Você está na página 1de 870

The Rise of The True Lord

Posted originally on the Archive of Our Own at http://archiveofourown.org/works/35206012.

Rating: Explicit
Archive Warning: Graphic Depictions Of Violence
Category: M/M, Multi
Fandom: Harry Potter - J. K. Rowling, Fantastic Beasts and Where to Find Them
(Movies)
Relationship: Draco Malfoy/Harry Potter, Harry Potter/Tom Riddle, Harry Potter/Fred
Weasley/George Weasley, Neville Longbottom/Harry Potter, Colin
Creevey/Harry Potter, Cedric Diggory/Harry Potter, Viktor Krum/Harry
Potter, Harry Potter/Charlie Weasley, Harry Potter/Bill Weasley
Character: Harry Potter, Tom Riddle | Voldemort, Draco Malfoy, Albus
Dumbledore, Original Characters, Colin Creevey, Neville Longbottom,
Fred Weasley, George Weasley, Cedric Diggory, Viktor Krum, Bill
Weasley, Charlie Weasley
Additional Tags: Drama, Fantasy, Eventual Smut, Harems, Yaoi, Polyamorous
Character, Albus Dumbledore Bashing, Minerva McGonagall Bashing,
Dark, Other Additional Tags to Be Added, HarryxAll, Harem, Harrybowl,
Lemon, Hot, Magic, Slow Romance, Angst, Tragedy, Mystery, Horror,
Dark Harry Potter, Alternate Universe - Dark, Hot Sex, Eventual
Romance, Yuri, Gay, heorge, Heville - Freeform, Horge, Nevarry,
Pottermort - Freeform, tomarry - Freeform, Harrymort - Freeform, frarry,
Garry - Freeform, Drarry, Hedric, BillxHarry, ViktorXHarry, CharlieXharry
Language: Português brasileiro
Stats: Published: 2021-11-19 Updated: 2023-08-21 Words: 405,899 Chapters:
127/?

The Rise of The True Lord


by AllyLitteWolf, Lucifer616

Summary

Um jovem destinado ao topo do mundo. Mas mantido aprisionado no local mais profundo
por aqueles que o temem ou que desejam usá-lo. Finalmente quebrou as correntes que o
prendiam e se libertou para o mundo, para mostra-los o que o verdadeiro senhor é capaz.

O mau trará consigo a morte


Vinda de um falso Deus
A criança nascida dos lobos
Dotada de um poder inimaginável

Na 17º lua da cria dos lobos


O Deus Verdadeiro irá triunfar,
sobre aquele que tinha a boca cheia de mentiras
Escondido por trás de um sorriso carinhoso o Diabo se esconde
O verdadeiro mau está escondido dentro da falsa luz
O filhote da serpente
Crescendo maltratado,
será mil vezes mais cruel quando mais velho ficar

Notes

Fic em pt/br.
OS DIREITOS AUTORAIS DE HARRY POTTER SÃO DA JK E NÃO MEUS!
Ainda vamos adicionar mais tags conforme a fic for avançando
Essa história tem cenas de relações íntimas entre homens, entre mulheres, etc.. Vocês estão
avisados.
Eu tive uma grande ajuda do meu mestre, e pai, Lúcifer. @Lucifer616
Esta história também está sendo publicada por mim nos sites do Nyah! Fanfiction, Spirit e
Wattpad. Meu nome de usuário é o mesmo em todos os sites (AllyLittleWolf, só no Spirit
que é AllyLittleWolf13).
Se encontrarem essa fic com outro autor, que não seja o TioLu, saibam que é plágio.

Server no Discord

https://discord.gg/SgEUdKCUGU

ou

https://discord.gg/4BzEXUqzgH
Prólogo
Chapter Summary

Um jovem destinado ao topo do mundo. Mas mantido aprisionado no local mais


profundo por aqueles que o temem ou que desejam usá-lo. Finalmente quebrou as
correntes que o prendiam e se libertou para o mundo, para mostra-los o que o
verdadeiro senhor é capaz.

O mau trará consigo a morte


Vinda de um falso Deus
A criança nascida dos lobos
Dotada de um poder inimaginável

Na 17º lua da cria dos lobos


O Deus Verdadeiro irá triunfar,
sobre aquele que tinha a boca cheia de mentiras
Escondido por trás de um sorriso carinhoso o Diabo se esconde
O verdadeiro mau está escondido dentro da falsa luz
O filhote da serpente
Crescendo maltratado,
será mil vezes mais cruel quando mais velho ficar

Chapter Notes

Fic em pt/br.
OS DIREITOS AUTORAIS DE HARRY POTTER SÃO DA JK E NÃO MEUS!
Ainda vamos adicionar mais tags conforme a fic for avançando
Essa história tem cenas de relações íntimas entre homens, entre mulheres, etc.. Vocês
estão avisados.
Eu tive uma grande ajuda do meu mestre, e pai, Lúcifer. @Lucifer616
Esta estória também está sendo publicada por mim nos sites do Nyah! Fanfiction e
Wattpad. Meu nome de usuário é o mesmo em todos os sites (AllyLittleWolf). Se
encontrarem essa estória com outro autor, que não seja o TioLu, saibam que é plágio.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

A tarde não estava radiante como os outros dias. Parecia que o universo estava absorvendo
os sentimentos de um garotinho de sete anos. O céu estava cinza, ofuscando o calor alegre dos raios
solares, as nuvens carregadas faziam com que a chuva caísse na mesma intensidade que as lágrimas
escorriam pelo rosto do menino. Os trovões gritavam na mesma intensidade que o garotinho, os
raios brilhavam no céu como os olhos de um intenso verde esmeralda olhavam apavorados o
homem à sua frente. Vernon Dursley agarrava furiosamente os cabelos pretos de Harry James
Potter, seu bigode louro desaparecia no meio da sua face absurdamente vermelha. de raiva. Petunia
e Dudley estavam sentados no sofá enquanto assistiam à cena com a raiva fervilhando em seus
olhos. Enquanto Harry chorava e tentava escapar, o homem batia violentamente no corpo frágil de
seu sobrinho com o cinto da calça de Dudley. Tudo isso porque Dudley fez Harry tropeçar
enquanto trazia uma bandeja com o lanche da família e derramado o chá nos papéis de trabalho do
homem.

A garganta de Harry já doía de tanto gritar pedindo por perdão, sua pele sangrava com os
cortes que a fivela do cinto lhe proporcionava, principalmente em suas pernas que estavam
expostas por causa das calças arriadas caídas no chão. Sua visão estava turva devido as lágrimas
que jorravam de seus olhos assustados. Ele não aguentava mais isso. Não aguentava mais viver
com os seus tios. Desde que se entende por gente, o garoto era desprezado como um verme.
Trabalhando como um escravo todos os dias, limpando a casa, limpando os jardins, cuidando das
plantas, podando os arbustos, cortando a grama, cozinhando, servindo os seus tios e primo. E eles
se divertiam com o seu sofrimento e com a sua dor. Se divertiam quando ele errava e Vernon o
castigava severamente. Harry desejava a todo custo que alguém viesse para o resgatar, mas
ninguém veio. Em todos os sete anos morando naquela casa, ninguém veio o resgatar desse
pesadelo. Seu tio era claro quando dizia que ele nunca deveria falar com alguém sobre isso. Nunca
deixar que vissem os hematomas e cortes. Harry sabia que deveria ficar calado e obedecer a tudo o
que exigiam, caso contrário ele iria apanhar.

— Me dê o atiçador, Dudley! — Vernon rosnou raivoso enquanto jogava o cinto no chão e


apertava ainda mais os cabelos negros na sua mão. Os olhos de Harry se arregalaram com medo.
Seu tio estava mexendo no atiçador de fogo quando tudo aconteceu e o deixou onde estava. Um
garoto de oito anos igual ao pai sorriu travesso e obedeceu a ordem, dando-lhe o objeto. Harry viu a
ponta avermelhada se aproximar lentamente.

— N-n-na-não! Por favor! Não! Me perdoe! Por favor, tio! — O garotinho estava desesperado, as
lágrimas escorriam com mais intensidade pelo seu rosto. Outro trovão rasgou os céus depois de um
clarão do raio.

— Isso é para você aprender a parar de ser um estorvo! — Seus olhos brilhavam com o ódio
fervilhando neles. Harry tentava se afastar, chutar, socar, qualquer coisa, mas o homem era muito
mais forte que ele. Então seus esforços foram em vão. — Sua aberração imbecil! Já deveria ter
aprendido a parar de fazer merda! Agora você vai me pagar por arruinar meus relatórios! —
Vernon abaixou o braço que segurava o atiçador incandescente e desferiu um duro golpe contra a
perna esquerda do garoto. Todos puderam ouvir o som de ossos quebrando quando o ferro colidiu
contra a perna mutilada de Harry Potter.

Ele ficou momentaneamente desnorteado devido a intensa dor que irradiou de sua canela.
Sua visão, antes embaçada, ficou escura por alguns instantes enquanto a única coisa que ele
conseguiu ouvir fora o sague correndo pelo seu corpo, ele nem conseguira escutar o grito que
escapou de sua garganta. Mais lágrimas escorreram de seus olhos enquanto a dor e a queimação se
intensificavam conforme o tempo passava. Harry nem percebeu quando Vernon se abaixava e batia
sua cabeça contra o chão inúmeras vezes. O garotinho estava tão desnorteado. Todos os seus
sentidos adormecerem momentaneamente enquanto seu cérebro tentava "voltar ao normal". Ele
nem sentiu o sangue escorrendo da sua testa, que fora aonde Vernon batera contra o chão, ele não
sentiu quando o corpo imenso do seu tio o prendia firmemente no chão, ele não viu quando a ponta
avermelhada do atiçador se aproximava perigosamente do seu olho direito. Seu estado de
desnorteamento acabou quando o objeto fervente perfurou o seu globo ocular. Outro grito rasgou a
garganta já dolorida de Harry, enquanto sua "família" ria da sua dor. Harry berrou com todas as
suas forças. Ninguém nunca o escutou pedindo por ajuda. Parecia que havia uma barreira ao redor
da casa onde ninguém podia ver ou escutar o que acontecia ali dentro. Harry sentia a sua pele
ardendo, sentia sua carne fervendo como ácido, sentia seu globo ocular derretendo e sangrando,
sentia a sua tíbia fraturada roçando perigosamente contra a sua carne, querendo rasgar seus
músculos e pele. A dor era tão intensa que ele quase desmaiou.

Uma força dentro do garotinho mutilado tomou o seu corpo e saiu pelos poros de sua pele
maltratada. O olho bom, banhando pelas lágrimas que se misturavam com o sangue que escorria de
sua testa, viu uma áurea translúcida o rodear e explodir ao seu redor. Vernon foi arremessado
contra a parede, Petunia e Dudley caíram no chão quando o sofá virou ao contrário. Tudo que
estava perto do garoto foi jogado para longe. Tudo que tinha vidro foi estilhaçado, os móveis
revirados por causa da força que colidiu contra eles, as luzes explodiram, deixando a sala escura e
sombria. Harry olhou a sua volta apavorado, seu corpo todo doía, sua cabeça estava zonza, seus
ouvidos zumbiam sua cabeça e perna latejavam e seu olho direito sangrava. A sala estava
destruída, tudo ao seu redor estava arruinado. Seus tios e primo o olhavam horrorizados e com
medo. Foi quando Harry viu a raiva tomando os olhos de Vernon que ele deixou o seu estado de
paralisia devido a surpresa. Rapidamente, o garoto arrumou as calças e saiu correndo, atravessando
a porta da frente que estava tombada para um lado devido a força da onda mágica. A adrenalina em
seu sangue o ajudava a não sentir muita dor na perna quebrada, o que o permitiu correr sem muito
esforço para o mais longe possível.

Ele não sabia o que tinha acontecido, não sabia para onde ir ou o que fazer. A única coisa
que ele sabia era que não iria voltar, se voltasse seria pior. Harry não se importava com o seu corpo
dolorido como se tivesse sido esmagado, ou como o seu olho parecia arder em chamas e em como
sua perna mancava desconfortavelmente enquanto corria, ele não ligava para a mancha de sangue
nas suas roupas, não ligava para os pingos gélidos da chuva o encharcando, ele não ligava para o
frio que subia pela sua espinha. Nada mais importava. Ele só queria fugir para o mais longe que
conseguisse. Harry se misturava na mata que ficava ao redor da avenida para não ser visto pelos
carros que transitavam. Ninguém o ajudaria, nunca ajudaram. Seus professores viram seus
machucados e não fizeram nada, seus vizinhos não se importavam com o seu bem-estar, mesmo
que fossem um bando de fofoqueiros, eles não ligavam para a sua saúde, apenas para o seu "estado
deplorável de mendigo". Ninguém nunca iria ajudá-lo, muito menos amá-lo. Foram incontáveis
vezes que Harry sonhou em ter seus pais, que eles surgissem na porta para o salvar, mesmo que ele
soubesse que eles nunca viriam. Eles estavam mortos. Seus tios cuspiam insultos sobre eles quase
todos os dias, cuspiam na cara do garoto que eles estavam mortos e nunca iriam voltar. Diziam
com prazer que ninguém amaria o garoto, que ele era uma aberração desprezível, que deveria ter
morrido junto com os seus pais para que não os importunasse nunca mais.

Harry só parou de correr quando o seu pé escorregou na grama molhada pela chuva. Ele
estava em uma rotatória na London Road com a Church Lane. Ele estava cansando e a adrenalina
em seu corpo começava a se esgotar, o que fazia a sua perna latejar e doer terrivelmente. Sentando-
se, ainda zonzo, o garoto viu suas calças rasgadas nos joelhos, eles ardiam e doíam. Harry sorriu
sem ânimo, agora suas calças estavam ainda mais sujas por causa da terra e da grama. Ele olhou
para as placas da igreja All Saints Church Ascot Heath. Ele já ouviu os seus tios falando sobre o
local e de como eles eram boas pessoas. Talvez eles pudessem ajudá-lo. Suspirando pesadamente,
o garotinho se levantou, tremendo de frio e de dor, e se pôs a caminhar na direção da igreja. Correu
para atravessar a avenida quando tinha o trânsito livre e passou pelo cemitério até a porta de
entrada. Ele tentava não tropeçar nos próprios pés, pois, se ele caísse, ele não teria forças para
levantar-se.

O garotinho deu fracas batidas na porta de madeira, mas o local estava com pouco
movimento devido ao horário tardio, que ecoou pelo local de forma assustadora. As pesadas portas
se abriram com um rangido que fez a criança estremecer de medo enquanto uma freira de olhar
severo o olhava com desdém. Ela o olhou de cima abaixo e torceu o nariz em nojo. Harry tentou ao
máximo não chorar, ela não iria o ajudar. Ele sabia disso.
— A-a se-senhora po-deria me a-ajudar...? — Sua voz saiu num sussurro embargado e sôfrego. Sua
garganta doía terrivelmente devido aos gritos de dor que dera mais cedo.

— Eu sei quem você é. — A mulher falou com nojo. — É o sobrinho mentiroso e encrenqueiro
que a coitada da Petunia Dursley e sua família têm que cuidar! — E então ela começou a gritar
raivosamente. — Eu não vou cair nos seus truques, seu demônio sórdido! Vá embora antes que eu
mesma o arraste até a avenida e te jogue na frente de um caminhão! A Casa de Deus não é um
lugar para ser manchado com a sua existência nefasta! Volte para o inferno de onde você saiu e
nunca mais volte! Se eu te vir por aqui outra vez eu vou me certificar de tirar o mal de você!

— De-desculpe! — Harry se forçou a correr para o mais longe dali.

As lágrimas e o sangue dificultando ainda mais a sua visão ruim, e ter um olho cego piorava
as coisas. O crepúsculo já caía e a chuva não parava. Harry ficou momentaneamente preso nos
faróis de um carro, como um cervo paralisado antes de ser atropelado. Ele ouviu a buzina e os
pneus cantando enquanto o carro tentava desviar dele. Uma onda de adrenalina voltou a percorrer o
seu corpo quando se pôs a correr para longe da avenida. Ele não olhou para trás para se certificar
de que as pessoas nos carros que quase colidiram estavam bem, ele não tinha tempo para isso. Ele
precisava fugir, ele não poderia deixar que ninguém se contamine com a sua presença asquerosa.
Ele não podia deixar que ninguém o levasse de volta para os seus tios. Ele não podia pedir ajuda de
ninguém.

O garotinho nem se deu ao trabalho de entrar no estacionamento do hospital Heatherwood.


Aberrações nojentas como ele não merecem ajuda. Ele não tinha documentos, não tinha dinheiro,
não tinha nada. E se ele fosse para o hospital eles o iriam mandar de volta para os tios. Não. Ele
não podia arriscar. Ele não podia voltar para aquela casa. Ele ficaria bem. Seus ferimentos sempre
se curavam rapidamente, ele iria sobreviver a isso. Ele precisava sobreviver. Harry teve que
contornar a estação de polícia na avenida por trás para que eles não o vissem. Sua perna e seu olho
o estavam incomodando terrivelmente, mas ele não podia parar.

Passou pela biblioteca que ele sempre ia quando seus tios o deixavam com a vizinha velha e
esquisita e cheia de gatos, senhora Figg como ele a chamava. Ela sempre o levava para a
biblioteca. Harry teve que aprender a ler e escrever sozinho, pois na escolinha Dudley e seus
amigos o perseguiam e ele acabava por sempre ficar trancado num armário ou banheiro. A senhora
Figg o ajudava com algumas dúvidas, as senhoras que trabalhavam na biblioteca também o
ajudavam as vezes. Elas pareciam não se importar sobre a sua má fama que sua família espalhou
por todo o condado de Surrey. Ele as adorava, eram as únicas pessoas que eram legais com ele.
Mas ele não podia pedir ajuda para elas agora. Elas não mereciam conviver com uma aberração
como ele. Não mereciam serem profanadas pelo mal que vive em si. Então ele passou reto e se
esforçou para não ser visto.

Ele passou por vários cafés e bares, mas não parou para vasculhar o lixo deles, a avenida
estava movimentada e o interior dos estabelecimentos estavam cheios. Ele não podia ser visto, e
não iria arriscar atravessar aquela avenida. Um quase atropelamento já fora o bastante para um dia.
Harry continuou mancando pelo acostamento até que chegou à vila de Sunninghill. A noite já caíra
e as ruas começavam a esvaziar. Harry se misturou as sombras e conseguiu vasculhar algumas latas
de lixo dos restaurantes e bares que começavam a fechar. O que era para ter levado uma hora de
caminhada, acabou se estendendo devido ao seu ritmo lento por causa da perna fraturada.

Depois de conseguir alguns restos de comida, o garotinho se arrastou até um beco, por sorte
ele encontrou uma casa de cachorro grande jogada ali. Pelo menos o protegeria da chuva e do frio
naquela noite. Harry, que era muito magricela e pequeno para a idade, conseguiu se acomodar
dentro do abrigo provisório numa posição fetal e muito encolhida. Seu corpinho tremia de frio, ele
estava todo encharcado da chuva, pelo menos o sangue das suas roupas e cabelos fora lavado. Sua
perna e seu olho latejavam e doíam ainda mais agora que ele estava parado e descansando. As
lágrimas voltaram a rolar pelo seu rosto enquanto ele sofria por estar vivo. Como ele queria ter
morrido junto com os seus pais naquele acidente de carro. Como ele queria deixar de sofrer. Viver
era tão doloroso, por que ele deveria continuar mesmo? Por que ele tinha que viver sendo que
todos ao seu redor só o machucaram? Por que ele tinha que sofrer? Ele não podia apenas morrer
logo? Ele queria estar junto aos seus pais. Não ligava para o fato de que eles eram bêbados
desagradáveis, de acordo com sua tia Petunia. Ele só queria poder descansar para sempre e nunca
mais sofrer.

Banhado da água da chuva, sangue e lágrimas, tremendo de frio e de dor, Harry James Potter
finalmente cedeu a tão esperada inconsciência. Esses momentos de paz e tranquilidade, sem dor ou
sofrimento, eram tudo o que ele queria. E desejava que pudesse durar para sempre. Ele rezava para
que não tivesse que acordar no outro dia.
Capítulo 1
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

A primeira coisa que Harry James Potter pensou ao acordar naquela manhã nublada era:
"Como eu ainda estou vivo e por quê?" . Ele gemeu de dor antes mesmo de abrir o seu olho bom.
Ele passou a noite inteira encolhido em posição fetal e seus músculos protestaram terrivelmente
contra sua decisão. Sua perna e seu olho ainda latejavam e doíam terrivelmente. O garotinho soltou
um suspiro sôfrego e dolorido enquanto se forçava a sair da casinha decadente de madeira onde
havia se refugiado. Harry podia imaginar seus pés gritando, se podiam, de dor quando conseguiram
se pôr em pé. Ele havia percorrido 1,6km em um estado não aconselhável para se fazer uma
caminhada, então ele obviamente estava dolorido.

Harry olhou ao redor e sorriu ao ver uma caçamba de lixo com alguns trapos de cobertas e
roupas. Ele pegou algumas coisas e acolchoou a casinha de cachorro para que ficasse mais
confortável e quentinho quando a noite caísse. Pegou um trapo qualquer e amarrou ao redor da
cabeça para tapar o olho machucado, ele não se atreveu a tocar no mesmo ou ver o seu reflexo
numa poça de água, ele não sabia se aguentaria ver como ficara o seu olho. Ele podia sentir suas
emoções relutantes em se mover, como se estivesse seguindo se grudando uma na outra depois de
derreter quando se fechassem ao redor do ferro ardente num reflexo involuntário de proteger o
globo ocular, ele também sentia algo estranho no olho direito quando movimentava o olho bom
para enxergar, o que, consequentemente, movimentava o olho machucado na mesma direção.

O garotinho não segurou o sorriso ao encontrar uma cadeira quebrada ao lado da caçamba,
ela era daqueles que tinha o encosto em tiras como se fosse uma grade. Algumas estavam
quebradas, assim como outras partes, mas Harry só focou no fato de encontrar algo para fazer uma
tala para a sua perna machucada. Ele havia lido vários livros sobre primeiros socorros, seus tios
nunca o levavam ao hospital para tratar os machucados que eles criavam no seu corpo pequenino e
frágil, então ele teve que se tratar sozinho. Claro que, sem o conhecimento dos seus tios ou primo,
já que isso resultaria em mais uma surra. Ele pegou uma camiseta grande que encontrou e rasgou-a
em tiras e amarrou-tão fortemente na panturrilha com os pedaços da cadeira. "Eu consegui!" ,
pensando com felicidade ao ver o seu trabalho concluído.

O bom do beco em que ele estava em uma área mais afastada do centro da vila, onde as
coisas eram calmas e com pouca movimentação de transeuntes. Atrás do beco entre um bar e um
café havia uma área verde que parecia uma pequena mata. Ele poderia se mudar para lá quando
anoitecesse, assim não corria o risco de ser visto e, consequentemente, pego pela polícia e levado
para os tios. Harry voltou a vasculhar o lixo procurando algo para comer, quando encontrou,
separou os alimentos e levou para perto da casinha, empurrou a mesma para ficar bem escondido
nas sombras do beco e começou a comer o que havia encontrado. Ele estava tão faminto que não se
importava por serem restos, por estarem no lixo ou podres, ele comia comida do lixo desde que se
entendia por gente.

Enquanto crescia na casa dos tios, Harry aprendeu a ser furtivo para conseguir pegar alguma
comida que fora descartada pela "família perfeita". Era isso ou morrer de fome com as migalhas
que Petunia o dava em dias raros. Até hoje o garotinho ficou surpreso com o fato de ainda estar
vivo depois de tantos hematomas, tantos cortes, tantas queimaduras, tantas escoriações, tantos
ossos quebrados, tantas luxações, tantas fraturas, tantos edemas, tanto frio, tanto trabalho duro em
deixar a casa perfeitamente e na pouca quantidade de alimento que ingeria, contando com os que
estavam velhos e mofados.

Harry passou o dia naquele beco, sentiu-se muito fraco para continuar fugindo, sua perna e
seu olho o estava enlouquecendo, e ele sabia que havia pegado alguma infecção, pois estava todo
encolhido dentro da casinha de cachorro e envolvido nos vários trapos enquanto seu corpo ardia em
febre. Ele também havia pegado alguns recipientes diversos que pensavam no lixo e colocavam-os
de pé perto da casinha, aproveitando para pegar água da chuva, que voltara a chorar sobre a
dolorosa vida do garotinho com um único olho de um verde intenso. Harry adormeceu
profundamente mais uma vez, relaxando minimamente ao ouvir os pingos colidindo contra a
casinha de madeira e o paraíso que fora ter vários cobertores ao seu redor e comida, ou como a
maioria dos habitantes da vila chamavam, lixo. Seu sono, por incrível que parece, não foi
atormentado com os fantasiados pesadelos da vida que tinha com sua "família". Mas, mesmo
dormindo por muitas horas, ele não se sentia descansado ou revigorado. Seu corpo sempre se
curava rápido dos machucados, mas agora parecia que essa "habilidade de aberração" não estava
querendo ser "ativada", o que o fazia sofrer por muito mais tempo do que o normal para ele.

Harry James Potter havia marcado no exterior da casinha com um pedaço de ferro o tempo
que ficaria se recuperando em Sunninghill. Na noite do seu segundo dia ele moveu suas coisas
para a mata, e todo o dia, antes do amanhecer e tarde da noite ele vasculhou as lixeiras dos bares,
cafés e restaurantes, colocou as comidas dentro de uma trouxa de pano que ele fez e voltava para o
seu esconderijo para voltar a se recuperar lentamente. Tudo bem que ele adquiriu um pânico
terrível por lugares pequenos devido aos seus torturantes anos de confinamento no armário
embaixo da escada, mas ele tinha que aguentar o ataque de pânico se queria sobreviver, ele
precisava superar esse medo. No seu terceiro dia a sua febre abaixou milagrosamente, mesmo ele
sabendo que morreria se não tivesse cuidado dela levado. Sua perna e seu olho ainda doíam e
queimavam terrivelmente, mas pareciam minimamente melhor do que quando ele chegou na vila.
Depois de uma semana se recuperando, ele juntou sua trouxinha com comida e cobertores e seguiu
os trilhos do trem até a próxima vila, Sunningdale. Mais 1,97km para o sofrimento dos seus pés já
doloridos da caminhada anterior.

O garotinho conseguiu se esconder numa área de mata ao redor dos trilhos entre algumas
propriedades particulares e Broomhall Hutt, um bar movimentado. Ele arrumou suas coisas dentro
de um tronco oco de uma grande árvore e se acomodou no pequeno espaço. Foram esses
momentos que ele agradecia por ser pequenino, ao mesmo tempo que odiava o fato de o lugar ser
tão apertado. Outro ataque de pânico subiu pela sua garganta e entalou ali, impedindo a sua
circulação de ar. Ele tremia, de dor e ansiedade, seu corpo suava frio enquanto sua visão escurecia
por falta de oxigenação em seu organismo. Ele estava tentando respirar normalmente, realmente
estava, mas era mais forte que ele. Finalmente, depois de uma longa caminhada antes do
amanhecer, Harry caiu na inconsciência mais uma vez.

Depois de uma madrugada vasculhando a vila em que estava, ele começou a formular um
plano. Ele pegaria um trem até Londres, já que não tinha como ir andando sem arruinar ainda mais
sua perna, e de lá ele iria para qualquer outro lugar. O problema era como ele iria entrar no trem.
Ele não tinha dinheiro, não tinha habilidade ou coragem para roubar alguém, não tinha nem certeza
se conseguiria subir num vagão de carga sem que ninguém percebesse um garoto moribundo e
manco dando a sua vida para subir a escadinha na lateral sem cair e se machucar ainda mais. Harry
comia animadamente uma fatia de pizza que conseguiu pegar da lixeira das pizzarias que ficavam
do lado do Broomhall Hutt. Ele achou uma coisa mais maravilhosa que já comeu em toda a sua
vida! Seus tios sempre comiam pizza na sexta-feira, e nunca o deixavam comer,

Ele sentiu-se quentinho e confortável enquanto degustava dos vários sabores diferentes que
conseguiu pegar no lixo, eram todos maravilhosos e ele sentia que esse era o dia mais feliz de toda
a sua vida. Ele estava tão sonolento, essa noite ele não teve um ataque de pânico ao se acomodar
dentro da árvore oca, pois estava muito feliz com o fato de estar comendo pizza. Ele nem ouviu as
folhas do chão farfalhando e galhos quebrando enquanto um corpo deslizava sobre o chão da mata.
Era uma cobra da espécie King Cobra, seu comprimento chegava a 3,5 metros. Suas escamas eram
tão pretas quanto a escuridão infinita de um buraco negro, entretanto, conforme ela se
movimentava a luz da lua e das estrelas refletiam em seu corpo, suas escamas brilhavam como um
arco-íris das trevas. Seus olhos reptilianos tinham uma cor de uma aparência misturada de
diferentes tons de azuis, do mais claro ao mais escuro, misturando-se como se seguindo num
vórtice de tinta a óleo na água. Harry só sentiu que estava sendo observado quando pode ouvir uma
voz feminina falando:

— Pobre filhote. — Uma estranha voz sibilante falou ao longe, mas ainda assim perto o suficiente
para que o garoto pudesse ouvir. Ele olhou a sua volta, mas não havia ninguém ali.

— Q-quem está aí? — Sua voz saiu rouca e trêmula. Harry tinha um pânico estranho de pessoas, a
Sra. Figg e as senhoras da biblioteca eram as únicas que ele se afeiçoou e não tinha medo de ser
espancado se perguntasse algo. Ele não queria estar perto de estranhos, não queria que o
encontrassem, não queria que o levassem de volta aos seus tios.

— Ele pode me ouvir? — Uma voz falou descendente. Algo nos arbustos logo a frente se moveu.

— Sim. Eu posso te ouvir. Quem é? — Alerta, o garoto se fechouu ainda mais no seu tronco de
árvore oco ao abraçar seus descendentes contra o peito (mesmo com o seu corpo protestando
veementemente sobre a posição), se afastando dos arbustos, que agora se movem ainda mais. O
coração do garoto bombeava sangue com força. O medo o tomou por completo.

— Não se assuste a criança. — E então ele viu dois olhos azuis cintilantes surgindoem rastejando
pelo chão. Era uma cobra significante.

Harry paralisou. Era isso. Ou ele havia enlouquecido ou morto. Se ainda estivesse vivo,
então ele morreria em breve. Ele estava falando com uma cobra. Mas não era só uma cobra. Ela
era imensa. Sua cabeça era maior do que as suas mãos unidas. Aqueles olhos reptilianos o
encaravam como se estivessem olhando para a sua alma. Mesmo ela sendo uma criatura atraente, o
garoto estava tremendo de medo. Ele poderia morrer em instantes se a cobra assim quisesse.

— Você realmente pode me entender? — Harry olhou para baixo. Ele estava tendo uma conversa
com uma cobra gigante! Incrível! Ou não.

— P-posso. — A serpente balançou sua língua no ar. O garoto nem notou quando sua fala saiu
com sibilos e estalos estranhos no lugar do familiar inglês.

— Você cheira a magia. Deve ser um bruxo. — Ela pensou em algo, enquanto Harry ainda
tentava assimilar o fato de estar conversando com o animal. — O que aconteceu com você
garoto? Por que está cheirando a sangue e sozinho numa mata à noite? — Harry jurava ter visto
um olhar materno vindo da serpente.

— E-eu destruí a casa dos meus tios. — Ele já sentiu as lágrimas voltarem a se acumular no seu
olho bom, já que seu duto lacrimal do outro fora danificado. — Eu não posso voltar. E-eles vão
me machucar. E-eu não quero voltar para eles. Eu sou uma aberração que merece morrer. —
Quando terminei de falar, as lágrimas já escorriam violentamente por suas presenças.

— Oh querida. — A serpente se aproximou, mas Harry não recuou. Sua voz é tão maternal e
preocupada que isso o desestabilizou. — Não chore. — Lentamente para não assustá-lo, ela
elevou seu corpo até que estivesse acariciando a apreciar esquerda do garoto com sua cabeça, como
se fosse um gato. — Está tudo bem. Você não tem que voltar para eles.

— M-mesmo...? — Harry fungou enquanto limpava as lágrimas do olho bom. — E-eu não quero
mais ser punido. — Falou num sussurro enquanto baixava a cabeça. — E-eu queria morrer para
poder ficar com os meus pais. Você poderia fazer isso por mim? — Levantou a cabeça
esperançoso de que a serpente aceitasse que ele fosse o seu jantar. Mas... Ele era uma aberração,
ele era tão nojento que nem uma cobra iria querer comê-lo, mesmo se estivesse morrendo de fome.

— Eu não poderia matá-lo, filhote. — A serpente olhou-o com seriedade. — Deixe-me ajudá-lo.
Existe um lugar onde você pertence. Talvez exista algum parente diferente dos seus tios, alguém
que adoraria dar-lhe uma casa e muito amor.

— Mas aberrações não merecem amor. Meus tios sempre me disseram que eu nunca seria
amado, que eu viveria sozinho até a minha morte. — Fungou mais uma vez quando a vontade de
chorar voltou. Por que ele estava se abrindo com essa cobra? Talvez o fato de não ser uma pessoa e
que ele pudesse entendê-la o tranquilizasse. Ele sentiu que podia confiar nessa serpente
desconhecida.

— Você não é uma aberração, filhote. — O animal se mexeu com cuidado, pois sentiu o cheiro
de lesões em todo o corpo do garoto, ela se enrolou em suas bobinas e acariciou a mão mais
próxima que o garoto tinha sobre suas pernas, que agora estava esticada para fora da árvore oca .
— Você é extraordinário. Já fez coisas estranhas que não havia explicação? Já moveu as
coisas? Já mudou a forma de algo sem intenção? Já fez coisas flutuarem? Alguma coisa que
você não teve uma resposta exata se não algo como "magia"? — Ela perguntou carinhosamente.

— Tia Petúnia e tio Vernon detestavam quando coisas estranhas me emocionavam. Eles
fizeram de tudo para me impedir de fazer coisas que uma aberração faz.

— Seus tios estão tremendamente errados sobre você, filhote. Você é um bruxo, você pode fazer
magia, essas "coisas estranhas" são sinais de que a sua magia está despertando. Existem várias
pessoas ao redor do mundo como você, e nenhuma dele se acha uma aberração.

— M-meus pais também podia fazer... M-ma-magia...? — Perguntou temeroso, pois seus tios o
puniam severamente se ele falasse essa palavra, ou qualquer outra pessoa falasse algo relacionado
a magia perto deles.

— Não há como saber sem fazermos um Teste de Herança. Existem bruxos que nascem de pais
mágicos, mas também existem aqueles que nascem dos trouxas, isto é, pessoas que não podem
fazer magia. Eles são chamados de nascidos muggles, o que é um nome errado já que eles são
descendentes de abortos mágicos, uma pessoa que nasceu de pais bruxos, mas que não pode
fazer magia.

— Vo-você pode me contar mais sobre ma-magia? — Perguntou com as consideraçãos coradas
de vergonha.
— Claro que posso, filhote. Mas antes quero saber o seu nome.

— Ha-Harry... Me chamo Harry... — Falou muito feliz, pois sentia que estava fazendo uma
amiga.

— Sem sobrenome? — Indagou curiosa, o garoto abaixou a cabeça.

— Fui descobrir recentemente que esse era o meu nome quando tive que ir para a escola. Meus
tios sempre me chamaram de: menino, coisa, aberração, demônio e várias outras coisas.

— Não fique triste, filhote. — A serpente usou sua língua bifurcada para acariciar a mão do
garoto que acariciava suas escamas. — Bom. É um prazer conhecê-lo, Harry. Eu sou a Nyx.

— Nyx... — Harry falou pensativo enquanto tinha um sorriso no rosto. — Seu nome é como o da
deusa grega da noite profunda, a segunda a ser criada do vazio.

— Você é cuidadoso. — A serpente sorriu e seus olhos tinham um brilho divertido. — Isso é
bom. Muito bom. Quer dizer que vai aprender rápido tudo o que tenho para te contar sobre o
mundo bruxo.

Discretamente, ela usou sua magia para identificar as lesões do garoto enquanto começava a
contar sobre o mundo desconhecido. Ela se segurou para não sair xingando céu e terra com o que
descobriu. Desde então ela usou grande parte de sua magia para ajudar na recuperação de Harry.
Ela sentiu o núcleo mágico dele terrivelmente esgotado e com quase nada de magia, e que tinha era
direcionado para a sua perna fraturada. Nyx não queria admitir, mas ela se afeiçou imediatamente a
pequena criança no instante em que a viu e sentiu o seu cheiro. Algo nele a chamava, como se ela
estivesse destinada a estar com ele. Sua mãe a disse sobre a sensação que conseguiram quando
encontraram um descendente de seu ancestral. E ela sentia isso pelo garoto. Meses antes ela estava
muito bem acomodada numa floresta bem longe da civilização, mas algo a chamava para aquele
lugar. Ela não sabia onde era, só seguia o seu instinto, até que naquele dia ela o encontrou.
Finalmente um descendente digno havia nascido. E ela faria de tudo para que ele nunca mais
sofresse. Era o seu dever cuidar dele, seu dever proteger-lo, seu dever guiá-lo, seu dever
acompanhá-lo para a grandeza.

— Você realmente quer ficar comigo? Eu não seria um peso para você? — Harry perguntou
receoso depois que Nyx disse que queria ser seu familiar e cuidar dele. Ele não queria que a
serpente estivesse irritada com ele. Era a primeira amiga que fez durante toda a sua vida.

— Você nunca seria um peso para mim, filhote. Eu o vejo como meu filhote, eu quero ficar ao
seu lado, cuidar de você e te ajudar no que precisar.

— Mas o que é um familiar? — Perguntou tímido com a sua falta de conhecimento.

— É quando uma criatura mágica se liga a uma pessoa ou a sua família para proteger a pessoa
com a ligação, ou guiá-la, orientá-la e servi-la. Eu realmente gostei de você, Harry. Nunca
conheci nenhum bruxo com um coração como o seu. Também ninguém gosta de mim, já que
sou tão 'assustadora'. Mas você é especial, Harry. Claro, no início você tinha medo de mim. Mas
eu vi nos seus olhos algo que mexeu comigo, e soube no instante em que te vi que estaríamos
ligados independentemente de qualquer coisa. Então, Harry, se você assim desejar, eu serei seu
familiar. Sempre estarei ao seu lado para proteger-lo do que para que possa te machucar. Caso
não queira, eu vou partir.
— Eu quero! Por favor, Nyx. Não me deixe. Você foi a primeira amiga que eu fiz em toda a
minha vida. Por favor. Não me deixe. — Seu olho começou a lacrimejar, a serpente sorriu. —
Seja meu familiar, Nyx. Por favor. Eu faço o que você quiser, mas não me deixe sozinho.

— Como desejar, Harry. Estarei sempre ao seu lado a partir de hoje. — Uma luz esverdeada
surgiu na palma da mão do garoto e na cabeça da serpente. — Para selarmos o contrato, você
deve tocar na minha cabeça. — E assim Harry fez. Quando sua mão tocou as escamas escuras de
Nyx, Harry sentiu uma onda de eletricidade acolhedora percorrendo todo o seu ser. Uma runa
esverdeada brilhou acima dos dois e logo desapareceu.

— E agora? — Ele puxou sua mão e olhou-a maravilhado.

— Está feito. Nossas almas estão aéreas. Se estivermos longe um do outro, você pode me chamar
mentalmente. Eu vou até você.

— Podemos conversar pela mente?!

— Podemos sim. E se um de nós estiver em perigo o outro vai saber e também saberá onde
estará para poder ajudar.

— Obrigada, Nyx. Por ter ficado comigo.

— Quando eu disse que me apeguei a você eu não estava pensando. — Uma serpente enrolou-
se perto de Harry enquanto ele se acomodava para dormir na sua árvore oca.

— Me conte mais sobre você e o mundo bruxo, por favor.

E assim Harry teve uma noite de sono maravilhosa pela primeira vez na vida. Ele sentiu-se
seguro amado. Sabia que Nyx sempre estaria ao seu lado para protegê-lo. Ninguém mais poderia
machucá-lo novamente. Ele finalmente estava seguro e feliz. O dia tinha começado de uma
maneira horrível, mas então ele terminou da melhor forma possível. Sua vida estava finalmente
ansiosa, depois de tantas preces desesperadas naquele frio e armário sujo sob as escadas. Ele não
chorou mais em silêncio com medo de ser machucado de novo. Nunca mais iria sofrer.

Bom. Pelo menos era isso que ele acreditava. Todos sabem que o universo não é
misericordioso ou piedoso. Ele adora brincar com as vidas humanas, adora fazê-las sofrer ainda
mais. Da um gostinho de felicidade para depois arrancar-lhe de suas mãos da maneira mais
sangrenta e dolorida. As lágrimas dos humanos são o seu alimento, seu sofrimento, angústia e
desespero é o que move o universo.
Capítulo 2
Chapter Notes

1º. Eu gostaria de dizer que eu e o TiuLu utilizamos o maravilhoso Google Maps e


Street View para fazer todo o caminho do Hazz. O trajeto dele eu percorri tudinho
pelo Street View, tudo para dar a vocês a completa imersão na fic com fatos reais e
lugares que realmente existem.

2º. Nóis é foda.

3º. Aproveitem e inflem meu ego meus amados leitores.

4º. Entrem no server do Discord pra terem conteúdos extra

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Aproveitem!

Nyx concentrou todas as suas forças magicas em ajudar na recuperação do garotinho. Ele
estava tão machucado que, sem tratamento especializado, ele nunca iria melhorar. Mas ela estava
fazendo o seu máximo para, pelo menos, ajudar no que podia. Ela o contou tudo o que sabia sobre
o mundo bruxo, e eles precisavam pegar um trem até King's Cross. Mas para isso a perna do
garotinho precisava melhorar.

A serpente ia todas as madrugadas pegar comida nas lixeiras da vila e levava para o
garotinho o que conseguia. Um cobertor que fora dobrado e amarrado como um saco grande era
arrastado por ela. Ela colocava as comidas dentro do "saco" e o arrastava pela boca como um
cachorrinho leva algo para o seu dono. A única diferença era que ela era uma cobra imensa e letal.
Harry protestou em ficar apenas naquela árvore oca enquanto a serpente se esforçava para o ajudar,
mas ela foi rígida em ordenar que ele descansasse o máximo. E o garotinho estava muito feliz com
isso, pois via na serpente uma figura materna.

Nyx sempre o dava carinho a sua maneira, sempre dizia palavras doces e de amor, toda a
noite ela formava um ninho com o seu corpo para que Harry dormisse em segurança dentro do seu
"ninho de proteção", bem como as serpentes que acabaram de botar ovos os protegem. Nyx era
maravilhosa para ele, sempre que podia ele a agradecia e dizia o quanto era grato por tê-la e o
quanto a amava, mesmo que Nyx ralhasse com ele dizendo que não precisava agradecer por ela
amá-lo. Ela sempre puxava o cobertor sobre ele antes dele dormir e contava mais histórias do
incrível mundo que ele desconhecia, sempre se certificava de que ele estava bem alimentado ou se
sentia alguma dor ou desconforto. Quando alguém chegasse perto deles ela os afugentava usando
sua magia para fazer os muggles se lembrarem de algo que supostamente esqueceram.

Nas primeiras noites Harry se encolhia de medo pelo barulho estrondoso que os trens faziam
ao passarem pela estação ao lado deles, e Nyx sempre o confortava com um abraço reptiliano
delicado para não machucar o garotinho. As vezes ele se aventurava em andar um pouco para não
deixar seus músculos enfraquecerem. Obviamente, Nyx o acompanhava e sempre o pegava quando
o garoto tropeçava com sua perna machucada. Durante a noite, a serpente gostava de mostrar ao
bruxinho as diferentes constelações no céu, ele absorvia cada palavra com uma fome por
conhecimento que invejaria Rowena Ravenclaw.

E assim passou-se mais uma semana até que a perna de Harry estivesse boa o suficiente para
ele subir num trem. Os dois pegaram apena uma mochila velha que Nyx encontrou na lixeira e
colocaram um pouco de comida e cobertas. Quando a noite caiu e o último trem para Londres
parou na estação de Sunningdale, um garotinho manco com uma cobra enrolada no pescoço se
esgueirava para os vagões de carga no final do transporte. Nyx podia usar sua magia para mudar
seu tamanho, então diminuiu até ficar num peso confortável para os frágeis ombros de Harry
poderem carregar sem problemas.

Ninguém os viu, já que a serpente usou sua magia para colocar um feitiço "não me note" ao
redor deles. Harry subiu com dificuldade e muitos gemidos de dor pela escadinha na lateral de um
vagão sem portas. Eles se acomodaram perto das portas, porque o garotinho queria ver a paisagem.
Em pouco tempo, quando os primeiros vagões já tinham seus passageiros muito bem acomodados,
quando os homens que trabalhava na manutenção das cargas já descarregaram e carregaram o que
precisava, e quando os seguranças vistoriaram todos os vagões para verem se não tinha nenhum
passageiro clandestino, foi que o trem finalmente começou a andar. Harry agradecia a magia de
Nyx ser poderosa e eles não terem sido pegos pelo segurança.

A cobra voltou ao seu tamanho original e se enrolou nas próprias bobinas enquanto o
garotinho olhava maravilhado para a paisagem noturna. Ele olhou para o céu e sorriu para a lua e
as estrelas. Desde que saiu da casa dos tios ele vinham admirando o mundo ao seu redor,
principalmente o céu. Morar em um armário embaixo da escada era sufocante, agora ele
aproveitava a sua liberdade para apreciar a beleza do mundo. Mas o céu sempre fora a sua paixão,
ele era livre, inalcançável e de uma vastidão desconhecida. Todas as suas cores, suas formas e
elementos, o universo o fascinava.

— Se agasalhe, filhote. — Nyx mandou com sua voz amorosa de mãe que o garotinho tanto
amava. Harry sorriu para ela e a obedeceu enquanto ela se enrolava no característico ninho e o
chamava com a cabeça para se deitar. Harry se acomodou no centro do ninho confortável e Nyx
pousou sua cabeça no peito do garotinho. — Durma, filhote. Amanhã teremos um dia longo. Irei
levá-lo ao The Leaky Cauldron e iremos para Gringotts descobrir algo sobre você.

— Boa noite, Nyx. Eu te amo. — Harry bocejou enquanto sorria bobamente com os olhos
fechados.

— Eu também te amo, filhote. — Nyx fez um carinho na bochecha do garoto com sua cabeça.
— Durma bem. Eu estarei aqui quando você acordar. Nunca irei te deixar e ninguém mais irá
machucá-lo. — Harry dormiu sentindo-se quentinho e amado, como todas as noites desde que
conheceu a serpente. Nyx adormeceu levemente, ainda atenta ao arredor, pronta para proteger o seu
filhote.

Eles estavam num trem que servia a South Western Railway e pararam em oito estações
antes de trocarem de trem: Virginia Water, Egham, Staines, Feltham, Twickenham, Richmond e
Putney. Foram quarenta e três minutos de viagem rápida de Ascot até Londres. Eles se esgueiraram
até o trem da Southern na estação de Clapham Junction, dessa vez sem nenhuma parada até a
Estação Victoria foram oito minutos. Na Estação Victoria eles tiveram que trocar mais uma vez de
trem, agora pegaram um que era subterrâneo da Transport for London com cinco paradas: Green
Park Station, Oxford Circus Underground Station, Warren Street e Euston. Até que finalmente
chegaram em King's Cross St. Pancras, eles saíram do subterrâneo e caminharam por uns seis
minutos até a frente de King's Cross. Onde os dois descansaram um pouco antes de Harry iniciar
sua caminhada. Ao todo fora uma viagem de uma hora de Sunningdale até ali, e Harry sentia-se
muito cansado com o seu núcleo mágico puxando tanta energia para curar sua perna,
principalmente. Nyx estava tão pequenininha que quase não era vista ao redor do pescoço de
Harry.

O garotinho estava se sentindo muito agradecido por ainda ser noite, porque a pequena
"praça" que ficava em frente à estação King's Cross tinha cara de que era sempre movimentada.
Quando se sentiu corajoso, o garotinho se pôs a caminhar. Ele atravessou a Pancras Road até a St.
Pancras Station, um ponto de ônibus, dobrou a esquina e continuou por essa rua, andou alguns
metros até atravessar a rua novamente até a Argyle St. Dessa rua ele foi até o final onde teve que
dobrar para a direita onde a rua continuava e depois para a esquerda, onde começava a rua
Whidborne. Harry seguia as instruções que a serpente o dava direitinho enquanto se apoiava nas
paredes e grades para conseguir manter-se em pé.

Seguindo até o final onde tinham um cruzamento, ele dobrou para a direita na rua Cromer
St., seguiu nessa rua até chegar na Judd St. que encerrava a Cromer St. Virando para a direita, o
garotinho seguiu até passar pelo Hunter Street Health Center, como Harry gostaria de pedir ajuda
nesse centro médico depois de caminhar por mais de dezessete minutos com uma perna fraturada,
mas ele não podia. Não confiava nas pessoas e não queria voltar para os seus tios. Então ele seguiu
mancando rua abaixo. A rua Judd St. virou a Hunter St. e logo em seguida a Brunswick Square. O
garotinho passou pelo Brunswick Square Gardens, gostaria de passear por esses jardins um dia,
mas não naquela noite, não com aquela perna fraturada, então arquivou essa hipótese para analisá-
la no futuro.

Harry virou à direita, em direção ao cinema Curzon Bloomsbury, passou pelo centro
comercial que ficava logo abaixo do cinema. Seguiu até que saiu na Bernard St. (ou B502), dessa
rua ele seguiu em frente até chegar na Russell Square que cortava a Bernard St. O garoto passou
por dentro do parque arborizado Russell Square. Achou um banco e sentou-se para descansar a
perna latejante por estar a mais de vinte minutos sendo utilizada.

— Você foi muito bem, filhote. — Nyx elogiou com o orgulho transbordando na sua voz.
— Estou orgulhosa de você, filhote. Agora temos só mais dezoito minutos de caminhada até o
The Leaky Cauldron. Eu sei que você vai conseguir.

— Sem você eu estaria perdido, Nyx. Obrigado. — O garotinho sorriu para a serpente que o
olhava nos olhos e acariciou o pequenino corpo reptiliano.

— Descanse um pouco sua perna, filhote. Depois continuamos. — Comentou ao olhar para o céu
ainda escuro da madrugada. Já deveria ser perto das três horas da manhã pelo que as estrelas
indicavam.

Depois de alguns minutinhos apenas apreciando a brisa fria da noite e o som dos grilos,
Harry voltou a caminhar. Saindo do parque, Harry virou à esquerda na Montague St., seguiu por
essa rua até virar à direita na Great Russell St., continuou em frente até virar à esquerda na
Museum St., alguns minutinhos depois de descer essa rua ele dobrou à direita na High Holborn (ou
A40). Continuou por essa rua até virar à esquerda na Shaftesbury Ave, até que virou à esquerda na
Monmouth St. (ou B404). Ele desceu a rua até chegar na rotatória de Seven Dials e seguiu pela
Monmouth St., continuou por ela até dobrar à direita na Great Newport St. Lá estava ele. Entre o
restaurante italiano Sartori e o bar The Porcupine. Os muggles passavam por ali e não viam o
edifício extra, ou os bruxos que saíam e entravam. Harry analisou a estética do local, velho e
surrado, assim como a placa com um caldeirão de três pernas e o nome do estabelecimento no
meio.
— Chegamos, filhote. — Nyx acariciou a bochecha do garoto com sua língua. — Você vai entrar
e procurar pelo atendente. Ele sempre fica até altas horas. Pedirá para ele abrir a passagem
para você chegar ao Diagon Alley. De lá você segue até o final da ruazinha até um edifício
grande e branco. Iremos pedir ajuda dos goblins antes de qualquer bruxo.

— Okay. — Harry reprimiu um gemido de dor quando deu um passo a frente e sua perna feria
latejou ainda mais. O garotinho abriu a porta negra com cuidado, estremecendo quando ela rangeu
ruidosamente.

— Seja bem-vindo, jovem bruxo. — Um velho de aparência amigável sorriu para o garotinho, ele
se perguntou o que tinha acontecido ao mesmo para ele parecer tão miserável. — Você precisa de
ajuda? Posso levá-lo ao Hospital St. Mungus para tratar esses machucados. — Comentou enquanto
se aproximava do ser mirrado que Harry era. O garoto deu um passo para trás e se encolheu com a
aproximação repentina de um estranho.

— O-o senho-or poderá a-abrir a passagem, por f-favor? — Pediu num gaguejo amedrontado. O
velho pareceu perceber seu desconforto com sua presença e se afastou enquanto sorria gentilmente.

— Claro, rapazinho. Siga-me. — Então se virou e guiou um hesitante Harry até uma área a céu
aberto e sem saída. — Preste atenção, pois quando você tiver sua própria varinha poderá abrir a
passagem sozinho. — Comentou calorosamente enquanto via o garotinho estremecer por estar
sozinho em um lugar estranho com ele.

— Está tudo bem, filhote. — Nyx comentou num sussurrou. — Eu estou aqui com você. Nada irá
te machucar. — Então o homem bateu nos tijolos numa sequência decorada, que Harry já
memorizou, e a parede sólida de tijolos se abriu para uma ruela escura da noite com várias lojas
estranhas.

— Obrigado, senhor.

— Disponha, jovem bruxo. Aliás, sou Tom, o dono do bar e hospedaria The Leaky Cauldron,
qualquer coisa é só me chamar que eu acho um quarto e comida para você.

— Muito obrigado, senhor Tom. — Harry deu um leve aceno de cabeça e seguiu em frente.

Quase na metade do Diagon Alley, perto de sua interseção com a Knockturn Alley, se
encontra uma imponente edificação de mármore branco: o Gringotts Wizarding Bank. O banco,
que se destaca sobre as lojas vizinhas, é um lugar onde bruxas e bruxos guardam seu dinheiro e
outros bens valiosos, em cofres a quilômetros abaixo da terra. Os cofres são fortemente guardados.
O secular banco é administrado por goblins e apenas estes sabem sobre os segredos das
serpenteantes passagens subterrâneas e sobre os encantamentos e as criaturas do lugar para se
defenderem contra os intrusos. Os goblins possuem um código que os proíbe de falar sobre os
segredos do banco e considerariam "vil traição" quebrar qualquer parte do tal código.

Do Diagon Alley, uma escadaria branca leva às portas de bronze polidas. Essa é a entrada
para o Gringotts, que leva a um pequeno hall de entrada e a outras portas. Nessas novas portas,
agora de prata, encontram-se gravadas as seguintes palavras:

Entrem, estranhos, mas prestem atenção

Ao que espera o pecado da ambição,


Porque os que tiram o que não ganharam

Terão é que pagar muito caro,

Assim, se procuram sob o nosso chão

Um tesouro que nunca enterraram,

Ladrão, você foi avisado, cuidado,

Pois vai encontrar mais do que procurou.

Harry podia sentir a forte magia que emanava do prédio. Timidamente ele bateu nas imensas
portas brancas. O som pareceu ecoar por todo o beco escuro. Em questão de minutos as portas se
abriram silenciosamente e o garotinho arregalou os olhos ao ver a criatura à sua frente. Era um ser
humanoide um pouco mais baixo que ele, olhos pequenos e negros como o de um tubarão faminto,
dentes pontiagudos, orelhas grandes e garras afiadas. Ele usava o que aparecia ser um pijama muito
caro, mas era escondido por um robe de aparência ainda mais luxuosa.

— Não estamos abertos. — Comentou com rispidez ao analisar o garotinho dos pés a cabeça. —
Volte quando o banco abrir. — Harry estremeceu com a rudeza com que fora tratado. Mesmo
estando acostumado a isso, ele ainda se encolhia de medo. Velhos hábitos.

— E-eu sinto um-muito, se-senhor goblin... — O garotinho se encolheu ainda mais ao ver aqueles
olhos ferozes o analisarem ainda mais. Nyx saiu do seu esconderijo e deslizou para o chão
enquanto voltava ao seu tamanho original. Ela olhou nos olhos da criatura e usou sua magia para
passar a sua mensagem. "Deixe-nos entrar e tratem o garoto.", simples, mas eficaz. O goblin sorriu
presunçoso ao perceber que já sentira aquela mesma magia a muito tempo atrás.

— Muito bem. Sigam-me. — Ele deu espaço para que os dois passassem e analisou Harry acenar
com a cabeça e agradecer num gaguejo amedrontado. Quando os dois entraram no banco, as portas
se fecharam e foram seladas. O garotinho olhou ao redor com os olhos brilhando pela beleza que
todo aquele luxo do hall principal proporcionava. — O que desejam tratar tão tarde da noite com a
Nação Goblin? — Perguntou com uma sobrancelha arqueada.

— Diga que você precisa de abrigo e tratamento médico. — Nyx instruiu. Ao ver o garoto olhar
para a serpente como se a entendesse, o goblin reprimiu um sorriso interessado. — Diga que você
gostaria de fazer um Teste de Herança e pedir abrigo a Nação Goblin. Diga que você não confia
nos bruxos e que não quer ser achado pelo Ministério.

— E-eu preciso de abrigo e tratamento médico. — Harry engoliu em seco quando sua perna deu
uma pulsada dolorosa. O goblin percebeu o garotinho se apoiando na serpente com a cabeça
elevada e tirando o peso da perna esquerda. — Ta-mbém gostaria de pedir que vocês façam um
Teste de Herança em mim. E um abrigo com a Nação Goblin. E-eu não confio no Ministério e não
quero ser achado. Por favor, senhor goblin. Eu preciso da sua ajuda. — O garotinho praticamente
implorou com o olho bom banhando em lágrimas. A criatura o analisou por um momento antes de
suspirar.

— Siga-me. — Ele os guiou até a primeira sala privada, pois sabia que o garotinho estava com dor
na perna esquerda.

O goblin, sinceramente, não sabia por que estava ajudando esse humano. Normalmente ele
iria expulsá-lo no momento em que o viu na porta. Mas algo na sua magia o incitava a ajudar o
garoto e ouvi-lo. Ele indicou a poltrona mais próxima da porta e sentou-se na que estava à frente.
Harry se sentou timidamente na poltrona cara, não queria sujá-la então se limitou a ficar na
pontinha. A criatura não perdeu esse ato, e até que gostava do respeito com que o garotinho o
tratava. Ao estalar os dedos, um pergaminho e uma adaga surgiram na mesa que os separava.

— Faça um corte na palma da sua mão e pingue sete gotas do seu sangue neste pergaminho. —
Ordenou. Harry olhou para Nyx, que estava ao seu lado o confortando, ela acenou com a cabeça
em concordância.

— Eu estarei aqui com você, filhote. É só um cortezinho e em seguida ele será curado. Não se
preocupe. — Ela o incentivou.

Harry respirou fundo enquanto pegava a adaga entalhada de símbolos estranhos que a
serpente o ensinou vagamente. Runas. O garotinho respirou mais uma vez quando colocou o metal
frio contra sua mão esquerda, prendendo a respiração ele puxou a mão direita para baixo. Sua pele
se abriu instantaneamente e o sangue começara a vazar. Harry não ligou para a dor ou a ardência,
ele colocou sua palma sangrenta em cima do pergaminho vazio e deixou as sete gotas caírem.
Quando a última finalmente pingou na pequenina poça que se formara, seu corte na mão fechou-se
instantaneamente. O jovem bruxo olhou maravilhado para a sua mão, antes de limpar a adaga
cuidadosamente em suas roupas sujas, não queria devolvê-la suja para o goblin que o estava
ajudando.

A criatura sorriu minimamente para a ação do humano, ele estava satisfeito com seu respeito
com tal artefato poderoso. Harry devolveu a adaga cuidadosamente à mesa enquanto o seu sangue
era absorvido pelo pergaminho. Palavras brilharam em dourado e começaram a surgir no
pergaminho no mesmo tom que o sangue do garoto. O goblin esperava um teste normal, eles
normalmente não passavam de uma página, mas o do garoto na sua frente ultrapassou o padrão,
concluindo um total de sete páginas.

TESTE DE HERANÇA

Nome : Hadrian Tamish Potter

Espécie : bruxo puro sangue (pai e mãe puros-sangues)

Núcleo Mágico : negro (raro – aptidão para magia negra)

Mãe : Lily Jane Potter (née Evans, Myra Lykaios) – morta

Pai : James Fleamont Potter – morto

Padrinho : Sirius Orion Black – preso

Madrinha : Narcissa Venus Malfoy (née Black)


Guardião Mágico : Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore (ilegal)

Visitas para confirmar o bem-estar da criança : nenhuma

Deixou sob os cuidados dos muggles Vernon e Petunia Dursley (née Evans)

Familiar : Nyx

Serpente mágica da espécie muggle King Cobra

Possuí magia própria

Heranças

Família Peverell – James Fleamont Potter

Casa Gaunt – Tom Marvolo Riddle e Cadmo Peverell

Família Slytherin – Tom Marvolo Riddle e Cadmo Peverell

Família Black – Sirius Orion Black

Família Potter – James e Lily Potter

Morgana LeFay – Antioch Peverell

Família Lykaios – Lily Jane Potter; descendente de Herpo, o Sujo (Pythia)

Casa Pendragon – relacionamento de sangue entre os irmãos Morgana LeFay e Arthur


Pendragon (tornando Hadrian Tamish Potter Príncipe de Camelot)

Selos e Compulsões

- Núcleo Negro : 94% bloqueado (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981) – 15%
quebrado (Por Hadrian Tamish Potter)

- Oclumência Natural : 100% bloqueado (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)


– 3% quebrado (Por Hadrian Tamish Potter)

- Parseltongue : 100% bloqueado (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981) – 100%


quebrado (Por Hadrian Tamish Potter)

- Magia com Varinha : 50% bloqueada (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)

- Magia sem Varinha : 100% bloqueada (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981) –
12% quebrado (Por Hadrian Tamish Potter)
- Submissão e confiança a Albus Dumbledore (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de
1981)

- Ódio e repulsa a qualquer coisa relacionada a magia negra e criaturas das trevas (Por
Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)

- Ligação de Horcrux com Tom Marvolo Riddle : 100% bloqueada (Por Albus Dumbledore
em 31 de outubro de 1981) – 46% quebrado (Por Hadrian Tamish Potter)

- Tendência a magia da luz (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)

- Desconfiança com Severus Snape, Slytherin, a família Malfoy e a qualquer coisa


relacionada às trevas (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)

- Ódio por Voldemort (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)

- Submissão aos Dursley e Albus Dumbledore (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de


1981)

- Lerdeza, desatenção e falta de interesse nos estudos (Por Albus Dumbledore em 31 de


outubro de 1981)

- Desobediência e desconfiança às autoridades (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de


1981)

- Rebeldia (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)

- Complexo de herói (Por Albus Dumbledore em 31 de outubro de 1981)

E em seguida tinha a lista dos cofres das famílias que ele tinha o direito, as propriedades
referentes a cada família e o seu histórico de saúde desde o nascimento. A maior parte do seu Teste
de Herança era o tanto de ferimentos que ele sofreu durante seus anos com os Dursley.

Harry estava atordoado com tudo aquilo. Todas as informações contidas ali. O que mais o
havia impressionado era a quantia de dinheiro que ele tinha. Em toda a sua vida ele viveu
miserável, com roupas usadas pelo seu primo que era muito "maior" que ele, ou passava fome,
fazendo seu corpo ser esquelético e seus ossos ficarem a mostra. E agora ele descobriu que era
dono de uma fortuna inimaginável e absurdamente grande. Além disso, seu nome nem era Harry!
Era Hadrian! Por toda a sua vida ele achou que se chamava "aberração", "garoto", "abominação",
"coisa", e só recentemente descobriu que se chamava Harry, para logo depois descobrir que nem
mesmo esse era o seu nome de verdade.

O goblin estava fervendo de raiva. Para sua raça, os filhotes eram os seres mais preciosos e
importantes, estão acima do ouro. E, mesmo não gostando dos bruxos, eles respeitavam as crianças
mágicas. E ver o que fora feito com esse garoto era ultrajante. Ele estalou os dedos e em poucos
minutos outro goblin surgiu na sala. Esse parecia mais velho e mais sábio que o primeiro.

— Por que me chamou a essa hora Arakh? — Perguntou assim que entrou na sala.

— Senhor Ragnuk II. — Arakh pegou o Teste de Herança de Hadrian e entregou-lhe a Ragnuk. —
Sinto muitíssimo em acordá-lo tão tarde, mas temos um assunto sério em nossas mãos. — O goblin
mais velho analisou os papeis e Hadrian se encolheu ao ver a fúria brilhando nos dois pares de
olhos ferozes dos dois goblins e o analisarem.

— Chame Maray e informe que precisamos de seus serviços com urgência. — Ragnuk ordenou.

— Imediatamente, senhor. — Arakh saiu apressado da sala ao notar que o seu rei queria
privacidade. Ele sentou-se na frente de um Hadrian amedrontado e uma Nyx desconfiada.

— Senhor, Hadrian Tamish Potter. Eu sou o Rei Goblin Ragnuk II. Preciso saber por que veio até
nós. — Perguntou sério, ainda segurando o teste do garoto.

— E-eu precisava fazer um Teste de Herança para saber se tinha dinheiro para pagá-los pelo que
eu possa os in-incomodar. — Hadrian comentou amedrontado. — Ainda mais pôr tê-los acordado
tão tarde da noite. E eu peço mil desculpas por isso, senhor Ragnuk. Ma-mas eu preciso de
tratamento médico e um abrigo, então meu familiar Nyx me disse que eu poderia pedir ajuda a
Nação Goblin.

— Por que você não pediu ajuda a um bruxo por aí? — Analisou o comportamento do garoto, pelo
que ele leu em seu teste ele tinha uma ideia da resposta para a sua pergunta, mas precisava de uma
confirmação.

— E-eu não confio nas pessoas, senhor. — Comentou enquanto abaixava a cabeça e olhava para
seus pés. — Eu entenderei se quiserem me mandar embora.

— Não iremos expulsá-lo, senhor Potter. — Ragnuk comentou, fazendo o garotinho levantar a
cabeça e olhá-lo nos olhos. — Nós, goblins, vemos os filhotes como uma benção da própria magia.
E saber o como você foi tratado nos insulta. Como o Rei Goblin Ragnuk II eu ofereço-lhe a
amizade da Nação Goblin. Iremos dar-lhe abrigo, tratamento médico e tudo o que precisar. Se você
aceitar, qualquer insulto direcionado a você, é um insulto a Nação Goblin. O senhor aceita a
amizade da Nação Goblin? — Perguntou ao estender sua mão com afiadas garras.

— Sim! — Hadrian se adiantou em segurar a mão do goblin com as suas duas mãozinhas e
ajoelhar-se na frente da criatura enquanto chorava de alegria. — Sim, senhor. Eu aceito ser um
amigo da Nação Goblin. Eu farei o possível e impossível para não os decepcionar. Muito obrigado,
senhor Ragnuk. Muito obrigado. — Nyx parecia que iria chorar ao ver a felicidade no sorriso do
garotinho. O goblin sorriu amigavelmente para o garotinho e o levantou, o ajudando a sentar-se na
poltrona de maneira confortável. — E-eu não quero sujar sua poltrona, senhor. — Hadrian
comentou envergonhado com o rosto vermelho.

— Não se preocupe com isso, senhor Potter. Precisas ficar confortável para se curar.

— Po-pode me chamar de Hadrian. — O garotinho comentou anestesiado de alegria.

— Então pode me chamar de Ragnuk, Hadrian. — O goblin deu um tapinha reconfortante no


ombro do garoto enquanto Nyx se empoleirava na poltrona ao redor do garoto. — Eu mandei trazer
nossa melhor curandeira, ela irá levá-lo para nossa enfermaria, irá primeiramente tirar todos os
selos e compulsões do seu organismo antes de começar o seu tratamento. — Explicou Ragnuk. —
Precisamos tirar os selos, pois eles drenam grande parte da sua magia e o seu núcleo mágico já
sofreu uma explosão recentemente. Caso não tiremos os selos você poderia morrer. Mas seu núcleo
é forte e continua trabalhando avidamente para mantê-lo vivo. Agradecemos a Magic por você ter
conseguido chegar até nós antes que o seu núcleo tivesse outra explosão. Essa, com certeza, iria
matá-lo.

— Obrigado, novamente, por toda a ajuda, Ragnuk. — Hadrian sorriu para o goblin enquanto
acariciava Nyx.

— Ah. — Comentou a criatura com um ar animado. — Caso os goblins se curvem perante você,
não se surpreenda. Você é Príncipe de Camelot. Merlin e o Rei Arthur foram amigos do meu pai,
Ragnuk I, e o ajudaram a fundar Gringotts. Então, quando eu o apresentar à todos, eles irão
respeitá-lo, como me respeitam.

— Co-como assim eu sou um Príncipe? — Hadrian perguntou surpreso ao não focar nessa parte do
seu Teste.

— Por você ser descendente de Arthur Pendragon e Morgana Le Fay, você automaticamente é
Príncipe de Camelot. A magia escolheu você para restaurar o lendário reino onde muggles e buxos
interagiam livremente. Essa parte de sua descendência ficou adormecida por muito tempo e não
aparecia nos testes de seus antepassados. Mas você foi o escolhido. — A criatura pareceu se
lembrar de algo e abriu um sorriso divertido. — Sem contar que o Ministério da Magia de todo o
Reino Unido foi criado por Merlin, Morgana e Arthur. Desde então seus lugares na Suprema Corte
dos Bruxos, o Wizengamot, estiveram vazias esperando que um descendente poderoso assuma seus
lugares.

— Isso quer dizer que você tem influência sobre o Ministério da Magia britânico, filhote. —
Nyx comentou divertida. — Você é mais poderoso do que o Ministro da Magia.

— Eu sou mais poderoso que o Ministro? — Hadrian perguntou num sussurro surpreso e Ragnuk
riu.

— Vejo que nossa amizade será muito bem aproveitada no futuro, pequeno Hadrian.

— Com licença, senhor Ragnuk. — Uma goblin fêmea surgiu e reverenciou o seu rei.

— Bem na hora, Maray. — Ragnuk se levantou e entregou para Maray os pergaminhos de Hadrian.
— Cuide muito bem dele. É um descendente de Morgana LeFay e Arthur Pendragon, sem contar
que agora é um amigo da Nação Goblin.

— Irei cuidar do filhote muito bem, senhor Ragnuk. — Maray grunhiu ao ler os pergaminhos, mas
logo suavizou seu rosto e sorrir docemente para o garotinho miúdo. — Vamos querido, irei cuidar
de você.

— Pode confiar nela, Hadrian. — Ragnuk comentou amigavelmente enquanto colocava uma mão
no ombro do garotinho que mancava na direção da saída. — Ela é a melhor. É minha esposa, não
espere menos. — Piscou maliciosamente para Hadrian, que deu uma risadinha feliz antes de
despedir-se e seguir Maray.
Capítulo 3
Chapter Notes

Entrem no server do Discord pra terem conteúdos extra

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian seguiu a esposa de Ragnuk pelos corredores luxuosos do banco. Nyx o ajudava a
manter-se de pé sempre que sua perna ferida fraquejava e ele quase caía no chão. Maray sempre
tinha o impulso de ajudar o garotinho quando ele tropeçava, mas sorria em agradecimento para a
serpente. Em dado momento, a goblin se colocou ao lado de Hadrian e o ajudava a se sustentar
enquanto caminhavam. Para o pequeno bruxo pareceram horas caminhando por corredores sem
fim, quando, na verdade, foram apenas alguns minutos. Quando chegaram numa sala especial da
área hospitalar do banco. Hadrian olhava tudo com interesse e perplexidade com a extensão do
lugar e seu luxo. Eles haviam passado por uma área de descanso onde alguns goblins, tanto
femininos quanto masculinos, tratavam de seus pacientes goblins em várias camas de aparência
superconfortável.

Enquanto passavam pela área, Maray chamava alguns goblins para se juntarem a ela no que
deveria ser feito, e imediatamente todos a seguiram e acataram suas ordens em preparar tudo que
seria necessário. A esposa de Ragnuk abriu uma porta ao lado de uma que era imensa e seu letreiro
dizia "Salão de Rituais".

— Você vai tomar um banho e colocar a camisola que está no armário. — Maray começou a
explicar com calma e um sorriso amigável nos lábios. — Deixe todas as suas coisas ali, e não se
preocupe se a camisola aparentar ser muito grande, ela irá se ajustar ao seu tamanho. Quando
estiver pronto, você e sua familiar devem entrar no Salão de Rituais e iremos começar o processo
de purificação do seu organismo. Estarei te esperando lá dentro e então irei explicá-lo o que iremos
fazer. Tudo bem, filhote?

— Sim. — Hadrian corou com a delicadeza com que a goblin o tratava. — Obrigado pela ajuda,
senhora Maray.

— Não há de que, Hadrian. Sinta-se à vontade. Tem um banheiro também, se você precisar usá-lo.
— Sorriu uma última vez e passou pelas portas do Salão de Rituais.

Nyx ajudou o garotinho a andar até a sala onde iria se trocar. Era relativamente pequena,
uma sala aconchegante com sofá, poltronas, uma lareira ardente e um armário cheio de camisolas
brancas do tamanho das roupas de Vernon Dursley. O banheiro tinha o básico, um chuveiro, um
vaso sanitário e uma pia com espelho. Tudo era ricamente mobilhado e decorado, como todos os
outros locais do banco. Hadrian tomou uma ducha rápida para tirar toda a sujeira do corpo.

Nyx o ajudava a pegar algumas coisas fora do seu alcance, já que Hadrian ficou sentado no
chão magicamente aquecido para não forçar ainda mais a perna machucada. O garotinho se
deliciou com a água quente percorrendo seu corpinho mirrado e maltratado. Ele não se importava
com os seus machucados ardendo com o sabão e a água, estava muito feliz em poder tomar um
banho quente, coisa que ele nunca fora permitido enquanto morava com seus tios. A serpente se
sentiu aquecida de amor por ver o seu precioso filhote sorrindo verdadeiramente ao sentir aquela
água contra seu corpinho. Hadrian era o ser mais puro e amável de todo o mundo, e ela daria sua
vida para protegê-lo de tudo e todos.

Quando finalmente estava limpo e cheiroso, Hadrian saiu do banho e se secou com a toalha
macia que o esperava ao lado do box do chuveiro. Ele não resistiu e acariciou sua bochecha contra
aquele tecido fofinho. Ele se secou e pegou outra toalha para secar a grande serpente negra que o
ajudara a se banhar. Enrolando-se na toalha ao redor dos ombros mirrados, Hadrian avançou para
fora do banheiro, mas parou abruptamente ao ver o seu reflexo no espelho. Ele não havia focado na
sua aparência desde que saiu da casa dos Dursley. E quando entrou no banheiro, estava ocupado
demais tirando suas roupas para focar em algo mais.

Ele estava horrível. Ele sempre fora magro e mirrado, mas agora ele estava apenas pele e
osso. Dava-se para contar todas as suas costelas e vértebras, seus braços e pernas pareciam tão
finos e frágeis quanto um graveto seco, seu cabelo estava quase nos seus ombros e seu olho verde
estava escuro e sem vida com uma grande bolsa escura sob eles, indicando as noites mal dormidas
e falta de descanso adequado para uma criança em crescimento. Mas o que mais o apavorou fora o
seu olho machucado. Suas pálpebras estavam terrivelmente queimadas, e seu globo ocular, que
antes tinha o mesmo tom de verde vívido como nenhum outro no mundo, estava completamente
branco e deformado. Tinha traços de infecção e pus nele, ainda havia partes escuras onde o sangue
vazara, sua pele estava amarelada pela desnutrição e falta de nutrientes, assim como ainda
permanecia avermelhada e irritada, ainda cicatrizando as feridas abertas pelo calor devastador do
ferro incandescente. Ele parecia morto, se não fosse pelos seus batimentos cardíacos e movimento
dos pulmões ele podia dizer que era um cadáver por completo.

Lágrimas começaram a escorrer de seu olho direito assim que a conclusão de que ninguém
nunca amaria um garoto mutilado. Olhe só para ele! Todo machucado e defeituoso. Uma aberração
horrenda. Ninguém o amaria, nunca teria uma família, amigos, alguém para amar e ser amado. Os
goblins não deveriam estar falando sério quando pediram para ter sua amizade e foram tão gentis.
Eles deveriam só estar com pena do pobre garotinho machucado. Ele nunca teria um lar amável,
nunca teria o abraço de uma mãe ou de um pai. Ninguém nunca amaria uma aberração como ele.
Nyx também teve só ter pena dele e por isso dizia se importar e amá-lo. Poderia ser mentira, mas
ele gostava, ele preferia viver essa mentira a voltar a ficar sozinho.

— Filhote. — Nyx se aproximou do garotinho trêmulo por causa do choro, subiu na pia e olhou
em seu olho lacrimejante. — Olhe para mim, filhote. — Relutantemente Hadrian obedeceu e
encarou o vórtice vivo de azul que o olhava. — Eu sei o que está passando pela sua cabecinha. E
sei que você deve estar pensando coisas horríveis sobre você. Então saiba que elas não são
verdade. Saiba que você é maravilhoso, que você vai se curar, que você vai encontrar uma
família maravilhosa para você amar e ser amado. Os goblins se importam com você e seu bem-
estar. Eu me importo com você e seu bem-estar. Eu te amo como meu próprio filhote. Eu farei o
possível e impossível para que você esteja bem e feliz, darei minha vida por você, matarei
qualquer um por você. Eu sempre estarei do seu lado e irei te apoiar, te guiar, te proteger, te dar
amor e carinho. Você não é uma aberração, você não é feio, você não é defeituoso. Você é
perfeito. Depois de tanta dor e sofrimento você preservou esse lado amável e inocente. Você é um
anjo na Terra. O bem-estar de quem está ao seu redor vale mais do que a sua própria vida, e isso
é algo muito nobre de se sentir. Ainda mais depois de tudo o que você sofreu. O seu sorriso é
mais radiante que o sol, sua risada tão gostosa de se ouvir quanto a de um bebê, seus abraços e
carinhos tão aconchegantes quanto os raios solares. Você é perfeito, filhote. Nós vamos te
ajudar a melhorar. Você vai ver que vai ficar novinho em folha.
— E-eu te amo, Nyx. — Hadrian abraçou a imensa serpente enquanto chorava sobre suas escamas.
A cobra se enrolou no garotinho, abraçando-o e o confortando com seus sibilos calmantes.

— Eu também te amo, filhote. — Nyx pareceu sorrir enquanto via o pequeno bruxo abrir um
sorriso feliz. Ele amava a serpente com todas as suas forças. Sempre que ele tinha uma crise de
insegurança, ela falava coisas maravilhosas sobre si e proferia o seu amor pelo garotinho quantas
vezes fosse preciso para que ele voltasse a se sentir confiante. Ela entendia a vastidão de sua
insegurança, e mesmo assim nunca o abandonou. Ele a amava imensamente, e seria eternamente
grato por tê-la em sua vida. — Agora vamos colocar uma camisola e tirar esses bloqueios e tudo
mais.

Hadrian assentiu, enxugou as lágrimas e voltou para a sala onde tinha o armário, vestiu uma
das imensas camisolas, e imediatamente ela encolheu até atingir os seus joelhos ossudos e as
mangas compridas pararam nos seus pulsos. Nyx o ajudou a caminhar até a saída, agora que estava
sem a tala era mais difícil manter sua perna estável. Quando ele chegou as grandes portas do Salão
de Rituais, elas se abriram sem ele ter as tocado. Dois goblins machos vestindo as mesmas
camisolas brancas o saudaram com simpatia. Hadrian adentrou e ofegou com a visão à sua frente.

O "Salão" de Rituais não era nada com o que ele imaginava. Eles estavam em uma clareira
cercada de árvores, a grama macia acariciava seus pés descalços, a lua e as estrelas brilhavam
intensamente no céu noturno. Olhando para trás, ele viu as portas se destacando por estarem em pé
no nada, não havia parede ou estrutura que as mantivessem erguidas. Olhando para frente mais
uma vez, o garotinho sentiu uma intensa onda de magia o acariciando e o aquecendo. No centro da
clareira havia um lago arredondado e de águas cristalinas, no centro dele havia um altar retangular
de mármore branco, que ainda estava minimamente submerso nas águas. Sete goblins circulavam
as margens do lago. Um vento soprou o corpinho magricela de Hadrian, e parecia cantar de
felicidade em vê-lo. Os goblins que abriram as portas voltaram para os seus lugares ao redor do
lago. Maray se aproximou sorridente do pequeno bruxo.

— Sei que deve ter várias perguntas rondando sua cabecinha. Então irei explicar. As portas do
"Salão de Rituais" são um portal para uma terra sagrada para os goblins. Uma terra longe dos
humanos onde as criaturas podem viver livremente sem serem menosprezadas pelos bruxos. Nós
usamos a magia da natureza, somos abençoados por ela e a respeitamos. Os bruxos esqueceram que
sua magia vem da natureza, esqueceram os rituais que a fortalece e pode abençoá-los, por isso são
poucos que nascem com poderes grandes. A maioria dos bruxos que nascem com um nível elevado
de poder se desviam e praticam rituais obscuros que vão contra as regras da magia da natureza.
Eles conseguem mais poder, mas o preço a ser pago em troca é muito grande. Destruindo suas
almas e mentes.

— Aqui é lindo, Maray. — Hadrian sorriu para a paz reconfortante que o local o proporcionava.

— Você é um bruxo único, Hadrian Tamish Potter. Você não abusa de seus poderes, não
menospreza e ofende as criaturas, trata todos com educação e igualdade. A magia sabe disso, e ela
aprecia suas ações. Pouquíssimos humanos tem o privilégio de serem abençoado pela magia, mas,
aparentemente, você é uma bela exceção. — A goblin sorriu contente. — Agora irei explicar-lhe o
que faremos. — Hadrian focou seu olho bom na simpática criatura à sua frente. — Você irá se
deitar no altar, seu corpo será paralisado para que você não se machuque. Iremos dar-lhe uma
poção para dormir sem sonhos, pois esse processo pode ser muito doloroso e você estando
inconsciente é mais aconselhável. Seu familiar terá que ficar atrás do nosso círculo ao redor do
lago, para que não interfira no processo com sua própria magia. Nós iremos começar um cântico e
iremos iniciar o processe de retirada dos selos, bloqueios e compulsões. Como são muitos e
incrivelmente fortes, precisarei de ajuda, por isso outros curandeiros estão aqui. O processo pode
demorar, mas uma vez iniciado, não podemos interrompê-lo. Depois que seu organismo estiver
completamente limpo de qualquer manipulação, iremos iniciar o seu tratamento para curar
completamente o seu corpo. Você tem alguma dúvida, algo que não tenha gostado e que precisa ser
mudado?

— Não, você esclareceu todas minhas dúvidas. — Hadrian sorriu. — Obrigado, mais uma vez, por
me ajudarem.

— Você é um amigo dos goblins, fazemos isso por nos importarmos com você. — Maray falou
sorridente. — Agora, deite-se no altar. — Dito isso, ela tomou seu lugar no círculo ao redor do
lado.

— Vai dar tudo certo, filhote. Eu estarei aqui quando você acordar. Não tenha medo. — Nyx
acariciou a mão do garoto, e ele fez carinho na cabeça do familiar.

— Obrigado por tudo, Nyx. Eu te amo.

— Eu também te amo, filhote. — E então eles se separaram.

Nyx ficou a uma distância segura para que não atrapalhasse o ritual, e Hadrian andava
desajeitadamente na água gelada. Seus pés escorregando nas pedras cheias de limo, sua perna
fraturada estremecendo perigosamente e quase o fazendo cair inúmeras vezes. A água batia na sua
cintura quando finalmente alcançou o altar, com um pouco de dificuldade, o garotinho subiu no
mesmo e sentou-se. Um frasco com um líquido azul perolado flutuou até ele, obedientemente,
Hadrian o bebeu em um único gole. O líquido espesso e de gosto desagradável escorreu pela sua
garganta enquanto o frasco vazio flutuava para longe. Hadrian começou a sentir o peso do sono no
instante em que a poção chegou no seu estômago, ele deitou-se de barriga para cima, sentiu seu
corpo sendo paralisado por completo. Ele não estava com medo disso, sabia que não estava
correndo perigo. A água do lago cobria todo o seu corpo, deixando apenas o seu rosto para fora,
onde pudesse respirar tranquilamente. A última coisa que viu antes de cair no sono fora a
imensidão do céu noturno.

Quando o jovem bruxo adormeceu, os goblins começaram o cântico em sua própria língua.
As águas cristalinas adquiriram um intenso brilho esverdeado do mesmo tom do olho de Hadrian.
Uma barreira de puro poder circulou o lago e impediu que qualquer coisa se aproximasse, a lua e as
estrelas pareceram brilhar ainda mais enquanto o ritual era iniciado. Os goblins começaram tirando
o selo que restringia sua magia, pois era o que mais sugava a força vital do garotinho, e, se não
fosse retirado, iria atrapalhar o progresso deles. Todos sentiam a pressão da magia no ar, era densa
e pura, uma força primordial indomável, e estava aprisionada como um animal selvagem
enjaulado.

No instante que o selo finalmente se rompeu, uma explosão mágica partiu de Hadrian e se
espalhou pela clareira. Ela era tão poderosa que eles puderam vê-la. Ondas selvagens de várias
cores varrendo tudo na sua frente como uma explosão nuclear. Eles sentiram as barreiras da
explosão mágica os desestabilizar e acariciar a sua própria magia. Era tão aconchegante e
convidativa, que eles se viram abraçados pelo poder de Hadrian. Eles sabiam que o garotinho era
poderoso, mas nunca imaginaram que seria tanto. Nyx pode sentir sua conexão com o filhote ficar
mais forte e sólida do que já era. Isso a fez sentir-se muito orgulhosa do garotinho. Ele é perfeito, o
seu destino será glorioso.

Um por um, os selos, compulsões e bloqueios foram retirados, assim como todos os
ferimentos e anomalias foram curados e corrigidos. Eufemismo será dizer que os goblins quase
ficaram magicamente esgotados quando o ritual finalmente terminou. Eles ficaram naquela clareira
por longas treze horas. Os goblins só conseguiram continuar o ritual porque a magia da natureza os
estava ajudando. Albus Dumbledore era poderoso, e ele não poupou esforços no que fizera com o
garotinho. Um novo grupo de goblins entrou no Salão de Rituais, para ajudar os companheiros
praticamente desmaiados de cansaço. Hadrian e todos que participaram do ritual foram levados
para a área de descanso, acomodados em camas confortáveis e com a privacidade que as cortinas
divisórias proporcionavam.

Nyx se acomodou ao lado de seu filhote na cama quentinha e velou seu sono tranquilo. Seu
olho direito já estava completamente curado, assim como sua perna ou qualquer outro ferimento
que ele tivesse. Seus ossos, que, ao longo dos anos, se calcificaram de forma errada por não terem o
devido tratamento quando fraturados, foram concertados e estavam em perfeito estado. Os goblins
curandeiros se revezavam em certificar-se de que a recuperação após o ritual estava indo bem, e
administravam poções nutricionais para cuidarem de seu peso baixo e hábitos alimentares
deficientes durante o seu crescimento. Seu núcleo mágico estava se reajustando para poder
comportar todo aquele poder sem que ocorra outra explosão mágica ou se autodestruir, consumindo
Hadrian completamente e o matando.

Passaram-se alguns dias em que o garotinho ficara desacordado apenas se recuperando.


Nesse meio tempo, todos os goblins do banco já estavam sabendo da existência de Hadrian, até
porque, todos puderam sentir as paredes de Gringotts vibrando com o poder que vazou pelas portas
do Salão de Rituais. Ragnuk encarregou-se pessoalmente de verificar todos os cofres que
pertencem ao jovem bruxo, listando tudo o que fora retirado e colocado neles desde o seu
nascimento. Seu sorriso perverso só aumentava enquanto lia as evidências de que Albus
Dumbledore pagaria muito caro por tudo o que fizera.

Nyx nunca abandonou a cama onde seu filhote descansava. Os goblins traziam-lhe comida
todos os dias e sempre nos horários corretos. Durante esses oito dias em que Hadrian permaneceu
desacordado, todos conseguiam sentir a eletricidade o rodear, sinal de que seu poder estava
finalmente liberto e se ajustando ao núcleo do garotinho.

E então, no nono dia, Hadrian finalmente abriu os olhos e encarou o teto absurdamente
branco. Seus dois olhos brilhando intensamente, o verde de suas írises parecia ainda mais vívido, o
poder irradiava deles e hipnotizava qualquer um, minúsculas ondas de magia faziam parecer o fogo
vívido e intenso, sua coloração verde dando ainda mais destaque. Ele tinha os olhos como o de
Nyx, um vórtice infinito de vários verdes e que pareciam brilhar como faróis na escuridão. Seus
olhos eram mais intensos que a infame Maldição da Morte. Hadrian Tamish Potter finalmente
acordara. Ele estava completamente curado e liberto das correntes que o aprisionavam. Ninguém
mais iria ficar no seu caminho. Ninguém mais iria subjugá-lo e fazê-lo se sentir inferior. Ele
finalmente estava livre, e iria mostrar a todos o que acontece com quem o machuca, ou aqueles que
ele ama.
Capítulo 4
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian estava confuso. Sentia-se muito bem, leve e seguro. Ele nunca se sentiu assim na
vida. Olhou ao seu redor cautelosamente. Ele estava na área onde os pacientes descansavam e eram
vigiados. Sim. Ele se lembrava de passar por aquela sala. Ele estava em Gringotts, sendo tratado
pelos maravilhosos goblins. Os olhos de Nyx foram a primeira coisa que o garoto focou
completamente. Ela o olhava com esperança e felicidade. Oh, como ele amava aquela cobra.

— Filhote. — Ela chamou docemente.

— Oi. — Ele sorriu para ela. A serpente avançou sobre o garotinho e o circulou num abraço
apertado, mas não mortal. Hadrian riu e a abraçou também.

— Você finalmente acordou, filhote. Estou tão feliz em vê-lo bem. — Ela acariciava a bochecha
do jovem bruxo com sua cabeça e usava sua língua bifurcada para fazer um carinho adicional.

— Também estou feliz em vê-la. — Eles se separaram um pouco para conseguirem olhar nos
olhos um do outro. — Por quanto tempo eu dormi? — Ele perguntou ao olhar envolta e ver que o
sol estava começando a nascer.

— Oito dias. Já que você acordou ao nascer do nono dia. — Ela comentou feliz.

— O que eu perdi? — Ele perguntou ao notar que estava praticamente vazio na ala hospitalar.
Suas cortinas estavam abertas para que os goblins o tivessem a vista caso algo desse errado.

— Os goblins que estava fazendo o seu ritual de purificação passaram três dias se recuperando
porque quase tiveram um esgotamento mágico, mas graças a magia da natureza eles ficaram
bem e conseguiram terminar o ritual perfeitamente. — Hadrian murchou um pouco, sentindo-se
culpado por fazer os goblins terem tanto trabalho e quase tê-los matado. — E nem vem se sentir
culpado por isso, eles sabiam das consequências e fizeram porque queriam te ajudar. — O
garotinho sorriu agradecido para a serpente. — Ragnuk em pessoa verificou todo o histórico dos
seus cofres desde o seu nascimento e listou tudo o que eles tinham antes do mesmo e depois. Ele
não me falou o que encontrou, disse que iria dizer tudo quando você acordasse.

— E você ficou comigo todo esse tempo? — Ergueu uma sobrancelha enquanto um sorrisinho
ameaçava querer se abrir em seus lábios.

— Obviamente. — Nyx comentou como se sentisse ofendida pela acusação. — Os goblins me


mimaram trazendo minhas refeições na cama. — Comentou presunçosa.

— Claro que você não iria sair nem para se alimentar. — Hadrian sorriu enquanto olhava com
amor para o seu familiar.
— Hadrian! — Maray sorriu para o garotinho quando o viu sentado na cama, conversando com a
serpente. — É muito bom vê-lo acordado. — Ela se aproximou da cama onde o seu paciente estava,
ainda com um sorriso feliz nos lábios. — Devo dizer que estou imensamente feliz com os
resultados do ritual de purificação. Retiramos todos os seus selos, bloqueios e compulsões. Assim
como também curamos todos e quaisquer ferimentos que você tinha, mesmo os menores como um
leve arranhão. Também consertamos os seus ossos que se calcificaram tortamente por falta de
atendimento médico depois de uma fratura.

— Eu sinto muito por vocês terem tido tanto trabalho comigo e quase esgotando suas magias. —
Hadrian desculpou-se com as bochechas tingidas de rosa pela vergonha.

— Não precisa se desculpar, querido. — A goblin sorriu-lhe gentilmente. — Fizemos isso porque
nos importamos com você. Então nada de se sentir culpado. — Hadrian assentiu com a cabeça em
concordância, com um sorriso tímido nos lábios. — Agora, filhote, você pode querer tomar um
banho e fazer suas necessidades. Sinta-se à vontade. O banheiro é logo ali. — Apontou para uma
porta adjacente no fundo do cômodo. — Eu me dei a liberdade de conseguir algumas roupas para
você. — Com um estalar de dedos, a gaveta da mesinha de cabeceira ao lado da cama de Hadrian
se abriu e de lá saiu uma muda de roupas e um tênis. — Aqui, filhote. Demore quanto tempo
precisar. Estarei aqui te esperando para levar-lhe até Ragnuk. Ele vai apresentá-lo aos goblins do
banco e iremos tomar um café da manhã. — Maray comentou animada.

— Muito obrigado. Por tudo. — Hadrian pegou sua muda de roupas e levantou-se da cama. Ficou
por alguns segundos paralisado ao ver que sua perna esquerda estava em perfeito estado e não o
incomodava mais. Com um sorriso divertido, Hadrian praticamente correu para o banheiro, com
Nyx em seu encalço.

A goblin sorriu com o entusiasmo da criança e mandou um goblin que acabara de entrar na
enfermaria para avisar a Ragnuk que o garoto havia acordado. Hadrian olhou-se no grandioso
espelho do banheiro e ofegou. Ele nunca se achou bonito, era muito baixinho e muito magro, sua
pele amarelada por falta de nutrientes e constantemente coberta de hematomas e sangue, sem
contar nas imensas olheiras escuras que ficavam abaixo de seus olhos sem brilho. Mas agora...

Ele reconhecia que era bonito. Seus cabelos indomáveis estavam quase nos seus ombros
como uma cortina negra e selvagem, antes ele era seco e quebradiço, agora ele estava sedoso e
forte. Sua pele não tinha mais aquele tom doentio, continuava sendo pálida, mas agora tinha uma
aparência saudável. Ela era tão branca como porcelana, tão sedosa e macia, suas bochechas
coravam facilmente, ele podia ver a área do seu nariz e bochechas preenchidas com sardas
clarinhas e delicadas. Seus lábios não eram mais ressecados, agora eram mais cheios e tinham um
tom avermelhado. Seu nariz sempre fora pequeno e delicado, mas agora parecia mais harmônico
em seu rosto. Ele ganhou um pouco de peso enquanto era alimentado por poções nutricionais e as
comidas iam direto para o seu estômago. Ele ainda era magrinho, mas não como antes. Graças ao
seu núcleo mágico ele tinha uma recuperação acelerada, e todos os nutrientes absorvidos foram
muito úteis. Mas o que mais o chocou foram os seus olhos. Seu olho direito estava completamente
curado! Ele conseguia ver perfeitamente, e nem estava usando óculos! Mas as suas írises... Eram
como as de Nyx, a única diferença era que eram verdes e não tinham uma pupila vertical.

— Com uma boa alimentação você vai ganhar mais peso, e com exercícios criar massa
muscular. — Nyx subiu na pia e olhou para o garoto, ainda perplexo encarando o espelho.
— Você é perfeito, filhote.

— E-eu posso ver... — Hadrian sussurrou roucamente enquanto via seus olhos encherem de
lágrimas. — E-eu posso ver com o olho direito. Ele estava destruído, ma-as eles o
consertaram... — O garotinho chorava com um imenso sorriso feliz. Até seus dentes foram
arrumados e clareados! Ele riu ao perceber isso.

— Agora vá tomar um banho rápido para ir comer alguma coisa. — Nyx ordenou divertida, seu
interior vibrando de felicidade ao ver o seu filhote tão radiante. Imediatamente Hadrian se desfez
da camisola branca e entrou embaixo do chuveiro. Ele passou um tempo admirando o fato de não
ter mais cicatrizes horrendas espalhadas por todo o corpo.

Despois que o garotinho já estava de banho tomado, com o cabelo úmido levemente
arrumado, mas ainda assim selvagem, trajando uma calça jeans preta, uma camiseta azul-marinho e
um tênis preto; ele finalmente saiu do banheiro, acompanhado de sua fiel serpente. Maray sorriu
orgulhosa ao vê-lo.

— Você está incrível, Hadrian. — Comentou muito satisfeita com as escolhas de roupa que fizera.
— Sigam-me, Ragnuk os espera para o café da manhã. — O garotinho deu um aceno de cabeça em
confirmação antes de seguir a criatura para fora da enfermaria. Nyx deslizava elegantemente ao seu
lado e o encorajava a permanecer confiante de que tudo irá dar certo.

— Hadrian! — Ragnuk exclamou feliz quando viu o garoto entrando na saleta onde o esperava. —
Como é bom vê-lo bem e saudável. — Segurou-lhe a mão com um cumprimento amigável.

— Não sei como agradecer a ajuda, Ragnuk. — Hadrian comentou envergonhado.

— Que agradecer o que. — Comentou divertido. — Agora. — Comentou assumindo um tom sério.
— Irei apresentar-lhe oficialmente para a Nação Goblin como nosso amigo. Muitos não sabem,
mas Gringotts não é apenas um banco, ele também é um lar seguro para todos da minha raça.
Nenhum humano pode machucar um goblin aqui. Como você deve ter visto no Salão de Rituais,
temos a nossa própria terra interligada com qualquer filial do banco espalhado pelo mundo. E eu,
como o Rei Goblin, governo tudo e todos. O apresentando como um amigo dos goblins, todos no
mundo irão saber que devem ajudá-lo no que precisar. — Ele fez uma pausa, esperando que o
garoto assimilasse as informações. — Como nós falamos nossa própria língua quando nos
reunimos, pode ser que você se sinta perdido e desconfortável, então irei dar-lhe este presente. —
Uma caixinha flutuou até as mãos do rei goblin e ele a abriu.

Hadrian olhou admirado o adorno de orelha. Era um dragão chinês de prata que envolvia a
cartilagem de sua orelha direta. Sua cabeça fica no lóbulo enquanto o seu corpo sobre pela parte
externa da orelha até chegar na parte onde se junta com a pele do rosto, onde o final do seu rabo dá
uma única volta na parte mais aberta da orelha. Seus olhos tinham pedras de rubi cintilantes.

— É-é lindo. — Hadrian gaguejou.

— Ele é encantando para fazê-lo entender o que está sendo dito na nossa língua e os goblins
escutarão você falando gobbledegook. Claro que, com o tempo podemos ensiná-lo nosso idioma,
mas para ajudá-lo nesse primeiro dia, isso irá servir. — Estendeu-lhe o objeto. Com as mãos
trêmulas de nervosismo, Hadrian pegou o dragão detalhadamente esculpido em prata e o colocou
na orelha direita. Imediatamente o adereço se ajudou ao seu tamanho e sua magia se conectou com
a do garoto.

— Muito obrigado, Ragnuk.

— Não há de que, Hadrian. — Ragnuk sorriu enquanto dizia em gobbledegook.

— Oh! Eu entendi! — O jovem bruxo comentou feliz. — Eu o escutei falando diferente do inglês,
mas consegui compreender.
— Bom. — Ragnuk comentou contente. — Pronto para conhecer toda a nação goblin?

— Não. — Hadrian admitiu envergonhado. Ragnuk e Maray riram do seu nervosismo, muito fofo
por sinal.

— Não se preocupe, filhote. — Maray se colocou ao lado do marido e eles entrelaçaram os braços.
— Vai dar tudo certo. — Piscou-lhe um único olho com um sorriso divertido nos lábios.

— Vamos, então. — Ragnuk os guiou até uma porta grande de ouro e com várias pedras preciosas
enfeitando os relevos de flores e trepadeiras que a decoravam. O letreiro dizia em
gobbledegook "Reino Goblin".

Quando os guardas que guardavam as portas as abriram, Hadrian reprimiu um suspiro


impressionado. Diante de seus olhos estendia-se uma vila no campo muito adorável e cheia de
vida, a natureza e as construções cresciam juntas e em harmonia, o sol radiante brilhava num céu
celeste com nuvens de aparência fofa. O vento que soprava levava o delicioso cheiro de várias
comidas frescas, risadas e conversas podiam ser ouvidas pelo local. Ao redor da cidade dava para
perceber pontos elevados por escadarias onde várias portas se mantinham erguidas no nada.
Hadrian percebeu que eles estavam num tablado que elevava a mesa principal das várias mesas
redondas que cobriam o pátio imenso repleto de goblins de todas as formas e tamanhos. Quando as
portas por onde eles passaram se abriram, a conversa parou completamente, respeitando a chegada
do seu rei. Muitos olhos desconfiados encararam o garotinho e sua serpente que seguiam o rei a
rainha logo atrás.

— Primeiramente bom-dia a todos. — Ragnuk comentou radiante enquanto se colocava na frente


da mesa, ainda elevado pelo tablado e olhando para os seus súditos com orgulho. — Sei que
muitos de vocês já devem saber sobre o nosso convidado. Mas irei esclarecer algumas coisas
que as fofocas não puderam responder. — Todos ficaram em silêncio, mas sorriram quando o
seu rei deu uma risada divertida. — Hadrian Tamish Potter chegou a nós nove dias atrás no
meio da madrugada e todo machucado. Obviamente que ele seria rejeitado a entrar, mas sua
magia parecia implorar para que o acolhêssemos, ou, pelo menos, escutássemos o que tinha a
dizer. Todos respeitamos uma lei primordial da própria magia a qual servimos: cuidar e
proteger os filhotes, ainda mais os que possuem magia. Eu digo-lhes que uma criança
inocente sofrera os piores abusos que podíamos imaginar. — "Agradeço a Lady Magic que não
tenha sofrido um abuso muito pior.", Ragnuk pensou com o sangue fervendo. — Seis anos de sua
vida sendo tratado como um escravo pelos seus próprios parentes. Muggles nojentos que
ousaram ferir um filhote! — Nesse momento os goblins urraram junto com o seu rei, sentindo o
mesmo ódio que ele por terem machucado um inocente. — Graças a Lady Magic Hadrian
conseguiu fugir depois de ter uma explosão mágica. Com uma perna fraturada e um olho
mutilado o filhote correu para o mais longe que conseguia. Nyx, essa incrível serpente,
acolheu o filhote como se fosse seu e o guiou até Londres. Onde ele passou pelo The Leaky
Cauldron até chegar a nós. Ele só queria um Teste de Herança e, se possível, um abrigo com a
Nação Goblin. Para qualquer outro bruxo qualquer um aqui teria negado imediatamente.
Mas nós sentimos a sua magia. Ela era tão pura e selvagem quanto a magia a qual utilizamos
e servimos. Algo nos atiçava a ajudá-lo. Foi nesse dia que Hadrian Tamish Potter virou
oficialmente um Amigo da Nação Goblin! Então, meus irmãos, eu lhes peço que abram seus
corações e mentes para esse doce garoto, cuidem dele, brinquem com ele, guiem-no e o
ensinem o que for preciso. — Ragnuk virou-se para um Hadrian muito corado e estendeu uma
mão. — Hadrian, você sempre terá um lar com a Nação Goblin a onde quer que esteja. Todos
estaremos ao seu lado quando precisar. Nós iremos lutar suas batalhas, iremos enfrentar e
derrotar seus inimigos. Nós seremos sua família.

Nesse instante Hadrian não conseguiu mais segurar as lágrimas e começou a chorar de
felicidade. Ele não se conteve e correu para abraçar o infame Rei Goblin. O povo que assistia
ofegou, esperando que seu rei ficasse muitíssimo irritado com o toque de um humano. Mas foi
completamente o contrário. Ragnuk abraçou os ombros trêmulos do garotinho e o confortou com
um sorriso feliz nos lábios.

— E e-eu irei lutar suas batalhas também, Ragnuk. — O jovem bruxo se afastou para olhar nos
olhos da criatura. — Irei lutar ao lado de vocês contra seus inimigos, irei sempre os ajudar no
que precisar. E sempre serei eternamente grato por vocês serem minha família. — Maray se
aproximou do garotinho e limpou suas lágrimas com um lenço.

— Você é um bruxo maravilhoso, Hadrian. — Ela comentou feliz. — Você fará o mundo um
lugar melhor para todos nós, e a Nação Goblin irá ajudá-lo a traçar o seu futuro glorioso. —
Hadrian murmurou um "obrigado" e abraçou a Rainha Goblin. Em Maray ele via uma mãe, assim
como via Ragnuk como um pai. Ele não podia estar mais feliz. Ele tinha uma família, e ela era
imensa, que se importava com ele.

— Hadrian Tamish Potter, descendente de Arthur Pendragon e Morgana LeFay, diante de


toda a Nação Goblin, você é oficialmente um amigo dos goblins. — Todos os súditos se
levantaram para curvarem-se perante o garotinho e aplaudiram avidamente quando se levantaram.
E Hadrian corava ainda mais, Nyx sibilou divertida e se aproximou do seu filhote, o confortando
com um carinho na mão. — Agora, vamos tomar um delicioso café-da-manhã. — Todos
comemoraram enquanto se acomodavam nas mesas e desfrutavam da comida.

Ragnuk e Maray convidaram Harry para se sentar com eles, e Nyx tinha uma cadeira só para
ela com um prato cheio de deliciosos ratos. Harry estava tão radiante quanto o sol que os saudava
naquela manhã. Seu coração estava quentinho e recheado de amor e felicidade. Quem se importava
que sua família eram goblins? Eles eram incríveis e muito divertidos. Qualquer um que falasse mal
da sua família iria pagar muito caro. Eles foram os primeiros, assim como Nyx, a tratarem-no bem
e cuidar dele. Tudo bem que o velhinho do The Leaky Cauldron também fora amigável com ele e
pareceu genuinamente preocupado, mas Hadrian ainda não confiava nos humanos. Nada poderia
fazê-lo pensar menos de sua família. O carinho e amor que lhe davam era tudo o que importava.
Capítulo 5
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Depois de comerem, as mesas desapareceram e os aldeões goblins se amontoaram perto do


tablado para conhecerem Hadrian. O garotinho se encolheu timidamente atrás de Ragnuk ao ver
aquela multidão correndo na sua direção. O Rei Goblin sorriu divertido e falou mansamente.

— Está tudo bem, Hadrian. Eles só querem te conhecer. — O garotinho tremulo olhou nos
olhos de Ragnuk, procurando algo que indicasse que ele estava mentindo, mas não encontrara
nada. Então ele, hesitantemente, saiu de trás do goblin e olhou para a multidão ansiosa.

— O-oi. — Cumprimentou num sussurro e com o rosto completamente corado. Vários "own" e
elogios dizendo o quão fofo ele era foram proferidos pelos aldeões. Nyx riu do seu filhote
acanhado e se manteve ao seu lado.

— Oi. — Um goblin filhote se aproximou animado. Não há como identificar sua idade, pois a
estimativa de vida dos goblins é muito diferente da dos humanos, mas, pelo seu tamanho diminuto
em comparação aos outros, percebe-se que ele ainda era um filhote. — Eu sou a Vanweh. Quer
brincar comigo e com meus amigos? — Os olhos de Hadrian brilharam ao verem o sorriso
animado da pequena goblin.

— S-sim, eu quero. — Respondeu timidamente.

— Vamos! — O sorriso de Vanweh se alargou antes de pegar uma mão do jovem bruxo e arrastá-
lo para um parquinho.

As outras crianças goblins riram animadas e correram atrás deles para brincarem. Nyx
pareceu sorrir enquanto os seguia calmamente. Os goblins adultos e idosos olhavam as crianças
cercarem Hadrian e fazerem várias perguntas ao mesmo tempo, mostrando várias coisas e
comentando sobre suas brincadeiras favoritas. Aos poucos Hadrian começou a se soltar, perdendo
a timidez, vergonha e insegurança; e quando isso aconteceu, ele começou a brincar pela primeira
vez na vida. O sorriso em seus lábios era o mais radiante que os goblins já viram na vida, seus
intensos olhos verdes pareciam brilhar como o sol de tanta felicidade. Ele corria, pulava, ria,
gritava e rolava no chão como qualquer outra criança.

Até Nyx fora puxada para a brincadeira das crianças; ao descobrirem que ela podia ficar
pequena, ela decidiu se mostrar e, no lugar de encolher, ela cresceu até os vinte e cinco metros de
comprimento. A algazarra que as crianças fizeram com a serpente fora imensa, eles a usavam como
escorrega, escalavam seu corpo, montavam nela e ela os carregava pela aldeia. Os adultos ficaram
preocupados, obviamente, quando viram aquela imensa cobra perto das crianças, mas suas
preocupações desapareceram no instante que Hadrian explicou para todos que ela nunca os
machucaria. O garotinho sentia-se tão feliz, seu peito transbordava de alegria e amor. As pessoas
gostavam dele e eram legais com ele, ninguém iria feri-lo ali. Ele confiava naquelas pessoas.
Porque, afinal, eles eram sua família agora.

— Acho que iremos adiar nossa reunião sobre os cofres que ele possui. ​— Ragnuk comentou
divertido ao ver o jovem bruxo brincando de pega-pega com as outras crianças.

— Deixe-o se divertir, querido. — Maray sentia seu peito se enchendo de felicidade ao ver aquela
cena. — De um tempo para ele se acostumar com o fato de não estar com aqueles humanos
horrendos. Deixe-o ser uma criança.

— Você está certa, amor. — Ragnuk abraçou sua esposa pela cintura e beijou-lhe a têmpora.
— Temos que colocar ele numa escolinha, para aprender nosso idioma e magia. Já que eu sei
que você não vai deixá-lo ficar sozinho numa mansão se assumir seus senhorios.

— Eu sei que ele tem sua madrinha para assumir sua guarda. — Maray suspirou. — Mas ele
ainda não confia em estranhos, muito menos nos humanos. Então é melhor que ele fique um
tempo conosco, para começar a sair da sua concha e viver como qualquer outra criança
viveria.

— Você está sempre certa. ​ — Ragnuk sorriu para a esposa quando a mesma o deu um tapinha
fraco no peito. Então os dois voltaram a olhar para as crianças brincando com sorrisos nos lábios
antes de todos irem trabalhar.

Hadrian precisava de um tempo longe de outros humanos, um tempo para superar seus
traumas, para se acostumar com a liberdade, para aprender sobre o mundo novo ao qual pertence.
Ele precisava de tempo para viver e ser uma criança.

Albus Dumbledore estava surtando pela primeira vez em muito tempo. Ele era conhecido por
sempre ter um plano, por saber de completamente tudo, por ser um gênio. Ele era praticamente um
deus. As pessoas confiavam nele, o escutavam e o obedeciam. Ninguém o desafiava ou contestava
suas ordens. Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore, o diretor da grande Escola de Magia e
Bruxaria de Hogwarts, titulado como um Grande Feiticeiro pela Ordem de Merlin, Primeira Classe,
Supremo Mugwump da Confederação Internacional de Bruxos, o Chief Warlok do Wizengamot,
líder da organização contra magos das trevas chamada de Order of the Phoenix e conhecido como
Lord of Light. Obviamente ele era um grande bruxo e muitos o veneravam. Então, obviamente, ele
tinha tudo sobre controle.

Mas, naquele momento, ele não tinha o controle de uma coisa. Uma coisa de extrema
importância. Harry James Potter, o Garoto-que-Sobreviveu, estava desaparecido. A minutos atrás,
Arabella Figg, um aborto mágico (pessoas de famílias bruxas que nascem sem magia) revendedora
de híbridos de gatos com kneazles e membro da Order of the Phoenix, mandou-lhe uma carta
dizendo que o garoto estava desaparecido. Ela era vizinha dos Dursley e contou que nunca mais
vira Harry cuidando do jardim e fazendo outras tarefas, então ela foi até os muggles e perguntou
sobre o garoto. A resposta de Petunia fora que a aberração havia destruído sua sala com suas
esquisitices e fugira duas semanas atrás.

Albus Dumbledore estava furioso. Os quadros na sala do diretor correram para outros
quadros, ou se esconderam no cenário de suas pinturas, tentando evitar a ira do poderoso mago. O
ar ao redor do velho bruxo estalava com eletricidade e faíscas surgiam do além, saindo do seu
corpo e atingindo qualquer coisa próxima. Fawkes, a majestosa phoenix, voou pela janela e se
afastou daquele humano asqueroso que o forçava a ser seu familiar. Seu vínculo estava se
quebrando lentamente, então ele logo seria livre.
Todos os esforços do velho foram jogados no lixo. Tanto tempo e poder para moldar a sua
arma perfeita, tantas peças movidas e sacrificadas para agirem como ele desejava, tantas histórias
falsas espalhadas pelo mundo, tantas poções e compulsões distribuídas, tanto dinheiro roubado e
usado para subornar outras pessoas. Tudo isso fora em vão. O maldito pirralho havia arruinado
tudo! Anos de trabalho árduo jogados ao vento como as cinzas de um incêndio. Ele precisava
encontrar o garoto o quanto antes!

Contatando todos os membros da Order of the Phoenix para uma reunião de emergência,
Albus Dumbledore começou a bolar um plano para resgatar o pirralho e devolvê-lo aos muggles
nojentos. Ele sabia o que estavam fazendo, e até os incentivava e dava dinheiro para continuarem.
Ele precisava do garoto traumatizado e fragilizado pela falta de amor e carinho, assim ele iria
confiar cegamente na primeira pessoa que fosse gentil com ele. E Albus seria essa pessoa. Harry
seria cego pela gratidão, obedeceria a tudo o que ele dissesse, faria tudo o que ele o induziria a
fazer. Ele seria a arma perfeita para a sua ascensão a grandeza. Ele já fizera isso antes e deu muito
certo. Gellert Grindelwald e Tom Riddle eram a prova de que seus planos sempre davam certo.
Dois Dark Lords derrotados por ele, o grande Lord of Light. Agora ele só precisava de um porco
esperando o abate para conseguir matar definitivamente Voldemort. Já que o desgraçado fizera
tantas horcrux, seria um pouco difícil matá-lo. Mas com Harry na jogada, ele faria todo o trabalho
sujo e no final Albus iria acabar com o grande mal mais uma vez.

— Albus! — Minerva McGonagall fora a primeira a chegar na sua sala pelo Floo. — O que
aconteceu? — O velho não respondeu, continuou olhando para os campos de Hogwarts pela sua
janela, esperando que todos estivessem presentes. Quando, finalmente, todos chegaram, ele
começou a falar, ainda de costas para os convidados.

— Harry Potter desapareceu. — comentou num falso sussurro preocupado.

A explosão na sala fora instantânea. Todos começaram a fazer-lhe perguntas, um em cima


do outro e muito alto. Severus Snape permaneceu no canto mais distante, apenas olhando o
desenrolar da coisa toda. Algo nele parecia querer abrir caminho para a superfície. Um desespero
primordial e genuíno. Mas ele não conseguia entender o porquê de sentir isso. Ele odiava o garoto,
odiava James Potter por roubar-lhe Lily Evans e infernizar sua vida na escola. Por que se
preocuparia com o desaparecimento de um pirralho mimado igual ao pai? Seu ódio por James fora
mais forte que essa estranha preocupação com o garoto.

— Silêncio! — Albus ergueu sua mão e todos se calaram. Ah como ele gostava desse poder todo.
— O garoto saiu para brincar no parquinho e nunca mais retornou para a casa onde vive com os
tios. Precisamos encontrá-lo, ainda existem Death Eaters a solta. Não podemos deixar que o
encontrem e façam-lhe algum mau. Um garotinho de sete anos está perdido e nós devemos
encontrá-lo! — Ordenou com uma voz de comando muito convincente de sua preocupação.

— Oh Merlin. — Molly Weasley ofegou chorosa. — Imagine o medo que ele deve estar sentindo.
Sozinho Num lugar desconhecido, deve estar faminto e com frio. E se algum pervertido o
encontrar!? — Perguntou com horror nos olhos.

— Precisamos começar as buscas imediatamente! — McGonagall concordou.

Albus deu a permissão para que todos saíssem e assim eles fizeram. Todos começaram a
procurar nas redondezas da casa onde seus tios muggles moram. Mas uma coisa eles não viram, um
pequenino besouro na janela espiando tudo.

NOTÍCIAS URGENTES
Por Rita Skeeter

Veio ao saber do Daily Prophet que Harry James Potter, surpreendentemente, estava sobre
os cuidados de muggles, e não de uma família bruxa como deveria estar. O Garoto-que-
Sobreviveu desapareceu enquanto brincava em um parquinho perto da casa dos ditos
muggles. Não sabemos o que realmente aconteceu. Existe a possibilidade de que Harry Potter
se perdera e não conseguiu voltar para casa, ou se foi obra dos seguidores Daquele-que-não-
Deve-ser-Nomeado. Porém uma coisa que devemos mencionar é que Albus Dumbledore,
como ele mesmo já dissera que é o Guardião Mágico do Golden Boy, não estava cumprindo
com suas obrigações legais e largou o jovem para uns simples muggles. Além de tudo, não
levou a notícia do desaparecimento do jovem ao Ministério, para que a organização de
aurores fossem despachados à procura do jovem bruxo.

Meus caros leitores, tudo que podemos fazer agora é rezar para que Harry esteja bem. Se
alguém tiver alguma notícia do seu paradeiro, entre imediatamente em contato com o
Ministério da Magia.

Ragnuk ria estrondosamente ao ler a manchete do Daly Prophet naquela manhã. Mesmo com
os rituais mais sombrios, Albus Dumbledore nunca encontraria o garoto, pois a magia goblin tinha
suas próprias leis e é muito poderosa. Hadrian estava seguro com eles.

— Hadrian! — O Rei Goblin chamou amigavelmente o garotinho todo sujo, suado e exausto de
tanto brincar. Despreocupadamente o goblin jogou o jornal no lixo.

— Sim, Ragnuk? — Se aproximou ofegante por correr até o goblin, com uma Nyx encolhida e
dormindo nos seus ombros.

— Eu gostaria que você ficasse conosco por um tempo. Aprendesse nossa língua, magia e
tradições. Até que você amadureça mais um pouco para poder lidar com as questões políticas
de seus senhorios. O que me diz? — Hadrian sorriu, se jogou nos braços do goblin e o abraçou
com força.

— Eu adoraria! Obrigado! — Ragnuk sorriu calorosamente e abraçou o garotinho, sem se importar


com a sujeira dele.

— Perfeito. Você pode ficar na minha casa, Maray iria adorar tê-lo conosco. — Se afastaram
do abraço e Ragnuk começou a andar pela vila com o jovem bruxo logo atrás. — Você pode ir
para a escola com as outras crianças. Você aprenderá tudo sobre os goblins, nossas tradições,
sobre os vários tipos de magia, sobre história e várias criaturas mágicas, também terei que
ver um professor para lhe dar aulas de gobbledegook, já que esta não é sua língua materna.
A escola seria pela manhã e suas aulas de reforço até o meio da tarde, depois você pode fazer
o que quiser. O que me diz?

— Perfeito! — Concordou animado.

Quando anoiteceu, todos os goblins jantaram em suas próprias casas. Aquele café da manhã
com todos unidos fora especial para que Ragnuk fizesse seu pronunciamento sobre Hadrian. O
garotinho estava exausto, mas ao ver a modesta, porém belíssima casa do Rei Goblin, o seu
entusiasmo voltou. Ragnuk, mesmo sendo o filho do Rei Goblin anterior e sendo o seu sucessor,
não gostava de ter uma casa imensa e ostentando riquezas. Ele gostava de uma casinha
aconchegante e com "cara de lar". Maray concordava com o seu ponto. A ostentação de Gringotts
era para mostrarem que os humanos não eram melhores do que eles em nada, muito menos em
questões financeiras. A pequena família de dois goblins, um bruxo e uma serpente mágica jantaram
entre conversas animadas sobre o dia de Hadrian e o que ele tinha dúvidas sobre as tradições das
criaturas que o cercavam.

— Está na hora de você ir dormir, mocinho. — Maray comentou divertida ao ver o jovem bruxo
quase dormindo na sua cadeira.

— Okay. — Concordou com um grande bocejo no meio e esfregando os olhinhos


preguiçosamente.

— Venha. Vamos mostrar o seu quarto. — Ragnuk comentou enquanto os três se levantavam, e
Nyx rastejava para o chão.

— M-meu qua-quarto...? — Os olhos de Hadrian se arregalaram e encaram os goblins com


espanto.

— Sim, filhote. O seu próprio quarto. — Maray sorriu-lhe com amor.

— E-eu terei um quarto... — As lágrimas escorreram pelas bochechas coradas de Hadrian. — E-eu
não preciso mais dormir num armário embaixo da escada... E-eu vou poder dormir numa cama...

— Você nunca mais irá dormir num armário ou dormir machucado, Hadrian. — Maray
abraçou o garotinho com força. — Você está seguro conosco, nada mais irá te ferir.

— O-o-obrigado... — Hadrian fungou e enxugou as lágrimas. — Obrigado.

— Não precisa nos agradecer, Hadrian. — Ragnuk comentou com carinho.

— Agora vamos. Você ainda precisa tomar um banho antes de dormir. — Maray desviou o
assunto e puxou o garotinho escada acima. — Está todo sujo e suado de tanto brincar. Não pode
dormir fedido assim. — Nyx sorriu, do jeitinho dela, contente enquanto os seguia. Seu precioso
filhote estava em ótimas mãos.

Ao chegarem no quarto, o garotinho reprimiu o choro mais uma vez, abraçou os goblins
fortemente e agradeceu-lhes por tudo antes de pegar uma muda de roupas, que Maray lhe estendeu,
e correr para o banheiro. Nyx deslizou para a cama e se acomodou nela, esperando o seu filhote
junto com os goblins.

— Nós te agradecemos por trazê-lo para nós, Nyx. — Maray sorriu para a cobra. — Não
consigo nem imaginar o que ele teria passado se não o ajudássemos. Então muito
obrigada. — Maray parou para pensar se continuaria falando ou não. No final ela suspirou e
colocou para fora o que sentia. — Estamos tentando ter nosso próprio filhote, mas não está
dando certo. Tê-lo conosco é um conforto para o coração triste de uma mãe que não consegue
engravidar. — Nyx a encarou com sabedoria e pareceu sorrir ao enviar-lhe uma mensagem. "O
seu próprio filho virá na hora certa. Não se preocupe, pois ele virá.". Maray olhou para a serpente
com espanto, antes de sorrir com gratidão.

— Oh. — Hadrian exclamou surpreso ao ver o casal ainda no seu quarto. — Deveria ter desejado
"boa noite" antes de sair né? — Perguntou envergonhado. — Desculpe. — Olhou para os pés e
encolheu os ombros, inconscientemente esperando uma bronca e agressão física.
— Não, filhote. Nós o esperamos para colocá-lo para dormir. — Ragnuk comentou
carinhosamente. O jovem bruxo ergueu a cabeça e os encarou, descrente do que acabara de escutar.

— Venha se deitar, Hazz. — Maray abriu as cobertas para o garotinho, que, com as bochechas
muito coradas e tentando reprimir um sorriso, se deitou na cama. Nyx se arrumou ao seu lado e o
envolveu num abraço frouxo. — Tenha ótimos sonhos, filhote. — A goblin beijou-lhe a testa com
carinho. Ragnuk se aproximou do outro lado da sua cama e fez a mesma coisa que sua esposa.

— Estamos aqui para você, Hadrian. Qualquer coisa nos chame, que viremos
imediatamente. — Hadrian não conseguiu mais segurar as lágrimas de felicidade. Ele chorou
abertamente toda a felicidade que estava sentindo. "Deitem-se com ele. Ele precisa de vocês perto
para conseguir dormir melhor.", Nyx mandou sua mensagem, e os goblins atenderam o seu
pedido. O casal se arrumou na cama (que era grande o suficiente para os acomodar
confortavelmente) e abraçou o garotinho choroso.

— Pode chorar, filhote. Estamos aqui com você. — Maray sussurrou enquanto fazia carinho nos
cabelos do garoto. Ele agarrou-se a goblin como se fosse sua única salvação e chorou em seus
braços. Ragnuk fazia carinho nas costas de Hadrian, que sacudiam fortemente devido os seus
soluços, enquanto Nyx apertava levemente o seu abraço em torno do corpinho do bruxo. Maray
começou a cantar uma música de ninar, ainda abraçando fortemente o pequeno garoto choroso.

Sim, Hadrian amava sua família. Ele era muito feliz com eles, e olha que ainda era o
primeiro dia. Ele já confiava neles cegamente, já os amava com todo o coração e alma. Ragnuk,
Maray e Nyx, sua maravilhosa família. Eles estariam ao seu lado para tudo, o confortando e o
encorajando. Naquela noite, mesmo tendo adormecido exausto de tanto chorar, Hadrian sentia-se
tão seguro e amado. Ele estava muito feliz, não sabia como expressar a gratidão e alegria que sentia
pelos três. Ele nunca mais iria sentir medo, ele tinha sua família para o proteger. Maray e Nyx
eram suas mães agora, e Ragnuk o seu pai. Ele tinha a melhor família que poderia imaginar.
Hadrian não se importava de não serem "normais", como seus tios tanto diziam, eles eram a sua
família e o amavam do jeitinho que era. E ele os amava por isso. Ele nunca mais ficará sozinho,
não teria mais que temer nada, pois sua família sempre estaria ao seu lado. Ele era amado.
Capítulo 6
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Os goblins se surpreenderam com o nível absurdo do intelecto de Hadrian. Não fora difícil
notar que o garotinho tentava esconder sua inteligência com o silêncio e timidez, mas o buraco era
mais fundo. Os Dursley o forçavam a ir mal na escolinha para que seu primo Dudley continuasse
sendo superior a ele. A primeira vez que alguém o elogiou, ela era uma moça jovem e estava
substituindo a velha professora (que adorava humilhar "Harry" em público), tinha o deixado tão
feliz. "Harry" estava radiante com as doces palavras e o adesivo de estrelinha no seu caderno, a
primeira e última parabenização por algo que fizera em seus torturantes quatro anos de vida.
Petunia, quando foi buscar os garotinhos, foi abordada pela jovem professora, que comentou sobre
a inteligência de "Harry" e em como ela deveria investir em aulas mais avançadas para o estimular.

Eufemismo seria dizer que Petunia ficara levemente aborrecida com o comentário da moça.
Ao chegar na segurança de sua casa, ela agarrou o garotinho pelos cabelos e deu-lhe uma surra
terrível, mandou Dudley rasgar o caderno e livros do sobrinho e riu quando Vernon destruía o
pequenino garoto com golpes pesados e destrutivos. "Harry" desmaiou de dor logo em seguida que
seu tio começou a espancá-lo, e fora jogado descuidadamente no minúsculo armário embaixo da
escada. Seu colchãozinho surrado, fino e cheio de sangue ou qualquer outro líquido que vazava do
corpinho do garoto durante os anos que esteve naquela casa. Sua família não se importou com o
sangue que escorria, não ligava para sua respiração ruidosa e dolorida, não ligava para os
machucados, não ligava para nada, além do dinheiro que recebiam do velho louco para destruir
aquele pirralho por completo.

Então sim. Nyx, Maray e Ragnuk teriam muito trabalho pela frente. Traumas como aquele
não desaparecem da noite para o dia. Suas fobias e medos não seriam superados tão facilmente.
Não. Eles sabiam a onde estavam se metendo, mesmo assim continuaram ao lado de Hadrian. A
sua felicidade, amor e bem-estar era tudo o que queriam. E quando ele conseguira superar o seu
medo de ser melhor na escola que o primo valentão, Hadrian finalmente pode dar tudo o que tinha
nos estudos. O garoto era um gênio! Aprendia as coisas numa velocidade inimaginável e respondia
tudo com perfeição. Além de iniciar vários debates sérios sobre coisas vistas como "banais" ou
"insignificantes" do dia a dia.

Em contrapartida, todos na vila estavam apaixonados pelo jovem bruxo. Ele era tão educado
e atencioso, e quando brincava com as outras crianças ele era tão vívido e radiante quanto qualquer
outra. Sua magia era outra coisa cativante, pois ela parecia cantar para as criaturas, era tão pura e
selvagem, era viciante e acolhedora. Como Hadrian já demonstrava possuir muito poder, os goblins
começaram a estimulá-lo a controlar sua magia e canalizá-la para uma varinha de treinamento
infantil. Nem é preciso dizer que o garoto fazia tudo com perfeição, pois isso já virou uma verdade
incontestável.

Maray, Nyx e Ragnuk sempre abraçavam o seu filhote e o davam muito carinho até que o
mesmo dormisse em paz, sem pesadelos para atormentar seu doce descanso. Enquanto dormia, ele
se encolhia entre o casal de goblins e se embolava ainda mais no corpo de Nyx, agarrando
fortemente as vestes de Maray como se fossem sua única salvação. O que, de fato, eram, pois sentir
que estava cercado dos três era a única maneira de conseguir relaxar o suficiente para dormir. E
graças a essa segurança que o amor deles o dava, os pesadelos não eram tão intensos.

Neste dia, Hadrian e as outras crianças goblins estavam brincando no campo perto da vila
com mooncalf, unicorns, nifflers, demiguise, kneazles e pygmy-puffs. O sol estava tão radiante
quanto o sorriso do jovem bruxo que corria atrás de um niffler que lhe roubou uma Nyx
pequenininha. Tudo porque as escamas da cobra brilhavam em várias cores com a luz dos raios
solares que a aqueciam. O garotinho sentia-se tão bem ali na vila dos goblins, sentia-se seguro e
amado por todos. A sua casa era a melhor de todas.

Hadrian surpreendia a todos sempre, quando ajudou um unicorn adulto que estava preso num
emaranhado de raízes. Normalmente apenas as mulheres humanas eram permitidas se aproximar de
tais criaturas, mas Hadrian não seguia as regras e sempre as quebrava. Não que isso seja algo ruim.

— Hadrian, querido. — Maray chamou o seu filhote.

— Tô indo, mamãe! — O pequeno bruxo surgiu do meio da multidão de crianças que brincavam e
correu até a sua mãe.

Sim, sua mãe. Quando completaram dois meses e meio que Hadrian estava com os goblins, o
garotinho acordou no meio da noite depois de um pesadelo. Maray e Ragnuk foram correndo até o
quarto do filhote e o confortaram. Então o jovem bruxo os contou que sonhou que era separado
deles e que isso fora horrível, pois ele tentava com todas as suas forças achá-los. Mas nunca
conseguia.

"— Você é o nosso filhote, Hadrian. — Maray falou enquanto abraçava o garotinho choroso e
acariciava seus cabelos sedosos. Nyx se apertou um pouco mais ao redor do corpinho do bruxo, e
Ragnuk acariciava as costas que balançavam com os soluços. — Nunca deixaremos nada te
acontecer. Nós somos seus pais agora, Hadrian. Nada irá nos separar. — O jovem bruxo
congelou completamente. Sua respiração travou na sua garganta e ele ergueu os olhos para ver a
goblin, ele precisava ter certeza de que não escutara errado.

— Vo-vocês... S-são me-eus... Pa-pais a-agora...? — Perguntou num sussurro rouco por causa do
choro.

— Se você desejar, sim. — Ragnuk sorriu para o garotinho que olhava para os dois goblins com
os olhinhos esbugalhados.

— Sim! Sim! Sim! Eu quero que vocês sejam meus pais! — Hadrian desatou a chorar ainda mais,
mas agora era de felicidade. Os goblins e Nyx riram com carinho e o abraçaram ao mesmo tempo.

— Então nos chame de mamãe e papai, Hadrian. — Maray sorria como uma boba enquanto
enchia o rostinho de Hadrian com beijinhos.

— Eu amo vocês, mamãe e papai. E eu amo você, Nyx, minha outra mãe. — Os três nunca viram
um sorriso tão radiante e verdadeiro quanto o que Hadrian os estava dando naquele momento.

— Nós também te amamos, filhote. — Nyx usou sua cabeça para acariciar a bochecha do garoto.

— Nós temos orgulho de chamá-lo de nosso filho. — Ragnuk limpou as lágrimas que ainda
escorriam no rostinho do garoto.
— E te amamos incondicionalmente. — Maray limpou suas próprias lagrimas enquanto ainda
sorria para o filho."

No dia seguinte todos ficaram sabendo da maravilhosa notícia e comemoraram toda a noite
com uma grandiosa festa. Neste mesmo dia, Ragnuk e Maray oficialmente adotaram Hadrian como
seu filho, infelizmente isso só valia para as criaturas mágicas que seguiam as leis da magia. Os
bruxos nunca aceitariam uma criatura mágica adotar uma criança, seu preconceito e superioridade
eram abomináveis. Mas Hadrian jurou para si mesmo que mudaria isso, mudaria essa supremacia
dos bruxos e traria igualdade para todos os seres vivos, mágicos ou não.

— Seu pai e eu gostaríamos de conversar com você sobre seus senhorios e padrinhos. —
Maray tirou as madeixas de cabelo que caiam sobre o rosto do garotinho.

— Okay, mãe. — O garotinho sorriu, já falava muito bem gobbledegook depois de aulas
intensivas. Não precisava mais do acessório que o auxiliava nos primeiros dias, mas o guardou com
carinho em sua caixinha de tesouros. Esta estava transbordando de presentes que seus pais, Nyx ou
os outros goblins o davam. Nyx, vendo que o garotinho parou de perseguir o niffler, aumentou de
tamanho e rastejou até o seu filhote. O pobre niffler, ao ver a cobra crescendo, se assustou e saiu
correndo para perto dos outros nifflers. — Oi, Nyx. — Hadrian sorriu enquanto seu familiar
rastejava pelo seu corpinho enquanto diminuía de tamanho para se acomodar nos seus ombros.
Cinco meses de alimentação saudável e nutritiva já estavam surtindo efeito, agora ele não era tão
magro como já fora no dia que chegou em Gringotts.

— Vamos, querido. — Maray segurou a mão do filho e o levou até sua casa. Quando chegaram
em casa, viram Ragnuk sentado na mesa da cozinha com alguns papéis sobre a superfície plana
que o Rei Goblin analisava.

— Oi, papai! — O garotinho correu até o outro goblin e abraçou-o com força. — Um niffler me
roubou a Nyx hoje. — Comentou divertido enquanto sua mãe sentava-se na cadeira à direita da
cabeceira, onde Ragnuk estava sentado.

— Aposto que ele ficou apavorado quando ela cresceu. — O goblin sorriu e acariciou os
cabelos negros do filho.

— Eu adoraria ter comido aquele safado que atrapalhou meu sono. — A cobra pareceu bufar.

— Mas você tava rindo de mim enquanto tentava te alcançar. — Hadrian riu e sentou-se na
cadeira de frente para sai mãe.

— Detalhes. — Nyx comentou como se estivesse dando de ombros.

— Filhote. — Ragnuk chamou depois que a conversa dos dois acabou. — Nós o chamamos para
conversar sobre você assumir seus senhorios, e sobre seus padrinhos. — O garotinho mordeu o
lábio inferior em nervosismo.

— Seu padrinho, Sirius Orion Black, está preso em Azkaban com a acusação de denunciar a
localização da casa onde você e seus pais moravam, e por mata o amigo Peter Pettigrew junto
com mais doze muggles. — Maray explicou, segurando a mão do garoto que estava sobre a mesa.

— Sua madrinha, Narcissa Venus Malfoy, está a sua procura desde a morte de seus pais em
trinta e um de outubro de 1981. — Ragnuk continuou. — Conseguimos informações de que ela
nunca conseguiu abrir uma audiência no Ministério para assumir a sua guarda, pois Albus
Dumbledore fez a cabeça de todos dizendo que Harry Potter estava em um lugar mais seguro
que Hogwarts e recebendo muito amor.

— Velho nojento. — Hadrian murmurou num estremecimento. Seus pais o explicaram tudo sobre
o que Albus Dumbledore fizera com ele e o que isso o afetou. Eles também contaram as histórias
da primeira guerra bruxa contra Voldemort e os feitos de ambos os lados (tanto trevas e luz tinham
seus pontos negativos e positivos e mereciam ser analisados imparcialmente).

— Decidimos esperar para termos essa conversa até que você estivesse melhor e aberto a
conhecer pessoas. — Maray sorriu docemente para o filho.

— É nosso dever contatar Narcissa Malfoy e dizer que está tudo bem com você. Ela é mãe e
demonstrou estar muito preocupada com você quando vinham até Gringotts implorar por
ajuda. — Ragnuk suspirou. — Como Albus Dumbledore era o seu guardião mágico, não
queríamos atrair a ira dele para a Nação Goblin, então nos abstemos do assunto.

— Mas agora que você foi purificado pela Lady Magic. O contrato ilegal que fazia de Albus
Dumbledore seu guardião mágico fora anulado. Então ele não tem mais nenhum poder sobre
você.

— Agora, gostaríamos de saber se você está confortável em chamarmos a família Malfoy


para uma reunião para informar seu bem-estar. E, se você desejar, conhecê-los. — Ragnuk
esperou até que o filho assimilasse as informações e ponderasse sobre sua resposta.

— Eu não vou ter que ir morar com eles, né? Eu não quero sair daqui. Não quero ficar longe
de vocês. — Sua voz saiu num sussurro embargado e seus olhos lacrimejaram.

— Não, filhote. — Maray se levantou, contornou a mesa, se sentou na cadeira ao lado de Hadrian
e o puxou para o seu colo, o abraçando fortemente e acariciando seus cabelos com delicadeza.
— Você não precisa ir com eles. Podem só conversar e trocar cartas. Nunca o deixaríamos ir,
mesmo. — Brincou enquanto beijava a têmpora do filho.

— Vocês disseram que ela estava muito preocupada comigo? — Hadrian perguntou incerto
enquanto se aconchegava no colo de sua mãe.

— Sim, ela estava. — Ragnuk respondeu.

— E-eu acho que deveria conhecê-la. Se e-ela é minha madrinha, deveria saber que estou
bem.

— Irei mandar uma carta os convocando para uma reunião no final da tarde. — Ragnuk
começou a escrever a carta num pergaminho, estalou os dedos e ela desapareceu para o
departamento que enviava e recebia as cartas no banco no Diagon Alley. — Eu também gostaria
de ter sua permissão para juntar todas as evidências de abandono e negligência para
levarmos ao Ministério em uma ação contra Albus Dumbledore. O que me diz, filhote?

— Pode fazer. Mas eu não quero que ele saiba disso. — Hadrian suspirou só de imaginar o que
aconteceria se o velho louco o tirasse dos seus pais.

— Até parece que não conhece como os goblins trabalham. — Ragnuk brincou divertido, o que
relaxou o garotinho.

— E você gostaria de assumir os seus senhorios, anéis e todos os seus cofres? — Maray
perguntou.

— Meus anéis me protegem de qualquer magia mental e compulsiva e poções de amor e


compulsão, né? — Hadrian perguntou, lembrando-se do que seus pais lhe ensinaram dobre os
anéis de senhorio e de herdeiro.

— Isso mesmo, Hadrian. — A goblin sorriu orgulhosa do seu filho.

— Então sim. Mas eu acho que não vou assumir meus acentos no ministério. Não quero que
saibam de mim até que eu precise ir para Hogwarts. — Comentou pensativo.

— Como você desejar, filhote. — Ragnuk estalou os dedos e as oito caixas surgissem na mesa.
Cada uma muito bem entalhada e decorada com joias diferentes, e no centro o brasão de cada
família. — Os anéis irão se adequar ao tamanho do seu dedo, e conforme você cresce eles
também irão se ajustar.

— Eu vou ter que adotar todos os nomes? — O garoto pergunta confuso, seria horrível escrever
todos aqueles nomes sempre que tiver que assinar algo.

— Não será necessário. Você pode permanecer com o seu nome atual, se assim desejar. Ou
pode mudar para outro sobrenome.

— Eu quero ficar com o meu nome. — Ragnuk assentiu e pegou a primeira caixa, a da família
Potter.

— Esse anel será o único que não irá diminuir. Os outros vão virar anéis estreitos para não
deixar sua mão muito carregada. O da família Potter, como você quer deixar no seu nome,
será o único que ostentará o seu brasão.

— Okay. — A criatura estendeu a caixa aberta para que o garoto pegasse o anel, o mesmo tinha o
brasão da família esculpido em uma gema de painita e seu aro era feito de rubis.

— Repita o que eu disser antes de colocar o anel no seu dedo. — O jovem bruxo assentiu
enquanto segurava a joia. — Eu, Hadrian Tamish Potter...

— Eu, Hadrian Tamish Potter...

— Reivindico o meu lugar de direito...

— Reivindico o meu lugar de direito...

— Sendo um integrante da família Potter.

— Sendo um integrante da família Potter.

— Coloque o anel. — Quando o garoto colocou o objeto no seu dedo anelar direito, o mesmo
brilhou em marrom e se ajustou ao dedo fino da criança. — Está feito. Você é oficialmente o
Senhor Potter. — O garoto sorriu contente. — O discurso é o mesmo, só mudando para cada
família. — O goblin guardou a caixa Potter e pegou a dos Black. O anel dos Black tinha o seu
brasão esculpido em um diamante negro com o seu aro sendo de água marinha

— Eu, Hadrian Tamish Potter, reivindico o meu lugar de direito, sendo um integrante da
família Black. — No dedo indicador da mão esquerda, o anel ajustou-se e brilhou em preto.
Guardando a caixa Black, o goblin estendeu outra.

— O anel da família Slytherin. — O anel tinha o brasão esculpido em uma esmeralda e o seu aro
era de prata pura.

— Eu, Hadrian Tamish Potter, reivindico o meu lugar de direito, sendo um integrante da
família Slytherin. — No dedo médio direito, o anel ajustou-se e brilhou em verde esmeralda.
Ragnuk estendeu a quinta caixa.

— O anel da família Gaunt. — O anel tinha o brasão esculpido em uma benitoíte (uma pedra de
cor azul escuro que brilha na luz UV) e seu aro era de platina.

— Eu, Hadrian Tamish Potter, reivindico o meu lugar de direito, sendo um integrante da
casa Gaunt. — No dedo médio esquerdo o anel se ajustou, diminuiu de grossura e brilhou em um
azul escuro. Ragnuk estendeu a sexta caixa.

— O anel da família Peverell. — A joia tinha o brasão esculpido em uma opala e o seu aro era de
ônix.

— Eu, Hadrian Tamish Potter, reivindico o meu lugar de direito, sendo um integrante da
família Peverell. — No dedo indicador direito o anel ajustou-se, diminuiu de grossura e brilhou
em uma mistura de multicolorida como a opala.

— O anel da família de Morgana LeFay. — A joia tinha o brasão esculpido em uma tanzanita e
o seu aro era de nácar. (Nácar é uma madrepérola de coloração prateada, é uma substância feita
dentro das conchas de um molusco. Esse molusco, chamado Nautilus, era uma criatura mágica de
milhares de anos com a qual Morgana teve uma árdua batalha. A criatura era muito poderosa, foi
uma das batalhas mais difíceis que a mulher já teve. Mas ela o venceu e usou sua concha para ser a
base de seu anel.)

— Eu, Hadrian Tamish Potter, reivindico o meu lugar de direto, sendo um integrante da
família de Morgana LeFay. — No seu dedo polegar esquerdo o anel ajustou-se ao tamanho
correto, diminuiu de grossura e brilhou em roxo.

— O anel da família Lykaios, vindo de Herpo Pythia, o Sujo. — O anel tinha o seu brasão
esculpido em berilo vermelho e o seu aro era de pérola negra. Com magia as pérolas foram
fundidas para criarem a estrutura.

— Eu, Hadrian Tamish Potter, reivindico o meu lugar de direito, sendo um integrante da
família Lykaios. — No seu polegar direito o anel ajustou-se, diminuiu de grossura e brilhou em
vermelho.

— E por último. — O Rei Goblin sorriu maliciosamente. Seu filho teria um futuro brilhante pela
frente. — O anel da casa Pendragon, vindo do Rei Arthur. — A joia tinha o brasão esculpido
em diamante amarelo e a carcaça era feita de diamante branco.

— Eu, Hadrian Tamish Potter, reivindico o meu lugar de direito, sendo um integrante da
casa Pendragon. — No seu dedo anelar esquerdo o anel ajustou-se, diminuiu de grossura e brilhou
em dourado.

— E está feito. — A criatura fez todas as caixas desaparecerem, voltando para seus respectivos
cofres. O garotinho analisava suas mãos com um sorriso bobo e feliz. — Você pode pagar suas
compras pelos anéis. É só indicar para o vendedor de qual cofre você deseja retirar, ele vai
dar uma batidinha de varinha na joia e estará pago.

— Você poderia me explicar mais uma vez como eu tenho tantas heranças e de onde elas vêm,
por favor? — Hadrian pediu encabulado.

— Claro, filhote. — Maray beijou-lhe a testa e o aconchegou melhor no seu colo.

— No seu Teste de Herança indicava de onde viera cada herança. O Potter veio de seus pais.
O Black de Sirius e Narcissa Black sendo seu padrinho e madrinha, respectivamente. O
Peverell veio de seu pai James Potter que é descendente de Ignotus Peverell. A casa Gaunt,
uma ramificação da família Slytherin, e a Slytherin vieram de Cadmus Peverell, irmão de
Ignotus e de Tom Marvolo Riddle. Lily é descendente de Herpo Pythia, mais conhecido como
Herpo, o Sujo; seus descendentes eram os Lykaios. Morgana LeFay teve um relacionamento
as escondidas com Antioch Peverell, irmão de Cadmus e Ignotus, por isso você herdou o
nome dela e magia. E os Pendragon porque o rei Arthur era irmão de Morgana. — Quando
Ragnuk terminou de explicar tudo, uma carta surgiu na mesa. — Parece que nossos convidados
irão chegar em alguns minutos. Melhor nos prepararmos.

Hadrian assentiu cauteloso, mas saiu do colo da sua mãe, subiu para o seu quarto
acompanhado dos pais e foi tomar um banho enquanto os mesmos, juntamente com Nyx,
escolhiam uma roupa para ele vestir. Ele não sabia o que esperar desse encontro, mas estava muito
nervoso com a ideia de ver pessoas estranhas. Pelo menos ele não estava mais sozinho. Seus pais
estavam com ele, e Nyx não sairia dos seus ombros. Ele confiava neles. Eles eram sua família e ele
os amava com todas as suas forças.
Capítulo 7
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Albus Dumbledore estava se segurando para não explodir qualquer um na sua frente que o
abordasse sobre o paradeiro do Garoto-Que-Sobreviveu. Cinco meses de completo desespero com
buscas infrutíferas pelo Garoto de Ouro. Nem os melhores aurores do Ministério foram capazes de
achar qualquer pista que o dessem uma direção. Se eles não conseguiam, Albus Dumbledore
conseguiria. Não é mesmo?

Errado. Albus Dumbledore não conseguia achar o garoto, nem mesmo com seu poder
invencível. Ele tentou de tudo, até recorreu a magia de sangue, coisa que ele próprio condenou por
ser das trevas, e mesmo assim não teve nenhum resultado. O garoto simplesmente desaparecera da
face da Terra. A população bruxa já estava aceitando o fato de que a sua preciosa esperança da luz
contra as trevas havia morrido.

Sim, a população bruxa da Grã-Bretanha estava muito bem-informada das inúmeras buscas
fracassadas. Skeeter estava se esforçando em desmascarar as falhas do Ministério e de Albus
Dumbledore. Ela era muito boa em conseguir informações que ninguém mais seria capaz. E isso
estava arruinando a preciosa reputação do Ministério da Magia, do Ministro da Magia e do
grandioso Lord of Light, Albus Dumbledore. Os dias não estavam bons para quem era pego pela
pena de Rita Skeeter semanalmente. E isso era muito divertido para os goblins.

— Boa tarde, senhor Ragnuk. — Lucius Malfoy cumprimentou assim que sua entrada na sala fora
permitida.

Lucius Abraxas Malfoy não era um homem qualquer. Não. Ele estava acima de todos. Seu
rosto aristocrático tinha um ar angelical e sério; sua pele era pálida; seus olhos eram em um tom de
azul clarinho acinzentado (como se o céu celeste estivesse se fechando para uma tempestade de
raios); longos cabelos loiros platinados que desciam como as águas de uma cascata até o seu
quadril; seu corpo esbelto estava coberto por roupas da mais alta classe. Calças pretas e levemente
justas torneavam suas pernas altas e esguias; sapatos pretos e lustrosos cobriam seus pés; uma
camisa preta com uma gravata bufante estava levemente encoberta por um manto aberto em um
tom de verde musgo muito bem trabalhado. Uma delicada corrente de prata com duas cobras servia
como um único botão que deixava o manto no lugar perfeito, mesmo tendo um espaço em aberto.
Luvas pretas surgiam depois dos buracos das mangas do manto no início do antebraço. Em seu
dedo anelar esquerdo, por cima da luva, estava a sua aliança de casamento, e no dedo indicador
direito estava o seu anel de senhorio como o chefe da família Malfoy

Logo atrás de Lucius, vinha sua esposa. Narcissa Venus Malfoy. Ela também não era uma
mulher qualquer. Também estava acima de todos. Seu rosto era delicado, porém inexpressivo. Seu
nariz de botão arrebitado evidenciava a sua superioridade e, suposta, arrogância. Seus olhos num
tom de azul claro eram frios e analíticos; seus cabelos loiros eram belamente penteados e caíam até
o meio das suas costas; seu corpo magro e esguio era coberto por roupas caras e elegantes. Uma
camiseta branca de gola por dentro de uma saia preta de cós alto que ia até os joelhos. Um manto
preto que estava aberto na frente e saltos em um verde musgo igual ao manto de Lucius. As poucas
joias que usava eram delicadas e não muito extravagantes, mas nem por isso elas eram algo barato.

O casal entrou na sala onde Ragnuk os esperava pacientemente. Hadrian estava na sala
adjacente com Nyx e Maray. O goblin iria primeiro conversar com os Malfoy e situá-los de tudo o
que aconteceu antes de deixar que Hadrian os conheça.

— Boa tarde, lord e lady Malfoy. — Devolveu o cumprimento educado. — Sentem-se. — Indicou
as poltronas na frente da sua mesa e os loiros sentaram-se com toda a graça de um bruxo puro-
sangue.

— Gostaríamos de saber o porquê de sermos chamados em uma reunião urgente com o Rei Goblin.
— Narcissa foi direto ao ponto. As vozes dos dois era baixa, calma, fria e autoritária. Eles falavam
de modo envolvente e que prendia quem as escutasse.

— Chegou ao meu conhecimento de que seus pedidos para ter a guarda de Harry James Potter
foram negadas pelo Ministério. — Ragnuk começou, sem fraquejar com os olhares analíticos que
recebia. — Anteriormente não podíamos interferir nas leis dos bruxos. Mas as circunstâncias
mudaram e pode ser que possamos ajudá-la em sua busca. — Fora instantâneo. A máscara de frieza
e arrogância de Narcissa caiu e em seus olhos era possível ver a esperança.

— Por favor, o que quer que o senhor tenha a dizer, diga logo. — Lucius pediu, olhando para a
esposa com empatia.

— Antes que eu lhes diga qualquer coisa, preciso que façam um voto de que tudo o que será dito
ou visto nessa sala fique entre os aqui presentes até que eu lhes permita compartilhar a informação.
— Os bruxos se olharam e tiveram uma conversa silenciosa antes de fazerem o que fora pedido. —
Bom. Agora, peço-lhes que fiquem quietos e me escutem até o final.

Lucius e Narcissa assentiram e Ragnuk começou a contar a história de como Hadrian fora
tratado desde que se lembrava. Durante a história, os loiros oscilavam nas emoções. Raiva, ódio,
medo, tristeza, pena, pavor, fúria, vingança, felicidade, alegria, dor empática e, de Narcissa, amor
de uma mãe. Ela sentia como se tivesse perdido um filho quando Hadrian fora levado para longe.
Ela era uma das melhores amigas de Lily Potter, Hadrian era o seu afilhado, ele era como se fosse
seu filho. E ela falhou em protegê-lo. Falhou em salvá-lo e mantê-lo seguro de qualquer mal.
Falhou com James. Falhou com Lily. Ela falhou com Hadrian.

— O-onde ele e-está? — A mulher perguntou entre lágrimas. Fazia muito tempo que elas
escorriam pelo seu rosto, e sua maquiagem estava intacta graças a magia, se não ela estaria
horrenda.

— Só um instante. — Ragnuk se levantou e seguiu até a porta adjacente onde o garotinho esperava
ser chamado.

Hadrian estava muito nervoso. Ele achava que seria tratado com hostilidade, como seus tios
o trataram. Mas ainda tinha esperança de encontrar mais pessoas para chamar de família. O que
eles achariam dele? O que pensariam dele quando soubesse a aberração que era? Não. Ele não era
uma aberração. Agora ele sabia disso. Seus pais eram maravilhosos em ajudá-lo com seus traumas.
Mas, em momentos como esse, onde toda a sua insegurança e pânico ficavam tão perto da
superfície da sua pele, ele escorregava para o garotinho apavorado dentro de um armário apertado.
Ele sabia que ainda tinha muito trabalho pela frente. Ele iria melhorar. Não deixaria seus tios
horrendos ganharem essa batalha. Ele iria vencer essa guerra. Iria superar os traumas e finalmente
ser livre. Ele já era livre. Ele nunca mais seria aprisionado.

— Filho? — Ragnuk chamou em gobbledegook. Ele olhou a cena de sua esposa sentada no sofá,
com Hadrian deitado com a cabeça em seu colo e uma Nyx diminuta deitada na barriga do garoto.

— Está na hora? — Hadrian perguntou nervoso.

— Sim, filhote. Eles estão prontos para conhecê-lo. — Sorriu tranquilizador ao ver sua esposa e
filho se levantarem do sofá. Maray arrumou as vestes do garoto enquanto Nyx se acomodava nos
ombros dele.

— Pronto? — A goblin segurou a mão do filho e beijou-lhe a testa.

— Não. — Hadrian admitiu e seus pais riram.

— Vai dar tudo certo, filhote. — Nyx sibilou convicta. O jovem bruxo assentiu e os três seguiram
até o escritório onde os Malfoy os esperavam em pé.

Narcissa quase caiu ao ver o garoto que surgiu atrás do casal de goblins. Ele era Lily por
completo, tinha o mesmo nariz pequeno e delicado; a mesma boca; o mesmo formato de olhos, a
estatura pequena e esbelta; as sardas e a pele de porcelana. Mas o cabelo e orelhas era de James,
assim como as maçãs do rosto, elevadas e salientes, e o queixo angular. Mas os olhos dele. Eram
verdes como os de Lily, mas muito mais vívidos. Era como se a magia dançasse neles, pura e
selvagem.

— O-oi.... — Hadrian cumprimentou timidamente, se mantendo próximo dos pais e agarrando


fortemente o braço de sua mãe.

— Hazz... — Narcissa chamou em uma voz embargada. Ela tentou parar de chorar, mas vendo o
filho de sua melhor amiga bem na sua frente, depois de saber por tudo o que ele passou, era algo
impossível de fazer. — E-eu o procurei por tanto tempo... — Lucius, vendo que sua esposa
vacilava em manter-se equilibrada nas pernas, segurou-a e a manteve erguida. — Me perdoe. Eu
imploro que me perdoe. Eu falhei com James! Falhei com Lily! Eu falhei com você! Se eu tivesse
procurado mais. Se eu tivesse lutado mais. Talvez eu conseguisse achá-lo e tirá-lo daquele
pesadelo.

Hadrian olhava a mulher chorar e implorar por seu perdão. Ele via em seus olhos o mesmo
amor que Maray a Nyx tinham ao vê-lo. Ele sentia a verdade transbordando de suas súplicas. Ele
sentia sua magia dizendo que ela era sua madrinha e que poderia confiar nela. Mas o seu medo de
humanos ainda o atormentava, mesmo que ele quisesse se aproximar para confortar a mulher com
um abraço.

— Não foi sua culpa. — O jovem bruxo falou. — Você fez o que podia, mas Albus Dumbledore
era mais poderoso. — Narcissa negou com a cabeça.

— Eu não me esforcei o bastante. Era meu dever protegê-lo. Eu falhei. Eu sinto muito. — Ela
colocou as mãos nos olhos e tentou esconder as lágrimas de culpa.

Ela não conseguiu mais se manter em pé e caiu de joelhos no chão, Lucius a acompanhou, a
abraçando para confortá-la. Seu coração estava despedaçado com toda a culpa que sentia. Hadrian
mordeu o lado interno da bochecha, soltou o braço de sua mãe, colocou Nyx no chão e avançou até
a mulher. O homem, vendo a intenção do garoto, soltou a esposa e se afastou quando o jovem
bruxo abraçou Narcissa com força.
— Nada disso foi sua culpa. — Hadrian sentenciou. Ele empurrou todo o medo e nervosismo para
o fundo da sua mente e se concentrou em confortar a mulher chorosa.

A loira se afastou surpresa por ouvi-lo tão perto e olhou naqueles olhos hipnotizantes. Ela
não conseguia acreditar. Hadrian estava a abraçando, mesmo com o seu medo de pessoas, ele se
aproximou para confortá-la. Isso a fez chorar ainda mais e segurar o garotinho num abraço
apertado. Ela transmitia saudade, culpa e, principalmente, amor. Ela ajudou no seu nascimento,
viu-o crescer, e o perdeu um ano depois. Era o filho da sua melhor amiga ali, em seus braços. Ele
finalmente estava seguro, ela finalmente pode abraçá-lo e implorar por perdão. Mesmo que ele
nunca a visse como parte da sua família, ela estava feliz por saber que ele estava bem e seguro com
os goblins. Todo o preconceito que tinha com criaturas mágicas caiu por terra. Eles salvaram o seu
afilhado, cuidaram dele e o deram o que ela não pôde dar, uma família e amor. Narcissa seria
eternamente grata aos goblins.

— Não se culpe. — Hadrian se aconchegou no abraço da loira. Ele sentia-se seguro ali, por incrível
que pareça, ele confiava nessa mulher que acabara de conhecer. — Você me procurou e lutou por
mim. Isso é tudo o que importa. E eu agradeço por tê-la como madrinha. — Narcissa sorriu e
beijou a cabeça do garoto em seus braços.

— Eu sei que não serei retribuída. Mas eu quero que saiba que eu te amo Hadrian. No instante em
que você nasceu, eu já te via como se fosse meu filho, e sempre irei lutar por você.

— Talvez um dia eu retribua o seu amor, tia Cissy. — Hadrian se afastou para que a mulher visse o
seu sorriso. Ela sorriu ainda mais.

— Você não sabe o quão feliz estou por finalmente encontrá-lo, Hazz. — Ela comentou enquanto
tirava uma mecha de cabelo negro do rosto do garotinho. — E estou ainda mais feliz em saber que
você está bem e seguro. — Direcionou seus olhos para os goblins e Nyx. — Eu serei grata para
sempre por tudo o que fizeram por ele. Muito obrigada por amarem-no.

— Não tem como não amar Hadrian. — Maray comentou feliz por tudo ter dado certo. — Ele é
maravilhoso. — Hadrian corou fortemente com o elogio.

Narcissa puxo Hadrian para um sofá e os dois começaram a conversar, Lucius e os goblins
os acompanharam. Nyx se envolveu no ombro de seu filhote e relaxou. Os bruxos loiros contavam
sobre as aventuras que seus pais se metiam na época de escola. Hadrian escutava tudo com
interesse e alegria por finalmente saber mais coisas dos seus pais.

— Acho que já está muito tarde. — Narcissa comentou divertida depois que Hadrian deu seu sexto
bocejo.

— Alguém irá direto para a cama. — Maray sorriu ao ver o filho coçar os olhinhos com as mãos de
maneira fofa.

— A tia Cissy e o tio Lucy podem voltar amanhã? — Hadrian perguntou envergonhado para os
pais. — Queria poder mostrar pra eles nossa vila, meus amigos e escolinha.

— Claro que eles podem voltar, filhote. — Ragnuk comentou feliz. — Vocês podem vir logo após
o almoço. As aulas dele acontecem durante a manhã, então ele estará livre quando vierem.

— Oh. — Narcissa exclamou feliz. — Podemos trazer Draco para vocês se conhecerem. O que
acha disso, Hazz?
— Sim! — Hadrian exclamou contente. Narcissa o contou sobre seu filho e ele estava muito
animado em conhecê-lo.

Ali, na frente de todos, estava uma criança feliz em fazer um novo amigo. Sua família havia
aumentado. Ele conseguia ficar perto de pessoas e conversar normalmente. Seu medo estava sendo
superado aos poucos. Hadrian estava feliz. Ele amava e era amado na mesma proporção. Quiçá até
mais. Ele só tinha a agradecer por tê-los em sua vida. Naquela noite, Hadrian Tamish Potter não
teve nenhum pesadelo. Ele adormeceu com um sorriso nos lábios, sentia-se cercado de amor e
felicidade. Ele estava feliz. Ele estava seguro e era amado.
Capítulo 8
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian quase não dormiu aquela noite de tanta animação pelo dia que estava por vir, mas o
seu corpinho exausto de tanto brincar levou a melhor nessa pequena batalha. Quando o sol nasceu
no horizonte, o pequeno bruxo saltou da cama com um sorriso tão radiante quanto a imensa estrela
que aquecia o planeta Terra. Ele correu para o banheiro, se arrumou rapidamente e correu para o
quarto dos pais. Nyx sibilo algo que soou como: "Crianças hiperativas." antes de voltar a dormir.

— Mamãe! Papai! — Hadrian se jogou no meio dos goblins, que ainda dormiam tranquilamente.

— Bom dia, filhote. — Maray sorriu ao ver o seu filho tão feliz. A maior alegria dela era essa, ver
Hadrian feliz e cheio de vida. Ele sendo uma criança como qualquer outra.

— Acho que alguém está animado hoje. — Ragnuk bocejou enquanto puxava Hadrian para se
deitar e usou-o como se fosse um ursinho de pelúcia.

— Você acha? — Maray comentou divertida enquanto via Hadrian balançar o pai para fazê-lo
acordar.

— Vamos, pai. Acorda. — Pediu manhoso enquanto cutucava sua bochecha.

— Eu vou morder esses dedinhos se você continuar me cutucando. — Brincou o goblin com
uma falsa expressão de raiva. Hadrian soltou um gritinho assustado quando ele foi cutucar a
bochecha do pai mais uma vez e ele fingiu que iria mordê-lo, só para logo depois começar a rir e
voltar a cutucar a bochecha do pai. Eles continuaram nessa brincadeira até que Maray se levantou e
puxou as cobertas da cama.

— Vamos, meninos. Hora de levantar. — Puxou Hadrian pela mão, o ajudando a sair das garras
de um Ragnuk que queria abraçar o garotinho e voltar a dormir. — Deixe-me ajeitar suas roupas,
filhote. — A goblin sorria enquanto desamassava e alinhava a roupas que Hadrian vestira. — Você
fez um ótimo trabalho se vestindo. Está lindo como sempre, querido. — Beijou-lhe a testa com
carinho.

— Obrigado, mamãe. — Agradeceu envergonhado e com a bochechas rosadas.

— Agora. Vá arrumar sua cama e nos espere na cozinha. Daqui a pouco irei descer para
arrumar o café-da-manhã de vocês. — Deu mais um beijo na testa de Hadrian antes de jogar uma
almofada em Ragnuk. — Levanta logo, preguiçoso! — O jovem bruxo soltou uma gargalhada
gostosa de se ouvir enquanto Maray entrava no banheiro para se arrumar.

— Ta rindo do que? — Ragnuk jogou uma almofada no filho. Que riu ainda mais e saiu correndo
quando seu pai ameaçou ir atrás dele com mais almofadas e travesseiros.
Enquanto os goblins se preparavam para o dia, o garotinho tirava sua cobra preguiçosa do
meio das suas cobertas e arrumava sua cama, como sua mãe havia pedido/ordenado. Ele não podia
desejar uma família melhor do que aquela. Seus pais eram perfeitos. E agora ele tinha os Malfoy!
Sua família estava crescendo! Teria mais pessoas para amá-lo e protegê-lo! Felicidade parece uma
palavra tão pequena para a vastidão do sentimento que o consumia por completo. Ele transcendia a
todos e quaisquer limites que qualquer palavra tivesse. Ele sentia-se como o sol, uma estrela
imensa que arde em explosões constantes. Alegria, amor, carinho, felicidade, segurança, diversão,
paz... Ele estava em casa. No seu lar.

Dizer que Hadrian mal conseguiu prestar atenção no que estava sendo ensinado na escolinha
seria eufemismo. Ele estava hiperativo, cheio de ansiedade e pensando em milhares de cenários
hipotéticos em que tudo daria errado. Seu lábio inferior quase sangrara de tanto que ele o mordeu
durante a manhã enquanto se afundava na própria mente. E se Draco não gostasse dele? E se Draco
não gostasse dos goblins? E se Draco disser algo ruim dos goblins? Ele queria poder ser amigo de
Draco, mas nunca o perdoaria se ele fosse mau com a sua família. Hadrian tinham muitas dúvidas
pairando em sua pequena cabecinha, e Nyx sempre o confortava e ajudava-o a sair de sua mente
preocupada.

Maray e Ragnuk tiveram um pouco de dificuldade em fazer o garotinho almoçar, pois sua
ansiedade era tanta que ele não queria comer nada. Não parava de olhar o relógio, esperando a hora
certa de irem para o banco esperar os Malfoy. E quando eles finalmente estavam na sala de Ragnuk
esperando os bruxos loiros, Hadrian queria sair correndo até sua casa e se esconder embaixo das
cobertas. Seu coraçãozinho batia com tanta força em seu peito e ele começou a hiperventilar,
Maray deu-lhe uma poção calmante para o filho, o que o ajudou a relaxar e esquecer as
preocupações.

Ao som de batidas na porta, Hadrian quase teve outra crise de ansiedade, mas o efeito da
poção ainda estava em seu organismo, então ele ficou levemente nervoso. Sua mãe segurou sua
mão com força, o transmitindo toda a segurança e confiança que ele precisava. Os três estavam em
pé, e Nyx no chão ao lado de Hadrian com seu tamanho normal, esperando os Malfoy entrarem
pela porta. Lá estavam eles. Três figuras loiras muito bem-vestidas.

Draco Lucius Malfoy era apenas um mês mais velho que Hadrian, porém as diferenças eram
óbvias. Enquanto os cabelos de Hadrian eram tão escuros quanto um buraco negro, os de Draco
eram de um loiro platinado quase branco, eles mais pareciam a lua que ilumina a noite mais escura.
Os olhos de Draco eram um azul claríssimo e acinzentado, como se o céu mais celeste estivesse se
fechando para uma tempestade elétrica. Eles tinham o brilho de um raio que rasga o céu
tempestuoso, tinham o poder avassalador do trovão que treme a terra, a potência do relâmpago que
cega qualquer um que possa vê-lo. Como Draco teve uma boa alimentação enquanto crescia, era
nítida a diferença de altura entre ele e Hadrian. Enquanto o moreno era poucos milímetros mais alto
do que os goblins e aparentava ter uns quatro anos, Draco era quase uma cabeça mais alto que o
mais novo e aparentava realmente ter sete anos. Draco tinha uma pele tão pálida e de aparência
sedosa que Hadrian sentiu uma vontade avassaladora de tocar sua bochecha, assim como seus
cabelos muito bem penteados que pareciam tão gostosos de se mexer. Draco era a cópia de seu pai,
com alguns detalhes de Narcissa, mas maioritariamente ele era completamente Lucius Malfoy.

Draco nasceu em um berço de ouro. Tinha tudo o que queria e quando queria. Não gostava
de dividir seus brinquedos com os filhos dos amigos dos seus pais, não gostava de ir no colo de
ninguém que não fosse seus pais ou seu padrinho. Não gostava de fazer amizade com outras
crianças. Mas a primeira coisa que ele pensou ao ver Hadrian Tamish Potter foi: meu. Hadrian era
adorável aos seus olhos. As bochechinhas salpicadas com sardas estavam rosadas de vergonha, os
cabelos negros longos e brilhantes, o corpinho pequeno e de aparência frágil, e aqueles olhos em
um verde nunca visto na Terra. Olhos estes que o hipnotizaram e o enfeitiçaram. Hadrian era seu e
ninguém iria tocar nele.

Na noite passada, quando seus pais voltaram tarde para casa. Eles o puxaram para uma
conversa e o explicaram sobre Hadrian e que eles seriam como irmãos. Draco não tinha gostado
nada disso. Ele não queria dividir seus pais com ninguém! Mas toda a sua birra e ciúmes foi por
água-a-baixo quando olhou naqueles olhos verdes. Por ele, Draco faria tudo, até dividiria seus
brinquedos e seus pais. O moreno era seu, afinal de contas. Se Hadrian era seu, o que pertencesse a
Draco pertenceriam a Hadrian também. Então, se segurando com todas as forças para não correr
até o outro garoto, o abraçar e proclamá-lo como seu, Draco manteve-se neutro. Segurando a mão
de sua mãe e sendo educado como seus pais o ensinaram. Já que ele era um Malfoy, ele tinha que
se comportar como um. Nunca envergonhar a família e sempre ficaria sério em público. Não
demonstrar fraqueza e nem se rebaixar para outros bruxos.

— Sejam bem-vindos. — Ragnuk cumprimentou-os com educação e todos se sentaram.

— Devo admitir que estou muito empolgada em conhecer os amigos do Hazz. — Narcissa
comentou animada.

— Eu sei que você quer dar um abraço neles. — Maray comentou divertida ao olhar para o filho.
— Vai lá, filhote. — Encorajou-o com um sorriso. Hadrian a olhou com dúvida antes de se afastar
dos pais e se aproximar dos Malfoy, especificamente de Draco.

— O-o-oi. — Corou ainda mais enquanto olhava para os pés. Neste momento, Draco tinha certeza
de que teria que proteger Hadrian de qualquer um. Ele era tão adorável quanto um filhote de
coelho, todo tímido e assustado, mas ainda assim absurdamente fofo.

— Oi. — Draco cumprimentou com as bochechas levemente coradas.

— Vo-você quer... Quer ser meu amigo? — Hadrian perguntou num sussurro envergonhado,
remexendo ainda mais os pezinhos e nunca desviando o olhar deles.

— Quero. — Draco se levantou e estendeu a mão para Hadrian. Ele ergueu a cabeça e olhou-o com
olhinhos brilhantes de esperança. — Eu sou Malfoy, Draco Malfoy. Prazer em conhecê-lo.

— Po-Potter. — O moreno aceitou o aperto de mão que fora oferecido. — Hadrian Potter. É muito
bom conhecê-lo, Draco. — Suas bochechas coraram ainda mais.

— Eu tô vendo direito? — Narcissa sussurrou para o marido. — Nosso Draco realmente fez
amizade?

— Eu também não estou acreditando. — Lucius confidenciou.

— Agora você é meu. — Draco sentenciou enquanto puxava Hadrian pela mão e o fazia sentar-se
ao seu lado no sofá.

— S-seu? — Hadrian perguntou curioso. Os adultos só olhavam a interação dos garotos. Nyx era a
única que estava satisfeita com o que essa amizade resultaria.

— Sim, meu. Ninguém pode tocar em você, ou te machucar, ou te levar pra longe de mim.

— Ma-mas eu não posso abraçar meus amigos e papais? — Hadrian tombou a cabeça para o lado
em dúvida.

— Só se você permitir, senão eu acabo com eles.


— Eu gostei. — Hadrian abriu um sorriso imenso, que hipnotizou Draco por alguns instantes. —
Eu sou seu, Draco! — Sentenciou feliz e abraçou o loiro. Ele levou alguns segundos para assimilar
a informação antes de retribuir o abraço. Os adultos trocaram olhares entre si, Ragnuk e Maray
pareciam muito satisfeitos com a interação dos garotinhos, então Lucius e Narcissa deram de
ombros e apreciaram a visão dos dois conversando sobre seus brinquedos favoritos e quais
brincadeiras gostavam. — Mamãe! Papai! Posso mostrar pro Draco nossa aldeia? Eu quero que ele
conheça tudo! — Comentou empolgado.

— Claro que pode, filho. — Ragnuk se levantou e convidou os Malfoy a fazerem o mesmo. Maray
pegou uma Nyx diminuta e a colocou nos ombros enquanto se levantava.

— YEY! — Hadrian se levantou num pulo, agarrou a mão de Draco e saiu correndo até a porta que
os levaria para a aldeia.

— Não preciso avisar que isso é um segredo imenso e que se vocês abrirem as bocas terão que lidar
com as consequências, não é mesmo? — Ragnuk arqueou uma sobrancelha enquanto olhava para
os bruxos.

— Juramos pelas nossas magias. — Os dois falaram e uníssono enquanto o voto era feito.

— Muito bem. Sigam-nos. — Ragnuk pegou o braço de sua esposa, entrelaçou o seu no dela e
juntos eles guiaram o caminho. Hadrian e Draco estavam os esperando na porta.

— Vamos, papai. — Chamou manhoso enquanto olhava pra os guardas que não quiseram abrir a
porta para ele sem a presença de Ragnuk, já que ele estava levando um bruxo desconhecido para a
aldeia dos goblins.

— Calma, filhote. — Maray sorriu carinhosamente. — A aldeia não vai desaparecer. — Com um
aceno de cabeça de Ragnuk, os guardas abriram as portas e os Malfoy viram-se impressionados.

— Bem-vindos a minha casa. — Hadrian comentou feliz. — Vem, Draco! Quero te apresentar aos
meus amiguinhos. — E lá se foram os dois garotinhos correndo pela vila e Hadrian apresentando
todos os goblins que passavam por eles para o mais novo amigo.

Ele estava feliz por Draco não ter sido mau com os goblins. Narcissa e Lucius tiveram uma
conversa com ele naquela manhã, dizendo o quão importante era que ele os tratasse como iguais e
que não comentasse sobre suas aparências ou os menosprezasse. E agora ele entendia o porquê,
Hadrian amava aquelas criaturas (mesmo que fossem assustadoras para o loirinho), então ele seria
educado com elas. Por Hadrian.

— Pessoal! — Hadrian chamou as crianças que brincavam no parquinho, e elas se aproximaram


imediatamente, analisando a figura desconhecida ao seu lado. — Esse é Draco Malfoy, ele é meu
amigo, gostaria que vocês fossem legais com ele, como foram comigo.

— Se é amigo do Hazz então é nosso amigo. — Um goblin um pouco mais velho das crianças
comentou animado e todos concordaram.

— Ouviu isso, Draco? — Hadrian perguntou animado, balançando a mão que ainda estava
entrelaçada com a do loiro. — Eles também são seus amigos! Agora podemos brincar todos juntos!
— Draco olhou para o moreno saltitante ao seu lado e sorriu.

— Sim, somos amigos. — Comentou contente ao ver o imenso sorriso do menor.

— Vamos pessoal! — Uma goblin bem mais nova gritou animada. — Hora de brincar! — Todos
gritaram animados e começaram a escolher uma brincadeira. Draco olhava para tudo com
admiração, ao contrário do que pensava, goblins eram muito legais. Mas os idosos ainda o davam
medo.

Enquanto as crianças brincavam, e Hadrian arrastava Draco para todos os lados. Ragnuk e
Maray conversavam com os Malfoy num café na praça principal. Eles conversavam sobre o futuro
de Hadrian. Havia coisas que o garotinho precisava aprender, coisas que os goblins não tinham
como ensinar-lhe, como política bruxa e etiqueta bruxa. Então eles estavam vendo um cronograma,
onde Hadrian ia para a escolinha de manhã, continuando seus estudos com os goblins, e a tarde ele
ia para a Malfoy Manor aprender tudo o que eles tinham a lhe ensinar, e passar um tempo com o
garotinho. A noite Hadrian voltaria para a vila dos goblins para dormir com eles, já que seria muito
difícil ele dormir numa casa estranha sem os pais por perto. Ele precisava criar mais confiança e
segurança com os Malfoy para dar esse passo.

Porém, como o garotinho deveria continuar escondido da sociedade bruxa, ele não poderia
sair pela porta da frente do banco. Então Ragnuk criou uma porta especial em sua própria casa, ela
dava para o quarto que seria de Hadrian. Quarto este que Narcissa decorou por todos esses anos, na
esperança de achar o garotinho e trazê-lo para casa. Então, assim seria mais fácil de Hadrian ir e vir
de uma casa para a outra e sem deixá-lo muito exausto como aconteceria se ele usasse portkey ou
aparatasse. E não seria detectado pelo Ministério se fosse por Floo, já que eles têm controle de
todas as redes de Floo e quais casas possuem. Além disso, a Malfoy Manor é absurdamente segura,
repleta de feitiços antigos e escuros muito poderosos que impediriam o Ministério ou Albus
Dumbledore de encontrá-lo.

Quando a noite caiu, os adultos subiram até o quarto de Hadrian, que estava brincando com
Draco no mesmo, eles encontraram os dois garotinhos aninhados no chão, agarrados um no outro, e
uma Nyx os circulando como se fosse um ninho. Era a cena mais adorável que eles já viram. Draco
seguravam Hadrian como um ursinho, e o moreno agarrava as vestes do outro como se tivesse
medo de perdê-lo. Nyx havia usado sua magia para levitar uma manta e os cobriu, deixando-os
usar seu corpo escamoso como travesseiro.

— Vocês têm coragem de tirá-los desse soninho? — Maray perguntou sorridente. — Porque eu
não tenho.

— Mas temos que levá-lo para casa. — Lucius comentou, tentando ser educado.

— Que nada. — Ragnuk apagou as luzes, levitou os garotinhos e Nyx até a cama de Hadrian e
arrumou a manta. — Deixe-os dormir. Amanhã de tarde eu os envio pelo portal.

— Aqui. — Maray entregou para Narcissa um travesseiro. — Está enfeitiçado, quando pisarem no
banco todos verão Draco dormindo no seu colo.

— Obrigada. — Narcissa agradeceu. Seria horrível se eles fossem abordados na rua sobre a falta de
seu filho. Se eles estivessem sendo seguidos, não poderiam vacilar.

Ragnuk acompanhou o casal loiro até o banco e de lá os dois saíram do estabelecimento,


aparatando para a sua casa. Naquela noite, os dois foram dormir em meio a conversar animadas
sobre o que aconteceu no dia e o que o futuro os aguardava. Porém, por incrível que pareça,
Hadrian não teve pesadelos naquela noite. Sempre que ele começava a entrar em um, Draco,
inconscientemente, o apertava com mais força e o pesadelo desaparecia. O loiro falou a verdade
quando disse que o protegeria de tudo e de todos. Hadrian estava adorando pertencer à Draco. Eles
pareciam ser atraídos um pelo outro como ímãs, uma força muito maior os puxava para perto, algo
fazia suas conversas e brincadeiras fluírem naturalmente. Eles podiam não saber, mas nasceram um
para o outro. Um apoiaria o outro. Um amaria o outro. Como o Sol e a Lua. Dois astros separados
pelo espaço, com um amor que transcende o espaço-tempo.
Capítulo 9
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian sentia-se muito bem. Ele não estava devidamente desperto, mas sabia que se sentia
maravilhosamente bem, seguro e acolhido. Alguém o estava abraçando, o deixando quentinho e
protegido. Conforme sua mente trabalhava em mantê-lo acordado, o garotinho conseguiu perceber
que braços o rodeavam. Eram eles que o seguraram protetoramente durante todo o sono. Oh! Ele
acabara de perceber que não tivera pesadelos naquela noite. Mas por quê?

Lentamente seus olhinhos foram se abrindo, piscando várias vezes para que se acostumasse
com a pouca claridade que se infiltrava pelas frestas das cortinas. A primeira coisa que ele viu fora
branco. Ele estava muito perto de uma camiseta branca e conseguia ver detalhadamente sua costura
impecável. Afastando-se minimamente, apenas para conseguir ver quem o abraçava, Hadrian
admirou a visão de um Draco Malfoy adormecido. Ele estava tão sereno em seu sono, tão relaxado
e calmo. O moreno sorriu ao lembrar-se do dia anterior. Ele havia se divertido tanto com Draco
que acabaram caindo de exaustão no chão do seu quarto.

— Bom dia, filhote. — Nyx saudou num sussurro sonolento. — Dormiu bem?

— Bom dia, Nyx. Eu não tive nenhum pesadelo hoje! Você acredita? Foi tão bom dormir em
paz. — Hadrian respondeu num sussurro, para não acordar Draco. O menor se perdeu em admirar
o amigo dormir. Os poucos raios de sol que invadiam o quarto batiam levemente nos cabelos
platinados de Draco, fazendo-o ficar branco. Era lindo.

— Estou feliz em saber que você dormiu bem, filhote. — Nyx comentou, mesmo sabendo que
Hadrian estava mais focado em Draco.

Sem se conter, o moreno estendeu uma mão timidamente até o rosto do amigo. Como se
temesse algo, Hadrian tocou com a ponta do dedo indicador a bochecha do loiro, antes de pegar
confiança e deslizar os dedos em uma carícia delicada. Como havia imaginado, a pele de Draco era
muito macia. Mesmo sob a luz do sol, Draco o lembrava da lua. Uma aura ao seu redor de
superioridade e solidão, a fonte de luz no meio da escuridão, aquele que vela o sono daqueles que
ama, o protetor oculto nas sombras, aquele que o amara nas noites repletas de desespero. Draco o
manteve protegido durante toda a noite. Hadrian sentiu-se tão bem que nem pesadelos teve, pela
primeira vez na vida desde que perdera os pais.

— Hazz...? — Draco murmurou sonolento enquanto se inclinava para o toque em sua bochecha. O
moreno corou violentamente, sua mão parou de se mover.

— B-bom dia. — Murmurou envergonhado. Draco resmungou um "dia" e puxou Hadrian para
mais perto, se aconchegando ainda mais no abraço que eles compartilhavam.

— Vejo que já estão acordados. — Maray sorriu da porta ao ver os garotos conversando baixinho,
Hadrian tentando a todo custo impedir que Draco dormisse. — Draco, querido, seus pais
permitiram que você passasse essa manhã com Hadrian. — Nesse instante, os dois garotos
sentaram-se na cama num pulo, se olharam por poucos segundos antes de abrirem sorrisos
radiantes e começarem a comemorar. — Mas! — Maray segurou a risada ao ouvir os lamentos dos
dois. — Hadrian não pode perder suas aulas, então você o acompanhará. Depois do meio-dia vocês
irão para a Malfoy Manor pelo portal que criamos. Ao anoitecer, você deve voltar para casa,
mocinho. — Encarou um Hadrian animado em passar o dia com seu novo amigo.

— Okay, mamãe! — O moreno exclamou enquanto pulava da cama e corria para abraçar sua mãe.
— Eu te amo, mamãe. — Admitiu com o rostinho comprimido contra o pescoço da goblin. Esta,
sorriu como boba, seus olhos se enchiam de lágrimas de felicidade. Ela sempre derretia quando
Hadrian dizia que os amava.

— Eu também te amo, meu precioso filho. — Falou enquanto o apertava ainda mais em seu
abraço. Draco deu um pequeno sorriso ao ver a felicidade nos olhos de Hadrian. Nyx se acomodou
na cama com um contentamento a preenchendo. Seu filhote estava em ótimas mãos.

A manhã passou num borrão para Hadrian. Ele estava nervoso em ir para a Malfoy Manor,
mas ao mesmo tempo ele queria passar um tempo com sua madrinha e família. Ele importunou
Draco para que o contasse tudo sobre sua casa e como ele deveria se comportar. O loiro respondia
suas perguntas com diversão e o tranquilizava. Apenas ver o sorriso de Draco parecia surtir um
afeito anestesiante no moreno. Isso ou Nyx o havia mordido e ele estava dormente pelo veneno
dela, coisa que seria impossível de acontecer.

Logo após o almoço, Hadrian e Draco estavam de mãos dadas de frente para um portal
dentro da casa de Ragnuk. O quartinho era um pequeno armário inutilizado, que agora serviria
como uma "ponte" entre as duas casas". Despedindo-se de seus pais, o moreno foi puxado por um
Draco confiante. O loiro alcançou a maçaneta da porta e abriu-a. Do outro lado dela estava a
vastidão do universo em movimento. Engolindo em seco, os dois garotos atravessaram o portal da
porta e "caíram" no vazio enquanto a passagem se fechava atrás deles.

Eles sentiam o chão firme sob seus pés, mas a sensação em sua barriga de estar em queda-
livre os assustou, fazendo-os fechar os olhos. Quando os abriram, perceberam que estavam "em pé
no espaço". Eles sentiam um chão sólido abaixo de si, mas não havia nada além do universo e sua
vastidão. Ao olharem para frente, puderam ver uma porta diferente da qual eles passaram a poucos
metros de distância. Eles também não estavam tendo problemas para respirar, já que no espaço não
há oxigênio. Nyx deslizou dos ombros de Hadrian e caiu no chão com seu tamanho original,
balançando a língua bifurcada enquanto deslizava na direção da segunda porta. Ela não caiu no
vazio, então era seguro avançar. Não era?

Os garotos se entreolharam antes de seguirem a cobra, ela os esperou ao lado da porta antes
de subir nos ombros de Hadrian mais uma vez. O maior segurou a maçaneta e a girou
hesitantemente. Quando a porta estava aberta, eles puderam ver um corredor altamente luxuoso.
Draco sorriu ao identificar sua casa. Com um sorriso encorajador, o loiro puxou Hadrian para
passarem pelo portal da porta. Assim que ela se fechou atrás deles, um estalo foi ouvido enquanto
uma criatura surgia logo a frente. Hadrian se assustou com a súbita aparição, então soltou um
gritinho e se escondeu atrás de Draco, ele o acalmou com palavras doces e carinhosas.

— Dobby veio recepcionar os jovens amos. — Fez uma reverência exagerada, ele tremia
levemente de medo em falhar em alguma coisa.

Hadrian espiou o house-elf com cuidado. Ele havia aprendido sobre eles na escolinha.
Criaturas mal incompreendidas que "nasceram para servir os bruxos". Hadrian detestava a forma
como essas criaturas eram tratadas. Ele compreendia que eles serviam por vontade própria, mas
isso não justifica os bruxos os tratarem como lixo. Os panos velhos mostrando a marca da
escravidão de um house-elf, as marcas dos castigos evidentes em suas peles finas, seus grandes
olhos amedrontados, sua gagueira e mãos agitadas evidenciavam seu nervosismo. Viver com os
goblins o fez compreender que qualquer ser vivo está no mesmo patamar, todos merecem respeito.

— Perdoem Dobby por assustar o jovem amo. — O house-elf se ajoelhou no chão e encostou a
testa no mesmo, em sinal de submissão e medo. Hadrian analisou sua voz e mãos trêmulas,
lágrimas brilhando no canto dos grandes olhos verdes e as orelhas de morcego caídas ao lado da
cabeça. — Dobby não queria assustá-lo, senhor. Dobby sente muitíssimo.

— Está tudo bem, Dobby. — Hadrian saiu de trás do amigo e se ajoelhou na frente da bola trêmula
no chão e falou mansamente. — Eu sei que você não fez de propósito. — Estendeu lentamente
uma mão para a criatura, que ergueu a cabeça e olhou-o com espanto.

Os grandes olhos amedrontados de Dobby transitavam entre a mão oferecida, Hadrian e


Draco, formando um ciclo até que finalmente parou na mão à sua frente. Dobby estava confuso,
tudo bem que os Malfoy eram bons senhores, mas ainda assim havia o instinto de house-elf
dizendo-lhe que ele seria severamente punido. Ele estava com medo. Não queria apanhar, não
queria desapontar seus senhores, mas aquela criança desconhecida estava sendo tão educada e
respeitosa com ele. Seu senhor o estava tratando como um igual. Hesitantemente, Dobby estendeu
sua mão ossuda e cheia de calos até a de Hadrian, que sorriu docemente, o encorajado a continuar.

Quando suas mãos se tocaram, Dobby sentiu uma corrente elétrica percorrer o seu corpo e se
focar no seu núcleo mágico. A magia de Hadrian transbordava de seu corpinho, os tentáculos
invisíveis acariciavam a magia do house-elf em saudação. Naquele instante, a criatura reconheceu
um verdadeiro mestre. Um mestre ao qual todos irão servir. E Dobby estará ao seu lado, servindo-o
como for necessário para que Hadrian Tamish Potter alcance a ascensão e domine o mundo bruxo.

— Dobby irá servi-lo com todo o prazer, senhor Potter. — O house-elf anunciou animado.

— Espero que sejamos amigos. — Hadrian deu um sorriso envergonhado enquanto ajudava a
criatura a levantar-se.

— A-amigo de Do-Dobby, se-senhor...? — Dobby gaguejou em descrença.

— Sim, amigos. — Hadrian tranquilizou-o. — Se você desejar, é claro. — Suas bochechas coraram
de vergonha ao perceber que Dobby poderia não querer aceitar a oferta.

— Cla-claro que Dobby será seu amigo, senhor Potter! — Respondeu apressadamente ao ver o
desconforto do moreno. Suas orelhas de morcego se levantaram em felicidade ao ver o sorriso que
Hadrian o direcionava. Draco pigarreou para chamar a atenção dos dois.

— Acho melhor irmos até os meus pais antes que eles fiquem preocupados. — Hadrian correu até
o amigo e segurou sua mão.

— Dobby vai levá-los até o Lord e a Lady Malfoy. — A criatura os guiou pelos vastos corredores
da mansão, os quadros de antepassados os seguindo e conversando com o convidado.

— Hazz! — Narcissa sorriu para o afilhado enquanto abria os braços num pedido mudo de que ele
a abraçasse.

— Oi tia Cissy! — Hadrian correu até a mulher e a abraçou com força.

— Papai! — Draco correu até Lucius e o abraçou com um sorriso nos lábios.
— Oi, filho. — O lord Malfoy riu com a saudade do seu filho e retribuiu o abraço. — Sentimos sua
falta, mocinho.

— Eu também senti saudades. — Draco murmurou envergonhado, sua mãe o puxou para um
abraço enquanto Hadrian corria para os braços de Lucius.

— Vocês dormindo abraçadinhos foi a coisa mais adorável que eu já vi na vida. — A mulher
admitiu antes de dar vários beijinhos no rosto do filho.

— Pronto para passar um tempo com os Malfoy, Hazz? — Lucius bagunçou os cabelos do moreno,
sorrindo da sua carinha divertida.

— Sim! — Hadrian exclamou saltitante.

— Nós podemos começar seus estudos amanhã, hoje você vai conhecer nossa casa e vamos nos
conhecer. — Narcissa anunciou enquanto via seu filho ir até Hadrian e arrumar os cabelos
morenos.

— Okay, tia Cissy. — Concordou sorridente, segurando uma das mãos de Draco, que acabou de
arrumar seu cabelo.

Naquela tarde, Hadrian foi levado numa excursão pela Malfoy Manor, aprendeu sobre a
história da família e das que se relacionavam, brincou com os pavões albinos que embelezavam os
jardins, acariciou os cavalos dos estábulos, brincou com Draco no lago, admirou a densa floresta
que cercava a propriedade e brincou com sua nova família. Eles conversaram sobre várias coisas,
aprendendo sobre os gostos e desgostos de cada um, se conhecendo e se habituando um ao outro.

Os dias viraram semanas, as semanas se transforam em meses, e os meses em anos. Hadrian


frequentava a Malfoy Manor todas as tardes, e todo o final de semana ele dormia na casa deles.
Durante a manhã ele ia para a escolinha na aldeia dos goblins e a tarde ia para a Malfoy Manor
aprender sobre tudo e qualquer coisa que deveria saber para sobreviver ao mundo político da
sociedade bruxa. Etiqueta, política, equitação, como ter lábia, conversação, manipulação, como
influenciar alguém a concordar com você, como ter autoridade e controle numa situação, como
falar adequadamente em público, como se portar e o que fazer, como detectar mentiras e
manipulações para não cair nelas.

Além disso, os Malfoy o ensinaram algumas coisas que ele irá aprender quando for para
Hogwarts. Como: poções, história da magia, transfiguração, voo (consequentemente quidditch),
trato de criaturas mágicas, defesa contra as artes das trevas e herbologia. Hadrian e Draco usavam
varinhas de treinamento para aprenderem a controlar sua magia antes de ir para Hogwarts. Isto é,
apenas famílias bruxas e meio-sangues as utilizam, já que os muggle não possuem conhecimento
sobre elas para ajudar os filhos.

Eufemismo seria dizer que os Malfoy não ficaram surpresos ao verem que Hadrian era um
prodígio. Tudo o que eles o ensinavam ele absorvia como uma esponja, as poções que ele fazia no
kit de brinquedo que Severus Snape, padrinho de Draco, deu ao afilhado eram perfeitas. Lucius e
Narcissa se seguravam para não correr até o amigo e contar sobre Hadrian. Eles sabiam que
Severus ficaria muito feliz em descobrir que Hadrian estava bem e que era bom em poções. Mas
eles fizeram um voto de sigilo, não podiam contar para ninguém a não ser que Ragnuk permita.
Nas tardes que Severus fazia uma visita surpresa a família Malfoy, eles tinham que mandar
Hadrian de volta para os goblins, para que ele não descubra sobre sua existência.
Severus havia sofrido tanto quanto Narcissa quando soube da morte dos Potter e o sequestro
de Hadrian. Sim, sequestro, pois Albus Dumbledore levou o garoto para longe e alterou o seu
nome para a mídia. Tudo bem que James e seus amigos foram terríveis com Severus na juventude,
o atormentaram até que a amizade entre ele e Lily quase se rompera. Mas a ruiva colocou ordem
neles e todos fizeram as pazes. A partir daí Severus e James mantiveram um companheirismo
cheio de sarcasmo e alfinetadas amigáveis. Hadrian era a luz para todos, e perdê-lo havia
devastado tudo. Severus se trancou dentro de si, assim como era antes de conhecer Lily Evans.
Apenas o ódio e o desejo de vingança o moviam, ele procurou como nenhum outro o paradeiro de
Hadrian, mas as falhas só o deixaram mais amargurado. Ele perdeu a sua irmã de alma naquela
noite e a preciosa vida que ela havia gerado por longos nove meses. Ele jurou que protegeria o
pequeno bebê de tudo e todos, mas havia falhado. Todos falharam naquela trágica noite.

A luz que ainda havia no coração de Severus Snape era o pequeno Draco. O seu precioso
afilhado. Que havia nascido um mês antes do filho da Lily. Ele não iria falhar com Draco como fez
com Hadrian. Ele iria se redimir desse erro terrível, mas aquela parte da sua alma, a parte que
pertencia ao doce bebê de intensos olhos verdes havia se perdido para sempre, junto com o seu
dono. Parte da sua alma fora arrancada de si no instante que levaram Hadrian para longe.

Agora, com onze anos. Hadrian se preparava para saber se receberia ou não sua carta para
Hogwarts. Faltava um mês para o primeiro de setembro, e Draco já havia recebido sua carta. O
loirinho não estava comemorando, como era de se esperar, ele estava nervoso, ele não queria ir
para Hogwarts sem Hadrian. Todo esse tempo que os dois ficaram juntos fora o suficiente para
suas almas se entrelaçarem. Um dependia do outro para algo. Draco acalmava Hadrian durante as
noites em que os terríveis pesadelos o assombravam; abraçava-o com força e o confortava com
carinho e palavras doces. E Hadrian iluminava os dias de Draco com a sua presença cativante,
sorriso ofuscante e risadas contagiosas. Eles eram inseparáveis, um protegia e cuidava do outro.

Lucius e Narcissa ficavam loucos correndo atrás dos garotos pela mansão, pois aqueles dois
juntos conseguiam criar muita confusão e dor de cabeça para os adultos. Mas, mesmo assim, eles
estavam felizes por terem Hadrian em suas vidas mais uma vez. Nyx, por sua vez, havia se apegado
à Draco, e o adotou como seu filhote, junto a Hadrian. Ela passava a maior parte do tempo
analisando o progresso dos garotos nos estudos, vez ou outra ela os ajudava com alguma coisa.

Seis seres encobertos por longas capas escuras trocaram olhares cúmplices enquanto
rondavam o livro no pedestal em uma sala adjacente a do diretor. A escuridão da noite os
camuflava, mesmo que não houvesse nada nem ninguém além deles naquela sala cheia de magia.
O livro estava aberto numa página cheia de nomes dos alunos que seriam admitidos naquele ano na
Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

— Tirou o nome dele daí? — Um dos seres perguntou. Não era possível distinguir o gênero pela
sua voz, pois ela era uma mistura de várias vozes juntas e em harmonia, formando uma voz única.
Algo que definitivamente não era humano e que ninguém nunca ouviu na face da Terra.

— Tirei. A carta dele já será enviada. — O outro ser respondeu, sua voz era igual à do
companheiro. A dita carta estava flutuando logo acima do Livro dos Nomes.

— Ótimo. Não podemos deixar que descubram que ele vai para Hogwarts. — Um terceiro vulto
comentou.

— Até parece que não confia nos meus "truques de mágica". — Brincou o quarto vulto enquanto a
carta desaparecia no ar como uma pequena explosão de luz.
— A matéria do jornal de hoje vai ser interessante. — Comentou o quinto vulto de forma avoada,
ignorando o comentário da companheira.

— Aposto que será. — Comentou o sexto vulto desinteressadamente. — Melhor irmos. Não
podemos ficar por muito tempo. — Os seres trocaram olhares por um curto período de tempo, que
para eles durou séculos.

— Logo. — Todos declaram em uníssono uma promessa para o vazio, suas vozes ecoando pela
sala enquanto todos eles desapareciam. Tudo estava indo como o planejado.

Albus Dumbledore estava fervilhando de raiva enquanto lia o jornal daquela tarde. Ele
comentou com Order of Phoenix naquele dia pela manhã sobre a falta de Harry Potter no Livro dos
Nomes e agora a informação acabou vazando de alguma forma. Seus planos estavam escorrendo
por entre seus dedos como se fosse água. Tudo o que ele lutou por tanto tempo para construir
estava desmoronando diante de seus olhos.

A ESPERANÇA ESTÁ MORTA?

Por Rita Skeeter

Caros leitores. Hoje venho a vocês com uma notícia que irá abalar toda a confiança do
mundo mágico.

Fontes de confiança afirmam que o nome do Golden boy, Harry James Potter não estava
listado no Livro dos Nomes dos jovens bruxos que irão receber o convite para ingressarem na
Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Creio que muitos devam saber o que significa a
falta do nome de uma pessoa nesse livro.

Caso você não saiba, irei explicar-lhe.

1. O nome de uma pessoa não irá aparecer no Livro dos Nomes de Hogwarts caso não seja
registrada no Ministério da Magia do Reino Unido.

2. O nome de uma pessoa, registrada no Ministério da Magia do Reino Unido, não irá
aparecer no Livro dos Nomes de Hogwarts se tiver morrido antes de completar seus onze
anos.

Temos apenas duas opções para especularmos sobre Harry James Potter. Ou ele não é
registrado no Ministério da Magia do Reino Unido, com a sua matriz em Londres, ou nosso
amado Golden Boy não está mais entre nós.

Eu ainda tenho esperança de que isso tenha sido apenas um erro no envio das cartas. Até
porque o diretor já está bem velho.

Mas, se até o garoto que ficou cara-a-cara com o maior Dark Lord que já existiu, e levou a
melhor, está tido como morto. O que será de nós?

E no final, de quem é a culpa se não daquele que tinha a responsabilidade de cuidar da


criança, mas a negligenciou. É fato que o culpado de Harry James Potter estar morto é de
Albus Wulfric Percival Brian Dumbledore.

Hadrian estava jantando na sua casa no Reino Goblin. Ele estava inseguro sobre a sua carta
de Hogwarts e seus pais tentavam tranquilizá-lo. Nyx balançou a língua no ar quando uma carta
surgiu do nada, flutuando na frente do garotinho. Todos se assustaram, ao mesmo tempo que
ficaram em alerta porque a carta havia passado pelas barreiras poderosas que protegiam a aldeia.
Com as mãozinhas trêmulas, Hadrian pegou a carta e leu em voz alta.

Sr. H. T. Potter

Casa do Rei Goblin Ragnuk II

Aldeia dos Goblins

Reino dos Goblins

Prezado Sr. Hadrian Tamish Potter.

Nós, membros do corpo docente de Hogwarts temos o prazer de informá-lo que V. Sa. tem
uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista de livros
e equipamentos necessários.

O ano letivo começa em 1° de setembro.

Não precisa mandar nenhuma resposta para Hogwarts Hadrian, nós fizemos com que isso
não fosse necessário. Tome cuidado com Dumbledore, nós conseguimos te esconder dos olhos
ávidos dele durante esse tempo todo. Mas agora você está indo para os domínios dele, não
podemos te ajudar diretamente, você terá que lutar suas próprias batalhas.

Ass...
Capítulo 10
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Dizer que aquela carta fora recebida com alegria e felicidade seria uma mentira imensa. Não
havia como qualquer ser na Terra que conseguir enviar uma carta para o Reino Goblin, sem que
seja um goblin. Então, receber aquela carta de supostos aliados que o mantiveram escondido de
Albus Dumbledore até agora, certamente era meio suspeito. Ragnuk e Maray pularam de suas
cadeiras, se aproximaram do filho e pegaram as cartas nas mãos, lendo-as e procurando algo que
indicassem que era uma fraude ou um truque para levarem Hadrian de si.

O garoto se encolheu de susto quando viu os pais ficando em pé num pulo. Nyx não se
moveu, estava muito bem acomodada na sua almofada em frente a uma janela onde ela sempre
pegava sol. Ela sabia que aquelas cartas não eram um perigo para o seu filhote, então nem se
preocupou em ir verificar. Os goblins se olharam, tendo uma conversa silenciosa enquanto
caminhavam até uma mesa com pergaminho e penas. Ragnuk rabiscou rapidamente um convite
para que os Malfoy viessem a sua casa imediatamente, pois o assunto era de imensa urgência. Com
um aceno de mão, a carta desapareceu no ar enquanto Maray ia até o filho, ver se ele estava bem.
Mesmo que não tenham encontrado nenhum resquício de algum veneno ou feitiço na carta, eles
não queriam arriscar.

Poucos minutos depois os três integrantes da família Malfoy entraram na sala com semblantes
preocupados. Ragnuk e Maray explicaram o que havia acontecido enquanto Draco puxava Hadrian
para sentarem-se no sofá. O loirinho escutava a conversa dos adultos, mesmo estando abraçado ao
moreno e tentava o distrair.

— Hazz, querido. — A serpente se pronunciou, erguendo a cabeça e encarando o seu filhote.


— Diga aos adultos barulhentos que, se quem enviou a carta quisesse te machucar, todo o Reino
dos Goblins já teria sido apagado da existência em questão de segundos. E eu os aconselho a
acreditarem no que está escrito na carta. — Hadrian traduziu o que o familiar disse e todos
ficaram olhando entre o garotinho de olhos verdes e a serpente.

— Se essa "pessoa" for tão poderosa quanto aparenta... — Lucius começou. — Por quê teria
ajudado Hadrian? Por que nunca se apresentou antes? Como teremos certeza de que isso não é um
truque?

— Porque Hadrian precisa trilhar seu caminho com os próprios pés. Sem muita interferência
externa. — O garoto traduziu a fala da serpente mais uma vez. — Hadrian precisa ir para
Hogwarts enfrentar os males que lá o aguardam. Ele nunca irá se tornar o mago que está
destinado a ser se ficar trancado em casa. Ele precisa sair para o mundo e batalhar para
conquistar aquilo que é seu por direito.

Mesmo a contragosto, eles aceitaram as palavras de Nyx. E então todos começaram a traçar
um plano para que Hadrian pudesse embarcar no trem e chegar até Hogwarts sem ser reconhecido.
No dia seguinte os Malfoy iriam comprar os materiais e uniforme para Draco, então teriam que ver
uma maneira de levarem o moreno junto.

— Já que vocês estão falando sobre os uniformes. — Nyx começou a falar num tom zombeteiro.
— Vocês sabiam que não existe uma regra sobre precisar usar o uniforme na primeira noite em
Hogwarts? E já que o Hazz precisa, e isso é uma ordem minha, chegar abalando aquele cortiço
todo... Por que não começar com a roupa? — Hadrian começou a sorrir para o familiar enquanto
todos estranhavam o brilho travesso nos olhos dele.

— Você é genial, Nyx. — Hadrian comentou, se virando para os adultos enquanto escutava a
serpente sibilando um "Me diga algo que eu não sei.". — Ela disse que não existe uma regra sobre
os alunos terem que ir de uniforme na primeira noite em Hogwarts. E que era para eu chegar...
Abalando aquele cortiço? — Perguntou em dúvida, pois não sabia o que significava a última
palavra. Nyx acenou positivamente com a cabeça enquanto pensava que logo teria que ensinar
várias palavras para o seu filhote. — Resumindo: eu chegarei com uma roupa que não é o
uniforme.

— Realmente não existe uma regra sobre as vestimentas da primeira noite na escola. — Lucius
comentou com um sorriso zombeteiro.

— Então nós temos muita coisa para ver. — Narcissa trocou um olhar com Maray, as duas sorriam
maniacamente enquanto tinham uma conversa silenciosa.

— Nyx, me tira daqui. Por favor. — Hadrian sibilou num sussurro quase inaudível para o familiar.

— Só aceita que dói menos. — A serpente murmurou antes de voltar a dormir.

— Eu tô ferrado. — O moreno suspira e se encolhe no abraço de Draco.

Albus Dumbledore não era uma pessoa que perdia a paciência facilmente. Ele se gabava do
incrível autocontrole de suas emoções e suas habilidades em interpretação. Ninguém nunca o viu
descontrolado, mas este dia foi diferente. Os integrantes da Order of the Phoenix olhavam com
espanto o tão calmo e gentil diretor destruir as bugigangas de seu escritório. Uma fúria,
desconhecida por eles, brilhava intensamente em seus olhos azuis por trás das lentes de meia-lua.

O grupo havia se reunido na Sala do Diretor para discutirem sobre a recente matéria do
Daily Prophet sobre o querido Golden Boy, porém foram surpreendidos pela fúria repentina de seu
amado diretor. Eles nunca imaginariam que seriam oprimidos pela onda de poder que emanava do
gentil velhinho. Era magia pura que ondulava ao seu redor, espalhando-se pelo ambiente e
sufocando suas respirações. O ar era denso e parecia carregar uma estranha eletricidade, como se
eles estivessem em uma cozinha onde o gás estava vazando e qualquer faísca colocaria tudo em
chamas.

Levou muito tempo, mas Albus Dumbledore finalmente se acalmou depois do seu surto de
raiva. Ele sentou-se em sua cadeira e soltou um longo suspiro antes de erguer os olhos e encarar
seus seguidores. Seus olhos não possuíam mais aquele brilho bondoso de um avô pateta, eles eram
gélidos e perigosos, como de um louco disposto a fazer qualquer coisa para conseguir o que deseja.

— Algum de vocês possui notícias sobre o paradeiro de Harry? — Sua voz saiu num sussurro
calmo, porém estava longe de ser tranquilizadora. Os membros da Order of the Phoenix
estremeceram com a advertência implícita naquela fala. Se respondessem errado, poderia haver
consequências desagradáveis.
Graças a magia dos seus pais, Hadrian não seria reconhecido por ninguém. Qualquer um que
o visse iria esquecer do seu rosto e do seu nome em questão de minutos. Então a ida ao Diagon
Alley não seria uma tarefa tão difícil assim. Draco puxava o amigo pelo beco e lhe falava sobre
todas as lojas e o que elas vendiam. Lucius e Narcissa tinham que manter seus olhos atentos nos
dois para não os perder de vista. Maray e Ragnuk usaram um charm em si para se parecerem como
humanos apenas para acompanhar o seu filho na sua primeira ida ao Diagon Alley. Hadrian ainda
tinha um pouco de ansiedade por estar em uma multidão barulhenta, mas a presença da sua família
conseguia acalmar o seu coraçãozinho.

A primeira parada do grupo foi na loja de malões, depois eles partiram para a Flourish and
Blotts, para comprar os livros dos garotos. Dizer que Hadrian queria levar quase a metade da loja
seria eufemismo, mas o garoto conseguiu se controlar. Em seguida foram para o Apothecary
comprar o kit de poções para o primeiro ano. Logo depois eles se dirigiram para o Potage's
Cauldron Shop comprar os caldeirões. A seguir eles foram para o Twinkle's Telescopes pegar os
telescópios para as aulas de Astronomias. Logo após o grupo foi para o Amanuensis Quills
comprar penas, tinta e pergaminhos.

Quando eles entram no Eeylops Owl Emporium, Hadrian teve que conter Nyx. A cobra que,
até agora, estava escondida em suas roupas para não assustar os transeuntes do beco, queria comer
todos aqueles ratos deliciosos que estavam em exposição. Draco foi direto para uma coruja-das-
torres albina que parecia o analisar com curiosidade. Hadrian ficou em dúvida se levaria um animal
além de Nyx. Ele havia lido todas as regras da escola para ver se teria algum problema em levar
seu familiar, mas não havia nada que o impedisse de levá-la consigo graças ao vínculo que
compartilham.

Um piado tímido chamou a atenção do garotinho de intensos olhos verdes. Ele vinha de uma
coruja das neves distante do mostruário. Sua gaiola parecia pequena demais para comportar o seu
corpo adulto, suas grades pareciam oxidadas, como se o cuidador não tivesse preocupação alguma
em cuidar do animal que ali vivia. Aqueles grandes olhos amarelos escanearam o garotinho que a
encarava e outro piado soou de seu bico. Com cautela Hadrian se aproximou da gaiola e estendeu
sua mão. A coruja deu uma bicadinha carinhosa no seu dedo e aceitou o carinho oferecido. O
garoto sorriu e pegou a gaiola nas mãos, logo se aproximando do balcão.

— Interessante! — O lojista olhou-o admirado. — Essa mocinha não deixa que ninguém se
aproxime dela. É um sacrifício alimentá-la, nem conseguimos trocá-la de gaiola de tão violenta que
fica quando alguém se aproxima.

— Acho que ela gostou de mim. — Hadrian sorriu para o animal, que lhe deu mais uma bicadinha
carinhosa no dedo. O garoto nunca deixou de acariciar lhe a cabeça. — Gostaria de levá-la comigo.
Quero uma gaiola nova e que a acomode melhor, e tudo que irei precisar para cuidar muito bem
dela. — Pediu, ainda encantado com a beleza do animal.

— Claro, claro. Só um instante. — O homem foi para o fundo da loja pegar o que foi pedido.

— Como vai chamá-la? — Nyx tirou sua cabeça diminuta de dentro das vestes do garoto e
balançou a língua na coruja, cheirando-a e analisando para ver se ela seria uma boa companhia para
o seu amado filhote.

— Hum... — Hadrian pensou enquanto olhava nos olhos da ave. — Hedwig! — A coruja soltou
um piado de aprovação e o garoto sorriu. — Acho que você gostou do seu nome. — Colocou a
gaiola no balcão e abriu-a, a ave imediatamente pulou no seu ombro e esticou suas asas.
— Aqui está. — O lojista voltou com tudo o que Hadrian pediu, o garotinho pagou e se juntou à
Draco no lado de fora da loja. — Olha a Hedwig, Dray! — O loiro sorriu ao ver a ave no ombro do
menor.

— Ela é linda, Hazz. — Comentou fazendo carinho na coruja-das-torres que estava no seu ombro.
— Este é o Scorpius!

— Espero que eles sejam amigos como nós somos! — O moreno comentou com as bochechas
levemente coradas.

— Tenho certeza de que serão. — Draco entrelaçou um braço com o do amigo e os dois seguiram
os pais até o Ollivanders.

— Ela gosta de você, filho. — Maray acariciou a coruja das neves de seu filho com doçura.

— Eu também gosto dela, mamãe. — Hadrian confessou animado.

— Pronto, meninos. — Lucius se pronunciou. — Nossa penúltima parada. — Indicou a loja atrás
de si. — Prontos?

— Sim! — Os dois garotos concordaram em uníssono antes do grupo entrar na loja. Lucius e
Ragnuk guardaram as novas aquisições dos filhos em seus respectivos bolsos cheios de objetos em
miniaturas.

— Eu os esperava ansiosamente. — Um senhor de intensos olhos azuis surgiu do nada.

A varinha de Draco não foi difícil de achar, mas Hadrian não tivera tanta sorte assim. O
pobre senhor quebrou a cabeça pensando em qual varinha seria adequada para o garoto, mas todas
foram inúteis. Havia tantas caixas abertas e espalhadas pela loja, que já era naturalmente
desorganizada, que Hadrian quase sentiu-se sufocado com toda aquela poeira. Seu desanimo durou
até que o senhor Ollivanders pegou uma varinha especial. A varinha irmã da de Voldemort. Dizer
que todos ficaram tensos com aquela descoberta seria puro eufemismo, mas conseguiram se
controlar e manter a boa indiferença diante do velho louco.

Enquanto se dirigiam para a Twilfitt and Tatting's, uma loja de roupas no Diagon Alley
conhecida pelo seu favoritismo da elite dos bruxos puro-sangue, onde Narcissa era uma cliente
muito frequente, Hadrian analisava sua varinha. Sua irmã havia matado seus pais, por culpa dela
que ele foi parar na casa dos tios, por culpa dela ele passou pelo inferno. Não era sua varinha, mas
tinha o mesmo núcleo, a pena que veio da mesma phoenix.

— Agora é o nosso momento. — Narcissa e Maray comentaram alegremente, tirando o garotinho


de seus pensamentos obscuros.

— Elas vão comprar a loja toda. — Ragnuk soltou um suspiro enquanto via as duas mulheres
transitando entre as roupas e dando várias para as coitadas atendentes. Lucius e Draco iniciaram um
debate sobre qual roupa era melhor enquanto Ragnuk e Hadrian olhavam tudo com certo tédio.
Seria uma longa tarde. — Acho melhor continuarmos planejando a sua entrada discreta enquanto
elas se divertem.

— Antes que me obriguem a ser um manequim. — Hadrian concordou com o pai e os dois foram
para a área de espera e iniciaram sua conversa. Obviamente Ragnuk colocou uma barreira de
privacidade ao redor deles para que ninguém além da família pudesse escutá-los.

Depois daquele dia, Hadrian jurou que nunca iria as compras com os Malfoy ou com sua
mãe. O coitadinho ficou desnorteado de tanto experimentar roupas e ficar parado para que
ajustassem o tamanho. Além de que sua mãe encomendara um traje incrivelmente espalhafatoso
para sua "entrada triunfal". Ele estava muito receoso sobre isso, não queria chamar atenção e ser
julgado. Mas Nyx o confortou e comentou sobre isso ser uma ótima maneira de irritar Albus
Dumbledore. Então o garoto aceitou, mesmo que relutantemente, fazer a tão esperada "entrada
triunfal".
Capítulo 11
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Os três dias que antecederam o tão esperado primeiro de setembro foram recheados de
momentos em família e muitos goblins se despedindo do pequeno bruxo que aprenderam a amar.
Ninguém queria que Hadrian fosse para Hogwarts, por eles o garotinho nunca sairia daquela aldeia
e ninguém iria machucá-lo. Porém Nyx estava certa, existiam coisas que precisamos passar na vida
para que possamos chegar ao topo da montanha. Pedras que iremos tropeçar, poças que iremos
pisar, barrancos que iremos resvalar e buracos que iremos cair. Mas a vida é isso, cair para só
depois se levantar e seguir em frente. Existem coisas as quais precisamos sofrer, coisas que irão nos
moldar por completo, um quebra-cabeça que vai se completando conforme avançamos.

— Você está pronto para isso, filho? — Maray perguntou enquanto arrumava a roupa do
garotinho.

— Não. — Hadrian admitiu enquanto sua mãe colocava o capuz de sua capa sobre si. Sua capa era
preta e não tinha abertura nenhuma. Hadrian parecia um dementor, só que o seu capuz era muito
baixo e ninguém conseguiria ver seu rosto. Seus pais haviam colocado um charm "não me note",
ninguém iria vê-lo ou lembrar de si.

— Vai dar tudo certo. — Maray assegurou ao seu filho enquanto beijava-lhe a testa com amor.
— Eu te amo.

— Eu também te amo, mamãe. — Hadrian abraçou a goblin antes de abraçar o seu pai.
— Também te amo, papai. — Ragnuk beijou o topo da cabeça do seu filho.

— Eu também te amo, Hazz.

— Não se rebaixe a ninguém. — Maray começou o sermão de mãe preocupada. — E não deixe
ninguém se impor a você.

— Saiba que você é melhor do que todos eles. ​— Ragnuk sussurrou no ouvido do filho, porém
Maray escutou e deu-lhe um tapa no ombro.

— Não inicie um complexo de deus no seu filho! — Repreendeu enquanto seu marido e filho
davam risada.

— Mas ele falou a verdade. — Nyx sussurrou para Hadrian, o garotinho riu, porém o olhar
avaliativo de sua mãe o fez parar. Maray conhecia muito bem seu filho e a serpente para perceber
algo que ela dizia.

— Está na hora. — Ragnuk comentou olhando o relógio da parede.


— Se cuida, filho. — Maray não se segurou e deu mais um abraço apertado no jovem bruxo.

— Nos vemos nas férias. ​— Hadrian sorriu para os pais antes de abrir a porta do portal.
– Obrigado por tudo. Eu amo vocês. — Dito isso, ele entrou no portal.

— Acho que ele chegou. — Lucius comentou ao ver a porta abrir, porém não conseguiu ver o
garotinho graças ao charm na capa.

— Cheguei. — Disse Hadrian levantando o capuz, assim, anulando temporariamente os efeitos


do charm.

— Esse charm é muito poderoso por continuar ativo mesmo sobre as proteções da mansão. —
Narcissa comentou animada. — Duvido que até mesmo Dumbledore possa ver através dele.

— Perfeito. — O moreno sorriu enquanto pegava a mão de Draco. — Estamos prontos para ir?

— Estamos. — Lucius sorriu animado com o início da queda de Albus Dumbledore.

O Lord e a Lady Malfoy os guiaram até uma área de aparatação antes de levarem o grupo até
Kings Cross. Instantaneamente Hadrian se agarrou ao braço de Draco, um leve pânico o
atormentou ao ver tantas pessoas transitando naquela estação. As lembranças dolorosas do seu
passado abriam caminho em sua mente, o atormentando. As lembras de como havia chegado
naquela mesma estação anos atrás voltaram a assombrá-lo. Nyx, que estava encolhida ao redor do
pescoço do moreno, apertou o abraço, tentando confortá-lo. Draco sentiu a tensão vindo do aperto
em seu braço e fingiu estar de braços cruzados, apenas para poder acariciar a mão do amigo. Já que
o capuz estava no lugar, a presença de Hadrian não existia para as outras pessoas.

— Ta tudo bem, filhote. Nós estamos aqui com você. Nada vai te machucar. — A serpente
tranquilizou o jovem bruxo com suas doces palavras.

Respirando fundo, Hadrian tentou acalmar a avalanche de lembranças dolorosas e seguiu o


casal loiro até a passagem para a plataforma 9¾. O moreno nunca estaria preparado para a
multidão que o esperava depois da passagem. Ele sentia-se sufocando no meio daquele amontoado
de pessoas. Parecia um pandemônio dentro de um formigueiro. Adultos andavam de um lado para
o outro despedindo-se dos filhos, crianças corriam de um lado para o outro gritando umas com as
outras, corujas piavam, sapos coaxavam, gatos miavam, o vozerio de centenas de vozes falando ao
mesmo tempo e o apito do trem alertando sua eminente partida estava deixando o pobre garoto
atordoado.

Lucius guiou a família para os últimos vagões do trem, lá eles se despediram dos dois
garotos (mesmo que Hadrian estivesse "invisível") antes que eles entrassem no vagão. O loirinho
guiou o amigo pelo corredor até encontrarem uma cabine vazia. Hadrian sentou-se na janela e
Draco ao seu lado, para não criar muita dúvida sobre o mais alto, eles ficaram bem próximos. O
malão de Hadrian estava encolhido e dentro do de Draco, Hedwig foi solta e já voava até
Hogwarts.

— Você está bem? — Draco perguntou num sussurro enquanto fingia ler um livro.

— Nervoso, mas vivo. — Hadrian brincou enquanto se recostada em Draco para ficar mais
confortável.

— Vai dar tudo certo. — Fez carinho na mão do menor, confortando-o. Hadrian agradeceu
mentalmente por tê-lo ao seu lado, juntamente com Nyx.
Enquanto o trem foi enchendo, a cabine de Draco fora aberta e seus três amigos vieram
cumprimentá-lo. Pansy Parkinson, uma garota com cabelos pretos chanel, pele clara e olhos cinza-
escuro. Blaise Zabini, um garoto alto, de pele escura, os cabelos crespos ralos, olhos pretos e um ar
de ser muito vaidoso. E Theodore Nott, um garoto mais baixo do que o outro, pele clara e cabelos
castanhos muito bem penteados e olhos âmbar.

— Oi. — Draco murmurou, ainda concentrado no seu livro.

— Tão sensível com os melhores amigos. — Theodore debochou enquanto se jogava no assento
em frente ao loiro.

— Eu mataria para ver esse cara demonstrando alguma emoção. — Pansy murmurou, sentando-se
ao lado de Theodore enquanto Blaise se sentava ao lado de Draco.

— Por que você não está encostado na janela? — Blaise perguntou curioso.

— Por que eu não quero? — Zombou com uma sobrancelha arqueada.

— Sua sensibilidade me emociona, DrayDray. — Pansy fingiu secar lágrimas inexistentes.

A partir daí a viagem até Hogwarts foi recheada de um trio tentando puxar assunto com um
certo loiro e Hadrian observava tudo com um sorrisinho contente. Ele havia gostado daqueles três,
talvez possam ser amigos quando ele "surgir". No meio do caminho, os monitores passaram pelas
cabines avisando para que eles colocassem seus uniformes. Hadrian encolheu-se no canto e tampou
os olhos enquanto os garotos trocavam de roupa, o pior foi quando eles saíram da cabine e Pansy
entrou. O pobre garotinho quase virou um tomate de tão vermelho que estava. Não ousou mover
um músculo ou respirar, até que uma mão reconfortante deslizou discretamente até tocar-lhe a
coxa. O sol caiu e a lua tomou o seu lugar, as estrelas cintilavam no escuro, um vento gelado batia
nas árvores, fazendo suas folhas dançarem no ar.

A locomotiva vermelha parou na estação de Hogsmead. Um ser gigantesco e cheio de pelo


empunhava um lampião e gritava chamando pelos primeiranistas. De quatro em quatro os
pequenos botes foram se enchendo, Draco fez questão de ficar por último, onde um bote iria faltar
um lugar. Dizer que fora difícil encobrir a subida de Hadrian no mesmo seria eufemismo, mas, por
sorte, uma nuvem densa encobriu o brilho da lua, deixando uma escuridão recair sobre os jovens e
encobriu a movimentação extra do bote.

Hadrian olhava com admiração a travessia do lago. Conforme avançavam, a montanha que
encobria o horizonte deu lugar a um imenso castelo com várias torres e janelas. A lua no fundo deu
mais imponência ainda para aquela cena deslumbrante.

Chegando no píer de Hogwarts, um por um os botes iam esvaziando. O garoto de intensos


olhos verdes voltou a segurar a mão de Draco enquanto eles mantinham-se afastados da massa de
crianças animadas, para que ninguém trombasse com o garotinho invisível. Uma bruxa idosa de
rosto severo os esperava na porta para entrarem no castelo. O monte de pelos, cujo nome eles
descobriram ser Hagrid, foi dispensado e a bruxa guiou o grupo até uma porta grandiosa que se
encontrava fechada. Minerva McGonagall, a bruxa de rosto severo, apresentou-os as quatro casas
que se tornariam sua família. Gryffindor, Hufflepuff, Ravenclaw e Slytherin. Ela também os
orientou que eles seriam selecionados para uma destas casas por um Sorting Hat, que leria suas
mentes e os julgariam de acordo com as características de cada casa.

McGonagall deixou-os sozinhos por uns instantes, para certificar-se de que tudo estava certo
para a entrada dos primeiranistas. Nisso, iniciou-se uma discussão sobre a suposta morte de Harry
Potter. Hadrian mordeu o lábio inferior em nervosismo e se agarrou ainda mais a Draco. Todos
iriam descobrir a verdade naquela noite, Hadrian iria vir a público depois de muito tempo nas
sombras. Ele estava nervoso, mas sabia que esse era o primeiro passo para a destruição de Albus
Dumbledore.

— Estamos prontos. — McGonagall anunciou quando se aproximou dos aspirantes a bruxos. Ela
virou-se para as portas e escancarou-as. A visão daquele salão cheio de pessoas o olhando
amedrontou Hadrian, mas o aperto reconfortante do amigo acalmou seu coraçãozinho agitado.

Quatro mesas indicando as quatro casas de Hogwarts, o teto refletia o céu lá fora, milhares
de velas flutuavam acima de suas cabeças, iluminando o local, quatro ampulhetas destacavam-se
no fundo daquele corredor entre as mesas da Hufflepuff e da Ravenclaw, e lá no fundo uma
grandiosa mesa de frente para todos estavam os professores. Sentado em um trono no centro desta
mesa estava o tão temido Albus Dumbledore. Seus olhos azuis encobriam uma frieza assassina
enquanto analisava todos os primeiranistas. Ele tinha esperança de encontrar o pirralho no meio
deles, mas não o encontrou. Teve que reprimir um ataque de raiva para que sua imagem não fosse
arruinada. Bem, ela já estava começando a ser.

— Eu irei chamar os seus nomes, vocês irão se sentar neste banco e eu colocarei o Sorting Hat em
suas cabeças. Quando forem selecionados, dirijam-se até a mesa de sua respectiva casa. — Dito
isso, a chamada iniciou. Draco, Pansy, Theodore e Blaise foram selecionados para a Slytherin
instantes antes do chapéu pousar em suas cabeças. Aos poucos o corredor foi se esvaziando,
sobrando apenas o garoto invisível. Draco balançava a perna embaixo da mesa, tentando aliviar seu
nervosismo, pensando que, talvez, o nome de Hadrian não aparecesse na chamada. Talvez aquela
carta tivesse sido uma mentira. McGonagall começou a enrolar o pergaminho. — Agora que a
Seleção terminou... — Sua fala foi cortada quando ela viu um nome surgir no final da lista. —
Como...? — Ela sussurrou incrédula enquanto analisava aquele nome. Não podia ser. Poderia? Ela
olhou ao redor do Salão Principal, não encontrando nada, ou melhor, ninguém suspeito. — Diretor
Dumbledore. — A bruxa se aproximou do velho, que a olhava com curiosidade. — Veja isto. —
Entregou-lhe o pergaminho. Vários murmúrios percorreram aquele salão, ninguém estava
entendendo nada.

Dumbledore teve que se controlar em um nível descomunal para não deixar sua magia sair e
destruir tudo ao seu redor. Aquele pirralho estava vivo! E ele estava com um nome diferente! O
que isso queria dizer? O que aquele garoto estaria tramando? Seus planos seriam arruinados ou ele
ainda poderia manipulá-lo?

— Hadrian Tamish Potter! — Dumbledore chamou em um tom de voz alto e severo.

Todos se calaram ao som do último nome proferido. Nisso, o charm na capa de Hadrian foi
anulado. Varinhas foram empunhadas, várias pessoas ficaram em pé devido ao susto, ofegos e
gritos ecoaram nas paredes de pedra e olhos se arregalaram. Um pequeno sorriso enfeitou o rosto
de Draco. Mesmo encoberto pelo capuz, Hadrian sorriu. Ele havia adorado a reação das pessoas.
Ainda mais a de Albus Dumbledore. Sua mão velha e enrugada empunhava a varinha e apontava
diretamente para si. Seus olhos brilhando em um azul doentio, ele estava à beira do precipício,
pronto para mostrar sua verdadeira face.

Nyx deslizou pelo corpo de Hadrian até chegar no chão. Depois do mesmo a ter chamado.
As pessoas sentiram arrepios subindo por seus corpos quando ouviram os estalos e sibilos vindos
do ser misterioso. A cobra saiu por baixo da capa e deslizou ao redor da figura encapuzada
enquanto crescia. Mais ofegos e gritos foram proferidos ao verem uma serpente de vinte metros
parada atrás do ser misterioso. Sua imensa boca se moveu, todos estremeceram ao escutarem silvos
e sibilos estalados saindo dela, idênticos aos proferidos pelo ser misterioso. Os ossos dos
espectadores estavam tão frios quanto o maior iceberg do mundo, seus sangues percorriam suas
veias como as águas gélidas do ártico percorrem as geleiras, seus pulmões travaram no meio de
uma inspiração, completamente paralisados de medo. No mesmo instante, as chamas que estavam
nas velas flutuantes e nas tochas das paredes se apagaram, deixando apenas escuridão, nem mesmo
o brilho da lua iluminava o local. Gritos desesperados começaram a ecoar enquanto o pânico
tomava o controle das pessoas, algumas empunharam suas varinhas e proferiram o
feitiço Lumos para tentar enxergar alguma coisa. Albus Dumbledore ergueu sua varinha.

— Lumos Maxima! — Uma grandiosa esfera de luz irrompeu de sua varinha e rodou o Salão
Principal. — Fiquem todos calmos! — Ordenou com uma voz retumbante, silenciando todo o
salão. Hadrian soltou uma risadinha divertida, que ecoou pelo local de uma forma macabra, o som
ecoando pelas paredes de pedra enquanto o ambiente parecia ter esfriado terrivelmente.

Mais estalos e silvos surgiram, novamente proferidos pelo ser desconhecido. Todos os olhos
focaram-se na pequena figura encapuzada. Um braço coberto por uma luva preta até o cotovelo
irrompera de uma abertura pequena na capa, ele ergueu-se até a altura do rosto e chamas surgiram
em sua palma, como se o ser tivesse cuspido fogo nela. O braço abaixou-se levemente enquanto as
chamas tomavam a forma de uma pequena serpente, ela caiu no chão e começou a rodeá-lo,
fazendo a extremidade da capa entrar em combustão. As chamas foram subindo pelo tecido aos
sons de muitos ofegos. Gradativamente as chamas aumentaram, várias serpentes pequenas saíram
do núcleo do incêndio e começaram a rodeá-lo em um vórtice hipnótico de chamas.

Uma a uma as serpentes de fogo foram se fundindo em uma única serpente gigantesca logo
na frente do ser em combustão. A imensa cobra flamejante assumiu posição de ataque e sibilou,
logo partindo na direção do diretor, pronta para atacá-lo. Mas antes de tocar-lhe, ela explodiu em
fogos de artifício. Algumas pessoas quase desmaiaram de medo enquanto viam aquela cena
aterrorizantemente linda acontecendo, outras gritaram, outras ofegaram, poucas incentivaram.

Quando o clarão diminuiu, todas as luzes voltaram a brilhar no Salão Principal e todos
focaram no ser parado logo abaixo da imensa serpente de escamas negras com reflexos coloridos
nas mesmas. Fissuras microscópicas que atuam como prismas que refratam a luz e formam o efeito
de um arco-íris eternamente mutável enquanto seu corpo se movimenta.

Botas negras com um salto de oito centímetros subiam até a metade das coxas do
desconhecido, bordados em dourado enfeitavam o bico da bota e o início dela na coxa, um padrão
em branco cuidadosamente bordado enfeitava a sua canela. Uma pedra de diamante cintilava no
bico da bota, logo acima dos bordados; enquanto uma lágrima de esmeralda enfeitava logo abaixo
no início do cano da bota. Um short preto com um bordado em dourado na sua barra, dez
centímetros acima da bota; uma corrente com seis losangos de ouro rodeando pedras de ônix (a
cada duas pedras de diamante separando-os) com uma pedra de diamante e uma de esmeralda
enfeitavam a lateral do short. Uma camiseta branca social de mangas bufantes com correntes de
ouro estava sob um colete cinza com tecidos cinza e preto com detalhes em dourado na frente, onde
o meio tinha um padrão bordado e seis botões de cada lado em formato de losango feitos de ouro.
Acoplado no colete havia uma cauda com a parte de fora na cor cinza e a de dentro branco com um
padrão estrelado, e a sua borda em dourado. Dois grampos de diamantes e ouro seguravam os lados
da cauda para que ela não atrapalhasse o seu andar e ficasse na frente das suas pernas.

Uma gravata bufante de três camadas com um laço preto com prateado caído tinha uma
esmeralda no meio e ouro ao seu redor e o colarinho em preto com bordados em dourado e
prateado nas extremidades. Uma capa preta com a gola alta na altura das suas orelhas com
bordados em dourado e uma pedra de diamante de cada lado. Duas correntes de ouro seguravam a
capa no lugar. A de cima tinha um padrão de losangos de ônix a cada três esferas de ouro, a inferior
era apenas de esferas de ouro. Segurando o lado direito havia um grande losango de diamante com
duas correntes penduradas abaixo dele onde havia uma esmeralda em cada final; uma delas tinha
duas esferas de outro e era menor do que a outra, que tinha doze esferas de ouro com uma
esmeralda maior na ponta. Outras duas correntes saíam do losango de diamante, com uma de
mesmo padrão de losangos de ônix, que se ligavam em uma rosa negra na parte de traz do seu
ombro direito, esta era enfeitada com algumas pérolas negras. O interior da capa era em cinza
claro com um padrão bordado em um cinza mais escuro. O final da capa era pele de pumaruna
albina.

Luvas pretas com a costura em dourado que iam até a metade de palma de suas mãos
estavam enfeitadas com oito anéis de diferentes casas, cada um mais surpreendente que o outro.
Quando as pessoas viram aqueles anéis, a maioria sendo pessoas que foram criadas no mundo
bruxo, eles ficaram assombrados quando reconheceram os brasões nos anéis. Não era possível uma
pessoa ter todas aquelas heranças. Em suas mãos, até agora vazias, surgira um cetro, duas cabeças
maior que o garoto. Sua haste era de ferro negro com sua ponteira parecendo um pêndulo. No topo
do cetro havia um colar de ouro com um padrão entalhado em preto; sua cabeça era um enorme
diamante lapidado em forma de losango, e no centro havia o sigilo de Lúcifer em ouro. Um adorno
de ouro enfeitava a ponta do diamante. Saindo do colar havia duas fitas pretas e uma corrente de
ouro. No final da corrente havia um losango de diamante, no final de cada fita havia um losango de
esmeralda e o bordado da ponta das fitas era em ouro. Uma das fitas tinha listras douradas na
diagonal.

Algumas mechas de seus cabelos sedosos que caiam até sua escápula estavam
detalhadamente trançadas para trás, deixando sua testa visível. Uma coroa élfica de ouro, com a sua
parte traseira trançada e os lados com fios de ouro em espiral, detalhado com pedras de diamante.
Uma gota invertida de esmeralda enfeitando o centro de sua testa. Sua cicatriz de raio descia da sua
têmpora e se ramificava em três partes, uma delas cortando o final de sua sobrancelha direita.

O Salão mergulhou num silêncio cortante enquanto o som do salto chocando-se contra o
chão de pedra reverberava pelo local, o som do cetro batendo no chão como se fossem baquetas
batendo num tambor ao declarar-se uma guerra contra tudo e todos. Lentamente Hadrian avançava
para o Sorting Hat. Todos encaravam aqueles intensos olhos verdes que mais pareciam um vórtice
que sugaria suas almas, eles tinham um brilho que emanava puro poder, seus lábios possuíam um
sorriso malicioso enquanto focava no diretor, que estava completamente estático.

Na metade do caminho, Hadrian ergueu o cajado e girou-o sobre sua cabeça, quando ele se
chocou contra o chão, ele incendiou-se por completo. Quando as chamas se apagaram, todos
puderam ver uma bengala com um punho de ouro esculpido em forma de dragão, com uma esfera
de esmeralda na boca. A paralisia do público continuou a mesma, ninguém conseguia respirar de
tão surpresos que estavam. Chegando perto do banquinho de três pernas, Hadrian encarou
McGonagall com diversão, que estava ao lado do mesmo e segurava o Sorting Hat, caso alguém
invadisse o colégio, ela teria protegido o objeto mágico. Delicadamente, como se estivesse fazendo
uma apresentação, o garoto girou a bengala, que se transformou em um bracelete de ouro com duas
cobras, uma parecendo que estava subindo seu antebraço e a outra descendo o mesmo, e suas
caudas enroladas em um nó e havia uma gema de serendibite no centro dele, para logo depois
pegar o chapéu das mãos da vice-diretora. O garoto sentou-se no banquinho, cruzou uma perna
sobre a outra e colocou o objeto na cabeça. Sua visão foi completamente obstruída por ele.

— Nem mesmo Godric Gryffindor faria uma entrada tão teatral como esta. — O chapéu comentou
em voz alta para todos no salão ouvirem.

— Obrigado, Agravain. — Hadrian agradeceu com diversão soando em sua voz.

— Eu não esperava que alguém soubesse meu verdadeiro nome. Nem mesmo aquela cabra velha
ali atrás sabia. — Comentou surpreso e divertido. Hadrian soltou uma risadinha ao ouvir a
alfinetada contra o diretor.

— Isso virou um cabaré e eu não sabia? — George perguntou para o gêmeo num sussurro.

— Sempre foi. — Fred respondeu o seu irmão no mesmo tom. — Apenas melhorou.

— Então vamos começar sua Seleção, Príncipe Pendragon.


Capítulo 12
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Em toda a minha existência eu vasculhei as profundezas de inúmeras mentes de jovens bruxos.


— O Chapéu continuou falando para que todo o salão escutasse. — Eu analisei milhares de
personalidades, cogitei infinitos caminhos futuros, escolhendo em qual casa aquela jovem alma
iria se dar melhor para alcançar o seu futuro. Mas eu poderia contar nos dedos de uma mão, se eu
as tivesse, a quantidade de pessoas que se encaixam em todas as quatro casas desta escola. — O
Salão Principal começou a se encher de murmúrios muito baixos. — E você, senhor Pendragon, se
daria muito bem em qualquer casa desta escola. Você se encaixaria perfeitamente na Gryffindor,
pois você é um espírito selvagem. Você não irá permitir que alguém o dome, não permitirá que
qualquer um se aproxime de si ou da sua família. Você vai atacar com toda a sua força qualquer
um que seja uma ameaça. Você possui a ousadia de um leão, o sangue-frio e nobreza. Você é
corajoso, leal e companheiro. Você nasceu para ser um rei, senhor Pendragon. Sim, você seria um
ótimo leão.

— Nós podemos ter Potter. — Os Gryffindor comemoravam baixinho com a possibilidade de


terem esse "troféu".

— Porém. — O Chapéu falou mais alto, silenciando a todos. — Você seria uma excelente
serpente. É nesta casa onde você saberá quem são seus verdadeiros amigos. A astúcia, a
determinação, a autopreservação, o orgulho e a ambição que destacam esta casa transborda de
você. Pode ser que a autopreservação esteja um pouco ofuscada pelo seu lado Gryffindor, já que
você morreria por aqueles que você ama. As serpentes podem ser mal interpretadas e ter uma
fama ruim, tudo por causa da sua ambição e escolhas difíceis para alcançar o que almejam. Sua
astúcia em analisar as situações e encobrir a verdade são grandes qualidades que protegem os
Slytherin. Você seria uma serpente maravilhosa, jovem Pendragon.

— Espero que ele venha para cá. — Draco sussurrou enquanto mordia o lábio inferior em sinal de
nervosismo. Os Slytherin começaram a murmurar sobre a possibilidade de terem Potter.

— Entretanto você seria um adorável texugo. Muitos menosprezam e subestimam esta casa. A
casa que mais deveria ter apreço, pois lá não existe diferenças. Todos são iguais e se ajudam
mutuamente. A dedicação, a paciência, a lealdade e a honestidade é o que torna essa casa tão
diferente das outras. Eles não ligam para status, condições ou qualquer outra coisa. Eles aceitam
tudo e todos e são amigáveis com qualquer um. Texugos podem ser amigáveis, mas quando
atacam um deles, podem ter certeza de que eles irão devolver ainda mais forte. A sua lealdade
com aqueles que se importam é a melhor característica desta casa. Suas garras e dentes afiados
serão muito bem usadas caso ameacem um deles. Não confundam a gentileza deles com fraqueza.
Sua lealdade com a sua família vai além do imaginável e sua dedicação para ter sua família unida
e feliz é invejável. Senhor Pendragon, você seria um perfeito texugo.

— Ele é tão adorável. — Uma Hufflepuff comentou enquanto seus colegas de casa comemoravam
as belas palavras do Sorting Hat.
— Mas existe mais uma nobre casa com a qual você se encaixaria muito bem. Mente alerta e
grande espírito de saber com certeza te destaca. A inteligência, sabedoria, criatividade e uma
insaciável sede por conhecimento é algo que transborda de você, jovem bruxo. A casa onde o
estimularia a novos desafios acadêmicos a cada dia, o local onde você poderia ter longas
discussões sobre diversos assuntos com seus colegas. Sua incrível sagacidade em aprender coisas
novas rapidamente é invejável. Sua personalidade única seria muito bem recebida nesta casa. Sim,
você seria uma majestosa águia.

— Será que ele virá para nossa casa? — Os Ravenclaw começaram a murmurar em expectativa.

— Porém existem coisas que vão além. — O Chapéu continuou. — Me deram a ordem para
colocá-lo em uma certa casa. Por isso quero que saibam que eu não recebo ordens! — A voz do
Sorting Hat retumbou pelo vasto salão enquanto todos estremeciam. Uma pressão mágica irradiava
do Sorting Hat, unindo-se com a do garotinho que o usava e estendendo-se pelo Salão Principal. O
ar estava saturado com tamanho poder que emanava deles. — Minha lealdade é com Hogwarts.
Apenas descendentes dos fundadores possuem direito a me ordenar algo. Nem mesmo o diretor
possui esse privilégio, por mais que queira. Diante de todos os alunos, fantasmas e funcionários
da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, eu, Agravain Gryffindor, anúncio que Hadrian
Tamish Potter, herdeiro de oito famílias, sendo elas: Peverell, Gaunt, Slytherin, Black, Potter,
LeFay, Lykaios e Pendragon; é oficialmente um Herdeiro de Hogwarts. Ele possui 25% da escola,
seus direitos vão além dos poderes do Diretor ou do Conselho de Governadores de Hogwarts!
Toda e qualquer mudança tanto acadêmica quanto estrutural deve passar pelo seu julgamento!
Que assim seja. — Dito isso, quatro animais de pura energia surgiram flutuando na frente de
Hadrian.

Um majestoso leão vermelho, uma atenta águia azul, um amigável texugo amarelo e uma
ameaçadora serpente verde. A serpente rastejou no ar até enrolar-se nos ombros de Hadrian, que foi
rodeado momentaneamente pela aura verde do animal. Por alguns instantes todos acharam que os
outros três animais restantes iriam desaparecer e Hadrian finalmente seria classificado, mas
surpreenderam-se quando o texugo flutuou até o garoto e acomodou-se no seu colo, mais uma vez
o garoto brilhou momentaneamente com a aura amarela. Então a águia soltou seu grito enquanto
batia suas assas logo acima da cabeça de Hadrian, que brilhou momentaneamente em azul. Por fim,
o majestoso leão pôs-se ao lado direito do garoto, este brilhou em vermelho enquanto o leão
soltava um rugido que fez Hogwarts inteira estremecer.

— A magia que os quatro fundadores infundiram em cada pedra deste castelo decidiu. Godric
Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin, através da magia que reside
neste castelo declaram que Hadrian Tamish Potter é o herdeiro de cada um. Godric, Helga e
Rowena, que tiveram sua linhagem familiar extinta, reivindicam este garoto como seu legítimo
herdeiro a partir de hoje. Seus senhorios poderão ser reivindicados por ele. — Os animais de
energia foram sugados para o anel de Slytherin no dedo médio direito de Hadrian. O objeto brilhou
em branco antes de dar a visão de um anel completamente diferente. Ele possuía o aro em ouro
com o emblema de Hogwarts, os animais tinham os olhos em pedras preciosas. O texugo tinha um
citrino, a águia uma tanzanita, a serpente uma esmeralda e o leão um rubi. — Hadrian Tamish
Potter agora possui controle total sobre a escola! Ele é oficialmente o dono da Escola de Magia e
bruxaria de Hogwarts! — Os fantasmas, que pareciam mais pálidos do que já eram, curvaram-se
para o garoto. — Agora, acho que enrolamos demais essa Seleção. — Hadrian deu uma risadinha
fofa. — O seu lugar, futuro rei, é ao lado da sua família. Então, melhor que seja... — Fez uma
pausa dramática. — SLYTHERIN! — Sua voz ecoou pelo salão, todos paralisados com tudo o que
acabaram de presenciar.

— Obrigado, Agravain. Espero poder conversar mais com você. — Hadrian agradeceu
educadamente enquanto tirava o Sorting Hat da cabeça, o pousou no banquinho e dirigiu-se até a
mesa das serpentes. Quando o moreno estava chegando na mesa, os integrantes da mesma
explodiram em comemoração. Draco saltou do seu banco e se aproximou do amigo.

— Isso foi maravilhoso! — O loiro sorriu enquanto pegava na mão do amigo.

— Eu só queria me afundar num buraco e nunca mais sair. — Hadrian murmurou enquanto suas
bochechas coravam violentamente.

— Venha. Vamos jantar. — Draco o conduziu até o seu lugar na mesa, e instantaneamente os
Slytherin iniciaram uma avalanche de perguntas para o novo integrante. Os murmúrios, lamentos
por não terem Potter, e perguntas percorriam todo o local.

— Venha, Nyx. — Hadrian chamou a gigantesca serpente, que ficara parada na porta analisando
tudo, e escondia o seu imenso orgulho só para não perder a pose intimidadora. Todos no Salão
Principal se calaram no instante em que escutaram o seu adorado Salvador falar parseltongue. A
grandiosa serpente começou a diminuir de tamanho enquanto se dirigia até o seu filhote. Ela
rastejou sobre a mesa e acomodou-se em seus ombros.

— Eu estou tão orgulhosa de você, filhote. Foi perfeito! — Nyx comentou orgulhosa. Hadrian
sorriu e acariciou sua cabeça.

— Eu estou tão envergonhado. — suas bochechas continuaram coradas desde que o seu
"espetáculo" terminara.

Dumbledore pigarreou audivelmente para atrair a atenção de todos. Hadrian podia ver que o
velho estava fervilhando de ódio por trás daquela máscara. Severus Snape, um homem de cabelos
negros e oleosos na altura dos ombros, olhos tão escuros como ônix, um nariz grande, com a
aparência de um pouco mais de trinta anos e vestes pretas encarava Hadrian com confusão.

Durante os dez anos desde a morte de sua amada Lily ele odiou Hadrian Potter. Ele não sabia
o motivo pelo qual o odiava tanto e o repudiava. James Potter tinha os cabelos pretos e rebeldes,
uma pele levemente bronzeada, usava óculos redondos e tinha os olhos cor de avelã. Já Lily Potter
tinha longos cabelos num intenso ruivo, que desciam em uma cascata lisa pelas suas costas, sua
pele era tão alva com sardas claras a embelezando e seus olhos eram o verde mais belo que já vira.
Severus odiava o garoto com todas as suas forças, mas ele não sabia por quê.

Mas então, quando ele viu o garoto naquele salão. Aqueles olhos. Eram os mesmos olhos
verdes que sua amada tinha. Porém eles eram diferentes. Eles eram muito intensos, ondulando num
redemoinho infinito com vários tons de verde, transbordando magia e poder. Hadrian era
igualzinho a mãe. A mesma pele alva, as mesmas sardas, o mesmo rosto e traços delicados, o
mesmo corpinho magro e delicado. A única coisa de James eram seus cabelos negros levemente
rebeldes. Severus Snape pode ver Lily com seus onze anos, ali parada, admirada com tudo. Foi no
instante que ele viu aqueles olhos focarem nos seus, que Snape sentiu algo se romper dentro de si.
E então todo o ódio e a repulsa que ele sentia desapareceu. Agora só o que ele sentia era carinho,
saudade, compaixão.

Então ele percebera que alguém havia colocado um selo nele, e ele sabia quem era. Albus
Dumbledore foi quem lhe havia dado a notícia da morte dos Potter, e desde aquele dia Severus
odiou o filho de James sem motivo algum. Ele se afastou de seus melhores amigos, os Malfoy e se
recusava a conversar sobre o suposto desaparecimento de Hadrian. Severus era esperto, não
deixaria o velho descobrir que o selo se rompeu, ele iria atuar conforme Dumbledore desejasse,
mesmo que isso machucasse seu coração e o garoto. Naquele instante, Severus Snape fez uma
promessa silenciosa de que protegeria o filho de Lily custe o que custar.
— Incrível, senhor Potter. — Dumbledore falou com o seu sorriso de bom avô. — Foi uma entrada
triunfal esplêndida, meu garoto. Mas creio que se esquecera que esta escola possui regras, as quais
apreciaria que o senhor respeitasse. Seu animal e seu uniforme são um bom começo.

— Com licença, senhor Dumbledore. — Hadrian se colocou em pé e olhou para o diretor com
escárnio. — Creio que o único que não sabe sobre as regras é o senhor. — Muitas pessoas
ofegaram com o desrespeito da criança com o diretor. Hadrian reprimiu um sorriso ao ver uma veia
pulsar na têmpora do velho. — Pois eu li todas e sei que não existe nenhuma regra obrigando os
alunos de usarem os uniformes na primeira noite em Hogwarts. Também existe a regra permitindo
a entrada de animais além dos sapos, corujas ou gatos. Isto é, apenas animais que se submeteram
ao ritual de familiar com um aluno possuem a permissão de transitar pela escola. Agora, se a sua
preocupação é com a segurança dos alunos e funcionários, asseguro-lhe que Nyx não atacará
ninguém. A não ser que ela sinta uma possível ameaça contra mim ou meu amigo, Draco Malfoy.
Então sugiro que não tentem fazer nada prejudicial a nenhum de nós. — Hadrian sentou-se
novamente.

— Muito bem. — Dumbledore escondeu sua raiva com um suspiro cansado. — Que se inicie o
banquete. — Dito isso as mesas se encheram de comida e o falatório se iniciou. Dumbledore
sentou-se no seu lugar e começou a comer, nunca tirando os olhos do garoto que estava arruinando
seus planos.

— Você é um parselmouth! — Vários Slytherin ainda estavam impressionados com Hadrian.

— Sim. — Respondeu timidamente. Ele estava começando a se sentir desconfortável com toda
aquela atenção, pessoas o rodeando e querendo tocar-lhe. Seu coraçãozinho começou a bater
intensamente enquanto suas bochechas continuavam coradas de vergonha e sua cabeça baixa.

— Okay, pessoal! — Draco se pronunciou. — Deixem-no comer em paz. Não estão vendo que
estão incomodando? — Vários pedidos de desculpas foram proferidos enquanto Hadrian suspirava
aliviado por se afastarem um pouco dele e pararem com as perguntas.

— Obrigado. — O moreno agradeceu com um sorriso tímido.

— Estarei sempre aqui pra você, Hazz. — Draco sorriu.

Hadrian, em certo momento da noite, teve seu olhar desviado para a mesa dos professores,
onde um homem mirrado e de turbante o olhava fixamente. Quando seus olhos se cruzaram, o
garoto sentiu sua cicatriz doer intensamente. Apertando as mãos em punho e mordendo o lábio
inferior, ele pode conter um gemido de dor. Aquele homem lhe parecia suspeito. Tinha algo por
traz daquele olhar analítico que o intrigava.

Quando o Banquete de Boas-Vindas fora encerrado logo após Dumbledore dar os seus avisos
de início de ano letivo e os forçar a cantar o hino de Hogwarts, o que todos terminaram a música
em tempos diferentes. E por fim só restaram os gêmeos Weasley cantando sozinhos, ao som de
uma lenta marcha fúnebre. Os alunos rumaram para seus Salões Comunais, não antes de tentarem
se aproximar de Hadrian e fazerem perguntas. Porém foram barrados por Slytherin protetores
dizendo que ele estava cansado e precisava ir, o que o garoto agradeceu timidamente. Os novos
alunos da Slytherin seguiram o monitor por entre os grupos que conversavam, saíram do Salão
Principal e desceram até as masmorras até uma parede de pedra em um corredor sem saída. A
grandiosa porta se materializava para que pudessem entrar no salão. A senha era "coração negro", e
ela mudava a cada quinze dias.

O seu interior era incrivelmente sofisticado; as janelas davam a visão para o Great Lake, que
projetavam uma luz esverdeada pelo local. Estantes cheias de livros se misturavam com tapeçarias
de aventuras de outros Slytherin e quadros de bruxos importantes; sofás e poltronas de couro preto
se destacavam com as mobilhas de cores mais claras e em verde; as paredes eram de pedra rústica
e escura, do teto pendiam correntes com luzes redondas e esverdeadas. Salazar Slytherin era um
dos bruxos mais ricos da época, por isso seu salão é luxuoso, ao contrário dos outros que só há o
básico como: poltronas, sofás, lareira etc. Uma grandiosa lareira era o foco do local na extremidade
oposta à entrada, onde o brasão da casa residia logo acima, a lareira esquentava o local o ano todo,
pois a umidade e a escuridão dão uma sensação de frio. Um grandioso lustre de cristal iluminava o
local inteiro. A um canto, um grandioso arco branco dava a uma grandiosa escada que se bifurcava
para cada lado

— Nossos dormitórios, diferente dos outros, são divididos por apenas dois alunos em cada. Os dos
garotos fica à direita e o das garotas à esquerda. Seus nomes estão nas portas dos quartos. Se vocês
tiverem alguma desavença com outro Slytherin resolvam aqui dentro. Nós já somos malvistos,
tachados de vilões e traidores, então não deem a eles o que querem. Se vocês possuem algum
animal já nos apresentem e digam os nomes, para caso se percam sabemos a quem devolver se
encontrarmos. Suas coisas já estão em seus quartos. Não queremos que mais comentários contra
nós sejam criados. Se virem algum Slytherin precisando de ajuda, vão procurar um monitor, ou
professor ou defendam o colega. Tenham uma boa noite e sejam bem-vindos a Slytherin. — Os
alunos mais velhos comemoraram contentes com os novos integrantes.

Depois de várias apresentações e de perguntas nada discretas para o Garoto-que-Sobreviveu,


ele e os amigos subiram para os dormitórios. Estavam exaustos e sonolentos. Nyx ficou boba com
tantos elogios, voltou ao tamanho original e foi procurar comida pelo castelo e explorá-lo. Hadrian
e Draco comemoraram ao verem que dividiram o quarto. O mesmo era grandioso, duas grandes
camas de casal com cortinas esmeraldas muito bem trabalhadas nos detalhes se misturavam
perfeitamente com os lençóis prateados e macios, um banco longo acolchoado estava ao lado de
uma grandiosa janela do teto ao chão onde passavam várias criaturas, mais duas janelas mais
estreitas a rodeavam, os pilares possuíam serpentes os circulando, as tapeçarias somadas com as
tochas nas paredes deixavam o local com um ar acolhedor, uma fonte residia no meio do cômodo,
perto das camas havia grandiosos armários de madeira escura, sofás de couro preto, uma mesinha
de centro, estantes de livros e escrivaninhas completavam o local, no canto perto da janela da
esquerda se encontrava uma porta de madeira escura onde ficava um banheiro luxuoso. No meio
havia uma ilha com dois lavatórios. Os armários brancos e o tampo de pedra preta, as pias ficavam
uma para cada lado do banheiro. Na direita e na esquerda encontrava-se um box grande, duas
banheiras e dois acentos sanitários. Os detalhes em prata e em verde se destacavam com a luz do
lustre em cima da ilha. Bolinhas luminosas flutuavam no teto escuro como o céu da noite.

— Nem acredito que ficamos juntos! — Hadrian se jogou na cama da direita, onde sua bagagem
descansava aos pés dela. Nyx deslizou pela cama, acomodando-se num travesseiro.

— Nem eu! — Draco se jogou ao seu lado na cama. — Eu estou com tanto sono que posso dormir
agora mesmo.

— Temos que arrumar nossas coisas. — Hadrian riu do beicinho emburrado que o outro fez. —
Vem, sai da minha cama. — Levantou-se e puxou o loiro.

— Então não vai mais querer minha companhia? — Draco perguntou presunçoso enquanto se
dirigia até a sua mala e a desfazia, guardando suas roupas no guarda-roupa e livros na estante.

— E-eu ainda preciso de você. — Hadrian comentou com as bochechas coradas e olhando para o
chão envergonhado.

— Alguma coisa me diz que você sempre vai precisar de mim. — Draco sorri com um leve rubor
nas bochechas. — Vamos arrumar logo nossas coisas para irmos dormir. Amanhã já começam as
aulas.

Quando os dois já haviam arrumado tudo, tomado um banho relaxante e vestido os pijamas,
eles se dirigiram para a cama do moreno. Dormir nos braços de Draco trazia paz para Hadrian, ele
não temia nada, os pesadelos diminuíam até que não existiam mais. Era quentinho e aconchegante
ter um nos braços do outro.

— Venha, Sunshine. — Hadrian corou com o apelido que o outro o dera.

— Vai dormir, Moonlight. — Agora foi o loiro quem corou enquanto se arrumava na cama.

— Moonlight? — Apoiou a cabeça com a mão enquanto via o moreno se virar para olhá-lo.

— É. Você cuida de mim durante a noite. Então... — Seus olhos se desviaram para algum lugar
que não fosse os olhos cinzas tempestuosos. — E-e você? Sunshine?

— É-é que você é todo radiante como o sol. — Ambos os garotos estavam corados e evitavam
olhar um para o outro.

— Boa noite, Moonlight. — Hadrian sussurrou enquanto se acomodava no abraço do maior.

— Boa noite, Sunshine. — Draco deu-lhe um beijo na cabeça. E foi assim que os dois
adormeceram.
Capítulo 13
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Caro Lord Malfoy.

Eu, Hadrian Tamish Potter, Lord da Casa Black: possuindo três assentos, da Casa Potter:
possuindo quatro assentos, da Casa Lykaios: possuindo quatro assentos, da Casa Peverell:
possuindo quatro assentos, da Casa Gaunt: possuindo quatro assentos; e Lord das famílias
dos fundadores de Hogwarts: Gryffindor, Slytherin, Hufflepuff e Ravenclaw, cada uma
possuindo cinco assentos. Lord da Casa LeFay, de Morgana LeFay, e Lord da Casa
Pendragon, de Arthur Pendragon, seus assentos sendo dois dos três assentos supremos. Me
tornando assim senhor de trinta e nove assentos de Lords e dois assentos supremos no
Wizengamot. Declaro Lucius Abraxas Malfoy como gestor dos trinta e nove assentos dos
Lords que possuo, até que eu venha chegar à maioridade. Esta carta é abençoada pela Lady
Magic e não pode ser negada por nenhuma autoridade ou poder.

Ass.: Hadrian Tamish Potter.

Tamanha fora a surpresa de toda a comunidade bruxa quando leram a manchete daquela
manhã do Daily Prophet. Como uma imagem em movimento de um Hadrian cercado pelas
mascotes de energia das quatro casas de Hogwarts foi tirada sem que ninguém percebesse fora um
grande mistério. Nyx, obviamente havia percebido a presença intrusa, mas não fizera nada a
respeito, pois não queria estragar o grande show do seu filhote.

NOTÍCIAS URGENTES!

Por Rita Skeeter.

Meus caros leitores venho com notícias que irão surpreender a todos! O, até então, Harry
James Potter, como todos achávamos ser seu nome, não se chama assim. O nome real de
nosso salvador é Hadrian Tamish Potter, e ele está vivo. Eu repito: ELE ESTÁ VIVO!

Hadrian chegou em Hogwarts com uma entrada triunfal, meus caros leitores! Foi lindo de se
ver! Ele chegou às escondidas e, de alguma maneira, seu nome so apareceu no livro de alunos
no último momento! O mais impressionante e que ele entrou em Hogwarts e ficou até o
último nome ser chamado e ninguém o percebeu, nem mesmo o tão renomado diretor tido
como o bruxo mais poderoso do século!
E então, no momento que o Golden Boy teve seu nome chamado, ele se revelou como uma
figura encapuzada. Todos na escola alarmaram-se e sacaram suas varinhas, obviamente
esperando um ataque inimigo, mas o jovem não se acanhou e manteve sua postura sem
nenhum temor. Segundos depois, o mesmo produziu sibilos e estalos que apenas momentos
depois viemos a descobrir que era o idioma das serpentes.

Isso mesmo, caros leitores, aquele que enfrentou o Dark Lord e saiu vitorioso com menos de
um ano é um parselmouth. E em parseltongue ele chamou seu familiar, uma serpente mágica
com a aparência de uma King Cobra muggle e que poderia crescer até mais de quinze
metros, e assumiu uma posição atrás do jovem de forma protetora, no momento que a
serpente abriu sua enorme boca sibilos e estalos foram pronunciados, e então todas as fontes
de luz no Salão Principal de Hogwarts foram apagadas. Exatamente, aquela serpente pode
usar alguma forma de magia e é extremamente poderosa.

Momentos depois os professores de Hogwarts usaram o feitiço Lumos e clarearam o grande


salão, mas mesmo com os inúmeros Lumos não foram suficientes para iluminar por completo
o local aonde o jovem Hadrian estava, que estava um completo breu, nem mesmo um único
brilho de luz chegava até ele. Nem mesmo o Lumos Maxima que Albus Dumbledore produziu
foi capaz de clarear o local por completo. Pela terceira vez na noite os estalos e sibilos foram
ouvidos, novamente vieram do jovem bruxo, e aquele ponto escuro na sala foi iluminado por
uma chama de fogo ardente sobre a mão esguia do bruxo.

Quando o mesmo abaixou o braço, a bola de fogo tomou a forma de uma pequena serpente,
que caiu no chão e começou a rodeá-lo, fazendo com que a longa capa negra que ele usava
pegasse fogo e seu tecido fosse lentamente consumido pelas chamas. Do incêndio saíram
inúmeras pequenas serpentes que se juntaram umas às outras para rodeá-lo, até que, depois
de milhares de serpentes aparecessem, as mesmas se fundiram e se tornaram uma enorme
serpente de tamanho suficiente para se comparar a familiar de Hadrian. Depois que a
enorme serpente de chamas foi formada logo a frente do seu mestre, ela entrou em posição de
ataque, para logo depois partir em ataque na direção do diretor de Hogwarts. Mas, a poucos
centímetros de distância dele, a mesma explodiu em milhares de fogos de artifício que
trouxeram de volta todas as luzes do Salão Principal. E, quando as luzes voltaram, todos os
olhos do salão focaram no jovem.

Lá estava ele, em todo seu esplendor, com roupas que, diferente dos outros recém-chegados,
não era o uniforme de Hogwarts; e sim as mais luxuosas roupas que eu já vi em toda minha
vida de jornalista! Eu não vou tomar o tempo de vocês descrevendo as roupas, pois nem o
jornal inteiro seria o suficiente para que eu pudesse descreve-la detalhadamente, mas para
vocês não ficarem curiosos no final da manchete terá as fotos do Sir Hadrian.

O cajado que ele estava segurando, de acordo com algumas das minhas fontes, na realidade é
uma das representações de poder em Camelot, usado por Merlin ou o Rei Arthur como
objeto de poder, uma das mais incríveis criações do maior mago que já existiu, se não a
maior. Tendo a capacidade de ser um canalizador e amplificador para feitiços, também sendo
um símbolo da realeza, pois apenas o Príncipe herdeiro ou o rei podem usar.

Hadrian Tamish Potter é o Herdeiro do Reino de Camelot. E não só dele.

Durante sua avaliação pelo Sorting Hat, o mesmo falou, para que todos escutassem, que o
jovem Hadrian era herdeiro das casas: Potter, Black, Gaunt, Peverell, Lykaios (Do Dark
Lord mais temido da Grécia, e um dos maiores do mundo que veio para a Grã-Bretanha e
viveu aqui.), Pendragon (Como vocês já sabem.), LeFay (Além do Rei Arthur, o jovem
também era herdeiro de sua irmã, a maior Dark Lady que já existiu, a arqui-inimiga de
Merlin, Morgana.), e por último, e não menos importante, ele era herdeiro de Salazar
Slytherin.

Eu digo era porque logo após o Sorting Hat olhar em qual casa o jovem herdeiro deveria
ingressar, ele nomeou o mesmo como herdeiro de Hogwarts e de 25% de sua totalidade.
Momentos depois, os espíritos dos quatro fundadores apareceram em suas formas animagis e
aceitaram o mesmo como seu herdeiro legítimo. Não apenas da família Slytherin, mas das
quatro famílias fundadoras. O jovem não mais possuindo apenas 25%, mas agora sendo o
dono da escola em sua totalidade.

Já não bastava ser o Futuro Rei de Camelot, agora ele também é dono de Hogwarts.

E então logo após a declaração de Agravain, o real nome do Sorting Hat, o mesmo nomeou o
jovem para a casa Slytherin. Sim, o jovem não se tornou um leão como todos esperavam e
sim uma serpente. O velho diretor não gostou nada disso, era visível em seus olhos enrugados,
mas ele conseguiu manter a máscara de bom velhinho.

Mas agora nós devemos comemorar e finalmente reacendermos nossas esperanças, pois nosso
pequeno salvador está de volta! E agora é para ficar. Quais mudanças ele trará para nosso
mundo mágico? As forças opositoras a ele começarão a se movimentar? Devemos também
trazer perguntas muito importantes: o Agravain falou que recebera ordens de colocar o
jovem em uma certa casa, de quem veio a ordem? Por que iriam querer manipular a casa em
que o mesmo estaria? Outras perguntas que não foram respondidas. Onde o mesmo estava
durante esses anos? Com quem ele estava? E por que ele tinha sumido? Ele estava em perigo
e por isso fugiu? São inúmeras perguntas que continuam sem respostas, mas irei me esforçar
ao máximo para trazer as respostas a todos os leitores do Daily Prophet.

A manhã seguinte fora um alvoroço de adolescentes loucos para ter um segundo da atenção
de Hadrian. O garoto estava começando a se sentir sufocado com todos aqueles abutres sedentos
por atenção. Era vergonhoso ver o desespero deles em tentar ser seu amigo, forçando um diálogo
nada agradável, fazendo perguntas constrangedoras, algumas garotas davam em cima dele e depois
saiam dando risadinhas. Hadrian estava odiando tudo aquilo. Era tarde demais para voltar para a
sua escola com os goblins? Era tão bom ser tratado como uma criança normal, e não uma
celebridade. Se não fosse por Draco, Hadrian teria fugido daquele lugar no primeiro instante.
Enquanto o loirinho tranquilizava e acalmava o amigo, Nyx e outros Slytherin faziam um ótimo
trabalho espantando aqueles abutres esfomeados.

Com muito esforço o garotinho conseguiu ignorar a sua horda de fãs e se concentrar nas
aulas. Ele tinha feito um plano: iria deixar Hogwarts no comando de Dumbledore por um tempo,
analisando todas as falhas que a Cabra Velha cometia com o ensino de jovens bruxos. Ele
precisaria dessas provas para destruí-lo no futuro, então continuaria quieto fingindo ser um bom
garotinho manipulável. Todos estavam abismados com a facilidade que Hadrian tinha em fazer
magia. Ele não entendia como acontecia, ele só precisava saber o movimento, a fala de "ativação" e
imaginar o que queria. E em segundos ele conseguia fazer o feitiço. Graças ao seu talento natural
para a magia e seu grande intelecto, Slytherin estava ganhando vários pontos.
O clima na sala de poções era frio e só piorava com os animais embalsamados dentro de
frascos de vidro nas paredes à volta. Severus parou no nome de Hadrian. O homem o analisou por
alguns segundos antes de voltar a fazer a chamada.

— Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções. — Severus
falava um pouco acima de um sussurro, mas eles não perderam nenhuma palavra. — Como aqui
não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isso não é mágica. Não espero que
vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça
tremeluzindo, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente,
confundem os sentidos... Posso ensinar-lhes a engarrafar a fama, cozinhar glória, até a zumbificar,
se não forem o bando de cabeças-ocas que geralmente me mandam ensinar. — Hadrian pode ver
alguns Gryffindor trocando olhares temerosos. — Potter!

— Sim, senhor. — Hadrian esperou o homem prosseguir.

— O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna? — Uma garota
da Gryffindor com cabelos espessos e dentes da frente proeminentes estava com a mão erguida,
louca para se provar.

— Asfódelo e losna produzem uma poção para adormecer tão forte que é conhecida como a Poção
do Morto-Vivo, senhor. — A garota o olhou com raiva.

— Correto. Se eu lhe pedisse, onde você iria buscar bezoar? — A garota, novamente, esticou a
mão no ar o mais alto que pôde sem se levantar da carteira.

— O bezoar é uma pedra tirada do estômago da cabra e pode salvá-lo da maioria dos venenos,
senhor.

— Correto. — Severus continuava a desprezar a mão trêmula da Gryffindor. — Qual a diferença,


Potter, entre acônito licoctono e acônito lapelo? — Ao ouvir isso, a garota se levantou, a mão
esticada em direção ao teto da masmorra.

— Os dois acônitos são plantas do mesmo gênero botânico, senhor.

— Correto novamente. Dez pontos para a Slytherin. — Olhou ao redor. — Então? Por que não
estão copiando o que o senhor Potter disse? — Ouviu-se um ruído repentino de gente apanhando
penas e pergaminhos.

Hadrian compreendeu o que o homem havia dito. Asfódelo é um tipo de lírio (Lily em
inglês), que, de acordo com a Enciclopédia Vitoriana de Flores (Victorian Flower Language)
significa: "meus arrependimentos vão te seguir até o túmulo". Enquanto isso, a losna significa
"ausência" e simboliza a tristeza e a solidão. Asfódelo originalmente era um remédio para
mordidas de cobra, enquanto a losna pode ser associada às divindades lunares como Ártemis, um
cervo. A cobra tendo ligação com Voldemort, e Ártemis (um cervo) tendo ligação com Lily e
Severus possuírem um Patronus de uma corça. Ou seja: "Eu me arrependo amargamente da morte
de Lily.".

— Senhor Potter. — Severus chamou enquanto todos arrumavam seus materiais para deixarem a
sala de aula.

— Sim, professor Snape? — Hadrian indicou que Draco fosse sem ele enquanto se aproximava do
homem. Eles ficaram em silêncio até que a porta da sala se fechou com a saída do último aluno.

— Sei que você pode não acreditar, mas eu conheci sua mãe quando ela estudou nesta escola. —
Severus analisou os intensos olhos do garoto cintilarem em expectativa. — Fomos amigos por
muito tempo, e gostaria de dizer-lhe que ela teria muito orgulho de você. — Mesmo estando
desacostumado a falar coisas boas, Severus precisava dizer aquilo. Ele precisava se redimir com
Lily, ele precisava proteger o garoto.

— Confie nele, filhote. — Nyx sussurrou tão baixo que apenas Hadrian escutou seus sibilos e
estalos. O garotinho ficou um tempo analisando o homem todo trajado de preto na sua frente. O ato
era recíproco. Hadrian não era nada do que Severus acreditava.

— Fico muito agradecido pelo senhor ter me dito isso. — Hadrian sorriu amigavelmente. Severus
sentiu seu coração palpitar com um sentimento quentinho ao ver aquele sorriso tão verdadeiro
sendo direcionado para si. — Antigamente eu não sabia nada sobre meus pais. — Comentou meio
abatido, o que gerou várias dúvidas na mente do adulto. — Então escutar isso vindo de um amigo
dela é muito significativo para mim. — Uma mãozinha se fechou em punho e apertou o peito, bem
no lugar do coração. — Então muito obrigado, senhor. — Seus intensos olhos verdes o olhavam
com uma felicidade genuína, que fez o homem tão severo e insensível pigarrear para recobrar sua
máscara de carrasco.

— Bom. Sugiro que se apresse para não chegar atrasado para sua próxima aula.

— Até mais, professor Snape. Foi bom conversar com o senhor. — Despediu-se tão educadamente
antes de sair da sala. Severus soltou um longo suspiro, se apoiou na mesma e ergueu a cabeça para
o teto.

— Não se preocupe, Lily. Eu irei protegê-lo. — Prometeu num sussurro, com o coração batendo
intensamente com aquela sensação quentinha o dominando por completo. Ele não iria falhar. De
novo não. Ele faria de tudo pelo garoto. Ele era tão educado quanto Lily, tão dócil e gentil,
estudioso e inteligente. Sim, Hadrian era definitivamente filho dela. Simplesmente um anjo na
terra.
Capítulo 14
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Logo no almoço, Hogwarts teve um assunto grande para fofocar, que não era Hadrian. O
Daily Prophet escreveu uma manchete sobre uma tentativa de roubo em Gringotts. O que, por si
só, era uma loucura e suicídio. Todos sabiam que era impossível roubar o banco dos goblins.
Hadrian, por outro lado, recebeu uma carta do seu pai, que surgiu do nada no seu colo.

Hadrian, meu querido filho.

Tome cuidado em Hogwarts, pois a Pedra Filosofal que Albus Dumbledore tinha guardado
aqui em Gringotts foi retirada por um funcionário da escola. Eles estão começando a se
movimentar, por algum motivo que não sabemos ainda. Mas isso, com certeza, é um plano de
Dumbledore. E como sabemos, ele é um perigo iminente que está apenas esperando o
momento certo para atacar.

Por favor, não se exponha a perigos desnecessários. Como Nyx disse, você deve trilhar seu
caminho para conquistar seu destino, mas não posso deixar de me preocupar com você
estando tão longe de nós. Então, por favor, se cuide. Saiba que seu pai e sua mãe te amam e
você é a alegria em nossas vidas. Então tome cuidado, faça muitos amigos e, talvez, amantes
(não diga para sua mãe que eu escrevi isso) e seja feliz, pois você merece.

Com amor, seu incrível pai.

Hadrian sorria bobamente para as últimas frases da carta. Como ele amava seus pais, doía
estar tão longe deles. Não comer a deliciosa comida de sua mãe, não brincar com seu pai, ou
apenas ficarem todos sentados na grama apreciando a paz e tranquilidade do Reino Goblin.

— É dos seus pais? — Draco perguntou num sussurro, se aproximando de Hadrian.

— Sim. — O garoto entregou a carta para o amigo. — Acho que o tal corredor proibido tem
relação com a Pedra. — Hadrian admitiu.

— Será que foram alguns seguidores de Você-Sabe-Quem que tentaram pegá-la? — Perguntou
temeroso, devolvendo a carta depois que leu seu conteúdo.

— Não sei. — Hadrian suspirou, deitando sua cabeça no ombro do amigo. — Mas acho que isso
vai cair sobre minhas costas depois.

— Vai ficar tudo bem, Hazz. — Draco segurou uma mão do amigo, acariciando seu dorso. — Eu
estou aqui com você.

— Obrigado. — O moreno sorriu para Draco quando se arrumou e voltou a comer.

Pela tarde, Hadrian estava sentado perto do Great Lake com Draco e os amigos do loiro.
Hadrian até que estava gostando deles, Pansy e Theodore eram divertidos e adoravam fazer drama,
Blaise e Hadrian tinham longas conversas intelectuais sobre tudo e nada, e Draco ficava no meio
termo, ora ele participava dos diálogos, ora ele ralhava com Theodore e Pansy por o importunarem
com suas brincadeiras. Nyx estava deitada numa pedra, se aquecendo ao sol e apreciando a
tranquilidade daquele período livre que os garotos tinham. Até que um enorme cão de caçar javalis
correu para perto deles, pegando um graveto na grama e se aproximou de Hadrian.

— Oi, garotão. — O moreno sorriu para o animal, que deixou o graveto todo babado no seu colo e
sentou na sua frente. — O que faz por aqui? — Deu o dorso da sua mão para o animal cheirar
antes de acariciar lhe as orelhas.

— Olha como ele é grande! — Pansy comentou admirada, também se aproximando do cachorro.
— Parece até um pônei. — O grupo riu do comentário.

— Você quer brincar, é? — Hadrian pegou o graveto lambuzado e balançou na frente do animal,
que latiu alto, se colocou em pé, com a parte da frente abaixada e o traseiro para cima, balançando
o rabo animadamente. Ele estava pronto para sair correndo atrás do graveto. — Muito bem... —
Hadrian se levantou. — Vá pegar! — E jogou o graveto o mais longe que conseguiu. O cachorro
saiu em disparada atrás do objeto, muito feliz por poder brincar.

— De onde será que saiu um cachorro muggle? — Draco perguntou curioso, olhando o animal
voltando rapidamente com o graveto na boca.

— Não faço ideia. — Blaise respondeu. — Mas ele tem dono, já que está usando uma coleira.

— Será que é de algum aluno? — Theodore perguntou com uma careta ao ver Hadrian pegar o
graveto babado e jogar para longe.

— Acho que não. — Pansy comentou. — Ninguém mais tem ligações de familiar, além do Hazz.
Então não iriam trazer um cachorro desse tamanho para a escola.

Nyx observava seu filhote se divertindo com o cachorro. Hadrian estava rindo como uma
criança normal, seu grande sorriso iluminando seu rosto. Sim, ela estava muito feliz por ver o seu
filhote superando seus traumas a cada dia que se passava. Ela tinha tanto orgulho dele, da sua força
para continuar vivendo, do intenso amor que tinha pela família.

Vê-lo superar sua fobia social era incrível. Ele lhe contara que os Dursley se certificaram de
que ninguém fosse legal com ele. Na escolinha Duddley amedrontava e batia em quem se
aproximava de Hadrian para ser seu amigo, só para depois ele e seu grupinho brincarem de "Caça
ao Harry" e o baterem. Já os seus tios saiam por aí distribuindo mentiras sobre seu caráter, o que
faziam os estranhos o olharem torto e serem estúpidos ao acreditarem que ele era um ladrão,
mentiroso, encrenqueiro e perturbado. E quando Hadrian estava "protegido" em casa seu tio o
batia, dizendo-lhe insultos e o humilhando.

— Fang, seu grande trapalhão! — O mesmo homem que os guiou pelos barquinhos se aproximou
correndo do grupo. Seu rosto quase completamente escondido por uma juba de cabelos e barba
longos, escuros e ondulados. Seu corpanzão grande e forte demais para qualquer humano, seus
pequeninos olhinhos de besouro tinham um ar tão gentil e inocente. Hadrian sabia, era um meio-
gigante, mesmo assim não vacilou em demonstrar sua surpresa pelo tamanho do homem. — Que
bom que você não foi muito longe, garotão. — O homem acariciou a cabeça do cachorro. — Olá
crianças, espero que Fang não tenha dado trabalho.

— Não, claro que não. — Hadrian sorriu, fazendo carinho na cabeçorra do animal. — Ele é
incrível. Prazer em conhecê-lo, Fang. Eu sou Hadrian. — O cachorro latiu e lambeu a bochecha do
garoto risonho.

— Oh! Hadrian? — O homem pareceu se lembrar de algo. — Nossa! Como você cresceu! Parece
que foi ontem que era tão pequeno que cabia na minha mão. — Comentou alegre.

— Você já me conhece, senhor...? — Hadrian indicou que queria saber o nome do meio-gigante.

— Rubeus Hagrid, Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts. — Estendeu sua mãozorra para
o garotinho, que a apertou educadamente.

— Prazer em conhecê-lo Hagrid. Acho que já deve me conhecer. — Coçou a nuca envergonhado
enquanto desfaziam o aperto.

— Eu era amigo de seus pais. Acobertava cada encrenca que seu pai fazia por esses terrenos que
até perdi a conta. Mas não conte isso pra ninguém. — Comentou num sussurro divertido, o que fez
o garotinho rir. — Qualquer hora passe na minha cabana perto da Forbidden Forest para tomarmos
um chá. Tenho cada história das aventuras de James para te contar.

— Pode confiar nele, filhote. — Nyx se aproximou, deslizando pelo gramado e subindo pelo
corpo do garoto até repousar nos seus ombros.

— Que bela serpente você tem aí, Hadrian. — Hagrid comentou animado.

— Adorei ele. — Nyx comentou orgulhosamente enquanto se exibia para o homem.

— Ela disse que gostou de você. — Hadrian comentou divertido.

— Estou contente em ver que já está fazendo amigos. — Hagrid sorriu para os Slytherin atrás do
garotinho.

— Sim. Estes são Draco Malfoy, Pansy Parkinson, Blaise Zabini e Theodore Nott. — Hadrian
apresentou-os sorridente. Os Slytherin cumprimentaram o meio-gigante educadamente. A conversa
foi interrompida pelo sino indicando o fim do período livre.

— Melhor vocês irem antes que fiquem com problemas. Nos vemos por aí. — Hagrid despediu-se
antes de se afastar, com Fang ao seu lado.

— Ele é bem... — Pansy começou.

— Animado. — Theodore terminou.

— Nyx disse que podemos confiar nele. — Hadrian admitiu.

— Mas ele é tipo o cachorro de guarda da Cabra Velha. — Draco se levantou e sussurrou para
Hadrian enquanto o grupo voltava para o castelo.

— Sim, mas eu confio em Nyx. Se ela disse que posso confiar nele, então eu confio. — Comentou
determinado. Draco suspirou, sabendo que a serpente sempre estava certa.
A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas era, no mínimo, desconfortável. Hadrian,
sempre que estava perto do professor Quirinus Quirrell ele sentia sua cicatriz arder e uma dor de
cabeça o incomodar. Além disso, o homem era muito estranho, um cheiro estranho o impregnava,
sua gagueira e comportamento acovardado pareciam tão falsos, sem contar que ele sempre olhava
para Hadrian de uma maneira estranha. Parecia que ele tinha um profundo ódio por ele, mas
tentava disfarçar. Hadrian estremecia só de imaginar o que se passava pela mente daquele homem
perturbado. Parecia um maldito pervertido nojento.

Quando as aulas acabaram, e ainda restavam alguns minutos antes do jantar, Hadrian
arrastou Draco até a cabana de Hagrid, pois ele queria saber tudo sobre seus falecidos pais. O
meio-gigante morava numa casinha de madeira na orla da Forbidden Forest. Uma besta e um par de
galochas estavam à porta da casa. Quando o moreno bateu à porta eles ouviram uma correria
frenética e latidos ferozes. Depois, a voz de Hagrid dizendo:

— Para trás, Fang. Atrás. — A cara barbuda de Hagrid apareceu na fresta quando a porta se abriu.
— Espere aí. Para trás, Fang. — Ele os fez entrar, lutando para segurar com firmeza a coleira do
enorme cão. Havia apenas um aposento na casa. Presuntos e faisões pendiam do teto, uma chaleira
de cobre fervia ao fogão e a um canto havia uma cama maciça coberta com uma colcha de retalhos.
Hadrian fez uma nota mental em presentear o homem com algo melhor. Ele sabia como era sentir
frio e não ter com o que se cobrir. — Estejam à vontade. — Falou Hagrid, soltando o cachorro, que
pulou imediatamente em cima de Hadrian e começou a lamber lhe as orelhas. Como Hagrid, Fang
não era tão feroz quanto se esperava.

— Viemos lhe fazer uma visita. — Hadrian disse a Hagrid, que fora despejar água fervendo num
grande bule de chá e arrumar biscoitos num prato. Os biscoitos quase quebraram os dentes deles,
mas os garotos fingiram gostar e contaram a Hagrid como tinham sido as primeiras aulas deles.
Fang descansou a cabeça no colo de Hadrian e cobriu suas vestes com saliva. Nyx, com ciúmes, foi
se aconchegar no colo do loiro.

— Quanto àquela gata, Madame Norris, às vezes eu tenho vontade de apresentar o Fang a ela.
Sabe que todas as vezes que vou até a escola ela me segue por toda parte? Não consigo me livrar
da gata. E Filch, aquela guitarra velha, que manda ela fazer isso.

— Nyx quase a estrangulou quando a viu pela primeira vez, achando que seria um ótimo lanche. —
Hadrian comentou sorrindo. Os garotos haviam se familiarizado com o meio-gigante. Draco havia
deixado o seu preconceito de lado e aproveitou a companhia.

— Você tinha que ver o Hazz nas aulas. — O loiro comentou orgulhoso. — Ele é incrível. Não tem
dificuldade alguma em nenhuma matéria, até parece que já as dominava.

— Eu nem sou tão bom assim. — O moreno corou e olhou para sua mão acariciando a cabeça do
cachorro.

— Ta brincando? Nem a Granger e o Zabini unidos são páreos para você. Até na parte teórica você
se dá bem. — Os olhinhos de Hagrid, que mais pareciam dois besouros, cintilaram em orgulho.

— Ah, Hadrian. Seus pais ficariam muito felizes em vê-lo ser tão bom na escola. — As lágrimas
escorreram de seus olhos e desapareceram no meio de sua barba.

— Me conte mais sobre eles, Hagrid. Por favor. — O garotinho pediu docemente.

— Claro. Sim. Deixe-me ver. — O homem secou as lágrimas e pareceu pensar por uns instantes.
— Lily era uma garotinha muito fofa com seus cabelos cor de caju e olhos verdes como os seus no
meio de um rostinho com sardas. Vejo que as suas são bem clarinhas. — Sorriu com carinho. —
Bom. Ela era uma ótima aluna da Gryffindor. Inteligente, alegre, fazia amizade rápido, e era
espirituosa. Ela era melhor amiga de Severus Snape. Acredite se quiser. Seu pai, James, tinha um
grupinho de quatro. Ele, Sirius Black, Remus Lupin e Peter Pettigrew estavam sempre arrumando
confusão. Na verdade, era mais o seu pai e Sirius. Peter ficava com eles só por serem populares. E
Remus era um garoto inteligente, não perderia seu tempo com coisas fúteis. Mas James e Sirius
eram muito maldosos com várias crianças, principalmente o Snape. Lily sempre o defendeu, mas
alguma coisa mudou. Eles brigaram feio um dia, quando Lily defendeu Snape de uma brincadeira
maldosa de James. Mas então eles fizeram as pazes novamente. Mais tarde seus pais se
apaixonaram. Lily trazia o melhor lado de James e Sirius, parecia que ela era a única que conseguia
domá-los. — Riu com as lembranças. — Seus pais eram boas pessoas, Hadrian. Por mais que
cometessem erros, como qualquer humano, eles eram bons. E nunca duvide deles, pois eles te
amaram, deram suas vidas para o proteger. — As lágrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto. —
E-eu lembro quando recebi a mensagem de Dumbledore. Fui o mais rápido que pude até sua casa
em Godric's Hollow. Estava destruída, você estava chorando tanto Sirius era quem o tirou dos
escombros do seu quartinho, você era tão pequeno e frágil. Sirius não queria o deixar, ele estava
tão preocupado com você. Mas Dumbledore me mandou levá-lo até ele, então eu insisti para que
Sirius me entregasse você, ele relutou, mas enfim cedeu e foi atrás de Peter. Ah, Hadrian. Eu sinto
muito, garoto. — O garotinho se levantou desajeitado e abraçou o homem que se debulhava em
lágrimas.

Depois disso eles ficaram conversando sobre tudo e nada, até que os garotos tiveram que
voltar para o castelo para o jantar.

— Você está bem? — Draco perguntou hesitante.

— Sim. — Respondeu com um sorriso fraco. — Pelo menos descobrimos algumas coisas sobre
aquele dia. — Nyx apertou-se levemente nos ombros de Hadrian, o transmitindo conforto.

— Teremos que trabalhar para abrir os olhos de Hagrid. — Draco segurou a mão do amigo para o
confortar.

— Sim, ele ainda está cego pelas mentiras da Cabra Velha. — Eles se acomodaram na mesa da
Slytherin no Salão Principal. — Mas vejo que ele é uma boa pessoa. Só está sendo manipulado,
como vários outros.

— Não se preocupe com essas coisas agora. — O loiro sorriu-lhe docemente. — Você precisa
comer direitinho, se não sua mãe me mata. — Hadrian riu, o que fez Draco sorrir.

— Obrigado por sempre estar ao meu lado. — Uma imensidão verde e uma tempestade elétrica se
encararam intensamente.

— Sempre. — Draco admitiu, ambos sentindo os peitos quentinhos devido a um sentimento, até
então, desconhecido pelos dois. Sentimento esse confundido com a amizade.
Capítulo 15
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

No segundo dia em Hogwarts, Hadrian e Draco estavam indo para a próxima aula quando se
depararam com uma confusão num corredor. Um primeiranista da Gryffindor com rosto redondo,
baixo, levemente gordinho, cabelo loiro acastanhado e olhos castanhos escuros estava cercado por
um grupo de cinco garotos mais velhos da mesma casa.

— Sério, Longbottom, você tá querendo apanhar ou o que? — O líder do grupinho começou. —


Você viu o tanto de pontos que você nos fez perder!?

— De-desculpa... — O garotinho respondeu amedrontado, se encolhendo no chão. — E-eu... —


Um dos capangas deu-lhe um chute na barriga.

— Oh, cale a boca! — Comentou. — Sua voz é irritante pakaraio!

— Acho melhor vocês pararem. — Hadrian comentou sem emoção nenhuma.

— E quem você pensa que é para mandar algo? — O líder desdenhou antes de virar a cabeça para
o recém-chegado. Quando viu quem era, ele engoliu em seco e seus olhos se arregalaram.

— Talvez eu seja a pessoa que pode te destruir em segundos. — Hadrian se aproximou, deixando
um pouco da sua magia vazar para que servisse de aviso para aqueles valentões pararem. — Talvez
eu seja o seu pior pesadelo encarnado. Talvez eu seja aquele que pode fazer da sua existência um
inferno por toda a eternidade. — Nyx elevou sua cabeça do ombro do garoto e sibilou em
advertência para os adolescentes, mostrando suas presas pingando veneno. — Agora, saiam daqui
e nunca mais repitam algo parecido, pois eu irei saber caso desobedeçam. Meu familiar adoraria
fazer uma visitinha para vocês caso escolham me contrariar. — Seu tom era calmo e desprovido de
sentimentos, o que só assustava ainda mais os mais velhos. — Peçam desculpas. — Indicou o
garotinho caído no chão.

— De-desculpa a gente. — Os cinco se apressaram em levantar o primeiranista e a juntar suas


coisas enquanto se desculpavam.

— Agora vão embora. — Hadrian os dispensou balançando a mão, como se eles fossem apenas
uma mosca insignificante. Os adolescentes saíram apressadamente corredor afora, desesperados
para se afastarem do moreno e sua serpente. — Você está bem? — Hadrian recolheu sua magia e
Nyx se acalmou nos seus ombros.

— Si-sim... — O garotinho respondeu trêmulo. — O-obrigado por me ajudar. — Suas bochechas


rechonchudas adquiriram um tom rosado enquanto ele olhava para os pés.

— Não precisa me agradecer. — Hadrian estendeu sua mão. — Sou Hadrian Potter.

— Ne-Neville Longbottom. — Aceitou o aperto de mão hesitantemente. — Pra-prazer.


— É um prazer, conhecê-lo Longbottom. — Hadrian sorriu quando soltaram o aperto. — Se
alguém vier te incomodar pode vir falar comigo. — Piscou um olho. — Se cuida, leãozinho. Nos
vemos por aí. — Despediu-se alegremente enquanto seguia seu caminho pelo corredor.

Draco deu um aceno para Neville antes de acompanhar Hadrian. O Gryffindor ficou alguns
minutos parado no corredor, olhando a onde o moreno havia desaparecido na esquina. Suas
bochechas estavam tão coradas e seu coração acelerado. Nem podia acreditar que Potter o havia
salvado, e fora tão legal com ele. Ninguém nunca era legal com Neville. Sempre o achavam um
inútil atrapalhado. Não tinha amigos, não brincava com as outras crianças, ninguém queria
conversar com ele. Era apenas Neville e suas plantas. Hadrian foi o primeiro que o tratou
amigavelmente. Sim, Hadrian era incrível. Um sol no meio da escuridão que era sua vida.

Mais tarde naquele dia, os primeiranistas da Slytherin e da Gryffindor se dirigiram para o


exterior do castelo. Umas vinte vassouras arrumadas em fileiras no chão os esperavam. Nyx havia
ido procurar alguns ratos para se alimentar enquanto Hadrian estava na aula. Em alguns minutos os
alunos da Gryffindor chegaram correndo, todos animados com a aula. A professora, Madame
Hooch, chegou. Tinhas cabelos curtos e grisalhos e olhos amarelos como os de um falcão.

— Vamos, o que é que estão esperando? — Perguntou com rispidez. — Cada um ao lado de uma
vassoura. Vamos, andem logo. — Hadrian se pôs ao lado do objeto e olhou para a vassoura. Era
velha e tinha algumas palhas espetadas para fora em ângulos estranhos. Definitivamente era
péssima para ensinar crianças de onze anos a voar. Essas vassouras devem ser um perigo de tão
velhas que são. — Estiquem a mão direita sobre a vassoura. — Mandou Madame Hooch diante
deles. — E digam "Em pé!".

— EM PÉ! — Gritaram todos.

A vassoura de Hadrian, assim como a de Draco, pulou imediatamente para sua mão, mas foi
uma das poucas que fez isso. A de Hermione Granger, a garota devoradora de livros da Gryffindor,
simplesmente se virou no chão e a de Neville nem se mexeu. Hadrian, vendo o nervosismo do
pequeno leão, se aproximou dele.

— Tenha calma. — Aconselhou calmamente.

— E-eu não gosto de altura. — Neville admitiu extremamente amedrontado.

— Está tudo bem. — Colocou uma mão no seu ombro. — Essas vassouras só devem subir um
metro do chão. Não se preocupe em se machucar. — Sorriu-lhe docemente. As bochechas de
Neville coraram e ele se concentrou em se acalmar para fazer o que era pedido.

— E-em pé! — O sorriso que ele deu quando sua vassoura voou para sua mão era tão grande que
fez Hadrian sorrir também.

— Viu só? — Piscou-lhe um olho. — É só se acalmar para que tudo dê certo. A magia está ligada
aos seus sentimentos e estado de espírito. Como um cavalo, a vassoura sente quando você está
nervoso.

— Obrigada, Hadrian. — Neville agradeceu feliz.

— Não foi nada, Neville. — O moreno sorriu e voltou ao seu lugar ao lado de Draco. Madame
Hooch, em seguida, mostrou-lhes como montar as vassouras sem escorregar pela outra
extremidade, e passou pelas fileiras de alunos corrigindo a maneira de segurá-las.
— Agora, quando eu apitar, deem um impulso forte com os pés. — Disse a professora. —
Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o
corpo um pouco para a frente. Quando eu apitar... Três... Dois... — Mas Neville, nervoso e
assustado sem ter Hadrian ao seu lado para o acalmar, deu um impulso forte antes mesmo de o
apito tocar os lábios de Madame Hooch. — Volte, menino! — Gritou, mas Neville subiu como
uma rolha que sai sob pressão da garrafa, quatro metros, seis metros.

Hadrian viu a cara de Neville branca de medo espiando para o chão enquanto ganhava altura,
viu-o exclamar, escorregar de lado para fora da vassoura. Sem pensar muito, Hadrian montou em
sua vassoura, o ar passou veloz pelo seu cabelo e suas vestes se agitaram com força para trás. Voar
era fácil, era maravilhoso, era natural. Ele voou na direção do garoto antes que o mesmo caísse,
pegou-o pela gola das vestes e desceu ao chão com cuidado. A vassoura que Neville montava
continuou a subir cada vez mais alto e começou a flutuar sem pressa em direção à Forbidden Forest
e desapareceu de vista. Madame Hooch pareceu acordar de um transe e soltou um guincho antes de
correr até os garotos. Hadrian havia pousado no chão e ajudava Neville a se manter em pé, o
coitado estava tremendo de medo.

— O que pensa que estava fazendo, senhor Potter!? — Olhou para o garoto com fúria.

— Algo que a senhora não fez. Neville poderia ter se machucado feio se eu não o ajudasse. —
Hadrian a olhou com escárnio.

— O-o-obrigado, Ha-Hadrian... — Neville sorriu trêmulo para o moreno enquanto fungava e


enxugava algumas lágrimas de pavor que brotaram em seus olhos.

— Não há de que, Neville. — O moreno acariciou a cabeça do garoto e sorriu-lhe.

— Muito bem, senhor Potter. — Hooch suspirou e apertou a ponte do nariz com força. — Dez
pontos para a Slytherin por ajudar um colega. E menos cinco para a Gryffindor por não me escutar,
senhor Longbottom. — Suspirou e olhou o garoto trêmulo. — Venha Longbottom, vou levá-lo
para a enfermaria para tomar uma poção calmante. Eu não quero ver nenhuma vassoura no ar, ou
serão expulsos antes que falem "quidditch"! — Anunciou para a turma enquanto colocava a mão
no ombro de Neville. Assim que se distanciaram e ficaram fora do campo de audição da classe,
Millicent Bulstrode, uma garota presunçosa da Slytherin, caiu na gargalhada. A garota era uma
versão feminina de Dudley, só que com os cabelos castanhos e os olhos pretos.

— Vocês viram a cara dele, o idiota? — Alguns alunos da Slytherin fizeram coro, junto com
alguns Gryffindor.

— Cala a boca, Bulstrode. — Retrucou Parvati Patil.

— Uuuu, defendendo o Neville? — Debochou Bulstrode. — Nunca pensei que você gostasse de
manteiguinhas derretidas, Patil. Olhe! — Atirou-se para a frente e recolheu alguma coisa na grama.
— É um Remembrall! — O objeto cintilou ao sol quando a garota o ergueu.

— Me dê isso, Bulstrode. — Ordenou Hadrian em voz baixa. Todos pararam de conversar para
espiar. A garota soltou uma risadinha malvada. Hadrian não gostava dela, era muito infantil e tinha
prazer em ser chata e impertinente.

— Acho que vou deixá-lo em algum lugar para Longbottom apanhar, que tal em cima de uma
árvore?

— Eu não irei me repetir. — O garoto ordenou calmamente, mas Bulstrode montara na vassoura e
saíra voando. Ela não mentira quando se gabou mais cedo, sabia voar bem, e planando ao nível dos
ramos mais altos de um carvalho desafiou:

— Venha buscar, Potter! — Hadrian ergueu uma sobrancelha como quem diz: "é sério isso?".

— Não! — Gritou Hermione Granger. — Madame Hooch disse para a gente não se mexer. Vocês
vão nos meter numa enrascada.

— Você tem razão senhorita Granger. — Hadrian sorriu maldosamente para a garota que voava
metros acima deles. — Eu não perderei meu tempo com isso. — Accio Remembrall. — Seu sorriso
aumentou quando o objeto voou das mãos de Bulstrode e pousou na sua. Todos o olhavam com
admiração e assombro.

— Como você...? — Bulstrode parecia que tinha visto o seu pior pesadelo.

— SENHORITA BULSTRODE! — Hooch voltou e olhava para a garota com uma cara nada boa.
— DESCA IMEDIATAMENTE! — A garota parecia querer fugir, mas obedeceu e voltou ao chão.
— Qual parte do "não subam nas vassouras" você não compreendeu!? Vou me certificar de que
seus pais saibam disso! A aula está cancelada por hoje! — Anunciou e todos começaram a ir
embora. — E você vai me acompanhar até a sala do diretor! — Agarrou o ombro da garota, que
olhou com ódio na direção de Hadrian e a seguiu a contragosto.

— Vocês viram a cara dela? — Pansy se contorcia de rir enquanto todos voltavam para o castelo.
O quinteto estava indo para a Ala Hospitalar.

— Como você fez aquilo? — Theodore olhava para Hadrian com uma admiração tangível.

— Na verdade eu não sei. — Hadrian corou ao olhar para o Remembrall. — O feitiço só me veio
na mente e eu disse.

— Mesmo assim! — Theodore comentou animado. — Você fez magia sem varinha!
É muito difícil fazer algo assim. Ainda mais na nossa idade.

— Você é incrível, Sunshine. — Draco circulou os ombros do amigo com um braço, fazendo
ambos corarem com a proximidade deles.

— Venham. Vamos ver Neville e devolver isso pra ele. — Hadrian liderou o caminho.

— Hadrian! — Neville sorriu para o moreno ao vê-lo se aproximar de sua cama.

— Como está se sentindo, Nev? — O moreno sorriu.

— Melhor agora. Madame Pomfrey me deu uma poção para acalmar meu ataque-de-pânico. —
Comentou com as bochechas extremamente coradas.

— Que bom que está se sentindo melhor. Aqui. — Entregou-lhe a bolinha. — Você deixou cair.

— Obrigado. — Neville tinha os olhinhos brilhando para o moreno.

— Você perdeu de ver o Hazz humilhando a Bulstrode. — Pansy sorriu animada.

— Ela começou a ser chata e se exibiu montando na vassoura e querendo jogar o seu Remembrall
longe. — Theodore continuou.

— E então o Hazz ia atrás dela numa vassoura. Mas ele não se arriscou a fazer algo estúpido
quanto provocar sua expulsão. — Draco apertou o abraço entorno dos ombros do moreno.

— Daí fez magia sem varinha para convocar o Remembrall! — Blaise comentou extasiado. — Em
seguida a professora Hooch chegou e deu um baita sermão na Bulstrode. Eles vão chamar os pais
dela.

— Obrigado por pegá-lo dela, Hadrian. — Neville sorriu para o garoto de olhos verdes.

— Não há de quê, Nev. — Sorriu e bagunçou seus cabelos loiros. — Amigos? — Estendeu-lhe
uma mão. Neville intercalava o olhar entra a mão oferecida e os olhos do moreno, procurando
alguma coisa que indicasse que era mentira.

— Amigos! — Aceitou a mão com um sorriso tão radiante, que fez Hadrian dar uma risadinha
feliz. Ele estava tão feliz por conseguir amigos tão bons.
Capítulo 16
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

No dia seguinte, toda escola sabia que Bulstrode levou um sermão terrível dos pais e por
pouco não foi expulsa. Depois de uma aula "normal" de voo, Neville se recusou a voltar a montar
em uma vassoura novamente, e todos ficaram admirados com a habilidade nata de Hadrian em
voar. Draco e os amigos o elogiavam e incentivavam para fazer o teste para o time de quidditch no
ano que vem. Eles estavam voltando para a Sala Comunal depois do jantar quando uma voz
sussurrada e grave chamou o garoto de olhos verdes.

— Senhor Potter. — Severus Snape estava parado numa esquina do corredor os olhando. — Posso
ter uma palavrinha com o senhor?

— Claro, professor. — Hadrian sorriu para os amigos e seguiu o homem até sua sala particular. —
O que deseja, professor?

— Eu queria saber se você está bem? — Severus perguntou depois de lançar feitiços de
privacidade na sala.

— Estou sim, senhor. — O garoto olhou para os pés. — Hum...? Senhor, eu poderia perguntar
sobre minha mãe? O senhor me disse que foram amigos e queria saber mais sobre ela...

— Venha, Hadrian. — Severus indicou uma poltrona e eles sentaram-se frente a frente. — Sua mãe
era a luz na minha vida. — Severus comentou com um olhar nostálgico. — Nos conhecemos em
um parquinho, ambos vivíamos num bairro trouxa. Minha mãe era uma bruxa puro-sangue então
eu sabia que era um bruxo, ajudei Lily a se acostumar com a sua magia e tentar esconder dos
muggles. Seus pais ficaram muito felizes quando ela recebeu a carta, mas sua irmã a invejava.

— Ela descontou sua inveja em mim. — Suspirou pesadamente.

— Eu sinto muito por isso. — Olhou-o com curiosidade. Precisava saber mais sobre o passado do
garoto, principalmente se ele teve contato com Petunia Evans. — Eu deveria ter ido verificar você.
Deveria ter me esforçado mais. — Hadrian olhou-o em dúvida. — Dumbledore colocou em mim
um selo que me fazia te odiar. Mas no instante que eu te vi entrando por aquelas portas... Quando
vi seus olhos, os olhos de Lily, o selo se quebrou.

Hadrian sorriu e se levantou, indo abraçar o homem com carinho. Severus ficou paralisado,
em todos os anos sem Lily ele não permitiu que ninguém o tocasse, muito menos abraçasse. Mas
ali estava ele, sendo abraçado pelo filho da mulher que amou como uma irmã. Seu coração
palpitava de amor, mas seu corpo permaneceu rígido de surpresa, sem saber como reagir. O
garotinho pareceu perceber o que havia feito e se afastou com as bochechas coradas.

— E-e-eu s-sinto muito, se-senhor. E-eu na-não... — Sua voz trêmula foi interrompida por Severus
não deixando-o se afastar e cercando-o com os braços.
— Está tudo bem, Hadrian. — Severus se entregou ao calor em seu peito e segurou o garotinho
firmemente contra si. Hadrian relaxou e o abraçou com força, sentindo o delicioso cheiro de lírios
que o outro exalava. Ele sentia-se seguro e protegido nos braços do Mestre de Poções, sabia que ele
nunca o trairia. E ele estava muito feliz por tê-lo como um aliado, talvez como um membro da
família. — Eu conversei com Lucius e Narcissa e eles me situaram sobre o que Dumbledore fez
com você. Eu irei continuar fingindo que o odeio e o desprezo para ter a confiança do velho. Mas
saiba que eu não queria dizer certas coisas para você. Você é tudo que sobrou da minha irmãzinha
Lily. Eu farei de tudo para protegê-lo, Hadrian.

— Está tudo bem, professor. — Eles se separaram do abraço e Severus acariciou a bochecha
corada do garoto com carinho.

— Quando estivermos sozinhos, pode me chamar de Severus.

— Okay, Severus. — Sorriu docemente. — Obrigado por estar me protegendo de longe.

— Não confie em Dumbledore. Esteja sempre alerta. Mantenha sua serpente perto sempre que
possível. Agora você está sob as garras dele. — Alertou. — Você está na escola que ele comanda,
mesmo você sendo o dono de Hogwarts. — O homem segurou os ombros de Hadrian com firmeza.
— Ele é inteligente, pode não parecer, mas é. Nunca subestime Dumbledore. Tenha cuidado com o
que você falar, com quem ou onde. Você já deve ter percebido que as pessoas nos quadros podem
sair de suas pinturas e transitar entre si. Sua sala é cheia de retratos, eles podem ser seus espiões.
Também tome cuidado com o que pode escrever em suas cartas para os Malfoy, ele pode
interceptar sua correspondência. — O homem olhava preocupado para seus olhos verdes. —
Qualquer coisa que você precisar é só vir até mim. Mas tenha cuidado e seja discreto. — Severus
fazia carinho em seus ombros com o polegar.

— Eu vou me esforçar, Severus. Obrigado por me avisar. — Seu sorriso agradecido aqueceu o
coração do homem.

— Agora é melhor você ir. — Sorriu-lhe minimamente. — Eu só lhe peço uma coisa. — Olhou-o
com seriedade.

— O que você quiser.

— Não conte a ninguém que eu fui legal. — Hadrian sorriu divertido. — Tenho que manter minha
pose de carrasco.

— Tudo bem, Severus. Eu não contarei a ninguém que você possui um coração aí dentro. — O
homem corou levemente, desviou o olhar e pigarreou.

— Pois bem. Pode voltar para os seus amigos.

Severus o acompanhou até a porta e colocou sua máscara de frieza enquanto iam para
caminhos diferentes. Seu coração aquecia-se de amor ao lembrar-se dos olhos brilhantes e o sorriso
gigantesco que o garoto o direcionou. Era difícil manter sua pose de ódio e repulsa na presença do
garoto, todas as aulas ele se segurava para não acabar deixando transparecer seu afeto. Hadrian
tinha tanto de Lily em si. Era doce, gentil, espirituoso, carinhoso, animado, amoroso e... Era o sol
que iluminava sua vida devastada pelas trevas que o sufocavam a anos. Ele faria do possível ao
impossível para ver o garoto bem e feliz. Mataria e se sacrificaria só por saber que Hadrian terá a
chance de sorrir novamente.
Millicent Bulstrode sentia um desconforto enquanto dormia. Ao abrir os olhos, o seu coração
parou. Havia uma cobra de quase cinco metros enrolada em seu corpo em um abraço apertado, sua
boca escancarada na direção do rosto da garota, deixando à mostra suas grandiosas presas
venenosas. Bulstrode berrou o mais alto que pode, sentindo sua garganta doer enquanto seu corpo
era esmagado dolorosamente enquanto a serpente a apertava ainda mais. Seu coração bombeava
sangue desesperadamente por todo o seu corpo, levando a adrenalina para todos os membros.
Grandes e ferozes olhos azuis a encaravam com um aviso silencioso de ameaça. Quando a garota
começou a chorar, a serpente recuou e a liberou. O corpo negro e escamoso brilhando na luz das
tochas e do lustre enquanto ela se retirava do quarto cheio de garotas curiosas.

— Gostou da surpresa? — Pansy perguntou divertida encostada na porta.

— E-e-eu... — Os soluços a impediam de formular uma frase. Pansy riu da cena deplorável.

— Ninguém se importa. Agora você já está avisada a não mexer com o Rei da Slytherin. — Saiu
do quarto com um sorriso divertido.

No Salão Principal, Hadrian e seus amigos riam de uma Bulstrode traumatizada. Pansy
contava animadamente o ocorrido da manhã para os garotos, todos riam descaradamente querendo
ter presenciado. Nyx veio rastejando pelo chão com o seu tamanho normal, todos riram ao verem
Bulstrode se encolher e estremecer diante do olhar assassino da serpente. Hadrian deu-lhe um
delicioso pedaço de frango para recompensá-la. Nyx contou ao garoto que havia uma sala no
terceiro andar onde tinham um Cerberus, um cão enorme de três cabeças, que parecia guardar algo
importante. Pois ela sentiu a assinatura mágica de vários professores em uma sequência de metros
como se fossem salas diferenciadas.

— Deve ser a Pedra Filosofal. — Hadrian ponderou.

— Bem provável. — Nyx concordou.

— Mas por que raios colocariam um Cerberus dentro de uma escola cheia de adolescentes
loucos por uma aventura emocionante? O anúncio de Dumbledore sobre o terceiro andar é um
convite para que fossemos até lá.

— Ele deve estar querendo te testar. — Nyx acomodou-se nos ombros do garoto.

— Aparentemente eu vou ter que pegar essa maldita pedra sem que ele me descubra. ​—
Suspirou pesadamente.

Dois meses se passaram sem muitas surpresas. Nyx vigiava Dumbledore e o corredor do
terceiro andar constantemente, Severus sempre dava um jeito de encontrar Hadrian no final do dia
para eles conversarem sobre qualquer coisa. Eles estava se aproximando rapidamente, a presença
um do outro era incrivelmente reconfortante e acalmava seus corações envoltos por trevas. As
aulas estavam se tornando cada dia mais interessantes, agora que Hadrian dominara os
conhecimentos básicos. Na manhã de Halloween, os primeiranistas aprenderam o Feitiço de
Levitação, e Ron não parecia nada contente em ser corrigido por Hermione Granger.

— Não admira que ninguém suporte ela. — Disse Ron a Seamus quando procuravam chegar ao
corredor. — Francamente, ela é um pesadelo. — Alguém deu um esbarrão no ruivo ao passar. Era
Granger. Hadrian viu seu rosto de relance e ficou assustado ao ver que ela estava chorando.

— Acho que ela ouviu o que você disse. — Seamus comentou.


— E daí? — Mas pareceu meio sem graça. — Ela já deve ter reparado que não tem amigos.

Neville contou para Hadrian que Granger não apareceu na aula seguinte e ninguém a viu a
tarde inteira. Ao irem para o Salão Principal para a festa de Halloween, Hadrian e Draco ouviram,
enquanto passavam pela mesa da Gryffindor, Parvati contar à amiga, Lavender, que Granger estava
chorando no banheiro das meninas e queria que a deixassem em paz. Ron ficou ainda mais sem
graça ao ouvir isso. A comida apareceu de repente nos pratos de ouro, como acontecera no
banquete de abertura das aulas. Hadrian estava se servindo quando Quirrell entrou correndo no
salão, o turbante torto na cabeça e o terror estampado no rosto. Todos olharam quando ele se
aproximou da cadeira de Dumbledore, escorou-se na mesa e ofegou:

— Trasgo... Nas masmorras... Achei que devia lhe dizer. — Então desabou no chão desmaiado.
Houve um alvoroço. Foi preciso explodirem várias bombinhas da ponta da varinha de Dumbledore
para as pessoas fazerem silêncio.

— Monitores! — Disse ele com voz grave e retumbante — Levem os alunos de suas Casas de
volta aos dormitórios, imediatamente!

— Mas nosso dormitório é nas masmorras! — Os monitores da Slytherin gritaram indignados.

— Sim, bem... — Dumbledore vacilou enquanto tentava pensar. — Vocês podem ficar aqui
enquanto eu e os professores vamos até as masmorras.

— Como é que um trasgo pode entrar? — Perguntou Hadrian enquanto via todos saindo do Salão
Principal. Nyx estava envolvida em seu pescoço. — E como essa cabra velha pode nos mandar
para as Salas Comunais se a nossa fica nas masmorras e o trasgo está lá!? — Perguntou incrédulo.

— Ele é um Gryffindor e nos odeia. O que você esperava? — Draco respondeu e os dois bufaram
irritados. No meio de comentários raivosos dos Slytherin sozinhos no local, Hadrian de repente
agarrou o braço de Draco.

— Acabei de me lembrar da Granger.

— O que tem ela?

— Ela não sabe que tem um trasgo aqui. — Draco mordeu o lábio.

— Ah, droga. Tá! Vamos! — Falou ríspido. — Se morrermos, eu mato você! — Os dois se
levantaram num pulo.

— Vocês são loucos!? – Pansy guinchou apavorada.

— Sim, por isso vocês nos amam. — Hadrian olhou para os integrantes da sua casa, principalmente
para Bulstrode. — Não preciso avisar para ficarem em silêncio sobre isso né? — Um coro em
concordância encheu o salão enquanto todos olhavam para os primeiranistas com incredulidade. É,
seu rei era incrível. — Bom. — Hadrian agarrou a mão de Draco e o puxou para fora em uma
correria apressada até o banheiro das garotas.

— Você está sentindo esse cheiro? — o moreno fungou e um fedor horrível invadiu suas narinas,
uma mistura de meias velhas e banheiro público que parece que nunca foi limpo.

E em seguida ouviram um grunhido baixo e passadas de pés gigantescos. Draco apontou: no


fim do corredor, à esquerda, alguma coisa enorme estava vindo em sentido contrário. Eles se
encolheram no escuro e procuraram ver o que era quando a coisa passou por um trecho iluminado
pelo luar. Era uma visão medonha. Quase quatro metros de altura, a pele cinzenta e baça, o
corpanzil cheio de calombos como um pedregulho e uma cabecinha no alto, que mais parecia um
coco. Tinha pernas curtas, grossas como um tronco de árvore e pés chatos e calosos. Segurava um
enorme bastão de madeira, que arrastava pelo chão, porque seus braços eram compridíssimos.

O trasgo parou próximo a uma porta e espiou para dentro. Abanou as longas orelhas,
tentando fazer a cabeça minúscula pensar, depois entrou devagar na sala. Um grito alto e
apavorante soou pelas pedras frias do corredor, e vinha da sala que viram a criatura entrar.

— Granger! — Os dois chamaram a garota ao mesmo tempo.

Era a última coisa que queriam fazer, mas que escolha tinham? Então eles seguiram a
criatura. Granger estava encolhida contra a parede oposta, parecendo prestes a desmaiar. O trasgo
avançava para ela, derrubando as pias que estavam na parede em seu caminho.

— Distraia ele! — Hadrian pediu desesperado a Draco, e, agarrando uma torneira, atirou-a com
toda a força contra a parede.

O trasgo parou a um metro de Granger, virou-se com lentidão, piscando sem entender,
procurou ver que barulho era aquele. Seus olhinhos malvados viram Hadrian. Ele hesitou, em
seguida partiu para cima de Hadrian, erguendo o bastão. Mas nesse instante Nyx agiu. Deslizando
com velocidade na direção do trasgo, seu corpo cresceu até atingir nove metros, envolvendo a
criatura com um abraço da morte. Ao cravar suas presas no pescoço do trasgo, o deixando
aturdido, enquanto o corpo poderoso da serpente o apertava até levá-lo a morte. Hadrian correu até
a garota, que estava encolhida e horrorizada. O urro de dor que a criatura produzia estremecia as
paredes de pedra.

— Venha! Nyx vai cuidar dele para nós! — Segurou-a pelos ombros e a ajudou a se levantar.
Guiando-a até o lado de Draco.

De repente o barulho de portas batendo e passos pesados fizeram os três erguerem a cabeça.
Não haviam percebido a confusão que tinham feito, mas com certeza alguém lá embaixo ouvira os
urros do trasgo. Um instante depois McGonagall adentrou o banheiro, seguida de perto por Filch e
Quirrell, que fechava a fila. Quirrell deu uma espiada no trasgo envolvido pela serpente, soltou um
gemidinho e sentou-se depressa em um vaso sanitário, apertando o peito. Filch ofegou ao ver os
olhos vibrantes da serpente o analisando. McGonagall ficou olhando para Draco e Hadrian.
Hadrian nunca a vira tão zangada. Seus lábios estavam brancos.

— O que é que vocês estavam pensando? — Perguntou McGonagall, com uma fúria reprimida na
voz. Hadrian olhou para Draco, que continuava parado chocando com tudo o que presenciou. —
Vocês tiveram sorte de não serem mortos. Por que é que não estão no dormitório? — Filch lançou a
Hadrian um olhar rápido e penetrante. Hadrian olhou para o chão. Desejou que tudo se resolvesse
num piscar de olhos. Então ouviu-se uma vozinha que veio das sombras.

— Por favor, professora McGonagall, eles vieram me procurar. — Granger conseguira finalmente
se levantar.

— Senhorita Granger!

— Saí procurando o trasgo porque achei que podia enfrentá-lo sozinha. Sabe, já li tudo sobre
trasgos. — Draco e Hadrian trancaram a respiração. — Se eles não tivessem me encontrado eu
estaria morta agora. O familiar de Hadrian o imobilizou e envenenou. Não tiveram tempo de
chamar ninguém. O trasgo ia acabar comigo quando eles chegaram. — Os garotos tentaram fingir
que a história não era novidade para eles.
— Bem... Nesse caso... — Começou a professora McGonagall encarando os três. — Senhorita
Granger, que bobagem, como pôde pensar em enfrentar um trasgo montanhês sozinha? — Granger
baixou a cabeça.

— Hermione Granger, Gryffindor vai perder cinco pontos por isso. — Disse McGonagall. —
Estou muito desapontada. Se não estiver machucada, é melhor ir embora para a Torre Gryffindor.
Os alunos estão acabando de festejar o Halloween em suas Casas. — Granger se retirou cabisbaixa.
McGonagall virou-se para Hadrian, a fúria queimando em seus olhos. — Você teve sorte, Potter.
Por ter um familiar mágico. Caso contrário estariam os três mortos. Vinte pontos de cada um serão
retirados de sua Casa pela estupidez que fizeram. O professor Dumbledore será informado sobre
isso. Agora mande seu familiar deixar a criatura. O trasgo já morreu. — Seu rosto severo se
contorceu em desgosto. Nyx sibilou alto enquanto deixava o trasgo cair no chão, completamente
sem vida. Voltou ao seu tamanho diminuto e se envolveu no pescoço de Hadrian. — Podem ir. —
Os garotos saíram apressados do banheiro até o Salão Principal, que estava cheio e barulhento.

— Ela realmente me odeia. — Hadrian resmungou enquanto se aproximava dos colegas de casa. —
Podemos ir para nosso Salão Comunal. Nyx matou o trasgo. — Anunciou, arrancando o fôlego dos
colegas.

— Vocês mataram um trasgo!?

— E tem apenas onze anos!

— Eu com dezessete anos não sei nem cozinhar!

— Me sinto humilhada!

— Caralho vocês são muito fodas!

— Tinha que ser o nosso Rei e Príncipe da Slytherin! — Esses e muitos outros comentários
preencheram o local enquanto todos se aglomeravam ao redor da dupla proferindo parabenizações.

— Como vocês acabaram matando um trasgo!? — Um aluno do quinto ano perguntou admirado.

— Granger não foi vista o dia todo. — Hadrian começou. — E ela não estava no banquete, então
fomos procurá-la. Acontece que o trasgo a achou primeiro.

— E como vocês estão vivos? — Uma garota do segundo os encarou perplexa.

— A Nyx foi incrível. — Draco sorriu animado. — Ela cresceu até ter uns nove metros, deu um
abraço da morte no trasgo e o envenenou.

— Ele tinha gosto de lixo. — A serpente comentou desgostosa e Hadrian riu.

— Ela disse que ele tinha gosto de lixo. — Hadrian começou a fazer carinho na cabeça de Nyx.
Havia sido uma noite e tanto.
Capítulo 17
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Na véspera da primeira partida de quidditch, Hadrian e Draco estavam sozinhos sentados


abaixo de uma árvore perto do Great Lake. Severus Snape se aproximou dos dois, e Hadrian
reparou que o homem estava mancando. Severus veio mancando até onde eles estavam.

— Que é que vocês fazem aqui? — Perguntou preocupado.

— Apenas relaxando, senhor. — Hadrian respondeu, seu olhar preocupado desviando até a perna
do outro.

— Tome cuidado, Hadrian. — Dito isso ele foi embora.

— Que será que houve com a perna dele? — Draco perguntou confuso.

— Não sei, mas espero que esteja bem.

A Sala Comunal da Slytherin estava muito barulhenta aquela noite. Hadrian, Draco, Pansy,
Blaise e Theodore sentaram-se junto a uma janela que dava para o lago para fazerem os deveres.
Hadrian lia um livro sobre poções, para se distrair. Ele estava preocupado com a perna do
professor, então foi atrás do mesmo. Ele foi à sala dos professores e bateu à porta. Não obteve
resposta. Bateu outra vez. Nada. Ele poderia entrar na sala sem permissão? Valia a pena tentar.
Entreabriu a porta e espiou para dentro, e deparou com uma cena horrível. Severus e Filch estavam
lá dentro sozinhos. O Mestre de Poções segurava as vestes acima do joelho. Uma das pernas
sangrava, lacerada. Filch entregava ataduras ao professor.

— Droga. — Esbravejou Severus. — Como é que se pode ficar de olho em três cabeças ao mesmo
tempo? — Hadrian tentou fechar a porta sem fazer barulho, mas... — POTTER! — O rosto de
Severus contorceu-se de fúria fingida ao mesmo tempo que ele largava as vestes para esconder a
perna. Hadrian engoliu em seco.

— Eu vim saber sobre o ensaio que o senhor pediu. Preciso de ajuda. — Mentiu.

— Saia Filch. — Sua voz saiu dura. O zelador sorriu maníaco para o garoto e se retirou. Severus
lançou os feitiços que o permitiram ter uma conversa particular na sala vazia. — O que veio fazer
aqui, Hadrian? Deveria estar estudando. — Severus jogou-se numa poltrona e massageou as
têmporas.

— Eu fiquei preocupado com o senhor e vim vê-lo. — O homem pode sentir seu coração palpitar e
se encher de amor. — Eu ouvi o senhor falando sobre três cabeças... O senhor tentou passar pelo
Cerberus? — Severus olhou-o aterrorizado.

— Não me diga que você foi até lá! — Mancando apressadamente, o homem segurou os ombros
do garoto. — Está machucado? O que aconteceu? Como foi parar lá?
— Eu estou bem. — Hadrian tranquilizou-o com um sorriso e o ajudou a sentar-se novamente. —
Nyx sentiu o cheiro dele e me contou sobre. — O homem suspirou aliviado. — Mas por que o
senhor foi lá?

— É uma história complicada e não quero você envolvido nisso. É muito perigoso. — O homem
segurou as mãos de Hadrian e olhou-o nos olhos. — Prometa para mim que vai ser cuidadoso.
Prometa que não vai se arriscar por nada.

— Mas...

— Prometa.

— E-eu prometo, senhor. — O garoto corou. — Me conte o que está acontecendo. Eu posso ajudá-
lo. — Seus olhinhos verdes brilharam com tanta intensidade que Severus fraquejou.

— Eu suspeito que Quirrell esteja relacionado ao Dark Lord. — Comentou num suspiro enquanto
Hadrian se aproximava e se sentava no braço da poltrona, acariciando uma mão do pocionista. —
O que o cão está guardando é um artefato muito poderoso que não pode cair nas mãos dele.

— Eu entendo. — Hadrian colocou uma madeixa escura atrás da orelha de Severus com
delicadeza. — Mas você deve tomar cuidado. Não quero que nada te aconteça. O que seria de mim
sem o morcegão rabugento das masmorras? — Sorriu ao ver o homem crispar os lábios e conter um
sorriso. — Mas por que isso está guardado numa escola? — Hadrian inclinou a cabeça para o lado
como um cachorrinho faria ao se interessar por algo.

— Eu não deveria... — Severus começou enquanto olhava nos intensos olhos do garoto, que
imploravam por uma resposta. — Dumbledore quer te testar. — Soltou num suspiro. Hadrian
arregalou os olhos conforme assimilava a informação. — Ele arriscaria o retorno do Dark Lord
apenas para ver se você é manipulável.

— Com esse artefato o Dark Lord poderia voltar, não é? — Arriscou o garoto.

— Sim. É por isso que está guardada em segurança. E eu não quero saber do senhor se arriscando
para impedir que ele a pegue! — Segurou o rosto do garoto em suas mãos com carinho.

— Eu não irei. — Hadrian beijou o pulso direito de Severus enquanto se aconchegava no carinho.

— É melhor você voltar para os seus colegas. — Severus ia se levantar, mas Hadrian o impediu.

— Sente-se. Eu irei. Mas quero que me prometa que vai se cuidar também. — Os olhos verdes
brilharam em determinação e Severus sorriu.

— Eu prometo, Hadrian. Agora vá.

— Cuide bem dessa perna. — Severus desfez os feitiços e Hadrian se retirou da sala.

— O que aconteceu? — Draco perguntou enquanto se deitavam na cama. Hadrian o contou tudo
enquanto o abraçava para dormirem. — Durma agora, Sunshine. — Beijou-lhe a cabeça com
carinho.

— Boa noite, Moonlight. — O moreno murmurou enquanto caía no sono. Ele era grato por ter
Draco ao seu lado o acalmando, caso contrário ele não iria conseguir dormir direito por causa dos
pesadelos.
Na manhã seguinte a escola inteira parecia estar nas arquibancadas que cercavam o campo de
quidditch. Hadrian e os Slytherin torceram para sua casa que jogava contra o time dos leões. Os
Gryffindor não tinham um apanhador qualificado, então foi fácil vencê-los. A casa das cobras
comemorou a vitória como se não houvesse amanhã.

Lucius havia percebido que algo estava errado. Sua Dark Mark estava começando a ficar
mais escura, pois antes ela quase não dava para ser vista em sua pele pálida. Ele havia sido
convocado por outros Death Eaters para debaterem sobre a possível ressurreição de seu mestre e
Narcissa o acompanharia, mesmo não sendo uma Death Eater oficialmente. Então os garotos
teriam que ficar em Hogwarts no Natal. Para não chamarem muita atenção com um casal de
estranhos indo buscá-los, Ragnuk e Maray avisaram que seria melhor eles passarem o Natal em
Hogwarts, Hadrian e Draco ficaram decepcionados por não poderem passar seu Natal em família,
mas entenderam que Lucius tinha algo importante para tratar. Mesmo não sabendo o que seria. E
os Goblins não queriam atrair atenção desnecessária de Dumbledore.

Na noite de Natal, Hadrian foi para a cama pensando com ansiedade na comida e na diversão
do dia seguinte, mas sem esperar nenhum presente. Tudo bem que seus Natais anteriores foram
cheios de presentes da sua família e da Nação Goblin, mas ainda assim ele não esperava receber
presentes. Isso foi algo enraizado dentro de si graças aos adoráveis cuidados de seus tios muggles.
Quando acordou cedo da manhã, a primeira coisa que viu, depois de um Draco sonolento, foi uma
pilha de embrulhos ao pé de sua cama.

— Feliz Natal... — Disse Draco, sonolento, quando Hadrian pulou da cama e vestiu o roupão.

— Feliz Natal! — Falou Hadrian radiante.

Hadrian apanhou o pacote de cima. Estava embrulhado em papel pardo grosso e trazia
escrito em garranchos "Para Hadrian, de Hagrid". Dentro havia uma flauta tosca de madeira.
Era óbvio que Hagrid a entalhara pessoalmente. Hadrian soprou-a, parecia um pouco com um pio
de coruja.

O presente seguinte continha doces, uma grande caixa de sapos de chocolate dados por
Hermione. Pansy o havia dado um colar de serpente de prata e os olhos de esmeraldas. Severus o
deu um livro de poções raras e difíceis de se fazer junto com os doces favoritos do garoto. Blaise o
deu uma pena de escrever, sua pena era verde esmeralda, sua base era de prata e tinha uma serpente
a enfeitando. Theodore o havia dado um novo equipamento de manutenção de vassoura. Lucius e
Narcissa o mandaram uma pulseira de platina com os pingentes com as iniciais de todas as famílias
que ele pertencia. E ali também tinha a família Malfoy. Para indicar que ele também fazia parte da
família deles. Neville o dera um livro sobre plantas exóticas, coisa que os dois adoravam debater
sobre. Seus pais o mandaram doces e livros de criaturas e deram um bracelete de ouro com a
cabeça de uma serpente atravessando-o verticalmente. A cabeça da serpente é o cabo de uma adaga
escondida no bracelete (que servia como bainha), a lâmina era feita de mithril, um metal
semelhante à prata, mas sendo mais forte e mais leve do que o aço. Hadrian, particularmente,
adorou a bela arma ao qual seus pais o presentearam.

— Esse foi eu que fiz. — Draco corou ao entregar para Hadrian uma caixinha. O moreno olhou-o
surpreso e abriu o presente com um sorriso. Dentro da caixa havia um potinho cheio de papeis.
Nele estava escrito:

Pote da felicidade. Use-o quando sentir-se pra baixo, faça chuva, faça sol, até mesmo quando
nevar... Aproveite um, e em breve você verá uma mensagem feliz para você de mim!

— Você escreveu tudo isso, só para mim? — O moreno sorriu ao ver Draco corando ainda mais
enquanto assentia com a cabeça. — Muito obrigado. — Pulou nos braços do maior e o abraçou
com força. Quando Hadrian o soltou, ele correu para o seu guarda-roupa e de lá tirou uma
caixinha. — Esse é o meu. — Estendeu o presente para o loiro, que o abriu animado. Dentro dele
havia uma pulseira de uma cobra e um dragão envolvidos um no outro até passarem suas cabeças
sobre as caudas e "fecharem o anel". — É eu e você. — Hadrian corou quando o loiro ficou
olhando para o objeto com os olhos arregalados.

— É perfeito. — Draco abraçou o moreno com força, Hadrian demorou alguns segundos por causa
da surpresa e logo retribuiu o gesto. — Obrigado.

— Assim você nunca vai se esquecer de mim.

— Não teria como esquecer mesmo se quisesse. — Comentou enquanto soltavam-se, mas logo
Draco percebeu o que havia dito e corou violentamente. Restava apenas um embrulho. Hadrian
apanhou-o e apalpou-o. Era muito leve. Ao abri-lo, uma coisa sedosa e prateada escorregou para o
chão onde se acomodou em dobras refulgentes. Draco soltou uma exclamação:

— Já vi algo parecido. — Disse em voz baixa. — Se isso é o que eu penso que é, é realmente raro
e valioso.

— E o que é? — Perguntou confuso ao analisar o tecido sedoso. Hadrian apanhou o pano brilhoso
e prateado do chão. Tinha uma textura estranha, parecia tecida com fios de água.

— É uma Capa da Invisibilidade! — Disse o loiro, com uma expressão de assombro no rosto. —
Experimente! — Hadrian jogou a Capa em volta dos ombros e Draco deu um berro. — Olhe para
baixo! — Hadrian olhou para os pés, mas eles tinham desaparecido. Correu então para o espelho, e
ele refletiu sua imagem, só a cabeça suspensa no ar, o corpo completamente invisível. Ele cobriu a
cabeça e a imagem desapareceu completamente.

— Tem um cartão. — Disse Draco de repente. — Caiu um cartão. — Hadrian tirou a Capa e
apanhou o cartão. Escritas numa caligrafia fina e rebuscada que ele nunca vira antes, estavam as
seguintes palavras:

Tirado do esconderijo do animal traiçoeiro por mim, um amigo que você pode contar.
Pertenceu a seu avô e depois ao seu pai. Agora deve pertencer a você. Uma capa para lhe
proteger do mal e daqueles que desejam machucar você. Use-a bem e confie apenas nos mais
próximos a você. As paredes têm olhos e ouvidos, Hadrian. O seu verdadeiro inimigo está
mais próximo do que nunca. Quando a hora chegar eu irei me revelar. Mas até lá, saiba que
te observarei das sombras.

