𝐸
um número real 𝑑(𝑥, 𝑦) chamado distância do ponto x ao ponto y e que goza das
seguintes propriedades:

1. Não Negatividade𝑑(𝑥, 𝑦) > 0 𝑠𝑒 𝑥≠𝑦; 𝑑(𝑥, 𝑦) = 0;


2. Simetria: 𝑑(𝑥, 𝑦) = 𝑑(𝑦, 𝑥);
3. Desigualdade triangular 𝑑(𝑥, 𝑧)≤𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧)

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Portanto, diz-se que está definida uma distância num conjunto E, quando existe
uma função que a cada par de elementos (𝑥, 𝑦) pertencentes a E, faz corresponder um
número real 𝑑 de maneiras que os postulados anteriores sejam satisfeitos. A última
propriedade chama-se desigualdade triangular porque exprime que cada lado de um
triângulo não excede a soma de outros dois.

Segundo a definição, num mesmo conjunto E podem definir-se tantas métricas


(ou funções distâncias), quantas as aplicações distintas de 𝐸×𝐸 𝑒𝑚 𝐼𝑅 que satisfaçam
as propriedades indicadas.

Definição

Chama-se Espaço Métrico ao par (𝐸, 𝑑) formado por um conjunto E e uma métrica, d,
definida em E.

Assim, exemplo 1, em IR pode definir-se uma distância do seguinte modo:

● Dados dois pontos x e y pertencentes a IR, chama-se distância entre eles ao

número 𝑑(𝑥, 𝑦) = |𝑥 − 𝑦|, ∀𝑥∈𝐼𝑅⋀ 𝑦∈𝐼𝑅.

Facilmente se demonstra que esta função verifica as três condições acima enunciadas,
assim:

1. 𝑑(𝑥, 𝑦) > 0 𝑠𝑒 𝑥≠𝑦; 𝑑(𝑥, 𝑦) = 0, 𝑠𝑒 𝑥 = 𝑦 (o módulo de um número real é sempre


positivo ou, quando muito, nulo)
2. 𝑑(𝑥, 𝑦) = |𝑥 − 𝑦| = |𝑦 − 𝑥| = 𝑑(𝑦, 𝑥); (O módulo de números reais simétricos é
igual).
3. 𝑑(𝑥, 𝑦) = |𝑥 − 𝑦| = |𝑥 + 𝑧 − 𝑧 − 𝑦| ≤ |𝑥 − 𝑧| + |𝑧 − 𝑦|. Assim,
𝑑(𝑥, 𝑦)≤𝑑(𝑥, 𝑧) + 𝑑(𝑧, 𝑦); (o módulo da soma nunca é superior à soma dos
módulos).

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Por outro lado, o conjunto IR munido desta métrica, isto é, o Espaço métrico (𝐼𝑅, 𝑑) com
distância 𝑑(𝑥, 𝑦) = |𝑥 − 𝑦|, chama-se recta real.

Exemplo 2. Seja 𝑓 uma função real estritamente monótona definida sobre IR, a
função 𝑑(𝑥, 𝑦) = |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦) | é também uma métrica em IR.

a) 𝑑(𝑥, 𝑦) = |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦)| > 0 𝑠𝑒 𝑥≠𝑦 𝑑(𝑥, 𝑥) = |0| = 0

b) 𝑑(𝑥, 𝑦) = |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦)| = |𝑓(𝑦) − 𝑓(𝑥)| = 𝑑(𝑦, 𝑥);


c) 𝑑(𝑥, 𝑧) = |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑧)| = |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦) + 𝑓(𝑦) − 𝑓(𝑧)| ≤ |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦)| + |𝑓(𝑦) − 𝑓(𝑧)| = 𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧)

2 2
Exemplo 3. Em 𝐼𝑅 podemos definir uma distância dados dois pontos de 𝐼𝑅 =𝐼𝑅×𝐼𝑅.
Se define, nesse espaço, uma métrica do seguinte modo:

2 2
𝑑(𝐴, 𝐵) = (𝑥1 − 𝑦1) + (𝑥2 − 𝑦2) , quando 𝐴(𝑥1, 𝑥2) e 𝐵(𝑦1, 𝑦2).

De facto:

a) 𝑑(𝑥. 𝑦) > 𝑜 𝑠𝑒 𝑥≠𝑦 e 𝑑(𝑥, 𝑥) = 0


2 2
b) 𝑑(𝑥, 𝑧) = (𝑥1 − 𝑧1) + (𝑥2 − 𝑧2)

2 2 2 2
(𝑥1 − 𝑦1 + 𝑦1 − 𝑧1) + (𝑥2 − 𝑦2 + 𝑦2 − 𝑧2) ≤ (𝑥1 − 𝑦1) + (𝑥2 − 𝑦2)

2 2
+ (𝑦1 − 𝑧1) + (𝑦2 − 𝑧2) = 𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧), (segundo Minkowski).

Exemplo 4. Seja E um conjunto qualquer. Pode-se definir em E uma métrica d pondo

𝑑(𝑥, 𝑥) = 0

𝑑(𝑥, 𝑦) = 1 𝑠𝑒 𝑥≠𝑦.

Com efeito:

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a) 𝑑(𝑥, 𝑦) > 0 𝑠𝑒 𝑥≠𝑦 e 𝑑(𝑥, 𝑥) = 0;

b) 𝑑(𝑥, 𝑦) = 𝑑(𝑦, 𝑥), quer que seja 𝑥 = 𝑦 quer que seja 𝑥≠𝑦;

c) Se 𝑥≠𝑧 e 𝑥≠𝑦 e 𝑦≠𝑧

𝑑(𝑥, 𝑦) = 1 < 1 + 1 = 𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧);

Se 𝑥≠𝑧, mas 𝑥=𝑦 ou 𝑦 = 𝑧: 𝑑(𝑥, 𝑧) = 1 = 1 + 0 = 𝑑(𝑥, 𝑧) + 𝑑(𝑦, 𝑧) e,


portanto, em conclusão, qualquer que seja 𝑦, é 𝑑(𝑥, 𝑧)≤𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧).

A métrica assim definida chama-se métrica discreta. É uma métrica trivial,


normalmente só usada em contra-exemplos.

Observações:

1. Subespaço métrico: Todo o subconjunto X de um espaço métrico E possui uma


estrutura natural de espaço métrico. Basta, para isso, definir a distância entre dois
pontos de X como a distância entre esses pontos quando considerados como pontos de
E. A métrica assim definida em X chama-se métrica induzida em X pela métrica de E e
o espaço métrico resultante X diz-se um subespaço métrico de E.

2. Aplicação isométrica: Sejam dados dois espaços métricos, (𝐸, 𝑑1) e (𝐹, 𝑑2).

Chama-se isometria a toda a aplicação bijectiva 𝑓: 𝐸→𝐹 que preserva as distâncias, isto
é, que satisfaz, para quaisquer 𝑥, 𝑦ϵ𝐸, a condição: 𝑑2(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) = 𝑑1(𝑥, 𝑦), Figura 1.

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Dois espaços E e F dizem-se isométricos se existir uma isometria de E sobre F.
Nessa altura toda a propriedade demonstrada em E relativa apenas a distância entre
elementos de E tem F uma propriedade correspondente. Se, embora preservando as
distâncias, a aplicação 𝑓 de E em F for apenas injectiva, então denomina-se uma
imersão isométrica de E em F.

1.2.1. Vizinhança

Chama-se vizinhança de raio ε de a, e representa-se por 𝑉(𝑎, ε), ao conjunto dos


pontos situados a uma distância de a inferior a ε, isto é,
𝑉(𝑎, ε) = {𝑥∈𝐼𝑅: 𝑑(𝑎, 𝑥) < ε} = {𝑥∈𝐼𝑅|𝑥 − 𝑎| < ε}.

De acordo com a métrica definida em IR, é claro que a vizinhança 𝑉(𝑎, ε) se identifica
com intervalos abertos ]𝑎 − ε, 𝑎 + ε[. A 𝑉(𝑎, ε)

1.2.2. Bola Aberta e Bola Fechada

Dados um Espaço Métrico (E, d), um ponto a de E, e um número real 𝑟 > 0,


chama-se bola aberta com centro em a de raio r, ao conjunto de pontos x de E cuja
distância ao ponto a é inferior a r, isto é, ao conjunto B (a, r), tal que:

𝐵(𝑎, 𝑟) = { 𝑥∈𝐸: 𝑑 (𝑎, 𝑥) < 𝑟}

A notação 𝐵(𝑎, 𝑟) refere a bola aberta de centro em a e raio r.

Por sua vez, dados um Espaço Métrico (E, d), um ponto a de r e um número real
𝑟 > 0 chama-se bola fechada de centro a e raio r ao conjunto dos pontos x de E tais
que 𝑑(𝑎, 𝑥)≤𝑟, isto é, ao conjunto:

𝐵’ (𝑎, 𝑟) = {𝑥∈𝐸 : 𝑑(𝑎, 𝑥) ≤𝑟}

A notação 𝐵'(𝑎, 𝑟) refere a bola fechada de centro em a e raio r.

Exemplos:

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1. Na recta real R a bola aberta B (a, r), é o intervalo aberto (vizinhança)
]𝑎 − 𝑟, 𝑎 + 𝑟[, a bola fechada B’(a , r) é o intervalo fechado [ 𝑎 − 𝑟, 𝑎 + 𝑟], e a
esfera S (a, r), reduz-se ao par de pontos {𝑎 − 𝑟 , 𝑎 + 𝑟}.

2. Num espaço com métrica discreta, uma bola fechada de raio r < 1 reduz-se ao
seu centro, uma bola fechada de raio r = 2 é o espaço inteiro e todas as esferas
de raio r = 2 coincidem e são vazias.

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3. No espaço 𝐼𝑅 , a bola aberta B (a, r) chama-se disco e é o interior da
circunferência de centro a e raio r; a esfera S (a, r) chama-se circunferência e é a
circunferência de centro a e raio r.

1.2.3. Distância dum ponto a um conjunto

Dados um espaço métrico (E, d) um ponto a∈𝐸 é um subconjunto não vazio 𝐴⊂𝐵,
chama-se distância de a á A ao ínfimo das distâncias de a aos pontos x de A em
símbolos:

𝐷(𝑎 , 𝐴) = 𝑖𝑛𝑓 𝑑(𝑎 , 𝑥) 𝑥 ∈𝐴

Assim a distância d(a , A) do ponto a ao conjunto A é único número real m tal que:

a) 𝑚≤𝑑(𝑎, 𝑥), ∀𝑥∈𝐴;


b) Dado qualquer ε > 0, 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑥∈𝐸 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒: 𝑑(𝑎, 𝑥) − ε < 𝑚.

Se a∈𝐴 então 𝑑(𝑎, 𝐴) = 0, mas a recíproca é falsa. Na recta real, por exemplo, se A
for ]1, 2] tem-se 𝑑(1, 𝐴) = 0 e 𝑑(2, 𝐴) = 0, sem que, no entanto, 1∈𝐴 𝑒 𝑛𝑒𝑚 2∈𝐴. Em
geral, 𝑑 (𝑎, 𝐴) = 0 significa que dado ϵ > 0 𝑎𝑟𝑏𝑖𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜, ∃𝑥∈𝐴: 𝑑(𝑎, 𝑥) < ε, 𝑖𝑠𝑡𝑜 é,
existem pontos de A arbitrariamente próximos de a.

1.2.4. Distância de um conjunto a um conjunto

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Dados dois subconjuntos não vazios A e B de um espaço métrico (E, d), chama-se
distância de A à B ao ínfimo das distâncias dos pontos de A aos pontos de B, isto é:

𝑑(𝐴, 𝐵) = 𝑖𝑛𝑓𝑑(𝑥, 𝑦): 𝑥∈𝐴, 𝑦∈𝐵.

Se os conjuntos A e B não forem disjuntos, a sua distância é nula: d (A, B) = 0. O


recíproco não é necessariamente verdadeiro, isto é, dois conjuntos podem ser disjuntos
e a sua distância ser nulos.

1.2.5. Diâmetro de um conjunto

Seja A um conjunto não vazio do espaço métrico (E, d). Chama-se Diâmetro de
conjunto A ao supremo das distâncias de dois pontos variáveis de A, isto é, ao número:

δ(𝐴) = 𝑆𝑢𝑝 𝑑(𝑥, 𝑦): 𝑥, 𝑦∈𝐴

● O diâmetro dum conjunto é sempre um número real positivo ou infinito.


● O diâmetro é nulo se e só se o conjunto A for formado por um só ponto, isto é:
δ(𝐴) = 0.

Um subconjunto A de um espaço métrico (E, d) diz-se limitado quando o seu


diâmetro é finito; isto quer dizer que existe pelo menos uma bola de E que contém A.

1.3. Pontos Interiores, Exteriores e Fronteiros a um conjunto

1.3.1. Pontos Interiores a um Conjunto qualquer

Definição. Seja A um subconjunto de um espaço métrico (E, d). Um ponto x de E


diz-se ponto interior a A se existir uma bola aberta (vizinhança) de x inteiramente
contida em A. Ao conjunto de todos os pontos interiores à A chama-se interior de A e
designa-se por 𝑖𝑛𝑡(𝐴).

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O interior de um conjunto tem as seguintes propriedades básicas:

a) Interior de um conjunto A é o maior conjunto aberto contido em A;


b) Um conjunto A é aberto sse coincide com o seu interior, isto é, 𝐴 = 𝑖𝑛𝑡 (𝐴);
c) 𝑖𝑛𝑡(𝐴) é a união de todos os subconjuntos de A.