Não havia assinatura. Hadrian ficou olhando o cartão.

— Que foi? — Indagou Draco preocupado ao ver o semblante do moreno.

— Nada. — Hadrian estava se sentindo muito estranho. Quem mandara a Capa? Terá sido o
mesmo que escondera seu nome de Dumbledore? Será que a Capa pertencera mesmo ao seu pai?
Com quem estava a Capa? Será que poderia confiar nesse "amigo" que o observa das sombras? —
Vamos tomar o café.

— Claro. — Os dois se agasalharam e se retiraram para o Salão Principal.

— Hazz! — Neville saudou o amigo quando ele entrou no Salão Principal. — Feliz Natal!

— Feliz Natal, Nev! — Hadrian sorriu. — Por que não nos sentamos com você na mesa dos leões?
— Draco e Neville se entreolharam alarmados. — Qual é? Parem de drama. — Hadrian puxou os
dois até a mesa, sentaram-se ao lado de Ron Weasley e seus irmãos gêmeos, Fred e George, mais
conhecidos como os demônios da Gryffindor. — Feliz Natal pessoal! — Sorriu divertido para a
cara de espanto de todos no Salão.

— Feliz Natal pequena serpente. — Um dos gêmeos saudou alegremente.

— O que nos traz a honra de sua presença nesta humilde mesa? — O outro gêmeo perguntou
brincalhão.

— Queria conhecer os amigos leões de Nev. — Hadrian comentou corado. — É um prazer


conhecê-los, sou Hadrian. — Estendeu-lhes a mão.

— O prazer é todo nosso. — Os gêmeos pegaram sua mão ao mesmo tempo.

— Eu sou Gred. — O da direita disse.

— E eu sou Feorge. — O da esquerda se apresentou.

— E este é o nosso irmãozinho caçula, Ronnikins. — Bagunçou os cabelos do ruivo de olhos azuis
e pele cheia de sardas.

— É um prazer. Este é o meu amigo Draco Malfoy. — Apresentou-os. Draco e os Weasley se


encararam por um tempo muito tenso.

— É um prazer. — Draco sorriu nervoso.

— Sentem-se. — Fred sorriu amigavelmente enquanto os Slytherin se sentavam.

Fora um Natal incrivelmente divertido, pois os gêmeos Weasley puxavam o grupinho de


Hadrian para brincadeiras e árduas batalhas de bolas de neve. Naquela noite, Hadrian decidiu que
iria pegar a Pedra. Mesmo que seja um teste de Dumbledore para ver se ele era o seu fiel peão
manipulável, ele não poderia arriscar que Voldemort a pegasse. Hadrian saiu dos braços
acolhedores de Draco com cuidado para não o acordar, se agasalhou, pegou sua Capa da
Invisibilidade e colocou Nyx nos seus ombros, sorrateiramente o garoto saiu dos dormitórios, indo
até o terceiro andar. No estado de nervosismo em que estava, cada sombra de estátua lembrava
Filch, cada sopro distante do vento parecia o Peevs, o poltergeist, assombrando-o. Ao pé do
primeiro lance de escada, encontraram Madame Norris, esquivando-se sorrateira quase no alto.

— Ah, deixe-me comê-la. — Cochichou Nyx no ouvido de Hadrian, mas o garoto negou a
contragosto.

Enquanto subia cautelosamente contornando a gata, Madame Norris virou os olhos de


lanterna para ele, mas não fez nada. Não encontraram mais ninguém até chegarem à escada para o
terceiro andar. Debaixo da Capa, Hadrian usou um "Alohomora" na porta e a empurrou, enquanto
Nyx anulava os feitiços complexos que alertariam Dumbledore de que eles estavam ali, ela
também estava limpando a assinatura mágica de Hadrian para não deixarem resquícios. Quando a
porta rangeu baixinho, chegaram aos seus ouvidos rosnados surdos. Os três focinhos do cachorro
farejaram furiosamente em sua direção ainda que o bicho não pudesse vê-lo.

— Petrificus Totalus! — Hadrian apontou a varinha para o Cerberus, que paralisou imediatamente
e não tornou a se mover. — Pra onde agora? — Tirou a Capa enquanto Nyx deslizava para o
chão, logo encolhendo-a e a guardando em seu bolso.

— Tem um alçapão embaixo da pata dele. — Nyx comentou depois de balançar sua língua no ar.

— Wingardium Leviosa. — A gigantesca pata do cachorro flutuou alguns centímetros acima do


chão, se deslocou para a direita e pousou no chão. Hadrian se aproximou do alçapão e abriu o
mesmo, não viu nem sinal de fundo.

— Tem um cheiro maligno vindo daqui. Não tenho certeza do que, mas há uma planta no
fundo. — A serpente encolheu e se envolveu no braço direito do garoto. — Tem certeza de que
ainda quer ir? — Hadrian olhou-a com determinação e se jogou no buraco escuro. Um vento frio e
úmido passou rápido por ele, que foi caindo, caindo, caindo e... Com um baque engraçado e surdo
ele bateu em alguma coisa macia. Sentou-se e apalpou à volta, os olhos desacostumados à
escuridão.

— O que é isso? — Foram suas primeiras palavras.

— Sei lá, uma espécie de planta. Suponho que esteja aqui para amortecer a queda. — Nyx
moveu sua língua para capitar algo.

Hadrian sentia algo começar a rastejar sobre seu corpo, e não era Nyx. Ele se levantou de um
salto e lutou para chegar à parede úmida. Teve de lutar porque, quando chegou ao fundo, a planta
começou a se enroscar como as gavinhas de uma trepadeira em volta dos seus tornozelos. Hadrian
conseguira se desvencilhar antes que a planta o prendesse completamente. Agora observava
horrorizado a planta. Nyx estava firmemente envolvida no seu braço.

— É visgo do diabo!

— Ah, fico tão contente que você saiba como se chama, é uma grande ajuda. — Resmungou Nyx
sarcástica.

— Cala a boca, estou tentando me lembrar como matá-la! — Disse o garoto exasperado.
— Visgo do diabo, visgo do diabo... O que foi que a professora Sprout disse? Gosta da umidade e
da escuridão...

— Então acenda um fogo!

— É isso! — Hadrian sacou sua varinha e apontou para a planta, sacudiu-a, murmurou alguma
coisa e despachou um jato de chamas azuis contra as plantas. Em questão de segundos, a planta se
encolheu para longe da luz e do calor. — Por ali. — Disse Hadrian apontando um corredor de
pedra que era o único caminho que havia. Só o que podia ouvir além de seus passos eram os
pingos abafados da água que escorria pela parede. O corredor começou a descer e Hadrian se
lembrou de Gringotts. — Você está ouvindo alguma coisa? — Hadrian apurou os ouvidos. Um
farfalhar acompanhado de ruído metálico parecia vir de um ponto mais adiante. — Você acha que
é um fantasma?

— Tá de sacanagem com a minha cara? — A serpente olhou-o com raiva. — Cê tá vendo


orelhas em mim?! Eu só capto a vibração do chão, caralho!

— Desculpe. Força do hábito. — Sorriu desconfortável perante o olhar da serpente. — Mas pra
responder, parece ser o barulho de asas batendo. — Chegaram ao fim do corredor e depararam-se
com uma câmara muito iluminada, o teto abobadado no alto. Era cheia de passarinhos, brilhantes
como joias, que esvoaçavam e colidiam pelo aposento. Do lado oposto da câmara havia uma
pesada porta de madeira, em outro canto havia uma velha vassoura. — Você acha que nos
atacarão se atravessarmos a câmara?

— Provavelmente. — Se cobras tivessem ombros, Nyx estaria os balançando


despreocupadamente.

— Okay. Petrificus Totalus. — E então os passarinhos pararam de se mover. Hadrian avançou para
a câmara e notou que os "pássaros", na verdade eram chaves aladas. Alcançou a porta. Baixou a
maçaneta, mas a porta estava trancada. Ele fez força para abrir a porta, mas ela nem sequer se
moveu, nem mesmo quando o garoto experimentou o seu feitiço Alohomora. — Foi o que
pensei. — Hadrian suspirou e apontou a varinha para as chaves paralisadas no ar. — Accio
chaves. — Em segundos, todas estavam deitadas no chão.

Hadrian as analisou cuidadosamente até que encontrou uma que combinava com a fechadura.
Ela era chave grande e antiga de prata e possuía um par de assas de penas azuis. Com cuidado para
não amassar as penas, Hadrian a colocou na fechadura e abriu a porta, logo soltando a chave no
chão cuidadosamente. A câmara seguinte era tão escura que não dava para ver absolutamente nada.
Mas, ao entrarem nela, a luz inesperadamente inundou o aposento, revelando uma cena
surpreendente. Hadrian estava parado na borda de um enorme tabuleiro de xadrez atrás das peças
pretas, que eram todas mais altas do que eles e talhadas em um material que parecia pedra. De
frente para eles, do outro lado da câmara, estavam dispostas as peças brancas. Hadrian sentiu um
leve arrepio, as peças brancas e altas não tinham feições.

— Agora o que vamos fazer? — Sussurrou Hadrian.

— É óbvio, não é? — Falou Nyx. — Temos que jogar para chegar ao outro lado. — Por trás das
peças brancas eles podiam ver outra porta.

— Como? — Perguntou nervoso. — Acho que vamos ter que virar peças. — Ele se dirigiu a um
cavalo preto, o mais perto da onde eles estavam, e esticou a mão para tocar seu cavaleiro. No
mesmo instante, a pedra ganhou vida. O cavalo pateou o tabuleiro e seu cavaleiro virou a cabeça
protegida por um elmo para olhar o garoto. — Temos que nos unir a vocês para chegar ao outro
lado? — O cavaleiro preto confirmou com a cabeça. — Eu vou ficar no lugar do bispo. —
Aparentemente as peças estavam ouvindo, porque, nesse instante, a peça se retirou do tabuleiro e
Hadrian assumiu o seu lugar.

O garoto agradecia a qualquer ser celestial por Lucius ter insistido tanto que ele aprendesse a
jogar xadrez bruxo com perfeição. No final ele venceu e conseguiu atravessar para a próxima
câmara. Tinham chegado à outra porta. Hadrian empurrou a porta para abri-la. Um fedor horrível
entrou por suas narinas, fazendo o garoto puxar as vestes para cobrir o nariz. Os olhos
lacrimejando, ele viu, um trasgo ainda maior do que o que tinha enfrentado, sentado no chão
analisando seu bastão.
— Oh merda. — Nyx sibilou com nojo. — Eu não vou morder esse não. Um já foi o
suficiente. — Hadrian concordou e petrificou o trasgo, avançando para a próxima câmara. Hadrian
abriu a porta seguinte, ele mal se atreveu a olhar o que vinha a seguir, mas não havia nada muito
assustador ali, apenas uma mesa e sobre ela sete garrafas de formatos diferentes em fila.

— É o de Severus. — Disse Hadrian. — O que temos de fazer?

Ao cruzar a soleira da porta, imediatamente irromperam chamas atrás dele. E não eram
chamas comuns, eram roxas. Ao mesmo tempo, surgiam chamas pretas na porta adiante. Estavam
encurralados. Hadrian apanhou um rolo de papel que havia ao lado das garrafas e leu o papel:

O perigo o aguarda à frente, a segurança ficou atrás,

Duas de nós o ajudaremos no que quer encontrar,

Uma das sete o deixará prosseguir,

A outra levará de volta quem a beber,

Duas de nós conterão vinho de urtigas,

Três de nós aguardam em fila para o matar,

Escolha, ou ficará aqui para sempre,

E para ajudá-lo, lhe damos quatro pistas:

Primeira, por mais dissimulado que esteja o veneno,

Você sempre encontrará um à esquerda do vinho de urtigas;

Segunda, são diferentes as garrafas de cada lado,

Mas se você quiser avançar nenhuma é sua amiga;

Terceira, é visível que temos tamanhos diferentes,

Nem anã nem giganta leva a morte no bojo;

Quarta, a segunda à esquerda e a segunda à direita

São gêmeas ao paladar, embora diferentes à vista.

Hadrian deixou escapar um grande suspiro e sorriu.

— Genial. — Disse. — Isto não é mágica, é lógica, uma charada. A maioria dos grandes bruxos
não tem um pingo de lógica, ficariam presos aqui para sempre. Sete garrafas: três contêm
veneno; duas, vinho; uma nos ajudará a passar a salvo pelas chamas negras; e uma nos levará
de volta através das chamas roxas.
— Mas como vamos saber qual delas beber?

— Me dê um minuto. — Hadrian leu o papel diversas vezes. Depois analisou a fila de garrafas, de
cima a baixo, resmungando para si mesmo, e apontando para as garrafas. Finalmente, bateu
palmas. — Já sei. A garrafa menor nos fará atravessar as chamas negras, rumo à Pedra. —
Nyx mirou a garrafinha.

— Simbora! — Hadrian bebeu um pequeno gole e deixou cair um pouco na boca da serpente. Era
na verdade como se o gelo estivesse invadindo seu corpo. Ele deixou a garrafa na mesa e avançou;
enchendo-se de coragem. Viu as chamas negras lamberem seu corpo, mas não as sentiu, por um
instante não viu nada a não ser as chamas negras. Então viu que estava do outro lado, na última
câmara. Havia um grande espelho lá e nada mais.

Tudo o que havia na sala era um espelho antigo e ornamentado, tem pês em garra e uma
moldura dourada inscrita com a frase: "Erised stra ehru oyt ube cafru oyt on wohsi". Ou
seja: "I show not your face but your heart's desire" (Eu mostro não o seu rosto, mas o desejo do
seu coração). Hadrian já havia lido sobre ele. O espelho mostra o desejo mais desesperado do
coração de uma pessoa, uma visão conhecida por ter levado algumas delas à loucura. A pessoa
mais feliz e satisfeita do mundo se olharia no espelho e veria um reflexo deles, exatamente como
eram, pois então não teriam ninguém e nada mais para ansiar ou desejar que o espelho pudesse
mostrar-lhes. Mas, claro, é intrinsecamente inerente à natureza humana desejar algo maior do que
seu próprio eu, o que significa que um evento em que o espelho falha em cumprir seu propósito
pretendido raramente, se é que, acontece.

— Então. — O garoto se aproximou do espelho. De início ele se viu, mas então várias pessoas
surgiram ao seu redor. Seus pais bruxos, seus pais goblins, a Nação Goblin, os Malfoy, Severus,
Nyx e seus amigos. Todos reunidos. Uma família.

— Filhote? — Nyx acariciou seu rosto ao ver as lágrimas escorrendo pelas bochechas do garoto.

— Estou bem. — Limpou as lágrimas com um sorriso fraco. — Agora... O que eu deveria
encontrar aqui? Eu sei que está no espelho, mas não sei como acessar a Pedra. Eu preciso
impedir Voldemort de consegui-la. Mas como? — Olhou o seu reflexo. Seu eu refletido sorriu-lhe,
levou a mão ao bolso e tirou uma pedra cor de sangue. Aí piscou e devolveu a pedra ao bolso, e ao
fazer isto, Hadrian sentiu uma coisa pesada cair dentro do seu bolso de verdade. De alguma forma,
inacreditável, estava de posse da Pedra. — O que? — Ele enfiou a mão no bolso, agarrou algo e
trouxe aos seus olhos.

— A Pedra Filosofal. — Nyx sibilou impressionada enquanto Hadrian balançava a varinha em


direção a pedra.

— Vou encobrir a aura de poder dela para que ninguém a encontre, daí irei guardá-la num
compartimento no meu malão que só abre com uma senha em parseltongue. Depois guardarei
num dos meus cofres em Gringotts. Nem Dumbledore, nem Voldemort colocarão as mãos
nela. — Hadrian guardou a Pedra e retornou para a câmara anterior, bebeu a poção que o permitiria
sair, e deu-lhe um pouco para Nyx.

— Dumbledore é completamente louco por colocar isso tudo numa escola. — Comentou
enquanto eles retornaram pelo trasgo e desfazendo o feitiço paralisante. O caminho de volta fora
silencioso, Hadrian desfez os feitiços paralisantes das chaves e do Cerberus antes de trancar a porta
e voltar para as masmorras. E Nyx limpou todas as evidências de que eles um dia estiveram ali.
Capítulo 18
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Você o que?! — Draco olhou-o com fúria nos olhos quando o contou sobre a Pedra na manhã
seguinte.

— Eu... Peguei a Pedra Filosofal...? — Hadrian se encolheu em si mesmo e olhou para baixo.
Detestava os reflexos involuntários que o seu corpo adquiriu depois de crescer numa casa cheia de
abusos.

— Desculpe por ter gritado. — Draco suspirou e o abraçou. — Mas eu me preocupei. Eu me


preocupo com a sua segurança, Hadrian. — O menor agarrou-se ao suéter do loiro enquanto
recebia carinho nos cabelos e nas costas. — E se tivesse acontecido algo? E se você tivesse de
ferido? Se Quirrell ou Dumbledore estivessem lá embaixo? E se algo desse errado? Eu não
conseguiria viver em paz sabendo que algo lhe aconteceu e eu não estava ao seu lado para te
ajudar. — Apertou o corpo trêmulo ainda mais contra si. — Você é muito importante pra mim,
Hadrian. Não posso te perder. O que seria da Lua sem o Sol? Ela nunca mais poderia iluminar as
noites sem o brilho do Sol, nunca mais acalentaria as noites solitárias e sombrias, nunca mais
voltaria a brilhar.

— Me desculpa... — A voz de Hadrian saiu abafada pelas roupas do maior. — E-eu não queria...

— Está tudo bem. — Draco afastou-se minimamente para olhar nos olhos verdes enquanto suas
mãos seguravam as bochechas avermelhadas, Hadrian estava contendo as lágrimas que queriam
escorrer de seus olhos. — Só me avise antes de fazer algo assim, e me chame para ir junto. Não
posso deixá-lo sozinho. Você não está mais sozinho. Eu estou aqui por você.

— O-obrigado... — Fungou enquanto encostava sua testa na de Draco. — Por tudo.

— Eu sempre estarei ao seu lado, Sunshine. — Draco beijou-lhe a testa com carinho e voltou a
encostar sua testa na de Hadrian.

Eles não precisavam falar mais nada. Apenas a presença acolhedora um do outro era o que
importava no momento, apenas saber o fato de que estavam nos braços um do outro era o que eles
queriam. Foda-se o café da manhã. Fodam-se as aulas. Foda-se Dumbledore. Foda-se Quirrell.
Foda-se Voldemort. Foda-se o mundo. Foda-se tudo. Eles só queriam aproveitar esse momento para
acalmarem os corações e aquecerem seus peitos com esse sentimento quentinho e gostoso que
crescia a cada dia.

Mais tarde naquele dia, Hadrian enviou a pedra ao seu pai no estilo goblin para não correr o
risco de ser interceptada.
Pai...

Então...

Acontece que eu acabei pegando a Pedra...

E, antes que você se preocupe, está tudo bem comigo, não tive um único arranhão. Eu a
peguei para que não ficasse nas mãos do velho, devemos frustrar todos os planos dele.
Novamente está tudo bem comigo.

Ah e guarde a Pedra no cofre Pendragon, por favor. Afinal, lá é o cofre mais seguro que
existe. Te amo. Estou com muitas saudades de vocês.

Ass.: Hadrian

P.S.: Diga para a mamãe que eu a amo. E eu também te amo, pai.

Ragnuk e Maray quase infartaram quando receberam essa correspondência. Eles logo iriam
ter um ataque cardíaco com esse garoto e sua incrível habilidade de atrair problemas.

Conforme os dias se passavam, as provas iam se aproximando como uma nuvem de


tempestade chegando lentamente e arruinando um dia ensolarado e límpido. Severus quase infartou
quando Hadrian o contou que tinha pegado a Pedra e que não precisavam mais se incomodar com
Voldemort a roubando. Hadrian e os amigos acabaram descobrindo que Hagrid estava com um ovo
de dragão ilegal em sua cabana. E, pela história de como o meio-gigante o conseguiu, Hadrian
sabia que era coisa de Voldemort. O garoto de intensos olhos verdes convenceu seus amigos a
ajudarem o guarda-caça a manter o dragão "controlado" até que conseguissem levá-lo embora.

Caro pai.

Eu e o Hadrian estamos com um problema, envolvendo um bebê dragão que está nas mãos de
um amigo, e se for descoberto ele estará com muitos problemas. Esse amigo é muito
importante para o Hadrian e ele está muito preocupado. Então iremos precisar da ajuda do
senhor para conseguir levar o dragão para um lugar onde ele possa viver uma boa e segura
vida. Por favor nos responda o mais rápido possível.

Ass.: Draco Malfoy

Na noite de quarta-feira, Hadrian e seus amigos estavam sentados sozinhos na Sala Comunal,
muito depois de todos terem ido se deitar. O relógio na parede acabara de bater meia-noite quando
uma carta surgiu no colo de Draco. Era a resposta de Lucius. O grupo juntou as cabeças para ler o
bilhete.
Caro Draco.

Recebi sua carta e entendi seu problema, que provavelmente foi causado por Rubeus Hagrid.
Eu já falei muitas vezes que esse homem não tem maturidade para tomar conta de Hogwarts
e deveria ter saído a muito tempo, mas como vocês o consideram um amigo, e é uma pessoa
querida por Hadrian, eu irei pôr de lado minhas rixas com ele.

Depois de pensar em diferentes maneiras de solucionar esse problema, eu lembrei de um


conhecido meu que cuida de dragões na Irlanda do Norte. E eu cobrei alguns "favores" que
ele estava me devendo. Sendo assim, vocês têm apenas de levar o dragão no sábado à meia-
noite para o alto da Torre de Astronomia e de lá ele levará o dragão para ser bem cuidado.
Por favor não se metam em mais problemas. E cuidem-se.

Ass.: Lucius Malfoy

Eles se entreolharam.

— Temos a Capa da Invisibilidade. — Disse Hadrian. — Não deve ser muito difícil. Acho que a
capa é bastante grande para cobrir dois de nós e o Norbert. — O fato de seus amigos concordarem
indicava como a semana fora ruim. Qualquer coisa para se livrarem do dragão. E sim, Hagrid
nomeou um filhote de dragão norueguês de Norbert. Assim como Hadrian descobriu que o
Cerberus era do mesmo e se chamava Fluffy.

Fora difícil se livrar do dragão? Terrivelmente. Hadrian e Draco quase foram pegos. Mas
conseguiram se safar sem problemas.

Quirrell estava agindo estranho a cada dia. Estava muito pálido e parecia que não dormia há
dias, Nyx dizia que ele conversava sozinho e parecia apavorado com algo. Mas, o que mais
impressionou Hadrian fora o fato de que alguma coisa estava atacando unicorns na Forbidden
Forest, ele sabia que Voldemort estava tentando se manter vivo com o sangue dos unicorns, mas
ele estava é atraindo mais desgraça para si ao matar seres tão belos e puros quanto aqueles.

A cicatriz de Hadrian doía e ardia a cada dia. Cada vez mais intensamente. Ele falou com
Severus e eles chegaram à conclusão de que ele deveria ter alguma ligação com Voldemort quando
não foi morto pela Maldição da Morte naquela fatídica noite. A informação de ser uma "horcrux"
completamente esquecida pelas dores que sentia. E Minerva McGonagall parecia cafungar no seu
cangote a cada passo que dava, era irritante. Hadrian estava indo falar com Severus sobre sua
cicatriz, que doeu tanto que ele perdeu a visão por alguns instantes, mas uma voz já conhecida
chamou pelo seu nome.

— Senhor Potter. Posso saber por que não está lá fora aproveitando o sol? — McGonagall se
aproximou com sua habitual cara azeda e ódio no olhar direcionado ao garoto.

— Eu preciso falar com o professor Snape, professora.

— O professor Snape? E o que seria de tão urgente?

— Preciso tirar umas dúvidas sobre uma poção do livro, professora. — Os olhos da mulher
arderam em fúria.

— Sinto em lhe dizer, mas o professor Snape está em uma reunião importantíssima agora. Creio
que você terá que esperar até amanhã. Agora volte para os jardins antes que eu tire pontos da sua
casa, senhor Potter. — Hadrian sustentou o olhar raivoso da bruxa sem demonstrar emoção
alguma. Então ele se retirou, voltando para os jardins. — Dumbledore precisa dar um fim nesse
garoto de uma vez por todas. — E então a mulher rumou até a sala do diretor.

— O que aconteceu? — Draco perguntou confuso ao ver Hadrian deitando-se sobre a grama e
apoiando sua cabeça nas suas pernas, que não tardou em acariciar os cabelos sedosos do moreno.

— McGonagall me impediu no meio do caminho. — Bufou irritado enquanto Nyx se deitava sobre
a barriga do garoto.

— E o que ela disse? — Pansy perguntou nervosa.

— Ela disse que eu deveria aproveitar o sol e bla-bla-bla. Não sei como consigo me controlar
olhando para a cara de chupa cu azedo dela. — Os amigos de Hadrian caíram na gargalhada, isso o
animou.

— Será que ela tem essa cara azeda por chupar o cu da cabra velha? — Theodore comentou e
todos fingiram vomitar. Até Nyx entrou na brincadeira.

— Credo! Imagens horrendas vão assombrar meus sonhos. — Pansy esfregou a cabeça, como se
assim conseguisse tirar a imagem que via nitidamente na sua mente.

Os dias se passavam rapidamente. Faltavam poucas semanas para o final do ano letivo,
Hadrian estava caminhando pelos corredores do castelo, ele estava indo ao banheiro depois de
tantas horas em prova. Nyx tinha ido atrás de um rato gorducho para comer, e ela também não
podia o acompanhar nas provas para que não passasse cola para Hadrian (mesmo que ele não
precisasse disso para gabaritar). Hadrian estava lavando suas mãos, agora, muito mais leve de todo
aquele líquido em seu interior. Mas então cordas o amarraram fortemente, o fazendo cair no chão e
bater a cabeça na pia durante a queda. As cordas amarraram seus braços ao seu corpo e juntaram
suas pernas, o impossibilitando completamente de pegar sua varina. Sua cabeça latejava pela
pancada e pelo ardor em sua cicatriz. Ele reconheceu o fedor de alho no meio da tontura e
escuridão que o assolou. Quirrell o havia pegado.

— Eu sei que você está com ela. — Rosnou o professor, sua voz não gaguejava mais, estava mais
profunda e sombria. — Onde ela está? Se me disser eu posso poupar a sua vida. Meu Lord vai ficar
muito feliz em saber da sua utilidade para o seu retorno.

Hadrian demorou para focalizar seus olhos no homem na sua frente, algo quente escorria de
sua testa até o queixo pela lateral esquerda do seu rosto. Quirrell parecia miserável, o turbante
torto, as roupas amassadas, as mãos trêmulas, as bolsas arroxeadas abaixo dos olhos e a pele tão
pálida que dava para ver claramente suas veias.

— Deixe-me vê-lo... — Uma voz sibilante e nada humana sussurrou sombriamente, o que
provocou um terrível arrepio na coluna do jovem caído no chão. Não poderia ser ele... Poderia? —
Deixe-me falar com ele... Cara a cara...

— Mestre, o senhor não está muito forte!

— Estou bastante forte... Para isso...

Hadrian se sentiu como se o visgo do diabo o tivesse pregado no chão. Não conseguia mover
nem um músculo. Petrificado, viu Quirrell erguer os braços e começar a desenrolar o turbante. O
que estava acontecendo? O turbante caiu. A cabeça de Quirrell parecia estranhamente pequena sem
ele. Então ele virou de costas sem sair do lugar. Hadrian poderia ter gritado, mas não conseguiu
produzir som algum. Onde deveria estar a parte de trás da cabeça de Quirrell, havia um rosto, o
rosto mais horrível que Hadrian já vira. Era branco-giz com intensos olhos vermelhos e fendas no
lugar das narinas, como uma cobra.

— Hadrian Potter... — Falou o rosto. Hadrian tentou se afastar, mas as cordas ao seu redor o
impediam de mover-se. — Está vendo no que me transformei? — Rosnou. — Apenas uma sombra
vaporosa... Só tenho forma quando posso compartir o corpo de alguém... Entretanto sempre houve
gente disposta a me deixar entrar no seu coração e na sua mente... O sangue do unicorn me
fortaleceu, nessas últimas semanas... O fiel Quirrell bebia-o por mim na floresta... E uma vez que
eu tenha o elixir da vida, poderei criar um corpo só meu... Agora... Por que você não me dá a
Pedra? — A sensibilidade voltou repentinamente ao corpo de Hadrian. Ele se arrastou para trás. Se
ele não estivesse tão zonzo e apavorado, teria dado risada da burrice de Voldemort. Contando todo
o seu plano para o seu inimigo sem resistência alguma. Ele era burro assim? — Não seja tolo. —
Rosnou. — É melhor salvar sua vida e se unir a mim... Ou vai ter o mesmo fim dos seus pais...
Eles morreram suplicando piedade...

— MENTIRA! — Hadrian gritou inesperadamente. Quirrell estava andando de costas para ele, de
modo que Voldemort pudesse vê-lo. O rosto malvado sorria agora.

— Que comovente... — Sibilou. — Sempre dei valor à coragem... É, menino, seus pais foram
corajosos... Matei seu pai primeiro e ele me enfrentou com coragem... Mas sua mãe não precisava
ter morrido... Estava tentando protegê-lo... Agora me dê a Pedra, a não ser que queira que a morte
dela tenha sido em vão.

— NUNCA! — Hadrian tentava se afastar a todo custo. Todas as magias que aprendera
desapareceram de sua mente e o medo o assolou conforme o ataque-de-pânico empurrava as
lembranças da sua infância nada pacífica para a superfície de sua mente. Estar amarrado,
vulnerável, o medo o consumia dolorosamente. Voldemort gritou:

— AGARRE-O!

E, no instante seguinte, Hadrian sentiu a mão de Quirrell fechar-se em torno de seu pescoço.
E, ao mesmo tempo, uma dor fina como uma agulhada queimou sua cicatriz; parecia que sua
cabeça ia se rachar em dois; ele berrou, lutando com todas as forças e, para sua surpresa, Quirrell
largou-o e as cordas desapareceram. A dor em sua cabeça diminuiu, ele olhou alucinado à volta
para ver aonde fora Quirrell e o viu dobrar-se de dor, examinando os dedos, eles se enchiam de
bolhas, diante dos seus olhos.

— Agarre-o! AGARRE-O! — Esganiçou-se Voldemort outra vez. Hadrian se levantou e tentou


correr, mas Quirrell investiu, derrubando o garoto no chão, caindo por cima dele, as duas mãos
apertando o pescoço do menino, a cicatriz de Hadrian quase o cegava de dor, contudo ele via
Quirrell urrar de agonia.

— Mestre, não posso segurá-lo. Minhas mãos. Minhas mãos! — E Quirrell, embora prendendo
Hadrian no chão com os joelhos, largou seu pescoço e arregalou os olhos, perplexo, para as palmas
das mãos, elas pareciam queimadas, vermelhas, em carne viva.

— Então mate-o, seu tolo, e acabe com isso! — Guinchou Voldemort.

Quirrell levantou a mão para jogar uma praga letal, mas Hadrian, por instinto, esticou as
mãos e agarrou a cara de Quirrell. Com um berro o homem saiu de cima dele, seu rosto se encheu
de bolhas também, e então Hadrian entendeu: ele não podia tocar sua pele, sem sofrer dores
terríveis, sua única chance era dominar Quirrell, causar-lhe dor suficiente para impedi-lo de lançar
feitiços. Hadrian ficou em pé em um salto, agarrou Quirrell pelo braço e segurou-o com toda a
força que pôde. Quirrell berrou e tentou se desvencilhar, a dor na cabeça de Hadrian estava
aumentando, ele não conseguia enxergar mais nada a sua frente.

Ouvia os gritos terríveis de Quirrell e os berros de Voldemort "MATE-O! MATE-O!" e


outras vozes, talvez dentro de sua própria cabeça, chamando "Hadrian! Hadrian!". Sentiu o braço
de Quirrell desprender-se com força de sua mão, teve certeza de que tudo estava perdido e
mergulhou na escuridão, cada vez mais profunda. Pelo menos a Pedra estava segura no seu cofre
em Gringotts.
Capítulo 19
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Assim que Nyx sentiu que seu filhote corria perigo, ela rastejou o mais rápido que conseguia
de volta para o castelo, indo em direção até a sala do Mestre de Poções. Batendo com a cauda na
porta, o homem abriu-a com o olhar enfurecido por terem atrapalhado sua aula. Mas, assim que viu
a serpente, sua raiva se transformou em preocupação.

— Por favor, me diga que ele está bem. — A serpente saiu em disparada pelos corredores até um
banheiro masculino do primeiro andar com Severus correndo atrás dela. O coração apertado de
preocupação.

Ao chegar no local, Severus desatou em desfazer os fortes feitiços que bloqueavam a porta.
Seu coração apertou-se em desespero ao ver o corpo de Hadrian caído no chão. Ele não se importou
nem um pouco com o corpo morto de Quirrell que estava perto do garoto. Nem se importou com
uma presença estranha saindo do local. Voldemort ainda estava vagando por aí, a procura de outro
corpo para compartir, sem estar propriamente vivo. Ele não pode ser morto.

— Hadrian! Hadrian! — Severus ajoelhou-se ao lado do garoto e o analisou. O pânico o consumia


por completo. — Seu garoto insolente. — Lágrimas ardiam em seus olhos, lutando para caírem,
enquanto o homem verificava se o garoto ainda estava vivo. — Como você pode ser tão azarado?
— Pegou o corpo magro e pequeno nos seus braços, admirado com o fato dele ser tão leve e frágil.
— Obrigado por me chamar, Nyx.

Severus acenou para a serpente, que começou a guiar o caminho de volta. Vários alunos e
professores surgiram nos corredores para verem a comoção que fez Severus Snape sair correndo de
sua sala no meio de uma aula. Mas todos abriam caminho quando viram o homem trajado de preto
correr com um garoto desacordado nos braços com os cabelos negros encharcados de sangue, que
também tingia o lado esquerdo de seu rosto pálido, sua cicatriz esbranquiçada na forma de raio se
contrastando com a cor carmim. Nyx vinha deslizando apressadamente ao seu lado, sua língua
balançando no ar perigosamente, estava pronta para atacar qualquer um que se metesse no
caminho.

O Mestre de Poções não queria soltar o garoto nunca mais. Queria mantê-lo em segurança
nos seus braços para sempre. O mundo era perigoso demais para ele. Como Hadrian pode ser tão
azarado assim? Por Merlin, Severus estava se sentindo um pai superprotetor e preocupado com o
filho. Esse garoto ainda o faria ter um infarto se continuasse assim. Mesmo que ele estivesse com
raiva por terem atacado o garoto, Severus estava anestesiado de alívio por Hadrian ainda estar vivo.
Em pouco tempo eles estavam na Ala Hospitalar do castelo e Poppy Pomfrey correu ao encontro
do professor, que logo tratou de vestir sua máscara de indiferença.

— Por Merlin! O que aconteceu, professor Snape?! — Ela indicou uma cama para colocar o
garoto. Severus obedeceu, com cuidado ele deitou o garoto no colchão duro da enfermaria.
— Eu não sei dizer muito bem, Poppy. Ele parece que quase teve uma explosão mágica. Quirrell o
atacou.

— Céus. — Ela passava a varinha sobre o corpo do garoto, que foi cercado por uma luz azul-claro.
— Ele não só quase teve uma explosão mágica. Ele quase morreu. Não consigo identificar o
porquê. Mas ele esteve perto de morrer. — O homem mascarou o seu olhar preocupado e uma
falha nos batimentos cardíacos. — Eu vou cuidar dele. Pode ir, professor. Obrigada pelos serviços.

Hesitante, Severus deu uma última olhada no garoto que havia tomado seu coração gélido e
estoico para si, logo se retirando da enfermaria. Pomfrey permitiu que Nyx permanecesse perto de
Hadrian, pois a presença de um familiar ajudava na recuperação. A serpente se encolheu e aninhou-
se em um montinho na barriga do garoto inconsciente. Ela só queria ficar perto do seu filhote ferido
que estava sendo tratado habilmente pela curandeira.

— Onde está essa Pedra maldita?! — Dumbledore esbravejou enquanto vasculhava o banheiro
onde o corpo de Quirrell jazia.

Ele já havia procurado por tudo. E nada! Onde estava! Voldemort não poderia ter levado ela
se não já teria deixado de compartilhar o corpo de Quirrell. Agora ele era algo parecido com um
fantasma, apenas uma alma sem forças vagando por aí. Mas então... Se Voldemort não está com a
Pedra, onde ela estaria? Severus era leal a ele e já disse que não tinha Pedra nenhuma no Espelho.
Então só sobrava uma alternativa. Estava com Hadrian. Mas ele vasculhou todo o corpo do garoto
enquanto Poppy não estava e não havia nada. Não tinha nenhuma Pedra. Onde aquele garoto idiota
havia a escondido? Onde ela poderia estar?

Dumbledore estava furioso. Andava de um lado para o outro na sua sala, depois de cuidar de
toda a burocracia com o ocorrido e o corpo morto, enquanto tentava organizar seus pensamentos.
Da ponta da sua varinha saíam faíscas, mostrando o quão transtornado ele estava. Ele precisava dar
um fim em Hadrian Tamish Potter. Ele não era o seu soldado perfeito, não era sua arma perfeita,
não era o porco para o abate. Precisava acabar com ele antes que seus planos fossem arruinados. E
nenhuma vez o garoto foi atrás das pistas. Não foi atrás do espelho, a Capa fora roubada, ele não
sentiu a assinatura mágica do garoto nos testes que protegiam a Pedra e ele nunca desrespeitava as
regras! Merda! Não era para ele ser tão independente e certinho assim! Era para ele ser um garoto
maleável e sofrido que se agarraria a si, aquele quem o daria atenção e carinho. O garoto estava
arruinando tudo!

Os aurores foram chamados ao castelo para investigarem as coisas. O corpo de Quirrell não
tinha nenhuma evidência de que fora Hadrian quem fizera aquilo, pois não tinha a assinatura
mágica do garoto no banheiro. Ou seja, ele não usou magia. Investigaram a varinha do ex-professor
e perceberam que ele realmente havia atacado Hadrian e o amarrado (as marcas na pele de Hadrian
confirmaram tudo). Demorara alguns dias para Hadrian acordar, mas quando o fez, os aurores
pegaram o seu relato. Ele disse que Quirrell sempre o olhava estranho e parecia obcecado consigo,
ele o havia amarrado e tentado matar em nome de Voldemort, Hadrian desmaiou por falta de ar ao
ser estrangulado e não sabia dizer como o ex-professor havia morrido. Ele não contaria a verdade
para eles, nunca iriam acreditar em si.

Os boatos pela escola sobre o que aconteceu transitavam incansavelmente, muitos


acreditavam que Quirrell era um pedófilo estuprador louco seguidor de Voldemort que queria fazer
mal a Hadrian em nome de seu antigo mestre. As especulações sobre sua morte eram as mais
insanas, alguns acreditavam que uma entidade o havia punido por ser tão depravado. Em
contrapartida, todos estavam apoiando Hadrian e o dando presentes como votos de melhoras.
Draco não queria mais desgrudar-se do moreno com medo de que outra coisa lhe acontecesse, Nyx
e Severus não ficavam para trás, assim como seus amigos na Gryffindor e na Slytherin. Ah, e
Hagrid também viera lhe visitar com mais biscoitos que quebravam os dentes.

O Campeonato das Casas acabou com a Slytherin ganhando a Taça. Hagrid estava a postos
para levá-los à flotilha de barcos que fazia a travessia do lago; e, no momento seguinte, estavam
embarcando no Expresso de Hogwarts; conversando e rindo à medida que os campos se tornavam
mais verdes e mais cuidados; comendo vários doces enquanto atravessavam as cidades dos
muggles; trocando as vestes de bruxo pelas de muggles.

O trem finalmente parou na plataforma 9¾ na estação de King's Cross. Levou um bom tempo
para todos desembarcarem na plataforma. Um guarda muito velho estava postado na saída e os
deixava passar em grupos de dois e três para não chamarem atenção ao irromper todos ao mesmo
tempo por uma parede sólida, assustando os muggles.

Hadrian e Draco se despediram dos amigos, prometendo que escreveriam nas férias e
seguiram o casal Malfoy para casa. Hadrian nunca esteve tão feliz com isso. Ele tinha um lar para
onde voltar, e ele amou isso. Lucius e Narcissa ficaram transtornados quando os garotos contaram
suas aventuras em Hogwarts. O casal Malfoy ainda teria vários ataques cardíacos devido à
preocupação quando o assunto era Hadrian e Draco. Mais tarde naquele dia, o garoto de intensos
olhos verdes atravessou o portal e voltou para o seu lar. Para os seus pais. Hadrian também havia
feito uma inesperada amizade com Dobby, o house-elf mais animado dos Malfoy. E, graças a
convivência com o garoto, eles tratavam seus house-elves com respeito. Não os puniam mais, e as
criaturas estavam muito contentes com essas mudanças. Mais um ano se foi, e Hadrian estava feliz.
Tinha uma família que o amava e amigos leais. Nunca se arrependeria de ter fugido da casa dos
seus tios naquele fatídico dia anos atrás.

Mesmo ele tendo levado uma bronca de seus pais e dos Malfoy por suas aventuras em
Hogwarts, todos ainda se divertiram muito. No dia cinco de junho, o aniversário de Draco, todos os
amigos foram convidados para a Malfoy Manor para comemorarem os doze anos do loiro. O grupo
não poupou esforços para se divertirem. No dia trinta e um de julho, o grupo voltou a se encontrar.
Com o acréscimo de todos os Weasley, já que o moreno acabou ficando amigo dos três mais jovens
garotos da família. Hadrian fez questão que Molly e Arthur também fossem para os conhecer,
assim como Percy, o mais velho, e Ginny, a caçula. Nyx havia sugerido que ele se abrisse para
conhecer essa família, que eles seriam bons amigos. Graças a Hadrian, os Malfoy não tinham mais
preconceito com a família de ruivos, e agora os tratavam normalmente. O garoto havia mudado
aquela família para melhor.

Por outro lado. Enquanto Hadrian se divertia com sua família e amigos. Albus Dumbledore
estava tramando seu próximo passo. Desde o dia em que ele havia ido até o Wool's Orphanage
encontrar Tom Marvolo Riddle de onze anos, Dumbledore sabia que algo aconteceria no futuro.
Até porque, fora ele que traçou o caminho que aquele órfão percorreria. A partir desse dia ele
manteve-se distante, mas perto o suficiente para descobrir todos os segredos do garoto e continuar
manipulando suas decisões. Em seu sexto ano, quando o garoto fez a sua primeira Horcrux,
Dumbledore descobriu o seu esconderijo e roubou o objeto impregnado de magia negra. Ele era
esperto, teria o objeto como uma prevenção contra Voldemort. Seu plano estava iniciando, agora
era só esperar a volta dos estudantes para Hogwarts, e então, de fato, o jogo iria começar. Porém,
quando Tom Riddle fez sua primeira Horcrux, Dumbledore não conseguiu mais vigiar o garoto
como antigamente. Ele havia se tornado mais esperto, mais reservado, não deixava nenhuma ponta
solta que pudesse incriminá-lo, ou que ajudasse Dumbledore a descobrir seus planos.

Assim que Hadrian e Draco receberam suas cartas de Hogwarts, as duas famílias foram
imediatamente ao Diagon Alley. Os garotos reclamavam sobre o fato de todos os livros que
usariam seriam do mesmo autor, Gilderoy Lockhart. No Diagon Alley, os Malfoy se encontraram
com os Weasley e com os Granger, para espanto de muitas pessoas, pois se tratavam
amigavelmente. Se bem que Arthur Weasley ficou muito animado com a presença do casal muggle
e os bombardeou com perguntas estranhas sobre objetos muggles. Nyx estava encolhida e enrolada
no pescoço de Hadrian, fazendo comentários ácidos sobre a quantidade de pessoas fedendo a
diferentes hormônios.

Os adultos se dispersaram, deixando Hadrian, Draco, Ron e Hermione perambularem pelo


lugar. Hadrian comprou quatro grandes sorvetes, que os quatro degustaram felizes enquanto
subiam o beco, examinando as vitrines fascinantes das lojas. Ron admirou, cobiçoso, um conjunto
completo de vestes da grife Chudley Cannon, na vitrine da "Artigos de Qualidade para
Quidditch", até que Hermione puxou-os para irem comprar tinta e pergaminho na loja ao lado. Na
Gambol and Japes – Wizarding Joke Shop, eles encontraram Fred, George e Lee Jordan, que
estavam fazendo um estoque de fogos de artifício Dr. Filibusteiro, que disparavam molhados e, não
aqueciam. Depois de uma hora eles rumaram para a Flourish and Blotts. Eles não eram os únicos
que se dirigiam à livraria. Ao se aproximarem, viram, para sua surpresa, uma quantidade de
pessoas que se acotovelava à porta da loja, tentando entrar. A razão disso estava anunciada em uma
grande faixa estendida nas janelas do primeiro andar.

GILDEROY LOCKHART

Autografa sua autobiografia

O MEU EU MÁGICO

Hoje das 12:30 às 16:30

— Vamos poder conhecê-lo! — Gritou Hermione esganiçada. — Quero dizer, ele é o autor de
quase toda a nossa lista de livros! — A aglomeração parecia ser formada, em sua maioria, por
bruxas mais ou menos da idade da senhora Weasley. Um bruxo de ar atarantado estava postado à
porta, dizendo:

— Calma, por favor, minhas senhoras... Não empurrem, isso... Cuidado com os livros, agora...

Hermione agarrou a mão de Ron e Hadrian e os puxou para dentro da loja, Draco agarrou a
mão livre do moreno, que olhava-o implorando para que o tirasse daquele amontoado de pessoas.
Uma longa fila serpeava até o fundo da loja, os garotos se espremeram para passar, onde Gilderoy
Lockhart autografava seus livros. Cada um dos meninos apanhou um exemplar de Livro padrão de
feitiços, segunda série, e se enfiaram sorrateiros no início da fila onde já aguardavam os outros
meninos com o casal Weasley, o casal Malfoy e Ragnuk e Maray sobre glamour de bruxos.

— Ah, chegaram, que bom! — Disse a senhora Weasley. Ela parecia ofegante e não parava de
ajeitar os cabelos. Já Narcissa revirava os olhos para todas aquelas mulheres se arrastando por um
homem sem valor. Maray olhava enojada para os bruxos ao seu redor. — Vamos vê-lo em um
minuto...

Aos poucos Gilderoy Lockhart se tornou visível, sentado a uma mesa, cercado de grandes
cartazes com o próprio rosto, todos piscando e exibindo dentes ofuscantes de tão brancos. O
verdadeiro Lockhart estava usando vestes azul-miosótis que combinavam à perfeição com os seus
olhos; seu chapéu cônico de bruxo se encaixava em um ângulo pimpão sobre os cabelos ondulados.
Um homenzinho irritadiço dançava à sua volta, tirando fotos com uma máquina enorme que
soltava baforadas de fumaça púrpura a cada flash cegante.

— Saia do caminho, você aí. — Rosnou ele para Ron, recuando para se posicionar em um ângulo
melhor. — Trabalho para o Daily Prophet.

— Grande coisa. — Disse Ron, esfregando o pé que o fotógrafo pisara. Gilderoy ouviu-o. Ergueu
os olhos. Viu Ron, e em seguida viu Hadrian. Encarou-o. Então se levantou de um salto e
decididamente gritou:

— Não pode ser Harry Potter! — O garoto contorceu o nariz em desgosto ao ouvir o homem falar
seu nome errado. A multidão se dividiu, murmurando agitada; Lockhart adiantou-se, agarrou o
braço de Hadrian e puxou-o para a frente. A multidão prorrompeu em aplausos. A cara de Hadrian
estava em fogo quando Lockhart apertou sua mão para o fotógrafo, que batia fotos feito louco,
dispersando fumaça sobre os Weasley. — Dê um belo sorriso, Hadrian. — Disse Lockhart por
entre os dentes faiscantes. — Juntos, você e eu valemos uma primeira página. — Quando ele
finalmente soltou a mão de Hadrian, o garoto mal conseguia sentir os dedos.

— Perdão, mas acho que não é assim que se porta frente ao Príncipe de Camelot! — Lucius
pronunciou-se, resultando no fim dos murmúrios excitados da multidão. Lockhart pareceu ficar tão
pálido quanto papel e engolira em seco.

— Destrua as fotos. — Hadrian ordenou enquanto fuzilava o homem espalhafatoso. Ragnuk, sob o
glamour de humano, moveu uma varinha falsa e a câmera pegou fogo. O fotógrafo ofegou e
deixou-a cair no chão — Saiba, senhor Lockhart, que Nyx detesta que fiquem me tocando sem
minha permissão. — A serpente ergueu sua cabeça ameaçadoramente enquanto mostrava as presas
para o homem inconveniente, sibilando em advertência. — Não seria nada agradável receber uma
mordida dela, seu veneno pode ser bem... Desagradável. — Piscou um olho para o homem. —
Vamos, Dray. Voltamos depois para pegar nossos livros. — Dito isso, Hadrian liderou o grupo de
seus pais e os Malfoy para fora da loja. Draco, imediatamente, enlaçou seu braço com o do
moreno, tentando tranquilizá-lo depois de ter sido forçado a passar por aquelas pessoas num local
tão pequeno e apertado.

— Eu quero, muito, matar aquele cara por ter tocado em você! — Nyx esbravejou raivosa.

— Bem que eu gostaria que você fizesse isso. — Hadrian comentou divertido.

— Ele cheirava a extrema burrice e narcisismo. Posso morder ele? Só para não ter que aturá-lo
caso o encontrarmos novamente. Por favorzinho?

— Você é impossível, Nyx. — Balançou a cabeça negativamente com um sorriso nos lábios.

— Algo me diz que a Nyx também não gostou dele. — Draco sorriu sarcástico.

O grupo foi embora para suas casas, os Weasley entenderiam sua partida depois daquele
episódio desagradável. Na Malfoy Manor, o glamour dos goblins caiu e o grupo se reuniu na sala
de estar para passarem o tempo enquanto Draco e Hadrian brincavam nos jardins sob o olhar
vigilante de Nyx.
Capítulo 20
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

No dia primeiro de setembro, vários bruxos se encaminhavam para a estação de trem de


King's Cross. Despedindo-se de Lucius e Narcissa, Hadrian, Nyx em seus ombros, e Draco
entraram no trem a procura de uma cabine vazia para se acomodarem. Quando encontraram,
sentaram-se lado a lado, perto da janela e esperarem os amigos. O moreno já havia se despedido
dos seus pais a pouco tempo, mas já estava com saudades deles. Logo Slytherin e Gryffindor
estavam unidos e a viagem se iniciou. Durante o trajeto os amigos conversavam sobre seus verões
(claro que Hadrian omitiu um detalhe pequenininho sobre onde exatamente ele morava e com
quem) e se divertiam brincado e fazendo piadas. Ainda vestindo as roupas casuais, os estudantes
desceram na estação de Hogsmeade. Mas, diferente do ano anterior, Hadrian e seus amigos foram
guiados pelos monitores de suas casas, e o resto dos alunos mais velhos, até umas carruagens
cobertas com lampiões as iluminando.

Mas Hadrian estava sorrindo ao olhar os estranhos animais que as puxavam. Ele olhou para
os lados, para ver a reação dos amigos, mas ninguém mais via os animais. Eles pareciam uma
espécie de cavalo alado, possuíam um corpo esquelético, o rosto mais parecia um crânio, asas de
couro que se assemelham as de um morcego. Sua pele de couro macio evidenciando seus ossos,
grandes olhos brancos leitosos, sua crina e rabo possuíam fios lisos na coloração preta como a sua
pele.

Ele já os havia visto perambulando pelo Reino Goblin. Hadrian adorava estar na presença
deles e até cavalgar em uma caminhada pacífica com seu pai ao entardecer. Thestrals: são vistos
apenas por quem já presenciou a morte e a entendeu. Eles são seres extremamente dóceis e
tímidos. Ao contrário de seus parentes, os Abraxan, que se alimentam de pasto e Uísque de Malte
(algo que mostra como são animais elitistas), os thestrals, além disso, também vivem a base de
carne de qualquer espécie (viva ou morta) e água. São encontrados em geral em sextetos de um
macho e cinco fêmeas. thestrals têm um ótimo olfato e são dotados de um poderosíssimo senso de
direção (basta ganhar sua confiança, montá-lo, dizer-lhe onde se deseja ir e segurar-se nele
firmemente para ser então levado sem erros ao destino exato.

Um fato fez com que os thestrals fossem (erroneamente) classificados como animais
extremamente perigosos pelo Ministério da Magia; somente pessoas que já presenciaram a morte
de perto e entendam completamente a finalidade da morte podem vê-los. Isso criou um misticismo
muito grande à sua volta, pois acredita-se que ver thestrals é um sinal de morte, mas é exatamente o
contrário. thestrals são dóceis por natureza e jamais atacam seres humanos, a não ser em caso de
autodefesa ou que ameacem sua manada.

— Thestrals. — Hadrian comentou admirado enquanto se aproximava do animal mais próximo.

— Saúde? — Theodore olhou-o confuso, fazendo uma brincadeira com o fato da palavra parecer
algo como um espirro muito esquisito.
— As carruagens de Hogwarts são puxadas por thestrals. — Os seus amigos, e o resto dos alunos o
olhavam com curiosidade e estranheza. Hadrian sempre sentiu uma estranha ligação com esses
estranhos cavalos alados. O moreno deu o dorso da sua mão para ser cheirada antes de acariciar o
focinho do animal. Os alunos de Hogwarts olhavam o garoto como se ele fosse louco.

— Hadrian? Não tem nada aí. — Pansy comentou temerosa.

— Nunca teve nada puxando as carruagens. — George comentou preocupado.

— Hazz? — Draco chamou preocupado.

— Só podem ser vistos por quem já presenciou a morte e a compreendeu. — Hermione comentou
alarmada.

— Mas eles são tipo um presságio de morte. — Uma garota da Hufflepuff comentou horrorizada.

— É apenas um misticismo idiota. — Hadrian sorriu contente ao ver o animal se animar com o seu
carinho. — Eles são extremamente dóceis e tímidos. Criaram esse preconceito apenas pela
aparência fantasmagórica deles. — Ele olhou para Draco. — Venha cá, você pode não o ver, mas
pode senti-lo. — Encorajou sorridente estendendo a mão para o amigo.

— Sabe que está todo mundo te achando louco, né? — Perguntou enquanto aceitava a mão do
moreno e era conduzido até o nada. Onde ele sentiu uma respiração quente chocar-se contra sua
pele pálida e logo a sensação de uma pele coriácea ativar o seu tato. Draco arregalou os olhos. —
Eu posso sentir! — Sorriu impressionado. Os outros alunos começaram a cochichar entre si,
também querendo sentir.

— Se querem senti-los aproximem-se cuidadosamente de alguma carruagem e estendam a mão.


Eles virão até vocês. — Hadrian comentou sorridente ao ver vários alunos se adiantarem na direção
dos animais. Em segundos todos estavam exclamando surpresos ao sentirem a mesma coisa que
Draco.

— Mano! Eu tô sentindo a respiração dele! — Theodore sorria feito uma criança, enquanto
acariciava o nada.

— Por que essa demora?! — Severus Snape surgiu na escuridão da noite com um semblante nada
amigável, e todos os alunos, menos Hadrian e Draco, engoliram em seco.

— É culpa minha, professor. — Hadrian se adiantou, todos os alunos abriram espaço para o garoto
se aproximar do homem. — Eu acabei me impressionando ao ver os thestrals puxando as
carruagens. E, como mais ninguém os via, provavelmente me acharam louco por estar fazendo
carinho no nada. — Sorriu divertido ao ver o homem se segurar para não sorrir. — Acabou que
eles também queriam senti-los e todos começaram a acariciar as criaturas. A culpa é minha por
arrastar todos para isso e nos atrasar para o banquete. Peço desculpas.

— Então você pode ver os thestrals? — Severus levantou uma sobrancelha curioso.

— Sim, eu posso, senhor.

— Creio eu que o atraso foi respondido. Mas que isso não se repita. — Olhou falsamente com
severidade para o garoto.

— Sim, senhor.

— Vamos! Todos vocês entrem nas carruagens! — Assim que esbravejou, todos se apressaram
para obedecerem a suas ordens. — Os primeiranistas estão quase chegando ao castelo e vocês estão
vagabundeando aqui! — Sorrindo divertido, Hadrian entrou numa carruagem com Draco e os
amigos.

— Sorte que você é da Slytherin. — Ron comentou tremendo de medo. — Se fosse com um
Gryffindor ele nos esfolaria vivo.

— Cara! Foi muito estranho sentir a criatura sem vê-la. — Blaise comentou animado. — Eu queria
vê-los. Mas ao mesmo tempo não queria. Porque, né...

— Amanhã eu levo um livro com uma ilustração deles. — Hadrian comentou levemente
envergonhado, pois iria mostrar seus desenhos para outras pessoas. Draco, já tendo visto o "diário"
do moreno, sorriu-lhe docemente. O que fez as bochechas do menor corarem.

— A primeira vez que vi um desenho deles eu tive pesadelos. — Hermione estremeceu.

— Eles possuem uma aparência nada "típica". — Hadrian comentou. — Mas eles possuem uma
beleza mórbida. E são muito gentis. — Olhou pela janelinha o thestral que puxava sua carruagem.

— O Ministério os classificou como uma criatura XXXX, ou seja, perigoso/exige conhecimento


especializado/bruxo perito pode enfrentar. — Hermione comentou horrorizada.

— Hermione, você precisa aprender a não levar o que está escrito nos livros como uma verdade
absoluta. — Hadrian comentou com carinho.

— Mas são verdades absolutas. Está escrito por grandes nomes. — Comentou ofendida.

— Mione. — Hadrian segurou as mãos da garota, que estava na sua frente. — Não existe uma
verdade absoluta. As pessoas escreveram os livros perante a sua opinião. Não existe algo imparcial.
Tanto que nos nossos livros de Hogwarts todos contam sobre o quão ruim a magia das trevas é. —
Todos prestava atenção no que o garoto dizia. — "Luz" e "trevas" não passam de termos. Tudo é
magia. A diferença é como as usamos. Eu posso usar o feitiço Quiropterum para conjurar vários
morcegos no lugar do Avis, que conjura pássaros, para espantar um animal ofensivo e ajudar uma
pessoa. Assim como eu posso matar alguém afogando com Aguamenti. É tudo questão de caráter.
O núcleo mágico de uma pessoa ou os feitiços que ela usa não a definem. O que define se alguém é
das "trevas" ou da "luz" são as suas ações. Eu mesmo possuo o núcleo negro, sou um parselmouth e
estou na Slytherin. Nada disso me define. Não deveríamos levar essa cultura preconceituosa a
diante. Deveríamos ser mais compreensíveis. Em outras escolas eles dão aulas de "artes das trevas"
e "arte da luz" para os alunos compreenderem os dois lados. Mas com Voldemort tendo feito tudo
o que fez na Grã-Bretanha, isso criou todo um preconceito errôneo sobre. Oras! Nós aprendemos
"defesa contra as artes das trevas". Então, se é assim, vocês estariam me caçando até a morte só por
eu ser um parselmouth. — Ele suspirou. — O que eu quero dizer é que não devemos rotular nada.
Apenas conhecer e entender. — Seus amigos ficaram impressionados com a maturidade do
moreno. Hermione ficou envergonhada pelo sermão, mas compreendeu o lado de Hadrian.

Em pouco tempo eles estavam adentrando os portões de Hogwarts e se dirigindo


animadamente para o Salão Principal. Rapidamente todos estavam sentados em suas respectivas
mesas, esperando os novos alunos daquele ano. A seleção das casas foi feita, o Sorting Hat cantou
uma música, Dumbledore disse palavras idiotas e sem sentido. Tudo normal durante o jantar. Mas,
como nada na vida de Hadrian Tamish Potter é simples ou normal, algo tinha que acontecer.

Os olhos gentis por trás de óculos em formato de meia-lua mantinham o foco em um garoto
em particular. Hadrian percebeu, por trás da máscara gentil e inofensiva, um olhar louco e doentio.
Por dentro, o velho estava radiante, o diário já havia sido colocado num malão de um estudante
estrategicamente escolhido por ele. Agora era apenas deixar a correnteza fluir que tudo se resolverá
sozinho. E de quebra, todos irão imaginar que o culpado é Voldemort, e não ele. É. A vida de
Hadrian havia voltado ao normal mesmo. Ah! Não podemos esquecer que Lockhart era o novo
professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. "Maravilha.", Hadrian pensou com sarcasmo e
desgosto enquanto ignorava uma Nyx que implorava para ir assustar aquele pavão espalhafatoso.

A festa de início de ano letivo ocorreu normalmente. Hadrian e os amigos desceram para as
frias masmorras de barrigas cheias e sonolentos. Nyx era uma serpente mágica, então ela não sofria
com o frio do local. Hadrian e Draco arrumaram rapidamente suas coisas e deitaram-se em camas
separadas. Desde as férias, Hadrian já não tinha mais desculpas para dormir na mesma cama que o
loiro, até porque ambos estavam crescendo e não seria adequado dormirem juntos sendo que eram
apenas amigos. Mesmo que isso deixasse os dois um pouco solitários.

Na manhã seguinte, Severus Snape estava passando pela mesa da Slytherin distribuindo os
horários de aulas para os alunos. Na aula de Herbologia, já tiveram o desprazer de encontrar
Lockhart sendo um imbecil e atazanado a professora Sprout. Mas quando viu Hadrian, ele precisou
o puxar para uma "conversa animada".

— Harry! Estou querendo dar uma palavra... A senhora não se importa se ele se atrasar uns
minutinhos, não é, professora Sprout? — A julgar pela cara de desagrado da professora, ela se
importava sim, mas Lockhart disse: — É isso aí. — E fechou a porta da estufa na cara dela. —
Harry! — disse Lockhart, os dentes brancos faiscando ao sol quando ele balançou a cabeça. —
Harry, Harry, Harry. — Completamente irritado, Hadrian ficou calado, olhando-o com uma
sobrancelha erguida.

— O senhor, poderia, por favor parar de enrolar? Não quero perder a primeira aula do ano. —
Hadrian pediu com a educação de um nobre que os seus pais e os Malfoy o ensinaram.

— Tão espirituoso. — Era incrível como é que ele conseguia mostrar cada um daqueles dentes
brilhantes até quando não estava falando. — Harry Potter. Herdeiro de tantas casas. Você está
destinado a ser um grande bruxo, rapaz. Nunca fiquei tão chocado em minha vida.

— Sobre o que o senhor está falando? — Hadrian estava começando a perder a paciência com o
homem.

— Mas é claro que estou falando da sua interação com os thestrals. Bem, é claro, entendi na
mesma hora porque você fez isso. Estava na cara. Harry, Harry, Harry.

— O que... — Foi interrompido.

— Teve uma provinha de publicidade, não foi? — Disse sorrindo orgulhoso. — Ficou mordido.
Esteve na primeira página comigo e não pôde esperar para repetir o feito.

— Ah, não, professor, eu...

— Harry, Harry, Harry. — Disse Lockhart, segurando-o pelo ombro. — Eu compreendo. É natural
querer mais depois de provar uma vez, e eu me culpo por ter-lhe dado a oportunidade, porque a
coisa não podia deixar de lhe subir à cabeça, mas olhe aqui, rapaz, você não pode começar a se
fazer de louco na frente de tantas pessoas para chamar a atenção para a sua pessoa. Ser uma pessoa
pública nos torna alvos para todos os tipos de comentários, tanto bons quanto ruins. É bom se
acalmar, está bem? Tem muito tempo para isso quando for mais velho. É, é, sei o que está
pensando! "Tudo bem, para ele, já é um bruxo internacionalmente conhecido!" Mas quando eu
tinha doze anos, era um joão-ninguém como você é agora. Diria até que era mais joão-ninguém!
Quero dizer, algumas pessoas já ouviram falar de você, não é mesmo? Todo aquele episódio com
Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado! — Olhou para a cicatriz em forma de raio no canto da testa
de Hadrian. — Eu sei, eu sei, não é tão bom quanto ganhar o Prêmio do Sorriso mais Atraente do
Semanário dos Bruxos cinco vezes seguidas, como eu, mas é um começo, Harry. É um começo.

— Mas, senhor...

— Harry, Harry, Harry. Sabe. Nós iriamos ficar muito bem se você fizesse uma participaçãozinha
no meu próximo livro. Iria ser uma boa aparição, daríamos muita audiência e você não ficaria
tachado como louco.

Ele deu uma piscadela cordial a Hadrian e foi-se embora a passos largos. Hadrian continuou
aturdido por alguns segundos, depois, lembrando-se de que devia estar na estufa, abriu a porta e
entrou sem chamar atenção. A professora Sprout estava parada atrás de uma mesa de cavalete no
centro da estufa. Havia uns vinte pares de abafadores de ouvidos de cores diferentes arrumados
sobre a mesa. Mandrake. Essas plantas eram terrivelmente feias e com um grito agonizante. Um
garoto, Justin Finch-Fletchley, nascido muggle, se apresentou a Hadrian e elogiou Lockhart.

Lá pelo fim da aula, Hadrian, como todos os outros, estava suado, dolorido e coberto de
terra. Eles voltaram ao castelo para se lavar rapidamente, e então os alunos da Slytherin correram
para a aula de Transfiguração. Hoje eles teriam que transformar um besouro num botão, em
segundos Hadrian era o único que já havia conseguido realizar o feito. A contragosto, McGonagall
deu a Slytherin dez pontos. Ela sempre o olhava com aquela cara azeda e contorcida como se
tivesse chupado um limão particularmente azedo. Quando o sinal tocou indicando o horário do
almoço, todos se dirigiram animados para o Salão Principal.

— O que o Lockhart queria com você? — Pansy perguntou curiosa enquanto colocava comida no
seu prato.

— Eu juro que quero que a Nyx o morda. — Hadrian suspirou.

— EU POSSO?! — A serpente ergueu sua cabeça para olhar nos olhos verdes do garoto.

— Não. Infelizmente. — Hadrian balançou a cabeça negativamente com um sorriso divertido.

— E o que ele disse para atrair a raiva do rei da Slytherin? — Theodore brincou.

— Basicamente, ele é um narcisista louco por atenção. — Comentou entediado. — Ele disse que:
— Pigarreou para iniciar uma imitação excelente de Lockhart. — "Harry, Harry, Harry. Eu sou tão
incrível. Eu ganhei cinco vezes consecutivas o prêmio do sorriso mais atraente do Seminário dos
Bruxos. Lamba minhas botas incrivelmente horrorosas. Eu sou tão burro que falo seu nome errado.
Ah. Você também é um grandessíssimo imbecil, então venha me trazer mais publicidade por causa
da sua cicatriz e bla, bla, bla." — Os amigos de Hadrian caíram na gargalhada.

— Você fez até a pose e as mãozinhas balançando. — Pansy comentou enquanto limpava as
lágrimas dos olhos.

— Foi igualzinho. — Blaise recuperava o fôlego. Todos ainda com sorrisos divertidos nos lábios.

— Mudando de assunto. — Hadrian começou. — O que temos depois? — Blaise pegou seus
horários para responder.

— Defesa Contra as Artes das Trevas. — O moreno revirou os olhos enquanto respondia.

— Eu não sei se vou aguentar até o final do ano. — Hadrian bateu a testa na mesa.
Quando terminaram o almoço, os quatro sentaram-se em uma escadaria e começaram a
conversar animadamente. Até Hadrian sentir pelas ondas de magia, o que ele estava muito mais
sensível e consciente, que estava sendo atentamente vigiado. Ao erguer os olhos, viu que o garoto
miudinho de cabelos tão amarelos quanto um girassol que ele vira experimentando o Sorting Hat
na véspera o encarava paralisado. Estava agarrado a um objeto que parecia uma máquina
fotográfica de muggles e, quando Hadrian olhou para ele, ficou escarlate.

— Tudo bem, Hadrian? Sou... Colin Creevey. — disse o menino sem fôlego, adiantando-se
hesitante. — Sou da Gryffindor. Você acha que tem algum problema se... Posso tirar uma foto? —
Acrescentou, erguendo a máquina esperançoso.

— Uma foto? — Repetiu Hadrian sem entender.

— Para provar que conheci você. — Disse Colin Creevey ansioso, aproximando-se mais. — Sei
tudo sobre você. Todo mundo me contou. Como foi que você sobreviveu quando Você-Sabe-Quem
tentou matá-lo e como foi que ele desapareceu e tudo o mais, e como você ainda conserva a cicatriz
em forma de raio na testa. — Seus olhos esquadrinharam a raiz dos cabelos de Hadrian. — E um
garoto no meu dormitório disse que se eu revelar o filme na poção correta, as fotos vão se mexer.
— Colin inspirou profundamente, estremecendo de excitação, e disse: — Isto aqui é fantástico, não
acha? Eu não sabia que as coisas estranhas que eu fazia eram magia até receber uma carta de
Hogwarts. Meu pai é leiteiro, ele também não conseguia acreditar. Então estou tirando um montão
de fotos para levar para ele. E seria incrível se tivesse a sua. — O garoto olhou para Hadrian como
se implorasse. — Quem sabe o seu amigo podia tirar, e eu podia ficar do seu lado? E depois você
podia autografar a foto?

— Autografar a foto? Você está distribuindo fotos autografadas, Potter? — A voz de Bulstrode,
alta e desdenhosa, ecoou pelo pátio. Ela parara logo atrás de Colin, ladeada, como sempre que
estava em Hogwarts, pelas amigas Tracey Davis e Daphne Greengrass. — Todo mundo em fila! —
Gritou para os outros alunos. — Hadrian Potter está distribuindo fotos autografadas!

— Não, não estou, não. — Disse Hadrian com raiva, passando a mão pelos cabelos.

— Você está é com inveja! — Ouviu-se a voz fina de Colin, cujo corpo inteiro era da grossura do
pescoço da garota.

— Inveja? — perguntou Bulstrode, que não precisava mais gritar: metade do pátio estava
escutando. — De quê? Não quero uma cicatriz nojenta na minha testa, muito obrigado. Por mim,
não acho que ter a cabeça aberta faz ninguém especial. — Suas amigas davam risadinhas idiotas.

— Tome cuidado, Bulstrode. — Pansy sorriu sarcástica. — Se você continuar com essa
implicância toda com o Hadrian, todo mundo vai pensar que você está apaixonada por ele. — As
bochechas fartas da garota coraram violentamente.

— Não recebo conselhos de uma vadia de esquina como você, Parkinson. — Esbravejou tremendo
de raiva e brandiu a varinha.

— Que está acontecendo, que está acontecendo? — Gilderoy Lockhart vinha em passos largos em
direção à aglomeração, suas vestes turquesa rodopiando para trás. — Quem é que está distribuindo
fotos autografadas? — Theodore começou a falar, mas foi interrompido por Lockhart que passou
um braço pelos ombros de Hadrian e trovejou jovial: — Não devia ter perguntado! Nos
encontramos outra vez, Harry! — Preso contra o corpo de Lockhart e ardendo de irritação, Hadrian
viu Bulstrode sair de fininho, rindo-se, para junto dos outros colegas. — Vamos então, senhor
Creevey. — Disse Lockhart, sorrindo para o garoto. — Uma foto dupla, nada melhor. E nós dois
podemos autografá-la para o senhor. — Colin ajeitou a máquina e tirou a foto quando a sineta
tocava às costas do grupo, sinalizando o início das aulas da tarde. — Está na hora, vamos andando
vocês aí. — Gritou Lockhart para os alunos e voltou ao castelo com Hadrian, que teve vontade de
conhecer um bom feitiço para desaparecer, ainda preso ao professor. Nyx, que estava dormindo nos
ombros do garoto, se elevou e tomou uma posição de ameaça na direção do professor. — E-essa
sua serpente é linda, Harry. — Pela primeira vez, Hadrian viu o homem com medo, e ele adorou
isso.

— Nyx não gosta quando pessoas me tocam ou erram meu nome. — Tentou esconder seu sorriso
divertido. — Sabe, professor. Ela é uma serpente mágica. Da espécie da King Cobra muggle. O
tamanho real dela é quase cinco metros. — Nyx apreciou o cheiro de medo que o homem exalava.
— Não sei se o senhor sabe, mas essa espécie é a mais mortal das serpentes. Seu veneno é bem
desagradável, não seria nada legal se o senhor fizer algo perto de mim, ela é bem territorial e
protetora. — Hadrian se divertia com o olhar apavorado que o homem lançava para a serpente em
seus ombros. Com um pigarro e um sorriso amarelo, o homem se afastou.

— Uma palavra para o bom entendedor, Har... Hadrian. — Corrigiu-se amedrontado, fingindo que
nada havia acontecido. — Dei cobertura a você lá com o jovem Creevey, se ele estivesse me
fotografando, também, os seus colegas não iriam pensar que você está se dando ares... Devo dizer
que distribuir fotos autografadas nessa altura de sua carreira não é sensato, parece meio
presunçoso, Har... Hadrian, para ser franco. Haverá um dia em que, como eu, você vai precisar ter
uma pilha de fotos à mão aonde quer que vá. — Ele deu uma risadinha — Mas acho que você
ainda não chegou lá.

Hadrian simplesmente ignorou o homem. Tanta idiotice o estava enjoando. Assim que
chegaram na sala, Hadrian deixou Lockhart falando sozinho enquanto caminhava pomposamente
até Draco, que o esperava sentado em uma classe. Pansy estava do outro lado do loiro.

— Eu vou fundar o fã-clube Potter. — Theodore brincou logo atrás de Hadrian, ao lado de Blaise.

— Será que me atirar da Torre de Astronomia seria uma boa ideia? — Hadrian resmungou
derrotado.

— Seria uma péssima ideia. — Draco segurou sua mão por baixo da mesa, acariciando-a com
carinho. Apenas o simples toque de suas mãos já acalmava o moreno completamente. Toda a
irritação desapareceu com a felicidade de apenas estar ao lado do loiro.
Capítulo 21
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Quando a classe inteira se sentou, Lockhart pigarreou alto e fez-se silêncio. Ele esticou o
braço, apanhou o exemplar de "Viagens com Trasgos" de um aluno e ergueu-o para mostrar a
própria foto na capa, piscando o olho.

— Eu. — Disse apontando a foto e piscando igual seu "eu" do livro. — Gilderoy Lockhart, Ordem
de Merlin, Terceira Classe, Membro Honorário da Liga de Defesa Contra as Artes das Trevas e
vencedor do Prêmio Sorriso mais Atraente da revista Semanário dos Bruxos cinco vezes seguidas,
mas não falo disso. Não me livrei do espírito agourento de Bandon sorrindo para ela. — Ficou
esperando que aplaudissem ou demonstrassem admiração, alguns poucos deram um sorrisinho
amarelo. — Vejo que todos compraram a coleção completa dos meus livros, muito bem. Pensei em
começarmos hoje com um pequeno teste. Nada para se preocuparem, só quero verificar se vocês
leram os livros com atenção, o quanto assimilaram... — Depois de distribuir os testes ele voltou à
frente da classe e falou: — Vocês têm trinta minutos... Comecem!

Hadrian olhou para o teste e leu, eram perguntas sobre Lockhart e nada relacionado a
matéria. Com sua cor favorita, sua ambição secreta, sua maior realização, o aniversário dele e qual
seria o presente ideal. E isso se estendia por três páginas, totalizando cinquenta e quatro perguntas
completamente inúteis.

— É sério isso? — Draco olhou descrente para Hadrian, assim como Theo, Pansy e Blaise.

— Isso é ridículo. — Hadrian bufou. Mas sua carranca logo se transformou num sorriso travesso. –
Mas temos que responder, não é? — Seus amigos compartilharam o sorriso maroto, sabendo o que
era para ser feito.

Então eles responderem qualquer coisa que surgisse nas suas mentes. Hadrian ignorou
aquele teste completamente, pegou seu "diário" e começou a trabalhar nele. Desde que fora morar
com os goblins ele havia pegado o hábito de escrever e desenhar criaturas mágicas. Nenhum bruxo
saberia das informações que ele possuía por não terem a confiança das criaturas. Como por
exemplo: todos acham que o goblins eram seres traiçoeiros, oportunistas e que só se importavam
com o dinheiro. Mas isso era a fachada estoica que eles mostravam para os bruxos, por odiarem
eles e seu estupido preconceito e superioridade. Goblins eram... Normais. São iguais aos humanos,
mesmos sentimentos, mesmas personalidades, cada um tendo um caráter próprio. Porém eles não se
achavam superiores a ninguém e tinham as mentes abertas para qualquer assunto. Viver com os
goblins permitia a Hadrian a capacidade de compreender a verdadeira essência das criaturas, pois
apenas ele conseguiu sua total confiança. Nem Newt Scamander conseguiu isso, e olha que ele é
genial se tratando de criaturas mágicas. Sim, Hadrian adorava os livros de Newt, por isso havia
começado a escrever seu "diário".

Lockhart, ao recolher os testes, meia hora depois, pareceu ofendido quando apenas Bulstrode
acertou todas as suas perguntas. Mas ao olhar o pergaminho de Theodore, o homem pareceu
furioso, mas tentou esconder.

— Senhor Nott, poderia me responder o motivo pelo qual a minha maior conquista até o momento
ainda não fora atingida? Ou porque a minha cor favorita é estrume de Thunderbird? Ou que minha
ambição secreta era ser um merpeople e que eu deveria enfiar um peixe em um local inadequado e
pular no Great Lake? Ou que meu aniversário é tão inútil quanto a competência do Ministério? Ou
que meu presente ideal seria um martelo?

— Veja bem, senhor. — Theodore se recostou na cadeira despreocupadamente. — Sua maior


conquista ainda não foi alcançada porque seria o dia que você parasse de falar tanta merda e
infernizar a vida das pessoas com suas idiotices. A cor eu não preciso nem explicar. Muito menos a
ambição, ela se explica por si mesma. Ninguém liga para o seu aniversário, pois não é um evento
importante que possa mudar vidas, e eu comparei a inutilidade do Ministério em certos quesitos. E
o martelo seria para quebrar os seus dentes irritantemente brancos. — Lockhart estava vermelho de
raiva, sua pálpebra direita tremia e seus lábios convulsionavam em tentar manter o sorriso
animado.

— Esse teste é completamente inútil para a matéria, deveríamos aprender a nos defender e não a
sua vida. — Hadrian complementou a fala do amigo.

— Menos trinta pontos da Slytherin! — Esbravejou. Theodore deu de ombros, Hadrian conseguiria
mais cem pontos naquele dia mesmo. Então Lockhart começou um discurso inútil sobre o teste
prático que ele trouxe, continuou se gabando e panfletando seus livros, e a falar um bando de
merda. Enquanto isso Hadrian estava desenhando os Thestrals tranquilamente. — Agora, fiquem
prevenidos! É meu dever ensiná-los a se defender contra a pior criatura que se conhece no mundo
da magia!

— Ele mesmo? — Draco sussurrou divertido para Hadrian e os dois trocaram sorrisos travessos.

— Vocês podem estar diante dos seus maiores medos aqui nesta sala. Saibam que nenhum mal vai
lhes acontecer enquanto eu estiver aqui. Só peço que fiquem calmos. — Sem interesse algum,
Hadrian mirou a gaiola. Lockhart colocou a mão na cobertura. Pansy e Theodore pararam de rir
agora. — Peço que não gritem. — Recomendou Lockhart em voz baixa. — Pode provocá-los. — E
a classe inteira prendeu a respiração enquanto Hadrian e seus amigos rolavam os olhos em
aborrecimento. Lockhart puxou a cobertura com um gesto largo. — Sim, senhores. — Disse
teatralmente. — Pixies da Cornualha recém-capturados. — Bulstrode não conseguiu se controlar.
Deixou escapar uma risada pelo nariz que nem mesmo Lockhart poderia confundir com um grito
de terror. — Que foi? — Ele sorriu para a garota.

— Bem, eles não são... Não são muito... Perigosos, são? — Provocou.

— Não tenha tanta certeza assim! — Disse Lockhart, sacudindo um dedo, aborrecido, para a
garota. — Esses bandidinhos podem ser diabolicamente astutos!

Os pixies eram azul-elétrico e tinham uns vinte centímetros de altura, os rostos finos e as
vozes tão agudas que pareciam um bando de periquitos fazendo algazarra. No instante em que a
cobertura foi retirada, eles começaram a falar e a voar de maneira rápida e excitada, a sacudir as
grades e a fazer caras esquisitas para as pessoas mais próximas.

— Certo, então. — Disse Lockhart em voz alta. Hadrian sorria, já havia lidado com os pequenos
diabinhos na aldeia dos goblins. E ele adorava ver o quão travessos eles poderiam ser. — Vamos
ver o que vocês acham deles! — E abriu a gaiola.

Foi um pandemônio. Os pixies disparavam em todas as direções como foguetes. Dois deles
agarraram um garoto pelas orelhas e o ergueram no ar. Vários outros voaram direto pelas janelas
fazendo cair uma chuva de estilhaços de vidro no canteiro. Os demais se puseram a destruir a sala
de aula com mais eficiência do que um rinoceronte insano. Agarraram tinteiros e salpicaram a sala
de tinta, picaram livros e papéis, arrancaram quadros das paredes, viraram a cesta de lixo, pegaram
as mochilas e livros e os atiraram contra as vidraças quebradas; em poucos minutos, metade da
classe estava abrigada embaixo das carteiras e, o garoto agarrado pelas orelhas, pendurado no teto
pelo lustre de ferro.

— Vamos, vamos. Reúnam eles, reúnam eles. São apenas pixies. — Gritou Lockhart. Ele enrolou
as mangas, brandiu a varinha e berrou: — Peskipiksi Pesternomi!

As palavras não produziam efeito algum; um dos pixies se apoderou da varinha e atirou-a
pela janela. Lockhart engoliu em seco e mergulhou embaixo da mesa, escapando por pouco de ser
esmagado pelo garoto pendurado no teto, que despencou um segundo depois quando o lustre
cedeu. Hadrian suspirou descontente. Ergueu a varinha, fez o movimento correto e pronunciou as
palavras mágicas com tranquilidade.

— Peskipiksi Pesternomi. — Imediatamente as criaturas pararam da destruir a sala. — Eu sei que


vocês estão se divertindo e tudo mais. — Começou a falar com as criaturinhas. — Mas poderiam,
por favor, parar? — Então ele desfez a paralisia e abriu uma mão, esperando que um pixie
pousasse nela, e em segundos ele tinha uma das criaturinhas sentada na palma da sua mão. Todas
as outras ficaram voando no ar, esperando seu líder dar ordens. — Vocês podem ser livres. —
Aproximou seu rosto da grande orelha da criatura e sussurrou só pra ele escutar. — Vocês
poderiam até infernizar a vida daquele loiro sorridente todo colorido. Ele é insuportável e ainda
capturou vocês. Acho que uma vingança cairia bem. Não? — Sorriu malicioso ao ver os olhos da
criatura brilhando em malícia enquanto seus lábios arqueavam em um sorriso diabólico.

— Como queira, filhote de bruxo. — O pixie falou numa vozinha fina antes de içar voo e sair pela
janela, todos os outros o seguindo, conversando em outra língua e rindo. Todos olhavam Hadrian
com admiração.

— Sinto muito, professor. Mas o senhor mesmo disse ser responsável por nossa segurança e por
nos ensinar a nos defender. Mas, o senhor ainda achou prudente soltar pixies em uma sala cheia de
crianças que o senhor não instruiu a como se defender? — Lockhart corou violentamente por estar
levando um sermão de um aluno. — Isso foi uma grande imprudência sua, senhor. Sem contar que,
o senhor pronunciou o feitiço de modo errado e ainda teve sua varinha jogada janela afora. Na
próxima aula que o senhor tiver, é melhor pensar direito antes de fazer as coisas. — A sineta tocou,
e todos levaram alguns momentos para saírem do estado de choque depois do sermão que Hadrian
deu em um professor. Hadrian levantou-se pomposamente enquanto recolhia suas coisas e se
retirava da sala, com seus amigos o seguindo.

— Cara. — Blaise sorria com orgulho. — Você acabou de dar um sermão num professor! Isso foi
incrível!

— Pixies são criaturas classificadas como XXX pelo Ministério. Ou seja, um bruxo competente
poderia lidar facilmente com eles. E ele não o fez.

— E você ainda é um estudante do segundo ano e conseguiu! — Pansy dava pulinhos de alegria.

— Se bem que qualquer criatura pode ser classificada como XXXXXXX quando se tratada do
Lockhart.

— Mas essa classificação não existe. — Blaise comentou confuso.


— É a classificação Lockhart. Perigo mortal até mesmo se for um Pygmy Puff. — Hadrian
comentou e o grupo caiu na risada.

— Você não precisava ter humilhado um professor para se sentir superior, Potter. — Bulstrode
comentou logo à frente. — Ele só quer nos dar uma experiência direta.

— Direta? — Perguntou Hadrian com uma sobrancelha arqueada.

— Ele não tinha a menor ideia do que estava fazendo. — Draco completou.

— Mentira. Você leu os livros dele. Você está com inveja por ele ser melhor do que você. Vê só
todas as coisas incríveis que ele fez. — Bulstrode comentou raivosa.

— Que ele diz que fez. — comentou Theodore.

— Se ele ao menos soubesse o que estava fazendo ele não teria soltado um bando de pixies sem
instruir aos alunos a como se defender. O Reginald poderia ter quebrado um braço quando caiu do
lustre. – Hadrian cruzou os braços, totalmente desinteressado na paixonite idiota da garota pelo
professor.

— Não dê atenção a ela, Hadrian. — Pansy sorriu maldosa para outra garota. — É mais uma cega
pelo brilho dos dentes dele. — Comentou rindo ao ver Bulstrode bufar de raiva com o rosto
vermelho e sair pisando duro.

— Essa aula foi memorável. — Draco sorriu para os amigos enquanto se dirigiam para a próxima
aula.

Logo depois da grande aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, obviamente toda a escola
já sabia do que acontecera na aula de Gilderoy Lockhart. Dois tipos de pessoas olhavam para
Hadrian. Primeiro eram as pessoas que, como ele, concordam que Lockhart é uma piada e não sabe
de nada e admiravam Hadrian pela coragem. A segunda parte era de, como Bulstrode, adolescentes
enfeitiçados de paixão pelo homem e o odiavam por tê-lo humilhado na própria aula.

Nos dias que se seguiram, Lockhart começou a implicar com Hadrian, por pura vingança
infantil. E os pixies estavam se esforçando para infernizar a vida do homem idiota. Ele ainda era
uma piada como bruxo de Defesa Contra as Artes das Trevas, e Hadrian ainda era o melhor aluno
da escola. Ele e os amigos pararam de frequentar a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e se
reuniam na biblioteca para estudarem por si mesmos. Vários alunos de todos os anos seguiram o
seu exemplo e os mais velhos ajudavam os mais novos em algumas coisas.

Agora, Hadrian e os amigos se dirigiam até a sala de História da Magia com o professor
fantasma mais entediante do mundo. A voz suave a monótona do fantasma fazia qualquer um pegar
no sono. Hadrian, agora mais esperto, adiantou os estudos nas férias, então ele poderia ignorar
completamente o fantasma e focar no seu "hobby". Mas esse foi um dia diferente. Foi um dia em
que o professor Binns, que apenas ficava lendo os livros para a turma, no final da aula, ele soltou o
livro e olhou para os alunos. Todos ficaram curiosos com o comportamento do fantasma.

— Hoje eu gostaria de fazer algo diferente. — Pela primeira vez todos os alunos prestavam
atenção no que o fantasma falava. — Eu quero que vocês façam uma pesquisa sobre Merlin. Quero
quatro rolos falando sobre tudo que envolva Merlin. Vou dar duas semanas para me entregarem. —
Dito isso o sinal tocou.

Hadrian e os amigos comentavam alarmados sobre a subida decisão do professor enquanto


iam para as próximas aulas. Perto do jantar, havia um horário vago, então o grupo se dirigiu para a
biblioteca do castelo. Os garotos pediram ajuda para a bibliotecária, Madame Pince, e logo estavam
ocupando uma mesa com vários livros. Hadrian acabara de pegar um livro intitulado: "A Ordem
de Merlin Através dos Séculos". Sua capa de couro marrom era enfeitada com uma citação do
bruxo. "A melhor maneira de saber se um livro é bom, é vendo a metade do primeiro
parágrafo e o quinto parágrafo da página do meio.".

— Hey, pessoal. — Hadrian chamou a atenção dos amigos. — Olhem só isso. "A melhor maneira
de saber se um livro é bom, é vendo a metade do primeiro parágrafo e o quinto parágrafo da
página do meio.".

— Mas o que diabos isso quer dizer? — Theodore perguntou confuso.

— Pode ser uma charada. — Blaise opinou.

— Merlin era um gênio. — Draco comentou vendo Hadrian folheando o livro até a página que
dividia o livro em duas partes iguais.

— O que diz aí? — Pansy perguntou animada.

— No meio do primeiro parágrafo tem: "Escondido aos olhos dos tolos e cegos, estão os
segredos da magia que nada mais é o trabalhado duro de um bruxo, sem se importar com
origem ou linhagem. Um mago pode dar tudo de si e irá ter um grande futuro.".

— Merlin adorava charadas. Podemos ter encontrado uma. — Draco comentou animado.

— Ele sempre dizia que a primeira parte de uma frase é a que importa. — Blaise colocou a mão no
queixo, pensativo.

— Então, a parte que importa é: "escondido aos olhos dos tolos e cegos". — Hadrian constatou
animado.

— E o quinto parágrafo? — Theodore se debruçou na mesa para se aproximar mais do amigo. —


O que diz?

— "Um dos livros que eu mais tive trabalho e fiquei mais feliz em ajudar a criar seria 'As
Leis de Proteção Muggle' e no sétimo parágrafo da antepenúltima página tem um fato muito
importante.". — Hadrian leu animado.

— É outra pista! — Blaise se adiantou para a pilha de livros e procurou fervorosamente o que era
intitulado como: "As Leis de Proteção Muggle". — Achei! — Abriu o livro na antepenúltima
página e procurou o sétimo parágrafo.

— O que diz? — Pansy se inclinou na direção do moreno para conseguir ler algo.

— "Estará a pista para o segredo, da harmonia entre os bruxos e os muggles no coração de


novos bruxos e bruxas que tirarem seus preconceitos da mente.". — Começou a ler em voz
alta. — "Um dos animais mais difíceis de esconder dos muggles, com certeza seriam os
dragões. Mas, mesmo sendo um animal tão difícil de lidar ou manter sob controle, são, com
certeza, os meus animais favoritos. E eu fiquei mais que contente em ajudar a colocar minhas
pesquisas sobre dragões no livro 'Animais Mágicos'. Então, se vocês querem saber sobre
dragões, deveriam ler a parte sobre eles.".

— Anota aí Dray! — Hadrian deu pergaminho, pena e tinta para o loiro. — No primeiro livro
tinha: "escondido aos olhos dos tolos e cegos". No segundo: "estará a pista para o segredo". —
Draco anotava tudo com animação fervendo em seu interior.

— Animais Mágicos... — Pansy murmurava enquanto procurava o livro. — Aqui! — Exclamou


excitada enquanto abria na página sobre os dragões. — "Sob o fogo, os dragões chocam seus
ovos.". — Draco anotou a primeira parte da frase: sob o fogo. Depois de olhar nas informações
sobre dragões escritas por Merlin, que por sinal eram muitas, eles finalmente acharam algo que
eles poderiam usar como uma pista. No final da categoria dos dragões Merlin então escreveu:
— "Apesar da diferença em nossos pensamentos, eu pude considerar Salazar Slytherin um
amigo, pois depois de tudo, o que ele mais respeitava era a força. E eu achei muito engraçado
quando ele me citou no livro 'Hogwarts Através dos Séculos' e fiquei muito honrado de ter
sido seu aluno.".

— Hogwarts... Hogwarts... — Theodore vasculhava os livros, agora todos espalhados pela mesa.
— Achei! — sorriu enquanto abria o livro na parte em que Salazar Slytherin comentava sobre
Merlin. — "No lar das serpentes, houve um residente que eu pessoalmente considerava
estranho de todas as maneiras. Mesmo com todas as adversidades ele subiu para se tornar um
dos maiores magos de todos os tempos. Trazendo orgulhos ao nosso lar. E esse seria aquele
que todos conhecem como o 'Prince of Enchanters', Merlin, o Mago.".

— No lar das serpentes. — Draco terminou as anotações animado.

— Mas não fazem sentido. — Theodore lia o papel, mesmo estando de ponta cabeça, com uma
cara confusa. Ele olhou para os amigos que também estavam pensando. — Mas o que raios isso
significa?

— É porque está fora de ordem. — Hadrian sorriu consigo mesmo enquanto pegava o papel e a
caneta e começava a anotar as palavras na ordem certa. — Olhando pela ordem de publicação dos
livros, eu acho que consigo achar a ordem correta. — Terminou de anotar com um imenso sorriso
nos lábios. — "Sob o fogo; no lar das serpentes; escondido aos olhos dos tolos e cegos; estará
a pista para o segredo.".

— O lar das serpentes provavelmente quer dizer o Salão Comunal da Slytherin. Merlin pertenceu a
nossa casa. — Blaise analisou o papel que Hadrian mostrava a eles.

— Sob o fogo poderia ser a lareira. — Hadrian tinha os olhos brilhando quando olhou para os
amigos.

— Guardem tudo! — Pansy ordenou esganiçada e todos se levantaram num pulo. Guardaram os
livros nas mochilas apressadamente.

Hadrian ainda segurava o papel com a charada enquanto os cinco corriam na direção das
masmorras. Nyx reclamava acidamente sobre a incomodarem durante o sono nos ombros de Draco.
O grupo chegou aos tropeços na frente da passagem secreta, embolaram-se nas palavras enquanto
diziam a senha e entravam afoitos no Salão Comunal. Faltava alguns minutos para o jantar, então o
local estava vazio. Jogando as mochilas de qualquer jeito no chão perto da lareira, com os corações
acelerados, a adrenalina correndo pelas veias, o grupo se aproximou da imponente lareira.

— E agora? — Pansy perguntou enquanto recuperava o fôlego.

— Procuramos por algo na lareira. — Hadrian disse se aproximando mais do fogo. Os cinco
começaram a vasculhar qualquer coisa diferente na lareira.
Cinco pares de mãos tateavam tudo e qualquer lugar envolta da grandiosa lareira, menos no
fogo, obviamente. Hadrian usou a sua sensibilidade à magia e passou a mão pelo local. Ele podia
sentir os dedos formigando enquanto subia a mão. Quando toda a sua mão formigava ele sorriu.
Na presa direita da serpente entalhada em pedra em cima da lareira, Hadrian pode sentir a magia.
Girando para o sentido anti-horário ele ouviu um som como engrenagens e um cilindro surgiu na
boca da serpente.

— Eu não acredito nisso. — Pansy ofegou enquanto todos recuavam um passo para trás enquanto
Hadrian pegava o cilindro brilhoso nas mãos. Ao Abri-lo um pedaço de pergaminho caiu em sua
palma.

— Puta merda. — Theodore estava com os olhos arregalados.

— O que diz aí? — Draco correu para ficar ao lado do moreno e ler o pergaminho.

— "Na torre mais alta sob o céu, onde temos o dever de entender o universo, a segunda pista
estará. Mas para descobri-lo, a magia e a mente deverão usar. Quando os planetas estiverem
alinhados sob a luz da lua. A resposta irá se manifestar.".

— Eu vou ressuscitar Merlin só pra matar ele de novo. — Pansy jogou a cabeça para trás. — Esse
cara só sabe complicar a vida das pessoas, poxa.

— Obviamente devemos ir para a Torre de Astronomia. — Blaise comentou pensativo. — Mas o


melhor momento de usar a Torre é a noite.

— E não poderíamos fazer isso no meio da aula com um bando de pessoas observando. — Draco
constatou se jogando numa poltrona.

— Eu vou. — Hadrian disse. — Essa noite eu vou sair com a Capa da Invisibilidade e vocês me
dão cobertura qualquer coisa.

— Leve a Nyx com você. — Draco olhou-o com preocupação. Blaise lançou um Tempus e, em
uma luz azulada, surgiu o horário.

— Estamos atrasados para o jantar. — Constatou. — Temos que ir ou podem suspeitar.

— Vamos então. — Pansy se espreguiçou. — Depois dessa caça ao tesouro eu estou morrendo de
fome.

— Não preciso nem dizer que não é para abrirem a boca, não é? — Hadrian brincou enquanto
guardava a pista no bolso e se dirigia para o Salão Principal junto com os amigos.
Capítulo 22
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Quando todos já estavam na cama, Hadrian e Draco ainda estavam acordados, ansiosos para
o que iria acontecer a seguir.

— Você promete que vai tomar cuidado? — Draco olhava preocupado para o moreno.

— Eu prometo. — Sorriu tranquilizador enquanto sentia Nyx subindo pela sua perna até estar em
seus ombros. — Não me espere acordado.

— Sabe que eu não conseguiria dormir nem se quisesse. — Falou cruzando os braços e fazendo um
pequeno beicinho, o que fez Hadrian rir. — Tenta não ir parar na enfermaria. — Hadrian sorriu
enquanto pegava sua Capa da Invisibilidade.

— Prometo tentar. — Draco olhou-o com os olhos arregalados enquanto Hadrian ria e se cobria
com a Capa. Com cautela, o moreno desceu as escadas dos dormitórios e passou pelo Salão
Comunal vazio. Já havia passado da hora de dormir, então ele não precisaria se preocupar em não
esbarrar nos alunos. E sim evitar os monitores, os fantasmas, Filch e sua gata Madame Norris.

— Como ninguém encontrou isso antes? — Nyx sussurrou confusa. — Está a anos aqui e
ninguém pensou que poderia ser algo a mais?

— As pessoas são uma grande incógnita. — Hadrian virou num corredor e deparou-se com a
escadaria da Torre de Astronomia. — Eu odiei essas escadas.

— Nem me fale.

— Você nunca subiu uma escada! Sempre é carregada! E você nem pernas tem!

— E daí? Eu posso me cansar de ver você subindo uns degraus. — Hadrian balançou a cabeça
em negação enquanto subia até a Torre.

Assim que chegou no topo, ele inspirou o ar fresco da noite e caminhou até uma das grades
de segurança que circulavam todo o lugar. O céu estava escuro e repleto de estrelas, a lua brilhava
prateada iluminando o os campos de Hogwarts. No centro havia duas esferas armilares, uma menor
estava num buraco no piso de madeira, a outra era muito maior e pendia do teto, bem acima da
menor. As esferas armilares servem para dar uma representação exata das posições dos corpos
celestes, do ponto vernal, dos equinócios, entre outros. Permite a conversão entre diferentes
coordenadas usadas em Astronomia, sem necessidade de cálculos.

— E agora? — Hadrian retirou a Capa e colocou-a em uma mesinha que tinha ali.

— Leia a pista novamente. — Nyx desceu de seus ombros e voltou ao tamanho original.
— "Na torre mais alta sob o céu, onde temos o dever de entender o universo, a segunda pista
estará. Mas para descobri-lo, a magia e a mente deverá usar. Quando os planetas estiverem
alinhados sob a luz da lua. A resposta irá se manifestar.".

— Esse Globo Lunar pode ter algo relacionado. — A serpente rastejou até um globo em uma
estante.

— Você pode estar certa. — O garoto se adiantou para pegar o objeto e colocar em cima da mesa.
— No verso diz que eu deveria usar magia e a mente.

— E os planetas devem estar alinhados sobre a luz da lua.

— Talvez eu tenha que usar as esferas armilares para alinhar os planetas conforme a luz da lua
indica. — Adiantou-se até o meio da sala com as esferas. Ele estava quase ajustando quando Nyx
se pronunciou.

— Use magia, Hazz.

— Ah. Claro. — Sorriu envergonhado e pegou a varinha do coldre na coxa. Sem pronúncia
alguma, as esferas começaram a se ajustar conforme o garoto observava a lua. O som de
engrenagens se movendo e se ajustando inundou o local silencioso. Enquanto a esfera se movia, a
luz refletida em sua superfície dourada, projetando imagens luminosas nas paredes de pedra. — E
agora? — Perguntou assim que terminou de ajustar as esferas. E então sua atenção foi chamada até
o Globo Lunar. Ele emitia uma luz coral enquanto adquiria um corte horizontal. A parte de cima
flutuava, mostrando um cilindro igual ao que Hadrian encontrou no Salão Comunal. Com o
coração batendo de animação, ele pegou o cilindro, viu a esfera fechar-se e parar de brilhar.

— O que está escrito? — Nyx encolheu e subiu nos ombros do garoto. Este, abria o cilindro e
pegava o pedaço de pergaminho.

— "Na torre do tempo você deve ir, mas o som não pode escapar, e no tempo para o exato
momento no outro dia deve voltar".

— A Torre do Relógio, talvez. — Hadrian lançou um Tempus com a varinha e verificou que já
havia passado muito do horário. Caso ficasse mais, amanhã ele estaria um verdadeiro zumbi.
— Amanhã nós resolvemos isso. Está muito tarde. — Guardou a nova pista, embainhou sua
varinha, guardou o Globo Lunar e colocou a Capa da Invisibilidade.

— Quando você amadureceu tanto? Parece que foi ontem que você corria atrás de Draco com
uma lagartixa na mão.

— É porque isso, realmente, foi ontem. — Hadrian sorriu enquanto descia as escadarias com
cuidado. Não fora difícil voltar para o seu dormitório sem ser pego. Hadrian sorriu ao ver Draco
dormindo todo torto na cama. — Hey. — Cutucou o ombro do loiro para o acordar.

— Tá vivo ou morto? — Perguntou enquanto se arrumava na cama e coçava os olhos.

— Estou vivo. — Sorriu enquanto se arrumava para dormir e guardava a nova pista. — E você
acabou dormindo enquanto me esperava.

— Boa noite Sunshine.

— Boa noite Moonlight.


— Boa noite pra mim. — Hadrian riu com o comentário ácido da serpente.

— Boa caçada para você, Nyx. — Hadrian se jogou na sua cama, logo pegando no sono.

Era fim de semana, Hadrian havia planejado visitar Hagrid essa tarde, então ele pretendia
dormir bastante depois da aventura na Torre de Astronomia. Mas seus planos foram por água
abaixo quando Theodore entrou no seu dormitório acendendo as luzes e acordando os garotos.

— Mas o que?! — Draco sentou-se num pulo enquanto piscava os olhos para se acostumar com a
luz.

— Vamos! Levantem-se! — O garoto arrancou as cobertas de Hadrian, que havia se coberto até a
cabeça.

— Vai dormir, Theo. — Murmurou Hadrian enquanto tapava o rosto com o travesseiro.

— Hoje é o teste dos novos integrantes do time de quidditch! Levantem-se! — Arrancou o


travesseiro de Hadrian e jogou-o no rosto de Draco, que estava quase dormindo sentado.

— PUTA VIDA! — O loiro pulou da cama, tropeçando nas cobertas e quase caindo, mas manteve
o equilíbrio e correu para o banheiro.

— Eu ainda vou te matar por nos fazer acordar antes do sol nascer. — Hadrian resmungou se
levantando.

— Encontro vocês no campo daqui a quinze minutos. — Theodore saiu do quarto fechando a
porta.

— Eu vou acabar caindo da vassoura de tanto sono. — O moreno pegou uma muda de roupas e se
dirigiu para o banheiro. Tinha se esquecido completamente do teste para apanhador do time da
Slytherin. Em minutos Hadrian e Draco caminhavam apressadamente até o galpão onde ficavam os
equipamentos de quidditch e encontraram várias pessoas se aprontando.

— Dia. — O moreno cumprimentou enquanto bocejava e ia até o seu armário.

— Se, por algum acaso, o Marcus desaparecesse, iriam suspeitar de algo? — Adrian insinuou
enquanto sorria para o capitão.

— Agora que você se entregou, sim. — Terrence riu da cara de desgosto do amigo.

— Vamos lá pessoal! Ânimo! Faremos os testes para os novos integrantes hoje. — Marcus
comentou animado.

— Uhul. — Lucian Bole comemorou com desanimo.

— Todos prontos? — Marcus perguntou olhando pelo local. — Sim? Ótimo. Vamos lá. — Saindo
do galpão, os integrantes do time formaram uma fila de ombro com ombro para analisarem os
candidatos. Estes iriam jogar uma partida contra alguns membros do time titular enquanto o
capitão e alguns outros integrantes da equipe analisavam tudo. Hadrian estava disputando a vaga de
apanhador e Draco queria ser seu substituto. Os dois estavam animados. Treinaram as férias
inteiras com jogos de apanhadores (ficar jogando uma bolinha de um para o outro ou então
competiam para pegar um pomo de ouro).
— Pronto para perder, Sunshine? — Draco circulou Hadrian enquanto estava no ar, sobrevoando o
campo e o jogo que se desenrolava.

— Não me subestime, Moonlight. — Hadrian piscou para o loiro enquanto observava o jogo. —
Os candidatos desse ano são bons. — Comentou sorridente.

— Preste atenção no jogo, Potty! — Draco disparou com a vassoura atrás do pomo, que voava atrás
de Hadrian. O moreno sorriu e inclinou a vassoura na direção do loiro, também visualizando o
pomo cintilando.

Aparentemente, ver a disputa de apanhadores era mais interessante do que o teste para
entrarem no time. Todos tinham os olhos fixos nos dois apanhadores voando atrás do pontinho
dourado. Hadrian estava lado a lado com Draco, ambos inclinados no cabo da vassoura para
aumentarem a velocidade e melhorarem a aerodinâmica. O pomo fez uma curva fechada numa
torre da arquibancada e os garotos o seguiram com maestria. Os dois estavam muito perto, ambos
com os braços estendidos tentando capturar a bolinha fugitiva. Os outros Slytherin que assistiam
aquilo estavam trancando a respiração de ansiedade. Até que eles pegaram o pomo. Sim. Os dois
garotos pegaram a bolinha ao mesmo tempo. Os Slytherin comemoraram animados. Draco e
Hadrian pararam as vassouras e abriram as mãos, mostrando o pomo para os colegas de casa.

— Parece que conseguimos a vaga. — Hadrian recolheu sua mão, deixando o loiro admirando a
bolinha na própria palma.

— NÓS TEMOS OS MELHORES JOGADORES DO SÉCULO! — Marcus Flint comemorava


animado. — VAMOS LÁ, GALERA! CONTINUEM O JOGO! — Gritou para os Slytherin que
ainda não haviam voltado a jogar. — DESÇAM AQUI, APANHADORES! — Hadrian e Draco
obedeceram e logo desmontaram suas vassouras. — Vocês foram incríveis! — Seus olhos
brilhavam de animação. — Nunca fiquei tão apreensivo ao ver dois apanhadores disputando. Vocês
conseguiram! Entraram pro time! — Os garotos se olharam, quase explodindo de animação. — Se
algo acontecer com o Hadrian você entra Draco. Podem se trocar e irem descansar. Depois
conversamos sobre os treinos.

Hadrian e Draco despediram-se dos outros Slytherin e entraram no galpão, guardando os


equipamentos, tomando uma ducha e voltando para o castelo em meio a uma conversa animada.
Logo depois rumando para o Salão Principal encontrar seus amigos. Uma estranha aliança pareceu
surgir; de um lado tínhamos Hadrian, Draco, Pansy, Blaise e Theo da Slytherin, e do outro tinham
Neville, Hermione, Ron e, às vezes, Fred e George; Ginny (a caçula dos Weasley que entrara para
Hogwarts neste mesmo ano) as vezes era arrastada por seus irmãos mais velhos para se juntar ao
grupo, mas ela acabava fugindo deles na maior parte do tempo.

— E onde vocês estavam? — Pansy arqueou uma sobrancelha ao ver os amigos sentarem-se na sua
frente. Na mesa só estavam o grupo de Slytherin.

— Entramos pro time! — Hadrian comentou sorridente.

— Nunca duvidei. — Blaise comentou sorridente enquanto todos parabenizavam os dois.

— Vocês tinham que ver. Ele está no mesmo nível que o meu. — Draco comentou orgulhoso.

— E a humildade passou longe. — Theodore riu.

— Desde quando Draco Malfoy foi humilde? — Hadrian brincou, levando um leve empurrão no
ombro em meio as risadas dos amigos.
— E como foi ontem? — Pansy sussurrou, para que só o grupo escutasse.

— Falamos disso mais tarde. — Hadrian advertiu enquanto disfarçava. Colin Creevey corria
animado em sua direção com uma foto em mãos.

— Oi Hadrian. — Sorriu largamente com suas bochechas coradas. — Tudo bem? — perguntou
pela milionésima vez nos últimos dias.

— Oi Colin. — Cumprimentou educadamente, mesmo que o garoto o irritasse um pouquinho com


essa obsessão por si.

— Olhe só o que tenho aqui! Mandei revelar, queria lhe mostrar...

Hadrian examinou confuso a foto que Colin sacudia debaixo do seu nariz. Numa foto preto e
branco, um Lockhart em movimento puxava com força um braço que Hadrian reconhecia como
seu. Ficou satisfeito ao ver que o seu eu fotográfico resistia bravamente e recusava a se deixar
arrastar para dentro da foto, ao contrário de uma Nyx muito orgulhosa se exibindo para a câmera
enquanto tentava afugentar Lockhart. Enquanto o garoto observava, Lockhart desistiu e se largou,
ofegante, contra a margem branca da foto.

— Você autografa? — Perguntou Colin, ansioso.

— Desculpe, Colin. Mas eu não gosto disso. De autógrafos e tals. — Dispensou tentando ser
educado.

— Ah. Sem problemas. — Seu sorriso não vacilou. — Eu vi o teste para o seu time hoje! Foi muito
incrível. E naquela hora que você...

— Você sabe que é proibido integrantes de outras casas assistirem o treino de quidditch, não sabe?
— Blaise levantou uma sobrancelha para o garotinho.

— S-sim, mas... — Seu sorriso murchou e suas bochechas ficaram ainda mais rubras. — E-eu
queria ver o Hadrian voando e tirar umas fotos dele como recordação. Eu juro que não ia comentar
nada para o time da Gryffindor! — Seus olhos estavam assustados em imaginar o seu ídolo o
odiando.

— Tudo bem, Colin. — Hadrian suspirou enquanto o garotinho sorria feliz. — Só não faça mais
isso. Se te pegarem você pode se dar mal. E não vale a pena se arriscar só por isso. Ainda terão as
partidas oficiais para você me ver jogar. — Colin estava quase explodindo de vergonha. Hadrian
não estava bravo com ele!

— Eu prometo que não farei mais isso. Obrigado, Hadrian. — Em um ato de impulsividade, o
garoto deu um beijo na bochecha de Hadrian e saiu correndo animado. Hadrian, por outro lado,
estava estático, com os olhos arregalados em surpresa. Pansy foi a primeira a irromper em risadas.

— Eu acho que o Hazz quebrou. — Theodore comentou limpando umas lágrimas que caíam de
seus olhos de tanto rir.

— O que, exatamente, acabou de acontecer aqui? — Hadrian olhou confuso para os amigos, que
riam da sua cara de atordoado.

— Acho que alguém gosta de você, Harrykins. — Pansy comentou enquanto bebia o seu café e
desviava o olhar para a porta, de onde o garoto havia passado.

— Quê? — Hadrian a olhou com dúvida. — Péra! Quê?!


— Acho que a ficha caiu. — Draco voltou sua atenção para o seu prato, sentia um gosto amargo na
boca e algo dolorido no peito.

— Como isso... Quê?

— Cara. Você é muito burro nesse quesito. — Theodore sorriu do olhar perdido de Hadrian.

— Que quesito?

— Todo mundo percebeu que o Colin gostava de você. — Blaise explicou.

— Menos, você. — Pansy sorriu ao ver Hadrian batendo a cabeça na mesa algumas vezes.

— O que eu fiz para merecer isso? — Parou de bater a cabeça e ficou ali mesmo. Escondido dos
murmúrios de todo o Salão Principal. — Ah. Esquece isso. — Endireitou-se novamente. — Vamos
para o Great Lake. Tenho novidades para vocês. — Levantou-se e esperou os amigos fazerem o
mesmo. Theodore enfiou uma torrada com geleia na boca e saiu correndo atrás do grupo. Assim
que eles estavam isolados de todos na beira do Great Lake, Hadrian começou a falar. — Eu
encontrei a próxima pista.

— E o que era? — Pansy tinha os olhos brilhantes de excitação.

— Como conseguiu? — Draco questionou.

— Eu tinha que usar magia para alinhas as esferas armilares conforme a luz da lua indicava. E
então o Globo Lunar brilhou e me deu a próxima pista. — Tirou do bolso o pedaço de pergaminho.
— "Na torre do tempo você deve ir, mas o som não pode escapar, e no tempo para o exato
momento no outro dia deve voltar".

— Torre do Relógio! — Blaise sorriu animado.

— Eu também pensei nisso. — Hadrian admitiu.

— E como resolvemos? — Draco deitou sua cabeça nas pernas de Hadrian.

— Os sinais só tocam em horários específicos. Talvez você devesse desativar o relógio. — Pansy
comentou pensativa.

— E então atrasar o relógio até o mesmo horário do dia anterior. — Theodore comentou.

— Do que estão falando, Filhote? — Nyx se aproximou e se aninhou na barriga de Draco.

— Sobre a próxima pista.

— Ah. Então vamos agora?

— Que horas o próximo sinal toca? — Hadrian perguntou para os amigos.

— Daqui a vinte minutos. — Blaise respondeu depois de lançar um Tempus.

— É o suficiente. — Draco, pegando a dica, sentou-se enquanto Nyx encolhia e subia nos ombros
de Hadrian.

— Vocês me cobrem? — Perguntou levantando-se.

— Com certeza. — Theodore sorriu confiante.


— Vai lá. — Pansy encorajou.

— Tome cuidado. — Draco advertiu.

— Encontro vocês depois. — Voltou calmamente para o castelo e se dirigiu até as masmorras.
Deixando para trás um grupo de Slytherin fofoqueiros e brincalhões.
Capítulo 23
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Ao pegar a sua Capa da Invisibilidade, Hadrian se adiantou até a Torre do Relógio. O local
era bem apertado, obviamente não era para ninguém subir ali. Mas quem impediria Merlin de fazer
algo? E quem iria impedir Hadrian de quebrar mais uma regra? Pegando sua varinha, o garoto
desativou o sistema de engrenagens e fez os ponteiros do relógio voltarem até estarem no mesmo
horário. Tudo estava sendo terrivelmente fácil.

— Deu certo? — Nyx perguntou quando Hadrian parou o feitiço, o som de engrenagens voltou a
se fazer presente e um cilindro igual aos anteriores rolou até os pés invisíveis do garoto.

— Acho que sim. — Pegou o cilindro e arrumou o relógio, que logo voltou a funcionar
normalmente. Hadrian voltou para o seu dormitório, guardou a Capa, o tubo e a antiga pista. Voltou
para os jardins e encontrou seus amigos ainda conversando na frente do Great Lake.

— Essa foi rápida. — Theodore sorriu ao ver Hadrian se jogar ao lado de Draco e deitar sua cabeça
nas pernas do loiro.

— Conseguiu? — Pansy se aproximou animada.

— Consegui. — Tirou o pergaminho do bolso da calça e leu. — "No topo da casa das trevas,
onde os monstros são cativos pelos grilhões e grades, as quatro bestas de pedra no topo são as
respostas. Pela essência daquele que está livre, derramada no centro da cobertura, as bestas
irão dar-lhe os segredos a muito guardados.".

— Essa é difícil. — Theodore pensava.

— Existe uma espécie de cadeia aqui em Hogwarts. — Blaise comentou com uma mão no queixo.

— Quem caralhos colocaria uma cadeia numa escola? — Pansy perguntou horrorizada.

— "A onde os monstros são cativos pelos grilhões e grades" se encaixaria em uma cadeia. —
Hadrian ponderou.

— E onde fica isso? — Draco questionou.

— É a Torre Negra. — Blaise apontou para uma torre alta e estreita perto do Pátio de
Transfiguração e com quatro gárgulas a rodeando para direcionar a água quando chove.

— Eu subo lá hoje à noite. — Hadrian sentenciou.

Mais tarde naquela manhã, alguém acabou chocando-se contra Hadrian. Era Hermione
ajudando Ron a ir até a enfermaria. O ruivo estava verde e vomitava lesmas em um balde.

— O que aconteceu? — Hadrian perguntou, apoiando o ruivo com um braço para ajudar a garota.

— Bulstrode. — Hermione comentou revirando os olhos.

— Ela te chamou de sangue-ruim! Não poderia... — Ron foi interrompido ao vomitar mais lesmas.

— Não precisava usar sua varinha quebrada. — A garota ralhou.

— Como ele quebrou a varinha? — Theodore perguntou enquanto o grupo se dirigia para a
enfermaria.

— Ele esqueceu no bolso de trás e sentou em cima. — Hermione balançou a cabeça


negativamente.

— E ainda não pediu outra? — Pansy questionou confusa.

— Ele ainda não contou para os pais. — Hermione respondeu. Em pouco tempo o grupo estava
deixando Ron aos cuidados de Madame Pomfrey.

— Você está bem, Hermione? — Hadrian perguntou colocando a mão no ombro da garota, que
corou.

— Quem foi atingido pelo feitiço foi o Ron, não eu. — Desviou o olhar envergonhada.

— Não estou falando disso. Estou falando sobre o que Bulstrode te disse. — A garota olhou-o
surpresa.

— Ah. — Hadrian viu os olhos dela umedecerem. — Eu vou ficar bem. — Hadrian sorriu
animador e acariciou o ombro da garota.

— Qualquer coisa você pode contar comigo. Se ela fizer algo diga que a Nyx vai fazer outra
visitinha noturna para ela.

— Agradeço a Deus por ter um amigo como você, Hadrian. — E então seus olhos se arregalaram
ao assimilar a frase do garoto. — Outra?

— Digamos que Bulstrode me importunou e Nyx a deu uma advertência. — Hermione olhou-o
com reprovação.

— Você não pode se arriscar assim. E se te dessem alguma detenção? Ou te expulsassem? Não
podemos brincar assim com as pessoas. Deus não gosta disso.

"E lá vai ela mais uma vez.", Hadrian pensou, se segurando para não revirar os olhos. Ele
estava começando a detestar tudo relacionado ao cristianismo. Todos que conheceu eram loucos
fanáticos e não pregavam o que o seu Senhor ordenava: amor, humildade, compaixão e gentileza.
A humanidade ansiava por um ser superior que governasse tudo, criava lendas e regras, tudo para
suprimir a verdade de seus fiéis. A lavagem cerebral que eles eram submetidos era apavorante, sua
obsessão terrivelmente insana e deturpada do senso comum. Quantos da sua espécie foram mortos
em nome de um ser supremo? Quantos humanos completamente loucos fizeram atrocidades com
inocentes só porque achavam que era certo? Achavam que seu senhor os agradeceria com louvores
quando morressem. Era simplesmente loucura.

Os bruxos se esqueceram completamente de onde vieram. De como nasceram. Abandonaram


e negligenciaram o presente que lhes foi dado por Lady Magic. Não a agradeciam mais, não a
fortaleciam mais, a tratavam como se não fosse nada. Não, os Lords of the Universe não eram uma
lenda criada por humanos. Eles sempre existiram, sempre estiverem lá, nos observando de longe,
sem interferência. Destiny não era mais algo relevante, esqueceram-se que toda ação requer uma
reação de mesma proporção ou maior. Magic não era mais um presente abençoado para poucos.
Life não era mais uma dádiva que deveria ser apreciada. Time era um mero conceito insignificante
ao ver da humanidade, apenas um lembrete de que eles eram passageiros. Caos não era a entidade
mais poderosa do universo e com poderes inimagináveis que poderiam procurar justiça contra os
humanos ingratos. E Death era apenas um terror natural dos humanos, o único momento em que
percebem que suas escolhas durante a vida teriam sérias consequências.

Os humanos escolheram esse caminho. Os bruxos escolheram abandonar os rituais que


fortaleciam sua magia, e sua consequência era o enfraquecimento da mesma. Decidiram contentar-
se com algo seguro e estável para não terem preocupações, sua consequência é a rebelião de raros
bruxos poderosos. Tudo para esses mesmos sedentários de poder se autodestruíssem em pânico por
não serem capazes de lutar contra uma ameaça maior. Esse era seu destino, um ciclo interminável
de guerras internas e incontáveis mortes. O curto período de tempo que suas existências terrenas
possuíam era jogado fora com inutilidades, seus potenciais ofuscados pelo breve momento de paz
e sossego, suas escolhas egoístas e nada morais. Suas vidas negligenciadas, recheadas dos dias
monótonos de uma falsa utopia, que logo seria destruída por um rebelde que deseja a mudança.

Nem sempre os rebeldes eram ruins, o que os torna maus é a sociedade ao qual estão
rodeados. Suas vidas aparentemente perfeitas, seus preconceitos firmemente enraizados em suas
almas, suas ações egoístas acima do bem-estar geral. E por fim, suas mortes. Ah, como eles
subestimavam esse precioso momento. O fim de uma estrada, o encerramento de um livro, o fim de
uma vida recheada de erros e vacilos. Todos sabem que na morte não se pode mais fazer o que
fazia, tudo terminava. Seus esforços para acumular riquezas eram em vão, eles não levariam nada.
Seus esforços para alienar toda uma geração teriam consequências graves, assim como seus
discursos de ódio e preconceito gritados ao vento. Na morte eles não podem mais mentir e
manipular vidas, não podem mais arruinar a mente de inocentes, não podem mais destruir coisas.

Destruição. Durante uma vida humanos destroem muitas coisas; objetos insignificantes,
coisas de valor, locais, a Terra ao qual residem, mentalidades, conceitos, crenças, sonhos,
esperança, vidas. Na morte a consequência de suas ações era pesada, ela determinaria o fim da sua
jornada. Uma eternidade pacífica por suas boas ações ou uma em completo tormento que nunca irá
acabar. Era disso que os humanos mais tinham medo. Por isso eles temem a morte, temem o fruto
que eles mesmos plantaram. O fruto recheado de veneno com o qual fora regado. A hipocrisia
humana os perseguia até na morte, pois muitos acreditavam que não mereciam uma punição. Mas,
hey! Os Lords não ligam para suas vidas. Eles apenas estão ali fazendo seus trabalhos. Meros
observadores da autodestruição dos humanos.

— Eu direi. Obrigada, Hadrian. — Hermione agradeceu o amigo.

— Amigos são para isso. — Retirou sua mão do ombro da garota e o grupo começou a andar na
direção dos jardins, conversando animadamente sobre tudo.

À tarde, Hadrian e Draco, Nyx repousando nos ombros do moreno, desciam os campos até a
cabana de Hagrid. Eles se surpreenderam ao verem Lockhart saindo do local. Hagrid comentou de
mau humor que o homem queria o ensinar a deixar um poço livre de algas, como se ele não
soubesse! E ainda se gabou de uma de suas façanhas. Hagrid também compartilhou que ele era o
único candidato para a vaga de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, por isso estavam
condenados a um ano escolar torturante.

— Ele era o único candidato. — Disse Hagrid, oferecendo-lhes um prato de quadradinhos de


chocolate. — E quero dizer o único mesmo. Está ficando muito difícil encontrar alguém para
ensinar Artes das Trevas. As pessoas não andam muito animadas para assumir esta função. Estão
começando a achar que está amaldiçoada. Ultimamente ninguém demorou muito nela. Agora me
contem. — Disse. — O que andam aprontando esse ano?

— Nada de interessante. — Hadrian se levantou e foi até a pia do meio-gigante. — Hagrid, acho
que já somos bons amigos. — O homem olhou-o com curiosidade. — Então acho que eu posso lhe
dar um conselho sem parecer ofensivo. — Hadrian lavou as mãos na pia.

— O que você quer dizer, Hadrian? — Hagrid franziu o cenho em confusão.

— Sua comida não é muito saudável. Por assim dizer. — Hadrian olhou o meio-gigante que tinha
um olhar confuso. — Então eu irei te dar uma aula de culinária. — Sorriu reconfortante, enquanto
Hagrid tinha os olhos marejados.

— Você é um garoto de ouro, Hadrian. — O homem deu palmadinhas animadas nas costas do
moreno.

— Você pode participar também, Draco.

— Não, obrigado.

— Primeira vez que você aceita que eu sou melhor do que você em algo. — O loiro se levantou e
arreganhou as mangas.

— Por onde começamos? — Hadrian sorriu e fez vários ingredientes surgirem na mesa de Hagrid.

— Hadrian! — Disse Hagrid abruptamente como se tivesse lhe ocorrido um pensamento repentino.
— Tenho uma reclamação sobre você. Ouvi falar que andou distribuindo fotos autografadas. Como
é que não ganhei nenhuma? — Furioso, Hadrian estalou a língua no céu da boca enquanto
começava a preparar os utensílios que seriam utilizados.

— Não andei distribuindo fotos autografadas! — Disse bufando. — Se Lockhart continua a


espalhar este boato... — Mas, então, ele viu que Hagrid estava rindo.

— Só estou brincando. — Disse, dando palmadinhas amigáveis nas costas de Hadrian, fazendo-o
quase cair de cara na mesa. — Eu sabia que não tinha dado. Eu disse a Lockhart que você não
precisava fazer isso. Você é mais famoso do que ele sem fazer a menor força.

— Aposto como ele não gostou disso. — Comentou Draco rindo.

— Acho que não. — Respondeu Hagrid, com os olhos cintilando. — E então falei que nunca tinha
lido um livro dele e ele resolveu ir embora.

Os três se divertiram bastante enquanto cozinhavam. Hadrian ensinava pacientemente os dois


amigos a cozinharem. Pelo menos, os seus anos nos Dursley o ensinaram a ser um ótimo
cozinheiro. Hagrid também mostrou, na pequena horta nos fundos da casa havia uma dúzia das
maiores abóboras que Hadrian já vira. Cada uma tinha o tamanho de um pedregulho.

— Estão crescendo bem, não acha? — Perguntou Hagrid alegre. — Para o Halloween... Até lá já
devem estar bem grandes.
— Que é que você está pondo na terra? — Perguntou Hadrian. O meio gigante espiou por cima do
ombro para ver se estavam realmente sozinhos.

— Bom, tenho dado, sabe, uma ajudinha...

Hadrian reparou no guarda-chuva florido de Hagrid encostado na parede dos fundos da


cabana. Hadrian sempre tivera razões para acreditar até aquele momento que aquele guarda-chuva
não era bem o que parecia; na verdade, tinha a forte impressão de que a velha varinha escolar de
Hagrid se escondia dentro dele. O guarda-caça fora expulso de Hogwarts no terceiro ano, mas
Hadrian nunca descobrira a razão, era só mencionar o assunto, e ele pigarreava alto e se tornava
misteriosamente surdo até que se mudasse de assunto.

— Um feitiço de engordar? — Perguntou Hadrian, num tom de quem se diverte e desaprova. —


Bem, você fez um bom trabalho.

— Foi o que a irmãzinha dos Weasley disse. — Comentou Hagrid. — Encontrei-a ainda ontem. —
Hagrid olhou de esguelha para Hadrian, a barba mexendo. — Ela me disse que estava só dando
uma olhada pelos jardins, mas eu calculo que estava na esperança de encontrar alguém na minha
casa. — E piscou para Hadrian. — Se alguém me perguntasse, ela é uma que não recusaria uma
foto...

— Ah, cala a boca. — Disse Hadrian envergonhado.

Por que todos estavam gostando dele do nada? Ele nem era lá tudo isso.

E, mais uma vez, Hadrian estava se esgueirando para fora do Salão Comunal da Slytherin
com Nyx em seu pescoço durante a calada da noite. Ele havia adquirido uma habilidade muito útil:
a suavidade nos passos. Aprendera a controlar o seu peso conforme andava, então ele não produzia
nenhum som conforme caminhava com tranquilidade. Em pouco tempo o garoto estava subindo as
escadarias da Torre Negra até o seu terraço. De fato, aquele lugar servia como uma prisão. Vários
andares de celas e paredes com correntes se estendiam do início ao fim. Hadrian estava morrendo
de cansaço quando finalmente visualizou uma escadinha que levaria até o topo. Ele abriu a portinha
de alçapão e subiu os últimos degraus. Suspirando longamente o ar gélido da noite, Hadrian viu-se
no topo da torre. O alçapão por onde passara era logo atrás de uma construção em triângulo
demarcando à frente da Torre. Hadrian apagou a luz da varinha para não ser visto.

— Finalmente. — Nyx rastejou para o chão e voltou para seu tamanho original.

— Não começa senão eu te jogo dessa torre. — Hadrian comentou enquanto recuperava o fôlego.

— Leia esse verso de uma vez. — Rastejou pelo local despreocupadamente enquanto Hadrian
revirava os olhos e pegava o pedaço de pergaminho.

— Lumus. — A ponta da sua varinha brilhou novamente e o garoto pode ler as palavras. — "No
topo da casa das trevas, a onde os monstros são cativos pelos grilhões e grades, as quatro bestas
de pedra no topo são as respostas. Pela essência daquele que está livre, derramada no centro da
cobertura as bestas irão dar-lhe os segredos a muito guardados.".

— Estamos no topo da Torre. Okay. — Nyx olhou ao redor. — Venha até aqui. — Hadrian
caminhou até a serpente e apagou a luz na varinha. — Agora você está no centro.

— E o que seria a "essência daquele que está livre"? — A serpente olhou atentamente para o
garoto.

— O seu sangue.

— Ah, tá. — Hadrian cruzou os braços descrente. — Não está falando sério, não é?

— Infelizmente, sim. Desculpe, filhote.

— E quanto de sangue eu deveria dar?

— Não sei. Só saberemos quando algo acontecer. — Se Nyx pudesse, ela teria dado de ombros.

— Que seja, então. — Hadrian usou a varinha para trazer um pedaço de palha no chão do andar
debaixo e o transfigurou em uma adaga.

Guardou a varinha no coldre na sua cintura, estendeu sua mão esquerda e com a direita
preparou a adaga. Reunindo toda a sua coragem, Hadrian cortou a palma da sua mão na horizontal.
A lâmina cortando sua pele o fez sentir uma leve dor e ardência, logo seu sangue começou a
irromper do corte e começar a pingar no chão. Hadrian esperava que só algumas gotas bastassem,
mas os seus pedidos não foram atendidos e uma poça mediana crescia aos seus pés. Quando ele
estava quase desistindo, seu sangue soltou um leve brilho rubro na escuridão e dividiu-se em
quatro. O líquido espeço rumava até as quatro gárgulas, e, assim que chegou ao seu destino, o chão
pareceu absorver o sangue e quatros pequeninos alçapões surgiram.

Hadrian fez um feitiço simples de cura e o corte na sua mão cicatrizou. Ele rumou até o
primeiro alçapão, agachou-se no chão e abriu-o, lá dentro havia apenas uma chave. Nos outros três
alçapões restantes também havia chaves. Quando o garoto finalmente pegou a última chave, os
alçapões desapareceram e quatro fechaduras surgiram flutuando no centro do terraço. Sem precisar
pensar muito, Hadrian encontrou a fechadura destinada a cada chave e então elas desapareceram.
Como se emergisse da água, um último alçapão surgiu no centro do terraço de pedras escuras.
Hadrian não aguentava mais abrir alçapões, mas assim ele fez. Dali de dentro ele pegou a próxima
pista.

— Vamos? — Ainda agachado, estendeu a mão para Nyx, que deslizou enquanto se encolhia até se
enrolar no pescoço do garoto. O alçapão da pista desapareceu e Hadrian desceu para o interior da
Torre. — Lumus.

— O que diz aí?

— "No labirinto das escadas, aquela que se oculta dos tolos é a única que pode levá-lo para o
canto álgido sob o quinto céu. Escondido atrás do muro entre o quente e o frio, jaz o cofre com
os seus objetivos. Mas cuidado, não entre sem se preparar, pois lá zela o Senhor do Gelo.".

— Um problema para o outro dia. — A serpente constatou enquanto Hadrian guardava o pedaço
de pergaminho e descia todas as escadas até o térreo.

— Eu juro que, se não tiver algo muito incrível no final disso, eu irei trazer Merlin de volta dos
mortos e torturar ele até a morte.

— Tão sádico. Adorei. — Hadrian revirou os olhos enquanto Nyx sibilava como se estivesse rindo
dele. A descida sempre é mais rápida do que a subida, então Hadrian já havia chegado aos
corredores que o levariam até as masmorras. Mas algo o fez parar abruptamente. Ao longe, quase
imperceptível, ele pode ouvir uma voz feminina, porém muito profunda e assustadora. Uma voz
que fez seus ossos gelarem e seu coração falhar uma batida.

— Venha... Venha para mim... Me deixe rasgá-lo... Me deixe rompê-lo... Me deixe matá-
lo... — E então a voz desapareceu.

— Volte, logo para os dormitórios, filhote. — Nyx olhava ao redor. Hadrian não discutiu, saiu
apressado na direção das masmorras.

— O que caralhos era essa voz? — Hadrian entrou no quarto transtornado.

— Eu não sei. Mas estava falando em parseltongue. — Nyx comentou enquanto deslizava para o
chão e voltava para o seu tamanho original.

— O que aconteceu? — Draco acordou coçando os olhos.

— Nada. Amanhã te conto sobre isso. Volte a dormir. — Hadrian sorriu tranquilizador e se jogou
na sua cama, finalmente se deixando levar pelo cansaço.
Capítulo 24
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Outubro chegou, espalhando, pelos jardins, uma friagem úmida que entrava pelo castelo.
Ginny Weasley estava muito estranha. Reclusa, pálida, parecia exausta, assustada e amedrontada.
O entusiasmo de Marcus Flint pelas sessões de treinamento regulares, só se intensificou, razão por
que Hadrian pôde ser encontrado, no fim de uma tarde de sábado tempestuosa, nas vésperas do
Halloween, voltando para as Masmorras, encharcado até os ossos e coberto de lama. Draco havia
sido chamado por Marcus para discutirem algumas regras de reservas, então Hadrian voltava
sozinho para o castelo. Nyx não estava com ele, pois detestava voar.

Mesmo exausto do treino, seus nervos estavam à flor da pele com a voz que escutara nos
corredores. Quem havia falado? Ou o que havia falado? Iria matar alguém? Seria Voldemort
agindo mais uma vez? Seria Dumbledore tentando matá-lo? Eram muitas perguntas sem respostas.

Hadrian encontrou Nearly Headless Nick, eles conversaram sobre o mesmo não ter sido
aceito num grupo para fantasmas decapitados, Filch arrastou Hadrian para a sua sala por sujar os
corredores de lama, e foi lá que o garoto descobriu que o velho zelador era um aborto e estava
tentando aprender magia por cartas. Nick convenceu Peevs a fazer barulho na sala acima deles e
livrou Hadrian de uma detenção. No fim, o Slytherin compareceria no aniversário de morte de
Nick.

Abortos são pessoas que tem, ao menos, um pai bruxo, mas não desenvolvem poderes
mágicos. São vistos com desprezo por sangues-puristas e até mesmo por alguns mestiços e
"traidores do sangue". O Ministério da Magia não mantém registros de abortos, um sinal de
desrespeito geral na sociedade bruxa para com eles.

— O que tanto lhe aflige? — Neville perguntou preocupado, atraindo a atenção de Draco para o
semblante contraído de Hadrian.

O grupo divergente de amigos estava aproveitando um dia ensolarado nos campos de


Hogwarts. Todos estavam sentados em uma rodinha na costumeira árvore perto do Great Lake.
Hadrian estava encostado no tronco da árvore, Draco estava deitado ao seu lado, com a cabeça em
suas coxas, Neville estava do outro lado do moreno, seguido por Hermione e Blaise discutindo
algo sobre transfiguração; Pansy, Ron e Theodore estavam jogando uma partida de Exploding
Snap; e Nyx estava no meio deles, aproveitando o sol em suas escamas.

— Tem algo estranho acontecendo. — O moreno sussurrou enquanto passava uma mão pelo
cabelo para o tirar do rosto.

— Estranho como? — Draco preguntou cauteloso.


— Ruim. Algo ruim está acontecendo e eu não sei o que é. — O moreno olhou para o lago.

— Você não tem que se responsabilizar por tudo, Hazz. — Neville segurou-lhe uma mão, o dando
conforto.

— Eu tenho quando sou o único parselmouth nessa escola que sabe que tem algo circulando pela
escola e deseja matar pessoas. — Seus intensos olhos verdes se focaram nos castanhos de Neville.

— O que você quer dizer com isso, Hadrian? — Draco sentou-se e encarou o amigo.

— Eu escuto algo falando em parseltongue pelos corredores. — Inconscientemente Hadrian


segurou a mão de Draco também. — Ela quer matar. Eu não sei onde está, não sei como achá-la,
ela sempre acaba me escapando. Nyx me manda correr para o lado contrário, eu não sei o que
fazer.

— Nós temos que falar com Dumbledore, não? — Neville perguntou inocentemente.

— Não! — Hadrian olhou-o com medo, soltando a mão de Draco e agarrando as duas mãos de
Neville em um aperto desesperado. Neville olhou com surpresa aqueles vórtices verdes encarando-
o com medo e desespero. — Não, ele não. Por favor, Nev. Você tem que me prometer que não vai
confiar nele, me promete que não vai correr até ele e me trair. Por favor, Nev. Você é um dos meus
melhores amigos, não posso te perder. — Nesse instante Hadrian estava com os olhos marejados e
um nó na garganta o fazia falhar na fala.

— Hadrian, eu... — Neville procurou ajuda de Draco, ele não sabia o que estava acontecendo. O
que levou Hadrian a ter esse ataque de medo de Dumbledore? O que aconteceu?

— Dumbledore é mau. — O platinado confidenciou. — Ele machucou o Hazz, não é confiável. —


Neville arregalou os olhos e focou-os no moreno.

— Eu confio em você, Hadrian. Não irei atrás de Dumbledore, não acreditarei nele e nem irei trair
sua confiança. Você é o meu primeiro amigo, você foi o único que falou comigo, o único que foi
legal e gentil. Você me salvou e me protegeu. Eu devo minha vida a você, Hadrian. Eu sempre
estarei do seu lado.

— O-obrigado, Nev... — Ele não se segurou. Com um imenso sorriso nos lábios, atirou-se nos
braços de Neville, abraçando-o fortemente. — Obrigado por não me abandonar. Obrigado por seu
meu amigo.

— Eu sempre estarei aqui, Hazz. — Neville retribuiu o abraço com um sorriso nos lábios. Aquela
estranha quentura surgiu nos peitos dos dois garotos enquanto seus corações palpitavam
alegremente. Draco desviou o olhar com algo entalado na garganta.

Quando a noite caiu, mais uma vez Hadrian e Nyx se esgueiravam pelos corredores do
castelo. O garoto já havia lido sobre as Criptas Malditas, que foram encontradas por volta de 1984.
Então Merlin escondeu algo nelas? O que ele teria colocado lá? Ao chegar num corredor do quinto
andar, Nyx indicou a parede falsa.

— Revelio. — Hadrian sussurrou e a parede maciça de pedras desapareceu, mostrando uma


escadaria. — Lumus.

— Tome cuidado, filhote. — Nyx advertiu enquanto Hadrian subia as escadas.


Uma grandiosa porta de madeira dava a passagem para um corredor escuro, o fogo nas
tochas mal iluminava o local. O frio era cortante, a respiração quente do garoto virando uma
fumaça de vapor diante dos seus olhos. Um arco grandioso no final do corredor chamou a atenção
de Hadrian. Mas o que o intrigou era o fato de uma névoa espeça e congelante impedia sua visão
de focar-se em algo.

— Filipendo! — Assim que Hadrian lançou o feitiço, a névoa se dispersou no ar até desaparecer.
Dando a visão de uma parte completamente congelada do corredor. Grandiosas estalactites e
estalagmites afiadíssimas de gelo pendiam do teto e irrompiam do chão. A porta no final muito
bem trabalhada em gelo e um grandioso floco de neve destacando-se no centro. Hadrian lançou um
feitiço aquecedor nele e em Nyx. Assim que o garoto tentou se aproximou, a porta começou a
atacá-lo. — Protego! — Um escudo de magia formou-se na sua frente antes que o gelo o atingisse.
— Incendio! — Fogo irrompeu da ponta da varinha de Hadrian e atingiu a porta, o gelo derreteu
instantaneamente. Hadrian havia lido sobre o Cavaleiro de Gelo que guardava a Cripta, ele sabia o
que viria a seguir.

Assim que o gelo derreteu, as portas foram abertas com um estrondo quando um cavaleiro
irrompeu por ela, ele era coberto de gelo e empunhava uma espada que soltava Fiendfyre conforme
ele a brandia. Hadrian esquivou-se dos primeiros golpes com um pouco de dificuldade, ele
precisava treinar mais seu físico caso começasse a sair em aventuras arriscadas assim o tempo todo.

— Incendio! — Mais uma vez as chamas saíram de sua varinha, logo atingindo o Cavaleiro em
cheio. Hadrian nunca havia percebido o tamanho do seu poder ofensivo até aquele momento, pois o
Cavaleiro simplesmente caiu imóvel no chão. Foi? Simples assim? Nenhum desafio maior? Ele
nem havia suado. Nem estava cansado.

— Só eu acho que foi fácil demais? — Nyx olhou ao redor.

— Talvez ele não tenha se recuperado da última vez.

— Ou você que é poderoso demais.

Hadrian adentrou a câmara. Não havia mais gelo algum, era uma sala hexagonal, e no centro
havia uma coluna brilhando através dos vidros. Na primeira vez que abriram o local, dentro da
coluna havia uma varinha quebrada e um livro. Mas não eram de Merlin. Então onde ele havia
escondido a próxima pista ou um tesouro?

— Revelio. — Os vidros na coluna abriram-se como uma flor desabrochando, no centro não havia
nada. Já haviam levado o livro e a varinha quebrada. Será que era aquilo que Merlin havia
deixado? Tudo o que havia feito foi em vão? Hadrian estava imerso em dúvidas quando viu o
centro que ligava os vidros se elevar, ali dentro havia um pequenino pedaço de madeira, escura
como carvão. Vagarosamente o garoto se aproximou e pegou o objeto na mão, analisou com
cuidado, era do tamanho do seu dedo mínimo e um pouco mais grossa que o seu polegar, a madeira
era completamente preta e muito vem trabalhada e esculpida. — É só isso? Eu me matei de
procurar um pedacinho de madeira? Tá de sacanagem com a minha cara, Merlin?! Vou dar
uma voadora na cara desse velho!

— É uma peça, Hazz. — Nyx comentou como se soubesse de algo.

— Como assim?

— Ela precisa absorver a sua magia para lhe levar para outra pista.
— Mais sangue? — Suspirou descontente.

— Não. Você apenas deve manter com você esse pedaço o tempo inteiro e nunca o perder.

— E como você sabe que é isso que eu devo fazer?

— Eu não posso te contar, filhote. Você deve confiar em mim. — Hadrian olhou nos olhos de seu
familiar e suspirou.

Ele havia aprendido a confiar nos conselhos de Nyx, ela era uma serpente mágica, possuía
conhecimento de coisas que Hadrian nem imaginaria. Ela sabia o que era aquele pedaço de
madeira, sabia também sua história. Mas Hadrian precisava descobrir e enfrentar isso sozinho,
precisava conquistar por si mesmo.

— Tudo bem. — Guardou o pedaço de madeira em um bolso da calça, colocou o capuz da Capa da
Invisibilidade e selou o local enquanto voltava para as masmorras. E mais uma vez Hadrian
escutou ao longe aquela mesma voz misteriosa.

— Estou com tanta fome... Deixe-me estraçalhar sua carne... Me saciar com o delicioso gosto do
seu sangue... — E então, pela segunda vez, a voz desapareceu. De onde vinha essa voz?

No Halloween, às sete horas, Hadrian, Nyx no seu pescoço, e seus amigos da Slytherin,
Foram para a festa de aniversário de morte de Nick. Fora uma noite... Interessante. Eles
conheceram Myrtle, um fantasma que assombrava o banheiro feminino, ela era... Emocional. Em
certa altura da noite, os Slytherin estavam morrendo de fome e frio.

— Não dá para aguentar muito mais que isso. — Murmurou Theodore, os dentes batendo, quando
a orquestra tornou a entrar em ação, e os fantasmas voltaram à pista de dança.

— Vamos. — Concordou Hadrian. Os cinco saíram em direção à porta, acenando com a cabeça e
sorrindo para todos que olhavam, e um minuto depois estavam andando depressa pelo corredor
cheio de velas.

— Talvez o pudim ainda não tenha acabado. — Comentou Blaise esperançoso, seguindo à frente
em direção à escada do saguão de entrada. E então Hadrian ouviu.

— Rasgar... Romper... Matar... — Era a mesma voz. A mesma voz gélida e assassina que ouvira
pelos corredores. Ele parou quase tropeçando, apoiando-se na parede de pedra, escutando com toda
a atenção, olhando para os lados, apertando os olhos para ver nos dois sentidos do corredor mal
iluminado.

— Hadrian, que é que você...?

— É aquela voz de novo. Fiquem quietos um minuto...

— Tanta fome... Tanto tempo... — Seus amigos pararam, observando-o. — Matar... Hora de
matar... — A voz foi ficando mais fraca. Hadrian tinha certeza de que estava se afastando, se
afastando para o alto. Uma mistura de medo e excitação se apoderou dele ao fixar o olhar no teto
escuro; como é que ela podia estar se afastando para o alto? Seria um fantasma, para quem tetos de
pedra não faziam diferença?

— Por aqui! — Gritou ele e começou a subir correndo as escadas para o saguão. Não adiantava
querer ouvir nada ali, o vozerio na festa do Salão Principal ecoava pelo saguão. Hadrian subiu
correndo a escadaria de mármore até o primeiro andar, com os amigos nos seus calcanhares.

— Hadrian, que é que estamos...

— SHIU! — Hadrian apurou os ouvidos. Longe, vinda do andar de cima, e cada vez mais fraca, ele
ouviu a voz:

— Sinto cheiro de sangue... SINTO CHEIRO DE SANGUE! — Hadrian sentiu um aperto no


estômago...

— Vai matar alguém! — Gritou ele, e sem dar atenção aos rostos perplexos dos amigos, subiu
correndo o lance seguinte de escada, três degraus de cada vez, tentando escutar apesar do barulho
que seus passos faziam... Hadrian precipitou-se pelo segundo andar, Draco e os demais ofegantes
atrás dele, e não parou até entrar no último corredor deserto.

— Hazz? — Chamou Draco, enxugando o suor do rosto. Pansy soltou uma súbita exclamação,
apontando para o corredor.

— Olhem! — Alguma coisa brilhava na parede em frente. Eles se aproximaram lentamente,


apertando os olhos para ver através da escuridão. Alguém tinha pintado palavras na parede entre as
duas janelas, que refulgiam à luz das chamas das tochas.

A CÂMARA SECRETA FOI ABERTA

INIMIGOS DO HERDEIRO, CUIDADO

— O que é aquilo? — Perguntou Blaise, com um ligeiro tremor na voz.

Havia uma enorme poça de água no chão, e, ao saltarem para trás com espanto, espalharam
água por todo o lado. Pendurada pelo rabo em um suporte de tocha, totalmente enrijecida e com os
pelos arrepiados, os olhos arregalados fixos no nada, estava Madame Norris, a gata do zelador.
Durante alguns segundos, ninguém conseguiu se mover diante da cena. Então Theodore falou:

— Vamos dar o fora daqui.

— Será que não devíamos tentar ajudar... — Começou a dizer Hadrian, sem jeito.

— Confie em mim. — Disse Theodore. — Não podemos ser encontrados aqui.

Mas era tarde demais. Um ronco, como o de um trovão distante, informou-lhes que a festa
terminara naquele instante. De cada ponta do corredor onde estavam, ouviram o barulho de
centenas de pés que subiam as escadas, e a conversa alta e alegre de gente bem alimentada; no
instante seguinte os alunos entravam aos encontrões pelos dois lados do corredor. A conversa, o
bulício, o barulho morreram de repente quando os garotos que vinham à frente viram o gato
pendurado. Hadrian, Draco, Pansy, Blaise e Theodore estavam sozinhos no meio do corredor, e os
estudantes que se empurravam para ver a cena macabra se calaram.
Capítulo 25
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

O que se estendeu depois fora uma terrível dor de cabeça. Argus Filch ficou arrasado com a
situação da gata e acusou Hadrian de ter feito aquilo. Dumbledore assegurou que a gata estava
petrificada e não morta, ou seja, ela ainda viva, então poderia reverter o estado quando as
Mandrake ficarem adultas. Nick veio ao resgate dos garotos e confirmou o álibi dos mesmos. Não
tinha como ter sido eles. E Lockhart ficou se gabando de que poderia ter feito alguma coisa se
estivesse ali.

Durante alguns dias, a escola praticamente não conseguiu falar de outra coisa a não ser do
ataque à Madame Norris. Filch o manteve vivo na lembrança de todos, perambulando pelo lugar
onde ela fora atacada, como se achasse que o atacante poderia voltar. Hadrian o vira esfregando a
mensagem na parede com Removedor Mágico Multiuso Skower, mas sem resultado; as palavras
continuavam a brilhar na pedra, mais fortes que nunca. Ginny Weasley parecia ter ficado muito
perturbada com o destino de Madame Norris. Segundo Ron, ela adorava gatos.

Hadrian se demorara na sala de Poções, onde Severus o retivera depois da aula para raspar os
vermes deixados em cima das carteiras. O homem estava preocupado com o garoto e queria saber
da verdade. Hadrian contou-lhe sobre a voz desconhecida, mas Severus pareceu tão perdido quanto
o garoto. Na aula de História da Magia, Pansy pediu que o professor falasse mais sobre a Câmara
Secreta. Eles não conseguiram muita informação útil, mas a história se espalhou rapidamente pelo
castelo. E agora todos evitavam Hadrian, olhavam para ele com caras zangadas, debochavam,
atazanavam e o odiavam. Hadrian odiou isso, o lembrava do primário onde todos se afastavam dele
por medo de que Dudley os fizesse algo. E tudo isso por quê? Porque a Câmara Secreta é uma
lenda de Salazar Slytherin, e Hadrian era o atual Lord da família e um parselmouth.

— Eu sempre soube que Salazar Slytherin era um velho maluco e tortuoso. — Contou Ron a
Neville e Hermione enquanto tentavam passar pelo corredor cheio de alunos ao fim das aulas, para
guardarem as mochilas antes do jantar. Hadrian e os Slytherin passavam por um corredor logo atrás
deles. — Mas não sabia que ele é quem tinha começado toda essa história de puro sangue. Eu não
ficaria na casa dele nem que me pagassem. Francamente, se o Sorting Hat tivesse tentado me
mandar para Slytherin, eu teria tomado o trem de volta para casa... — Hermione concordou
fervorosamente. Hadrian sentira o estômago afundar e o comentário lhe causara mal-estar. Draco,
Pansy, Theodore e Blaise perceberam isso.

— Nós três sabemos que nem todos Slytherin são maus. — Neville comentou com a voz trêmula.
— Hadrian, Draco, Blaise, Pansy e Theodore são nossos amigos.

— Eles são uma exceção. — Ron comentou ainda raivoso.

— Ainda assim não é algo que se diga, Ron. — Neville insistiu em defender Hadrian e os
Slytherin. – Eles não são tão ruins quando os conhece. E Hadrian é a melhor pessoa que já
conhecemos.
— É. — Ron riu. — Até nos apunhalarem pelas costas. Não se pode confiar nessas cobras. Eles só
se importam com seu sangue-puro e farão de tudo para serem superiores.

— Estou decepcionado com você, Ron. — Neville se afastou dos Gryffindor, surpreendendo-se ao
encontrar Hadrian e os amigos na esquina do corredor. — Hazz... — O coração de Neville afundou
ao ver a tristeza nos olhos de Hadrian. Draco pegou o braço do mesmo e tirou-o dali, não estava
fazendo bem para o moreno ouvir aquelas coisas dos seus amigos.

— Obrigada por nos defender, Nev. — Pansy colocou uma mão no ombro do Gryffindor.

— Nos vemos por aí, Nev. — Theodore sorriu para o leão enquanto as cobras seguiam seu rei. O
grupo se deslocava pela multidão, Colin Creevey os abordou.

— Oi, Hadrian! — Sorriu com as bochechas coradas.

— Olá, Colin — Respondeu Hadrian automaticamente, só depois lembrando do beijo que o garoto
lhe dera, o que fizera suas bochechas com sardas quase invisíveis corarem fortemente.

— Hazz, Hazz. Um garoto da minha classe anda dizendo que você é o responsável pela Madame
Norris. Obviamente eu não acreditei e te defendi com todas as minhas forças.— Comentava
animado.

— Obrigado, Colin. — Sorriu, uma leve quentura surgiu no seu peito.

— Não ligue para o que esses idiotas falam. Eu acredito em você Hadrian. — E, mais uma vez,
Colin pegou Hadrian de surpresa e beijou-lhe a bochecha. Logo saiu correndo com o rosto
vermelho e misturou-se na multidão.

— Isso fica cada vez melhor. — Theodore riu da cara de aturdido do moreno. Draco desviou o
olhar, sentindo o mesmo gosto azedo em sua boca e uma dor no peito.

— Por que eu nunca consigo desviar? — Hadrian suspirou derrotado.

Depois disso o grupo investigou o corredor do segundo andar, já que Filch não estava de
plantão. Viram aranhas se comportando estranhamente, marcas de fogo e conversaram com a
Moaning Myrtle, mas não conseguiram nada concreto sobre o que atacou a gata. E, ao saírem do
banheiro, foram abordados por um Percy Weasley irado da vida. Ele também disse que Ginny
chorava de se acabar por achar que Hadrian seria expulso por causa da gata.

— Cinco pontos a menos para a Slytherin! — Disse Percy concisa e autoritariamente, levando a
mão à insígnia de monitor. — E espero que isto seja uma lição para vocês! Nada de se esgueirarem
por aí! Ou contarei a Dumbledore! — E saiu a passos firmes, a nuca tão vermelha quanto os
cabelos.

— Ele não bate bem da cabeça. — Pansy comentou entediada.

— Provavelmente pensou besteira por sermos quatro garotos e uma garota sozinhos num banheiro
interditado enquanto todos estão jantando. — Blaise comentou racionalmente.

— E o que faríamos? — Hadrian perguntou inocentemente. Todos o olharam com os olhos


arregalados e logo começaram a gargalhar. — O que foi? Qual é a graça?

— Meu querido, Hadrian. — Theodore passou um braço ao redor dos ombros do amigo. — Eu
tenho muito a lhe ensinar. — Draco bateu a mão na testa.
Naquela noite, todos estavam na Sala Comunal fazendo os deveres e conversando sobre o
caso. O que poderia ser o monstro? Quem o libertou? Qual o propósito disso? Essas coisas. Mas
Pansy e Theo tinham outra ideia. Já haviam feito isso com Blaise e Draco, agora era a vez de
fazerem a "iniciação" de Hadrian à puberdade.

— Mas agora temos algo mais importante para resolvermos. — Pansy sorriu maliciosa para
Hadrian, que sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— E o que seria? — Draco perguntou duvidoso.

— Ensinar ao pequeno Hadrian os segredos do mundo. — Theodore acompanhou a garota num


sorriso malicioso.

— Que segredos? — Hadrian iria se arrepender, ou não, de ter perguntado isso. Blaise ignorou
completamente os amigos e voltou a fazer o seu dever, Draco o seguiu reprimindo ainda mais a dor
em seu peito. Pansy e Theodore puxaram Hadrian para o quarto de Blaise e Theodore.

— Meu caro pupilo. Existem coisas incríveis nesse vasto mundo que você nem faz ideia. — Pansy
sorriu ainda mais.

— Eu, definitivamente, não quero participar disso. — Nyx comentou com nojo e rastejou para
fora do quarto. Fora uma longa noite de explicações, risadas as custas da inocência de Hadrian e de
suas dúvidas idiotas. E muito constrangimento vindos do Garoto-Que-Sobreviveu. Sua mente
trabalhava a mil tentando assimilar tudo o que Pansy e Theodore o contavam. Ele não entendia o
sentido daquilo, mas Theodore o garantiu que logo entenderia.

— Mas o que isso tem de bom? — Hadrian perguntou ainda confuso. Não estava conseguindo
achar interessante tudo aquilo que os amigos o disseram.

— Suponho que teremos que ensiná-lo. — Theodore sorriu malicioso para a garota, que retribuiu
com a mesma intensidade. Hadrian queria sair correndo dali.

— Okay. Nós dois somos dois galinhas e não vamos nos importar em ensinar um amigo. — Pansy
saiu da cama de Blaise e sentou-se ao lado de Hadrian no sofá que tinha ali.

— Péra! Quê? — Hadrian se assustou ao ver a garota se aproximar demais de si.

— Relaxa. — Theodore sentou-se do outro lado de Hadrian e sorriu tranquilizador, o que não
funcionou.

— Você tem que entender que no mundo bruxo, diferente do mundo muggle, relações
homoafetivas são completamente normais como uma hétero. Mas como você cresceu com
muggles, que tem preconceito com homossexuais, eu serei a primeira. — Pansy explicou, mas
Hadrian não estava entendendo nada. Aonde ela queria chegar? O que eles iriam fazer?

— Vamos só te ensinar a beijar. — Theodore segurou a mão de Hadrian, que estremeceu ao sentir
um arrepio na espinha.

— Quer continuar? — Pansy perguntou preocupada ao ver o olhar assustado de Hadrian.

— E-eu... Quero... — Suas bochechas coraram e seus olhos focaram-se na mão de Pansy sobre sua
coxa. Ele estava nervoso, seu coração batia fortemente contra seu peito, bombeando adrenalina por
sua corrente sanguínea. — M-mas... Acho que... Me sentiria mais confortável com Dra-Draco...
Algo me diz que deveria ser o Draco... — Comentou num sussurro baixo. — E-e... Sem querer
ofender, Pansy, você é muito bonita, mas eu não consigo me imaginar te beijando. Parece...
Errado...

— Okay. — Ela sorriu-lhe docemente. — Vou chamar o Dray para você. — Hadrian acenou
positivamente com a cabeça, ainda olhando para as suas mãos em seu colo enquanto Theodore e
Pansy saíam do quarto. — Draquinho. — Chamou manhosa ao chegar na Comunal. — Alguém
está entrando em colapso por só se sentir seguro com você, xuxu. — O loiro arregalou os olhos e
olhou-a com espanto.

— Ele o que? — Perguntou descrente.

— Ele é gay e queria que você fosse o primeiro. Resumidamente. — Pansy sorriu e sentou-se no
sofá. — Ele quer você. — Draco compreendeu o que a amiga dizia e se apressou até o quarto de
Theodore e Blaise.

— Hazz? — Chamou incerto quando entrou no quarto. O mesmo se encolheu ainda mais de
vergonha, mas Draco sentou-se ao seu lado e segurou-lhe as mãos com carinho. — Eu estou aqui
com você. Não precisa ter medo. Se não quiser fazer isso é só dizer que paramos e não tocamos
mais nesse assunto.

— N-não... — Mordeu o lábio inferior. — E-eu quero... Mas eu queria que v-você fosse o
primeiro... — Corou ainda mais. Draco sentiu seu peito se enchendo de uma alegria quentinha e
aconchegante ao ouvir o que Hadrian queria. Ele queria que Draco tivesse o seu primeiro beijo.

— Olhe para mim. — Draco subiu suas mãos até estarem de cada lado do rosto do menor e o
puxou delicadamente para cima, para olhá-lo nos olhos. — Não precisa ter medo. Eu também
quero isso. — Sorriu minimamente. — Apenas relaxe e me acompanhe nos movimentos. — Sua
voz agora estava mais sussurrada e calmante. — Feche os olhos. — Aconselhou enquanto
acariciava as bochechas de Hadrian.

O moreno sentiu a respiração de Draco aproximando-se do seu rosto lentamente, Hadrian


podia sentir suas mãos suando com o nervosismo de antecipação e seu coração batendo
aceleradamente. Não sabia o quanto desejava beijar Draco até esse momento. O loiro roçou seus
lábios macios contra os de Hadrian. Era uma sensação muito estranha. Ele nunca imaginou que
seus lábios eram tão sensíveis ao menor toque. Draco inclinou-se um pouco mais e finalmente
selou seus lábios nos de Hadrian. Era isso? Foi fácil. Seu estômago estava estranho como se
milhares de borboletas estivessem voando dentro dele, seu coração pulsava alegremente e um
sentimento de contentamento e carinho se apoderou de si. Draco não estava muito diferente. Fazia
um tempo que havia notado os estranhos sentimentos e reações em relação a Hadrian. O moreno
sentia-se contente. Mas então o mais velho começou a mover seus lábios sobre os dele, e ele ficou
nervoso mais uma vez.

Hadrian se assustou de início, mas, depois de um tempo, ele relaxou e começou a mover sua
boca assim como Draco fazia. Era estranho e desengonçado no início, mas logo ele pegou o jeito e
acompanhava o ritmo lento do loiro. Borboletas pareciam que estavam fazendo um furacão no
estômago do menor. A sensação era muito boa. Ele estava gostando. E então Draco acelerou um
pouco o ritmo e pressionou sua língua contra os lábios de Hadrian, lambendo-os delicadamente ao
pedir passagem. Hesitantemente ele permitiu que a língua de Draco invadisse sua boca

Ele estranhou de início a sensação da língua de Draco explorando sua boca. Era macia, mas
ao mesmo tempo áspera por causa das papilas gustativas. Era uma sensação estranha sentir a língua
do maior vasculhar sua boca e roçar contra a sua. Mas, diferentemente do que havia pensado,
Hadrian estava gostando. Não sentia mais nojo ou confusão. Agora ele entendia por que os amigos
falavam daquilo com tanto gosto na voz. Beijar era bom. E ainda melhor por ser Draco quem o
estava beijando. O loiro sorriu entre o beijo calmo, beijar Hadrian era simplesmente maravilhoso.
Ele sentia-se completo, aquilo era terrivelmente certo, parecia que havia esperado a vida inteira
para beijar aqueles doces lábios.

Afastou-se do outro, Draco olhava com satisfação a imagem na sua frente: um Hadrian
ofegante, corado e com os lábios avermelhados. As mãos do maior mudaram de posição, uma foi
para a nuca do moreno enquanto a outra descia para a sua cintura. Hadrian agarrou-se à frente das
vestes do maior enquanto tentava recuperar o fôlego. Mas Draco não deu tempo para que ele se
recuperasse. Tomou-lhe os lábios com fome e já pediu passagem com a língua. Hadrian cedeu
prontamente.

Diferente do beijo anterior, esse era mais faminto, mais ousado, mais sedento. Hadrian levou
um tempo até pegar o ritmo do maior, mas logo ele estava o acompanhando na mesma intensidade.
O menor sentia seu corpo quente estremecer ao sentir Draco puxar seus fios de cabelo na nuca. Ele
não estava entendendo o porquê ele fez isso, mas não iria reclamar. Ele havia adorado. O moreno
sentia-se derreter completamente nas mãos do mais alto. Ele havia gostado dos dois beijos, de
maneiras diferentes. O primeiro fazia algo aquecer-se no peito de Hadrian. Já o segundo fazia seu
corpo inteiro entrar em combustão e uma necessidade por mais o tomou por completo.

— Chega de aulas por hoje. — Draco separou-se de Hadrian com um sorriso vitorioso nos lábios
avermelhados e deu-lhe um selinho. O mesmo estava atordoado, eram sensações demais para ele
assimilar em tão pouco tempo.

— Isso foi... — Hadrian olhava para aqueles olhos cinza tempestuosos, que estavam escuros pelos
sentimentos intensos de agora a pouco, e perdeu-se neles. Draco o olhavam com tanto carinho,
felicidade, contentamento, e algo que Hadrian não conseguia identificar. — Incrível. — Sorriu
assim que o sussurro deixou seus lábios.

— Para o seu primeiro beijo, até que se saiu bem. — Comentou enquanto arrumava os cabelos do
moreno com uma mão e a outra arrastou-se até segurar a mão de Hadrian. — Espero que isso não
mude nossa amizade. — Comentou com receio.

— Não. — Hadrian encarou suas mãos juntas e corou ainda mais. — Nada pode nos separar. —
Olhou nos olhos do maior com carinho.

Draco foi pego de surpresa, os olhos de Hadrian brilhavam em um sentimento tão intenso
que ele não conseguia identificar. Os corações batiam descontroladamente em seus peitos. Pego
por um momento de impulsividade e coragem, Hadrian selou seus lábios novamente com os do
maior. Draco logo o correspondeu na mesma intensidade. Isso parecia tão certo para os dois. Beijar
Pansy ou Theo parecia tão errado. Mas beijar Draco... Era tão certo. Tão bom. Perfeito. Suas
magias deixaram seus corpos e acariciaram delicadamente uma à outra, deixando tudo mais
intenso, mais sensível, mais profundo e íntimo. Uma aura dourada os rodeou, selando o que os seus
corações gritavam para que eles entendessem, suas magias se aceitaram em uma união tão pura e
importante quanto o nascimento de uma nova vida. O amor. Eles sempre estariam juntos. Nada
podia os separar mais.

— Eu acho que gosto de você... — Hadrian sussurrou quando o beijo foi quebrado para que os
garotos pudessem recuperar o fôlego. Draco pode sentir seu coração falhar uma batida enquanto
seus lábios se esticavam num sorriso imenso.

— Eu também gosto de você, Sunshine. — Hadrian deu um sorriso radiante e se jogou nos braços
de Draco em um forte abraço.
Capítulo 26
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Desde o desastroso episódio com os Pixies, Lockhart não trouxera mais seres vivos para a
aula. Em vez disso, lia trechos dos seus livros para os alunos, e, por vezes, dramatizava algumas
passagens mais pitorescas. Cada vez mais alunos faltavam as suas aulas e um grande grupo se
juntava na biblioteca para estudarem por si mesmos. Depois da noite em que Hadrian e Draco se
beijaram e se declararam, os dois começaram a agir "estranho" um com o outro. Coravam apenas
por seus olhares se cruzarem, gaguejavam ao se falarem, ficavam muito nervosos quando estavam
muito perto ou sozinhos, suas mãos tremiam e suavam, seus corações disparavam e suas bocas
ficavam secas repentinamente. Pansy e Theodore achavam graça, pois era óbvio que eles se
gostavam, mas não sabiam como levar isso para frente.

No momento, Hadrian e os amigos estavam saindo de uma aula quando Lockhart se


aproximou. Nyx, que estava nos ombros de seu filhote, sibilou desgostosa para o pavão irritante na
sua frente.

— Então, Hadrian. — Chamou Lockhart com o seu imenso sorriso cegante. — Creio que amanhã é
a primeira partida de quidditch da temporada. Slytherin contra Gryffindor, não é? Ouvi dizer que
você é um jogador muito útil. Eu também fui apanhador. Convidaram-me para tentar a seleção
nacional, mas preferi dedicar minha vida à erradicação das Forças das Trevas. Ainda assim, se
algum dia você achar que precisa de um treino pessoal, não hesite em me pedir. Fico sempre feliz
de passar minha experiência a jogadores menos capazes...

— Desculpa desapontá-lo, senhor. — Mentira, Hadrian queria destruir aquele homem. — Mas eu
irei recusar sua oferta. Tenha uma boa tarde. — Saiu apressadamente, sendo seguido pelos amigos.
Nyx soltou angus sibilos, como se estivesse rindo.

— Eu não acredito que ele se acha tanto! — Pansy comentou descrente.

— É porque ele é um babaca sem cérebro. — Disse Theodore.

Cinco minutos depois, estavam mais uma vez no banheiro interditado da Moaning Myrtle.
Eles precisavam conversar sobre a voz misteriosa e o ataque contra Madame Norris, e aquele era o
último lugar em que alguém sensato iria, e com isso garantiram alguma privacidade. Moaning
Myrtle chorava alto no seu boxe, ela nem prestou atenção neles. Hadrian sentia-se triste ao ver a
fantasma assim, sabia como era essa sensação de solidão.

— Hey, Myrtle. — Ele deu umas batidinhas tímidas na porta do boxe do fantasma. — Por que está
chorando de novo? — Perguntou carinhoso enquanto a porta se abria num estrondo e a fantasma o
encarava com fúria, o nariz translúcido a centímetros do dele.

— Esse é um banheiro feminino! Garotos não podem entrar aqui! Saiam! —Sua voz raivosa era
estridente.
— Poxa, Myrtle. — Hadrian fingiu fazer uma cara triste, para sensibilizar a fantasma. — Pensei
que poderíamos ser amigos. Mas se você não quiser eu entendo. — Seus amigos o olhavam com
dúvida enquanto Hadrian abaixava a cabeça e virava-se na direção da saída.

— A-amigos? — Myrtle perguntou ainda não acreditando que alguém queria ser seu amigo. — V-
você quer ser meu a-amigo? Por quê? Você está brincando comigo? Está zoando com a minha
cara, né? — A raiva tomou seu rosto translúcido. — Quer só me machucar também? Quer me
iludir? — Hadrian virou-se para ver os olhos dela cheios de lágrimas. Ele realmente só queria
ajudar.

— Eu só pensei que você ficaria feliz em ter um amigo. E eu realmente acho que não vale a pena
ficar se lamuriando por toda a eternidade. Você está perdendo várias coisas enquanto se afunda nos
seus próprios sofrimentos. Acredite, eu já estive no fundo do poço emocional, como você está. Eu
sei o que está sentindo. Posso não ter morrido, como você. Mas eu entendo parte do que você está
passando. E sei que um ombro amigo era tudo o que eu desejava quando eu precisei.

Todos o olhavam com perplexidade, não era do feitio dele se abrir do nada. Mas ele entendia
Myrtle. Por anos ele desejou que alguém estendesse a mão para ele, mas nunca o teve, então ele
queria fazer algo pelo fantasma. Nyx rastejou dos seus ombros até o chão e analisou a fantasma,
com um aceno de cabeça a serpente indicou para a fantasma acreditar no garoto. E então, Myrtle
começou a chorar, não por tristeza, e sim por felicidade. Pela primeira vez em vida e em morte
alguém estava se importando com ela. Hadrian sorriu compreensível e se aproximou dela.

— É-é a p-primeira vez... Que a-alguém... Se importa co-comigo... — Disse entre soluços. — O-
obrigada... Obrigada...

— Primeiro você precisa parar de chorar, Myrtle. — Hadrian sorriu carinhoso ao ver a fantasma
olhá-lo com receio. — Todos ficamos mais bonitos quando estamos sorrindo. — As bochechas do
fantasma tomaram uma coloração mais escura, o que, provavelmente, significava que ela estava
corando. — Que tal, se fizermos uma reforma nesse banheiro deprimente? — A fantasma pareceu
se animar. — O que você quiser eu posso colocar aqui.

— Conte com a gente. — Pansy sorriu para a fantasma. Theodore, Blaise e Draco concordaram
imediatamente, o que fez Myrtle abrir um imenso sorriso de felicidade.

O grupo ficou um bom tempo transfigurando tudo para ficar mais claro e mais elegante,
Draco e Pansy eram os que mais opinavam sobre o designing do local. Eles trocaram as paredes
escuras de pedra para uma cerâmica branca brilhante com um relevo formando vários desenhos, as
cabines que individualizavam os vasos-sanitários mudaram de uma madeira escura e podre para
uma madeira clara e nova. Os sanitários não eram mais antigos e sujos, agora a cerâmica branca
reluzia e refletia o reflexo de quem se aproximasse. O piso deprimente de pedra escura foi
transformado em uma cerâmica que imitava uma madeira clarinha. A velas que mal iluminavam o
local foram substituídas por lustres cintilantes e chiques, a imponente pia octogonal velha e
malcuidada agora estava reluzente em seu mármore branco acetinado com umas linhas aleatórias
em cinza claro. Os espelhos sujos e quebrados agora estavam em perfeito estado. O ferro
enferrujado das torneiras agora brilhava em uma coloração de rose gold. Abaixo das três
grandiosas janelas da parte octogonal do banheiro, havia um banco que se estendia por toda as três
janelas com a mesma tonalidade de madeira das cabines confortáveis almofadas coloridas (em:
verde; prata; amarelo; preto; azul; cobre; vermelho e dourado) coloriam o local. Várias plantas
davam vida ao lugar. No lado oposto das janelas, do lado direito da porta de entrada, havia vários
puffs redondos com as cores das quatro casas no chão envolta de uma mesinha de vidro oval com
as perninhas na mesma madeira que o banco. Ao lado direito havia vários nichos na parede, com a
mesma madeira dos outros objetos, dispersados em uma escada de plataformas (uma na esquerda,
outra na direita, mais uma na esquerda até chegar na metade da parede) cheia de livros sobre vários
assuntos.

Myrtle estava deslumbrada com tudo, ela flutuava no ar completamente animada. Os olhos
brilhando e um sorriso feliz nos lábios. Ela abraçou cada um dos Slytherin, mesmo sendo uma
sensação ruim o toque dela, eles aceitaram de bom grado. A fantasma só precisava disso, ter
amigos. Era tudo o que ela desejou em vida e em morte, e agora ela havia ganhado cinco amigos
maravilhosos que se importavam com ela.

— Aposto que todas as garotas vão fazer fila para conhecer o seu novo banheiro, Myrtle. — Blaise
comentou orgulhoso do trabalho que haviam feito.

— Eu mataria aula fácil, só pra ficar o dia inteiro nesse banheiro. — Theodore se jogou em um
puff.

— Você gostou, Myrtle? — Hadrian perguntou sorridente ao ver a fantasma rodopiar no ar.

— Se eu gostei? — Ela se aproximou rapidamente dele. — Eu amei! Muito obrigada! — Deu mais
um abraço em Hadrian. Ele sentiu como se um balde de água gelada escorresse pela sua espinha
dentro do seu corpo, mas retribuiu, mesmo não conseguindo tocar a garota. Quando Myrtle se
afastou, o sinal tocou, indicando que o período livre deles havia terminado.

— Nós temos que ir Myrtle. — Pansy comentou decepcionada. Ela nunca imaginou que a fantasma
fosse alguém legal e divertida para se conversar.

— Você pode ir nos visitar quando quiser. — Hadrian sorriu para a fantasma.

— Eu posso assistir as aulas com vocês? — Ela perguntou animada. — Faz tanto tempo que eu não
saio desse banheiro. Eu queria saber como andam as coisas lá fora.

— Claro. — Draco sorriu ao ver a fantasma se alegrar.

— Vamos. Temos Transfiguração agora. — Blaise começou a sair do banheiro e o grupo o seguiu.

Por onde o grupo andava, todos os olhavam. Myrtle flutuava ao lado de Hadrian e os
Slytherin conversavam animadamente com a fantasma. Contando tudo o que ela havia perdido
desde 1943. A maioria das garotas ficaram pálidas ao verem que Myrtle estava sorrindo e dando
risadas ao invés de chorar e gemer. Vários murmúrios os acompanhavam, mas todos já haviam se
acostumado em serem o foco das fofocas de Hogwarts, então nem se importavam mais. Assim que
o grupo entrou na sala de aula, McGonagall inflou de raiva.

— Mas o que pensa que é isso, senhor Potter? — Perguntou furiosa enquanto via o garoto sentar-se
e Myrtle flutuar ao seu lado.

— Ao que se refere, professora? — O garoto perguntou educadamente.

— Sobre a senhorita Myrtle Elizabeth Warren! — Falou como se fosse óbvio.

— Ela está aqui para assistir a aula, professora. — Hadrian respondeu simplesmente, sem se afetar
com o olhar de raiva que a mulher o lançava.

— Que ela não atrapalhe a minha aula! — Virou-se de costas e caminhou pesadamente até sua
mesa.

— Eu acho que ela tem medo de que eu conte uns segredos dela quando estava na escola. —
Myrtle sussurrou para Hadrian.

— Depois eu vou querer saber mais sobre isso. — Hadrian sorriu ao sussurrar para a fantasma, que
retribuiu o sorriso.

Hadrian acordou cedo no sábado e continuou deitado por algum tempo, pensando na partida
de quidditch que se aproximava. Estava nervoso. Depois de muito se revirar na cama em ansiedade,
ele finalmente se levantara e se juntou ao time da Slytherin para tomarem um café da manhã leve
antes de partirem para o vestiário e se aquecerem para o jogo. Além da chuva torrencial que
começara a cair com tudo, havia um balaço errante que tentava a todo custo acertar Hadrian com a
intenção de fazer um estrago feio.

Dumbledore estava radiante, poderia fazer o que quisesse com o garoto no quidditch que
ninguém iria desconfiar. Até porque, todos sabem que é um jogo perigoso e que muitas pessoas se
machucavam seriamente numa partida. Mas, mesmo com um braço quebrado devido a um balaço
enlouquecido, Hadrian conseguira apanhar o pomo de ouro e vencer a partida. E, é claro, Lockhart
tentara se fazer de bonzão novamente.

— Aha! — Hadrian disse atordoado de dor quando aterrissara no chão como um meteoro.
Espalhando lama e grama por todo o lado. — Ganhamos. — E desmaiou. Draco, Blaise, Pansy,
Theodore, Neville e Colin correram pelas escadarias das arquibancadas até o chão. Nyx sibilava
ferozmente para abrir caminho enquanto deslizava com velocidade pelo chão.

— Aquela cabra velha desgraçada tinha dedo nisso! — Nyx comentava com raiva. Os times das
duas casas também haviam voltado ao chão e começavam a se aglomerar envolta de Hadrian.
Quando o mesmo voltou a si, a chuva batendo no rosto, ainda deitado no campo, com alguém
debruçado sobre ele. Viu um brilho de dentes.

— Ah. O senhor, não. — Gemeu.

— Ele não sabe o que está dizendo. — Falou Lockhart em voz alta para o ajuntamento de alunos
que cercavam ansiosos os dois. — Não se preocupe, Hadrian. Já vou endireitar o seu braço.

— Não! — Exclamou Hadrian. — Madame Pomfrey é uma especialista. Prefiro ser atacado por um
Grindylow do que ser sua cobaia. — O garoto tentou se sentar, mas a dor foi terrível e a visão
quase escurecendo por completo com a forte tontura que o atingiu. Fred e George, os mais
próximos do garoto, chegaram a tempo de impedir que sua cabeça batesse no chão. Os gêmeos o
deitaram com cuidado, sua cabeça no colo de George.

— Acalme-se, Hadrian. — Mandou Lockhart acalmando-o. — É um feitiço muito simples que já


usei muitíssimas vezes...

— Por favor, tirem Lockhart daqui antes que eu deixe Nyx atacá-lo. — Hadrian rosnou ao sentir as
escamas da mesma roçando na sua mão esquerda. Nyx elevou seu corpo ameaçadoramente na
direção do professor. O mesmo engoliu em seco, deu um sorriso amarelo e se afastou.

— Como queira, senhor Potter.

— Vamos! Saiam da frente! — Madame Hooch vociferou abrindo caminho. Com um balançar de
sua varinha uma prancha de resgate surgiu abaixo de Hadrian e o mesmo começou a flutuar. Nyx
havia se encolhido para ficar de guarda em cima da barriga do garoto. Draco, Blaise, Pansy,
Theodore, Fred, George, Ron, Hermione, Neville, Colin, Ginny e o time da Slytherin seguiram a
professora que andava na direção do castelo. — Poppy. — Madame Hooch cumprimentou a
mediwizard enquanto colocava Hadrian numa cama da enfermaria.

— Quem temos hoje? — A mulher se aproximou ao ver o garoto na prancha de resgate.

— Senhor Potter com o braço quebrado. — Madame Hooch falou como se não fosse nada.

— Ah. Isso é fácil de resolver. — A medibruxa começou a examinar o garoto com sua varinha, e
logo algumas poções estavam flutuando até a mulher. — Eu irei dar a Hadrian as poções para os
ossos dele calcificarem, uma para a dor, uma para relaxar os músculos, outra para ele não se
resfriar depois da chuva. — A mulher explicou o que faria com o garoto para a serpente
desconfiada. Nyx assentiu com a cabeça e desceu da barriga de Hadrian para dar a mediwizard
acessibilidade para tratar o garoto.

— Eu já vou indo, Poppy. — Hooch se despediu e logo Madame Pomfrey olhava para o grande
grupo de amigos que seguiram o garoto.

— Sei que vocês todos estão preocupados com o senhor Potter. — A mulher começou. — Mas não
podem ficar. Vocês têm afazeres e Hadrian deve passar a noite aqui para que eu possa monitorar a
calcificação dos ossos dele. Amanhã vocês podem vê-lo. Ele precisa de descanso.

— Tchau Hadrian.

— Voltamos amanhã.

— Melhoras.

— Fique bem. — Os amigos do garoto saíram da enfermaria contrariados.

— Remendar os ossos é um pouco dolorido, mas a poção para a dor vai te deixar sonolento. Então
acho que compensa. — Pomfrey preparou as poções e as deu para o garoto beber, o que ele fez em
um único gole para não sentir o gosto ruim delas. — Eu irei enfaixar o seu braço e colocá-lo numa
tipoia. — Hadrian assentiu. Nyx observava tudo atentamente, vendo se seu filhote não seria
machucado. — Agora descanse. — Orientou quando terminou de tratar o garoto.

— Ainda bem que eu não deixei Lockhart cuidar do meu braço. — Hadrian riu.

— É bem provável que ele iria tirar todos os seus ossos do braço. — Pomfrey comentou zangada.

— Acho que ninguém gosta dele.

— Só ele mesmo. — Os dois riram. — Agora durma um pouco. — A mulher se retirou. Hadrian se
acomodou melhor na cama. Uma sensação quentinha tomando o seu corpo, suas pálpebras ficando
pesadas, o peso confortável de Nyx sob sua barriga, os músculos relaxados e o cansaço o tomando.
Hadrian adormeceu em segundos.
Capítulo 27
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Muitas horas depois, Hadrian acordou de repente numa escuridão total. Então, com um
choque de terror, ele escutou aquela voz muito perto. Como se estivesse atrás da parede em que a
cabeceira de sua cama estava encostada. Hadrian sentiu seu corpo congelar, aquela voz feminina e
nada humana parecia gelo escorrendo pelas suas costas. Nyx levantou a cabeça e olhou envolta. A
voz já havia desaparecido.

— Não há nada aqui.

— Mas ainda assim escutamos essa voz. — Hadrian sentou-se na cama e olhou ao redor, sem
conseguir enxergar nada. Seu braço agora já havia se curado, então ele conseguia movê-lo
normalmente.

— Hadrian! — Myrtle atravessou as portas fechadas da enfermaria e flutuou apressadamente até o


leito do garoto.

— Myrtle? O que faz aqui a essa hora? — O garoto olhou-a confuso.

— Eu preciso te contar uma coisa, Hadrian. — Ela "sentou-se" no colchão ao lado do garoto e
segurou sua mão, seus olhos repletos de medo. Hadrian já havia se acostumado aos toques do
fantasma. — Tem algo na escola. Algo que havia ficado adormecido por anos, mas que agora foi
despertado.

— Você sabe o que é essa voz que eu escuto?

— Sei. E tem uma relação pelo fato de você poder escutá-la. — Myrtle abaixou o olhar. — Eu
tenho que começar do momento em que eu morri. — Hadrian sentiu um bolo formar-se em sua
garganta. Não deveria ser fácil para a fantasma falar sobre sua morte, principalmente por causa do
olhar distante e triste que ela tinha. — Foi no boxe que vocês me encontraram pela primeira vez.
Me lembro tão bem. Eu tinha me escondido porque Olive Hornby estava caçoando de mim por
causa dos meus óculos. Tranquei a porta e fiquei chorando e então ouvi alguém entrar. Disseram
uma coisa engraçada. Deve ter sido numa língua diferente, acho. Em todo o caso, o que me
incomodou foi que era a voz de um garoto. Então destranquei a porta do boxe para mandá-lo sair e
ir usar o banheiro dos garotos e então... — Myrtle suspirou. — Morri.

— Como? — Perguntou receoso.

— Não faço ideia. — disse num sussurro. — Só me lembro de ter visto dois olhos grandes e
amarelos. Meu corpo inteiro foi engolfado e então me afastei flutuando... — Ela olhou para
Hadrian sonhadora. — E então voltei. Estava decidida a assombrar Olive Hornby, sabe. Ah, como
ela lamentou ter-se rido dos meus óculos.
— Onde foi exatamente que você viu os olhos?

— Perto da pia octogonal. — Ela pareceu pensar em algo. — E então, quando eu já era um
fantasma, eu pude ver o que me matou. — Hadrian sentiu-se estremecer. — Era uma serpente tão
grande. Acho que tinha uns quinze metros. O garoto era um colega meu. Tom Riddle. Ele era o
melhor em tudo, todos gostávamos dele. Depois eu descobri que ele era o último herdeiro legítimo
de Salazar Slytherin, e, no seu quinto ano em Hogwarts ele descobriu a Câmara Secreta.

— Então realmente existe?

— Sim. Ele controlava a serpente.

— Então eu estou escutando um basilisk. Tem um basilisk percorrendo a escola? Como?

— Pelos canos.

— Esse Tom Riddle não está na escola, está?

— Não. É outra pessoa. — Myrtle olhou para o garoto. — Eu não sei quem é. Só sei que é uma
garota de cabelos ruivos. Nunca consigo ver o seu rosto. Ela sempre escapa. Mas o problema é que
ela parece estar interessada em você. E pode colocar o basilisk para te atacar.

— Mas eu posso tentar controlar o basilisk. Eu... — E então Hadrian lembrou-se de algo.

Em seu Teste de Herança ele havia lido esse nome. Tom Marvolo Riddle. Era dele que
Hadrian era o único Lord Slytherin. E algo que o garoto não havia dado atenção, ele era uma
Horcrux de Tom. O que era uma Horcrux? Qual era a relação entre Hadrian e Tom? Quem era Tom
Marvolo Riddle? O que significava esse novo herdeiro de Slytherin soltando um basilisk?

— Hadrian? — Myrtle chamou atenção do garoto, que estava olhando para o nada por um tempo.

— Oi? Desculpe. — Ele se arrumou na cama.

— Tem alguém vindo, filhote. — Nyx alertou ao sentir a ondulação no ar indicando que três
pessoas estavam se aproximando.

— Tem alguém vindo. — Hadrian se arrumou na cama para fingir que estava dormindo. —
Obrigado por me contar a verdade. — Sorriu para a fantasma, que corou. — Melhor você ir antes
que se meta em encrenca.

— Não é como se eles pudessem me colocar em detenção. — Myrtle deu um beijinho na bochecha
de Hadrian. — Até amanhã. — E desapareceu ao atravessar a parede atrás do garoto.

No momento seguinte, Dumbledore entrou de costas na enfermaria, usando uma longa


camisola de lã e uma touca de dormir. Carregava uma extremidade de alguma coisa que parecia
uma estátua. A professora McGonagall apareceu um segundo depois, carregando os pés. Juntos,
eles depositaram a carga sobre uma cama. Colin Creevey fora petrificado enquanto levava uvas
para Hadrian na enfermaria. Sua câmera parecia ter derretido por dentro, não sabiam quem havia
feito isso. Hadrian sentiu-se culpado pelo que ocorreu com o garoto, ele não merecia isso. Uma dor
tomou-lhe o peito ao ver Colin petrificado a algumas camas de distância de si. Ele queria correr até
o garoto e segurar-lhe a mão até que ele voltasse.

Hadrian acordou no domingo de manhã e se deparou com a enfermaria iluminada pela luz do
sol de inverno. Sentou-se depressa e olhou para a cama de Colin, mas tinham-na escondido com a
cortina alta por trás da qual Hadrian trocara de roupa no dia anterior. Madame Pomfrey o deu um
mingau e logo que acabou, o garoto se vestiu o mais rápido que pôde, colocou Nyx nos seus
ombros e correu para a Masmorra da Slytherin, louco para contar aos amigos o que acontecera com
Colin e o que Myrtle havia lhe dito. Adentrou apressadamente o Salão Comunal cheio de alunos.

— Hazz! — Draco foi o primeiro a se aproximar do garoto, os lábios curvados num sorriso alegre e
aliviado enquanto seus braços circulavam sua cintura esguia num abraço apertado. O moreno corou
violentamente enquanto retribuía o abraço antes de separar-se.

— Nós estamos na liderança da disputa pela Taça das Casas. — Theodore chegou animado, assim
como todos os Slytherin do local.

— Você conseguiu cinquenta pontos para nós! — Pansy comentou alegre.

— Fico feliz em ouvir isso gente, mas eu tenho que contar algo para vocês. — Hadrian sussurrou
para que apenas os seus amigos escutassem. — Vamos até os jardins. — Todos concordaram e o
seguiram para perto do Great Lake.

— O que aconteceu, Hadrian? — Draco foi o primeiro a perguntar enquanto eles sentavam-se na
grama, afastados de todos.

— A Myrtle me visitou na enfermaria ontem de noite.

— Hum, safada. — Theodore olhou-o com malicia.

— Não é o que você está pensando, Theo. — Hadrian revirou os olhos enquanto um leve rubor
tomava suas bochechas. — Ela me contou o que a havia matado. E consequentemente é o culpado
pelos ataques. — Todos o olharam com espanto. — À quarenta e nove anos atrás havia um garoto
chamado Tom Riddle, ele era o herdeiro de Salazar Slytherin e encontrou a Câmara Secreta em
junho de 1943 no seu quinto ano, o problema é que Myrtle estava na entrada para a Câmara e foi
morta pela criatura.

— A lenda é verdadeira? — Blaise olhou extasiado para o garoto de olhos verdes.

— A Câmara Secreta existe? — Theodore parecia excitado com a informação.

— E o que Salazar guardou lá? — Draco parecia assombrado. Todas as crianças de famílias puro-
sangue que pertenceram a casa Slytherin sabiam da lenda. Mas isso não fazia com que Draco
aceitasse normalmente o que seus pais o contaram.

— Um basilisk. — Hadrian respondeu simplesmente enquanto seus amigos pareciam se engasgar


com a própria saliva.

— Mas basilisks não vivem mais do que novecentos anos. — Blaise comentou cético, como se não
quisesse acreditar que realmente havia uma criatura daquelas perambulando pela escola. — Isso
significa que a criatura viveu mais do que mil anos. Impossível. Deve estar morta. Não é? —
Hadrian balançou a cabeça em negação.

— Myrtle viu a criatura saindo do esconderijo esse ano.

— Mas quem está controlando o basilisk? — Pansy estremeceu. — Você que não é.

— Myrtle disse que é uma garota de cabelos ruivos. Ela disse que ela sempre foge quando se
aproxima para ver o rosto da garota.
— Nossa busca é igual achar uma agulha num palheiro. — Draco bufou. — Existem dezenas de
garotas ruivas nesse colégio. Temos aproximadamente uns mil alunos aqui. Como vamos encontrá-
la?

— Eu não faço ideia. — Hadrian admitiu. — Mas tem mais uma coisa.

— Pelo amor de Merlin! — Theodore rolou os olhos. — O que aconteceu agora?

— Colin foi atacado. — O silêncio pesou ao redor do grupo enquanto a informação era assimilada.
— Dumbledore e Minerva chegaram na enfermaria logo depois de Nyx avisar para a Myrtle sair
dali para não se meter em encrenca. Dumbledore colocou o Colin numa cama distante da minha.
Ele estava igual a Madame Norris, duro como pedra. Disseram que ele estava com um cacho de
uva, acharam que ele queria fazer uma visita para mim. Mas ele estava segurando a câmera
fotográfica dele, eles tentaram ver se Colin tinha conseguido tirar uma foto do agressor, mas a
máquina estava completamente derretida.

— Mas... — Blaise ia falar algo, mas Hadrian o interrompeu.

— Dumbledore parecia saber o que estava acontecendo. Tanto que ele disse: "A pergunta não é
quem. A pergunta é, como...". Ele sabe de alguma coisa.

— E se ele estiver por trás disso tudo? — Pansy sugeriu. — Ele é o diretor, ninguém iria duvidar
que ele seria o culpado.

— Tanto que jogariam a culpa no Dark Lord. — Draco concluiu.

— O nosso foco agora é descobrir quem é essa garota e achar uma maneira de pará-la. — Hadrian
atraiu a atenção dos amigos. — Fiquem de olhos bem abertos, qualquer coisa suspeita me avise.
Vou pedir ajuda do Severus para ele também ficar de olho. — Todos concordaram.

— Pelo o que eu li num livro sobre basilisks. — Pansy começou. — O Olhar da Morte não tem o
mesmo efeito se não for diretamente.

— Provavelmente Colin olhou para o basilisk pela câmera, então não morreu. Só foi petrificado.
— Theodore concluiu.

— Andem sempre com um espelho em mãos. Sempre olhem para o chão. Não podemos arriscar,
mesmo que os ataques só aconteceram durante a noite. — Hadrian ordenou e os amigos
concordaram. — Transfigurem umas pedrinhas em uns espelhos-de-mão e me esperem na
biblioteca, vou falar com Severus. Vão procurando tudo o que puderem sobre basilisks. — Hadrian
se levantou enquanto via os Slytherin transfigurando as pedrinhas. — Você também deve tomar
cuidado nas suas caçadas noturnas, Nyx. — Advertiu. — Eu sei que você é uma criatura mágica
poderosa, mas não posso arriscar que algo de ruim te aconteça.

— Eu irei me cuidar, filhote. Não se preocupe. — A serpente lambeu a bochecha do garoto com
sua língua bifurcada para fazer-lhe um carinho.

Assim que Hadrian chegou na frente do escritório do Mestre de Poções de Hogwarts, ele
bateu na porta, apreensivo. Será que Severus estaria em sua sala? Por sorte, o homem abriu a porta
com sua habitual carranca. Olhou confuso para o garoto de olhos verdes e o permitiu entrar.
Hadrian estava nos aposentos particulares do homem e sentou-se no sofá enquanto o mais velho
lançava feitiços silenciadores e vários outros para que ninguém escutasse a conversa deles.

— O que aconteceu, Hazz? — O homem perguntou apreensivo e sentou-se ao lado do garoto. Os


olhos transbordando de preocupação.

— Temos um grande problema. — Hadrian admitiu ao virar-se de frente para o professor, uma
perna dobrada sobre a almofada do sofá para ficar mais confortável. — Myrtle me contou a
história dela. E consequentemente o que está por trás dos ataques. — Severus arregalou os olhos ao
saber aonde essa conversa poderia chegar.

— Por favor me diga que você não é o alvo. — Severus segurou as mãos de Hadrian entre as suas,
protetoramente.

— É bem provável. Levando em conta a minha sorte. — Hadrian soltou uma risada nasalada. — A
questão é que a Câmara Secreta existe e o basilisk de Salazar está rondando a escola pelos canos. A
essa altura você também sabe que Colin foi petrificado perto da enfermaria para me visitar.
Dumbledore atua muito bem, mas eu sinto que ele está envolvido nisso tudo.

— Mas o basilisk de Salazar só obedece aos herdeiros dele. Dumbledore nunca conseguiria atiçá-lo
contra você.

— Essa é a questão. — Hadrian suspirou. — Dumbledore nunca age por conta própria, ele usa os
outros como fantoches para fazerem o que ele quer. E tem uma garota de cabelos ruivos que abre a
Câmara e liberta o basilisk. Myrtle não consegue descobrir quem é, a garota sempre foge. Então eu
vim lhe pedir ajuda para ficar de olho em qualquer ruiva que esteja agindo de uma maneira
estranha. Nós temos que pará-la antes que alguém se machuque.

— A última linhagem de Salazar Slytherin morreu com a família Gaunt, e você é o último herdeiro
vivo. — Severus tentava manter-se cético.

— Eu não sou. — O homem olhou-o com espanto. — Myrtle me disse que tinha um garoto
chamado Tom Marvolo Riddle que era o herdeiro legítimo de Salazar Slytherin.

— Mas saberíamos se um velho de sessenta e seis anos estivesse perambulando pela escola. — O
homem apertou ainda mais as mãos do garoto contra as suas.

— Eu também não sei como a garota está atiçando o basilisk ou qual o parentesco dela com esse
homem. Mas tem uma coisa que está me incomodando. — O mais velho o olhou com curiosidade
e preocupação. — No meu Teste de Herança indicava que eu era uma Horcrux de Tom Marvolo
Riddle. — Severus arregalou os olhos. — Quem é esse homem e o que é uma Horcrux? — Hadrian
viu desespero no olhar de ônix do mais velho.

— Eu não sei se deveria te contar. — Suspirou e ajeitou-se no sofá, largando as mãos do garoto. —
Mas sei que você é muito teimoso e vai procurar uma resposta custe o que custar. — Hadrian
sustentou o olhar pesaroso do homem até que o mesmo reuniu coragem para falar. — É a invenção
mais perversa da magia. Horcrux é a palavra usada para o objeto em que uma pessoa oculta parte
de sua própria alma. A pessoa divide sua alma, e esconde uma metade dela em um objeto externo
do corpo. Porém não há necessidade de usar um objeto inanimado; uma criatura viva pode ser
usada como uma Horcrux, embora seja arriscado confiar uma parte de sua alma em algo que pode
se mover e pensar, independentemente do fragmento implantado da alma. Então, mesmo que seu
corpo seja atacado ou destruído, a pessoa não poderá morrer, porque parte de sua alma continuará
presa à terra, intacta. Naturalmente, a existência sob tal forma é amaldiçoada e poucas pessoas
recorrem a esse método. Dividir a alma é considerado um ato de violação, é contra a natureza, e só
é possível dividir a alma com uma ação maligna: a suprema maldade de matar alguém, ou seja,
matar rompe a alma.

— Mas... Como eu me tornei uma Horcrux desse homem se eu nunca o vi na vida? — Hadrian
estava confuso enquanto assimilava as informações que o mais velho havia lhe dito.

— Eu não sei como lhe responder isso, Hazz. — Uma grande mão fria estendeu-se para segurar a
bochecha direita do garoto. Hadrian se inclinou ao toque reconfortante enquanto olhava para os
intensos olhos de ônix do professor de poções. – Me desculpa.

Havia muitas perguntas e poucas respostas. Várias pontas soltas em sua história estavam se
emaranhando e não se ligavam a nada. Hadrian precisava encontrar Tom Marvolo Riddle.
Precisava saber mais sobre sua origem. Precisava de respostas para suas perguntas.
Capítulo 28
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Uma semana mais tarde, Hadrian e Draco iam atravessando o saguão de entrada quando
viram uma pequena aglomeração em torno do quadro de avisos, os alunos liam um pergaminho que
acabara de ser afixado. Vão reabrir o Clube de Duelos. Obviamente todos se inscreverem. Às oito
horas daquela noite os cinco Slytherin voltaram correndo para o Salão Principal enquanto Nyx ia
para a sua caçada noturna. As longas mesas de jantar tinham desaparecido e surgira um palco
dourado encostado a uma parede, cuja iluminação era produzida por milhares de velas que
flutuavam no alto. O teto voltara a ser um veludo negro, e a maior parte da escola parecia estar
reunida sob ele, as varinhas na mão e as caras animadas.

Lockhart era o professor e Severus seu "assistente". Em um duelo de "demonstração" apenas


para desarmar, Lockhart fora jogado para longe com um simples Expelliarmus de Severus. Os
duelos entre os alunos se seguiram. E Hadrian teve que duelar com Bulstrode, ela foi humilhada, e
foi burra o suficiente em lançar um Serpensortia contra um parselmouth.

A ponta de varinha de Millicent explodiu. Hadrian observou, desacreditado na burrice da


garota, uma comprida cobra preta se materializar, cair pesadamente no chão entre os dois e se
erguer, pronta para atacar. Os alunos gritaram recuando rapidamente, abrindo espaço. "Ela era
burra ou o que? Acabou de dar uma serpente para um parselmouth!", pensou Hadrian com
diversão.

— Não se mexa, Potter. — Disse Lockhart falhando em disfarçar seu medo da serpente. — Vou
dar um fim nela... — E brandiu a varinha para a cobra, ao que se ouviu um grande baque; a cobra,
em lugar de desaparecer, voou três metros no ar e tornou a cair no chão com um estrondo.
Enraivecida, sibilando furiosamente, ela deslizou direto para Justin Finch-Fletchley e se levantou
de novo, as presas expostas, armada para o bote.

— Recue! — Hadrian ordenou. A serpente olhou-o e desabou no chão, dócil como uma mangueira
grossa e preta de jardim, seus olhos agora em Hadrian. O garoto sabia que a cobra não atacaria
ninguém agora.

— Como queira, mestre. — A serpente se aproximou de Hadrian e subiu em seus ombros. Era
muito menor e mais leve do que Nyx, e sua voz era masculina. Hadrian olhou para Justin,
esperando o colega parecer aliviado, intrigado ou até grato. Mas certamente não zangado nem
apavorado.

— De que é que você acha que está brincando? — Gritou, e antes que Hadrian pudesse responder
alguma coisa, Justin virou-lhe as costas e saiu do salão enfurecido. Hermione, também, olhou
Hadrian de modo inesperado: era um olhar astuto e calculista. Teve também uma vaga consciência
dos cochichos sinistros que percorriam o salão. Então sentiu alguém puxá-lo pelas vestes.

— Vamos. — Disse a voz de Draco no seu ouvido.


O loiro guiou-o para fora do salão, seus amigos Slytherin e Gryffindor corriam para
acompanhá-los. Quando atravessaram o portal, as pessoas de cada lado recuaram como se tivessem
medo de apanhar uma doença. Hadrian não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, e nem
seus amigos explicaram nada até terem arrastado o amigo até um local nos jardins isolado dos
outros.

— Você está ferrado cara! — Ron olhou para Hadrian.

— O quê? Como assim? — Ele estava confuso. Todos sabiam que ele era um parselmouth, o que
tinha de diferente o fato dele salvar Justin?

— Todos já estavam achando que você era o Herdeiro de Slytherin que abriu a Câmara Secreta e é
culpado pelos ataques. — Hermione começou.

— Mas eu não tenho nada com isso! — Começou a se irritar, a serpente em seus ombros se agitou
com a mudança do seu temperamento.

— Nós sabemos disso. — Draco segurou a mão do moreno para o acalmar.

— Mas, como ninguém mais sabe parseltongue. — Hermione continuou. — Não temos como
saber o que você conversa com as serpentes.

— E agora com esse episódio no Clube de Duelos... — Ron interrompeu Hermione.

— Todos tem certeza absoluta que você é o culpado.

— Mas isso é ridículo! — Hadrian esbravejou. — Eu ordenei a cobra a não o atacar. Não ficou
obvio pelo comportamento dela, não?!

— Nós sabemos disso. — Pansy começou. — Mas o resto de Hogwarts não.

— Grande merda! — Hadrian passou uma mão no rosto e apertou a ponte do nariz entre os olhos.
— Como vocês escutaram o que eu disse? — Perguntou olhando diretamente para Ron, Hermione
e Neville.

— Ouvi você falar esquisito. — Disse Ron. — Língua de cobra. Você podia ter dito qualquer
coisa, não admira que o Justin tenha entrado em pânico, parecia que você estava convencendo a
cobra a fazer alguma coisa, deu arrepios, sabe... — O ruivo sacudiu a cabeça. Tanto ele quanto
Hermione faziam cara de enterro. Hadrian não conseguia entender o que havia de tão horrível.

— Olha, Hazz. — Neville começou. — Para os Slytherin isso pode ser normal.

— Acredite, não é. — Theodore comentou.

— Mas para o resto das casas, tidas como "da luz" isso é muito malvisto. — Hadrian suspirou com
o comentário de Ron.

— Preconceito com coisas das "trevas". — O parselmouth comentou aborrecido. — Ótimo. — Ele
pegou a serpente em seu pescoço e colocou-a no chão. — Vá.

— Obrigado, mestre. — A serpente deslizou para longe.

— Nunca teremos um ano normal em Hogwarts? — Perguntou irônico.

— Não ligue para eles, Hazz. — Neville segurou as mãos do moreno de olhos verdes. — Não
importa o que eles pensem, nós sempre estaremos do seu lado. — Corou um pouco ao olhar a
intensidade daquelas esmeraldas o soldando.

— Obrigado, Nev. Por acreditar em mim. — Sorriu para o menor, que corou ainda mais.

— Bem que você poderia atiçar a cobra para atacar Lockhart. — Pansy comentou querendo mudar
de assunto.

— Por que eu não pensei nisso? — Hadrian entrou na brincadeira.

Os dias anteriores com todos o evitando estariam piorando a partir de agora. Agora toda
Hogwarts o odiava e faziam de tudo para mostrar isso. Todos o odiavam, o evitavam, o insultavam,
caçoavam e tentavam jogar azarações por suas costas. Porém Hadrian era um bruxo poderoso
mesmo em terna idade, ele sentia as ondulações das magias, o avisando a tempo de criar um escudo
protetor ao seu redor. Ele estava perdendo a fé na humanidade lentamente. Num momento todos o
amavam e idolatravam, no outro eles o odiavam e amaldiçoavam. Suas lealdades eram tão voláteis
quanto a água, qualquer coisa conseguia perturbar sua superfície plana e pacífica. Ele não era o
herói deles, ele era o vilão. Um Dark Lord em ascensão. O próximo Lord Voldemort. Sim, a
humanidade estava morrendo lentamente dentro de Hadrian. Se eles queriam um novo Dark Lord...
Pois eles terão um.

Justin fora atacado ao mesmo tempo que Nearly Headless Nick e Hadrian fora quem os
encontrara. O ataque duplo a Justin e a Nearly Headless Nick transformou o que até ali fora
nervosismo em verdadeiro pânico. Sua vida tinha desmoronado. Pois McGonagall o levou até
Dumbledore. Hadrian Potter estaria cara a cara com aquele que tenta matá-lo sempre que tinha
chance.

Ele pode conhecer Fawkes, a Phoenix de Dumbledore, que irrompeu em chamas e tornou a
surgir de suas cinzas como um filhote. O velho o interrogou, tentou entrar na sua mente, se fez de
bom avô, Hagrid surgiu de supetão em defesa ao garoto, Dumbledore disse que sabia que o
culpado não era Hadrian e o dispensou. O encontro em si fora estranho, pois Dumbledore só ficava
o olhando com algo que o garoto não sabia decifrar e fazia perguntas sobre o seu dia e o que
achava das aulas. Afinal de contas, o que ele queria?

Muitos alunos estavam voltando para casa no feriado de Natal, incluindo Draco e Hadrian.
Desde que ele foi adotado pelos Goblins, eles o ensinaram a comemorar os festivais corretamente,
fazer os rituais para aumentar sua magia e saudar os Lords do Universo. Agradecê-los por suas
vidas, suas magias, sua paz e prosperidade, agradecer por uma morte tranquila no final de suas
vidas. Enquanto estivesse em Hogwarts, Hadrian não poderia fazer os rituais, Dumbledore iria
sentir a mudança da magia no castelo caso o fizesse, e ele não estava disposto a arriscar ter a Cabra
Velha em seu encalço. Então, quando voltava para casa, o garoto fazia os rituais, mesmo que eles
não estivessem nas datas certas, os Lords iriam entender. Pelo menos era isso que seus pais lhe
diziam.

Hadrian ficou contente por sair de Hogwarts por alguns dias. Estava cansado de ser evitado
nos corredores, como se achassem que lhe fossem crescer presas e pudesse cuspir veneno a
qualquer momento; cansado de ser comentado, de ser apontado, de levar vaias ao passar. Fred e
George, porém, achavam muita graça em tudo. Saíam do caminho para andar à frente de Hadrian
nos corredores, gritando: "Abram caminho para o herdeiro de Slytherin, um bruxo realmente
maligno vai passar...". Percy desaprovava inteiramente esse comportamento.

— Não é motivo para graças. — Disse friamente.

— Ah, sai do caminho, Percy. Hadrian está com pressa.


— É, ele está indo para a Câmara Secreta tomar uma xícara de chá com seu criado de caninos
afiados. — Disse George, dando uma risadinha debochada. Ginny também não achou graça
nenhuma.

— Ah, não façam isso. — Choramingava todas as vezes que Fred perguntava a Hadrian em voz
alta quem ele pretendia atacar a seguir, ou quando George, ao encontrar Hadrian, fingia afugentá-lo
com um grande dente de alho. Hadrian não se importava; sentia-se melhor que ao menos Fred e
George achassem a ideia de ele ser o responsável pelos ataques muito ridícula.

Hadrian despediu-se de Hermione e os Weasley enquanto ele, Neville e os Slytherin


embarcavam num vagão do trem. Aparentemente os ruivos não queriam visitar o irmão Bill no
Egito com os pais. O moreno estava muito ansioso com o Natal que passaria com os Malfoy
reunidos, sem contar no Baile de Yule que eles iriam dar para as famílias puro-sangue aliadas da
família.

— Mamãe disse que nós, garotos, devemos aprender tanto a ser conduzido como conduzir. —
Theodore comentou dando um sorriso malicioso para os amigos.

— Eu estou vendo que eu vou ficar sem pés no próximo feriado. — Draco comentou divertido ao
ver o desespero de Hadrian. A viagem ocorreu normalmente. Nyx havia dormido todo o percurso
nos ombros de Hadrian. Desde o dia em que ele havia ido para a sala do diretor, a serpente nunca
mais desgrudava dele. Assim que eles desceram na plataforma, todos se despediram e foram até os
pais.

— Oh, queridos. — Narcissa conteve um sorriso ao ver os garotos se aproximando. — Ansiosos


para o Yule?

— Muito! — Hadrian e Draco trocaram sorrisos animados enquanto seguiam os adultos até um
beco vazio para aparatarem até a Malfoy Manor.

— O que está acontecendo em Hogwarts? — Lucius perguntou assim que entraram na mansão, os
house-elves prontamente pegaram as bagagens Draco e foram arrumar tudo no quarto do garoto.

— Abriram a Câmara Secreta. — Hadrian suspirou se jogando num dos sofás da sala de estar.

— O quê?! — A mulher guinchou horrorizada.

— Soube que estavam tendo ataques a alunos nascidos muggles. — Lucius sentou-se na sua
grandiosa poltrona. Draco se jogou no sofá ao lado de Hadrian.

— Vocês estão bem? — Narcissa se adiantou até os garotos e olhou-os preocupada enquanto se
ajoelhava na sua frente.

— Estamos. — Draco respondeu.

— Não fui eu que abri a Câmara. — Hadrian anunciou. — Nem sabia da existência dela até o
primeiro ataque.

— Oh, querido. — A loira segurou-lhe as mãos protetoramente.

— Myrtle Warren, a garota que foi atacada na primeira vez que abriram a Câmara me contou o que
está atacando os alunos. Ela disse que é uma garota ruiva, mas não sabe quem é. E a criatura é um
basilisk de mais de mil anos. — Os adultos pareceram engasgar com algo enquanto arregalavam os
olhos na direção do moreno. — Eu o escuto enquanto rasteja pelos canos de noite. — Suspirou
pesadamente.
— Tem certeza de que estão bem? — Lucius perguntou se inclinando para frente e apoiando os
cotovelos nos joelhos.

— Estamos. — Draco olhou nervosamente para o moreno. — Mas achamos que Hadrian ainda
corre algum tipo de perigo.

— Como assim? — Narcissa parecia que iria ter um ataque cardíaco de tanta preocupação.

— Dumbledore. — Hadrian respondeu. — Tenho noventa e nove por cento de certeza que ele
ainda está tentando me matar. Mas é covarde demais para fazer pessoalmente. Então ele coloca
outras pessoas para fazerem o "trabalho sujo" enquanto coloca a culpa em Voldemort. — Os
adultos estremeceram ao ouvirem o nome do Dark Lord.

— Eles não podem voltar para aquela escola! — Narcissa virou-se para o marido. — Podemos
mandá-los para outra escola. Mahoutokoro no Japão. CasteloBruxo na Amazônia. Ivermorny nos
Estados Unidos. Uagadou na Uganda. Durmstrang no extremo norte da Europa. Beauxbatons na
França. Koldovstoretz na Rússia. Merlin sabe que existem várias opções de escolas espalhadas pelo
mundo! Não podemos mais deixá-los nas mãos daquele homem!

— Cissy. — Lucius chamou-a com carinho. — Se o tirarmos de lá irão criar muitos boatos. Nossa
família não tem a melhor reputação. Não podemos arriscar. Não agora.

— Mas... — O homem levantou-se e segurou os ombros da esposa, seus olhos cinzas


tranquilizando os azuis da mulher. — Tudo bem. — Ela suspirou e olhou para os garotos. —
Prometam que vão se cuidar.

— Nós prometemos, mãe. — Draco segurou a mão da mulher, que ainda repousava sobre a de
Hadrian.

— Eu tenho uma estranha habilidade em escapar do perigo com vida. Não se preocupe, tia Cissy.
— Hadrian sorriu para a loira, que pareceu se acalmar.

— Estou tão empolgada para ensiná-los a dançar! — Narcissa mudou de assunto.

— Eu não. — Hadrian comentou envergonhado.

— Oh, querido. Você vai aprender. — Narcissa sorriu

— Espero não perder uma unha do pé durante as aulas. — Lucius comentou divertido.

— Agora fiquei tentado a pisar nos seus pés, pai. — Draco brincou e recebeu um falso olhar severo
de seu pai.

— Por que devemos aprender a dançar? — Hadrian perguntou inocentemente.

— Porque muitos acordos importantes são feitos graças a uma simples dança. — Lucius comentou
sabiamente. — Dançar é uma habilidade que qualquer um pode adquirir, mas dançar como um
nobre é completamente diferente. A aura de quem está dançando varia de acordo com o poder de
cada bruxo. Se ele for fraco, sua aura será fraca. Se ele for forte, ela será forte. Os nobres utilizam
a imagem e o status para crescerem entre si. Se você for um nobre, com habilidades excepcionais
em tudo o que faz, todos irão te respeitar. A dança não é diferente. É apenas uma carta no baralho
de um nobre.

— Acho melhor você ir logo ver seus pais, Hadrian. — Narcissa comentou ao olhar para o sol
poente pela janela. — Eles estão ansiosos para te ver. E não se esqueça do baile de amanhã. —
Lucius ajudou sua esposa a se levantar enquanto a mesma falava.

— Até amanhã, Draco. — Hadrian abraçou o garoto antes de abraçar Narcissa. — Até amanhã, tia
Cissy. — E então abraçou Lucius. — Até amanhã, Lucy.

— Até amanhã, Hazz. — Os Malfoy despediram-se com sorrisos enquanto viam o garoto
desaparecer na esquina de um corredor, acompanhado por Dobby, que insistira em carregar sua
bagagem.

— Filhote! — Maray jogou-se nos braços de Hadrian quando o mesmo entrou na sala de jantar,
onde os goblins arrumavam a mesa. Nyx já havia descido dos ombros do garoto para ir deitar-se na
sua almofada favorita. — Eu estava com tantas saudades de você. — O garoto soltou risadinhas
alegres enquanto sua mãe o apertava com força.

— Você está crescendo tão rápido. — Ragnuk comentou se aproximando do par enquanto Maray
soltava o abraço para olhar nos olhos do filho.

— Estou de volta, mamãe. — Olhou para a goblin. — Papai. — Seus olhos desviaram-se para o
seu pai.

— Venha. — Maray arrastou o garoto para a mesa. — Você deve estar com fome. — Dizia
enquanto arrumava o prato do filho. — Estou louca para ouvir o que raios está acontecendo
naquela escola louca. — O garoto ria da animação da sua mãe.

— Eu estou bem, mamãe. — Assegurou-lhe. — Depois conversamos sobre isso. Não na hora
do jantar. — Seus pais o olharam avaliativos, analisando seu semblante sério.

— Pois bem. — Ragnuk sentou-se à mesa. — Nos conte alguma novidade.

— Ah. — Hadrian corou violentamente ao lembrar dos beijos que Colin o dera. Ou o coração
palpitante sempre que via o sorriso de Neville. Ou a sensação quentinha que tomava seu peito
sempre que brincava com os gêmeos. Ou... O beijo com Draco e a declaração.

— Acho que alguém está nos escondendo algo. — Maray sorriu para a vermelhidão nas
bochechas do filho.

— Talvez uma garota especial. — Ragnuk entrou na brincadeira. — Ou um garoto. — Os


goblins sorriram ao verem a vermelhidão de Hadrian se intensificar.

— Então é um garoto. — Maray comentou antes de beber seu vinho.

— Te-temos mesmo que falar sobre isso? — Hadrian amaldiçoou-se por ter gaguejado, pois isso
só alargou os sorrisos de seus pais.

— Oh, se temos. — Ragnuk ficou sério. — Não deixarei nenhum pervertido se aproveitar do
meu filho amado! — Sentenciou raivoso.

— O Draco não é pervertido! — Hadrian defendeu. Segundos depois ele percebera que havia
falado em voz alta, então tapou sua boca e arregalou os olhos enquanto se encolhia na cadeira.

— Draco é? — Ragnuk ponderou com um sorriso malicioso.

— É dele que você gosta, filhote? — Maray perguntou docemente. Hesitante, o garoto afirmou
com a cabeça, nunca a levantando. Ele estava com medo de erguer os olhos e ver o nojo e a
decepção vinda de seus amados pais. A goblin sentiu o medo vindo do jovem bruxo, levantou-se e
ajoelhou-se ao seu lado.

— O que está te afligindo, querido? — Perguntou docemente enquanto segurava as mãozinhas


que apertavam fortemente o tecido das calças na altura dos joelhos.

— E-e-eu não quero que me odeiem... — Tentou, em vão, conter as lágrimas que queriam
escorrer de seus olhos. — E-eu não quero que me deixem por eu gostar de um garoto...

— Hadrian. — Maray, delicadamente, usou sua mão para erguer o rosto do filho, para que ela
pudesse ver seus olhos lacrimejantes. — Nunca odiaríamos você, por mais que tentasse. Nós te
amamos do jeitinho que você é. Gostar de meninas ou meninos não importa. A sociedade
bruxa é mais liberal do que a muggle sobre a homossexualidade. E nós, goblins, não
poderíamos nos importar menos com isso. Cada um é feito como deveria ser. Os Lords nos
criaram, e por isso devemos ser gratos. Eles abençoam cada forma de vida, somos perfeitos
exatamente como nascemos. Nós somos seus pais e iremos amá-lo até o fim de nossas vidas.
Mataremos por você e morreremos por você. O seu sorriso é o que mais importa para nós.
Para que você possa ter mais uma chance de viver, uma chance de ser feliz, nós traríamos a
guerra contra todo o mundo bruxo e muggle, se for preciso. Lutaremos com unhas e dentes
apenas para escutar sua doce risada. Se gostar de garotos é o que te faz feliz, iremos te apoiar
e continuar a amar-te. Nunca mais duvide do nosso amor, Hadrian. Nós te amamos, não
importa o que aconteça, sempre estaremos com você.

— Mãe... — Hadrian não conseguia mais falar, a muito tempo suas lágrimas escorriam de seus
olhos. A única coisa que ele foi capaz de fazer era jogar-se nos braços de sua mãe e chorar de
felicidade. Como ele a amava. Ela sempre corria para o seu quarto quando tinha um pesadelo,
dizia-lhe palavras reconfortantes, fazia-lhe carinho no rosto até que ele voltasse a dormir. Ela
sempre sabia quando algo o afligia, sabia quais palavras dizer para confortá-lo, sabia como
acalmar a tempestade dentro de si. Ele a amava com todas as suas forças. Faria de tudo por ela.
Morreria por ela. Mataria por ela.

— Nós sempre iremos te amar, Hadrian. — Ragnuk entro no abraço. — Em vida ou em morte.
Sempre estaremos ao seu lado. Não importa o que aconteça.

— E-eu amo vocês.... — O garoto falou entre soluços enquanto sua mãe quebrava o abraço para
enxugar as lágrimas do filho.

— Nós também te amamos. — Os goblins falaram ao mesmo tempo, com sorrisos aconchegantes
nos lábios. A muito tempo o garoto parou de ver os goblins como assustadores, eles eram melhores
do que humanos.

— Agora por que não nos conta mais sobre Draco? — Ragnuk ajudou seu filho e esposa a
levantarem-se.

— N-nós nos... Beijamos... — Hadrian sussurrou com as bochechas extremamente coradas. Ele
sentia-se mais leve agora que seus pais sabiam que ele gostava de garotos e o aceitaram.

— Conte-me tudo. — Maray puxou uma cadeira para sentar-se ao lado do filho.

E foi assim que eles passaram a noite. Hadrian conversando com seus pais sobre as estranhas
coisas que sentia por Draco. Ou por Colin, ou Neville, ou os gêmeos. "Você gosta de todos eles,
querido.", sua mãe lhe dissera com doçura. Mas como ele poderia gostar de tantas pessoas ao
mesmo temo? Como ele poderia escolher apenas um sendo que se sentia tão bem com
todos? "Mas você não precisa escolher.", seu pai dissera, "Você é da realeza. Logo se tornará
um rei. E um rei pode ter uma rainha e quantas concubinas desejar. Você pode amar a todos,
não precisará escolher.". Hadrian ainda estava um pouco confuso, mas seu coração parecia mais
calmo depois que conversara com seus pais.

Agora, contar sobre a Câmara Secreta e os ataques em Hogwarts não fora nada fácil. Seus
pais enlouqueceram de preocupação quando souberam do basilisk. Depois fora de raiva quando
Hadrian os dissera sobre o bullying que os estudantes estavam fazendo com ele. Graças aos seus
amigos e aos colegas da Slytherin ele não estava sozinho. É, Hadrian era a joia mais preciosa dos
goblins e eles estavam enfurecidos com os perigos que o rondavam.
Capítulo 29
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

O salão de festas estava impecavelmente decorado para a ocasião, mesas com drinques e
petiscos, uma pequena orquestra e bancos nas janelas para as pessoas descansarem os pés. O casal
Malfoy esperava na entrada com roupas de gala para cumprimentarem os convidados. Um a um
eles iam enchendo o grande salão enquanto uma música agradável preenchia o local. Assim que
todos haviam chegado, Hadrian e Draco desceram de seus quartos com belas roupas de gala. Os
anéis de senhorio e herdeiro dos garotos cintilavam em seus dedos, Nyx, no seu tamanho original,
rastejava majestosamente ao lado do moreno e impunha mais poder e superioridade aos garotos.
Hadrian havia se atrapalhado com a roupa e Draco teve que ajudá-lo, por isso haviam se atrasado.

Assim que os house-elves muito bem-vestidos abriram as portas do salão de festa, todos os
olhos voltaram-se para os dois garotos. Tudo o que Hadrian queria era passar despercebido, mas
ele nunca tinha esse pedido atendido. Dezenas de olhos o analisavam com um ar crítico,
impressionado, e até mesmo malicioso. Lucius e Narcissa se aproximaram dos dois e os levaram
para conhecerem os nobres. Hadrian havia perdido a conta de quantas mãos apertou ou beijou, ele
não lembrava nem da metade dos nomes que foram ditos.

Muitos estavam interessados no moreno, principalmente em sua riqueza e status. Alguns


flertavam com o garoto, mesmo ele tendo doze anos e os bruxos ali serem, no mínimo, uma década
mais velhos que ele. Lucius o havia dito que, no mundo mágico, a idade não importava, pois, as
pessoas viviam muito mais do que os muggles. Mas, obviamente, nada físico até a maioridade do
jovem. Hadrian achou isso muito estranho e assimilou as histórias que ouvia na aula do mundo
muggle de homens de trinta anos se casando com garotas de quinze anos em séculos passados. Ele
havia muito o que aprender sobre esse novo mundo.

Quando todas as apresentações foram encerradas, Hadrian e Draco se juntaram a Pansy,


Blaise e Theodore para espantarem o tédio de conversas sobre política e negócios. Nyx havia
encolhido de tamanho para repousar no pescoço de Hadrian como um cachecol de escamas pretas
que brilhavam em multicolorido. Seus intensos olhos azuis varriam o salão atrás de algo que
pudesse ser um perigo em potencial para o garoto.

Hadrian havia aprendido a não se importar com as inúmeras bajulações que o davam. Seus
pais e os Malfoy o ensinaram que eles só queriam se aproveitar de seus status e riqueza. E o garoto
estava aprendendo a usar os interesses dos outros ao seu favor. Aprendendo a ser manipulador para
conseguir o que queria, como usar a sua lábia e rostinho lindo para encantar os outros, fazer-se de
inocente para depois dar o bote. Sim. Hadrian estava crescendo maravilhosamente bem. Como um
nobre deveria ser. Como o Príncipe de Camelot.

O Baile de Yule ocorreu normalmente. Tarde da noite os convidados, cansados de tanto


dançar e negociar, deixavam o salão e voltavam para suas casas. Hadrian e Draco despediram-se
dos amigos com sorrisos animados pela manhã de Natal. Os garotos estavam mais do que felizes
por aquilo ter terminado, estavam exaustos. Logo estavam adormecidos em suas camas na Malfoy
Manor enquanto os house-elves limpavam o salão. Hadrian mal se aguentava para o dia seguinte.
Comemorar o Natal em família, comerem um delicioso banquete natalino juntos, abrirem os
presentes cuidadosamente escolhidos para presentearem as pessoas queridas, brincar com os jogos
de família muggle para ver os Malfoy e seus pais sofrendo com algo tão simples quanto tênis de
mesa. E a noite todos se reuniriam para fazerem o ritual de Yule para agradecer aos Lords e
fortalecerem suas magias.

As férias passaram-se num piscar de olhos. Todos já haviam voltado para a escola, Narcissa,
assim como Maray, ficou horas num monólogo sobre as maneiras para os garotos se cuidarem.
Certa noite, Hadrian e os amigos estavam saindo de uma aula quando passaram pelo corredor do
banheiro da Myrtle e a ouviram chorando.

— Vamos até lá ver. — Disse Hadrian e, levantando as vestes bem acima dos tornozelos, os cinco
atravessaram aquela agueira até a porta e entraram. Myrtle chorava, se é que isso era possível, cada
vez mais alto e com mais vontade do que nunca. Parecia ter-se escondido no seu boxe habitual.
Estava escuro no banheiro porque as velas haviam se apagado. — Que foi, Myrtle?

— Quem é? — Engrolou Myrtle, infeliz. — Vêm jogar mais alguma coisa em mim? — Hadrian
meteu os pés na água até o boxe dela.

— Por que eu iria jogar alguma coisa em você?

— Ah, Hadrian! — Myrtle, surgindo em meio a mais uma onda líquida, que se espalhou pelo chão
já molhado. — Estou aqui cuidando da minha vida e alguém acha que é engraçado jogar um livro
em mim...

— Mas não deve machucar se alguém joga um livro em você. — Argumentou Theodore. — Quero
dizer, ele atravessa você, não é mesmo? — Disse a coisa errada. Myrtle se estufou e gritou com
voz aguda:

— Vamos todos jogar livros na Myrtle, porque ela não é capaz de sentir! Dez pontos se você fizer
o livro atravessar a cabeça dela! Muito bem, ha, ha, ha! Que ótimo jogo, eu não acho!

— Mas afinal quem jogou o livro em você? — Perguntou Hadrian preocupado.

— Eu não sei... Eu estava sentada na curva do corredor, pensando na morte, e o livro atravessou a
minha cabeça. — Disse Myrtle olhando feio para Theodore. — Está lá, foi levado pela água...

Hadrian espiou embaixo da pia para onde Myrtle apontava. Havia um livro pequeno e fino
caído ali. Tinha uma capa preta e gasta e estava molhado como tudo o mais naquele banheiro.
Hadrian adiantou-se e apanhou o livro do chão. Ele viu num instante que era um diário, e o ano
meio desbotado na capa lhe informou que tinha cinquenta anos de idade. Abriu-o ansioso. Na
primeira página, mal conseguiu ler o nome "T. M. Riddle", em tinta borrada.

— Calma aí. — Disse Pansy, que se aproximara cautelosamente e espiava por cima do ombro do
amigo. — Agora que eu me lembrei de onde eu conhecia esse nome. Ele recebeu um prêmio por
serviços especiais prestados à escola há cinquenta anos.

Era o sobrenome do homem com quem ele havia uma ligação de Horcrux. O garoto havia
esquecido de perguntar a Lucius se ele conhecia alguém com esse nome. Hadrian separou as
páginas molhadas. Estavam completamente em branco. Não havia o menor vestígio de escrita em
nenhuma delas, nem mesmo "Aniversário de tia Mabel" ou "Dentista às três e meia".
— Não entendo por que alguém quis descartar dele. — Comentou Theodore, curioso. Hadrian
virou as costas do livro e viu impresso o nome de uma papelaria na rua Vauxhall, em Londres.

— O dono deve ter nascido muggle. — Disse Hadrian pensativo. — Para ter comprado um diário
na rua Vauxhall... — Ele analisou as iniciais novamente. — Não se preocupe, Myrtle. — Olhou
para o fantasma tristonho. — Talvez nós descubramos quem jogou isso em você. E eu acho que é a
mesma pessoa que está abrindo a Câmara. — Sussurrou analítico e meteu o diário no bolso. Ao
voltarem para o Salão Comunal da Slytherin, com uma Myrtle mais calma. Eles se aproximaram
um do outro para iniciaram uma conversa sussurrada.

— Aaah, talvez tenha poderes secretos. — Disse Pansy, entusiasmada, apanhando o diário e
examinando-o com atenção.

— Se tiver, deve estar escondendo esses poderes muito bem. — Disse Theodore. — Vai ver é
tímido.

— Eu queria saber por que alguém tentou jogá-lo fora. E gostaria de saber por que foi que Riddle
recebeu um prêmio por serviços especiais prestados a Hogwarts. Eu quero saber mais sobre esse
homem.

— Pode ter sido por qualquer coisa. — Disse Theodore sobre o prêmio. — Talvez tenha ganho
trinta corujas ou salvou um professor dos tentáculos de uma lula-gigante. — Mas Hadrian podia
dizer pela expressão parada no rosto de Draco que ele estava pensando o mesmo que o moreno. —
Que foi? — Perguntou Theodore olhando de um para outro.

— Bom, a Câmara Secreta foi aberta há cinquenta anos, não foi?

— É... — Disse Pansy lentamente.

— E este diário tem cinquenta anos. — Disse Hadrian, pegando o diário e tamborilando os dedos
nele, tenso.

— E daí? — Blaise pareceu entender o que eles diziam.

— Sabemos que: "quem abriu a Câmara da última vez" foi expulso há cinquenta anos. Sabemos
que Riddle recebeu um prêmio por serviços especiais prestados à escola há cinquenta anos. Muito
bem, e se Riddle recebeu o prêmio por ter pegado o "herdeiro de Slytherin"? Talvez Riddle tenha
incriminado alguém pelos crimes dele. O diário provavelmente nos contaria tudo, onde fica a
Câmara, como abri-la, que tipo de criatura mora lá (mesmo que já saibamos as respostas), e a
pessoa que está por trás desses ataques desta vez não gostaria de ver o diário rolando por aí, não é?

— É uma teoria brilhante, Hadrian. — Disse Draco. — Só tem um furinho pequenininho. Não tem
nada escrito no diário. — Mas Blaise estava tirando a varinha de dentro da mochila.

— Talvez a tinta seja invisível! — Sussurrou. O garoto deu três toques no diário e
disse: "Aparecium!". Nada aconteceu. Sem desanimar, Blaise meteu outra vez a mão na mochila e
tirou uma coisa que parecia uma borracha vermelho-berrante. — É um revelador que comprei no
Beco Diagonal — Explicou. Ele esfregou a borracha com força em primeiro de janeiro. Nada
aconteceu.

— Não tem nada aí para se achar. — Falou Theodore. — Riddle simplesmente ganhou um diário
de Natal e não se deu o trabalho de usá-lo.

— Isso é frustrante. — Hadrian suspirou derrotado. Ele precisava descobrir mais coisas sobre Tom
Marvolo Riddle.
Mesmo sabendo que o diário estava em branco, Hadrian não parava de pegá-lo
distraidamente e de folheá-lo, como se fosse uma história que ele quisesse terminar. E embora
tivesse certeza de que nunca ouvira falar em T. M. Riddle antes do Teste de Herança, ainda assim o
nome parecia significar alguma coisa para ele, quase como se Riddle fosse um amigo que tivera
quando era muito pequeno, e meio que esquecera. Mas isto era absurdo. Nunca tivera amigos antes
de Nyx. Dudley cuidara disso.

Ainda assim, Hadrian estava decidido a descobrir mais sobre Riddle. Por isso, próximo ao
amanhecer, rumou para a sala de troféus para examinar o prêmio especial de Riddle, acompanhado
por uma Nyx adormecida em seus ombros, uma Pansy decidida, um Blaise intrigado e um Draco
sonolento. O escudo dourado de Riddle estava guardado em um armário de canto. Não continha
detalhes sobre as razões por que fora concedido. Mas eles encontraram o nome de Riddle em uma
velha medalha de Mérito em Magia e em uma lista de antigos monitores-chefes.

— Monitor, monitor-chefe... Provavelmente o primeiro aluno em todas as classes...

O sol agora voltara a brilhar palidamente sobre Hogwarts. No interior do castelo, as pessoas
se sentiam mais esperançosas. Não houvera mais ataques desde o de Justin Finch-Fletchley e
Nearly Headless Nick, e Sprout tinha o prazer de informar que as Mandrake estavam ficando
imprevisíveis e cheias de segredinhos, o que significava que iam deixando depressa a infância.
Ernie Macmillan, da Hufflepuff, não concordava com essa visão otimista. Continuava convencido
de que Hadrian era o culpado, que ele "se denunciara" no Clube dos Duelos. Peevs não estava
ajudando nada; a toda hora aparecia nos corredores cheios de alunos, cantando: "Ah, Potter
podre...", agora com um número de dança para acompanhar. Gilderoy Lockhart parecia pensar que,
sozinho, fizera os ataques pararem.

Algo que intrigava Hadrian era o fato de terem que esperar as Mandrakes amadurecerem. Por
que simplesmente não compravam Mandrakes maduras o boticário? Seria muito mais simples e os
alunos petrificados já estariam de volta. Colin já estaria de volta. Sempre que podia Hadrian ia até
a enfermaria ver como o garotinho estava. Com seu jeitinho energético e doce Colin havia crescido
em seu coração. E o entristecia vê-lo petrificado, e a culpa era dele. Hadrian se culpava pelo
ataque. Se tivesse encontrado a Câmara antes, se tivesse impedido o atacante e o basilisk...

No Dia dos Namorados, Lockhart teve a "brilhante" ideia de contratar onze anões de cara
amarrada usando asas douradas e trazendo harpas como os Cupidos Entregadores de Cartões. E não
para aí, ele pediu para Severus ensinar a preparar uma Poção do Amor, que é ILEGAL, para um
bando de adolescentes cheios de hormônios que acham que o mundo gira ao redor deles. Para
piorar, ele queria que Flitwick ensinasse Feitiços de Fascinação. Quando ele anunciou isso no café
da manhã no Salão Principal, Flitwick escondeu o rosto nas mãos e Severus fez cara de que
obrigaria a beber veneno o primeiro aluno que lhe pedisse uma Poção do Amor.

— Poção do Amor e Feitiço de Fascinação? — Hadrian enrugou o nariz em desgosto. — Ele quer
que tenhamos o conhecimento de como forçar alguém a ser um escravo com Síndrome de
Estocolmo!

— Aposto que Bulstrode foi uma das quarenta e seis que deu um cartão pra ele. — Comentou
Pansy ao deixarem o Salão Principal para assistir à primeira aula.

O dia inteiro, os anões não pararam de invadir as salas de aula e entregar cartões, para
irritação dos professores e, no fim daquela tarde, quando os alunos da Slytherin iam subindo para a
aula de Feitiços, um dos anões alcançou Hadrian. Como se ele já não tivesse recebido dezenas de
outros cartões com poemas de declaração.
— Oi, você! "Adri" Potter! — Gritou um anão particularmente mal-encarado, que abria caminho às
cotoveladas para chegar até Hadrian.

Cheio de vergonha só de pensar em receber mais um cartão do Dia dos Namorados na frente
de uma fileira de alunos de primeiro ano da Gryffindor, que por acaso incluía Ginny Weasley, que
estava estranhamente obcecada por si, Hadrian tentou escapar. O anão, porém, meteu-se por entre a
garotada chutando as canelas de todos e o alcançou antes que o garoto pudesse se afastar dois
passos.

— Tenho um cartão musical para entregar a "Adri" Potter em pessoa. — Disse, empunhando a
harpa de um jeito meio assustador.

— Aqui não. — Sibilou Hadrian, tentando escapar.

— Fique parado! — Grunhiu o anão, agarrando a mochila de Hadrian e puxando-o de volta.

— Oh, merda! — Rosnou. Nyx não pressentiu nenhuma intenção hostil, e também queria ver o
garoto passar vergonha, então nem se moveu e permaneceu enrolada tranquilamente em seus
ombros.

— Que é que está acontecendo aqui? — Ouviu-se a voz fina e arrastada de Bulstrode. Hadrian
começou a amaldiçoar tudo e todos, desesperado para sair dali antes que Bulstrode pudesse ouvir o
cartão musical para o infernizar ainda mais.

— Que confusão é essa? — Perguntou outra voz conhecida. Era Percy Weasley que se aproximava.
Perdendo a cabeça, Hadrian tentou correr, mas o anão o agarrou pelos joelhos e o derrubou com
estrondo no chão.

— Muito bem. — Disse ele, sentando-se em cima dos calcanhares de Hadrian. — Vamos ao seu
cartão cantado:

Teus olhos são verdes como sapinhos cozidos,

Teus cabelos, negros como um quadro de aula.

Queria que tu fosses meu, garoto divino,

Herói que venceu o malvado Dark Lord.

Hadrian teria dado todo o ouro de Gringotts para se evaporar na hora. Fazendo um grande
esforço para rir com os colegas, ele se levantou, os pés dormentes com o peso do anão, enquanto
Percy Weasley fazia o possível para dispersar os alunos, alguns chorando de tanto rir.

— Vão andando, vão andando. A sineta tocou há cinco minutos. Já para a aula. — Disse o
monitor, espantando os alunos mais novos. — E você, ... — Hadrian, erguendo a cabeça, viu
Bulstrode se abaixar e apanhar alguma coisa. Mostrou-a, debochando, as amigas, e Hadrian
percebeu que ela se apossara do diário de Riddle.

— Devolva isso aqui. — Disse Hadrian controlado.

— Que será que Potter andou escrevendo nisso? — Disse Bulstrode, que obviamente não reparara
na data impressa na capa e pensava que era o diário de Hadrian. Fez-se silêncio entre os presentes.
Ginny olhava do diário para Hadrian, com cara de terror, Nyx manteve-se quieta, mesmo sabendo
da verdade. Havia coisas aos quais ela não poderia interferir.

— Devolva, Bulstrode. — Disse Percy com severidade.

— Depois que eu olhar. — Disse Bulstrode, agitando o diário no ar para enraivecer Hadrian. Percy
falou:

— Como monitor... — Mas Hadrian perdera a paciência. Levantou a mão direita e a direcionou
para o diário.

— Accio. — O diário imediatamente voou das mãos da garota até as de Hadrian.

— Hadrian! — Disse Percy em voz alta. — Nada de mágica nos corredores! Vou ter que reportar
isso, sabe! — Mas Hadrian não se importou, ganhara mais uma vez de Bulstrode e isso valia cinco
pontos da Slytherin em qualquer dia. Bulstrode ficou furiosa e, quando Ginny passou por ela para
entrar na sala de aula, gritou despeitada:

— Acho que Potter não gostou muito do seu cartão! — Ginny cobriu o rosto com as mãos e correu
para dentro da sala.
Capítulo 30
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian se recolheu ao dormitório antes dos colegas àquela noite. Em parte, era porque
achava que não ia conseguir aguentar Pansy e Theodore cantando "Teus olhos são verdes como
sapinhos cozidos" mais uma vez, e em parte porque queria examinar o diário de Riddle sozinho.
Nyx rastejou pelo colchão até deitar-se ao lado do garoto, que se sentou na cama de colunas e
folheou as páginas em branco. Então tirou um tinteiro da mesinha ao lado da cama, molhou a pena
e deixou cair um pingo na primeira página do diário.

A tinta brilhou intensamente no papel durante um segundo e, em seguida, como se estivesse


sendo chupada pela página, desapareceu. Curioso, Hadrian tornou a molhar a pena uma segunda
vez e escreveu: "Meu nome é Hadrian Potter." As palavras brilharam momentaneamente na
página e desapareceram sem deixar vestígios. Então, finalmente, aconteceu uma coisa. Filtrando-se
de volta à página, com a própria tinta de Hadrian, surgiram palavras que ele nunca escrevera em
uma caligrafia absurdamente linda.

"Olá, Hadrian Potter. Meu nome é Tom Riddle. Como foi que você encontrou o meu diário?"

Essas palavras também se dissolveram, mas não antes de Hadrian recomeçar a escrever.

"Alguém tentou se desfazer dele no vaso sanitário."

Ele esperou, ansioso, pela resposta de Riddle.

"Que sorte que registrei minhas memórias em algo mais durável que a tinta. Mas sempre
soube que haveria gente que não ia querer que este diário fosse lido."

"Que quer dizer com isso?" — Escreveu Hadrian.

"Quero dizer que este diário guarda memórias de coisas terríveis. Coisas que foram
abafadas. Coisas que aconteceram na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts."

"É onde eu estou agora." — Hadrian respondeu. — "Estou em Hogwarts e coisas terríveis
estão acontecendo. Sabe alguma coisa sobre a Câmara Secreta?"

Ele tinha que fazer o joguinho de Riddle, fingir que não sabia da verdade. A resposta veio
depressa, a caligrafia mais desleixada, como se estivesse correndo para contar tudo o que sabia.

"Claro que sei alguma coisa sobre a Câmara Secreta. No meu tempo, disseram à gente que
era uma lenda, que não existia. Mas era uma mentira. No meu quinto ano, a Câmara foi
aberta e o monstro atacou vários alunos e finalmente matou um. Peguei a pessoa que tinha
aberto a Câmara e ela foi expulsa. Mas o diretor, professor Dippet, constrangido porque uma
coisa dessas acontecera em Hogwarts, proibiu-me de contar a verdade. A história que foi
divulgada é que a menina morrera em um acidente imprevisível. Eles me deram um troféu
bonito, reluzente e gravado, pelo meu trabalho, e me avisaram para ficar de boca fechada. O
monstro continuou vivo, e aquele que tinha o poder de libertá-lo não foi preso."

"Está acontecendo outra vez agora. Houve três ataques, e ninguém parece saber quem está
por trás deles. Quem foi da última vez?"

"Posso lhe mostrar, se você quiser" — Veio a resposta de Riddle. — "Você não precisa
acreditar no que digo. Posso levá-lo à minha lembrança da noite em que o peguei."

Hadrian hesitou, a pena suspensa sobre o diário. Que é que Riddle queria dizer? Como é que
ele podia ser levado para dentro da lembrança de outra pessoa? Olhou, nervoso, para a porta do
dormitório que estava ficando escuro. Quando tornou a olhar para o diário, viu novas palavras se
formando.

"Deixe-me lhe mostrar."

"Essa frase saiu tão... Tentadora.", mordeu o lábio com um sorriso malicioso. Hadrian parou
por uma fração de segundo e em seguida escreveu uma palavra:

"Okay."

As páginas do diário começaram a virar como se tivessem sido apanhadas por um vendaval e
pararam na metade do mês de junho. Boquiaberto, Hadrian viu que o quadradinho correspondente
ao dia treze de junho parecia ter-se transformado numa telinha de televisão. Com as mãos
ligeiramente trêmulas, ele ergueu o livro para encostar o olho na janelinha e antes que entendesse o
que estava acontecendo, viu-se inclinando para a frente; a janela foi se alargando, ele sentiu o
corpo abandonar a cama e mergulhar de cabeça na abertura da página, num redemoinho de cores e
sombras.

Depois, sentiu o pé bater em chão firme e ficou parado, trêmulo, e as formas borradas à sua
volta entraram de repente em foco. Soube imediatamente onde se achava. Essa sala circular com os
retratos que cochilavam era o escritório de Dumbledore. Mas não era Dumbledore quem se sentava
à escrivaninha. Um bruxo mirrado e frágil, careca, exceto por alguns fiapos de cabelos brancos, lia
uma carta à luz da vela. Hadrian nunca vira esse homem antes.

Ele não podia interagir com o ambiente da lembrança. Riddle era um menino de uns
dezesseis anos, usava um distintivo de monitor que brilhava em seu peito. Ele era mais alto do que
Hadrian, mas seus cabelos também eram muito negros e levemente ondulados, seus intensos olhos
marrons escuros, quase pretos, destacando-se em uma pele pálida como porcelana em um rosto
incrivelmente lindo. Hadrian acabou corando, mesmo que ele duvidasse que isso fosse possível, ao
constatar que o Tom Marvolo Riddle era absurdamente lindo.

Hadrian acompanhou Riddle se desesperar pela possibilidade de Hogwarts fechar, ele indo
atrás de Hagrid (que tinha um filhote de acromantula em uma caixa escondida), o confrontou e o
fez ser expulso. A cena girou, a escuridão foi total; Hadrian sentiu-se caindo e, com um baque,
aterrissou de braços e pernas abertas em sua cama de colunas no dormitório da Slytherin, com o
diário de Riddle aberto sobre a barriga.

Hadrian sempre soube que Hagrid tinha uma lamentável queda por criatura grandes e
monstruosas. Durante o primeiro ano em Hogwarts, ele tentara criar um dragão e sua casinha de
madeira, e levaria muito tempo para os garotos esquecerem o gigantesco cachorro de três cabeças a
que ele dera o nome de "Fluffy". Hadrian bem podia imaginar o Hagrid de treze anos tentando pôr
uma coleira e uma guia numa acromantula. Ele havia se feito de idiota com Riddle, não poderia
chegar e dizer que ele sabia a verdade, ele precisava conseguir sua confiança, agora que sabia
como usar o diário. Seus amigos o fizeram repetir várias vezes o que vira, até ele ficar cheio de
contar e cheio das conversas compridas e tortuosas que se seguiam à sua história.

— Todos sabemos que Riddle mentiu. — Draco constatou.

— O monstro não era uma aranha, e sim um basilisk. — Pansy concluiu.

— E sabemos que ele era o herdeiro de Slytherin. — Hadrian passou as mãos nos cabelos
compridos.

— Então ele incriminou Hagrid para se safar. — Theodore bufou irritado. — Canalha filha da puta.

— Eu vou entrar na Câmara hoje à noite. — Hadrian anunciou enquanto analisava o diário. Talvez
ele encontrasse algumas coisas sobre Tom Riddle.

Quando a noite caiu, Hadrian colocou seu familiar nos ombros, despediu-se de Draco, pegou
o diário de Riddle, colocou a Capa da Invisibilidade e saiu furtivamente para os corredores escuros
e desertos da escola. Com cuidado para não fazer barulho, Hadrian esgueirou-se pelos corredores
até chegar ao banheiro de Myrtle. A fantasma estava sentada no banco e olhando pela janela.

— Oi Myrtle. — Hadrian sorriu e tirou a Capa assim que fechou a porta. A fantasma sorriu e
flutuou até ele.

— Oi Hadrian. Sabe que o toque de recolher já passou a horas, não sabe? — Brincou divertida ao
ver Hadrian se dirigir até a pia.

— Sei. E é por isso eu vim agora. — Ele analisou a passagem camuflada.

— Você vai ir lá embaixo? — Ela flutuou ao seu lado e seus olhos tinham preocupação.

— Vou. Preciso encontrar algumas respostas. Talvez a Câmara possa me ajudar. — Ele olhou nos
olhos translúcidos do fantasma. — Pode, por favor, manter isso em segredo?

— Mas é claro que sim, Hadrian. — Ela corou. — Você é meu amigo! Ajudarei no que precisar.

— Muito obrigado, Myrtle. — Ele sorriu-lhe docemente e virou-se para a pia.

— Se você morrer lá embaixo eu divido o banheiro com você.

— Obrigado. — Ele riu com o convite do fantasma. — Abra. — Ordenou em parseltongue com o
costumeiro assobio que lhe escapara da boca e na mesma hora a torneira brilhou com uma luz
branca e começou a girar. No segundo seguinte, a pia começou a se deslocar; a pia, na realidade,
sumiu de vista, deixando um grande cano exposto, um cano largo o suficiente para um homem
escorregar por dentro dele. — Me deseje sorte. — E pulou.

Nyx se agarrava dolorosamente em seu pescoço, Hadrian estava apreciando a descida, até
que era divertida. Parecia um enorme escorrega claustrofóbico e viscoso. Viu outros canos saindo
para todas as direções, mas nenhum tão largo quanto aquele, que virava e dobrava, sempre e
ingrememente para baixo, e ele percebeu que estava descendo cada vez mais fundo sob a escola,
para além das masmorras mais fundas. E então, quando começava a se preocupar com o que
aconteceria quando chegasse ao chão, o cano nivelou e ele foi atirado pela extremidade com um
baque aquoso, e aterrissou no chão úmido de um túnel de pedra às escuras, suficientemente amplo
para a pessoa ficar de pé. Ao levantar-se, ele viu suas roupas completamente sujas e cobertas de
limo, ele estava branco como um fantasma.

— Nunca. Mais. Eu. Desço. Nisso. — Nyx deslizou para o chão e tomou sua forma original.
Hadrian riu do mau-humor da serpente.

— Vamos lá. Foi divertido.

— Pra você que é lunático! — Vociferou com raiva.

— Lumus! — Da ponta da sua varinha, a luz iluminou o local. — Lembre-se. — Disse Hadrian
baixinho enquanto avançavam com cautela — A qualquer sinal de movimento, feche os olhos
imediatamente...

Assim que começou a andar, ele pode ouvir seus passos chapinhando ruidosamente no chão
molhado. O túnel era tão escuro que eles só conseguiam ver uma pequena distância à frente. Sua
sombra nas paredes molhadas parecia monstruosas à luz da varinha. O túnel estava silencioso
como um túmulo, e o primeiro som inesperado que ouviram foi o ruído de alguma coisa sendo
esmagada quando o garoto pisou em alguma coisa que descobriu ser um crânio de rato. Hadrian
baixou a varinha para olhar o chão e viu que se encontrava coalhado de ossos de pequenos animais.

O túnel dava voltas e mais voltas. Cada nervo do corpo de Hadrian formigava
desagradavelmente. Ele queria que o túnel terminasse, era muito chato percorrer todos esse
caminho. E então, ao dobrar mais uma curva, deparou com uma parede sólida à sua frente em que
havia duas cobras entrelaçadas talhadas em pedra, os olhos engastados com duas enormes
esmeraldas brilhantes. Hadrian se aproximou. Seus olhos pareciam estranhamente vivos. Ele
adivinhou o que precisava fazer. Pigarreou e os olhos de esmeralda pareceram piscar.

— Abram. — Disse num sibilo grave e fraco. As cobras se separaram e as paredes se afastaram, as
duas metades deslizaram suavemente, desaparecendo de vista e Hadrian, tremendo dos pés à
cabeça, entrou.

Hadrian se viu parado no fim de uma câmara muito comprida e mal iluminada. Altas colunas
de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão,
projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar. Com o
coração batendo muito depressa, o garoto ficou escutando o silêncio hostil. Será que o basilisk
estaria à espreita num canto sombrio, atrás de uma coluna? Ele puxou a varinha e avançou por
entre as colunas serpentinas. Cada passo cauteloso ecoava alto nas paredes sombreadas, assim
como o rastejar de seu familiar. Manteve os olhos semicerrados, pronto para fechá-los depressa ao
menor sinal de movimento. As órbitas ocas das cobras de pedra pareciam segui-lo. Mais de uma
vez, com um aperto no estômago, ele pensou ter surpreendido uma delas se mexendo.

Então, quando emparelhou com o último par de colunas, uma estátua alta como a própria
Câmara apareceu contra a parede do fundo. Hadrian teve que esticar o pescoço para ver o rosto
gigantesco lá no alto. Era antigo e simiesco, com uma barba longa e rala que caía quase até a barra
das vestes esvoaçantes de um bruxo de pedra, onde havia dois pés cinzentos enormes apoiados no
chão liso da Câmara. O garoto parou entre as altas colunas e olhava para o rosto de pedra de
Slytherin, muito acima dele na obscuridade. Hadrian abriu bem a boca e sibilou palavras que
vieram na sua mente.

— Fale comigo, Slytherin, o maior dos Quatro de Hogwarts.


O gigantesco rosto de pedra de Slytherin se mexeu. Hadrian viu sua boca abrir, cada vez
mais, e formar um enorme buraco negro. E alguma coisa estava se mexendo dentro da boca da
estátua. Alguma coisa começava a escorregar para fora de suas profundezas. Algo descomunal
bateu no piso de pedra da Câmara. Hadrian sentiu-o trepidar, ele sabia o que estava acontecendo,
sentia, podia quase ver a cobra gigantesca se desenrolar para fora da boca de Slytherin. Hadrian
fechou os olhos imediatamente e Nyx subiu rapidamente, enquanto se encolhia, para se esconder
nas vestes de Hadrian, já que ela não possui pálpebras.

Grandes olhos amarelos com pupilas verticais se destacavam no corpo verde escuro luzido e
venenoso de quinze metros e tão largo quanto um tronco de um carvalho, suas escamas serviam
como uma armadura blindada como as dos dragões, sua cabeça chanfrada tinha algumas escamas
pontiagudas como se fossem chifres, indicando que era uma fêmea. Já que os machos possuem
uma plumagem vermelha. O basilisk é uma serpente gigante, também conhecida como o Rei das
Serpentes. Olhar um basilisk diretamente nos olhos matará imediatamente a vítima, mas o contato
indireto apenas os tornará petrificados. É também o inimigo mortal das aranhas, que podem
intuitivamente senti-las e fogem sempre que o fazem. O basilisk tem uma classificação como uma
criatura XXXXX, o que significa que é um matador de bruxos conhecido, e não pode ser
domesticado devido aos seus imensos poderes. Como o basilisk ainda é uma serpente, um
parselmouth pode colocar um basilisk sob seu controle. Isso depende da relação entre o basilisk e o
parselmouth.

— Mestre? — Hadrian reconheceu sua voz feminina. — Sinto o cheiro do meu mestre. Mas você
não é o meu mestre. — Hadrian sentiu um leve roçar da língua da criatura em seus cabelos. — É
apenas um filhote. — Admirou-se. — Me diga filhote, por que sinto o cheiro do meu mestre em
você?

— Eu não sei. Sinto muito. — Hadrian respondeu, sua curiosidade lutando contra a sua sanidade
para manter-se de olhos fechados.

— Interessante. — Hadrian escutou o grandioso corpo da criatura movendo-se. — Por você ter o
cheiro do meu mestre eu não irei matá-lo. — Constatou decidida. — Pode abrir os olhos. Eu
posso controlar o poder dos meus olhos. Se eu não quiser matá-lo, nada lhe ocorrerá. — Hadrian
estremeceu.

Ele poderia confiar num basilisk? Se ele abrisse os olhos poderia morrer instantaneamente.
Mas se não abrisse a criatura poderia se ofender. Reunindo toda a sua coragem (talvez idiotice
também), suas pálpebras lentamente abriram-se. Seu coração falhou uma batida ao olhar o tamanho
da criatura. Ela era maravilhosamente assustadora. Nyx se remexeu em suas vestes.

— Com licença. Minha amiga poderia olhá-la, também? — Perguntou hesitante. O basilisk
inclinou a cabeça para perto do peito do garoto, onde Nyx se escondera em suas vestes e estava
enrolada ao redor do tronco dele, sentindo o seu cheiro.

— Uma cobra! — Comentou animada enquanto recuava. — Claro. Pode ordená-la para sair daí.

— Ouviu isso, Nyx? Você pode olhá-la. — A cobra remexeu-se e tirou sua, no momento,
pequenina cabeça pela gola do suéter do garoto e olhou para a criatura gigantesca na sua frente.

— É um prazer finalmente conhecer um basilisk. — Nyx curvou a cabeça como uma reverência.

— É um prazer conhecê-los. — A criatura pareceu contente. — Meu nome é Hera.

— Prazer em conhecê-la, Hera. — Os olhos de Hadrian brilhavam de admiração. — Eu sou


Hadrian Potter e essa é a Nyx, meu familiar.

— Você não é a garotinha que me acordou anteriormente. Por quanto tempo eu dormi?

— Algumas semanas.

— Oh. Então são dois herdeiros de Salazar. Incrível.

— Seu antigo mestre era Tom Marvolo Riddle? — Hadrian perguntou curioso. Ele sentia que o
basilisk não iria machucá-lo. E ela parecia incrivelmente simpática.

— Sim. Tom Riddle era o meu mestre. Se bem que ele ainda é de certa forma. — Ela pareceu
pensar um pouco. — Agora ele está usando uma garota ruiva.

— Você poderia me contar mais sobre a Câmara e os seus antigos mestres?

— Ah! Adoraria. Mas agora que despertei, estou morrendo de fome. Existe uma biblioteca e um
escritório aqui. É só pedir que eles abrem.

— Muito obrigado, Hera.

— Filhote. — Nyx chamou Hadrian. — Posso ir caçar com Hera? — Seu familiar parecia
animada. Hadrian sorriu e acariciou sua cabeça.

— Claro. Só não saiam para os corredores.

— Vamos nos comportar. — Nyx deslizou para o chão e cresceu até os vinte metros, o máximo
que ela conseguia.

— Uma serpente mágica! — Hera parecia muito feliz em ter uma nova amiga. — Quero que me
conte tudo o que eu perdi enquanto dormia. — As duas grandiosas serpentes deslizaram pela
Câmara a procura de alimento, Hadrian riu do comportamento animado delas como se fossem duas
garotas fofocando sobre moda e paqueras.

O garoto virou-se para a estátua de Salazar e ordenou que abrisse o escritório e a biblioteca.
De cada um dos pés da grandiosa estátua, portas se materializaram. Hadrian se dirigiu primeiro
para a da esquerda. Nela, ele encontrou uma vasta biblioteca. Maior do que a de Hogwarts e a da
Malfoy Manor. Infinitas prateleiras eram preenchidas pelos mais diversos livros. A maioria sendo
das Trevas. Ele se dirigiu ao centro do local, onde havia alguns sofás, poltronas e mesinhas para a
leitura. Decidindo explorar a biblioteca depois, Hadrian se dirigiu para o escritório no pé direito da
estátua. O local era grande, havia um sofá e duas poltronas em volta de uma lareira crepitante.
Hadrian se impressionou com o fato dela estar acessa. Mais algumas estantes com livros e artefatos
curiosos preenchiam as paredes. No final do escritório, havia uma mesa e uma cadeira muito
confortável com várias coisas de escritório.

Hadrian estava impressionado com tudo no local. Só precisava de uma bela limpeza. Tirar o
pó, colocar alguns archotes nas paredes da câmara anterior e todo o seu percurso, fazer uma escada
no lugar do escorrega, ou então colocar um colchão fofinho no final. Talvez ali ele encontraria
algumas respostas. E ele estava louco para aprender o que conseguisse de tudo aquilo.
Capítulo 31
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Através da conexão telepática que Hadrian e Nyx possuíam, ele avisou o familiar de que
estava voltando para o dormitório, e ela poderia fazer companhia para Hera. Ele voltaria na noite
seguinte. Para subir novamente para o banheiro de Myrtle, Hadrian alargou o cano e fez escadas
surgirem. Assim que o dia amanheceu, Draco jogou-se no moreno, o acordando com um susto.

— Mas que diabos...? — Hadrian deu um pulo e acabou caindo da cama com um baque surdo.

— Me conta! Como foi?! — Hadrian conseguiu distinguir a cabeleira loira, toda embaraçada, logo
acima da sua cabeça.

— Por Merlin, Draco. — Hadrian suspirou enquanto se levantava do chão e se espreguiçava.

— ELE MORREU?! — Theodore, Blaise e Pansy invadiram o quarto, com os uniformes tortos e
amassados.

— Vocês são insanos. — Hadrian se jogou na cama e esfregou os olhos.

— Mas você ainda nos ama, Potty! — Pansy comentou enquanto arrumava suas roupas.

— Nos conta como foi. — Blaise pediu disfarçando a ansiedade na sua voz.

— Aquele lugar está imundo! — Bufou ao lembrar-se de todo aquele lodo. — Preciso fazer umas
melhorias. Mas como eu tenho vocês, mais mão de obra.

— Interesseiro. — Draco sorriu com o olhar divertido do moreno.

— E o basilisk? — Pansy perguntou animada.

— No instante em que eu vi algo se movendo na escuridão eu congelei. Mas fechei os olhos, não
sou burro.

— Eu discordo. — Theodore recebeu uma almofada na cara, obviamente lançada por Hadrian.

— O nome dela é Hera.

— Ain que lindo nome para se dar à uma criatura extremamente mortífera. Parece até o Hagrid
com o Fluffy. — Pansy ironizou.

— Ela consegue controlar o poder nos olhos para não matar quando ela deseja. Então eu e Nyx
pudemos olhá-la tranquilamente.

— Falando na Nyx. — Draco olhou ao redor. — Onde ela está?


— Pode-se dizer que Nyx e Hera viraram BFFs. Elas foram caçar juntas e não voltaram quando eu
saí.

— Que lindo. — Theodore juntou as mãos na frente do coração e fez uma expressão de donzela
inocente. — Mais uma serpente poderosa para o nosso Rei da Slytherin ostentar ao mundo.

— Vocês querem descer comigo hoje à noite? — Todos os olhos focaram-se nos de esmeralda. Um
brilho de animação e ansiedade iluminou-os.

— E ainda pergunta? — Draco exclamou excitado.

— Mas é claro! — Blaise sorriu ansioso.

— Não perderia essa por nada! — Pansy trocou olhares maliciosos com Theodore.

— Então nos encontramos na Comunal as duas da manhã. Todos já estarão dormindo nos
dormitórios. A Capa não vai conseguir esconder todos nós, então vamos na surdina mesmo.

Os Slytherin mal se aguentavam de ansiedade conforme o dia ia passando. Eles estavam


muito animados com o fato de que iriam conhecer a famosa Câmara Secreta, e um basilisk muito
poderoso. Nyx havia voltado para o pescoço de Hadrian na hora do almoço. Ela disse que Hera
havia adquirido uma certa carência de atenção por passar tantos anos sozinha. Hadrian então,
enviou uma carta para Lucius e seu pai, para ver se poderia, no final do ano letivo, levar Hera para
casa consigo.

Caro Lucius.

Então... Eu conheci o Basilisk do Salazar Slytherin. Sim, eu estou bem não precisa entrar em
pânico. Hera é muito gentil e não tem interesse em me fazer mal.

Mas ela não pode continuar em Hogwarts, a cabra está agindo, então todo cuidado é pouco.
Por isso eu queria saber se é possível ela ficar na floresta perto da sua mansão até que esse
ano letivo termine e eu a leve para o Reino Goblin comigo.

E, em relação ao Olhar da Morte dela, não se preocupe, pois ela pode controlá-lo livremente.
Ninguém correrá perigo.

Com amor,

Hadrian.

-------------------------------------------------------

Querido pai.

Lembra do que conversamos no Yule? Então... Meio que eu encontrei o Basilisk de Salazar
Slytherin...

Mas não se preocupem! Hera é muito dócil e gentil, não tem nenhum interesse em me fazer
mal. Por isso eu gostaria de saber se, no final desse ano letivo, eu poderia levá-la para casa
comigo? A cabra está se movendo e eu não quero que ela seja usada mais uma vez.
E, em relação ao Olhar da Morte dela, não se preocupe, pois ela pode controlá-lo livremente.
Ninguém correrá perigo. Ela desenvolveu uma carência de companhia, então vai adorar estar
cercada de pessoas.

Eu amo vocês.

Com amor, Hadrian.

Quando a noite caiu e o castelo finalmente tornou-se vazio e silencioso, o grupo de cinco
alunos da Slytherin esgueirava-se silenciosamente entre os corredores. Evitando os professores,
monitores, os fantasmas, o zelador e sua gata enxerida. Nyx ia guiando pelo caminho seguro até o
corredor do banheiro da Myrtle. Filch estava sentado no seu posto, vigiando tudo como sempre
fazia. A cobra deslizou até um corredor longe dos garotos e bateu sua cauda em uma porta de
madeira com força, e logo desaparecendo na escuridão. O zelador mordeu a isca, pois ele se
levantou da cadeira e saiu pelos corredores pisando duro e xingando tudo e todos. Rapidamente o
grupo de Slytherin entrou no banheiro. Nyx logo surgindo por uma passagem secreta.

— Hadrian! — Myrtle se aproximou sorridente.

— Oi Myrtle. — O garoto sorriu para a garota.

— Mais uma visita à Câmara? — Perguntou divertida.

— Exatamente.

— Boa sorte para vocês. Quando voltarem eu ajudo a cuidar de Filch.

— Obrigada, Myrtle. — Pansy agradeceu.

— E agora? — Theodore perguntou ao ver Hadrian parado de frente para uma das pias.

— Abra. — E assim a passagem abriu-se com as exclamações impressionadas dos Slytherin. —


Que comece a faxina. — Hadrian viu Nyx se esgueirando pelo cano, e sorriu para os amigos. —
Nos vemos lá embaixo. — E jogou-se no cano.

Mais uma vez ele se divertiu com a descida, mas, definitivamente, o lodo era nojento. Ao ver
o final do cano, Hadrian apontou a varinha e transfigurou os ossos de animais mortos em um chão
fofo como um colchão. Logo caiu agradavelmente na câmara de entrada. Um a um, seus amigos
iam chegando, enquanto Hadrian transfigurava alguns ossos em tochas que nunca se apagariam.
Nyx logo deslizou para fora do cano e permaneceu ao lado do moreno de olhos esmeraldas.
Quando todos já haviam descido, Hadrian ordenou que a passagem se fechasse.

— Isso foi muito incrível! — Theodore pulou animado para colocar-se de pé. — Eu quero ir de
novo! — Todos riram.

— É aqui a Câmara Secreta? — Pansy perguntou confusa olhando ao redor.

— Caraio! É a pele do basilisk! — Blaise correu até a pele que Hera havia trocado. — Isso é
imenso!

— Ela tem quinze metros. — Hadrian comentou enquanto limpava o local de toda a sujeira.

— Puta merda. — Draco soltou ao analisar a pele.


— Vamos andando. Vocês podem me ajudar conforme avançamos. — Hadrian guiou o grupo pelo
caminho tortuoso. Enquanto eles avançavam, iam limpando o local e deixando tochas acesas nas
paredes.

— Você estava certo quando disse que isso aqui estava imundo. — Draco comentou desgostoso.

— Vocês estão prontos? — Hadrian virou-se para os amigos quando chegaram a parede com as
duas cobras entrelaçadas.

— Óbvio! — Responderam juntos. Hadrian virou-se para Nyx.

— Quando eu abrir eu quero que você encontre Hera e diga a ela que eu estou trazendo quatro
amigos e que não é para ela os machucar.

— Posso ficar grandona, então?

— Pode. — Hadrian riu enquanto virava-se para as serpentes de pedra. — Abram. — Assim que a
passagem foi aberta, Nyx deslizou para dentro e atingiu seu tamanho de vinte metros de
comprimento.

— Puta merda. — Theodore ofegou. — Eu achei que ela não iria ser tão grande.

— Nyx consegue atingir vinte metros de comprimento.

— Ela ainda é maior que um basilisk. — Pansy deu um risinho nervoso.

— Vamos. Talvez elas já estejam à nossa espera. — Hadrian sorriu antes de entrar a Câmara. Ele
continuou colocando tochas nas paredes e limpando o local enquanto seus amigos admiravam tudo.

— Mestre! — Os olhos amarelos vibrantes de Hera surgiram na escuridão e ela se precipitou na


direção de Hadrian, para logo acariciar lhe o rosto com sua língua bifurcada. Theodore soltou um
gritinho agudo e pulou nos braços de Blaise, que sentia suas pernas tremerem, de medo e pelo peso
do amigo. — Nyx avisou-me sobre sua chegada. E de seus amigos. Pode tranquilizá-los. Não
vou machucá-los. — Hadrian acariciou o focinho da enorme criatura e sorriu para os amigos.

— Podem ficar tranquilos. Hera não vai fazer nada de mal a vocês.

— Mesmo que eu esteja me embriagando com o medo deles. — Nyx surgiu logo atrás do basilisk.

— Eu posso tocar nela? — Draco foi o primeiro a se pronunciar. Ele tinha um olhar de admiração e
ansiedade direcionado ao basilisk.

— Ain, que filhotinho fofo. — Hera se aproximou do loiro e baixou sua cabeça para permitir que
as mãos trêmulas de Draco acariciassem suas escamas.

— Quem quer me ajudar a faxinar? — Hadrian sorriu para os amigos enquanto colocava tochas
para iluminarem a grandiosa estátua de Salazar. Os cinco Slytherin se empenharam na tarefa, até
que o lugar estava mais claro e limpo. Hera ficou extremamente feliz com isso. As duas serpentes
pareciam se divertir no meio de fofocas enquanto se acomodavam envolta do pequeno grupo.

— Querem a biblioteca ou o escritório primeiro? — Hadrian estava relaxadamente jogado contra o


focinho de Nyx. Ele havia tropeçado e a serpente o amparou, e a preguiça o impediu de sair da
posição confortável.

— Qual você sugere? — Pansy perguntou enquanto fazia carinho em Hera, que, se pudesse, estaria
ronronando de tanta alegria.

— O escritório. A biblioteca é imensa.

— Então vamos de escritório primeiro. — Blaise constatou.

— Okay. – Hadrian olhou para o pé direito da estátua e sibilou. — Abra o escritório. —


Imediatamente a porta do mesmo surgiu e se abriu para o herdeiro. O grupo adentrava o local E
Hadrian comentou. — Eu trouxe o Riddle. — Disse mostrando o diário de couro preto. — Talvez
nós consigamos alguma coisa dele.

— Você pode abrir a biblioteca? — Pansy perguntou assim que Hadrian sentou-se na grandiosa
cadeira atrás da escrivaninha.

— Abra a biblioteca. — Com um leve estalo, Hadrian sorriu. — É no pé esquerdo.

— Valeu. — A garota sorriu e se dirigiu até o local. Conforme Draco, Blaise e Theodore se
espalhavam para analisar a Câmara, Hadrian abriu o diário, molhou a ponta da pena em um tinteiro
e começou a escrever.

"Oi, Tom." — A tinta foi absorvida pela folha do diário, e logo a caligrafia bela de Tom
respondeu-lhe.

"Oi, Hadrian."

"Por que você incriminou Hagrid?" — Ele estava começando a se irritar ao lembrar desse fato.

"Como pode ter tanta certeza de que não foi ele?"

"Porque eu o conheço! Sei que ele nunca faria algo assim! E nunca permitiria que alguém se
machucasse, mesmo ele trabalhando com criaturas perigosas!"

"Eu posso sentir uma dor de cabeça chegando ao imaginar você berrando."

"Eu sei que você era o herdeiro de Slytherin. Também sei que o monstro era um basilisk.
Também sei que o nome do basilisk é Hera." — Sorriu orgulhosamente ao perceber que o diário
demorou alguns momentos para o responder.

"Como você sabe disso?"

"Porque eu estou na Câmara Secreta. Mais especificamente no escritório escondido pelo pé


direito da estátua de Salazar." — Hadrian conseguia imaginar o bonito rosto de Riddle
se contorcendo em alerta.

"O que você é?"

"Um herdeiro de Salazar Slytherin." — Hadrian imaginou Riddle desmaiando com a informação.

"Impossível! Eu era o último herdeiro de Slytherin! E tenho certeza de que nunca me


envolveria com alguém e teria uma criança." — O moreno imaginou Riddle cuspindo essas
palavras com uma face de nojo.

"Deveria pensar melhor nisso."


"O que você está insinuando?"

"Você, de alguma forma, me transformou em sua Horcrux." — Mais uma vez o diário
demorou a trazer-lhe uma resposta.

"Elabore."

"Eu também não sei como. Só sei que era isso que estava escrito no pergaminho do meu Teste
de Herança." — Tom não respondeu mais por alguns minutos. — "Tom?"

Com uma luz branca cegante, a imagem de Tom Riddle estava de pé na frente da
escrivaninha, seu corpo não era sólido, parecia um fantasma, mas ainda assim possuía cor. Seu belo
rosto tinha um semblante de incredulidade. Hadrian quase deu um gritinho quando percebeu que o
garoto estava ali.

— Tom? — Sua voz saiu num sussurro.

— Como assim você é minha Horcrux? Nós nos conhecemos? Porque eu nunca usaria uma pessoa
como minha Horcrux. — Esbravejava enquanto contornava a mesa e ficou cara a cara com o
moreno de olhos verdes.

— Como você está aqui? — Perguntou confuso tentando tocar o ombro do maior, que se afastou.

— Por Morgana. — Riddle passou uma mão pelos belos cabelos ondulados. — Se concentra,
Potter. Responda minhas perguntas.

— Eu também não sei como sou sua Horcrux. E nós nunca nos conhecemos antes. Não
pessoalmente.

— Isso é muito estranho. — O mais alto colocou a mão no queixo e começou a pensar.

— Poderia responder a minha pergunta? — Riddle olhou-o como se fosse um ser indesejado.

— Meu diário suga a vida e a alma de quem escreve nele. — Aproximou-se do menor e apoiou
suas mãos nas escoras de braço da cadeira, ficando a centímetros do rosto de Hadrian. — Quanto
mais poderoso fico, eu consigo manipular a mente da pessoa que escreve, consigo possui-la,
consigo projetar minha imagem, e por último, quando consigo drenar toda a vida da pessoa, eu me
torno físico. — Seu sorriso e seu olhar assassino fizeram Hadrian sentir um arrepio na espinha. —
Mas com você é inútil. — Afastou-se do menor. — Não consigo invadir sua mente nem o
controlar. Provavelmente porque nós dois somos Horcrux.

Hadrian levou alguns segundos para tirar o leve rubor de suas bochechas enquanto via o
maior se dirigir para uma poltrona e jogar-se nela. Riddle parecia confuso enquanto pensava. O
garoto de olhos esmeraldas levantou-se e se sentou no sofá na frente do moreno de olhos escuros.

— A pessoa que estava na posse do meu diário antes me contou tudo sobre você. — Tom
começou. — No início eu achei um saco toda aquela falação do grande "Harry" Potter. Mas então
ela me contou sua história. E de como você ficou famoso em todo o mundo bruxo. — Os olhos
negros de Tom cintilaram em ambição. — Como, um bebê de um ano conseguiu derrotar o
grandioso Lord Voldemort? O maior bruxo de todos os tempos.

— Atualmente Voldemort está na miséria. — Hadrian comentou com amargura ao lembrar-se do


ano passado.
— O que disse? — Os olhos de Tom semicerraram-se na direção de Hadrian.

— Eu não sei o que aconteceu na noite em que Voldemort tentou me matar. — Havia dor em sua
voz. — Mas muitos dizem que ele morreu, outros dizem que foi enfraquecido até se tornar uma
sombra. Particularmente eu não faço ideia de como ele ficou. Mas no ano passado ele tentou
roubar a Pedra Filosofal da escola.

— E, suponho eu, que você o impediu. — Tom revirou os olhos.

— É. Impedi. — Hadrian olhou para as chamas da lareira. — Mas ele estava realmente na merda.
Estava hospedando o corpo de um professor, como um parasita, e estava bebendo sangue de
unicorn para sobreviver. — Tom fez uma careta de desgosto.

— Eu quero saber: como você é tão poderoso?

— Eu não sei. — Deu de ombros e olhou para os olhos do mais velho. — Talvez porque eu sou
herdeiro de onze casas, talvez por sorte, talvez por azar. Eu não faço ideia do porquê possuo tanto
poder.

— Então por que você só tem oito anéis? — Indicou as mãos do menor.

— Ah. — Hadrian sorriu ao lembrar-se da Cerimônia de Seleção no ano anterior. — É uma história
até que engraçada. Eu estava bem de boas, depois de fazer uma entrada triunfal, o que todos
acharam que era um ataque inimigo contra a cabra velha... Ops... — Sorriu, nada arrependido do
que falara. — Dumbledore. Daí eu me sentei no banquinho e coloquei o chapéu como qualquer
aluno, só que ele começou a falar para todos no salão sobre eu ter as características de todas as
casas, começou a falar que as casas são boas e o preconceito de terceiros demonizaram a Slytherin,
então... BUM! A magia dos quatro fundadores se materializou nos animais de cada um. A cobra de
Slytherin foi a primeira a se mover, me circulando com seu corpo brilhoso de magia; daí veio o
texugo da Hufflepuff deitado no meu colo; então a águia da Ravenclaw voando acima da minha
cabeça, que soltou seu grito, e por último o leão da Gryffindor ficou do meu lado direito e rugiu.
Então eles se tornaram esferas de luz, cada um da cor da sua casa, e se fundiram no anel de
Slytherin. — Mostrou o anel com o emblema de Hogwarts. Tom segurou a mão do garoto com
tanta delicadeza, que impressionou o menor. — O Sorting Hat anunciou que, como todos os
quatros tiveram suas linhagens extintas, eles me escolheram como Herdeiro de Hogwarts. Daí eu
fui selecionado para a Slytherin. — Deu de ombros enquanto via o maior alisar o anel no seu dedo.

— Isso é... — Sua voz saiu num sussurro rouco.

— Loucura? Sim. — Sorriu ao ver Tom se afastar e colocar sua máscara de desprezo.

— A garota comentou sobre sua absurda habilidade em ser perfeito em tudo. — O canto da sua
boca contorceu-se em desgosto. — E quais casas você é herdeiro, além de Hogwarts?

— A família Peverell, pelo meu pai James Potter. — Mostrou o dedo com o anel da família
indicada. — Os Gaunt, por Cadmus Peverell e por você. A família Slytherin por você. A família
Black pelo meu padrinho, Sirius Black. A família Potter dos meus pais. Morgana LeFay, que teve
um caso com Antioch Peverell. Herpo, o Sujo; sua família era os Pythia, e os herdeiros Lykaios,
que vieram da minha mãe. E a Casa Pendragon, entre os irmãos Arthur Pendragon e Morgana
LeFay.

— Você tem certeza de que você existe? — Tom estava perplexo. — Não é possível alguém
descender de tantas famílias poderosas. E ainda ser o Príncipe de Camelot. E receber a benção dos
quatro fundadores de Hogwarts.
— Nem eu acreditei por um bom tempo. — Hadrian sorriu ao ver Tom analisar tudo o que ele
havia dito. E então, seus olhos negros brilharam em ambição e desejo.

— Vamos fazer um acordo. — Hadrian levantou uma sobrancelha. — Eu respondo suas perguntas,
e você me dá poder até que eu consiga me tornar corpóreo.

— Eu vi suas memórias, Tom. — Hadrian cruzou os braços. — Sei como você age. Você é
ambicioso e não mede esforços para conseguir o que quer.

— Qualidades de um Slytherin. — Deu de ombros. — Aceita? — Estendeu a mão na direção do


menor.

— Pelo menos, quando você tiver um corpo eu posso te socar pelo que fez com Hagrid. — Aceitou
o aperto de mão. Tom sorriu vitorioso quando ambos sentiram uma onda elétrica percorrer seus
corpos. Mesmo que Tom não seja completamente físico, ele ainda consegue tocar nas coisas
quando se concentra para fazer isso.

— Você deve escrever no livro uma vez por semana. Como somos Horcrux, você não será afetado.

— Porque eu adoraria ter um sociopata na minha cabeça. — Tom sorriu em deboche.

— Hadrian! — Theodore entrou correndo no escritório e congelou ao ver Tom.

— Theo. Conheça Tom Marvolo Riddle. — Hadrian segurou o riso ao notar o rosto do amigo
empalidecer.

— GELERA! FUDEU! O LOKO TÁ AQUI! — Gritou para os amigos, e logo Blaise, Draco,
Pansy, Hera e Nyx estavam se espremendo na porta para tentar ver o que estava acontecendo
dentro do escritório.

— MESTRE! — Hera sibilou alegremente.

— Como diabos um sociopata de um maldito diário está aqui? — Pansy olhou horrorizada para
Tom.

— Seus amigos, suponho. — Tom olhou para Hadrian, que sorriu e deu de ombros.

— Theodore Nott. Draco Malfoy. Pansy Parkinson. Blaise Zabini. Hera, o basilisk de Salazar. E
meu familiar, Nyx.

— Esqueceu do: linda maravilhosa super uper duper poderosa. — Hadrian reprimiu uma risada
com o comentário da serpente preta.

— Pessoal. Conheçam Tom Marvolo Riddle.


Capítulo 32
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Um dia depois da carta de Hadrian, Lucius e Ragnuk o responderam:

Caro Hadrian.

Eu e Narcissa temos um certo receio em relação a isso. Você tem certeza absoluta de que isso
não representa nenhum perigo a você ou Draco? Se sim, mesmo que ainda com receio, não
haveria problemas para ela se acomodar em nossas terras.

Ass. Lucius Malfoy.

-------------------------------------------------------

Querido filho.

Quando eu lhe digo para não se meter em confusão você corre de cabeça para esse tipo de
situação! Não leve a mal, eu estou achando isso tudo hilário, ao contrário da sua mãe, que
está quase arrancando os cabelos ao imaginar cenários hipotéticos onde você teria morrido
terrivelmente.

Mas respondendo sua pergunta: sim, eu permito que você traga Hera para o Reino Goblin.
Acredito na sua palavra quando diz que ela não será um perigo. Tenho certeza de que ela vai
adorar estar livre para se esticar. E, se ela for como Nyx, ela vai adorar brincar com os
filhotes aqui.

Tome cuidado, meu querido filho. Nós te amamos muito, filhote.

Com amor, seu pai Ragnuk.

Fazia agora quase quatro meses desde que Justin e Nearly Headless Nick tinham sido
petrificados, e quase todo mundo parecia pensar que o atacante, Hadrian, tinha se cansado de causar
caos. Peevs finalmente se cansara do seu refrão “Ah, Potter podre”, Ernie Macmillan pediu certo
dia a Hadrian, com muita educação, para lhe passar um balde de sapos saltitantes na aula de
Herbologia, e em março várias Mandrake deram uma festa de arromba na estufa três, o que deixou
Sprout muito feliz. Hadrian achou estranho que Dumbledore não tenha encomendado as plantas
adultas em vez de esperar as que tinham em Hogwarts amadurecerem para trazer as pessoas (e a
gata) petrificadas de volta.
Hadrian deixou Hera acordada desde a sua última visita, e Nyx se revezava entre ficar com
Hadrian e sua nova amiga. O relacionamento das duas estava evoluindo, o que deixou os Slytherin
um tanto quanto desconfortáveis, pois as duas flertavam livremente e em qualquer momento. Vezes
ou outra elas se enroscavam, como se estivessem acasalando (mesmo as duas sendo fêmeas), o que
resultava no quase desmoronamento da Câmara Secreta inteira.

Já o relacionamento entre Hadrian e Tom eram outros quinhentos. Hadrian carregava o diário
por todo o lado. Escrevia nele sempre que possível, principalmente para reclamar do ensino
precário de Hogwarts, ou então só para comentar o quão entediante eram as aulas de História da
Magia. Ou, desenhar qualquer coisa e dialogar com Tom sobre suas descobertas de criaturas
mágicas. Tom havia se tornado uma espécie de “amigo”, mesmo que ele se recusasse a aceitar esse
fato. Hadrian se divertia com a antipatia do outro e com o seu jeito certinho de ser, mesmo que
Tom escondesse um sociopata dentro de si. Com o tempo que passaram juntos, os dois descobriram
mais um sobre o outro. Por exemplo:

Tom era filho de Merope Gaunt. Os Gaunt eram uma família antiga de bruxos e
anteriormente rica, conhecida por produzir indivíduos com personalidades violentas e instáveis
devido a gerações de consanguinidade. Por causa do gosto da família por grandeza, juntamente
com pouca sensibilidade em suas indulgências, o ouro da família foi jogado fora e desaparecido
muito antes do nascimento dos últimos herdeiros conhecidos da linhagem. Da mesma forma, a
tendência de “casar com os próprios primos” e “manter a linhagem pura”, seguindo as crenças de
Salazar Slytherin, fez com que os herdeiros do nome Gaunt sofressem os efeitos negativos de
gerações de endogamia e incesto.

O avô materno de Tom, Marvolo Gaunt, e seu tio materno, Morfin Gaunt, afirmaram serem
os últimos homens conhecidos, descendente de sangue-puro de Slytherin no início do século XX.
Como tal, eles se consideravam “realeza” por seus ancestrais, apesar de sua pobreza; miséria; falta
de educação; e distúrbios mentais e físicos de séculos de consanguinidade familiar. O pai de Tom,
Tom Riddle Senior, era um muggle rico que vivia na vila de Little Hangleton, perto da cabana dos
Gaunt, que foi forçado a ter um relacionamento com Merope Gaunt através do uso contínuo de
uma Poção do Amor. O pai de Tom era um homem muito belo, mas nada humilde. Crianças
nascidas de uma relação pela Amortentia são incapazes de desenvolverem sentimentos por si só.
Eles precisam de ajuda externa para compreenderem e desenvolverem sentimentos.

Merope cresceu com seu pai, Marvolo, e irmão, Morfin na cabana em Little Hangleton.
Marvolo e Morfin, ambos, eram mental e fisicamente abusivos com a garota. Merope exibiu pouco
talento mágico em seus primeiros anos, e como resultado foi tida como um aborto e humilhada
pelo irmão e pelo pai. Este, chamou-a de “pequeno aborto repugnante”, entre outras coisas, durante
a vida inteira. No entanto, essa era realmente uma profecia autorrealizável, pois as habilidades
mágicas de Merope foram suprimidas em grande parte por causa do abuso de seu pai e irmão.

As habilidades mágicas de uma pessoa podem ser afetadas por seu estado de espírito,
sentimentos e emoções negativas poderosas suportadas em uma base crônica podem interferir ou
drenar completamente os poderes de uma pessoa. Assim como Hadrian teve uma explosão mágica
quando seu tio Vernon usou um atiçador de fogo em brasa para punição, seus sentimentos e
emoções drenaram sua magia para sua autopreservação. Todos os momentos em que sua magia se
manifestou involuntariamente na casa dos Dursley, era devido ao acúmulo de sentimentos
negativos. Então, pode-se afirmar que, Merope possuía poderes mágicos, mas nunca os havia
realmente utilizado nem desenvolvido.

No entanto, suas habilidades mágicas floresceram quando seu pai e irmão foram presos em
Azkaban e ela estava livre de seus abusos. E, em algum momento de sua vida, Merope
desenvolveu uma paixão obsessiva por Tom Riddle, o muggle excepcionalmente bonito e rico,
filho único de Thomas e Mary Riddle. Marvolo ficou furioso quando Morfin revelou a paixão da
garota, e o patriarca a atacou fisicamente, mas foi contido pelo auror do Ministério, Bob Ogden.
Marvolo e Morfin amaldiçoaram Riddle porque Merope era atraída por ele.

Sem sua família, Merope utilizou Amortentia para casar-se com o muggle. Ela deixou a
cabana com uma nota de despedida, revelando o seu casamento com Riddle, e imediatamente o
casal mudou-se para Londres Depois de um ano de casados, Merope engravidou e decidiu parar de
dar a Poção do Amor para Riddle. Acreditava fielmente que ele teria desenvolvido sentimentos por
ela e que permaneceria ao seu lado, agora que eles teriam um filho. Mas o muggle não fez o que
ela esperava, ele a insultou e fugiu de volta para a casa de sua família, alegando que fora
enfeitiçado, embora ele não falou exatamente essas palavras para não ser tido como louco.

Após a fuga de seu amado, Merope logo entrou em profunda depressão e viveu como uma
pobre em Londres, vendendo seus objetos de valor para sobreviver e ganhar um pouco de ouro.
Especificamente, ela vendeu o medalhão de Salazar Slytherin, uma herança de família, para
Caractacus Burke, que sabia do valor do medalhão e a manipulou a ignorância da mulher, por dez
Galleons. Com o coração partido e os sonhos em frangalhos, Merope parou de usar magia
completamente após ser abandonada e insultada por Riddle, sua magia, novamente, havia sido
enclausurada devido a sua forte depressão.

Na noite da véspera de Ano Novo em 1926, ela cambaleou pelos degraus da frente de um
orfanato, pronta para dar à luz ao seu filho. Ela disse a Sra. Cloe, uma mulher que trabalhava no
Wool’s Orphanage, que o chamasse de Tom para o seu marido, Marvolo para o seu pai e Riddle
como seu sobrenome. A Sra. Cloe acreditava que Marvolo era um nome “engraçado” e se
perguntou se Merope tinha vindo de um circo. Merope morreu sem aviso prévio, dentro de uma
hora, e suas últimas palavras foram um desejo final de que seu filho se parecesse com o pai, o que a
Sra. Cloe disse que ela estava certa em esperar, já que Merope não era bonita. Mesmo tendo um
filho que precisava dela, Merope escolheu a morte devido a sua existência absolutamente miserável
à qual havia sido condenada.

Como a equipe do orfanato muggle não sabia de nada sobre sua mãe, eles não poderiam
saber sobre sua magia. Em vez disso, eles acreditaram que Merope era uma funcionária de circo.
Apesar de desconhecer o verdadeiro histórico de sua mãe, Tom tinha alguma compreensão sobre
suas habilidades além das crianças mágicas normais da mesma idade, e um alto nível de controle
incomum sobre elas. Ele podia mover objetos com sua mente, fazê-los flutuar onde quisesse,
manipular animais e criaturas como quisesse, falar com as cobras e usar seus poderes para causar
danos aos outros órfãos. Depois de brigar com um colega órfão, Billy Stubbs, ele usou seus
poderes para pendurar o coelho do menino, completamente estraçalhado, nas vigas do orfanato.
Em uma ocasião, ele levou dois outros órfãos que o humilhavam constantemente, Dennis Bishop e
Amy Benson, em uma caverna, onde ele invadiu suas mentes. Tom era um exímio Legilimens. Ele
invadiu suas mentes sem dó nem piedade, serpenteando entre suas memórias com agressividade,
causando-lhes muita dor. E então ele fez os dois terem um pesadelo horrendo. Onde eles não eram
órfãos e tinham famílias perfeitas, e então Tom chegava e torturava suas famílias na frente deles, os
matando lentamente. Dennis e Amy gritavam por ajuda e tentavam se soltar das fortes amarras que
o impediam de desviar os olhos da cena. E então Tom os torturava até a morte também. Os órfãos
ficaram traumatizados, Tom os ameaçou, forçando-os a ficarem em silêncio e a não contarem para
ninguém o que aconteceu ali. Tom também roubava coisas dos outros órfãos e as escondia em seu
armário como troféus.

Tom havia sofrido abusos físicos e psicológicos dos outros órfãos e até dos funcionários do
orfanato, mas, devido aos seus poderes, ele conseguia se safar, às vezes. Tom era um pequeno
sociopata, assassinava e torturava pequenos animais, tinha antipatia e falta de interesse por
sentimentos e convivência humana, transtorno de personalidade antissocial, não possui empatia, ele
não consegue entender os sentimentos dos outros. Tom é socialmente irresponsável, apresenta
desrespeito pelos outros, falsidade e manipulação para obter ganhos e vantagens pessoais. Ele tinha
grande disposição em desconsiderar ou violar os direitos dos outros. Isso é, ele busca dominar e
manipular o outro para obter vantagens para si próprio, como bens materiais, dinheiro, parceria
para negócios, sexo, reputação, e assim por diante. Mas Tom também gostava de dominar o outro
apenas pela sensação de poder e controle. Ele não tinha a plena consciência de que estava fazendo
algo negativo, seus impulsos o levam a praticar atos que a maioria das pessoas nunca fariam.
Muitas vezes ele pode apresentar comportamento agressivo e se irrita facilmente. Em geral ele não
sente empatia pelo outro e nem mesmo remorso das suas ações e conduta. Quem apresenta
transtorno de personalidade antissocial tende a ser muito autoconfiante, arrogante e teimoso. Por
isso, podem ser charmosos, desenrolados verbalmente e espontâneos, exercendo fascínio e encanto
nas suas vítimas. Apresentam também distinta capacidade de argumentação e articulação para
conseguirem o que querem.

Quando ele tinha onze anos, Dumbledore, que na época era professor de Transfiguração em
Hogwarts, conversou com a Sra. Cloe, que o informou de quão incomum o garoto era,
compartilhando histórias de sua extraordinária influência sobre as outras crianças. Quando
Dumbledore finalmente foi apresentado ao garoto, Riddle, a princípio, acreditou que ele era um
tipo de médico ou psiquiatra, que o levaria a um hospício devido ao que os funcionários haviam
visto. Ele ficou convencido, depois que Dumbledore demonstrou seu poder utilizando um Feitiço
Congelador de Chamas no armário de Riddle, e revelou que Hogwarts era uma escola para pessoas
com magia, e então Riddle percebeu que eram essas suas habilidades. Tom também mencionou,
ingenuamente, sua capacidade de falar a língua das cobras nessa mesma reunião, perguntando se
era uma habilidade comum entre os bruxos, ao qual Dumbledore não respondeu. Dumbledore
também repreendeu Riddle por roubar os outros e o fez devolver os itens com suas desculpas. Ele
também alertou Riddle para interromper seu mau comportamento, pois Hogwarts tina um código
de honra pelo qual mentir, trapacear e roubar não eram tolerados.

Tom já demonstrava desejo de ser diferente e se destacar dos outros, tanto que ele detestava
seu nome por seu tão comum. Ele não ficou surpreso ao ser informado que era um bruxo, ele
estava, de fato, ansioso para acreditar que ele tinha dons especiais que ninguém mais tinha. Ele
também tinha um medo eminente da morte, considerando-a uma fraqueza humana. Ele alegou que
sua mãe não poderia ser uma bruxa, porque se ela fosse mágica, ela seria capaz de evitar a morte e
pensava que seu pai era um bruxo. Ele até perguntou à Dumbledore se seu pai era um ex-aluno de
Hogwarts.

Quando entrou na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e foi selecionado para a


Slytherin. Ele foi humilhado e desprezado por seu um “nascido muggle” em uma casa que só
aceitava puros-sangues na época. Tom adquiriu uma obsessão em descobrir mais sobre sua família.
Foi só no final do segundo ano que ele descobriu ser o herdeiro de Salazar Slytherin. Desde então
ele usou o seu título para subir na “hierarquia” da casa das serpentes, utilizou seus poderes além da
média e o seu gosto sádico para conseguir comandar todos Slytherin.

Albus estava de olho no garoto o tempo todo. Tom conseguia manipular tudo e todos com a
sua falsa persona de garoto perfeito, menos Dumbledore. Depois que Dumbledore o repreendeu
sobre seus maus hábitos, Tom mudou. Tornou-se mais cauteloso e sigiloso, adotando a imagem do
“aluno exemplar”.

Riddle odiava as férias onde ele era forçado a voltar para o orfanato que ele desprezava e
mais temia do que em qualquer outro lugar no mundo. Em pouco tempo ele era visto como:
“pobre, mas brilhante, órfão, mas tão corajoso, um monitor da escola, um aluno exemplar”. Devido
às suas habilidades e a sua atuação excepcional, ele conseguiu convencer todos de que essa
fachada era sua verdadeira personalidade. Tom percebeu que havia cometido um deslize ao mostrar
a Dumbledore seu “verdadeiro eu”, e nunca tentou conquistá-lo como havia feito com os outros
professores. Com o tempo ele passou a temer e desprezar Dumbledore.

Em alguns anos, Tom criou seu “círculo íntimo” de uma mistura heterogênea de Slytherin
puros-sangues. Secretamente chamados de Knights of Walpurgis. Riddle aproximou-se deles com
a fachada de serem “amigos” com a falsa intenção de “os fracos buscando proteção, os ambiciosos
buscando alguma glória compartilhada e os agressivos gravitando em direção a um líder que
poderia lhes mostrar formas mais refinadas de crueldade”. Mas Tom nunca desejou amigos, achava
isso uma idiotice, na verdade eles eram seus servos. Ele os manipulava para cometer pequenos
delitos e outros crimes, mas nenhum desses “incidentes” foi rastreado de maneira confiável até o
grupo.

Quando Riddle descobriu que seu pai, antes acreditando ser um bruxo, era um muggle. Ele
criou o anagrama de “I am Lord Voldemort” com o seu nome completo para se poupar do desgosto
de ter um “imundo pai muggle”. Usando seu nome do meio, Marvolo, ele descobriu sua
descendência de Salazar Slytherin através dos Gaunt. Depois que ele descobriu sobre seus
ancestrais, não demorou muito para que ele descobrisse a existência da Câmara Secreta em
Hogwarts, durante o seu quinto ano, e domasse o basilisk que habitava ali dentro. Ele abriu a
Câmara a fim de “purificar a escola de todos aqueles que não eram dignos de estudar magia” aos
olhos de Tom e Salazar. Ou seja, os nascidos muggle.

Por volta de treze de junho de 1943, o basilisk feriu muitos estudantes em Hogwarts, com
sua última vítima sendo Myrtle Warren. À luz desse incidente, o Conselho de Governadores de
Hogwarts decidiu que a escola seria fechada. Durante esse ano, Riddle fez um pedido especial ao
diretor Armando Dippet para permanecer na escola durante as férias, no entanto seu pedido fora
negado devido ao fechamento da escola. Percebendo que a Câmara deveria ser fechada e o culpado
preso, a fim de manter a escola aberta (e não retornar ao orfanato), Riddle enquadrou o colega da
Gryffindor, Rubeus Hagrid e seu animal de estimação, a acromantula Aragog. Tom convenceu
Dippet de que Aragog era o monstro que havia aterrorizado a escola e Hagrid foi expulso enquanto
Tom ganhava um troféu por “Serviços Prestados à Escola”.

No entanto, Dumbledore não acreditava que Hagrid era o responsável pelo assassinato, e
conseguiu fazer com que Hagrid recebesse o emprego de aprendiz de Guarda Caça de Hogwarts.
Desconfiado de Tom, Dumbledore manteve-se ainda mais atento aos passos do garoto. Riddle
percebeu que seria idiotice abrir a Câmara mais uma vez enquanto ele ainda era estudante de
Hogwarts. Então ele fez a sua primeira Horcrux. Seu diário, no final do seu quinto ano, dividindo
sua alma em dois e guardando uma parte no diário.

Porém, algo que nunca foi revelado para qualquer pessoa era que Albus Dumbledore
arquitetara tudo. Ele descobriu a localização dos Gaunt, orquestrou a obsessão de Merope por
Riddle, a prisão de seu pai e irmão, a ideia de fazer uma Poção do Amor. Ele nem precisou fazer
muita coisa, de resto Merope se saiu muito bem. O garotinho ter nascido mentalmente
desequilibrado já era uma grande coisa para os seus planos. Ele só precisou dar pequenos
empurrões nos residentes do orfanato para tornar a vida de Tom o mais miserável possível. Depois,
em Hogwarts, era só dar os livros certos e pequenos incentivos em terceiros que Tom fazia todo o
resto. Sim, Albus se orgulhava de suas manipulações com as vidas alheias. Ele conseguiu mais
adoração com o surgimento de Lord Voldemort, então ele só tem o que agradecer.
Capítulo 33
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

O diário, porém, não contou a Hadrian sobre ele ser Voldemort, e o futuro causador da morte
dos pais do menor. O Tom do diário não sabia se essa informação seria "agradável" para Hadrian.
Coisa que era muito estranha, pois ele não se importava com os sentimentos dos outros, nem nunca
se importou. Mas ele tinha uma estranha ligação com o outro; uma falta de aversão e antipatia que
não existia até o momento que descobriu sua existência. Tom culpou o fato de Hadrian ser uma
horcrux também. Ele também não contou a Hadrian quem estava usando o seu diário
anteriormente. Não havia motivo para contar, já que Hadrian o estava "alimentando".

Os alunos do segundo ano receberam algo novo em que pensar durante os feriados de
Páscoa. Chegara a hora de escolher as matérias para o terceiro ano. Hadrian havia escolhido:
Artimância, Estudo de Runas Antigas, Alquimia e Trato das Criaturas Mágicas. Draco, Blaise e
Pansy o acompanharam em Runas Antigas, Artimância e Trato de Criaturas Mágicas. Já Blaise o
acompanhava em todos os cursos escolhidos.

O próximo jogo da Slytherin seria contra a Hufflepuff. Marcus insistia em fazer treinos todas
as noites depois do jantar, de modo que Hadrian mal tinha tempo para mais nada, exceto o
quidditch e os deveres de casa. O dia que antecedeu a partida amanheceu cheio de animação e
expectativas, Hadrian sabia que a Slytherin tinha grandes chances de vencer devido aos treinos que
tiveram. Mas sua animação não durou muito. Durante o intervalo entre as trocas de aulas da manhã,
Ginny acabou esbarando com ele na pressa de chegar a sua sala e acabou derrubando a mochila do
moreno. Ela parecia agitada e muito corada.

— Oh, meu Merlin! — Ela abaixou-se rapidamente para ajudar o moreno a juntar seus materiais
jogados no chão. — Eu sinto muito, Hadrian! Me perdoe!

— Está tudo bem, Ginny. — Ele segurou a mão da garota e sorriu para confortá-la, o que a fez
corar ainda mais. Assim que Hadrian juntou seus livros, tinteiros e penas e guardou-os na mochila,
Ginny não tardou a voltar a sair correndo.

— Ela, realmente, está caidinha por você. — Theodore brincou e Hadrian revirou os olhos.

Mais tarde naquele dia, ao tomarem seus lugares na aula de História da Magia, Hadrian
meteu a mão na mochila a procura do diário e não o encontrou. Ele revirou toda a mochila e não
encontrou o livrinho de couro preto. Ele olhou alarmado para Draco.

— O que aconteceu? — O loiro perguntou num sussurro enquanto se aproximava do moreno.

— O diário de Riddle sumiu. — Sua voz estava num sussurro quase inaudível.

— O quê?! — Os intensos olhos cinzas de Draco arregalaram-se de espanto.

— Ele não está aqui!


— Tem certeza de que o colocou na mochila hoje de manhã?

— Sim. Eu lembro de tê-lo pegado e guardado.

— Nós vamos achá-lo.

Na manhã seguinte, Hadrian estivera observando o Salão Principal, cheio de alunos,


imaginando se o novo dono do diário de Riddle estaria ali, bem diante dos seus olhos. Ele não
poderia comunicar a algum professor o roubo, se não descobririam sobre o diário e a quem
pertencia. Quantas professores conheceram Riddle? Quem saberia sobre a expulsão de Hagrid a
cinquenta anos atrás? Ele não podia arriscar que Dumbledore pegasse o diário. Hadrian precisava
encontrar o livrinho o mais rápido possível, também para impedir que o novo portador fosse morto
por Tom.

Quando saiu do Salão Principal com o resto do time de quidditch para se prepararem no
vestiário, o garoto viu Hermione subindo as escadas correndo. Ela tinha uma expressão de séria
preocupação no rosto. Hadrian tinha acabado de pôr o pé na escadaria de mármore quando ouviu
outra vez...

— Matar desta vez... Me deixe cortar... Estraçalhar... — O garoto paralisou completamente.

— Hera! — Disse para Draco num sussurro, espiando por cima do ombro. — Acabei de ouvi-la. —
Ficou parado, indeciso, tentando ouvir a voz novamente, mas os alunos agora vinham saindo do
Salão Principal às suas costas, falando alto, dirigindo-se à porta da frente a caminho do campo de
quidditch.

— O que tem ela? — Draco olhava-o confuso. — Você mesmo a deixou acordada.

— Ela está falando do mesmo jeito quando estava sob controle do "outro herdeiro".

— Vamos, campeão. — Terrence circulou os ombros de Hadrian com um braço. Nyx estava nos
ombros de Draco. — São quase onze horas, o jogo... — Hadrian encarou apreensivo as escadarias e
mandou Nyx averiguar o que estava acontecendo, ele não poderia deixar transparecer que sabia de
algo.

Quando todos estavam prontos para iniciar o jogo, o professor Flitwick veio correndo
desengonçadamente, graças ao seu tamanho diminuto, até o campo com um megafone anunciando
que o jogo fora cancelado. Ele convocou Hadrian e seus amigos para o acompanharem até a
enfermaria. Uma aluna da Ravenclaw do quinto ano e Hermione foram petrificadas na biblioteca.
Nyx voltou para os ombros de seu filhote e contou que achou Hera adormecida na Câmara Secreta,
então não tinha muita coisa que ela pudesse fazer. Flitwick os acompanhou de volta para os seus
respectivos Salões Comunais, logo em seguida Severus Snape irrompeu da entrada do Salão
Comunal com um pergaminho em mãos e sua habitual carranca.

— Todos os alunos devem voltar à Sala Comunal de suas casas até as seis horas da tarde. Nenhum
aluno deve sair dos dormitórios depois dessa hora. Um professor os acompanhará a cada aula.
Nenhum aluno deve usar o banheiro a não ser escoltado por um professor. Todos os treinos e jogos
de quidditch estão adiados. Não haverá mais atividades noturnas. — Os alunos da Slytherin
aglomerados na Sala Comunal ouviram o professor em silêncio. Ele enrolou o pergaminho que
acabara de ler e disse com a sua habitual voz monótona. — É provável que fechem a escola a não
ser que o autor desses ataques seja apanhado. Eu pediria a quem achar que talvez saiba alguma
coisa que me procure. — Foi ele sair dali e os alunos começarem a falar imediatamente.

— São dois alunos da Gryffindor atacados, sem contar o fantasma da Gryffindor, um aluno da
Ravenclaw e um da Hufflepuff. — Disse Theodore contando nos dedos. — Será que nenhum
professor reparou que os alunos da nossa casa não foram tocados?

— É questão de tempo nós sermos atacados ou culpados por isso. — Draco massageou as
têmporas.

— As outras casas sempre nos odiaram por sermos "bruxos das trevas". — Pansy comentou com
desgosto na voz.

— Daqui a pouco irão expulsar todos os Slytherin da escola, achando que somos os culpados. —
Blaise cruzou os braços com raiva. Todos estavam prestando atenção em Hadrian. Ele era o único
herdeiro de Salazar Slytherin na escola.

— Tudo isso é culpa sua, Potter! — Bulstrode surgiu do meio da multidão cuspindo as palavras
com desgosto. Hadrian, que estava de pé encarando o fogo na lareira, virou-se lentamente para a
garota e olhou-a com intensidade. Mas ela não demonstrou o medo que sentiu ao ver Nyx deslizar
para o chão e assumir seu tamanho original. — Você soltou o monstro e está atacando os sangues-
ruins! Ótimo! Mas não nos faça parecer os culpados! Não temos culpa da sua idiotice!

— Bulstrode. — Hadrian pronunciou seu nome com cuidado parecendo procurar alguma coisa
escondida em cada sílaba. — A única desprovida de inteligência aqui é você. — Todos prenderam
a respiração ao verem a garota inflar e corar de raiva. — Primeiro: eu nunca atacaria ninguém
assim. Não sendo tão descuidado e usando algo que poderia muito bem me incriminar. Segundo:
dois amigos meus foram atacados, e eu nunca permitiria isso. E terceiro: eu não tenho motivos para
atacar nenhum nascido muggle. Estou pouco me fodendo pra essa coisa de sangues-puros. — Os
Slytherin reprimiram uma exclamação de surpresa enquanto seus olhos se arregalavam. — Não é
surpresa que muitos de vocês continuam com essa ideia na cabeça. Vocês nunca se perguntaram a
onde foi parar o nome Slytherin? Nunca pararam para pesquisar sobre a Casa Gaunt? — O Salão
Comunal mergulhou em um silencio apreensivo. — Os Gaunt eram uma família muito "curiosa".
Eles eram muito ricos e famosos por serem uma família parselmouth. Mas eles cometiam o erro de
casarem-se com seus primos. A endogamia pode não parecer nada demais para vocês agora. Mas
vocês irão entender o meu ponto.

Hadrian analisou todos os olhos que o miravam, uma mistura de curiosidade, medo, orgulho
e cobiça. Então ele continuou:

— Gerações se passaram. Com a mentalidade de continuar a linhagem puro-sangue, eles


continuaram a praticar a endogamia. Até que chegamos aos três últimos herdeiros de Salazar
Slytherin na Grã-Bretanha. Marvolo, Morfin e Merope Gaunt. A Casa Gaunt era conhecida por
produzirem bruxos extremamente agressivos e instáveis mentalmente. Por serem mentalmente
instáveis e acharem que eram da realeza, eles gastaram toda a sua fortuna. Marvolo e seus dois
filhos, Morfin e Merope, viviam num barraco imundo perto de Little Hangleton. Eles viviam como
porcos. Marvolo e Morfin usavam e abusavam da caçula, Merope. Física e psicologicamente. E
vocês me perguntam o porquê disso. Não é?

Ele olhou para todos, que estavam vidrados na sua explicação, alguns fizeram um sinal
afirmativo com a cabeça, pedindo para que ele continuasse. Hadrian gostou da sensação de poder
que essa devoção deles o proporcionava.

— A magia dela era reprimida e não se manifestou; então Marvolo e Morfin deduziram que ela era
um aborto. O que ela não era. Todos sabemos que nossas magias estão diretamente conectadas com
nosso estado mental e sentimentos. Devido aos maus tratos que a garota sofria, sua magia se
enclausurou em si mesma. Os três possuíam sérios problemas mentais. Quando Merope se
apaixonou por um homem muggle, ou melhor, ela ficou obcecada por ele, e o pai descobriu,
Marvolo surtou e a atacou fisicamente, junto com Morfin ambos destruíram a garota com palavras
horríveis. Quando eles foram levados para Azkaban, Merope viu-se livre, então decidiu ir atrás do
seu "amor". Um homem muito rico e bonito, mas era um futre. Quando ele a rejeitou, ela deu-lhe
Amortentia. Todos sabemos que essa poção é proibida, ela não cria o amor, só deixa a pessoa
obcecada por quem a enfeitiçou, mas, lembrem-se: ela não era mentalmente estável. Então os dois
se casaram e fugiram, um ano depois ela engravidou. Na esperança de que o homem tivesse
desenvolvido sentimentos por ela, ou que ficasse pelo bem da criança, Merope parou de dar-lhe a
Poção do Amor. E adivinhem o que ele fez?

Ninguém ousou dar um palpite.

— Ele a humilhou e fugiu. Merope, que já sofrera com o trauma de crescer em um lar abusivo,
entrou em profunda depressão depois de ser rejeitada. Sua magia, novamente, trancou-se. Ela teve
que vender tudo para continuar a se alimentar, pelo menos pelo filho. E então, quando ele nasceu,
ela finalmente morreu.

— Mas e a criança? — Um garoto do sexto ano perguntou.

— Desapareceu. — Hadrian suspirou. — O que eu quis mostrar-lhes ao contar essa história é que
os nascidos muggle estão nos salvando. Se continuarmos com essa ideia de mantermos o sangue-
puro, nós iremos nos destruir até que não exista mais nenhum bruxo. Nós, filhos de famílias dos
Sagrados 28 já somos primos de alguns graus. Iremos nos relacionar uns com os outros até que
estejamos nos casando com nossos próprios irmãos. E, consequentemente, teríamos o mesmo fim
dos Gaunt. Os nascidos muggle servem para mantermos nosso mundo vivo, sem eles estaríamos
condenados. Então. — Seus olhos esmeraldas varreram todos que estavam na Comunal. —
Agradeceria se parassem com essa ideia idiota e conscientizassem seus pais da grande merda que
estão fazendo se seguirem adiante.

Todos ficaram em silêncio assimilando tudo o que Hadrian havia falado.

— Sem contar que, não existe essa coisa de alguém ser totalmente puro-sangue. — A maioria das
pessoas ali prenderam a respiração. — Em devido momento, muito antigamente, os bruxos se
relacionaram com muggles ou criaturas mágicas para dar continuidade a linhagem, e encobriram
esse fato. Ou então, como pode a magia surgir "do nada" em alguém? Os tidos "puros-sangues",
que praticavam endogamia, produziram abortos. E, como todos sabem, os abortos são injustiçados
e expulsos para o mundo muggle. Mesmo não podendo fazer magia, eles ainda possuem um núcleo
mágico, e, conforme as gerações vão passando e o "sangue se purificando" para tirar a "maldição
da endogamia", a magia volta a se manifestar, gerando assim os "nascidos muggles". Ou seja, não
existe essa coisa de sangue puro.

— COMA NOSSOS CUS, MESTRE! — Theodore se ajoelhou no chão e reverenciou o amigo. —


Tanta sabedoria! Que honra estar na sua presença, mestre!

— Pare com isso, Theo. — Hadrian riu do amigo enquanto o ajuda a se levantar.

— Tão humilde e tão incrível! — Theodore fingiu estar chorando.

Depois do seu discurso, todos os Slytherin viam o garoto como um líder a ser seguido,
muitos enviaram cartas aos seus pais, relatando o que Hadrian havia falado. O garoto tinha razão,
eles estavam cavando a própria cova com essa história de puros-sangues. Todos o admiravam,
apenas com doze anos e já demonstrava ser um grande líder. Suas habilidades, sua lábia, seu poder,
tudo em Hadrian gritava que ele seria importante. Então eles iriam segui-lo como seu líder.
Capítulo 34
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian estava apreensivo, ver Colin e Hermione petrificados foi horrível. Ele sentia-se
impotente, não sabia quem era o culpado disso tudo, e não poderia forçar Hera a não o obedecer,
pois a pessoa também hera "herdeiro de Salazar". No dia seguinte, todos souberam que o Ministro
da Magia, Cornelius Fudge, havia levado Hagrid para Azkaban sobre o pressuposto de que ele era,
novamente, o responsável pelos ataques. Hadrian e os amigos ficaram desolados, pois não tinha
como provar que o homem era inocente. Em contrapartida, o Conselho de Governadores de
Hogwarts decidiu afastar Dumbledore de seus serviços como diretor pela sua óbvia falta de
utilidade quando se trata da segurança das crianças que residiam no castelo. Com a saída de
Dumbledore, o medo se espalhou como nunca antes. Quase não se via na escola um rosto que não
parecesse preocupado e tenso, e qualquer risada que ecoasse pelos corredores soava aguda e
artificial e era rapidamente abafada.

Lockhart veio aos saltos pelo corredor, os alunos ficaram olhando para ele. Todos os outros
professores na escola pareciam mais sérios do que o normal, mas Lockhart estava, no mínimo,
animado e confiante.

— Vamos, garotos! — Exclamou, sorrindo para todos os lados. — Por que essas caras tristes? —
Os alunos trocaram olhares exasperados, mas ninguém respondeu. — Vocês não percebem. —
disse Lockhart, falando lentamente, como se todos fossem um pouco retardados — Que o perigo
passou! O culpado foi levado embora...

— Quem disse? — Perguntou Theodore em voz alta.

— Meu caro rapaz, o Ministro da Magia não teria levado Hagrid se não estivesse cem por cento
convencido de que era culpado. — Disse Lockhart, num tom de voz de alguém que explica que um
mais um são dois.

— Ah, teria levado, sim. — Disse Hadrian, ainda mais alto do que Theodore.

— Me lisonjeia dizer que sei um tantinho mais sobre a prisão de Hagrid do que o senhor, senhor
Potter. — Disse Lockhart num tom presunçoso. Hadrian levantou uma sobrancelha em deboche.

— Sabe tanto quanto Defesa Contra as Artes das Trevas? — Todos reprimiram uma risada com o
comentário do garoto. — Pois bem, então sinta-se feliz por isso. Mesmo que eu acredite fielmente
que Hagrid é inocente e que Cornelius Fudge é um grande imbecil. — Muitas pessoas quase se
engasgaram ao verem o rosto pálido de Lockhart devido ao atrevimento de Hadrian.

Mas a animação desagradável de Lockhart, suas insinuações de que sempre achara que
Hagrid não prestava, sua confiança de que a história toda agora chegara ao fim, irritou tanto
Hadrian que ele teve que se segurar para não atirar "Como se Divertir com Vampiros" bem no
meio da cara do professor. Mas ele controlou sua fúria, tinha que manter as aparências, mesmo que
as vezes ele poderia se dar ao luxo de colocar Lockhart no lugar dele.

Conforme o verão foi passando, os exames iam se aproximando. E, três dias antes,
McGonagall anunciou no Grande Salão que Dumbledore iria voltar para a escola. O que era uma
infelicidade para Hadrian e seus amigos. No momento, o Rei da Slytherin estava entediado na aula
de História da Magia, então voltou a ler seu livro "Animais Fantásticos e Onde Habitam" escrito
por Newt Scamander. Ele parou na página sobre basilisk.

Das muitas feras e monstros medonhos que vagam pela nossa terra não há nenhum mais
curioso ou mortal do que o basilisk, também conhecido como rei das serpentes. Esta cobra,
que pode alcançar um tamanho gigantesco e viver centenas de anos, nasce de um ovo de
galinha, chocado por uma rã. Seus métodos de matar são os mais espantosos, pois além das
presas letais e venenosas, o basilisk tem um olhar mortífero, e todos que são fixados pelos
seus olhos sofrem morte instantânea. As aranhas fogem do basilisk, pois é seu inimigo
mortal, e o basilisk foge apenas do canto do galo, que lhe é fatal.

"Então é por isso que os galos de Hagrid foram mortos." — Hadrian concluiu em
pensamento. — "Mas se o seu olhar é mortal, a Hera, quando estava no 'transe', tinha a intenção
de matar. Como ninguém morreu ainda?" — Batucou os dedos na mesa enquanto pensava. — "O
basilisk mata as pessoas com o olhar. Mas ninguém morreu, porque ninguém o encarou
diretamente. Colin viu Hera através da lente da máquina fotográfica, e isso queimou o filme que
havia dentro, mas Colin só ficou petrificado. Justin... Justin deve ter visto Hera através do Nearly
Headless Nick, e o fantasma recebeu todo o impacto, e como ele já estava morte só ficou
temporariamente "apagado". E Mione e aquela monitora da Ravenclaw foram encontradas com
um espelho ao lado delas." — Hadrian parou de batucar nervosamente os dedos. — "Mas e
madame Norris? Ela não tinha espelho, nem câmera, nem fantasma. Como ela foi petrificada?" —
Um barulho de alguém bebendo água chamou-o a atenção. — "ISSO! Tinha água no chão naquela
noite, a inundação do banheiro da Myrtle. Madame Norris viu o reflexo de Hera na água."

No intervalo da última aula da manhã, Ron chegou correndo pelo corredor e agarrou o braço
de Hadrian; Ginny havia desaparecido. Os dois correram até a sala dos professores, que estava
vazia, e decidiram esperar a sineta do intervalo soar para encontrarem um professor. Entretanto o
sinal jamais soou, no seu lugar veio a voz de McGonagall magicamente amplificada pedindo que
todos os alunos voltassem imediatamente para suas Comunais e que os professores se
encontrassem na sala de professores. Hadrian e Ron se esconderam num armário para não levarem
uma detenção enquanto milhares de pés corriam de um lado para o outro. Os professores chegaram
afoitos na sala, menos Lockhart.

O "herdeiro de Slytherin" deixara uma nova mensagem, logo abaixo da anterior: "O
esqueleto dela jazerá na Câmara para sempre.". Ginny Weasley fora levada para a Câmara
Secreta. Lockhart chegou atrasado e com um sorriso imenso anunciando que estava cochilando; a
responsabilidade de resgatar a garota caiu sobre os ombros do pavão exibido que anunciava aos
quatro cantos de que já sabia a meses a localização da entrada para a Câmara Secreta. Assim que a
sala ficou vazia, Hadrian e Ron saíram do esconderijo; os olhos azuis do ruivo estavam cheios de
lágrimas.

— Hoje à noite eu vou pedir para a Fat Lady te chamar. Esteja pronto.
Foi provavelmente o pior dia da vida de Hadrian. Depois de acompanhar Ron até a Torre da
Gryffindor e ver o garoto passar cabisbaixo pelo buraco do retrato, o moreno rumou para as
masmorras.

— Nós vamos atrás de Ginny. Quero você pronta para arrastarmos Lockhart junto. — Sussurrou
para a serpente enrolada no seu pescoço.

— Você vai brigar com Riddle, não vai?

— Ah, se eu vou! — Seus olhos esmeraldas cintilaram com um brilho perigoso.

— Hazz! — Draco atirou-se nos braços do moreno.

— Soubemos que Ginny foi levada. — Blaise e os outros Slytherin se aproximaram. As coisas
voam quando o assunto é fofoca em Hogwarts.

— Como está o Ron? — Theodore perguntou.

— Péssimo. — Hadrian suspirou ao afastar-se do aperto do loiro. — Lockhart foi incumbido a


cuidar disso, mas ele não vai. É muito covarde. Eu vou levar Ron comigo hoje à noite para
descermos lá. — Sussurrou enquanto sentavam-se o mais distante dos outros alunos.

— Mas ele pode desconfiar de você. — Draco preocupou-se.

— Eu tenho um plano.

— E Dumbledore? — Blaise perguntou.

— É provável que ele espere que eu lute contra Hera e morra tentando. Vou precisar de provas,
enquanto vou dar um jeito no meu aspecto de pós-luta e criar uma armadilha. Vou precisar da
ajuda de vocês.

— O que precisa? — Draco se aproximou ainda mais.

— Provavelmente foi Dumbledore que deu o diário a Ginny porque ele sabia que eu iria me
envolver por causa dela.

— E como vamos enganar esse velho? — Theodore perguntou sentando-se no chão.

— Eu vou transfigurar um diário igual ao de Tom, então colocarei algumas magias das trevas nele,
para ele ficar com os resquícios de magia negra. Lendo os livros de Salazar eu aprendi a encobrir o
meu rastro mágico, então ele não vai desconfiar de nada.

— E se ele testar o diário? — Pansy perguntou.

— Eu vou destruí-lo.

— Como? — Seus amigos pareciam confusos.

— O veneno de um basilisk é algo muito poderoso, capaz de destruir uma Horcrux. Vou usar umas
das presas que a Hera trocou para destruir o diário falso. Assim Dumbledore vai pensar que eu
ainda sou sua marionete.

— Isso é genial. — Blaise comentou impressionado.

— Agora, a parte em que vocês entram. — Todos se aproximaram de Hadrian. — Preciso que me
deem cobertura enquanto estiver fora.

— Pode contar conosco. — Theodore sorriu para o moreno.

— Ela está bem. — Draco segurou a mão de Hadrian, que ele nem percebeu estar entrelaçando-se
nervosamente em seus próprios dedos. — Não se preocupe.

— Não consigo não me preocupar. — Hadrian deu um sorriso sem ânimo. — Mas obrigado. A
todos vocês por toda a ajuda.

— Estaremos sempre aqui por você, Hazz. — Pansy tocou-lhe o ombro com um sorriso carinhoso.

Nenhuma tarde jamais se arrastou tanto quanto essa. Hadrian ficou repassando na mente os
passos que daria e o que faria. Assim que anoiteceu, ele foi até o seu quarto, pegou um livro
qualquer e inútil de Lockhart, colocou-o nas vestes, pôs Nyx em seus ombros e vestiu a Capa da
Invisibilidade. Aproveitou o fato de todos estarem desanimados e terem ido se deitar para passar
despercebido pela Sala Comunal e sair pela passagem secreta. Cuidadosamente ele subiu as
escadas até o retrato da Fat Lady e tirou a Capa, encolhendo-a e a guardando nas vestes.

— Preciso falar com Ron Weasley. — A mulher do retrato analisou-o por um tempo até que se
retirou do quadro. Em alguns minutos Ron surgiu do buraco e empurrando o quadro para longe. —
Vamos?

— S-sim! — Ele fechou a passagem e ambos se dirigiram até a sala de Lockhart.

— Quero que saiba que eu andei pesquisando sobre a entrada da Câmara Secreta hoje de tarde.
Tenho certeza de onde está

— Você fala como se tivesse outro herdeiro de Salazar Slytherin no castelo. — Ron analisou-o, era
isso que Hadrian temia.

— E tem. — Ron arregalou os olhos

— Como assim?

— Eu não sei explicar como. Mas eu posso lhe afirmar que eu não aticei o monstro contra
ninguém. Muito menos Ginny.

A noite caia ainda mais quando desceram à sala de Lockhart, parecia haver muita atividade
lá dentro. Eles ouviram coisas sendo arrastadas, baques surdos e passos apressados. Hadrian bateu
na porta e fez-se um repentino silêncio na sala; e então abriu-se uma frestinha na porta e eles viram
o olho de Lockhart espreitando.

— Ah... Senhor Potter... Senhor Weasley... — Disse, abrindo um pouco mais a porta. — Estou
muito ocupado no momento, se puderem ser rápidos...

— Professor, temos umas informações para o senhor. — Disse Hadrian cruzando os braços. —
Achamos que podem ajudá-lo.

— Hum... Bem... Não é tão... — A metade do rosto de Lockhart que podiam ver parecia muito
constrangida. — Quero dizer... Bem... Muito bem...

Ele abriu a porta e os garotos entraram. A sala tinha dois malões abertos no chão; vestes
extravagantes tinham sido apressadamente dobradas e guardadas em um deles; livros tinham sido
enfiados de qualquer jeito no outro; as fotografias que cobriam as paredes agora estavam
comprimidas em caixas sobre a escrivaninha.

— O senhor vai a algum lugar? — Perguntou Hadrian arqueando uma sobrancelha.

— Hum, bem, vou. — Disse Lockhart, arrancando um pôster com a sua foto em tamanho natural
das costas da porta, enquanto falava, e começou a enrolá-lo. — Chamado urgente... Inevitável...
Tenho que partir...

— Ele está mentindo. — Nyx sussurrou no ouvido do moreno, que analisou o professor.

— E a minha irmã?! — Ron gritou.

— Bem, sobre isso... Foi muito azar... — Respondeu sem olhar para eles, enquanto puxava uma
gaveta com força e começava a esvaziar o seu conteúdo em uma mochila. — Ninguém lamenta
mais do que eu...

— O senhor é o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas! — Exclamou o ruivo. — Não
pode ir embora agora! Não com todas essas artes das trevas em ação!

— Bem... Devo dizer... Quando aceitei o emprego... — Resmungou Lockhart, agora amontoando
meias por cima das vestes — Nada na descrição da função... Não era de esperar...

— O senhor quer dizer que está fugindo? — Questionou Hadrian, segurando a risada de escárnio
que lhe subia a garganta. — Depois de tudo que fez nos seus livros?

— Os livros podem ser enganosos. — Disse Lockhart gentilmente.

— Mas foi o senhor quem os escreveu! — Ron gritou.

— Meu caro rapaz. — Disse Lockhart se endireitando e amarrando a cara para o ruivo. — Use o
bom-senso. Meus livros não teriam vendido nem a metade se as pessoas não achassem que eu fiz
todas aquelas coisas. Ninguém quer ler histórias de um velho bruxo feio da Armênia, mesmo que
tenha salvado uma cidade dos lobisomens. Ele ficaria medonho na capa. Nem sabe se vestir. E a
bruxa que afugentou o espírito agourento tinha lábio leporino. Quero dizer, convenhamos...

— Então o senhor só está recebendo crédito pelo que outros bruxos e bruxas fizeram? —
Perguntou Hadrian, incrédulo.

— Harry, Harry, Harry. — Disse Lockhart, sacudindo a cabeça com impaciência — A coisa não é
tão simples assim. Há muito trabalho envolvido. Eu tive que procurar essas pessoas; perguntar
exatamente como conseguiram fazer o que fizeram; depois tive que lançar um Feitiço da
Memória para elas esquecerem o que fizeram. Se há uma coisa de que me orgulho é do
meu Feitiço da Memória. Não, foi muito trabalhoso, Harry. Não é só autografar livros e tirar fotos
de publicidade, sabe. Se você quer ser famoso, tem que estar preparado para dar duro. — Ele
fechou os malões com estrondo e trancou-os. — Vejamos. Acho que é só. É. Só falta uma coisa. —
E tirou a varinha e se virou para os garotos. — Lamento muito, rapazes. Mas tenho que lançar
um Feitiço da Memória em vocês agora. Não posso permitir que saiam espalhando os meus
segredos por aí. Eu jamais venderia outro livro... — Hadrian apanhou a própria varinha bem na
hora. Lockhart mal erguera a sua, quando o moreno murmurou:

— Expelliarmus. — Lockhart foi atirado para trás, caiu por cima do malão; a varinha voou no ar;
Ron agarrou-a e atirou-a pela janela.
— O senhor não devia ter deixado o professor Snape nos ensinar isso. — Disse Hadrian com um
sorriso maligno nos lábios, chutando o malão de Lockhart para o lado. O homem ficou olhando
para ele, parecendo frágil outra vez; Hadrian apontava a varinha em sua direção.

— Que é que você quer que eu faça? — Perguntou Lockhart com a voz fraca. — Eu não sei onde
fica a Câmara Secreta. Não há nada que eu possa fazer.

— O senhor está com sorte. — Hadrian disse enquanto forçava Lockhart a se levantar com a
varinha em seu queixo. — Eu sei onde ela fica. E o que tem lá dentro. Vamos. — Com um sorriso
ladinho, Hadrian lançou outro feitiço. — Incarcerous.

Cordas grossas amarraram-se envolta do tronco do homem, prendendo seus braços. Nyx
deslizou para o chão e tomou seu tamanho original. Fazendo Lockhart seguir Hadrian. Eles saíram
da sala, desceram as escadas mais próximas, e seguiram pelo corredor escuro em que as mensagens
brilhavam na parede até a porta do banheiro da Myrtle. Empurraram Lockhart na frente; Hadrian
ficou satisfeito de verificar que o professor tremia.

— Olá, Myrtle. — Hadrian cumprimentou a fantasma com um sorriso. — Lembra que disse hoje
mais cedo que viria trazer um professor para a Câmara? — A fantasma analisou a frase que o
moreno a direcionou. — Bom. Aqui estamos nós. — Ele havia visitado a fantasma naquela tarde,
avisado sobre o plano e sujou a Câmara para parecer-se como quando ele a encontrou na primeira
vez. Só por precaução.

— Ah! Claro. Claro! — Myrtle entrou no jogo de Hadrian, que reprimiu um sorriso contente. — É
aquela pia. — Apontou na direção. — É só dizer algo em parseltongue, o outro herdeiro sempre
faz isso.

— Obrigada Myrtle. — Hadrian piscou para a fantasma, que corou, e virou-se para a pia.
— Abra. — Sibilou em parseltongue, e assim a passagem abriu-se. Ron aproximou-se de Hadrian
com apreensão, já Lockhart ficou parado bem mais atrás, uma expressão de puro terror no rosto.
Hadrian ouviu Ron soltar uma exclamação e levantou a cabeça.

— Vou descer. — Anunciou o moreno. Ele não podia deixar de descer, agora que ele tinha
simulado a descoberta da entrada para a Câmara, não se houvesse a mais leve, mínima, imaginária
chance de Ginny estar viva.

— Eu também. — O ruivo falou. Houve uma pausa.

— Bem, parece que vocês não precisam de mim. — Disse Lockhart com uma sombra do seu
antigo sorriso. — Eu vou... — Tentou se retirar, mas Ron e Hadrian apontaram as varinhas para ele
enquanto Nyx preparava-se para atacar, bloqueando seu caminho para a saída.

— Você pode descer primeiro. — Rosnou o ruivo. Completamente apavorado, Lockhart se


aproximou da abertura e Hadrian desfez o feitiço que o aprisionavam.

— Rapazes. — Disse com a voz fraca. — Rapazes, que bem isto vai trazer? — Hadrian cutucou-o
nas costas com a varinha; Lockhart escorregou as pernas para dentro do cano. — Eu não acho... —
Começou a dizer, mas Ron deu-lhe um empurrão, e ele desceu deslizando pela abertura.

Hadrian seguiu-o em silêncio; baixou o corpo lentamente para dentro do cano e se soltou. Ele
fingiu não estar se divertindo com a descida; atrás ele ouvia Ron, batendo-se ligeiramente nas
curvas. Lockhart estava se levantando um pouco adiante, coberto de limo e sujeira; Hadrian
afastou-se para um lado enquanto Ron também fora cuspido do cano. O moreno ouviu Nyx
descendo logo em seguida.
— Lumus! — Murmurou Hadrian para sua varinha que acendeu. — Vamos. — Chamou Ron e
Lockhart. Nyx agora fingia liderar o caminho. — Myrtle me disse que o monstro que vive aqui é
um basilisk. — Fingiu estar com a voz trêmula de medo. Ron engoliu em seco enquanto Lockhart
estremecia de pavor. — Qualquer sinal de movimento fechem os olhos, o olhar de um basilisk é
mortal. Foi assim que Myrtle morreu. — Lockhart parecia estar pisando em ovos crus entre os
ossos de ratos. Ao chegarem na pele que Hera trocou (Hadrian fez questão de colocá-la ali
novamente), Ron ficou apavorado achando que era o basilisk.