1.3.2. Pontos Exteriores a um Conjunto

Definição. Um ponto x diz-se exterior ao conjunto A quando for interior ao seu


complementar 𝐸 − 𝐴 (isto é, quando existir pelo menos uma vizinhança de x que está
contida no complemento de A. Ao conjunto dos pontos exteriores à A chama-se
exterior de A e representa-se por 𝐸𝑥𝑡(𝐴).

Como resulta da própria definição 𝐸𝑥𝑡(𝐴) = 𝐼𝑛𝑡(𝐸 − 𝐴) e portanto 𝐸𝑥𝑡(𝐴) é aberto.

1.3.3. Pontos Fronteiros a um Conjunto

Definição. Seja A um conjunto do espaço métrico (E, d). Um ponto x de E diz-se que
é um ponto fronteiro à A, quando não é interior e nem exterior à A.

Como é evidente tem-se: 𝐸 = 𝑖𝑛𝑡(𝐴)∪𝑒𝑥𝑡(𝐴)∪𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴).

Sendo os conjuntos disjuntos dois a dois, por outro lado da definição resulta que
𝐸 − 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴) = 𝐼𝑛𝑡(𝐴)∪𝑒𝑥𝑡(𝐴) e, portanto 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴) é fechado, visto o seu
complementar ser aberto.

1.3.4. Aderência (ou fecho) de um Conjunto

Definição: seja A um subconjunto de um espaço métrico (E, d). Diz-se que um x de


E é ponto aderente à A quando não é exterior à A, isto é, quando é interior ou fronteiro
à A. Equivale isto a dizer que em cada vizinhança de x pelo menos um ponto de A. O
conjunto de todos os pontos aderentes de A chamam-se aderência ou fecho de A. E,
representa-se por Ā. De acordo com a definição Ā = int(A) ∪ front(A).

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Da própria definição resulta também imediatamente que:

a) A aderência de um conjunto A é o complemento de ext(A), isto é Ade(A) = ext


(A).
b) Um conjunto A é fechado sse coincide com o seu fecho, isto é, A = Ā.

1.4. Pontos de acumulação. Derivado. Pontos Isolados

Definição. Seja A um subconjunto de um espaço métrico (E, d). Um ponto “a” de E


diz-se ponto de acumulação (ou ponto de limite) do conjunto A se qualquer sua
vizinhança contém uma infinidade de pontos de A distintos do próprio ponto a. Com
esta definição, os pontos limites de um conjunto são interiores ou são fronteiros desse
conjunto.

Um ponto de acumulação de um conjunto pode pertencer ou não a esse conjunto.


Por exemplo: o conjunto [1;2] de IR, tem como pontos de acumulação não só todos os
racionais desse intervalo (que pertencem ao conjunto, mas também todos os irracionais
entre 1 e 2, que não pertencem ao conjunto).

O conjunto de todos os pontos de acumulação de um conjunto denomina-se

derivado de A e representa-se .

Definição. Um ponto x de um conjunto A diz-se ponto isolado de A se ∃ uma


vizinhança de x que não contém nenhum ponto de A distinto do próprio x.

Proposição. Todo o ponto aderente a um conjunto A ou é ponto de acumulação ou


ponto isolado de A.

O fecho ou aderência de um conjunto A é, portanto constituído em geral por três


tipos de pontos:

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● Pontos isolados de A;
● Pontos de acumulação de A pertencentes à A;
● Pontos de acumulação de A não pertencentes à A.

'
Assim, o fecho ou aderência de A é a união de A com o seu derivado, isto é, Ā = A ∪ 𝐴 .

Proposição: um conjunto A é fechado sse contém todos os seus pontos de


acumulação, isto é, Ā⊂ A.

Um conjunto que é fechado e cujos pontos são todos pontos de acumulação diz-se
um conjunto perfeito.

1.5. Conjunto denso

Definição. Um espaço métrico (E, d), um conjunto A diz-se denso em relação a um


conjunto B quando cada ponto de 𝑑 é ponto aderente à A.

Tem-se então 𝐵 ⊂ Ā o que significa que A é denso em B sse todo o ponto de B é


ponto de acumulação de A ou ponto de A (ou ambas as coisas). Se um conjunto A é
denso em relação a todo espaço E, diz-se então que é denso em todas as partes de E
ou simplesmente em E. por exemplo o conjunto Q dos números reais é denso em 𝐼𝑅.

1.6. Subconjuntos particulares dos Espaços métricos

1.6.1. Conjuntos abertos

Diz-se que um subconjunto A de um espaço métrico (E, d) é conjunto aberto de E


quando todo ponto 𝑎∈𝐴 é centro de uma bola aberta inteiramente contida. Em
𝐴: ∀ 𝑎 ∈𝐴, ∃ ε > 0: 𝐵 (𝑎, ε)⊂𝐴.

Teorema: a união de qualquer colecção de conjuntos abertos é também um


conjunto aberto. (Beirão 2005:68).

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Designemos por F uma colecção (finita ou infinita) de conjuntos abertos e seja S a
sua união, isto é S = UF.

Se X for um elemento qualquer de S, isto é, 𝑋 ∈ 𝐴𝐾. Como 𝐴𝐾 é, por hipótese,

aberto, então 𝑋 é um ponto interior de 𝐴𝐾 e, portanto, existe uma vizinhança de

𝑋, 𝑉(𝑥, ε), tal que 𝑉(𝑥, ε)⊂ 𝐴𝐾. Mas como 𝐴𝐾⊂𝑆 , então:

𝑉(𝑥, ε)⊂ 𝐴𝐾⊂𝑆 e, portanto, 𝑋 é um ponto interior de S , uma vez que X é arbitrário,

significa que a união de S é um conjunto aberto.

Teorema: a intersecção de um número finito de conjuntos abertos é também um


conjunto aberto.

Seja 𝐴1, 𝐴2, …, 𝐴𝑛 colecção finita de conjuntos abertos e designamos por S a sua
𝑛
intersecção: S = ⋂𝑖=1𝐴𝑖. Se a intersecção for vazia, nada há a demonstrar, visto que ∅ é

aberto. Suponhamos, porém, que assim não é e seja X um elemento arbitrário de S. Se


𝑋∈𝑆, então 𝑋 ∈ 𝐴𝐾 para todo o 𝐾 = 1, 2, …, 𝑛, isto é X é elemento comum a todos os

conjuntos intersectados. Mas como todos eles são abertos, então X é ponto interior a
todos eles e, por consequência, existe ε1,ε2,…, ε𝑛 tais que 𝑉(𝑥1, ε1)⊂ 𝐴1, 𝑉(𝑥2, ε2)⊂ 𝐴2,

𝑉(𝑥𝑛, ε𝑛)⊂ 𝐴𝑛.

Designando por ε o menor dos raios dessas vizinhanças, então 𝑉(𝑥, ε) estará
contida em todo o conjunto e será: 𝑋∈ 𝑉(𝑥, ε)⊂ S. O que significa que S é aberto.

Note-se que o teorema não é verdadeiro para um número infinito do conjunto. Por
1 1
exemplo a intersecção de dois intervalos abertos da forma]− 𝑛
, 𝑛
[ com 𝑛 = 1, 2, 3…

não é um conjunto aberto, visto que se reduz a um só elemento. O elemento O. Ora {0}
não é aberto (mas fechado como se verá adiante).

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1.6.2. Conjuntos fechados

Um conjunto 𝐴⊂𝐼𝑅, diz-se fechado quando contém todos os seus pontos de


acumulação ou, o que é equivalente, quando contém a sua fronteira. Isto é, se um
conjunto não tiver pontos de acumulação é fechado. Assim, toda a parte finita de IR é
um conjunto fechado, visto que o conjunto de pontos de acumulação é vazio. Se for
fechado, então, teremos: 𝐴 = 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴)∪𝑖𝑛𝑡(𝐴).

Teorema: Um conjunto 𝐴⊂𝐼𝑅 é fechado sse o seu complementar 𝐼𝑅 − 𝐴 for aberto.

De facto, se A é fechado, 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴)⊂𝐼𝑅. Ora, como 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴) = 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝑅⊂𝐴) então


𝐼𝑅 − 𝐴 = 𝑖𝑛𝑡(𝐼𝑅 − 𝐴) e, portanto, é aberto reciprocamente se 𝐼𝑅 − 𝐴 é aberto, então
𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐼𝑅 − 𝐴) está contido em A e como 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐼𝑅 − 𝐴) = 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴) segue-se que
𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡(𝐴)⊂𝐴. E, portanto A é fechado.

Teorema. Um conjunto 𝐴⊂𝐼𝑅 é aberto sse 𝐼𝑅 − 𝐴 for fechado.

Teorema. A união de um conjunto finito de conjuntos fechados é também um


conjunto fechado.

Seja 𝐴1, 𝐴2, …, 𝐴𝑚 uma colecção finita de conjuntos fechados e designa por S a uma

união: 𝑆 = ⋃𝑖=1𝑛. De acordo com as leis de Morgan, o complementar de S é:


𝑛
𝐼𝑅 − 𝑆 = ⋂𝑖=1(𝐼𝑅 − 𝐴𝑖).

Teorema
A intersecção de qualquer colecção de conjuntos fechados é também um conjunto
fechado.

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Seja ( ) uma colecção qualquer (finita ou infinita) de conjuntos

fechados e designemos por S a sua intersecção: ou seja (

).

De acordo com as leis de De Morgan, o complementar de S é:

𝐼𝑅 − 𝑆 = ⋃𝐴∈𝐹(𝐼𝑅 − 𝐴) e, portanto, 𝐼𝑅 − 𝑆 será aberto e S será fechado.

Teorema: Conjuntos derivados de um conjunto 𝐴⊂𝐼𝑅 é fechado.

Todo o ponto de acumulação do derivado de um conjunto é ainda ponto de


acumulação desse conjunto.

1.6.3. Teorema de Encaixe

[ ] [ ]
Se 𝐼2 = 𝑎1, 𝑎2 , 𝐼2 = 𝑎2, 𝑏2 , …, 𝐼𝑛 = [𝑎𝑛, 𝑏𝑛] é uma selecção de intervalos fechados

de amplitude decrescente para zero e extremidades tais que 𝑎𝑛 ≤ 𝑎𝑛 + 1 𝑒 𝑏𝑛 + 1≤𝑏𝑛,

para cada n, então a intersecção destes intervalos reduz-se a um só ponto.

De acordo com a hipótese de serem 𝑎1, 𝑎2…, ≤𝑎𝑛 ≤ 𝑎𝑛 + 1≤… e

𝑏1 ≥ 𝑏2≥…≥𝑏𝑛 > 𝑏𝑛+1 ... os intervalos considerados 𝑖1, 𝑖2, …, 𝑖𝑛 estão encaixados uns

nos outros:

𝐼1⊃ 𝐼2⊃…⊃ 𝐼𝑛⊃…

E dai a designação do teorema do encaixe (ou mais rigorosamente dois


intervalos encaixados de amplitude decrescente para zero). Como 𝑚 > 𝑛 implica
𝑎𝑚 < 𝑏𝑚 ≤ 𝑏𝑛. Segue-se que 𝑎𝑚 < 𝑏𝑛, ∀𝑚,𝑛 ∈𝐼𝑁.

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Portanto, qualquer 𝑏𝑛 é majorante do conjunto A = {𝑎1, 𝑎2,…, 𝑎𝑛 ...} e, sendo

assim, de acordo com o axioma do ínfimo e do supremo existe sup 𝑠𝑢𝑝 (𝐴) = 𝑆 o qual,
por definição verifica para qualquer 𝑛 a relação 𝑆 ≤ 𝑏𝑛.

Por outro lado, é 𝑎𝑛≤𝑆, ∀𝑛∈𝐼𝑁, visto S ser o supremo de A. Portanto, qualquer que

seja 𝑛∈𝐼𝑁 tem-se 𝑎𝑛≤𝑆≤𝑏𝑛 [ ]


o que implica 𝑆∈ 𝐼𝑛 = 𝑎𝑛, 𝑏𝑛 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛∈𝐼𝑁 e, por

consequência s é comum a todos os intervalos e a intersecção destes não é vazia.

1.6.3. Conjuntos limitados

Um conjunto 𝐴∈𝐼𝑅 diz-se limitado se existe um intervalo fechado que o contenha,


isto é, se ∃ números reais 𝑎 e 𝑏 tais que 𝑎 < 𝑏 e 𝐴⊂[𝑎, 𝑏].

1.7. Sucessões em Espaço Métrico. Convergência e Limite

Dados dois conjuntos quaisquer E e F. Chama-se aplicação ou função de E em F a


toda correspondência que cada elemento de E associa um e um só elemento de F.
Designando por uma letra, no caso de F, a correspondência, escreve-se f: E→F que se
lê “f é uma função de E em F”. O conjunto E é o domínio (𝐷𝑓) da aplicação “F”. Se y for
o elemento de F que corresponde ao elemento x de E através da aplicação f, escreve -
se 𝑦 =𝑓 (𝑥) e diz-se que 𝑦 é a imagem de 𝑥 através de f. Ao conjunto de todas imagens
através de f dos elementos de E chama-se o contradomínio (𝐷'𝑓) da aplicação e
representa-se por F (E).

Em vez das expressões a função de E em F usa-se também com mesmo sentido as


expressões transformação ou operador.

Um caso particular importante que recebe designação especial é das aplicações do


conjunto N. Num outro conjunto qualquer E, isto é, o das aplicações f: N→E. Tais
aplicações denominam-se sucessões e não são mais do que aplicações que a cada

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número natural “n” associa um elemento de f (n) de E que se representa, geralmente,
por X𝑛 (se x for a letra utilizada para designar elementos de E).

A sucessão 𝑥0, 𝑥1, 𝑥2…X𝑛, representa-se por X𝑛. Com “𝑛” variável, X𝑛 denomina-se

termo geral da sucessão.

Se o conjunto E estiver algebrizado, nele podem definir-se operações com


sucessões. Assim, por exemplo se E for dado em forma de duas sucessões (X𝑛) e (Y𝑛)
de pontos de E, chama-se soma, produto, quociente dessas sucessões, a sucessão (U
𝑛) cujos termos têm respectivamente as expressões:

1) 𝑈𝑛 = 𝑋𝑛 + 𝑌𝑛
2) 𝑈𝑛 = 𝑋𝑛. 𝑌𝑛
3) 𝑈𝑛 = 𝑋𝑛/𝑌𝑛 se Y𝑛≠0 para todo “𝑛”.

Definição

Seja (X𝑛) e uma sucessão de pontos do espaço métrico (E, d). Diz-se que a sucessão é
convergente para o ponto x∈E quando a todo ε > 0 corresponde a um número natural
tal que, para n> 0, é d (𝑋𝑛, 𝑥) < ε.

A definição equivale a afirmar que q toda ε > 0 corresponde uma ordem no a


partir da qual todos termos da sucessão estão contidos na vizinhança v (x:ε).
Escreve-se então 𝑋𝑛 ou 𝑋𝑛→𝑥 e diz-se que 𝑥 é o limite da sucessão ao tender 𝑛 para
o infinito . Quando não haja dúvida de que 𝑛 tende para o infinito escreve-se 𝑙𝑖𝑚𝑋𝑛 = 𝑥.

É claro que se (𝑋𝑛) converge para 𝑥:

i. É finito o numero de termos da sucessão situados no interior de qualquer


vizinhança de 𝑥.

16
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
ii. Se a sucessão tem uma infinidade de termos distintos, então o limite 𝑥 é
ponto de acumulação do conjunto dos seus termos.

A ordem de números a partir da qual se verifica condição da definição 𝑑(𝑋𝑛, 𝑥) < ε


depende em geral do ε escolhido, facto que se traduz escrevendo 𝑛o = 𝑛𝑜( ε).

A convergência da sucessão para 𝑥 simbolicamente escreve-se:

Simbolicamente

∀ε > 0, ∃𝑛0 = 𝑛0(ε)∈𝑁: 𝑛 > 𝑛0→𝑑( 𝑥𝑛 , 𝑛) < ε ou 𝑛 > 𝑛0 → 𝑥𝑛ϵ 𝑣(𝑥, ε).

Na recta real R, como d(𝑥, 𝑦)= │𝑥 − 𝑦│, a definição toma a forma:

∀ε > 0, ∃𝑛0 = 𝑛0(ε)∈𝑁: 𝑛 > 𝑛0 →│𝑥𝑛 − 𝑥│< ε.

Uma secessão 𝑥𝑛 diz - se limitada se o conjunto dos seus termos ( 𝑥0 𝑥1… 𝑥𝑛) é

limitado.

Se 𝑥𝑛 é uma secessão qualquer 𝑛𝑘 é uma secessão de inteiros positivos tais que

𝑛1< 𝑛2… < 𝑛𝑘 <… então a secessão ( 𝑥𝑛𝑘) chama - se uma sub secessão da secessão

dada.

Teorema (Unicidade de Limite)

Num espaço métrico o limite de uma secessão, se existe é único.

Dem.

17
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
Suponhamos que assim não sucedia, isto é, que a sucessão 𝑥𝑛 admitia dois

limites 𝑥 𝑒 𝑥' tais que d( x,x’)=ε. Então, para ε > 0, existiriam dois naturais 𝑛0(ε)

𝑛0'(ε) tais que :

ε
𝑛 > 𝑛0→𝑑(𝑥𝑛, 𝑥) < 2

ε
𝑛 > 𝑛'0→𝑑(𝑥𝑛, 𝑥') < 2

Mas nessas condições, tomando 𝑁 = 𝑚á𝑥 (𝑛0, 𝑛'0), ter-se ia, para n>N,

( '
) ( ) ( ) '
(
𝑑 𝑥, 𝑥 < 𝑑 𝑥, 𝑥𝑛 + 𝑑 𝑥𝑛, 𝑥 < ε, o que é contraditória. Portando deve ser 𝑑 𝑥, 𝑥 = 0 o
'
)
que significa que 𝑥 = 𝑥'.

Proposição

Toda sucessão convergente de pontos dum espaço métrico (E, d) é limitada.

Dem.

Basta demonstrar que o conjunto {𝑥0, 𝑥1 ...} dos termos da secessão está contido

numa bola de (E, d).

Se 𝑥𝑛 = 𝑥 , escolhido ε > 0 ∃𝑛0 tal que , para qualquer 𝑛 > 𝑛0, é d(𝑥, 𝑥𝑛) < ε .

Fixado ε seja:

( ) ( ) ( )
𝑟 = 𝑚á𝑥{𝑑 𝑥, 𝑥0 ; 𝑑 𝑥, 𝑥1 ; …; 𝑑 𝑥, 𝑥𝑛 ; ε}
0

'
Então o conjunto {𝑥0, 𝑥1 ...} está contido na bola fechada 𝐵 (𝑥, 𝑟) com centro em x

e o raio r, o que prova que é limitado. Neste caso, a proposição está demostrada como
verdadeira.

18
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
Proposição

Num espaço métrico, toda a sub sucessão duma sucessão convergente, converge para
o mesmo limite.

( )
Se 𝑙𝑖𝑚𝑥𝑛 = 𝑥, dado ε > 0, existe n tal que 𝑑 𝑥, 𝑥𝑛 < ε sempre que 𝑛 < 𝑛0 como

𝑛𝑛 ≥𝑚 para todos os números inteiros positivos m , tem-se:


𝑚

( )
𝑑 𝑥, 𝑥𝑛
𝑚
< ε 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑚 > 𝑛0

O que significa que 𝑙𝑖𝑚𝑥𝑛 = 𝑥 como se queria provar.


𝑚

Proposição 4

Se x é o ponto de acumulação do subconjunto D do espaço métrico (E, d) é sempre


possível construir uma secessão de pontos distintos de D convergente para 𝑥.

Se x é ponto de acumulação de D, qualquer bola aberta com centro em x contem


uma infinidade de pontos de D. então, tomando o raio 𝑟0 = 1 escreve - se na bola B(x 𝑟0

( ) 1
) um ponto D,𝑥0≠𝑥. Em seguida toma-se 𝑟1 = 𝑑 𝑥, 𝑥0 /2< 2 e na bola B (𝑥, 𝑟0) escolhe -

se um ponto𝑥1 ≠ 𝑥. Continuando a proceder do mesmo modo obtêm-se na bola B (𝑥, 𝑟𝑛)

(
𝑑 𝑥,𝑥𝑛−1 ) 1
com 𝑟 = 2
< 𝑛 , um ponto 𝑥𝑛≠𝑥.
2

Os pontos escolhidos pertencem, todos, a D e são distintos uns dos outros


formando uma sucessão 𝑥0,𝑥1…𝑥𝑛.

19
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
1 1
Como 𝑟𝑛 = 𝑑(𝑥, 𝑥𝑛−1)/2 < 𝑛 , vem 𝑑(𝑥, 𝑥𝑛)/2 < 𝑛 o que mostra que a todo o
2 2

( )
ε > 0 correspondeum 𝑛0de modo que 𝑑 𝑥, 𝑥𝑛 < ε 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 > 𝑛0 logo é 𝑙𝑖𝑚𝑥𝑛 = 𝑥, como

se pretendia provar.

Proposição 5

Um ponto 𝑥,é ponto de acumulação dum sub conjunto D de um espaço métrico (E, d)
sse existe uma sucessão de pontos distintos de D convergente para 𝑥.

De facto, se x é ponto de acumulação de D, nos termos da proposição anterior é


sempre possível construir uma sucessão (𝑥𝑛) de pontos distintos de D, convergente

para x.

Reciprocamente, se x é limite duma sucessão de pontos distintos de D, a todo o


( )
ε > 0 corresponde um 𝑛0(ε) tal que é 𝑑 𝑥, 𝑥𝑛 < ε para 𝑛 > 𝑛0, e, portanto, qualquer

bola aberta com o centro em x contem uma infinidade de pontos de D, o que significa
que x é o ponto de acumulação de D.

Proposição 6

O limite duma sucessão com uma infinidade de termos distintos é o único ponto de
acumulação do conjunto dos seus termos.

De facto como se verificou já, se a sucessão tem uma infinidade de termos e é


convergente, o limite é o ponto de acumulação do conjunto dos termos da sucessão.

E não pode haver outro, pois que se houvesse podia extrair-se da sucessão uma
sub- sucessão convergente para ele, que teria portanto, limite distinto ao da sucessão,
o que não é possível de acordo com a proposição mencionada anteriormente.

20
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Da proposição anterior decorre que o limite de uma sucessão convergente ou o
ponto de acumulação do conjunto dos seus termos ou termos indefinidamente repetido
na sucessão.

1.8.Lista de Exercícios diversos de revisão das Matérias

I - Espaços Métricos
2. Dê o conceito de Espaço métrico.
3. O que é uma métrica discreta?
4. Dados os conjuntos A = [1 ; 2] e B = ]2; 3], de R, determina a distância entre
esses conjuntos quando R está munido (a) da métrica usual ou euclidiana e (b)
da métrica discreta.
5. Determine os pontos interiores, exteriores e fronteiros dos irracionais do intervalo
]1;5[.
6. Determine o interior, exterior, fronteiro, aderência ou fecho e derivado dos
conjuntos:
a) O intervalo I = [a; b] de R.
b) O conjunto Q dos racionais.
7. Demonstre que uma bola em qualquer espaço métrico é um conjunto aberto.
8. Demonstre que um conjunto A subconjunto de um espaço métrico X é aberto sse

é uma união de bolas abertas (ou seja, 𝐴⊂𝑋 é 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜⇔ ).

9. Seja X um espaço métrico qualquer, então:


(i) A união de qualquer família de subconjuntos abertos de X é um conjunto
aberto.
(ii) A intersecção de um número finito de subconjuntos abertos de X é um
conjunto aberto.
10. Mostre que em qualquer espaço métrico, o espaço inteiro (conjunto universo) e o
conjunto vazio são conjuntos fechados.

21
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11. Prove que sendo X um espaço métrico, um conjunto 𝐴⊂𝑋 diz-se fechado se e só
se o seu complementar é aberto.
12. Mostre que num espaço métrico qualquer o limite de uma sucessão se existe, é
único.

II - Topologia

1. Conceitue o espaço Topológico e de espaços Normados


2. Determine todas as topologias possíveis sobre o conjunto X = {a, b, c}.
3. Por definição, um subconjunto F de um espaço topológico X é dito ser fechado
se, e somente se, o conjunto A = X\F é aberto. De exemplos de verificação.
4. Demostre o teorema. Seja X um espaço topológico. São consequências
imediatas da definição de interior de um conjunto (mostre):

a)

b)

c)

d)

e)

5. Mostre que a intersecção de duas vizinhanças de um ponto é uma vizinhança


deste ponto.

III - Espaços vectoriais


1. O que será um espaço vectorial? E Normado? Dê exemplos claros.
2. Fale do vector, sua norma, adição e subtracção de vectores, três tipos de
produtos com vectores.
3. Como tornar um vector qualquer em um unitário?

22
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4. Determine a equação do plano que passa pelo ponto (2, 4, -1) e tem como vector

normal . Estabeleça também suas intersecções com os planos

coordenados e faça o esboço do plano.

FUNCOES VECTORIAIS

1. O que é uma função vectorial? Como calcular sua derivada e sua integral?
2. Qual a relação entre funções vectoriais e curvas espaciais?
3. O que é uma curva lisa?
4. Como achar o vector tangente de uma curva lisa em um ponto? Como achar a
recta tangente? Como determinar o versor tangente?
5. Se u e v são funções vectoriais diferenciáveis, c é uma constante e f é uma
função real, escreva as regras para diferenciar as seguintes funções vectoriais:
a) 𝑢(𝑡) + 𝑣(𝑡); b) 𝑐𝑢(𝑡); c) 𝑓(𝑡)𝑢(𝑡); d) 𝑢(𝑡). 𝑣(𝑡); e) 𝑢(𝑡)×𝑣(𝑡); f) 𝑢(𝑓(𝑡)).
6. Como achar o comprimento de uma curva espacial dada pela função vectorial
r(t)? E dada por equação cartesiana y = f(x)?
7. O que é curvatura? Quando é que uma curva curva?
a) Escreva a formula de curvatura em funao a r’(t) e T’(t).
b) Escreva a formula em função de r’(t) e r’’(t).
8. O que é torsão?
9.

23
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2. FUNÇÕES DE VARIAS VARIÁVEIS REAIS

2.6. Contextualização

No estudo da análise Real lidamos sempre com funções de uma única variável. Nesta
lição vai ampliar-se o estudo para funções de duas, três ou mais variáveis. Precisamos
de 90 minutos para esta lição, da conceitualização de uma função de diversas
variáveis. Ao completar esta lição, o estudante será capaz de identificar funções de
várias variáveis.

Caro estudante! Observe os seguintes casos abordados:

2
1. O volume de um cilindro é dado pela fórmula: 𝑉 = π𝑟 ℎ, onde r é o raio e h a sua
altura.

24
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
2. A quantidade de pano de seda (em metros) necessária para se colocar numa
mesa rectangular de largura 𝑎 e comprimento 𝑏.
μ𝑅𝑇
3. A equação de estado de gás ideal é dada por 𝑃 = 𝑉
, onde P é a pressão, V o

volume, μ, a massa, R a constante molar de gás e T a temperatura.