— Porra. — Xingou Ron em voz baixa. Com um baque Lockhart caiu de joelhos no chão. —
Levante-se. — Ordenou com rispidez, apontando a varinha para Lockhart. O homem se levantou,
em seguida atirou-se contra Ron, derrubando-o no chão. Fora tudo tão rápido que em segundos o
professor se erguia, ofegante, com a varinha de Ron na mão e um sorriso radioso novamente no
rosto.

— A aventura termina aqui, rapazes. Vou levar um pedaço dessa pele de volta à escola, dizer que
cheguei tarde demais para salvar a garota e que vocês dois enlouqueceram tragicamente ao verem o
corpo dela mutilado, digam adeus às suas memórias! — Ele ergueu a varinha de Ron, emendada
com fita adesiva (que Hermione o dera) pelo ruivo ter sentado em cima, acima da cabeça e gritou:
— Obliviate!

A varinha explodiu com a força de uma pequena bomba. Nyx foi mais rápida e empurrou
Hadrian para longe, ele escorregou nas voltas da pele de cobra, escapando do alcance dos grandes
pedaços do teto do túnel que caíam com estrondo no chão. No momento seguinte, ele estava
sozinho com Nyx, contemplando uma parede maciça formada pelos destroços.

— RON! — Gritou. — Você está bem? Ron!

— Estou aqui! — Respondeu a voz abafada de Ron atrás do entulho. — Estou bem, mas esse bosta
aqui não está, a varinha acertou nele... — Ouviu-se uma pancada surda e um sonoro "Ouch!".
Parecia que Ron tinha acabado de chutar Lockhart nas canelas. — E agora? — Perguntou com a
voz desesperada. — Não podemos passar, vai levar séculos...

Hadrian olhou para o teto do túnel. Tinham aparecido nele enormes rachaduras. Ele estava
planejando desacordar os dois com uma rabada de Nyx, mas isso serviria para o deixar prosseguir
sozinho. Ouviu-se mais outra pancada e mais um "Ouch!" por trás das pedras. Estavam perdendo
tempo, Ginny já fora trazida para a Câmara Secreta havia horas...

— Espere aí! – gritou para Ron. — Espere com Lockhart. Eu vou continuar... Se eu não voltar
dentro de uma hora... — Houve uma pausa cheia de significados escondidos.

— Vou tentar afastar umas pedras. — Disse Ron, que parecia estar querendo manter a voz firme.
— Para você poder... Poder passar na volta. E, Hadrian...

— Vejo você daqui a pouco. — Disse tentando injetar alguma segurança em sua voz falsamente
trêmula. Ele não queria mentir para o amigo, mas era para o bem dele.

Hadrian retomou a caminhada para além da pele de cobra, acompanhado por Nyx. Logo o
som distante de Ron batalhando para retirar as pedras silenciou. Ao chegar nas duas serpentes de
pedra, ele ordenou:

— Abram. — Disse num sibilo grave e fraco. As cobras se separaram e as paredes se afastaram, as
duas metades deslizaram suavemente, desaparecendo de vista e Hadrian entrou. Ele não havia
sujado essa parte da Câmara. Ele sabia que Ron não chegaria até aqui, então ele viu claramente,
entre os pés da estátua de Salazar, de bruços, jazia um pequeno vulto de cabelos flamejantes
vestido de negro.
Capítulo 35
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

- Ginny! – murmurou Hadrian, correndo para ela e se ajoelhando ao seu lado. – Ginny... Não esteja
morta... Por favor não esteja morta... – largou a varinha no chão, segurou Ginny pelos ombros e
virou-a. Seu rosto estava branco e frio como o mármore, mas tinha os olhos fechados, portanto não
estava petrificada. Então devia estar... O coração do moreno falhou uma batida. – Ginny por favor
acorde. – murmurou desesperado, sacudindo-a. A cabeça da garota balançou desamparada de um
lado para outro.

- Ela não vai acordar. – disse uma voz sedosa que Hadrian conhecia muito bem. O menor se
sobressaltou e virou-se, ainda de joelhos. Tom Riddle, agora quase corpóreo, estava o observando
encostado à coluna mais próxima. – Ela já morreu. – Hadrian sentiu-se sem chão, sua garganta
entalou com as lágrimas que ele lutava para não derramar.

- Por que você fez isso, Tom? – o maior sentiu uma pontada no coração ao ver aquelas esmeraldas
varridas pela tristeza o mirando.

- Eu não posso controlar. O diário suga quem o usa. Ela ficou com medo de que eu tivesse revelado
os segredos dela para você. Então usou o diário novamente. E então já era tarde demais. – Hadrian
olhou para a garota e abraçou-a com força.

- Me perdoa, Ginny... Me perdoa, por favor... – sua voz foi abafada pelos cabelos ruivos a garota,
ele não conseguiu mais segurar, as lágrimas vinham com força, seus ombros tremiam com os
soluços. Nyx se aproximou de Riddle.

- Pegue minha magia. – Tom olhou-a com dúvida. – Tenho mais poder do que vocês acreditam.
Ande. Toque em minha cabeça. – relutantemente, Tom estendeu a mão e tocou a cabeça de Nyx.
Uma onda de poder percorreu seu braço a partir da sua palma e rumou para o seu coração,
envolvendo o núcleo mágico e dando-lhe poder. Em um piscar de olhos Tom tinha um corpo físico.
Ele analisou-o com surpresa e animação.

- Obrigado, Nyx. – sorriu para a serpente, que não lhe respondeu, deu-lhe as “costas” e se
aproximou de Hadrian, que ainda chorava abraçado ao corpo morto de Ginny. A serpente subiu em
seus ombros trêmulos e abraçou-lhe do seu modo ofídico.

- Hadrian... – Tom se aproximou do menor, que não lhe deu atenção. Apenas parou de chorar e
enxugou as lágrimas.

- Acorde Hera. Precisamos fazer parecer que eu lutei com ela e destruí o seu diário. – colocando o
corpo da garota cuidadosamente no chão, Hadrian retirou o livro que havia trazido consigo e
apanhou sua varinha. Tom acordou Hera, que logo foi informada sobre o que estava acontecendo.

- Oh, meu filhote. – o basilisk se aproximou de Hadrian e acariciou seus cabelos com sua língua
bifurcada. – Eu sinto muito.

- Obrigada, Hera. – ele olhou para Tom. O mais velho sentiu seu coração afundar ao ver os olhos
vermelhos e vazios do menor. – Preciso que você vá pegar uma presa da Hera. Uma que ela trocou
recentemente.

- Tudo bem. – Tom assentiu e entregou o seu diário, que ele havia pegado assim que Ginny
chegou, e deixou ao lado de Hadrian, logo se retirando. O menor começou a transfigurar o livro de
Lockhart numa réplica exata do diário de Tom. Quando ele terminou, o mais velho já estava
retornando com um grande dente de basilisk na mão. – Aqui. – entregou ao menor.

- Obrigado. – Hadrian pegou a presa com cuidado, entregou o diário original para que Tom o
guardasse enquanto ele mesmo lançava feitiços das trevas no falso diário. Assim que tudo estava
pronto, Hadrian pegou a presa de Hera e afundou-a no diário, destruindo-o até ter um rombo no
meio. – Agora preciso que você me ataque, me deixe sujo e machucado. – comentou se levantando
e estendendo sua varinha para Tom.

- Você tem certeza que...

- Tenho. – respondeu com convicção.

Tom assentiu e pegou a varinha, com uma dor horrenda no peito, ele fez vários feitiços para
deixar o menor com o aspecto de que havia lutado com o basilisk. Hadrian estava sangrando por
vários cortes e arranhões, ofegante e de joelhos no chão quando finalmente havia terminado. O
silêncio entre eles era desconfortável. Hadrian dava uma olhada ou outra para Tom, como se
estivesse desapontado com ele e queria fazê-lo pagar. Riddle sentiu uma dor no peito por Hadrian
estar o evitando. Um canto belíssimo começou a soar pela Câmara. E então Fawkes, a Phoenix de
Dumbledore, surgiu das sombras. Ele parecia confuso ao analisar tudo e pousou ao lado de
Hadrian. Seu longo bico dourado misturando-se com suas penas avermelhadas e amareladas,
imitando as chamas. Seus olhinhos pretos miravam o garoto.

- Oi Fawkes. –abriu um fraco sorriso. – Você está lindo. – a ave pareceu pensar por um momento e
logo inclinou sua cabeça para acariciar a mão de Hadrian. O garoto sorriu e deu-lhe carinho nas
penas estranhamente quentes e aconchegantes da ave.

Dumbledore havia colocado um feitiço em Fawkes para que ele pudesse ver e ouvir o
mesmo que a ave, enquanto ele o mandara monitorar Hadrian durante seu tempo nos Dursley.
Aconteceu que a Phoenix se afeiçoou ao garoto. As Phoenix são extremamente leais aos seus
donos, menos quando eles apenas a utilizam para serem bodes expiatórios e o tratavam mal. Sim,
Dumbledore não era um tutor muito carinhoso com seus animais. Ele apenas queria utilizá-los para
seu próprio benefício.

- Eu vou tirar vocês dois daqui. – Hadrian anunciou ao levantar-se e olhar para Tom. – Você e
Hera vão para a casa da minha madrinha. Narcissa Malfoy. Eles já foram avisados sobre Hera. –
ele virou-se para o basilisk. – Vou tirar você dessa Câmara nojenta. Você e Tom vão ir morar na
minha casa. Eu quero que você não use os seus poderes com nenhum deles. Todos nas terras
dos Malfoy não devem ser atacados. A menos que eu mande. Tudo bem?

- Claro que sim, filhote. – Hera acenou afirmativamente com a cabeça.

- Muito bem. – Tom estendeu-lhe a varinha, Hadrian a pegou, guardou-a no coldre e pegou o diário
falso atravessado pela presa de Hera. – Dobby! – com um som de “pop”, o house-elf favorito de
Hadrian surgiu na sua frente.
- Mestre, Hadrian! Dobby está muito feliz em ser chamado por você, mestre. Em que Dobby pode
ser útil? – perguntou fazendo uma exagerada reverência.

- Oi Dobby. – Hadrian sorriu para a criatura. – Preciso que você leve Tom e Hera para a Malfoy
Manor.

- Claro, meu senhor. Dobby fará isso, sim, senhor. – suas grandes orelhas de morcego abanaram de
alegria.

- Nos vemos nas férias, Dobby. – Hadrian sorriu para a criatura. Tom segurou a mão do house-elf e
Hera abaixou sua cabeça para que Dobby pudesse tocá-la. – Comporte-se Tom. Cuido de você
depois. – o mais velho acenou com a cabeça e os três desapareceram ao som do “pop”. – Você já
usou o Glamour para parecer ferida, Nyx? – Hadrian analisou seu familiar, que tinha alguns
cortes e sangue em alguns lugares, mas tudo aquilo era falso.

- Sim, filhote. – Hadrian suspirou enquanto dava o diário para Nyx levar com a boca, sem tocar na
presa de Hera.

- Eu vou levá-la nos braços. Não consigo fazer isso por magia, como se ela fosse apenas um
objeto. – abaixou-se ao lado de Ginny e pegou-a no colo. Passando um braço pelas suas pernas e o
outro nas suas costas. – Vamos Fawkes. – a Phoenix alçou voo e começou a planar acima de
Hadrian conforme ele saía dali. Hadrian sentia-se péssimo, ele havia chegado tarde demais, ele não
conseguiu salvar Ginny. Ela estava morta por sua culpa. Por não ter visto que ela estava sendo
usada por Tom. Ele havia falhado, ele nunca iria se perdoar por isso. Estava com vergonha de olhar
para Ron.

- Hadrian! – o ruivo exclamou ao conseguir ver o topo da cabeça do moreno, ele não conseguiu
fazer muito avanço na abertura da passagem.

- Mande-os se afastarem.

- Afastem-se, Nyx vai abrir caminho. – a serpente encarou o monte de pedras e seus olhos azuis
brilharam, logo o teto voltou ao normal e a passagem estava liberada. Hadrian viu o rosto de Ron
empalidecer ao ver Ginny em seus braços.

- Hadrian... Me diz que ela está bem... – seus olhos brilharam em lágrimas. O moreno não
conseguiu responder, apenas abaixou a cabeça e olhou para o chão, não tendo forças para encarar o
ruivo.

- Quem é essa? – Lockhart perguntou como se fosse uma criança de quatro anos. – Sua
namoradinha? Ela está dormindo?

Ron cerrou os punhos com força, os nós de seus dedos ficando brancos. Ele tremia de ódio.
Sua irmã estava morta! E ele tinha ficado ali com um idiota desmemoriado! Ron tomou Ginny em
seus braços, Hadrian não protestou, ele podia compreender o que o outro estava sentindo. Ele havia
falhado. O moreno pegou o falso diário de Nyx e, sem falarem mais nada, eles voltaram para a
câmara de entrada, Hadrian amarrou uma corda em Lockhart como se fosse uma coleira e o
arrastou. Fawkes indicou o caminho com uma escada e eles subiram de volta para o banheiro, onde
Myrtle estava esperando com um semblante preocupado. Ao ver Ron carregando Ginny, ela
reprimiu um gritinho e olhou na direção de Hadrian. O garoto apenas abaixou os olhos, estava
muito envergonhado e com raiva de si mesmo. Myrtle entristeceu-se ao ver o moreno daquele jeito.
Ela não queria vê-lo sofrer.

Fawkes tomou a frente, refulgindo ouro pelo corredor. Eles o seguiram e momentos depois
se encontravam à porta da sala de McGonagall. Hadrian bateu e empurrou a porta, abrindo-a.
Quando Hadrian, Nyx, Ron carregando Ginny e Lockhart surgiram à porta, cobertos de sujeira e
limo, e no caso de Hadrian, sangue, houve um silêncio momentâneo. Em seguida ouviu-se um
grito.

- Ginny! – era Molly Weasley, que estivera sentada chorando, diante da lareira. Ela se levantou
num salto, seguida de perto por Arthur Weasley, e os dois se atiraram até Ron que segurava sua
irmã. Hadrian percebeu que Dumbledore estava parado junto ao console da lareira, um brilho
doentio passando pelos seus olhos azuis. O moreno abaixou a cabeça e segurou a barra de sua
camisa com força, tentando controlar suas lágrimas. Fawkes, para surpresa do moreno e de
Dumbledore, pousou no ombro de Hadrian. Sua lealdade havia trocado de bruxo.

- O que aconteceu, Potter?! – McGonagall encarava o moreno com ódio nos olhos.

- Ron e eu... – sua voz saía trêmula. – Decidimos ir atrás do professor Lockhart hoje para dizer que
havíamos encontrado a entrada para a Câmara. O encontramos arrumando as coisas para fugir. Nós
o levamos até lá embaixo e ele tentou roubar a varinha de Ron. Mas ela estava quebrada. Ele
admitiu que roubou os feitos de outros bruxos e os obliviou para crescer. Ele iria nos obliviar e nos
deixar para morrer lá embaixo. Como a varinha estava quebrada e remendada com fita adesiva o
feitiço ricocheteou e obliviou o professor Lockhart, também causando um leve desmoronamento
do teto, que separou Ron e Lockhart no início da Câmara, enquanto eu e Nyx ficamos no caminho
para avançarmos. Nós chegamos na última câmara, onde Ginny estava... – sua voz falhou, ele
apertou ainda mais as suas roupas e uma lágrima solitária escorreu pela sua bochecha. – Eu
cheguei tarde. – não conseguiu segurar o choro agora, não ao ver os pais de Ginny abraçados ao
corpo da garota e chorando. – Eu sinto muito.

- Não foi sua culpa, Hadrian. – Dumbledore falou carinhosamente, enquanto no seu interior ele
estava comemorando. – E o que aconteceu depois?

- Ela foi possuída por esse diário. – Hadrian estendeu o falso livrinho para Dumbledore com as
mãos trêmulas. – Eu não sei o que era, mas havia um garoto que habitava o diário. Tom Riddle. Ele
sugou a vida e a magia de Ginny para conseguir se tornar corpóreo. Ele era o herdeiro de Salazar
Slytherin que atiçou o basilisk contra nascidos muggles esse ano, e a cinquenta anos atrás. Ele
queria matar todos, e colocou o basilisk contra mim. Tentei controlá-lo, mas não consegui. Então
eu tive que lutar. Nyx me ajudou a distraí-lo enquanto eu destruía seus olhos com feitiços de corte.
Mesmo sem os olhos o monstro ainda me perseguiu. Ele conseguiu me morder e parou de me
atacar a pedido do garoto. Então eu percebi que o herdeiro estava diretamente ligado ao diário,
então eu o destruí com a presa do basilisk que se prendeu no meu braço. Eu estava morrendo
quando Fawkes apareceu e derramou suas lágrimas na ferida. Eu sinto muito senhor e senhora
Weasley. Eu falhei.

A sala mergulhou num silêncio mortal, apenas com os sons dos Weasley chorando a perda
da única garota entre os filhos. A matriarca Weasley enxugou as lagrimas e agarrou Hadrian num
forte abraço, assustando-o e fazendo Fawkes voar para se empoleirar num armário perto de
Hadrian.

- Oh, querido. – a mulher o apertava com força e ambos choravam no ombro um do outro. – Você
não tem culpa de nada. – se afastou um pouco, só para segurar delicadamente o rosto de Hadrian
em suas mãos. – Você trouxe minha filha para mim. Você quase morreu para trazê-la para mim.
Muito obrigada, Hadrian.

- Ma-mas e-eu cheguei tarde... E-eu não consegui... – as esmeraldas de seus olhos brilhavam com
as lágrimas, sua fala estava embargada e falha por causa dos soluços do choro.
- Não, meu amor. – Molly acariciou suas bochechas, secando suas lágrimas. – Você se arriscou
para salvar a minha filha. Eu serei eternamente grata a você por isso. – Hadrian não conseguiu
aguentar, agarrou-se a mulher e chorou em seus braços. Ela não o odiava, ela não o culpava pela
morte de Ginny. Ele não conseguia acreditar no quão incrível aquela mulher era.

- Sim, Hadrian. Você não tem culpa de nada. – Arthur se aproximou e colocou uma mão no ombro
de Hadrian quando sua esposa o soltou.

- Venha comigo, Hadrian. – Dumbledore indicou a porta enquanto McGonagall conversava com os
Weasley sobre o que fariam a seguir. Hadrian assentiu e saiu da sala, Nyx e Fawkes o seguiram, a
Phoenix pousando no ombro do garoto enquanto Dumbledore fechava a porta atrás de si. – Fico
contente em saber que você está vivo, rapaz. – “Velho mentiroso do caralho.”, Hadrian pensou. –
Infelizmente o destino da senhorita Ginny foi trágico, mas você não tem culpa de nada. – “Porque
o culpado é você, sua cabra velha desgraçada!” – Mas fiquei curioso com o fato de minha
Phoenix ter se aliado a você.

- Eu sinto muito, senhor. – Hadrian abaixou o olhar para fazer uma boa atuação. – Eu não sei por
que ele fez isso. Eu não queria tirá-lo do senhor, sinto muito.

- Está tudo bem, rapaz. – Dumbledore deu-lhe um falso sorriso carinhoso. – Ele pode ter se
afeiçoado a você quando eu o mandei te resgatar.

- Foi o senhor que enviou Fawkes? – Hadrian fingiu estar surpreso. Claro que o velho iria fazer
algo para tomar um pouco de glória para si.

- Sim. Fudge me liberou assim que soubemos que Ginny fora raptada e que você e o senhor
Weasley desceram na Câmara. – Dumbledore tentou invadir sua mente mais uma vez, mas foi
bloqueado pelas barreiras de oclumência de Hadrian. – Agora volte para o seu Salão Comunal e
descanse. – Hadrian assentiu e Fawkes alçou voo e guiou o moreno até as masmorras com Nyx em
seu encalço.
Capítulo 36
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

A noite estava estranhamente silenciosa, o vento cantando assustadoramente pelas janelas, a


luz prateada da lua parecia melancólica. Por volta das quatro horas da manhã, a Malfoy Manor,
antes mergulhada na escuridão e no silêncio, agora estremecia com um suposto terremoto. Narcissa
e Lucius Malfoy acordaram em um pulo, os corações batendo terrivelmente rápido. Eles se
entreolharam assustados e logo saíram correndo pela mansão, as varinhas em punho prontas para
atacarem. Os house-elves que descansavam se alarmaram e correram para proteger seus mestres de
um suposto ataque.

— Esperem aqui, por favor. Dobby vai chamar o senhor e a senhora Malfoy. — O elf comentou
logo após terem pousado nos jardins dos fundos e saiu alegremente em busca de seus senhores.

— Oh, meu Salazar! — Hera extava muito animada. — Então é assim o céu? A lua? As estrelas?
Eu nunca vi nada tão belo em toda a minha vida. — Tom mirou as estrelas junto com a serpente
ele sentia-se péssimo pelo que aconteceu; ver Hadrian daquele jeito partiu seu coração. Riddle
estava confuso, ele nunca se sentiu assim antes. Por que estava sentindo essas coisas? Por que doeu
tanto ver Hadrian chorar? Por que doeu ver o olhar decepcionado que ele o direcionou? Tom não
sabia o porquê disso tudo. E temia a sua resposta.

— Meus senhores. — Dobby sorria enquanto abria as grandiosas portas duplas da porta dos fundos
da mansão enquanto Narcissa e Lucius estavam descendo as escadas. Os outros house-elves
surgiram numa esquina e um corredor, muito preocupados com a magia desconhecida que sentiam.

— O que está acontecendo, Dobby?! — Lucius se aproximou de Dobby.

— O mestre Hadrian chamou Dobby para o castelo da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts,
senhor. — Suas orelhas de morcego estremeceram de alegria. — Mestre Hadrian ordenou a Dobby
que trouxesse dois convidados, senhores. — Comentou indicando que o casal o seguisse.

— Dois? — Narcissa perguntou curiosa. — Não seria apenas um basilisk que viria?

— Oh. — Dobby saltitou alegre quando eles iam até os jardins dos fundos. — Mestre Hadrian
mandou um amigo também. — O casal Malfoy paralisou ao ver a enorme serpente ao lado de um
garoto de dezesseis anos. A luz da lua atrás deles deixava a visão ainda mais impotente, o vento
dançou ao redor deles, fazendo os cabelos de Tom flutuarem no ar, os grandiosos olhos amarelos
do basilisk brilhavam na escuridão da noite. — Mestre Tom. — O garoto virou-se para o house-elf.
— Dobby tem a honra de apresentar Lord Lucius e Lady Narcissa Malfoy. — Ao ouvirem seus
nomes, o casal se aproximou, ainda estremecendo com o olhar curioso da imensa serpente.

— Perdoe-nos pelo incomodo. — Tom assumiu sua máscara de bom garoto e mascarou sua
estranha e desconhecida dor no peito. — Meu nome é Tom Marvolo Riddle. E esta é Hera, o
basilisk de Salazar Slytherin. — Estendeu a mão para o patriarca da família.
— É um prazer conhecê-los. — Lucius aceitou o aperto.

— Hadrian não nos avisou que mandaria um amigo. — Narcissa sorriu ao ter o dorso de sua mão
beijada pelo adolescente.

— Foram... — Tom olhou para o seu diário. — Acontecimentos de última hora. — Ele reprimiu a
dor em seu coração ao lembrar-se de Hadrian.

— Isso não tem importância agora. — A mulher sorriu-lhe maternalmente. — Dobby, mostre a
senhorita Hera a floresta que ela poderá explorar até o retorno de Hadrian.

— Como quiser, minha senhora. — A criatura fez uma reverencia para os bruxos.

— Nos vemos em breve, Tom.

— Comporte-se. — A serpente soltou um sibilo que parecia uma risada enquanto seguia o house-
elf que começou a caminhar na direção da floresta densa da propriedade.

— Oh. Mais um parselmouth! — A mulher surpreendeu-se.

— Cuidaremos melhor das apresentações quando o sol nascer. — Lucius comentou enquanto sua
esposa segurava os ombros de Tom. O que o assustou de início, mas ele estranhamente não achou
repugnante.

— Agora você deve dormir, Tom. Deve estar cansando. — Narcissa comentou enquanto o guiava
para dentro da mansão pelas portas dos fundos.

— Obrigado por nos acolherem. — Agradeceu assim que chegaram na porta do quarto que ele
habitaria.

— Não precisa agradecer, Tom. — A mulher sorriu-lhe maternalmente. — Qualquer amigo de


Hadrian será como um filho para mim.

— Tenha uma boa noite. — Lucius desejou e logo eles se retiraram. Tom trancou-se no quarto,
jogou-se na confortável cama de casal e analisou seu diário.

— Eu sinto muito Hadrian. — Outro aperto no peito fez-se presente quando o garoto lembrou do
rosto triste e desolado de Hadrian.

Ao chegar na Sala Comunal da Slytherin, Fawkes sobrevoou o local enquanto Nyx encolhia
e subia para os ombros de Hadrian.

— Não fique assim, filhote. Você sabe que não foi sua culpa.

— Mesmo que eu não tenha a matado, eu falhei em chegar mais cedo. Falhei em ver que era ela
que estava usando o diário! Ela esbarrou em mim no corredor naquele dia e eu perdi o diário!
Como eu fui tão cego? Eu falhei em protegê-la, Nyx! Ela era apenas uma garotinha de onze
anos! Ela tinha uma vida pela frente e eu falhei em salvá-la!

— Hadrian. — A serpente bateu no rosto do garoto com sua cauda. — Você não pode se culpar
por isso! Não foi sua culpa e você fez de tudo para salvá-la! Não. Foi. Sua. Culpa. — Falou
pausadamente enquanto via as esmeraldas brilharem com as lágrimas.
Hadrian não a respondeu. Subiu as escadas até os dormitórios com Fawkes logo atrás.
Hadrian transfigurou um poleiro para a ave descansar enquanto ele se jogava em sua cama. Nyx
saiu de seus ombros, voltou ao seu tamanho original e circulou o corpo do garoto para dar um
abraço de cobra enquanto o moreno puxava as cobertas e se cobria até o pescoço, agarrando com
força o poderoso corpo de seu familiar para tentar acalmar o seu coração destruído. Ele não queria
acordar no dia seguinte. Não queria olhar para ninguém. Todos iriam culpá-lo pela morte de
Ginny, e ele os dava razão.

Para a infelicidade do moreno, ele não conseguiu descansar nada durante as quatro horas que
ele havia dormido. Pesadelos horrendos envolvendo a morte de Ginny o perturbaram
dolorosamente. Draco acordou com um aperto no coração, ele não havia conseguido dormir
quando Hadrian saiu para ir resgatar Ginny, depois de duas horas ele simplesmente havia apagado.
O loiro estava sentindo como se algo fosse dar errado. Uma sensação ruim que o acompanhou o
dia inteiro. Malfoy sentou-se na cama e observou a cama do moreno. Hadrian estava encolhido
debaixo das cobertas, e Draco levantou-se num pulo. Sempre que Hadrian ficava assim era porque
ele estava tendo um pesadelo.

— Hazz. — Chamou baixinho, levantou as cobertas do moreno e deslizou para dentro das mesmas,
Nyx se afastou de Hadrian e deixou que Draco agarrasse o corpo trêmulo do menor. O loiro
percebeu que Hadrian ainda estava vestindo as roupas da noite anterior. Elas estavam rasgadas,
sujas com limo e sangue. O mais velho sentiu um aperto no coração enquanto puxava o corpo para
mais perto de si. — Sunshine. — Acariciava com cuidado os cabelos sedosos do menor com uma
mão, e com a outra ele traçava sua coluna de cima a baixo. — Acorde, Hazz. É apenas um
pesadelo.

O moreno começou a se remexer, seu corpo inteiro dolorido. Os pesadelos haviam sido
horríveis, ele gritava por ajuda, mas ninguém vinha, várias Ginnys mortas de diferentes formas
jogadas ao seu redor. Ele estava péssimo, sua mente estava em outro lugar, seus olhos, antes
brilhantes, agora estavam vazios.

— Eu não quero sair. — A voz rouca de Hadrian quase não era audível. — Eu não quero que eles
me vejam. — Apertou ainda mais forte o loiro. – Eu não vou conseguir encará-los. — Draco
assustou-se ao sentir as lágrimas quentes do outro molhando sua camisa. — Eu não vou conseguir,
Draco. — Sua voz tremia conforme o choro ia se intensificando. Draco apertou ainda mais, se é
que isso era possível, Hadrian contra si.

— O que aconteceu, Sunshine? — Intensificou os carinhos para acalmar o moreno. — Conte para
mim. Você vai se sentir melhor.

— E-eu falhei, Draco... — O loiro manteve-se em silêncio, deixando que o moreno reunisse a
coragem que precisava, não importa quanto tempo demorasse. — E-eu na-não cheguei a tempo...
— Draco compreendeu o motivo pelo qual Hadrian estava assim, então beijou-lhe a testa com
carinho. — Ginny... Morreu... — As lágrimas de Hadrian vieram com ainda mais força.

O loiro manteve-se em silêncio, acalmando o outro com carinho e atenção. Pacientemente


ele esperou que Hadrian se acalmasse. Sempre doía vê-lo tão frágil daquele jeito, mas ele precisava
manter-se ali para ajudar Hadrian. O moreno precisava dele, precisava do seu amparo. Quando as
lágrimas do menor pararam de rolar, Draco manteve-se em silêncio por mais alguns minutos,
apenas fazendo carinho em Hadrian para o relaxar.

— É melhor você ir tomar um banho. — Draco comentou com carinho. — Vai te fazer se sentir
melhor. — Hadrian não respondeu verbalmente, apenas acenou com a cabeça e sentou-se. Draco
pôs-se ao lado do moreno e o levou ao banheiro, puxando-o pela mão. Ele sabia que Hadrian não
estava com vontade ou forças de fazer isso sozinho. — Vou limpar e arrumar sua cama enquanto
você se banha. — Beijou-lhe a testa antes de sair do banheiro.

Hadrian ficou olhando a porta fechada por onde Draco havia ido. Por que ninguém o estava
culpando? Primeiro o senhor e a senhora Weasley, agora Draco. Eles não estavam o julgando, não
estavam o culpando. Por quê? Hadrian não conseguia entender.

— Desde quando ele tem uma Phoenix? — Draco assustou-se ao ver a ave empoleirada na
cabeceira da cama. — Oi ave que eu nunca vi na vida. — Fawkes inclinou a cabeça para o lado e
soltou um pio de cumprimento.

Nyx deslizou para o chão, seu corpo agora sem o glamour das feridas. Draco pegou sua
varinha e limpou a sujeira da cama de Hadrian, e logo fazendo as duas camas ficarem
impecavelmente arrumadas com um único movimento. O loiro começou a separar suas roupas para
o dia que iria vestir depois de uma ducha assim que Hadrian terminasse o seu banho. Mas o
moreno não veio, o som da água do chuveiro não havia parado. Draco estranhou isso e decidiu
verificar o amigo. Hadrian estava de pé debaixo do fluxo da água corrente com a cabeça encostada
no azulejo frio. Ele não conseguia achar forças apenas para se ensaboar.

— Hazz.

Draco suspirou e retirou suas próprias roupas, logo entrando no box junto com o moreno.
Hadrian não se manifestou quando o maior o virou para si e começou a ensaboar seus cabelos
negros. O menor apenas fechou os olhos e deixou com que o loiro cuidasse de si. Ele não se
importava com o fato de ambos estarem nus tomando banho no mesmo chuveiro, ele só queria se
enrolar de volta nas suas cobertas e não sair de lá nunca mais.

— Você não pode fazer isso. Pode pegar um resfriado. — O loiro usou um feitiço secante nos dois
e logo ajudou o moreno a vestir-se. Draco estava acostumado a fazer isso nas primeiras noites que
Hadrian posou na sua casa. O menor tinha pesadelos horrendos e na manhã seguinte não achava
forças para nada. Draco sempre o ajudou a se reerguer, todas as vezes que caía. — A final, onde
conseguiu uma Phoenix? — Tentou puxar a atenção do menor para si, para o distrair de seus
próprios pensamentos.

— Ele se chama Fawkes. — Sua voz soou baixinha e rouca. — Era do Dumbledore, mas, não sei
por que, se afeiçoou a mim. — Draco arregalou os olhos. Já vestido, aproximou-se da ave e passou
a varinha. Confirmando que não havia nenhum feitiço de espionagem, o loiro relaxou.

— Você recuperou o diário? — O loiro percebeu mágoa passando pelas esmeraldas enquanto
penteava os cabelos do menor.

— Tom conseguiu um corpo. Mandei Dobby levar ele e Hera para a Malfoy Manor ontem. —
Draco ajoelhou-se na frente de Hadrian e segurou suas mãos estranhamente frias.

— Sunshine. — O apelido pareceu atrair a atenção de Hadrian. — Você não tem culpa de nada. E
não pode ficar deprimido assim. — Os olhos avermelhados do moreno estremeceram com uma
nova onda de choro querendo irromper. Draco percebeu isso e acariciou sua bochecha com uma
mão. — Ficar deprimido não iria agradar a Ginny. Ela iria querer que você continuasse a viver. Ela
não iria querer vê-lo chorar, ela iria querer vê-lo sorrindo. Como você sempre sorriu. Sendo forte,
como sempre foi. Você é forte, Hazz. Não tenha dúvidas disso. Siga a diante. Se não for por você,
pelo menos faça isso por ela. Viva. Não perca a chance de viver. — Hadrian sentiu o loiro limpar
uma lágrima que escorreu pela sua bochecha. O moreno assentiu afirmativamente e Draco sorriu.
— Venha. Já estamos atrasados para o café. — Segurou-lhe a mão e esperou Nyx subir nos
ombros do menor com o seu tamanho diminuto.
Hadrian engoliu em seco enquanto pegava sua varinha e guardava no coldre da cintura.
Draco o guiou pelos corredores, Fawkes cantarolava uma canção que aqueceu o peito dolorido do
moreno conforme eles subiam até o Salão Principal. Assim que eles chegaram no local,
perceberam o silêncio mórbido do local; as vítimas petrificadas haviam sido revividas na noite
passada. Hermione estava sentada ao lado de Ron, todos os Weasley pareciam arrasados. Hadrian
abaixou a cabeça conforme era guiado até a mesa das serpentes. Blaise, Pansy e Theodore olhavam
preocupados para o semblante abatido e os olhos vermelhos e rosto inchado do amigo.

Dumbledore já havia dado o recado e feito um discurso sobre a morte de Ginny Weasley no
início da manhã, então Hadrian e Draco não o ouviram parabenizar o moreno pela coragem de
enfrentar um basilisk adulto sozinho. Fawkes deu um último canto antes de sair voando pelas altas
janelas do Salão e ir voar livre pelos campos de Hogwarts. O clima parecia ter absorvido os
sentimentos dos habitantes do castelo. As nuvens fecharam-se e impediam que o sol trouxesse
alguma paz e conforto para quem estivesse sob seus raios. Ninguém estava culpando Hadrian pelo
acontecimento. A não ser dois leões furiosos.
Capítulo 37
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Logo após o café-da-manhã, Justin saiu às pressas da mesa da Hufflepuff para apertar a mão
de Hadrian com força e pedir desculpas infindáveis por ter suspeitado dele. Hagrid voltou ao
castelo às três e meia, deu um imenso abraço no garoto de intensos olhos verdes e disse-lhe
palavras de conforto. O moreno nem se importou com o fato de a Gryffindor ter ganhado a Taça
das Casas; McGonagall se levantou de sua cadeira na mesa dos professores para anunciar que todos
os exames tinham sido cancelados como um presente da escola em homenagem a Ginny. Em dado
momento Dumbledore anunciou que "infelizmente" Lockhart não poderia voltar no próximo ano,
porque precisava se afastar para recuperar a memória. Todos ficaram felizes com essa última
notícia.

O restante do trimestre final passou numa névoa consumida pela tristeza; Hogwarts tentou
voltar ao normal com apenas algumas diferenças; as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas
foram canceladas. Todos os Slytherin estavam se esforçando para animar Hadrian, mas ele parecia
que havia voltado aos primeiros meses quando chegara no Reino Goblin; uma casca vazia com
muitos traumas ou um filhotinho acuado. Draco voltou a dormir com ele para ajudá-lo com os
pesadelos; Neville e Colin também estavam se empenhando para animar o amigo. Fred e George
não estavam mais sendo os mesmos, não brincavam ou faziam piadas como antigamente; o que era
completamente compreensível devido ao luto pela irmã. Mas havia algo de errado que Nyx estava
de olho. Ron e Hermione emanavam feromônios de raiva sempre que se aproximavam de Hadrian,
mas eles fingiam serem os mesmos de antigamente. Ela iria ficar de olho neles no próximo ano.

Pareceu que levaram séculos terrivelmente lentos, mas havia chegado a hora de voltar para
casa no Expresso de Hogwarts. Hadrian e os Slytherin conseguiram uma cabine só para eles em
um vagão, todos estavam se esforçando para manter o moreno distraído e com a mente ocupada
para não relembrar o que acontecera. Draco havia enviado uma carta para os pais, contando o que
havia acontecido. Fawkes estava numa gaiola ao lado de Hedwig e Nyx estava dormindo no
estômago de Hadrian, este estava deitado nas pernas de Draco. A viagem ocorrera normalmente. E,
graças aos esforços de seus amigos, o garoto de intensos olhos verdes estava começando a aceitar e
superar a morte de Ginny.

Tudo ocorreu como no ano anterior, desceram na estação de King's Cross, despediram-se,
Draco e Hadrian acompanharam o casal Malfoy até um beco e aparataram para casa. Narcissa
estava encantada com Fawkes, e a ave estava apreciando os elogios. Assim que chegaram na
propriedade, Nyx foi animadamente se encontrar com Hera na floresta. Ela iria ensinar o basilisk a
reduzir e aumentar seu tamanho para que fique mais fácil sua locomoção. Dobby veio saltitante
receber os seus senhores.

— Obrigado pela ajuda naquela noite, Dobby. — Hadrian sorriu para o house-elf, que balançou
animadamente suas orelhas de morcego.

— É um prazer para Dobby servir ao senhor.


— E o Riddle? — O sorriso de Hadrian murchou. — Ele deu trabalho? — Perguntou enquanto iam
em direção à sala de estar, onde o dito moreno estava sentado lendo um livro.

— Oh, Tom é um ótimo garoto. — Narcissa sorriu maternalmente enquanto sentava-se ao lado do
marido num sofá.

— Oi, Tom. — Draco cumprimentou o moreno que abandonou sua leitura para olhar os olhos
verdes de Hadrian, que parecia ponderar algo.

— Oi Draco. — Tom cumprimentou enquanto deixava o livro na mesinha de centro. — Suponho


que você queira ter uma conversa? — Levantou-se, o moreno mais baixo assentiu com a cabeça e
se retirou da sala. Tom o seguiu para os jardins dos fundos da mansão, Hadrian sentou-se em um
banco de balanço e ficou olhando para o nada enquanto Tom sentava-se ao seu lado. — Olha,
Hadrian, se eu pudesse aquela garota não teria morrido, mas eu não controlo o diário
completamente. Eu não queria que...

— Eu sei que não foi sua culpa, Tom. — Os olhos escuros analisaram o semblante distante do
menor, e algo em seu interior remexeu-se dolorosamente. — No início eu te culpei, mas então eu
tive tempo para pensar melhor e vi que você não fez por querer. — As esmeraldas brilharam com o
pôr do sol ao virarem-se para o mais velho. — Desculpa por tê-lo tratado daquele jeito.

Tom surpreendeu-se, ninguém havia se desculpado consigo com tanta emoção como Hadrian
estava fazendo. O maior poderia sentir a dor e a verdade de suas palavras, seus olhos escuros viram
o interior quebrado do outro, e isso o incomodou. Inconscientemente ele queria fazer de tudo para
reconstruir aquele garoto; ele sentia falta do Hadrian desbocado que o desafiava e tirava sua
paciência num estalar de dedos. Seus olhos esmeraldas não tinham o brilho de alegria vívido de
antes, agora eles pareciam vazios e quebrados. Esse não era Hadrian.

— Me desculpe por não conseguir impedir o poder do diário. — Tom surpreendeu-se com a
veracidade de suas palavras. Ele nunca conseguia mentir na frente de Hadrian, e sempre era
sincero. E isso era algo muito diferente para si.

— Está... Tudo bem agora. — Hadrian virou o rosto para ver o sol se pôr.

— Então. Soube que você roubou a Phoenix da cabra velha. — Tom mudou de assunto para tirar a
atmosfera pesada que pairava sobre eles.

— Eu não o roubei. — Conseguiu sorrir minimamente ao ver Fawkes sobrevoar o terreno, ele
cantava uma melodia calma e aconchegante. — Ele simplesmente trocou sua lealdade.

— Phoenix são criaturas extremamente leais aos donos. — Tom ergueu uma sobrancelha.

— Eu também não sei o que aconteceu. — Deu de ombros. — Ele só me escolheu.

— Suponho que o velho esteja se revirando de raiva. — Hadrian sorriu ao imaginar a cena de
Dumbledore enfurecido.

Eles ficaram num silêncio confortável enquanto assistiam o crepúsculo. O céu celeste
escurecendo com os tons de amarelo, laranja e roxo que precediam o azul profundo da noite. Os
últimos raios de sol iluminando os dois numa despedida acolhedora enquanto o vento fazia seus
cabelos dançarem no ar. Tom apoiou uma mão no banco e estremeceu ao sentir o toque singelo dos
dedos de Hadrian ao lado da sua mão. Nenhum dos dois se afastou enquanto seus dedos se
entrelaçavam. Parecia tão certo, tão necessário...

— FILHOTE! — Hera e Nyx, com seus vinte metros, se aproximaram dos dois com rapidez. O
basilisk parecia um cachorrinho feliz ao ver o dono voltar para casa depois do trabalho. — Eu senti
tanto a sua falta! — Hera aproximou sua cabeça para acariciar a bochecha do garoto com sua
língua.

— Eu também senti saudades. — Hadrian admitiu sorrindo verdadeiramente, coisa que era muito
rara ultimamente, e acariciou o focinho da criatura.

— Agora é a nossa vez de te animar, Hazz. — Nyx pareceu sorrir para ele.

— Desde que eu não acorde no meio do lago. — Hadrian brincou.

É. Passar um tempo em sua casa iria ajudá-lo a superar tudo o que aconteceu nesse final de
ano letivo. Ele estava em casa, cercado por pessoas que o amam, Dumbledore não poderia fazer
mal a ele ali, Voldemort não poderia atacá-lo. Estava tudo bem. As coisas iriam melhorar.

— Eu... — Tom parecia nervoso e suas bochechas tinham um leve rubor. — Eu tenho que admitir
algo para você, Hadrian. — As esmeraldas viraram-se para os olhos castanhos escuros com
curiosidade.

— Vai dizer que me ama? – Hadrian sorriu sarcástico enquanto Tom revirava os olhos.

- Me empreste sua varinha. — O mais novo ergueu uma sobrancelha em dúvida, mas fez o que foi
pedido. — Só não surta. — Ele ergueu a varinha e uma linha brilhante começou a escrever algo no
ar.

— Seu nome?

Hadrian perguntou confuso ao ler "Tom Marvolo Riddle" brilhando no ar. Tom balançou a
varinha levemente e as letras se embaralharam. "I am Lord Voldemort". O menor demorou
algum tempo para compreender o sentido daquilo tudo. E então, ele virou-se surpreso e analisou
Tom.

— Espera... Você... Ele... Então você... Quê...? — Tom suspirou e baixou a varinha de Hadrian.

— Eu criei esse nome para usar quando dominasse o mundo bruxo. Eu odiava o nome do meu pai
muggle. Então criei um que todos temeriam só de pronunciar.

— Você não é ele. — Tom arregalou os olhos e mirou as esmeraldas que o fascinavam.

— O quê? — Sua pergunta saiu num sussurro. Nyx e Hera trocaram olhares cúmplices.

— Você me ouviu. Você não é o homem que matou meus pais e me tornou sua Horcrux ao tentar
me matar.

— Mas... Voldemort é meu futuro. Meu presente. E meu passado. Como não posso ser ele? — O
mais velho estava confuso com a reação de Hadrian. Ele estava esperando que o outro surtasse e o
amaldiçoasse. Não que fosse... Tão... Maduro...

— Voldemort pode ser um codinome para o que você fez em Hogwarts e o que planejava fazer. —
Suspirou. — Mas agora você é outro Tom. Você é diferente do garoto arrogante e chato da sua
lembrança. — O outro piscava sem parar tentando assimilar o que Hadrian falava. — Por Merlin,
agora você faz piadas e brinca como um adolescente normal. Você não fica matando os animais
dos outros como um louco. Não fica atormentando todo mundo com sua Legilimência. Não fica
torturando os outros por diversão. Você mudou, Tom. E isso, o diferencia do homem que arruinou
minha vida. Você não é ele. — Hadrian falou em parseltongue sem querer. As vezes ele deslizava
entre o inglês, parseltongue e gobbledegook; e isso o fazia se sentir envergonhado pelo deslize;
mesmo que as pessoas achassem fofo.

Hadrian tinha razão. Ele havia mudado a partir do momento que o conheceu. Hadrian o havia
mudado. Ele lhe apresentara o significado dos sentimentos; o dera a chance de sentir coisas
positivas como: alegria, felicidade, carinho... Amor... Hadrian o dera amigos; ele era a pessoa que
o trouxe a luz. Fora Hadrian que o fez enxergar o quão errado era sua ideia para dominar o mundo.
Ele mostrara-lhe outros meios para conseguir o que queria, meios que não tinha como objetivo
assassinar e torturar para conquistar os seus sonhos. Hadrian fora a primeira pessoa que olhou para
ele como se fosse um garoto normal. Não um órfão, não um monstro, não um bom menino, não um
Dark Lord em ascensão, não um mentiroso, não um manipulador. Mas sim como um humano. Ele
conseguia ver suas cicatrizes e as curava com sua atenção e afeto. Hadrian era como ele. Eles eram
iguais em vários aspectos. Também fora Hadrian a primeira pessoa com quem ele se importava
sem ter interesses escondidos; a primeira pessoa que ele se preocupava, que ele queria saber tudo
sobre, primeira pessoa que ele queria estar perto, conversar, se divertir e...

Hadrian fora a primeira pessoa que fez Tom sentir que possuía um coração. Ele havia
nascido de Amortentia, teoricamente ele era incapaz de amar e sentir as mesmas coisas que os
outros, mas com Hadrian era diferente... Ele sentia exatamente como os livros de romance que lera
nesse meio tempo indicavam... Ficava ansioso e nervoso sem motivo aparente, suas mãos tremiam
e suavam, sua boca ficava seca, seu coração disparava loucamente e sua barriga possuía um
estranho formigamento. E a necessidade avassaladora de apenas o ver era insuportável. Ele queria
conversar, rir, abraçar, beijar e tocar Hadrian.

Em nenhuma das vezes que havia se relacionado com pessoas ele sentiu algo assim. Ele só
queria conseguir algo através do que o pediam; sexo. Ele sempre detestava tocar os outros e ser
tocado, sentia nojo e repulsa, sempre se esforçava para não amaldiçoar a pessoa até a loucura. Mas
com Hadrian era outro assunto. Ele gostava da sua companhia, da sua voz, das suas risadas, das
suas provocações, dos seus toques singelos. Fantasiava com algo mais aprofundado, mais íntimo,
as vezes até romântico como abraços ao se reencontrarem e caminharem de mãos dadas. Ele queria
sentir seus lábios de aparência convidativa, suas mãos contra sua pele, sua língua, como seriam
seus gemidos, como seria o seu gosto, como seria sua expressão de prazer. Ele queria ter Hadrian
nos seus braços, fazê-lo delirar de prazer, suplicar por mais, gemer o seu nome, implorar para que
o permitisse chegar ao clímax. Mas claro que a última parte iria demorar para acontecer por causa
da idade de Hadrian, e Tom nunca irá força-lo a fazer algo que não queira. Ele o respeitava e
gostava demais para fazer algo terrível como isso.

Talvez, ele havia se tornado Voldemort por nunca ter conhecido esse garoto de olhos
esmeraldas. E se eles tivessem se conhecido antes? Quando Tom estava em Hogwarts. O que teria
acontecido? Hadrian iria salvá-lo como agora? Ele seria o mesmo Hadrian de agora? Tom não sabia
as respostas. Mas elas não importavam mais. Porque agora ele tinha Hadrian. Ele tinha uma nova
chance. Ele iria fazê-la valer a pena. Faria de tudo para ter Hadrian para si, nunca o machucar e
nem permitir que outros o machucassem. Agora ele sabia que estava perdidamente apaixonado por
Hadrian Tamish Potter, o garoto de intensos olhos verdes que tanto mexia com o seu coração.
Capítulo 38
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Bom. — Hadrian levantou-se. — Está na hora de eu ir pra casa. Meus pais devem estar loucos.
— Espreguiçou-se. Tom olhou-o com espanto. Como assim "ir para casa"? E quem eram seus
"pais"?

— Hadrian? — Ergueu uma sobrancelha.

— Oh. — O menor corou ao lembrar que não contara para Tom sobre seus pais. — Eu não sabia se
podia te contar... — Olhou para seus pés não conseguindo encarar o outro. — Vo-você é bom com
Legilimência, né? — Perguntou de forma hesitante. Tom assentiu enquanto Hadrian mordia seu
lábio inferior em sinal de nervosismo. — Entre na minha mente e veja. — Levantou a cabeça para
olhá-lo com convicção. — E-eu não conseguiria falar sobre, então é melhor você ver. —
Timidamente segurou as mãos do maior. — E-eu confio em você, Tom.

O garoto de olhos escuros ficou hipnotizado com a visão a sua frente. Aqueles intensos olhos
verdes que mais pareciam um vórtice infinito o encaravam com tanta convicção que era
desnorteador; suas bochechas levemente coradas camuflavam suas delicadas sardas; o vento fazia
seus cabelos negros ondularem em uma dança calma e hipnotizante. Hadrian era deslumbrante.
Mas ouvir aquelas palavras saindo de seus lábios foi o que mais mexeu com o coração do maior.
Ele confiava em si tão pura e intensamente, ele não se preocupou em ser traído. Aquele garoto
abriu uma porta que Tom estava evitando por anos. Ele poderia entregar seu coração para outra
pessoa, assim como Hadrian estava fazendo consigo? Ele poderia confiar que Hadrian não iria traí-
lo? Era seguro abrir-se para o outro entrar em seu coração?

— Eu confio em você, Tom. — Sim. Ele daria seu coração para Hadrian. — E-eu confio que você
não vai me trair, que não vai usar essas informações para me machucar. Eu confio que você vai
continuar ao meu lado, mesmo depois de ver o que eu quero te contar.

— Você pode confiar em mim, Hadrian. — Uma de suas mãos subiu para acariciar a bochecha do
menor. Tom surpreendeu-se ao perceber que, como imaginara, a pele de Hadrian era tão macia e
sedosa de se tocar.

— Então faça. — Hadrian pediu num sussurro calmo enquanto mantinha seus olhos fixos nos do
outro.

Então Hadrian sentiu. Ele sentia Tom serpenteando delicadamente suas memórias. Ele não
sentia dor, não sentia desconforto, não sentia nada além de uma leve carícia em sua mente. Tom
estava sendo tão cuidadoso e delicado para não o machucar, era tão reconfortante que Hadrian não
conseguia se importar com o que Tom estava vendo. Sim, ele sabia que Tom acabara de ver o
início de sua vida com os Dursley, ele sabia que Tom estava vendo sua explosão mágica, seu
primeiro encontro com Nyx, sua chegada à Gringotts, seu Teste de Herança, seus pais, a Nação
Goblin, o Reino Goblin, seu primeiro e segundo ano em Hogwarts.
Tom sabia de tudo, ele vira tudo. Mas quando Tom finalmente saiu da sua mente, Hadrian se
sentiu tão fraco que acabou cambaleando para o lado. Apenas para ser amparado pelos braços do
mais velho, seu rosto confortavelmente apoiado em seu peito enquanto tentava recuperar as forças.
Ter uma pessoa dentro da sua mente por tanto tempo era realmente exaustivo.

— Você está bem? — Tom perguntou preocupado, Hadrian percebeu a mandíbula fortemente
pressionada do outro. Ele estava com raiva, o menor só esperava que não fosse de si.

— E-estou... — Suspirou quando não conseguiu reunir força mental para sair dos braços do outro.
Ele estava adorando estar ali, era tão reconfortante e seguro.

— Eu não contarei a ninguém sobre seus pais. Não se preocupe com isso. — Reprimiu um intenso
desejo de cheirar aqueles cabelos sedosos logo abaixo do seu queixo. — É melhor você voltar para
eles, antes que acabem me culpando por sequestrá-lo. — Hadrian riu enquanto se endireitava.

— Obrigado, Tom. — E, mais uma vez, o maior foi hipnotizado por aqueles belos olhos. — Por
tudo. — Em um ato de pura coragem, Hadrian se inclinou e deu um selinho rápido no maior. Tom
paralisou completamente. Seu coração bombeava loucamente dentro do seu peito enquanto sua
boca parecia tão seca. — Nos vemos amanhã. — Levantou-se extremamente corado. — Vamos,
garotas. — Se aproximou das serpentes gigantescas que estavam um pouco afastadas. — Hora de ir
para casa. — Hera (que acabara de aprender a manipular seu tamanho) e Nyx encolheram enquanto
subiam nos ombros do jovem bruxo. — Tchau, Tom. — Acenou timidamente, com as bochechas
ardendo, enquanto se afastava do maior.

— Acho que você o quebrou. — Hera riu de um catatônico Tom, ainda paralisado de choque.

Uma semana depois do início das férias, os Weasley chamaram Hadrian e os Malfoy para o
funeral de Ginny. Tudo foi simples e cheio de sentimentos; o enterro; a "festa" em homenagem a
garota nos jardins da The Burrow; o jantar caseiro que Molly preparou; os discursos falando sobre
como a garota era. Tudo foi cheio de lágrimas e abraços. Com o tempo e o apoio de pessoas
queridas, todos estavam se recuperando da perda.

Nyx ensinara a Hera vários truques ao canalizar sua magia, agora o basilisk era mais uma
serpente mortal no pescoço de Hadrian Tamish Potter. Além disso, as duas tinham uma espécie de
relacionamento romântico que ninguém mais conseguia compreender além delas duas.

Uma notícia chocou todo o mundo mágico britânico, Sirius Black havia escapado da pior e
mais segura prisão, Azkaban. Como ele conseguiu ser o primeiro a fazer essa proeza ninguém
sabia. Mas todos estavam nervosos. O homem era tido como um Death Eater, era amigo de James
e Lily Potter, fiel do segredo da localização da casa em Godric's Hollow onde os Potter estavam se
escondendo de Voldemort. Sirius entregou a localização da casa para o inimigo e matou o amigo
dos Potter, Peter Pettigrew em uma explosão, sobrando apenas o seu dedo mindinho, junto com
mais quatorze muggles. Todos estavam em alerta. Muitos acreditavam fielmente que ele estava
atrás de Hadrian, para terminar o que o seu antigo mestre havia começado.

Por outro lado, Hadrian sentia-se confuso, curioso e cheio de raiva. Confuso sobre como o
homem conseguiu escapar de Azkaban, curioso para conhecer o desgraçado que tirou a sua chance
de ter uma família, e enraivecido porque aquele homem havia sido um dos pontapés iniciais para a
morte de seus pais. Hadrian queria que Sirius Black o encontrasse. Queria olhar nos olhos do
traidor que entregou seus pais para a morte. Queria fazê-lo pagar pelo que fez. Mas Lucius e
Narcissa estavam enlouquecidos de preocupação. Narcissa sabia sobre o passado de seu primo,
Sirius não era nenhum "mocinho". Em seus tempos em Hogwarts ele havia atormentado, junto
com James Potter, muitas pessoas. Ela sabia que ele era perigoso. Porém, ele nunca fora um Death
Eater, Lucius, que realmente era um, confirmou lhe isso. Essa informação deixou Hadrian ainda
mais confuso. Então havia pontas soltas nessa história. Ele iria descobrir mais.

O dia em que Hadrian e Draco aprenderiam a dançar havia chegado. Os Malfoy, Hadrian e
Tom estavam reunidos no Salão de Festas da Malfoy Manor. Os móveis todos junto às paredes
para darem espaço ao centro do local, um gramofone em cima de uma mesinha de quatro pés
repousava cuidadosamente num canto do salão. Narcissa e Lucius estavam de frente para Draco e
Hadrian. Tom havia pegado uma cadeira e sentou-se para apreciar o "espetáculo". Tom havia
ficado com os Malfoy, e seu encontro com os pais de Hadrian fora terrivelmente constrangedor e
desconfortável. As criaturas o analisavam criticamente e faziam comentários um pouco... Ácidos,
sobre si. Hadrian ficou extremamente envergonhado com a situação e tentou de tudo amenizar a
atmosfera, mas seus pais haviam pegado um pouco de implicância com Tom por causa do seu
passado. Eles não eram como Hadrian, eles desconfiavam de qualquer um e quase nunca davam
sua confiança para um bruxo.

— Vocês devem aprender tanto a conduzir, como a serem conduzidos. — Lucius começou, com
um aceno de sua varinha, uma música clássica e lenta começou a sair do gramofone.

— Nós iremos ensinar primeiro uma parte, até que vocês dominem a técnica não irão aprender a
outra parte. — Narcissa comentou animada.

— E Tom estará aqui como um "juiz". Ele irá observar e apontar os erros. — Hadrian corou ao ver
o olhar sádico que o moreno mais velho o lançou.

— Prontos? — Narcissa estendeu sua mão para o filho.

— Prontos. — Os garotos responderam em uníssono. Lucius estendeu a mão para Hadrian.


Nervosos, os dois garotos aceitaram as mãos e se uniram aos adultos.

Narcissa colocou uma mão de Draco em sua cintura e a outra segurou junto com a sua
própria mão, enquanto a outra repousava no ombro do garoto. Hadrian teve mais dificuldade.
Lucius era muito mais alto que ele. O homem segurou sua cintura e sua mão, enquanto Hadrian
repousou a mão livre no cotovelo do maior.

— A mão de quem está comandando a dança, a que fica na cintura, deve indicar ao parceiro para
onde deve ir. — Lucius começou a lição. — Quando eu quiser ir para a esquerda... — Hadrian
sentiu a pressão dos dedos na sua cintura o indicando para ir para a esquerda, e assim ele fez. — A
mão deve indicar. Se quiser ir para trás você usa pressão para puxar o parceiro, se quiser ir para
frente você afrouxa os quatro dedos nas costas e utiliza o polegar na barriga para fazer pressão.

Até agora os garotos estavam achando fácil. Eles treinaram a habilidade de percepção para
onde o comandante queria ir, até que os dois haviam aprendido rápido essa parte. Agora era
lembrar deles e unir com os passos que poderiam fazer na dança. Tom se divertia ao ver os garotos
sofrendo ao aprenderem os passos.

Duas semanas passaram-se, Draco e Hadrian haviam aprendido a dançar com perfeição
depois de aulas diárias. Todos os cinco dançaram várias vezes entre si para aprenderem a não "se
acostumar" a uma só pessoa. Já que eles deveriam dançar com várias pessoas no Baile de Yule
desse ano. Fora uma tortura para Hadrian ter que dançar com Tom, pois o mesmo fazia questão de
aproximar seus corpos sempre que possível, e aqueles olhos castanho-escuro o fitavam com
intensidade que faziam suas bochechas tingirem-se de rosa e seu coração disparar loucamente.
Enquanto Tom era mais "selvagem", Draco era um doce na valsa. Seus olhos tempestuosos
cintilando de carinho ao mirarem as esmeraldas de Hadrian, o moreno via-se corando e seu coração
batendo descompassado. Ele estava perdido. Seu coração desejava dois garotos.

Era quase meia-noite e Hadrian estava perdido numa leitura. Ele mal conseguia manter os
olhos abertos. Ele largou o livro na mesinha de cabeceira, ficou em pé, se espreguiçou e verificou a
hora com um Tempus sem varinha. Era uma hora da manhã. Ele fizera treze anos de idade havia
uma hora e não tinha se dado conta disso. O dia seguinte seria cheio de comemoração.

Hadrian atravessou o quarto escuro e foi abrir a janela. Debruçou-se no peitoril, achando
gostoso o ar fresco da noite que batia em seu rosto. Fazia duas noites que Hedwig andava fora, mas
Hadrian não estava preocupado, a coruja já ficara fora tanto tempo assim antes. Mas ele desejou
que ela voltasse logo, ele se preocupava com a ave. Fawkes cantou alegremente enquanto
sobrevoava os céus, o que arrancou um sorriso do garoto. Hadrian, embora continuasse pequeno e
magricela para sua idade, crescera alguns centímetros desde o ano anterior. Seus cabelos muito
pretos agora chegavam ao meio de suas costas. A sua gordura infantil havia desaparecido e dado
lugar a uma aparência mais jovial, com algumas curvas aqui e ali. Os olhos verdes mais intensos
do que a Maldição da Morte, e na testa havia, claramente visível através dos cabelos, uma cicatriz
fina, em forma de raio que partia sua sobrancelha direita em um risco.

Examinou o céu estrelado à procura de um sinal de Hedwig, voando ao seu encontro talvez
com um rato morto pendurado no bico, contando receber elogios. Seus olhos se fixaram nas
estrelas, ele amava astronomia e tudo relacionado aos astros. Com um estalo baixo, vários
presentes apareceram ao pé de sua cama. Como morava no Reino Goblin, seus presentes eram
enviados para a Malfoy Manor, e depois para si por Dobby.

Ron e Hermione o enviaram presentes. Os Weasley ganharam o Grande Prêmio Anual da


Loteria do Daily Prophet e gastaram o dinheiro indo para o Egito visitar o irmão mais velho, Bill,
que trabalha na filial de Gringotts como desfazedor de feitiços. Charlie, o segundo mais velho que
morava na Romênia como cuidador de dragões, também os acompanhou. Hadrian examinou a foto
no jornal em movimento, e um sorriso espalhou-se pelo seu rosto ao ver os oito Weasley acenando
freneticamente para ele, diante de uma enorme pirâmide. Molly, pequena e gorducha; Arthur, alto
e um pouco careca; os seis filhos, todos (embora a foto em preto e branco não mostrasse isso) com
flamejantes cabelos vermelhos. Bem no meio da foto se achava Ron, alto e desengonçado com o
seu rato de estimação, Scabbers, no ombro. Hadrian não conseguia pensar em ninguém que
merecesse mais ganhar um monte de ouro do que os Weasley, que eram pessoas tão incríveis.

Hadrian não contara para ninguém além de Nyx que ele tinha uma pequena queda por Bill e
Charlie. Quem poderia culpá-lo? Os dois eram maravilhosos. Nas poucas vezes que se viram nas
reuniões com os Weasley os três entravam em incríveis diálogos sobre qualquer coisa. Com
Charlie ele passava horas falando sobre os vários tipos de dragões; e com Bill ele passava outras
horas conversando sobre seu trabalho em Gringotts. Além de que, eles eram lindos.

Bill tinha longos cabelos ruivos que sempre eram presos num rabo-de-cavalo frouxo, que
deixava algumas mechas de cabelo caindo sobre seu rosto angular de maxilar saliente. Seus olhos
num lindo azul claro contrastavam com sobrancelhas ruivas grossas e naturalmente desenhadas.
Um brinco de dente de dragão parecia realçar suas sardas, que eram espalhadas por toda sua pele
pálida. E suas roupas de couro bem coladas em seu corpo definido eram a perdição. E suas longas
pernas que o deixavam com 1,85 metros de altura eram tão belas quando cobertas pelo couro preto
de dragão.

Já Charlie era tão musculoso e robusto para lidar com os dragões, suas roupas levemente
folgadas ainda conseguiam destacar seus músculos, uma tatuagem de dragão no lado direito do seu
pescoço era o que fazia as pernas de Hadrian estremecerem, junto com seus bíceps ou peitoral. Sua
pele pálida tainha tantas sardas que era impossível de contar, intensos olhos azuis claros, cabelos
ruivos curtos e rebeldes com uma pequena trança solitária do lado inferior direito, maxilar
quadrado e duro contrastando com sobrancelhas grossas. Algumas cicatrizes e queimaduras
adornavam seu corpo, e, sempre que Hadrian via uma, ele tinha um estranho desejo de beijá-las.

Tá. Hadrian culpava a puberdade por seus hormônios ensandecidos.

Percy havia virado Monitor-Chefe e estava cheio de si de tanto orgulho da conquista no seu
último ano em Hogwarts. Ron e Hermione o convidaram para passar a última semana de férias no
Caldeirão Furado junto com todos os Weasley, menos Bill e Charlie. O próximo pacote era de
Hagrid. O livro: "O Monstruoso Livros dos Monstros", era terrivelmente agressivo. Ele teve que
se jogar em cima do livro para conseguir que ele parasse de fugir e se esconder em cantos escuros.

— Olha só garoto. — Hadrian falou cansado. — Eu vou te soltar, se você prometer não me atacar.
Eu juro que não quero te machucar. — Por alguns minutos nada foi ouvido, até que o livro soltou
um ruído de desistência. — Bom garoto. — Hadrian o soltou lentamente. — Pronto. — Se
endireitou em frente ao livro, que estava irritadiço o encarando. – Ei, nada de me atacar. —
Repreendeu. — Obrigado. — Agradeceu quando o livro resmungou em derrota. — Posso te fazer
carinho? — Perguntou hesitante. O livro pareceu pensar, antes de se aproximar e fechar os olhos.
Hadrian sorriu e acariciou a capa peluda do livro. O mesmo começou a soltar um ruído de
apreciação, como se fosse um gatinho ronronando. — Bom garoto. — Sorriu-lhe docemente. —
Sinta-se livre para explorar a casa, só não ataque ninguém, por favor. — O livro soltou um ruído de
concordância e se afastou. — Boa noite pra você também. — Riu enquanto se levantava do chão e
apanhou o cartão de Hagrid.

Ele abriu os presentes e as cartas de Neville, Blaise, Pansy, Theodore, Colin e os gêmeos
Weasley. Agora só sobrava a carta de Hogwarts. Reparando que era bem mais grossa do que de
costume, Hadrian abriu o envelope e viu que tinha as explicações e formulário para os pais
assinarem uma permissão para o aluno ir à aldeia de Hogsmeade. Seria maravilhoso visitar
Hogsmeade nos fins de semana; ele sabia que era um povoado só de bruxos, em que nunca
estivera. Ele iria pedir a assinatura para Narcissa, que era sua guardiã legal, já que ninguém sabia
que ele fora adotado por Ragnuk e Maray.

Hadrian olhou para o despertador, já eram duas horas da manhã. O garoto voltou para a
cama e se deitou. O sono veio instantaneamente.

— HAZZ! — Draco jogou-se nos braços do amigo assim que o viu entrando na sala de estar dos
Malfoy com os goblins ao seu lado; Nyx e Hera estavam diminutas nos ombros do moreno.

— Oi, Dray. — O moreno riu da empolgação do loiro.

— Feliz aniversário! — Draco soltou-o e eles riram.

— Não vão começar a se comer agora, vão? — Tom perguntou encostado no batente da porta. Seu
semblante inexpressivo enquanto o seu interior fervilhava de ciúmes. Ele sempre fora possessivo
com suas coisas, agora que havia decidido investir em Hadrian, ele já começava a sentir ciúmes.
Até porque ele sabia dos olhares que Draco dava para o menor. Sabia que Hadrian retribuía a
ambos, mas ainda assim... Ele via a situação como um desafio, uma competição para ver quem
conquistaria definitivamente o coração do garoto de olhos verdes.

— Por quê? — Hadrian ergueu uma sobrancelha e abriu um sorriso malicioso. Ele conhecia Tom
muito bem, podia ver em sutis sinais que passariam despercebidos por outras pessoas. Pálpebras
levemente cerradas, os cantos da boca sutilmente curvados em desgosto, lábios crispados, olhos
brilhando com ambição e raiva. Ele sabia que Tom estava com ciúmes de Draco. E Hadrian sentia-
se cada vez mais perdido com os sentimentos que nutria entre os dois garotos. Ele sentia-se
esquisito, pois nunca achou que poderia amar os dois ao mesmo tempo, mesmo que seu coração
suplicasse por isso, ele sabia que Draco e Tom nunca se entenderiam para o "dividir". Seus pais
poderiam o acalentar quando essas dúvidas o assolavam, mas ainda assim ele estava muito
inseguro. — Vai querer se juntar? — Hadrian e Draco riram ao verem as bochechas de Tom
corarem levemente.

— Apressem-se logo. — Saiu pisando duro.

— Nós vamos para Hogsmeade! Eu estou tão animado para ir à Honeydukes!

— E na Zonko's Joke Shop! — Os garotos estavam muito animados.

— Mas antes precisamos ir para a sua festa! — Draco se levantou e puxou o menor. — Todos
virão.

— Nós vimos a metade deles no mês passado. — Hadrian resmungou se espreguiçando.

— Mês passado era o meu aniversário, não o seu. — Se direcionou para a porta do quarto. — Sem
contar que os Weasley vão vir. — A festa seria incrivelmente animada graças aos gêmeos de
quinze anos. Eles vinham testando várias coisas para venderem como logros.

— Hazz! — Exclamou Fred fazendo uma grande reverência. — É simplesmente esplêndido


encontrá-lo, meu caro...

— Maravilhoso. — Disse George, empurrando Fred para o lado e, por sua vez, apertando a mão do
moreno. — Absolutamente maravilhoso.

— O que vocês estão aprontando? — Hadrian perguntou sorrindo e os gêmeos trocaram olhares
travessos, logo passando os braços envolta dos ombros do moreno, um de cada lado.

— Precisamos estar aprontando algo para termos a honra de comemorar o aniversário de um


grande amigo? — Fred comentou sonhador.

— Um garoto tão espirituoso e formidável. — George completou.

Ao longo da tarde, Hadrian percebeu que os gêmeos o olhavam mais vezes do que "o
normal". Ele estranhou, mas deixou para pensar nisso outra hora. Eles pareciam sempre terem um
sorriso malicioso para o moreno. Narcissa e Lucius assinaram as autorizações para os garotos
poderem ir ao passeio à vila bruxa com sorrisos nostálgicos. Tom parecia um pouco cabisbaixo por
ter que ficar escondido na Malfoy Manor sem a companhia de Hadrian, mas ele era o passado de
Voldemort, quem o conheceu nessa época (como Dumbledore e McGonagall) iria suspeitar sua
aparição. Pelo menos Hera ficaria com ele.

Eles decidiram deixar a poeira abaixar com todos os ataques em Hogwarts, para depois ela
fazer o "seu show de entrada" para o mundo mágico. Fawkes também iria ficar com os Malfoy,
pois Hadrian só poderia, em tese, levar um animal com ele. E ele já tinha Hedwig e Nyx.
Dumbledore também não ficaria nada feliz em ver sua antiga Phoenix com o garoto, e isso traria
problemas. No jantar daquela noite, com apenas Hadrian, Ragnuk, Maray, Tom e os Malfoy na
mesa, o garoto decidiu que era a hora certa.

— Tia Cissy, tio Lucy. Mãe, pai. — Hadrian chamou-os e todos viraram-se para ele. — Ron e
Hermione convidaram eu e Draco para passarmos a última semana antes de setembro para
ficarmos hospedados no The Leaky Cauldron. Eu queria saber se nós poderíamos ir. — Suas
bochechas estavam levemente coradas.

— Acho que um tempo com os amigos faria bem. — Ragnuk ponderou.

— Mas vocês precisam se cuidar! — Narcissa olhou para os garotos.

— Os pais de Ron estarão lá também. — Hadrian assegurou.

— Assim me sinto mais tranquila. — Maray suspirou.

— Okay. Vocês podem ir. — Lucius concordou assim que teve um aceno positivo de cabeça de
Ragnuk. Draco e Hadrian trocaram sorrisos animados.

— Nós podemos ir com o Knight Bus? Eu estava pensando em levar o Draco para provar algumas
comidas muggle. — Hadrian perguntou esperançoso.

— Okay. Okay. — Lucius não conteve um sorriso ao ver a animação dos garotos.

— Mas prometam que vão tomar cuidado. — Ragnuk olhou-os seriamente.

— Prometemos, pai! — Hadrian assegurou-lhe animado.


Capítulo 39
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Na última noite antes dos garotos partirem para Hogwarts, Hadrian e Tom estavam sentados
na grama, conversando com Nyx e Hera, que agora conseguia diminuir e ficar um pouco menor do
que o tamanho original da serpente preta. O garoto de intensos olhos verdes havia ficado na
Malfoy Manor para passar a noite, e Hera ficaria fazendo companhia para Tom durante o ano
letivo.

— Admita que vai sentir a minha falta. — Hadrian sorriu presunçoso para o moreno mais alto.

— Não seria bem "a sua falta", eu ficaria entediado sem ter um idiota para me atazanar.

— Você é tão romântico, Tommy. — Colocou a mão sobre o coração e suspirou apaixonadamente.
— Assim eu irei me apaixonar. — O mais alto sorriu com escárnio quando uma ideia surgiu na sua
mente e ele se aproximou de Hadrian.

O menor sentiu seu coração disparar com a pequena distância entre suas faces, seus olhos de
esmeraldas focaram em cada detalhe daquele rosto absurdamente lindo tão próximo de si. Como
seus olhos castanhos escuros pareciam brilhar com determinação; como seus cabelos ondulados
continuavam impecáveis mesmo com o vento os fazendo dançar ao ar e por vezes caindo em seu
rosto, mas ainda assim o deixando impecavelmente lindo. Ou como sua pele pálida parecia tão
macia e perfeita; como suas maçãs do rosto eram altas que o deixavam com um ar aristocrático;
como suas sobrancelhas pretas eram perfeitamente desenhadas acima de seus olhos hipnotizantes;
seu nariz fino e arrebitado o dava um ar de superioridade que faria qualquer um estremecer e querer
se ajoelhar. Como seu maxilar não era nem muito fino, nem muito grosso, o deixando ainda mais
belo. Entretanto, o que Hadrian mais prestou a atenção foram nos lábios perfeitamente desenhados
que tinham um leve tom avermelhado que se elevava minimamente num sorriso sem mostrar os
dentes. Tudo bem que Hadrian já havia dado um selinho em Tom, dias atrás. Mas ele não
conseguiu desfrutar daqueles lábios que tanto almejava. Qual seria o gosto deles? Sua textura? Sua
maciez? Como seria senti-los contra seus lábios? Como seria tê-los contra sua pele?

— E assim, Hazz? — O menor não teve tempo de responder, Tom uniu seus lábios nos do outro.

Nyx e Hera saíram do local sem serem vistas pelo casal, até porque, o universo inteiro
pareceu parar com aquele simples toque. Era como se uma bolha os rodeasse, impedindo que
qualquer som coerente chegasse em seus ouvidos, não passando de apenas um eco distante; o
vento não existia mais; os jardins ao seu redor eram apenas um borrão distorcido e a única coisa
em foco eram os dois garotos que tinham seus lábios unidos num selar tímido. Tom tinha os olhos
fechados para se concentrar apenas na sensação de ter os lábios carnudos e avermelhados do menor
contra os seus; e Hadrian fechou os seus olhos lentamente, deixando-se entregar pelo que ansiava
por muito tempo.

Uma corrente elétrica percorreu o corpo dos dois e suas barrigas formigaram. Quando o
maior ia se separar ao perceber que Hadrian não se movia, ele foi surpreendido com uma mão em
sua bochecha, puxando-o para mais perto e iniciando um beijo calmo e doce. Tom sorriu entre o
ósculo e segurou a cintura do menor, apertando-a levemente conforme movia seus lábios contra os
de Hadrian em movimentos lentos e carinhosos. Ele era tão doce, tão macio, tão viciante. O menor
sentia-se nas nuvens conforme Tom aprofundava o beijo, sua língua acariciou os lábios num pedido
mudo para poder adentrar sua boca, que logo fora concedido. O mesmo soltou um suspiro de prazer
ao sentir a língua estrangeira acariciando a sua e assumir a dominância do beijo, que ia se
intensificando conforme os corpos se aproximavam ainda mais. Tom soltou um grunhido de prazer
ao sentir Hadrian subir em seu colo, uma perna de cada lado enquanto seus braços circulavam o
pescoço do mais velho, este que segurou a cintura do menor com possessividade.

Eles estavam aproveitando todas as sensações prazerosas que um dava ao outro. O menor
suspirou ao sentir mãos grandes apertando suas nádegas. Os garotos estavam ofegantes e
precisavam de ar, mas não queriam parar o beijo, estava tão bom. A dança que suas línguas faziam
em suas bocas, o contato dos lábios avermelhados e sensíveis um com o outro, seus corpos quentes
colados, seus ventres formigando de excitação, as borboletas em seus estômagos criando um
furacão de sensações. O mais velho deixou os lábios de Hadrian para traçar um caminho de beijos a
partir do seu queixo, descendo pela mandíbula, e chegando ao seu pescoço. Ele sorriu contra a pele
de porcelana ao senti-lo estremecer com seus beijos num local sensível.

— T-Tom... — Suspirou ao sentir o outro morder o lóbulo de sua orelha. A lua os iluminava com o
seu brilho prateado, dando aos dois uma aura etérea de perfeição, o vento frio não os incomodava
de maneira alguma, pois seus corpos pareciam em chamas com a adrenalina de finalmente
beijarem um ao outro.

— Melhor pararmos. Você precisa acordar cedo amanhã. — Tom se afastou e sorriu ao ver a
expressão que o outro fazia. As esmeraldas cintilando de prazer e felicidade à luz da lua e das
estrelas, as bochechas coradas, os lábios avermelhados entreabertos a procura de oxigênio. Ele
estava divino.

— Você é do mal. — Resmungou com um biquinho. — Mas agora eu sei que você vai sentir ainda
mais a minha falta. — Sorriu malicioso

— Não vou concordar, nem discordar. — Tom sorriu enquanto acariciava uma bochecha
avermelhada do outro.

— E-eu queria te contar uma coisa... — Corou ainda mais e abaixou a cabeça. O coração
palpitando de nervosismo, a foz falhando, as mãos tremendo e os olhos querendo derramar
lágrimas. — E-eu gosto de vo-você, Tom... — Sussurrou baixinho, porém o maior foi capaz de
ouvir perfeitamente.

A pedra de gelo que Tom possuía no lugar do coração derreteu em uma explosão ardente de
amor. Ele nunca pensou que seria possível que seu coração batesse tão rápida e intensamente como
estava naquele momento. Entretanto, mesmo com seu coração correndo milhares de milhas por
segundo, parecia que ele havia parado completamente. Sua respiração entalou na garganta, sua
mente ficou completamente vazia, com exceção do eco daquela frase soando repetidas vezes.

— E-eu sei que você pode não gostar. — Hadrian começou hesitantemente antes de começar a falar
num único suspiro. — Ma-mas eu também gosto do Draco e não sei se conseguiria escolher um de
vocês. Eu gosto de vocês na mesma intensidade, nenhum é melhor do que o outro pra mim. E-então
eu entenderei se você não quiser se relacionar comigo, porque eu não poderia escolher entre vocês.
Eu desistiria de tudo por vocês, farei tudo por vocês, eu darei tudo a vocês. E-eu amo vocês. Eu te
amo, Tom. Então, se você quiser desistir, eu irei entender.
Hadrian sentia seu coração pesado. Era tudo verdade. Ele não poderia escolher entre Tom e
Draco, não poderia abandonar um deles para ficar com o outro. Ele sabia que estava sendo egoísta
e ganancioso, mas ele queria os dois. Cada um possuía uma personalidade diferente, e Hadrian
amava as duas individualmente, ele os amava por serem eles mesmos, eles o cativaram e o fizeram
se apaixonar. Não, ele nunca escolheria entre eles. Preferia perder os dois do que trair seus
sentimentos por um.

— Hazz... — Tom chamou num sussurro descrente.

Hadrian gostava dele. Mas também de Draco, e não queria escolher entre os dois. Ele
preferia perder ambos do que escolher um. Tom sentiu seu peito se apertar em amor, mesmo que
seu lado possessivo e egoísta estivesse enlouquecido dizendo: "Mate o outro! Mate a concorrência
e ele será completamente seu!", mas ele não poderia escutar esse seu lado. Hadrian o ajudou a
superar esse... "Ser" que o dominava e apenas queria a destruição. Se Draco morresse Hadrian
ficaria arrasado. E Tom não queria isso, não queria ver aqueles lindos olhos banhados de lágrima
nunca mais. Então ele empurrou todo o seu egoísmo, orgulho e possessividade para o fundo de sua
alma e o trancafiou fortemente.

Hadrian era mais importante do que isso. Estar ao lado dele valia mais do que seu egoísmo.
Ele era a sua bússola, guiando o seu caminho. Ele era o seu sol, iluminando seu mundo coberto de
trevas e caos. Ele era o anjo que se apaixonou por um demônio. Ele não tinha medo em ser
contaminado pela escuridão, estendeu-lhe a mão e o tirou do inferno. Sua bela existência pura
sendo lentamente corrompida pelas trevas de Tom, mesmo assim ele continuou do seu lado.
Mesmo quando caísse dos céus, Hadrian continuaria ao seu lado e faria tudo de novo se fosse
preciso. Hadrian era o seu mundo, sua razão de viver.

— M-me rejeita logo para que essa ansiedade desapareça... — Hadrian sussurrou com os ombros
tremendo levemente com o choro iminente. Ele sentia-se como uma represa com um vazamento,
apenas o sopro do vento era capaz de fazê-lo estourar completamente, deixando suas lágrimas
escorrerem livremente por seu rosto. Ele sabia que Tom iria rejeitá-lo, seu silêncio e hesitação
diziam tudo. Ele estava procurando as palavras certas para dizer.

— Olhe para mim, Hadrian. — Exigiu num tom duro. O menor reprimiu um soluço e ergueu sua
cabeça lentamente. Era agora. Quando o mais velho contemplou o rosto choroso do menor, ele
sentiu uma dolorosa contração em seu peito, ele pensava que iria rejeitá-lo. — Não me importo em
não ser o único no seu coração. — O mais novo paralisou enquanto o encarava pasmo. — Porque
estar com você é a única coisa que importa para mim. — Ergueu uma mão para acariciar a
bochecha corada, aproveitando para secar uma lágrima perdida. Eu te amo, Hadrian. Você foi o
único que viu o verdadeiro Tom Marvolo Riddle, e ainda assim você estendeu sua mão para me
ajudar. Você não tinha medo de mim, não tinha interesses ocultos, ou raiva. Você tinha todos os
motivos para me odiar e me temer, mas você não o fez. Você perdoou meus pecados passados, e
não me culpou pelo que Voldemort fez com sua família e tantos outros. Você me aceitou como eu
sou, todo problemático e cheio de defeitos. Eu sou a pior pessoa do mundo, Hazz, e mesmo assim
você diz me amar. Eu sou um monstro sanguinário, e ainda assim você entrou no meu coração. Eu
não tinha esperanças, eu estava até a cabeça afundado nas trevas, e você me salvou. Suas belas
mãos puras como as de um anjo alcançaram um demônio preso no inferno. Você aceitou a
contaminação das minhas trevas contra a sua aura celestial. Você foi o sol que iluminou o meu
mundo e me guiou pelo caminho certo. Ame quantos você quiser, desde que uma parte do seu
coração seja minha. Pois o meu coração você já o tem por inteiro. Meu coração, meu corpo, minha
alma. Eu pertenço a você, e apenas a você. Eu te amo, Hadrian Tamish Potter. E nada pode mudar
isso.

O garoto de intensos olhos verdes chorava copiosamente, segurando com as duas mãos a
mão alheia que acariciava sua bochecha e se aconchegando no seu toque reconfortante. Ele não
controlava mais suas lágrimas, a represa fora rompida por completo. Seus ombros finos e delicados
balançavam com os soluços, seu coração palpitava de amor e felicidade. Tom o amava. Ele não
havia o rejeitado.

— E-eu te amo, To-Tom... — Sussurrou entre soluços. Mesmo com a visão embaçada, ele pode
ver o imenso sorriso do mais velho.

— Eu também te amo, Hazz. — Puxou-o para um abraço aconchegante e deixou-o chorar em seu
peito. A lua e as estrelas eram as testemunhas daquele momento tão mágico e feliz do casal.

Quando o dia raiou, Hadrian e Draco já estavam prontos para partirem. Pegaram as bagagens
e as gaiolas das corujas e despediram-se do casal Malfoy e dos house-elves. Tom os acompanhou,
juntamente com Hera que estava encolhida no pescoço do mesmo.

— Cuidem-se, filhotes. — Hera disse emocionada. — Esperarei ansiosa o retorno de vocês.

— Você está mais ansiosa com o retorno de sua namorada. — Hadrian sorriu ao ver as serpentes
se agitarem.

— Nos vemos em breve.

— Tchau Hera. — Draco e Hadrian acariciaram o basilisk.

— Até mais Hazz. — Tom piscou sedutor para o moreno, que corou violentamente.

— Eu não quero ficar de vela. Te espero no portão. — Draco pegou Nyx dos ombros de Hadrian e
se afastou. Um gosto amargo na sua boca e seu peito se apertando dolorosamente ao ver a interação
dos dois.

— Loiro filha da puta. — Hadrian bufou ao ver Draco se afastar.

— Oh. Não queria um beijinho de despedida meu? — Tom perguntou divertido enquanto circulava
a cintura do menor e o virava para si.

— Você é muito convencido.

— É um charme. — Selou seus lábios com fome e paixão. Hadrian agarrou-se a camiseta social do
maior enquanto sentia suas pernas estremecerem quando Tom invadiu sua boca com a língua. – É
melhor você ir antes que Draco te arraste para longe. — Comentou ao se separarem
relutantemente.

— Me escreva. — Eles se soltaram e sorriram.

— Eu irei. — Hadrian deu um selinho rápido no maior e logo se afastou. Esse ano seria diferente.
Hadrian podia sentir isso.

— Por que caralhos não temos isso? — Draco perguntou enquanto se fartava com um hambúrguer
e Hadrian ria do amigo.

— Existem muitas coisas boas na culinária muggle.


— Por favor me mostre tudo. — Pediu contente.

— Talvez eu te dê o privilégio de comer minha maravilhosa comida.

— Por favor, chef! — Os dois riram. Mas a atenção do moreno se focou na televisão do
estabelecimento onde estava uma transmissão de uma notícia sobre um fugitivo da prisão.

... alertamos os nossos telespectadores de que Black está armado e é extremamente perigoso.
Se alguém o avistar deverá ligar para o número do plantão de emergência imediatamente.

Era a imagem de Sirius Black. Hadrian cutucou Draco, que arregalou os olhos ao ver a
imagem parada do bruxo fugitivo.

— Ele é tão perigoso assim? — Hadrian sussurrou. — Para anunciarem sua fuga para o mundo
muggle.

— Eu estou com um péssimo pressentimento sobre isso. — Analisou a imagem mudar para outra
notícia.

Já estava escurecendo quando eles deixaram o shopping e se dirigiram para uma rua deserta
de Londres. Foi então que Hadrian sentiu uma queimação na nuca, como quando alguém o
observava. Ele olhou ao redor, não ouvira ou vira, mas sentira: alguém ou alguma coisa estava
parado no estreito vão entre a garagem e a grade atrás dele. Hadrian apertou os olhos para enxergar
melhor a passagem escura. Se ao menos aquilo se mexesse, então ele saberia se era apenas um gato
sem dono ou... Outra coisa qualquer. Hadrian não conseguiu ver nada.

Mas, de fato, algo o observava de longe. Os contornos maciços de alguma coisa muito
grande com olhos enormes e brilhantes. Era um Cão-Lobo Checoslovaco gigante de sessenta e
cinco centímetros de altura, com a pelagem muito preta e intensos olhos cinzas que o observavam
com atenção.

Draco levantou a sua mão, que segurava a varinha, e a estendeu para a rua. Ouviu-se um
estampido ensurdecedor e os garotos ergueram as mãos para proteger os olhos da luz repentina e
ofuscante... Um segundo depois, dois faróis altos e gigantescos pneus pararam cantando
exatamente no lugar em que a varinha do loiro estava apontada. As duas coisas pertenciam a um
ônibus AEC Regent III RT de três andares, roxo berrante, que se materializara do nada. Letras
douradas no para-brisa informavam: "The Knight Bus". Então, um condutor de uniforme roxo
saltou do ônibus para anunciar em altas vozes aos ventos da noite:

— Bem-vindo ao Knight Bus, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta
esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo onde quiser. Meu nome é Stan Shunpike,
Stan, e serei seu condutor por esta noi... — Stan parou abruptamente. Acabara de avistar Hadrian
com sua cicatriz e serpente no pescoço. O garoto era apenas alguns anos mais velho que Hadrian,
tinha dezoito ou dezenove anos no máximo, grandes orelhas de abano e uma grande quantidade de
espinhas. — Ora, se não é Hadrian Potter em pessoa! — O garoto abriu um sorriso. — Entrem,
entrem. — Gesticulou para que Hadrian e Draco entrassem enquanto pegavam as bagagens e
entravam no ônibus.

— Prazer em conhecê-lo, Stan. — Hadrian cumprimentou educadamente e Draco acenou com a


cabeça em reconhecimento. — Então... Este ônibus, você disse que vai a qualquer lugar?
— Isso aí. — Respondeu Stan orgulhoso. — Qualquer lugar que você queira desde que seja em
terra. É imprestável debaixo da água.

— Quanto custaria nos levar até o The Leaky Cauldron? — Draco perguntou.

— Onze Sickles, mas por catorze você ganha chocolate quente e por quinze um saco de vômito,
chocolate quente e uma escova de dentes da cor que você quiser. — Hadrian meteu uma mão no
bolso, onde ele havia separado um saquinho com moedas bruxas, e tirou o valor que o condutor
pediu, entregando-lhe logo em seguida.

Não havia lugares para a pessoa sentar-se; em vez disso havia meia dúzia de estrados de
latão ao longo das janelas protegidas por cortinas. Ao lado de cada cama, ardiam velas em
suportes, que iluminavam as paredes revestidas de painéis de madeira.

— Você fica com essa aí. — Cochichou San, empurrando o malão de Hadrian para baixo da cama
logo atrás do motorista, que se achava sentado em uma cadeira de braços diante do volante. — E
você aqui. — Empurrou o malão de Draco para baixo de uma cama ao lado da de Hadrian. — Este
é o nosso motorista, Ernie Prang. Este aqui é o Hadrian Potter, Ernie. — Ernie Prang, um bruxo
idoso que usava óculos de grossas lentes, cumprimentou com um aceno de cabeça o novo
passageiro, que tornou a achatar nervosamente a franja contra a testa e se sentou na cama.

— E você... — Olhou para Draco.

— Draco Malfoy.

— E este é o amigo do Potter, Draco Malfoy. — Comentou olhando para o velho. — Pode mandar
ver, Ernie. — Disse Stan, sentando-se na cadeira ao lado do motorista.

Ouviu-se mais um estampido assustador e, no instante seguinte, Hadrian se sentiu achatado


contra a cama, atirado para trás pela velocidade do Knight Bus. Endireitando-se, o menino espiou
pela janela escura e viu que agora deslizavam suavemente por uma rua completamente diferente.
Stan observava os rostos surpresos dos garotos, achando muita graça.

Fora uma viagem um tanto quanto conturbada. Hadrian aproveitou para ler o jornal do dia,
vendo que falava sobre Black. Ele e Ernie conversaram sobre o caso de Black. O moreno queria
acumular mais informações sobre o homem que supostamente entregou seus pais para o abate.
Draco havia ficado calado durante toda a conversa, apenas observando o desenrolar de tudo. Stan
se lembrou que Hadrian pagou por um chocolate quente, mas o derramou no travesseiro do moreno
quando o ônibus deu uma súbita freada. Draco agradeceu por negar o seu chocolate quente,
duvidava que conseguiria bebê-lo sem se engasgar ou se sujar. Finalmente, Hadrian e Draco foram
os últimos passageiros do ônibus.
Capítulo 40
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

O Knight Bus estava correndo pela rua Charing Cross como uma trovoada, Hadrian ficou
observando os edifícios e bancos se espremerem para sair do caminho do veículo. O céu estava um
pouquinho mais claro quando Ernie fincou o pé no freio e o ônibus parou derrapando diante de um
bar pequeno e de aparência malcuidada, The Leaky Cauldron.

— Obrigado. — Disse Hadrian a Ernie.

— Isso foi horrível! — Nyx sibilou desgostosa. Hadrian teve que aguentar vários comentários
sórdidos vindo da serpente. — Nunca mais! Eu não quero andar nessa merda nunca mais!
Prefiro comer o meu próprio rabo! — Os dois garotos desceram os degraus com um pulo e
ajudaram Stan a descer as bagagens e a gaiola das corujas para a calçada. Eles se despediram e logo
o ônibus desapareceu na noite.

— Vamos dividir o quarto? — O moreno perguntou animado.

— E ainda pergunta? — O loiro sorriu fracamente enquanto os dois entravam no bar.

— Oi Tom! — Os garotos cumprimentaram o dono do bar-hospedaria, que sorriu para eles.

— Olá, senhor Potter. — O velho se virou para o quadro cheio de chaves de quartos e pegou uma
delas. — O quarto onze está pronto para vocês.

— Obrigado. — O mais novo pegou a chave.

— Vocês podem vir pegar comida quando quiserem.

— Boa noite, Tom. — Draco sorriu e os dois subiram por uma bela escada de madeira até uma
porta com uma placa de latão de número onze, que o moreno destrancou e abriu para eles.

Dentro havia uma cama de casal muito confortável; uma mobília de carvalho muito lustroso;
uma lareira em que o fogo crepitava alegremente e em um canto tinha uma porta para o banheiro.
Era tudo muito aconchegante e confortável. Os garotos liberaram as corujas das gaiolas antes de
colocarem os malões embaixo da cama. Scorpius se juntou a Hedwig no alto do guarda-roupa e os
dois se empoleiraram um ao lado do outro.

— Eu preciso de um ar! — Nyx desceu dos ombros de Hadrian e deslizou pelo chão para passar
pela janela.

— Não assuste ninguém! — Hadrian gritou para a serpente, que nem lhe respondeu. Draco
Sentou-se cabisbaixo na cama, retirou os sapatos e cruzou as pernas em cima da mesma.

— O que foi? — Hadrian franziu o cenho enquanto sentava-se de frente para o loiro e imitava sua
pose, após tirar os sapatos. — Está tudo bem? — Segurou as mãos pálidas do maior, que levantou
os lindos olhos tempestuosos para encarar as esmeraldas que ele tanto era viciado.

— Eu... Eu preciso ser sincero com você. — Inconscientemente a cabeça do moreno inclinou-se
para o lado. — Eu... — Draco sentia seu coração querendo sair por sua garganta. Ele fechou os
olhos e puxou o ar para inflar seus pulmões, e tentar reunir coragem. — Eu te amo. — Hadrian
arregalou os olhos em surpresa, uma batida em seu coração falhou, só para logo depois bombear
em um ritmo absurdamente rápido. — Eu sei que você e o Tom têm algo, mas eu não queria mais
segurar isso só para mim. E-eu não sei quando "isso" começou. Eu só sinto... E eu estou com medo
disso, isso tudo é estranho, eu não sei o que fazer quando meu coração dispara, ou quando eu só
quero te abraçar, ou só te... Beijar... E eu não sou aquele que você gosta... Aquele que não será
correspondido.... — Seus olhos tempestuosos entristeceram-se, e isso partiu o coração do moreno.
Hadrian ia falar algo, mas Draco desatou a falar rapidamente. Temendo a rejeição. — Mas eu não
quero que algo mude entre nós! Eu não sei o que faria se você deixasse de ser meu amigo. Eu
posso superar meus sentimentos, se pelo menos eu o tivesse como amigo. Tudo bem, por mim. Eu
só não quero te perder. Eu prometo deixar de estar apaixonado por você! Eu só não suportaria que
você se afastasse. Você é muito importante pra mim, Hazz. Cada lágrima sua parte o meu coração,
cada sorriso seu aquece o meu peito, sua risada me alegra, seus olhos me encantam, sua voz me
enfeitiça, tudo em você é perfeito para mim. Até os seus defeitos. Eu sei que serei rejeitado, mas
me deixe ser seu amigo. Eu lhe imploro. Eu...

— Draco. — Hadrian acariciou as mãos trêmulas do maior quando o cortou. — Eu também amo
você. Desde que eu cheguei nesse mundo novo, você sempre esteve lá para mim. Na verdade, eu
não sabia o que eu sentia até pouco tempo atrás, porque eu sentia as mesmas coisas por vocês dois.
— Draco sentiu seu coração inflando de emoção. — Você sempre esteve lá por mim, sempre me
ajudou a me reerguer quando eu caía, me dava segurança e me acalmava quando eu tinha minhas
crises de pânico ou meus pesadelos. Era sufocante guardar meus sentimentos por temer perder a
sua amizade. — Os olhos do loiro brilharam pelas lágrimas que queriam escorrer enquanto seu
coração batia freneticamente dentro de seu peito. — Mas, se você quiser seguir com isso, tem que
saber que eu não gosto de me sentir preso, e eu não conseguiria escolher entre vocês. Eu gosto dos
dois e não consigo me ver sem um de vocês caso eu tenha que escolher.

— Um relacionamento aberto, você quer dizer? — Os olhos cinzentos e tempestuosos cintilaram


de alegria.

— É. — Hadrian sorriu ao ver que o loiro estava se alegrando com a ideia.

— Eu pensei que o Santo Potty não ficaria preso a apenas uma pessoa. — O moreno sorriu ao
levantar uma mão e acariciar a bochecha corada do mais velho, o loiro inconsciente inclinou-se
para o toque.

— Então? — Aproximou-se do outro.

— Não vai fazer um pedido oficial? — Sorriu divertido ao sentir a respiração quente do moreno
contra sua pele.

— Posso pensar em algo muito extravagante e romântico se quiser. — Sorriu ao sentir o loiro
estremecer quando Hadrian roçou seus lábios. O contato singelo fazia uma corrente elétrica
percorrer seus corpos e seus lábios formigarem de antecipação.

— Por favor, não. — Draco riu ao imaginar o que o moreno poderia fazer.

— Então? Você topa? Namora comigo, Moonlight?


— Tão romântico. — O loiro enlaçou a cintura do menor com um sorriso nos lábios. — Eu topo.
Eu adoraria ser seu namorado, Sunshine. — Hadrian não precisou falar nada, o loiro tomou-lhe os
lábios com carinho e amor.

Eles eram os únicos seres vivos no universo, o som não atravessava sua bolha de felicidade e
amor. Não escutavam o barulho do trânsito muggle que invadia o quarto pela janela, tão pouco
escutavam o falatório das pessoas nas ruas gritando umas com as outras ou apenas conversando,
nem os aviões podiam ser ouvidos, muito menos os passarinhos que cantavam alegremente no céu.
Nada mais existia além deles dois.

Draco e Hadrian não tinham pressa, queriam aproveitar o contato que tanto ansiavam no
fundo dos seus corações. Os órgãos cardíacos bombeavam loucamente sangue com adrenalina por
todo os seus corpos, elevando suas temperaturas conforme o beijo se intensificava. A língua do
loiro invadiu Hadrian e ambos iniciaram uma dança íntima dentro de suas bocas. O menor fez a
mesma coisa que havia feito com Tom, circulou o pescoço do loiro com os braços enquanto se
sentava de frente para Draco em seu colo.

— Eu não achei que você era tão apressadinho. — Draco sorriu enquanto apertava a cintura do
moreno, que soltou um suspiro contente.

— Se você não gosta eu posso sair. — Provocou enquanto beijava o pescoço do maior.

— Nem pense em fazer isso. — Draco sorriu quando desceu as mãos para as coxas fartas do
moreno graças ao treinamento de quidditch. — Sabia que eu amo essas coxas?

— Aposto que você adora me ver de uniforme. — Hadrian se afastou para ver o sorriso convencido
que o loiro o direcionava.

— Pode ser que eu goste daquele uniforme extremamente apertado nas suas pernas e bunda. —
Hadrian suspirou ao sentir as mãos grandes do loiro rumarem para as suas nádegas e as apertarem
firmemente.

— Por Merlin, não! — Nyx deslizou para dentro do quarto. — Já não basta você com o Tom.

— E você e a Hera que ficam fazendo sexo por palavras enquanto sabe que eu e Tom podemos
entender. — Hadrian revirou os olhos enquanto se virava para a serpente.

— Façam-me um favor e parem de se engolir. — Nyx deslizou até o sofá em frente a lareira e se
acomodou preguiçosamente nos travesseiros.

— Acho que o clima acabou. — Hadrian riu do comentário do loiro, logo roubando-lhe um beijo
calmo e amoroso.

— Teremos muito tempo para, como ela disse, "nos engolirmos". — Draco riu enquanto abraçava
o moreno.

— Já está tarde, devemos ir dormir, Sunshine. — O maior beijou-lhe o pescoço com carinho.

— Antes eu preciso de um banho. — Levantou-se e se espreguiçou. — Pelo visto termos que


dividir a cama essa noite. — Draco sorriu-lhe maliciosamente.

— Quem será que nos colocou nesse quarto com apenas uma única cama? — Hadrian riu do
namorado se fingindo de inocente enquanto ia até o seu malão e pegava suas roupas.
Quando o dia amanheceu, Hadrian colocou Nyx no pescoço, segurou a mão de Draco e
ambos desceram as escadas até o bar, todos os olhares voltaram-se para os dois e muitos
murmúrios inundaram o local. Hadrian puxou o loiro para sentarem-se numa mesa afastada e
pediram seus cafés da manhã.

— Você sabe que seremos a manchete do Evening Prophet de hoje, não sabe? — Draco comentou
enquanto comia sua torrada.

— Pode estar no Daily Prophet mesmo. As notícias mudam com um Protean Charm.

— Meu namorado é a pessoa mais famosa do mundo bruxo britânico. — Draco sorriu para o
moreno, que segurou sua mão sobre a mesa.

— Só um pequeno detalhe na minha vida. — Seu sorriso aumentou ao ver Hadrian soltar uma
risada. — Eu te am, Moonlight. — Selou os lábios rapidamente. Ao se separarem, ambos abriram
enormes sorrisos apaixonados enquanto olhavam um para o outro.

Depois do café da manhã, onde os sussurros e murmúrios foram rapidamente vazados para
outros ouvidos fora do bar-hospedaria, Hadrian levou o loiro para o pátio dos fundos, puxou a
varinha, bateu no terceiro tijolo a contar da esquerda, acima do latão de lixo, e se afastaram
enquanto se abria na parede o arco para o Diagon Alley. O casal passou o dia longo e ensolarado
explorando as lojas e comendo à sombra dos guarda-sóis de cores vivas à porta dos cafés, em que
os seus companheiros de refeição mostravam uns aos outros as compras que tinham feito ou então
discutiam o caso de Sirius Black.

Eles estavam tendo um momento romântico, sentados à luz do sol, na calçada da Florean
Fortescue's Ice Cream Parlou, terminaram suas redações e até contaram com a ajuda ocasional
do próprio Florean, que, além de ser muito gentil, ainda oferecia ao casal, a cada meia hora,
sundaes de graça. Havia coisas que os garotos precisavam comprar. E, o mais importante, tinham
que comprar os novos livros para o ano letivo, que incluiriam três novas matérias. Eles escolheram
as mesmas aulas: Trato das Criaturas Mágicas, Alquimia e Runas Antigas.

Hadrian se distraiu na livraria enquanto o atendente lutava para pegar um livro para Draco.
Seu olhar havia pousado em outro livro, que fazia parte de um arranjo em outra
mesinha: "Presságios de Morte: o que fazer quando se sabe que vai acontecer o pior."

— Ah, eu não leria isso se fosse você. — Disse o gerente de passagem, procurando ver o que
Hadrian estava olhando. — Você vai começar a ver presságios de morte por todo lado. Só isso já é
suficiente para matar a pessoa de medo. — Mas Hadrian continuou a encarar a capa do livro; tinha
um cão preto do tamanho de um urso, com olhos brilhantes. Que lhe parecia estranhamente
familiar...

Eles saíram da Flourish and Blotts dez minutos depois e tomaram o rumo do The Leaky
Cauldron. Subiram as escadas, entraram no quarto e despejaram os livros em cima da cama.
Alguém estivera ali limpando o quarto; as janelas abertas deixavam entrar o sol, Hadrian viu de
relance o seu reflexo no espelho acima da pia. "Não pode ter sido um presságio de morte.", disse
em pensamento à sua imagem em tom de desafio. "Estava escuro quando vi aquela coisa na rua...
Provavelmente era apenas um cão sem dono...". Ele ergueu a mão automaticamente e arrumou
algumas mechas desalinhadas no seu cabelo. Draco o enlaçou por trás a cintura do namorado e
roubava-lhe um beijo. Eles sorriram um para o outro enquanto Hadrian se aconchegava contra o
peito do loiro, que lhe beijava os cabelos com carinho. Os corações cheios de amor e felicidade
enquanto a preocupação desaparecia completamente.
Capítulo 41
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

À medida que os dias se passavam, Hadrian e Draco pareciam morar no Diagon Alley. De
fato, eles eram o assunto mais comentado de todo o mundo bruxo. Narcissa, Lucius e Tom
mandaram cartas. Ragnuk e Maray ensinaram a todos a enviarem cartas de modo imediato, sem o
perigo de uma coruja ser interceptada e as informações vazadas, mesmo que tivessem feitiços de
segurança. Todos poderiam escrever o que quisessem sem temer que outra pessoa leia o conteúdo.

Querido Draco.

Eu estou muito orgulhosa de você, meu filho. Saiba que dou total apoio para você e o Hazz,
ele é um garoto muito bom e vocês dois são perfeitos juntos. Você deve cuidar muito bem
dele, e não deve perder para o Tom. Você deve ser seu igual como os companheiros de
Hadrian. Creio que seu pai também mandará uma carta, mas ele deve ter os mesmos
pensamentos que eu, então não se preocupe. E você nunca deve magoar o Hazz. Entendeu?
Ele é um garoto de ouro e merece sempre o melhor. Como você também merece. Se ele te
magoar você tem o meu consentimento para acabar com a raça dele! Brincadeiras à parte, eu
estou muito feliz por vocês.

Com amor, sua mãe que te ama.

Narcissa Venus Malfoy.

Enquanto o loiro lia a sua carta, seus olhos marejavam de alegria por saber que sua mãe o
apoiava.

Querido Hazz.

Veio ao meu conhecimento hoje pelo Daily Prophet sobre você e Draco. Não há palavras para
descrever a minha alegria no momento, meu querido. Eu quero que você saiba que tem meu
total apoio. E eu também sei de você e Tom. Mas eu entendo que você faz parte da realeza e
nela é normal os herdeiros terem vários consortes. Meu querido, eu só quero te pedir uma
coisa, como sua madrinha e como a mãe de Draco, por favor nunca machuque o meu filho, ou
o deixe de lado. Pois, pelo que eu vi, ele realmente te ama muito.

Com carinho, sua madrinha favorita.

Narcissa Venus Malfoy.


— A tia Cissy nos deu passe livre. — Hadrian se aconchegou ao lado do loiro.

— Sim. — Draco roubou um beijo do namorado.

— Ainda temos seu pai. — Comentou ofegante enquanto as mãos grandes do mais velho
passeavam pelas suas coxas.

Caro Draco.

Sua mãe já deve ter mandado uma coruja surtando de alegria por você e o Hazz. E eu quero
que você saiba que os meus sentimentos são iguais aos dela. Você e Hadrian têm o meu total
apoio para ficarem juntos, desde que se amem e se respeitem, fiquem juntos para as
diversidades que irão enfrentar no futuro e mantenham-se unidos. E sobre o Tom, enquanto
você estiver bem com isso, eu não irei me meter. Mas não deixe o Hadrian achar que o Tom
ama mais ele que você. Você é um Malfoy e não deve perder, mas conhecendo o Hazz, como
nós conhecemos, sabemos que isso não irá acontecer.

Do seu pai que te ama.

Lucius Abraxas Malfoy.

— Ele aprovou! — Draco jogou-se nos braços do moreno, que sorria radiante ao ver seu amado
feliz.

— É vergonhoso saber que eles podem ter visto eu e o Tom. — Corou enquanto o loiro se afastava
e o permitia ler a carta de Lucius.

Caro Hazz.

Creio que a Narcissa já deva ter se adiantado e mandado uma carta, então eu serei direto
com você. Vocês dois tem meu total apoio e eu não desejo que vocês deixem de ser quem são
perto de nós. Nós amamos vocês dois do jeito que são, então não precisam ter medo de
rejeitarmos vocês. E sobre o Tom, eu não acho que caiba a mim comentar, enquanto vocês se
amarem é o suficiente. Um ou trezentos não faz diferença se todos concordarem e te amarem.
Só espero que você ame e cuide do meu filho, pois ele e você são os nossos bens mais preciosos
e queremos tudo de bom para vocês.

Lucius Abraxas Malfoy.

— Agora só falta a do Tom. — Hadrian estava nervoso. Mesmo sabendo que Tom havia
concordado com a relação deles, Hadrian não queria que ele tivesse descoberto o seu namoro com
Draco por uma manchete de jornal.

— Vai ficar tudo bem, Sunshine. — Draco recostou-se na cabeceira da cama no quarto deles, abriu
as pernas e puxou o moreno para sentar-se na sua frente e apoiar suas costas no peito do loiro,
enquanto o mesmo o abraçava com força. Hadrian relaxou com o calor e o aperto reconfortante do
maior e abriu a carta de Tom.

Caro Hadrian.

Veio ao meu conhecimento hoje que o senhor conquistou um novo amante. Você não imagina
como eu estou machucado com essa notícia.

Brincadeiras à parte.

Eu lhe disse uma vez e irei repetir: eu farei de tudo para tê-lo ao meu lado e feliz. Se ter
Draco o alegra, eu irei aceitar. Você é a coisa mais importante para mim, minha razão de
viver, eu farei tudo por você, Hazz. Eu sempre estarei ao seu lado para o que der e vier.

E, quando vocês voltarem durante as férias, devemos ter uma conversa para esclarecer tudo
entre nós três. Precisamos conversar sobre como iremos lidar com esse relacionamento
amoroso deveras intrigante.

Com amor,

Do seu Tom.

— E então? — O loiro beijou-lhe a nuca delicadamente.

— Ele está bem com isso tudo. — Hadrian sentiu seus músculos relaxarem com os carinhos do
loiro, o mesmo segurou suas mãos com carinho conforme Hadrian suspirava e fechava os olhos.

— E teremos uma bela conversa de trisal quando voltarmos para casa. — Hadrian sorriu com o
comentário do loiro.

— É. Mas eu estou mais ansioso para voltar por uma coisa. — Virou seu rosto para o namorado
ver suas esmeraldas cintilantes.

— E o que seria? — Draco sorriu com a animação do garoto.

— Ter vocês dois comigo. — O loiro soltou uma risada nasalada.

— Acho melhor escrevermos as respostas antes que eu me distraia. — Comentou entre o beijo
ardente que roubou do menor.

— Se bem que essa distração é ótima. — Riu do protesto de Draco enquanto ele se levantava para
sentar-se na mesa para escrever uma resposta.

Querido Tom.

Eu sinto muito, meu querido. Tudo o que eu menos queria era machucar você. Não é você,
sou eu.
Okay. Hora de escrever a sério.

Eu queria que tivéssemos conversado, nós três. Mas a minha vida é o assunto que todo o
mundo bruxo deseja saber. Isso é muito irritante. Mas saiba que isso significa muito para
mim. Eu quero que você saiba que o meu relacionamento com o Draco, não muda o que eu
sinto por você. Sim, eu gosto igualmente dos dois. Vocês dois conquistaram o meu coração. E
sim, teremos muito o que conversar nas férias.

Mande um abraço para a Hera e diga que a Nyx está com saudade. (Na verdade ela está me
enlouquecendo porque está longe da sua parceira sexual e está frustrada.)

E, novamente, o que você disse significa muito para mim. Pode ser muito rápido, mas eu sei o
que eu sinto por você, Tom.

Eu te amo com todo o meu ser.

Com carinho,

Seu Hazz.

Tom podia sentir seu coração acelerado conforme olhava a carta que acabara de ler. Ele,
realmente, havia ficado magoado por descobrir tudo pelo jornal. Mas... Hadrian ainda gostava dele.
Ele ainda o queria ao seu lado. De fato, Hadrian fora a melhor coisa que aconteceu na sua vida.

— Eu também te amo, Hadrian. — Tom sorriu para a carta e beijou-lhe com carinho.

Caros Lucy e Cissy.

Muito obrigado por terem falado isso, vocês não sabem o quanto é importante para mim. E
muito obrigado por entenderem sobre o Tom. E podem ficar tranquilos, vou amar e cuidar
do Draco com todo o meu ser e não irei magoá-lo. O mesmo vale para o Tom.

Espero que nos vejamos nas férias para podermos conversar pessoalmente. Amo vocês.

E, mais uma vez, obrigado por tudo.

Hadrian Tamish Potter.

Narcissa limpava uma lágrima de alegria enquanto seu marido a abraçava carinhosamente.

— Oh, Lucius. — A mulher tentava, inutilmente, conter as lágrimas. — É a primeira vez que ele
diz que nos ama.

— Eu sei, Cissy. — Lucius sorriu com o seu coração inflado de amor e carinho pelo o que acabara
de ler

— O que diz na carta de Draco? — Ela tentou se recompor. O homem soltou-a, pegou a carta do
filho e leu em voz alta.
Caros pai e mãe.

Muito obrigado pelo apoio de vocês. Significa muito para mim. E sim, eu irei cuidar muito
bem do Hazz e nunca irei magoá-lo. Vocês não imaginam como eu fiquei feliz quando eu me
declarei para ele, e como eu fiquei mais feliz ainda quando ele disse que sentia o mesmo. E
agora eu estou transbordando de alegria ao saber que vocês nos apoiam.

E eu não irei perder para o Tom. Tenho a convicção de dizer que eu amo o Hazz tanto
quando ele o ama. Mãe, pai, eu amo vocês.

Do seu filho lindo e maravilhoso,

Draco Lucius Malfoy.

— É agora que você alaga a sala. — Lucius comentou ao ver sua esposa derramar ainda mais
lágrimas. O homem sorriu ao ver a mulher rindo entre o choro de alegria. Ela se levantou para
abraçá-lo com força.

— Somos tão abençoados por termos eles.

— Eu sei, Cissy. — Lucius retribuiu o abraço e confortou sua esposa.

Hadrian acordou no último dia de férias, os Weasley e Hermione chegariam no dia seguinte.
Ele e Draco estavam passeando pelo beco de mãos dadas, pensando onde iriam almoçar, quando
alguém gritou o nome do moreno e ele se virou.

— Hazz! HAZZ! — E ali estavam eles, os dois, sentados na calçada da Sorveteria Florean
Fortescue, Ron parecendo incrivelmente sardento e Hermione muito bronzeada, os dois acenando
para eles freneticamente.

— Finalmente! — Exclamou Ron, rindo enquanto Hadrian e Draco puxavam duas cadeiras e se
sentavam na mesa. — Fomos ao The Leaky Cauldron, mas disseram que vocês tinham saído,
fomos à Flourish and Blotts, à Madame Malkin e...

— Compramos todo o nosso material escolar no primeiro dia. — O moreno explicou.

— E desde quando vocês estão namorando? — Ron perguntou curioso. Hermione estava fazendo
uma careta estranha.

— Na verdade foi no dia que chegamos aqui. — Draco sorriu ao sentir sua mão sendo agarrada
pela do namorado.

— E... Seus pais, Draco? — Hermione perguntou cautelosa.

— Por incrível que pareça eles até que aceitaram muito bem. — Draco comentou analisando a
garota. — Você está bem, Mione?

— Ah! — Ela corou. — Sim... É só que... E-eu achei que o mundo bruxo seria... Sabe... Como os
muggles em relação a... Isso...
— Oh. — Hadrian assentiu a cabeça.

— Na verdade, no mundo bruxo. — Draco começou. — É normal existirem relacionamentos


homoafetivos. Criaram até feitiços e poções para os homens engravidarem e para casais lésbicos
gerarem um filho próprio sem a "ajuda" de um homem. — Agora fora Hadrian quem se
surpreendeu. — Tudo bem que famílias puros-sangues são mais arcaicas com relacionamentos
héteros, mas eles são completamente normais.

— Se bem que nada na vida de Hadrian Tamish Potter seja normal. — Hadrian comentou sorrindo
enquanto bebia seu suco.

— Isso é verdade. — Draco comentou.

— A questão é... — Hadrian começou. — Não existe preconceito com relacionamentos


homoafetivos. — Ron e Hermione assentiram. Aparentemente eles não estavam muito confortáveis
com homossexuais.

— Em todo caso. — Ron pigarreou. — Estamos hospedados no The Leaky Cauldron, também!
Assim vocês podem ir para a estação de King's Cross conosco amanhã! Hermione também está lá!
— A garota confirmou com a cabeça, envergonhada. Eles começaram a conversar sobre o que
esperar para o próximo ano e Ron mostrou a eles sua nova varinha.

— E isso tudo o que é, Mione? — Perguntou Draco, apontando não para uma, mas para três sacas
estufadas na cadeira junto à garota.

— Bem, é que vou fazer mais matérias novas do que vocês, não é? Comprei os livros de
Artimância, de Trato das Criaturas Mágicas, de Adivinhação, de Estudo das Runas Antigas, de
Estudo dos Muggles...

— Para que é que você vai fazer Estudo dos Muggles? — Perguntou o ruivo, revirando os olhos.
— Você nasceu muggle! Sua mãe e seu pai são muggles! Você já sabe tudo sobre muggles!

— Mas vai ser fascinante estudar os muggles do ponto de vista dos bruxos. — Disse Hermione
muito séria.

— Você está planejando comer ou dormir este ano, Mione? — Perguntou Hadrian, enquanto Ron
dava risadinhas abafadas e Draco sorria divertido. A garota não ligou para eles.

Hermione começou a dizer que queria uma coruja e Ron iria a acompanhar, pois seu rato,
Scabbers, estava parecendo doente. Ele estava mais magro do que de costume, e seus bigodes
estavam caídos. Nyx elevou sua cabeça do pescoço do moreno e farejou o ar om a língua bifurcada.

— Esse rato me cheira a coisa ruim.

— No sentido que ele está fedendo? — Hadrian encarou a serpente.

— No sentido que eu devo ficar de olho nele.

— O que isso quer dizer? — Ela não respondeu. — Tem uma loja para criaturas mágicas ali. —
Disse Hadrian, que agora conhecia o Diagon Alley como a palma da mão. — Você podia ver se
eles têm algum produto para o Scabbers, e Mione podia comprar a coruja.

Os quatro foram até a loja e Hermione acabou por ficar com um enorme gato laranja. A
pelagem era espessa e fofa, mas ele decididamente tinha pernas arqueadas e uma cara de poucos
amigos, estranhamente amassada, como se tivesse batido de frente numa parede de tijolos. Este
acabou por atacar Scabbers, fazendo Hadrian e Ron saírem correndo atrás do rato pelo beco. Ron
ficou furioso por Hermione comprar Crookshanks, o gato persa, já que o bicho perseguiu Scabbers.
Essa birra duraria por muito tempo. No The Leaky Cauldron o grupo encontrou o Arthur sentado
no bar, lendo o Daily Prophet.

— Hadrian! Draco! — Exclamou ele, erguendo a cabeça e sorrindo. — Como vão?

— Bem, obrigado. — Respondeu o moreno enquanto eles se reuniam ao homem com todas as
compras que tinham feito. Arthur pôs o jornal de lado e Hadrian viu a foto de Sirius Black
encarando-o.

— Fiquei surpreso quando soube de vocês dois.

— Acho que toda a sociedade bruxa ficou. — Hadrian sorriu enquanto o loiro o abraçava de lado.

— Mas estou contente por vocês. — O homem assegurou.

— Obrigado, senhor Weasley. — Os garotos devolveram o sorriso feliz.

— Então eles ainda não pegaram Black? — Draco perguntou curioso.

— Não. — Respondeu Arthur, ficando muito sério. — O Ministério nos tirou do nosso trabalho
normal para tentar encontrá-lo, mas até agora não tivemos sorte.

— Nós receberíamos uma recompensa se o apanhássemos? — Perguntou Ron. — Seria bom


ganhar mais um dinheirinho...

— Não seja ridículo, Ron. — Disse Arthur, que a um olhar mais atento parecia muito tenso. —
Black não vai ser apanhado por um bruxo de treze anos. Os guardas de Azkaban é que vão levá-lo
de volta, escreva o que digo. — Naquele momento Molly entrou no bar, carregada de sacas e
acompanhada pelos gêmeos, Fred e George, que iam começar o quinto ano em Hogwarts; e Percy e
o recém-eleito monitor-chefe. Percy estendeu a mão solenemente como se ele e o garoto jamais
tivessem se encontrado e disse:

— Hadrian. Que prazer em vê-lo.

— Olá, Percy. — Respondeu Hadrian, tentando conter o riso.

— Um prazer vê-lo também, Draco. — Apertou a mão do loiro que acenou com a cabeça. —
Fiquei surpreso quando li o Prophet. — Continuou Percy pomposo, durante o aperto de mãos.
Parecia até que estava sendo apresentado ao prefeito.

— Minha vida não é algo muito privado. — Hadrian riu.

— Hadrian! — Exclamou Fred, empurrando Percy e se sentando na frente do moreno.

— Ficamos chocados quando soubemos. — George se sentou ao lado do irmão, que passou o
braço pelos ombros do gêmeo.

— Achamos que nós seriamos...

— Os felizardos a descobrir...

— O sabor dos seus lábios. — Os dois sussurraram em uníssono com um ar de brincadeira, mas
que continha uma verdade por trás dos olhos brilhantes.
— Não se preocupem. — Draco sorriu enquanto beijava a têmpora do moreno e sussurrava só para
eles quatro escutarem. — Ele é da realeza. É normal possuir vários "acompanhantes". — Hadrian
piscou galanteador para os gêmeos, que coraram.

— Se um dia vocês quiserem realmente provarem meu gosto. — Hadrian sorriu ao ver um brilho
malicioso nos olhos castanhos dos gêmeos.

— Oh. Hadrian, Draco, queridos. — Molly tomou o casal num abraço apertado.

— Mãe! — Exclamou Fred como se tivesse acabado de avistá-la, apertando-lhe a mão também. —
É realmente formidável encontrá-la...

— Eu já disse que chega disso. — Disse a mulher, soltando Hadrian e Draco e colocando as
compras em uma cadeira vazia. — Olá, Hadrian e Draco, queridos. Fiquei muito contente com a
notícia sobre seu relacionamento. Espero que vocês sejam muito felizes.

— Obrigada, senhora Weasley. — Os garotos agradeceram ao mesmo tempo.

— Suponho que tenha sabido das nossas eletrizantes novidades? — Ela apontou para o distintivo
de prata novinho em folha no peito de Percy. — É o segundo monitor-chefe na família! —
Exclamou, inchada de orgulho.

— E o último. — Resmungou George para si mesmo.

— Não duvido nada. — Disse Molly, franzindo a testa de repente. — Estou reparando que até hoje
vocês dois não foram promovidos a monitores.

— E para que é que nós queremos ser monitores? — Perguntou Fred, parecendo se indignar até
com a própria ideia. — Isso tiraria toda a graça da vida. — Hadrian abafou o riso.

— Vocês deviam dar um exemplo melhor para seu irmão! — Ralhou Molly.

— Ron tem outros irmãos para lhe dar exemplo, mãe. — Disse Percy com altivez. — Vou mudar
de roupa para o jantar... — Ele desapareceu e George deixou escapar um suspiro.

— Bem que a gente tentou trancar ele numa pirâmide. — Disse a Hadrian e Draco. — Mas a mãe
flagrou a gente no ato.
Capítulo 42
Chapter Notes

Esse cap é meio que um pedido de desculpas pelo transtorno. Para quem não sabe, o
perfil do TiuLu no Discord foi banido por nada, e ele era o dono do server da fic então
ficou tudo bugado. Ele criou outro perfil e outro server. E sim, vai ter cap segunda
também. Aproveitem e entrem no novo server.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

O jantar àquela noite foi muito agradável. Tom, o dono do bar-hospedaria, juntou três mesas
na sala, e os oito Weasley, Hadrian, Draco e Hermione desfrutaram da deliciosa comida.

— Como vamos para a estação de King's Cross amanhã, pai? — Fred perguntou.

— O Ministério vai mandar dois carros. — O homem disse e todos ergueram os olhos para ele.

— Por quê? — Perguntou Percy, curioso.

— Por sua causa, Percy. — disse George, sério. — E vão botar bandeirinhas em cima dos capôs,
com as letras BB...

— Significando Big Boss. — Completou Fred. Todos, à exceção de Percy e Molly, riram.

— Por que é que o Ministério vai mandar carros, pai? — Percy repetiu a pergunta, num tom muito
digno.

— Bem. — Começou Arthur. — Como trabalho lá, eles vão me fazer esse favor... — Sua voz era
displicente, mas Hadrian não pôde deixar de notar que as orelhas do homem tinham ficado
vermelhas, iguais às de Ron quando o pressionavam.

Depois do jantar todos começaram a se retirar para os quartos, indo verificar as coisas para o
dia seguinte. Ron e Percy estavam hospedados no quarto ao lado de Hadrian e Draco. O moreno
acabara de fechar e trancar seu malão quando ouviu vozes zangadas através da parede, e foi ver o
que estava acontecendo, a porta do quarto doze estava entreaberta e Percy gritava:

— Estava aqui, em cima da mesa de cabeceira, eu o tirei para polir...

— Eu não peguei, está bem? — Berrava Ron em resposta. Draco e Hadrian trocaram olhares
divertidos enquanto iam ver o que estava rolando.

— Que está acontecendo? — Perguntou o moreno.

— Meu distintivo de monitor-chefe sumiu. — Respondeu Percy virando-se irritado para Hadrian.

— E o tônico para ratos de Scabbers também. — Falou Ron, jogando as coisas para fora do malão
para procurá-lo. — Acho que deixei o frasco no bar...
— Você não vai a lugar nenhum até achar o meu distintivo. — Berrou Percy.

— Eu vou buscar o remédio do Scabbers. Já fiz a mala. — Disse Hadrian a Ron. — Me espera no
quarto. — Hadrian sorriu para o namorado logo depois de roubar-lhe um selinho.

Hadrian estava no corredor a meio caminho do bar, agora mal iluminado, quando ouviu
outras duas vozes zangadas que vinham da sala. Um segundo depois, ele as reconheceu como
sendo as de Molly e Arthur. Hesitou, sem querer que eles soubessem que os ouvira discutindo, mas
a menção do seu nome o fez parar, e, num segundo momento, se aproximar da porta da sala. Arthur
estava falando que Hadrian deveria saber de algo, mas que Fudge o proibiu disso e insiste em tratar
o garoto como uma criança.

A imprensa ocultou o fato de que Fudge foi até Azkaban na noite em que Black fugiu. Os
guardas lhe disseram que Black andava falando durante o sono havia algum tempo. Sempre as
mesmas palavras: "Ele está em Hogwarts... Ele está em Hogwarts.". Arthur e Molly acreditam que
Black está atrás de Hadrian para terminar o que o seu senhor começou. Mas, para Hadrian, isso não
fazia sentido, já que Sirius não era um Death Eater. Molly, cega por Dumbledore, alega que nada
faria mal ao garoto em Hogwarts. Hadrian teve que reprimir uma gargalhada depois desse
comentário. "Eles estão preocupados com Black vindo atrás de mim? Mas ainda não querem me
contar isso por preocupação." Hadrian sentiu seu peito se aquecer de amor e carinho com a
preocupação fraternal de Molly e Arthur. Mesmo eles sendo cegos pela cabra velha.

O garoto ouviu as cadeiras serem mexidas, o mais silenciosamente que pôde, correu pelo
corredor até o bar e desapareceu de vista. A porta da sala se abriu, e alguns segundos depois o
ruído de passos lhe informou que Molly e Arthur estavam subindo as escadas. O frasco de tônico
para ratos estava debaixo da mesa à qual o grupo se sentara mais cedo. Hadrian esperou até a porta
do quarto do casal se fechar, depois tornou a subir levando o vidro. Encontrou Fred e George
agachados nas sombras do patamar, segurando o riso para poderem ouvir Percy desmontar o quarto
que ocupava com Ron, à procura do distintivo.

— Está conosco. — Sussurrou Fred a Hadrian. — Andamos dando uma melhorada nele. — No
distintivo agora se lia "Big Boss". Hadrian reprimiu uma risada.

— Além disso. — George rodeou o garoto como se fosse um leão encurralando sua presa. — Eu
me lembro de um certo convite... — O ruivo abraçou as costas de Hadrian e sussurrou em seu
ouvido, fazendo-o estremecer.

— Sim, George. — Fred prensou Hadrian contra o seu irmão. — Eu me lembro claramente disso.
— Sussurrou no outro ouvido do moreno.

— Então... — A voz do mais novo saiu num sussurro quase inaudível enquanto George apertava
sua cintura contra o corpo forte de batedor dele. — Quem vai ser o primeiro? — Fred sorriu ao ver
as esmeraldas cintilando em determinação.

— Que tal eu? — Fred segurou o rosto do moreno com uma mão enquanto a outra subia pelo peito
de Hadrian e aproximava seu rosto do dele.

— Então venha provar. — As esmeraldas focaram-se nos lábios sorridentes do ruivo, muito
próximos dos seus.

Hadrian sentiu George rir contra o seu pescoço, onde ele se concentrava em distribuir beijos
delicados. Mas o que atraiu toda a tenção do moreno foram os lábios finos e quentes de Fred contra
os seus num beijo tímido e delicado. O menor passou os braços ao redor do pescoço do ruivo a sua
frente enquanto se derretia por completo entre os irmãos. George explorava o corpo pequeno
enquanto Fred intensificava o beijo ao invadir sua boca com uma língua habilidosa e gentil. Seu
corpo ardia em chamas conforme as mãos grandes e fortes dos gêmeos exploravam o seu corpo.
Fred tinha um beijo delicado, carinhoso e gentil, mesmo estando sedento por mais e cheio de
desejo.

— Não vá ficar com ele só pra você, Gred. — George comentou com uma falsa tristeza enquanto
via o irmão separar-se dos lábios avermelhados de Hadrian.

— Eu sinto muito, Feorge. — Hadrian foi virado para o outro gêmeo. Agora era Fred quem beijava
seu pescoço e explorava seu corpo com as mãos. — Mas esse doce é incrivelmente viciante. —
Hadrian sentiu o ruivo sorrir contra sua pele enquanto George segurava sua nuca com uma mão e
com a outra ele aproximava ainda mais seus corpos, separando as pernas do menor ao colocar uma
sua entre elas e unir suas pélvis com um aperto na bunda farta de Hadrian.

— Isso eu terei que avaliar. — Sorriu travesso antes de unir seus lábios nos do moreno.

Hadrian soltou um gemido manhoso quando sentiu outro aperto em sua bunda conforme o
ruivo invadia sua boca com a língua. Diferente do irmão, George era mais ousado, mais luxurioso e
agressivo ao dominar a língua do menor em segundos. Fred sorriu com o som que Hadrian havia
produzido, ele colocou mais pressão nas costas do moreno, o prensando ainda mais contra George
e colando sua pélvis na bunda de Hadrian. Seus corpos estavam em chamas, eles queriam tirar
todas as roupas para aliviar todo o calor. As mãos, que antes vagavam e apertavam livremente o
corpo de Hadrian, agora pararam conforme os gêmeos liberavam o moreno do aperto.

— De fato, esse doce é o melhor que eu já provei. — George sorriu enquanto Fred se colocava ao
lado do irmão e os dois analisavam um Hadrian ofegante, com os lábios avermelhados, as
bochechas coradas, os cabelos bagunçados e as roupas desalinhadas.

— Tenham uma boa noite, meninos. — Hadrian piscou para eles e foi entregar a Ron o frasco de
tônico para ratos, depois se trancou em seu quarto com Draco e jogou-se na cama.

— Demorou. — O loiro levantou uma sobrancelha ao ver o estado do moreno. Largou o livro na
mesinha de cabeceira e puxou-o para si em um abraço.

— Primeiro eu ouvi Arthur e Molly discutindo lá embaixo. — Os olhos cinzas do loiro se


arregalaram de interesse.

— E então?

— Eu acho que eles estão preocupados comigo. Arthur disse que Fudge está acobertando o fato de
Black ter murmurado em sua cela "Ele está em Hogwarts". É bem provável que os carros que o
Ministério mandou sejam para "ficarem de olho" em mim.

— Se bem que Nyx cuidaria muito bem disso. — Hadrian sorriu ao sentir o loiro acariciar seu rosto
delicadamente. — E depois.

— Depois eu encontrei os gêmeos.

— Então isso explica o seu estado amassado e corado.

— Eu acho que irei adorar estar entre você e Tom quando estivermos juntos. — Hadrian
acompanhou o sorriso do loiro.

— Aposto que você estará nos céus. — Beijou brevemente seus lábios avermelhados. — Agora nós
precisamos dormir. Teremos um dia cheio amanhã.
— Boa noite, Moonlight. — Eles se enfiaram embaixo dos lençóis e Hadrian aconchegou-se no
peito de Draco.

— Boa noite, Sunshine. — O loiro segurou a mão que estava em cima do seu peito enquanto a
outra acariciava as madeixas sedosas do menor.

— Eu te amo. — Murmurou sonolento.

— Eu também te amo. — Sorriu e beijou-lhe a cabeça.

No dia seguinte, Hadrian e Draco acordaram cedo e começaram a se vestir. Hadrian tentava
convencer uma maldisposta Hedwig a entrar na gaiola quando Ron irrompeu no quarto, vestindo
um suéter pela cabeça e parecendo irritado.

— Quanto mais cedo embarcarmos no trem melhor. — Disse. — Pelo menos posso fugir do Percy
em Hogwarts. Agora ele está me acusando de pingar chá na foto da Penelope Clearwater. Sabe. —
Disse o ruivo com uma careta. — Aquela namoradinha dele. Ela escondeu a cara na moldura
porque ficou com o nariz todo borrado...

— Ae, maninho! — Fred e George meteram as cabeças pela porta e sorriram para Ron. —
Parabéns por irritar Percy de novo.

— Mas não fui eu! — Ron saiu do quarto empurrando os gêmeos que devam risada.

— Pronto? — Draco perguntou para Hadrian enquanto o moreno pegava a gaiola de Hedwig e Nyx
se acomodava em seus ombros.

— Pronto. — Beijou-lhe a bochecha com um sorriso. Scorpius piou alegremente na sua gaiola.

Todos foram até King's Cross amassados nos carros. Por serem muitos, eles iriam atravessar
a passagem em pares, Arthur insistiu em ir com Hadrian. Depois vieram Percy e Draco. Hadrian
pegou a mão do namorado e ambos esperaram ao lado de Arthur. Depois que os outros Weasley e
Hermione se reuniram a eles, Hadrian, Draco e Arthur saíram andando até os últimos carros do
trem, passando por cabines cheias, até uma que lhes pareceu bem vazia. Embarcaram as malas na
cabine, guardaram Hedwig, Scorpius e Crookshanks no bagageiro, depois tornaram a sair para que
todos pudessem se despedir do casal Weasley. A mulher beijou os filhos, depois Hermione e, por
fim, Hadrian e Draco. O moreno ficou encabulado, mas gostou bastante quando ela lhe deu mais
um abraço.

Arthur tentou falar com Hadrian, mas não teve muito sucesso, pois o trem já iria sair. O
vapor saía da chaminé da locomotiva em gordas nuvens; o trem começara a se mexer. Hadrian
correu para a porta da cabine e Draco abriu-a e se afastou para o namorado embarcar. Os dois se
debruçaram na janela e acenaram para o casal até o trem fazer uma curva e eles desapareceram de
vista. Os namorados foram se juntar a cabine onde Ron, Hermione e Neville esperavam junto com
os Slytherin, mas esse ano o trem estava mais lotado do que o normal, então o casal pegou suas
coisas e foi procurar uma cabine vazia.

Eles encontraram uma bem no finalzinho do trem. Esta tinha apenas um ocupante, um
homem que estava dormindo profundamente ao lado da janela. Os garotos pararam à porta, o
Expresso de Hogwarts era em geral reservado aos estudantes e, até então, eles nunca tinham visto
um adulto a bordo, exceto a bruxa que passava com a carrocinha de comida. O estranho usava um
conjunto de vestes de bruxo extremamente surradas e cerzidas em vários lugares. Parecia doente e
cansado, embora fosse jovem, seus cabelos caramelos estavam salpicados de fios brancos. Hadrian
sentiu uma aura calmante e acolhedora vindo do homem, coisa que aqueceu seu coração.

— Quem você acha que ele é? — O moreno perguntou quando se sentaram e fecharam a porta,
ocupando os assentos mais afastados da janela, depois de arrumarem suas coisas no bagageiro.
Onde Scorpius e Hedwig dormiam calmamente.

— O professor R. J. Lupin. — Cochichou Draco na mesma hora. Hadrian o encarou com o cenho
franzido. — Está na maleta. — Respondeu apontando para o bagageiro acima da cabeça do
homem, onde havia uma maleta gasta e amarrada com vários fios de barbante caprichosamente
trançados. O nome "Prof. R. J. Lupin" estava estampado a um canto em letras descascadas. Nyx
se remexeu, se acomodando enquanto Hadrian apoiava seu corpo no do namorado.

— Ele tem cheiro de cachorro. — A serpente comentou enquanto sua língua bifurcada balançava
no ar.

— Oi? — Hadrian encarou a familiar.

— Ele é um werewolf. — O moreno arregalou os olhos e analisou o homem.

— Nós teremos um professor werewolf? Isso é incrível! — Draco encarou os olhos cheios de
expectativa do namorado. Hadrian paralisou quando o homem começou a se mover e abrir os
intensos olhos cor de âmbar.
Capítulo 43
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Remus sentia seu lobo se remexer inquietamente no seu interior. Ele estava uivando,
querendo rasgar seu interior para se libertar. "Meu! Meu! Meu! MEU!", seu lobo gritava dentro de
si. Seu coração palpitava de emoção, ele podia sentir o cheiro de terra fresca, jasmim e chuva.
Quando Hadrian Potter nasceu, James havia chamado todos para conhecerem a criança. Remus,
por ser um werewolf, pode sentir esse mesmo perfume; sendo filho de seus amigos, a criança era
parte da sua família. Depois de tantos anos, separado do garoto, tantos anos sentindo-se inútil por
terem atacado seus amigos e ele não pode fazer nada. Depois de perder sua única família... Depois
de doze anos, ali estava o mesmo cheiro de Hadrian. Bem na sua frente.

Lindos olhos cor de âmbar abriram-se lentamente, Hadrian ficou tenso ao sentir uma corrente
elétrica percorrer seu corpo quando aqueles olhos se focaram nos seus. Ambos os corações
falharam uma batida, só para logo depois acelerar. Remus sentiu seu lobo uivando de alegria, antes
de encarar aquela infinidade esverdeada e estremecer, reconhecendo que era inferior ao garoto. O
lobo via dentro de Hadrian, profundamente enraizado em sua alma, uma besta transcendente
enjaulada, que está apenas esperando o momento para rasgar as paredes do universo e reivindica-lo
para si como seu domínio.

Hadrian estava bem! Ele estava vivo! Bem na sua frente! Lágrimas brotaram nos olhos do
werewolf, o que deixou os garotos assustados e desesperados. O que fariam um professor chorar do
nada? O que eles fariam? O que estava acontecendo?

— Hadrian... — Remus tapou sua boca quando um soluço subiu pela sua garganta. O moreno
piscou os olhos, aturdido. Aquele homem o conhecia? Mas todo o mundo mágico o conhecia. Mas
então porque seu peito se encheu de calor ao ouvir aquela voz doce e suave chamando-o.

— O-o senhor me conhece? — Perguntou tímido e se endireitando no banco.

— E-eu era um amigo do seu pai... — O homem tentava reprimir a todo custo suas lágrimas, mas
estava sendo em vão. — E-eu achei que havia perdido você também... — Remus levantou-se num
pulo e em segundos ele estava agarrando o moreno num abraço apertado.

O perfume de jasmim do garoto sempre o havia acalmado, e a seu lobo também. Hadrian
levou alguns segundos para perceber o que significava tudo aquilo, até que seus olhos se
arregalaram e ele sentiu lágrimas escorrendo pelas suas bochechas. O moreno retribuiu o aperto
que o homem ajoelhado na sua frente o dava. A aura calmante e acolhedora o homem estendeu-se
pela cabine, reconfortando todos ali dentro. Depois de um tempo abraçados, Remus parou de
chorar e se afastou para segurar o rosto do garoto entre suas grandes mãos cheias de cicatrizes.
Hadrian podia ver com mais clareza agora, Remus era um homem muito belo e jovem, seu rosto
com cicatrizes o deixava ainda mais charmoso, porém seus olhos eram cansados e fatigados. Mas
agora eles brilhavam em alegria e amor. O lobo de Remus uivava em seu interior. Hadrian estava
vivo.
— Você é tão parecido com sua mãe. — Sua voz doce acariciou os ouvidos do garoto. — Mas
seus olhos... É algo extraordinário. — Ele sorriu com carinho, o que aqueceu o coração do garoto.
— Me disseram que vocês três haviam morrido. Sirius nos traiu e Peter fora morto por ele. Eu
entrei em desespero naquele dia. Dumbledore mandou-me para um local isolado e seguro. E-eu
pensei que nunca mais o veria, Hazz. — Seus olhos âmbares estavam marejados novamente.

— Dumbledore quer me matar ao invés de me proteger. — Hadrian fechou a cara com raiva. —
Ele mentiu para você. Eu estava vivo, fui mandado para viver com a irmã muggle de minha mãe.
Eles me fizeram sofrer por anos. Dumbledore colocou selos em mim e quer me manipular para ser
sua arma perfeita contra Voldemort. — O homem arregalou os olhos.

Ele fazia parte da Order of the Phoenix, um grupo de bruxos leais a Dumbledore que lutavam
contra os bruxos das trevas e os seguidores de Voldemort. Eles haviam acreditado no homem! Lily
e James estavam mortos! Eles acreditavam que Dumbledore manteria o filho deles seguro! Como
ele pode? Como pode fazer uma criança sofrer?! Só agora Remus soube que Hadrian estava vivo.
Só agora ele percebeu as mentiras que Albus Dumbledore o contou.

— Oh, Hazz. — Remus voltou a abraçar o garoto com força. — Eu sinto muito. Sinto muito por
não poder estar com você. Por ter permitido que te levassem.

— Está tudo bem. — Hadrian se afastou do abraço e sorriu. — Dumbledore mentiu para você. Ele
é bom enganando as pessoas.

— Agora eu irei fazer de tudo para protegê-lo. Não se preocupe, Hadrian. Eu estou com você
agora. — Ele acariciou os cabelos sedosos do garoto.

— C-como devo chamá-lo? Professor? Lupin? Remus? — Hadrian corou e o homem sorriu.

— Meu nome é Remus John Lupin. Mas seu pai me chamava de Moony. — Hadrian sorriu.

— Moony? É por que você é um werewolf? — Hadrian perguntou num sussurro e o homem
arregalou os olhos.

— Como você sabe?

— A Nyx, meu familiar, me disse. — Ele indicou a serpente preta enroscada em seu próprio corpo
escamoso perto da janela. Ela havia saído do pescoço do moreno quando eles chegaram na cabine.

— Oh. — O homem estremeceu ao ver a cobra. — Sim. Moony é porque eu sou um werewolf. —
Hadrian sorriu, o que Remus estranhou, todos se assustavam quando descobriam sua "condição", o
insultavam e humilhavam.

— Você pode me contar tudo sobre werewolves? — O moreno perguntou animado. — E sobre os
meus pais? — Pediu com as bochechas coradas. Remus piscou algumas vezes antes de sorrir.

— Claro que posso. E, em troca, eu quero saber tudo sobre você, Hazz. — O homem voltou a
sentar-se no seu banco enquanto limpava as lágrimas do rosto.

— Ah! — Hadrian se virou para Draco, que assistia tudo com um sorriso carinhoso nos lábios. —
Moony, esse é Draco Malfoy... — Suas bochechas coraram ainda mais. O homem faria parte da sua
família (Hadrian podia sentir isso), ele deveria saber da notícia por Hadrian e não pelo Daily
Prophet. Como Remus ficou tanto tempo sem receber o jornal bruxo que sempre tinha algo a falar
sobre sua vida? Isso Hadrian não saberia responder, mas tinha uma ideia de que Dumbledore tinha
dedo nisso. — Meu namorado. — Remus arregalou os olhos e olhou de um para o outro. Hadrian
temeu o que o homem diria. O werewolf sentiu uma queimação de raiva subindo pelo seu corpo,
seu lobo estava enfurecido com essa informação. Deveria ser preocupação com Hadrian ser jovem,
ou algo que Dumbledore pudesse ter colocado em si.

— Oh! Estou surpreso. — Sorriu ao lembrar-se da época da escola. — Lilly e Narcissa eram unha e
carne quando crianças. — Seu sorriso nostálgico aqueceu o peito de Hadrian, que relaxou. — Estou
feliz se você está feliz. — O homem assegurou, mesmo que seu lobo estivesse rosnando dentro de
si sem nenhum motivo. Hadrian e Draco trocaram olhares animados. E então eles entraram em
uma conversa animada sobre o passado.

James Potter, Sirius Black, Remus Lupin e Peter Pettigrew formavam um quarteto de
Gryffindors que frequentaram Hogwarts. Eles se intitulavam como Marauders, pois tinham um
talento especial em quebrar regras e fazer travessuras. Eles criaram o Marauder's Map, um mapa
muito preciso sobre Hogwarts que mostrava a localização de todos que estavam nele, e ainda
passagens secretas tanto dentro do castelo quanto para fora do mesmo. Seus codinomes eram
ligados às suas formas animagi, ilegais, para ajudar Remus Lupin nas noites de lua cheia com seu
lobo. A presença de outros animais amigáveis acalmava o lobo descontrolado e com sede de
sangue. Moony era Remus Lupin, seu apelido era porque ele é um werewolf. James era Prongs, sua
forma animagus era um veado vermelho brilhante, seu apelido remetia as "pontas" das suas
galhadas. Sirius era Padfoot, sua forma animagus era um cachorro preto desgrenhado, seu apelido
era porque suas patas são fofas. Peter era Wormtail, sua forma animagus era um rato gordo e
cinzento, seu apelido era porque seu rabo se remexia como um verme.

A Shrieking Shack era o local onde Remus se isolava para a transformação, Dumbledore
construiu uma passagem secreta embaixo de um Whomping Willow justamente para ajudar Remus
a "fugir" do castelo. Como "Padfoot" e "Prongs", Sirius e James eram suficientemente grandes para
controlar Remus durante suas transformações mensais em um werewolf. Como "Wormtail" era
pequeno e ágil, ele conseguia superar os galhos de tentáculos do Whomping Willow, que guardava
a passagem secreta, ele podia chegar ao nó da árvore, a deixando temporariamente paralisada. Eles
costumavam aproveitar as noites que Remus se transformava para explorarem os terrenos de
Hogwarts e a vila de Hogsmeade.

Remus não se orgulhava do comportamento de Sirius e James, que desprezavam e


atormentavam muitos alunos, principalmente Severus Snape. Seu "apelido" era Snivellus e usavam
feitiços humilhantes nele, enquanto Peter os aplaudia. Remus desaprovava o bullying, mas não os
deteve. Agora ele se arrependia amargamente disso.

— Pelo menos sabemos de onde vem sua obsessão em quebrar regras. — Draco comentou assim
que Remus terminou de relatar sua época de escola.

— Acredito que você irá descobrir que Snape é um grande homem. — Hadrian disse sabiamente.
— Dumbledore o manipulou para me odiar, mas ele conseguiu quebrar esse selo. Agora ele é o
único adulto que podemos confiar naquele castelo.

— Mas agora temos você. — Draco indicou Remus.

O Expresso de Hogwarts rodava numa velocidade constante para o norte e o cenário à janela
ia se tornando cada vez mais borrado e escuro enquanto as nuvens, no alto, se avolumavam.
Estudantes passavam pela porta da cabine correndo para cima e para baixo. Há uma hora, a bruxa
gorducha com o carrinho de comida chegou à porta da cabine. A presença de Remus era animada,
e ainda tinha suas vantagens. No meio da tarde, bem na hora em que a chuva começou a cair,
embaçando os contornos das colinas ondulantes por onde passavam, os meninos ouviram
novamente passos no corredor, e surgiram à porta as três pessoas que eles menos gostavam no
mundo: Millicent Bulstrode, ladeada pelas suas amigas Tracey Davis e Daphne Greengrass.

— Ora, vejam só quem está aqui. — Disse Bulstrode naquela sua voz aguda, abrindo a porta da
cabine. — Vadia suprema e cadela. — Suas amigas riram. — Quem é esse aí? — Perguntou dando
automaticamente um passo atrás, ao ver Remus. O homem encarava o grupo com autoridade nos
olhos âmbares.

— Professor novo. — Disse Hadrian, que sorriu com maldade ao ver as garotas estremecerem. —
Que é que você ia dizendo mesmo, ? — Os olhos da garota se estreitaram; ela não era boba de
puxar uma briga bem debaixo do nariz de um professor.

— Vamos. — Murmurou Bulstrode, contrariada, para as duas amigas, e as três sumiram.

— Amiga? — Remus levantou uma sobrancelha e sorriu brincalhão.

— Uma pedra no sapato. — Hadrian respondeu suspirando.

— Que eu adoraria matar lenta e dolorosamente. — Nyx sibilou em desgosto.

Quase chegando em Hogwarts, o trem começou a parar nos trilhos, nada se via através das
janelas muito escuras devido à noite nublada e fria. Todas as luzes do trem se apagaram, os gêmeos
e Neville invadiram o vagão de Hadrian aos tropeços.

— Silêncio! — Ordenou Remus numa voz rouca. Hadrian ouviu movimentos no canto em que ele
estava. Ninguém disse nada. Seguiu-se um estalinho e uma luz trêmula inundou a cabine. Pelo que
viam, Remus estava empunhando um feixe de chamas. Elas iluminavam o rosto cansado do
homem, mas seus olhos tinham uma expressão alerta e cautelosa. — Fiquem onde estão. — O
homem disse e começou a se levantar lentamente segurando as chamas à sua frente.

Mas a porta se abriu antes que Remus pudesse alcançá-la. Parado à porta, iluminado pelas
chamas trêmulas na mão do homem, havia um vulto de capa que alcançava o teto. Seu rosto estava
completamente oculto por um capuz. Hadrian baixou os olhos depressa, e o que ele viu provocou
uma contração em seu estômago. Havia uma mão saindo da capa e ela brilhava levemente, um
brilho cinzento, de aparência viscosa e coberta de feridas, como uma coisa morta que se
decompusera na água...

Foi visível apenas por uma fração de segundo. Como se a criatura sob a capa percebesse o
olhar de Hadrian, a mão foi repentinamente ocultada nas dobras da capa preta. E então a coisa
encapuzada, fosse o que fosse, inspirou longa e lentamente, uma inspiração ruidosa, como se
estivesse tentando inspirar mais do que o ar à sua volta. Um frio intenso atingiu todos os presentes.
Hadrian sentiu a própria respiração entalar no peito enquanto Draco apertava sua mão. O frio
penetrou mais fundo em sua pele. Chegou ao fundo do peito, ao seu próprio coração...

Os olhos de Hadrian giraram nas órbitas. Ele não conseguiu ver mais nada. Estava se
afogando no frio. Sentia um farfalhar nos ouvidos que lembrava água correndo. Estava sendo
puxado para o fundo, o farfalhar aumentou para um ronco... Então, vindos de muito longe, ouviu
gritos, terríveis, apavorados, suplicantes. Ele queria ajudar quem gritava, tentou mexer os braços,
mas não conseguiu... Um nevoeiro claro e denso rodopiava à volta dele, dentro dele...

— Hadrian! Hadrian! Você está bem? — Alguém batia no seu rosto.

— O... Quê? — Resmungou atordoado.


Hadrian abriu os olhos; havia lanternas no alto e o chão sacudia, o Expresso de Hogwarts
recomeçara a andar e as luzes tinham voltado. Aparentemente ele escorregara do assento para o
chão. Draco estava ajoelhado ao seu lado, e acima do namorado ele viu que Neville, Remus e os
gêmeos o observavam com preocupação. Hadrian se sentiu muito doente; quando ergueu a mão
para tirar as mechas de cabelo do rosto, sentiu um suor frio na sua testa. Draco puxou-o para cima
do assento.

— Você está bem? — Perguntou o loiro, nervoso.

— Estou. — Disse Hadrian olhando depressa para a porta. A criatura encapuzada desaparecera. —
Que aconteceu? Onde está aquela... Aquela coisa? Quem gritou?

— Ninguém gritou. — Disse Draco, ainda mais nervoso. Hadrian olhou para todos os lados da
cabine iluminada. Os gêmeos e Neville retribuíram seu olhar, ambos muito pálidos.

— Mas eu ouvi gritos... — Um forte estalo assustou os garotos, Remus partia em pedaços uma
enorme barra de chocolate.

— Pegue. — Disse a Hadrian, oferecendo-lhe um pedaço particularmente avantajado. — Coma.


Vai fazer você se sentir melhor. — Hadrian apanhou o chocolate, mas não o comeu.

— O que era aquela coisa? — Perguntou ao homem.

— Um dementor. — Respondeu enquanto distribuía o chocolate para todos. — Um dos dementors


de Azkaban. — Todos o olharam espantados. O homem amassou a embalagem vazia de chocolate
e meteu-a no bolso. — Coma, Hazz. — Insistiu. — Vai lhe fazer bem. Preciso falar com o
maquinista, me deem licença... — Ele passou por Hadrian e desapareceu no corredor.

— Você tem certeza de que está bem? — Perguntou Fred, observando-o com ansiedade.

— Não entendo... O que foi que aconteceu? — Perguntou Hadrian, enxugando mais suor do rosto.

— Bem... Aquela coisa... O dementor... Ficou parado ali olhando, quero dizer, acho que foi, não
pude ver o rosto dele... E você... Você... — Neville estava quase colapsando.

— Pensei que você estava tendo uma convulsão ou sei lá. — Disse George, com uma expressão de
pavor. — Você ficou todo duro, escorregou do assento e começou a se contorcer...

— E o professor Lupin saltou por cima de você, foi ao encontro do dementor, puxou a varinha... —
Contou Fred. Enquanto Hadrian ainda não havia voltado a consciência, Remus se apresentou como
professor Lupin para os Gryffindor preocupados. — E disse: "Nenhum de nós está escondendo
Sirius Black dentro da capa. Vá.". Mas o dementor não se mexeu, então o professor murmurou
alguma coisa e da varinha saiu um raio prateado contra a coisa, e ela deu as costas e se afastou
como se deslizasse...

— Foi horrível. — Disse Neville numa voz mais alta do que de costume. — Vocês sentiram como
ficou frio quando ele entrou?

— Eu me senti esquisito. — Disse Draco, sacudindo os ombros, desconfortável. — Como se eu


nunca mais fosse sentir alegria na vida...

— Mas nenhum de vocês caiu do assento? — Perguntou Hadrian sem graça.

— Não. — Disse George, olhando para Hadrian, ansioso.


Hadrian não entendeu, ele sentia-se fraco e cheio de arrepios. E ele estava com vergonha por
ter sido tão vulnerável. Ele não gostava disso, não gostava de ser fraco e vulnerável, quando era
menor ele não tinha forças para se proteger das dores que os Dursley lhe causavam. Agora ele era
poderoso e forte, conseguia se proteger, mas... Aquele dementor... Por que desmaiara daquele
jeito? Por que aquela criatura o afetava tanto?

Remus voltou. Parou ao entrar, olhando para todos e disse com um leve sorriso:

— Eu não envenenei o chocolate, sabem... — Hadrian deu uma dentada e, para sua grande
surpresa, sentiu de repente um calor se espalhar até as pontas dos dedos dos pés e das mãos. —
Vamos chegar a Hogwarts dentro de dez minutos. — Comentou. — Você está bem, Hazz? —
Perguntou com preocupação nos olhos.

— Sim. — Murmurou com as bochechas coradas.

Ninguém falou muito durante o resto da viagem. Nyx voltou para o vagão depois de um
tempo. Durante o apagão, ela saiu para confrontar alguns dementors, mas um deles lhe escapara.
Por fim, o trem parou na estação de Hogsmeade e houve uma grande correria para desembarcar;
corujas piavam, gatos miavam e o sapo de estimação de Neville coaxou alto debaixo do chapéu do
seu dono. Estava frio demais na minúscula plataforma; a chuva descia em cortinas geladas.
Capítulo 44
Chapter Notes

Gente, desculpa não ter postado o cap ontem. Eu não tava me sentindo bem e também
to sem internet. Vocês serão recompensados com 2 caps.

ALERTA +18

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Chegando em Hogwarts, todos tremendo de frio, os primeiranistas se separaram do resto


para fazerem a famosa travessia do lago até o castelo, enquanto o resto se dirigia para as inúmeras
carruagens puxadas por thestrals. Hadrian se sentia melhor desde o chocolate, mas continuava
fraco. Seus amigos não paravam de lhe lançar olhares de esguelha, como se temessem que ele
pudesse desmaiar outra vez.

Quando a carruagem foi se aproximando de um magnífico portão de ferro forjado, ladeado


por colunas de pedra com javalis alados no alto, Hadrian viu mais dois dementors encapuzados
montando guarda dos lados do portão, eles viraram suas cabeças encapuzadas na direção do garoto
que os encarava pela janela. Uma onda de náusea e frio tornou a invadi-lo; ele se recostou no banco
encalombado e fechou os olhos até atravessarem a entrada. A carruagem ganhou velocidade no
caminho longo e inclinado até o castelo. Por fim, a carruagem parou balançando, e o grupo
desembarcou. Quando Hadrian ia descendo, uma voz estridente e satisfeita chegou aos seus
ouvidos.

— Você desmaiou, Potter? O que estão falando é verdade? Desmaiou mesmo, é? — Bulstrode
passou por Hadrian acotovelando-o, para impedir Hadrian de subir as escadas de pedra do castelo,
um sorriso presunçoso e os olhos brilhando de malícia.

— Te manda, Bulstrode. — Rosnou Fred impaciente.

— Você não consegue ficar com apenas um garoto, Potter? Ainda pegou os Demônios da
Gryffindor para te foderem como a puta que você é? — Perguntou em voz alta. — Não sabia que
você era uma vadia gulosa. Eles estão pagando quanto pelo serviço?

— Algum problema? — Perguntou uma voz suave. Remus acabara de desembarcar da carruagem
seguinte, seu lobo rosnando para a garota. Bulstrode lançou a Remus um olhar insolente, que
registrou os remendos em suas vestes e a mala surrada. Com uma sugestão de sarcasmo na voz, ela
respondeu:

— Ah, não... Professor. — Depois fez cara de riso para as amigas, e subiu com as duas para as
escadas do castelo.

Enquanto ia para o Salão Principal, Severus abordou Hadrian e o levou para sua sala para
chegar o garoto junto com Madame Pomfrey. Depois de um diálogo, muito constrangedor para
menor com Pomfrey o chamando de "delicado", ou de como agora tinham um professor que sabia
o que estava fazendo, ou como foi idiotice colocar dementors na escola, finalmente professor e
aluno ficaram sozinhos na sala.

— Você está bem mesmo? — O homem se aproximou do garoto, ajoelhou-se na sua frente e
segurou suas mãos.

— Eu estou bem. — Ele sorriu docemente. — Remus cuidou muito bem de mim. — Severus fez
uma careta. — Oh, não seja assim. Ele me contou sobre o passado de vocês. Ele realmente se
arrepende por não ter impedido meu pai e meu padrinho de o humilharem. — Severus ergueu uma
sobrancelha.

— Se você soubesse o que eles fizeram... — Seu olhar escureceu.

— Todos... Não. Melhor. Algumas pessoas merecem uma segunda chance. — Hadrian sorriu
carinhoso para o homem na sua frente. – Dê uma chance para ele se desculpar. Dumbledore
também o manipulou. O fez acreditar que eu estava morto junto com os meus pais e o isolou de
tudo e todos. Vocês dois tem como objetivo principal me proteger. Então por que continuar com
essa rivalidade e birra?

— Às vezes você me insulta com tanta sabedoria e maturidade. — O homem corou. Hadrian notou
que os cabelos do homem não estavam mais sebosos, agora estavam macios e brilhantes, seu nariz
adunco encolheu em um tamanho "normal", com a giba dorsal do nariz reduzida para ficar reta; sua
pele parecia menos untuosa e envelhecida, agora estava com uma aparência sedosa e macia; e as
bolsas escuras sob seus olhos desapareceram. Agora Severus era um homem incrivelmente belo e
atraente.

— O que você fez com sua aparência? — Hadrian sorriu travesso enquanto Severus se levantava e
corava.

— Uma poção experimental deu errado. — Respondeu encabulado.

— O efeito é permanente?

— É. — Severus desviou o olhar.

— Então aproveite, você está muito bonito. — O homem corou ainda mais enquanto Hadrian se
levantava. — Pense nas coisas que eu te disse. — Sorriu carinhosamente antes de deixar um
selinho na bochecha do homem, e então ele saiu para o corredor.

Hadrian subiu as escadarias de mármore para o Salão Principal. O professor Flitwick


carregava um chapéu antigo e um banquinho de três pernas para fora da sala.

— Você perdeu a Cerimônia de Seleção. — Pansy comentou enquanto Hadrian sentava-se ao lado
de Draco. Severus chegou em alguns minutos e dirigiu-se ao seu lugar, que estava vazio à mesa
dos professores e funcionários. As pessoas viraram a cabeça para olhá-lo passar pelo Salão, e
alguns apontaram para o homem. Outros focavam em Hadrian. Obviamente o seu desmaio era o
assunto da noite, mesmo que a nova aparência do Mestre de Poções atraísse bastante atenção.

— O que aconteceu? — Draco perguntou ao segurar a mão de Hadrian.

— Ele queria verificar se eu estava bem.

— E como caralhos o nosso Morcego das Masmorras ficou tão gato? — Theodore perguntou
enquanto lambia os lábios ao encarar Severus.
— Ele estava criando uma poção e ela "deu errado". — Hadrian sorriu.

— Que benção! — Pansy comentou fechando os olhos e fazendo "okay" com as duas mãos.

— Vocês sabem que ele é um professor com quase trinta anos, né? — Blaise olhou incrédulo para
os amigos.

— Estamos apenas apreciando o que deve ser apreciado. — Theodore comentou com uma falsa
cara de ofendido.

— E é permanente. — Hadrian sorriu ao ver Theodore e Pansy se animarem. Mas, naquele


momento, o diretor se ergueu para falar e ele se calou.

Com o aperto firme de Draco em sua mão, Hadrian sentiu-se calmo, pela primeira vez, desde
que o dementor entrara na cabine do trem. Dumbledore começou a dar as boas-vindas e todo o
discurso chato de mais um ano letivo, avisou sobre os dementors de Azkaban que iriam ficar ao
redor da propriedade protegendo o lugar, já que ele os proibiu de entrarem nos terrenos de
Hogwarts. Avisou que as criaturas são muito perigosas e que não atendem súplicas e pedidos para
deixar as vítimas partirem. Deu as boas-vindas para Remus como novo professor de Defesa Contra
as Artes das Trevas, Hadrian e todos que estavam na cabine bateram palmas com animação, ao
contrário do público desanimado que o saudou. Também anunciou que Hagrid seria o novo
professor de Trato das Criaturas Mágicas. Hadrian e seus amigos bateram palmas excitados, mesmo
que estivessem internamente apreensivos devido ao nível de "perigo" que Hagrid catalogava certas
criaturas.

Depois do banquete, todos foram para seus Salões Comunais. Garotas e garotos tomaram
escadas separadas. Hadrian subiu a escada sem pensar em nada exceto em dormir. Quando o casal
chegou ao dormitório com as camas de colunas que já conheciam, Hadrian, olhando a toda volta, se
sentiu em casa. Eles guardaram suas coisas entre brincadeiras e piadas, tomaram um banho
relaxante e se deitaram na cama que era de Hadrian.

— Pronto para estrear a cama como namorados? — Draco perguntou malicioso enquanto se
deitava em cima de Hadrian, mas não colocando todo o seu peso sobre o menor.

— Eu já nasci pronto, meu amor. — Hadrian sorriu presunçoso enquanto segurava a cintura de
Draco e selava seus lábios num beijo apaixonado. Nyx sibilou um xingamento enquanto saía do
quarto por uma passagem secreta que tinha o tamanho exato para uma serpente rastejar. Ela fez
caminhos assim por todo o castelo para poder chegar aos lugares mais rápido e sem ser vista.

Hadrian nem ligou para a familiar, estava entretido demais em sentir a língua quente do loiro
explorando sua boca enquanto uma de suas mãos explorava o corpo do moreno e apertava uma
coxa farta que estava arqueada ao lado do seu corpo. Hadrian se separou do beijo para recuperar o
ar e arqueou suas costas enquanto Draco beijava e chupava seu pescoço. Seu movimento fez com
que sua pélvis roçasse com a do namorado, o fazendo sentir uma corrente elétrica muito forte pelo
seu corpo e o sangue começar a descer até o meio de suas pernas.

— Draco... — Hadrian chamou num suspiro ao sentir o maior apertar seu pênis por cima das
roupas. — O-o que é isso...? — Perguntou curioso. Nunca sentiu nada parecido, sua infância não
fora muito normal, então ele não sabia nada sobre as necessidades de seu corpo juvenil e cheio de
hormônios. Ele nunca sentiu vontade de se tocar, mas agora, com Draco o estimulando, agora ele
sentia essa vontade louca de querer mais.

— Isso é o que chamamos de ereção. — Draco sorriu divertido ao ver o pênis do menor
começando a despertar. — Eu sei que você nunca sentiu vontade de se tocar. — Beijou sua testa.
— Mas não se preocupe, eu vou te ensinar e mostrar o quão bom isso é. — Sorriu carinhoso ao ver
o olhar do menor escurecer de luxuria.

— Me mostra... — Hadrian suspirou ao sentir Draco roçar suas pélvis mais uma vez. — Por
favor...

— Tire suas roupas. — Ordenou enquanto se levantava e começava a tirar sua camisa. Hadrian
corou, mas obedeceu ao namorado. Devidamente nus, os dois se sentaram um de frente ao outro na
cama, com as pernas dobradas e cruzadas uma na outra, na famosa "pose de lótus". — Faça o que
eu fizer. — Draco sorriu malicioso ao admirar o corpo do namorado.

Hadrian, mesmo depois de anos com uma alimentação saldável, ainda era magrinho e
pequenino, mas agora seu corpo possuía mais carne e músculos; sua cintura era o meio termo
perfeito entre ser fina como a de uma "garota" e reta como a de um "garoto"; sua pele de porcelana
era desenhada com alguns músculos adquiridos pelo quidditch; seu pênis não era muito grande, ele
ainda estava em desenvolvimento, mas já era de bom tamanho. Seus pelos pubianos eram tão
poucos e ralos que quase não existiam. Já Draco, sua pele pálida parecia feita de seda, seu corpo
mais musculoso devido aos treinos que seu pai o obrigava a fazer, já mostrava músculos salientes e
definidos; sua barriga tinha sutis saliências de futuros "gominhos"; seus pelos eram tão claros e
pequeninos que praticamente não existia nenhum em todo o seu corpo. Seu pênis era ligeiramente
maior do que o do moreno.

Draco levou uma mão até o seu membro e envolveu-o, Hadrian franziu o cenho em
concentração e o imitou, os olhos fixos nos movimentos que o maior fazia. Draco sorriu satisfeito
por ter o foco total de Hadrian em si e olhou para a mão do garoto envolver seu próprio pênis com
hesitação. O loiro começou a movimentar sua mão para cima e para baixo lentamente, Hadrian o
imitava no mesmo ritmo. O menor estava estranhando as sensações novas que sentia, mas estava
adorando. Seu baixo ventre fervia, seu pênis estava tão quente e parecia pulsar contra sua mão,
suas pernas pareciam formigar, seu coração batia acelerado contra seu peito e gemidos escapavam
de sua garganta.

— Se sentir a necessidade de ir mais rápido, faça. — Draco comentou em meio a um gemido


conforme aumentava a velocidade. Sua uretra expelindo o pré-gozo esbranquiçado.

— O-o que é... Isso? — Hadrian perguntou curioso para a substância que saia de seu membro.

— Isso é o pré-gozo, Sunshine. Uma maneira de lubrificar o pênis antes de uma penetração. —
Hadrian arregalou os olhos e olhou-o incrédulo. Draco riu nasalado, nenhum dos dois parou de
movimentar suas mãos. — A penetração feminina pode ser tanto na vagina quanto no ânus,
depende de cada mulher. — Deu de ombros. — Mas a penetração masculina só existe um buraco.
— Apontou a bunda de Hadrian, que olhou-o assustado.

— E-e d-doi? — Perguntou muito confuso.

— Eu não sei. — Draco respondeu com sinceridade. — Nunca experimentei, mas já me falaram
que no início dói e é desconfortável, mas que depois você se sente muito bem e só quer mais. —
Hadrian mordeu o lábio inferior quando aumentou a velocidade da masturbação, Draco o seguiu.
— Existe o "ponto P" nos homens. — Puxou a atenção do menor, que estava entregue ao prazer
que sentia e fechara os olhos para se concentrar nas sensações. — A próstata é o local que dá mais
prazer ao homem. — Hadrian olhou-o com determinação. Ele queria saber onde ficava para poder
se sentir melhor ainda.

— On-onde... Fica? — Perguntou num gemido manhoso. Ele imitava Draco que acariciava seus
testículos enquanto bombeava o pênis.
— Ele pode ser alcançado por um lugar, dentro de seu corpo através do ânus. — Draco sorriu ao
ver o medo nos olhos do namorado. — Outro dia eu te ensino como fazer isso.

— Mas... Não é... Nojento? — Perguntou incerto enquanto aumentava ainda mais seus
movimentos.

— Se você se lavar direito ou usar o feitiço de limpeza, não. — Hadrian queria experimentar, mas
não estava se sentindo pronto para tocar... Lá.

Os dois continuaram a masturbação até que chegaram ao clímax. Hadrian ficou extasiado e
exausto, era o seu primeiro orgasmo na vida. Uma onda avassaladora de prazer percorreu todo o
seu corpo e fez suas pernas tremerem violentamente enquanto sentia um aperto em suas bolas e
uma pulsação mais forte em seu pênis, que agora expelia seu sêmen. Ele se jogou na cama,
respirando descompassadamente enquanto sentia os tremores pós-orgasmo passarem e o seu pênis
parar de pulsar tanto, murchando lentamente. Draco gozou com a imagem do menor chegando ao
ápice e permaneceu sentado, olhando o estrago que os dois extavam.

— E esse foi o seu primeiro orgasmo, Sunshine. — Sorriu enquanto sentia seu corpo se acalmar
aos poucos.

— Isso foi... — Hadrian falava entre ofegos. — Incrível! — sorriu bobamente. — Obrigado por me
mostrar. — Chamou o namorado com a mão, Draco se aproximou dele com um sorriso
presunçoso.

— Não consegue se mover? — Arqueou uma sobrancelha enquanto beijava os lábios do menor
com calma e amor.

— Estou me sentindo tão mole. — Hadrian riu. — Não sei se conseguiria ficar em pé agora. —
Draco soltou uma risada nasalada enquanto se esticava para pegar a varinha. Limpou a bagunça
dos dois com um feitiço, deixou a varinha na mesinha de cabeceira e ajudou Hadrian a vestir pelo
menos sua cueca. Depois de devidamente vestidos, eles se abraçaram embaixo das cobertas e se
acomodaram para dormir. — Eu te amo, Moonlight. — Murmurou grogue pelo orgasmo e pelo
sono.

— Eu também te amo, Sunshine. — Draco beijou o topo da cabeça do moreno, que estava deitada
sobre seu peito, e abraçou-o ainda mais enquanto os dois se entregavam ao sono devido o cansaço
de suas atividades anteriores.
Capítulo 45
Chapter Notes

Aqui está o cap como pedido de desculpas pelo atraso.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Quando Hadrian e seus amigos Slytherin entraram no Salão Principal para tomar café na
manhã seguinte, a primeira coisa que viram foi Bulstrode, que parecia estar entretendo um pequeno
grupo de alunos da Slytherin com uma história muito engraçada. Quando os cinco passaram, a
garota fez uma imitação ridícula de um desmaio que provocou grandes gargalhadas.

— Não ligue para ela. — Disse Blaise, que vinha logo atrás de Hadrian.

— Ei, Potter! — Chamou esganiçada Daphne Greengrass. — Potter! Os dementors estão chegando,
Potter! Uuuuuuuuuuuu!

— Vai pedir ajuda para um dos seus namoradinhos, vadia? — Bulstrode sorriu desdenhosa.
Hadrian se largou numa cadeira à mesa das cobras, longe da garota.

— Novos horários de aulas para os alunos do terceiro ano. — Disse Cassius, o monitor,
distribuindo-os. — Que é que há com você, Hadrian?

— Bulstrode. — Informou Pansy, sentando-se do outro lado de Cassius e olhando feio para a
garota. Cassius ergueu os olhos na hora em que Bulstrode fingia desmaiar de terror outra vez.

— É uma idiota. — Disse calmamente. — Ela não estava tão exibida ontem à noite quando os
dementors revistaram o nosso lado do trem. Entrou correndo na nossa cabine, não foi, Marcus?

— Quase se mijou. — Disse o capitão do time de quidditch, lançando a Bulstrode um olhar de


desprezo.

— Em todo caso, vamos ver se Bulstrode vai continuar tão feliz depois de um presentinho. —
Hadrian sorriu maldoso enquanto sussurrava discretamente. — Vá assustar Bulstrode.

— Vai ser um prazer. — Hadrian jurava que a cobra estava sorrindo.

Nyx se encolheu mais um pouco e rastejou para dentro da camiseta de Hadrian. O garoto
colocou a mão embaixo da mesa ao sentir a serpente rastejar pelo seu braço. Usando sua magia,
Nyx conseguiu rastejar por baixo da mesa sem cair no chão, já que ela não era uma lesma para
conseguir ficar de ponta cabeça sem cair. Ela balançava sua língua bifurcada na procura da sua
vítima. Ao encontrar a garota, Nyx voltou ao seu tamanho normal e desceu para o colo de
Bulstrode. A garota paralisou ao sentir um corpo frio subindo por sua coxa, circulando sua cintura e
passando pelo seu pescoço. Nyx estava incrivelmente perto do rosto de Bulstrode, a garota
estremecia de medo enquanto suas amigas soltavam guinchos de horror. Quando seus olhos se
focaram nos intensos azuis da serpente, ela viu-se morrendo ao ser apertada num Abraço da Morte.
Nyx pareceu sorrir quando terminou seu trabalho, ela deslizou para a mesa e fez seu caminho até o
seu mestre, abrindo caminho entre travessas e pratos. Hadrian sorria sadicamente ao ver Bulstrode
empalidecer e tremer de medo enquanto Nyx diminuía de tamanho até repousar calmamente em
seus ombros.

— O que você fez? — Perguntou divertido enquanto seus amigos davam risada da garota.

— Fiz ela se ver morrendo. — Disse como se não fosse nada.

— Você é do mau.

— Quem me mandou a assustar foi você.

— Abusada.

— O que ela fez? — Theodore perguntou com um sorriso radiante nos lábios.

— Nyx fez Bulstrode se ver morrendo.

— Eu amo essa cobra! — Pansy bateu na mesa tentando acalmar o riso. Hadrian pegou seus
horários e analisou o pergaminho. Ele e Draco terminaram o café, apressados, se despediram de
Theodore e Pansy, e foram saindo para o saguão junto com Blaise. Ao passarem por Bulstrode,
Hadrian sorriu maldoso quando Nyx elevou sua cabeça e balançou a língua, encarando fixamente a
garota.

A Artimância é uma disciplina que estuda as propriedades mágicas dos números, incluindo a
previsão do futuro com números e numerologia. O campo da Artimância serve como contraponto
para a fraqueza da Adivinhação na medida em que pode ser um equivalente mágico aos cálculos de
probabilidade. Isso explica por que o assunto seria necessário para os Disjuntores de Feitiços (isso
permitiria que ele avaliasse o sucesso potencial de uma estratégia de quebra de maldição sem ter
que realmente fazê-lo, significando que poderiam minimizar o risco de falha e/ou lesão).

— Bem-vindos. Eu sou a professora Septima Vector e irei ensinar-lhes Artimância a partir deste
ano. — Uma mulher com seus cinquenta anos, cabelos pretos tingidos, olhos cinzas, vestes bordô e
com linhas de expressão acentuadas na sua face severa cumprimentou a turma quando entrou na
sala. — Peguem seus livros "Numerologia e Gramática" e abram na página doze.

A aula decorreu-se tranquilamente. Hadrian, como sempre, era perfeito e aprendia


rapidamente, adquirindo vários pontos para a casa das serpentes. Vector era uma professora muito
rigorosa e severa, mas apreciou o talento nato de Hadrian. Assim que a aula havia acabado,
Hadrian seguiu para a aula de Transfiguração em dupla com os Gryffindor. O garoto escolheu um
lugar no fundo da sala, sentindo-se como se estivesse sentado sob um holofote; o resto da classe
não parou de lhe lançar olhares furtivos, como se ele estivesse prestes a cair morto a qualquer
momento. Draco sentou-se ao seu lado, assim como Neville; Blaise, Pansy e Theodore, o cercaram,
fazendo uma barreira protetora.

Ninguém pareceu interessado na explicação de McGonagall sobre animagi (bruxos que


podiam se transformar à vontade em animais), muito menos quando ela própria se transformou,
diante dos olhos deles, em um gato malhado com marcas de óculos em torno dos olhos. Ela ficou
aborrecida com a falta de aplausos e exclamações. Perguntou o que ocorreu e alguns Gryffindor,
que tiveram aula de Adivinhação antes, disseram que a professora predisse uma morte horrenda
para Hadrian. McGonagall garantiu a todos que Sibyll Trelawney tem predito a morte de vários
alunos desde o seu primeiro dia como professora e, entretanto, ninguém morreu. Quando a aula de
Transfiguração terminou, eles se reuniram ao resto dos alunos que iam em direção ao Salão
Principal para almoçar. O grupo sentou-se na mesa das cobras e começaram a se servir de comida.
— Alguém aqui me explica aquela palhaçada. — Hadrian pediu revirando os olhos.

— Eu soube de alguns alunos da Gryffindor... — Começou Theodore. — Que Sibyll estava


ajudando os alunos e indicando quem estava em perigo e tals. Até que ela viu Ron falar do Hazz,
não sei o que, e ela do nada disse que você tinha um Grim.

— E o que seria um Grim? — Pansy perguntou.

— É um cão gigantesco espectral que habitualmente assombra os cemitérios. — Começou Blaise.


— Muitos videntes acreditam ser o pior dos agouros, que leva ao pior destino. Avistar um Grim é
uma indicação de morte iminente. Geralmente visto em locais onde execuções e assassinatos foram
cometidos, assim como cemitérios; encruzilhadas e outros lugares sombrios.

— Okay. — Hadrian suspirou. — Mais um ano normal na minha vida. Delícia. — Revirou os
olhos e recostou-se no namorado.

— Não ligue para isso. — Draco beijou a cabeça do moreno, que relaxou ao sentir um braço
circular seus ombros.

— Se anime. — Pansy comentou. — Temos aula com o Hagrid agora. — Hadrian se endireitou
num pulo.

— Eu tinha esquecido! Vamos! — Ele ia se levantar, mas Draco o segurou e sorriu.

— Ainda temos tempo e você nem terminou de comer. — O loiro comentou divertido ao ver
Hadrian emburrar a cara.

Hadrian ficou contente de sair do castelo depois do almoço. A chuva do dia anterior parara; o
céu estava claro, cinza-pálido e a grama parecia elástica e úmida sob os pés quando os cinco
rumaram para a primeiríssima aula de Trato das Criaturas Mágicas. Eles conversavam
animadamente enquanto desciam os gramados em direção à cabana de Hagrid, na orla da
Forbidden Forest. Eles iriam compartilhar as aulas com os alunos da Gryffindor. Bulstrode já
estava lá embaixo e falava animadamente com suas amigas, que riam com gosto. Hadrian tinha
quase certeza de qual era o assunto da conversa. Hagrid já estava à espera dos alunos à porta da
cabana. Vestia o casaco de pele de toupeira, com Fang, o cão de caçar javalis, nos calcanhares, e
parecia impaciente para começar.

— Vamos, andem depressa! — Falou quando os alunos se aproximaram. — Tenho uma coisa
ótima para vocês hoje! Vai ser uma grande aula! Estão todos aqui? Certo, então me acompanhem!
— Por um momento de apreensão, Hadrian pensou que Hagrid os levaria para a Forbidden Forest;
o menino já tivera suficientes experiências desagradáveis nas propriedades de Hogwarts com
criaturas perigosas para a vida inteira. No entanto, o guarda-caça contornou a orla das árvores e
cinco minutos depois eles estavam diante de uma espécie de picadeiro. Não havia nada ali. —
Todos se agrupem em volta dessa cerca! — Mandou. — Isso... Procurem garantir uma boa
visibilidade... Agora, a primeira coisa que vão precisar fazer é abrir os livros...

— Como? — Perguntou a voz fria e esganiçada de Bulstrode.

— Que foi? — Perguntou Hagrid.

— Como é que vamos abrir os livros? — Repetiu a menina. Ela retirou da mochila seu exemplar
de "O Livro Monstruoso dos Monstros", amarrado com um pedaço de corda. Outros alunos
fizeram o mesmo, alguns, como ela, tinham fechado o livro com um cinto; outros os tinham
enfiado em sacos justos ou fechado os livros com grampos. Hadrian fazia carinho no seu livro, que
parecia até ronronar com o seu toque.

— Será... Será que ninguém conseguiu abrir o livro? — Perguntou Hagrid, com ar de
desapontamento. Todos os alunos, menos Hadrian, Draco e seus amigos, sacudiram negativamente
as cabeças. — Vocês têm que fazer carinho neles. — Falou o novo professor, como se isso fosse a
coisa mais óbvia do mundo. — Olhem aqui... — Ele apanhou o livro de Hermione e rasgou a fita
adesiva que o prendia. O livro tentou morder, mas Hagrid passou seu gigantesco dedo indicador
pela lombada, o livro estremeceu, se abriu e permaneceu quieto em sua mão.

— Ah, mas que bobeira a nossa! — Caçoou Bulstrode. — Devíamos ter feito carinho no livro!
Como foi que não adivinhamos!

— Eu... Eu achei que eles eram engraçados. — Disse Hagrid, inseguro, para Hadrian.

— Ah, engraçadíssimos! — comentou Bulstrode. — Uma ideia realmente espirituosa, nos dar
livros que tentam arrancar nossa mão.

— Cala a boca, Bulstrode. — Advertiu-a Hadrian baixinho. Hagrid parecia arrasado, e o garoto
queria que aquela primeira aula do seu amigo fosse um sucesso.

— Certo, então. — Continuou Hagrid, que pelo jeito perdera o fio do pensamento — Então vocês
já têm os livros e... E... Agora faltam as criaturas mágicas. É. Então vou buscá-las. Esperem um
pouco... — Ele se afastou na direção da floresta e desapareceu de vista.

— Nossa, essa escola está indo pra merda! — Falou Bulstrode em voz alta. — Esse imbecil dando
aulas, meu pai vai ter um acesso quando eu contar...

— Cala a boca, Bulstrode. — Repetiu Hadrian. — Ninguém te obrigou a frequentar Hogwarts.


Tenho certeza de que seus pais a matriculariam em qualquer outra escola de magia, já que esta não
está ao seu alcança de inteligência. — Alfinetou com raiva, recebendo risadas de concordância dos
espectadores.

— Cuidado, Potter, tem um dementor atrás de você...

Lavender Brown guinchou, apontando para o lado oposto do picadeiro. Trotavam em


direção aos garotos mais ou menos uma dezena de animais majestosos. Tinham os corpos, as
pernas traseiras e as caudas de cavalo, mas as pernas dianteiras, as asas e a cabeça de uma coisa
que lembrava águias gigantescas, com bicos cruéis cinza-metálico e enormes olhos laranja vivo. As
garras das pernas dianteiras tinham uns quinze centímetros de comprimento e um aspecto letal.
Cada um dos bichos trazia uma grossa coleira de couro ao pescoço engatada em uma longa
corrente, cujas pontas estavam presas nas imensas mãos de Hagrid, que entrou correndo no
picadeiro atrás dos bichos.

— Wow! Wow! Aí! — Bradou Hagrid, sacudindo as correntes e incitando os bichos na direção da
cerca onde se agrupavam os alunos. Todos, menos um Hadrian admirado, recuaram,
instintivamente, quando o homem chegou bem perto e amarrou os bichos na cerca. — Hippogriffs!
— Bradou Hagrid alegremente, acenando para eles. — Lindos, não acham?

Hadrian conseguiu entender o que Hagrid quis dizer. Depois que se supera o primeiro choque
de ver uma coisa que é metade cavalo, metade ave, a pessoa começava a apreciar a pelagem luzidia
dos hippogriffs, que mudava suavemente de pena para pelo, cada animal de uma cor diferente:
cinza-chuva, bronze, ruão rosado, castanho brilhante e nanquim.

— Então. — Disse Hagrid, esfregando as mãos e sorrindo para todos. — Se vocês quiserem chegar
mais perto... — Ninguém pareceu querer. Os amigos e namorado de Hadrian, porém, se
aproximaram cautelosamente da cerca. — Agora, a primeira coisa que vocês precisam saber sobre
os hippogriffs é que são orgulhosos. — Explicou Hagrid. — Se ofendem com facilidade. Nunca
insultem um bicho desses, porque pode ser a última coisa que vão fazer na vida. – Bulstrode e suas
amigas não estavam prestando atenção; falavam aos cochichos e Hadrian teve o mau
pressentimento de que estavam combinando a melhor maneira de estragar a aula.

— Vocês sempre esperam o hippogriff fazer o primeiro movimento. — Continuou Hagrid. — É


uma questão de cortesia, entendem? Vocês vão até eles, fazem uma reverência e aí esperam. Se o
bicho retribuir o cumprimento, vocês podem tocar nele. Se não retribuir, então saiam de perto bem
depressa, porque essas garras machucam feio. Certo, quem quer ser o primeiro? — Em resposta, a
maioria dos alunos recuou mais um pouco. Os hippogriffs balançavam as cabeças de aspecto feroz
e flexionavam as fortes asas; não pareciam gostar de estar presos daquele jeito. — Ninguém? —
Perguntou Hagrid, com um olhar suplicante.

— Eu vou. — Disse Hadrian colocando Nyx nos ombros de Draco. Ele não queria assustar os
hippogriffs com a cobra. Ouviu-se gente ofegar atrás dele, Lavender e Parvati murmuraram a
mesma coisa:

— Aaah, não, Hadrian, as folhas de chá! — O garoto não deu ouvido às meninas e pulou as
madeiras da cerca do picadeiro.

— É assim que se faz, Hadrian! — Gritou Hagrid. — Certo, então... Vamos ver como você se
entende com o Buckbeak. — E, dizendo isso, soltou uma das correntes, separou o hippogriff
cinzento dos restantes e retirou a coleira de couro. A turma do outro lado da cerca parecia estar
prendendo a respiração. Os olhos de Draco tinham medo e apreensão enquanto Bulstrode estreitou
os olhos maliciosa.

— Calma, agora, Hadrian. — Disse Hagrid em voz baixa. — Você fez contato com os olhos, agora
tente não piscar... Os hippogriffs não confiam na pessoa que pisca demais... — Os olhos de
Hadrian imediatamente começaram a se encher de água, mas ele não os fechou. Buckbeak virara a
cabeçorra alerta e fixava um cruel olho laranja em Hadrian. — Isso mesmo. — Disse Hagrid. —
Isso mesmo, Hadrian... Agora faça a reverência... — Hadrian não se sentia nada animado a expor a
nuca a Buckbeak, mas fez o que era mandado. Curvou-se brevemente e ergueu os olhos. O
hippogriff continuava a fixá-lo com altivez. Nem se mexeu. — Ah! — Exclamou Hagrid,
parecendo preocupado. — Certo...Recue, agora, Hadrian, devagarinho... — Mas nesse instante,
para enorme surpresa do garoto, a criatura inesperadamente dobrou os escamosos joelhos dianteiros
e afundou o corpo em uma inconfundível reverência. — Muito bem, Hadrian! — Aplaudiu Hagrid,
extasiado. — Certo... Pode tocá-lo! Acaricie o bico dele, vamos!

Hadrian avançou devagarinho para o hippogriff e estendeu a mão, acariciou seu bico e a
criatura fechou os olhos demoradamente, como se estivesse gostando. A turma prorrompeu em
aplausos, à exceção de Bulstrode e suas amigas, que pareciam profundamente desapontadas.
Hadrian sorriu maravilhado com a majestosa criatura que o permitiu acariciar lhe. Ele via a alma
do animal através dos olhos atentos, selvagem e indomável, uma chama viva em toda a sua glória.

— Certo então, Hadrian. — Falou Hagrid. — Acho que ele até deixaria você montar nele! — Isto
era mais do que o proposto. Draco agarrou levemente a serpente em seus ombros. Ela sibilava em
desgosto. "Garoto idiota! Vai voar para a morte!", sibilou a cobra em apreensão. — Isso. Suba
ali, logo atrás da articulação das asas. — Mandou Hagrid. — E cuidado para não arrancar nenhuma
pena. Ele não vai gostar nem um pouco... — Hadrian pisou no alto da asa de Buckbeak e se içou
para cima das costas do bicho. O animal se ergueu. Hadrian não tinha muita certeza de onde
deveria se agarrar; à sua frente tudo era coberto de penas. — Pode ir, então! — Bradou Hagrid,
dando uma palmada nos quartos do hippogriff.

Sem aviso, as asas de quase quatro metros se abriram a cada lado de Hadrian; ele só teve
tempo de se agarrar ao pescoço da criatura e já estava voando para o alto. As asas do hippogriff
adejavam desconfortavelmente dos lados, batendo por baixo de suas pernas e dando-lhe a sensação
de que estava prestes a ser jogado no ar; as penas acetinadas escorregavam dos seus dedos e o
garoto não se atrevia a se agarrar com mais força.

Em vez do voo suave da Nimbus 2000, ele agora balançava para a frente e para trás quando
os quartos do hippogriff subiam e desciam acompanhando o movimento das asas. Buckbeak deu
uma volta por cima do picadeiro e em seguida embicou para o chão; essa foi a parte que Hadrian
teve receio; ele jogou o corpo para trás, à medida que o pescoço liso da criatura abaixava, achando
que ia escorregar por cima do bico, então, sentiu um baque quando os quatro membros
desparelhados do hippogriff tocaram o chão. Por milagre, o garoto conseguiu se segurar e tornar a
se endireitar.

— Bom trabalho, Hadrian! — Berrou Hagrid enquanto todos, exceto Bulstrode e suas amigas,
aplaudiam. — Muito bem, quem mais quer experimentar?

Encorajados pelo sucesso, os outros alunos subiram, cautelosos, pela cerca do picadeiro.
Hagrid soltou os hippogriffs, um a um, e logo os adolescentes, nervosos, começaram a fazer
reverências por todo o picadeiro. Neville fugiu várias vezes do dele, pois a criatura não estava com
jeito de querer dobrar os joelhos. Draco, Pansy, Theodore e Blaise praticaram no hippogriff
castanho, enquanto Hadrian estava ao lado de Nyx (que estava em seu tamanho real enrolada nas
madeiras para ver melhor) perto da cerca enquanto observava. Bulstrode e suas amigas ficaram
com Buckbeak. Ele acabara de retribuir a reverência de Bulstrode, que agora lhe acariciava o bico,
com um ar desdenhoso.

— Isso é moleza. — Disse Bulstrode com a voz esganiçada, suficientemente alta para Hadrian
ouvir. — Só podia ser, se o Potter conseguiu fazer... Aposto que você não tem nada de perigoso,
tem? — Disse à criatura. — Tem, seu brutamontes feioso?

Para Hadrian, foi tudo em câmera lenta. Ele viu Buckbeak se erguer sobre as patas traseiras e
preparar suas garras para atacar. Em segundos o moreno estava ao lado da garota e a empurrou
para longe do golpe. Bulstrode gritou de susto ao ser jogada com força no chão e encarou Hadrian.
Sangue manchando suas vestes enquanto o garoto tentava acalmar o animal enraivecido.

— Shhh. — Hadrian sussurrava enquanto acariciava o focinho do hippogriff com ternura. — Está
tudo bem agora. — Buckbeak soltou um guincho culpado enquanto acariciava sua cabeça no rosto
de Hadrian num pedido de desculpas pelo braço que suas garras rasgaram. — Não ligue para o que
aquela garota idiota disse. — Encostou sua testa na do animal. — Você é incrível.

— Hazz! — Draco e seus amigos foram os primeiros a chegarem ao garoto. — Pelo amor de
Merlin, você é louco?! — Pegou o braço do namorado com cuidado, analisando os grandes rasgos
de garras afiadas tanto das vestes quanto na carne.

— Eu estou bem. — Reprimiu um gemido de dor enquanto Blaise enfaixava seu braço com o
pedaço de sua capa que ele acabara de rasgar. — E você, Bulstrode. — Rosnou para a garota
apavorada que ainda estava caída no chão. — Aprenda a escutar as instruções dos professores antes
de abrir essa boca imunda para falar algo! Hagrid avisou sobre o orgulho dos hippogriffs e você
conscientemente ignorou seus avisos. Ponha-se no seu lugar. — A garota estremeceu enquanto
olhava aqueles intensos olhos verdes brilhando de raiva para si. — Todos aqui são testemunhas
do seu erro. Lembre-se disso. — Virou-se para Hagrid. — Você é um ótimo professor, nunca
duvide disso. Você nos alertou perfeitamente sobre como lidar com hippogriffs, Bulstrode que fora
inconsequente e arrogante em ignorar suas advertências. Ela pediu por isso e nada disso foi sua
culpa. Eu irei assegurar sua inocência.

Hagrid tinha os olhinhos de besouro marejados enquanto olhava para o garoto. Buckbeak
guinchou em apreciação enquanto os outros hippogriffs se aproximaram para cercar Hadrian, todos
se curvaram para ele, agradecendo por ter partido na defesa deles. Hadrian sorriu e os reverenciou
também.

— Agora é melhor você ir até a Madame Pomfrey. — Draco segurou o namorado para a apoiá-lo
pelo braço bom, Hadrian estava perdendo muito sangue com o corte profundo, e estava ficando
pálido demais.

— Draco vai me levar para a enfermaria. — Hadrian virou-se para o meio-gigante. — Pode
continuar sua aula. — E sorriu malicioso. — E sugiro uma detenção para um certo alguém. —
Então o casal começou a se afastar do picadeiro, voltando para o castelo com Nyx praguejando
sobre crianças insolentes logo atrás.

— Cê tá fudida, Bulstrode. — Theodore riu da garota, que ainda não havia se levantado do chão.

— Depois da aula você irá me acompanhar até a sala do professor Snape. — Hagrid encarou a
garota ameaçadoramente. — Agora, continuando a aula...

— Eu ainda te mato! — Draco rosnou para o namorado. — Se metendo na frente de um hippogriff


enraivecido! E ainda por cima para salvar aquela vagabunda! — Hadrian riu enquanto eles subiam
as escadas até a enfermaria.

— Se eu não tivesse feito nada ela iria fazer de tudo para arruinar a imagem de Hagrid. Eu não
podia deixar isso acontecer.

— Você é a porra de um bruxo, usasse um feitiço pra lançar ela pra puta que pariu, mas não se
metesse no lugar dela! — Draco quase gritou.

— Eu meio que não pensei muito nisso. Eu só... Fiz. — Sorriu com uma carinha de filhotinho que
fez o loiro bufar.

— Malditos olhinhos de cachorro. — Resmungou derrotado enquanto entravam na enfermaria.

— Senhor Potter! — Pomfrey veio apressada para a cama onde Draco sentava o namorado. Nyx
subiu na cama e diminuiu seu tamanho para circular os ombros do garoto. — Você vai começar a
morar nessa enfermaria se continuar voltando todo o santo ano! E ainda é só o primeiro dia de aula!
— Comentava preocupada enquanto fazia seus feitiços de análise e tirava a atadura improvisada do
braço do garoto.

— Esse idiota se meteu na frente de um hippogriff irritado pra salvar Bulstrode. — Draco
resmungou, encarando Hadrian com raiva.

— Por Merlin, Potter! — Pomfrey ofegou. — A sua sorte é que eu consigo consertar seu braço. Se
tivesse sido um pouco mais fundo o corte você estaria em apuros.

— Que bom que temos uma incrível mediwizard como você. — Hadrian sorriu para a mulher.

— Não me venha com esse sorrisinho, Potter. — Ela repreendeu enquanto limpava a ferida. —
Você não vai me manipular.
— Mas eu sei que você me ama. — Hadrian deu de ombros enquanto Madame Pomfrey suturava
seus cortes e enfaixava seu braço antes de enfaixa-lo.

— Garoto convencido. — Murmurou com um sorrisinho ladino. — Seu osso rádio está quebrado e
uma veia fora rompida. Se tivesse sido mais fundo pegaria sua artéria e então teríamos um grande
problema. — Suspirou enquanto balançava a varinha e fazia alguns potes de poções flutuarem até
eles. — Vou te dar uma poção pra calcificar o osso, uma de reposição de sangue e outra para dor.
Com sua recuperação acelerada graças ao seu núcleo ser grande e cheio de poder, você não ficará
muito tempo com esse gesso no seu antebraço. Como foi o braço direito, você está liberado
temporariamente de atividades que envolvam o seu uso, como mexer poções; balançar a varinha ou
escrever. Não molhe o gesso e não force o braço. Quero vê-lo em vinte dias para retirar o gesso.
Estamos entendidos? — Encarou-o intensamente.

— Sim, Poppy. — Hadrian sorriu pegando os frascos de poções que lhe foram oferecidos e
bebendo-os num único gole.

— Bom. Coma bastante frutas, vegetais, carnes, grãos e laticínios. Além de beber bastante água. —
Orientava enquanto limpava o sangue das vestes dos garotos.

— Muito obrigado. — Hadrian ainda sorria para a mulher.

— Descanse até o sinal da próxima aula. Com a poção de reposição de sangue você já está bem
para continuar suas aulas.

— Sim, senhora. — Despediram-se da mediwizard que fora atender um paciente recém chegado
que parecia muito enjoado. Nyx desceu dos ombros do seu filhote e se acomodou no travesseiro.

— Eu juro que se eu acabar morrendo de preocupação com você eu volto e te mato. — Draco
bufou, sentando-se ao lado do namorado e o abraçando.

— Eu também te amo, Moonlight. — Beijou a bochecha do maior antes de se aconchegar no


abraço.

— Não venha com suas manipulações. — Draco apertou-o levemente. — Nunca mais me assuste
assim. Não sei o que faria se algo acontecesse com você. — Sua voz saiu rouca e quebrada.

— Me desculpa. — Ergueu sua cabeça para olhá-lo nos olhos. — Eu estou bem. Não aconteceu
nada grave. Eu não vou a lugar algum. — Draco acariciou a bochecha do moreno com ternura.

— Eu te amo, Sunshine.

— Eu também te amo, Moonlight. — Seus lábios se uniram num beijo calmo, transmitindo todo o
seu amor e preocupação um ao outro. Eles se separaram com o sinal tocando para a troca de aulas.

— É melhor irmos antes que Madame Pomfrey venha nos expulsar a vassouradas. — Sorriu para o
namorado.

— Eu não duvido disso. — Hadrian retribuiu o sorriso, levantando-se e pegando Nyx nos ombros.
— E você, mocinha. Não fez nada durante todo o ocorrido. — Pegou a mão do namorado quando
o mesmo se levantou e os dois saíram da enfermaria.

— Foi uma escolha sua se arriscar pelo bem de Hagrid e dos hippogriffs. Além de que, com você
machucado daria mais ênfase no seu ponto em mostrar a verdadeira face de Bulstrode.

— Nossa como você é sensível. — Hadrian debochou.


— Sou realista. Mas sim, eu me preocupei com você, filhote. Sempre irei me preocupar. Você é
o ser mais precioso para mim, Hazz. Porém existem coisas das quais eu não posso interferir,
coisas que podem machucá-lo e eu não posso impedir, pois atrapalharia sua evolução. Me dói
vê-lo machucado e eu gostaria de nunca mais vê-lo assim. Eu te amo, filhote.

— Eu também te amo, Nyx. — Acariciou a cabeça da serpente com sua bochecha.

— HAZZ! — Neville correu até o casal, sendo seguido por vários Slytherin. — Meu Merlin, o que
aconteceu?! — Olhou-o preocupado, esquecendo a sua dor no coração sempre que lembrava que
Hadrian e Draco estavam juntos.

— Esse imbecil salvou Bulstrode da morte. — Theodore resmungou.

— O que deveria ter deixado. Eu pegaria uma pipoca para vê-la morrer lentamente por perda de
sangue. — Pansy bufou.

— Mas está tudo bem agora? — Neville perguntou nervoso.

— Sim, Nev. — Segurou a mão tremula que estava logo acima do coração do menor. — Eu estou
bem. — Assegurou com um sorriso carinhoso nos lábios.

Durante toda a aula de poções Severus lançava olhares preocupados para Hadrian. O garoto
estava sentado ao lado de Neville, o instruindo a como fazer as coisas, e vez ou outra ele usava o
braço esquerdo para ajudar em algum movimento errado que o Gryffindor fazia. Depois da aula, o
Mestre de Poções reteve o aluno ferido até que estivessem sozinhos na sala e protegidos por
feitiços de privacidade.

— Como você está? — Perguntou angustiado enquanto se ajoelhava na frente do garoto e


segurava-lhe o rosto delicadamente, seus olhos vagando por todo o corpo do menor a procura de
possíveis ferimentos ou sinais de dor.

— Estou bem, Sevvie. — Inclinou sua cabeça na direção da grande mão m sua bochecha,
apreciando o toque do homem. — Não tem com que se preocupar.

— O que Poppy disse sobre? — Indicou o braço antes de pegar sua varinha e fazer seus próprios
feitiços de diagnóstico.

— Que eu estou bem e que vou tirar o gesso em vinte dias. — Segurou a mão de Severus que
estava recuando de seu rosto. — Não precisa se preocupar.

— Como não me preocupar? — Obsidianas encararam as esmeraldas com intensidade. — Eu me


preocupo com você, Hadrian. Você é a única coisa que importa para mim. Não conseguiria viver
se você morresse. — O garoto abraçou o professor com força, o que fora prontamente retribuído.

— Eu sei. Me desculpe por isso. — Sussurrou no seu pescoço, onde seu rosto estava escondido.
Ele estava se drogando com o delicioso perfume de chuva e lírios. Desde que Hadrian surgiu na sua
vida, Severus estava se cuidando mais; como a poção especial que ele criara para que os vapores
desagradáveis das poções não ficassem impregnados nele e o deixando com cheiro de chuva e
lírios.

— Está tudo bem, Hazz. — Inspirou profundamente o delicioso perfume do menor. Seu coração
palpitante acalmou a preocupação com a presença do garoto. — Melhor você ir antes que se atrase.
— Separou-se do abraçou e se levantou, Hadrian estava com as bochechas levemente coradas.
— Sim, eu... Hã... Nos vemos por aí. — Deu um sorriso nervoso e saiu apressadamente do local.
Severus encarou a porta pela qual Hadrian havia passado com o cenho franzido em confusão.

— Hazz. — Remus chamou assim que viu o garoto correndo no corredor vazio. Seu olfato apurado
capturou o cheiro de sangue recente vindo do menor. Seus olhos se arregalaram ao notarem o gesso
no seu braço. — O que aconteceu? — Perguntou preocupado enquanto se aproximava do aluno.

— Ah, oi Moony. — Sorriu para o werewolf. — Eu meio que me coloquei entre Bulstrode e um
hippogriff ofendido pra salvar o emprego de Hagrid. — Respondeu acanhado e com as bochechas
vermelhas.

— Você... — A fala do homem morreu na garganta enquanto ele cedia aos seus instintos e
abraçava Hadrian. Seu lobo rosnando por saber que o menor estava ferido e ele não estava lá para
ajudá-lo.

— Eu estou bem, Moony. De verdade, não precisa se preocupar. — Retribuiu o abraço. — Vou
ficar bem e em vinte dias tiro esse gesso.

— Eu acabo de ter você de volta, não sei o que faria se te perdesse mais uma vez, Hazz. — Soltou-
se do abraço para acariciar a bochecha corada do garoto, que que se inclinou para o toque.

— Você não vai me perder, Moony. Eu não irei a lugar algum. — Assegurou com convicção.

— Bom. — O werewolf endireitou-se. — Agora corre porque está atrasado para sua próxima aula.
— Hadrian sorriu para o maior.

— Até mais, Moony. — Despediu-se antes de voltar a correr pelo corredor abandonado.

Muitos estavam culpando Bulstrode pelo ocorrido. Até porque, Hagrid avisou que os
hippogriffs eram orgulhosos e não se deveria insultar um. Bulstrode que fora burra em não dar
ouvidos as instruções. Depois do jantar, Hadrian e Draco foram visitar Hagrid, ele chorava de
preocupação com Hadrian. O meio-gigante disse que o Conselho de Governadores de Hogwarts
fora informado do ocorrido.

O Conselho é um grupo de doze bruxos que supervisionam o funcionamento da Escola de


Magia e Bruxaria de Hogwarts. A nomeação e suspenção de um diretor cabe aos Governadores. O
Conselho é obrigado a tomar medidas, se os pais buscam reparação sobre quaisquer questões
relacionadas com a escola. Eles também têm a autoridade para fechar a escola por completo, se
eles sentirem que é necessário. Lucius Malfoy é o Presidente dos Governadores da Escola. Draco,
a pedido de Hadrian, escreveu uma carta para Lucius e Ragnuk relatando o ocorrido e os seus
motivos para ter se colocado em perigo. Maray enviou-lhe uma bíblia cheia de preocupação e
sermões sobre seus atos imprudentes.

Mas, do nada, Hagrid explodiu com Hadrian dizendo que ele não valia o risco de o garoto
arriscar estar fora do castelo aquelas horas da noite. Hadrian achava que era sobre toda a coisa com
Sirius Black, então acompanhou o namorado até a Comunal e os dois foram dormir.
Capítulo 46
Chapter Notes

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Bulstrode não falava ou olhava para Hadrian, nem mesmo o agradeceu por salvar sua vida.
Na aula de Poções com os Gryffindor, Hadrian se ofereceu para ajudar Neville a consertar sua
poção e a dar-lhe algumas aulas particulares para o ajudar em suas dúvidas e deveres. Severus
aceitou e deu pontos para a Slytherin por Hadrian ajudar um colega. Goyle chamou a atenção de
Hadrian dizendo que Sirius fora visto não muito longe de Hogwarts, em uma cidade muggle.

Remus não estava em sala quando eles chegaram para a primeira aula de Defesa Contra as
Artes das Trevas. Os alunos se sentaram, tiraram das mochilas os livros, penas e pergaminho e
estavam conversando quando o professor finalmente apareceu. Remus sorriu vagamente e colocou
a velha maleta surrada na escrivaninha. Estava malvestido como sempre mas parecia mais saudável
do que no dia do trem, como se tivesse comido umas refeições reforçadas.

— Boa tarde. — Cumprimentou ele. Hadrian viu o brilho animado quando seus olhares se
cruzaram. — Por favor guardem todos os livros de volta nas mochilas. Hoje teremos uma aula
prática. Vocês só vão precisar das varinhas.

Alguns alunos se entreolharam, curiosos, enquanto guardavam os livros. Nunca tinham tido
uma aula prática de Defesa Contra as Artes das Trevas antes, a não ser que considerassem aquela
aula inesquecível no ano anterior, em que o professor tinha trazido uma gaiola de Pixies e os
soltara na sala.

— Certo, então. — Disse Remus, quando todos estavam prontos. — Me sigam.

Intrigados, mas curiosos, os alunos se levantaram e o seguiram para fora da sala. Peevs
estava no caminho e começou a cantar “Louco, lobo, Lupin” irritantemente. Remus o orientou a
tirar os chicletes que o poltergeist colocava na fechadura, mas Peevs não ouviu, então Remus sacou
sua varinha e demonstrou um feitiço muito útil. Ele ergueu a varinha até a altura do ombro e disse:
“Waddiwasi!”, e apontou para o poltergeist. Com a força de uma bala, a pelota de chiclete
disparou do buraco da fechadura e foi direto para a narina esquerda de Peevs; o poltergeist virou de
cabeça para cima e fugiu rapidamente, xingando horrores.

Os alunos aplaudiram e continuaram a caminhar. Eles chegaram na sala dos professores e


Remus orientou para que todos entrassem. Era uma sala comprida, revestida com painéis de
madeira, mobiliada com cadeiras velhas e desaparelhadas. A sala estava vazia, exceto por um
ocupante. Severus estava sentado em uma poltrona baixa e ergueu os olhos para os alunos que
entravam. Seus olhos brilhavam em algo que Hadrian não reconheceu, e ele tinha um arzinho de
desdém em volta da boca. Quando Remus entrou e fez menção de fechar a porta, Severus se
retirou, suas vestes negras ondulando às suas costas e se retirou, batendo de leve a porta.

Remus deu início a aula dizendo que havia um boggart no velho armário em que os
professores guardavam mudas limpas de vestes no fundo da sala. O mesmo sacudia e batia na
parede violentamente. Boggarts gostam de lugares escuros e fechados: guarda-roupas, o vão
embaixo das camas, os armários sob as pias, etc. Boggarts são transformistas, são capazes de
assumir a forma do que achar que pode assustar mais alguém. Ninguém sabe qual é a aparência de
um boggart quando está sozinho. A vantagem que os estudantes possuem sobre a criatura é que
eles são muitos, então o boggart ficará perdido ao tentar assumir a forma que todos na sala mais
temem, assim ele ficará confuso e o bruxo pode usar o feitiço que os repele. O feitiço é simples,
mas exige concentração. A coisa que realmente acaba com um boggart é o riso. Então o que
precisam fazer é forçá-lo a assumir uma forma que o bruxo acha engraçada. “Riddikulus!” é o
feitiço que repele a criatura, deve-se se concentrar naquilo que o bruxo acha engraçado e o boggart
irá assumir essa forma.

Hadrian pensou... O que o apavorava mais no mundo? Ele temia ver em quem a criatura se
transformaria. Seria Dumbledore? Mas ele não tinha pavor do velho. Seria Voldemort? Ele sentia
medo, sim. Mas... Vernon. Vernon era a pessoa que ele mais temia no mundo... Mesmo sendo
apenas um muggle, seu trauma fora tão grande que, mesmo sendo poderoso, Hadrian temia o que o
homem poderia fazer com ele. Ele não queria que a classe inteira visse o seu agressor e que os
murmúrios e fofocas retornassem para o tempo em que viveu com os tios. Hadrian estremeceu e
olhou para os lados, na esperança de que ninguém tivesse reparado nele. Muitos alunos tinham os
olhos bem fechados. Mas Draco percebera, o loiro segurou suas mãos e acariciou-as com carinho
para o tranquilizar. O que havia funcionado.

A aula se seguiu com cada um enfrentando a criatura. Com Pansy, o boggart se transformou
em um tubarão branco nadando no ar com a boca cheia de dentes afiados, depois virou um
peixinho dourado pequenininho se debatendo no chão. Vincent Crabbe tinha medo de Voldemort.
Alto, careca, com a pele doentiamente branca como a de um cadáver, o corpo magricelo coberto
por uma túnica negra de trevas. No seu rosto, não havia lábios, seu nariz deformado com duas
fendas iguais às de uma cobra, os olhos brilhando em um vermelho vivo com as pupilas em fendas.
E, depois do feitiço Riddikulus, esse ser horrendo vestia uma roupa ridícula de bebê com
touquinha, chupeta na boca e, em cada mão, uma mamadeira e um cobertorzinho.

Bulstrode tinha medo de Nyx. Onde estava o “pequeno Voldie”, agora estava Nyx.
Incrivelmente grande com uns quinze metros de comprimento e seu corpo elevado, a boca
escancara, mostrando as presas e sibilando perigosamente. Todos pareceram rir enquanto a
verdadeira Nyx se remexia orgulhosa nos ombros de Hadrian. Bulstrode proferiu o feitiço e a Nyx-
Boggart transformou-se em um balão infantil e saiu flutuando. A verdadeira Nyx sibilou ofendida e
fuzilou a garota com o olhar. Com um estalo, o balão transformou-se em escorpião, que saiu
apressado até que, com outro estalo ele transformou-se em um besouro.

— Confundimos ele! — Gritou Remus. — Já estamos quase no fim! Nott! — Theodore adiantou-
se correndo. O besouro, com um estalo, se transformou em um Nundu.

Nundus são animais gigantes, mamíferos, similares a um leopardo (contendo as pintas), a


parte das suas costas é coberta por espinhos, sua cauda também possui espinhos, suas orelhas são
pontiagudas e grandes e seu rosto também possui alguns espinhos. Sua garganta, também repleta
de espinhos, pode se inflar, fazendo-o parecer com um leão. É nativo do leste da África. Ele se
move silenciosamente apesar do tamanho, e é considerado por alguns a criatura mais perigosa viva
já existente. A respiração do Nundu é tóxica e contém uma doença. Ele é capaz de matar vilarejos
inteiros por conta disso. O Nundu é extremamente difícil de ser morto, e nunca foi derrotado por
menos de cem bruxos trabalhando juntos.

— Riddikulus! —Theodore bradou. Ouviu-se um estalo e o Nundu transformou-se em um filhote de


gatinho atrapalhado.
Blaise tinha medo de um boletim cheio de T’s (a nota mais baixa das avaliações, sendo
chamado de Troll). Que teve o pergaminho amassado em uma bolinha e ficou rolando pelo chão
até chegar aos pés de Hadrian. O garoto ergueu a varinha, preparou-se, mas... O boggart
transformou-se em Vernon. Hadrian estremeceu, seus olhos marejaram e um bolo formou-se em
sua garganta. Vernon avançava para si com o atiçador de fogo em brasa, o rosto vermelho de ódio,
bradando insultos e xingamentos. Hadrian queria falar o feitiço, mas ele estava completamente
paralisado.

— Aqui! —Remus gritou de repente, correndo para a frente e tomando toda a atenção da criatura
disfarçada. Vernon desapareceu. Por um segundo todos olharam assustados para os lados a ver o
que aparecera. Então viram um globo branco-prateado pendurado no ar diante de Remus, e ele
disse “Riddikulus” quase descansadamente.

— Para a frente, Pansy, e acabe com ele! — Mandou o professor quando o boggart aterrissou no
chão sob a forma de uma barata. Com um último estalo o tubarão reapareceu. Desta vez, Pansy
avançou parecendo decidida.

— Riddikulus! –— Gritou, e, por uma fração de segundo, seus colegas tiveram uma visão do
peixinho dourado se debatendo, antes de Pansy soltar uma grande gargalhada e o boggart explodir
em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, e desaparecer.

— Excelente! —Remus exclamou enquanto a classe aplaudia com entusiasmo, ele estava contendo
o seu lobo enraivecido sedento pela morte do boggart. — Excelente, Pansy. Muito bem, pessoal...
Deixe-me ver... Cinco pontos para a Slytherin para cada pessoa que enfrentou o boggart... Dez para
Pansy porque ela o enfrentou duas vezes e cinco para Hadrian.

— Mas eu não fiz nada. —Hadrian protestou, ainda atordoado pelo boggart ter virado Vernon.

— Você respondeu às minhas perguntas corretamente no início da aula, Hadrian. — respondeu


gentilmente. — Muito bem, pessoal, foi uma aula excelente. Dever de casa: por favor leiam o
capítulo sobre os boggarts e façam um resumo para me entregar... Na segunda-feira. E por hoje é
só. Hadrian você fica. — Falando agitados, os alunos deixaram a sala dos professores. Hadrian,
porém, não estava se sentindo muito animado. Relutantemente, Draco seguiu o pedido do
namorado em ser deixado sozinho.

— Você está bem, Hazz? — Remus aproximou-se do garoto e segurou seus ombros, encarando-o
com olhos preocupados.

— N-não... — O garoto olhou para os pés enquanto o outro o fazia sentar-se em uma das poltronas
da sala. — E-eu achei que não tinha mais medo dele... Ma-mas vê-lo na minha frente... De novo...
— O werewolf o abraçou com força quando se ajoelhou na sua frente.

— Desculpa por isso. — Remus suspirou preocupado enquanto se afastava do abraço para oferecer
um chocolate. Hadrian aceitou o doce e comeu-o imediatamente.

— Está tudo bem. — Hadrian se inclinou para frente, agarrando o pescoço do professor mais uma
vez e enterrando seu rosto no mesmo. O perfume de chocolate amargo e grama recém cortada
acalmando o ataque de pânico que lhe subia pela espinha. Remus retribuiu o abraço, confortando o
garoto. O sinal tocou, arruinando a bolha de paz e segurança em que Hadrian estava ao estar nos
braços do werewolf.

— É melhor você ir. — O homem beijou a testa de Hadrian, que conseguiu relaxar com a atenção e
carinho que ele o dava.
— Obrigado, Moony. — Beijou-lhe a bochecha antes de sair da sala dos professores. Remus olhou-
o partir com o coração palpitante e um lobo uivante.

No dia seguinte, Minerva McGonagall voltou a falar sobre animagi. E Hadrian sentiu uma
estranha necessidade de tornar-se um. Mas ele não poderia ir até o Ministério pedir autorização.
Dumbledore descobriria, e ele não queria que o velho descobrisse sua “arma secreta”. Ele sentia
que precisava tornar-se um. Talvez seja coisa de família. Considerando que seu pai era um
animagus ilegal. Ele poderia ajudar Remus nas suas transformações durante a lua cheia. Hadrian
queria tornar-se um animagus.

— Nyx. Eu me torno um animagus ilegal ou nem? — Sussurrou para a serpente em seus ombros
enquanto escrevia o que estava no quadro sem que McGonagall percebesse.

— Se é isso que o seu coração quer... — Ela acariciou a bochecha do garoto com a sua cabeça. —
Então você deve fazer.

— Obrigado.

No intervalo do almoço, Hadrian se adiantou até a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas,
entrou na sala de aula e bateu na porta do escritório particular do professor. Ao escutar um “entre.”
abafado, o garoto entrou no escritório e sorriu para o homem.

— Hazz. — Remus sorriu e indicou a cadeira na sua frente. — A que devo a honra?

— Eu queria te pedir ajuda. — O garoto corou enquanto se encolhia na cadeira, e desviava o olhar.

— Do que precisa? — O werewolf se arrumou na cadeira, apoiou os cotovelos na mesa e uniu as


mãos.

— Eh... É algo meio que acadêmico, mas não é ao mesmo tempo.

— Sabe que enrolar não vai te ajudar. — Sorriu encorajador enquanto Hadrian engolia em seco e
puxava o fôlego.

— Eu quero ser um animagus. — Remus arregalou os olhos enquanto Hadrian sentia o seu coração
saindo pela sua boca.

O homem ficou estático, mil pensamentos percorrendo sua mente, lembranças nostálgicas de
seu tempo de escola. Mas então ele lembrou do que está em jogo: a vida de Hadrian. Se
Dumbledore descobrir faria a vida do garoto um inferno, mais do que já é. E Voldemort? Ele não
havia morrido, e ainda estava espreitando o mundo, procurando uma maneira de como conseguir
um corpo e “ressurgir”.

— Eu sei que não posso ir até o Ministério e pedir a permissão, porque Dumbledore descobriria, e
eu gostaria de fazer disso uma “surpresa”. — Hadrian desatou a falar em um único fôlego. —
Então eu seria um animagus ilegal, assim como meu pai foi. Eu quero fazer isso. Eu li vários livros
sobre o assunto, sei todos os passos de cor. Sei que estou pronto para fazer isso. Mas ainda queria a
sua opinião, já que você acompanhou meu pai nesse processo todo. Sem contar que eu sendo um
animagus poderia te ajudar na lua cheia e...

— Tudo bem, Hazz. — Remus o interrompeu. O moreno calou-se e olhou espantado para o
homem. Ele tinha aceitado tão bem. — Eu entendo os seus motivos. E sei que você vai fazer isso
mesmo se eu negasse. — A risada de Remus fez com que o garoto relaxasse. — Eu posso te
ajudar. Volte aqui amanhã de noite, antes do toque de recolher, que irei lhe dar alguns “utensílios”.

— Obrigado! — O garoto disparou por cima da mesa e agarrou o homem com um abraço apertado
e deixou um selinho rápido em sua bochecha. Que assustou o professor no início, mas que ele logo
retribuiu o abraço com um sorriso.

Hadrian havia se decidido. Ele faria isso. Draco era quem não estava muito contente com
essa ideia. Não por causa do fato de ser um animagus, nem por ser ilegal, nem porque seu braço
estava machucado. Mas sim porque Hadrian teria que passar um mês com uma folha de Mandrake
na boca sem tirar em hipótese alguma. Ou seja, sem beijos. Por isso mesmo o loiro iria “torturar” o
namorado por sofrer um mês de abstinência dos seus doces beijos.

Na noite do dia seguinte, depois de visitar Remus e pegar tudo o que precisaria para a
primeira etapa, Hadrian estava preso entre o colchão de sua cama e um Draco Malfoy muito
faminto. As mãos grandes do loiro passeavam pelo corpo alheio, apertando sua cintura, suas coxas
ou suas nádegas. O moreno se contorcia na cama, elevando seu quadril contra o do namorado, que
estava separando suas pernas com um joelho. Seus gemidos e suspiros abafados pelos lábios
possessivos de Draco enquanto sua mão boa acariciava as madeixas loiras, aprofundando o beijo.
Suas línguas travavam uma batalha por poder, seus lábios apressados e necessitados de mais.
Ambos sentiam borboletas na barriga e os corações agitados pelos sentimentos que tinham um pelo
outro.

— E-eu... — Hadrian tentava falar entre os beijos, mas Draco recusava-se a largar seus lábios. —
Realmente... — Draco prensou sua pélvis contra a do moreno. — Preciso ir...

— Eu preciso aproveitar antes de ficar sem te beijar por um fodendo mês. — Draco sorriu-lhe
malicioso enquanto admirava a obra de arte que era Hadrian todo corado, descabelado, as roupas
amassadas e desalinhadas, com os lábios vermelhos e inchados entreabertos a procura de ar.

— Prometo de recompensar. — Hadrian sorriu cúmplice para o namorado. — Mas agora eu


realmente preciso ir.

— Você sabe que vai ser um longo mês de tortura. Não sabe? — Arqueou uma sobrancelha.

— Eu sei muito bem. — Hadrian sorriu e puxou-lhe para um beijo carinhoso e lento. Apenas
mostrando o quão importante o outro era para si sem precisar usar palavras. — Eu te amo,
Moonlight.

— Eu também te amo, Sunshine. — O loiro levantou-se e ajudou o namorado a fazer o mesmo.

Logo Hadrian estava usando sua Capa para atravessar os corredores escuros do castelo. Ele
estava sozinho, Nyx havia saído, reclamando sobre feromônios de acasalamento, para caçar
enquanto os amantes se “despediam”. Agora o garoto se esgueirava pelas plantas da Estufa 3.
Delicadamente ele pegou uma folha de Mandrake, com cuidado para não a machucar. E saiu do
local com cautela. O ritual para se tornar um animagus consiste em sete passos:

- Primeiro passo: durante um mês inteiro, de uma lua cheia a outra, o bruxo deve manter em sua
boca uma folha de Mandrake. Durante esse tempo ela NÃO deve ser engolida e nem ser retirada
da boca, se não o processo deverá ser repetido do início.

- Segundo passo: passado um mês com a folha na boca, o bruxo deve retirá-la e colocá-la num
frasco de cristal. O frasco deve estar recebendo a luz da lua cheia (se a noite estiver nublada ou
com muitas nuvens, você deverá repetir o processo desde o início) enquanto o bruxo realiza a
retirada. Depois, o bruxo deverá pôr um fio de seu próprio cabelo no frasco. Então, ele deverá
pegar uma colher de chá feita de prata e colher um orvalho de um lugar que não foi tocado por sete
dias inteiros pelo sol e não ter sido pisado por nenhum humano. Além de acrescentar uma crisálida
de uma Death’s-Head Hawk Moth (a crisálida é a secreção que sai do casulo da mariposa). Depois
de tudo isso, se for feito corretamente, o bruxo deverá deixar o frasquinho num local escuro e
escondido e que não receba luz solar. O bruxo não deverá olhar para o frasquinho até a próxima
tempestade de raios.

- Terceiro passo: enquanto o bruxo espera pela tempestade (que pode demorar dias, semanas,
meses ou mesmo anos), no nascer e pôr-do-sol ele deverá apontar sua varinha para o coração e
recitar: "Amato Animo Animato Animagus" todos os dias, até a tempestade de raios.

- Quarto passo: durante todo esse processo, se o terceiro passo foi realizado certinho, o bruxo
começará a sentir um segundo batimento cardíaco que pode ser mais forte ou mais fraco que o
primeiro. Se não sentir, então deve começar tudo de novo.

- Quinto passo: quando começar a tempestade de raios, independente do que o bruxo estiver
fazendo, ele deverá ir até onde o frasco estava escondido e pegá-lo. Se todos os passos anteriores
foram cumpridos corretamente, quando o bruxo abrir, haverá no interior do frasquinho um único
gole de uma poção na cor vermelho sangue.

- Sexto passo: assim, o bruxo deverá ir à um local aberto e escondido para poder se transformar
e/ou não se machucar durante o processo e não tiver ninguém para atrapalhar. Estando nesse local,
o bruxo deverá beber a poção e apontar a varinha novamente para seu coração e recitar o
encantamento (Amato Animo Animato Animagus).

- Sétimo passo: se tudo correr bem, o bruxo sentirá uma dor flamejante e um intenso batimento
cardíaco duplo. Sentirá desconforto durante a transformação. E por fim, finalmente depois de tanto
tempo, o bruxo se tornará um animagus. Depois da transformação, o bruxo voltará a se sentir
confortável.

- Obs.: é comum na primeira transformação o bruxo se sentir desconfortável, pois todos os seus
acessórios como roupas e óculos se fundem com o pelo ou escamas ou penas, ou seja, o que for
que fará parte do animal. Para voltar a forma humana, o bruxo deverá mentalizar sua forma
humana normal. Com a prática, a transformação vai se tornando mais fácil e de acordo com a
experiência, será possível se transformar sem a varinha.

Hadrian estava escondido do olhar de todos, perto do Great Lake. Sua Capa da Invisibilidade
descansando na grama ao seu lado enquanto o moreno olhava para a lua cheia, suas costas
apoiadas contra o tronco de uma árvore, o vento frio fazia seus cabelos negros dançarem no ar.
Hadrian suspirou e voltou suas esmeraldas para a folha na sua mão. Remus deveria estar em algum
lugar, transformado em werewolf, provavelmente na Forbidden Forest. Graças a qualquer força
superior, os dementors não estavam por ali.

— Vamos nessa. — Com um suspiro, ele colocou a folha na gengiva superior, prendendo-a com os
lábios. — Isso vai ser um porre. — Apanhou a Capa e levantou-se.

E então ele viu. Escondido pelas sombras das árvores mais adiante, um par de grandes olhos
cinzentos o observando. Nesse instante, uma nuvem afastou-se da lua, permitindo o garoto de ver
um imenso cão negro. Algo no interior de Hadrian remexeu-se inquietamente, um calor tomou seu
peito. Aqueles olhos... Onde ele já havia os visto? Quem era aquele cachorro? O pio de uma coruja
o tirou do transe, ao desviar as esmeraldas para o céu, logo depois voltando a olhar para o cão. Ele
havia desaparecido. Uma estranha sensação de vazio e tristeza tomou seu coração. O garoto
balançou a cabeça, colocou a capa sobre si e voltou para o castelo.
Capítulo 47
Chapter Notes

ALERTA +18

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Parvati Patil e Lavender Brown estavam cada vez mais insuportáveis com coisas
relacionadas a adivinhação, ou o que quer que a professora Trelawney ensinava aos pobres alunos
facilmente impressionáveis. Além de que, por Hadrian estar com o braço machucado, as duas
Gryffindor começaram a agir ao seu entorno como se estivessem no enterro do garoto. Em
contrapartida, as aulas de Remus estavam sendo um sucesso completo. E, a história de como o
boggart de Neville assumiu a forma de Severus Snape, e como ele o fez vestir as roupas bizarras da
avó virou um pandemônio num piscar de olhos.

O Mestre de Poções só lançava um olhar duro para qualquer pessoa que comentasse sobre o
ocorrido perto dele e os estudantes saíam correndo para salvarem suas vidas. Ninguém gostava de
atrair a ira do temido Morcego das Masmorras. E Severus só não estava implicando com o pobre
Neville por causa da amizade que Hadrian tinha com o Gryffindor, se não o pobre garoto estaria
destruído. Mas isso não impedia o professor de implicar com os outros Gryffindor que o
enfureciam.

Hagrid, por outro lado, vinha os ensinando sobre várias criaturas mágicas. E Hadrian sempre
estava ao seu lado para o auxiliar caso alguma coisa fosse muito perigosa para os estudantes.
Teoricamente o Slytherin virou um supervisor dos planos de ensino do meio-gigante, mas isso foi
perfeito para o professor que não via maldade em praticamente nada. Por outro lado, todas as
criaturas pareciam amar Hadrian, nem o garoto sabia o porque disso, mas suspeitava que era por
ter sido criado por goblins e eles o ensinaram a ver que cada ser possui consciência e merecia
respeito. Bem... Nem todos os seres mereciam respeito e tudo o mais. Dumbledore era um bom
exemplo.

Em outubro, iniciou-se a temporada de quidditch e todos os times estavam dando o máximo


para ganhar a Taça. Em uma certa noite depois do treino Hadrian e Draco voltaram para a Sala
Comunal completamente exausto, loucos para um banho e uma boa noite de sono. Mas seus planos
foram arruinados com os Slytherin conversando excitadamente uns com os outros. No Halloween
os alunos a partir do terceiro ano teriam o seu primeiro passeio na vila bruxa de Hogsmead, que
ficava perto do de Hogwarts.

Hadrian e Draco se uniram aos amigos nas poltronas ao lado da lareira e, a muito
contragosto, puxaram seus deveres para não os acumular. O garoto de intensos olhos verdes se
atirou no colo Draco, descansando do exercício do treino. Faltavam duas semanas para a próxima
lua cheia. Ele estava ansioso para tirar a maldita folha de Mandrake da sua boca. Draco o torturava
todas as noites, beijando-lhe o corpo, ficando perigosamente próximo dos seus lábios, Hadrian
ansiava pelos seus beijos, as habilidosas mãos do mais velho percorrendo seu corpo com maestria.
O loiro sabia onde e como tocar o seu corpo para fazê-lo enlouquecer. Hadrian bocejou, sua cabeça
contra o peito do namorado. Queria realmente ir se deitar, mas ainda tinha tarefas para fazer e um
banho para tomar. Puxou a mochila para perto, tirou um pergaminho, tinta e pena e começou a
trabalhar.

No momento, Hadrian estava se esgueirando pelo castelo à noite. Saiu do castelo e caminhou
até a costumeira árvore perto do Great Lake que sempre se sentava. Nyx já estava o esperando,
enrolada em suas próprias bobinas escamosas. Ele sentou-se ao lado da serpente

— Eu não irei voltar pro quarto com você. — A serpente nem se mexeu enquanto Hadrian tirava
do bolso o frasco de cristal que trouxera com ele e o fez voltar para o tamanho original. — Você e
Draco irão fazer aquela coisa estranha de quase se engolirem a noite toda.

— Se chama beijo. — Hadrian riu. A luz da lua cheia os iluminando. O céu, milagrosamente,
estava limpo de qualquer nuvem. — Adeus folha de Mandrake. — Sorriu assim que tirou a folha
da boca e colocou no frasco. Finalmente ele poderia comer sem se preocupar em engolir a folha, ou
disfarçar seu desconforto, ou quase enfartar quando acordava e achava que havia engolido
enquanto dormia. Melhor ainda, poderia voltar a beijar Draco.

— Pare de pensar nisso! — Nyx ralhou. — Sinto o fedor dos seus hormônios daqui.

— Quando você e Hera ficam se engraçando ninguém te atrapalha. — Argumentou sorridente


enquanto colocava um fio do seu cabelo no frasco. Tirou do seu bolso a colher feita de prata e a
aumentava para o tamanho normal.

— Como se alguém com inteligência o suficiente se colocaria entre duas serpentes gigantes. —
comentou com descaso.

— Você encontrou o orvalho que não foi tocado pela luz do sol nem pisado por nenhum
humano por sete dias inteiros? — Perguntou olhando para a serpente, e ignorando totalmente a
enxurrada de respostas atrevidas que poderia usar para provocar seu familiar.

— Encontrei. — Ela desfez o nó em si mesma e começou a rastejar na direção da Forbidden


Forest.

O garoto levantou-se, pegou suas coisas e seguiu a serpente. Eles adentraram a floresta até o
ponto em que o garoto não conseguia mais ver o castelo. Com a colher, ele colheu o orvalho e
adicionou à mistura, junto com a crisálida de uma Death’s-Head Hawk Moth. Após misturar tudo,
ele levantou-se e voltou para o castelo, com Nyx guiando o caminho. De longe, o cachorro
observava tudo atentamente. Hadrian voltou ao familiar banheiro feminino do segundo andar.

— Hey Myrtle! — Ele cumprimentou a fantasma que sorriu para ele. — Por onde tem andado? Ou
flutuado. — Sorriu ao ver os olhos da garota cintilarem.

— Eu fiz uma amiga da Ravenclaw. — Hadrian e Nyx aproximaram-se da pia. — O nome dela é
Luna Lovegood. Está no segundo ano. É muito gentil e espirituosa.

— Gostaria de conhecê-la um dia. — Hadrian sorriu. — Abra. — Instantaneamente a passagem se


abriu.

Com um aceno para a fantasma, Hadrian jogou-se no túnel. Nyx o seguiu logo atrás.
Ordenando que a porta se fechasse, eles escorregaram pelo túnel, limpando-o novamente. A
nostalgia bateu-lhe quando ele transformou os ossos de ratos num colchão fofinho. Mas então, as
lembranças trágicas do ano passado voltaram para sua mente, o atormentando depois de tanto
tempo livre delas.

— Isso já passou, filhote. — Nyx esfregou sua cabeça contra a mão de Hadrian. O garoto sorriu
para o familiar e suspirou.

— Você tem razão.

— Eu sempre tenho.

Com um sorriso divertido nos lábios, Hadrian avançou, limpando e iluminando tudo.
Abrindo a segunda porta, o garoto suspirou. Diferente do ano passado, Hera não estava ali para
recepcioná-lo. Quando o garoto terminou de arrumar a Câmara Principal, ele olhou ao redor.
Estava tudo tão vazio. Ordenou que o escritório se abrisse, entrou no mesmo, colocou o frasco de
cristal na mesa e jogou-se na confortável cadeira.

— Agora é só esperar a próxima tempestade de raios. — Suspirou enquanto observava o frasco.

— O que fazemos agora?

— Ele não pode ser tocado pela luz do sol, e eu não posso olhar para ele até a tempestade.

— Isso é fácil.

— Eu conto com você para me acordar todo nascer do sol até a tempestade. — Sorriu
presunçoso enquanto se levantava e colocava a familiar em seus ombros.

— Você está abusando de uma inocente e frágil serpente. — Hadrian gargalhou enquanto saía da
Câmara e a selava.

— Tenha uma boa noite, Myrtle.

— Tchau, Hazz. — O garoto sorriu antes de colocar a Capa sobre si e rumou para as masmorras.

— Se quiser ficar aqui embaixo, por um tempo... — Hadrian sugeriu com um sorriso malicioso
enquanto observava a serpente deslizar dos seus ombros até a lareira da Sala Comunal da
Slytherin. — Te vejo ao nascer do sol. — Ela não se despediu, apenas enrolou-se em si mesma e
adormeceu enquanto Hadrian subia apressado para o seu quarto. Correu para escovar os dentes e
tirar o gosto de Mandrake da boca, antes de jogar-se na sua cama onde um loiro havia adormecido.

— Puta merda! — Draco acordou com o susto do moreno o agarrando e atacando seu pescoço. —
Quer que eu tenha um ataque cardíaco? — Suspirou ao sentir as mãos delicadas do menor
percorrendo seu peito.

— Eu tirei a Mandrake. — Hadrian levantou o rosto para mostrar ao namorado seu sorriso
malicioso, que logo foi retribuído.

— Eu não aguentava mais.

— Ei! Eu que era o torturado dessa história. — Draco riu enquanto invertia as posições, prensando
o moreno contra o colchão e separando suas pernas com um joelho.
— Cale a boca, Sunshine. — As esmeraldas cintilaram.

— Venha me calar então, Moonlight. — Draco sorriu malicioso enquanto tomava os lábios fartos
contra os seus.

O desejo os dominou por completo, a necessidade, a saudade. Eles ansiavam aquele


momento por muito tempo. Hadrian gemeu quando sentiu a língua de Draco invadir sua boca e
explorar o local, acariciando a sua própria com possessividade. O loiro grunhiu ao sentir Hadrian
roçar suas pélvis e abrir sua camisa de pijama com pressa.

— Draco... — Hadrian gemeu ao sentir o maior abrir sua camisa e expor seu peito, logo descendo
os beijos para o seu pescoço. Ele se contorcia abaixo do maior, ambos sentindo um calor no baixo
ventre despertando seus membros lentamente. Eles queriam mais, ansiavam por mais, precisavam
de mais.

— Eu prometi me segurar até conversarmos com Tom. — Draco comentou enquanto rumava seus
beijos até o mamilo direito, rosado e duro, completamente pronto para o que o loiro estava prestes
a fazer. — Mas eu ainda posso me divertir sem chegar aos “finalmentes”. — Sorriu ao sentir o
corpo alheio estremecer quando sua língua circulou o botão rosado.

A mão de Hadrian rumou das costas do maior até seus cabelos, emaranhando seus dedos nos
fios enquanto friccionava ainda mais seu pênis semiereto contra o do loiro. Draco usou uma mão
para beliscar o mamilo esquecido do moreno enquanto sua boca trabalhava no outro. Chupando,
beijando, lambendo e mordiscando. Sua mão livre desceu pela barriga de Hadrian, alcançando o
seu objetivo. Apertou levemente o membro do menor sobre a calça, sentindo satisfação ao ouvir
um ofego manhoso vindo do mesmo.

— Ahn... Draco... — Hadrian gemeu ao sentir um aperto mais forte em seu pênis.

— O que você quer, Sunshine? — Sua boca foi para o mamilo esquerdo, deliciando-se com os
gemidos alheios.

— E-eu... — Sua respiração estava ofegante. Ambos estavam completamente eretos, seus membros
protestando dolorosamente sobre o aperto das roupas. Quando o maior se sentiu satisfeito de
brincar com os mamilos, desceu seus beijos e lambidas pelo abdômen do namorado, chegando ao
cós da sua calça.

— Vamos, Hazz. — Mordiscou levemente o pênis do outro sobre os tecidos, sorrindo satisfeito ao
ver o mesmo estremecer e gemer ainda mais. — O que você quer que eu faça?

— E-eu quero... Que você me toque... — Suas bochechas esquentaram violentamente, enquanto o
moreno escondia o rosto com o braço.

— Seu pedido é uma ordem, amor.

Draco subiu sobre o outro para reivindicar sua boca enquanto suas mãos retiravam o cinto de
Hadrian, desabotoando a calça e abrindo o seu zíper enquanto suas línguas travavam uma guerra
dentro das suas bocas. O loiro surpreendeu-se ao sentir uma mão tímida e tremula do menor
abrindo suas calças, ele sorriu entre o beijo ao sentir Hadrian roçar seus dedos em seu membro.

— É assim? — Draco sorriu descaradamente enquanto eles tiravam seus membros para fora dos
tecidos, estremecendo com o choque do ar frio contra as carnes quentes e sensíveis.

— Juntos... — Comentou corado enquanto o maior o ajudava a envolver seus membros entre suas
mãos.
— Juntos. — Voltou a beijá-lo enquanto eles moviam suas mãos contra os órgãos pulsantes.

Hadrian gemeu contra o beijo quando sentiu Draco investir contra sua mão. O atrito das
peles sensíveis dos membros junto com o de suas mãos estava o enlouquecendo. Ele nunca havia
se tocado antes de Draco o ensinar no início do ano letivo. Ele ainda tinha vergonha disso, ainda
era tudo muito novo para si. Mas... Por Merlin! Isso era maravilhoso. Nem seus sonhos molhados
eram tão bons quanto isso. Draco parecia saber o que estava fazendo, ele já se tocara antes e
ensinava a Hadrian as melhores formas de dar prazer para si mesmo e para o parceiro. Acordando
de um sonho erótico com o garoto de olhos esmeraldas, imaginando como seria se estivessem
juntos. Qual seria o gosto dos seus beijos, o gosto da sua pele. Como seria tê-lo abaixo de si, como
seria os seus gemidos. Draco estava se deliciando com eles, manhosos e doces, assim como a
pessoa que os produzia.

— E-eu vou... — Hadrian ofegou enquanto sentia seus músculos se contrariarem. Lembrava de seu
desespero a primeira vez que se tocou, achou que iria urinar e ele não queria passar essa vergonha.

— Está tudo bem, Sunshine. — Draco assegurou enquanto beijava sua clavícula e aumentava a
velocidade da estocada e da sua mão.

Hadrian circulou os ombros do loiro com os braços e o puxou para um beijo necessitado
enquanto sentia seu corpo arder em chamas e uma sensação de estar eletrizado dos pés à cabeça,
um formigamento gostoso no baixo ventre enquanto um “frio” na barriga o fazia contrair os dedos
dos pés, seus gemidos e respiração aumentaram de intensidade. O moreno sentiu algo quente
passando por sua uretra enquanto seus olhos fechavam com força, um gemido cheio de prazer
deixava sua garganta e seu corpo todo estremecia pelo prazer.

— Muito bem, Sunshine. — Draco beijou-lhe delicadamente.

Hadrian sentiu seu sêmen pegajoso em sua barriga. Sua mente estava muito além,
completamente entorpecido pelas sensações que o maior lhe proporcionou. Draco aumentou a
velocidade das estocadas de sua mão e gemeu ao atingir o clímax. Misturando seu esperma com o
do menor na barriga do mesmo. Eles estavam ofegantes, seus corpos fracos e entorpecidos pelo
orgasmo.

— Você fica lindo tento um orgasmo, meu amor. — Sorriu vitorioso enquanto se levantava e
apanhava a varinha. Lançando um feitiço de limpeza nos dois e nos lençóis. — Vai querer vestir
um pijama, ou vai dormir assim? — Indicou as roupas amassadas e abertas e o pênis avermelhado
do menor, agora flácido.

— Idiota. — Hadrian corou violentamente enquanto se levantava. Draco arrumou suas próprias
roupas e ajudou o menor a colocar-se de pé. O moreno sentia-se fraco, mas completamente feliz. O
loiro ajudou-o a trocar-se e logo os dois estavam mergulhando embaixo das cobertas, Hadrian
deitado no peito do namorado.

— Acho que vou fazer mais greve se serei recompensado com algo assim. — Hadrian murmurou
sonolento.

— Você não precisa de greve para eu te dar prazer, Sunshine. — Draco beijou-lhe o topo da
cabeça, sorrindo alegremente enquanto os dois caíam no sono em poucos instantes.

Quando o sol estava prestes a nascer, Nyx acordou e subiu para o dormitório de Hadrian e
Draco, sibilando pelo ar estar impregnado de feromônios. A serpente subiu na cama, rastejando
sobre os lençóis, se emaranhando entre os dois corpos adormecidos. Aproximou-se da orelha do
moreno, balançando a língua nela, deixando o garoto desconfortável.

— Acorde Filhote. — Nada. — Vamos, Hadrian. Acorde. — O moreno nem se mexeu.


— ACORDA DESGRAÇA! — Gritou no seu ouvido, fazendo Hadrian dar um salto e um grito de
susto. Acordando Draco junto. Nyx dava risada do pânico estampado na cara dos dois.

— Desgraçada! — Hadrian sibilou raivoso, tirando a serpente de cima de si.

— Você me pediu para eu te acordar ao nascer do sol. — Comentou satisfeita, saindo da cama.

— Eu vou matar essa cobra. — Hadrian resmungou enquanto se levantava e pegava a varinha.

— Não precisava me acordar também. — Draco resmungou jogando-se na cama, ele estava
sentado devido ao susto, jogou-se de costas no colchão e tapou a cabeça com as cobertas. Hadrian
apontou sua varinha para o seu coração e recitou:

— Amato Animo Animato Animagus. — Ele pode sentir um leve formigamento, quase inexistente.
Vendo que não conseguiria voltar a dormir, decidiu iniciar o seu dia com um banho.
Capítulo 48
Chapter Notes

Tivemos uns problemas técnicos. Meio que o cap todo se passa em 1 único dia, que
começa no Halloween e termina no Natal. E o próximo cap voltava pro Halloween.
Sim nós comemos um mês e meio hehehhehehe E sim, nós lemos isso umas 3 ou 4
vezes e nenhum dos dois percebeu o erro.
Então eu deletei os caps 48, arrumei e to postando de novo. Obrigada @LukeSnow (no
spirit) por comentar sobre o erro hehe

Agora outro recado. Como eu finalmente terminei de editar a formatação de todos os


caps, o TiuLu foi generoso em permitir a publicação de um cap por dia até essa sexta.
Aproveitem

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Era o dia da primeira visita à Hogsmeade, e à noite teria a famosa festa de Halloween. Todos
estavam muito animados. Draco e Hadrian vestiram-se apressadamente, colocaram as autorizações
nos bolsos, Nyx logo enrolou-se envolta do pescoço do moreno, e em instantes eles juntaram-se
aos amigos, subindo as escadas até o Salão Principal para tomarem o café da manhã antes de
partirem.

— Me digam que vocês não vão na Madam Puddiffoot’s Tea Shop. — Marcus quase implorou
para o casal.

— Por que, Marcus? — Hadrian apoiou o rosto na mão com o cotovelo na mesa. — Você queria
nos acompanhar?

— Prefiro ser um Gryffindor do que ir naquele lugar. — Fingiu vomitar.

— Só por isso nós vamos. — Draco comentou sorridente.

— Vocês vão se arrepender. — Terrence riu enquanto o casal dava de ombros.

Quando todos os estudantes acima do terceiro ano enfileiravam-se na frente do portão de


Hogwarts, esperando para entregarem suas autorizações para Filch e os professores. Hadrian
desesperou-se, ele não estava encontrando sua autorização. O garoto havia procurado por todos os
bolsos que suas vestes possuíam, mas não encontrou nada.

— Última chance, Potter. — Filch parecia muito contente ao ver que apenas o moreno e seus
amigos sobraram.

— Vão. — Ele suspirou enquanto arrumava as vestes.

— Vamos trazer várias coisas. — Pansy sorriu-lhe, tentando o animar.


— Um montão de doces. — Theodore acenou para o amigo.

— Sinto muito, cara. — Blaise comentou solidário. Os três deram suas autorizações para o zelador
e seguiram os outros alunos.

— Eu vou ficar com você. — Draco comentou convicto.

— Não, você não vai. — Hadrian beijou-lhe os lábios brevemente. — Vá se divertir. E me trazer
doces. — Sorriu encorajador para o loiro, que não estava nada contente com isso.

— Mas eu tinha planejado um encontro muito incrível para o nosso primeiro passeio. — Fez
beicinho e cruzou os braços, arrancando uma risada do moreno.

— Teremos esse encontro no próximo passeio. — Sorriu enquanto acariciava a bochecha do loiro.
— Agora vá antes que Filch desista de te esperar. — Deu um selinho em seus lábios.

— Não vai ser a mesma coisa sem você. — Revirou os olhos, largando os braços e beijando a testa
de Hadrian. — Eu vou. Mas só porque aqueles três não vão saber do que você gosta. — Eles
trocaram olhares por alguns segundos antes que o loiro o desse as costas e seguir o grupo de
alunos. Com um suspiro, Hadrian deu meia volta e voltou para o castelo, agora estranhamente
vazio.

— Foi Dumbledore. — Nyx elevou sua cabeça para olhar para os olhos do garoto. — Eu senti a
magia dele diferente no café.

— Pelo menos ele não me envenenou. — Hadrian suspirou.

— Não fique assim, Hazz. — Acariciou sua cabeça na bochecha do garoto.

— Está tudo bem, Nyx. Mas obrigado.

— Oi, Hazz! — Colin se aproximou saltitante e com as bochechas coradas. — Você não vai no
passeio? — Perguntou confuso.

— Perdi minha autorização. — Deu de ombros. Uma ideia surgindo em sua mente. — Vem
comigo. — Pegou uma mão de Colin, que corou violentamente enquanto o moreno o guiava até
uma sala vazia. — Vai dar uma volta, Nyx. Depois te chamo.

— Adolescentes e seus hormônios. — Reclamou enquanto deixava a sala antes do moreno fechar
a porta.

— O que estamos fazendo aqui, Hazz? — Sua voz era um sussurro trêmulo e tímido.

— Eu sei que você gosta de mim. — O loirinho soltou um ofego de surpresa.

— De-desculpa por isso... E-eu não queria... E-estou feliz que você tenha o Draco...

— Está tudo bem, Colin. — Apoiou-se numa mesa, olhando para seus pés. Hadrian estava
nervoso, ele queria isso, mas não sabia como iniciar essa conversa. Colin corou ainda mais
enquanto olhava para o chão e remexia seus pés. — Eu e Draco temos um relacionamento aberto.
— Colin ergueu sua cabeça com os olhos arregalados de surpresa. — Eu ainda não tenho certeza
sobre o que eu sinto por você. Mas eu sei que sinto algo além da amizade. Então, se você quiser,
nós poderíamos tentar? — Suas esmeraldas tinham um brilho esperançoso.

— E-então... E-eu posso... Te beijar...? — Suas bochechas ficaram tão vermelhas quanto um
morango, se é que era possível, seu coração disparado, mandando adrenalina por todo o seu corpo.

— Desde que você esteja de acordo com um relacionamento aberto comigo. — O silencio pairou
na sala, Colin estava pensando.

— O Draco sabe disso? — Encarou-o, procurando ver algum traço de mentira que o denunciaria.

— Sabe. Já conversei com ele sobre isso e ele concorda. — E, de fato, era verdade. Fazia algum
tempo que Hadrian sentia-se “mexido” por Neville, Colin e os gêmeos. Então ele puxou o
namorado para uma conversa em que esclareceu seus sentimentos, reafirmando o amor que sentia
por Draco. E o mesmo compreendeu-o perfeitamente, prometeu que iria apoiá-lo caso quisesse ter
algo com outras pessoas além dele e de Tom. Draco não queria mais ninguém além de Hadrian. Ele
era o seu mundo e sempre seria.

— E-eu não preciso “interagir” com o Draco né...? — Perguntou envergonhado.

— Não, não precisa. — Os olhos negros de Colin brilharam em determinação.

— E-eu quero. — Hadrian sentiu seu coração se encher de alegria.

— Tem certeza disso? Você pode negar, não tem problema. — O menor se aproximou do
Slytherin, nervoso por não saber como iniciar aquilo.

— Eu quero tentar. — Sua voz saiu mais firme enquanto seus olhos encararam as esmeraldas.
Hadrian sorria, sua mão pousando na lateral do rosto do Gryffindor, acariciando sua bochecha com
o polegar.

— Você ainda pode voltar atrás.

— Eu quero. — Sua voz quase não era audível. Seus olhos vagando entre as esmeraldas e os lábios
do moreno.

— Então feche os olhos. — Colin obedeceu, seu coração quase saindo pela boca enquanto sentia a
respiração do maior se aproximar do seu rosto, até que seus lábios se tocaram.

O loiro sentia fogos-de-artifício explodindo no seu interior. Hadrian Potter estava o beijando!
O garoto mais incrível do mundo! O garoto que ele gostava! Hadrian o estava beijando! E disse
que sentia alguma coisa por ele! Disse que queria tentar! A felicidade que ele sentia não cabia em
seu peito. Colin queria pular e gritar de alegria. Os lábios de Hadrian eram tão macios, e muito
mais experientes do que os seus, agora não mais virgens. Hadrian Potter o havia dado seu primeiro
beijo, não importa se ele não gostava de si como ele gostava, não importa se isso não resultaria em
nada mais sério. Aquilo era bom demais!

Colin ofegou quando sentiu uma mão em sua cintura o puxar para ficar entre as pernas do
maior, ao mesmo tempo que uma língua macia e habilidosa adentrava sua boca e acariciava a sua
própria. Com algo tão simples quanto isso, Hadrian havia tornado o seu dia o melhor de todos. Era
estranho ter uma língua extra dentro da sua boca, mas a sensação era boa demais para ele querer
parar. O mais velho era gentil e carinhoso, não querendo assustar o Gryffindor. Quando o beijo foi
quebrado pelo moreno, o mesmo sorriu ao ver os lábios avermelhados e as bochechas coradas de
Colin.

— O que achou? — Perguntou tímido, acariciando as bochechas muito coradas do outro.

— I-isso foi incrível! — Colin sorria, muito feliz. Inclinou-se na direção do carinho, apreciando o
mesmo.
— Fico feliz em ouvir isso. — Acariciou os cabelos loiros como um girassol. — Agora. Acho
melhor irmos antes que nos encontrem aqui.

— Claro. Até mais, Hazz. — Deu-lhe um selinho rápido nos lábios e logo saiu sorridente e
saltitante.

“Pode voltar, Nyx.” — Hadrian chamou a serpente pela ligação telepática. Esperou
pacientemente a mesma voltar e enrolar-se em seu pescoço.

— Até que essa foi rápida. E você não está fedendo tanto.

— Eu ainda estou descobrindo meus sentimentos por Colin. Mas acho que logo irei me
apaixonar perdidamente por ele.

— Por favor, me poupe dos detalhes! — Hadrian sorriu enquanto saia da sala rumando para a
biblioteca. Até que uma voz o chamou:

— Hadrian? — O garoto se virou para ver quem o chamara e deparou com Remus, que espiava
para os lados à porta de sua sala. — Que é que você está fazendo aqui? — Perguntou confuso.

— Perdi minha autorização. — Respondeu num tom que ele pretendia que fosse descontraído.

— Ah. — Remus observou o garoto por um momento. — Por que você não entra? Estive
aguardando a entrega de um Grindylow para a nossa próxima aula.

— Sério? — Perguntou animado enquanto entrava na sala com o professor. A um canto havia uma
enorme caixa de água. Um ser de cor verde-bile e chifrinhos pontiagudos comprimia a cara contra
o vidro, fazendo caretas e agitando os dedos longos e afilados.

— Não deve nos dar muito trabalho, não depois dos Kappas. O truque é deixar as mãos deles sem
ação. Reparou nos dedos anormalmente compridos? Fortes, mas muito quebradiços. — O
Grindylow arreganhou os dentes verdes e em seguida se enterrou num emaranhado de ervas a um
canto. — Xícara de chá? — Ofereceu o homem, procurando a chaleira. — Eu estava mesmo
pensando em preparar uma.

— Claro. — Aceitou jogando-se em uma cadeira. Remus deu alguns golpes de varinha na chaleira
e na mesma hora saiu do bico uma baforada de vapor quente. Logo tirando a tampa de uma lata
empoeirada, colocou um saquinho e passou a Hadrian uma caneca lascada cheia de chá.

— Como está indo o ritual?

— Normal, eu acho. Ontem eu tirei a folha de Mandrake e hoje já iniciei o ritual de falar as
palavras mágicas no nascer e pôr-do-sol. — Comentou depois de beber um pouco de chá
observando o Grindylow que o ameaçava com o punho.

— Isso é muito bom. Agora é só esperar a próxima tempestade de raios. — Eles foram
interrompidos por uma batida na porta. — Entre. — Convidou o professor. A porta se abriu e
Severus entrou; trazia um cálice ligeiramente fumegante e parou, analisando o fato de Hadrian não
estar em Hogsmeade.

— Ah, Severus. — Exclamou Remus sorridente. — Muito obrigado. Podia deixar aí na mesa para
mim? — Severus pousou o cálice fumegante, os olhos indo de Hadrian para Remus. — Eu estava
mostrando a Hadrian o meu Grindylow. — Disse em tom agradável, indicando o tanque de água.

— Fascinante. — Comentou sem sequer olhar para o tanque. — Você devia beber isso logo,
Remus.

— É, é, vou beber.

— Fiz um caldeirão cheio. — Continuou Severus. — Se precisar de mais...

— Provavelmente eu deveria tomar mais um pouco amanhã. Muito obrigado, Severus.

— De nada. — Disse o colega, mas havia uma expressão diferente em seus olhos.

— Então vocês se entenderam? — Hadrian perguntou esperançoso. Os adultos o encararam.

— Pode-se dizer que estamos a meio caminho andando. — Remus comentou sorridente.

— Isso é bom. Não seria legal vocês sendo hostis um com o outro e eu no meio. — Comentou
brincalhão.

— Decidimos focar no nosso interesse em comum. — Severus começou, seus olhos brilhando em
carinho para o garoto. — Protegê-lo.

— Então você fez a poção wolfsbane? — Hadrian perguntou curioso.

— Sim. — Severus sorriu orgulhoso.

— Poderia me ensinar um dia? — Remus analisava em silêncio a interação entre os dois. Pelo
menos Severus evoluiu em relação a demonstrar e se permitir ter sentimentos.

— Claro que ensino. — Sorriu enquanto acariciava seus cabelos. — Mas por que não está em
Hogsmead? — Perguntou confuso.

— Dumbledore roubou minha autorização. — Suspirou e os adultos bufaram. — Olhem pelo lado
bom: ele não tentou me matar.

— Cuide-se, Hazz. Dumbledore é ardiloso e sorrateiro. — Severus beijou o topo da cabeça do


garoto antes de se endireitar. — Eu preciso ir agora. Até mais.

— Até. — Hadrian e Remus despediram-se enquanto o pocionista saiu da sala com sua capa peta
esvoaçando atrás de si.

— Nunca fui um bom preparador de poções e essa aqui é particularmente complexa. — Remus
apanhou o cálice e cheirou-o. — É pena que o açúcar estrague o efeito da poção. — Acrescentou,
tomando um golinho e estremecendo. — Essa poção vai aliviar os sintomas da licantropia. Ela é
muito perigosa quando preparada incorretamente, pois Aconite é uma substância muito venenosa.
A maneira como se deve absorver isso é muito singular entre as poções, pois uma taça de
wolfsbane deve ter sido tomada todos os dias durante uma semana antes da lua cheia. Esta poção é
a única coisa que me ajuda. Tenho a sorte de estar trabalhando ao lado do Severus; não há muitos
bruxos que saibam prepará-la corretamente. — Remus tomou mais um golinho enquanto o garoto
analisava o Grindylow. — Bem, Hazz, é melhor eu voltar ao trabalho. Vejo você mais tarde na
festa.

— Certo. — Concordou, deixando na mesa sua xícara vazia. O cálice vazio continuava a fumegar.
— Até mais, Moony.

— Cuide-se. — O garoto sorriu em despedida antes de sair da sala.

Nyx deslizou do seu pescoço e voltou ao seu tamanho original, permanecendo ao lado do
garoto, só que agora no chão. A meio caminho do corredor do terceiro andar, perto da estátua de
uma bruxa corcunda, de um olho só, dois pares de mãos o agarraram e arrastaram até um armário
de vassouras. Dois sorrisos travessos iluminaram sua visão antes do moreno ser prensado entre
dois corpos fortes e maiores que ele próprio.

— Pensamos que você estivesse em um encontro com o Draco. — George sorriu, ele era o gêmeo
que estava na frente de Hadrian, agarrando sua bunda e apertando-a.

— O que faz aqui, pequeno? — Fred perguntou num sussurro ao pé do seu ouvido, segurando sua
cintura.

— Roubaram minha autorização. — Hadrian sorriu para o ruivo a sua frente. — O que estão
fazendo? — Perguntou curioso. — Vocês não vão a Hogsmeade?

— Antes de ir viemos fazer uma festinha para animar você. — Disse Fred, com uma piscadela
misteriosa.

— Presente de Natal antecipado para você, Hazz. — George tirou alguma coisa de dentro da capa
com um gesto largo e colocou-a em cima de uma carteira. Era um pedaço de pergaminho, grande,
quadrado e muito gasto, sem nada escrito na superfície. Hadrian, desconfiando que fosse uma
daquelas brincadeiras de Fred e George, ficou parado olhando para o presente.

— E o que isso? — Perguntou confuso.

— Isso, Hazz, é o segredo do nosso sucesso. — Disse Fred, beijando-lhe o pescoço.

— Dói na gente dar esse presente para você. — Admitiu George. — Mas decidimos, na noite
passada, que você precisa muito mais dele do que nós. E, de qualquer maneira, já o conhecemos de
cor. É uma herança que vamos lhe deixar. Para falar a verdade, não precisamos mais dele.

— E para que eu preciso de um pedaço de pergaminho velho? — Perguntou Hadrian.

— Um pedaço de pergaminho velho! — Exclamou George, fechando os olhos com uma careta,
como se o Slytherin o tivesse ofendido mortalmente. — Explique a ele Fred.

— Bem... Quando estávamos no primeiro ano, Hazz...

— Jovens, descuidados e inocentes... — Hadrian abafou uma risada. Duvidava se algum dia os
gêmeos teriam sido inocentes.

— Bem, mais inocentes do que somos hoje... Nos metemos numa certa confusão com Filch.

— Soltamos uma bomba de bosta no corredor e por alguma razão ele ficou aborrecido...

— Então Filch nos arrastou até a sala dele e começou a nos ameaçar com os castigos de costume...

— Detenção...

— Nos arrancar as tripas...

— E não pudemos deixar de reparar numa gaveta do arquivo dele em que estava escrito
“Confiscado e Muito Perigoso”.

— Não precisam continuar... — Hadrian começou a sorrir.

— Bem, que é que você teria feito? — Perguntou Fred. — George soltou mais uma bomba de bosta
para distrair Filch, eu abri depressa a gaveta e tirei... Isto.

— Não foi tão desonesto quanto parece, sabe. — Comentou George. — Calculamos que Filch
nunca tivesse descoberto como usar o pergaminho. Mas, provavelmente suspeitou o que era ou não
o teria confiscado.

— E vocês sabem como usar?

— Ah, sabemos. — Disse Fred, rindo. — Esta joia nos ensinou mais do que todos os professores
da escola.

George apanhou a varinha, tocou o pergaminho de leve e disse: “Juro solenemente não fazer
nada de bom.” Na mesma hora, linhas de tinta muito finas começaram a se espalhar como uma teia
de aranha a partir do ponto em que a varinha de George tocara. Elas convergiram, se cruzaram, se
abriram como um leque para os quatro cantos do pergaminho; em seguida, no alto, começaram a
aflorar palavras, palavras grandes, floreadas, verdes, que diziam:

Os Srs. Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs, fornecedores de recursos para bruxos


malfeitores, têm a honra de apresentar o

MARAUDER’S MAP

Era um mapa que mostrava cada detalhe dos terrenos do castelo de Hogwarts. O mais
notável, contudo, eram os pontinhos mínimos de tinta que se moviam em torno do mapa, cada um
com um rótulo em letra minúscula. Pasmo, Hadrian se curvou para examinar melhor. Um pontinho,
no canto superior esquerdo, mostrava que Dumbledore estava andando para lá e para cá em seu
escritório; a gata do zelador, Madame Norris, rondava o segundo andar; e Peevs, o poltergeist,
naquele momento saltitava pela sala de troféus. E quando os olhos de Hadrian percorreram os
corredores que tão bem conhecia, ele notou mais uma coisa. O mapa mostrava um conjunto de
passagens em que ele nunca entrara. E muitas pareciam levar...

— Diretamente a Hogsmeade. — Disse Fred, acompanhando uma delas com o dedo. — São sete
ao todo. Até agora Filch conhece essas quatro. — Ele as apontou. — Mas temos certeza de que
somente nós conhecemos estas outras. Não se preocupe com a passagem por trás do espelho no
quarto andar. Nós a usamos até o inverno passado, mas já desabou, está completamente bloqueada.
E achamos que ninguém jamais usou esta porque o Whomping Willow foi plantado bem em cima
da entrada. Mas, esta outra aqui leva diretamente ao porão da Honeydukes. Nós já a usamos um
monte de vezes. E como você talvez tenha notado, a entrada é bem ali do lado de fora da sala, na
corcunda daquela velhota de um olho só.

Hadrian mal podia acreditar no que via. Era o Mapa do seu pai! O mapa que ele e seus
amigos criaram para pregar peças nas pessoas em seu tempo de escola. O mapa que fora perdido
quando eles foram pegos numa detenção. Era um pedacinho de seu pai ali. Uma lembrança
preciosa do que o homem fora um dia. O peito do moreno se enchia de amor e saudade por alguém
que nunca conheceu, uma felicidade quentinha que o fazia se sentir em casa. Sem saber, os gêmeos
o deram o melhor presente do mundo.

— Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs. — Suspirou George, dando um tapinha no cabeçalho do


mapa. — Devemos tanto a eles.
— Almas nobres, que trabalharam incansavelmente para ajudar novas gerações de transgressores.
— Disse Fred sorridente.

— Certo. — Acrescentou George depressa. — Não se esqueça de limpar o mapa depois de usá-lo...

— Senão qualquer um pode ler. — Recomendou Fred.

— É só bater com a varinha mais uma vez e dizer “Malfeito feito!”, e o pergaminho volta a ficar
branco.

— Portanto, jovem Hazz. — Disse Fred, numa incrível imitação de Percy. — Trate de se
comportar.

— Mas antes... — Os gêmeos voltaram a prensá-lo um contra o outro. — Queremos nosso


agradecimento.

— Então venham pegar. — Sorriu travesso ao sentir os ruivos o apertando com mais força. George
tomou-lhe os lábios com fome enquanto Fred beijava e chupava levemente seu pescoço.

George separou suas pernas com seu joelho, empinando sua bunda ainda mais e apertando-a
com força, arrancando um gemido do moreno entre o beijo. Suas línguas duelavam deliciosamente
enquanto Fred trabalhava em acariciar todo o seu corpo e beijar seu pescoço. Quando o contato
fora quebrado pelo maior, Hadrian foi virado, analisando o sorriso de Fred. O moreno fora
colocado na mesma posição que George o colocara, mas agora era Fred quem o beijava com
necessidade. Como antes, Fred era mais carinhoso, mesmo beijando-o com desejo. Quando o
“agradecimento” terminou, os gêmeos o soltaram, admirando os lábios avermelhados e as
bochechas coradas do menor.

— Obrigado, meninos. — Hadrian se afastou e pegou o mapa, acariciou o pergaminho com


delicadeza, os olhos brilhando com lágrimas.

— Hey, pequeno. — George olhou-o preocupado enquanto ele e seu irmão se aproximavam do
outro garoto.

— O que aconteceu? — Fred perguntou, enquanto duas mãos, uma de cada, seguraram o rosto do
moreno.

— Nada. — Hadrian fungou e abriu o maior sorriso do mundo. — É que esse mapa foi criado pelo
meu pai. — Os olhos castanhos dos gêmeos se arregalaram. — Ele era o Prongs. Vocês me deram
o melhor presente que eu poderia pedir. Muito obrigado. — Os gêmeos sorriram brilhantemente e o
abraçaram com carinho.

— Não sabíamos que era do seu pai. — Fred começou.

— Se não teríamos o dado muito antes. — George concluiu.

— Muito obrigado. — Eles se afastaram.

— Não precisa agradecer, pequeno. — Eles beijaram suas bochechas com carinho.

— Vejo você na Honeydukes. — Despediu-se George, piscando.

Os gêmeos deixaram a sala, sorrindo satisfeitos consigo mesmos. Hadrian ficou ali,
contemplando o mapa milagroso. Abriu o mesmo e acompanhou o pontinho de tinta Madame
Norris virar à esquerda e parar para cheirar alguma coisa no chão. Se Filch realmente não
conhecia... Ele não teria que passar pelos dementors. Hadrian acompanhou com o dedo a passagem
secreta até a Honeydukes. Depois, subitamente, como se obedecesse a uma ordem, enrolou o mapa,
guardou-o nas vestes e correu para a porta da sala de aula. Abriu-a um pouco, não havia ninguém
do lado de fora, além de Nyx escondida atrás da estátua. Com muito cuidado, esgueirou-se da sala
até as costas da estátua da bruxa de um olho só.

— Sério? De novo? — Ela o encarou como se desaprovasse suas ações.

— E você e a Hera? — Sorriu vitorioso quando não recebeu uma resposta enquanto a serpente
diminuía de tamanho e subia nos seus ombros.

O garoto puxou o Mapa mais uma vez e viu um boneco dele que puxou uma varinha mínima
e um balão com texto apareceu com o feitiço Dissendium. Hadrian falou o feitiço e deu uma
batidinha na estátua de pedra com a varinha. A corcunda da bruxa se abriu o suficiente para admitir
uma pessoa bem magra. Hadrian deu uma espiada rápida nos dois lados do corredor, guardou outra
vez o Mapa, se içou de cabeça para dentro do buraco e deu um impulso para a frente. Ele deslizou
um bom pedaço, descendo o que parecia um escorrega de pedra e aterrissou na terra úmida e fria.
Levantou-se, então, olhando a toda volta. Estava escuro como breu. Hadrian ergueu a varinha e
murmurou:

— Lumus! — E pôde ver que se encontrava em uma passagem muito estreita, baixa e terrosa.
Ergueu, então, o Mapa, tocou-o com a ponta da varinha e disse baixinho: — Malfeito feito! — O
pergaminho ficou imediatamente branco. Ele o dobrou cuidadosamente, enfiou-o dentro das vestes,
depois, o coração batendo rápido, ao mesmo tempo excitado e apreensivo, Hadrian começou a
andar.

A passagem virava e tornava a virar, mais parecendo uma toca de coelho gigante do que
qualquer outra coisa. Hadrian caminhou depressa por ela, tropeçando aqui e ali no chão acidentado,
segurando a varinha com firmeza à sua frente. Levou uma eternidade, mas o garoto tinha o
pensamento fixo na capacidade da Honeydukes repor suas forças. Depois do que lhe pareceu uma
hora, a passagem começou a subir. Ofegante, Hadrian apertou o passo, o rosto quente, os pés muito
gelados. Dez minutos mais tarde, chegou ao pé de uns degraus de pedra muito gastos, que subiam a
perder de vista. Tomando cuidado para não fazer barulho, Hadrian começou a subir. Cem degraus,
duzentos degraus, perdeu a conta, olhando para os pés... Então, ele finalmente chegou.

— Nox. — A luz de sua varinha se apagou.

Parecia um alçapão. Hadrian apurou os ouvidos, não conseguia ouvir nenhum som em cima.
Muito devagarinho, empurrou o alçapão e espiou pela borda; deparou-se com um porão, cheio de
caixotes e caixas. Ele subiu pelo alçapão e tornou a fechá-lo, ele se fundiu tão perfeitamente com o
soalho empoeirado que era impossível saber que estava ali. O garoto avançou lentamente até a
escada de madeira que levava ao andar superior. Agora decididamente conseguia ouvir vozes, para
não falar no tilintar de uma sineta e no abre e fecha de uma porta. Pensando no que deveria fazer,
Hadrian, de repente, ouviu uma porta se abrir muito próximo; alguém ia descer a escada.

— E traga mais uma caixa de lesmas gelatinosas, querido, eles praticamente levaram tudo... —
Disse uma voz feminina.

Dois pés desceram a escada. Hadrian pulou para trás de um enorme caixote e esperou os
passos se distanciarem, ouviu o homem deslocando caixas na parede oposta. Talvez não tivesse
outra oportunidade. Rápida e silenciosamente, depois de colocar um feitiço para não ser notado, o
garoto saiu abaixado do esconderijo e subiu as escadas; ao olhar para trás, viu um enorme traseiro e
uma careca reluzente enfiada em uma caixa. Hadrian alcançou a porta no patamar da escada,
escapuliu por ela e se encontrou atrás do balcão da Honeydukes, abaixou-se, saiu quietinho de lado
e por fim se levantou. A Honeydukes estava tão cheia de alunos de Hogwarts que ninguém olhou
duas vezes para Hadrian. O garoto foi passando entre eles, olhando para os lados e reprimiu uma
risada só de imaginar a expressão que apareceria na cara de porco do Dudley se pudesse ver onde
ele estava agora.

Havia prateleiras e mais prateleiras de doces com a aparência mais apetitosa que se pode
imaginar. O garoto se espremeu entre os alunos do sexto ano que enchiam a loja e viu um letreiro
pendurado no canto mais distante do salão (SABORES INCOMUNS). Draco e seus amigos
estavam bem embaixo, examinando uma bandeja de pirulitos com gosto de sangue. Hadrian,
sorrateiramente, foi parar atrás dos três.

— Ugh, não, Hazz não vai querer esses, são para vampiros. — Blaise comentou.

— E esses aqui? — Perguntou Theodore, enfiando um vidro de cachos de barata embaixo do nariz
de Draco.

— Decididamente não. — Disse Hadrian agarrando Draco pelas costas e beijando-lhe o pescoço.
Theodore quase deixou cair o vidro.

— Hazz! — Surpreendeu-se Pansy. — Que é que você está fazendo aqui? Como... Foi que você...?
— Hadrian baixou a voz de modo que nenhum dos alunos de sexto ano pudesse ouvir e contou aos
amigos sobre o Marauder’s Map.

— Estou tão feliz que você veio. — Draco sorriu contente e beijou-lhe brevemente.

— Eu também. — Retribuiu o sorriso.

— Mas e Black? — Blaise baixou ainda mais a voz. — Ele poderia estar usando uma das
passagens do Mapa para entrar no castelo. Ele foi um dos criadores.

— Ele que entre. — Hadrian deu de ombros, ainda abraçado em Draco. — Todos estão loucos
atrás dele. Ele não pode fazer muita coisa com Dumbledore espreitando tudo. Ou Sevvie e Moony
acabam com ele antes de chegar em mim. — Cuspiu o nome do velho como se fosse veneno.

— Quantas passagens tem? – Pansy perguntou curiosa.

— Fred e George calculam que Filch conheça quatro. E as outras três... Uma desabou, de modo que
ninguém pode passar. Outro tem o Whomping Willow plantado na entrada, portanto, não se pode
sair sem apertar o nó. E a que eu usei para chegar aqui.

— Viu as delícias gasosas, Hazz? — Perguntou Draco, puxando Hadrian e levando-o até a estante
em que se encontravam. — E as lesmas gelatinosas? E os picolés ácidos?

— Então iniciou o encontro? — Hadrian sorriu para o loiro, que o retribuiu.

— Iniciou.

— É a nossa deixa, galera. — Pansy comentou empurrando Theodore e Blaise para longe.

Depois que Draco pagou por todos os doces que comprou para os dois, o casal saiu da
Honeydukes para passear pela vila bruxa. Hogsmeade era “pitoresca” e cheia de lojas para visitar.
O casal andava despreocupadamente pelas ruas com as mãos dadas e sorrisos nos lábios.

— Ali é o Correio... A Zonko’s fica mais adiante...


— Qual a primeira parada do nosso encontro? — Hadrian se aconchegou contra o namorado

— Vamos tomar uma cerveja amanteigada no Three Broomsticks?

— Perfeito. — Beijou-lhe a bochecha com doçura. Eles atravessaram a rua e minutos depois
entravam na minúscula estalagem. A sala estava lotada e barulhenta. Uma mulher tipo violão, com
um rosto bonito, estava servindo um grupo de bruxos desordeiros no bar.

— Aquela é a Madame Rosmerta. — Disse Draco. — Vou pegar as bebidas, okay? — Deixou o
moreno em uma mesa no fundo do salão e beijou-lhe a testa antes de se afastar. O loiro voltou em
cinco minutos, trazendo duas canecas espumantes de cerveja amanteigada. — Feliz Samhain! —
Desejou ele alegremente, erguendo a caneca. Hadrian bebeu com gosto. Era a coisa mais deliciosa
que já provara e parecia aquecer cada pedacinho dele, de dentro para fora.

— Feliz Samhain, Moonlight. — Segurou uma das mãos do loiro que estava em cima da mesa. —
Aonde vamos depois?

— Que tal visitarmos a temida loja de chá? — Sorriu divertido.

— Perfeito. — Riram ao lembrar da fachada dolorosamente rosa e cheia de babados. — Estou com
a sensação de que nossos olhos serão queimados por aqueles bordados.

Dito e feito. Os dois tiveram que segurar o riso quando entraram na loja. Ela era
terrivelmente decorada com rosa e verde-pastel, várias xícaras e lacinhos enfeitavam as paredes,
em toda superfície que era possível tinha uma toalha cheia de bordados e detalhes “bonitinhos”, a
visão era de dar enjoo. Eles pediram dois chás para a Madame Puddifoot, uma senhora de cabelos
castanhos já ficando grisalhos e vestes tão espalhafatosas quanto sua loja. O casal se divertiu
observando todos os casais se beijando ou fracassando terrivelmente no encontro nas mesas ao
redor.

— Olha! Aquele ali parece que vai vomitar. — Hadrian indicou um garoto que estava muito verde
quando uma garota o beijou.

— Por que não mostramos a esses idiotas como se faz? — Aproximou sua cadeira da do moreno e
circulou seus ombros com um braço.

— Você é muito abusado. Querendo me usar para humilhar os outros.

— Posso fazer nada se eu tenho o coração do “Garoto-Que-Sobreviveu”. — Sorriu galanteador


enquanto aproximava seu rosto.

— Então mostre para eles como se faz. — Sorriu inocente ao sentir uma mão na sua nuca.

Em instantes seus lábios estavam unidos. Hadrian sempre estremecia de alegria quando
Draco o beijava. Agora, parando para pensar, essas mesmas sensações tomaram seu corpo ao beijar
Colin e os gêmeos. As borboletas na sua barriga faziam a festa enquanto seu coração disparava
contra seu peito, fazendo a adrenalina no seu sangue percorrer todo o seu corpo em segundos.
Hadrian ia aprofundar o beijo, mas Draco se afastou. O moreno fez um beicinho e olhou pidão para
o namorado.

— Não é um local “adequado” para continuarmos.

— Você é mau. — Sorriu ao ver o namorado fazer o mesmo.

— Quer ver a Shrieking Shack?


— Adoraria. — Os dois terminaram suas bebidas, pagaram e saíram animados para a manhã fria.
Seria um longo e delicioso encontro.
Capítulo 49
Chapter Notes

Toma o cap 1 de 4

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Então, quer dizer que você aproveitou o tempo que passou no castelo. — Draco sorriu ao ver as
bochechas do moreno corando depois que ele contou sobre Colin e os gêmeos. Os dois voltavam
para a Honeydukes, ainda lotada de alunos, para que Hadrian pudesse voltar para Hogwarts antes
do passeio terminar.

— Te encontro em Hogwarts. — Beijou brevemente os lábios do loiro, antes de se misturar na


multidão e se infiltrar no porão. Logo voltando para a passagem secreta. — Lumus. — O garoto
avançou pela estreita passagem, até que chegou ao final. Pegou o pergaminho que guardou em suas
vestes e bateu levemente com sua varinha no mesmo. — Juro solenemente não fazer nada de bom.
— O Mapa “surgiu” na folha. Mostrando que o corredor estava livre para ele sair da passagem. —
Malfeito feito. — Quando finalmente saiu de trás da estátua da bruxa de um olho só, o garoto
guardou o Mapa e se encaminhou para a sala de Remus.

— Entre. — Apressadamente, o moreno entrou e fechou a porta. Remus tinha uma sobrancelha
erguida em sua direção. — Já sentiu saudades minhas? — Sorriu divertido ao ver a expressão
excitada do garoto.

— Melhor! — Estendeu o pergaminho em branco, os olhos âmbares do homem cintilaram. — Faça


as honras.

Sorriu entregando-lhe às mãos trêmulas do mais velho. Remus pegou sua varinha, com as
mãos ainda tremendo e deu umas batidinhas no pergaminho, pronunciando a frase que faria o Mapa
surgir. Seus olhos lacrimejaram ao ver as palavras aparecerem no pergaminho em branco.

— Co-como você...? — Remus ainda estava concentrado em analisar o Mapa.

— Filch tinha confiscado ele. No primeiro ano do Fred e do George eles o encontraram e “pegaram
emprestado”. Filch conhece essas três passagens. — Apontou-as no pergaminho. — Essa aqui
desabou e não pode mais ser usada. — Indicou-a. — Sobrando a da Honeydukes e a da Whomping
Willow. Então eles me presentearam com ele, já que decoraram todo o Mapa.

— Isso... — Remus tinha um sorriso nostálgico nos lábios. — Suponho que você foi a Hogsmead.
— Seus olhos focaram-se nas esmeraldas.

— Imagina... — Sorriu divertido.

— Eu sei que você iria de qualquer jeito. — Deu mais algumas batidinhas e “apagou” o Mapa. —
Tome. É seu, por direito. James queria dar para o primeiro filho, se não tivessem o confiscado.
Nunca conseguimos recuperar o Marauder’s Map. — Hadrian pegou o pergaminho e o guardou.
— Obrigado, Remus. — O homem sorriu para ele antes de receber um abraço apertado.

Quando o sol se pôs, antes do jantar, Hadrian fez o mesmo ritual que fizera no nascer do sol.
Na festa de Halloween, o garoto deu uma olhada para a mesa dos professores. Remus parecia
alegre e o mais saudável possível; conversava animadamente com Flitwick. E Severus estava com
sua típica máscara de desgosto sombrio. A festa terminou com um espetáculo apresentado pelos
fantasmas de Hogwarts. Eles saltavam de repente das paredes e dos tampos das mesas e voavam
em formação; Nearly Headless Nick, o fantasma da Gryffindor, fez grande sucesso com uma
encenação de sua própria decapitação incompleta.

Hadrian e os amigos desciam para as masmorras para terminarem a festa de Halloween na


Sala Comunal da Slytherin. Em outro lugar do castelo, os Gryffindor estavam tendo um problema
para entrar na sua torre. Neville, Colin e os gêmeos acompanharam os colegas da Gryffindor pelo
caminho habitual para a sua Comunal, mas quando chegaram ao corredor que terminava no retrato
da Fat Lady, encontraram-no engarrafado pelos alunos. A Fat Lady desaparecera do retrato, que
fora cortado com tanta violência que as tiras de tela se amontoavam no chão; grandes pedaços do
retrato haviam sido completamente arrancados. Sirius Black invadiu o castelo e tentou entrar na
comunal dos leões enquanto todos estavam na festa de Halloween. E quando a Fat Lady negou sua
passagem ele a atacou. Dumbledore mandou todos os alunos da Gryffindor voltarem ao Salão
Principal, onde foram se reunir a eles, dez minutos depois, os alunos da Hufflepuff, Ravenclaw e
Slytherin, todos parecendo extremamente atordoados.

— Colin? — Hadrian chamou preocupado quando viu o menor o abraçando com força. — O que
aconteceu? — retribuiu o abraço do menor.

— S-Sirius Black... Tentou invadir a nossa Torre. — O moreno sentiu um arrepio percorrer sua
espinha.

— Ele conseguiu entrar? — Perguntou preocupado enquanto acariciava os cabelos loiros e curtos
do garoto.

— Não. — Colin relaxou com o carinho que o moreno o dava. — A Fat Lady não abriu a
passagem, então ele a atacou. Mas ela conseguiu escapar.

— Pelo menos ninguém se machucou. — Neville, Ron e Hermione se aproximaram deles.

— Por que caralhos Sirius Black atacaria a Fat Lady? — Ron bufou enquanto colocava seu rato
Scabbers no bolso da camisa.

— Os professores e eu precisamos fazer uma busca meticulosa no castelo. — Disse o diretor aos
alunos quando os professores McGonagall e Flitwick fecharam as portas do salão que davam para
o saguão. — Receio que, para sua própria segurança, vocês terão que passar a noite aqui. Quero
que os monitores montem guarda nas saídas para o saguão e vou encarregar o monitor e a
monitora-chefes de cuidarem disso. Eles devem me informar imediatamente qualquer perturbação
que haja. — Acrescentou Dumbledore dirigindo-se a Percy, que assumiu um ar de enorme orgulho
e importância. — Mande um dos fantasmas me avisar. — Dumbledore parou, quando ia deixando o
salão, e disse: — Ah, sim, vocês vão precisar... — Com um gesto displicente da varinha, as longas
mesas se deslocaram para junto das paredes e, com um outro aceno, o chão ficou coberto por
centenas de fofos sacos de dormir de cor roxa. — Durmam bem. — Disse Dumbledore, fechando a
porta ao passar. O salão imediatamente começou a zumbir com as vozes excitadas dos alunos; os
da Gryffindor contavam ao resto da escola o que acabara de acontecer.

— Todos dentro dos sacos de dormir! — Gritou Percy. — Andem logo e chega de conversa! As
luzes vão ser apagadas dentro de dez minutos!
— Vamos, gente. — Disse Hadrian aos amigos, segurando a mão de Colin; e eles apanharam os
sacos de dormir e os arrastaram para um canto.

— Vocês acham que Black ainda está no castelo? — Cochichou Hermione, ansiosa.

— É óbvio que Dumbledore acha que ele ainda pode estar. — Respondeu Ron.

— É uma sorte ele ter escolhido esta noite, sabem. — Comentou Hermione quando entravam,
completamente vestidos, nos sacos de dormir e apoiavam o corpo nos cotovelos para conversar. —
A única noite em que não estávamos na Torre...

— Calculo que ele tenha perdido a noção do tempo, já que está fugindo. — Disse Ron. Hadrian e
os Slytherin permaneciam em silêncio, um olhar do moreno os avisou de que conversariam mais
tarde. — Não percebeu que era Halloween. Do contrário teria invadido o Salão. — Hermione
estremeceu. Fred e George se aproximaram deles, deitaram-se ao lado do grupo. A toda volta, os
colegas se faziam a mesma pergunta: “Como foi que ele entrou?”

— Vai ver ele sabe “aparatar”. — Sugeriu uma aluna da Ravenclaw, próxima. — Aparece de
repente, sabe, sem ninguém ver de onde.

— Provavelmente se disfarçou. — Disse um quintanista da Hufflepuff.

— Vai ver ele voou. — Sugeriu Dean Thomas.

— Francamente, será que eu fui a única pessoa que se deu ao trabalho de ler “Hogwarts: uma
história”? — Perguntou Hermione, zangada, a Ron.

— Provavelmente. — Respondeu o ruivo. — Por quê?

— Porque o castelo não está protegido só por paredes. — Hadrian começou; recebendo um olhar
estranho, que ele não conseguiu identificar, da garota. — Recebeu todo o tipo de feitiço, para
impedir as pessoas de entrarem escondidas. Ninguém pode simplesmente aparatar aqui.

— Eu gostaria de ver qual é o disfarce que é capaz de enganar os dementors. — Ron comentou
presunçoso. — Eles estão guardando todas as entradas da propriedade. Teriam visto se Black
entrasse voando. E Filch conhece todas as passagens secretas e os funcionários terão coberto
todas...

— As luzes vão ser apagadas agora! — Anunciou Percy. — Quero todo mundo dentro dos sacos de
dormir, de boca calada!

Todas as velas se apagaram ao mesmo tempo. A única luz agora vinha dos fantasmas
prateados, que flutuavam no ar em sérias conversas com os monitores, e do teto encantado, que
reproduzia o céu estrelado lá fora. Com isso e mais os sussurros que continuavam a encher o salão,
Hadrian se sentia como se estivesse dormindo ao ar livre, tocado por um vento suave. Aconchegou-
se contra Draco, puxou Colin para se aconchegar em si, que ainda estava abalado com tudo isso, e
segurou a mão de um Neville amedrontado, que estava atrás de Colin.

De hora em hora, um professor aparecia no salão para verificar se estava tudo calmo. Por
volta das três horas da manhã, quando muitos alunos tinham finalmente adormecido, Dumbledore
entrou no salão. Hadrian observou-o procurar por Percy, que estivera fazendo a ronda entre os
sacos de dormir, ralhando com as pessoas que continuavam a conversar. O monitor-chefe estava a
uma pequena distância de Hadrian e seus amigos, que depressa fingiram estar dormindo ao
ouvirem os passos de Dumbledore se aproximarem.
— Algum sinal dele, professor? — Perguntou Percy num cochicho.

— Não. Está tudo bem aqui?

— Tudo sob controle, diretor.

— Ótimo. Não tem sentido transferir os alunos agora. Arranjei um guardião temporário para o
buraco do retrato na Gryffindor. Você poderá levá-los de volta amanhã.

— E a Fat Lady, diretor?

— Escondida em um mapa de Argyllshire no segundo andar. Aparentemente se recusou a deixar


Black entrar sem a senha, então ele a atacou. Ela ainda está muito perturbada, mas assim que se
acalmar, vou mandar Filch restaurá-la. — Hadrian ouviu a porta do salão se abrir mais uma vez,
rangendo, e novos passos.

— Diretor? — Era Severus. — Todo o terceiro andar foi revistado. Ele não está lá. E Filch
verificou as masmorras; não há ninguém, tampouco.

— E a torre da Astronomia? A sala da Trelawney? O Owlery?

— Tudo revistado...

— Muito bem, Severus. Eu não esperava realmente que Black se demorasse.

— O senhor tem alguma teoria sobre o modo com que ele entrou, professor? — Perguntou
Severus. Hadrian levantou a cabeça um pouquinho para destampar a outra orelha.

— Muitas, Severus, cada uma mais improvável do que a outra. — Hadrian abriu os olhos
minimamente e espiou para o lado onde os três se encontravam; Dumbledore estava de costas para
ele, mas dava para ver o rosto de Percy inteiramente absorto e o perfil do Mestre de Poções, que
parecia zangado. — Preciso descer para falar com os dementors. Prometi que avisaria quando a
nossa busca estivesse terminada.

— Eles não quiseram ajudar, diretor? — Perguntou Percy.

— Ah, claro. — Disse Dumbledore com frieza. — Mas receio que nenhum dementor irá cruzar a
soleira deste castelo enquanto eu for diretor.

Percy pareceu ligeiramente desconcertado. Dumbledore saiu do salão rápida e


silenciosamente. Severus continuou parado um instante observando o diretor com uma expressão
de profundo rancor no rosto; em seguida também saiu. Hadrian olhou de esguelha para Draco e os
amigos Slytherin. Eles também tinham os olhos abertos nos quais se refletia o teto estrelado.

“As passagens.” — Hadrian gesticulou com os lábios, sem produzir som algum. Mas algo
estava errado. Dumbledore estava permitindo que Sirius invadisse o castelo, pois ele sabe a
existência da passagem do Whomping Willow, fora ele quem a construíra e plantou a árvore lá.
Por que não comentara isso com ninguém? Ele esperava que Sirius fizesse alarde em Hogwarts? O
que ele estava planejando? Quais eram os seus planos para tudo isso?
Capítulo 50
Chapter Notes

Toma o cap 2 de 4

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Nos dias que se seguiram não se falou de mais nada na escola senão de Sirius Black. Hadrian
continuou com o ritual de recitar as palavras mágicas com a varinha apontada para o seu coração
no nascer e pôr do sol. Agora ele começava a sentir como se tivesse um segundo coração batendo
dentro do seu peito, ele batia mais forte que o seu próprio. No início fora estranho, mas logo ele se
acostumou. As teorias sobre o modo com que Black entrara no castelo se tornaram mais e mais
delirantes. A tela rasgada da Fat Lady fora retirada da parede e substituída pela pintura de Sir
Cadogan e seu gordo pônei cinzento. Ninguém da Gryffindor ficou muito feliz com a troca. O
cavaleiro passava metade do tempo desafiando os garotos a duelar e no tempo restante inventava
senhas ridiculamente complicadas, que ele trocava no mínimo duas vezes por dia.

Hadrian agora estava sendo vigiado de perto. Os professores procuravam desculpas para
acompanhá-lo quando ele andava pelos corredores, e Percy Weasley (agindo, suspeitava Hadrian,
por ordem da mãe) seguia-o a toda parte como um cão de guarda extremamente pomposo. Para
completar, Severus chamou Hadrian à sua sala, com uma expressão tão sombria no rosto que o
garoto achou que alguém devia ter morrido. Ele o chamou para contar a verdade sobre Black estar
atrás dele, mas como Hadrian já sabia, Severus focou sua preocupação com a segurança do garoto.
Dizendo que vai pedir para Hooch supervisionar os treinos noturnos de quidditch.

O tempo foi piorando dia a dia, à medida que a primeira partida de quidditch se aproximava.
Sem desanimar, a equipe da Slytherin treinava com mais vigor que nunca sob o olhar vigilante de
Madame Hooch. Então, no último treino antes do jogo de sábado contra a Hufflepuff. Os mais
velhos subestimavam Cedric Diggory por ser inofensivo e grandalhão demais para ser um
apanhador, mas Hadrian sabia que não deveria julgar alguém facilmente. E ele já vira o garoto
jogar, ele era muito bom como apanhador.

Um dia antes da partida, o vento começou a uivar e a chuva a cair com mais força que nunca.
Estava tão escuro nos corredores e salas de aula que foi preciso acender mais archotes e lanternas.
Remus faltou as aulas, era lua cheia e ele tinha que se recolher para algum lugar seguro para sua
transformação. Severus Snape assumiu o comando da turma e seguiu o cronograma da última aula
de Remus. Claro que, destilando veneno de como eles estavam atrasados e o quão incompetente
Remus era como professor. Mais um dia normal para todos. Durante a última aula do dia, Runas
Antigas, começou uma tempestade de raios. Hadrian desesperou-se. Ele precisava achar um jeito de
sair. Sua cabeça estava a mil, tentando encontrar uma maneira de fugir.

— Eu posso te fazer vomitar. — Nyx sugeriu num sussurro.

— Faça. — Hadrian trocou olhares com Draco, o mesmo assentiu. O moreno sentiu a magia da
serpente envolver seu estômago e fazer pressão. Em segundos o seu almoço subiu pela sua
garganta. Hadrian virou para o lado, onde não havia ninguém, e despejou o líquido no chão. Todos
na sala o olharam com surpresa, preocupação e nojo. — Desculpe.

— Oh, senhor Potter. — A professora Bathsheda Babbling se aproximou, fazendo seu vômito
desaparecer com um balançar de varinha. — Você deve ter comido algo que não lhe caiu bem. Vá
para a enfermaria. — Com outro balançar de varinha uma autorização apareceu em suas mãos.
Hadrian, fingindo estar enjoado e zonzo, pegou o papel, juntou suas coisas e se retirou da sala.

— Obrigado. — Sussurrou enquanto pegava o Marauder’s Map e analisava os corredores enquanto


corria para o banheiro da Myrtle.

A fantasma não estava no banheiro quando ele chegou aos tropeços perto da pia. Assim que
Hadrian estava na primeira câmara, Nyx desceu ao chão e acompanhou o garoto, que corria pelos
túneis. Até a câmara principal. Hadrian sentia seus dois corações acelerados conforme ele entrava
no escritório. O frasco da poção estava ali. Dentro do mesmo, havia um único gole de uma poção
na cor vermelho sangue. Com as mãos trêmulas, o garoto pegou o frasquinho e saiu do escritório. A
câmara principal era muito espaçosa para Hera e Nyx transitarem livremente em seus tamanhos
máximos. Então seria perfeita.

— Pronto, filhote? — Nyx perguntou, estava um pouco afastada, para o dar liberdade.

— Pronto. — Com um suspiro, Hadrian fechou os olhos. — Quando eu deixar minha varinha
cair, quero que você a pegue e tire de perto de mim. Não quero que ela quebre.

— Vai dar tudo certo, Hazz. — A serpente falou num tom acolhedor, que acalmou os nervos de
Hadrian. Ele abriu os olhos, tomou fôlego e despejou a poção em sua boca. Um terrível gosto de
sangue tomou-lhe as papilas gustativas enquanto a poção descia lenta e pesadamente por sua
garganta, parecendo queimar. Seu braço direito, agora totalmente curado, levantou-se e apontou a
varinha para seu próprio coração.

— Amato Animo Animato Animagus. — Seu corpo inteiro foi tomado por uma dor flamejante, um
intenso batimento cardíaco fez-se presente em seu peito. Sua varinha escorregou de sua mão
enquanto Hadrian abraçava o próprio corpo e caía de joelhos no chão Nyx, prontamente, pegou a
varinha e se afastou, preocupada com o grito de dor que o garoto soltou.

Hadrian não sentia “apenas” o desconforto que os livros diziam. Ele sentia uma dor horrenda
e ardência. Seus gritos intensificaram quando ele sentiu seus ossos começando a se quebrar
lentamente. Seus dedos, tanto das mãos quanto dos pés, começaram a retroceder, encolhendo para
dentro do seu corpo e sua pele ia rasgando conforme seus membros encolhiam. Seus músculos e
órgãos se rasgavam, e depois se uniam em formatos diferentes do humano. A dor prosseguiu até
que ele não tivesse mais pernas e braços, mas isso era o que ele menos se preocupava. Sua pele
macia e sedosa escureceu como carvão e várias escamas pretas com as pontas com uma linha verde
esmeralda cobriram suas costas, enquanto escamas peroladas e mais macias surgiram na frente do
seu corpo.

Seu último osso da coluna, o cóccix, modificou-se, e então vários outros o seguiram até que
ele tivesse quinze metros de comprimento, sua caixa torácica desapareceu, junto com o seu quadril,
agora ele tinha várias costelas em cada fragmento da coluna. Suas orelhas desapareceram, seu
crânio modificou-se para o de uma serpente, presas afiadas cintilavam da sua boca aberta, sua
mandíbula era absurdamente móvel. Uma dor excruciante surgiu na ponta da sua cauda, quatro
“chifres” irromperam das suas escamas, um par de cada lado, sendo os segundos (não so da ponta)
menores que os primeiros (os da ponta). A mesma dor surgiu no local onde seu crânio terminava,
dois pares de chifres irromperam de cada lado, o “debaixo” sendo menor que o “de cima”. No meio
da sua cabeça, uma dorzinha surgiu quando uma joia púrpura irrompeu da sua carne. No meio dela,
havia um “risco”, como se fosse uma rachadura, em formato de raio. Seus intensos olhos verdes
como a Maldição da Morte estavam muito maiores, suas pupilas agora eram iguais às de Nyx, no
momento estavam tão retraídas que eram uma fina linha preta no vórtice verde.

Ele podia enxergar tudo, conseguia ver um rato muito distante no escuro se banhando; sua
língua bifurcada captava vários odores que ele nunca cogitou a hipótese de existirem. Uma leve
vibração no chão alertou seus sentidos, Nyx deslizava em sua direção. Estranhamente pequena em
comparação à criatura a sua frente.

— Você está lindo, filhote. — Sibilou orgulhosa enquanto aumentava de tamanho, atingindo seus
vinte metros. Sua grandiosa cabeça acariciou a de Hadrian. O mesmo mantinha-se jogado no chão,
sem folego ou forças para se mover.

— O que... Eu sou...? — Sua voz sibilante saiu em um sussurro cansado.

— Olhe por si mesmo, Hazz. — Ela aconselhou, divertida, enquanto saía do caminho.

Com muito esforço e estranheza, Hadrian se elevou, moveu sua cabeça para trás e analisou
seu corpo de cobra. Seu coração batia incrivelmente forte. O local frio e úmido o fez sentir um frio
terrível. Mas ele estava absorto demais em analisar seu corpo. Com muita dificuldade, ele tentou se
mover, não conseguindo, pois não tinha mais pernas e não sabia mover seus novos músculos.

— Tente mover seu corpo de um lado para o outro enquanto vai para frente. — Aconselhou
Nyx.

Hadrian se concentrou em sentir seu corpo, sentir cada músculo, cada osso. Mesmo estando
cansado e dolorido, ele queria prosseguir. Levaram-se vários minutos quando ele finalmente
conseguiu pegar o jeito. Agora ele rastejava alegremente ao lado de Nyx. A mesma, parecia uma
mãe, extremamente orgulhosa ao ver seu filho dando os primeiros passos. E era exatamente assim
que ela se sentia. Uma mãe orgulhosa.

— Agora tente subir sobre algo. Tente comigo. — Orientou. Hadrian assentiu, rastejando sobre o
corpo grosso de seu familiar. Ele havia conseguido, estava ficando mais fácil controlar seu novo
corpo. — Agora tente elevar o seu corpo o máximo que conseguir. — Hadrian obedeceu, e Nyx
enchia-se de orgulho do seu “pequeno” filhote. — Faça o bolinho. — Instruiu enquanto girava em
suas próprias bobinas e analisava a outra serpente a imitar prontamente.

— Eu consegui! — Hadrian era inundado pela felicidade. — Eu consegui!

— É claro que você iria conseguir, filhote. — Nyx se aproximou e acariciou a cabeça de Hadrian
com a sua. — Não quer se ver? — Indicou a “piscina” que tinha em um canto. Hesitante, Hadrian
foi até a água. Surpreendendo-se ao ver seu reflexo. Ele era uma Horned Serpent.

Quase nenhum animagus assumia a forma de uma criatura mágica. O mais comum era
assumirem a forma de um animal muggle normal. O animal representa a pessoa, sua personalidade,
mentalidade e ações. Mas ele era uma fodendo Horned Serpent. Outro detalhe, as Horned Serpents
são pequenas. Do tamanho que Nyx assumia quando ficava sobre seus ombros. Mas ali estava ele,
com seus quinze metros de comprimentos.

Horned Serpent
Classificação do Ministério: XXXXX (mata bruxos/impossível de treinar ou domesticar)

A Horned Serpent é uma cobra mágica encontrada em várias regiões do mundo, mas é mais
comum na América do Norte. Existem várias espécies diferentes de Horned Serpents encontradas
em todo o mundo; grandes espécimes foram encontrados no Extremo Oriente, e o grupo mais
diversos ainda existente era nativo da América do Norte. Certas espécies americanas também
exibiam uma joia na testa. Elas são consideradas inteligentes, com olhos ferozes. Essas serpentes
emitiram uma nota baixa e musical para soar perigo. Os seus chifres podem ser usados como
núcleos de varinhas. Dizia-se que sua joia concedia poderes de invisibilidade e fuga, tornando-a o
elemento mais procurado da espécie.

Bestiários antigos sugeriram que as Horned Serpents já foram nativas da Europa Ocidental,
mas foram caçadas até a extinção por bruxos em busca de ingredientes para poções. Possui
algumas semelhanças com os Basilisks, como ser uma serpente e o tamanho da estrutura de seus
ancestrais; mas essas criaturas não possuem nenhum parentesco. Elas possuem dois tipos de
respiração, pelo oxigênio retirado do ar, e o oxigênio retirado da água. Seu corpo pode suportar as
altas pressões de águas fundas do mar.

A Horned Serpent, na mitologia americana, é associada a uma figura mística com a água,
chuva, raios e trovões. Na tradição oral, a criatura é uma serpente subaquática que possui escamas
brilhantes e um cristal em sua testa. Tanto as escamas como o cristal são valorizados, pois possuem
poder de adivinhação. Além disso, seus chifres poderiam ser usados na medicina. Em uma tribo
dos Cherokee, essa serpente é chamada Uktena, e é uma espécie de cobra-dragão que possui o
tamanho de um tronco de árvore gigante. A pedra de sua cabeça é transparente e denominada
Ulun'suti. Já na tribo dos Sioux, a criatura é chamada de Unhcegila, e eram tidos como perigosos e
enormes répteis aquáticos. Porém, em uma lenda, os Thunderbirds destroem todas as espécies
gigantes dessa serpente, sobrando apenas as pequenas.

— Agora você precisa voltar, filhote. — Nyx comentou preocupada depois que Hadrian tentou
respirar de baixo da água, e conseguiu. — Ficamos horas aqui embaixo. Draco não vai conseguir
te acobertar por muito tempo.

— Okay. — Ele se afastou da água e se concentrou na sua forma humana. Dessa vez, a dor não
veio, apenas um desconforto levemente dolorido enquanto seu corpo mudava para o de humano. —
Vá na frente e peça para Draco me encontrar no banheiro da Myrtle. Mande-o trazer a Capa da
Invisibilidade. — Pediu, seu corpo todo tremia, seus músculos muito doloridos para se moverem,
seus ossos estralando e seu corpo ardendo.

— Eu já volto! — A serpente deixou a varinha na sua frente e saiu pelos canos, encolhendo
enquanto rastejava com velocidade até as masmorras.

Apenas estender o braço e pegar a varinha fora um esforço horrendo. Mas ele se concentrou,
lutando bravamente contra a vontade de se jogar no chão e desmaiar. Hadrian demorou alguns
segundos para conseguir se colocar de pé. Levaram-se alguns minutos até que ele finalmente
conseguiu chegar a primeira câmara. Ele ordenou que as escadas em espiral surgissem, e assim ele
levou mais alguns minutos para voltar ao banheiro da Myrtle. Sua pele pingava suor devido ao
esforço. Ele teria que pedir uma poção de energia e dor para Severus. Ou ele não conseguiria jogar
no dia seguinte.

— Hazz! — Dois braços acolhedores o agarraram quando ele irrompeu da passagem. — Graças a
Salazar! — Draco o tomou em seus braços e o sustentou.
— Feche. — Hadrian ordenou e a passagem o obedeceu.

O loiro jogou a Capa da Invisibilidade sobre eles e carregou o namorado para as masmorras.
Todo o esforço de subir as escadas da Câmara fizeram suas pernas ficarem absurdamente bambas e
trêmulas, mas Draco o sustentou até que eles estavam no seu quarto no dormitório masculino da
Slytherin. Hadrian suspirou pesadamente quando foi deitado na cama.

— Eu vou mandar Theo atrás de Severus. Você precisa de algumas poções. — Draco anunciou
enquanto saía apressado do quarto, Nyx subiu na cama e acomodou-se ao lado do garoto.

— Como você se comunicou com Draco? — Hadrian perguntou curioso.

— Eu peguei a Capa e indiquei com a cabeça para que ele me seguisse. — Se Nyx possuísse
ombros, Hadrian jurava que ela estaria os balançando como se não fosse grande coisa. — Você foi
incrível, filhote. Agora Durma um pouco. — Hadrian não tinha forças para agradecer, sua mente
estava vagando pelo vazio enquanto suas pálpebras pesadas finalmente se fechavam. Ele precisava
descansar.
Capítulo 51
Chapter Notes

Cap 3 de 4

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian acordou extremamente cedo na manhã seguinte; tão cedo que ainda estava escuro.
Seu corpo não doía mais, parecia que toda a dor que sofrera na noite anterior nunca havia
acontecido. Ele se levantou e se vestiu, apanhou a Nimbus 2000 e saiu silenciosamente do
dormitório. Não sem antes dar um singelo beijo na testa de Draco, que dormia confortavelmente na
cama do moreno. Hadrian sabia que não adiantava imaginar que a partida seria cancelada; as
disputas de quidditch não eram desmarcadas por ninharias como trovoadas. Ainda assim, ele estava
começando a se sentir apreensivo.

Cedric Diggory era aluno do quinto ano e muito maior do que Hadrian. Os apanhadores
geralmente eram leves e velozes, mas o peso de Diggory seria uma vantagem com um tempo
desses porque seria menor a probabilidade do apanhador ser tirado de curso. Hadrian matou as
horas na Sala Comunal até amanhecer diante da lareira, Nyx voltara de sua caçada e enroscou-se
em si mesma sobre as pernas do garoto, que lia um livro qualquer nas mãos.

— Ficamos muito preocupados com você, filhote.

— Desculpa por isso. Mas a primeira transformação foi muito exaustiva. Parecia que tinham
sugado minhas forças, minha magia, minha alma. Não sei como consegui voltar para o
banheiro.

— Draco acordou Theo e Blaise. Eles foram atrás de Severus.

— Suponho que ele enlouqueceu.

— Você está certo. — Hadrian acariciava as escamas da serpente com carinho. — Severus dizia
que alguém deveria estar junto com você para o ajudar. Mas ainda assim ele estava mais
preocupado em enfiar poções na sua boca.

— Eu não queria preocupar vocês. Desculpa.

— Draco também estava preocupado. — Finalmente, Hadrian calculou que já devia ser hora do
café da manhã, então ele esperou Draco e os outros descerem. Passos apressados podiam ser
ouvidos das escadas.

— Por Merlin! — Nyx foi rápida em sair do caminho quando Draco jogou-se nos braços do
namorado. — Quer me matar de susto, desgraça?! — Olhou para as esmeraldas, perdendo a pose
raivosa ao ver Hadrian sorrindo divertido. — Não ria. Eu quase enfartei!

— Desculpa, Moonlight. — Beijou-lhe a testa antes de fazer o loiro se sentar ao seu lado.
— O que aconteceu lá embaixo? — Puxou o moreno para si, fazendo-o recostar-se contra seu
corpo e apoiar a cabeça em seu ombro.

— A transformação sugou muita magia. — Sorriu ao lembrar-se da sensação de estar completo


quando se transformou. — Acho que foi porque acabei virando uma criatura mágica. — Draco
arregalou os olhos e analisou o namorado.

— Oi? — Nyx subia pelo braço do loiro e enrolava-se em seu pescoço.

— Eu virei uma Horned Serpent. Só que de quinze metros de comprimento. — Corou ao ver
surpresa e admiração nos olhos cinzas do namorado.

— Cê tá brincando com a minha cara, né? Quinze metros? Uma Horned Serpent?

— Posso te mostrar mais tarde. — Levantou a cabeça e sorriu para o loiro.

— Eu só irei acreditar vendo. Eu te amo, mas isso é muito surreal. — Riram divertidos.

— Espero que você tenha virado uma borboleta. — Theodore desceu as escadas, um grande bocejo
escapando pelos seus lábios. — Acordar todo mundo pra ajudar o Santo Potter. — Jogou-se numa
poltrona. — Eu vou começar a cobrar se isso se tornar comum. — Quando Blaise e Pansy se
juntaram ao grupo, todos subiram para o Salão Principal. Hadrian se reanimou um pouco com uma
grande tigela de mingau de aveia, e, no momento em que começou a comer torradas, o restante da
equipe aparecera no Salão.

— Vai ser uma partida dura. — Comentou Marcus, que não queria comer nada.

— Pare de se preocupar, Marcus. — Disse Lucian para tranquilizá-lo — Não vamos derreter com
uma chuvinha à toa.

— Boa sorte. — Os amigos desejaram quando Hadrian e Draco seguiam o time. Como o loiro era
um apanhador reserva, ele tinha que estar pronto caso algo desse errado. Fred, George, Colin,
Neville, Ron e Hermione gritaram pelo salão desejando-lhe sorte.

“Chuvinha” era eufemismo, mas como o esporte era tão popular, a escola inteira se
acomodava nas arquibancadas encharcadas. Os times se prepararam devidamente, com os
equipamentos necessários e tudo mais, Hadrian lançou um feitiço que impedia seus óculos de
proteção contra o mau tempo de embaçarem ou molharem demais para ter boa visibilidade. O
vento estava tão forte que eles entraram em campo cambaleando para os lados. Se os espectadores
estavam aplaudindo, os aplausos eram abafados por novos roncos de trovão.

Hadrian viu a boca de Madame Hooch formar as palavras “Montem em suas vassouras”. Ele
puxou o pé direito pingando lama e passou-o por cima de sua Nimbus 2000. Madame Hooch levou
o apito à boca e soprou, um som agudo e distante. E a partida começou. O garoto subiu depressa,
mas o vento puxava sua Nimbus ligeiramente para o lado. Ele a segurou o mais firme que pôde e
deu uma guinada, apertando os olhos contra a chuva. A partida fora dura, ninguém conseguia ver
direito ou se manter na vassoura devidamente com aquele temporal. Hadrian impeliu a vassoura
pelo ar turbulento, espiando para todos os lados à procura do pomo, evitando um balaço,
mergulhando por baixo de Diggory, que voava na direção oposta...

Ouviu-se novamente o trovão, acompanhando um raio bifurcado. A partida estava ficando


mais perigosa a cada minuto. Hadrian precisava chegar ao pomo depressa. Ele se virou,
tencionando rumar para o centro do campo, mas naquele momento, outro relâmpago iluminou as
arquibancadas e Hadrian viu algo que o distraiu completamente...
A silhueta de um enorme cão negro e peludo, claramente recortada contra o céu, imóvel na
última fila de cadeiras vazias. As mãos dormentes de Hadrian escorregaram do cabo da vassoura e
sua Nimbus afundou alguns palmos. Sacudindo a franja encharcada, que lhe escapava do coque
que prendia seus cabelos, para longe da testa, ele tornou a apertar os olhos para ver as
arquibancadas. O cão desaparecera.

— Hazz! — Ele ouviu a voz angustiada de Marcus vinda de algum lugar: — Hazz, atrás de você!

Hadrian olhou a toda volta, desesperado. Cedric Diggory subia em grande velocidade e havia
entre os dois um grãozinho dourado brilhando no ar varrido de chuva. Com um tremor de
excitação, Hadrian se achatou contra o cabo da vassoura e disparou em direção ao pomo. Mas
alguma coisa estranha estava acontecendo. Um silêncio inexplicável foi caindo sobre o estádio. O
vento, embora continuasse forte, se esqueceu momentaneamente de rugir. Era como se alguém
tivesse desligado o som, como se Hadrian, de repente, tivesse ficado surdo. Então uma onda de frio
terrivelmente familiar o assaltou, penetrou seu corpo, no mesmo instante em que ele tomava
consciência de algo que andava lá embaixo no campo...

Antes que tivesse tempo para pensar, Hadrian desviou os olhos do pomo e olhou para baixo.
No mínimo cem dementors apontavam os rostos encapuzados para ele. Era como se houvesse água
gelada subindo até o seu peito, cortando os lados do seu corpo. E então ele ouviu outra vez.
Alguém gritava, gritava dentro de sua cabeça. Uma mulher...

“Meu filho não! Não meu filho, por favor! Hazz não!”

“Afaste-se, sua tola... Afaste-se, agora...”

“Meu filho não, por favor não. Me leve. Me mate no lugar dele...”

Uma névoa anestesiante rodopiava enchendo o cérebro de Hadrian... O que é que ele estava
fazendo? Por que é que estava voando? Precisava ajudá-la... Ela ia morrer... Ia ser assassinada...
Sua mãe... Ele precisava salvar sua mãe... Ele foi caindo, caindo sem parar pela névoa gelada.

“Meu filho não! Por favor... Tenha piedade... Tenha piedade...”

Um estampilho surgiu, uma voz rosnou, a mulher gritava, e Hadrian perdeu a consciência.

Ele ouvia as vozes murmurarem, mas não faziam sentido algum. Não tinha a menor ideia de
onde estava ou como chegara ali, ou o que andara fazendo antes de chegar. Só sabia que cada
centímetro do seu corpo estava doendo como se ele tivesse levado uma surra. Um toque quente em
cada mão o confortava.

Vultos negros encapuzados...

Frio...
Gritos...

Hadrian abriu os olhos de repente. Estava deitado na ala hospitalar. O time de quidditch da
Slytherin, sujo de lama da cabeça aos pés, rodeava sua cama. Draco, Colin, Theodore, Blaise,
Pansy, Fred, George, Neville, Ron e Hermione também estavam ali, parecendo que tinham acabado
de sair de uma piscina.

Eles perderam o jogo, Cedric pediu para que tivessem uma outra partida porque achou
injusto ganhar sendo que não vira que Hadrian tinha caído da vassoura. Dumbledore fez sua
incrível atuação de avô preocupado com Hadrian, mas na verdade ele estava enraivecido de ter que
impedir a morte certa do garoto, pois toda Hogwarts estava nas arquibancadas, e ele seria julgado
se não o salvasse. A Nimbus 2000 de Hadrian atingiu o Whomping Willow e se espatifou
completamente.

Draco, Colin e Nyx foram os únicos permitidos a ficaram ao seu lado. Madame Pomfrey
insistiu em manter Hadrian na ala hospitalar pelo resto do fim de semana. Ele não discutiu nem se
queixou, mas não deixou jogarem no lixo os estilhaços de sua Nimbus 2000. Sabia que era uma
atitude idiota, sabia que a vassoura não tinha conserto, mas o sentimento era mais forte que ele; ela
foi importante para si. Uma procissão de amigos veio visitá-lo, todos decididos a animá-lo. Hagrid
lhe mandou um buquê de flores com lagartinhas, que pareciam repolhos amarelos, e Colin,
corando furiosamente, apareceu com um cartão de votos de saúde, feito por ele mesmo, que
cantava com voz esganiçada a não ser que Hadrian o guardasse fechado embaixo da fruteira.

O time da Slytherin tornou a visitar o companheiro no domingo de manhã, desta vez em


companhia de Marcus, que declarou a Hadrian (numa voz de além-túmulo) que não o
responsabilizava pela derrota. Myrtle vinha visitá-lo todos os dias. Draco e Colin só deixavam a
cabeceira de Hadrian à noite enquanto Nyx permanecia ao seu lado. Mas nada que ninguém
dissesse ou fizesse conseguia fazê-lo se sentir melhor, porque eles só conheciam metade das suas
preocupações.

Ele não contara a ninguém que vira o Grim, nem a Draco nem a Nyx, porque sabia que eles
não iriam acreditar nisso. O fato era, no entanto, que o Grim agora já aparecera duas vezes, sendo
que na segunda vez ele levara uma queda da vassoura de quase quinze metros de altura. Será que o
Grim ia atormentá-lo até a morte? Será que ele, Hadrian, ia passar o resto da vida olhando por cima
do ombro à procura da fera?

Além disso havia os dementors. Hadrian sentia mal-estar e humilhação toda vez que pensava
neles. Todos diziam que os guardas eram medonhos, mas ninguém desmaiava sempre que se
aproximava deles. Ninguém mais ouvia mentalmente os ecos da morte dos pais. Isto porque agora
Hadrian sabia a quem pertencia a tal voz. Ouvira o que ela dizia, ouvira-a continuamente nas
longas noites passadas na ala hospitalar quando ficava acordado, contemplando as listras que o luar
formava no teto. Quando os dementors se aproximavam, ele ouvia os últimos instantes de vida de
sua mãe, sua tentativa de proteger o filho da mira de Lord Voldemort. Hadrian dava breves
cochilos, mergulhando em sonhos cheios de mãos podres e pegajosas e súplicas fossilizadas,
acordando de repente para voltar a pensar na voz da mãe.

Quando Hadrian saiu da Ala Hospitalar, Bulstrode o esperava com dramáticas atuações de
Hadrian caindo da vassoura. Agora que estava o garoto sem as bandagens, ela estava ainda mais
insuportável, como se tivesse deletado da sua mente o fato de ter sido salva de uma possível morte
sangrenta. Pansy finalmente se descontrolou e atirou um enorme e gosmento coração de crocodilo
na garota, que a atingiu no rosto. Severus ignorou completamente o ocorrido. Remus voltara ao
trabalho. Sem dúvida tinha a aparência de quem estivera doente. Suas vestes velhas estavam mais
frouxas e havia olheiras escuras sob seus olhos; ainda assim, ele sorriu para os garotos que
ocupavam seus lugares na classe e, em seguida, desataram a se queixar do comportamento de
Severus na ausência de Remus. Hadrian sentiu-se mal por não ter conseguido acompanhar Remus
em sua transformação deste mês.

Remus trouxera uma caixa de vidro contendo um Hinkypunk, uma criaturinha de uma perna
só, que parecia feita de fiapos de fumaça, a aparência frágil e inofensiva.

— O Hinkypunk atrai os viajantes para os brejos. — Informou o professor enquanto os alunos


faziam anotações. — Vocês repararam na lanterna que ele traz pendurada na mão? Ele salta para a
frente... A pessoa acompanha a luz... Então... — A criatura fez um horrível barulho de sucção
contra o vidro da caixa. Quando a sineta tocou, todos guardaram o material e se dirigiram para a
porta, Hadrian entre eles, mas... — Espere um instante, Hadrian. — Chamou Remus. — Gostaria
de dar uma palavrinha com você. — O garoto deu meia-volta e observou o professor cobrir a caixa
do Hinkypunk com um pano. Quando os dois estavam sozinhos na sala e Nyx deslizara para o
chão, Remus agarrou o garoto num forte abraço. — Soube do que houve no jogo. — Disse
enquanto se afastava um pouco para poder segurar as laterais do rosto do garoto e analisá-lo com
carinho. — Eu fiquei tão preocupado quando soube. Você está bem? — Hadrian sorriu, se ele fosse
um gato ele teria ronronado com o carinho.

— Estou bem, sim.

— E sinto muito pelo acidente com a sua vassoura. Há alguma possibilidade de consertá-la?

— Não. — Respondeu Hadrian tristemente. — A árvore arrebentou-a em mil pedacinhos. —


Remus suspirou.

— Plantaram o Whomping Willow no ano em que cheguei em Hogwarts. Os alunos costumavam


brincar de tentar se aproximar do tronco e tocar a árvore com a mão. No fim, um garoto chamado
Davey Gudgeon quase perdeu um olho e fomos proibidos de chegar perto do salgueiro. Uma
vassoura não teria a menor chance.

— Soube dos dementors também? — Perguntou com dificuldade. Remus lançou um olhar rápido a
Hadrian enquanto se afastava e guardava os livros de sua mesa.

— Soube. Acho que nenhum de nós tinha visto Dumbledore tão aborrecido. Há algum tempo, eles
estão ficando inquietos... Furiosos com a recusa do diretor de deixar que entrem na propriedade...
Suponho que tenham sido eles a razão da sua queda.

— Foram. — Hadrian hesitou e, então, a pergunta que queria fazer escapou de sua boca antes que
pudesse contê-la. — Por quê? Por que eles me afetam desse jeito? Será que sou apenas...?

— Não tem nada a ver com fraqueza. — Respondeu o homem depressa, como se tivesse lido o
pensamento de Hadrian. — Os dementors afetam você pior do que os outros porque existem
horrores no seu passado que não existem no dos outros. — Um raio de sol de inverno entrou na
sala, iluminando os cabelos caramelos de Remus e os traços do seu rosto jovem. Hadrian imaginou
como seria se ele não tivesse a aparência cansada devido a licantropia. — Os dementors estão entre
as criaturas mais malignas que vagam pela Terra. Infestam os lugares mais escuros e imundos, se
deleitam com a decomposição e o desespero, esgotam a paz, a esperança e a felicidade do ar à sua
volta. Até os muggles sentem a presença deles, embora não possam vê-los. Chegue muito perto de
um dementor e todo bom sentimento, toda lembrança feliz serão sugados de você. Se puder, o
dementor se alimentará de você o tempo suficiente para transformá-lo em um semelhante...
Desalmado e mau. Não deixará nada em você exceto as piores experiências de sua vida. E o pior
que aconteceu com você, Hadrian, é suficiente para fazer qualquer um cair da vassoura. Você não
tem do que se envergonhar.
— Quando eles chegam perto de mim... — Fixou o olhar na mesa de Remus, sentindo um nó na
garganta — Ouço Voldemort assassinando minha mãe. — Remus fez um movimento repentino
com o braço como se fosse segurar o ombro de Hadrian, e assim ele fez. Houve um momento de
silêncio, depois... — Por que é que eles tinham que ir ao jogo? — Exclamou amargurado.

— Estão ficando famintos. — Disse tranquilamente, fechando a maleta com um estalo. —


Dumbledore não permite que eles entrem na escola, então o suprimento de gente com que
contavam secou... Acho que eles não conseguiram resistir à multidão em torno do campo de
quidditch. Toda a excitação... As emoções exacerbadas... É a ideia que fazem de um banquete.

— Azkaban deve ser horrível. — Murmurou Hadrian. Remus concordou, sério. Seu coração
apertando-se ao lembrar que seu antigo amigo já estivera trancado naquele lugar, e que ele havia
traído James e Lily.

— A fortaleza foi construída em uma ilhota, bem longe da costa, mas não precisam de paredes
nem de água para manter os prisioneiros confinados, não quando eles já estão presos dentro da
própria cabeça, incapazes de um único pensamento agradável. A maioria enlouquece em poucas
semanas.

— Mas Black escapou. — Comentou Hadrian lentamente. — Fugiu...

— É. — Suspirou. — Black deve ter encontrado uma maneira de combatê-los. Eu não teria
acreditado que isto fosse possível... Dizem que os dementors esgotam os poderes de um bruxo que
convivem um tempo demasiado longo com eles...

— O senhor fez aquele dementor no trem recuar. — Disse Hadrian de repente.

— Há... Certas defesas que se pode usar. — Disse Remus. — Mas no trem havia apenas um
dementor. Quanto maior o número, mais difícil é resistir a eles.

— Que defesas? — Perguntou Hadrian em seguida, esperança e determinação brilhando em seus


olhos verdes como a Maldição da Morte. — O senhor pode me ensinar?

— Não tenho a pretensão de ser um especialista no combate a dementors, Hadrian... Muito ao


contrário... E também não quero que você se arrisque.

— Mas se os dementors forem a outro jogo de quidditch, preciso saber lutar contra eles... —
Remus avaliou o rosto decidido de Hadrian, hesitou, depois disse:

— Bem... Está bem. Vou tentar ajudar. Mas receio que você terá de esperar até o próximo
trimestre. Tenho muito que fazer antes das férias. Escolhi uma hora muito inconveniente para
“adoecer”.

— Obrigado, Remus. — Hadrian jogou-se nos braços do homem, seus corações se aquietando com
a presença e o calor um do outro.
Capítulo 52
Chapter Notes

Cap 4 de 4

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian estava se dirigindo para o Salão Principal com os seus amigos para desfrutarem do
jantar, então uma voz ofegante chamou o nome do moreno.

— Hadrian! — O garoto virou-se na direção do labirinto de escadas, só para ver Cedric Diggory
correndo para alcançá-lo e sofrendo para passar pelo mar de alunos esfomeados.

— Oi, Cedric. — Hadrian cumprimentou sorridente ao ver o garoto de cabelos marrons escuros
com olhos verdes bem clarinhos (e envolta das pupilas tem um caramelo se fundindo com o verde,
igual a um crisoberilo verde-amarelo).

— Podemos conversar por um momento? — Perguntou nervoso e envergonhado enquanto


desviava o olhar para longe.

— Claro. — Virou-se para os amigos. — Vejo vocês lá dentro. — Beijou a bochecha de Draco e
seguiu o garoto de dezesseis anos até um corredor vazio. — O que deseja? — As esmeraldas
cintilaram ao verem o maior corar.

— E-eu queria me desculpar pelo que aconteceu no jogo. — Sua mão esquerda subiu até a sua
nuca, e seus olhos esverdeados desviram-se dos de Hadrian. — Eu não tinha visto que você havia
caído. Senão eu não teria pegado o pomo.

— Está tudo bem. — Sorriu-lhe gentilmente, Nyx queria revirar os olhos ao ver o mais velho ficar
mais nervoso. Cedric sentia seu coração palpitar ao ver aquele sorriso angelical do menor.

— Eu tentei fazer com que pudéssemos ter outra partida, mas...

— Você ganhou justamente, Cedric. — Tocou-lhe levemente a mão, Cedric encarou-o com
espanto nos olhos. — Está tudo bem. — O moreno ficou na pontas dos pés e beijou o canto da
boca do mais velho. Ao se afastar, tinha um sorriso satisfeito nos lábios ao ver a vermelhidão do
maior. — Não fique se remoendo por isso. Nos vemos por aí, Cedric. — Acenou com uma mão
enquanto deixava o corredor. Cedric sentia seu coração pulsando contra seu peito e suas bochechas
fortemente coradas. Hadrian Potter possuía uma estranha capacidade de encantar todos ao seu
redor.

Com a promessa de receber aulas antidementors de Remus, o pensamento de que talvez não
precisasse mais ouvir a morte da mãe, e o fato de que Ravenclaw esmagara Hufflepuff na partida
de quidditch no final de novembro, o ânimo de Hadrian deu uma guinada definitiva para cima.
Afinal, Slytherin não fora eliminada da competição, embora o time não pudesse se dar ao luxo de
perder mais uma partida. Marcus tornou a ficar possuído por uma energia obsessiva, e treinou com
o time com mais empenho que nunca, na chuvinha gélida e nevoenta que persistiu até dezembro.

Hadrian não viu nem sinal de dementors nos terrenos da escola. A fúria de Dumbledore
parecia ter funcionado para mantê-los em seus postos nas entradas. Era um fato que Albus
Dumbledore queria ver Hadrian Potter morto, mas ele não poderia deixar sua máscara cair na frente
de toda a escola e arriscar a vida dos outros alunos. Não, ele acharia outro modo para arruinar a
vida do garoto.

Na última visita a Hogsmead ates de partirem para o Expresso de Hogwarts para o feriado de
Natal, os estudantes enxameavam a viela bruxa. No Three Broomsticks, Hadrian acabou por
escutar uma conversa entre os professores e Madame Rosmerta sobre Sirius Black. Hagrid estava
furioso com Black.

— Eu o encontrei! — Rosnou Hagrid. — Devo ter sido a última pessoa que viu Black antes de ele
matar toda aquela gente! Eu o encontrei! Siando da casa com o pequeno Hazz nos braços! Ele
queria ficar com o garoto e o levar a segurança, mas eu insisti para levar o garoto até Dumbledore.
Dumbledore havia me mandado resgatar o garoto para o levar para um lugar seguro! Nunca me
ocorreu o que ele estava fazendo ali. Eu não sabia que ele era o fiel do segredo de Lily e James.
Pensei que tivesse acabado de saber da notícia do ataque de Você-Sabe-Quem e vindo ver o que
era possível fazer. Estava tremendo, branco. E vocês sabem o que eu fiz? EU CONSOLEI O
TRAIDOR ASSASSINO! — Bradou Hagrid.

— Hagrid, por favor! — Pediu Minerva. — Fale baixo!

— Como é que eu ia saber que ele não estava abalado com a morte de Lily e James? Que estava
preocupado era com Você-Sabe-Quem! Então ele disse: “Vou levar Hazz para um lugar seguro.
Sou o padrinho dele, vou cuidar dele...” Ah! Mas eu tinha recebido ordens de Dumbledore, e disse
não, Dumbledore tinha me mandado levar Hadrian para a casa dos tios. Black discordou, mas no
fim cedeu. Me disse, então, que eu podia pegar a moto dele para levar Hadrian. “Não vou precisar
mais dela.”, falou. Eu devia ter percebido, naquela hora, que alguma coisa não estava cheirando
bem. Black adorava a moto. Por que estava dando ela para mim? Por que não ia precisar mais da
moto? A questão é que a moto era muito fácil de localizar. Dumbledore sabia que ele tinha sido o
fiel do segredo dos Potter. Black sabia que ia ter que se mandar àquela noite, sabia que era uma
questão de horas até o Ministério sair à procura dele. Mas e se eu tivesse deixado Hadrian aos
cuidados de Black, hein? Aposto como ele teria jogado o garoto no mar no meio do caminho. O
filho dos melhores amigos dele! Mas quando um bruxo se alia ao lado das trevas, não tem mais
nada nem ninguém que tenha importância para ele...

Ao partirem, um por um eles desapareceram atrás do balcão do bar. A porta do Three


Broomsticks tornou a se abrir, deixando entrar mais uma rajada de flocos de neve e os professores
desapareceram.

— Hazz? — Draco chamou num sussurro preocupado.

Todos seus amigos o encararam, sem encontrar palavras para falar. Hadrian estava
consumido pela raiva, um sádico desejo de vingança tomava o seu corpo. Lucius comentara que
Black não era um Death Eater, mas e se ele fosse um agente duplo tão secreto que nem mesmo os
mais leais a Voldemort soubessem de sua aliança? Ou pior... Se ele fosse um dos fiéis seguidores
de Albus Dumbledore?

O resto do passeio passou como um borrão na mente de Hadrian. Sua cabeça latejava com as
informações da conversa que acabara de ouvir. Seus amigos o observavam, muito nervosos,
durante o jantar, sem sequer se atrever a conversar com ele sobre o que tinham ouvido porque
tinham muitas pessoas envolta. Ao final da noite, quando todos os Slytherin desciam para as
Masmorras, Hadrian desculpou-se com os amigos e subiu para o seu dormitório. Draco e Nyx o
acompanhando. O moreno foi direto ao seu armário de cabeceira. Empurrou os livros para um lado
e não demorou a encontrar o que estava procurando: o álbum de fotografias encadernado em couro
que Hagrid lhe dera havia dois anos, repleto de fotos mágicas de seus pais.

O garoto se sentou na cama e começou a virar as páginas, procurando, até que... Parou numa
foto do dia do casamento dos pais. Lá estava seu pai acenando para ele, sorridente, os rebeldes
cabelos negros apontando para todas as direções. Lá estava sua mãe, radiante de felicidade, de
braço dado com o seu pai. E do outro lado... Aquele devia ser ele. O padrinho... Se não tivesse
sabido que era a mesma pessoa, jamais teria pensado que era Black naquela velha foto. Seu rosto
não era encovado e macilento, mas bonito e risonho. Já estaria trabalhando para Voldemort quando
a foto fora tirada? Já estaria planejando as mortes das duas pessoas ao seu lado? Saberia que ia
enfrentar doze anos em Azkaban, doze anos que o tornariam irreconhecível? “Mas os dementors
não o afetam.”, pensou Hadrian, examinando atentamente aquele rosto bonito e risonho. “Ele não
tem que ouvir minha mãe gritando quando eles chegam muito perto...”. Nesse instante Draco e
Nyx subiram na cama ao seu lado, Hadrian fechou com violência o álbum e, abaixando-se,
guardou-o de novo no armário, tirou as vestes e se jogou na cama.

— Hazz? — Draco chamou, hesitante. Hadrian não respondeu e tapou a cabeça com um
travesseiro. Ele sentiu o peso no colchão desaparecer, escutou o loiro trocando de roupa.

Um ódio que ele jamais conhecera começou a crescer dentro dele como veneno. Viu Black
rindo-se dele no escuro, como se alguém tivesse colado a foto do álbum em seus olhos. Assistiu,
como se estivesse vendo um filme, a Sirius Black explodir Peter Pettigrew em mil pedaços. Ouviu
(embora não tivesse a menor ideia do som que teria a voz de Black) um murmúrio baixo e
excitado. “Aconteceu, meu Senhor... Os Potter me escolheram para fiel do seu segredo...”. E então
ouviu outra voz, rindo-se histericamente...

— Sunshine? — O loiro arrastou-se para baixo das cobertas e puxou o menor para si, abraçando-
lhe fortemente. — Se você ficar com a cara enfiada no travesseiro vai se asfixiar. — Tentou
diminuir a tensão enquanto Nyx subia pelos seus corpos emaranhados, fazendo peso sobre eles.
Draco arrumou o namorado para ficar com a cabeça deitada sobre seu peito. Hadrian estava
relaxando ao ouvir os batimentos cardíacos do maior, somado com seu abraço apertado e Nyx
abraçando-lhe como podia. — Não fique assim, amor. — Os finos e longos dedos de Draco
acariciavam as madeixas negras com uma mão, enquanto a outra acariciava sua cintura.

— Podemos só dormir, por favor? — Pediu num sussurro tristonho. Draco beijou-lhe o topo da
cabeça com carinho e o trouxe para mais perto do seu corpo.

— Tudo bem. Descanse.

— Eu te amo. — As pálpebras de Hadrian começaram a pesar, tanta emoção num dia só o


desgastou completamente.

— Eu também te amo.

Na manhã seguinte, Hadrian não queria conversar com ninguém. Seus amigos faziam de tudo
para animá-lo, mas ele simplesmente não conseguia se importar. Então, numa tentativa de distrair o
moreno dos seus pensamentos, Blaise sugeriu que ele fosse até a Cabana de Hagrid, o meio-gigante
sempre o ajudava a se animar. Hadrian concordou. Então lá foram eles visitar o meio-gigante. Que
estava preocupado com o moreno, então começou a dialogar com o menor sobre criaturas. O
garoto mostrou seu “diário” para o amigo, que ficou impressionado com as informações ali
contidas e as belas ilustrações.

Nesse meio tempo, tinham sido armadas no resto do castelo as magníficas decorações de
Natal, apesar de poucos alunos terem permanecido na escola para apreciá-las. Sem contar que
Hadrian não encontrou tempo para mostrar aos amigos sua forma animagus, ele os mostraria no
Natal na Malfoy Manor, onde não teriam muitas pessoas e eles teriam privacidade. No dia antes do
embarque no Expresso de Hogwarts, para que os alunos voltassem para suas casas para
comemorarem com os familiares. Hadrian estava se despedindo brevemente de Remus e Severus,
já que os encontraria no baile de Yule, onde seria sua primeira vez dançando.

— Vocês vão mesmo, não é? — Perguntou esperançoso. Os três estavam na sala do Mestre de
Poções.

— Não perderíamos por nada. — Remus abraçou-lhe fortemente, seu lobo interior vibrando de
alegria com o perfume do garoto.

— Quero ver se você realmente aprendeu a dançar como um nobre. — Severus brincou, usando sua
máscara de desprezo, o que só fez o garoto rir.

— Você acha que o Draco e o Tom vão gostar do presente? — Hadrian perguntou nervoso,
olhando para os homens.

— Eles não seriam loucos de não gostarem. — Remus brincou, contendo o seu lobo enraivecido.

— Está seguro no seu malão? — Severus perguntou sorridente. Agora que ele estava com um belo
rosto, seu sorriso era de tirar o fôlego das pessoas ao seu redor.

— Está. Obrigado por buscar para mim. — Abraçou o Mestre de Poções.

— Tem certeza de que eu não vou causar problemas? — Remus perguntou nervoso.

— Tenho certeza absoluta. — Hadrian sorriu-lhe com carinho. — Eles não seriam loucos de irem
contra a minha vontade. — Piscou um olho para os adultos. — E me avise quando chegar à lua
cheia. Quero te mostrar a minha forma animagus. — Seu sorriso se alargou. — Vejo vocês no
Yule. — Beijou as bochechas dos dois adultos e retirou-se da sala. Dirigindo-se para a Torre da
Gryffindor. Ele tinha algumas “despedidas” para fazer.

— Hagrid. Tenho uma missão muito importante para você. — Dumbledore levantou-se de sua
cadeira e caminhou até o meio-gigante, entregando-lhe um colar com a corrente de couro preta e o
pingente de ferro banhado em tintura prateada em forma de um nó quaternário.

— O que o senhor quiser, eu farei, senhor. — Hagrid comentou convicto, guardando o colar num
bolso interno do seu casaco peludo.

— O jovem Hadrian precisa da nossa ajuda para voltar ao caminho da luz.

— Vamos ajudar o, Hazz. Não se preocupe, senhor. — Hagrid olhou-o confuso enquanto o diretor
voltava a sentar-se em sua cadeira atrás da mesa principal. Hagrid estava preocupado com o
pequeno Hadrian. Ele não deixaria o garoto ser manipulado! Precisava ajudá-lo! Hadrian era um
menino tão incrível, atencioso e amigável. O defendia com tanta garra que o fazia chorar de
emoção. Hadrian era como um irmão caçula para o meio-gigante. Ele faria de tudo para salvá-lo de
qualquer coisa.
Capítulo 53
Chapter Notes

OFICIALMENTE SE INICIOU O HAREM CARAIO!!!!


Colin, Nev e os gêmeos são oficialmente namorados do Hazz.
E HAREM NÃO É BAGUNÇA! São todos os boys x Hazz! Não tem interação
romântica entre os boys!!! O Hazz é o "centro" dessa caraia. Os boys só veem uns aos
outros como amigos ou irmãos. E é só isso de relação que os boys terão entre eles! O
romance é só Hazz x AllBoys.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Olá, Sir Cadogan. — Hadrian cumprimentou educadamente enquanto Nyx deslizava para o
chão.

— Eu vou ir caçar. Não quero presenciar essa tortura. — Comentou se afastando.

— Quem é o tolo que veio me desafiar?! — Empunhou sua espada. Sua aparência não era nada
ameaçadora por causa de ele estar montado em um pônei gordinho e preguiçoso.

— O senhor poderia chamar os gêmeos Weasley, Neville Longbottom e Colin Creevey, por
gentileza? — Fez uma breve reverência. — De cavaleiro para Príncipe, suponho que você adoraria
atender o meu pedido. — Sorriu travesso.

— Oh! Então você é um Príncipe, meu jovem? — Desceu do pônei, embainhou a espada e se
aproximou. Hadrian fez seu anel dos Pendragon crescer para que o retrato visse o emblema. — Por
Merlin! Literalmente! O anel dos Pendragon! — O homem sorria maniacamente enquanto
ajoelhava-se no chão e abaixava a cabeça. — Será uma honra atender ao seu pedido, vossa alteza
real. Só um minuto. — Ele se precipitou para fora da moldura, provavelmente atendendo ao seu
pedido. — Tudo o que quiser, vossa alteza. Foi uma grande honra atender ao seu pedido. — Fez
outra reverência enquanto a passagem se abria.

— Muito obrigado, Sir Cadogan. — Hadrian diminuiu o anel e sorriu para os garotos que saíram
da passagem. — Olá pessoal.

— Veio aqui para uma despedida? — Fred levantou uma sobrancelha, um sorriso travesso
estampado nos seus lábios finos.

— Não poderia ir embora sem dar o devido adeus. — Estendeu uma mão para Colin e Neville, que
coraram violentamente ao aceitarem sua mão.

Hadrian estava começando a sentir seu coração palpitar pelos Gryffindor, ele não sabia como
era possível ele gostar de tantas pessoas, mas ele gostava. Os momentos que passavam juntos, as
brincadeiras dos gêmeos, a timidez e delicadeza de Colin, as longas conversas sobre herbologia
com Neville, o espírito indomável dos ruivos, a doçura do loirinho, as aulas particulares de poções
do acastanhado. Cada sorriso, cada risada, cada elogio, cada beijo, cada abraço, cada carícia, cada
toque. Tudo isso estava crescendo no peito de Hadrian e tornando-se memórias preciosas e cheias
de carinho. Talvez, por não ter recebido amor e carinho em terna idade, seu coração precisava de
várias pessoas para amar, talvez o amor não seja limitado a preto no branco, talvez ele fosse tão
complexo que não existia explicação. Apenas entregar-se aos sentimentos inebriantes e aproveitar,
deixar que o coração dite as regras, esquecer tudo e afogar-se nesse mar de sensações e
sentimentos.

— É por isso que eu gosto de você, baixinho. — George mordeu o lábio inferior enquanto o
moreno liderava o caminho até uma sala vazia, com Colin de Neville logo ao seu lado.

— Eu tenho algumas coisas a tratar com vocês antes de ir. — Anunciou enquanto trancava a porta
e silenciava a sala. — Começando com você, Nev. — Olhou para o garoto extremamente confuso
e envergonhado. — E-eu não sei dizer isso de outra forma, mas eu gosto de você. — As bochechas
de Hadrian coraram intensamente enquanto olhava nos olhos castanhos do Gryffindor. — E-eu não
sei como ou quando isso começou, eu só queria passar mais tempo com você. Ansiava nossas aulas
particulares de poções só para estar perto de você, escutando sua risada e vendo esse sorriso tímido
que eu tanto adoro. Eu sei que você deve estar pensando que isso é loucura e que eu estou traindo o
Draco. Mas eu não estou. Ele sabe que gosto de pessoas além dele e me apoia nisso. Entenderei
perfeitamente se você não quiser tentar alguma coisa comigo. Não precisa ficar temeroso de que eu
irei deixar de ser seu amigo, pois eu nuca faria isso. Você pode... — Sua fala rápida e nervosa fora
cortada por lábios tímidos pressionados contra os seus em um selinho desajeitado. Os gêmeos e
Colin olhavam tudo com sorrisos felizes, pois sabiam que a felicidade de Hadrian era o que mais
importa para eles.

— Você fala demais. — Neville comentou envergonhado quando se afastou do moreno. Este
estava piscando sem parar com os olhos arregalados, só para então um sorriso radiante iluminar
seu rosto.

— Então isso é um “sim”? — Perguntou animado, suas mãos segurando as laterais do rosto do
Gryffindor.

— Sim, isso é um “sim”. — Admitiu com as bochechas extremamente coradas.

— Então eu posso te beijar? — Perguntou num sussurro rouco, se aproximando lentamente dos
lábios avermelhados que pareciam o chamar.

— Pode... — E não foi preciso dizer outra vez. Hadrian anulou a distância entre eles, puxando
delicadamente o menor para si, selando seus lábios num beijo delicado e romântico, provocando os
lábios sensíveis do acastanhado com movimentos lentos e carinhosos.

Neville estava e êxtase, ficava sonhando com esse momento por muitos anos, ele sabia que
nunca teria Hadrian para si. Quando viu a manchete com a foto de Hadrian e Draco de mãos dadas
no Diagon Alley seu coração despedaçou-se, ele nunca seria digno de competir com Draco. Ele era
perfeito, Hadrian nunca iria querer um garoto atrapalhado e gordinho como Neville. Doía fingir
que estava tudo bem enquanto seu interior era dilacerado. Ele estava tão perto dele, mas tão longe
ao mesmo tempo. O moreno era tão incrível, foi amigável com ele, o tratou normalmente, e cada
sorriso seu fazia Neville se apaixonar ainda mais. Mas ele nunca seria digno de tê-lo.

Bom, fora isso que ele pensava até esse momento. Hadrian gostava dele e queria tentar algo.
Ele não ligava se Neville era gordinho, desajeitado, inútil, quase um aborto. Ele disse coisas tão
belas para si, o ajudou em sua autoestima, o ajudou nas matérias que tinha dificuldade, o encorajou
a testar seus limites, o tratava normalmente e não o humilhava. Mesmo com tantos defeitos,
Hadrian gostava de si. E isso era tudo o que Neville poderia desejar.
— Estou me sentindo negligenciado, Gred. — George comentou com o irmão em tom de
brincadeira.

— Eu também estou me sentindo negligenciado, Feorge. — Fred entrou na brincadeira. Colin deu
um tapinha nos braços dos dois.

— Deixem eles! — Ralhou. — É um momento bonito e importante. Parem de ciúmes. — Todos


riram do mais novo. — Ei! — Protestou com as bochechas coradas e infladas de raiva.

— Antes que eu continue. — Hadrian olhou para Neville. — Você precisa saber que eu não gosto
apenas de você e Draco. Tem um garoto chamado Tom, Colin, os gêmeos e um pouquinho de
Cedric Diggory. — Comentou envergonhado.

— É. Não tem como não se apaixonar por Diggory. — George concordou.

— O cara é lindo. — Fred entrou na do irmão.

— E ainda existe o Tom. Vocês não o conhecem porque ele já se formou e está morando na
Malfoy Manor. Então... — Olhou com nervosismo para o acastanhado na sua frente. — Se você
não gostar da ideia de “me dividir” com outros garotos, você pode recusar meu pedido.

— Não me importo em te dividir com outros garotos, Hazz. — Neville assegurou. — Se eles o
fazem feliz, então está tudo bem pra mim. Desde que você não me deixe de lado. — Murmurou
envergonhado enquanto abaixava o olhar.

— Nunca. — Hadrian sorriu e beijou-lhe a testa com carinho. — Obrigado por aceitar entrar nesse
relacionamento doido. — Os garotos riram. — Agora. — Virou-se para Colin e os gêmeos. — Eu
queria saber se vocês também gostariam de entrar nesse relacionamento doido. — Anunciou
envergonhado e com as bochechas coradas.

— Ele ainda pergunta uma bobagem dessas, Feorge. — Fred brincou enquanto se aproximava do
Slytherin.

— Até parece que não demonstramos nossa adoração para o nosso grandioso rei, Gred. — George
colocou-se atrás de Hadrian e Fred ficou na sua frente.

— É claro que... — A cada palavra dos gêmeos eles iam se aproximando mais e prensando a
pequena cobra entre eles.

— Aceitamos... — George.

— Entrar nesse... — Fred.

— Relacionamento doido. — Hadrian sorria ainda mais enquanto tinha seu corpo pressionado entre
os ruivos. Ele se içou para cima com as pontas dos pés e beijou Fred com animação. George
beijava e chupava seu pescoço delgado com adoração enquanto seu irmão apertava a bunda farta
do menor. Oh, como Hadrian adorava estar entre os gêmeos.

Neville e Colin estavam muito envergonhados, mas não conseguiam parar de assistir a cena.
Hadrian ficava tão fodidamente sexy prensado entre os ruivos. O moreno ofegou de surpresa
quando subitamente foi virado para George e o mesmo não lhe deu tempo para recuperar o fôlego,
já atacando seus lábios com desejo. O Slytherin estava nas nuvens, eles aceitaram entrar nessa
loucura, eles o queriam, eles o amavam. Colin já estava dentro, os dois estavam tentando algo, o
que realmente cresceria até se tornar um intenso amor. Hadrian não poderia estar mais feliz, todos
os garotos que ele gostava retribuíam seus sentimentos na mesma intensidade.
— Sua vez, Colin. — Os gêmeos falaram em uníssono quando soltaram o menor e se afastaram
com sorrisos vitoriosos ao vê-lo entorpecido pelas sensações que o proporcionaram.

— Eu já disse que estava dentro da primeira vez que você disse que queria tentar. — Colin correu
sorridente e abraçou o pescoço de Hadrian.

— É bom saber que você não mudou de ideia, pequeno. — Sorriu apaixonadamente, circulando sua
cintura fina em um abraço reconfortante. Colin sorriu ainda mais antes de ficar na ponta dos pés e
unir seus lábios num beijo lento, transmitindo todos os seus sentimentos para o mais velho. E este
o retribuiu prontamente.

— A mãe vai enlouquecer de felicidade quando souber. — Fred comentou sorridente enquanto via
Hadrian pedir pra Neville, ele e seu irmão se aproximarem para um abraço. E assim eles fizeram. O
sorriso do moreno era tão radiante quanto o sol, o que aqueceu o coração dos quatro garotos.

— Reivindique o “pet” do relacionamento. — George indicou para Colin.

— Pet? — Hadrian olhou-o com o cenho franzido.

— É meio o que mais vai ser mimado no relacionamento. — Fred respondeu.

— Claro que tirando você, Hazz. — George sorriu. Ele e o irmão se colocaram atrás do Slytherin.

— Então ele é o nosso pet. — Hadrian sorriu ao virar-se para os olhos pretos do loirinho. O mesmo
corou ainda mais ao ver o moreno se aproximar do seu rosto. — Você gostaria de ser mimado por
todos nós? — Perguntou num sussurro, os lábios se roçando levemente, suas respirações quentes
misturando-se no ar. Uma mão subiu pelas costas delicadas do loiro, até se estabelecer na sua nuca.

— Sim... — Sua voz era um sussurro quase inaudível. Hadrian sorriu ainda mais ao sentir os
gêmeos beijando-lhe o pescoço.

O beijo foi mais intenso agora, mais faminto e mais sensual. O moreno ofegou quando o
aperto dos gêmeos em sua cintura se intensificou, e ele os imitou; pedindo passagem com a língua,
que prontamente fora aceita na boca de Colin. Suas línguas se acariciavam delicadamente em uma
dança lenta e envolvente. Os dedos delicados do menor agarraram-se em seu suéter da Slytherin,
tentando se estabilizar já que suas pernas estavam trêmulas de tanta felicidade. O moreno quebrou
o contato com vários selinhos delicados nos lábios avermelhados do menor.

Hadrian puxou Neville para um beijo ardente, que foi retribuído com timidez no início. A
língua do Gryffindor acariciava a sua com hesitação, sendo rapidamente dominada pela de Hadrian.
Este apertava sua cintura arredondada com uma mão, já que a outra estava na delgada de Colin.
Assim como o loiro, Neville se agarrou ao suéter do moreno, sentindo suas pernas tão moles
quanto gelatina. O coração de todos naquela pequena sala palpitava forte e intensamente contra
seus peitos, seus sangues percorriam seus corpos com rapidez e levando uma série de hormônios.

— Isso foi excitante. — George comentou, virando Hadrian para si, Fred tomou sua posição atrás
de Hadrian enquanto Colin e Neville acalmavam suas respirações ofegantes apoiados numa mesa.
— Mas agora eu quero oficializar nosso relacionamento. — Sorriu travesso enquanto Hadrian
circulava seu pescoço com seus braços e acariciava sua nuca.

— Venha oficializar então. — Sorriu malicioso, aproximando seus rostos, mas não tocando-os.

— Draco tem sorte por ter você vinte e quatro horas por dia. — Mordeu e puxou levemente o lábio
inferior alheio.
— Talvez um dia vocês também me terão vinte e quatro horas por dia. — Hadrian sorriu travesso
ao pressionar sua bunda contra a virilha de Fred. O mesmo soltou um rosnado baixo e apertou com
força sua cintura, dando uma leve mordida no ombro do menor.

— Não provoque, baixinho. — Fred sussurrou em seu ouvido, antes de chupar e mordiscar o
lóbulo de sua orelha.

— Espero que tenha entendido a situação, Hagrid. — O meio-gigante estava aterrorizado com as
informações que o velho o dera.

— Estão fazendo lavagem cerebral com o pequenino! Não posso deixar isso acontecer! — A
determinação brilhou em seus olhinhos de besouro.

— Pegue esse saquinho, Hagrid. — Dumbledore estendeu uma sacolinha de tecido. — Está cheia
com um pó para adormecer. Você deve separá-lo da serpente. É provável que ele se recuse a ir com
você, então terá que desacordá-lo.

— É para o bem dele. — Hagrid comentou com pesar. Hadrian parecia tão feliz com os Malfoy.
Mas se o que Dumbledore dissera for verdade, então o garoto está apenas sendo um porco para o
abate quando o Dark Lord retornar. Vivendo em uma ilusão para confiar nas cobras venenosas que
o cercam.

— Ele está mais seguro com Petunia, por causa da segurança da Proteção de Sangue que Lily
jogou sobre ele quando era um bebê. Devem tê-lo sequestrado no parque enquanto ele brincava
com seu primo e amiguinhos, então modificaram suas memórias e trancaram outras. —
Interiormente, Dumbledore estava sorrindo malignamente ao ver o quão manipulável Hagrid era.
— Esse colar vai mantê-lo seguro dos bruxos das trevas.

— Eu não irei desapontá-lo senhor.

— Você tem até o final deste dia. — Hagrid assentiu e se retirou da sala do diretor, apressando-se
para ir até o Owlery para escrever uma carta para Hadrian Potter.

— Melhor despedida impossível. — Os cinco sorriam divertidos, com as bochechas coradas, os


lábios avermelhados, as respirações levemente ofegantes, os cabelos desgrenhados e as roupas
amassadas.

— Vejo vocês no trem amanhã. — Hadrian deu um beijo de despedida nos quatro Gryffindor antes
de retirar os feitiços protetores e sair da sala, ainda arrumando os cabelos desalinhados e as roupas
tortas.

— Vai lá resgatar sua princesa trancada nas masmorras. — George brincou e todos riram.

Seu coração enchia-se de alegria por ter conquistado os seis garotos que ele gostava em um
relacionamento. Ele estava ansioso para ver os Gryffindor no baile de Yule, Hadrian os havia
convidado, e iria dançar com eles como os consortes que eram. E apresentar Tom para os
Gryffindor. Um pio chamou-lhe a atenção. Uma coruja sobrevoou o corredor e pousou no parapeito
da janela ao seu lado.

— Oi. — Hadrian sorriu para o animal e retirou a carta presa em sua pata. Em instantes a ave alçou
voo e desapareceu pelo crepúsculo da noite. O garoto franziu o cenho e abriu o pergaminho,
reconhecendo os garranchos quase ilegíveis do remetente.

Tenho um assunto urgente para falar com você. Venha imediatamente para a cabana. E
venha sozinho.

Hagrid.

Um mau pressentimento tomou o interior do moreno, varrendo toda a alegria do seu ser. Ele
enfiou a carta em seu bolso, entretanto o papel escorregou discretamente para o chão. Hadrian
correu para os jardins do castelo apressadamente. Ele chegou esbaforido na porta do guarda-caça e
bateu desesperadamente na mesma.

— Hazz! — O homem puxou-lhe para dentro e fechou a porta. Fang olhou o garoto ofegante,
apoiado nos joelhos.

— Eu recebi sua carta. O que aconteceu? — Suas esmeraldas brilhavam em preocupação.

— Ah, Hazz, meu garoto. — O meio-gigante pegou algo em seu bolso, uma sacolinha de tecido e
abriu-a. — Eu sinto muito. É para o seu bem. — Enfiou a mãozorra dentro do saquinho, apanhando
o pó púrpura.

— O quê? — Hadrian endireitou-se e olhou confuso para o homem. Mas nesse instante Hagrid
jogou em seu rosto o pó. — O que é... Isso...? — Sua voz foi morrendo lentamente enquanto ele
sentia-se tonto e suas pálpebras pesavam fortemente.

— Dumbledore disse que é para o seu bem, meu garoto. Me perdoe. — A visão de Hadrian capitou
o rosto barbudo do amigo todo desfocado, se aproximando de si. Até que a escuridão tomou sua
visão quando suas pálpebras se fecharam e suas pernas perdiam o equilíbrio. Hadrian teria caído no
chão se Hagrid não o tivesse segurado antes disso. — Eu sinto muito que tenha sido assim, Hazz.
— Lágrimas inundavam o rosto do homem. — Dumbledore vai te ajudar, meu garoto. Tudo vai
ficar bem.

Hagrid deitou o garoto na sua cama com delicadeza. Com as mãos trêmulas, o homem pegou
o colar no bolso e colocou-o no pescoço do mesmo. Nesse instante o objeto brilhou em vermelho,
sua luz envolveu o corpo de Hadrian, que logo desapareceu, tornando-se apenas uma bijuteria. O
meio-gigante sentia seu coração afundar-se em seu peito, mas era para o bem de Hadrian.
Dumbledore assegurou-lhe disso. Ele nunca mentiria para si, Dumbledore era um homem honrado,
justo, que só desejava o melhor para os outros, e possui um grande carinho por Hadrian.

— Está na hora. — Hagrid suspirou ao olhar pela janela e constatar que a noite já caia, junto com a
neve. Ele pegou Hadrian em seus braços, o garoto não pesava nada e era pequenino comparado ao
seu tamanho, e segurou uma velha chaleira amassada. Olhou para Fang com pesar. — Eu volto
logo, rapaz. — Saiu da cabana e foi para além dos limites de Hogwarts. Hagrid fechou os olhos
assim que sentiu a Portkey se ativar. E então o mundo se dissolveu ao seu redor em um vórtice
concentrado no seu umbigo.
Capítulo 54
Chapter Notes

ALERTA TORTURA!!!
EU TARRA CHORANDO E ESCREVENDO ESSE CAP E OS PRÓXIMOS!
SEJAM FORTES MEUS LINDOS! SE EU CONSEGUI ESCREVER ESSES CAPS,
ENTÃO VOCÊS CONSEGUEM LER ELES E DAR APOIO PRO NOSSO AMADO
HAZZ!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Existe um feitiço muito complexo e difícil de se fazer. Cincinno Execratione Maledicta


Congessit. Ele consiste em colocar um selo de restrição mágica em um objeto, este feitiço é
comumente utilizado em prisioneiros, para que não consigam escapar do seu cativeiro. Mas este
objeto do qual estamos falando é diferente, ele possui uma alteração onde a conexão de familiar e
bruxo é bloqueada, e ele só pode ser retirado por um bruxo com o núcleo mágico branco. Ou seja,
o garoto que possuía o colar de um nó quaternário pendurado no pescoço não conseguiria se salvar
ou ser resgatado. Nenhum de seus amigos possuía um núcleo mágico branco forte o suficiente para
desfazer o encanto, bruxos de núcleos neutros não poderiam fazer nada senão lamentar a perda.

— Finalmente eles chegaram. — Um homem corpulento que mais parecia uma morsa sorria
vitorioso enquanto corria para a porta da frente.

— Senhor Dursley. — Hagrid cumprimentou com lágrimas nos olhos, olhando o garoto
desacordado nos seus braços.

— Me dê o garoto. — Vernon fingiu um semblante preocupado, mas o seu interior se revirava de


ansiedade. Ele já podia escutar os gritos do garoto e o sangue escorrendo pelos dedos. — Que bom
que Dumbledore descobriu a verdade. — Reprimiu uma face de desgosto ao ver o meio-gigante
assoar o nariz, agora que estava com os braços livres.

— Cuide bem do garoto. Ele já sofreu muito. — As lágrimas escorriam descontroladamente pelo
seu rosto, desaparecendo na espeça barba desgrenhada.

— Claro. Vamos cuidar muito bem dele.

— Até mais, Hazz. — Hagrid acariciou o rosto sereno do jovem antes de se afastar pela rua escura
de Privet Drive. Vernon entrou na casa, sua esposa Petunia fechou a porta, enquanto o único filho
do casal, Dudley, dava saltos alegres.

— Vamos ficar ricos! — Petunia esganiçou-se ao ver seu marido dirigir-se para o “armário” sob a
escada. Alguns dias atrás, Dumbledore acrescentou um cômodo extra na casa. Algo que nenhuma
outra possuía.
— Só precisamos que ele assine os papeis que aquele velho maluco nos deu. — Vernon sorriu ao
abrir a porta, agora magicamente aumentada, escadas de madeira surgiram no seu campo de visão.

A família muggle sorriu malevolamente, o patriarca desceu as escadas até um porão escuro e
frio. Suas paredes e chão eram de pedra, nada ali era aconchegante como nas casas que viam nas
revistas e na televisão. Não, esse não era um porão normal. No lugar de ter uma área de lazer com
sofás confortáveis e coisas para se divertirem, o cômodo possuía estantes com estranhos objetos
nada amigáveis; mesas de madeira com algemas e correntes nas extremidades. Uma única lâmpada
mal iluminava o ambiente, sua luz refletindo nos objetos de ferro. Em diferentes locais, pendiam do
teto correntes para se prender uma pessoa. Em uma parede havia diferentes tipos de chicotes, e na
mais distante havia correntes nada confortáveis. Vernon jogou o garoto no chão, logo abaixo das
correntes, Dudley se aproximou animadamente com algemas nas mãos.

— Deixa eu fazer isso, pai? — Perguntou com os olhinhos brilhando.

— Claro, filhão. — Vernon acariciou os cabelos loiros da pequena baleia antes que o garoto se
aproximasse do moreno inconsciente. Dudley agarrou os pulsos de Hadrian, prendendo as algemas
fortemente, elas deixariam marcas nos pulsos do garoto. Assim que terminou de algemar os pulsos
do bruxo, o loiro elevou seus braços sobre a cabeça do mesmo e prendeu as algemas nas correntes
da parede, forçando o menor a ficar nessa posição dolorosa por tempo indeterminado.

— Peguei a varinha. — Petunia olhou para o objeto com desgosto e jogou-a longe. — E essa outra
coisa estranha. — Comentou para o pedaço quebrado de madeira, logo jogando-o longe também.

— Vamos jantar enquanto essa aberração ainda está dormindo. — Vernon colocou sua mão no
ombro do filho.

— Mas eu queria brincar com ele agora! — Fez birra.

— Não vamos desperdiçar o delicioso jantar que sua mãe fez. — Vernon comentou.

— Tudo bem. — Concordou a contra gosto, logo os três saíram do porão e o trancaram. Graças a
Dumbledore, ninguém escutaria o que poderia acontecer naquele lugar.

— Onde está o Hazz? — Pansy perguntou. Ela e o resto dos Slytherin olharam ao redor dos
corredores. Era hora do jantar e Hadrian não havia retornado da “despedida”.

— Eu não estou gostando disso. — Draco avistou os gêmeos Weasley, Neville e Colin indo para o
Salão Principal. — Já volto. — O loiro se levantou e correu para alcançar os Gryffindor. — Vocês
viram o Hazz? — Os três viraram-se, surpresos e confusos.

— Não. — Fred respondeu franzino o cenho.

— Faz algum tempo que nos separamos. — George comentou.

— Ele disse que iria te encontrar na biblioteca. — Neville completou.

— O que está acontecendo? — Colin perguntou apreensivo, todos notaram o nervosismo do


platinado.

— Ele não veio. Não o achamos em lugar algum. — Draco olhou ao redor. Um corpo serpenteando
pelo chão e abrindo caminho chamou sua atenção. Nyx vinha rapidamente em sua direção com
uma bola de pergaminho na boca. — Nyx! Me diz que o Hazz está bem! — Precipitou-se até a
serpente, os gêmeos, Neville e Colin o seguiram. Theodore, Pansy e Blaise chegaram logo depois.

— O que ela trouxe? — Blaise perguntou vendo Draco pegar o pergaminho e desamassá-lo.

— Hagrid disse que tinha algo importante para falar com ele e que era para ir sozinho. —
Theodore leu por cima do ombro do loiro. Todos entreolharam-se nervosamente.

— Temos que ver Severus. — Draco pegou Nyx nos ombros e começou a correr até as masmorras,
com todos os outros em seus calcanhares. Por onde passavam eles chamavam atenção de alunos
confusos.

— Senhor Malfoy? O que faz aqui? — O Mestre de Poções franziu o cenho ao ver o grupo virar
em um corredor, todos esbaforidos e com a preocupação irradiando de suas expressões.

— Hazz sumiu. — Pansy esganiçou-se. Os olhos negros de Severus arregalaram-se e seu coração
afundou no peito.

— Pra minha sala. — Disse antes de dar meia volta e caminhar apressadamente até sua sala com
todos logo atrás. — O que você disse? — Perguntou logo após trancar a porta e jogar um feitiço
silenciador.

— Hazz tinha ido se despedir de você e do professor Lupin. — Theodore começou.

— E logo depois ele veio se despedir de nós. — Os gêmeos falaram em uníssono.

— E era para ele nos encontrar na biblioteca logo depois. — Blaise estalava os dedos das mãos.

— Mas ele nunca chegou. — Draco concluiu entregando a carta para o homem, que leu e começou
a andar de um lado para o outro.

— Vá para casa e dê Nyx para Tom. — Severus praticamente correu até a lareira e jogou Pó de
Floo na mesma. Sim, Hadrian havia comentado com ele sobre a verdadeira identidade de Tom e
como ele estava são. — Ele é o único que consegue entendê-la, e ela pode encontrar Hazz com sua
ligação de familiar. — Draco correu para as chamas e desapareceu. — Eu vou atrás de Lupin para
nós irmos até Hagrid. Vocês voltem para o Salão Principal e finjam que nada aconteceu. —
Severus passou as mãos pelos cabelos negros. — Dumbledore deve estar por trás disso.

— Como podemos fingir que nada aconteceu?! — Fred perguntou incrédulo, pouco se importando
com a acusação de Severus contra o diretor.

— Não podemos mostrar à Dumbledore que sabemos. Finjam como se Hadrian estivesse se
divertindo com Draco. Mas não demonstrem nada e não contem a mais ninguém. E, em hipótese
alguma, olhem nos olhos de Dumbledore. Ele pode querer invadir suas mentes. — O grupo de
adolescentes assentiu antes que Severus desfizesse os feitiços e saísse corredor afora.

— TOM?! — Draco chamou assim que irrompeu das chamas na sala de estar da Malfoy Manor.

— Dray? — Narcissa surgiu na sala completamente surpresa. — O que faz aqui, meu filho? Você
deveria estar em Hogwarts. — Se aproximou preocupada ao ver o desespero nos olhos do filho.

— Hazz sumiu. — A mulher soltou um gritinho, que fora abafado por suas mãos. — Eu preciso
falar com o Tom. Onde ele está, mãe? — Desesperado, o garoto se aproximou da mulher.
— N-no jardim... — Ela respondeu, suas mãos tremiam em nervosismo. Draco não falou mais
nada e saiu correndo.

— Eu preciso falar com Ragnuk e Maray. — Narcissa correu para a porta onde tinha o portal entre
as casas.

— Draco? — Tom ergueu uma sobrancelha ao ver o loiro vir correndo ao seu encontro. — Você
não deveria estar na escola? — Perguntou sarcástico, mas seu sorriso morreu ao ver Nyx no
pescoço do loiro e o desespero nos olhos tempestuosos do mesmo.

— Hazz sumiu! — O moreno sentiu seu coração afundar-se.

— Eu ouvi Dumbledore conversando com o meio-gigante! Ele o manipulou para levar Hazz
embora! — Nyx quase gritou de desespero. — Eu estava tentando contatar ele pela ligação de
familiar e indo encontrá-lo, mas cheguei tarde. Eles o selaram! Eu não consigo falar com ele!
Não consigo encontrá-lo! Tom! Precisamos achá-lo! — O mundo de Tom Riddle desmoronou-se
sob seus pés. A única pessoa que ele amava estava em perigo, a pessoa que o ensinou a amar
desapareceu, ele poderia perder para sempre a pessoa que o salvou das trevas. O ódio e a
preocupação tomaram conta de si.

— Precisamos achá-lo. E rápido! — Os dois correram de volta para a mansão com os corações
dolorosamente contraídos contra seus peitos. Parecia que alguém havia roubado seus corações,
respirar era uma tarefa árdua, os pensamentos vagando entre memórias felizes e cenários
horrendos, todos envolvendo o lindo garoto de olhos com a cor da Maldição da Morte.

Anéis de herdeiro e senhorio são muito poderosos. Eles protegem seus usuários contra
magias ofensivas, magias mentais, venenos e compulsões. Estão fortemente conectados com os
núcleos mágicos de seus usuários, pois só assim eles aceitam o mesmo. Porém, se a magia do
bruxo era selada, os anéis não conseguirão acessar seu núcleo e o rejeitariam; retornando
imediatamente para seus devidos cofres, à espera de alguém digno para os reivindicar.

Hadrian sentia sua cabeça latejando, seus ouvidos zuniam irritantemente, seus olhos estavam
pesados, todo o seu corpo parecia chumbo, seus pulsos doíam contra algo metálico extremamente
apertado, seus braços elevados sobre sua cabeça doíam, ele sentia-se tonto, mas o pior de tudo era
o frio. Quando ele desceu pelos jardins de Hogwarts, ele usava seu uniforme comum com apenas
um suéter o protegendo do frio. Ele estava tão preocupado com Hagrid que nem se importara com
a temperatura, mas agora... Ele estava tremendo, o frio o consumia até os ossos, a ponta do seu
nariz estava avermelhada, suas costas e pernas estavam em contato com algo extremamente
gelado.

Mas espera. Hogwarts. Essa não era Hogwarts. Muito menos a cabana de Hagrid. Então onde
ele estava? O que havia acontecido?

As lembranças inundaram sua mente em segundos. Dumbledore manipulara Hagrid! E agora


ele estava preso em algum lugar! Maldita cabra velha! O ódio tomou-lhe o ser. Ao abrir os olhos,
ele assustou-se ao ver o local em que estava. Hadrian não gostou nada daquele lugar, certamente
nada de bom viria dele. Desesperado, tentou puxar seus pulsos ao vê-los algemados. Mas foi em
vão, eles estavam muito bem presos, a única coisa que conseguiu foi se machucar ainda mais.

Ao olhar ao redor, ele percebeu sua varinha e o pedaço de madeira jogado do outro lado da
sala. Ele nunca conseguiria alcançá-los. O moreno tentou usar sua magia para convocar sua
varinha, mas a única coisa que conseguiu foi sentir uma dor excruciante no peito, dor essa que lhe
arrancou um grito sofrido enquanto seus braços lutavam contra as algemas. Eles haviam selado sua
magia. “Ótimo!” — Pensou com raiva. — “Nyx! Por favor me diz que você pode me ouvir! Me diz
que você está me ouvindo!” — O silencio esmagador o perturbou. Ele não conseguiria pedir ajuda.

— INFERNO!

Hadrian lutou contra as algemas fervorosamente, ele podia sentir que havia criado
hematomas nos pulsos, mas ele pouco se importava, ele só queria fugir dali. Tentou se transformar
na sua forma de Horned Serpent, mas o que conseguiu foi outra onda de dor, arrancando-lhe um
grito ainda mais intenso. O som de uma porta destrancando-se o chamou a atenção. Seria
Dumbledore que estava descendo as escadas? Não os passos eram pesados demais para aquela
cabra velha, sem contar que podia-se ouvir mais de um par de pés. Seu desespero aumentou
drasticamente ao ver quem eram seus “anfitriões”. Vernon e Dudley sorriam diabolicamente para o
garoto.

— Mas que inferno! — Hadrian lutou ainda mais contra as algemas. Vernon e Dudley sorriram ao
ver o pânico tomando os olhos do prisioneiro.

— Ora, ora. O filho pródigo a casa torna. — Debochou Vernon aproximando-se lentamente do
garoto algemado.

— O que significa isso? Por que estou aqui? O que vocês querem? — Hadrian perguntava,
encolhendo seu corpo em si mesmo, numa tentativa de fugir de Vernon. O que não deu certo
porque ele estava acorrentado em um canto sem rotas de fuga.

— Para responder sua primeira pergunta... — Começou Vernon, um sorriso macabro tomava sua
face arredondada. — Isso significa que nós não somos os únicos que te odiamos. Aquele velho
desgraçado fez questão de dizer para que não tivéssemos nenhuma pena de você. Não que isso
fosse necessário. — Seu sorriso louco se alargou. — Não é mesmo, Hadrian? — Seu nome fora
lentamente proferido antes que uma risada enlouquecida escapasse de sua garganta. — Agora.
Respondendo a sua segunda e terceira pergunta... Nós queremos suas fortunas, além, é claro, de te
ver sofrer. — Se aproximou de uma parede com vários objetos pendurados. — E você está aqui,
além de sair do caminho do velho, para ser nossa fonte de diversão. — Completou pegando um
chicote muito fino e apontando o mesmo para o jovem. — E pode ter certeza de que nós vamos nos
divertir muito com você. — Olhou para o filho. — Dudley, as primeiras chicotadas são suas. — O
filhote de baleia sorriu largamente enquanto pegava o objeto nas mãos.

— Obrigado, papai. — Encarou o prisioneiro com um olhar louco. Hadrian tentou se soltar quando
o homem se aproximou.

— Não importa o que façam comigo, vocês nunca terão o que querem. — Hadrian rosnou, seus
olhos brilhando intensamente de ódio. Tudo isso por dinheiro! Eles eram loucos!

Vernon riu quando socou fortemente o rosto do garoto. Tão forte que sua visão escureceu
momentaneamente enquanto seu pescoço se torcia para o lado devido ao impacto. Com o
momentâneo desnorteamento do moreno, o homem soltou as algemas das correntes, agarrou-o pela
garganta e o arrastou até um gancho que estava suspenso por correntes no teto. Ainda grogue,
Hadrian tentou lutar para se desvencilhar das garras de seu tio, porém ele era mais forte e
conseguiu prendê-lo mais uma vez. Hadrian já sentia o ar faltando-lhe quando o homem finalmente
o soltou. O garoto manteve-se de pé, os braços acima da cabeça, inalava o ar desesperadamente, sua
garganta ardia dolorosamente, suas mãos formigavam devido à dificuldade que o sangue tinha para
subir por suas veias e artérias até as extremidades, seu olho direito pulsava de dor e sua cabeça
girava.

— Vamos fazer você mudar de ideia logo, Hazz. — Dudley agarrou o rosto de Hadrian com uma
mão, o aperto era forte e doloroso.

— Vão para o inferno! — Seus olhos brilharam ainda mais ao imaginar os dois mortos e
ensanguentados.

— Não, querido primo. — Dudley aproximou seu rosto do de Hadrian. — Você está no inferno.
— Sua voz saiu num sussurro rouco que fez o menor sentir um arrepio na espinha e algo se
embrulhar em seu estômago.

— Acho que não terá efeito se ele continuar com as roupas. — Vernon comentou ao se aproximar
com uma tesoura e um sorriso nos lábios.

— Encoste em mim e vão se arrepender! — Hadrian rosnou enquanto se debatia contra as


restrições que o prendiam.

— Ah, garoto. Não iremos nos arrepender de nada.

O homem cortou suas roupas, sem cuidado algum. As pontas finas da tesoura e suas lâminas
produziam rasgos na pele de porcelana. O sangue já começava a escorrer lentamente para fora do
corpo do bruxo. Vernon, pelo menos, o deixou com sua cueca. O frio o fez estremecer
violentamente enquanto sua pele ficava exposta.

— Olhe, papai! — Dudley exclamou ao posicionar-se atrás do primo. — Nossas cicatrizes


desapareceram! — Sorriu sadicamente enquanto analisava todo o corpo do bruxo.

— Vamos ter que fazer outra obra de arte. — Vernon comentou num falso tom de lamento. — Mas
não tem problema. — Seus olhos brilharam em insanidade quando focaram-se nos do sobrinho. —
Essa vai ser muito melhor.

O mais puro e intenso ódio derretia todo o seu ser. Hadrian estava enfurecido, tudo o que via
pela sua frente era vermelho. Ele não iria ceder, não iria fraquejar, não para eles. Ele seria forte.
Draco e todos os outros já devem estar à sua procura. Sim. O resgate logo viria. Mesmo que a
esperança não tivesse morrido, Hadrian não conseguia evitar os tremores e o implacável medo. Seu
trauma de infância, já meio superado, voltou com tudo a assombrar seu ser por inteiro. Dudley
estalou o chicote, o som enviou novas ondas de terror pela espinha de Hadrian, e ele lutou
desesperadamente contra as algemas e correntes.

— Respire fundo, Hazz. — A falsa voz doce de Dudley fez seu estômago revirar-se. — Relaxe o
corpo.

— VOU RELAXAR A MINHA MÃO NESSA SUA CARA DE PORCO IMUNDO! — Hadrian
berrou com ódio. Ele mal conseguia respirar brevemente, muito menos dar longas inspirações e
expirações. Ele fechou fortemente os olhos e tentou pensar em qualquer coisa, exceto a dor que
estava por vir, mas ele não conseguiu. Era tudo em que ele conseguia pensar, tudo o que sua cabeça
apavorada processava.

— Agora, Hazz. — Pronunciou o apelido com lentidão enquanto tomava um pouco de distância.
— Você vai se arrepender de ter destruído nossa casa e fugido. — Elevou o chicote lentamente.

Ele sentiu-se como se tivesse caído nas águas congelantes do Ártico e o fogo do ódio
apagou-se instantaneamente, deixando apenas o congelante e puro pânico. Hadrian sabia o que
viria a partir dali, e ele estava apavorado. Tantos anos lutando contra os pesadelos... Tantos anos
lutando contra o pânico... Ele perdeu a conta de quantas vezes acordou gritando no meio da
madrugada, ou de quando ele desmaiava por hiperventilar numa crise de pânico, ou quanto tempo
ele levou para parar de olhar para o escuro achando que Vernon iria surgir e o levar embora, ou
quantas vezes ele acabou se machucando em meio a insanidade momentânea das crises, quantas
vezes seus pais curavam seus machucados por acabar quebrando algo durante a temporária
loucura. Todos os esforços da sua família, e os seus próprios, foram jogados ao vento. Ele iria
voltar para a estaca zero; sozinho, apavorado e machucado. Todo o terror que passou nesta mesma
casa voltou para a superfície da sua mente, enchendo-o de pânico.

O chicote desceu com velocidade, cortando o ar num som que antecipava o pior, e chocou-se
contra o pequeno corpo de Hadrian. Um estalo foi ouvido milissegundos antes de um grito dolorido
quando o couro fez contato com a pele, que imediatamente rasgou-se. Aquilo era pior do que
quando era criança. Uma dor excruciante alastrou-se pelas suas costas, parecia que o chicote estava
cheio de farpas banhadas em ácido e elas dilaceravam sua pele ao mesmo tempo que o ácido a
corroía. Instantaneamente as lágrimas brotaram em seus olhos e começaram a escorrer por seu
rosto.

— VAMOS, ABERRAÇÃO! GRITE, NOS DIVIRTA! É SO PARA ISSO QUE SUA VIDA
MISERÁVEL SERVE: NOS DIVERTIR COM SUA DOR! — Gargalhava loucamente enquanto
continuava desferindo golpes seguidos contra a pele das costas do primo.

Dudley não parou de golpeá-lo até que estivesse ofegante e suado como um porco. Hadrian
estava mole contra as restrições, seus pés não mais o sustentavam, e sim seus pulsos rasgados pelas
algemas. Ele ainda estava consciente, mas não tinha mais forças a não ser gritar e chorar. Seu corpo
trêmulo estava coberto de suor. Suas costas estavam destruídas, cortes em diferentes ângulos as
cortavam de cima a baixo, porém, surpreendentemente, nenhum sangue escorreu para fora de seu
corpo.

— É a minha vez, filhão. Descanse um pouco. — Vernon falou enquanto pegava o chicote das
mãos do filho. — Você deve estar se perguntando o porquê ainda não desmaiou de hemorragia, não
é mesmo aberração? — Perguntou, olhando para as costas do bruxo. — Você vê, o velho queria
que você sofresse um Inferno na Terra. Então ele não poderia simplesmente te deixar morrer por
algo tão simples. Ele usou os poderes de aberração em todos os nossos brinquedos nesta sala, tudo
para impedir que você sangre até a morte. Não que eu me sinta feliz usando coisas feitas por uma
aberração, mas se é para te ver sofrer inúmeras vezes na minha frente... Então eu fico mais do que
contente. — Sorriu loucamente, se posicionou na frente do garoto. — Agora você vai sentir dor de
verdade, sua abominação. — E então o chicote desceu pela milionésima vez naquela noite.

Hadrian desejava a morte mais do que tudo.

Ele havia quebrado completamente.


Capítulo 55
Chapter Notes

ALERTA TORTURA E SOFRIMENTO!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian abriu os olhos devido uma terrível ardência no lado esquerdo do rosto, quando sua
visão focalizou, deparou-se com Dudley, ele o havia batido. Nada daquilo foi um pesadelo, até
porque ele não conseguia dormir, não conseguia se livrar deste tormento. Sua saída desse terror era
se “desligar” do mundo, trancando-se em sua mente, anulando qualquer som ao seu redor e
“fazendo o tempo parar”. Sua única saída para ter um pouco de paz em meio as trevas. Sua cabeça
estava girando, suas costas e peito doíam e ardiam terrivelmente. O que ele tinha feito para merecer
isso tudo? Ele não poderia ter uma vida normal como qualquer outro garoto de treze anos? Ele não
poderia viver em paz? Era pedir muito?

— Bem-vindo de volta. — Dudley sorriu malignamente enquanto se afastava do moreno. O porco


sorriu ao ver as esmeraldas o mirando com ódio.

— Vamos começar um novo dia, não? — Provocou Vernon descendo as escadas e olhando o
jovem, que ainda estava suspenso pelos pulsos desde a noite anterior. Hadrian fechou os olhos com
força, numa tentativa inútil de amenizar a terrível dor de cabeça que sentia. — O que deveríamos
tentar hoje? — Encarou o filho.

— Que tal relembrarmos os velhos tempos, papai? — Sugeriu apontando para um atiçador de
lareira pendurado na parede.

— Ótima ideia, meu filho. — Aprovou enquanto pegava o objeto nas mãos. — E esse é ainda
melhor do que o antigo. — Sorriu sadicamente para o sobrinho. — Depois que o velho melhorou
nossos brinquedos... — Deu uma pausa para mostrar o objeto ao seu prisioneiro. O atiçador, antes
frio e apagado, agora estava com a ponta incandescente, brilhando num tom avermelhado e o ar ao
seu redor tremeluzia com a alta temperatura que irradiava do mesmo. — Você vê? Só de segurá-lo
do jeito certo e ele já está ativado. — Seu sorriso se alargou ao se aproximar. — E você sabe a
melhor parte? — Encostou a ponta chamejante do atiçador na coxa do jovem, que imediatamente
gritou a plenos pulmões. — Você sente a dor de uma queimadura de quarto grau, mas é apenas
uma queimadura de primeiro grau. — Riu loucamente. — Incrível, não? — Encostou o atiçador no
braço do jovem, e sorriu ainda mais quando outro grito rompia a garganta de Hadrian.

Depois de mais de uma hora encostando o atiçador pelo corpo do bruxo, Vernon se cansou de
deixar seu filho esperando para participar da brincadeira. Hadrian estava exausto, sua garganta
parecia dilacerada, como se ele tivesse ingerido ácido com pregos. O suor pingava de seu corpo e
molhava o chão gélido de pedras, seu corpo congelando, pelo frio de Londres no final do ano,
sofria espasmos depois de tantas queimaduras ferventes.
Hadrian nunca sentiu as rachaduras em seu interior, irrompendo do seu coração e lentamente
se ramificando pelo seu ser. Sua alma estava rachando vagarosamente.

— Não pegue leve, filho. — Vernon sorriu ao passar o atiçador para um Dudley radiante. Mesmo
estando em uma nuvem nebulosa de dor e sofrimento, o moreno não pode deixar de rir depois do
que ouviu. — E qual é a graça, aberração? — Perguntou com uma sobrancelha arqueada.

— A graça é que não tem como você ou o baby javali, que você chama de filho, pegarem leve. —
Sorriu antes de cuspir as próximas palavras com sua voz rouca, já que suas cordas vocais e
garganta estavam danificadas. — Porque são duas bolas de gordura com um pouquinho de nada de
massa encefálica! — A risada enlouquecida escapou de seu autocontrole quando viu as veias
saltando nas testas dos dois.

— Então você está se achando muito engraçado, não é mesmo? — Dudley soltou um riso nasalado.
— Vamos ver se você poderá rir depois que eu acabar. — Ergueu o objeto, antes de batê-lo
fortemente contra a mesma perna que anteriormente fora fraturada por Vernon antes de Hadrian
fugir anos atrás. No mesmo momento, o bruxo soltou um grito desesperado enquanto sentia sua
tíbia e fíbula se estilhaçando dentro de si. Suas pontas afiadas cortando veias, tendões e músculos
facilmente. — O que foi quebrado, deve continuar quebrado.

— Bom. — Vernon ria do sofrimento do sobrinho. — Muito bem-dito, meu filho. — Pegou uma
cadeira e sentou-se para assistir seu filho se divertindo ao torturar a aberração.

— Obrigado, papai. — Agradeceu, os olhos nunca deixando a forma torturada do primo. —


Agora... O que fazer? — Ponderou por um tempo antes de sorrir sadicamente. — Já sei. — Virou
Hadrian de costas para si, vendo os cortes de sua última seção. — Diga-me... Dói mais dessa
forma? — Encostou a ponta fervente do ferro na carne exposta por um corte profundo, e fazendo
questão de afundar o ferro dentro da pele aberta. Um grito gutural irrompeu da garganta do pobre
bruxo antes de seus olhos girarem para dentro de sua cabeça. Ele estava desmaiando, porém,
segundos depois, seus olhos voltaram a posição normal só para que outro grito fosse proferido.

— Você deve estar desejando que tivesse desmaiado agora, não é mesmo? — Vernon sorria
sadicamente. — Então... O velho queria que você sofresse o máximo possível, então ele fez
questão de encantar esse cômodo para que fosse impossível para você ficar inconsciente nele.
Tudo bem que quando você chegou você não estava acordado, mas era porque o velho usou os
truques de aberração para isso, então o efeito da sala foi anulado. E tudo isso para que você
pudesse aproveitar o máximo da nossa hospitalidade. — Seu sorriso se alargou ao ver o desespero
tomar os olhos do jovem. Humanos normais, ou seja, muggles, não podem ficar onze dias sem
dormir, se não ele acaba morrendo. Porém, Hadrian não era “normal”, bruxos possuíam uma
resistência maior a várias coisas, e mesmo sendo incapaz de adormecer, Dumbledore se certificara
de que ele não morreria por isso. — Então, faça-nos o favor de aproveitar o máximo que temos a
oferecer.

— Que tal assim? — Dudley perguntou com uma risadinha por ver o desespero no rosto do menor,
ele colocou o atiçado na horizontal e arrastou-o pelas costas de Hadrian de cima a baixo. Fazia
questão de fazê-lo sentir o máximo de dor possível ao demorar-se mais nas feridas abertas do dia
anterior.

O prisioneiro gritava descontroladamente enquanto tentava se mexer para que o atiçador


saísse de suas costas, porém seus esforços eram em vão. Dudley e Vernon gargalhavam ao ver as
tentativas falhas que o bruxo insistia em continuar fazendo. Como Hadrian queria trocar de lugar
com esses dois. Ele iria adorar ouvir os gritos suplicantes de Dudley quando Tom estivesse
utilizando sua nova varinha que Lucius o conseguiu.
Quando Dudley se cansou do atiçador e atirou-o longe, ele tirou o primo do gancho e o
arrastou até as correntes na parede para prendê-lo ao chão. Hadrian sentia-se aliviado, pois seria
deixado em paz agora. Mas sua alegria não durou muito, em segundos o porco estava em cima de
si, desferindo socos pelo seu rosto, o bruxo tentava se proteger, mas era em vão, seus braços
estavam algemados e suas pernas presas sobre o peso de Dudley. Quando o loiro cansou os braços,
ele se levantou e começou a chutar sua barriga, costelas e pernas, principalmente a quebrada.
Hadrian berrava de dor e se contorcia, lutando para escapar, mas ele apenas estava machucando
ainda mais seus pulsos.

Esse era o resumo de Hadrian Tamish Potter quando ele se viu finalmente sozinho no porão.
Dor, lágrimas, sangue e frio. Seu nariz, boca, pulso e costas sangravam; todo o seu corpo doía e
ardia; o frio o consumia até os ossos, em pouco tempo ele teria uma hipotermia. Se ele não
morresse disso, morreria de hemorragia interna, pois sentia algumas costelas quebradas roçando
contra alguns órgãos. Talvez o velho não tivesse pensado nessa possibilidade e ele poderia morrer
e se ver livre desse sofrimento. Sua respiração era ruidosa e chiada, seu pulmão ardia terrivelmente,
era um terrível esforço respirar. Seu corpo tremia com a baixa temperatura, ele podia sentir o
sangue quente correndo pelo corpo, nada o protegia do frio. Além de tudo, ele podia sentir seu
núcleo mágico trabalhar loucamente para o manter vivo, fechar suas feridas e calcificar os ossos.
Mas, por estar selado, esse processo era muito mais lento e doloroso. Sua cabeça dolorida apoiou-
se na parede fria, suas pálpebras pesavam e sua mente vagava no vazio. Ele queria morrer.

HADRIAN POTTER DESAPARECIDO!

Por Rita Skeeter

Caros leitores, essa dedicada jornalista foi atrás de informações preocupantes que vão abalar
nosso mundo.

Ao amanhecer, nenhum amigo, muito menos seu namorado Draco Malfoy, encontrou o
Golden Boy em lugar algum. Os professores foram ordenados a procurarem pelo garoto por
todo o terreno de Hogwarts, mas nem sinal do nosso Salvador. O que será que aconteceu? Foi
um delírio juvenil para fugir, um adolescente frustrado e revoltado com tudo? Ou o garoto
foi sequestrado pelas forças de Você-Sabe-Quem? Será que, depois de esperarem durante
doze longos anos, os seguidores do Lord das Trevas cansaram de brincar de casinha com o
maior inimigo do seu líder? Talvez o desaparecimento de Hadrian Potter tenha algo a ver
com a fuga de Sirius Black? Pois, de acordo com meus informantes, Black já entrou na
amada Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Os pais deveriam preocupar-se com a
segurança de seus filhos, Hogwarts começou a ter uma série de perigos nos últimos anos. Será
que as trevas estão realmente retornando? Todos devemos dormir com as varinhas embaixo
dos travesseiros? Desconfiando de tudo e todos? Para onde foi o nosso pequeno
Principezinho? O que estarão fazendo com ele?

Caros leitores, fiquem atentos ao seu redor. Essa dedicada jornalista irá investigar o caso até
que tenhamos respostas!

No dia em que os alunos voltavam para suas casas para passarem as férias, o desespero
tomou conta dos corredores. Draco e Nyx haviam voltado para o castelo na mesma noite em que
saíram, para não atraírem suspeitas do diretor. Agora ninguém mais precisava esconder seus
temores e preocupações, os amigos e consortes de Hadrian compartilhavam os olhos inchados e
avermelhados cheios de preocupação, os peitos contraídos com o coração dolorido, as almas
vazias. Hadrian, definitivamente, era o Sol que os iluminava com seu amor e alegria. Todos
queriam ver aqueles lindos olhos verdes novamente, aquele sorriso de derreter corações, eles
queriam Hadrian de volta. Colin era o mais sensível do grupo, Draco, Neville e os gêmeos
esforçavam-se para acalmarem o pequeno, ainda que eles mesmos sentissem o mesmo desespero
dele. Eles o ajudaram a escrever uma carta para os pais, dizendo que passaria as férias em
Hogwarts, que tinha muitos pergaminhos para escrever. Mas, na verdade, ele iria para a Malfoy
Manor com Draco. Ele não iria aguentar passar as férias sozinho, sabendo que Hadrian estava
desaparecido e sofrendo. Ele precisava do apoio deles.

— Mande-nos cartas. — Fred abraçou Draco enquanto George abraçava Colin, Neville logo se
juntou a troca de abraços. — Mantenha-nos informados.

— Por favor, Dray.

— Vamos escrever. — Draco abraçou um Colin choroso enquanto os gêmeos acariciavam as


bochechas do mesmo e Neville acariciava sua mão. — Vai ficar tudo bem, Linlin. — Beijaram sua
cabeça com carinho. — Nós vamos encontrá-lo.

— Hadrian está bem. — George tentou animar o pequeno.

— Ele é forte. — Neville deu-lhe um sorriso fraco.

— Obrigado, meninos. — Colin fungou e Draco o apertou ainda mais contra si.

— Até mais. — Os cinco despediram-se e foram em direções diferentes até suas famílias.

— Fred! George! — Molly correu até os gêmeos e os abraçou. — Me digam que é mentira. —
Pediu com os olhos chorosos e vermelhos, como se tivesse chorado mais cedo. O que ela
realmente fez.

— Infelizmente é verdade, mãe. — George respondeu cabisbaixo.

— Que Merlin o proteja. Espero esteja bem. — Molly reprimiu um soluço triste.

— Draco! — Narcissa agarrou o filho, junto com Colin, num abraço apertado. — Ah, meu amor.
— Ela separou-se para segurar delicadamente o rosto do convidado. — Você deve ser o Colin.
Preferiria ter te conhecido em outras circunstâncias. — Beijou-lhe a testa.

— Vamos. Temos coisas a discutir. — Lucius olhou ao redor, tentando encontrar alguma coisa
suspeita, mas falhara.

Lucius segurou a mão de sua esposa, encolheu as bagagens de Draco e Colin, eles também
pegaram o malão de Hadrian, e saíram da plataforma. Não o deixariam no domínio daquela cabra
velha. Nyx estava enrolada envolta do pescoço de Draco. Ela estava terrivelmente deprimida,
sentia como se houvesse falhado com seu filhote. Se ela não tivesse saído de perto dele. Se ela
estivesse com ele.

Se. Se. Se.

Seus pensamentos eram repletos deles. Infinitas possibilidades e cenários diferentes.


Colin estava impressionado com a mansão? Estava, mas o seu estado triste se sobressaiu. Ele
quase tropeçou quando eles apareceram nas terras dos Malfoy, mas Draco o segurou. O grupo
caminhou em um silêncio triste até a sala de reunião. Lá dentro estavam Ragnuk e Maray
(escondidos por glamour que os faziam parecer humanos), Tom, Severus e Remus discutindo
possíveis locais e possíveis pessoas que raptaram Hadrian.

— Me diz que vocês tiveram progresso. — Draco pediu, se aproximando de Tom, Nyx desliou
para o chão e se retirou. Ela queria ficar sozinha no meio das coisas de Hadrian. Lucius deu os
malões encolhidos para Dobby os colocar nos devidos quartos.

— Dumbledore é astuto. — Tom começou. — Ele pode estar em qualquer lugar. — Levantou seus
olhos do mapa-múndi que estava na mesa e olhou os dois loiros. — Não era só um loiro o
namorado de Hadrian? — Franziu o cenho e analisou Colin.

— Podemos conversar sobre os namorados do Hazz depois? — Draco suspirou e acariciou os


cabelos do menor. — No momento ele pediu Colin, Neville e os gêmeos Weasley para se
juntarem. — Tom arqueou uma sobrancelha ao olhar para um Colin trêmulo com aquele olhar
intenso e raivoso que intimidava todos.

— Discutiremos isso mais tarde. — Anunciou, voltando sua atenção para o mapa.

— Esse é o Tom. — Draco informou ao menor. — Ele ainda não foi pedido em namoro
oficialmente, mas já faz parte do relacionamento.

— É-é um prazer. — Colin cumprimentou nervoso, se encolhendo contra Draco. Tom o ignorou,
estava mais focado circulando lugares onde Dumbledore já passou e gostou.

— É melhor vocês dois descansarem. — Lucius comentou com os dois garotos loiros.

— Venha, Colin. — Draco guiou o garoto para fora da sala quando Severus e Remus desataram
em uma discussão sobre serem analíticos ao assunto e não sucumbirem aos sentimentos.

— Mestre, Malfoy. — Dobby precipitou-se até os dois loiros. — Dobby não está vendo o senhor
Potter... Onde...

— Ele sumiu, Dobby. — Draco cortou-o. — Você é o house-elf mais próximo do Hazz, ajude meu
pai e os outros nas buscas, por favor.

— S-sim, senhor Malfoy. Dobby ajudará.

— Peça para outro house-elf preparar um banho de banheira relaxante no quarto de Coli e um no
meu. — Ordenou ao voltar a caminhar.

— Sim, meu senhor. — Eles ouviram o “pop” indicando que Dobby aparatou.

— Tudo vai ficar bem. — Draco abraçou ainda mais Colin, que se agarrou fortemente em si. —
Nós vamos encontrá-lo.

“Temos que encontrá-lo.”, era a frase que todos naquela casa proferiam inúmeras vezes. Como
um mantra, para que suas esperanças não desaparecessem.
Capítulo 56
Chapter Notes

ALERTA TORTURA!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Boa tarde, aberração. — Cumprimentou Vernon enquanto descia as escadas com Dudley em
seu encalço. O garoto loiro rapidamente pegou o corpo fraco do primo e o pendurou novamente nas
correntes que pendiam do teto. — Dormiu bem? Ah, é. Você não pode dormir. — Sorriu
sadicamente ao ver o olhar frio que o bruxo lhe dava. — Sabe... — Começou. — Nós temos
pegado muito leve com você. Então eu vou perguntar pela última vez: você vai assinar os papéis ou
vamos ter que passar para o próximo nível? — Perguntou, andava pelo local de um lado para o
outro, analisando os objetos com o qual poderia se divertir.

— Você pode esperar sentado. — Hadrian deu uma pausa antes de soltar uma risadinha ao encarar
seu tio. — Já que, se você ficar muito tempo em pé, pode acabar se cansando devido ao seu grande
peso extra, sua almondega de gordura e sebo. — Riu vitorioso ao ver o homem ficar vermelho de
raiva.

— Então você quer do pior jeito, certo? — Vernon trincou os dentes devido a raiva que o
consumia.

— Faça o seu pior, seu porco. Eu nunca vou me submeter as suas vontades. — Cuspiu nos pés do
homem, os olhos brilhando em ódio.

— Bom. Bom. Muito bom mesmo. — Uma veia pulsava freneticamente na sua testa. — Bem...
Então eu vou dar o que você deseja. — Vermelho de raiva, o muggle se afastou do jovem, foi em
direção a parede e agarrou um objeto. — Esse era o que eu estava mais ansioso para testar. Esse
azorrague vai me divertir bastante. — Apontou o objeto para Hadrian, para que o mesmo pudesse
focar no que estava por vir.

Um arrepio subiu pela espinha do bruxo quando analisou o objeto. Ele tinha um cabo de
madeira de, no máximo, vinte e cinco centímetros, mas o que realmente era problemático eram os
noves fios conectados a haste, e cada um tinha, no mínimo, um metro de comprimento. Depois da
metade de cada fio havia várias “bolinhas” cheias de pequenos espinhos, cada um separado por
“bolinhas” menores entre elas, o moreno teve tempo para contar e perceber que havia treze das
maiores. Ele não pode conter o tremor que tomou seu corpo quando pensou na dor que aquilo iria
infringir em si.

— Agora vamos ouvir você gritar, aberração. — Vernon se aproximou do sobrinho e o virou de
costas para si. — Vamos ver se você ainda terá piadas para contar quando terminarmos. — Seu
braço desceu com uma força brutal, fazendo o azorrague chocar-se contra as costas já feridas de
Hadrian. O garoto sentiu os incontáveis espinhos cravarem-se na sua pele e se afastarem enquanto
rasgavam o caminho pelo qual passavam em questão de milissegundos. Mas, para a surpresa de
todos, o garoto não gritou de dor, como era de se esperar.

— VERNON DURSLEY É UM PORCO IMUNDO! — Hadrian gritou a plenos pulmões.

— Seu...! — Vernon se engasgou de raiva enquanto olhava o sobrinho. — Bem. Continue, vamos
ver até onde você aguenta. — Desferiu outro golpe, esse era incrivelmente mais forte do que o
anterior.

— DUDLEY DURSLEY É MAIS BURRO QUE UMA AMEBA! — Gritou novamente quando
sentiu a dor e ardência em suas costas, porém, ainda assim, ele virou seu rosto para Vernon e deu
um sorriso desafiador para o mesmo. — Eu vou ter certeza de que, quando eu sair daqui... Eu juro
que irei me divertir muito com vocês. Não importa como eu saia desse lugar, nem que seja como
um fantasma, ou um demônio, mas eu vou sair daqui! E aí você vai saber o que é o verdadeiro
desespero. — Seu sorriso maníaco alargou-se a cada palavra proferida, coisa que Vernon encarou
aturdido.

— SUA ABERRAÇÃO MALDITA! VOCÊ OUSA ME AMEAÇAR?! VAMOS VER ENTÃO SE


VOCÊ CONSEGUE SAIR DAQUI! — Gritou enquanto golpeava o bruxo com todas as suas
forças.

— PETUNIA DURSLEY É UMA VADIA DESGRAÇADA! — Hadrian, mais uma vez, soltou
uma ofensa antes de gargalhar loucamente.

Ele mesmo não havia percebido, mas ele havia mudando. Como se algo dentro dele estivesse
se esvaindo e desaparecendo. Ele não estava mais sentido medo das torturas de Vernon, ou não era
mais atormentado por lembranças, como era quando retornara a casa. Agora, tudo o que ele
pensava eram maneiras de fazer os Dursley e Dumbledore sofrerem terrivelmente. Mesmo
enquanto ele sentia sua pele sendo rasgada pelos espinhos do azorrague, tudo o que ele conseguia
se focar era em como iria retribuir todo aquele sofrimento.

— MARJORIE É UMA VAGABUNDA! E EU TENHO CERTEZA QUE TEM FODE COM OS


SEUS CACHORROS, PORQUE NENHUM HUMANO A DESEJA! — Hadrian gritou mais uma
vez depois de uma hora e meia em que era açoitado. — VAMOS SUA MORÇA IMUNDA! ISSO
É TUDO O QUE VOCÊ TEM?! — Perguntou num grito enlouquecido a Vernon enquanto
gargalhava.

— PEGUE O ATIÇADOR, DUDLEY! — Vernon ordenou num grito enraivecido.

— Aqui, papai. — Dudley entregou-lhe o objeto já incandescente ao pai e rapidamente se afastou


dos dois. Nunca vira seu pai tão transtornado, e o olhar que o bruxo tinha o deixava arrepiado de
medo. Ele nunca vira olhos tão loucos como aqueles, um furacão verde de uma tempestade dos
fins dos tempos brilhando em magia e em loucura.

— E então? — Vernon se aproximou mais do sobrinho. — Você ainda está rindo, sua abominação?
— Ergueu o atiçador até o rosto do jovem.

— Você tem um fetiche estranho com essa merda de atiçador. Enfia ele no seu cu até sair pela sua
boca. — Hadrian sorriu presunçoso depois de cuspir no olho do tio.

— SEU MALDITO! — Vernon gritou quando sentiu o cuspe do bruxo atingir seu olho. E, em um
momento de loucura, esfregou o ferro no couro cabeludo do garoto.

Um grito gutural irrompeu da garganta de Hadrian ao sentir como se até sua alma estivesse
em chamas, um momento depois e tudo se apagou, como se seu cérebro tivesse desligado. Apenas
para ligar novamente e o bruxo voltar a gritar como um animal em desespero. Isso continuou por
uma meia hora até que o homem se cansasse.

Um homem se esgueirava pelas sombras das ruas, a lua mal iluminava o caminho. Ele
precisava ser cuidadoso para não ser pego. Ele precisava encontrá-lo. Precisava encontrar Hadrian
Potter. Onde ele estava? O que estão fazendo com ele? Tantos dias de buscas insanas. Ele estava
enlouquecendo. Não aguentava mais. Onde estava Hadrian?

Tom, Draco e Colin estavam no quarto de Hadrian. Eles não aguentavam mais a falta do
moreno de olhos esmeraldas. Pela primeira vez em duas semanas, eles criaram coragem para abrir
o malão do moreno. Eles precisavam sentir seu perfume para acalmar seus corações doloridos.
Draco e Colin agarraram suéteres de Hadrian e apertaram-no contra os peitos, inalando
profundamente o perfume inebriante do mesmo. Nyx deslizou pela cama e entrou dentro do malão,
ela também queria se sentir mais próxima do seu filhote. Tom percebeu algo sólido cair no chão
quando pegou uma camisa de Hadrian. Era uma caixinha de veludo. A atenção de todos foi para
ela.

— Ele iria dar isso para você e Draco nesse Natal. — Nyx comentou tristemente enquanto Tom
pegava a caixinha e a abria com as mãos trêmulas.

Havia três colares delicadamente pousados num estofado de veludo preto. O do meio era de
ouro com um pingente e sol, cuidadosamente gravado envolta do círculo central de sol, estava
escrito na parte de trás do pingente “Sunshine”. Na esquerda era um colar de prata com o pingente
de uma meia-lua, estava escrito na parte de trás “Moonlight”. O da direita era um colar de cobre
com um pingente de bússola, nele estava escrito na parte de trás “Traveler”.

— Ele ia nos dar isso...

Draco sentia seus olhos encherem-se de lágrimas, Colin abraçou-o com força, já chorando.
Tom sentia seu coração dolorido afogar-se em tristeza. Seus olhos arderam, mas ele não iria chorar,
ele faria de tudo para encontrar a pessoa que ama. Deixou a caixinha de veludo sobre o malão
aberto e saiu do quarto. Ele não descansaria até encontrá-lo.

Quando as três semanas de férias para o Natal passaram, Draco e todos os amigos e
namorados de Hadrian, menos Tom, tiveram que voltar para Hogwarts. Seus pais os obrigaram a
prosseguirem com os estudos enquanto eles continuavam as buscas. O grupo era assediado
constantemente sobre notícias do Golden Boy. E isso só piorava seus estados de tristeza e
desamparo. Severus e Remus se revezavam entre estar de dia em Hogwarts, dando aulas, e a noite
ajudando nas buscas. Dizer que eles estavam exaustos era eufemismo.

Ragnuk, Maray e o Reino Goblin estavam em completo alvoroço. Hadrian fora levado e nem
mesmo suas magias conseguiam rastreá-lo. Isso não era normal, não era natural. Lady Magic não
ficaria nada satisfeita com uma magia que era capaz de bloquear completamente o vínculo entre
bruxo e familiar. Pois, se nem mesmo Nyx conseguia contatá-lo, nem a magia goblin seria de
alguma ajuda.

Se antes os bruxos tinham medo dos goblins, agora eles estavam apavorados. A aura que
cercava o banco de Gringotts era densa e sombria, refletindo os sentimentos dos seres que ali
trabalhavam. Eles amavam Hadrian, ele era parte da sua grande família, e perdê-lo fora um golpe
doloroso em seus corações. Ninguém trabalhava normalmente, os nervos à flor da pele, a irritação
tão fácil de explodir na cara de um bruxo qualquer, os olhos negros brilhando perigosamente ao
analisar cada cliente que entrava no recinto, tentando achar qualquer pista que o relacionasse com o
garoto perdido.

O sol no Reino Goblin não brilhava mais como antes. Pesadas nuvens o cobriam e deixavam
a aldeia banhada na escuridão gélida do desespero. A chuva se tornou um elemento constante na
aldeia, como se os sentimentos e emoções de todos estivessem sendo canalizados para o clima. Os
anciões trabalhavam incessantemente a procura de alguma magia que fosse forte o suficiente para
encontrarem Hadrian. Os adultos faziam seus serviços normais, porém suas mentes corriam com
cada detalhe de magia que conheciam, a procura de algo que pudesse ajudar. A crianças e
adolescentes não brincavam mais ou se divertiam. Com o desaparecimento de Hadrian a alegria dos
goblins fora drenada completamente. Hera mantinha-se encolhida, deitada na cama do quarto do
garoto. Ela não queria sair da casa onde o filhote havia crescido e se recuperado. O cheiro dele
estava por todo o lugar, e ela não queria esquecer o perfume dele. Todos queriam encontrar
Hadrian e o trazer de volta para casa.

Hadrian sentia-se morto. Ele havia perdido a noção de tempo depois do quinto dia. Petunia o
visitava de quatro em quatro dias para o dar um copo de água. Ele mal conseguia mexer os dedos,
pois os mesmos começaram a perder o fluxo de sangue, iniciando o processo de necrose graças ao
frio do inverno de Londres.

As seções diárias de tortura nunca acabavam, Vernon sempre voltava depois do jantar,
sempre testando novas maneiras de torturar o garoto que se recusava a assinar os papeis. O moreno
não sentia mais nada do seu corpo, ele estava entorpecido pela dor, já perdera a conta de quantos
ossos estavam quebrados, quantos membros torcidos, quantos hematomas tinha, quantos cortes
rasgavam sua pele, quantas queimaduras pintavam seu corpo. Se não fosse por sua magia ele já
estaria morto, mas os Dursley sabiam disso, e abusavam dessa “vantagem”.

Seu estomago desistiu de roncar de fome, agora doía terrivelmente, como se estivesse se
digerindo para aplacar a falta de alimento. Seus lindos olhos verdes estavam opacos, perderam o
brilho de esperança. Ninguém o encontraria. Ele nunca seria resgatado desse inferno. Seu coração
contorcia-se de tristeza. Ele queria ver sua família. Queria estar seguro em seus braços novamente.
Queria sentir o abraço protetor que sua mãe sempre o dava. Queria sentir os braços fortes de seu
pai o protegendo de todos. Queria ver Draco, Nyx, Tom, Colin, Neville, os gêmeos... Ele queria
poder voltar no tempo e nunca ter lido aquela carta. Queria que nada disso tivesse acontecido.

No momento, Hadrian estava beirando a inconsciência, porém ela nunca vinha, ele não podia
dormir. Seu corpo todo machucado, flácido contra as correntes no teto que o mantinham
pendurado. Seus pulsos agora estavam colados nas algemas por causa do frio, cada movimento
significava uma dor horrenda de pele sendo arrancada. Sangue seco e ainda líquido se misturavam
com suor, lágrimas e sujeira.

HADRIAN POTTER, MORTO?

Por Rita Skeeter

Caros leitores, sinto em informar que cinco longas semanas se passaram e não encontramos
nenhuma informação sobre o paradeiro de Hadrian Potter. Aurores foram colocados no
caso, mas nada acharam. Onde estará o nosso Salvador? Será que já se foi? Será que ele se
juntou aos seus amados pais falecidos?

Eu não quero acreditar nisso. Sei que vocês também se recusam. O pobre garoto já sofreu
tanto com apenas treze anos.

Estou trabalhando arduamente para encontrar informações, mas são todos muito sigilosos
com suas faltas de pistas. Mas o povo precisa saber a verdade! Vocês precisam saber da
incompetência do Ministério para com o nosso Golden Boy! A família de Hadrian Potter está
abalada, mas ainda não desistiram das suas buscas! Ainda não perderam a esperança de
encontrarem-no! Agora só nos resta é orar para que eles o encontrem com vida e com poucos
danos.

Esteja bem Hadrian Potter.


Capítulo 57
Chapter Notes

ALERTA TORTURA!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian abriu os olhos depois de se trancar na sua mente, o único jeito de ele encontrar um
pouco de paz, e percebeu que estava em uma posição diferente de quando “se desligou do mundo”.
Ainda letárgico da tortura que sofrera, onde seus nervos sentiram dores de uma queimadura de
quarto grau diversas vezes, ele percebeu que estava sentado em uma cadeira de madeira com seus
pés presos por abraçadeiras de ferro e suas mãos presas por luvas de ferro onde apenas as falanges
distal e medial apareciam. O garoto tentou se movimentar na cadeira, mas a única coisa que ele
sentiu foi a dor de sua perna quebrada, suas costelas fraturadas roçando suas pontas afiadas contra
seus órgãos, o latejar de seus hematomas, o ardor dos rasgos, cortes e queimaduras em seu corpo.
Sem contar no terrível frio que assolava aquele cômodo. Ele preferia ficar cara a cara com um
dementor do que estar aqui.

Então, olhando diretamente para as escadas, onde ele conseguia vê-las já que a posição em
que fora deixado o dava a visão perfeita para ver Vernon descendo sozinho as escadas. Com cada
pisão nos degraus, um rangido escoava pelo local praticamente vazio. O bruxo percebera que já
tinha algumas seções que Dudley não comparecia, provavelmente ainda estava perturbado pela
tortura onde Hadrian e Vernon tornaram-se duas bestas selvagens rugindo uma para a outra.

— Hey, porco pai. — Hadrian sorriu debochado. — O porco filho não quis comparecer hoje
também?

— Ria enquanto pode, monstro. — Encarou-o com uma crescente raiva. — E por falar nisso,
gostou da cadeira? Está se sentindo confortável? — Seu olhar era frio ao ver o garoto se
remexendo na cadeira.

— É bem confortável, se você quer saber. Tem um chá? Eu estou com um pouco de sede, sabe? —
Comentou simplista, como se realmente estivesse sentado em um confortável sofá na sala de um
amigo.

— Que bom que você gostou. — Vernon estreitou seus olhos para o sobrinho. — Sabe... Essa
cadeira é o objeto mais especial daqui. Sabe o porquê? — Perguntou enquanto encarava a parede
com os instrumentos de tortura.

— Não sei... Hum... Talvez seja porque ela acomoda essa sua bunda gorda e ainda está inteira? —
Indagou andes de rir ao ver o homem virar para si com faíscas de raiva brilhando nos olhos.

— Muito engraçado. — Apontou um alicate para o garoto. — Já que você não sabe o porquê, eu
irei mostrar. — Se aproximou do sobrinho. — Eu farei questão de me divertir lentamente com
você. — Comentou, encarando os olhos do moreno. — Sabe uma coisa que eu percebi durante
nossas seções? Não importa o quanto eu tente ser violento com você ou tente te quebrar, eu não
vou conseguir. — Fez uma pausa, ainda fitando aqueles olhos ensandecidos que o intrigavam. —
Sabe o porquê? Porque você já está quebrado. Você é um monstro. Uma abominação. Não há
como quebrar uma aberração como você. Mas será que você aguenta um jogo de resistência? —
Seu olhar adquiriu nojo enquanto proferia as palavras.

— Eu farei questão de torturar seu filho na sua frente. Enquanto você o vê sofrer e agonizar,
suplicando pela morte. E você não poderá fazer nada. — Sua risada era maníaca e sem emoção.

— Vamos. Ria à vontade, monstro. É hora de te mostrar o motivo dessa cadeira ser especial. —
Com um sorriso, aproximou o alicate das mãos de Hadrian. — Agora. Você vai assinar os papeis?
— Perguntou enquanto parava o objeto a poucos centímetros das mãos do bruxo.

— Só por cima do seu cadáver gordo cheio de vermes te devorando por dentro, seu maldito. —
Rosnou de maneira sádica, um sorriso iluminou seu rosto ao imaginar a cena.

— Pois bem. Então, que seja. — Vernon apertou o alicate na ponta da unha do moreno e
lentamente foi arrancando-a do mindinho. Hadrian gritava maldições para si, tentava se afastar do
agressor e/ou arrancar a unha de uma vez. Depois de arrancar a unha, o homem sorriu ao olhar para
os olhos do garoto, este o encarava com puro ódio e insanidade. — Agora, veremos a mágica
acontecer. — Seus olhos se desviaram para o dedo ferido, depois de ter sua unha arrancada, outra
nasceu no lugar da anterior em poucos segundos. — Esse é o motivo pelo qual essa cadeira é
especial. Incrível não? E sabe o melhor? De acordo com o velho, essa cadeira suga sua “magia”,
então, sempre que eu arrancar uma unha, outra vai nascer no lugar em poucos segundos. E
enquanto isso for se repetindo... Agora você pode não ter sentido nada, mas quando for se
acumulando você verá. Você vai estar completamente seco. Aí eu quero ver você ser tão corajoso.
— Ao terminar a fala, arrancou-lhe outra unha.

— EU VOU ARRANCAR UMA PERNA DO PORQUINHO QUE VOCÊ CHAMA DE FILHO!


VOU ASSÁ-LA E OBRIGAR VOCÊ E A PUTA DA TUA MULHER COMEREM! — Gritou
com a dor de outra unha sendo arrancada com lentidão. — VOCÊ VAI IMPLORAR PARA EU
PARAR, MAS EU VOU CONTINUAR A FAZER VOCÊ BEBER ÁCIDO!

Outra unha.

— EU VOU FAZER VOCÊ ASSISTIR ENQUANTO EU DERRETO A PELE DE PETUNIA!

E mais outra.

— EU VOU USAR SEUS CORPOS COMO NINHO DE REPRODUÇÃO DE INSETOS!

E outra.

— EU VOU FAZER VOCÊ SENTIR A DOR...

E mais uma

— EU VOU RASGAR...

E isso continuou por horas afinco até que Vernon estivesse suado como um porco,
literalmente, e Hadrian não tivesse mais uma gota de magia em seu núcleo. Algo que Vernon
adorou foi a mudança nas unhas de Hadrian, algo digno de uma aberração. Por ter sofrido um alto
grau de tortura, somado com um extremo estresse psicológico, durante um grande período de
tempo, o organismo movimentou a melanina (que serve tanto para a pigmentação quanto para
regeneração) transformando as vitaminas C e D para auxiliar na regeneração de tecidos e músculos.
Por suas unhas estarem sendo arrancadas, só para em poucos segundos depois serem regeneradas,
seu corpo produziu muita melanina nas inúmeras regenerações das mesmas. Com essa intensa
movimentação de melanina, gradualmente suas unhas escureciam conforme eram regeneradas. No
momento, elas estavam tão negras quanto seus cabelos.

Hadrian já não tinha forças nem para respirar, dirá discutir com o tio. Ele só queria
descansar. Nunca se sentira tão fraco como agora. Se o núcleo mágico de um bruxo ficar
completamente esgotado de magia, a pessoa morrerá em pouco tempo, caso não receba cuidados
imediatos e doação de magia. Mas algo estranho estava acontecendo. Hadrian estava completa e
irrevogavelmente esgotado magicamente, porém algo o prendia a vida. Algo o estava acorrentando
ao mundo dos vivos. Algo o impedia de morrer.

Um berro de estrema dor escapou da garganta dolorida do moreno ao sentir um líquido


quente chocar-se contra seu corpo trêmulo de frio.

— Bom dia, Bela Adormecida.

Vernon sorria malignamente ao ver o choque térmico que o sobrinho sofrera, jogou para
longe o balde que trouxera com a água fervente, mas com Hadrian estando com hipotermia,
tremendo de frio devido ao clima repleto de neve, ele sentiu como se a água fosse a lava mais
ardente. Seus ferimentos abertos doeram ainda mais. A pele do bruxo ardia com as novas
queimaduras adquiridas enquanto o muggle foi pegar o “brinquedo novo” antes de voltar a admirar
o corpo sem forças de Hadrian tremer violentamente. Ele ergueu a cabeça e encarou o novo objeto
que o causaria dor. Sua magia completamente esgotada não mais conseguia o recuperar dos danos
que sofrera.

— Hora de testarmos sua resistência à morte. — Sorriu sadicamente ao se aproximar com um


bastão elétrico. Não era potente para matar, mas causaria dor.

O som da eletricidade picotando no ar e os raios de pura energia piscando fizeram Hadrian se


encolher, mesmo com todo o seu corpo protestando contra o movimento. Ao sentir na coxa direita
uma terrível dor e queimação, outro grito escapou de sua garganta. Ele não soube quanto tempo
levou até que o bastão se afastou. Vernon sorria ao ver o sobrinho tremer e ter espasmos devido a
eletricidade amplificada pela água. Quando o segundo golpe veio com ainda mais intensidade, o
garoto gritou mais ainda, uma dor horrenda no coração rasgou seu peito e ele foi abraçado pela
escuridão em segundos. Seu núcleo mágico nada pode fazer para prevenir ou reverter a parada
cardíaca. O feitiço que impedia que qualquer bruxo lembrasse da localização da casa, e como
chegar lá foi quebrado. Já que o que o mantinha ativo eram os batimentos cardíacos de Hadrian
Tamish Potter.

Tom estava na sala de reuniões com todos ao redor do mapa. Ninguém estava bem. As
buscas frustradas por Hadrian estavam abalando qualquer um naquela sala. Dumbledore lançou em
Hagrid um poderoso feitiço que o impedia de contar a localização do garoto de olhos verdes.
Ninguém dormia direito. Ninguém sentia vontade de se alimentar corretamente ou de ser feliz.
Tudo o que eles sentiam era tristeza e desespero.

— Não é possível que ele esteja longe! — Ragnuk bateu na mesa com raiva. Todos estavam no
limite nesses dias.
— Temos que... — Remus foi interrompido quando Tom caiu no chão de joelhos, com as mãos
contra o peito e um grito dolorido saiu de sua garganta. Todos arregalaram os olhos, sem saber o
que estava acontecendo.

— T-Tom...? — Narcissa se aproximou do moreno. O mesmo estava respirando com dificuldade,


os olhos arregalados olhando para o nada e as mãos agarrando as roupas sobre o peito. A dor que
ele sentiu fora horrível. Foi como se sua alma tivesse sido despedaçada... Espera... Era a mesma
sensação quando fez uma Horcrux! Não! Não poderia ser! Não!

— Não. Não! NÃO! — Ele se levantou desesperado e olhou o mapa.

— O que aconteceu, Tom? — Severus perguntou preocupado, entretanto obteve nenhuma resposta.
Tom havia tentado esse feitiço várias vezes, porém nenhuma delas lhe dera a resposta que
procurava. Mas ainda assim ele pegou sua varinha e fez um corte na palma da mão, lançou um
feitiço silencioso e seu sangue começou a rumar para setes lugares diferentes sob o mapa-múndi.
Cada poça de sangue desapareceu e começou a brilhar em vermelho. Mas tinha um ponto que
estava piscando, como se estivesse morrendo. Tom sentiu o desespero o consumir. Hadrian estava
morrendo.

— Essa é a casa dos tios do Hadrian. — Severus comentou com o cenho franzido.

— Ele está morrendo... — A voz de Tom foi um sussurro quase inaudível, mas todos ouviram, já
que a sala estava mergulhada no silêncio. Todos os corações naquela sala falharam uma batida. —
Eu consigo quebrar as barreiras que Dumbledore colocou na casa. — Tom se recompôs e olhou
envolta, todos tinham lágrimas nos olhos. Mas três deles tinham ódio. — Lewis, Malfoy e Snape
vão comigo. O resto chame um mediwizard e arrumem o quarto de Hadrian. Vamos trazê-lo para
casa.

Maray e Ragnuk tiveram que usar codinomes e glamour para não descobrirem que eram
goblins. Eles eram, respectivamente, Marie e Raymond Lewis, um casal de bruxos que encontrou e
abrigou Hadrian quando o mesmo fugiu da casa dos tios aos sete anos de idade.

Todos desataram a correr para locais diferentes. Narcissa correu para a lareira e Remus
correu para o quarto de Hadrian. Ragnuk (na persona de Raymond), Tom, Lucius e Severus
correram para fora dos terrenos, até estarem fora das alas antiaparatação. Ragnuk, Lucius e Tom
tocaram em Severus e eles aparataram. A noite caía escura na rua de Prive Drive. Tom tomou a
frente, os olhos brilhando em um ódio assassino, assim como os três homens atrás de si. Ele correu
para a casa de número quatro, desfez as barreiras de Dumbledore e apontou sua varinha para a
porta.

— Bombarda! — A porta explodiu quando o feitiço a atingiu. Ao entrarem, se depararam com


uma mulher, que mais parecia uma girafa, caída no chão da sala ao lado de um garoto, que parecia
um filhote de baleia. A casa estava estranhamente silenciosa. O grupo não gostou nada daquilo. —
Prendam os sangues-ruins! — Tom ordenou, ainda vasculhando o local. — Se espalhem. — E
assim foi feito. Severus e Lucius subiram as escadas enquanto Tom e Ragnuk vasculhavam o térreo
depois de amarrarem mãe e filho fortemente.

Ragnuk, ainda sobre a persona de Raymond, cheirou o ar a procura de seu filho. Um fraco
perfume, quase inexistente, saia do armário sob as escadas. Ele abriu a porta com extrema cautela.
Chamou Tom num sussurro baixo e os dois desceram as escadas escuras. Ao chegarem no final,
eles se viram num porão cheio de instrumentos nada amigáveis, um homem tão gordo quanto uma
morsa estava desacordado no chão, perto dos restos do que era uma cadeira com algemas e uma
frigideira. Ragnuk encontrou o pedaço de madeira que Hadrian sempre carregava e sua varinha
jogados em um canto escuro. Porém, Hadrian não estava em lugar algum.
— INFERNO! — Tom jogou uma explosão contra uma parede cheia de instrumentos de tortura.
Severus e Lucius desceram correndo as escadas depois de revirar o segundo andar.

— Nada. — Severus admitiu com o coração entalado na garganta. — Ele não está em lugar algum.
— Ragnuk se controlou terrivelmente para não perder o controle da sua magia e deixar seu glamour
cair, ou não destruir a casa.

— Vamos voltar para a mansão e encontrar outro jeito de rastreá-lo. — Lucius sugeriu.

— Outro jeito... — Tom soltou uma risada sem emoção. — Só conseguimos achar esse lugar
porque Hadrian teve uma parada cardíaca! A nossa sorte é que ele conseguiu voltar! Você quer
esperar que ele morra definitivamente?! — Gritou enraivecido. A dor que assolava o seu coração
era a pior de todas que já sentira. A esperança de ter Hadrian em seus braços fora arrancada de si
com brutalidade.

— Vamos levar os muggles. — Ragnuk ordenou em um tom que alertava que não haveria
discussão sobre o assunto. Tom gritou enraivecido e saiu da casa sem esperar por ninguém. Os três
homens restantes levitaram a família desacordada e firmemente amarrada até que aparatassem de
volta para a Malfoy Manor.

Ele estava vagando pelas ruas de Londres por dias. Pouco se importando com o frio, ou com
a fome, ou com os dementors. Ele só precisava achar Hadrian. No atual momento, Sirius Orion
Black estava em sua forma animagus, um imenso Cão-Lobo Checoslovaco gigante de sessenta e
cinco centímetros de altura, com a pelagem muito preta e intensos olhos cinzas que vasculhavam as
ruas enquanto seu nariz fungava incessantemente e suas orelhas se moviam a cada som captado.
Ele não sabia onde exatamente estava, já havia parado de se preocupar com os nomes das ruas, seu
único foco era o garoto desaparecido. O garoto que ele havia abandonado quando era a sua
obrigação cuidar dele e protegê-lo.

Sirius vagava por um bairro cheio de casas idênticas de jardins perfeitos e famílias perfeitas,
mas algo o fez estremecer. Uma explosão mágica irrompeu de uma das casas alguns quilômetros à
frente e aquele perfume que ele tanto se apegou por longos doze anos pode ser captado pelo seu
olfato apurado. Chocolate meio amargo, jasmim e chuva. Sim. Apenas uma pessoa possuía esse
cheiro em todo o mundo. E era essa pessoa que ele procurava tão desesperadamente.

O cachorro correu até a casa, correu para o jardim de trás, aproveitou a escuridão da noite e
voltou para sua forma humana, entrou pela porta dos fundos, que estava destrancada e viu na sala
uma mulher e um garoto muito gordo. Sim. Ele reconheceria aquele pescoço de girafa em qualquer
lugar. Esgueirando-se pela cozinha, sem fazer um único barulho, o homem pegou uma frigideira e
se aproximou dos dois muggles que assistiam televisão, completamente alheios ao invasor.

Com precisão, Sirius desferiu um golpe na cabeça da mulher odiosa que era a irmã de sua
falecida amiga. Dudley se virou para trás, assustado com o que acabara de acontecer. Sem esforço
algum, o bruxo desacordou o garoto rapidamente. Ele poderia estar preso em um lugar horrendo
por doze longos anos? Poderia, mas ele conseguia tirar forças do nada quando a questão envolvia
Hadrian.

Ele sentia o cheiro do garoto vindo do armário sob a escada, um incrível aprimoramento por
estar em sua forma animagus por tanto tempo. Sirius se aproximou lentamente, abriu-a com
cuidado, escutando um homem proferindo insultos no final da escada. O bruxo desceu com
cuidado, para não fazer nenhum som. A sala que sua visão capitou o deixou enjoado. Inúmeros
utensílios que, definitivamente, não era para marcenaria ou construção, estavam em todo o lugar.
Um homem corpulento estava de costas para si, rindo-se do corpo flácido de um garoto preso a
uma cadeira. Sirius sentiu seu coração se contrair dolorosamente ao ver a cena.

Hadrian estava horrendo. Cortes e hematomas cobriam todo o seu copo; um pouco de sangue
saía de alguns cortes e a boca do jovem; sua perna esquerda estava torcida num ângulo nada
agradável; seu cabelo negro estava sujo, oleoso devido ao suor e sangue; partes do seu couro
cabeludo estava faltando e incontáveis unhas cobriam o chão ao redor de si. Sirius quis vomitar só
de ver a cena, nem precisava sentir o fedor de urina e fezes que revestia o pobre garoto. Aquilo era
horrendo. Seu pobre Hazz... O bebê que ria ao brincar com o cachorro preto, estava destruído.

Uma chama descontrolada de ira inundou seu coração. Sirius encarou o homem que ainda se
vangloriava do seu feito, se aproximou silenciosamente, como um predador se aproxima de sua
presa, e bateu-lhe na nuca. Mesmo que o muggle já tivesse desacordado quando caiu no chão,
Sirius bateu mais algumas vezes enquanto extravasava seu ódio por quem ousara machucar seu
doce Hazz.

— Está tudo bem agora, Hazz. — Sua voz saiu num sussurro rouco e cansado. Largou a frigideira e
correu para o jovem desacordado. Ele não conseguia sentir sua magia, não conseguia sentir
batimentos cardíacos, não conseguia sentir uma respiração. — Não... — Ele se desesperou.

Concentrou-se em usar magia sem varinha para fazer a cadeira se destruir, drenara mais do
que havia imaginado, mas havia conseguido, libertou Hadrian, com cuidado ele pegou o corpo
magro, flácido e gélido do afilhado e correu para longe daquela casa. Ele não sabe por quanto
tempo ficou correndo no frio e na neve da noite, ele só estava focado em ir para o mais longe que
conseguisse. Enrolou o garoto em seu casaco peludo que roubou de alguém e adentrou ruelas e
becos. Uma casa abandonada e velha seria o refúgio deles naquela noite.

Rapidamente colocou Hadrian no chão e começou a transferir-lhe magia enquanto fazia uma
massagem cardíaca. Sirius agora agradecia por ser obrigado a fazer um curso de primeiros-socorros
em seu tempo de auror. Ele não estava forte o suficiente para isso, poderia até morrer no meio do
processo, porém Hadrian era mais importante. Ele sempre seria. Nunca mais iria falhar com o
mesmo. Nunca mais iria abandoná-lo. Um sorriso aliviado rasgou seu rosto cansado e esgotado ao
sentir uma pulsação tanto do coração do garoto quanto do seu núcleo mágico.

Hadrian Tamish Potter estava vivo.

Olhando para os lados, Sirius recolheu o necessário para acender a lareira, pegou vários
cobertores podres e roídos por traças, imediatamente colocou o garoto perto do fogo e o tapou.
Sirius não podia se importar menos com o estado que estavam as coisas ou onde estavam, a
prioridade era manter Hadrian vivo. Voltou para sua forma animagus, coisa que ele treinou
arduamente para conseguir fazer sem estar em posse de uma varinha, e se aconchegou sob as
cobertas ao lado do jovem. Seu corpo canino ajudaria a manter Hadrian aquecido.

— Vocês... — A voz de Maray, sob a persona de Marie, morreu lentamente ao ver Tom retornar
sozinho para a mansão e subir para o seu quarto sem falar com ninguém. Todos puderam sentir a
aura densa de magia das trevas o envolvendo, pronta para estourar. Todos se entreolharam em
preocupação antes de verem Ragnuk, Lucius e Severus retornando com três corpos desacordados e
amarrados. — O-onde está o meu filho...? — Maray perguntou, já chorando ao ver seu marido com
o semblante derrotado.

— Ele não estava lá. — Ragnuk se aproximou da esposa. — Os muggles estavam desacordados e
Hadrian desaparecido. Só encontramos sua varinha.
— Não... — Maray desmoronou no chão, as lágrimas irrompendo de seus olhos e seus ombros
tremendo com os fortes soluços que escapavam de sua garganta. — Não... — Ragnuk se ajoelhou
no chão e abraçou a mulher que ama, a mesma agarrou-se a si e chorou desesperadamente. — EU
QUERO O MEU FILHO! ONDE ESTÁ O MEU FILHO?! TRAGAM ELE DEVOLTA! POR
FAVOR! EU IMPLORO! Tragam o meu filho para mim... — Os soluços ficaram muito intensos
para continuar suplicando pelo retorno do seu filho desaparecido.

Lucius se aproximou e abraçou uma Narcissa chorona, que também desmoronou no chão.
Remus deu alguns passos para trás antes de chocar-se contra uma parede, só para deslizar pela
mesma até que estava sentado no chão, chorando abraçado aos joelhos. Severus passou por todos e
levou os corpos flutuantes para as masmorras da mansão, trancou-os e se afastou. Longe do olhar
de todos, Severus gritou em agonia, finalmente deixando as lágrimas escorrerem pelo seu rosto,
dobrou-se para frente até que estava de joelhos no chão e batendo no mesmo com os punhos. Tom
destruía seu quarto em meio a lágrimas e gritos desesperados. Nyx saiu da casa o mais rápido que
pode, precisava se afastar, precisava ficar longe de tudo aquilo que lembrava o seu filhote. Ela
rastejou rapidamente para a floresta que rodeava a propriedade, atingiu seu tamanho máximo e
urrou aos céus chuvosos. Tudo em um raio de mil quilômetros estremecera com a intensa onda de
poder selvagem que explodiu da serpente.

Suas esperanças foram arruinadas.

Hadrian se fora mais uma vez.


Capítulo 58
Chapter Notes

ALERTA TORTURA PROS DURSLEY CARAIO!!!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Dor.

Era a única coisa que a mente de Hadrian conseguiu captar quando o garoto acordou. Todo o
seu corpo doía, mas ele não sentia tanto frio como antes. Algo quente o envolvia e mantinha seu
corpo aquecido, ele estava aconchegado a algo peludo e muito quentinho, o que o fez se aproximar
mais e apreciar o calor. Seus ouvidos conseguiam captar o som do canto dos pássaros. Quanto
tempo ele ficou sem ouvir a doce melodia da natureza? Hadrian não sabia, mas ele sentira falta
disso. Por que ele estava sendo aquecido? O que Vernon estava querendo fazer com isso?

Uma lambida em sua bochecha o fez despertar. Com dor de cabeça e a visão meio turva, o
garoto abriu suas pálpebras vagarosamente. Um cachorro o olhava com preocupação em seus
intensos olhos cinzentos. O jovem se sentou e olhou ao redor. Definitivamente aquele não era o
porão na casa dos Dursley. Era uma casinha de madeira em ruinas, tábuas tortas deixavam
correntes de ar gélido entrar, o teto possuía goteiras, folhas e terra sujavam o chão desnivelado pelo
tempo. Ele não estava mais com os Dursley.

Essa afirmação fez um sorriso radiante surgir em seus lábios machucados e levemente
azulados de frio. Olhando para os pulsos e tornozelos, seu sorriso se alargou. Ele estava livre!
Estava livre da tortura! Livre de Vernon! Livre da fome! Livre do terror! Livre da dor! Livre!

Sirius sentiu seu coração palpitar ao observar o garoto assimilando as informações. Hadrian
era seu bem mais precioso nesse mundo, e ver aquele sorriso radiante foi o seu melhor presente
depois de doze horrendos anos. Ele permaneceria em forma de cachorro, sabia que sua imagem
fora destruída e temia que seu afilhado o odiasse. Ele não conseguiria suportar perdê-lo agora que o
achara. Sirius não se importava em continuar sendo um cachorro por mais um tempo, nada
comparado com os anos em Azkaban.

— Foi você que me tirou daquele lugar? — Sua voz era um sussurro baixo e rouco, que fazia sua
garganta doer terrivelmente. O cachorro abanou o rabo e latiu, arrancando um sorriso do jovem. —
Obrigado. — Sem sequer parar para pensar como um cachorro o resgatou, o garoto abraçou o
animal fracamente, seus músculos desacostumados a serem usados normalmente. Sirius ficou
parado dentro dos braços do afilhado, sentindo seu corpinho tremendo devido aos soluços, sentindo
suas lágrimas molhando seu pelo negro. Ele finalmente o encontrara, finalmente o tinha “em seus
braços”. — Obrigado. — Separou-se do abraço e olhou-o nos olhos. — Serei eternamente grato a
você por isso.

Sirius latiu enquanto abanava o rabo antes de lamber lhe o rosto, o que gerou doces risadas
do pequeno bruxo. O cachorro, depois de lambuzar o garoto de saliva, colocou sua pata em seu
peito e o fez deitar novamente, puxou as cobertas sobre o corpinho gélido e se sentou.

— O que foi? — Hadrian perguntou curioso com a inteligência do animal. Sirius latiu e virou a
cabeça para a saída, depois voltou a olhar o garoto e pisou no chão. — Você quer que eu te espere
aqui? — Sirius soltou outro latido e balançou o rabo. O jovem sorriu para o cachorro. — Okay. Eu
te espero aqui. — Se aconchegou nas cobertas e fechou os olhos.

Sirius se aproximou do afilhado, deu-lhe uma lambida na testa antes de correr para fora. Ele
precisava achar comida para Hadrian, que estava mais magro do que o normal. Vagou pelas ruelas
da periferia de Birch Hill, vasculhando e revirando os lixos a procura de comida. Algumas pessoas
gritavam com ele, outras o chutavam, e poucas o alimentavam. É, os seres humanos não são a
melhor das espécies que vive no planeta Terra.

Horas depois, cansado e tremendo de frio, Sirius voltou para o barraco com um cesto
desgastado, porém com alguns alimentos. Hadrian continuou no mesmo lugar, encolhido numa
bola sob os cobertores e tremendo de frio. O cachorro se apressou para estar ao seu lado e o
cheirou. Não era nada bom, o garoto estava ardendo em febre devido a hipotermia que havia
contraído. Sirius se deitou no chão e começou a choramingar enquanto cutucava o jovem com seu
focinho úmido e gélido. Lentamente Hadrian acordou e deu-lhe um sorriso fraco.

— Oi, garoto. — Cumprimentou num sussurro antes de ter o saco posto na sua frente. — Você foi
atrás de comida para mim? — Seu sorriso se alargou enquanto pegava um pão mofado para
mastigar. Hadrian gemeu de contentamento assim que a comida desceu por sua garganta. — Eu
tava com saudade de comer algo. — Soltou uma risada nasalada. — Vamos, coma comigo. —
Ofereceu-lhe outro pão mofado. Sirius abanou o rabo e aceitou o alimento. Hadrian sorriu ao sentir
seu coração aquecer-se. Ele havia adorado este cachorro. — Obrigado por cuidar de mim. —
Acariciou suas orelhas antes de se deitar novamente. Agora que estava fora daquele porão, seu
corpo estava exigindo recuperar todos aqueles dias sem dormir. — Acho que vou te chamar de
Grim. — Murmurou sonolento enquanto o cachorro se acomodava ao seu lado sob as cobertas. —
Tem uma crença de um grande cachorro preto ser um presságio de morte... — Abraçou o corpo
peludo e se aconchegou em seu calor. — Ele se chama The Grim, e você me lembra ele... — Um
bocejo deixou-lhe os lábios. — Até que eu gostaria de estar morto... — E adormeceu.

Sirius sentia seu coração se despedaçando. Seu doce Hazz desejava a morte. O terror que ele
passou... Deve ter sido horrível, para que ele desistisse da vida assim... Para que o nomeasse como
um presságio de morte...

Ele não iria deixar. Não iria deixar Hadrian morrer. Daria sua vida por ele, mas Hadrian não
iria morrer. Ele nunca permitiria isso. Pegaria todos os pedaços e os colocaria no lugar, não
importa o tempo que levasse, Sirius não iria desistir.

— Quem quiser participar é só me seguir. — Tom desceu até o calabouço com Severus e Lucius
em seus calcanhares. — Rennervate. — Eles reanimaram a família muggle com um feitiço, os
mesmos olharam em volta e arregalaram os olhos, o medo transbordando deles. Tom adorou isso.

— O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?! — Vernon levantou-se e protegeu sua
amada família com seu corpo robusto. Tom sorriu diabolicamente.

— Vamos fazer vocês sofrerem pelo que fizeram ao garoto que amo. — Tom alisou sua nova
varinha com os dedos longos.
— SABIA QUE AQUELE PIRRALHO ERA UMA ABREÇÃO COMPLETA! ELE FICA SE
ENGRAÇANDO COM MACHO! AQUELE PIRRALHO É UMA BICHA NOJENTA! — Berrou
com fúria, seu rosto tornando-se vermelho.

— NÃO OUSE INSULTÁ-LO! — Tom apontou sua varinha para a morsa nojenta e sorriu ainda
mais. Esse sorriso fez Vernon estremecer. — Ninguém toca no que é meu! — Tom rosnou
lentamente enquanto encarava muggle. — Você vai ser meu novo brinquedo. Vou mantê-lo vivo
para poder brincar com você todos os dias. Farei você sofrer como nunca imaginou. Tudo o que
fizeram com Hadrian, receberão um milhão de vezes mais. Eu vou adorar ouvir seus gritos, ouvir
você implorando por misericórdia, se rastejando em seu próprio sangue e sujeira. Como você já
tem um grande “depósito”, suponho que não preciso te alimentar por semanas. Mas quando eu me
cansar... Vou fazê-lo morrer lenta e dolorosamente. — O sorriso de Tom se alargou ao ver o
desespero nos olhos do homem. — Agora, sangue-ruim. Seja um bom brinquedo e me divirta. —
Seu sorriso se alargou. — Crucio!

Vernon começou a contorcer-se loucamente no chão enquanto berrava e chorava, Petunia e


Dudley tentaram investir contra Tom para ajudar a morsa, porém foram impedidos por Lucius, que
atacou o garoto que mais parecia um porco com a maldição “Defuncito Nigra”. O lampejo negro
entrou em contato com o corpo do porco e várias manchas negras surgiram pela sua pele, ele caiu
no chão e gritou de dor ao sentir queimaduras internas e externas. E Severus, que atacou a mulher
com sua própria invenção, a maldição “Sectumsempra”. O lampejo incolor atingiu o corpo
raquítico, que caiu no chão, imediatamente vários cortes fundos surgiram por todo o seu corpo.
Petunia berrou enquanto seu sangue jorrava para fora de seu corpo.

Esses três não iriam morrer. Não. Eles iriam viver. Para que sofressem tudo o que Hadrian
suportou, e até mais. Tom faria o garoto treinar maldições nos três brinquedos. Seria lindo ver
Hadrian consumido pelo ódio e fazendo-os sofrer. Tom ria ao desferir mais maldições na morsa
imunda que ousou ferir seu amado! Os Dursley tinham seu destino selado. Estavam nas mãos de
três homicidas, um deles sendo um louco sádico que fará de tudo para vingar a pessoa que ama.

O clima na Malfoy Manor piorou terrivelmente. Ninguém acreditaria que isso fosse possível,
mas com as esperanças de todos sendo obliteradas em suas mãos não havia como negar. Não havia
uma hora do dia ou da noite que não houvesse alguém chorando ou amaldiçoando algo, a casa
sempre tremia com os fortes descontroles mágicos que seus habitantes tinham. Todos tiveram seus
corações arrancados de seus peitos brutalmente, suas almas removidas de si, sua razão de viver
anulada.

Entretanto, as buscas por Hadrian não pararam. Tom, Severus, Remus e Maray se afundaram
nas buscas. Narcissa e Ragnuk tentavam apaziguar os nervos alterados do grupo, porém estavam
tão destruídos quanto os outros. Nyx se isolara na floresta, querendo ficar longe de tudo o que a
lembrava de seu amado filhote. Ela e Maray eram as que mais sofriam, a dor de perder um filho era
a pior dor do mundo. Elas queriam trocar de lugar com ele, para que, pelo menos, ele estivesse
seguro. Seus gritos agonizantes eram os que mais doíam de escutar, eles eram os mais altos e
percorriam longas distâncias.

Severus e Tom vasculharam as memórias dos muggles na esperança de encontrar alguma


pista sobre o paradeiro de Hadrian, porém não tiveram sucesso. Vernon e Petúnia foram
nocauteados pelas costas então não sabiam de nada. Dudley fora o único a ver alguma coisa, mas a
força do golpe na lateral da sua cabeça tornou a imagem de uma pessoa toda borrada. A única
coisa que conseguia distinguir era a cabeleira grande e desgrenhada que cobria o rosto
completamente. Um traço fraco de magia fora detectado no porão, mas ela fora ofuscada pela
magia de Hadrian que explodiu quando teve a parada cardíaca. Eles estavam de volta à estava zero.

O clima em Hogwarts também não estava dos melhores. Quando Draco recebera a carta de
sua mãe, ele correu para a árvore perto do Great Lake que Hadrian tanto amava e gritou o mais alto
que pode. Seus amigos e companheiros de relacionamento vieram correndo, preocupados com as
notícias e os corações nas mãos. Draco não conseguiu responder, entregou-lhes o pergaminho com
mãos trêmulas e desmoronou na neve branca e fofa. Suas lágrimas e o gelo molhavam suas roupas,
mas ele não poderia se importar menos com isso.

Quando Blaise finalmente terminou de ler a carta em voz alta, todos tinham lágrimas nos
olhos. Colin e Neville correram até Draco, se atiraram no chão e o abraçaram fortemente, os três
procurando conforto nos braços um do outro; Fred e George se abraçaram e choravam nos ombros
um do outro. Pansy e Theo abraçaram Blaise e os três choraram. Eles haviam perdido Hadrian mais
uma vez.

Naquela mesma manhã, enquanto todos os habitantes de Hogwarts viam o grupo chorando e
urrando em desespero, todo o castelo escureceu e esfriou. Ele sentia que algo estava errado com
seu herdeiro e se recusava a funcionar normalmente. As escadas pararam de se mover, os quadros
ficaram opacos, as armaduras enferrujaram, as pedras se encheram de musgo e trepadeiras, as
estátuas racharam, a madeira apodreceu, as tochas e velas tinham chamas fracas. Hogwarts inteira
se afundou na dor, se recusando a ser o lugar mágico que seu herdeiro tanto amava. Não importava
o quanto Dumbledore tenta-se, o castelo se recusava a voltar a sua glória. Não sem o seu herdeiro.

Sirius Black estava entrando em desespero. Durante uma semana ele trabalhou arduamente
para tentar cuidar de Hadrian, mas o garoto só estava piorando. Sua hipotermia chegara num nível
preocupante, sua magia não tinha forças para se regenerar, os inúmeros cortes abertos contraíram
uma infecção terrível, e seu organismo, numa alternativa para não gastar tanta energia, o colocou
em coma para que pudesse se concentrar em tentar combater a infecção e a hipotermia. Sirius não
tinha magia o suficiente para tentar ajudá-lo, e a que tinha ele transferia para o garoto. Porém,
ainda assim, não era de grande ajuda. Seu corpinho magro tremia violentamente de frio, mesmo
que estivesse ardendo em febre; seu coração batia lenta e fracamente; sua respiração era rasa e
ruidosa; seus dedos estavam ficando necrosados, assim como sua perna esquerda, onde quase todo
o seu pé estava preto e podre; de seus cortes saía pus; suas queimaduras avermelhadas tinham
bolhas doloridas; bolsas escuras estavam abaixo de seus olhos; suas bochechas murcharam e sua
pele tinha um tom doentio de amarelo.

Hadrian estava definhando.

Ele estava morrendo.

Agora...

Eles o perderiam para sempre.


Capítulo 59
Chapter Notes

O sofrimento tá acabando pessoal.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Sentada no quarto escuro onde, uma vez, fora banhado de risadas alegres e vívidas, Maray,
desolada, chorava desesperadamente. Seus soluços e gritos agonizantes ecoavam pela casa
sombria. Em seus braços estava Sky, a baleia de pelúcia que Hadrian amava desde que a recebera
de presente de seus pais em seu primeiro Yule com uma família. Sky era adorável, suas costas
eram em um tom azul profundo com pequeninos brilhos dourados cobrindo toda sua extensão, sua
barriga era branca e macia com costuras destacando a parte inferior de sua mandíbula. Hadrian a
amou no instante que a viu.

Ele estava tão feliz, pois poderia comemorar um feriado em família. Hadrian não ligava para
os presentes, ele só queria participar das festividades e estar ao lado dos pais e Nyx. Tudo o que
importava para o pequeno garotinho de sete anos eram os sorrisos amorosos que os goblins o
davam e o olhar carinhoso de Nyx para si. Porém, quando Maray se aproximou com uma caixinha
lindamente embrulhada em azul profundo com um laço dourado no topo, seu pequeno
coraçãozinho se encheu de alegria, os goblins e a serpente nunca esqueceriam aquele primeiro
sorriso verdadeiro e radiante que iluminou o adorável rosto do garotinho com os olhos chorosos
brilhando na mais pura e verdadeira felicidade.

Ao abrir a caixa, lá estava ela, a adorável pelúcia de uma baleia-azul. Hadrian a pegou com
tanta delicadeza, como se estivesse segurando a folha de um livro antigo que ao simples toque
poderia se desmanchar; ele a olhava com tanta adoração e alegria. “Como vai chamá-la?”, Ragnuk
havia perguntado em meio a um sorriso amoroso direcionado ao pequeno bruxo. “Sky. Porque ela
parece o céu a noite e cheio de estrelas.”, Hadrian respondeu enquanto abraçava fortemente a
pelúcia. Naquela manhã de Yule, a casa se encheu de amor e alegria com as doces risadas do jovem
garoto.

Agora, depois de tantos anos, Sky ainda continuava adorável, ainda tinha o doce cheiro de
seu filho. Era uma tortura e um alívio abraçá-la. Sua existência trazia a Maray as mais belas
lembranças de seu amado Hazz. Ele brincando com a pelúcia junto com as outras crianças; a
adoração e cuidado que ele tinha com o brinquedo, com medo de sujá-lo ou rasgá-lo; seu lindo
sorrisinho sem dentes enquanto dormia abraçado a baleia e a Nyx; suas conversas com Sky; seus
intensos olhos verdes tão radiantes quanto seu sorriso banguela. Hadrian amava essa baleia, a
levava para todos os lugares, e quando cresceu, deixou-a descansando em sua cama junto com os
travesseiros, e ao se deitar ele abraçava-a junto com a serpente, as vezes ele levava as duas para o
quarto dos pais e se acomodava no meio deles; querendo seu amor e carinho para afastar os
pesadelos.

Porém, Sky também lhe trazia a terrível realidade de que Maray havia perdido seu adorado
filho. Ele estaria em qualquer lugar do mundo, na mão de qualquer um, sofrendo os piores terrores
que sua mente preocupada e devastada poderia imaginar. Onde estaria o seu doce filho? O que
estariam fazendo com eles? Ele estaria bem? Estaria comendo e bebendo água? Estaria
machucado? Estaria conseguindo dormir sem muitos pesadelos? Ele estaria vivo? Ela o veria mais
uma vez? Ela teria a chance de ver o lindo sorriso de seu filho outra vez? E se nunca o achassem? E
se, quando o acharem, for tarde demais? E se ela havia perdido seu filho para sempre? Seu amado
Hadrian...

— Amor... — Ragnuk chamou num sussurro dolorido. Ele havia chegado em casa e escutado os
lamentos de sua amada, correu até o quarto do filho, onde sabia que a esposa estaria.

Vê-la naquele estado era terrível. Pálida, bolsas escuras sob os olhos, magra por sua falta de
apetite, de joelhos no chão, os ombros tremendo enquanto soluçava abraçada a Sky. Ragnuk não
estava melhor do que Maray. Também havia perdido o apetite e o sono, sua preocupação o
amedrontando terrivelmente enquanto tentava se manter firme para conseguir amparar a esposa.
Seu coração se contorcendo em tristeza enquanto suas lágrimas insistiam em rolar por seu rosto.
Ele não poderia desmoronar, se não sua família estaria perdida, ele tinha que ser forte. Por Maray.
Por Nyx. Por Hadrian.

— Querida... — Ajoelhou-se na frente da esposa e abraçou-a fortemente. Suas próprias lágrimas já


caindo enquanto Maray agarrava-se a si, ainda segurando Sky. A pelúcia o fez relembrar dias tão
distantes. Dias em que ele tinha seu filho ao seu lado com um imenso sorriso no rosto. Dias que ele
temia nunca mais ter.

— E-e-eu que-quero o-o me-meu fi-filho... — A goblin suplicou em meio aos soluços
desesperados. — Tra-traga-o para ca-casa... E-eu pre-preciso dele... E-eu te i-imploro... Me
devolva meu filho... — Ragnuk abraçou-a ainda mais forte, seu choro tornando-se mais intenso.

— Nós vamos achá-lo, querida. — Sua voz saiu numa promessa rouca e embargada. — Vamos
ter nosso filho de volta. Eu prometo.

Maray chorou ainda mais, seu marido a segurando fortemente. Seus corações partidos pelo
filho desaparecido. A dor de perder um filho é a pior dor de todas, e o casal de goblin sofria com
essa tortura. Eles precisavam de seu amado Hazz. Precisavam do seu sorriso contagiante e olhos
brilhantes. Não poderiam viver sem ele. Nunca seriam tão felizes como nos dias em que estiveram
rodeados pelas doces risadas do garotinho. A casa que chamaram de lar estava escura e fria. Não
era sua casa. Não sem Hadrian. Seu filho era o seu mundo, e nada mais importava.

Sirius Black, definitivamente, estava desesperado. Era final de semana, e Hadrian só estava
piorando. Por sete dias ele não conseguiu descansar devidamente, pois ficava velando o sono
alheio enquanto tentava achar alguma coisa que o ajudasse. Levar o garoto para um hospital
muggle estava fora de cogitação, eles não iriam lidar bem com os cortes profundos que não
sangravam e o levariam para longe, para ser estudado e o mundo bruxo seria exposto. E ir para St.
Mungus também não era uma opção, pois todos iriam reconhecer tanto Hadrian quanto Sirius e
tudo viraria um pandemônio.

Durante esses dias Sirius esgotava sua pouca magia para ajudar o garoto a se curar, mas
tantos anos em Azkaban tinham o “aleijado” magicamente. Doar o pouco te magia que tinha e
ainda acumular um pouco para poder aparatar estava sendo muito difícil. Com seu olfato
aprimorado, o animagus conseguia sentir o fedor da morte começando a sair do corpo magrelo. Ele
precisava pensar em algo. E rápido.
— Eu sinto muito, Hazz. — Sussurrou roucamente enquanto pegava nos braços o garoto muito
bem enrolado em várias camadas de cobertores. — Eu queria poder fazer mais por você, querido.
— Beijou-lhe docemente a testa antes de reunir toda a sua escassa magia e girar nos calcanhares.

Os dois foram sugados pelo vácuo, espremidos e esticados enquanto a aparatação acontecia.
Mas quando Sirius se firmou no chão mais uma vez, ele olhou para os imensos portões negros com
a letra “M” grava em ouro. Eles seriam sua última esperança de que Hadrian pudesse sobreviver.
Agachou-se e colocou o corpo adormecido cuidadosamente na neve gélida e fofa, certificou-se de
que ele estava bem enrolado nas cobertas e acariciou o rosto pálido e magro com ternura.

— Até mais, Hazz. — Depositou um beijo casto em sua testa antes de se erguer e estender uma
mão para frente, tocando as enfermarias da propriedade e alertando seus donos. Com um último
olhar acompanhado de um sorriso triste, Sirius aparatou para a Forbidden Forest, onde esperaria
pacientemente o afilhado retornar para Hogwarts.

Maray e Ragnuk voltara a usar suas personas humanas, já que estavam na sala de reuniões na
Malfoy Manor, em companhia de Tom, Lucius, Narcissa, Nyx e Hera. A lua parecia mais brilhante
naquela noite, as nuvens eram poucas, as estrelas brilhavam mais intensamente. Mas ninguém se
deu ao trabalho de focar na beleza da noite, seus olhos focados no mapa da Grã-Bretanha cheio de
rabiscos. Tantos lugares riscados depois de buscas infrutíferas. O colar que selava Hadrian e o
escondia do mundo ainda estava fazendo o seu trabalho.

— E se ele não estiver mais na Grã-Bretanha? — Tom questionou. — E se o tiverem levado para
outro país?

— Não sabemos se ele foi levado ou fugiu. — Ragnuk massageava a ponte do nariz. — Se for a
segunda opção, então ele não iria muito longe.

— E se essa não for a opção correta? — Tom começava a se irritar. Isso era muito normal
ultimamente, qualquer coisa o fazia explodir em ira, e tendia a descontar suas frustrações nos
muggles trancados no andar debaixo.

— E se Raymond estiver certo?! — Narcissa tomou um partido. — E se ele conseguiu fugir, de


algum jeito.

— Começou. — Hera sibilou irritada. Lucius ia falar algo, mas foi interrompido pelos avisos das
enfermarias da propriedade o alertando de que alguém estava no portão.

— SILÊNCIO! — Lucius exigiu. — Tem alguém nas enfermarias querendo entrar!

— Um ataque? — Narcissa perguntou preocupada, pois também sentira a investida contra as


proteções.

— Pode ser. Vamos. — Todos os cinco rumaram para os portões principais, prontos para um
ataque. Porém, o que encontraram fora outra coisa. Talvez até pior.

Lá, do outro lado do portão, deitado na neve e envolto de cobertores velhos e surrados,
estava Hadrian. Ragnuk e Maray correram até o filho assim que sentiram o fedor da morte vindo do
mesmo. Nem se preocuparam se aquilo fosse uma emboscada, eles só queriam ter o filho nos
braços. Os grandes portões se abriram antes que eles o alcançassem, os dando uma livre passagem
ao corpo adormecido.
— Meu filho... — Maray soluçava enquanto erguia a cabeça do garoto e a colocava no colo. —
Meu doce e amado filho... — Beijava-lhe delicadamente a face. — Eu senti tanto a sua falta, meu
amor... Estava tão preocupada... — Narcissa, Lucius e Tom chegaram pouco depois, ofegando ao
verem o estado do moreno.

— Não mexam muito nele. — Narcissa orientou, assumindo uma postural profissional. — Não
sabemos onde ele foi ferido e se fizermos algo pode piorar a situação. — Ergueu sua varinha e fez
um feitiço rápido de diagnóstico no pequeno. — Oh céus... — Sua garganta entalou com a aura
preta que envolvera Hadrian. — Lucius, vá chamar o máximo de mediwizards que St. Mungus
disponibilizar e que deem suas palavras sobre o sigilo. — O loiro acenou com a cabeça e aparatou
para o hospital bruxo. — Vamos. — Levitou o corpo do garoto e o grupo voltou correndo para a
mansão, subindo as escadas aos tropeços e o deitando na cama com cuidado. — Tom acenda o
fogo e Marie me ajude a tirar essas cobertas dele. — Ordenou apreensiva enquanto suas ordens
eram acatadas.

— Santa Magic... — Maray tinha os olhos banhados em lágrimas ao ver o corpo do seu amado
filho finalmente revelado. Era uma visão horrenda, membros quebrados e enegrecidos, inúmeros
cortes rasgando sua pele, queimaduras e hematomas colorindo o que uma vez foi tão límpido
quanto porcelana; pus e um pouco de sangue seco se misturando ao suor.

— Eu preciso que alguém chame Severus para mim. — Narcissa pediu enquanto tentava limpar
um pouco as feridas infeccionadas.

— Eu vou. — Ragnuk anunciou antes de sair da sala para escrever uma carta ao Mestre de Poções.
Graças a sua magia goblin, a correspondência iria surgir na sua frente no instante em que ela
terminasse de ser escrita. O goblin voltou para o quarto logo depois de fazer o que lhe fora pedido.

— Ele está morrendo... — Não era uma pergunta, as duas sabiam disso. Maray se ajoelhou no chão
e segurou uma pequena mão gélida e enegrecida pela necrose. — Meu doce, Hazz... — Não
conseguiu conter as lágrimas de escorrerem enquanto colocava a mão semimorta contra seu rosto.
Ela pouco se importava com a aparência podre do membro, ela tinha seu filho em suas mãos, e
estava perto de perdê-lo para sempre. — Meu filho amado, por favor, não me deixe... — Suplicou
num sussurro choroso.

Tom cerrou os punhos com força, arrancando sangue por suas unhas terem perfurado a pele.
Hadrian estava morrendo e tudo o que podia fazer era assistir. Ele não podia fazer nada para ajudá-
lo, não conseguiu fazer nada por ele. Fora um completo inútil! Seu amado poderia morrer e ele não
faria nada. Não. Ele não pode perder Hadrian, não agora, e nem nunca. A única pessoa que o
amou, a única que o deu uma chance de ser uma pessoa normal, a única que não o via como um
monstro. Não existia uma vida sem Hadrian ao seu lado. Não tinha como viver sem ele. A única
coisa que o mantinha são em meio à loucura, única coisa que o fixava na Terra. Não iria permitir.
Não. Hadrian não podia morrer.

Narcissa fazia de tudo para preparar Hadrian para os profissionais, seus conhecimentos
muito superficiais para a gravidade da situação. Severus irrompeu na porta com o olhar
desesperado de preocupação. Ele pouco se importou com as aparências, deu uma desculpa qualquer
para sua ausência para o diretor e tratou de viajar pelo Floo. O pocionista vacilou na porta e teve
que se apoiar no batente para não cair, seu coração dolorosamente contraído ao ver a imagem
destruída daquele que uma vez fora tão vívido.

— Preciso da sua ajuda para mantê-lo estável até que a equipe de mediwizards chegue! —Narcissa
chamou o homem paralisado de choque. — Severus! Eu preciso de você aqui! — Ela exigiu
autoritária, tirando-o do torpor.
— O que precisa que eu faça? — Se recompôs e colocou-se ao lado da loira.

— Preciso que transfira magia para ele enquanto eu tento estabilizar seu coração e reconstruir
alguns vasos danificados. — O homem assentiu, tocou levemente o ombro do garoto desacordado
e começou a enviar-lhe ondas de magia. Narcissa trabalhava incessantemente em tentar manter
Hadrian estável.

— Preciso que todos saiam do quarto! — Uma mulher alta com vestes verde-água entrou no
cômodo, sendo seguida por mais seis pessoas usando as mesmas roupas. Narcissa e Severus se
afastaram com certa relutância. Ragnuk segurou sua esposa pelos ombros e a puxou para o longe
do filho, mesmo escutando seus protestos e súplicas para que ela pudesse continuar segurando-lhe
a mão. Pouco a pouco o quarto foi esvaziado, deixando apenas a equipe médica e o paciente. O
colar do nó quaternário chamou-lhes a atenção quando fizeram exames complexos para analisarem
o garoto. Ele os estava impedindo de prosseguir com o tratamento para salvarem Hadrian. Todos
tentaram tirá-lo, mas era em vão, então se concentraram em fazer o que podiam com essa limitação
antes de se aprofundarem na pesquisa sobre o objeto maligno.
Capítulo 60
Chapter Notes

CAP ESPECIAL PARA COMEMORAR O FATO DA NOSSA FIC TER UMA


TRADUÇÃO PRO INGLÊS!!!!!

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Como assim não conseguem curá-lo?! — Maray, sob a persona de Marie, perguntou
exasperada.

Na sala de estar da mansão Malfoy estavam reunidos: a chefe dos mediwizards, o casal
Malfoy, o casal goblin (sob o glamour que os fazia parecerem humanos), Tom, Hera e Nyx.
Ninguém estava de bom humor, foram longas horas de espera por notícias do garoto desacordado
no andar de cima, e essa angústia perdurou até o amanhecer do dia seguinte. Severus teve que
retornar para Hogwarts, a muito contra gosto. Corações ansiosos olharam com esperança para a
mediwizard descendo as escadas com o rosto em branco e os olhos cabisbaixos. Sua equipe
permaneceu no andar de cima, transferindo magia para o núcleo danificado do paciente.

— Eu sinto muito senhora Lewis, mas a magia no colar que ele usa nos impede de fazer muita
coisa. — Meggie, a mediwizard que acabara de se juntar a eles, comentou com pesar. — Tentamos
de tudo para tirá-lo dele, mas nada funcionou. Se não tirarmos aquilo logo... — Um suspiro deixou
seus lábios e seus ombros caíram. — Hadrian morrerá.

Todos sentiram como se tivessem desligado o som do mundo, eles não conseguiam escutar
nada além do apavorante silêncio; os corações falharam algumas batidas conforme a informação
era processada por seus cérebros preocupados; as respirações entalaram nas gargantas e as lágrimas
se acumulavam nos olhos. Eles poderiam perder Hadrian. O adorável Sol que os iluminava e
aquecia; nunca mais poderiam escutar aquela risada doce; ver aqueles olhos brilhantes os olhando
com amor; sentir o toque quente de sua pele; acariciar os cabelos sedosos; escutar as três palavras
abençoadas deixando seus lábios rosados. Perderiam a razão de viver, pois era isso que Hadrian
era... Ele os uniu numa família e os instigou a continuar vivendo o mais intensamente que
pudessem, compartilhando seus sentimentos da forma mais intensa e verdadeira.

— Eu sinto muito, mas não sabemos qual feitiço foi colocado no colar. — Meggie abaixou o olhar,
não suportando encarar os pais do garoto.

Maray, antes paralisada com as lágrimas nos olhos, desabou em um choro de puro
sofrimento. Ragnuk se precipitou até a esposa e a segurou fortemente em seus braços para tentar
transmitir algum conforto, mesmo que ele estivesse chorando ainda mais. Narcissa chorava
copiosamente enquanto agarrava-se ao pescoço do marido, este estava paralisado e não conseguia
pensar em nada que não fossem as doces lembranças de um Hadrian sorridente. Um sorriso que ele
poderia nunca mais ver. Hera desejava fortemente poder chorar toda a sua dor, ela poderia perder o
garoto ao qual via como seu filhote. Nyx sentia o seu mundo desmoronar ao seu redor, a dor a
consumindo juntamente com a raiva. O seu filhote já sofrera tanto, e agora ele estava à beira da
morte.

Tom se remoía interiormente com tamanha incompetência ao não ter protegido Hadrian. Ele
havia jurado para si mesmo que o protegeria com todo o seu ser, prometeu que daria a sua vida
para que Hadrian pudesse sorrir tão verdadeiramente quanto ele fazia para si. Tom havia falhado,
falhou com a única pessoa que o amou. Muitos anos antes a sua morte era o seu pior pesadelo,
então ele fez as horcrux para se certificar de que nunca morreria. Logo depois Hadrian entrou na
sua vida, esgueirou-se para dentro de seu coração congelado e incendiou-o com o seu amor e
alegria. A geleira que trancafiava o seu coração derreteu lentamente, pela primeira vez na vida Tom
foi amado, no sentido mais lindo e puro desse sentimento avassalador. O pequeno garoto de
intensos olhos verdes enraizou-se em seu coração e dele fez a sua moradia. Por mais que Tom
tentasse negar ou fugir, ele sempre acabava se deixando ser vencido por esses novos sentimentos.

Ele queria amar Hadrian!

Ele queria amá-lo na mesma intensidade que via naqueles vórtices esverdeados que tanto o
encantaram. Mas então Hadrian fora arrancado de seus braços. Suas mãos estavam atadas, por mais
que lutasse para se libertar, ele não conseguia fazer absolutamente nada. Ele estava impotente
quando o garoto que amava mais precisou de ajuda. Tom não conseguiu achá-lo, não conseguiu
chegar a tempo, não conseguiu resgatá-lo, não conseguiu fazer nada. Hadrian iria morrer e ele não
era capaz de salvá-lo. O seu medo de sua morte havia se transformado, agora ele temia a morte de
Hadrian.

E o seu pior pesadelo estava tão perto de acontecer, que agora ele estava paralisado. Tantos
cenários hipotéticos de uma longa vida feliz e amorosa ao lado de Hadrian enchiam a sua mente.
Sem que ele percebesse, lágrimas se acumularam em seus olhos, eram tantas que rapidamente
estavam escorrendo por seu rosto. O aperto em seu peito se tornou tão intenso que ele se curvou
para frente ao colocar sua mão sobre o coração e urrar o mais alto que conseguia. Toda a sua raiva
e angústia por ser impotente ecoando pela mansão através da sua voz, juntamente com a sua dor e
tristeza em perder o amor da sua vida.

— BASTA! — Nyx gritou para Tom, que estava hiperventilado enquanto chorava. —Você vai se
acalmar e me ouvir, seu projetinho de lagartixa albina e desmilinguida! — O garoto olhou para
a serpente em completa confusão. Hadrian estava morrendo, por que ela não estava sofrendo como
todos os outros naquela sala? — Me escuta porque não temos muito tempo. — Se elevou na frente
do moreno. — Tem um jeito de salvar o Hazz. — Dito isso, toda a atenção do bruxo focou-se no
animal a sua frente. — O colar foi feito por um bruxo com núcleo de luz poderoso. Mande
Raymond chamar um amigo que ele confia e que tenha a porra de um núcleo de luz forte o
suficiente para quebrar o feitiço! — Tom teve que conter um calafrio que queria subir-lhe pela
espinha ao escutar o tom raivoso da cobra. Seus intensos olhos azuis não ajudavam em nada.

— Raymond! — Tom praticamente correu até o casal de pais que choravam copiosamente nos
braços um do outro. — Raymond! — O homem olhou-o com desprezo, como quem diz: “Como
ousa interromper nosso sofrimento seu verme insignificante?”. Ao ter a atenção do homem, Tom
explicou-lhe a situação. — Nyx me disse que tem um jeito de salvarmos Hadrian. — Suas palavras
silenciaram todo o cômodo, seus ocupantes nem mesmo respiravam de tão surpresos com o que
fora dito. — Ela disse que só um bruxo de núcleo de luz poderoso pode quebrar o feitiço do colar.
Ela mandou você contatar um amigo que confia para isso! — Ele não disse as próximas palavras,
mas Ragnuk pode vê-las claramente em seus olhos. “Então eu lhe imploro que salve Hadrian.”

— Em todos esses anos aprendemos a confiar nas palavras enigmáticas de Nyx. — Ragnuk
enxugou o rosto e se endireitou. — Se me derem licença, preciso contatar um velho amigo. —
Beijou a têmpora de Maray e se retirou para escrever para o bruxo que conquistou a amizade dos
goblins a muitos anos atrás.

A milhares de quilômetros de qualquer civilização humana, cercado por uma floresta tropical
infinita, com inúmeros animais muggles e criaturas mágicas escondendo-se na vegetação e vivendo
pacificamente, protegido por fortes feitiços anti-muggles, uma imensa construção de ouro
destacava-se no meio de tanto verde. Construções medianas espalhavam-se ao seu redor, porém o
foco estava totalmente na construção que mais parecia um templo maia. Adolescentes de várias
idades vestindo vestes verdes, que se misturava perfeitamente na vegetação, perambulavam pela
clareira ao redor, ou voando pelo límpido céu de uma manhã ensolarada. Várias línguas eram
faladas entre os adolescentes, mas isso não era nenhum obstáculo, pois utilizavam um adorno
mágico que lhes permitia a compreensão de qualquer idioma desconhecido por si.

Esta era CasteloBruxo, uma das mais antigas escolas de magia e bruxaria do mundo, protegia
por caiporas e várias outras criaturas mágicas para que nenhum muggle pudesse se aproximar,
juntamente com feitiços para que pareçam ruínas. Ela é mundialmente conhecida por sua
especialização em herbologia e magizoology. No meio de tantos adolescentes, destacava-se um
senhor com vestes num amarelo queimado, que lhes ensinava sobre a incrível criatura diante deles.
Esta tinha o corpo de uma mula, porém, no lugar de sua cabeça, irrompiam chamas ardentes que
nunca se apagavam.

Newt Scamander se surpreendeu ao ver uma carta materializar-se bem na sua frente. O velho
pediu licença aos alunos e afastou-se. Uma carta dessas só poderia vir de um goblin, e se um goblin
o escreveu, significa que o assunto era sério. Ele abriu a carta e leu as palavras escritas em uma
letra trêmula.

Newt, nós precisamos da sua ajuda. É um assunto de extrema importância!

A vida do meu filho está em jogo e o único que pode ajudá-lo é você! Ele está morrendo e nem
eu ou Maray podemos perdê-lo. Ele é a nossa vida. Então eu lhe imploro, salve o meu filho.
Não lhe peço isso como o Rei Goblin, mas como um amigo que confia a vida de seu filho a
você.

Venha imediatamente para Wiltshire, na Inglaterra, para a Malfoy Manor.

Ass. Ragnuk.

Newt cerrou a mandíbula em nervosismo. Anos atrás ele conheceu Ragnuk e conseguiu sua
amizade. O goblin era um grande amigo para si, e nunca desejaria que o mesmo sofresse. A dor
que ele deve estar sentido com a situação de seu filho...

— Aula cancelada! — Anunciou para os alunos que se afastaram para que o professor passasse
rapidamente por eles.
Em passos curtos e ritmados, Newt alcançou a sala da diretora. Amanacy Tabajara, uma
mulher em seus quarenta e poucos anos, de olhos castanho-escuros, cabelos negros e lisos, pele
parda, a dobra epicântica destacando seus olhos, vestia vestes em vários tons vívidos que a
deixavam ainda mais bela. Ela era conhecida por ser uma diretora descontraída e amigável, todos a
adoravam. Diferente de Dumbledore, Tabajara não fingia ser uma boa pessoa; ela conquistou a
lealdade das pessoas por ter o coração puro e livre de maldade.

Newt explicou-lhe que um assunto urgente surgira e ele precisava partir imediatamente, e a
mulher compreendeu perfeitamente. Desejou boa sorte ao amigo e garantiu que cuidaria de tudo
durante a sua ausência. O velho bruxo agradeceu e se retirou, saiu das alas antiaparatação e partiu
para o destino que estava na carta.

Draco, Colin, Neville, Fred, George, Pansy, Theodore, Blaise, Remus e Severus estavam
reunidos nos aposentos do Mestre de Poções, protegidos por fortes feitiços de privacidade para
silenciarem suas lágrimas e maldições. Eles estavam indo para o café da manhã no Salão Principal
quando Severus recebera a carta de Lucius. Imediatamente ele fora atrás do grupo para dar-lhes as
notícias. Com o coração entalado em sua garganta o homem leu as palavras escritas de forma
desleixada, o pergaminho manchado com algumas lágrimas indicava que algo bom não viria dali.

Severus.

Os mediwizards conseguiram estabilizar Hadrian, agora ao nascer do sol, fomos informados


que o colar que está em seu pescoço não os permite curá-lo. O objeto selou sua magia e não
pode ser retirado por ninguém. Fora-nos dito que, se não achássemos uma forma de retirar
esse colar...

Hadrian morreria em pouco tempo.

Com todos os ferimentos que ele tinha, mais uma hipotermia severa e a impossibilidade de
cura... Ele não viveria por muito tempo. Todas nossas esperanças foram arruinadas. Iriamos
perder Hadrian. Porém, Nyx contou-nos que o feitiço só poderia ser quebrado por um bruxo
poderoso com o núcleo de luz. Ragnuk chamou um amigo de confiança para tentar salvar a
vida de Hadrian.

Mas...

Se ele falhar...

Perderemos Hadrian para sempre.

Ass. Lucius Malfoy.

Todos naquele cômodo choravam toda a angústia e dor que destruía suas almas. Draco,
Neville e Colin se abraçavam para confortarem um ao outro, Fred e George choravam em seus
ombros. Theodore, Pansy e Blaise abraçavam uns aos outros para chorar. Remus desabara na
poltrona e chorava sobre as mãos que tentavam esconder as lágrimas. Severus nem ligou por não
estar sozinho ali, ele chorou silenciosamente ao virar-se de costas para todos e se afundando em
sua tristeza.

Lucius Malfoy estava preparado para a chegada de um convidado, porém ele estava receoso
com a sua identidade, ainda desconhecida. Ele não era um homem que se sentia confortável com
estranhos, muito menos quando não sabia de nenhum segredo para manipulá-lo caso algo desse
errado. Ele também não havia gostado da ideia de deixar esse estranho perto de Hadrian, seus
instintos protetores haviam se intensificado ainda mais depois do sequestro do moreno. Coisa que
todos que conheciam o garoto de olhos verdes compartilhavam.

Então, a surpresa que todos tiveram ao verem Newt Scamander apertar a mão de Ragnuk
(ainda sobre a persona de Raymond) não fora inesperada. Ragnuk e Maray conduziram o velho
bruxo até a escadas e desapareceram no segundo andar.

— Por que vocês estão usando glamour? — Newt perguntou num sussurro enquanto seguia os
velhos amigos.

— Nosso filho não é goblin. — Ragnuk respondeu no mesmo tom baixo.

— Pode-se dizer que você compreenderá o porquê estamos disfarçados quando vê-lo. — Maray
segurou a maçaneta da porta com as mãos trêmulas e a abriu.

Foi então que o homem compreendeu o que seus amigos queriam dizer. O Ministério da
Magia nunca permitiria que goblins adotassem uma criança bruxa. Mas havia outra coisa que
chocou o magizoologist, o estado em que aquele garoto se encontrava. Ataduras cobriam
praticamente todo o seu corpo, os poucos pedaços de pele que se dava para ver estavam ou
terrivelmente pálidos, ou coloridos por hematomas dolorosos. Um grupo de mediwizards exaustos
e drenados doavam suas magias para manterem o garoto vivo e estável.

— O feitiço no colar precisa ser desfeito por um bruxo poderoso que possua o núcleo de luz. —
Ragnuk comentou com a voz rouca. — E o único em quem eu confiaria a vida de meu filho é
você, Newt. — Os dois se olharam por poucos segundos antes que o bruxo assentisse.

Newt pediu para que os mediwizards se afastassem, e assim eles fizeram, ao aproximar-se do
filho de seus amigos ele pode sentir a forte magia que irradiava do colar. Suas mãos enrugadas se
estenderam sobre o objeto enquanto seus olhos se fechavam. Um cântico sussurrado preencheu o
quarto silencioso, o colar começou a brilhar numa luz avermelhada, se intensificando conforme
Newt proferia as palavras em uma língua morta. Todos sentiram a pressão mágica aumentando
gradativamente, até quase os sufocar.

O ar era denso e difícil de respirar, a magia estalava e pequenas faíscas surgiam


aleatoriamente ao redor do garoto desacordado. Newt estava se cansando, fazia muito tempo que
usara tanta magia assim, mas não fraquejou na sua tarefa. Permaneceu concentrado e entoando o
cântico. Sua magia se estendeu, como se fosse uma mão, e agarrou o colar com força. Sua força
aumentava junto com a aproximação do final do feitiço. E então, em uma explosão mágica
avermelhada, o colar se desintegrou e o núcleo de Hadrian foi libertado.

Newt ficou inconsciente e desabou de exaustão no chão, os mediwizards correram para os


dois pacientes. O grupo se dividiu entre os bruxos desacordados. Maray e Ragnuk choravam de
alegria, seus corações cheios de esperança enquanto viam o seu filho ser rapidamente cuidado.
Newt Scamander salvara a vida de seu precioso Sol. Eles devem suas vidas ao bruxo. Hadrian
poderia viver, eles poderiam vê-lo sorrir mais uma vez, poderiam escutar suas risadas, abraçá-lo e
dizer-lhe o quanto o amam.
Eles teriam mais tempo com Hadrian.

Eles não perderiam o seu amado filho.


Capítulo 61
Chapter Notes

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Caros leitores...

Ainda é indefinido e sem total certeza, mas eu tenho que mantê-los a par das notícias
relacionadas ao nosso adorado Hadrian Tamish Potter.

Minhas fontes me disseram que, em uma tarde normal em Hogwarts, o namorado de


Hadrian, Draco Malfoy, e vários outros jovens receberam uma carta magicamente e se
reuniram para lê-la, e segundos depois todos estavam em desespero e aos prantos.

Não há como saber o que havia naquela carta, mas para ter tirado tamanha dor daqueles
jovens só pode ser relacionado ao jovem Potter. E se aquela foi a reação deles ao lê-la, então
as notícias não são boas.

O mundo magico perdeu seu salvador? Quem o raptou? Quem foi a mente maldita por trás
do sumiço do jovem Potter? Porque Albus Dumbledore não fez nada mesmo sendo o bruxo
mais poderoso da atualidade? Será que há segredos que não sabemos? Histórias sombrias e
mentiras sendo omitidas?

Eu farei de tudo, não só como jornalista, mas também como uma pessoa que espera o melhor
de Hadrian Tamish Potter, para descobrir as verdades escondidas de todos.

A sociedade bruxa estava entrando em colapso. Desde o desaparecimento de Hadrian as


desconfianças perante as autoridades começaram a surgir. Conforme Rita Skeeter escrevia novas
manchetes sobre o caso as dúvidas iam se intensificando. O Ministério da Magia e o Corpo de
Aurores foram completamente inúteis. Nem mesmo Albus Dumbledore, o adorado Lord of Light,
conseguira achar o garoto desaparecido. Até as forças das trevas estavam inquietas. Ninguém sabia
nada sobre o caso, então ficaram curiosos sobre o assunto. Já que, obviamente, não era obra de
antigos Death Eaters querendo vingança. Então quem estaria por trás disso tudo? Seria alguém do
lado da luz? Eram muitas perguntas e nenhuma resposta.

— Como se sente, Newt? — Ragnuk perguntou ao bruxo enquanto lhe entregava uma xícara de
chá. Depois que destruíra o colar, Newt foi levado para o quarto ao lado para ser tratado. Sua
magia fora drenada em níveis perigosos, um pouco mais e ele poderia entrar em coma ou morrer.

— Como se uma manada de erumpent tivesse me pisoteado. — Soltou uma risada nasalada
enquanto aceitava o chá e o bebericava.

— Eu realmente não sei como lhe agradecer pela ajuda, Newt. — O glamour de um homem
sentou-se numa cadeira ao lado da cama. — Hadrian é a nossa vida. Não sei se conseguiríamos
viver sem tê-lo ao nosso lado. — Seus olhos encaravam o chão, a dor da quase perda de seu único
filho ainda estava tão crua e vívida em seu peito que era apavorante.

— Me agradeça contando sobre como um garotinho conquistou esse coração de pedra. — Newt
sorriu, ainda olhando para o líquido fervente em sua xícara. — Sei que os goblins não são tão
severos com as crianças, mas ainda assim... Adotar uma e sentir esse amor que eu vi em seus
olhos... Não é algo simples.

— Não é mesmo. — Ragnuk sorriu com as lembranças do dia em que conhecera o garoto. Mesmo
sob circunstâncias desagradáveis, aquele foi o primeiro contato deles. O início de uma amizade, o
desabrochar do amor paternal que agora o consumia por completo. — Confiarei de que o que será
dito aqui não irá alcançar outros ouvidos. — Olhou para o bruxo acanhado. Ainda em sua velhice,
Newt nunca deixou de ser acanhado e tímido.

— Você pode confiar de que não direi nada para ninguém. — Olhou nos olhos do amigo por
alguns instantes antes de desviar. Ele nunca conseguiu sustentar uma troca de olhares por muito
tempo mesmo.

— Hadrian chegou de madrugada ao nosso banco em Diagon Alley. Ele estava todo machucado,
sujo, molhado da chuva e muito magro. O goblin que o atendeu iria mandá-lo embora como
sempre. Mas a serpente que estava nos ombros do garoto era mágica e conseguiu se comunicar
numa “ordem” de que, pelo menos, escutássemos o que ele tinha a nos dizer.

— Eu andei afastado dos jornais, então estou surpreso. — Os olhos azuis do bruxo cintilaram. —
Que tipo de cobra é? Quais os poderes dela? Eles conseguem se comunicar? Sabe de onde ela
vem? Existem outros como ela? Posso conhecê-la? — Ragnuk reprimiu um sorriso com a
empolgação do velho amigo. Sua paixão por criaturas mágicas nunca mudaria.

— Não sabemos quase nada do passado dela ou se existem outras. Tudo o que sabemos é que sua
espécie é uma derivação mágica da King Cobra muggle. Ela em si é completamente diferente de
qualquer outra serpente. Seus olhos é o que se destacam, além da sua magia ser incrivelmente forte.
Ela parece ser uma espécie de vidente, porque sempre sabe das coisas e nunca está errada. — Seu
sorriso carinhoso cresceu em seus lábios ao lembrar-se de Hadrian brincando com Nyx. — Eu não
sei se você pode conhecê-la. Teria que pedir para Hadrian, já que ela é incrivelmente protetora
com ele. No momento ela deve estar no quarto dele esperando-o acordar.

— Eu adoraria conhecê-los, os dois. — Newt balançou sua xícara e ficou vendo o líquido
rodopiando.

— Continuando a história. — Ragnuk pigarreou. — Hadrian é um parselmouth, então seguiu o que


Nyx orientou e pediu-nos um Teste de Herança.

— Ele é um parselmouth? — O velho encarou o amigo com admiração nos olhos.

— Sim, ele é. — Newt assentiu com a cabeça e desviou o olhar novamente. — Nosso ultraje ao ver
o Teste de Herança daquele garotinho fora imenso. Albus Dumbledore colocou nele inúmeros
bloqueios, selos e compulsões. Era revoltante.

— Aprendi por experiência própria a não confiar naquele homem. — Contorceu seu rosto em
desgosto ao lembrar-se das manipulações do mesmo anos atrás.

— Mesmo com tantos bloqueios e compulsões, o garoto continuava vivo. Dumbledore o enviou
para a irmã muggle de sua mãe, que odiava magia e descontou tudo no sobrinho. Seu marido e
filho a ajudavam a tornar a vida de Hadrian um inferno. Mas ainda assim o garoto era tão educado,
tão doce e não nos tratava com superioridade. Ele chegou ao nosso banco, ficou surpreso com
nossa aparência num primeiro momento, mas ainda assim ele nos tratou como iguais.

— Eu o admiro pela força. — Newt comentou enquanto encarava pela janela a phoenix que
sobrevoava os céus junto com duas corujas.

— Todos nós o fazemos. — Ragnuk seguiu o olhar do amigo e sorriu. — Aquela é a phoenix de
Dumbledore.

— Fawkes?! — Perguntou surpreso.

— Sim. No ano passado ele trocou sua lealdade e começou a seguir Hadrian.

— Minha curiosidade em conversar com seu filho só aumenta. — Newt brincou, olhando as aves
sobrevoando a propriedade.

— Ele tem esse encanto com todos. — Sorriu. — Continuando... — Soltou outro pigarro. —
Chamei Maray para que todos aqueles selos, compulsões e bloqueios fossem retirados. A equipe
escalada para o serviço teve seus núcleos mágicos quase esgotados e o banco todo estremeceu
quando o núcleo de Hadrian fora liberto. Nunca vimos um bruxo com aquela magia. Ela era tão
parecida com a magia das criaturas mágicas e a natureza. Ela é tão pura e eletrizante. Uma
tempestade de raios, uma brisa quente, um rio tranquilo, um mar revolto, ela é tudo isso e muito
mais. É como se a própria Lady Magic estivesse entre nós. Ele já havia nos conquistado quando
chegou a nós, mas, ao sentirmos sua magia, sabíamos que deveríamos mantê-lo em segurança.
Sentíamos em nossa alma o desejo de Lady Magic de proteger o garoto.

— Quanto tempo ele ficou desacordado? — Newt perguntou curioso. Toda essa história só o fazia
querer ainda mais conhecer o garotinho. Ver o brilho nos olhos do velho amigo ao falar do mesmo
era tão incrível. Ragnuk era alguém fechado, um rei impecável e misericordioso, mas ainda assim
ele não era de se deixar apegar com qualquer um. Maray era a única que tinha conseguido
conquistar seu coração e derrubar as muralhas que o goblin colocou ao seu redor. Então, vê-lo falar
com tanta emoção sobre seu filho, era maravilhoso.

— Nove dias.

— Wow. — O número de horas que uma pessoa fica desacordada depois de um Ritual de
Purificação, como era chamado o que fora feito para retirar tudo que trancafiava a magia de
Hadrian, indica a proporção dos feitiços que a acorrentavam. Um dia já era algo impressionante,
pois poucas pessoas tinham o poder de fazer algo poderoso. Mas nove dias era quase impossível,
apenas uma pessoa com muita magia conseguiria isso. E só alguém com um poder ainda maior
conseguiria sobreviver aquilo.

— Sim. — Ragnuk suspirou. — Quando ele acordou, eu e Maray já havíamos conversado sobre,
então o levamos para o Reino Goblin e o apresentamos à Nação.

— Agora eu fiquei com ciúmes. Você não me apresentou para a Nação Goblin, só demos um
aperto de mão e a magia cuidou de todo o resto. — Brincou enquanto depositava a xícara vazia na
mesinha de cabeceira.

— Eu não o queria como o meu filho. — Ragnuk entrou na brincadeira e os dois sorriram
divertidos. — Com o tempo passando, todos se apaixonaram por Hadrian. Ele era tão adorável,
dedicado e educado. O ensinamos nossa língua, o colocamos numa escolinha, o ensinamos magias
e rituais antigos, e ele fazia tudo com entusiasmo. — Ragnuk não conseguia mais segurar o seu
sorriso feliz com as doces lembranças. — Todas as crianças queriam brincar com ele e com a Nyx.
Os adultos e idosos adoravam sua companhia e o entretinham com animação. Não foi difícil amá-
lo. Então, quando eu e Maray vimos, começamos a vê-lo como nosso filho. Todas as noites ele
tinha pesadelos e nós íamos ao seu quarto o confortar, ele amava dormir entre nosso abraço e com
a Nyx em sua barriga. Ele ficava tão calmo e adormecia facilmente. Em pouco tempo ele começou
a nos chamar de “mamãe” e “papai”. Nossa alegria ao ouvi-lo nos chamar assim era imensa. Ele foi
crescendo, se tornou uma pessoa maravilhosa, conheceu os Malfoy e os adorou. Eles são os únicos
bruxos que conhecem nossa verdadeira identidade. Além de você.

— Eu vejo que ele é muito importante para vocês. — O bruxo começou a brincar com sua varinha.

— Sim. Ele é. — Ragnuk sorriu orgulhoso. — Então ele foi para Hogwarts. E cada vez mais
tinham perigos o rondando. Queríamos fazer alguma coisa, mas ele sabia que precisava passar por
certas coisas para conseguir destruir Dumbledore no futuro. Além de que, Nyx nos orientou de que
ele deveria enfrentar esses obstáculos. Era o destino dele. Então tivemos que aceitar. Ela nunca
está errada e sempre sabe das coisas.

— Mal posso esperar para conhecê-la. — Sorriu animado.

— Oh! — Ragnuk exclamou ao se lembrar de algo. — Hadrian também adora magizoologia. —


Os olhos azuis do velho cintilaram de empolgação ao virarem-se para o amigo. — Desde pequeno
ele tem um “diário” onde anota tudo, faz os desenhos e tudo mais. Ele o carrega para todo o lugar.

— E, suponho eu que, com o seu relacionamento com os goblins ele possui informações precisas
sobre as criaturas. Estou certo?

— Sim. — Ragnuk sorriu. — Ele não escreve sobre “criaturas mágicas”, ele escreve sobre seres
sencientes e autoconscientes. Seres vivos capazes de pensar, sentir emoções e se comunicar. Suas
anotações não são algo genérico do ponto de vista de um humano que se acha superior. Ele apenas
aponta as características, curiosidades, costumes, como são vistos com preconceito e o real ser de
que está falando. Seus livros são sua inspiração.

— Fico honrado por saber disso. — Newt desviou o olhar e encolheu os ombros em vergonha. —
E fico feliz em saber que não ofendi ninguém com meu conhecimento limitado. Porque eu não
tenho a confiança dos seres mágicos como Hadrian. Pelo visto eles se abrem mais com ele, o
permitem se aproximar para conhecer seus verdadeiros “eus” e apontar os erros da sociedade bruxa
perante os mesmos.

— Nós compreendemos suas limitações Newt, e apreciamos a sua busca pela verdade sobre os
seres mágicos. Algo que vai contra aquilo que o Ministério da Magia impõe.

— Eu gostara de ficar aqui para poder conversar com Hadrian. Se você permitir, claro.

— Você pode ficar o quanto quiser, Newt. Devemos nossas vidas pela sua ajuda hoje. E acredito
que Hadrian irá adorar conhecê-lo. — Os dois sorriram. — Ah! Esqueci de contar que ele tem um
basilisk também.
— Um basilisk?! — Ragnuk riu da expressão surpresa do velho bruxo.

— Sim. É o basilisk de Salazar Slytherin com mais de mil anos. E ela controla sua magia para
bloquear o Olhar da Morte e não ferir ninguém.

— Pelas cuecas de Merlin! Eu nunca consegui ver um basilisk de perto! — Seus olhos azuis
brilhavam enquanto seus pés se agitavam, loucos para pular da cama e correr até a criatura.
Ragnuk ria do amigo, nem mesmo a idade era capaz de mudar sua personalidade cativante.

— Como ele está?! — Draco agarrou-se a mãe num abraço apertado.

Todos que estavam em Hogwarts combinaram de se reunirem na sala de Severus Snape


depois do toque de recolher para irem a Malfoy Manor ver Hadrian. Mais cedo naquele dia eles
receberam uma carta de Narcissa informando-lhes que o colar fora destruído e Hadrian poderia ser
curado. No momento ele está estável, porém ainda corria perigo de algum ferimento ou doença se
intensificar e ele morrer.

— Estável. — A mulher abraçou Colin, que tinha corrido para se juntar ao abraço. — Os
mediwizards trabalharam o dia inteiro para curar o máximo que conseguiam. — Seus olhos
focaram-nos do Mestre de Poções. — Eles precisam da sua ajuda porque o estoque de poções está
acabando. E você é o melhor do mundo.

— Onde eles estão? — Severus perguntou, reprimindo as palpitações de preocupação de seu


coração.

— No quarto dele. Vamos subir. — Ela soltou os garotos loiros e começou a guiar o grupo. — Ele
ainda não acordou, ainda está muito ferido, vai levar um tempo para que seja completamente
curado. O foco agora são os ferimentos graves e a hipotermia. Não sabemos como, mas ele não
perdeu muito sangue durante esse tempo, mesmo que os cortes tenham sido profundos e algumas
artérias cortadas. Acreditamos que foi feito um feitiço que o impedia de sangrar. — Ela abriu a
porta e o grupo de homens atrás de si reprimiu um suspiro de horror.

Eles nunca, em todas as suas vidas, imaginaram ver alguém naquele estado. Tirando Severus
Snape, que já vira coisas terríveis sob ordens de Lord Voldemort e que também viu o estado que o
garoto chegou na mansão. Doía ainda mais por saberem que era uma pessoa tão amada naquele
estado deplorável. Ele não havia mudado muito desde o início da manhã, continuava pálido, cheio
de ataduras, com hematomas colorindo sua pele e o corpo terrivelmente magro. Um forte feitiço de
aquecimento fora lançado no cômodo, pois não poderiam colocar uma coberta sobre o garoto, para
evitar atrito nos ferimentos e uma possível abertura deles. Eles temiam que, longe do cativeiro com
o feitiço antisangramento, Hadrian poderia sangrar facilmente e até a morte. Sua prova era que
alguns cortes profundos tinham algumas gotas de sangue nas ataduras.

Lucius, Tom, Newt, Ragnuk e Maray (ainda sob o glamour) estavam num canto do quarto
conversando com a equipe médica que estava monitorando o garoto. O grupo que havia saído para
cuidar de Newt foi descansar para depois assumir o turno dos colegas no monitoramento de
Hadrian. Nyx e Hera estavam enroladas uma na outra no travesseiro do moreno enquanto Hedwig,
Scorpius e Fawkes estavam empoleirados na cabeceira da cama dele.

Dobby, o house-elf que trouxe o grupo de Hogwarts até a Malfoy Manor, limpou algumas
lágrimas e desapareceu para pegar algumas coisas para todos comerem. Ele era incrivelmente
apegado à Hadrian e se autodeclarou o house-elf responsável por cuidar de qualquer coisa que
envolvesse o mesmo.
— Vocês chegaram. — Maray sorriu para os amigos e namorados do seu filho. — Podem se
aproximar dele, só não o toquem. — Aconselhou docemente. Ela ainda sentia seu coração dolorido
ao ver o filho naquele estado, porém não seria mal-educada com os convidados.

Lentamente o grupo se aproximou da cama. Draco segurava com força as mãos de Neville e
Colin para os confortar, Fred e George se mantinham próximos para apoiar um ao outro, Pansy
segurava as mãos de Blaise e Theodore para se impedir de correr e abraçar o amigo desacordado,
Remus e Severus se mantiveram mais afastados. Eles sentiam que não tinham o direito de
interromper os adolescentes preocupados com o amigo, muito menos os namorados que choravam
silenciosamente ao ver o garoto que amavam num estado deplorável. Severus reprimiu um aperto
no coração ao ver Hadrian e se afastou do mesmo, dando as costas e indo até os mediwizards.

— Quais poções vocês precisam que eu faça? — Severus perguntou com sua máscara em branco.

— É bom tê-lo aqui para nos ajudar, senhor Snape. — Meggie se levantou e estendeu uma mão
para o homem. O mesmo a analisou e se limitou a um aceno de cabeça.

— Não ligue para esse morcego rabugento. — Lucius brincou ao ver o desconforto da mulher com
a rejeição do cumprimento. Severus enviou um olhar mortal para o amigo.

— Bom. — Meggie pigarreou. — O estado de Hadrian é complicado e o número de poções que


precisamos é alarmante. Também precisamos levar em conta que algumas não podem ser ingeridas
ao mesmo tempo, pois poderia ocorrer uma reação desastrosa. Então temos que medir a quantidade
certa para cada poção e suas utilidades. Ele precisa de várias poções para reposição de magia, para
cura de cortes profundos, perfurações de órgão, reconstrução óssea, alívio dos nervos abusados em
um nível alarmante. Seu coração sofreu uma parada cardíaca, então ainda estamos analisando o
grau e o que poderá acarretar depois disso. Ele sofreu com choques elétricos e térmicos, também
precisamos reconstruir alguns músculos e tendões danificados. Seu exame constatou que ele sofreu
várias queimaduras de primeiro grau, porém com a intensidade de uma de terceiro/quarto grau,
então teríamos que rever todos os nervos de seu corpo para verificar se não ficou nenhuma sequela.
Suas unhas foram arrancadas e regeneradas numa velocidade alarmante, então ficaram pretas por
causa da melanina usada na regeneração, contra isso não há o que fazer. Reposição de sangue não
utilizamos, pois ele não sangra. Porém, agora que, segundo nossas teorias, ele está longe do local
que estava enfeitiçado e impedia os danos de serem realmente intensos, os danos começaram a se
agravar. Onde ele teve as queimaduras está começando a se intensificar para a de terceiro grau; os
cortes estão começando a sangrar; alguns hematomas se intensificaram; os ossos partidos parecem
o machucar mais; os nervos, tendões e músculos danificados estão mais lesionados do que quando
ele chegou; e seu coração parece mais fraco do que o normal. Acreditamos que o afastamento está
trazendo à tona os reais danos. E no estado dele é de alto risco. Sem contar que a hipotermia que
ele contraiu está se agravando e nossas poções não foram fortes o suficiente para combatê-la.

— Irei preparar tudo imediatamente. — Severus se retirou para o laboratório de poções da mansão.
Ele já havia ido lá várias vezes, então já sabia o caminho. Qualquer um estranharia o fato dele
saber exatamente quais poções a mediwizard estava se referindo sem ter citado um nome, porém,
para ter o seu certificado de Mestre de Poções ele teve que fazer estágio nos hospitais para
aprender todas as poções que são utilizadas em cada tratamento e quais não podem ser utilizadas ao
mesmo tempo. Severus Snape não era o Mestre de Poções mais novo do século à toa. Ele era
perfeito no que fazia, ele era o melhor do mundo e ninguém era páreo para suas habilidades, nem
mesmo os antigos bruxos que antecederam esse título tão prestigiado.

— Ma-mas ele va-vai ficar bem, né? — Colin perguntou depois de fungar enquanto limpava as
lágrimas.
— Se tudo der certo, sim. — Maggie não iria mentir, sua profissão a impedia de criar falsas
esperanças. Ela deveria sempre ser completamente verdadeira com o paciente e seus envolvidos.

— Vocês deveriam voltar para a escola antes que desconfiem de algo. — Narcissa, que havia
sentado ao lado do marido quando entrou no quarto, levantou-se para abraçar o filho e os dois
garotos que ainda lhe seguravam fortemente as mãos. — Vocês podem voltar amanhã à noite.

— Até amanhã, mãe. — Draco, assim como todos os adolescentes, virou o rosto para olhar
Hadrian. — Até amanhã, Sunshine.

— Dobby. — Narcissa chamou depois de beijar a testa de cada um dos adolescentes que iriam
partir.

— Sim, Lady Malfoy? Em que Dobby pode ser útil? — Curvou-se para sua senhora
respeitosamente.

— Leve meu filho e seus amigos para Hogwarts, por favor. Certifique-se de que ninguém os
encontre e depois retorne.

— Sim, Lady Malfoy. — Segurou a mão de Colin e Theodore, depois que todos deram as mãos, e
então aparatou num “pop” sonoro.

— Como estão as coisas em Hogwarts, Remus? — Narcissa o convidou a sentar-se junto com
todos.

— Um caos. — Suspirou cansado. — Dumbledore está nos espionando e louco para descobrir
alguma coisa. Os professores e alunos estão preocupados com o paradeiro de Hadrian, Skeeter
conseguiu implantar a discórdia em todos contra Dumbledore e o Ministério. Os dementors
parecem agitados. Mas não como se estivessem famintos, é diferente. Eu não sei explicar.

— O que nos resta agora é fazer o possível para ajudar Hadrian a se curar. — Maray segurou
fortemente a mão de seu marido.

— Ele vai ficar bem. — Tom declarou, os olhos ainda fixos nas chamas tremeluzentes da lareira.
— Vamos ter Hadrian de volta e saldável.

Ninguém mais precisou falar alguma coisa depois dessa sentença. Eles tinham que ter fé e
fazer o máximo que podiam. Eles não estavam dispostos a perder Hadrian.
Capítulo 62
Chapter Notes

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Continuar as aulas como se nada tivesse acontecido era torturante. Todos que eram próximos
de Hadrian odiavam seus dias, onde eram obrigados a assistir aulas e fazer tarefas, como se uma
pessoa muito importante para si não estivesse à beira da morte. Nenhum deles tinha paciência para
suas atividades cotidianas, ansiosos demais para o cair da noite, para que pudessem voltar para a
Malfoy Manor e ficar ao lado do garoto de intensos olhos verdes. Saber que ele poderia morrer era
torturante, estar longe do seu leito era pior ainda. Eles só tinham poucas horas da noite para ficar
ao lado de Hadrian, só para depois serem forçados a voltar para Hogwarts e agonizarem pela
possível perda de uma pessoa querida.

— Como ele está? — Tom perguntou a Meggie assim que entrou no quarto de Hadrian. Naquela
noite, dois dias depois que Hadrian foi encontrado, Meggie convocou a presença de todos os
parentes, amigos e namorados de Hadrian.

— Mal. — A mediwizard soltou um suspiro cansado enquanto seus olhos se desviavam para o
garoto adormecido. Só estava faltando a presença de Tom para que ela pudesse dizer o que
precisava. — Estamos fazendo o nosso máximo, porém ele não está melhorando como deveria.
Nem mesmo as poções do senhor Snape estão funcionando. Nem mesmo as lágrimas de Fawkes
estão surtindo efeito. Acreditamos que a maldição no colar contaminou um pouco o núcleo de
Hadrian, impedindo que ele se cure até mesmo pelas lágrimas de uma phoenix. — Tom fechou
suas mãos em punhos com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos. — Os danos
estão se agravando e seu núcleo mágico está se esgotando mais ainda, mesmo a doação de magia
está falhando. — O maxilar do moreno se cerrou fortemente.

— Mas ele vai melhorar, né? — Pansy perguntou temerosa com o rumo que aquela conversa
estava tomando. Meggie respirou profundamente antes de soltar a frase que estava trancada em sua
garganta.

— Achamos que ele entrou em coma. — Nenhum som podia ser ouvido no quarto por minutos. A
informação sendo digerida por todos enquanto a mediwizard abaixava sua cabeça. — Supomos que
o núcleo mágico dele colocou seu corpo em estado de hibernação para que conseguisse se
recuperar e curar os danos ao seu tempo. Porém, como seu estado é crítico e seu núcleo está muito
desgastado, não temos certeza se ele irá acordar em breve. Talvez ele nunca acorde.

Um coro de soluços e fungadas preencheu o cômodo conforme a informação era assimilada.


Todos os olhos se viraram, automaticamente, para o garoto adormecido na cama e cheio de
ataduras, os corações se apertaram dolorosamente em seus peitos, as respirações engataram, os
soluços se intensificaram e o fluxo de lágrimas era avassalador. Cada um estava sendo consumido
pela dor, o sofrimento e a tristeza eram densos no ar, as magias estalando ao redor dos bruxos (e
goblins disfarçados de bruxos) conforme suas magias se descontrolavam.

Era de conhecimento público que a magia estava ligada aos sentimentos das pessoas, e agora
o quarto estava virando um caos. Faíscas tremeluziam, os móveis vibravam, objetos caíam, vidros
trincavam e se partiam. Mas o pior surto mágico fora o de Nyx. A serpente se contorceu ao lado de
Hadrian e soltou um som de pura agonia. Todos caíram de joelhos no chão, segurando fortemente
os ouvidos enquanto sentiam suas cabeças prestes a explodir devido à pressão mágica e ao som que
Nyx emitia. Era um urro de pura tristeza agonizante. Terrivelmente antinatural e opressor. Seu
efeito era pior do que o dos dementors, fazendo com que todos sentissem uma tristeza tão
avassaladora, onde seus piores medos emergiam para a superfície de suas mentes, onde suas
gargantas se fechavam de puro pavor, o frio descomunal os consumindo por inteiro, as lágrimas
caindo com ainda mais intensidade e os corações destroçados. Por estarem de olhos fechados
ninguém viu a serpente negra circulando a cabeça do garoto adormecido, nunca viram seus intensos
olhos azuis encarando o seu amado filhote com tanta dor e tristeza, nunca escutaram seu sibilar
sussurrado.

“Volte para mim, filhote. Você ainda não concluiu sua jornada. Nós precisamos de você,
Hadrian.”

Newt Scamander se encolheu quando sentiu a mansão tremendo e a explosão mágica


devastar tudo e tirar-lhe o ar dos pulmões. Os pavões albinos que ele admirava caíram em agonia
no chão. “As notícias não são boas.”, pensou com tristeza. Ragnuk e Maray deveriam estar
arrasados, com o que quer que tenha acontecido.

— Draco... — Theodore chamou o amigo num sussurro preocupado. O loiro estava sentado na
habitual árvore perto do Great Lake onde Hadrian amava se sentar. Olhos de um cinza tempestuoso
escurecidos pela tristeza e a dor viraram-se para os amigos. Estavam todos lá, menos Severus e
Remus. Slytherin e Gryffindor reunidos ao redor de Draco, olhando-o com pesar. Ninguém estava
bem naquela manhã, porém eles precisavam se manter firmes.

— Não me olhem assim. — O loiro virou a face e voltou a encarar as águas calmas do lago. Bem
ao longe ele podia ver dementors voando de um lado para o outro com impaciência e ansiedade. —
Vocês estão tão ruins quanto eu.

— Nós não podemos quebrar. — Colin se sentou ao lado do mais velho e o abraçou fortemente. —
Precisamos ter fé que o Hazz vai voltar para nós.

— Não tem como caralhos ele voltar! — Draco levantou-se num pulo e começou a chorar. —
Foram semanas sendo torturado por aqueles muggles imundos! — O loiro não se importou se
estava chorando ou gritando, ele só precisava desabafar tudo o que o estava consumindo. Pelo
menos eles estavam sozinhos nos jardins de Hogwarts por ainda ser o nascer do sol. — E depois
ele ficou sete fodendo dias desaparecido, de novo! Porque ele não estava lá quando acharam sua
localização! Nós não vimos como ele estava quando surgiu do nada no portão da Malfoy Manor!
Mas sabemos pelo que nos disseram que ele estava todo quebrado e machucado! Porra! Ele tinha
membros gangrenados! Sabem o quão fodido isso é?! É a perda de um membro do corpo! —
Todos já estavam chorando, sem forças para acalmar Draco de seu surto. — E então os
mediwizards não podiam curar ele porque tinha a desgraça de um colar que selou a sua magia!
Olha só que maravilha! E pra piorar ele estava com o núcleo mágico completamente esgotado!
Todos sabemos que isso causa a morte de um bruxo! Ah! Não podemos esquecer que ele teve a
porra de uma parada cardíaca! E que foi só por isso que acharam sua localização! Mas olha só que
incrível! Conseguimos alguém forte o suficiente para retirar a desgraça do colar que impedia os
mediwizards de curá-lo e agora ele finalmente vai ficar bem! Está tudo perfeito, não é mesmo?
Errado! Os feitiços de cura não estão funcionando! Nem mesmo a porra das poções de Severus
Snape, o grande pocionista do século, estão surtindo efeito! Muito menos a porra das lágrimas de
uma fodendo phoenix! Ele está morrendo! Naquela maldita cama a léguas de distância e nós
estamos presos nessa maldita escola, tendo que ver malditas aulas de magia! Eu não posso estar ao
lado do garoto que eu amo! Meu amado Sol que iluminou minha vida e sempre me alegrou! Eu não
posso segurar sua mão porque seus dedos estão gangrenados, não posso tocar seu rosto porque está
cheio de hematomas e ataduras! Eu não posso ver aqueles lindos olhos verdes brilhando de amor!
E eu poderei nunca mais vê-los! Porque ele entrou em coma e pode nunca mais acordar! Ou ele vai
morrer da maldita hipotermia ou por seu núcleo mágico se desgastar completamente! Eu sei que
todos aqui amam o Hazz, então não venham com esses olhares de pena ou tentar me confortar,
porque eu sei que vocês também estão quebrados! Tão quebrados quanto eu ou os meus pais! —
Sua cabeça abaixou e sua voz saiu num sussurro quebrado, as lágrimas e os soluços dificultando a
fala. — Não importa o que façamos, nós vamos perder o Hazz para sempre. Não tem como ele sair
dessa. Não no estado em que ele está.

Ninguém conseguiu falar nada, todos caíram de joelhos na grama macia e choraram toda a
dor e tristeza que consumia suas almas. O sol que nascia neste dia não estava tão brilhante quanto
deveria, o céu estava cinza, repleto de nuvens escuras que começaram a chorar juntamente com o
grupo de adolescentes. Hogwarts esfriou terrivelmente naquele dia, suas cores ficaram ainda mais
escuras e sem vida, as plantas murcharam e morriam, rachaduras surgiam nas pedras, as armaduras
não mais se mexiam e os quadros estavam desbotados. Aquele era um dia triste para todos.

A SALVAÇÃO ESTA POR UM FIO?

Por Rita Skeeter

Caros leitores, veio ao meu saber que Hadrian Tamish Potter foi encontrado. Deveríamos
comemorar isso? Bem, sim, mas no estado em que ele foi encontrado... Deveríamos sentir-nos
irados.

Nosso jovem Potter foi encontrado depois de trinta e cinco dias sendo torturado por
monstros em forma humana, ainda desconhecidos, e agora se encontra em coma. Sua família,
amigos e namorado estão completamente desolados com a dúvida que se o pequeno raio de
sol um dia acordará e irá voltar e iluminar suas vidas.

Meus caros as notícias não são boas, a vida dele está por um fio, os melhores mediwizards e
mestres de poções estão dando tudo de si, mas mesmo eles estão desiludidos. Os danos foram
muitos no pequeno corpo de Hadrian.

E enquanto ele está lá, morrendo, Albus Dumbledore não faz nada além de ficar sentado em
sua cadeira de diretor em Hogwarts, sendo completamente inútil como sempre. Enquanto o
jovem destinado a ser o nosso salvador está lutando entre a vida e a morte em uma cama,
POR CAUSA DA INCOMPETÊNCIA DE ALBUS DUMBLEDORE, ESSE VELHO NÃO
MOVEU UMA PENA PARA PROCURAR OU DAR ASSISTÊNCIA NA BUSCA PELO
GAROTO! TODOS VIMOS OS SEUS ESFORÇOS DESLEIXADOS E FALTA DE
PREOCUPAÇÃO!

Sinto muito, mas eu não falo mais como Rita Skeeter, a repórter sem escrúpulos que faz
qualquer coisa para conseguir uma matéria; eu falo como Rita Skeeter, uma mulher com
sentimentos e opiniões próprias. E, acima de tudo, eu falo como um ser humano que não pode
se calar com tamanha injustiça. Sabendo que um jovem tão animado; tão radiante; tão
amoroso com sua família e amigos; tão educado e respeitoso com as pessoas de fora. Sabendo
que um jovem assim está entre a vida e a morte depois de sofrer torturas indescritíveis, e
mesmo depois de ter conseguido sair do pesadelo, ainda está tendo que lutar por sua vida nas
portas da morte, tendo apenas treze anos de idade. E tudo isso por culpa da negligência
daquele animal que todos adoram como o maior mago da luz e o maior bruxo das últimas
gerações. O mesmo animal desfruta de sua boa vida de diretor, atrás de sua mesa em sua
cadeira confortável, enquanto isso aqueles que nós consideramos magos das trevas e
seguidores de Você-Sabe-Quem, desumanos e desprovidos de qualquer sentimento, estão aos
prantos, em desespero e com medo de perder aquele que eles acolheram como membro de sua
família.

Talvez devêssemos revisar nossos pontos com a atualidade e não mais com o passado, pois os
polos parecem terem se invertido.

Tudo que eu posso dizer a família e amigos de Hadrian Tamish Potter é o quanto eu desejo
que ele melhore. E espero que vocês possam achar, mesmo que o mínimo, conforto em
minhas palavras. Mesmo que seja impossível com o que está acontecendo.

Adeus.

Se antes a sociedade bruxa estava um caos, agora eles estavam destruídos. A raiva e a
tristeza se misturavam conforme muitos bruxos iam a rua e gritavam sua indignação contra o
Ministério e Albus Dumbledore. Ao mesmo tempo que enviavam inúmeras cartas e presentes para
os familiares e amigos de Hadrian. Todos oravam para que o pequeno raio de sol melhorasse, todos
queriam vê-lo bem e recuperado.

— Eles estão criando uma rebelião contra nossos inimigos. — Tom argumentou. — Se
divulgarmos o laudo do Hazz isso vai nos beneficiar contra Dumbledore e o Ministério.

— O garoto tem razão. — Ragnuk resmungou enquanto deixava o jornal na mesa de centro antes
de olhar para Narcissa e Lucius. — Divulguem o laudo médico juntamente com Meggie e
respondam poucas perguntas.

Uma multidão se reunia ao redor do casal Malfoy e Meggie, que estava em frente ao portão
de sua casa. Repórteres lutavam entre si para conseguirem um lugar de prestígio para suas
matérias. Lucius levantou uma mão, pedindo silêncio, e assim foi feito. Todos se calaram,
nervosos com o anúncio que o trio estava prestes a dar.

— Convidamos vocês aqui para divulgarmos o laudo médico de Hadrian. Agradecemos todo o
apoio que têm nos dados, e, como Hadrian é uma figura pública, devemos algumas informações
para vocês. — Os repórteres moderam suas línguas, loucos para perguntarem várias coisas. —
Meggie Williams é a mediwizard responsável pelo tratamento de Hadrian, deixarei com que ela
repasse o estado dele para vocês.

— O estado de Hadrian é complicado e o número de poções e feitiços de cura que utilizamos em


seu tratamento é alarmante. Ele precisa de várias poções para reposição de magia, para cura de
cortes profundos, perfurações de órgãos, reconstrução óssea, alívio dos nervos abusados em um
nível alarmante. Seu coração sofreu uma parada cardíaca, então ainda estamos analisando o grau e
o que poderá acarretar depois disso. Ele sofreu com choques elétricos e térmicos, também
precisamos reconstruir alguns músculos e tendões danificados. Seu exame constatou que ele sofreu
várias queimaduras de primeiro grau, porém com a intensidade de uma de quarto grau, então
teríamos que rever todos os nervos de seu corpo para verificar se não ficou nenhuma sequela. Suas
unhas foram arrancadas e regeneradas numa velocidade alarmante, então ficaram pretas por causa
da melanina usada na regeneração, contra isso não há o que fazer. Estamos o dando poções via
venosa, reposição de sangue e nutrição é o que mais o damos, já que ele ficou dias sem alimento.
Alguns ferimentos estão se agravando rapidamente. Os cortes estão sangrando; alguns hematomas
se intensificaram; os ossos partidos parecem o machucar mais; os nervos, tendões e músculos
danificados estão mais lesionados do que quando ele chegou; e seu coração parece mais fraco do
que o normal. O estado dele é de alto risco. Sem contar que a hipotermia que ele contraiu está se
agravando e nossas poções não estão sendo fortes o suficiente para combatê-la. Tentamos várias
vezes usar lágrimas de phoenix, mas nem elas estão surtindo efeito. Estamos fazendo o nosso
máximo, porém ele não está melhorando como deveria. Nem mesmo as poções do senhor Snape
estão funcionando, e ele é o melhor Mestre Pocionista do mundo. Os danos continuam se
agravando e seu núcleo mágico está se esgotando mais ainda. Minha equipe e eu estamos nos
revezando para doarmos nossas magias para ele, porém isto também está falhando. Achamos que
ele entrou em coma. Supomos que o núcleo mágico dele colocou seu corpo em estado de
hibernação para que conseguisse se recuperar e curar os danos ao seu tempo. Porém, como seu
estado é crítico e seu núcleo está muito degastado, não temos certeza se ele irá acordar em breve.
Talvez ele nunca acorde. E ele ainda corre o risco de morrer devido à grave hipotermia, ou por
total esgotamento de seu núcleo mágico danificado.

Os repórteres estavam paralisados enquanto viam lágrimas silenciosas escorrendo dos olhos
tristes de Narcissa Malfoy. Todos sabiam que essa família não demonstrava sentimentos
publicamente, mas ali estava ela, chorando pela possível perda de um ente querido.

— Eu agradeço a vocês por terem vindo. — Lucius despediu-os assim que sentiu o aperto em seu
braço indicando que sua esposa estava prestes a quebrar. Enquanto os três voltavam para sua casa,
os repórteres viram o impotente Lucius Malfoy chorando e confortando sua esposa soluçante. As
penas mágicas anotavam tudo numa velocidade alarmante conforme todos conversavam entre si e
se indignavam com as autoridades que deveriam proteger Hadrian.

Eles haviam iniciado, sem querer, uma rebelião contra o Ministério da Magia e Albus
Dumbledore. Tudo o que sabiam e conheciam estava errado, seus olhos se abrindo para a
verdade e as máscaras caindo. Tudo isso por causa de Hadrian. Tudo isso por Hadrian
Tamish Potter.
Capítulo 63
Chapter Notes

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Sunshine... — O apelido carinhoso foi proferido num sussurro melancólico. Draco, Colin,
Neville, Fred, George e Tom cercavam a cama onde o seu amado permanecia adormecido. O corpo
pálido e magro ainda estava coberto de hematomas, sangue seco manchando as inúmeras ataduras e
uma respiração tão fraca que parecia inexistente. — Acabamos criando uma revolução. — Um
sorriso sem forças adornou os lábios do Malfoy.

— E foi sem querer. — Fred fungou.

— Eu queria ver a cara da cabra velha. — George se apoiou no gêmeo para impedir as lágrimas de
caírem. Depois de tanto tempo juntos, Draco contou a verdade sobre Dumbledore para os outros
consortes de Hadrian, e, para seu alívio, eles acreditaram em suas palavras e mantiveram-se fiéis ao
amado.

— Estão todos do seu lado, Sunshine. — Colin agarrou com força a coberta que aquecia o moreno,
se impedindo de segurar a mão enfaixada.

— Você iria adorar ver as flores que lhe mandaram. — Neville fungou ao olhar ao redor do quarto.
Ele estava cheio de vasos com as mais belas flores e presentes intermináveis dos admiradores de
Hadrian.

— Então, por favor... — Tom segurou com força a caixinha dos colares que Hadrian iria presentear
ele e Draco com os colares de Moonlight e Traveler. — Volte para nós, Sunshine. Nós precisamos
de você.

— Nós te amamos. — Todos disseram ao mesmo tempo, permitindo que suas lágrimas finalmente
escorressem por suas faces.

— Você precisa ser forte, Ragnuk. — Newt segurou o ombro de seu amigo, que ainda sustentava o
glamour para parecer humano. — Você mesmo me contou o quão forte ele é, ele vai sair dessa.

— Ninguém vence a morte, Newt. — Seus olhos se fecharam enquanto sua mente era
bombardeada das lembranças felizes de seu filho. — Vocês não conseguem sentir, mas eu sim. Ele
está impregnado com o cheiro da Morte. Eu sinto sua magia enfraquecendo a cada segundo que
passa, seu brilho está se apagando. Ele está tão perto de morrer... — O bruxo puxou o amigo para
um abraço e o confortou como podia.
Newt só podia imaginar a dor que o outro sentia, ele mesmo não suportava a ideia de perder
seu filho. Já fora terrível perder sua amada Porpentina Goldstein. A única coisa que ele podia fazer
era orar para que Hadrian sobrevivesse, ou para que Ragnuk e Maray consigam superar esse
pesadelo.

— Como ousam?! — Dumbledore jogou as coisas que estavam em cima da mesa para o chão, seus
olhos ardendo em puro ódio e sede de vingança.

Tudo estava desmoronando, cada maldita peça de seu jogo estava sendo morta. Todos os
anos em que ele trabalhou arduamente para conseguir o bem maior estavam ruindo. Tudo por
causa daquele maldito garoto! Agora sua tão preciosa imagem de Lord of Light estava sendo
jogada na lama! Suas mentiras e manipulações querendo emergir para a superfície! Dumbledore
queria invadir aquela maldita casa cheia de Death Eaters e matar cada um deles! Ele ansiava por ter
o pescoço fino de Hadrian envolvido por suas mãos enquanto ele esganava até a morte! Esse
maldito garoto iria pagar por tudo o que fez!

— Eu sei que todos já devem saber... — Ragnuk segurou sua esposa num forte abraço enquanto
encarava seus súditos. Nunca, em toda a sua vida, ele imaginou que veria o Reino Goblin tão
deprimido. Não era apenas os sentimentos de seus habitantes, a magia do lugar estava deprimida; o
sol não brilhava mais como antes; as nuvens escuras derramavam suas lágrimas sem parar; a
vegetação não era mais vívida e a magia estava enfraquecida. — Porém, como seu rei eu devo-
lhes a verdade sendo dita por minha boca. Hadrian Tamish Potter, meu filho e Príncipe deste
reino, está em coma, lutando contra a Morte, que deseja acolhê-lo. E-eu não sei se ele sairá
dessa vivo, pois seu corpo está impregnado com o cheiro da Morte. — Ragnuk reprimiu um
soluço. Ele e sua esposa choravam, junto com todos que amavam o pequeno bruxo. — Me
desculpem. — Sem conseguir mais se conter, Ragnuk levou sua esposa para casa, onde ambos se
sentiram livres para se abraçarem fortemente e chorar. Eles nunca viram seu povo lamentando a
possível perda de seu amado Príncipe.

— Como ele está? — Severus perguntou na quinta noite desde que o tratamento de Hadrian havia
começado. Todos estavam reunidos no quarto do moreno para escutarem o relatório de Meggie.

— Ele está se recuperando lentamente. — Vários ofegos aliviados foram escutados. — Porém ele
ainda não está dando sinal de que irá acordar, então nossa teoria de que ele tenha entrado em coma
está começando a se concretizar. — Ela checou sua prancheta com anotações. — Os cortes estão
começando a cicatrizar; já reconstruímos alguns tendões, músculos e vasos sanguíneos; seus ossos
quebrados foram removidos juntamente com os estilhaços e já cresceram novamente; conseguimos
reverter a gangrena das extremidades. Ou seja, seus pés, mãos e sua perna esquerda. Sua perna
estava sem irrigação sanguínea devido a um osso fraturado que cortou a artéria principal, o que,
graças ao feitiço que o impedia de sangrar, não o permitiu morrer por hemorragia. As queimaduras
estão começando a criar cascas, o que é um ótimo sinal, seus hematomas estão desaparecendo e
seus órgãos feridos já estão curados. Não há nenhuma sequela devido ao abuso de vários nervos
pela tortura, ele continua com o tato, conseguirá mover qualquer parte do corpo como antes. Seu
coração também não será afetado pela parada cardíaca, continuará forte e saudável. O grau de sua
hipotermia está regredindo e as poções nutricionais estão fortalecendo seu organismo. O seu corpo
está muito bem, se recuperando lentamente, mas bem. O que nos preocupa ainda é o seu núcleo
mágico. Ainda estamos doando magia para ele, porém não está dando resultado algum. Parece que
seu núcleo não aceita magias externas, nem mesmo a de seu familiar. Ele continua fraco e
debilitado. Não sabemos o que pode acontecer. Ele pode sobreviver, porém nunca acordar. Ou o
seu núcleo mágico irá trabalhar até a sua morte. Eu sinto muito.

Escuridão.

Era isso que ele via e sentia. Parecia que o seu corpo estava flutuando no espaço, todos os
seus sentidos estavam adormecidos, seus olhos pesavam tanto que ele não conseguia abri-los,
mesmo que tentasse desesperadamente. Às vezes ele conseguia escutar alguns sussurros distantes,
as vezes seu corpo sentia um toque tão singelo que parecia o vento acariciando sua pele. Ele não
sabia quem era, não sabia onde estava, não sabia de nada. Tudo o que sabia era que estava
flutuando no nada.

— Sunshine...

“Outra vez. Uma voz distante sussurrou ao longe. O que isso queria dizer? Quem estavam
chamando?”

— Vamos, filhote. Eu preciso de você.

“Que estranho. Os sussurros nunca foram tão pertos um do outro. Este parecia mais forte,
parecia que estava mais perto.”

— Uma rebelião...

“O que? O que era uma rebelião? Por que estavam falando disso? O que estava
acontecendo?”

— Seu corpo está se recuperando, mas temo que ele não sobreviva.

“Sobreviver? Alguém estava morrendo? Quem? De quem estão falando? Quem eram essas
pessoas?”

— Ele vai voltar para nós, Nev. Você verá.

“Nev? Quem era Nev? Quem irá voltar? Quem eram eles?”

— Nós te amamos, Sunshine. Volte para nós.

“Sunshine... Eu já escutei isso uma vez...”

— Hadrian ainda está dormindo?

“Hadrian... Hadrian. É o meu nome! Eu sou Hadrian! Eles estão falando de mim? Quem
são vocês?”

— Nós estamos te esperando, Sunshine. Eu preciso de você. Você é o meu Sol. O único que me
amou como eu sou. Volte para mim, meu amor.

“Tom! Tom! Eu lembro de você, Tom! Você pode me ouvir?! Eu quero voltar! Tom?!”

— Não sabemos se ele irá sobreviver até o final do mês.

“Não! Eu não quero morrer! Eu quero voltar! Eles precisam de mim! Minha família! Eu
quero vê-los mais uma vez! Quero poder abraçá-los e dizer-lhes o quanto eu os amo! Me deixe
voltar! Me deixe abrir os olhos!”

Ele estava tentando, ele realmente estava. Mas seu corpo não obedecia a suas ordens. Ele
tentava com todas as suas forças abrir os olhos, mexer algum membro, fazer qualquer coisa. Ele só
precisava mostrar a todos que estava vivo, que estava tentando voltar para eles.

“Eu quero! Eu preciso voltar! Eles precisam de mim! E-eu quero mais tempo com eles! Eu
preciso voltar para a minha família! Eu prometi que iria acabar com esse pesadelo! Prometi que
mudaria a injustiça que se tornou aquela sociedade! Prometi que não abandonaria minha família!
Eu os amo e quero vê-los de novo! Eu preciso voltar!”

Seu corpo fora envolvido por uma sensação de plenitude enquanto seus sentidos
despertavam. Ele pode sentir correntes e amarras o prendendo, com todas suas forças ele começou
a lutar para se libertar. Ele precisava acordar. Precisava abrir os olhos. E então, quando finalmente
conseguiu se livrar das restrições que o prendiam, ele abriu os olhos.

Hadrian sentia o seu corpo tão pesado e dolorido. Todo o seu ser se forçava a abrir os olhos.
Suas pálpebras pareciam chumbo, estavam tão pesadas. Mas ele precisava acordar. Ele precisava
mostrar a todos que havia voltado para eles. Com um suspiro de exaustão ele conseguiu,
finalmente, abrir os olhos. Sua visão estava dolorida e turva conforme se ajustava a claridade do
ambiente.

Uma claridade que ele foi privado por muito tempo. Conforme suas pupilas ajustavam o foco
de sua visão, Hadrian pode olhar ao redor. O sol invadia o quarto pelas janelas, ele conseguia ver
os grãos de poeira pequeninos voando no ar, cintilando contra a luz acolhedora do astro
incandescente. Uma brisa refrescante fazia as cortinas ondularem, e Hadrian tomou um longo
fôlego, apreciando a doce sensação de respirar. Forçando a sua memória a trabalhar, ele percebeu
que este era o seu quarto na Malfoy Manor. Ele se sentiu aquecido quando viu o tanto de presentes
e buques cuidadosamente arrumados para não deixar o ambiente bagunçado. Com mais um fôlego
profundo, Hadrian pode apreciar o perfume das flores em seu quarto.

Ele tentou se mover, mas percebeu que era muito difícil, seu corpo todo parecia pesar
toneladas. Então ele tentou chamar por alguém, mas falhara novamente. Sua garganta estava tão
seca que chegava a machucar, sem contar que todos os seus músculos do corpo estavam flácidos
pelo desuso, então nem sua boca estava querendo funcionar. E agora? O que faria para chamar
alguém?

“Nyx... Você pode me ouvir? Eu voltei.”

Era mais um dia como os outros. O sol nasceu e todos estavam reunidos na sala de jantar.
Era um sábado, então aqueles que tinham que voltar para Hogwarts puderam ficar um pouco mais.
Mesmo que o tempo parecesse radiante e feliz naquela manhã, nenhum integrante daquela sala se
sentia assim. Esse era o décimo dia que Hadrian não acordava. Todo o seu corpo já estava
recuperado, e seu núcleo mágico parecia começar a se regenerar e acumular magia. Porém não
havia nenhum sinal de que ele iria acordar. Então eles assumiram que a hipótese dos mediwizards
havia se concretizado.

Os semblantes abatidos, as comidas praticamente intocadas, os olhos vermelhos e inchados


por causa das lágrimas, ninguém ali estava bem. Nyx estava deitada perto da janela, enrolada em
Hera enquanto as duas se confortavam e se aqueciam ao sol. O silencio preenchia o ambiente,
ninguém queria conversar banalidades enquanto uma pessoa amada estava à beira das Portas da
Morte.

Com a calmaria do pesar, todos viraram alarmados para uma Nyx que acabara de se erguer
em alerta. A serpente negra tinha as pupilas em fendas minúsculas que desapareciam no vórtice
azul que eram seus olhos. Todo o seu corpo estava tenso e em alerta. Então todos ficaram receosos
com o que poderia ter feito a cobra ficar naquele estado.

“Nyx...” — A serpente pode escutar um sussurro fraco em sua mente. Uma voz tão parecida
com a de seu amado filhote. — “Você pode me ouvir?” — Não poderia ser... Poderia? — “Eu
voltei.”

— Hadrian... — Seus olhos encararam Tom com intensidade antes que ela saísse em disparada
para o segundo andar

— O que ela disse, Tom? — Maray perguntou reocupada enquanto todos se levantavam.

— Hadrian... — Dito isso todos desataram a correr até o quarto do moreno.

— Hadrian?! — Nyx chamou em desespero enquanto fazia a porta se escancarar com sua magia.

“Nyx!” — Ele chamou em seus pensamentos. Tentando com todas as suas forças sorrir, mas
só o que conseguiu foi uma careta estranha. Seus olhos, porém, não tiveram nenhuma dificuldade
em derramar lágrimas de felicidade.

— Meu filhote! — A cobra subiu rapidamente na cama e envolveu o corpo do bruxo em um


abraço apertado. — Você voltou! Voltou para mim, meu filhote! Eu fiquei tão preocupada com
você! Pensei que o perderia para sempre! Eu não suportaria essa dor! Não suportaria te perder!
Eu te amo tanto, filhote! — Nyx desejava poder chorar toda a sua felicidade enquanto acariciava
o rosto do garoto com sua cabeça.

“Eu voltei.” — Mesmo que tentasse, seus músculos não conseguiam se mover para abraçar a
serpente e acariciar lhe as escamas. — “Eu não poderia deixá-los. Eu te amo, Nyx. E voltei para
você. Tudo vai ficar bem.”

— Hadrian! — Maray e Ragnuk chamaram em uníssono enquanto choravam sua alegria e corriam
para abraçar o seu filho. Nenhum deles percebeu que deslizaram para o gobbledegook.

— Meu bebê! Meu amado filho! — Com a avalanche de emoções os consumindo, eles perderam
o controle sobre o glamour e revelaram suas verdadeiras aparências. — Você voltou para mim!
Estou tão feliz por tê-lo em meus braços novamente! Eu te amo, meu filho!

— Nunca mais o deixaremos ir! Você viverá sobre nosso abraço para sempre! — Os goblins
choravam de alegria ao verem o filho tentando sorrir para si. Nem se importaram com o grupo de
bruxos incrivelmente surpresos com a revelação.

"Eu voltei, mamãe, papai. Eu os amo.” — Nyx usou sua magia para permitir que os
pensamentos de Hadrian fossem ouvidos por todos em alto e bom som. — “Eu não vou a lugar
algum.”

— No final nem precisamos interferir. — Uma voz desumana comentou com orgulho.
— O filhote é forte. — Outra voz desumana comentou.

— Ele não cairá tão facilmente. — Ninguém ali era “comum”, suas vozes já indicavam o tamanho
de seus poderes. Eles estavam muito além da normalidade e seus conceitos.

— Ele não iria se deixar levar tão facilmente. — O tom de sua voz desnatural indicava que um
sorriso se abria.

— O filhote não está pronto para vir para os meus braços. Ainda não.

— É agora que a verdadeira batalha se inicia. — O ser com maior poder de todos ali presentes
comentou enquanto olhava para a imagem de Hadrian sendo abraçado pelos pais e Nyx. — Ele
precisará ser ainda mais forte para o que está por vir. Boa sorte, Hadrian Tamish Potter.
Capítulo 64
Chapter Notes

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Narcissa pigarreou para chamar a atenção da família que ainda se abraçava e chorava de
alegria. Mesmo que a própria Lady Malfoy desejasse desesperadamente se juntar a eles, havia um
assunto muito sério a ser discutido. A mulher pigarreou alto e então falou.

— Suponho que... Seu segredo fora revelado. — A loira olhou para os adolescentes e professores
completamente paralisados com a cena a sua frente. Ragnuk e Maray se afastaram e se analisaram
por alguns segundos. Antes de perceberem o que havia acontecido.

— Oh, santa Magic! — Os dois se colocaram em pé em segundos e encararam os bruxos


paralisados.

— Acho que perdemos um pouco o controle do glamour. — Ragnuk comentou nervoso enquanto
se arrumava para parecer respeitável.

— O-o que...? — Remus nem conseguia terminar de formular a frase.

— Bom. — Maray encarou seu marido. — Acontece que, como sabemos que muitos bruxos são
preconceituosos com criaturas mágicas, decidimos manter nossas verdadeiras identidades em
segredo.

— Principalmente pelo fato de que, se essa informação vazasse, o Ministério da Magia iria cair em
peso sobre Gringotts e concluindo de forma errônea que nós raptamos Hadrian e o estamos
mantendo prisioneiro. — Ragnuk segurou a mão de seu filho, juntamente com sua esposa. O
garoto olhava para os dois com amor. — Hadrian veio ao nosso banco aos sete anos. Ele tinha
fugido da casa dos tios muggles que o machucavam. E Nyx o encontrou no meio do caminho. O
guiou até o Diagon Alley e disse que ele conseguiria ajuda com os goblins.

— Ele era um garotinho tão adorável e educado. — Maray sorriu amorosamente para o filho, nem
viu alguns bruxos estremecendo de medo com seus dentes pontiagudos. — Acabamos nos
apaixonando por ele enquanto o abrigávamos em nossa casa. Nem percebemos direito quando
começamos a vê-lo como nosso filho. E ele começou a nos ver como seus pais. — Hadrian tentou
bravamente sorrir para sua mãe, o que só resultou numa careta estranha e no riso da goblin.

— Nós o adotamos magicamente. Ele é nosso filho, porém o Ministério da Magia nunca permitiria
que criaturas mágicas adotassem uma criança bruxa. Muito menos o Garoto-Que-Sobreviveu.
Então mantemos tudo em segredo, fazendo todos acreditarem que somos um casal de bruxos que o
encontrou e adotou.
— Se o Hazz está feliz, então é tudo o que importa. — Colin sorriu para os goblins.

“Eu os amo com todas as minhas forças.” — Hadrian pensou e Nyx fez com que suas
palavras ecoassem pelo cômodo para que todos as escutassem. — “Eles, juntamente com a Nyx e
toda a Nação Goblin, me acolheram de braços abertos. Eu estava aterrorizado e não confiava nas
pessoas, então eu confiei neles justamente por não serem humanos. E essa foi a melhor escolha da
minha vida. Entre eles eu era um igual, não tinha um tratamento ruim como era com os humanos.
Eu era amado e feliz. Eles são a minha família. Eles me ajudaram a superar meus traumas, me
curaram, me mostraram a verdade. Sem eles eu estaria morto na rua a seis anos atrás. Encolhido
numa casinha de cachorro num beco sujo e frio. Então eu lhes peço, se me amam de verdade,
aceitem eles como são. Chega de mentiras.”.

— Eles são seus pais, Hazz. — Fred sorriu para o garoto que fora colocado sentado com ajuda de
sua mãe.

— É claro que os aceitamos como são. — George também sorriu.

— Eles o ajudaram quando não pudemos. — Tom deu um mínimo sorriso, nunca gostando de
demonstrar sentimento na frente das pessoas. Bem, com exceção de Hadrian. — Eu os agradeço
por isso. Sem eles eu poderia nunca ter conhecido você.

— Você me aceitou como sou. — Neville comentou corado. — É claro que aceito seus pais.

— Estamos do seu lado, Hadrian. — Remus sorriu-lhe docemente.

— Sempre. — Severus jurou veementemente.

“Eu amo vocês.” — Hadrian queria tanto poder correr e abraçar todos.

— Nós também te amamos, Sunshine. — Draco se aproximou da cama e tocou-lhe a bochecha


com amor. — E sempre iremos estar ao seu lado. — Depositou um selar nos lábios do moreno.
Hadrian nunca desejou tanto poder beijar alguém. Malditos músculos!

— Vocês não parecem surpresos. — Fred apontou para os Malfoy.

— É porque já sabíamos a verdade. — Draco sorriu-lhe presunçoso enquanto se endireitava.

“Pirralho mimado e possessivo.” — Hadrian comentou divertido, arrancando risada do casal


Malfoy e de goblins, e um rubor do namorado.

— Mas você adorou dizer que era meu por toda a eternidade. — Rebateu malicioso.

— Pena que terá que dividi-lo. — George provocou divertido.

— E vocês também tem. — Draco retrucou.

— Okay, meninos. — Narcissa comentou divertida. — Irei chamar Meggie para que ela faça
exames no Hazz e diga o que devemos fazer para que ele fortaleça os músculos e possa voltar a
andar e falar.

— É bom ter você de volta, filhote. — Nyx acariciou a bochecha de Hadrian com sua cabeça.
Sendo seguida por Hera, Hedwig e Fawkes (Scorpius ficou empoleirado no peitoril da janela,
observando sua companheira arrulhar pelo garoto). A phoenix, empoleirada na cabeceira da cama
do garoto, cantava uma melodia alegre que aqueceu os corações de todos.
“É bom estar de volta.”

— Você vai ficar bem, meu amor. — Tom beijou delicadamente a cicatriz de raio na testa de
Hadrian enquanto o via descansar depois de um dia cansativo de fisioterapia. — Eu prometo que
você ficará bem. Prometo que nunca mais vai sofrer, ninguém vai chegar perto de você.

Uma lágrima que Tom tanto lutou para conter finalmente venceu e escorreu pela sua
bochecha, caindo na testa do garoto adormecido ao seu lado. O maior encostou sua testa na do
menor enquanto fechava os olhos e tentava acalmar o turbilhão de sentimentos que o consumiam,
sentimentos esses que ele reprimiu por tanto tempo. A tristeza, o desespero, a raiva, o ódio, a
solidão, a culpa, o remorso, a depressão, a desesperança, a agonia, a aflição, a ansiedade, a
angústia, o desânimo, a exasperação, a melancolia, a desolação, o desgosto, a dor, a amargura, o
pesar, a inquietação, o arrependimento. Tudo isso misturado num redemoinho doloroso dentro do
seu peito. Muitos duvidariam se alguém lhes dissesse, mas nessa noite, velando o sono da única
pessoa que conseguiu amar em toda a sua vida, Tom Marvolo Riddle chorou desesperadamente, no
chão, ao lado da cama de Hadrian Tamish Potter.

Sua garganta doía pelos berros que dava de pura dor, mas ninguém os ouviria, pois colocou
abafadores e silenciadores ao redor do quarto. Ele destruiu tudo na sua frente, exceto a cama onde
Hadrian descansava sob os olhares atentos de Nyx, Hera, Fawkes, Hedwig e Scorpius. Quando
finalmente não havia mais lágrimas para derramar, ou gritos para rasgar sua garganta, Tom se
deitou ao lado do garoto que amava e acariciou seu rosto tranquilo pela inconsciência. Sem
pesadelos ou dores, apenas a escuridão reconfortante. Tom quase o perdera. Hadrian ficou tão perto
da morte. Ele nunca mais iria ver o sorriso radiante, ou os olhos hipnotizantes, nunca mais iria
ouvir sua risada.

Ele quase perdeu a pessoa que ama com todas as forças de sua alma despedaçada e
corrompida pelas trevas. Mas ele era egoísta demais, ele precisava de Hadrian. Sua alma pura e
radiante o atraía como um inseto para a luz. Ele sabia que estava corrompendo o ser puro e
inocente que o menor era, sabia que sua alma cheia de trevas estava sugando a luz que emanava da
de Hadrian. Ele era um buraco negro sugando todas as estrelas do universo. O seu Sol estava sendo
consumido pelas trevas, e ele quase se apagou para sempre. Mas Tom simplesmente não conseguia
se afastar, não conseguia reprimir seus sentimentos pelo garoto, não tinha forças e nem queria ficar
longe. Hadrian era a única coisa que o mantinha ancorado na sanidade, sua única esperança de
redenção depois das atrocidades que fez. O anjo que ilumina o caminho certo para um demônio
perverso. Uma chance de corrigir seus erros e pecados.

Molly e Arthur choraram ao lerem a carta de Lucius no dia seguinte. Eles imediatamente
foram para a Malfoy Manor para ver Hadrian e ajudar em sua recuperação. Os Malfoy, Ragnuk e
Maray contaram a Arthur e Molly sobre a verdadeira face de Dumbledore, eufemismo será dizer
que eles não ficaram surpresos. Molly mesmo teve um ataque de raiva, que resultou num surto
mágico. Seus insultos foram os mais inovadores que eles já viram. “ELE É UM ESCRÁPULA! UM
VERME NOJENTO! COMO FUI TOLA EM ACREDITAR NELE E SEGUI-LO?! COMO PUDE
ACREDITAR NAQUELA CABRA VELHA E DESMILINGUIDA?! AQUELE BIFE DE RATO!
SACO DE VACILO! SACO DE LIXO COM PERUCA E BARBA! GELADINHO DE CHORUME!
AQUELE PENTELHO INFLAMADO! SUA BOCA É UMA METRAHADORA DE BOSTA!
AQUELA CARA DE CU COM CÃIBRA! EU VOU ENFIAR UM PEIXE NO CU DELE E DIZER
QUE É UM MERPEOPLE! ELE NÃO VALE O PEIDO DE UM MOONCLAF! FILHOTE DE
FLOBBERWORM!”
Ele estava tão dolorido, sua cabeça rodava e sua garganta arranhava, mesmo assim, não
estava tão ruim quanto se lembrava antes de adormecer. Estava desnorteado e confuso. O pesadelo
fora tão vívido que ainda o atormentava até mesmo depois de ter acordado num pulo assim que
Vernon colidiu com o maldito atiçador de fogo contra sua cabeça num golpe pesado.

Em pânico, Hadrian começou a hiperventilar enquanto se esforçava para sair de onde quer
que esteja deitado. Mas seu pé prendeu nas cobertas e ele caiu no chão de madeira com um
estrondo. Ninguém estava no quarto. Fawkes, Hedwig, Scorpius, Hera e Nyx tiveram que ir caçar
comida, Tom e todos os outros se uniram no andar de baixo para falarem com a equipe de
mediwizards sobre como estava a recuperação de Hadrian depois de alguns dias de fisioterapia. Ele
estava sozinho e tendo uma crise de pânico.

O garoto tentou se levantar, mas só conseguiu se arrastar pelo lugar às cegas tentando achar
a saída. Estava tudo escuro, um breu só e isso o estava apavorando. Conseguia ver pouca luz vinda
debaixo de uma porta, mas tinham tantos móveis em seu caminho. Quando passos apressados se
aproximaram e a porta fora escancarada, Hadrian se encolheu no canto que estava e esperou o pior
acontecer. Lágrimas rolavam pelo seu rosto descontroladamente enquanto sua respiração ainda era
curta e rápida. Havia vozes ao seu redor, mas ele não conseguia as compreender, estavam tão
distantes e incompreensíveis para ele. Uma mão tocou sutilmente seu ombro e o moreno se afastou
apavorado enquanto se encolhia ainda mais em si mesmo, ignorando os protestos do seu corpo
ainda pesado de tanto tempo sem uso.

— An... Had... An... Hadrian... — Uma voz doce e gentil o chamava num sussurro. Lentamente o
garoto foi se concentrando naquela voz que o estava acalmando aos poucos. — Hadrian. Sou eu,
Tom. Você está seguro. Está nos Malfoy. Ninguém vai te machucar, meu amor. Respire para mim.
Inspire e expire lentamente. — O garoto obedeceu, normalizando sua respiração aos poucos. Todos
estavam olhando a cena, seus corações partidos e doloridos. Ainda mais ao verem o estado do
garoto.

— T-To-T-Tom...? — Hadrian chamou num sussurro rouco devido aos seus músculos e cordas
vocais ainda estarem em recuperação.

— Sou eu, amor. — Passos se aproximaram deles e Hadrian se encolheu involuntariamente. — Sua
mãe trouxe um copo de água para você, Hazz. Eu posso dá-la a você? — Perguntou cauteloso
enquanto analisava o menor que ponderava se confiaria ou não. Os intensos olhos verdes encaram
a imensidão do castanho-escuro do mais velho, procurando algum sinal de que tudo era uma
mentira.

Por fim, Hadrian acenou com a cabeça em confirmação. Tom se aproximou lentamente,
pegou uma mão do menor e a envolveu no copo, mas não o soltou, deixou a sua própria mão sobre
a do outro para manter o copo estável enquanto aproximava o objeto dos lábios dele. Hadrian
bebeu avidamente, sentindo o líquido refrescante escorrendo por sua garganta e o enchendo de
plenitude. Ele ainda sentia dor e incomodo, mas ainda assim estava melhor do que antes. Quando
terminou de beber o líquido divino, Tom o tirou de sua mão e o deu para Narcissa.

— Está se sentindo melhor? — Hadrian acenou com a cabeça enquanto Tom se afastava um pouco.
— Eu posso te levar para a sua cama? Você ainda está se recuperando e não é bom ficar no chão
frio. — O menor mordeu o lábio inferior enquanto, mais uma vez, confirmava com a cabeça.
Lentamente e com extremo cuidado, Tom voltou a se aproximar do outro e passou as mãos pelas
suas costas e pernas. Ele o carregou delicadamente até a cama e o depositou na mesma, Hadrian se
sentou e ficou de cabeça baixa, sabia que o estavam olhando com pena.
— O que aconteceu filhote? — Nyx perguntou enquanto subia na cama e se enrolava no colo do
garoto.

— E-eu tive um pesadelo. — Sussurrou envergonhado.

— Está tudo bem, filhote. Você está seguro agora. Nada vai te machucar.

— T-Tom... — Hadrian chamou corado. — Vo-você pode ficar comigo?

— Claro que posso, Sunshine. — O maior indicou para que os outros deveriam se retirar antes de
se aproximar da cama e deitar-se ao lado de Hadrian. Maray e Ragnuk sentiram um pouco de
ciúmes por seu filho não ter os chamado no lugar do outro garoto, mas respeitaram seu desejo.

— Nós te amamos, filho. — Maray sorriu para o garotinho que ergueu os olhos para ver os pais se
despedindo. — Durma bem.

— Eu amo vocês. — Ele sorriu fracamente antes que a porta fosse fechada.

— Volte a dormir, Sunshine. — Tom acomodou o menor para deitar-se sobre seu peito antes de
abraçar sua cintura com um braço e o outro segurava sua mão, que descansava acima de seu
coração palpitante.

— Obrigado. — Hadrian sussurrou enquanto apertava mais o abraço entorno do maior.

— Não precisa agradecer, meu amor. — Beijou-lhe o topo da cabeça. — Eu te amo, Sunshine. —
Nyx se enrolou ao redor deles, logo sendo seguida por Hera. Fawkes e Hedwig (Scorpius sempre
no encalço de sua companheira) passaram elas cortinas da janela e a phoenix começou a cantar
uma melodia calmante.

— Eu também te amo, Traveler. — Um sorriso doce surgiu em seus lábios ao se lembrar do


presente que tinha para Tom e Draco. Se bem que ele precisava conseguir mais quatro agora.

— Sentimos saudades suas, pequeno! — Fred e George beijaram cada um uma bochecha de
Hadrian quando foram visitar o garoto naquela noite.

— Fred e George Weasley! — Molly chamou esganiçada quando entrou no quarto para conter seus
gêmeos de fazerem uma brincadeira perigosa com o pequeno garoto em recuperação. — Não
deveriam me contar nada não? — Colocou as mãos no quadril e olhou analítica para eles.

— Desculpa, mãe. — Os gêmeos falaram em uníssono.

— Iriamos contar antes, mas com tudo o que aconteceu... — Fred mordeu o lábio inferior.

— Então não era um bom momento. — George concluiu.

— Não brigue com eles, senhora Weasley. — Hadrian pediu nervoso. — E-eu gosto dos seus
filhos e os pedi em namoro. — Comentou extremamente corado.

— Oh, querido. — Molly sorriu para o garoto envergonhado. — Não estou brava com eles, só
preocupada de que esses dois tivessem atrapalhado seu namoro com Draco.

— Desculpa. — Hadrian murmurou baixinho.


— “Um rei pode ter uma rainha e várias consortes.” — Draco recitou o que havia lido sobre a
família real. Ele queria estudar os direitos que o moreno tinha como um membro da realeza. — Ele
é um Príncipe, tem o direito de cortejar quantos quiser. No momento somos eu, Tom, Colin,
Neville, Fred e George. — Explicou calmamente enquanto a ruiva olhava para tudo isso sem
entender nada.

— Não queríamos estragar nada, ou nos intrometer. — Fred comentou envergonhado.

— Só... Aconteceu... — George completou. O silêncio reinou na sala por alguns minutos enquanto
Molly assimilavam tudo. Por fim, ela soltou um suspiro e olhou para os filhos.

— Se vocês o machucarem... — Começou.

— Nunca faríamos isso! — Afirmaram juntos, seus olhares cheios de determinação.

— Acho bom mesmo. Ou eu irei fazer vocês se arrependerem! — Anunciou sorrindo


maternalmente. — Vocês têm minha benção. — Anunciou sorridente.

— Virou bagunça e eu nem sabia. — Tom sussurrou no ouvido de Hadrian enquanto a mulher se
retirava e deixava os adolescentes sozinhos.

— T-Tom... E-eu... — Harry olhou temeroso para o maior ao se lembrou que ainda não havia
conversado com ele. — E-eu queria conversar com você antes, mas foi tudo tão rápido e eu não
podia falar por carta e então...

— Está tudo bem, Sunshine. — Tom beijou-lhe a ponta do nariz com um sorriso divertido nos
lábios. Tom era um exímio legilimente, e sabia que todos ali realmente se importavam com
Hadrian. Desde que eles o fizessem feliz, Tom aceitaria qualquer outro parceiro que o menor
escolhesse. Mesmo que seu lado extremamente possessivo estivesse gritando para matar todos e ter
Hadrian só para si. Ele lutaria para deixar o outro feliz. — Eu sou extremamente possessivo? Sou.
Mas eles o fazem feliz, então eu irei segurar esse meu lado por você. Sei que você não se prenderia
a apenas uma pessoa para amar. Seu coração é enorme e está transbordando de amor para ser
distribuído.

— Obrigado, Tom. — Hadrian o abraçou com força. — Isso significa muito para mim. Eu te amo,
Traveler. — Beijou-lhe os lábios rapidamente.

— Eu te amo muito mais, Sunshine. — Tom beijou-lhe a cicatriz de raio.

— O que aconteceu com... — Hadrian olhou duvidoso para Tom.

— Trancados nos calabouços como os ratos que eles são. — Sorriu sádico ao ver o outro arregalar
os olhos. — Você não achou que eu, seu pai, Lucius e Severus, quatro homicidas, deixaríamos
aqueles muggles nojentos se safarem tão fácil, não é?

— Eu nunca duvidei. — Hadrian encostou sua testa na do maior. — Obrigado por estarem aqui
comigo.

— Nunca deixaríamos de te procurar. — Colin anunciou.

— Mesmo que levassem anos... — Os gêmeos falaram em uníssono.

— Nunca desistiríamos de você. — Neville concluiu.

— Acho que isso é seu. — Draco se aproximou com a caixinha de veludo nas mãos. Os olhos de
Hadrian brilharam em alegria. Estava na hora de oficializar uma parte de seu relacionamento com
esses garotos incríveis diante de si.
Capítulo 65
Chapter Notes

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Suponho que Hadrian também irá mandar fazer colares com significados misteriosos para
vocês. — Draco brincou enquanto dava a caixinha para o namorado.

— Tipo uma cerimônia de inicialização? — Fred brincou.

— Tipo isso. — O Malfoy sorriu. Definitivamente eles não eram um “casal” normal. Já que casais
são constituídos de duas pessoas e esse relacionamento possuía sete pessoas.

— Você é o nosso Sol. — Tom sorriu. — Não vivemos sem você. — Suponho que você precisa
criar apelidos carinhosos com significados amorosos e desconhecidos por mim para os novos
integrantes. — Sorriu ao ver o sorriso do menor se alargar. — E dar a eles os colares de
compromisso. — Hadrian se arrumou melhor na cama e pegou o colar de lua.

— Como vocês disseram. Eu sou o Sol. — Hadrian começou alisando o pingente com carinho,
seus olhos impossivelmente verdes brilhando de alegria ao ler o que estava escrito no seu verso. —
Eu passei muito tempo pensando nisso. Então os apelidos que eu e Draco nos demos muito tempo
atrás me “iluminaram”. Draco me chamou de Sunshine porque eu sou todo radiante, alegre,
carinhoso e acolhedor. — O loiro platinado corou. — Então eu sou o Sol. E eu chamei Draco de
Moonlight porque, naquela época, eu tinha muitos pesadelos e ele sempre me ajudava a me
acalmar e a voltar a dormir. — Seus olhos se ergueram até focarem na tempestade elétrica que
eram os de Draco, pediu para que ele se aproximasse, e assim fora feito. — Esse colar é... Um
símbolo do nosso relacionamento? — Todos riram com o tom de dúvida do moreno. — É pra você
se lembrar que o Sol sempre irá iluminar a Lua. Sempre estarei com você. Junto com o meu amor.
Te acompanharei para onde quer que você vá, estarei ao seu lado te apoiando. — Draco tinha os
olhos marejados enquanto Hadrian colocava o colar em seu pescoço.

— Eu também te amo, Sunshine. — Beijou-lhe carinhosamente os lábios. Os corações palpitantes


festejavam no peito dos amantes, o turbilhão de sentimentos os consumindo e fazendo “as
borboletas no estômago se agitarem”. Draco voltou a sentar-se enquanto Hadrian pegava o pingente
de bússola.

— Tom é o Traveler, porque você é o “viajante” e eu sou a sua estrela guia. Você me disse que eu
o levei para um caminho melhor do que você estava trilhando, você sempre estaria olhando para a
estrela e rezando para que ela nunca parasse de brilhar. Para continuar o iluminando e guiando. —
Tom sorriu carinhosamente quando Hadrian colocou o colar em seu pescoço. — Enquanto o Sol
brilhar, você sempre estará seguro. E meu amor o acompanhará em sua jornada. Irei iluminar o seu
caminho, te guiarei por uma estrada tranquila e bela. — O moreno de olhos escuros tomou-lhe
carinhosamente os lábios.

— Eu te amo, Sunshine. — Admitiu quando se separaram.

— Eu estou ansioso para saber o meu. — George comentou animadamente.

— Colin, você é Sunflower. — Hadrian segurou com uma mão o rostinho corado do loirinho. —
Eu sou o Sol que te ilumina e o faz crescer, sou aquele que o observa e protege. E meus raios
estarão inundados com o meu amor. No próximo Natal vocês três terão um colar também. —
Beijou-lhe a testa com amor.

— Eu também te amo, Sunshine. — Colin beijou-lhe brevemente os lábios, extremamente corado.

— Fred e George. — Hadrian fez cara de pensativo. — Eu li várias coisas sobre astrologia para
pensar em algo que se encaixasse com a personalidade de vocês, e ainda tivesse alguma ligação
com o sol. Mas existem duas estrelas que se encaixam com vocês. — Os ruivos sorriram. — Elas
são duas vezes maiores que o Sol, Castor e Pollux. Elas observam de longe, mas sabemos que
vocês estão perto. — Riram. — Vocês observam o Sol, fazem de tudo para manterem suas chamas
acessas, o protegem e o acolhem. — Os gêmeos se aproximaram dele. Fred foi o primeiro a beijar-
lhe os lábios com devoção.

— E estamos enviando nosso amor para você, Sunshine. — George admitiu antes de tomar os
lábios de Hadrian para si. Fred não perdeu tempo de beijar o moreno no instante em que seu gêmeo
se afastou.

— Neville. — Sorriu para o pequeno leão tímido. — Você é a minha doce Desert Rose. Ela é uma
bela flor que cresce nas mais difíceis temperaturas do Saara, o que condiz com a pressão
psicológica da sua avó. E mesmo parecendo frágil, você é forte e poderoso. E eu sei que, em
momentos de necessidade, você estará lá para ajudar quem precisar. — Se aproximou do garoto de
bochechas fartas e beijou-lhe com carinho.

— E-eu te amo, Sunshine. — Neville admitiu com as bochechas incrivelmente coradas depois que
o beijo fora quebrado.

— E eu amo todos vocês. — Hadrian admitiu olhando para todos os seis. — E sou muito feliz por
tê-los.

— Falta um colar. — Colin anunciou animado.

— Faça as honras Tom. — Draco incentivou. — Você foi o primeiro.

— Já que insistem. — Eles sorriram com a presunção estampada na face do mais velho. Tom
pegou o colar de Sol e colocou-o no pescoço de Hadrian. — Nosso amado Sol. — Beijou-lhe o
pescoço com amor.

— Senhor Potter! — Dobby guinchou com alegria ao aproximar-se apressadamente da cama. —


Dobby ficou muito preocupado com o senhor, senhor Potter. — Admitiu enquanto se aproximava
de Hadrian com os grandes olhos lacrimejantes.

— Oh Dobby. — Hadrian puxou-o para um abraço. — Eu senti tanto a sua falta.

— Dobby está tão feliz que o senhor Potter está bem! — Eles se separaram e o house-elf enxugou
suas lágrimas. Depois de muitas perguntas preocupadas vindas de um pequeno ser hiperativo,
ambos despediram-se com uma promessa de que a criatura faria o doce favorito do garoto
acamado.

— Muito bem. — Todos encararam Tom, que os olhava ameaçadoramente. — Saibam que se
vocês o magoarem, de qualquer forma, eu sei usar várias maldições. — Sorriu diabolicamente ao
ver os Gryffindor assentirem.

— Não liguem para o Tom. — Hadrian se aconchegou ao lado do mais alto. — Ele é um docinho
por dentro.

— Você vai ver “docinho”. — Tom fingiu fuzilar o menor com o olhar, mas na verdade ele se
divertiu ao ver o sorriso brincalhão em seus lábios depois de semanas desacordado. Nyx rastejou
para perto de Hadrian e colocou um pedacinho de madeira em seu colo.

— Isso tem propriedades curativas. Vai ajudar a acelerar sua recuperação. — Explicou
enquanto era puxada para um abraço junto com Hera por Hadrian.

— Eu amo vocês duas. — Hadrian beijou as cabeças das serpentes com carinho.

— E nós te amamos muito, filhote. — As duas falaram ao mesmo tempo. Quando as elas foram
liberadas do abraço, Hedwig e Fawkes planaram até o seu colo e a coruja piou alegremente
enquanto o garoto colocava o pedaço de madeira em um bolso do seu pijama.

— Eu também amo vocês. — Hadrian sorriu e acariciou as cabeças das aves.

— O que é isso? — Colin perguntou apontando para o bolso onde Hadrian guardou o pedaço de
madeira.

— Vocês têm que prometer guardar um segredo. — Draco sentou-se atrás de Hadrian e o puxou
para deitar-se em seu peito.

— É sério que você tá perguntando isso? — Tom olhou-o com sarcasmo.

— É sério. — Draco sorriu.

— Prometemos. — Todos falaram juntos.

— Okay. — Draco olhou um por um. Hadrian ficou calado, concentrado em dar carinho para as
aves e serpentes no seu colo. — No nosso segundo ano. Eu, Hadrian, Blaise, Pansy e Theo
estávamos fazendo um trabalho para História da Magia sobre Merlin. E em um dos livros, “A
Ordem de Merlin Através dos Séculos”, tinha uma citação na capa. Nela dizia: “A melhor
maneira de saber se um livro é bom, é vendo a metade do primeiro parágrafo e o quinto parágrafo
da página do meio.”

— Eu nunca prestei atenção nesse livro. — Fred comentou pensativo.

— Hadrian achou e estranho e decidiu verificar se era verdade o que Merlin tinha dito. E acabamos
encontrando várias charadas que nos levaram por vários outros livros que Merlin participou. Até
que conseguimos a última charada: “Sob o fogo; no lar das serpentes; escondido aos olhos dos
tolos e cegos; estará a pista para o segredo.”

— Quantos livros eram? — Colin perguntou curioso.

— Quatro. — Draco suspirou ao lembrar-se do trabalho que tiveram. — Acabou que havia um
compartimento secreto na serpente que fica sobre a lareira na Sala Comunal da Slytherin e de lá
saiu outra charada. Depois foi para a Torre de Astronomia. Que deu outra charada até a Torre do
Relógio. Que por sua vez deu uma charada até a Torre Negra. E que, por fim, deu uma charada que
levaria a Abóboda de Gelo.

— Credo. — George fez uma careta. — Como vocês aguentaram tudo isso?

— Na verdade foi Hadrian quem fez tudo. Nós só ajudávamos nas pistas.

— E o que aconteceu na Abóboda? — Tom perguntou curioso.

— Hadrian lutou contra o cavaleiro que guardava a câmara e o “prêmio” dele foi esse pedacinho de
madeira. Não sabemos o que é. Mas Nyx parece saber e ordenou que Hadrian sempre o mantivesse
em seu bolso. Não me pergunte o porquê.

— Tudo isso para uma madeirinha? — Fred olhou incrédulo para o bolso onde estava o objeto.

— Se ela é capaz de curar o Hadrian, então tudo valeu a pena. — Tom beijou a mão do amado.

— Eu posso pedir a ajuda de vocês? — Hadrian perguntou envergonhado.

— Tudo o que quiser, Sunshine. — Neville sorriu-lhe docemente.

— E-eu queria tomar um banho, mas...

— Nós vamos te ajudar. — Fred e George correram para o banheiro para preparar a banheira
enquanto Draco e Colin iam para o armário pegar roupas. Tom sorriu-lhe amorosamente enquanto
acariciava seu rosto.

— Faríamos tudo por você, amor. — Beijou-lhe os lábios delicadamente.

— Tudo o que precisar é só chamar. — Neville segurou sua mão e beijou o dorso.

Quando os gêmeos anunciaram que a banheira estava pronta e Draco e Colin já deixaram as
roupas do moreno separadas na cama, Tom pegou Hadrian nos braços mais uma vez e o levou até o
banheiro. Ele estava com muita vergonha, mas precisava da ajuda dos namorados para conseguir se
banhar. Com muito esforço, Hadrian conseguiu manter-se em pé por alguns segundos. Ele teria que
trabalhar mais na fisioterapia se quisesse voltar a andar. Os gêmeos o ajudavam a se equilibrar
enquanto os outros quatro retiravam o pijama e os curativos de Hadrian, Colin deixou o pedaço de
madeira na pia para não o perder. Com cuidado, todos ajudaram o garoto a afundar na água cheia
de poções de cura e relaxantes.

— Acho melhor ficarmos com você. — Colin comentou preocupado ao ver que Hadrian nem se
esforçava para manter seu rosto acima da água. Ela estava tão relaxante e gostosa.

— Estou ficando com sono só de estar aqui. — O moreno comentou com os olhos fechados e um
sorriso feliz nos lábios. As mãos dos garotos que ele ama o estavam acalmando. Ele achou que iria
recuar e ter um colapso nervoso com o toque. Mas seu corpo já sabia que eles nunca o
machucariam. Ele estava seguro. Não precisava mais ter medo de nada. Seu núcleo parecia vibrar
só por sentir suas magias no ar. Era reconfortante. Acalmava sua mente turbulenta e cheia de
memórias ruins.

— Vamos trabalhar, então. — Tom pegou um frasco de shampoo e começou a lavar os cabelos de
Hadrian enquanto os gêmeos, Neville e Draco pegavam esponjas cheias de sabão e lavavam
delicadamente o corpo de Hadrian. Colin os ajudava entregando produtos que precisariam ou
reabastecendo as esponjas com sabão. — Eles estão tão grandes. — Comentou sorrindo para os
cabelos do namorado. —Estão lindos. — Beijou-lhe a testa. Hadrian praticamente ronronou de
felicidade enquanto era mimado pelos garotos que ele amava.

— Eu também gosto deles compridos. — Admitiu o moreno. — Draco, se você continuar nessa
área teremos um “problema”. — Os garotos riram.

— Você ainda está se recuperando. — Draco sorriu enquanto continuava a banhar o namorado. —
Deixe essas coisas para mais tarde. Quando você estiver cem por cento.

— De preferência que não esteja quase dormindo. — George brincou ao enxaguar o braço direito
de Hadrian. Fred ficou com o esquerdo, Draco com a perna esquerda e Neville com a direita.

— Sabem nem brincar. — Hadrian fez um beicinho emburrado enquanto Tom enxaguava seus
cabelos. — Não estou no clima para isso agora.

— Tão fofo fazendo beicinho. — Fred beijou-lhe os lábios com carinho.

— Me sinto cuidando de um bebê. — Tom brincou.

— Suponho, desejo, imploro, suplico que você não beije bebês como você me beija. – Hadrian
brincou e os garotos riram.

— Eu não disse que você era um bebê. — Sorriu e beijou-lhe os lábios. — Você é o nosso precioso
Sol. — Em pouco tempo Hadrian já estava devidamente banhado. Os gêmeos levantaram e
seguraram Hadrian de cada lado enquanto Draco enrolava uma toalha ao seu redor, Tom o pegou
nos braços e todos voltaram para o quarto. Colin levou o pedacinho de madeira junto, Hadrian foi
colocado na cama e todos começaram a trabalhar em secar o corpo úmido, vestir-lhe e secar seus
cabelos.

— Digamos que agora ele realmente está sendo tratado como um Príncipe. — Colin brincou
enquanto penteava os cabelos de Hadrian. Que já estava devidamente seco e vestido, com os dentes
escovados, sentado na cama e apreciando o carinho em seus cabelos. Conforme a escova passava
por eles, ela os secava instantaneamente. — Com pessoas o dando banho e tudo mais.

— Nada que ele não mereça. — Fred sorriu.

— Vocês me levariam para os jardins? — Hadrian pediu envergonhado. — Eu não quero ficar
dentro de quatro paredes por muito tempo.

— Claro, Sunshine. — Colin beijou sua cabeça quando terminou de pentear e secar os cabelos do
namorado. Hadrian sorri ao ver George o estender um espelho. Hadrian sorriu admirado com as
habilidades do loirinho.

— Eu adorei, Sunflower. Obrigado. — Levantou a cabeça, até onde a de Colin pairava e puxou-o
para um beijo carinhoso.

— Farei sempre que você quiser. — Comentou sorridente enquanto se levantava da cama.

— Venha. — Tom o pegou no colo e liderou o caminho com todos atrás de si.

— Como eu vou exercitar minhas pernas para voltar a andar se estou sempre sendo carregado? —
Hadrian perguntou divertido.

— Você vai exercitá-las, mas não vou deixar que se esforce além do necessário. Então se
acostume. — Tom beijou-lhe os lábios brevemente. Logo eles estavam sentados numa toalha
estendida na grama muito bem cuidada e brincavam com as serpentes e as aves que os rodeavam,
os gêmeos contavam histórias de suas aventuras, Hadrian estava finalmente seguro, estava em paz,
alegre, rodeado de todos que o amavam.
Capítulo 66
Chapter Notes

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Vocês vão continuar fingindo que são seguidores de Dumbledore. — Tom comentou para os
Weasley quando todos, menos o “grupo de Hogwarts” se reuniram para ver o progresso de Hadrian
com a fisioterapia. — Ele confia em vocês e nunca duvidaria da sua lealdade. Seria bom termos
vocês do nosso lado quando a guerra vier.

— Eu vou precisar de uma poção calmante sempre que eu ver aquele desgraçado. — Molly fechou
os punhos fortemente.

— Acho que Severus poderia providenciá-las para você. — Maray comentou docemente. Mais
pessoas se juntavam ao lado deles. Não era nem o lado da luz nem o lado das trevas. Eles estavam
no meio termo, o lado cinza. Luz e trevas unidas e equilibradas.

— Quando Hagrid chegará? — Ragnuk perguntou enquanto entrava na sala

— Em pouco tempo ele estará aqui. — Lucius respondeu-lhe.

— Severus nos informou que... — Começou Narcissa. — Quando ele e Remus foram confrontá-lo
no dia do desaparecimento de Hadrian, ele confessou tudo o que podia. Já que Dumbledore
colocara-lhe um feitiço que o impedia de falar algo “comprometedor”, e debulhou-se em lágrimas
ao saber a verdade.

— Eu imaginei que ele reagiria assim. — Tom suspirou. — Pelo menos o temos do nosso lado
agora. Ficará mais atento às investidas da cabra velha e não cairá em suas mentiras. — Virou-se
para Lucius. — Lucius, você fez o que eu lhe pedi?

— Fiz sim, senhor. — O loiro tirou de suas vestes um colar de couro marrom sem nada. Mesmo
estando em seu corpo de dezesseis anos, Lucius ainda temia o infame Lord Voldemort que o
aterrorizou por muito tempo. Sem contar que Tom era o “líder” na ausência de Hadrian. Fora ele
quem organizara os planos de resgate e comandara a todos nas buscas pelo menor. Lucius não iria
cometer o erro de estar do lado ruim do humor de Riddle. — Ele está enfeitiçado para aquecer-se
quando Dumbledore mentir ou tiver más intenções. — Tom pegou o colar e o analisou.

— Perfeito. Assim Hagrid saberá identificar as mentiras do velho. — Segurou o objeto.

— O único problema é o temperamento explosivo dele quando está com raiva. — Molly comentou.

— Disso cuido eu. — Tom sorriu sádico.


— Não se esqueça que ele é um amigo muito importante para Hadrian. — Maray comentou com
um sorrio divertido.

— Só um susto não deve fazer nada. — Piscou galanteador para a goblin, que só balançou a cabeça
de um lado para o outro.

— E como está Hadrian? — Molly perguntou.

— Ele está se recuperando rapidamente. — Tom anunciou com um sorriso nos lábios. — Não está
tendo mais pesadelos ou terrores noturnos. Está mais solto e brincalhão. Ele estará completamente
saldável em poucos dias. — Todos sentiram as alas dos terrenos estremecerem quando um novo ser
se aproximava. — Nosso convidado chegou. — Todos levantaram-se.

A figura maciça de Rubeus Hagrid, o meio gigante, foi vista assim que os elves abriram as
portas de entrada. Tom sorriu-lhe com os olhos brilhando perigosamente. Quando Hagrid encarou
Tom, ele quase desmaiou.

— E então o Swooping Evil se afeiçoou a mim e eu acabei o levando comigo no bolso e ele me
protegia de alguma coisa quando achava que alguma ameaça estava se aproximando. — Newt
contava animado para o garoto de intensos olhos verdes.

Os dois estavam a horas sentados na mesa nos jardins traseiros da mansão, os pratos e
xícaras de chá sendo reabastecidos por Dobby conforme o tempo passava. O “diário” de Hadrian
jazia aberto sobre a mesa enquanto o garotinho anotava novas informações que o magizoologist o
contava de suas aventuras. Nyx e Hera estavam enroladas uma na outra e descansavam no calor
aconchegante do sol enquanto Hadrian escrevia em seu “diário” e dialogava com o senhor.

— Swooping Evil são criaturas muito mal compreendidas.

— Como sempre. — O garoto revirou os olhos e Newt sorriu enquanto olhava para as serpentes
adormecidas. Lembranças de si mesmo anos atrás o saudando com nostalgia.

— Aqui. — Começou a remexer em suas roupas. — Este é um de seus bisnetos. — Estendeu a


mão e um pequenino casulo verde com espinhos estava pendurado entre os dedos do bruxo. O
casulo era oval e do tamanho de uma bolinha de tênis, tinha as nervuras/aberturas como a carapaça
de um tatu-bola.

Newt sorriu ao ver os olhos do garoto brilhando, então jogou o casulo para cima e a pequena
bolinha se expandiu se transformando numa criatura que parecia uma borboleta extremamente
grande, de 1.8 metros de uma asa a outra. No lugar de uma cabeça comum, ele tinha um crânio de
lobo, apenas os ossos e nenhum músculo ou pele o cobrindo. Suas asas eram pontiagudas; sua
carapaça verde é resistente ao ponto de desviar alguns feitiços; toda sua parte interna (o lado
contrário da carapaça verde) era de um couro maleável (como as asas de um morcego) e em um
lindo tom de azul royal; seu tronco tinha uma mistura de cores que parecia uma galáxia estrelada;
as bordas de suas asas escureciam do intenso azul para um preto profundo; cada asa terminava em
uma cauda alongada, que se misturam com a sua cauda; além das asas ele não possuí nenhum outro
membro saliente.

— Brilhante! — Hadrian sorriu enquanto via a criatura voando ao redor deles.

— Talvez... — Newt começou. — Mais tarde eu possa te mostrar minha maleta. — Comentou
com um falso desinteresse. O que fora arruinado quando o garoto à sua frente parecia brilhar de
alegria.

— Sério? — Hadrian desatou a falar num folego só. — Eu vou poder entrar sua maleta? Quantas
criaturas você tem lá? E vai ter Nundus, Graphorns, Occamies, Fwooper, Doxies, Glow Bugs,
Diricrawls, Marmite, Erumpentes, Runespoors e... — A risada divertida do velho bruxo o cortou.

— Acalme-se, Hadrian. — Newt olhou brevemente para os olhos do garoto antes de desviá-los
para o Swooping Evil que ainda sobrevoava os campos. — Sim, você conhecerá todas as criaturas
que estou tratando no momento, e tenho certeza de que até um Kelpie hostil iria te adorar. —
Comentou divertido.

— Você acha? — Perguntou esperançoso. — Eu achei incrível como você domesticou um sem
usar magia. Usou apenas uma corda e o montou. — Mais uma vez os olhos azuis de Newt miraram
brevemente os verdes antes de focarem na phoenix, que uma vez fora de Dumbledore, rodopiava
alegremente ao redor do Swooping Evil brincalhão.

— Não foi nada fácil. — Admitiu num suspiro. — Mas eu nunca gostei de usar magia com as
criaturas, muito menos quando é para domesticá-las.

— Se bem que os nifflers exigem uma convocação de coisas brilhantes caso você queira a atenção
deles. — Hadrian brincou ao notar um niffler de pelo cinza tentando roubar-lhe o colar de Sol.
Newt riu enquanto via o garoto pegar a criatura nas mãos e brincar com a criaturinha muito
interessada em seu colar brilhante.

— Mestre, Hadrian. — Dobby surgiu ao lado do garoto com um “pop”. — Sua presença é
requisitada na sala de estar, senhor Hadrian. — O garoto sorriu para o seu house-elf favorito.

— Obrigado, Dobby. Você poderia levar minhas anotações para o meu quarto, por favor.

— Claro, Dobby fará, senhor Hadrian. — Fez uma reverência exagerada e rapidamente acatou ao
pedido do amigo enquanto Hadrian virava-se Newt.

— Gostaria de me acompanhar? — Perguntou enquanto se levantava, ainda fazendo carinho no


niffler.

— Claro, só deveria pegá-lo de volta. — O velho bruxo olhou para o Swooping Evil.

— Deixe-o se divertir um pouco. — Hadrian sorriu ao ver Fawkes e o Swooping Evil brincando no
ar. — Acredito que nada aqui irá machucá-lo, e ele também não parece muito inclinado a ferir
alguém.

— Vamos então. — Newt indicou a mansão.

— Vocês vão ficar aí? — Hadrian se virou para as serpentes preguiçosas.

— Como se ela fosse tirar os olhos de você por um segundo. — Hera brincou enquanto as duas se
desenrolavam e rastejavam para seguir o garoto.

— Oh, cale a boca. — Nyx murmurou emburrada. A serpente preta estava em seu tamanho
original, e Hera encolheu até ficar com um tamanho um pouco menor que o da companheira.

— Certo. — Hadrian soltou uma risada nasalada antes de acompanhar Newt até o interior da
mansão, os dois bruxos, obviamente, voltaram a falar sobre criaturas mágicas.
— Seja bem-vindo, Rubeus Hagrid. — Tom sorriu sádico.

— Como você...

— Isso será explicado depois. — Tom ergueu uma mão para calá-lo.

— O-onde está o Hadrian...? — Perguntou já se debulhando em lágrimas.

— Ele está bem. Está descansando no momento. — Tom indicou a sala de estar. — Vamos nos
sentar para conversarmos melhor. — Guiou o grupo, logo assumindo a sua poltrona que costumava
usar e esperou todos se juntarem a ele. Tom lançou uma ala de privacidade no ambiente. Mesmo
que não precisasse, Tom Riddle era uma pessoa muito desconfiada. — Antes de tudo devo iniciar
as apresentações. — Indicou o casal de ruivos. — Molly e Arthur Weasley. — Indicou o casal de
loiros. — Narcissa e Lucius Malfoy. — Indicou o casal de goblins, que não se preocuparam em se
esconder atrás de um charm. — Ragnuk e Maray Vryrirt, pais do Hadrian. — Narcissa deu um
lenço grande para Hagrid secar suas lágrimas. O meio gigante estava perdido com o fato de
goblins serem pais de Hadrian, mas perguntaria depois.

— O-brigado. — Agradeceu, concentrando-se em parar de chorar. — Mas como você... Você é...
Quero dizer, você era... Mas... — Hagrid encarou incrédulo o garoto que causou sua expulsão.

— Admito que cometi um erro ao te incriminar pelos ataques em Hogwarts. — Tom suspirou, isso
iria doer terrivelmente no seu ego, mas por Hadrian ele o faria. — Mas só estou fazendo isso
porque você é importante para Hadrian. — Hagrid franziu o cenho. — Resumidamente eu e
Hadrian somos horcruxs do Dark Lord Voldemort. — Todos ofegaram e arregalaram os olhos. —
No segundo ano de Hadrian, quando a Câmara Secreta foi aberta novamente, meu diário, onde eu
residia, estava, de alguma forma inexplicável, em posse de Ginny Weasley. — Molly soltou um
solucinho triste ao lembrar-se da filha falecida. — Sinto muito por isso, senhora Weasley. —
Olhou para a mulher. — Eu não tinha controle sobre o que fazia. Quanto mais ela usava o diário,
eu ia me alimentando de sua magia e vida. Hadrian tentou salvá-la. Mas era tarde. Me desculpem
por isso. — Molly se levantou e abraçou o garoto com carinho. Isso o assustou, o deixando
completamente paralisado. Ele nunca esperou que receberia um abraço de mãe. Muito menos de
que ele o fizesse tão bem.

— Não é sua culpa, querido. — Ela beijou-lhe a testa com carinho. — Você pode ser o passado do
Dark Lord. Mas você mudou. Pude ver que você não é como o seu outro “eu”. E fico feliz em saber
que se arrepende de seus atos. Mesmo que seja para fazer Hadrian feliz. — Sorriu carinhosamente.
— Agora pode prosseguir. — Voltou ao seu lugar e limpou suas lágrimas. Tom se recompôs e
continuou.

— Hadrian e eu, quando ele estava com a posse do diário, acabamos nos tornando uma espécie de
“amigos”. Nyx me deu um corpo e eu vim morar com os Malfoy. Hadrian forjou a destruição de
um falso diário para fingir que ainda é uma arma de Dumbledore. O verdadeiro está seguro
comigo. — Recostou-se na poltrona. — Eu sou um eco do passado. Ainda sou Tom Marvolo
Riddle. Não sou totalmente Voldemort. Graças a Hadrian eu pude ver os grandes erros que iria
cometer se continuasse a seguir aquele caminho. — Olhou para o meio-gigante. — Então, Hagrid,
é assim que eu “estou aqui”.

— Se precisam de testemunhas, nós que convivemos com ele o ano inteiro. — Narcissa brincou
sorrindo maternalmente para o garoto. — Tom realmente mudou. Posso afirmar isso, pois conheci
o Dark Lord e sua loucura que o consome. Tom mudou para melhor. Graças a Hadrian.

— E-eu... — Hagrid olhou para os pés. — Vou te dar uma chance, Riddle. Mas se você sair da
linha...
— Nem precisa se preocupar com isso. — Tom comentou divertido. — O próprio Hadrian me
lançaria uma maldição. — Sorriu. — Agora. Suponho que você esteja curioso sobre o
envolvimento de Ragnuk e Maray com Hadrian. — Indicou para que o goblin assumisse a palavra.

— Hadrian chegou ao nosso banco quando tinha apenas sete anos. Ele havia fugido da casa dos tios
abusivos. Ele foi instruído por Nyx, que lhe encontrou por acaso, até o Diagon Alley para pedir um
Teste de Herança. Goblins veem as crianças como o bem mais precioso, acima até das riquezas. E
saber tudo o que ele havia passado, e ainda assim continuou sendo um garotinho doce e educado...
— Seus olhos negros miraram os da esposa com carinho enquanto suas mãos se juntavam. —
Fazíamos de tudo para vê-lo sorrir; velávamos seu sono para que os pesadelos não o
incomodassem; vê-lo brincar livremente com as outras crianças goblins era reconfortante, pois ele
estava liberto do terror que fora o seu passado...

— Então... — Maray sorriu para o marido quando ele não conseguiu mais falar devido a emoção
entalada em sua garganta. — Conforme os dias foram passando, acabamos nos apaixonando pelo
garotinho incrível que ele é. Ouvi-lo nos chamar de “mamãe” e “papai” ainda é tão avassalador
quanto no primeiro dia que ele pediu permissão para nos chamar assim. Nosso pequeno filhote. —
Os goblins sorriram divertidos um para o outro ao verem seus olhos lacrimejantes.

— Acredito que ele está seguro e feliz com vocês. — Hagrid sorriu para as criaturas. — Fico feliz
em saber que vocês estavam lá por ele.

— Sempre estaremos. — Ragnuk prometeu ao vento. Eles nunca permitiriam que algo acontecesse
ao seu amado filho.

— Bom. — Tom atraiu a atenção de todos para si. — Nós estamos aqui para conversarmos sobre
as mentiras de Dumbledore. Remus e Severus já o explicaram tudo. Então queremos lhe dar um
presente por se arrepender de acreditar no velho. — Estendeu sua mão e fez o cordão flutuar até o
homem barbudo. — Esse colar irá lhe avisar se Dumbledore estiver mentindo ou te manipulando
com más intenções.

— Oh. Muito obrigado. — Hagrid colocou o objeto em seu pescoço e o escondeu com as roupas e
a barba.

— Sabemos que você vê o bem em tudo e todos. Mas realmente existem pessoas ruins no mundo.
— Arthur sorriu para o amigo.

— Como encontraram Hadrian? — Hagrid perguntou hesitantemente. E assim toda a história foi
contada. No final, o meio gigante estava debulhando-se em lágrimas enquanto bradava
xingamentos.

— Você pode se divertir com os muggles. — Tom sorriu sádico. — Estão presos logo abaixo dos
nossos pés.

— Eu vou adorar fazê-los pagar por tudo o que fizeram com Hadrian! — Hagrid limpou suas
lágrimas.

— Chamaram-me? — Hadrian perguntou inocentemente quando conseguiu entrar pelas barreiras


de Tom. — Abaixe essa barreira, Tom. Meu núcleo mágico ainda está enfraquecido e passar pelas
suas alas é desgastante. — O mais velho obedeceu e se aproximou do namorado, logo beijando-lhe
a testa e o pegando nos braços. — Tom! — Suas bochechas coraram violentamente.

— Você está se recuperando. Não deveria se esforçar. — Colocou o menor sentado em sua
poltrona. Newt se sentou perto dos goblins enquanto as serpentes subiam no encosto da poltrona de
Hadrian.

— Já faz três semanas que eu estou muito bem. — Hadrian fez manha, se afundando no assento e
acariciando o niffler. Tom suspirou e abaixou-se na sua frente, tocando-lhe o rosto com carinho.

— Eu entendo, mas você não pode se esforçar.

— Correção: você é superprotetor e me trata como se fosse uma pétala de flor. — Comentou
emburrando. Tom sorriu e beijou-lhe a testa.

— Você me conhece tão bem. — Sussurrou-lhe docemente.

— Como está se sentindo, filho? — Maray perguntou carinhosa. O garoto, definitivamente, estava
muito melhor. Só o seu núcleo mágico ainda estava se recuperando.

— Ótimo. Tenho uma equipe de enfermeiros superprotetores que entram em pânico apenas de eu
suspirar. — Comentou divertido enquanto se arrumava na poltrona e recostava sua cabeça contra o
quadril de Tom, que estava em pé ao seu lado acariciando seus cabelos.

— Hadrian, meu garoto! — Hagrid voltou a chorar e jogou-se de joelhos no chão. — Me perdoe!
Eu permiti que aquele velho asqueroso me manipulasse! Eu te enviei para o inferno! E-eu... —
Hadrian o cortou.

— Está tudo bem, Hagrid. — O menor chamou-o com uma mão e o meio gigante se aproximou
apressadamente, antes de ajoelhar-se na sua frente. Hadrian colocou o niffler nas mãos de um Tom
confuso ao segurar a criatura pelas axilas e bem longe do seu torso, já que ela tentava a todo custo
roubar-lhe o colar de bússola. O garoto de olhos verdes abraçou fortemente o homem barbudo na
sua frente. Que chorou ainda mais e tomou cuidado para não usar muita força no abraço. — Eu não
te culpo. Sei o quão persuasivo Dumbledore pode ser. E você é um ser puro de espírito. — Soltou-
se e colocou a mão no coração de Hagrid. — Seu coração é puro. Você não veria mal nem em uma
quimera. — Sorriu enquanto limpava as lágrimas do amigo. — Eu estou bem agora. É o que
importa. Não precisa se culpar por isso. Eu não o culpo. — Hagrid sorriu, Hadrian era um garoto
tão forte. Tão nobre e doce.

— Obrigado. — Fora tudo o que o homem conseguiu dizer entre os soluços ao voltar para o seu
lugar.

— Você já almoçou, Hadrian? — Molly perguntou. As bochechas do garoto coraram. — Pelo visto
não. — Levantou-se. — Vou preparar alguma coisa para você.

— Oh, não, Molly. — Narcissa se levantou. — Você é a convidada. Não precisa disso.

— Ah, querida. Comida de mãe cheia de amor é o que o nosso pequenino precisa. Junte-se a mim.
Irei lhe ensinar minhas receitas secretas. — Os olhos azuis da loira cintilaram.

— Eu irei adorar. — A loira se virou para Maray. — Suponho que sua ajuda seria essencial,
querida. — A goblin sorriu para a amiga e levantou-se. As três saíram da sala, conversando
animadamente sobre o que preparariam para Hadrian comer.

— Como os jornais lidaram com... Vocês sabem. — Hadrian perguntou timidamente, pegando o
niffler impaciente para escapar do olhar mortal de Tom. Oras, como aquela criatura ousava tentar
roubar-lhe um presente que fora dado por seu amado Sol? Um presente com tanto significado e
amor.

— Na verdade, melhor do que imaginávamos. — Tom sorriu, sentando-se no braço da poltrona de


Hadrian. — Rita Skeeter questionou a competência de Dumbledore e do Ministério com o seu
caso. — Hadrian sorriu e fez a ponta de seu nariz tocar a ponta do focinho da criatura, que estava
agradecida por finalmente escapar das garras de Tom.

— Isso é bom. Se eles continuarem questionando logo derrubaremos aqueles merdas. — Hadrian
admitiu.

— Hadrian, você... — Hagrid estava confuso com tantas demonstrações de amor romântico de
Hadrian e Tom, sendo que oficialmente ele namorava apenas Draco.

— Ah! — O moreno compreendeu. — Eu tenho seis lindos namorados. — Sorriu para o garoto
sentado ao seu lado.

— Oh. Isso é... Inusitado. — O meio gigante sorriu. — Mas, se você está feliz, eu não irei me opor.

— Obrigado, Hagrid. — Todos sorriram. Felizes que tudo estava voltando ao normal, lentamente e
com muito esforço, mas estava. Hadrian estava feliz e seguro. Cercado por aqueles que o amam e
que ele ama. Com a ajuda deles ele não precisaria temer nada.
Capítulo 67
Chapter Notes

OLHA A PUTARIA SUAS CACHORRAS IMUNDAS!!!!

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— O que você quer fazer com os muggles? — Tom perguntou receoso. Hadrian pensou. O que ele
queria? Ele não tinha ideia. Só sabia que queria que eles sofressem. Eles mereciam.

— Só não os mate. Um dia eu mesmo os farei se arrepender. — Comentou enquanto afundava seu
rosto na dobra do pescoço do maior. Tom sorriu satisfeito, Hadrian estava adquirindo um lado
sádico como ele.

— Como desejar, Sunshine. — Beijou-lhe o topo da cabeça com amor.

— Agora eu só quero dormir. — Bocejou enquanto o outro o pegava no colo e o deitava na cama.

— Eu acho que estou mimando você até demais. — O menor soltou uma risadinha enquanto se
espreguiçava na cama.

— Eu sei que você adora me mimar. — Puxou-o para a cama e se deitou sobre o peito palpitante.

— Tão abusado. — Usou magia sem varinha para os tapar.

— Que você ama. — Murmurou sonolento, aconchegando-se ainda mais contra o corpo alheio.

— E muito. — Beijou o topo da cabeça de Hadrian antes de se entregar ao sono.

Newt Scamander se tornou um amigo inusitado para Hadrian. Eles se entendiam como
ninguém, a paixão pelas criaturas mágicas acarretava horas intermináveis de conversas profundas.
Em um devido momento, Molly trouxera seus dois filhos mais velhos para conhecerem Hadrian.
Bill tirou folga da filial de Gringotts no Egito para visitar a família. E ele estava mais do que
curioso em conhecer o garoto que fazia os goblins cochicharem preocupados pelos corredores do
banco. Charlie, por outro lado, só veio passar um tempo com a família. Passar tantos meses na
Romênia cuidando de dragões ferozes era um pouco exaustivo, mas ainda assim ele amava o que
fazia.

— Hadrian, querido. — Molly o abraçou com força assim que irrompeu das chamas verdes. —
Viemos lhe fazer uma visita. — Sorriu carinhosa para o garoto que aprendeu a ver como um filho.

— Vocês sempre são bem-vindos aqui. — Sorriu divertido, logo tendo sua atenção desviada pelo
fogo verde que deu lugar a Arthur e mais dois homens ruivos que ele não conhecia.

— Queria lhe apresentar meus filhos mais velhos. Bill e Charlie. — Indicou os garotos
respectivamente.

— É um prazer finalmente conhecê-los. — Hadrian se aproximou dos dois e apertou suas mãos. —
Molly me contou muito sobre vocês.

— O prazer é nosso. — Bill sorriu. O rapaz foi uma surpresa.

Hadrian sabia que ele trabalhava em Gringotts, e que fora monitor-chefe em Hogwarts, ele
sempre imaginara que Bill fosse uma versão mais velha de Percy; preocupado com as infrações
dos regulamentos e chegado a mandar em todo mundo. No entanto, Bill era, não havia outra
palavra, um badboy. Alto, os cabelos compridos presos em um rabo de cavalo desleixado, usava
um brinco de argola com um berloque pendurado que parecia um dente de dragão. Suas roupas de
couro de dragão pretas firmemente agarradas aos seus músculos deixavam-no ainda mais
pecaminoso. Sem contar nos olhos azuis claros que brilhavam com uma chama desconhecida.

Charlie, por outro lado, era exatamente como Hadrian imaginara. O rapaz tinha o mesmo
físico dos gêmeos, mais baixo e mais forte do que Percy e Ron, que eram compridos e magros. Seu
rosto era largo e bem-humorado, a pele pálida castigada pelo sol e tão sardento que quase parecia
bronzeado; os braços eram musculosos; e tentadoramente salientes pelas roupas justas. Várias
queimaduras e arranhões esculpiam seu corpo pecaminosamente sexy. O cabelo mediano e
charmosamente despenteado se contrastava com a pequena trança que ficava na parte inferior
direita de seu cabelo. Intensos olhos azuis com sardas pelo corpo todo, assim como tatuagens
trouxas de dragões nos braços, costas, peito e pescoço.

— Venham. — Hadrian se afastou até a porta que dava acesso aos jardins do fundo, os quatro
Weasley prontamente o seguiram. — Nós estamos aproveitando o dia ensolarado. — Sorriu
travesso ao ver os olhos surpresos dos dois homens ao verem Hera e Nyx se aproximando depois
de uma caçada na floresta. Ah! A surpresa era porque elas estavam com seus tamanhos máximos.
— Você achou que dragões são legais? — Encarou Charlie. — Espere para conhecer o basilisk de
Salazar Slytherin. — Piscou travesso enquanto se aproximava da mesa onde toda sua família estava
desfrutando de um lanche da tarde.

— Ele disse... — Bill encarava as costas do garoto com descrença, assim como seu irmão.

— Sim. — Arthur deu risada da cara de seus filhos mais velhos. — Vocês têm muito o que
aprender sobre Hadrian Tamish Potter. Coisas que eu não pude contar por cartas. — Os puxou até a
mesa.

— Tem goblins aqui. — Bill sussurrou para a mãe. — Por quê?

— Porque eles são os pais de Hadrian. — Molly sorriu ainda mais ao ver as expressões de seus
filhos.

— Sejam muito bem-vindos. — Lucius os cumprimentou educadamente com um aperto de mão.


— Sintam-se à vontade e se juntem a nós. — Indicou as cadeiras que acabaram de surgir na mesa.

— O quebrador de maldições que eu só escuto elogios. — Ragnuk deu um sorriso de dentes


pontiagudos, o que fez Bill congelar ao perceber quem estava na sua frente. Ragnuk revirou os
olhos. — Pare de abrir e fechar a boca como um maldito peixe. — Rosnou. — Sente-se e aproveite.
Aqui eu não sou o Rei Goblin, sou apenas o pai de Hadrian. — Ainda assim, Bill percebeu a
entonação de ameaça implícita. Ele acenou com a cabeça e sentou-se ao lado do irmão.

— Quais dragões vocês têm na reserva? — Hadrian puxou sua cadeira e sentou ao lado de Charlie.
O homem surpreendeu-se ao ver o brilho nos olhos esmeralda, o mesmo brilho que ele tinha ao
falar sobre dragões.

— E lá vai ele para mais uma conversa longa sobre criaturas mágicas. — Tom revirou os olhos,
mesmo que o canto de seus lábios estivesse arqueado num sorriso ladino.

— Como se não esperássemos por isso. — Narcissa sorriu.

— Estávamos conversando com os mediwizards. — Maray se virou para os casais Malfoy e


Weasley. — Achamos que Hadrian poderia voltar para Hogwarts na próxima semana.

— Ele já está afastado a muito tempo. — Lucius pensou.

— E os outros namorados dele ficariam mais do que felizes em tê-lo de volta.

— Eu não. — Tom resmungou antes de beber seu chá.

E foi assim que Hadrian fez amizade com mais dois Weasley. Newt teve que voltar para o
Brasil no dia seguinte, não poda mais adiar o seu retorno. Porém ele e Hadrian prometeram trocar
correspondências sobre criaturas. Por incrível que pareça, eles sempre tinham assunto para
continuarem conversando por longas horas. Bill se viu muito impressionado com a história de
Hadrian com os goblins, e impressionado com o conhecimento do mesmo sobre quebrar maldições.
Charlie, por outro lado, ficou incrivelmente animado em ter alguém com quem pudesse passar
horas falando sobre dragões. Hadrian era uma companhia cativante e sempre tinha curiosidades
sobre o seu trabalho na Romênia.

Tom, por outro lado, não estava nada feliz. Hadrian iria partir em poucos dias e tudo o que o
maior queria era passar mais tempo com o seu amado. Como ele invejava os outros garotos por
poderem passar um ano inteiro ao lado de Hadrian. Tom só tinha poucos dias para conseguir amar
a razão da sua vida. Ele queria mais. Ele precisava de mais. Se não fosse por Dumbledore ele
poderia se infiltrar em Hogwarts como um aluno e conseguir ter Hadrian para si todos os dias. Ele
precisava de Hadrian.

— Tom... — Hadrian chamou num suspiro sôfrego.

Era noite, fortes feitiços de privacidade os isolavam do mundo lá fora enquanto suas bocas se
procuravam com fome e desejo, seus corpos entrelaçados um no outro sobre a cama procuravam
mais contato, mais calor, mais toques. Eles precisavam disso, precisavam sentir um ao outro.
Procuravam as bocas um do outro como homens sedentos em meio ao deserto. A gentileza e o
carinho não existiam a muito tempo, apenas a voraz e brutal luxuria necessitada e insaciável.

— O que você quer, Hazz? — Sussurrou ao pé de seu ouvido antes de beijar-lhe o pescoço.

O menor gemeu e arqueou o seu corpo, procurando chocar-se contra Tom que estava acima
de si. Ele podia sentir o membro rijo contra o seu, ambos ainda cobertos por camadas de roupas
que o frustravam. Ele queria tanto poder sentir Tom sem nada os atrapalhando. Sentir o calor da
sua pele contra a do outro, sentir seus pelos se arrepiando livremente ao escutar os sussurros roucos
do maior no seu ouvido. Todo seu corpo estremecendo a cada toque, ondas poderosas e eletrizantes
de prazer inundando suas veias, sua respiração acelerada e pesada deixava sua boca junto com
suspiros e gemidos, seus músculos relaxando e tencionando a cada local que Tom o tocava. Suas
mãos percorrendo toda e qualquer superfície de seus corpos enquanto eles pressionavam um contra
o outro numa busca por alívio.

— Pare. — Ordenou com uma voz provocadora. Tom gemeu, mas obedeceu a ordem e encarou as
esmeraldas nubladas pela luxuria. — Eu quero fazer algo por você. — Sorriu travesso enquanto
jogava o outro na cama e subia em cima de si. Adorando o volume contra seu traseiro, Hadrian
remexeu seu quadril sobre o do outro, se deliciando com os sons que Tom emitia e as expressões de
prazer que surgiam em sua face.

— O que você pretende fazer, Sunshine? — Perguntou malicioso enquanto estendia suas mãos até
o traseiro de Hadrian e o apertava, o ajudando a se movimentar sobre si, contendo um gemido
conforme era estimulado. Tom adorou ver o brilho predatório nas esmeraldas, juntamente com os
gemidos que escapavam de seus lábios muito vermelhos.

— Eu pretendo domesticar uma serpente traiçoeira. — Sorriu travesso ao abaixar seu rosto para
roçar seus lábios com os do maior. Não iria beijá-lo. Não. Ele iria testar Tom até o seu limite, ver o
quanto ele aguentaria antes de ceder completamente.

— Oh. — Tom sorriu ainda mais, apertou as fartas nádegas do maior com mais força, arrancando
um suspiro do mesmo. — E como pretende fazer isso, querido? — Inclinou-se para frente à
procura de juntar seus lábios num beijo luxurioso, porém seus desejos foram frustrados quando o
menor se afastou, colocou uma mão sobre o peito alheio e sorriu maldosamente.

— Fique quietinho aí. — Ordenou antes de desmontar Tom e se acomodava entre as pernas do
mesmo. O maior se sentou para observar o que seu doce garoto estava aprontando. Seus olhos
ficando ainda mais escuros ao ter a visão das esmeraldas famintas tão próximas da sua virilha. Ele
não pode conter um rosnado no fundo da sua garganta e umedecer os lábios conforme várias
imagens pecaminosas vinham na sua mente.

Com as pupilas ainda mais dilatadas pela luxuria, Hadrian passou uma mão sobre o membro
de Tom, sorrindo ao vê-lo suspirar em contentamento. Ele acariciava a protuberância com
delicadeza, como se seus dedos fossem penas roçando suavemente o tecido. Tom encarava o garoto
com intensidade, cada movimento sendo rapidamente captado por seus olhos, cada estímulo
enviando faíscas de prazer pelo seu corpo, cada nova sensação enviando ondas poderosas de prazer
pelo seu corpo e se concentrando no seu baixo ventre.

Numa lentidão torturante, Hadrian abriu o zíper das calças de Tom e abaixou um pouco sua
cueca, apenas para que o pênis saltasse para fora. O sorriso devasso que o menor o direcionava era
terrivelmente tentador, Tom estava se segurando para não atacar Hadrian em um beijo voraz e
simplesmente afundar-se em seu calor convidativo. Bater seus quadris com tanta força que faria o
menor perder a visão pela escuridão da luxúria, esmurrar a próstata de Hadrian para ouvi-lo gritar
de prazer em seu ouvido, implorando-lhe por mais, para ir mais rápido, mais fundo, mais forte. E
então derramar-se dentro de Hadrian, sorrir satisfeito ao vê-lo completamente exausto e preenchido
com sua semente. Oh. Como ele ansiava por isso.

Entretanto, apenas ter Hadrian ali, encarando seu eixo com aquele olhar devasso e
umedecendo os lábios avermelhados, já era excitantemente prazeroso para que ele gozasse
rapidamente. Tom sentia que poderia gozar apenas por ter Hadrian o encarando com aquela
intensidade. Mas quando os dedos frios e macios roçaram sua glande, uma onda avassaladora de
adrenalina o tomou por completo, seus músculos tencionaram e sua mandíbula cerrou fortemente
ao sentir um rosnado vindo do fundo de sua garganta. Tom avançou para agarrar Hadrian e
reivindicar seus lábios, pressionar seu membro contra o corpo menor, devastar sua boca
terrivelmente viciante com sua língua e tirar-lhe todo e qualquer ar de seus pulmões enquanto
arrancava suas roupas para finalmente sentir e ver aquele corpo maravilhoso que o enlouquecia.
Porém sua animação fora brutalmente arrancada de si quando uma mão pousou em seu peito e o
parou, mantendo-o no lugar.

— Hoje eu é que estou no comando, querido Tommy. — Hadrian sorriu provocativo ao sussurrar
roucamente. Lentamente ele aproximou seu rosto do maior, estava perto o suficiente para sentir sua
respiração pesada bater contra seu rosto. — Fique quietinho aí. — Sua voz era firme e autoritária,
o que causou um arrepio incrivelmente forte e prazeroso no outro. — Não irá fazer nada, apenas
irá assistir e aproveitar. Se não... Eu paro e você vai ter que se virar sozinho. Estamos
entendidos, Tommy?

— S-sim. — Tentou ser o mais convicto possível, mas ter a mão de Hadrian brincando com sua
glande rosada e seus lábios tão próximos dos seus era terrivelmente difícil de manter a
concentração. Os dedos delicados nunca pararam de rodear a glande e pincelá-la como se fossem
penas roçando sua pele tão suavemente que o dava cócegas. O prazer aumentando gradativamente
e a necessidade o consumindo. Ele precisava de mais, mais toques, mais beijos, mais sensações,
mais prazer... Mais...

— Bom garoto. — Sorriu ainda mais ao ver o outro se arrepiar. Oh, como eles gostavam de
deslizar para a língua das cobras nesses momentos. Era terrivelmente prazeroso. E os levava ao
limite tão rápido. Os estalos e sussurros sibilantes fazendo seus corpos estremecerem num arrepio
prazeroso, seus sangues ferventes como lava migrando cada vez mais para o sul e irrigando seus
membros, os fazendo pulsar com intensidade e deixando-o cada vez mais avermelhado.

Tom agarrou os lençóis abaixo de si para tentar se segurar enquanto o menor brincava com o
seu membro, ainda deixando seus rostos perigosamente próximos numa tentação arriscada. Hadrian
era terrivelmente corajoso e imprudente. Ele sabia que estava cara a cara com uma serpente
perigosa e traiçoeira, mas ainda assim ele a provocava até o limite, a testando para ver até onde ela
aguentaria. Aqueles dedos delicados o acariciavam tão suavemente, ondas de prazer consumindo
seu corpo a cada mínimo movimento, testando o seu autocontrole até o momento de ruptura da sua
sanidade levemente questionável. Tom estava enlouquecendo, essa lentidão era uma tortura, a
proximidade de seus lábios era terrivelmente tentadora. Suas mãos tremiam de ansiedade para
agarrar aquele traseiro farto e afundar-se em seu interior, ou então agarrar as madeixas negras de
Hadrian e fazê-lo engolir toda sua extensão na sua boca quente e úmida. Ele precisava de mais.

Hadrian fechou sua mão ao redor do eixo. Tom era grande, e Hadrian sonhava com o dia em
que se sentira pronto para entregar-se ao mesmo. Sonhava com a sensação que seria ser rasgado ao
meio para acomodar a ereção terrivelmente dura de Tom dentro de si, poder sentir-se cheio e
preenchido, como seria sentir sua próstata sendo esmurrada freneticamente e o levando ao delírio,
ou sentir os tapas de uma mão pesada na sua bunda. Porém, enquanto esse momento não chegava,
ele iria aproveitar como pudesse.

Movendo sua mão para cima e para baixo lentamente, Hadrian desfrutava da visão que era o
grande Tom Riddle completamente entregue a si. O permitindo brincar com o seu corpo como
quisesse enquanto o mesmo fechava os olhos e soltava gemidos roucos. Oh, como Hadrian amava
escutar essa deliciosa melodia ao pé de seu ouvido. Como os temidos Death Eaters se sentiriam ao
verem seu tão temido Lord completamente destruído por apenas uma punheta? Hadrian adoraria
ver isso. O tão temido Dark Lord, totalmente enrolado em seu dedo mindinho, acatando suas
ordens, aceitando de bom grado essa tortura lenta e prazerosa, descendo de seu pedestal de deus
para um mero mortal completamente inebriado pela luxúria.
Seu próprio membro doía dentro de suas calças, ele clamava por atenção, clamava pela sua
doce libertação. Porém o seu foco estava completamente em Tom e em dar-lhe prazer lentamente.
Suas esmeraldas captando as mãos fortemente agarradas aos lençóis para se conter, a pele ficando
avermelhada de excitação, o peito subindo e descendo, os dentes superiores mordendo tão forte o
lábio inferior que filetes de sangue escorriam pelo seu queixo, os olhos escuros de desejo e luxúria
as vezes se fechavam conforme o prazer se intensificava, ou então seus suspiros e gemidos roucos
de frustração por Hadrian não acelerar ou não o permitir tocar-lhe.

— Hazz... — Gemeu num sussurro sôfrego.

— O que foi, Tommy? — Sorriu ao ver os olhos do maior se abrindo para o encarar. Os olhos
nublados e as pupilas dilatadas, as bochechas levemente coradas e os lábios avermelhados
entreabertos em respirações pesadas. Hadrian lambeu vagarosamente a trilha de sangue que
escorria do canto da boca do maior, mas logo se afastando quando percebeu que Tom estava perto
de ceder e beijar-lhe.

— Eu preciso de mais... — Sua voz rouca de prazer fazia o menor estremecer em luxúria. Seu
membro negligenciado pulsou em suas calças, que já estavam manchadas de pré-gozo.

— É isso o que você quer, querido? — Passou o polegar sobre a uretra e recolheu um pouco do
pré-gozo de Tom antes de aumentar a velocidade das estocadas.

— Sim... — Fechou os olhos e jogou sua cabeça para trás. Se entregando completamente ao prazer
que tomava todo o seu corpo. Oh, como ele amava Hadrian. Nunca sentira tanto prazer em toda a
sua vida. Hadrian era o único que conseguia transformá-lo numa poça desconexa de prazer, o
único que conseguia dominá-lo tão facilmente, o único que o tinha aos seus pés. O único que tinha
permissão para fazer isso e continuar vivo.

— Você está sendo um bom garoto, Tommy. — Beijou-lhe o pescoço, ainda movendo sua mão
num ritmo mediano. — Você vai gozar para mim, Tommy? Hum? — Mordiscou o lóbulo de sua
orelha.

— S-sim... — Conseguiu responder depois de um gemido. Hadrian sorriu, roçando levemente seus
dentes pelo pescoço do maior.

Tom estava se deleitando com a atenção que estava recebendo do seu amado. Mesmo que
estivesse se segurando fortemente para não lhe tocar e dar-lhe a mesma intensidade de prazer que
estava recebendo. Todo o seu corpo estava fervendo do mais puro prazer, a magia ao seu redor se
tornou mais pesada e elétrica, as vezes algumas faíscas brilhavam no ar quando um gemido mais
intenso irrompia por sua garganta.

Hadrian sorriu vitorioso, afastou um pouco seu rosto e aumentou ainda mais a velocidade da sua
mão. Como ele amava ver esse Tom. O Tom completamente vulnerável e entregue a si. E apenas
para ele. Ninguém mais o teria. Tom só se entregaria para Hadrian, e ninguém mais.

— Hazz.. E-eu... — Gemeu em alerta quando começou a sentir a contração em suas bolas e os
músculos tencionando. A necessidade de ir mais rápido o consumiu, mas ele se segurou para não
mover o quadril, ou Hadrian pararia tudo. — Por favor...

— Venha para mim, Tom. — Hadrian ordenou num sussurro baixo, que fora a gota d’água para o
maior. Tom tencionou todos os seus músculos enquanto seu pênis pulsava conforme ejaculava na
mão do outro, sujando suas roupas quando algumas gostas caíam. A respiração pesada, mesmo que
sua mente estava completamente em branco, seu corpo estava completamente entorpecido pelo
orgasmo. — Bom garoto. — Hadrian se afastou e lambeu sua mão suja de sêmen. Tom o olhava
com fome enquanto sentia seu corpo voltar ao normal lentamente, mas ainda assim sentia-se
hipersensível a qualquer toque.

— Vem aqui, Hazz. — Tom sorriu predatório e jogou o menor na cama. Hadrian soltou um
gritinho surpreso, mas logo abriu um sorriso ao ver Tom sobre si. — Ta na hora de retribuir. —
Reivindicou os lábios alheios enquanto suas mãos libertavam o membro dolorido e muito vermelho
de Hadrian. Poucas estocadas em um ritmo rápido e o mesmo veio com um gemido alto. — Eu te
amo. — Seus olhos se focaram nas intensas esmeraldas.

Os corações bombeavam sangue loucamente por seus corpos exaustos e muito satisfeitos, e
isso não era apenas pela adrenalina de suas atividades. Não. Seus corações também estavam
acelerados devido ao intenso amor que sentiam por compartilhar um momento tão íntimo e
satisfatório um com o outro. E esse sentimento estava sendo transmitido pelos seus olhos, o brilho
apaixonado enquanto se olhavam, sem conseguirem conter os sorrisos bobos que enfeitavam seus
lábios. O carinho e a veneração por simplesmente estarem um com o outro vagava numa frase
silenciosa, apenas os olhares capitando toda a vastidão de sentimentos que um sentia pelo outro.

— Eu também te amo. — Hadrian passou seus braços ao redor do pescoço do maior, o puxando
para um beijo lento e apaixonado. Onde eles apenas estavam aproveitando o clima de satisfação
após terem orgasmos tão incríveis. Aproveitando a presença um do outro e o amor que sentiam.

— Devo admitir que eu amei esse seu lado dominador. — Os dois riram enquanto se perdiam em
seus olhos. Eles nunca iriam se cansar em apenas se perderem em seus olhares. Era simplesmente
mágico como conseguiam captar todo e qualquer sentimento sem mesmo uma única palavra ser
pronunciada.

— E eu amo ver o grande Tom Riddle tão entregue e vulnerável para mim. Me implorando para o
dar sua liberação. — Sorriu vitorioso ao ver o outro franzir o cenho em um falso desgosto.

— Você sabe que eu vou revidar. Não sabe? — Ergueu uma sobrancelha em provocação. — Vou
fazê-lo implorar aos gritos para que eu te foda rápido e duro. Fazendo você esquecer seu próprio
nome de tanto prazer que irei te dar. Você não vai conseguir nem falar enquanto eu te fodo bem
forte, surrando sua próstata tão brutalmente que no outro dia você nem irá conseguir se virar na
cama. Irei fodê-lo tantas vezes que você vai ficar desidratado de tanto gozar. Não saberá nem o que
é realidade, apenas o puro prazer avassalador que o consome completamente.

— Eu mal posso esperar. — Sorriu provocativo. Os dois trocaram outro beijo apaixonado antes de
se limparem, trocarem as roupas por pijamas e se aconchegarem um no outro para dormir. Sim,
Hadrian mal podia esperar para se entregar completamente aos garotos que ama.
Capítulo 68
Chapter Notes

Vocês estão sentindo esse cheiro? É o doce cheiro da vingança, meus amores.
Aproveitem esse momento glorioso.

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian estava inquieto durante o dia. Tom não fora o único a perceber isso. O garoto nunca
parava quieto no lugar, suas mãos e pés sempre se movimentando; enquanto estava sentado, suas
pernas tremiam de ansiedade. A tremedeira era tão intensa que ele parecia ser um vaso de flores em
cima da máquina de lavar centrifugando as roupas. Seus olhos se movimentavam para as portas de
saída de qualquer ambiente que ele estava presente, seus dentes mastigavam o lábio inferior até
arrancar-lhe filetes de sangue, sua varinha deixou de ser um artefato mágico e se transformou em
uma vareta que ele girava entre seus dedos sem parar, sempre que alguém se aproximava ele se
assustava e dava uma risadinha nervosa. O garoto não revelou a ninguém o que o atormentava,
todos perguntaram-lhe o que estava acontecendo, mas sempre recebiam desculpas esfarrapadas e
Hadrian dava um jeito de fugir para qualquer outro lugar.

— O que está acontecendo? — Tom perguntou seriamente enquanto imprensava Hadrian contra a
porta de um quarto desocupado. O menor estava vagando pela mansão distraidamente, e o mais
velho o puxou até um cômodo vazio para interrogar o namorado.

— O-o que...? — O maior viu claramente Hadrian engolir em seco e seu corpo sendo tomado pelo
nervosismo. — N-não está acontecendo na-da. P-por quê?

— Não minta para mim, Hazz. — Sua voz soava num sussurro rouco e ameaçador. Seus olhos
escuros escaneavam o garoto na sua frente, preso entre seus braços de cada lado do rosto. — Eu
não sou cego e te conheço muito bem para saber que algo está te deixando nervoso. Agora me diga
o que é para que eu possa te ajudar.

— E-eu... — Hadrian desejava com todas as suas forças poder desviar os olhos dos do namorado,
mas todas as suas defesas ruíram ao ver a determinação e preocupação na imensidão negra que
Tom tinha nos olhos. Seu coração errou uma batida enquanto sua cabeça caía e seus olhos
fechavam fortemente. — E-eu queria “brincar” com os Dursley... — Confessou num sussurro,
encolhendo-se numa tentativa falha de desaparecer.

— E por que está nervoso? — Tom perguntou calmamente. Ele estava surpreso com o rumo da
mudança na personalidade do garoto que não faria mal a uma mosca? Sim, ele estava surpreso.
Mas ele compreendia as consequências que dias de tortura e um passado conturbado poderiam
resultar. Ele mesmo era fruto de uma série de acontecimentos desastrosos que o tornaram o que é
hoje. Hadrian lhe dissera algumas noites atrás que gostaria de fazer os Dursley se arrependerem do
que haviam feito consigo. Então não, ele não iria julgar as vontades de Hadrian. Iria apoiá-lo e
guiá-lo, ficaria atento para ver se o garoto não estaria passando de seus próprios limites para o
parar antes que se arrependa de seus atos. E convenhamos, uma vozinha no fundo da sua mente
estava comemorando aos berros ao imaginar os dois torturando aqueles vermes.

— E-eu não sei... — Tom colocou suas mãos nos ombros do menor e o puxou para um abraço,
sentindo seu coração acelerar conforme as mãozinhas se agarravam em sua camisa. — N-não quero
que mamãe e papai deixem de gostar de mim pelas coisas que passam pela minha mente... — Sua
voz tornou-se embargada e o mais velho sentiu quando as lágrimas começaram a molhar sua roupa.
— E-eu não quero que ninguém me ache estranho e tenha medo de mim... N-não quero perder
ninguém... E-eu amo tanto vocês... Não conseguiria viver sabendo que, por minha culpa, vocês me
abandonaram...

— Ninguém vai te deixar, Sunshine. — Esfregou sua bochecha nos cabelos cheirosos do menor. —
Todos aqui te amam e até irão aplaudir o que quer que você faça. Por Morgana, é capaz de
assistirmos você torturando os Dursley enquanto comemos pipoca e comemoraremos cada grito
daqueles vermes. — Sorriu ao ouvir uma risada nasalada vindo do namorado. — Até parece que
você se esqueceu com quem está vivendo. Lucius, Severus e Ragnuk não deixariam aquela
masmorra por uma semana se não os puxássemos para se alimentarem e descansarem suas magias.
Narcissa, Maray, Molly, Arthur, Remus ou seus outros namorados podem não falar abertamente
sobre tortura e afins, mas eles já me confidenciaram cada desejo mórbido que até eu tive um
calafrio. — Outra risada nasalada e seu sorriso se alargou. — E até parece que você não sabe com
quem está abraçado. — Provocou com uma sobrancelha erguida e se afastando minimamente
apenas para erguer o rosto de Hadrian e encarar suas esmeraldas. — Esqueceu que eu sou um louco
psicótico genocida que, aparentemente, tem tara em sair jogando Crucios a torto e a direito? —
Dessa vez ele conseguiu uma risadinha e um sorriso brilhante, e isso o encheu de orgulho e
felicidade.

— Você tem razão. — Seus olhos suavizaram para algo amoroso. — Obrigado. Por tudo. — Deu-
lhe um selinho demorado. — Eu te amo.

— E eu te amo muito mais, Sunshine. — Tomou-lhe os lábios num beijo cálido e apaixonado.
Hadrian sentia-se incrivelmente satisfeito e leve enquanto se entregava ao ato. Tom sempre o
acalmava numa maneira que depois ele se sentia anestesiado. Seus toques gentis, olhares amorosos
e beijos apaixonantes o desestabilizavam completamente. E ele seria eternamente grato por ter um
homem como este apaixonado por si.

— Você poderia me levar até eles? — Perguntou com as bochechas coradas, tanto por causa do
beijo ardente que acabaram de ter, quanto pela timidez de estar indo torturar pessoas pela primeira
vez na vida.

— Claro, amor. — Beijou-lhe a testa antes de se soltar do abraço e segurar a mão do menor. —
Vamos. — Seu coração pareceu dançar em seu peito ao ver um sorrisinho cúmplice adornando os
lábios de Hadrian.

— Sim!

Tom o guiou pelos corredores da mansão calmamente. Hadrian se segurava para não saltitar,
mesmo que de vez em quando ele dava um pulinho e uma risadinha, o que Tom achava adorável.
No meio do caminho eles encontraram Lucius, segurando alguns papéis em mãos. Tom avisou que
eles estariam ocupados e que não era para ninguém interferir, o que o loiro arregalou os olhos
achando que eles iriam transar, mas seu nervosismo e preocupação com a terna idade de Hadrian
desapareceram ao ver que o casal passou pela porta que levava as masmorras.

As masmorras da Malfoy Manor eram incrivelmente limpas, mesmo sendo escuras e frias.
Hadrian apertou a mão do namorado em nervosismo conforme avançavam cada vez mais fundo
pelos corredores de pedras. O silêncio sepulcral não ajudava com a sua ansiedade. E ele não estava
ansioso porque iria fazer algo horrível com outros seres humanos, ele estava nervoso porque queria
torturar eles logo para saber como era a sensação, e se seria tão boa quanto na sua imaginação.

Quando Tom alcançou a maçaneta da última porta daquele corredor infinito, o coração do
menor errou algumas batidas e sua respiração travou no meio do caminho. O barulho da tranca se
abrindo ecoou pelos seus ouvidos, assim como o rangido das dobradiças conforme a porta de
madeira era aberta. A primeira coisa que Hadrian percebeu era a falta do fedor avassalador de
excrementos humanos, pobres house-elves que limpavam essa cela. Bem que deve ser
desconfortável torturar alguém enquanto você nem mesmo consegue respirar ou ver algo com as
lágrimas embaçando seus olhos.

A segunda coisa que ele percebeu era a escuridão total que banhava o cômodo. Problema
esse que fora resolvido quando Tom usou sua magia para acender as tochas com o fogo crepitante.
Então, enfim, Hadrian viu sua tão “amada” família. Os Dursley estavam acorrentados longes um do
outro, estrategicamente posicionados para conseguirem se ver. Cada um tinha grossas correntes
conectando um de seus tornozelos com a parede ao qual foram colocados. O cômodo não era
muito grande, mas nenhum Dursley era capaz de tocar o outro devido ao tamanho limitado de suas
restrições.

A terceira coisa que Hadrian notou fora o amargo cheiro de sangue seco. Cada Dursley
estava belamente sujo de seus devidos sangues. Eles pareciam uma tela, pintados de vários
ferimentos. Cortes, queimaduras, hematomas, tudo e qualquer ferimento do mais leve ao mais
intenso. E Hadrian achou isso lindo.

Petunia era a única acordada quando as tochas se acenderam. Todo o seu corpo estava
quebrado, assim como os de seu marido e filho, mas a sua mente ainda não havia quebrado. Ela
ergueu a cabeça presunçosamente e encarou as duas aberrações na sua frente. Seus olhos se
focando no menor deles, aquele que desgraçou toda a sua vida desde o dia que foi deixado na porta
de sua casa com nada mais do que uma carta e um cobertorzinho miserável. Todo o seu ser se
inflou de ódio e repulsa enquanto aqueles malditos olhos verdes a encaravam tão analiticamente.
Petunia viu em câmera lenta o olhar de animação infantil escurecendo para superioridade e ódio.
Quem essa maldita aberração pensava que era para a olhar assim?

— Olha só o que temos aqui. — Debochou do garoto que se aproximava a passos lentos de si. — A
pequena putinha bizarra. Não consegue nem fazer as coisas por si só, teve que mandar seus machos
para vir aqui. Estava ocupado demais sendo fodido como a puta que você é, aberração? — Seu
sorriso afiado alargou seus lábios enquanto encarava com ódio o garoto na sua frente.

— Suponho que ser fodido até o esquecimento pelos homens maravilhosos nessa casa seja muito
melhor do que tocar naquela morsa cagada. — Hadrian torceu o rosto em nojo ao ver Vernon todo
sujo de suas próprias fezes. — É sério, não tinha nada melhor não? — Olhou sua tia de cima
abaixo antes que um sorriso presunçoso surgir em seus lábios. — Se bem que... Acho que ele foi a
melhor coisa que você poderia ter conseguido. Me diga, querida tia, quantos homens demonstraram
interesse em você enquanto você se jogava pra eles com as pernas escancaradas? Suponho que
nenhum. — Seus olhos queimavam em deleite ao ver a mulher fraquejar. — Tom é uma prova de
todos os garotos que correm atrás de mim são estonteantes. Não é, Tommy? — Se virou para o
namorado que estava escorado na porta com os braços cruzados, apenas admirado o show que seu
amor estava lhe proporcionando.

— Bem que eu queria ter fugido com você, tudo pra ser o único na sua vida. — Murmurou
divertido, um sorriso malicioso enfeitando seus lábios e os olhos escuros brilhando intensamente.
Hadrian ficava lindo rebaixando alguém.

— Viu só? — Encarou divertido a mulher que tinha seu sorriso presunçoso morto. — Agora. Está
na minha vez de me divertir com minha “amada” família. — Encarou seu tio e primo ainda
desacordados. — Observe o monstro que você criou, querida tia. — De canto de olho Hadrian
olhou para a mulher com superioridade e um sorriso macabro nos lábios.

Com estalar de dedos Vernon e Dudley acordaram aos berros, sentindo seus corpos sendo
perfurados por milhares de agulhas; seus músculos torcidos e esticados; seus órgãos emaranhados e
derretendo dentro de si; seu cérebro usado de bola de basquete; seus olhos girando
descontroladamente dentro das órbitas; seus ossos se quebrando milhares de vezes e toda a sua
pele ardendo em brasas. Tudo isso graças a um Crucio bem lançado. Tom viu-se anestesiado de
orgulho e deleite ao sentir a densa magia de Hadrian o rodeando, o ar ficando rarefeito, tão denso
que era quase palpável, sua própria magia deixou seu corpo para acariciar os tentáculos invisíveis
da de Hadrian. Todo o seu corpo estava formigando numa euforia deliciosa enquanto suas magias
se conectavam ao som dos gritos dos dois muggles obesos.

Cinco minutos depois, Hadrian cessou a maldição, e Petunia viu com horror seu filho e
marido jogados no chão, tendo pequenas convulsões a cada poucos segundos, ofegantes e sujos de
fluídos corporais e sangue. Este escorreu das feridas que se abriram devido aos corpos
convulsionando por causa da intensa dor que sentiam. Hadrian sorriu animado para Tom, que o
olhava com orgulho.

— Agora. — Seu olhar escureceu mais uma vez e suas feições ficaram inexpressivas. — Você vai
ficar quietinha aí. — Encarou Petunia com malícia. — E verá a aberração torturando seu marido e
depois o seu filho. Você vai me implorar por piedade enquanto faço sua família sofrer. Irá implorar
para que eu os liberte e desconte minha raiva em você. Se bem que você é uma vadia egoísta, então
você não se sacrificaria nem pelo próprio filho. — Soltou uma risadinha divertida, o que fora
aterrorizante para os muggles acorrentados.

Hadrian se aproximou de Vernon, que estava um pouco recuperado da Maldição Cruciatus e


tentava se erguer. O garoto analisou-o por breves segundos antes de decidir o que faria com a
morsa. Chutou-lhe o rosto com toda a sua força, e, por estar fraco, Vernon caiu sobre seu braço
esquerdo, ouvindo um doloroso som de ossos se partindo. Seus olhinhos negros se ergueram e
encararam o seu agressor, o ódio o corroendo ainda mais conforme assimilava o fato de que a
pequena aberração acabara de lhe chutar.

— Por favor, querido tio. — Hadrian falou quando viu que o rosto do homem começara a
avermelhar e sua boca a se abrir. — Não iremos gastar nosso tempo com conversa furada. Vamos
logo para o que interessa, sim? — Seu sorriso inocente enviou calafrios pelas espinhas dos
Dursley. — Acrimônia Malus. — Falou monotonamente ao encarar o homem a sua frente.

Vernon só teve tempo de ver um jato de magia escarlate sair do nada e atingir sua enorme
barriga. Uma dor intensa irradiou do ponto em que o feitiço o acertara e se alastrou por todo o seu
corpo como o fogo que consome uma floresta. Ele sentiu sua barriga sendo frita em óleo fervente,
ao mesmo tempo que a sentia derretendo em ácido. Ele podia escutar todas as suas terminações
nervosas gritando, assim como escutava a água de seu corpo borbulhando dentro se si, querendo
vazar pelos poros de sua pele como a lava sai do vulcão. Seus berros mais pareciam um porco
sofrendo no abatedouro, ao olhar para baixo, esperando ver sua camiseta de botões suja, ele se
apavorou ao vê-la derretendo junto com a sua pele. Algodão e pele se misturavam numa imagem
grotesca, grande parte de sua barriga estavam em carne viva, outras partes tinham cavidades
profundas onde ele conseguia ver seus órgãos ao fundo depois de grossas paredes de gordura
amarelada e gosmenta. Sua barriga estava derretendo lenta e dolorosamente.

Hadrian encarava inexpressivamente a cena a sua frente, parecendo surdo aos urros de
Vernon e as súplicas de Dudley e Petunia. Ele parecia analisar os reais efeitos da maldição. Por
fim, quando Vernon caiu inconsciente no chão em meio a uma poça de tecidos humanos e sangue,
um largo sorriso alegre se abriu nos lábios do garoto de olhos verdes. Ele virou-se para encarar sua
tia, e o sorriso se alargou ao ver o estado horrorizado dela. Sem dizer uma única palavra, virou-se
para o garoto porco enquanto seus olhos adquiriam um brilho de insanidade.

— Sua vez, Big D. — Sua voz doce e calma fez o outro estremecer. — Desipiens.

Duddley viu em câmera lenta o lampejo verde musgo saindo do nada e atingindo sua cabeça.
No seguindo seguinte ele agarrou a cabeça fortemente e se encolheu até encostá-la no chão, seus
joelhos contra o piso frio tremiam enquanto tentavam mantê-lo equilibrado. Seus berros de dor se
misturavam as súplicas pedindo por ajuda de sua mãe. O que dilacerava o coração da mulher, que
tentava correr até seu filho e segurar-lhe em seus braços para o ajudar.

O muggle gritava como um animal torturado enquanto batia fortemente sua cabeça no chão,
mas quando abriu seus olhos ele percebeu que não estava no mesmo lugar de antes. Ele estava no
porão da sua casa, acorrentado ao teto no lugar da aberração. Seu pai e sua mãe o olhavam com
nojo e o chamavam de abominação, seguido de milhares de insultos e ofensas sobre si. Seu pai
pegou o chicote e sua mãe o bastão elétrico, cada um alternava nos golpes ou no objeto de tortura.
E no fundo, sentado numa confortável poltrona, ele via a aberração do seu primo rindo de si
enquanto seus pais o torturavam sem dó.

Hadrian sorriu depois de sair da mente de seu primo com brutalidade, adorando escutar um
último grito dolorido antes do corpo pesado cair com um baque no chão. Petunia viu com horror o
corpo desacordado de seu amado filho, as lágrimas escorrendo de seus olhos em abundância, sua
garganta ardendo de tanto gritar súplicas e pedir perdão, sua mente a um fio de quebrar
completamente.

Com uma lentidão assustadora, o garoto se virou para sua última vítima. As chamas das
tochas triplicaram de tamanho ao adquirirem o mesmo tom de verde que os olhos de Hadrian,
entretanto, ainda assim o cômodo foi engolido pela escuridão, as chamas verdes brilharam
solitárias em alguns pontos aleatórios, os olhos de Hadrian brilhavam na escuridão como dois
faróis, os vórtices em suas írises rodopiando hipnoticamente, a magia estalando ao seu redor e
produzindo faíscas verdes, cada passo seu parecia a batida do tambor do apocalipse. Petunia estava
na mira do predador, e ela não tinha uma rota de fuga. Ela iria morrer.

— É como dizem.... A vingança é um prato que se come frio. — Sua voz saía num sussurro
sedutor, o que fez Petunia cogitar a hipótese de que, de fato, estava diante do mal encarnado. “Por
Deus. O que eu criei?”, se perguntava a mulher com medo. — Musculus Expandere.

Petunia mal escutou o sussurro sedutor do garoto antes de cair no chão se contorcendo de
dor. Todos os seus músculos estavam sendo distendidos, seus gritos de pura agonia deleitavam
Hadrian. A mulher sentiu cada fibra muscular se rompendo dolorosamente enquanto sangue vazava
de seus poros e orifícios. Sua mente ainda a fazia escutar os gritos, choros e súplicas de seu marido
e filho. Seus ouvidos não captavam som algum, seus tímpanos estavam sangrando, assim como o
resto de seu corpo.
Hadrian observou com alegria a irmã da sua mãe desmaiar na poça de seu próprio sangue.
Lentamente o cômodo voltou ao normal, e o garoto torceu o nariz em nojo ao ver toda a bagunça
sangrenta que eram os Dursley. Mas foi ao se virara para Tom que o garoto se surpreendeu. Sua
cintura fora agarrada com força, colando seu corpo com o do outro enquanto seus lábios eram
tomados num beijo violento e cheio de desejo. Seus braços circularam o pescoço do maior
conforme ele abria a boca em um convite silencioso para Tom invadir lhe com sua língua.

Um gemido de contentamento reverberou pela sua garganta quando finalmente sentiu a


língua do namorado devorando a sua com brutalidade. Uma de suas mãos agarrou fortemente as
madeixas negras de Tom, o que fora respondido com um aperto dolorosamente prazeroso em sua
bunda, o pressionando ainda mais contra o corpo maior. Hadrian estava com sua mente
completamente em branco, a única coisa que ele conseguia focar era nos lábios que o beijavam e
chupavam avidamente.

Quando eles finalmente se separaram, conectados por uma fina linha de saliva, as bochechas
vermelhas, assim como seus lábios, os olhos se encararam numa troca silenciosa de palavras doces.
Depois de recuperarem um pouco o fôlego, Tom finalmente disse o que estava rondando sua mente
desde que entrara naquele cômodo.

— Você fica tão fodidamente gostoso torturando. — Ele nem havia percebido que deslizara para
o parseltongue.

— Fico feliz em saber que você apreciou o show. — Respondeu num sussurro provocante e
presunçoso. Seu sorriso alargou-se ao ver os olhos de Tom brilhando em luxúria. — Venha. — Se
afastou do aperto do maior e se dirigiu para a saída. — Estou faminto.

— Eu também. — Comentou malicioso enquanto seguia o amor da sua vida. Hadrian era,
definitivamente, perfeito para si.

A porta daquele lugar fechou-se ao som das risadas e provocações de um casal apaixonado e
de sanidades duvidosas.
Capítulo 69
Chapter Notes

Como enganar as cadelas com uma única frase skfjdsfjkfsdfsd

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— T-tom... — Hadrian gemeu sôfrego. — Tá me sufocando...

— Desculpa. — Tom afrouxou o abraço e encarou a vastidão verde que eram os olhos de Hadrian.
— É que eu não queria que você fosse. — Comentou tristonho, elevando uma mão para acariciar
uma bochecha do garoto que ama.

— Eu sei, meu amor. — Sorriu docemente, acariciando a nuca do maior com seus dedos delicados.
— Mas eu preciso ir. Preciso continuar com o plano.

— Maldito seja Draco que vai ficar esfregando na minha cara que tem você um ano inteiro
enquanto eu só tenho algumas semanas. — Fez biquinho, o que arrancou uma risada nasalada do
menor.

— Não fique assim, Traveler. — Elevou-se nas pontas de seus pés e beijou Tom brevemente. —
Você foi o primeiro a ter a honra de me ver torturar alguém. — Sussurrou sedutoramente em seu
ouvido. — O primeiro que sentiu minha magia densa e opressora acariciando a sua. O primeiro que
teve esse prazer enlouquecedor.

— Não vejo a hora de testemunhar outra seção de tortura sua. — Sorriu maliciosamente e acariciou
o quadril alheio.

— Em breve, Traveler. — Deu-lhe mais um beijo breve, que Tom imediatamente transformou em
um beijo casto e cheio de amor. — Até. — Sorriu ofegante, admirando os olhos escuros de seu
amor.

— Até. — Relutantemente soltou o menor e o viu se afastar em câmera lenta. Seu sorriso amoroso
desaparecendo quando a porta fora fechada, levando embora sua razão de viver. O único ser que o
amou e o fez feliz havia partido para longe.

— Está pronto, querido? — Maray sorriu ao ver o seu filho entrar na sala com a grande lareira
crepitante ao fundo.

— Estou sim, mamãe. — Sorriu docemente e abraçou a goblin. — Vou sentir saudades.
— E eu muito mais. — Beijou-lhe sua testa com carinho, o que o garoto teve que se inclinar para
que a goblin alcançasse o local, antes de ter seu bebê tomado de si por seu marido.

— Não mate ninguém. — Ragnuk comentou divertido. — Se fizer, certifique-se de não deixar
rastros. — Maray bateu na cabeça do goblin. — Ouch! — Soltou Hadrian e colou a mão na área
atingida. — Doeu!

— Era pra doer! — Fuzilou-o com o olhar. — Pare de incentivar o seu filho a matar pessoas!

— Mas...

— Nada de “mas”! — Ragnuk engoliu em seco e se encolheu. Maray voltou-se para o filho e sorriu
docemente. — Se comporte. — Deu-lhe mais um beijo na testa, e viu Nyx subindo nos ombros do
bruxo.

— Se cuida, Hazz. — Narcissa sorriu para o afilhado e o abraçou.

— Sempre, tia Cissy. — Sorriu carinhoso para a mulher que via como uma mãe.

— E não deixe Draco fazer besteiras. — Lucius bagunçou os cabelos negros do garoto.

— Sabe que eu não deixo. — Hadrian soltou uma risadinha enquanto arrumava os cabelos. —
Então... — Colou-se em frente a lareira e se virou para a família uma última vez. Sorrindo ao ver
um Tom emburrado no cantinho. — Nos vemos nas férias. Eu amo vocês. — Com um último
sorriso, Hadrian certificou-se de seu malão encolhido em seu bolso, pegou uma pitada de Pó de
Floo que estava num potinho ao lado da lareira, e jogou-a no fogo. — Hogwarts, Escritório de
Severus Snape. — Anunciou antes de entrar nas chamas verdes e desaparecer junto com seu
familiar.

Severus encarava a lareira com ansiedade. Ninguém além dele sabia que Hadrian voltaria
neste dia, o garoto queria fazer uma surpresa. Claro que Nyx teve um “dedo”, ou melhor, rabo,
nisso, principalmente na magia que escondeu de Dumbledore a ativação do Floo do Mestre de
Poções e a chegada de alguém ao castelo. A cobra adorava entradas triunfais e dramáticas.

O Mestre de Poções estava nervoso com o tratamento que Hadrian receberia dos outros. Ele
fora raptado em dezenove de dezembro, cinco dias antes do Natal, passara trinta e seis dias nos
Dursley, mais sete dias desaparecido, voltando para sua família apenas dia trinta de janeiro. Então
ele ficara dez dias em coma, acordando apenas em nove de fevereiro, só para ficar dezessete dias
se recuperando de tudo o que sofrera. Voltando apenas dia vinte e sete de fevereiro para a
sociedade e o convívio social. Longe da segurança da sua casa e da sua família amorosa.

Então sim, Severus estava com medo. Ele temia que o garoto tivesse uma crise de ansiedade
ou de pânico por voltar a multidão sufocante de urubus carniceiros que habitam em Hogwarts.
Temia que a saúde mental do garoto fosse prejudicada. Ele temia que o garoto fosse atacado ou
sequestrado mais uma vez. E seu nervosismo só se intensificou ao ver as chamas da lareira se
tornarem verdes e de lá sair o filho de Lily Potter. O garoto que ele jurou com a sua vida proteger a
todo custo. O garoto com quem ele sempre falhava em manter seguro.

— Sevvie. — Hadrian sorriu para o homem todo trajado de preto. Com um aceno de mão toda a
fuligem desapareceu de si e o garoto correu para abraçar o Mestre de Poções. Este que teve seu
coração aquecido com o fato de que tinha o garoto em seus braços, completamente seguro de tudo
e todos.
— Seja bem-vindo de volta, Hazz. — Beijou-lhe o topo de sua cabeça antes de soltar-se do abraço.

— Sentiu minha falta? — Sorriu brincalhão.

— Não abusa. — Severus empurrou levemente a cabeça de Hadrian para baixo enquanto
bagunçava seus cabelos arrancando risadas do menor. — Está pronto?

— Sempre. — Arrumou suas roupas mais uma vez e certificou-se de que Nyx estava confortável.

— Então vamos. Todos estão tomando café da manhã no Salão Principal. — Liderou o caminho,
Hadrian o seguiu, rindo do drama que era a capa do homem ondulando atrás de si.

— Certeza de que está bem, filhote? — Perguntou com um pingo de preocupação.

— Eu estou bem, Nyx. Não precisa se preocupar. — Acariciou sua cabeça escamosa, fazendo-a
sibilar em contentamento.

Severus olhou-o uma última vez, se certificando de que o menor estava bem, e dobrou a
esquina para entrar pelas imensas portas do Salão Principal. Chamando atenção por estar atrasado,
já que ele sempre era o primeiro a chegar para o café da manhã. Os murmúrios foram poucos e
bem baixinhos, e logo foram silenciados quando Hadrian dobrou a esquina e parou no centro da
porta. Todos os olhos virando-se para si conforme alunos se cutucavam e cochichavam uns com os
outros. Hadrian encarou os intensos olhos azuis de Albus Dumbledore. Enviando-lhe uma onda de
magia opressora como uma ameaça. O velho enrugou ainda mais a testa, semicerrou seus olhos e
crispou os lábios. Hadrian sorriu presunçoso ao ver o ódio que o outro sentia por si.

— HAZZ! — Colin, o que estava mais perto da entrada, fora o primeiro a chegar em si e abraçar-
lhe fortemente enquanto chorava de alegria em seu peito. Instantes depois era Neville que se
juntara ao abraço, depois os gêmeos, e então Draco. Blaise, Pansy e Theodore também vieram
correndo, mas deram espaço para os namorados aproveitarem o momento.

— Sentimos tanto a sua falta. — Fred falou sem conter as lágrimas. Hadrian sorriu, feliz por ver
seus amados novamente, mesmo que eles estivessem chorando (coisa que fazia seu coração se
contorcer ao imaginar a dor que passaram na sua ausência).

— Nunca mais faça isso. — Neville pediu choroso.

— Não nos deixe nunca mais. — George fungou.

— Se você me preocupar mais uma vez eu te mato, caralho! — Draco quase gritou.

— Eu também senti saudades. — Hadrian sorriu, sentindo-se incrivelmente bem por estar cercado
pelos garotos que ama. Seu coração se enchendo do amor quentinho e obstruindo o som dos
murmúrios do Salão Principal. Nenhum deles queria se soltar daquele abraço coletivo, mas se
forçaram a isso, olhando docemente para o moreno de olhos verdes.

— É uma ótima notícia saber que está bem, senhor Potter. — Dumbledore se levantou da cadeira e
colocou a máscara de bom avô. — Seja muito bem-vindo de volta a Hogwarts.

— É bom voltar. — Hadrian olhou-o com desdém enquanto se dirigia para a mesa da Slytherin,
seus namorados o seguindo prontamente, sem coragem de se afastarem por medo de que ele
desaparecesse mais uma vez.

Severus se acomodou no seu lugar a mesa dos funcionários e observou Hadrian sentar-se,
totalmente rodeado pelos namorados e amigos. Estes que se esforçavam para impedir que curiosos
se aproximassem, o que surtiu efeito. Dumbledore voltou a se sentar, observando furtivamente o
garoto e imaginando mil e uma mortes para fazer com ele. Mesmo que estivesse se sentindo
desconfortável com toda a atenção que estava recebendo, Hadrian se esforçou para ignorar e
concentrar-se em seus amados, que sempre achavam um jeito de dar-lhe carinho e dizer que o
amavam.

Porém, sua paz não durou muito. Assim que o café da manhã fora encerrado e todos
despachados para suas aulas, uma multidão de urubus fofoqueiros rodeou Hadrian, que teve uma
barricada protetora com os corpos de seus amores e amigos para o protegerem fisicamente da
multidão. Entretanto ele não foi privado das perguntas que recebera.

— É sério que você foi torturado?

— Onde você estava?

— Como se sente depois de ser torturado pelos próprios tios?

— Como muggles torturam alguém se não tem magia?

— O que eles fizeram com você?

— Você ficou perto de morrer?

— O que você sente sobre os muggles que te torturaram?

— Como foi ser torturado por muggles?

— E a sua magia? Por que não usou ela pra escapar ou sei lá?

— Como conseguiu aguentar a tortura?

— Eles te torturavam por um dia inteiro e todos os dias?

— Eles te davam comida e bebida?

— É sério que você foi raptado?

— Você não teve sequelas?

— Você vai morrer?

— Você tá bem?

— Nos diga o que eles fizeram com você.

— Eles usaram o que pra te torturar?

— O que eles faziam?

— Você ficou trancado aonde?

— Como conseguiram te pegar?

— Certeza que isso não é só você querendo chamar atenção pra aumentar sua fama?

— Como posso ter certeza de que você tá falando a verdade?


— E se você estiver mentindo sobre tudo isso só pra se aparecer?

— Se foi tudo real então nos conte o que eles fizeram com você.

— Você ficou em coma?

— O que aconteceu com a sua magia?

— Você sabia quanto tempo estava lá?

— Podemos ver as cicatrizes?

— Meu pai me disse que, quando jovens são raptados, eles são vendidos para pervertidos. Eles
fizeram alguma coisa do tipo com você?

— Eles te tocaram?

— É verdade que te estupraram?

— Se for verdade tudo isso, prove. — Millicent Bulstrode era a que mais contestava sua história.
— O verme do seu tio muggle te fodeu como a vadia que você é? Você deveria ter morrido ou se
matado. Como pode deixar um verme como um muggle te foder? Você implorou pra ele te foder
fundo e forte, né? Você é uma puta, Potter. Sua vadia nojenta que seduz qualquer idiota. Vai abrir
as pernas pra quem agora? Talvez Dumbledore adore te foder. “A puta de Hogwarts”. Isso
combina com você.

Hadrian estava se estressando com a enxurrada de perguntas idiotas que estavam o rodeando.
Ele estava odiando aqueles olhares de pena, eles o viam como algo quebrado e frágil, um vidro
trincado prestes a quebrar. E ele odiava isso. Odiava que tivessem pena de si e que o tratassem
como uma flor. Sua família tudo bem, ele compreendia sua preocupação, mas esses urubus
carniceiros que o rodeavam agora ele queria matar. Seus punhos estavam cerrados ao lado do seu
corpo, tão forte que suas unhas rasgaram sua pele e gotas de sangue vazavam, seus ombros tensos
tremiam de antecipação, seus olhos verdes brilharam ainda mais conforme sua magia subia para a
superfície da sua pele. Esta que estava formigando, louca para liberar todo o seu poder nesses seres
insignificantes.

E então, ele ergueu os olhos e encarou Bulstrode intensamente. Os raios de sol que
inundavam o corredor se tornaram opacos conforme o local escurecia, a multidão de urubus olhou
nervosamente ao redor ao sentirem o chão estremecer e as paredes vibrarem perigosamente.
Bulstrode estava apavorada com os olhos da cor da Maldição da Morte a encarando, ela via o fogo
ardente da raiva e o desejo de matar neles. Seu corpo paralisou ao sentir uma pressão na sua
garganta dificultando sua respiração. O próprio ar estava denso e crepitante com faíscas de magia
surgindo esporadicamente ao redor de Hadrian.

— Quem é fraco, mesmo? — Perguntou num sussurro, o que causou arrepios em todos que não o
conheciam.

Já seus namorados reprimiram um suspiro de contentamento enquanto suas magias eram


acariciadas pela de Hadrian. Os tentáculos invisíveis de poder se entrelaçando um no outro e seus
núcleos sendo acariciados, formigando com a sensação da magia opressora que vinha do moreno.
Era terrivelmente tentador e enlouquecedora a sensação. E eles estavam loucos para pularem no
namorado e beijar-lhe vorazmente os lábios.

— Eu não sou uma flor delicada. — Mesmo que olhasse para Bulstrode, a multidão sentiu que as
palavras serviam para todos. — Não quero sua pena. Não quero sua companhia interesseira. Não
quero suas perguntas sem fundamento ou escrúpulos. Não se faz essas perguntas para alguém que
fora sequestrado e torturado! Não se olha para alguém com pena! Eu mereço o seu respeito e não
pena! Não quero ouvir mais nenhuma pergunta ou dúvida sobre o que eu passei! Não quero ver
esses malditos olhares para mim! Não quero que se aproximem de mim com a intenção de me
confortar! Eu não conheço vocês e não lhes devo satisfações sobre minha vida! Ousem tocar neste
assunto novamente e eu juro que farei a vida de vocês um inferno. — Recolheu sua magia e
Bulstrode pode voltar a respirar sem dificuldades. — E eu não quero ouvir mais nenhuma ofensa
sobre minhas escolhas amorosas. — Olhou a garota com desprezo enquanto o ambiente voltava ao
normal e o castelo parava de estremecer. — Lembrem-se de que eu estou acima de vocês nessa
hierarquia, e posso muito bem ganhar qualquer ação judicial contra calúnia e difamação sobre
minha pessoa ou a minha família. Não se esqueçam de quem comanda Hogwarts e pode expulsá-
los da escola, garantindo que não entrem em nenhuma outra do mundo.

Hadrian deu as costas para uma multidão atordoada e apavorada enquanto seguia caminho
para a sala de transfiguração, que era a aula que Draco lhe informara que teriam a seguir. Seus
amigos e namorados sorriram orgulhosos e seguiram seu caminho para as próprias salas. Não antes
de Fred e George erguerem os dedos do meio para a multidão e mandarem um belo de um:

— SE FUDERAM, SEUS MERDAS! — E saírem dando risada.

Severus e Remus sorriram minimamente enquanto enxotavam os alunos paralisados para


suas respectivas aulas. Eles notaram de canto de olho o diretor espumando de raiva e saindo a
passos duros. Pelo menos ninguém seria burro o suficiente de irritar Hadrian. Sua educação e,
provavelmente, suas vidas estavam em risco.
Capítulo 70
Chapter Notes

Heyyyy!!! Surpresaaaa!!! Eu consegui convencer o TiuLu a me deixar postar um cap


extra pra vocês. Aproveitem. Até segunda.

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

UMA BRISA DE ESPERANÇA DENTRO DE UM FURACÃO!

Por Rita Skeeter

Meus caros leitores, trago-lhes ótimas notícias. Hadrian Tamish retornou a Hogwarts essa
manhã, aparentemente saldável e bem.

Apesar que, após a refeição ele fora cercado por estudantes extremamente insensíveis que
fizeram inúmeras perguntas cruéis para um jovem que acabara de passar por um Inferno na
Terra. E até teve alguns que o insultaram de várias maneiras hediondas.

Mas nosso Hadrian não se abalou e, com uma onda magica tão poderosa que fez toda
Hogwarts tremer, ele mostrou sua força e calou todos os estudantes que o questionavam e o
insultavam. Suas palavras reverberaram por Hogwarts enquanto sua magia fazia todo o
terreno tremer. O poder que ele emanou foi o suficiente para ficar gravado na memória de
todos os estudantes. E, em suas palavras, Hadrian se mostrou como um guerreiro que lutara
por sua vida e saiu vitorioso. Provou que ele não é um vaso trincado merecedor de pena.
Acima de tudo, ele se mostrou alguém que deve ser respeitado.

Eu finalizo essa manchete com meu desejo de tudo de bom para Hadrian e sua família.

Albus Dumbledore, o grande diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, no


momento se encontra em sua sala completamente destruída. Sua magia crepitava no ar ao mesmo
tempo que as bugigangas mágicas espalhadas pelo cômodo caíam ou flutuavam por aí. O bruxo,
por si só, se encontrava ainda mais caótico do que sua sala. Seus pensamentos trabalhavam a mil
por hora em sua cabeça, seus olhos olhavam para lugares aleatórios, sua respiração estava pesada,
seus ombros tensos e suas mãos alisavam nervosamente sua longa barba grisalha.

Entretanto, o que mais vinha em sua mente era o desejo de ver Hadrian Tamish Potter morto
de uma vez por todas. O garoto, desde os sete anos, só arruinou os seus planos minimamente
tracejados e arquitetados. Tudo o que Albus Dumbledore planejara estava ruindo. E agora o garoto
é um projeto de Dark Lord! Ele usou magia negra na sua escola! Ele ousou desafias sua autoridade!
E o pior era que ele não podia puni-lo! O miserável estava ainda mais protegido por seus cães
asseclas! Agora ele teria que arquitetar outro grande plano para tentar matar esse maldito garoto
escorregadio! Por que não podia morrer de uma vez?! Maldito seja Hadrian Tamish Potter!

— Aquilo foi incrível, Hazz! — Theo deu um tapa amigável nas costas do amigo enquanto seu riso
começava a morrer.

— Vocês viram a cara da Bulstrode? — Pansy limpava algumas lágrimas dos olhos.

— Aquela lá vai ficar um bom tempo sem encher o saco. — Blaise sentou-se ao lado de Theo.

— Eu me segurei pra não te agarrar e acabar dando um show pornográfico na frente de toda
Hogwarts. — Draco sussurrou no ouvido do namorado, que estremeceu e corou levemente.

— Mais tarde eu solto minha magia pra você, Moonlight. — Beijou-lhe os lábios brevemente

— Mal posso esperar. — Sorriu ansioso.

— HAAAAZZ! — Myrtle gritou eufórica, atravessando as paredes e se jogando nos braços do


garoto, se esforçando para parar a trajetória e não acabar indo parar na sala ao lado. Um terrível
calafrio percorreu as costas do garoto, mas ele sorriu. — Eu fiquei tão preocupada com você! —
Se afastou um pouco para analisar o rosto do amigo e certificar-se de que ele estava bem.

— Está tudo bem agora, Myrtle. — Sorriu docemente, tentando segurar as mãos dela e transmitir
um pouco de conforto.

— Nunca mais me assuste assim, moleque! — Tentou bater na cabeça do garoto, porém só
conseguiu fazer sua mão atravessar a cabeça dele.

— Desculpa. — Riu, feliz por voltar para a escola e estar com a fantasma. Esta iria falar algo, mas
McGonagall entrou na sala.

Quando Ron e Hermione chegaram na sala e se sentaram “no lado dos Gryffindor”, Hadrian
e os Slytherin perceberam imediatamente a máscara que escondia o ódio que eles sentiam. Mas
ninguém comentou nada, continuaram a agir normalmente e prestaram atenção na aula.
McGonagall, por outro lado, não escondeu seus olhares mortais para Hadrian e fazia de tudo para
tirar-lhe pontos.

HADRIAN TAMISH POTTER E SEUS AMANTES!

Por Rita Skeeter

Caros leitores, esta jornalista está prestes a revelar a notícia do século!

O nosso pequeno Príncipe, Hadrian Tamish Potter, herdeiro da casa Pendragon, está
seguindo as antigas tradições da realeza. Pelas minhas fontes ele já conquistou cinco
consortes. De acordo com a mesma fonte, todos são alunos da Escola de Magia e Bruxaria de
Hogwarts. Será que o Principezinho planeja começar o seu reinado dentro da escola? Qual
será a opinião de Dumbledore e do público? Haverá mais consortes no futuro? Qual é o
“tipo” de Hadrian? Ele irá se pronunciar sobre? Esta dedicada jornalista planeja deixá-los a
par de tudo sobre a vida de Hadrian Tamish Potter.

Uma batida tímida na porta pode ser ouvida. Os olhos azuis cintilaram atrás de óculos de
meia lua.

— Entre. — Dumbledore largou os papéis que estava assinando para olhar o aluno ruivo que
adentrava a sala. — Ron, querido, o que tem de novo para mim? — Sorriu docemente enquanto o
garoto que se sentava numa cadeira à sua frente.

— Hadrian tem seis namorados. — Bufou com nojo.

— Seis? — Dumbledore perguntou confuso.

— Sim! Seis! — Comentou indignado. — Draco, Neville e Colin. Meus irmãos Fred e George!
Como eles podem?! — Bufou irritado.

— E o sexto consorte? — O velho mascarou sua curiosidade.

— Um garoto estranho que mora na Malfoy Manor. — Ron cruzou os braços e pareceu pensar. —
Tom... Tom Redie... Alguma coisa assim.

— Tom Riddle? — Dumbledore perguntou assustado e arregalando os olhos.

— Isso! Tom Riddle! — O velho mascarou o seu desespero. — Ele é assustador. Pode ser só um
garoto de dezessete anos. Mas dá medo só de estar perto dele. — Estremeceu ao lembra-se do olhar
frio que o maior sempre o direcionava.

Ron relatou tudo o que sabia sobre Hadrian para o diretor. Assim que ele saiu, Dumbledore
permitiu-se desfazer a máscara de bondade. Como assim Hadrian estava namorando Tom Riddle?
Ele sabia quem Tom era? E como Tom, com a aparência reptiliana e medonha voltou a ser um
adolescente? Eram muitas perguntas. Mas nenhuma resposta. Ele precisava investigar mais.
Precisava ficar atento a cada passo de Hadrian Tamish Potter. Se ele se juntar a Voldemort,
Dumbledore estaria em maus lençóis. Não. Ele não iria perder a sua mais preciosa arma. Ele
destruiria Hadrian e Voldemort antes que algo ameaçasse o seu domínio sobre o mundo bruxo.

Ao ler a manchete de que Hadrian Tamish Potter fora sequestrado e torturado, a mulher
jogou longe qualquer coisa que estava na sua frente. A fúria a consumindo por completo. A sede de
sangue tornando-se quase insuportável. O ódio que sentia por quem havia ousado machucar o seu
bebê! Eles irão pagar! Irão se arrepender amargamente de terem nascido! Irão provar o doce gosto
de uma morte lenta e dolorosa, enquanto a mulher iria apenas rir e destruí-los ainda mais. Hazz era
o seu bebê! E ela o protegeria com todas as suas forças!

Logo após o jantar, os Slytherin seguiram seus monitores até a Sala Comunal. Hadrian
estava um pouco abatido por ter que se separar dos namorados Gryffindor, mas Draco ainda estava
ao seu lado, segurando-lhe fortemente a mão. O grupo dele estava mais afastado dos outros alunos.
Dando a Hadrian uma distância dos outros e aproveitar a paz que os Slytherin o davam por não
ficarem o importunando com as perguntas constrangedoras ou olhares de pena. Tudo bem que
grande parte disso vinha do fato de Hadrian ter aterrorizado toda Hogwarts mais cedo, mas ele
gostava de que as cobras eram mais centradas.

A maioria dos Slytherin o recebeu com sorrisos contentes por vê-lo bem e vários presentes
de melhoras. Hadrian sentiu-se querido e acolhido pelos colegas de casa. Bulstrode e suas duas
amigas, Daphne Greengrass e Tracey Davis, mantiveram-se afastadas. Sem saber o que fazer, no
início acharam que toda essa história do sequestro era idiotice e que o garoto só estava querendo
chamar atenção, mas agora elas viram as sequelas do tempo que o mundo bruxo ficou sem notícias
sobre o Potter. Elas estavam divididas em qual caminho seguiriam: acreditar no garoto ou não?
Sem contar que estavam aterrorizadas com o poder opressor dele.

Ao deitar-se na nostálgica cama de dossel do seu dormitório que dividia com Draco, foi
quando Hadrian pode relaxar verdadeiramente. Ele estava seguro. Ainda estava cercado por quem
o ama, mesmo estando num lugar que não era sua casa. Ele iria conseguir. Naquela noite ele
dormiu muito bem nos braços de seu namorado.

No café da manhã seguinte, o correio coruja chegou. Um mar de penas, cartas e pacotes
voavam para seus destinatários. E Hadrian viu-se completamente confuso quando um pacote fino e
longo caiu na sua frente.

— Que é isso? — Perguntou Blaise, espiando, enquanto segurava nas mãos uma maçã.

— Não sei... — Hadrian rasgou o pacote e prendeu a respiração ao ver a magnífica e reluzente
vassoura que rolara sobre a mesa para o chão.

— Eu não acredito — Disse Theodore com a voz rouca. Era uma Firebolt. O cabo brilhou quando
ele a ergueu. Sentiu a vassoura vibrar e a soltou; ela ficou flutuando no ar, sem apoio, na altura
exata para ele montá-la. Os olhos de Hadrian correram da placa de ouro com o número do registro
para a superfície do cabo, dali para as lascas de bétula perfeitamente lisas e aerodinâmicas que
formavam a cauda.

— Quem lhe mandou essa vassoura? — Perguntou Theodore em voz baixa. Hadrian franziu a testa
ao ver que não tinha remetente. Poderia ser uma armadilha, mas não haviam feitiços ofensivos na
bela vassoura.

— Talvez algum admirador secreto? — Pansy insinuou com um sorrisinho sacana nos lábios.
Hadrian revirou os olhos e pegou a vassoura nas mãos. Ela voltou a vibrar, contente com seu piloto.

— Ela é incrível. — O moreno comentou com um sorriso animado nos lábios. Como sempre, todos
os olhos do Salão Principal estavam em Hadrian.

— Ela é uma vassoura de padrão internacional! — Admirou Blaise.

— Fred e George terão dificuldades nos próximos jogos. — Draco brincou.

— Estou louco para voar com ela. — Hadrian sentiu a animação o consumir por completo. Nada o
daria mais segurança e liberdade do que voar em uma vassoura. Ele amava a sensação que o voo
lhe proporcionava.

Algo que Hadrian finalmente pode colocar em prática: suas aulas antidementors com Remus
iriam começar. Ele nem se lembrava mais das criaturas asquerosas que o atormentaram em um
tempo que parecia terrivelmente distante. Entretanto, apenas de voltar para o castelo ele pode sentir
as criaturas tentando invadir os limites da escola. Ele podia sentir suas magias serpenteando atrás
de si, eles o queriam. Hadrian apenas não sabia o porquê.

— Remus! — Hadrian sorriu para o homem quando se viram sozinhos na sala de Defesa Contra as
Artes das Trevas. O garoto jogou-se nos braços do homem e apreciou seu cheiro de chocolate e
chuva. — Senti saudades. — Esfregou sua bochecha no peito do maior, adorando a maciez do
tecido contra sua pele.

— Hazz, querido. Tem certeza de que está pronto para isso? Eu não quero te forçar demais depois
do que aconteceu. — Apertou o corpo menor contra o seu e inspirou o doce aroma dos cabelos
negros. A preocupação brilhando em seus olhos cor de âmbar, que se fecharam para memorizar o
perfume do garoto.

— Eu tenho certeza de que estou pronto. — Ergueu seu rosto e apoiou o queixo no peito do
homem, sorrindo-lhe docemente — Além do mais, eu me sinto melhor quando faço coisas
“normais”. E ter aulas particulares contra aqueles seres é algo que se classificaria como normal na
minha vida. — Brincou, acalmando levemente o mais velho.

— Eu não sei se você ainda está pronto. — Remus mordeu o lábio inferior, visivelmente nervoso.
— Iremos treinar com um dementor de verdade. Mas há um grande risco de algo dar errado.

— Mas você e Nyx estarão aqui para me protegerem se algo der errado. — Olhou-o com carinho.
— Eu confio em vocês. — Remus soltou um longo suspiro ao perceber que o garoto não iria dar o
braço a torcer.

— Okay. Tudo bem. — Hadrian sorriu. — Vejamos... Que tal às oito horas da noite na quinta? A
sala de aula de História da Magia deve ser suficientemente grande... Tenho que pensar muito como
vamos fazer isso... Tom consegui prender um em uma caixa, ele nunca escaparia de lá sem que nós
abramos a tampa. Mas ainda terei que ficar atento a qualquer coisa e manter um Patronus ativado
para enfraquecer o dementor e te dar uma chance de tentar sem ser afetado pelos efeitos da
criatura.