Analisando os casos, podemos ver que em todos eles estão envolvidos duas ou mais
variáveis independentes. Assim, no caso 1, pode-se dizer que o volume de um cilindro
é uma função de duas variáveis r e h uma vez que π é constante ou seja: 𝑉 = 𝑉(𝑟,ℎ﴿. No

caso 2, designando a quantidade do pano por 𝑝, então pode-se escrever 𝑝 = 2𝑎 + 2𝑏,


portanto, 𝑝 é uma função de duas variáveis 𝑎 e 𝑏, 𝑝 = 𝑝(𝑎, 𝑏﴿. E, no caso 3, temos uma
função de três variáveis que são 𝑉, 𝑇, μ ou seja: 𝑃 = (𝑉, 𝑇, μ﴿.

Assim, nos exemplos dos casos apresentados em 1, 2, diz-se que temos pares
2
ordenados de números reais e usa-se o espaço 𝑅 . E no exemplo do caso 3, temos
3
ordenados e usa-se o espaço 𝑅 .

Tarefa: Formalize a definição do que é uma função de várias variáveis.

𝑛
Definição. Seja A um conjunto de espaço n - dimensional 𝐴≤𝑅 . Se a cada ponto do
𝑛 𝑛
conjunto A associamos um único elemento 𝑍∈𝑅 → − 𝑅 ou seja 𝑓: 𝐴≤𝑅 →𝑅, então f é
uma função de n variáveis reais e escreve-se:

𝑍 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, 𝑥3, …, 𝑥𝑛)

Normalmente, se a função 𝑓 for de duas ou três variáveis, denota-se respectivamente


por 𝑍 = (𝑥, 𝑦), 𝑊 = (𝑥, 𝑦, 𝑧).

Síntese. Nesta lição, você alargou o conceito da função real de uma variável real, para
uma função real, se 𝑛 > 1 variáveis reais.

25
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
Definiu uma função se 𝑛 > 1 variaveis reais como uma aplicação 𝑓 na qual cada
𝑛
elemento de um subconjunto de 𝑅 , associa-se a um único elemento do conjunto dos
números reais.

Caro estudante, resolva alguns exercícios relativos ao tema tratado nesta lição:

Lista de Exercícios

1. O volume de um paralelepípedo rectângulo de dimensões x, y e z.


2. A quantidade em metros quadrados de papel de parede necessário para revestir
as paredes de um quadro rectangular de x metros de largura, y de metros de
comprimento e z de metros de altura.
3. A temperatura nos pontos de uma esfera, se em qualquer ponto é equidistante
em relação ao centro de esfera.
4. O volume de água necessário para encher uma piscina redonda de x metros de
raio e y metros de altura.

Prováveis Soluções. Verifique se as suas respostas são as mesmas que estas:

1. 𝑉(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥𝑦𝑧
2. 𝑞(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 2𝑥𝑧 + 2𝑦𝑧
2 2 2
3. 𝑇(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑥 − 𝑥0) + (𝑦 − 𝑦0) + (𝑧 − 𝑧0) , (𝑥0, 𝑦0, 𝑧0) centro da esfera.
2
4. (𝑉𝑥, 𝑦) = π𝑥 𝑦

2.7. Domínio de uma função de duas variáveis e sua representação gráfica

A questão da determinação do domínio de uma função é primordial pois, ela permite


uma escolha correcta das variações para as quais a função está definida. A parte da
determinação do domínio é possível fazer a reapresentação gráfica de modo a obter
uma visualização do mesmo. Ao completar esta lição, você será capaz de:

❖ Determinar o domínio de uma função de duas variáveis;

26
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
❖ Representar graficamente o domínio de uma função de duas variáveis.

Normalmente a determinação do domínio de uma função de duas variáveis associa-se


à sua representação gráfica. Veja alguns exemplos que ilustram como se pode fazer tal
associação:

Exemplo 1. Determine e represente graficamente o domínio da função 𝑍 = 𝑙𝑛(𝑥 − 𝑦).

Resolução

Sabe-se que a função logarítmica existe quando o logaritmando for maior que 0. Então,
tem-se:

2
𝑥 − 𝑦 > 0↔𝑥 > 𝑦. O domínio será { }
𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 ; 𝑥 > 𝑦 Representando
graficamente tem:

Fig. 1

2 2
Exemplo 2. Determine e represente o domínio da função 𝑍 = 1 −𝑥 −𝑦

Resolução

Visto que o índice da raiz é par, o radicando não pode ser negativo;

2 2 2 2 2 2
{
1 − 𝑥 − 𝑦 ≥ 𝑥 + 𝑦 ≤1. Então, 𝐷𝐸 = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 : 𝑥 + 𝑦 ≤1 }
Graficamente temos:

27
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
Fig. 2

Exemplo 3. Determine e represente graficamente o domínio da função


1 1
𝑍= +
𝑥−𝑦 𝑥+𝑦

Resolução

Conjugando as duas condições dos radicais e tendo em conta que eles se encontram
no denominador, tem-se:

{𝑥 + 𝑦 > 0 𝑥 − 𝑦 > 0 ↔ {𝑥 >− 𝑦 𝑥 > 𝑦 . Então, o domínio será


2
{
𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 ; 𝑥 >− 𝑦 ˄ 𝑥 > 𝑦 }
Representando graficamente, temos:

Fig. 3

Síntese

28
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Nesta lição aprendeu o conceito de domínio de uma função de duas variáveis.
Aprendeu ainda como determinar o domínio e a fazer a sua ilustração.

2.8. Lista de Exercícios

Bom, é chegada a altura necessário de verificar o grau de assimilação, resolvendo os


exercícios alistados a seguir.

1. Determine e represente o domínio de cada uma das funções abaixo:

a) 𝑍 = 𝑥 + 𝑦 + 𝑥 − 𝑦
1
b) 𝑍 =
𝑥𝑦

2 2
𝑥 𝑦
c) 𝑍 = 1 − 2 − 2
𝑎 𝑏

𝑥𝑦
d) 𝑍 = 2 2
𝑥 −𝑦

2
4𝑥−𝑦
e) 𝑍 = 2 2
(
𝑙𝑛 1−𝑥 −𝑦 )
1
f) 𝑍 = 2 2
𝑥 +𝑦

Prováveis Soluções. Confirme as respostas acerca do domínio das funções presentes


no exercício anterior:

2
{
a) 𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 : 𝑥≥ − 𝑦 ˄ 𝑥≥𝑦 }

29
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2
{
b) 𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 : 𝑥𝑦 > 0 }
Fig. 4

{ }
2 2
2 𝑥 𝑦
c) 𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 : 2 + 2 ≤1
𝑎 𝑏

2
{
d) 𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 : (𝑥 − 𝑦)(𝑥 + 𝑦) > 0 }

2 2 2 2
{
e) 𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 : 4𝑥≥𝑦 ˄ 𝑥 + 𝑦 < 1 }

30
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2
{
f) 𝐷(𝑍) = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 : 𝑥≠0 ˄ 𝑦≠0 }

2.9. Gráfico de uma função de duas variáveis

Introdução:

Uma das formas de que têm para a definição de uma função é através de gráfico.
Portanto, nesta lição vai estudar gráficos de funções de duas variáveis.

São 2 horas e 30 minutos para a aprendizagem. Saiba gerir devidamente esse tempo.

Objectivos:

Ao completar esta lição, você será capaz de: desenhar curvas de nível; construir
gráficos de funções de duas variáveis.

Estimado estudante, como os procedimentos usados para a construção de gráficos de


uma função real, é exactamente difícil obter gráficos para as funções de duas variáveis.

31
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
O procedimento básico nestas construções é da curva de nível. Por isso, comecemos
por discutir o conceito da curva de nível.

2.9.3. Definição. Curvas e superfícies de nível

2
Seja D um subconjunto de 𝐼𝑅 . Uma função real de duas variáveis reais é uma
correspondência que associa a cada par ordenado (𝑥, 𝑦)∈𝐷 um único valor ou numero
real 𝑓(𝑥, 𝑦),

𝑓: 𝐷→𝐼𝑅 . (𝑥, 𝑦)→𝑓(𝑥, 𝑦) .

O conjunto D é o domínio de f e o seu contradomínio é o conjunto de valores que f toma


em R, isto é, {𝑓(𝑥, 𝑦): (𝑥, 𝑦)∈𝐷.

Usualmente escrevemos 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) para tornarmos explicito o valor que f toma em


(𝑥, 𝑦). Neste caso, x e y são as variáveis independentes e z é a variável dependente.

O gráfico (ou o grafo) S de uma função f de duas variáveis é o conjunto de todos os


3
pontos (𝑥, 𝑦, 𝑧)∈𝐼𝑅 tais que (𝑥, 𝑦) esta no domínio D de f e 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦), isto é

3
𝑆 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧)∈𝑅 : 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦)⋀(𝑥, 𝑦)∈𝐷, Assim, S é grafo de f.

Definição de uma curva de Nível

Uma curva de nível Ck de uma função 𝑍 = 𝑓(𝑥, 𝑦) é o conjunto de todos os pontos


(𝑥, 𝑦)∈𝐷𝑓 tais que 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑘, onde k é um elemento real. Usando a notação simbólica
para a curva de nível Ck da função 𝑍 = 𝑓(𝑥, 𝑦), pode-se escrever:
𝑘 2
{
𝐶 = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 𝐷𝑓: 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑘 }
Veja, agora, como determinar algumas curvas de nível.

Exemplo 1:

32
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2 2
Desenhe as curvas de nível de função 𝑍 = 4 −𝑥 −𝑦 (1)

Resolução:

Como notou na definição, deve fazer Z=K na equação (1). Tem ainda que destacar a
questão de domínio, quer dizer, o K pode assumir qualquer valor real que esteja dentro
do domínio de definição da função.

2 2 2
{ }
Neste exemplo, como 𝐷𝑓 = (𝑥, 𝑦); ∈𝑅 ; 𝑥 + 𝑦 ≤4 , Então 𝐾∈[0, 2] porque 𝑍 = ...,,
{
então 𝑍≥0 ; 𝑍 = 𝑘1; 𝑘2; 𝑘3; …; 𝑘𝑛 }
3 2 2 2 2 7
Fazendo 𝐾 = 0; 𝐾 = 1 𝑒 𝐾 = 2
, Respectivamente 𝑥 + 𝑦 = 4; 𝑥 + 𝑦 = 4

Estas curvas de nível correspondem o gráfico nº 1 abaixo. Para construir os gráficos


com auxílio das curvas de nível, note o seguinte:

As curvas de nível são traçadas no plano xy. Cada curva de nível 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑘 é a
projecção sobre o plano xy da intersecção do gráfico xy com o plano horizontal Z=K.

Exemplo 2:

2 2
Esboce o gráfico da função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 + 𝑦

Como se lhe disse na página 6 deste módulo nunca deve consultar a solução das
tarefas antes de as resolver. Se tiver dificuldade procure os colegas que vivem próximo
da sua casa.

Resolução:

Fazendo 𝐾 = 1; 𝐾 = 2; 𝐾 = 3, e desenhando as curvas de nível tem

Gráfico: 1

33
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Sumário:

Nesta lição como fazer o esboço de duas funções de duas variáveis com recursos a
curvas de níveis .

Caro estudante, finalize a sua lição resolvendo alguns exercícios.

1. O conjunto S representa uma chapa plana e T(x,y) a temperatura nos pontos de


chapa. Determine as isotermas (curvas de nível).
2 2 2 2
{ }
𝑆 = (𝑥, 𝑦) ; 𝑥 + 𝑦 ≤16 ; 𝑇(𝑥, 𝑦) = 𝑥 + 𝑦
2. Desenhe algumas curvas de nível e esboce o gráfico da função

2 2
𝑍 = 8 −𝑥 −𝑦

2.5. Limite de funções de duas variáveis

Introdução

O termo «limite» já foi usado aquando estudado de Análise Matemática 1. Nesta lição
vai aplicar o mesmo conceito, mais para funções de duas variáveis.

O tempo programado é de 2 horas

34
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Ao completar esta unidade lição, você será capaz de: demonstrar que 1∈𝑅 é limite de
uma função 𝑓(𝑥, 𝑦)

Calcular limites de funções de duas variáveis

Estimado estudante, veja alguns conceitos básicos, dos quais depende o conceito de
limite:

2
( )
Sejam 𝑥0, 𝑦0 um ponto de 𝑅 , r um numero real positivo. Chama-se bola aberta 𝑥0, 𝑦0( )
2
( )
e raio r ao conjunto de todos os pontos (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 , cuja distancia ate 𝑥0, 𝑦0 é inferior a

(( ) )
r. a figura nº 1 ilustra bola aberta. E nota-se por b 𝑥0, 𝑦0 , 𝑟 .

Figura

A diferença que se segue é uma extensão do conceito de «ponto de acumulação» de


que também se abordou em Analise Matemática 1.

Novamente

Definição

2 ' 2
Dado 𝐴ϲ𝑅 . Um ponto 𝑃 ∈ 𝑅 chama-se ponto de acumulação de A se toda a bola
'
aberta de centro em 𝑃 contiver uma infinidade de pontos do conjunto A.

35
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'
De acordo com esta definição, para que 𝑃 seja ponto de acumulação, de um dado
'
conjunto A, devera ter pontos de A diferentes de 𝑃 e que estes estejam tão próximos
dele quanto se queira.

Finalmente, formulamos o conceito de limite de uma função de duas variáveis.

Definição

Seja 𝑓(𝑥, 𝑦) uma função de duas variáveis que esta definida numa bola aberta
(( ) ) ( )
𝐵 𝑥0, 𝑦0 ; 𝑟 , excepto possivelmente no próprio ponto 𝑥0, 𝑦0 . Diz-se que 𝑙 é o limite de

( )
𝑓(𝑥, 𝑦) quando (𝑥, 𝑦) se aproxima de 𝑥0, 𝑦0 se | 𝑓(𝑥, 𝑦) − 𝑙| puder ser reduzido tanto

(
quanto se queira, tomando a distância entre os pontos (𝑥, 𝑦) e 𝑥0, 𝑦0 suficientemente )
pequena, porem positiva.