— É perfeito, Remy. — Apertou mais o abraço e se soltou. — Tenho que ir antes que fique para
fora da aula. Até mais, Remy. — Acenou e começou a se distanciar.

— Até, Hazz. — Sorriu para o garoto que desapareceu pela porta. Aquela costumeira quentura de
felicidade e amor inundando seu peito. Seu pequeno Sol estava bem e feliz, ele não tinha que se
preocupar em perdê-lo para a morte mais.
Capítulo 71
Chapter Notes

Aopa!!! Como amanhã (13/09) é meu aniver de 21 anos, o TiuLu me deixou postar um
cap de segunda a sexta pra vocês!!! Aproveitem os 4 caps extras, meus amores. o(〃^
▽^〃)o

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

Às oito horas da noite de quinta-feira, Hadrian saiu da Masmorra da Slytherin com Nyx nos
ombros para a sala de História da Magia. Quando chegou, a sala estava escura e vazia, ele acendeu
as luzes com a varinha e já estava esperando havia uns cinco minutos quando Remus apareceu,
trazendo uma grande caixa, que depositou em cima da escrivaninha do professor Binns.

— É ele? — Perguntou Hadrian enquanto Nyx descia de seu pescoço e se postava em posição de
ataque.

— Sim. — Respondeu o homem tirando a capa.

— Tudo bem. — Disse Hadrian, procurando falar como se não estivesse nada apreensivo, mas
apenas feliz por Remus ter encontrado um tempo em sua agenda para ensiná-lo.

— Então... — Remus apanhou a varinha e fez sinal para Hadrian imitá-lo. — O feitiço que vou
tentar lhe ensinar faz parte da magia muito avançada, Hadrian, muito acima do Nível Normal de
Bruxaria. É chamado o Feitiço do Patronus.

— O que é que ele faz? — Perguntou Hadrian, curioso.

— Bem, quando funciona corretamente, ele conjura um Patronus, que é uma espécie de
antidementor, um guardião que age como um escudo entre você e o dementor. — Remus
continuou: — O Patronus é um tipo de energia positiva, uma projeção da própria coisa de que o
dementor se alimenta: esperança, felicidade, desejo de sobrevivência, mas ele não consegue sentir
desesperança, como um ser humano real, por isso o dementor não pode afetá-lo. Mas preciso
preveni-lo, Hadrian, de que o feitiço talvez seja demasiado avançado para você. Muitos bruxos
habilitados têm dificuldade de executá-lo.

— Que aspecto tem um Patronus? — Perguntou.

— Cada um é único para o bruxo que o conjura.


— E como se conjura?

— Com uma fórmula mágica, que só fará efeito se você estiver concentrado, com todas as suas
forças, em uma única lembrança muito feliz. — Hadrian procurou em sua mente uma lembrança
feliz. Com certeza, nada que tivesse lhe acontecido na casa dos Dursley iria servir. Por fim,
decidiu-se pelo momento em que voou numa vassoura pela primeira vez. Ele tinha uns oito anos,
estava cercado de seus amigos goblins enquanto Ragnuk tentava o ensinar a usar a vassoura
infantil que o havia presenteado naquele Yule.

— Certo. — Disse, procurando lembrar o mais claramente possível da maravilhosa sensação de


voar.

— A fórmula é a seguinte. — Remus pigarreou para limpar a garganta. — Expecto Patronum!

— Expecto Patronum. — Repetiu Hadrian em voz baixa. — Expecto Patronum.

— Está se concentrando com todas as forças em sua lembrança feliz?

— Ah... Estou. — Respondeu Hadrian, forçando depressa seu pensamento a retornar àquele
primeiro voo de vassoura. — Expecto Patronus, não, Patronum... Desculpe... Expecto Patronum,
Expecto Patronum... — Alguma coisa se projetou subitamente da ponta de sua varinha; parecia um
fiapo de gás prateado. — O senhor viu isso? — Perguntou excitado. — Aconteceu uma coisa!

— Muito bem. — Aprovou Remus sorrindo. — Certo, então, está pronto para experimentar com
um dementor?

— Estou. — Disse o garoto, segurando sua varinha com firmeza e indo para o meio da sala de aula
deserta. Tentou manter o pensamento no voo, mas alguma coisa não parava de interferir...

A qualquer segundo agora, poderia tornar a ouvir sua mãe... Mas ele não devia pensar nisso
ou tornaria a ouvi-la, e ele não queria... Ou será que queria? E se ele escutasse seus próprios gritos
na casa dos Dursley? Remus segurou a tampa da caixa e levantou-a. Um dementor se ergueu
lentamente da caixa, o rosto encapuzado virado para Hadrian, uma mão luzidia, coberta de cascas
de feridas, segurando a capa. As luzes em volta da sala de aula piscaram e se apagaram. O
dementor saiu da caixa e começou a se deslocar silenciosamente em direção a Hadrian, respirando
profundamente, uma respiração vibrante. Uma onda de frio intensa o engolfou...

— Expecto Patronum! — Berrou Hadrian. — Expecto Patronum! Expecto... — Mas a sala e o


dementor foram se dissolvendo... Hadrian se viu caindo outra vez por um denso nevoeiro branco, e
a voz de sua mãe mais alta que nunca, ecoava em sua cabeça...

“Hadrian não! Hadrian não! Por favor... Farei qualquer coisa...”

“Afaste-se. Afaste-se, menina...”

— Hadrian! — O garoto de repente recuperou os sentidos. Estava deitado de costas no chão. As


luzes da sala tinham reacendido, Nyx sibilava preocupada com toda essa situação. Ele não precisou
perguntar o que acontecera, seus olhos se focaram nos âmbares preocupados pairando logo acima
do seu rosto. O garoto pensou que nunca tinha visto o werewolf tão preocupado assim. Mas todos
sabiam que Hadrian não iria desistir.
— Desculpe. — Murmurou, se sentando e sentindo o suor frio escorrer por sua espinha.

— Você está bem? — Perguntou preocupado, uma mão firmemente em seu ombro. Certificando-
se de que o garoto estava bem e que não iria apagar novamente.

— Estou... — Hadrian levantou-se com a ajuda do homem, e se apoiou no mesmo para recuperar o
equilíbrio. Remus crispou os lábios ao sentir os tremores do corpo menor. Como ele queria poder
livrar o garoto de todo esse sofrimento com os dementors.

— Tome aqui. — Lhe deu um sapo de chocolate. — Coma isso antes de tentarmos outra vez. —
Mordeu o lábio inferior em nervosismo, ele sabia que o garoto nunca iria desistir dessa ideia. —
Eu não esperava que você conseguisse da primeira vez; de fato, ficaria assombrado se tivesse
conseguido.

— Está piorando. — Murmurou Hadrian, mordendo a cabeça do sapo. — Eu a ouvi mais alto dessa
vez... E ele... Voldemort... — Remus parecia mais pálido do que de costume.

— Hadrian, se você quiser parar, vou entender...

— Não! — Exclamou com vigor, enfiando o resto do sapo de chocolate na boca e olhando a
imensidão âmbar que o encarava com preocupação; a meia luz das velas os tornavam ainda mais
intensos que o normal. — Tenho que continuar! O que vai acontecer se os dementors aparecerem
na partida contra Ravenclaw? Não posso me dar ao luxo de cair outra vez. Se perdermos a partida,
perderemos a Taça de Quidditch! E eu não quero mais um motivo para me acharem frágil e
vulnerável!

— Muito bem, então... — Disse Remus num suspiro. — Talvez queira escolher outra lembrança,
uma lembrança feliz, quero dizer, para se concentrar... Essa primeira parece que não foi bastante
forte...

Hadrian fez um esforço mental e concluiu que sua emoção quando os goblins o adotaram, o
dando uma família e um lar, fora, decididamente, uma lembrança muito feliz. Segurou a varinha
com força, outra vez, e tomou posição no meio da sala. Todas aquelas emoções e lembranças
felizes junto com o Reino Goblin o inundaram completamente.

— Pronto? — Perguntou Remus segurando a tampa da caixa.

— Pronto. — Disse Hadrian, sendo consumido pelo amor que sentia pelos goblins, ao contrário
dos pensamentos sombrios sobre o que ia acontecer quando a caixa se abrisse.

— Já! — Disse o homem destampando a caixa. A sala ficou gelada e escura mais uma vez. O
dementor avançou deslizando, inspirando com força; a mão podre estendida para Hadrian...

— Expecto Patronum! — Berrou Hadrian. — Expecto Patronum! Expecto Pat... — Um nevoeiro


branco obscureceu seus sentidos... Vultos grandes e difusos moveram-se à sua volta... Então ele
ouviu uma nova voz, uma voz de homem, gritando em pânico...

“Lily, leve Hadrian e vá! É ele! Vá! Corra! Eu o atraso...”

Os ruídos de alguém saindo aos tropeços de uma sala... Uma porta se escancarando, uma
gargalhada aguda...
— Hadrian! Hadrian... Acorde... — Remus dava tapinhas em seu rosto. Desta vez levou um minuto
até o garoto entender por que estava deitado no chão empoeirado de uma sala de aula. Nyx estava
logo acima de seu rosto, sibilando palavras de preocupação e raiva.

— Ouvi meu pai. — Murmurou Hadrian, piscando algumas vezes para focar a visão na face
preocupada do werewolf. — É a primeira vez que o ouço, ele tentou enfrentar Voldemort sozinho,
para dar à minha mãe tempo de fugir... — O garoto de repente percebeu que havia em seu rosto
lágrimas misturadas ao suor. Elevou suas mãos e secou as lágrimas do rosto.

— Você ouviu James? — Perguntou o werewolf numa voz estranha.

— Ouvi... — Fungou.

— Escute, Hadrian... Talvez devêssemos parar por hoje. Este feitiço é absurdamente avançado...
Eu não devia ter sugerido que você se submetesse a essa...

— Não! — Levantou-se num pulo. — Vou tentar mais uma vez! Não estou pensando em
lembranças muito felizes, é só isso... Espere aí... — O garoto puxou pela memória. Uma lembrança
realmente, mas realmente, feliz... Uma que ele pudesse transformar em um Patronus válido e
forte...

O momento em que ele entregou os colares para Tom e Draco, e se declarou abertamente
para Colin, Neville e os gêmeos. Quando acordou e estava a salvo. Seguro e cercado pelos garotos
que ama. Se isso não fosse uma lembrança feliz, ele não sabia qual seria... Concentrando-se com
todas as forças no que sentira quando se declarou para os namorados, todos os momentos incríveis
que passou com seus pais e a Nação Goblin, todas as conversas secretas com Severus, as tardes
desfrutando um chá com Remus, Nyx o chamando de filhote pela primeira vez, Narcissa e Lucius o
acolhendo como um membro da família, até mesmo Newt e suas intermináveis conversas sobre
criaturas tiveram um espaço em suas lembranças. Hadrian deixou-se ser consumido pelas emoções
de todas essas memórias.

— Pronto? — Perguntou Remus, que parecia fazer isso contrariando o seu bom-senso. Entretanto,
ele sabia que se ele não ajudasse o garoto, ele faria por si próprio, e isso poderia resultar em uma
catástrofe. — Concentrou-se com firmeza? Muito bem... Já! — Ele tirou a tampa da caixa pela
terceira vez, e o dementor se levantou; a sala esfriou e escureceu.

— EXPECTO PATRONUM! — Berrou Hadrian. — EXPECTO PATRONUM! EXPECTO


PATRONUM!

A gritaria dentro da cabeça de Hadrian recomeçara, exceto que desta vez, parecia vir de um
rádio mal sintonizado, fraca, forte e fraca outra vez... Ele continuava a ver o dementor, que parara.
E então, um enorme vulto prateado irrompeu da ponta de sua varinha e ficou pairando entre ele e o
dementor, e, embora suas pernas tivessem perdido as forças, Hadrian continuava de pé, por quanto
tempo ele não tinha muita certeza... Hadrian não escutou quando Remus proferiu um feitiço que
forçou o dementor a retornar para a caixa. Logo selando-a novamente. Ouviu-se um estalo muito
alto e o diáfano Patronus desapareceu juntamente com o dementor; o garoto desabou sobre seus
joelhos, sentindo a exaustão de quem correra mais de um quilômetro, e as pernas trêmulas. Pelo
canto do olho, viu Nyx se aproximar apressadamente.

— Excelente! — Exclamou Remus, aproximando-se do garoto. Seu peito se enchendo de orgulho,


juntamente com o alívio de ver que Hadrian não havia desmaiado como das outras vezes. —
Excelente, Hadrian! Decididamente foi um começo!

— Podemos tentar mais uma vez? Só mais umazinha?


— Hoje não. — Disse o homem com firmeza. — Você já fez o bastante por uma noite. Tome... —
E deu a Hadrian uma enorme barra do melhor chocolate da Honeydukes. — Coma bastante ou
Madame Pomfrey vai querer me matar. À mesma hora na semana que vem?

— Okay. — Concordou. Sentou-se em uma mesa e balançou os pés suspensos como uma criança.
Ele deu uma dentada no chocolate enquanto observava o werewolf apagar as luzes que tinham
reacendido com o desaparecimento do dementor. Sentiu a serpente circular seus ombros
protetoramente.

— É melhor você ir. Está ficando tarde. — O homem sorriu para a imagem de um anjo inocente
que Hadrian fazia. Se aproximou do menor e bagunçou seus cabelos. — Não fique acordado até
tarde.

— Não prometo nada. — Sorriu-lhe docemente antes de pular para o chão e se afastar com um
aceno.

Hadrian saiu da sala com Nyx nos ombros, andou um pouco pelo corredor, dobrou um canto,
depois se desviou uma janela aberta e sentou-se no parapeito com as pernas para fora, degustando
o chocolate. Então seus pensamentos foram vagando aos poucos para sua mãe e seu pai. Ele se
sentiu esgotado e estranhamente vazio, ainda que estivesse empanturrado de chocolate. Por mais
horrível que fosse ouvir os últimos momentos de seus pais repassarem por sua cabeça, eles tinham
sido os únicos em que Hadrian ouvira as vozes dos dois desde que era pequeno. Mas ele não seria
capaz de produzir um Patronus adequado se ficasse desejando ouvir os pais novamente...

— Eles estão mortos. — Disse a si mesmo com severidade enquanto olhava para a imensidão dos
terrenos de Hogwarts e o céu estrelado. A lua prateada o vigiando lá de longe em companhia das
estrelas. — Estão mortos e ficar ouvindo seus ecos não vai trazê-los de volta. É melhor você parar
com essa merda.

— Não seja tão duro consigo mesmo, filhote. — Hadrian não respondeu. Girou o corpo para
dentro e pulou para o chão, atochou o último pedaço de chocolate na boca e rumou para a
Masmorra da Slytherin.
Capítulo 72
Chapter Summary

PRA COMEMORAR O MEU ANIVER TEM UMA LINDA COMEÇÃO DE CU!!!!

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Não. — Hadrian nem mesmo tirou os olhos dos quatro livros diferentes na sua frente, e suas
mãos (sim, ele aprendeu a ser ambidestro para facilitar sua vida acadêmica) não paravam de
escrever em dois pergaminhos sobre assuntos distintos.

— Mas, Hazz... — Fred passou seus braços pelo pescoço do moreno e encostou sua cabeça na do
menor.

— Queremos atenção. — George se debruçou sobre a mesa e tentou afastar os livros para longe. O
que não deu certo, já que Hadrian bateu na sua mão.

— Agora não, meninos. — Murmurou cansado. — Eu preciso adiantar as matérias que perdi. E
quero esfregar na cara da McGonagall que eu dou conta disso. Aquela velha chupa cu tá enchendo
o meu saco e fazendo piada com minha “fragilidade”. — Comentou livremente, já que havia
colocado um feitiço de privacidade ao redor da sua mesa no fundo da biblioteca.

— Nem uns amassosinhos? — Fred perguntou manhoso.

— Quando eu acabar isso aqui, querido Castor. — Beijou-lhe a bochecha. — Depois darei toda a
atenção que desejam.

— Acho bom mesmo. — George circulou a mesa enquanto seu gêmeo soltava Hadrian.

— É uma promessa, Pollux. — Puxou-o pela gravata e deu-lhe um selinho rápido. — Agora saiam
daqui. Seus demônios incrivelmente tentadores. — Sorriu para os dois antes de voltar sua atenção
para os deveres.

— Até, Sunshine. — Disseram em uníssono antes de cada um beijar uma bochecha de Hadrian e se
retirarem. Nyx sibilou algo como “Adolescentes e seus hormônios.”, na sua almofada em cima da
mesa.

Ravenclaw jogou contra Gryffindor uma semana depois do início do semestre. Gryffindor
ganhou, mas foi uma vitória apertada. Segundo Marcus, isto era uma boa notícia para Slytherin,
que tiraria o segundo lugar se também batesse Ravenclaw. Portanto, o capitão aumentou o número
de treinos para cinco por semana. Isto significou que com as aulas antidementors de Remus, que
em si eram mais exaustivas que os treinos de quidditch, só sobrara a Hadrian uma noite por semana
para fazer todos os deveres atrasados de todos os dias que ficara fora de Hogwarts. Mas ele tinha a
habilidade de ser muito bom em qualquer coisa acadêmica, então esse não era um grande
problema.

— Vou me sentar ali adiante com Malfoy e os outros... — Madame Hooch disse. Era primeiro
treino de quidditch e ela estava ali para supervisionar Hadrian, certificar-se de que ele não seria
atacado por dementors. Quando ela saiu, Draco, com Nyx nos ombros, Blaise, Theodore e Pansy a
seguiram. Eles deixaram o campo e foram se sentar na arquibancada, e o time da Slytherin se
agrupou em torno de Marcus para ouvir as últimas instruções para o jogo do dia seguinte.

— Hadrian, acabei de descobrir quem vai jogar como apanhador na Ravenclaw. É a Cho Chang:
uma garota do quarto ano e muito boa... Para ser sincero eu tinha esperanças de que ela não tivesse
voltado à forma, ela teve alguns problemas com contusões... — Marcus fez cara feia para assinalar
seu desagrado pela plena recuperação de Cho Chang, depois continuou: — Por outro lado ela
monta uma Comet 260, que vai parecer uma piada ao lado da Firebolt. — O capitão lançou um
olhar de fervorosa admiração à vassoura de Hadrian, depois disse: — Muito bem, pessoal, vamos...

Então, finalmente, Hadrian montou na Firebolt, e deu impulso para levantar voo. Foi melhor
do que ele jamais sonhara. A doce sensação de adrenalina e liberdade que o consumiu fora o
suficiente para obliterar todo o estresse acumulado. A Firebolt virava ao menor toque; parecia
obedecer a seus pensamentos em vez de suas mãos; ela atravessou o campo a tal velocidade que o
estádio se transformou em um borrão verde e cinza; Hadrian mudou de direção tão
instantaneamente que Peregrine Derrick soltou um grito, e no instante seguinte ele entrou em um
mergulho absolutamente controlado, raspando o gramado com as pontas dos pés antes de tornar-se
a subir nove, doze, quinze metros no ar.

— Não vejo o que é que vai nos deter no jogo! — Disse Marcus.

Depois que Hadrian havia andado na sua nova vassoura... Ele não queria descer dela nunca
mais! A Firebolt era incrivelmente rápida! Parecia saber o que ele queria fazer antes mesmo que
ele comandasse! Ela era perfeita! Parecia ser feita para ele! Aliviar o estresse e dar-lhe paz de
espírito era uma grande recompensa. Todos continuavam a cochichar pelas suas costas sobre sua
fragilidade e o quão aterrorizado deveria estar. Ele sabia o que falavam pelas suas costas, e isso só
o irritava ainda mais.

A partida contra Ravenclaw estava cada dia mais próxima, e Hadrian estava confiante de que
eles iriam ganhar. Fred, George, Neville e Colin lamentavam por não poderem ver o namorado
treinando, e ele os confortava dizendo que o jogo estava próximo. A vida de Hadrian estava muito
melhor. Seus namorados e amigos faziam de tudo para o animar e deixar tudo mais “normal”, e
brigando com os alunos que fofocavam sobre ele.

Bulstrode havia dado um tempo em suas implicâncias infantis, o que Hadrian agradeceu.
Nyx praticamente nunca desgrudava dele, tanto que as vezes Hadrian tinha que convocar uns ratos,
pois ela não queria deixá-lo “só para ir caçar”. O garoto entendia sua preocupação, mas isso não
fazia bem para ela, ela precisava do seu ritual de caça, se não tivesse ela ficava extremamente mau
humorada.

Mas, para piorar as coisas, as aulas antidementors não estavam correndo tão bem quanto
Hadrian esperara. Em várias sessões ele fora capaz de produzir um vulto indistinto e prateado,
todas as vezes que o dementor se aproximara dele, mas era um Patronus demasiado fraco para
afugentar a criatura. A única coisa que fazia era pairar no ar, como uma nuvem semitransparente, e
esgotar a energia de Hadrian enquanto o garoto lutava para mantê-lo presente. Hadrian sentiu raiva
de si mesmo, e culpa pelo desejo secreto de ouvir mais uma vez as vozes dos pais.

— Você está se cobrando demais. — Comentou Remus com severidade. Era a quarta semana de
treino. — A maioria dos bruxos velhos do Ministério não conseguem fazer um Patronus. Você
está indo incrivelmente bem, Hazz. E é mais difícil para você realizar esse feitiço por causa do seu
núcleo negro. O Patronus é uma magia da luz, então você terá dificuldade.

— Eu pensei que o Patonus... Sei lá... Transformasse dementors em alguma coisa ou os fizesse
desaparecer. — Comentou desanimado com o seu progresso lento.

— O verdadeiro Patronus realmente faz isso. — Segurou os ombros do garoto e olhou-o com
carinho. — Mas você já conseguiu avançar bastante em tão pouco tempo. Se os dementors
aparecerem na sua próxima partida de quidditch, você poderá mantê-los a distância tempo
suficiente para voltar ao chão.

— Você disse que é mais difícil quando são vários.

— Eu sei que você consegue. — Sorriu-lhe docemente e acariciou seus ombros com os polegares.
— Pegue. — Se afastou para ir até a sua maleta e de lá tirou duas garrafinhas. — Você mereceu.

— Cerveja amanteigada! — Sorriu. — Eu adoro isso. — Pegou a garrafa extasiado.

— Então vamos brindar à vitória da Slytherin sobre Ravenclaw! — Estendeu sua própria garrafa.
— Não que, como professor, eu deva tomar partido. — Piscou-lhe maliciosamente. Hadrian soltou
uma risadinha e brindou. Eles beberam a cerveja amanteigada em um silêncio confortável, até que
o garoto externou algo que o deixava intrigado.

— O que tem embaixo do capuz de um dementor? — Remus baixou sua garrafa e pensou.

— Bem... As únicas pessoas que realmente sabem não estão em condições de nos responder. Um
dementor tira o seu capuz somente para usar sua última arma. A pior de todas.

— E qual é? — Inclinou a cabeça para o lado.

— O beijo do dementor. — Comentou com os pensamentos distantes. — É o que dão naqueles que
desejam destruir completamente. Suponho que deve haver algum tipo de boca sob o capuz, porque
cravam as mandíbulas na boca da vítima e.... Sugam sua alma. — Sem perceber, o garoto cuspiu
um pouco de cerveja amanteigada.

— E-eles matam...?

— Pior. — Remus suspirou. — A pessoa pode viver sem alma, desde que o cérebro e o coração
continuem a trabalhar. Mas perde a consciência do “eu”, a memória... Tudo. Não tem chance
alguma de se recuperar. A pessoa apenas... Existe. Como uma concha vazia. E a alma fica
perdida... Para sempre. — Bebeu mais um pouco da cerveja. — É o destino que espera Sirius
Black. Li no Daily Prophet hoje de manhã. O Ministro deu aos dementors permissão para fazerem
isso caso o encontrem. — Hadrian ficou confuso por um instante com a ideia de alguém ter a alma
sugada pela boca.

— Esse é um castigo muito bom para certas pessoas. — Seu olhar escureceu ao focar-se na janela
escura por causa da noite.

— Você acha? — Perguntou Remus sem pensar muito. — Você acha mesmo que alguém merece
isso?

— Acho. — Admitiu. — No mundo existem todos os tipos de pessoas. Muitas delas merecem algo
como o Beijo do Dementor. Talvez esse castigo seja até leve para certas pessoas. — O homem
ficou o encarando, tentando assimilar a nova frieza do garoto. Ele havia escapado de algo horrível,
e, obviamente, saiu com sequelas. Hadrian terminou a cerveja amanteigada, agradeceu a Remus e
deixou a sala de História da Magia. O werewolf ficou encarando a porta, se perguntando se era
algo bom esse “novo humor” de Hadrian.

O que Hadrian estava estranhando, era o comportamento explosivo entre Ron e Hermione.
Fred, George, Neville e Colin o contaram que Crookshanks, o gato de Hermione, havia,
aparentemente, devorado Scabbers, o rato de Ron. Mas, como os dois são muito unidos e espiões
de Dumbledore, eles tentavam ao máximo não brigar por causa disso. O que só os deixava
terrivelmente bravos o tempo todo. Fred e George, que não eram bobos, aproveitavam isso para
ficarem conversando sobre Hadrian, irritando os dois.

Colin, por outro lado, estava uma pilha de alegria, pois, no próximo ano, seu irmão Dennis
iria completar onze anos, e eles esperavam que ele recebesse sua carta de Hogwarts. Hadrian e
todos os outros estavam muito animados para conhecer o irmãozinho do garoto. Pelo que Colin
falara, Dennis era praticamente igual a ele, só que dois anos mais novo.

Hadrian desceu para tomar café na manhã no dia da partida com os amigos, todos os quais
pareciam achar que a Firebolt merecia uma espécie de guarda de honra. Quando Hadrian entrou no
Salão Principal, as cabeças se voltaram para a vassoura, e houve muitos comentários excitados.
Marcus, também, usufruía da glória que a Firebolt refletia.

— Ponha ela aqui, Hadrian. — Sugeriu o capitão, ajeitando a vassoura no meio da mesa e girando-
a cuidadosamente de modo a deixar a marca visível. Os alunos das mesas da Ravenclaw e da
Hufflepuff não demoraram a ir olhá-la de perto. Cedric Diggory se aproximou para cumprimentar
Hadrian por ter adquirido uma substituta tão esplêndida para sua Nimbus. Cedric sempre parecia
corar e ficar envergonhado quando se aproximava de Hadrian, e ele, por sua vez, achava isso muito
fofo.

— Como é a sensação de montar numa Firebolt? — Cedric perguntou levemente corado.

— É incrível. — Hadrian sorriu para o mais velho. — Amanhã podemos marcar um amistoso entre
amigos. Eu te deixo usar a minha vassoura. O que acha? — Perguntou com os olhos brilhantes em
expectativa.

— E-eu adoraria. — Suas bochechas adquiriram um tom mais intenso de vermelho, o que só fez o
sorriso de Hadrian se alargar.

— Perfeito. Junte seu time e nos encontramos amanhã as duas da tarde. — Cedric sentiu seu
coração palpitar ao ver aquele sorriso radiante direcionado para si.

— Até amanhã, Hadrian.

— Até, Cedric. — Acenou ao ver o maior se afastando.

— Então você vai deixar que ele monte na sua vassoura? — Pansy provocou com um sorriso
malicioso, e Hadrian repetiu o gesto da amiga.

— Se ele quiser talvez eu deixe. — Piscou maliciosamente antes de voltar sua atenção para sua
comida.

— Tem certeza de que você sabe montar nessa vassoura, Potter? — Perguntou uma voz arrastada e
fria. Bulstrode parecia ter decidido qual caminho tomar, e chegara para dar uma espiada, seguida
de perto por Greengrass e Davis.

— Acho que sim. — Disse Hadrian, descontraído. — Nunca vi os olhos da Madame Hooch
brilharem tanto quanto nos últimos treinos. — Nem se dera ao trabalho de olhar para a garota,
estava muito focado roubando um morango de Draco.

— Tem muitas características especiais, não é? — Continuou Bulstrode, os olhos brilhando de


malícia. — Pena que não venha com um paraquedas, para o caso de você chegar muito perto de um
dementor. — Greengrass e Davis deram risadinhas. — Ou será que ela tem uma almofadinha
especial para você descansar essa sua bunda de vadia gulosa?

— Bulstrode, querida. — Hadrian encarou-a nos olhos, sem demonstrar nenhuma emoção. Ele
estava cansado de deixar a garota o humilhar e sair impune. — Você não cansa nunca, não é
mesmo? — Sua voz doce deu arrepios em todos que o cercavam, menos Draco e seus amigos, estes
estavam comendo para apreciar o show. A mesa das serpentes caiu em silêncio, querendo ouvir o
que o pequeno Rei diria. — O que deixa sua existência tão patética, a ponto de você estar tão
desesperada, para ter o mínimo de reconhecimento de alguém? Quem você pensa que é, afinal de
contas? Você é apenas uma criatura insignificante que provavelmente nunca vai completar nada de
importante enquanto respirar. Apenas vivendo a base do seu nome e da sua família, enquanto o seu
pai trabalha como um cachorro do Ministro. Você vive como um parasita, apenas existindo e
tentando absorver o brilho de outras pessoas para você. Mas deixe-me te contar algo: você não foi,
nem nunca será, nada na vida. Sua vida está fadada ao fracasso, igual a sua existência. Então por
que você não vai lavar essa sua cara gorda e sebosa e se olha no espelho de novo antes de querer
vir me humilhar? Eu tenho tudo o que você nunca vai ter se continuar assim. Pessoas que me
amam por quem eu sou e não por meu nome ou meu dinheiro. Tenho amigos que se importam
comigo por gostarem de mim, no lugar de dois “amigos” pagos pela família ou com interesses
políticos. Tenho seis pessoas que me amam incondicionalmente, diferente de você que se, algum
dia, arrumar um casamento com certeza será forçado e infeliz. Tenho talento para qualquer coisa
que eu queira fazer. Tenho onze heranças de família. Porra, eu sou descendente dos dois maiores
magos das trevas que já existiram. E sem contar que sou o Príncipe Herdeiro do maior reino
magico que já existiu. Eu já lutei pela minha vida várias vezes. Já enfrentei um Lord das Trevas e
venci, três vezes. Já sobrevivi a inúmeros atentados. Sobrevivi à uma Maldição da Morte com
apenas uma cicatriz na testa. Eu sou a porra do dono dessa escola inteira. Tenho cadeiras o
suficiente no Wizengamot para assumir o posto de Ministro e fazer o que eu bem entender. E
então, senhorita Millicent Bulstrode, que tal me falar o que você tem de tão único ao ponto de se
achar melhor do que eu? — A garota estava paralisada e não conseguiu encontrar sua voz. —
Hein? — Nada. — Responda! — Seus olhos esmeraldas cintilavam com um ódio perigoso, a magia
ao seu redor estalava e pequenas faíscas iluminaram o ar. Naquele momento, todos pensariam mil
vezes antes de irritarem Hadrian Tamish Potter.

Os Slytherin que estavam ali perto deram grandes gargalhadas. Os olhos escuros de
Bulstrode se estreitaram, suas bochechas inflaram e todo o seu rosto ficou vermelho como um
pimentão, então ela se afastou bufando e pisando duro. Seguida por suas amigas, que também não
tinham reação para a fala de Hadrian. Às quinze para as onze, o time da Slytherin saiu em direção
ao vestiário. O tempo não poderia estar mais diferente do que o do dia da partida com Hufflepuff.
Fazia um dia claro e frio com uma levíssima brisa; desta vez não haveria problemas de visibilidade
e Hadrian, embora nervoso, estava começando a sentir a excitação que somente uma partida de
quidditch era capaz de produzir. Eles ouviram o resto da escola entrando, mais além, no estádio.
Hadrian despiu as vestes negras da escola, tirou a varinha do bolso e enfiou-a na camiseta que ia
usar por baixo do uniforme de quidditch. Só esperava que não fosse preciso usá-la. De repente lhe
ocorreu uma dúvida: se Remus estaria no meio da multidão, assistindo à partida.

— Vocês sabem o que temos de fazer. — Disse Marcus quando o time se preparava para deixar o
vestiário. — Se perdermos esta partida, estaremos fora do campeonato. Vocês só têm que voar
como fizeram nos treinos, e vamos nos dar bem! — Os jogadores saíram do vestiário para o campo
debaixo de tumultuosos aplausos. O time da Ravenclaw, vestido de azul, já estava parado no meio
do campo. A apanhadora, Cho Chang, era a única menina da equipe. Era mais baixa do que
Hadrian quase uma cabeça, e, por mais que ele não gostasse da “fruta”, ele não pôde deixar de
reparar que era uma garota muito bonita. Cho sorriu para ele quando os times ficaram frente a
frente, atrás dos capitães, e o garoto acenou com a cabeça em reconhecimento.

Os capitães apertaram as mãos antes dos times subirem nas vassouras. Quando fora
permitido, Hadrian deu o impulso para subir, e a Firebolt voou mais alto e mais veloz do que
qualquer outra vassoura; ele sobrevoou o estádio e começou a espiar para todos os lados à procura
do pomo, prestando atenção aos comentários que estavam sendo irradiados pelo amigo dos gêmeos
Weasley, Lee Jordan. Que estava adorando desviar seu foco do jogo para comentar elogios sobre
sua vassoura. E McGonagall sempre o repreendia quando deslizava. Sempre que Hadrian se
movimentava, Cho o seguia logo atrás.

— Mostre a ela sua aceleração, Hadrian! — Peregrine berrou ao passar disparado em perseguição
de um balaço que seguia na direção de Graham.

Hadrian estugou a Firebolt quando contornaram as balizas da Ravenclaw, e Cho ficou para
trás. Quando Graham marcou um ponto para as cobras, Hadrian viu o pomo perto do chão, então
ele mergulhou e a garota o seguiu. O garoto foi aumentando a velocidade, tomado de excitação; os
mergulhos eram sua especialidade, estava a três metros... Então um batedor da Ravenclaw
arremessou um balaço na sua direção, Hadrian conseguiu se esquivar por um dedo de distância, e
acabara perdendo o pomo de vista. Lucian Bole revidou o ataque contra o mesmo batedor, que
conseguiu se esquivar com uma cambalhota no ar.

— Slytherin lidera por oitenta pontos a zero, e olhe só o desempenho daquela Firebolt! Potter
agora está realmente mostrando o que ela é capaz de fazer, vejam como muda de direção. A Comet
de Chang simplesmente não é páreo para ela, o balanceamento preciso da Firebolt é visível nesses
longos...

— JORDAN! VOCÊ ESTÁ GANHANDO PARA ANUNCIAR FIREBOLTS? VOLTE A


IRRADIAR O JOGO!

A Slytherin estava a cinquenta pontos à frente da Ravenclaw, porém Hadrian não deixaria
Cho apanhar o pomo e ganhar a partida. Ele avistou o pomo circulando a baliza da Slytherin, então
acelerou, os olhos fixos no pontinho dourado à frente. E Cho apareceu de repente, bloqueando sua
visão.

— HADRIAN, ISSO NÃO É HORA PARA CAVALHEIRISMOS! — Marcus berrou quando o


garoto deu uma guinada para evitar a colisão. — SE FOR PRECISO, DERRUBE-A DA
VASSOURA!

Hadrian se virou e avistou Cho; a garota estava sorrindo. O pomo sumira outra vez. Ele
apontou a vassoura para o alto e logo chegou a sessenta metros sobre o campo. Pelo canto do olho,
ele viu Cho seguindo-o... Ela resolvera marcá-lo em vez de procurar o pomo sozinha. Muito bem,
então... Se queria segui-lo, teria que arcar com as consequências. Hadrian mergulhou outra vez, e
Cho, pensando que ele avistara o pomo, tentou acompanhá-lo; ele desfez o mergulho
abruptamente; Cho continuou a descida veloz; ele subiu mais uma vez, como uma bala, e então
viu-o, pela terceira vez. O pomo cintilava muito acima do campo, do lado da Ravenclaw. Hadrian
acelerou; a muitos metros abaixo Cho fez o mesmo. Ele foi reduzindo a distância, se aproximando
mais do pomo a cada segundo... Então...

— Oh! — Gritou Cho, apontando. Distraído, Hadrian olhou para baixo.

Três dementors. Três dementors altos, negros, lá embaixo, olhavam para ele. Hadrian franziu
o cenho. Sua mente continuava milagrosamente clara. Não havia gritos, não havia frio, não havia
desespero ou desesperança. Focando seus olhos nas figuras encapuzadas, ele percebera que não
eram grandes o suficiente para serem dementors, suas capas não era as características das criaturas,
e suas movimentações eram distintas de um dementor verdadeiro. Não eram dementors.

Hadrian sorriu maldosamente, a perseguição pelo pomo completamente esquecida. Alguém


estava tentando sabotá-lo. Vão ter que lidar com o que estaria por vir. O garoto mergulhou na
direção das figuras encapuzadas, passou no meio delas, as desestabilizando devido a curta distância
e o vento criado pela velocidade, resultando em três capuzes caindo e revelando Bulstrode e suas
amigas. Na arquibancada, três alunos do primeiro ano as mantinham sobre o feitiço de levitação.

— Oi, Bulstrode. Não conseguiu ficar longe de mim? — Hadrian sorriu malicioso ao circular as
garotas, escutando com deleite o apito de Madame Hooch soando e paralisando o jogo.

— Sua vadia filha da puta! — Bulstrode vociferou.

— Own. Obrigado. — Hadrian fingiu estar lisonjeado e olhou Madame Hooch os ordenando
descer. — Acho que é pra vocês descerem, meninas. Sabe, estão no meio de uma partida. Não
queremos que um balaço as acerte. — Hadrian voou até os primeiros anos, que estavam assustados.
— Oi, pequenos. — Sorriu docemente. — Poderiam desfazer o feitiço? Vou retardar a queda delas.
Vocês devem estar cansados. — Os primeiros anos assentiram freneticamente e abaixaram suas
varinhas, instantaneamente as três garotas começaram a despencar para o chão. — Obrigado. —
Hadrian virou-se para o campo e estendeu sua mão para as colegas de casa. — Aresto Momentum.
— E então a queda foi retardada e as três Slytherin caíram levemente até o chão, sem se
machucarem. — Vão até o professor Snape e digam o que elas fizeram. Sei que foram ameaçados,
e eu prometo que não deixarei que elas façam algo com vocês.

— O-obrigada, Hadrian. — Uma garotinha corou para ele e saiu puxando os amigos para o Mestre
de Poções, que já estava no chão perto de Bulstrode e suas amigas. O garoto montou sua vassoura e
foi até o alvoroço que era Hooch xingando as três garotas.

— Sabotando o próprio time, Bulstrode. — Hadrian se sentou relaxadamente na sua vassoura. — E


ainda ameaçando primeiros anos para participarem. Que feio. — Sorriu malicioso. Severus o
encarou com uma pergunta implícita, e o garoto indicou os três primeiros anos que se
aproximavam timidamente.

— Me sigam, os seis. — Severus se limitou a olhar com desgosto para as terceiranistas.

— Não se preocupem. — Hadrian bagunçou o cabelo de um dos garotos primeiranistas. — Vocês


não estão em apuros. Elas estão. — Indicou as colegas de ano, que lhe fuzilaram com o olhar. Os
seis Slytherin seguram seu chefe de casa e Hooch permitiu a continuação do jogo.

Hadrian subiu até o alto, com Cho logo atrás, e apurou sua visão a procura do pomo. Ele o
avistou, estava perto da arquibancada dos professores. Hadrian sorriu e disparou para o lado
contrário, a garota o seguiu. Ele voou rapidamente até a trincheira ao redor do campo para
escoamento de água, ziguezagueou entre as vigas de madeira, indo cada vez mais rápido, ao ver que
Cho estava com dificuldades para o acompanhar, Hadrian subiu rapidamente e foi para o lado de
fora do campo, se escondendo atrás das arquibancadas. Cho emergiu da trincheira logo depois, o
procurando por todos os lados. Hadrian ficou próximo ao chão para não ser visto, voou pela
sombra das arquibancadas, se aproximando do pomo.

Quando o tinha na mira, ele envergou a vassoura em noventa graus e ressurgiu na visão de
todos como um míssil que saiu da terra. Ele estava perto, e o pomo disparou para mais alto,
Hadrian o seguiu. Cho disparou na direção do adversário, porém estava muito longe para chegar a
tempo. Duzentos metros acima do chão, o apanhador da Slytherin finalmente apanhou o pomo, sua
forma iluminada pelo sol ardente atrás de si. As arquibancadas, principalmente a parte verde,
irromperam em berros e gritos de comemoração. Cho desacelerou sua vassoura e assumiu sua
derrota com um muxoxo.

O apito de Madame Hooch quase não se foi ouvido pela algazarra. Ao pousar no chão,
Hadrian foi agarrado por inúmeros braços e gritos de alegria. Seu time o ergueu no ar e o jogavam
para cima. Hadrian sorria de felicidade enquanto mostrava o pomo preso em sua mão para toda
Hogwarts ver seu brilho dourado refletido pelo sol radiante.

Quando finalmente foi posto no chão, Hadrian não teve tempo nem de respirar antes de ter
sua cintura agarrada por Draco e seus lábios chocando-se com os do loiro. Seu sorriso se alargou ao
passar os braços pelo pescoço do namorado e aprofundar o beijo que o desestabilizava. Toda a
algazarra ao seu redor foi silenciada, seu único foco eram os lábios que o devoravam.

— Você foi incrível. — Draco soltou-se do abraço, e Hadrian teve seu pescoço abraçado por
braços finos e delicados.

— Isso foi brilhante, Hazz! — Colin sorria brilhantemente para si.

O maior acariciou sua bochecha com uma mão, e a outra segurou sua cintura, antes de selar
seus lábios com o do menor num beijo de comemoração tão intenso quanto fora com Draco. Toda
a adrenalina do jogo sendo triplicada por todo o seu corpo. Colin se afastou com as bochechas
fortemente coradas, e Hadrian puxou Neville para seus braços e reivindicou seus lábios também. O
pequeno leão estremeceu e agarrou-se nas vestes do maior enquanto sentia suas pernas fraquejarem
e seu estômago se encher de borboletas.

— Você conseguiu! — Neville sorriu corado ao se afastar. George fora o primeiro dos gêmeos a
chegar a si, agarrando com força sua cintura e tomando os lábios do menor, pressionando seus
corpos juntos e devorando aquela boca que o enlouquecia.

— Como eu quero te foder aqui mesmo, na frente de toda Hogwarts. — Sorriu malicioso ao dar
espaço para seu gêmeo.

— Eu digo o mesmo. — Fred sorriu antes de beijar-lhe com um pouco menos de intensidade do
que o irmão, segurando o rosto corado do moreno e saboreando seu doce gosto.

Nenhum deles se importava com toda Hogwarts apreciando o show. Talvez Cedric estava
com inveja por não poder fazer a mesma coisa que os outros, mas ele iria conseguir conquistar o
coração de Hadrian. Um dia ele iria estar ao seu lado. Entretanto, nem todos demonstravam alegria
com a demonstração de afeto do pequeno Príncipe. Dumbledore e McGonagall se retiraram com
desgosto, juntamente com Ron e Hermione, que praguejavam mil e um insultos contra as “bixinhas
nojentas” e “vadias interesseiras”.

— Nosso Sol é o melhor. — Os gêmeos comemoraram animados, colocando Hadrian sentado em


seus ombros e começando a voltar para Hogwarts.
— Festa! Sala Comunal da Slytherin! — Theodore comemorou animado, juntamente com seus
companheiros de casa.
Capítulo 73
Chapter Notes

NEVILLE É UM NENÉM PRECIOSO E MERECE MUITO AMOR!!!!!!

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

A festa da Slytherin só terminou quando Severus apareceu vestido com seu habitual
conjunto preto e capa que esvoaçava como assas de morcego, a uma hora da manhã, para insistir
que todos fossem se deitar. Hadrian e Draco subiram as escadas para o dormitório, ainda discutindo
a partida. Por fim, exausto, Hadrian se enfiou na cama, se aconchegou contra Draco e sentiu que
adormecia quase instantaneamente...

No próximo momento ele acordou num pulo. Seus sentidos gritando que algo estava
acontecendo, que alguma coisa estava errada, que alguém precisava de ajuda. Ele só não sabia o
que, ou quem, ou onde. Algo na sua magia parecia estranho, ele não sabia dizer se era bom ou
ruim. Hadrian sentiu Nyx rastejando sobre si, e uma calma avassaladora o consumiu
completamente. Seu coração desacelerou conforme seus olhos pesavam e ele voltava a se
aconchegar em Draco. Voltando a dormir com o embalo dos sibilos calmantes de seu familiar.

No dia seguinte Hadrian sentia como se tivesse esquecido de algo importante. Ele decidiu
ignorar isso por enquanto. Isto é, até que ele chegou no Salão Principal junto com os outros
Slytherin. Ele também tinha uma vaga sensação nas mãos como se estivesse acariciando os pelos
de um animal. Estranho. E essa sensação de perda que assolava o fundo da sua mente...

— Você viu que Black tentou matar o Weasley essa noite? — Um Ravenclaw comentou com uma
amiga, as duas entravam no Salão Principal para o café da manhã. Hadrian, que estava logo atrás
deles, apurou a audição e focou na conversa. Nyx deslizou de seus ombros para o chão, indo
procurar um rato ou dois. Sua mente recordando das sensações estranhas que sentira durante a
madrugada, e então se desviando para o fato de que um de seus namorados estava no mesmo
quarto que Ron Weasley.

Esquecendo todo e qualquer decoro ou etiqueta, Hadrian correu o resto do caminho até o seu
destino. Seu coração apertando dolorosamente ao imaginar como Neville estava se sentindo. Sua
amada DesertRose. Draco, Pansy, Blaise e Theodore o seguiram na mesma velocidade. Todos
preocupados, porém, não no mesmo nível que Hadrian. Mesmo que Draco fosse mais próximo que
os outros, ele não sentia o mesmo amor por Neville, no máximo como um irmão. Mas ele ainda
assim se preocupava com o Gryffindor, ele se preocuparia com todos os namorados de Hadrian.
— Nev! — Hadrian chamou num grito antes de avistá-lo na mesa dos leões. Seu amor estava
cercado pelos gêmeos e Colin, fazendo uma barreira contra os curiosos. Estes estavam todos
amontoados ao redor de Ron Weasley, que estava sentado a alguns metros à frente recontando
várias e várias vezes sua história. — Você está bem? — Perguntou assim que tinha seu amado
seguro nos braços.

Hadrian crispou os lábios de preocupação ao sentir o corpo trêmulo agarrar-se fortemente a


si, mas seu coração estava mais calmo por ter o menor em seus braços. Assim ele teria certeza de
que nada poderia machucá-lo. Neville, por sua vez, relaxou pela primeira vez desde que acordara
naquela madrugada com os gritos assustados de Ron. Mesmo depois que o próprio Dumbledore
ajudara nas buscas por Black pela Torre Gryffindor e lhes assegurado que estavam seguros, Neville
não conseguira dormir. Fred e George foram buscar ele e Colin para ficarem juntos perto da lareira
na Comunal, um espaço aberto e com uma rota de fuga mais fácil. Mas ainda assim Neville não
conseguira pregar o olho. Ele observou Colin cair exausto, mas os gêmeos se mantiveram firmes e
ficaram acordados com ele. O fazendo companhia, o distraindo e o acalmando. Nyx, que surgiu do
nada, foi uma presença reconfortante ao acomodar-se em seus ombros.

Mas só agora, nos braços de Hadrian, que seu coração e mente agitados finalmente se
acalmaram. A preocupação e o medo deram lugar para a sensação de segurança e plenitude, a
ansiedade e nervosismo cederam para o cansaço. Ele ainda estava um pouco abalado, porém sabia
que estava seguro nos braços de Hadrian. Sabia que nada lhe ocorreria enquanto o maior estiver ao
seu lado. Neville se viu se apaixonando ainda mais pelo moreno de intensos olhos verdes.

— Você está seguro agora, meu amor. — Hadrian sussurrava palavras doces em seu ouvido,
sentou-se e puxou o Gryffindor para se acomodar no seu colo. Neville prontamente se
aconchegando e descansando a cabeça na curvatura do pescoço. — Eu não vou deixar nada te
machucar, DesertRose. Eu prometo.

Neville, se pudesse, estaria ronronando como um gato, pois o carinho em seu cabelo e as
doces palavras sussurradas o estavam embalando num sono tão tranquilo, anulando completamente
a algazarra ao seu redor. Hadrian sorriu aliviado ao sentir a respiração calma de Neville contra o
seu pescoço, indicando que ele havia adormecido. Seu coração ainda doía ao ver as olheiras sob os
olhos de Neville, e então ele olhou seus outros namorados Gryffindor, todos estavam com olheiras.
Com uma mão livre, já que a outra ainda acariciava os cabelos de Neville, Hadrian segurou a mão
de Colin, que era o que estava mais perto de si.

— O que aconteceu? — Perguntou num sussurro para não acordar o outro. Ele havia colocado uma
ala de silencio ao redor deles, para deixar Neville mais confortável.

— Ronnikins está contando pros quatro ventos diferentes histórias. — George começou, se
sentando na frente de Hadrian, junto com seu irmão, Draco sentou-se do outro lado de Hadrian (o
que não estava sendo ocupado por Colin). Pansy, Blaise e Theodore se sentavam ao redor dos
gêmeos.

— Ele está adorando toda essa atenção. — Fred continuou. Nenhum deles se deu ao trabalho de
prestar atenção no que Dumbledore falava sobre Hogwarts estar completamente segura e nenhum
sinal de Black.

— Mas a verdadeira história é... — Colin tomou a dianteira. — Black invadiu a Torre Gryffindor e
tentou esfaquear Ron. Mas como as cortinas estavam fechadas ele não conseguiu acertar ele. Ron
acordou gritando, mas Black já havia fugido quando Neville e os outros acordaram, então não
viram nada. Até porque eles deixam as cortinas fechadas e tudo mais. Dumbledore e os outros
funcionários começaram uma busca por todo o castelo, e a própria cabra velha vasculhou a nossa
torre. Mas nada de Black.

— Agora Ronnikins está inventando mil e uma coisas cada vez que conta essa história. — Os
gêmeos falaram juntos.

Hadrian reprimiu um resmungo de desdenho. Ele passou um bom tempo analisando a atuação
do ruivo. Ele poderia ser muito ambicioso, egoísta, ganancioso, ciumento e invejoso. Todos os
adjetivos que estavam se destacando neste momento, pois ele encarava Hadrian com ódio. Fora ele
quem quase morreu! Sirius Black quase o matou! Então por que diabos ele foi correndo para o
imbecil do Longbottom antes de si? Por que nem se deu ao trabalho de perguntar se ele estava
bem? Por que estava confortando Longbottom se era ele a vítima? Mesmo agora que a bichinha
inútil dormiu, Hadrian nem olhou para ele, continuou o ignorando! Essa maldita vagabunda!
Mesmo depois que Ginny morrera por incompetência de Hadrian, Ron continuou do seu lado!
Enfeitiçou seus irmãos, e ainda assim Ron se dá ao trabalho de ser amigo dessa fadinha miserável!
Mesmo agora que ele virou uma celebridade e tinha todos os alunos de Hogwarts ao seu redor o
bajulando, Hadrian nem sequer olhara para si! Pela primeira vez na vida as pessoas estavam
prestando atenção nele, e não nos seus irmãos. Hadrian que se dane! Ron iria aproveitar de toda a
fama que estava lhe dando.

— Eu estava dormindo e ouvi barulho de pano cortado e achei que estava sonhando, sabe? Mas aí
senti uma correnteza de ar... Acordei e vi que o cortinado de um lado da minha cama tinha sido
arrancado... Me virei... E vi Black parado ali... Como um esqueleto, os cabelos imundos...
Segurando um facão comprido, devia ter uns trinta centímetros... E ele olhou para mim e eu olhei
para ele, então eu soltei um berro e ele se mandou.

— Ficamos de olho no Nev o tempo todo. — George comentou com Hadrian. Intensos olhos
verdes deixaram de admirar um de seus namorados e viraram-se para seus outros namorados.

— Estão perturbando-o? — Perguntou com uma leve contração de seus lábios.

— Sim. — Fred admitiu num suspiro. — Ele nunca se lembra das senhas, então sempre carrega um
papelzinho com elas, porque nem sempre iremos estar por perto.

— Aparentemente foi assim que Black entrou na nossa Comunal. — George continuou.

— E agora todos estão enchendo o saco do Nev. — Colin terminou.

— Estamos fazendo de tudo para afugentar esses filhas da puta. — Fred resmungou. — Mas, como
estamos em anos diferentes, não temos como ficar com ele o tempo todo.

— Obrigada por cuidarem dele, meninos. — Hadrian sorriu para os Gryffindor. “Nyx, por favor
passe uns dias com o Nev. Os Gryffindor estão perturbando-o e eu não posso protegê-lo o tempo
todo. Conto com você.”, falou pela sua conexão com seu familiar. “Posso morder alguém?”, Nyx
perguntou. Hadrian sorriu, “Não, você não pode machucar ninguém. Apenas assuste e ameace.”.
“Okay.”, Nyx parecia descontente, mas iria poupar a vida dessas crianças insuportáveis.

— Aqui, eu te ajudo. — Colin cortou alguns pedaços da panqueca que estava no prato de Hadrian.

— Obrigado, Colin. — Beijou-lhe a têmpora com ternura.

— Melhor acordarmos o Nev pra ele comer alguma coisa antes das aulas. — Theodore comentou.

— Você está certo, Theo. — Hadrian parecia não querer acordar o Gryffindor, mas sabia que era
necessário. — Nev. — Chamou-o num sussurro. — Acorde, amor. Você precisa comer alguma
coisa. — Neville resmungou enquanto se sentava e esfregava os olhos.

— Hum? — Piscou os olhos castanhos algumas vezes antes de focá-los em Hadrian.

— Desculpa te acordar, mas você precisa comer alguma coisa. — Beijou-lhe a bochecha
rechonchuda, o que arrancou um sorriso tímido do menor e fez com que suas bochechas corassem
fortemente.

— O-okay. — Tentou sair do colo do moreno, mas o aperto na sua cintura o impediu de se mover.

— Fique, por favor. — Hadrian pediu com aqueles intensos olhos verdes o sondando, Neville só
conseguiu acenar positivamente com a cabeça, se virou para a mesa e pegou alguma coisa para
comer.

— Acreditam que colocaram dois trasgos para ficarem de guarda na entrada da nossa Comunal? —
George comentou indignado.

— Aqueles merdas são mais burros que uma porta! — Fred concordou. — Ficam se batendo com
os porretes o tempo todo!

— Capaz de machucarem um aluno. — Blaise comentou.

— Eles percorrem o corredor em um grupo ameaçador, falando em rosnados e comparando o


tamanho dos seus bastões, também. — Colin comentou confuso.

— Isso, meus amigos, é Dumbledore sendo Dumbledore. — Hadrian suspirou. Pelo menos isso
seria uma boa prova da incompetência de Dumbledore para quando ele arruinar o velho.

Todos comeram tranquilamente. Theo, Pansy e os gêmeos aliviando o clima com suas
brincadeiras e piadas; o que todos estavam agradecidos, principalmente Neville. Quando o café da
manhã terminou. Hadrian se despediu dos gêmeos e Colin com um selinho rápido antes de segurar
a mão de Neville e Draco e liderar o caminho até a aula de Transfiguração; Pansy, Theodore e
Blaise estavam logo atrás zombando de Ron e suas histórias insanas sobre o ataque de Black.

Ao chegarem na sala todos se sentaram envolta de Neville do “lado da Slytherin” da sala,


formando uma barricada contra os Gryffindor furiosos. Nyx veio rastejando majestosamente,
abrindo caminho entre os leões assustados com sua presença. A serpente sibilou para eles, antes de
subir pelas pernas de Neville e se acomodar nos seus ombros. Seus intensos olhos azuis sondando a
sala a procura de qualquer ameaça, sua língua bifurcada cheirando o ar e se deliciando com o medo
dos estudantes.

— Nyx vai ficar com você por um tempo. — Hadrian sussurrou para Neville, que estava se
acostumando com o peso da cobra em seus ombros. — Ela vai te proteger quando eu não puder.

— O-obrigado. — Neville corou fortemente, seus olhos castanhos escuros brilhando ao encararem
os verdes de Hadrian. Seu peito estava borbulhando de felicidade e amor.

— Eu estava pensando. — Draco se pronunciou. — Você disse que a varinha que você usa é do seu
pai, né?

— S-sim. — Neville sussurrou envergonhado. Tinha confidenciado para seus amigos que sua avó o
forçara a usar a varinha de seu pai a alguns dias atrás.

— Pode ser por isso que você não tem muito controle sobre sua magia. — Draco falou. — As
varinhas são únicas para cada bruxo. Claro, tem vezes que uma varinha “funciona” com herdeiros,
mas nunca é perfeito. Então poderíamos ver uma varinha nova pra você no próximo final de
semana em Hogsmead. O que acha?

Neville encarou Draco em descrença, o loiro não estava zombando de si nem nada, ele
estava querendo o ajudar verdadeiramente. Ainda era estranho para si ver que existiam pessoas que
gostavam dele e queriam ajudá-lo. Suas bochechas coraram e seus lábios arquearam-se num sorriso
tímido.

— E-eu acharia incrível. — Sussurrou feliz.

— Perfeito. — Hadrian sorriu e beijou-lhe a bochecha rechonchuda.

Ron e Hermione entraram na sala, os Gryffindor rodeando o ruivo e ouvindo mais uma vez
sua história fantasiosa. Eles se sentaram no “lado dos Gryffindor” da sala, e deram um olhar de
zombaria para Neville antes de ignorarem o grupo de Hadrian. Aparentemente suas mascarás
estavam vacilando.

McGonagall entrou na sala pisando duro e batendo na porta com força. Seus olhos pareciam
pegar fogo de ódio, e encaravam diretamente Neville. Hadrian não gostou nada desse olhar. A
mulher fumegante marchou a passos pesados até sua mesa e se virou para os alunos, sua capa
esvoaçando com seus movimentos bruscos. Suas narinas dilatadas e seus lábios crispados em ódio.

— Conhecendo seus pais, eu esperava mais de você, Longbottom. — Ela falou com amargura.
Neville abaixou a cabeça e se encolheu, Hadrian mordeu o interior de sua bochecha e segurou a
mão do namorado. Ele não podia matar a mulher, ainda não, ele tinha que seguir com o plano de
acumular provas contra Dumbledore. — Alice e Frank estariam terrivelmente decepcionados se o
vissem agora! Você foi o culpado por um de seu colega de quarto quase morrer! Você permitiu que
Black invadisse a Torre Gryffindor! E se Weasley tivesse morrido noite passada?! O que seus pais
achariam de você?! O que diriam?! Senhor Longbottom, você está proibido de ir a Hogsmead até
que eu diga o contrário! Terá detenção com o professor Snape por duas semanas e nenhum
Gryffindor tem permissão de dizer-lhe as senhas para a Torre! Seus pais teriam vergonha de você!

Hadrian viu as lágrimas caindo no colo de Neville, viu seus ombros tremendo, e isso fora a
gota d’água para o seu autocontrole. Levantou-se num pulo, a cadeira caindo atrás de si e ecoando
pela sala que estava mortalmente silenciosa. Sua magia fugiu um pouco do seu controle e começou
a vazar para fora do seu corpo, deixando o ar opressor e asfixiante. McGonagall o encarava com
uma diversão maliciosa e prepotente. A única parte boa era que a mulher achava que Severus
odiava Neville e faria sua vida um inferno nas detenções. Bom, ela estava terrivelmente enganada.

— Como herdeiro dos quatro fundadores e dono de Hogwarts. — Hadrian começou. — Declaro
suas punições inválidas, professora McGonagall. Neville Longbottom não terá detenções, poderá ir
aos passeios a Hogsmead como qualquer outro aluno e se eu souber que alguém propositalmente
não o informara a troca da senha de sua Comunal, as consequências não serão agradáveis. Neville
não teve culpa de nada. Se quer culpar alguém, culpe Dumbledore e suas constantes falhas com a
segurança de Hogwarts e para com seus habitantes. Se Dumbledore tivesse feito alas apropriadas
Black não seria capaz de chegar nem perto dos terrenos de Hogwarts. Agora, se nos der licença,
levarei Neville para tomar um ar. Sugiro que a senhora modere suas palavras para não ferir seus
alunos.

McGonagall estava espumando de raiva enquanto via Hadrian recolher suas coisas e as de
Neville e guiar o garoto para fora da sala. Os Slytherin estavam segurando o riso, mas seus lábios
se arquearam levemente em orgulho. Seu rei era o melhor de todos. Ron e Hermione, por outro
lado, estavam tão enfurecidos quanto a professora. Os Gryffindor estavam divididos entre ter raiva
de Neville ou orgulho de Hadrian.
Capítulo 74
Chapter Notes

Hey! Eu tenho dois anúncios para fazer.

O 1º é que eu fiz umas playlists com músicas que se encaixam em momentos


específicos da história. Estarei liberando hoje a primeira que é a "Love". Vocês podem
acessar por este link
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs
Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

O 2º é que a imagem dos boogarts vai ser liberada no server do discord da história.

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra

https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Venha. — Hadrian puxou levemente Neville pela mão. Eles se sentaram na costumeira árvore
perto do Great Lake, o sol da manhã os aquecendo da brisa fria.

— O-obrigado... — Fungou e limpou as lagrimas enquanto se sentava na grama. Nyx desceu de


seus ombros e se acomodou numa pedra para se aquecer ao sol e os dar privacidade.

— Não precisa agradecer, Nev. — Sentou-se na frente do namorado, ainda segurando uma de suas
mãos. Com a mão livre Hadrian acariciou a bochecha do Gryffindor. — Eu sempre estarei com
você, Neville. Não irei deixar nada, nem ninguém te machucar. E eu sinto muito pelo que você
teve que ouvir. Nada daquilo é verdade.

— Podemos só ficar abraçados por um tempo? — Perguntou num fio de voz.

— O que você quiser, DesertRose.

Hadrian se escorou na árvore e trouxe Neville para sentar-se no meio de suas pernas, o fez
deitar em seu peito, suas pernas para o lado enquanto Hadrian o abraçava com força e acariciava
seu cabelo e braços. Nenhum dos dois falou nada, não era preciso, apenas a presença um do outro
era necessária. Neville sentia-se seguro naqueles braços, ouvir os batimentos de Hadrian era uma
melodia calmante. O silêncio dos campos de Hogwarts era reconfortante, apenas os sons da
natureza e o coração de Hadrian. Neville estava feliz.

Seus olhos focaram-se num ponto qualquer do horizonte e sua mente vagou livremente.
Agora, ouvindo o coração de Hadrian bater, estar em seus braços, era algo que o trazia paz; pois
semanas atrás ele estava em desespero e numa profunda depressão. Pensando que nunca mais o
veria, nunca mais escutaria sua voz, sentiria seus toques gentis, se perderia naqueles olhos
hipnotizantes... Ele tinha medo de que Hadrian fosse morrer. Neville não sabia como viveria sem o
maior ao seu lado. Mas ele estava bem. Estava vivo. E, mais uma vez, o estava acalmando de uma
quase crise de ansiedade e pânico.

— Eu te amo, Hadrian. — Neville se viu falando depois de muito tempo perdido em sua mente.
Hadrian sorriu e o fez olhar para si ao erguer seu queixo com uma mão.

— Eu também te amo, Neville. — Seus olhos se focaram-nos do Gryffindor, seu peito se enchendo
de mais amor ao ver os sentimentos do outro por si refletidos nas írises castanhas. — Amo mais do
que tudo na minha vida e faria tudo apenas para vê-lo sorrir. — Sua mão moveu-se do queixo para
a bochecha e a acariciou. Sua cabeça foi abaixando-se lentamente, seus lábios roçando um no outro
quando se aproximaram. — Eu te amo, DesertRose. — Hadrian sussurrou contra sua boca antes de
reivindicá-la num beijo lento e cheio de sentimentos.

Ambos os garotos sentiram seus peitos vibrando de emoção, seus lábios formigavam com o
contato um do outro, seus corações pareciam que iriam explodir, seus estômagos se reviravam de
ansiedade (as famosas “borboletas”) e animação. O beijo era lento e inocente, não havia luxúria
nem volúpia. Era um beijo inocente e amoroso. Apenas um acariciar de lábios, transmitindo seus
sentimentos da forma mais pura possível.

Eles se separaram com selares doces, ambos sorrindo bobamente e corados. Neville voltou a
deitar-se no peito do maior, e ambos desfrutaram da companhia um do outro. Esperando o tempo
passar para que pudessem ir para a outra aula.

Hadrian sabia que Black estava usando uma das passagens que os Marauders encontraram.
Entretanto, ele não poderia contar essa informação para o diretor, se é que ele já não soubesse. O
garoto tinha que continuar a se abster do assunto Sirius Black para não atrair a atenção de
Dumbledore. Então, ninguém comentou sobre as passagens secretas.

Durante todo o dia, onde quer que fosse, Hadrian percebia sinais de uma segurança mais
rigorosa; o professor Flitwick podia ser visto, às portas de entrada do castelo, ensinando-os a
reconhecer uma grande foto de Sirius Black; Filch, de repente, andava para cima e para baixo nos
corredores, pregando tábuas em tudo, desde minúsculas fendas nas paredes até tocas de
camundongos. Sir Cadogan fora demitido por deixa Black entrar na Torre da Gryffindor.
Repuseram seu retrato no solitário patamar do sétimo andar e a Fat Lady voltou ao seu lugar. Fora
competentemente restaurada, mas continuava nervosíssima e só concordara em voltar ao trabalho
com a condição de receber mais proteção.

Um dia antes do sábado onde os alunos iriam a mais uma visita à Hogsmeade, Hadrian e
seus amigos e namorados estavam aproveitando o final da tarde, sentados abaixo da árvore perto do
Great Lake. Hadrian estava sentado com as pernas cruzadas, com a cabeça de Colin sobre suas
coxas, o moreno acariciava seus cabelos loiros com amor. Theodore, Pansy e os gêmeos discutiam
algumas pegadinhas para fazer com alguns alunos, Blaise e Draco discutiam algo sobre o dever de
Artimância. Neville e Colin conversavam sobre Herbologia animadamente. Vários meses haviam
se passado desde os Dursley. Hadrian estava muito melhor física e mentalmente graças aos
esforços de todos que ele ama. Ele era extremamente grato a eles, e faria de tudo para os proteger.
Lutaria com todas as suas forças, daria a sua vida por todos eles. Hadrian parou de prestar atenção
na conversa a sua volta quando o pedaço de madeira em seu bolso começou a esquentar e a vibrar.

— Só um momento, Sunflower. — pediu enquanto ajudava o loirinho a se levantar. O moreno


enfiou a mão no bolso que carregava o pedaço de madeira e o encarou com o cenho franzido.

— O que aconteceu? — Colin perguntou confuso. Todos viraram-se para o moreno. Hadrian olhou
envolta e lançou um feitiço de privacidade, ninguém saberia o que estavam fazendo ou
conversando.

— Ele começou a esquentar. — E então todos arregalaram os olhos quando o pedaço de madeira
começou a brilhar em azul. Projeções escritas surgiram logo acima dele. — “No reino do
conhecimento proibido, na estante das trevas, o livro dos sugadores de almas você deve puxar, e a
passagem da terra do medo para você aparecerá. Mas cuidado, guardado pelos seus medos a
abóbada estará.” — Hadrian leu para os outros, já que estavam tentando ler ao contrário.

— Outro enigma? — Blaise perguntou animado.

— A nossa busca não terminou. — Hadrian sorriu ao ver a luz se apagar e o pedaço de madeira
voltar ao normal.

— Vamos pensar, galera! — Todos se juntaram envolta de Hadrian. Mesmo com o feitiço de
privacidade, não queriam arriscar.

— “No reino do conhecimento proibido” — Theodore recitou.

— Na Seção Restrita da biblioteca? — Neville chutou.

— Faz sentido! – Blaise sorriu excitado. — Na Seção Restrita, na parte sobre Arte das Trevas.

— O livro dos sugadores de almas é sobre dementors. — Hadrian comentou.

— Mas o que seria a “terra do medo”? — Colin perguntou confuso.

— Só irei descobrir hoje à noite. — Hadrian sorriu animado.

— Eu disse que era importante. — Nyx comentou convencida.

— E você estava certa. — Hadrian sorriu e revirou os olhos enquanto desfazia o feitiço de
privacidade.

— Como sempre.

Quando a noite caiu. Hadrian despediu-se de Draco e saiu da Sala Comunal com Nyx
enrolada em seu pescoço e a Capa da Invisibilidade os ocultando junto com um feitiço silenciador
nos pés. A segurança do castelo estava ainda mais pesada, mas ele havia conseguido chegar à
biblioteca rapidamente. Até que fora fácil arrombar os portões que separavam a Seção Restrita do
resto da biblioteca, Hadrian despiu a capa e enfiou-a nas vestes, puxou a varinha e murmurou:

— Lumus. — A luzinha que saiu da ponta da sua varinha iluminou o local. Várias estantes se
estendiam por corredores. Hadrian começou a analisar os temas e as letras iniciais que cada estante
destacava, procurando sobre o livro que falava de dementors.

— Ali em cima, filhote. — Nyx usou o rabo para apontar o livro. Hadrian sorriu e precipitou-se até
ele. Ao pegá-lo na mão, o garoto pode notar um glamour escondendo algo na madeira da estante.
Ele colocou o livro de volta na estante e um estalo inundou o silêncio avassalador. Três estantes da
parede desapareceram, mostrando uma grandiosa porta de madeira.
— Vamos lá. — Respirou fundo e atravessou a porta. Uma cripta idêntica à de Gelo estava bem na
sua frente. No meio dela estava o mesmo pilar com o centro de vidro brilhante e mesmas
armaduras nas paredes. Porém, das escuridões surgiram três figuras difusas.

A primeira que surgiu na luz era Draco, ele estava segurando a barriga; sengue fluindo entre
suas mãos, sua camisa branca manchada de carmesim, sua pele muito pálida e seus olhos
implorando para que Hadrian o salvasse. Completamente paralisado, Hadrian viu seu primeiro
amor cair morto no chão, uma poça de sangue se formando abaixo de si.

A segunda forma era Tom. Seu segundo amor caiu morto no chão, com a garganta cortada
horizontalmente e o sangue jorrando. Hadrian sentiu sua respiração entalar em sua garganta, seu
coração se contorcendo dolorosamente e as lágrimas vindo à tona.

A terceira forma era Colin.

— Hazz... — Ele chamou num sussurro quebrado antes de ter seu peito atravessado por uma faca.
Sangue saiu da sua boca enquanto Hadrian via a vida deixar os olhos do loiro e cair morto no chão.

E então os corpos mudaram. Draco virou George. Tom virou Fred. Colin virou Neville.
Diante de seus olhos Hadrian via toda a sua família morta aos seus pés de diferentes formas
possíveis. Seu corpo estava completamente paralisado, as lágrimas escorrendo em abundância, sua
garganta sufocando-o com o ar que se recusava a entrar e sair de seus pulmões.

— São apenas boggarts, Hadrian! — Nyx comentou preocupada ao ver o garoto tendo o início de
uma crise de pânico. — Eles não são reais! Sua família está bem, filhote! É só dizer o feitiço que
eles desaparecerão! Você consegue! — Ela estava desesperada, ele não a estava escutando. Estava
longe demais dentro de sua própria mente aterrorizada.

Hadrian caíra de joelhos no chão, agarrando a cabeça com força e se curvando enquanto
sentia seu peito sendo rasgado ao meio. Os boggarts se certificaram de serem visíveis para ele até
nessa posição. E então eles assumiram a forma de Ragnuk, Maray e Nyx. Com um grito de pura
dor, Hogwarts estremecera completamente enquanto uma forte onda de poder era liberada do
núcleo do moreno. Seus habitantes se encolheram e agarraram as gargantas, estavam sufocando
com a pressão daquele poder avassalador, no fundo de suas mentes eles escutaram o grito de
Hadrian como um eco distante e terrivelmente assustador.

Os três boggarts se levantaram, suas imagens falhando antes de se dissolverem


completamente. Cada um dos membros mais importantes da família de Hadrian assumiram a forma
de um ser humanoide. Sua pele parecia ser feita de uma gosma negra, seus corpos magros demais,
sua cabeça careca, seus olhos eram uma esfera branca incandescente, suas bocas se abriam como
um rasgo de um tecido que se desfia, linhas da gosma preta ligando as duas partes e assumindo a
forma de dentes afiados.

Completamente exausto e entorpecido, Hadrian ergueu os olhos para as criaturas. Suas


pernas bambas se forçaram para cima, usando os braços para se apoiar nos joelhos. O suor frio
escorreu pela sua nuca até sua espinha, seu núcleo mágico vibrava dolorosamente dentro de si, seus
olhos cansados encararam os seres. A verdadeira forma de um boggart, criaturas semelhantes a um
poltergeist ou Dementor, seres que não estão vivos, porém vagam pela Terra.

As três criaturas se aproximaram do garoto a passos lentos. Hadrian estava tão afetado pelos
acontecimentos que apenas ficou parado ali. Nyx, estava jogada no canto do cômodo, a explosão
de magia a enviou para longe. Os boggarts ficaram cara a cara com o jovem bruxo, encarando-o
com os olhos fantasmagóricos. E então eles se dissolveram na gosma preta, instantaneamente
avançando contra Hadrian e entrando pela sua boca. O garoto não tinha forças para revidar ou
tentar expulsá-los, sentiu a gosma descendo por sua garganta, pesada e ardentemente. E, no
segundo seguinte, seu núcleo estava reabastecido com uma magia muito maior do que estava
acostumado. Seu corpo se encheu de força e energia. Hadrian acabara de consumir a essência vital
dos boggarts para reabastecer seu núcleo depois de uma explosão mágica.

— Filhote? — Nyx chamou num sussurro temeroso. Nunca, em toda sua vida, ela vira um bruxo
consumir a essência de uma criatura, tomando sua magia para si. Sem contar que os boggarts
aceitaram! Eles foram até Hadrian, eles sabiam o que iria acontecer e deram suas existências para o
garoto!

— Nyx? — Hadrian virou para olhar sua mãe reptiliana. Um sorriso gigantesco surgindo em seus
lábios e lágrimas de alívio deixando seus olhos. Ele correu até a serpente e a pegou nos braços,
abraçando-a fortemente. — Você está bem? Não tá machucada? — Perguntava preocupado. A
serpente suspirou mentalmente de alívio. Era o seu filhote ainda. Estava tudo bem.

— Eu estou bem, filhote. Mas e você? Você teve uma explosão mágica. Como se sente? —
Hadrian franziu o cenho e olhou para Nyx.

— Eu me sinto bem. Antes eu me sentia acabado. E então aqueles boggarts fizeram alguma
coisa e eu me sinto muito bem. O que aconteceu? — Nyx se colocou nos ombros de Hadrian.

— Eles deram suas existências para você. — Os olhos do garoto se arregalaram em espanto. —
Reabasteceram seu núcleo mágico com suas essências para que você não sofresse o risco de
entrar em um coma mágico pela exaustão.

— Ma-mas... Eles morreram ou coisa parecida?

— Sim e não. Boggarts são criaturas como Dementors e Poltergeists, eles não possuem vida,
apenas uma existência. Ao darem suas essências para você eles tecnicamente morreram, mesmo
que não possuíssem vida.

— E-eu... — Hadrian não sabia o que pensar. Sua mente ainda estava entorpecida depois de ver
todos que ama mortos. Ele não sabia o que dizer, sentir ou pensar sobre isso.

— Apenas pegue o que viemos pegar e volte para a cama. — Nyx orientou ao ver a confusão do
garoto.

Respirando fundo, Hadrian se aproximou do pilar. Como antes, foi só ser tocado que os
vidros se abriram como uma flor desabrochando. Nada estava lá, já haviam pegado a flecha
quebrada e um mapa da Forbidden Forest. E então, como na primeira Cripta, o “miolo da flor” se
elevou no ar. Mostrando um segundo pedaço de madeira, um pouco menor do que o anterior.

— Suponho que também devo mantê-lo comigo. — Guardou-o no bolso, junto com o primeiro
pedaço de madeira.

— Está certo. — Nyx comentou.

— Vamos ir dormir. — Deixou o local sem olhar para trás. A mente e o coração ainda agitados
pelas intensas emoções que sentira.
Na manhã de sábado, Hadrian juntou-se aos Slytherin para tomar café da manhã antes do
passeio. Ele e os namorados teriam um encontro, iriam atrás de uma nova varinha para Neville, e
ele os contaria sobre sua aventura na noite anterior, e em como havia feito o impossível. Mais uma
vez. Ao voltarem para o castelo, Hadrian fez uma visita a Remus, que estava em companhia de
Severus.

— Posso dar uma olhada no mapa? — Severus pediu.

— Claro. — Hadrian entregou-lhe o pedaço de pergaminho em branco, sem dizer como se “abria”
o mapa. Remus e o garoto trocaram olhares divertidos.

— Vejamos, vejamos... — Murmurou ele, puxando a varinha e alisando o mapa em cima da mesa
de centro. — Revele o seu segredo! — Disse, tocando o pergaminho com a varinha. Nada
aconteceu. — Mostre-se! — Disse Severus, dando uma batida forte no mapa, que continuou em
branco. Hadrian e Remus reprimiram risadas abafadas. — Severus Snape, professor desta escola,
ordena que você revele a informação que está ocultando! — Disse ele, batendo no mapa com a
varinha. Como se uma mão invisível estivesse escrevendo, começaram a surgir palavras na
superfície lisa do mapa.

O Sr. Moony apresenta seus cumprimentos ao professor Snape e pede que ele não meta seu
nariz anormalmente grande no que não é de sua conta.

Severus congelou. Hadrian começou a rir enquanto Remus reprimia o riso ao morder o lábio
inferior. Mas o mapa não parou aí. Outras frases apareceram embaixo da primeira.

O Sr. Prongs concorda com o Sr. Moony e gostaria de acrescentar que o professor Snape é
um safado mal-acabado.

Remus não aguentou e começou a rir enquanto as bochechas de Severus ruborizavam. E


havia mais...

O Sr. Padfoot gostaria de deixar registrado o seu espanto de que um idiota desse calibre
tenha chegado a professor.

Remus e Hadrian se contorciam nas poltronas, agarrados às barrigas enquanto o Mapa dava a
última palavra.

O Sr. Wormtail deseja ao professor Snape um bom dia e aconselha a esse seboso que lave os
cabelos.
— Vocês são horríveis! — Severus largou o mapa e encarou os dois que ainda se acabavam de rir.

— Desculpa, Sevvie. — Hadrian recompôs-se e tocou o mapa com a varinha e mostrou-lhe o Mapa
“aberto”. O pocionista viu-se completamente encantado com as propriedades mágicas do
pergaminho.

— Como raios quatros moleques conseguiriam criar algo tão avançado? — Encarou o werewolf
interrogativamente.

— Um mago nunca revela seus segredos. — Remus comentou sorrindo brincalhão. Essa noite
havia sido como um jantar em família para Hadrian. E ele havia adorado isso.
Capítulo 75
Chapter Notes

Chegamos ao último dia da maratona!!! Agora só na próxima segunda!

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Hazz? — Pansy chamou num sussurro. O grupo de amigos estava reunido nos fundos da
biblioteca, estudando.

— Sim? — Hadrian ergueu os olhos do pergaminho em que escrevia sobre transfiguração e fitou a
garota.

— Você já sabe quando vai assumir os seus senhorios e destronar a cabra velha do posto de
Warlock Chief?

— Eu ainda não sei direito. — Admitiu. — Eu ainda sou muito novo, então teria que trabalhar duro
pra ser levado a sério pelos velhotes do Wizengamot, sem contar que ainda estou coletando as
provas da incompetência da cabra velha, então não posso me expor tanto assim. Mas acho que em
breve eu assuma meus assentos e acabarei com toda a palhaçada.

— Mal vejo a hora disso acontecer. — Blaise resmungou. — Não aguento mais esse ensino
precário que recebemos.

— Logo, meu amigo. Logo tudo será diferente. — Hadrian prometeu com um sorrisinho macabro
nos lábios, e voltou a fazer seu dever.

— Aquele viadinho de merda deve ter pegado o Scabbers! — Ron rosnou furioso enquanto
Hermione o puxava para um canto da Sala Comunal.

— Não sabemos se foi ele quem o pegou. Ou se Scabbers apenas fugiu. — A castanha tentava
acalmar o amigo, mas Ron nunca fora uma pessoa calma.

— Não! Eu tenho certeza de que foi ele! Ele mandou aquela cobra maldita comer o Scabbers! Ele
vai pagar por tudo! — Seus olhos azuis cintilavam em ódio, seu coração bombeava fortemente no
seu peito.

Os alunos do terceiro ano nunca tinham recebido tantos deveres para casa. Neville parecia às
vésperas de um colapso nervoso, e não era o único. Além dos deveres, Hadrian ainda tinha os
treinos diários de quidditch, para não falar das intermináveis discussões de táticas com Marcus. A
partida Slytherin contra a Gryffindor estava se aproximando. Gryffindor liderava o campeonato por
exatos duzentos pontos. Isto significava (conforme Marcus não parava de lembrar ao seu time) que
eles precisavam vencer a partida por um número de pontos superior a duzentos para ganhar a Taça.
Significava, ainda, que a responsabilidade de vencer cabia em grande parte a Hadrian, porque
capturar o pomo valia cento e cinquenta pontos.

— Por isso você deve capturar o pomo somente quando obtivermos uma vantagem de mais de
cinquenta pontos. — Dizia Marcus constantemente. — Só se tivermos mais de cinquenta pontos,
Hadrian, senão ganhamos a partida, mas perdemos a taça. Você entendeu bem? Você só pode
apanhar o pomo se tivermos...

— JÁ SEI, MARCUS! — Berrou o garoto. Toda a Slytherin estava obcecada com a próxima
partida, e Hadrian não estava mais aguentando todo o falatório sobre isso.

Nunca, na lembrança de ninguém, uma partida se aproximara com uma atmosfera tão
carregada. A tensão entre os dois times e suas casas estava a ponto de explodir. Pequenas brigas
irrompiam nos corredores, que culminaram em um incidente perverso, no qual um sextanista da
Gryffindor e um quartanista da Slytherin acabaram na ala hospitalar, com alhos-porós brotando dos
ouvidos.

Hadrian, pessoalmente, estava tendo dificuldades. Não podia andar nos corredores sem que
os alunos da Gryffindor fizessem alguma coisa para o prejudicar. Marcus dera instruções para que
ele estivesse sempre acompanhado em todo lugar, para a eventualidade de algum aluno da
Gryffindor querer inutilizá-lo para o jogo. Toda a Slytherin assumiu o desafio com entusiasmo,
tornando impossível Hadrian chegar às aulas na hora certa, porque andava rodeado por uma
aglomeração de colegas barulhentos. Mas o garoto se preocupava mais com a segurança da
Firebolt do que com a própria, quando não estava voando, ele a trancava no malão. Todas as
atividades normais na Sala Comunal foram abandonadas na véspera do jogo.

Havia uma grande algazarra. Miles e Adrian enfrentavam a pressão agindo com mais
barulho e exuberância que nunca. Marcus estava a um canto debruçado sobre a maquete de um
campo de quidditch, empurrando bonequinhos com a varinha e resmungando. Lucian, Peregrine e
Graham riam das piadas de Miles e Adrian. Hadrian se sentara com os amigos afastado do centro
das atividades, procurando não pensar no dia seguinte, porque toda vez que o fazia, tinha a terrível
sensação de que alguma coisa enorme estava tentando voltar do seu estômago.

— Você vai se sair bem. — Disse Pansy a ele, embora parecesse decididamente aterrorizada.

— Você tem uma Firebolt! — Animou-o Theodore.

— É... — Respondeu Hadrian, o estômago se revirando. Foi um alívio quando Flint se levantou e
gritou:

— Time! Cama!

Hadrian e o resto do time da Slytherin entraram no Salão Principal, no dia seguinte, sob uma
tempestade de vaias. O garoto não pôde deixar de revirar os olhos quando viu que as mesas da
Ravenclaw e Hufflepuff os vaiavam também. A mesa da Gryffindor vaiou ainda mais alto quando
eles passaram. Até quando essa idiotice contra os Slytherin iria seguir? Marcus passou o café da
manhã inteiro insistindo para que o time comesse, sem, contudo, se servir de nada. Depois
apressou-os a se dirigirem ao campo antes que os outros tivessem terminado, para terem uma ideia
das condições de jogo. Quando saíram do Salão Principal, receberam novos aplausos de sua
própria casa, e vaias das outras.

— Boa sorte, Hadrian! — Gritou Cedric da mesa da Hufflepuff. O moreno sentiu o rosto corar, deu
um sorriso agradecido e seguiu o time para fora do castelo.

— Okay... Não tem vento... O sol está meio forte, o que pode prejudicar a visão, tomem cuidado...
O chão está bem firme, bom, isso vai nos dar um bom impulso inicial... — Marcus andou pelo
campo examinando tudo, com o time atrás. Finalmente, eles viram as portas do castelo se abrirem
ao longe e o restante da escola se espalhar pelos gramados.

— Vestiário. — Disse Marcus tenso. Ninguém falou enquanto se despiam e vestiam os uniformes
verdes. Ele também ficou imaginando se todos estariam se sentindo como ele: como se tivesse
comido alguma coisa que se mexia demais dentro da barriga. Não parecia ter transcorrido mais que
um segundo quando ele ouviu Marcus dizer: — Okay, pessoal, vamos...

O time entrou em campo sob uma onda gigantesca de vaias. Três quartos da torcida usavam
rosetas vermelhas, agitavam bandeiras vermelhas com o leão da Gryffindor ou faixas com palavras
de ordem: “PRA FRENTE GRYFFINDOR!” e “A COPA É DOS LEÕES!”. Atrás das balizas da
Slytherin, porém, duzentos torcedores se cobriam de verde; a serpente prateada da casa refulgia em
suas bandeiras e Severus estava sentado na primeira fila, vestindo seu habitual conjunto negro e
analisando tudo.

— E aí vem o time da Slytherin! — Bradou Lee Jordan, que, como sempre, fazia a irradiação. —
Potter, Bole, Flint, Bletchely, Derrick, Montague e Pucey. Considerado por muitos o melhor time
que Hogwarts já viu em muitos anos... — Os comentários de Lee foram abafados por uma onda de
vaias da torcida da Gryffindor, Ravenclaw e Hufflepuff.

— E aí vem o time da Gryffindor, liderado pelo capitão Wood. — As vaias da torcida da Slytherin
foram abafadas pela algazarra de empolgação das outras casas.

— Capitães, apertem-se as mãos! — Disse Madame Hooch. Flint e Wood se aproximaram e se


apertaram as mãos com força; davam a impressão de que estavam querendo quebrar os dedos um
do outro.

— Boa sorte, Sunshine. — Fred e George piscaram para o namorado.

— Vocês vão precisar. — Hadrian respondeu na mesma moeda, arrancado sorrisos divertidos dos
ruivos.

— Montem nas vassouras! — Disse Madame Hooch. — Três... Dois... Um...

O som do seu apito se perdeu no estrondo das torcidas quando as catorze vassouras
levantaram voo. Hadrian sentiu os cabelos voarem para longe da testa; seu nervosismo o
abandonou na excitação do voo; olhou para os lados e viu Leonard Rudson, o apanhador dos leões,
na sua cola e aumentou a velocidade para ir à procura do pomo. Adrian Pucey deu um soco no ar ao
sobrevoar o extremo do campo; o mar verde nas arquibancadas berrou de felicidade por
conseguirem o primeiro ponto da partida e então...

— OUCH! — Pucey quase foi derrubado da vassoura por Katie Bell ao colidir em cheio com ele.
— Desculpe! — Disse a garota enquanto os torcedores lá embaixo vaiavam ou comemoravam. —
Desculpe, eu não vi o jogador!

— Chega! — Gritou Madame Hooch, mergulhando entre os dois. — Pênalti contra Gryffindor pelo
ataque gratuito ao artilheiro do seu adversário!

— Ah, nem vem! — Berrou Wood, mas Madame Hooch apitou e Graham Montague se adiantou
para cobrar o pênalti.

Hadrian deu uma guinada na Firebolt para ver Bell voar para cobrar o pênalti contra
Gryffindor. Miles sobrevoava as balizas da Slytherin, os maxilares contraídos. Depois de mais uma
excelente defesa dos gols por Miles Bletchely, Hadrian se afastou velozmente, espiando para todos
os lados à procura do pomo, mas sem perder nenhuma palavra dos comentários de Lee. Era
fundamental para ele manter Rudson afastado do pomo até Slytherin atingir cinquenta pontos de
vantagem.

Angelina Johnson, uma artilheira da Gryffindor, cortou a frente de Marcus e em vez de


agarrar a goles, agarrou a cabeça do jogador. Marcus deu uma cambalhota no ar, conseguiu
continuar montado, mas deixou cair a goles. O apito de Madame Hooch soou mais uma vez ao
sobrevoar Johnson e começar a gritar com ela. Um minuto depois, Marcus tinha marcado mais um
pênalti contra a defesa da Gryffindor.

— TRINTA A ZERO! — Hadrian sentiu um grande tremor de excitação. Acabara de ver o pomo.
Refulgia ao pé de uma das balizas da Gryffindor, mas ele não devia apanhá-lo por ora e se Rudson
o visse...

Fingindo uma expressão de súbita concentração, Hadrian deu meia-volta na Firebolt e correu
em direção ao campo da Slytherin. A manobra funcionou. Rudson saiu a toda velocidade atrás
dele, pensando evidentemente que ele vira o pomo lá. Um dos balaços passou voando pela orelha
direita de Hadrian.

— E Slytherin fica com a posse da bola mais uma vez, quando Graham toma a goles. Johnson
emparelhado com ele. Mete o dedo no olho dele, Angelina! Foi só uma brincadeira, professora, só
uma brincadeira. Sim! Angelina toma a bola, ela voa para as balizas da Slytherin, agora é com
você Bletchely... — Mas Angelina marcou; houve uma erupção de vivas dos Gryffindor,
Hufflepuff e Ravenclaw, Lee xingou tanto de alegria que McGonagall tentou arrancar o megafone
mágico das mãos dele. — Desculpe, professora, desculpe! Não vai acontecer de novo! Então,
Slytherin está à frente, trinta a dez, e Slytherin tem a posse...

O jogo estava deteriorando no mais sujo de que Hadrian já participara. Enraivecidos porque
Slytherin tomara a dianteira desde o início, os adversários estavam rapidamente recorrendo a todos
os meios para roubar a goles. Miles fez mais uma defesa espetacular, elevando o placar para
quarenta a dez para Slytherin. O pomo tornara a desaparecer. Rudson continuou a acompanhar
Hadrian de perto quando o garoto sobrevoou o campo, agora ele estava procurando o pomo.
Quando Slytherin estiver cinquenta pontos à frente...

Pucey marcou. Cinquenta a dez. E Flint marcou. Sessenta a dez. Instantes depois, Peregrine
arremessou um balaço contra Johnson, derrubando a goles de suas mãos; Marcus apanhou a bola e
enterrou-a no gol da Gryffindor. Setenta a dez. A torcida da Slytherin lá embaixo estava rouca de
tanto gritar. A casa passara sessenta pontos à frente e se Hadrian apanhasse o pomo naquele
momento, a Taça seria deles. O garoto chegava quase a sentir as centenas de olhos acompanhando-
o enquanto sobrevoava o campo, muito acima das equipes, com Rudson voando atrás dele.

Então ele o viu. O pomo estava brilhando seis metros acima dele. O garoto imprimiu maior
velocidade à vassoura; o vento rugiu em seus ouvidos; ele estendeu a mão, mas, de repente, a
Firebolt começou a desacelerar. Horrorizado, ele olhou para os lados. Rudson se atirara para a
frente, agarrara a cauda da Firebolt e procurava atrasá-la.

Furioso com as táticas sujas do time dos leões, Hadrian sussurrou em parseltongue um feitiço
que empurrou o adversário alguns metros para trás, o que surtiu efeito, pois sua vassoura foi liberta
do aperto e o moreno pode avançar para o pomo. Entretanto, o pomo havia desaparecido
novamente. Olhando com raiva para Rudson, Hadrian viu os olhos brilhando em malícia e um
sorriso vitorioso.

— Pênalti! Pênalti a favor da Slytherin! Nunca vi uma tática igual! — Madame Hooch guinchava,
enquanto velozmente se dirigia até o ponto em que Rudson deslizava de volta à sua vassoura.
Pucey cobrou o pênalti para Slytherin, mas estava tão zangado que errou por mais de meio metro.
O time da Slytherin começou a perder a concentração e os jogadores da Gryffindor, encantados
com a falta de Rudson em cima de Hadrian, se sentiam estimulados a tentar voos mais altos.
Hadrian agora estava marcando Rudson tão de perto que os joelhos dos dois se batiam o tempo
todo. Hadrian não ia deixar Rudson sequer se aproximar do pomo...

— Sai da frente, Potter! — Gritou Rudson, frustrado, ao tentar se virar e deparar com o garoto no
bloqueio.

— Se você pedir “por favor” eu posso pensar no seu caso. — Olhou-o com um sorriso atrevido nos
lábios. Os olhos verdes brilhando numa vingança maliciosa contra aqueles que o encheram o saco.

Hadrian olhou para os lados. Todos os jogadores da Gryffindor, à exceção de Rudson,


estavam voando pelo campo em direção a Marcus, inclusive o goleiro do time, menos Fred e
George. Todos iam bloqueá-lo. Hadrian deu meia-volta na Firebolt, curvou-se até deitar o corpo
sobre seu cabo, e impeliu-a para a frente. Como uma bala, ele se precipitou em alta velocidade
contra os jogadores da Gryffindor. Os jogadores se dispersaram quando viram a Firebolt vindo; o
caminho de Flint ficou desimpedido.

— Slytherin lidera por oitenta a vinte!

Hadrian, que quase mergulhara de cabeça nas arquibancadas, parou derrapando no ar,
inverteu a direção da vassoura e voltou a toda para o meio do campo. E então ele viu uma coisa
que fez o seu coração parar. Rudson estava mergulhando, uma expressão de triunfo no rosto. Lá, a
menos de um metro acima do gramado, lá embaixo, havia um minúsculo reflexo dourado. Hadrian
apontou a Firebolt para baixo, mas Rudson estava quilômetros à sua frente.

A distância que o separava de Rudson foi diminuindo. Hadrian deitou-se no cabo da


vassoura quando viu um balaço vir contra ele, já encostara nos calcanhares de Rudson,
emparelhou... Hadrian se atirou à frente, tirou as mãos da vassoura. Afastou o braço de Rudson do
caminho com um empurrão e...

— PEGUEI!

Tirou, então, a vassoura do mergulho, a mão no ar, e o estádio explodiu. Hadrian sobrevoou
as arquibancadas, um zumbido estranho nos ouvidos. A bolinha de ouro estava bem segura em sua
mão, batendo inutilmente as asinhas contra seus dedos. No momento seguinte, Flint veio voando
ao seu encontro, quase cego pelas lágrimas; agarrou Hadrian pelo pescoço e soluçou sem se conter
no ombro do garoto. Hadrian sentiu dois grandes trancos quando Adrian e Miles colidiram com
eles; depois as vozes de Lucian, Graham e Peregrine:

— Ganhamos a Taça! Ganhamos a Taça!


Embolados num abraço de muitos braços, o time da Slytherin foi descendo, berrando
roucamente, de volta ao chão. Onda sobre onda de torcedores verdes saltou as barreiras do campo.
Choveram mãos nas costas dos jogadores. Hadrian teve uma impressão confusa de ruído e corpos
que o empurravam. Então ele e o resto do time foram erguidos nos ombros dos torcedores.

Lá estava Blaise, pulando que nem maluco, toda a dignidade esquecida. Pansy soluçava mais
até que Flint, enxugando os olhos com uma enorme bandeira da Slytherin; Theodore estava insano
gritando e pulando; e lá, lutando para chegar a Hadrian, vinham Draco, Colin, Fred, George e
Neville. Faltaram palavras aos amigos. Simplesmente sorriram radiantes ao ver Hadrian ser
carregado para a arquibancada onde Dumbledore aguardava de pé com a enorme Taça de
Quidditch. Quando um Flint, soluçante, passou a Taça a Hadrian e este a ergueu no ar, o garoto
sentiu que todo o preconceito contra a Slytherin havia desaparecido completamente depois da
Gryffindor mostrar o seu lado podre na frente de toda a escola.
Capítulo 76
Chapter Notes

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

GENTE! Eu criei um servidor no discord pra escritores se ajudarem e fazerem


amiguinhos. Quem tiver interessado é só entrar:
https://discord.gg/RmDEddqdtZ

— NÓS GANHAMOS! — Hadrian jogou-se nos braços de Draco.

— Não sabíamos que eles iriam jogar tão sujo assim! — Fred bufou em desgosto.

— Estou até envergonhado de ser da Gryffindor. — Colin comentou emburrado.

— Está tudo bem, rapazes. — Hadrian soltou o platinado e abraçou os gêmeos ao mesmo tempo.
— Vocês foram ótimos. — Soltou-os e agarrou Colin, elevando-o no ar. Fazendo o loirinho rir da
felicidade do namorado.

— Como eles puderam ser tão sujos? — Neville indagou indignado. Logo sendo tomado num
abraço apertado pelo namorado.

— O que importa é que vencemos justamente. — Draco sorriu ao ver Hadrian tão radiante.

— Vocês viram a cara de desgosto do Dumbledore enquanto entregava a Taça? — Theodore


comentou divertido.

— Ele se esforçou para esconder. — Pansy concordou.

— Você foi incrível, Hadrian. — Colin beijou-lhe a bochecha, fazendo o moreno sorrir e seu peito
encher-se de amor.

A euforia que Hadrian sentiu por ter finalmente ganhado a Taça de Quidditch durou pelo
menos uma semana. Até o tempo parecia estar comemorando; à medida que junho se aproximava,
os dias foram desanuviando e se tornando quentes. A lula gigante nadava, sonhadora, pela
superfície do lago. Os exames estavam se aproximando e em lugar de se demorarem pelos jardins,
os alunos tinham de permanecer no castelo, e estudar. Até mesmo Bulstrode e suas amigas tinham
sido vistas estudando. Os quintanistas estavam em vésperas de fazer o exame de O.W.L.s
(Ordinary Wizarding Levels). Os alunos do sétimo ano, por sua vez, estavam se preparando para os
exames de N.E.W.T.s (Nastily Exhausting Wizarding Tests), o diploma mais avançado que
Hogwarts oferecia.

A semana dos exames começou e um silêncio anormal se abateu sobre o castelo. Os alunos
do terceiro ano saíram do exame de Transfiguração na hora do almoço, na segunda-feira, cansados
e pálidos, comparando respostas e lamentando a dificuldade das tarefas propostas, que incluíra
transformar um bule de chá em um cágado. Hermione irritou os colegas ao comentar que seus
cágados pareciam mais uma tartaruga, o que era uma preocupação mínima diante das
preocupações dos demais. E ela e Ron ainda estavam se fazendo de amigos de Hadrian, ao menos
tentavam.

Depois de um almoço apressado, os alunos voltaram direto para cima para fazer o exame de
Feitiços. O professor Flitwick realmente pediu feitiços para animar. Depois do jantar todos
voltaram às Salas Comunais, não para relaxar, mas para começar a estudar Trato das Criaturas
Mágicas, Poções e Astronomia. Hagrid aplicou o exame de Trato das Criaturas Mágicas na manhã
seguinte com um ar deveras empolgado. Providenciara uma grande barrica com vermes frescos
para a turma e avisou que para passar no exame, os vermes de cada aluno deveriam continuar vivos
ao fim de uma hora. Uma vez que os vermes se criavam melhor quando deixados em paz, foi o
exame mais fácil que qualquer aluno teve de prestar, o que também deu a Hadrian e os amigos
bastante tempo para conversarem com Hagrid.

— Beaky está com saudades de você, Hazz. — Contou o amigo, curvando-se sob o pretexto de
verificar se o verme de Hadrian ainda estava vivo. — Ele gostou muito de você e sente sua falta.

— Depois eu passo na sua cabana pra irmos ver Beaky. Eu também estou com saudades do
penugem. — Sorriu para o meio gigante.

O exame de Poções foi naquela tarde, que fora um desastre total. Finnigan não conseguia
engrossar a sua infusão para confundir, o que resultou em uma de suas famosas explosões. Neville,
por outro lado, estava melhorando em todas as matérias. Agora que tinha uma nova varinha e
amigos, sua autoconfiança estava melhorando, então seu desempenho nas matérias melhorara
incrivelmente. Depois veio o exame de Astronomia à meia-noite, na torre mais alta do castelo;
História da Magia na quarta-feira de manhã e à tarde foi a vez de Herbologia, nas estufas, sob um
sol de cozinhar seus cérebros. Depois voltaram mais uma vez à Sala Comunal, com as nucas
queimadas, imaginando que no dia seguinte, àquela hora, os exames finalmente teriam terminado.

O antepenúltimo exame, na quinta-feira pela manhã, foi Defesa Contra as Artes das Trevas.
Remus preparara o exame mais incomum que eles já tinham feito; uma espécie de corrida de
obstáculos ao ar livre, debaixo de sol, em que tinham que atravessar um lago fundo o suficiente
para se remar, onde havia um Grindylow; em seguida, uma série de crateras cheias de barretes
vermelhos, depois um trecho de pântano, desconsiderando as informações enganosas dadas por um
Hinkypunk, e, por fim, subir em um velho tronco e enfrentar um boggart.

— Excelente, Hadrian. — Murmurou Remus quando Hadrian desceu do tronco, sorrindo. — Nota
máxima. — Animado com o seu sucesso, Hadrian ficou por ali para ver os exames dos amigos.
Todos saíram-se muito bem. O grupo voltava para o castelo entre conversas sobre as provas.

À volta deles, as pessoas falavam excitadamente enquanto almoçavam, mas tudo parou
quando Sibyll Trelawney irrompeu das portas escancaradas do Salão Principal, caminhou
apressadamente até Hadrian, virou-o e agarrou-lhe os ombros com força. A voz alta e rouca, seu
corpo estava duro como pedra, seus olhos desfocados e sua boca afrouxara.

— Vai acontecer hoje à noite.

— D... Desculpe! — Disse Hadrian assustado, Nyx nem se movera para fazer alguma coisa. Mas
Sibyll não pareceu ouvi-lo. Seus olhos começaram a girar. Hadrian se sentiu invadido pelo pânico,
ela parecia que ia ter uma espécie de acesso. O garoto hesitou, pensando em correr até a ala
hospitalar. E então a professora tornou a falar, com a mesma voz rouca, muito diferente da sua voz
habitual:

— O Lorde das Trevas está sozinho e sem amigos, abandonado pelos seus seguidores. Seu servo
esteve acorrentado nos últimos doze anos. Hoje à noite, antes da meia-noite... O servo vai se
libertar e se juntar ao seu mestre. O Lord das Trevas vai ressurgir, com a ajuda do seu servo,
maior e mais terrível que nunca. Hoje à noite... O servo... Vai se juntar... Ao seu mestre... — A
cabeça da professora se pendurou sobre o peito. Ela fez um ruído gutural. Hadrian continuou ali, os
olhos grudados nela. Então, de repente, Sibyll aprumou a cabeça. — Desculpe, querido. — Disse
com voz sonhadora. — O calor do dia, entende... Cochilei por um momento... — Sorriu sonhadora
enquanto se afastava da mesa das cobras. Ninguém falara nada, todos estavam em choque com o
que acabara de acontecer. Os únicos que escutaram o que ela dissera eram as cobras que estavam
por perto.

Todo o grupo de Hadrian estava reunido abaixo da costumeira árvore perto do Great Lake,
tentando decifrar o significado das palavras de Trelawney. Hadrian e Draco se levantaram, iriam
até Hagrid para verem Buckbeak, como o moreno prometera. Hadrian despediu-se dos namorados
com um selinho antes de seguir com Draco até o chalé perto da Forbidden Forest.

— Hazz, Dray! — Hagrid sorriu ao abrir a porta. — Entrem. — Abriu espaço para os dois
entrarem antes de ir até a mesa e terminar de colocar comidas numa cesta. — Pensei em comermos
alguma coisa junto com Beaky. O que me dizem? — Ergueu os olhos para ver um Fang em cima
de Hadrian e lambuzando sua cara com saliva.

— Perfeito. — Draco riu da situação do seu namorado.

— Fang, deixe Hazz! — Hagrid ralhou, mesmo que estivesse sorrindo ao ouvir as risadas do
garoto. O cachorro obedeceu, e Hadrian levantou-se meio zonzo enquanto tentava tirar a saliva do
rosto. Draco balançou sua varinha e ele estava totalmente limpo.

— Obrigado. — Sorriu para o namorado, antes de acariciar a cabeça do cachorro. — Também senti
a sua falta, Fang. — O cachorro latiu e abanou o rabo.

— Vamos? — O meio-gigante indicou a porta, a cesta de piquenique numa mão.

— Vamos. — Os garotos saíram da cabana, com Fang logo na frente, latindo e abando o rabo em
empolgação. Hadrian não temia a aparição de um dementor, a floresta era protegida pelas alas que
cercavam toda a propriedade de Hogwarts, e as criaturas mágicas não eram atrativas para eles.
Então, no meio de tantas criaturas eles estariam seguros para não atrair a atenção dos dementors.

Os garotos seguiram Hagrid e Fang até a floresta, adentrando a vegetação até um campo
aberto cheio de hippogriffs. O meio-gigante e Draco sorriam ao ver os olhos brilhantes de Hadrian,
o garoto amava isso. Nyx os seguiu logo ao lado de seu filhote, rastejando pelo chão, atenta a
qualquer ameaça. Um hippogriff acinzentado veio correndo até eles, derrapando na grama para não
atropelar Hadrian, abaixou sua cabeça e acariciou a bochecha do garoto. Este riu da empolgação do
animal, ergueu as mãos e começou a acariciar seu pescoço cheio de penas.

— Eu também senti saudades de você, Beaky. — Hadrian afastou-se um pouco para encostar sua
testa com a do hippogriff.

— Vamos arrumar as coisas. Draco indicou a cesta de piquenique, então ele e Hagrid estenderam
uma toalha xadrez vermelha e branca na grama verdinha, antes de começarem a tirar os alimentos
para fora.

Hadrian se afastou de Buckbeak e sentou-se na toalha com o amigo e namorado, o hippogriff


deitou-se ao seu lado, Fang estava sentado ao lado de Draco e Nyx acomodou-se no joelho de
Hagrid (um pouco afastada do hippogriff para não o irritar). Eles passaram o final da tarde
conversando sobre as provas e criaturas mágicas. Vez ou outra Fang e Buckbeak roubavam alguma
coisa para comerem, arrancando risadas dos três amigos. Com o tempo, outros hippogriffs se
aproximaram, e ganharam alguns petiscos. Hadrian, por sua vez, viu-se adorado pelos filhotes
hiperativos. Transfigurou uma folha da grama em um galho e o jogou longe, Fang e os filhotes
foram correndo atrás do objeto, só para um deles ser seguidos pelo resto, o galho na boca (ou bico)
antes de correrem atrás dele mais uma vez.

Quando começou a anoitecer, o trio recolheu tudo, despediram-se dos hippogriffs e voltaram
para a cabana de Hagrid. Nyx se acomodou, novamente, nos ombros de Hadrian. Eles estavam
dentro da cabana, conversando mais um pouco, até serem interrompidos por batidas na porta.

— Hagrid! — A voz de Ron foi abafada pela porta.

— Eu abro. — Draco apressou-se para permitir que Ron e Hermione entrassem na cabana.

— Não era para vocês virem a essa hora! — O homem ralhou, mas logo soltou um suspiro. — Seu
rato está ali, Ronald. — Hagrid apontou. Hermione levou a leiteira até a mesa e virou-a de boca
para baixo. Com um guincho frenético, e muita correria para voltar para dentro da jarra, Scabbers,
o rato, deslizou para cima da mesa. Nyx sibilou ameaçadoramente para o roedor, atraindo o olhar
de ódio de Ron.

— Scabbers! — Exclamou Ron se fazendo de sonso. — Scabbers, que é que você está fazendo
aqui? — Ele agarrou o rato que se debatia e segurou-o próximo à luz. Scabbers estava com uma
aparência horrível. Mais magro que nunca, perdera grandes tufos de pelos que deixaram pelado seu
corpo, o rato se contorcia nas mãos de Ron como se estivesse desesperado para se soltar. — Tudo
bem, Scabbers! — Tranquilizou-o Ron. — Não tem gatos! Não tem nada aqui para te machucar!
— Segurou sua língua para não falar de Nyx. Hagrid olhou pela janela.

— Já está muito tarde. — Comentou ao ver o céu escurecendo depois do pôr do sol. — Vocês
deveriam voltar para o castelo antes que se encrenquem. Vão agora... — Ron enfiou Scabbers no
bolso, e Hadrian agarrou os pulsos da garota e do ruivo.

— Hey! — Hermione protestou, mas Hadrian não a soltou, um mau pressentimento o consumiu no
instante que a voz e Trelawney ecoou pela sua mente. Hagrid abriu a porta que dava para a horta e,
se virando para os garotos, disse:

— Vão. Andem logo. Vão! Já está muito tarde para você ficarem aqui fora. — Disse ferozmente.
— Não queremos que vocês se meterem em confusão! — Os garotos não tiveram escolha. Eles
começaram a se virar para subir a colina até o castelo. Hadrian já soltara a mão dos Gryffindor e
seguia mais atrás ao lado de Draco.
O céu se tornara cinzento, sem nuvens, e tinto de púrpura, mais para oeste havia uma
claridade vermelho-rubi. Um vento gélido os atingiu, fazendo um calafrio descer pela espinha de
Hadrian e Nyx sibilar para o nada. Ron parou de andar de repente, praguejando e se remexendo.

— É o Scabbers... Ele não quer... Parar... — Se curvou, tentando segurar Scabbers no bolso, mas o
rato estava ficando furioso; guinchava feito louco, virava e se debatia, tentando cravar os dentes
nas mãos de Ron. — Scabbers, sou eu, seu idiota, é o Ron! Okay... Scabbers, fique quieto!

— Qual é, Ron? — Hermione bufou e cruzou os braços.

— Não consigo segurar ele! Scabbers, cala a boca! Scabbers, fica quieto! — Sibilou Ron,
apertando a mão contra o peito. O rato se debatia, enlouquecido enquanto o dono estava tentando
empurrá-lo para o fundo do bolso. — Que é que há com você, seu rato burro? Fica parado aí...
OUCH! Ele me mordeu!

— Dá um jeito nesse rato estúpido! — Hermione bufou.

— Para... Quieto... — Scabbers estava visivelmente aterrorizado. Contorcia-se com todas as suas
forças, tentando se desvencilhar da mão do ruivo. — Que é que há com ele?

Mas Hadrian acabara de ver: esquivando-se em direção ao grupo, o corpo colado no chão,
grandes olhos amarelos que brilhavam lugubremente no escuro. Crookshanks. Se podia vê-los ou
se estava seguindo os guinchos de Scabbers, Hadrian não saberia dizer.

— Crookshanks! — Gemeu Hermione. — Não, vai embora, Crookshanks! Vai embora! — Mas o
gato se aproximava ainda mais.

— Scabbers... NÃO! — Tarde demais. O rato escorregou por entre os dedos apertados de Ron,
bateu no chão e fugiu precipitadamente. De um salto, Crookshanks saiu em seu encalço, e antes
que Hermione pudessem detê-lo, Ron se arremessava pela escuridão.

— Ron! — Hermione gemeu antes de correr atrás do ruivo. Draco e Hadrian se entreolharam e
correram atrás dos dois. Quando os dois saíram desabalados atrás dos Gryffindor; ouviram os
passos deles à frente e seus gritos para Crookshanks.

— Fique longe dele! Fique longe! Scabbers, volta aqui! — Ouviu-se um baque sonoro.

— Te peguei! Dá o fora, seu gato fedorento! — Hadrian e Draco quase caíram em cima de Ron;
pararam derrapando diante dele, Hermione estava em pé ao lado dele. O ruivo estava esparramado
no chão, mas Scabbers já estava de volta ao bolso; Ron apertava com as duas mãos um calombo
trepidante.

— Ron... Vamos... Voltar para o castelo... — Ofegou Hermione. — Vamos ser pegos fora do
horário de recolher...

Mas antes que pudessem se virar na direção do castelo, antes que pudessem ao menos
recuperar o fôlego, eles ouviram o ruído macio de patas gigantescas. Algo estava saltando da
escuridão em sua direção. Um enorme cão negro de olhos claros. Hadrian ficou paralisado, as
memórias que ele jurava terem sido alucinações voltando para a superfície da sua mente. Era o
mesmo cachorro que o salvara dos Dursley... O cachorro que o aqueceu e alimentou... Como...
Como ele estava ali? Como o encontrara? Em seus momentos que jurava que o cachorro era real
ele perguntou-se o que teria acontecido com o animal... E agora, lá estava ele...

Aproveitando a paralisia de Hadrian, o cão investira dando um enorme salto, e suas patas
dianteiras atingiram o garoto no peito. Hadrian caiu para trás num redemoinho de pelos; sentiu o
hálito quente do animal, viu seus dentes de mais de dois centímetros muito perto de seu rosto. Ele
estava confuso. Por que o cachorro que o ajudou estava o atacando agora? O que estava
acontecendo?

Nyx fora jogada para longe do pescoço de Hadrian. Mas a força do salto impelira o cão
longe demais; ultrapassara Hadrian. Aturdido, com a sensação de que suas costelas tinham
quebrado, o garoto tentou se levantar; ouviu o cão rosnar e derrapar se posicionando para um novo
ataque. Draco estava tão chocado quanto Hadrian, encarando em descrença o cachorro preto. Ron
estava de pé, Hermione correra para o ajudar a se levantar. Quando o cão saltou contra os dois, Ron
empurrou a garota para o lado; e, em vez de Hermione, as mandíbulas do bicho abocanharam o
braço estendido do ruivo. Em segundos o animal foi arrastando Ron para longe com a facilidade
com que arrastaria uma boneca de trapos.

Então, Hadrian não viu de onde, uma coisa atingiu seu rosto com tanta força que ele foi
novamente derrubado no chão. Ele ouviu Hermione gritar de dor e cair também. Draco gritou por
Hadrian, mas o moreno estava entorpecido demais com um zumbido na cabeça para escutá-lo
corretamente. O menino tateou à procura de sua varinha, piscando para limpar o sangue dos olhos
que embaçavam sua visão. O que estava acontecendo?
Capítulo 77
Chapter Notes

Agora vocês sabem que o Salgueiro Lutador deu uma bela duma bilada (surra de pau
mole) na cara do Hazz pra ele acordar. Mandou só um "voa muleke".
sdgsdgsdg

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Lumus! — Hadrian sussurrou. Agora ele conseguia ver o que raios tinha o acertado com
tamanha força.

A luz produzida pela varinha mostrou-lhe um grosso tronco de árvore; tinham corrido atrás
de Scabbers até a sombra do Whomping Willow, cujos ramos estalavam como se estivessem sendo
açoitados por um forte vento, avançavam e recuavam para os impedir de se aproximarem. E ali, na
base do tronco, o cão arrastava Ron para dentro de um grande buraco entre as raízes. O ruivo
lutava furiosamente, mas sua cabeça e seu tronco foram desaparecendo de vista...

— Ron! — Gritou Hadrian, tentando segui-lo, mas um pesado galho chicoteou ameaçadoramente o
ar e ele foi forçado a recuar. Agora estava visível apenas uma das pernas do Gryffindor, que ele
enganchara em torno de uma raiz na tentativa de impedir o cão de arrastá-lo mais para o fundo da
terra, mas um estampido terrível cortou o ar feito um tiro; a perna de Ron se partiu e um instante
depois, seu pé desaparecera de vista.

— Hadrian! Temos que procurar ajuda! — Gritou Hermione; ela também sangrava; o salgueiro a
cortara na altura dos ombros. Mais um galho desceu como um chicote em sua direção, os raminhos
curvados como articulações de dedos.

— Draco! Vá atrás de Remus e Severus! — Ofegou Hadrian, correndo para um lado e para outro,
tentando encontrar uma brecha entre os galhos que varriam com violência o ar, mas não podia se
aproximar nem mais um centímetro das raízes da árvore sem ficar ao alcance dos golpes que ela
desferia.

— Eu não vou te deixar aqui! — O loiro bradou enquanto se afastava de um galho.

— Vai sim! Aquele cão é grande o suficiente para devorar Ron! Eu vou atrasá-lo enquanto você
busca ajuda! E eu estou com Nyx! Estarei seguro! Agora vá! — Draco estremeceu de raiva e
preocupação, mas deu meia volta e voltou correndo para o castelo, praguejando e amaldiçoando
tudo e todos.

— Ah, socorro, socorro! — Murmurava freneticamente Hermione, dançando no mesmo lugar —


Por favor...

— Você também deve voltar, Hermione! — Hadrian gritou para a garota histérica, sua cabeça
latejando ainda mais com a gritaria dela.

— Não vou abandonar meu amigo! — Ela ralhou enfurecida. Crookshanks disparou adiante da
dupla. Deslizou por entre os galhos agressores como uma cobra e colocou as patas dianteiras sobre
um nó que havia no tronco. Abruptamente, como se a árvore tivesse se transformado em pedra, ela
parou de se movimentar. Sequer uma folha virava ou sacudia.

— Crookshanks... — Sussurrou Hermione insegura. Ela agora apertava o braço de Hadrian com
tanta força que provocava dor.

— Como é que ele sabia? — Hadrian franziu o cenho em descrença. Como aquele gato conhecia o
truque para imobilizar a árvore?

— Ele é amigo daquele cão. — Respondeu Hermione, sombriamente. — Já os vi juntos.

— Vamos... — Nyx finalmente o alcançou, subiu nos seus ombros, ficando em posição de ataque,
atenta a qualquer coisa. — E mantenha a varinha na mão...

Os dois venceram a distância até o tronco em segundos, mas antes que pudessem alcançar o
buraco nas raízes, Crookshanks deslizara para dentro com um aceno do seu rabo de escovinha.
Hadrian entrou em seguida; avançou arrastando-se, a cabeça à frente, e escorregou por uma descida
de terra até o leito de um túnel muito baixo. Crookshanks ia mais adiante, os olhos faiscando à luz
da varinha de Hadrian. Segundos depois, Hermione escorregou para junto dele.

— Onde é que foi o Ron? — Sussurrou ela com terror na voz.

— Por ali. — Respondeu Hadrian, caminhando, curvado, atrás de Crookshanks.

— Onde é que vai dar esse túnel? — Perguntou Hermione, ofegante.

— Não sei. — Mentiu o garoto. Nyx sibilava, o corpo tenso e pronto para atacar a qualquer
movimento. Hadrian respirava em arquejos curtos e dolorosos, correndo agachado.

Os dois caminharam o mais rápido que puderam, quase dobrados em dois; à frente, o rabo de
Crookshanks entrava e saía do seu campo de visão. E a passagem não tinha fim; dava a impressão
de ser no mínimo tão longa quanto a que levava à Honeydukes. Hadrian só conseguia pensar em
Ron e no que aquele cachorro podia estar fazendo com o ruivo. Mas... O animal tinha sido tão bom
para si quando mais precisou. Por que estaria fazendo tudo isso?

E então o túnel começou a subir; momentos depois se virou e Crookshanks tinha


desaparecido. Em vez do gato, o garoto viu um espaço mal iluminado por meio de uma pequena
abertura. Ele e Hermione pararam, procurando recuperar o fôlego, depois avançaram
cautelosamente. Eles ergueram as varinhas para ver o que havia além.

Era um quarto, muito desarrumado e poeirento. O papel descascava das paredes; havia
manchas por todo o chão; cada móvel estava quebrado como se alguém o tivesse atacado. As
janelas estavam vedadas com tábuas. Hadrian olhou para Hermione, que parecia muito
amedrontada, mas concordou com um aceno de cabeça. Hadrian saiu pelo buraco, olhando para
todos os lados. O quarto estava deserto, mas havia uma porta aberta à direita, que levava a um
corredor sombrio. Hermione, de repente, tornou a agarrar o braço de Hadrian. Seus olhos
arregalados percorreram as janelas vedadas.

— Hadrian. — Cochichou ela — Acho que estamos na Shrieking Shack. Hadrian olhou a toda
volta. Seus olhos se detiveram em uma cadeira de madeira, próxima. Havia grande pedaços
partidos; uma das pernas fora inteiramente arrancada. — Fantasmas não fazem isso. — Comentou
ela, tentando se convencer que as lendas eram mentiras.

Naquele momento, eles ouviram um rangido no alto. Alguma coisa se mexera no andar de
cima. Os dois olharam para o teto. Hermione apertava o braço de Hadrian com tanta força que ele
estava perdendo a sensibilidade nos dedos. O garoto ergueu as sobrancelhas para ela; Hermione
concordou e soltou-o. O mais silenciosamente que puderam, os dois saíram para o corredor e
subiram uma escada desmantelada. Tudo estava coberto por uma espessa camada de poeira, exceto
o chão, onde uma larga faixa brilhante fora aparentemente limpa por uma coisa arrastada para o
primeiro andar. Eles chegaram ao patamar escuro.

— Nox. — Sussurraram ao mesmo tempo, e as luzes nas pontas de suas varinhas se apagaram.

Havia apenas uma porta aberta. Ao se esgueirarem nessa direção, ouviram um movimento
atrás da porta; um gemido baixo e em seguida um ronronar alto e grave. Eles trocaram um último
olhar e um último aceno de cabeça. A varinha empunhada com firmeza à frente, Hadrian
escancarou a porta com um chute. Numa imponente cama de colunas, com cortinas empoeiradas,
encontrava-se Crookshanks, que ronronou alto ao vê-los. No chão ao lado do gato, agarrando a
perna estendida num ângulo estranho, encontrava-se Ron. Hadrian e Hermione correram para o
ruivo.

— Ron... Você está bem? — Perguntou a garota.

— Onde está o cão? — Perguntou Hadrian. Nyx deslizou para o chão, encarando um ponto as
costas do seu filhote.

— Não é um cão. — Gemeu Ron. Seus dentes rilhavam de dor. — Hadrian é uma armadilha...

— Quê...

— Ele é o cão! Ele é um animagi! — Ron olhava fixamente por cima do ombro de Hadrian, que se
virou depressa. Com um estalo, o homem nas sombras fechou a porta do quarto. Uma massa de
cabelos imundos e embaraçados caíam até seus cotovelos. Se seus olhos não estivessem brilhando
em órbitas fundas e escuras, ele poderia ser tomado por um cadáver. A pele macilenta estava tão
esticada sobre os ossos do rosto, que ele lembrava uma caveira. Os dentes amarelos estavam
arreganhados num sorriso. Era Sirius Black.

— Expelliarmus! — Disse com voz rouca, apontando a varinha de Ron para os garotos. As
varinhas de Hadrian e Hermione saíram voando de suas mãos e Black as recolheu. Então se
aproximou. Seus olhos estavam fixos em Hadrian. — Achei que você viria ajudar seu amigo. — A
voz dava a impressão de que ele perdera o hábito de usá-la havia muito tempo. — Seu pai teria
feito o mesmo por mim. Foi muita coragem não correr à procura de um professor. Fico
agradecido... Vai tornar as coisas muito mais fáceis...

A referência sarcástica ao seu pai ecoou nos ouvidos de Hadrian como se Black a tivesse
gritado. Um ódio escaldante explodiu em seu peito, não deixando lugar para o medo. Sem saber o
que estava fazendo, começou a avançar, mas percebeu um movimento repentino de cada lado do
seu corpo e dois pares de mãos o puxaram e o mantiveram parado.

— Não, Hadrian! — Exclamou Hermione num sussurro petrificado; Ron, porém, se dirigiu a
Black. Dumbledore os informou que Sirius estava atrás de Hadrian, os persuadiu a “protegerem”
Hadrian dele.

— Se você quiser matar Hadrian, terá que nos matar também! — Disse o ruivo impetuosamente,
embora o esforço de ficar de pé tivesse acentuado sua palidez e ele oscilasse um pouco ao falar.
Alguma coisa brilhou nos olhos sombrios de Black.

— Deite-se. — Disse brandamente a Ron. — Você vai piorar a fratura nessa perna.

— Você me ouviu? — Disse Ron com a voz fraca, embora se apoiasse dolorosamente em Hadrian
para se manter de pé. — Você vai ter que matar os três!

— Só vai haver uma morte aqui hoje à noite. — Disse Black, e seu sorriso se alargou.

— Por quê? — Perguntou Hadrian com veemência, tentando se desvencilhar de Ron e Hermione.
O relato dos Malfoy desapareceu da sua mente, o golpe que recebera na cabeça pelo Whomping
Willow ajudava no seu estado desnorteado e confuso. — Você não se importou com isso da última
vez, não foi mesmo? Não se importou de matar aqueles muggles todos para atingir Pettigrew... Que
foi que houve, amoleceu em Azkaban?

— Hadrian! — Choramingou Hermione. Nesse momento Nyx assumiu sua posição de ataque
enquanto retornava ao seu tamanho original. — Fica quieto!

— ELE MATOU MINHA MÃE E MEU PAI! — Bradou Hadrian e, com grande esforço, se
desvencilhou de Hermione e Ron que o retinham pelos braços, e avançou contra o padrinho.

Hadrian esquecera a magia, esquecera que era baixinho e tinha treze anos, enquanto Black
era um homem alto e adulto. Ele só sabia que queria ferir Black da maneira mais horrível que
pudesse e não se importava se fosse ferido também... Talvez fosse o choque de ver Hadrian fazer
uma coisa tão idiota, mas Black não ergueu as varinhas em tempo, uma das mãos de Hadrian
segurou seu pulso magro, forçando as pontas das varinhas para baixo; o punho de sua outra mão
atingiu o lado da cabeça de Black e os dois caíram de costas contra a parede... Hermione gritava;
Ron berrava; houve um relâmpago ofuscante quando as varinhas na mão de Black emitiram um
jorro de fagulhas no ar que, por centímetros, não atingiu o rosto de Hadrian; o garoto sentiu o braço
magro sob seus dedos se torcer furiosamente, mas continuou a segurá-lo, a outra mão socando cada
parte do corpo de Black que conseguia alcançar. Mas a mão livre de Black encontrou a garganta de
Hadrian...

— Faça! — Hadrian provocou, os olhos brilhando de raiva. — Foi bom ficar me vigiando de longe
todo esse tempo? O que sentiu ao me ver acabado depois dos Dursley? Foi bom? Então por que
caralhos você cuidou de mim?! — Neste instante o garoto começou a gritar. — Por que me
manteve vivo?! Por que me salvou?! Por que me levou de volta para a minha família?! POR QUE
NÃO ME MATOU, COMO FEZ COM OS MEUS PAIS?!

— Não. — Sibilou Black. — Esperei tempo demais... — Seus dedos intensificaram o aperto,
Hadrian ficou sem ar, lágrimas de fúria escorrendo pelo seu rosto. Então ele viu Nyx, vindo não
sabia de onde, erguer-se no ar. Black largou Hadrian com um gemido de dor; Ron se atirara sobre a
mão com que Black segurava as varinhas e Hadrian ouviu uma batida leve... Ele lutou para se
livrar dos corpos embolados e viu sua varinha rolando pelo chão; atirou-se para ela, mas...

— AH! — Crookshanks entrara na briga; o par dianteiro de garras se enterrou fundo no braço de
Hadrian; o garoto se soltou, mas agora o gato corria para sua varinha. — Não preciso dela para
fazer o que preciso. — Endireitou-se e se virou para Black. Os olhos verdes pareciam brilhar na
escuridão do cômodo, o redemoinho de diferentes tons de verde rodopiando furiosamente enquanto
sua magia escorria de seu corpo e deixava o ar opressor. — Saiam da frente. — Rosnou para Ron e
Hermione.

Não foi preciso falar duas vezes. Hermione, ofegante, a boca sangrando, atirou-se para o
lado, ao mesmo tempo em que recuperava as varinhas dela e de Ron. O garoto arrastou-se até a
cama de colunas e largou-se sobre ela, arquejante, o rosto pálido agora se tingindo de verde, as
mãos segurando a perna quebrada. Black estava esparramado junto à parede. Seu peito magro
subia e descia rapidamente enquanto observava Hadrian se aproximar devagar, as mãos livres e os
olhos brilhando em fúria, Nyx deslizava logo ao seu lado sibilando ferozmente.

— Vai me matar, Hadrian? — Murmurou ele. O garoto parou bem em cima de Black, encarando-o
do alto. Um inchaço pálido surgia em torno do olho esquerdo do homem e seu nariz sangrava.

— Você matou meus pais. — Acusou-o Hadrian, com a voz ligeiramente trêmula. Black encarou-o
com aqueles olhos fundos.

— Não nego que matei. — Disse muito calmo. — Mas se você soubesse da história completa...

— A história completa? — Repetiu Hadrian, os ouvidos latejando furiosamente. — Você vendeu


meus pais a Voldemort. É só isso que preciso saber.

— Você tem que me ouvir! — Disse Black, e havia agora uma urgência em sua voz. — Você vai
se arrepender se não me ouvir.... Você não compreende...

— Compreendo muito melhor do que você pensa! — Disse Hadrian, e sua voz tremeu mais que
nunca. — Você nunca a ouviu, não é? Minha mãe... Tentando impedir Voldemort de me matar... E
foi você que fez aquilo! Você é que fez...

Antes que qualquer dos dois pudesse dizer outra palavra, uma coisa alaranjada passou
correndo por Hadrian; Crookshanks saltou para o peito de Black e se sentou ali, bem em cima do
coração. O homem pestanejou e olhou para o gato. Nyx parou de sibilar e encarou os olhos
amarelos do animal, uma conversa silenciosa sendo travada com a troca de olhares. Logo a
serpente parou de sibilar e se afastou, aproximando-se de Ron e Hermione.

— Saia daí. — Murmurou o homem, tentando empurrar Crookshanks para longe. Mas o gato
enterrou as garras nas vestes de Black e não se mexeu. Então virou a cara amassada e feia para
Hadrian e encarou-o com aqueles grandes olhos amarelos. À sua direita, Hermione soltou um
soluço seco.

Hadrian encarou Black e Crookshanks, cerrando os punhos com força. Se o homem queria
salvá-lo, isso só provava que se importava mais com Crookshanks do que com os pais de Hadrian.
O garoto olhou nos olhos do homem. Agora era o momento de agir. Agora era o momento de
vingar seu pai e sua mãe. Ia matar Black. Tinha que matar Black. Era a sua chance...

Os segundos se alongaram. E Hadrian continuou paralisado ali, Black olhando para ele, com
Crookshanks sobre o peito. A cabeça do moreno latejava terrivelmente, sua visão desfocava
aleatoriamente, os sons começaram a ficar abafados em alguns momentos, um zumbido alucinante
no fundo dos ouvidos e penetrando sua mente o enlouquecia completamente. Ouvia-se a penosa
respiração de Ron próximo à cama; Hermione aguardava silêncio. Então ouviu-se um novo ruído.
Passos abafados ecoaram pelo chão. Alguém estava andando no andar de baixo.
— ESTAMOS AQUI EM CIMA! — Gritou Hermione de repente. — ESTAMOS AQUI EM
CIMA! SIRIUS BLACK! DEPRESSA!

Black fez um movimento assustado que quase desalojou Crookshanks; Hadrian apertou
convulsivamente os punhos, “Faça agora!” disse uma voz em sua cabeça, mas os passos
reboavam escada acima e Hadrian ainda não agira. A porta do quarto se escancarou com um jorro
de faíscas vermelhas e Hadrian se virou quando Remus irrompeu no quarto, seu rosto exangue, a
varinha erguida e pronta. Seus olhos piscaram ao ver Ron, deitado no chão, Hermione encolhida ao
seu lado, Nyx perto deles, Hadrian parado ali, de frente para Black, e o próprio Black, caído e
sangrando aos pés do garoto.

— Expelliarmus! — Gritou o werewolf.

Hadrian voou para a parede do outro lado do cômodo; as duas varinhas que Hermione
segurava também voaram. Remus apanhou-as agilmente, juntamente com a de Hadrian, e avançou
pelo quarto, olhando para Black, que ainda tinha Crookshanks deitado numa atitude de proteção
sobre seu peito. Hadrian resmungou dolorido ao se erguer novamente, sentindo-se subitamente
vazio. Não agira, faltara-lhe a coragem, Black ia ser entregue aos dementors. Então Remus
perguntou com a voz muito tensa.

— Onde é que ele está, Sirius? — Hadrian olhou depressa para o homem. Não entendeu o que ele
queria dizer, ao ser arremessado contra uma parede o seu estado de desnorteado só piorou, além de
que suas costas começaram a doer terrivelmente por conta da pancada. De quem estava falando?
Encarou Black outra vez. O rosto do homem estava impassível. Por alguns segundos Black nem se
mexeu. Depois, muito lentamente, ergueu a mão vazia e apontou para Ron. Aturdido, Hadrian se
virou para o ruivo, que por sua vez parecia confuso. — Mas, então... — Murmurou Remus,
encarando Black com tal intensidade que parecia estar tentando ler sua mente. — Por que ele não
se revelou antes? A não ser que... — Seus olhos se arregalaram, como se estivesse vendo alguma
coisa além de Black, alguma coisa que mais ninguém podia ver — A não ser que ele fosse o... A
não ser que você tivesse trocado... Sem me dizer? — Muito lentamente, com o olhar fundo cravado
no rosto de Remus, Black confirmou com um aceno de cabeça.

— Remus. — Interrompeu Hadrian, a voz quebradiça e uma intensa sensação de traição o


consumindo. — Que é que está...? — Seus olhos brilharam pelas lágrimas que teimavam em
escorrer de seus olhos, a cabeça girando o fez bambear enquanto se colocava em pé mais uma vez.

Mas nunca chegou a terminar a pergunta, porque o que viu fez sua voz morrer na garganta. O
werewolf estava baixando a varinha, os olhos fixos em Black. O professor foi até Black, apanhou a
varinha dele, levantou-o de modo que Crookshanks caiu no chão e abraçou Black com força. Seu
lobo agitando-se de alegria em seu interior. Era Sirius! Sirius estava ali! Seu amigo! Um integrante
de sua matilha! Ele estava ali! E Hadrian sentiu como se o fundo do seu estômago tivesse
despencado.

— EU NÃO ACREDITO! — Berrou Hermione. Remus soltou Black e se virou para a garota. Ela
se erguera do chão e estava apontando para Remus, de olhos arregalados. O lobo do werewolf
uivava de alegria, seu melhor amigo estava ali com ele. — O senhor... O senhor...

— Granger...

— O senhor e ele!

— Granger se acalme...

— Eu não contei a ninguém! — Esganiçou-se a garota. — Tenho encoberto o senhor...


— Granger, me escute, por favor! — Gritou Remus. — Posso explicar... — Hadrian sentia o corpo
tremer, não com medo, mas com uma nova onda de fúria.

— Eu confiei em você! — Gritou ele para Remus, sua voz se descontrolando. O werewolf sentiu-
se desmoronar ao ver aquele olhar de ódio e traição que o garoto lhe direcionava. — E o tempo
todo você estava com ele!

— Você está enganado. — Disse Remus. — Eu não era amigo de Sirius, mas agora sou... Deixe-
me explicar...

— NÃO! — Berrou Hermione. — Hadrian não confie nele, ele tem ajudado Black a entrar no
castelo, ele quer ver você morto também... Ele é um werewolf! — Houve um silêncio audível. Os
olhos de todos agora estavam postos em Remus, que parecia extraordinariamente calmo, embora
muito pálido.

— O que disse não estar à altura do seu padrão de acertos, Granger. Receio que tenha acertado
apenas uma afirmação em três. Eu não tenho ajudado Sirius a entrar no castelo e certamente não
quero ver Hadrian morto. — Um estranho tremor atravessou seu rosto. — Mas não vou negar que
seja um werewolf. — Ron fez um corajoso esforço para se levantar outra vez, mas caiu com um
gemido de dor. Remus adiantou-se para ele, parecendo preocupado, mas Ron exclamou:

— Fique longe de mim, werewolf! — Remus se imobilizou. Depois, com óbvio esforço, virou-se
para Hermione e perguntou:

— Há quanto tempo você sabe?

— Há séculos. — Sussurrou. — Desde que li sobre werewolf nos livros!

— Inteligente. — Disse Remus tranquilo. — Você verificou a tabela lunar e percebeu que eu
sempre ficava doente na lua cheia? Ou você percebeu que o boggart se transformava em lua
quando me via?

— Os dois. — Respondeu Hermione em voz baixa. Remus forçou uma risada.

— Você é uma bruxa de treze anos muito inteligente, Granger.

— Não sou, não. — Sussurrou Hermione. — Se eu fosse um pouco mais inteligente, teria contado
a todo mundo quem o senhor é!

— Mas todos já sabem. Pelo menos os professores sabem.

— Dumbledore o contratou mesmo sabendo que é um werewolf?! — Exclamou Ron. — Ele é


louco?

— Alguns professores acharam que sim. — Respondeu Remus. — Ele teve que trabalhar muito
para convencer certos professores de que eu sou digno de confiança...

— E ELE ESTAVA ENGANADO! — Berrou Hermione. — VOCÊ ESTEVE AJUDANDO ELE


O TEMPO TODO! — Apontou para Black, que, de repente atravessou o quarto em direção à cama
de colunas e afundou nela, o rosto escondido em uma das mãos trêmulas. Crookshanks saltou para
junto dele e subiu no seu colo, ronronando. Ron se afastou devagarinho dos dois, arrastando a
perna.

— Eu não estive ajudando Sirius. — Respondeu Remus, virando-se para encarar um Hadrian muito
magoado. — Se você me der uma chance, eu explico... Olhe... — O professor separou as varinhas
de Hadrian, Ron e Hermione e devolveu-as aos donos. Hadrian apanhou a dele, duvidoso. —
Pronto. — Disse Remus, enfiando a própria varinha no coldre da cintura. — Vocês estão armados e
nós, não. Agora vão me ouvir? — Hadrian não sabia o que pensar. Seria um truque? Todo aquele
tempo que passou junto a Remus voltando a superfície da sua mente, e a sensação de traição ainda
o assolando, mas...

— Se você não esteve ajudando... — Disse, lançando um olhar cauteloso a Black. — Como é que
soube que ele estava aqui?

— O mapa. O Marauder’s Map. Quando o vimos naquela noite com Severus... — Ele começara a
andar para cima e para baixo do quarto, com os olhos fixos nos adolescentes. Pequenas nuvens de
pó se levantavam aos seus pés. — Eu estava lendo os nomes, e me deparei com um ao lado do
Weasley na sua Sala Comunal. Um nome que não era de nenhum estudante, professor ou house-
elf.

— Quê?! — Ron exclamou.

— Eu não podia acreditar no que estava vendo. — Continuou o professor, prosseguindo a


caminhada e fingindo não ter ouvido a interrupção do ruivo. — Achei que o mapa não estava
registrando direito. Como é que ele podia estar com vocês?

— Não tinha ninguém comigo! — Bradou Ron. Remus parou de andar, os olhos no ruivo.

— Você acha que eu poderia dar uma olhada no rato? — Perguntou com a voz equilibrada.

— Quê?! — Exclamou. — Que é que o Scabbers tem a ver com isso?

— Tudo. Posso vê-lo, por favor? — Ron hesitou, depois enfiou a mão nas vestes. Scabbers
apareceu, debatendo-se desesperadamente; o garoto teve que segurá-lo pelo longo rabo pelado para
impedi-lo de fugir. Crookshanks ficou em pé na perna de Black e sibilou baixinho. Remus se
aproximou de Ron. Parecia estar prendendo a respiração enquanto examinava Scabbers
atentamente.

— Quê? — Repetiu Ron, segurando Scabbers mais perto com um ar apavorado. — Que é que meu
rato tem a ver com qualquer coisa?

— Isto não é um rato. — Disse Sirius Black, de repente, com a voz rouca.

— Que é que você está dizendo... É claro que é um rato...

— Não, não é. — Confirmou Remus calmamente. — É um bruxo.

— Um animagi. — Disse Black — Que atende pelo nome de Peter Pettigrew.


Capítulo 78
Chapter Notes

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Levou alguns segundos para os eles absorverem a informação. Hadrian estava muito
confuso, sua cabeça latejante ainda parecia girar e seus ouvidos zumbiam incansavelmente. Nada
disso estava ajudando o seu estado confuso e desnorteado. Então Ron disse em voz alta:

— Vocês dois são malucos.

— Ridículo! — Exclamou Hermione baixinho.

— Peter Pettigrew está morto! — Afirmou Ron. — Ele o matou há doze anos! — Apontou para
Black, cujo rosto tremeu convulsivamente.

— Tive intenção. — Vociferou o acusado, os dentes amarelos à mostra. — Mas Peter levou a
melhor... Mas desta vez não! — E Crookshanks foi atirado ao chão quando o homem avançou para
Scabbers; Ron berrou de dor ao receber o peso de Black sobre sua perna quebrada.

— Sirius, NÃO! — Berrou Remus atirando-se à frente e afastando Black para longe de Ron. —
ESPERE! Você não pode fazer isso assim. Eles precisam entender. Temos que explicar.

— Podemos explicar depois! — Rosnou Black, tentando tirar Remus do caminho. Ainda mantinha
uma das mãos no ar, com a qual tentava alcançar Scabbers, que, por sua vez, guinchava feito um
porquinho, arranhando o rosto e o pescoço de Ron, tentando escapar.

— Eles têm... O... Direito... De... Saber... De... Tudo! — Ofegou Remus, ainda tentando conter
Black. — Ele foi o bicho de estimação do Weasley! E tem partes dessa história que nem eu
compreendo muito bem! E Hadrian! Você deve a verdade a ele, Sirius! — Black parou de resistir,
embora seus olhos fundos continuassem fixos em Scabbers, firmemente seguro sob as mãos
mordidas, arranhadas e sangrentas de Ron.

— Está bem, então. — Concordou Black, sem desgrudar os olhos do rato. — Conte a eles o que
quiser. Mas faça isso depressa, Remus, quero cometer o crime pelo qual fui preso...

— Vocês são loucos, os dois. — Disse Ron trêmulo, procurando com os olhos o apoio de Hadrian
e Hermione. — Para mim chega. Estou fora. — Tentou se levantar com a perna boa, mas o
werewolf tornou a erguer a varinha, apontando-a para Scabbers.

— Você vai me ouvir até o fim, Weasley. — Disse calmamente. — Só quero que mantenha Peter
bem seguro enquanto me ouve.

— ELE NÃO É PETER, ELE É SCABBERS! — Berrou Ron, tentando empurrar o rato para
dentro do bolso das vestes, mas Scabbers resistia com todas as forças; Ron oscilou e se
desequilibrou, mas Hadrian o amparou e empurrou de volta à cama. Então, sem dar atenção a
Black, Hadrian se dirigiu a Remus.

— Houve testemunhas que viram Pettigrew morrer. — Disse calmo. — Uma rua cheia...

— Eles não viram o que pensaram que viram! — Disse Black ferozmente, ainda vigiando Scabbers
se debater nas mãos de Ron.

— Todos pensaram que Sirius tinha matado Peter. — Confirmou Remus acenando a cabeça. — Eu
mesmo acreditei nisso, até ver o mapa naquela noite. Porque o Marauder’s Map nunca mente. Peter
está vivo. Na mão de Ron, Hadrian. — O garoto não sabia mais o que pensar. Sua mente estava em
branco, não conseguia formular nenhum pensamento se quer. Então Hermione falou, numa voz
trêmula que pretendia ser calma, como se tentasse fazer o professor falar sensatamente.

— Mas professor Lupin... Scabbers não pode ser Pettigrew... Não pode ser verdade, o senhor sabe
que não pode...

— Por que não pode? — Perguntou Remus calmamente, como se estivessem na sala de aula e
Hermione apenas levantasse um problema relativo a uma experiência com Grindylows.

— Porque... Porque as pessoas saberiam se Peter Pettigrew tivesse sido um animagus. Estudamos
animagi com a professora McGonagall. E procurei maiores informações quando fiz o meu dever
de casa, o Ministério da Magia controla os bruxos e bruxas que são capazes de se transformar em
animais; há um registro que mostra em que animal se transformam, o que fazem, quais os seus
sinais de identificação e outros dados. E fui procurar o nome da professora McGonagall no registro
e vi que só houve sete animagi neste século e o nome de Pettigrew não constava da lista... — Então
Remus começou a rir.

— Certo, outra vez Granger! — Exclamou. — Mas o Ministério nunca soube que havia três
animagi não registrados à solta em Hogwarts.

— Se você vai contar a história aos garotos, se apresse, Remus. — Rosnou Black, que continuava
vigiando cada movimento desesperado de Scabbers. — Esperei doze anos, não vou esperar muito
mais.

— Está bem... Mas você precisa me ajudar, Sirius. — Disse o werewolf. — Só conheço o início...
— Remus parou, escutando um rangido alto às costas dele. A porta do quarto se abriu sozinha,
todos olharam. Então Remus foi até a porta e espiou para o patamar, farejou o ar sutilmente, mas
não sentiu nada. — Não há ninguém aí fora...

— Esse lugar é mal-assombrado! — Comentou Ron, os guinchos assustados de Scabbers


persistindo. Nyx se aproximou dele, sibilando perigosamente para o rato.

— Não é, não. — Disse Remus, ainda observando intrigado a porta. — A Shrieking Shack nunca
foi mal-assombrada. Os gritos e uivos que os moradores do povoado costumavam ouvir eram
meus. — Ele afastou os cabelos da testa, pensou um instante, e, quando ia falar algo, Hadrian o
interrompeu.

— Não precisa continuar. — Olhou para o werewolf. Sabia toda a história, Remus já o havia dito.

“— Foi onde tudo começou, com a minha transformação em werewolf. Nada poderia ter
acontecido se eu não tivesse sido mordido. E não tivesse sido tão imprudente... — Ele parecia
sóbrio e cansado. — Eu ainda era garotinho quando levei a mordida. Meus pais tentaram tudo,
mas naquela época não havia cura. A poção que Severus tem preparado para mim é uma
descoberta muito recente. Me deixa seguro, entende. Desde que eu a tome uma semana antes da
lua cheia, posso conservar as faculdades mentais quando me transformo... E posso me enroscar na
minha sala, um lobo inofensivo, à espera da mudança de lua. Porém, antes da Poção de
Wolfsbane ser descoberta, eu me transformava em um perfeito monstro uma vez por mês. Parecia
impossível que eu pudesse frequentar Hogwarts. Outros pais não iriam querer expor os filhos a
mim. Mas, então, Dumbledore se tornou diretor e ele “se condoeu”. Agora vejo que ele só queria
me usar para seus planos insanos que beneficiam apenas a ele. Dumbledore disse que se
tomássemos certas precauções, não havia razão para eu não frequentar a escola... — Remus
suspirou e olhou diretamente para Hadrian. — Eu lhe disse, há alguns meses, que o Whomping
Willow foi plantado no ano em que entrei para Hogwarts. A verdade é que ele foi plantado porque
eu entrei para Hogwarts. Aquela casa... — Ele olhou tristemente pela janela de seu escritório. — E
o túnel que vai até lá foram construídos para meu uso. Uma vez por mês eu era levado do castelo
para lá, para me transformar. A árvore foi colocada na boca do túnel para impedir que alguém se
encontrasse comigo durante o meu período perigoso.

Hadrian se aproximou do homem e segurou suas mãos trêmulas, os olhos de cor âmbar
desfocados, a mente perdida em memórias distantes. Mas, ao sentir o toque reconfortante, o
werewolf sorriu minimamente.

— As minhas transformações naquele tempo eram... Eram terríveis. É muito doloroso alguém virar
werewolf. Eu era separado das pessoas para morder à vontade, então eu me arranhava e me
mordia. Os moradores do povoado ouviam o barulho e os gritos e achavam que estavam ouvindo
almas do outro mundo, almas particularmente violentas. Dumbledore estimulava os boatos. Ainda
hoje, que a casa tem estado silenciosa há anos, os moradores de Hogsmeade não têm coragem de
se aproximar. Mas tirando as minhas transformações, eu nunca tinha sido tão feliz na vida. Pela
primeira vez, eu tinha amigos, três grandes amigos. Sirius Black, Peter Pettigrew e, naturalmente,
seu pai, Hadrian... James Potter. E meus três amigos não puderam deixar de notar que eu
desaparecia uma vez por mês. Eu inventava todo o tipo de histórias. Dizia que minha mãe estava
doente, que tinha ido em casa vê-la... Ficava aterrorizado em pensar que eles me abandonariam se
descobrissem o que eu era. Mas é claro que eles descobriram a verdade... E não me
abandonaram. Em vez disso, fizeram uma coisa por mim que não só tornou as minhas
transformações suportáveis, como me proporcionou os melhores momentos da minha vida. Eles se
transformaram em animagi. Eles gastaram quase três anos para descobrir como fazer isso. Seu pai
e Sirius eram os alunos mais inteligentes da escola, o que foi uma sorte, porque se transformar em
animagus é uma coisa que pode sair terrivelmente errada, é uma das razões por que o Ministério
acompanha de perto os que tentam. Peter precisou de toda a ajuda que pôde obter de James e
Sirius. Finalmente no nosso quinto ano, eles conseguiram. Podiam se transformar em um animal
quando queriam.

— Mas como foi que isso te ajudou? — Perguntou Hadrian, intrigado.

— Eles não podiam me fazer companhia como seres humanos, então me faziam companhia como
animais. Um werewolf só apresenta perigo para pessoas. Eles saíam escondidos do castelo todos
os meses, encobertos pela Capa da Invisibilidade de James. E se transformavam... Peter, por ser o
menor, podia passar por baixo dos ramos agressivos do Whomping Willow e empurrar o botão
para imobilizá-lo. Os outros dois, então, podiam escorregar pelo túnel e se reunir a mim. Sob a
influência deles, eu me tornei menos perigoso. Meu corpo ainda era o de um lobo, mas minha
mente se tornava menos lupina quando estávamos juntos. Bom, abriram-se possibilidades
extremamente excitantes para nós do momento em que conseguimos nos transformar. Não
demorou muito e começamos a deixar a Shrieking Shack e perambular pelos terrenos da escola e
pelo povoado à noite. Sirius e James se transformavam em animais tão grandes que conseguiam
controlar o werewolf. Duvido que qualquer aluno de Hogwarts jamais tenha descoberto mais a
respeito dos terrenos da escola e do povoado de Hogsmeade do que nós... E foi assim que
acabamos preparando o Marauder’s Map, e assinando-o com os nossos apelidos Sirius é Padfoot,
Peter é Wormtail, James era Prongs e eu era Moony.

— Mas isso tudo ainda era muito perigoso. — Hadrian murmurou preocupado com o homem. Era
uma possibilidade que não aconteceria, mas ainda assim ele temia essa linha distinta do destino.
— Se alguém te achasse e fizesse alguma coisa com você?

— É um pensamento que ainda me atormenta. — Respondeu deprimido. — E muitas vezes


escapávamos por um triz, e ríamos disso depois. Éramos jovens, irresponsáveis, empolgados com
a nossa inteligência. Por vezes eu sentia remorsos por trair a confiança de Dumbledore, é óbvio...
Ele me aceitara em Hogwarts, coisa que nenhum outro diretor teria feito, e sequer desconfiava que
eu estivesse desobedecendo às regras que ele estabelecera para a segurança dos outros e a minha
própria. Ele nunca soube que eu tinha induzido três colegas a se transformarem ilegalmente em
animagi. Mas eu sempre conseguia esquecer meus remorsos todas as vezes que nos sentávamos
para planejar a aventura do mês seguinte. E não mudei...

— Fico feliz que nada de ruim tenha acontecido com vocês. — Hadrian abraçou o werewolf
fortemente.

— Eu também.”

Remus olhava para Hadrian com um olhar de agradecimento. Ele realmente não queria
contar sua vida para dois traidores e seguidores de Dumbledore. Agora ele desconfiava de que
Dumbledore sempre soube das aventuras dos Marauders durante as luas cheias. Black encarou a
troca de olhares entre seu velho amigo e seu afilhado, imaginando se um dia seria perdoado pelos
seus erros.

— Lupin? — Zombou uma voz fria vinda da parede atrás de Remus. Severus irrompeu da porta,
desfazendo o feitiço de desilusão e segurava a varinha apontada diretamente para Remus.
Hermione gritou, Black se levantou de um salto, Hadrian teve a sensação de que levara um
tremendo choque elétrico. E Remus sentia o nervosismo o consumir com o olhar que recebia do
pocionista.

— Severus, por favor... — Remus tentou, a voz falha. Mas o outro o cortou.

— Não quero ouvir nada vindo de você! — Seu tom de raiva e frieza cortaram o ar. — Eu confiei
em você! Hadrian confiou em você! Para quê?! Você vir correndo abanando o rabo para o vira-lata
traidor! — Bradou com fúria. Nesse instante, Black levantou-se e se colocou na frente de Remus.

— Não ouse falar assim com ele, Snivellus! — Black urrou, a raiva o corroendo por dentro. Como
assim Remus e Snape eram amigos?
— Severus, você está cometendo um engano... — Disse Remus com urgência na voz. — Você não
sabe de tudo, posso explicar, Sirius não está aqui para matar Hadrian...

— Mais dois para Azkaban esta noite. — Disse Severus, os olhos agora brilhando de fanatismo.
Cordas finas que lembravam cobras jorraram da ponta da varinha de Severus e se enrolaram em
torno da boca de Lupin, dos seus punhos e tornozelos; ele perdeu o equilíbrio e caiu no chão,
incapaz de se mexer. Com um rugido de fúria, Black avançou para Severus, mas este apontou a
varinha entre os olhos do outro homem.

— É só me dar um motivo. — Sussurrou o professor. — É só me dar um motivo, e juro que faço.


— Black se imobilizou. Teria sido impossível dizer qual dos dois rostos revelava mais ódio.
Hadrian continuou ali, paralisado, sem saber o que fazer ou em quem acreditar. Olhou para Ron e
Hermione; o ruivo parecia tão confuso quanto ele e ainda tentava segurar um Scabbers rebelde;
Hermione, porém, adiantou-se, hesitante, para Severus e disse, respirando com dificuldade:

— Professor... Não faria mal ouvirmos o que eles têm a dizer... F-faria?

— Senhorita Granger, a senhorita já vai enfrentar uma suspensão. — Bufou Severus. — A


senhorita, Potter e Weasley estão fora dos limites da escola em companhia de um criminoso
sentenciado e de um werewolf. Pelo menos uma vez na sua vida, cale a boca.

— Mas se... Se houve um engano...

— FIQUE QUIETA, SUA IDIOTA! — Berrou Severus, parecendo de repente muito perturbado.
— NÃO FALE DO QUE NÃO ENTENDE! — Saíram algumas fagulhas da ponta de sua varinha,
que continuava apontada para o rosto de Black. Hermione se calou. — A vingança é muito doce.
— Sussurrou Severus para Black. — Como desejei ter o privilégio de apanhá-lo...

— Você é que vai fazer papel de tolo outra vez, Snape. — Rosnou Black. — Se esse garoto levar o
rato dele até o castelo... — E indicou Ron com a cabeça. — Eu vou sem criar caso...

— Até o castelo? — Retrucou Severus, com voz insinuante. — Acho que não precisamos ir tão
longe. Basta eu chamar os dementors quando saímos do salgueiro. Eles vão ficar muito satisfeitos
em vê-lo, Black... Satisfeitos o suficiente para lhe dar um beijinho, eu me arriscaria a dizer...
Capítulo 79
Chapter Notes

Aopa gente. Desculpa o atrazo, faculdade é um troço que só serve pra te enlouquecer.
Agora fiquem com o cap dessa semana, meus amores.

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

A pouca cor que havia no rosto de Black desapareceu.

— Você... Você tem que ouvir o que tenho a dizer. — O fugitivo falou com a voz rouca. — O
rato... Olhe aquele rato... — Mas havia um brilho alucinado nos olhos de Severus que Hadrian
nunca vira antes, ele parecia incapaz de ouvir.

— Vamos, todos. — Severus estalou os dedos e as pontas das cordas que amarravam Remus
voaram para suas mãos. — Eu puxo o werewolf, talvez os dementors tenham um beijo para ele
também... — Antes que se desse conta do que estava fazendo, Hadrian atravessou o quarto e
bloqueou a porta.

— Saia da frente, Hadrian. Você já está suficientemente encrencado. — Rosnou o homem. — Se


eu não estivesse aqui para salvar sua pele...

— Não! Eu quero respostas!

— Saia da frente, Hadrian.

— NÃO! VOCÊ VAI SOLTÁ-LOS!

— SAIA DA FRENTE, HADRIAN!

— VOCÊ NÃO PODE ENTREGAR REMUS PARA OS DEMENTORS! ELE É SEU AMIGO!

— CALA A BOCA! ELE ME TRAIU! TRAIU A VOCÊ! TRAIU A TODOS! TUDO PARA
VOLTAR PARA O VIRA-LATA ARROGANTE! — Hadrian se decidiu em uma fração de
segundo. Antes que Severus pudesse sequer dar um passo em sua direção, o garoto comprimiu os
lábios.
— Incarcerous. — Murmurou. As mesmas cordas que mais pareciam serpentes envolveram o
pocionista; um pano atochou-se em sua boca e a varinha fora apanhada por Hadrian. Os olhos que
mais pareciam buracos-negros o encaravam com raiva e traição, Hadrian fechou os olhos e
nocauteou Ron e Hermione, o Rato foi prontamente capturado por Nyx. — Me perdoa, Sev. —
Aproveitando que os traidores estavam caídos, Hadrian se abaixou e beijou a testa de um Severus
enraivecido. — Mas eu preciso de respostas, e a raiva não poderá atrapalhar o meu julgamento.

— Você não devia ter feito isso. — Censurou Black olhando para Hadrian. — Devia tê-lo deixado
comigo... — Hadrian evitou o olhar de Black, sua mente confusa com tantas informações. As
cordas que amarravam Remus se desfizeram e o werewolf se aproximou do rato desesperado,
firmemente preso pelas mandíbulas de Nyx.

— Eu ainda não acredito em você. — Hadrian deu um último olhar de desculpas para seu professor
de poções antes de virar-se para o fugitivo.

— Então está na hora de lhe apresentarmos alguma prova. — Seus olhos cinzentos tempestuosos,
mais escuros e raivosos do que os de Draco, encararam o rato paralisado na boca da serpente. —
Você... Cobra assustadora, me dê o Peter, por favor. — Nyx gostou do tom apreensivo na voz do
animagus, deslizou para perto do homem e entregou-lhe um rato enraivecido.

— Como descobriu onde encontrá-lo sendo que estava em Azkaban? — Hadrian indagou com a
face em branco.

— Sabe, Sirius, a pergunta é justa. — Disse Remus, virando-se para Black com a testa ligeiramente
franzida. — Como foi que você descobriu onde estava o rato? — Black enfiou uma das mãos, que
lembravam garras, dentro das vestes e tirou um pedaço de papel amassado, que ele alisou e mostrou
aos outros. Era a foto de Ron com a família, que aparecera no Daily Prophet no último verão, e ali,
no ombro de Ron, estava Scabbers. — Onde foi que você arranjou isso? — Perguntou perplexo.

— Fudge. — Disse Black. — Quando ele foi inspecionar Azkaban no ano passado, me cedeu o
jornal que levava. E lá estava Peter, na primeira página... No ombro desse garoto... Reconheci-o na
mesma hora... Quantas vezes o vi se transformar? E a legenda dizia que o menino ia voltar para
Hogwarts... Onde Hadrian estava...

— Merlin. — Exclamou Remus baixinho, olhando de Scabbers para a foto no jornal e de volta ao
rato. — A pata dianteira...

— Falta um dedinho. — Hadrian encarou o rato que guinchava em desespero, o rabo pelado
firmemente preso entre os dedos angulosos de Black.

— Claro... — Murmurou o werewolf. — Tão simples... Tão genial... Ele mesmo o cortou?

— Pouco antes de se transformar. — Confirmou Black. — Quando eu o encurralei, ele gritou para
a rua inteira que eu havia traído Lily e James. Então, antes que eu pudesse lhe lançar um feitiço, ele
explodiu a rua com a varinha escondida às costas, matou todo mundo em um raio de seis metros, e
fugiu para dentro do bueiro com os outros ratos...

— O maior pedaço do corpo de Pettigrew que fora encontrado fora seu dedo. — Hadrian fechou os
olhos e massageou as têmporas, os Malfoy estavam certos sobre Sirius Black não ser o traidor. —
Doze anos como rato. Nunca que viveria tanto se fosse um animal comum. — Seus olhos se
abriram, encarando com ferocidade o ser miserável que tentava fugir a todo custo. — Perdeu peso e
grandes tufos de pelo, claramente sinal de estresse e pânico pela fuga de Sirius Black. A verdade
voltou para morder sua bunda nojenta.
Sirius Black sorriu em contentamento ao ver o afilhado finalmente acreditando nas suas
palavras. Remus sorria de orgulho pelas atitudes que o garoto tomou, a frieza calculada para julgar
os fatos e descobrir a verdade. E Severus parou de protestar, prestando atenção nos fatos,
compreendendo que sua raiva o cegou mais uma vez. Suas ações impensadas quase o fizeram
perder alguém importante, como quando quase arruinou completamente sua amizade com Lily por
causa do seu rancor pelos Marauders e suas brincadeiras humilhantes.

— Eu lembro de ver Ron e Hermione brigando porque Crookshanks queria devorar o rato. —
Hadrian encarou o gato, que estava deitado na cama, ronronando tranquilamente.

— É o gato mais inteligente que eu já encontrei. — Black comentou. — Reconheceu na mesma


hora o que Peter era. E quando me encontrou, percebeu que eu não era cachorro. Levou um
tempinho para confiar em mim. No fim eu consegui comunicar a ele o que estava procurando e ele
tem me ajudado...

— Como assim? — Remus perguntou.

— Ele tentou trazer Peter a mim, mas não pôde... Então roubou para mim as senhas de acesso à
Torre da Gryffindor... Pelo que entendi, ele as tirou da mesa de cabeceira de um garoto... — O
cérebro de Hadrian latejava com todas as informações que o bombardeavam. Ele precisava
organizar tudo, e rápido, antes que uma enxaqueca horrenda o tome por completo. — Mas Peter
soube o que estava acontecendo e vazou... Este gato... Crookshanks, foi o nome que lhe deu?... Me
disse que Peter tinha sujado os lençóis de sangue... Suponho que tenha se mordido... Ora, fingir-se
de morto já tinha dado certo uma vez... — Essas palavras sacudiram o torpor mental de Hadrian.

— Que bom que eu nocauteei os traidores. — Hadrian suspirou. Viu que Severus parou de lutar
então soltou as cordas e o pano que o amordaçavam. — Se não estariam gritando várias coisas
irritantes.

— Você ainda me paga por me amarrar e amordaçar. — Severus encarou o garoto diante de si.

— Ouse tocar nele, Snivellus! — Black rosnou, parecia tanto sua forma animagus que Hadrian se
surpreendeu.

— Cale-se, Black! Não se intrometa no que não sabe! — Severus se aproximou protetoramente de
Hadrian, os dois homens trocavam olhares de ódio.

— Parem vocês dois, antes que minha dor de cabeça piore. — Hadrian suspirou, colocou uma mão
reconfortante no antebraço de seu professor de poções, que relaxou sob seu toque. — Se tudo o que
disse é verdade. — Os olhos verdes brilharam com as lágrimas que se formavam, encarou Black
com intensidade e firmeza. — Por que admitiu que matou meus pais?

— Hadrian... — De repente seus olhos fundos ficaram excessivamente brilhantes. — Foi o mesmo
que ter matado... — Disse, rouco. — Convenci Lily e James a entregarem o segredo a Peter no
último instante, convenci-os a usá-lo como fiel do segredo, em vez de mim... A culpa é minha, eu
sei... Na noite em que eles morreram, eu tinha combinado de encontrar Peter para verificar se ele
continuava bem, mas quando cheguei ao esconderijo ele não estava, mas não havia sinais de luta.
Achei estranho, fiquei apavorado. Corri na mesma hora direto para a casa dos seus pais. E quando
vi a casa destruída e os corpos deles... Percebi o que Peter devia ter feito. O que eu tinha feito. —
Sua voz se partiu, os dedos segurando com um aperto mortal o rato desesperado.

— Mostrem a prova concreta. — Hadrian ordenou, segurando com força o antebraço de Severus
para se sentir mais confiante com tudo o que estava acontecendo. O rato começou a guinchar sem
parar, se contorcendo, os olhinhos negros saltando das órbitas.
— Está pronto, Sirius? — Perguntou Remus. Black já apanhara a varinha de Hermione, que
Hadrian lhe jogou. O werewolf aproximou-se do fugitivo e do rato que se debatia.

— Juntos? — Perguntou em voz baixa.

— Acho melhor. — Confirmou Remus. Sirius segurava Scabbers apertado em uma das mãos e a
varinha na outra. — Quando eu contar três. Um... Dois... TRÊS!

Lampejos branco-azulados irromperam das duas varinhas; por um instante, Scabbers parou
no ar, o corpinho cinzento revirando-se alucinadamente. O rato caiu e bateu no chão, seguiu-se
novo lampejo ofuscante e então...

Foi como assistir a um filme de uma árvore em crescimento. Surgiu uma cabeça no chão;
brotaram membros; um momento depois havia um homem onde antes estivera Scabbers, apertando
e torcendo as mãos. Crookshanks bufava e rosnava na cama, os pelos das costas eriçados. Nyx
sibilava furiosamente, o corpo tensionado, pronto para atacar.

Peter Pettigrew era um homem muito baixo, quase do tamanho de Hadrian e Hermione. Seus
cabelos finos e descoloridos estavam malcuidados e o cocuruto da cabeça era careca. Tinha o
aspecto flácido de um homem gorducho que perdera muito peso em pouco tempo. A pele estava
enrugada, quase como a pelagem do Scabbers, e havia um ar ratinheiro em volta do seu nariz fino e
dos olhos muito miúdos e lacrimosos. Ele olhou para os presentes, um a um, respirando raso e
depressa. Hadrian viu seus olhos correrem para a porta e voltarem.

— Ora, ora... Olá, Peter. — Saudou-o Remus educadamente, como se fosse frequente ratos virarem
velhos colegas de escola à sua volta. O que, levando em conta o passado dos Marauders, para ele
realmente era algo comum ver um rato virar uma pessoa. — Há quanto tempo!

— S-Sirius... R-Remus... — Até a voz de Pettigrew lembrava um guincho. Novamente seus olhos
correram para a porta. — Meus amigos... Meus velhos amigos... — A varinha de Black se ergueu,
mas Remus agarrou-o pelo pulso, lançando lhe um olhar de censura, depois tornou a se virar para
Pettigrew, com a voz leve e displicente.

— Estávamos tendo uma conversinha, Peter. Sobre os acontecimentos da noite em que Lily e
James morreram. Você talvez tenha perdido os detalhes enquanto guinchava na boca de Nyx...

— Remus... — Ofegou Pettigrew, e Hadrian observou que se formavam gotas de suor em seu rosto
lívido. — Você não acredita nele, acredita...? Ele tentou me matar, Remus...

— Foi o que ouvimos dizer. — Respondeu Remus, mais friamente. — Eu gostaria de esclarecer
algumas coisas com você, Peter. Se você quiser ter...

— Ele veio tentar me matar outra vez! — Guinchou Pettigrew de repente, apontando para Black.
Hadrian percebeu que o homem usara o dedo médio, porque lhe faltava o indicador. — Ele matou
Lily e James e agora vai me matar também... Você tem que me ajudar, Remus... — Rosto do
fugitivo parecia mais caveiroso que nunca ao fixar os olhos fundos em Pettigrew.

— Ele está mentindo! — Nyx sibilou e se aproximou ameaçadoramente do homem, que


estremeceu violentamente.

— Mentiroso. — Hadrian apontou a varinha para Pettigrew.

— Ninguém vai tentar matá-lo até resolvermos umas coisas. — Ordenou Remus, que se apressou
para segurar delicadamente a mão de Hadrian.
— Resolvermos umas coisas? — Guinchou Pettigrew, mais uma vez olhando desesperado para os
lados, registrando as janelas pregadas e, mais uma vez, a única porta. — Eu sabia que ele viria
atrás de mim! Sabia que ele voltaria para me pegar! Estou esperando isso há doze anos!

— Você sabia que Sirius ia fugir de Azkaban? — Perguntou Remus, com a testa franzida. —
Sabendo que ninguém jamais fez isso antes?

— Ele tem poderes das trevas com os quais a gente só consegue sonhar! — Gritou Pettigrew com
voz aguda. — De que outro jeito fugiria de lá? Suponho que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado
tenha lhe ensinado alguns truques! — Black começou a rir, uma risada horrível, sem alegria, que
encheu o quarto todo.

— Voldemort me ensinou alguns truques? — Pettigrew se encolheu como se Black tivesse


brandido um chicote contra ele. — Que foi, se apavorou de ouvir o nome do seu velho mestre? —
Perguntou com sarcasmo venenoso na voz. — Não o culpo, Peter. O pessoal dele não anda muito
satisfeito com você, não é mesmo?

— Não sei o que você quer dizer com isso, Sirius... — Murmurou Pettigrew, respirando mais
rapidamente que nunca, todo o seu rosto brilhava de suor agora. Hadrian rosnou, a raiva o
corroendo por completo. Sua magia começou a se soltar de seu corpo, estalando ao redor do garoto
e soltando faíscas.

— Você não andou se escondendo de mim esses doze anos. Andou se escondendo dos seguidores
de Voldemort. Eu soube de umas coisas em Azkaban, Peter... Todos pensam que você está morto
ou já o teriam chamado a prestar contas... Ouvi-os gritar todo o tipo de coisa durante o sono.
Parece que acham que o traidor os traiu também. Voldemort foi à casa dos Potter confiando em
uma informação sua... E Voldemort perdeu o poder lá. E nem todos os seguidores dele foram parar
em Azkaban, não é mesmo? Ainda há muitos por aí, esperando a hora, fingindo que reconheceram
seus erros... Se chegarem a saber que você continua vivo, Peter...

— Não sei... Do que está falando... — Respondeu Pettigrew, mais esganiçado que nunca. Ele
enxugou o rosto na manga e ergueu os olhos para Remus. — Você não acredita nessa... Nessa
loucura, Remus... — Era o limite. Hadrian não aguentava mais ouvir as mentiras desse rato sujo.
Soltou-se da mão de Remus e Severus, o garoto nem registrou a mão do pocionista, e apontou a
varinha para Pettigrew. Os olhos tão verdes quanto a Maldição da Morte, brilhando com o ódio
que se remexia em seu peito. Ele era o culpado! Ele matou seus pais! Ele que havia entregado seus
pais para Voldemort! E ainda incriminou Sirius! Seu padrinho! Sua família fora arruinada por
causa dele!

— INFLAMARE CORPUS! — Hadrian gritou com ódio.

Um jorro de luz laranja saiu de sua varinha, Pettigrew caiu no chão se contorcendo e gritando
em plenos pulmões. Se ele tinha tanto medo assim de Voldemort, deveria pensar duas vezes. O
rato traidor sentia um calor insuportável, como se o seu sangue tivesse sido transformado em lava e
o estivesse cozinhando de dentro para foram Ninguém, além de Pettigrew, se moveu. As
respirações entaladas na garganta, os olhos arregalados em choque, os corações falhando uma
batida e o horror da cena os paralisando por completo. Hermione e Ron ainda estavam apagados no
chão, alheios a tudo que acontecia. Hadrian irradiava um terrível poder opressor, que estava
começando a sufocar quem estava na sala, drenando o ar do local.

— Hadrian! — Remus agarrou a mão do garoto e virou-o para encará-lo nos olhos.

— Me solta! Ele matou meus pais! Ele merece! — O garoto se debatia incontrolavelmente nos
braços de Remus, que o puxou para um abraço apertado.
— Acalme-se Hadrian, por favor! — Remus cerrou a mandíbula para reprimir um resmungo de dor
ao sentir Hadrian começar a socar e chutar seu corpo, não era muito forte, mas ainda assim era
dolorido.

— Me solta, Remus! — As lágrimas começaram a tomar-lhe os olhos e escorrer por suas


bochechas, a força dos seus golpes foi enfraquecendo conforme os soluços se tornavam cada vez
mais altos. Seu poder opressor recuou e desapareceu, aliviando o resto das pessoas. — Ele os tirou
de mim... Ele incriminou Sirius... Ele merece sofrer...

— Eu sei, Hazz. — Remus acariciava as costas alheias. Pettigrew ainda arfava e se contorcia de
dor, apenas o Finite Incantatem pararia o efeito. O garoto sentiu toda aquela tristeza e vazio
voltando com tudo, tudo o que sentiu enquanto crescia na casa dos Dursley. Desejando que seus
pais ainda estivessem vivos, desejando que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo. Ele estava
sozinho. Nyx aumentou seu tamanho e enrolou-se firmemente envolta de Pettigrew, o impedindo
de se mover. Sirius arregalou os olhos, finalmente a razão voltando para a sua mente e dissipando o
choque que o paralisou.

— Ha-Hadrian...? — A voz rouca de Sirius chamou, cautelosa. Ele ainda estava sentindo os efeitos
do poder de Hadrian. Sua magia estava instável e fraca depois de tantos anos em Azkaban.

— Ele é inocente, filhote. — Nyx comentou docilmente.

— E-eu o culpei... — Hadrian fungou, olhando para Sirius, que sentiu seu coração se contorcer de
dor ao ver os olhos tristes do garoto. — Me perdoe...

— Oh, filhote. — O animagus deu um passo à frente, o amor e o carinho transbordando de seus
olhos. A lembranças de um bebê de olhos verdes de risadas contagiantes inundando sua mente.

Hadrian não se importava com mais nada. Não ligava que estava parecendo uma criança, ele
sentia-se exatamente como uma. A mesma alegria que sentiu quando conheceu, Ragnuk, Maray,
Lucius e Narcisa. Sua família estava ali, para o acolher. O garoto soltou-se do werewolf e correu
para os braços do animagus. Que o abraçou com força, sentindo seu cheiro e acalmando sua dor ao
tê-lo de volta em seus braços. Seu doce afilhado, ele deveria ter ficado com ele, não deveria ter ido
atrás de Pettigrew, não deveria ter deixado Hadrian com Hagrid.

Naquela noite, quando ele chegou na casa dos Potter, seu mundo inteiro tinha desabado. Ele
correu o máximo que pode, as lágrimas já escorrendo pelo seu rosto. Ao ver James, um corpo
morto na escada, suas suspeitas se confirmaram. Ele havia chegado tarde demais. E então um choro
de bebê invadiu seus ouvidos, desesperado, ele pulou sobre o corpo de James, subindo as escadas
de dois em dois. Seu coração falhando uma batida, uma parte de si estava feliz por saber que
Hadrian estava vivo, mas James e Lily não. A mulher estava caída no chão ao lado do berço, o
bebê de apenas um ano chorava desesperadamente tentando chamar a atenção de sua mãe. Mas ela
não o respondia.

Lily sempre vinha correndo para o acalmar quando começava a chorar. Seu sorriso amoroso
nos lábios, cantando uma canção de ninar e falando palavras doces de amor. Seus abraços
apertados e carinhos delicados, seus olhos verdes cheios de amor e carinho, Hadrian amava ouvir a
mãe cantar, ou então James e Sirius fazendo brincadeiras e caretas para o fazer rir. Sua risada era a
mais viciante que os adultos já escutaram, seu sorriso feliz e inocente, batendo palmas com as
pequeninas mãos gordinhas e agitando as pernas e pés.

Sirius pegou Hadrian nos braços e tentou o acalmar, mas nenhum dos dois estava em
condições para parar de chorar. Ele precisava encontrar Peter! Mas... Não. Hadrian era a sua
prioridade no momento. O homem saiu da casa aos tropeços, apenas para encontrar Hagrid. O
meio-gigante o consolou enquanto pegava Hadrian nos braços. Ele precisava pegar Pettigrew! Os
aurores já estavam a caminho! Peter não poderia escapar! Aquele ódio surgiu de forma irracional,
ofuscando sua preocupação em manter seu afilhado seguro. Ele não sabia mais quem era, aquele
sentimento o consumiu como o fogo atiçado por combustível.

E então tudo deu errado. Pettigrew o incriminou e Sirius fora preso. Doze longos e terríveis
anos em Azkaban. Sozinho para remoer suas dores, arrependimentos e tristezas. Os dementors
piorando ainda mais seu estado. Mas então ele viu aquele jornal. Peter estava vivo! Hadrian estava
vivo! Ele precisava encontrar uma maneira de escapar. Precisava voltar para sua única família! E
ali estava ele. Hadrian estava seguro. Estava nos seus braços. Dizendo que se arrepende de ter
acreditado na mentira, dizendo que o queria perto, que o queria de volta na família.

— Eu senti tanta a sua falta, filhote. — Sirius fungou, ainda fortemente abraçado ao garoto.

— Eu nunca mais o deixarei ir. Nunca mais. — Hadrian prometeu, aconchegando-se naqueles
braços que o traziam uma nostalgia a muito esquecida. Vagas memórias de quando ele era bebê,
voando em uma vassourinha de brinquedo com James e Sirius sorrindo brilhantemente para ele e
batendo palmas.

E Peter continuava sofrendo no chão. Ninguém se importava com a sua dor.


Capítulo 80
Chapter Notes

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Devo admitir, Peter. — Os olhos cor de âmbar de Remus se voltaram para o traidor. — Que
acho difícil de acreditar que um homem inocente passaria doze anos na forma de um rato. —
Encerrou o efeito da maldição. Severus ficou quieto num canto, recuperou sua varinha e deixou-a
em posição, pronto para agir caso necessário.

— Inocente, mas apavorado! — Guinchou Pettigrew. — Se os seguidores de Voldemort estivessem


atrás de mim, seria porque mandei um dos seus melhores homens para Azkaban, o espião, Sirius
Black! — O fugitivo afastou o rosto dos macios cabelos de Hadrian e encarou o homem, seu rosto
se contorcendo em desgosto.

— Como é que você se atreve? — Rosnou ele, parecendo de repente o cachorro do tamanho de um
urso que ele se transformava. — Eu, espião de Voldemort? Quando foi que andei espreitando gente
mais forte e mais poderosa do que eu? — Colocou Hadrian atrás de si, mas o garoto ainda estava
fortemente agarrado a sua cintura, o rosto enterrado em suas costas para memorizar o cheiro de seu
padrinho. Mesmo o homem estando imundo, Hadrian não se importava, ele precisava sentir o
cheiro que esquecera, o cheiro de quando era um bebê e tinha sua família viva e feliz. — Agora
você, Peter, jamais vou entender por que não reparei desde o começo que você era o espião. Você
sempre gostou de amigos grandalhões que o protegessem, não é mesmo? Você costumava nos
acompanhar... A mim e ao Remus... E ao James... — Pettigrew tornou a enxugar o rosto; estava
quase ofegando, sem ar. Nyx soltou-o, se encolheu e deslizou para os ombros de Hadrian,
acariciando sua bochecha com a cabeça.

— Eu, espião... Você deve ter perdido o juízo... Nunca... Não sei como pode dizer uma...

— Lily e James só fizeram de você o fiel do segredo porque eu sugeri. — Sibilou Sirius, tão
venenosamente que Pettigrew deu um passo atrás. — Achei que era o plano perfeito, um blefe. Era
óbvio que Voldemort viria atrás de mim, jamais sonharia que eles usariam um ser fraco e sem
talento como você para ser o fiel. Deve ter sido o melhor momento de toda a sua infeliz vida,
contar ao Dark Lord que podia entregar-lhe os Potter. — Pettigrew resmungava, perturbado;
Hadrian entreouvia palavras como “extravagante” e “demência”, mas não conseguia deixar de
prestar mais atenção à palidez do rosto de Pettigrew e ao jeito com que seus olhos continuavam a
correr para as janelas e a porta.

— Du-durante três anos... Eu vivi perto d-de Hadrian... Se-se eu realmente fosse o e-espião de Vo-
Você-Sabe-Quem... Como é-é que eu nunca tentei fazer mal a-ao garoto? Nunca toquei em um fio
de cabelo de Hadrian! Por que iria fazer isso?

— Vou te dizer o porquê. — Começou Sirius. — Você é um verme asqueroso que nunca faria nada
para alguém, nem a alguém sem saber o que poderia ganhar com isso. Voldemort está foragido há
doze anos, dizem que está semimorto. Você não ia matar bem debaixo do nariz de Albus
Dumbledore, por causa de um bruxo moribundo que perdeu todo o poder, ia? Não. Você ia querer
ter certeza de que ele era o valentão do colégio antes de voltar para o lado dele, não ia? Por qual
outra razão você procurou uma família de bruxos para o acolher? Para ficar atento às notícias do
mundo bruxo. Não é mesmo, Peter? Caso o seu velho protetor recuperasse a antiga força e fosse
seguro se juntar a ele... — Pettigrew abriu a boca e tornou a fechá-la várias vezes, parecia ter
perdido a capacidade de falar.

— Como você escapou de Azkaban? — Severus perguntou num rosnado.

— Ele usou magia das trevas! Ele é um Black, família completamente devotada ao Dark Lord! —
Exclamou Pettigrew, acenando freneticamente com a cabeça na direção do fugitivo. —
Exatamente! Precisamente o que eu... — Mas Remus o fez calar a boca com um olhar.

— Não sei como foi que fugi. — Disse lentamente. — Acho que a única razão por que nunca perdi
o juízo é porque sabia que era inocente. Isto não era um pensamento feliz, então os dementors não
podiam sugá-lo de mim... Mas serviu para me manter lúcido e consciente de quem eu era... Me
ajudou a conservar meus poderes... E quando tudo se tornava... Excessivo... Eu conseguia me
transformar na cela... Virar cachorro. Os dementors não conseguem enxergar, sabe... — Ele
engoliu em seco. — Aproximam-se das pessoas, se alimentam de suas emoções... Eles percebiam
que os meus sentimentos eram menos... Menos humanos, menos complexos quando eu era
cachorro... Mas achavam, é claro, que eu estava perdendo o juízo como todos os prisioneiros de lá,
por isso não se incomodavam. Mas eu fiquei fraco, muito fraco, e não tinha esperança de afastá-los
sem uma varinha. Mas, então, vi Peter naquela foto... E compreendi que ele estava em Hogwarts,
com Hadrian... Perfeitamente colocado para agir, se lhe chegasse a menor notícia de que o partido
das trevas estava reunindo forças novamente... — Pettigrew sacudia a cabeça, murmurando em
silêncio, mas todo o tempo seus olhos se fixavam em Sirius como se estivesse hipnotizado. —
Pronto para atacar no momento em que se certificasse de que contava com aliados. E para entregar
o último Potter. Se lhes entregasse Hadrian, quem se atreveria a dizer que traíra Lord Voldemort?
Peter seria recebido de volta com todas as honras... Então, entendem, eu tinha que fazer alguma
coisa. Era o único que sabia que ele continuava vivo...

Hadrian se lembrou do que Arthur contara à mulher: “Os guardas dizem que ele anda falando
durante o sono... Sempre as mesmas palavras... ‘Ele está em Hogwarts.’”.

— Era como se alguém tivesse acendido uma fogueira na minha cabeça, e os dementors não
pudessem destrui-la... Não era um pensamento feliz... Era uma obsessão... Mas isso me deu forças,
clareou minha mente. Então, uma noite, quando abriram a porta para me trazer comida, eu passei
por eles em forma de cachorro... Para os dementors é tão difícil perceberem emoções animais que
ficaram confusos... Eu estava magro, muito magro... O bastante para passar entre as grades... Ainda
como cachorro nadei até a costa... Viajei para o norte e entrei escondido nos terrenos de Hogwarts,
como cachorro. Desde então vivi na floresta, exceto nas horas em que saía para assistir ao
quidditch, é claro. Você voa bem como o seu pai, Hadrian. — Sirius se virou para o garoto, que
não evitou seu olhar. O menor havia se soltado de seu abraço e se afastado um pouco para dar
espaço ao padrinho. — Acredite em mim. — Disse, rouco. — Acredite em mim, Hazz. Nunca traí
James e Lily. Teria preferido morrer a traí-los. — Os olhos esmeraldas brilharam, a garganta
apertada demais para falar, então se conteve apenas com um aceno afirmativo de cabeça.

— Não! — Pettigrew caíra de joelhos como se o aceno de Hadrian fosse a sua sentença de morte.
Arrastou-se de joelhos, humilhou-se, as mãos juntas diante do peito como se rezasse.

— Sirius... Sou eu... Peter... Seu amigo... Você não... — Sirius deu um chute no ar e Pettigrew se
encolheu.

— Já tem sujeira suficiente nas minhas vestes sem você tocar nelas! — Exclamou Sirius.

— Remus! — Esganiçou-se Pettigrew, virando-se para o werewolf, implorando com as mãos e os


joelhos no chão. –— Você não acredita nisso... Sirius não o teria contado se eles tivessem mudado
os planos?

— Não, se pensasse que eu era o espião, Peter. Presumo que foi por isso que você não me contou,
Sirius? — Perguntou, pouco interessado, por cima da cabeça de Pettigrew.

— Me perdoe, Remus. — Disse Sirius.

— Tudo bem, Padfoot. — Respondeu Remus, que agora enrolava as mangas das vestes. — E você
me perdoa por acreditar que você fosse o espião?

— Claro. — E a sombra de um sorriso perpassou o rosto ossudo de Sirius. Ele, também, começou a
enrolar as mangas. — Vamos matá-lo juntos?

— Acho que sim — Concordou Remus sombriamente.

— Vocês não me matariam... Não vão me matar! — Exclamou Pettigrew. E correu para Ron, que
ainda estava desacordado, balançou-o para acordar o ruivo. — Ron... Eu não fui um bom amigo...
Um bom bichinho? Você não vai deixá-los me matarem, Ron, vai... Você está do meu lado, não
está? Diga a eles... Acorde e diga a eles. — Mas Ron não acordaria até que Hadrian desviasse sua
magia que mantinha a dupla desacordada. — Você foi um bom garoto... Um bom dono... Você não
vai deixá-los fazerem isso... Eu fui o seu rato... Fui um bom bicho de estimação...

— Se você foi um rato melhor do que foi um homem, não é coisa para se gabar, Peter. — Disse
Sirius com aspereza.

— Você parece um pedófilo sequestrador de crianças pra vende-las no mercado negro. — Hadrian
fuzilava o homem, o rosto contorcido em nojo.

— Severus... — Pettigrew tentou, se agarrando as vestes do homem estoico.

— Se afaste de mim antes que eu mesmo o mate. — Rosnou num sussurro. Pettigrew se afastou,
rastejando pelo chão, e continuou ajoelhado, tremendo descontroladamente, e foi virando
lentamente a cabeça para Hadrian.

— Hadrian... Hadrian... Você é igualzinho ao seu pai... Igualzinho...

— COMO É QUE VOCÊ SE ATREVE A FALAR COM HADRIAN? — Rugiu Sirius. — COMO
TEM CORAGEM DE OLHAR PARA ELE? COMO TEM CORAGEM DE FALAR DE JAMES
NA FRENTE DELE?

— Hadrian... — Sussurrou Pettigrew, arrastando-se em direção ao garoto, com as mãos estendidas.


— Hadrian, James não iria querer que eles me matassem... James teria compreendido, Hadrian...
Teria tido piedade... — Sirius e Remus avançaram ao mesmo tempo, agarraram Pettigrew pelos
ombros e o atiraram de costas no chão. O homem ficou ali, contorcendo-se de terror, olhando
fixamente para os dois.

— Não sei sobre o que meus pais teriam feito numa situação dessas. Eu nunca pude conhecê-los
graças a você. — O garoto olhou-o com superioridade e desgosto.

— Você vendeu Lily e James a Voldemort! — Disse Sirius, que também tremia. — Você nega
isso? — Pettigrew prorrompeu em lágrimas. A cena era terrível, ele parecia um bebezão careca,
encolhendo-se.

— Sirius, o que é que eu podia ter feito? O Lorde das Trevas... Você não faz ideia... Ele tem armas
que você não imagina... Tive medo, Sirius, eu nunca fui corajoso como você, Remus e James. Eu
nunca desejei que isso acontecesse... Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado me forçou...

— NÃO MINTA! — Berrou Sirius. — VOCÊ ANDOU PASSANDO INFORMAÇÕES PARA


ELE DURANTE UM ANO ANTES DE LILY E JAMES MORREREM! VOCÊ ERA ESPIÃO
DELE!

— Ele estava assumindo o poder em toda parte! — Exclamou Pettigrew. — Que é que eu tinha a
ganhar recusando o que me pedia?

— Que é que você tinha a ganhar lutando contra o bruxo mais maligno que já existiu? —
Perguntou Sirius, com uma terrível expressão de fúria no rosto. — Apenas vidas inocentes, Peter!

— Você não entende! — Choramingou Pettigrew. — Ele teria me matado, Sirius!

— ENTÃO VOCÊ DEVIA TER MORRIDO! — Rugiu Sirius. — MORRER EM VEZ DE TRAIR
SEUS AMIGOS, COMO TERÍAMOS FEITO POR VOCÊ! — Sirius e Remus estavam ombro a
ombro, as varinhas erguidas.

— Você devia ter percebido. — Disse Remus com a voz controlada. — Que se Voldemort não o
matasse, nós o mataríamos. Adeus, Peter.

— NÃO! — Berrou Hadrian. E se adiantou, colocando-se entre Pettigrew e as varinhas. — Vocês


não podem matá-lo. — Disse determinado. — Não podem. — Sirius e Remus fizeram cara de
espanto.

— Hadrian, esse verme é a razão por que você não tem pais. Você mesmo acabou de mandar uma
maldição nele. — Sirius rosnou. — Esse covarde teria olhado você morrer, sem levantar um dedo.
Você ouviu o que ele disse. Dava mais valor à pele nojenta do que a toda sua família.

— Eu sei. — Hadrian encarou os profundos olhos cinzentos. — Vamos levar Peter até o castelo.
Vamos entregá-lo aos dementors, ele pode ir para Azkaban... Mas não o matem. Ele é a sua chave
para a sua liberdade.

— Hadrian! — Exclamou Pettigrew, e atirou os braços em torno dos joelhos do garoto. — Você...
Obrigado... É mais do que eu mereço... Obrigado...

— Tire essas mãos imundas de cima de mim! — Vociferou Hadrian, chutando o rosto de
Pettigrew, enojado. O homem caiu no chão, uma mão segurando o maxilar machucado e sangue
escorrendo do canto da boca. — Seu verme asqueroso, não estou fazendo isso por misericórdia.
Você é apenas uma ferramenta que eu irei usar. A morte seria a sua misericórdia, mas eu não sou
Jesus Cristo para perdoar os pecados alheios e distribuir flores para todos os criminosos. — Um
sorriso diabólico rasgou seus lábios, os olhos verdes eram um vórtice hipnotizante de puro caos. O
traidor estremeceu de medo com o que estava diante de si, seu medo triplicando ao ver Nyx se
remexendo nos ombros alheios, os olhos azuis iguais ao do garoto o encaravam e a língua
balançava no ar. — Não, Peter. — Sua voz adquiriu um tom falsamente doce. — Você vai viver,
mas irá sofrer todos os dias por tudo o que fez na sua vida miserável. Seu parasita repugnante, você
vai implorar pela morte. Vai desejar nunca ter traído os meus pais. Vai implorar para os Lords do
Universo um milagre para salvá-lo dos terrores que eu irei reservar para você. Farei da sua vida um
Inferno na Terra. Voldemort será uma criancinha com uma varinha de condão perto de mim. —
Ninguém se mexeu ou fez qualquer ruído, exceto Pettigrew, cuja respiração saía em arquejos, e ele
levava as mãos ao peito. Sirius e Remus se entreolharam, então, com um único movimento,
baixaram as varinhas.

— Você é a única pessoa que tem o direito de decidir, Hadrian. — Disse Sirius. — Mas pense...
Pense no que ele fez...

— Se ele morrer vai ser difícil te inocentar! — Rosnou para a teimosia do fugitivo, sua obsessão
com o rato não poderia interferir nos planos do garoto. — Ele vai para Azkaban, é o lugar que esse
rato pertence.

— Muito bem. — Disse Remus. — Saia da frente, então. — Hadrian hesitou. — Vou amarrá-lo.
Só isso, juro. — O garoto saiu do caminho, cordas finas saíram da varinha do werewolf e, no
momento seguinte, Pettigrew estava se revirando no chão, amarrado e amordaçado.

— Mas se você se transformar, Peter. — Sirius rosnou, a varinha também apontada para Pettigrew
— Nós o mataremos. Concorda, Hadrian? – Hadrian olhou a figura lastimável no chão.

— Suponho que outra dosa da minha maldição irá servir. Assim ele ainda estará vivo. —Hadrian
sorriu diabólico ao ver o homem estremecer de medo.

— Certo. — Remus suspirou, fazendo Ron e Hermione levitarem logo atrás deles. Sirius encarava
Severus, o nariz enrugado de raiva. Estava sendo legal só porque Hadrian, de alguma forma,
gostava desse morcego ranzinza.

— E dois de nós devemos nos acorrentar a essa coisa. — Cutucou Pettigrew com o pé. — Só para
garantir.

— Eu faço isso. — Disse Remus.

— Amarre a outra no ruivo. — Hadrian mais ordenou do que sugeriu. Seu ódio pela traição estava
cru no seu ser. Ele cansou de interpretar, ficar perto desses idiotas o deixava enjoado. O werewolf
não contestou, e fez como foi ordenado.

Sirius conjurou pesadas algemas do nada; e logo Pettigrew estava novamente de pé, o braço
esquerdo preso ao direito de Remus, o direito preso ao esquerdo de Ron. O ruivo ainda estava
desacordado e flutuando logo atrás deles. Crookshanks saltou com leveza da cama e abriu caminho
para fora do quarto, o rabo de escovinha elegantemente erguido no ar. Nyx se acomodou nos
ombros de seu filhote e esperou qualquer caos que pudesse surgir para atrapalhar a tranquilidade
daquele momento.
Capítulo 81
Chapter Notes

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Crookshanks, o gato que parecia muito irritado, liderava o caminho escada abaixo. Remus ia
logo atrás, amarrado a Pettigrew, que, por sua vez, estava amarrado a um Ron inconsciente que
flutuava logo atrás. Hermione não estava tão diferente do amigo ruivo, e flutuava logo atrás dele.
Sirius ia logo atrás dela, as varinhas dos dois garotos flutuantes em punhos e apontadas para o rato
traidor. Hadrian o seguia com Nyx em seus ombros, e Severus fechava o pequeno cortejo, a
varinha firme na mão, em prontidão para atacar se preciso.

Hadrian sentia-se estranhamente entorpecido depois de todas as informações, sentimentos


conflitantes e intensos que experimentou naquela noite. Ele observava todos avançando pelo túnel,
o peso de Nyx em seus ombros o confortava de uma sensação estranha e desconhecida por si.

— Você sabe o que isso significa? — Sirius perguntou num sussurro ao seu afilhado. Todos
estavam curvados para passar pelo túnel estreito, já Hermione e Ron batiam a cabeça no teto sem
que ninguém se preocupasse com isso. — Entregar o rato.

— Você livre e mostrar que o Ministério é inútil. — Hadrian respondeu no mesmo tom.

— É... — Sirius pareceu estranhamente nervoso e envergonhado. — Mas eu sou... Não sei se
alguém já te disse... Eu sou seu padrinho...

— Eu sei. — Deu-lhe um sorriso doce, o que parece aliviar um peso invisível do peito do homem
moribundo.

— Bem... Seus pais me nomearam seu tutor... — Sirius tentou conter seu nervosismo com
formalidade. — Se alguma coisa acontecesse a eles... — O garoto esperou, alheio ao olhar
cauteloso que Remus e Severus dirigiam ao fugitivo. — Naturalmente, eu vou compreender se você
não quiser... — Disse apressadamente ao olhar nos olhos do garoto. — Mas... Bem... Pense nisso...
Depois que meu nome for limpo... Se você quiser uma casa diferente para... — Uma espécie de
explosão ocorreu no fundo do estômago de Hadrian, que sorriu largamente.

— Você está me convidado para morar com você? — Perguntou divertido com o nervosismo do
homem.

— Sim... — Sirius pareceu subitamente triste e desolado. — Eu achei que você não iria querer... —
E rapidamente completou. — Eu compreendo... Só pensei que...

— Oh, cale a boca. — Hadrian sorriu carinhosamente. — Eu adoraria morar com você. — Hadrian
omitiu o fato de que uma longa conversa em família teria que ocorrer antes que qualquer coisa
fosse decidida.

— Você quer? — Perguntou abismado e os olhos arregalados. — Sério?

— Sim. — Mordeu o lábio inferior em nervosismo. O rosto ossudo de Sirius se abriu no primeiro
sorriso verdadeiro que Hadrian já o tinha visto dar. A diferença que fazia era espantosa, como se
uma pessoa dez anos mais nova se projetasse através da máscara de fome; por um instante ele se
tornou reconhecível como o homem que estava rindo no casamento dos pais de Hadrian. — Porém
teremos que ver um acordo com tia Cissy para vocês me “compartilharem”. — Ele não podia falar
sobre seus pais, não era um lugar seguro para isso.

— Ah... — Seu sorriso vacilou. — Claro... Cissy é sua madrinha também... — Comentou com um
leve tom de tristeza ao perceber que perdera doze anos da vida de seu afilhado.

Eles não falaram mais pelo resto do percurso, a sensação de entorpecimento de Hadrian deu
lugar a uma alegria quentinha ao ver que sua família estava “voltando para casa”. O gato saiu
correndo à frente e apertou o nó no tronco da árvore para que todos saíssem do túnel. Remus,
Pettigrew e Ron foram os primeiros a saírem do espaço apertado e claustrofóbico. Logo todos
estavam fora da passagem estreita, os jardins estavam muito escuros, as únicas luzes vinham das
janelas do castelo a quilômetros deles. Sem dizer uma palavra, todos começaram a andar. Pettigrew
continuava a arquejar e, ocasionalmente, a choramingar.

— Um movimento errado, rato. — Ameaçou Remus que ia à frente. Sua varinha continuava
apontada firmemente para o peito de Pettigrew.

Eles avançaram pelos jardins, as luzes do castelo crescendo com a aproximação. O silêncio
desconfortável os seguindo. E então... Uma nuvem se mexeu. Inesperadamente surgiram sombras
escuras no chão. O grupo foi banhado pelo luar. O corpo inconsciente de Hermione se chocou com
Remus, Pettigrew e Ron, que pararam abruptamente. Sirius congelou, esticou um braço para fazer
Hadrian ficar atrás de si. O garoto viu a silhueta de Remus, o homem enrijecera. Então as pernas de
Hadrian começaram a tremer ao lembrar que dia era aquele.

Sua desconcentração fez com que o feitiço que mantinha os dois leões traidores ficarem
inconscientes e flutuarem cessou por completo. Os dois caíram no chão com um baque surdo, os
olhos piscando em confusão, Ron soltou um silvo de dor quando sua perna machucada se chocou
contra o solo. Hermione foi a que teve a recuperação mais rápida, os olhos castanhos encarando a
lua e Remus petrificado diante do astro brilhante.

— Ah, não! — A garota exclamou quando a compreensão finalmente afundou na sua mente. — Ele
não tomou a poção hoje à noite! Ele está perigoso!

— Como você sabe que ele não tomou? — Hadrian olhou-a com raiva. Ron começou a se debater
contra as restrições que o uniam a Pettigrew e Remus, desesperado para se ver o mais longe do
werewolf.

— Não importa. Corram. — Sussurrou Sirius apressadamente. — Corram. Agora. — Mas Hadrian
não podia correr, Ron estava acorrentado a Pettigrew e Remus, precisava salvar o maldito ruivo pra
não manchar ainda mais sua reputação com Dumbledore. Ele deu um salto para frente, mas Sirius o
abraçou pelo peito e o atirou para trás. Severus se adiantou e soltou a algema que prendia Ron e
Pettigrew a Remus, e puxou os dois para longe bruscamente.

— Deixe-o comigo... CORRA!

Ouviu-se um rosnado medonho, a cabeça de Remus começou a se alongar assim como o seu
corpo. Os ombros se encurvaram, pelos brotavam visivelmente de seu rosto e suas mãos, que se
fechavam transformando-se em patas com garras. Os pelos de Crookshanks ficaram outra vez em
pé e ele estava recuando. Quando o werewolf com a transformação completa se empinou, batendo
as longas mandíbulas, Sirius desapareceu do lado de Hadrian. O enorme cão semelhante a um urso
saltou para a frente, agarrou o werewolf pelo pescoço e puxou-o para trás, afastando-o do grupo.
Eles brigavam ferozmente, mandíbula contra mandíbula, as garras golpeando impiedosamente
qualquer parte do corpo que alcançassem.

— Leve-os pra longe. — Hadrian colocou Nyx no chão enquanto olhava para Severus com olhos
suplicantes.

— O que você vai fazer? — Hermione encarou-o com os olhos arregalados de horror, mas Hadrian
não respondeu.

— O que pensa que está fazendo? — Severus avançou com fúria e preocupação. Agarrou o braço
do garoto e o forçou a olhá-lo nos olhos.

— Ajudar. Eu sei o que estou fazendo. — Soltou seu braço do aperto forte de um homem
preocupado com sua vida. Mesmo que doesse ver o horror nos olhos negros, Hadrian precisava
fazer alguma coisa. Ele se concentrou na sua forma animagus e começou a mudar.

Hermione soltou um grito horrorizado quando viu a Horned Serpente aumentar de tamanho
conforme a transformação se completava. Nyx também aumentou de tamanho e protegeu os outros
enquanto Hadrian se aproximava sibilando ferozmente para o werewolf, o cão paralisou por alguns
segundos ao ver a serpente gigantesca envolver o lobo e prendê-lo contra seu grandioso corpo
escamoso. O werewolf lutava com todas as suas forças para se libertar, garras e presas arranhando
levemente pela falta de movimentação devido à pressão.

Foi o grito de Hermione que distraiu Hadrian de sua função. Pettigrew tinha mergulhado para
apanhar a varinha caída de Remus. Ron, mal equilibrado na perna machucada, caiu. Houve um
estampido, um clarão... E Severus ficou estirado, imóvel, no chão. Outro estampido. Crookshanks
voou pelo ar e tornou a cair na terra fofa. Pettigrew apanhou a varinha e nocauteou Ron.

— Expelliarmus! — Berrou Hermione, apontando a própria varinha para Pettigrew; a varinha de


Remus voou muito alto e desapareceu de vista. — Fique onde está! — Gritou Hermione, correndo
em frente.

Tarde demais...

Pettigrew se transformara. Hadrian viu seu rabo pelado passar pela algema no braço
estendido de Ron e o ouviu correr pelo gramado. Um uivo, seguido de um rosnado prolongado e
surdo ecoaram. O lobo acabara de morder lhe fortemente, já que sua distração fizera seu aperto
afrouxar levemente. Hadrian sibilou com a dor, Nyx se aproximou do garoto. Ele estava sentindo-
se zonzo conforme o werewolf estilhaçava ainda mais seu corpo reptiliano. Sangue jorrava pelo ar,
manchando escamas negras e pelos cinzentos. O ar adquiriu um cheiro ferroso, a grama abaixo
deles começou a ser tingida pelo carmesim vívido conforme a poça do líquido fresco aumentava de
tamanho gradualmente.
A carne estava sendo arrancada, músculos e vários outros tecidos separados do corpo, a boca
do lobo estava banhada de sangue quando jogava a cabeça para os lados a fim de se livras dos
pedaços que arrancara do corpo que o segurava. Os olhos cor de âmbar eram ferozes, pareciam
brilhar contra a luz prateada da lua cheia, as presas afiadas escancaradas. Ali, diante de Hadrian,
não era o seu doce professor, aquilo era um besta enfurecida que destroçava o seu corpo em busca
de liberação.

— Solte, filhote! Solte! — Nyx exigiu preocupada ao ver cada vez mais sangue deixar as feridas
no corpo da Horned Serpent. Ela viu-se, pela primeira vez na vida, paralisada com a visão a sua
frente. Grandes pedaços de carne jogados ao vento, sangue espirrando, e Hadrian, seu filhote,
sibilando de dor. O som era quase um grito. Nyx podia ouvir, podia escutar claramente os berros
do garoto por trás da serpente. E isso a paralisou, o medo, o pânico e o desespero a consumindo.

— Black, ele fugiu! Pettigrew se transformou! — Berrou Hermione.

De sua batalha anterior, Sirius sangrava; havia cortes profundos em seu focinho e nas costas,
mas ao ouvir as palavras da garota ele tornou a se levantar depressa e, num instante, o ruído de suas
patas foi morrendo até cessar ao longe. Hermione correu para Ron.

— Que foi que Pettigrew fez com ele? — Sussurrou a garota. Os olhos de Ron estavam apenas
semicerrados, a boca frouxa e aberta; sem dúvida, estava vivo, ela o ouvia respirar, mas não
parecia reconhecer a amiga.

Hadrian não conseguia mais reunir forças para continuar segurando o werewolf enfurecido.
Seus músculos queimavam como brasa e seu corpo perdia energia conforme sua visão escurecia. E
então ele relaxou o corpo e permitiu-se cair no chão. A cabeça pesada chocando-se duramente
contra o chão enquanto ele via Remus partir para a floresta.

— Filhote! — Nyx acariciou seu rosto com sua cabeça. Hadrian voltou a sua forma humana,
extremamente cansado e ferido, mas não se importava com isso. Se seu corpo estava cheio de
mordidas e pedaços de carne faltando, ele não poderia se importar menos, haviam coisas mais
importantes para se preocupar no momento. Ele olhou desesperado para os lados. Sirius e Remus,
os dois tinham ido... Não havia como ele deixá-los. — Garoto idiota! — A serpente encarou
apavorada o corpo sangrento e cheio de mordidas profundas, elevou-se sobre sua cabeça, o
forçando a focar em si. — Estava tentando se matar, caralho?! — Se Hadrian não estivesse tonto
e terrivelmente dolorido, ele teria rido.

— É melhor... — Hadrian tentou focar sua mente nublada. — Levarmos os dois para o castelo e
contarmos a alguém. — Disse Hadrian, ofegando e tremendo violentamente, tentando pensar
corretamente. — Vocês... — Mas então, para além do seu campo de visão, eles ouviram latidos,
um ganido; um cachorro em sofrimento... — Sirius. — Murmurou Hadrian, olhando para o escuro.

Ele teve um momento de indecisão, mas não havia nada que pudessem fazer por Severus ou
Ron naquele momento, e pelo que ouvia, Sirius estava em perigo. Sem se importar com o corpo
ferido e sangrando, ele saiu correndo, Nyx em seu encalço. Os latidos pareciam vir da área
próxima ao lago. Ele saíra em disparada naquela direção, correndo sem parar. Ele sentiu o frio sem
perceber o que devia significar, focado demais no seu pânico, e ele já estava se sentindo frio pela
perda de sangue... Os latidos pararam abruptamente. Quando o garoto chegou ao lago viu o porquê:
Sirius se transformara outra vez em homem. Estava caído de quatro, com as mãos na cabeça.

— Não... — Gemia — Não... Por favor...

Então Hadrian os viu. Dementors, no mínimo uns cem deles, deslizando em torno do lago
num grupo escuro que vinha em sua direção. O menino se virou, o frio congelante, já conhecido
penetrando suas entranhas, a névoa começando a obscurecer sua visão; eles não estavam somente
surgindo da escuridão por todo o lado; estavam cercando-os... Erguendo a varinha, piscando
furiosamente para tentar clarear sua visão turva, sacudindo a cabeça para livrá-la da leve gritaria
que começara dentro dela... “Eu vou salvar Sirius. Vou ter minha família completa.” Ele se forçou
a pensar em Sirius, e somente em Sirius, e começou a cantar:

— Expecto Patronum! Expecto Patronum!

Sirius estremeceu, rolou de barriga para cima e ficou imóvel no chão, pálido como a morte.
“Ele vai ficar bem. Eu vou salvá-lo.” À luz fraca do seu Patronus informe, ele viu um dementor
parar, muito perto dele. Não conseguiu atravessar a nuvem de névoa prateada que Hadrian
conjurara. A mão morta e viscosa deslizou para fora da capa. Ela fez um gesto como se quisesse
varrer o Patronus para o lado. Nyx tentava falar com o garoto, tentava trazer razão e clareza para a
mente perturbada do seu filhote, mas o efeito das criaturas faziam seus esforços serem em vão.

— Não... Não... — Ofegou Hadrian conforme as criaturas se aproximavam de si, aparentemente


focados no seu desespero. — Expecto... Expecto Patronum...

Ele sentia que os dementors o observavam, ouvia a respiração deles vibrar como um vento
aterrorizante ao seu redor. O dementor mais próximo parecia estar avaliando-o. Então ergueu as
duas mãos podres. E baixou o capuz para trás. Onde devia haver olhos, havia apenas uma pele
sarnenta e cinza, esticada por cima das órbitas vazias. Mas havia uma boca. Um buraco
escancarado e informe, que sugava o ar com o ruído que anuncia a morte. Um terror paralisante
invadiu Hadrian de modo que ele não conseguia se mexer nem falar. Ele teve que usar todas as
suas forças para continuar a proferir o encanto. Vagando por todas suas memórias felizes. Não
adiantava o quando a serpente gritasse por seu filhote, ele estava muito longe para escutá-la. Era
uma das situações que ele deveria superar sozinho, mas ainda assim machucava ver o seu adorável
filhote sofrendo.

— Expecto Patronum! Expecto Patronum...

Os dementors estavam mais próximos, agora a menos de três metros deles. Formavam uma
muralha sólida em torno de Hadrian, cada vez mais próximos. O nevoeiro branco o cegava. Ele
tinha que lutar...

— Expecto Patronum...

Ele não conseguia ver...

Ao longe ouvia os gritos já familiares...

— Expecto Patronum...

Ele tateou pela névoa à procura de Sirius, e encontrou seu braço...

Os dementors não iam levá-lo...

Mas um par de mãos pegajosas e fortes, de repente, se fechou em torno do pescoço de


Hadrian. Forçavam-no a erguer o rosto. Ele sentiu o frio o consumir ainda mais intensamente. Ia se
livrar dele primeiro. Hadrian sentiu seu hálito podre. Sua mãe gritava em seus ouvidos. Ia ser a
última coisa que ele ouviria...

— EXPECTO PATRONUM! — Berrou Hadrian, tentando abafar a gritaria em seus ouvidos.


Pensando furiosamente em toda a sua família. Ele pensava em todos que amava. Os sorrisos. Os
abraços. O amor. — EXPECTO PATRONUM! — E da ponta de sua varinha irrompeu, não uma
nuvem informe, mas um animal prateado, deslumbrante, ofuscante. Ele apertou os olhos tentando
ver o que era. Era um Zouwu! Só que completamente prateado e brilhante.

O Zouwu tem um corpo de seis metros de altura, sete metros de comprimento (sem a cauda),
e a cauda tem doze metros de comprimento (duas vezes maior que seu corpo). Grandiosas patas
com quatro dedos equipados com garras mortais, pernas e braços finos e longos, porém
musculosos e ágeis. Seu pelo dourado possuía listras parecidas com as de um tigre, levemente mais
escuras e que brilham em roxo quando ele ativa seu poder inato de viajar mil milhas em um dia (ele
é capaz de distorcer o espaço ao seu redor para viagens rápidas). Uma juba desgrenhada e ruiva
com alguns fios vermelhos (que brilham em dourado). Seu crânio lembra vagamente o de um gato,
tem grandes olhos cor de âmbar, quatro presas (um par em cada lado) saem de sua arcada dentária
superior (direcionadas para cima; e as de trás são maiores que as da frente). Sua grandiosa cauda é
de um tom rosado e lembra as caudas dos peixes betas. Suas orelhas pontudas se camuflam na sua
juba. Uma cauda nasce logo abaixo do término da sua juba, descendo pela sua coluna como uma
fina linha rosa (como se fosse uma barbatana dorsal de um peixe) até que se expande em uma
belíssima cauda gigantesca.

O dementor que segurava seu pescoço se afastou. O Patronus andava silenciosamente se


afastando dele, atravessando a superfície escura do lago. Ele viu o animal levantar as patas
dianteiras e abrir a mandíbula, investindo contra o enxame de dementors. Agora ele cercava os
vultos escuros no chão, e os dementors recuavam, se dispersavam, fugiam na noite. Desapareciam.

O Patronus deu meia-volta. Veio em direção a Hadrian atravessando a superfície parada das
águas. Reluzia intensamente ao luar. Parou na margem, suas patas não deixaram pegadas no chão
macio, então ele encarou o garoto com os grandes olhos prateados. Lentamente, ele curvou a
cabeça cheia da juba. Mas quando os dedos trêmulos de Hadrian se estenderam para o ser, ele
desapareceu. O bruxo continuou parado ali, a mão estendida. Então com um grande salto no
coração, ele ouviu o ruído de passos às suas costas.

Hadrian sentiu os joelhos baterem na grama fria. O nevoeiro escuro voltou a nublou seus
olhos. Ele sentiu seu corpo ainda mais pesado e dormente. O rosto no chão, demasiado fraco para
se mexer, nauseado e trêmulo, Hadrian abriu os olhos. O ar reaquecia. Com cada grama de força
que ele conseguiu reunir, o garoto ergueu a cabeça uns poucos centímetros e viu Nyx deslizar para
ele, preocupada. Ela sibilava algo, mas Hadrian não conseguia ouvir nada. Lutando para se manter
consciente, sentiu Nyx acariciar seu rosto. Ele não conseguiu mais pensar. Sentiu que suas últimas
forças o abandonavam e sua cabeça bateu no chão quando ele desmaiou. Mas Hadrian jurou escutar
um canto bem no fundo de sua mente nublada.
Capítulo 82
Chapter Notes

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Professor Snape! — Hermione chamou desesperada. Ela havia acabado de reanimar o


pocionista, depois de muito tempo paralisada de choque, tentando raciocinar o que estava
acontecendo e o que poderia fazer.

— Granger? — O homem levantou-se num pulo e olhou ao redor, sua mente lentamente
raciocinando. — Onde está Hadrian? Lupin? E Black?! — Colocou-se em pé, desesperado por
respostas.

— Pettigrew se transformou em rato depois de nocautear você e Ron. — Falava apressadamente.


— Então ele fugiu. Black foi atrás dele, mas Hadrian estava sendo estraçalhado pelo professor
Lupin. Ele estava todo machucado! Tinha muito sangue! — Seus olhos lacrimejaram em puro
horror com as memórias ainda frescas. Severus escaneou o ambiente com os olhos e viu a terrível
quantidade de sangue e pedaços de carne com escamas jogados alguns metros à frente, e isso fez
seu coração se apertar dolorosamente. Sua garganta fechou em pavor e o medo o consumiu
completamente. — Ele não conseguiu segurar por muito tempo. O professor Lupin fugiu para a
floresta. Mas ouvimos Black sofrendo, e Hadrian foi até ele na floresta. E e-eu não sei o que fazer.

— Vá chamar qualquer um! Dá teu jeito! — Ordenou antes de sair em disparada na direção que a
garota apontou que Hadrian fora.

— O que eu faço? — Ela olhou desesperada para os lados, as lágrimas nos olhos, o cérebro tendo
dificuldades em raciocinar diante da situação.

— GRANGER! — McGonagall irrompeu da floresta junto com Dumbledore e todos os


professores.

— Graças a Deus! — A garota não demorou em explicar tudo mais uma vez enquanto Severus
corria para a floresta.

— Hadrian! — Severus desesperou-se ao ver o garoto inconsciente no chão. Havia muito sangue ao
seu redor, Nyx estava enrolada protetoramente envolta do corpo frio. — Por Merlin. — O homem
ofegou ao ver o tanto de ferimentos que menor tinha. Seus instintos queriam agarrar o garoto num
abraço apertado e chorar sobre ele de pura vergonha por não o ter protegido. Mas o pocionista
sabia que só iria piorar os machucados do garoto. Então ele levitou Hadrian e Sirius e correu de
volta para o castelo, com Nyx em seu encalço. Enquanto corria pela floresta, ele pode ver
Buckbeak observando o garoto com preocupação. Mas o homem não lhe deu atenção, apenas
continuou correndo, a preocupação inundando seu coração.

— Draco se acalma, por favor. — Blaise abraçava o loiro, que não parava de chorar.

Pouco tempo depois de se separar de Hadrian, Draco chegou ao castelo. O primeiro a


encontrar foi Remus, explicou-lhe o que estava acontecendo e depois correu atrás de Severus para
alertá-lo. Seu chefe de casa o mandou ficar na sua Comunal, porém ele não estava conseguindo se
acalmar de tanta preocupação. Blaise e Pansy tiveram que ir atrás de Colin, Neville e os gêmeos
para ajudarem o loiro, Theodore ficou com o amigo para tentar acalmá-lo. Agora, o grupo estava
reunido perto da Ala Hospitalar para esperarem mais notícias sobre Hadrian. Enquanto esperava,
Draco contou aos amigos, entre muito soluços, o que havia acontecido, e então ninguém conseguia
se acalmar mais. Todos estavam preocupados, pois tudo relacionado a Hadrian resultava no
moreno quase morrendo.

— Professor Dumbledore! — Fred exclamou assim que viu o homem irromper da entrada,
flutuando um Ron inconsciente, acompanhado de uma Hermione chorosa e dos outros professores
preocupados.

— Onde estão Hadrian? Lupin e Snape? — Colin perguntou temeroso.

— Severus foi atrás de Hadrian. — Flitwick informou enquanto os adultos entravam na ala
hospitalar.

— E Black? — Neville perguntou entre fungadas.

— Não sabemos ainda. — Sprout falou.

— Foi horrível! — Hermione jogou-se nos braços de Neville, deixando o garoto atordoado e sem
saber o que fazer.

— O que aconteceu? — George perguntou desesperado.

— Scabbers, o rato de Ron, era Peter Pettigrew. Foi ele que entregou os pais de Hadrian para
Você-Sabe-Quem. — Todos ofegaram. — Black era inocente o tempo todo. E-e o professor Lupin,
ele é um werewolf, ele não tomou a poção hoje. E Hadrian se machucou tentando segurar ele com
sua forma de Horned Serpente. Mas eu não sei pra onde ele foi. Pettigrew fugiu, Black foi atrás. E
Hadrian correu atrás dele quando ouvimos um latido de dor. — Ela debulhava-se em lágrimas.

— Me diz que o Hadrian está bem! — Draco exigiu. Todos estavam tremendo, a antecipação do
medo de perder Hadrian os consumindo completamente. Colin reprimiu o choro no peito de Draco.
Eles não conseguiriam passar por essa dor novamente. A visão de Hadrian praticamente morto na
cama os assombrou novamente e seus corações afundaram dolorosamente.

— Hadrian! — Theodore ofegou quando viu Severus vir correndo com o garoto levitando logo
atrás. Por onde ele passava, deixava um grande rastro de sangue no chão de pedra que escorria de
suas inúmeras feridas.
— Oh Merlin! — Pansy tapou a boca para reprimir um grito ao ver o moreno.

— Ele vai ficar bem. Eu prometo. — Severus jurou antes de entrar na ala hospitalar. – Poppy! —
Chamou desesperado enquanto colocava Hadrian e Sirius em macas próximas uma da outra.

— Merlin! — A curandeira ofegou e correu para o garoto.

— Black! — McGonagall rosnou ao ver o homem.

— Ele é inocente, Minerva! — Severus anunciou. — Olhem na mente da senhorita Granger.


Pettigrew era o rato de Ron Weasley. Ele que entregou os Potter ao inimigo. — Dumbledore
olhou-o, avaliando suas palavras, o velho sabia que agora suas mentiras não serviriam de nada.

— Ele está falando a verdade. — O diretor admitiu num suspiro. — Vamos comunicar os pais do
senhor Weasley e os responsáveis do senhor Potter e deixar Poppy trabalhar. — Pouco a pouco os
professores deixaram a enfermaria.

— Espero que Remus esteja bem. — Theodore comentou esperançoso assim que viu Severus
fechando as portas.

Hadrian estava deitado com os olhos bem fechados. Sentia-se muito tonto. As palavras que
ouvia ao seu redor pareciam viajar muito lentamente dos ouvidos para o cérebro, por isso estava
difícil compreender. Suas pernas e braços pareciam feitos de chumbo, as pálpebras muito pesadas
para abri... Ele queria ficar deitado ali, naquela cama confortável, para sempre... Mas então, havia
algo quente sobre seu peito... Uma melodia calmante sussurrava no fundo de sua consciência, isso
o trazia paz e ofuscava a dor.

— Sirius ainda vai ser preso? Mas ele é inocente!

O cérebro de Hadrian parecia estar trabalhando um pouco mais rápido e, quando isso
aconteceu, surgiu uma sensação desagradável na boca do seu estômago... O garoto abriu os olhos,
tudo estava levemente embaçado. Seus olhos ainda não estavam acostumados a funcionar depois
de tanto tempo cego pelos efeitos colaterais dos dementors. Ele estava deitado na escura ala
hospitalar. Em um extremo da enfermaria, avistou Madame Pomfrey de costas para ele, curvada
sobre um leito. Hadrian piscou os olhos para clarear a visão. Os cabelos ruivos de Ron estavam
visíveis por baixo do braço de Madame Pomfrey.

— Hadrian? — Uma voz doce chamou-o. Era Draco, ele estava segurando sua mão fortemente.
Fred, George, Neville e Colin estavam envolta de si. Nyx estava enrolada ao seu lado e Fawkes
estava cantarolando baixinho sobre o seu peito.

— O quê...? — O moreno franziu a testa e tentou se sentar, Draco o ajudando e Fawkes se


acomodou nas suas pernas.

— Está tudo bem. — Colin beijou-lhe a testa com carinho.

— Sirius?

— Fudge insiste em dizer que ele é culpado. — Fred bufou. Mas nesse instante, Madame Pomfrey
agora vinha andando com passos enérgicos pela enfermaria escura até a cama de Hadrian. O garoto
se virou para olhá-la, a enfermeira trazia a maior barra de chocolate que ele já vira na vida, parecia
um pedregulho.
— Ah, você acordou! — Disse ela com animação. Pousou o chocolate na mesa de cabeceira de
Hadrian e começou a parti-lo em pedaços com um martelinho.

— Como Ron está? — Perguntou Hadrian.

— Vai sobreviver. — Respondeu Madame Pomfrey de cara feia. — Quanto a você... Vai continuar
aqui até eu me convencer que esteja melhor! Você foi mordido por um werewolf na lua cheia! A
sua sorte é que a licantropia não passou para você graças a magia do seu familiar e as lágrimas de
Fawkes!

— E Sirius?

— Eles anularam a licantropia nele também.

— Preciso ver Fudge. — Disse.

— Potter. — Disse Madame Pomfrey, acalmando-o. — Está tudo bem. Apanharam Black. Ele está
trancado lá em cima. Os dementors vão lhe dar o beijo a qualquer momento...

— O QUÊ?! — Hadrian saltou da cama e se colocou em pé. Ele vacilou no equilíbrio e Neville o
ajudou a se firmar. Mas o seu grito fora ouvido no corredor lá fora; no segundo seguinte, Cornelius
Fudge e Severus entraram na enfermaria.

— Hadrian, Hadrian, que foi que houve? — Perguntou Fudge, parecendo agitado. — Você devia
estar na cama, ele já comeu o chocolate? — O Ministro perguntou, ansioso, a Madame Pomfrey.

— Ministro, ouça! — Pediu Hadrian. — Sirius Black é inocente! Peter Pettigrew fingiu a própria
morte! Nós o vimos hoje à noite. O senhor não pode deixar os dementors fazerem aquilo com
Sirius, ele... — Mas Fudge estava sacudindo a cabeça com um sorrisinho no rosto.

— Hadrian, Hadrian, você está muito confuso, passou por uma provação terrível, deite-se, agora,
temos tudo sob controle...

— O SENHOR NÃO TEM, NÃO! — Berrou Hadrian dando um passo à frente e se mantendo
equilibrado por si próprio. Sua magia ondulava ao seu redor perigosamente, as poucas chamas
acesas tremularam até quase apagarem e as paredes estremeceram. — O SENHOR PEGOU O
HOMEM ERRADO! — Fudge estremeceu ao sentir o poder ofensivo do garoto. — Eu estou em
posse das duas maiores cadeiras do Wizengamot, e exijo um julgamento para Sirius Black! Ele foi
preso injustamente! E não lhe deram um julgamento! Eu exijo a justiça, e você não tem como me
negar isso, porque eu sou seu superior nesse quesito! Eu me fiz claro?!

— Como queira, senhor Potter. — Fudge bufou. — Sirius Orion Black terá seu julgamento.

— Obrigado. — Hadrian olhou-o ferozmente. — Me leve até ele nesse instante. — Exigiu.

— Você tem que estar de repouso! — Pomfrey esbravejou.

— Nós dois sabemos que eu não vou descansar até que meu padrinho esteja do meu lado,
recebendo tratamento! — A mulher estremeceu ao receber o olhar feroz de Hadrian. O garoto se
sentiu um pouco culpado por isso, mas sua preocupação com Sirius ofuscou tudo.

— Eu vou trazer Black para você, Hadrian. — Severus sorriu-lhe com carinho. — Agora, por
favor, descanse.

— Por favor, Severus. Traga-o para mim. E encontre Moony. — Hadrian pediu-lhe suplicante.
— Eu farei. — O homem prometeu e se retirou da enfermaria.

— Hadrian! — Fred e George o ampararam quando o moreno cambaleou, seus ferimentos haviam
se aberto e a pressão despencara. Mesmo com as lágrimas de Fawkes, ferimentos feito por um
werewolf transformado na lua cheia tinham uma propriedade mágica que dificultava a cura.

— Ministro! — Disse Madame Pomfrey aborrecida. — Devo insistir que o senhor saia. Potter é
meu paciente e não deve ser angustiado! — Os gêmeos colocaram um fraco Hadrian de volta na
cama enquanto o Ministro se retirava, indo atender à exigência do garoto. — Agora, por favor,
Potter, você precisa de cuidados médicos. Pare de ser imprudente. — Fawkes voltou a deitar-se no
peito de Hadrian e a cantarolar baixinho. Seu calor o envolvendo completamente, livrando-o das
dores. Nyx se deitou perto de cabeça morena e apoiou a sua própria no pescoço do seu filhote.

— Okay. — Hadrian deu-se por vencido enquanto a curandeira refazia seus curativos. — O garoto
estava nervoso, queria ver Sirius logo. Os minutos se arrastavam enquanto Poppy trabalhava no
corpo em recuperação. E então as portas se abriram, e o animagus correu para o seu afilhado. —
Sirius! — Hadrian tentou se levantar para correr até o homem, mas em um piscar de olhos Fawkes
e Nyx se afastaram e seu corpo era abraçado com força, enquanto o homem tomava cuidado para
não machucar o garoto ainda mais.

— Como você conseguiu convencer o Ministro? — O homem encarou-o com espanto quando se
afastaram do abraço.

— Temos muito o que conversar. — Hadrian sorriu feliz.

— Vou procurar Moony. Suponho que lhe devo desculpas. — Severus murmurou envergonhado e
logo se retirou.

— Sente-se, Black. — Poppy começou a tratar dos ferimentos do homem, na cama ao lado de
Hadrian. Fawkes e Nyx voltaram para seus lugares habituais.

— Por favor me explique por que diabos o Snivellus chamou o Remus de Moony? — Sirius pediu
chocado.

— Severus é amigo de Remus. — Hadrian respondeu divertido ao ver o padrinho paralisar em


choque.

— O QUÊ?! — Sirius pulou da cama.

— Deite-se, Black! — Poppy ordenou com severidade, e o homem se encolheu sob seu olhar, logo
obedecendo antes que a mediwizard o azarasse.

— Eles se perdoaram e são amigos, agora. Por isso Severus ficou tão magoado quando ele
descobriu que Remus estava confiando em você. — Hadrian admitiu.

— Mas... — Sirius murmurou com amargura e olhou para o chão.

— Sirius. — Hadrian sorriu-lhe com carinho. — Acho que está na hora de deixar o passado para
trás e seguir uma nova vida. — O animagus olhou-o espantado.

— Mas o Snivellus... — Seu rosto contorceu-se em nojo.

— Não sei se você percebeu, mas Severus é um homem extremamente bonito. — Hadrian admitiu.
— Se ele não fosse meu professor, eu, definitivamente, ficaria com ele. — Sirius olhou-o
incrédulo.
— Quando meu afilhado começou a agir tão... Tão...

— Só estou falando a verdade. — Hadrian e os namorados riram.

— Mas ele é muito velho pra você... — Sirius ainda estava com uma carranca de nojo.

— Sirius. — Hadrian chamou-o delicadamente. — Converse com Severus, você vai descobrir que
ele é um homem incrível. Se não por você, faça por mim. Severus é alguém importante para mim.
Ele é da família, e eu apreciaria se os dois se dessem bem.

— Vou tentar. — Resmungou a contragosto.

— Ah! — Hadrian sorriu para o homem emburrado. — Está vendo todos esses lindos garotos ao
meu redor? — O homem olhou para Draco, Colin, Neville e os gêmeos com incredulidade.

— Sim...?

— Nós estamos num relacionamento. — Comentou divertido ao ver o homem arregalar os olhos.

— Eu acho que você o quebrou. — George riu.

— Eu os amo e eles me amam. Só queria avisar antes que você interpretasse algo errado. —
Hadrian deu de ombros.

— Mas... — Sirius apontava para os garotos. — Mas... Cinco...?

— Na verdade são seis. — O sorriso de Hadrian aumentou ao ver o padrinho se surpreender ainda
mais. — Tem mais um em casa. — Piscou-lhe maliciosamente.

— Mas... Hazz...

— Sirius. A única coisa que você deve se preocupar é com Moony. — Só de ouvir o nome do
amigo Sirius focou no garoto. — Ele deve estar se sentindo horrível agora. Ele traiu a confiança de
Severus ao confiar em você. Ele ainda deve estar se culpando por não acreditar na sua inocência.
Sem contar que deve estar sofrendo terrivelmente ao se lembrar que ele acabou por ferir nós dois
quando se transformou. Ele precisa do nosso apoio. O seu, o de Severus e o meu. Eu lembro a dor
nos olhos dele quando o conheci. A dor e a solidão por estar longe da sua família. O fizeram
acreditar que eu também havia morrido. E ele estava se culpando todo o dia. Ele precisa de nós,
Sirius...

— Mas o Snivellus...

— Pare de chamá-lo assim! — Hadrian ralhou. — Severus é um ótimo homem. Ele me protege e
cuida desde que entrei na escola. Existem coisas que você precisa saber. Mas o que importa agora é
que Severus é um bom homem. E ele foi o amigo que Remus precisava enquanto você estava
longe. Você tem que deixar essa rixa besta de criança no passado. Severus superou isso. Você
também pode. Desculpe-se com ele, pois você e James o infernizaram na escola. — Sirius abriu a
boca para retrucar, mas Hadrian não permitiu. — Não adianta negar. Eu sei de tudo. E Severus
perdoou todos vocês, por mim. Se ele, que foi a pessoa que sofreu e foi injustiçada, perdoou e
deixou isso tudo no passado, você consegue se desculpar e voltar para esta família. — Sirius
emburrou a cara, mas acenou com a cabeça.

— Cara, você acabou de dar uma bronca em Sirius Black. — Fred brincou, arrancando risadas de
todos. Um miado foi ouvido antes de Crookshanks pular na cama de Sirius e se deitar ronronando
ao seu lado.
— Moony? — O coração de Severus afundou-se ao ver o homem deitado no chão da floresta, seu
corpo nu estava gelado e tinha novos ferimentos. — Moony? — O moreno correu para o werewolf
e cobriu-o com sua capa.

— Sevvie? — Remus perguntou zonzo. Seu corpo todo doía, ele estava com tanto frio, mas a dor
em seu coração era ainda maior. Ele havia machucado Hadrian. Seu doce e adorável filhote

— Eu estou aqui, Moony. — Severus abraçou-o com força.

— E-eu machuquei, Hadrian... — Sua voz rouca tremeu quando as lágrimas escorriam
descontroladamente pelo seu rosto. — Eu o machuquei! Eu machuquei meu filhote! Severus! Eu
sou horrível! Um monstro!

— Não! Você não é! — Abraçou-o com mais força, Remus se agarrou as vestes negras, ainda
chorando descontroladamente. — Hadrian está bem. Sirius está bem. Todos estamos bem.

— E-eu lembro do sangue... E-eu não conseguia tirar o gosto... O sangue do filhote...

— Ele está bem, Remus. Hadrian está bem.

— Não, não está! — Gritou. — Você não entendeu?! Eu o mordi! Eu estava transformado e era lua
cheia! Eu o amaldiçoei! Eu o condenei ao mesmo inferno que eu sofro!

— Ele não virou um werewolf, Remus. — Severus segurou-lhe o rosto com as duas mãos,
forçando o outro a olhá-lo nos olhos. — A magia de Nyx impediu a licantropia de passar para
Hadrian e Fawkes ajudou a tirar a licantropia do seu sangue. Ele está bem. Ele não vai virar um
werewolf.

— Sevvie... — Remus agarrou-se ao seu pescoço e voltou a chorar. Mas agora a alegria e o alívio o
preenchiam. Hadrian estava bem. Ele não o havia amaldiçoado.

— Vamos voltar para o castelo. Poppy precisa cuidar de você. E Hadrian está preocupado. —
Levantou-se com o homem em seus braços, encolhido contra sua capa quente.

— Ele não está bravo comigo...? — Sua pergunta saiu abafada pelas vestes do moreno.

— Ele não está. Está preocupado com seu bem-estar, mas não o culpa por nada. — Assegurou
enquanto voltava para a enfermaria. Remus fungou, seu coração ainda doía por ter machucado
Hadrian, mas um doce calor o acalmava por saber que estava tudo bem. Saber que seu doce filhote
não sofreria com a mesma desgraça que o matava a cada lua cheia.
Capítulo 83
Chapter Notes

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Ron foi liberado no meio-dia do dia seguinte. Madame Pomfrey estava fazendo um ótimo
trabalho com Hadrian, juntamente com Nyx e Fawkes. Hagrid viera visitar o garoto, o meio-
gigante estava muito feliz em saber que ele estava bem. Sirius quase havia infartado milhares de
vezes conforme Hadrian o situava de tudo o que havia acontecido nos últimos doze anos que o
padrinho perdeu de sua vida. Pode-se dizer que agora existem quatro homicidas que prezam pela
vida do garoto (Tom, Lucius, Severus e Sirius). Sirius também admitiu que fora ele quem o dera a
Firebolt, ele havia tirado dinheiro do cofre Potter (e ele não disse como conseguira essa proeza),
mas Hadrian não poderia se importar menos, alegando ser uma maneira de recompensar treze anos
de presentes.

Fora extremamente difícil, mas Hadrian estava sempre ali para apartar as brigas, mas aos
poucos Severus e Sirius estavam convivendo pacificamente. Ainda trocavam palavras ácidas, mas
agora elas tinham um ar de brincadeira. Remus estava muito feliz por ver Hadrian bem, e
praticamente nunca desgrudava do menor. Ele havia pedido demissão, pois as cartas de pais
enfurecidos por ter um werewolf ensinando seus filhos eram insuportáveis. Hadrian ficou
enfurecido quando soube, ele queria ir até a sede do Daily Prophet fazer um pronunciamento,
dizendo sobre o quão incrível Remus era, mas Poppy o impediu de sair da ala hospitalar por ainda
estar se recuperando dos ferimentos.

O grandessíssimo problema mesmo foi quando Hermione abriu a boca grande dela para
Dumbledore sobre Hadrian ser um animagus. E, obviamente, ele comentou com Fudge, e então
Hadrian teve que que enfrentar os velhos do Wizengamot indignados por ele não os ter contatado e
pedido a autorização antes. Mas no final deu tudo certo, depois de Hadrian dar outro sermão nos
velhos dizendo-lhes que era superior e tudo mais, e agora ele era um animagus legalizado. Ron e
Hermione, mesmo depois de verem Hadrian se sacrificando para os salvar e proteger, ainda
continuavam do lado de Dumbledore. O velho fez a cabeça deles, novamente, dizendo que Hadrian
só agiu assim por atuação. E é claro que eles acreditaram na cabra velha.

Lucius e Narcissa vieram visitar o garoto e saber sobre sua recuperação. Além de contarem
que Tom estava enlouquecendo de preocupação, e estava quase destruindo todas as proteções que o
prendiam na mansão para vir ver Hadrian. Mas eles conseguiram o convencer que ele só estaria
colocando o garoto em perigo se ele invadisse Hogwarts, e foi só por isso, pela segurança do
menor, que Tom ficou na mansão. Junto com Ragnuk e Maray que estavam tão enlouquecidos de
preocupação quanto Tom. Foi decidido que Sirius ficaria na Malfoy Manor e frequentaria o Saint
Mungus para tratar a parte mental, depois de passar tanto tempo em Azkaban. Narcissa e Lucius
ficaram extremamente felizes ao reencontrarem o velho amigo. Quando Sirius estiver mentalmente
bem, ele poderia ir para Gringotts recuperar seus senhorios.

O que nos traz a discussão de agora.

— Como assim você não quer ser o Lord Black? — Hadrian ainda não conseguia acreditar no que
o padrinho havia dito.

— É isso aí. Eu não quero ser um lorde. Todos sabemos que eu nunca servi para isso. — O homem
comentou divertido. — Além de que, você fica muito bem como Lord Black.

— Mas o anel é seu! — O garoto protestou.

— E eu estou dando a você!

— Você é impossível, sabia? — Hadrian suspirou.

— Eu me esforço. — Sirius deu de ombros.

— Mas eu irei te tornar meu herdeiro. — Os olhos cinzas de Sirius se arregalaram. — Não aceito
“não” como resposta. Se eu serei o Lord Black eu tenho o direito de ter um herdeiro. E eu o estou
nomeando como herdeiro Black. Quando formos a Gringotts você irá pegar seu anel de herdeiro.
Estamos entendidos? — Olhou-o ferozmente.

— Tudo bem. — Fez um pequeno beiço, mas os cantos dos seus lábios se alargaram num sorriso
sutil.

— Você está se tornando igual a nossa mãe. — Fred brincou.

— Como não estaria? — Hadrian sorriu. — Tenho que cuidar de uma criança grande como Sirius.
Tenho até admiração por ela conseguir aguentar vocês dois. — Os gêmeos colocaram as mãos nos
peitos, fingindo estarem terrivelmente magoados e ofendidos, o que só fez com que o garoto
moreno risse das palhaçadas dos seus amores.

Hadrian fora liberado dos cuidados de Poppy algumas semanas depois. Sirius e Fawkes
haviam partido para a mansão com Lucius e Narcissa em sua última visita. Crookshanks havia se
recusado a voltar para Hermione e decidiu ficar com Sirius, o homem o levou para a mansão de
bom grado quando soube a verdade sobre a garota ser uma traidora. À medida que o trimestre foi
chegando ao fim, Hadrian ouviu muitas teorias diferentes sobre o que acontecera. Claro que, todo o
mundo bruxo sabia que Sirius era inocente e seu padrinho; que Remus era um werewolf; e que
Hadrian era um animagus, anteriormente, sem licença.

Embora o tempo estivesse perfeito, a atmosfera estivesse tão animada, mesmo que o garoto
soubesse que tinham realizado quase o impossível ao ajudar Sirius a continuar livre, Hadrian jamais
chegara tão desanimado a um final de ano letivo. Com certeza não era o único aluno que lamentava
a partida de Remus. A turma inteira de Defesa Contra as Artes das Trevas amargaram a demissão
do professor.

— Quem será que vão nos dar no ano que vem? — Perguntou Colin deprimido.
— Quem sabe um vampiro. — Sugeriu Theodore esperançoso.

Não era apenas a partida de Remus que estava pesando na cabeça de Hadrian. Ele não podia
deixar de pensar, e muito, na predição da professora Sibyll Trelawney. Ficava imaginando onde
estaria Pettigrew, se já teria procurado Voldemort. Os resultados dos exames foram divulgados no
último dia do ano letivo. Hadrian e os amigos tinham passado em todas as matérias. Hadrian,
obviamente, com as melhores notas do ano inteiro. Percy conseguira excelentes notas nos exames
de N.E.W.T.s; Fred e George passaram raspando nos exames para obter seus O.W.L.s.
Entrementes, a casa da Slytherin, em grande parte graças ao seu espetacular desempenho na
conquista da Taça de Quidditch, ganhara o Campeonato das Casas. Isto significou que a festa de
encerramento do ano letivo se realizou em meio a decorações verdes e pratas, e que, na
comemoração geral, a mesa da Slytherin foi a mais barulhenta do Salão. Até Colin, Neville e os
gêmeos se juntaram a eles, comemorando enquanto comiam, bebiam, conversavam e riam com as
cobras. Contentes ao verem Hadrian recuperado.

Na manhã seguinte, quando o Expresso de Hogwarts havia parado em King’s Cross, todos
estavam se despedindo com abraços amigáveis e apertos de mão. Menos Hadrian. Hadrian ainda
estava dentro da cabine, com as cortinas fechadas, se despedindo de Colin, Neville e dos gêmeos
com beijos amorosos e carinhos delicados.

— Estou louco para conhecer seu irmão, Dennis. — Hadrian admitiu depois de soltar os lábios do
loirinho.

— Ele está tão animado para te conhecer. — Admitiu com as bochechas coradas. Esse ano seria
diferente. Ele iria assumir sua sexualidade e mudar as roupas do seu guarda-roupa para os pais. Ele
e Dennis sempre souberam que eram gays, e que gostavam de usar roupas socialmente impostas
como femininas, eles iriam conversar com os pais. O problema era que eles eram muito religiosos,
milagre mesmo foi eles aceitarem tão bem a magia.

— Nos vemos na Copa Mundial de Quidditch? — Hadrian abraçou os gêmeos. Lucius também
havia comprado ingressos para Colin e seu irmão irem também, então os dois Creevey iriam para a
Malfoy Manor, e todos partiriam para a The Burrow, a casa dos Weasley, passariam dois dias lá e
depois todos pegariam a Portkey para a Copa

— Não perderíamos por nada. — Fred e George beijaram cada bochecha do garoto.

— Vou conversar com minha avó pra ver se consigo ir. — Neville comentou com as bochechas
coradas.

— Eu amo vocês. — O moreno admitiu sorridente.

— E nós amamos você, Sunshine. — Os quatro admitiram felizes.

— Vamos antes que o trem parta com a gente aqui. — Colin disse puxando Hadrian para fora. Eles
se juntaram a multidão e logo encontraram suas respectivas famílias.

— Você sabe que Tom não vai soltar você por vários dias, não sabe? — Draco brincou assim que
eles se afastavam da multidão de curiosos.

— Eu sei muito bem disso. — Hadrian riu.

— Ele quase destruiu toda a casa! — Narcissa ofegou furiosa. — Tivemos que ameaçar ele usando
a sua segurança como “carta”!

— Ele vai me matar. — Hadrian suspirou, cada um dos garotos segurando o braço de um dos
adultos.

— Vai mesmo. — Draco sorriu antes que eles aparatassem para a mansão. Nyx foi encontrar-se
com sua namorada enquanto os quatro bruxos passavam no hall de entrada.

— Finalmente! — Tom agarrou Hadrian com força. — Eu juro que vou te trancar nessa mansão se
você continuar se machucando! — Segurou o rosto do menor com as duas mãos e começou a
analisar cada centímetro de sua face, que se contorcia num sorriso divertido.

— Também senti sua falta. — Hadrian sorriu. Lucius e Narcissa já haviam se retirado, Draco
encarava a cena com diversão. Despojadamente encostado numa parede e de braços cruzados,
Draco apenas apreciava o show.

— E como assim você lançou uma maldição sem mim?! — O mais velho exclamou aborrecido.

— Talvez eu te mostre mais tarde. — Hadrian sorriu divertido, se agarrando a cintura do maior.

— E até hoje eu não vi sua forma animagus! Eu exijo que você me mostre ela!

— Vai esperar até que todos estejam juntos para verem. — Sorriu vitorioso ao ver Tom ficar
emburrado.

— HAZZ! — Sirius surgiu no hall, correndo alegremente para o casal. Hadrian se afastou de Tom
e agarrou o animagus. — Eu senti tanto a sua falta! — Comentou enquanto cheirava os cabelos do
garoto.

— Mas nós nos vimos só faz algumas semanas. — Comentou divertido.

— Não importa! Eu perdi doze anos com meu afilhado, agora eu vou grudar em você igual
carrapato. — Hadrian riu.

— Desde que eu tenha meu momento com meus namorados tudo bem.

— Você é muito novo para isso! — Fuzilou os dois rapazes logo atrás de Hadrian.

— Sirius! — Hadrian repreendeu-o com um sorriso divertido nos lábios. — Eu já sou grandinho. E
meus namorados respeitam meu ritmo.

— Mesmo que seja lento. — Tom resmungou revirando os olhos.

— Viu só? — Hadrian encarou o animagus. — Ainda sou puro. — Os olhos cinzas de Sirius
estreitaram-se para os outros rapazes.

— Mudando de assunto. — O homem soltou o garoto e eles caminhara até a sala de estar. — Você
definitivamente é filho de James. Ser um animagus ilegal. — Sorriu feliz enquanto Hadrian se
acomodava entre os namorados.

— É de família. — O garoto deu de ombros enquanto entrelaçava suas mãos com as de Tom e
Draco.

— E como está indo o caso para inocentar Sirius? — Remus perguntou, entrando na sala e
sentando-se ao lado do amigo.

— Está andando. — Hadrian suspirou cansado. — Os velhos do Wizengamot insistem em dizer


que eu não posso participar do jure porque Sirius é o meu padrinho.
— O que é lógico. — Tom ponderou.

— Os advogados que contratei virão em alguns dias conversar com você. — Olhou para o
padrinho. — Eles vão precisar falar com os mediwizards que o tratam no Saint Mungus e pegar
seus relatórios de avanço. Mas eu quero perguntar uma coisa séria que eu e o senhor Dawson,
estávamos conversando. — Inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e olhando
seriamente para Sirius.

— O que foi, Hazz? — O homem perguntou preocupado com a súbita mudança de humor do
garoto.

— Você aceita responder as perguntas sobre Veritaserum? — Todos ficaram em silêncio. Quase
nunca se usava a Poção da Verdade em um julgamento, muito menos o acusado aceitaria de livre e
espontânea vontade. O que era meio ilógico porque era um meio mais fácil de levar o julgamento a
consequências justas e livre de mentiras.

— Se isso for nos ajudar no caso, sim. — Sirius respondeu tenso.

— Isso por si só irá nos garantir sua inocência. — Hadrian sorriu. — Também irei mandar uma
carta anônima para Skeeter e contá-la sobre a negligência do Ministério sobre o seu caso. E
insinuar que eles podem estar escondendo mais coisas podres.

— Você é do mau. — Tom sussurrou no seu ouvido. — Eu adoro isso. — Mordeu o lóbulo de sua
orelha, sorrindo ao ver o menor estremecer e corar fortemente.

— Os curandeiros dizem que eu estou muito melhor do que o esperado. — Sirius ignorou o que
acabara de ver. — Já que eu consegui me manter lúcido por causa da obsessão e por virar Padfoot
de tempos em tempos.

— Isso é ótimo. Você será um homem livre em poucas semanas. — Hadrian sorriu carinhosamente
para o homem.

— Obrigado, Hazz. Sem você eu nunca poderia estar aqui. — Sirius olhou-o com carinho. — Você
me deu liberdade. E me devolveu minha família. — Seu sorriso era radiante. — Obrigado,
Hadrian.

— Se eles não te derem a liberdade eu mesmo irei assassinar todos naquele Ministério. — Hadrian
bufou. — Menos Arthur e Lucius. — Comentou ao ver o olhar divertido de Draco. Eles ficaram
conversando por mais algum tempo até que Sirius voltou a um tópico que ele nunca esqueceria.

— Mas, falado sério. — O homem encarou o afilhado. — Slytherin? Sério? — Hadrian revirou os
olhos com um sorriso divertido no rosto. Sirius nunca superaria o fato dele não estar na Gryffindor.

— Se eu vou ser um bruxo diferente dos outros. Devo começar com o fato de ser o primeiro Potter
legítimo a ir para a Slytherin. Não contando as pessoas adicionadas a nossa árvore genealógica por
casamento. — Hadrian sorriu. — Mas já que você tocou nesse assunto. — O garoto suspirou. —
Temos que te contar uma coisa. — Sirius olhou para Remus.

— Não podíamos conversar sobre isso em Hogwarts ou por cartas. — O werewolf admitiu.

— O que está acontecendo? — Sirius perguntou confuso.

— Dumbledore não é o bom velhinho que todos acreditam ser. — Tom soltou.

— O quê? — O homem estava incrédulo.


— Dumbledore está tentando me matar. — Hadrian admitiu. — O que aconteceu no Yule desse
ano, foi ele quem arquitetou tudo e manipulou Hagrid.

— Mas...

— Eu sei que é difícil de acreditar. — Remus colocou uma mão no ombro do amigo. — Mas ele
não é confiável. Ele colocou selos e compulsões em Hadrian quando o deixou com os tios muggles.
Ele escondeu a verdade, negligenciou seus deveres como guardião mágico, sem contar que ele
roubou esse direito de Narcissa. — O werewolf suspirou. — Ele me fez acreditar que Hadrian
também havia morrido e me mandou para longe. Só descobri a verdade quando voltei para
Hogwarts como professor.

— EU VOU MATAR ESSE VELHO DE MERDA! — Sirius levantou-se num pulo, o rosto
contorcido em raiva e um rosnado baixo escapando de sua garganta.

— Não, você não vai. — Hadrian acenou a mão e, com magia, forçou o homem a sentar-se
novamente. — Ele é sutil e ardiloso, nunca o derrotaríamos se atacássemos diretamente. Temos
que jogar o jogo dele.

— Mas ele é um perigo para você, Hazz! — Argumentou enraivecido.

— Eu já tentei. Nem adianta. — Tom suspirou. Ele já esteve no lugar do animagus e sabia que não
adiantava nada discutir com Hadrian.

— Eu vou me tornar mais forte, enquanto isso eu vou jogar o jogo dele e fingir ainda estar sob seu
controle. — Hadrian massageou a têmpora direita. — Temos que encobrir o quanto eu sei sobre
suas mentiras. Ele também está usando Ron e Hermione para serem espiões, já que me odeiam
pela morte de Ginny. — Suspirou derrotado. — Precisamos tomar cuidado com ele. E não fazer
nada estupido ou imprudente. Ele é poderoso, então precisamos ficar atentos.

— Eu odeio o quão inteligente e racional você é. — Sirius bufou e cruzou os braços, arrancando
sorrisos de todos na sala com seu comportamento infantil.

— E eu suporto a sua falta de senso de autopreservação e imprudência. — Hadrian alfinetou, rindo


ao receber um falso olhar raivoso do padrinho.

— Mas quando o pegarmos, eu quero dar uma surra nesse merda. — Sirius comentou emburrado.

— Não se preocupe, todos terão um pedacinho dele para destruir. — Hadrian sorriu sádico,
fazendo Tom ofegar de alegria e Draco balançar a cabeça em diversão. — Agora eu quero fazer
bolo! — Hadrian pulou do sofá.

— Podemos pedir para os elves fazerem. — Draco franziu o cenho.

— É mais divertido fazer. Faz tempo que eu não cozinho e eu estou com saudades. — Hadrian
puxou os namorados para se levantarem. — E vocês vão me ajudar.

— É o quê? — Tom olhou-o incrédulo.

— Não vão querer um tempo a sós comigo? — Hadrian sussurrou com uma sobrancelha arqueada
e um sorriso de escárnio.

— Nós vamos ajudar o Hazz a fazer o bolo! — Draco anunciou, puxando os morenos para a
cozinha.
— Ele é muito novo. — Sirius bufou ciumento.

— Você fazia coisas piores quando tinha essa idade. — Remus provocou o amigo. Um tom rubro
tomou as bochechas do rosto do animagus, agora mais preenchido de carne e cor. Sirius era um
belo homem, com seus cabelos negros ondulados na altura dos ombros, os olhos cinzas brilhantes
com vida e felicidade. Não era mais um cadáver ambulante que acabara de sair de Azkaban.

— Então? O que fazemos? — Draco perguntou animado assim que ele e os namorados entraram na
cozinha.

— No momento só um beijo. — Hadrian sorriu ao ver os namorados se entreolharem, uma


pergunta silenciosa de quem iria primeiro. Tom foi o vencedor e se aproximou de Hadrian.
Circulando sua cintura com os braços fortes e baixando o rosto para rosar seus lábios nos do
menor.

— Eu senti tanto a sua falta, Hadrian. — Sussurrou rouco ao sentir os braços alheios circulando seu
pescoço, Tom prensou o corpo menor contra o balcão e seu aperto se intensificou.

— Eu também senti sua falta, Tom. — Admitiu enquanto acariciava a nuca do maior.

— Andem logo que eu também quero! — Draco comentou divertido. Tendo isso como uma
ordem, Hadrian uniu seus lábios com os de Tom em um beijo calmo e apaixonado. Ele amava seus
namorados com todo o seu ser.

Fazer bolo com os namorados virou uma das atividades favoritas de Hadrian. Eles
brincavam, riam, trocavam beijos e palavras doces. A cozinha virou uma bagunça, assim como eles
próprios, mas o sentimento de felicidade e amor nos peitos ofuscou tudo e qualquer coisa. O que
importava era o amor e a felicidade um do outro.
Capítulo 84
Chapter Notes

VAMOS TER UMA TRADUÇÃO PRA ESPANHOL!!! AEEEEEEE!!!!


GANHAMOS!!!!
E pra comemorar isso, o TiuLu me deixou postar outro cap pra vocês.
APROVEITARAM OS MOMENTOS FELIZES E TRANQUILOS?! PORQUE ELES
TERMINARAM!!!! A DESGRAÇA TA VINDO MAIS UMA VEZ!!!!!

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

O MINISTÉRIO É CORRUPTO?

Por Rita Skeeter

Meus caros leitores. Chegou ao meu conhecimento, por uma carta anônima, notícias que irão
abalar suas estruturas. Sirius Black, o homem condenado por matar doze muggles e Peter
Pettigrew; e entregar os Potter para Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, é inocente! É isso
mesmo o que vocês leram. Ele é inocente!

Sirius Orion Black foi acusado injustamente após ter sido enquadrado pelo verdadeiro
culpado, o seu velho amigo de escola, Peter Pettigrew. O qual continua vivo e está foragido, e
ele era o espião do Dark Lord. Mas então eu trago-lhes o verdadeiro problema: Black não
recebeu um julgamento antes de ser mandado para Azkaban. Eu repito: um homem inocente
foi jogado em Azkaban sem nenhuma maneira de se defender. O Ministro nunca nem tentou
investigar a verdade ou lutar por ela. Isto fez com que eu me perguntasse: será que houve
mais casos assim? Será que existem mais pessoas inocentes sendo tratadas como criminosos
por algo que nunca fizeram? Tudo por causa da falta de vontade e inutilidade do Ministério?
O que mais o Ministério está nos escondendo? Quais outras sujeiras eles jogaram para baixo
do tapete?

O dia do julgamento de Sirius havia chegado. O mundo bruxo inteiro estava uma loucura
sobre a negligência do Ministério. Hadrian e Lucius arrumaram-se para sair. Lucius estava com a
túnica cor de ameixa com um “W” bordado em prata. Já Hadrian vestia uma calça de couro de
dragão preta e justa; sapatos sociais pretos lustrados; um casaco com cauda de andorinha no estilo
medieval de veludo preto com belos bordados em dourado descendo do colarinho até a cintura na
parte da frente, o colarinho saliente e ombreiras que destacavam-se levemente, os punhos do casaco
eram de um roxo muito escuro, com os bordados dourados, e combinando com o colete na mesma
cor e com os mesmos bordados, cinco botões de esmeraldas enfeitavam à frente do colete; os
cabelos penteados contrastavam-se com sua capa preta. E Sirius estava vestindo um terno e capa
preta com bordados em prata.

— Pare de ser tão lindo. — Draco segurou a cintura de Hadrian possessivamente e beijou-lhe os
lábios com desejo.

— Um veela teria inveja de você. — Tom chegou por trás e beijou-lhe o pescoço. Logo Hadrian foi
virado para que o moreno o beijasse.

— Eu preciso ir, meninos. — Hadrian riu enquanto se desvencilhava das garras dos namorados.

— Okay. — Draco fez beicinho. — Boa sorte.

— Você vai conseguir. — Tom incentivou. Hadrian deu um selinho nos dois e deixou seu quarto,
descendo para encontrar-se com Lucius, Narcissa, Sirius e Remus na sala de estar.

— Você conseguiu o Espelho de Enma Daioh? — Narcissa perguntou.

— Está comigo. — Hadrian sorriu antes de abraçar Narcissa e Remus.

— Prontos? — Lucius perguntou ao ver Nyx deslizando para os ombros do seu filhote, suas
escamas negras brilhando multicoloridas conforme a luz iluminava seu corpo.

— Prontos. — Hadrian e Sirius anunciaram ao mesmo tempo.

— Vamos fazer justiça e trazer sua liberdade. — O garoto segurou a mão do padrinho, o
encorajando.

— Obrigado, Hazz. — Sirius sorriu.

— Pronto para virar uma celebridade? — Hadrian brincou.

— Não. — Sirius admitiu temeroso.

— Boa sorte. — Narcissa desejou antes que os três homens atravessassem o fogo esverdeado. No
mesmo instante em que eles irromperam das chamas, milhares de fotos começarem a ser tiradas e
perguntas a serem feitas.

— Depois do julgamento iremos responder algumas perguntas! — Hadrian anunciou para o bando
de repórteres, que logo se calaram para ouvi-lo. — Mas agora precisamos chegar no tribunal antes
que percamos a hora. — Sorriu educadamente enquanto Lucius os levava para o local do
julgamento.

Como Sirius era o réu, ele poderia entrar sem ter um crachá, e Hadrian já havia assumido
suas cadeiras no Wizengamot, então não precisava ter sua varinha confiscada e ser tratado como
um visitante. Eles encontraram-se com o advogado deles, Chester Dawson, no elevador. O homem
falava sobre tudo o que precisariam estar preparados, mesmo que já tivessem tido essa conversa
várias vezes. Assim que entraram no tribunal, Sirius foi colocado em uma cadeira no centro do
local, envolta estavam sentados os bruxos do Wizengamot em arquibancadas circulares. Logo
afrente da cadeira de Sirius estava o juiz, que seria o Ministro da Magia. Hadrian sentou-se junto
aos repórteres que foram permitidos entrar enquanto Dawson assumia seu lugar como advogado de
defesa.

— Muito bem! — Fudge anunciou. — Já que estamos todos aqui, podemos começar. — Todos
silenciaram-se e ficaram tensos. Nyx sibilou que estava se deleitando com os cheiros de
nervosismo que as pessoas estavam emitindo. — Estamos aqui hoje para reabrir o caso de Sirius
Orion Black. — O escrivão já começou a trabalhar enfurecidamente com sua pena de repetição
rápida, assim como os repórteres. — Passo a palavra para o advogado de defesa Chester Dawson.
— Dawson levantou-se calmamente.

— Obrigado pela palavra, Ministro. — Reverenciou-o educadamente. — Há doze anos atrás o meu
cliente foi acusado injustamente e preso em Azkaban sem provas concretas dos crimes que
afirmavam ser ele quem cometera.

— E como você provaria a inocência do réu? — Um velho do Wizengamot perguntou


presunçosamente.

— Meu cliente concordou de livre e espontânea vontade responder suas perguntas sob o efeito de
Veritaserum. — Algumas pessoas ofegaram.

— Pois bem. Apliquem o soro. — Um auror jovem aproximou-se com um frasco da poção e deu à
Sirius, que bebeu sem rodeios.

— Diga-nos como era sua varinha? — Amelia Bones pediu.

— Vinte e seis centímetros, núcleo de fibra de coração de dragão, madeira de cipreste, inflexível,
formato quadrado, possuía runas entalhadas, levemente torcida e tinha símbolos gravados nas
partes inferiores e superiores, deixando o meio liso.

— Seu nome completo e data de nascimento.

— Sirius Orion Black. Três de novembro de mil novecentos e cinquenta e nove.

— Está funcionando. — Amelia anunciou.

— Você era um servo do Lord das Trevas? — Griselda Marchbanks perguntou.

— Não.

— Você era o fiel dos Potter?

— Não. Peter Pettigrew era.

— Você matou Pettigrew e muggles?

— Não. Peter cortou seu próprio dedo, explodiu a rua e fugiu em sua forma animagus.

— É o suficiente. De o antídoto para ele. — Fudge ordenou. O mesmo auror de antes se aproximou
de Sirius para administrar a poção.

— Meu cliente gostaria de mostrar mais uma prova. — Dawson levantou-se. — O senhor Hadrian
Tamish Potter, tirou de seu próprio cofre pessoal da família Peverell em Gringotts um artefato
muito antigo e extremamente poderoso. — Todos encaram o garoto. — O Espelho de Enma Daioh.

Todos no tribunal ofegaram e arregalaram os olhos. Hadrian levantou-se e tirou o espelho


encolhido do bolso. Sem usar varinha ou pronunciar o feitiço, ele fez o objeto voltar ao seu
tamanho original e pousar no centro do tribunal, onde todos conseguiam ver o seu conteúdo. Os
bruxos só haviam ouvido falar de lendas sobre esses espelhos, pois havia muito poucos no mundo.
Um gigantesco espelho estava diante de todos. Sua moldura dourada muito bem trabalhada com
inúmeros detalhes, seu corpo tem o formato parecido com o de uma pera invertida, onde a parte de
cima é mais larga que a de baixo. No topo da moldura havia um medonho rosto do Oni chinês
Enma Daioh, considerado o juiz da pós vida. Mas o que mais chamava a atenção era a parte onde o
vidro do espelho deveria estar, nela havia uma água negra que ondulava, como se ventos fortes
estivessem interferindo em suas correntezas.

— Suponho que todos saibam sobre o que esse espelho faz. Mas irei recapitular. O Espelho de
Enma Daioh funciona com o mesmo propósito de uma Pensieve. A diferença é que todos podemos
ver as memórias sem termos que mergulhar na água. A imagem seria projetada no espelho e nós
poderemos ouvir claramente o que estão falando. Se uma memória for falsa ou estiver modificada,
sua moldura ficará preta e os olhos de Enma Daioh brilharão em vermelho enquanto a imagem fica
vermelha e corroída e o áudio ficará picotado e difícil de entender.

— Muito bem. — Fudge saiu de seu torpor e olhou para um auror. — Retire as memórias do réu e
coloque no espelho. — O auror se aproximou de Sirius novamente, colocou a varinha em sua
têmpora, e uma linha de prata esvoaçante saiu da mesma. Logo o homem se aproximou do espelho
e depositou a memória cintilante na água negra. Por poucos segundos nada aconteceu, até que
todos puderam ver claramente Sirius, Peter, Lily, James e Dumbledore numa sala de estar em uma
casa aconchegante. Das janelas vinham os raios solares para iluminar o local.

“Vocês precisam usar Peter como fiel. Voldemort viria até mim primeiro, pois eu sou a escolha
mais óbvia. Então, se Peter for o fiel, vocês estarão seguros de Voldemort.” — A voz de Sirius foi
ouvida claramente. Hadrian sentiu Nyx apertar-se em seu pescoço, ele não achava que estava
pronto para isso. E ele realmente não estava. Não estava pronto para ver a morte dos seus pais.

“Mas Sirius...” — James tentou argumentar, mas sua esposa o cortou.

“Ele está certo, querido. Voldemort nunca desconfiaria de Peter.” — James suspirou e pareceu ter
uma conversa silenciosa com a esposa.

“Tudo bem. Vamos fazer isso.” — Peter estremeceu enquanto o feitiço do Fidelius era feito por
Dumbledore.

“Nos vemos no esconderijo para verificar se você ainda está seguro.” — Sirius bateu no ombro de
Peter, que estremeceu com o toque, mas assentiu. A cena mudou, já estava de noite e Sirius havia
chegado numa cabana abandonada. Estava tudo vazio, não havia sinal de luta. Peter não estava ali.

“Peter?” — Sirius chamou, procurando pela cabana e ao seu redor. — “Alguma coisa deu
errado!” — Correu para pegar sua moto e partiu para a casa dos Potter o mais rápido que pode.
Todos viram seu rosto coberto de pânico ao ver as proteções derrubadas e a porta escancarada, as
janelas estavam escuras e tudo parecia errado. — “JAMES? LILY? HADRIAN?” — Sirius correu
para a casa, seu pânico aumentando quando viu a sala de estar destruída. E então ele ouviu um
choro de bebê no andar superior. — “HADRIAN?!” — Chamou desesperado enquanto corria para
as escadas, mas só para se ver ainda mais apavorado e com os olhos cheios de lágrimas. — “Oh
não! Não! Não! Não!” — Correu aos tropeços para o corpo caído nos degraus, agarrou James nos
braços e tentou a todo custo acordá-lo, mesmo sabendo que era inútil. — “Eu sinto muito. Eu sinto
muito. Eu sinto muito.” — Soltou o corpo do homem que considerava como um irmão e correu
escada acima. Seu coração falhando ao ver o quarto de Hadrian destruído como se uma bomba
tivesse explodido ali. — “Hadrian!” — Correu para o berço onde o bebê estava aos prantos, a
testa sangrando, tentava chamar a atenção de sua mãe caída no chão. — “Oh filhote! Graças aos
Lords!” — Sirius chorou enquanto estava agarrado ao bebê, nenhum dos dois fora capaz de conter
o fluxo de lágrimas. O homem olhou para o corpo morto de Lily. — “Isso é tudo minha culpa. Me
perdoem. Eu não deveria ter os convencido de fazer Peter o fiel. Me perdoem.” — O homem
soluçou enquanto tentava acalmar o bebê. — “Peter! Aquele desgraçado covarde! Ele estava
estranho o dia inteiro! Foi ele! Ele quem os entregou!” — Sirius deixou o quarto as presas. Uma
figura gigantesca corria para a casa destruída.

“Sirius!” — Hagrid chamou desesperado. — “Dumbledore me contou o que aconteceu! Ele sentiu
as proteções serem quebradas e me mandou vir pegar Hadrian.” — O meio-gigante soluçava e
grossas lágrimas entravam na sua barba.

“Não temos tempo, Hagrid. Peter é o culpado e ele está fugindo!”

“Dê-me Hadrian aqui. DDumbledore me mandou levá-lo para um local seguro.”

“Eu mesmo posso levar o meu afilhado para um local seguro!” — Comentou ofendido.

“Não, Sirius. Você deve ir atrás de Peter.” — Sirius hesitou por alguns momentos até concordar.

“Tudo bem. Eu sou auror. Você está certo. Pegue minha moto e leve Hadrian para um lugar
seguro. Por favor, cuide dele.” — Pediu enquanto entregava o bebê, que ainda chorava, ao amigo.

“Eu prometo que irei cuidar dele. Mas tome cuidado, Sirius. Hadrian precisa de você. Agora mais
do que tudo.”

“Eu irei voltar para ele. Eu prometo.” — Beijou a cabeça do bebê e aparatou para onde sabia que
era o esconderijo do rato. Todos viram Sirius encurralando Peter em uma rua muggle.

“VOCÊ OS MATOU!” — Peter gritou para Sirius, apontando sua varinha e fingindo estar triste. —
“VOCÊ OS ENTREGOU AO INIMIGO!”

“PARE DE SER IDIOTA, PETER!” — Sirius bradou enquanto os dois começaram a lutar. Sirius
era um auror e sempre fora melhor do que o outro em duelos, Peter não tinha chances. — “VOCÊ
OS TRAIU! TRAIU SEUS AMIGOS! COMO PODE?!"

“PARE DE JOGAR A CULPA NOS OUTROS, SIRIUS! TODOS SABEMOS QUE VOCÊ É O
ESPIÃO DE VOCÊ-SABE-QUEM!” — Sirius conseguiu jogar o homem asqueroso para longe.
Sutilmente Peter lançou um feitiço de confundir nos muggles e cortou o seu dedo.

“O que você está fazendo?” — Sirius se adiantou, mas Peter apenas sorriu e explodiu a rua.
Transformando-se em rato e correndo para longe. Todos viram que Sirius estava atordoado pela
explosão e começou a rir, uma risada louca e triste. — “Isso é tudo culpa minha. Eu condenei
meus amigos à morte. É tudo culpa minha.” — Murmurava tristemente enquanto as lágrimas
voltavam a escorrer. Vários aurores chegaram no local e o prenderam.

“Você vai para Azkaban!” — Um auror agarrou Sirius e o prendeu. Colocou algemas antimagia
em seus pulsos, outro auror tomou-lhe a varinha e quebrou-a na sua frente. — “Você é acusado de
entregar os Potter para o Dark Lord e assassinar Peter Pettigrew e vários muggles. Sem contar
que quebrou a lei do sigilo.”

Eles aparataram para Azkaban. Sirius estava perdido em tristeza, estava entorpecido com
tudo o que ocorria ao seu redor. Eles entraram na grandiosa construção de um castelo negro em
uma ilhota no meio do Mar do Norte. Os dementors estavam ao redor, animados com a nova alma
que haviam recebido. Alguns aurores conjuraram um Patronus que os acompanhou até a cela de
Sirius, eles trocaram suas roupas para as listradas com um acenar de varinha e jogaram-no na cela
fria e escura.

As cenas passavam aceleradas, mostrando os anos que Sirius passou em Azkaban. Até que
chegaram a sua fuga como um cachorro. Ele nadando pelo mar agitado, quase se afogando pela
exaustão. Mas nunca desistindo de chegar à costa com vida. Ele vendo Hadrian e Draco entrando
no Knight Bus. Ele vivendo na Forbidden Forest, Crookshanks o conhecendo, eles se
comunicando. Sirius invadindo o castelo para pegar Peter, procurando Hadrian desesperadamente,
e então o resgatando e cuidando dele, depois o levando até os Malfoy. E então o fatídico dia que
Peter escapou. Eles viram tudo o que havia acontecido até que Sirius desmaiou à beira do lago
onde os dementors o atacaram.

Todos no júri estavam entorpecidos com as evidências. As emoções tão fortes que Sirius
sentiu. O desprezo pela injustiça. A compaixão pelo amor do homem pelo afilhado e amigos. O
ódio por Peter. A mistura de sentimentos os deixou confusos. Mas Hadrian e Sirius eram os únicos
que choravam. Sirius, pois rever tudo aquilo de novo era doloroso demais. Hadrian porque viu seus
pais mortos e o sofrimento de seu padrinho. Sem contar que Dumbledore haviam manipulado
Hagrid até mesmo no dia da morte dos seus pais! Ele poderia ter uma vida completamente
diferente se Sirius tivesse se recusado a entregá-lo à Hagrid. E, aparentemente, Nyx deu um jeito de
que a parte onde Hadrian usou magia negra em Peter não aparecesse nas memórias sem interferir
no espelho.

— Suponho que isso seja prova suficiente para inocentar o meu cliente. — Dawson comentou,
tirando as memórias do espelho, devolvendo-as para Sirius, encolhendo o espelho e fazendo-o
voltar para o bolso de Hadrian.

— Como está a saúde mental dele? — Uma velha perguntou.

— Aqui estão os relatórios dos mediwizards que trataram do senhor Black. — Dawson fez com
que pastas surgissem na frente de cada um do Wizengamot. — Como podem ver, meu cliente está
incrivelmente bem para uma pessoa que passou doze anos em Azkaban e não cedeu à loucura.

— Nós, do Wizengamot, iremos discutir sobre o réu. — Fudge levantou uma barreira de
privacidade entre ele e os outros lordes. Nyx fazia o possível para confortar Hadrian, suas palavras
doces estavam funcionando, ele estava se acalmando. Depois de alguns minutos, Fudge desfez a
barreira e olhou para todos. — O Wizengamot concorda em... Inocentar Sirius Orion Black de
todas as acusações. — Bateu o martelo. Sirius soltou um suspiro de alegria e Hadrian chorou com
um sorriso imenso nos lábios. — Ele irá pagar uma multa de vinte mil galleons por ser um
animagus ilegal. E deverá ser listado pelo Ministério. Também receberá uma generosa quantia do
Ministério pela negligência que sofreu.

— Obrigado, senhor Ministro. — Sirius ofegou alegre, as correntes que o algemavam na cadeira se
abrindo e caindo com um eco alto.

— Dispensados. — Todos do Wizengamot começaram a se retirar. Os repórteres tiravam fotos e


escreviam freneticamente. Lucius se aproximava de Sirius, mas Hadrian levantou-se num pulo e
correu para o padrinho, logo agarrando-o num abraço apertado.

— Conseguimos! Conseguimos! — Hadrian chorava despreocupadamente no ombro do homem,


que o apertou fortemente contra seu corpo.

— Conseguimos, Hazz! Nós conseguimos! — Os dois choravam de alegria, sem perceberem os


repórteres se aproximando com perguntas frenéticas.
— Suponho que vocês já possuem todas as respostas para seus artigos. — Lucius os afastou.

— Muito obrigado senhor Dawson. — Hadrian se afastou do padrinho e apertou a não do


advogado.

— Foi um prazer trabalhar para você, senhor Potter. — Sorriu-lhe docilmente. — Enviarei uma
carta com o valor final do meu serviço.

— Claro. Muito obrigada. — O garoto estava radiante. — Até mais.

— Até. — Dawson despediu-se de Sirius e Lucius com apertos de mãos felizes e logo se retirou.

— Vamos para casa, Hazz. — Sirius abraçou mais uma vez o garoto.

— Sim. Vamos para casa. — Hadrian afastou-se e os dois seguiram Lucius para fora do
Ministério. Ignorando os repórteres ao seu redor.

— Amanhã vamos ao Diagon Alley comprar uma varinha nova e pegar o seu anel de herdeiro. —
Hadrian sorriu para o homem moreno.

— Obrigado, Hadrian. Eu não sei se teria sido inocentado sem a sua ajuda. — Segurou a mão do
garoto com carinho.

— É para isso que a família serve. — Hadrian abriu ainda mais o sorriso. — Aliás. Onde você vai
morar agora que é livre?

— Sinceramente, eu não sei. — Suspirou. — Não quero voltar para a casa onde passei minha
infância. Péssimas lembranças.

— Você pode ficar na mansão conosco. — Lucius sugeriu. — Temos espaço de sobra e você
ficaria perto de Hadrian.

— Eu não quero ser um infortúnio. — Corou. — Mais do que já sou.

— Não diga isso. — Lucius sorriu amigavelmente. — Você é da família. Se quiser encontrar outra
casa, pelo menos fique na mansão enquanto procura outro lugar. Sim? — Sirius olhou para o
afilhado, que o estava direcionando o maior olhar de cachorrinho pidão que conseguia.

— Por favor, Sirius. — Hadrian pediu manhoso. O animagus sorriu e suspirou.

— Eu não consigo dizer não para você, filhote. — Beijou-lhe a testa. — Okay. Eu aceito ficar na
Malfoy Manor por um tempo.

— Isso! — Hadrian abraçou-o com força. Tudo estava perfeito. A família estava toda junta.
Felizes. Nada poderia estragar essa alegria que eles sentiam. Eles estavam juntos e felizes. Tudo
estava perfeito.

Mas o destino sempre tem um jeito de destruir tudo o que é bom. E é sempre doloroso, quase
assassino. O desespero viria acompanhado de um banho de sangue e desespero.
Capítulo 85
Chapter Notes

E EU AVISEI QUE A DESGRAÇA TAVA VINDO!!!

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Hadrian estava deitado de costas, respirando com esforço como se tivesse corrido uma
maratona. Acordara de um sonho vívido, apertando o rosto com as mãos, a velha cicatriz em sua
testa, que tinha a forma de um raio, ardia sob seus dedos como se alguém tivesse comprimido sua
pele com um ferro em brasa. Ele se desvencilhou dos braços e pernas de Tom e Draco, sentou-se
com cuidado, uma das mãos ainda na cicatriz, os olhos piscando freneticamente até que o quarto
entrou em foco, iluminado por uma luz fraca e enevoada vinda das janelas iluminadas pelo luar.

Hadrian tornou a passar os dedos pela cicatriz, ainda estava dolorida. Com extremo cuidado
e calma ele conseguiu sair da cama sem que acordasse os namorados adormecidos. Atravessou o
quarto, entrou no banheiro da suíte e espiou no espelho que havia ali. Um menino de catorze anos
olhou para ele, os olhos muito verdes e intrigados sob os cabelos negros bagunçados pelo sono.
Examinou com mais atenção a cicatriz em sua imagem. Parecia normal, mas continuava ardendo.
Hadrian tentou se lembrar do que estivera sonhando antes de acordar. Parecera tão real... Havia
duas pessoas que ele conhecia e uma que não conhecia... Ele se concentrou, enrugando a testa,
tentando se lembrar...

Veio à sua mente a imagem pouco nítida de um quarto escuro... Havia uma cobra em cima
de um tapete diante da lareira... Um homenzinho chamado Peter, de apelido Wormtail... E uma voz
aguda e fria... A voz de Lord Voldemort. Só de pensar, Hadrian teve a sensação de que uma pedra
de gelo estava descendo para o seu estômago...

Fechou os olhos com força e tentou se lembrar que aparência Voldemort tinha, mas foi
impossível... Tudo que Hadrian sabia era que, no momento em que a poltrona girou, vira o que
estava sentado nela e sentiu um espasmo de horror que o acordara... Ou fora a dor na cicatriz? E
quem era o velho? Porque, sem dúvida, havia um velho; Hadrian o vira cair no chão. Tudo estava
ficando confuso. Levou as mãos ao rosto tampando a visão do banheiro em que estava, tentando
reter a imagem daquele quarto mal iluminado, mas era o mesmo que tentar segurar água com as
mãos; os detalhes agora desapareciam com a mesma rapidez com que ele tentava retê-los...
Voldemort e Wormtail estiveram conversando sobre alguém que haviam matado, embora Hadrian
não conseguisse lembrar o nome... E estiveram planejando matar mais alguém... Ele...

Hadrian tirou as mãos do rosto, abriu os olhos e contemplou o banheiro a toda a volta como
se esperasse ver alguma coisa diferente ali. Como era de esperar, havia várias coisas de banheiro
por ali. Tanto suas quanto dos namorados. Lavou o rosto com água fria e voltou para o quarto,
dirigiu-se à janela e afastou as cortinas para olhar os jardins lá embaixo. Os belos jardins das
propriedades Malfoy estendiam-se à sua frente, desaparecendo na escuridão da noite, mal
iluminado pela luz da lua. Ao longe ele pode ver duas enormes serpentes vagando pelo terreno.

Entretanto... Hadrian voltou inquieto para a cama e se sentou, passando mais uma vez um
dedo pela cicatriz. Não era a dor que o incomodava; Hadrian não era estranho à dor e aos
ferimentos. Ainda no ano anterior, ele quase foi totalmente estraçalhado por um werewolf
descontrolado. Estava acostumado com acidentes e ferimentos incomuns; eram inevitáveis quando
se frequentava a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e se tinha um ímã para atrair confusões.
Não, a coisa que estava incomodando Hadrian era, que da última vez que sua cicatriz doera, fora
porque Voldemort tinha andado por perto... Mas o bruxo não poderia estar ali, naquela hora... A
ideia de Voldemort estar rondando a Malfoy Manor era absurda, impossível...

Hadrian parou para escutar com atenção o silêncio à sua volta. Estaria esperando ouvir o
rangido de um degrau, o farfalhar de uma capa? Então teve um leve sobressalto, Fawkes, a
Phoenix, cantou alegremente enquanto sobrevoava os céus. Hadrian deu em si mesmo um tapa
imaginário; estava sendo idiota; não havia mais ninguém em casa exceto sua família, e era evidente
que eles ainda dormiam, embalados por sonhos tranquilos e indolores.

O garoto massageou a cicatriz com os nós dos dedos. Ele precisava acordar seus namorados
e falar sobre a cicatriz. Mas ao mesmo tempo ele não queria os assustar ou preocupar com o seu
bem-estar. Pois ele tinha uma absurda tendência de se machucar ou então se meter em problemas.
Mas voltando a questão que: a última vez que sua cicatriz doeu ele estava na presença do
Quirellmort. Ele tinha alguma ligação com o Lord das Trevas. Ele era sua horcrux viva. E isso, por
si só, era apavorante. Ele está namorando Tom Riddle? Sim, ele estava. Mas esse Tom é um eco do
passado de Voldemort. E o outro está completamente louco querendo matá-lo a todo e qualquer
custo. Não havia sentimentos nem amor, apenas o desejo de sangue.

— Hazz? — Tom chamou num murmúrio rouco ao perceber que o espaço entre ele e Draco estava
vazio e frio.

—Temos um problema, Tom. — Hadrian suspirou cansado enquanto voltava para a cama e
acordava o loiro. — Draco, amor. Acorde. — Tom sentou-se na cama, dissipando todo e qualquer
resquício de sono assim que viu o semblante tenso do menor.

— Hum? — Draco resmungou enquanto se sentava e esfregava os olhos. Hadrian acendeu o abajur
ao lado da cama e sentou-se de frente para os namorados.

— Eu acabei de ver Voldemort. — Hadrian simplesmente soltou, pegando os dois garotos de


surpresa. Como uma represa que quebra uma barragem, algumas memórias do sonho voltaram com
força.

— O quê? — Tom franziu o cenho enquanto Draco piscava várias vezes, nenhum dos dois achava
que haviam escutado direito.

— Eu o vi. Ele estava na Riddle Manor em Little Hangleton. Ele matou um velho muggle que
cuidava da casa... — Fechou os olhos com força, tentando esquecer a cena do corpo morto do
velho. — Wormtail estava com ele. Ele era uma coisinha muito estranha e nojenta de se ver. — Fez
careta, sem perceber que os namorados se aproximaram dele. — Ele estava planejando alguma
coisa. Eu só não consigo lembrar o que... — Esfregou a cicatriz inconscientemente.

— Sua cicatriz voltou a doer? — Draco perguntou temeroso.

— Sim. — Admitiu exausto. — Ele está voltando. — Seus olhos esmeraldas focaram-se na janela
que dava visão aos jardins, apenas sentindo os olhos cinzas e pretos de cada um dos namorados o
encarando com preocupação.

Colin nunca, em toda a sua vida, achou que poderia odiar voltar para a casa dos pais nas
férias de verão. Eles eram muggles muito religiosos, mas aceitaram incrivelmente bem a bruxaria
do garoto. E então, seu irmãozinho também apresentava sinais de magia, e novamente eles
pareciam felizes. Colin fez como fora pedido, tirou várias fotos para que seus pais se
deslumbrassem com a maravilha do mundo mágico. Eles pareciam chocados com cada coisa que
ele contava de novo, mas logo o encorajavam a continuar o seu relato. E o garoto fazia como fora
pedido, com alegria e entusiasmo.

Mas então chegou o dia que ele e Dennis haviam chamado os pais para conversar sobre suas
sexualidades e seus gostos por vestimentas socialmente impostas para garotas. Os dois irmãos
eram muito próximos e muito parecidos, tanto no físico quanto nas personalidades e gostos. Dennis
tinha os mesmos cabelos loiros como um girassol, os mesmos olhinhos pretos cheios de animação e
vida, o corpo delicado e curvilíneo como o de uma garota, o mesmo sorriso caloroso, o mesmo
jeitinho carinhoso e amoroso. Ele era uma cópia dois anos mais nova do irmão mais velho, e ele
amava isso. Dennis amava imensamente seu irmão e o via como o seu maior herói, compartilhando
seus segredos um com o outro, compartilhando as mesmas paixões e avarezas. E então, quando ele
começou a perceber que ele não se sentia confortável nas roupas que seus pais o davam, ele pediu
ajuda do irmão, que compartilhou o mesmo sentimento.

Ou então enquanto todos os garotos da rua falavam que iriam se casar com tal garota e
falando como ela era linda, mas ele não sentia nenhuma vontade de casar-se com uma garota. Na
verdade, ele sempre se via casando com um garoto aleatório que brincava com ele e era legal
consigo. Obviamente ele foi pedir ajuda do irmão, saber se ele era estranho ou se tinha algo de
errado com ele. Colin sorriu docilmente, dizendo ao seu irmãozinho que gostar de garotos era
completamente normal, que ele não era estranho por isso. Ele era uma pessoa como qualquer outra.

— Sabe. — Colin puxou o irmãozinho para mais perto, os dois estavam sentados na cama do
maior. Dennis abraçou o travesseiro que havia levado consigo para dormir com o irmão depois de
um pesadelo. — Eu tenho um segredo para te contar. — Dennis animou-se e se aproximou ainda
mais do irmão. — Sabe o garoto Hadrian Tamish Potter do qual eu te falei?

— Sim. — Seus olhinhos brilharam de animação. Pelas fotos que o irmão o mostrou, ele achou
Hadrian tão lindo, e ouvindo suas histórias e como o moreno era tão legal e atencioso com o irmão,
ele pegou-se imaginando se um dia seria amigo de Hadrian. Ou então cansando-se com ele! Dennis
era um amante de contos de fadas com finais felizes e cheios de amor.

— Pois bem. — O mais velho abaixou ainda mais o tom de voz. — Ele me pediu em namoro esse
ano. — Seu sorriso radiante de bobo apaixonado abriu-se em seu rosto, Dennis estremeceu de
felicidade pelo irmão.

— Isso é incrível, mano! Você gostava dele, né? — O mais velho alegrou-se ao ver o irmãozinho
tão contente com sua revelação.

— Sim. No início ele não queria nada comigo. Mas ele admitiu que acabou se apaixonando por
mim. — Suas bochechas coraram, mesmo que o seu sorriso nunca deixando seus lábios.

— Não vejo a hora de poder ir para Hogwarts e conhecê-lo. — Comentou empolgado.

— Mas tem mais uma coisa que eu preciso te contar. — Mordeu o lábio inferior, uma mania que
fazia quando se sentia nervoso.

— Conte-me. — Pediu animado.

— Lembra que eu te disse que Hadrian é um Príncipe? — E é por isso que Dennis vê o garoto
moreno como o seu Príncipe encantado e que eles viveriam um conto de fadas maravilhoso.

— Sim. — Respondeu animadamente.

— Então... Como ele é da realeza, ele tem o direito de ter vários namorados. — Dennis inclinou a
cabeça para o lado e fez uma careta pensativa. — Ele pode namorar quantas pessoas quiser. E eu
sou um dos seis namorados dele. — Anunciou receoso.

— Isso é confuso. — Dennis comentou pensativo. — Mas você está feliz? — Colin surpreendeu-se
com a maturidade do irmãozinho, ele não fez um milhão de comentários e perguntas
constrangedoras, mas perguntou se ele está contente com a situação.

— Sim. — Seu sorriso bobo voltou aos lábios.

— Então eu também estou. — Dennis sorriu para o irmão e o abraçou com carinho. Os dois
juraram estarem ao lado um do outro, não importa as circunstâncias, eles permaneceriam unidos.

— Você não tem ideia do quão feliz isso me deixa. — O mais velho abraçou o irmãozinho com
carinho.

— Será que Hadrian também se apaixonaria por mim? — Dennis perguntou assim que se
separaram, extremamente corado e olhando para as mãos no colo.

— Eu não posso prometer algo que não cabe a mim. Mas acho que você tem altas chances. —
Sorriu ao ver o irmãozinho se animar. — Hadrian estava muito empolgado em te conhecer esse
ano. E se você gosta dele, tente o conquistar.

— Como eu faço isso?! — Perguntou animado.

— Hum. Deixe-me ver do que ele gosta. — Pensou um pouco. — Ah. Ele ama carinho. Adora que
pessoas queridas fiquem tocando nele, seja só um carinho nas mãos, uma mão no ombro, coisas
assim. Ele parece virar manteiga derretida quando fazemos carinho nas suas bochechas ou cabelo.
Ele também ama abraçar, por ele ficaria horas abraçado aos namorados. — Dennis ouvia tudo
atentamente enquanto o irmão contava isso com o seu habitual sorriso apaixonado. — Ele também
ama brincadeiras, a infância dele não foi normal, então ele aproveita o que perdeu conosco. Fred e
George principalmente, aqueles dois são um furacão de brincadeiras e encrenca. Ele também adora
estudar, mesmo que ele seja perfeito em tudo, e gosta de ajudar os outros com suas dúvidas.
Hadrian é extremamente atencioso e as pessoas que ele ama são mais importantes do que a própria
vida. Ele arriscaria a vida por qualquer um, e até mataria se alguém fizer mal para as pessoas que
ama. Ele adora animais e criaturas mágicas, odiando qualquer preconceito com eles ou até com
muggles e nascidos muggles.
— Ele é tão incrível. — Dennis suspirou apaixonadamente enquanto se jogava na cama e deitava
agarrado ao travesseiro.

— Ele é. — Colin admitiu, deitando-se ao lado do irmão, apagando as luzes e tapando-os com os
lençóis.

— Você vai contar para a mamãe e o papai?

— Que tal amanhã eu conversar com eles? Assim já posso até admitir minha expressão de gênero?
Assim posso “preparar o terreno” para quando você se sentir pronto. O que acha? — Colocou uma
mecha loira do cabelo do irmão atrás de sua orelha.

— Eu gostei. — Corou e se agarrou ainda mais no travesseiro. — Ainda não estou pronto para
contar para eles sobre mim. — Escondeu o rosto no travesseiro.

— Está tudo bem, maninho. — Beijou-lhe a cabeça. — Vá no seu tempo. Eu me sinto pronto
agora, e quero fazer isso. E irei te apoiar quando você se sentir pronto. Assim como você está
fazendo comigo. — Sorriu com amor para o loirinho corado.

— Eu te amo, mano. — Colin sorriu com a declaração do irmão mais novo e beijou-lhe a cabeça
mais uma vez.

— Eu também te amo, maninho. Agora durma. Amanhã você vai sair para brincar com seus
amigos e eu vou conversar com os pais.

— Okay. Boa noite. Te amo, Linlin.

— Durma bem. Eu te amo, Denny. — O mais velho ficou fazendo carinho nos cabelos do irmão
até ele adormecer.

Fazia um tempo que ele queria contar para os pais. Ele estava nervoso, e temia a reação
deles. A ansiedade o consumia por dentro, por mais que ele fingisse que estava tudo bem para não
preocupar Dennis, ele estava com medo. Provavelmente a sua ansiedade vai tomar seu corpo e ele
vai simplesmente despejar tudo de uma vez. Colin não sabia se teria coragem para fazer isso em
outro momento, seus pais são muito religiosos e rígidos as vezes. Colin temia o desconhecido. Ele
também temia a reação de Hadrian quando lhe contasse, mas isso ele teria que esperar até se
encontrar com ele na Copa Mundial de Quidditch. O problema mesmo. É que ele não esperava que
seus pais reagissem como eles fizeram.
Capítulo 86
Chapter Notes

A DESGRAÇA CHEGOU E EU NÃO TÔ BEM

AVISO DE GATILHO: PRECONCEITOS CONTRA PESSOAS LGBTQIAPN+,


MANIPULAÇÕES, HUMILHAÇÃO, FANATISMO LOUCO E TORTURA EM
NOME DE UMA CRENÇA!!!

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Assim que Dennis saiu de casa para brincar no parquinho com alguns amigos da vizinhança,
Colin chamou os pais para sentarem-se na sala. O casal estava temeroso com o que estava por vir,
Isabel e Patrick tinham uma ideia do que iria vir. Já Colin estava uma pilha de nervos com a reação
dos pais, o desespero o consumia e fazia um nó entalar na sua garganta. Ele não sabia se
conseguiria ter coragem para se abrir em outro momento sobre o resto das suas “questões”, sua
racionalidade estava completamente fragmentada em vários pedacinhos minúsculos graças a
ansiedade.

— Eu queria contar umas coisas para vocês... — Apertou as calças, onde apoiava as mãos nos
joelhos. Seu pequeno corpo tremia levemente, estava sentado em uma poltrona na frente dos pais,
os ombros encolhidos, a cabeça baixa e os olhos fixos nos tênis. O nó em sua garganta pareceu ter
crescido ainda mais, dificultando a passagem de ar, os batimentos cardíacos estavam altíssimos, os
vasos sanguíneos por todo o seu corpo pulsavam com a adrenalina desesperadora. Seus pais
estavam sentados no sofá, um ao lado do outro, de mãos dadas e os corações acelerados.

— Fale querido. — Sua mãe incentivou com a voz trêmula.

— Faz um tempo que eu queria contar isso para vocês. — Tentou respirar fundo mais uma vez,
para que um pouco de oxigênio pudesse trazer mais calma e clareza para o seu cérebro conturbado.
Mas fora em vão, isso não o acalmou. — E acho que agora estou pronto. — O garoto ainda olhava
para o chão, sem coragem de encarar os pais, com medo do nojo e da aversão. Os adultos ficaram
em silêncio, trocando olhares em uma conversa silenciosa. Colin respirou fundo mais uma vez e
soltou tudo num único fôlego e em uma velocidade rápida. — Eu sou gay, gosto de vestir roupas
de garota e estou num namoro poligâmico com mais seis garotos. — Encolheu-se logo após soltar a
bomba, o arrependimento instantâneo o consumindo por completo, tremendo enquanto o silêncio
da sala o sufocava completamente, o deixando ainda mais nervoso e com medo. Ele sabia que era
informação demais para jogar assim, do nada, mas os seus nervos o dominaram e ele simplesmente
não conseguiu filtrar as palavras que saíram da sua boca. Além de que ele precisava tirar isso de
dentro dele, segurar isso por tanto tempo o estava consumindo e correndo. Colin apenas desejava
que, no final, tudo desse certo.

O casal ficou paralisado com o choque, sem saber o que falar, como agir, ou o que fazer
diante dessa revelação. Era informação demais em tão pouco tempo. Onde eles erraram? Eles
fizeram tudo certo como a Igreja mandou. Como eles haviam falhado com o seu filho? Não. Esse
não era mais o seu filho. Esse era um demônio imundo que tomou o corpo do seu amado garotinho.
Esse não era o Colin deles. O filho deles já estava perdido nas trevas, primeiro a magia, e agora
isso! Basta! Eles não aguentavam mais fingir!

— Chame-o. — O homem ordenou, sem encarar a esposa. A mulher assentiu e se retirou da casa
às pressas. Colin olhava tudo com confusão. “Chamar quem?” — Onde foi que nós erramos? —
Patrick levantou-se e se aproximou do garoto, que estremeceu e recuou na poltrona ao ver o ódio
nos olhos escuros do pai.

— P-pai...? — Sua voz tremeu por causa do medo que estava sentindo.

— Cale a boca! — Deu-lhe um forte tapa no rosto. Tão forte que a cabeça do garoto foi jogada na
direção do golpe, a bochecha ardendo e latejando enquanto lágrimas irrompiam dos seus olhos. —
Você não é meu filho! Você é um demônio imundo do inferno! — Agarrou-lhe os cabelos com
força, levantando a cabeça de Colin para olhá-lo nos olhos. Patrick não seria fraco, esse garoto
chorando diante de si não era mais o seu doce filho. — Aturamos suas coisas profanas por tempo
demais. Está na hora de purificá-lo! Você corrompeu meu filho! Você irá pagar por tirar meu filho
de mim!

— P-pai... Para... Por favor... — Pediu entre soluços, o couro cabeludo doendo conforme alguns
fios eram arrancados de maneira brusca.

— NÃO ME CHAME ASSIM! VOCÊ NÃO É O MEU FILHO! — Colin chorou ainda mais. A
dor física não era nada comparada a dor que sentia no seu coração. A dor de ver seu pai o olhar
com nojo e ódio, o rejeitar por ser quem é. — Nós aturamos essa coisa de magia porque queríamos
provas! — Os olhos do garoto arregalaram-se. — Sabíamos desde o início que isso tudo era coisa
do Diabo. Mas precisávamos de provas para mostrar para os outros. E você nos deu tudo o que
precisávamos. Já começamos a espalhar a verdade, as pessoas estão ficando cientes dos seres
hediondos que andam profanando o sagrado solo de Deus. Nós vamos nos livrar de você, demônio!

— Querido! — Isabel chegou na casa com o pastor da Igreja que eles frequentavam, o Reverendo
Christian. — Eu trouxe o pastor. — Eles moravam a alguns metros da Igreja, por isso sua viagem
fora rápida.

— Então esse é o demônio do qual me falou? — O velho se aproximou, seus olhos pareceram
brilhar cruelmente ao ver o garoto na sua frente.

— Ele mesmo. O que fazemos? — Patrick perguntou apertando ainda mais os cabelos de Colin,
que chorou mais, contendo os sons de dor para não chamar mais atenção dolorosa para si. A
tristeza e a traição o consumindo por dentro, originando o ódio. Eles o usaram, todas as vezes que
contou com alegria sobre o mundo ao qual ele pertencia... Todas as vezes, tudo foi apenas para
quebrarem a Lei do Sigilo... Todas as fotos, as histórias, os livros... Tudo era uma mentira... Eles
não estavam felizes por ele ter magia, eles o odiavam... Odiavam sua magia, odiavam sua
orientação sexual, odiavam seus gostos... Eles o odiavam por completo.

— Ah. Eu tenho um método muito eficaz de purificar esse tipo de demônio. — O pastor mostrou
uma maleta que havia trazido consigo. — Primeiro nós purificamos a carne, purificando
lentamente sua alma. — Tirou da maleta um jarro cheio de água. — Mergulhe um cinto em água
benta e uma vez por dia dê cinco chibatadas nas costas. — Entregou o jarro para Isabel, que ela
colocou na mesa ao seu lado. — Enquanto você o purifica, sua mulher deve recitar esta oração. —
Entregou para Isabel um papel, ela leu tentando memorizar cada palavra.

— Muito obrigado, Reverendo Christian. — Patrick jogou o garoto no chão de maneira brusca para
apertar a mão do homem.

— E não envolvam o outro filho. Ele pode se corromper também.

— Claro. Claro. — O velho apertou a mão da mulher antes de partir.

— Vamos começar com isso. — Isabel umedeceu um pano com a água e seu marido pegou um
cinto velho, logo molhando-o. Enquanto isso, vendo tudo o que tinha dado de errado em sua vida,
Colin encolhia-se num canto da parede, chorando e tremendo violentamente por causa dos soluços.
Seus pedidos de perdão e piedade completamente ignorados. — Tire sua camisa. — Patrick
ordenou.

Colin estremeceu, ele teria que obedecer ou seria ainda pior. Então, relutantemente, ele
obedeceu, ficando de pé, mostrando as costas nuas para o pai. A dor dilacerante em suas costas
intensificava ainda mais a dor em seu peito. Ele estava sufocando com tanta tristeza e o sentimento
de traição. Eles eram seus pais! Ele era o filho deles! Como poderiam fazer isso com ele? Só por
ele ser um bruxo? Por ser gay? Por querer vestir roupas socialmente impostas para garotas? Por
estar num relacionamento poligâmico? Só por ser ele mesmo... Toda a alegria e felicidade da noite
anterior apagou-se do seu peito conforme as “Sessões de Purificação” iam passando. A casa deles
era de campo, eles viviam numa pequena vila aos arredores de Londres, então seus gritos e súplicas
não eram ouvidos, isso também graças as mordaças que Isabel atochava em sua boca para abafar os
sons.

O garoto não abria a boca para falar mais com os pais além do necessário. Muito menos
contou à Dennis, ele não merecia sofrer. Ele iria protegê-lo desses monstros que um dia havia
chamado de pais e que nutria amor. Colin iria proteger seu irmãozinho a todo custo. Nem que para
isso ele tenha que continuar apanhando. Dennis, obviamente, havia reparado no comportamento
estranho do mais velho, mas ele o dava um sorriso e dizia que estava tudo bem. Disse-lhe que os
pais estavam pensando em suas revelações, que não sabiam o que pensar ou sentir. Tudo para
proteger a única pessoa que o amava naquela casa.

Conforme os dias passavam, ficava cada vez mais difícil esconder de Dennis seus
machucados. O loirinho fazia várias perguntas, preocupado com o estado apático do outro, mas ele
sempre respondia com: “Estou apenas cansado. Não ando descansando enquanto durmo.”. Suas
olheiras eram evidentes, sua falta de apetite, o sorriso alegre e radiante havia morrido, agora ele
mal conseguia fingir estar feliz para o seu irmão. Ele também não queria afastá-lo de si, mas teve
que fazer isso, pelo menos um pouco para que os pais não achassem que ele havia “corrompido”
Dennis.

Colin nunca se sentiu tão infeliz e sozinho como agora. Nunca sentiu essa tristeza
avassaladora que o sufocava, nunca desejou tanto que ele simplesmente pudesse dormir para
sempre. Mas ele não podia. Não. Ele tinha que ser forte. Por Dennis. Dennis precisava dele. Suas
costas eram o quadro de um artista extremamente louco e sem senso algum de nada, apenas
consumido pelo ódio e mostrando seus sentimentos na tela. Cada vez mais estava difícil de se
movimentar, de tomar banho, de vestir uma roupa, de fazer qualquer coisa. A dor e a ardência eram
horrendas. Sem contar que, por suas feridas estarem sendo abertas todos os dias, elas mal
conseguiam cicatrizar, então ficavam em carne-viva mesmo, piorando seu sofrimento. Além de
algumas estarem infeccionadas pelo cinto não desinfetado que sempre o atingia e a falta de
tratamento adequado.

Seus pais também estavam fazendo pressão psicológica e o humilhando. Chamando-o dos
piores nomes possíveis e impossíveis apenas por ser quem era. Ele estava tão apavorado que não
queria voltar para Hogwarts, não queria reencontrar Hadrian e todos os outros. Orava a todo o
momento para que a carta de Dennis nunca chegasse. Ele não poderia contar para ninguém. Todos
iriam olhá-lo com nojo e repulsa. Hadrian o iria descartar fora, como seus pais afirmavam. Ele era
apenas um brinquedo. Apenas um buraco para o satisfazer. Ele não era nada. Quem, em sã
consciência, iria querer um brinquedo quebrado e sujo como ele? Ele não merecia isso. Seus pais
estavam certos. Ele era um demônio imundo que estava só destruindo tudo ao seu redor. Ele não
merecia nada de bom. Ele merecia essa purificação. Ele precisava se livrar da sujeira. Ele precisava
ser limpo e purificado. Assim estaria livre de todas as dores.

Dias se passaram enquanto a purificação continuava. Porém, as mentes deturpadas de Patrick


e Isabel não viam nenhuma melhora evidente. Então eles chamaram o Reverendo para ajudá-los a
limpar o mau que havia destruído seu amado filho. Eles precisavam expurgar esse mal da face da
Terra, era isso o que o seu Senhor queria que fizessem. E eles iriam cumprir suas ordens. Mesmo
que Colin reprimisse com todas as suas forças, sua magia agia por conta própria, tentando defendê-
lo dos ataques constantes, ele precisava controlar, ou as coisas só piorariam.

— Reverendo Christian! — Cumprimentaram o velho pastor logo após sua chegada. — Mesmo
após todas as sessões, não percebemos nenhuma mudança no comportamento do demônio, não
sabemos mais o que fazer. Precisamos da sua ajuda Reverendo. Devemos eliminar o demônio de
uma vez por todas! — Disse Patrick com ódio evidente em seus olhos, os punhos cerrados
fortemente ao lado de seu corpo.

— Realmente, meu filho. — Soltou um falso suspiro de pesar. — Pelo que percebo em seus
relatos, o caso é mais grave do que eu pensava. Você está realmente disposto a fazer qualquer coisa
para eliminar o demônio? — Olhou-o com intensidade. — Se sim, eu tenho uma maneira extrema
de eliminá-lo.

— Eu estou disposto, padre! Desde que o demônio seja eliminado, qualquer coisa é válida. —
Patrick confirmou sem nenhum remorso ou pena para o que aguardava seu filho. Não. Aquele não
era mais seu filho, e sim o demônio que tentava a todo custo destruir a humanidade. — Ele levou
meu doce filho de mim, merece pagar pelo que fez.

— Pois bem, meu filho. Traga o demônio a minha Igreja hoje as onze horas da noite. Venha
somente você e sua esposa, o mais novo não deve ser envolvido. Não podemos arriscar que o
demônio o corrompa. — Finalizou Christian. Sem falar mais nada, virou-se e voltou a Igreja para
preparar tudo. “Logo, logo.”, pensou com entusiasmo. Fazia tanto tempo que ele não realizava um
desses, ele estava eufórico só de antecipação.

O casal foi preparar suas vestimentas para a noite. Isabel agradeceu mentalmente a Deus por
Dennis ter saído para brincar no parquinho, então não ouviu nada inadequado. Quando a noite caiu,
Dennis já estava dormindo em seu quarto, alheio a tudo o que estava prestes a acontecer. Colin, por
outro lado, sabia que algo ruim estava por vir, ficou sentado na sua cama o dia todo. Sem força ou
vontade para se mover. Seu corpo todo estava dolorido, passara o dia inteiro apenas sentado
olhando para o vazio. Sua mente trancafiada dentro de si, seu ser estava vazio. Ele não sentia quase
nada mais, seus pa... Patrick e Isabel, se certificaram de que ele soubesse que ele não era nada.

— Vista-se, demônio! — Isabel jogou no garoto apático uma muda de roupas. Às dez e meia da
noite ela e o marido já estavam prontos. — Nós iremos sair. — Colin não levantou o olhar, não
precisava disso para saber que ela o olhava com nojo e ódio. Ele pegou as roupas e começou a se
trocar.

— Para onde iremos? — Perguntou num sussurro baixo. Ele não pode deixar de sentir um arrepio
gélido subindo pela sua coluna quando seus olhos se ergueram. Ele viu a loucura no fundo dos
olhos da mulher que um dia fora uma mãe amorosa.

— Para a Igreja. O Reverendo irá nos ajudar a purificá-lo de uma vez por todas. — Sem se
importar com o corpo trêmulo e paralisado a sua frente, Isabel deu meia volta e voltou para a sala.
Vendo seu marido pronto, esperando. — Eu já mandei o demônio se aprontar. — Comentou.

— Ótimo. Hoje, ou esse demônio morre de uma vez por todas, ou nós teremos nosso filho de volta.
— Patrick comentou com uma esperança louca no olhar.

Colin não conseguiu impedir que uma lágrima solitária escorresse por sua bochecha quando
foi, sorrateiramente, até o quarto de seu irmão logo depois de vestir a muda de roupas. Dennis
dormia tranquilamente na sua cama, silenciosamente o mais velho se aproximou da cama do irmão,
abaixou-se até que seus lábios beijassem delicadamente a testa do menor. Seu coração
contorcendo-se dolorosamente em seu peito. No fundo do seu armário, um local onde só Dennis
seria capaz de achar, estava uma carta de despedida. Já fazia dias que ela estava lá, acumulando
poeira. Mas ele precisava, pelo menos, dizer uma última vez que amava seu irmãozinho e sentia
muito por, talvez, não voltar para casa naquela noite.

— Eu já volto, Denny. — Seus olhos se fecharam fortemente para impedir que as lágrimas
escorressem. Relutantemente, ele se afastou do irmão, parou na porta, com medo do que poderia
estar por vir, virou-se novamente para seu irmão adormecido. Essa seria a última vez que ele o
veria? — Eu te amo. — Outra lágrima conseguiu escapar de seu controle, escorrendo por seu rosto
e desaparecendo por baixo das roupas. E então, segurando fortemente suas roupas, ele limpou o
rosto, fechou a porta e desceu as escadas.

— Vamos. — Patrick rosnou ao ver o demônio se aproximando. Colin não ousou falar mais nada,
apenas seguiu o casal pelas ruas escuras até a Igreja. O caminho todo foi feito em silêncio, a mão
pesada do homem segurava fortemente o ombro do garoto, o impedindo de fugir. Como isso
aconteceu? As memórias de dias felizes, com pais amorosos e carinhosos foram consumidas pelas
chamas. Suas doces memórias foram corrompidas. Esses não eram seus pais. Não mais. Eram
estranhos. Loucos fanáticos que destruíram sua vida em tão pouco tempo.

— Finalmente o demônio será expulso. — Patrick disse assim que chegaram às portas da Igreja.

— Sim. — Isabel concordou.

Colin não pode deixar de tremer, mesmo sendo verão, ele sentia-se muito frio e dormente. A
construção, que um dia fora uma segunda casa para si, agora estava tão sombria e aterrorizante. As
sombras das altas torres pareciam mãos vindo na sua direção. Ele sentia-se sufocar, o medo o
consumindo lentamente, como uma praga que destrói seu corpo de dentro para fora. Lenta e
dolorosamente. Ele percebera agora que realmente havia se tornado um demônio. Um monstro
imundo que nem a casa de Deus era mais reconfortante. Agora era um lugar de pavor, pois ele fora
renegado por Deus. Se nem O Senhor, que perdoa a todos, o aceita mais em sua casa por ser um
demônio vil... Como ele poderia esperar que Hadrian o aceitasse? Nunca. Ele nunca poderia
manchar ou sujar Hadrian com sua imundice. Ele deve ser protegido do demônio. Ele permaneceria
puro. Não seria contaminado por si.

Aquelas imensas portas se abriram com um rangido oco, o som desceu pela espinha do
garoto como lâminas contra um quadro negro. O Reverendo os convidou para entrar, e a primeira
coisa que Colin viu quando passou pelas portas foram diversas freiras alinhadas lado a lado com o
padre se acomodando no centro. Pelo que ele pode contar, havia mais de dez freiras, e nenhuma
parecia simpática para ele. Todas tinham um olhar perigoso e um sorriso sinistro, assim como o
padre. Outro arrepio subiu pela espinha do garoto.

— Sejam bem-vindos à casa de Deus. Onde nenhum demônio ou ser maligno tem poder. — O
padre os cumprimentou com um sorriso enquanto olhava diretamente para Colin.

— Muito obrigado por estar nos ajudando, Reverendo. — Patrick disse, acenando a cabeça para o
padre.

— Não precisa agradecer, meu filho. Estou apenas fazendo o trabalho que Deus me incumbiu. Que
é eliminar tudo de maligno e impuro do nosso mundo. — Respondeu sem tirar o sorriso do rosto.
— Venham. Devemos dar início a purificação imediatamente. — Virou-se e foi para os fundos da
Igreja, com as freiras e o casal seguindo. Colin mantinha-se calado sob o forte aperto em seu
ombro.

Logo eles pararam em frente a uma porta que o público nunca havia percebido na pequena
Igreja. Porta essa que era escondida atrás do altar com Jesus e anjos vigiando os cordeiros devotos.
O padre abriu a porta, que deu lugar a um lance de escadas para o porão. Todos o seguiram escada
abaixo. Quando finalmente chegaram ao final, a primeira coisa que Colin viu foi uma longa e
sombria mesa de pedra escura no centro do cômodo. Ela estava em cima de uma base da mesma
cor, com correntes em cada extremidade. Então o garoto forçou seus olhos a observarem os
arredores. A sala tinha paredes de tijolos pretos, sendo iluminada apenas por velas que mal
conseguiam dar alguma luz ao ambiente opressor, sufocante e nefasto.

— O que iremos fazer, Reverendo? — Patrick perguntou enquanto olhava ao redor, seus olhos se
demorando na grande mesa de pedra.

— Um Exorcismo Maior, meu filho. — Comentou com simplicidade. — Devemos expulsar o


demônio de uma vez por todas. Ele deve voltar para o Inferno, de onde ele nunca deveria ter saído.
— Patrick olhou surpreso para o padre.

— Mas, Reverendo, os exorcismos não haviam sido banidos pelo Vaticano? — Encarou o velho
com confusão.

— Foi banido para o público, meu filho. Mas a Igreja de Deus nunca deixaria demônios vagarem
pela Terra impunes. Então, padres com décadas de servidão Ao Senhor, são permitidos a realizá-lo
se tiver certeza de que o demônio não sairia com outros meios. Como ele não foi embora, mesmo
depois de todas as sessões de purificação, podemos usar o exorcismo para eliminá-lo. — Seus
olhos loucos focaram no garoto trêmulo. — Dispam-no e o coloquem no altar, acorrentem-no. Um
demônio no exorcismo se torna um perigo a todos os presentes.

O velho então foi em direção a uma pequena mesa onde havia um grande frasco de vidro de
aparência muito antiga. Ao lado estava um antigo aspersor de água benta. O padre deu um sorriso
doentio e, com muito cuidado, pegou o frasco e aspersor. Enquanto isso, várias freiras agarraram
Colin e começaram a tirar suas roupas bruscamente. Mesmo que ele lutasse e tentasse escapar, elas
eram muitas, e terrivelmente mais fortes que seu corpo enfraquecido. Ele foi arrastado até a mesa,
jogado sobre a superfície fria e dura, seus pulsos e tornozelos acorrentados. Colin tentou se soltar,
tentou com todas as suas forças, mas não recorreu a magia. Ela só iria fazer com que eles o
odiassem ainda mais, só pioraria as coisas. Quando o padre se virou, seu sorriso se alargou ao ver o
garoto só de cueca e acorrentado a mesa. As lembranças de Hadrian o chamando de “Sunflower”
eram um constante lembrete do quão imundo Colin era

— Isabel, por favor, fique à esquerda da mesa. Pelo menos uns dez passos de distância. Patrick,
fique à direita, na mesma distância que sua esposa. — Se aproximou do garotinho apavorado.
Colin se recusou a chorar, ou implorar por misericórdia, eles nunca dariam ouvidos as suas
súplicas. Ele era um demônio imundo e merecia isso. — Irmãs. — Olhou para as freiras. — Vocês
já sabem suas posições. Circulem a mesa, o demônio não deverá deixar este círculo. — As freiras
colocaram-se em seus lugares rapidamente. — Madre Abigail, fique na ponta superior da mesa
enquanto segura a mangueira de água, para que, se o demônio liberar enxofre para nos contaminar,
você irá molhá-lo diretamente com água pura. — Comandava seriamente, seus olhos brilhando em
loucura.

O padre foi para a parte inferior da mesa e encarou um temeroso Colin. Ele tremia pelo
choque térmico com a pedra fria, pela dor em suas costas em carne viva e por causa do medo. Seu
coraçãozinho bombeava loucamente contra o seu peito, seus olhos ardiam para derramar as
lágrimas. Mas ele não iria ceder, ele não iria demonstrar fraqueza. Ele merecia isso. Ele era
imundo e precisava ser purificado.

— Você tentou destruir a vida desta criança. Mas eu irei expulsá-lo, demônio! — Logo o padre
pegou o aspersor e o afundou na abertura do grande frasco, e, com uma rápida chacoalhada, jogou
o líquido pelo corpo desprotegido de Colin. No mesmo instante que o líquido tocou sua pele, Colin
gritou como um animal em desespero. Ele sentia sua pele queimando conforme o líquido escorria
por seu corpo. — Estão vendo o demônio sofrendo?! Esse é o poder da água benta da nossa Igreja!
Abençoada pessoalmente por um Arcanjo! — Deu uma risada louca enquanto comentava sobre o
líquido no frasco. Internamente ele gargalhava por saber o que realmente aquele líquido era. —
Madre! A água! O demônio está expelindo enxofre para nos contaminar! — Disse enquanto via a
fumaça saindo dos locais onde os respingos do líquido tocaram no corpo tremulo.

Abigail então ligou a mangueira e rapidamente molhou o corpo do jovem. Este que
continuava a gritar de dor e a se debater contra as restrições. “Por que eu não posso simplesmente
morrer?”, Colin pensou enquanto seus olhos fechavam. Resignava-se com o seu destino. O destino
de sofrer por ser impuro. Até mesmo a água benta, que deveria fazer bem, o estava queimando
como um dos piores ácidos. Ele fora, realmente, renegado por Deus. O desespero foi substituído
pelo torpor do seu coração despedaçado, pensando em como Hadrian o renegaria do mesmo jeito
que seus pais. Do mesmo jeito que Deus o renegou. Seu amado irmão estaria livre de sua
imundice, não seria contaminado com sua sujeira. Então, Colin pensou que, talvez, a morte não
seria tão ruim assim.
Capítulo 87
Chapter Notes

Eu tenho um aviso importante pra dar: o TiuLu botou a mão no cap de hoje. Se
acharam ruim antes, agora vocês verão o que ele pode fazer com 20% da desgraça
total. Ps.: esse é um exorcismo real oficial.

AVISO DE GATILHOS: MANIPULAÇÕES,FANATISMO LOUCO, TORTURA


EM NOME DE UMA CRENÇA E MUITO SOFRIMENTO! PELO MENOS ESSE É
O ÚLTIMO DESSA MERDA DO CARALHO! ಥ‿ಥ

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

— Todos os presentes confirmaram que o garoto está possuído por um demônio? Que seu corpo
queimou ao entrar em contato com a água benta? — O padre perguntou enquanto continuava a
espirrar o líquido no corpo de Colin. Ele gritava igual a um animal espancado, desesperado pela
morte que nunca o agraciava com sua paz. A Madre voltou a jogar água no corpo quando a fumaça
de sua pele queimada começou a subir.

— Sim, Reverendo. — Isabel e Patrick confirmaram após verem a cena diante de seus olhos.

— Ótimo, pois então podemos dar continuidade ao exorcismo. — Assinalou para uma das freiras.
Ela se aproximou dele com uma Bíblia aberta, segurou o livro para que o padre pudesse ler as
palavras. Então o homem recitou o cântico com uma voz profunda e alta que reverberou pelas
paredes escuras e sufocantes do cômodo. — Revele-se Lúcifer, Príncipe dos Infortúnios! Revele-se
Satanás, flagelo da humanidade, pai de tudo que é maligno! Mostre seu eu corrompido, ó traidor
caído! Deixe o corpo deste jovem inocente e volte para o Inferno, de onde nunca deveria ter saído,
ó senhor das mentiras! Deus te renega, tu não tens poder na casa do senhor criatura maligna e
imunda! Revele-se Lúcifer, Príncipe dos Infortúnios! Revele-se! — Todos devem rezar comigo!
Repitam o que eu digo! — Ordenou, nunca parando de salpicar o líquido em Colin, que continuou
gritando e se debatendo. Os sons de seu sofrimento ecoando no porão de pedra e mal iluminado.

— Regna terrae, cantate deo, psállite dómino, tribuite virtutem deo! — O ritual ecoou pelo
cômodo junto aos gritos do pequeno Colin enquanto as freiras e o casal repetiam a oração logo
após o padre. — Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis
incursio infernalis adversarii, omnis legio, omnis congregatio et secta diabolica, in nomine et
virtute Domini Nostri Jesu!

Colin gritou, ele sentia sua pele derreter e fumegar em contato com a “água benta”. Ao
mesmo tempo, ele sentia seu núcleo jorrando magia loucamente, tentando curar o seu corpo e
libertá-lo da tortura. E, sem seu conhecimento, seu corpo estava liberando ondas de magia, que
afetaram as velas espalhadas precariamente pelo local, as chamas cresceram como labaredas de
fogo, tremulando loucamente.

— O DEMÔNIO ESTÁ REAGINDO NÃO PAREM! — O padre ordenou em um grito, logo


voltando a oração.

— Christi, eradicare et effugare a Dei Ecclesia, ab animabus ad imaginem Dei conditis ac


pretioso divini Agni sanguine redemptis! Non ultra audeas, serpens callidissime, decipere
humanum genus, Dei Ecclesiam persequi, ac Dei electos excutere et cribrare sicut triticum!
Imperat tibi Deus altissimus, cui in magna tua superbia te similem haberi adhuc præsumis; qui
omnes homines vult salvos fieri et ad agnitionem veritaris venire! Imperat tibi Deus Pater; imperat
tibi Deus Filius; imperat tibi Deus Spiritus Sanctus!

Colin continuava a gritar desesperadamente, seu núcleo emitindo ainda mais magia, fazendo
até mesmo a mesa de pedra tremer. Todos os presentes viam aquela cena, tremendo de medo com a
demonstração de poder de um demônio. Colin estava alheio a tudo isso, alheio até mesmo da dor
que estava sentindo, em sua mente apenas havia imagens suas com Hadrian. O garoto que ele tanto
amava, mesmo sendo um demônio imundo, que apenas deveria morrer em dor e agonia, para nunca
ter paz. Ainda assim, mesmo sabendo de tudo isso, ele não podia deixar de lembrar o sorriso que
Hadrian o direcionava sempre que olhava para si. Não podia deixar de pensar na primeira vez que
Hadrian o beijou, na primeira vez que ele disse que o amava. Ou quando Hadrian fazia carinho em
seus cabelos e o chamava de Linlin. Ou quando o apelidou de Sunflower e disse que Colin era dele
enquanto o dava carinho.

Em sua mente, só havia pensamentos sobre Hadrian, e ele não pode deixar de se sentir ainda
mais imundo. Ousando corromper a imagem perfeita de Hadrian com sua mente suja e demoníaca.
A voz de Hadrian sussurrava em sua mente o doce “Sunflower”, o trazendo dor ao saber que ele
não fora forte o suficiente para renegar Hadrian. Não fora forte o suficiente para reprimir seus
sentimentos. Hadrian era puro, não merecia ser contaminado por sua escuridão.

— Imperat tibi majestas Christi, æternum Dei Verbum, caro factum, qui pro salute generis nostri
tua invidia perditi, humiliavit semetipsum facfus hobediens usque ad mortem; qui Ecclesiam suam
ædificavit supra firmam petram, et portas inferi adversus eam nunquam esse prævalituras edixit,
cum ea ipse permansurus omnibus diebus usque ad consummationem sæculi!

A oração voltara a ecoar pelo cômodo, juntamente com os gritos. Todos focados no jovem
acorrentado a mesa de pedra, mesa essa que agora tremia enquanto as chamas das velas se
tornaram labaredas que subiam até o teto. Mas, havia algo que o casal não percebera, o sorriso
doentio nos lábios do padre e das freiras. Christian gargalhava em sua mente enquanto rezava. Ele
não pode deixar de agradecer as antigas gerações de padres e freiras que proporcionaram tamanho
êxtase a ele, quando criaram a sala, escondida de olhos curiosos. E quando criaram a tão falada
“água benta”. “Idiotas.”, ele pensou, “Nem imaginam que essa tão falada água benta abençoada
por um Arcanjo não passa de uma solução piranha criada por padres a mais de três séculos.”.
Ah, como ele amava escutar os gritos de desespero, as súplicas, os pedidos de perdão dos tolos que
achavam que estavam possuídos.
— Imperat tibi sacramentum Crucis, omniumque christianæ fidei Mysteriorum virtus! Imperat tibi
excelsa Dei Genitrix Virgo Maria, quæ superbissimum caput tuum a primo instanti immaculatæ
suæ conceptionis in sua humilitate contrivit! Imperat tibi fides sanctorum Apostolorum Petri et
Pauli, et ceterorum Apostolorum! Imperat tibi Martyrum sanguis, ac pia Sanctorum et Sanctarum
omnium intercessio!

— Não temam! — O velho falou. — Entraremos na segunda parte da oração. O demônio irá
tornar-se mais ativo, mas não parem de orar em nenhuma hipótese!

— Ergo, draco maledicte et omnis legio diabolica, adjuramus te per Deum vivum, per Deum
verum, per Deum sanctum, per Deum qui sic dilexit mundum, ut Filium suum unigenitum daret, ut
omnes qui credit in eum non pereat, sed habeat vitam æternam: cessa decipere humanas creaturas,
eisque æternæ perditionìs venenum propinare: desine Ecclesiæ nocere, et ejus libertati laqueos
injicere! Vade, satana, inventor et magister omnis fallaciæ, hostis humanæ salutis! Da locum
Christo, in quo nihil invenisti de operibus tuis; da locum Ecclesiæ uni, sanctæ, catholicæ, et
apostolicæ, quam Christus ipse acquisivit sanguine suo!

A magia que emanava de Colin aumentava conforme o tempo passava. O padre nunca parou
de respingar o líquido pelo corpo pequeno, e agora tinha buracos rasos e outros mais profundos,
onde era possível ver os músculos se contraindo dolorosamente. Agora, o altar inteiro tremia, a sala
ficou mais quente, as labaredas cresciam ainda mais. O núcleo mágico de Colin estava tão perto de
uma ruptura, era muita magia que queria vazar para fora de seu corpo e livrá-lo da dor.

Mas, mesmo com tudo isso acontecendo, Colin continuava alheio a tudo. Sua mente ainda
vagando para Hadrian, como se ele fosse o seu porto seguro. O único lugar a salvo, a proteção
espiritual e mental de Colin. A única coisa que ainda o mantinha vivo era pensar em Hadrian.
Relembrar seus momentos juntos, pensar nas trocas de carinho e afeto, nas promessas de amor
proferidas pelo seu amado. E o que o destruía por dentro era saber que ele não era merecedor de
Hadrian. Ele era imundo e corrompido, possuído pelo mal, enquanto Hadrian era perfeito em todos
os sentidos. Abençoado por Deus e os Arcanjos.

— Humiliare sub potenti manu Dei; contremisce et effuge, invocato a nobis sancto et terribili
nomine Jesu, quem inferi tremunt, cui Virtutes cælorum et Potestates et Dominationes subjectæ
sunt; quem Cherubim et Seraphim indefessis vocibus laudant, dicentes: Sanctus, Sanctus, Sanctus
Dominus Deus Sabaoth! V. Domine, exaudi orationem meam! R. Et clamor meus ad te veniat! si
fuerit saltem diaconus subjungat! V. Dominus vobiscum! R. Et cum spiritu tuo! Oremus!

— IREMOS ENTRAR NA TERCEIRA E ÚLTIMA PARTE, AGORA! NÃO DEVEMOS


PARAR! CONTINUEM REZANDO! — Christian gritou, se controlando para não gargalhar de
puro prazer. Fazia tanto tempo que ele não se sentia tão bem, e pensar que, logo o jovem que ele
estava exorcizando, era um bruxo. Ah, como Deus o amava. O permitindo punir aquela raça
imunda de adoradores do Demônio. Os gritos se tornaram música para seus ouvidos. Ver aquela
pele, até então perfeita como porcelana, agora arruinada pelo ácido, ver aqueles imbecis que se
chamam de pais tão esperançosos enquanto o filho deles grita em sofrimento. Como ele amava ser
um servo de Deus.

— Deus coeli, Deus terræ, Deus Angelorum, Deus Archangelorum, Deus Patriarcharum, Deus
Prophetarum, Deus Apostolorum, Deus Martyrum, Deus Confessorum, Deus Virginum, Deus qui
potestatem habes donare vitam post mortem, requiem post laborem; quia non est Deus præter te,
nec esse potest nisi tu creator omnium visibilium et invisibilium, cujus regni non erit finis:
humiIiter majestati gloriæ tuæ supplicamus, ut ab omni infernalium spirituum potestate, laqueo,
deceptione et nequitia nos potenter liberare, et incolumes custodire digneris! Per Christum
Dominum nostrum! Amen!
A mesa de pedra estava a poucos centímetros acima do chão, a magia de Colin a fazendo
levitar, as velas agora eram chamas do tamanho de fogueiras ardendo com gasolina. Já haviam
queimado o teto de pedra, o tornando ainda mais preto. O barulho das correntes se chorando contra
a pedra fria ecoava junto com os gritos e a oração. O núcleo mágico já estava no limite, sem poder
mais suportar a pressão. Colin, finalmente, sentiu seu núcleo. Ele acordou dos devaneios e, em um
instante, sentiu toda a dor que sua mente havia bloqueado. Ele gritou como um louco, implorando
o perdão enquanto se debatia violentamente.

— NÃO SE DEIXEM ENGANAR! AINDA NÃO É O SEU FILHO! O DEMÔNIO O ESTÁ


ENGANANDO VOCÊS! — Christian alertou os Creevey, sorrindo internamente. — ESTAMOS
NO FINAL! AGORA É A HORA DE EXPULSARMOS O DEMÔNIO!

— AB INSIDIIS DIABOLI, LIBERA NOS, DOMINE! UT ECCLESIAM TUAM SECURA TIBI


FACIAS LIBERTATE SERVIRE, TE ROGAMUS, AUDI NOS! UT INIMICOS SANCTÆ
ECCLESIÆ HUMILIARE DIGNERIS, TE ROGAMUS AUDI NOS! ET ASPERGATUR LOCUS
AQUA BENEDICTA! O PODER DE CRISTO TE COMPELE DEMÔNIO, CRIATURA
PORTADORA DO MAL! DEIXE ESTA CRIANÇA E VOLTE PARA O INFERNO!

Christian encarou a Madre, que entendeu a mensagem silenciosa e começou a encher um


balde com água. O padre jogou o aspersor longe de si e pegou uma concha grande e a encheu com
a solução. Ele saiu de sua posição na parte inferior da mesa e andou até a direita, ficando
extremamente próximo de Colin, com Patrick logo atrás de si.

— O demônio será expulso agora, mas se preparem ele não sairá sem lutar! — Disse o velho com
uma aparência cansada, mesmo que por dentro ele estivesse se deleitando com tudo que estava
acontecendo. — Pronta Madre Abigail? — Encarou a senhora.

— Sim, Reverendo. — Respondeu enquanto segurava o balde já cheio perto da cabeça de Colin.

— Ótimo. Se preparem, é agora. — Então colocou a grande concha sobre o peito já todo ferido do
pequeno. Colin olhava horrorizado para o líquido tremulando dentro do item.

— NÃO POR FAVOR EU TE IMPLORO! — Colin gritou aos prantos. Porém, seu corpo
congelou completamente quando viu o sorriso perturbador que o velho padre o direcionava.

— Você não pode me enganar, nem me tentar, Lúcifer. Eu sou um servo Do Senhor que te
renegou, ó conspirador. — Disse Christian tentando mascarar o sorriso que teimava em surgir em
seus lábios. Christian então derramou, de uma vez só, a grande quantidade de líquido que
preenchia a concha no peito do garoto. Para então a Madre jogar a água que havia no balde sobre
ele, para lavar o ácido do corpo do jovem.

Aquilo fora o estopim. Quando Colin sentiu a pele de seu peito e barriga derretendo, o seu
corpo entrou em choque e colapsou. O seu núcleo, que já estava no limite, gerou uma explosão
mágica. Pulverizando as correntes que o prendiam, destruindo a mesa sob seu corpo machucado,
fazendo as chamas crescerem ainda mais, dançando como Fiendfyre pelo cômodo escuro. As
pedras no teto, paredes e chão estremeceram, poeira caiu sobre suas cabeças e rachaduras surgiram
na sustentação. Todos que cercavam o garoto foram jogados para longe, voando até uma parede e
colidindo fortemente contra a superfície dura. Colin caiu no chão, convulsionando e espumando
pela boca. Seu corpo tremendo violentamente, os pulmões colapsando por falta de oxigênio, sua
mende se desvanecendo na escuridão silenciosa do sufocamento. E o seu último pensamento fora a
imagem de Hadrian sorrindo para si.

— MEU FILHO! — Isabel gritou quando viu Colin convulsionando. Ela teve a intenção de ir até
ele para socorrê-lo, mas logo após se levantar, ela escutou:
— NÃO VÁ, ISABEL! — O padre gritou. — AQUILO MOSTRA QUE O DEMÔNIO ESTÁ
SAINDO DO GAROTO! SE VOCÊ SE APROXIMAR O DEMÔNIO VAI ENTRAR EM VOCÊ!
— Gritava rapidamente para impedir que a mulher se aproximasse do jovem. Ele tinha a esperança
de que o choque o matasse.

Depois de um minuto convulsionando, o corpo de Colin finalmente ficou imóvel. A espuma


e o sangue banhando o chão abaixo de si. Os olhos escuros, frios e sem brilho, escondidos atrás das
pálpebras pesadas. O silêncio tomou a sala, Isabel, seguida de perto pelo marido e o padre, se
aproximaram do jovem caído. Patrick se ajoelhou e checou a pulsação de Colin, apenas para virar e
olhar para a esposa, com surpresa evidente nos olhos.

— E então?! Como está nosso filho?! — Isabel perguntou, finalmente sentindo algum desespero e
remorso. Patrick sussurrou:

— Vivo...

— Meu filho! Graças a Deus! Deus seja louvado! Deu tudo certo! — Agradeceu aos prantos, se
ajoelhando para abraçar Colin, sem se importar com as feridas dele.

— Deu tudo certo. O exorcismo foi um sucesso. Parabéns, meus filhos. — Disse o padre com um
falso sorriso gentil. Mesmo que, por dentro, ele estivesse gritando de ódio e se perguntando o
porquê daquele maldito bruxo não ter morrido.