(
O facto de (𝑥, 𝑦) tender para 𝑙, quando (𝑥, 𝑦) se a próxima de 𝑥0, 𝑦0 , 𝑙𝑖𝑚𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑙 )
( )
Denota-se (𝑥, 𝑦) ↔ 𝑥0, 𝑦0 . Assim, pode-se escrever abreviadamente que:

𝑙𝑖𝑚𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑙⇔∀ԑ > 0, ∃ > δ0; |𝑓(𝑥, 𝑦) − 𝑙| < ԑ

(𝑥, 𝑦)→0 | ( )|
sempre que 0 < (𝑥, 𝑦) − 𝑥0, 𝑦0 < δ, ∀(𝑥, 𝑦)∈𝐷𝑓

Pode-se ilustrar geometricamente a definição do limite da seguinte maneira: Figura 2

L+ℰ

𝑦0 L

L-ℰ

36
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
𝑥0 x

Caro estudante:

Veja agora se a definição esta bem assente, através do seguinte exemplo:

Usando a definição de limite, mostre que 𝑙𝑖𝑚⁡(𝑥, 𝑦) → (2, 3) (3𝑥 + 2𝑦) = 12 ;

Resolução: de acordo com a definição, tem que mostrar que ∀ԑ > 0, ∃δ > 0 tal que se
tenha |𝑓(𝑥, 𝑦) − 12| < ε, sempre que
2 2
0 < |(𝑥, 𝑦) − (2, 3)| < δ↔0 < (𝑥 − 2) + (𝑦 − 3) < δ

Recordando o caso de funções reais de variável real, deve procurar o ‘’δ’’ a patir da
desigualdade que envolver o ‘’δ’’. Assim, de modo análogo tem:

|𝑓(𝑥, 𝑦) − 12| = |3𝑥 + 2𝑦 − 12|

= |3𝑥 − 6 + 2𝑦 − 6|

= |3(𝑥 − 2) + 2(𝑦 − 3)| pela desigualdade triangular, tem:

2 2
≤3|𝑥 − 2| + 2|𝑦 − 3| Como |𝑥 − 2| ≤ (𝑥 − 2) + (𝑦 − 3) e

2 2
|𝑦 − 3| ≤ (𝑥 − 2) + (𝑦 − 3)

Pode escrever; 3|𝑥 − 2| + 2|𝑦 − 3| < 3δ + 2δ sempre que

2 2
0< (𝑥 − 2) + (𝑦 − 3) .

ε ε ε
Seja δ = 5
. Então |𝑓(𝑥, 𝑦) − 12|≤3|𝑥 − 2| + 2|𝑦 − 3| < 3. 5
+2 5

Logo, 𝑙𝑖𝑚⁡(𝑥, 𝑦) → (2, 3) (3𝑥 + 2𝑦) = 12

Visto que a definição está assimilada, passemos para algumas propriedades dos
limites. Se não a tiver assimilado reveja de novo a resolução.

37
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
Essas propriedades são similares às propriedades dos limites de função de uma variael.
Podem ser sintetizadas na seguinte propriedade.

Propriedade 1:

Se 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 e ( ) (


𝑙𝑖𝑚⁡𝑔(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 existem e c é um número)
real qualquer, então:

i) 𝑙𝑖𝑚[𝑓(𝑥, 𝑦)±𝑔(𝑥, 𝑦)] (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( )


( ) ± 𝑙𝑖𝑚⁡𝑔(𝑥, 𝑦)
= 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 (𝑥, 𝑦) →

ii) 𝑐 . 𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0) = 𝑐. 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0)

iii) 𝑓(𝑥, 𝑦) . 𝑔(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0) = 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0) . 𝑙𝑖𝑚⁡𝑔(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (
(
𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥,𝑦) (𝑥,𝑦)→ 𝑥0,𝑦0 )
iv) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) 𝑓(𝑥,𝑦)
𝑔(𝑥,𝑦)
=
(
𝑙𝑖𝑚⁡𝑔(𝑥,𝑦) (𝑥,𝑦)→ 𝑥0,𝑦0 ) ;

𝑙𝑖𝑚⁡𝑔(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ≠0 ( )


𝑛
v) 𝑙𝑖𝑚⁡[𝑓(𝑥, 𝑦)] (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) = [ 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) ]𝑛, 𝑛 ∈𝑧+
vi)
𝑛
𝑙𝑖𝑚⁡ 𝑓(𝑥) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) = 𝑛
𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) , se
( )
𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ≥0 e n é o número ou se
𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0) ≤0 e n é o número inteiro possível ímpar.

Propriedade 2:

𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0( ) = 0 e 𝑓(𝑥, 𝑦) é uma função limitada numa bola aberta de
centro

( )
em 𝑥0, 𝑦0 então 𝑓(𝑥, 𝑦) . 𝑔(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) = 0.

Demonstrando a propriedade 1.i)

Sejam 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) = 𝑙 e 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) = 𝑚 e ∀ε > 0

Tem a mostrar que existe δ > 0, tal que se cumpra [𝑓(𝑥, 𝑦) + 𝑔(𝑥, 𝑦) − (1 + 𝑚)] < ε

38
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
sempre que (𝑥, 𝑦)∈𝐷𝑓∩𝐷𝑔 0 < (𝑥 − 𝑥0)2 + (𝑦 − 𝑦0)2 < δ.
De 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) = 𝑙 significa que existe δ1 > 0; |𝑓(𝑥, 𝑦) − 𝑙| <
ε
2
,
sempre que

𝑓(𝑥, 𝑦)∈𝐷𝑓 𝑒 0 < (𝑥 − 𝑥0)2 + (𝑦 − 𝑦0)2 < δ1.


De 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → 𝑥0, 𝑦0 ( ) = 𝑚 entende-se que existe
ε
δ2 > 0; 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 |𝑔(𝑥, 𝑦) − 𝑚| < 2

sempre que 𝑓(𝑥, 𝑦)∈𝐷𝑔 𝑒 0 < (𝑥 − 𝑥0)2 + (𝑦 − 𝑦0)2 < δ2.


{ }
Seja δ =min δ1, δ2 . Então δ≤δ1 𝑒 δ≤δ2, se

(𝑥, 𝑦)∈𝐷𝑓∩𝐷𝑔 𝑒 0 < (𝑥 − 𝑥0)2 + (𝑦 − 𝑦0)2 < δ, tem-se |𝑓(𝑥, 𝑦) − 𝑚| < ε


2
.

Portanto 𝑓(𝑥, 𝑦) + 𝑔(𝑥, 𝑦) − (𝑙 + 𝑚) = |(𝑓(𝑥, 𝑦) − 𝑙) + (𝑔(𝑥, 𝑦) − 𝑚)| ≤


ε ε
|𝑓(𝑥, 𝑦) − 𝑙| + |𝑔(𝑥, 𝑦) − 𝑚| < 2
+ 2
= ε, sempre que

0< (𝑥 − 𝑥0)2 + (𝑦 − 𝑦0)2 < δ, ou seja


𝑙𝑖𝑚⁡[𝑓(𝑥, 𝑦) + 𝑔(𝑥, 𝑦)] (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0) = 𝑙 + 𝑚

Caro estudante

No cálculo de limites deve aplicar estas propriedades assim como algumas técnicas de
indeterminação anteriormente vistas.

Exemplifiquemos com o seguinte:


2 2 2

2 2
(
Ache os limites: 𝑙𝑖𝑚⁡ 𝑥 + 2𝑥 𝑦 − 𝑦 + 2
4 2 2
) (𝑥, 𝑦) → (− 2, 1) ;
𝑥 𝑦 +𝑦 −4𝑥 −4𝑦
𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2 2 4 2 2
𝑥 𝑦 +𝑥 +2𝑥 +2𝑦

Resoluções:

39
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2 2 2
(
𝑙𝑖𝑚⁡ 𝑥 + 2𝑥 𝑦 − 𝑦 + 2 ) (𝑥, 𝑦) → (− 2, 1) =
3 2 2
[
𝑙𝑖𝑚⁡ (− 2) + 2(− 2) . 1 − 1 + 2 (𝑥, 𝑦) → (− 2, 1) = 1 ]
0
Para o segundo exercício substituindo x e y por 0, tem uma indeterminação do tipo 0
.

2 2 4 2 2 2
𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0)
𝑥 𝑦 +𝑦 −4𝑥 −4𝑦
= 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) ( 2 2) ( 2 2)
𝑦 𝑥 +𝑦 −4 𝑥 +𝑦
2 2 4 2 2 2 2 2 2 2
𝑥 𝑦 +𝑥 +2𝑥 +2𝑦 𝑥 (𝑥 +𝑦 )+2(𝑥 +𝑦 )

2 2 2 2
= 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) ( 2 2)( 2 ) . Simplificando, obtém: 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) ( 2 ) =
𝑥 +𝑦 𝑦 −4 𝑦 −4
(𝑥 +𝑦 )(𝑥 +2) (𝑥 +2)
−4
𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2
=− 2

Observação!

Nos exemplos anteriormente vistos, partiu-se do princípio de que os limites existem.


Contudo, em alguns casos deve se ter ‘’muita atenção’’ ao lidar com limites, como
atesta o exemplo a seguir:

Determine o seguinte limite:


2𝑥𝑦
𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2 2
𝑥 +𝑦

0
Como pode observar, há aqui indeterminação ‘’ 0 ’’. Por outro lado, quando
(𝑥, 𝑦) → (0, 0) não significa apenas que é no sentido unilateral. Há várias maneiras de o
ponto (𝑥, 𝑦) se aproximar do ponto (0, 0). Algumas são:

i) O ponto (𝑥, 𝑦) 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑟 − 𝑠𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 (0, 0), pelo eixo dos x então:
2𝑥𝑦 2𝑥.0
𝑙𝑖𝑚 𝑥→0 2 2 = 𝑙𝑖𝑚 𝑥→0 2 2 = 0
𝑥 +𝑦 𝑥 +0

𝑦→0

ii) O ponto (𝑥, 𝑦) 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑟 − 𝑠𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜(0, 0) pelo eixo dos y, então:
2𝑥𝑦 2.0𝑦
𝑙𝑖𝑚 𝑥→0 2 2 = 𝑙𝑖𝑚 𝑥→0 2 2 = 0
𝑥 +𝑦 0 +𝑦

𝑦→0

40
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iii) O ponto (𝑥, 𝑦) 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑟 − 𝑠𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜(0, 0) através da rect y = x,
2
2𝑥𝑥 2𝑥
então: 𝑙𝑖𝑚 𝑥→0 2 2 = 𝑙𝑖𝑚 𝑥→0 2 = 1
𝑥 +𝑦 2𝑥

𝑦→0 𝑦→0

Ou seja, para diferentes direcções obtêm-se limites diferentes. Portanto, não existe o
2𝑥𝑦
𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2 2
𝑥 +𝑦

Sumário:

Abordou-se nesta lição o conceito de limite de função de duas variáveis. Aprendeu


como verificar quando é que um dado número real é limite de uma função.

Viu também as propriedades dos limites, assim como a aplicação das propriedades no
cálculo dos mesmos.

Exercícios:

1. Mostre, a partir da definição de limite, que:

a) 𝑙𝑖𝑚⁡(− 5𝑥 + 2𝑦) (𝑥, 𝑦) → (− 1, 2) = 9 b)


3𝑥 + 2𝑦 (𝑥, 𝑦) → (1, 2) = 7

2. Calcule os seguintes limites:

2 2
a) 𝑙𝑖𝑚⁡(3𝑥 − 4𝑦) (𝑥, 𝑦) → (0, 0)
4 4
(
b) 𝑙𝑖𝑚⁡ 𝑥 + 𝑦 − 4𝑥 + 2𝑦 ) (𝑥, 𝑦) → (3, − 1)
𝑥 −𝑦
c) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2 2
𝑥 +𝑦

3 2 2 2 2
𝑦 +𝑥 𝑦+3𝑥 +3𝑦 𝑥 +12
d) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 3 2 2 2 e) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2
𝑥 +𝑥𝑦 −3𝑥 −3𝑦 𝑥−𝑦

+ −
𝑓) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → 0 , 1 ( ) 𝑥+𝑦−1
𝑥− 1−𝑦
g) 𝑙𝑖𝑚⁡(1 + 𝑥) (𝑥, 𝑦) → (0, 2)

3 𝑥𝑦−1 𝑦𝑠𝑒𝑛𝑥
h) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (1, 1) i) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 1) 𝑥𝑦+2𝑥
𝑥𝑦−1

41
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2 3 3
𝑥 +𝑦 −𝑥𝑦
j) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2 2
𝑥 −𝑦

2
𝑥𝑦
3. Verificar que 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) 2 4 não existe.
𝑥 +𝑦

Confirme, a seguir, as soluções destes exercícios:

Soluções:

1. Aplicar a definição e procurar o δ a partir da “expressão de ε”, tanto na alinea a)


como na b). Veja o exemplo 1.

2 1
2. 𝑎)1 𝑏) 0 𝑐) 0 𝑑) 0 𝑒) 49 𝑓) 0 𝑔) 0 ℎ) 3
𝑖) 3
𝑗) 0

3. Depois de verificar aproximação de (𝑥, 𝑦) pelo eixo dos x, pelo eixo dos y, pela
recta 𝑦 = 𝑥, veja a aproximação através do arco da parábola 𝑦 = 𝑥.