Aqueles que estavam naquele cômodo não sabiam, mas o núcleo de Colin, logo após a
explosão, não desistiu de salvá-lo. Então, puxou a magia do ar, e de outro lugar ou pessoa, para
salvar Colin da morte certa.
Capítulo 88
Chapter Notes

O pior acabou, mas estamos longe de chegar na tranquilidade tão desejada.


O caos vai reinar.
A imagem do brinco misterioso no final do cap vai estar no server do discord.

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Patrick pegou o corpo mole machucado de seu filho nos braços, cobriu-o o máximo que pode
com suas roupas, ele e sua esposa agradecerem várias vezes a equipe da Igreja antes de partirem. O
céu começava a clarear no horizonte quando eles finalmente voltaram para casa. O homem subiu as
escadas silenciosamente, e com cuidado colocou seu filho na cama, Isabel entrou rapidamente com
um kit de primeiros socorros e os dois começaram a tratar do corpo de seu filho.

— Nosso garotinho voltou para nós, querido. — Isabel chorava de alegria.

— Sim, amor. Ele voltou. — Patrick colocou uma mão no ombro da esposa, vendo-a tratar das
inúmeras feridas que o corpo do seu filho tinha.

Longe dali. Hadrian, mais uma vez, acordara no meio da noite. Dessa vez não era a sua
cicatriz que doía, agora era o seu núcleo. Ele sentiu uma grande quantidade de magia sendo
roubada dele, o fazendo acordar com um grito agonizante. Tom e Draco caíram da cama devido o
susto, olharam-no com medo antes de correr até o moreno tremulo e ofegante.

— Hazz? — Draco chamou preocupado. Lucius, Narcissa, Remus e Severus irromperam da porta,
vindo aos tropeços até a cama onde Hadrian tremia e agarrava o peito fortemente.

— O que aconteceu? — Sirius perguntou apavorado com o estado do afilhado.

— E-eu não sei... — Hadrian massageou o peito, seus dedos se chocaram contra seu colar de sol.
— E-eu senti minha magia sendo roubada. E-eu não sei quem fez isso. Não sei pra onde foi. Mas
está doendo tanto. — Fungou, suas mãos tremulas ainda massageando o peito. — A-acho que foi
Voldemort... Não sei.

— Está tudo bem agora, Hazz. — Tom abraçou-o fortemente. — Vamos dar um jeito de bloqueá-
lo. Ele não vai mais te machucar. Eu prometo. — Os adultos trocaram olhares preocupados com
Tom, este acenou para que todos saíssem. E assim eles fizeram. Narcissa foi imediatamente falar
com Ragnuk e Maray.

— Nós estamos aqui com você, Sunshine. — Draco abraçou as costas de Hadrian, o prensando
contra seu próprio corpo e o de Tom. O menor se permitiu ser confortado, as mãos ainda tremendo
e o peito doendo terrivelmente. Uma sensação horrenda de que deixara algo escapar de sua
percepção. Mas o que seria? O que erra esse mau pressentimento que o consumia como se fosse
fogo em mato seco?

Colin estava confuso. Seu corpo inteiro doía, seu núcleo pulsava dolorosamente dentro de si,
terrivelmente fraco e quase vazio. Os raios solares que invadiam seu quarto através da cortina
machucavam seus olhos, ele piscou várias e várias vezes para tentar se acostumar com a claridade.
Sua mente estava entorpecida, nublada, apenas captando a dor de seu corpo.

— Bom dia, querido. — Isabel entrou no quarto com uma bandeja cheia de comida. Um sorriso
doce nos lábios rosados e os olhos cintilando de felicidade.

Colin franziu o cenho, essa cena era muito estranha para si. Sua mãe sendo amorosa e gentil
como costumava ser. Mas... Por que ele estava estranhando o comportamento de sua mãe? Ela
sempre fora doce, então porque sentia que havia algo de errado acontecendo? Foi então que sua
mente clareou e todas as memórias dolorosas o consumiram, seu peito voltou a doer pela traição e
rejeição de seus pais. Por que ele não havia morrido ontem? Por que ainda estava vivo?

— Tenho ótimas notícias: o demônio finalmente foi embora. Você voltou para nós, querido. —
Deixou a bandeja na mesinha de cabeceira e se abaixou para ajudar o filho a se sentar. Colin,
instintivamente, se encolheu e esquivou de seu toque. Ele viu a dor passar pelos olhos de Isabel e
seu sorriso vacilar. — Está tudo bem, querido. Não irei te machucar. Vou te ajudar a se sentar,
trocar seus curativos e dar-lhe comida. — Ainda hesitante, Colin se permitiu ser ajudado, sabia que
não adiantaria se negar as ordens veladas se não a dor poderia voltar. Ainda desconfiado do
comportamento da mulher, os olhos percorrendo todos os cantos do quarto, mirando a comida com
incerteza, as mãos trêmulas e o coração disparado. Não adiantava lutar contra a mudança em sua
progenitora, qualquer coisa de “errada” que ele fizesse seria uma sentença absoluta de que todo o
terror voltasse. Ele não queria ser o alvo do ódio dessas pessoas, nunca mais queria se sentir tão
vulnerável e fraco, sem mais dor e sofrimento.

Isabel trocou seus curativos e o ajudou a colocar uma camiseta folgada, logo depois
colocando a bandeja na sua frente. Colin se forçou a comer, seu estômago desacostumado a se
alimentar, não tinha coragem para desobedecer a essa ordem disfarçada de gentileza. Eles estariam
o envenenando agora? Estariam tentando enganá-lo? Fingindo que tudo voltaria ao normal como
um dia já fora? A mulher deu-lhe remédios quando ele terminou de comer, então se retirou,
mandando que ele dormisse para se recuperar do mal que o demônio fizera em si.

Colin se deitou de lado na cama, encarando a janela coberta pelas cortinas, o sol parecia tão
radiante naquela manhã. Mas então por que ele se sentia tão estranho? Ele deveria ter morrido.
Sabia disso. Agora ele sabia que teve uma explosão mágica, sabia que deveria estar morto. Então
por quê? Por que continuava vivo? Por que ele não podia se livrar dessa dor e sofrimento de uma
vez por todas? Nem mesmo o Inferno queria um demônio tão vil quanto ele? Ele era realmente tão
ruim ao ponto de nem mesmo o pior dos lugares, onde abrigada as almas mais perversas do
mundo, o queria?

As horas se passaram, assim como os dias. Colin só se moveu para comer o que Isabel trazia
ou para ir ao banheiro. Patrick vinha visitá-lo de vez em quando, arrulhando alegremente sobre ter
seu filho de volta. O Reverendo disse que era normal sua apatia, e o casal compreendeu. Eles
faziam de tudo para que Dennis não entrasse no quarto de seu irmão, não queriam que ele o visse
tão abatido quanto estava, e não queriam que o menor começasse a fazer perguntas sobre o estado
do irmão. Ele era muito novo para descobrir que seu irmão foi contaminado por um demônio
nojento, deveria ser poupado desse desgosto.

Entretanto, cansado de tudo isso, o caçula se esgueirou pela casa escura numa certa noite.
Invadiu o quarto de seu irmão e paralisou. Colin estava sentado na cama, de costas para a porta,
sua camisa jogada ao seu lado na cama, as ataduras sangrentas sendo recolocadas no lugar. O brilho
do luar entrava pela janela de cortinas abertas, iluminando a cena a sua frente. Dennis sentiu sua
garganta apertar, seu peito comprimir e as lágrimas vindo aos olhos. Um guincho de surpresa
escapou de sua garganta, e Colin virou para si como um raio. Seus olhos arregalados conforme
assimilava o fato de que seu irmão o vira, seu doce e puro irmão vira sua podridão e imundice.

— Co-Colin...? — Deu um passo hesitante até o irmão, este que começara a chorar e a se encolher
no canto mais afastado da porta.

— Saia! — Ordenou entre soluços e Dennis paralisou. Nunca, em toda sua vida, escutara tanta dor
e sofrimento na voz do seu doce irmão mais velho. — Saia. Por favor. Finja que nunca me viu. —
Suplicou tristemente.

— Não! — Dennis se aproximou rapidamente e segurou as mãos trêmulas do irmão mais velho. —
Não vou deixar você. — Olhou nos olhos doloridos que um dia foram radiantes. — Você é o meu
irmão! Não vou deixá-lo! — Colin fungou.

Completamente quebrado, ele agarrou-se ao seu irmão caçula e chorou, Dennis retribuiu o
aberto, cuidando para manter-se longe das feridas. Ele sentia as lágrimas quentes molhando seus
cabelos, mas não deu importância, pois seu irmão mais velho estava ferido, soluçando e tremendo
contra seu abraço. Algo muito errado tinha acontecido, e ele demorou para perceber, caiu nas
mentiras de seus pais e não procurou pela verdade. Agora ele se arrependia amargamente de
acreditar neles. Era óbvio que Colin sofria, e eles o mantiveram longe de si.

Longos minutos depois, Colin finalmente se acalmou. O menor o ajudou a sentar-se na


cama, ainda segurando suas mãos Dennis se sentou na frente do mais velho. Limpou
delicadamente os rastros de lágrimas do rosto alheio, captando toda emoção que aqueles olhos
transmitiam. Colin se encolheu contra si, não se importando com a dor dos ferimentos em
cicatrização. Ele não deveria estar perto de Dennis, ele iria contaminá-lo.

— Você precisa sair. — Sua voz saiu num sussurro quebrado.

— Eu não vou. — Segurou mais forte as mãos do irmão. — Você é o meu irmão. Estamos juntos.
Para sempre. — Colin reprimiu uma nova onda de choro e abaixou a cabeça, sem forças para olhar
nos olhos de seu amado irmão.

— Eu não sou puro, Denny. Você pode se contaminar. Você deve sair.

— Que merda você tá falando? — Seu cenho franziu enquanto sua mente trabalhava loucamente
ao redor da fala de seu irmão. — O que eles fizeram com você? — Perguntou friamente, seu
coração esfriando conforme a verdade se enraizava em seu ser. Seus pais eram os culpados pelo
estado de Colin.

— Eles fizeram o que tinham que fazer. — Colin murmurou, sem nunca erguer o olhar. — Eu
tinha que ser purificado. Sou um demônio imundo e não podia contaminá-lo com minha sujeira.
Você deve sair.

— Pro Inferno com essa merda! — Dennis rugiu, a raiva o consumindo completamente. Suas mãos
seguraram o rosto de seu irmão, o forçando a olhá-lo nos olhos. — Você não é um demônio
imundo! Você não merecia passar pelo que passou! Eles não tinham o direito de fazer isso com
você! E você não é sujo ou profano! Você é o meu doce irmão! E eu não irei permitir que outra
pessoa o machuque de novo! Muito menos nossos pais! Você me entendeu?! — Lágrimas
silenciosas escorriam dos olhos de Colin. Seu irmão era tão doce.

— Mas...

Dennis se afastou com um bufo, correu para a escrivaninha do irmão. Rabiscando


rapidamente uma carta qualquer e indo até a coruja empoleirada na janela, olhando com pesar para
o loiro mais velho trêmulo na cama. Era um milagre Hedwig tenha ido entregar uma carta mais
cedo naquele dia. Carta essa que Colin não conseguiu abrir nem responder, assim como várias
outras. O garotinho amarrou a nota na perna da ave rapidamente.

— Leve para Hadrian e busque ajuda imediatamente. — Ordenou, a coruja bicou levemente seu
dedo e saiu voando em disparada.

— O que você fez...? — Colin perguntou em descrença.

— Busquei ajuda. — Olhou-o com seriedade. O que aqueles monstros fizeram com seu doce
irmão?

— Não pode! — Colin levantou-se num pulo, quase pulando pela janela numa tentativa inútil de
alcançar a coruja. Com dificuldade Dennis conseguiu segurá-lo e arrastá-lo para longe do
parapeito. — Não! Hadrian não pode saber! Ele não pode saber que sou imundo! Eu não posso
contaminá-lo! Eu não posso contaminar você! — Olhou com horror o garotinho que ainda o
segurava fortemente.

— Pare com essa merda! — Dennis quase gritou, por segundos se esquecendo que os causadores
do sofrimento de seu irmão dormiam a poucos metros dali. — Eu não sei o que eles fizeram com
você, mas está errado! Você não é imundo, não vai me contaminar! Eu estou bem, e vou te ajudar
a se recuperar. Hadrian te ama e vai te ajudar também. Eu não vou deixar que aqueles monstros se
aproximem de você novamente! Você é o meu irmão mais velho! Não um demônio! E eu te amo,
Colin, não vou permitir que eles destruam sua vida mais ainda!

Colin não conseguiu mais segurar. Caiu de joelhos no chão, abraçando fortemente ao irmão e
chorando novamente. Dennis era tão perfeito, dizendo que o amava, mesmo vendo a sua podridão,
vendo o quão quebrado estava. Ele não merecia o amor de Dennis.

— Está tudo bem, Linlin. — Sussurrou docemente, acariciando os cabelos loiros do maior. — Eu
estou aqui com você. Tudo vai ficar bem.

Hadrian andava de um lado para o outro em seu quarto. Fazia alguns dias que ele não recebia
nenhuma notícia de Colin, e ele estava muito preocupado. Hedwig voltava sem resposta ou sua
própria carta. E isso o estava enlouquecendo, aquele mau pressentimento só piorava a cada minuto
que se passava. Maldita seja sua estupidez por não pedir o endereço de Colin!

— Você precisa comer alguma coisa, filho. — Maray tentou persuadi-lo. Todos preocupados ao
verem o garoto circulando seu quarto como um leão enjaulado. Ragnuk vinha logo atrás com uma
bandeja de comida flutuante.

— Eu estou preocupado, mãe. Colin não responde minhas cartas. Eu sinto que tem algo
errado. Mas não sei nem onde procurá-lo. Tem alguma coisa acontecendo e eu não posso
simplesmente ficar aqui parado e esperando. — Suspirou enquanto se jogava numa poltrona.
Seus pais se aproximaram rapidamente, logo o forçando a comer alguma coisa.

— Eu sei que está preocupado, querido. — Seu pai começou. — Mas precisa ter paciência.
Talvez ele só esteja ocupado se divertindo com a família. — Tentou.

— Vocês não entendem. Ele NUNCA deixa de me escrever pelo menos uma vez na semana.
Não é do feitio dele ficar sem mandar notícias.

— Se ele precisar, vai enviar Hedwig com um pedido de ajuda. — Como se fosse convocada,
Hedwig invadiu o quarto e pousou na perna de Hadrian. O garoto guinchou ao ver uma nota
amassada na perna da ave. Com os dedos trêmulos e o coração pesado, ele abriu o pequeno papel e
leu as palavras rabiscadas apressadamente em uma caligrafia desconhecida por si. Era um pedido
de ajuda e um endereço.

— Eu sabia! — Levantou-se num pulo e correu porta afora. — TOM! LUCIUS! SIRIUS!
REMUS! — Chamava aos berros enquanto esperava encontrá-los na mesa do jantar. Os adultos,
Tom e Draco olharam-no com espanto quando ele escancarou as portas com um estrondo. Sua
magia opressora deixando o ar denso e crepitando ao seu redor. — Colin está em perigo! — Se
aproximou a passos duros da mesa. — Preciso que vão buscá-lo, imediatamente! — Jogou a nota
para Lucius. — E tragam Dennis! — Lucius e Sirius trocaram um olhar e se levantaram. —
Maldita licença de aparatação! — Hadrian rosnou, voltando a andar de um lado para o outro,
mordendo os lábios em frustração. — Vocês vão ter que me ensinar essa merda o quanto antes! —
Olhou para Remus e Narcisa. Ragnuk e Maray se aproximaram, os semblantes preocupados para
seu filho.

— Hazz... — Draco tentou se aproximar, trocando um olhar preocupado com Tom.

— Não comecem a querer me acalmar! — Estalou. — Eu não vou me acalmar até ter Colin nos
meus braços! Eu preciso saber que ele está bem! Senão eu juro pela minha magia que destruo toda
Londres até encontrá-lo! — Seus olhos verdes brilharam intensamente conforme sua magia se
intensificava. Nyx e Hera entraram rastejando pelas portas, mantendo-se numa distância segura
para não fazerem Hadrian se sentir sufocado. Fawkes pousou no encosto de uma cadeira e
começou a cantarolar uma melodia calmante, o que conseguiu apaziguar um pouco o interior
fervente de seu mestre. — Vamos! — Puxou Lucius e Sirius para fora, para longe das proteções a
aparatando para o seu destino.

— O que diabos aconteceu? — Remus sussurrou para Narcissa. Ambos preocupados com o estado
do pequeno Colin, qualquer coisa que deixasse Hadrian tão preocupado não deveria ser bom.

— Nada bom. — A mulher suspirou.

Dennis conseguiu se esgueirar para o quarto de seu irmão quando os pais foram ao mercado.
Ele mentiu dizendo que ia dormir, então foi fácil entrar no quarto do irmão. Colin estava sentado
em sua cama, tentando comer alguma coisa que Isabel o trouxera mais cedo. A garganta apertada,
assim como o peito, a preocupação o correndo. O medo da rejeição, de Hadrian o olhar com nojo e
ódio como seus pais, de ser abandonado pela pessoa que ama.

— Vemos, Linlin. Você precisa comer alguma coisa. — Dennis sentou-se ao lado do irmão, pegou
o talher e o levou a boca do maior. Colin se forçou a comer, por ele. — Logo seu Príncipe
encantado vai te resgatar. — Tentou animar o mais velho.

— E se ele me odiar? — Perguntou num sussurro quebrado, as lágrimas voltando aos olhos.

— Hey. — Dennis segurou uma mão trêmula. — Ele não vai te odiar, mano. Ele te ama. E você
sabe disso. Ele... — Sua fala foi cortada quando escutaram a porta da frente sendo destrancada,
passos apressados correram escada acima e a porta do quarto fora escancarada com um chute.

Lá estava ele, seu Príncipe encantado. Hadrian exalava a magia mais densa e perigosa que os
loiros já tinham sentido. Seus olhos verdes brilhando anormalmente de preocupação, o peito
subindo e descendo pesadamente, as mãos tremulas, gostas de suor frio escorrendo pelo rosto e
pescoço. Colin e Dennis se viram fascinados com a magia do moreno, os rodeando e protegendo,
uma sensação quente e alegre os consumiu.

— Colin...

Hadrian correu os poucos metros que os separavam e agarrou o pequeno corpo contra o seu.
Seu coração doendo ao sentir o outro tremendo e chorar violentamente. Colin não pode se segurar,
ele precisava de Hadrian. Precisava de seus braços, da sua magia, do seu conforto. Ele sentia-se tão
seguro com o moreno, suas preocupações levadas para longe de si, ficando apenas o amor
avassalador que sentia pelo maior. Lucius e Sirius não entraram no quarto, era um momento
particular e não iriam se intrometer. Dennis se afastou um pouco, feliz por saber que seu irmão
estaria seguro com Hadrian.

— Está tudo bem agora, amor. — Segurou o rosto do loiro delicadamente, limpando suas lágrimas
com os polegares. Encarando os olhos negros cheios de dor e traição. — Eu estou aqui. Nada vai te
acontecer. Eu não vou deixar. — Prometeu. Colin acenou fracamente com a cabeça, se
aconchegando nas mãos macias que seguravam seu rosto. Seus olhos fecharam, para se permitir
apreciar o doce toque do garoto que amava. — O que aconteceu? — Perguntou depois de um
tempo.

— Meus... Meus pais... — Colin admitiu com a voz embargada. — E-eu decidi me assumir para
eles. Eu tinha medo, eles são muito religiosos. Mas... Como aceitaram a magia, achei que me
aceitariam. — Seus dedos se apartearam fortemente contra o tecido da camiseta de Hadrian, que
nunca deixou de segurar seu rosto, o acariciando delicadamente para o encorajar. — Eu não achei
que... Que eles fariam aquilo... — Estremeceu. Dennis viu os olhos verdes de Hadrian brilhando
perigosamente conforme seu irmão falava o que havia acontecido. — E-eles me usaram todo esse
tempo. Estavam coletando provas do mundo bruxo e espalhando a verdade para as pessoas. E então
eles chamaram o Reverendo Christian para tentar expulsar o demônio de mim... — Encolheu-se
ainda mais e lágrimas voltaram a escorrer de seus olhos. Hadrian o puxou para outro abraço
apertado, reprimindo sua magia para não destruir tudo ao seu redor. Seu peito ardendo em ódio e
desejo de vingança. — Eles banharam um cinto com água benta e me davam cinco chicotadas por
dia... Mas o demônio não foi embora. Então procuraram o Reverendo de novo. E-eles me levaram
para a Igreja e fizeram um exorcismo... — Seu choro sôfrego quebrou o coração de qualquer um
naquela casa. Sirius e Lucius, mesmo não querendo, escutaram o relato e estavam fervendo de
raiva. — A-a água benta machucou tanto, Hadrian... E-eu senti minha pele derretendo... E-eu não
sei o que aconteceu depois... Era tanta dor. Eu só apaguei. — Se apertou ainda mais contra o corpo
do maior. — Eu percebi que tive uma explosão mágica. — Hadrian paralisou, a frase ecoando pela
sua mente nublada de raiva e preocupação. — Não sei como estou vivo ainda. E-era para eu ter
morrido, Hadrian... Sou um demônio imundo... E ainda assim estou aqui, contaminando você e
Dennis com minha sujeira... Vocês deveriam ir embora. Eu deveria ir embora. Livrá-los da minha
podridão... Para sempre...

— Nunca, me escute bem, nunca mais repita algo assim. — Hadrian disse com firmeza e apertou
ainda mais o corpo contra o seu. — Você não é imundo, nem um demônio. Você é o meu doce
Sunflower. Meu amado Colin. E eu não irei permitir que te machuquem, nunca mais. Vou levar
você e Dennis comigo. Você será tratado. Assim como você cuidou de mim depois dos Dursley, eu
irei cuidar de você. Eu te amo, Colin. Você é muito importante para mim. Eu daria minha vida
para que você seja feliz mais uma vez. Agora... — Olhou nos olhos de seu amor e sorriu
docemente. — Durma, Sunflower. — Beijou-lhe a testa, inundando o outro com sua magia e o
forçando a dormir. Assim que Colin adormeceu em seus braços, Hadrian o aninhou e admirou seu
rosto delicado. — Vocês podem preparar as coisas. Partiremos imediatamente. — Ordenou para
Dennis, Lucius e Sirius. Os três correram para cumprirem a ordem. — Só... Me deem um segundo.
— Hadrian colocou Colin na cama, e se retirou para os jardins do fundo.

Quando ele ergueu os olhos para o céu noturno, quando a luz prateada da lua e das estrelas o
inundou, quando o vento o beijou, Hadrian sentiu seu autocontrole se estilhaçando. Curvando-se
para frente, agarrando o peito com força, os dentes cerrados, os olhos fechados fortemente. Ele
estava se deixando levar pelos sentimentos avassaladores. Hadrian nunca viu a sua magia ao seu
redor. Um redemoinho do poder mais cru e opressor o rodeando, como se ele estivesse no olho de
um furacão. Verde e preto o rodeavam a um raio de seis metros, girando violentamente ao seu
redor.

E então, seu corpo arqueou-se para trás, os braços abertos, e ele se libertou. Liberou tudo o
que havia reprimido em um berro gutural. Sua garganta e peito ardiam como as chamas do Inferno
conforme a sua voz era jogada para fora. Seu coração comprimido contra o peito de tanta raiva e
preocupação. A esfera de magia voltou para dentro de si em milésimos de segundos, apenas para
sair como uma explosão avassaladora. Onda após onda de magia fora se espalhando rapidamente.
Metro após metro. Quilometro após quilometro. Todo o Reino Unido, Irlanda, Países Baixos,
Luxemburgo, Bélgica e algumas partes da França, Alemanha, Dinamarca e Suíça se viram
mortificados com a onda de puro poder que os assolavam.

O chão sob seus pés estremeceu violentamente, a terra rachou e a grama morreu, as luzes
explodiram, as casas vacilaram em suas fundações, o céu escureceu e nuvens elétricas surgiram.
Raios caíram aleatoriamente, trovões rasgaram os céus, a chuva caía como adagas afiadas e
pesadas, o vento rugia, levando seu grito para longe. Todos que foram pegos na explosão se viram
caídos no chão, a pressão atmosférica muito elevada para seus corpos suportarem, o ar denso
demais para entrar em seus pulmões, as unhas arranhavam desesperadamente as gargantas, as
lágrimas de pavor rolavam em abundância, os corações batendo tão rápido que quase pararam.
Todos sabiam que algo terrivelmente ruim estava acontecendo, e eles temeram por suas vidas.

Pulsando como os batimentos cardíacos, a magia de Hadrian deixava seu corpo. Cada onda
ainda mais forte que a anterior, levando ainda mais desespero e destruição para as pobres almas
que foram pegas pela explosão. Longe dali, em Wiltshire, a Malfoy Manor estremeceu, suas
poderosas e antigas proteções falhando, a estrutura rachando e rangendo, os habitantes caídos no
chão em sofrimento. Nyx se contorcia no chão sobre a pressão da magia de seu filhote, ela podia
sentir toda a sua dor e angústia. A estava consumindo, a destruindo, a dor de seu filhote era intensa
demais para suportar. Ela conseguia escutar os seus berros, tão alto como se estivesse logo ao seu
lado.
Na The Burrow não foi tão diferente. Os Weasley também estremeciam com a onda de
poder que os assolou. Os gêmeos sabiam, eles podiam escutar... Hadrian sofrendo, e isso os estava
matando. Era tão doloroso... Na casa de sua avó, Neville chorava no chão. Fraco demais para fazer
qualquer outra coisa a não ser lamentar os sentimentos que o consumiam. Sentimentos estes que
ele sabia que vinham de Hadrian. Ele conseguia diferenciar a magia, sentir suas emoções, ouvir seu
sofrimento. Era devastador.

Hogwarts quase ruiu. A magia do castelo enfraquecendo perigosamente. Por breves


segundos as proteções anti-muggles ruíram, o castelo estava visível para qualquer um, sem
proteção nenhuma. Sua estrutura apodreceu como se uma praga a assolasse, grandes pedaços de
pedra despencaram, toda a vida da propriedade apodreceu, como se estivesse morrendo. Os
funcionários que permaneceram na escola durante as férias se viram imponentes. Caídos no chão,
tremendo violentamente como se a Maldição Cruciatus estivesse sobre si. Dumbledore sentia seu
coração falhando, tão perto de um ataque cardíaco, tão perto da Morte. Ele conseguia vê-la,
conseguia sentir suas mãos gélidas sobre seu peito comprimido contra o chão de pedra, ele sentia
seu hálito em seu pescoço. Ele sentia a magia de Hadrian o consumindo, queimando seu núcleo
mágico, roubando sua magia, punindo-o. Aquele garoto era a destruição.

Voldemort gritou. Pettigrew e Barty se viram inconscientes ao lado de seu mestre. Nagini
contorcia-se violentamente no chão ao lado de seu bruxo. Ambos sentiam ainda mais intensamente
a explosão mágica. Eles sentiam suas almas sendo dilaceradas e pulverizadas com o mais puro e
avassalador sofrimento. O homúnculo deformado que o Dark Lord era naquele momento urrou
com todas as suas poucas forças. Aqueles sentimentos não eram dele, aquele sofrimento não era
dele. Aquela dor, aquela raiva, nada daquilo era dele. E ainda assim, estava o consumindo como
Fiendfyre. O destruindo lentamente. O matando. E, pela primeira vez na vida, Voldemort não
temeu a Morte. Ela era uma certeza na sua mente sofrida, e ele a desejou para que tudo aquilo
parasse de uma vez por todas.

Gringotts teve um destino parecido com o de Hogwarts. Raízes escuras irromperam do chão
do Diagon Alley e subiram por sua estrutura elegante, seus candelabros de cristais despencaram, as
velas irromperam em chamas como o Inferno, o dragão em seu subsolo urrou e cuspiu fogo para o
alto, vagonetas despencaram no poço sem fim de sua estrutura subterrânea, a porta que dava para o
Reino Goblin rachou. Os habitantes do Reino se viram horrorizados, por poucos segundos todos
viram seu lar paradisíaco completamente destruído e abandonado. Qualquer sinal de vida havia
desaparecido, as casas em ruínas, a natureza morta, a escuridão de uma pesada nuvem de cinzas os
cobrindo. Em um pensamento coletivo, todos sabiam o que significava aquilo... “Hadrian.”

Os goblins entraram em pânico. Mesmo que conseguissem se manter mais estáveis do que os
bruxos, eles também estavam em sofrimento. Seus passos vacilando e os olhos lacrimejando, eles
viram com horror o cofre mais antigo e poderoso de todo o mundo ter suas proteções quebradas. A
pesada porta fortemente protegida por séculos de magia ancestral ruiu com um som opressor.
Todos no banco escutaram o som da porta vindo ao chão, os goblins encararam desacreditados um
brilho roxo passar voando por eles como um raio. Eles sabiam, sentiram em sua magia, aquele
artefato arrombou as proteções do cofre Pendragon.

No meio do saguão a esfera de luz roxa parou, flutuou alguns metros no ar, como se
estivesse se localizando. Os goblins viram através do brilho cegante. Um dos artefatos mais
poderosos que eles já guardaram em todas as filiais através do mundo. E um dos mais perigosos
também. Era um único brinco, sua estrutura de iridium “abraçava” uma gema em losango de
ametista. Como se fossem delicadas videiras o iridium prateado circulava a gema como se a
estivesse segurando. A aprisionando.

Os goblins contiveram um guincho de medo quando a joia saiu em disparada pelas portas
escancaradas do banco. Voando velozmente através da tempestade que cobriu a área afetada pela
magia de Hadrian. Um borrão roxo que passou despercebido por todos. Distraídos demais com o
sofrimento e o medo da Morte.

— Você consegue ouvir? — Um homem de longos cabelos negros e olhos vermelhos perguntou
em desespero. Todos os seus servos estavam caídos no chão, gemendo, chorando e
convulsionando. Ele próprio estava se esforçando ao máximo para não cair, todo o seu corpo
desejava jogar-se no chão e se deixar consumir por aquele desespero. Mas algo o manteve firme.
Um grito. No fundo de sua mente, ele podia escutar o chamado de uma alma em sofrimento.

— N-não, meu rei... — Um dos seus servos mais fortes, que se mantinha de joelhos ao seu lado,
respondeu entre pesadas respirações. Estava dando tudo de si para se manter firme, para manter seu
senhor a salvo de um possível ataque.

O rei conseguiu olhar pela janela, o mundo ruindo do lado de fora de suas muralhas. Ele
sabia. Alguém muito poderoso estava em sofrimento naquele exato momento.

Só quando Hadrian caiu de joelhos na grama enlameada, exausto e frio, sentindo-se livre de
um peso avassalador, foi que o tempo voltou ao normal. Sua magia foi se dissipando no ar, como as
cinzas de uma fogueira. Aos poucos as coisas voltaram ao “normal”. Alguns sinais da destruição
continuaram; como estruturas rachadas, ou lâmpadas queimadas ou vegetações mortas. Mas a
pressão atmosférica estava voltando a ser estável, as nuvens pesadas e elétricas começaram a
desaparecer, as pessoas voltavam a respirar e os tremores diminuíram.

Com corpo exausto e o núcleo mágico leve, Hadrian se deixou ser levado pelo
entorpecimento. Permitiu-se cair na grama molhada e suja, sentindo o frio contra sua pele
escaldante. Seus olhos fechando, sem nem mesmo ver a esfera de luz roxa se aproximando de si.
Hadrian nunca viu o brinco se alojar na sua orelha direita, nunca viu o brilho roxo consumir seu
corpo, nunca sentiu o calor da magia estrangeira se ligando a sua, nunca sentiu o contentamento
que o seu núcleo vibrava. Exausto demais para captar qualquer coisa.
Capítulo 89
Chapter Notes

Vou colocar no discord as imagens das criaturas que serão citadas no final deste
capítulo.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Lucius foi o primeiro a conseguir se recuperar, seus olhos vasculharam o quarto arruinado.
Mesmo que janelas e móveis estavam destruídos, nenhum deles tinha sido atingido. Como se uma
barreira protetora tivesse surgido ao redor de cada um dos quatro, todos estavam intactos
fisicamente. Porém seus corações continuavam a bater loucamente, o sentimento do desespero de
Hadrian ainda cru em suas almas. O poder avassalador ainda fazendo seus corpos estremecerem.

— Vocês estão bem? — Sirius perguntou, a voz rouca como se não a usasse a séculos. Lucius
encarou os olhos cinzas do homem à sua frente. Eles sabiam que Hadrian fora o responsável de
tudo aquilo. — Leve os dois de volta. — Colocou-se em pé num instante. Lucius o seguiu, ainda
com as pernas trêmulas.

O loiro fechou o malão de Colin com as coisas dele e de Dennis, diminuiu-o e o guardou no
bolso. Foi até a cama e segurou os dois garotos desacordados contra o peito, aparatando logo em
seguida para a Malfoy Manor. Sirius saiu aos tropeços do quarto, seguindo um caminho
sussurrante da magia de Hadrian, e eles o guiaram até o garoto caído no meio do que um dia fora
um lindo quintal. A vegetação ao redor estava morta, qualquer coisa fora destruída com a onda de
poder, e o causador de tudo aquilo estava bem no centro da cratera de terra, caído, exausto.

— O que aconteceu lá? — Maray perguntou preocupada ao chegar no hall de entrada e ver Lucius
flutuando dois garotinhos loiros adormecidos. Todos sentiram os efeitos da magia opressora, e
sabiam que vinha de Hadrian, mas não tinham como adivinhar o que exatamente acontecera para
aquilo ocorrer.
— Hadrian não recebeu muito bem as notícias. — O homem suspirou. — Vou levá-los para o
quarto de Hadrian e deixá-los descansar um pouco. Precisamos chamar Meggie para que ela dê
uma olhada em Colin. — Indicou as escadas. — E, provavelmente, Hadrian também. — Com um
suspiro sôfrego o loiro subiu as escadas.

Ragnuk segurou os ombros de sua esposa, Narcissa correu atrás do marido, Draco roía as
próprias unhas em um canto, Tom estava de braços cruzados escorado no batente da porta e com o
cenho franzido. Ele havia sentido o medo e desespero de sua parte originária, e para ele sentir algo
assim, o sofrimento deveria ter sido muito intenso. Nem mesmo o temido Lord Voldemort
aguentou o surto mágico de Hadrian.

Tom sempre se isolou para pensar nos ocorridos, e agora não era diferente. Ele próprio havia
sofrido com a explosão mágica, mas o que o estava intrigando eram os sentimentos vindos de
Voldemort. Aparentemente, em sua explosão, Hadrian abriu a conexão com o Dark Lord e o
direcionou magia ofensiva inconscientemente ao ser estrangeiro dentro de si. Resultando em
consequências mais graves para o seu “eu original”. E Tom tinha que admitir, qualquer coisa que o
fizesse desejar a morte, era incrivelmente poderosa. E foi neste ponto, com sua mente deturpada,
que o jovem Tom Riddle riu da desgraça de seu outro “eu”. Ele agradeceu por Hadrian amá-lo,
agradeceu por não ter sido atacado pela magia do menor.

— Hadrian! — Sirius chamou, desceu a cratera derrapado na lama. Pouco se importava com a
imundície que suas roupas estariam depois.

Tropeçando no solo úmido e traiçoeiro, o homem conseguiu chegar até seu afilhado. O
coração consumido de preocupação, o eco do medo por sua vida quando sentiu aquele poder o
consumindo ainda estava no fundo da sua mente. Com as mãos trêmulas e sujas de lama Sirius
pegou o corpo exausto nos seus braços, aninhou-o com cuidado e colocou dois dedos sobre a
artéria em seu pescoço. Não pode deixar de soltar um suspiro aliviado ao sentir a pulsação lenta de
quem estava dormindo. Um sorriso doce surgiu em seus lábios antes de aparatar de volta para casa.

— Não surtem. — Sirius anunciou quando entrou pelas portas da frente com um Hadrian
adormecido nos braços. Ambos estavam encharcados e imundos de lama, mas ainda assim Maray,
Ragnuk e Narcissa não se preocuparam em correr até o garoto desacordado. — Ele está bem. —
Comentou. Lucius usou um feitiço de limpeza e secagem nos dois, antes que Sirius desse mais um
passo adiante e derrubasse a si mesmo e o garoto em seus braços ao escorregar no chão lustroso
com seus sapatos molhados. — Não sou especialista, mas ele parece bem. — Narcissa indicou
para que ele continuasse em frente e levasse Hadrian para o quarto.

Como se estivessem vigiando, o Floo acendeu em chamas verdes, dele saíram Neville e os
gêmeos com os semblantes preocupados. Os olhos se demorando na cena de seu amado
adormecido nos braços de Sirius.

— Conversamos depois, galera. — Sirius seguiu em frente, todos o acompanhando.

— Dobby já chamou a curandeira, Lady Malfoy. — A criaturinha surgiu ao lado de Sirius, os


grandes olhos sempre se desviando para o seu mestre favorito com preocupação.

— Obrigada, Dobby. — Narcissa sorriu para o house-elf com doçura. — Deixarei você
encarregado de cuidar para que tudo o que ela necessite seja providenciado.

— Claro, my lady. Dobby irá providenciar o necessário. Dobby nuca irá falhar com o jovem
mestre Hadrian. — Curvou-se levemente e os seguiu até o quarto do moreno. Draco se adiantou até
a cama, onde Colin e Dennis descansavam, e arrumou um lado para que Sirius colocasse Hadrian
entre a beirada e Colin; com Dennis do outro lado do irmão.

— Estou aqui! — Meggie entrou pela porta esbaforida, já se adiantando até os três garotos
adormecidos e começou a fazer seus feitiços de diagnóstico. — Me digam o que aconteceu. —
Ordenou.

— Hadrian estava com um pressentimento de que Colin não estava bem. — Ragnuk começou. Ele
e Maray nem precisavam mais de disfarce, a mediwizard era de extrema confiança. — E mais cedo
nessa noite ele recebeu uma carta pedindo ajuda. O caçula, Dennis, enviou a carta.

— Quando chegamos na casa eles estavam sozinhos. — Lucius continuou.

— Tentamos não ouvir a conversa, mas tínhamos que ficar por perto caso alguma coisa desse
errado. — Sirius admitiu envergonhado.

— Colin contou o que aconteceu. — Os punhos do patriarca Malfoy se cerraram fortemente e


Sirius reprimiu um rosnado nada humano. — Eles o usaram para conseguirem provas contra o
mundo bruxo. E quando ele foi se assumir...

— Eles enlouqueceram! — Sirius completou. — Chamaram ele de demônio e tentaram purificá-lo


a chicotadas! — Rosnou enfurecido.

Nyx e Hera, neste instante, entraram no quarto e se acomodaram ao redor dos garotos
adormecidos. Fawkes entrou cantarolando uma melodia calmante e se empoleirou na cabeceira da
cama. Hedwig, seguida por Scorpius e algumas corujinhas filhotes, se empoleiraram no alto do
armário num canto do cômodo. Maray segurou com força a mão de seu marido para não surtar e
acabar matando alguém. Todos sentiram a raiva crescendo em seus peitos. Mais uma vez, os
muggles quase mataram um deles. Mais uma vez quase arruinaram completamente uma vida
inocente e pura.

— Piora. — Lucius sussurra rouco. — Eles o levaram para a Igreja e fizeram um exorcismo nele.
— O silêncio caiu sobre o quarto como se todos estivessem submersos nas águas tranquilas de um
lago. Nada podia ser ouvido, nem mesmo a phoenix ousou produzir um som. — Ele disse que a
água benta queimou sua pele. Então acho que não era água normal.

— Era ácido piranha. — Maggie comentou enraivecida. — Uma mistura altamente perigosa de
vários elementos químicos que corroeu sua carne. — Comentou com nojo enquanto retirava a
roupa de Colin para tratar das feridas. — Dobby, preciso que peça a Severus estas poções... —
Mais eficaz do que invocar um demônio do Inferno, Severus Snape surgiu na porta com toda a sua
glória sombria, na mão uma maleta cheia de poções. — Pelo visto não será preciso. — Deu a lista
de poções necessárias para o homem, que a leu com o mais puro ódio. — Você pode me trazer uma
bacia, alguns panos e ataduras? — Perguntou a Dobby.

— Imediatamente, curandeira Meggie. — Dobby desapareceu num estampilho baixo, voltando


poucos segundos depois.

— Posso cometer o crime do qual fui culpado injustamente? — Sirius se jogou no sofá com um
bufo.

— Se não for pego. — Remus reprimiu seu lobo enraivecido e se sentou ao lado do amigo. Lucius
guiou uma trêmula Narcissa até um sofá e a serviu um copo de água.

— Hadrian está bem. — Meggie comentou enquanto ela e Severus tratavam de Colin. — Ele só
teve um surto e sua magia reagiu de acordo com seus sentimentos. — Ela estremeceu. —Mesmo
que tenha sido aterrorizante para todos envolvidos.

— Oh, Dumbs e Fudge devem estar saltitantes. — Fred e George resmungaram. Eles se
acomodaram nos sofás com Neville, Draco e Tom. Ragnuk e Maray pairaram preocupados perto
da cama, mas sem interferir nos serviços de Meggie e Severus.

— De fato. — Meggie concordou. — Mas ele só precisa dormir um pouco e estará cem por cento.
O pequenino. — Indicou Dennis. — Também está bem. Só foi apagado pela onda de poder, mas
nada que o prejudique. Já Colin... — Olhou as cicatrizes cheias de unguento tanto no peito e
barriga, quanto nas costas. — Ele vai precisar de algumas poções para desnutrição, outras para
limparem seu organismo do ácido piranha e da infecção de alguns cortes e unguentos para as
feridas, que não deixarão cicatrizes por serem novas e ainda abertas. Ele vai precisar de descanso,
amor, carinho, e um curandeiro da mente. Suponho que ele tenha ficado terrivelmente traumatizado
depois de tudo o que passou. — Suspirou enquanto terminava as ataduras. — E ele teve uma
explosão mágica. — Mais uma vez o quarto caiu num silêncio sufocante. — Pude ver que seu
núcleo tem uma ligação com o de Hadrian. Suponho que todos vocês tenham algo assim. Ele deve
ter puxado um pouco da magia de Hadrian para não morrer. — Colocou a mão sobre o coração de
Colin, pairando alguns centímetros acima, sua magia serpenteou até envolver o núcleo do
garotinho. — Ele está fraco, vai precisar de um tempo para se regenerar. Mas a magia de Hadrian o
está mantendo estável, o ajudando a se recuperar rapidamente.

— É bom ouvir isso. — Narcissa fungou, seu coração de mãe contorcendo-se de preocupação com
o garotinho.

— Creio que vocês têm tudo sobre controle. — Meggie olhou entre Severus e Dobby.

— Sim, curandeira Meggie. Dobby vai cuidar direitinho do jovem mestre Colin. — A criatura
abanou suas orelhas de morcego enquanto Severus se resignou a apenas a um aceno afirmativo de
cabeça. — Qualquer coisa é só me chamar. — Recolheu suas coisas e começou a ir para a porta. —
Deveria informar. — Virou-se para os integrantes do quarto. — Ele quase virou um Obscurial. —
As respirações entalaram nas gargantas. — Foi graças a magia de Hadrian que isso não aconteceu.
— Então deixou a Malfoy Manor. Maray se aproximou da cama e começou a cobrir os garotos
com um lençol, seus olhos captando o brilho arroxeado na orelha direita de seu filho.

— Querido... — Chamou num sussurro descrente. O Rei dos Goblins se aproximou rapidamente
da esposa. — Aquilo é...? — Apontou para o brinco com um dedo trêmulo. Ragnuk encarou a joia
com olhos arregalados e a garganta seca.

— Eu já volto. — Beijou a testa de sua esposa e saiu em disparada até o portal que daria para sua
casa no Reino Goblin.

— O que aconteceu? — Remus perguntou preocupado ao sentir o cheiro do medo deles no ar.

— Algo que não deveria ter saído do cofre Pendragon sem permissão. — Maray encarou com
espanto a ametista brilhar levemente em magia.

— Nada na vida de Hadrian Tamish Potter é normal ou pacífico. — George comentou, tentando
aliviar o clima com uma piada.

— Sabíamos para o que estávamos nos alistando, querido irmão. — Fred o ajudou.

— Vamos deixá-los descansar um pouco. — Narcissa se levantou com a ajuda de Lucius. —


Durmam um pouco, meninos. — Olhou para os garotos nos sofás, os semblantes preocupados e
aflitos. — Nos vemos amanhã. Dobby. — O house-elf olhou-a com expectativa. — Cuide do que
eles precisarem.

— Sim, my lady. Dobby fará. — Então desapareceu com os utensílios já utilizados para tratar de
Colin.

Um a um os adultos foram deixando o quarto. Lucius recebeu uma nota rabiscada


apressadamente do Ministro o convocando para o Ministério, então ele partiu. Tom transfigurou os
sofás e poltronas em camas e todos se acomodaram ao redor de onde Hadrian e os Creevey
dormiam tranquilamente. Fawkes começou a cantarolar uma melodia para que todos dormissem
embalados num sono doce e pacífico. Scorpius piou para seus filhotes adormecidos abaixo de suas
asas e as de sua parceira, Nyx e Hera circularam Colin e Dennis protetoramente. A paz finalmente
recaindo sobre a Malfoy Manor. Coisa que não aconteceu com o resto da população.

Remexendo-se pela escuridão da madrugada, aproveitando que todas as luzes foram


estilhaçadas, deixando apenas um fraco brilho da lua e das estrelas para iluminar ruelas e florestas,
criaturas das trevas se erguiam de seus esconderijos.

Devastadores e incontroláveis, vindo em uma onda de areia das trevas que destruía tudo ao
seu redor, instável e completamente selvagem, jovens obscurus arruinavam cidades e subúrbios.
Eles não tinham sentimentos por aqueles que acabavam ferindo no meio do caminho, seu único
desejo obsessivo era chegar até o seu destino, não importa a qual custo. Construções não eram um
obstáculo para eles, eles simplesmente avançavam e traziam a destruição consigo. Dez obscurus
avançavam até o seu objetivo.

Ainda no ar, silenciosos e gélidos, vinham cento e cinquenta dementors. Suas mãos podres
estalando, suas bocas ocas sugando o ar ao seu redor. Mesmo no meio do verão, a neve caiu, o frio
consumiu e queimou as almas dos pobres seres que foram pegos no seu caminho. O medo, o
desespero, tantos sentimentos ruins os deleitando, os permitindo sugar a alegria das pessoas a
distância, sem nunca perder o foco de sua jornada. O maior dos dementors levava, pendurado pelos
pés e de ponta cabeça, em cada mão enegrecida um casal de muggles inconscientes e sangrando.
Mas ninguém se importou.

No chão, correndo junto com a escuridão, com olhos brancos e bocas escancaradas, trazendo
um ar ainda mais assustador para a frota, correndo pelas ruas, pulando de telhado em telhado,
quebrando tudo ao seu redor conforme se impulsionavam para frente através das cidades,
assustando ainda mais os moradores desprevenidos. Estavam cinquenta boggarts em sua forma
original, pulando e correndo sobre os destroços da devastação dos obscurus.

Flutuando alguns metros acima do chão, trazendo uma melodia mortal por onde passavam,
trajadas de longos vestidos negros, cabelos sujos tão escuros quanto piche iam até seus pés, as
peles verdes em um rosto esquelético, órbitas vazias de qualquer globo ocular, e as bocas
escancaras gritando a cada poucos minutos. Cem banshees acompanhavam a frota. Doze delas
carregavam freiras, e a líder um padre. Todos eles estavam inconscientes e com os ouvidos, narizes
e olhos sangrando, os tornozelos presos por uma mão verde e esquelética, as cabeças batendo no
chão ocasionalmente. Seu grito fatal assombrava as ruas por onde passavam, fazendo os pobres
muggles desmaiarem igual as vítimas que elas carregavam.

E, acima de todos, deslizando no ar como se fossem raias gigantes no mar, ondulando sobre
as correntezas de ar, escurecendo toda e qualquer luz das pobres almas lá embaixo. Seu corpo
parecia um manto negro com cerca de meia polegada de espessura, em suas extremidades haviam
“presas” afiadas como garras e dentes, no meio longos tentáculos negros dançavam no ar, a
procura de uma vítima para devorar por inteiro. Os primos dos dementors, que não deixam nenhum
rastro de sua presença, nunca capturados, ninguém sabe quantas vítimas fizeram ao longo de um
único dia. Quarenta lethifolds sobrevoavam os dementors, variando de tamanho, entre nove metros
de comprimento por quatro de largura, até vinte e cinco metros de comprimento por onze de
largura. Mas o pior de todos, o líder, muito acima de todos, banhando tudo com a escuridão, tinha
cento e cinquenta metros de largura por quatrocentos e cinquenta de comprimento. Não havia uma
única luz sob ele, apenas os brilhos dos olhos dos boggarts passando na escuridão como flashes
velozes. Seus corpos mais parecidos com uma mortalha flutuando lentamente através do ar,
silenciosos e ameaçadores, sua natureza extremamente agressiva e violenta fazendo até os muggles
estremecerem diante do invisível para si.

Como se o inferno tivesse sido aberto para a Terra, as criaturas das trevas percorriam a
escuridão, muito focadas em seu objetivo. Desejando apenas chegar até ele. Responder o seu
chamado por justiça. Seu chamado por vingança. Eles se certificariam de que iriam agradá-lo.
Certificariam de que iriam obedecê-lo, de que cumpririam suas ordens. Seu chamado era inegável.
Sua vingança era inevitável. Eles veriam o mundo ruir, eles fariam o mundo ruir, apenas por ele.
Trariam a Morte e o Caos para a Terra. O desespero e a destruição recairiam sobre todos. O sangue
tingiria os oceanos, os gritos ecoariam por quilômetros, o fogo arderia por toda a face da Terra.
Tudo por ele.
Capítulo 90
Chapter Notes

Sinceramente esse é um dos meus capítulos favoritos por causa de um lindo momento
de puro caos ministerial. Eu e o TiuLu eternizamos uma linda frase desse capítulo (a
dica é: banshee).

Para quem lê essa fic por tradução, pode ser que muitas coisas não façam sentido, pois
usamos gírias do português brasileiro. Então, se tiverem dúvidas sobre, podem nos
perguntar que iremos traduzir para um melhor entendimento.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Hadrian acordou na manhã seguinte sentindo-se exausto e revigorado ao mesmo tempo.


Contraditório, porém verdadeiro. Sentou-se na cama e encarou o vazio com a mente nublada, seu
cérebro ainda assimilando as informações da noite anterior. Fawkes voou até ele, acariciou sua
bochecha com a cabeça e gorjeou. O garoto se viu encoberto pelo calor e calmaria que a ave o
proporcionava, seu peito vibrando de um sentimento quentinho e a paz o consumindo. Com um
sorriso, Hadrian acariciou as penas macias da criatura, Fawkes cantarolou antes de bicar seu nariz
delicadamente e sair voando janela afora.

Conforme sua mente e corpo acordavam, Hadrian notou um leve, quase imperceptível, puxão
em sua magia. Seguindo a fina linha invisível de poder, sua mão pousou em seu ouvido direito. Os
dedos traçaram o estranho adorno que não estivera ali antes. Ele podia sentir, como se fosse um
coração pulsante, a magia vibrava contra a sua, parecendo muito contente e feliz por estar ali. Com
um movimento de mão, um espelho fora convocado e Hadrian analisou o corpo estrangeiro. Seu
cenho franzido em confusão. De onde surgira? Como fora parar ali? Por que estava com ele? De
quem era aquilo? O que era aquilo?

Ele não sabia as respostas, mas sentiu-se estranhamente apegado a estranha joia pulsante. A
luz do sol refletiu na ametista, a fazendo brilhar em pura magia. O garoto tentou retirar o único
brinco, apenas para ver-se incapaz disso. Não importa o quanto tentasse, a joia não se movia nem
um centímetro para fora de sua orelha. E isso o preocupou. Fazendo uma rápida análise de sua
magia, Hadrian percebeu que não estava sendo prejudicado, o brinco apenas estava ali, existindo e
absorvendo levemente um pouco de sua magia.

Bom, ele lidaria com isso depois. Havia coisas mais importantes no momento.

Colin sentia-se tão bem. Pela primeira vez em dias ele sentia paz. Seu corpo não doía, sua
mente estava tranquila como um lago na primavera, seu coração batia calmamente contra seu peito.
Ele sentia-se aquecido, cuidado, amado. Ao fundo ele conseguia escutar uma doce melodia que o
embalava docemente. E isso só o fez ter mais certeza de que estava no céu. Mesmo ele sendo um
demônio imundo, ele conseguiu essa paz, ele foi perdoado. Deus o perdoou.

— Sunflower. — Seus sentidos começaram a despertar lentamente. Sentia dedos gentis acariciando
seus cabelos, um sussurro doce logo ao seu lado. — Acorde, amor. — Hadrian... Era a voz de seu
amado. O estava chamando. — Abra os olhos para mim, Colin. — Forçando seu corpo a obedecer,
o loiro conseguiu mover suas pálpebras. Vagarosamente seus olhos se abriram, piscando algumas
vezes para acostumar sua visão à claridade.

Hadrian estava logo ao seu lado na cama, a luz do sol da manhã invadindo o quarto, dando
ao moreno uma aura angelical e divina. Os hipnóticos olhos verdes o observavam com amor e
alegria, cintilando contra os raios solares, a luz o envolvendo e agraciando. Hadrian era lindo. E
aquele sorriso... Ele abriu o sorriso mais radiante que Colin já vira na vida. Ele o olhava com o
mais puro e intenso amor, o sorriso da verdadeira felicidade. Era divino.

— Bom dia, meu amor. — Abaixou lentamente a cabeça para beijar delicadamente a testa do
menor. Colin não teve forças para reprimir um suspiro de contentamento que irrompeu de seu peito
e saiu pela sua garganta. Nem mesmo lutou contra seus lábios que se abriram num sorriso de
felicidade. — Eu senti sua falta, Sunflower. — Seus olhos focaram-se nos do outro, transmitindo
todo o seu amor no silêncio de seu olhar.

— Eu te amo. — As palavras saíram de seus lábios antes mesmo que seu cérebro entorpecido
processasse a junção das letras. O sorriso do moreno se alargou ao ver as bochechas alheias
corando furiosamente.

— Eu também te amo. — Uniu seus lábios num doce e singelo selar, apenas desfrutando a
sensação da macies um do outro, da companhia e dos sentimentos compartilhados. Um pigarro
envergonhado os separou. Virando-se para a porta, viram um Dennis corado olhando para os
próprios pés. Colin corou violentamente e se escondeu nas cobertas enquanto Hadrian dava uma
risada constrangida.

— Como você está se sentindo? — Dennis perguntou ao irmão, se aproximando ainda de cabeça
baixa.

— Muito bem. — Colin sorriu para o irmão acanhado, estendeu uma mão e olhou com expectativa
os olhinhos negros analisarem os dois mais velhos antes de aceitar a mão oferecida. Com o peito
borbulhando de alegria, Colin puxou seu irmãozinho para um abraço apertado. Ignorando
completamente a dor e a ardência, desejando apenas o conforto de um abraço de seu irmão, era
tudo o que ele precisava naquele momento. Dennis teve sua vergonha derretida, deixando apenas a
felicidade e o amor por ter seu irmão bem e vivo em seus braços.

Hadrian se afastou um pouco para dar mais espaço aos irmãos, observou a cena com carinho
enquanto via os dois irmãos se derretendo nos braços um do outro e sorrisos de alívio surgirem nos
lábios rosados. Ele nunca mais permitiria que os dois sofressem, iria protegê-los com sua vida se
preciso.

— Vocês vão morar aqui a partir de agora. — Hadrian comentou quando os irmãos se separaram,
ainda de mãos dadas e trocando sorrisos. — Vou cuidar de tudo político junto com Lucius e
Narcissa. — Mordeu o lábio inferior ao olhar os dois pares de olhos negros o observando
intensamente. — Seus pais cometeram um crime terrível, serão julgados sob nossas leis, vocês
nunca mais terão que voltar. Vou cuidar para que vocês sejam felizes e tenham tudo o que queiram.

Colin sentiu como se portas pesadas e cheias de correntes tivessem sido escancaradas dentro
de seu peito. Uma intensa rajada de ar e luz o inundando, a felicidade e o amor quentinho o
consumindo por inteiro. Seu coração, trancafiado dentro de si pelo medo e autodesprezo fora
liberto. Todos aqueles sentimentos ruins que o envenenaram por dias eram pulverizados conforme
ele sentia o amor por Hadrian aumentando drasticamente. Era tão intenso, tão puro, tão divino, que
ele não teve forças para conter as lágrimas de felicidade que começaram a escorrer de seus olhos.
Não lutou contra o sorriso radiante em seus lábios, se permitiu jogar-se contra o moreno e agarrar
seu pescoço num forte abraço. Permitiu-se deleitar-se com a sensação de paz e segurança que
aqueles braços o proporcionavam. Seus lábios balbuciavam agradecimentos e juras de amor,
precisando externar sua gratidão por ter Hadrian em sua vida. Precisando mostrar o quão feliz ele
era por ser amado por uma pessoa tão incrível quanto ele.

— Tudo vai ficar bem, Sunflower. — Hadrian prometia, o coração pulsando de felicidade por ver
seu amor sorrir.

Dennis viu, com fascinação, Hadrian confortar seu irmão quebrado, o brilho nos olhos verdes
o encantou, eram tão intensos e cheios de amor. Seu irmão derreteu em alegria apenas por estar ao
seu lado. Ele sentia o ar mais leve e tão puro ao seu redor, a luz do sol os inundando e deixando a
cena divina. Ele era, definitivamente, o Príncipe montado num corcel que veio os resgatar da
masmorra e dos monstros.

— Faça o que quiser com eles. — Dennis anunciou. — Eles não são meus pais. Eles machucaram
meu irmão. Não merecem perdão! — Hadrian adorou o olhar de ódio que o menor tinha. Ele viu, a
fagulha do mesmo fogo que ardia dentro de si.

— Mesmo com tudo o que aconteceu, estou feliz que estejam aqui. — Hadrian sorriu para o
caçula. Ele era tão encantador quanto Colin. — E eu estou muito feliz em finalmente te conhecer,
Dennis. Colin falou tanto sobre você. — Seu sorriso brilhante aqueceu o coração dos loiros.

— Deveria ver o sorriso de bobo apaixonado que ele faz quando fala de você. — Sorriu ao ver o
irmão corar novamente.

— Dennis! — Ralhou envergonhado, escondendo o rosto corado nas mãos. Hadrian sorriu e
bagunçou os cabelos do caçula antes de se levantar. — Tomem um banho, vou refazer seus
curativos. — Olhou para Colin. — E depois podemos descer para o café.

— O-okay. — Concordou envergonhado, levando consigo um Dennis tagarela até o banheiro da


suíte. Hadrian esperou pacientemente com as ataduras e unguentos que usaria, sua mente
repassando mil maneiras de torturar os desgraçados que machucaram seu amado. Em pouco tempo
os dois loiros saíram enrolados em robes macios e sentaram-se na cama. — Como eu não sei qual
roupa vocês desejariam usar, deixei pra vocês mesmos escolherem. — Se aproximou de Colin e o
ajudou a despir a parte de cima do robe. — Está cicatrizando rápido. — Comentou feliz enquanto
tratava dos machucados de um garoto muito corado.
Dennis vasculhava suas roupas no malão de seu irmão. Ele poderia arriscar vestir como se
sentia confortável? Essas pessoas não o tratariam estranho? Ou reagiriam como seus pais? Ainda
meio incerto, ele decidiu por algo meio termo. Nem tão “normal”, nem tão... “Feminino”. Pegou
um jeans preto e rasgado levemente skinny, tênis xadrez preto e branco de cano médio, um cinto
preto com uma corrente na direita e camiseta de manga curta preta e bem solta, colocada um pouco
para dentro na parte da frente de sua calça.

— Pronto. — Hadrian sorriu para Colin quando terminou as ataduras.

— Obrigado. — Murmurou envergonhado.

— Sempre que precisar, amor. — Beijou-lhe a testa com doçura. — Agora vista-se para irmos
comer. — Colin acenou com a cabeça e levantou-se enquanto arrumava o robe sobre os ombros.
Analisou suas roupas dentro do seu malão com os lábios crispados. Um rápido olhar para Dennis e
ele percebeu que seu irmão estava “testando as águas”. Mas ele não se sentia confortável. Não
depois de tudo o que escutara, de tudo o que suportou. Rapidamente colocou uma roupa “normal” e
se virou para seu namorado e irmão, que conversavam sobre sorvete. — Pronto? — Sorriu-lhe
docemente e estendeu uma mão.

Os olhos temerosos de Colin foram de seu irmão preocupado, a mão estendida e o doce olhar
de seu amor. Mordendo o lábio inferior em nervosismo, ele aceitou a mão e seguiu Hadrian até os
jardins, onde todos tomavam um café da manhã pacífico e aconchegante. Conforme iam avançado,
Hadrian respondia animadamente as infinitas perguntas de Dennis sobre o mundo bruxo. Seu irmão
contara-lhe várias histórias, mas ele ainda se admirava em ver por si só. E ouvir a voz de Hadrian
era apenas um brinde. O moreno nunca deixou de acariciar as costas da mão que segurava, um
singelo carinho para dizer que estava ali por ele.

— Bom dia, meninos. — Narcissa se aproximou sorridente, todos já estavam acomodados em seus
lugares na grande mesa cheia de comida. Menos Lucius, que ainda estava preso no Ministério. O
sol radiante, a brisa fresca, o céu azul com nuvens fofinhas, os pavões circulando pelos jardins, os
pássaros cantando, as borboletas dançando... Tudo parecia deslumbrante aos olhos traumatizados
de Colin. Fawkes passou por eles, trazendo uma rajada de um calor aconchegante para o seu peito.
Naquele mesmo instante ele soube que não podia estar em um lugar melhor do que aquele.

Caos. O mais puro e devastador caos. Os Ministérios da Magia estavam ruindo rapidamente.
A destruição e a morte assolavam seus países. O Ministério Alemão era o que tinha menos
problemas com a destruição; ele engloba a Alemanha, Dinamarca, Suíça e Países Baixos. Sendo
que dois deles receberam um dano mínimo em comparação com os outros. O Ministério Francês
estava tendo mais dificuldade; ele engloba a França, Luxemburgo e Bélgica. Grande parte de seu
domínio fora afetado pela explosão. Mas o Ministério Britânico era o que mais estava sofrendo;
englobando Irlanda e o Reino Unido. Os piores danos foram para suas terras.

Cidades devastadas, construções ruíram, crateras se abriram no chão, morte e desespero


consumiam a população. Os três Ministérios estavam atolados de problemas, e ainda temeram uma
nova guerra. Poderia muito bem ter sido o primeiro golpe para o início de outra batalha mortal. Os
trabalhadores teriam vários dias de hora extra, tendo que reparar inúmeras cidades; curar muggles;
obliviá-los; certificarem-se de que seu mundo não fosse descoberto.

No momento em que a explosão acabou e que as pessoas se recuperaram, todos os


funcionários do Ministério e hospitais foram convocados para começarem o trabalho. Nenhum
departamento fora poupado do serviço, todos deveriam cooperar. Os corredores eram um
pandemônio, bruxos descabelados e apavorados corriam de um lado para o outro, papéis voavam e
cobriam o chão, varinhas em punhos trêmulos, suor respingando no chão sujo. Nunca, em todas as
suas miseráveis vidas, aqueles bruxos viram algo tão caótico quanto o seu próprio Ministério ou as
cidades devastadas. A magia nos corredores dos Ministérios era palpável, tão densa e afiada. Era
possível sentir o gosto do medo dos bruxos, era possível tocar as ondas de magia se misturando no
local, era possível ver o pavor em suas almas.

— PUTA QUE ME PARIU! — Gritos eram tão costumeiros entre os bruxos ensandecidos.

— É SÉRIO ISSO QUE VOCÊ TÁ ME DIZENDO, CARALHO?!

— CÊ TÁ ME DIZENDO QUE A PORRA DUM MINIEXÉRCITO DAS CRIATURAS MAIS


SOMBRIAS E DESTRUTIVAS APARECEU E DESAPARECEU?!

— COMO CARALHOS CÊ QUER QUE EU FIQUE CALMO COM A MERDA TODA LÁ


FORA?!

— ALGUÉM VAI TER QUE PAGAR A MERDA DUMA TERAPIA PRA MIM! PORQUE EU
VOU SAIR DAQUI LOUCO!

— DEZ FODENDO OBSCURUS?! POR QUE NÃO METE LOGO A SUA VARINHA NO MEU
CU E ME EXPLODE DUMA VEZ?!

— EU NÃO SOU PAGO O SUFICIENTE PRA ESSA MERDA!

— LETHIFOLDS?! E A DESGRAÇA DE UM QUE TEM CENTO E CINQUENTA METROS


POR QUATROCENTOS E CINQUENTA! EU ODEIO MINHA VIDA!

— POR QUE CARALHOS EU FUI ESCOLHER TRABALHAR NESSA MERDA?!

— CLEITON! ME TACA UM AVADA E ACABA COM MEU SOFRIMENTO!

— ALGUM FILHA DA PUTA TEM QUE ME PAGAR A MERDA DE UM JANTAR! PORQUE


EU NÃO VOU SER FODIDO DE GRAÇA!

— EU PREFIRO COLOCAR A MERDA DE UM MURTLAP RAIVOSO E INSANDECIDO NO


MEU CU DO QUE CONTINUAR NESSA MERDA!

— TU QUER QUE EU ARRUME AS COISAS NUM ESTALAR DE DEDOS, FILHA DA


PUTA?! EU LITERALMENTE MIJEI NA DROGA DAS MINHAS CALÇAS!

— EU JURO POR MERLIN, SE ESSA MERDA CHEGAR AQUI EU JOGO UM AVADA EM


MIM MESMO!

— BANSHEE DE CU É ROLA! EU VÔ É VAZAR DESSA MERDA!

— CÊ QUER QUE EU OBLIVIE A DESGRAÇA DUM PAÍS INTEIRO! NÃO TEM COMO!

— BOGGARTS?! EM SUA FORMA ORIGINAL?!

— MEU CU QUE EU SAIO DESSA MERDA!

— TU VEM ME AJUDAR AQUI OU EU JURO POR MERLIN QUE TE MATO, SEU FILHA
DA PUTA!

— OH DESGRAÇA DE VIDA!
— QUEM CARALHO TEVE ESSA IDEIA DESGRAÇADA?!

— A DROGA DUM MINIEXÉRCITO DAS TREVAS!

— COMO CARALHOS CÊ QUER COMBATER A TRUPE DO MAU?! HEIN?!

— TA SE ACHANDO O FODELÃO?! VAI TU LÁ, SEU MERDA!

— COVARDE, NÃO! EU PREZO A MINHA VIDA E SANIDADE MENTAL! CARALHO!

— EU SINTO A MERDA DO MEU CÉREBRO DERRETENDO!

— PARA DE GARGALHAR SUA LOKA! TE ORIENTA VAGABUNDA! VEM ME AJUDAR


NESSA MERDA!

— FOCO, DESGRAÇA! CÊ TU ENLOUQECER NÓIS TA FUDIDO! E EU QUERO SAIR


DAQUI, PELO MENOS, VIVO! PORQUE MINHA SANIDADE TA ENTERRADA NO MEU
CU E DE LÁ NÃO SAI!

— EU VÔ TACAR UM BOMBARDA MAXIMA NO MEU CU EU SAIR VOANDO PRA PUTA


QUE PARIU!

— EU TÔ FORA DESSA PORRA!

— EU ME DEMITO, SEU DESGRAÇADO!

— TE VIRA, SEU MERDA! EU TÔ FORA!

— NÃO GOSTOU ME PROCESSA, CARALHO!

— QUALQUER COISA ME BOTA EM AZKABÃNNN!

— CÊ DISSE QUE ERA O MELHOR DE TODOS! HIPOCRISIA! MENTIROSO!


SALAFRÁIO!

— ESCUTA AQUI SEU MERDINHA!

— MERMÃO! CÊ VAI POR BEM OU POR MAL!

— JÁ ACABOU JÉSSICA?! PORQUE EU TÔ PRECISANDO DE AJUDA AQUI, CARALHO!

— ALBUS! — Fudge entrou no escritório do diretor, ofegando e completamente destruído.

— Cornelius. Em que possa ajudá-lo? — Dumbledore perguntou, sem nunca se virar para encarar
o Ministro da Magia.

— Temos que tomar uma atitude! — Tentou arrumar suas vestes tortas e amassadas, apenas para
se embolar ainda mais nelas. — Esse não é um poder que um bruxo deveria possuir! Nem mesmo
Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado era tão poderoso assim! DEVEMOS AGIR!

O Ministro encarou com os olhos franzidos de raiva o velho diretor, que ainda olhava pela
janela, completamente absorto em seus próprios pensamentos. Seu Ministério estava um caos e o
velho idiota estava parado olhando para o nada!
— Você contatou Ele? — Seus olhos se arregalaram e a voz tremeu. Seu corpo inteiro enrijeceu e
seu sangue congelou nas veias.

— Você acha que eu estaria assistindo aquele monstro crescer e se tornar um perigo ao mundo se
isso não fosse uma ordem d’Ele? — Seus olhos faiscaram de raiva na direção do homem
apavorado. Sua voz tomou um tom de devoção e respeito ao mencionar “Ele”. — Os planos d’Ele
são perfeitos e sempre se completam. Devemos esperar suas próximas ordens. — Das intensas
chamas verdes que irromperam da lareira no canto da grandiosa sala, um homem moribundo saiu.
— Ah, você chegou. — Comentou irritado por sua bajulação ter sido interrompida.

— Sim. Você me chamou, afinal. — Encarou o Ministro enraivecido e desalinhado. — Fudge.


Como vai?

— Terrível, só por ter que olhar sua cara imunda. — Olhou com nojo o recém-chegado.

— Como ele está? — Dumbledore perguntou, ignorando a discussão dos dois.

— Fraco, como esperávamos. Mas está recuperado as forças. — Respondeu o visitante misterioso
e imundo.

— Ótimo. — Dumbledore colocou uma mão enrugada na barba. — Os planos d’Ele estão
seguindo perfeitamente. Precisamos continuar guiando as coisas conforme Ele deseja.

— Alguma chance de matarmos o pirralho desgraçado? — Fudge rosnou.

— Ainda não. Não podemos agir sem uma ordem. Não queiram desobedecer a alguém como Ele.

— Mas você viu o que aconteceu?! — Fudge perguntou indignado. — Um exército de criaturas das
trevas surgiu do nada! Eles destruíram tudo! E simplesmente desapareceram!

— Vá, Fudge! — Dumbledore rugiu, sua magia estalando ao seu redor. — Você tem outras coisas
para se preocupar. Deixe o garoto comigo!

— Como queira. — Fudge saiu bufando pelo Floo.

— Eu tô indo também. Sabe como ele é paranoico. — O visitante misterioso também se despediu.

Dumbledore despencou em sua cadeira de diretor, as mãos velhas segurando a cabeça


fortemente. Ele tinha que seguir com o plano, não poderia falhar. Nunca.

A manhã pacífica e tranquila na Malfoy Manor estava indo tão bem. Estava tudo tão lindo,
todos estavam reunidos nos jardins, ainda conversando sobre qualquer coisa. Entretanto, como se
alguém tivesse coberto o sol com um pesado pano, a escuridão completa recaiu sobre a mansão. O
frio devastador, os gritos mortais, o medo cru, o poder opressor... Tudo de bom fora tirado deles
quando ergueram os olhos para o horizonte. As velhas e poderosas proteções falhando, o chão
estremecendo e o ar deixando seus pulmões... Toda a esperança desapareceu quando viram o
exército de criaturas das trevas logo acima de suas cabeças ou saindo do meio das árvores. No meio
da escuridão devastada pelo medo e desespero, os bruxos só conseguiram pensar que aquele era o
dia em que todos morreriam.
Capítulo 91
Chapter Notes

TiuLu deixou eu postar um presente de Natal adiantado pra vocês. Aproveitem.

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

A neve e o gelo cobriram todo o terreno da Malfoy Manor, os líquidos congelaram em seus
recipientes, as comidas foram cobertas por geada, e todos sentiram seus sangues congelando dentro
de seus corpos. Fawkes gritou na escuridão, uma bola de chamas ardentes desceu até a mesa e
pairou logo acima deles, iluminando as pessoas apavoradas e tentando aquecê-los. Sirius agarrou a
cabeça com força e se encolheu o menor que conseguia, o pavor de estar diante daquelas criaturas
que o aterrorizaram por longos doze anos voltando a superfície.

Remus segurou o amigo num abraço apertado, tentando confortá-lo um pouco com sua
presença. Seu lobo se encolhia dentro de si, choramingando e recuando o máximo que podia. O
homem se via dividido; uma parte dele queria correr para longe o mais rápido que conseguisse,
enquanto a outra parte queria ficar e ajudar sua família. Sirius precisava dele. Hadrian precisava
dele.

A magia das trevas era tão densa que ninguém conseguia se erguer, seus corpos paralisados
completamente, os corações sendo consumidos pelo medo e o desespero. Lucius aparatou logo ao
lado de sua esposa. Ele sentiu suas enfermarias ruindo e voltou imediatamente para a sua família.
Seus olhos se arregalaram instantaneamente ao ver o que estava vindo no horizonte.

Um Fawkes flamejante era a única coisa que os mantinham sãos no momento, seu canto
bloqueando os gritos das banshees. Um obscurus, muito maior e devastador que os outros, se
aproximou como um furacão. Ele passou por tudo e todos sem destruir nada, mas ele arrastou
alguém para longe do grupo. Com gritos entalados nas gargantas, todos viram a areia negra levar
Hadrian para mais perto das criaturas. O miniexército se manteve a alguns metros longe dos
bruxos, os analisando e avaliando. Os lethifolds pairando acima de todos, sem esticarem seus
tentáculos para devorar alguém.
Nyx cresceu e disparou até o seu filhote. Suas presas afiadas pingando veneno enquanto
sibilava para a possível ameaça. Fawkes gritou, queria ir até o garoto, mas precisava ajudar os
pequenos bruxos quase em colapso. O obscurus continuou a fazer Hadrian pairar no ar, o garoto
estava completamente paralisado. Sua mente estava em branco, todos os anos aprendendo feitiços
para se defender evaporaram, ele não sabia o que fazer. Com os olhos arregalados, ele viu o líder
de cada criatura se aproximar, menos um obscurus e o lethifold imenso, este continuou no alto e
encobrindo tudo e todos.

Um dementor, muito maior do que os outros, o encarou, o rosto encoberto pelo capuz escuro,
seus dedos apodrecidos se estenderam até o garoto paralisado. Nyx sibilou e se ergueu ainda mais
alto. A criatura a encarou, uma conversa silenciosa sendo trocada entre eles. E então, quinze
corpos humanos foram jogados aos pés de Hadrian. O líder dos boggarts e a líder das banshees
deram uma breve reverência ao garoto apavorado e se afastaram. O líder dos dementors voltou a
encarar Hadrian.

Longos segundos se estenderam conforme a compreensão atingia a mente nebulosa do


garoto. Ele não ouvia mais os gritos de sua mãe. Eles não vieram prejudicar ninguém, aquilo tudo
era uma oferta de paz. Encarando os corpos desacordados, observando a semelhança de um casal
com seu amado Colin, ele compreendeu. De alguma forma, ele havia convocado aquelas criaturas,
e elas o estavam dando uma oferta de paz.

Os intensos olhos verdes encararam o dementor e sua cabeça fez um aceno positivo. A
criatura curvou-se brevemente antes de se retirar. O obscurus que o mantinha no ar o devolveu ao
chão e o circulou, fazendo sua areia “beijar” Hadrian com leveza. E foi nesse instante que ele
percebeu, esse Obscurial era único.

Um Obscurial era um jovem bruxo ou bruxa que havia desenvolvido uma força mágica
parasitária escura, conhecida como Obscurus, como resultado de sua magia ser suprimida através
de abuso psicológico ou físico. Normalmente a criança não vive até seu décimo aniversário. Mas
aquele ali, aquele obscurus tinha uma magia antiga, ele havia passado de seu décimo aniversário
com vida. Mas quantos anos aquele Obscurial teria?

— Obrigado. — Hadrian encarou o miniexército das trevas com simpatia.

As banshees, os boggarts e os dementors se curvaram levemente; os lethifolds tremeluziram


seus tentáculos (um deles bagunçou os cabelos de Hadrian), e os obscurus pulsaram como um
ronrono. E então todos se viraram e partiram. As proteções da Malfoy Manor reergueram-se
instantaneamente, entretanto, logo a sua frente, o líder dos obscurus continuou ali. A areia havia
diminuído de tamanho e rodopiava ao redor do garoto. Hadrian sorriu ao comparar essa visão como
se fosse um filhote de cachorrinho enérgico.

O sol voltou a brilhar nas terras dos Malfoy, os pavões resmungaram ao fundo, o gelo e a
neve derreteram. Tudo voltou a ser como era antes da chegada dos visitantes inesperados. Os
bruxos encararam descrentes, agora que conseguiam ver, os corpos jogados aos pés de Hadrian.
Colin reprimiu um grito com as mãos ao ver os causadores de seu sofrimento. Seus olhos se
encheram de lágrimas e ele se encolheu em si mesmo, tentando ficar o menor possível. Dennis o
abraçou com força e dizia palavras doces para o acalmar.

— Hãm... — Hadrian encarou a areia flutuante em confissão. — Você quer ficar? — A areia
rodopiou mais rápido ao seu redor. — Acho que isso é um sim. — O garoto olhou os corpos com
nojo. Nyx voltou ao tamanho normal e rastejou de volta para a sua companheira, Hadrian virou-se,
os olhos imediatamente se focando na figura trêmula de seu amor. Mordendo os lábios inferiores
com força para reprimir seu ódio pelos muggles imundos, ele chamou seu house-elf favorito. —
Dobby. — Imediatamente a criaturinha apareceu na sua frente com os olhos amedrontados. Os
house-elves não lidaram muito bem com a aproximação das criaturas e a queda das barreiras.

— Sim, jovem mestre Hadrian?

— Leve esses muggles para as masmorras. Não precisa tratá-los como um ser vivo. Deixe-os com
fome e rolar em seus excrementos. Quero eles acorrentados numa mesma cela.

— Dobby fará isso, jovem mestre Hadrian. — Com um estalar de dedos a criatura e os muggles
desapareceram.

— Você pode ficar como está ou assumir sua forma humana. — Hadrian encarou o Obscurus, que
o rondava como um cachorrinho. — Só não machuque ninguém e tudo ficará bem. — Aconselhou
antes de voltar para a mesa numa corrida rápida. O Obscurus o seguiu ansiosamente, observou o
garoto pegar um loirinho aos prantos nos braços e entrar na mansão.

— Onde caralhos nós nos inscrevemos, Feorge? — Fred encarou seu gêmeo. Ninguém ali
conseguia acreditar no que havia acontecido, eles não viram muito bem com a escuridão que os
lethifolds criaram, mas conseguiram ver as criaturas se curvando para Hadrian.

— Eu não sei, Gred. — George suspirou. Todos os bruxos se entreolharam, Sirius bateu a testa
com força na mesa.

— Puta ímã de desgraça esse moleque tem. — Resmungou o animagus.

— Coma um pouco de chocolate. — Remus ofereceu uma barra que havia tirado do bolso da calça.

— Você tem uma fábrica de chocolate no bolso ou o que? — Draco perguntou.

— Feitiço de expansão. — O werewolf deu de ombros. Ele era viciado em chocolate, então sempre
tinha alguns nos bolsos.

— Eu vou ficar com meu irmão. — Dennis acenou a mão em despedida antes de entrar na mansão.

— E esse Obscurus vai ficar? — Tom encarou a areia que rodopiava ao redor de Fawkes.

— Aparentemente sim. — Neville franziu o cenho em confusão.

— Incrível. — Tom revirou os olhos.

— Temos que conversar com Hadrian sobre o brinco. — Maray sussurrou para o marido.

— Eu sei. Mas agora não é um bom momento. — Ragnuk suspirou. — Vamos esperar. Pelo
menos não o está prejudicando.

— Ainda assim eu estou preocupada.

— Eu também estou, querida.

— Está tudo bem, meu amor. — Hadrian sussurrava palavras doces no ouvido de Colin. O moreno
estava sentado na cama com o menor em seu colo. Braços e pernas circulavam o corpo de Hadrian,
a cabeça em seu ombro molhava sua camiseta com lágrimas. O maior o abraçou com força, uma
mão fazendo círculos calmantes em suas costas e outra acariciando seus cabelos loiros.
— O-o que eles estão fa-fazendo aqui...? — Perguntou entre soluços.

— Pelo que eu entendi... — Hadrian começou. — São uma oferta de paz. Acho que as criaturas
desejam que eles paguem pelo que fizeram. — Colin se encolheu ainda mais em seus braços e
estremeceu. — Eles estão presos. Não podem te machucar. Eu não vou deixar.

— E-eu acredito em vo-você, Hazz... — Murmurou cansado. Seu choro havia acalmado, e agora
seu corpo estava exausto.

— Durma mais um pouco, meu amor. — Hadrian deitou-se de costas, levando junto consigo Colin,
que se deitou sobre si. O menor ignorou completamente a dor e ardência de seus machucados, tudo
o ele desejava era se agarrar a Hadrian com todas as suas forças. — Eu estou aqui com você. —
Dennis bateu na porta antes de entrar.

— Denny? — Colin chamou sonolento.

— Se quiserem eu vou embora. — Comentou baixinho.

— Não. — Colin estendeu uma mão. — Fica, por favor. — Dennis olhou para Hadrian em uma
pergunta silenciosa, que concordou com a cabeça. Então o caçula segurou a mão de seu irmão e
juntou-se a eles na cama. Deitou-se ao lado de Hadrian e embalou com carinho a mão de seu irmão.

— Descanse, Sunflower. — Hadrian beijou sua cabeça. — Não iremos a lugar algum.

— Eu amo vocês. — Colin sussurrou de olhos fechados. Segundos depois sua respiração
normalizou, indicando que ele havia adormecido.

— Também te amamos. — Dennis beijou a mão do irmão. — O que você vai fazer com eles? —
Perguntou com os olhos brilhando de ódio.

— Farei com que paguem. — Hadrian respondeu, ambos sussurravam para não incomodar o loiro
adormecido. — Primeiro não poderei tocar neles até um julgamento oficial no Ministério. Mas
depois disso, eu os farei sofrer.

— Bom. — Dennis encarou aqueles vórtices verdes com intensidade. — Talvez você possa me
ensinar algumas coisas. — Hadrian sorriu largamente ao ver a intensidade no olhar do pequenino.

— Claro. Andei aprendendo umas técnicas muggle. Acho que você gostaria de algumas.

— Eu adoraria.

— Duma um pouco também, pequenino. — Hadrian deu-lhe um sorrisinho reconfortante. —


Temos um tempo até que esse dia chegue. Agora nossa prioridade é Colin.

— Sim. — Dennis bocejou e se aconchegou ao lado do moreno, ainda embalando a mão do irmão
contra o peito. — Obrigado por amar meu irmão.

— Não precisa agradecer, pequenino. — Sorriu ao ver o caçula adormecer. — Dobby. — Com um
pop suave, o house-elf apareceu ao lado da cama. — Preciso que você diga para Lucius abrir um
processo contra os muggles que chegaram hoje. Precisamos que a guarda de Colin e Dennis venha
para um de nós o mais rápido possível.

— Sim, jovem mestre Hadrian. Dobby fará. — Fez uma longa reverência.

— Obrigado. — Com um pop suave, a criatura desapareceu. Fawkes e o obscurus entraram pela
janela. Hadrian sorriu ao ver a ave praticamente repreendendo a areia enérgica, que havia
derrubado algumas coisas quando entrara. Sentindo-se muito bem por ter Colin dormindo
calmamente sobre si, Hadrian foi embalado pela canção doce da phoenix e adormeceu.

Os Ministérios pediram ajuda para Newt Scamander, que viajou por vários locais juntamente
com um Thunderbird. O pássaro fez chover uma “poção obliviadora” (que era veneno de
Swooping Evil diluído na chuva, fazendo todas as lembranças ruins da magia serem apagadas para
preservar o segredo da comunidade mágica) por todos os locais muggles afetados. Até mesmo os
jornais foram apagados. Enquanto a população era afetada, o grande número de bruxos consertava
os estragos com magia. Entretanto, um grupo distinto de muggles perto de Londres encarou a
súbita mudança de tempo com desgosto. Eles se refugiaram em um bunker de ferro e aço abaixo da
terra antes de serem atingidos. As fotos em movimento espalhadas numa mesa. As informações em
um quadro cheio de linhas coloridas que ligavam vários pontos. Eles sabiam que eram obra dos
bruxos, o casal Creevey os alertara. Agora eles estavam desaparecidos e cabia ao resto do grupo
espalhar a verdade.

Os dias que se seguiram foram... Difíceis. Um curandeiro da mente ia até a mansão todos os
dias para conversar com Colin. O loiro tinha vários pesadelos; ataques de pânico e ansiedade; sua
insegurança e auto aversão eram difíceis de lidar. Todos na mansão o deram amor e carinho, todos
o amavam. Colin era um doce de pessoa e merecia tudo de bom. Severus, por incrível que pareça,
fora o que mais se sentiu mexido. Ele começou a ver os pequenos loirinhos com um carinho
paternal tão intenso, e ele lutou bravamente no tribunal para conseguir sua guarda e poder adotá-
los. Eileen Snape, mãe de Severus, nasceu uma Prince. E nada mais digno do que dar aos seus
novos filhos um sobrenome a altura deles. Severus assumiu seu senhorio como Lord Prince e
nomeou os garotos como seus herdeiros. Como os Prince eram uma família antiga e puro-sangue
até Eileen casar-se com um muggle, Severus assumiu sua cadeira no Wizengamot, agora ele
também era um dos lordes.

Colin, Dennis e Severus estavam se dando muito bem antes de tudo. Então com a adoção,
eles se aproximaram ainda mais. Severus era um ótimo pai, sempre preocupado e carinhoso,
mesmo que não fosse de sua natureza. Nos quatros anos que interagiu com Hadrian, ele adquiriu
essa “habilidade”, e ele era muito bom no que fazia. A saúde e o bem-estar dos dois loirinhos eram
a sua maior prioridade, juntamente com a de Hadrian. O processo de adaptação a nova família foi
absurdamente rápido, pois todos já se consideravam uma.

Fora uma longa jornada, mas Colin estava se recuperando de seus traumas. Seu corpo já
estava totalmente curado, nem mesmo havia ficado cicatrizes. Sua mente ainda era perturbada com
insegurança e alguns pesadelos, porém suas crises haviam parado. Com todos o dando amor e
carinho, sempre dizendo o quanto o amavam por ser quem era, ele estava se recuperando. Dennis
arriscou, em um certo dia, colocar as roupas que sempre quis vestir. Ele desceu para a mesa do
café com nervosismo. Vestia uma saia rodada preta, um cropped branco de mangas curtas e um
coturno de couro preto.

— Bom dia, pequenino. — Hadrian sorriu radiante ao vê-lo acanhado atrás da porta aberta. Colin
observou com orgulho o seu irmão caçula sair do esconderijo. As bochechas muito coradas, a
cabeça baixa e os ombros encolhidos.

— Denny, querido. — Narcissa sorriu brilhantemente. — Você está lindo. Precisa me levar onde
comprou essas roupas. — O garotinho olhou-a com os olhinhos brilhantes de alegria, todos na
mesa o elogiaram pelas roupas bonitas, e ele não pode deixar de abrir um sorriso radiante. — Eu
voto para hoje fazermos o... — Encarou Colin. — Como os muggles chamam? Banho de
shopping? — Colin e Dennis se entreolharam sorrindo de felicidade.

— Sim! — Dennis sentou-se alegremente ao lado do irmão.

— Estou orgulhoso de você, Denny. — Colin beijou a testa do caçula com ternura.

— E eu de você, Linlin. — Sorriu para o maior.

Colin estava lentamente começando a vestir o que queria. Naquela manhã ele vestia uma
calça jeans skinny azul clarinho com alguns rasgos, uma camiseta levemente cropped na cor rosa
pastel e um tênis branco. Aos poucos ele ia criando coragem para se libertar dos traumas. E todos
os dias sua amada família o elogiava pelas roupas escolhidas, sua confiança e coragem sendo
reerguidas aos poucos com muito amor e carinho. Olhando para o lado, Colin viu seu irmão e
Sirius conversando sobre facas.

— Ele está aqui faz pouco tempo e vocês já o estragaram. — Draco suspirou, com um falso pesar,
que arrancou risadas dos outros integrantes da mesa.

— Oh. Eles não o estragaram. — Colin admitiu. — Ele é igual a eles. Eu sofri com esse pequeno
sádico.

— Fazer o que. — Dennis deu de ombros. — Todo anjo precisa estar acompanhado de um
demônio.

— E você é o nosso amado anjo, Sunflower. — Hadrian beijou-lhe a cabeça. — Ninguém toca no
nosso anjo e sai impune. — Colin sorriu como um bobo apaixonado para o namorado. Ele amava
sua nova família com todas as suas forças. — Nós o amamos pelo que você é. Não importa o que
você vista. — Disse-lhe. — Iremos, sempre, te apoiar. No que for. Então seja apenas você mesmo.
Sinta-se livre para vestir-se como quiser. Pentear o cabelo como desejar. Colocar quantos
acessórios achar bom. Maquiar-se. Sempre iremos te amar. — Sorriu ao ver Colin olhando-o com
amor e alegria.

Definitivamente esse era o seu lar. Estava cercado de pessoas queridas que o amam. Eles o
amam pelo que ele era. Não havia segredos nem meias verdades, eles simplesmente o amam.
Desejam sua felicidade e bem-estar, preocupam-se consigo. Colin os amava incondicionalmente.
Toda a dor e sofrimento havia desaparecido, o amor e a alegria transbordando do seu peito. Ele não
iria sofrer pelo que os pais fizeram. Isso estava no passado. Ele tinha pessoas que se importavam
para o apoiarem e o amarem. Se eles não o aceitavam, eles que estavam perdendo. Colin estava
onde pertencia. Um lar. Cheio de amor e carinho. Todos ali eram ótimas pessoas que sacrificariam
suas vidas uns pelos outros. Isso sim era uma família. Essa era a sua família. Era impossível não a
amar. Eles eram incríveis.
Capítulo 92
Chapter Notes

FELIZ NATAL SEUS LINDOS!!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

A escuridão devastadora era opressora, o silencio os consumia completamente. Nenhum


alimento ou líquido foi-lhes dado por semanas, mesmo assim ninguém morreu, algo os prendia ao
mundo dos vivos e os impedia de descansar para sempre. O fedor de excrementos humanos era
simplesmente repugnante. Seus pulsos e tornozelos estavam cheios de ferimentos de tanto lutarem
contra as algemas que os prendiam em cantos distantes um dos outros. Choros, gemidos doloridos,
resmungos, murmúrios e orações sussurradas preenchiam o silêncio daquela masmorra fira.

Uma porta rangendo ao fundo fez com que todos se calassem. Desde o dia do julgamento
ninguém mais veio vê-los, suas mentes sempre perturbadas com intensos olhos verdes demoníacos
os encarando com o mais puro ódio. As chamas das tochas foram se acendendo conforme o som
dos passos se aproximava lentamente de sua cela. Pela parede de grades de ferro eles viram a
sombra de alguém crescer conforme a luz finalmente iluminava o local sombrio. Seus olhos, tão
acostumados com a escuridão, doeram terrivelmente com a claridade.

Os quinze muggles encararam com horror a figura que parou em frente a sua cela, aqueles
terríveis olhos verdes os olhando com nojo e uma promessa velada de dor. Seus corpos moribundos
estremeceram de medo com a loucura sádica que aquele garoto os encarava. Todos sentiram o ar
ficando denso ao redor de suas gargantas, tornando difícil respirar, as sombras criadas pelas
chamas tremulantes pareceram crescer e serpentear até eles como se fossem entidades malignas
prontas para atacar quando seu mestre ordenasse.

— Seu demônio imundo! — O padre Christian rosnou, jogando-se para frente numa tentativa falha
de libertar-se das restrições e agarrar o pescoço daquele garoto imundo. — Você vai pagar por tudo
o que fez! Deus vai castigá-lo por tudo!

— Sabe... — Hadrian apoiou-se desleixadamente contra as grades de ferro, encarando o homem


com uma sede de sangue enlouquecida. — Vocês vivem pregando que seu Deus ama a todos, os
perdoa por seus pecados e tudo mais... — Seus olhos brilhavam de forma tóxica no meio da
escuridão. — Entretanto vocês também dizem que Ele é um Deus punitivo, que fará os pecadores
sofrerem pela eternidade. É meio contraditório sabe? — O garoto apoiou seu rosto nas grades e
sorriu sádico para os muggles amedrontados. — Vocês, humanos imundos, distorcem as coisas
para se encaixarem na sua visão de certo e errado. Então começam a espalhar essas merdas para as
pobres pessoas idiotas e manipuláveis. Vocês lucram em cima de uma mentira, enquanto ela vai se
espalhando e lhes dando mais dinheiro. Me digam, o que seu amado Deus faria com vocês quando
morrerem? O que Ele acharia de suas mentiras e manipulações? O que Ele faria com vocês quando
descobrir que quase mataram um garoto inocente por puro sadismo e fanatismo? — Os pais de
Colin ofegaram pesadamente conforme as palavras eram absorvidas por suas mentes deturpadas. —
Na noite que vocês o exorcizaram ele ficou tão perto da morte. Ele teve uma explosão mágica.
Sabem o que é isso? — Olhou-os com um falso sorriso doce. — É quando o núcleo mágico de uma
pessoa não aguenta mais tantos sentimentos e emoções negativas. Quando um bruxo renega sua
própria magia isso é uma sentença de morte. Vocês o destruíram, ele tinha aversão de si mesmo. E
naquela noite ele quase morreu. Foi graças a sua ligação comigo que ele sobreviveu, como um
último recurso para sobreviver, seu núcleo pegou um pouco da minha magia. E só por isso ele não
morreu naquela noite. Porque, quando um bruxo sofre uma explosão mágica, toda a sua magia é
liberada para fora de si, e a magia é o que nos mantém vivos. Sem ela nós morremos. — Encarou
os progenitores de seu amado com nojo. — Me digam. O que sentem ao saber que quase mataram
seu primogênito por puro fanatismo? — Seu sorriso sádico se alargou ao ver a mulher começar a
chorar.

— QUE DEVERIA TER MORRIDO! — O padre gritou enraivecido. — VOCÊS SÃO A


DESTRUIÇÃO DO MUNDO! SEUS DEMÔNIOS NOJENTOS E PROFANOS! SUJANDO AS
TERRAS DE NOSSO SENHOR COM SUA IMUNDICE!

— Você já se olhou no espelho, verme? — Hadrian sorriu, agarrou-se as grades e seus olhos
brilharam ainda mais intensamente, o vórtice de verde rodopiando ainda mais rápido, seu desejo
por sangue era palpável. — Você realmente acha que o seu Deus me assusta? Mesmo que Ele
estivesse pessoalmente aqui, eu faria questão de rasgar vocês em pedaços bem na frente Dele. E
Ele não poderia fazer nada além de olhar. Até porque, Ele não interfere nas vidas mundanas. Ele
nos deu o livre arbítrio, então Ele não faria nada para salvá-los! — Rosnou, deliciando-se com o
medo que aquelas criaturas nojentas demonstravam. Oh! Ele daria tudo para provar o medo assim
como Nyx fazia. Deveria ser... Mágico! — Seu Deus não pode salvá-los de mim. E acho que Ele
nem iria, pois, como vocês mesmos pregam, suas ações têm consequências. E eu irei me certificar
de que vocês paguem por tudo o que fizeram com meu amado.

— SEU DEMÔNIO NOJENTO! VAI QUEIMAR NO FOGO DO INFERNO! — O padre


continuou se debatendo contra as algemas.

— Oh, querido padre. — Hadrian sorriu ainda mais insano. — Pode apostar que eu irei. Mas vocês
vão junto, nem que eu tenha que queimar toda a Terra e transformar isso no próprio Inferno. Eu
verei vocês sofrerem, me deliciarei com seus gritos e súplicas, farei com que paguem. — Se
afastou das grades com um semblante triste. — Mas minha prioridade agora é Colin, ele ainda está
se recuperando. Usar ácido piranha como água benta é golpe baixo, padre. — Resmungou em
zombaria. — Nas próximas férias, quando meu amado já estiver completamente curado de seus
traumas, eu irei voltar e cumprir minha promessa. — Sorriu dócil. — Até mais, vermes. — Virou
as costas e se afastou, as tochas se apagado conforme ele passava.

Todos estavam sendo vestidos e arrumados por Colin, Dennis e Hadrian. Como prometido,
Narcissa levaria todos para um “banho de shopping muggle”. Então todos deveriam estar com
roupas adequadas. Ragnuk e Maray não assumiram glamour de bruxos, eles apenas ocultaram suas
características de goblin, disfarçando-se de humanos com nanismo. Hadrian ficou emocionado ao
ver os dois assumindo essa forma, até porque a comunidade bruxa era muito preconceituosa com
pessoas “diferentes”, já os muggles era mais tolerantes nesse quesito.

Severus tirou o dia de folga dos preparativos do novo ano letivo para ficar com sua família, e
seus adoráveis filhos. Pode-se dizer que ele era um pai babão e superprotetor, mas os garotinhos
estavam amando o novo pai. Este que não os repudiou quando finalmente “saíram do armário”,
este que os amava como eram e só desejava suas felicidades. Ele machucaria qualquer um que
ousasse olhar torto para seus filhos.

Quando todos estavam devidamente vestidos como muggles, cada um com roupas que mais
combinavam com seus estilos. Como por exemplo: Sirius vestia uma regata branca e lisa, uma
calça jeans preta, coturno de couro preto, luvas de couro sem dedos e uma jaqueta de couro preto.
Já Lucius vestia uma roupa social; uma calça social preta, sapatos sociais pretos lustrosos, e uma
camisa de botões verde profundo com as mangas dobradas nos cotovelos e os primeiros botões de
cima abertos (dando um pequeno vislumbre de seu peitoral pálido e musculoso). Narcissa vestia um
lindo vestido no mesmo tom da camiseta de seu marido; as mangas baixas deixavam seus ombros e
clavícula a mostra, o vestido era justo e ia até seus joelhos com uma abertura na perna esquerda,
nos pés ela vestia um salto prata delicado como seu vestido elegante.

Para encorajar Dennis e Colin a saírem na rua vestindo o que gostavam, Hadrian decidiu
vestir algo mais “feminino” também. Vestiu uma calça jeans preta skinny com um rasgo horizontal
nos joelhos, por baixo vestia uma meia calça arrastão até a cintura, um coturno de couro preto e um
cropped folgado na cor verde pastel. Colin vestiu uma saia plissada de cintura alta, ela era xadrez
num verde escuro, um body branco de mangas nos ombros e com babado na parte superior e um
tênis branco. Já Dennis vestiu um short jeans preto de cintura alta, um cropped justo de manga
curta e preto, um coturno de couro preto e garters de couro preto nas duas coxas que se ligam a um
cinto na cintura.

— Vocês estão perfeitos. — Colin comentou ao ver toda a família vestida com roupas muggles.

— E você tá um amor. — Hadrian beijou-lhe a bochecha com carinho. O loiro corou e sorriu
bobamente para o namorado.

— Todos prontos? — Remus perguntou.

— Sim! — Os adolescentes responderam animadamente. Menos Tom, ele apenas acenou com a
cabeça.

— Ótimo. — Narcissa sorriu. — Vamos as compras! — Cada adolescente que ainda não sabia
aparatar foi até um adulto. Fred foi com Remus, George com Sirius, Neville com Narcissa, Draco
com Lucius, Colin e Denis com Severus e Hadrian com Tom. Ragnuk e Maray foram juntos. Nyx
havia ficado na mansão para passar mais tempo com Hera. Fawkes piou quando Hadrian se foi, e o
Obscurus pulsou em despedida.

Quando todos se encontraram num beco de Londres, agora totalmente reconstruída da


destruição do miniexército de criaturas das trevas, o grupo seguiu Dennis e Colin pelas ruas até o
shopping. Remus e Severus resmungavam e reviravam os olhos para um Sirius tão empolgado
quanto uma criança na manhã de Natal. O homem fazia mil e uma perguntas para os três garotos
que sabiam as respostas.

— Antes das compras. — Hadrian encarou sua família quando estavam prestes a entrar no
shopping. — Que tal nos divertirmos?

— Já me ganhou ao atrasarmos as compras. — Os gêmeos comentaram animados, o que arrancou


um sorriso de Hadrian.

— O que os muggles fazem para se divertir? — Maray perguntou curiosa.

— Jogos e filmes. — Hadrian sorriu para um Dennis muito empolgado. — Topam?

— Vamos nessa! — Sirius agarrou os ombros do afilhado e o empurrou para a entrada do


shopping. Hadrian riu da empolgação do homem e os guiou até um fliperama com diversos jogos.

— Remy! — Dennis puxou a mão do werewolf até uma máquina de soco. — Dá um soco nisso! E
usa toda a sua força. — Saltitava empolgado enquanto seu irmão e Hadrian voltaram com várias
fichas para as máquinas.

— Por que eu socaria isso? — O homem perguntou confuso.

— Para vermos quem é mais forte. — Dennis respondeu animado.

— Tá. — Deu de ombros e se preparou. Colin colocou uma ficha no brinquedo e ele ligou. Remus
se preparou e desferiu um golpe na bola de areia. O soco fora tão forte que a máquina não aguentou
e o saco de areia explodiu em todos. Os adolescentes, menos Tom, e Sirius parabenizaram e
assoviaram para um werewolf envergonhado, que se sentiu culpado por destruir o brinquedo no
fliperama, e mesmo com Hadrian dizendo que não era preciso, se sentiu na obrigação de pagar pelo
dano causado.

— Vem, Lucy! — Hadrian puxou o homem loiro até um estande de tiro. — Vamos ver quem tem
uma mira melhor. — O homem encarou os estranhos objetos na mesa a sua frente. — Isso são
armas de airsoft, é meio que uma ferramenta para ferir e matar uma pessoa. Só que essas não são
reais, são “brinquedos”.

— Por que alguém iria querer um brinquedo que imita algo que mata pessoas? — Lucius olhou-o
confuso.

— Não faço a mínima ideia. — Deu de ombros enquanto preparava as armas. — Mas é legal atirar.

— Quando você aprendeu a manusear armas? — Ergueu uma sobrancelha loira com um sorriso
sarcástico.

— Andei estudando algumas coisas muggles para me divertir. — Piscou travesso e lhe entregou
uma arma perfeita para um iniciante. — Aqui. Você tem que atirar nos bandidos e poupar os civis.
No final vemos quem tem a maior pontuação.

— Okay. — Hadrian explicou-lhe como manusear a arma e recarregar, e então a disputa começou.

— Puta que me pariu! — Sirius gemeu em deleite enquanto mastigava um hambúrguer.

— Linguagem! — Maray deu um tapa no homem, que resmungou de dor.

— Não posso evitar. — Sirius deu outra mordida na comida. — Isso é simplesmente a melhor coisa
que eu já comi em toda a minha vida.

— Isso eu tenho que concordar. — Narcissa se deliciava com seu hambúrguer. Toda a etiqueta
para se portar a mesa esquecida perante a delícia em suas mãos.

— Temos que pedir para os house-elves aprenderem a culinária muggle. — Hadrian desfrutou de
uma batata frita.

— Eu imploro por isso! — Os gêmeos comentaram de boca cheia.

— Isso é incrível, Hazz. — Neville tinha os olhinhos brilhantes na direção do namorado.

— Que bom que gostou, DesertRose. — Beijou-lhe a bochecha com doçura.

O resto da tarde o grupo passou explorando as infinitas lojas de roupas do shopping muggle.
Narcissa, Maray, Lucius, Draco e Colin viram-se maravilhados com tudo. Como dinheiro não era
um problema para nenhum deles, todos gastaram uma grande quantidade de dinheiro ali. Ragnuk
providenciou para todos um cartão muggle diretamente ligado aos seus cofres e convertia
automaticamente o dinheiro bruxo para o muggle. Então não tiveram que se preocupar com nada
além de colocar uma senha na máquina. O grupo passou horas comprando de tudo um pouco, ou se
divertindo nos brinquedos e jogos. Para encerrar a noite eles foram assistir um filme de comédia.
Quando já era tarde da noite todos voltaram para a Malfoy Manor, cada um indo guardar suas
compras e cair na cama para dormirem. Fora um logo e incrível dia em família.

No dia anterior deles irem para a The Burrow, Hadrian chamou sua família para finalmente
verem sua forma animagus.

— Todos prontos? — Hadrian perguntou para os três Malfoy, os três Prince, Remus, Sirius, Tom,
Neville, os gêmeos e seus pais, que o olhavam com expectativa. Crookshanks lambia sua pata
direita despreocupadamente e nem ligava para o que eles faziam, Hera mal se continha de
animação, enquanto Nyx sibilava pelo orgulho que sentia pelo seu filhote poderoso, Fawkes
sobrevoava a todos e o Obscurus pulsava animadamente no ar.

— Anda logo, filhote! — Sirius pediu.

— Lá vai! — Hadrian concentrou-se na sua forma animagus e sentiu seu corpo mudar
instantaneamente. Divertiu-se ao ver sua família arregalar os olhos e ofegarem quando a enorme
Horned Serpent surgiu no lugar do garoto moreno de olhos esmeraldas.

— Meu filhote é incrível! — Ragnuk berrou em alegria. Sirius aplaudiu e se transformou em


cachorro. Saltando, latindo e abanando, o rabo o enorme cão se aproximou da serpente, Hadrian
abaixou a cabeça para que Padfoot lambesse seu rosto.

— Por Merlin! — Narcissa tinha um sorriso de mãe orgulhosa.

— Você é incrível! — Os namorados tinham os olhos brilhando de orgulho pelo poder do moreno.

— Por que vocês estão parecendo tão impressionados? — Dennis perguntou confuso depois que o
choque passou.

— É porque, mesmo no mundo bruxo... — Fred começou.

— Um animagus com a forma de uma criatura mágica é extremamente raro... — George


continuou.

— Apenas grandes bruxos conseguem essa proeza. — Os dois terminaram juntos.


— Quem iria duvidar disso? — Colin brincou.

— A Granger arruinou o elemento surpresa. — Draco suspirou. — Era uma arma secreta.

Todos se divertiam enquanto Hadrian, em sua forma animagus, juntamente com Sirius,
brincavam com Hera, Nyx, Fawkes, Crookshanks e o Obscurus nos jardins. O dia em que iriam
para a The Burrow seria o próximo, e todos estavam ansiosos para isso. Lucius levaria Hadrian,
Colin, Dennis, Draco, Neville e os gêmeos para a casa dos Weasley, e de lá todos iriam para a
Copa Mundial de Quidditch acompanhados de Arthur, Ron, Bill e Charlie.

— Filhote! — Hadrian sorriu ao ver as duas serpentes entrando no seu quarto. Hera estava com
dois metros de comprimento e Nyx com seus 3,5 metros.

— Eu tenho uma pergunta para te fazer. — Hadrian trocou olhares com Colin, que lhe sorriu
radiante e balançou a cabeça com entusiasmo.

— O que deseja, filhote? — As duas serpentes subiram nas pernas dos garotos.

— Você gostaria de ir para Hogwarts conosco? — Hadrian perguntou animado. O basilisk


pareceu ficar petrificado.

— Claro que sim, filhote! — Hera acariciou o rosto do garoto com a sua cabeça. — Eu adoraria
isso!

— Você adoraria ficar mais tempo com a namorada. — Hadrian brincou.

— Não discordo. — Hera brincou.

— Vamos dizer que você é a familiar do Colin. Assim você poderá entrar na escola sem
problemas.

— Poderzinho dos olhos completamente desativados, então? — Hera perguntou, já subindo nos
ombros do loiro.

— Isso mesmo. Sem olhos assassinos. — Hadrian sorriu ao ver Colin tão à vontade com o
basilisk.

— Eu gosto dele.

— Ela disse que gosta de você. — Hadrian traduziu, alegrando-se ao ver o namorado corar e sorrir
feliz.

— Eu também gosto de você, Hera. — A serpente sibilou em contentamento.

— Ela aceitou. Então eu vou te ensinar tudo o que você precisa saber para cuidar de uma cobra.

— Okay. — Agora seus amados namorados que vivem na Torre Gryffindor estariam mais seguros
em companhia de Hera.
Capítulo 93
Chapter Notes

Feliz ano novo, anjos. Aproventem o primeiro capítulo de 2023!!!

FINALMENTE CHEGAMOS NO 4º ANO!!! Será que Cedric finalmente vai entrar


no harem? Será que outro boy vai surgir? Digam quem vocês querem que se junte ao
harem do Hazz.

ALERTA MINI SPOILER DO CAP: Alguém comentou "só falta ele ter um dragão
agora", e eu e o TiuLu ficamos rindo com o fato de que já estava escrito o Hazz com
um dragão de pet.

Um minuto para enaltecermos o abençoado útero de Molly Weasley!!!!

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Quando deu cinco horas, todos já estavam irrompendo da lareira na sala de estar da casa dos
Weasley. Ela é uma sala aconchegante, com um sofá e poltronas, tem uma grande lareira e um
relógio que, em vez de dizer o tempo, indicava o status de cada membro da família Weasley. Em
vez de números, havia várias frases como "casa", "escola", "trabalho", "viajando", "perdido",
"hospital", "prisão" e "perigo mortal". Em vez de ponteiros para contar o tempo, havia oito
ponteiros um para cada membro da família, o ponteiro de Ginny havia sido retirado. Tom, Hadrian
(Nyx em seus ombros), Neville, Dennis, Colin (Hera em seus ombros) e Draco iriam junto com a
família Weasley, e na Copa Mundial eles se juntariam com os Malfoy. Ragnuk e Maray não
estavam interessados em estarem num local cheio de bruxos barulhentos, então permaneceram no
Reino Goblin.
— Colin! — Molly agarrou o loirinho com força. — Você está melhor, querido? — Segurou-lhe o
rosto com carinho e olhou-o com os olhos cheios de preocupação. — Não está sentindo mais dor?
Quer alguma coisa? Irei fazer o que quiser, é só pedir, querido.

— Eu estou bem, senhora Weasley. — Colin corou, mas sorriu. — Já estou bem melhor. Obrigado.

— Graças a Merlin. — Ela suspirou aliviada.

— Vamos lá, mãe. — Fred se aproximou.

— Não monopolize nosso companheiro de relacionamento. — George piscou para o loirinho.

— Ah. Claro. — A mulher sorriu. — Você está lindo, querido. — Beijou-lhe a testa com doçura e
foi cumprimentar seus outros convidados.

Colin vestia uma minissaia plissada na cor lilás pastel, uma blusa cropped rosa pastel e tênis
brancos. Já Dennis vestia uma saia rodada xadrez, preto com cinza e branco, com um cropped
preto de manga curta, coturno de couro preto e meia arrastão.

— Eu estou dizendo isso desde que os vi. — Hadrian sorriu, se aproximando deles com Dennis ao
seu lado, preso por um braço do moreno nos seus ombros.

— Santa genética. — George pegou a mão do mais novo e beijou-a dramaticamente. — Prazer,
George Weasley. — Sorriu galanteador, fazendo o outro corar violentamente.

— Prazer. — Fred pegou a outra mão de Dennis. — Fred Weasley.

— Parem de encenação. — Draco riu das travessuras dos demônios da Gryffindor.

— Santa genética serve para vocês também. — Hadrian deu uma piscadela para os ruivos.

— Nos elogie mais. — Pediu Fred.

— Infle nosso ego. — George piscou um olho.

— Não vão nos dar “oi”? — Bill Weasley entrou na sala, seguido por Charlie.

— Como vai, Hadrian? — Disse Charlie sorrindo para ele e estendendo a mão enorme com calos e
bolhas sob os dedos, que o mais novo apertou animadamente. “Santa genética.”, o garoto de olhos
verdes pensou em um leve gay panic ao rever os ruivos.

— Senhora Weasley, meus parabéns. Abençoado seja seu útero. — Hadrian brincou, fazendo os
dois irmãos Weasley mais velhos sorrirem maliciosamente.

— Parem de paquerar. — Molly se aproximou sorridente. — Vamos. Fiz lanches. — Os garotos a


seguiram até a cozinha.

A cozinha da Toca é o centro social da família Weasley. Localizada na parte de trás da casa,
que é acessível a partir do jardim. A cozinha contém uma grande mesa de madeira com espaço
suficiente para oito cadeiras. Havia uma grande lareira na sala que também funcionava como
conexão dos Weasley à Rede de Floo, e um relógio com um ponteiro que aponta para diversas
coisas como: "Você está atrasado" ou "Hora de alimentar as galinhas". Um poleiro para a
coruja da família, Errol, está localizado em uma das janelas da cozinha.

— Temos ótimas notícias. — Molly olhou orgulhosa para os dois filhos mais velhos. — Bill pediu
transferência para vir trabalhar em Gringotts aqui na Inglaterra. — Todos comemoraram. — E
Charlie também está retornando para casa. Criaram um Centro de Cuidados para Dragões aqui. —
Mais comemorações e brindes alegres.

— Foi bom te encontrar, Charlie. — Hadrian sussurrou para o ruivo ao seu lado.

— Por que está sussurrando? — Ele perguntou divertido.

— Eu meio que encontrei algo num cofre dos Peverell. E apreciaria a sua ajuda.

— Algo ilegal ou algo ligado a dragões? — Perguntou curioso.

— Os dois.

— Mais um dragão ilegal?

— É um ovo de dragão. — Ele pode ver os olhos azuis do ruivo brilharem. — Eu gostaria de
mantê-lo comigo. Vê a serpente nos ombros de Colin? — O ruivo assentiu. — É um basilisk. —
Sorriu ao ver a surpresa do outro. — Então pode-se dizer que eu tenho uma experiência em ter
animais de classificação XXXXX.

— Eu topo. — O ruivo tinha um brilho de ambição e paixão nos olhos.

— Eu o deixei no cofre. Ele está em estado de hibernação enquanto permanecer lá dentro. Posso
levá-lo lá amanhã. Irei mantê-lo nas terras da propriedade Malfoy.

— Adoraria ir com você.

— Ótimo. Enquanto eu estiver em Hogwarts eu apreciaria muito se você pudesse cuidar dele por
mim. Irei pagar-lhe o que precisar, não se preocupe.

— Não precisa me pagar. — Charlie sorriu. — Você é da família, e família se ajuda sem cobrar
nada.

— Os gêmeos são uma exceção. — Hadrian brincou. Deliciando-se com a risada do cuidador de
dragões. — Muito obrigado por concordar em me ajudar.

— Estou sempre aqui. — Piscou galanteador para o moreno, que corou e acenou com a cabeça.

— Olha só o que temos aqui. — George sussurrou para o namorado, mostrando um caramelozinho.
Ele colocou-o discretamente perto de Ron.

Ele, que adorava comer, olhou-o com alegria e enfiou-o na boca. Em segundos soltou um
horrível ruído de alguém se engasgando, tossia e cuspia uma coisa de uns trinta centímetros, roxa e
viscosa que saía de sua boca. Passado um segundo de aturdimento, Hadrian se deu conta de que
aquela coisa de trinta centímetros era a língua de Ron. Todos caíram na gargalhada, menos Molly.
Ela olhou para os gêmeos com um olhar mortal e começou a ralhar com eles, logo fez a língua de
Ron voltar ao normal, que resmungou enquanto normalizava a respiração.

— Francamente! — Molly olhou para Fred e George, todos na mesa se encolheram perante o seu
olhar severo. — De novo com essas coisas do Weasleys’ Wizarding Wheezes!?

— O que são Weasleys’ Wizarding Wheezes? — Draco perguntou num sussurro para Bill.

— Mamãe encontrou uma pilha de formulários de pedidos quando estava limpando o quarto de
Fred e George. — Disse Bill em voz baixa. — Listas enormes de preços de coisas que eles
inventaram. Artigos para logros e brincadeiras: varinhas de imitação, doces-surpresas, um monte
de coisas. Genial. Eu não sabia que eles estavam inventando tanta coisa...

— Há muito tempo que ouvíamos explosões no quarto deles, mas nunca pensamos que estavam
fabricando coisas. — Explicou Charlie. — Achamos que era só vontade de fazer barulho.

— Só que, a maior parte das coisas, bom, na realidade, tudo... Era meio perigoso — Disse Bill. —
E eles estavam planejando vender os artigos em Hogwarts para ganhar dinheiro, e a mãe ficou uma
fera. Disse que eles estavam proibidos de fabricar aquelas coisas e queimou todos os formulários...
Já estava furiosa mesmo porque eles não conseguiram tantos O.W.L.s quanto ela esperava.

— Depois houve uma puta briga. — Disse Charlie. — Porque a mãe queria que eles entrassem
para o Ministério da Magia como o pai, e os dois responderam que o que eles querem é abrir uma
loja de logros e brincadeiras. — Nesse instante Percy entrou na cozinha. Ele tinha no rosto seu
habitual óculos de aros de tartaruga e expressão mal-humorada.

— Oi, Percy. — Cumprimentou Hadrian.

— Ah, olá, Hadrian. Pessoal. Eu estava imaginando quem é que estava fazendo essa barulheira.
Estou tentando trabalhar lá em cima, sabe, tenho um relatório do escritório para terminar, e é difícil
me concentrar se as pessoas não param de gritar. E ainda vim pegar algo para comer.

— Fale com Fred e George. — Ron bufou. — Desculpe se perturbamos o trabalho secreto do
Ministério da Magia.

— No que é que você está trabalhando? — Perguntou Draco.

— Num relatório para o Departamento de Cooperação Internacional em Magia. — Disse Percy


cheio de si. — Estamos tentando padronizar a espessura dos caldeirões. Há muitas peças
importadas que são um pouco finas, os furos têm aumentado à razão de três por cento ao ano...

— Vai mudar o mundo esse relatório, ah, vai. — Comentou Ron. — Primeira página do Daily
Prophet, espero, caldeirões vazam. — Percy corou de leve.

— Você pode caçoar, Ron. — Disse o irmão com veemência — Mas a não ser que se baixe uma
lei internacional, o mercado vai acabar inundado de produtos com paredes e fundos finos que
ameaçam seriamente...

— Sei, sei, tudo bem. — Interrompeu-o Ron balançando a mão como se espantasse uma mosca.
Tom encarava tudo num silêncio mortal, cada vez mais ele odiava Ron por trair seu doce Hadrian a
favor da cabra velha.

Cedo da manhã, quando o sol ainda não raiou e todos ainda dormiam, Hadrian e Charlie se
esgueiravam para fora das alas que protegiam a The Burrow. O garoto segurou o braço do ruivo, e
o ruivo os aparatou até o Diagon Alley. Poucas pessoas já estavam acordadas para abrirem suas
lojas, ninguém se incomodou em dar-lhes atenção. A grandiosa construção de Gringotts estava
impecável como sempre, vários goblins já se acomodavam em suas cadeiras. Ao passar por eles,
Hadrian acenava a mão em saudação e um sorriso feliz nos lábios, os goblins sorriam e acenavam
de volta. Coisa que deixou Charlie desconfortável, pois era estranho ver as criaturas tão severas e
estoicas sorrindo e acenando alegremente. Ao aproximarem-se do goblin recepcionista, Hadrian
sorriu.

— Bom dia, Ricbert.


— Bom dia, Hadrian. — A criatura saudou amigavelmente. — A que devo sua visita tão cedo?

— Gostaria de retirar algo no cofre dos Peverell. — O goblin assentiu.

— Pois bem, sigam-me. — A criatura liderou o caminho até os vagões. Os três espremeram-se em
um, Hadrian praticamente estava no colo de Charlie de tão apertado que era. Ricbert os conduziu
até os cofres mais fundos do banco, passando pelo dragão branco e trilhos perigosamente íngremes
até que chegaram ao cofre Peverell. — Chegamos. — Eles desceram da vagoneta e postaram-se em
frente ao cofre. — O sistema de abertura do cofre Peverell é diferente. Só pode ser acessado pelo
sangue de quem pertence à família ou por sua chave. Como viemos diretamente, por ser mais
rápido, faremos pela primeira opção. Coloque uma mão na porta, você sentirá uma leve fisgada
enquanto a porta retira seu sangue para permitir-lhe a passagem.

— Obrigado, Ricbert. — Hadrian estendeu a mão e tocou a porta que era igual à todas as outras.

Ele pode sentir a fisgada junto com um corte surgindo na sua palma e seu sangue sendo
drenado. A porta brilhou em vermelho e produziu um estalo mecânico. Hadrian afastou-se e
observou o cofre conforme que se abria, sua magia curando o corte que a porta fez na sua mão. As
pilhas de tesouros eram ofuscantes. Hadrian adentrou o cofre e rumou até o pedestal no centro. Um
ovo do tamanho de um cachorro de pequeno porte era ostentado. Sua casca era branca e possuía
escamas com leves tons de roxo nas pontas, conforme a luz passava ele parecia brilhar como se
tivesse sido banhado em purpurina. Hadrian pegou-o e colocou numa bolsa de pano que estava
carregando ao lado do corpo, saiu do cofre e a porta fechou-se.

— Ele é lindo! — Charlie admirou o ovo dentro da bolsa.

— Sim, ele é. — Os três voltaram para o vagão, logo retornando ao saguão de entrada do banco. —
Muito obrigado, Ricbert. Que o reino dos goblins prospere sobre o sangue e ouro de seus inimigos.
— Todos os goblins no local sorriram afetuosamente para o garoto. Essa era a antiga saudação
goblin quando Camelot comandava o mundo bruxo.

— E que Camelot reine suprema sobre os cadáveres dos inimigos do herdeiro. — Ricbert sorriu
para o garoto. Hadrian acenou com a mão em despedida para os goblin enquanto retirava-se, com
Charlie ao seu lado.

— O que foi aquilo? — O ruivo perguntou curioso para o comportamento das criaturas.

— Uma antiga saudação goblin. — Sorriu satisfeito. — Vamos pegar a Rede de Floo do Leaky
Cauldron para a Malfoy Manor.

— Você quem manda, alteza. — Fez uma breve reverência, arrancando risos do moreno. Assim
que os dois entraram na mansão, eles foram para a floresta nos fundos.

— Eu já conversei com Narcissa e Lucius. Eles irão recebê-lo sempre que você vier. E Tom pode
querer te intimidar, mas não precisa se preocupar.

— Tom é o moreno assustador, né? — Perguntou curioso com a quantidade de pessoas em um


relacionamento só.

— Sim. — Hadrian admitiu com um sorriso apaixonado enquanto ele guiava o ruivo, a aurora
indicava que o dia estava começando a raiar. Fawkes e o Obscurus vieram alegremente até o
garoto, a areia negra o circulando como se o abraçasse e a phoenix pousou no seu ombro para
esfregar-se contra sua bochecha.

— Eu conheço Fawkes. — Charlie olhou com os olhos arregalados a areia negra pulsando de
alegria ao redor do garoto. — Mas... Isso é um Obscurus?

— Sim. — Hadrian sorriu para a esfera de areia que se formou na sua frente. — Ele ainda não
voltou a sua forma humana, então não sei seu nome. Só sei que ele quis ficar comigo. — Depois de
uns minutos em silêncio, Charlie finalmente teve coragem para perguntar algo que martelava sua
cabeça a tempos.

— Como funciona? — Hadrian olhou-o com confusão. — Sabe, esse relacionamento com várias
pessoas? — Suas bochechas coraram levemente.

— Ah. — Hadrian sorriu. — Como um relacionamento normal de duas pessoas. A única diferença
que todos não “interagem” entre si. Eu seria o “centro” então os outros, meio que se revezam para
“interagirem” comigo. — Explicou corado.

— Isso é um pouco confuso e bagunçado, mas parece legal. — Comentou divertido enquanto
sentavam-se na grama.

— Na verdade é muito legal, pois cada um é diferente e tem “jeitinhos” distintos uns dos outros. —
Abriu a bolsa e pegou o ovo. — Aqui está ele. O feitiço de preservação já foi retirado no momento
em que eu o peguei. — Estendeu o ovo para o ruivo, que tinha os olhos brilhando de excitação.

— Eu conheço esse padrão de escamas. — Hadrian achou adorável o modo como ele franzia a testa
e mordia os lábios enquanto pensava. — Esse é um ovo de Qiulong. Um dragão chinês com
chifres.

— Incrível. — Hadrian sorriu admirado.

— Mas pela cor do ovo, posso dizer que ele sofre de albinismo, pois os ovos “normais” são
coloridos, variando com as cores dos pais.

— Deve ser lindo. — Comentou sonhador.

— Oh, eles são. — Devolveu o ovo para Hadrian. — Vou preparar o ninho e acender o fogo. A
mães constantemente jogam labaredas nos ovos para os chocar.

— Em que posso ser útil? — Hadrian perguntou animado.

— Acho que não muito, é só transfigurar uma pedra num ninho de palha e folhas. E você não pode
fazer magia fora de Hogwarts. — Os olhos azuis do mais velho arregalaram-se quando o menor
balançou a mão e o ninho surgiu. — Okay. — Sorriu divertido. — Vou colocar os feitiços que irão
impedir que as chamas se apaguem ou se alastrem para fora do ninho, ou que o ninho seja
carbonizado por completo. — O moreno assentiu, admirando os movimentos que o maior fazia
com a varinha enquanto entoava os encantamentos.

Talvez mais alguém se junte no seu relacionamento. Charlie era absurdamente lindo,
musculoso e sorridente, carinhoso e feroz. Suas cicatrizes e queimaduras o deixando ainda mais
belo. Malditos irmãos Weasley que eram absurdamente bonitos. Ele só não sabia como Percy e
Ron não conseguiram ser abençoados pela beleza que os outros irmãos ostentavam.

— Pronto. — Charlie sorriu quando admirou seu trabalho. Hadrian podia sentir a magia emanando
do ninho. — Pode colocá-lo. — O garoto animou-se ao repousar cuidadosamente o ovo no ninho.
— Eu preciso de uma peça de roupa sua para o envolver. Seu cheiro vai fazê-lo se sentir seguro
enquanto ainda choca e quando eclodir.

— Okay. — Hadrian retirou o casaco que usava e deu ao ruivo, que colocou a peça envolta do ovo
e lançou o feitiço que o impediria de pegar fogo.

— Agora é só acender. — Indicou para que o moreno o fizesse. Hadrian sorriu enquanto estendia a
mão e fazia o ninho pegar fogo. — Eles demoram para eclodir. Muito provável ele irá nascer nas
próximas férias de verão. Eu virei vê-lo duas vezes por dia, para me certificar que ele está
saudável, que o fogo está quente o suficiente, essas coisas. — Eles se levantaram.

— Muito obrigado pela ajuda, Charlie. E por não me dedurar para o Ministério.

— Você pode me recompensar com uma coisa. — Comentou pensativo.

— Claro. O que deseja? — O ruivo sorriu malicioso e se aproximou do menor, que corou ao ver o
quão perto ele estava.

— Um beijo. — Seu sorriso sacana iluminou-se com o nascer do sol, seus olhos azuis brilhando
com a visão do menor corado.

— Então venha pegar seu pagamento. — Sua voz saiu num sussurro.

Hadrian podia ouvir sua pulsação acelerado nos ouvidos conforme o ruivo colava seus
corpos e passava um braço musculoso envolta da sua cintura, enquanto a outra mão segurava-lhe a
nuca. O moreno enlaçou o pescoço do maior enquanto ele anulava a distância dos seus lábios. O
garoto estremeceu ao sentir os lábios que ele não estava familiarizado, mas adorou sua macies e
umidade. Charlie movia-se lentamente, até que Hadrian sentiu a sua língua roçar nos seus lábios,
prontamente abriu-os e permitiu a invasão do mais velho. Os apertos em sua cintura e nuca
intensificaram-se quando suas línguas se tocaram. O ruivo aprofundou o beijo com desejo, ambos
se deliciando com o gosto de suas bocas, com a sensação dos lábios unidos, com o roçar de suas
línguas. Hadrian ofegou contra os lábios do outro, estava adorando esse beijo.

Charlie compartilhava do mesmo contentamento. Hadrian era lindo, tanto em espírito quanto
em corpo. Ele era um garoto carinhoso e amável, que faria de tudo pela família, desejando tudo de
melhor para todos que ama. E então sua beleza... Seus intensos olhos verdes em contraste com sua
pele pálida e cabelos negros, agora mais longos, seu corpo magro e esbelto, os traços delicados de
seu rosto... Hadrian era lindo em todos os sentidos. O ruivo desacelerou o beijo gradualmente,
removendo sua língua, movendo-se mais lentamente do que antes, até que parou com alguns
selinhos. Ao abrir os olhos, ele teve a melhor visão do mundo: Hadrian extremamente corado, com
os lábios vermelhos e inchados entreabertos com uma respiração ofegante.

— Acho que já pode acrescentar mais um na sua lista. — Sorriu travesso ao ver o menor corar
ainda mais.

— V-vamos. Te-temos que voltar antes que todos enlouqueçam nos procurando.

— Vamos. — Selou brevemente seus lábios e o seguiu de volta para a mansão.

— Vejo que meu garoto te fisgou também. — Narcissa sorriu ao ver os dois voltando para a
mansão de mãos dadas. Charlie corou levemente envergonhado. — Não se preocupe. — Segurou-
lhe o ombro. — Desde que você não o machuque, você estará bem. — Sorriu ao vê-lo estremecer.

— Nós realmente temos que ir agora. Nos vemos no Yule. — Abraçou a mulher. — Tchau Cissy.

— Cuide-se, querido. — Ela beijou sua testa com carinho. — Estarei à sua espera, Charlie. —
Sorriu para o ruivo.

— Nos vemos em breve, Lady Malfoy. — Acenou com a cabeça enquanto Hadrian jogava o pó
nas chamas.

— Oh, por favor. Me chame de Narcissa. — Comentou feliz. — Afinal, somos família.

— Como queira. — Sorriu contente, seguindo o moreno pelas chamas.


Capítulo 94
Chapter Notes

IMPORTANTE!!!!!

TiuLu fez uma enquete de EXTREMA IMPORTÂNCIA pra fic. Espero que todos
respondam, pois é algo que vai dizer muito sobre o futruro da história.
https://www.ferendum.com/pt/PID1845911PSD1975079070

ALERTA +18! PUTARIA PRA VOCÊS SUAS CADELAS IMUNDAS!!!

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

— Oh! Bom dia. — Molly sorriu para eles.

— Bom dia, Molly. — Hadrian sorriu.

— Onde você o levou? — Olhou raivosa para Charlie, que ergueu as mãos em rendição.

— Eu pedi a ajuda do Charlie para um assunto relacionado à dragões do Ministério. Só não


esperava que eles nos convocassem tão cedo. — Hadrian mentiu.

— Oh. Se é assim. — A mulher relaxou. — Vou preparar o café. Podem ir acordar os outros, por
mim? — Pediu.

— Claro. — Os dois saíram da sala, subindo as escadas.

— Eu vou querer mais do meu pagamento enquanto ainda posso ficar com você. — Charlie sorriu
travesso ao sussurrar rouco no ouvido do menor e agarrar-lhe a cintura.
— Nem para levar num encontro antes. — Hadrian brincou, beijando brevemente os lábios do
ruivo. — Mas eu gostei. — Os dois sorriram.

— Irei ver algo mais... Romântico, para poder te cortejar devidamente. — Beijou-lhe o pescoço,
fazendo o menor estremecer e suspirar. — Te vejo mais tarde. — Beijou-lhe os lábios antes de
continuar subindo as escadas. Hadrian entrou no único quarto do primeiro andar, onde ele dividia
com Draco, Colin, Dennis, Neville e Tom. Antes ele era de Ginny, mas acabou sendo transformado
num quarto de hóspedes depois da morte da garota. Hadrian sentiu-se mal por não conseguir salvá-
la, ele nunca conseguiria superar sua própria incompetência com a garota.

— Acorde, Moonlight. — Subiu em cima de Draco e distribuiu vários beijinhos pelo seu rosto.

— Hum. — O loiro gemeu e um sorriso se abriu em seus lábios enquanto segurava o quadril do
moreno. — Bom dia, Sunshine. — Hadrian abaixou-se para depositar um selo nos lábios alheios.

— Charlie e eu já pegamos o ovo de dragão.

— E aí? — Sentou-se, ainda mantendo o moreno no seu colo.

— É um ovo de Qiulong Albino.

— Dizem que eles são muito poderosos. — Comentou beijando seu pescoço, fazendo o menor
estremecer.

— É melhor parar. — Pediu num murmúrio sôfrego.

— Espere até quando estivermos no nosso dormitório em Hogwarts. — O loiro se afastou sorrindo.
— Eu vou te fazer gemer o meu nome.

— Não duvido disso. — Sorriu enquanto se levantava, indo acordar Colin. Draco se levantou e foi
vestir-se no banheiro no segundo andar. — Bom dia, Sunflower. — Deitou-se ao seu lado e
distribuiu vários beijinhos pelo seu rosto.

— Bom dia, Sunshine. — O menor sorriu, se aconchegando no namorado.

— Vamos tomar o café? — Acariciou os cabelos do outro.

— Posso ficar assim, não? — Perguntou manhoso, se aconchegando ainda mais no moreno.

— Infelizmente não, amor. — Beijou-lhe a cabeça e levantou-se com um resmungo de Colin.


Hadrian foi até a cama de Dennis, acariciou seus cabelos com carinho. — Hora de acordar,
SweetDaisy. — Sorriu ao ver o menor acordar e esfregar os olhinhos.

— Posso dormir mais, não? — Pediu manhoso.

— Não. — Beijou sua testa e se levantou, indo até a cama de Neville. Deitou-se em cima do
Gryffindor e começou a distribuir-lhe beijinhos pelo rosto.

— Bom dia, DesertRose. — Sorriu para o namorado que esfregava os olhos com as costas da mão.

— Bom dia, Sunshine. — Seu sorriso apaixonado se alargou quando seus lábios foram tomados
num selinho demorado.

— Hora de se arrumar pra ir tomar café. — Levantou-se e foi até Tom. Montou em cima do
moreno e deu-lhe um selinho demorado.
— Achei que nunca viria. — Tom resmungou ao abrir os olhos e agarrar a cintura do menor.

— Você sabe que eu te amo, Traveler.

— Sei. — Fez um feitiço de limpeza em sua própria boca antes de reivindicar os lábios de seu
amor. Hadrian derreteu imediatamente quando sentiu a língua o invadir com fome, mãos grandes
apertaram sua cintura e um quadril se ergueu contra o seu. — Não podemos, Tommy. — Separou-
se do mais velho. — Tem criança no quarto.

— Eu coloco ele para fora e resolvido. — Tentou beijar Hadrian, mas ele se afastou e se levantou.

— Não. — Sorriu travesso ao ver a frustração do outro. — Agora vá se arrumar para o café. —
Tom bufou e se levantou.

— Hey, Hadrian. — Bill surgiu na porta, já pronto e impecavelmente belo. — Quer vir comigo
arrancar os gêmeos da cama? Literalmente. — Seu sorriso travesso contagiou o moreno.

— Claro! — Hadrian o seguiu até o terceiro andar, rumando para a esquerda.

Os dois entraram sorrateiramente no quarto dos gêmeos, fecharam a porta, sorriram ao verem
os dois ainda dormindo em suas camas. Com uma troca de olhares, Hadrian foi para a cama de
George enquanto Bill foi para a de Fred. Os dois contaram até três, agarraram os calcanhares dos
gêmeos e os puxaram para fora das camas. As risadas de Bill e Hadrian juntaram-se ao grito de
pavor dos gêmeos e xingamentos.

— Vocês estão fodidos! — Fred jurou. Hadrian riu ainda mais e segurou a barriga, não vendo
quando George se aproximou e jogou-o na cama, ficando sobre o moreno, que agora estava
extremamente corado.

— Você não deveria brincar com fogo. — George sorriu enquanto Fred se aproximava também, os
olhos castanhos dos dois cintilavam em luxúria.

— Não deveria nos provocar, Hazz. — Fred se infiltrou junto ao irmão, que foi para o outro lado,
dando espaço para o gêmeo na cama.

— Você vai ser punido por isso, Sunshine. — Os dois começaram a beijar e chupar o pescoço de
Hadrian enquanto Fred infiltrava suas mãos na camisa dele, subindo o tecido até estar na altura do
peito. O moreno contorcia-se sob eles conforme os beijos iam descendo até os seus mamilos.

— Nhg... Fred... — As mãos do menor agarraram-se aos lençóis. Bill assistia tudo aquilo com uma
mistura de espanto e excitação. Ele desejou juntar-se a brincadeira. Hadrian era um deleite para os
olhos, isso ele não poderia negar. E então ele tinha aquele sorriso radiante, os olhos brilhantes, o
humor, o carinho, o amor.

— Você vai aprender a não mexer conosco, Sunshine. — Os gêmeos desceram suas mãos pela
barriga de Hadrian, chegando ao seu membro meio desperto.

— George... — Hadrian gemeu ao sentir as unhas deles raspando o tecido da sua calça, criando
uma vibração gostosa sobre seu pênis. Uma mão de cada gêmeo apertava sua bunda e coxa
enquanto a outra trabalhava em seu membro.

Os gêmeos não pararam, continuaram a chupar, lamber e mordiscar seus mamilos enquanto
suas mãos acariciavam seu membro dolorosamente encoberto pelas roupas e seus testículos. Bill
podia sentir seu próprio pênis começar a enrijecer conforme deleitava-se com a cena. Hadrian
gemia manhosamente, contorcendo-se e agarrando ainda mais forte os lençóis. Fred e George
também estavam duros, mas seu foco era somente torturar Hadrian. Os movimentos dos dois
continuaram, até que Hadrian sentiu-se estremecer, seus músculos ficando tensos e... A frustração.

— O quê...? — Perguntou confuso ao ver os dois se afastando. Os três ruivos usufruíram da


imagem de Hadrian ofegante, extremamente corado, com as roupas tortas e amassadas, e um
volume no meio das pernas.

— Nós dissemos que iriamos te torturar. — Fred sorriu vitorioso.

— Não vamos terminar. — Os gêmeos se levantaram e pegaram suas roupas. — Gostou do show,
Bill? — Ergueram uma sobrancelha ao verem o volume nas calças do irmão.

— E-eu... Tô saindo. — Corou violentamente e praticamente correu para fora do quarto. Os


gêmeos olharam presunçosos para o estrago que fizeram em Hadrian e saíram, indo para o
banheiro.

— Eu não posso acreditar. — Hadrian esparramou-se na cama, seu pênis ainda ereto e dolorido por
não ter gozado.

— Hazz? — Neville bateu na porta e entrou, arregalando os olhos ao ver o moreno. — O-o quê...?
— O moreno levantou-se e prensou o loiro acastanhado na porta.

— Os gêmeos se vingaram. — Anunciou enquanto beijava o pescoço do menor, separava suas


pernas com o seu joelho e pressionava suas pélvis. — E eles não terminaram o serviço. — Neville
gemeu ao sentir a ereção do moreno roçando no seu pênis mole. — Eu preciso me aliviar, Nev. —
Subiu os beijos para o ouvido do menor, que estremeceu de excitação. — Eu preciso de você,
DesertRose.

— P-pra cama... — Ofegou, sentindo suas pernas bambas.

— Como desejar. — Hadrian sorriu, puxou o loiro acastanhado para a cama mais perto, jogou-o
nela e prensou-o na mesma.

Fazendo questão de permanecer com o atrito de suas intimidades, Hadrian ergueu a camisa
que o outro usava e começou a brincar com seus mamilos. Os gemidos manhosos e sôfregos de
Neville eram música para os seus ouvidos. O maior subiu os beijos e reivindicou seus lábios, uma
mão desceu pela lateral do seu corpo rechonchudo, fazendo-o arquear as costas para frente,
roçando ainda mais seus membros. Hadrian desceu outra mão do joelho do menor, que estava
arqueado ao seu lado, até sua nádega e apertou-a com gosto, deleitando-se com o gemido que
Neville deu entre o beijo faminto. Ele já estava completamente desperto quando Hadrian infiltrou
sua mão pela sua calça e acariciou seu membro sobre o tecido da boxer.

— Você tem certeza de que quer continuar? — Hadrian encarou seus olhos castanhos com
intensidade. Nunca forçaria alguém a algo que não queria.

— Sim. — Respondeu envergonhado. Sua autoestima sofrendo com a insegurança de seu corpo
rechonchudo. Hadrian beijou-lhe os lábios, sabendo exatamente o que se passava na cabeça do seu
namorado.

— Você é lindo, Neville. — O menor envolveu seus braços ao redor do pescoço de Hadrian
quando ele voltou a beijá-lo com desejo.

— Hazz... — Gemeu em protesto ao sentir as mãos do outro o deixarem.

— Calma. — Hadrian olhou-o nos olhos.


O moreno apenas sorriu e abaixou-se, tendo o rosto alinhado à pélvis de Neville, seus olhos
se arregalando de espanto com o que Hadrian fazia. Lentamente o moreno abaixou sua calça e
boxer, fazendo seu membro saltar para fora. Neville tapou o rosto extremamente corado com as
mãos, tentando esconder-se de tanta vergonha.

— Não cubra seu rosto, amor. Eu quero vê-lo. — Hadrian afastou as mãos do menor e sorriu-lhe
enquanto retirava suas próprias calças e boxer. O loiro acastanhado ofegou ao ver o seu pênis
grande.

— A-a porta... — Gemeu, Hadrian balançou a mão e o quarto estava trancado e silenciado.

— Agora você pode gemer o quanto quiser, amor. Ninguém vai nos ouvir ou atrapalhar. —
Deitou-se na sua frente e uniu seus corpos. — Ainda não é hora de avançarmos tanto. Então abra as
pernas. — Neville obedeceu, Hadrian colocou seu pênis entre as pernas do loiro acastanhado. —
Feche-as. — O menor obedeceu, deliciando-se com a sensação do membro de Hadrian roçando o
seu próprio e seus testículos. — Eu vou me movimentar agora, okay?

Neville assentiu enquanto os dois se agarravam um ao corpo do outro. O moreno começou a


movimentar-se lentamente, ambos gemendo com o atrito de suas peles sensíveis. O membro de
Neville era prensado entre os dois enquanto Hadrian movimentava-se contra suas coxas. O moreno
tomou-lhe os lábios quando aumentou a velocidade das estocadas. Os dois sentindo o prazer os
dominar completamente, o fogo arder em seus baixos ventres, as borboletas no estômago, os
músculos tensos de excitação, os membros tendo espasmos conforme o clímax se aproximava, os
gemidos e o som de corpos se chocando eram a única coisa que eles conseguiam ouvir.

— Hadrian! — Neville gemeu manhosamente, despejando sua semente na barriga dos dois
enquanto Hadrian gozava em suas pernas. As respirações ofegantes e as bochechas coradas.

— Você está bem? — Hadrian acariciou os cabelos bagunçados do loiro acastanhado, um sorriso
satisfeito nos lábios.

— Perfeito. — Neville sorriu cansado.

— Vamos tomar o café da manhã. — Hadrian levantou-se, limpou os dois e os lençóis com um
movimento da mão, ambos se vestiram e se arrumaram. Ainda cansados e as pernas fracas, mas
completamente satisfeitos. Assim que ele tirou os feitiços e abriu a porta, foi recepcionado pelos
gêmeos, que tinham olhares curiosos e maliciosos. — Obrigado por nos deixar usar seu quarto,
meninos. — Hadrian piscou presunçosamente para os ruivos, que se divertiam. — Consegui
companhia para me ajudar, enquanto vocês faziam sozinhos. — Piscou um olho e puxou Neville
para um abraço de lado.

— Você é horrível! — Fred fingiu estar ofendido.

— E mesmo assim vocês me amam. — Hadrian guiou Neville para o andar debaixo, sendo
seguidos pelos ruivos. Ao chegarem na sala; Tom, Draco, Bill e Charlie lançaram ao moreno e ao
loiro acastanhado olhares maliciosos. Fred e George haviam compartilhado com os quatro o que
fizeram e Draco contou que Neville fora procurar Hadrian. Era só juntar os pontos para
descobrirem o que havia acontecido. Colin e Dennis ainda não haviam descido.
Capítulo 95
Chapter Notes

Desculpem o atraso, eu não estava bem de saúde ontem, mas aqui está o cap.

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

— Então Percy, está gostando do trabalho? — Perguntou Hadrian enquanto todos estavam sentados
na sala.

— Ah, sim! — Comentou extasiado. — É um ótimo trabalho!

— Gostando? — Indagou Ron misterioso. — Acho que nem voltaria para casa se papai não
obrigasse. Está obcecado. E nem puxe conversa sobre o chefe dele. “O Sr. Crouch diz... Como eu
ia dizendo ao Sr. Crouch... O Sr. Crouch é de opinião... O Sr. Crouch esteve me dizendo...”.
Qualquer dia desses vão anunciar o noivado dos dois. — Todos riram de um Percy extremamente
corado.

— Vamos comer no jardim. — Disse Molly quando todos chegaram. — Não há lugar para todos
aqui dentro. Podem levar os pratos para fora, Hadrian, Neville e Colin? Bill, Charlie e Tom vão
armando as mesas. Facas e garfos, por favor, vocês dois. — Disse ela à Draco e Dennis, e apontou
a varinha com um pouco mais de força do que pretendera para um monte de batatas na pia, que
saíram da casca demasiado depressa e acabaram ricocheteando nas paredes e nos tetos. — Ah, pelo
amor de Merlin! — Exclamou ela, agora apontando a varinha para uma pá, que saltou de lado e
começou a patinar pelo piso, recolhendo as batatas. — Aqueles dois! — Os gêmeos saíram
correndo enquanto a mulher explodia furiosa, agora tirando tachos e panelas de um armário. —
Não sei o que vai ser deles, realmente não sei. Não têm ambição, a não ser que se leve em conta
toda confusão que são capazes de aprontar...
Ela bateu com uma grande caçarola de cobre na mesa da cozinha e começou a agitar a mão
para os lados. Um molho cremoso foi escorrendo da ponta da varinha à medida que ela mexia. Ron
foi pro jardim ver os mais velhos arrumando as mesas.

— Não é que não tenham inteligência. — Continuou ela irritada, levando a caçarola para o fogão e
acendendo-o com um toque da varinha. — Mas estão desperdiçando a que têm e, a não ser que
tomem jeito depressa, vão se meter em apuros. Já recebi mais corujas de Hogwarts a respeito dos
dois do que de todos os outros juntos. Se continuarem assim, vão terminar tendo que comparecer à
Seção de Controle do Uso Indevido da Magia.

Molly apontou a varinha para a gaveta de talheres, que se abriu com violência. Hadrian e
Colin saltaram para o lado ao verem várias facas saírem voando, atravessarem a cozinha e
começarem a cortar as batatas que tinham acabado de ser devolvidas à pia pela pá.

— Não sei onde foi que erramos com os gêmeos. — Disse ela descansando a varinha e
recomeçando a tirar mais caçarolas do armário. — Tem sido sempre assim há anos, uma coisa atrás
da outra, e eles não dão ouvidos... AH, OUTRA VEZ, NÃO! — Ela apanhara a varinha da mesa, e
a coisa emitira um guincho alto e se transformara em um enorme camundongo de borracha. —
Mais uma varinha falsa fabricada por eles! — Gritou ela. — Quantas vezes já disse aos dois para
não deixarem essas coisas largadas por aí? — Ela agarrou a própria varinha, e quando se virou
descobriu que o molho no fogão estava soltando fumaça.

— Hãm...? Molly? — Hadrian chamou temeroso.

— Sim, querido? — Sua raiva suavizou ao ver o garoto.

— Eu não quero ser indelicado nem desrespeitoso, mas acredito que os gêmeos se dariam muito
bem com suas invenções. — A mulher olhou-o com o cenho franzido. — Ficar praticamente um
ano inteiro num internato atulhado de trabalhos e estudos é bem chato. E todos os alunos gastam
muito dinheiro comprando coisas de pegadinhas e essas coisas. Sabe, precisamos de algo pra
aliviar o estresse dos estudos e provas. Eu sei que você se preocupa com o futuro deles, eu
compreendo isso. Sei que se preocupa com eles se machucando ou acabarem machucando outra
pessoa, mas experimentos são assim. Quantas vezes um pocionista tem que explodir um caldeirão
para conseguir chegar à perfeição de seu teste? Quantas vezes um bruxo explode algo ao criar um
novo feitiço? Esses danos são normais quando se está se criando algo novo. Eu sei que sou suspeito
para falar, mas Fred e George são brilhantes no que fazem. Dê uma chance para que eles provem
seu valor. Tudo bem? — Molly sorriu com os olhos umedecidos.

— Sim. Obrigada, Hadrian. — Abraçou o garoto com força. — E-eu fui muito dura com eles.
Obrigada por mostrar meu erro. — Separou-se e deu-lhe um beijo na testa. — Você é um garoto
incrível, Hazz. Estou muito feliz em tê-lo como parte da família. — Seu sorriso doce se alargou,
seu coração quentinho ao ver um filho em Hadrian. — Vou falar com eles. — E saiu a procura dos
demônios gêmeos.

— Vocês podem me ajudar aqui? — Hadrian assumiu o controle da cozinha enquanto Molly estava
fora.

— Claro, Hazz. — Colin e Neville sorriram e começaram a seguir as instruções do mais velho.

Quando algumas coisas já estavam prontas, Colin e Neville começaram a levar as travessas
para o lado de fora. Enquanto o moreno trabalhava na cozinha, ouvia-se um estrépito de coisas que
batiam do outro lado da casa. Hadrian olhou pela janela, a origem do barulho eram Bill e Charlie,
de varinhas em punho, fazendo duas mesas velhas voarem alto pelo gramado e colidirem, cada
qual tentando derrubar a outra no chão. Arthur, Ron e Dennis aplaudiam; Draco, Neville e Colin
riam; Tom estava de braços cruzados encarando a cena com tédio e Percy estava parado junto à
sebe, pelo jeito dividido entre o riso e a sua pose de “homem sério”.

A mesa de Bill bateu na de Charlie com estrondo e perdeu uma das pernas. Eles ouviram um
barulho no alto. Rindo, Bill e Charlie devolveram as mesas em segurança ao chão, juntaram-nas
pelas extremidades e, então, com um golpe de varinha, Bill colou de volta a perna da mesa e
conjurou toalhas do nada. Os gêmeos se chegaram com os semblantes radiantes de felicidade,
mesmo que estivessem fazendo drama por perderem uma “batalha épica de mesas”. Molly voltou
quando Hadrian já estava terminando de arrumar o último prato.

— Eu não acredito que você cozinhou. — Olhou-o com uma falsa repreensão.

— Eu gosto de cozinhar para a minha família. — Ele sorriu para a mulher e os dois saíram pela
porta dos fundos em direção ao quintal.

Tinham dado apenas alguns passos quando Nyx e Hera, com um tamanho “normal”, podiam
ser vistas no mato, caçando alguma coisa que parecia uma batata com pernas, suja de terra, Hadrian
reconheceu-a instantaneamente, era um gnome. Mal chegava aos vinte e cinco centímetros de
altura, os pezinhos cascudos batendo céleres no chão ao atravessar o quintal e mergulhar de cabeça
em uma das botas espalhadas à porta da casa. O garoto ouviu o gnome se acabar de rir quando
Hera enfiou a cabeça na bota, tentando alcançá-lo.

Às sete horas, as duas mesas rangiam sob o peso de travessas e mais travessas da excelente
comida de Hadrian e Molly, e os Weasley, os garotos Prince, Hadrian, Draco, Neville e Tom se
sentaram para o café da manhã sob um céu limpo e um sol radiante. Na ponta da mesa, Percy
contava ao pai todos os detalhes do seu relatório sobre os fundos dos caldeirões. Os dois
começaram uma conversa sobre assuntos do Ministério, e sobre mais um desaparecimento de
Bertha Jorkins ao sair de férias para a Albânia e nunca mais voltou.

— Já temos muito com o que nos preocupar no Departamento de Cooperação Internacional em


Magia sem ficar tentando achar funcionários de outros departamentos. Como o senhor sabe, já
temos outro grande evento para organizar logo depois da Copa. — Percy pigarreou cheio de
importância e olhou para a ponta da mesa em que Hadrian, Colin, Dennis, Draco e os gêmeos
estavam sentados. Seus olhos passando rapidamente por Ron ao seu lado antes de voltar para o pai.
— O senhor sabe do que estou falando, pai. — E alteou ligeiramente a voz. — O evento secreto.
— Fred girou os olhos para o alto, e murmurou para Hadrian e os namorados:

— Ele está tentando fazer a gente perguntar que evento é esse desde que começou a trabalhar.
Provavelmente uma exposição de caldeirões com fundo grosso. — No centro da mesa, Molly
discutia com Bill por causa do brinco, que aparentemente era uma aquisição recente.

— Com um canino horroroso pendurado, francamente Bill, que é que eles dizem lá no banco?

— Mãe, ninguém lá no banco liga a mínima para a roupa que eu uso desde que eu traga muito ouro
para eles. — Disse Bill pacientemente.

— E seus cabelos estão sem corte, querido. — Disse Molly passando os dedos, carinhosamente,
pelos cabelos do filho. — Gostaria que você me deixasse aparar...

— Eu gosto deles assim. — Disse Hadrian sugestivamente.

— Você é antiquada, mãe. — George brincou. — Mesmo desse tamanho, eles não chegam nem
perto do comprimento dos cabelos de Dumblefuck. — Ao lado de Molly, os gêmeos e Charlie
retomaram a sua discussão animada sobre a Copa Mundial.
— Vai ser da Irlanda. — Disse Charlie com a voz engrolada por causa da comida que lhe enchia a
boca. — Eles acabaram com o Peru nas semifinais.

— Mas a Bulgária tem o Viktor Krum. — Comentou Fred.

— O Krum é apenas um jogador decente, a Irlanda tem sete. — Cortou Charlie. — Mas eu gostaria
que a Inglaterra tivesse passado para as finais. Foi um vexame, ah, foi.

— Que aconteceu? — Perguntou Dennis curioso.

— Perdeu para a Transilvânia, por trezentos e noventa a dez. — Disse Charlie sombriamente. —
Um desempenho sinistro. E Gales perdeu para Uganda, e a Escócia foi massacrada por
Luxemburgo.

Quando o café terminou, as mariposas voavam baixo sobre a mesa e o ar morno estava
perfumado com o aroma de relva e madressilvas. Hadrian se sentia muitíssimo bem alimentado e
em paz com o mundo, e observava vários gnomes saltarem por dentro das roseiras, rindo
desbragadamente, perseguidos de perto por Hera e Nyx. Duas corujas desconhecidas surgiram no
céu. Uma pousou na frente de Hadrian, e a outra na frente de Bill. Os dois pegaram as cartas,
alimentaram as aves e abriram os envelopes.

— Gringotts quer a minha ajuda numa inspeção dos cofres mais antigos. — O ruivo anunciou.

— E eu terei que comparecer para a inspeção do cofre dos Black. — Hadrian suspirou. “Mais uma
viagem insana naqueles carrinhos mortais.”, ele pensou. — Eles dizem que o dono do cofre
precisa estar presente.

— Oh. Boa sorte meninos. E arrume esses cabelos, Bill! — Molly comentou enquanto os dois se
levantavam, Hadrian beijou brevemente os lábios dos namorados e bagunçou os cabelos de Dennis
antes de seguir Bill para fora das alas antiaparatação da propriedade.

— Segure-se em mim. — O ruivo estendeu o braço e Hadrian segurou o mesmo. O estranho puxão
no umbigo e o mundo girando já eram uma sensação conhecida para o moreno. Ao pousarem, os
dois permaneciam em pé, nenhum deles tropeçou ou caiu.

— Vamos lá então. — Hadrian suspirou enquanto os dois caminhavam pelo Diagon Alley. Agora
que ele estava cheio de pessoas, todos prestaram atenção nos dois. Hadrian estava acostumado,
mas Bill não, que se sentiu extremamente desconfortável. — Não se preocupe com eles. — O
moreno sussurrou, percebendo o desconforto do maior que olhava para os lados.

— Provavelmente terá uma manchete dizendo que eu sou seu mais novo consorte. E que sou um
ladrão de berços. — Brincou, tentando amenizar o seu nervosismo.

— Eu não duvido. — Hadrian riu, o maior achou-o ainda mais belo. — Mas se quiser eu posso
intimidá-los para calarem a boca. — Olhou-o nos olhos, howlitas azuis com malaquitas.

— Não será necessário. — Sorriu presunçoso. Eles trocaram sorrisos cúmplices enquanto
adentravam o banco.

— Nos vemos novamente Ricbert. — Hadrian sorriu para o goblin, que acenou com a cabeça.

— É bom vê-lo novamente, Hadrian. — Olhou para o ruivo ao seu lado. — Senhor Weasley.

— É um prazer. — O ruivo cumprimentou amigavelmente.


— Nos chamaram para uma inspeção dos cofres. — Hadrian anunciou.

— E eu sou o Desfazedor de Feitiços transferido do Egito. — Bill completou.

— Claro. Irei chamar Unvirm, ele é o encarregado da inspeção. — Ricbert acenou com a cabeça e
se retirou.

— Você não disse uma vez que conhecia Unvirm? — Hadrian perguntou curioso.

— Sim. Ele é um associado meu. Conseguiu meu emprego e minha transferência para o Egito. E
de volta para a Inglaterra.

— É ótimo ter o respeito dos goblins. — Hadrian admitiu. — Eles são criaturas poderosas e muito
inteligentes. É sempre bom ficar em paz com eles. — Bill sorriu.

— Você tem razão, Hadrian. Nunca queira ver um goblin zangado, eles são assustadores. —
Estremeceu com a lembrança de quando recebera uma bronca de Unvirm.

— Bill! — Dois goblins se aproximaram, um sendo Ricbert e o outro Unvirm. — É bom vê-lo
novamente, rapaz. — Os dois apertaram as mãos.

— Senti sua falta, Unvirm. Suas broncas diárias são únicas. — Os dois riram.

— Agora que você voltou eu irei recompensar os anos em que você esteve fora. — Soltaram as
mãos e ele virou-se para Hadrian. — Hadrian, é bom revê-lo, filhote.

— Digo o mesmo, Unvirm. — Hadrian apertou-lhe a mão educadamente.

— Chamei os dois, pois iniciaremos uma inspeção nos cofres. Precisamos da presença do dono do
cofre por meios de política. E de um Desfazedor de Feitiços se algo estiver errado. — Os dois
assentiram. — Bom, sigam-me.

Bill e Hadrian seguiram Unvirm para a vagoneta, e subiram na mesma. Mais uma vez
Hadrian foi praticamente no colo de um ruivo quando subiu no carrinho. Mas, ao contrário de
quando esteve com Charlie os dois estavam extremamente nervosos pelo ocorrido mais cedo
naquela manhã. Bill por ter adorado ver os irmãos “torturando’ Hadrian, agora estava
extremamente ciente do corpo do menor, que parecia muito quente ao estar tão próximo de si. Eles
estavam sentados meio que de lado, as nádegas do moreno roçando perigosamente na pélvis do
mais velho, que tentava ao máximo desviar seus pensamentos da cena que presenciou mais cedo.

— Cofre Black. — Unvirm anunciou assim que a vagoneta parou. O dragão branco estava logo à
frente. Os três saíram do carrinho, Bill e Hadrian extremamente corados seguiram a criatura até
várias caixas com sinos. — Ele é parcialmente cego por ficar aqui embaixo, mas tem uma ótima
audição. Precisamos passar por ele, então devemos o confundir com os sinos. — Orientou o
goblin. Hadrian sentiu seu coração apertar-se em tristeza ao ver o animal acorrentado. Era a mesma
coisa quando Hadrian fora sequestrado. Acorrentado, num local escuro, sem esperanças de ver a
luz do sol. Ele precisava conversar com seus pais sobre a pobre criatura. — Peguem um sino e o
balancem até que estejamos do outro lado. — Os três se equiparam e começaram a balançar os
objetos.

Hadrian sentiu-se ainda pior ao ver o dragão balançar a cabeça, sofrendo com o barulho
desagradável enquanto os três passavam por ele. O garoto jurou livrar o dragão do seu sofrimento.
A criatura tinha uma pele coriácea branca; quatro patas sustentavam seu corpo pesado, enquanto
suas patas dianteiras possuíam asas inutilizáveis, que estavam fechadas ao seu lado; uma linha de
espinhos descia do crânio até a ponta da cauda; seus olhos leitosos uma vez já foram azuis; seu
corpo era doentiamente magro, podendo-se ver suas costelas; sua boca rosada e cheia de dentes
afiados rugia em sofrimento; grossas camadas de correntes prendiam seu pescoço, machucado
pelos incessantes puxões e luta contra o seu cativeiro. Hadrian conhecia essa dor, a dor de estar
preso e lutar pela sua liberdade, mas não conseguindo, sempre fracassando. Ele iria conversar com
os pais, ele precisava salvar esse dragão.

— Pronto. — Unvirm largou seu sino, e os bruxo o imitaram. Bill pode perceber o olhar de pesar
do garoto enquanto observava o dragão, que ainda agonizava pelo som, mas não falou nada sobre.
— O cofre Black é logo aqui. — Guiou-os para a primeira porta que iniciava um longo corredor
escuro. — Tomei a liberdade para trazer a chave. — Tirou o objeto de seu bolso e abriu a porta.

Quando ela rangeu ao escancara-se, o dragão rugiu em agonia e lançou sua poderosa cauda
na direção do barulho. Bill e Hadrian foram empurrados para dentro do cofre pelas portas que se
fecharam com um estrondo quando a cauda do dragão se chocou contra portas. Unvirm acabou
sendo impelido para longe com o susto e derrubou a chave, fazendo-a cair muitos metros longe de
si.

— Hadrian?! — O goblin correu para a porta, preocupado com o filhote de seu Rei.

— Estamos bem, Unvirm! — Bill gritou, ajudando o moreno a se levantar.

— Eu sinto muito! O dragão trancou as portas e a chave voou da minha mão! Irei tirá-los daí o
mais rápido possível! Não se preocupem! — A criatura saiu correndo atrás de ajuda. Hadrian
balançou a cabeça, livrando-se do torpor da queda.

— Você está bem? — O ruivo perguntou preocupado.

— Estou. Só um pouco desnorteado. — Piscou várias vezes para conseguir livrar-se da tontura.

— Unvirm foi atrás de ajuda. Teremos que esperar. — Olhou ao redor, sem soltar a cintura do
menor.

— Eles não deveriam manter esse dragão aqui. É crueldade. — Hadrian suspirou com pesar,
atraindo o olhar do maior.

— Você está certo. Já tentei conversar com eles, mas não tenho muita influência.

— Eu vou conversar com meus pais. Vou tirar esse dragão daqui. Nem que para isso eu tenha que
roubá-lo. — Comentou determinado, fazendo o maior sorrir.

O silêncio caiu sobre os dois, e então Hadrian se tocou de como estavam. Bill segurava
fortemente sua cintura, prensando seus corpos, as mãos de Hadrian estavam espalmadas sobre o
peito forte do mais velho e seu rosto perigosamente próximo do maior. Ele podia sentir o hálito
quente do ruivo contra o seu rosto, podia sentir seu coração começando a acelerar no seu peito, sua
respiração começando a pesar. Ele próprio não estava muito diferente, a diferença era que suas
bochechas estavam muito vermelhas.

— B-Bill... — Chamou envergonhado.

Talvez esse fora o seu erro. Ou não. Pois o ruivo apertou ainda mais sua cintura e uniu seus
lábios num beijo voraz. Imediatamente o moreno derreteu de contentamento, um gemido escapou
de sua garganta e fora abafado pelos lábios e língua do maior. Bill pareceu rosnar no fundo de sua
garganta conforme andava para frente até que prensou o garoto contra uma estante cheia de livros.
Suas mãos desceram da cintura para as nádegas fartas de Hadrian, logo o impelindo para cima,
fazendo o moreno pular e circular a cintura do ruivo com as pernas enquanto os braços cercavam o
pescoço alheio.

O beijo era cheio de luxuria e desejo, as línguas travavam uma batalha em suas bocas, as
grandes mãos do ruivo apertaram com força a bunda do moreno, fazendo-o gemer ainda mais. Eles
sentiam-se no céu, o contentamento por finalmente estarem unidos, o calor confortável no coração,
a felicidade das borboletas nos estômagos. Hadrian agarrou os fios ruivos de Bill e os apertou com
força, fazendo-o gemer contra seus lábios. Quando eles se separam, ambos estavam ofegantes, com
os lábios inchados e vermelhos. Encostaram as testas uma na outra e ficaram em silêncio,
apreciando a companhia um do outro com os olhos fechados, acalmando as respirações e os
batimentos acelerados.

— Um dia e eu já consigo mais dois Weasley. — Hadrian brincou, ambos sorriram divertidos.

— A culpa é sua por ser absurdamente encantador. — Bill afastou o rosto para poder olhá-lo nos
olhos. — Dois? — Franziu o cenho curioso.

— Charlie também deu a iniciativa hoje mais cedo. — Hadrian sorriu malicioso. — Não esperava
que os dois irmãos mais velhos seriam tão cativantes e pecaminosos. — Mordeu o lábio inferior,
ficando contente ao ver o ruivo acompanhar seus movimentos com os olhos azuis muito atentos.

— E eu não esperava que me interessaria pelo namorado dos meus irmãos. — Admitiu presunçoso.

— Nunca corte seus cabelos. — Hadrian pediu ao lembrar-se de Molly mais cedo, acariciando-os
com carinho. — Eu me repito: eu adoro seus cabelos.

— Eu não os cortaria nem morto. — Admitiu com um sorriso vitorioso. — Fico contente em saber
que aprecia minha aparência.

— Você está brincando comigo? — Perguntou com uma falsa incredulidade. — Querido, você é
praticamente o pecado personificado. — O sorriso de Bill se alargou ainda mais. — Aposto que
você tem todos a seus pés.

— Eu só desejo uma pessoa de joelhos. — Sussurrou no ouvido do moreno, que estremeceu de


prazer. Um estalo os deixou em pânico, eles soltaram-se e arrumaram os cabelos e as roupas, as
bochechas extremamente coradas enquanto as portas se abriam e Unvirm surgiu no campo de visão
com mais outros quatro goblins e seus pais. Hadrian compreendeu a vergonha de vários outros
adolescentes por serem pegos pelos pais em momentos “constrangedores”.
Capítulo 96
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Os dois dias que ficariam com os Weasley foram muito divertidos. Bill e Charlie cortejavam
Hadrian e roubavam-lhe beijos quando estavam sozinhos. Os garotos passavam o dia limpando os
jardins dos gnomes, jogando quidditch ou brincando com as invenções dos gêmeos. Sem contar
nos amassos que os namorados davam conforme encontravam um momento a sós. Ron fazia o seu
máximo para não enlouquecer perto das “bixas nojentas”.

— Gente, olhe as horas! — Molly exclamou subitamente, consultando o relógio de pulso depois do
jantar. — Vocês deviam estar na cama, todos vocês, vão ter que acordar quase de madrugada para
ir à Copa. Hadrian, Draco, Colin, Dennis e Neville, se vocês deixarem as suas listas de material
escolar, eu compro tudo para vocês amanhã, no Diagon Alley. Vou comprar o dos meus meninos.
Talvez não haja tempo depois da Copa Mundial, da última vez o jogo durou cinco dias.

— Eu espero que não. — Disse Percy, virtuosamente. — Estremeço só de pensar no estado da


minha caixa de entrada se eu me ausentar cinco dias do trabalho.

— É, alguém poderia deixar bosta de dragão nela outra vez, hein, Percy? — Comentou Fred
sorridente.

— Aquilo foi uma amostra de fertilizante da Noruega! — Protestou Percy, corando. — Não foi
nada pessoal!

— Foi. — Cochichou Fred para Hadrian, quando eles se levantavam da mesa. — Fomos nós que
mandamos.
— Hora de levantar, Hadrian, querido. — Molly sussurrou, se afastando para acordar Draco.
Hadrian se levantou para ajudar a mulher a acordar os outros garotos no seu quarto. Ainda estava
escuro lá fora. Dennis resmungou alguma coisa quando a mulher o acordou.

— Já está na hora? — Perguntou Draco tonto de sono.

Os garotos se vestiram em silêncio, demasiados sonolentos para falar, depois, bocejando e se


espreguiçando, eles desceram as escadas rumo à cozinha. Molly estava mexendo o conteúdo de um
grande tacho em cima do fogão, enquanto Arthur, sentado à mesa, verificava um maço de grandes
bilhetes de entrada em pergaminho. Ergueu os olhos quando os garotos chegaram e abriu os braços
para eles poderem ver melhor suas roupas. Vestia algo que parecia um suéter de golfe e jeans
muito velho, ligeiramente grandes para ele, seguras por um grosso cinto de couro.

— Que é que vocês acham? — Perguntou ansioso. — Temos que ir incógnitos: estou parecendo
um muggle, Hadrian?

— Está. — Aprovou sorrindo — Muito bom.

— Onde estão Bill, Charlie e Percy? — Perguntou Neville, incapaz de reprimir um enorme bocejo
enquanto Fred e George se juntava a eles.

— Ora, eles vão aparatar, certo? — Molly respondeu, carregando um panelão para cima da mesa e
começando a servir o mingau de aveia nos pratos fundos. — Logo, eles podem dormir mais um
pouco. — Todos se acomodaram à mesa e começaram a se servir de mingau. Ouviram-se passos no
corredor, e Ron entrou na cozinha, pálido e cheio de preguiça.

— Por que temos que levantar tão cedo? — Perguntou Ron, esfregando os olhos e se sentando à
mesa.

— Temos que andar um bom pedaço. — Respondeu Arthur.

— Andar? — Espantou-se Dennis. — O quê, vamos a pé para a Copa Mundial?

— Não, não. A Copa vai ser a quilômetros daqui. — Arthur disse sorrindo. — Só precisamos
andar um pedacinho. É que é muito difícil um grande número de bruxos se reunir sem chamar a
atenção dos muggles. Temos que tomar muito cuidado com o modo de viajar até em tempos
normais e numa ocasião grandiosa como a Copa Mundial de Quidditch...

— Bom, divirtam-se. — Desejou Molly enquanto Nyx subia nos ombros de Hadrian e Hera nos de
Colin. — Vou mandar Bill, Charlie e Percy por volta do meio-dia. — Avisou ao marido quando
ele, Hadrian, Draco, Dennis, Colin, Neville, Tom, Fred, George e Ron começaram a atravessar o
gramado escuro.

Fazia frio e a lua ainda estava no céu. Apenas um esverdeado-claro no horizonte, à direita
deles, denunciava que em breve amanheceria. O grupo caminhava pela vereda escura e úmida que
levava ao povoado, o silêncio quebrado apenas pelo eco de seus passos. O céu foi clareando muito
devagarinho quando eles atravessaram o povoado, o azul-tinta se dissolvendo em azul-escuro. As
mãos e os pés de Hadrian estavam congelados, Arthur não parava de consultar o relógio. Eles já
estavam sem fôlego para conversar quando começaram a subir o morro Stoatshead, tropeçavam
ocasionalmente em tocas de coelho escondidas, escorregavam em grossos tufos de grama escura.
Cada vez que Hadrian inspirava sentia o peito arder e suas pernas já começavam a se recusar a
andar quando finalmente seus pés pisaram em terreno nivelado.

— Whew! — Ofegou o homem, tirando os óculos e secando-os no suéter. — Bom, fizemos um


bom tempo, ainda temos dez minutos... Agora só precisamos da Portkey. — Disse repondo os
óculos e apurando a vista para esquadrinhar o terreno. — Não deve ser grande... Vamos... — Eles
se espalharam para procurá-la. E estavam nisso havia poucos minutos, quando um grito cortou o ar
parado.

— Aqui, Arthur! Aqui, filho, achamos! — Dois vultos altos surgiram recortados contra o céu
estrelado, do outro lado do cume do morro.

— Amos! — Exclamou Arthur, encaminhando-se sorridente para o homem que gritara, os garotos
o acompanharam. O homem ruivo apertou as mãos de um bruxo de rosto corado, com uma barba
castanha e curta, que segurava em uma das mãos uma bota velha de aparência mofada. — Este é
Amos Diggory, pessoal. — Apresentou-o. — Trabalha no Departamento para Regulamentação e
Controle das Criaturas Mágicas. E acho que vocês conhecem o filho dele, Cedric? — Cedric
Diggory era um rapaz muito bonito de uns dezessete anos. Era capitão e apanhador do time de
quidditch da Hufflepuff, em Hogwarts. Ele parecia ter alguma queda por Hadrian, pois, como
agora, ele sempre corava quando via o moreno.

— Oi. — Disse Cedric olhando para os garotos, demorando-se em Hadrian. Todos retribuíram o
cumprimento.

— Uma longa caminhada, Arthur? — Perguntou Amos Diggory.

— Não foi tão ruim assim. — Respondeu. — Moramos logo ali do outro lado do povoado. E você?

— Tivemos que nos levantar às duas, não foi, Ced? Confesso que vou ficar satisfeito quando ele
passar no exame de aparatação. Mas... Não estou me queixando... A Copa Mundial de Quidditch,
eu não a perderia nem por um saco de galeões, e é mais ou menos quanto custam as entradas. Mas,
pelo visto, parece que me saiu barato... — Amos Diggory mirou bem-humorado os garotos. — São
todos seus, Arthur?

— Ah, não, só os ruivos. — Esclareceu apontando os filhos. — Este é Hadrian, namorado dos
gêmeos, com Draco, Neville, Tom e Colin, outros namorados. E este é o irmãozinho de Colin,
Dennis.

— Pelas barbas de Merlin! — Exclamou Amos Diggory arregalando os olhos. — Hadrian?


Hadrian Potter?

— Hum... É. — Respondeu o garoto. Hadrian estava habituado às pessoas o olharem curiosas


quando o conheciam, habituado à corrida instantânea do olhar delas à cicatriz em forma de raio em
sua testa, mas isto sempre o constrangia.

— Ced nos falou de você, naturalmente. — Disse Amos Diggory. — Nos contou tudo sobre a
partida que jogaram com vocês no ano passado... Eu disse a ele: Ced, isto vai ser uma história para
contar aos seus netos, ah, vai... Você derrotou Hadrian Potter! — Hadrian não conseguiu pensar em
nenhuma resposta a esse comentário, por isso ficou calado. Cedric pareceu ligeiramente
encabulado.

— Hadrian caiu da vassoura, pai. — Murmurou ele. — Contei a você... Foi um acidente...

— É, mas você não caiu, não é mesmo? — Rugiu Amos jovialmente, dando uma palmada nas
costas do filho. — Sempre modesto, o nosso Ced, sempre cavalheiro... Mas venceu o melhor, tenho
certeza de que Hadrian diria o mesmo, não é? Um cai da vassoura, um continua montado, não é
preciso ser gênio para saber quem voa melhor!

— Deve estar quase na hora. — Arthur disse depressa, puxando o relógio do bolso mais uma vez.
— Você sabe se temos que esperar mais alguém, Amos?

— Não, os Lovegood já estão lá há uma semana e os Fawcett não conseguiram entradas. —


Respondeu. — Não tem mais gente nossa na área, tem?

— Não que eu saiba. É, falta um minuto... É melhor nos prepararmos... — Ele olhou para Dennis e
Colin. — Vocês só precisam tocar na Portkey, só isso, basta um dedo...

Com dificuldade, por causa das volumosas mochilas, todos se agruparam em torno da velha
bota que Amos Diggory segurava. Eles ficaram parados ali, num círculo fechado, sentindo a brisa
gélida que varria o cume do morro. Ninguém falava. De repente ocorreu a Hadrian como pareceria
estranho se um muggle subisse até ali naquele momento... Doze pessoas, dois sendo adultos,
segurando uma bota velha de pano, ao amanhecer, esperando...

— Três... — Arthur murmurou, com o olho ainda no relógio. — Dois... Um...

Aconteceu instantaneamente. Hadrian teve a sensação de que um gancho dentro do seu


umbigo fora irresistivelmente puxado para a frente. Seus pés deixaram o chão; ele sentiu Colin e
Dennis de cada lado, os ombros se tocando; todos avançavam vertiginosamente em meio ao uivo
do vento e ao rodopio de cores; seu dedo indicador estava grudado na bota como se ela o atraísse
magneticamente para a frente, e então... Seus pés bateram no chão; Colin deu um encontrão nele e
caiu; a Portkey despencou no chão do lado da cabeça dele com um baque forte. Hadrian ergueu os
olhos. Arthur, Amos e Cedric continuavam parados, embora com a aparência de terem sido
varridos pelo vento; os demais estavam caídos no chão, nauseados. Nyx e Hera se apertaram
perigosamente no corpo de Hadrian e Colin, quase dando um “abraço da morte” neles com o medo
de saírem voando para longe.

— Você está bem? — Hadrian perguntou preocupado ao ajudar Colin a levantar-se e limpar suas
roupas.

— Estou. — Sorriu para o namorado, o tranquilizando. Hadrian Ajudou Dennis a se levantar em


seguida. Tom ajudou Draco a se levantar e os gêmeos ajudaram Neville.

— Isso foi horrível. — O menor resmungou enquanto limpava as roupas.

— O sete e cinco chegando do morro Stoatshead — Anunciou uma voz.

Tinham chegado, pelo que parecia, a um trecho deserto de uma charneca imersa em névoa.
Diante deles havia dois bruxos cansados, com cara de rabugentos, um dos quais segurava um
grande relógio de ouro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena. Ambos estavam
vestidos como muggles, embora sem muita habilidade; o homem do relógio usava um terno de
tweed com botas de borracha até as coxas; o colega, um saiote escocês e um poncho.

— Bom-dia, Basil. — Arthur cumprimentou, apanhando a bota que os transportara e entregando-a


ao bruxo de saiote, que a atirou em uma grande caixa de Portkey usadas, a um lado; Hadrian viu,
entre elas, um jornal velho, latas de bebidas vazias e uma bola de futebol furada.

— Olá, Arthur. — Disse Basil em tom entediado. — Não está de serviço, não é? Tem gente que se
dá bem... Estivemos aqui a noite toda... É melhor você desimpedir o caminho, temos um grupo
grande chegando da Black Forest às cinco e quinze. Espere um pouco, me deixe ver onde é que
você vai ficar... Weasley... Weasley... — Ele consultou a lista no pergaminho. — A uns
quatrocentos metros para aquele lado, primeiro acampamento que você encontrar. O gerente é o
senhor Roberts. Diggory... Segundo acampamento... Pergunte pelo senhor Payne.

— Obrigado, Basil. — Arthur fez sinal para todos o acompanharem.

Eles saíram pela charneca deserta, incapazes de distinguir muita coisa através da névoa.
Passados uns vinte minutos, avistaram uma casinha de pedra ao lado de um portão. Mais além,
Hadrian pôde distinguir mal e mal as formas fantasmagóricas de centenas de barracas, montadas na
ondulação suave de um grande campo, no rumo de uma floresta escura no horizonte. Eles se
despediram dos Diggory e se aproximaram da casa. Havia um homem parado à porta,
contemplando as barracas. Hadrian soube só de olhar que aquele era o único muggle legítimo numa
área de muitos hectares. Quando o muggle ouviu os passos do grupo, virou a cabeça para olhá-los.

— Dia! — Arthur cumprimentou animado.

— Dia — Disse o muggle.

— O senhor seria o senhor Roberts?

— É, seria. — Respondeu o senhor Roberts. — E quem é o senhor?

— Weasley, uma barraca reservada há uns dois dias?

— Certo — Confirmou o senhor Roberts, consultando uma lista pregada à porta. — O lugar é lá
perto da floresta. Só uma noite?

— Isso. — Respondeu.

— O senhor vai pagar agora, então? — Perguntou o senhor Roberts.

— Ah... Certo... É claro. — Arthur se afastou um pouco da casa e fez sinal a Hadrian para
acompanhá-lo. — Me ajude, Hadrian. — Murmurou, puxando do bolso um rolinho de dinheiro de
muggle e começando a separar as notas. — Está aqui é de... De... De dez? Ah é, vejo agora que
tem um numerozinho... Então esta é de cinco?

— De vinte. — Corrigiu-o Hadrian falando baixo, incomodamente consciente de que o senhor


Roberts estava tentando ouvir cada palavra que diziam.

— Ah é, é mesmo... Não sei, esses pedacinhos de papel...

— É estrangeiro? — Perguntou o senhor Roberts, quando Arthur voltou com o dinheiro certo.

— Estrangeiro? — Repetiu o bruxo, intrigado.

— O senhor não é o primeiro que se atrapalha com o dinheiro. — Disse o gerente, observando
Arthur atentamente. — Tive dois querendo me pagar com grandes moedas de ouro do tamanho de
calotas de automóvel faz uns dez minutos.

— Sério? — Perguntou Arthur nervoso. O senhor Roberts vasculhou uma lata à procura de troco.

— Nunca esteve tão cheio. — Disse ele de repente, voltando outra vez o olhar para o campo
enevoado. — Centenas de reservas. As pessoas em geral aparecem sem aviso...

— Verdade? — Exclamou Arthur, a mão estendida à espera do troco, mas o senhor Roberts não
lhe deu nenhum.
— É. — Disse pensativo. — Gente de toda parte. Montes de estrangeiros. E não são só
estrangeiros. Gente esquisita, sabe? Tem um sujeito andando por aí de saiote e poncho.

— E não devia? — Perguntou ansioso.

— Parece que é uma espécie de... Sei lá... Uma espécie de convenção. — Comentou o senhor
Roberts. — Parece que todos se conhecem. Como numa grande festa. — Naquele momento, um
bruxo de bermudão largo materializou-se do nada ao lado da porta da casa do senhor Roberts.

— Obliviate! — Disse ele bruscamente, apontando a varinha para o senhor Roberts.


Instantaneamente os olhos do senhor Roberts saíram de foco, suas sobrancelhas se desfranziram e
um olhar de vaga despreocupação cobriu o seu rosto. Hadrian reconheceu os sintomas de alguém
que acabara de ter a memória alterada. A indignação começou a borbulhar no fundo do peito do
garoto, o estatuto do sigilo existis por um bom motivo, se vários bruxos inconsequentes lançassem
o Memory Charm repetidamente nesse homem ele acabaria por ser prejudicado permanentemente.

— Um mapa do acampamento para o senhor. — Disse o homem, placidamente, a Arthur. — E o


seu troco.

— Muito obrigado. — O bruxo de bermudão acompanhou o grupo em direção ao portão do


acampamento. Parecia exausto; a barba por fazer azulava seu queixo e havia olheiras roxas sob
seus olhos. Uma vez longe do raio de audição do gerente, ele murmurou para Arthur:

— Estou tendo um bocado de problemas com ele. Precisa de um Memory Charm dez vezes por dia
para ficar feliz. E Ludo Bagman não está ajudando. Anda por aí falando em balaços e goles a
plenos pulmões, sem a menor preocupação com a segurança anti-muggles. Porra, vou gostar
quando isso terminar. Vejo você mais tarde, Arthur. — E desaparatou.

— Pensei que o senhor Bagman fosse chefe de Jogos e Esportes Mágicos. — Disse Fred parecendo
surpreso. — Devia ter mais juízo e parar de falar de balaços perto de muggles, não devia?

— Devia. — Arthur concordou, sorrindo e passando com os garotos pelo portão do acampamento.
— Mas Ludo sempre foi um pouco... Bem... Displicente com a segurança. Mas não se poderia
desejar um chefe mais entusiasta para o Departamento de Esportes. Ele jogou quidditch pela
Inglaterra, sabem. E foi o melhor batedor do Wimbourne Wasps que o time já teve.

Eles avançaram lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas. A maioria parecia
quase normal; os donos tinham visivelmente tentado o possível para fazê-las parecer equipamento
de muggle, embora tivessem cometido alguns deslizes ao acrescentarem chaminés ou cordões de
sinetas ou cata-ventos. Porém, aqui e ali, havia uma barraca tão obviamente mágica que Hadrian
não se surpreendia que o senhor Roberts estivesse desconfiado. Lá para o meio do campo, havia
uma extravagante produção de seda listrada como um palácio em miniatura, com vários pavões
vivos amarrados à entrada. Um pouco adiante, eles passaram por uma barraca que tinha três
andares e várias torrinhas; e, mais além, havia uma outra com um jardim anexo, completo, com
banho para passarinhos, relógio de sol e fonte.

— Sempre os mesmos. — Arthur comentou sorrindo. — Não conseguimos deixar de nos exibir
quando nos reunimos. Ah, lá está, olhem, aquela é a nossa. — Tinham alcançado a orla da floresta
no alto do campo, e ali havia uma área livre com um pequeno letreiro enfiado no chão em que se
lia “WEEZLY”. — Não podíamos ter ganhado um lugar melhor! — Exclamou feliz. — O campo
preparado para as partidas é logo do outro lado da floresta, estamos o mais perto que poderíamos
estar. — Ele descarregou a mochila dos ombros. — Certo. — Disse excitado. — Rigorosamente
falando, nada de mágicas, não quando estamos no mundo dos muggles em tão grande número.
Vamos armar estas barracas à mão! Não deve ser muito difícil... Os muggles fazem isso o tempo
todo... Tome, Hadrian, por onde você acha que devo começar?

Hadrian nunca acampara na vida; os Dursley nunca o haviam levado em férias, preferindo
deixá-lo com a senhora Figg, uma velha vizinha. No entanto, ele Colin e Dennis descobriram como
distribuir os paus e as estacas, e embora Arthur atrapalhasse mais do que ajudasse, porque ficara
excitadíssimo quando precisaram usar o martelo, eles finalmente conseguiram erguer a barraca
modesta para duas pessoas.

Todos se afastaram para admirar a habilidade manual deles. Ninguém que visse aquelas
barracas teria adivinhado que pertenciam a bruxos, pensou Hadrian, mas o problema era que
quando Bill, Charlie e Percy chegassem, eles formariam um grupo de treze pessoas. Dennis parecia
ter identificado esse problema, também; lançou a Hadrian e ao irmão um olhar cômico quando
Arthur ficou de quatro e entrou na barraca.

— Vamos ficar meio apertados. — Comentou ele — Mas acho que vai dar para nos espremermos.
Venham dar uma olhada.
Capítulo 97
Chapter Notes

IMPORTANTE! Fizemos uma enquete para vocês opinarem sobre trabalhos futuros
que planejamos fazer. Por favor deem suas opiniões.
https://www.ferendum.com/pt/PID1877269PSD1353433843

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Hadrian se abaixou, passou por baixo da aba de entrada. Entrara em uma barraca que parecia
um apartamento antigo de três quartos, completo, com banheiro e cozinha. E o que era curioso,
estava mobiliado no mesmíssimo estilo que o da senhora Figg; havia capas de crochê nas poltronas
sem par e um forte cheiro de gatos.

— Bom, não é para muito tempo. — Disse Arthur, secando a careca com um lenço e espiando os
quatro beliches que havia no quarto. — Pedi a barraca emprestada ao Perkins, lá do escritório. Ele
não acampa muito atualmente, coitado, está com lumbago. — Apanhou uma chaleira empoeirada e
espiou dentro. — Vamos precisar de água...

— Tem uma torneira assinalada no mapa que o muggle nos deu. — Disse Ron, que seguira
Hadrian para dentro da barraca. — Fica do outro lado do campo.

— Bom, então por que você, Hadrian e Draco não vão apanhar um pouco de água... — O bruxo
entregou aos garotos a chaleira e duas caçarolas. — E eu, Fred e George vamos apanhar lenha para
fazer uma fogueira, enquanto Colin, Dennis, Neville e Tom nos esperam? — Tom deu graças a
Merlin por não ter que se misturar com a multidão enlouquecida. Ele realmente odiava tumulto, e
pessoas.

— Mas temos um forno. — Lembrou Ron — Por que não podemos...?

— Ron, segurança anti-muggles! — Arthur disse, o rosto brilhando de expectativa. — Quando os


muggles de verdade acampam, eles cozinham em fogueiras ao ar livre, já os vi fazendo isso!

Depois que todos se instalaram e de Arthur transfigurar pedrinhas em mais beliches e uma
cama de solteiro para si, Hadrian, Draco e Ron atravessaram o acampamento levando as vasilhas.
Agora, com o sol de fora e a névoa se dissipando, eles puderam ver a cidade de lona que se
estendia para todas as direções. Caminharam lentamente entre as fileiras de barracas, espiando tudo
com interesse.

Os primeiros a dar sinal de vida foram as famílias com crianças pequenas; Hadrian nunca
vira bruxos tão pequenos antes. Um pirralhinho, que não tinha mais de dois anos, estava agachado
do lado de fora de uma barraca em forma de pirâmide, empunhando uma varinha com a qual
cutucava, feliz, um caramujo na grama, que ia ganhando lentamente o tamanho de um salame.
Quando se emparelharam com ele, a mãe saiu correndo da barraca.

— Quantas vezes, Kevin? Não pode... Mexer... Na... Varinha... Do papai, putz! — Ela pisou no
enorme caramujo, estourando-o. A bronca acompanhou os garotos pelo ar parado, se misturando
aos gritos do garotinho:

— Você acabou calamujo! Você acabou calamujo!

Um pouco mais adiante, eles viram duas bruxinhas, pouco mais velhas do que Kevin,
cavalgando vassouras de brinquedo que se elevavam o suficiente para os dedos dos pés das
meninas rasparem a grama orvalhada. Um bruxo do Ministério já as vira; quando passou correndo
por Hadrian, Draco e Ron, murmurava agitado:

— Em plena luz do dia! Os pais devem estar cochilando, suponho...

Aqui e ali bruxos e bruxas adultos saíam das barracas e começavam a preparar o café da
manhã. Alguns, lançando olhares furtivos para os lados, conjuravam fogueiras com as varinhas;
outros acendiam fósforos com ar de dúvida, como se tivessem certeza de que aquilo não ia
funcionar. Três bruxos africanos conversavam sentados, trajando longas vestes brancas, enquanto
assavam uma carne que parecia coelho sobre uma fogueira púrpura berrante; um grupo de bruxas
americanas de meia-idade fofocava alegremente sob a bandeira estrelada que elas haviam estendido
entre as barracas, na qual se lia “Instituto das Bruxas de Salem”. Hadrian captava fragmentos de
conversas em línguas estranhas que saíam das barracas pelas quais passavam, e embora não
conseguisse entender uma única palavra, o tom das vozes era de excitação.

Caminhando mais adiante, eles tinham entrado em uma área em que as barracas estavam
cobertas por uma camada de trevos, dando a impressão de que morrotes de formas estranhas
haviam brotado da terra. Viam-se rostos sorridentes nas barracas com a aba da entrada erguida.
Então, às costas, os garotos ouviram alguém os chamar, lá encontraram Seamus Finnigan, colega
de quarto de Ron e Neville.

Mais adiante, onde a bandeira da Bulgária (vermelha, verde e branca) tremulava à brisa,
começava a área dos torcedores para a Bulgária. As barracas não estavam enfeitadas com plantas,
mas cada uma exibia o mesmo pôster, um pôster com um rosto muito carrancudo com grossas
sobrancelhas negras. A foto, é claro, se mexia, mas apenas para piscar os olhos e franzir a testa.

— Krum. — Disse Ron em voz baixa.


— Quê? — Hadrian perguntou.

— Krum! — Ron repetiu. — Viktor Krum, o apanhador búlgaro!

— Ele parece bem rabugento. — Comentou Draco, olhando para os muitos Krums que piscavam e
franziam a testa para eles.

— Bem rabugento? — Ron olhou para o céu. — Quem se importa com a cara dele? Ele é incrível!
E é bem jovem, também. Tem uns dezoito anos, por aí. É um gênio, espere até ver hoje à noite.

Já havia uma pequena fila à torneira no canto do acampamento. Hadrian e Draco entraram
logo atrás de dois homens que discutiam acaloradamente. Um deles era um bruxo muito velho que
usava uma longa camisola florida. O outro era visivelmente um bruxo do Ministério; este segurava
calças listradas e quase chorava de exasperação.

— Vista as calças, Archie. Seja bonzinho. Você não pode andar por aí vestido assim, o muggle no
portão já está ficando desconfiado...

— Comprei isso numa loja de muggles. — Defendeu-se o velho bruxo, teimando. — Os muggles
usam isso.

— Mulheres muggles usam isso, Archie. Não os homens. Eles usam isto aqui. — Disse o bruxo do
Ministério mostrando as calças listradas.

— Não vou vestir isso. — Retrucou o velho bruxo indignado. — Gosto de sentir uma brisa
saudável nas minhas partes, obrigado.

Ron foi tomado por um acesso de riso, nessa hora, que precisou sair da fila e só voltou
depois que Archie tinha se abastecido de água e foram embora. Caminhando mais devagar agora,
por causa do peso da água, os garotos tornaram a atravessar o acampamento. Aqui e ali, eles viam
rostos mais familiares: outros alunos de Hogwarts com as famílias. Marcus Flint, o ex-capitão de
quidditch do time da Slytherin, que terminara os estudos em Hogwarts, arrastou Hadrian até a
barraca dos pais para apresentá-lo. Depois eles foram saudados por Ernie Macmillan, um
quartanista da Hufflepuff, e, mais adiante, viram Cho Chang, uma garota que jogava como
apanhadora no time da Ravenclaw. Ela acenou e sorriu para Hadrian, que retribuiu o aceno.

— Vocês demoraram uma eternidade. — Comentou George, quando eles finalmente chegaram às
barracas dos Weasley.

— Encontramos alguns conhecidos. — Disse Ron, pousando as vasilhas de água. — Você ainda
não acendeu a fogueira?

— Pai está se divertindo com os fósforos. — Disse Fred.

Arthur não estava tendo o menor sucesso em acender a fogueira, mas não era por falta de
tentativas. Fósforos partidos coalhavam o chão ao seu redor, mas ele parecia estar se divertindo
como nunca.

— Ih! — Exclamou ele, ao conseguir acender um fósforo, mas largou-o na mesma hora no chão,
surpreso.

— Deixa eu te ajudar, senhor Weasley. — Disse Dennis bondosamente, mesmo que antes estivesse
se divertindo ao ver o sofrimento do homem, tirando a caixa das mãos dele e começando a mostrar
como fazer fogo direito.

Finalmente, eles acenderam a fogueira, embora levasse no mínimo mais uma hora até ela
esquentar o suficiente para cozinhar alguma coisa. Mas havia muito que ver enquanto esperavam.
A barraca deles estava armada ao longo de uma espécie de rua de acesso ao campo de quidditch,
por onde funcionários do Ministério corriam para cima e para baixo, cumprimentando
cordialmente Arthur ao passar. O homem ruivo fazia comentários contínuos, principalmente para
benefício de Colin e Dennis; os outros já conheciam bastante o Ministério para se interessar.

Todos estavam conversando distraidamente quando um enorme cachorro preto se jogou


contra Hadrian e começara a lamber o seu rosto desesperadamente. O garoto só conseguiu rir, junto
com sua família e amigos; e Ron. Os Malfoy chegaram acompanhados de Remus e Severus. Assim
como Tom, o pocionista estava odiando a multidão.

— Padfoot! — Hadrian conseguiu fazer seu padrinho se afastar. O homem voltou a sua forma
humana e o agarrou num abraço apertado.

— Senti saudades, Hazz. — Sirius o apertou.

— A... Ar... — Hadrian suplicava com a voz abafada pelo peito do homem.

— Deixe o garoto respirar, Sirius. — Severus puxou o animagus pelo colarinho da camiseta.

— Obrigado... — Normalizava a respiração.

Os recém-chegados se juntaram ao grupo ao redor da fogueira e começaram a conversar


animadamente. Alguns bruxos olhavam meio surpresos com a amizade dos Weasley e Malfoy
depois de anos de inimizade. Finalmente, a fogueira ficou pronta e eles já haviam começado a
preparar salsichas com ovos quando Bill, Charlie e Percy saíram caminhando da floresta para se
reunirem à família.

— Acabei de aparatar, pai. — Disse Percy em voz alta. — Ah, que excelente almoço! — Já haviam
comido metade das salsichas com ovos quando Arthur se levantou de um salto, acenando e sorrindo
para um homem que vinha em sua direção.

— Aha! — Exclamou ele. — O homem do momento! Ludo!

Ludo Bagman era, sem eufemismo, o homem mais chamativo que Hadrian já vira na vida,
até mesmo incluindo nessa conta o velho Archie com sua camisola florida. Usava longas vestes de
quidditch com grandes listras horizontais amarelas e pretas. Uma enorme estampa de uma vespa
tomava todo o seu peito. Tinha a aparência de um homem corpulento que parara de se exercitar;
suas vestes estavam muito esticadas por cima da enorme barriga, que certamente não existia na
época em que ele jogava quidditch pela Inglaterra. Seu nariz era achatado (“Provavelmente
quebrado por algum balaço errante.”, pensou Hadrian), mas os redondos olhos azuis, os cabelos
louros curtos e a pele rosada o faziam parecer um menino de escola que crescera demais.

— Olá, pessoal! — Exclamou Bagman alegremente. Andava como se tivesse molas nas solas dos
pés, era visível que estava num estado de extrema excitação. — Arthur, meu velho. — Ofegou ele,
ao chegar à fogueira. — Que dia, hein? Será que podíamos ter desejado um tempo mais perfeito?
Uma noite sem nuvens... E quase nenhum problema na programação... Quase nada para eu fazer!

Por trás dele, um grupo de bruxos do Ministério, de cara exausta, passou apressado,
apontando para a evidência distante de algum tipo de fogueira mágica que disparava faíscas
violetas a seis metros de altura. Percy adiantou-se rapidamente com a mão estendida. Pelo jeito o
fato de desaprovar o modo de Ludo Bagman dirigir o departamento, não o impedia de querer
causar boa impressão.

— Ah... Sim. — Arthur disse sorrindo. — Este é o meu filho, Percy, começou a trabalhar no
Ministério agora, e este é Fred. Não, George. Desculpe, esse é o Fred... Bill, Charlie, Ron, Draco
Malfoy, Colin Prince, Neville Longbottom, Tom Riddle. Os namorados de Hadrian Potter. E o
irmãozinho de Colin, Dennis. — De maneira discretíssima, Bagman olhou uma segunda vez ao
ouvir o nome de Hadrian, e seus olhos deram a conhecida espiada na cicatriz na testa do garoto. —
Pessoal. — Continuou. — Este é Ludo Bagman, vocês sabem quem ele é. —— Bagman abriu um
sorriso de lado a lado do rosto e fez um gesto com a mão significando que não fora nada.

— Quer arriscar uma apostinha no jogo, Arthur? — Perguntou ele ansioso, sacudindo, ao que
parecia, um bocado de ouro nos bolsos das vestes amarelas e pretas. — Já aceitei a aposta de
Roddy Pontner de que a Bulgária vai marcar primeiro, ofereci a ele uma boa vantagem, levando
em conta que os três jogadores avançados da Irlanda são os mais fortes que já vi em anos, e a
pequena Agatha Timms apostou meia cota da fazenda de enguias de que a partida vai durar uma
semana.

— Ah... Vá lá, então. — Disse Arthur. — Vejamos... Um galleon na vitória da Irlanda?

— Um galleon? — Ludo Bagman pareceu ligeiramente desapontado, mas se recuperou: — Muito


bem, muito bem... Mais alguma aposta?

— Eles são um pouco jovens demais para andar jogando. — Disse Arthur. — Molly não gostaria...

— Nós apostamos trinta e sete galleons, quinze sickles e três knuts. — Disse Fred, ao mesmo
tempo em que ele e George juntavam rapidamente todo o dinheiro que tinham. — Que a Irlanda
ganha, mas Viktor Krum captura o pomo. Ah, e damos uma varinha falsa de lambujem.

— Vocês não vão querer mostrar ao senhor Bagman esse lixo. — Sibilou Percy, mas o bruxo não
pareceu achar que a varinha era lixo; muito ao contrário, seu rosto de colegial iluminou-se de
excitação ao recebê-la das mãos de Fred e, quando a varinha deu um cacarejo e se transformou em
uma galinha de borracha, Bagman caiu na gargalhada.

— Excelente! Não vejo uma varinha tão convincente há anos! Eu pagaria cinco galleons por uma
dessas! — Percy ficou paralisado, numa atitude de indignada desaprovação.

— Meninos. — Arthur disse entre dentes. — Não quero vocês jogando... Isto é tudo que
economizaram... Sua mãe...

— Não seja estraga prazeres, Arthur! — Trovejou Ludo Bagman excitado, sacudindo as moedas
nos bolsos. — Eles já são bem grandinhos para saber o que querem! Vocês acham que a Irlanda
vai vencer, mas Krum vai capturar o pomo? Nem por milagre, moleques, nem por milagre... Vou
dar uma excelente vantagem nessa... E acrescentar mais cinco galleons por essa varinha marota,
concordam... — Arthur ficou olhando sem ação enquanto Ludo Bagman puxava um caderninho e
uma pena e começava a anotar os nomes dos gêmeos.

— Tchau. — Disse George, apanhando o pedaço de pergaminho que Bagman lhe estendia e
guardando-o no peito das vestes. Bagman virou-se animadíssimo para Arthur.

Eles conversaram mais um pouco até que Bartemius Crouch juntou-se a eles. O homem era
um bruxo que não poderia oferecer um contraste maior a Ludo Bagman, estirado na grama com as
vestes velhas do Wasp. Barty era um homem mais velho, formal, empertigado, vestido com um
terno e uma gravata impecáveis. A risca nos seus cabelos grisalhos e curtos era quase
absurdamente reta e o bigode fino de escovinha parecia ter sido aparado com uma régua. Seus
sapatos eram exageradamente lustrosos. Hadrian percebeu na hora por que Percy o idolatrava.
Percy acreditava piamente em obedecer às regras sem fazer concessões, e Crouch obedecera à
regra de se vestir como muggle tão rigorosamente que poderia ter passado por gerente de banco.
Hadrian duvidava que Vernon pudesse ter descoberto quem ele realmente era.

— Ludo, precisamos receber os búlgaros, sabe. — Disse Crouch bruscamente, cortando os


comentários de Bagman. — Obrigado pelo chá, Weatherby. — Ele devolveu a Percy a xícara de
chá intocada e esperou Ludo se levantar; Bagman se pôs em pé com dificuldade, virando o restinho
de chá, o ouro em seus bolsos tilintando alegremente.

— Vejo vocês todos mais tarde! — Disse ele. — Vão ficar no camarote de honra comigo, vou
comentar o jogo! — Ele acenou, Crouch fez um movimento rápido com a cabeça e os dois
desaparataram.
Capítulo 98
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

A atmosfera de excitação foi-se adensando como uma nuvem palpável sobre o


acampamento, à medida que a tarde avançava. À hora do crepúsculo, o próprio ar parado de verão
parecia estar vibrando de excitação, e quando a noite se estendeu como um toldo sobre os milhares
de bruxos que aguardavam, os últimos vestígios de fingimento desapareceram: o Ministério
pareceu se curvar ao inevitável e parou de combater os indisfarçáveis sinais de magia que agora
irrompiam por toda parte. Ambulantes aparatavam a cada metro, trazendo bandejas e empurrando
carrinhos cheios de extraordinárias mercadorias. Havia rosetas luminosas (verdes para a Irlanda,
vermelhas para a Bulgária) que gritavam os nomes dos jogadores, chapéus verdes cônicos
enfeitados com trevos dançantes, echarpes búlgaras adornadas com leões que rugiam de verdade,
bandeiras dos dois países que tocavam os hinos nacionais quando eram agitadas; havia miniaturas
de Firebolts, que realmente voavam, e figurinhas colecionáveis dos jogadores famosos, que
andavam se exibindo nas palmas das mãos.

— Guardei o meu dinheiro o verão todo para o dia de hoje. — Disse Ron para ninguém em
especial, quando ele, Hadrian, Draco, Colin, Dennis, Tom, Fred, George e Neville saíram
caminhando entre os vendedores comprando lembranças. Embora Ron já tivesse comprado um
chapéu com trevos dançantes e uma grande roseta verde, comprou também uma figurinha de
Viktor Krum, o apanhador búlgaro. O brinquedo andava para a frente e para trás na mão do garoto,
amarrando a cara para a roseta verde acima.

— Wow, olha só para isso! — Exclamou Dennis, correndo até um carrinho atulhado de coisas que
pareciam binóculos de latão, só que eram cheios de botões estranhos.
— Omnioculars. — Disse o vendedor pressuroso. — Você pode rever o lance... Passar ele em
câmara lenta... E ver uma retrospectiva lance a lance, se precisar. Pechincha: dez galleons um.

— Eu queria não ter comprado isso. — Disse Ron, indicando o chapéu com os trevos dançantes e
olhando, de olho comprido, para os Omnioculars.

— Nove. — Disse Hadrian com firmeza ao bruxo.

— Não... Não precisa. — Disse Ron ficando vermelho. Odiava o fato de que Hadrian tivesse muito
mais dinheiro do que ele, sua aversão ao garoto só aumentava conforme ele o tratava com
educação.

— Não vou te dar nada no Natal. — Disse Hadrian, empurrando os Omnioculars nas mãos do
ruivo, dos namorados e Dennis. Mesmo que Ron estivesse do lado de Dumbledore, Hadrian não
conseguia não ser legal com ele as vezes, não queria criar animosidades e brigas entre a família de
seus namorados ruivos. Conhecia muito bem o que era um ambiente familiar hostil, e não queria
isso para os Weasley. — Por uns dez anos, não se esqueça.

— É justo. — Disse Ron vermelho, rangendo os dentes para controlar o temperamento explosivo
que queria irromper de sua garganta com vários xingamentos.

— Aaah, obrigado, Hadrian. — Disse Dennis, o abraçando fortemente.

Com as bolsas de dinheiro bem mais leves, eles voltaram às barracas. Bill e Charlie também
estavam usando rosetas verdes, e Arthur carregava uma bandeira da Irlanda; Fred e George
ganharam suvenires da Irlanda graças a Hadrian. Então, eles ouviram um gongo, grave e
ensurdecedor, bater em algum lugar além da floresta e, na mesma hora, lanternas verdes e
vermelhas se acenderam entre as árvores, iluminando o caminho até o campo.

— Está na hora! — Exclamou Arthur, parecendo tão excitado quanto os garotos. — Andem logo,
vamos!

Agarrados às compras, Arthur à frente, todos correram para a floresta seguindo o caminho
iluminado pelas lanternas. Ouviam a algazarra de milhares de pessoas que se movimentavam à
volta deles, gritos, gargalhadas e trechos de canções. A atmosfera de excitação febril era
extremamente contagiosa. Caminharam pela floresta durante vinte minutos, conversando e
brincando em voz alta (menos Tom, ele estava odiando tudo aquilo, mas suportaria qualquer coisa
para estar junto de Hadrian e ver sua felicidade) até que finalmente emergiram do outro lado e se
viram à sombra de um gigantesco estádio. Embora Hadrian só pudesse ver partes das imensas
paredes douradas que cercavam o campo, ele podia afirmar que caberiam dentro dele, com folga,
umas dez catedrais.

— Tem capacidade para cem mil pessoas. — Arthur disse. — Uma força-tarefa do Ministério, com
quinhentas pessoas, trabalhou o ano inteiro. Há Feitiços Anti-muggles em cada centímetro. Todas
as vezes que, neste ano, os muggles se aproximavam da área, eles de repente se lembravam de
compromissos urgentes e precisavam sair correndo... — Acrescentou ele, se encaminhando para o
portão mais próximo, que já estava cercado por um enxame de bruxos e bruxas aos gritos.

— Lugares de primeira! — Exclamou a bruxa do Ministério ao portão, quando verificou as


entradas deles. — Camarote de honra! Suba direto, Arthur, o mais alto possível.

As escadas de acesso ao estádio estavam forradas com carpetes púrpura berrante. Eles
subiram com o resto da multidão, que aos poucos foi se dispersando pelas portas à direita e à
esquerda que levavam às arquibancadas. O grupo de Arthur continuou subindo e finalmente chegou
ao alto da escada, onde havia um pequeno camarote, armado no ponto mais alto do estádio e
situado exatamente entre as duas balizas de ouro. Umas vinte cadeiras douradas e púrpura tinham
sido distribuídas em duas filas.

Cem mil bruxos e bruxas iam ocupando os lugares que se erguiam em vários níveis em torno
do longo campo oval. Tudo estava banhado por uma misteriosa claridade dourada que parecia se
irradiar do próprio estádio. Ali do alto, o campo parecia feito de veludo. De cada lado havia três
aros de gol, a quinze metros de altura; do lado oposto ao que estavam, quase ao nível dos olhos de
Hadrian, havia um gigantesco quadro-negro. Palavras douradas corriam pelo quadro sem parar
como se uma gigantesca mão invisível as escrevesse e em seguida as apagasse; o quadro projetava
anúncios no campo.

Hadrian desgrudou os olhos do quadro e espiou por cima do ombro a ver quem mais dividia
o camarote com eles. Por ora estava vazio, exceto por uma criaturinha sentada na antepenúltima
cadeira na fila logo atrás. A criatura, cujas pernas eram tão curtas que ficavam esticadas para a
frente sem poder dobrar, usava uma toalha de chá drapejada, presa como uma toga, e tinha o rosto
escondido nas mãos. Contudo, aquelas compridas orelhas de morcego eram estranhamente
familiares...

— Dobby? — Perguntou Hadrian incrédulo. A criaturinha levantou a cabeça e entreabriu os dedos,


deixando aparecer enormes olhos castanhos e um nariz do tamanho exato de um tomatão.

— O senhor me chamou de Dobby? — Guinchou a house-elf cheia de curiosidade, por entre os


dedos. Sua voz era ainda mais aguda que a de Dobby, um fiapinho trêmulo de guincho, este era
uma das diferenças de um house-elf do sexo feminino.

— Desculpe. — Disse Hadrian a ela. — Achei que você era alguém que eu conhecia. Me chamo
Hadrian Tamish Potter, prazer.

— Compreendo, senhor. É uma honra conhecê-lo, Hadrian Tamish Potter. Meu nome é Winky.

— O que está fazendo aqui, Winky? Você não parece confortável.

— House-elves fazem o que são mandados fazer. Eu não estou gostando nem um pouco da altura,
senhor Potter... — Ela olhou para a borda do camarote e engoliu em seco. — Mas meu dono me
mandou para o camarote de honra e eu obedeço, meu senhor.

— Por que é que ele mandou você aqui, se sabe que você não gosta de alturas? — Perguntou
Hadrian franzindo a testa.

— Meu dono... Meu dono quer que eu guarde um lugar para ele, senhor Potter, ele está muito
ocupado. — Disse Winky, inclinando a cabeça para a cadeira vazia ao lado. Hadrian deixou sua
magia escanear os arredores e percebeu que tinha alguém sentado ali, oculto por uma Capa de
Invisibilidade. Ele iria ignorar a presença desse estranho, por hora. — Winky está querendo voltar
para a barraca do dono, senhor Potter, mas Winky é bem mandada, Winky é um bom house-elf. —
Ela lançou outro olhar assustado à borda do camarote e tornou a esconder completamente os olhos.
Hadrian se virou para os outros.

— Então isso é um house-elf? — Murmurou Ron carrancudo. — Esquisitos, não são? — Ron tirou
o Omnioculars e começou a testá-lo, observando a multidão embaixo, do lado oposto do estádio.
— Irado! — Disse ele, girando o botão lateral para fazer a imagem voltar. — Consigo ver aquele
velhote lá embaixo meter o dedo no nariz outra vez... Mais uma vez...E mais outra... —
Entrementes, Percy estava lendo superficialmente o programa que tinha borla e capa de veludo.
— Vai haver um desfile com as mascotes dos times antes da partida. — Leu ele em voz alta.

— Ah, a isso sempre vale a pena assistir. — Disse Arthur. — Os times nacionais trazem criaturas
da terra natal, sabem, para fazer farol.

O camarote foi-se enchendo gradualmente em volta deles durante a meia hora seguinte.
Arthur, Lucius e Hadrian não parava de apertar a mão de bruxos, obviamente muito importantes.
Percy levantou-se de um salto tantas vezes que até parecia que estava tentando sentar-se em cima
de um porco-espinho. Quando Cornelius Fudge, o Ministro da Magia, chegou, Percy fez uma
reverência tão exagerada que seus óculos caíram e se partiram. Muito encabulado, ele os consertou
com a varinha e dali em diante permaneceu sentado, lançando olhares invejosos a Hadrian, a quem
o Ministro cumprimentara como um velho amigo. Os dois já se conheciam e Fudge apertou a mão
de do Príncipe de Camelot com uma falsa alegria paternal, perguntou como ele estava e
apresentou-o aos bruxos de um lado e de outro. Nem parecia o velho que desdenhou de suas
capacidades dias atrás, tudo fingimento e atuação para se parecer uma melhor do que realmente era
aos olhos do público.

— Hadrian Tamish Potter, sabe. — Disse ele em voz alta ao Ministro búlgaro, que usava
esplêndidas vestes de veludo preto, enfeitadas com ouro, e aparentemente não entendia uma única
palavra de inglês. — Hadrian Tamish Potter... Ah, vamos, o senhor sabe quem é... O menino que
sobreviveu ao ataque de Você-Sabe-Quem... Tenho certeza de que o senhor sabe quem é... O lorde
mais jovem no Wizengamot... O herdeiro de dez famílias... Lord Black... Lord Potter... Príncipe
Pendragon... — “Pronto, virei um animal de zoológico ou um troféu a ser exibido.”, Hadrian
pensou com desgosto. O bruxo búlgaro, de repente, viu a cicatriz de raio e começou a algaraviar
em voz alta e excitada, apontando para a marca. — Sabia que íamos acabar chegando lá. — Disse
Fudge, esgotado, a Hadrian. — Não sou grande coisa para línguas, preciso de Barty Crouch nesses
encontros. Ah, vejo que o house-elf está guardando o lugar dele... Bem pensado, esses búlgaros
danados têm tentado arrancar da gente os melhores lugares...

— Ah, Fudge. — Disse Lucius, estendendo a mão para o ministro da Magia, ao chegar mais
próximo. — Como vai? Acho que você não conhece minha mulher, Narcissa?

— Como estão, como estão? — Disse Fudge, sorrindo e se curvando para Narcissa, evitando olhar
para Remus. Fudge é conhecido por seu preconceito com semi-humanos. — E me permitam
apresentar a vocês o senhor Oblansk...

— Obalonsk, senhor. — Corrigiu-o o homem.

— Bem, o ministro da Magia da Bulgária, e de qualquer modo ele não consegue entender nenhuma
palavra do que estou dizendo, portanto, não faz diferença. E vejamos quem mais, você conhece
Arthur Weasley, imagino? — Depois das apresentações todos sentaram-se em seus lugares. No
momento, seguinte, Ludo Bagman adentrou o camarote de honra.

— Todos prontos? — Perguntou ele, o rosto redondo e excitado brilhando como um queijo
holandês. — Ministro, podemos começar?

— Quando você quiser, Ludo. — Disse Fudge descontraído. Ludo puxou a varinha, apontou-a para
a própria garganta, disse “Sonorus!” e então, sobrepondo-se à zoeira que agora enchia o estádio
lotado falou; sua voz reboou, ecoando em cada canto das arquibancadas:

— Senhoras e senhores... Bem-vindos! Bem-vindos à final da quadricentésima vigésima segunda


Copa Mundial de Quidditch! — Os espectadores gritaram e bateram palmas. Milhares de bandeiras
se agitaram, somando seus desafinados hinos nacionais à barulheira geral. O grande quadro-negro
defronte apagou a última mensagem e passou a informar o placar zerado.
Ludo Bagman apresentou as mascotes do time da Bulgária. Cem veela deslizaram pelo
campo. Veela eram mulheres... As mulheres mais belas de todo o planeta. A pele delas refulgia
como o luar ou os cabelos louro-prateados se abrirem em leque para trás sem haver vento. Mas
então a música começou a tocar e todos os homens e garotos do estádio ficaram hipnotizados. As
veela começaram a dançar e a cabeça dos homens ficara completa e bem-aventuradamente vazia.
Tudo que importava no mundo era continuar a assistir às veela, porque se elas parassem de dançar
coisas terríveis iriam acontecer. E enquanto as veela dançavam cada vez mais rapidamente,
pensamentos incompletos e delirantes começaram a se formar nas mentes atordoadas. Eles queriam
fazer uma coisa bem impressionante naquele momento.

Estranhamente, Hadrian e seus namorados (juntamente com Dennis, Bill e Charlie) não
foram afetados pelos encantos das veela. A música parou, Ron estava em pé e tinha uma das pernas
passada por cima da borda do camarote. Ao lado dele, Percy estava paralisado numa posição que
dava a impressão de que ia saltar de um trampolim. Gritos indignados começaram a encher o
estádio. A multidão não queria que as veela se retirassem. Entrementes, Ron, distraidamente,
despetalava os trevos do chapéu. Arthur, sorrindo, curvou-se para Ron e tirou o chapéu das mãos
do filho.

— Você vai querer isso depois. — Disse ele. — Depois que a Irlanda disser a que veio.

— Hum? — Exclamou Ron fixando, boquiaberto, as veela, que agora estavam enfileiradas a um
lado do campo.

Em seguida vieram as mascotes do time da Irlanda. Surgiu do nada algo que lembrava um
imenso cometa verde e ouro entrou velozmente no estádio. Deu uma volta completa, depois se
subdividiu em dois cometas menores, que se projetaram em direção às balizas. De repente, um
arco-íris atravessou o céu do campo unindo as duas esferas luminosas. A multidão fazia “aaaaah” e
“ooooh”, como se presenciasse um espetáculo de fogos de artifício. Depois o arco-íris foi-se
dissolvendo e as esferas se aproximaram e se fundiram; tinham formado um grande trevo
refulgente, que subiu em direção ao céu e ficou pairando sobre as arquibancadas. Parecia estar
deixando cair uma espécie de chuva dourada...

— Excelente! — Berrou Fred, quando o trevo sobrevoou o camarote, fazendo chover pesadas
moedas de ouro, que ricocheteavam nas cabeças e cadeiras. Apertando os olhos para ver melhor o
trevo, Hadrian percebeu que na realidade ele era composto de milhares de homenzinhos barbudos
de colete vermelho, cada qual carregando uma minúscula luz ouro e verde.

— Leprechauns! — Exclamou Sirius, fazendo-se ouvir em meio ao tumultuoso aplauso dos


espectadores, muitos dos quais continuavam a disputar o ouro e a procurá-lo por todo o lado em
volta e embaixo das cadeiras.

— Toma aqui, Hadrian. — Gritou Ron feliz, metendo um punhado de moedas de ouro na mão do
moreno. — Pelo Omnioculars! Agora você vai ter que me comprar um presente de Natal, ha! —
“Coitado. Quem conta pra ele?”, Hadrian pensou divertido ao encarar as moedas falsas em sua
mão, que logo desapareceram no ar como névoa.

O maior dos trevos se dissolveu e os leprechauns, que são duendes irlandeses, foram
descendo no lado do campo oposto ao das veela, e se sentaram de pernas cruzadas para assistir à
partida. Logo depois Bagman começou a apresentar os jogadores. Primeiro os da Bulgária e depois
os da Irlanda. O estádio fez um estardalhaço quando Viktor Krum fora apresentado. Ron foi um
típico fanboy do apanhador búlgaro, o que faria com que os gêmeos o importunassem futuramente.
Hassan Mostafa, do Egito, o famoso bruxo-presidente da Associação Internacional de Quidditch,
era o juiz do jogo. O pomo e os balaços foram soltos, e então a goles fora jogada e a partida se
iniciou.

Era quidditch como Hadrian nunca vira ninguém jogar antes. A velocidade dos jogadores era
incrível, os artilheiros jogavam a bola um para o outro tão depressa que Bagman só tinha tempo de
identificá-los. O garoto tornou a girar o botão do lado direito do Omnioculars para reduzir a
velocidade da imagem, apertou o botão “lance a lance” e na mesma hora estava assistindo ao jogo
em câmera lenta, enquanto letras púrpuras passavam brilhando pelas lentes do instrumento, e o
rugido da multidão martelava seus tímpanos. “Formação de Ataque de Hawkshead”, leu ele
enquanto assistia a três artilheiros irlandeses voarem juntos, Troy no meio, um pouco à frente de
Mullet e Moran, e investirem contra os búlgaros. “Manobra de Ploy”, leu ele em seguida, quando
Troy fingiu que ia subir com a goles, atraindo a artilheira búlgara Ivanova, e deixou cair a bola
para Moran.

Os artilheiros irlandeses eram fantásticos, deslocavam-se em harmonia, parecendo ler o que


ia nas mentes uns dos outros, pela maneira com que se posicionavam. Em dez minutos a Irlanda
marcou mais duas vezes, elevando sua vantagem para trinta a zero e provocando uma onda de
gritos e aplausos dos torcedores de verde. A partida se tornou ainda mais rápida, porém mais
brutal. Volkov e Vulchanov, os batedores búlgaros, atiravam os balaços com bastonadas
fortíssimas nos artilheiros irlandeses e estavam começando a impedi-los de executar alguns dos
seus melhores movimentos; duas vezes eles foram obrigados a dispersar e então, finalmente,
Ivanova conseguiu passar por eles, driblar o goleiro Ryan, e marcar o primeiro gol da Bulgária.

As veela começaram a dançar para comemorar o lance, mais suspiros percorreram o estádio,
quando pararam de dançar a Bulgária recuperou a goles. Cem mil bruxos e bruxas prenderam a
respiração quando os dois apanhadores, Krum e Lynch, mergulharam no meio dos artilheiros, tão
velozes que pareciam ter pulado sem paraquedas de um avião. Hadrian acompanhou a descida
deles com o Omnioculars, apurando a vista para procurar o pomo...

— Eles vão colidir! — Berrou Colin.

Ele estava parcialmente certo, no último segundo, Viktor Krum se recuperou do mergulho e
se afastou em círculos. Lynch, no entanto, bateu no chão com um baque surdo que pôde ser ouvido
em todo o estádio. Um enorme gemido subiu dos lugares ocupados pelos irlandeses. O apanhador
irlandês caiu numa finta de Krum. Ludo Bagman anunciou uma pausa para os mediwizard
avaliarem a saúde do jogador ferido. Conforme o jogo se desenrola, os búlgaros ficam mais
impacientes, o goleiro foi repreendido por causa do seu jogo bruto ao usar os cotovelos; o que
gerou um pênalti a favor da Irlanda.

Os leprechauns, que haviam levantado voo, furiosos, como um enxame de marimbondos


reluzentes, quando Mullet fora atingida, agora corriam a se juntar formando as palavras “HA! HA!
HA!”. As veela, do lado oposto do campo, levantaram-se de um salto, sacudiram os cabelos com
raiva e recomeçaram a dançar. Hassan Mostafa aterrissara bem diante das veela dançantes, e estava
agindo de modo realmente estranho; flexionava os músculos e alisava o bigode, muito agitado.

— Ora, isso não é admissível! — Disse Ludo Bagman, embora seu tom de voz fosse o de quem
estava achando muita graça. — Alguém aí dê um tapa nesse juiz! — Um mediwizard entrou
correndo em campo, os dedos enfiados nos ouvidos, e deu um baita chute nas canelas de Mostafa.

O juiz pareceu voltar a si, extremamente constrangido e gritava com as veela, que tinham
parado de dançar e pareciam estar se rebelando. Conforme a partida se desenrolava, os jogadores se
tornavam mais violentos e rápidos. As mascotes dos times brigavam entre si a cada ponto marcado.
As veela enfeitiçavam os homens cada vez mais. Os leprechauns subiram ao ar mais uma vez e
agora formaram uma gigantesca mão que dava o dedo do meio para as veela. Ao verem isso, elas
se descontrolaram. Precipitaram-se pelo campo e começaram a atirar algo com o aspecto de bolas
de fogo contra os duendes irlandeses. Observando com o Omnioculars, Hadrian viu que elas agora
não estavam nem remotamente belas. Muito ao contrário, seus rostos começaram a se alongar para
formar cabeças de aves com bicos afiados e cruéis e irromperam asas longas e escamosas dos seus
ombros...

Bruxos do Ministério invadiam o campo para separar as veela e os leprechauns, mas sem
muito sucesso. Enquanto isso a partida continuou acirrada no ar. O batedor irlandês Quigley
levantou com violência o bastão contra um balaço que passava e arremessou-o com toda a força
contra Krum, que não se abaixou com suficiente rapidez. O balaço atingiu-o em cheio no rosto.
Ouviu-se um lamento ensurdecedor da multidão; o nariz de Krum parecia quebrado, saía sangue
para todo lado, mas Hassan Mostafa não apitou. Distraíra-se e não se podia culpá-lo; uma das veela
atirara uma mão cheia de fogo e incendiara a cauda da vassoura do juiz. Hadrian queria que alguém
percebesse que Krum estava ferido; embora estivesse torcendo pela Irlanda, Krum era o jogador
mais fascinante em campo.

O apanhador Irlandês viu o pomo e disparou na direção da pequenina bolinha dourada, a


torcida irlandesa se levantou como uma grande onda verde, animando o apanhador... Mas Krum
voava na esteira dele. Como conseguia enxergar aonde ia, Hadrian não fazia ideia; gotas de sangue
voavam pelo ar à sua passagem, mas ele emparelhava com Lynch agora e os dois disparavam em
direção ao chão...

Krum pegou o pomo, encerrando a partida, porém a Irlanda vence; e Lynch chocou-se mais
uma vez contra o chão do estádio. Muitas pessoas não entenderam o porque de Krum encerrar o
jogo mesmo com o time adversário estando cento e sessenta pontos à frente, mas Hadrian sabia
qual fora a linha de raciocínio do búlgaro. Viktor Krum sabia que o seu time não tinha chances de
se recuperar e virar o jogo, então ele encerraria a partida nos próprios termos.

Um enxame de mediwizards abria caminho até o apanhador búlgaro, tentando passar entre
leprechauns e veela que brigavam para chegarem ao dito apanhador. As mascotes da Irlanda
sobrevoavam o campo felizes e em grande velocidade, enquanto as veela voltavam a sua aparência
bela, porém muito desanimadas e infelizes. Cercado por mediwizards, Krum parecia ainda mais
carrancudo do que o normal, recusando-se a deixar que o limpassem. Os jogadores irlandeses
dançavam feliz sob a chuva de ouro falso que os leprechauns faziam cair, bandeiras se agitavam
pelo estádio, o hino nacional irlandês tocava altíssimo por todo lado.

— Pom, prrigamos falentemente. — Disse uma voz triste atrás de Hadrian. Ele se virou para olhar;
era o Ministro da Magia búlgaro.

— O senhor fala a nossa língua! — Exclamou Fudge indignado. — E vem me obrigando a falar
por mímica o dia inteiro!

— Pom, foi muito engrraçado. — Disse o ministro búlgaro, encolhendo os ombros.

— E enquanto o time irlandês dá a volta olímpica, ladeado pelas mascotes, a Copa Mundial de
Quidditch está sendo levada para o camarote de honra! — Berrou Bagman.

Repentinamente uma luz branca cegou a todos no camarote de honra, que fora magicamente
iluminado para que todos os espectadores nas arquibancadas pudessem ver o seu interior.
Apertando os olhos na direção da porta, ele viu dois bruxos ofegantes entrarem no camarote com
uma imensa taça de ouro, que foi entregue a Cornélio Fudge, ainda muito aborrecido por ter
passado o dia falando com as mãos à toa. Ludo apresentou os jogadores búlgaros, que haviam
perdido a partida, e, pelas escadas, entraram os sete jogadores derrotados.
A multidão aplaudiu manifestando o seu apreço; milhares de lentes de Omnioculars
faiscarem e lampejarem na direção deles. Um a um, os búlgaros se acomodaram nas filas de
cadeiras do camarote e Bagman chamou-os, nome por nome, para apertarem a mão do seu ministro
e depois a de Fudge. Krum, que foi o último da fila, estava com uma aparência medonha. Seus
olhos negros se destacavam espetacularmente no rosto ensanguentado. Continuava a segurar o
pomo. Mas quando o nome de Krum foi anunciado, o estádio inteiro lhe deu uma ovação de rachar
os tímpanos. O apanhador búlgaro teve seus olhos negros desviados até um brilho verde no canto
da sala e Hadrian sentiu um calafrio percorrer sua espinha quando aqueles olhos focaram nos seus
com intensidade. Krum era uma máscara sem emoção, então ele não poderia dizer o que o outro
estava pensando.

Depois foi a vez do time irlandês. Aidan Lynch veio amparado por Moran e Connolly; a
segunda colisão parecia tê-lo atordoado e seus olhos pareciam estranhamente fora de foco, mas ele
sorriu com alegria quando Troy e Quigley ergueram a Copa no ar e a multidão embaixo fez ouvir
sua aprovação. Finalmente, quando o time irlandês deixou o camarote para dar mais uma volta
olímpica montado nas vassouras (Aidan Lynch na garupa de Connolly, agarrado à sua cintura e
ainda sorrindo abobalhado), Bagman apontou a varinha para a própria garganta e murmurou
“Quietus”.

— Eles vão comentar isso durante anos. — Disse ele rouco — Uma reviravolta realmente
inesperada, essa... Pena que não pudesse ter durado mais... Ah sim... Sim, devo a vocês... quanto?
— Fred e George tinham acabado de saltar por cima de suas cadeiras e estavam parados diante de
Ludo Bagman com enormes sorrisos no rosto, as mãos estendidas.

— Não conte à sua mãe que andou apostando. — Implorou Arthur aos gêmeos, quando eles
desciam, lentamente, as escadas forradas com carpete púrpura.

— Não se preocupe, pai. — Disse Fred feliz.

— Temos grandes planos para esse dinheiro. – George continuou.

— Não queremos que ele seja confiscado. — Terminaram juntos.

Por um instante, pareceu que Arthur ia perguntar que grandes planos eram aqueles, mas em
seguida, pensando melhor, decidiu que não queria saber. Logo eles foram engolfados pela multidão
que saía do estádio e regressava aos acampamentos. O ar da noite trazia aos seus ouvidos cantorias
desafinadas quando retomavam o caminho iluminado por lanternas, os leprechauns continuavam a
sobrevoar a área em alta velocidade, rindo, tagarelando, sacudindo as lanternas.

Quando o grupo chegaram finalmente às barracas, despediram-se dos Malfoy, Sirius, Remus
e Severus, ninguém estava com vontade de dormir e, dado o nível da barulheira, a toda volta,
Arthur concordou que podiam tomar, juntos, uma última xícara de chocolate, antes de se deitar.
Logo estavam discutindo prazerosamente a partida; Arthur se deixou envolver por Charlie em uma
polêmica sobre jogo bruto, e somente quando Ron caiu no sono em cima da mesinha e derramou
chocolate quente pelo chão que o pai deu um basta nas retrospectivas verbais e insistiu que todos
fossem se deitar. Hadrian, Draco, Colin, Dennis, Neville, Tom e os Weasley vestiram os pijamas e
subiram nos beliches. Do outro lado do acampamento eles ainda ouviam muita cantoria e uma
batida que ecoava estranhamente.

— Ah, fico feliz de não estar de serviço. — Arthur murmurou cheio de sono. — Eu não iria gostar
nem um pouco de ter que dizer aos irlandeses que eles precisam parar de comemorar.

Hadrian, que ocupava a cama superior do beliche de Draco, ficou olhando para o teto de lona
da barraca, observando o brilho ocasional das lanternas dos leprechauns que sobrevoavam o
acampamento e visualizando alguns dos lances mais espetaculares de Krum. Estava doido para
tornar a montar sua Firebolt e experimentar a Finta de Wronski... Por alguma razão Marcus Flint
jamais conseguira transmitir como era aquele lance com os seus diagramas complicados... Hadrian
jamais chegou a saber se adormecera ou não. Seus devaneios de voar como Krum talvez tivessem
se transformado em sonhos de verdade, só sabia que, de repente ouviu Arthur gritar.

— Levantem! Meninos! Vamos logo! Levantem, é urgente! — Hadrian se sentou depressa, batendo
a cabeça na lona do teto.

— Que foi? — Perguntou. Nyx e Hera vieram rastejando velozmente para, respectivamente,
Hadrian e Colin. Vagamente o garoto de olhos esmeraldas percebeu que alguma coisa não estava
bem. O barulho no acampamento tinha mudado, a cantoria parara. Ele ouvia gritos e um tropel de
gente correndo. Desceu do beliche e apanhou suas roupas, mas Arthur, que vestira a jeans por cima
do pijama, falou:

— Não temos tempo! Hadrian, apanhe uma jaqueta e saia, depressa!

— Estão atacando! — Hera falou assustada. Ela e Nyx saíram para caçar quando tudo começou,
então voltaram imediatamente para a barraca.

— Ah merda. — Hadrian resmungou, amaldiçoando as desgraças da vida que não o permitiam um


mísero dia de paz. Ou, nesse caso, uma boa noite de sono.
Capítulo 99
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Hadrian obedeceu e saiu correndo da barraca, agarrando uma mão de Colin e outra de
Dennis, Draco, Neville, Tom os gêmeos estavam em seus calcanhares, juntamente com um Ron
aterrorizado. À luz das poucas fogueiras que ainda ardiam, ele viu pessoas correndo para a floresta,
fugindo de alguma coisa que avançava pelo acampamento em sua direção, alguma coisa que emitia
estranhos lampejos e ruídos que lembravam tiros. Caçoadas em voz alta, risadas e berros de
bêbedos se aproximavam; depois uma forte explosão de luz verde, que iluminou a cena. Um grupo
compacto de bruxos, que se moviam ao mesmo tempo e apontavam as varinhas para o alto, vinha
marchando pelo acampamento. Hadrian apertou os olhos para enxergá-los... Não pareciam ter
rostos...

Então ele percebeu que tinham as cabeças encapuzadas e os rostos mascarados. No alto,
pairando sobre eles no ar, quatro figuras se debatiam, forçadas a assumir formas grotescas. Era
como se os bruxos mascarados no chão fossem titereiros e as pessoas no alto, marionetes movidas
por cordões invisíveis que subiam das varinhas erguidas. Duas das figuras eram muito pequenas.
Tom reconheceu as máscaras de seus planos para o futuro dos Knights of Walpurgis, e ele ficou
irritadíssimo ao ver a merda que sua parte originária fizera. Ele queria mostrar que estava voltando
ao poder, queria que o temessem. Ele planejara esse caos! E o seu Hadrian estava no meio dessa
merda toda!

Mais bruxos foram se reunindo ao grupo que marchava, riam e apontavam para os corpos no
ar. Barracas se fechavam e desabavam à medida que a multidão engrossava. Uma ou duas vezes
Hadrian viu um bruxo explodir uma barraca com a varinha para desimpedir o caminho, outras
tantas pegaram fogo. A gritaria foi se avolumando, as pessoas no ar foram repentinamente
iluminadas ao passarem sobre uma barraca em chamas, e Hadrian reconheceu uma delas, o senhor
Roberts, o gerente do acampamento. As outras três, pelo jeito, deviam ser sua mulher e seus filhos.
Um dos bruxos virou a senhora Roberts de cabeça para baixo com a varinha; a camisola dela caiu
deixando à mostra suas enormes calças; ela tentava se cobrir enquanto a multidão embaixo dava
guinchos e vaias de alegria.

— Que coisa doentia! — Murmurou Draco, observando a menor das crianças muggles, que
começara a rodopiar feito um pião, quase vinte metros acima do chão, a cabeça sacudindo
molemente de um lado para outro. — Que coisa realmente doentia... — No mesmo momento, Bill,
Charlie e Percy se aproximaram dos garotos; eles estavam inteiramente vestidos, com as mangas
enroladas e as varinhas em punho.

— Vamos ajudar o pessoal do Ministério! — Gritou Arthur para ser ouvido com aquele barulho,
enrolando as próprias mangas. — Vocês... Vão para a floresta e fiquem juntos. Irei apanhá-los
quando resolvermos este problema aqui!

Bill, Charlie e Percy já estavam correndo em direção aos baderneiros que se aproximavam;
Arthur saiu depressa atrás dos filhos. Bruxos do Ministério convergiam de todas as direções para o
foco do problema. A multidão sob a família Roberts se aproximava sempre mais. Hadrian tinha
duas opções: correr para a floresta e proteger seus namorados, Dennis e Ron; ou defender os
muggles e provar para todos que o Ministério é inútil. Seus pensamentos viajavam na velocidade
da luz conforme ele media os prós e contras.

— Tom. — O mais velho olhou-o. — Preciso que leve eles para a floresta e os proteja.

— O que?! — Neville perguntou assustado quando compreendeu o que o moreno queria dizer.

— Sem chances! — Draco olhou-o com raiva.

— Eu tenho Nyx. — Hadrian tentou tranquilizá-los. Colin e Dennis apertaram suas mãos com
força e o olharam com preocupação. — Eu preciso fazer isso.

— Por quê? — Tom o analisou com os lábios crispados em raiva. Ele não queria se separar de
Hadrian.

— Eu preciso fazer isso. — Ele não iria dizer a verdade na frente de Ron. — Eu sei me cuidar,
preciso que vocês fiquem seguros. Depois eu me juntarei a vocês.

— Não morra. — Pediu Fred, agarrando a mão de Dennis e Neville. Draco segurou a de Colin e a
de George, e todos seguiram Tom. Ron os seguiu logo atrás, com muito medo de se perder no meio
do caos.

— Não vou. — Hadrian correu na direção dos muggles. Ele levantou uma mão para os muggles e
eles pararam de girar. Os malfeitores pararam de rir e olharam envolta, atordoados e zangados com
quem havia arruinado sua diversão. — FALA AE, CUZÕES! — Chamou a atenção dos bruxos
mascarados. — POR QUE NÃO PEGAM ALGUÉM COM MAGIA?! — Hadrian trouxe os
muggles para si, colocou-os de pé atrás dele. — Fiquem atrás de mim, se não vocês morrem. —
Ordenou enquanto Nyx deslizava para o chão e assumia seu tamanho máximo.

— Você vai morrer, pirralho! — Um dos bruxos mascarados gritou, se adiantando com a varinha
em mãos.

— Vamos ver então. — Hadrian sorriu sádico ao perceber muitos bruxos mascarados
estremecendo quando Nyx sibilou e assumiu uma posição de ataque.
O bruxo que insultou o garoto brandiu a varinha e vários jorros de luz saíam dela, Hadrian
nem precisou pegar a sua própria para bloquear as maldições e feitiços, apenas um balançar de suas
mãos faziam todo o serviço. Ele também colocou uma barreira de proteção envolta dos muggles.
Os bruxos mascarados e alguns do Ministério assistiam a batalha com espanto, pois mais
mascarados investiram contra Hadrian e o garoto os bloqueava facilmente. Era uma luta poderosa,
raios e faíscas de feitiços e maldições rasgavam o ar e explodiam no céu escuro. O crepitar fogo ao
redor e os gritos eram abafados pelos estrondos dos feitiços bloqueados, Nyx atacava sem dó
enquanto os bruxos mascarados proferiam mil e uma maldições contra ela, mas suas escamas eram
impenetráveis, seu corpo foi revestido por uma barreira de proteção fortíssima, nada poderia feri-
la.

— TEM ALGO ERRADO NA FLORESTA! — Nyx gritou entre o alvoroço da batalha. Hadrian
desesperou-se imediatamente.

— PEGUEM OS MUGGLES! — Gritou para os funcionários do Ministério antes de jogar uma


onda de magia que nocauteou todos os bruxos encapuzados. — O RESTO É COM VOCÊS! —
Então ele correu em direção a floresta, Nyx estava logo atrás de seu filhote.

Ele olhou para trás ao chegar nas árvores. As lanternas coloridas que antes iluminavam o
caminho para o estádio tinham sido apagadas. Vultos escuros andavam perdidos entre as árvores;
crianças choravam; ecoavam gritos ansiosos e vozes cheias de pânico por todo o lado no ar frio da
noite. Hadrian se sentiu empurrado para cá e para lá por pessoas cujos rostos ele não conseguia
distinguir, Nyx estava segura em seus ombros. Um grupo de adolescentes de pijamas discutia em
altos brados em francês um pouco adiante no caminho. Hadrian enfiou as mãos nos bolsos da
jaqueta à procura da própria varinha, mas não estava lá. A única coisa que encontrou foi o seu
pedaço de madeira.

— Ah, não, eu não acredito! Perdi a minha varinha!

— Tá de sacanagem com a minha cara! — Eles olharam ao redor, mas não acharam nada.

— Talvez tenha ficado na barraca. — Massageou as têmporas.

— Talvez tenha caído do seu bolso quando você estava correndo? — Nyx sugeriu.

— É. — Falou Hadrian. — Talvez...

— Não é como se você precisasse dela. — Nyx murmurou.

Em geral ele a carregava o tempo todo quando estava no mundo dos bruxos, e vendo-se sem
a varinha no meio de uma confusão daquelas sentiu-se estranho. Um rumorejar fez os dois se
sobressaltarem. Winky, a house-elf, estava tentando sair de uma moita de arbustos ali perto.
Movia-se de um jeito esquisitíssimo, com visível dificuldade; era como se alguém invisível
estivesse tentando segurá-la.

— Tem bruxos malvados aqui! — Guinchou ela nervosa, ao se curvar para a frente e se esforçar
para correr. — Gente voando... Lá no alto! Winky está saindo do caminho! Corra, jovem mestre!
— E desapareceu entre as árvores do outro lado da via, ofegando e guinchando enquanto lutava
com a força que a retinha.

— Ela está com alguém, escondido por uma capa de invisibilidade. — Nyx concordou com a
cabeça.

— Por isso não consegue correr direito.


— Então Crouch está escondendo alguém? — Hadrian sorriu sádico. — Informação
interessante. — Eles seguiram em frente.

A dupla voltara a avançar na floresta, Hadrian seguia o caminho que se aprofundava na


floresta, atento para avistar seus namorados. Passaram por um grupo de goblins que davam
gargalhadas à vista de um saco de ouro que, sem dúvida, deviam ter ganhado apostando na partida,
e que pareciam imperturbáveis diante da confusão no acampamento. Mas quando o avistaram,
correram até Hadrian e fizeram mil e uma perguntas sobre seu bem-estar. Hadrian assegurou-lhes
de que estava bem e que era para eles avisarem seus pais que ele estava seguro. Mais adiante,
depararam-se com um trecho iluminado por uma luz prateada e, quando espiaram entre as árvores,
viram três veelas altas e belas paradas em uma clareira e cercadas por um bando de jovens bruxos
barulhentos, todos falando em altos brados.

— Ganho uns cem sacos de galleons por ano! — Gritava um. — Mato dragões para a Comissão
para Eliminação de Criaturas Perigosas.

— Mata nada! — Berrou seu amigo. — Você lava pratos no Leaky Cauldron... Mas eu sou caçador
de vampiros, já matei uns noventa até agora... — Um terceiro bruxo, cujas espinhas eram visíveis
até a luz fraca e prateada das veela, entrou nesse instante na conversa:

— Eu estou às vésperas de me tornar o Ministro da Magia mais novo de todos os tempos.

Hadrian revirou os olhos. Ele reconheceu o bruxo espinhento; o nome dele era Stan
Shunpike, e era, na realidade, condutor do Knight Bus. Eles tornaram a avançar, quando a
algazarra das veelas com seus admiradores se tornou completamente inaudível, os dois já estavam
no coração da floresta. Pareciam estar sozinhos agora; tudo estava muito mais quieto. Hadrian
espiou para os lados.

— Acho que podemos esperar aqui, dá para ouvir uma pessoa chegando a mais de um
quilômetro.

— Como se eu tivesse a porra de ouvidos. — Praticamente bufou irritada.

Ela mal acabara de dizer essas palavras e Ludo Bagman saiu de trás de uma árvore um pouco
adiante. Mesmo na escuridão, Hadrian viu que uma grande mudança se operara em Bagman. Ele já
não parecia displicente e rosado; não havia mais elasticidade em seu andar, parecia muito pálido e
cansado.

— Quem está aí? — Perguntou o bruxo, piscando os olhos, tentando distinguir o rosto do garoto.
— Que é que você está fazendo aqui sozinho? — Hadrian suspirou surpreso.

— Bem... Está acontecendo um tumulto. — Disse. Bagman arregalou os olhos para ele.

— Quê?

— No acampamento... Umas pessoas atacaram uma família de muggles... — Bagman praguejou


em voz alta.

— Desgraçados! — Ele pareceu ficar muito perturbado e, sem dizer mais nada, desaparatou com
um pequeno estalo.

— Que belo profissional. — Resmungou antes de rumar para uma pequena clareira e se sentou em
um trecho de grama seca ao pé de uma árvore. Ele escutara com atenção se vinha algum barulho do
acampamento. Tudo parecia silencioso; talvez o tumulto tivesse acabado.
— Espero que os outros estejam bem. — Disse Hadrian depois de algum tempo.

— Estão. — Assegurou Nyx.

— Mas é uma loucura fazer uma coisa daquelas com o Ministério da Magia em peso aqui hoje.
Quero dizer, como é que eles esperam se safar? Você acha que eles andaram bebendo ou...

Mas Hadrian parou de falar abruptamente e espiou por cima do ombro. Parecia que alguém
estava cambaleando em direção à clareira em que se encontravam. Ele esperou, prestando atenção
ao ruído dos passos desiguais por trás das árvores escuras. Mas os passos pararam repentinamente.

— Oi? — Chamou Hadrian. Silêncio. O garoto se levantou e espiou atrás da árvore, estava escuro
para ver muito longe, mas ele sentia que havia alguém logo além do seu campo de visão. — Quem
está aí? — Perguntou. E então, sem aviso, o silêncio foi rompido por uma voz diferente de todas
que tinham ouvido antes; e ela não soltou um grito, mas algo que lembrava um feitiço.

— MORSMORDRE! — E uma coisa enorme, verde e brilhante, irrompeu do lugar escuro que os
olhos de Hadrian se esforçaram para penetrar; e voou para o topo das árvores e para o céu.

— Que mer...? — Exclamou o garoto, ficando em pé de um salto e arregalando os olhos para a


coisa que aparecera.

Por uma fração de segundo, Hadrian pensou que fosse outra formação de duendes irlandeses,
depois percebeu que era um crânio colossal, aparentemente composto por estrelas de esmeralda e
uma cobra saindo da boca como uma língua. Enquanto olhavam, o crânio foi subindo cada vez
mais alto, envolto em uma névoa de fumaça esverdeada, recortando-se contra o céu noturno como
uma nova constelação. De repente, toda a floresta ao redor deles explodiu em gritos, todos viam a
Dark Mark, a marca de Lord Voldemort, que agora estava alta o suficiente para iluminar toda a
floresta, como um letreiro macabro de néon. Ele esquadrinhou a escuridão à procura da pessoa que
conjurara o crânio, mas não conseguiu ver ninguém.

— Quem está aí? — Chamou ele mais uma vez.

— NÓS TEMOS QUE IR, FILHOTE!

— O quê? Por quê?

— Me obedeça! — Hadrian estremeceu com o comando da serpente. Ele se virou e começou a


atravessar a clareira, mas antes que ele conseguisse dar mais de cem passos, uma série de estalos
anunciaram a chegada de vinte bruxos, saídos do nada, a toda volta. Hadrian se virou e numa
fração de segundo registrou um fato: cada um dos bruxos puxara a varinha, e cada varinha estava
apontada para eles. Sem parar para pensar, berrou:

— PROTEGO! — Ele estendeu a mão e o escudo os envolveu.

— STUPEFY! — Berraram vinte vozes desencadeando uma série de lampejos, e Hadrian sentiu
seus cabelos ondularem como se um vento poderoso tivesse varrido a clareira, mesmo estando
protegido pelo escudo. Ele viu jorros de luz flamejante saírem das varinhas dos bruxos e chocarem-
se contra seu escudo, produzindo faíscas e estrondos

— Parem! — Berrou uma voz que ele reconheceu. — PAREM! É Potter! — Os cabelos de Hadrian
pararam de voar para todos os lados. O bruxo diante dele baixara a varinha, o garoto estreitou os
olhos e viu Arthur vindo em direção ao ajuntamento, com uma expressão aterrorizada no rosto.
— Hadrian... — Sua voz tremia. — Você está bem?

— Saia do caminho, Arthur! — Disse uma voz fria e ríspida, era Crouch. Ele e os outros bruxos do
Ministério fechavam o cerco em torno do garoto. Hadrian desfez o escudo e virou o rosto para
encará-los. O rosto de Crouch estava tenso de cólera, talvez seu “acompanhante” tenha fugido. —
Você fez aquilo? — Perguntou aborrecido, seus olhos penetrantes fixos no garoto. — Você
conjurou a Dark Mark?

— Você está louco? — Hadrian bufou enraivecido. — Eu não conjurei aquilo. — Respondeu
apontando o crânio.

— Não minta, garoto! — Gritou Crouch. Sua varinha continuava apontada diretamente para ele, e
seus olhos saltavam das órbitas, parecia um maluco. — Você foi encontrado na cena do crime!

— Barty! — Murmurou uma bruxa trajando um longo penhoar de lã. — Ele é apenas um menino,
Barty. Nunca teria capacidade para...

— De onde saiu a marca? Responda! — Mandou Crouch depressa.

— Dali. — Respondeu Hadrian irritado, apontando para o ponto em que tinham ouvido a voz. —
Havia alguém atrás das árvores... Gritou umas palavras, uma fórmula mágica...

— Ah, havia gente parada ali, é mesmo? — Questionou Crouch, virando seus olhos saltados para
o garoto, a incredulidade estampada por todo o rosto. — Disseram uma fórmula mágica, não foi?
Você parece muito bem-informado sobre as palavras que conjuram a Dark Mark, rapazinho... —
Mas nenhum dos bruxos do Ministério, exceto ele, achou nem remotamente provável que Hadrian
tivesse conjurado o crânio; muito ao contrário, ao ouvirem as palavras dele voltaram a erguer e
apontar as varinhas na direção que indicara, procurando ver entre as árvores escuras.

— Acho que se precisa de fórmulas mágicas para se fazer magia, senhor Crouch. — Hadrian
rosnou. — Juro pela minha magia que eu não conjurei aquela coisa. — Uma luz branca o envolveu
e se dissipou rapidamente. Erguendo a mão direita ele fez uma chama tremeluzir na sua palma
antes de fechar um punho, extinguindo o fogo. — Como podem ver, eu falo a verdade. — Crouch
olhou-o com fúria. Ele se dava ao trabalho de salvar essas bundas miseráveis e ainda tinham a
audácia de acusá-lo de conjurar a Dark Mark! Hadrian estava com muito ódio desses velhos
imbecis e inúteis.

— Tarde demais. — Disse a bruxa de penhoar de lã, sacudindo a cabeça. — Já devem ter
desaparatado.

— Acho que não. — Disse um bruxo com uma barba curta e castanha. Era Amos Diggory, o pai de
Cedric. — Os nossos raios passaram direto por aquelas árvores... Há uma boa chance de os termos
atingido...

— Amos, cuidado! — Disseram alguns bruxos em tom de alerta, quando Diggory aprumou os
ombros, ergueu a varinha, atravessou a clareira e desapareceu na escuridão. Alguns segundos
depois, eles ouviram Diggory gritar:

— Acertamos, sim! Tem alguém aqui! Inconsciente! É... Mas... Caramba...

— Você pegou alguém? — Gritou Crouch, parecendo muitíssimo incrédulo. — Quem? Quem é?

Eles ouviram gravetos se partirem, folhas farfalharem e, por fim, passos quando Diggory
reapareceu por trás das árvores. Trazia uma figura minúscula e inerte nos braços. Hadrian
reconheceu a toalha de chá na mesma hora, era Winky. Crouch não se mexeu nem falou enquanto
Diggory depositava a elf de Crouch no chão aos seus pés. Todos os bruxos do Ministério se
viraram para Crouch. Durante alguns segundos o bruxo permaneceu paralisado, os olhos ardendo
no rosto branco, olhando para Winky. Então, ele pareceu voltar à vida.

— Isto... Não pode...Ser. — Disse ele aos arrancos. — Não... — Contornou rápido Diggory e saiu
em direção ao lugar em que o bruxo encontrara Winky.

— Não adianta, Crouch. — Gritou Diggory para ele. — Não há mais ninguém aí. — Mas Crouch
não parecia disposto a aceitar sua palavra. Eles o ouviram andar por todo o lado, as folhas
rumorejarem ao serem afastadas para os lados, na busca.

— Meio embaraçoso. — Disse Diggory sombriamente, contemplando o corpo inconsciente de


Winky. — O house-elf de Barty Crouch... Quero dizer...

— Pode parar, Amos. — Disse Arthur baixinho. — Você não acredita seriamente que foi o elf? A
Dark Mark é um sinal de bruxo. Exige uma varinha.

— É. — Disse Diggory — E havia uma varinha.

— Quê? — Exclamou Arthur.

— Olhe aqui. — Diggory ergueu uma varinha e mostrou-a a Arthur. — Estava na mão dela. Então,
para começar, violação da Cláusula 3 do Código para o Uso de Varinhas. Nenhuma criatura não
humana tem permissão para portar ou usar uma varinha. — Nesse instante ouviu-se mais um estalo
e Ludo Bagman aparatou bem ao lado de Arthur. Parecendo sem fôlego e desorientado, ele girou
no mesmo lugar, com os olhos cravados no crânio verde-esmeralda no céu.
Capítulo 100
Chapter Notes

ATENÇÃO!!

IMPORTANTE!!!

LEIAM ESSE RECADO!!!!

Como comemoração por chegarmos ao capítulo 100 uma imagem de um personagem


misterioso será liberada no server do discord. Vão lá conferir!

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

— A Dark Mark! — Ofegou ele, quase pisoteando Winky ao se virar, intrigado, para os colegas.
— Quem fez isso? Vocês apanharam quem fez? Barty! Que é que está acontecendo? —Crouch
voltara de mãos vazias. Seu rosto continuava branco como o de um fantasma e torcia tanto o
bigode quanto as mãos.

— Onde é que você andou, Barty? — Perguntou Bagman. — Por que é que você não assistiu à
partida? E o seu elf ficou guardando uma cadeira para você... Gárgulas vorazes! — Bagman
acabara de notar Winky caída aos seus pés. — Que foi que aconteceu com ela?

— Estive ocupado, Ludo. — Disse Crouch, ainda falando aos arrancos como antes, e mal movendo
os lábios. — E o meu elf foi estuporado.

— Estuporado? Por gente nossa você quer dizer? Mas por quê...? — De repente o rosto redondo e
reluzente de Bagman revelou ter compreendido; ele ergueu os olhos para o crânio, baixou-os para
Winky e, em seguida, ergueu-os para Crouch. — Não! — Exclamou ele. — Winky? Conjurou a
Dark Mark? Ela não saberia fazer isso! Para começar precisaria de uma varinha!

— E tinha uma. — Disse Diggory. — Encontrei-a segurando uma, Ludo. Se o senhor não se opõe,
senhor Crouch, acho que devíamos ouvir o que ela tem a dizer em sua defesa. — Crouch não deu
sinal de ter ouvido Diggory, mas este pareceu tomar o silêncio do outro por concordância. Ergueu a
varinha e apontando-a para Winky disse:

— Rennervate!

Winky mexeu-se fracamente. Seus grandes olhos castanhos se abriram e ela piscou várias
vezes de um jeito meio abobado. Observada pelos bruxos em silêncio, ergueu o tronco aos poucos
e se sentou. Avistou, então, os pés de Diggory e lentamente, tremulamente, ergueu os olhos para
fixar seu rosto; então, mais lentamente ainda, olhou para o céu, Hadrian viu o crânio flutuante
refletir em seus enormes olhos vidrados. Ela soltou uma exclamação, olhou a clareira em volta,
agitada, e irrompeu em soluços aterrorizados.

— Elf! — Disse Diggory severamente. — Você sabe quem eu sou? Sou do Departamento para
Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas! — Winky começou a se balançar no chão para
a frente e para trás, a respiração saindo em fortes arquejos.

— Como você está vendo, elf, a Dark Mark foi conjurada aqui há alguns instantes. — Disse o
bruxo. — E você foi descoberta, pouco depois, logo embaixo dela! Sua explicação, por favor!

— Eu... Eu... Eu não estou fazendo isso, meu senhor! — Winky ofegou. — Eu não estou sabendo,
meu senhor!

— Você foi encontrada com uma varinha na mão! — Vociferou Diggory, brandindo a varinha
diante dela. E quando a varinha refletiu a luz verde, vinda do crânio no alto, que inundava a
clareira, Hadrian a reconheceu.

— Ah, merda. — Hadrian resmungou e todos o olharam.

— O que foi, Potter? — Diggory olhou-o com o cenho franzido.

— É minha varinha. A deixei cair no meio da luta contra os bruxos mascarados. — Todos na
clareira olharam para o garoto.

— Perdão? — Diggory perguntou incrédulo. — Deixou-a cair? — Repetiu incrédulo. — Isto é uma
confissão? Você se desfez dela depois de conjurar a Dark Mark?

— Amos, lembre-se de com quem está falando! — Disse Arthur, muito zangado. — Acha provável
que Hadrian Tamish Potter conjure a Dark Mark?

— Hum... Claro que não. — Murmurou Diggory. — Desculpem... Me empolguei...

— Em todo o caso, não a deixei cair lá. — Disse Hadrian, indicando com o polegar as árvores
debaixo do crânio. — Dei por falta dela logo depois que entrei na floresta.

— Então... — Disse Diggory, seu olhar endurecendo ao se virar novamente para Winky que se
encolhia aos seus pés. — Você encontrou a varinha, não foi, elf? E você a apanhou e pensou em se
divertir com ela, é isso?

— Eu não estava fazendo mágica com ela, meu senhor! — Guinchou Winky, as lágrimas correndo
pelos lados do nariz achatado e grande. — Eu estava... Eu estava... Eu estava só apanhando ela,
meu senhor! Eu não estava fazendo a Dark Mark, meu senhor, eu não sei fazer!

— Não foi ela! — Afirmou Hadrian. Ele estava se irritando com a injustiça que as criaturas
mágicas sofriam na mão dos bruxos! — Winky tem uma vozinha esganiçada e a voz que ouvi dizer
a fórmula era muito mais grave! Não parecia nada com a voz da Winky. Era uma voz humana. A
voz de um homem.

— Bem, logo veremos. — Rosnou Diggory, sem parecer se impressionar. — Há uma maneira
simples de descobrir o último feitiço que a varinha realizou, você sabia, elf? — Winky estremeceu
e sacudiu a cabeça freneticamente, as orelhas abanando, quando Diggory ergueu a própria varinha e
encostou-a, ponta com ponta, na de Hadrian. — Prior Incantato! — Rugiu. Hadrian revirou os
olhos quando um crânio com uma enorme língua de cobra surgiu no ponto em que as duas varinhas
se tocavam, mas era uma mera sombra do crânio verde no alto, parecia até feito de uma espessa
fumaça cinzenta: o fantasma de um feitiço. — Deletrius! — Bradou Diggory, e o crânio difuso
desapareceu transformado em um fiapo de fumaça. — Então... — Disse com um tom de furioso
triunfo, fixando Winky, que continuava a tremer convulsivamente.

— Eu não estava fazendo isso! — Guinchou o elf, seus olhos revirando aterrorizados. — Eu não
estava, eu não estava, eu não sei fazer!

— Você foi apanhada com a mão na botija, elf! — Diggory rugiu. — Apanhada com a mão na
varinha culpada!

— Amos. — Arthur chamou. — Pense um pouco... Pouquíssimos bruxos sabem fazer esse
feitiço... Onde ela o teria aprendido?

— Talvez Amos esteja insinuando. — Disse Crouch, a fúria reprimida em cada sílaba. — Que eu
rotineiramente ensino meus criados a conjurarem a Dark Mark? — Seguiu-se um silêncio
profundamente desagradável. Amos Diggory pareceu horrorizado.

— Senhor Crouch... De... De jeito nenhum...

— Ela fala a verdade. — Nyx indicou a criatura chorona no chão. Hadrian assentiu com a cabeça,
vários planos se formando em sua mente para salvar a pobre criatura dessa situação horrível.

— Você agora já chegou quase a denunciar as duas pessoas nesta clareira que menos
provavelmente conjurariam aquela marca! — Vociferou Crouch. — Hadrian Tamish Potter... E eu!
Suponho que você conheça a história do garoto, Amos?

— Claro, todos conhecem... — Murmurou Diggory, parecendo extremamente sem graça.

— E espero que se lembre das muitas provas que tenho dado, durante a minha longa carreira, de
que desprezo e detesto as Artes das Trevas e aqueles que a praticam! — Gritou Crouch, os olhos
saltando das órbitas outra vez.

— Senhor Crouch, eu... Eu nunca insinuei que o senhor tenha alguma coisa a ver com isso! —
Murmurou Diggory, agora corando por baixo da barba castanha e curta.

— Se você acusa o meu elf, você acusa a mim, Diggory! Onde mais ela teria aprendido a conjurar
a Dark Mark?

— Ela... Ela poderia ter aprendido em qualquer lugar...

— Precisamente, Amos. — Disse Arthur. — Ela poderia ter aprendido em qualquer lugar...
Winky? — Chamou bondosamente, virando-se para a elf, que se encolheu como se este bruxo
também estivesse gritando com ela. — Onde foi exatamente que você encontrou a varinha de
Hadrian? — Winky estava torcendo a barra da toalha de chá com tanta violência que o pano se
esfiapava entre seus dedos.

— Eu... Eu estava encontrando... Encontrando-a lá, meu senhor... — Murmurou. — Lá... No meio
das árvores...

— Está vendo, Amos? — Disse Arthur. — Quem quer que tenha conjurado a Dark Mark poderia
ter desaparatado logo em seguida, deixando a varinha de Hadrian para trás. Uma ideia inteligente,
não ter usado a própria varinha, que poderia tê-lo denunciado. E Winky aqui teve a infelicidade de
encontrar a varinha momentos depois e de apanhá-la.

— Mas, então, ela deve ter estado a poucos passos do verdadeiro responsável! — Disse Diggory
com impaciência. — Elf? Você viu alguém? — Winky começou a tremer mais que nunca. Seus
olhos imensos piscaram indo de Diggory para Ludo Bagman e dele para Crouch. Então ela engoliu
em seco e disse:

— Eu não estava vendo ninguém... Ninguém...

— Amos. — Disse Crouch secamente. — Estou muito consciente de que normalmente você iria
querer levar Winky para interrogatório no seu departamento. Mas vou lhe pedir que me deixe
cuidar dela. — Diggory fez cara de quem não achava a sugestão muito boa, mas ficou claro para
Hadrian que Crouch era um funcionário tão importante no Ministério que o outro não se atreveria a
recusar o pedido. — Pode ficar tranquilo de que ela será castigada. — Acrescentou friamente.

— M-m-meu senhor... — Gaguejou Winky, olhando para Crouch, seus olhos rasos de lágrimas. —
M-m-meu senhor, p-p-por favor... — Crouch encarou a elf, seu rosto ainda mais agressivo, cada
ruga nele profundamente marcada. Não havia piedade em seu olhar.

— Esta noite Winky se portou de uma forma que eu não teria imaginado possível. — Disse ele
lentamente. — Eu a mandei permanecer na barraca. Mandei-a permanecer ali enquanto eu ia
resolver o problema. E descubro que ela me desobedeceu. Isto significa roupas.

— Não! — Berrou Winky, prostrando-se aos pés do seu mestre. — Não, meu senhor! Roupas não,
roupas não! — Hadrian sabia que a única maneira de libertar um house-elf era presenteá-lo com
roupas. Era doloroso ver como Winky se agarrava à sua toalha de chá enquanto soluçava sobre os
sapatos de Crouch.

— Mas ela estava assustada! — Explodiu Hadrian aborrecido, encarando Crouch. Ele teve que
segurar todas as suas forças para não revelar que sabia do segredo do homem. Ele não tinha provas,
então não poderia acusá-lo. — O seu elf tem pavor de alturas, e aqueles bruxos estavam fazendo as
pessoas levitarem! O senhor não pode culpá-la por ter fugido! — Crouch deu um passo atrás,
desvencilhando-se do contato com a elf, a quem ele examinava como se fosse algo imundo e podre
que contaminava seus sapatos muito bem engraxados.

— Não preciso de um house-elf que me desobedeça. — Disse ele friamente, erguendo os olhos
para Hadrian. — Não preciso de uma criada que esquece o que deve ao seu senhor e à reputação do
seu senhor. — Winky chorava tanto que seus soluços ecoavam pela clareira. Seguiu-se um silêncio
desagradável, que foi interrompido por Hadrian.

— Pois, bem. — Ele olhou severamente para Crouch. — Liberte-a. Vou ficar com ela. — O elf
olhou-o com esperança. — Eu confio nela. Meu familiar pode sentir a mentira, e ela está falando a
verdade quando diz que não conjurou a Dark Mark. Se você é um péssimo senhor, não vejo por
que não a libertar desse tormento. — Crouch olhou para o garoto com firmeza. — Vamos! Liberte-
a agora para que eu possa levá-la comigo! — O garoto exigiu.

— Potter, você pode ser influente, mas continua sendo apenas um garoto. — O homem rosnou.

— Falou muito bem, senhor Crouch. — Hadrian olhou-o presunçosamente. — Eu não só sou uma
pessoa influente, como também sou dotado de mais poder aquisitivo do que o Ministro da Magia.
E quando eu digo que essa house-elf é inocente, então todos vocês devem aceitar minhas palavras.
Eu perdi minha varinha, alguém a roubou, conjurou a Dark Mark, descartou-a e fugiu. Winky
apenas encontrou a varinha. Ela estava no local errado e na hora errada. Vamos! Liberte-a! —
Crouch estremeceu ao conter sua raiva perante a petulância de uma criança. Ele pegou uma pedra e
transfigurou-a numa meia, logo entregando-a para Winky.

— Está livre. — Anunciou. A criatura chorou descontroladamente. Hadrian se aproximou dela e


ajoelhou-se no chão para ficar na sua altura.

— Winky, eu quero que você seja minha house-elf. — Falou em um tom de voz calmo e um sorriso
carinhoso nos lábios. — Você gostaria de ser minha house-elf? Gostaria de trabalhar para mim e
me servir? Cumprir as minhas ordens e atender as minhas necessidades? — Entoou o encanto,
alterado para que a elf entenda que ele não é como os outros bruxos, e estendeu uma mão. —
Gostaria de ser minha house-elf?

— Senhor Hadrian Tamish Potter. — Ela fungou e limpou as lágrimas com olhinhos cintilantes. —
Winky aceita tornar-se sua serva. Chame-me quando precisar e eu irei atendê-lo. Farei tudo o que
desejar, atenderei às suas necessidades, obedecerei a suas ordens e irei servi-lo até o final de
minha humilde vida. Desde agora chamo-o de mestre, senhor Hadrian Tamish Potter. — Ela
colocou sua pequena mãozinha sobre a do garoto.

Uma luz prateada os envolveu e uma fina linha de energia entrelaçou suas mãos unidas,
cortes surgiram magicamente nas palmas de suas mãos e o fio de energia brilhou em vermelho,
selando o acordo permanentemente. Ou até que o um deles morra ou o elf seja libertado. Agora
Winky era a house-elf dos Potter, serviria seu mestre, seus amigos, conjugues e herdeiros com
devoção. O garoto a defendeu e a deu um emprego quando o seu antigo mestre a descartou e iria
puni-la por desobedecer suas ordens. Claro que ela estava tremendamente sentida e machucada por
decepcionar seu antigo mestre, mas agora ela era leal a outro bruxo. Então sua tristeza foi
levemente abafada pelo contentamento de servir alguém. O silêncio fora cortado por Arthur, ao
dizer baixinho:

— Bom, acho que vou levá-lo de volta à barraca, se ninguém tiver objeções a fazer. Amos, a
varinha já nos informou tudo que pôde, se Hadrian puder levá-la, por favor... — Diggory entregou
a varinha a Hadrian e ele a embolsou. — Vamos, vocês dois. — Disse em voz baixa. Hadrian o
seguiu e chamou Winky para andar ao seu lado. — Quero voltar à barraca o mais depressa que
pudermos. Que aconteceu aos outros?

— Eu fiquei para libertar os muggles. — Omitiu suas intenções ocultas.

Quando alcançaram a orla da floresta, depararam com um obstáculo. Havia ali uma aglomeração
de bruxas e bruxos assustados, e, quando viram Arthur caminhando em sua direção, muitos foram
ao seu encontro.

— Que é que está acontecendo na floresta?

— Quem conjurou aquilo?


— Arthur, não é... Ele?

— Claro que não é ele. — Disse Arthur impaciente. — Não sabemos quem foi, parece que
desaparatou. Agora, me deem licença, por favor, quero ir me deitar. — Ele passou com Hadrian e
Winky pela aglomeração e voltou ao acampamento. Tudo estava silencioso agora; não havia sinal
de bruxos mascarados, embora várias barracas destruídas ainda fumegassem. Charlie meteu a
cabeça pela abertura da barraca deles.

— Pai, que é que está acontecendo? — Perguntou ele no escuro. — Fred, George, Dennis, Draco,
Colin, Neville, Tom e Ron já voltaram, Hadrian...

— Ele está aqui comigo. — Respondeu Arthur, se abaixando para entrar na barraca. Hadrian e
Winky entraram logo atrás. Bill estava sentado à pequena mesa da cozinha, apertando um braço
com um lençol, que sangrava profusamente. Charlie tinha um rasgão na camisa e Percy ostentava
um nariz ensanguentado. Fred, George, Colin, Draco, Dennis, Neville, Tom e Ron pareciam ilesos,
embora abalados.

— Hadrian! — Colin foi o primeiro a agarrar o moreno num forte abraço. Seus outros namorados o
seguiram.

— Pegou ele, pai? — Perguntou Bill bruscamente. — A pessoa que conjurou a Dark Mark?

— Não. Encontramos o elf de Barty Crouch segurando a varinha de Hadrian, mas não ficamos
sabendo quem realmente conjurou a Dark Mark.

— Quê? — Exclamaram Bill, Charlie e Percy, juntos.

— A varinha de Hadrian? — Perguntou Fred.

— O elf do senhor Crouch? — Perguntou Percy, parecendo estupefato. Todos os namorados de


Hadrian o rodearam quando ele foi até Bill. Colocara suas mãos sobre o corte e usou sua magia
para curar o ferimento. Com alguma ajuda de Hadrian, Arthur explicou o que acontecera na
floresta. Quando terminaram a história, Percy encheu-se de indignação.

— Ora, o senhor Crouch tem toda razão em querer se livrar de um elf desses! — Exclamou ele. —
Fugir desse jeito depois que ele o mandou expressamente fazer o contrário... Envergonhando o
dono diante de todo o Ministério... Que iria parecer se ele tivesse que comparecer no Departamento
para Regulamentação e Controle...

— Cale a boca, Percy! — Hadrian rosnou indignado ao ver Winky se encolher e ficar com os
olhinhos cheios de lágrimas. — Winky não fez aquilo. E não é culpa dela por estar com medo de
morrer pisoteada ou queimada! Ela não fez nada, só estava no lugar errado na hora errada! — Disse
bruscamente a Percy, que ficou muito espantado.

— Hadrian, um bruxo na posição do senhor Crouch não pode se dar ao luxo de ter um elf
doméstico que endoida com uma varinha na mão! — Disse Percy, pomposamente, recuperando-se
do espanto.

— Ela não ficou maluca! — Bufou Hadrian. — Ela só apanhou a varinha no chão!

— Olha aqui, será que alguém pode explicar o que significava aquele crânio? — Perguntou Ron
impaciente. — Não estava fazendo mal a ninguém... Por que esse escândalo todo?

— Eu já lhe disse, é o símbolo do Você-Sabe-Quem, Ron. — Disse Percy, antes que mais alguém
pudesse responder.
— E não é visto há treze anos. — Acrescentou Arthur em voz baixa. — É claro que as pessoas
entraram em pânico... Foi quase o mesmo que rever Você-Sabe-Quem.

— Não estou entendendo. — Disse Ron, franzindo a testa. — Quero dizer... É apenas uma forma
no céu...

— Ron, Você-Sabe-Quem e seus seguidores projetavam a Dark Mark no céu sempre que matavam
alguém. — Arthur explicou. — O terror que isso inspirava... Você não faz ideia, era muito criança.
Mas imagine a pessoa chegar em casa e encontrar a Dark Mark pairando sobre ela, sabendo o que
vai encontrar lá dentro... — Fez uma careta. — O que todos temem mais... Temem mais do que
tudo... — Houve um silêncio momentâneo. Então Bill, testando o braço novinho em folha e
sorrindo bobamente para Hadrian, disse:

— Bem, não fez nenhum bem à gente esta noite, quem quer que tenha conjurado aquilo. A Dark
Mark afugentou os Death Eaters no momento em que a viram. Todos desaparataram antes que
chegássemos bastante próximos para arrancar a máscara deles. Aliás, o que você estava pensando
em lutar contra um bando de Death Eaters?! — O homem quase gritou ao virar-se para Hadrian.

— Salvando os muggles e ajudando o pessoal do Ministério? — Retrucou o garoto. — E eu não


tinha nocauteado eles?

— Tinha. — Charlie bufou. — Mas um deles estava escondido e reergueu todos.

— Você poderia ter se ferido! Ou pior: morrido! — Bill encarou Hadrian.

— Mas não morri! Nocauteei aqueles bastardos e ainda salvei os muggles deles!

— Nunca mais faça algo assim! — Arthur abraçou o garoto que via como seu próprio filho. —
Não poderíamos perder você, Hadrian. — Sussurrou com a voz quebrada.

— Desculpa. Não vai mais se repetir. — Prometeu enquanto retribuía o abraço.

— Death Eaters? — Perguntou Dennis e Arthur soltou Hadrian. — Que são Death Eaters?

— É o nome que os seguidores de Você-Sabe-Quem davam a si mesmos. — Charlie respondeu. —


Acho que vimos o que restou deles hoje à noite, pelo menos os que conseguiram ficar fora de
Azkaban.

— Não podemos provar que eram eles, Bill. — Disse Arthur. — Embora provavelmente tenham
sido. — Acrescentou desanimado.

— É, aposto que eram! — Disse Ron repentinamente.

— Mas o que é que os seguidores de Voldemort... — Começou Hadrian. Os Weasley, Draco e


Neville se encolheram, como a maioria das pessoas no mundo dos bruxos. Os ruivos sempre
evitavam dizer o nome de Voldemort. — Desculpem. — Disse Hadrian depressa. — Mas o que é
que os seguidores de Você-Sabe-Quem pretendiam fazendo aqueles muggles levitar? Quero dizer,
qual era o objetivo?

— O objetivo? — Perguntou Arthur com uma risada desanimada. — Hadrian, essa é a ideia que
fazem de uma brincadeira. Metade das mortes de muggles quando Você-Sabe-Quem estava no
poder foi feita de brincadeira. Imagino que eles tenham tomado uns drinques esta noite e não
puderam resistir ao impulso de nos lembrar que um grande número deles continua em liberdade.
Uma reuniãozinha simpática. — Terminou ele desgostoso.
— Mas se eles eram realmente os Death Eaters, por que desaparataram quando viram a Dark
Mark? — Perguntou Ron. — Deveriam ter ficado felizes de ver a Dark Mark, não?

— Usa a cabeça, Ron. — Disse Bill. — Se eles eram realmente os Death Eaters, se viraram de todo
o jeito para não serem mandados para Azkaban quando Você-Sabe-Quem perdeu o poder, e
contaram um monte de mentiras de que ele os forçara a matar e torturar gente. Aposto como
sentiriam ainda mais medo do que nós ao ver que ele estava voltando. Negaram que estivessem
metidos com Você-Sabe-Quem quando ele perdeu o poder e voltaram às suas vidinhas de sempre...
Acho que o Lord não ficaria muito satisfeito de ver essa gente, não é mesmo?

— Então... Quem conjurou a Dark Mark... —Draco disse lentamente. — Estava fazendo isso para
manifestar apoio ou amedrontar os Death Eaters?

— O seu palpite vale tanto quanto o meu, Draco. — Arthur disse. — Mas vou lhe dizer uma
coisa... Somente os Death Eaters eram capazes de conjurar a Dark Mark. Eu ficaria muito surpreso
se a pessoa que a conjurou não tivesse sido um dia Death Eater, mesmo que não o seja agora...

— HAZZ! — Sirius irrompeu da abertura da barraca, sendo seguido pelos Malfoy, Severus e
Remus. O animagus agarrou o garoto com força e não o soltou. — Seu desgraçado! Lutando contra
um bando de Death Eaters! Tava com merda na cabeça, caralho?!

— Eu estou bem, Siri. — Hadrian conseguiu se afastar do abraço, só para ser pego por Narcissa.
— Eu nocauteei geral e não tive danos.

— Ainda assim poderia ter morrido! — A mulher se afastou um pouco apenas para segurar-lhe o
rosto. Os olhos preocupados o analisando.

— Olhem, é muito tarde, e se Molly ouvir falar do que aconteceu vai morrer de preocupação.
Vamos dormir mais um pouco e depois tentar pegar um Portkey bem cedo para sair daqui.

— Winky. — Hadrian chamou a pequena criatura que estava encolhida num canto.

— Sim, mestre? — Ela aproximou-se apressadamente.

— Eu gostaria que você cuidasse da sua aparência. Vista roupas adequadas e limpas. — Seus olhos
se arregalaram e enchera-se de lágrimas. Hadrian se adiantou ao ver a tristeza neles. — Não irei
libertá-la. Não se preocupe. — Sorriu calorosamente enquanto colocava uma mão na sua cabeça.
— Só estou lhe pedindo que se mantenha apresentável e limpa. Não gosto que os elves usem trapos
sujos e nojentos, gosto deles limpos e bem-vestidos. Você pode fazer isso por mim?

— Sim, mestre! Winky irá cuidar da aparência como o senhor pediu! — Concordou
animadamente.

— Obrigado. Pode dormir um pouco agora. Amanhã conversaremos melhor. — O casal Malfoy,
Remus, Severus e Sirius desaparataram de volta para a Malfoy Manor.

Hadrian voltou ao seu beliche com a cabeça zunindo. Sabia que devia estar se sentindo
exausto; eram quase três horas da manhã, mas estava completamente acordado e preocupado. Há
alguns dias acordara com a cicatriz ardendo. E esta noite, pela primeira vez em treze anos, a marca
de Lord Voldemort tinha aparecido no céu. Que significavam essas coisas? Uma parte dele sabia
que tudo isso fora obra de Voldemort, uma forma de mostrar que ele está voltando e que vai criar o
caos mais uma vez. Hadrian ficou contemplando a lona, mas não lhe ocorreu nenhum devaneio
para ajudá-lo a adormecer e somente muito tempo depois, quando os roncos de Ron encheram a
barraca, foi que o garoto finalmente adormeceu.
Capítulo 101
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Arthur os acordou após algumas horas de sono. Usou magia para fechar e dobrar a barracas.
Na noite anterior, antes de voltar para a Malfoy Manor, Lucius puxara Hadrian para dizer ao
garoto que não sabia que os Death Eaters fariam aquilo, estava tentando se desculpar por algo que
ele não tinha culpa. E o garoto o confortou e assegurou que não o culpava por nada. O grande
grupo que eles formavam deixaram o acampamento o mais depressa que podiam, passando pelo
senhor Roberts à porta da casa. O homem tinha um estranho olhar vidrado e acenou se despedindo
com um vago “Feliz Natal”.

— Ele vai ficar bem. — Disse Arthur baixinho, quando começaram a atravessar a charneca. — Às
vezes, quando a memória de uma pessoa é alterada, ela fica um pouco desorientada durante algum
tempo... E precisaram fazê-lo esquecer muita coisa.

Eles ouviram vozes ansiosas quando se aproximaram do lugar onde estava a Portkey e, ao
chegarem, encontraram numerosos bruxos reunidos em torno de Basil, o guardador das Portkey,
todos exigindo, em altos brados, partir do acampamento o mais rápido possível. Arthur teve uma
discussão com Basil; eles entraram na fila e conseguiram tomar um velho pneu de volta ao monte
Stoatshead antes do sol realmente nascer, voltaram caminhando por dentro de Ottery St. Catchpole,
em direção à The Burrow, à claridade da alvorada, falando muito pouco porque estavam demasiado
exaustos e ansiosos pelo café da manhã que iriam tomar. Ao virarem para a estrada de casa e
avistarem The Burrow, um grito ecoou pela estrada úmida.

— Ah, graças a Merlin! Graças a Merlin! — Molly, que evidentemente estivera à espera diante da
casa, veio correndo ao encontro deles, ainda usando chinelos, o rosto pálido e tenso, um exemplar
amassado do Daily Prophet amarrotado na mão. — Arthur... Eu estava tão preocupada... Tão
preocupada...

Ela se atirou ao pescoço do marido e o Daily Prophet caiu de sua mão frouxa no chão.
Baixando os olhos, Hadrian leu a manchete: “CENAS DE TERROR NA COPA MUNDIAL DE
QUIDDITCH”, completa com uma foto em preto e branco da Dark Mark cintilando sobre as
copas das árvores.

— Vocês estão bem... — Molly murmurou distraída, largando o marido e olhando para os garotos
com os olhos vermelhos. — Vocês estão vivos... Ah, meninos... — E partiu para abraçar cada um
dos garotos. Tom retribuiu o gesto por educação, mesmo que detestasse que o tocassem. Claro,
com exceção de Hadrian, seu lindo Sol.

— Vamos, Molly, estamos todos perfeitamente bem. — Disse Arthur acalmando-a e levando-a em
direção à casa. — Bill. — Murmurou ele em voz mais baixa. — Apanhe esse jornal, quero ver o
que diz...

Quando já estavam todos apertados na pequena cozinha e Hadrian preparara uma xícara de
chá forte para Molly, no qual o marido insistira em acrescentar uma dose de uísque, Bill entregou o
jornal ao pai. Arthur examinou a primeira página enquanto Percy espiava por cima do seu ombro.

— Eu sabia. — Arthur disse deprimido. — Ministério erra... Responsáveis livres... Segurança


ineficaz... Bruxos das trevas correm desenfreados... Desgraça nacional... Garoto de quatorze anos
fez um trabalho melhor do que o Ministério... Hadrian Potter batalha sozinho contra dúzias de
bruxos e sai sem nenhum ferimento... Quem escreveu isso? Ah... Só podia ser... Rita Skeeter.

— Essa mulher vive implicando com o Ministério da Magia! — Reclamou Percy, furioso. —
Semana passada ela disse que estávamos perdendo tempo discutindo a espessura dos caldeirões,
quando devíamos estar acabando com os vampiros! Como se isso não estivesse explícito no
parágrafo doze das Diretrizes para o Tratamento dos Semi-Humanos Não Bruxos...

— Faz um favor à gente, Percy. — Disse Charlie bocejando. — Cala a boca.

— Falaram de mim! — Arthur arregalou os olhos por trás dos óculos ao chegar ao fim do artigo no
Profeta Diário.

— Onde? — Molly perguntou num atropelo, engasgando-se com o chá batizado com uísque. — Se
eu tivesse visto isso, saberia que você estava vivo!

— Não dizem o meu nome. — Explicou. — Escute só isso:

Se os bruxos e as bruxas aterrorizados que prendiam a respiração à espera de notícias na


orla da floresta queriam ouvir do Ministério da Magia uma palavra que os tranquilizasse
foram lamentavelmente desapontados. Um funcionário do Ministério saiu da floresta uns
minutos depois do aparecimento da Dark Mark, dizendo que não havia ninguém ferido, mas
recusando-se a dar maiores informações. Resta ver se tal declaração será suficiente para
abafar os boatos de que vários corpos foram retirados da floresta uma hora mais tarde.

— Ah, francamente. — Arthur estava exasperado, entregando o jornal a Percy. — Ninguém ficou
ferido mesmo, que é que eu deveria dizer? Boatos de que vários corpos foram retirados da
floresta... Ora, agora é que vai haver boatos depois de ela publicar isso. — Ele soltou um profundo
suspiro. — Molly, vou ter que ir ao escritório, isso vai dar um certo trabalho para consertar.

— Eu vou com você, pai. — Disse Percy cheio de importância. — O senhor Crouch vai precisar
de toda a tripulação a bordo. E aproveito para entregar a ele o meu relatório sobre os caldeirões,
pessoalmente. — O rapaz saiu apressado da cozinha. Molly pareceu muito aborrecida.

— Arthur, você está de férias! Isso não tem nada a ver com o seu trabalho, com certeza eles podem
resolver o caso sem você, não?

— Tenho que ir, Molly. — Disse Arthur. — Piorei as coisas com a minha declaração. Vou trocar
de roupa um instante e vou...

— Eu vou guardar minhas coisas. — Hadrian agarrou a mochila.

— Nós também vamos. — Draco concordou, levantando-se e seguindo o moreno escada acima.
Colin, Dennis, Fred, George, Neville, Tom, Bill, Charlie e Winky o seguiram até o quarto do
primeiro andar.

— Isso não faz nenhum sentido. — Hadrian jogou sua mochila no chão ao lado sua cama. — Por
que fizeram essa algazarra toda?

— Talvez estejam querendo chamar atenção? — Sugeriu George. Draco, Colin, Dennis, Neville e
Tom colocaram suas mochilas ao lado das camas, no chão, e rodearam Hadrian. O moreno havia se
sentado na cama e passava as mãos pelos cabelos. Os ruivos logo seguiram o exemplo dos outros e
cercaram Hadrian, o puxando para o sentar-se na cabeceira enquanto eles rodeavam a cama.

— Minha cicatriz não doeu, então ele não estava lá. — Bill e Charlie arregalaram os olhos.

— Como assim sua cicatriz não doeu? — Bill perguntou, a preocupação estampada nos seus olhos
azuis.

— Alguns dias atrás eu tive uma espécie de sonho com Você-Sabe-Quem. — Colin e Dennis, que
estavam logo ao seu lado, seguraram suas mãos, o encorajando. — Mas sonhei com ele... Com ele
e Peter, sabe, Wormtail. Não me lembro do sonho todo agora, mas eles estavam planejando...
Matar alguém. — Hesitara por um momento quase dizendo “me matar”, mas não teve coragem de
fazê-los ficarem mais horrorizados do que já estavam.

— Foi só um sonho. — Disse Charlie tranquilizando o moreno. — Só um pesadelo.

— É, mas será que foi mesmo? — Indagou Hadrian, virando-se para espiar, pela janela, o céu que
clareava. — É esquisito, não é... Minha cicatriz dói e alguns dias depois os Death Eaters se
manifestam e o sinal de Voldemort volta a aparecer no céu. E lembram o que foi que a professora
Trelawney disse? — Continuou Hadrian. — No fim do ano passado? Ela entrou em transe, de
verdade. E disse que o Dark Lord se reergueria... Maior e mais terrível que nunca... E que teria
sucesso porque seu servo ia voltar para ele... E naquela noite Wormtail fugiu.

— Vai dar tudo certo, Hadrian. — Draco garantiu. — Ele não vai voltar. E nada vai acontecer.

— Que a divindade que cuida da minha vida te ouça. — Hadrian suspirou. — Porque eu só queria
um ano normal. Sem loucuras, sem risco de vida.

— Você terá isso. — Charlie prometeu.

— E nós estamos aqui por você, Sunshine. — Colin sorriu-lhe docemente.


— Pode contar conosco. — Neville corou.

— Não sei o que seria de mim sem vocês. — Sorriu com amor. — Obrigado.

— Okay. — Bill bateu uma palma depois de um silêncio longo. — Vamos jogar uma partida de
quidditch no pomar, Hazz. — Sugeriu. — Vamos, uma melhor de três. Você pode experimentar a
Finta de Wronski...

— Isso seria perfeito. — Hadrian sorriu agradecido por tê-los ao seu lado. Ele instruiu Wink a
ajudar Molly nos afazeres dela antes de sair com os garotos para o pomar.

Nem Arthur, nem Percy pararam muito em casa na semana seguinte. Os dois saíam toda
manhã antes do resto da família se levantar e só voltavam bem depois do jantar. Logo no dia
seguinte depois da manchete Hadrian fora visitar a Malfoy Manor para acalmar seus pais. Tom
ficou enraivecido ao ver o quão louco sua contra parte deveria estar para recrutar um bando de
imbecis acéfalos desprovidos de cérebro e inteligência. Depois de um dia Hadrian mandou Winky
ficar na Malfoy Manor e fazer o que lhe pedirem, ela aceitou muito contente com os novos
senhores.

— Tem sido um absoluto tumulto. — Contou Percy a todos, cheio de importância, no domingo à
noite, véspera dos garotos regressarem a Hogwarts. — Estive apagando incêndios a semana inteira.
As pessoas não param de mandar berradores e, é claro, se a gente não abre um berrador na mesma
hora ele explode. Tem marcas de queimadura por toda a minha mesa e a minha melhor pena ficou
reduzida a cinzas.

— Por que é que estão mandando berradores? — Perguntou Ron, que se ocupava em remendar
com fita adesiva o seu exemplar de “Mil Ervas e Fungos Mágicos”, sentado no tapete diante da
lareira da sala de estar.

— Para se queixarem da falta de segurança na Copa Mundial. — Disse Percy. — Querem


compensação pelos prejuízos. Mundungus Fletcher entrou com um pedido de compensação pela
perda de uma barraca de doze suítes com banheira jacuzzi, mas eu saquei logo qual era a dele. Sei
sem a menor dúvida que ele estava dormindo embaixo de uma capa estendida por cima de paus.

Molly olhou para o relógio de carrilhão a um canto da sala. Hadrian gostava desse relógio.
Era completamente inútil se alguém queria saber as horas, mas para outras coisas era muito
informativo. Sete dos ponteiros indicavam “casa”, mas o de Arthur, que era o mais comprido,
ainda apontava para “trabalho”. Molly suspirou.

— O seu pai não precisa ir ao escritório num fim de semana desde o tempo de Você-Sabe-Quem.
— Disse ela. — Estão obrigando-o a trabalhar demais. O jantar dele vai estragar se demorar muito
mais a chegar em casa.

— Pai acha que precisa compensar o erro que fez no jogo, não é? — Perguntou Percy. — Verdade
seja dita, foi meio imprudente ele fazer uma declaração à imprensa sem antes pedir autorização ao
chefe do departamento...

— Não se atreva a culpar o seu pai pelo que aquela infeliz da Skeeter escreveu! — Molly irritou-se
na hora.

— Se o pai não tivesse dito nada, a Skeeter teria escrito que era lamentável que ninguém do
Ministério tivesse comentado nada. — Disse Bill, que estava jogando xadrez com Ron. — Rita
Skeeter nunca pinta ninguém de anjo, exceto Hadrian. Pelo que parece. — Bill olhou para o garoto
enquanto continuava a falar. — Estão lembrados da vez que ela entrevistou todos os desfazedores
de feitiços do Gringotts e me chamou de frangote de cabelo comprido?

— Bom, está um pouco comprido, querido. — Molly disse carinhosamente. — Se você me


deixasse...

— Não, mãe. — A chuva açoitava a janela da sala de estar. Cada um estava num canto se
distraindo de alguma forma.

— Ah, seu pai está chegando! — Molly disse de repente, olhando mais uma vez para o relógio. O
ponteiro de Arthur de repente girou de “trabalho” para “viagem”; um segundo depois parou
estremecendo em “casa” junto aos demais, e todos o ouviram chamar da cozinha. — Estou indo,
Arthur! — Respondeu a mulher, saindo correndo da sala. Mais alguns minutos e o homem entrava
na sala aquecida, trazendo o jantar numa bandeja. Parecia completamente exausto.

— Bom, agora a coisa está realmente pegando fogo. — Comentou ele com a esposa, sentando-se
em uma poltrona junto à lareira e brincando desanimado com uma porção murcha de couve-flor.
— Rita Skeeter andou fuçando a semana inteira, procurando mais bobagens ministeriais para
denunciar. E agora descobriu que a coitada da velha Bertha está desaparecida, então isso vai ser a
manchete de amanhã no jornal. Eu disse a Bagman que ele devia ter mandado alguém procurá-la
há séculos.

— O senhor Crouch vem dizendo isso há semanas seguidas. — Disse Percy depressa.

— Crouch tem muita sorte de Rita não ter descoberto nada sobre a Winky. — Arthur retrucou
irritado. — Haveria uma semana de manchetes com a história do house-elf dele ter sido apanhado
segurando a varinha que conjurou a Dark Mark.

— Acho que todos concordamos que a elf, embora irresponsável, não conjurou a Dark Mark? —
Disse Percy inflamado.

— Crouch tem muita sorte que ninguém no Daily Prophet saiba como ele é ruim para os elves. —
Disse Hadrian aborrecido.

— Agora, olha aqui, Hadrian! — Retrucou Percy. — Um funcionário de primeiro escalão no


Ministério como o senhor Crouch merece obediência cega dos seus criados...

— Obediência cega é o que leva ao desmoronamento de uma sociedade. — Hadrian retrucou, nem
se dignando a olhar o rosto vermelho de raiva de Percy.

— Ora, seu...

— Acho melhor vocês todos subirem e verificarem se fizeram as malas direito! — Molly
interrompeu a discussão. — Andem logo, vamos, todos vocês...

Hadrian fechou o estojo de manutenção, pôs a Firebolt ao ombro e subiu com os namorados.
A chuva parecia ainda mais forte, e vinha acompanhada por assobios e gemidos do vento, para não
falar nos uivos ocasionais do vampiro que vivia no sótão. Hadrian, Draco, Dennis, Colin e Neville
ocuparam-se em preparar seus malões, Tom permaneceu quieto em um canto admirando seu lindo
Sol. Hadrian não usava mais uma gaiola para Hedwig, ele a deixava solta e pedia para ela ir a tal
lugar quando ele precisava sair. Como amanhã ele iria para Hogwarts, ele pedira para ela voar para
lá e encontrá-lo na escola. Os garotos ouviram uma batida na porta e Molly entrou, trazendo uma
braçada de vestes de Hogwarts recém-lavadas.
— Tomem aqui. — Disse ela, dividindo a braçada entre os garotos. — Agora vejam se guardam
tudo na mala direito para não amarrotar. — Nesse instante Ron chegou correndo na porta. Ele
estava segurando uma coisa que pareceu a Hadrian uma longa veste de veludo marrom. Tinha um
babado de renda de aspecto mofado no decote e punhos de renda iguais.

— Mãe, você me deu uma roupa sua. — Disse Ron devolvendo a veste marrom à mãe.

— Claro que não, é para você. Vestes a rigor.

— Quê? — Exclamou Ron, horrorizado.

— Vestes a rigor! — Repetiu a mulher. — Está na sua lista de material que este ano você deverá
levar vestes a rigor... Vestes para ocasiões formais. — E então ela se virou para Hadrian e os
namorados, com um sorrisinho doce nos lábios. — Eu não peguei a de vocês porque não sabia o
que gostariam de vestir. Tudo bem, por vocês, queridos?

— Claro, Molly. — Colin sorriu radiante para a mulher maternal.

— A senhora tem que estar brincando! — Exclamou Ron incrédulo, Molly voltou seu olhar
desapontado para o filho caçula. — Eu não vou usar isso, nem pensar.

— Todo mundo usa, Ron! — Disse Molly aborrecida. — E são todas assim! Seu pai também tem
uma para festas elegantes!

— Saio pelado, mas não visto uma coisa dessas. — Teimou Ron.

— Não seja bobo. Você precisa de vestes a rigor, estão na sua lista!

— Por que eu não ganhei vestes legais? Tenho certeza de que fosse para o Hadrian você teria pego
algo incrível! — Ron estava vermelho de raiva e ciúmes, seus olhos fuzilando o dito garoto do qual
falava.

— Porque... Bom, precisei comprar as suas de segunda mão, e não havia muita escolha! — Disse a
mulher corando. Hadrian não era o único que estava se irritando com a ingratidão de Ron com os
esforços que seus pais faziam para o darem alimento e um teto para viver.

— Não vou usar isso nunca! — Insistiu Ron. — Nunquinha.

— Ótimo! — Molly retorquiu. — Ande nu. E Hadrian não se esqueça de tirar uma fotografia dele.
Merlin sabe que eu estou bem precisada de umas gargalhadas. — Ron saiu pisando duro e Molly
saiu fechando a porta.

— Ela não vai aceitar dinheiro mesmo que eu lhe desse de Natal. — Hadrian suspirou. Queria
ajudar a família que o trata tão bem, porém Molly e Arthur nunca aceitam nada. Talvez se ele
conseguisse aumentar o salário de Arthur, ou conseguir empregos bem remunerados na área que os
dois gostariam de atuar... Ele tinha que pensar, e muito, sobre isso.

— Por que é que precisamos de trajes formais? — Colin perguntou curioso.

— Coisa boa é que não é. — Neville suspirou. Perto da janela, Tom, Bill e Charlie sussurravam
alguma coisa; totalmente despercebidos pelos outros garotos.
Capítulo 102
Chapter Notes

GENTE! EU ACABEI COMETENDO UM ERRO DE CONTINUAÇÃO NO CAP


PASSADO! O TOM AINDA ESTÁ NA CASA DOS WEASLEY JUNTO COM O
HAZZ E COMPANHIA!!!!

ALERTA +18

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Quando todos estavam deitados em suas camas, um garoto de cabelos negros levantou e se
esgueirou para a cama ao seu lado. Tom sorriu malicioso ao ver que Hadrian ainda estava
acordado.

— Tommy...? — Olhou-o confuso.

— Venha comigo. — Segurou a mão do menor e o puxou para fora da cama. Ainda confuso,
Hadrian deixou-se ser levado para o quarto do terceiro andar onde Bill e Charlie o dividiam. Os
dois ruivos mais velhos estavam os esperando com ansiedade.

— O que está acontecendo? — Hadrian perguntou confuso ao ver Tom selando a porta do quarto e
colocando vários feitiços de privacidade.

— Queríamos nos despedir de você antes de voltar para Hogwarts. — Bill sorriu malicioso.

— Seus pervertidos. – Hadrian soltou uma risada nasalada. — Se aproveitando de um pobre rapaz.
— Puxou Tom pela mão e o fez sentar-se ao lado de Charlie em sua cama. — Alguém poderia
pensar algo errado de vocês. — Puxou Bill para sentar-se do outro lado de Tom.

— O que você tem em mente, Hazz? — Charlie perguntou levemente corado. Hadrian olhou para
cada um deles e sorriu malicioso, seus olhos brilhando num verde mais intenso, o vórtice dentro
das írises girando mais rápido e suas pupilas dilatando.

— Nada demais. — Se ajoelhou na frente de Tom, cada mão subindo por uma perna de Bill e
Charlie. — Como ainda não me sinto pronto para ir até o fim... — Os ruivos reprimiram um
suspiro ao sentirem a mão subindo lentamente até suas virilhas. — Então fico com umas
“preliminares”. — Seus olhos focaram-se nos de Tom. – Tire. — Comandou.

— Oh merda. — Bill ofegou. Hadrian dominante era terrivelmente excitante. Tom obedeceu a
ordem enquanto Hadrian esfregava suas mãos nos membros, semiduros, de Bill e Charlie.

— Me surpreende que você tenha concordado com isso, Tommy. — Hadrian aproximou seu rosto
do membro ereto do maior. — Você é deveras possessivo. — Olhou-o nos olhos quando assoprou a
glande avermelhada.

— Sacrifícios. — Tom ofegou. Hadrian tirou os membros dos ruivos das calças e cuecas e
começou a massageá-los lentamente.

— Então terei que fazer valer a pena. — Sorriu ladino antes de lamber o membro da base até a
cabeça.

Três pares de olhos focados em si, as pupilas dilatas, os corpos em chamas, a adrenalina e o
êxtase percorrendo suas veias, os corações bombeando louçãmente contra seus peitos, as bocas
salivantes soltando suspiros e gemidos. Hadrian amou esse poder sobre homens tão fortes e
poderosos. Sem nunca parar os movimentos de suas mãos, o garoto abocanhou apenas a glande de
Tom, lambendo a uretra e sugando com força. O mais velho apoiou-se na cama e fechou os olhos,
deleitando-se com a sensação quente e úmida da boca de seu amado.

Indo mais para baixo, Hadrian conseguiu colocar uma boa quantidade do membro pulsante
em sua boca. Sua língua o acariciava sem parar, sentindo as veias pulsando dentro dele, sugou com
força e começou a movimentar sua cabeça no mesmo ritmo que suas mãos. Os sons de sucção e as
sensações em seus membros estimulava ainda mais o prazer dos três homens.

Virando-se para a esquerda, Hadrian deixou de masturbar Bill para masturbar Tom,
enquanto sua língua trabalhava no membro do ruivo mais velho. Este que gemeu no fundo de sua
garganta ao ser abocanhado de uma vez só. Uma mão foi instintivamente para os fios escuros e os
segurou com força. Hadrian olhou nos seus olhos e sugou com força, para depois relaxar sua
garganta o máximo e começar a movimentar a cabeça num vai e vem lento, tentando chegar até o
final.

Seu próprio pênis já estava duro contra suas roupas, protestando pelo aperto e por não
receber atenção. Mas Hadrian não podia se importar menos com seu próprio prazer, muito focado
em arrancar mais gemidos daqueles três. Focado em conseguir reduzi-los a uma gosma incoerente
de tanto prazer. E ele faria isso.

Com algumas engasgadas por Bill ser grande, Hadrian finalmente conseguiu chegar à base,
sua língua nunca parando de trabalhar. Uma última sucção forte, Hadrian mudou o foco para
Charlie, voltando a masturbar Bill. Com um sorriso malicioso, ele abocanhou tudo de primeira, já
sugando com força e brincando com a língua. Charlie gemeu de surpresa antes de ofegar e agarrar-
se aos lençóis da cama.
Os três homens só tinham em mente uma coisa: a boca maravilhosa de Hadrian. Eles
imaginavam o dia que o menor finalmente se sentiria pronto para a penetração. Imaginavam se
seria tão incrível quanto sua boca era. Se o calor que os rodeava agora era maravilhoso, quando se
afundassem naquela bunda perfeita então seria divino. Tom, agora, estava agradecendo a Bill por
tê-lo convencido a aceitar essa loucura. Seu lado possessivo estava incrivelmente perto da
superfície ao ver seu amado dando atenção aos outros, mas a sensação daquela boca finalmente
voltando para si conseguia ofuscar tudo.

Hadrian gemia contra os membros que chupava avidamente, o tremor de sua garganta os
atiçando ainda mais. Graças a sua magia, qualquer dor ou desconforto foi anulado completamente,
junto com a ânsia de vômito que poderia ser provocada pelos membros tocando no fundo da sua
garganta. Ele sentia sua cueca e calças de pijama ficando encharcados com o pré-gozo que vazava
de seu pênis ignorado, mas nada que um feitiço de limpeza não resolvesse, e não era como se ele se
importasse com isso no momento.

Gradativamente ele via os três homens quebrando, se derretendo, se entregando


completamente a si. Isso o fez sentir-se incrível, sentia-se orgulhoso de si mesmo, e feliz pelo
resultado de seu trabalho. Os sons de sua saliva junto com o pré-gozo preenchiam o quarto,
acompanhado pelo som de sucção, suspiros, gemidos, e palavras desconexas. Os três homens
estavam muito além da sanidade para formular algo coerente, seus cérebros entorpecidos pelo
prazer avassalador que lhes era dado.

Sempre aumentando a velocidade, Hadrian nunca deixou que eles assumissem o controle. Se
eles começassem a se mover ele parava e ia dar atenção ao outro. Ainda que estivessem ansiando
por mais, eles aceitaram seu comando silencioso. Eles sabiam que Hadrian quem estava no
comando naquele momento. E isso era terrivelmente excitante, os deixando ainda mais
necessitados por mais contatos.

Incrivelmente orgulhoso de si mesmo, Hadrian se afastou dos três quando viu que estavam
perto do clímax. Sentou-se em seus joelhos e sorriu malicioso. Seus namorados entenderam o
comando e se levantaram, o rodeando e masturbando-se. Hadrian fechou os olhos, abriu a boca e
colocou a língua para fora. Esperou, deliciando-se com os sons que vinham dos homens. Ele sabia
que suas mãos trabalhavam com uma velocidade incrível em seus próprios membros, e ele sentiu-
se muito incrível ao ver o desespero por libertação que havia dado para os três.

Como se tivessem combinado, jatos de sêmen jorraram pelo seu rosto, a grande parte caindo
na sua boca aberta. Abriu os olhos e engoliu tudo. Lambendo os lábios, Hadrian sorriu ao ver o
estado dos três. Corados, suados e ofegantes; as pupilas ainda dilatadas e a magia crepitando pelo
quarto.

— E você, Hazz? — Bill perguntou com uma voz rouca e cansada ao sentar-se na cama. Charlie e
Tom seguiram o seu exemplo, os peitos subindo e descendo rapidamente para recuperarem o
fôlego.

— Que tal um pequeno show? — Hadrian sorriu ladino ao despir-se de sua camisa de pijama. Sua
voz estava rouca por causa de suas ações anteriores.

Havia três pares de olhos completamente vidrados em si com uma fome palpável. O mais
novo livrou-se das calças e cueca, dando a visão de seu corpo totalmente nu para os namorados.
Acomodou-se melhor no chão e começou a masturbar-se lentamente, uma mão acariciando um
mamilo enquanto a outra trabalhava no seu membro necessitado. Seus gemidos doces preencheram
o quarto conforme sua mão aumentava a velocidade, seus olhos vez ou outra focando-se nos dos
namorados.
Os três estavam se deliciando com a visão. Hadrian descabelado, os lábios inchados e
vermelhos, as bochechas coradas, o corpo esbelto, as mãos hábeis, e os olhos hipnóticos. Hadrian
era perfeito em todos os sentidos. O mais novo sorriu ao ver os três ficando duros novamente.

— E-eu não irei cuidar de vocês uma segunda vez hoje... — Falou entre gemidos conforme sua
mão ia ainda mais rápido.

— Não tem problema. — Charlie, assim como os outros dois, começaram a se masturbar. —
Temos um material incrível para lidarmos com isso sozinhos.

Hadrian mordeu o lábio quando sentiu seus músculos tencionando. Acelerando ainda mais os
movimentos de sua mão, ele finalmente se liberou com um gemido de puro prazer. Os três homens
viram-se fascinados e acabaram gozando pela segunda vez. Ofegante e incrivelmente cansado,
Hadrian encarou Tom.

— Me leva de volta? — Perguntou com um olhar de cachorrinho pidão.

— O que eu não faço por você, Sunshine? — Sorriu docemente. Bill limpou todos com um
balançar de varinha enquanto Tom ajudava Hadrian a se vestir antes de pegá-lo nos braços estilo
noiva e se retirar do quarto dos ruivos.

— Ai, papai. — Charlie jogou-se na sua cama. — Apaixonado estou. — Sorria bobamente.

— Nós dois, irmão. — Bill se jogou na própria cama. — Nós dois.

Na manhã seguinte, Hadrian, os namorados e Ron tinham acabado de chegar ao patamar do


primeiro andar, a caminho de tomar o café da manhã, quando Molly apareceu ao pé da escada,
parecendo aflita. Aparentemente um ex-auror, Mad-Eye havia criado uma confusão que acabou
envolvendo a polícia muggle. Arthur acabou tendo que ir mais cedo para o Ministério para resolver
o problema.

— É melhor eu me apressar... Um bom ano letivo para vocês, meninos. — Disse Arthur para os
garotos, puxando uma capa por cima dos ombros e se preparando para desaparatar. — Molly, você
acha que dá conta de levar os meninos até King’s Cross?

— Claro que sim. Se preocupe com Mad-Eye que nós cuidamos do resto. — Quando Arthur
desapareceu, Bill e Charlie entraram na cozinha.

— Alguém falou em Mad-Eye? — Perguntou Bill. — Que é que ele andou fazendo agora?

— Diz que alguém tentou entrar na casa dele à noite passada. — Molly respondeu.

— Mad-Eye Moody? — Indagou George pensativo, passando geleia na torrada. — Não é aquele
biruta...

— Seu pai tem uma excelente opinião sobre Mad-Eye Moody. — Molly disse severamente.

— É, tudo bem, o pai coleciona tomadas, não é mesmo? — Disse Fred baixinho quando a mãe saiu
da cozinha. — Cada qual com o seu igual...

— Moody já foi um grande bruxo. — Disse Bill.

— Ele é um velho amigo do Dumbledore, não é? – perguntou Charlie.


— Mas o Dumbledore não é bem o que a gente chamaria de normal, não é. — Comentou Tom
contendo seu desgosto ao pronunciar o nome.

— Quem é Mad-Eye? — Perguntou Dennis.

— Está aposentado, mas costumava trabalhar no Ministério. — Falou Charlie. — Vi ele uma vez
quando pai me levou ao trabalho. Ele foi auror... Um dos melhores... Um cara que captura bruxos
das trevas. — Acrescentou, vendo o olhar atônito do garotinho. – Encheu metade das celas de
Azkaban. Mas fez uma pá de inimigos... Principalmente as famílias das pessoas que ele prendeu...
E ouvi falar que Moody está ficando realmente paranoico na velhice. Não confia mais em ninguém.
Vê bruxos das trevas por todo lado. — Bill e Charlie resolveram acompanhar os garotos ao
embarque na estação de King’s Cross, mas Percy se desculpou profusamente e disse que precisava
de fato ir trabalhar.

— Não posso pedir mais licenças no momento. O senhor Crouch está realmente começando a
confiar em mim.

— Ah é, sabe de uma coisa, Percy? — Disse George sério. — Acho que não demora muito, ele vai
aprender o seu nome. — Colin telefonou para a agência de correio do povoado para pedir três táxis
de muggles para levá-los a Londres.

— É a minha deixa. — Tom abraçou Hadrian fortemente antes de tomar-lhe os lábios num beijo
cálido. Era ao mesmo tempo voraz e delicado. Hadrian derreteu nos braços do namorado e se
entregou totalmente. — Eu te amo.

— Eu também te amo. — Sorriu apaixonadamente.

— Nos vemos em breve. — Dei-lhe um selinho rápido antes de atravessar as chamas verdes até a
Malfoy Manor.

— Arthur tentou pedir emprestado uns carros do Ministério para nós. — Molly sussurrou a
Hadrian, enquanto aguardavam parados no pátio lavado de chuva os motoristas dos táxis
carregarem os pesados malões de Hogwarts nos carros. — Mas não havia nenhum disponível... Ah,
meu Merlin, a cara deles não está nada feliz, não é?

Hadrian não quis comentar com Molly que motoristas de táxi muggles raramente
transportavam alguns Fogos Dr. Filibusteiro, que não aquecem e acendem molhados, que
explodiram inesperadamente quando o malão de Fred se abriu, fazendo o motorista que o carregava
berrar de susto. A viagem foi desconfortável, porque eles viajaram espremidos no banco traseiro
dos táxis com os malões. Não que Hadrian e os namorados não tivessem aproveitado a
aproximação para provocarem uns aos outros, mas continuava sendo desconfortável. Sentiram um
grande alívio ao desembarcar na estação, embora a chuva caísse mais forte que nunca e eles
tivessem se encharcado para atravessar a rua movimentada para entrar na estação com os malões.

A essa altura, Hadrian já estava se acostumando a embarcar na plataforma 9¾. Era apenas
uma questão de rumar diretamente para a barreira, aparentemente sólida, que dividia as plataformas
nove e dez. A única parte difícil era fazer isso discretamente de modo a não chamar a atenção dos
muggles. Fizeram isso em grupos, hoje; Hadrian, Draco e Colin (os mais visíveis, pois iam levando
Nyx e Hera) foram os primeiros; eles se encostaram descontraidamente na barreira, conversando
despreocupados e deslizaram de lado por ela... E, ao fazerem isso, a plataforma 9¾ se materializou
diante deles. O Expresso de Hogwarts, uma reluzente locomotiva vermelha, já estava aguardando,
soltando nuvens repolhudas de fumaça, através das quais os muitos alunos de Hogwarts e seus pais
parados na plataforma pareciam fantasmas escuros. Hadrian, Draco e Colin saíram em busca de
lugares e logo estavam guardando a bagagem em uma cabine mais ou menos na metade do trem.
Depois, eles tornaram a saltar para se despedir de Molly, Bill e Charlie.

— Eu devo me despedir adequadamente. — Bill comentou com os olhos brilhando em malícia


enquanto se aproximava de Hadrian.

— O que você vai fazer? — Hadrian inclinou a cabeça para o lado em confusão, mas não obteve
resposta verbal, pois o ruivo agarrou sua cintura e uniu seus lábios num beijo lento e romântico.

Seria uma mentira dizer que ninguém percebeu e continuaram suas vidas, pois foi
exatamente o contrário. A plataforma inteira pareceu congelar no tempo, até as respirações foram
trancadas ao perceberem que o pequeno Príncipe havia conquistado mais um consorte. Os
repórteres que estavam escondidos, ansiosos para uma boa manchete sobre Hadrian Potter, tiverem
o que tanto desejavam. Hadrian fechou os olhos, circulou o pescoço do mais velho com os braços e
entregou-se ao beijo calmo e cheio de carinho. Bill era um homem muito belo, muitos o
cortejavam, porém ele nunca demonstrou nenhum interesse romântico desde que saiu da escola e
mudou-se para o Egito. Mas agora, ali estava ele, beijando publicamente Hadrian Potter. E
ninguém poderia duvidar dos seus sentimentos, pois estava evidente em seu olhar que ele gostava
do garoto. E o mesmo retribuía seus sentimentos.

Molly cruzou os braços e revirou os olhos, porém um sorriso divertido iluminava seu rosto.
Ron parecia horrorizado, o que ele realmente estava. O Santo Potter estava roubando todos os seus
irmãos! Estava enfeitiçando todos eles! Quem mais essa puta iria querer!? Quantos mais ele iria
enfeitiçar só para se satisfazer!? E sua mãe achava aquilo normal!? Ela era louca!? O seu pai a
mesma coisa! Todos apoiavam essa nojeira! Todos estavam enfeitiçados pela vadia! Ele não iria
permitir! Iria vingar-se pela sua família!

— Não tome todo o tempo! — Charlie ralhou, divertido ao ver Bill separar-se de um Hadrian
extremamente corado. — Eu também quero me despedir. — Bill sorriu e levantou as mãos em
rendição enquanto se afastava.

— É todo seu, maninho. — O mais velho sorriu ao ver Charlie agarrando a cintura de Hadrian e
reivindicar seus lábios.

O moreno suspirou em surpresa, mas rendeu-se mais uma vez. Repousando as mãos no peito
do mais velho e apreciando o beijo lento e cheio de amor. Molly balançou a cabeça de um lado
para o outro enquanto seu sorriso se alargava. Os repórteres tiravam mil e uma fotos do pequeno
Príncipe. Alguns pais estavam horrorizados, essa parcela eram os pais de nascidos muggles que não
compreendiam a cultura bruxa. Ron enfureceu-se ainda mais, cerrando os punhos tão forte até que
as juntas dos seus dedos estavam brancas. Draco, Colin, Dennis, Neville, Fred e George sorriam
divertidos.

— Eu espero receber meu apelido e meu colar em breve. — Charlie comentou sorridente ao
separar-se do moreno.

— Não se esqueça de mim. — Bill sorriu.

— Não esquecerei. — Hadrian retribuiu o sorriso e se afastou um pouco deles.

— Talvez eu volte a ver vocês mais cedo do que pensam. — Disse Charlie, rindo, ao se despedir de
Dennis com um abraço.

— Por quê? — Perguntou Fred interessado.

— Você verá. — Respondeu Charlie. — Só não diga a Percy que eu falei isso... “Porque afinal é
informação privilegiada, até o Ministério resolver divulgá-la”.

— É, eu até sinto vontade de estar estudando em Hogwarts este ano. — Disse Bill, as mãos
enfiadas nos bolsos, contemplando com um ar quase saudoso o trem.

— Por quê? — Perguntou George impaciente.

— Vocês vão ter um ano interessante. — Comentou Bill, com os olhos cintilando. — Talvez eu até
peça licença para ir dar uma espiada...

— Uma espiada em quê? — Perguntou Colin. Mas nessa hora ouviram o apito e Molly conduziu-
os impaciente às portas do trem.

— Obrigada por nos convidar, Molly. – disse Draco, depois que embarcaram, fecharam a porta e se
debruçaram na janela do corredor para falar com ela.

— Obrigado por tudo, Molly. — Disse Hadrian.

— Ah, o prazer foi meu, queridos. — Respondeu ela. — Eu os convidaria para o Natal, mas...
Bem, imagino que vocês vão querer ficar em Hogwarts, por causa... De uma coisa ou outra.

— Mãe! — Exclamou Ron irritado. — Que é que vocês três sabem que nós não sabemos?

— Vocês vão descobrir hoje à noite. — Disse a mulher sorrindo. — Vai ser muito excitante,
reparem bem, estou muito contente que tenham mudado as regras...

— Que regras? — Perguntaram Fred e George juntos.

— Tenho certeza de que o diretor vai contar a vocês... Agora, comportem-se? — Os pistões
assobiaram e o trem começou a andar.

— Conta para a gente o que vai acontecer em Hogwarts! — Berrou Fred pela janela, quando
Molly, Bill e Charlie foram se distanciando rapidamente. — Que regras é que vão mudar?

Mas a mulher apenas sorriu e acenou. Antes que o trem tivesse virado a primeira curva, ela,
Bill e Charlie tinham desaparatado. Hadrian e os namorados voltaram à cabine, Ron foi atrás de
Hermione, não queria ficar perto de Hadrian. A chuva grossa que batia nas janelas tornava difícil
ver o lado de fora. Todos acomodaram-se nos acentos, logo Blaise, Theodore e Pansy chegariam.

— Bagman queria nos dizer o que ia acontecer em Hogwarts. — Disse George mal-humorado,
sentando-se ao lado de Hadrian. — Na Copa Mundial, lembra? Mas nem a minha própria mãe quer
contar. Que será...

— Psiu! — Sussurrou Dennis de repente, levando o indicador aos lábios e apontando para a cabine
ao lado. Hadrian e os outros prestaram atenção e ouviram uma voz esganiçada já sua conhecida que
entrava pela porta aberta.

— Papai, na realidade, pensou em me mandar para Durmstrang em lugar de Hogwarts, sabem. Ele
conhece o diretor lá, entendem. Bom, vocês sabem qual é a opinião dele sobre Dumbledore... O
cara gosta muito de sangues ruins e Durmstrang não admite esse tipo de ralé. Mas mamãe não
gostou da ideia de eu ir para uma escola tão longe. Durmstrang tem uma política muito mais certa
que Hogwarts com relação às Artes das Trevas. Os alunos de lá até aprendem essa matéria, não é
só essas bobagens de defesa que a gente aprende... — Colin se levantou, foi pé ante pé até a porta
da cabine e fechou-a para abafar a voz de Bulstrode.
— Então ela acha que Durmstrang teria sido melhor para ela, é? — Disse Pansy mal-humorada. —
Eu gostaria que ela tivesse ido para lá, aí não teríamos que aturá-la.

— Durmstrang é outra escola de bruxaria? — Perguntou Dennis.

— É. — Respondeu Blaise, sorrindo ao ver Hadrian puxar Colin para deitar apoiado em si. – E tem
uma péssima reputação. Segundo o livro “Uma Avaliação da Educação em Magia na Europa” ,
a escola enfatiza as Artes das Trevas.

— O que é uma burrice. — Hadrian bufou. — Magia é magia, o que muda é a intenção de como
usá-la. Hogwarts deveria se atualizar.

— A culpa é da Cabra Velha, que é o “Senhor da Luz”. — Draco revirou os olhos.

— Acho que já ouvi falar nisso. — Disse Colin vagamente. — Onde fica? Em que país?

— Ora, ninguém sabe, não é mesmo? — Respondeu George, erguendo as sobrancelhas.

— Hum... Por que não? — Quis saber Dennis.

— Tradicionalmente há uma forte rivalidade entre as escolas de magia. Durmstrang e Beauxbatons


gostam de esconder onde ficam para ninguém poder roubar os segredos delas — Disse Hadrian
simplesmente.

— Durmstrang tem que ser mais ou menos do tamanho de Hogwarts, como é que alguém vai
esconder um castelo? — Perguntou Dennis curioso. — Como é que se esconde um lugar como
Hogwarts?

— Encantando ele. — Respondeu Draco. — Se um muggle olhar, só o que vai ver é uma velha
ruína embolorada com um letreiro na entrada “PERIGO, NÃO ENTRE, ARRISCADO”.

— Então Durmstrang também vai parecer uma ruína a um estranho?

— Talvez. — Disse Draco, encolhendo os ombros. – Ou talvez tenha feitiços anti-muggles, como o
estádio da Copa Mundial. E para impedir bruxos estrangeiros de encontrá-lo, devem ter tornado ele
impossível de mapear...

— Como é?

— Bom, a gente pode enfeitiçar um prédio para tornar impossível a pessoa o localizar em um
mapa, não pode?

— Hum... Se você diz que pode. — Falou o garotinho corado por ser novo nesse mundo.

— Mas eu acho que Durmstrang deve ficar em algum lugar bem ao norte. — Disse Hadrian
pensativo. — Algum lugar muito frio, porque as capas de peles fazem parte dos uniformes de lá.

— Ah, pensem só nas possibilidades. — Disse Pansy sonhando. — Teria sido muito mais fácil
empurrar Bulstrode de uma geleira e fazer parecer acidente... Pena que a mãe goste dela...

A chuva foi ficando mais pesada, à medida que o trem seguia mais para o norte. O céu
estava tão escuro e as janelas tão embaçadas que as lanternas foram acesas antes do meio-dia. O
carrinho dos lanches surgiu sacudindo pelo corredor, e Hadrian comprou uma montanha de bolos
de caldeirão para todos dividirem.
— Sabe... — Fred iniciou. — Estou feliz que a mãe nos conseguiu roupas aceitáveis. A de Ron é
horrível. Quero dizer, isso esteve em moda aí por 1890... — Todos riram ao lembrarem-se das
terríveis vestes de Ron.

— Podemos ir na Gladrags Wizardwear pedir algo “normal”. – Hadrian sugeriu.

— Isso é uma ótima ideia. — Os gêmeos trocaram olhares entre si.

— E sobre a Weasleys’ Wizard Wheezes... — Hadrian continuou. — Eu apoio vocês totalmente.


Vocês são gênios quando se trata de brincadeiras e pegadinhas. Se precisarem de ajuda é só me
chamar.

— Nós te amamos, Hazz! — Os ruivos agarraram o namorado num forte abraços enquanto os
outros integrantes da cabine riam.

— Eu também amo vocês. — Hadrian retribuiu o carinho com um largo sorriso no rosto e o peito
quentinho de felicidade e amor.
Capítulo 103
Chapter Notes

Eu lembro de ler um comentário de alguém com a sensação de que os caps estavam


pequenos. Eu me esforcei para fazê-los um pouco maior da meta de 2k de palavras.
Espero que gostem.

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Ron soltou toda a sua frustração e raiva em cima de Hermione, que também se enfureceu por
ser o alvo mais perto da raiva do outro. O mau humor de Ron continuou pelo resto da viagem. Ele
não falou muito, e continuou de cara amarrada quando o Expresso de Hogwarts começou
finalmente a reduzir a velocidade até parar na escuridão da estação de Hogsmeade. Ninguém mais
vestia o uniforme de Hogwarts na primeira noite, não depois do primeiro ano de Hadrian. Quando
as portas do trem se abriram, ouviu-se uma trovoada no alto, o Príncipe de Camelot mantinha Colin
junto de si e despediu-se de Dennis com um beijo na testa quando ele seguiu o resto dos primeiros
anos. Eles rumaram para as carruagens com as cabeças abaixadas e os olhos apertados para
impedir que o temporal os molhasse. A chuva caía em tal volume e rapidez que até parecia que
alguém estava esvaziando baldes e mais baldes de água gelada na cabeça deles.

— Oi, Hagrid! — Berrou Hadrian, ao ver a silhueta gigantesca na extremidade da plataforma.

— Hey! — Gritou Hagrid em resposta, acenando. — Vejo vocês na festa, se não nos afogarmos no
caminho! — Os alunos do primeiro ano tradicionalmente chegavam ao castelo de barco,
atravessando o lago com Hagrid.
— Oooh, eu não gostaria de atravessar o lago com esse tempo. — Exclamou Fred com veemência,
tremendo durante a caminhada lenta pela plataforma escura com os outros colegas.

Cem carruagens puxadas por Thestrals os aguardavam à saída da estação. Hadrian e os


namorados embarcaram agradecidos em uma delas, a porta se fechou com um estalo e momentos
depois, com um grande ímpeto, a longa procissão de carruagens saiu roncando e espalhando água
trilha acima em direção ao castelo de Hogwarts.

— Espero que Dennis fique bem. — Colin desejou enquanto olhava para fora pela janela da
carruagem.

— Ele está bem. Ele é um garoto forte. — Hadrian puxou-o para um abraço de lado e o fez
descansar sobre si.

Com uma lentidão deprimente pelo temporal, as carruagens finalmente chegaram as pesadas
portas de Hogwarts. Os estudantes subiam os degraus de entrada em uma corrida apressada para
saírem da chuva.

— Puta merda. — Exclamou George, sacudindo a cabeça e espalhando água para todos os lados.
— Se isso continuar assim, o lago vai transbordar. Estou todo molhado. ARRGH!

Um grande balão vermelho e cheio de água caíra do teto na cabeça de George e estourara.
Encharcado e resmungando, o ruivo cambaleou para o lado e esbarrou em seu namorado na hora
em que uma segunda bomba de água caiu, errando Neville por um triz, ela estourou aos pés de
Hadrian, espirrando água gelada por cima das botas. As pessoas em volta soltaram gritinhos e
começaram a se empurrar procurando sair da linha de tiro. O garoto olhou para o alto e viu,
flutuando seis metros acima, Peevs, o poltergeist, um homenzinho de chapéu em forma de sino e
gravata-borboleta cor de laranja, o rosto largo e malicioso contorcendo-se de concentração para
tornar a fazer mira.

— PEEVS! — Berrou uma voz zangada. — Peevs, desça já aqui! AGORA! — McGonagall, saiu
correndo do Salão Principal; a professora escorregou no chão molhado e agarrou Ron, que passava
por ali, pelo pescoço para evitar cair.

— Ouch... Desculpe, senhor Weasley...

— Tudo bem, professora! — Ofegou o garoto, massageando a garganta.

— Peevs, desça aqui, AGORA! — Bradou ela, ajeitando o chapéu cônico e olhando feio pelos
óculos de aros quadrados.

— Não tô fazendo nada! — Gargalhou Peevs, disparando uma bomba de água contra várias garotas
do quinto ano, que gritaram e mergulharam no Salão Principal. — Já molharam as calças, foi? Que
inconvenientes! Wheeeeeeeeee! — E mirou mais uma bomba em um grupo de alunos do segundo
ano que tinha acabado de chegar.

— Vou chamar o diretor! — Ameaçou McGonagall. — Estou lhe avisando, Peevs... — Peevs
estirou a língua, jogou a última de suas bombas de água para o alto e disparou pela escada de
mármore acima, gargalhando feito um louco. — Bom, vamos andando, então! — Disse a
professora em tom eficiente para os alunos molhados. — Para o Salão Principal, vamos!

Hadrian e os namorados escorregaram pelo saguão de entrada e pelas portas de folhas duplas
à direita. O moreno lançou neles um feitiço secante e de aquecimento. Hadrian e Draco
despediram-se de Colin, Fred, George e Neville ao passarem pela mesa dos alunos da Gryffindor,
Hufflepuff e Ravenclaw, e se sentaram com os colegas da Slytherin no extremo do salão, ao lado
dos amigos.

— Onde é que está o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas? — Perguntou Pansy,
que também estava olhando para os professores.

— Vai ver não acharam um. — Theodore comentou animado.

As portas do Salão Principal se abriram e fez-se silêncio. McGonagall encabeçava uma


longa fila de alunos do primeiro ano até o centro do salão. Se os alunos do segundo ano para cima
estavam molhados, seu estado nem se comparava ao desses pobres primeiranistas. Eles pareciam
ter feito a travessia do lago a nado em lugar de fazê-la de barco. Todos estavam tomados por
tremores, em que se misturavam o frio e o nervosismo, ao passarem pela mesa dos professores e
pararem em fila diante do resto da escola, todos exceto o menorzinho, um menino com cabelos
loiro como girassóis, que vinha embrulhado em um agasalho que Hadrian reconheceu ser o casaco
de pele de toupeira de Hagrid. O casaco era tão grande que o garoto parecia coberto por um toldo
escuro e peludo. Seu rosto miúdo aparecia por cima da gola, quase dolorosamente excitado.
Quando ele se alinhou com os colegas aterrorizados, viu que Colin e os namorados o olhavam,
ergueu os polegares e falou:

— Caí no lago! — Parecia decididamente encantado com o ocorrido.

Fred e George tiveram que segurar Colin para não correr até o irmãozinho. Dennis conseguia
ser absurdamente fofo ao estar envolvido no casaco gigantesco de Hagrid, mas Hadrian contorceu-
se em preocupação. Iria fazê-lo visitar Madame Pomfrey para certificar que não havia pego um
resfriado. Grande responsabilidade do corpo docente de Hogwarts, deixar um bando de crianças
atravessarem um lago em botes no meio de uma tempestade e nem se preocupar em secar e
aquecer eles. Nem se preocuparam com os anos superiores, acreditando que poderiam fazer isso
por si mesmos.

— Com licença. — Hadrian se levantou no instante em que McGonagall chegara com o banquinho
de três pernas e o Sorting Hat, todas as atenções se voltaram para ele. O garoto contornou sua mesa
e se subiu no palanque que separava o corpo docente dos alunos, parando diante dos pobres
primeiranistas encharcados e trêmulos. — Acredito ser um erro tremendo da diretoria permitir que
vocês atravessassem o Great Lake no meio dessa tempestade e nem se preocupassem em aquecê-
los e secá-los. Em nome de Hogwarts eu peço desculpas pelo erro da diretoria.

Com um estalo dos dedos, todos os alunos encharcados (todos os anos inclusos) viram-se
secos e com amuletos de aquecimento temporário nas roupas. Já os primeiranistas foram
envolvidos por mantas de pele com um feitiço aquecedor, menos Dennis que já estava envolto do
casaco de Hagrid. Seu alívio era nítido quando suspiraram e se aconchegaram nas mantas com
prazer. Hadrian sorriu docemente para os primeiranistas e voltou ao seu lugar ao lado de Draco na
mesa da Slytherin.

— Bixa, cê é muito afrontosa mesmo. — Pansy sorria maliciosamente para o amigo.

— Eu vou morrer. — Theodore ofegou, fazia grande esforço para segurar uma gargalhada
estrondosa pela raiva que transbordava de Dumbledore e McGonagall.

— Obrigado. — O Príncipe de Camelot sorriu para os amigos.

McGonagall, tentando mascarar sua raiva, agora colocou o banquinho de três pernas diante
dos novos alunos e, em cima dele o Sorting Hat. Por um instante, fez-se silêncio. Em seguida um
rasgo junto à aba se escancarou como uma boca, e o chapéu começou a cantar como em todos os
anos, mesmo que a música seja diferente toda a vez. Logo após a seleção se deu início.

— Dennis Prince! — Hadrian, os namorados e os amigos calaram-se imediatamente. Ansiosos para


a seleção do pequeno Prince. Na mesa dos professores era possível ver um Severus muito ansioso
para a seleção de seu filho caçula.

Pelo garoto ser um dos filhos de Severus, todo o salão ficou silencioso e os cochichos eram
bem baixinhos. Dennis adiantou-se com passos incertos, tropeçando no casaco de Hagrid, que
nesta hora entrou discretamente no salão por uma porta atrás da mesa dos professores. Umas duas
vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos três vezes mais largo, Hagrid, com seus
cabelos e barbas negros, longos, desgrenhados e embaraçados, parecia um tanto assustador, uma
impressão enganosa, porque Hadrian e os amigos sabiam que ele possuía uma natureza muito
bondosa. Ele deu uma piscadela para Hadrian, ao se sentar à ponta da mesa dos professores e viu
Dennis experimentar o Sorting Hat. O rasgo junto à aba se escancarou...

— GRYFFINDOR! — Gritou o chapéu. Severus aplaudiu seu filho, falhando em mascarar sua
felicidade pelo sorriso dos dois garotinhos loiros que adorara. Dennis sorriu largamente, tirou o
chapéu, recolocou-o no banquinho e correu para se juntar ao irmão.

— Colin, eu caí na água! — Disse ele com a voz aguda, atirando-se em uma cadeira vazia. — Foi
genial! E uma coisa na água me agarrou e me empurrou de volta pro barco!

— Só você mesmo. — Colin agarrou o irmão.