Continuidade funções de duas variáveis

Introdução:

Nesta lição vai estudar funções contínuas, tem um total de 2 horas e 30 minutos. Para
tal, deverá usar devidamente do que dispõe.

Ao completar esta lição, você será capaz de determinar a continuidade de uma função.

Demonstrar que uma função é contínua.

Estimado estudante.

Na definição de uma função de duas variáveis, terá aprendido que não é necessário
que o ponto (𝑥0, 𝑦0) seja pertencente ao domínio da função, para que exista o limite.

42
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
No caso de funções contínuas, tal condição é essencial, ou seja, (𝑥0, 𝑦0) deve pertencer

ao domínio da função. Assim, para definir a continuidade de uma função, vai


socorrer-se da definição de limite.

Definição:

2
( )
Seja 𝑓(𝑥, 𝑦): 𝐴 𝑐 𝑅 →𝑅 e 𝑥, 𝑦0 ∈𝐴. Um ponto de acumulação de A. Diz­se que 𝑓(𝑥, 𝑦) é

contínua em (𝑥0, 𝑦0) se 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑓 (𝑥0, 𝑦0).

A definição de continuidade de uma função (𝑥, 𝑦) anteriormente formulada, assenta


nestas três premissas:

i) 𝐸𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑓(𝑥0, 𝑦0);

ii) 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0)

iii) Os dois números anteriores i) e ii) devem ser iguais ou seja


𝑙𝑖𝑚⁡𝑓(𝑥, 𝑦) (𝑥, 𝑦) → (𝑥0, 𝑦0)

Só nestas condições é que se pode dizer que uma função 𝑓(𝑥, 𝑦) é contínua no ponto
(𝑥0, 𝑦0).

Uma função 𝑓(𝑥, 𝑦) que não é contínua no ponto (𝑥0, 𝑦0) diz­se descontínua nesse

ponto.

Note que os teoremas sobre continuidade para funções de uma variável real, são
similares para funções de duas variáveis.

Teorema 1:

Se f e g são duas funções contínuas no ponto (𝑥0, 𝑦0). Então:

i) f±g é contínua em(𝑥0, 𝑦0).

ii) 𝑓.g é contínua em (𝑥0, 𝑦0).

43
Emílio António. eantonio@unirovuma.ac.mz /844889965
𝑓
iii) 𝑔
é contínua em (𝑥0, 𝑦0); 𝑒 𝑔(𝑥0, 𝑦0)≠0

Teorema 2

Sejam 𝑦 = 𝑓(𝑍) 𝑧 = 𝑔(𝑥, 𝑦). Suponha que 𝑔 é contínua em (𝑥0, 𝑦0) e 𝑓 é contínua em

(𝑥0, 𝑦0). Então a função 𝑓𝑜𝑔 é contínua em (𝑥0, 𝑦0).

Este teorema afirma que sucintamente, o composto de duas funções contínuas é uma
função contínua.

Usando o teorema 1, podemos afirmar que:

2
▪ Uma função polinominal em 𝑅
▪ Uma função racional é contínua no seu campo de existência.

Caro estudante, veja alguns estudos de caso da continuidade:

Exemplo 1:

3 2 2
Discutir a continuidade da função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 + 2𝑥 𝑦 − 𝑦 + 2

Resolução:

2
Trata-se de uma função polinominal, logo é contínua em todo o 𝑅 .

Exemplo 2:

3 2
𝑦 +𝑥 𝑦−2𝑥𝑦−2𝑥+4
Demonstre que a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑦+𝑥−2𝑦−2
é contínua (2,1)

Resolução:

Deve provar que os três itens da definição na continuidade são válidos:

i) 𝑓(2, 1) existe e é 2, pela condição do próprio exercício;


3 2
𝑦 +𝑥 𝑦−2𝑥𝑦−2𝑥+4 0
ii) Ache o limite: =⎡0⎤
𝑥𝑦+𝑥−2𝑦−2 ⎣ ⎦

44
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Levantando a indeterminação, terá

3 2 2 2
= ( 𝑥(𝑦+1))−2((𝑦+1) ) =
𝑦 +𝑥 𝑦−2𝑥𝑦−2𝑥+4 𝑥 +𝑥𝑦−2 −2 𝑥 +𝑥𝑦−2
𝑥𝑦+𝑥−2𝑦−2

2
(𝑥−2)(𝑥 +𝑥𝑦−2) 𝑥+𝑥𝑦−2
(𝑥−2)(𝑦+1)
= 𝑦+1
=2

3 2 2
𝑥(𝑥 +𝑥 −2𝑥𝑦−2𝑥 −2𝑥+4
iii) 𝑥𝑦+𝑥−2𝑦−2
= 𝑓(2, 1)

Por tanto, a função dada é contínua no ponto (2,1)

Sumário:

Nesta lição abordou o conceito de continuidade de uma função de duas variáveis. Viu
que, certamente, como é que se pode demonstrar a continuidade de uma determinada
função num ponto, como o uso de teoremas sobre funções contínuas.

Exercícios:

1. Ache os limites:
2
] b)𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦) → (0, 0) ⎡⎢ 2 ⎤⎥
𝑥𝑦−1 𝑥
a) 2𝑥𝑦+4
⎣𝑥 ⎦
𝑥+𝑦−1
2. A função g(x,y)= 2 2 , é racional. Será ela contínua? Justifique.
𝑥 𝑦+𝑥 −3𝑥𝑦−3𝑥++2𝑦+2
3 2
𝑥 −3𝑥𝑦 +2
3. Demostre que são contínuas as funções: a) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 2 , em (1,2)
2𝑥𝑦 −1

4. Verfique que são contínuas as funções no pontos indicados.


a) 𝑓(𝑥, 𝑦) = {3𝑥 − 2𝑦, (𝑥, 𝑦)≠(0, 0) 1, (𝑥, 𝑦) = (0, 0) em (0, 0)
2 2
𝑥 +𝑦 −1
b) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥+𝑦
em (1,1) e em (0, 0)
4 2 2 2
𝑦 +3𝑥 𝑦 +2𝑦𝑥
c) 𝑓(𝑥, 𝑦) = {0, (𝑥, 𝑦) = (0, 0) (𝑥, 𝑦)≠0, 0
(𝑥2+𝑦2)

Solução

1. a) 8l b)1;

45
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Verfique se há inderterninação e factorize se necessário.

2. Sendo racional, é contínua em todos os R2, com excepção daqueles que anulam
o denominador, que são: x= 1; x=2 e y=− 1

2
Assim, ela é contínua no conjunto{(𝑥, 𝑦)∈𝑅 ; 𝑥≠1, 𝑥≠2 𝑒 𝑦≠­1}.

3. Usar definição de continuidade


4. a) Nao é contínua
b) É contínua apenas no ponto (1,1)
c) Não é contínua

Auto avaliação:

1. Ache os valores das funções:


𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝑥+𝑦) 2
a) 𝑧 = ( 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝑥−𝑦) )
para x=
1√3
2
,𝑦 =
1−√3
2

sin𝑠𝑖𝑛 (𝑥+𝑦) π
b) 𝑧 = 𝑒 para x = y = 2

2. Qual será a superfície total em metros quadrados de papel de parede necessária


para revestir as paredes de um quarto rectangular de x metros de largura, e y de
metros de comprimento e z de metros de altura
3. Que volume da água será necessário para encher uma piscina redonda de x
metros de raio e y metros de altura.
4. O conjunto S representa uma chapa plana e T(x,y) a temperatura nos pontos da
chapa. Determine as isotermas (curvas de nível), representando­as
geometricamente.

S= {(x, y); x2+y≤16}; 𝑇(𝑥, 𝑦) = 𝑥2+y2

5. Desenhe as curvas de nível de função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 2 𝑥𝑦, para que k = 8, 6, 4


6. Calcule os seguintes limtes
a) 𝑙𝑖𝑚(3𝑥 − 4𝑦) (𝑥, 𝑦) → (0, 0) ; b)
2
(
𝑙𝑖𝑚 4𝑥 + 𝑦2 − 4𝑥 + 2𝑦 (𝑥, 𝑦) → (3, − 1))
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4 4 4 2 2 2
𝑥 +𝑦 𝑦 +𝑥 𝑦+2𝑥 +3𝑦
c) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(0, 0) 2 2 ; d) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(0, 0) 3 2 2 2
𝑥 +𝑦 𝑥 +𝑥𝑦 −3𝑥 −3𝑦

2
𝑥 +12 + − 𝑥+𝑦−1
𝑒) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(5, 2) 2 ; f) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(0 , 1 ) ; g)
𝑥−𝑦 𝑥− 1−𝑦

𝑙𝑖𝑚⁡(1 + 𝑥) (𝑥, 𝑦)→(0, 2)

3
𝑥𝑦−1 𝑦𝑠𝑒𝑛𝑥
ℎ) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(1, 1) ; i) 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(0, 1) 𝑥𝑦+2𝑥
; j)
𝑥𝑦−1

2 3 3
𝑥𝑦 +𝑦 −𝑥𝑦
𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(0, 0) 2 2
𝑥 +𝑦

2
𝑥𝑦
7. Verifique que 𝑙𝑖𝑚 (𝑥, 𝑦)→(0, 0) 2 4 não existe.
𝑥 +𝑦

𝑥+𝑦−1
8. A função 𝑔(𝑥, 𝑦) 2 2 , é racional. Será ela contínua? justifique:
𝑥 𝑦+𝑥 −3𝑥𝑦−3𝑥+2𝑦+2

9. Demostre que são contínua as funções:


3 2
𝑥 −3𝑥𝑦 +2
𝑓(𝑥, 𝑦) 2 , em (1,2)
2𝑥𝑦 −1

10. Verifique se são contínuas as funções:


a) 𝑓(𝑥, 𝑦) = {3𝑥 − 2𝑦, (𝑥, 𝑦) ≠ (0, 0) 1, (𝑥, 𝑦) = (0, 0) em (0,0)
2 2
𝑥 +𝑦 −1
b) 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑥+𝑦
em (1,1) e em (00) ;
4 2 2 2
𝑦 +3𝑥 𝑦 +2𝑦𝑥
c) 𝑓(𝑥, 𝑦) = {0, (𝑥, 𝑦) = (0, 0) 2 2 , (𝑥, 𝑦) ≠ (0, 0).
(𝑥 +𝑦 )

Soluções

9
1. a) 16
b) 1

2. 𝑞(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 2𝑥𝑧 + 2𝑦𝑧


2
3. 𝑉(𝑥, 𝑦) = π𝑥 𝑦.
4. Não existe.
5. Não existe.
2 1
6. a) 1; b) 0; c) 0; d) 0 ; e) 49; f) 0; g) 0; h) 3
; i) 3
; j) 0.

47
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7. Depois de verificar a aproximação de (𝑥, 𝑦) pelo eixo dos y, pela recta y=x, veja a

aproximação através do arco da parábola y= 𝑥.


2
8. Sendo racional, é contínua em todos os 𝑅 , com excepção daqueles que anulam o
denominador, que são:x=1; x=2 e y=1. Assim, ela é contínua no conjunto;

{(𝑥, 𝑦)∈𝑅2; 𝑥≠1, 𝑥≠2 𝑒 𝑦≠ − 1}


9. Usa definição da continuidade.
10. Usar os trés elementos da definição de continuidade:
a) Não é contínua.
b) É contínua apenas no ponto (1,1).
c) Não é contínua.

DERIVADAS PARCIAIS DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Introdução

Nesta unidade vai abordar as derivadas parciais de funções de várias variáveis. A partir
do conceito de uma função real, vai formular o conceito de derivada parcial. Depois da
formulação do conceito de derivada parcial, segue-se a formulação do de derivada
composta, diferêncial de uma função e algumas das suas aplicações.

Tem um total de 14 horas para concluir esta unidade.

Ao completar esta unidade, você será capaz de: calcular derivada de funções de várias
variáveis e aplicar o cálculo, o diferêncial no cálculo aproximado.

Derivada parcial de funções de duas variáveis

Introdução

Nesta lição verás que o conceito de derivada de uma variável, é similar ao conceito de
para derivada de funções de mais de uma variável.

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São 3 horas para esta lição. Procure gerí-las de forma correcta.

Ao completar esta lição, você será capaz de: demostrar que uma função é solução de
uma equação diferêncial.

∂ este é o símbolo da derivada parcial.

A expressão “derivada parcial’’ tem a ver com o facto de ao se fazer a derivação tem-se
sempre em consideração a uma das variáveis. Portanto poda-se dizer que a derivação
de funções de duas variáveis reais reduz-se ao caso de uma variável, tratando-se tais
funções como de uma variável separadamente e mantendo-se fixas as outras.

Caro estudante, veja a formulação do conceito de derivada parcial para uma função de
duas variáveis:

Definição:

Seja f uma função de duas variáveis. A derivada parcial de f em relação a x que se


∂𝑓
denota por ∂𝑥
, é uma função tal que o seu valor funcional em qualquer ponto de (x,y)

do domínio de 𝑓 é dado por:

∂𝑓 𝑓(𝑥+∆𝑥,𝑦)−𝑓(𝑥,𝑦)
∂𝑥
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑥→0 ∆𝑦
, se o limite existir.

De forma análoga, pode definir-se a derivada parcial de f em função a y por:

∂𝑓 𝑓(𝑥,𝑦+∆𝑦)−𝑓(𝑥,𝑦)
∂𝑦
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑦→0 ∆𝑦
, se o limite existir.

Veja um exemplo de cálculo:

Exemplo 1

∂𝑓 ∂𝑓 2
Calcule ∂𝑥
; ∂𝑦
para a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 3𝑥 − 2𝑥𝑦 + 𝑦 , aplicando a definição.

Resolução:

49
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2 2 2 2 2
∂𝑓
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑥→0
𝑓(𝑥+∆𝑥,𝑦)−𝑓(𝑥,𝑦)
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑥→0
3(𝑥+∆𝑥) −2(𝑥+∆𝑥) 𝑦+𝑦 − 3𝑥 −2𝑥𝑦+𝑦( )
∂𝑥 ∆𝑦 ∆𝑦

2
6𝑥+∆𝑥+3(∆𝑥) −2𝑦∆𝑥
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑥→0 ∆𝑦
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑥→0 (6𝑥 + 3∆𝑥 − 2𝑦) = 6𝑥 − 2𝑦

2 2 2 2
∂𝑓
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑦→0
𝑓(𝑥,𝑦+∆𝑦)−𝑓(𝑥,𝑦)
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑦→0
3𝑥 −2𝑥(𝑦−∆𝑦)+(𝑦+∆𝑦) − 3𝑥 −2𝑥𝑦+𝑦 ( ) =
∂𝑦 ∆𝑦 ∆𝑦

2
2𝑥∆𝑦+2𝑦∆𝑦+(∆𝑦)
𝑙𝑖𝑚 ∆𝑦→0 ∆𝑦
= 𝑙𝑖𝑚 ∆𝑦→0 (2𝑥 + 2𝑦 + ∆𝑦) =− 2𝑥 + 2𝑦

Agora, passemos para a regra prática do cálculo das derivadas parciais:

Exemplo 2

2 2
Ache as derivadas parciais da função 𝑍 = 𝑥 + 𝑦 − 3𝑎𝑥𝑦,

Resolução:

∂𝑍 2
Mantendo y constante, obtém-se: ∂𝑥
= 3𝑥 − 3𝑎𝑦

∂𝑍 2
Mantendo y constante, obtém-se: ∂𝑦
= 3𝑦 − 3𝑎𝑦

Caro estudante: resolva o seguinte exercício. Caso não consiga, reveja o exemplo 2.

Exercício:

𝑥
Ache as derivadas parciais da função 𝑍 = 2 2
.
𝑥 +𝑦

Resolução:

2
∂𝑍 𝑦 ∂𝑍 𝑥𝑦
∂𝑥
= 3 ; ∂𝑦
=− 3

(𝑥2+𝑦2) (𝑥2𝑦2)
2 2

Exemplo 3

50
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Ache as derivadas parciais da função 𝑍 = 𝑆𝑒𝑛(2𝑥 + 𝑦).

Resolução:

∂𝑍
Mantendo x constante, tem: ∂𝑦 = 𝑐𝑜𝑠(2𝑥 + 𝑦)(2𝑥 + 𝑦)𝑦 = 𝑐𝑜𝑠(2𝑥 + 𝑦).

∂𝑍
Agora mantenha y, constante e certifique que ∂𝑥
= 2𝑐𝑜𝑠(2𝑥 + 𝑦).

Exemplo 4

2 2
Demonstre que 𝑥
∆𝑍
∆𝑋
+𝑦
∆𝑍
∆𝑦
= 2, se 𝑍 = 𝑙𝑛 𝑥 + 𝑥𝑦 + 𝑦 . ( )
Resolução:

Deverá calcular as derivadas parciais e, depois, proceder à substituição, nos


∆𝑍 ∆𝑍
respectivos lugares, na equação 𝑥 ∆𝑋
+𝑦 ∆𝑦
= 2 , a) om efeito,
∂𝑍
∂𝑥
= 2
1
𝑥 +𝑥𝑦+𝑦
2 (𝑥2 + 𝑥𝑦 + 𝑦2)𝑥 = 2
2𝑥+𝑦
𝑥 +𝑥𝑦+𝑦
2 .

∂𝑍 𝑥+2𝑦
Analogamente temos: ∂𝑦
= 2 2 .
𝑥 +𝑥𝑦+𝑦

2 2
2𝑥+𝑦 𝑦+2𝑥 2𝑥 +𝑥𝑦+𝑥𝑦+2𝑦
a) 𝑥 2 2 + 𝑦 2 2 = 2 2 = 2
𝑥 +𝑥𝑦+𝑦 𝑥 +𝑥𝑦+𝑦 𝑥 +𝑥𝑦+𝑦

Sumário:

Nesta lição estudou derivada parcial. Na prática, viu que se obtém derivadas parciais
usando as regras de derivadas das funções de uma variável, considerando constantes
todas as variávais à exepção de uma, de cada vez.

Exercícios

1. Ache as derivadas parciais das seguintes funções:

a) 𝑍 =
𝑥−𝑦
𝑥+𝑦
; b) 𝑍 =
2 2
𝑥 − 𝑦 ; c) 𝑍 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔
𝑦
𝑥 (
; d) 𝑍 = 𝑙𝑛 𝑥 +
2
𝑥 +𝑦 )
2

51
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𝑦 2 2
𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑥 −𝑦
𝑒) 𝑍 = 𝑒 ; f) 𝑍 = 𝑎𝑟𝑐𝑆𝑒𝑛 2 2
𝑥 +𝑦

∆𝑍 ∆𝑍 𝑦
2. Demonstre que 𝑥 ∆𝑋
+ ∆𝑦
= 𝑥𝑦 + 𝑍, se 𝑍 = 𝑥𝑦 + 𝑥𝑒 𝑥 .
∂𝑥 ∂𝑥 ∂𝑦 ∂𝑦
3. Calcule ‖ ∂γ ∂φ ∂γ ∂φ
‖, se 𝑥 = γ𝑐𝑜𝑠φ e

Resoluções

∂𝑍 2𝑦 ∂𝑍 2𝑥 ∂𝑍 𝑥 ∂𝑍 𝑦
1. a) ∂𝑋
= 2 ; ∂𝑦
=− 2 ; b) ∂𝑋
= 2
; ∂𝑦
= 2 2
(𝑥+𝑦) (𝑥+𝑦) 𝑥−𝑦 𝑥 −𝑦

∂𝑍 𝑦 ∂𝑍 𝑥 ∂𝑍 1 ∂𝑍 𝑦
𝑐) = ; = ; d) = ; =
( )
∂𝑋 2 2 ∂𝑦 2 2 ∂𝑋 2 ∂𝑦 2 2 2 2
𝑥 −𝑦 𝑥 −𝑦 𝑥−𝑦 𝑥 −𝑦 𝑥+ 𝑥 +𝑦

𝑦 𝑦
∂𝑍 𝑦 𝑦 𝑠𝑒𝑛 𝑥 ∂𝑍 1 𝑦 𝑠𝑒𝑛 𝑥
𝑒) ∂𝑋
=− 2 𝑐𝑜𝑠 . 𝑒 𝑥
; ∂𝑦
= 𝑥
𝑐𝑜𝑠 . 𝑒 𝑥
𝑥

2 2 2 2 2 2
∂𝑍 𝑥𝑦 2𝑥 −2𝑦 ∂𝑍 𝑦𝑥 2𝑥 −2𝑦
𝑓) ∂𝑥
= 4 4 ; g) ∂𝑦
= 4 4 .
|𝑦| 𝑥 −𝑦( ) (
|𝑦| 𝑥 −𝑦 )

Caso não tenha conseguido, reveja os 4 exemplos vistos.

Conceito de derivada de funções com mais de duas variáveis.

Introdução

Na lição anterior, aprendeu o conceito de derivadas parciais para uma função com duas
variáveis. Agora fará o estudo para funções de 𝑛 > 2 variaveis.

Tem três (3) horas para estudar esta lição. Lembre-se sempre se sentir fatigado
repouse e continue mais tarde. Ao completar esta lição, você será capaz de:

⮚ Calcular derivadas parciais para funções com mais de duas variáveis;


⮚ Verificar que certas funções satisfazem determinadas equações diferenciais.

52
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Objectivos

Aquando do estudo das derivadas parciais de funções com duas variáveis, 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦)
verificou que se x e y for constante, z é apenas uma função de x, e neste caso, pode

calcular a derivada parcial z em ordem a x. Analogamente para y.

Caro estudante, este procedimento prevalece para funções com 𝑛 > 2 variáveis, como
se descreve a seguir:

Se tiver uma função com n variáveis independentes, ou seja, 𝑓 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2…, 𝑥𝑛), de

cada vez que variar uma incógnita e fixar outras obtém a derivada parcial de f em
relação a essa variável.

Assim, por definição, teremos:

Definição;

𝑛 𝑛
Seja 𝑓: 𝐴⊆𝑅 → 𝑅 →𝑅; 𝑓 = 𝑓(𝑥1,𝑥2,…, 𝑥𝑛). As derivadas parciais em número de n, de

função f, podem ser obtidas da seguinte maneira:

∂𝑓 ( )
𝑓 𝑥1+∆𝑥1,𝑥2,𝑥3,..𝑥𝑛 −𝑓(𝑥1,𝑥2,𝑥3,..𝑥𝑛)
∂𝑥1
= ∆𝑥1
;

∂𝑓 ( )
𝑓 𝑥1,𝑥2+∆𝑥2,,𝑥3,..𝑥𝑛 −𝑓(𝑥1,𝑥2,𝑥3,..𝑥𝑛)
∂𝑥2
= ∆𝑥2
; ;

∂𝑓
= 𝑙𝑖𝑚∆𝑖→0
(
𝑓 𝑥1,𝑥2,𝑥
3,…𝑥
𝑖
)
+∆𝑥𝑖,,,..𝑥𝑛 −𝑓(𝑥1,𝑥2,𝑥3,..𝑥𝑖,𝑥𝑛)
;
∂𝑥𝑖 ∆𝑥𝑖

𝑑𝑓 ( )
𝑓 𝑥1,𝑥2,…𝑥𝑛+∆𝑥𝑛 −𝑓(𝑥1,𝑥2,..𝑥𝑛)
∂𝑥𝑛
= 𝑙𝑖𝑚∆𝑥 →0 ∆𝑥𝑛
.
𝑛

Veja, agora, alguns exemplos:

53
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2 2 2
Exemplo 1: calcule as derivadas parciais da função 𝑈 = 𝑥 𝑦 𝑧 .

Resolução:

Neste caso, a função dada tem três variáveis, por isso, deve-se obter 3 derivadas
parciais, a saber

∂𝑈 2 2 ∂𝑈 2 2 ∂𝑈 2 2
∂𝑥
= 2𝑥𝑦 𝑧 ; ∂𝑦
= 2𝑥𝑦 𝑧 ; ∂𝑧
= 2𝑥𝑦 𝑧 .

Exemplo 2: calcule as derivadas parciais da função


2 2 2
𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡, 𝑤) = 𝑥𝑦𝑧 + 𝑙𝑛⁡(𝑥 + 𝑡 + 𝑤 ).

Resolução:

Deve encontrar cinco (5) derivadas parciais, a saber,

∂𝑓
∂𝑥
= 𝑦𝑧 + 2
1
2
𝑥 +𝑡 +𝑤
2 .

∂𝑥 (𝑥2 + 𝑡2 + 𝑤2) = 𝑦𝑧 + 2
2𝑥
2
𝑥 +𝑡 +𝑤
2 .

∂𝑓
∂𝑦
= 𝑥𝑧.

∂𝑓
∂𝑧
= 𝑥𝑦.

∂𝑓
∂𝑡
= 2
1
2
𝑥 +𝑡 +𝑤
2 .

∂𝑡 (𝑥2 + 𝑡2 + 𝑤2) = 2
𝑥 +𝑡 +𝑤
2𝑡
2 2 .

∂𝑓
∂𝑤
= 2
1
2
𝑥 +𝑡 +𝑤
2 .

∂𝑤 (𝑥2 + 𝑡2 + 𝑤2) = 2
𝑥 +𝑡 +𝑤
2𝑤
2 2 .

Sumário

Na presente lição, aprendeu as derivadas parciais de funções com mais de duas


variáveis. Verificou ainda que elas são determinadas de forma similar a de funções com
duas variáveis. Portanto, as regras de derivação de funções com mais de duas
variáveis são as mesmas que a das funções de duas variáveis reais.

Exercícios:

1. Calcule as derivadas parciais das seguintes funções:

54
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𝑦

a) 𝑢 = 𝑥 ; 𝑧

𝑧
b) 𝑈 = 𝑢 = (𝑥𝑦) ;
𝑥𝑧
c) 𝑢 = 𝑧 ;
2 2 2
d) 𝑈 = 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 ) ;
e) 𝑤 = 𝑥𝑦𝑧 + 𝑦𝑧𝑣 + 𝑧𝑣𝑥 + 𝑣𝑥𝑦
2
f) U=𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝑥 − 𝑥) ;
2 2 2
1+ 𝑥 +𝑦 +𝑧
g) 𝑈 = 𝑙𝑖𝑚 2 2 2
;
1+ 𝑥 +𝑦 +𝑧

∂𝑢 π 2 2 2
2. Ache ∂𝑧
no ponto (0,0; 4
) para a função 𝑢 = 𝑠𝑒𝑛 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛 𝑦 + 𝑠𝑒𝑛 𝑧.
𝑥−𝑦 ∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
3. Verifique se a função 𝑢 =x+ 𝑥+𝑦 satisfaz a equação ∂𝑥
+ ∂𝑦
+ ∂𝑧
= 1.
∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
4. Verifique ∂𝑥 + ∂𝑦
+ ∂𝑧
= 0, se 𝑢 = (𝑥 − 𝑦)(𝑖 − 𝑧)(𝑧 − 𝑥).

Solução:

𝑦
∆𝑢 𝑦 ∂𝑢 1 𝑧𝑦𝑙𝑛
1. a) 𝑥∆
= 𝑧
𝑥 , ∂𝑦 =
2
𝑧
𝑥 .