— Provavelmente foi a lula gigante, Dennis. — George bagunçou os cabelos do caçula.

— Hadrian está se segurando para não atravessar o salão e vir para cá. — Neville sorriu divertido
ao ver o moreno se controlando. A Seleção seguiu até que a comida finalmente fora liberada.

Dumbledore deu seu discurso de início de ano, avisou sobre regras e limites. E o que criou
um alvoroço, anunciou que a Copa de Quidditch entre as Casas estava suspensa por causa de
acontecimentos que ocuparão o ano inteiro. Quando ele estava prestes a anunciar o grande evento,
Alastor Moody irrompeu das portas de entrada com uma entrada triunfal, com direito a raios e
trovões. Hadrian sentiu, a magia do homem estava distorcida e nublada, como se ele fosse outra
pessoa no corpo de Alastor Moody. Depois de uma recepção fria e paralisada, Dumbledore
anunciou o Triwizard Tournament que seria sediado na escola, explicou as alterações das regras
devido à alta taxa de mortalidade, e anunciou que em breve os alunos de Beauxbatons e
Durmstrang chegariam para iniciarem oficialmente o torneio. Com o anúncio de que apenas alunos
acima de dezessete anos poderiam participar, grande parte dos alunos se enfureceu. Hadrian, por
outro lado, estava rezando para finalmente ter um ano normal sem ter sua vida ameaçada de morte.

Todos foram dispensados para suas camas. Hadrian, acompanhado dos namorados e dos
amigos, saiu para o saguão de entrada, os gêmeos discutindo as maneiras pelas quais Dumbledore
poderia impedir os menores de dezessete anos de se inscreverem no torneio. O Príncipe se
certificou de que Dennis estava bem e saudável antes de começar a arrulhar sobre a sua seleção
para a Gryffindor. Enquanto falavam sobre o torneio, o pé de Neville afundara direto por um
degrau no meio da escada, havia muitos desses degraus falsos em Hogwarts; já era uma segunda
natureza na maioria dos alunos antigos saltar esse determinado degrau, mas Neville sempre se
esquecia qual degrau pular. Hadrian e Draco o agarraram pelas axilas e o puxaram para cima,
enquanto uma armadura no alto das escadas rangia e retinia, rindo-se asmaticamente.

— Quieta aí! — Rosnou Hadrian, baixando o visor da armadura com estrépito, ao passarem.

— Melhor irmos ou ficaremos em detenção. — Blaise comentou olhando ao redor.


— Até amanhã meninos. — Hadrian despediu-se dos namorados com um breve selinho e em
Dennis ele deu um beijo na testa. Ele acompanhou os Slytherin para as masmorras enquanto os
Gryffindor subiam para a torre da sua Sala Comunal.

Ao falarem a senha, a porta se abriu, dando a visão da sua Sala Comunal, pelo qual todos
entraram, um fogo crepitante aquecia a sala mobiliada de forma elegante e confortável. Hadrian e
os amigos subiram o primeiro lance de escadas, conversando animadamente sobre o torneio, até
que Pansy despediu-se e rumou para o lado contrário que os garotos subiam o segundo lance de
escadas. Hadrian e Draco despediram-se de Theodore e Blaise e entram no próprio dormitório, as
camas de colunas com cortinados verdes estavam encostadas às paredes, cada uma com o malão do
dono aos pés. Os dois vestiram os pijamas e se enfiaram na cama de Hadrian. Um house-elf,
colocara esquentadores entre os lençóis, era extremamente confortável, ficar ali deitado na cama
escutando a tempestade rugir lá fora. Hadrian acomodou-se nos braços do namorado, que o
abraçava fortemente. Nyx deslizou entre eles e acomodou-se, sibilando em contentamento com o
calor.

— Vamos rezar para que eu não entre nesse torneio idiota. — Hadrian murmurou com um suspiro.

— Se aquela Cabra Velha der um jeito de te colocar nele, meu pai vai destruir a vida dele. Junto
com Severus, Sirius e Tom. — Hadrian sorriu enquanto Draco o apertava ainda mais.

— Boa noite, Moonlight.

— Durma bem, Sunshine. Eu te amo.

— Eu também te amo.

O temporal passara quando o dia seguinte amanheceu, embora o teto no Salão Principal
continuasse ameaçador; pesadas nuvens cinza-chumbo se espiralavam no alto quando Hadrian e os
amigos examinaram seus novos horários ao café da manhã. Mesas de distância, Fred, George e Lee
Jordan discutiam métodos mágicos de se tornarem velhos e, com esse truque, participar do
Triwizard Tournament.

— Hoje não é ruim... Lá fora a manhã inteira. — Disse Pansy, que corria o dedo pela coluna
intitulada segunda-feira no seu horário. — Herbologia com a Hufflepuff e Trato das Criaturas
Mágicas... E continuamos com a Gryffindor...

— Dois tempos de Alquimia hoje à tarde. — Disse Hadrian, sorrindo animado.

Suas conversas animadas se prolongaram por todo o caminho pela horta enlameada até
chegarem à estufa número três, ali ele se distraiu com a professora Sprout, que mostrava à turma as
plantas mais feias que Hadrian já vira. De fato, elas se pareciam mais com enormes lesmas gordas
e pretas que brotavam verticalmente do solo do que com plantas. Cada uma delas se contorcia
ligeiramente e tinha vários inchaços brilhantes no corpo que pareciam cheios de líquido. Os alunos,
completamente enojados, retiraram o pus verde-amarelado das Bubotubers até o final do período.

Os alunos da Slytherin agora desciam o jardim em direção à pequena cabana de madeira de


Hagrid, que ficava na orla da Forbidden Forest. O meio-gigante estava parado à frente da cabana,
uma das mãos na coleira do seu enorme cão de caçar javalis, Fang. Havia vários caixotes abertos
no chão a seus pés, e Fang choramingava e retesava a coleira, aparentemente tentando investigar o
conteúdo dos caixotes mais de perto. Quando os garotos se aproximaram, um estranho som de
chocalho chegou aos seus ouvidos pontuado, aparentemente, por pequenas explosões.
— Dia! — Cumprimentou Hagrid, sorrindo para Hadrian e os amigos. — Melhor esperar pelos
alunos da Gryffindor, eles não vão querer perder isso... Blast-Ended Skrewts!

— Como é? — Perguntou Theodore. Hagrid apontou para os caixotes.

— Eurgh! — Exclamou Bulstrode em um gritinho agudo, saltando para trás.

“Eurgh!” praticamente resumia o que eram os Blast-Ended Skrewts, na opinião de Hadrian.


Pareciam lagostas sem casca, deformadas, terrivelmente pálidas e de aspecto pegajoso, as pernas
saindo dos lugares mais estranhos e sem cabeça visível. Havia uns cem deles em cada caixote, cada
um com uns quinze centímetros de comprimento, rastejando uns sobre os outros, batendo às cegas
contra as paredes das caixas. Desprendiam um cheiro forte de peixe podre, de vez em quando,
soltavam faíscas da cauda e, com um leve pum, se deslocavam alguns centímetros à frente. Os
próximos minutos foram gastos tentando descobrir o que aquelas estranhas criaturas comiam.

Mais tarde eles se sentaram à mesa da Slytherin e se serviram de várias comidas, Nyx e Hera
se banqueteavam com os alimentos na mesa. Sibyll Trelawney fez uma de suas raras visitas ao
Salão Principal para uma refeição, ela normalmente comia em sua sala. Ela era uma mulher magra
com enormes óculos que faziam seus olhos parecerem demasiado grandes para o rosto, a
professora mirava Hadrian com a expressão trágica que fazia sempre que o via. Os numerosos
colares e pulseiras habituais faiscavam em seu corpo às chamas das velas e da luz do sol. Ela se
direcionou para Hadrian ao passar por sua mesa.

— Você está preocupado, meu querido. — Disse ela tristemente a Hadrian. — Minha Visão
Interior transpõe o seu rosto corajoso e chega dentro de sua alma perturbada. E lamento dizer que
suas preocupações têm fundamento. Vejo tempos difíceis em seu futuro, ai de você... Dificílimos...
Receio que a coisa que você teme realmente venha a acontecer... E talvez mais cedo do que pensa...
— Sua voz foi baixando até virar quase um sussurro. — Você sem dúvida nasceu sob a influência
nefasta de Saturno. — Disse Trelawney, com um leve quê de mágoa na voz pelo fato de que o
garoto obviamente não estivera pendurado em suas palavras.

— Nasci sob o quê... Perdão? — Perguntou Hadrian.

— Saturno, querido. O planeta Saturno! — Disse a professora, parecendo irritada que ele não
tivesse prestado atenção à informação. — Eu estava dizendo que Saturno com certeza estava numa
posição dominante no céu na hora em que você nasceu... Seus cabelos escuros... Sua baixa
estatura... Suas perdas trágicas na infância... Acho que estou certa ao afirmar, meu querido, que
você nasceu em pleno inverno?

— Não. — Respondeu Hadrian. — Nasci no verão. — E então ela se dirigiu para a mesa dos
professores enquanto Theodore se apressou em transformar uma risada em um forte acesso de
tosse.

— Essa mulher tem uma fixação por você. — Crabbe comentou fazendo uma careta. — Ela faz
isso com todo mundo na aula, mas nunca se direcionou para nenhum aluno fora da sala.

— Só espero que ela realmente seja uma charlatã. — Hadrian suspirou e voltou a comer.

Na aula de Alquimia, Hadrian sentia-se estranhamente sonolento. Ele tentava prestar a


atenção na matéria, mas os pensamentos de Hadrian tinham se afastado. Ele pensava no que
Trelawney dissera, pensara na sua sorte terrível para atrair a desgraça. Pansy apelidara
carinhosamente de “Sorte Potter”. Ele realmente queria ter apenas um único ano escolar normal.
Quando a aula terminara, os Slytherin chegaram ao saguão de entrada, que estava lotado de gente
fazendo fila para o jantar. Tinham acabado de entrar no fim da fila, quando um corpo pequeno se
chocou contra Hadrian e envolveu sua cintura com braços delicados.

— Oi, Sunflower. — Hadrian sorriu e retribuiu o abraço. — Como foi seu dia?

— Chato por não ter você comigo. — Resmungou emburrado. Fred, George, Dennis e Neville se
juntaram ao grupo.

— Também senti sua falta. — Hadrian beijou sua cabeça com amor.

— Moody! — Disse Theodore olhando para os gêmeos. — Ele é legal?

— Pra lá de legal. — Disse George trocando olhares com Fred.

— Superlegal. — Disse Fred. — Tivemos ele hoje à tarde.

— Como foi a aula? — Perguntou Pansy ansiosa. Hadrian aconchegou Colin e Dennis sob seus
braços em um abraço de lado. Fred e George trocaram olhares cheios de significado.

— Nunca tive uma aula igual. — Disse Fred.

— Ele sabe das coisas. — Disse George.

— Do quê? — Perguntou Blaise curioso.

— Sabe o que é estar lá fora fazendo as coisas. — Disse Fred cheio de importância.

— Que coisas? — Perguntou Theodore.

— Combatendo as Artes das Trevas. — Disse George.

— Ele já viu de tudo. — Disse Fred. Theodore enfiara a cabeça na mochila à procura do seu
horário.

— Não vamos ter aula com ele até quinta-feira! — Disse desapontado. O grupo se dirigiu para o
Salão Principal e todos se viram irritados por se separarem.

— Eu nunca vi uma regra que dizia que somos obrigados a nos sentar nas mesas das nossas casas.
— Draco comentou travesso, os Gryffindor retribuíram seu sorriso.

— Slytherin! — Fred e George empurraram o grupo para a mesa das cobras.

O salão inteiro ficou quieto, espantados e chocados com o que viam. Ninguém, nunca, havia
se sentado em uma mesa que não fosse a de sua Casa; acreditando veementemente que era uma
regra sentar-se na mesa de sua Casa designada. Mas ali estavam eles, “quebrando a tradição”.
Murmúrios e cochichos inundaram o local enquanto Hadrian e o grupo se acomodavam na mesa da
Slytherin. E então, vários alunos de várias Casas começaram a mudar de mesas, para conversar
com seus amigos de casas diferentes. Ron, Hermione e alguns de seus amigos Gryffindor tinham
ódio e repulsa ao olharem para a cena de Hadrian e os namorados juntos na mesa das cobras. Os
professores assistiam aquilo com orgulho e satisfação, menos Dumbledore e McGonagall, eles
tinham algo como repulsa e raiva no olhar. Mad-Eye Moody tinha espanto e curiosidade ao encarar
Hadrian Potter e suas façanhas, ele precisava estudar mais o garoto.

— E como andam Bill e Charlie? — Pansy perguntou maliciosa enquanto se serviam.

— Estão com saudades. — Draco comentou sorrindo. — Escreveram para ele esta manhã.
— Tom também? — Dennis perguntou.

— Meus pais, Sirius e Remus precisam fazer vista grossa para ele não dar um jeito de invadir
Hogwarts. — Draco comentou rindo de um Hadrian com as bochechas coradas.

— Nós criamos nosso bebê tão bem. — Pansy colocou uma mão no ombro de Theodore e os dois
fingiram chorar.

— Eles crescem tão rápido. — O garoto comentou.

— E pensar que ele conquistaria nove machos.

— Nove? — Neville franziu a testa.

— Dennis já está incluso. — Theodore comentou e todos sorriram ao verem o caçula corar.

— Ele ainda é novo, então temos que ir com calma. — Hadrian beijou a testa do loirinho. — Mas
pode-se dizer que eu me apaixonei por você assim que te vi. — Sorriu vitorioso ao ver Dennis corar
ainda mais.

— Calem a boca. — Murmurou enquanto se concentrava em comer.

— Hadrian está ficando com todos os boys bonitos dessa escola. — Pansy fingiu estar emburrada.

— Assim não vai sobrar nenhum para nós. — Theodore fez cara de filhote triste.

— Vocês pegam mais pessoas do que eu. Então calem a boca. — Hadrian argumentou divertido.

— Tô vendo que Cedric Diggory será o próximo integrante do seu harém. — Blaise comentou
divertido ao ver a mesa da Hufflepuff.

— Ele não para de te secar desde o ano passado. — Pansy ponderou maliciosa.

— Pode-se dizer que eu alimento esse fogo. — Hadrian piscou sugestivo para o Hufflepuff que o
encarava. E sorriu ao ver Cedric corar e desviar o olhar envergonhado.

— Quantos você ainda vai conquistar? — Colin perguntou com um falso ciúmes.

— Não sei. — Hadrian deu de ombros. — Mas eu amo vocês igualmente. — Beijou sua bochecha
com amor. — Nunca se esqueçam disso.

— Boiolou agora. — Blaise brincou divertido.

— E nós não somos todos boiolas? — Neville arqueou uma sobrancelha.

— Culpa do Hadrian! — Os gêmeos comentaram sorridentes. — Nós éramos héteros até o


conhecermos. — Todos riram.

— Fazer o que? — Hadrian deu de ombros. — Sou irresistível.

— Ainda mais no uniforme de quidditch ou em roupas formais. — Colin apontou com o garfo.

— Eu vou ter diabetes com tanta doçura. — Blaise fingiu vomitar, arrancando risadas de todos do
grupo.
Capítulo 104
Chapter Notes

Hey!!! Hoje temos uma informação importante sobre as origens da Nyx. Ainda não é
tudo, mas já é alguma coisa. Preparem suas teorias.
Ps.: A imagem do grimório estará no server do discord.
E Luna finalmente chegou pra fazer parte da família.

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Quando o dia nasceu, Nyx esgueirou-se pelos corpos abraçados de Hadrian e Draco sobre a
cama. Ela sentia-se nervosa com o que estava prestes a acontecer, mas ela precisava fazer isso.
Hadrian precisava e merecia isso.

— Filhote. Acorde. — Ela cutucou a bochecha do moreno até que ele resmungou pelo incomodo e
acordou com um bocejo.

— Bom dia, Nyx. — Hadrian sorriu-lhe enquanto esfregava os olhos.

— Eu tenho algo para te dizer. — O garoto sentou-se na cama, com cuidado para não acorda o
loiro ao seu lado.

— O que é? — Hadrian franziu o cenho ao perceber a seriedade na voz e olhos da serpente.


— Eu sou descendente de Morgana.

— Oi? “Morgana” como a “Morgana LeFay”? A mesma Morgana que eu sou descendente?

— É. Essa Morgana. — Nyx balançou a cabeça e se acomodou no colo do garoto. — Ela deixou
um grimório para um de seus descendentes, mas apenas os dignos poderiam tê-lo. Esse segredo
foi passado por gerações. Morgana tinha uma serpente como familiar. Apenas nós, serpentes
descendentes da Morgana sabemos da existência desse grimório.

— Mas se você é descendente do familiar da Morgana, como você pode ser descendente da
própria Morgana? — Hadrian perguntou confuso.

— Quando um bruxo torna um animal seu familiar, o animal fica com a genética e a assinatura
da magia do bruxo, para reconhecer seus descendentes.

— É verdade. — Murmurou ao se lembrar desse fato. — E por que você não me reconheceu
quando nos conhecemos?

— Por causa dos selos que Dumbledore colocou em você. Eu só pude te reconhecer quando
você foi “limpo”. Eu me afeiçoei a você quando nos conhecemos, e com a revelação de que você
é descendente de Morgana isso só me deu a certeza de o puxão que senti para vagar da Ásia até
a Inglaterra estava me guiando até você. Eu mesma posso não estar consciente da sua
existência, mas a minha magia sabia e foi isso que me fez te encontrar. — O garoto sorriu com
carinho. — Mas essa não é a questão. O Grimório de Morgana possui informações de feitiços,
poções, rituais, criaturas e tudo o mais que ela foi documentando durante sua vida. Eu não te
contei sobre ele antes, pois precisava que você e sua magia amadurecessem para conseguir
manuseá-lo.

— E agora eu sou digno de possuí-lo. Não é? — A serpente afirmou com a cabeça.

— Ele está escondido nas masmorras do Castelo de Colchester.

— Ele é um ponto turístico, não é? E está aberto para visitações.

— O que o faz ser protegido por seguranças muggles. Por isso precisaríamos durante a noite
para evitarmos exposição e eliminar o máximo de riscos e danos.

— Você sabe a distância de Hogwarts até Colchester? Demoraríamos muito para chegar lá.

— Por isso que vamos usar thestrals. Eles são rápidos quando voam e sabem exatamente para
onde o cavaleiro precisa ir.

— Eu nuca terei um ano escolar normal, não é? — Perguntou sorrindo.

— Não. — Nyx sibilou em um padrão que indicava que estava rindo. — Agora acorde Draco e
vão se arrumar. Iremos na sexta à noite.

Os dois dias seguintes transcorreram sem grandes incidentes, a não ser que se levasse em
conta o sexto caldeirão derretido por Ron na aula de Poções. Severus deu-lhe uma detenção, da
qual Ron voltou com um colapso nervoso, pois teve que destripar uma barrica de iguanas. Os
alunos do quarto ano da Slytherin estavam tão ansiosos para ter a primeira aula com Moody. Os
alunos chegaram antes do sinal tocar, se apressando para pegarem os lugares perto da mesa do
professor e já tirando os livros das mochilas. Em instantes os passos sincopados do homem
puderam ser ouvidos do corredor.

— Podem guardar isso. — Rosnou ele, apoiando-se na escrivaninha para se sentar. — Esses livros.
Não vão precisar deles.

Todos obedeceram enquanto o homem apanhava a folha de chamada e começou a chamar os


nomes. Seu olho normal percorrendo a lista e o olho mágico girando, fixando-se em cada aluno
quando ele respondia.

— Certo, então. — Concluiu ele, quando a última pessoa confirmara presença. — Tenho uma carta
do professor Lupin sobre esta turma. Parece que vocês receberam um bom embasamento para
enfrentar criaturas das trevas, estudaram boggarts, Red Caps, Hinkypunks, Grindylows, Kappas, e
Werewolves, correto? — Houve um murmúrio geral de concordância.

— Mas estão atrasados, muito atrasados, em maldições. — Disse Moody. — Então, estou aqui
para pôr vocês em dia com o que os bruxos podem fazer uns aos outros. Tenho um ano para lhes
ensinar a lidar com as forças das...

Crabbe o interrompeu, inconscientemente, ao perguntar se ele não iria ficar. Moody deu um
sorriso meio estranho devido a sua cara marcada, e respondeu que ficaria apenas um ano, pois
estava fazendo um favor especial para Dumbledore. Logo depois ele iniciou um discurso sobre
maldições, estas que tinham vários graus de força e forma. Moody disse que, segundo o Ministério
da Magia, ele deveria ensinar as contramaldições e parar por aí. Ele não deve mostrar aos alunos
abaixo do sexto ano como eram as maldições ilegais. O homem disse que o Ministério os via como
crianças que não saberiam lidar com as maldições, porém ele dissera que Dumbledore concordara
em deixá-los aprender sobre.

— E eu digo que quanto mais cedo souberem o que vão precisar enfrentar, melhor. Como vão se
defender de uma coisa que nunca viram? Um bruxo que pretenda lançar uma maldição ilegal sobre
vocês não vai avisar o que pretende. Não vai lançá-la de forma suave e educada bem na sua cara.
Vocês precisam estar preparados. Precisam estar alertas e vigilantes. A senhorita deve guardar isso,
senhorita Bulstrode, enquanto eu estiver falando. — Bulstrode levou um susto e corou. Estivera
mostrando a Tracey o horóscopo por baixo da mesa. Aparentemente o olho mágico de Moody
podia ver através das coisas. — Então... Algum de vocês sabe que maldições são mais severamente
punidas pelas leis da magia? — Vários braços se ergueram hesitantes, inclusive os de Crabbe e
Goyle, que nunca se manifestavam. Moody apontou para Blaise, embora seu olho mágico
continuasse mirando Bulstrode.

— A Maldição Imperius, senhor. — Blaise respondeu como um jovem nobre.

— Ah, sim. — Disse Moody satisfeito. — Certa vez, deu ao Ministério muito trabalho, essa
Maldição Imperius.

Moody se apoiou pesadamente nos pés desiguais, abriu a gaveta da escrivaninha e tirou um
frasco de vidro. Três enormes aranhas pretas corriam dentro dele. Moody meteu a mão dentro do
frasco, apanhou uma aranha e segurou-a na palma da mão, de modo que todos pudessem vê-la.
Apontou, então, a varinha para o inseto e murmurou: “Imperio!”.

A aranha saltou da mão de Moody para um fino fio de seda e começou a se balançar para a
frente e para trás como se estivesse em um trapézio. Esticou as pernas rígidas e deu uma
cambalhota, partindo o fio e aterrissando sobre a mesa, onde começou a plantar bananeiras em
círculos. Moody agitou a varinha, e a aranha se ergueu em duas patas traseiras e saiu dançando um
inconfundível sapateado. Todos riram, todos exceto Moody, Hadrian e seus amigos. Eles sabiam o
“problema” daquela maldição. Hadrian achou bárbaro, a coitada da aranha estava sofrendo por
estar sendo controlada por alguém, suas pernas deveriam estar torcidas por fazerem coisas que não
foram feitas para fazer.

— Acharam engraçado, é? — Rosnou Moody, o olho azul focando em um Hadrian sério. — Vocês
gostariam se eu fizesse isso com vocês? — As risadas pararam quase instantaneamente. —
Controle total. — Disse o professor em voz baixa, quando a aranha se enrolou e começou a rodar
sem parar. — Eu poderia fazê-la saltar pela janela, se afogar, se enfiar pela garganta de vocês... Há
alguns anos, havia muitos bruxos e bruxas controlados pela Maldição Imperius. — Disse Moody, e
Hadrian entendeu que ele estava se referindo ao tempo em que Voldemort fora todo-poderoso. —
Foi uma trabalheira para o Ministério separar quem estava sendo forçado a agir de quem estava
agindo por vontade própria. A Maldição Imperius pode ser neutralizada, e vou lhes mostrar como,
mas é preciso força de caráter real e nem todos a possuem. Por isso é melhor evitar ser
amaldiçoado com ela se puderem. VIGILÂNCIA CONSTANTE! — Vociferou ele, e todos os
alunos se assustaram. Moody apanhou a aranha acrobata e atirou-a de volta ao frasco. — Mais
alguém conhece mais alguma? Outra maldição ilegal? — As mãos voltaram a se erguer.

— Qual? — Perguntou Moody, seu olho mágico dando um giro completo para se fixar em Daphne.

— Tem uma, a Maldição Cruciatus. — Disse a garota, numa voz fraca, mas clara. Tornando a
voltar sua atenção à classe, Moody meteu a mão no frasco mais uma vez, apanhou outra aranha e
colocou-a no tampo da escrivaninha, onde permaneceu imóvel, aparentemente demasiado assustada
para se mexer.

— A Maldição Cruciatus. — Começou Moody. — Preciso de uma maior para lhes dar uma ideia
— Disse ele, apontando a varinha para a aranha. — Engorgio! — A aranha inchou. Estava agora
maior do que uma tarântula. O professor tornou a erguer a varinha, apontou-a para a aranha e
murmurou: — Crucio!

Na mesma hora, as pernas da aranha se dobraram sob o corpo, ela virou de barriga para cima
e começou a se contorcer horrivelmente, balançando de um lado para outro. Não emitia som
algum, mas Hadrian teve certeza de que, se tivesse voz, estaria berrando. Moody não afastou a
varinha e a aranha começou a estremecer e a se debater violentamente... O homem ergueu a
varinha. As pernas da aranha se descontraíram, mas ela continuou a se contorcer.

— Reducio. — Murmurou Moody, a aranha voltou ao tamanho normal e ele a repôs no frasco. —
Dor. — Explicou Moody em voz baixa. — Não se precisa de porretes nem de facas para torturar
alguém quando se é capaz de lançar a Maldição Cruciatus... Ela também já foi muito popular.
Certo... Mais alguém conhece alguma outra? — Hadrian olhou para os lados. Pela expressão no
rosto dos colegas, ele achou que estavam todos pensando no que aconteceria com a última aranha.
A mão de Pansy tremia levemente quando ela a ergueu no ar.

— Sim! — Disse Moody olhando-a.

— Avada Kedavra. — Sussurrou a garota. Vários colegas a olharam constrangidos.

— Ah. — Exclamou Moody, outro sorrisinho torcendo sua boca enviesada. — Ah, a última e a
pior. Avada Kedavra... A Maldição da Morte.

Ele enfiou a mão no frasco e, quase como se soubesse o que a esperava, a terceira aranha
correu freneticamente pelo fundo do objeto, tentando fugir aos dedos de Moody, mas ele a apanhou
e a colocou sobre a escrivaninha. O inseto começou a correr, desvairado, pela superfície de
madeira, Moody ergueu a varinha e Hadrian sentiu um suor gélido escorrer pela sua espinha.

— Avada Kedavra! — Berrou Moody.

Houve um relâmpago de ofuscante luz verde e um rumorejo, como se algo vasto e invisível
voasse pelo ar, instantaneamente a aranha virou de dorso, sem uma única marca, mas
inconfundivelmente morta. Várias alunas abafaram gritinhos e garotos desviaram o olhar. Hadrian
permaneceu parado, encarando a aranha com olhos desfocados, as lembranças das memórias
difusas que viu no ano passado voltando para a superfície de sua mente. Sua mãe implorando por
misericórdia e então o mesmo flash de luz verde. Moody empurrou a aranha morta para fora da
mesa.

— Nada bonito. — Disse calmamente. — Nada agradável. E não existe contramaldição. Não há
como bloqueá-la. Somente uma pessoa no mundo já sobreviveu a ela e está sentada bem aqui na
minha frente.

Os (dois) olhos de Moody fitaram os dele, Hadrian sentiu que toda a turma também estava
olhando para ele. Sem ser intimidado, ele sustentou o olhar ilegível de seu professor com uma face
inexpressiva. Ele não era mais o garotinho fraco de antigamente. Já sentiu e viu muita coisa em sua
tenra vida. E sabia que não adiantava lamentar pelos mortos, sabia que precisava seguir em frente.
Ele iria aproveitar todos os dias ao lado de sua família incrível. Moody desviou um olho, mas
Hadrian sabia que o mágico continuava focado em si, e continuou o discurso:

— Avada Kedavra é uma maldição que exige magia poderosa para lançá-la, vocês podem apanhar
as varinhas agora, apontá-las para mim, dizer as palavras e duvido que consigam sequer que o meu
nariz sangre. Mas isto não importa, não estou aqui para ensiná-los a lançá-la. Ora, se não há uma
contramaldição, por que estou lhes mostrando essa maldição? Porque vocês precisam conhecê-la.
Vocês têm que reconhecer o pior. Vocês não querem se colocar em uma situação em que precisem
enfrentá-la. VIGILÂNCIA PERMANENTE! — Berrou ele e a turma inteira tornou a se
sobressaltar. — Agora... Essas três maldições, Avada Kedavra, Imperius e Cruciatus, são
conhecidas como as Maldições Imperdoáveis. O uso de qualquer uma delas em um semelhante
humano é suficiente para ganharem uma pena de prisão perpétua em Azkaban. É isso que vão ter
que enfrentar. É isso que preciso lhes ensinar a combater. Vocês precisam estar preparados. Vocês
precisam de armas. Mas, acima de tudo, precisam praticar uma vigilância constante, permanente.
Apanhem suas penas... Copiem o que vou ditar...

Eles passaram o resto da aula tomando notas sobre cada uma das Maldições Imperdoáveis.
Ninguém falou até a sineta tocar, mas quando Moody os dispensou e eles saíram da sala,
explodiram em um falatório irrefreável. A maioria dos alunos discutia as maldições em tom de
assombro: “Você viu ela se contorcendo?”, “E quando ele matou a aranha... Assim!”.

Hadrian não se esforçou para disfarçar seu desagrado com o comportamento dos alunos.
Muito ingênuos para o mundo, querendo ficarem cegos para a verdade. A aula não fora um
espetáculo, aquelas aranhas não são diferentes de inúmeras outras vítimas daquelas três maldições.
A perspectiva de que não conseguiam ver a gravidade das coisas o enervava. A sociedade bruxa
está rumando para a própria extinção se continuarem com o mesmo pensamento de se manterem
cegos para as verdades. O Ministério corrupto alienando as massas, as escolas com os planos de
ensino fracos que nada contribuíam para treinar bruxos excepcionais. Sua lista de coisas para
corrigir só crescia a cada dia.

Mais tarde naquele dia, quando trocavam de aulas, Hadrian e os amigos encontraram Neville.
Ele estava em pé, sozinho no meio de um corredor, de olhos fixos na parede de pedra oposta, com
uma expressão horrorizada e pasma.
— Nev? — Chamou Hadrian de mansinho. O Gryffindor virou a cabeça.

— Ah, oi. — Disse ele, a voz mais aguda do que habitualmente. — Aula interessante a de Moody,
não foi? Que será que tem para o jantar, estou... Estou morto de fome, vocês não?

— Neville, você está bem? — Perguntou Draco preocupado.

— Ah, claro, estou ótimo. — Balbuciou o garoto, na mesma voz anormalmente aguda. — Jantar
muito interessante... Quero dizer, aula... Que será que tem para se comer?

— Você também não gostou da aula, não é? — Hadrian, com cuidado, segurou as mãos trêmulas e
suadas do garoto. Ele sabia sobre os Longbottom, estavam enlouquecidos de tanto tempo sob a
Maldição Cruciatus. — Está tudo bem, Nev. — Puxou-o para um abraço apertado, sentindo seu
doce amor quebrando e finalmente começando a chorar. — Eu também não gostei da aula. — O
menor encolheu-se sobre o abraço de Hadrian e agarrou-se a sua camisa com força. — Vai ficar
tudo bem, Nev. Eu estou aqui com você, DesertRose. — Dizia palavras doces, que lentamente
acalmaram o Gryffindor abatido.

— Obrigado. — Depois de alguns minutos chorando nos braços de seu namorado, Neville
finalmente se afastou um pouco para olhar nos olhos verdes.

— Não precisa me agradecer, amor. — Beijou-lhe os lábios com doçura. E então eles ouviram às
costas um som seco e metálico estranho e, ao se virarem, viram Moody vindo em sua direção. O
grupo ficou em silêncio, observando-o apreensivos, mas quando ele falou, foi com um rosnado
bem mais baixo e gentil do que tinham ouvido até então.

— Está tudo bem, filho. — Disse ele a Neville. — Por que não vem até a minha sala? Vamos...
Podemos tomar uma xícara de chá... — Neville ficou ainda mais assustado diante da perspectiva de
tomar chá com Moody. Ele não se mexeu nem falou. Moody virou o olho mágico para Hadrian. —
Você está bem, não está, Potter?

— Estou. — Disse Hadrian, quase em tom de desafio. O olho azul de Moody estremeceu de leve
na órbita ao examinar Hadrian. Então falou:

— Vocês têm que saber. Parece cruel, talvez, mas vocês têm que saber. Não adianta fingir... Bom...
Venha, Longbottom, tenho uns livros que podem lhe interessar. — Neville olhou suplicante para
Hadrian. O moreno sorriu-lhe encorajador e beijou-lhe a testa com carinho.

— Desculpe, professor. — Encarou o homem. — Acho que Neville precisa de um tempo. Talvez
outro dia. — Neville sorriu docemente para o namorado.

— Claro. Outro dia eu lhe mostro os livros de herbologia que possuo. — O homem os analisou por
um momento antes de se retirar.

— Vamos comer alguma coisa. — Com um braço sobre os ombros do Gryffindor, Hadrian guiou o
grupo até o Salão Principal.

— Bom. — Theodore se pronunciou depois de uma caminhada cheia de conversas aleatórias. —


Temos mais uma arma contra a Cabra Velha.

— De fato. — Hadrian sorriu malicioso. A informação de que Moody não é quem diz ser ainda
arquivada em sua mente. Ele esperaria para ver o que eles planejavam. Não poderia atacar sem
saber com o que estaria lidando. E vendo como Moody conduzia sua aula e com os tópicos, pode
ser que não seja tão simples assim.
O dia de sexta-feira ocorreu normalmente. Hadrian agiu como sempre, avisou seus
namorados e amigos do que iria fazer e aonde iria, além de pedir-lhes cobertura caso se atrasasse. E
então, quando a noite caiu e todos já estavam dormindo em suas camas, Hadrian apanhou sua Capa
da Invisibilidade e o Marauder’s Map.

— Tome cuidado. — Draco beijou-lhe brevemente os lábios.

— Eu irei. — Hadrian sorriu para o namorado antes de cobrir-se com a Capa. Nyx já estava
envolta do seu pescoço.

Cuidadosamente Hadrian saiu da Sala Comunal e vagou pelos corredores escuros de


Hogwarts. Ele ainda era menor de idade, então não poderia usar magia, mas mesmo assim ele
levou sua varinha. Constantemente o garoto olhava para o mapa, procurando possíveis caminhos
com fantasmas, professores ou alunos fora das camas procurando um local para se agarrar. Seus
passos não produziam som algum, anos de prática em ser furtivo haviam surtido efeito. Em
instantes ele estava descendo até a Forbidden Forest. Uma coisa que ele não esperava era que um
olho o estivesse seguindo, mesmo sob a Capa. Moody estava vendo pela janela de seu escritório
quando viu Hadrian encoberto por uma Capa da Invisibilidade. Ele perguntou-se muitas coisas
enquanto via o garoto desaparecer na floresta densa.

— Pronto. — Hadrian retirou o capuz, “fechou” o mapa e guardou-o nas vestes enquanto sentia
Nyx deslizar para o chão.

— Siga-me. — Nyx aumentou um pouco o seu tamanho e começou a guiar o garoto.

Eles adentraram ainda mais na escuridão da Forbidden Forest, apenas os passos de Hadrian e
o rastejar do corpo da serpente eram ouvidos no esmagador silêncio do local. O garoto tinha que se
esforçar para ver a serpente no meio a escuridão, guiando-se principalmente pelo som. Ele perdeu a
noção de tempo até que eles chegaram numa parte onde as árvores eram mais espaçadas e o céu era
visível. Uma manada de thestrals caminhava tranquilamente e interagiam. Hadrian sorriu ao ver
filhotes correndo e brincando, mesmo com sua aparência mórbida, era belo de se ver.

Hadrian respirou fundo e avançou. Ele sabia o que fazer, pois já conhecera thestrals antes.
Eles viriam até você, se vissem que o bruxo não teria más intenções. Vários thestrals focaram seus
olhos leitosos e sem pupilas no garoto. Os filhotes que corriam acabaram por não o ver e parraram
derrapando na sua frente. Hadrian sorriu para eles e abaixou-se.

— Olá. — Sua voz era carinhosa e calma. Um dos filhotes, o mais corajoso, avançou e começou a
inspecionar o humano. Cheirava-o com curiosidade, Hadrian riu ao senti-lo na sua nuca. Com um
movimento de sua mão, ele convocou uma maçã de uma macieira ali perto. O thestral que o
cheirava pareceu animar-se. — É para você. Pode pegar. — Hadrian estendeu a mão,
cautelosamente a criatura pegou a fruta e comeu-a. Os outros filhotes aproximaram-se com
animação, também querendo comida, o que fez Hadrian sorrir ainda mais.

— Oh. Olá. — Uma voz feminina chamou logo a diante.

Era uma garota, da Ravenclaw. Seus longos cabelos loiros bem claros e ondulados que
chegavam até a sua cintura brilhavam sobre a luz do luar, seus olhos azuis acinzentados eram
sonhadores e levemente saltados, como se sempre estivesse surpresa, suas sobrancelhas eram
muito claras, quase inexistentes, ela tinha uma aura de "nítida estupidez", sua varinha estava atrás
da sua orelha esquerda, suas roupas eram... Diversamente complexas. Eram estampas e cores que
se misturavam, que a princípio não combinariam, mas nela até que ficavam bonitas. Ela usava um
colar de rolhas de Cerveja Amanteigada, e tinha os pés descalços sobre o chão da floresta. Hadrian
achou-a incrivelmente bela com o seu olhar distante e sonhador, ele simpatizou imediatamente
com a estranha garota.

— Oi. — Hadrian se aproximou da garota. — Não esperava encontrar alguém aqui depois do
horário de recolher. — Sorriu divertido ao ver os olhos dela cintilarem.

— Eu nunca vi ninguém aqui antes. — Ela se virou para o thestral ao qual estava fazendo carinho
antes de perceber Hadrian. O garoto achou-a peculiar com a sua falta de interesse em si.

— Eu sou Hadrian Potter. E você é...?

— Luna. Luna Lovegood. A maioria das pessoas me chama de Loony Lovegood. — Ela nem se
deu ao trabalho de virar-se, estava muito concentrada na criatura à sua frente, mas Hadrian não
achou ofensivo nem nada. A garota tinha uma voz vaga e distante, era óbvio que ela tinha muitos
pensamentos e vivia em seu próprio mundo.

— Myrtle me contou sobre você. — Hadrian sorriu ao vê-la se virar para ele. — Estava ansioso
para te conhecer.

— Então você é o Hadrian que ela tanto fala. — Luna comentou com um sorriso animado.

— Posso perguntar por que você está descalça na floresta?

— Oh. — Ela olhou para os pés e remexeu-os sobre as folhas e a grama. — Meus colegas de casa
vivem pegando meus calçados e os escondendo. Mas eles sempre aparecem em lugares estranhos.
— Admitiu como se não se importasse com isso.

— Você não está com frio? — Hadrian perguntou preocupado.

— Um pouco, sim. — Ela admitiu, olhando-o com curiosidade.

— Aqui. — Hadrian pegou sua varinha e transfigurou duas pedras em tênis confortáveis para a
garota, tênis esses com uma aparência tão criativa quanto as roupas da garota. — Eles irão se
ajustar ao seu pé. — Ela sorriu agradecida, os olhos brilhando ao perceber o design que combinava
perfeitamente com seu estilo único.

— Obrigada. — Pegou os sapatos e calçou-os.

— Amigos? — Hadrian estendeu sua mão.

— Amigos. — Ela aceitou o aperto, com um olhar sonhador ela voltou a acariciar o thestral. —
Eles são muito carinhosos e adoram nos ajudar. — Ela pegou a mão de Hadrian e a colocou no
focinho da criatura. — Você os conquistou ao alimentar aquele filhote, então eles confiam em você
por isso. Eles prezam pelo bem-estar dos filhotes, e se você consegue a confiança de um thestral,
eles serão leais e muito úteis se você precisar. — Comentou com um sorriso ao acariciar a criatura.
— Agora monte nele. Ele vai saber para onde você precisa ir. — Ela o guiou para o lado esquerdo
do animal. Hadrian admirou-se ao perceber que a garota sabia seus objetivos sem que ele tivesse
falado nada.

— Preciso pedir para não comentar que me viu aqui? — Ele perguntou enquanto montava no
lombo do thestral, Nyx mais uma vez acomodada em seus ombros.

— Se eu disser, acabarei me entregando também.


— Muito esperta. — Hadrian sorriu divertido. — Venha se sentar comigo e meus amigos amanhã,
iremos adorar tê-la conosco. — Luna abriu o sorriso mais belo que podia.

— Eu adoraria. — Afastou-se um pouco enquanto o garoto acomodava-se no lombo do thestral. —


E tome cuidado com os Nargles.

— Nargles? — Hadrian franziu o cenho.

— Depois te conto. Você precisa ir a um lugar. — Acenou com a mão.

— Foi um prazer te conhecer Luna. — Ela apenas sorriu em concordância enquanto o thestral abria
as asas e começou a galopar. Em instantes a criatura estava voando livremente sobre os terrenos de
Hogwarts. Hadrian apertou as panturrilhas na barriga do animal, suas mãos firmemente agarradas
na crina e suas costas eretas. Lucius e Narcissa haviam o ensinado equitação quando era menor,
então ele sabia como se manter equilibrado.

— Eu odeio voar! — Nyx sibilou com raiva, se apertando envolta do pescoço de seu filhote.

— Você sabe para onde devemos ir, não é? — Hadrian ignorou a serpente e acariciou o pescoço do
thestral. — Nos leve o mais rápido que puder, por favor.

Sua resposta fora tipo um relincho, porém mais espectral. O garoto sorriu ao apreciar a vista
dos campos abaixo de si. Hogwarts ficava distante rapidamente, a lua parecia brilhar e saudar sua
jornada, o vento frio era libertador conforme o thestral manobrava contra as correntes de ar.
Hadrian ama voar, seja numa vassoura ou em uma criatura mágica, ele ama a sensação de
liberdade e paz.

— O que faremos quando chegarmos em Colchester?

— Eu irei distrair os seguranças que guardam a entrada dos fundos. Eu abro a porta com meus
poderes e nós entramos.

— Falando assim até parece fácil.

— E vai ser. Nós iremos descer até as masmorras, existe uma abertura camuflada por uma
parede onde apenas uma serpente descendente do familiar de Morgana pode entrar para abrir a
passagem. Lá estará o Grimório de Morgana.

— Mas por que ela o esconderia no Castelo de Colchester?

— Isso eu já não sei. Nunca me foi dito o motivo. Provavelmente ela tem alguma história com
aquele castelo, mas nunca contou o que seria. — Eles passaram a viagem inteira conversando
sobre estratégias e possíveis problemas. O thestral realmente era rápido, pois passaram-se poucas
horas quando a viagem levaria um dia ou mais. A criatura pousou, encoberto pelo conjunto de
árvores perto ao castelo.

— Obrigado. — Hadrian agradeceu ao desmontar do lombo do thestral e acariciar o seu focinho.


— Nos espere aqui, por favor. — A criatura inclinou a cabeça para baixo, em concordância.

— Vamos. — Nyx deslizou para o chão enquanto Hadrian encobria-se com a Capa.

Ele a seguiu sem dificuldade pelos postes de luz que o ajudavam a ter visão do corpo esguio
do familiar. Eles viram vários guardas patrulhando o castelo. Dois em cada porta (uma principal e
uma nos fundos) e dois fazendo uma ronda pelo perímetro do Castle Park. Os da patrulha seria
apenas esperar que se afastassem. Nyx o guiou pelas sombras até que estivessem na entrada dos
fundos. Hadrian pegou uma pedrinha e atirou-a perto dos guardas.

— Quem está aí?! — Eles assumiram uma postura de ataque e colocaram as mãos nas armas.
Hadrian jogou uma pedrinha para um arbusto distante, como se tivesse alguém ali.

— Lá! — O outro guarda indicou e correu até o local. Nyx se aproximou do que ficou e o fez
adormecer ao sibilar algo em parselmagic.

— Você tem que me ensinar parselmagic um dia. — Hadrian sussurrou ao ver o homem
desmoronando no chão, adormecido.

— Um dia. — A serpente foi até a porta, ordenou-a que se abrisse, e assim ela fez. Os dois
passaram rapidamente pela porta e a fechavam novamente. Dentro do castelo, ele se parecia mais
com um museu misturado com shopping do que um castelo histórico. Três guardas patrulhavam o
seu interior. Nyx subiu nos ombros de Hadrian, ambos invisíveis pela Capa. — Siga para a direita
e desça as escadas. — A serpente foi guiando o garoto até as masmorras.

O local não era permitido o acesso dos turistas, mas Nyx conseguiu abrir a porta com um
comando. Hadrian desceu pela estreita e escura escadaria de pedra. Com um sibilo em parselmagic,
Nyx fez as tochas se acenderam com o fogo vivo. O garoto viu-se nas masmorras, que não tinham
nada além de caixas de madeira e poeira. A cobra voltou ao chão e circulou pela pequena câmara
onde se encontravam.

— Achei. — Anunciou ao parar em frente à uma parede lisa. — Me espere aqui. — Como na
passagem da Plataforma 9¾, ela desapareceu, afundando-se na parede sólida. Hadrian esperou por
breves segundos até que uma porta maciça surgisse na sua frente e se abriu, mostrando uma Nyx
muito satisfeita com o seu serviço. — Venha. Ele está logo ali. — Comentou enquanto adentrava a
pequena sala.

Não havia nada nas paredes de pedra, não havia nada sobre o chão de pedra, não havia nada
na salinha. Tudo o que havia era um pedestal onde um livro grosso repousava. Uma luz o
iluminava do teto, logo acima do livro. Sua capa de couro preto era belamente entalhada com as
mais diversas runas e desenhos. As extremidades da ponta inferior e superior eram protegidas por
detalhes em ouro. No centro havia um olho com a íris roxa que brilhava como a galáxia, o seu
redor era decorado com pedaços delicados do mesmo material das bordas. Dentro de um retângulo
menor do que as bordas da capa, havia dois losangos, e dentro deles tinham runas desenhadas em
roxo. Sua lombar era arredondada e com mais detalhes em ouro. O grimório parecia o chamar,
como se desejasse que o garoto o apanhasse e o usasse.

— Você só precisa pingar uma gota do seu sangue na pedra do olho e ele o aceitará. — Nyx
subiu no pedestal e elevou o corpo para poder ver Hadrian se aproximar com um olhar encantado.

— Ele é lindo. — Admitiu ao ficar cara a cara com o grimório. O garoto percebeu a agulha ao lado
do livro, pegou-a e furou seu dedo, deixando uma gota pingar no local indicado. O líquido foi
absorvido e o “olho” emitiu uma luz púrpura que se espalhou por todo o grimório.

— Ele o aceitou, filhote. Pode abri-lo. — Nyx comentou feliz. Hadrian, nervosamente, tocou a
capa, estremecendo quando a magia do grimório se uniu a sua. Ele alisou a capa antes de abrir o
livro. Suas páginas amareladas estavam preenchidas por desenhos, fórmulas e anotações. Tudo o
que Morgana documentou durante sua vida. Hadrian viu-se admirado pela quantidade de coisas que
havia ali.
— Está quase amanhecendo, filhote. Precisamos ir. — Nyx comentou preocupada com o dia.

— Claro. Desculpe. — Fechou o grimório e guardou-o nas vestes. — Vamos.

O caminho de volta fora mais tranquilo, pois os guardas estavam ocupados tentando
descobrir o motivo de um deles estar desacordado. O thestral os levou pelo ar de volta para
Hogwarts. Hadrian viu-se muito ansioso para ler todo o grimório e aprender tudo o que pudesse.
Eles chegaram na escola quando o sol estava nascendo. Hadrian agradeceu ao thestral antes de
correr para o castelo. Tomando cuidado para não ser pego. Ele sorriu animadamente ao ver um
Draco adormecido de maneira desconfortável em um sofá perto da lareira na Sala Comunal.

— Oi, Moonlight. — Sussurrou cansado ao sentar-se ao lado do loiro, que acordou num pulo
enquanto Hadrian despia a Capa.

— Graças a Morgana! — Draco o abraçou com foça. — Me conte tudo!

— Depois que eu dormir. — Hadrian bocejou e puxou o namorado para o dormitório. Depois ele
contaria tudo o que precisasse aos amigos e namorados. No momento ele só queria dormir.
Aproveitar que era sábado e poderia dormir o quanto quisesse, ou até que seu estômago se
rebelasse pela falta de alimento.
Capítulo 105
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Quando todos se reuniram na mesa da Slytherin para o café da manhã, a surpresa tomou o
grupo ao ver uma sonhadora Luna Lovegood saltitando até eles. Hadrian abriu um sorriso feliz
para a garota que se sentou entre Pansy e Blaise.

— Bom dia. — Cumprimentou ela enquanto servia-se.

— Bom dia, Luna. — Hadrian respondeu divertido. — Pessoal, essa é Luna Lovegood. Espero que
a acolham devidamente.

— Oi, Luna. — Colin cumprimentou-a com um sorriso amigável, eles estavam no mesmo ano.

— Luna. — Hadrian chamou sua atenção. — Esses são Colin e Dennis Prince... — Indicou-os. —
Draco Malfoy, Neville Longbottom, Fred e George Weasley, Pansy Parkinson, Theodore Nott e
Blaise Zabini.

— Oi pessoal. — Ela disse sonhadora.

— Luna! — Myrtle atravessou o teto e se aproximou flutuando com um sorriso espectral.

— Oi, Myrtle. — A loira cumprimentou sorridente.


— Eu estava te procurando e não encontrei.

— Hey, Myrtle. — Hadrian e os outros cumprimentaram.

— Ah! Vocês finalmente se conheceram. — A fantasma sorriu ainda mais. — Que bom que Luna
vai ter amigos além de mim. Os colegas de casa dela são uns demônios! — Esbravejou e encarou
os Ravenclaw, que estremeceram ao verem a fantasma.

— Se eles fizerem alguma coisa pode deixar comigo. — Hadrian piscou para Luna. — Nyx e Hera
são ótimas assustando as pessoas. — A loira riu ao ver as duas cobras se exibindo orgulhosamente
nos ombros de Hadrian e Colin.

Logo todos estavam envolvidos em apresentações, Luna conquistou todos com seu jeitinho
distante e sonhador. Suas conversas sobre criaturas que ninguém nunca ouvira falar os cativou, e
todos estavam prontos para defender a nova amiga contra qualquer um. Hadrian deixou claro que
não iria deixar ninguém sair impune caso fizessem algo com ela, Fred e George já bolavam planos
para vingar Luna. E então, quando todos estavam sentados embaixo da costumeira árvore perto do
Great Lake, Hadrian os contou sobre o Grimório de Morgana. Blaise o indicou colocar um feitiço
que esconderia a capa e a aura mágica do livro para que ele não chamasse atenção desnecessária.

O grupo passou as semanas seguintes com um clima ameno e divertido com a nova
integrante. Hadrian se afundava no Grimório sempre que tinha tempo livre. Por outro lado, as aulas
estavam se tornando cada vez mais difíceis e exigindo que se esforçasse mais do que nunca,
principalmente a de Defesa Contra as Artes das Trevas. Para surpresa dos alunos, Moody anunciara
que ia lançar a Maldição Imperius sobre cada um deles, a fim de demonstrar o seu poder e verificar
se conseguiam resistir aos seus efeitos. Tracey Davis contestou o homem sobre o fato de ser uma
magia proibida, mas Moody afirmou que Dumbledore queria que eles aprendessem os efeitos que a
maldição produzia em uma pessoa.

Moody moveu as cadeiras e mesas para os cantos da sala, deixando o meio vazio, e então
começou a chamar os alunos à frente e a lançar a maldição sobre eles, um de cada vez. Hadrian
observou os colegas fazerem as coisas mais extraordinárias sob a influência da Imperius. Goyle deu
três voltas pela sala aos saltos, cantando o hino nacional, Bulstrode imitou um porco com perfeição,
Blaise executou uma série de acrobacias surpreendentes, que ele certamente não teria conseguido
em condições normais. Nenhum deles parecia ser capaz de resistir à maldição, e cada um só
voltava ao normal quando Moody a desfazia.

— Potter. — Rosnou Moody — Você é o próximo. — O garoto se adiantou até o meio da sala, no
espaço que Moody deixara livre. O professor ergueu a varinha, apontou-a para Hadrian e disse: —
Imperio.

Foi uma sensação maravilhosa. Hadrian sentiu que flutuava e todos os pensamentos e
preocupações em sua mente desapareceram suavemente, deixando apenas uma felicidade vaga e
inexplicável. Ele ficou ali extremamente relaxado, vagamente consciente de que todos o
observavam. Então, ouviu a voz do homem ecoar em uma célula distante do seu cérebro vazio:
“Salte para cima da carteira... Salte para cima da carteira...” Hadrian dobrou os joelhos
obedientemente, preparando-se para saltar. “Salte para cima da carteira...”

“Mas por quê?” — Outra voz despertara no fundo de sua mente. — “Por que caralhos eu faria
isso?” — A voz questionou.

“Salte para cima da carteira...” — Moody ordenou.

“Não, acho que não, obrigado.” — Disse a segunda voz, com mais firmeza. — “Não, não
quero...”

“Salte! AGORA!”

“Saia da minha cabeça!” — Hadrian expulsou o intruso. Vacilando em seus pés quando
finalmente viu-se livre.

— Agora está melhor! — Rosnou a voz de Moody e, de repente, Hadrian percebeu que a sensação
de vazio e os ecos tinham desaparecido de sua mente. Lembrou-se com exatidão do que estava
acontecendo e a realização dos fatos o atingiu. — Olhem só isso, vocês todos... Potter resistiu!
Lutou contra a maldição e a venceu! Vamos experimentar de novo, Potter. E vocês prestem
atenção, observem os olhos dele, é onde vocês vão ver, muito bem. Potter, muito bem mesmo! Eles
vão ter trabalho para controlar você!

— Pelo jeito que ele fala. — Resmungou Hadrian, ao sair mancando da aula de Defesa Contra as
Artes das Trevas, uma hora depois. Moody insistira que Hadrian mostrasse do que era capaz,
quatro vezes seguidas, todas conseguindo resistir à maldição, porém seu corpo lutando com
comandos distintos entre si machucou seus músculos. Ele quase saltou para cima da carteira uma
vez, mas no meio do impulso seus músculos travaram e ele acabou batendo os joelhos na quina da
mesa, foi doloroso. — A gente poderia pensar que vai ser atacado a qualquer momento.

— É, eu sei. — Respondeu Theodore, que estava saltitando, um passo sim outro não. Tivera muito
mais dificuldade com a maldição do que Hadrian, embora Moody lhe garantisse que os efeitos
passariam até a hora do almoço.

Com a aproximação dos O.W.L.s (Ordinary Wizarding Levels), a demanda dos deveres
aumentara terrivelmente para os alunos do quarto ano. E até Hagrid aumentara a carga de trabalho
de seus alunos. Os Blast-Ended Skrewts estavam crescendo em um ritmo excepcional, dado que
ninguém ainda descobrira o que comiam. Hagrid estava encantado e, como parte da “pesquisa”,
sugeriu que fossem à sua cabana em noites alternadas para observar os bichos e tomar notas sobre
o seu extraordinário comportamento.

— Eu não vou. — Disse Ron com indiferença, quando o professor fez essa proposta com ar de
Papai Noel tirando um brinquedo muito vistoso do saco. — Já vejo o bastante dessas nojeiras
durante as aulas, obrigado. — O sorriso desapareceu do rosto de Hagrid.

— Você vai fazer o que mando. — Rosnou ele. — Ou se esqueceu que eu sou o professor e você
me deve obediência?

Os alunos da Slytherin e Neville reprimiram as risadas ao verem o ruivo ficar vermelho até
as orelhas. Hadrian e os amigos voltaram para o castelo no fim da aula, muito satisfeitos; ver
Hagrid desmoralizar Ron era particularmente gostoso porque, Ron estava ficando insuportável esse
ano. Nem ele nem Hermione tentavam fingir sua antipatia por Hadrian e o seu grupo, eles estavam
fartos daquilo tudo e não iriam mais continuar com o teatrinho de Dumbledore.

Quando os alunos souberam que dia trinta de outubro as aulas terminarão uma hora antes por
causa da chegada das delegações de Beauxbatons e Durmstrang às seis horas da tarde, todos
enlouqueceram de empolgação. Durante a semana seguinte a única coisa que se falavam pelos
corredores era sobre o torneio. Os elves e Filch também estavam se empenhando em fazerem
faxinas rigorosas pelo castelo. Vários retratos encardidos tinham sido escovados para
descontentamento dos retratados, que se sentavam encolhidos nas molduras, resmungando
sombriamente e fazendo caretas ao apalpar os rostos vermelhos. As armaduras de repente
brilhavam e mexiam sem ranger. Os professores também pareciam estranhamente tensos, ralhavam
os alunos por qualquer coisa e queriam a perfeição.

Quando os alunos foram para o café na manhã do dia trinta de outubro, descobriram que o
Salão Principal fora ornamentado durante a noite. Grandes bandeiras de seda pendiam das paredes,
cada uma representando uma casa de Hogwarts. A vermelha com um leão dourado da Gryffindor;
a azul com uma águia de bronze da Ravenclaw; a amarela com um texugo negro da Hufflepuff e a
verde com uma serpente de prata da Slytherin. Por trás da mesa dos professores, a maior bandeira
de todas tinha o brasão de Hogwarts: leão, águia, texugo e serpente unidos em torno de uma
grande letra “H”. Hadrian e os amigos se uniram na mesa da Slytherin.

Havia uma sensação de agradável expectativa no ar aquele dia. Ninguém prestou muita
atenção às aulas, pois estavam bem mais interessados na chegada das comitivas de Beauxbatons e
Durmstrang à noite; até Poções foi mais tolerável para os Gryffindor do que de costume, porque
durou meia hora a menos. Quando a sineta tocou mais cedo, Hadrian e os amigos desceram
depressa para a Masmorra da Slytherin, largaram as mochilas e os livros, conforme as instruções
que tinham recebido, vestiram as capas e subiram correndo para o saguão de entrada. Os diretores
das Casas estavam organizando os alunos em filas.

— Weasley, endireite o chapéu! — McGonagall disse secamente a Ron. — Senhorita Patil, tire
essa coisa ridícula dos cabelos. — Parvati fez cara feia e retirou o enorme enfeite de borboleta da
ponta da trança. Hadrian despediu-se dos amigos e namorados que estavam nas outras casas
conforme eles foram guiados pelos professores.

Eles desceram os degraus da entrada e se enfileiraram diante do castelo. Fazia um fim de


tarde frio e límpido; o crepúsculo vinha chegando devagarinho e uma lua pálida e transparente já
brilhava sobre a Forbidden Forest. Hadrian, postado entre Draco e Pansy na quarta fileira da frente
para trás, viu Dennis animado na fileira dos primeiros anos da Gryffindor.

Todos examinavam excitados e atentos os jardins cada vez mais escuros, mas nada se movia;
tudo estava quieto, silencioso, como sempre. Hadrian começava a sentir frio. Desejou que os
visitantes chegassem logo... Talvez os estudantes estrangeiros estivessem preparando uma entrada
teatral. Lembrou-se do que Arthur dissera no acampamento antes da Copa Mundial de Quidditch:
“Sempre os mesmos, não resistimos à tentação de fazer farol quando nos reunimos...”. E então
Dumbledore falou em voz alta da última fileira, onde aguardava com os outros professores:

— Aha! A não ser que eu muito me engane, a delegação de Beauxbatons está chegando!

Alguma coisa grande, muito maior do que uma vassoura (ou, na verdade, cem vassouras),
voava em alta velocidade pelo céu azul-escuro em direção ao castelo, e se tornava cada vez maior.
Quando a sombra gigantesca e escura sobrevoou as copas das árvores da Forbidden Forest, e as
luzes que brilhavam nas janelas do castelo a iluminaram, eles viram uma enorme carruagem azul-
claro do tamanho de um casarão, que voava para eles, puxada por doze cavalos alados, todos baios,
cada um parecendo um elefante de tão grande.

As três primeiras fileiras de alunos recuaram quando a carruagem foi baixando para pousar a
uma velocidade fantástica, então, com um baque estrondoso, os cascos dos cavalos, maiores que
pratos, bateram no chão. Um segundo mais tarde, a carruagem também pousou, balançando sobre
as imensas rodas, enquanto os cavalos dourados agitavam as cabeçorras e reviravam os grandes
olhos cor de fogo. Eles eram abraxans palominos.

Hadrian só teve tempo de ver que a porta da carruagem tinha um brasão (duas varinhas
cruzadas, e de cada uma saíam três estrelas) antes que ela se abrisse. Um garoto de vestes azul-
claro saltou da carruagem, curvado para a frente, mexeu por um momento em alguma coisa que
havia no chão da carruagem e abriu uma escadinha de ouro. Em seguida, recuou respeitosamente.
Então Hadrian viu um sapato preto e lustroso sair de dentro da carruagem (um sapato do tamanho
de um trenó de criança) acompanhado, quase imediatamente, pela maior mulher que ele já vira na
vida. O tamanho da carruagem e dos cavalos ficou imediatamente explicado. Algumas pessoas
exclamaram.

Hadrian só vira, até então, uma pessoa tão grande quanto essa mulher: Hagrid; ele duvidou
que houvesse dois centímetros de diferença na altura dos dois. Mas, por alguma razão, talvez
simplesmente porque estava habituado a Hagrid, esta mulher (agora ao pé da escada, que olhava
para as pessoas que a esperavam de olhos arregalados) parecia ainda mais anormalmente grande.
Ao entrar no círculo de luz projetado pelo saguão de entrada, ela revelou um rosto bonito de pele
morena, grandes olhos negros que pareciam líquidos e um nariz um tanto bicudo. Seus cabelos
estavam puxados para trás e presos em um coque na nuca. Vestia-se da cabeça aos pés de cetim
negro, e brilhavam numerosas opalas em seu pescoço e nos dedos grossos.

Dumbledore começou a aplaudir; os estudantes, acompanhando a deixa, prorromperam em


palmas, muitos deles nas pontas dos pés, para poder ver melhor a mulher. O rosto dela se
descontraiu em um gracioso sorriso e ela se dirigiu a Dumbledore, estendendo a mão faiscante de
anéis. O diretor, embora alto, mal precisou se curvar para beijar-lhe a mão.

E então, que uns doze garotos e garotas (todos, pelo físico, no fim da adolescência) haviam
descido da carruagem e agora estavam parados atrás de Madame Maxime. Eles tremiam de frio, o
que não surpreendia, pois suas vestes eram feitas de finíssima seda e nenhum deles usava capa.
Alguns tinham enrolado echarpes e xales na cabeça. Pelo que Hadrian pôde ver de seus rostos
(estavam à enorme sombra de sua diretora), eles olhavam para o castelo, com uma expressão
apreensiva.

Madame Maxime e seus alunos entraram no castelo para se aquecerem enquanto esperavam
a chegada da delegação de Durmstrang. Antes de partir, Dumbledore assegurou a mulher de que
seus abraxans seriam muito bem cuidados por Hagrid. A equipe de funcionários e alunos de
Hogwarts continuaram parados, agora tremendo um pouco de frio, à espera da delegação de
Durmstrang. A maioria das pessoas contemplava o céu, esperançosa. Durante alguns minutos, o
silêncio só foi interrompido pelos cavalões de Madame Maxime que resfolegavam e pateavam.
Hadrian estava louco para ir até os animais, sua paixão por criaturas mágicas tão perto da
superfície que ele quase se esquecera que deveria permanecer sendo um Lord estoico e superior.
Mas então...

— Vocês estão ouvindo alguma coisa? — Perguntou Blaise de repente. Hadrian prestou atenção;
um barulho alto e estranho chegava até eles através da escuridão; um ronco abafado mesclado a um
ruído de sucção, como se um imenso aspirador de pó estivesse se deslocando pelo leito de um rio...

— O lago! — Berrou Lee Jordan apontando. — Olhem para o lago!

De sua posição, no alto dos gramados, de onde descortinavam a propriedade, eles tinham
uma visão desimpedida da superfície escura e lisa da água. Exceto que ela repentinamente deixou
de ser lisa. Ocorria alguma perturbação no fundo do lago; grandes bolhas se formavam no centro, e
suas ondas agora quebravam nas margens de terra, e então, bem no meio do lago, apareceu um
rodamoinho, como se alguém tivesse retirado uma tampa gigantesca do seu leito... Algo que
parecia um pau comprido e preto começou a emergir lentamente do rodamoinho... E então Hadrian
avistou o velame...

— É um mastro! — Disse ele aos amigos.

Lenta e imponentemente o navio saiu das águas, refulgindo ao luar. Tinha uma estranha
aparência esquelética, como se tivesse ressuscitado de um naufrágio, e as luzes fracas e enevoadas
que brilhavam nas escotilhas lembravam olhos fantasmagóricos. Finalmente, espalhando água para
todo lado, o navio emergiu inteiramente, balançando nas águas turbulentas, e começou a deslizar
para a margem. Alguns momentos depois, ouviram a âncora ser atirada na água rasa e o baque
surdo de um pranchão ao ser baixado sobre a margem. Havia gente desembarcando, eles viram
silhuetas passarem pelas luzes das escotilhas. Os recém-chegados pareciam ter físicos semelhantes
aos de Crabbe e Goyle... Mas então, quando subiram as encostas dos jardins e chegaram mais
próximos à luz que saía do saguão de entrada, Hadrian viu que aquela aparência maciça se devia às
capas de peles de fios longos e despenteados que estavam usando. Mas o homem que os conduzia
ao castelo usava peles de um outro tipo; sedosas e prateadas como os seus cabelos.

— Dumbledore! — Cumprimentou ele cordialmente, ainda subindo a encosta. — Como vai, meu
caro, como vai?

— Otimamente, obrigado, professor Karkaroff.

O homem tinha uma voz ao mesmo tempo engraçada e untuosa; quando ele entrou no círculo
de luz das portas do castelo, os garotos viram que era alto e magro como Dumbledore, mas seus
cabelos brancos eram curtos, e a barbicha (que terminava em um cachinho) não escondia
inteiramente o seu queixo fraco. Quando alcançou Dumbledore, apertou-lhe a mão com as duas
mãos.

Chamando um de seus alunos que, aparentemente estava com um leve resfriado, para se
aquecer, os alunos de Hogwarts prenderam a respiração ao verem Viktor Krum irromper da
multidão como uma aura forte e densa. Seus olhos negros imediatamente se focaram no par de
olhos verdes que pareciam brilhar no meio da escuridão, mesmo com os sentidos entorpecidos pela
corrente elétrica que percorreu sua espinha, Hadrian pode ouvir Ron, que pulava no lugar,
exclamando: “É o Krum! É o Krum!”.
Capítulo 106
Chapter Notes

Peço desculpas pelo atraso na atualização, alguns imprevistos surgiram e eu não pude
cumprir o prazo. Mas aqui está o cap 106.

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

— Acho que o homofóbico ali tem uma quedinha por um garoto. — Dennis comentou divertido
para o irmão. Quando eles atravessaram o saguão com os demais alunos de Hogwarts, a caminho
do Salão Principal. Várias garotas do sexto ano apalpavam freneticamente os bolsos enquanto
andavam.

— Ah, não acredito, não trouxe uma única pena comigo... Você acha que ele assinaria o meu
chapéu com batom?

— Francamente! — Exclamou Pansy com ar de superioridade, ao passarem pelas garotas, agora


disputando o batom.

— Vou pedir um autógrafo a ele se puder. — Disse Ron.

O grupo se dirigiu à mesa da Slytherin, despedindo-se dos amigos e namorados das outras
casas, e se sentaram. Muitos tomaram o cuidado de se sentarem de frente para a porta, porque
Krum e seus colegas de Durmstrang ainda estavam parados ali, aparentemente sem saber onde se
sentar. Os alunos de Beauxbatons tinham escolhido lugares à mesa da Ravenclaw, corriam os olhos
pelo Salão Principal com uma expressão triste no rosto. Três deles ainda seguravam as echarpes e
xales que cobriam a cabeça.

— Aqui! Venham se sentar aqui! — Sibilou Ron alto, chamando a atenção de todos no salão. —
Aqui! Mione chega para lá, abre um espaço...

— Quê?

— Merda. — Ron disse com amargura.

Viktor Krum e os colegas de Durmstrang tinham se acomodado à mesa da Slytherin. Hadrian


notou o olhar de interesse de Krum sobre si. Os alunos de Durmstrang miraram Hadrian cheios de
curiosidade, também. Pelo canto do olho, o garoto viu que alguns faziam cara de terem finalmente
entendido algum segredo do universo. Um garoto que sujara as vestes de comida cutucou uma
colega ao seu lado e apontou abertamente para a testa de Hadrian.

— Sejam bem-vindos a Hogwarts. — Hadrian sorriu para os convidados, que agradeceram. —


Estamos honrados por suas presenças na mesa da Slytherin. — Ele notou os olhos negros de Krum
cintilarem na sua direção, provavelmente porque nenhum integrante do seu grupo de amigos o
estava tratando como um animal de zoológico. Será que Krum lembrava dele da Copa Mundial de
Quidditch? Porque Hadrian lembrava, o mesmo estremecimento o tomou ao mirar os olhos negros
do jogador profissional.

— Fico agradecido pela hospitalidade. — Viktor falou com um sotaque fraco enquanto sorria
malicioso para o moreno de olhos esmeraldas, que retribuiu o sorriso. — Como se chama? —
Perguntou o nome de Hadrian.

— Hadrian Tamish Potter. — O garoto sorriu ao ver um brilho no olhar do búlgaro. — Prazer em
conhecê-lo, Viktor Krum. — Eles apertaram as mãos e todos começaram a se apresentar. Hadrian
agradeceu por ninguém ter perguntado sobre sua cicatriz ou o tratado como um deus, eles apenas
cochichavam, mas logo se calavam. Se bem que Durmstrang estava longe de se preocupar com as
brigas da Grã-Bretanha, uma história muito distante de suas realidades.

— É, vai fundo. Puxa o saco dele, Potter. — Ron disse com desdém num rosnado baixo. — Mas,
aposto como o Krum está percebendo o jogo dele... Aposto como tem gente adulando ele o tempo
todo... Krum não vai ser seduzido por uma vagabunda rodada como você, Potter. Onde é que você
acha que eles vão dormir? Poderíamos oferecer um lugar no nosso dormitório, Dean... Eu não me
importaria de ceder a minha cama, e poderia dormir em uma cama de armar. — Hermione deu
uma risadinha desdenhosa.

Os alunos de Durmstrang estavam despindo os pesados casacos de peles e olhando para o


teto escuro e estrelado com expressões de interesse; uns dois seguravam os pratos e taças de ouro e
examinavam-nos, aparentemente impressionados.

— Como funciona esse teto? — Krum perguntou interessado.

— É enfeitiçado para replicar a aparência do céu lá fora. — Blaise respondeu educadamente.

— Pelo menos não é tão “perfeito” se não esse salão seria uma lagoa quando chovesse. — Pansy
brincou e os alunos da Durmstrang riram.

Na mesa dos funcionários, Filch, o zelador, acrescentava cadeiras. Estava usando a velha
casaca mofada em homenagem à ocasião. Os alunos olharam intrigados o zelador acrescentara
duas cadeiras de cada lado de Dumbledore. Depois que todos os estudantes tinham entrado no salão
e sentado às mesas das Casas, vieram os professores, que se dirigiram à mesa principal e se
sentaram. Os últimos da fila foram Dumbledore, Karkaroff e Madame Maxime. Quando a diretora
apareceu, os alunos de Beauxbatons se levantaram imediatamente, e alguns alunos de Hogwarts
riram da educação dos franceses.

— A falta de educação deles me impressiona. — Hadrian suspirou ao ver a maioria dos Gryffindor
rindo.

— Foi bom vocês terem escolhido a Slytherin. — Pansy comentou. — Somos os mais civilizados
daqui. — Sorriu divertida.

— Tem alguns que se salvam das outras casas. — Hadrian apontou.

— Como é essa coisa de “casas”? — Krum perguntou interessado. Hadrian sorriu, entrou em seu
“modo professor” e começou a explicar aos estrangeiros como Hogwarts funcionava. A delegação
de Beauxbatons não pareceu se constranger nem um pouco e não tornou a se sentar até que
Madame Maxime estivesse acomodada do lado esquerdo de Dumbledore. Este, porém, continuou
em pé e o Salão Principal ficou silencioso.

— Boa-noite, senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes. — Disse


Dumbledore sorrindo para os alunos estrangeiros. — Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos.
Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa. — Uma das garotas de
Beauxbatons, ainda segurando o xale na cabeça, deu uma inconfundível risadinha de zombaria.

— Ninguém está obrigando você a ficar! — Murmurou Hermione, com raiva.

— O torneio será oficialmente aberto no fim do banquete. — Disse Dumbledore. — Agora


convido todos a comer, beber e se fazer em casa! — Ele se sentou, e Hadrian viu Karkaroff se
curvar na mesma hora para a frente e iniciar uma conversa com o diretor. As travessas diante deles
se encheram de comida como de costume. Os house-elves na cozinha pareciam ter se excedido;
havia uma variedade de pratos à mesa que Hadrian jamais vira, inclusive alguns decididamente
estrangeiros.

De alguma forma o Salão Principal parecia muito mais cheio do que de costume, ainda que
só houvesse umas vinte pessoas a mais ali; talvez porque os uniformes de cores diferentes se
destacassem tão claramente contra o preto das vestes de Hogwarts. Agora que tinham despido as
peles, os alunos de Durmstrang deixavam ver que usavam vestes de um intenso vermelho sangue.
Hadrian e seus amigos desataram numa conversa harmoniosa com os alunos da Durmstrang. Vinte
minutos depois do início do banquete, Hagrid entrou discretamente pela porta atrás da mesa dos
funcionários. Deslizou para sua cadeira na ponta da mesa e acenou para Hadrian e os amigos com a
mão coberta de ataduras. Naquele instante, ouviram uma voz:

— Com licença, vocês von querrer a bouillabaisse? — Era a garota de Beauxbatons que rira
durante a fala de Dumbledore. Finalmente retirara o xale. Uma longa cascata de cabelos louro-
prateados caía quase até sua cintura, tinha grandes olhos azul-profundos e dentes muito brancos e
perfeitos. Theodore ficou púrpura, olhou para a garota, abriu a boca para responder, mas não saiu
nada a não ser um fraco gargarejo.

— Pode levar. — Respondeu Hadrian educadamente, empurrando a terrina para a garota.

— Vocês já se serrvirram?

— Já. — Disse Blaise sem fôlego. — Estava excelente. — A garota apanhou a terrina e levou-a
cuidadosamente até a mesa da Ravenclaw. Theodore continuou com os olhos grudados nela como
se nunca tivesse visto uma garota na vida. Hadrian começou a rir dos efeitos causados em vários
garotos perante aquela garota eram muito parecidos com os efeitos da veelas na Copa Mundial,
então aquela garota ou era uma veela, ou era descendente de uma. O som das risadas pareceu
sacudir Theodore daquele transe.

— É uma veela! — Anunciou Theodore.

— Claro que não! — Retrucou Pansy divertida. — Não vejo mais ninguém olhando para ela de
boca aberta como um idiota! — Mas não era bem verdade. Quando a garota atravessou o salão,
muitas cabeças de garotos se viraram, e alguns pareciam ter ficado temporariamente sem fala,
exatamente como Theodore.

— Ela é descendente de uma veela. — Nyx sibilou, ao sair das vestes de Hadrian, onde estava
escondida, e deslizar para a mesa. Os alunos da Durmstrang ofegaram e recuaram imediatamente
para longe da serpente negra. Hadrian sorriu ao ter suas hipóteses confirmadas.

— Nyx disse que ela é descendente de uma veela.

— Você é um parselmouth? — Viktor perguntou impressionado.

— Sim, eu sou. — Hadrian admitiu com um leve rubor nas bochechas. — Vocês não precisam
temer minhas cobras.

— Cobras? — Viktor indagou curioso.

— Ele tem duas. — Draco respondeu calmamente.

— E não estamos contando da que está nas calças dele. — Theodore piscou um olho e sorriu
malicioso, Hadrian corou furiosamente e pigarreou para mudar de assunto.

— Eu tenho a Nyx. — Hadrian falou, ainda muito vermelho ao perceber um brilho distinto nos
olhos do jogador profissional para si. Ele indicou a serpente que se deliciava com uma carne na
mesa. — E eu tenho a Hera. Ela fica com meu namorado Colin na Gryffindor. — Indicou o
loirinho, que sorriu brilhantemente para o namorado. Hadrian notou o brilho se apagar nos olhos de
Krum quando ele disse “namorado”. — Mas elas estão sob o meu controle, por assim dizer. Então
ninguém corre perigo.

— A não ser que façam algo contra Hadrian, ou seus amigos, ou namorados. — Pansy apontou.

— Namorados? — Uma aluna da Durmstrang perguntou confusa.

— Eu esqueço que eles nem devem saber. — Hadrian sorriu.

— É o preço por ser famoso. — Theodore brincou.

— Resumidamente. — Hadrian fitou os olhos negros do búlgaro. — Eu sou herdeiro de dez


famílias e uma delas é a casa Pendragon. Me tornando um Príncipe e me permitindo ter quantos
consortes eu quiser. — O garoto sorriu ao ver os olhos de Krum arderem em determinação.

— Dez famílias?! — Um garoto da Durmstrang perguntou, os convidados estavam com os olhos


arregalados e os queixos caídos ao focarem nos dedos do garoto.

— Os Pendragon?! — Murmúrios baixos inundaram a mesa das serpentes onde os convidados


estavam.
— E quantos consortes você tem? — Viktor perguntou com um sorrisinho malicioso.

— Então... — Theodore e Pansy começaram a rir.

— Draco. — Hadrian indicou o loiro ao seu lado. — Colin Prince. — Indicou o loirinho com o
basilisk nos ombros na mesa da Gryffindor. — Fred e George Weasley. Os gêmeos ruivos. —
Indicou os dois, que acenaram descaradamente para eles ao verem que Hadrian os olhava sorrindo.
— Dennis Prince, irmão de Colin, ainda está em “espera” por ser muito novo. — Indicou o
loirinho, que piscou maliciosamente. — Neville Longbottom. — O garoto mencionado corou
fortemente ao ter a atenção de Hadrian em si. — Tem Bill e Charlie Weasley, irmãos mais velhos
dos gêmeos. Eles já terminaram a escola. E Tom Riddle, que também já terminou a escola. Tem
Cedric Diggory. — Piscou descaradamente para o Hufflepuff, que corou violentamente com isso.
— Ainda não oficializamos, mas estamos flertando desde o ano passado. — Deu de ombros.

— Wow. — Um garoto da Durmstrang soltou o ar com um suspiro.

— E você pretende “recrutar” mais? — Viktor perguntou insinuativo.

— Isso é um convite, senhor Krum? — Hadrian arqueou uma sobrancelha e um sorriso malicioso
surgiu nos seus lábios.

— Talvez. — Krum deu de ombros, mas seu sorriso se alargou.

— Talvez eu aceite. — Piscou para o búlgaro, este que teve seu sorriso alargado com a revelação.

— Olhem. — Goyle apontou para a mesa dos funcionários. As duas cadeiras que estavam vazias
acabavam de ser ocupadas. Ludo Bagman sentou-se agora do outro lado de Karkaroff enquanto
Crouch, chefe de Percy Weasley, ficou ao lado de Madame Maxime.

— Que é que eles estão fazendo aqui? — Indagou Theodore pensativo.

— Eles organizaram o Triwizard Tournament, não? — Draco disse. — Imagino que quisessem vir
assistir à abertura.

Depois que os pratos de ouro foram limpos, Dumbledore se levantou mais uma vez. Neste
momento, uma agradável tensão pareceu invadir o salão. A algumas mesas de distância, Fred e
George se curvaram para a frente, observando Dumbledore com grande concentração. Dumbledore
começou a explicar coisas sobre o torneio. Onde ele, Karkaroff, Madame Maxime, Bagman e
Crouch seriam os juízes que dariam os pontos para os campões nas tarefas que teriam que realizar.
Ao todo seriam três tarefas diferentes que ocorreriam em determinados momentos do ano letivo,
que servirão para testar os campeões de diferentes maneiras. Sua perícia em magia, sua coragem,
seus poderes de dedução e, naturalmente, sua capacidade de enfrentar o perigo. Cada campeão irá
receber notas dos cinco juízes que estariam de acordo com suas falhas e acertos durante os testes. E
quem tiver a maior pontuação ganhará a Taça Triwizard, sendo nomeado como o vencedor do
torneio.

— Os campeões serão escolhidos por um juiz imparcial... O Cálice de Fogo.

Dumbledore puxou então sua varinha e deu três pancadas leves na tampa do escrínio que
Filch trouxe antes do anúncio de Dumbledore, era uma arca de madeira, incrustada de pedras
preciosas; com uma aparência extremamente antiga. A tampa se abriu lentamente com um rangido,
o velho enfiou a mão nele e tirou um grande cálice de madeira toscamente talhado. Teria sido
considerado totalmente comum se não estivesse cheio até a borda com chamas branco-azuladas,
que davam a impressão de dançar. Dumbledore fechou o escrínio e pousou cuidadosamente o
cálice sobre a tampa, onde seria visível a todos no salão.

— Quem quiser se candidatar a campeão deve escrever seu nome e escola claramente em um
pedaço de pergaminho e depositá-lo no cálice. — Disse Dumbledore. — Os candidatos terão vinte
e quatro horas para apresentar seus nomes. Amanhã à noite, Halloween, o cálice devolverá o nome
dos três que ele julgou mais dignos de representar suas escolas. O cálice será colocado no saguão
de entrada hoje à noite, onde estará perfeitamente acessível a todos que queiram competir. Para
garantir que nenhum aluno menor de idade ceda à tentação. — Continuou Dumbledore. —
Traçarei uma linha etária em volta do Cálice de Fogo depois que ele for colocado no saguão.
Ninguém com menos de dezessete anos conseguirá atravessar a linha. E, finalmente, gostaria de
incutir nos que querem competir, que ninguém deve se inscrever neste torneio levianamente. Uma
vez escolhido pelo Cálice de Fogo, o campeão será obrigado a prosseguir até o final do torneio.
Colocar o nome no cálice é um ato contratual mágico, não pode haver mudança de ideia uma vez
que a pessoa se torne campeã. Portanto, procurem se certificar de que estão preparados de corpo e
alma para competir, antes de depositar seu nome no cálice. Agora, acho que já está na hora de
irmos nos deitar. Boa-noite a todos.

— Tenha uma boa note, Hadrian Tamish Potter. — Krum beijou as costas da mão de Hadrian.

— Você também, Viktor. — O garoto sorriu malicioso quando os dois se afastaram. Hadrian e os
Slytherin se juntaram ao resto do grupo deles para conversar antes de irem para suas Casas. Os
alunos de Durmstrang voltaram ao navio, e os de Beauxbatons voltaram para a carruagem, cada um
se acomodando para dormir.
Capítulo 107
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Como o dia seguinte era sábado, normalmente a maioria dos estudantes teria tomado o café
da manhã mais tarde. Hadrian e os amigos, porém, não foram os únicos a se levantarem muito mais
cedo do que costumavam nos fins de semana. Quando desceram para o saguão, viram umas vinte
pessoas andando por ali, alguns comendo torrada, todos examinando o Cálice de Fogo. A peça fora
colocada no centro do saguão sobre o banquinho que era usado para o Chapéu Seletor. Uma fina
linha dourada fora traçada no chão, formando um círculo de uns três metros de raio.

— Alguém já depositou o nome? — Perguntou Dennis, ansioso, a uma aluna do terceiro ano.

— Todo o pessoal da Durmstrang. — Respondeu ela. — Mas ainda não vi ninguém de Hogwarts.
— Ao se virar, Hadrian viu Fred, George e Lee Jordan correndo escada abaixo, os três parecendo
excitadíssimos.

— Resolvido. — Disse Fred num cochicho vitorioso a Hadrian e os amigos. — Acabamos de tomá-
la.

— Quê? — Indagou Blaise.

— A Poção para Envelhecer. — Disse George com um ar triunfante.

— Uma gota cada um. — Acrescentou Fred, esfregando as mãos de alegria. — Só precisamos
envelhecer alguns meses.

— Vamos dividir os mil galleons entre os três se um de nós vencer. — Disse Lee, com um largo
sorriso.

— Não tenho muita certeza de que isso vai dar certo. — Disse Blaise em tom de aviso. – Tenho
certeza de que a Cabra Velha pensou nessa possibilidade. — Fred, George e Lee não lhe deram
atenção.

— Pronto? — Perguntou Fred aos outros dois, tremendo de excitação. — Vamos então, eu vou
primeiro...

Hadrian observou, fascinado, quando Fred tirou do bolso um pedaço de pergaminho com as
palavras “Fred Weasley – Hogwarts”. Ele foi direto à linha e parou ali, balançando-se nas pontas
dos pés como um mergulhador se preparando para um salto de quinze metros. Depois,
acompanhado pelo olhar de todos que estavam no saguão, ele respirou fundo e atravessou a linha.
Por uma fração de segundo, todos acharam que dera certo. George certamente pensara o mesmo,
porque soltou um berro de triunfo e correu atrás de Fred, mas no momento seguinte, ouviram um
chiado forte e os gêmeos foram arremessados para fora do círculo dourado, como bolas de golfe.
Eles aterrissaram dolorosamente, a dez metros de distância no frio chão de pedra e, para piorar a
situação, ouviram um forte estalo e brotaram, nos dois, longas barbas brancas e idênticas. O saguão
de entrada ecoou de risadas. Até Fred e George se riram depois de se levantarem e dar uma boa
olhada nas barbas um do outro.

— Eu avisei a vocês. — Disse uma voz grave e risonha, ao que todos se viraram e deram com
Dumbledore saindo do Salão Principal. Ele examinou Fred e George, com os olhos cintilando. —
Sugiro que os dois procurem Madame Pomfrey. Ela já está cuidando da senhorita. Fawcett da
Ravenclaw e do senhor Summers da Hufflepuff, que também resolveram envelhecer um
pouquinho. Embora eu deva dizer que as barbas deles não são tão bonitas quanto as suas.

Fred e George seguiram para a ala hospitalar acompanhados por Lee, que rolava de rir.
Hadrian e os amigos, também às gargalhadas, foram tomar o café da manhã. Na mente e no peito
de Hadrian uma frase ecoava: “Como eu amo esses dois.”. A decoração no Salão Principal estava
mudada essa manhã. Como era Halloween, uma nuvem de morcegos vivos esvoaçava pelo teto
encantado, enquanto centenas de abóboras esculpidas riam-se em cada canto. Hadrian, à frente do
grupo, foi até Crabbe e Goyle, que discutiam quais alunos de Hogwarts com dezessete anos ou
mais estariam se inscrevendo.

— Então, que é que vocês vão fazer hoje? — Perguntou Blaise a Hadrian e Draco, quando saíam
do salão depois do café.

— Ainda não fomos visitar o Hagrid. — Lembrou Hadrian.

— Okay. Desde que ele não nos peça para doar uns dedos aos Skrewts.

— Depois podemos jogar um pouco de quidditch. — Theodore sugeriu.

— Isso seria perfeito. — Hadrian sorriu. Uma onda de murmúrios chamou suas atenções.

Os alunos de Beauxbatons entravam no castelo, vindo dos jardins, entre eles a garota veela.
O pessoal aglomerado à volta do cálice se afastou para deixá-los passar, observando-os ansiosos.
Madame Maxime entrou atrás dos alunos e organizou-os em fila. Um a um eles atravessaram a
linha etária e depositaram seus pedaços de pergaminho nas chamas branco-azuladas. A cada nome
inscrito o fogo se avermelhava e faiscava por um breve instante.
— Que é que você acha que acontece com os que não são escolhidos? — Murmurou Pansy, quando
a garota veela deixou cair seu pedaço de pergaminho no Cálice de Fogo. — Você acha que voltam
para a escola ou ficam por aqui para assistir ao torneio?

— Não sei. — Disse Colin. — Ficam por aqui, suponho... Madame Maxime vai ficar para julgar,
não é? — Depois que os alunos de Beauxbatons se inscreveram, Madame Maxime levou-os de
volta aos jardins.

— Vamos visitar Hagrid. — Hadrian puxou as mãos de Colin e Dennis e guiou o grupo.

Ao se aproximarem da orla da Forbidden Forest, a enorme carruagem azul-claro em que


haviam chegado fora estacionada a menos de duzentos metros da porta da cabana de Hagrid, e os
alunos estavam embarcando nela. Os cavalos elefânticos que puxavam a carruagem pastavam
agora em um picadeiro improvisado montado a um lado. Hadrian bateu na porta de Hagrid e os
latidos retumbantes de Fang responderam imediatamente.

— Até que enfim! — Saudou-os Hagrid, quando abriu a porta e viu quem batia. — Achei que
vocês tinham esquecido onde eu morava!

— Estivemos realmente ocupados, Hag... — Hadrian começou a dizer, mas parou de supetão,
encarando Hagrid, aparentemente sem saber o que dizer.

Hagrid estava usando seu melhor (e horroroso) terno de tecido marrom peludo, com uma
gravata amarela e laranja. Mas isto não era o pior; ele evidentemente tentara domesticar os cabelos,
usando uma grande quantidade de um produto que parecia graxa para eixo de rodas. Estavam
agora alisados em dois molhos, talvez ele tivesse tentado fazer um rabo de cavalo como o de Bill,
mas descobrira que tinha cabelo demais. O penteado realmente não combinava nada com Hagrid.
Hadrian sorriu com conhecimento de causa e desconversou.

— Hum, onde estão os Skrewts?

— Lá fora no canteiro de abóboras. — Respondeu Hagrid alegre. — Estão ficando uns bichões,
quase um metro de comprimento agora. O único problema é que começaram a se matar uns aos
outros.

— Ah, não, sério? — Exclamou Pansy, lançando um olhar de censura a Theodore, que olhava sem
disfarçar o penteado esquisito de Hagrid, e acabara de abrir a boca para dizer alguma coisa.

— É. — Disse Hagrid com tristeza. — Mas tudo bem, eles agora estão em caixas separadas. Ainda
sobraram uns vinte.

— Isso é que foi sorte! — Disse Blaise, mas Hagrid não perdeu a ironia.

— Você tá bonito, Hagrid. — Luna sorriu sonhadora para o meio-gigante, que pareceu corar por
baixo da espessa barba.

— Acho que ainda não fomos apresentados, senhorita... — Hagrid deu a deixa.

— Luna Lovegood. — Sorriu radiante enquanto se balançava para frente e para trás nos próprios
pés, as mãos unidas na parte de trás de seu corpo para permitir uma melhor movimentação em seu
embalo.

— Prazer em conhecê-la, Luna. Você vai ver que Hazz é um menino incrível!

— Hagrid! — Hadrian chamou ansioso. — Posso ver os abraxans? — Perguntou extremamente


animado.

— Claro, Hazz. — O meio-gigante sorriu e os guiou até o picadeiro, com Fang extremamente
energético ao seu redor. — Madame Maxime disse que eles só bebem whisky de malte.

— Eles deram trabalho para desarrear e colocar aqui? — Hadrian perguntou animado. Nyx foi
parar nos ombros de Dennis, ela teve que encolher ainda mais para não derrubar o garotinho no
chão com o seu peso.

— Um pouco. — Hagrid admitiu. Todos se colocaram envolta do picadeiro e observavam os


enormes cavalos pacíficos. — Mas é comum por eu ser um estranho. Mas até que nos demos bem.

— Posso ir lá? — O garoto perguntou excitado.

— Claro. — Hagrid sorriu. — Os animais sempre parecem gostar de você, então acho que não
seria um problema.

Extremamente animado, Hadrian passou entre as toras de madeira e se aproximou lentamente


das criaturas. Um abraxan o encarou com um genuíno interesse e se aproximou. Sua cabeçorra
desceu do alto para cheirar-lhe os cabelos. Hadrian estendeu sua mão, um pedido mudo para fazer
carinho, e esperou, avaliando a situação, o cavalo aproximou seu focinho gigantesco e permitiu o
contato. Hadrian vibrou de felicidade enquanto acariciava o focinho macio do cavalo. Estava tão
entretido que não viu um segundo abraxan se aproximar pelas suas costas e pegar o colarinho de
suas roupas entre os dentes.

Com um gritinho de surpresa, Hadrian se viu içado no ar, só para logo depois se ver no
lombo do abraxan que acariciava. Seus amigos e namorados comemoravam lá embaixo, enquanto
Hadrian sorria como uma criança no Natal. Admirando-se com a altura, o garoto começou a
acariciar a crina branca do cavalo, este virou a cabeça para si e olhou-o com simpatia. Como se
lesse seus pensamentos, Hadrian agarrou-se fortemente na crina e firmou suas panturrilhas e coxas
na barriga do animal. Este, que parecia satisfeito, começou a andar ao redor do picadeiro. Os
outros abraxans relincharam junto com as risadas animadas do garoto.

O cavalo que ele montava começou a correr em direção a cerca do picadeiro. Hadrian
arregalou os olhos e se firmou ainda mais quando percebeu sua intenção. Seus amigos e namorados
prenderam a respiração quando o imenso animal saltou sobre a cerca que chegava à altura de seu
peito. Hadrian gritou de alegria durante o pulo, o sorriso imenso e os olhos radiantes. Os outros
abraxans seguiram, o que Hadrian acabara de perceber, o líder da manada, pulando também sobre a
cerca e seguindo-os numa corrida animada pelos campos verdes de Hogwarts.

Madame Maxime e os alunos de Beauxbatons saíram da carruagem ao sentirem o tremor dos


imensos cascos colidindo com o chão, e olharam impressionados o garoto montado no líder dos
abraxans. Aquelas criaturas eram leais a seus cuidadores, e não gostavam de nenhuma outra pessoa
tão próximo deles. Eles só permitiam que Maxime os desse carinho, nenhum outro aluno de
Beauxbatons conseguiu se aproximar dos cavalos desconfiados. Karkaroff e os alunos de
Durmstrang encararam fascinados a visão dos cavalos abrindo as imensas asas e levantando voo.
Hadrian ria, gritava de felicidade e excitação enquanto sobrevoavam os terrenos de Hogwarts.

Alunos e funcionários de Hogwarts encararam o garoto montado no grande animal que


sobrevoava os arredores, liderando toda a manada. Severus sentiu seu peito se aquecendo
intensamente ao perceber a felicidade genuína que transbordava de Hadrian. Moody encarou a cena
com o cenho franzido fortemente. Fazendo uma nota mental de que o garoto tinha afinidade com
criaturas mágicas. Dumbledore e McGonagall ferviam de raiva ao verem o garoto feliz. Já Ron e
Hermione xingavam o moreno por “querer chamar atenção para si”.
Depois de uma volta por todos os terrenos de Hogwarts e o Great Lake, os abraxans voltaram
ao picadeiro e, assim como antes, um cavalo pegou suas vestes entre os dentes e o colocou de volta
ao chão. Hadrian sorriu para os animais, o líder abaixou a cabeça e o garoto acariciou seu focinho.

— Isso foi incrível. Muito obrigado. — O cavalo soprou ar pelas narinas. — Adoraria passear com
vocês mais vezes. Acham que meus amigos poderiam ir junto? — O animal avaliou o grupo do
outro lado da cerca por breves segundos antes de balançar a cabeça afirmativamente e relinchar
docemente. — Brilhante! — Hadrian abraçou o grande focinho e deu-lhe um beijo. — Nos vemos
outra hora. E obrigada, novamente, pelo passeio. Eu amei. — Acenou para o cavalo e se afastou
com os relinchos de despedida dos cavalos.

— Cara que inveja de você! — O sorriso de Theodore indicava que ele não estava realmente
rancoroso com aquilo.

— Eles concordaram de levar vocês na próxima. — Hadrian sorriu para o grupo extasiado.

— Você, definitivamente, tem um dom com as criaturas, Hazz. — Hagrid deu tapinhas fracos em
seu ombro, o sorriso aparecendo entre a espessa barba.

— Você brilha. — Luna sorriu para um Hadrian genuinamente feliz. Seus olhos pareciam ver algo
além dessa camada de realidade, ela estava contente com o que quer que estava vendo.

— Mal posso esperar para estar lá em cima! — Dennis saltitava alegre. O grupo se despediu do
meio-gigante e foram pegar suas vassouras nos dormitórios para o prometido jogo de quidditch.
Colin, Dennis, Neville e Luna ficariam apenas assistindo, então os esperaram na costumeira árvore
perto do Great Lake. No meio do caminho os Slytherin encontraram os gêmeos, já sem nenhuma
barba, e Lee Jordan.

— Bora jogar quidditch? — Hadrian balançou a sua Firebolt.

— Nem precisa perguntar.

— Estamos no lugar de sempre. — Draco teve que gritar, pois os ruivos correram para a Torre da
Gryffindor para pegar suas coisas, sendo seguidos por Lee Jordan tão empolgado quanto.

O grupo desceu até a árvore onde sempre se encontravam. Luna, Neville, Dennis e Colin
sentaram-se na grama, Nyx ainda nos ombros de Dennis conversava com Hera nos ombros de
Colin. Hadrian, Draco, Theodore e Pansy montavam nas vassouras e começarem a voar. Fred e
George vinham carregando a caixa com as bolas entre eles e suas vassouras, Lee trazia uma
vassoura emprestada por Angelina Johnson. Aparentemente eles haviam levado o jogo a sério.

— Sem regras! — Theodore anunciou. — Só não matem o amiguinho! — O grupo sorriu enquanto
os gêmeos e Lee montavam nas vassouras.

Não teriam batedores ou balaços, apenas a goles e o pomo. Eles dividiram-se em dois
grupos, no primeiro eram: Lee como goleiro, Draco como apanhador, Theodore e Fred como
artilheiros. No segundo eram: Blaise como goleio, Hadrian como apanhador, Pansy e George como
artilheiros. No início eles apenas voaram e brincaram no ar enquanto Hadrian e Lee criavam um
aro para cada gol. Neville soltou o pomo e jogou a goles. Vários estudantes se aproximaram,
interessados no jogo. Até mesmo alunos de Beauxbatons e Durmstrang vieram assistir. Acima do
jogo que se desenrolava com ferocidade, Draco e Hadrian provocavam-se enquanto procuravam o
pomo.

— Seu boy chegou, Potter. — Draco sorriu presunçoso ao voar ao redor do moreno, sua voz
soando presunçosa e o sobrenome pronunciado de uma forma tão característica do loiro que sempre
divertia Hadrian.

— Quê? — Olhou-o curioso.

— Viktor está te assistindo. — Sussurrou no seu ouvido, fazendo o menor estremecer e corar.

— Pare de me distrair, Malfoy. — Hadrian retrucou fazendo beiço.

— Parem de namorar! — Pansy gritou ao passar ao lado deles. O casal riu enquanto voltavam a se
concentrar no jogo. Pansy estava com a posse da goles. Theodore fechou a sua frente e ela deixou
cair a bola, Fred logo a pegou e voou para o lado contrário. Atirou-a no aro, maior do que o
normal, e Blaise não conseguiu evitar o gol. Os estudantes urraram de animação enquanto alguns
vaiavam.

— DEZ A ZERO PARA O TIME MALFOY! — Dennis gritou excitado. George assumiu a goles e
foi cercado por Fred e Theodore, Pansy se aproximou e o ruivo jogou para ela a bola. Com um
movimento rápido ela jogou a goles pelo aro, marcando o primeiro gol deles. Hadrian comemorou
fazendo manobras acima da cabeça de Draco. O jogo transcorria com velocidade, em pouco tempo
eles estavam empatados em cento e vinte.

E então Hadrian viu o brilho dourado perto da árvore onde eles estavam reunidos. Ele
inclinou-se para frente e a Firebolt disparou no ar na direção do pomo, Draco estava em seu
encalço, a cabeça alinhada com o seu ombro. Os estudantes trancaram o folego ao verem os dois
disparando atrás da pequenina bola de ouro que fugia a toda velocidade. Ela fazia curvas fechadas
e ia para todo lugar, os garotos tinham bons reflexos, se não teriam colidido com os outros
jogadores ou com as árvores. Eles passavam raspando pelas cabeças dos espectadores, que se
jogavam no chão aos berros quando os dois apanhadores se aproximavam em alta velocidade. As
manobras arriscadas que ambos faziam pareciam ser a coisa mais fácil do mundo para eles, o que
realmente era.

Draco e Hadrian estavam alinhados, cabeça com cabeça, os braços estendidos na direção do
pomo que voava para cima. O vento não os incomodava, estavam muito focados no pomo, o
silêncio e a paralisia de todos abaixo deles era completamente ignorada, os olhos fixos na
pequenina bola. O jogo parara, apenas para focarem nos apanhadores. Hadrian e Draco colaram os
peitos nos cabos das vassouras, ganhando mais velocidade para os dedos alcançarem o pomo.
Ninguém falou nada enquanto os dois foram diminuindo a velocidade e endireitando-se, as
gargantas estavam presas com a cena inédita. Os dois apanhadores capturaram o pomo ao mesmo
tempo.

— EMPATE! — Dennis pulou com um imenso sorriso nos lábios e balançava os braços em
comemoração.

Os estudantes saíram do torpor e começaram a comemorar. Hadrian e Draco sorriram um


para o outro e ergueram as mãos que estavam unidas onde o pomo estava se debatendo para ser
libertado. Os amigos que estavam jogando os cercaram e comemoraram com alegria. Até alguns
professores haviam se juntado a multidão, primeiramente para verem o que estava acontecendo e
ralhar com eles, mas depois viram-se muito interessados no jogo que se desenrolava no alto.

— Você é um ótimo jogador, Hadrian. — Viktor sorriu ao se aproximar do moreno que acabara de
pousar.

— Não tanto quanto você. — Hadrian retribuiu o sorriso.


— Eu posso te ensinar uns truques. — Viktor sugeriu.

— Eu iria adorar. — Os olhos esmeraldas brilharam em malícia, encarando o búlgaro se afastar


com um sorriso predador e um olhar determinado.

— Isso foi incrível, Hadrian. — Cedric se aproximou sorridente.

— Venha jogar conosco na próxima vez. — Hadrian sorriu docemente para o Hufflepuff.

— Eu adoraria. — Cedric corou levemente, o sorriso de felicidade aumentando.

Uma chuva leve começara a cair no meio da tarde; foi muito gostoso se sentarem ao pé da
lareira e escutar as gotas de chuva tamborilando de leve na janela, conversando amenidades e
brincando. Viktor havia se juntado à Hadrian e o seu grupo no Salão Principal. Ele estava levando
a sério o cortejo de Hadrian. Ron encarava Hadrian com os olhos azuis faiscando de raiva.

— Aquela vadia. Está enfeitiçando Krum! Como ele pode?! — Socou a mesa onde estava sentado,
muito distante do grupo de Hadrian.

— Pare de encara ou você será azarado! — Hermione cutucou-o com força.

Quando começou a escurecer, o Salão começou a encher para a festa de Halloween e, o que
era mais importante, para o anúncio de quem seriam os campeões das escolas. O salão iluminado
por velas estava quase cheio. O Cálice de Fogo fora mudado de lugar; agora se encontrava diante
da cadeira vazia de Dumbledore, à mesa dos professores. As delegações de Beauxbatons e
Durmstrang juntaram-se a eles. Logo todos estavam divididos nas mesas das quatro casas de
Hogwarts.

A Festa de Halloween pareceu durar muito mais do que habitualmente. Talvez porque fosse
o segundo banquete em dois dias, as pessoas no salão não estavam muito interessadas na comida,
muito ansiosos para o anúncio dos campeões. Depois de muito tempo, os pratos voltaram ao estado
de limpeza inicial; houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no salão, que caiu quase
instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. A cada lado dele, Karkaroff e Madame Maxime
pareciam tão tensos e ansiosos quanto os demais. Bagman sorria e piscava para vários alunos.
Crouch, porém, parecia bastante desinteressado, quase entediado.

— Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir. — Disse Dumbledore. — Estimo que só
precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria
que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na
câmara ao lado. — Ele indicou a porta atrás da mesa. — Onde receberão as primeiras instruções.

Ele puxou, então, a varinha e fez um gesto amplo; na mesma hora todas as velas, exceto as
que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra. O
Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura
azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observavam à
espera. Alguns consultavam os relógios a todo momento.

As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar. Começaram a soltar


faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de
pergaminho chamuscado, o salão inteiro prendeu a respiração. Dumbledore apanhou o pergaminho
e segurou-o à distância do braço, de modo a poder lê-lo à luz das chamas, que voltaram a ficar
branco-azuladas.
— O campeão de Durmstrang... — Leu ele em alto e bom som. — É Viktor Krum.

Uma tempestade de aplausos e vivas percorreu o salão. Hadrian sorriu para o búlgaro, que se
levantou da mesa da Slytherin e se encaminhou para Dumbledore; ele virou à direita, passou diante
da mesa dos professores e desapareceu pela porta que levava à câmara vizinha.

— Bravo, Viktor! — Disse Karkaroff com a voz tão retumbante que todos puderam ouvi-lo apesar
dos aplausos. — Eu sabia que você era capaz! — Os aplausos e comentários morreram. Agora
todas as atenções tornaram a se concentrar no Cálice de Fogo, que, segundos depois, tornou a se
avermelhar. Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro dele, lançado pelas chamas.

— O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour! — A garota levantou-se graciosamente, sacudiu a


cascata de cabelos louro-prateados para trás e caminhou impetuosamente entre as mesas da
Ravenclaw e da Hufflepuff.

Quando Fleur Delacour também desapareceu na câmara vizinha, todos tornaram a fazer
silêncio, mas desta vez foi um silêncio tão pesado de excitação que quase dava para sentir seu
gosto. O campeão de Hogwarts era o próximo. E o Cálice de Fogo ficou mais uma vez vermelho;
jorraram faíscas dele; a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou
o terceiro pedaço de pergaminho.

— O campeão de Hogwarts... — Começou. — É Cedric Diggory!

A zoeira na mesa vizinha era grande demais. Cada um dos alunos da Hufflepuff ficou de pé,
gritando e sapateando, quando Cedric passou por eles, um enorme sorriso no rosto, seus olhos
miraram brevemente Hadrian, que sorriu encorajador e com orgulho, e se encaminhou para a
câmara atrás da mesa dos professores. Na verdade, os aplausos para Cedric foram tão longos que
passou algum tempo até que Dumbledore pudesse se fazer ouvir novamente.

— Excelente! — Exclamou Dumbledore feliz, quando finalmente o tumulto diminuiu. — Muito


bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive
com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o
apoio que puderem. Torcendo por seus campeões, vocês contribuirão de maneira muito real...

Mas Dumbledore parou inesperadamente de falar, e tornou-se óbvio para todos o que o
distraíra. O fogo no cálice acabara de se avermelhar outra vez. Expeliu faíscas. Uma longa chama
elevou-se subitamente no ar e ergueu mais um pedaço de pergaminho. Com um gesto
aparentemente automático, Dumbledore estendeu a mão e apanhou o pergaminho. Ergueu-o e seus
olhos se arregalaram para o nome que viu escrito. Houve uma longa pausa, durante a qual o bruxo
mirou o pergaminho em suas mãos e todos no salão fixaram o olhar em Dumbledore. Ele pigarreou
e leu...

— Hadrian Tamish Potter!

— AH VAI SE FODER UNIVERSO! — O dito garoto gritou enraivecido, colocando-se de pé em


um pulo e batendo as mãos na mesa com força. Sua magia estalando e crepitando ao seu redor,
Hogwarts estremeceu em descontentamento pelo que o seu herdeiro estava sentindo e as chamas
das tochas quase se apagaram com um vento gélido que invadiu o salão pelas portas abertas. Os
olhos de Hadrian brilhavam em meio a semipenumbra do local, o verde tão vívido quanto a
Maldição da Morte destacando-se ainda mais com o brilho branco azulado das chamas do Cálice
de Fogo.
Capítulo 108
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Um silêncio mortal recaiu sobre Salão Principal. Cada par de olhos focados em um garoto
possesso de raiva. Hadrian sentia-se furioso, um ódio que transcendia o universo e o consumia por
completo. Todas as suas fraquezas e inseguranças foram trancafiadas no fundo do seu ser e só
existia a fúria. Ele se afastou da mesa da Slytherin e caminhou até Dumbledore em passos lentos
que ecoavam pelo salão, em cada lugar onde seus pés tocavam no chão as pedras estremeciam e
rachavam em resposta a raiva da própria escola perante seus sentimentos. O silêncio opressor e
sufocante só era quebrado pelo som de seus passos e as pedras rachando, ninguém ousou respirar,
os olhos arregalados grudados no garoto enraivecido. Hadrian arrancou o papel das mãos do
diretor e falou:

— Me dá essa porra aqui. — E leu: “Hadrian Tamish Potter – Hogwarts”. — Incrível. — O


garoto encarou os olhos falsamente surpresos do velho diante de si. — A caligrafia é medonha de
se ver, quase não consegui ler meu nome nisso. Mas posso afirmar pela minha magia que eu não
escrevi isso e nem pedi a ninguém que escrevesse por mim. Agora vou ser obrigado a competir em
um torneio idiota contra a minha vontade só para não perder minha magia. — Virou-se para os
alunos, onde viu vários Hufflepuff fora da surpresa olhando-o com raiva. Ron era um Gryffindor
de destaque quando todo o seu rosto parecia ficar roxo de raiva e inveja. — Vão tomar no cu todos
que acreditarem que fui eu que escrevi essa merda. Estou pouco me fodendo pra tudo isso. —
Ateou fogo no papel, ergueu os dois dedos do meio para todos a sua frente e, depois de abaixar as
mãos, começou a andar para a porta designada aos campeões, ignorando completamente os
suspiros e gritos indignados com sua atitude. Com o canto dos olhos ele viu a preocupação
mascarada no semblante de seu professor de poções.

O garoto passou pela porta e se viu em um aposento menor, com as paredes cobertas de
retratos a óleo de bruxas e bruxos. Um belo fogo rugia na lareira em frente. Os rostos nos retratos
se viraram para olhá-lo quando ele entrou. Surpreendeu uma bruxa encarquilhada passando
rapidamente da moldura do próprio retrato para a moldura vizinha, que enquadrava um bruxo de
bigodes de morsa. A bruxa encarquilhada começou a cochichar no ouvido do colega.

Viktor Krum, Cedric Diggory e Fleur Delacour estavam reunidos em torno da lareira.
Pareciam estranhamente imponentes, recortados contra as chamas. Krum, curvado e pensativo,
apoiava-se no console da lareira, ligeiramente afastado dos outros. Cedric estava parado com as
mãos às costas, contemplando o fogo. Fleur Delacour virou a cabeça quando Hadrian entrou e
jogou para trás a cascata de cabelos longos e prateados.

— Que foi? — Perguntou ela. — Querrem que a jante volte ao salon? — Pensava que ele viera
trazer um recado. Hadrian não sabia como explicar o que acabara de acontecer sem começar a
amaldiçoar o mundo inteiro, então ele ficou ali parado, olhando para os três campeões. Tentando se
acalmar para não matar ninguém.

— O que faz aqui, Hadrian? — Viktor e Cedric se aproximaram com as testas franzidas, mas
Hadrian apenas balançou a cabeça em negação. Nyx manteve-se calada nos ombros do garoto todo
esse tempo. O menor tentou focar sua mente na aparência dos dois à sua frente.

Cedric tinha os cabelos de um lindo tom marrom escuro, os olhos verdes bem clarinhos
(envolta das pupilas tem um tom de caramelo que se funde com o verde), seu rosto é delicado,
mandíbula destacando-se levemente para emoldurar sua face, o nariz e lábios finos, um corpo forte
e musculoso que apenas um apanhador de quidditch conseguiria ter por causa dos treinos,
incrivelmente alto e esguio, pele clara onde suas bochechas coravam facilmente em um adorável
tom rosado que destacava seus olhos. Sua aura era de pureza e amor, os olhos e o sorriso tão gentis
e carinhosos. Olhos estes que agora o olhavam com uma genuína preocupação diante ao seu
silêncio.

Viktor, por outro lado, tinha uma aura selvagem e violenta. Suas sobrancelhas são grossas,
emoldurando seus olhos negros como piche, seu cabelo é curto com vários fios selvagens caindo
sobre o seu rosto na altura logo abaixo dos olhos, seu maxilar quadrado e afiado destacava-se com
seu corpo incrivelmente musculoso e robusto, o pomo-de-adão saliente em sua garganta, pele
levemente bronzeada, lábios finos e um nariz mediano. Hadrian lembrou de ver aquele mesmo
nariz quebrado e todo ensanguentado na Copa Mundial, mas agora estava perfeito como se nunca
tivesse sofrido qualquer dano na vida.

Ambos os garotos eram apanhadores, porém seus físicos são muito distintos. Enquanto os
músculos de Cedric eram “modestos” e tornavam sua figura esguia, mesmo com a alta estatura,
tinha uma boa aerodinâmica para ser um apanhador. Já Viktor era robusto e cheio de músculos de
um batedor ou artilheiro, sua alta estatura e aura intimidam qualquer um que fosse pego sob seu
olhar amedrontador. Mesmo com as claras diferenças de músculos, ambos eram apanhadores
incríveis, usando e abusando de suas habilidades para contornar qualquer obstáculo que pudesse
surgir diante deles.

Houve um ruído de passos apressados atrás de Hadrian, e Bagman entrou na sala. Ele
segurou o garoto pelo braço e levou-o até os outros.

— Extraordinário! — Murmurou, apertando o braço de Hadrian. — Absolutamente extraordinário!


Senhores... Senhora. — Acrescentou, aproximando-se da lareira e falando aos outros três. —
Gostaria de lhes apresentar, por mais incrível que possa parecer, o quarto campeão do Triwizard
Tournament. — Viktor arregalou os olhos e encarou Hadrian. Cedric fez cara de estupefação,
olhou de Bagman para Hadrian e de volta como se tivesse certeza de que ouvira mal o que o bruxo
acabara de dizer, e logo ele encarou o menor com preocupação e pesar. Fleur Delacour, porém,
sacudiu os cabelos, sorriu e disse:

— Que grrande piada, senhorr Bagman.

— Piada? — Repetiu Bagman, confuso. — Não, não, não é não! O nome de Hadrian acaba de sair
do Cálice de Fogo! — As grossas sobrancelhas de Viktor se contraíram ligeiramente em raiva e
preocupação. Cedric continuou a parecer educadamente surpreso. Fleur franziu a testa.

— Mas evidaman houve um engano. — Disse a Bagman com desdém. — Ele non pode competirr.
É jóvam demais.

— Bom... É surpreendente. — Concordou Bagman, esfregando o queixo liso e sorrindo para


Hadrian. — Mas, como sabem, o limite de idade só foi imposto este ano como medida suplementar
de precaução. E como o nome dele saiu do Cálice de Fogo... Quero dizer, acho que a essa altura
não podemos fugir à responsabilidade... Somos obrigados... Hadrian terá que se esforçar o máximo
que...

A porta às costas deles se abriu e um grande grupo de pessoas entrou: Dumbledore, seguido de
perto por Crouch, Karkaroff, Madame Maxime, McGonagall e Severus. Hadrian ouviu o barulho
de centenas de estudantes do outro lado da parede, antes de McGonagall fechar a porta.

— Madame Maxime! — Chamou Fleur na mesma hora, indo ao encontro de sua diretora. — Eston
dizando que esse garrotinho vai competirr tambã! — Hadrian sentiu-se ofendido ao ser
subestimado. Madame Maxime se empertigara até o limite de sua considerável altura, o cocuruto
da bela cabeça roçou o lustre repleto de velas, e seu imenso peito coberto de cetim negro se
estufou.

— Que significa isso, Dumbly-dorr? — Perguntou imperiosamente. Hadrian apertou a ponte do


nariz para impedir-se de explodir com essas pessoas acéfalas discutindo.

— Eu também gostaria de saber, Dumbledore. — Disse Karkaroff. Em seu rosto havia um sorriso
inflexível e seus olhos azuis eram duas lascas de gelo. — Dois campeões de Hogwarts? Não me
lembro de ninguém ter me dito que a escola que sediasse o torneio poderia ter dois campeões, ou
será que não li o regulamento com a devida atenção? — Ele deu um sorrisinho maldoso.

— É amposível! — Exclamou Madame Maxime, cujas enormes mãos com numerosas e soberbas
opalas descansavam no ombro de Fleur. — Ogwarts não pode terr dois campeons. Serria muito
injusto.

— Tivemos a impressão de que a sua linha etária deixaria de fora os competidores mais jovens,
Dumbledore. — Disse Karkaroff, o sorriso inflexível ainda no rosto, embora seus olhos estivessem
mais frios que nunca. — Do contrário, teríamos, naturalmente, trazido uma seleção de candidatos
mais ampla de nossas escolas.

— Não é culpa de ninguém, exceto de Potter, Karkaroff. — Falou McGonagall suavemente. Seus
olhos brilharam de malícia. “Ah, pronto! Falando de mim como se eu nem estivesse aqui! Magic
me dê forças para não começar um genocídio de bruxos velhos e acéfalos.”, Hadrian pensou,
ainda apertando a ponde do nariz e os olhos fortemente fechados. — Não saia culpando
Dumbledore pela determinação de Potter de desobedecer às regras. Ele não tem feito nada exceto
transgredir limites desde que chegou aqui...
— Muito obrigado, Minerva. — Disse Dumbledore com firmeza, e McGonagall se calou, embora
seus olhos continuassem a brilhar maldosamente. Dumbledore olhou então para Hadrian, que
finalmente tinha aberto os olhos e largado a ponte do nariz, ele encarou o velho, tentando perceber
a expressão dos olhos do diretor por trás dos oclinhos de meia-lua.

— Você depositou seu nome no Cálice de Fogo, Hadrian? — Perguntou Dumbledore calmamente,
porém Hadrian pode sentir a dorzinha que indicava que ele estava tentando ler a sua mente.
Severus percebeu isso e se aproximou de Hadrian, segurando seus ombros. “Tá se fazendo de
burro, velho caquético? Acabei de jurar pela porra da minha magia que não. Puta burra.”,
Hadrian pensou.

— Não. — Respondeu Hadrian. Estava consciente de que todos o olhavam com atenção.

— Você pediu a um estudante mais velho para depositá-lo no Cálice de Fogo para você? —
Tornou o diretor, sem dar atenção ao bufo de McGonagall.

— Qual parte da minha jura pela magia de que eu não fiz nada para ter meu nome cuspido por
aquele copinho miserável você não entendeu? — Rosnou.

— Ah, mas é clarro que ele está mantindo! — Exclamou Madame Maxime. McGonagall agora
sacudia a cabeça em afirmação, a boca crispada.

— Vocês estão com suas revisões no St. Mungus em dia? — Severus indagou com um sarcasmo
venenoso. — Porque o senhor Potter está dizendo a muito tempo de que não fora ele que colocou
seu nome no Cálice de Fogo.

— Dumbly-dorr deve terr se anganado ao traçarr a linha. — Concluiu Madame Maxime,


encolhendo os ombros.

— É claro que isto é possível. — Respondeu Dumbledore polidamente.

— Dumbledore, você sabe muito bem que não se enganou! — Exclamou McGonagall, aborrecida
por insinuarem que Dumbledore havia errado. Oras! Dumbledore nunca errava!

— Senhor Crouch... Senhor Bagman. — Começou Karkaroff, a voz mais uma vez untuosa. — Os
senhores são os nossos... Hum... Juízes objetivos. Certamente os senhores concordarão que isto é
extremamente irregular? — Bagman enxugou o rosto redondo e infantil com o lenço e olhou para
Crouch, que estava parado fora do círculo das chamas da lareira, o rosto semioculto pelas sombras.
Parecia um pouco sobrenatural, a obscuridade fazia-o parecer muito mais velho, emprestando-lhe
quase uma aparência de caveira. Quando falou, porém, foi em seu tom habitualmente seco.

— Devemos obedecer ao regulamento e o regulamento diz claramente que as pessoas cujos nomes
saírem do Cálice de Fogo devem competir no torneio.

— Bom, Barty conhece os regulamentos de trás para diante. — Disse Bagman, sorrindo, e se
voltou para Karkaroff e Madame Maxime como se o assunto estivesse definitivamente encerrado.

— Eu insisto em tornar a submeter os nomes do restante dos meus alunos! — Disse Karkaroff,
deixara de lado seu tom untuoso e o sorriso. Seu rosto tinha uma expressão realmente zangada. —
Vocês prepararão novamente o Cálice de Fogo e continuaremos a depositar nomes até cada escola
ter dois campeões. Seria o justo, Dumbledore.

— Mas Karkaroff, a coisa não funciona assim. — Comentou Bagman. — O Cálice de Fogo se
apagou, e não voltará a arder até o início do próximo torneio...
— No qual Durmstrang, com toda a certeza, não irá competir! — Explodiu Karkaroff. — Depois
de tantas reuniões e negociações e tantos compromissos, eu não esperava que acontecesse uma
coisa desta natureza! Tenho até vontade de me retirar agora mesmo!

— Uma ameaça inútil, Karkaroff. — Rosnou uma voz próxima à porta. — Você não pode
abandonar o seu campeão agora. Ele tem que competir. Todos têm que competir. Um ato
contratual mágico, conforme disse Dumbledore. Conveniente, não é mesmo? — Moody acabara de
entrar na sala. Encaminhou-se, mancando, até a lareira, e a cada passo que dava, ouvia-se uma
batidinha.

— Conveniente? — Perguntou Karkaroff. — Receio não estar entendendo, Moody. — Hadrian,


por mais que estivesse ignorando a discussão ao seu redor para favorecer suas unhas muito bem
cuidadas, percebeu que o bruxo tentava parecer desdenhoso, como se não valesse a pena dar
atenção ao que Moody dissera, mas suas mãos o traíam; tinham se fechado em punhos.

— Não mesmo? — Perguntou Moody em voz alta. — É muito simples, Karkaroff. Alguém
depositou o nome de Hadrian naquele cálice sabendo que o garoto teria que competir se saísse o
seu nome.

— Evidaman algám que querria oferrecer a Ogwarts duas oporrtunidades de vancerr! — Comentou
Madame Maxime.

— Eu concordo, Madame Maxime. — Disse Karkaroff, com uma reverência. — Vou reclamar
com o Ministério da Magia e a Confederação Internacional dos Bruxos...

— Se alguém tem razão para reclamar é o Potter! — Rosnou Moody — Mas... O que é
engraçado... Não estou ouvindo ele dizer uma única palavra... — “Ah, se você soubesse o que eu
queria dizer... Azkaban seria minha nova casa. O que eu queria dizer começa com Avada, e
termina com Kedavra”, Hadrian pensou.

— Por que ele irria reclamar? — Disse Fleur Delacour de repente, batendo o pé. — Ele tam a
chance de competirr, não é? Durrante semanas vivemos a esperrança de serr escolhidos! A honrra
de nossas escolas! Mil galeões de prrêmio, é uma chance pela qual muita jante morrerria!

— Talvez alguém tenha esperança de que Hadrian morra. — Disse Moody, com um leve vestígio
de rosnado na voz.

— E era exatamente por isso que eu não queria nada relacionado a esse torneio. — Hadrian bufou,
completamente farto de tudo aquilo. — Minha vida já é uma luta constante pela minha
sobrevivência. E eu tinha esperança de que esse ano eu poderia ter um ano letivo normal. Sem nada
que colocasse em risco minha vida ou daqueles que amo. — Ele fuzilou Madame Maxime, Fleur e
Karkaroff. — Ao contrário de vocês, cada dia da minha, desde que eu tinha um ano de idade, eu
tenho que me preocupar em sobreviver. Acho que é compreensível o fato de eu não querer entrar
nesse torneio estúpido.

Madame Maxime, Fleur, Karkaroff e Bagman pareciam que foram terrivelmente ofendidos,
pois amarraram a cara e fuzilaram o garoto com o olhar. Seguiu-se um silêncio extremamente
tenso às suas palavras. Bagman, que parecia de fato muito ansioso, balançou-se nervoso e disse:

— Moody, meu caro... — Decidiu ignorar o que Hadrian falara. — Que coisa para você dizer!

— Todos sabemos que o professor Moody considera a manhã perdida se não descobrir seis
conspirações para assassiná-lo antes do almoço. — Disse Karkaroff em voz alta. — Pelo visto,
agora está ensinando a seus alunos o medo de serem assassinados, também. Uma estranha
qualidade para um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dumbledore, mas com toda a
certeza você tem suas razões.

— Acho que vocês estão se fazendo de idiotas. — Hadrian fuzilou os adultos, menos Moody e
Severus. — Até parece que cada respiração minha não sai nas capas dos jornais. Vocês sabem o
que eu passei? Sabem das merdas que aconteceram na minha vida? Acho que deveriam saber, pois
cada ano é algo diferente. Cada dia que passa é alguém querendo separar a porra da minha cabeça
do meu corpo! — Todos o olhavam com raiva por sua audácia em desafiar os mais velhos. — Oh,
não me olhem com essas caras azedas de quem chupou um cu cagado. — Sorriu desdenhoso. — Se
dizem serem bruxos tão poderosos e inteligentes que sequer perceberam a jogada inteligente de um
inimigo.

— Orras! — Madame Maxime tentou se elevar ainda mais enquanto fuzilava o garoto com o olhar.
— Que ennemi tam genial serria esse?

— Ora, Madame Maxime. — Hadrian sustentou seu olhar com malícia. — Lord Voldemort... —
Karkaroff estremeceu fortemente e se encolheu. Hadrian sentiu o olho mágico de Moody focado
em si com intensidade. — Talvez seus seguidores devotos, talvez qualquer outro inimigo que
deseja a minha morte. — Seus olhos verdes, onde os remoinhos rodopiavam mais rápido do que o
normal, se focaram nos de Dumbledore. Ele viu por trás da máscara a loucura e o desejo de sangue
do velho. — Não sei se vocês sabem, mas eu possuo vários inimigos. Muitos querem meus
senhorios, meu dinheiro, meu status, meu poder, ou simplesmente o meu sofrimento. É o preço de
ter dez senhorios. Ou de ser o Príncipe de Camelot. Você atrai a inveja e a ganância de vermes
nojentos que rastejam pela sociedade como uma praga.

Um silêncio mortal recaiu. Os adultos desestabilizados com o garoto muito maduro para sua
idade. Severus sentiu orgulho do filho da sua melhor amiga, os desafios e sofrimentos o moldaram
para ser um grande bruxo. Hadrian conjurou uma poltrona do nada e sentou-se nela como se fosse
o dono de tudo. O que ele realmente era.

— Claro. Usar um Feitiço para Confundir extremamente forte no cálice deve ser coisa que poucos
bruxos conseguiriam fazer. Acredito que tenham colocado meu nome em uma quarta escola, só
para garantir que eu fosse escolhido.

— Você parece estar muito ciente do que aconteceu para o seu nome sair do Cálice, senhor Potter.
— Karkaroff rosnou e Hadrian sorriu sarcástico.

— Mais uma vez, pra ver se essa porra entra na mente acéfala de vocês. Juro pela minha magia que
não coloquei meu nome no Cálice de Fogo e nem mandei alguém fazer isso por mim. Que assim
seja. — Uma luz branca o rodeou, aceitando seu juramento, então Hadrian fez surgir um cálice de
água na sua mão e bebeu um gole. — Como podem ver, eu não estou mentindo. — Seu sorriso se
alargou ao ver os rostos contorcidos de raiva dos adultos idiotas. — Agora. Acredito que
colocaram meu nome nessa merda na esperança de que eu morra em alguma prova, ou sei lá. Vai
que tem um plano mirabolante que está encoberto por essa hipótese. — Seus olhos focaram-se em
Moody, que sustentou seu olhar sem demonstrar nada.

— Parece-me que não temos alternativa alguma, senão aceitá-lo. Os dois, Cedric e Hadrian, foram
escolhidos para competir no torneio. E, portanto, é o que farão...

— Ah, mas Dumbly-dorr...

— Minha cara Madame Maxime, se a senhora tiver uma alternativa, ficarei encantado em ouvi-la.
— Dumbledore aguardou, mas Madame Maxime não disse nada, apenas o fitou de cara amarrada.
E não foi a única, tampouco, McGonagall parecia furiosa, Karkaroff, lívido. Bagman, porém,
parecia bastante excitado.

— Se o fato de Hogwarts possuir dois campeões os incomoda profundamente. — Hadrian se


pronunciou enquanto batia o seu indicador no queixo. Todos viraram para encarar o garoto. —
Hogwarts não terá dois campeões.

— Isso mesmo! — Karkaroff sorriu presunçoso. — O garoto vai sair e tudo resolvido.

— Não. — Hadrian o olhou com escárnio, levantou-se da sua poltrona e a fez desaparecer
juntamente com o cálice de água vazio. Mesmo sendo o mais baixo do local, a aura que ele
irradiava era muito intensa e opressora. Fazendo todos sentirem uma súbita vontade de se
ajoelharem aos seus pés. — Eu irei competir porque não quero perder minha magia. — “E se eu
destruir o Cálice de Fogo, que foi o criador do contrato mágico, será que o contrato seria anulado
ou continuaria a existir?”, Hadrian pensou. “Ah, mas vai ser divertido fazer esses velhos tolos
tremerem perante meu poder. Bom... Que os jogos comecem.”. Todos o olharam com confusão
estampada no rosto. — Mas não serei o campeão do Hogwarts. Serei o campeão de Camelot. —
Eles olharam como se fosse louco. — Quando me anunciarem, não se esqueçam desse detalhe.

— Bom, vamos agilizar isso, então? — Disse Bagman, esfregando as mãos e sorrindo para os
presentes. — Temos que dar nossas instruções aos campeões, não é mesmo? Barty, quer fazer as
honras da casa? — Crouch pareceu despertar de um profundo devaneio.

— É. — Concordou. — Instruções. É... A primeira tarefa... — Encaminhou-se, então, para a


claridade das chamas. De perto, Hadrian achou que ele parecia estar passando mal. Havia sombras
escuras sob seus olhos e sua pele enrugada tinha uma aparência frágil que lembrava papel. — A
primeira tarefa destina-se a testar o arrojo dos campeões. Por isso não vamos lhes dizer qual é. A
coragem diante do desconhecido é uma qualidade importante em um bruxo... Muito importante... A
primeira tarefa terá lugar, em vinte e quatro de novembro, perante os demais estudantes e a banca
de juízes. É proibido aos campeões pedirem aos seus professores, ou aceitarem deles, ajuda de
qualquer tipo para realizar as tarefas do torneio. Os campeões enfrentarão o primeiro desafio
armados apenas de varinhas. Receberão informações sobre a segunda tarefa quando a primeira
estiver concluída. Por força da natureza árdua e demorada do torneio, os campeões estão
dispensados dos exames do fim do ano letivo. — Virou-se para encarar Dumbledore. — Acho que
é só isso, não é, Albus?

— Acho que sim. — Respondeu Dumbledore, que observava Crouch com curiosidade. Crouch se
retirou, sendo seguido por Madame Maxime. Esta tinha um braço ao redor dos ombros de Fleur e a
conduzia rapidamente para fora da sala. Hadrian ouviu as duas conversarem muito depressa em
francês, ao atravessarem o Salão Principal. Karkaroff fez sinal para Viktor. O búlgaro lançou um
olhar de despedida à Hadrian antes de saírem em silêncio. — Hadrian, Cedric, sugiro que vocês
vão se deitar. — Disse Dumbledore, sorrindo para os dois. — Tenho certeza de que Slytherin e
Hufflepuff estão aguardando vocês para comemorar e seria uma pena privar seus colegas desta
excelente desculpa para fazerem muito barulho e confusão. — Hadrian olhou para Cedric, que
concordou com a cabeça, e juntos saíram da sala. O Salão Principal agora estava deserto; as velas
já estavam pequenas, dando aos sorrisos serrilhados das abóboras um ar misterioso e bruxuleante.
Nyx deslizou para o chão e foi caçar um rato decididamente gordo que passou correndo pelo
corredor.

— Então... — Começou Cedric com um sorrisinho nervoso. — Vamos jogar um contra o outro
novamente!

— Acho que sim. — Olhando para o mais velho, Hadrian percebeu que ele estava ainda mais
nervoso do que antes, talvez por estarem sozinhos, e suas bochechas estavam coradas.
— Você vai tomar cuidado, não vai? — Os olhos verdes claros do maior estavam cheios de
preocupação.

— Eu vou. — Hadrian sorriu para o animar, ele sabia que Cedric estava travando uma batalha
interna. Só não sabia o que era.

— E-eu... Só... — Cedric mordeu o lábio inferior e agarrou o moreno num abraço apertado.
Hadrian sorriu levemente e retribuiu o gesto. — Desculpa, eu... — Sua voz, abafada pelos cabelos
de Hadrian, fora interrompida.

— Está tudo bem, Ced. — Sorriu ainda mais ao escutar o coração do mais velho disparar contra a
sua orelha. — Eu também estive “te observando”. Achei que meus sinais tivessem sido claros. —
Ele sentiu o vento nos seus cabelos e o peito do maior afundar bruscamente, indicando que Cedric
acabara de dar uma risada nasalada.

— É que eu sou um pouco tímido e...

— E eu adoro isso.

Hadrian ergueu a cabeça e sorriu ainda mais ao ver o rosto corado do outro. Seus olhos se
encontraram e ficaram se observando por um tempo. O silêncio era reconfortante e acolhedor, seus
rostos estavam se aproximando lentamente, os corações batiam fervorosamente contra seus peitos.
Hadrian se impeliu para cima, ficando na ponta dos pés, e finalmente alcançando os lábios que a
meses o atraíam. Cedric sentiu como se uma explosão de felicidade e ansiedade tivesse explodido
dentro de si. Seu coração batia como louco, seu estômago cheio das benditas borboletas, as mãos
segurando com força a cintura esguia de Hadrian, e seus lábios beijando o outro.

Hadrian não estava diferente. O peito se aquecendo de alegria e o amor que estava crescendo
desde que esse jogo de flerte começara. Passando os braços ao redor do pescoço de Cedric,
Hadrian abriu a boca e basicamente implorou pela invasão. Cedric, ainda hesitante e tímido,
obedeceu e suas línguas se tocaram. O moreno tomou a liderança, vendo que o outro estava muito
nervoso para isso. Conforme o beijo se intensificava, Cedric relaxava e se deixava levar pela
sensação completamente viciante que era beijar Hadrian.

Neste momento o mais velho compreendeu por que os namorados do outro viviam roubando-
lhe beijos. Era simplesmente incrível, era envolvente e arrebatador. Ele sentia-se nos céus, tão
perto das estrelas e completamente sem gravidade; mas ao mesmo tempo ele sentia um frio na
barriga de quando se está em queda livre. Seus sentidos se intensificavam ao limite, principalmente
seu tato, e cada toque sutil que Hadrian o dava era uma explosão de excitação e euforia. Era
simplesmente incrível e ele nunca queria que parasse.

Mas então eles foram arrancados do “mundo” deles pelo forte pigarro de alguém perto deles.
Os garotos se separaram, a contragosto, ao ouvirem outro pigarro de Severus Prince.

— Hadrian, precisamos conversar. — Ele anunciou, dando um olhar assassino para Cedric.

— Claro. — Hadrian mordeu o lábio inferior de vergonha enquanto as bochechas coravam. — Te


vejo amanhã, Ced. — Sorriu nervosamente para o mais velho antes de roubar-lhe um selinho.
Seguiu Severus e deixou um Hufflepuff completamente paralisado com um sorriso bobo nos
lábios, o rosto incrivelmente corado e os lábios inchados vermelhos devido ao beijo.

— Até. — Cedric conseguiu dizer, pois sua língua parecia uma gosma sem vida.

— Namorando no meio dos corredores. — Severus bufou. — Justo quando alguém, obviamente, te
colocou nesse torneio para te matar e fazer parecer um acidente! — Rosnou enquanto eles desciam
para as masmorras.

— Se Cedric não tivesse desviado minha atenção desse torneio idiota eu teria destruído aquele
cálice. — Hadrian bufou enquanto se jogava numa poltrona no escritório particular do professor de
poções.

— Eu ia dizer que acharia isso impossível, mas então eu lembrei de quem estamos falando. —
Severus sentou-se em outra poltrona.

— Como você acha que conseguiram colocar meu nome? — O homem pegou uma garrafa de
Firewhisky e serviu numa taça.

— Com magia das trevas extremamente poderosa. — Admitiu antes de tomar um gole.

— Eu não confio em Moody. — Severus mirou o garoto. — Ele diz ser quem não é.

— Olhe no seu mapa e me diga qual nome aparece. — Severus ordenou. — Eu ficarei de olho
nele. — Hadrian acenou com a cabeça.

— Você acha que foi Dumbledore?

— Não. Ele pareceu tão surpreso quanto todo o resto. Mesmo que estivesse contente depois de
absorver a informação. — Severus suspirou e balançou o líquido na taça. — Não. Não foi ele.

— Então meu “sonho” estava certo. — Os olhos de obsidiana de Severus brilharam perigosamente.
— Ele está voltando.

— Está. — Severus admitiu com pesar. — Minha marca está, a cada dia, mais forte.

— Ela dói? — Hadrian perguntou preocupado.

— Um pouco. Quanto mais forte ele fica, pior será.

— Foi ele não foi? Ele tem um plano que me envolve estando no torneio.

— Provavelmente.

— Dumbledore adorou ler meu nome naquele papel estúpido. — Hadrian cruzou os braços. — Ele,
provavelmente, vai dar um jeito de piorar as coisas para mim.

— Por isso você deve se cuidar ainda mais. E continuar treinando. — Hadrian assentiu
positivamente.

— Eu vou. Estou trabalhando na defesa primeiro.

— Bom. Eu irei te ensinar uns feitiços que eu mesmo criei quando você estiver pronto.

— Obrigado, Severus. — Hadrian animou-se ao ver os olhos do homem brilhando em carinho.

— É melhor você voltar para a sua Sala Comunal. Os Slytherin devem estar ansiosos para te
receber.

— Boa noite, Sevvie. — Despediu-se e se encaminhou para a sua Sala Comunal.

O estardalhaço feriu os ouvidos de Hadrian quando o garoto entrou em sua Comunal e um


corpo chocando-se ao seu quase o derrubou de costas. A próxima coisa de que teve consciência foi
que estava sendo arrastado para dentro da sala por uns doze pares de mãos, diante dos alunos da
Slytherin em peso, que gritavam, aplaudiam e assobiavam.

A coisa que ele mais queria era encontrar Draco e os amigos para buscar um pouco de
sanidade, mas nenhuma das opções pareciam estar na Sala Comunal. Insistindo que precisava
dormir, Hadrian conseguiu se livrar de todo mundo e subiu para o dormitório o mais depressa que
pôde. Para seu grande alívio, encontrou Draco e os amigos o esperando no dormitório que ele
dividia com o loiro.

— Vocês também foram atacados? — Perguntou enquanto se jogava na sua cama e Draco o
puxava para um abraço.

— Não tanto quanto você. — Pansy comentou ao puxar a bandeira da Slytherin dos ombros do
moreno.

— O que aconteceu? — Draco perguntou preocupado.

— Provavelmente Voldemort. — Hadrian bufou. — Ele deu um jeito de me colocar nessa merda e
ainda serei obrigado a competir.

— Mas você tem quatorze anos. — Blaise apontou.

— Eu sei. Mas ele deu um jeito de enganar o Cálice de Fogo. — Hadrian suspirou e esticou-se para
pegar o Marauder’s Map na gaveta do criado-mudo. — E Moody está mentindo.

— Como assim? — Theodore perguntou enquanto todos viam o moreno se endireitar e abrir o
Mapa.

— Ele mente ser quem é. Severus me disse para ver o nome dele no Mapa. — Respondia enquanto
analisava o pergaminho. — O que é genial e eu estou me amaldiçoando por não ter pensado nisso
antes.

— Ele está na sala dele. — Pansy apontou.

— Mas porque Barty Crouch está com ele? — Draco perguntou confuso. Hadrian analisou os dois
pontos com os nomes de Moody e Crouch na sala particular do professor de Defesa Contra as Artes
das Trevas.

— Crouch foi embora. — Hadrian comentou franzindo o cenho. — Não quis passar a noite aqui.

— É melhor dormirmos agora. — Pansy comentou suavemente. — Fique de olho em Moody e


Crouch. Mas agora você precisa dormir. — Ela puxou Blaise e Theodore para se levantarem.

— Okay. — Hadrian suspirou e fechou o Mapa. — Obrigado por acreditarem em mim. Quero
enfiar o punho na cara de todos que acham que eu me inscrevi pra isso. — Bufou se levantando e
indo até o guarda-roupa.

— Sempre estaremos do seu lado, Hazz. — Blaise disse convicto.

— Boa noite, meninos. — Theodore acenou quando os três estavam passando pela porta.

— Boa noite. — Hadrian e Draco acenaram antes que a porta se fechasse.

— Eu vou matar Voldemort por ter me colocado nessa merda. — Hadrian anunciou quando já
estava vestido com roupas de dormir.

— E eu vou ajudar. — Draco anunciou, também com as roupas já trocadas.

— E aquela cabra velha ainda vai achar um jeito de fuder ainda mais a minha vida. — Hadrian
puxou o loiro para a cama e aconchegou-se no seu peito.

— Durma agora, Hadrian.

— Boa noite. — Bocejou e em segundos adormecera.


Capítulo 109
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Quando Hadrian acordou no domingo de manhã, levou algum tempo para se lembrar da
razão pela qual se sentia tão infeliz e preocupado. Então, a lembrança da noite anterior o engolfou.
Ele resmungou e se remexeu na cama, se afundando no peito de Draco, seu calor e perfume
trazendo-lhe um pouco de sanidade em meio ao caos de ódio por tudo o que acontece de errado em
sua vida.

— Me diz que foi só um pesadelo. — Pediu manhoso. — Me diz que eu não estou no Triwizard
Tournament.

— Sinto muito, Sunshine. — O maior acariciou as costas e braços do namorado enquanto o


apertava ainda mais contra o seu corpo.

— Merda. — Resmungou infeliz. Os dois se vestiram e desceram as escadas para a Sala Comunal.
No instante em que apareceu, os colegas que já haviam terminado o café, mais uma vez,
prorromperam em aplausos. — Espalhem minhas ordens pros outros. — Hadrian parou no meio da
Comunal e esperou que todos o dessem atenção. — Eu não quero algazarra em cima de mim, pelo
menos não nesse primeiro momento. Eu tô muito puto por ter sido arrastado pra esse torneio idiota.
E eu não sou o campeão de Hogwarts. Estou representando Camelot para que Cedric possa ser o
único a representar nossa escola. Se escutarem as outras casas falando sobre, podem dizer isso.
Talvez assim parem de achar que eu “queria tirar a atenção do verdadeiro campeão de Hogwarts”.
É isso. — Seus colegas de Casa concordaram e se despedirem de seu Rei, que simplesmente saiu
da sala, onde deu de cara com Blaise, Theodore e Pansy. Mal tinha acordado e já queria voltar a
dormir.

— Olá. — Theodore deu um sorriso conhecedor, estendendo uma pilha de torradas que carregava
em um guardanapo. — Trouxe para você... Quer dar uma volta?

— Boa ideia. — Respondeu Hadrian agradecido.

O grupo subiu, atravessou depressa o saguão, sem olhar para o Salão Principal, e pouco
depois estavam caminhando pelos jardins em direção ao lago, onde o navio de Durmstrang,
ancorado, se refletia escuramente na água. Fazia uma manhã fria e os amigos não pararam de
andar, comendo as torradas, enquanto Hadrian contava aos amigos exatamente o que acontecera
depois que deixara a mesa da Slytherin, na noite anterior.

— Bem, é claro que eu sabia que você não tinha se inscrito. — Disse Pansy quando ele terminou
de contar a cena na câmara vizinha ao Salão Principal. — A cara que você fez quando Dumbledore
o chamou. — Reprimiu uma risada.

— Isso porque vocês não viram o brilho sádico de felicidade que ele tentava esconder. — Hadrian
bufou.

— Vamos voltar para dentro. — Blaise pediu estremecendo e abraçando-se fortemente.

— Vamos. — O moreno concordou ao ver Nyx se apertando mais no seu pescoço.

Se Hadrian pensou que as coisas iam melhorar uma vez que se acostumasse à ideia de ser
campeão, o dia seguinte lhe provou que estava enganado. Ele não poderia evitar o resto da escola
quando voltasse às aulas, e era visível que o resto da escola achava que Hadrian se inscrevera para
o torneio, mesmo com a Slytherin espalhando a informação verdadeira. E toda essa situação só
estava testando o autocontrole de Hadrian em não sair jogando as imperdoáveis em qualquer um
que cruzasse a sua frente.

Em circunstâncias normais, o garoto teria ficado ansioso para ver Hagrid, mas a aula de
Trato das Criaturas Mágicas significava também rever os alunos da Gryffindor, a primeira vez que
estaria cara a cara com eles desde que se tornara um campeão. Previsivelmente, Ron chegou à
cabana de Hagrid com o conhecido sorriso desdenhoso atarraxado no rosto.

— Ah, olha só, pessoal, é o campeão. — Disse ele a Hermione e os amigos no instante em que se
aproximou de Hadrian o bastante para ser ouvido. — Trouxeram os cadernos de autógrafos? É
melhor pedir um agora porque duvido que a gente vá vê-lo por muito tempo... Metade dos
campeões do Triwizard Tournament morreram... Quanto tempo você acha que vai durar, Potter?
Aposto que só os primeiros dez minutos da primeira tarefa.

Hermione e o resto dos Gryffindor (menos Neville, que se juntou aos Slytherin) deram
risadas para agradá-lo, Hadrian apenas ignorou sua existência e a de seus amigos. Traidores
nojentos não merecem ter sua atenção ou energia gasta. Ron estava prestes a explodir de raiva por
ser ignorado, porém foi interrompido por Hagrid, que surgiu dos fundos da cabana, segurando uma
torre instável de caixas, cada uma contendo um enorme Blast-Ended Skrewt. Para horror da turma,
Hagrid começou a explicar que a razão pela qual os bichos tinham andado se matando era o
excesso de energia acumulada, e que a solução era cada aluno pôr uma coleira em um bicho e levá-
lo para passear um pouco. A única vantagem desse plano foi distrair Ron completamente. Depois
que todos estavam levando para passear seu monstrinho, Hagrid se aproximou de Hadrian.
— Então... Você vai competir, Hadrian. No torneio. Campeão da escola.

— Na verdade Cedric é o campeão de Hogwarts. Eu sou o campeão de Camelot. — Corrigiu-o. Os


olhos de Hagrid, negros como besouros, pareciam muito ansiosos sob as sobrancelhas
desgrenhadas.

— Não faz ideia de quem o meteu nessa fria, Hadrian?

— Você acredita então que não fui eu que me inscrevi? — Perguntou sorrindo em gratidão ao
ouvir as palavras do meio-gigante.

— Claro que acredito! — Resmungou Hagrid. — Você diz que não foi você e eu acredito em você.

— Provavelmente foi Você-Sabe-Quem. — Disse o garoto com amargura.

— Ah, eu não sei, Hadrian. — Suspirou Hagrid de repente, encarando-o com uma expressão
preocupada no rosto. — Campeão do Triwizard... Parece que tudo acontece com você, não é? — O
garoto não respondeu. É, tudo acontecia com ele...

Os dias que se seguiram foram uma “prova de fogo”, os alunos idiotas não conseguiam
assimilar a verdade, cegados pela falsa verdade que suas mentes minúsculas queriam acreditar.
Hadrian não teve que desistir dessa “luta”, até porque ele nem se dignou a tentar continuar essa
discussão. Ele até assegurou que estava tudo bem os Slytherin também desistirem, mas as cobras
tinham um forte senso de justiça para com o seu Rei. Toda e qualquer pessoa que surgisse na sua
frente para o importunar era completamente ignorado e desviado como se fosse apenas um buraco
no meio da rua. Hadrian focou completamente sua atenção nos estudos, na sua família, na
conspiração contra sua vida e em seu treinamento, as outras coisas eram irrelevantes para si. Sibyll
Trelawney andava predizendo a morte de Hadrian com uma certeza ainda maior do que de
costume.

Quando o Príncipe de Camelot e os amigos chegaram à porta da masmorra de Severus depois


do almoço, encontraram os alunos da Gryffindor esperando à porta, cada um deles usando um
distintivo no peito. Logo ele viu que todos continham a mesma mensagem em letras vermelhas
luminosas, que brilhavam vivamente no corredor subterrâneo mal iluminado.

Apoie CEDRIC DIGGORY — o VERDADEIRO campeão de Hogwarts

— Gostou, Potter? — Perguntou Ron em voz alta, quando Hadrian se aproximou. — E isso não é
só o que eles fazem, olha só! — E apertou o distintivo contra o peito, a mensagem desapareceu e
foi substituída por outra, que emitia uma luz verde:

VADIA POTTER

Os alunos da Gryffindor rolaram de rir. Cada um deles apertou o distintivo também, até que
a mensagem “VADIA POTTER” estivesse brilhando vivamente a toda volta do garoto. Hadrian
revirou os olhos com a infantilidade, um plano sendo bolado em sua mente para arar com essa
merda toda.

— Ah, engraçadíssimo. — Disse Pansy com sarcasmo a Hermione e sua turma de garotas da
Gryffindor, que riam mais gostosamente do que quaisquer outros. — É realmente engraçadíssimo.

— Quer um, Parkinson? — Perguntou Ron, oferecendo um distintivo a Pansy. — Tenho um monte.
Mas não toque na minha mão agora, acabei de lavá-la, sabe, e não quero que uma cobra a suje.

— Cale a boca, Ron! — Neville rosnou enquanto fuzilava os colegas de casa. — Você é mais
inteligente com a boca fechada! — Hadrian e os amigos sentiram-se orgulhosos do avanço na
autoestima e coragem do garoto.

— Oh. — Ron arqueou uma sobrancelha em deboche e analisou Neville dos pés à cabeça. — E
você vai fazer o que, Neville? Nem empunhar uma varinha você consegue. — Os Gryffindor riram
descaradamente.

— Nós vamos te dar uma lista de insultos e te ensinar várias respostas boas. — Pansy e Theodore
bateram amigavelmente nos ombros de Neville, que corou por se ver muito envergonhado por não
ter nenhuma resposta.

— É uma vergonha termos você na nossa Casa. — Hermione cuspiu com desprezo. — Você foi
enfeitiçado por essas cobras nojentas! Não consegue ver que todos eles são maus! Todos eles são
bruxos das trevas que querem nos destruir! Além de estar do lado errado você é tão inútil quanto
um Hufflepuff. Até hoje me pergunto por que caralhos o Chapéu Seletor te colocou na Gryffindor.
Ele deve ter tido algum erro, surtado, se enganado, sei lá. Mas ele não estava normal por te colocar
na casa dos nobres e corajosos. Já que você é todo desastrado e não tem um pingo de habilidade no
corpo. Nem andar você consegue sem tropeçar em algo. — Os Gryffindor gargalhavam do rosto
vermelho de vergonha e humilhação de Neville.

— Agora basta! — Hadrian rosnou enraivecido e colocou-se na frente de Neville, o protegendo do


olhar dos outros. Os olhos chorosos de Neville brilharam ao verem o maior o defendendo. —
Vocês Gryffindor se acham incríveis só por serem leões. Sempre se achando superiores e
humilhando as outras casas! Vocês não passam de um bando de bosta de uma Cabra Velha
esquizofrênica que come a própria merda achando que é o doce mais maravilhoso do mundo!
Vocês fazem e acontece nessa escola e nunca recebem a punição adequada. Sempre passam pano
nos queridinhos Gryffindor. — Sua voz encheu-se de sarcasmo e sua magia ondulou perigosamente
ao seu redor, estalando e soltando faíscas. — Vocês são os heróis. Os nobres, valentes e corajosos
leões da Gryffindor. Aposto que Godric está se revirando no túmulo de desgosto ao ver o rumo que
a Casa dele tomou!

Várias portas de outras salas se abriram para verem o alvoroço. Hadrian não se importou,
estava farto dessa injustiça com a Slytherin, a Hufflepuff e a Ravenclaw. Os Gryffindor poderiam
assassinar alguém ou jogar um Cruciatus em um colega que estaria tudo bem. Dumbledore sempre
dava um jeito de os liberar com detenções leves. McGonagall era outra que sempre encobria as
atrocidades que os Gryffindor faziam aos outros alunos. Primeiros anos apanhavam e eram
humilhados o tempo todo, e os malfeitores sempre se saíam impunes. Por quê? Só porque eram da
Gryffindor.

— Quantos primeiros anos eu e o resto da minha Casa temos que ajudar e socorrer por causa de
vocês? Eles chegam chorando, machucados fisicamente e psicologicamente porque vocês fazem
isso com eles como “diversão”! Aposto que a mesma cena se repete com os alunos da Hufflepuff e
da Ravenclaw. Mas na Slytherin é todo o dia. O tempo todo. E sabem por quê? Porque vocês
odeiam a Slytherin por motivo nenhum e descontam suas frustrações nos nossos primeiros anos!
São apenas crianças, caralho! Eles não pediram para estarem nessa casa! Não fizeram nada para
receber esse ódio todo! Mas vocês continuam fazendo os crimes porque vocês nunca são punidos.
Estou farto de salvar pessoas de Gryffindors valentões! Ou vocês param, ou irão se arrepender
amargamente por tudo o que fizeram! — Nyx sibilou perigosamente e ergueu sua cabeça de onde
estava nos ombros de seu filhote.

Os Gryffindor estavam tremendo, de raiva e medo. Raiva por Hadrian os confrontar e expor a
verdade em um corredor cheio de alunos e professores. Medo porque Nyx era assustadora, além da
magia de Hadrian era gigantesca e opressora.

— Suponho que o show acabou. — Severus surgiu com um olhar assassino para os Gryffindor, que
estremeceram com a sua chegada. — Entrem. Vamos. Não tenho tempo para lerdeza.

Os Gryffindor atropelavam-se para entrarem na sala. Severus deu um olhar orgulhoso e


divertido para Hadrian ao passar por ele, os Slytherin seguiram o pocionista e acomodaram-se do
lado oposto aos Gryffindor. Hadrian segurou a mão de Neville e o levou para o lado da sala que os
Slytherin ocupavam. Ron deu as costas para Severus e comprimiu o distintivo, rindo-se. O
“VADIA POTTER” lampejou mais uma vez pela sala.

— Weasley! — O ruivo pulou de susto e olhou o homem com os olhos arregalados. — Detenção
por criar esse distintivo ofensivo! — Os olhos azuis de Ron semicerraram-se de raiva. Suas mãos
contraíram-se em punhos enquanto seus lábios se crispavam.

— Mas quem enfeitiçou fora a Hermione! — A garota olhou o ruivo com traição e raiva.

— Vinte pontos de cada um que estiver usando esse distintivo! — Os leões protestaram
veementemente, alguns poucos se desfazendo do distintivo. — Calem a boca! — Os Gryffindor
barulhentos se calaram.

Severus deu início a aula, falando sobre antídotos de venenos, ameaçando testá-los nos
Gryffindor. Uma batida na porta o interrompeu e Colin informou que Hadrian fora chamado para
assuntos do torneio. Hadrian dera um aceno de despedida para os amigos e namorados antes de sair
da sala. Ao passar pelas carteiras dos alunos da Gryffindor, o “VADIA POTTER” lampejou para
ele de todas as direções.

— Você está bem? — Perguntou Colin, começando a falar no instante em que Hadrian fechou a
porta da masmorra depois de passarem.

— Estou. — Hadrian suspirou e puxou o loiro para os seus braços, o abraçando com força e
acalmando-se com o perfume dos seus cabelos. Hera acariciou a mão do moreno com sua cabeça.
— Eu acabei me estressando com os Gryffindor. — Eles separaram-se e começaram a andar de
mãos dadas. — Me prometa que vai deixar Hera sempre ao seu lado. Eles são horríveis e não quero
que nada de ruim te aconteça. — Colin deu-o um sorriso carinhoso e abraçou o braço do
namorado. — E cuide do Dennis. Ele é barraqueiro e pode se meter em encrenca.

— Hera está sempre comigo. Nada vai nos acontecer.

— Eu não deixaria ninguém tocar nos meus filhotes! — Hera comentou convicta.

— Eu não me perdoaria se eles te fizessem algo. — Hadrian beijou a cabeça do loiro. — O que é
que querem comigo? — Decidiu mudar de assunto.

— Acho que querem tirar fotos. — Colin deu de ombros.


— Para que é que eles querem fotos? — Hadrian resmungou.

— O Daily Prophet, acho.

— Ótimo. — Disse Hadrian, sem emoção. — É exatamente do que estou precisando. Mais
publicidade.

— Boa sorte. — Disse Colin, quando chegaram à sala certa. Hadrian beijou brevemente os lábios
do menor antes de bater na porta e entrar.

Era uma sala de aula relativamente pequena; a maior parte das carteiras fora afastada para o
fundo do aposento, deixando um amplo espaço no meio; três delas, no entanto, tinham sido
enfileiradas lado a lado, diante do quadro-negro e cobertas com uma toalha de veludo. Cinco
cadeiras tinham sido arrumadas atrás das mesas cobertas de veludo e Ludo Bagman estava sentado
em uma delas conversando com uma bruxa que Hadrian nunca vira antes e que usava vestes
carmim.

Viktor estava em pé, pensativo, a um canto, como de costume, conversando com Cedric.
Fleur conversava com Bagman, eles estavam entretidos conversando, a garota parecia muito mais
feliz do que Hadrian a vira até então; não parava de jogar a cabeça para trás de modo que os
cabelos longos e prateados refletissem a luz. Um homem barrigudo, segurando uma grande
máquina fotográfica que soltava uma leve fumaça, observava Fleur pelo canto do olho. Bagman de
repente viu Hadrian, levantou-se depressa e foi ao encontro do garoto. Bagman o cumprimentou,
dizendo que era a cerimônia de pesagem de varinhas, o que consistia no Ollivander analisando se
elas estariam em perfeito funcionamento para o torneio. Ele também fora apresentado a Rita
Skeeter, que o puxara para um armário de vassouras apertado para uma entrevista exclusiva antes
da cerimônia.

— Olá, senhor Potter. — A mulher cumprimentou com um sorriso imenso nos lábios enquanto
tirava da bolsa um pergaminho e pena de repetição rápida.

— Olá, senhorita Skeeter. — O garoto sorriu docilmente.

— Estou tão empolgada por finalmente poder te entrevistar. — Comentou excitada.

— Devo dizer que seus artigos no Daily Prophet realmente me agradam. — Hadrian comentou,
Skeeter sorriu brilhantemente.

— Fico feliz em saber disso, senhor Potter. — Testou a pena e olhou-o nos olhos com expectativa.
— Podemos começar? — Perguntou animada.

— Claro. — Tentou se acomodar melhor no pequeno espaço.

— Primeiramente eu gostaria de saber se o senhor está totalmente recuperado do trágico episódio


no Natal do ano passado?

— Ah. — O garoto deu um sorriso constrangido. — Sim. Estou bem, tanto física quanto
psicologicamente. Eu tenho uma família incrível, então meu psicológico se recuperou rapidamente
depois daquilo.

— Fico feliz em saber disso. — A pena de repetição rápida anotava coisas verdadeiras sobre o que
o garoto falara. — E, como você abriu esse tópico, gostaria de perguntar como é a sua vida com os
Malfoy? O público tem uma visão muito... — Pensou um pouco. — Desfavorável sobre eles. Então
gostaria de saber a sua versão dessa família tão importante na política da nossa sociedade.
— Eles são incríveis. — Hadrian se segurou para não falar dos seus pais goblins. — Cissy é
simplesmente incrível. Ela é uma mãe incrível, e uma madrinha tão boa quanto. Lucius é muito
protetor, sempre preocupado com a nossa segurança, justamente por causa da opinião pública que
não é muito agradável. Mas eles são incríveis. Os melhores cuidadores. Acho que, antes de
conhecê-los, eu não poderia pedir alguém melhor para serem meus guardiões. Eu não lembro dos
meus pais, então a única coisa que conhecia era a dor e o sofrimento. Viver com os Dursley não
era nem de longe bom. Mas fico feliz que pude conhecer os Malfoy mais cedo do que os onze anos.

— Estou feliz que você tenha encontrado uma família incrível, senhor Potter. — Segurou
delicadamente a mão do garoto. — Você merece tudo de bom, já sofreu demais. Acho que um
adulto não conseguiria aguentar o que você passou. Mesmo ficando triste com seu sofrimento,
estou feliz em vê-lo superar as batalhas e traumas.

— Obrigado, senhorita Skeeter. — Sorriu docemente para a mulher.

— Bom. — Se acomodou melhor no pequeno local. — Me conte sobre seus namorados? — Sorriu
maliciosa ao ver o garoto corar.

— Eu poderia passar uma semana inteira só falando deles. — Hadrian soltou uma risadinha tímida.
— Eles são incríveis. Cada um tem uma personalidade diferente, e ainda assim parece se encaixar
perfeitamente com a minha. Eles são minha família. E a minha família é a minha razão de viver.
Meus namorados sempre encontram uma maneira de me alegrar, ou de me acalmar quando certas
pessoas me provocam. Se eu consigo sorrir hoje, é porque tenho eles na minha vida. Eu os amo. —
Skeeter sorriu ao ver o olhar sonhador e sorriso apaixonado do garoto.

— Não tenho dúvidas de que os sentimentos de vocês são recíprocos e muito fortes. — O garoto
corou. — Você está planejando “recrutar” mais algum garoto para o seu harém? — Hadrian corou
ainda mais.

— Não sei. — Olhou para as mãos no seu colo. — Não é algo “planejado”, sabe? É como qualquer
pessoa se apaixonando. Se eu me apaixonar pode-se dizer que sim.

— Eu percebi que você já tem dois fortes candidatos. O que me diz sobre? — Sorriu maliciosa

— Ainda não é oficial. Estamos nos conhecendo. Então ainda não posso afirmar nada. — Sorriu
envergonhado.

— E o que foi aquilo na Copa Mundial de Quidditch? — A mulher olhou-o com admiração. —
Você, sozinho, batalhou contra mais de dez Death Eaters! Eu nunca, em toda a minha vida, vi algo
tão grandioso quanto aquilo! Você, um garoto de quatorze anos, venceu uma batalha contra bruxos
adultos e altamente treinados! Aquilo foi incrível!

— Eu não estava sozinho. — Coçou a nuca e colocou uma mão sobre o corpo escamoso de Nyx,
confortavelmente acomodada em seus ombros. — Nyx estava lá também.

— Sim. — A mulher sorriu animada. — Seu familiar é simplesmente incrível! O modo como ela
batalhou sem matar ninguém foi inacreditável!

— Eu, definitivamente, gosto dela. — Nyx sibilou em contentamento.

— Ela agradeceu aos elogios. — Hadrian traduziu.

— O que eu mais fiquei chocada naquele ataque fora o Ministério simplesmente parado. —
Skeeter começou. — Eles ficaram simplesmente parados vendo um garoto de quatorze anos e seu
familiar lutarem sozinhos contra bruxos descontrolados e prontos para matar! E não fizeram nada
para te ajudar! Tudo bem que você é poderoso e muito capaz de cuidar de tudo sozinho, mas ainda
assim...

— Eu compreendo sua frustração, senhorita Skeeter. — Hadrian sorriu em compreensão.

— Agora vamos focar no que me trouxe aqui. — A mulher mudou de assunto novamente. — O
seu nome saindo do Cálice de Fogo. Todos sabemos que as regras mudaram esse ano para que
apenas alunos acima de dezessete anos pudessem participar do torneio. Então como seu nome saiu
do Cálice? Você conseguiu uma maneira de burlar a linha etária que Dumbledore colocou ao redor
do Cálice? Pediu para alguém maior de idade colocar o seu nome? Me diga o que aconteceu?

— Eu, sinceramente, não coloquei meu nome no Cálice, e nem pedi para outra pessoa colocar. Até
jurei duas vezes perante a magia. Se quiser posso jurar uma terceira. Minha vida já é agitada
demais, cada dia é uma batalha diferente, cada esquina alguém querendo me matar. Então eu estava
muito feliz em saber que, pelo menos, poderia ter um ano relativamente normal. Mas, como
sabemos, meus desejos não foram atendidos. Creio que alguém usou o torneio como desculpa para
a minha morte ser um acidente trágico. E nós dois sabemos que existem algumas pessoas que
querem a minha cabeça pendurada na parede como um troféu.

— Não precisa jurar para mim, senhor Potter. Eu acredito na sua palavra. — Hadrian deu um aceno
de cabeça em agradecimento. — E o que os outros jurados pensaram disso?

— Enlouqueceram. Madame Maxime e professor Karkaroff estavam além da histeria. Ninguém


acreditou nas minhas palavras, então eu jurei pela minha magia uma segunda vez que não fiz nada
para entrar no torneio. E só assim eles aceitaram. Madame Maxime e professor Karkaroff queriam
escolher mais um campeão de suas escolas para igualar tudo, mas o Cálice de Fogo se apagou e só
acenderia no próximo torneio. Então eu anunciei que eu seria o campeão de Camelot. Cedric
Diggory é o único campeão de Hogwarts.

— Tenho certeza de que você irá se sair muito bem nesse torneio, senhor Potter. — Skeeter sorriu.
— É isso por hoje. Obrigada pelo seu tempo.

— Até breve, senhorita Skeeter. — Hadrian acenou em despedida e saiu do armário.

— E ae? Como foi? — Cedric perguntou quando o menor se sentou entre si e Viktor.

— Foi muito bem, na verdade. — Ambos os garotos mais velhos seguraram uma mão de Hadrian.

— Eu ouvi histórias terríveis sobre ela. Mas até que foi bem. — Viktor comentou.

— Digo o mesmo. — Cedric concordou.

— Acho que ela gosta de mim. Deve ser por isso que não escreve coisas desagradáveis sobre as
pessoas ao meu redor. — Hadrian apoiou sua cabeça no ombro de Viktor, os três ficaram em
silêncio para aproveitar a companhia um do outro. — Eu queria que esse pesadelo terminasse logo.
— Apertou as mãos dos garotos mais velhos. Fleur lançou lhe um olhar de raiva e nojo, Skeeter
deu um sorriso contente ao ver o trio de garotos. Logo Dumbledore irrompeu da porta.

— Dumbledore! — Exclamou Skeeter, parecendo encantada, mas Hadrian reparou que era falso.
— Como vai? — Disse ela estendendo uma das mãos a Dumbledore. — Espero que tenha visto o
meu artigo durante o verão sobre a conferência da Confederação Internacional de Bruxos?

— Encantadoramente maldoso. — Respondeu o diretor com os olhos cintilantes. — Gostei


principalmente da descrição que fez de mim como um debiloide ultrapassado. — A repórter não
pareceu sequer remotamente desconcertada.
— Eu só estava tentando mostrar que algumas de suas ideias são um tanto antiquadas, Dumbledore,
e que muitos bruxos nas ruas...

— Ficarei encantado de ouvir o raciocínio que fundamentou a grosseria, Rita. — Disse


Dumbledore, com uma reverência cortês e um sorriso. — Mas receio que tenhamos de discutir esse
assunto mais tarde. A pesagem das varinhas vai começar e não pode ser realizada se continuarmos
nossa conversa.

Os campeões estavam sentados nas cadeiras perto da porta, logo afrente tinha uma mesa
coberta de veludo, onde agora havia quatro dos cinco juízes que chegaram junto com Dumbledore:
Karkaroff, Madame Maxime, Crouch e Bagman. Skeeter se acomodou a um canto; Hadrian a viu
tirar discretamente o pergaminho da bolsa, abri-lo sobre um joelho, chupar a ponta da pena-de-
repetição-rápida e equilibrá-la mais uma vez sobre o pergaminho. E então se deu início a pesagem
das varinhas. Fleur até tentou flertar com Cedric e Viktor na maior cara de pau, o que, obviamente,
não dera certo. Ela tem um pingo de noção ou gosta de passar vergonha?

As fotos consumiram muito tempo. Madame Maxime deixava todos na sombra sempre que
se levantava e o fotógrafo não conseguia recuar o suficiente para enquadrá-la; por fim, ela teve que
se sentar e os demais se postarem ao seu redor. Karkaroff não parava de torcer o cavanhaque com o
dedo para lhe acrescentar mais um cacho; Viktor, que Hadrian imaginaria estar acostumado a esse
tipo de coisa, procurava se esconder atrás do grupo. O fotógrafo parecia interessadíssimo em
colocar Fleur na frente, mas Skeeter corria a toda hora e arrastava Hadrian para lhe dar maior
destaque. Depois, ela insistiu que se fizessem fotos separadas dos campeões. E, finalmente, todos
foram liberados. Hadrian desceu para jantar acompanhado dos garotos mais velhos entre conversas
sobre o que acabara de acontecer.

Quando os três chegaram no Salão Principal para o almoço, Hadrian viu uma grande
quantidade de estudantes de Hogwarts usando os bottons que o insultavam, com seu plano
formulado em sua mente, ele sorriu maldosamente. Disse para Cedric e Viktor irem se sentar
enquanto ele se dirigia para o palanque onde ficava a mesa dos funcionários, a conversação
abaixou até virarem murmúrios e sussurros conforme o Campeão de Camelot subia no palanque e
ficava de frente para os alunos.

— Posso ter sua atenção por alguns segundos? — Um sorriso falsamente doce desenhou sua face
pacífica. Quando finalmente o silêncio se fez presente, seu sorriso derreteu em malícia e seus olhos
brilhavam em uma alegria sádica. — Como herdeiro de Hogwarts, vulgo dono, eu tenho muitos
poderes sobre tudo o que acontece nas propriedades. Então, a partir de agora, quem usar esse
botton ofensivo. — Convocou um dos ditos objetos que brilhavam com “VADIA POTTER” e o
mostrou para o Salão. — Se alguém usar esse botton, ou qualquer variação dele com uma ofensa
para humilhar outra pessoa, vai perder 50 pontos para a sua casa. — Imediatamente as areias das
ampulhetas das Casas do leão, texugo e águia diminuíram drasticamente, os níveis muito baixos
em comparação com a Slytherin que estava intacta. Nem mesmo Bulstrode e suas amigas foram
burras o suficiente para usarem algo do tipo quando moravam na mesma casa que Hadrian. Vários
gritos e protestos se seguiram ao verem que a ordem do garoto era real, Hogwarts se certificaria de
cumpri-la. — Só vou avisando que não adianta esconderem o botton nas roupas ou sei lá, porque
Hogwarts vai saber que onde eles estão e vai tirar seus pontos. Eu nem preciso ver para os pontos
serem reduzidos, a magia do castelo fará isso por mim. — Seu sorriso sádico se alargou ao ver a
indignação, onde as pessoas se voltavam uma contra outra quando alguns estudantes queriam
continuar usando o botton (aparentemente muito idiotas para não levarem as palavras de Hadrian a
sério). — Era isso o que eu tinha para lhes dizer. Tenham um bom dia. — Se dirigiu para a sua
mesa em meio aos assovios e aplausos enlouquecidos dos Demônios da Gryffindor, que tiraram
suas gravatas e as giravam acima da cabeça, Lee Jordan acompanhou os amigos brincalhões em sua
torcida. Naquele dia os gêmeos decidiram almoçar com seu amigo leão.
— Por Morgana. — Pansy estava limpando os olhos das lágrimas que escorreram de tanto rir. —
Eu te amo, garoto.

— Sai fora, mulher. — Hadrian deu um empurrãozinho no ombro da amiga. — Eu não curto essa
fruta não.

— Ainda vamos casar e ter muitos filhos. — A garota entrou na brincadeira.

— Talvez possamos adotar um jumento e chamar de Rony. — Hadrian tentava controlar a risada.

— E morar numa linda fazenda de aipo. — Não deu para segurar, o grupo caiu em gargalhadas.

— Vocês são tão ridículos. — Blaise sorria das palhaçadas de seus amigos.

— Eu gosto de aipo. — Luna comentou risonha.

— Hazz! — Dennis chamou depois que as risadas se acalmaram.

— Fala, Den. — Focou sua atenção no garotinho loiro e enérgico.

— Sabia que Hogwarts fez todos que usavam aqueles bottons tropeçarem do nada? Ou se
perderem, ou caírem, perderem coisas... Foi maravilhoso! Eu amo essa escola! — No prato na sua
frente surgiu um cupcake que seria servido depois do almoço. — Obrigado Hogwarts! — Dennis
agarrou o doce e começou a comer com gosto.

— Hogwarts é realmente incrível. — Hadrian sorriu, usando sua magia para acariciar a da escola,
aquela quentura e sensação de pertencimento inundando seu núcleo mágico. Hogwarts era muito
mais do que apenas uma escola, tanta magia acumulada e sendo alimentada com novas magias a
cada ano a tornaram um ser, algo senciente e incorpóreo. Hogwarts era seu próprio ser, sua própria
força e mente.
Capítulo 110
Chapter Notes

Desculpa a demora, acabei me enrolando com algumas coisas aqui em casa.


Vou postar a foto dos dragões no server do discord pra vocês.

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Enquanto se afundava no Grimório de Morgana, Hadrian acabou encontrando um ritual


realmente interessante. Basicamente era um “aprimoramento” do parseltongue, onde ele
conseguiria falar com qualquer réptil. O problema mesmo seria os ingredientes. O canto que ele
teria que entoar já fora decorado, então ele só precisaria dos três ingredientes. Ele teria que
desenhar um círculo com várias runas (o que ele já decorou seus formatos e como desenhá-las na
sequência correta), beber o sangue do rei das serpentes (basilisk), o sangue do rei dos répteis
(dragão), e o sangue de uma serpente que tenha dominado a magia ancestral (Nyx). Mas como os
sangues são muito poderosos, ele teria que beber lágrimas de phoenix (Fawkes) para que não seja
destruído de dentro para fora.

O sangue de basilisk e o de uma serpente que dominou a magia ancestral ele tinha. Que
seriam a Hera e a Nyx. As lágrimas de phoenix ele também tinha, que viram de Fawkes. Pediria
para que Lucius mandasse Fawkes até Hogwarts. E então só faltava o sangue de dragão. Mas por
que Hadrian realizaria esse feitiço? Simples: porque ele poderia conversar com dragões depois de
realizar o ritual, e ele tinha um ovo de dragão sendo chocado neste instante. Que jeito melhor de se
comunicar com o seu mais novo bichinho de estimação do que aprender a falar a língua dele?
Perfeito.
Nyx também o estava ensinando parselmagic. Era uma sensação maravilhosa, pois Hadrian
podia sentir sua magia vibrando logo abaixo da sua pele e saindo do seu corpo para obedecer aos
seus comandos. Ondas de euforia percorriam sua corrente sanguínea toda vez que ele usava a
parselmagic, e isso era inebriante.

No momento, o garoto estava enviando uma carta para a loja Apothecary no Diagon Alley
para comprar o último ingrediente para o seu ritual. Sangue de dragão não era ilegal, mas era caro.
Logo Hedwig estava voando, levando o pedido para a loja que vendia itens de poções. No dia
seguinte da entrevista com os campeões, Rita Skeeter publicara seu artigo sobre o Triwizard
Tournament. Na capa do jornal estava os quatro campeões e seus diretores, e logo abaixo estava o
artigo.

OS QUATRO CAMPEÕES!

Por Rita Skeeter

Hoje, essa jornalista traz a vocês as informações sobre os que deveriam ser três, mas se
tornaram quatro campeões do Triwizard Tournament.

Bem. Primeiro temos o senhor Viktor Krum vindo do Instituto Durmstrang. O rapaz tem
uma personalidade forte e decisiva, o qual será muito útil no torneio. Krum também possui
um grande poder mágico, até onde eu pude sentir durante nossa entrevista. Além de tudo isso
ele também parece ter um ótimo gosto para um romance. Afinal, ele pareceu muito
interessado no nosso Principezinho, Hadrian Potter. Será que ele virá a ser o próximo
sortudo a se tornar um dos seus consortes? Apenas o tempo nos dirá.

Em segundo temos o campeão de Hogwarts, Cedric Diggory. O que eu tenho para falar sobre
ele? Bem, além de ter um enorme talento mágico e ser um dos garotos mais bonitos da escola,
ele também é descrito pelos outros alunos como extremamente gentil e caridoso, um exemplo
a ser seguido. Sem contar que ele também compartilha o mesmo bom gosto romântico que o
senhor Krum, ao demonstrar interesse no jovem Príncipe. Será que no final haverá um
confronto entre os dois campeões para disputarem o maior dos prêmios? O coração do jovem
Hadrian Tamish Potter?

Sobre a terceira campeã; eu não tenho muito a falar sobre a senhorita Fleur Delacour, vinda
da escola Beauxbatons. Para mim, e para muitos outros com quem eu conversei, ela
apresenta ser extremamente arrogante, além de grosseira, não há muito a se falar sobre seus
talentos, pelo o que eu observei e escutei eles são apenas medianos, no máximo. E, acima de
tudo, ela parece ser muito atirada para cima de quem não a da atenção. Como eu disse, não
há muito para se falar sobre ela, além do fato que, em minha opinião, ela não venha a
completar a segunda tarefa do torneio.

E por último, mas nem por isso menos importante, o quarto campeão. Hadrian Tamish
Potter, o nosso Principezinho. Apesar de ter apenas quatorze anos de idade e estar no seu
quarto ano em Hogwarts; tendo sofrido desde pequeno, quando fugiu de seus tios perversos,
e passou vários dias vagando pela Inglaterra; ou então durante seu terceiro ano que fora
puxado de volta para o sofrimento na casa que só o trazia dor. E durante mais de um mês,
como todos sabemos, sofrera as mais perversas das torturas enquanto nem Dumbledore, nem
o Ministério faziam nada para o procurar.
Depois de tudo isso, hoje ele se mostrou forte e confiante, sem perder a gentileza, mesmo ao
falar com uma simples repórter como eu. O tempo todo ele mostrou respeito e gentileza a
todos que o tratam bem, ainda tendo um punho de ferro com seus inimigos. Como um líder
nato deve agir. O jovem senhor Potter se mostrou extremamente calmo e composto durante a
nossa entrevista. E, mesmo sofrendo vários ataques e calúnias até mesmo de seus colegas
alunos, ele se mantém de pé sobre os outros, enfrentando-os com as costas eretas como um
verdadeiro membro da nobreza deve fazer. Tem-se grandes expectativas sobre ele.

Pelo contrário do que a maioria dos bruxos e bruxas especulam, os Malfoy sempre o
trataram bem, e nas palavras de Hadrian “Eu não poderia pedir uma família melhor.”. Certos
preconceitos devem ser deixados de lado, afinal nem tudo é como imaginamos e apenas os
vencedores têm o direito de ditarem a verdade, e os perdedores sempre serão os vilões.
Hadrian me confidenciou que seus namorados são sua vida. Eles o apoiam nos momentos que
ele mais precisa e são a ancora que o mantem são, e ele os ama sem nenhum limite. E, pelo
que parece, o número de amores do nosso Príncipe apenas irá aumentar, pois dois dos
campeões, como já comentei anteriormente, estão interessados no mesmo.

Não se sabe como o nome de Hadrian Potter foi parar no Cálice de Fogo. O garoto afirma
veementemente que não fora ele quem colocara o nome, chegando até mesmo a jurar pela
magia que ele não teve nada a ver com seu nome sendo colocado no Cálice de Fogo. Eu,
particularmente, acreditaria no garoto, mesmo que ele não tivesse feito jura alguma. Ele tem
fama e dinheiro e não é arrogante como o “esperado”. Ele conseguiu manter sua humildade e
é extremamente caridoso. Conversei com alguns alunos, e a maioria deles eram do primeiro
ano, dizendo que Hadrian sempre os ajudava quando um valentão os incomodava.

Além disso, alguns alunos invejosos criaram bottons extremamente ofensivos para
humilharem Hadrian, mas nosso lindo Principezinho não deixaria isso de lado. Ele
finalmente usou seu poder como dono de Hogwarts e anunciou que cada pessoa que usar
esses bottons perderá 50 pontos para a casa. Hogwarts também não pareceu muito contente
com o tratamento que deram ao seu herdeiro, o castelo parece senciente, pois vários alunos
que usaram esses bottons passaram o dia tropeçando, dando de cara nas paredes e se
perdendo pelos corredores. Acho adorável Hogwarts agir como uma avó babona pelo
netinho, pois é assim que eu vejo a dinâmica dela com Hadrian.

Esperamos grandes coisas sobre esse torneio. Esta jornalista dedicada irá mantê-los
informados.

O artigo saíra havia dez dias, Hadrian já havia recebido a resposta sobre o sangue de dragão
e já estava com o frasco muito bem guardado em seu dormitório. Os Gryffindor pareceram
extremamente revoltados com toda a bajulação que Skeeter fez com Hadrian. Os Slytherin estavam
comemorando como loucos, eles só queriam comemorar o fato de um deles estar no torneio e trazer
glória para a Slytherin, mesmo que o garoto esteja competindo por Camelot e não pela escola.
Viktor e Cedric pareceram ter suas energias revigoradas para cortejarem ainda mais Hadrian, e ele
assegurou os dois que não precisava ter nenhuma briga, que ele tinha amor para dar aos dois.

— A Skeeter pode ser de grande ajuda. — Pansy ponderou ao entrarem no tópico sobre o artigo.

— Ela esculhamba a Cabra Velha e o Ministério, só pra bajular o Hazz. — Dennis apontou. — É
óbvio que ela seria uma ótima aliada.

— Se um dia precisarmos, ela será a escolha perfeita. — Hadrian concordou com um sorriso
travesso.

No sábado que antecedeu a primeira tarefa, todos os estudantes do terceiro ano, e acima,
tiveram permissão para visitar o povoado de Hogsmeade. Hadrian juntou-se aos amigos e
namorados, convidando Cedric e Viktor para os acompanharem. Os dois aceitaram na hora. O
grande grupo caminhou pelo povoado, conversando e brincando ao redor dos estudantes que
passavam por eles na entrada, mas, para variar, ninguém zombou de Hadrian ou o importunou. Rita
Skeeter e seu amigo fotógrafo acabavam de sair do bar Three Broomsticks. Conversavam em voz
baixa, assim que ela viu Hadrian, um sorriso imenso surgiu nos seus lábios pintados de vermelho
vibrante. Dennis fora permitido ir para o povoado graças a Severus e Hadrian.

— Senhor Potter! — Ela cumprimentou animadamente enquanto se aproximava do grupo.

— Olá, senhorita Skeeter. — Hadrian sorriu docilmente e beijou-lhe as costas da mão. — Fiquei
muito satisfeito com a sua matéria sobre o torneio. — Hadrian comentou divertido.

— Fico lisonjeada de que tenha gostado, senhor Potter.

— Agora, se me der licença, irei aproveitar a folga para passear pelo povoado.

— Ah. Claro, claro. Nos vemos por aí. — Ela acenou enquanto distanciava-se com o fotógrafo. O
grupo de Hadrian tomou o rumo contrário.

— Ela está hospedada no povoado. — Theodore comentou. — Aposto como vai assistir à primeira
tarefa.

Cedric, ultimamente, era cercado de admiradores e parecia nervoso, mas excitado. De vez
em quando Hadrian via Fleur Delacour de relance nos corredores; tinha a mesma aparência de
sempre, arrogante e imperturbável. E Viktor parecia muito animado, e continuava flertando
descaradamente com Hadrian a qualquer momento. O garoto de intensos olhos verdes havia
recebido cartas de seus pais, Lucius, Narcissa, Tom, Sirius, Remus, Molly, Arthur, Bill e Charlie.
Todos eles estavam preocupados com ele, Hadrian mandou uma carta para Tom, pedindo que ele
explicasse aos outros suas teorias sobre como o seu nome foi parar no Cálice de Fogo.

Quando foram ao Three Broomsticks mais tarde, o grupo acabara encontrando Hagrid, que
conversava com Moody. O meio-gigante acenou para eles, que se sentavam em uma mesa que os
acomodasse, trocou palavras breves com Moody e aproximou-se pesadamente até os garotos.

— Olá, Hagrid. — O grupo cumprimentou sorridente.

— Olá, meninos. — O homem aproximou-se de Hadrian e falou baixinho. — Hadrian, me encontre


hoje à meia-noite na minha cabana. Use a Capa.

— Okay. — Hadrian respondeu no mesmo tom sussurrado.

— Eu vim saber se estão todos bem. — Endireitou-se e olhou para os integrantes do grupo. —
Sabe, aqueles distintivos são realmente nojentos. — Seu rosto contorceu-se de raiva. — Adorei o
jeito que você lidou com eles. — Deu alguns tapinhas na cabeça de Hadrian.

— Estamos bem, Hagrid. — Colin comentou.


— Mas não vou tomar muito tempo de vocês. Nos vemos por aí.

— Tchau, Hagrid. — O grupo acenou enquanto o homem voltava para sua mesa com Moody.

— Como é ser uma das duas garotas num grupo só de garotos? — Fred perguntou com diversão
para Pansy.

— Muito bom na verdade. — Sorriu maliciosa. — Se bem que é chato porque a maioria é gay e
namora o Hadrian. Não posso brincar com nenhum além do Theo e do Blaise. — Fez beicinho e os
garotos riram.

— Você é impossível, Pansy. — Blaise balançou a cabeça em negação.

— E você, pequena Lua? — George encarou a garota sonhadora.

— Eu gosto de pudim. — Comentou aérea. O grupo sorriu, todos perceberam que Luna não sentia
atração romântica ou sexual pelas pessoas, então nunca a empurravam demais. Eles a adoravam,
então aceitaram completamente suas preferências.

Às onze e meia daquela noite, Hadrian, que fingira ir se deitar mais cedo, jogou a Capa da
Invisibilidade por cima do corpo, com Nyx enrolada em seu pescoço, despediu-se de Draco e saiu
sorrateiramente pela Sala Comunal, ainda havia muitos alunos lá. Ele esperou um minuto mais ou
menos, de olho no relógio. Depois, Blaise abriu a porta pelo lado de fora conforme tinham
planejado. Ele passou pelo amigo murmurando: “Obrigado!”, e saiu pelo castelo. Os jardins
estavam muito escuros. Hadrian desceu os gramados em direção às luzes que brilhavam na cabana
de Hagrid. O interior da enorme carruagem da Beauxbatons também estava aceso; Hadrian podia
ouvir Madame Maxime falando lá dentro, quando o garoto bateu na porta de Hagrid.

— É você aí, Hadrian? — Sussurrou Hagrid, abrindo a porta e espiando para os lados.

— Sou. — Disse Hadrian, entrando na cabana e tirando a Capa de cima da cabeça. — O que está
acontecendo?

— Tenho uma coisa para lhe mostrar.

Hagrid estava muito bem arrumado para apenas confidenciar um segredo para o garoto.
Ainda sem dizer nada, o meio-gigante o ordenou ficar quieto e com a Capa o cobrindo o tempo
todo. Os dois saíram da cabana, deixando um Fang tristonho para trás. Para a surpresa do garoto, o
homem o levou até a carruagem da Beauxbatons. Madame Maxime saiu pela porta e os
acompanhou até a Forbidden Forest. O pobre garoto tinha que correr sob um feitiço silenciador
para acompanhar os grandes paços do casal de meio-gigantes. Sim, Hadrian sabia o que Madame
Maxime era, não era difícil de se descobrir com a altura dela. Quando Hadrian estava quase
cogitando a hipótese de dar meia volta e deixar seu amigo aproveitar o passeio romântico, ele
ouvira sons que não eram comuns na floresta. Havia homens gritando adiante. Depois um rugido
ensurdecedor, de rachar os tímpanos. Hagrid fez Madame Maxime dar a volta a um arvoredo e
parou. Hadrian correu para se juntar aos dois, por uma fração de segundo achou que estava vendo
fogueiras e homens que corriam em torno delas, então seu queixo caiu.

Dragões.

Quatro dragões adultos, enormes, de aspecto feroz empinavam-se nas patas traseiras, dentro
de um cercado feito com grossas pranchas de madeira, rugindo e bufando, torrentes de fogo se
erguiam quinze metros para o céu escuro de suas bocas abertas e cheias de dentes, no alto de
pescoços esticados. Havia um azul-prateado com chifres longos e pontiagudos, que rosnava para os
bruxos no chão e tentava mordê-los, este era um Swedish Short-Snout. Outro de escamas lisas e
verdes, que se contorcia e batia as patas com toda a força, era um Common Welsh Green. Também
havia um vermelho, com uma estranha franja de belas pontas de ouro ao redor do focinho, que
soprava para o ar nuvens de fogo em forma de cogumelo, este era um Chinese Fireball. E o último
era negro e gigantesco, mais parecido com um lagarto do que os demais, que era o mais próximo de
onde eles estavam, este era o temido Hungarian Horntail.

No mínimo uns trinta bruxos, sete ou oito para cada dragão, tentavam controlá-los, puxando
correntes presas a grossas tiras de couro em volta dos pescoços e das pernas dos bichos.
Horrorizado com a barbaridade dos bruxos, Hadrian olhou bem para o alto e viu os olhos do
Horntail, com pupilas verticais como as de um gato, arregalados de medo e de fúria. Ele fazia um
barulho terrível, um uivo penetrante. E então o garoto viu, mais distante tinham alguns bruxos
arrumando umas caixas cheias de forro com ovos dentro.

Eram fêmeas, e tinham acabado de botar os ovos. Hadrian sentiu-se enfurecido! A


barbaridade que fizeram com as pobres mães. As separaram de seus filhotes ainda por nascer, as
impedindo de nidificar adequadamente e chocar seus ovos. O estresse que as pobres criaturas
estavam sentindo era terrível de se ver. Hadrian sentiu seu coração doer ao ver o desespero nos
olhos dos dragões. Ele precisava fazer alguma coisa, mas não era suposto ele saber da existência
deles. Ele estava de mãos atadas.

— Fique aí, Hagrid! — Berrou um bruxo junto à cerca, puxando com força a corrente que
segurava. Hadrian conhecia essa voz. — Eles podem cuspir fogo a uma distância de seis metros! Já
vi este Horntail chegar a doze!

— Ele não é lindo? — Perguntou Hagrid baixinho.

— Não adianta! — Berrou outro bruxo. — Feitiço Estuporante quando eu contar três! — Hadrian
viu cada um dos guardadores de dragões puxar a varinha.

— Stupefy! — Gritaram eles em uníssono, e os feitiços dispararam pela escuridão como foguetes
chamejantes, explodindo em chuvas de estrelas sobre os couros escamosos dos dragões...

Hadrian observou o Horntail balançar nas pernas traseiras; as mandíbulas se escancararam


em um súbito uivo silencioso; as narinas subitamente se apagaram, embora ainda fumegassem,
depois, muito lentamente, a criatura caiu, várias toneladas de dragão negro, musculoso, coberto de
escamas, desabaram no chão com um baque que, Hadrian poderia jurar, fizera as árvores atrás dele
estremecerem. Os guardadores de dragões baixaram as varinhas e avançaram até as criaturas
caídas, cada um destes do tamanho de um morro. Os bruxos se apressaram a esticar as correntes e a
prendê-las firmemente em estacas de ferro, que eles enterraram bem fundo no chão, com suas
varinhas.

— Quer dar uma olhada de perto? — Hagrid perguntou excitado à Madame Maxime. Os dois se
aproximaram da cerca e Hadrian os acompanhou. O bruxo que alertara Hagrid para não se
aproximar se virou e Hadrian viu quem era, Charlie Weasley.

— Tudo bem, Hagrid? — Ofegou ele, aproximando-se para falar. — Devem estar bem agora.
Demos a elas uma poção para dormir durante a viagem, achei que seria melhor acordarem quando
estivesse escuro e tranquilo, mas, como você viu, elas não ficaram felizes. Não ficaram nada
felizes...

— Que raças você tem aqui, Charlie? — Perguntou Hagrid, examinando Horntail, com uma atitude
próxima à reverência. Os olhos do dragão ainda estavam ligeiramente abertos. Hadrian pôde ver
um risco amarelo e brilhante sob a pálpebra enrugada e escura.
— É um Hungarian Horntail. — Informou Charlie. — Tem um Common Welsh Green lá adiante, o
menor deles. Um Swedish Short-Snout, aquele cinza-azulado. E o Chinese Fireball, aquele outro
vermelho. — Charlie olhou para o lado; Madame Maxime estava caminhando ao longo do cercado,
examinando os dragões estuporados.

— Eu não sabia que você ia trazer ela, Hagrid. — Disse Charlie franzindo a testa. — Os campeões
não podem saber o que os espera, ela com certeza vai contar à campeã de Beauxbatons, não vai?

— Só achei que ela gostaria de ver os dragões. — Respondeu Hagrid encolhendo os ombros, ainda
contemplando embevecido os dragões.

— Um encontro realmente romântico, Hagrid. — Comentou Charlie balançando a cabeça.

— Quatro... — Contou Hagrid. — Então é um para cada campeão, é? Que é que eles vão ter de
fazer, lutar com eles?

— Só passar por eles, acho. Estaremos por perto se a coisa ficar feia, prontos para lançar Feitiços
de Extinção. Pediram dragões fêmeas em época de nidificação, não sei o porquê. Acho uma
barbaridade fazer isso com as mães... — Olhou para os dragões apagados. — Mas vou lhe dizer
uma coisa, eu não invejo o campeão que pegar o Horntail. Criatura feroz. A extremidade de trás é
tão perigosa quanto a da frente, olha lá.

Charlie apontou para o rabo do dragão, a intervalos de uns poucos centímetros, havia
chifrinhos compridos, cor de bronze. Cinco dos colegas guardadores de Charlie cambaleavam até o
Horntail naquele momento, transportando, juntos, uma ninhada de ovos em um cobertor.
Depositaram sua carga, cuidadosamente, do lado do Horntail. Hagrid deixou escapar um gemido de
saudade.

— Eu contei todos, Hagrid. — Disse Charlie com severidade. Depois perguntou: — Como vai o
Hazz?

— Ótimo. — Respondeu Hagrid, que continuava a admirar os ovos.

— Faço votos de que continue ótimo depois de enfrentar essas criaturas. — Disse Charlie muito
sério, contemplando o cercado dos dragões. Hadrian sentiu seu coração afundar-se ao ver a tristeza
e a preocupação nos olhos azuis do mais velho. — Não tive coragem de contar à mãe qual vai ser a
primeira tarefa dele, ela já está tendo muito estresse por antecipação... — Charlie imitou a voz
ansiosa da mãe: — “Como eles puderam deixá-lo entrar nesse torneio, ele é criança demais! Pensei
que estivessem todos seguros, pensei que ia haver um limite de idade!”.

Hadrian queria correr e abraçar Charlie, mas não poderia ser visto. Como ele faria isso? Nyx
sibilou e deslizou para o chão, aproximando-se de Charlie. O ruivo assustou-se ao ver a serpente,
mas logo seus olhos arregalaram-se de surpresa, ele olhou ao redor, procurando pelo moreno, mas
não o viu. Nyx voltou até Hadrian, com Charlie caminhando disfarçadamente atrás de si.

— Hadrian! — O homem agarrou o garoto, que despira sua Capa atrás de uma grande árvore.

— Charlie. — Hadrian suspirou de alegria ao poder abraçar o mais velho. Os dois estavam
escondidos pelas árvores e pela escuridão, então ninguém os veria. Hadrian aninhou-se no peito
musculoso e forte do ruivo, enquanto era segurado firmemente contra o outro.

— O que você está fazendo aqui? — Sua voz saiu num sussurro preocupado. — Se souberem que
você esteve aqui...

— Está tudo bem. — Hadrian afastou-se minimante, apenas para poder ver os olhos azuis de
Charlie. — Maxime vai contar a Fleur. Karkaroff já deve ter achado um jeito de descobrir. Eu e
Cedric seríamos os únicos a não saber. Eu estarei apenas deixando tudo justo. — Charlie pousou
uma de suas grandes mãos ao lado do seu rosto e acariciou sua bochecha. Hadrian inclinou-se para
o toque, contente por tê-lo ao seu lado.

— Eu estou tão preocupado. Não consegui contar a ninguém qual vai ser a primeira tarefa.

— Você fez bem. Meus pais, Tom, Lucius, Sirius, Cissy e Molly invadiriam Hogwarts para
destruir o Cálice e Dumbledore. — Hadrian sorriu ao ver Charlie soltar uma risada nasalada.

— Você não deveria estar nesse torneio. — Charlie encostou suas testas e suspirou.

— Eu irei ficar bem. Eu tenho um plano. — Hadrian sorriu e ergueu o rosto do ruivo. — Agora
cale a boca e me beije. Eu senti falta dos seus lábios. — O mais velho sorriu malicioso.

— Eu também senti sua falta, Hadrian. — Dito isso, ele selou seus lábios com um beijo
apaixonado e cheio de saudades.

Hadrian derreteu imediatamente. As mãos fortes e grandes agarraram sua cintura com força,
suas costas foram jogadas contra o tronco da árvore e um joelho separou suas pernas. Uma língua
habilidosa invadiu sua boca enquanto todo o seu corpo perdia as forças diante do beijo avassalador
do mais velho. Seus corações batiam com força em seus peitos. Apenas esse contato fora o que
acalmara as preocupações do ruivo, ele estava terrivelmente preocupado com seu doce namorado
estando nesse torneio estúpido.

Eles ficaram se beijando por longos minutos, até que um dos guardadores de dragão
chamasse Charlie. O casal se despediu com mais beijos e eles se separaram. Charlie retornou para
os dragões e Hadrian, com Nyx nos ombros, voltou para o castelo. O garoto se apressou,
contornando a orla da floresta, quando ele vira Karkaroff indo na direção do local onde estavam os
dragões. Sua suposição estava certa. Ele e Cedric seriam os únicos sem saber o que os esperava na
primeira tarefa.

O garoto continuou seu caminho de volta para Hogwarts. Hadrian alcançou o castelo, passou
despercebido pelas portas de entrada e começou a subir os degraus de mármore; estava muito
ofegante, mas não se atrevia a diminuir o passo. Ao alcançar os corredores, ele despiu-se da Capa e
desceu calmamente de volta para a sua Sala Comunal. Encontrar aquele ritual realmente foi uma
sorte. Ele poderia fazer o ritual naquela noite mesmo e estaria pronto para a primeira tarefa.
Capítulo 111
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

— Eu vou precisar da ajuda de vocês. — Hadrian suspirou assim que se jogou no sofá onde seu
namorado e amigos estavam na Sala Comunal. Ele havia se jogado pelas costas do encosto, então
acabou deitado de ponta-cabeça nas almofadas do assento, a cabeça pendurada para baixo e as
pernas apoiadas no encosto das costas, que balançavam levemente no ar.

— O que aconteceu? — Draco perguntou preocupado ao ver a seriedade no olhar do moreno.


Blaise, Theodore e Pansy se aproximaram mais para a conversa sigilosa.

— São dragões. — Hadrian fechou os olhos e suspirou. Ele já havia enviado uma carta para
Lucius, Fawkes estava no Owlery com Hedwig, apenas esperando o ritual para participar e ajudar
o jovem bruxo.

— O QUÊ?! — Blaise saltou da poltrona, com os olhos arregalados.

— Silêncio! — Hadrian o fuzilou e endireitou-se no sofá enquanto Blaise voltava a sentar-se.


Draco lançou um feitiço silenciador ao redor deles. — Hagrid me mostrou que serão dragões.
Charlie estava lá como um dos guardadores. Eles pegaram dragões fêmeas em época de
nidificação, ele acha que teremos que passar por eles. Maxime e Karkaroff já sabem e devem ter
contado para Fleur e Viktor. Eu e Cedric seríamos os únicos a ficarmos no escuro, pois
Dumbledore é muito “certinho” sobre essas coisas. E porque ele quer me ver morto.
— Mas... — Pansy tentou argumentar. — São dragões. Vocês vão morrer.

— Principalmente se estiverem em época de nidificação! As fêmeas são terrivelmente violentas


nessa época. — Theodore completou.

— Eu tenho um plano. — Hadrian os acalmou com um olhar determinado. — Eu conheço um


ritual que irá evolui meu parseltongue e eu serei capaz de falar com o dragão.

— E se ele não te escutar? — Draco perguntou preocupado.

— Então eu irei para o plano B, distraí-lo para conseguir passar. — Hadrian argumentou. — Mas o
fato é: eu preciso fazer esse ritual hoje à noite e preciso que vocês me cubram.

— Mais uma visita à Câmara? — Pansy perguntou preocupada.

— Exato.

Hadrian ficou matando tempo com os amigos até que o Salão Comunal se esvaziou, só assim
o plano finalmente começara. Hadrian subiu para o seu dormitório e pegou os sangues; o Grimório
de Morgana; sua Capa da Invisibilidade; sua varinha e Nyx. Ele despediu-se dos amigos com um
aceno e de Draco com um selar de lábios antes de cobrir-se com a Capa e sair do Salão Comunal.
Rumando para o Owlery em passos silenciosos. Nyx estava ansiosa no seu pescoço, tinha medo de
que algo desse errado. Além de que ela não poderia ajudar Hadrian no torneio, e isso a estava
deixando muito angustiada.

— Hey. — Hadrian sorriu ao tirar o capuz da Capa e ver Hedwig e Fawkes brincando juntos. As
aves se aproximaram do garoto com piados alegres. — Preciso da sua ajuda, rapaz. — Olhou para
a Phoenix. — Você poderia entrar aqui na Capa? Não podemos ser vistos. — Ele fez carinho nos
dois e sorriu para a coruja. — Não se preocupe, Hedwig. Logo eu irei trazer Fawkes de volta. — A
coruja pareceu aceitar e deu-lhe bicadas leves de carinho nos dedos. Fawkes piou e se aproximou
do garoto. — Venha cá, rapaz. — Hadrian ergueu os braços, abrindo a Capa e pegou a Phoenix nos
braços, logo escondendo-a quando o tecido voltou a se fechar. — Até mais Hedwig. — Hadrian
piscou para a coruja antes de colocar o capuz e desaparecer.

Fawkes era reconfortantemente quente, mesmo controlando a sua temperatura para não
queimar o garoto, e, mesmo sem perceber, ele não parou de acariciar as penas macias da ave com
ternura. Hadrian voltou para o castelo e rumou para o banheiro de Myrtle no segundo andar. Ele
não teve nenhum problema na trajetória, tudo estava tranquilo e os professores pareciam distraídos
com algo fútil. Logo o garoto estava liberando a Phoenix para voar na câmara de entrada, e Nyx
deslizou para o chão, onde ela podia assumir o seu tamanho original. Os dois seguiam Hadrian
conforme ele adentravam ainda mais pela Câmara Secreta até a estátua de Salazar Slytherin.

— Bom. Vamos começar. — Transfigurou uma pedra em um púlpito de madeira escura.

Ele colocou o Grimório no púlpito e abriu na página do ritual. Fawkes começou a cantar
enquanto sobrevoava o local. Hadrian transfigurou outra pedra em um poleiro para a Phoenix, e
outra pedra virou uma almofada aquecida para Nyx. O garoto transfigurou uma mesinha e colocou
os frascos com os sangues, na ordem que eles deveriam ser bebidos.

— Fawkes. — Ele virou-se para a ave no poleiro. — Eu preciso que você me empreste suas
lágrimas. — O garoto puxou um frasco vazio do bolso e colocou na frente da Phoenix. — Quando
eu beber aqueles sangues, meu corpo irá começar a ferver de dentro para fora, e as suas lágrimas
irão me curar. Você pode fazer isso por mim? — Fawkes piou em concordância, inclinou sua
cabeça e chorou no frasco. Suas lágrimas brilhavam conforme enchiam cada vez mais o recipiente.
— Muito obrigado. — Hadrian tampou o frasco e acariciou a ave. — Você me salvou, rapaz. —
Fawkes piou alegremente e tocou seu bico contra os lábios do garoto, que sorriu para a phoenix. O
jovem bruxo voltou a preparar o ritual, onde ele separou o conteúdo em três frascos menores e os
colocou ao lado dos sangues.

Hadrian pegou sua varinha e começou a desenhar no chão um círculo grande o bastante para
ele estar sentado no meio, logo ele começou a desenhar as runas e a traçar linhas dentro da área do
círculo. A base do feitiço era o círculo da alquimia que faria a junção dos sangues, somado com o
cântico das palavras de poder que ele teria que recitar conforme ingeria os sangues. Primeiro seria o
sangue de basilisk, depois o de dragão, e depois o de Nyx. O Grimório o advertia que seria
terrivelmente doloroso, e que, talvez, Hadrian não aguentasse a dor e a ingestão dos três sangues
poderosos. Mas ele precisava tentar. Literalmente, sua vida dependia do sucesso desse ritual.

Quando tudo estava pronto, o garoto largou sua varinha na mesinha e sentou-se no centro do
círculo. Com um suspiro e um olhar para Nyx e Fawkes, Hadrian começou a entoar o encanto.
Instantaneamente ele pode sentir sua magia fluindo pelo corpo e estalar no ar ao seu redor. A
adrenalina e o formigamento gostoso de sua magia fluindo para fora de si era inebriante, ele pode
ver que os traços pretos do desenho abaixo de si começaram a brilhar em vermelho. Estava
funcionado. Ele fez tudo certo.

— Do sangue do rei das serpentes. — Ele esticou-se para pegar o sangue de Hera e destampou o
frasco. — Eu torno minha capacidade de falar a língua das cobras mais abrangente. — Sem
hesitar ele despejou o líquido vermelho e metálico na boca, engolindo-o de uma só vez.

Conforme o sangue escorria garganta abaixo, o garoto pode sentir todo o seu corpo pegando
fogo por onde o líquido passava. Seu coração pareceu falhar uma batida e uma dor horrenda em
seu peito o consumiu. Seu grito de dor repercutiu pela Câmara vazia e espaçosa. Com dificuldade,
Hadrian alcançou o frasco com as lágrimas de Fawkes e bebeu-o com dificuldade. Aos poucos, a
dor e a queimação foram diminuindo, até que ficou apenas um incomodo.

— Do sangue do rei dos répteis. — Ele pegou o frasco com sangue de dragão com as mãos
formigando. — Eu aprimoro minhas habilidades. — E então jogou o líquido garganta abaixo.

Dessa vez a dor e a queimação foram ainda mais intensas. Hadrian caiu para frente, uma mão
o apoiando contra o chão e a outra agarrando o peito com força devido a dor. Algo fervente subiu
pela sua garganta e ele vomitou sangue. Seu pulmão procurava desesperadamente oxigênio, mas
parecia que sua garganta estava sendo apertada por cordas invisíveis. Com as mãos trêmulas,
Hadrian alcançou o segundo frasco de lágrimas e bebeu-o em meio a tosses desesperadas. Ele
levou algum tempo para se recompor, mas finalmente conseguiu se esticar para pegar o último
frasco de sangue.

— Do sangue de uma serpente que dominou a magia ancestral. — Suas mãos tremiam
terrivelmente, e ele temia derramar o líquido no chão conforte destampava o objeto. — Eu torno-
me capaz de falar com qualquer réptil e subjuga-lo ao meu comando. — Fechando os olhos com
força, ele despejou o último sangue em sua boca.

O garoto caiu no chão em meio a berros de dor, encolhendo-se em posição fetal e agarrando
fortemente o peito. Sangue escorria de seus olhos, orelhas, nariz e boca. A queimação e a dor eram
insuportáveis, ele sentia como se tivesse ingerido lava fresca e que todos os seus órgãos derretiam
dentro de si. Fawkes deu um grito de desespero enquanto Nyx sibilava em preocupação. Hadrian
soltou outro grito ao tentar erguer a mão para pegar as lágrimas da Phoenix. A dor que sentia era
tão intensa que só o ato de respirar era terrível. Cerrando os dentes com força, ele ergueu o braço e
agarrou o último frasco. Foi ainda mais difícil destampá-lo e ingerir seu conteúdo, pois sua
garganta apenas gritava e não queria engolir nada, mas ele forçou-se a ingerir o líquido.

O garoto ficou ali no chão, arfando e tendo espasmos conforme a dor e a queimação
desapareciam lentamente. O sangue parou de deixar o seu corpo, seu coração parecia desacelerar
drasticamente os batimentos que deveriam estar acelerados. E então, uma batida terrivelmente
intensa do seu coração o fez ofegar. Era o coração de seu animagus.

Hadrian gritou ainda mais quando sentiu seu corpo começar a mudar sem o seu
consentimento. Sua coluna alongou-se até os quinze metros; suas pernas e braços alongaram-se e
tornaram-se incrivelmente musculosos; suas unhas transforaram-se em garras; seu crânio alongou-
se e sua mandíbula tornou-se muito flexível; seus quatro chifres brancos na cabeça e na ponta da
cauda cresceram com estalos dolorosos, sua pele tomava uma cor enegrecida e cheia de rachaduras,
que aos poucos saltavam para fora em forma de escamas com as pontas esverdeadas e que
brilhavam multicoloridas conforme a luz batia nelas. Pouco a pouco seus dentes caíam junto ao
sangue para dar lugar à presas grandes e afiadas; seu corpo alongado, semelhante ao de uma cobra,
tomava imponência, grossura e peso até chegar na base de sua cauda; seu cabelo negro começou a
crescer com estalos, no lugar de sua joia púrpura, agora encontrava-se uma crina de cristais
brancos até o final da parte dianteira, antes de começar o “meio” do seu corpo serpentino. De suas
presas recém formadas pingava o mais puro e letal dos venenos já vistos no mundo; uma mistura
do veneno de basilisk com o de Nyx. Seus olhos verdes sofreram uma mutação, fazendo sua pupila
redonda tomar a forma de uma fenda negra, tornando o redemoinho verde de suas írises ainda mais
brilhantes e hipnóticos, perto da pupila havia um amarelo intenso e mortal.

O ritual tinha se dado por completo, a fera estava pronta e montada. Uma quimera das mais
ferozes e mortais espécies já vistas em todo o mundo. Ninguém já mais a vira ou a criara. Ninguém
ousou ser louco para criar tal monstro. Seu tamanho era imponente, junto com sua respiração alta,
sua língua bifurcada saia e entrava de volta em sua boca, cheirando e provando o ar enquanto sua
grandiosa cabeça rodava pelo local. O barulho ao se mover desajeitadamente era, certamente,
impossível de se esquecer, junto ao tilintar de sua crina de cristais. Seus olhos verdes brilhavam
com mais intensidade e ardor, aquela quimera negra era a criatura mística mais maravilhosa que a
magia já pudera criar. E sua violência? Era, de fato, a mais cruel e vil entre os seres malignos, não
devido ao seu potente veneno, mas sim a sua violência ao atacar sua vítima.

O círculo alquímico parou de brilhar, Nyx e Fawkes estavam paralisados. Ali, na Câmara
Secreta, aos pés da estátua de Salazar Slytherin, estava a quimera que Hadrian havia se tornado. A
sua aparência como Horned Serpent, havia se fundido com características dos sangues que ele
havia ingerido. Ele se tornara uma mistura de basilisk, dragão e Horned Serpent.

Seu corpo era igual ao de sua antiga forma animagus, mas agora ele mais parecia um dragão
chinês por ter quatro patas. A crina de cristais brancos era uma variação da crina vermelha e
felpuda de um basilisk macho; o amarelo em seus olhos era o que indicava que ele havia herdado o
poder de assassinar seres apenas com o olhar. Hadrian fechou os olhos com força, não querendo
matar Nyx ou Fawkes.

“Chame, Hera!” — Ele implorou em pensamento para Nyx através de sua conexão com a familiar.

— Eu já volto, filhote! — Nyx deslizou com velocidade até um dos canos e desapareceu, Fawkes
cantou em apreensão. Hadrian desviou a cabeça para longe da ave para poder abrir os olhos e
olhar-se.

“Se eu não fosse um animagus, essa mutação não teria acontecido em minha aparência como
Horned Serpent.”

Ele pensou analisando suas patas dianteiras e traseiras, muito separadas para poderem o
manter em pé no chão como um quadrupede qualquer. Seu corpo todo formigava e doía, mas era
suportável, não era nada comparado a dor horrenda de minutos atrás. Ele fez força para pôr-se de
pé, mas fracassou. Algumas tentativas depois, ele finalmente conseguiu. Era estranho estar em
quatro patas quando ele havia se acostumado em não ter nada, apenas seu corpo poderoso cheio de
músculos. Suas garras poderosas arranharam o chão de pedra conforme ele tentava andar, ele
precisava se acostumar, novamente, com seu corpo animagus.

Ele caminhava estranhamente, seu corpo parecia querer fazer outra coisa no lugar de
caminhar. Mas o que ele faria? Dragões chineses eram capazes de voar, mesmo sem possuírem
asas. Eles serpenteavam no céu, usando as correntes de ar como impulso e movendo seu corpo
como o de uma serpente. A magia os dera a habilidade natural de voar sem a necessidade de
possuírem asas, eles não precisavam usar magia para voarem. Mas será que ele também possuiria
essa benção? Será que conseguiria voar? Ele não era um dragão legítimo. Mas também, ele não era
uma criatura que já existiu em todos os anos de existência do mundo. A Magia o abençoaria com
essa habilidade? O que custava tentar? O que ele conseguiria, se não pudesse voar como os
dragões chineses, era se esparramar dolorosamente no chão.

E então, Hadrian se preparou, flexionou as patas e deu um forte impulso para cima. Ele pode
sentir o vento acariciando todo o seu corpo conforme ele ia mais para cima. Ele conseguia! Ele era
capaz de voar como um dragão chinês! A quimera sorriu, o que resultou em suas presas venenosas
ficarem à mostra. Ele lembrava-se de ler os movimentos dos dragões chineses quando pesquisou
sobre a raça do ovo que estava chocando. Eles moviam-se como as serpentes, só que no ar, então
não seria muito difícil. Ele ergueu a cabeça e viu-se subindo ainda mais. Era como pilotar uma
vassoura. Era como se estivesse embaixo d’água, ele simplesmente movimentava-se e tudo
acontecia sem nenhuma preocupação.

— FILHOTE?! — Hera e Nyx gritaram de surpresa assim que irromperam da escuridão dos canos
com seus corpos crescidos até os tamanhos máximos. Hadrian fechou os olhos e desceu, ele havia
se perdido na euforia e alegria enquanto treinava seus movimentos no amplo espaço da Câmara
Secreta.

— Eu posso voar! — Ele disse animado enquanto pousava no chão com tropeços, ainda se
acostumando ao novo corpo. Isso o fez perder o equilibro e ele caiu no chão com uma dor aguda na
mandíbula por colidir com a pedra abaixo de si.

— Por que você está de olhos fechados? — Nyx perguntou preocupada.

— Eu herdei características dos sangues que bebi. — Hadrian deitou-se no chão frio. — Eu
possuo patas e posso voar como um dragão chinês. Tenho a crista de um basilisk macho. Tenho
o seu veneno, Nyx, somado ao de um basilisk. E eu acho que também adquiri os olhos de um
basilisk. Eu preciso de sua ajuda, Hera, para o controlar e não matar ninguém sem querer.

— Oh, filhote. — As duas serpentes se aproximaram de Hadrian e acariciaram sua cabeça com
seus focinhos. — É claro que eu te ajudo. — Hera arrumou-se na frente da quimera e olhou-o com
carinho. — Você deve concentrar a sua magia nos seus olhos, encontrar a parte onde o poder de
matar está e encobri-lo com uma “cápsula” de magia. O meu é uma bolinha de luz amarela,
talvez seja o mesmo que o seu. Você deve coloca-la numa “bolha” e então o poder dos seus olhos
estará desativado.

— Okay. — Hadrian suspirou e concentrou-se em sua magia.

Ele podia ver o seu corpo atual, linhas de magia pulsavam como sangue em suas veias em
um azul celeste. O seu coração humano brilhava em vermelho ao lado do seu coração animagus
que brilhava em verde. Subindo para a sua cabeça, ele pode ver duas bolinhas amarelas nos seus
olhos. Focando naqueles pontos, ele ordenou que sua magia cobrisse as bolinhas. E então uma
barreira perolada envolveu as duas esferas cintilantes e Hadrian sentiu algo em seus olhos
formigar. Havia funcionado. Lentamente, ele deixou essa “paisagem mental” e retornou para a
Câmara. Hesitante, ele abriu os olhos e encarou os amarelos de Hera. E o basilisk pareceu vibrar de
alegria ao contemplar sua cria.

— Você conseguiu filhote! — Ela atirou-se em si e circulou seu pescoço num abraço serpentino.

— NUNCA MAIS ME DE UM SUSTO DESSES! — Nyx juntou-se ao abraço e Hadrian viu-se


agarrado por duas cobras gigantescas. — Eu achei que ia perder você, filhote. — Hadrian sentiu
seu coração pesar ao ouvir o tom triste na voz do familiar.

— Me desculpe por te preocupar, Nyx. — Hadrian admitiu envergonhado.

— Está tudo bem agora, filhote. — Nyx acariciou o rosto da quimera com carinho.

— Como saberemos se eu realmente posso falar com outros répteis? — Hadrian afastou-se do
abraço das duas cobras e as olhou com curiosidade.

— Eu acho que sua aparência já responde tudo. — Hera brincou.

— Volte para sua forma humana e transfigure um lagarto. — Nyx aconselhou.

Hadrian assentiu e concentrou-se na sua forma humana. Lenta e dolorosamente ele voltou a
ser um garoto de quatorze anos de idade, demoraria algum tempo para se acostumar com o novo
corpo de animagus. Ele cambaleou até a mesinha e apanhou sua varinha, sentou-se no chão com as
pernas em lotus, onde Fawkes imediatamente se acomodou em seu colo e começou a cantarolar
uma melodia que fazia toda a dor do seu corpo desaparecer. Hadrian transfigurou uma pedra em
uma iguana, que parecia atordoada e assustada.

— Oi. — Hadrian cumprimentou nervoso. A iguana olhou-o com curiosidade e interesse.

— Você falou comigo? — A voz masculina perguntou surpresa. Hadrian ofegou e sorriu.

— Você pode entender o que eu digo? — O garoto olhou o réptil com alegria, inconscientemente
seus dedos acariciavam a phoenix em seu colo.

— Posso. Mas como você pode me entender? — Perguntou desconfiado.

— Magia. — O sorriso de Hadrian aumentou e ele deu de ombros. — Quer ir para um lugar
melhor? Tem uma floresta muito legal aqui. — A iguana pareceu pensar por um tempo.

— Me leve até lá. — Decidiu.

— Okay. Só um minuto. — Hadrian levantou-se, Fawkes voou até poder se acomodar no ombro
do garoto, e caminhou até o púlpito. Ele fez a mesinha e os frascos vazios desaparecerem, pegou o
Grimório de Morgana, encolheu-o e guardou no bolso, fez o púlpito e o desenho desaparecerem. —
Obrigada pela ajuda, Hera. — As duas serpentes encolheram e Nyx subiu em seu braço contrário
do ombro onde a phoenix estava.

— Estarei sempre aqui, filhote. — O basilisk acenou com a cabeça e desapareceu em um cano,
retornando para a Torre da Gryffindor para proteger os namorados Gryffindor. Logo Hadrian
encaminhou-se para a iguana que o olhava com interesse.

— Eu terei que carregá-lo, tudo bem?

— Claro. — O garoto estendeu as mãos e o animal subiu nelas, Hadrian o colocou em um bolso
grande nas vestes.

— Vamos voltar para Hedwig, garoto. — Hadrian acariciou a ave, que gorjeava alegremente, e fez
o poleiro desaparecer. Apanhou a Capa do chão e cobriu-se com ela, pegou Fawkes nos braços e o
escondeu. Em pouco tempo ele estava no Owlery. — Seguindo naquela direção você será capaz
de encontrar a floresta. — Hadrian colocou a iguana no chão.

— Obrigado. — Acenou com a cabeça antes de desaparecer na escuridão. Ele abriu a Capa para
Fawkes voar. O que ele não fez.

— Eu preciso que você volte para a Malfoy Manor ainda essa noite. Tudo bem? — A Phoenix piou
em concordância, encostou seu bico nos lábios do garoto, que lhe deu um beijinho e sorriu
docemente. — Obrigado pela ajuda hoje, Fawkes. Você me salvou. De novo. — Acariciou as
penas macias, a ave vibrou de contentamento. — Vou deixá-los se despedirem, agora. — Ele
acariciou as penas macias das duas aves e sorriu. — Até mais. — Colocou o capuz e retornou para
o castelo. Ele sentia-se completamente exausto e dolorido, mas incrivelmente feliz e excitado. Ele
havia conseguido realizar o ritual! Ele conseguiria passar pela primeira prova sem problemas com
essa vantagem. Ele mal podia esperar.
Capítulo 112
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Hadrian levantou-se na manhã de domingo e se vestiu com excitação. Seus nervos estavam à
flor da pele, ele podia sentir todo fluxo de magia ao seu redor, e qualquer perturbação ou a
aproximação de outra fonte de magia (ou seja, uma pessoa) o deixava em alerta total. Ele e os
amigos desceram até o Salão Principal e acomodaram-se na mesa da Slytherin. Fred, George,
Neville, Colin, Dennis, Luna Cedric e Viktor juntaram-se a eles. Viktor tinha uma expressão de
assombro no rosto, Hadrian estava certo: Karkaroff havia contado a ele qual seria a primeira tarefa.
Só restava Cedric, que ainda não sabia dessa informação.

— Vai dar tudo certo. — Hadrian sussurrou para Viktor, direcionando lhe um olhar de
compreensão. O búlgaro analisou a calma do menor, e estranhou isso.

Depois de comerem, Hadrian puxou o grupo até a famigerada árvore perto do Great Lake.
Nos jardins, longe de qualquer um, contou-lhes tudo sobre os dragões e sobre o ritual. Mesmo
alarmados com a dor que Hadrian passara, e quase morrera sem a ajuda de Fawkes, o grupo
manteve-se controlado para não chamarem atenção desnecessária.

— Por que tudo acontece com você, mesmo? — Dennis perguntou cético.

— Eu também gostaria de saber. — Hadrian sorriu para o loirinho.

— Mas agora precisamos pensar em como passar pelos dragões. — Draco apontou. — Viktor e
Cedric não falam parseltongue como você. E se você não conseguir conversar com o dragão, você
precisaria de um plano B.

E então, todos começaram a bolar planos diferentes e separados para cada um dos três
campeões ali presentes. Levando em conta a habilidade física e mágica de todos eles para
conseguirem maior eficiência na tarefa. Eles também foram à biblioteca pesquisar mais sobre
dragões. Na segunda-feira, Hadrian e os Slytherin do quarto ano estavam indo para a aula de
Herbologia quando o Príncipe de Camelot ouviu um conhecido som às suas costas. Virou-se e viu
Mad-Eye Moody saindo de uma sala próxima.

— Venha comigo, Potter. — Rosnou o professor. — O resto, podem ir andando. — Hadrian olhou
curioso para Moody.

— Hum... Professor, eu devia estar na aula de Herbologia...

— Esqueça, Potter. Na minha sala, por favor...

Hadrian despediu-se dos amigos e acompanhou-o, se perguntando o que iria lhe acontecer
agora, Nyx ficara tensa conforme eles avançavam. O garoto acompanhou Moody à sua sala, o
professor fechou a porta ao passarem e se virou para encarar Hadrian, o olho mágico fixo nele ao
mesmo tempo que o olho normal.

O garoto havia consultado o Marauder’s Map inúmeras vezes desse a conversa com Severus.
Ele havia descoberto que, onde era para estar Moody (na sala de aula ensinando ou no Salão
Principal comendo) na verdade estava o ponto dizendo “Bartemius Crouch” e que “Alastor
Moody” nunca deixava o seu escritório particular. Porém, Crouch não era visto há semanas, mas
também não havia motivos para ele estar se passando por Moody. Hadrian pesquisou a fundo sobre
o homem. Ele descobriu que ele tinha um filho que tinha o mesmo nome (o Marauder’s Map só
mostrava o primeiro nome e o sobrenome, não haviam acréscimos ou apelidos), que era um Death
Eater, que fora sentenciado à Azkaban por volta dos dezenove anos e que morrera lá. Logo depois
sua esposa havia morrido e Crouch havia perdido tudo pela sua obsessão pela Luz. Sirius contou
mais sobre o homem, pois fora ele quem o mandara para Azkaban sem julgamento, e ele também
presenciou o homem e sua esposa visitando a cela do filho. Ao saírem Crouch estava carregando
sua esposa, e logo após o filho morreu. Crouch nem fora buscar o corpo, os dementors o enterraram
na ilhota da prisão.

Mas Hadrian conversou e pensou junto com os amigos e namorados. Crouch teria
abandonado a esposa para salvar o filho (que ele mesmo o sentenciou à Azkaban)? Ou foi um
plano de uma mãe protetora para salvar a vida do filho, sacrificando a si mesma pelo amor que
sentia por sua prole? Se Barty Jr. Já fora um Death Eater, ele estando livre teria voltado para
Voldemort. Não teria? Fora Barty que colocara seu nome no Cálice de Fogo? Tudo isso era um
plano para matar Hadrian sem se arriscar? Barty estava se passando por Moody para monitorar os
movimentos de Hadrian? Para certificar-se de que sua tarefa ocorresse perfeitamente? O que
Voldemort estava planejando? Nyx também o havia dito que a assinatura mágica de “Moody” era
diferente da do senhor Crouch. Então a sua teoria de que o Bartemius Crouch que rondava o castelo
com a aparência de Alastor Moody era o filho do Diretor do Departamento de Execução das Leis
da Magia estava correta.

— Sente-se. — Disse o professor, e o garoto se sentou, espiando para os lados e mantendo-se


alerta.

A sala estava apinhada com um número excepcional de objetos estranhos que, supunha
Hadrian, o verdadeiro Moody usara na época em que fora auror. Sobre a escrivaninha havia algo
que parecia um grande pião de vidro rachado; Hadrian reconheceu imediatamente o bisbilhoscópio,
porque ele próprio era dono de um, embora muito menor do que o de Moody. A um canto, sobre
uma mesinha, havia um objeto que lembrava uma antena dourada de televisão e não parava de
girar. Zumbia levemente. Havia algo que lembrava um espelho pendurado na parede oposta a
Hadrian, mas não refletia a sala. Vultos escuros se moviam por ele, nenhum realmente em foco.

— Gosta dos meus detectores de presença das trevas? — Perguntou Moody, que observava
Hadrian atentamente.

— Que é aquilo? — Perguntou o garoto, apontando para a antena dourada de televisão.

— Sensor de segredos. Vibra quando detecta alguma coisa oculta ou falsa... Não funciona aqui, é
claro, há interferência demais, estudantes para todos os lados mentindo para justificar por que não
fizeram os deveres. Anda zumbindo desde que cheguei. Tive que desligar o meu bisbilhoscópio
porque ele não parava de apitar. É extrassensível, capta qualquer coisa num raio de um quilômetro
e meio. Naturalmente, poderia estar captando mais do que mentiras infantis. — Acrescentou com
um rosnado. Hadrian soube imediatamente para o que eram aqueles artefatos de monitoramento
serviam e porque estavam “enlouquecidos”. Era para sua mentira não ser descoberta e ainda se
manter no papel do louco Alastor Moody.

— E para que serve o espelho?

— Ah, é o meu Foe-Glass. Está vendo eles ali, rondando? Não estou realmente em perigo até
enxergar o branco dos olhos deles. É aí que abro o meu baú. — Ele soltou uma gargalhada breve e
rouca e apontou para um grande baú sob uma janela. Tinha sete fechaduras alinhadas. Era o mesmo
canto onde aparecia o nome de Alastor Moody no Marauder’s Map. Um mistério a menos na sua
lista. — Então... Descobriu a respeito dos dragões? — Hadrian permaneceu calado. Como se fosse
denunciar Hagrid por infringir as regras. — Tudo bem. — Disse Moody, sentando-se e esticando a
perna de pau com um gemido. — Tradicionalmente trapacear sempre fez parte do Triwizard
Tournament.

— Hum. — Manteve-se neutro.

— Não estou acusando-o, menino. Venho dizendo a Dumbledore, desde o começo, que ele pode
ter os princípios elevados que quiser, mas pode apostar que o velho Karkaroff e Maxime não os
terão. Devem ter dito aos seus campeões tudo o que puderam. Querem ganhar. Querem vencer
Dumbledore. Gostariam de provar que ele é apenas humano. — Moody deu aquela sua risada
rouca e seu olho mágico girou tão rápido que fez Hadrian se sentir tonto só de ver. E isso o fez
sentir um arrepio percorrer sua espinha. — Então... Já tem alguma ideia de como vai conseguir
passar pelo dragão? — Perguntou Moody.

— Sim.

— Bom, eu não ia lhe dizer. — Afirmou o professor com rispidez. — Não demonstro favoritismos.
Mas vou lhe dar uns bons conselhos de ordem geral. O primeiro é: explore os seus pontos fortes.

— Pontos fortes? — Perguntou Hadrian, a cautela e a desconfiança eram palpáveis. O que ele
queria? Ele não deveria fazer com o que o garoto morresse? Por que ele o estava ajudando? Ele
queria que Hadrian sobrevivesse? Qual era o objetivo de Voldemort? O que ele estava planejando?

— Você tem pontos fortes se eu digo que os tem. Pense um pouco. Que é que você sabe fazer
melhor? — No que é que ele era melhor? Bom, isso era realmente fácil...

— Em tudo, praticamente. — Soltou uma risada nasalada. Ele realmente podia fazer tudo. Feitiços,
poções, rituais, encantamentos, voar, ele era bom em qualquer coisa.

— Certo. — Disse Moody mirando-o com muita severidade, o olho mágico mal se mexendo. —
Você é um grande piloto, pelo que ouvi falar. Meu segundo conselho de ordem geral. — Disse
Moody em voz alta, interrompendo-o. — É usar um feitiço bom e simples que lhe permita
conseguir o que precisa. — Hadrian olhou para ele sem entender. O que ele estava planejando? O
Moody-Barty assimilou o seu silencio calculista à burrice. — Vamos, moleque... — Sussurrou
Moody. — Some dois mais dois... Não é tão difícil assim...

— Eu já entendi que você está me dizendo para usar um Feitiço Convocatório. — Ralhou o garoto.
— Mas por que está me ajudando, senhor? — Moody pareceu preocupado por milésimos de
segundos antes de voltar a ter sua expressão vazia.

— Você é o mais jovem, estará competindo contra três bruxos mais velhos e perigos
inimagináveis. Dumbledore é louco em não lhe dar assistência, mesmo a mínima que fosse. —
Hadrian reprimiu sua vontade de rir. Barty estava se esforçando em parecer como Moody.

— Acho que irei surpreender o senhor quando a tarefa chegar. — Hadrian levantou-se com
elegância. — Agora, se me der licença, preciso ir para a aula. — Moody assentiu e Hadrian se
retirou. A cabeça fervilhando em hipóteses e teorias sobre os planos de Voldemort.

Na manhã seguinte, a atmosfera na escola era de grande tensão e excitação. As aulas iam ser
interrompidas ao meio-dia, dando a todos os estudantes tempo para descer até o cercado dos
dragões, embora, é claro, eles ainda não soubessem o que encontrariam lá. Hadrian sentia-se calmo
e confiante, mesmo que estivesse preocupado caso algo desse errado, ele mantinha sua compostura
e tranquilizava Cedric e Viktor.

— Vamos levar uma caixa de lenços de papel, Potter! — Diziam alguns Gryffindor ao passar.

Na hora do almoço, Severus se aproximou de Hadrian no Salão Principal. Várias pessoas


olhando com curiosidade e expectativa.

— Potter, os campeões têm que descer para os jardins agora... Você tem que se preparar para a
primeira tarefa.

— Okay. — Disse Hadrian se levantando.

— Boa sorte. — Sussurrou Draco ao puxá-lo para um selinho e pegando Nyx nos seus ombros.

— Você vai se sair bem! — Colin sorriu enquanto o moreno beijava brevemente os lábios de cada
namorado antes de se retirar do Salão Principal.

Cedric e Viktor não estavam com eles, então já deveriam ter ido para o local onde se
encontrariam. O garoto deixou o Salão Principal com Severus, que também não parecia nada feliz
com a primeira tarefa. Ao conduzi-lo pelos degraus de pedra para a fria tarde de novembro, ele pôs
a mão no ombro do garoto.

— Agora, não entre em pânico. — Disse ele. — Mantenha a cabeça fria... Temos bruxos à mão
para resolver a situação se ela se descontrolar... O principal é você fazer o melhor que puder e
ninguém vai passar a pensar mal de você por isso... Você está bem?

— Estou. –— Hadrian sorriu-lhe tranquilizadoramente. — Eu já sabia. E tenho um plano. —


Severus piscou várias vezes antes de balançar a cabeça em negação, mas com um pequeno sorriso
divertido.

— Claro que você já sabia. Mas isso não muda o fato de ser perigoso.

— Não se preocupe. Eu tenho tudo sob controle.

— Não morra, Hazz. — O homem estoico o puxou para um abraço apertado. Hadrian sorriu com a
preocupação, o peito quentinho e contente.

— Eu não vou. — Sorriu docemente para o pocionista quando se separaram.

O homem o conduzia ao lugar onde estavam os dragões, margeando a floresta, mas quando
se aproximaram do arvoredo por trás do qual o cercado estaria claramente visível, Hadrian viu que
haviam armado uma barraca, com a entrada voltada para quem chegava, que impedia a visão dos
dragões.

— Você deve entrar aí com os outros campeões. — Disse Severus, se controlando para
simplesmente não pegar o garoto nos ombros e fugir daquela loucura. — E esperar a sua vez.
Bagman está aí dentro... Ele lhe dirá como... Proceder... Não se machuque.

— Eu ficarei bem. — Disse Hadrian sorrindo para o professor, que acariciou sua bochecha com
ternura antes de partir. E então o garoto entrou.

Fleur Delacour estava sentada a um canto, em um banquinho baixo de madeira. Não parecia
nem de longe a garota habitualmente composta, parecia um tanto pálida e suada. Viktor parecia
ainda mais carrancudo do que o normal, com a sua máscara de frieza, o que fez Hadrian supor que
aquela era a sua maneira de demonstrar nervosismo. Cedric andava para lá e para cá. Quando
Hadrian entrou, os olhos de todos focaram nele.

— Hadrian! Que bom! — Exclamou Bagman alegremente, virando-se para olhá-lo. — Entre, entre,
fique à vontade!

Bagman por alguma razão parecia um personagem de quadrinhos grande demais, parado ali
entre os campeões pálidos. Trajava as antigas vestes do Wasp. Hadrian se aproximou de Viktor e
Cedric e segurou-lhes as mãos com carinho. O homem informou-lhes que, quando os espectadores
terminassem de se acomodar nas arquibancadas ele daria um saquinho para cada campeão sortear
uma miniatura do que iriam enfrentar. Bagman disse que a tarefa seria apenas apanhar um ovo de
ouro.

Fleur Delacour não tivera a menor reação. Talvez achasse que iria vomitar se abrisse a boca.
Viktor e Cedric repassavam seus planos na cabeça enquanto Hadrian estava ocupado em acariciar
suas mãos para os transmitir calma. E pouco depois, ouviram-se centenas e mais centenas de pés
passando pela barraca, seus donos excitados, dando risadas e fazendo piadas... Então, lhe pareceu
que transcorrera apenas um segundo, Bagman estava abrindo a boca do saquinho púrpura.

— Primeiro as damas. — Disse ele, oferecendo-o a Fleur Delacour.

Ela enfiou a mão trêmula no saquinho e retirou uma minúscula e perfeita figurinha de
dragão. Era um Welsh Green com o número “2” pendurado ao pescoço. Fleur não demonstrou o
menor sinal de surpresa, mas sim uma decidida resignação. O mesmo se aplicava a Viktor, que
tirou o Chinese Fireball com o número “3” pendurado ao pescoço. Ele sequer piscou, apenas olhou
para o chão. Cedric enfiou a mão no saquinho e retirou o Swedish Short-Snout, o número “1”
pendurado ao pescoço. Sabendo o que sobrara, Hadrian meteu a mão no saquinho de seda e tirou o
Hungarian Horntail e o número “4”. O dragão abriu as asas quando o garoto o olhou e arreganhou
os dentes minúsculos.

Bagman tentou fazer com que Hadrian trapaceasse, mas ele negou e voltou para dentro da
barraca. Indo abraçar Cedric e o acalmando com palavras doces. As mãos do Hufflepuff tremiam
contra as suas. Um apito soou em algum lugar e o garoto ficou verde.

— Você vai conseguir! — Hadrian disse sorridente para o Hufflepuff enquanto o abraçava com
força e beijava-lhe brevemente os lábios. — Lute com a fúria de um texugo. — Cedric sorriu, ele
pareceu se animar e adquirir coragem ao sair do local.

Hadrian voltou para a companhia de Viktor e Fleur, sentou-se ao lado do garoto mais velho e
ambos analisavam as miniaturas de seus dragões. Segundos mais tarde, ouviu os berros dos
espectadores, o que significava que Cedric entrara no cercado, e agora estava cara a cara com o
modelo vivo de sua figurinha. Foi pior do que Hadrian poderia ter imaginado, ficar sentado ali
escutando. A multidão gritava, urrava, exclamava como uma entidade única de muitas cabeças,
enquanto Cedric fazia o que quer que estivesse fazendo para tentar passar pelo Swedish Short-
Snout. Viktor começara a balançar uma perna para cima e para baixo, um claro sinal de ansiedade
reprimida. Fleur agora passara a refazer os passos de Cedric, dando voltas na barraca.

Os comentários de Bagman tornavam tudo muito pior... Seu coração contorcia-se de


preocupação a cada mísero som. Imagens horrendas se formaram na mente de Hadrian, quando ele
ouviu: “Aaah, por um triz. Por muito pouco.”; “Ele está se arriscando, o campeão!”; “Boa
tentativa! Pena que não deu resultado!”. Então, uns quinze minutos depois, Hadrian ouviu um urro
ensurdecedor que só poderia significar que Cedric conseguira passar pelo dragão e se apoderara do
ovo de ouro. Os juízes deram as notas, o que não fora irradiado por Bagman. O apito soou
novamente.

Fleur tremia da cabeça aos pés, mas deixou a barraca com a cabeça erguida e a mão
apertando a varinha. Hadrian e Viktor ficaram a sós, lado a lado em um sofá da barraca, tentando
tranquilizar um ao outro. Recomeçou o mesmo processo. Dessa vez Hadrian não estava preocupado
com o campeão no cercado, seu foco estava totalmente em tranquilizar Viktor. Dez minutos
depois, o garoto ouviu a multidão prorromper em aplausos mais uma vez. Fleur devia ter sido bem-
sucedida também. Uma pausa, enquanto os juízes mostravam as notas de Fleur. Então, pela terceira
vez, o apito soou.

— E aí vem o senhor Krum! — Exclamou Bagman.

— Você vai conseguir. — Beijou-lhe a bochecha.

— Boa sorte para você também, Hazz. — Viktor beijou sua testa antes de sair da barraca, deixando
o garoto só.

Ele sentia-se muito mais consciente do seu corpo do que normalmente; consciente de que seu
coração batia acelerado e seus dedos formigavam de preocupação. Mas, ao mesmo tempo, ele
parecia estar fora do próprio corpo, vendo as paredes da barraca e ouvindo a multidão, como se
estivesse muito longe. Ele escutava os comentários de Bagman com uma preocupação quase
palpável. O dragão em miniatura em sua mão soltou um rugidozinho para o animar. O garoto
sorriu para a criatura e deu-lhe carinho. Contente por ter uma companhia para o manter são.

Os aplausos romperam o ar invernal como se espatifassem uma vidraça; Viktor terminara.


Seria a sua vez a qualquer momento. Hadrian se levantou, deixou a miniatura do dragão dentro do
saco. Durante todo esse tempo a pequena criatura ficou calma em sua mão enquanto o garoto o
analisava ou focava em acalmar os garotos mais velhos. Hadrian aguardou até que ouviu o apito
tocar.
Ele cruzou a entrada da barraca, a ansiedade se avolumando dentro dele. E agora, estava
passando pelas árvores e atravessando uma abertura na cerca. Havia centenas e mais centenas de
rostos nas arquibancadas que o olhavam, que tinham se materializado desde a última vez que ele
estivera naquele lugar. E havia o Horntail, do outro lado do cercado, deitado sobre sua ninhada de
ovos, as asas meio fechadas, os olhos amarelos e malignos fixos nele, um lagarto negro,
monstruoso e coberto de escamas, sacudindo com força o rabo de chifres, que deixava marcas de
um metro de comprimento escavadas no chão duro. A multidão fazia uma barulheira infernal, mas
se era simpática ou não a ele, Hadrian não sabia nem se importava. Era hora de fazer o que tinha de
fazer... Focalizar a mente, inteira e absolutamente, na coisa que era sua única chance...

Mas assim que os grandes olhos amarelos se focaram nele, o dragão atacou. Uma imensa
corrente de fogo veio em sua direção. Hadrian rolou para o lado e se protegeu atrás de uma pedra
quando as chamas alcançaram o local que ele estava um segundo atrás.

— Humanos nojentos. Querem levar meus filhotes. Não vou deixar! Vou matar todos! — Uma
voz feminina, profunda e nada humana reverberou pelo local, mas apenas Hadrian pode entender
rugidos e rosnados que o dragão soltou.

O garoto podia ouvir os batimentos do seu próprio coração, pois todos nas arquibancadas
estavam quietos. Com a varinha em mãos, o garoto silenciou seus passos e tentou se aproximar um
pouco mais do ninho para poder ser ouvido pela criatura. Ele esgueirou-se por trás de rochas
enquanto a criatura cuspia torrentes de fogo ardente, e assumia posição de ataque.

— ME ESCUTE! — Hadrian ordenou num berro de silvos e estalos quando julgou estar perto o
suficiente. O dragão parou imediatamente de se mover e todos os espectadores reprimiram a
respiração ao ouvirem Hadrian usar parseltongue para falar com a criatura.

— Humanos imundos. Estão tentando me enganar! — O dragão rosnou perigosamente.

— NÃO ESTOU TE ENGANANDO! EU POSSO FALAR A SUA LINGUA! ME ESCUTE!


TEM UM IMPOSTOR NO SEU NINHO! EU VIM RETIRÁ-LO PARA PROTEGER OS SEUS
FILHOTES! — O dragão parou, parecia estar pensando.

— Mostre-se humano! — Hadrian respirou profundamente e saiu detrás do seu esconderijo. Todos
ofegaram e reprimiram gritos quando o garoto estava cara a cara com o enorme dragão.

— Eu vim ajudar. Não quero lutar. — Comentou enquanto guardava a varinha e erguia as mãos.
Nesse momento, nem Bagman era capaz de falar alguma coisa, ninguém ousava abrir a boca.

— Você tem o cheiro de um dragão. — A criatura aproximou sua cabeçorra do pequenino garoto e
cheirou-o. — Eu sinto a verdade nas suas palavras, filhote de humano.

— Obrigado por me ouvir. — Hadrian sorriu com o alívio que se apoderou do seu corpo.

— Meus filhotes estão em perigo? O que isso quer dizer? — A criatura olhou-o nos olhos, o
avaliando.

— Tem um ovo impostor no meio dos seus filhotes. Vim retirá-lo antes que cause problemas.

— Então prossiga. — O dragão afastou-se e deu passagem para o garoto.

— Com licença. — Hadrian encaminhou-se até o ninho cheio de ovos com cor de cimento e
apenas um ovo dourado, brilhando bem no meio dos outros. Ele aproximou-se com cuidado para
não danificar nenhum ovo e agarrou o de ouro. Ele era pesado, mas estava seguro em seus braços.
Ele se retirou do ninho e olhou sorridente para o dragão, que parecia muito feliz em ver que seus
filhotes estavam seguros.

— Muito obrigada, filhote de humano. — O dragão voltou a deitar-se no chão perto do ninho e
esticou o pescoço para aproximar seu rosto do garoto. — Você salvou meus filhotes. Obrigada. —
A cabeçorra estava tão perto de si que Hadrian poderia tocar suas escamas. Com um movimento
rápido, sob os gritos de pavor e surpresa da multidão, Hadrian foi erguido pelo colarinho, as roupas
fortemente seguras contra presas afiadas.

— OW! — Exclamou surpreso ao ser içado no ar e colocado perto da enorme criatura. O dragão o
abraçou, tomando cuidado para não o esmagar e soprou vapor pelas narinas.

— Você é precioso, filhote de humano. — O dragão pareceu sorrir.

— Eu posso te fazer carinho? — Perguntou hesitante.

— Claro, filhote. — Deitou sua cabeça no chão, Hadrian largou o ovo de ouro ao seu lado e se
aproximou do enorme focinho escamoso. Suas mãos tocaram as duras escamas e começaram a
acariciar. O dragão fez um som no fundo do peito, parecia um ronronar, e fechou os olhos em
contentamento.

— Acho melhor eu ir. Mas prometo visitá-la antes de partir. — Levantou-se e pegou o ovo.

— Obrigada, novamente, por salvar meus filhotes. — O dragão sorriu novamente.

— Não há de que. — Hadrian acenou com a cabeça. — Cuidem-se.

— Você também, filhote de humano. — Hadrian sorriu e se retirou da arena. Só então as


arquibancadas explodiram.

A multidão, que gritava e aplaudia com tanto estardalhaço quanto os torcedores dos
irlandeses na Copa Mundial, estava enlouquecida. Os Slytherin, os amigos e namorados de Hadrian
gritavam com ainda mais força do que todos os outros. Severus permitiu-se comemorar
brevemente antes de voltar a sua máscara de frieza. Porém, Dumbledore e Minerva não estavam
nada contentes com o resultado. Hadrian havia aprimorado seu parseltongue com um ritual das
Trevas. Ele estava escapando entre seus dedos como água. Eles precisavam fazer algo. “Moody”,
por outro lado, estava muito surpreso com as ações do garoto. Ele precisava relatar isso para o seu
Senhor.

— Olhem só para isso! — Berrava Ludo Bagman. — Por favor olhem para isso! Nosso campeão
mais jovem foi o mais rápido a apanhar o ovo! Bom, isto vai diminuir a desvantagem do senhor
Potter! Ele, literalmente, conversou com o dragão! Senhoras e senhores, o Príncipe de Camelot
consegue conversar, não só com cobras, mas também com dragões! Ele ainda saiu ileso, pessoal!
Sem nenhum arranhão ou queimadura! Fenomenal! E a mamãe dragão pareceu gostar do garoto!
Até permitiu-lhe dar carinho! Todos sabemos que os Horntail são os dragões mais mortais e
agressivos. Principalmente se for uma jovem mãe em época de nidificação, protegendo seus ovos!
Impressionante!

Hadrian viu na entrada do cercado, Severus, “Moody” e Hagrid que corriam ao seu encontro,
todos acenando para ele, seus sorrisos visíveis mesmo àquela distância. O coração de Hadrian
estava mais leve do que estivera em semanas. Conseguira cumprir a primeira tarefa. O ritual dera
certo. Ele sobrevivera.
— Foi excelente, Hadrian! — Exclamou Severus quando ele se aproximou com o ovo em mãos.
— Vai precisar procurar Madame Pomfrey antes que os juízes anunciem sua nota... Ali, ela já teve
que fazer um curativo em Diggory...

— Você conseguiu, Hadrian! — Exclamou Hagrid rouco. — Você conseguiu! E ainda por cima
contra o Horntail e, sabe, Charlie disse que esse era o pior...

— Obrigado, Hagrid. — Disse Hadrian em voz alta, para que o meio-gigante não se atrapalhasse e
acabasse revelando que, na véspera, mostrara ao garoto os dragões. “Moody” parecia muito
satisfeito, também; seu olho mágico dançava na órbita.

— Certo então, Hadrian, para a barraca de primeiros socorros, por favor... — Disse Severus dando
tapinhas nos ombros do garoto, seus olhos negros brilhavam em orgulho e alívio por ver o menor
vivo e ileso. Hadrian saiu do cercado e viu Madame Pomfrey parada à entrada da segunda barraca
com ar preocupado.

— Dragões! — Exclamou ela com a voz desgostosa, puxando Hadrian para dentro. A barraca era
dividida em cubículos; ele viu a silhueta de Cedric através da lona, mas o campeão não parecia
muito machucado; pelo menos estava sentado. Madame Pomfrey examinou o garoto, mesmo ele
dizendo que estava bem, falando nervosamente sem parar, o tempo todo. — No ano passado foram
os dementors, este ano são os dragões, que é mais que vão trazer para a escola? Você teve muita
sorte... Você não tem nada. Agora se sente quieto um minuto, sente-se! Depois pode ir receber a
sua nota. — A enfermeira saiu apressada da barraca e ele a ouviu entrar na porta vizinha e dizer: —
Como é que você está se sentindo agora, Diggory?

Hadrian não queria ficar sentado imóvel; continuava cheio de adrenalina, e estava
preocupado com os garotos mais velhos. Levantou-se, e se aproximou de Cedric. O garoto estava
bem, mas estava enfaixado e tinha uma careta de dor.

— Como você está? — Hadrian perguntou preocupado, pousando o ovo ao lado do Hufflepuff e
segurando-lhe as mãos. Um lado da cabeça de Cedric estava coberto com uma grossa pasta laranja,
que presumivelmente estava curando sua queimadura. Ele sorriu para Hadrian ao vê-lo.

— Melhor. Só algumas queimaduras. — Cedric sorriu.

— Você fez o que combinamos?

— Sim. Transfigurei uma pedra num labrador. Até consegui fazer o dragão avançar no cachorro e
não em mim. Eu consegui pegar o ovo, mas o dragão pareceu mudar de ideia no meio do caminho
e decidiu que preferia me pegar em vez do labrador. Escapei por um triz.

— Torneio idiota. — O moreno beijou a testa do mais velho. — Que bom que você está bem.
Fiquei tão preocupado.

— Eu quero a minha recompensa. — Cedric olhou-o com olhinhos pidões e Hadrian sorriu.

— Quando você estiver melhor. — Prometeu enquanto beijava-lhe os lábios brevemente. — Onde
está Viktor?

— Logo ali. — Cedric apontou para um lado.

— Obrigado. — Hadrian sorriu e se direcionou para a baia do búlgaro. — Como você está? — Se
aproximou do mais velho, que estava sentado e parecia ileso.

— De verdade? Frustrado. — Viktor suspirou e Hadrian sentou-se ao seu lado e segurou uma de
suas mãos.

— O que aconteceu? — Hadrian perguntou preocupado.

— Quando eu vi o dragão eu meio que entrei em pânico e esqueci o plano que criamos. Acabei
atacando o dragão com um feitiço bem no olho. Mas ele saiu andando agoniado e amassou metade
dos ovos de verdade. Eu perdi pontos. Não podíamos danificar a ninhada.

— Eu sinto muito. — Hadrian beijou-lhe a bochecha. — Não foi sua culpa. Está tudo bem. —
Hadrian sentiu seu peito se contorcer de dor ao imaginar a dor daquela pobre mãe. Matara os
próprios filhotes...

Várias pessoas entraram em disparada: os amigos e namorados de Hadrian. Eles se


aproximaram correndo do garoto com largos sorrisos nos rostos.

— Hadrian, você foi genial! — Exclamou Colin enquanto jogava-se nos braços do moreno. —
Você foi fantástico! Realmente incrível!

— Eu quase me caguei nas calças por você! — Theodore apontou. Todos os namorados do garoto
o abraçavam com força e o parabenizavam.

— Anda, Hazz. Eles vão anunciar as suas notas. — Pansy comentou nervosa. Ele apanhou o ovo
que deixara na cama de Cedric, sentindo-se mais eufórico do que teria acreditado possível uma
hora atrás, Hadrian se despediu de Viktor e Cedric, e saiu da barraca com o grupo logo atrás.

— Você foi o melhor, sabe, ninguém foi páreo para você! — Fred anunciou excitado.

— O que a Fleur fez? — Hadrian perguntou curioso.

— Ela tentou uma espécie de feitiço, acho que estava querendo fazer o dragão entrar em transe
com seu dom de parte veela. Bom, isso funcionou, a criatura ficou sonolenta, mas aí soltou um
ronco e cuspiu um grande jorro de chamas e a saia dela pegou fogo, ela apagou com Aguamenti.
Mas ela conseguiu pegar o ovo. — Dennis comentou com desgosto.

— Você fora o melhor de todos. — Neville comentou sorridente para o namorado.

O grupo chegou ao cercado. Agora que o Horntail fora levado, Hadrian pôde ver onde os
cinco juízes estavam sentados, bem na outra extremidade, em assentos altos cobertos de tecido
dourado. Charlie surgiu do nada, correndo em sua direção e um largo sorriso nos lábios. O mais
velho agarrou Hadrian em um forte abraço que o levantou do chão, e o rodou.

— Você foi incrível, Hadrian! — Beijou-lhe os lábios com ternura. — Você é incrível. — Hadrian
corou, mas sorriu em agradecimento enquanto o ruivo o colocava no chão.

— Obrigado, Charlie. — Agradeceu envergonhado.

— Cada um dá notas de um a dez. — Explicou Blaise, e Hadrian viu o primeiro juiz, Madame
Maxime, erguer a varinha no ar. Dela saiu uma comprida fita prateada que desenhou um grande dez
no ar.

— Ae caralho! — Fred e George comemoraram. Crouch foi o próximo, lançou um número dez no
ar.

— Está indo bem! — Berrou Theodore, batendo nas costas de Hadrian. Depois, Dumbledore. Ele
também projetou um dez. A multidão aplaudia com mais entusiasmo que nunca. Ludo Bagman:
dez. E agora Karkaroff erguia a varinha. Parou um momento e em seguida saiu um número de sua
varinha também: quatro.

— VOCÊ ESTÁ EM PRIMEIRO LUGAR! — Dennis e Colin agarraram os lados do moreno e o


abraçaram fortemente.

— Quê? — Bradou Charlie furioso. — Quatro? Seu bosta desonesto, você deu dez ao Krum!

Mas Hadrian não se importou, não teria se importado se Karkaroff lhe desse zero. Não fora
apenas a Slytherin que o aplaudia. Hufflepuff e Ravenclaw os acompanharam com o mesmo
entusiasmo, mas a Gryffindor parecia mais contida. Quando chegara a hora, quando viram o que
Hadrian precisava enfrentar, a maioria da escola tinha ficado do seu lado e do de Cedric também...

— Tenho que correr, tenho que mandar uma coruja à mamãe, jurei que contaria a ela o que
acontecesse, mas foi inacreditável! Ah, foi, e me mandaram lhe avisar que você precisa ficar por
aqui mais uns minutinhos... Bagman quer falar com você na barraca dos campeões. — Charlie
falava num único fôlego e roubou um beijo feroz de Hadrian antes de sair correndo.

Seus amigos e namorados disseram que esperariam, de modo que Hadrian tornou a entrar na
barraca, que, de algum modo parecia diferente agora; simpática e hospitaleira. Cedric, Krum e
Fleur entraram juntos.

— Muito bem, todos vocês! — Disse Bagman, entrando na barraca e parecendo satisfeito como se
ele próprio tivesse iludido a guarda de um dragão. — Agora, só umas palavrinhas. Vocês têm um
bom intervalo até a segunda tarefa, que terá lugar às nove e meia da manhã de vinte e quatro de
fevereiro, mas vamos lhes dar alguma coisa em que pensar durante esse tempo! Se examinarem os
ovos de ouro que estão segurando, verão que eles se abrem... Estão vendo as dobradiças? Vocês
precisam decifrar a pista que está dentro do ovo, porque ela dirá qual vai ser a segunda tarefa e
permitirá que se preparem! Ficou claro? Têm certeza? Podem ir, então!

Hadrian deixou a barraca com os dois garotos mais velhos, tornou a se juntar ao grupo de
amigos e namorados e eles recomeçaram a andar costeando a floresta, conversando animados;
Hadrian queria saber com maiores detalhes o que os outros campeões tinham feito. Depois, quando
contornavam o arvoredo, atrás do qual Hadrian ouvira os dragões rugirem pela primeira vez, uma
bruxa saltou do meio das árvores. Era Rita Skeeter. Usava hoje vestes verde-ácido; a pena-de-
repetição-rápida na mão se mesclava perfeitamente com as vestes.

— Parabéns, Hadrian! — Disse ela, rindo radiante para o garoto. — Será que você pode me dar
uma palavrinha? Como foi que você se sentiu enfrentando aquele dragão? Como é que você se
sente agora quanto à lisura das notas?

— Eu estava incrivelmente calmo, pois sabia que meu parseltongue seria eficiente. — Hadrian
sorriu para a mulher. — Eu apenas conversei com ela e disse que tinha vindo retirar um “ovo
perigoso que ameaçava a segurança dos seus filhotes”. Só assim para a criatura me ouvir e me
permitir me aproximar do ninho.

— Muito inteligente da sua parte, Hadrian. Cedric e Viktor. — Olhou para os dois. — Como se
sentiram?

— Eu detesto admitir que minha mente teve um branco ao ver o dragão. — Viktor coçou a nuca e
sorriu. — Hadrian havia me acalmado antes da prova, mas eu acabei esquecendo o plano que havia
elaborado na barraca.

— Oh, querido. Não foi sua culpa. Eu teria desmaiado se estivesse no seu lugar. — Skeeter sorriu
em compreensão.

— Eu esperava que o meu dragão ficasse focado no cão que eu transfigurei. — Cedric comentou
com um sorriso envergonhado.

— Mas todos vocês conseguiram pegar os ovos! Foi impressionante!

— Espero ver um artigo como o anterior, senhorita Skeeter. — Hadrian piscou para a mulher.

— Você terá o que deseja, Hadrian. Agora vou deixar vocês descansarem e comemorarem.
Obrigado pelo tempinho.

— Até mais. — Hadrian despediu-se e ele voltou a subir a encosta com o grupo. Sentia-se muito
bem e feliz.
Capítulo 113
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Quando Hadrian finalmente entrou na sua Sala Comunal, ele foi atacado por muita
comemoração e parabenizações. Havia montanhas de comidas e bebidas, algumas até alcoólicas.
Os mais velhos dos adolescentes soltaram fogos de artificio sem fumaça ou calor, então o ar estava
denso de estrelas e faíscas. Uma aluna, que era muito boa em desenho, tinha pendurado magníficos
galhardetes, a maioria mostrando Hadrian conversando com o dragão ou sendo içado no ar pelas
roupas. O dito campeão juntou-se a festa, serviu-se de comida e bebida. Ele havia puxado seus
namorados da Gryffindor junto com ele, já que Cedric estaria comemorando com os Hufflepuff e
Viktor com os alunos da Durmstrang. Theodore e Pansy estavam rindo como idiotas enquanto
bebiam um vinho suave contrabandeado. Luna, que também se juntou a comemoração com Myrtle,
estava se divertindo ao observar a algazarra.

— Posso provar? — Hadrian indicou a taça que o amigo segurava.

— Vai na fé. — Theodore sorriu divertido ao entregar-lhe o objeto. Hesitantemente Hadrian levou
o líquido escuro a boca e tomou um gole, sua face se contorceu numa careta ao sentir o gosto
amargo e uma leve ardência descendo a garganta. Seus amigos riram de si. — Tão inocente nosso
pequeno Hazz. — Pegou outra taça para si e a encheu.

— Ele não é um pinguço como vocês dois. — Draco sorriu, pegando a taça das mãos do namorado
e bebericando, sua face deu uma leve torcida. — Oh! Isso é azedo.
— Posso provar? — Dennis perguntou esperançoso.

— Meu cu! — Hadrian repreendeu. — Você ainda é muito novo para isso.

— E o seu cu, eu posso provar? — Dennis brincou com um sorriso malicioso. Hadrian, que estava
bebendo seu segundo gole de vinho, se engasgou e começou a tossir. Os amigos e namorados
caíram na gargalhada.

— O contraste entre as personalidades de vocês é incrível. — Neville sorriu para Dennis e Colin. O
Prince mais velho estava com as bochechas coradas de vergonha pelo comentário do irmão,
enquanto este estava rindo de um Hadrian desconcertado.

— Um pequeno causador de caos está sendo moldado. — Fred e George falaram ao mesmo tempo
ao brindar seus copos com Firewhisky.

— Estamos fodidos. — Blaise olhou para o teto como se pedisse para ser levado do mundo dos
vivos naquele instante.

— Agora até que tá ficando bom. — Hadrian comentou depois de mais um gole do líquido amargo.
— Tá frio lá fora, então o líquido quente é bom.

— Ah, pronto. — Draco colocou as mãos nos quadris. — Já tá virando pinguço. — Tomou mais
um gole de vinho.

— Falou a poc que continua bebendo. — Pansy piscou para o loiro.

— Você já foi se foder hoje, Pansy querida? — Draco rebateu.

— Pior que ainda não. Borá Theo? Blaise? — Olhou para os garotos mencionados.

— Não me digam que um trisal está nascendo? — Hadrian sorriu para o trio. Blaise estava
levemente corado e olhava para um lugar qualquer, Theodore sorria maliciosamente, Pansy sorriu e
deu de ombros.

— Os dois únicos garotos bonitos que o Hazz não roubou agora são meus. — Pansy ergueu sua
taça em direção a Hadrian. — Obrigada por poupar estes dois.

— Fazer o que... — Hadrian deu de ombros e imitou o gesto da amiga. — Eu precisava ter alguns
amigos homens sem nos comermos. — O grupo riu.

— Tem pudim? — Luna olhou sonhadora para a mesa cheia de comida.

— Eu pego para você, pequena Lua. — Fred se levantou para catar pudim no meio da montanha de
comida.

— Mas falando sério. — Hadrian sorriu para os amigos. — Estou feliz por vocês.

— Eu sempre soube que no final iam ficar juntos. — Draco deu de ombros. Fred chegou com os
braços cheios de pudim, Luna os tomou do ruivo com ferocidade e começou a se deliciar com os
doces.

— Um brinde ao trisal! — Neville ergueu sua própria taça de vinho. Todos se levantaram e
ergueram suas taças de vinho; Dennis ergueu um copo com suco de uva, Luna ergueu seu potinho
de pudim pela metade e Myrtle ergueu um copo imaginário. O grupo brindou alegremente e
brindaram sobre risadas e brincadeiras.
— BÓRA ABRIR A BALADA, KENGADA! — Um sextanista gritou.

Os Slytherin gritaram em concordância. Então os móveis foram colocados para os cantos da


sala, deixando o meio aberto; as chamas dos archotes diminuíram; fizeram luzes coloridas
inundarem o local escuro; as estrelas e faíscas dos fogos de artifícios deram uma ambientação
ainda melhor; uma garota do sétimo ano tirou do bolso uma mesa de DJ e caixas de som
gigantescas. Aparentemente essa garota visitou o mundo muggle para saber sobre aparelhos de
som e as músicas, além de já ter feito alguma magia para que aqueles aparelhos funcionassem sem
eletricidade. Então o espaço vazio no meio da Comunal foi preenchido por vários adolescentes
alterados e muito felizes. Hadrian puxou os namorados para dançarem.

A noite fora longa. Em certo ponto os primeiros e segundos anos voltaram para seus
dormitórios, exaustos de tanto dançarem e comer. Mas os mais velhos continuaram a festejar.
Hadrian se lembrava que tomara outras bebidas além do vinho suave, e que dera amassos intensos
em cada um de seus namorados em um certo momento. Ele também lembrava que estava dançando
muito próximo dos namorados e os provocando, o que fora o ponta pé inicial para os amassos.
Luna levou um Dennis sonolento para o seu quarto na Comunal da Ravenclaw, mesmo com o
pequeno protestando ao dizer que queria ficar mais. Porém seus bocejos e tropeços de sono o
denunciaram.

Na manhã seguinte Hadrian acordou com uma terrível dor de cabeça, estava na sua cama em
seu dormitório. O detalhe diferente era que sua cama estava muito maior que o normal e seus
namorados o cercavam. Neville e os gêmeos estavam em posições nada confortáveis, Colin estava
quase sendo esmagado por si, e Draco estava num canto com muito espaço só para ele e enrolado
em um cobertor que era para ser para todos.

— Puta que me pariu. — Hadrian praguejou enquanto tentava se levantar sem machucar algum
membro perdido ao seu redor.

— Bom dia, bebum! — Nyx sibilou uma risada. Hera, que estava ao seu lado, também riu.

— Eu sinto que minha cabeça fora usada de balaço. — Hadrian conseguiu sair da cama, mas seu
pé enganchara em um pé alheio e ele caiu de cara no chão com um estrondo.

— NÃO FUI EU! — George gritou ao acordar com o susto, o que fez com que todos os outros
garotos adormecidos também despertassem.

— Por que caralhos cê tá no chão? — Draco perguntou confuso ao olhar para o namorado.

— Porque eu estou apaixonado por ele e queria um beijo. — Hadrian resmungou ao se levantar e
esfregar o nariz dolorido.

— A primeira ressaca do nosso Hazz. — Os gêmeos sorriram um para o outro com as mãos nos
peitos.

— Eu preciso de uma poção para a dor de cabeça. — Colin resmungou ao se remexer na cama.

— Eu pego. — Hadrian foi até o armário do banheiro e pegou a poção, tomou um gole e voltou
para o quarto, onde entregou o frasco para o loirinho. Colin bebeu, depois Neville e por último
Draco.

— Temos tanto o que ensinar para eles, Feorge. — Fred sorriu para o gêmeo.

— Definitivamente, Gred. — Riu ao ver Neville segurando a genitália e correndo para o banheiro
para esvaziar a bexiga.

— Você nem abriu o ovo ontem. — Colin encarou o objeto dourado que estava na mesa de
Hadrian.

— Vamos ver o que ele diz sobre a próxima tarefa. — Ele caminhou até o ovo, enfiou as unhas no
sulco que corria a toda volta do objeto, forçando o ovo a abrir. Estava oco e completamente vazio,
mas no momento em que Hadrian o abriu, um som terrível, alto e agudo com um agouro, encheu o
quarto.

— Fecha isso! — Berrou Draco, as mãos tampando os ouvidos.

— Que é isso? — Perguntou Colin, olhando o ovo enquanto Hadrian tornava a fechá-lo com um
estalo.

— Parecia um espírito agourento... — George comentou. — Quem sabe você vai ter que passar por
um deles da próxima vez, Hazz!

— São merpeople falando. — Hadrian comentou admirado. — Na superfície é um som terrível,


mas embaixo d’água é como um canto hipnótico. — Colocou a mão no queixo e analisou o ovo.
Neville saiu do banheiro um pouco encabulado.

— O que porra foi aquilo? E-eu levei um susto e perdi o controle... — Seu rosto ficou vermelho de
vergonha ao lembrar que seu susto resultou em urina para todo o lado.

— Ta tudo bem, DesertRose. — Hadrian o abraçou. — Foi um acidente. E me desculpe por te


assustar. Tudo bem? — Neville assentiu positivamente com a cabeça. Sua autoestima ainda era
frágil, e ter Hadrian o confortando era muito bom. — Eu vou limpar as coisas lá e depois todos
podemos ir para o café da manhã. Depois eu penso sobre o ovo. — Beijou a testa de Neville e
entrou no banheiro para limpar a bagunça com um aceno de mão.

Em pouco tempo todos estavam reunidos na mesa da Slytherin e desfrutando de um delicioso


café da manhã. Luna veio com Dennis para se juntar ao grupo. O caçula não parava de falar com
extrema excitação sobre a incrível comunal da Ravenclaw. Hadrian despediu-se do grupo e saiu do
castelo, Nyx em seus ombros dormindo sobre um feitiço e aquecimento. O garoto queria verificar
os dragões o mais rápido possível. Ele se esgueirou pelo caminho conhecido até onde as criaturas
estavam, e vira o caos dos bruxos tentando conter um Chinese Fireball em luto pelos ovos
perdidos.

— HEY! — Hadrian se aproximou correndo dos bruxos que estavam prestes a estuporar a coitada
da criatura. — PAREM! — Charlie, que era um dos bruxos tentando conter a fera, olhou-o com
surpresa e espanto. — Me deixem falar com ela!

— Saia daqui garoto! Isso não é brincadeira de criança! — Um homem de meia idade rosnou sem
nem mesmo olhar para o recém-chegado.

— Vocês não entendem! — Hadrian usou sua magia para fazer as correntes que seguravam o
dragão desaparecerem e então correu para ficar entre um dragão curioso e bruxos espantados. —
Ela está em luto! Ela perdeu seus filhotes! Por causa de um torneio idiota! Pelo menos a permitam
sofrer pelos bebês!

— Escutem o que ele tem a dizer! — Charlie deu um passo à frente e enfrentou seus superiores. —
Vocês o viram conversar com o Horntail ontem! Ele sabe o que está fazendo! — Hadrian reprimiu
o sorriso de bobo apaixonado que queria aparecer em seus lábios.
— Faça o que quiser, pirralho. — O mesmo homem de meia idade deu-lhe as costas e saiu pisando
duro. Hadrian se virou para o dragão curioso.

— Hey. Eu sinto muito pelos seus filhotes. — Os olhos da criatura pareceram escurecer de
tristeza.

— Meus filhotes... Eu matei meus filhotes... Sou uma péssima mãe... Uma mãe horrível...

— ​Não. — Hadrian correu para abraçar o dragão entristecido, ele sentia seus olhos ardendo com
as lágrimas. — Não foi sua culpa. Foram os bruxos que a separaram de seus filhotes. Foi um
acidente. Não foi sua culpa. Eu sei que você nunca faria isso com seus ovos.

— Filhote de humano... ​— A cabeça da criatura abaixou para acariciar a de Hadrian com o


focinho. — Como pode ter certeza do que diz?

— Eu entendo seu sentimento. Tenho uma mãe tão amorosa quanto você. Cada machucado que
eu receba, mesmo por menor que seja, ela se culpa. Eu compreendo a sua dor. E gostaria de te
oferecer apoio. Se quiser podemos fazer o ritual fúnebre para que os Lords recebam as almas de
seus filhotes e cuidem deles.

— Vaetho nos contou de sua doçura, filhote de humano. — O dragão aproximou seu grande olho
amarelo para encarar o pequeno garoto. — Ela nos contou que você é diferente dos outros. E eu
posso sentir o cheiro de dragão em você. — Sua cabeça se moveu até os ovos envoltos por suas
patas dianteiras, os olhos se demorando nos ovos esmagados com os corpinhos mal desenvolvidos
dos filhotes mortos. — Encaminhe as almas de meus filhotes para os Lords, pequeno humano.

— Claro. — Hadrian se aproximou do ninho, caminhando com cuidado até chegar nos três filhotes
mortos.

Charlie se remoía de preocupação ao ver seu amado tão perto de um dragão em luto. Os
outros guardadores de dragões também olhavam tudo com espanto e ansiedade. O líder, o homem
de meia idade que subestimara Hadrian, analisava tudo com desgosto e raiva. Delicadamente o
garoto quebrou o resto das cascas de cada ovo e mergulhou sua mão na gosma para resgatar os
corpos, ele os deitou cuidadosamente no solo, um ao lado do outro. A mãe retirou três escamas
suas e as deu para o garoto, que agradeceu antes de, com sua magia, fazer as escamas se
dissolveram em um líquido do mesmo vermelho das escamas. O líquido se dividiu em três e foram
para cada um dos corpos, desenhando em seus peitos runas fúnebres que garantiriam uma
passagem tranquila para o outro lado, onde os Lords do Universo tomariam conta de suas almas.
Hadrian deixou grande parte de sua magia sair de seu corpo, fazendo os filhotes mortos brilharem
no mesmo tom de verde que a Maldição da Morte, e então ele começou a entoar o pequeno cântico
que daria fim ao ritual fúnebre para os filhotes.

— Da terra vem a vida, e na terra jaz a morte. Da terra nós nascemos, para na terra morrermos.
Céus e terra são os lugares de descanso para todas as criaturas vivas. Tempo representa a
passagem da existência, enquanto o destino conduz os caminhos que todos seguirão. Lords do
Universo, eu lhes peço humildemente que guiem estas jovens almas até seu lugar de descanso.
Cuidem destes filhotes com o amor de sua mãe. Os zelem até que ela possa se juntar a eles no final
de sua vida. Perdoem a pobre mãe, ela não merece sofrer a punição de outros. Sua dor já é o
suficiente. Hoje nós nos despedimos destes filhotes, para amanhã o reencontrarmos do outro lado.
Com a graça dos Lords. — Os corpos pararam de brilhar antes de afundarem na terra e a magia de
Hadrian voltou para si. Os quatro dragões ergueram as cabeças para o céu e cuspiram fogo para o
alto, e em intervalos de minutos eles urravam suas despedidas.
— Obrigada. — O dragão vermelho finalmente olhou para Hadrian depois de muito tempo
despedindo-se dos filhotes. — Obrigada por me deixar sofrer pelos meus filhotes. Sou
externamente grata a você, pequeno dragão. — Hadrian sorriu para o grande focinho logo na sua
frente. Ele abraçou a criatura e a permitiu sentir todos os seus sentimentos.

— Eu quero libertar vocês quatro e seus filhotes. — Hadrian admitiu. — Esta noite eu irei voltar
com os meus pais. Eles os levarão em segurança para um local onde poderão ser livres e
criarem seus filhotes em paz.

— Seremos gratas por isso, pequeno dragão. — O Chinese Fireball pareceu sorrir. — Eu me
chamo Syvni. — Virou a cabeça para o Horntail. — Aquela é Vaetho. — Virou a cabeça para o
Welsh Green. — Aquela é Tyrsa. — Virou a cabeça para o Swedish Short-Snout. — E aquela é
Hypha.

— Eu sou Hadrian. — Acenou para os outros três dragões. — Eu voltarei a noite para libertá-
los.

— Cuide-se pequeno dragão. — Syvni bufou nos seus cabelos.

— Eu irei. Não se preocupem. — Se retirou do ninho.

— Hazz! — Charlie agarrou o garoto num abraço apertado. — O-o que...? — Encarou seus olhos.

— Dei a uma mãe o seu direito de luto e um ritual fúnebre para as almas dos filhotes. — Os outros
guardadores de dragões os rodearam, fazendo mil e uma perguntas ao notarem os dragões muito
calmos agora.

Hadrian passou o resto da manhã dando uma palestra sobre os rituais fúnebres dos dragões,
ou qualquer outra coisa que eles deveriam saber para não insultarem ou machucarem as criaturas.
O líder não gostara nada de um garoto de catorze anos saber mais que ele, então se absteve em
olhar com raiva enquanto seus subordinados tomavam notas. Se não fosse pelo Grimório de
Morgana, Hadrian nunca saberia tanto sobre dragões quanto agora, informações que nem os
profissionais treinados sabiam. Quando voltou para Hogwarts, com um Charlie muito excitado ao
seu lado, o Pequeno Príncipe finalmente mandou uma nota para os pais, pedindo que o
encontrassem na Forbidden Forest as três da manhã. Ele enviou a nota com sua magia, um truque
muito útil que seus pais o ensinaram.

Ao contar o que acontecera com os dragões para os amigos e namorados, todos ficaram
surpresos com o seu plano de libertar os dragões, mas iriam ajudá-lo no que precisasse. Quando a
noite caiu, Hadrian se esgueirou até a orla da floresta com sua Capa, Nyx em seus ombros (como
sempre). Um olho azul nada natural o acompanhou de uma janela no alto do castelo. A curiosidade
o consumindo ao ver o garoto desaparecendo entre as árvores.

— Filhote! ​— Maray sorriu ao ver seu filho e correu para abraçá-lo. — Senti tanta saudade de
você, Hazz.

— Eu também sentia saudades de vocês. — Hadrian abraçou os pais com carinho.

— Parece que foi ontem que você estava todo orgulhoso por ultrapassar seu pai em altura. —
Maray sorriu ao ver como o seu filho estava alto e radiante de saúde.

— Eu não sou mais um toco de amarrar pônei. Não posso dizer o mesmo de vocês. — Hadrian
brincou.
— Garoto malcriado! — Os goblins riram.

— Mas foi você que me criou, mãe. — Rebateu divertido.

— Ele te pegou, querida. ​— Ragnuk riu das bochechas coradas da esposa.

— Ora, cale a boca Rag. — Deu um tapa no ombro do marido. Hadrian sorriu, muito feliz por
pais tão incríveis quanto esses dois. — Agora nos diga o motivo de nos chamar as três da
manhã.

— Eu meio que sugeri libertar quatro dragões e seus ovos e levá-las para o Reino Goblin. —
Comentou olhando para o chão com as bochechas rosadas.

— Só você mesmo, Hazz. — Ragnuk riu do garoto. — Lembra quando ele trouxe um murtlap
para casa e queria chamá-lo de Tobby?

— Mas o Tobby era legal. — Hadrian resmungou.

— Só com você. Porque conosco ele era um verdadeiro terror. — Maray sorriu para o filho.

— Mas vamos levar os dragões e seus filhotes. — Ragnuk sorriu ao ver o filho tão feliz e
radiante ao ter sua aprovação. — Onde estão?

— Por aqui. — O garoto pegou a mão dos pais e os guiou até o local onde os dragões estavam. Os
guardadores estavam dormindo tranquilamente, depois que as feras não fizeram nada alarmante
além de cuidarem dos ovos durante o dia inteiro, eles não tiveram mais preocupações. — Eu
encantei essa bolsa para que os ovos fiquem seguros. — Entregou uma bolsa carteiro a mãe.

— Eu levo os ovos e você os dragões. — Maray ordenou o marido. — Iremos partir


imediatamente. Então me dê mais um abraço, filhote. — Abriu os braços para o garoto. Hadrian
sorriu com amor e abraçou sua mãe, a levantou no ar e a girou. Os dois riam com amor e felicidade
quando a goblin foi colocada no chão. Ela o puxou para baixo para que pudesse beijar sua testa
antes de Ragnuk reivindicá-lo num abraço apertado.

— Nós te amamos, filhote. — Ragnuk também beijou a testa do filho, depois de ter que puxá-lo
para ficar na sua altura.

— Eu também amo vocês. — Sorriu para os pais antes de se aproximar de Vaetho, o Horntail. —
Olá Vaetho. — Cumprimentou a criatura, seus pais estavam logo ao seu lado.

— Olá, pequeno dragão. — A criatura pareceu sorrir.

— Estes são meus pais, Ragnuk e Maray. — Os goblins acenaram as cabeças.

— Eu vejo por que você não é como os outros humanos. Você foi criado por um de nós. — Se
referiu ao fato de ambos serem seres mágicos. — Então pode nos compreender como ninguém.

— Sim. — Sorriu para os pais. — Eles vão leva-los para um lugar seguro. Minha mãe levará os
ovos nessa bolsa encantada. Eu a fiz ser completamente segura para os filhotes não se
machucarem, ou serem perturbados, ou racharem. É completamente seguro.

— Eu acredito em você, pequeno dragão. — Vaetho abriu caminho para os ovos.


— Ela permitiu que você guarde os ovos. — Hadrian traduziu para sua mãe.

— Com licença, madame. — Maray se aproximou e, com extremo cuidado, colocou os ovos dentro
da bolsa.

— Meu pai será quem irá levar vocês quatro enquanto minha mãe foca unicamente nos ovos.
Enquanto meu pai te liberta, eu e minha mãe iremos até as outras para guardarmos os ovos em
segurança.

— Muito obrigada, pequeno dragão. — Vaetho bufou ar em seus cabelos.

— Não há de que. — Ele e a mãe foram até Syvni, o Chinese Fireball, enquanto seu pai cuidava
de desfazer os feitiços que notificariam os bruxos antes de finalmente tirar as cordas de couro e
correntes que prendiam a criatura.

Alguns minutos depois, Maray desapareceu da Forbidden Forest, reaparecendo no Reino


Goblin. Ragnuk, com a mão direita tocou uma garra de Syvni e de Vaetho, e com a outra mão ele
tocou uma garra de Tyrsa e Hypha. Com um sorriso de despedida todos desapareceram, deixando o
garoto e sua cobra sozinhos. Hadrian voltou a se esconder sob a Capa e ateou fogo em algumas
coisas, quebrou outras, só para fazer parecer que os dragões fugiram por si mesmos e a culpa não
cair sobre si. E então ele voltou para o castelo.

No Reino Goblin, Ragnuk e Maray ajudaram os dragões a encontrarem tocas de seus agrados
para devolver-lhes seus ovos. Todo o Reino Goblin era como uma outra dimensão, e era tão vasto
quanto a Terra, então teria espaço para os dragões e seus filhotes viverem livremente e em paz.
Talvez Hadrian tenha que colocar na sua lista algumas visitas as reservas de criaturas mágicas para
certificar-se de que todos estavam sendo bem tratados.

O começo de dezembro trouxe chuva e neve granulada a Hogwarts. O navio de Durmstrang


era jogando para os lados com os ventos fortes, as velas negras enfunadas contra o céu escuro. Os
alunos continuavam cuidando dos horrorosos Skrewts. Agora só restavam dez; eles ainda estavam
matando uns aos outros. Cada um agora chegava quase a um metro e oitenta centímetros de
comprimento. A carapaça grossa e cinzenta, as perninhas curtas em movimento, as caudas que
expeliam fogo, os ferrões e os sugadores se somavam para tornar os Skrewts as coisas mais
repugnantes que eles já viram.

Na aula de poções Severus anunciou que haveria um Baile de Yule, uma tradição do
Triwizard Tournament. Onde apenas os alunos do quarto ano para cima poderiam ir, claro que se
um aluno de anos anteriores for convidado ele poderá participar. O baile seria no Salão Principal
no dia de Natal, começaria às oito da noite e iria até a meia-noite. Severus também aproveitou para
os pressionar dizendo que eles deveriam se comportar adequadamente para não envergonharem
Hogwarts diante dos convidados. A sineta tocou e ouviram-se os costumeiros ruídos de gente
guardando o material nas mochilas e atirando-as por cima dos ombros. O professor chamou,
sobrepondo-se ao barulho geral:

— Potter, fique. — Hadrian reprimiu uma brincadeira que estava na ponta da língua (ele iria fazer
“au-au” ao ser tratado como um cachorro pelo homem). O garoto dirigiu-se, com ar de curiosidade
à escrivaninha do professor. Severus esperou até o resto da turma sair e então disse: — Hadrian, os
campeões e seus pares abrem o baile com uma dança. Você é um dos campeões e vai fazer o que se
espera. Portanto providencie um par, Hadrian. E só pode ser uma pessoa para a dança inicial.
— A questão vai ser: quem. — Passou uma mão pelos longos cabelos, que agora estavam
alcançando seus quadris.

— E os campeões não podem levar outros campeões. Então Krum e Diggory estão fora de questão.

— Eu achei que sim. — Hadrian suspirou.

— E ai de você se se assanhar com os meus filhos! — Severus olhou-o com frieza e advertência.
Hadrian sorriu para o homem.

— Até parece que não confia em mim, Sevvie. — A carranca do homem desfez em um cara
emburrada.

— Agora vá antes que se atrase para a próxima aula.

— Até, Sevvie. — Hadrian acenou e saiu às pressas da sala antes que fosse azarado pelo
pocionista.

— Eu terei que abrir o baile. — Hadrian anunciou ao juntar-se aos seus amigos e namorados na
mesa da Slytherin.

— E quem serão nossos pares? — Dennis perguntou curioso e todos o olharam com surpresa. —
Que foi? Colin é do terceiro ano e precisa de um par. Eu sou do primeiro, teoricamente não poderia
ir, mas como sou filho de Severus eu meio que sou obrigado a ir. Então eu também preciso de um
par.

— Às vezes eu tenho medo da sua inteligência. — Fred fingiu estremecer, mas o seu sorriso
divertido o denunciava.

— Vocês estão entendendo que eu estou em uma péssima posição aqui? — Hadrian comentou
frustrado. — Eu só posso levar um e eu tenho seis namorados disponíveis. — Todos riram.

— E não podemos levar outros campeões. — Cedric anunciou.

— Que bom que eu não sou você. — Luna brincou enquanto Hadrian batia a cabeça na mesa.

— Own, coitadinho do macho que tem um harem. Como sofre, gente. — Theodore debochou do
amigo.

— Eu vou te bater, Theo. — Hadrian ameaçõu na brincadeira.

— Vem então, baitola. Cai dentro. — Fechou os punhos e os ergueu na frente do rosto, fazendo
movimentos de um lutador de box se prepando pra atacar. Hadrian voltou a bater a testa na mesa,
em favor de decidir no "sorteio" qual dos namorados levaria.

— Acho que irei levar você, Colin. — Hadrian ergueu a cabeça para o loirinho, que corou
violentamente. — Você aceita?

— E ainda pergunta? — George brincou.

— Sim. — Colin respondeu com um sorriso tímido.

— Quer ir comigo, Dennis? — Draco perguntou com um sorriso carinhoso.


— Adoraria. — O garotinho sorriu animado.

— Se junte a nós, Nev. — Draco sorriu para o Gryffindor encabulado.

— O-okay... — Sorriu tímido.

— Agora falta nós. — Os gêmeos falaram ao mesmo tempo.

— Quer ir comigo, Luna? — Pansy perguntou para a loira.

— Sim. — Luna comentou sonhadora.

— Fred, quer ir comigo? — O ruivo foi pego de surpresa ao ouvir a pergunta de Viktor.

— E-eu... Sim...? — Respondeu confuso e com as bochechas coradas.

— Quer ir comigo, Ced? — George perguntou com um sorriso pervertido iluminando seu rosto. O
Hufflepuff corou violentamente.

— S-sim...

— E nós ficamos sobrando. — Blaise comentou.

— Seja meu par, Blaise? — Theodore pediu com um brilho malicioso nos olhos.

— Eu vou me arrepender disso. — O moreno suspirou, mas acenou positivamente com a cabeça.

— Perfeito! — Pansy bateu palmas. — Todos temos pares.

Hadrian nunca vira tanta gente inscrever os nomes para passar o Natal em Hogwarts. Este
ano, porém, todo mundo do quarto ano para cima parecia querer ficar, e todos pareciam obcecados
pelo baile. Ou, pelo menos, todas as garotas estavam, e era espantoso quantas garotas Hogwarts de
repente parecia abrigar; ele nunca reparara muito bem nisso. Garotas que davam risadinhas e
cochichavam pelos corredores, garotas que riam alto quando os garotos passavam por elas, garotas
que comparavam informações, excitadas, sobre o que iam usar na noite de Natal.

Na semana que se passou, Hadrian, Viktor e Cedric foram alvejados por pedidos. Tanto de
garotas quanto de garotos. Não era comum os campeões levarem pares do mesmo sexo no baile,
mas, sinceramente, eles não se importavam. Eles iriam com quem desejassem. E se eles
convidarem uma garota qualquer, teriam que ser obrigados a dar-lhe atenção mesmo que não
quisessem. Então todos ganham com o arranjo de pares que fizeram. Cho e Fleur estava
incrivelmente empenhadas em conquistar Cedric, mas o garoto sempre se esquivava. As duas
estavam agindo como animais loucos pelo cio. Era muito desagradável, principalmente por Cedric
as negar todas as vezes e afirmar veementemente que ele só estava interessado em Hadrian, mas
elas pareciam burras e continuavam tentando atrair o garoto.

Entretanto, de modo geral, Hadrian teve que admitir que, mesmo com a perspectiva
constrangedora de abrir o baile dali a uns dias, a vida decididamente melhorara desde que ele
cumprira a primeira tarefa. Não atraía mais tantos comentários desagradáveis no corredor, no que
ele suspeitava que havia dedo de Cedric nisso. Tinha a impressão de que o namorado talvez tivesse
dito ao pessoal da Hufflepuff para deixá-lo em paz.

A última semana do trimestre foi ficando cada vez mais animada à medida que os dias
passavam. Corriam boatos sobre o Baile de Yule por todo lado, embora Hadrian não acreditasse
nem na metade, por exemplo, que Dumbledore comprara oitocentos barris de quentão de Madame
Rosmerta. Mas parecia ser verdade que ele contratara as Weird Sisters. As Weird Sisters eram um
famoso grupo musical que tocava na estação de rádio WWN (Wizarding Wireless Network).

Alguns professores desistiram de tentar ensinar aos alunos alguma coisa quando eles não
conseguiam pensar em nada que não fosse remotamente relacionado ao baile. Os funcionários de
Hogwarts, demonstrando um constante interesse em impressionar os visitantes de Beauxbatons e
Durmstrang, pareciam decididos a mostrar o castelo em sua melhor forma neste Natal. Quando
armaram as decorações, eram as mais fantásticas que ele já vira no interior da escola. Pingentes de
gelo perene tinham sido presos nos balaústres da escadaria de mármore; as doze árvores de Natal
que sempre eram montadas no Salão Principal estavam enfeitadas com tudo, desde frutinhas
vermelhas luminosas até corujas douradas vivas que piavam, e as armaduras tinham sido
enfeitiçadas para cantar canções tradicionais de Natal quando alguém passasse por elas. Coisa que
Hadrian achara insultante, transformarem o Yule, algo tão importante para a magia, em algo dos
muggles. Ainda por cima de uma religião que matou tantos deles ao longo dos anos.

No momento, o grupo de Hadrian estava passando por Fleur Delacour, que estava
conversando com um garoto do sétimo ano da Ravenclaw, pelo saguão de entrada, e então, Ron
Weasley chegou correndo, os olhos vidrados na meia veela.

— QUER IR AO BAILE COMIGO, FLEUR?! — Ron gritou do alto da escada, todos se viraram
para olhar o garoto. Fleur olhou para ele como se fosse um verme, virou a cabeça e o ignorou. O
clima ali estava pesado, muitos segurando o riso. E então, o rosto de Ron empalideceu e seus olhos
tomaram foco, instantaneamente ele saiu correndo dali. E então, todos desataram a rir, Hadrian e o
seu grupo principalmente. Esse baile seria imperdível.
Capítulo 114
Chapter Notes

O BAILE CHEGOU!!!
Vou colocar todas as imagens no servidor do discord pra vocês

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Os professores decidiram dar uma pesada carga de deveres para os alunos do quarto ano,
entretanto, Hadrian, junto com seus amigos e namorados, passaram a semana que antecedeu o Yule
divertindo-se o máximo possível. A Masmorra da Slytherin estava mais barulhenta do que o
normal, os Slytherin estavam se esforçando todos os dias para ensinarem uns aos outros a
dançarem, e estavam pegando o jeito rapidamente. Viktor, Cedric e Hadrian estavam tão entretidos
com o baile que esqueceram que deveriam desvendar as vozes dos merpeople.

Na manhã de Natal, Hadrian e Draco se divertiam em abrir cada presente que estavam
empilhados aos pés de suas camas. Hadrian ganhara muitos presentes, também, é claro, o pacote
habitual de Molly, incluindo um novo suéter (verde com a estampa de um dragão) e uma grande
quantidade de tortas caseiras de frutas secas. O garoto imaginou que Charlie lhe contara tudo
sobre o Horntail.

Os dois amantes se encontraram com os amigos na Sala Comunal e desceram juntos para
tomar o café da manhã. Os Slytherin se juntaram ao restante do grupo e passaram a maior parte da
manhã em qualquer lugar do castelo, onde todos se divertiam com os presentes recebidos, depois
voltaram ao Salão Principal para um almoço magnífico. Eles saíram para os jardins à tarde; a neve
estava intocada, exceto pelas valas fundas feitas pelos estudantes de Durmstrang e Beauxbatons a
caminho do castelo. Às cinco horas, Colin, Dennis, Hadrian, Pansy e Luna disseram que iam subir
para se preparar para o baile.

— Quê, vocês precisam de três horas? — Perguntou Theodore, olhando para o grupo que se
afastou para voltar ao castelo, incrédulo. Logo uma enorme bola, atirada por George, atingiu-o com
força do lado da cabeça.

Não houve o chá de Natal àquela tarde porque o baile incluía um banquete, de modo que às
sete horas, quando ficou difícil fazer pontaria direito, o grupo abandonara a batalha de bolas de
neve e marcharam de volta ao castelo. Viktor se despediu e rumou de volta para o navio. Os
Gryffindor despediram-se dos Slytherin e de Cedric quando todos rumaram em direções diferentes
ao chegarem nas escadarias.

Hadrian, Colin, Dennis, Luna e Pansy alojaram-se no banheiro de Myrtle, foram pegar suas
coisas e logo retornaram ao local. A fantasma estava muito animada com tudo aquilo. Hadrian e
Pansy transfiguraram algumas almofadas em penteadeiras, uma arara com suas roupas e sapatos, e
biombos que separavam todos um do outro (tanto para vestirem-se quanto para tomarem um
delicioso banho de banheira que eles transfiguraram). Quando trancaram as portas, eles começaram
a banhar-se com todos os sais de banhos que adoravam para deixarem suas peles perfumadas.

Na Torre da Gryffindor, Fred e George arrumavam-se junto a Neville e seus outros três
companheiros de dormitório. Hadrian havia caprichado no pedido das suas vestes. Fred usava uma
camiseta social branca; uma gravata vermelho groselha; um colete bege; um paletó em vermelho
vinho; as calças sociais eram no mesmo tom que o paletó e sapatos sociais marrom-claro. Já
George usava uma camiseta social branca; uma gravata-borboleta laranja; um colete no tom de
marrom chamado “juba de leão”; um paletó num turquesa profundo; uma calça social no mesmo
tom que o paletó e sapatos sociais marrom-claro. Neville vestia uma camiseta social branca; uma
gravata preta com o nó em um tom de bordô; colete preto; paletó cinza; calças sociais na mesma
cor e sapatos sociais marrom-escuro.

Ron estava se remoendo de vergonha. Ele se examinou no comprido espelho a um canto,


com cara de desgosto. Não havia como contornar o fato de que as vestes dele pareciam mais um
vestido do que qualquer outra coisa. Numa tentativa desesperada de fazê-las parecer mais
masculinas, ele usou um Feitiço de Corte nos babados do decote e das mangas. Funcionou bastante
bem; pelo menos se livrara das rendas, embora não tivesse feito um trabalho muito caprichado, e as
barras ainda estivessem esfiapadas. Seu tecido era velho e tinha cheiro de mofo, possuía uma cor
de marrom desgastado, nada era bonito naquelas vestes.

No Porão da Hufflepuff, Cedric arrumava-se com o restante de seus colegas de quarto. Ele
vestia uma camisa social branca, uma gravata marrom chocolate, um paletó creme com bordados
que pareciam flores e plantas, onde os detalhes dos seus bolsos e a lapela são do mesmo tom de
marrom chocolate; calças sociais e sapatos pretos.

Nas Masmorras da Slytherin, Draco, Theodore e Blaise arrumavam-se juntos. Draco vestia
uma camiseta branca; uma gravata em um tom de azul bem profundo; um colete preto; um paletó
azul-Oxford em veludo com rosas num tom mais claro e as lapelas pretas; calças sociais azul-
Oxford e sapatos sociais pretos. Theodore vestia uma camisa social branca, uma gravata preta, um
colete preto, paletó roxo-berinjela com as lapelas pretas, calças sociais no mesmo tom que o paletó
e sapatos sociais pretos. Blaise vestia uma camiseta social branca; uma grava azul-marinho com
pequeninas bolinhas brancas; um colete em um marrom-fulvo; um paletó azul-marinho com listras
verticais bem espaçadas em marrom-fulvo; calça social azul-marinho e sapatos sociais marrom-
claro.

O saguão de entrada também estava apinhado de estudantes, todos andando por ali à espera
de que dessem oito horas, quando as portas para o Salão Principal seriam abertas. As pessoas que
iam encontrar pares de outras Casas procuravam atravessar a aglomeração, tentando localizar uns
aos outros. Os três Slytherin encontraram-se no local, admirando as boas aparências de todos ali
presentes, ou rindo de alguns atrapalhados. George aproximou-se de Cedric e elogiou sua
aparência, adorando fazer o mais velho ficar extremamente corado. Draco e Theodore cercaram
Neville e fizeram uma enxurrada de elogios, fazendo o coitado quase explodir de vergonha. Blaise
e Fred iniciaram uma conversa sobre o que o resto do grupo iria usar. Fleur Delacour ia passando,
absolutamente fantástica com suas vestes de cetim cinza-prateado, acompanhada pelo capitão do
time de quidditch da Ravenclaw, Roger Davies.

As portas de carvalho da entrada se abriram e todos se viraram para olhar os alunos de


Durmstrang entrarem com Karkaroff. Viktor vinha à frente da delegação. A área do gramado logo
à entrada do castelo fora transformada em uma espécie de gruta cheia de luzes encantadas, ou seja,
centenas de fadinhas vivas encontravam-se sentadas nas roseiras que tinham sido conjuradas ali e
esvoaçavam sobre as estátuas que pareciam representar Papai Noel e suas renas. Viktor usava uma
camiseta social branca, uma gravata-borboleta preta, um colete preto, um paletó de veludo roxo-
geleia com as lapelas pretas; calças e sapatos sociais pretos. O búlgaro juntou-se ao grupo, em
meio a ofegos e gemidos de admiração.

Mas uma série e suspiros, ofegos, gemidos, cochichos e murmúrios chamou a atenção de
todos. No alto das escadas, o restante do grupo apareceu. Hadrian vinha a frente, com os braços
dados com Colin e Dennis, logo ao lado vinha Pansy com o braço entrelaçado no de Luna. A loira
usava um lindo vestido longo, um azul pastel servia de fundo para uma camada transparente de
bordados com flores rosa pastel que pareciam cair e amontoar-se na base; sua cintura foi marcada
por uma bela flor bordada em um rosa mais escuro; o decote em formato de coração com alças
finas a deixava com um aspecto angelical; somando isso com os seus longos cabelos loiros caindo
como uma cascata ondulada pelas suas costas. Sua maquiagem era leve e ressaltando seus olhos
azuis-prateados. Uma pulseira de ouro com uma pedra azul clarinha enfeitava o seu pulso direito;
um delicado choker de ouro tinha pequeninas flores e folhas em brilhantes enfeitando o seu
pescoço; um colar de ouro (levemente mais comprido que o choker) terminava com um pingente de
uma pedrinha de brilhante.

Pansy usava um belo vestido longo de uma alça. A parte superior era preta e descia em um
degrade até o branco na sua base, sua cintura e a única alça do lado esquerdo eram enfeitados com
bordados em brilhantes. Seu pescoço era enfeitado por um fino choker com brilhantes por toda a
sua extensão; uma pulseira larga de brilhantes enfeitava o seu pulso esquerdo. Seus cabelos pretos
em chanel estavam muito bem penteados e lisos. Sua maquiagem era mais pesada, e a deixava com
uma aparência “sexy”. Brincos de diamante brilhavam por trás de seus cabelos negros.

Dennis vestia um belo vestido longo com um decote “ombro a ombro”. A cor base do vestido
é vermelho sangue com um tule preto por cima, mangas longas detalhadas com bordado em joias
pretas, que se estendem pelo decote, cinto e descem até a altura das coxas na saia. Em seu pescoço
havia um colar de ouro e brilhantes em formato de coração com uma pedra de rubi no meio. Seus
cabelos loiros estavam no comprimento das suas orelhas, então não tinha como fazer-lhe um
penteado, as madeixas estavam propositalmente bagunçadas, de um jeito muito belo. Sua
maquiagem era leve, quase inexistente. Sua maquiagem é suave para destacar seu rosto angelical.

Colin vestia um belíssimo vestido em um bege claríssimo com belos desenhos em dourado,
como se fossem folhas de ouro. O vestido tinha a ilusão de ser transparente na parte superior, mas
não era, ele chegava até a clavícula do garoto com os bordados. Suas costas estavam nuas até a
metade; e das alças caíam duas tiras de tecido no mesmo tom de bege que davam a ilusão de serem
asas. Brincos delicados destacavam-se entre seus cabelos loiros na altura de suas orelhas. Seus
cabelos estavam penteados e levemente bagunçados. Sua maquiagem era leve, apenas uns brilhos,
um pouco de blush e um gloss rosadinho nos lábios. Nyx e Hera foram “dispensadas” por essa
noite e aproveitaram para caçar nos terrenos da escola.

Mas o que mais chocou todos no saguão era Hadrian. Ele não vestia um traje masculino,
muito menos um feminino. Ele misturou os dois e criou algo único. Um choker preto com uma
esmeralda era a origem de finas tiras de tecido preto que ligavam a mangas de do final da clavícula
até pouco antes do cotovelo em um tom de azul-Oxford com pontinhos em brilhantes como se
fossem estrelas no céu a noite; além das alças, as tiras ligavam-se à “capa”. A roupa possuía um
decote fechado no mesmo tom que as mangas e com brilhantes; embaixo ele vestia um body azul-
miosótis; um cinto de corselet preto unia a “capa” o body e os minishorts preto. A “capa” se abria
logo abaixo no body em uma longa cauda com três camadas. A parte externa da primeira camada
descia em um degrade do azul-Oxford com brilhantes até o preto sem nada mais; a parte externa da
segunda camada era em um tom de vermelho-mogno. A parte externa da terceira camada era em
um verde-pinheiro. A parte interna das três camadas eram magicamente enfeitiçadas para
parecerem o céu negro e estrelado em movimento. Uma liga preta unia os shorts às meias 7/8 em
um tom de azul-denim; botas baixas pretas de salto grosso e baixo. Seus cabelos negros que
desciam até seus quadris e balançavam ao vento como ondas da mais pura escuridão, estavam lisos;
uma coroa de prata trançada no estilo élfico enfeitava sua cabeça. Ela era de prata com uma pedra
de esmeralda na frente. A parte frontal era mais delicada e fina que a traseira; a parte de trás era
grossa e muito trabalhada. Ambas as partes (frente e trás) tinham o formato em “v”. Sua
maquiagem levemente pesada, focando em destacar seus olhos.

O grupo juntou-se ao restante, Hadrian sorria ao ver os namorados babando nele. Assim
como todo o resto dos garotos ali naquele saguão. Algumas pessoas estavam com nojo e aversão,
mas mantiveram-se caladas, não iriam ousar atrair a fúria do “Rei da Slytherin”. Sim. Ele havia se
tornado “rei” depois de demonstrar tanto poder.

— Me diz que eu posso te agarrar agora mesmo. — George pediu descarado com um olhar de
súplica.

— Não. Você não pode. — Hadrian sorriu.

— Hazz! — Dennis chama a atenção do moreno, um enorme sorriso enfeitando sua face. — Olha
só o que eu fiz. — Ele saca a varinha e aponta para o colar de rubi, e no centro da gema aparece,
escrito em pura luz branca que nunca se apaga, “Hadrian’s Pet”. Dennis estava muito orgulhoso
de si mesmo ao ver as bochechas extremamente coradas do mais velho, e os bufos divertidos do
resto do grupo.

— Santo Chaos... — Hadrian pigarrou envergonhado e desviou o olhar. — Você foi a junção das
personalidades dos gêmeos e eu não sabia?

— Você gostou? — Perguntou com uma falsa inocência.

— Sim, pequeno capetinha, eu gostei. — Beijou a testa do pequeno loirinho.

— Eu preciso me preocupar se as pessoas começarem a encher o saco por causa desse colar? —
Blaise arqueou uma sobrancelha. — Porque vocês sabem, isso tem um teor sexual...

— Não precisamos nos preocupar porque toda e qualquer interação entre esses dois é puramente
inocente. — Pansy comentou. — Todos já viram como o Hazz trata o Dennis como um neném.
— Você tá me chamando de baixinho? — O loirinho se virou com o semblante enraivecido.

— Eu tô! — Pansy sorriu maliciosa. — Óia como cê é piquititinho! — O garoto bufou e virou a
cara pra ela.

— Qualquer coisa eu faço uma comunicação formal sobre isso se o público vir falar sobre o colar.
— Hadrian sorriu das brincadeiras entre os dois. — Aqui seu par. — Desfez o enlaçar dos braços
com Dennis e sorriu para Draco.

— Vocês estão maravilhosos. — Draco beijou as costas das mãos de seu par.

— Sabemos disso. — Pansy disse com um ar de desdém divertido.

— Vocês perceberam que fizeram uma bela de uma entrada triunfal e todos estão nos olhando? —
Cedric comentou em um sussurro divertido.

— Era o que desejávamos. — Hadrian admitiu com um olhar malicioso. Então a voz de
McGonagall chamou:

— Campeões aqui, por favor!

— Nos vemos depois. — Hadrian, Colin, Cedric, George, Viktor e Fred despediram-se do restante
do grupo e seguiram a professora.

McGonagall, que trajava vestes a rigor de tartan vermelho, e enfeitara a aba do chapéu com
uma guirlanda bem feiosa de cardos (a flor nacional da Escócia), mandou-os esperar a um lado das
portas, enquanto os demais entravam; eles deviam entrar no Salão Principal em cortejo, quando os
outros estudantes se sentassem. Fleur Delacour e Roger Davies pararam mais próximos às portas;
Davies parecia tão aturdido com a sua sorte de ter Fleur como par que mal conseguia desgrudar os
olhos dela. Viktor e Fred estavam logo atrás. Em seguida eram Cedric e George. E, por último,
Hadrian e Colin.

Quando as portas do Salão Principal se abriram, o fã-clube de Krum que o seguiam passou,
lançando a Fred olhares de profundo desprezo. Ron, porém, passou direto por Hadrian sem sequer
olhar e com uma profunda carranca de amargura. Depois que estavam todos sentados no salão,
McGonagall mandou os campeões e seus pares formarem um cortejo, de dois em dois, e a
seguirem. Os garotos obedeceram e todos no salão aplaudiram, quando eles entraram e se dirigiram
a uma grande mesa redonda no fundo do salão, onde estavam sentados os juízes.

As paredes do salão estavam cobertas de gelo prateado e cintilante, com centenas de


guirlandas de visco e azevinho cruzando o teto escuro salpicado de estrelas. As mesas das Casas
haviam desaparecido; em lugar delas havia umas cem mesinhas iluminadas com lanternas, que
acomodavam, cada uma, doze pessoas. Dumbledore sorriu com falsa felicidade quando os
campeões se aproximaram da mesa principal. Karkaroff optou por não esconder o seu desgosto ao
ver o par que Viktor escolhera. Bagman, vestia vestes roxo-berrante, com grandes estrelas
amarelas, batia palmas com tanto entusiasmo quanto qualquer estudante. Madame Maxime, que
trocara o uniforme costumeiro de cetim negro por um vestido rodado de seda lilás, os aplaudia
educadamente. Mas Crouch não estava presente. A quinta cadeira à mesa estava ocupada por Percy
Weasley.

Quando os campeões e seus pares chegaram à mesa, Percy puxou uma cadeira vazia ao seu
lado, olhando significativamente para Hadrian. Ele entendeu a deixa e se sentou ao lado do garoto,
que trajava vestes a rigor azul-marinho, novíssimas, e exibia uma expressão de grande presunção.
Antes mesmo que Hadrian pudesse se acomodar na cadeira, depois de empurrar a cadeira do seu
par, Percy começou a arrulhar sobre ter sido promovido como assistente pessoal de Crouch. Só
para ser educado, Hadrian perguntou se Crouch estava bem, então o ruivo começou a tagarelar
sobre achar que o chefe não estar bem desde a Copa. Percy ainda teve a audácia de falar mal de
Winky na frente de Hadrian, que era o atual senhor da house-elf. O garoto só ignorou tudo, não iria
deixar a noite ser uma perda quando nem havia começado.

Focando nos pratos, que ainda estavam vazios, Hadrian notou Dumbledore com um pequeno
menu, logo o velho ordenou para o prato “Costelas de porco!”, e então elas apareceram. A partir
daí todos fizeram seus pedidos para os pratos vazios. Hadrian decidiu ignorar a tagarelice de Percy
e entrou numa conversa amena com seus namorados, eles conversavam sobre coisas
insignificantes, vez ou outra davam risadinhas baixas para não atrapalharem as outras pessoas.

— Bom, temos um castelo também, não é tão grande quanto este. Nem tão confortável, acho. —
Viktor comentou. — Temos só quatro andares, e as lareiras só são acesas parra finalidades
mágicas. Mas a propriedade em que está a escola é ainda maior do que esta. Emborra no inverno a
gente tenha muita pouca luz solar, por isso não aproveitamos muito os jardins. Mas no verão, todos
os dias sobrevoamos os lagos e montanhas...

— Ora, ora, Viktor! — Disse Karkaroff, com uma risada que não se estendeu aos seus olhos frios.
— Não vá contar mais nada, agora, ou nossos encantadores amigos vão saber exatamente onde nos
encontrar! — Dumbledore sorriu, seus olhos cintilando em malícia.

— Igor, tanto segredo... As pessoas poderiam até pensar que você não quer visitas.

— Bom, Dumbledore. — Disse Karkaroff, mostrando os dentes amarelos. — Todos protegemos os


nossos domínios, não? Todos não guardamos zelosamente os templos de saber que nos foram
confiados? Não estamos certos em nos orgulhar de que somente nós conhecemos os segredos de
nossas escolas, e, mais uma vez, certos em protegê-las?

— Ah, eu nunca sonharia em presumir que conheço todos os segredos de Hogwarts, Igor. — Disse
Dumbledore amigavelmente. Falsidade tremenda. Então ele começara a balbuciar sobre ter
encontrado uma sala cheia de penicos magníficos, e que a sala desaparecera quando ele voltou ao
local.

Hadrian reprimiu um revirar de olhos. Aquele velho era insuportavelmente chato.


Entrementes, Fleur Delacour criticava as decorações de Hogwarts com Roger Davies.

— Isse non é nada. — Disse ela contemplando as paredes cintilantes do Salão Principal com ar de
pouco caso. — No Palace de Beauxbatons, tems esculturres de gelo em volta da sala de jantarr no
Natall. Éles não derretem, é clarro... Parrecem enorrmes estátues de diamante, faiscande pela sala.
E a comida é simplesman superrbe. E temes corres de ninfes das mates, cantando serrenatas
enquanto comemes. Não temes essas armadurras feies nos corrredorres e se um dia um polterrgeist
entrrasse em Beauxbatons, serria expulso assim. — E ela bateu a mão com impaciência na mesa.
Roger Davies observava a garota falar com uma expressão aturdida no rosto e a toda hora errava ao
levar o garfo à boca. O idiota estava muito concentrado em admirá-la para escutar sequer uma letra
que saía de sua boca.

— Absolutamente certa. — Disse ele depressa, batendo com a própria mão na mesa como fizera
Fleur. — Assim. É claro.

Quando, finalmente, toda a comida fora consumida, Dumbledore se levantou e pediu para
que os estudantes fizessem o mesmo. Com um aceno de sua varinha as mesas e cadeiras se
encostaram às paredes para deixar o salão vazio; em seguida ele conjurou uma plataforma ao longo
da parede direita. Sobre ela foram colocados uma bateria, alguns violões, um alaúde, um
violoncelo e algumas gaitas de foles. As The Weird Sisters subiram no palco sob aplausos
delirantemente entusiásticos. Eram todas extremamente cabeludas, trajavam vestes negras que
haviam sido artisticamente rasgadas. Apanharam seus instrumentos, as lanternas de todas as outras
mesas tinham se apagado e todos os campeões e seus pares se colocaram em pé. Hadrian segurou
delicadamente a mão de Colin e o conduziu junto com os outros campeões.

O Príncipe de Camelot entrou na pista de dança bem iluminada, assumiu a posição de


condutor, segurando a cintura de Colin e sua mão com delicadeza, o loiro pousava sua outra mão
em seu ombro. As The Weird Sisters tocaram uma música lenta e triste, e o moreno começou a
movimentar-se, os olhos fixos nos do namorado enquanto o conduzia pelo salão. Com sua visão
periférica, ele pode ver George conduzindo Cedric e Viktor conduzindo Fred, ambos os pares se
moviam com graça.

— Suas aulas deram frutos. — Colin comentou, seguindo o olhar do namorado.

— Você está maravilhoso. — Hadrian sorriu para o namorado, que corou fortemente, um sorriso
apaixonado surgindo em seus lábios. Hadrian já estava com os colares prontos de todos os
namorados “novos” e ele os entregaria essa noite. No momento, a caixa estava encolhida e
guardada em um bolso que ele criou nos shorts. — Eu quero ver como vai ficar o seu colar em
você, Sunflower. — Sorriu ao fazer o menor girar pela pista de dança.

— Você finalmente vai nos dar os colares? — Colin perguntou animado quando voltou para o
peito do mais alto.

— Irei. — Os dois trocaram olhares cheios de amor e continuavam a dançar.

As pessoas que, antes assistiam, agora vieram para a pista de dança, de modo que os
campeões deixaram de ser o centro das atenções. Draco conduziu Dennis e Neville (os três se
revezando um com o outro), Pansy conduzia Luna e Blaise conduziu Theodore. Dumbledore
valsava com Madame Maxime. Ficava tão pequeno junto a ela que a ponta do seu chapéu cônico
mal roçava o queixo da bruxa; no entanto, Madame Maxime se movia graciosamente para uma
mulher daquele tamanho. Mad-Eye Moody estava seguindo um compasso de dois tempos
extremamente desajeitado com a professora Aurora Sinistra, que nervosamente evitava a perna de
madeira do seu par.

— Posso roubar seu parceiro? — Viktor e Fred se aproximaram de Hadrian e Colin com sorrisos
marotos nos lábios.

— Vejo que não terei chance para descansar esta noite. — Hadrian sorriu e entregou Colin para
Fred enquanto Viktor tomava sua mão.

— Ninguém mandou conquistar nossos corações. — Viktor piscou, galanteador enquanto Fred
conduzia Colin em outra dança. Hadrian estremeceu de prazer ao sentir a mão do búlgaro agarrar
possessivamente sua cintura antes de iniciar a dança. — Ouvi histórias de um tal colar... — Os
olhos negros de Viktor brilharam em malícia.

— Essa história parece fascinante. Onde a ouviu? — Hadrian perguntou com um ar de


ingenuidade, mas seu sorriso o dedurou.

— Ouvi de um certo garoto com lindos olhos verdes. — Sua voz saiu rouca, colando ainda mais os
dois corpos.

— Mais tarde, Ignat. — (Pronúncia: Ee-gnat, significa “fogo” em búlgaro). Viktor ofegou e um
sorriso radiante surgiu em seus lábios. Ele acabara de ter sua confirmação de que havia
conquistado o coração de Hadrian Tamish Potter.

— Eu adorei. — Viktor parou os movimentos e soltou a mão do menor para segurar-lhe a nuca.
Seus olhos focaram-se nos de Hadrian, em uma pergunta silenciosa, pedindo sua permissão.

— Venha. — Hadrian sussurrou ficando um pouco nas pontas dos pés. — Pegue o seu tão estimado
prêmio. — Seu sorriso mal teve tempo de nascer, pois seus lábios foram selados com os do mais
velho.

Hadrian vibrou internamente de alegria, cada vez mais sentia-se completo com a presença e a
retribuição de seus sentimentos pelos seus namorados. O menor enlaçou o pescoço de Viktor,
aprofundando mais o beijo e entregando-se completamente ao outro. O búlgaro era inebriante, sua
força e possessividade eram tão excitantes. Seus lábios e línguas moviam-se com fome. Quanto
tempo esperaram e ansiaram por isso? E agora finalmente tinham um ao outro nos braços. Era a
melhor sensação do mundo.

— Acabamos de conseguir uma matéria para a primeira página do Daily Prophet. — Viktor
brincou quando se separaram.

— Então eu irei dar mais um motivo. — Hadrian piscou para o mais velho enquanto o puxava para
perto de Cedric e George. — Sua vez, Rainbow. — Hadrian estendeu a mão para o Hufflepuff, que
corou ao ter a confirmação de que Hadrian o aceitara completamente.

— Estamos fazendo fila para dançar com você, Sunshine. — George piscou ao ver Hadrian colocar
a mão de Cedric em sua cintura.

— Estou ansioso por isso. — Hadrian piscou para o ruivo antes de focar-se no seu par.

— Então... — Cedric começou, extremamente corado e nervoso. — Quer dizer que... É... Você...
Eu...?

— Sim. — Hadrian sorriu e enlaçou o pescoço do mais velho. — Seus sentimentos são
correspondidos, Ced. — O menor sentiu sua felicidade aumentar ao ver os olhos do outro
brilharem e um sorriso imenso iluminar seu rosto. — Você, definitivamente, faz parte da família
agora. — O menor aproximou-se ao ver Cedric inclinar-se para beijar-lhe a testa.

— Você não tem ideia do quão feliz eu estou. — Sussurrou, o sorriso nunca deixando seus lábios.

— Torne-o oficial, Ced. — Hadrian inclinou o rosto para cima. — Faça-me seu. — Cedric corou
ainda mais, mas uniu seus lábios em um selinho tímido. Que logo foi transformando-se num beijo
calmo e cheio de amor.

Hadrian perdera a conta de quantas danças ele teve. Mesmo quanto a valsa terminara, todos
os seus namorados queriam um tempo consigo. Até seus amigos o tiraram para dançar. Depois de
várias danças, risadas e brincadeiras, o grupo juntou-se em uma mesa, bebendo e comendo algo em
meio a conversas e brincadeiras.

— Aos mais novos integrantes desse relacionamento amoroso deveras louco. — Fred ergueu sua
taça de ponche e todos o seguiram.

— Aos namorados de Hadrian! — O grupo entoou em comemoração e beberam.

— Acho que agora é um ótimo momento para o presente de vocês. — Hadrian deixou seu copo na
mesa e levantou-se com um sorriso.
— O que estamos esperando?! — Dennis levantou-se e começou a puxar os outros, junto com
Pansy e Theodore.

— Vamos ver a cerimônia de iniciação! — Pansy anunciou animada e todo o grupo seguiu Hadrian
para fora do salão barulhento. Ele os guiou até a “gruta” na entrada do castelo, as fadinhas voavam
alegremente e sentavam-se nas roseiras que cercavam o teto e paredes.

— Quem quer ir primeiro? — Hadrian perguntou divertido enquanto pegava a caixinha, a fazia
voltar ao tamanho normal e flutuar do seu lado

— Deixa a “primeira-dama” ir. — George brincou e empurrou delicadamente Colin para frente.

— E-e-eu? — O loiro perguntou aturdido com as bochechas incrivelmente coradas.

— Venha, Colin. — Hadrian estendeu a mão para o namorado, que a aceitou. Focando-se
inteiramente nos olhos escuros que o encaravam com expectativa e nervosismo, Hadrian começou:
— Você é como um girassol. Quando nos conhecemos você era muito tímido e recluso, mas então
eu o ajudei a desfazer-se dos muros e revelar quem você realmente é. Eu sou o “Sol” que o ilumina
e o faz crescer. — Pegou um colar de ouro dourado com um pingente de girassol, também de ouro
dourado e com alguns detalhes em preto para serem o sombreado das pétalas, e atrás estava escrito
“Sunflower”. — Você é meu amado Sunflower. Irei iluminá-lo todos os dias da minha vida e dar
tudo de mim para te fazer feliz. — Colin tinha lágrimas nos olhos e jogou-se nos braços do moreno
num abraço apertado.

— Eu te amo tanto, Hazz. — Admitiu enquanto o outro retribuiu o abraço. — Obrigado por tudo o
que você faz por mim. Não sei o que aconteceria se eu não tivesse você ao meu lado.

— Eu também te amo, Colin. — Hadrian beijou-lhe delicadamente os lábios.

— Oh, puta vida. Eu vou chorar. — Pansy fungou e Luna sorriu sonhadora.

— Vire-se para eu colocar em você. — Colin sorriu e fez o que foi pedido. Hadrian colocou o
colar no pescoço do menor e beijou-lhe um ombro. — Pronto. — Colin sorriu para ele e voltou aos
outros.

— Eu também quero! — Dennis sorriu animado e adiantou-se até Hadrian.

— Você sabe que devemos ir devagar. Não sabe? — Hadrian perguntou divertido enquanto sorria
para o menor.

— Só porque eu tenho onze. — Dennis resmungou fazendo beiço.

— Não se preocupe, você já faz parte desse “relacionamento amoroso deveras louco”. — Imitou
Fred, que soltou uma exclamação de diversão e Hadrian focou-se no loirinho à sua frente. — Você
é a minha pequena SweetDaisy. Igual ao seu irmão, você é uma flor que eu farei de tudo para
manter brilhando. E a Black-Eyed-Susan é muito parecida com você. Pura e perfeita por fora e com
um pequeno botãozinho de escuridão que é guardado dentro de você. O que, por sinal, eu adoro.
Você aparenta ser um garoto tão doce e inocente, mas todos nós sabemos que você é um demônio
disfarçado de anjo. — Todos riram e concordaram enquanto Hadrian pegava o segundo colar da
noite. A flor Black-Eyed-Susan é uma planta parecida com o girassol, porém ela é pequenina e o
seu botão marrom escuro é saliente. Por ela se parecer com o girassol mostra que o Dennis é
carinhoso e gentil como o irmão, mas o botão no centro representa o seu sadismo. Seu colar é feito
de ouro com detalhes em sombreado, com o pingente da Black-Eyed-Susan, com o botão escuro;
no seu verso está escrito “SweetDaisy”.
— Eu prometi que não iria chorar. — Agora fora Theodore quem fungou enquanto Hadrian
colocava o colar em Dennis.

— Obrigado, Hadrian. — Dennis o abraçou com amor. — Eu te amo.

— Eu também te amo, Dennis. — Hadrian segurou-lhe o rosto com carinho e deu um leve selar de
lábios.

— Malditos onze anos. — Dennis resmungou quando Hadrian o soltou.

— Sua hora vai chegar. — Hadrian comentou divertido enquanto o menor voltava para o grupo. —
Nev. — Sorriu para o Gryffindor extremamente tímido.

— VAI NEV! — Pansy e Theodore comemoraram com lágrimas nos olhos. Neville se aproximou
com passos hesitantes. Hadrian mostrou um belo colar de ouro-rose com o pingente de uma Desert
Rose, no verso está escrito “DesertRose”.

— A Desert Rose é uma bela flor que cresce nas mais difíceis temperaturas do Saara. O que condiz
com a pressão psicológica da sua avó e com sua necessidade de se provar para os outros. E mesmo
parecendo frágil, você é forte e poderoso. E eu sei que, em momentos de necessidade, você estará
lá para ajudar a quem precisar. — Neville tinha lagrimas nos olhos enquanto Hadrian colocava o
colar no seu pescoço. — Bem-vindo a família, minha DesertRose. — Beijou-lhe a bochecha com
amor.

— Você é a melhor pessoa do mundo, Hazz. — Neville o abraçou fortemente e afundou seu rosto
na curva do pescoço do mais alto, inspirando profundamente seu delicioso perfume.

— Você também é incrível, Neville. Nunca duvide disso. — Sorriu feliz, se aconchegando nos
braços do namorado. — Eu te amo.

— Eu também te amo, Hadrian. — Se separou para olhar nos olhos verdes que ele tanto amava. —
Obrigado por me amar. Obrigado por me aceitar. Obrigado por me ajudar a superar meus
problemas.

— Não há de que, meu amor. — Reivindicou seus lábios num beijo calmo e amoroso, apenas para
sentirem um ao outro e transmitirem seus sentimentos mais puros e belos. Ao se separarem com
sorrisos bobos, Neville se afastou e Hadrian olhou para os gêmeos. — Fred e George, os de vocês é
um par.

— Nenhuma surpresa. — George disse com um ar cômico que fez todos sorrirem enquanto os
ruivos postavam-se na frente de Hadrian.

— Devo admitir que comecei a ter dificuldade em criar novos apelidos e pingentes. — Admitiu
divertido. — Mas vocês são Castor e Pollux. — Respectivamente olhou para Fred e George. —
Castor e Pollux são duas estrelas, e são duas vezes maiores que o Sol. Vocês o observam de longe,
fazendo de tudo para manter as chamas do “Sol” acessas e protegendo o mesmo. — Ele pegou um
colar de ouro com o pingente de duas estrelas de cinco pontas lado a lado, a maior se sobrepõe a
outra e seu “interior” de kianite; atrás está escrito “Castor”. Ele pediu para que Fred se virasse e se
abaixasse, e assim ele fez. Logo Hadrian pegou o próximo colar da noite, o de George. Este era de
platina com o pingente de duas estrelas de cinco pontas lado a lado, a maior se sobrepõe a outra e
seu “interior” de wulfenita, atrás está escrito “Pollux”. George abaixou-se e se virou para permitir
que o moreno colocasse o colar em si. — Eu amo vocês. — Os gêmeos ergueram-se e abraçaram
Hadrian.
— Nós também te amamos, Hadrian. — Os ruivos disseram em uníssono e Fred foi o primeiro a
reivindicar os lábios do menor. Os beijos de ambos foram calmos e cheios de sentimentos.

— Cedric. — Hadrian chamou sorridente quando os gêmeos voltaram ao grupo e o Hufflepuff se


aproximou.

— Puta merda eu vou chorar muito. — Theodore fungou ainda mais.

— Você é tão belo e puro quanto um arco-íris. Rainbow. Você surge quando o sol e a chuva se
unem, trazendo alegria e esperança. Um arco-íris que só pode existir sob o brilho do “Sol”, e eu
farei de tudo para continuar brilhando e te fazer feliz. — Ele pegou outro colar. Este era de ouro
rose, seu pingente é um meio arco com nove pedrinhas coloridas alinhadas lado a lado; no seu
verso está escrito “Rainbow”. Cedric abaixou-se e se virou para que Hadrian colocasse o colar em
si. Ao erguer-se ele puxou o menor para um abraço e um beijo amoroso.

— Eu te amo. — Cedric sorriu ao afastarem-se do osculo.

— Eu também te amo. — Hadrian retribuiu o sorriso enquanto ele via o Hufflepuff se afastar e
Viktor avançar.

— O último da noite. — Hadrian sorriu para o búlgaro. — Você é vívido e intenso como o fogo.
Você é caloroso no ponto certo para aqueles que você gosta, mas você queima aqueles que ferem o
que é seu ou o desagradam. — Ele pegou o último colar, deixando apenas dois. Os de Bill e
Charlie. Ele os daria na próxima ocasião que todos estiverem reunidos. O colar de Viktor era de
ouro, assim como o pingente de chamas, e atrás está escrito “Ignat”. — Esse fogo só existe por
causa do Sol, enquanto ele estiver lá, o fogo continuará a brilhar. — Hadrian colocou o colar no
búlgaro, que logo o puxou para um beijo apaixonado.

— Eu sei que mal nos conhecemos, mas eu posso afirmar que estou me apaixonando cada dia mais
por você. — Viktor sussurrou roucamente depois de separar seus lábios dos do menor.

— Digo o mesmo. — Sorriu brilhantemente. Ele pegou a caixa, fechou-a, encolheu-a e a colocou
em seu bolso.

— Ai caralho. — Theodore fungou. — Eu consegui me segurar. — O grupo riu, e logo voltaram


para o salão.

A mesa principal agora estava vazia; Dumbledore dançava com Sprout; Bagman com
McGonagall; Maxime com Hagrid abriam uma estrada pela pista de dança ao valsar entre os
estudantes, e Karkaroff não estava à vista. Em certa altura da noite, Ron e Hermione tiveram uma
discussão acalorada que resultou no ruivo carrancudo e a castanha saindo do salão a passos
pesados. O grande grupo reivindicou uma mesa, eles ficaram sentados, conversando ou dançando
ali perto. A diversão acabou quando Percy se aproximou e começou a tagarelar sobre coisas chatas.
Bagman também se aproximou com o intuito de conversar com Hadrian, porém Percy o distraiu.

— Vamos dar uma volta. — Murmurou George para Hadrian. — Sair de perto de Percy...

Fingindo que queriam se reabastecer de bebidas, Hadrian e os namorados e amigos saíram da


mesa, contornaram a pista de dança e seguiram para o saguão de entrada. As portas estavam abertas
de par em par e as fadinhas luminosas no roseiral piscavam e cintilavam quando os garotos
desceram os degraus da entrada e se viram cercados de plantas que formavam caminhos serpeantes
e de grandes estátuas de pedra. Hadrian ouviu um rumorejo de água caindo, que lhe pareceu uma
fonte. Aqui e ali as pessoas estavam sentadas em bancos entalhados. O grupo tomara um dos
caminhos que passava pelo roseiral, mas tinham dado apenas alguns passos quando ouviram uma
voz conhecida.

Era Karkaroff conversando com Severus sobre a Dark Mark escurecer, o que indicava o
retorno de Lord Voldemort. Severus zombava do covarde que Karkaroff era, querendo fugir. Os
dois professores contornaram um canto. Severus levava a varinha na mão e ia estourando roseiras,
com a expressão mal-humoradíssima. Ouviam-se gritinhos em muitos arbustos e vultos escuros
saíam correndo para fora deles.

— Dez pontos a menos para Hufflepuff, Fawcett! — Rosnou Severus, quando uma garota passou
correndo por ele. — E dez para Ravenclaw, também, Stebbins! — Quando um garoto passou no
encalço dela. — E que é que vocês estão fazendo? — Acrescentou ele, avistando Hadrian e os
namorados mais adiante no caminho. Karkaroff, percebeu Hadrian, pareceu ligeiramente
desconfortável ao vê-los parados ali. Levou a mão nervosamente à barbicha e começou a enrolá-la
com o dedo.

— Estamos passeando. — Respondeu Hadrian divertido.

— Então continuem passeando! — Rosnou Severus, olhando analiticamente para os dois filhos e
os colares que ostentavam em seus peitos, O colar que Dennis fizera ainda estava preso ao seu
pescoço e brilhando com os escritos “Hadrian’s Pat”. O pocionista passou roçando por eles, sua
longa capa negra se abrindo como uma vela enfunada às suas costas. Karkaroff apressou-se em
alcançar o colega. Os garotos continuaram a descer pelo caminho.

— Karkaroff tá se cagando de medo. — Hadrian sorriu divertido. — Foi o responsável por vários
seguidores do Dark Lord terem sido enviados para Azkaban.

Eles tinham chegado a uma enorme rena de pedra agora, por cima da qual avistaram o jorro
cintilante de um alto chafariz. Avistaram também, sentadas em um banco de pedra, as silhuetas
escuras de duas pessoas, que contemplavam a água ao luar. Então Hadrian ouviu a voz de Hagrid.
O homem estava se declarando. Comentou sobre ele ter puxado a mãe, que fora uma das últimas
gigantas na Grã-Bretanha, ela fora embora quando ele tinha três anos, não era muito maternal por
causa da natureza. Hagrid dissera que soube que o que ela era, estava animadíssimo por conhecer
alguém como ele, outro meio-gigante. Porém Madame Maxime ficou irada, dizendo que havia sido
insultada por apenas ter ossos graúdos. Ela saiu intempestivamente; grandes enxames de fadinhas
multicoloridas se ergueram no ar quando ela passou, empurrando arbustos para os lados. Hagrid
continuou sentado no banco, acompanhando-a com o olhar parado. Depois, passado um minuto, ele
se levantou e se afastou, mas não voltou ao castelo, saiu pelos jardins escuros em direção à sua
cabana.

Hadrian e os namorados, junto com os amigos, voltaram para dentro por causa do frio. Eles
se divertiram o máximo possível, dançaram até não conseguirem mais, brincaram, namoraram e
riram. Quando as The Weird Sisters terminaram de tocar à meia-noite, receberam mais uma rodada
de aplausos estrepitosos e começaram a sair em direção ao saguão de entrada. Muitas pessoas
expressaram o desejo de que o baile pudesse continuar por mais tempo. Já no saguão de entrada,
Hadrian despediu-se de Viktor com um beijo. Mas o búlgaro o puxou para um abraço e sussurrou
no seu ouvido.

— Eu te amo. — Hadrian sorriu feito bobo.

— Eu também te amo. — E então o búlgaro fora embora. Virando-se para o namorado da


Hufflepuff, Hadrian decidira perguntar algo sobre a tarefa. — Ced. — Chamou.

— Oi?
— Sabe algum lugar privado para se tomar um banho? — Hadrian perguntou num sussurro e o
mais velho corou.

— T-tem o banheiro dos monitores.

— Vamos lá amanhã à noite. Okay? — O Hufflepuff agora estava tão vermelho quanto um tomate.

— S-si-sim, mas por quê? — Gaguejava, suas mãos trêmulas agarrando o tecido da calça.

— É sobre a segunda prova. — Hadrian sussurrou para ele. — Onde fica o banheiro?

— Quarta porta à esquerda daquela estátua de Boris, the Bewildered, no quinto andar. A senha é:
Frescor de Pinho.

— Eu te pego na sua Comunal às duas da manhã. — Hadrian beijou os lábios de Cedric e sorriu
antes de partir.
Capítulo 115
Chapter Notes

ALERTA +18 SUAS PIRANHAS

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

A sala comunal da Slytherin estava muito mais quieta que o normal na manhã seguinte,
muitos bocejos pontuavam as conversas ociosas. Todos estavam cansados e letárgicos, mas havia
muito tempo livre para não fazerem nada, já que terminaram os deveres na primeira semana das
férias. Skeeter publicou as novidades do relacionamento de Hadrian do Daily Prophet, pelo menos
ela gostava do Pequeno Príncipe.