∂𝑢 𝑧−1 ∂𝑢 𝑧−1 ∂𝑢 𝑧
b) ∂𝑥 = 𝑦𝑧(𝑥𝑦) ; ∂𝑦
= 𝑥𝑧(𝑥𝑦) ; ∂𝑧
= (𝑥𝑦) 𝑙𝑛⁡(𝑥𝑦).

∂𝑢 𝑥𝑦 ∂𝑢 𝑥𝑦 ∂𝑢 𝑥𝑦−1
c) ∂𝑥 = 𝑦𝑧 𝑙𝑛𝑧; ∂𝑦
= 𝑥𝑧 𝑙𝑛𝑧; ∂𝑧
= 𝑥𝑦𝑧 .

∂𝑢 ∂𝑢 2 2 2 ∂𝑢 2 2 2
d) ∂𝑥 = 2𝑥𝑐𝑜𝑠(𝑥 + 𝑦 + 𝑧); ∂𝑦
= 2𝑦𝑐𝑜𝑠(𝑥 + 𝑦 + 𝑧 ); ∂𝑧
= 2𝑧𝑐𝑜𝑠(𝑥 + 𝑦 + 𝑧 )

.
∂𝑤 ∂𝑤 ∂𝑤
e) ∂𝑥
= 𝑦𝑧 + 𝑣𝑧 + 𝑣𝑦; ∂𝑦
= 𝑥𝑧 + 𝑧𝑣 + 𝑣𝑥; ∂𝑧
= 𝑥𝑦 + 𝑦𝑣 + 𝑣𝑥;
∂𝑤
∂𝑣
= 𝑦𝑧 + 𝑥𝑧 + 𝑥𝑦;

55
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𝑧−1 𝑧−1 𝑧
∂𝑢 𝑧(𝑥−𝑦) ∂𝑢 𝑧(𝑥−𝑦) ∂𝑢 (𝑧−𝑦) 𝑙𝑛⁡(𝑥−𝑦)
f) ∂𝑥
= 2𝑧 ; ∂𝑦
=− 2𝑧 ; ∂𝑧 = 2𝑧 ;
1+(𝑥−𝑦) 1+(𝑥−𝑦) 1+(𝑥−𝑦)

∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢 2 2 2 2
g) ) 𝑥∂𝑥
= 𝑦∂𝑦
= 𝑧∂𝑧
= 2 , γ= 𝑥 +𝑦 +𝑧 .
γ(γ −1)

2. Solução:

1. Caso não tenha conseguido, calcule a derivada e depois substitua o ponto dado nos
respectivos lugares.

3. Calcule a derivada e substitua na equação.

4. Calcule a derivada e substitua na equação.

Diferencial total de uma função

Introdução:

Nesta lição vai tratar do diferencial total de uma função, que é um conceito de grande
utilidade prática como é ocaso do cálculo da variação da potencia.

Tem 4horas disponíveis para esta lição. Procure usa-las de modo proveitoso. Faça um
intervalo depois de 2 horas, se sentir-se fatigado.

Objectivos:

Ao completar esta lição você será capaz de:

Calcular o diferencial total de uma função;

Aplicar o diferencial total na resolução de problema e no calculo aproximado.

Terminologia

𝑑 𝑧𝑥 ...Diferencial parcial de z em ordem a x

56
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𝑑𝑧𝑦…Diferencial parcial de y em ordem a y.

No âmbito das funções reais de um variável real dizemos que o diferencial de uma
função𝑦 = 𝑓(𝑥) calcula-se da forma 𝑑𝑦 = 𝑓'(𝑥)𝑑𝑥.

No caso de funções de varias variáveis, dada as sua especificidades, usa-se derivadas


parciais.

Comecemos por definir os diferencias parciais.

Definição 1:

Seja 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦), chama-se diferenciais parciais de z em relação a x e y as expressões


∂𝑧 ∂𝑧
de 𝑑𝑧𝑥 = ∂𝑥
𝑑𝑥 e 𝑑𝑧𝑦 = ∂𝑦
𝑑𝑦,respectivamente.

Definição 2:

Chama-se diferencial total de uma função 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦), a soma dos diferencial parcial de
∂𝑧 ∂𝑧
função, isto é, 𝑑𝑧 = ∂𝑦
𝑑𝑥 + ∂𝑦
𝑑𝑦.

Em geral, se tiver uma função de n variáveis reais 𝑓 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, …𝑥𝑛), o diferencial total
∂𝑓 ∂𝑓 ∂𝑓
sera dado pela expressão 𝑑𝑓 = ∂𝑥1
𝑑𝑥1 + ∂𝑥2
𝑑𝑥2 + … + ∂𝑛𝑛
𝑑𝑥𝑛.

Veja alguns exemplos elucidativos:

Exemplo 1:

Ache os diferenciais totais se:

𝑥
a) 𝑧 = 𝑠𝑒𝑛 𝑦 ;
𝑥𝑦𝑧
b) 𝑈 = 𝑒 .

57
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Resolução:

Como terá observado, para o cálculo de diferencial total, precisa-se primeiramente,


determinar as derivadas parciais.

a)
∂𝑧
∂𝑥
= 𝑐𝑜𝑠
𝑥 ∂
𝑦 ∂𝑥 ( ) = 𝑐𝑜𝑠
𝑥
𝑦
1
𝑦
𝑥
𝑦

∂𝑧
∂𝑦
= 𝑐𝑜𝑠
𝑥 ∂
𝑦 ∂𝑦 ( ) =− 𝑐𝑜𝑠
𝑥
𝑦
𝑥
𝑦
2
𝑥
𝑦
, então:

1 𝑥 𝑥 𝑥
𝑑𝑧 = 𝑦
𝑐𝑜𝑠 𝑦
𝑑𝑥 − 2 𝑐𝑜𝑠 𝑦
𝑑𝑦.
𝑦

𝑥𝑦𝑧 ∂ 𝑥𝑦𝑧
b) 𝑈 = 𝑒 , ∂𝑥
(𝑥𝑦𝑧) = 𝑦𝑧𝑒
𝑥𝑦𝑧 ∂ 𝑥𝑦𝑧
𝑈 =𝑒 , ∂𝑦
(𝑥𝑦𝑧) = 𝑥𝑧𝑒

𝑥𝑦𝑧 ∂ 𝑥𝑦𝑧
𝑈 =𝑒 , ∂𝑧
(𝑥𝑦𝑧) = 𝑥𝑦𝑒

A derivada total será:

𝑥𝑦𝑧 𝑥𝑦𝑧 𝑥𝑦𝑧


𝑑𝑈 = 𝑦𝑧𝑒 𝑑𝑥 + 𝑥𝑧𝑒 𝑑𝑦 + 𝑥𝑦𝑒 .

Os diferenciais podem ser usados no calculo aproximado; como se ilustra a seguir:

Exemplo 2:

3,96
Calcule, aproximadamente,1, 08 .

Resolução:

𝑦
Observado o numero em causa, constata-se que a função respectiva é 𝑍 = 𝑥 O ponto
auxiliar M(1,4)

∆𝑥 = 1, 08 − 1 = 0, 08; ∆𝑦 = 3, 96 − 4 =− 0, 04. Achando as derivadas parciais tem:

∂𝑧 𝑦−1 ∂𝑧 𝑦
∂𝑥
= 𝑦𝑥 ; ∂𝑦
= 𝑥 𝑙𝑛𝑥

58
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𝑦−1 4
∆ 𝑍 = 𝑦𝑥 𝑥 + 𝑥 𝑙𝑛𝑥∆𝑦. Então, temos:

3 4
=4, 1 . 0, 08 + 1 . 𝑙𝑛. (− 0, 04)

=0,32.

3,96
Como, 𝑓(1, 4) = 1, entãopode escrever1, 08 ≈1 + 0, 32 = 1, 32.

Tendo em conta que 𝑑𝑧≈ ∆𝑍 *, a semelhança da aplicação de diferencial de uma


função de uma variável no calculo0 aproximado, para a função de duas variáveis, o
procedimento na muda.

No caso de uma variável 𝑦 = 𝑓(𝑥) como sabe tem-se:

'
𝑑𝑦 ≈𝑓 (𝑥). ∆𝑥.

∂𝑓 ∂𝑓
No caso de duas variáveis 𝑍 = 𝑓(𝑥, 𝑦), tem 𝑑𝑍 ≈𝑓(𝑥, 𝑦) + ∂𝑥
+ ∂𝑥
∆𝑦 e assim

sucessivamente.

Agora vai resolver um exercício para melhor percepção. Caso não consiga, veja o
exercício 1.

Exercícios

2 2
Calcule o diferencial total da função 𝑧 = 𝑥 +𝑦 .

Confira a solução

Solução:

(lembre-se que é necessário em primeiro lugar calcular as derivadas parciais).

𝑥 𝑦
𝑑𝑧 = 2 2
𝑑𝑥 + 2 2
𝑑𝑦.
𝑥 +𝑦 𝑥 +𝑦

59
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Uma outra aplicação dos diferenciais ocorre na solução de problemas, como o que a
seguir se demonstra.

Exemplo 3:

2
𝑈
A potencia consumida numa resistência eléctrica é dado por: 𝑃 = 𝑅
𝑤𝑎𝑡𝑡𝑠. Se

𝑈 = 200 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑠 𝑅 = 8 𝑜ℎ𝑚𝑠, qual o valor da variação da potencia, se U é diminuído de 5


volts e R é diminuído de 0,2 ohms?

Solução:

De acordo com a formula, a potencia depende de duas variáveis U e R.

Calculando as derivadas parciais

2
∂𝑝 2𝑈 ∂𝑃 𝑈
∂𝑈
= 𝑅
; ∂𝑅
= 2 .
𝑅

Achando o diferencial:

2
2𝑈 𝑈
𝑑𝑃 = 𝑅
𝑑𝑢 − 2 𝑑𝑟;
𝑅

Substituindo pelo valor:

𝑑𝑝 =
2.200
8
(− 5) − ( )(− 0, 2) =− 125
200
8

Resposta: a potência é deduzida aproximadamente 125watts.

Sumario:

Estimado estudante:

Nesta lição aprendeu a definir o diferencial total a partir de diferenciais parciais.


Aprendeu também o diferencial como soma dos em diferenciais parciais. Já sabe oque

60
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o diferencial total tem grande interesse pratico, consubstanciado no calculo aproximado
e na resolução de problemas.

Exercícios:

1. Calcule o diferencial das seguintes funções:


2 3
a) 𝑍 = 𝑥 + 𝑦 − 3𝑥𝑦
2 3
b) Z=𝑥 𝑦
2 2
𝑥 −𝑦
c) 𝑍 = 2 2
𝑥 +𝑦

2 2
d) 𝑍 = 𝑠𝑒𝑛 𝑥 + 𝑐𝑜𝑠 𝑦
𝑢
e) 𝑍 = 𝑦𝑥
2 2
f) 𝑍 = 𝑙𝑛⁡(𝑥 + 𝑦 )
𝑦 𝑥
g) 𝑍 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 𝑥
+ 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 𝑦

𝑥 𝑧
h) 𝑈 = (𝑥𝑔 + 𝑦
).
3 2
2. a) (1, 02) . (0, 97) ,
2 2
b) (4, 05) + (2, 93) .

3. Um dos lados de um rectângulo é 𝑎 = 10 𝑐𝑚, o outro, 𝑏 = 24 𝑐𝑚. Como variara a


diagonal 1 desse rectângulo, se o lado a aumentar em 4mm e o lado b diminuir em 1
mm?

4. Dois lados de um triângulo foram medidos, achando-se 150 e 200 metros. O


ângulo por eles formado é de 60o.sendo os erros possíveis na medida dos lados de
0,2m no ângulo de 1o, o maior erro possível no cálculo da área?

5. Medindo-se um bloco de madeira com a forma de um paralelepípedo,


encontram-se as seguintes medidas: 10; 12 e 30 cm. Sabendo que o erro possível em
cada medida é de 0,05 cm, ache o valor aproximado do maior erro na área da
superfície do bloco.

61
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Soluções:

1.
2
a) 𝑑𝑍 = 3(𝑥 − 𝑦)𝑑𝑥 + 3(𝑦 − 𝑥)𝑑𝑦;
3 2 2
b) 𝑑𝑍 = 2𝑥𝑦 𝑑𝑥 + 3𝑥 𝑦 𝑑𝑦;
4𝑥𝑦
c) 𝑑𝑍 = 2 2 (𝑦𝑑𝑥 − 𝑥𝑑𝑦);
𝑥 +𝑦

d) 𝑑𝑍 = 𝑠𝑒𝑛2𝑥𝑑𝑥 − 𝑠𝑒𝑛2𝑦𝑑𝑦;
2 𝑦−1 𝑦
e) 𝑑𝑍 = 𝑦 𝑥 𝑑𝑥 + 𝑥 (1 + 𝑦𝑙𝑛𝑥)𝑑𝑦;
2
f) 𝑑𝑍 = 2 2 (𝑥𝑑𝑥 + 𝑦𝑑𝑦);
𝑥 +𝑦

g) 𝑑𝑍 = 0;

h) 𝑑𝑛 = (𝑥𝑦 +
𝑥 𝑧−1⎡
𝑦
) ⎢

(𝑦 + )𝑍𝑑𝑥 + (1 −
1
𝑦
1
2
𝑦 )𝑥𝑍𝑑𝑦 + (𝑥𝑦 + 𝑥
𝑦 )𝑙𝑛(𝑥𝑦 + )𝑑𝑍⎤⎥⎦.
𝑥
𝑦

2.
a) 1,00;
b) 4,998;
c) 0,273;
3. 𝑑𝑙 = 0, 062.
4. 161, 21 (Aqui socorre-se da tabela trigonométrica).
5. 8,4.

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