SURPRESAS NO BAILE DE YULE!

Por Rita Skeeter

Caros leitores. Hoje esta jornalista traz a vocês noticiais de última hora!

Depois de ter terminado a primeira prova do Triwizard Tournament em primeiro lugar, o


nosso querido Hadrian Tamish Potter venceu mais uma batalha e conquistou mais dois
corações para si. Vamos começar com a entrada magnífica do Príncipe com um conjunto de
roupas deslumbrantes, onde ele estava acompanhado de dois de seus consortes, eles
quebraram as regras retrógradas de gênero para as vestes formais. Os seus dois consortes
vestiam lindos vestidos longos e o próprio Hadrian Tamish Potter usava um conjunto de
roupas andróginas, tanto femininas quanto masculinas que, em minha opinião, era a roupa
mais linda que eu já vi em toda a minha vida! Logo abaixo estará a foto desse trio lindo que
pisou na cara dos velhos preconceituosos da nossa sociedade.

E então, durante o Baile ele dançou com o seu “par principal”, que era Colin Prince, como
diz a tradição antes de abrir a pista de dança. Logo depois ele dançou com todos os seus
consortes, e confirmou o que nós já sabíamos sobre o amor incondicional deles. Viktor Krum
e Cedric Diggory, outros campeões do torneio o puxaram para dançar também, e nosso
Futuro Rei os beijou no final de suas respectivas danças. Se alguém disser que eu dei um
gritinho eufórico quando isso aconteceu eu não irei negar, pois realmente dei. Agora, então,
formando um número de dez consortes. Será que haverá mais no futuro? Apenas o tempo
nos dirá. E essa dedicada repórter estará muito bem informada para dar-lhes as notícias.

E logo abaixo havia um conjunto de três fotos que se mexiam. A primeira era de Hadrian
descendo as escadas; a segunda era ele dançando e beijando Viktor; e a terceira era ele dançando e
beijando Cedric. Hogwarts inteira ficou em alvoroço por causa disso. Os familiares de Hadrian e
Viktor enviaram cartas para eles, os parabenizando e desejando felicidades. Já a família de Cedric
se manteve em silêncio. Várias outras cartas de desconhecidos vieram para Hadrian. Elas
consistiam em pessoas preconceituosas e muito arcaicas com seus conceitos, xingando e insultando
Hadrian e seus consortes pelas vestes, ou por estarem em um relacionamento homossexual, ou por
ser um harem. Hadrian apenas as queimou, na frente de todos no Salão Principal, para mostrar que
não se importava com o que os outros pensavam sobre sua vida. Agora, se insultassem seus
amantes ele iria trazer o inferno para a terra.

— O que você vai fazer com o Ced? — Pansy perguntou maliciosa quando os Slytherin se reuniam
para irem dormir.

— Não sei do que está falando. — Hadrian fez-se de inocente.

— Você é terrível. — Theodore balançou a cabeça em negação, mas com um sorriso nos lábios.

— Falou a puta. — Hadrian piscou para o amigo. Ele e Draco entraram no quarto que dividiam. Já
eram vinte para as duas, estava quase na hora dele ir buscar Cedric.

— Assim irei me sentir abandonado. — Draco abraçou o moreno por trás e começou a distribuir
beijos pelo seu pescoço.

— Você é o único que pode dormir comigo e nos “divertimos” muito mais. — Hadrian sorriu. —
Já que é difícil encontrar horários vagos que coincidem com os dos outros.

— Depois eu vou querer uma recompensa. — Draco mordeu o lóbulo da orelha do menor, que
estremeceu e suspirou.

— Você terá. — Hadrian concordou enquanto virava-se para enlaçar o pescoço do loiro. — Agora
eu tenho que ir. — Beijou-lhe os lábios com paixão. Nyx havia saído para encontrar sua namorada,
então ela não iria com ele.

— Não sejam pegos. — Hadrian sorriu, pegou seu Mapa, o ovo e a Capa antes de sair dos
dormitórios.

A Sala Comunal da Hufflepuff ficava no mesmo corredor que a entrada das cozinhas.
Hadrian seguiu adiante, despois de passar pelo enorme quadro de natureza morta, que era a entrada
das cozinhas, e chegou numa pilha de grandes barris em um sombrio recuo de pedra no lado direito
do corredor. A entrada era o segundo barril de baixo para cima, no meio da segunda linha. O barril
tem um sistema de segurança onde só é aberto baterem nele na sequência correta do nome “Helga
Hufflepuff”. Se um aluno de outra casa bater nele, ou for a sequência errada, o barril encharca o
aluno de vinagre. Quando deram duas horas, a tampa do barril se abriu e Cedric surgiu da
passagem.

— Oi. — Hadrian tirou o capuz da Capa e sorriu ao ver o espanto no rosto do Hufflepuff.

— Você quer me matar de susto? — Cedric suspirou enquanto agarrava fortemente o seu ovo
contra o peito.

— Definitivamente não. — Hadrian o puxou para baixo da Capa, o que fora um trabalho quase
impossível já que Cedric era muito mais alto e os pés deles ficavam quase aparecendo quando o
Hufflepuff estava corcunda e agarrava fortemente as costas do moreno. — Vamos lá.

Com dificuldade para se locomoverem, os dois subiram para o quinto andar. Os corredores
banhados de luar estavam desertos e silenciosos, e, consultando o mapa a intervalos estratégicos,
Hadrian pôde ter certeza de não encontrar ninguém que quisesse evitar. Logo encontraram a estátua
de Boris, the Bewildered, um bruxo com cara de desorientado com as luvas nas mãos trocadas.
Hadrian localizou a porta certa, encostou-se nela e murmurou a senha: Frescor de Pinho. A porta se
abriu com um rangido. Eles entraram, Hadrian trancou a porta ao passar com feitiços de
privacidade poderosos e despiu a Capa da Invisibilidade, olhando ao redor.

Sua reação imediata foi que valia a pena ser monitor-chefe só para poder usar aquele
banheiro. Tinha uma iluminação suave fornecida por um esplêndido lustre de muitas velas e tudo
era feito de mármore branco, inclusive o que parecia ser uma piscina retangular e vazia rebaixada
no meio do piso. Tinha umas cem torneiras de ouro em volta da borda, cada uma com uma pedra
preciosa de cor diferente engastada na parte superior. Havia também um trampolim. Longas
cortinas de linho protegiam as janelas; havia uma montanha de toalhas brancas e macias a um
canto e um único quadro com moldura de ouro na parede. Era uma sereia loura, profundamente
adormecida sobre um rochedo, cujos longos cabelos esvoaçavam sobre o rosto toda vez que ela
ressonava.

— Isso é perfeito. — Hadrian ofegou com os olhos brilhantes.

— Venha. — Cedric chamou enquanto se abaixava ao lado da banheira/piscina e abria todas as


torneiras.

Hadrian deixou a Capa e o mapa em uma cadeira que tinha ali no canto e se aproximou da
banheira com o ovo nos braços, seus passos ecoando nas paredes. Ele viu que havia diferentes tipos
de espuma de banho misturados à água. Uma torneira jorrava bolhas rosas e azuis do tamanho de
bolas de futebol; outra, uma espuma branca gelada tão densa que Hadrian achou que poderia
sustentar seu peso se ele a quisesse experimentar; uma terceira despejava nuvens perfumadíssimas
na superfície da água. Hadrian divertiu-se durante algum tempo abrindo e fechando torneiras,
curtindo particularmente o efeito de uma, cujo jorro ricocheteava na superfície da água e subia em
grandes arcos. Então, a piscina funda se encheu de água, espuma e bolhas (que considerando seu
tamanho duravam pouquíssimo tempo), Cedric fechou as torneiras e endireitou-se.

— Pronto? — Cedric se ergueu com as bochechas coradas.

— Pronto. — Hadrian colocou o seu ovo ao lado do de Cedric na beirada da banheira e se dirigiu
até a pilha de toalhas, ao pegar duas ele logo retornou para a banheira e colocou-as ao lado dos
ovos.

— E-eu... — Cedric desviou o olhar quando Hadrian começou a desabotoar sua camisa.

— Vamos, Ced. Você me verá sem roupas várias e várias vezes. — Hadrian sorriu malicioso e
agarrou a gravata do maior. — Me mostre seu corpo também. Eu quero vê-lo. Quero tocá-lo. —
Sussurrou roucamente ao puxar o pescoço do maior para baixo até alinharem seus rostos. — Ou
você quer que eu tire suas roupas? — Perguntou com um brilho malicioso nos olhos.

— N-não precisa. — Cedric engoliu em seco e desviou o olhar.

— Me acompanhe. — Hadrian largou a gravata do outro e afastou-se um pouco, começou a


desfazer o nó de sua própria gravata.

Levaram alguns segundos até que o mais velho decidisse agir, mas logo ele imitava os
movimentos do moreno. Lentamente as peças eram retiradas, ambos com as bochechas vermelhas,
mas com os nervos e a excitação às alturas. Eles jogaram a última peça de roupa junto ao montinho
que estavam as outras e admiraram-se. Hadrian tinha um corpo delgado e esbelto. Ele era a perfeita
mistura de curvas afeminadas com músculos masculinos levemente torneados. Já Cedric tinha um
corpo musculoso e malhado, muito masculino em comparação ao do menor. Mas Hadrian amou-o
imediatamente. Os olhos dos dois vagaram para cada detalhe em seus corpos.

— Venha. — Hadrian segurou a mão do mais velho com delicadeza e o puxou para a banheira.
Eles haviam deixado as varinhas na beirada da banheira caso precisassem.

A banheira era tão funda que os pés de Hadrian mal tocavam o piso, a água quente e
espumosa com nuvens de vapor de cores variadas fumegando a toda volta era tão prazerosa. Os
dois viram-se completamente relaxados e calmos, o nervosismo se dissipou imediatamente. Eles
ainda seguravam a mão um do outro enquanto ficavam se olhando por um momento delicioso e
confortável. Seus olhos transmitiam seus sentimentos, todo o amor e carinho um pelo outro estava
sendo trocado com um simples contado visual.

Lentamente Hadrian foi se aproximando do mais velho, seus dedos molhados subiram pelos
braços de Cedric até alcançarem o seu pescoço, seus corpos estavam cada vez mais perto, assim
como suas bocas. O mais velho desceu suas mãos pelas costas do menor e agarrou sua cintura,
unindo seus corpos. Hadrian ofegou ao sentir o choque de seus membros amolecidos se colidindo
tão abruptamente. Cedric não se aguentou mais e tomou os lábios de Hadrian num beijo
apaixonado e faminto. O menor gemeu ao sentir suas pernas sendo separadas pelo joelho do mais
velho e seu pênis quase desperto roçar deliciosamente contra o do outro.

Cedric o puxou para trás, sentou-se no que parecia um banquinho dentro da banheira/piscina
e puxou Hadrian para o seu colo. O moreno aprofundou o beijo conforme remexia-se em cima do
outro. Ele podia sentir a ereção de Cedric na sua bunda enquanto a sua própria latejava na fricção
entre seus abdomens. Suas línguas duelavam deliciosamente em suas bocas e gemidos escapavam
por suas gargantas. O único som que era ouvido eram os dos seus beijos e o balançar da água, a
excitação crescia a cada instante, suas mãos começaram a vagar pelos corpos um do outro,
inspecionando e assimilando cada curva ou músculo.
— Você já fez? — Cedric perguntou quando vagou seus beijos para chupar e morder o pescoço de
Hadrian.

— Ainda não. — Hadrian respondeu em meio a gemidos, ainda movendo seu quadril. — Eu quero
fazer. Mas ainda não estou pronto.

— Eu irei esperar então. — Cedric afastou seu rosto do pescoço marcado do menor para olhá-lo
nos olhos e acariciar uma de suas bochechas. — Vamos no seu ritmo, Sunshine.

— Obrigado, Rainbow. — Hadrian sorriu para o outro. — Eu tenho uma ideia. — Seus olhos
brilharam em maliciar.

— O que você vai aprontar? — Cedric retribuiu o olhar do outro.

— Já ouviu falar em buttjob? — Hadrian fingiu-se de inocente.

— Não. — Cedric franziu o cenho e Hadrian sorriu.

— Você vai usar minha bunda para se masturbar. — Sussurrou no ouvido do outro. — Amasse
minhas nádegas ao redor de si e eu irei me mover. — Mordeu o lóbulo de sua orelha.

— Tenho até medo das suas ideias. — Cedric brincou enquanto suas mãos desciam até as
nádegas do menor.

Hadrian empinou a bunda ao sentir Cedric encaixar seu pênis no meio dela e mantê-lo ali
com os dedos enquanto comprimia as nádegas ao mesmo tempo. Hadrian agarrou sua varinha e fez
um feitiço de lubrificação a prova d’água no pênis do maior. Assim eles manteriam um ritmo bom
sem que seja dolorido por causa da água que tirava toda a lubrificação do pré-gozo. Ele sorriu ao
ouvir um gemido escapar dos lábios de Cedric quando ele começou a mover-se. O moreno apoiou-
se nos ombros do mais velho para conseguir sustentação para subir e descer em seu colo, ele
alcançou seus lábios e iniciou um beijo faminto, nunca parando de se mover.

Eles ficaram assim por um tempo até que Hadrian sentiu-se cansado. Cedric o colocou
debruçado na borda, com os joelhos no “banco” e então sua bunda estava acima da água. O mais
velho alinhou-se ao traseiro de Hadrian e acomodou-se novamente entre suas nádegas. Amassando-
as contra o seu comprimento e segurando o mesmo com os polegares para não escapar. Um ritmo
rápido e brusco iniciou-se quando Cedric assumiu a liderança. Gemidos e rosnados escapavam de
sua garganta conforme ele sentia seu ápice se aproximando, Hadrian rumou uma mão até o seu
membro e começou a acariciá-lo. Estava latejando dolorosamente por ter sido negligenciado até
agora, ele precisava se aliviar. Precisava de mais.

— Hadrian... — Cedric gemeu quando seus movimentos desaceleraram e seu corpo se contraia
enquanto os jatos de sua semente irrompiam da uretra e pousavam nas costas do menor. Ele
afastou-se um pouco para tirara toda e qualquer essência de dentro de si. Seu membro começava a
murchar depois de ser aliviado. — Eu quero te ajudar com isso. — Cedric puxou o menor para
cima e o fez sentar-se na beirada da banheira/piscina.

— Ced e-eu... — Mas Hadrian não conseguiu completar sua frase, pois Cedric acabara de
abocanhar seu membro.

Um gemido alto rasgou sua garganta assim que ele sentiu a cavidade quente e úmida do
outro o envolvendo quase que por completo. Cedric esforçava-se para conseguir colocar tudo em
sua boca, o que ele não conseguiu colocar, era acariciado por uma de suas mãos enquanto a outra
brincava com os testículos do menor. O mais velho sugava e lambia com fome, Hadrian agarrava
seus cabelos marrons escuros e o incentivava a ir mais fundo e mais forte. Gemidos desconexos
deixavam os lábios avermelhados do menor, que estava completamente perdido na névoa de prazer
e luxuria que o outro o dava.

— E-eu vou... — Hadrian tentou avisar, mas Cedric o ignorou, sugou com ainda mais força e
brincou com seu pênis como se fosse um picolé. Em instantes Hadrian estava gemendo seu nome,
derramando-se na boca do mais velho. Cedric engoliu tudo e lambeu a ponta para não desperdiçar
nada. Ambos estavam ofegantes, a cabeça do maior afastou-se da pélvis do outro e trocaram olhares
cheios de amor e cumplicidade. — Eu te amo. — Hadrian puxou-o para um beijo calmo e cheio de
amor, ignorando o seu próprio gosto na boca do outro.

— Eu também te amo. — Cedric beijou-lhe a testa depois de separar-se de seus lábios.

— Acho que nos desviamos do objetivo. — Hadrian sorriu divertido ao olhá-lo nos olhos.

— Não era para isso que viemos aqui? — Cedric perguntou divertido.

— Deixa eu recuperar o movimento das pernas. — Hadrian sorriu para o Hufflepuff corado.
Enquanto acalmavam seus corpos depois do clímax eles distribuíam carinhos e beijos doces um no
outro. — Vamos juntos então. — Depois de um tempo, quando estava seguro de que seus músculos
tinham força o suficiente para não se afogar, ele pegou seu ovo e Cedric o dele. Ambos foram mais
fundo na banheira, na contagem de três, tomara folego e submergiram. Eles trocaram olhares
embaixo d’água e abriram os ovos, e agora, sentados no fundo da banheira de mármore cheia de
espuma, ouviram um coro inquietante de vozes que cantavam para eles e que vinham dos ovos em
suas mãos:

Procure onde nossas vozes parecem estar,

Não podemos cantar na superfície,

E enquanto nos procura, pense bem:

Levamos o que lhe fará muita falta,

Uma hora inteira você deverá buscar,

Para recuperar o que lhe tiramos,

Mas passada a hora – adeus esperança de achar.

Tarde demais, foi-se, ele jamais voltará.

Eles fecharam os ovos, soltaram os corpos e emergiram à superfície espumosa, sacudindo os


cabelos para longe dos olhos.

— Vão nos tomar algo. — Cedric olhou-o com incredulidade.

— E teremos que procurar por uma hora. — Hadrian concluiu.

— Então teremos que passar uma hora embaixo d’água? — Cedric perguntou espantado.

— É. — Hadrian estava animado com a perspectiva de conhecer merpeople. — Existem merpeople


no Great Lake. Os que vivem nele são os Selkies, que são diferentes dos Sirens na Grécia e os
Merrows na Irlanda. Os Selkies vivem apenas na Escócia, onde fica Hogwarts.

— Existem uma infinidade de criaturas perigosas no lago! — Cedric apavorou-se.

— Mas como ficaríamos uma hora embaixo d’água? — Hadrian perguntou para si mesmo, absorto
demais em seus próprios pensamentos. — Eu tenho minha forma animagus. A Horned Serpente
pode respirar tanto em terra quanto na água, então eu não teria problemas. Mas e você e Viktor? —
Cedric suspirou.

— O feitiço cabeça de bolha. — Hadrian olhou-o admirado.

— Vamos começar a treiná-lo amanhã mesmo! — Sorriu para o namorado.

— E um feitiço de aquecimento, o lago é terrivelmente frio. — O maior fez uma careta ao


imaginar.

— Vamos treinar todos os feitiços que possam ser úteis. Principalmente uns de localização.
Provavelmente não irão nos dizer o que será tomado de nós, então estaremos às cegas. Eu posso
guiar o caminho para você e Viktor, não seria quebrar as regras se vocês me vissem em tal lugar.
Vou começar a nadar no lago para conseguir me localizar melhor pelo local. Assim ficará mais
fácil quando chegar o dia da tarefa.

— Okay. — Cedric sorriu-lhe docemente. — Agora devemos voltar antes que sejamos pegos. —
Hadrian sorriu travesso.

— Não queremos isso. — E então os dois banharam-se e se vestiram para voltarem às Salas
Comunais, não antes de terem uma seção de amassos deliciosos no banheiro dos monitores.
Capítulo 116
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Já do lado de fora no corredor escuro, Hadrian e Cedric despediram-se quando eles estavam
na frente da entrada da Sala Comunal da Hufflepuff. Com um último beijo, o mais velho partiu.
Hadrian pegou o seu Mapa e examinou-o para verificar se o caminho estava livre, quando
confirmado que era seguro partir, ele rumou de volta para as Masmorras. Porém um pontinho
nomeado de “Bartemius Crouch” estava na sala de Severus, sem o pocionista junto. Como ele
estava a uma virada de corredor... Por que não ir ver o que estava acontecendo?

Hadrian sabia que o olho mágico conseguia vê-lo ainda que estivesse sobre a Capa
Invisibilidade, então ele criou um feitiço (com a ajuda do Grimório de Morgana) que aprimoraria
os poderes da Capa. Fazendo com que nada pudesse ver através dela, e nenhum som produzido
pela voz ou passos poderia ser ouvido. Então o garoto estava muito confiante em poder espionar o
impostor. “Moody” pegava os ingredientes necessários para a Poção Polyjuice com pressa e zero
cuidado. Severus surgiu das sombras pelo corredor contrário de “Moody”, e o impostor conseguiu
fugir. Severus encarou a porta do armário de ingredientes aberto e os frascos revirados com raiva.

— Foi “Moody”. — Hadrian despiu a Capa e olhou para o professor, que se assustou terrivelmente.

— Puta que me pariu, Hadrian! — O garoto reprimiu uma risada ao ver o tão composto e estoico
Severus Prince tão vulnerável e xingando.
— Desculpa. — Seus lábios se contorciam contra a vontade de sorrir. — Pelo que eu vi, ele estava
roubando ingrediente para a Poção Polyjuice. — Severus suspirou e começou a arrumar seu
armário. — Tenho um forte palpite de que seja Barty Jr. se passando por Moody.

— O quê? — Encarou o garoto com espanto.

— A magia de Crouch e o falso Moody são diferentes, mas ainda assim um pouco parecidas. Então
eu me recordei que, na Copa Mundial, Winky estava escoltando uma pessoa escondida sob uma
capa de invisibilidade. E como Barty era um Death Eater, provavelmente fora ele quem conjurou a
Dark Mark naquela noite para escapar. Eu só não sei como ele saiu de Azkaban ou porque
demorou tanto para voltar para o Dark Lord.

— Sua perspicácia e inteligência sempre me surpreendem.

— É um charme. — Deu de ombros.

— O que você está fazendo fora da cama a essa hora? — Semicerrou os olhos para o garoto.

— Descobri a pista do ovo. — Hadrian respondeu apontando o objeto.

— Volte para a cama. Se Barty está aqui, então quer dizer que ele está voltando. — Hadrian
suspirou e esfregou ansiosamente a cicatriz em forma de raio. — Temos que ficar alertas. — O
garoto assentiu e despediu-se, logo retornando ao seu dormitório na Slytherin.

Longe de Hogwarts, em uma mansão em Little Hangleton, um servo voltava para o seu
senhor com novas notícias. Wormtail saía diariamente para conseguir todo e qualquer jornal do
mundo muggle e bruxo. Barty Jr. vinha raramente ao seu encontro com novas notícias. Voldemort,
limitado a um corpo fraco de homúnculo, passava seus longos e tediosos dias no escritório, lendo
os jornais e livros sobre o tempo que esteve fora. Ele precisava se atualizar. Precisava se prepara
para o seu retorno, que estava muito próximo. Muitos dos seus seguidores se perderam, ele não
podia chamar nenhum neles, não nesse estado tão frágil. Essa não era a visão de um Dark Lord.
Ele perderia sua influência sobre eles.

Apenas manter Crouch Sr. trancado numa cela no porão já estava se mostrando muito
trabalhoso. Sua magia não se conectava adequadamente com o seu corpo, seu corpo humanoide era
muito fraco para suportar seu poder. Ele não via a hora de conseguir ter seu corpo de volta.
Diariamente eles forçavam Crouch a escrever cartas para o seu assistente sobre o serviço. Dizendo
que ele estava doente e precisava descansar. Wormtail era um péssimo servo. Era covarde e inútil,
quase sempre fazendo alguma burrice. Apenas Barty era de completa ajuda, mas os relatórios dele
sobre o garoto Potter o deixavam intrigado.

— My Lord. — “Moody” ajoelhou-se na frente da poltrona em frente à lareira em que Voldemort


lia um jornal.

— O que está acontecendo em Hogwarts? — Voldemort perguntou num sussurro frio e assustador.

— O garoto Potter, meu senhor. — Barty entregou-lhe os jornais sobre o dito jovem. — Ouve uma
vez que eu o vi indo para a Forbidden Forest com o familiar dele. — Essa era uma das coisas que
intrigava Voldemort. Como o garoto era capaz de falar parseltongue? O que havia acontecido
naquela noite de Halloween? — Ele estava escondido sob uma Capa da Invisibilidade. —
Voldemort não demonstrou a sua surpresa ao escutar que Potter possuía um artefato desses. —
Aparentemente, a Capa dele não é como as outras. Ela não tem tempo de duração. — O homúnculo
reprimiu perfeitamente o seu espanto.

— Você o seguiu? — Voldemort perguntou com o seu habitual tom frio enquanto analisava as
manchetes dos jornais onde falavam sobre o garoto.

— Não o encontrei. Uma garota da Ravenclaw deixou a floresta. Procurei pelo garoto, mas ele
havia desaparecido. Só apareceu quando o sol estava quase nascendo. Ele tinha um livro em mãos.

— Um livro? — Ergueu uma sobrancelha sem pelos.

— Não tinha nenhuma inscrição na capa. Apenas uma pedra roxa. Eu pude sentir uma magia
poderosa vindo do livro, mas o garoto encontrou uma maneira de encobrir. Também não sei onde
ele o colocou, ou o que era, ou o que queria com ele. Sinto muito, My Lord.

— Se ver ou sentir esse livro novamente, pegue-o e traga para mim.

— Sim, My Lord.

— O que mais você tem para relatar?

— A primeira tarefa do Triwizard Tournament. — “Moody” começou. — Ele literalmente


conversou com o dragão. — Voldemort analisou o outro com os olhos vermelhos como sangue e
com fendas no lugar das pupilas, tentando procurar algum indício de que aquilo era mentira. Mas
frustrou-se ao ver que o outro falava a verdade. — Ele usou parseltongue para conversar com o
dragão e pegar ovo. Ele conseguiu, saiu ileso. O dragão era um Hungarian Horntail, e ainda
permitiu que ele o desse carinho.

Voldemort ficou em silêncio. Como o garoto havia feito isso? Mesmo ele nunca se atrevera a
encarar um dragão e simplesmente conversar. Ele não era suicida! Mas ali estava o garoto, Hadrian
Tamish Potter, o surpreendendo cada vez mais. E isso o estava irritando terrivelmente.

— No dia seguinte o garoto foi até onde os guardadores mantinham os dragões. Ele os mandou se
afastarem do Chinese Fireball, que acabara esmagando três de seus sete ovos, e estava enfurecido.
Ele conversou com o dragão e fez um antigo ritual fúnebre para os filhotes mortos. No próximo dia
todos os dragões e ovos desapareceram sem deixar rastros. Ninguém poderia culpar Potter porque
tinham algumas marcas de fogo em alguns lugares. Aparentemente os dragões fugiram por si
mesmos. — Voldemort manteve-se calado. Pensando sobre as ações intrigantes do garoto Potter.

— Me conte sobre a familiar dele. — Nagini empertigou-se e olhou para ele com um olhar
avaliador. A serpente estava deitada numa almofada em frente ao fogo.

— Ela se chama Nyx. Está sempre com ele. Ela parece uma King Cobra muggle. Mas ela,
definitivamente, é mágica. — Voldemort olhou-o com interesse. Nem ele havia conseguido a
confiança de Nagini tão cedo. — Eu não sei quando eles se encontraram, mas ele a tem desde que
começara Hogwarts. Ela também pode mudar de tamanho, já ouvi relatos que ela pode fazer
alguém ver seus piores medos ou algo que ela queira.

— Qual a aparência dela? — Ele conhecia infinidades de espécies de serpentes, tanto muggle
quanto mágicas. Com sua aparência ele poderia descobrir qual era a raça dela e ver o tamanho do
seu poder.

— Ela possui escamas que eu nunca vi na vida. São negras, mas conforme a luz bate elas brilham
em todas as cores do arco-íris. E ela também tem intensos olhos azuis, eles parecem um vórtice de
vários tons de azul que ficam girando o tempo todo. São muito assustadores, por sinal. —
Voldemort pensou.
Pelas descrições ele não conhecia nenhuma espécie de serpente assim. Nem mesmo Nagini,
uma cobra mágica rara era capaz de mudar de tamanho ou fazer magia. Ela era muito resistente a
feitiços, seu veneno era tão letal quanto o de um basilisk e ela era mais forte do que uma cobra
normal... Mas nada comparado a cobra de Potter.

— O que mais? — Voldemort perguntou, sua frustração com o seu inimigo predestinado só
aumentando. Ele estava destinado a perder para o garoto, e do jeito que as coisas estavam indo, isso
estava tornando-se muito real.

— Ele trouxe outra serpente este ano. — Voldemort olhou-o com fúria. — Parece ser outra
serpente mágica. Chama-se Hera e fica o tempo todo com um dos namorados dele. Colin Prince, da
Gryffindor. — Algo na mente do homúnculo estalou. Hera?

— Me diga sua aparência. — Exigiu com fúria.

— Ela tem escamas num verde escuro e parecem ser muito resistentes. Tem umas saliências na
cabeça e olhos assustadoramente amarelos. Eu sinto que posso morrer apenas por olhá-los. Ela
também consegue mudar de tamanho, mas nunca soube de algo a mais que ela poderia fazer além
disso. — “Moody” permaneceu em silêncio enquanto o seu mestre assimilava as informações. O
fato de Potter ter entrado na Câmara Secreta, despertado o basilisk e o tirado de lá não parecia
afundar na sua mente. A raiva e o ódio cresciam dentro de si. Potter ousara tocar no que era sua
propriedade! O garoto tinha que pagar! — Eu acho que ele está suspeitando de algo. —
Voldemort, que estava olhando para a manchete sobre o Baile de Yule, encarou seu seguidor. —
Eu percebo que ele está alerta quando estou por perto. Algo em seus olhos parece estar me
analisando.

— Seja mais discreto. Não levante nenhuma suspeita. — Voldemort voltou seus olhos para o
jornal. — Vá. — “Moody” fez uma reverência e se retirou.

— O que você está pensando, Tom? — Nagini subiu pela cadeira e olhou-o com curiosidade.

— Esse garoto. Ele pode ser um problema. — Voldemort analisou as imagens do Baile de Yule.
— Ele é inteligente e habilidoso. Pode nos trazer problemas no futuro.

— Você está com medo de perder para um filhote, de novo? — Nagini zombou divertida.

— Precisamos matá-lo o quanto antes.

— O momento está se aproximando, Tom. Não se preocupe. O garoto morrerá.

Um novo trimestre começou. A neve continuava alta nos jardins. Houve uma visita a
Hogsmeade na metade de janeiro. No sábado Hadrian, os namorados e os amigos deixaram o
castelo, juntos, e atravessaram os jardins frios e úmidos em direção aos portões. Ao passarem pelo
navio de Durmstrang ancorado no lago, viram Viktor Krum saindo para o convés, trajando apenas
calções de banho. Ele era magro, mas bem mais forte do que parecia, porque trepou na amurada do
navio, esticou os braços à frente e mergulhou direto no lago.

— Ele é doido! — Comentou Pansy, observando a cabeça escura de Viktor reaparecer no meio do
lago. — Deve estar congelando, estamos no meio de janeiro!

— É muito mais frio no lugar de onde ele vem. — Disse Blaise. — Imagino que ele sinta até um
calorzinho aqui.
— É, mas ainda tem a lula gigante. — Lembrou Cedric.

— Ele deve estar “treinando”. — Hadrian comentou e todos pegaram a dica.

Os três campeões estavam esforçando-se muito para a segunda tarefa. Todos os dias pela
manhã, antes de todos se levantarem, Hadrian ia até o lago e o explorava com sua forma animagus.
Ele era capaz de ficar horas embaixo d’água, não sentia frio, conseguia ver perfeitamente e
localizar-se com perfeição. Ele descobriu uma quantidade inimaginável de criaturas lá, e também
nunca se aventurara no terreno dos merpeople, eles poderiam vê-lo como uma ameaça e atacá-lo. E
isso era a última coisa que desejava. O grupo de Hadrian se dirigiu até o Three Broomsticks. O bar
estava apinhado como sempre, eles encontraram uma mesa e Fred, George, Cedric e Blaise foram
pegar bebidas.

— Olha só aquilo. — Pansy comentou divertida.

Ela apontou para o espelho atrás do bar e Hadrian viu, refletido ali, Bagman, sentado em um
canto mais escuro com um grupo de goblins. O bruxo falava muito rápido, e em voz baixa, com os
duendes, que tinham os braços cruzados e uma expressão assustadora no rosto. Era realmente
estranho, pensou Hadrian, que Bagman estivesse ali no Three Broomsticks, num fim de semana,
quando não havia nenhum evento do torneio, e, portanto, nenhuma atividade do seu júri. Ele
observou o bruxo pelo espelho. Bagman parecia tenso, tão tenso quanto naquela noite na floresta
antes da Dark Mark aparecer. Mas neste momento Bagman olhou para o bar, viu Hadrian e se
levantou.

— Um momento, um momento! — Hadrian o ouviu dizer bruscamente para os goblins e atravessar


o bar em direção a ele, o sorriso juvenil de sempre no rosto. — Hadrian! —Exclamou ele. —
Como vai? Estava na esperança de encontrá-lo! Está tudo correndo bem?

— Sim. — Bagman o levou para um canto afastado. Ele começou o elogiando pela proeza na
primeira tarefa, sempre olhando de relance para os goblins (que encaravam o homem de cara feia),
e então ele cometera o erro de insultar as criaturas.

— Absoluto pesadelo. — Disse Bagman a Hadrian entre dentes, reparando que o garoto também
observava os goblins. — O inglês deles não é muito bom... Parece até que estou de volta à Copa
Mundial de Quadribol com todos aqueles búlgaros... Mas pelo menos eles usavam gestos que todo
ser humano era capaz de reconhecer. Essa turma fica algaraviando em gobbledegook... E só
conheço uma palavra de gobbledegook: bladvak, significa “picareta”. Não gosto de usá-la para
eles não pensarem que estou ameaçando-os. — E soltou uma gargalhada breve, mais retumbante.
Hadrian se absteve a olhar o homem sem demonstrar emoção.

— O que eles querem? — Perguntou com os olhos semicerrados.

— Hum... Bem... — Disse Bagman, parecendo subitamente nervoso. — Eles... Hum... Estão
procurando Barty Crouch.

— Por que é que estão procurando por ele aqui? — Perguntou Hadrian. — Ele não está no
Ministério em Londres?

— Hum... Para falar a verdade, não faço a menor ideia de onde esteja. Vamos dizer que tenha
parado de comparecer ao trabalho, já está ausente há umas duas semanas. O jovem Percy,
assistente dele, diz que ele está doente, aparentemente tem enviado instruções via coruja. Mas se
importa de não comentar isso com ninguém, Hadrian? Porque a Rita Skeeter continua
bisbilhotando por todo lado que pode e eu seria capaz de apostar que ela poderia transformar a
doença de Barty em algo sinistro. Provavelmente dizer que ele está desaparecido como Bertha
Jorkins. — E então ele tentou, novamente, fazer Hadrian trapacear. Até que o garoto se irritou e
disse:

— Vamos ver o que BloodTooth e os outros tem a dizer. — Sorriu maldosamente para o bruxo
aterrorizado e o puxou até os goblins. — Oi rapazes. — Deu sorriso se alargou ao ver o medo nos
olhos de Bagman aumentar.

— Pequeno Príncipe! — Os goblins cumprimentaram com entusiasmo. Seus sorrisos fazendo


Bagman estremecer.

— O que esse bosta fez? — Forçou o bruxo a sentar-se na cadeira, pois estava prestes a fugir.

— Não quer nos pagar o que deve pelas apostas da Copa Mundial. — Um dos goblins fuzilou
o bruxo.

— Pois bem. — Hadrian encarou o homem amedrontado. — Eu descobri por que “Bladvak” é a
única palavra em gobbledegook que você conhece. — Seu sorriso sádico se alargou. — Dê o
dinheiro que deve aos goblins e pare de ser um merdinha. — Olhou-o com desgosto, Bagman ficou
vermelho de raiva e encarou o garoto. Mas sua raiva morreu no instante que ele focou nos olhos
verdes que pareciam faiscar com a magia que o oprimia.

— Cl-claro... — Tirou das vestes um saco cheio de dinheiro e o entregou aos goblins.

— Está tudo certo? — Hadrian perguntou sem tirar os olhos do homem.

— Tem até mais do que o combinado. — As criaturas sorriam assustadoramente para o bruxo.

— Parece que está tudo certo. — O seu sorriso parece ainda mais assustador do que os dos goblins.
— Vá antes que eles queiram “suas joias” como pagamento. — Bagman soltou um guincho fino e
saiu correndo. Hadrian e os goblins desataram a rir.

— Por isso nós te amamos, pequeno Príncipe! — Um dos goblins bagunçou seus cabeços.

— Eu também me amo. — Piscou em brincadeira para as criaturas. — Mandem um beijo para a


mãe e o pai.

— Mandaremos! — Acenaram em despedida enquanto Hadrian voltava para seus amigos e


namorados.

— Você sempre gosta de criar uma cena. — Pansy comentou divertida. — Ninguém nunca viu
goblins sendo legais. E você quebrou um bar inteiro com isso. — Hadrian sorriu.

— O que aconteceu? — Neville perguntou curioso.

— Bagman queria fugir dos goblins, que estavam cobrando o dinheiro que ele devia pelas apostas
da Copa Mundial. Eu humilhei o filha da puta, fiz ele pagar um valor além do acordo, e o humilhei
ainda mais.

— Você é inacreditável, Hazz. — Dennis beijou-lhe a bochecha.

— Sem contar que ele está sempre no meu pé, querendo me fazer trapacear e tudo o mais. Acho
que ele apostou que eu iria ganhar o torneio e quer garantir isso.

— E ele ainda é um dos juízes. — Draco resmungou.


— E ele não iria te ajudar, Ced. — Hadrian segurou a mão do namorado. — Disse que se
“afeiçoou” mim e que sente por eu estar nessa porra toda. — Hadrian estremeceu de nojo.

— Isso me soa como um papo de pedófilo. — George fez uma careta.

— Então eu me livrei ao recusar sua ajuda. — Hadrian bebeu sua cerveja amanteigada.

— E humilhar o desgraçado! — Theodore ergueu seu copo de cerveja amanteigada enquanto o


grupo ria.

Cedo da manhã, Hadrian estava esgueirando-se pelos corredores do castelo até o Great Lake.
Faltava somente dois dias para o dia vinte e quatro de fevereiro, essa seria sua última visita ao
lago. Ele já estava incrivelmente familiarizado com o seu novo corpo e como nadar com ele. Sem
contar que conseguia localizar-se perfeitamente nas águas escuras e gélidas do Great Lake. Ele
acabou por fazer amizade com várias criaturas lá embaixo. No início elas estavam amedrontadas e
fugiam dele, isso mudou quando ele ajudou um filhote de Grindylow que estava preso nas longas
algas que eram uma floresta fechada e sem esperança de escapatória. A partir daí as criaturas
começaram a se aproximar, curiosas e interessadas no novo ser. Hadrian descobriu que a temida
lula gigante era incrivelmente simpática e divertida, vários filhotes de merpeople iam até ela
brincar com seus tentáculos como se fossem um brinquedo em um parque-de-diversões.

Cedric e Viktor já haviam elaborado suas estratégias para a tarefa. Viktor iria transfigurar
apenas sua cabeça em uma de tubarão para conseguir respirar e ainda conseguir usar sua magia, já
que, se fosse uma transfiguração completa, ele não teria como segurar a varinha e fazer mágica. Já
Cedric optou por um feitiço que criaria uma bolha de ar que o permitiria respirar embaixo d’água
por uma hora. O grupo estava trabalhando arduamente na duração dos feitiços, para que não
tivessem problema com o tempo na hora da tarefa.

Mais tarde naquele dia, na aula de Trato das Criaturas Mágicas, os alunos ficaram sabendo
que Hagrid conhecia tanto a respeito de unicorns quanto de monstros, embora ficasse evidente que
parecia desapontado que os bichos não tivessem presas envenenadas. Hagrid saiu contornando o
picadeiro onde os enormes cavalos da Beauxbatons estavam. No início do frio Hadrian lançou em
cada um dos cavalos feitiços de aquecimento que seria removido quando o frio parasse, o que eles
pareceram estar muito agradecidos.

O meio-gigante conduziu os alunos além do picadeiro dos cavalos da Beauxbatons, indo em


direção a uma árvore na orla da floresta, onde encontraram amarrados um grande e belo unicorn e
seu filhote. Muitas garotas soltaram exclamações de admiração ao ver os unicorns. Hagrid fez os
garotos ficarem mais atrás, pois os unicorns preferem os toques das mulheres. O unicorn adulto era
tão branco que fazia a neve ao redor parecer cinzenta. Pateava o chão nervoso com seus cascos
dourados e atirava para trás a cabeça com um só chifre. Ao contrário dos animais adultos, os
filhotes eram absolutamente dourados. Parvati e Lavender tiveram arroubos de prazer ao vê-los, e
até Bulstrode teve que se esforçar para esconder o quanto gostava do filhote.

O professor começou a palestra; dizendo que os filhotes são mais fáceis de localizar do que
os adultos, já que são mais confiantes e não se incomodam tanto com o toque de garotos. Ele
também informou que, por volta dos dois anos de idade, seus pelos ficam prateados; aos quatro
anos eles ganham chifres; e aos sete anos eles se tornam adultos e seu pelo fica branco-puro. As
garotas se agruparam em torno do unicorn adulto, dando-lhe torrões de açúcar e o acariciando.
Hagrid colocou o filhote mais perto da cerca do picadeiro improvisado para os garotos
conseguirem ver melhor. Mas algo de estranho aconteceu nesse instante. E, obviamente, fora com
Hadrian Tamish Potter. O unicorn adulto olhava-o com interesse, como se o chamasse para perto.
Seus grandes olhos negros o miravam com interesse.
— Algo que poucas pessoas sabem, é que os unicorns podem sentir a aura da magia de uma
pessoa. E cada pessoa tem ou uma aura feminina ou masculina. Porém existem exceções à essa
regra. Uma garota pode ter uma aura masculina, ou um garoto pode ter uma aura feminina. E ainda
existem pessoas com as duas auras. — Hagrid sorriu para Hadrian ao notar o olhar intenso da
criatura sobre o garoto. — Venha aqui, Hadrian. — O moreno assustou-se quando foi chamado e
olhou para o meio-gigante.

— O-okay. — Hadrian deu à Draco Nyx, que sibilou desgostosa, já que estava acomodada e
quentinha nos ombros do moreno.

— Posso afirmar que você possui as duas auras, Hadrian. — Hagrid segurou seu ombro e
aproximou-o do unicorn adulto. — Pois ele está confuso, um bruxo com as duas auras os confunde
por terem tanto a parte feminina quanto a masculina. Então ele está avaliando se vai permitir a sua
aproximação.

— Ele precisa fazer uma reverência como um hippogriff? — Pansy perguntou nervosa pelo amigo.

— Não. Apenas estenda esse torrão de açúcar. — Hagrid deu ao jovem bruxo o torrão e o
empurrou para frente.

As garotas afastaram-se, não querendo ficar por perto caso algo desse errado. Hadrian
trancou a respiração ao postar-se na frente da criatura e estender o braço, o torrão na palma da mão,
os dedos colados uns nos outros e bem estendidos. A criatura mirou-o por longos momentos antes
de se aproximar cautelosamente e cheirar o torrão. Por fim, Hadrian sorriu largamente ao sentir os
lábios macios e peludos do unicorn roçando a palma da sua mão e pegar a comida numa mordida
poderosa, sem levar seus dedos.

— Muito bem, Hadrian! — Hagrid bateu palmas excitado, o resto da turma trocava olhares de
espanto.

O garoto estendeu a mão para conseguir acariciar o seu focinho, e sorriu quando a criatura se
inclinou para frente, permitindo o seu toque. Hadrian sentia-se maravilhado ao sentir a macies do
seu pelo. Suas mãos acariciavam seu focinho, a testa, o chanfro, maxilar e pescoço. Ele sentia a
magia do unicorn correndo por suas veias, seus músculos absurdamente fortes salientes, seus
intensos olhos negros o olhando com curiosidade e apreciação pelo toque, suas orelhas girando em
sua cabeça conforme captava um som diferente. A criatura era majestosamente bela.

— Muito bem, Hadrian. — Hagrid sorria largamente. O garoto despediu-se do unicorn e voltou
para o seu grupo, perto do cercado. O filhote de unicorn relinchava alegremente quando ele se
aproximou do mesmo para o acariciar. Essa, definitivamente, fora umas das melhores experiências
que Hadrian já tivera nas aulas de Hagrid.

— Quando você vai parar de surpreender todo mundo? — Neville sorriu brincalhão para o
namorado.

— Se minha vida continuar assim, acho que nunca. — Hadrian retribuiu o sorriso.
Capítulo 117
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lordGENTE! SE
VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD PELOS
LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO DISCORD
(AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord
Na noite que antecedeu a segunda tarefa, os professores e todos do júri do torneio reuniu-se
na sala de Dumbledore com o Cálice de Fogo para verem o que seria tomado de seus campeões.
Eles escreveram em pedaços de pergaminho todos os nomes de pessoas supostamente queridas
pelos quatro campeões e jogaram no fogo. O Cálice iria cuspir o nome de quem era o mais
importante em suas vidas, contanto que estivessem nos terrenos de Hogwarts.

— Para a senhorita Delacour... — Dumbledore começou ao pegar o papelzinho e ler. — Gabrielle


Delacour.

— A irrmã dela. — Maxime anunciou.

— Muito bem. — Dumbledore pegou o próximo papelzinho. — Para o senhor Krum... —


Dumbledore reprimiu um rosnado de desgosto ao ler o nome. — Hadrian Tamish Potter.

— Disso nós já suspeitávamos. — Karkaroff comentou acidamente.

— Não podemos usá-lo, ele é um campeão também. — Flitwick apontou.

— Teremos que tirar outro nome. — McGonagall comentou.

— Claro, claro. — Ele balançou a varinha e outro pedaço de pergaminho saiu do Cálice. —
Nikolai Andonov.

— Amigo de Viktor da Durmstrang. — Karkaroff anunciou.

— Agora o senhor Diggory. — Dumbledore pegou o próximo papel, reprimindo outro rosnado. —
Hadrian Tamish Potter.

— Isso que dá namorar outros campeões! — Maxime exclamou ofendida.

— Próximo. — Dumbledore balançou a varinha e outro pergaminho veio. — Zacharias Smith.

— Amigo de Cedric da Hufflepuff. — Sprout anunciou sorridente.

— Agora o senhor Potter. — Dumbledore reprimiu sua raiva ao pronunciar o nome. E então o
Cálice cuspiu oito papeis suscetivelmente.

— Todos os sete namorados de Potter e o caçula Prince. — McGonagall fez uma cara de desgosto.

— O que significa todos os papeis saírem juntos? — Hagrid perguntou curioso enquanto
Dumbledore colocava os papeis em cima da mesa.

— Significa que o senhor Potter possui sentimentos iguais por todos os seus consortes. —
Dumbledore era um ótimo ator, então mascarou muito bem sua frustração.

— Então devemos escolher um deles? — Perguntou Hooch

— Isso traria problemas. — Severus apontou. — Se escolhermos um dos namorados, os outros


podem achar que este é o preferido ou coisa parecida.

— Severus está certo. — Dumbledore concordou com sua falsa expressão de bom avô.

— Então escolhemos um dos amigos. — Percy sugeriu.


— Agora, qual? — Vector perguntou-se.

— Potter parece demonstrar grande afeição por Luna Lovegood. — Moody anunciou.

— Então será a senhorita Lovegood. — Dumbledore decidiu. — Vamos chamá-los. Está quase na
hora do toque de recolher.

E então todos se dispersaram, indo chamar as pessoas que seriam levadas para o lago para
serem resgatadas.

Quando o sol raiou no próximo dia. Todos acordaram muito cedo, excitados e animados
demais para conterem-se. O grupo de Hadrian sentou-se na mesa da Slytherin para tomarem o café
da manhã. Os campeões estavam nervosos, mal conseguiam encostar em suas comidas. Se bem que
era melhor não se fartarem, já que iriam ficar na água por uma hora. Luna, Nikolai Andonov e
Zacharias Smith não foram vistos desde a noite anterior. E Hadrian via-se completamente nervoso
com a ausência de sua adorável Luna.

— Você tem certeza de que ela não estava no quarto? — Hadrian perguntou pela milésima vez a
Myrtle.

— Ele deve estar bem, Hadrian. Não se preocupe. — Colin segurou sua mão com carinho.

— Está na hora, rapazes. — Severus surgiu atrás de Hadrian e olhou para os três campeões.

— Boa sorte. — Hadrian colocou Nyx nos ombros de Draco. Todos os namorados dele, menos
Cedric e Viktor, beijaram-lhe brevemente os lábios antes dos três campeões acompanharem o
Mestre de Poções.

— Vai dar tudo certo. — Cedric sorriu-lhe docemente, enquanto ele e Viktor seguravam cada mão
do menor.

— Não se preocupe, Hadrian. — Severus murmurou ao olhar para o garoto.

Logo atrás deles, Fleur e Maxime desciam os gramados de Hogwarts. As arquibancadas que
tinham rodeado o picadeiro dos dragões em novembro agora estavam dispostas ao longo da
margem oposta do lago, quase explodindo de tão lotadas, e que se refletiam nas águas embaixo.
Eles dirigiam-se em direção a alguns juízes, sentados a uma mesa coberta com tecido dourado. Ao
longe, era possível ouvir as vozes excitadas e os inúmeros pés se apressando para a área das
arquibancadas. Bagman, ao ver Hadrian, ficou vermelho de raiva e vergonha, permanecendo
sentado no seu lugar e evitando o garoto o máximo que podia. Hadrian se aproximou do homem
com um falso sorriso inocente.

— Eu tenho uma dúvida sobre a tarefa.

— Diga. — Bagman pareceu levemente animado.

— Os espectadores vão poder nos ver lá embaixo ou não? — O homem pareceu deveras
desapontado com a pergunta. Esperava algo mais “comprometedor”.

— Será feito um feitiço onde iremos acompanhar o que vocês fazem lá embaixo como se fosse um
tipo de “telão muggle”. Além dos merpeople relatarem algumas coisas no final da prova.

— Okay. Obrigado. — Hadrian voltou para a “área dos campeões”.


— O que ele queria? — Viktor perguntou preocupado.

— Nada. Eu só precisava tirar uma dúvida. — Sussurrou para os namorados.

— E? — Cedric perguntou curioso.

— Eles conseguirão nos ver enquanto estivermos lá embaixo.

— Que bom que você treinou para isso. — Viktor comentou aliviado.

— Senão eu estaria ferrado. — Hadrian sorriu.

Eles ficaram repassando suas estratégias enquanto as arquibancadas se enchiam. Bagman


levantou-se, assim que todos já estavam acomodados, apontou a varinha para a própria garganta,
disse “Sonorus!” e sua voz reboou sobre as águas escuras até as arquibancadas.

— Bem, os nossos campeões estão prontos para a segunda tarefa, que começará quando eu apitar.
Eles têm exatamente uma hora para recuperar o que foi tirado deles.

Fleur despiu o seu robe, mostrando um maiô azul celeste. Vários assovios masculinos e
aplausos explodiram das arquibancadas. Cedric tirou sua camisa, ficando apenas com um calção de
banho. Gritos histéricos femininos pelo corpo do Hufflepuff puderam ser ouvidos, e o garoto corou
violentamente enquanto tentava se cobrir. Viktor retirou sua camisa, também ficando apenas com
um calção de banho. Os gritos histéricos das garotas aumentaram drasticamente pelo físico do
búlgaro, que estava extremamente desconfortável. Hadrian fechou a cara pelos loucos tarados que
estavam olhando para seus namorados. E então ele retirou sua camisa, trajando apenas um calção
de banho. Os gritos histéricos femininos foram acompanhados por assovios masculinos e aplausos.
Seus namorados nas arquibancadas eram os que mais gritavam. Viktor, que nunca vira seu corpo
sem roupa, sorriu-lhe malicioso. Os quatro campeões estavam tremendo de frio. Quem fora o louco
que decidiu fazer uma prova aquática no frio daqueles? Enlouqueceram?

— Então, quando eu contar três. Um... Dois... Três!

O apito produziu um som agudo no ar frio e parado; as arquibancadas explodiram em gritos e


aplausos. Hadrian, Cedric e Viktor trocaram olhares de incentivo. Os dois namorados do moreno
empunharam as varinhas, lançaram feitiços de aquecimento em seus corpos, e então entraram no
lago. Mas Hadrian fez algo que chocara a todos, ele largou sua varinha junto com sua camisa e
calçados, sem fazer um feitiço de aquecimento e, só então, entrou no lago.

A água estava tão fria que ele sentiu a pele das pernas arder como se estivesse no fogo e não
na água, à medida que ele foi se aprofundando no lago; agora a água lhe batia pelos joelhos, e seus
pés, que rapidamente perdiam a sensibilidade, escorregavam pelo lodo nas pedras chatas e limosas.
Com a água gélida pela cintura ele afundou. E então ele viu uma esfera dourada do tamanho de
uma bola de tênis o seguindo de perto. Do lado de fora da água, um telão imenso estava suspenso
logo acima do lago e dividido em quatro telas onde era possível ver os campeões. A imagem era
limpa e nítida.

Hadrian transformou-se na sua forma de animagus. Sibilando em parselmagic ele fez um


glamour poderoso, fazendo com que sua aparência fosse a mesma da sua antiga forma. Ele vinha
treinando essa magia por muito tempo, então todos ao seu redor veriam a imagem que ele queria e
ninguém seria capaz de sentir a magia, nem criatura mágica nem Dumbledore. O primeiro gole de
água gelada do lago lhe pareceu um sopro de vida. A água não parecia mais gelada, pelo contrário,
se tornara agradavelmente fresca e muito leve...
O garoto em pele de cobra içou-se para cima e pulou como um golfinho antes de voltar para
a água. Ele estava querendo se exibir mesmo, e conseguiu, porque os espectadores enlouqueceram
ao verem a enorme Horned Serpent irrompendo do lago e espalhando água por todo lado. Hadrian
enxergava com muita clareza e sua segunda pálpebra transparente protegia seus olhos da água. Ele
começou a movimentar-se como uma serpente, seu grandioso corpo se movendo com leveza e
graciosidade depois de tantos treinos. Logo nadara uma distância tão grande em direção ao meio
do lago que deixara de ver seu leito. Analisou os arredores e mergulhou em suas profundezas com
a esfera dourada sempre o seguindo de perto. Sua visão era melhorada, então ele conseguia ver
muitos metros à frente e todos os detalhes à medida que se deslocava nos cenários. Florestas
ondulantes de plantas emaranhadas e escuras, extensões de lodo coalhadas de pedras lisas e
brilhantes. Ele nadava cada vez mais para o fundo e para o centro do lago, os olhos abertos,
espiando, através da misteriosa claridade cinzenta que iluminava as águas, rumando para as
sombras além, em que as águas se tornavam opacas.

Pequenos peixes passavam velozes por ele como flechas prateadas. Não viu sinal algum dos
outros campeões, nem dos merpeople, nem nenhuma criatura mágica. Pareciam que eles haviam se
escondido, ou estavam alojados em lugares estratégicos para atacarem os campeões. Ele passou por
uma floresta de algas, o que não fora uma boa ideia, pois um Grindylow saiu do meio das plantas.
Seus dedos compridos apertando a cauda de Hadrian, as presas pontiagudas à mostra em um sorriso
assustador. Mais dois Grindylows tinham emergido das plantas, agarrado os chifres de Hadrian e
tentavam arrastá-lo para o fundo. Eles haviam sido instruídos a atacarem qualquer coisa estranha, e
sua “nova” aparência se encaixava nesse quesito.

Hadrian içou seu corpo para frente com brutalidade, balançando-o com força para livrar-se
dos pequenos demônios aquáticos. Olhando para trás, ele viu o Grindylow que estava em seu rabo
se afastar boiando, vesgo, enquanto seus companheiros, que já haviam caído de seus chifres,
sacudiam os punhos para Hadrian e tornavam a desaparecer entre as plantas. A Horned Serpent
continuou nadando velozmente até a vila dos merpeople, sempre nadando acima das plantas para
evitar outros ataques. Depois de tanto tempo em silêncio, ele, finalmente, ouviu o canto. Hadrian
nadou mais rápido e não tardou a ver um grande penhasco emergindo na água lodosa à frente. Nele
havia pinturas de merpeople: carregavam lanças e caçavam algo que parecia ser a lula gigante.
Hadrian deixou o penhasco para trás seguindo a música.

Um punhado de casas toscas de pedra, manchadas de algas, tomou forma de repente no


lusco-fusco que o rodeava. Nas janelas escuras Hadrian viu rostos que não tinham qualquer
semelhança com o quadro da sereia no banheiro dos monitores-chefes. Os merpeople do Great
Lake tinham peles cinzentas e longos cabelos desgrenhados e verdes. Seus olhos eram amarelos,
como seus dentes quebrados, e eles usavam grossas cordas de seixos ao pescoço. Eles lançaram
olhares apavorados quando Hadrian passava. Um ou dois saíram das tocas para examiná-lo melhor,
seus rabos de peixe prateados golpeando a água; as lanças nas mãos.

Hadrian continuou a nadar veloz, olhando para os lados, e logo as casas se tornaram mais
numerosas: havia jardins de folhagens ao redor de algumas, e ele chegou a ver um Grindylow
amarrado a uma estaca do lado de fora de uma porta. Os merpeople apareciam por todos os lados
agora, observando-o amedrontados, apontando para suas mãos palmadas e guelras, falando entre
si, com a mão encobrindo a boca. Hadrian fez uma curva e finalmente chegara ao seu objetivo.

Um grande número de merpeople flutuava diante de casas enfileiradas que pareciam uma
praça de povoado. Um coro cantava no centro, chamando os campeões e, por trás, erguia-se uma
estátua tosca; um gigantesco merpeople esculpido em um pedregulho. Quatro pessoas estavam
firmemente amarradas à cauda da estátua. Luna estava amarrada entre Zacharias Smith e outro
garoto que, pelo uniforme, era da Durmstrang. Havia também uma garota que não aparentava ter
mais de oito anos, os cabelos prateados confirmaram seu parentesco com Fleur Delacour. Os
quatro pareciam profundamente adormecidos. Suas cabeças balançavam molemente sobre os
ombros e um fluxo contínuo de pequenas bolhas saía de suas bocas.

A sanidade fora para a puta que pariu? Eles colocaram feitiços de aquecimento nos quatro
reféns? Colocaram algum feitiço que impediria a água de entrar em seus pulmões? A pressão da
água estava boa para não os sufocar? Onde os organizadores desse torneio idiota estavam com a
cabeça? E ainda disseram que as regras foram analisadas mais criticamente!

Hadrian nadou apressadamente em direção aos reféns. As cordas que atavam os reféns à
estátua eram grossas, viscosas e muito fortes. Hadrian olhou ao redor. Muitos merpeople que
cercavam os reféns seguravam lanças. Um deles o mirava com intensidade, tinha uns dois metros
de altura, uma longa barba verde e uma gargantilha de dentes de tubarão. Hadrian se abaixou um
pouco e mordeu a corda que prendia Luna, a partindo em duas. A garota começou a flutuar,
Hadrian agarrou a corda que a segurava com a boca, acenou a cabeça para os merpeople e nadou
para cima. Quando estava perto da superfície, ele voltou a sua forma humana e rompeu a água
junto com Luna, que começou a cuspir água e a tossir. Os ouvidos do garoto, acostumados ao
silêncio de baixo d’água, doeram quando os espectadores nas arquibancadas faziam um
estardalhaço; gritavam, berravam, todos pareciam estar de pé

— Você está bem? — Hadrian segurou Luna perto de si e analisou-a com cuidado, procurando
algum machucado em sua doce irmãzinha de coração.

— Estou. — Luna conseguiu dizer depois de parar de tossir e cuspira água.

— Venha. Está frio. — Hadrian ajudou a garota a voltarem para a terra. Seus namorados e amigos
vieram correndo, com grandes sorrisos e duas toalhas para eles.

— Você foi o primeiro a chegar! — Dennis comentou em comemoração. Hadrian viu a esfera
dourada flutuar até Dumbledore.

— Peguem. — Fred e George colocaram sobre eles as toalhas. Luna estava com os lábios trêmulos
e azulados de frio, então Neville pegou sua varinha, jogou na loira um feitiço secante em suas
roupas e cabelos, e depois um feitiço de aquecimento.

— Obrigada. — Agradeceu-o sonhadora.

— Não foi nada. — Hadrian sorriu-lhe enquanto vestia suas roupas.

— Suas coisas. — Draco estendeu a camiseta de Hadrian e sua varinha.

— Obrigado. — O moreno jogou em si mesmo um feitiço secante, vestiu-se e depois colocou um


feitiço de aquecimento em suas roupas. Sua varinha foi devolvida para seu coldre no antebraço.

— Agora eu posso te abraçar! — Colin atirou-se nos braços de Hadrian. — Você foi incrível!

— Adorei ver o habitat dos merpeople. — Dennis comentou animado.

— E você! — Draco enlaçou seu pescoço com um braço e Nyx voltou para o pescoço do moreno.
— Se exibindo no início da tarefa.

— Eu queria inflar meu ego. — Hadrian deu de ombros com um sorriso brilhante nos lábios.

— E conseguiu. — Pansy comentou divertida.

— Você foi ótimo, filhote. — Nyx acariciou sua bochecha com sua cabeça.
— Venha. — Dennis e Colin o puxavam pelas mãos. — Vamos ver os outros campeões. — E
então eles sentaram-se numa área que foi criada com cadeiras para os campeões e seus reféns
descansarem. Eles viram Fleur sendo atacada pelos Grindylows. Viram Cedric com seu feitiço de
bolha pegando seu refém, Zacharias Smith, um aluno da Hufflepuff, e voltando à superfície.
Hadrian foi recepcioná-lo com toalhas e um sorriso orgulhoso.

— Você foi incrível! — Entregou-lhes as toalhas, e Cedric sorriu-lhe divertido.

— Tenho certeza que você também. — Hadrian lançou nos dois os mesmos feitiços que lançara em
si e em Luna. — Obrigado, Sunshine. — Cedric segurou-lhe a mão com carinho.

— Obrigado, Potter. — Zacharias agradeceu tímido e eles voltaram para onde o resto do grupo
estava.

No telão eles viram Viktor, com sua meia transfiguração de cabeça de tubarão, pegar o seu
refém e irromper da água. Hadrian repetiu o que havia feito com Cedric e logo os três campeões
estavam em seus lugares. Dois merpeople irromperam da água, carregando Fleur e a garotinha que,
supostamente, era sua irmã. A garota abriu os olhos, parecia apavorada e confusa, ainda mais
quando a irmã a agarrou num abraço apertado. Os merpeople os levaram até a margem, onde os
juízes aguardavam de pé observando-os, vinte merpeople acompanhavam as garotas como uma
guarda de honra, cantando aquelas horríveis músicas agudas. Madame Pomfrey cuidava dos
campeões e seus reféns, todos enrolados em grossos cobertores. Dumbledore e Bagman estavam
parados na margem, e sorriam para as garotas e ergueram as duas da água.

Fleur, aparentemente, realmente acreditara que deixariam os reféns morrem no Great Lake
caso os campeões falhassem na tarefa. Hadrian achou a garota incrivelmente ingênua e desmiolada
por acreditar nisso. Madame Pomfrey arrastou a garota até a área dos campeões para verificá-la.
Fleur tinha muitos cortes no rosto e nos braços, e algumas partes no seu abdômen o maiô estava
rasgado, mas ela não parecia se importar, nem queria deixar Madame Pomfrey tratá-la. Karkaroff
observava Hadrian com intensidade. Era o único juiz que não abandonara a mesa; o único juiz que
o olhava com profunda raiva.

Dumbledore se encontrava agachado à beira da água, absorto em conversa com alguém que
parecia ser o chefe dos merpeople, uma fêmea particularmente selvagem, de aspecto feroz. Era a
chefe dos Merchieftainess, Murcus, que emitia o mesmo tipo de guinchos que o de seus
companheiros quando estavam embaixo a água; era óbvio que Dumbledore sabia falar mermish.
Finalmente ele se ergueu, virou-se para os demais juízes e disse:

— Acho que precisamos conversar antes de dar as notas.

Então os juízes se agruparam. Depois de um tempo a voz amplificada de Bagman ressoou


pelos ares, fazendo com que as arquibancadas se calassem. Fleur ficou em último lugar por falhar
na tarefa ao ser ataca por Grindylows, mesmo tendo executado perfeitamente o Feitiço Bubble-
Head. Ela recebeu vinte e cinco pontos. Viktor ficou em terceiro; ele recebeu pontos por sua
transfiguração incompleta, porém eficiente, e resgatou seu refém com um minuto de atraso. Ele
recebeu quarenta pontos. Cedric ficou em segundo lugar; ganhou pontos por usar o Feitiço Bubble-
Head com perfeição e por resgatar seu refém dentro do prazo. Ele recebeu quarenta e sete pontos.

— O senhor Hadrian Tamish Potter usou sua forma animagus de Horned Serpent. — Continuou
Bagman. — Foi o primeiro a retornar com o seu refém num curto período de tempo. Por isso o
concedemos cinquenta pontos. — A algazarra fora ensurdecedora. Hadrian fora agarrado pelos
namorados e amigos num abraço em grupo sufocante. — A terceira e última tarefa será realizada
ao anoitecer do dia vinte e quatro de junho. — Continuou Bagman. — Os campeões serão
informados do que os espera exatamente um mês antes. Agradecemos a todos o apoio dado aos
campeões.

E então todos voltaram para Hogwarts. Madame Pomfrey levando os campeões e reféns para
a enfermaria para avaliar melhor a saúde de todos. Hadrian sentia-se orgulhoso de si mesmo. Ele
fora colocado contra a sua vontade nesse torneio idiota, com perigos que nenhum outro aluno do
quarto ano teria capacidade para lidar, e ainda estava saindo vitorioso. Seus inimigos cometeram
um terrível erro ao subestimarem seu poder.
Capítulo 118
Chapter Notes

ALERTA +18

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lordGENTE! SE
VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD PELOS
LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO DISCORD
(AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924
Link da tradução em Espanhol:
https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Os dias que se seguiram após a segunda tarefa foram repletos de pessoas impressionadas
com a forma animagus de Hadrian. Era fato que existiam muito poucos animagi na Grã-Bretanha,
e era de conhecimento geral de que apenas bruxos extremamente poderosos assumiam a forma de
uma criatura mágica. E verem uma Horned Serpent gigantesca com os próprios olhos excitou
muitas pessoas. Hadrian via-se o tempo todo encurralado por grupos maciços de estudantes
querendo ver e tocar o seu corpo de animagus. O garoto sentia-se muito estranho, toda aquela
atenção repentina o estava fazendo sentir-se doente, sentia-se como um animal num zoológico, ou
um animal fofo no meio de crianças loucas e psicopatas que ficavam gritando e puxando-o para
todo o lado sem quererem dividir o bichinho com os colegas.

Muitos vinham com perguntas bizarras e muito pessoais para cima dele. Como se ele
possuísse alguma sequela da transformação, ou adquiriu um segundo pênis como os machos das
cobras possuíam. Outros queriam tocar nele para ver se sua pele tinha alguma escama, tocar na sua
cabeça para ver se tinha algum resquício dos chifres. Hadrian estava irritando-se com isso e
sentindo-se abusado com os olhares avaliativos sobre si o tempo todo. Pelo menos ele tinha seus
amigos e namorados que o protegiam, quando alguns alunos se aproximavam com perguntas eles
faziam uma barricada envolta do moreno e mandavam todos “irem à merda”. Nyx e Hera também
ajudavam a afugentar aos alunos indesejáveis, na verdade elas eram as mais eficientes.

Em uma aula de Poções entre a Slytherin e a Gryffindor, onde Ron e o seu grupinho (junto
com Bulstrode e suas amigas) estavam adorando zombar de Hadrian por toda a atenção que ele
havia conseguido, ou como ele havia conseguido ficar em primeiro lugar nas duas tarefas. Ambos
usando as mesmas cartadas sobre a sexualidade do garoto, seu estilo “diferenciado” de se vestir e o
número de namorados que possuía. Hadrian, no entanto, estava cansado dessas briguinhas frívolas
e apenas ignorava a existência dessas moscas insistentes.

Houve uma batida na porta da masmorra e Karkaroff entrou abruptamente quando fora
permitido, se dirigiu apressadamente até Severus e começou a sussurrar sobre eles precisarem
conversar urgentemente sobre Voldemort. Foi desconfortável ver o homem rondando atrás da
escrivaninha do pocionista, o impedindo de fugir da discussão (novamente). Karkaroff fora burro e
desesperado o suficiente para mostrar sua Dark Mark por baixo da mesa. A sineta tocou e todos se
retiraram, menos Hadrian que se escondera para ouvir a conversa. Fazer o que, ele era curioso e
adorava uma fofoca. Pansy o provocava ao chamá-lo de “Maria fifi”. Como se ela e Theodore não
fossem uns dos maiores fofoqueiros da escola. Severus ficou muito irritado com Karkaroff por
invadir sua aula, e xingou-o na sua maneira sutil e fatal. E então o homem finalmente deixou a sala.

— Invadindo minha aula! — Severus rosnou, a raiva transbordando de todo o seu ser.

— Ele tem seus motivos por estar desesperado, Severus. — Hadrian aproximou-se do homem. —
Mesmo que não justifique invadir sua aula e praticamente esfregar a Dark Mark no seu rosto. — O
mais velho bufou.

— Vou ficar bem, Hadrian. — Finalmente seus olhos de ônix focaram no garoto a sua frente.
Como sempre, a calma o preencheu quando ele mirou os vórtices verdes hipnóticos. – Pode ir se
juntar aos seus namorados e amigos.

— Não faça nada estúpido, Sevvie. — Hadrian abraçou o homem antes de se retirar.
Na próxima aula de Hagrid, todos se animaram ao verem várias caixas cheias de nifflers. São
criaturas peludas de várias tonalidades; com longos focinhos; as patas dianteiras eram
curiosamente chatas como pás. O meio-gigante começou sua palestra sobre as criaturas, dizendo
que são encontrados, principalmente, em minas e que gostam de coisas brilhantes.

— Aí vêm eles, olhem. — Uma das criaturas saltou repentinamente, tentado arrancar os anéis de
Hadrian. O garoto sorriu divertido e segurou-o pela barriga. — São bastante úteis para procurar
pequenos tesouros. — Disse Hagrid satisfeito. — Achei que podíamos nos divertir com eles hoje.

E então Hagrid propôs uma “caça ao tesouro” com os nifflers. Ele havia enterrado algumas
moedas de ouro pelo terreno ao redor de sua cabana, e daria um prêmio a quem tivesse o niffler que
achasse mais moedas. O homem mandou os alunos guardarem tudo de valor para não distraírem as
criaturas na sua busca. Os jovens obedeceram rapidamente, animados com a brincadeira, então se
adiantaram até as caixas e escolheram um niffler. O niffler que Hadrian tinha na mão, que antes se
contorcia para pegar seus anéis, agora enfiou o longo focinho na orelha do garoto e cheirou-a
entusiasmado. Era realmente muito fofo. Foi sem dúvida a maior diversão que já tinham tido em
Trato das Criaturas Mágicas. Os nifflers entravam e saíam da terra como se fosse água, cada qual
correndo de volta ao aluno que o soltara e cuspindo ouro em suas mãos. O de Hadrian foi
particularmente eficiente; não tardou a encher seu colo de moedas.

— Pode se comprar um desses como bicho de estimação, Hagrid? — Perguntou Ron excitado,
quando o niffler dele trazia-lhe os tesouros.

— Sua mãe não iria ficar feliz, Weasley. — Disse Hagrid. — Eles destroem uma casa. Suponho
que agora eles já encontraram tudo que enterrei. — Acrescentou, andando pelo terreno, enquanto
as criaturas continuavam a mergulhar. — Só enterrei cem moedas.

Hadrian e os amigos divertiam-se com os seus nifflers, eles eram incrivelmente fofos e
divertidos ao tentarem pegar os anéis de Hadrian, ou então querendo agarrar Nyx quando o sol
batia em suas escamas. A serpente se divertiu com as pequenas criaturazinhas ambiciosas. Hagrid
finalmente os mandou contarem as moedas, e ralhou Ron por tentar roubar, dizendo que era ouro
de leprechaun, ou seja, desapareceria em algumas horas. O ruivo esvaziou os bolsos com a cara
emburrada. O resultado era que o niffler de Hadrian fora o mais eficaz. Seu prêmio fora uma
enorme barra de chocolate. A sineta ecoou pelos jardins anunciando o almoço; o restante da turma
saiu em direção ao castelo, mas Hadrian, Draco e os amigos ficaram para ajudar Hagrid a guardar
os nifflers nos caixotes.

— Cada dia que passa eu acabo me interessando mais por magizoology. — Hadrian admitiu ao
fazer carinho no niffler que estava com ele na aula.

— As criaturas são muito interessantes e possuem muito a nos ensinar. — Hagrid comentou
contente.

— Não é como se você não fosse um nerd completo por criaturas mágicas. — Blaise zombou do
amigo.

— Não se esqueçam que ele teve que adicionar mais páginas ao “diário” dele. — Pansy entrou na
brincadeira.

— Tão jovem e já está criando um grimório próprio. — Theodore fingiu limpar lágrimas invisíveis.
— Eles crescem tão rápido.
— Ah, calem a boca. — Hadrian resmungou quando todos riram da sua face corada.

Outra coisa que estava irritando terrivelmente o humor de Hadrian. Era Fleur Delacour e Cho
Chang jogando-se ainda mais em cima de Cedric, e Hadrian viu-se extremamente possessivo com
os seus namorados. Tudo bem que isso era irracional, que eles tinham que dividi-lo com todos os
outros namorados, mas Hadrian não podia evitar sentir-se possessivo sobre eles. Eles estavam em
um relacionamento sério e todos sabiam disso. E mesmo assim existiam vadias como elas que
ainda corriam atrás de seus namorados. O fã-clube de Viktor não diminuíra, mesmo depois do
anúncio de seu namoro com Hadrian. Aquelas garotas loucas pelos hormônios continuavam a
persegui-lo pelo colégio, aos cochichos e risadinhas. Porém, Fleur e Cho eram as piores, elas
insistiam em invadir o espaço pessoal de Cedric e agarrar o seu braço, colocando entre os seios
para o provocar. Somando ainda com frases insinuantes e nada discretas sobre suas intenções.
Cedric sempre deixava claro seus sentimentos por Hadrian e as dispensava educadamente, mas,
mesmo assim, elas sempre voltavam.

Certa noite, Hadrian estava arrumando-se para deitar quando os pedaços de madeira
começaram a esquentar e a vibrar em seu bolso. O garoto tirou-os, para vê-los brilhar em azul e,
como da última vez, projeções escritas surgiram logo acima deles.

No local de água abissal, existe o terceiro tesouro, guardado no antro das sombras. Apenas
podendo ser alcançado com a ajuda das criaturas da Morte, o escolhido que os dois testes
anteriores completara, os tesouros as criaturas da Morte devem mostrar, e para o antro eles irão
te levar.

— Hadrian? — Draco chamou ao vê-lo parado de costas para a cama.

— Eu preciso pegar o terceiro pedaço de madeira. — Hadrian enfiou os pedaços de madeira no


bolso e correu para pegar sua Capa e o Mapa.

— E você sabe onde ele está? — Draco se aproximou do namorado.

— Sei. — Hadrian sorriu para o loiro. Esse enigma era bem óbvio até. “Criaturas da Morte”,
referiam-se aos thestrals, e a “água abissal” só poderia ser o Great Lake.

— Boa sorte. — O loiro segurou seu rosto e beijou-lhe delicadamente os lábios.

E então Hadrian colocou Nyx em seus ombros, vestiu a Capa e saiu dos dormitórios,
esperando na entrada até que um aluno abrisse a porta. Nos corredores, o garoto abriu o Mapa e
esgueirou-se até os jardins. Ele não encontrou nenhum obstáculo difícil em sua jornada até a
Forbidden Forest, e em poucos instantes viu-se sendo guiado pelo seu familiar até o rebanho de
thestrals. Ao ser reconhecido, os filhotes aproximaram-se animados e começaram a saltitar ao seu
redor. O mesmo thestral que o levou até o Grimório de Morgana aproximou-se majestosamente de
si. Hadrian guardou sua capa em um bolso magicamente expandido e sorriu para as criaturas
esqueléticas.

— Vou precisar da sua ajuda mais uma vez. — O garoto acariciou o focinho e a criatura bufou em
concordância. — Você consegue respirar embaixo d’água, Nyx? — Hadrian perguntou
preocupado ao subir no lombo esquelético do thestral.
— Vadia, por favor. — Nyx comentou com escárnio. — Eu sou uma serpente mágica, é claro
que eu tenho um jeito de respirar embaixo d’água. — Hadrian sorriu e segurou-se firmemente na
criatura abaixo de si.

— Você sabe para onde eu preciso ir. — Sussurrou ao acariciar o pescoço da criatura. O thestral
balançou a cabeça e soltou um som de animação antes de começar a trotar, depois correr, pegar
impulso e içar-se no ar.

Como da primeira vez, Hadrian sentiu-se muito bem no ar, a sensação de liberdade o
preencheu por completo, o vento bagunçando seus cabelos, seu coração disparado de alegria e
euforia enquanto um imenso sorriso iluminava o seu rosto. Eles sobrevoaram o lago, muito perto
de sua superfície, Hadrian podia ver o seu reflexo na água escura em contraste com o brilho
prateado da lua. Eles pegaram uma grande distância de Hogwarts, mais longe do que a vila de
merpeople onde ocorreu a segunda tarefa. Mas então, quando o brilho das janelas do castelo já não
era mais visto, já que eles estavam atrás de um morro, o thestral parou de avançar e ficou voando
acima do mesmo ponto no meio do lago.

— Obrigado. — Hadrian agradeceu a criatura e acariciou seu pescoço. — Você não precisa me
esperar. — O thestral bufou em despedida. — Vamos lá. — Hadrian passou a perna direita para o
lado esquerdo do lombo e jogou-se na água fria.

O choque térmico fora significativamente doloroso, nem o vento gélido o fez estremecer
como agora. Mas, para não ficar sofrendo, o garoto mudou para a sua forma animagus, sem
preocupar-se com o glamour em parselmagic para esconder sua verdadeira forma. Nyx, deixou o
seu pescoço no instante que caíram na água, pegou os pedaços de madeira em seu bolso na boca e
aumentou o seu tamanho para ficar grande como Hadrian. Enquanto o garoto mudava sua forma,
ela fez um feitiço em parselmagic para que os fragmentos brilhantes flutuassem na sua frente e os
guiassem para o local correto.

— Vamos filhote. — Nyx chamou assim que Hadrian terminara sua transformação. Ele assentiu
com a cabeça e ambos seguiram os dois pontinhos brilhantes no meio da escuridão do Great Lake,
que começaram a mover-se para o fundo.

Hadrian achou que nunca chegariam ao fundo, mas então, a areia surgiu logo a sua frente,
uma caverna subaquática projetava-se logo adiante. Os pedaços de madeira avançaram e as duas
criaturas diminuíram de tamanho para conseguirem passar pela pequena passagem de entrada. Eles
seguiram as bolinhas de luz até que suas cabeças irrompessem da água. Eles estavam em uma
caverna denominada como “bolsão de ar”, ela era escura, cheia de estalactites e estalagmites.
Hadrian voltou a sua forma humana, pegou sua varinha e jogou sobre si um feitiço de aquecimento
e secagem enquanto saía da água. Uma pilha vertical de pedras subia em uma única linha, ela
estava o mais distante da água, encoberto pela escuridão. Mas agora estava iluminado pelos dois
pedaços de madeira brilhantes que flutuavam ao seu redor.

— Suponho que o desafio dessa “prova” fosse ficar tanto tempo sem ar, sobreviver a pressão da
água e conseguir chegar até aqui vivo. — Hadrian comentou ao aproximar-se da pilha.

— Que bom que isso não foi algo difícil para você, filhote. — Nyx brincou.

Assim que ele chegou perto o bastante, as pedras começaram a brilhar no mesmo tom
azulado dos dois pedaços de madeira e começaram a flutuar. Um terceiro pedaço de madeira surgiu
da base da pilha e elevou-se até emparelhar com os olhos do garoto, Hadrian sorriu e pegou-o na
mão. Os outros dois pedaços de madeira foram calmamente até o garoto e repousaram ao lado do
que ele havia pegado, o brilho azul desapareceu e as pedras não estavam mais empilhadas, agora
estavam espalhadas pelo chão como se nada de diferente tivesse acontecido com elas.

— Muito bem, filhote. — Nyx comentou contente enquanto Hadrian guardava os pedaços de
madeira em seu bolso e voltava para a água. Ele assumiu sua forma de quimera e os dois rumaram
de volta para Hogwarts.

O início do trimestre de verão normalmente significava que Hadrian estaria treinando com
vontade para a última partida de quidditch da temporada. Este ano, porém, era para a terceira e
última tarefa do Triwizard Tournament que ele precisava se preparar, mas o garoto ainda não sabia
qual ia ser. Finalmente, na última semana de maio, Severus o reteve depois da aula de Poções.

— Você deve ir ao campo de quidditch hoje à noite, às nove horas, Hadrian. — Disse ele. —
Bagman vai estar lá para falar aos campeões sobre a terceira tarefa.

Então, às oito e meia da noite, Hadrian deixou Draco e os amigos na Masmorra da Slytherin
e subiu a escada. Nyx havia saído para caçar, então não estava com ele. Quando atravessou o
saguão de entrada, Cedric vinha saindo da sua própria Sala Comunal que ficava no mesmo andar
de onde eles estavam.

— O que você acha que vai ser? — Ele perguntou ao menor, segurando sua mão e os dois
desceram os degraus para o jardim e para a noite nebulosa.

— Não faço ideia. — Hadrian aconchegou-se contra o corpo do mais velho quando o outro o
puxou para um abraço de lado. Eles caminharam pelos gramados escuros até o estádio de
quidditch, atravessaram uma abertura sob as arquibancadas e entraram no campo.

— Que foi que fizeram com o campo?! — Exclamou Cedric indignado, parando de supetão. O
campo de quidditch deixara de ser plano e liso, parecia que alguém andara construindo por todo ele
muretas longas, que seguiam em meandros e o cruzavam em todas as direções.

— São sebes. — Hadrian franziu o cenho, se curvando para examinar a mais próxima.

— Hey, vocês aí! — Gritou uma voz animada.

Bagman estava parado no meio do campo em companhia de Viktor e Fleur. Hadrian e Cedric
procuraram chegar até o grupo, saltando por cima das sebes. Fleur abriu um grande sorriso para
Cedric quando ele se aproximou, Hadrian reprimiu uma avalanche de maldições, Viktor tomou o
lado vago do menor para segurar sua cintura, enquanto Cedric segurava seus ombros.

— Bem, que é que vocês acham? — Perguntou Bagman alegre. — Estão crescendo bem, não?
Deem mais um mês e Hagrid vai fazê-las alcançar cinco metros de altura. Não se preocupem. —
Acrescentou ele ao ver as expressões pouco satisfeitas no rosto de Hadrian e Cedric. — Vocês vão
ter o seu campo de quidditch normal depois que terminarem a tarefa! Agora, imagino que podem
adivinhar o que estamos fazendo aqui? — Ninguém falou por um momento.

— Labirinto. — Resmungou Viktor.

— Acertou! — Disse Bagman. — Um labirinto. A terceira tarefa na realidade é muito simples. A


taça do Triwizard Tournament será colocada no centro do labirinto. O primeiro campeão que puser
a mão nela recebe a nota máxima.

— Temes samplement que atrravessar o labirrinto? — Perguntou Fleur.


— Haverá obstáculos. — Disse Bagman alegremente, balançando-se sobre a sola dos pés. —
Hagrid está providenciando algumas criaturas... E haverá também feitiços que vocês precisarão
desfazer... Essas coisas que vocês já conhecem. Agora, o campeão que está liderando a contagem
de pontos entrará primeiro no labirinto. — Bagman sorriu para Hadrian. — Depois entrará o senhor
Krum... Depois o senhor Diggory... Depois a senhorita Delacour. Mas todos terão a mesma
possibilidade de vencer, dependendo da perícia com que superarem os obstáculos. Será divertido,
não acham?

Hadrian, que sabia muito bem que tipo de criaturas Hagrid iria arranjar para um evento de tal
porte, achou muito improvável que fosse divertido. Contudo, concordou educadamente com a
cabeça, como os demais campeões. Bagman os dispensou e começou a voltar para o castelo, mas
nesse instante, Viktor se pronunciou.

— Vamos dar um passeio antes de voltarmos? — Perguntou para Hadrian.

— Claro. — O garoto sorriu. Os três despediram-se de Bagman e Fleur, logo se afastando deles.
Quando finalmente chegaram a um trecho sossegado, a poucos passos do picadeiro dos cavalos da
Beauxbatons, eles pararam à sombra de um grupo de árvores.

— Eu nunca tive um “presente” seu. — Viktor fingiu-se de magoado quando se recostou em uma
árvore. Hadrian sorriu para o búlgaro e se aproximou.

— Garoto apressado. — O menor inclinou-se para o mais alto e roubou-lhe um beijo delicado.

Cedric aproximou-se deles e segurou a cintura de Hadrian, prensando seu corpo forte contra
as costas alheias, o menor gemeu quando Viktor aprofundou o beijo e Hadrian foi prensado entre
os dois. O Hufflepuff segurava sua cintura com força e beijava-lhe o pescoço enquanto Viktor
agarrava sua bunda com possessividade, sua língua explorando a boca do namorado com uma fome
avassaladora. O Slytherin sentiu suas pernas fraquejando, mas fora segurado no lugar e um joelho
do búlgaro se infiltrou no meio das pernas.

— Porra. — Hadrian praguejou num suspiro sôfrego ao sentir seu membro ficando duro ao ser
estimulado pela coxa grossa do búlgaro. — Thigh job. — Ordenou ao se afastar um pouco da boca
faminta de Viktor.

— O que? — O búlgaro perguntou confuso.

— Abaixem as calças, rapazes. — Hadrian sorriu malicioso ao começar a abrir suas calças.

— O-o-oi? — Cedric corou violentamente ao ver o menor com as calças arriadas e esfregando sua
bunda em si.

— Coloquem entre minhas coxas. — O menor sorriu malicioso para Viktor, suas mãos já
trabalhando em livrar o outro das calças e cueca.

— Ma-mas... — Cedric gaguejava de vergonha com o pensamento de outra pessoa, além de


Hadrian, vê-lo nu.

— Vamos, Ced. — Hadrian pediu manhoso e olhou-o com olhinhos pidões. — Vamos nos dar
prazer. Juntos. — Esfregou suas nádegas com mais força no volume do Hufflepuff.

— O-okay... — Extremamente corado ele finalmente deixou suas calças caírem.

— Você é tão perfeito, Hazz. — Viktor sussurrou no ouvido do menor ao sentir a pele macia
contra a glande sensível.
— Coloquem eles aqui. — Pediu ao abrir as pernas. Os garotos mais velhos obedeceram, achando
estranho a sensação de seus membros se tocando, mas ainda assim era prazeroso. — Isso. —
Sorriu satisfeito ao fechar as pernas, sentindo seu próprio pênis pressionado contra o corpo do
búlgaro. — Me usem, rapazes. — Uma de suas mãos foi para trás, segurando a nuca de Cedric
para manter-se equilibrado. — Gozem nas minhas pernas.

— Puta merda. — Viktor ofegou quando as palavras sujas foram diretamente para o seu pênis,
fazendo-o pulsar contra o de Cedric.

Os dois garotos mais velhos não sentiam nada um pelo outro, apenas por Hadrian. Porém,
mesmo com a estranheza de terem seus membros unidos, os dois se deixaram levar pela luxuria e
começaram a se mover desordenadamente. O ritmo aleatório deles era muito prazeroso, o pré-gozo
dos dois molhava sua pele, fazendo os membros deslizarem com mais facilidade; suas bolas eram
“massageadas” com a fricção incrível que criaram; seu membro era pressionado contra Viktor,
roçando na sua pele e causando um atrito prazeroso.

Apoiando-se em Cedric, o “caminho ficou livre” para que Viktor usasse sua boca para
brincar com seus mamilos. Sentir a língua quente e úmida do búlgaro na pele sensível o fez se
arquear ainda mais, aumentando o aperto em suas pernas. Seus gemidos e suspiros eram baixos
para não atraírem atenção. Eles ainda estavam na propriedade de uma escola, ao ar livre, e a
perspectiva de serem pegos era tão excitante. A noção de estarem em um local que qualquer um
poderia ver, o perigo que corriam por fazerem aquilo ali, tudo isso era emocionante. Fazendo a
adrenalina correr pelas veias com mais intensidade do que o normal, a noção do perigo elevando o
prazer em níveis extraordinários, cada mínimo toque era como um choque mortal, cada som da
floresta fazia seus nervos se atiçarem e o prazer triplicar.

Hadrian virou a cabeça para poder beijar Cedric, era desordenado e confuso por causa da
posição e dos movimentos, mas eles fizeram funcionar. Viktor ainda se deliciava com os mamilos
rosados de Hadrian, o fazendo gemer com mais intensidade. O menor sentia-se nas nuvens. Ter
dois dos seus namorados o dando prazer ao mesmo tempo era incrível, seu corpo estava em
chamas, mas seu ventre parecia tão frio quanto gelo, a luxuria e adrenalina o consumindo
completamente conforme os mais velhos aumentavam a velocidade. Eles estavam tão perto do
clímax, o desejavam com todas as suas forças, e eles o teriam.

O menor apertou ainda mais as pernas, suas bolas recebendo o impacto impiedoso dos dois
membros rígidos e lambuzados, seu pênis prensado contra Viktor molhava as roupas do maior, mas
ninguém se importava com a sujeira. Eles só queriam o mais puro prazer. Mesmo que Hadrian
desejasse com todas as suas forças ter seus namorados dentro de si, ele ainda não se sentia pronto
para isso. Mas as “brincadeiras” que tinham eram tão incríveis, que só o faziam ter mais
curiosidade sobre a “última etapa”.

— Venham para mim... — Hadrian apoiou a cabeça no ombro de Cedric, agarrando-se fortemente
aos dois garotos para não desabar no chão. — Rainbow... — Gemeu. — Ignat... — E então os mais
velhos gozaram, sujando cada um deles com sêmen.

Hadrian levou uma mão até seu próprio membro e o bombeou com rapidez até desfazer-se
em sua mão. Os três ficaram parados, apoiados uns aos outros para se recuperarem e não perderem
o equilíbrio. Principalmente o menor, suas pernas pareciam macarrão.

— Eu me sinto exausto. — Hadrian sorriu bobamente para os namorados.

— E eu satisfeito. — Viktor beijou-lhe calidamente. Cedric se afastou, colocou as calças, arrumou


suas roupas e fez um feitiço de limpeza nos três.
— Fizemos isso ao ar livre... — Cedric tampou o rosto corado com as mãos. Todos agora já
estavam limpos e vestidos. — E se tivéssemos sido pegos?

— Está tudo bem, Rainbow. — Hadrian abraçou o Hufflepuff. — Ninguém vem para essa parte da
floreta.

— E foi bom. — Viktor sorriu malicioso para os dois. Cedric suspirou e tirou as mãos do rosto ao
acenar positivamente com a cabeça.

— Foi muito bom. — Hadrian deixou um selinho nos lábios de cada um. — Obrigado rapazes.

— Está ficando tarde. — O Hufflepuff comentou, ainda corado.

— Melhor... — Hadrian começou a falar, mas alguma coisa se mexeu às costas de Viktor, entre as
árvores, e Hadrian, instintivamente, colocou os dois namorados atrás de si enquanto encarava o
ponto da floresta onde escutara algo se movimentando.

— O que foi? — Cedric perguntou assustado com o comportamento de Hadrian. Os vórtices


verdes pareceram brilhar na escuridão, e rodopiavam com mais intensidade ao escanear a floresta.

O mais novo balançou a cabeça, examinando com atenção o lugar em que percebera o
movimento. No momento seguinte um homem saiu cambaleando de trás de um alto carvalho. Por
um instante Hadrian não o reconheceu, depois ele percebeu que era Crouch. Tinha a aparência de
quem estava viajando há dias. Os joelhos de suas vestes estavam rasgados e ensanguentados; seu
rosto estava arranhado; estava barbudo e cinzento de exaustão. Os cabelos e bigodes sempre
impecáveis estavam precisando de um xampu e de um corte. Sua estranha aparência, porém, não
era nada comparada à maneira com que estava agindo. Resmungava e gesticulava, parecia estar
falando com alguém que somente ele conseguia ver.

— Ele não era um dos juízes? — Perguntou Viktor de olhos arregalados para o homem. — Não é
do seu Ministério? — Hadrian confirmou com um aceno de cabeça, hesitou por um instante, depois
se dirigiu lentamente até Crouch, que não olhou para ele, mas continuou a falar com uma árvore
próxima. O garoto chamou o homem, mas ele continuou a falar com a árvore. Depois da terceira
tentativa Crouch cambaleou e caiu de joelhos no chão. Hadrian tentou, novamente, abordar o
homem louco, se aproximando ainda mais caso algo desse terrivelmente errado.

— Dumbledore! — Crouch arquejou. Ele esticou a mão e agarrou com firmeza as vestes de
Hadrian e arrastou-o para perto, embora seus olhos estivessem olhando por cima da cabeça do
garoto. — Preciso... Ver... Dumbledore.

— Vão procurar Severus! Eu cuido dele. — Hadrian ordenou para os namorados, que, mesmo
hesitantes, correram para o castelo. — Okay. — Disse Hadrian calmamente, ele estava tentando
ganhar tempo e não perder o homem de vista. — Se o senhor se levantar, Crouch, podemos ir até...

O homem não falava frases completas, então era difícil compreender o que ele tentava dizer.
Hadrian conseguiu captar algumas coisas: “Fiz uma idiotice.”; “Preciso falar com Dumbledore.”;
“Você não é um homem ‘dele’?”; “Avise Dumbledore.”. E então ele soltara Hadrian e voltara a dar
ordens para uma árvore. O garoto percebera que ele acreditava que seu filho ainda estava vivo e no
quinto ano de Hogwarts; e que sua esposa ainda estava viva.

O jovem bruxo, que fora derrubado de joelhos no chão por causa do homem louco, começou
a se levantar, mas seu movimento acarretou em outra mudança súbita de Crouch, que o agarrou
com força pelos joelhos e o puxou de volta ao chão. Ele começou a balbuciar novamente: “Não me
deixe.”; “Eu fugi.”; “Preciso contar a Dumbledore.”; “É tudo minha culpa.”; “Bertha está morta.”;
“Meu filho...”; “Diga a Dumbledore, Hadrian Potter. O Dark Lord está mais forte.”. O garoto
tentava acalmar o homem, mas ele estava muito além na loucura para conseguir compreender suas
palavras. Então Crouch voltou-se para a árvore mais uma vez e voltou a murmurar coisas
desconexas.

— Hadrian! — Severus, Cedric e Viktor chegaram aos tropeços devido a correria sob raízes das
árvores.

— Severus! — Hadrian sorriu para o homem.

— O que aconteceu? — Seus olhos focaram na figura moribunda de Crouch Sr. balbuciando com a
árvores.

— Ele surgiu completamente louco. — Hadrian comentou enquanto Severus deixava o homem
inconsciente. — Surgiu balbuciando coisas como algo que era culpa dele. Algo sobre seu filho; a
morte de Bertha; que ele precisava avisar Dumbledore; que o Dark Lord é mais forte; que ele fugiu.
— Severus olhou o garoto nos olhos. — Leve-o para a Malfoy Manor e peça para que descubram
quais informações ele tem.

— Você fez bem em me chamar, Hazz. — Severus abraçou o garoto com força. — Agora volte
para a sua Sala Comunal e não saia de lá até que o sol nasça. — Ele soltou-se e fez Crouch flutuar
atrás de si.

— Boa sorte. — Hadrian despediu-se antes de ver Severus e Crouch desaparecerem na escuridão.
Hadrian abraçou Cedric, apoiando a cabeça no peito do mais alto e soltando um longo suspiro.

— Vamos descobrir o que está acontecendo, Sunshine. — O mais velho abraçou-o com força.

— Agora nós precisamos voltar. — Viktor colocou uma mão nas costas do menor. O último
assentiu e os três voltaram para o castelo. O búlgaro se despediu no caminho, dando um beijo
rápido no namorado antes de ir para seu navio. Hadrian estava com a cabeça a mil, tentando
encontrar respostas para tudo aquilo. Ele conversou com Draco e os amigos Slytherin, mas
ninguém tinha ideia do que aquilo significava. Crouch não fazia nenhum sentido em suas palavras.
Porém, foi bom não ter avisado Dumbledore, só os Lords sabem o que ele faria se tivesse o
apanhado.

Um rosnado rouco e o som de pernas difusas ecoavam pela floresta. “Moody” procurava
desesperadamente Crouch por todo o lugar. Wormtail havia sido inútil o suficiente de perder sua
Portkey e deixar Crouch a pegar para fugir! Por culpa desse imbecil eles perderam o poder sobre o
torneio e parte do Ministério! Voldemort forçava Crouch a escrever periodicamente cartas sobre
seu bem-estar e sobre o trabalho. Alegaram ser uma doença desconhecida e perigosa, e que ele
precisava ficar afastado. Voldemort estava ganhando forças a cada dia que passava. Sua magia
crescia, mas era difícil de usá-la com um corpo tão frágil e fraco como o que ele estava. “Moody”
percebeu que seria castigado quando retornasse ao seu senhor para relatar que haviam perdido
Crouch e ele não fazia nem ideia de onde o homem poderia estar. Voldemort sugeriu Hogwarts,
para avisar Dumbledore sobre ele, mas o homem não estava lá. Seu senhor não ficara nada feliz
com suas notícias.
Capítulo 119
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lordGENTE! SE
VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD PELOS
LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO DISCORD
(AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord
Era mais uma noite normal como todas as outras. Charlie sempre acabava por jantar e
almoçar na Malfoy Manor por causa dos cuidados com o ovo de dragão. Os ocupantes da mansão
estavam reunidos na sala de estar, conversando sobre amenidades. Tornou-se um hábito. Tom
ficava num canto lendo algum livro complexo enquanto Lucius, Charlie e Remus conversavam
sobre algo do ministério, Narcissa e Sirius discutiam o que teriam para fazer nas férias quando os
garotos voltassem. Mas então, as alas de proteção que cercavam os terrenos foram abaladas
brevemente, indicando que duas pessoas haviam entrado no território deles. Uma assinatura mágica
indicava ser Severus Prince, e a outra era desconhecida.

— Severus? — Lucius levantou-se ao ver o homem surgir pelas portas de entrada da mansão com
um corpo flutuando atrás de si.

— Quem é esse? — Narcissa perguntou preocupada.

— Bartemius Crouch Sr. — Severus rosnou em desgosto. — Ele apareceu em Hogwarts e atacou
Hadrian.

— O quê?! — Tom e Sirius levantaram-se em um pulo.

— Hadrian está bem. — Severus bufou. — Crouch parece louco e falando coisas desconexas.

— E está imundo. — Tom franziu o cenho e o nariz numa careta de nojo.

— Hadrian me mandou trazê-lo a vocês. Disse que precisamos descobrir o que ele quer nos dizer,
aparentemente é importante, mas ele está louco no momento.

— Precisamos primeiro tratar dele. — Remus apontou.

— Eu vou entrar em contato com um mediwizard da mente que poderá nos ajudar. — Lucius
apressou-se para o seu escritório para escrever uma carta.

— Como o Hadrian está? — Charlie perguntou para Severus enquanto Narcissa assumia o
comando do feitiço flutuante sobre o corpo e o levava até um local adequado para ser tratado.

— Ele está bem. — Severus viu-se suspirando. — Mas, aparentemente, todos ficaram
impressionados com a forma animagus dele e ficam o assediando.

— Eu vou dar um recadinho pra esses adolescentes loucos de hormônios. — Tom rosnou.

— Você vai ficar aqui. — Remus ordenou como se fosse uma mãe, e Tom fuzilou-o com o olhar,
mas manteve-se quieto.

— Eu preciso voltar antes que alguém perceba minha ausência. — Severus trocou olhares de
despedida e partiu.

No meio de toda essa comoção sobre Crouch, Hadrian estava financiando os custos das
invenções de Fred e George, coisa que os dois estavam muito agradecidos. Hadrian, agora, via-se
treinando diariamente com os amigos e namorados feitiços de ataque e defesa, já que a terceira
prova estava se aproximando. Na aula de História Hadrian sonhou com Voldemort punindo
Wormtail por sua irresponsabilidade. Quando ele acordou, estava caído no chão da sala, cobrindo o
rosto com as mãos, sua cicatriz ardia com tanta intensidade que seus olhos chegavam a lacrimejar.
A dor fora real. A turma inteira estava parada à volta dele, e Draco se ajoelhara de um lado, com
uma expressão de medo e preocupação no rosto. Até o fantasma do professor Binns havia parado o
seu entediante monólogo com a estranha interrupção.

— Você está bem? — Perguntou o loiro preocupado.

— E-estou... — Mentiu e se sentou. Ele sentia o corpo tremendo, não conseguia parar de olhar para
todo lado, para as sombras às suas costas. A voz de Voldemort soara tão próxima...

— Vamos ver Pomfrey. — Draco o ajudou a levantar-se e o apoiou. — Com licença, professor. —
Draco olhou para os amigos da Slytherin, um pedido silencioso para recolherem suas coisas caso
não voltassem a tempo, e então ajudou o namorado a sair da sala.

— Preciso ir ver Severus. — Hadrian ofegou, esfregando a cicatriz que ardia intensamente.

— Você estava apertando sua cicatriz. — Draco comentou preocupado. — Você estava rolando no
chão, apertando sua cicatriz.

— Eu o vi. — Hadrian sussurrou ainda mais baixo enquanto eles atravessavam os corredores
praticamente vazios. — Ele estava muito irritado com Wormtail e o puniu.

— V-você o viu? — Draco arregalou os olhos.

— Tecnicamente. — Hadrian olhou nervosamente a porta dos aposentos pessoais de Severus. —


Eu vou esperar aqui. Vá até ele e o avise que precisamos conversar quando a aula dele terminar. —
Hadrian abriu a porta e entrou. Severus havia incluído a assinatura mágica dele, dos namorados e
amigos. Caso alguma coisa acontecesse eles não seriam barrados pelos feitiços poderosos que
protegiam seus aposentos.

— Eu volto logo. — Draco beijou-lhe a bochecha com delicadeza e se retirou rapidamente.

Hadrian suspirou em cansaço e olhou ao redor. Os aposentos dos professores não eram como
os dos alunos. Eles tinham vários cômodos, possuíam: uma sala de estar; um banheiro de visitas;
um quarto de hospedes; uma cozinha e uma suíte. O garoto jogou-se em um dos sofás e olhou para
o teto, tentando gravar todos os detalhes do “sonho” que acabara de ter. Ele sabia que havia sido
real, ele já havia “sonhado” com Voldemort no verão, e a dor... A dor era real demais para não ser
verdade. Ele esfregou sua cicatriz, que parecia pulsar e estar quente, um choque elétrico percorreu
todo o seu corpo quando seus dedos gélidos alcançaram a superfície ardente da marca de seu
tormento. Aquilo era o ódio de Voldemort? Fora tão intenso que o próprio Hadrian havia sentido as
consequências de desapontar o Dark Lord?

— Ele virá em breve. — Draco anunciou, sentando-se ao lado do moreno e puxando-o para deitar
sua cabeça em seu colo. Hadrian aceitou de bom grado, relaxando completamente quando os dedos
longos do maior começaram a acariciar seu couro-cabeludo e a outra mão segurou firmemente a
sua.

— O feitiço que deu errado nos ligou, de alguma forma. — Hadrian murmurou. — Talvez o fato de
ser uma Horcrux esteja contribuindo para que eu consiga ver ele.

— Mas não é sempre que isso acontece, não é? — Draco perguntou preocupado.

— Não. Eu o senti no primeiro ano quando estava perto dele. E hoje... Eu pude sentir as
consequências de deixá-lo com raiva. — Seu corpo estremeceu involuntariamente.

— Suponho que ele realmente estava mantendo Crouch prisioneiro.


— Aparentemente, fora culpa de Wormtail. — Hadrian franziu o cenho de raiva. — Aquele rato
imundo não sabe fazer nada direito.

— Pense pelo lado positivo. — Hadrian olhou para o namorado com uma sobrancelha arqueada.
— Se Wormtail não tivesse cometido esse erro não estaríamos com a posse de uma das armas dele.
— Hadrian sorriu para o loiro.

— Você está certo. Espero que eles consigam tirar alguma informação dele.

— O pai tem vário contatos com mediwizards, claro que vão cnseguir. — Draco comentou com
uma falsa arrogância. Abaixou-se levemente para beijar a cicatriz do moreno. — Se sente melhor?
— Os olhos tempestuosos do maior o avaliaram intensamente.

— Estou. Obrigado. — Aconchegou-se ainda mais no outro.

Quando Severus finalmente chegou nos seus aposentos, seu modo de “cretino odioso” foi
desativado. Sua máscara de indiferença fora retirada, seus olhos preocupados escanearam Hadrian
e ele fez milhares de perguntas. O garoto explicou-lhe tudo o que vira e sentira, Severus analisava
tudo numa mistura de ceticismo e preocupação, coisas que duelavam para tomarem o controle do
homem. Os três discutiram as teorias sobre o porquê da cicatriz de Hadrian reagir à Voldemort, eles
discutiram o que poderia ter sido o erro de Wormtail (Hadrian e Severus divertiram-se comentando
o quão imprestável e patético o homem era), e Severus ainda revisou se Hadrian realmente estava
bem com um exame de varinha, como Pomfrey fazia para diagnosticar seus pacientes. No final,
Hadrian e Draco voltaram para as aulas enquanto Severus prometia que iria comentar isso com
Tom e todos na Malfoy Manor para ficarem cientes. Hadrian estava evitando trocar cartas com
informações importantes, temendo que elas fossem interceptadas pelo caminho, então Severus era
a única fonte de informações sérias que eles tinham.

Neville estava voltando para a sua comunal, havia se esquecido de seu dever para a aula de
poções. Ele estava tão animado em rever Hadrian. Tudo bem que eles se viam todos os dias e o
moreno sempre encontrava um tempo para dar-lhe atenção e carinho, mas Neville ainda sentia
saudades. As aulas que eles não compartilhavam eram tão solitárias e insuportáveis. Ninguém
gostava dele, e nem o provocavam por medo de Hadrian querer justiça, mas Ron e seus amigos
eram uma exceção. O ruivo, sempre que o via, dava um jeito de rebaixá-lo, eles nunca o bateram,
mas as palavras podem doer tanto quanto. Essa era uma das razões pelas quais sua autoestima
ainda oscilava entre alta e baixa.

Graças a Fred e George ele não tinha que dividir o dormitório com Ron, os gêmeos e seus
colegas de quarto permitiram que ele, Colin e Dennis dormissem no mesmo quarto. A magia deu
conta de acomodar todos eles confortavelmente, e Dennis gostava de dormir com o irmão, então
eles não ocupavam muito espaço. E era bom poder dormir tranquilamente. Neville sabia que nada
poderia acontecer a si enquanto estivesse com os “companheiros de relacionamento”. A ainda
tinha Hera! A basilisk era incrível em protegê-los de Ron e sua gangue. Então ele não tinha com o
que se preocupar.

O Gryffindor corria apressadamente pelas escadas até o sétimo andar, por pura sorte ele
havia conseguido pular o degrau falso em que sempre caía. Seu corpo ainda era gordinho, mas ele
estava querendo mudar isso. Sua ansiedade o fazia comer mais do que o necessário, então ele
nunca gostara do próprio corpo, mas agora que Hadrian o estava ajudando a superar esses
obstáculos, ele sentia-se motivado a trabalhar no corpo que o agradaria. Ele sabia que Hadrian o
amava como ele era, o moreno sempre o elogiava, chamando-o de perfeito e que não mudaria nada
em si, mas Neville precisava se sentir bem consigo mesmo. Ele não gostava de como seu corpo
atual estava, então ele mudaria. Ele juntou-se a Viktor nos exercícios matinais, pediu ajuda à Draco
para ter uma dieta nutritiva e balanceada. Então ele estava lentamente progredindo para sentir-se
bem consigo mesmo de uma vez por todas.

— Hey, porco! — Um garoto da Gryffindor saiu da Comunal quando Neville alcançara o patamar
do sétimo andar. A Fat Lady os olhava ao fundo, não havia mais ninguém ali, todos em aulas ou
nos campos aproveitando o sol radiante.

— Hum... — Neville deu um passo para trás, completamente nervoso com o aluno do sexto ano na
sua frente. Por causa do seu medo, o menor nunca viu os olhos nublados do outro.

— Sua vadiazinha imunda. — Se aproximou com um sorriso sádico, Neville recuou ainda mais. —
Você está mamando os professores para ganhar mais nota?

— E-eu... — Ele queria sair correndo dali, mas suas pernas pareciam chumbo.

— Já não bastava dar essa bunda suja para a porra de um Slytherin! — Rosnou ao se aproximar
ainda mais do garoto paralisado. — Não sei o que Potter viu em você. Um inútil, atrapalhado,
covarde e feio. Ele diz que te ama? Ele deve só estar querendo brincar com você. — Seu sorriso se
alargou. — Ou você o enfeitiçou ou drogou. Porque ninguém, em sã consciência, ficaria com
alguém como você.

Neville tinha lágrimas nos olhos, encolheu-se em si mesmo na tentativa de ficar menor e
conseguir piedade para ir embora. As mãos trêmulas seguravam firmemente o colar que recebera
de Hadrian. Mesmo que ele acreditasse nos sentimentos do namorado, outra parte de si estava se
remoendo de insegurança e tristeza. Ele sentia essas duas partes lutando dentro de si, o que só fez
piorar a dor que sentia por estar sendo humilhado.

— Sabe o que fazemos com porcos imundos como você? — Neville deu mais um passo para trás,
mas o garoto seguiu seu movimento. — Nós acabamos com eles. — Empurrou-o para trás.

Neville pisou no degrau falso, com o seu equilíbrio comprometido ele trombou contra o
corrimão da escada e caiu sob ela. Todo o seu mundo pareceu desacelerar. Ele viu o garoto rindo
de si, ele sentiu a alça da mochila deixando seu ombro, ele sentiu o vento contra si, ele viu o sol
radiante pela janela, e ele se viu em queda livre do sétimo andar até o térreo.

Fat Lady gritou, assim como outros retratos, alguns deles correram para achar ajuda. O
Gryffindor do sexto ano paralisou e ficou com um olhar vazio para o chão do térreo. Neville não
escutou nada. Ele sabia que estava gritando, sua garganta estava doendo, mas ele não conseguia
escutar nada. Ele iria morrer. Ele sabia disso. Ele não queria. Não queria morrer. Queria viver;
formar-se na escola; fazer algo relacionado a herbologia; ver Hadrian virando rei e governando
esse mundo corrompido. Queria continuar encontrando Hadrian todos os dias; escutar suas risadas;
deliciar-se com sua voz; derreter sobre seus toques delicados; perder-se em seus olhos hipnóticos;
sentir o amor que o outro tinha por si. Ele queria continuar amando e sendo amado. Ele queria
viver.

Enquanto caía, Neville via os raios de sol refletindo contra seu colar de DesertRose. Pelo
menos ele teve o amor de Hadrian. Uma pessoa em toda a sua vida o amou verdadeiramente. E o
amor de Hadrian o confortou diante do seu destino. As doces lembranças de seu namorado vieram
em sua mente. Cada elogio, cada carinho, cada promessa de amor, cada momento de luxuria, cada
momento em que se amavam de todas as formas possíveis. Ele amava Hadrian, e iria amá-lo até a
morte. O que não estava tão longe assim.

Neville sabia que tinha caído uns bons metros até que viu uma escada se movendo logo
abaixo de si. Uma brisa de magia passou por si e era como se Hogwarts estivesse agindo para
interceptar sua queda. Uma última esperança de viver e não se espatifar no chão de pedra lá
embaixo, com essa perspectiva, o garoto cobriu a cabeça com os braços e esperou o impacto. E ele
não tardou em chegar. Seu lado esquerdo se chocou duramente contra os degraus de pedra, e ele
sentiu algo dentro de si quebrando, e então a dor veio como um tsunami. Ela o consumiu em
segundos, tomando todo o seu ser, mas o garoto não gritou. Não havia tempo, no instante que caiu,
seu corpo rolou escada abaixo. Se ele prestasse atenção poderia sentir seu cérebro se chocando
contra o crânio conforme ele caía. Seus braços não protegiam mais a cabeça, então completamente
entorpecido pela dor que o consumia, Neville não viu que chegara ao patamar do terceiro andar, ele
só viu a escuridão o levar em segundos. Sangue manchou a parede de pedra, local onde sua cabeça
colidiu ao chegar no patamar.

Os retratos gritaram ainda mais. Neville estava estirado no chão de pedra, este que estava
sendo manchado de carmesim rapidamente. Seus braços e pernas estavam em ângulos impossíveis,
e o osso de sua canela esquerda irrompia da sua pele, tornando a visão ainda mais grotesca do que
já era.

No sétimo andar, estava o responsável, ainda paralisado como uma marionete sem títere, os
olhos vazios ainda focados nas pedras do térreo. E lá embaixo, jogado no patamar do terceiro
andar, estava um Neville Longbottom quebrado e ensanguentado...
Capítulo 120
Chapter Notes

!!!!!AVISO!!!!!
Este cap pode conter vários gatilhos com situações delicadas, mas lembrem-se que o
estado psicologico do personagem não é o mais "normal" e que a situação também não
ajudou para que sua ética e moral agissem sobre tudo o que foi feito e dito. Apesar dos
pesares, espero que ninguém se sinta ofendido e já peço-lhes perdão por qualquer
coisa.

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lordGENTE! SE
VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD PELOS
LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO DISCORD
(AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Um pouco longe dali, na sala de poções, Hadrian derrubou várias coisas que estavam em sua
mesa e caiu no chão agarrando o peito com força. Seus olhos estavam vidrados no nada do chão de
pedra, os vórtices rodopiando numa velocidade alarmante, a respiração estava falha e pesada. Ele
não escutou Severus, Draco ou seus amigos. Seus ouvidos estavam surdos para o mundo, tudo o
que ele conseguia ouvir era o som de um batimento cardíaco muito lento. Nyx havia caído no chão
e olhava preocupada para o seu filhote, mesmo que o chamasse ele não respondia. Ali, na escuridão
das masmorras, as pessoas estremeceram ao verem os olhos verdes brilhando como a própria
Maldição da Morte. Ron se encolheu minimamente do outro lado da sala.

— Hazz?! — Draco chamava preocupado. Era a segunda vez no dia que Hadrian não passava bem.
Algo estava acontecendo. Severus e os outros amigos compartilhavam a preocupação do loiro.
Todos olhando o garoto caído e agarrado ao peito. Mas ninguém obteve resposta. Hadrian se
levantou de supetão e saiu correndo porta afora.

— POTTER! — Severus chamou ao sair correndo atrás do garoto. Draco, que apanhou Nyx do
chão, e seus amigos o seguindo rapidamente. Os outros alunos, loucos por uma fofoca, foram atrás
deles.

Suas vozes o chamando pareciam não alcançar seus ouvidos. Hadrian não conseguia ouvi-
los, ele apenas escutava aquele batimento cardíaco lento. Seu peito doía como o Inferno, era como
se alguém tivesse tentado arrancar seu núcleo mágico, mas o descascando em fios, e um deles
havia se rompido. Como tendões e músculos se rompiam, só que ainda mais doloroso.

Ele não sabia para onde estava indo, ele não se importava. Algo em si gritava
desesperadamente para chegar lá o mais rápido possível, e ele só seguia a sua intuição. Suas pernas
protestavam contra o esforço além de sua capacidade, seus passos ecoavam nos corredores como
tiros de um canhão, sua respiração pesada e descompassada fazia seus pulmões arderem e doerem,
mesmo assim ele não parou. Ele virava nas esquinas derrapando e se chocando contra paredes
duras de pedra, mas nem a dor fora capaz de pará-lo. Subindo infinitos degraus de três em três ele
finalmente parou.

Diante de seus olhos estava um de seus amados namorados. Um dos mais doces e adoráveis,
puro e perfeito como um anjo. Hadrian não ouviu os estudantes e professores surgindo nos
patamares de forma apressada, ele não os ouviu derrapando e parando de supetão, ele não os ouviu
ofegando; ele não os ouviu gritando; ele não os ouviu chorando. Hadrian só escutava os batimentos
cardíacos de Neville, estava tão lento como se estivesse dormindo.

Hadrian viu vermelho, o vermelho do sangue derramado de um de seus amados...

Hogwarts pareceu escurecer, como se ela tivesse sido cercada por lethifolds, o frio subiu
pela espinha dos ocupantes do internato, como se estivessem diante de dementors. Da carruagem
de Beauxbatons e do navio de Durmstrang, os estrangeiros viram o castelo escurecer e tremer. Do
centro de Hogwarts, como se viessem do núcleo mágico de um corpo humano, só que mil
vezes maior, tremores surgiram, como ondas de um tsunami, saindo da escola e saindo para os
arredores de sua estrutura. As federações das escolas estrangeiras sentiram com terror em seus
corações o próprio castelo ressoar a dor de Hadrian, a dor de seu herdeiro, como se eles fossem um
só. Os tremores que se espalhavam refletiam a dor do coração do Príncipe de Camelot diante do
corpo ensanguentado de um de seus amados. Ainda que estivessem longe, eles sentiram o mesmo
frio de quem estava lá dentro. As pessoas viram com terror as pedras escurecendo; rachaduras
imensas surgindo; as paredes congelando; as tochas irrompendo em chamas infernais; a estrutura e
fundação do castelo estremeceram com os tremores do núcleo de Hogwarts; quadros despencaram
de seus suportes; escadas móveis parando completamente. Nem os raios solares pareciam entrar no
castelo. Os habitantes de Hogwarts viram com horror os olhos de Hadrian brilhando na escuridão
como lanternas, os vórtices rodopiando como um furacão devastador, faíscas surgindo ao seu redor
conforme sua magia lutava para escapar e atacar. Eles nunca queriam atrair a fúria de Hadrian
Tamish Potter novamente. Não se quisessem viver.

Hadrian estava travando uma batalha interna. Sua magia desejava explodir como da última
vez, mas ele sabia que isso poderia prejudicar o estado atual do seu doce Neville. Então ele tinha
que se controlar. Por Neville, ele precisava assumir o controle. Com um suspiro de alívio dos
espectadores, Hadrian conseguiu controlar sua magia e a recolher para dentro de si, parando, assim,
os tremores na escola. Seus olhos voltaram para cima, como se algo o mandasse erguer a cabeça
para o alto, a brisa da magia do castelo o guiando até o culpado. E ele viu, lá no sétimo andar, com
o olhar vazio, estava o provável culpado. Seu ser se encheu de fúria e ódio. Ele queria vingança,
ele queria fazê-lo pagar pelo que fizera com seu amado. O garoto ergueu sua mão na direção do
Gryffindor, e em segundos o corpo voou para si com uma velocidade alarmante, que só parou
quando Hadrian tinha sua mão firmemente agarrada ao seu pescoço. As pessoas ofegaram ao
verem a demonstração de magia avançada, e porque eles notaram o desejo de sangue no olhar de
Hadrian. O Slytherin ia lançar uma maldição desagradável no lixo que estava em sua mão, mas ele
fora jogado contra uma parede. O lixo não estava mais em seu aperto. Seus olhos raivosos
procuraram o adversário. Era Dumbledore. E então seu ódio só aumentou.

— O que pensa que está fazendo, senhor Potter?! — O velho atuou como um avô preocupado e
decepcionado.

— Buscando justiça! — Hadrian rosnou e se endireitou. De canto de olho ele viu Severus e
Madame Pomfrey levando Neville numa prancha de resgate, um torniquete na perna e o pescoço
imobilizado. — Esse desgraçado tentou matar o Neville! — Os estudantes olhavam a cena com
nervosismo e receio. — Ele ousou machucar alguém que eu amo! Eu não irei permitir que ele saia
impune! Ele merece sofrer!

— Do que está falando, Hadrian meu garoto? — Dumbledore perguntou com falso espanto, os
olhos brilhando em decepção enquanto seu cérebro gargalhava. — Você machucaria alguém por
um acidente?

— ACIDENTE?! EMPURRAR ALGUÉM ESCADA ABAIXO É UM ACIDENTE PRA VOCÊ?!


ACIDENTE O MEU CU! — Sem varinha ou palavras de poder, Hadrian atirou um atordoante em
Dumbledore, que conseguiu criar uma barreira por pouco. — SEU VELHO DESGRAÇADO! VAI
PASSAR PANO PARA UMA TENTATIVA DE ASSASSINATO?! — Hadrian atirou uma
maldição cortante, que também fora repelida. — EU AVISEI! EU AVISEI A TODOS QUE NÃO
ERA PARA TOCAREM NAS PESSOAS QUE EU AMO! — Mais maldições, estas o velho não
conseguiu se defender, e acabou com um corte profundo na lateral direita da sua barriga e alguns
outros cortes menos profundos pelo corpo. — TODOS SABEM O QUE OS ESPERAM! —
Dumbledore saiu voando no ar até a escada do terceiro andar para o quarto, que parou no meio do
caminho entre os dois patamares. A força do feitiço fora tanta que o corpo de Dumbledore quase
fez a escada desmoronar. — APENAS MORTE E RUÍNA VIRÁ PARA AQUELES QUE
OUSAREM FERIR QUEM EU AMO!

— HADRIAN! — Dumbledore cuspiu sangue e os espectadores reprimiram gritos. — VOCÊ


TEM QUE PARAR!

— EU SÓ VOU PARAR QUANDO EU TIVER A CABEÇA DESSE MERDA! — Convocou o


garoto marionete até si, mas outra vez um feitiço o jogara contra a parede, agora o prendendo na
mesma. — VAI LÁ PEGAR SUA BOLSA DE COCO, SEU BOSTA! CORTEI TEUS
INTESTINOS, CARALHO! NEM VEM SUJAR MEUS SAPATOS CAROS COM SUAS
BOSTAS! VAI VAZAR Ó! CUIDADO!

— Você precisa se acalmar, Hadrian! — Flitwick tentou argumentar.

— NÃO ENTRE NUMA BRIGA QUE NÃO É SUA! — Hadrian rosnou em gobbledegook, mas
o meio goblin não recuou. Os outros professores se aproximaram com varinhas em mão.
McGonagall foi ajudar Dumbledore a se manter em pé.

— Hadrian! — Sprout tentou se aproximar.

— SE VOCÊS SE INTROMETEREM EU IREI MATÁ-LOS JUNTO AO LIXO! — Seus olhos


verdes focaram em Vector segurando o garoto marionete.

Ele focou nos seus olhos, completamente vazios. E foi então que ele percebera... O garoto
estava sob Imperius. Hadrian se soltou do feitiço que o prendia contra a parede, ele não conseguiu
segurar a gargalhada que irrompia do seu peito. Ele se permitiu gargalhar da merda que era aquilo.
E ele sabia quem era o responsável. As pessoas encararam o garoto louco com terror. Muitos se
afastaram, como se sua insanidade fosse contagiosa. Mas os namorados dele apenas o olharam
preocupados, eles precisavam fazer alguma coisa antes que alguém se machucasse seriamente.

— Seu desgraçado. — Hadrian comentou quando os risos pararam. Os olhos se erguendo para
encarar Dumbledore, o sorriso sádico e louco ainda em seus lábios. — O lixo está sob Imperius. —
As pessoas exclamaram. Vector encarou os olhos do Gryffindor, os olhos se arregalando.

— É-é verdade. — A mulher ofegou.

— Agora é só direcionar meu ódio para o títere dessa marionete. — Seus olhos nunca deixaram os
de Dumbledore. — E eu até sei por onde começar minha busca. — Ele avançou em direção ao
velho, mas McGonagall o impediu.

— STUPEFY! — O feitiço mudou repentinamente sua trajetória e voltou contra o seu lançador.
McGonagall rapidamente ergueu uma barreira para se defender de seu próprio feitiço. Hadrian
continuou andando na direção de Dumbledore, sem se preocupar com o feitiço que quase lhe
atingira.

— Hora de revelar suas mentiras, Cabra Velha. — Hadrian sorriu ainda mais, os olhos brilhando
com mais intensidade.

— STUPEFY! — Dessa vez foram quatro varinhas apontadas para si logo na frente do seu caminho
até o diretor. O garoto, nem se importando mais com isso, deixou os feitiços lhe atingirem, mas ele
não iria deixar por isso mesmo. Seu sorriso se alargou quando se preparou para revidar. A magia
do garoto projetou-se para fora do seu corpo e jogou os quatro professores para fora do seu
caminho. Eles foram empurrados com brusquidão e Vector acabou chocando seu quadril contra o
guarda corpo do patamar.

— VAMOS, DUMBLEDORE! — Hadrian abriu os braços e sorriu ainda mais. — QUEM É O


GRANDE LIGHT LORD?! ORDEM DE MERLIN PRIMEIRA CLASSE! O GRANDE
DIRETOR DA ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS! SUPREMO
MUGWUMP DA CONFEDERAÇÃO INTERNACIONAL DOS BRUXOS! CHIEF WARLOCK
DO WIZENGAMOT! MAIOR BRUXO DEPOIS DE MERLIN! O GRANDE ALBUS
PERCIVAL WULFRIC BRIAN DUMBLEDORE! NOME GRANDE DO CARALHO, PORRA!
— Mais Stupefy, que o jogaram alguns passos para trás, mas Hadrian continuou em pé e sorrindo
maniacamente. — ANO APÓS ANO VOCÊ ARQUITETA ALGO MIRABOLANTE PARA ME
MATAR! E NUNCA CONSEGUE! VOCÊ ME QUERIA QUEBRADO! VOCÊ ME QUERIA
DESESPERADO! POR SUA CULPA EU FUI DEIXADO NOS DURSLEY! POR SUA CULPA
EU VOLTEI PARA AQUELA MERDA E FUI TORTURADO! POR SUA CULPA MINHA
VIDA É UMA CONSTANTE LUTA! VOLDEMORT É APENAS UMA PEDRA NO MEU
SAPATO! MAS VOCÊ! — Apontou o dedo para o velho. Dumbledore segurava sua lateral para
impedir o sangramento de continuar jorrando. — VOCÊ FODE MINHA VIDA TODO O DIA! E
AGORA VOCÊ QUASE FEZ NEVILLE MORRER! — Riu novamente. — AH CARALHO! CÊ
NÃO SABE O ÓDIO QUE EU SINTO POR VOCÊ, SEU MERDA! EU VOU DESTRUIR A
SUA VIDA! TUDO O QUE VOCÊ TEM SERÁ DESTRUÍDO! SEUS PLANOS, SUAS
AMBIÇÕES, SEUS DESEJOS, SEUS PERTENÇES PRECIOSOS, SUA REPUTAÇÃO, SEUS
TÍTULOS, SUA MAGIA... — Inclinou a cabeça um pouco para o lado. — Sua vida. — Os nove
professores presentes se uniram para enfrentarem um Hadrian enlouquecido quando sentiram o
perigo que ele representava. Este, que finalmente começou a prestar atenção aos seus arredores,
olhou para o corpo docente e falou: — Vocês têm certeza de que querem ficar no meu caminho?
Saibam que eu vou revidar e não vai ser bonito.

— Não ouse achar que você pode fazer o quer. Isto aqui ainda é uma escola e você nos deve
respeito! — McGonagall falou tentando manter uma postura arrogante com sua varinha em punho,
pronta para um duelo.

— Esqueceu que eu sou a porra do dono de Hogwarts? A idade chegou pra você querida
professora? Vocês é quem me devem respeito! — Hadrian rosnou. — Se é um duelo que vocês
querem, então vocês o terão. Vocês odeiam as próprias vidas para se arriscarem por esse saco de
merda logo ali? — Apontou para Dumbledore. — VENHAM! Se quiserem me atacar é só fazer!
Estou pronto pra esfregar suas bundas velhas no chão! Me mostrem como ficará o corpo docente de
Hogwarts depois de perder para uma criança.

McGonagall foi a primeira a tomar uma atitude, sem palavras de poder ela lançou um
Confringo na direção do garoto. O raio de luz alaranjada desviou repentinamente de direção e
atingiu uma das escadas paralisadas, o corrimão e alguns degraus explodiram, derrubando
destroços que despencaram até o andar térreo muitos metros abaixo. Hadrian riu cinicamente.

— Vocês realmente estão desesperados para me matar, não é? Pena que vocês não passam de
moscas irritantes se comparados com o meu poder.

E então começou o duelo definitivo, os professores jogavam impiedosamente feitiços que o


fariam ser paralisado ou ficar inconsciente, menos McGonagall, ela estava com sede de sangue.
Hadrian nunca deixou de sorrir como um louco, a maioria dos feitiços ele desviava sem nem
mesmo usar magia, seu corpo esquiva dos jatos de luz como se estivesse dançando pelo patamar.
Os alunos que assistiam o duelo se afastavam cada vez mais, com medo de acabarem sendo pegos
no fogo cruzado ou por um feitiço perdido. Hooch surgiu muito perto do garoto, então, com um
movimento de mão, ela foi jogada para longe, saiu voando por cima dos outros professores e
chocou-se contra uma parede, caindo no cão desacordada devido ao impacto.

— Menos um. Faltam oito. — Hadrian sorriu de forma ensandecida. Ele direcionou sua magia para
os pés e pernas, para auxiliar os seus movimentos a ficarem mais rápidos e fortes. Flitwick lançou
lhe um feitiço que o teria o içado no ar, mas o garoto foi mais rápido e surgiu logo atrás do meio
goblin, com um movimento rápido sua perna foi jogada para frente e o pequeno corpo foi lançado
para frente. O professor de feitiços deu algumas piruetas, chocando-se contra o chão e parou no
guarda corpo, sem conseguir se mover, pois uma de suas pernas acabou se quebrando por seu peso
ter caído em cima dela em uma tentativa falha de amortecer e parar o impacto. — Essa luta tem
limite de altura. Crianças não deveriam estar duelando. — O garoto estalou os dedos, sua língua
passando pelos lábios avermelhados que logo se abriram em um sorriso. — Apenas sete.

Hadrian moveu suas mãos e três objetos vieram voando até os seus pés. Um cajado que
servia de muleta, um olho azul que girava para todos os lados e uma perna falsa. Com um baque
surdo, o falso Moody caiu no chão, o rosto desfigurado vermelho de raiva ao olhar o garoto. Por
dentro, Barty estava impressionado com as habilidades daquele garoto. Seu senhor pode acabar
tendo um pouco de dificuldade, não que ele diria para o seu Lord isso. Ele prefere permanecer
vivo, muito obrigado.

— Peguei sua perna! Ops! Aleijados não podem mais lutar agora. Se levanta agora despernado!
Quero ver correr agora! — O garoto jogou o professor caído para longe. — É SEIS, PAH, PAH,
PAH! — Burbage lançou lhe um feitiço de atordoamento, mas Hadrian foi mais rápido e chegou na
frente dela, deu-lhe uma joelhada na barriga e a lançou para longe com a magia. — Você não gosta
tanto de muggles? Então vou lutar como um com você. Mas foi tão rápido que perdeu a graça. Tão
fraco quanto um muggle. Vai lá lavar uma louça vai mulher. Não é assim que os homens muggles
falam com vocês? Agora faltam cinco.

Ron, completamente presunçoso de que conseguiria vencer Hadrian, quando nem mesmo
todo o corpo docente consegue, avançou com a varinha em punho, pronto para lançar um feitiço do
primeiro ano, já que ele é incompetente nos estudos. Hadrian estava perto o suficiente e içou sua
perna para cima, chutando o lado direito do rosto do ruivo, que saiu rodopiando no ar até cair no
chão como um saco de batata.

— BICUDA A CRIANÇA! Isso é briga de gente grande, não viu um anão quicando não, porra?!
— O ódio era tanto que o senso moral e ética do garoto foi pro Inferno. — Vou dançar no colo do
capeta e que se foda! Só falta eu ser racista. — Ele olha pra Aurora Sinistra e dá risada. — Hora da
camuflagem! — Todas as tochas do castelo se apagam, deixando o local coberto pela escuridão.
Gritos apavorados ecoaram, e quando as chamas voltaram e Sinistra estava desacordada perto dos
outros professores que eram amparados por alguns alunos mais velhos. — Só mais quatro. Qual a
próxima minoria pra insultar? — Vector lançou cordas para prenderem o garoto, mas elas se
desintegraram no meio do caminho. — Cê tem cara de que cola um velcro. — Cordas de couro
shibari surgiram entorno da mulher, a amarração a deixou com os braços e os tornozelos
amarrados nas costas. — Só tô revidando com o mesmo feitiço. Não sabia que você era do BDSM.
Véia tarada. — Vector caiu de barriga no chão, deixando os braços e pernas para cima, ainda
amarrados. Um ball gag surgiu na sua boca quando ela tentou falar alguma coisa e Hadrian a
enviou deslizando pelo chão como um pinguim desliza de barriga até os outros professores. Uma
acromantula foi invocada do nada e colocada acima de Vector para mantê-la imobilizada. — Bota a
aranha pra brigar, véia sapatona! — Hadrian riu ao virar-se para Sprout. — Só mais três. — Sua
vez maconheira.

— Pare com isso senhor Potter! — Sprout lançou de sua varinha vinhas para segurar o garoto.

— Ah. Eu gosto tanto de você, professora. Não me faça te humilhar. Isso fere o meu coraçãozinho.
— Hadrian incendiou as vinhas com um fogo azulado. Do chão logo abaixo de si surgiram plantas
que tentaram espirrar uma fumaça paralisante, mas Hadrian pulou para longe. — Mas a chupeta de
baleia tá que tá hoje, hein! Você não me deixa escolha. Foi você quem pediu. — Com um
movimento de sua mão Pomona Sprout foi transformada em uma abóbora, que logo saiu rolando
para longe. — É DOIS, PAH, PAH, PAH! — Bathsheda Babbling nem teve tempo de fazer
alguma coisa, enquanto ainda lançava feitiços contra o garoto, do nada ela apagou e foi lançada
para longe. Sobrando apenas uma McGonagall completamente possessa de raiva. — Só mais um.
— Seu sorriso se alargou. — Rapaiz! Cê tá comprimindo bastante esses lábios, hein! Que isso,
parece até uma boquinha de chupa cu. Chupou o cu da cabra velha ali? Só pode, pra ser tão
obcecada e cega por ele. Credo, imagens horrendas vieram na minha mente agora. Posso tacar fogo
no meu cérebro? —Vermelha de raiva, a professora lançou uma maldição cortante no garoto, que
sorriu ao ver o sangue espirrar de sua coxa esquerda. — Se é assim... AVADA... AHA! Te peguei
hein! Achou mesmo que eu ia lançar né! Óia! Tá quase se mijando nas ceroulas! — O garoto
começou a gargalhar diante do rosto pálido de terror de McGonagall. Ela voltou a lançar mais
feitiços. — Cansei da brincadeira. Bóra acabar logo com isso. É O SEU ANIVERSÁRIO
MCGONAGALL! VAMO APAGAR A VELHINHA! — E então a mulher caiu inconsciente no
chão. Hadrian soltou fogos de artifício da varinha que explodiram em várias cores. — AE! FELIZ
ANO NOVO PORRA! FODAZE A LÓGICA!

Dumbledore, com suas últimas forças, aproveitou que Hadrian estava de costas para si e
lançou um Bombarda no garoto em si. Hadrian virou-se bruscamente e por pouco conseguiu erguer
um escudo para se proteger, porém a explosão, quando atingiu o chão, fora muito forte e ainda
assim arremessou o jovem para longe, que colidiu duramente contra uma parede e desabou no
chão, sua visão escurecendo, os ouvidos zumbindo por causa da explosão, sua magia se acalmou
quando ele finalmente caiu na inconsciência.

— HAZZ! — Dennis fora o primeiro a chegar até o moreno, todos os espectadores completamente
paralisados devido ao duelo que presenciaram. Os outros namorados de Hadrian o seguiram logo
depois de superarem a surpresa do que acabara de acontecer.

— NÃO TOQUE NELE! — George rosnou para “Moody”, que já estava em pé depois que um
aluno recuperou sua perna, olho e cajado, e agora ele avançava com o intuito de afastar os
adolescentes de uma ameaça e retirar Hadrian do local.

— Vocês não vão tocar nele! — Fred se colocou ao lado do irmão na barricada. Pansy. Theodore,
Blaise e Luna se juntaram a eles. Draco, com as mãos trêmulas, fez Hadrian flutuar atrás de si e
desatou a correr até a enfermaria. Os amigos e namorados do moreno deram um último olhar
raivoso para Dumbledore e os seguiram.

Assim que Hadrian desapareceu, as pessoas desataram a falar sobre o que acontecera, a
maioria aterrorizada com o poder avassalador e a loucura do garoto. Os professores, agora todos
acordados (Vector foi liberada e Sprout voltou a ser humana) cercaram um Dumbledore exausto
física e magicamente. McGonagall correu para apoiá-lo, o velho continuava sangrando. Babbling
imobilizou a perna quebrada de Flitwick e o ajudou a se colocar de pé.

— Me leve para meus aposentos. — O velho pediu a sua fiel seguidora.

— Mas a Poppy... — Sprout tentou argumentar.

— É melhor eu ficar distante do jovem senhor Potter por enquanto. — Deu um sorriso de avo
gentil. — Eu conheço alguns feitiços de cura que vão resolver o problema. Não se preocupe. —
Reprimiu um gemido de dor quando tentou andar, o maldito garoto havia quebrado sua tíbia. —
Dispense as sulas por hoje. Mande todos para as comunais. E vão tratar seus ferimentos. —
Indicou o garoto que Vector segurava ao seu lado. — Leve o garoto para a Poppy. Chamem os
aurores. Precisamos ver o que será feito sobre o caso. Não esqueçam do senhor Weasley. — Todos
olharam para um ruivo, sentado no chão com uma Hermione preocupada ao seu lado.

Os professores concordaram e foram cumprir suas ordens enquanto McGonagall o ajudava a


ir para seus aposentos. Quando finalmente se viram seguros, o velho desatou a xingar céus e terras.
Sua raiva finalmente saindo de si. Sua raiva por Ele não o permitir matar o garoto logo aumentou.
O garoto era uma ameaça, mas os planos Dele são perfeitos. Então ele deveria continuar seguindo
suas ordens se quisesse viver. Mas, pelo menos, agora todos saberiam o perigo que Hadrian
Tamish Potter representava a vida de todos.

— O que aconteceu?! — Colin perguntou preocupado ao ver a mediwizard ainda trabalhando em


Neville.

— O que aconteceu lá? — Severus perguntou com o coração apertado ao ver Draco colocar
Hadrian na cama ao lado do namorado.

— Uma loucura. — Pansy estremeceu. Só agora o castelo parecia voltar ao normal, mas ainda
tinha uma aura sombria em suas pedras.

— Ele levou alguns feitiços. — Cedric comentou preocupado. — Muitos. Muitos mesmo.

— Todos os professores duelaram com ele. — Blaise começou. — Mas só derrubou ele quando
Dumbledore o pegou por trás com UM MALDITO BOMBARDA!

— ELES QUERIAM MATÁ-LO?! — Madame Pomfrey ofegou horrorizada.

— Na verdade estavam impedindo um assassinato. — Theodore comentou nervoso.

— Mas acho que eles também estavam tentando matar ele. — Luna comentou olhando para o
nada.

— Cuide dele, Severus. Eu termino com o senhor Longbottom. — Pomfrey voltou ao seu trabalho.

— Como o Nev está? — Dennis perguntou.

— Em coma. — A mediwizard falou de uma vez. Não teria benefícios enrolar e amenizar as
coisas, eles mereciam a verdade. — Como ele caiu sobre o lado esquerdo, então é onde estão os
maiores danos. Ele quebrou vários ossos. Clavícula, costelas dos dois lados, esterno, úmero, rádio,
ulna, ílio, fêmur, fíbula e tíbia. A tíbia é uma fratura exposta, enquanto as outras são internas. As
costelas perfuraram o fígado, estômago e pulmão esquerdo. Ele tem hemorragia interna e externa.
A tíbia cortou uma aorta e esse era o motivo de tanto sangue no chão. Ele perdeu muito sangue e
teve traumatismo craniano devido aos impactos contra as pedras. Os choques que seu cérebro teve
contra o crânio o fizeram entrar em coma. Ele está estável agora, consertei tudo o que tinha que
consertar, mas não sei se ele irá acordar.

E então o único som que se ouvia na enfermaria era de pessoas chorando. Pobre Augusta
Longbottom. O filho e a nora estão loucos em uma cama em St. Mungus. E agora seu único
parente vivo, seu precioso neto, estava em coma em uma cama na enfermaria de Hogwarts. Ela
pode não aguentar essa dor.
Capítulo 121
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lordGENTE! SE
VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD PELOS
LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO DISCORD
(AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord
— MEU CU QUE EU VOU FICAR! — Tom esbravejou enquanto tentava se soltar de Remus, que
o segurava com força. — FODA-SE DUMBLEDORE! FODA-SE TUDO! EU VOU JUNTO E
PONTO FINAL! — Narcissa suspirou em derrota.

— Tudo bem, Tom. — A mulher disse com uma mão na testa e os olhos fechados. — Você pode
vir conosco. — E então todos atravessaram o Floo. Ragnuk e Maray foram os primeiros, seguidos
por Lucius, Narcissa, Molly, Arthur, Tom, Bill, Charlie, Sirius e Remus. Os goblins estavam
disfarçados de humanos. O grupo se viu na sala particular de Severus Prince.

— O que diabos aconteceu exatamente? — Ragnuk perguntou preocupado, todos já seguiam o


pocionista até a enfermaria.

— Um aluno, sob Imperius, empurrou Neville da escada do sétimo andar. — Molly, Narcissa e
Maray inspiraram e abriram as bocas, mas nada saiu. — Por sorte uma escada do terceiro ao quarto
andar se moveu, e amparou a queda. Mas ainda assim foram muitos ferimentos. Atualmente ele
está em coma. — As mulheres, com seus fortes instintos maternais abalados, sentiram os olhos se
enchendo de lágrimas.

— Por isso nos pediram para enviar Fawkes. — Remus sussurrou, ainda não acreditando no que
estava acontecendo.

— Sim. — Severus suspirou. — Hadrian tem algum tipo de ligação com cada consorte. — Olhou
intensamente para Bill, Charlie e Tom. — Ele sentiu que algo estava errado com um deles e foi
guiado até o local.

— Oh, Merlin. — Narcissa colocou as mãos na boca ao imaginar a dor que o garoto sentiu ao ver
seu amado à beira da morte.

— Ele surtou. — O pocionista abaixou o olhar para o chão, muitos pensamentos rondando sua
mente. — Ele conseguiu controlar sua magia para não ter outra explosão como a que teve por
causa de Colin, mas não antes de ter causado um terremoto nos terrenos da escola. Eu suponho que
seja por medo de acabar agravando o estado de Neville. — Maray segurou a mão de seu marido
com força.

— E-e depois? — Molly perguntou, o marido a abraçando para confortá-la.

— Ele ia matar o garoto na frente de toda Hogwarts. — Tom reprimiu um sorriso de orgulho. —
Mas fora em pedido por Dumbledore. — Tom estalou a língua com desgosto. — Então eles
começaram a duelar e Hadrian venceu.

— Obvio que o meu filhote iria vencer aquele pedaço de merda. — Ragnuk rosnou quando todos
pararam na frente das portas fechadas da enfermaria.

— Hazz conseguiu ver que o garoto estava sob a Maldição Imperius. A partir daí as coisas só
pioraram porque ele começou a brigar com o diretor, falando sobre suas mentiras, ele realmente ia
matar Dumbledore.

— Deveriam ter deixado. — Tom resmungou.

— O corpo docente tentou duelar com Hadrian, mas falharam miseravelmente, sendo humilhados
na frente de todos os alunos. Hadrian só foi contido quando Dumbledore o atingiu por trás com um
Bombarda.
— É O QUE?! TENTARAM EXPLODIR O MEU FILHOTE?! EU VOU MATAR ESSE
VERME! — Maray estava pronta para mudar de direção e ir atrás de Dumbledore, mas Ragnuk a
segurou pelo pulso e a puxou para perto de si.

— Nossa prioridade é o Hazz. — O Rei Goblin acariciou o pulso de sua mulher e olhou-a nos
olhos. — Deixa esse verme para depois. A vida do nosso filhote é mais importante.

— Você está certo. — Maray fungou. — Mas ele continua colocando o nosso filhote em perigo.
Eu só quero que isso acabe, para que Hazz possa ser feliz.

— Eu sei, amor. Eu sei. — Ragnuk a puxou para um abraço e beijou-lhe o topo de sua cabeça.
Severus se virou para a porta.

— Ele está bem, a última vez que verifiquei estava dormindo. —Falou o pocionista.

— Vocês já falaram com Augusta Longbottom? — Lucius perguntou antes das portas serem
abertas.

— Sim. — O professor soltou um longo suspiro. — E eu me senti péssimo em dar-lhe as notícias.

— Pobre Augusta. — Molly fungou. E então Severus abriu as portas da enfermaria.

Era de noite já, então o local era iluminado por archotes e velas. No canto mais distante
estava um grande grupo de adolescentes cercando uma cama. Hadrian estava sentado numa
poltrona ao lado da cama de Neville, segurando fortemente sua mão. Fawkes estava empoleirado
na cabeceira da cama cantarolando uma melodia triste, já havia chorado várias vezes sobre o
Gryffindor, que não acordou. Amigos e companheiros de relacionamento estavam sentados em
sofás e poltronas um pouco atrás de Hadrian.

Augusta Longbottom, uma senhora de vestes extravagantes, de uma personalidade dura e


severa, estava sentada numa poltrona do outro lado da cama. Ela fungava em seu lenço ao ver seu
amado neto adormecido. Já não bastava a dor de ver seu filho e nora loucos numa cama em St.
Mungus, deixando-a para cuidar sozinha do neto ainda bebê... Todas as noites que ela chorou pelo
filho... Toda a tristeza que teve que esconder para continuar sã, para criar Neville, para continuar
cuidando dos negócios da família... Tudo o que ela teve que suportar completamente sozinha, a
razão pela qual ela acordava todo o dia, o único motivo pelo qual ela não partiu desta vida, a única
pessoa da sua família que sobrara agora estava no limbo entre a vida e a morte. E isso a destruiu.
Ver seu neto daquele jeito a quebrou.

Ela sabia que tinha sido dura com ele, mas era para o seu bem, ele precisava ser forte. Mas
agora... Agora ela desejou ter feito diferente. Desejou demonstrar mais carinho e amor pelo seu
neto. A única coisa que ela era capaz de fazer agora era orar para qualquer ser superior para que
seu neto acordasse. Para que ela tivesse outra chance de dar-lhe o amor e carinho que ele merecia.

— Filhote... — Maray correu para o seu filho e o abraçou com força. O garoto estava tão perdido
dentro de sua própria mente que demorou alguns segundos para compreender o que estava
acontecendo.

— Eu estou bem, mãe. — Hadrian sussurrou. Sua voz estava rouca devido os gritos de seu surto
diante de toda Hogwarts.

— Vai ficar tudo bem, querido. — Ragnuk se juntou ao abraço.

— E-eu tentei de tudo. — Hadrian reprimiu um soluço. — Na-nada funcionou... E-eu não consegui
ajudá-lo...
— Oh, querido. — Os pais abraçaram o garoto com mais força. — Está tudo bem. — Hadrian se
encolheu e permitiu que as lágrimas finalmente caíssem. — Você não tem que se culpar por nada.
— Maray acariciava os cabelos negros do filho.

— Neville vai acordar, filhote. — Ragnuk beijou-lhe o topo da cabeça. — Vai ficar tudo bem,
querido.

Narcissa e Lucius se aproximaram de Augusta, a senhora encarava os estranhos com


curiosidade. O casal Malfoy sentou-se ao lado da Lady Longbottom e deram-lhe um sorriso de
conforto, o que ela aceitou de bom grado. As horas que se passaram foram tensas, mas alguns
integrantes do grupo tentaram amenizar o clima com conversas aleatórias. Em um certo momento
os gêmeos puxaram Tom para um cantinho, longe do resto do grupo e deram um sorriso malicioso
antes de falarem em uníssono.

— Você sabia que o Hazz chutou um anão? — Seus olhos castanhos brilhavam em diversão. Tom
reprimiu uma gargalhada e encarou os demônios ruivos.

— Ele fez o que?

— É isso ae. — George disse.

— Só ontem o Hazz tentou gabaritar o código penal inteiro. — Fred olhou divertido para o seu
irmão.

— Ele chutou um anão. Dizendo que o duelo tinha limite de altura. — E agora eles começaram a
alternar quem falava o que.

— Bateu em uma pessoa negra no escuro. Dizendo que era hora de desaparecer.

— Bicudou uma criança. Ronnikins voou longe. Hazz ainda disse: — George pigarreou. — “Cê
não viu o anão quicando não, porra?”.

— Bateu em uma mulher. Já que a professora de Estudos Muggle gosta tanto deles, então ela seria
tratada como um.

— Transformou uma gorda em abóbora, e ainda chamou ela de maconheira. Coitada da professora
Sprout, ficou rolando pelo lugar, tadinha.

— Prendeu uma lésbica com nó shibari, chamou ela de sapatona e jogou uma acromantula em
cima dela para, abre aspas, botar a aranha pra brigar, fecha aspas. Cê tinha que ter visto a cara da
professora Vector. Ainda mais quando teve uma ball gag enfiada na boca.

— Fez bullying com aleijados. Arrancou o cajado, a perna falsa e o olho do professor Moody. O
cara caiu de cara no chão e ainda foi chamado de “despernado”, além de mandá-lo correr.

— Duas professoras eram insignificantes e só foram descartadas rapidinho. A Hooch e a Babbling.

— E por último...

— Mas não menos importante.

— Bullying com velhos. Disse que era aniversário e mandou apagar a velhinha.

— Ele ainda ameaçou lançar um Avada só na brincadeira pra depois dizer “aha, te peguei, hein”.

— Ele tava muito pirado. Do nada disse feliz ano novo. Ainda estamos em maio, eu hein.
— Ele ainda soltou fogos de artifícios. — Tom estava vermelho de tanto segurar uma gargalhada
que borbulhava no fundo do seu peito, pronta para explodir com a sua diversão pelo que acabara de
ouvir.

— Vocês precisam me dar essa memória. — Falou, ainda segurando a risada. — Eu preciso
colocar isso em um telão imenso para vermos essa maravilha todos os dias.

— É só pegar um frasco e a memória é sua. — Os gêmeos falaram juntos com sorrisos travessos.

— Hazz nunca terá paz depois disso. — Tom sorriu. — Vou ficar voltando na parte do anão
voando. Foda-se. — E então ele ergueu uma barreira silenciadora ao redor deles e os três
finalmente caíram em gargalhadas estrondosas. Quem viu a movimentação virou-se para ver o trio
convulsionando de tanto rir em um silêncio completo. Maray encarou Severus.

— Eu devo perguntar o motivo deles estarem rindo em um momento como esse?

— Depois eu conto para vocês. — O homem suspirou e apertou a ponte do nariz.

Mesmo com tudo isso acontecendo ao seu redor, Hadrian não conseguia sair de seus
pensamentos. A culpa o corroendo como uma praga. Ele se sentia responsável pelo que acontecera
a Neville. Se ele não fosse um de seus namorados isso nunca teria acontecido. Todos eles corriam o
risco de serem atacados, uma tentativa de seus inimigos conseguirem atingi-lo e o desestabilizar. O
que funcionou perfeitamente, ele havia derrubado sua máscara e perdera o controle. Mas ver
Neville naquele patamar, todo quebrado e cheio de sangue... Era devastador. Sempre que fechava
os olhos aquela imagem voltava para o assombrar, fazendo seu coração se despedaçar cada vez
mais. A dor era insuportável, e as doces memórias que tinha com o amável Gryffindor só pioravam
tudo. E se Neville nunca mais acordasse? Ele nunca mais veria seu sorriso? Nunca mais escutaria
sua voz e risada? Nunca mais veria seus olhos brilharem de empolgação ao falar de herbologia?
Nunca mais sentiria seu amor? Nunca mais se perderia em seus olhos que transbordavam tantos
sentimentos bons por si? Nunca mais poderia beijá-lo? Nunca mais poderia abraçá-lo? Nunca mais
o teria ao seu lado?

— Pai. — Hadrian chamou depois de se manter em silêncio por horas.

— Sim, querido? — O goblin, ainda sobre o glamour de bruxo, colocou uma mão reconfortante
sobre o ombro do filho.

— Preciso que dê início ao plano. — O goblin sorriu malignamente ao perceber o que seu filho
queria.

— Imediatamente, filhote. — Deu-lhe um beijo na testa e se retirou para iniciar o plano que
arruinaria completamente a imagem perfeita de Albus Dumbledore.

— Eu preciso fazer algo. — Hadrian se levantou, deu um beijo na testa de Neville, e saiu da
enfermaria sem olhar para ninguém. Nyx sibilou tristemente ao ver o seu filhote tão abatido.

— Melhor o deixarmos sozinho, por enquanto. — Remus segurou o ombro de Sirius, que já estava
pronto para levantar e ir atrás do afilhado. Todos olharam tristemente para a porta por onde
Hadrian se fora.

Hadrian se trancafiou em seu quarto. Apanhou o Grimório de Morgana e se pôs a ler


avidamente cada página do livro. Ele precisava de alguma coisa. Ele precisava encontrar algo para
ajudar Neville. Ele não conseguiria ficar parado apenas esperando. Ele tinha que fazer algo, se não
se perderia na dor.
A FÚRIA DE UM REI

Por Rita Skeeter

Ontem quase houve uma tragédia em Hogwarts. Neville Longbottom, um dos consortes do
nosso futuro Rei Hadrian Tamish Potter, fora empurrado do sétimo andar das escadarias da
escola. O responsável pela tentativa de homicídio nada mais era que um aluno do sexto ano
que estava sob o controle da Maldição Imperius. Sim meus caros, essa Maldição foi
novamente usada para fazer pessoas cometerem atos hediondos.

Pelo que parece, Potter compartilha um vínculo tão forte com seus amados que ele pode
sentir quando um deles está em perigo. E ele sentiu quando Longbottom estava em risco,
então correu a sua procura. Mas, quando viu o estado de seu amado, ele mostrou um poder
descomunal. Sob o seu poder, Hogwarts definhou, ruiu e todo o seu terreno tremeu; como se
dez mil anos tivessem se passado em poucos segundos. Porém, instantes depois, ele conseguiu
controlar sua magia para não acabar prejudicando o estado de seu amado.

Entretanto, quando Potter viu o jovem responsável por tudo aquilo, onde ninguém sabia que
ele estava sob uma das Imperdoáveis, ele o convocou do sétimo andar até o terceiro com um
simples balançar de mãos. Dumbledore tentou intervir, junto dos outros professores, pois ele
iria matar aquele jovem. Hadrian Tamish Potter, sendo da realeza, tem total direito perante
a lei punir até mesmo com a morte, um criminoso que veio a atentar contra alguém da
família real, sejam parentes ou amantes. E como o jovem Longbottom é um dos consortes do
nosso príncipe, ele já é considerado alguém da família real. Então ele não estava fazendo
nada de errado, pois era o seu direito.

Mas voltando a narração. Potter e Dumbledore entraram em um duelo acirrado, que acabou
com a surpreendente vitória do Príncipe de Camelot. O diretor estava bastante ferido devido
aos ataques poderosos de Potter. Nosso futuro Rei descobriu que o garoto estava sob uma
maldição, e então o seu ódio se voltou para Dumbledore. Ele o acusou de ser o responsável
pelo Imperius, consequentemente sendo o responsável pela tentativa de homicídio. Potter
também revelou outros segredos: como Dumbledore sedo o culpado por ele ter ido para os
tios muggles quando seus pais morreram (que o torturaram ainda jovem), ou que fora
Dumbledore que orquestrou o seu sequestro de volta aos Dursley (onde passara mais de um
mês sofrendo torturas inimagináveis). Ele duelou com a maioria do corpo docente de
Hogwarts e venceu antes de Albus Dumbledore lançar um Bombarda pelas costas do nosso
Príncipe de Camelot.

Agora fica para nós, meros observadores, descobrirmos se tudo o que nosso futuro Rei falara
é realmente verdade. Afinal, ele não teria motivos para mentir, ainda mais com uma das
pessoas que ele mais ama a beira da morte. Ou fora tudo um delírio de alguém que estava
sofrendo com a dor e a raiva de quase perder uma pessoa amada? Como eu disse
anteriormente, eu conheci o garoto e tenho certeza de que ele não mentiria sobre algo tão
importante assim.

Se o que ele disse for realmente verdade, são informações mais do que suficientes para
desestabilizar nossa sociedade. Devemos nos manter atentos e prestar atenção no que está por
vir. E esta dedicada jornalista irá se manter informada para vocês. Afinal, a verdade sempre
vem à tona.

— Você precisa comer, querido. — Augusta olhou tristemente para Hadrian. Novamente ele estava
sentado ao lado de Neville e segurando sua mão. Os dias se passaram lentamente, Hadrian se
perdia entre as aulas, ou devorar livros e mais livros, ou ele estava velando o sono do namorado;
sempre perdido em seus próprios pensamentos.

— Obrigada, senhora Longbottom. — O garoto pegou a bandeja de suas mãos e se esforçou a


comer a comida sem gosto para si, apenas para que a senhora não se preocupasse consigo. A
senhora tinha se afeiçoado ao garoto apático, ela via a si mesma quando soube sobre seu filho e
nora. Então iria se certificar que a família do garoto não se preocupasse com sua saúde.

— Não precisa de tanta formalidade, pode me chamar de Augusta. Ou, se quiser, de vovó. Você
está namorando o meu precioso netinho, então você já pertence à família. — A senhora deu um
sorriso entristecido ao se virar para o garoto em coma.

— Eu sinto muito por não ter conseguido protegê-lo. — Hadrian abaixou a cabeça, encarando a
comida na bandeja em seu colo, a picada em seus olhos o alertando de que as lágrimas estariam
prestes a escorrer por seu rosto. Augusta retirou a bandeja do garoto e a colocou na mesinha de
cabeceira antes de sentar-se ao lado do moreno e segurar-lhe uma mão gélida e trêmula.

— Você não tem culpa do que aconteceu, querido. — Com a mão livre ela colocou uma mecha de
cabelo atrás da orelha de Hadrian. — Nunca se culpe por isso, infelizmente a tragédia aconteceu,
mas você não tem culpa de nada.

— Se ele não fosse meu consorte, nada disso teria acontecido. — Hadrian se encolheu, não tinha
coragem de erguer a cabeça e encarar a senhora nos olhos. — Se ele não fosse próximo de mim ele
estaria seguro. Se...

— Se ele não fosse seu consorte ele não seria feliz. — Cortou as divagações depressivas do menor.
— Eu vi a mudança que você fez na vida dele. Admito que errei ao ser muito dura com Neville
durante o seu crescimento, me arrependo amargamente de como agi com ele. Agora só me resta
rezar para que ele acorde e que eu possa me redimir. Mas foi você quem o deu felicidade, a
verdadeira alegria de estar vivo. Se você não tivesse se aproximado dele, Neville continuaria a ser o
garotinho inseguro e amedrontado que todos passariam por cima. Ele não iria se amar, ou querer
mudar para benefício próprio, ele não iria sorrir como ele fazia todos os verões que passou comigo
depois que vocês se conheceram. Neville te ama incondicionalmente, e eu posso ver que você o
ama na mesma proporção, se não até mais. — Sua mão enrugada acariciou a bochecha do garoto e
secou as lágrimas que escorriam silenciosamente. — Eu só tenho a te agradecer por entrar na vida
do meu neto. — Os ombros de Hadrian estremeceram quando um soluço engasgado escapou por
sua garganta, e Augusta puxou o garoto choroso para um abraço reconfortante, uma mão
acariciando os cabelos sedosos e palavras de conforto eram sussurradas na Ala Hospitalar vazia,
apenas um Gryffindor em coma como testemunha da dor que os dois sentiam.

A família de Hadrian só ficou em Hogwarts durante um dia, Tom fora quem mais quis ficar,
mas eles não poderiam ficar na escola por tanto tempo. Então só sobrou os adolescentes que
estudavam ali. Hadrian sempre tirava um momento do dia para ver Neville, Augusta permaneceu
em Hogwarts com o neto, ela não queria levá-lo para longe de Hadrian depois de perceber o
quanto esse garoto ama seu neto. Ela sabia que isso só o destruiria ainda mais, principalmente com
a chegada da terceira tarefa. Com Neville nos terrenos da escola, Hadrian poderia vê-lo sempre que
quisesse. E foi por isso que Augusta ainda não transferiu Neville para o mesmo quarto que os pais
dele em St. Mungus.

Junho finalmente havia chegado sob uma atmosfera de estremo nervosismo e medo. Hadrian
se irritava tão fácil agora, qualquer cochicho ou murmúrio contra um de seus namorados ou amigos
era recebido com um olhar mortal que prometia dor, então todos pararam. Até mesmo Ron (depois
de levar um chute na cara) e sua gangue se mantiveram calados, com o mais puro medo de serem
os próximos alvos da ira do Rei da Slytherin. Todavia, os sussurros e fofocas sobre o estado mental
de Hadrian corriam soltos, todos o chamavam de louco, psicótico, ou o próximo Dark Lord, mas
ele nem se importava com o que falavam de si. Ele sabia que não era “normal”, suas unhas pretas
eram a prova do que o fez ser assim. Uma lembrança constante de como e quando realmente se
deixou consumir pelas trevas e tornou-se um monstro. Seus doces tios e primo que o criaram como
a aberração que eles tanto temiam. Os professores se recuperaram fisicamente do duelo, porém
seus orgulhos estavam terrivelmente feridos. E então, finalmente havia chegado o dia da terceira
tarefa. E Hadrian não poderia estar mais enfurecido.

— Não me rela. — Hadrian rosnou quando Pansy tentou o tranquilizar. — Olha que eu te chuto
também, mulher. Se eu te bater eu ofendo quantas minorias? Além de mulher é poligâmica e
pansexual. NUM CHEGA PERTO DAS MINHAS PANELAS!

Todos estavam na mesa da Slytherin no Salão Principal para o café da manhã. O fato de um
de seus namorados ainda estar em coma o desestabilizara completamente. E para piorar ele era
obrigado a participar desse torneio idiota. Então sim, Hadrian Tamish Potter estava fervendo de
raiva.

Depois do que acontecera com Neville, os habitantes de Hogwarts não eram mais os
mesmos. Muitos tinham medo de Hadrian por causa da loucura que ele demonstrou naquele dia;
outros tinham raiva pelos insultos ao grandioso Dumbledore; outros estavam com raiva pelo que
ele fez com os professores e as ofensas de minorias; outros tinham empatia pela sua dor e
desejavam veementemente que Neville acordasse logo. Principalmente porque o humor de Hadrian
ficou simplesmente terrível, principalmente com a aproximação da terceira tarefa. Os professores
constantemente o vigiavam para ver se não teria outro surto como aquele. McGonagall adorava
testar sua paciência, enquanto Dumbledore se manteve distante. As maldições que lançara nele não
iriam se curar com magia, então ele ainda estava se recuperando, lentamente igual a um muggle.

Ele e Cedric foram liberados dos testes de fim de ano por causa do torneio, mas insistiram
em fazê-los. Principalmente Hadrian, que precisava de qualquer coisa para ocupar sua mente antes
que ele mesmo matasse Dumbledore na frente de toda Hogwarts. Sua raiva e ódio estavam tão
próximos da superfície que qualquer um se afastava dele. Claro que seus amigos e namorados eram
uma exceção, mas o resto sempre fugia de si por causa da intensa magia raivosa que o rodeava. Era
tão densa e instável que ninguém se atreveu a falar alguma coisa negativa sobre si ou sobre seus
namorados e amigos. O que fora bom para suas vidas, já que Hadrian atacaria para machucar.

— Potter. — Severus se aproximou do grupo tenso na mesa da Slytherin. — Os campeões vão se


reunir na câmara vizinha ao salão depois do café. — Anunciou.

— Mas a tarefa só vai ser a noite. — Blaise olhou o pocionista com confusão.

— As famílias dos campeões foram convidadas para assistirem a última tarefa. Então passarão o
restante do dia juntos.

— Okay. — Os dois deram um aceno de cabeça em despedida e o professor se afastou.

Os três campeões na mesa das cobras terminaram o café da manhã num salão que ia
lentamente se esvaziando. Hadrian despediu-se dos outros enquanto ele, Viktor e Cedric
encaminhavam-se para o local indicado. Eles atravessaram o salão e o Hufflepuff abriu a porta que
levava à câmara. Os pais de Cedric estavam logo à entrada. Os pais de Viktor estavam num canto,
falavam em búlgaro com rapidez. Do outro lado da sala, Fleur falava em francês com a mãe, sua
irmãzinha, Gabrielle, segurava a mão da mãe. Então Hadrian viu seus pais sob glamour de bruxos
“normais”, o casal Malfoy, o casal Weasley, Sirius, Remus, Tom, Charlie e Bill; parados diante da
lareira, sorrindo para ele. Cedric e Viktor despediram-se de Hadrian e foram para suas respectivas
famílias.

Hadrian, ao ver sua família, sentiu como se uma lufada de ar fresco tivesse o arrebatado para
longe da escuridão da raiva e dor que sentia com a situação de Neville. Como se, vê-los ali, o
dessem forças para ter esperança de que seu amado iria acordar. Talvez as coisas dessem certo no
final, talvez tudo ficaria bem, talvez ele poderia voltar a sorrir como antes, talvez Neville acordaria
e lhe desse seu lindo sorriso ao falar sobre suas amadas plantas.

— Surpresa! — Molly disse animada, quando Hadrian, mais leve de sua raiva, se encaminhou para
eles.

— Pensamos em vir ver você, Hazz! — Narcissa se curvou e lhe deu um beijo na bochecha.

— Oi, meu filhote. — Maray beijou-lhe a testa com carinho.

— Sentimos sua falta. — Tom puxou-o para um abraço apertado e beijou-lhe brevemente os lábios.
— Você chutou alguma minoria nesse meio tempo? — Sussurrou no ouvido do menor, que corou
furiosamente e desviou o olhar do sorridente Tom.

— Eu também senti saudades de vocês. — Hadrian sorriu enquanto Charlie fazia a mesma coisa
que o moreno fizera, logo depois Bill repetiu o ato dos outros dois. Quando Sirius e Remus o
agarravam num abraço, Hadrian percebeu que Fleur Delacour secava descaradamente Bill. O
garoto reprimiu um rosnado no fundo da sua garganta, seu bom humor desaparecendo lentamente.
Aquela vadia interesseira já não tinha se cansado de perseguir Cedric? Agora queria Bill também?

— Adorei voltar aqui! — Bill sorriu, correndo os olhos pela câmara. Uma moça num quadro,
Violet, a amiga da Fat Lady, piscou para ele. — Não revejo a escola há cinco anos. Aquele quadro
do cavaleiro louco ainda está por aí? Sir Cadogan?

— Ah, está. — Hadrian sentia seu humor melhorando novamente.

— E a Fat Lady? — Indagou Charlie.

— Ela já estava aqui no meu tempo. — Molly comentou. — Ela me encarou tão feio numa noite
em que eu voltei para o dormitório às quatro horas da manhã...

— E o que é que a senhora estava fazendo fora do dormitório às quatro horas da manhã? —
Perguntou Bill olhando a mãe, um sorriso malicioso nos lábios. Ela sorriu, os olhos cintilando.

— Seu pai e eu saímos para dar um passeio à noite. Ele foi pego por Apollyon Pringle, era o
zelador naquela época, seu pai ainda tem as marcas.

— Nos poupe dos detalhes. Se não terei pesadelos pelo resto da vida. — Charlie resmungou ao
esfregar os olhos. Molly ficou vermelha de vergonha e o resto do grupo deu risada.

— Como o Nev está? — Ragnuk perguntou preocupado. Todos notaram o brilho desaparecendo
dos olhos de Hadrian.
— Ainda não acordou. — Encarou o chão com o olhar vazio. — Está completamente bem, mas
ainda não sabemos se irá acordar algum dia.

— Filhote. — Maray o puxou para um abraço apertado, e Hadrian se permitiu afundar no calor
confortável do amor e apoio da sua mãe. Era estranho abraçá-la quando estava nessa forma, ele
estava tão acostumado a rodeá-la completamente com os braços por causa do seu corpinho
diminuto. Porém o amor caloroso e reconfortante era o mesmo, então ele não ligou muito para esse
detalhe.

— Como anda o... Enigma que eu lhes enviei? — Hadrian perguntou para Lucius quando
finalmente se sentiu bem para soltar-se do abraço.

— Estamos progredindo. — O homem comentou cauteloso.

— E o... Filhote? — Hadrian virou-se para Charlie, que sorriu largamente.

— Está tudo bem. Ainda não abriu os olhinhos. — Mentiu descaradamente, e Hadrian sorriu.
Estava feliz por não ter perdido o nascimento do dragão.

— Hadrian? — Viktor chamou-o baixinho com um leve rubor nas bochechas. — Meus pais
gostariam de te conhecer. — Hadrian corou violentamente e engoliu em seco.

— O-okay. — Com um olhar de pavor direcionado à sua própria família, Hadrian seguir Viktor até
o casal de búlgaros. Ambos possuíam cabelos escuros, presenças fortes e opressoras. Hadrian
manteve-se firme diante dos sogros.

— Hadrian, está é minha mãe, Rayna Krum. — Indicou a mulher que o olhava analiticamente.

— É um prazer conhecê-la, milady. — Hadrian pegou a mão da mulher e beijou o as costas.

— E este é meu pai, Andrey Krum. — Indicou o homem de olhar severo e analítico.

— É um prazer conhecê-lo, senhor Krum. — Hadrian apertou firmemente a mão do homem.

— Perrcebo que meu filho escolheu bem o seu parceirro. — Os olhos do homem brilharam em
aceitação. Seu sotaque fortíssimo.

— Ficamos curriosos sobre o garroto que conquistou o corração de gelo de Viktor. — A mulher
abriu um sorriso mínimo e Hadrian corou violentamente. — Ele é tão frrio e isolado que pensei que
nunca encontrarria uma parrceirra. Ou, nesse caso, parrceirro. — Seus olhos negros cintilaram de
emoção.

— Fico aliviado, e muito feliz, em saber que me aprovaram. — Hadrian trocou sorrisos com
Viktor.

Eles conversaram por um breve tempo, principalmente sobre Hadrian. O garoto notou que, a
fachada de frieza era a mesma que Lucius e Narcissa possuíam quando estavam em público, mas os
Krum eram incrivelmente amigáveis. E adoraram Hadrian, não se intimidaram por Nyx, na verdade
eles estavam fascinados por ela. A serpente teve seu ego inflado com os inúmeros elogios que
recebera. O casal viu-se muito interessado na história de Hadrian, o garoto era famoso no mundo
inteiro, e conhecê-lo pessoalmente era algo que eles nunca esperavam. Admiraram-se com a
educação e humildade do garoto, sua doçura e delicadeza, seus olhos expressivos tirando qualquer
dúvida que eles tinham sobre os sentimentos dele por seu filho. No fim, Hadrian despediu-se dos
búlgaros, dando-lhes o tempo para se curtirem antes da terceira tarefa.
— Quer fazer o tour da escola com a gente, Hadrian? — Perguntou Bill assim que Hadrian voltou
para sua família.

— Eu tenho mesmo que lhes entregar seus presentes. — Hadrian trocou olhares com Bill e Charlie,
e o grupo se dirigiu à porta que levava ao Salão Principal. Ao passarem por Amos Diggory, o
bruxo se virou.

— Aí está você, não é? — Disse ele, olhando Hadrian de alto a baixo. — Eu não sei que tipo de
magia das trevas você usou no meu filho para que você possa passar por cima dele.

— Quê? — Hadrian o encarou com uma sobrancelha levantada em confusão. Amos Diggory
estava olhando-o com uma fúria fervente em seus olhos, seu rosto contraído em uma careta de nojo
e suas palavras sendo cuspidas com asco de sua boca.

— Mas não ache que eu sou tolo de não perceber. Eu não consigo ver outra razão plausível para
Cedric ter aceitado participar desse relacionamento nojento e humilhante. Mas eu acho bom você
tirar suas mãos imundas do meu filho ou você vai se ver comigo, Potter. — Cuspiu com nojo o
sobrenome do garoto.

— Já chega, pai! — Cedric colocou-se entre Hadrian e o pai. — Você foi longe demais! — Seu
rosto e olhos, que normalmente são gentis e amigáveis, transformaram-se no mais puro ódio.

— Está tudo bem, Cedric. — Hadrian colocou uma mão em seu cotovelo para o acalmar, o que
funcionou e Cedric relaxou. Todos, menos os Delacour, olhavam para Amos com nojo e raiva.

— Você está controlando o meu filho! — Diggory bradou enfurecido. — O que é isto? Uma poção
do amor? Poção de submissão? O que você fez com o meu filho, sua vadia imunda?! — Todos
ficaram em silêncio quando o som de um tapa foi ouvido na sala. Narcissa havia se adiantado à
frente de Hadrian e acertara o homem na bochecha direita.

— Você vai ficar quieto se for falar de Hadrian! — Seus olhos tempestuosos cintilavam de raiva e
suas mãos tremiam levemente. — Quem você pensa que é para falar assim com um garoto de
quatorze anos?

— Quem você pensa que é para falar isso do Príncipe de Camelot? — Lucius bateu sua bengala no
chão.

— Quem você pensa que é para falar do garoto que derrotou o Dark Lord? — Molly tinha as
bochechas infladas e avermelhadas de raiva.

— Quem você pensa que é para falar assim com o seu superior? — Ragnuk rosnou, ele segurava
Maray com força para que ela não matasse aquele humano desprezível.

— Quem você pensa que é para insultar a pessoa que amo? — Cedric lançou ao pai um olhar
decepcionado.

— Ele o está manipulando, meu filho! — Tentou argumentar.

— Basta! — Diggory engoliu em seco quando viu o olhar do filho sobre si. Isso o quebrou
completamente. — Não irei falar mais nada sobre meu relacionamento. Se você realmente me
amasse veria que estou feliz. Veria que Hadrian corresponde os meus sentimentos. — Ele agarrou a
mão de um Hadrian muito sério e inexpressivo. — Vamos. — E saiu porta à fora puxando o
namorado.

— É melhor você não fazer nada de estúpido, Diggory. — Narcissa olhou-o com ódio antes de
seguir os garotos. Todos da família de Hadrian a seguiram, não antes de olharem com raiva e nojo
para Diggory.

— Você não tem verrgonha do que fez? — O pai de Viktor pronunciou-se. Os três Krum olhavam
para o homem com nojo. — Insultar um garroto que clarramente é purro em seus sentimentos. —
Diggory não expressou nenhuma emoção. O olhar de decepção de Cedric o assombrava.

— Deverria se envergonhar do que fez. — Rayna não se deu ao trabalho de encobrir o seu desgosto
enquanto os búlgaros se retiravam.

Hadrian teve uma manhã muito agradável passeando pela propriedade ensolarada com sua
família, mostrando-lhes a carruagem de Beauxbatons, os abraxan e o navio de Durmstrang. Molly
se mostrou intrigada com o Whomping Willow, que fora plantado depois que ela terminara a
escola, Remus e Sirius trocaram olhares cúmplices. Tom praticamente se agarra ao namorado e
zombava descaradamente de Dumbledore ao desfilar pelos corredores com toda a sua imponência.
Os fantasmas o encaravam com confusão, mas não se aproximaram. Durante as conversas, foi dito
que Crouch está desaparecido, e que o Ministério estava abafando essa informação. Percy fora
convocado para um interrogatório sobre as cartas com instruções que recebia, o que o Ministério
pensa que elas não foram escritas por Crouch. Na tarefa de mais tarde Fudge vai substituir Crouch.
Quando todos se sentaram na mesa da Slytherin para o almoço, o prestante do grupo se
surpreendeu ao vê-los ali. Os antigos Gryffindor estranharam sentar-se naquela mesa.

— Sinto que estou traindo minha casa. — Sirius resmungou olhando para o bando de alunos
vestidos de verde e preto ao longo da mesa.

— Não seja estúpido. — Remus ralhou.

— E Ron? — Molly perguntou olhando pelo salão.

— Ainda em sua faze rebelde. — Fred comentou num suspiro.

— Mas agora tá mais calmo depois de levar um chute na boca. — George sorriu para o gêmeo.
Molly massageou as têmporas ao se lembrar do relato de Severus sobre o que aconteceu naquele
fatídico dia.

— Desculpa, Molly. Mas ele se meteu em uma briga onde eu não estava em meu juízo perfeito.

— Eu compreendo, querido. Ele passou dos limites. — Sorriu docilmente para o garoto.

— Ele criou um distintivo escrito “VADIA POTTER”. — Os gêmeos resmungaram em uníssono.

— Ora essa! — Molly bufou. — Ele vai se ver comigo! — Ela emburrou a cara. Extremamente
ofendida ao saber que um de seus filhos havia feito algo tão horrível quanto aquilo.

— Mãe. Pai. — Draco sorriu para os pais e recebeu um abraço da mulher loira.

— Oi, querido. — Narcissa sorriu para o filho e o chamou para sentar-se.

— Podemos nos juntar? — Viktor se aproximou com os pais.

— Claro. — Hadrian abriu um imenso sorriso para eles, que agradeceram e juntaram-se à mesa da
Slytherin.

— Pelo visto você não vai fazer os exames de hoje. — Blaise comentou para Hadrian.
— Não. — Hadrian sorriu para a família.

— Vai fazer a “cerimônia de iniciação? — Fred perguntou divertido ao olhar para os irmãos mais
velhos.

— Cerimônia de iniciação? — Os adultos viraram-se para Hadrian com olhares curiosos, que corou
violentamente com toda aquela atenção. Sirius, Remus e Lucius trocaram olhares confusos.

— Ele tem um tipo de cerimônia para oficializar o relacionamento. — Pansy comentou sorridente.

— É tão lindo. — Theodore fungou ao lembrar-se da que ele presenciara.

— Ele nos presenteia com um colar. — Dennis mostrou o seu com orgulho.

— E nos diz palavras tão lindas sobre o significado de cada símbolo e apelido. — Todos os
namorados de Hadrian mostraram seus colares enquanto o moreno tinha seu rosto tão vermelho
quanto um morango.

— Que lindo. — Rayna sorriu contente ao ver que seu filho estava feliz em seu relacionamento
plural.

— Queremos nossos colares. — Bill sorriu para Hadrian.

— Vocês querem me matar de vergonha. — Hadrian escondeu o rosto nas mãos e todos riram da
sua timidez. Os pensamentos depressivos diminuíram drasticamente, mas ele ainda lembrava que
um de seus amados não estava presente para sorrir junto com os outros, e isso esfaqueou seu
coração o dia inteiro.

— Hadrian também tem um? — Narcissa perguntou curiosa.

— Sim. Ele é Sunshine. — Draco respondeu ao ver o moreno brincar com o seu colar. — Os
apelidos sempre têm algo relacionado ao sol.

— Já que todos estamos ligados a ele. — Cedric comentou com um olhar amoroso para o moreno.

Hadrian e a família passaram a tarde em um longo passeio ao redor do castelo. Em certo


momento da tarde, quando o sol estava se pondo, o garoto puxou Bill e Charlie para a mesma
árvore que ele costumava ficar, enquanto o resto de sua família afastava-se para lhes darem
privacidade. Sirius estava distraindo olhando para o trio que se afastava e acabou tropeçando em
uma pedra, ele caiu de cara na grama e resmungou com as risadas dos outros.

— Ai, Merlin. — Hadrian estava morrendo de vergonha com os olhares que os dois ruivos o
davam. — Vamos lá. — Ele pegou do bolso a caixa que tinha os dois colares restantes, aumentou-a
para o tamanho original e retirou o primeiro colar. Ele era de prata, com um pingente circular, e
dentro tem uma safira esculpida para parecer uma onda do mar, no seu verso estava escrito
“Moray”. — Bill. Você é como o mar, indomável, uma força avassaladora da natureza e não
aceita que lhe comandem, por isso este apelido. Enquanto o Sol brilhar o mar estará lá para refletir
o seu brilho. O Sol manterá o mar sempre em movimento, influenciando em suas marés e
aquecendo suas águas. Eu te amo, Moray. — Ele colocou o colar no pescoço do mais velho e
sorriu para ele antes de ser puxado pela cintura para um beijo apaixonado.

— Eu também te amo, Sunshine. — Bill afastou-se um pouco para que Hadrian se focasse em
Charlie.

— Charlie. — Ele pegou o último colar. Este era um dragão em círculo (sua cabeça encontra-se
com o final da cauda) e no centro ele está segurando uma pedra amarela, que representa o sol, no
verso da pedra estava entalhado “Thuban”. — Thuban significa dragão em árabe. — Charlie
sorriu para a informação. — Thuban já foi a Estrela Polar que mais brilhou no céu, mas até hoje
ela continua brilhando lindamente na constelação de Draco, o dragão. Você sempre estará ao lado
do Sol, não importando o tempo ou a distância, eu sempre poderei contar com você. Eu te amo,
Thuban. — Ele colocou o colar no maior, que logo enlaçou sua cintura e tomou-lhe os lábios com a
necessidade de deixar claro o tamanho do amor que ele sentia por Hadrian.

— Eu te amo. — Sua voz saiu num sussurro rouco, que fez Hadrian estremecer da cabeça aos pés.
Capítulo 122
Chapter Summary

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Depois de uma tarde cheia de brincadeiras e risadas, onde a família de Hadrian se esforçou
para que ele tirasse sua mente da dor que era o coma de Neville, eles voltaram ao Salão Principal
para o banquete da noite. Bagman e Fudge haviam se sentado à mesa dos professores. O primeiro
parecia bem animado, mas Fudge estava sério e calado. Quando o teto encantado no alto começou
a desbotar de azul para um violáceo crepuscular, Dumbledore se ergueu, rígida e dolorosamente, à
mesa dos professores e fez-se silêncio. Ele pediu para que, em cinco minutos, todos se
encaminhassem para o campo de quidditch, e que os campeões seguissem Bagman imediatamente
para o estádio. Hadrian bufou de raiva por não poder ficar ao lado de Neville naquela noite, mas
ainda assim ele era obrigado a participar dessa palhaçada. Os três garotos campeões se levantaram
depois de despedirem-se dos amigos, namorados e família. Todos no Salão aplaudiram enquanto
eles se dirigiam para a porta do Salão Principal, com Fleur os seguindo logo atrás

— Está se sentindo bem, Hadrian? — Bagman perguntou, quando desciam os degraus da entrada
para os jardins. — Confiante?

— Quero acabar logo com essa merda. — Rosnou para o homem, que estremeceu e se afastou.

Os campeões entraram no estádio de quidditch. Uma sebe de seis metros corria a toda volta,
havia uma abertura bem diante deles: a entrada para o imenso labirinto era escura e sinistra. Cinco
minutos depois, com Hadrian reclamando que queria terminar aquilo de uma vez, as arquibancadas
começaram a se encher; vozes excitadas e o ruído de pés na madeira preencheu o ar. O céu se
tornara azul profundo e límpido, e as primeiras estrelas começavam a surgir. Hagrid, “Moody”,
McGonagall e Flitwick entraram no estádio e se aproximaram de Bagman e dos campeões. Usavam
grandes estrelas vermelhas e luminosas nos chapéus, todos, exceto Hagrid, que carregava a dele
nas costas do colete de pele de toupeira.

— Vamos patrulhar o lado externo do labirinto. — Disse McGonagall aos campeões. — Se


estiverem em apuros, e quiserem ser socorridos, disparem faíscas vermelhas para o ar e um de nós
irá buscá-los, entenderam? — Os campeões confirmaram com um aceno de cabeça, Hadrian se
absteve a resmungar de raiva.

— Podem começar, então! — Disse Bagman, animado, para os quatro professores.

— Boa sorte, Hazz. — Sussurrou Hagrid, e os quatro saíram em diferentes direções para se postar
em torno do labirinto. Bagman, então, apontou a varinha para a garganta e murmurou “Sonorus”, e
sua voz magicamente amplificada ressoou pelas arquibancadas.

— Senhoras e senhores, a terceira e última tarefa do Triwizard Tournament está prestes a começar!
Haverá dispositivos mágicos que nos permitirá ver o progresso de cada campeão, como aconteceu
na segunda tarefa. Agora deixe-me lembrar a todos o placar atual! Em primeiro lugar, com noventa
e quatro pontos, o senhor Hadrian Potter, competindo por Camelot! — O alvoroço fora mais
contido, mas sua família, amigos, namorados e companheiros de casa fizeram o estardalhaço
gigantesco pelo garoto. — Em segundo lugar, com oitenta e quatro pontos, o senhor Cedric
Diggory, de Hogwarts. — Agora a comemoração fora tão intensa que os pássaros ali perto fugiram
para a Forbidden Forest. — Em terceiro lugar, com setenta e dois pontos, o senhor Viktor Krum,
do Instituto Durmstrang! — Mais aplausos ensurdecedores. — E, em quarto lugar, com cinquenta
e dois pontos, a senhorita. Fleur Delacour, da Academia de Beauxbatons! Então... Quando eu
apitar, Hadrian! — Anunciou Bagman. — Três. Dois. Um! — e assoprou o apito.

— Eu odeio essa merda. — Hadrian rosnou e entrou calmamente no labirinto. As sebes altaneiras
lançavam sombras escuras sobre a trilha, o barulho dos espectadores silenciou no instante em que o
garoto entrou no labirinto. Hadrian apanhou a varinha, murmurou “Lumus” e seguiu em frente.

Fora do labirinto, o mesmo telão da segunda tarefa surgiu acima das sebes e a primeira
“câmera” surgiu assim que o orbe dourado desceu do alto para acompanhar Hadrian, que começou
a adentrar o labirinto. Depois de alguns minutos rápidos Cedric entrou no labirinto, depois Viktor,
e por último Fleur. Todos os campeões agora estavam no interior do labirinto e os espectadores
conseguiam ver tudo pelo telão dividido em quatro telas. Hadrian estava numa trilha que não tinha
nada há vista, mas manteve-se alerta. O labirinto foi ficando mais escuro a cada minuto que se
passava, porque o céu no alto ia ganhando um matiz azul-marinho.

— Point Me. — Sussurrou à varinha, segurando-a deitada na palma da mão. A varinha fez um giro
completo e apontou para a direita, para a sebe maciça. Para ali ficava o norte, e ele sabia que
precisava seguir para noroeste para chegar ao centro do labirinto. Faria melhor se tomasse a trilha
da esquerda e tornasse a seguir para a direita assim que pudesse.

A trilha à frente também estava vazia e quando Hadrian chegou a uma curva à direita e entrou por
ela, encontrou mais uma vez o caminho livre. A falta de obstáculos o intrigou, mas talvez seja por
causa da aura mágica opressora ao seu redor. Então ouviu um movimento bem atrás dele. Ergueu a
varinha, pronto a atacar, parou ao ver Cedric, que acabara de sair correndo da trilha do lado direito.
Ele parecia ferido, a manga de suas vestes fumegava.

— Os Blast-Ended Skrewts de Hagrid! — Sibilou ele. — Estão enormes, escapei por pouco.
— Tome cuidado. — Hadrian deu-lhe um beijo rápido e então Cedric desapareceu de vista por
outra trilha.

Hadrian voltou ao caminho que estava fazendo, e, ao virar numa curva, ele viu um dementor
deslizando em sua direção. Três metros e meio de altura, o rosto oculto pelo capuz, as mãos podres
e cobertas de feridas estendidas à frente, ele avançava às cegas, tateando em direção ao garoto. O
garoto ouviu sua respiração vibrante; sentiu um frio pegajoso se apoderar dele, mas então a criatura
parou no meio do caminho, encarou-o por um tempo antes de mudar para a sua forma original. Era
um boggart, que logo desapareceu numa esquina da sebe. Hadrian deu de ombros e seguiu seu
caminho, mas os espectadores encaravam aquilo com medo e espanto, ninguém nunca tinha visto a
verdadeira forma de um boggart, mas ali estava um deles se revelando para Hadrian e o deixando
passar sem um confronto. Sua família, que presenciara o miniexército das trevas vir até o garoto,
não se importou muito com isso. Augusta se mantinha mais afastada da multidão enlouquecida e
encarava o telão com a face inexpressiva. Era curioso a forma como o garoto mudara
drasticamente por causa do que acontecera a Neville. O garoto continuou avançando, muito atento
aos seus arredores e liberando sua magia para conseguir sentir uma possível ameaça. Vez ou outra
ele fazia o Feitiço dos Quatro Pontos para se localizar e verificar se estava indo na direção correta.
E então ele escutou um grito irrompendo do silêncio, era Fleur. Hadrian continuou seguindo em
frente, ele terminava com os encantamentos elaborados e mortais com um balançar de varinha e
resmungos irritados, as criaturas ele atordoava rapidamente e sem machucá-los.

— Na moral! — O garoto rosnou para o nada, o orbe ainda o seguia de perto. — Vai tomar no cu!
Puta que me pariu! — Explodiu uma sebe que tentava engoli-lo vivo. — Eu odeio essa merda! Eu
vou tacar fogo em tudo isso aqui e que se foda! — Estalou a língua e seguiu em frente.

Depois de alguns minutos abrindo caminho pelos obstáculos, Hadrian deu de cara com um Skrewt,
e Cedric tinha razão, era enorme. Três metros de comprimento, lembrava mais um escorpião
gigante do que qualquer outra coisa. Seu longo ferrão estava revirado para trás, a grossa armadura
refulgia à luz da varinha, que Hadrian apontava para ele.

— Ah! Vai ti tomar no cu, mermão! — Fez a criatura ficar tão pequena quanto uma formiga e
seguiu em frente. Os espectadores viam com espanto a facilidade que ele tinha em passar pelos
obstáculos. Eles viram Cedric usar um Bombarda na criatura, que chicoteou em sua armadura.
Nada parou aquele estranho ser de continuar sua caçada, mas Hadrian humilhou a todos com seu
poder.

— O você está fazendo?! — Berrou a voz de Cedric. Hadrian estacou no meio da corrida e encarou
a sebe que o separava de um dos namorados. — Que porra você pensa que está fazendo?! — E
então Hadrian ouviu a voz de Viktor.

— Crucio!

O ar se encheu repentinamente com os gritos de Cedric. Completamente enfurecido, Hadrian


queimou a sebe e irrompeu das chamas avermelhadas que consumiam a vegetação. Os
espectadores estremeceram ao verem seus olhos brilhando na escuridão. Ele viu Cedric se
debatendo e se contorcendo no chão, sob o olhar de Viktor. Hadrian sentiu seu coração apertar-se
dolorosamente em seu peito, ainda mais ao ver o olhar vago do búlgaro. O garoto avançou, mas
Viktor deu as costas e começou a correr. Hadrian estendeu a mão e fez com que sua magia
segurasse Viktor paralisado no lugar antes de fazê-lo flutuar até si, muito parecido com o que ele
fez com o sextanista da Gryffindor, só que sem machucar seu amado. Quando o búlgaro estava
bem na sua frente o garoto viu os mesmos olhos nublados de uma vítima de Imperius, uma raiva
crua e avassaladora o consumia de dentro para fora, suas mãos tremia e o ar ao seu redor ficou
denso com a magia que vazava de si. Sua mão se estendeu até a cabeça do namorado e pressionou
o indicador e o dedo médio no centro da testa, fechou os olhos e concentrou-se em arrancar a magia
estrangeira que ousou controlar seu namorado.

O traço de magia era nojento, viscosa e podre, fisicamente visível como um rastro de matéria
nem líquida ou gasosa, uma mistura dos dois. Conforme seus dedos se afastavam da testa de Viktor
a magia estrangeira se acumulava na ponta de seus dedos, ondulando no ar e ignorando
completamente as leis da física. Quando o Imperius finalmente fora quebrado, Viktor caiu
desacordado, e Hadrian foi rápido em segurá-lo contra seu corpo antes de pousá-lo cuidadosamente
no chão. Quando ele finalmente ergueu o rosto para olhar o orbe que o seguia, todos viram seus
olhos brilhando de forma tóxica no meio da escuridão do labirinto, os vórtices rodopiando como
um furacão furioso.

— Quem quer que tenha posto o Imperius nele, eu vou te achar. E quando eu achar, você vai
desejar nunca ter nascido da buceta imunda da sua mãe e do saco murcho do broxa do teu pai. — O
resto de magia que ainda estava em seus dedos pegou fogo até desaparecer, onde quer que o
responsável por isso esteja, ele sentiu seu núcleo se dilacerando com a perda de uma fração de sua
magia. Hadrian verificou Viktor para saber se ele tinha mais algum feitiço nocivo antes de correr
até Cedric.

O Hufflepuff não se contorcia mais já que a maldição foi quebrada, mas ainda estava arfando
no chão com espasmos esporádicos tomando o seu corpo. O mais novo pousou suas mãos sob o
coração do namorado e injetou sua própria magia no outro, ajudando a acelerar a cura nas
terminações nervosas. Cedric sentiu-se ser consumido por um calor acolhedor e reconfortante, toda
a dor residual da maldição desapareceu no instante que a magia escura e inebriante de seu
namorado o cercou. Sua mente estava nublada com o amor quase palpável que o percorria através
da magia de Hadrian, cegamente sua mão se estendeu até o rosto do namorado e acariciou sua
bochecha, ele conseguia sentir a mandíbula travada de raiva, seus olhos só se focavam no verde
brilhante em meio a escuridão.

— Você está melhor? — Hadrian perguntou preocupado quando finalmente sentiu que já curou o
que tinha que ser curado. Ele sabia que acabara por curar não apenas as terminações nervosas, mas
todo e qualquer ferimento que o Hufflepuff pudesse ter.

— Graças a você, Sunshine. — Cedric sorriu fracamente para o moreno acima de si. A mão do
menor segurou a sua sobre a bochecha pálida.

— Vou acabar logo com isso, amor. Eu prometo.

— Não sei se teria energia para continuar mesmo. — O maior sentou-se, ainda um pouco rígido
com uma dor fantasma da maldição da dor.

— O que aconteceu? — Direcionando sua magia para seus membros, Hadrian passou um braço
pelas costas e joelhos do namorado, erguendo-o em seu colo. Cedric passou os próprios braços ao
redor do pescoço do moreno e aninhou sua cabeça no pescoço dele, escutando o coração pulsante
que o acalmava depois do caos dessa terceira tarefa.

— Ele se aproximou de mim pelas costas... Eu o ouvi e, quando me virei, ele estava empunhando a
varinha apontada para mim... — Hadrian caminhou até onde Viktor estava desacordado e pousou
Cedric no chão ao seu lado.

— Ele estava sob Imperius. — O Hufflepuff agachou-se, ergueu o búlgaro e o apoiou contra o seu
peito enquanto Hadrian se virava para os orbes dele e do namorado. O orbe de Viktor não estava
em lugar algum, provavelmente o quebraram antes de amaldiçoar seu namorado. — Seus inúteis do
caralho! — Os espectadores ofegavam e sussurravam sobre a revelação de outro namorado de
Hadrian sendo atacado. A tela que mostrava a trajetória de Viktor estava, a algum tempo, sem
imagem alguma. — Cuide dele enquanto eu pego a Taça, tudo bem?

— Claro, Sunshine. — Cedric olhou-o com carinho.

— Fiquem perto de mim até que tudo isso acabe. — Hadrian beijou a testa dos dois namorados
antes de se endireitar, seus olhos se fecharam e sua magia começou a ser concentrada para que o
que ele estava prestes a fazer fosse poderoso o suficiente para o que ele desejava. — Fiendfyre. —
Sua voz saiu em um sussurro baixo, porém, no silêncio que o estádio de quidditch estava, todos
puderam escutar em alto e bom som.

Da ponta de sua varinha chamas verdes irromperam, consumiram as sebes ao seu redor, mas
nunca chegou perto do trio. Uma imensa serpente que lembrava um basilisk tomou forma entre as
labaredas ardentes, serpenteando ao redor do labirinto, ateando fogo em tudo e qualquer coisa,
algumas criaturas conseguiram fugir das chamas, outras se perderem em meio aos becos sem saída
e acabaram por serem pegas pelo fogo. A fumaça escura subiu aos céus, o cheiro sufocante de
queimado empesteou o ar. Os espectadores gritaram em puro pavor, os professores correram para
tentar inutilmente apagar as chamas infinitas. Os orbes ainda funcionavam, pois estavam dentro da
área segura que Hadrian delimitou, e todos viram seu semblante inexpressivo enquanto o basilisk
de fogo fazia o labirinto ruir por completo. Depois de alguns minutos e fogo diminuiu até
desaparecer por completo. Uma planície queimada se estendia ao redor de Hadrian e os namorados,
o outro ponto intocado era a Taça, segura em um pedestal de pedra em meio a destruição. Os
boggarts eram rápidos então conseguiram sair do labirinto a tempo, a esfinge tinha asas então
apenas saiu voando, entretanto, as acromantulas e os Skrewt de Hagrid foram pegos pelas chamas.
Pelo menos tinha um ninho cheio de acromantulas na Forbidden Forest e as criaturas que Hagrid
criara eram um perigo para a humanidade por si só. Não são perdas muito significativas.

— Eu volto logo. — Hadrian olhou uma última vez para Cedric, que ainda segurava Viktor perto
de si, antes de caminhar em linha reta na direção do objeto que acabaria com esse circo. Madame
Pomfrey foi a primeira a chegar até os dois campeões feridos, colocou Viktor em uma prancha de
resgate e ajudou Cedric a ir até a tenda médica.

A taça tinha um brilho azulado, gélido em meio a terra queimada e a fumaça, agora branca,
que subia do chão. Parecia tão pequena e inofensiva, algo tão trivial para toda a dor de cabeça que
lhe causara. Com um suspiro Hadrian agarrou firmemente uma de suas asas. Instantaneamente, ele
sentiu um solavanco dentro do umbigo, seus pés deixaram o chão. Ele não conseguiu soltar a mão
da Taça Triwizard; ela o puxava para diante, num vendaval colorido. Era uma Portkey. A última
coisa que ele pensou era: “Eu odeio essa porra.”. E então ele desapareceu, o orbe mágico parado
no centro do labirinto destruído, mostrando o nada para os espectadores apavorados. Hadrian
sentiu seus pés baterem no chão e ele caiu para a frente, sua mão soltou a Taça Triwizard. Ele
ergueu a cabeça e sentiu sua raiva se intensificar ao ver que não estava mais em Hogwarts.

— Mas que porra?! — Perguntou enquanto levantava-se, olhando a toda volta. O garoto se viu
parado em um cemitério escuro e cheio de mato; para além de um grande teixo à direita podia-se
ver os contornos escuros de uma igrejinha. Um morro se erguia à esquerda. Muito mal, Hadrian
conseguia discernir a silhueta escura de uma bela casa antiga na encosta do morro. Hadrian olhou
para a Taça Triwizard.

— Quem diabos achou legal a ideia dessa bosta ser uma Portkey? — Ele examinou o cemitério.
Estava profundamente silencioso e meio fantasmagórico. — Isso não pode fazer parte da tarefa.
Não nos falaram nada sobre sair de Hogwarts. Porque essa desgraça de lugar, definitivamente, não
é a escola. E a porra da bolinha vigia não está aqui. — Ele ergueu a varinha, pronto para qualquer
coisa. Hadrian não parava de olhar para todo lado, tinha, mais uma vez, a estranha sensação de que
estava sendo observado. Uma ondulação na magia pelo cemitério indicou que havia três assinaturas
mágicas ali com ele, e estavam se aproximando.

Apertando os olhos para enxergar na escuridão, Hadrian pode ver um vulto que se aproximava,
andando entre os túmulos, sempre em sua direção. Ele não conseguia distinguir um rosto; mas pelo
jeito que o vulto caminhava e mantinha os braços, dava para ver que estava carregando alguma
coisa. Fosse quem fosse, era baixo e usava um capuz que lhe cobria a cabeça e sombreava o rosto.
E... Vários passos depois, a distância entre eles diminuindo, Hadrian viu que a coisa nos braços do
vulto parecia um bebê... Ou seria meramente um fardo de vestes?

— ÔH FILHAS DA PUTA! — Hadrian se aproximou bufando. O homem que segurava algo nos
braços paralisou e encarou o garoto imprudente. — Que porra de lugar é esse? Quem são vocês?
Por que caralho eu tô aqui? E dá pra ser rápido porque eu tenho coisas mais importantes a fazer.

O vulto parou ao lado de uma lápide alta, por um segundo eles apenas se entreolharam.
Então, inesperadamente, a cicatriz de Hadrian explodiu de dor. Fora tão forte que ele caiu de
joelhos no chão, sua visão escureceu e suas mãos seguravam sua cabeça com força. O homem
baixinho colocou o que quer que esteja carregando no chão e se aproximou do garoto agonizando.
Ele agarrou Hadrian e o arrastou até a lápide de mármore, o garoto conseguiu ver o nome gravado
na pedra antes de ser virado e atirado contra a superfície dura. Ele sabia com certeza de quem era
as três magias que sentira. Wormtail conjurou cordas para prenderem o garoto com firmeza à
lápide, do pescoço aos tornozelos. Hadrian se debateu, mas o homem deu-lhe um tapa fortíssimo
no rosto, tapa este que fora com a mão que lhe faltava um dedo. “Nojento.”, Hadrian pensou.

— Seu rato miserável! — O garoto balançou a cabeça para livrar-se do entorpecimento e dor do
golpe que recebera. Sua magia saiu de si tão densa e opressora que o homem tossiu algumas vezes
antes de se afastar um pouco. A magia ao redor do garoto faiscava e crepitava, seus olhos verdes
brilharam na escuridão de maneira tóxica e mortal. — Eu vou te matar seu merda! — Sorriu
maniacamente para o homem. — Que merda o idiota do seu senhor está querendo comigo?

Mas Wormtail não respondeu, se aproximou trêmulo e começou a verificar se as cordas


estavam bem apertadas, seus dedos tremiam descontroladamente enquanto apalpavam os nós.
Hadrian tentava se soltar, seus olhos nunca deixando o homem, que estremecia e se engasgava com
a magia mais poderosa que a do seu senhor. Uma vez convencido de que Hadrian estava amarrado
à lápide sem a menor folga e que não conseguiria se mexer, Wormtail tirou um pano preto e
imundo de dentro das vestes e enfiou-o com violência na boca do garoto. Então virou as costas e se
afastou rapidamente. O garoto não podia ver aonde o rato fora, não podia virar a cabeça para ver
além da lápide, só podia ver o que estava diretamente em frente. Hadrian poderia se livrar daquelas
cordas inúteis que foram conjuradas por um bruxo fraco? Sim, mas ele precisava saber o que estava
acontecendo antes de agir. E Wormtail não irá dizer-lhe uma única palavra, então só restava
esperar para ver qual era o plano daqueles merdas. A Taça Triwizard brilhava na escuridão a
metros de si, a varinha do garoto jazia caída aos seus pés, o fardo de roupas que era Voldemort
estava perto de si no chão e se mexia incomodado. Hadrian o encarou e sua cicatriz queimou de dor
mais uma vez. “Maldito filha da puta.”, o garoto rosnou em pensamentos ao lembrar a forma
nojenta que Voldemort assumira.

Ele ouviu um ruído aos seus pés, era uma cobra gigantesca deslizando pelo capim,
circulando em torno da lápide a que ele fora amarrado. A respiração asmática e rápida de Wormtail
estava se tornando mais ruidosa agora, ele empurrava um caldeirão de pedra para perto do túmulo.
Continha alguma coisa que parecia água, o objeto era maior do que qualquer outro caldeirão que
Hadrian já tivesse usado; sua circunferência era suficientemente grande para caber um adulto
sentado. Voldemort se mexeu com mais insistência, tentando se desvencilhar das roupas que o
cobriam, e Wormtail acendeu o fogo com sua varinha. A enorme cobra deslizou para longe
mergulhando nas sombras. O líquido no caldeirão parecia estar esquentando bem rápido, sua
superfície começou a borbulhar e a atirar para o alto faíscas incandescentes, como se estivesse em
chamas. O vapor se adensou e borrou a silhueta de Wormtail que cuidava do fogo. Seus
movimentos se tornaram mais agitados, Hadrian ouviu uma vez a voz aguda e fria.

— Ande depressa! — Toda a superfície da água estava iluminada pelas faíscas, parecia cravejada
de diamantes.

— Está pronta, my lord.

— Agora... — Disse a voz fria. “Como eu quero matar esse filha da puta!”, Hadrian rosnou em
pensamentos, mas permaneceu muito quieto em suas restrições.

Wormtail abriu o fardo de vestes, o que fez Hadrian segurar a bile que queria subir pela sua
garganta. Era algo feio, pegajoso e asqueroso; tinha a forma de uma criança humana encolhida, só
que completamente deformado. Era pelada, de aparência escamosa, de uma cor preta avermelhada
e crua; os braços e pernas eram finos e fracos e o rosto era plano e lembrava o de uma cobra, com
olhos vermelhos e brilhantes. Voldemort ergueu os braços magros e passou-os ao redor do pescoço
de Wormtail quando foi erguido e segurado. Hadrian conseguiu ver a expressão de pura
repugnância no rosto fraco e pálido do rato. O homem carregou o homúnculo nojento até o
caldeirão e o derrubou no líquido fervente. Ouviu-se um silvo e Voldemort submergiu; o corpinho
frágil bateu no fundo do caldeirão com um baque suave. “Tomara que se afogue. Tomara que
morra.”, orou o garoto com nojo, a cicatriz doendo mais do que era possível suportar. Wormtail
estava falando. Sua voz tremia, ele parecia apavorado, ele ergueu a varinha, fechou os olhos e
falou para a noite:

— Osso do pai, dado sem saber, renove filho!

A superfície do túmulo aos pés de Hadrian rachou, um fiapo de poeira se ergueu e caiu
suavemente no caldeirão, a superfície diamantífera da água se dividiu e chiou; disparou faíscas para
todo o lado e ficou um azul vívido e peçonhento. Wormtail choramingou; tirou um punhal longo,
fino e brilhante de dentro das vestes. Sua voz quebrou em soluços petrificados.

— Carne... Do servo... Da-da de bom grado... Reanime... O seu mestre.

Ele esticou a mão direita à frente, a mão em que faltava um dedo. Segurou o punhal com
firmeza na mão esquerda e ergueu-o. Hadrian sorriu em malícia ao perceber o que o homem faria,
o garoto estava adorando o pavor do rato nojento, e o seu grito que cortou a noite fora
simplesmente incrível. A mão decepada caiu no caldeirão, Wormtail tinha a respiração ofegante e
aflita enquanto a poção tomava a cor de um vermelho-vivo e seu brilho aumentou. Wormtail
ofegava e gemia de agonia, se aproximava de Hadrian com o braço sem mão pressionado
fortemente contra o peito, sujando as vestes imundas de sangue. O garoto rosnou para o homem
miserável.

— S-sangue do inimigo... Tirado à força... Ressuscite... Seu adversário.

Ele estava muito bem amarrado, seria fácil o homem retirar seu sangue. Mas o garoto não
deixaria por isso. Ele usou sua magia para desintegrar as cordas, retirou o pano imundo da boca e
sorriu para o rato apavorado.

— Acho que não, seu merda. Vai que você me passa AIDS com essa faca ensanguentada. Ou
leptospirose, ou o que quer que seja que você tenha. — Apanhou sua varinha do chão e girou-a
entre os dedos. Antes que percebesse, a gigantesca cobra avançou contra si e rapidamente o
imobilizou. — Filha da puta! — Se contorceu contra as poderosas bobinas da cobra. Ela sibilava ao
pé de seu ouvido, Hadrian podia sentir sua língua contra seu pescoço.

Wormtail se aproximou do garoto, a cobra se movimentou um pouco para deixar um braço


de fora, então o homem rasgou seu antebraço direito com a adaga ensanguentada. Hadrian rosnou e
se debateu contra o forte aperto da cobra, seu braço irradiou em chamas e dor enquanto seu sangue
fluía para fora de seu corpo. O rato, ainda ofegando de dor, apalpou o bolso e apanhou um
frasquinho, logo recolhendo o líquido carmesim que escorriam em abundância.

— Se você tiver rompido a droga de uma artéria eu juro que te mato! — Hadrian se debateu, ele
concentrou sua magia para curar o corte rapidamente. Porém Wormtail já havia recolhido a
quantidade de sangue que desejava e se afastou cambaleando. — Maldito amor por criaturas
mágicas. — Rosnou para a serpente que o apertava cada vez mais forte enquanto se contorcia. Ele
não queria matar aquela serpente, ela era poderosa, ela poderia ser útil se não estivesse ligada ao
louco genocida. Além disso, ela era, inegavelmente, a familiar do seu Tom, não só de Voldemort.

Wormtail despejou o sangue no caldeirão. O líquido ficou instantaneamente branco


ofuscante. Então o homem se ajoelhou ao lado do objeto, logo caindo e ficando deitado no chão,
aninhando o toco ensanguentado enquanto arquejava e soluçava. O caldeirão continuou
cozinhando, disparando faíscas em todas as direções, um branco tão intenso que transformava todo
o resto numa escuridão aveludada. Nada aconteceu por algum tempo. Então, de repente, as faíscas
que subiam do caldeirão se extinguiram. Uma nuvem de vapor branco se ergueu, grande e densa,
tampando tudo que havia na frente de Hadrian, impedindo-o de continuar a ver outra coisa exceto o
vapor pairando no ar. Através da névoa à sua frente, ele viu a silhueta escura de um homem, alto e
esquelético, emergindo do caldeirão.

— Vista-me — Disse a voz aguda e fria por trás do vapor.

— O cara é tão inútil que não sabe nem se vestir sozinho. Tem sessenta e oito anos e nem isso
consegue fazer. Que decepção. Desgraça. Vergonha para toda uma raça. — Nagini o apertou ainda
mais, ofendida pelos insultos ao seu mestre.

Wormtail, que estava aninhando o toco enquanto soluçava e gemia, correu para apanhar as
vestes negras no chão, levantou-se e se esforçou para colocá-las em seu mestre com apenas uma
mão. O homem magro saiu do caldeirão, o olhar fixo em Hadrian, este que contorceu o rosto em
nojo para a aparência do ser na sua frente. O rosto era mais branco do que um crânio, com olhos
grandes e vermelhos, um nariz chato como o das cobras e fendas no lugar das narinas. Lord
Voldemort acabara de ressurgir e parecia horroroso.

— Cê tá uma merda, mermão. — Hadrian comentou com nojo.

Longe daquele cemitério, as arquibancadas entravam em colapso. Onde estava o seu


campeão? Onde Hadrian estava? Ragnuk, Maray, Sirius, Lucius, Remus, Severus, Narcissa, Molly
e Arthur tomaram a frente fazendo mil e uma pergunta e alegações com os juízes do torneio, que
respondiam tudo com a mesma frase: “era para ele ter surgido aqui na entrada”. Os espectadores
faziam uma algazarra em protesto por não poderem ver mais Hadrian, e ainda somando o fato de
Sirius gritar enfurecido com Bagman por perder o seu afilhado.

Colin e Dennis eram amparados por Draco, Fred e George; que tentavam inutilmente segurar
as lágrimas de preocupação. Nyx e Hera sibilavam ameaçadoramente enquanto procuravam a
assinatura mágica do moreno, mas não o encontrando em lugar algum, se bem que não tinha muito
lugar para procurar já que o labirinto foi consumido pelas chamas, era apenas uma planície
queimada sem nada para esconder uma pessoa. Luna, Pansy, Theodore e Blaise tentavam ajudar a
acalmar os dois Prince que não paravam de chorar nos braços dos outros namorados de Hadrian.
Augusta olhava preocupada para o telão vazio que mostrou Hadrian desaparecendo, então se
aproximou da família preocupada.

Fleur havia sido atacada por Viktor, e fora a primeira a sair do labirinto. Viktor fora
desclassificado em segundo já que foi pego por uma maldição e Cedric desistiu de continuar com a
prova. Mas, repentinamente, a atenção de todos fora desviada para Tom Riddle, que se curvou para
frente, as mãos agarrando fortemente o peito, a respiração difícil e chiada. Ele acabou de sentir o
seu “eu original” ressurgir. Sua magia estava fraca e instável devido a ressurreição de Voldemort.
Tudo o que ele podia fazer era orar para que Hadrian voltasse são e salvo. Severus e Lucius
encaram com pavor o garoto agonizando, eles sentiram o seu antigo mestre ressurgindo, suas
marcas doíam e ardiam em seus antebraços. Eles precisavam encontrar Hadrian o mais rápido
possível.
Capítulo 123
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Voldemort ignorou o comentário do garoto para examinar o próprio corpo. Suas mãos eram
como aranhas grandes e pálidas; seus longos dedos brancos acariciaram o próprio peito, os braços,
o rosto; os olhos vermelhos, cujas pupilas eram fendas, como as de um gato, brilhavam ainda mais
no escuro. Ele ergueu as mãos e flexionou os dedos com uma expressão arrebatada e exultante.
Não deu a menor atenção a Wormtail, que continuou tremendo e sangrando no chão, nem à enorme
cobra, que que segurava firmemente o garoto no lugar. Voldemort enfiou um dos dedos
anormalmente longos em um bolso fundo e tirou uma varinha. Acariciou-a gentilmente, depois
ergueu-a e apontou-a para Wormtail, que fora erguido do chão e atirado contra a lápide a que
Hadrian estava amarrado momentos atrás. O rato caiu no chão e ficou ali, encolhido e chorando.
Voldemort voltou seus olhos para o garoto e soltou uma risada. Ela era aguda, fria e sem alegria.

— My Lord... — Wormtail disse com a voz embargada. — My Lord... O senhor prometeu... O


senhor prometeu...

— Bem que esse rato poderia morrer. — Hadrian rosnou baixinho.

— Estique o braço. — Disse Voldemort indolentemente.

— Ah, my Lord... Obrigado, my Lord... — Wormtail esticou o toco sangrento, mas Voldemort deu
uma gargalhada.
— O outro braço, Wormtail.

— Puta burra! — Hadrian riu do imbecil choramingando.

— My Lord, por favor... Por favor...

Voldemort se curvou e puxou o braço esquerdo de Wormtail; empurrou a manga das vestes
do servo acima do cotovelo, a Dark Mark estava vermelho-vivo. Voldemort examinou-a
demoradamente, sem dar atenção ao choro descontrolado de Wormtail.

— Reapareceu. — Comentou ele baixinho. — Todos deverão ter notado... E agora... Veremos...
Agora saberemos...

— Dramática elah. — Hadrian revirou os olhos.

Voldemort comprimiu a Dark Mark no braço do servo com seu longo indicador branco, a
cicatriz na testa de Hadrian ardeu com uma dor aguda e Wormtail deixou escapar um uivo. Longe
dali, Lucius e Severus trocaram olhares apavorados ao sentirem seus braços arderem no lugar em
que estavam suas marcas. Agora eles sabiam onde Hadrian estava, e isso não era um bom sinal.
Lucius afastou-se da multidão desesperada a procura de Hadrian pelos terrenos de Hogwarts, sem
ser visto, e Severus puxou a família e amigos do garoto para longe dali. Voldemort afastou o dedo
da Dark Mark em Wormtail e Hadrian viu que ela se tornara muito preta. Com uma expressão de
cruel satisfação no rosto, o Dark Lord se endireitou, atirou a cabeça para trás e começou a examinar
o escuro cemitério.

— Quantos terão suficiente coragem para voltar quando sentirem isso? — Sussurrou ele, fixando
seus olhos vermelhos e brilhantes nas estrelas. — E quantos serão bastante tolos para ficar longe
de mim?

— Qualquer um com sanidade ficaria longe. — Hadrian resmungou com nojo. Cada vez mais a
cobra o apertava e sibilava mais perigosamente, mas o garoto estava pouco se fodendo para isso.
Ele queria liberar a raiva que sentia dentro de si por ter sido usado pro retorno daquele louco e por
ter sido separado de sua família. Por não poder ficar ao lado de Neville quando ele estava indefeso.

Voldemort o ignorou novamente, mas o garoto viu que ele estava se irritando, então
começou a andar de um lado para outro diante de Hadrian e Wormtail, seus olhos percorrendo o
cemitério todo o tempo. Decorrido pouco mais de um minuto, ele tornou a olhar para Hadrian, um
sorriso cruel deformando seu rosto viperino.

— Você estava em pé, Hadrian Potter, sobre os restos mortais do meu pai. — Sibilou ele baixinho.
— Um muggle e um idiota... Muito parecido com a sua querida mãe. Mas os dois tiveram sua
utilidade, não? Sua mãe morreu tentando defendê-lo quando criança... E eu matei meu pai e veja
como ele se provou útil, depois de morto... — Voldemort soltou outra gargalhada. Para cima e para
baixo ele andava, olhando para os lados e analisando os arredores.

— Me poupe do falatório idiota de vilões. — Hadrian revirou os olhos, e sorriu ao ver Voldemort
se enfurecendo. — Uhul, você matou sua família muggle. Aquela mansão lá na encosta do morro
era a propriedade dos Riddle. Incrível, realmente. Um meio-sangue que apoia a supremacia purista.
Enfim, a hipocrisia.

— Como você sabe?! — Os olhos vermelhos o encaravam com ódio, faíscas saíam da ponta da sua
varinha e sua respiração ficava densa devido a raiva.

— Tenho meus meios. — Hadrian tentou dar de ombros, mas o aperto da cobra impediu esse ato.
Este não era Tom. Não era o seu Tom. Não era o Tom pelo qual havia se apaixonado. Esse era
Voldemort. O megalomaníaco louco que o irritava profundamente.

Antes que o Dark Lord pudesse falar algo, o ar se encheu repentinamente com o som de
estalos e o farfalhar de capas esvoaçantes. Vários bruxos encapuzados usando as máscaras de
Death Eaters surgiam do meio da escuridão, um por um eles se aproximavam lentamente, com
cautela como se não conseguissem acreditar no que viam. Voldemort mascarou sua raiva pelo
garoto e ficou parado em silêncio, esperando os seguidores. Então um deles se ajoelhou e arrastou-
se até o mestre, beijou-lhe a barra das vestes negras com devoção.

— My Lord... My Lord...

— Credo. — Hadrian contorceu o rosto em nojo. — Eu hein. Esses caras têm cada fetiche
estranho.

Os Death Eaters que vinham atrás o imitaram; um por um, eles se aproximaram de joelhos
para beijar as vestes de Voldemort para depois recuar e se levantar, formando um círculo silencioso
em torno do túmulo de Tom Riddle, Hadrian preso pela cobra, Voldemort e Wormtail, que era um
o monte de vestes que soluçava e sacudia no chão. Mas os Death Eaters deixaram espaços vazios
no círculo, como se tivessem uma ordem para se postarem e esperassem o bruxo que preencheria
aquele lugar.

— É a porra do primário com filinhas ordenadas por nome ou ordem crescente. — Hadrian riu
descaradamente. Voldemort, porém, o ignorou e olhou os rostos encapuzados ao seu redor e,
embora não houvesse vento, um rumorejo pareceu percorrer o círculo como se perpassasse por ele
um arrepio.

— Bem-vindos, Death Eaters. — Disse Voldemort em voz baixa. — Treze anos...

— Ah pronto! Vai começar o discurso dramático. — Hadrian resmungou, e novamente fora


ignorado. — Traz uma pipoca e uma cadeira confortável, porque essa porra vai demorar.

— Treze anos desde que nos encontramos pela última vez. Contudo, vocês atendem ao meu
chamado como se fosse ontem... Então continuamos unidos sob a Dark Mark! Ou será que não? —
Ele retomou sua expressão ameaçadora e farejou, dilatando as narinas em forma de fenda. — Sinto
cheiro de culpa — Disse ele.

— Mermão! — Hadrian gritou e tudo fiou silencioso. — Ninguém liga pra essa merda de discurso
de vilão. Manda a sua cobra me soltar, nós lutamos, eu desço o cacete em você e vou embora. Fácil
e simples. Bóra porra! X1 eu e tu, tu e eu! Vambora!

— Como ousa falar assim com o Dark Lord?! — Um Death Eater rosnou para o garoto.

— Falando, ué. Eu tenho boca pra isso. E outras coisas, se é que você me entende. — O garoto
sorriu malicioso. — Sah porra nojenta é insignificante para mim e eu só quero ir embora. Então
vamos acelerar as coisas. Pode ser, lagartixa gigante albina e desmilinguida? — Sorriu
zombeteiramente para um Voldemort enfurecido.

— Nagini. — Voldemort sibilou enraivecido. — Solte-o. — A cobra obedeceu e soltou o garoto.


Hadrian cambaleou um pouco até recuperar o sangue nos membros.

— Muito melhor. — Hadrian sorriu presunçoso ao convocar sua varinha do chão e voltar a girá-la
nos dedos.
— Você aprendeu a duelar, Hadrian Potter? — Perguntou Voldemort suavemente, seus olhos
vermelhos brilhando no escuro. Entretanto, os olhos de Hadrian eram mais assustadores que os
dele, os vórtices em um movimento infinito giravam com intensidade e brilhavam na escuridão.
Lucius agradeceu por estar usando máscara, se não todos veriam sua legítima preocupação com o
garoto.

— Quando sua vida é uma batalha constante, acho que é meio que obrigatório saber duelar. —
Hadrian rosnou.

— Nos cumprimentamos com uma curvatura, Hadrian. — Disse Voldemort, se inclinando


ligeiramente, mas mantendo o rosto de cobra erguido para Hadrian.

— Meu cu que vou me curvar pra uma lagartixa. — Bufou. Os Death Eaters reprimiram ofegos
com a audácia do garoto, mas ninguém ousou se mover ou falar alguma coisa.

— Vamos, as boas maneiras devem ser observadas... Dumbledore gostaria que você demonstrasse
educação... Curve-se para a morte, Hadrian... — Os Death Eaters deram novas gargalhadas. A boca
sem lábios de Voldemort riu, mas Hadrian não se curvou.

— Não me curvei para Dumbledore. Não irei me curvar para você. — Hadrian estalou com o ódio
consumindo todo o seu corpo. Os Death Eaters deram outro ofego quando os olhos de Voldemort
brilharam perigosamente. — Se bem que eu me curvei para a sua versão jovem, o que aquelas
páginas em branco presenciaram... Aquele diário ficou vermelhinho de vergonha, muito inocente,
tadinho. — Passou a língua pelos lábios, que se curvaram em um sorriso malicioso. Voldemort
franziu o cenho em confusão, tentando compreender o que aquele garoto estava dizendo e como
ele tinha conhecimento da sua Horcrux. Lucius o traíra? Ele estava com a guarda do garoto Potter,
os Malfoy ainda eram leais a si ou mudaram de lado? Uma investigação seria feita e Lucius pagaria
por qualquer traição que tenha cometido.

— Eu disse, curve-se! — Repetiu Voldemort, erguendo a varinha, e Hadrian sentiu sua como se
uma mão enorme e invisível o empurrasse impiedosamente para a frente, porém ele conseguiu
resistir à pressão e se manteve ereto.

— Eu disse que não vou me curvar, porra! Tá surdo, caralho? Além de desnarigado é desorelhado
também? A idade já está batendo na porta? Já apaguei uma velhinha, olha que apago outra, hein!

— Como queira. — Disse Voldemort suavemente, ao mesmo tempo que uma veia ameaça explodir
em sua testa, e quando ele baixou a varinha a pressão que tentava empurrar Hadrian desapareceu.
— Agora você me enfrenta, como homem... De costas retas e orgulhoso, do mesmo modo que seu
pai morreu... Agora... Vamos ao duelo.

— Cê é um porre. — Hadrian resmungou enquanto estalava a coluna. — Parece um caramujo


falando de tão lento que é. Olha que eu taco sal em você!

Aproveitando sua pequena distração, Voldemort o colocou sobre a Maldição Cruciatus. A


dor foi tão intensa, e tão devoradora, que Hadrian já nem sabia onde estava. Facas em brasa
perfuravam cada centímetro de sua pele, sua cabeça, sem dúvida alguma, ia explodir de dor; ele ria
histericamente enquanto estava sob o efeito da maldição. E então tudo parou, Hadrian se virou e
tentou ficar em pé, seu corpo tremia um pouco, mas ele conseguiu se firmar sobre as pernas, um
sorriso louco e sádico rasgou seu rosto e os olhos verde brilhavam com mais intensidade.

— Acho que meu Crucio foi mais intenso do que eu imaginada. — Olhava entre a varinha em sua
mão e o garoto sorridente logo à frente. — Uma pequena pausa... Isso doeu, não foi, Hadrian?
Você não quer que eu faça isso outra vez, quer?
— Vamos lá, Tom. — Hadrian sorriu sadicamente para o Lord. — Você não sabe outros feitiços
além de Avada Kedavra e Crucio? Esperava mais de você. — Os Death Eaters rosnaram ofensas
por insultar seu mestre, mas pararam ao ouvir a risada fria e sem emoção dele. Hadrian não ia
facilitar. Não ia obedecer a Voldemort... Não ia suplicar...

— Eu sei feitiços que você nem ao mesmo sonha. — Disse Voldemort gentilmente. — E eu
perguntei se quer que eu faça isso de novo. Responda! Imperio! — O sorriso louco de Hadrian se
alargou quando um segundo depois Voldemort o encarou surpreso.

— Não consegue, né? — Riu. — Oh, Tommy. Você é uma decepção. Até o meu duelo com a
Cabra Velha foi mais emocionante. E olha que ele só lançava feitiços leves. — A presunção de
Voldemort e seu sorriso morreram. Ele estava furioso.

— Eu vou lhe mostrar o que é dor! — Ergueu a varinha.

— Veremos. — Hadrian se posicionou.

Voldemort ergueu a varinha, mas desta vez Hadrian estava preparado. Com os reflexos
nascidos da prática de quidditch e os duelos que ele teve como treino, ele se atirou para um lado no
chão, rolou para trás da lápide de mármore do pai de Voldemort e a ouviu rachar quando o feitiço
errou o alvo.

— Não estamos brincando de esconde-esconde, Hadrian. — Disse a voz suave e fria de Voldemort,
aproximando-se, enquanto os Death Eaters riam. — Você não pode se esconder de mim. Será que
isso significa que já se cansou do nosso duelo? Será que significa que você prefere que eu o encerre
agora, Hadrian? Saia daí, Hadrian... Saia e venha brincar, então... Será rápido... Talvez até
indolor... Eu não saberia dizer... Eu nunca morri...

— Pare de falar como aquela maldita Cabra Velha pedófila! — Hadrian rosnou. Voldemort cerrou
as mãos em punhos ao ser comparado com Dumbledore.

— Venha para a sua morte, Hadrian! — Voldemort estalou.

— Nem fodendo seu pedófilo megalomaníaco! — Hadrian surgiu logo atrás do Dark Lord, suas
pernas cobertas com sua magia potencializaram sua força quando ele chutou entre as pernas de
Voldemort, o homem gritou de dor e se arqueou, segurando a virilha com força, lutando contra a
vontade de vomitar. — É GOL, PORRA! 10 PONTOS PRA SLYTHERIN CARALHO! Quero ver
trepar agora. Se engravidar uma pobre coitada vai nascer um tijolinho! — Hadrian riu,
aproveitando que o Dark Lord estava curvado para agarrar a cabeça careca e chocá-la contra seu
joelho. — Será que eu faço um boliche? Óia! Essa bola é lustrosa. — Deu um tapão na careca de
Voldemort. Os Death Eaters encaravam a cena com os olhos arregalados, completamente
paralisados perante um garoto de quatorze anos dando uma surra em seu Lord.

Voldemort aperta sua varinha com mais força, se afasta de Hadrian e se cura, os olhos
vermelhos injetados de ódio puro. Sem palavras ele lançou um Bombarda Maxima o garoto, que
ergueu um escudo para se proteger, só que, infelizmente, não fora o suficiente para anular a
explosão por completo, resultando em seu corpo sair voando pelo cemitério até cair em cima de
uma lápide desconhecida.

— Essa doeu, caralho. — Hadrian se levantou, sua mão estava afundada na terra, segurando ossos
de uma pessoa desconhecida. — OLHA TOM! É O TEU PAI MUGGLE OU SUA MÃE
COSANGUÍNEA?! — Balançou um crânio humano acima da cabeça antes de abaixar o braço para
olhar a caveira de frente. — Ser ou não ser, eis a questão. — Olhou para Voldemort, seus olhos
verdes brilharam em malícia antes de jogar o crânio na direção do Dark Lord um crânio humano.
— PEGA, CACHORRINHO! OLHA O OSSINHO PRA VOCÊ! — Voldemort desintegrou a
caveira, encarando o garoto louco que caminhava lentamente de volta a si. — Esperava mais de
você, Tom. Minha vez de novo — Lançou em Voldemort a maldição das trevas “Artérius” sem
pronúncia. O Dark Lord fora pego de surpresa, mas conseguiu bloquear a única lâmina negra que
fora lançada contra si. Ela poderia cortar membros de seu corpo e dissipar suas artérias facilmente.

— Você está brincando com as trevas, garoto de ouro? — Voldemort zombou ao ver o garoto
empunhando sua varinha.

— Você deveria saber que eu não sou a arma de Dumbledore, Tommy. — Seu sorriso aumentou
ao ver Voldemort enfurecer-se. — Você era mais bonito aos dezesseis. Aqueles lindos olhos negros
e os cabelos ondulados perfeitamente penteados. — Voldemort lançou uma maldição cortante, que
Hadrian repeliu facilmente. — É sério que você gosta do que se transformou, Tommy? Essa
lagartixa gigante albina e desmilinguida? — A risada do garoto ecoou pelo cemitério enquanto ele
bloqueava outra maldição de Voldemort e lançava um “Confringo” na direção do outro. —
Fizeram a brincadeira de “roubei seu nariz” quando você era aquele homúnculo horrível e nunca te
devolveram? Foi pentear o cabelo e ele caiu por causa da idade avançada? Parece a cabeça de uma
rola defeituosa e podre de um defunto.

— Morra logo, Potter! — Hadrian sorriu ainda mais.

— Oh, Tommy. Eu sei tantos segredos seus. E nem adianta olhar para Lucius. Você mesmo que
me contou eles. — Os olhos vermelhos de Voldemort estreitaram-se. — Sabe aquele livrinho que
você deixou com Abraxas Malfoy?

— O que você sabe?! — Hadrian inebriou-se com a magia que o Dark Lord exalava. Era opressora,
poderosa e cheia de raiva.

— Dumbledore deu um jeitinho de roubá-lo de onde quer que Abraxas tenha guardado e colocou
em Hogwarts. — Hadrian fez uma falsa cara de tristeza. — Nem sabe a minha surpresa quando eu
me apossei dele e comecei a usá-lo. Você tinha umas lembranças muito chatas, Tommy. Ficar
assustando alunos por aí, se fazendo de rei, o melodrama por Dumbledore desconfiar de você. Eu
conheço cada um dos seus segredos, querido Tommy. Quem quer ouvir? — Perguntou para os
Death Eaters que o olharam espantados.

Voldemort enfureceu-se completamente e sua magia provocou uma explosão de poder ao seu
redor. As lápides e os Death Eaters foram jogados para longe, mas Hadrian continuou intacto onde
estava. Um duelo mais feroz iniciou-se então. Voldemort estava possuído pela raiva. Aquele pivete
estava com sua Horcrux! Como Dumbledore conseguiu roubá-lo?! Como o garoto estava vivo?!
Ele admitiu que o usou, então como continuava vivo?! E de onde vinha todo aquele poder?! Ele só
tinha quatorze anos. Voldemort era muito mais experiente e poderoso, e então como Hadrian
conseguia desviar de suas maldições tão facilmente? O pai de Millicent Bulstrode, Richard
Bulstrode, em uma súbita explosão de coragem e falta de autopreservação, empunhou sua varinha e
lançou em Hadrian uma maldição cortante. O garoto nem se dignou a olhar para o pequeno verme,
apenas ergueu a outra mão e lançou lhe a Maldição da Morte. Bulstrode caiu duro no chão, os
olhos arregalados, paralisados por completo pela morte. Seu sorriso se alargou ao ver os olhos
vermelhos de Voldemort se arregalando.

— Isso aqui é briga de bruxo poderoso, não se metam se não forem suicidas. Não viram uma
lagartixa perdendo as bolas, não porra?! — Hadrian, ainda com a mão erguida, lançou nos Death
Eaters uma magia que os forçara a ficar de joelhos, claramente, Lucius foi poupado da maior parte
dos efeitos do feitiço, mas ainda assim caiu no chão de joelhos.

— Bulstrode? — Um dos seguidores de Voldemort gritou, ainda encarando o corpo.


— Eu matei o pai daquela vadiazinha invejosa?! — Hadrian perguntou sorridente. — Quero ver
ela me zoar por não ter pais agora. — Voldemort e seus seguidores encararam o garoto rindo como
louco.

— Dumbledore vai adorar ver o que você se tornou, Potter. — Voldemort rosnou.

— Aquele velho que se foda! — Hadrian estalou a língua e os dois voltaram a duelar como feras
raivosas e muito poderosas.

Os feitiços foram lançados ao mesmo tempo. Os feixes de luz que saíram das varinhas se
conectaram no meio do caminho, fazendo uma explosão luminosa onde os dois feixes se uniam e
lutavam para conseguir avançar e acertar o inimigo. Hadrian sentiu sua varinha vibrando como se
uma descarga elétrica estivesse entrando por ela, sua mão estava presa a varinha como se fosse
uma Portkey. As duas cores dos feitiços diferentes se uniram num dourado intenso e rico enquanto
duelavam para assumirem o controle. Hadrian viu que os dedos longos e brancos de Voldemort
também agarravam a varinha que sacudia e vibrava.

— Malditas varinhas irmãs! — Hadrian rosnou enraivecido por estar sendo parado por causa desse
pequeno detalhe. Com a mão livre ele lançou em Voldemort um feitiço cortante na sua perna, isso
o distraiu o suficiente, então o garoto rompeu a ligação das varinhas e sorriu maniacamente. —
Que se foda a magia! — Rosnou para o bruxo cansado e segurando a perna sangrenta. — Eu quero
acabar com a sua cara na mão mesmo! — Fez seus anéis ficarem suas formas completas em todos
os dedos das mãos, guardou a varinha e, num piscar de olhos, surgiu na frente de um Dark Lord
atordoado com sua declaração.

Já que suas varinhas atrapalhavam o duelo, ele faria do jeito muggle mesmo. Voldemort não
teve tempo para impedir, seu rosto fora acertado com uma força tão grande que nenhum outro
garoto de quatorze anos seria capaz de ter. Ele sentiu aqueles anéis duros colidindo contra o osso da
maçã do rosto e os nós dos dedos do garoto contra a sua mandíbula, ele sentiu a dor excruciante o
tomando, o sangue em sua boca, e o seu corpo voando em direção a uma lápide qualquer. Hadrian
havia concentrado sua magia nos punhos para fazer com que os golpes fossem intensificados a
níveis absurdos e desumanos de força. Os Death Eaters encararam espantados e descrentes o seu
senhor caído no chão e cuspindo um dente. Hadrian sorriu e avançou para o bruxo desnorteado,
agarrou seu pescoço magrelo com uma mão e o fez se erguer um pouco para olhá-lo. Voldemort
encarou-o com descrença, a visão ainda clareando depois do golpe.

— Eu vou fazer você sofrer, seu merda. Você ocupou muito do meu tempo, tempo que eu poderia
estar com a minha família. — Chutou a varinha de Voldemort para longe e socou-o no rosto mais
uma vez.

Os Death Eaters e Nagini, a cobra, nada puderam fazer, um forte feitiço os mantinha
petrificados nos lugares, só podendo ver seu grandioso mestre ser espancado por um garoto de
quatorze anos completamente louco. Todo o ódio que Hadrian acumulou durante os dias que se
passaram depois do ataque a Neville estava sendo liberado. Em Hogwarts ele não poderia
extravasar sua raiva, mas ali, longe de tudo e todos, ele poderia usar Lord Voldemort como saco de
pancas o quanto quisesse. Ele estava se vingando por tudo o que aquele louco lhe fizera, estava o
fazendo sofrer o que ele teve que passar. Mesmo que ele estivesse descontando no outro bruxo
coisas que não eram sua culpa, Hadrian não ligava, pois Voldemort era um tremendo de um filho
da puta. Então ele merecia sofrer. Quando finalmente se cansou de espancar um Voldemort já
desacordado, quando Hadrian estava cheio do sangue do outro, o garoto finalmente se levantou.
Encarou o corpo caído aos seus pés, coberto de sangue e hematomas, seu rosto se contorceu de
nojo. “Eu vou encontrar uma maneira para te consertar e ter meu Tom completo.”, Hadrian jurou
em pensamentos. Ele se endireitou e olhou ao redor. Wormtail estava desacordado no chão,
aninhado ao toco sangrento, o cadáver de Bulstrode estava jogado no chão, Nagini estava
paralisada, assim como os Death Eaters.

— Pensem bem antes de me provocarem. — Hadrian sorriu maníaco ao ver os bruxos


estremecendo sob seu olhar intenso.

Ele encarou Lucius por um segundo, e orou para que o homem não o odiasse depois do que
presenciara. E então ele fez um feitiço de cura no braço ferido, apanhou sua varinha e se
aproximou da Taça. Antes que ele percebesse, um Death Eater, que se manteve escondido nas
sombras por chegar atrasado, pulou de trás de uma lápide com uma grande estátua de anjo e
agarrou o garoto com um mata-leão. Hadrian agarrou o braço que estava o segurando pelo
pescoço, inclinou o corpo para frente, girou para o lado, sua magia focou-se nas mãos e então ele
conseguiu jogar o seu agressor por cima de si. A máscara branca como osso caiu e ele pode ver
Amycus Carrow deitado aos seus pés. Rosnando, o garoto concentrou toda a sua magia no pé
direito antes de erguê-lo e pisar com tudo na cabeça do Death Eater. O crânio explodiu sob a força
magicamente ampliada do golpe, sangue e maça encefálica esparramaram-se na grama do
cemitério.

— Pelo menos já tá num cemitério. Vai poupar serviço. — Um grito esganiçado de uma mulher
irrompeu o silêncio mortal que os cercava. A irmã mais nova de Amycus estava furiosa e com sede
de vingança. Alecto Carrow, disparou a Maldição da Morte no garoto que matou seu irmão, porém
Hadrian desviou com facilidade. Ele surgiu logo em frente a ela, sua magia concentrada em sua
mão o proporcionou facilidade para atravessar o peito dela com o punho. Ao puxar o braço para si
ele mostrou um coração ainda tendo espasmos, sem compreender que já não estava mais dentro do
corpo e o ergueu diante dos olhos dela. Sangue escorreu da boca da mulher antes de finalmente cair
no chão. — Não sabia que você me amava tanto assim. Me deu até o seu coração. — Olhou para a
cobra de Voldemort. — Toma comida, neném! — Jogou o coração para a cobra paralisada.

Selwyn, que tinha uma paixão obsessiva por Alecto, avançou contra o garoto. Hadrian
revirou os olhos, e deu um tapa no rosto do homem com as costas da mão concentrada em magia.
A cabeça fora arrancada do corpo e saiu voando até rolar aos pés de Lord Voldemort, ainda
desacordado. Corban Yaxley, desprovido de massa encefálica tentou lançar um Imperius em
Hadrian, mesmo depois de ver seu senhor fazer a mesma coisa e falhar miseravelmente. Olhes
verdes se viraram para o homem mascarado e seu sorriso se alargou. Em um piscar de olhos ele
estava diante do homem burro, seus dedos afundaram na caixa toráxica e agarraram-se as costelas,
usando sua magia para dar-lhe mais força e fazer com que as costelas não se quebrem ele começou
a puxar para lados opostos. Yaxley começou a gritar e a bater fracamente em suas mãos, a varinha
caída e esquecida aos seus pés.

— Eu posso ter magia, mas uma boa brincadeira manual é sempre bem-vinda. — Hadrian sorriu
antes de puxar com toda a força a caixa toráxica, o corpo dividiu-se desordenadamente em dois e
pingou sangue aos seus pés quando entranhas e pedaços da coluna desabaram com um baque
aquoso e repugnante. — Mais alguém é burro o suficiente para me desafiar? — Lançou em si
mesmo um feitiço de limpeza e voltou para a Taça quando nenhum som foi produzido por seus
espectadores paralisados de medo. — Ótimo, porque eu tô vazando. TCHAU SEUS MERDAS! —
Pegou a alça e desapareceu do cemitério.
Capítulo 124
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

O garoto pousou em pé no gramado queimado do campo de quidditch. A algazarra foi


silenciada assim que o viram, ele estava com o semblante completamente vazio, a Taça Triwizard
brilhando em sua mão direita. O ar ao seu redor esfriou, sua respiração criava uma fumaça de ar
quente, que subia para o céu, cobrindo levemente seus olhos verdes, que se destacam em meio a
escuridão. Os vórtices infinitos giravam com rapidez e o brilho sobrenatural iluminava-se como
dois faróis. Sua magia ondulava e crepitava, ainda se acalmando depois do duelo que acabara de
ter. Um corpo chocou-se contra o dele, braços passaram ao seu redor e o apertaram fortemente.
Maray enterrou seu rosto no pescoço de seu filho, aproveitando que seu glamour de humano ainda
estava ativo para alcançar a altura do garoto.

— Eu estou bem, mãe. — Hadrian abraçou a goblin disfarçada. As pessoas aglomeradas ao redor
se acotovelavam, tentando chegar mais próximo, empurrando sombriamente. “Que foi que
houve?”, “Que aconteceu com ele?”, “Onde ele estava?”.

— Graças aos Lords. — Ragnuk se aproximou dos dois e colocou uma mão no ombro de sua
esposa, que soltou o filho com certa relutância. O garoto olhou para a sua família, que agora o
cercava com olhares preocupados.

— O que aconteceu, filhote? — Maray perguntou em um sussurro.


— Ele voltou. — Hadrian falou no mesmo tom. — Voldemort voltou. Lucius vai contar a história
em outro momento.

— Você não parece preocupado. — Ragnuk ergueu uma sobrancelha ao ver um ar relaxado por
traz da máscara vazia de seu filho.

— Pode-se dizer que Voldie me proporcionou uma ótima terapia. — Hadrian respondeu divertido.

— Que está acontecendo? Que está acontecendo? — Fudge se aproximou, abrindo seu caminho
por entre a multidão, ele parecia pálido e perplexo.

— Ele precisa ir para a tenda da curandeira! — Maray rosnou alto. — Ele está mal, está ferido! —
Mentiu, pois sabia que seu filho estava bem, mas ela precisava tirá-lo da aglomeração.

— Eu levo Hadrian, eu o levo... — Hadrian ouviu um rosnado rouco, era “Moody” tentado se
intrometer. Os olhos verdes se focaram no homem e a magia que ele exalava em meio a situação.
Era a mesma da que colocou Viktor sob Imperius.

— Não, eu o levarei para Poppy. — Sirius se intrometeu na frente do falso Moody.

— Mas...

— Basta! — Sirius pegou Hadrian nos braços, como se fosse uma noiva e marchou para onde a
mediwizard cuidava dos outros campeões, o resto da família o seguindo logo atrás.

— Moody... — Hadrian murmurou no ouvido de seu padrinho, aproveitando que sua cabeça
descansava no ombro do homem. — Ele é um impostor. Manteve o real no baú do seu escritório.
— Sirius olhou ao redor e viu que “Moody” havia desaparecido.

— Mad-Eye esconde algo no baú do seu escritório. — Sirius ordenou para Hagrid, que pareceu
entender a mensagem. Ao entrarem na tenda viram Poppy terminando de cuidar de Fleur Delacour.

— Eu estava torcendo para que ele saísse ileso como nas duas outras provas. — A mediwizard
suspirou ao ver Sirius carregando Hadrian até uma maca ao lado de Viktor.

— Eu estou bem. — Hadrian sorriu para a mulher. — Só precisávamos de uma desculpa para sair
do meio da multidão.

— Eu ainda vou verificar você, mocinho. — Terminou de colocar um curativo na meia veela e se
encaminhou para o garoto, acenou sua varinha e certificou-se de que ele não tinha nenhum
machucado. — Cem por cento ileso.

— Eu disse. — Hadrian sorriu para a mulher.

— Comporte-se, senhor Potter. — Poppy se afastou para cuidar de seus afazeres. Hadrian levantou-
se e foi até Viktor e Cedric.

— Como vocês estão? — As macas dos dois eram próximas uma da outra, então o garoto
conseguiu pegar uma mão de cada e acariciar as costas das mãos com os polegares.

— Estamos bem, Hazz. — Cedric sorriu.

— Bom. — Beijou a testa de cada um. — Eu sei quem lançou o Imperius em você. — Olhou para
Viktor. — Vou atrás dele assim que der.

— Não se preocupe com isso. — O búlgaro abaixou o olhar. — Não quero que você corra perigo
por minha causa.

— Bobagens. — Sua mão, que estava ligada a Viktor, se soltou para erguer o queixo do moreno,
fazendo-o encarar em seus olhos. — Ele ousou te usar para machucar Cedric e eu não irei permitir
que alguém faça isso com ninguém da minha família. Você será vingado por isso. — Viktor deu
um pequeno sorriso ao ver a determinação nos olhos verdes, ter a confirmação de que Hadrian se
importava profundamente consigo aqueceu o seu coração. Hadrian iria atras de vingança por terem
o usado como arma para ferir outro consorte... Isso o fazia se sentir importante e amado.

— O que ele disse para vocês? — Severus perguntou aos pais de Hadrian.

— Ele disse que Voldemort havia retornado. — Ragnuk comentou.

— Será que ele deu ao verme o que ele merecia? — Tom perguntou esperançoso.

— É estranho escutar isso vindo justamente de você. — Theodore franziu o cenho.

— Ele machucou o meu Hazz. — Tom deu de ombros. — Então ele mereceu.

— Vamos voltar para a ala hospitalar. — Hadrian virou-se para sair da tenda, sua família apenas o
seguiu, sabendo que o garoto queria ficar perto de Neville. Cedric, Viktor e os pais do búlgaro os
acompanharam.

— Senhor Potter! — Fudge correu desordenadamente até o garoto quando o grupo saiu da tenda.

— Sim? — Ergueu uma sobrancelha para o homem desarrumado.

— Precisamos conversar sobre o que aconteceu com a Portkey, para onde você foi e como
conseguiu voltar...

— Adulteraram a Portkey. — Hadrian seria o mais vago possível, não estava com paciência para
lidar com o velho Ministro no momento. — Surgi no local onde um Death Eater fez um ritual que
usou o meu sangue para ressuscitar Voldemort, nós duelamos e eu fugi com a Taça. Tive a
esperança de que ela funcionasse corretamente na segunda vez. Isso é tudo que o senhor precisa
saber, ministro?

— N-não... Isso não é tudo. Como o Dark Lord poderia ter voltado? Como você duelou com ele e
está vivo, se é que o seu relato for verdadeiro. Como...

— Tenha uma boa noite. — Hadrian o cortou e voltou a caminhar para o castelo, deixando um
Fudge furioso para trás. Quando chegaram na ala hospitalar todos se acomodaram ao redor da
cama do Gryffindor em coma, Augusta já havia preparado o local quando voltou mais cedo assim
que viu que Hadrian havia voltado para Hogwarts. Cedric e Viktor afundaram em poltronas
confortáveis. Em pouco tempo Lucius entrou na enfermaria rigidamente e se juntou ao grupo.

— O que aconteceu? — Narcissa perguntou preocupada ao ver o marido pálido como um morto. O
homem lançou ao redor um feitiço de privacidade e desabou na poltrona mais próxima.

— Foi assustador. — O homem encarou as mãos, não conseguia erguer os olhos para ver as
pessoas ao redor. — No início eu achei que Hadrian iria morrer. O Dark Lord conseguiu o pegar
desprevenido, mas a situação mudou muito rápido. Hadrian era mais poderoso e conseguia
bloquear as maldições do Dark Lord, ele conseguia o acertar. Você estava insano, Hazz. —
Encarou o dito garoto, que agora tinha um sorriso divertido brilhando em seu rosto relaxado.

— Eu estava fazendo terapia. É muito bom, recomendo fortemente. Estou tão relaxado.
— Você matou cinco Death Eaters! — O homem exclamou. — E esmurrou a cara do Dark Lord!

— E foi muito bom. — Deu de ombros. — Todos vocês sabem que eu não sou a pessoa mais sã
desse mundo, mas diferente do Cara de Cobra eu ainda consigo ser racional. Mas os Death Eaters
foram burros o suficiente para acharem que conseguiriam me vencer quando nem mesmo
Voldemort conseguiu. Danos colaterais que não farão falta, pelo menos serviram para desestressar
e aliviar a tensão em minha magia que estava coçando para explodir com tudo o que aconteceu nos
últimos dias. — Olhou para uma Augusta que o encarava sem expressão. — Desculpe, você não
deveria descobrir assim o meu estado mental.

— Está tudo bem, Hadrian. — A senhora segurou a mão do garoto com ternura e deu um sorriso
acolhedor. — Compreendo suas razões e acho que faria a mesma coisa em seu lugar. Sem
julgamentos.

— Obrigado, vovó. — Sorriu brilhantemente para a senhora.

— O que você fez? — Tom perguntou esperançoso.

— O doido começou com o discurso de vilão, coisa chata, daí começamos um duelo mágico. Levei
um Crucio bem miserável, esperava mais. Deu errado porque nossas varinhas são irmãs e não
funcionam direito se lutarem uma contra a outra. Daí eu larguei de mão a magia e parti pra
porradaria. Chutei as bolas dele, foi satisfatório, não vou mentir não. Dei um tapão na careca dele e
chamei de bola de boliche. Ele me lançou contra um túmulo e eu acabei, sem querer, pegando um
crânio, mais piadinhas e joguei pro Voldie insinuando que ele era um cachorro e era pra pegar seu
osso.

— Não se esqueça que você insultou o Dark Lord de “desnarigado” e depois o chamou de surdo,
fraco, incompetente, e muitas outras coisas. — Lucius complementou. Fred, George e Tom
estavam segurando as risadas que borbulhavam em seus peitos.

— Isso aí. — Hadrian sorriu. — Chamei ele de lagartixa gigante albina e desmilinguida porque,
convenhamos, é exatamente isso que ele parece. E eu matei o pai da Bulstrode porque ele queria
interferir no duelo. Tenho que mandar uma cestinha pra ela, acho que vou escrever “Desculpa, seu
pai burro se meteu em briga de bruxos poderosos. Ele deveria saber melhor quando é
desnecessário. Sinto muito que o seu progenitor era um imbecil do caralho. Matei mesmo, efeito
colateral. Com amorzinho, o seu pior pesadelo.”. — Segurou o próprio queixo enquanto pensava,
seu sorriso se alargando a cada ideia que era formulada. — Depois eu soquei a cara nojenta dele
até a inconsciência, foi muito terapêutico. Quando cansei porque a brincadeira não estava mais
divertida eu estava indo embora até que Amycus Carrow tentou me pegar desprevenido com um
mata-leão miserável. Pisei na cabeça dele e a fiz explodir. Depois disso foi uma sucessão de
burrice. Alecto Carrow foi atrás de vingança e eu arranquei seu coração do peito. Selwyn se
aproximou e levou um tapa na cara que fez sua cabeça ser arrancada do corpo. E por fim Corban
Yaxley tentou lançar um Imperius em mim depois de testemunhar Voldemort falhando na mesma
coisa, daí eu o dividi em dois.

— Eu quero essas memórias. — Tom sorriu para Hadrian, o menor olhou para o outro e retribuiu o
sorriso malicioso.

— Claro. Quando voltarmos para casa eu lhe dou. — Os olhos castanhos do mais velho se
dilataram em deleite. Seu autocontrole estava por um fio, suas mãos tremiam para não agarrarem o
namorado ali mesmo e devorá-lo até o esquecimento. Hadrian torturando e matando pessoas era a
visão mais sexy que sua mente perturbada mais apreciava.

— Depois que você partiu o Dark Lord foi reanimado e curado. E-ele estava muito irritado. —
Suas mãos tremeram ao lembrar do medo que tinha do homem insano. — Ele não ficou feliz ao
saber que você tinha o diário... — O loiro se encolheu ao lembrar da dor que sentiu sob a varinha
de Voldemort.

— Eu sinto muito por isso. — Hadrian se aproximou do homem e o puxou para um abraço
apertado, enviando-lhe sua magia para curar completamente o loiro de qualquer dor que ele
estivesse sentindo. Lucius suspirou de alívio ao sentir o calor da magia do outro o envolvendo,
toda e qualquer dor desaparecendo aos poucos. — Melhor? — Perguntou quando finalmente
terminou de curar o mais velho e se afastou do abraço.

— Sim, muito obrigado. — Bagunçou o cabelo negro, um sorriso carinhoso em seus lábios.
Hadrian voltou para a sua poltrona ao lado da cama de Neville.

— Vo-você matou alguém...? — Molly perguntou em choque.

— Molly. — Hadrian suspirou. — Eu te amo como uma mãe, mas isso é uma guerra. Eu já sou um
monstro e não irei esconder esse lado meu.

— E-eu sei. — Ela o puxou para um abraço apertado. — Eu só não queria que sua infância fosse
arruinada, queria que nada de ruim tivesse acontecido com você, querido. — Segurou o rosto dele
com as duas mãos e beijou-lhe a testa. — Queria que você tivesse uma infância normal e feliz.

— Infelizmente isso nunca vai acontecer. — O garoto segurou uma das mãos sob sua bochecha. —
Pelo menos vocês, minha família, me proporcionam momentos em que eu esqueço completamente
toda a dor que sofri, é como se eu fosse um adolescente normal vivendo como se nada tivesse
acontecido.

— Eu fico feliz em saber disso. — Soltou o garoto, voltou para o lado de Arthur e o abraçou. As
conversas continuaram entre o grupo, e não demorou muito para perceberem que Hadrian havia
adormecido, encolhido na poltrona e ressoando calmamente. Augusta sorriu antes de colocar um
cobertor sobre o garoto.

— Ele ficará bem para o banquete de amanhã? — Bagman perguntou assim que entrou na
enfermaria, seguido por Fudge e Dumbledore. Lucius desfez o feitiço silenciador.

— Vai. — Narcissa respondeu. — Ele poderá participar do banquete e receber todo a glória por
ganhar esse torneio estúpido. — Ela contraiu o rosto em desgosto.

— Mas o que, exatamente, aconteceu para a Taça dar errado? — Bagman perguntou incrédulo.
Mesmo depois de Fudge falar com eles sobre o que Hadrian dissera ele ainda estava confuso.

— Temo em dizer que Voldemort retornou. — Dumbledore escondeu sua frustração misturada
com alegria. Frustração por Voldemort voltar e poder arruinar seus planos; alegria porque
Voldemort continuou insano e querendo matar Potter.

— Você está louco, Albus! — Fudge ofegou em desespero. — De onde tirou tal ideia?

— Quem ousaria atacar alunos para conseguir levar Hadrian Potter para longe de bruxos
poderosos? — Albus comentou. — O senhor Krum foi posto sob a Maldição Imperius, a senhorita
Delacour foi gravemente ferida, e nenhum dos outros competidores ou os obstáculos que foram
postos no labirinto foram os responsáveis. Encontramos o verdadeiro Alastor Moody sob a
Maldição Imperius, preso em um baú no escritório particular do professor de Defesa Contra as
Artes das Trevas, ele nos contou que era mantido vivo para roubarem-lhe os fios de cabelo para a
poção Polyjuice. Mas ele não pode nos contar quem eram os malfeitores, pois não sabia suas
identidades. Quem arriscaria tudo só para colocar Hadrian Potter num torneio que poderia matá-lo,
só para no final levá-lo para longe para poder terminar o serviço sem ser impedido?

— Você está falando sandices, Dumbledore. O próprio senhor Potter disse o que aconteceu e eu
lhe disse. Foi um erro de configuração da Portkey. O Dark Lord está morto e não irá retornar. Pare
com essas bobagens de uma vez. — Fudge saiu da ala hospitalar, Bagman logo atrás.

— Os senhores devem se retirar. — Poppy indicou os visitantes. — Os garotos precisam descansar.


— Os Delacour e Diggory se retiraram com olhares de nojo para os acompanhantes de Hadrian.

— Cuidem dele. — Remus se aproximou de Hadrian e beijou-lhe a testa com carinho.

— Nos vemos em breve, Hazz. — Sirius fez a mesma coisa que o werewolf, logo se afastando.

— Te esperamos em casa, Hadrian. — Lucius também beijou a testa do garoto.

— Até breve, querido. — Narcissa imitou o gesto do marido.

— Malditas regras. — Tom estalou a língua antes de dar um selar rápido em Hadrian.

— Fique bem, Sunshine. — Bill imitou o gesto do moreno.

— Nos vemos logo. — Charlie fez o mesmo.

— Nós te amamos, filhote. — Maray beijou a testa do filho e acariciou sua bochecha com ternura.

— Sempre amaremos. — Ragnuk também beijou a testa do garoto.

— Estaremos do seu lado, Hazz. — Molly beijou a testa de Hadrian.

— Não podemos ficar aqui? — Dennis fez olhinhos de cachorrinho pidão para a mediwizard
enquanto o casal Malfoy, Maray, Ragnuk, Tom e os Weasley mais velhos se retiravam da
enfermaria para voltarem para a Malfoy Manor.

— Okay. — Poppy suspirou. — Os namorados podem ficar. — Os garotos sorriram


brilhantemente. — Mas ai de vocês que o perturbem. — Olhou-os com severidade.

— Seremos ótimos enfermeiros, Madame Pomfrey. — Draco assegurou-lhe.

— Nós voltamos pela manhã. — Luna anunciou. Todos se despediram e logo a enfermaria só era
ocupada por Augusta, Hadrian e seus namorados. Poppy havia se retirado para o seu escritório.
Fleur e seus pais estavam distantes e cobertos pelas cortinas do biombo da cama da loira.

— Vamos transfigurar uma cama para que possamos ficar mais perto dele. — Colin sugeriu.

— Boa ideia, loirinho. — Fred sorriu para o mesmo e logo a cama de solteiro ao lado da de Neville
expandiu-se para que todos pudessem se deitar nela. George pegou gentilmente o namorado nos
braços e o deitou no centro da cama ampliada. Todos se acomodaram ao redor do moreno, que
ainda estava dormindo pacificamente.

— Mais uma vez me desculpa, Cedric, por ter te atacado. — Viktor tinha suas bochechas
levemente coradas de vergonha e culpa.

— Já disse que eu não te culpo. — Cedric sorriu divertido. — Você não fez por querer. —
Tranquilizou-o.
— Melhor irmos dormir agora. — Dennis comentou. E então todos arrumaram-se ao redor da
imensa cama, colocaram o feitiço “não perturbe” comum que usavam em suas camas nos
dormitórios que dividiam com outros garotos e adormeceram.

— Ele ainda está com os pedaços de madeira? — Nyx perguntou enquanto procurava nos bolsos
de Hadrian.

— Sim. — Hera respondeu, saindo de outro bolso. — Eles estão seguros aqui. Hadrian colocou
um feitiço que os impedia de cair do bolso.

— Brilhante. — Elas voltaram a se deitar perto da cabeça de Hadrian.

— Será que ele não se incomoda com duas cobras deslizando sobre o corpo dele? — Hera
perguntou confusa.

— Ele está acostumado. Quando pequeno ele tinha muitos pesadelos e gostava quando eu o
circulava em um abraço. Ele nem acorda mais.

— Coitadinho do filhote. — As serpentes se enroscaram uma na outra e adormeceram.

Quando o dia amanheceu, Poppy balançou a cabeça em negação ao ver a cena de todos os
namorados de Hadrian dormindo ao seu redor. Ela começou a acordá-los e fez a enorme cama
voltar a ser uma cama de solteiro. Quando Hadrian acordou, pode ver o verdadeiro Moody deitado
mais distante deles, o olho mágico e a perna de pau descansando na mesinha ao lado de sua cama.

— Descansem meninos. — Falou para Viktor e Cedric depois de fazer outra varredura neles antes
de se virar para Hadrian. — Eles querem você no banquete de hoje. — Poppy retirou-se para
conferir Moody. Cedo da manhã os Delacour levaram Fleur para a França para ser tratada pelo
médico particular deles. Hadrian só desejava que Neville estivesse acordado e ao seu lado.

Os dias que se passaram, foram um borrão desconexo para Hadrian. Dumbledore fizera uma
grande cerimônia para anunciar o campeão de Camelot que conquistou a Taça Triwizard do
torneio. Na cerimônia, todos os alunos de Hogwarts comemoraram com alegria, sem saberem que
Hadrian não se sentia nada feliz com isso. A única coisa que o fazia agradecer por ser ele quem
havia pegado a Taça primeiro, nenhum outro campeão teria ido para o cemitério e morrido por ser
o “errado”. Hadrian dera o seu prêmio de mil galleons para Fred e George, como um financiamento
de seus produtos. Os dois ficaram incrivelmente felizes com isso e prometeram-lhe dar produtos de
graça. Hadrian fez as provas que lhe faltaram. Como não havia mais professor de Defesa Contra as
Artes das Trevas, tinham o tempo dessa aula livre para fazerem qualquer coisa. Hadrian estava
evitando ficar em locais cheios, optando por comer nos jardins. Todos estavam estranhos, quando
Fudge começou a espalhar boatos sobre Hadrian ser louco e insano enquanto Dumbledore
afirmava que Voldemort havia retornado. Fudge decidiu manter-se contra o diretor, já que nem
Mesmo Hadrian falara sobre o retorno do Dark Lord. Dumbledore, por sua vez, falava aos ventos
sobre Hadrian ter enfrentado o Dark Lord.

Viktor despediu-se de Hadrian, dizendo que voltaria para ele assim que terminasse a escola e
abandonaria o quidditch. Hadrian assustou-se, achando que ele era o culpado pelo búlgaro desistir
do seu sonho, mas o outro assegurou-lhe que ele estava cansado de todas aquelas viagens e a
loucura dos fãs. Havia se passado uma semana desde o término do torneio, Hadrian estava na
enfermaria ao lado de Neville, conversava com Augusta sobre a infância do namorado. Ele estava
tão envolvido na conversa que se surpreendeu ao sentir sua magia vibrar e puxá-lo para Neville.
Seus olhos instantaneamente se focaram no rosto do Gryffindor, e suas mãos seguraram a do
namorado.
— Nev? — Hadrian chamou esperançoso. Seu rosto se iluminou num sorriso radiante ao ver o
rosto abaixo do seu se contorcendo. — Graças a Merlim. — Seus olhos encheram-se de lágrimas ao
ver Neville acordando.

— Hazz...? — Sua voz saiu rouca e falhada.

— Eu estou aqui, amor. — Hadrian colocou uma mão na bochecha do namorado e a acariciou com
carinho. — Eu estou aqui com você, DesertRose. — Abraçou Neville com força e chorou no seu
pescoço. Um pouco desnorteado, o menor retribuiu o gesto e se deixou ser envolvido pelo cheiro
doce do namorado.

— Graças a Merlim. — Augusta chorava de alegria enquanto corria até o escritório de Poppy para
chamá-la.

— Eu senti tanto a sua falta. — Hadrian se separou do abraço para olhá-lo nos olhos. — Eu fiquei
com tanto medo de te perder. — E então as memórias de Neville foram liberadas da névoa de
confusão. E ele compreendeu o porquê de Hadrian estar tão feliz em vê-lo.

— Eu estou bem agora, Sunshine. — Neville sorriu para o namorado, que o ajudou a sentar-se.

— É bom vê-lo acordado, senhor Longbottom. — Poppy sorriu para o Gryffindor ao se aproximar
da cama. — Eu preciso examiná-lo, Hadrian. — Encarou o moreno com uma falsa repreensão.

— Ta. — Resmungou emburrado antes de se afastar do namorado. A mediwizard fez uma


varredura em Neville e sorriu.

— Ele está perfeito. — Augusta e Hadrian trocaram olhares de felicidade. — Não houve nenhuma
sequela. Suponho que mais um dia de descanso para termos certeza e ele poderá ir.

— Estou tão feliz em escutar isso. — Augusta se aproximou e abraçou o neto com ternura. — Me
perdoe por ser muito dura com você, querido. E-eu só queria evitar que você sofresse, e acabei te
machucando. — A senhora chorava.

— Está tudo bem, vovó. — Neville a abraçou, sorrindo com amor pela mulher que o criara.

— Eu te amo tanto, Nev. — Olhou-o nos olhos e sorriu.

— Eu também te amo, vovó. — A senhora deu-lhe um beijo na testa.


Capítulo 125
Chapter Notes

Vocês: "Nossa! Como assim Dumbledore não surtou com o Tom estando em
Hogwarts?"
Cês é muito afobado. Parece até que nascerem de 7 meses. Tudo precoce. Calma
rapaziada. Nóis sabe o que estamos fazendo (sabemos?) sfsdfsdfsdfsd
No meio do cap tem uma referência que eu irei disponibilizar o link pra vocês
conseguirem visualizar melhor o que aconteceu: https://youtu.be/FmwOUK7Jxpg?
si=yHqAsRkM_F88eJ2l
Espero que gostem do cap. Estou ansiosa pros caps que virão

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Se você parasse para prestar atenção na magia de Hogwarts poderia ver um ar divertido
vindo do castelo, algumas pedras se erguiam minimamente nos corredores logo afrente de Albus
Wulfric Brian Dumbledore, que caminhava a passos pesados em direção ao seu escritório. O velho
tropeçava inúmeras vezes com os ataques surpresas do castelo, o que só aumentava a sua raiva. Os
olhos azuis atrás das lentes dos óculos de meia-lua não tinham mais o brilho de avô gentil e
brincalhão, agora eles estavam escuros com o mais puro ódio. Quando ele finalmente conseguiu
isolar-se no escritório do diretor sua magia explodiu, os estranhos objetos cintilantes estremeceram
e alguns tiveram a infelicidade de cair ruidosamente no chão.
Dumbledore empunhou sua varinha de Sabugueiro e apontou para qualquer objeto na sua
frente, lançou feitiços por puro instinto com o único objetivo de extravasar sua raiva borbulhante.
Os quadros no escritório se refugiaram em suas molduras, rezando para que não fossem pegos em
um feitiço perdido. A escola, por outro lado, estava se divertindo em mover alguns objetos apenas
para atrapalhar o atual diretor em seu exercício de controle de raiva, as vezes ela jogava alguma
coisa na direção dele em seu ponto cego apenas para o irritar ainda mais. Quando Dumbledore
finalmente parou de lançar feitiços para todos os lados (e ser humilhado por Hogwarts) ele foi
jogar-se em sua poltrona atrás da mesa do diretor, mas a escola puxou o acento para trás e o velho
estatelou-se no chão, caiu com tudo de cóccix no chão. Mil e um xingamentos escaparam de seus
lábios encobertos pela barba branca, os quadros se esforçavam para não deixarem os risos
escaparem por entre os dedos que tampavam as bocas, alguns deles saíram de suas molduras
apenas para gargalhar longe dos ouvidos do atual diretor.

Dumbledore levantou-se com dificuldade, uma mão massageando o osso da bunda dolorido,
uma pulsação ardente o fazendo estremecer ao sentar-se cuidadosamente na poltrona. Sua varinha
pousou na mesa e a mão livre foi até a sua têmpora para massageá-la. Diante de si, uma pedra
particularmente grande no chão elevou-se em um padrão como se a escola estivesse rindo dele
antes de parar. Finalmente seguro em sua poltrona e sozinho em seu escritório o velho permitiu-se
organizar seus pensamentos. Tom Marvolo Riddle estava na Ala Hospitalar, dentro de Hogwarts.
Como ele conseguiu um corpo? Como ele está jovem? Por que tem uma relação com Hadrian
Tamish Potter? E como existem dois Tom Riddle no mundo?

Se o seu plano com o diário dera errado, onde Potter conseguira o artefato e Tom adquiriu
um corpo depois de matar Ginny Weasley. Se isso aconteceu então ele ficou com os Malfoy desde
então e nunca deu as caras na sociedade bruxa. Então como Voldemort estaria de volta se Tom
Riddle estava atualmente em Hogwarts e genuinamente preocupado com Potter? Era possível
existirem dois Tom ao mesmo tempo no mundo? Voldemort odiava Potter enquanto Tom o amava.
Ambos são partes da mesma alma com personalidades muito diferentes uma da outra.

— ALBUS! — Fudge entrou pelo Floo depois de resolver o que precisava no Ministério.
Dumbledore ficou parado em sua poltrona por uma hora perdido em pensamentos antes do
Ministro invadir seu escritório em um momento de escapada entre as burocracias ministeriais.

— O que foi, Cornelius? — O diretor ergueu seus olhos, ajeitando-se rigidamente no acento. O
corpo velho protestando por ter ficado na mesma posição por muito tempo, ainda mais o cóccix
maltratado.

— O que vamos fazer? Potter disse que Voldemort voltou. Não posso falar isso para a população,
eles vão perder a fé no Ministério e começar a duvidar de nossas ações. Não podemos perder o
poder que temos sobre eles.

— Continue alienando as massas. — Dumbledore suspirou. — Continuaremos com a atuação de


que estamos em lados contrários e que você me odeia. Desminta tudo o que eu falar,
principalmente quando eu propagar que Voldemort retornou.

— Tudo bem.

— Você pode ir, Cornelius.

— Nos falamos depois. — E o ministro desapareceu em meio a chamas verdes.

— Ninguém acreditaria em um velho senil de que existiam dois Voldemort com personalidades
diferentes e que um deles estava em Hogwarts. Muito menos que Hadrian Tamish Potter estava se
relacionando com o assassino de seus pais.
Dias depois todos deixaram Hogwarts e voltaram para suas casas. Neville foi mimado o
tempo todo, Augusta acabou por se hospedar na Malfoy Manor, já que Hadrian também queria
passar o máximo de tempo ao lado do namorado. Então a família aumentou. A partir daí todos
iniciaram uma rotina rígida de treinos, tanto físico quanto mágico, pois sabiam que uma batalha
estava se aproximando. Em certo dia. Uma manchete incrível estava estampada na capa do Daily
Prophet, o que desestabilizou toda a sociedade bruxa. Artigo esse que resultou na fuga de Albus
Dumbledore para um local desconhecido para tudo e todos.

AS MENTIRAS DO FALSO LIGHT LORD

Por Rita Skeeter

Meus caros leitores, nós passamos anos sendo enganados por Albus Percival Wulfric Brian
Dumbledore. Aquele que se passava pelo bom velhinho era o pior dos monstros.

Hoje, chegou a mim informações e provas que irão abalar a todos.

Primeiramente iremos falar sobre os extratos das movimentações nas contas de Hadrian
Tamish Potter na época em que ele ainda vivia com os tios muggles e não sabia nada sobre o
mundo mágico e as contas no Banco Gringotts. Tais movimentações foram feitas por
Dumbledore, tanto para a conta do mesmo, como para a conta de diversas outras pessoas,
entre elas vários membros da tal falada Order of The Phoenix. Assim usando o dinheiro de
uma criança para financiar seus soldadinhos da Luz.

Forçada e ilegalmente Dumbledore se fez guardião mágico de Hadrian Tamish Potter, sem o
consentimento ou conhecimento dos padrinhos do jovem.

Confissões e extratos bancários dos tios muggles de Hadrian Tamish Potter, confirmam que
receberam pagamentos para serem cruéis com a jovem criança durante o seu crescimento.

Mentiras sobre enfermarias de sangue na casa dos muggles. Enquanto alegava que Petúnia
Dursley era sua tia por compartilhar o mesmo sangue que Lily. Porém Lily Potter fora
adotada ainda bebê pelos Evans, então ela não compartilha o mesmo sangue de sua irmã
adotiva Petunia Evans.

Interferiu, quando Narcissa Malfoy, a única e verdadeira guardiã legal de Hadrian Tamish
Potter, tentou receber a guarda do garoto ainda bebê. Dumbledore a impediu, alegando que
Hadrian estaria mais seguro com os tios. Coisa que todos sabemos que era que era mentira.

Permitiu que Sirius Black, um homem inocente ficasse mais de 12 anos preso em Azkaban
por um crime que não cometeu. Mesmo enquanto sabia da verdade de que Sirius não era fiel
do segredo, pois fora ele quem o lançaram. E não trouxe a verdade a público para inocentar
alguém que fora condenado injustamente.

Registro dos Testes de Herança de Hadrian Tamish Potter. Que confirmam dezenas de selos
e compulsões colocadas no jovem ainda bebê. Todos sabem que selos e compulsões são tão
proibidos quanto as Imperdoáveis, ainda mais quando postos em um bebê com apenas um
ano de idade que nem formara seu núcleo magico direito.

Contratou um homem que fora possuído por uma parte da alma Daquele-Que-Não-Deve-Ser-
Nomeado no primeiro ano de Hadrian Tamish Potter, e o garoto quase fora assassinado
naquele mesmo ano. Dumbledore não fizera nada.

Contratou um homem que era uma completa fraude e que ganhou fama enquanto roubava os
feitos de outros bruxos e os obliviava logo em seguida. Durante o segundo ano de Hadrian
Tamish Potter, quando a Câmara Secreta fora aberta novamente (resultando na morte de
uma aluna), onde Lockhart tentou obliviar Hadrian após o garoto descobrir que o homem
era uma fraude. Dumbledore não fizera nada.

Provas de que fora Dumbledore que ajudou os muggles quando Hadrian fora sequestrado e
enviado de volta aos Dursley. Ele amaldiçoou um colar para selar a magia de Hadrian, o
mandou para a casa onde só conheceu a dor e o sofrimento, além de que criara uma sala de
tortura mágica para que Hadrian fosse torturado das piores maneiras sem morrer e sem
ninguém conseguir o escutar do lado de fora ou o localizar.

O laudo médico de todos os ferimentos que Hadrian Tamish Potter sofreu quando fora
capturado pelos muggles estará numa foto logo abaixo.

Contratou um Death Eater que se passava por Alastor Moody, e permitiu que ele ensinasse as
Imperdoáveis para os alunos de Hogwarts. Sem contar que permitiu que os alunos fossem
colocados sob Imperius para que eles “conhecessem a sensação e treinassem uma forma de
lutarem contra a maldição”. “Moody” fora o responsável pelo nome de Hadrian ter sido
colocado no Cálice de Fogo, e na terceira prova ele amaldiçoou os outros participantes para
fazer com que o garoto chegasse na Taça primeiro. Esta que fora encantada para levá-lo
direto para Você-Sabe-Quem, resultando na ressureição do Dark Lord. Dumbledore não
fizera nada.

Como diretor de Hogwarts, ele saberia imediatamente se uma Imperdoável fosse usada nos
terrenos da escola, ele também quem fora o responsável pela maldição. Mas Dumbledore não
fez nada quando um aluno fora posto sob a Maldição Imperius. Ou, como o próprio Hadrian
afirmou, Dumbledore fora quem usou a maldição para machucar um dos amantes de
Hadrian para o ferir emocionalmente.

Relatos de diversos alunos que sofreram nas mãos de alunos da Gryffindor, que foram
procurar justiça não a acharam, pois Dumbledore sempre ignorou os atos dos alunos da casa
do leão. Não importando quão grave o delito fosse, nunca houve punições. E ainda tenta
punir outras casas pelos delitos da Gryffindor. Ele favorece a casa do leão e faz as outras
sofrerem por isso. Além de que incentiva a má fama da Slytherin e os menospreza com ações
sutis.

Assinou leis extremamente racistas para membros de raças não humanas, e categorizou
inúmeras raças como sendo das “Trevas”. Enquanto ele proclamava a igualdade entre todos
para o público, pelas costas ele fazia todos acreditarem que as criaturas eram monstros que
queriam nos destruir. Também negou a aprovação de diversas leis que poderiam ajudar
nossa sociedade a dar um passo adiante.

Transformou o ensino de Hogwarts, que antes era conhecido como um dos melhores, em
motivo de piada entre as outras escolas pelo mundo. E ainda mantem um ensino tendencioso
sobre as artes das trevas, sendo que feitiços são feitiços. O que importa de verdade é a
intenção do lançador.

Relatos de alunos e ex-alunos de Hogwarts que sofriam abusos de suas famílias, que tentaram
pedir socorro para Dumbledore, mas nunca receberam nenhum auxílio do velho. Seus
pedidos de ajuda foram ignorados como uma “birra infantil”, que suas famílias os amavam e
eles estavam exagerando sobre os fatos.

Fez todos esquecerem a origem de nossa magia, enquanto nos afastamos ainda mais da fonte.
Mudando as tradições, repudiando nossos antigos rituais de agradecimento e adoração.
Trazendo feriados muggles, em vez de nossos feriados originais. Tudo isso mata lentamente
nossa magia. Vocês não percebem? Suas magias dia após dia enfraquecendo?

Como todos podem ver, as palavras de Hadrian Tamish Potter não são vazias e sem
fundamento, e sim provas concretas. Todos fomos levados a acreditar que Dumbledore era o
salvador, quando na verdade ele seria aquele que nos destruiria. Agora temos um perigo
ainda maior do que Você-Sabe-Quem, e esse perigo se chama Dumbledore. Que agora é um
fugitivo que ninguém sabe a localização.

A comunidade bruxa da Grã-Bretanha estava em colapso. Todas aquelas provas


desestabilizaram a todos. Os bruxos apoiadores da Luz se viram divididos, alguns loucos fanáticos
ainda acreditavam em Dumbledore, outros abriram seus olhos para a verdade e ficaram do lado de
Hadrian. McGonagall foi colocada como diretora de Hogwarts, ela soube esconder muito bem sua
verdadeira lealdade, e Aurora Sinistra fora colocada como vice-diretora. O Ministério começou a
interferir em Hogwarts então Severus não pode virar diretor, até porque ele era muito próximo a
Hadrian e eles tinham medo de que o homem fosse favorecê-lo de alguma forma.

Hadrian não ligou muito para a mudança, ele tinha coisas mais importantes para focar, como
nos treinos e passar tempo com a família. Ele também estaria analisando as mudanças que fariam
para que, quando ele assumisse o controle da escola, ele pudesse mostrar os erros que cometeram e
esfregar nas suas caras. Por hora, ele pensaria com calma nos planos de mudanças para o futuro de
Hogwarts.

— Está rachando! — Hadrian exclamou excitado enquanto via a casca do ovo de dragão rachar.
Charlie estava logo ao seu lado, compartilhando sua animação.

Os dois olhavam ansiosos para o ovo que se mexia cada vez mais, várias fendas e rachaduras
surgiram em sua casca até que uma patinha irrompeu para fora. Era pequena e branquinha com
afiadas garrinhas. Hadrian viu com fascinação o pequeno dragão sair da casca. O Qiulong Albino
tinha um corpo esguio como o de uma serpente, porém com quatro patas bem espaçadas entre si
que tentavam sustenta-lo; media o tamanho da mão de Charlie; suas escamas são brancas; a barriga
é lisa e uma crista de pelos brancos inicia no final do crânio e termina no rabo, criando um pequeno
rabinho como o de um leão; ele tinha duas galhadas com três fragmentações irrompendo da sua
cabeça; uma linha fina e longa de cartilagem, parecendo um “bigode”, projeta-se para fora logo
acima das suas narinas. Seus olhos de pupilas como as de um gato são de um azul claríssimo.

— Olá. — Hadrian sorriu para o filhote, que o analisou com interesse. O dragãozinho espirrou uma
pequenina bolinha de fogo roxo púrpura, o que fez Hadrian sorrir divertido. — Gostaria de receber
um nome?

— Já tenho um. — O dragão examinou seu corpo e moveu as patas, experimentando-as para ver
como funcionavam e tentando se firmar no chão.

— Você tem? — Hadrian perguntou surpreso. — E qual seria o seu nome? — Os dois bruxos
estavam achando a coisa mais adorável o dragão brincar com o seu rabo.

— Erebus. — Os olhos azuis focaram-se em Hadrian.

— E como você tem um nome se acabou de eclodir? — Indagou confuso.

— Segredo. — O dragão inclinou a cabeça levemente para o lado e colocou a ponta da linguinha
bifurcada para fora. — Eu estou com fome. — Hadrian sorriu para o dragão.

Eles descobriram que Erebus é muito curioso e tinha dificuldades em relacionar-se com os
humanos. Nyx e Hera, imediatamente abraçaram Erebus como seu filhote e o ajudaram a se adaptar
ao ambiente, como caçar sua comida e controlar sua magia. O dragão também tinha uma absurda
velocidade de crescimento, logo ele estaria gigante. Narcissa praticamente enlouquecia quando ele
aprendeu a voar, coisa que ele adorava fazer. Por ser da espécie chinesa ele não precisava usar
magia para voar, era algo natural, mesmo que não tivesse asas. Ele amava voar dentro da mansão,
Narcissa e os house-elves corriam atrás dele, pois ele se comportava como um gato, ou seja,
derrubando tudo que podia, ou tacando fogo nas coisas. Sirius foi visto como brinquedo para
Erebus, pois ele cheirava a cachorro e o dragão adorava morder o animagus. Remus até que se
salvava por ser werewolf, portanto uma criatura mágica como Erebus. Outro fato sobre o dragão
era que ele não desgrudava de Hadrian, ele simplesmente o adorara e queria sempre a sua atenção.

O dragão adorava se esconder atrás ou embaixo dos móveis para poder assustar alguém,
Sirius era o seu alvo principal. Hadrian também descobriu que, conforme Erebus ia crescendo, sua
inteligência parecia aumentar drasticamente e conhecimento de coisas diversas pareciam ser
implantadas em sua mente. Dennis brincou dizendo que logo ele seria aqueles dragões anciões
cheios de conhecimento que ele via nos desenhos animados muggles. Erebus adorava voar com
Fawkes, Hedwig, Scorpius e os filhotes das corujas, do mesmo jeito que Nyx e Hera o ensinavam
tudo o que sabiam e se divertiam nas caçadas.

Hadrian tomou um longo tempo conversando com Tom. No início ele queria saber a
localização das outras Horcruxs para destruí-las e matar Voldemort e deixar apenas o “Tom do
diário” vivo. O mais velho concordou com o seu plano e começou a tentar imaginar em quais
objetos estavam as outras partes da alma, já que ele não tinha as memórias ou o conhecimento de
Voldemort depois de ter sido criado, então ele só tinha palpites. Mas Hadrian achou-os muito
valiosos. E anunciou que os dois começariam a “caçada” em breve, já que Tom tinha como
conseguir a localização das Horcruxs com um feitiço. Os dois só tinham que se planejar para irem
aos locais e acharem os objetos corretos.

O Garoto-Que-Sobreviveu estava brincando com as criaturas que viviam na mansão em uma


trade ensolarada. Sirius, obviamente, estava em sua forma animagus e se divertindo junto aos
outros. Remus surgiu um pouco depois ao ver todos no jardim e perguntou com um sorriso
caloroso:

— O quer você está fazendo, filhote?


— Brincando com um cachorro velho. — O garoto sorriu brilhantemente para o werewolf. Sirius,
que estava bem ao lado de seu afilhado, começou a rosnar de brincadeira. Hadrian colocou o
polegar na mandíbula inferior e o indicador na superior e começou a fechar a boca do cachorro que
ainda rosnava. Ele soltava o aperto e depois tentava fechar de novo apenas para conseguir produzir
um som único de um cão rosnando.

— Olha, Remy! Ele faz “nha nha nhaaa”! — O garoto caiu na gargalhada, ainda abrindo e
fechando a mandíbula de Sirius.

No momento, Hadrian estava indo até o quarto de Remus o chamar para o jantar. Ele ainda
tinha que encontrar Sirius e Severus depois. Erebus estava confortavelmente aninhado nos braços
do garoto, em poucos dias ele já estava do tamanho de Crookshanks. A porta do quarto do
Werewolf estava destrancada, então o garoto deu uma batidinha e entrou. Apenas para paralisar ali
na porta mesmo. Ele nunca imaginou presenciar uma cena daquelas, sua mente estava
completamente em branco.

Remus estava no meio de duas pessoas, a cabeça jogada para trás, uma mão segurava o
quadril de Severus enquanto a outra segurava os cabelos de Sirius. O pocionista estava em suas
costas, o corpo colado com o do werewolf, as mãos segurando seu peito enquanto beijava a parte
de trás de seu ombro. Sirius estava na frente do werewolf, uma mão segurando sua cintura com
força enquanto a boca beijava e chupava sua garganta exposta. As roupas dos três estavam
desalinhadas e amassadas, as bochechas e os lábios vermelhos, os corpos pressionados uns contra
os outros.

— Desculpe. — Os três se assustaram e entraram em desespero.

— Hazz... — Severus o encarou com espanto. Eles se afastaram como se tivessem se queimado, os
olhos muito arregalados.

— I-isso não... — Sirius tentou falar.

— Ta tudo bem. — Hadrian desviou o olhar.

— Não é isso que você está pensando... — Remus tentou.

— Fico feliz que vocês tenham se entendido e pararam de brigar. — Levantou o olhar e deu um
sorriso estranho para os três, que concluíram que fora pelo constrangimento, e foi se afastando. —
Desculpe por atrapalhar. Podem continuar. — Virou-se e saiu rapidamente dali.

No dia seguinte, Hadrian voltou para o Reino Goblin para levar Erebus para conhecer os
outros dragões. Sirius, Remus e Severus sentiram-se tristes por não poderem conversar com o
garoto. Os três pensaram que ele deveria estar muito envergonhado com o que viu e não conseguia
olhar para eles sem sentir-se constrangido. Erebus adorou conhecer os outros dragões e brincar
com os outros filhotes. As quatro mães dragão arrulharam ao redor do pequeno bruxo e o bebê
dragão. Os filhotes, que amavam morder as coisas para exploração, ficaram com os dentes doendo
quando tentaram morder a forma quimera de Hadrian, já que suas escamas eram extremamente
duras. Os goblins estavam muito felizes com o retorno de seu adorado Príncipe. Os dias seguintes
se passaram com Hadrian e os goblins discutindo um plano para substituir o dragão acorrentado no
fundo do banco.
— Filhote. — Maray o chamou quando o almoço foi posto na mesa.

— Sim, mãe? — Olhou-a com curiosidade enquanto os três se sentavam à mesa.

— Queríamos conversar com você sobre esse brinco. — Ragnuk falou.

— Vocês sabem o que é? — Hadrian perguntou. — Eu acordei com ele depois do pequeno
surto de magia na casa dos Creevey. — Comentou um pouco envergonhado.

— Pequeno surto? — Ragnuk ergueu uma sobrancelha divertida.

— Esqueça isso. — Maray desconversou. — Para responder suas perguntas... — Ela tomou
fôlego. — Esse brinco tem um poder inimaginável, mas nenhum goblin soube o que
realmente era. A única coisa que sabemos é que não deveria ser possuído por ninguém.

— Mas como o brinco, por si mesmo, quebrou a defesa do cofre Pendragon e se ligou a você...
— Os goblins trocaram olhares. — Não há nada que possamos fazer. Não sabemos se vai
acontecer alguma coisa ou não. Só o tempo nos dirá.

— Eu sei que ele não está me prejudicando. — Hadrian ergueu uma mão e tocou na joia, ela
pareceu vibrar e esquenta ao seu toque. — Eu sinto que ele só tá pegando um pouquinho de
magia minha, talvez para se ligar a mim. Não sei. Mas não é nada prejudicial, então não me
preocupei.

— Mesmo assim é melhor ficarmos de olho. — Maray deu um tapinha na mão do filho.

— Não se preocupe, mãe. — Beijou sua bochecha. — Então, pai! — Seus olhos brilharam na
direção do outro goblin, um sorriso imenso em seus lábios. — Descobriu uma maneira de
substituir o dragão?

— Sim, filhote. — Ragnuk riu da empolgação do garoto, que só se intensificou com sua resposta.
— Hoje à tarde iremos libertá-lo.

— Posso dar um passeio com ele? — Perguntou animado.

— Lá vai ele. — Maray balançou a cabeça em negação, mas seu sorriso divertido a denunciou.

— Pode sim, querido. — Ragnuk deu uma risadinha.

— YEY! — Comemorou alegre. — Vamos, pai! — Se apressou a comer. — Coma! Vamos!

— Vá com calma, filhote. — Maray repreendeu quando o garoto se engasgou.

— Temos tempo, não precisa se apressar. — Ragnuk riu do garoto vermelho de tanto tossir e
beber água para fazer a comida descer pela garganta.

— Vamos trazê-lo para o Reino depois? — Hadrian perguntou quando finalmente se acalmou.

— Se ele desejar, sim. — Maray sorriu. — Seu pai vai encontrá-los e trazê-los para cá.

— Você tem duas horas para se divertirem juntos. — Ragnuk anunciou.

— E nada de serem vistos por muggles!


— Okay! — Hadrian sorriu animado e terminou de comer. — Vamos! — Se levantou num pulo,
agarrou a mão do pai e saiu correndo porta afora.

— Eu nem terminei! — Ragnuk riu da empolgação do filho. Maray balançou a cabeça em


negação e Nyx sibilou uma risada.

Hadrian arrastou seu pai até as vagonetas, aonde eles foram até o dragão. O garoto deixou
seu pai em segurança e se aproximou da imensa criatura. Ele estava nervoso, nunca conversara
com esse dragão. Então não sabia se seria atacado ou não.

— Olá. — A criatura moveu sua cabeça na direção do som, os olhos praticamente cegos encarando
exatamente o ponto onde o garoto estava.

— Você pode falar comigo? — Uma voz profunda e grave ressoou pelo local. Era um macho.

— Sim, eu posso. Eu sou Hadrian Potter. E você?

— Eu me chamo Azag. — A cabeçorra abaixou-se para cheirar o garoto. — O que um filhote de


bruxo faz aqui?

— Eu vim lhe dizer que o Rei Goblin encontrou uma forma para substituir a segurança que você
fornece aos cofres. Eu conversei com ele e você será libertado. Você tem a opção de ficar livre
aqui, ou no Reino Goblin. No reino temos quatro dragões fêmeas com seus filhotes. O local é
imenso e você poderia até se isolar, se assim desejar.

— Estás a dizer que serei libertado desta prisão? — Bufou ar no garoto antes de virar o rosto para
que seu olho quase cego ficasse na sua frente.

— Sim. — Hadrian sorriu ao perceber que não seria atacado. — Onde deseja ficar?

— Suponho que o Reino Goblin seja mais seguro para um dragão praticamente cego. —
Resmungou. — E como você disseste anteriormente, existem outros dragões lá. Eu aceito ir para
o Reino Goblin.

— Brilhante! — Hadrian praticamente saltitou. — Irei soltá-lo. — Anunciou quando se


aproximou da criatura. Ragnuk olhava tudo maravilhado. — Eu gostaria de levá-lo para voar
antes de irmos. O que acha?

— Adoraria, pequeno bruxo.

— Perfeito. — Comentou animado. — Meu pai, Ragnuk, vai expandir espaço até o topo e fazer
uma abertura para que possamos sair. Podemos voar acima das nuvens para que os muggles
não nos vejam. Depois meu pai vai nos achar e iremos para o Reino. Soa bom para você, Azag?

— Soa perfeito, pequeno bruxo. — Abaixou-se no chão. — Suba, pequenino. Vamos voar.

— ATÉ MAIS, PAI! ​— Hadrian acenou para o goblin sorridente e subiu nas costas do dragão. O
garoto se segurou em suas cristas e firmou-se.

— VOCÊS TÊM DUAS HORAS! — Ragnuk gritou. Hadrian olhou admirado as paredes do poço
infinito em que se encontravam se alargando até a cúpula de vidro do alto do edifício do banco.

— Vamos voar, Azag. — Hadrian se firmou.


— Eu esperei tantos anos por isso.

O dragão estendeu seus braços, que eram as grandiosas asas, agachou-se no chão, pegou
impulso e pulou. Ele bateu as asas com força, mas anos de desuso mostraram as consequências.
Escalando as paredes vez ou outra, ele finalmente conseguiu voar. E então o dragão disparou para
cima como uma bala. Lá no alto, quando a imensa criatura irrompeu do banco de Gringotts, os
bruxos do Diagon Alley gritaram e ofegaram de pavor. O dragão urrou em liberdade e cuspiu fogo
aos céus. Hadrian gritava de alegria nas suas gostas. Rita Skeeter tirou uma foto incrível da dupla.
Azag tomou impulso e voou para longe, uma fortíssima corrente de ar abalou os bruxos
apavorados no beco enquanto a criatura ia cada vez mais para cima, logo desaparecendo nas
nuvens. Skeeter correu para Gringotts com sua pena e pergaminho já em mãos.

— É tão bom ser livre e voar. — Azag comentou com felicidade, seus olhos quase cegos se
esforçando para ver os arredores.

— Eu conheço um feitiço que pode consertar seus olhos. Se você desejar posso fazê-lo agora. —
Hadrian acariciou as escamas brancas.

— Você pode, pequeno humano? — Perguntou esperançoso. — Por favor faça! Desejo minha
visão de volta!

— Claro, Azag. — Colocando as duas mãos nas escamas do dragão, Hadrian concentrou sua
magia, fechou os olhos e então sentiu uma corrente elétrica sair das suas mãos e entrar na criatura
abaixo de si. Azag piscou os olhos várias vezes, cada vez mais sua visão ia voltando. A felicidade
e gratidão o consumiu quando finalmente conseguiu enxergar sem problema algum.

— Obrigado, pequeno humano. — Agradeceu feliz. — Serei eternamente grato por isso, e por
me libertar. Devo-lhe minha vida.

— Está tudo bem, Azag. — Hadrian sorriu. — Só desejo sua amizade e seu bem-estar. — Ele se
deitou para frente nas costas da criatura. A magia que usara para consertar a visão do dragão fora
muito grande. Seu corpo estava fraco e dormente por causa disso. — Só vou descansar um
pouquinho. Foi muita magia.

— Descanse o quanto precisar, pequeno humano. Irei ser cuidadoso para não o derrubar
enquanto voamos.

— Obrigado. — E então ele se permitiu ficar em um estado em que não estava nem dormindo,
nem acordado. Ele olhava para as lindas paisagens pela qual sobrevoavam, a mente um vazio
completo, apenas apreciando a paz e serenidade do voo. Era uma das melhores sensações que ele já
sentira a vida.

Ragnuk sorria como bobo ao ver a cena na sua frente. Azag havia pousado num grande
campo florido longe de qualquer alma humana. Hadrian estava sentado na grama e encostado no
dragão, os dois conversavam sobre o Reino Goblin e pareciam estar criando uma amizade. De fato,
aquela cena era esplêndida, e ver seu filhote rindo deixava tudo ainda mais belo. O goblin sorriu
ainda mais ao ver os olhos azuis do dragão, ele sabia que o filho havia curado sua visão.

— Prontos para irem? — Se aproximou sorridente.

— Pai! — Hadrian sorriu radiante.

— Vocês se divertiram? — O garoto e o dragão se levantaram.


— Muito! Azag queria saber sobre o Reino, então eu estava o contando sobre! — O goblin
sorriu. — Pronto para conhecer sua nova casa? — Se virou para o dragão.

— Sim, pequeno humano. — Usou seu focinho para cutucar lhe as costas.

— Estamos prontos, pai. — Estendeu uma mão. Ragnuk segurou a mão oferecida e tocou no
pescoço do dragão.

— Vamos para casa. — E então os três desapareceram. No instante que pousaram no grandioso
campo um pouco longe da aldeia, Hadrian sorriu para os quatro dragões e seus filhotes muito
ansiosos para conhecerem o recém-chegado.

— Pessoal. — Hadrian se virou para os dragões enquanto Azag se acomodava ao seu lado. —
Gostaria de lhes apresentar Azag.

— É um prazer conhecê-las, senhoritas. — Curvou sua cabeça minimamente. Fawkes, Erebus e o


obscurus se aproximaram voando. Os três haviam seguido o garoto pelo portal na Malfoy Manor,
eles o adoravam e sempre o seguiam.

— Eu vou voar um pouco com eles, okay? — Hadrian olhou para o pai.

— Claro, filhote. — Ragnuk sorriu. — Mas volte para o jantar.

— Okay. — Deu um beijo na bochecha do pai e correu até os dragões. — Hey pessoal! —
Chamou saltitante, as criaturas o encaram. — Querem voar?

— Adoraríamos, pequeno dragão. — Tyrsa comentou animada. Azag abaixou-se no chão,


esperando que Hadrian subisse novamente em si.

— Não irei montá-lo, Azag. — Comentou divertido.

— Por que não? — Perguntou confuso.

— Lá fora eu não poderia deixar que soubessem no que posso me transformar. — Ele se afastou
um pouco. — Mas aqui eu sou livre para mostra-lhes minha forma animagus verdadeira. — E
então se concentrou na sua forma quimera.

Quando a quimera surgiu na frente dos dragões, todos o rodearam com animação, o
analisando com uma curiosidade impressionada. Os filhotes enérgicos o cutucavam animadamente.

— Vamos voar. — Hadrian se içou para cima e começou a voar. Os outros dragões o imitaram.
Fawkes, Erebus e o obscurus se colocaram ao lado de sua cabeça para voar consigo. O grupo
sobrevoou a aldeia, onde os goblins comemoraram ao verem seu Príncipe parecendo tão feliz no ar.
Definitivamente voar era uma das coisas favoritas de Hadrian. O obscurus se divertia fazendo aros
de areia negra para que os dragões passassem por dentro. Os goblins assistiam tudo com
empolgação.

GRINGOTTS EM CHAMAS?!

Por Rita Skeeter


Meus caros leitores, como sempre Hadrian Tamish Potter tem que fazer parte de pelo menos
uma matéria do Daily Prophet toda semana. E essa não seria diferente.

Hoje mesmo, enquanto eu estava no Diagon Alley voltando para a sede do Daily Prophet, me
deparo com a cena do senhor Potter atravessando o teto de Gringotts montado em um dragão
que, ao sair, começou a cuspir fogo, enquanto Hadrian ria e gargalhava.

Bem, de acordo com os Goblins que estavam em Gringotts no momento do ocorrido. Hadrian
abriu uma discussão com eles, sobre o dragão que servia de segurança dos cofres nas partes
profundas do banco. E como o garoto podia falar com dragões, eles pediram que ele falasse
com o dragão sobre libertá-lo.

E logo então Hadrian teve uma conversa com o Rei Goblin para colocar magia e feitiços, para
melhor guardar os cofres de Gringotts do que uma criatura viva. E com a permissão do Rei,
Hadrian saiu pelo teto do banco, após o Rei Goblin ter enfeitiçado a estrutura para que ela
não fosse destruída e o dragão pudesse passar sem sofrer danos.

Percebemos, caros leitores, que Hadrian Tamish Potter é um amante de criaturas mágicas,
assim como o famoso Newt Scamander. Eu, particularmente, achei admirável a atitude do
nosso Príncipe em querer libertar uma pobre alma acorrentada.

Ficarei atenta para mais notícias relacionadas Hadrian Tamish Potter no futuro.
Capítulo 126
Chapter Notes

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD


PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO
DISCORD (AllyLittleWolf#5060) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO
SERVER!!!

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra


https://discord.gg/VtcaguYpz6

Confiram o drive da playlist


https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Drive da fic
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnKYy2whyGzRLj0a?e=7xUraS

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha
fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?
si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:


https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:


https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Lord Voldemort estava completamente furioso. Ele foi humilhado na frente de seus
seguidores por um mísero pirralho de quatorze anos! Todos os seus anos treinando magia e
aperfeiçoando os seus poderes não serviram para nada com aquele moleque! Como a diferença de
força entre eles poderia ser tão grande assim? Como Hadrian Tamish Potter conseguiu o vencer tão
facilmente? Esse era o garoto da profecia. Aquele destinado a destruí-lo para sempre. O Dark Lord
não estava de bom humor, e seus seguidores que sofressem as consequências de respirar errado na
presença de seu senhor. Sem contar que ele perdeu cinco dos Death Eaters para aquele pirralho.
Que bom que ele estava em meio a uma reunião e poderia amaldiçoar alguém livremente para
descontar sua frustração.

Algumas semanas se passaram desde que Hadrian havia voltado para o Reino Goblin. Fudge
continuava a gritar para o mundo que Hadrian era um garoto insano e problemático e que
Dumbledore era um velho caduco que passava pano para o que Hadrian fazia. Skeeter continuava a
vazar podres de todos que apoiavam Fudge e a maioria do povo acreditou nos artigos da jornalista,
o que fez Hadrian receber várias cartas de apoio. Cedric havia fugido de casa por não aguentar
mais seu pai insultando-o e descontando sua raiva por ele namorar Hadrian, ou por perder o torneio
para o namorado, então ele se mudou para a Malfoy Manor. Os únicos que faltavam eram Viktor,
Neville, Fred e George. Os gêmeos se empenharam em infernizarem a vida de Ron; e Neville
estava passando um tempo a sós com sua avó para eles se reconectarem.

Sirius abraçou Crookshanks mais forte. O animagus estava em seu quarto, sentado na cama e
abraçando o gato laranja contra o peito. Seu semblante era triste, seu coração parecia vazio e as
cores do mundo ficaram cinzas.

— Eu queria poder ter conversado com ele. — O homem murmurou contra os longos pelos
alaranjados. Crookshanks miou em solidariedade. — Mas a dias ele voltou para o Reino Goblin e
não voltou para a mansão. — O gato se aninhou no pescoço do animagus e ronronou para tentar o
confortar. — Será que magoamos ele? Não era para as coisas acontecerem daquele jeito. Eu queria
poder conversar com o Hazz. Explicar a situação. — Sirius afundou o rosto nos pelos macios, o
gato sempre o confortava quando não estava se sentindo bem. Fora bom Crookshanks ter decidido
vir com ele, o homem não saberia o que faria sem o conforto do gatinho.

— Vocês viram o que o Hazz fez?! — Dennis entrou na sala de estar com um jornal em mãos e um
sorriso muito grande.

— Lá vem. — Tom comentou enquanto lia seu livro.

— Ele libertou o dragão de Gringotts. — O caçula do grupo colocou o jornal na mesa de centro
para que todos pudessem ver a manchete.

— Ele realmente gosta de uma cena dramática, não? — Bill comentou divertido.

— É do Hazz de quem estamos falando. — Cedric riu.

No meio de todo o falatório sobre a nova façanha de Hadrian, Lucius e Narcissa se afastaram
do grupo e foram para um local privado. Ambos voltaram muito tempo depois com os olhos
vermelhos, e Narcissa parecia com um olhar triste para o marido. Mesmo que os outros tivessem
perguntado sobre o que era o assunto, nenhum dos dois falou. Ninguém sabia de nada do que fora
feito ou dito nos momentos que o casal Malfoy se separou do grupo.

Afundando-se no Grimório de Morgana, Hadrian encontrou um ritual que ele conseguiria


unir todas as almas separadas de uma Horcrux no “corpo primordial”. O ritual era complicado,
possuía runas complexas e suas falas eram em uma língua desconhecida, provavelmente uma
língua morta. O círculo mágico deveria ter, ao seu redor, os objetos das Horcruxs e no centro o
“corpo primordial”. Se houvessem mais de uma, o ritual era dividido em suas partes. O Grimório
dava a entender que, a sanidade de Tom voltaria conforme os pedaços de sua alma juntavam-se a
“original”. Então ele não seria um megalomaníaco psicótico como agora. Hadrian e o “Tom do
diário” viram-se animados com a caçada.

Mas em uma noite, algo estranho aconteceu. Hadrian estava saindo do banho quando ele viu
um anel e uma carta pousados em cima de suas roupas. Com o cenho franzido, ele passou a mão
sobre os objetos e usou sua magia para ver se não tinha nada de ameaçador nelas. Sua surpresa fora
tanta quando ele sentiu a magia de Tom vindo do anel, misturada com uma magia fria e
acolhedora. Já a carta, tinha uma magia quente e reconfortante. Constatando que estavam livres de
compulsões ou venenos, ele pegou a carta em uma mão e o anel em outra. O anel tinha o aro em
ouro e delicadamente trabalhado com uma única pedra; esta era um losango negro, dentro dela
parecia ter um estranho símbolo em branco. Um triangulo com um círculo dentro e uma linha o
cortando verticalmente ao meio. Com o cenho franzido, o garoto abriu o primeiro pergaminho que
tinha no envelope e leu o que estava escrito no mesmo.

Hadrian, meu querido. Eu vi o quanto você cresceu durante esses poucos anos. E você não
imagina o quão orgulhosa eu estou. Minha amiguinha decidiu fazer um jogo de palavras em
sua carta quando o presenteou com a Capa. Espero que tenha gostado do presente.

Hadrian, eu realmente sinto muito por não ter conseguido te ajudar nos momentos em que
você mais precisou, mas eu espero que isso possa ajudá-lo, pelo menos um pouco. Este anel,
creio que um dos primeiros dos seus amantes o reconhecerá, é algo além do que achas que
seja, ele também guarda um segredo que irá ser muito útil no futuro. Uma Horcrux é a
menor coisa que ele é. Tome cuidado, Hadrian, Dumbledore está buscando a mesma coisa
que você.

Este mapa é a localização de um poderoso aliado que lá jaz. O inimigo do seu inimigo é seu
amigo. A história é escrita pelos vencedores, Hadrian. Nunca acredite em algo que só possui
um lado. Ele, igual ao seu amante, dividiu a própria alma em duas, algo que me causa um
terrível desagrado, a propósito. Mas como ele virá a ser útil para você, eu preferi revela-lo a
sua localização. Encontre-o, Hadrian. Ele irá ser de grande ajuda. Ele já se fora, mas vive
como um espirito, esperando o seu corpo retornar.

De sua outra amiga que o observa das sombras.

Hadrian estava muito confuso agora. A pessoa que o deu a Capa era uma mulher? Mas "ela"
tinha se apresentado como um homem da última vez. E “ela” tinha “uma amiga” que o deu uma
das Horcrux de Tom? O garoto estava genuinamente confuso. E o mapa? Um círculo estava em
Godric’s Hollow, em um ponto específico do cemitério, provavelmente um túmulo de alguém. E o
outro em Nurmengard. O que aquilo significava?

— Mãe! Pai! Vou passar a noite na mansão! — Hadrian gritou de seu quarto enquanto se vestia
rapidamente.

— Okay, filhote! — Seu pai gritou da sala. O obscurus, Erebus, Fawkes e Nyx se aproximaram de
si, prontos para segui-lo pelo portal.

— Vamos lá, pessoal. — O garoto sorriu para eles, apanhou a carta, o mapa e o anel e saiu
correndo para a porta/portal. Quando chegaram na mansão, ele olhou para os lados. — Winky! —
Chamou para o nada.

— O que Winky pode fazer pelo mestre? — O house-elf se curvou depois de aparecer na frente do
garoto.

— Pode me dizer onde o Tom está? — Sorriu docemente para a elf animada com a volta de seu
mestre.

— O senhor Tom está na biblioteca, mestre Hadrian.

— Obrigado, Winky. — Beijou a testa da elf antes de sair correndo pelos corredores. Erebus,
Fawkes e o obscurus o seguiram; já Nyx foi atrás de Hera para namorarem. — Tom! — gritou
assim que escancarou as portas da biblioteca.

— Hazz? — O moreno o encarou com espanto. Ele estava sozinho no local, em um completo
silêncio, então do nada seu coração quase salta para fora do peito por causa do susto.

— Você não vai acreditar no que aconteceu. — Se aproximou apressadamente da poltrona em que
o namorado estava sentado. Hadrian se sentou de lado no colo de Tom, suas pernas balançavam no
ar por estarem por cima do braço da poltrona.

— Acho difícil não acreditar quando tudo ao seu redor é inimaginável ou impossível. — Tom
brincou, pousou o livro na mesinha ao seu lado e abraçou o corpo alheio. Mas sua atenção foi
desviada do namorado para o que estava em suas mãos. — Onde conseguiu isso? — Encarou o
anel, analisando-o com os olhos esbugalhados ao sentir sua magia o puxar para o objeto. — É o
anel de Marvolo Gaunt. O objeto que eu tornaria minha Horcrux. — Ofegou surpreso.

— E-eu não sei como, mas ele veio até mim. — Entregou a carta para o mais velho, que a leu
rapidamente. — O que significa o anel ser mais importante do que uma Horcrux? — perguntou
confuso.

— É o símbolo das Relíquias da Morte. — Respondeu surpreso ao se lembrar da onde vira aquele
desenho. — Sabe o conto infantil dos Três Irmãos? — Hadrian acenou com a cabeça. — Não é um
mito.

— A minha Capa... — Os olhos verdes se arregalaram quando a compreensão o tomou.

— A Pedra da Ressureição. — Ergueu o anel. — Ela está nos Gaunt há séculos. Não sei se eles
sabiam a verdade.

— E a varinha?

— Não faço ideia.

— Você vai atrás desse aliado desconhecido, não vai? — Mais afirmou do que perguntou.

— A última vez que recebi uma carta dessas eu ganhei minha Capa. E ela pode ser verdadeira. —
Hadrian olhou para o namorado. — Se essa pessoa, realmente, for nos ajudar, então eu preciso
tentar trazê-lo de volta. — Tom suspirou.

— Eu vou com você. — Anunciou. — Se isso for verdade, Dumbledore também está atrás das
minhas Horcrux. Precisamos aproveitar o fato de você estar fora de Hogwarts para usarmos esse
tempo para ir atrás delas.

— Sim. — Concordou. — Não podemos deixar Dumbledore pegar suas Horcrux.

— Essa noite. — Os dois trocaram olhares determinados.

— Melhor irmos jantar antes de partir. — Os dois se levantaram.

— Certo. Vamos no meu quarto guardar essas coisas antes de descer. — Hadrian segurou a mão do
namorado e então eles saíram da biblioteca.

Hadrian e Tom haviam feito um mapa onde os locais das Horcruxs estavam com o ritual que
Tom usara para encontrar Hadrian quando ele fora sequestrado. O mais velho estava planejando
dividir sua alma em seis partes. A primeira a ser feita fora o diário, a Horcrux mais poderosa entre
todas as outras já que possuía 50% da alma de Voldemort, enquanto as outras eram divisões a partir
do que sobrara no corpo original. A segunda fora o anel de Marvolo Gaunt, que estava no casebre
em Little Hangleton. A terceira fora o medalhão de Salazar Slytherin, que estava na Caverna de
Cristal, onde Tom havia traumatizado as crianças muggles do orfanato. O quarto fora a Taça de
Helga Hufflepuff, que estava no cofre da família Lestrange em Gringotts. Seria fácil pegá-la já que
Hadrian era o amado Príncipe dos goblins. O quinto fora o Diadema de Rowena Ravenclaw, que
estava na Sala Precisa, em Hogwarts. Tom ensinou Hadrian como usá-la e encontrá-la, ele iria até
lá assim que o ano letivo se iniciar. A sexta fora a familiar de Voldemort, Nagini, que sempre
estava com ele. E a sétima fora uma pseudo-horcrux, que era Hadrian. Tom merecia uma segunda
chance, merecia ter um recomeço. Ele traria Tom de volta a sua sanidade.

— Tomem cuidado. — Narcissa abraçou os dois garotos. Todos estavam reunidos no átrio de
entrada da Malfoy Manor dando boa sorte para Hadrian e Tom, que iniciariam a caçada às Horcrux.
Nyx e Hera ficariam na mansão.

— Vocês têm certeza de que não querem que eu vá junto? — Remus perguntou preocupado.

— Nós vamos ficar bem. — Hadrian sorriu tranquilizador. Agora ele conseguia olhar para os três
homens.

— E não podemos arriscar levar outra pessoa. — Tom anunciou. — Se tiver um feitiço de alerta,
nós dois podemos burlar isso por também sermos “parte dele”.

— Voltem inteiros. — Colin pediu.

— Talvez eu deixe o ego do Tom lá. — Hadrian brincou assim que os dois se colocaram logo
afrente das grandiosas portas de entrada.

— Vamos. — Tom revirou os olhos e deu-lhes as costas.

— Voltamos logo. — Hadrian sorriu para a família e seguiu o mais velho.

— Você tem certeza de que quer ir junto? — Tom perguntou preocupado assim que eles
atravessaram as alas da propriedade.

— E deixar toda a diversão para você? — Hadrian agarrou o braço do namorado. — Mas é claro
que eu vou junto. — Tom suspirou, mas o canto de sua boca subiu levemente antes de os aparatar
até o local da Caverna de Cristais.

Ele girou junto com Tom, sentindo aquela horrível sensação de que ele estava sendo
espremido em um fino tubo. O garoto mal podia respirar, todo o corpo dele estava sendo
comprimido, quase ultrapassando o tolerável e então, justamente quando ele pensou que estava
sufocando, mas tudo pareceu se abrir, e ele estava parado na gelada escuridão, respirando ar fresco
e salgado. Hadrian podia sentir o cheiro de sal e ouvir a agitação das ondas, uma leve e fria brisa
passava pelo seu cabelo enquanto olhava o mar iluminado pela lua e o céu cheio de estrelas. Ele
estava numa alta pedra escura, com água espumando e batendo em baixo dele. Ele olhou para trás,
um enorme penhasco sustentava-se atrás dele, com uma grande queda, preta e sem face. Alguns
pedaços grandes de pedras, como a qual Hadrian e Tom estavam, pareciam como se tivessem caído
do penhasco em algum lugar no passado. Era uma escura, difícil visão, o mar e as pedras livres de
qualquer árvore, areia ou grama.

— Eles trouxeram as crianças do orfanato para cá? — Perguntou Hadrian, que não poderia
imaginar um local menos aconchegante para um passeio.

— Não aqui, exatamente. — Disse Tom com frustração. — Tem uma vila aqui perto. Fomos
trazidos para cá para um pouco de brisa marinha e uma visão das ondas. Nenhum muggle poderia
alcançar essas rochas a não ser se fosse excelente em escalar, e barcos não podem se aproximar
dessas pedras, pois as águas aqui são violentas. Eu desci; magia serve melhor do que cordas. E eu
trouxe duas crianças, e as aterrorizei. — Hadrian olhou para cima do penhasco e sentiu calafrios.

— Vamos.

Tom concordou e chamou Hadrian para o canto da pedra onde vários pedaços pontiagudos
faziam uma escada levando para baixo, para a água e mais próximo ao penhasco. Era uma descida
traiçoeira. As pedras em baixo eram escorregadias. Hadrian podia sentir jatos de sal frio batendo
em seu rosto.

— Lumus. — Disse Tom, quando alcançou a pedra mais próxima do penhasco.

Mil feixes de luz dourada atingiram a escura superfície da água um metro abaixo de onde ele
se agachou, segurou sua varinha mais alto e Hadrian viu um buraco no penhasco por onde a água
estava entrando. Tom lançou nos dois feitiços de aquecimento e deixou suas roupas a prova de
água. Ele então desceu pela pedra e caiu no mar, começando a nadar em direção ao espaço vazio e
escuro na face da rocha, com a varinha entre os dentes. Hadrian o seguiu. A água estava gelada,
mas não o incomodava. A abertura logo levou para um túnel maior que Hadrian pensou que se
encheria de água na maré alta. As paredes com musgos estavam menos de um metro separadas e
brilhavam como óleo quando a luz da varinha de Tom se aproximava. Quando viraram à direita,
eles viram que a passagem ia cada vez mais para dentro do penhasco. O maior tocou com as pontas
dos dedos levemente na pedra úmida de uma parede antes de sair da água. Quando Hadrian o
alcançou, percebeu que haviam degraus que levavam a uma grande caverna. Tom estava em pé no
meio dela, a varinha erguida no alto enquanto andava examinando as paredes e o teto.

O maior se aproximou de uma parede da caverna e a acariciou com seus dedos longos,
murmurando palavras numa língua que Hadrian não compreendia. Duas vezes ele andou pela
caverna, tocando o máximo possível a áspera pedra, parando às vezes, passando seus dedos por
pontos específicos, até finalmente parar, sua mão pressionada contra a parede. O mais velho deu
um passo para trás e apontou a varinha para a rocha. Por um momento, uma linha apareceu lá,
brilhando como se tivesse uma forte luz atrás da parede. E então ela desapareceu, deixando a pedra
plana e sólida como antes. Tom olhou ao redor; ele não tentou fazer mais mágica, mas ficou em pé
olhando para ela intensamente, como se algo extremamente interessante estivesse escrito nela.
Hadrian permaneceu quieto; ele não queria quebrar a concentração do namorado. Então, depois de
dois sólidos minutos, o mais velho estalou a língua.

— Filha da puta

— O que?

— Precisamos pagar para passar. — Transfigurou uma pedrinha numa faca.

— Deixa que eu... — Se aproximou do maior.

— Eu faço isso. — O interrompeu.

— Mas... — Hadrian se aproximou ainda mais, a preocupação nos olhos. Mas Tom apenas o deu
um beijo na testa e sorriu tranquilizador.
Um brilho prateado surgiu quando Tom fez um corte profundo no próprio braço, a pedra da
parede foi coberta com gotas de sangue que jorrou da ferida, e então o mais velho passou a varinha
por cima do ferimento, que se fechou imediatamente. Novamente a linha cinza de um arco
apareceu, mas dessa vez não sumiu. A rocha com sangue desapareceu, abrindo o espaço de uma
passagem para um local completamente escuro. Tom ergueu a varinha luminosa acima da cabeça e
avançou, mas uma estranha luz os chamou atenção. A dupla estava na margem de um grande lago
totalmente negro, era tudo tão escuro que não dava para se ver o outro lado do lago, e o teto era tão
alto que não dava para se enxergar. Mas a estranha luz vinha do centro do lago, ela refletia na água
escura e totalmente parada. A escuridão daquele lugar era mais densa do que o normal.

— Não pise na água. Fique por perto. — Tom aconselhou. Hadrian se apressou até o namorado e
segurou sua mão livre.

Eles andaram ao redor do lago, os passos ecoando na caverna mortalmente silenciosa.


Hadrian tentou convocar a horcrux, o que resultou num barulho de explosão quando algo grande e
pálido saiu da água escura a uns cinco metros da dupla. Porém, antes que eles conseguissem ver o
que era, a coisa tornou a afundar na água escura, o movimento brusco provocou ondas na água. E
segundos depois a superfície tornou a ficar parada como se fosse um vidro preto. Os dois voltaram
a andar ao redor do lago, mas quando Tom parou, Hadrian não antecipou o movimento e acabou
batendo contra o corpo do maior. Seus pés se desequilibraram, ele quase caiu na água se mãos
fortes não o tivessem segurado pela cintura e colado seus corpos.

— Você está bem? — Perguntou preocupado.

— Sim. — Ele estava com as bochechas coradas, pois Tom estava muito próximo do seu rosto.

— Que bom. — Beijou seus lábios rapidamente antes de soltá-lo.

Quando Tom estendeu a mão na direção do lago, ele parecia estar tocando o ar como se
esperasse encontrar algo invisível, e segundos depois sua mão se fechou no ar. O mais velho se
moveu para mais perto da água, mantendo sua mão apertando no ar, ele levantou a varinha com a
outra e encostou seu punho com a ponta. Imediatamente uma grossa corrente verde de cobre
apareceu, estendendo-se das profundezas das águas até a mão de Tom. Ele encostou de novo na
corrente, que começou a correr pelo seu punho como uma cobra, se amontoando no chão com um
barulho metálico que ecoava nas pedras, puxando algo da água escura. E então um pequeno barco
apareceu, brilhando em verde como a corrente, flutuando levemente para o ponto da margem onde
o casal estava.

O pequeno barco que fora feito para uma pessoa bateu na margem, e então eles embarcaram
com um pouco de dificuldade, mas conseguiram. Tom largou a corrente no chão e o barco
começou a se mover sozinho, não havia som além da proa escavando na água. Nenhum dos dois
ousou tocar na água, e, mais rápido do que o esperado, eles não conseguiram mais ver a margem no
meio da escuridão da caverna. Hadrian olhou para a água escura, e então ele viu: branca como
mármore, flutuando centímetros abaixo da superfície, uma mão relativamente humana.

— Qual a probabilidade do Voldie encher esse lago sinistro com criaturas? — O garoto perguntou
hesitante.

— Eu diria que cem por cento. — O mais velho encarou a água. — Suponho que a coisa que vimos
antes seja um Inferius. — Comentou ao torcer o rosto em nojo. — E suponho que existem vários aí
embaixo.

— O passeio mais romântico de toda a minha vida. — Se afastou da água o máximo que pode.
— Com certeza. — Riu nasalado.

— Pelo menos não nos atacaram. — Estremeceu.

— Ainda. — Os olhos verdes o encararam com raiva.

— Você fodeu tudo! Agora sim algo vai dar errado e seremos atacados por Inferius! — Tom riu do
medo do namorado.

— Eu tenho certeza de que, quando acharmos a Horcrux eles irão despertar.

— Como eles vivem no frio e na escuridão, temerão a luz e o calor. Vou tacar Fiendfyre nessa
merda toda. — Resmungou.

Minutos depois o barquinho parou, batendo gentilmente na margem da onde vinha a estranha
luz verde no centro do lago. Os dois garotos desembarcaram e Tom iluminou o local, era uma
ilhota de pedras do tamanho do escritório do diretor em Hogwarts; um amontoado de pedras lisas
com nada além do brilho verde. A luz vinha de uma bacia de pedra como uma Pensieve, ela estava
no topo de um pedestal no centro da ilhota. O casal se aproximou dela e a encararam, estava cheia
de um líquido esmeralda que emitia aquele brilho fosforescente. O mais velho puxou a manga da
roupa e levou as pontas dos dedos na direção da superfície, ele não conseguia tocar o estranho
líquido. Era como se uma barreira invisível os impedisse de se fechar a distância final de dois
centímetros até a superfície. Tom ergueu a varinha e fez vários movimentos com a varinha sobre a
superfície da poção, murmurando sem fazer sons. Nada aconteceu e ele guardou a varinha.

— A poção não pode ser tocada pelas mãos, não pode desaparecer, separar-se, despejar-se ou
acabar, nem pode ser transfigurada, encantada ou de alguma forma mudar sua natureza. — E então
conjurou uma taça de cristal do nada. — Ela deve ser bebida.

— Meu cu! — Segurou o pulso do namorado, o qual a taça era segurada por sua mão. — Você não
vai beber sah porra!

— Se quisermos pegar a Horcrux devemos beber para esvaziar a bacia.

— Mas... — Seus olhos verdes estavam tão arregalados de medo em perder seu amado. O coração
se contorcendo dolorosamente dentro de seu peito, um bolo se lágrimas entalado na garganta. Ele
não queria perder Tom.

— Voldemort não iria querer matar imediatamente a pessoa que chegasse a essa ilha. — Tom
olhou docemente para o menor. — Ele iria querer mantê-la viva tempo o suficiente para descobrir
como ela conseguiu penetrar tão longe em suas defesas e, o mais importante de tudo, por que ela
estaria tão interessada em esvaziar a bacia. Não se esqueça de que ele pensa que é o único que sabe
sobre suas Horcruxs. — Hadrian tentou falar novamente, nada saiu de seus lábios trêmulos. —
Essa poção, provavelmente, me impedirá de pegar a Horcrux. Pode me paralisar, me fazer esquecer
por que estou aqui, me dar tanta dor que eu me distraia, ou me fazer incapaz de outra maneira. —
Segurou a taça e a varinha numa única mão, para que a outra pudesse acariciar a bochecha do
namorado. — Você precisa me fazer continuar bebendo até o fim. Terá que forçar a poção pela
minha garganta. — Seus olhos estavam fixos uns nos outros, os rostos pálidos iluminados pela
estranha luz verde.

— Eu te odeio. — Tom sorriu docemente ao ver os olhos do menor lacrimejando.

— Eu sou uma Horcrux também. Uma poçãozinha não iria me matar. — Beijou-lhe a testa com
carinho. — Você precisa me fazer beber toda a poção. Não podemos deixar Dumbledore pegá-la, e
precisamos dela para trazermos a sanidade para o meu outro eu. Não importa o que eu diga ou o
que eu faça, nem que eu implore, me force a beber mais.

— Tudo bem. — Hadrian suspirou derrotado. Ele precisava confiar na força e no poder mágico de
Tom.

E então Tom abaixou o cálice para dentro da poção. Por uma fração de segundo, Hadrian
torceu para que não fosse capaz de tocar a poção, mas o cristal afundou na superfície como se nada
a impedisse. Quando a taça estava cheia, Tom olhou para o namorado uma última vez para
confirmar o plano, levou o objeto a boca e bebeu a poção. Hadrian assistiu, aterrorizado, suas mãos
segurando a base da bacia tão fortemente que seus dedos estavam brancos.

— Tom? — Ele chamou nervoso, enquanto Tom abaixava o copo. — Tom?

Ele balançou a cabeça, seus olhos fechados. Hadrian achava que estava sofrendo, e seu
coração se contorceu mais dolorosamente dentro do peito. O mais velho botou a taça cegamente
dentro da bacia, reencheu-a, e bebeu de novo. Em silêncio, ele bebeu três copos cheios da poção.
Então, no meio do quarto, ele parou e caiu em direção a bacia. Seus olhos ainda estavam abertos,
sua respiração pesada.

— Tom?! — Chamou Hadrian, sua voz estrangulada de medo. — Você pode me ouvir? — Ele não
respondeu, sua face estava contorcida como a de alguém que estava tendo um terrível pesadelo. Ele
não tinha mais força para segurar o cálice, a poção estava quase sendo derramada. Hadrian apanhou
o objeto nas mãos e segurou com firmeza. — Eu sinto muito, Traveler. — Mordendo os lábios com
força, ele forçou o namorado a beber a poção.

— Eu não quero... Não me faça…. — Implorou apavorado.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Só precisa terminar de beber a poção. Eu prometo que vai
passar. — Disse com os olhos ardendo pelas lágrimas. Se odiando completamente, ele forçou
encheu o cálice, o forçou de volta a boca de Tom e o virou, despejando o líquido em sua boca e o
fazendo beber tudo.

— Não! — Ele berrou, enquanto Hadrian reenchia o cálice. — Eu não quero... Eu não quero... Me
deixe ir...

— Está tudo bem, Tom. — Suas mãos tremiam. — Está tudo bem. Eu estou aqui...

— Faça-o parar... Faça-o parar... — Tom soluçava.

— Sim... Sim, isso vai fazê-lo parar. — Mentiu, se odiando completamente. Ele derramou o
conteúdo do cálice na boca aberta de Tom. Que gritou, o som ecoando pela câmara, através do lago
negro.

— Não, não, não, não... Não posso... Não me faça... Eu não quero....

— Está tudo bem Tom! Tudo bem! — Disse em voz alta, suas mãos tremendo tanto que ele quase
não conseguia segurar o sexto cálice cheio da poção. A bacia estava na metade agora. — Nada está
acontecendo com você. Você está a salvo, isso não é real. Eu juro que não é real... Tome isso, por
favor... — E obedientemente Tom bebeu, como se o que Hadrian oferecia fosse um antídoto. Só
para logo depois cair de joelhos no chão, tremendo incontrolavelmente.

— É tudo minha culpa. Minha culpa. — Ele soluçava. — Faça-o parar. E-eu não posso... Por favor,
faça-o parar... Eu nunca, nunca....
— Isso vai fazê-lo parar, Tom. — Sua voz falhava ao derramar o sétimo copo de poção na boca do
namorado. Tom começou a contrair-se como se torturadores invisíveis o rodeassem, sua mão quase
derrubou o cálice cheio das mãos de Hadrian ao mesmo tempo que chorava.

— Não o machuque... Não o machuque, por favor... Por favor... É tudo minha culpa... Machuque-
me ao invés dele...

— Aqui, beba isso. Beba isso. Você vai ficar bem. — Disse desesperadamente, e mais uma vez
Tom o obedeceu, abrindo a boca mesmo enquanto mantinha os olhos fechados e tremia da cabeça
aos pés. Agora ele caíra para frente, gritando de novo, batendo as mãos contra o chão, Hadrian
estava enchendo o nono copo.

— Por favor, por favor, por favor, não... Não, isso não... Eu farei qualquer coisa....

— Beba, Tom, apenas beba.... — Tom bebeu como uma criança, mas quando terminou, gritou
como se estivesse pegando fogo.

— Nada mais, por favor, não quero mais.... — Hadrian pegou uma taça cheia e sentiu o cristal
arrastar no fundo da bacia.

— Estamos quase lá, Tom. Beba isso, beba.... — Ele segurou o namorado pelos ombros e,
novamente, ele bebeu o copo; então Hadrian estava em pé mais uma vez, enchendo o cálice
enquanto Tom voltava a gritar mais desesperadamente que nunca.

— Faça-o parar! Faça-o parar!

— Beba isso, Tom. Por favor, Traveler…. — Tom bebeu, e assim que acabou, gritou:

— ME MATE!

— Esse... Esse irá! — Ofegou Hadrian, as lágrimas caindo em abundância pelo rosto. — Beba
esse... Vai acabar... Tudo vai acabar! — Tom bebeu o cálice, até a última gota, e então, com um
grande soluço, caiu para frente. — Não! — Gritou, ele tinha se levantado para encher novamente o
cálice, mas o deixou cair na bacia, correu para o lado de Tom e virou-o para cima, sua boca estava
aberta e seus olhos fechados. — Não! — Ele gritou, sacudia o corpo do namorado
desesperadamente enquanto as lágrimas escorriam com mais rapidez. — Não! Você não está
morto, você disse que não era veneno! Você disse que a poção não iria matá-lo! Acorde. Acorde...
Rennervate! — Ele gritou, sua mão no peito do mais velho, houve uma forte luz vermelha, mas
nada aconteceu. — Rennervate! Tom... Por favor... Volte para mim... — As pálpebras do maior
tremularam e o coração de Hadrian deu um salto. — Tom? — Chamou com a voz trêmula.

— Água. — Resmungou.

Hadrian se levantou e pegou a taça que deixara caída na bacia, ele mal percebeu a caixa
dourada repousando embaixo dela. Encheu o cálice de água e tentou dá-lo ao namorado, mas ao se
aproximar, a água desaparecera. Tom resmungou e começou a ofegar. Hadrian se desesperou, ele
tentou várias vezes dar água ao namorado, mas nada funcionava. E então ele soube o único jeito de
resolver esse problema. Voldemort havia planejado tudo. Amaldiçoando o maldito Dark Lord, o
menor se aproximou da água mortalmente pacífica e enfiou o cálice no lago. A água gelada não
desapareceu quando ele finalmente deu água ao namorado. Sua preocupação com o maior fora
tanta que ele não vira algo se aproximando, algo gelado se fechou no seu tornozelo com força e o
puxou para a água. A superfície do lago não era mais lisa, agora ela se mexia, em vários lugares
cabeças e mãos brancas emergiam da água escura; homens, mulheres e crianças com olhos
molhados e sem visão estavam se movendo em direção à rocha; um exército de mortos aparecendo
da água.

— Merda. — O garoto chutou o rosto do Inferius que o segurava e se afastou. Ergueu a mão para
cima e falou: — Fiendfyre. — Várias criaturas de fogo ardente surgiram do nada e começaram a
circular a ilhota, afugentando as criaturas mortais que tentavam matar os garotos.

Tom finalmente voltou a si e se ergueu, estava pálido como os Inferius, mas o fogo
refletindo em seus olhos confortava o coração preocupado de Hadrian. O mais novo correu até o
pedestal, pegou a caixa no fundo da bacia, guardou-a dentro da roupa e colocou uma falsa em seu
lugar. Os dois rapidamente entraram no barquinho e se afastaram da ilhota, as criaturas de chamas
os rodeavam, impedindo que as criaturas se aproximassem para ataca-los. Rapidamente eles
voltaram a margem da caverna e pularam para fora. O fogo desapareceu, mas os Inferius já
estavam seguros na escuridão do fundo do lago e não ousaram retornar para a superfície. Hadrian
apoiou o namorado, que estava muito fraco e trêmulo e o carregou para a saída. O coração
preocupado com a exaustação e palidez do outro, o corpo estava tão fraco que o menor carregava a
maior parte do seu peso. Uma pessoa sozinha nunca conseguiria passar por aquilo, Voldemort
planejou tudo muito bem.

— A passagem terá se fechado novamente... — Tom murmurou cansado. — A faca….

— Não precisa, eu me cortei na pedra. — Disse firmemente. Quando caíra no chão por ter seu
tornozelo agarrado e puxado, ele havia se cortado nas pedras da ilhota.

Hadrian encostou seu antebraço machucado na pedra que seria a saída dele, quando o
“pagamento” foi dado, o arco reabriu instantaneamente. Eles saíram da caverna, Hadrian ajudou o
maior a nadar pela água do mar até um ponto em que poderiam aparatar. Quando conseguiram
alcançar esse ponto, Hadrian apertou o namorado com força e Tom os aparatou de volta para a
Malfoy Manor. Quando os dois caíram no chão, Hadrian chamou Winky para os transportar
rapidamente até o quarto de Hadrian para que pudessem tratar de Tom.

Please drop by the archive and comment to let the author know if you enjoyed their work!

Você também pode gostar