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A inalidade de qualquer sistema de maneio lorestal racional é con-seguir que as lorestas forneçam
continuamente beneícios económi-cos, ecológicos e sociais, mediante um planeamento mínimo para o
aproveitamento dos recursos madeireiros e não-madeireiros dispo-níveis (Gama et al. 2005).A Política
de Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia (PE-DFFB) deine como objectivo geral, para um
horizonte a longo prazo o seguinte: “…proteger, conservar, desenvolver e utilizar de forma sus-tentável
os recursos ϔlorestais e faunísticos para o beneϔício económi-co, social e ecológico da actual e futura
gerações de moçambicanos…”. Devendo, assim, haver um equilíbrio entre os objectivos de produção e
conservação, bem como entre os objectivos económicos, sociais e ambientais. De acordo com
Mackenzie (2006) três pilares são fundamentais para uma gestão sadia do sector das lorestas com vista
a garantir o desenvolvimento local a longo prazo: (i) um sistema para limitar o corte anual para níveis
que possam ser sustentáveis a longo prazo; (ii) concessões lorestais, com planos de maneio, de áreas
suicien-tes para serem económicas; e (iii) processamento dentro do país com uma capacidade industrial
que esteja em equilíbrio com a produtivi-dade das lorestas.No entanto, de acordo com Nhantumbo &
Macqueen (2004), ci-tados por Nube (2013), o elevado nível de pobreza em Moçambique constitui o
principal constrangimento para a gestão sustentável dos recursos naturais comprometendo os três
pilares para uma gestão sa-dia referidos por Mackenzie (2006). A fome e a urgência de satisfação de
necessidades básicas não permitem que a comunidade tenha um horizonte de plani icação e uso dos
recursos a longo prazo. Assim, o Governo de Moçambique, deiniu em 1997, na sua Política e Estraté-gia
de Florestas e Fauna Bravia o objectivo social referente ao “envol-vimento das comunidades locais no
maneio e conservação dos recursos Análise do Sistema de Exploração dos Recursos Florestais em
Moçambique16ϔlorestais”, tendo em consideração a dependência das comunidades pelos recursos
naturais. Com base nesse conhecimento, surgiram as iniciativas de Maneio Comunitário dos Recursos
Naturais (MCRN) que visam melhorar simultaneamente as condições de vida das co-munidades rurais e
garantir a participação e a gestão sustentável dos recursos disponíveis. Mesmo assim, ainda não foram
alcançados os resultados desejados, pois as comunidades continuam sendo preju-dicadas. Segundo o
IIAM (2009), a exploração de recursos lorestais para diferentes ins e principalmente a exploração de
biomassa lenhosa e madeireira das lorestas naturais, não está a ser realizada com base num
conhecimento da ecologia e requisitos das espécies nativas que compõem estas formações, sua
capacidade de regeneração e taxas de incremento, e nos processos de evolução e sucessão lorestal
após perturbação. Isto resulta na degradação dos ecossistemas, pondo em causa a sustentabilidade do
recurso lorestal. Assim sendo, é impres-cindível que se adquira um conhecimento destes processos
funda-mentais para que se desenvolvam programas de maneio que garan-tam a capacidade de
regeneração e desenvolvimento das espécies e que identiiquem tecnologias silviculturais adequadas às
diferentes formações lorestais.Ainda pode-se notar, segundo relatos do Jornal Notícias, publica-do no
blogue Moçambique para Todos em 2013, que a exploração lo-restal em Moçambique é um negócio
que lesa o Homem e a natureza, pois a mão do Estado continua curta demais para conter os desman-dos
que crescem e se soisticam nas lorestas moçambicanas. Segun-do a mesma fonte, tudo acontece
apesar do recente agravamento das multas previstas na Lei de Florestas e Fauna Bravia, através do De-
creto 76/2011 de 30 de Dezembro, reforçado pelo Decreto 30/2012, de 1 de Agosto, que actualiza os
requisitos para a exploração lorestal em regime de licenças simples. Paralelamente, o governo agravou
as taxas de exploração lorestal e faunística, através do Diploma Ministe-rial 293/2012, de 7 de
Novembro, que ixa aumentos em mais de 150 por cento comparativamente aos valores que vinham
sendo pratica-dos ao abrigo do Decreto 12/2002, de 6 de Junho.
. Conclusao
A situação do sector lorestal tem vindo a agravar-se, a exploração ilegal permanece na sua maioria
impune, a corrupção é generaliza-da, a iscalização é insuiciente e ineiciente e terá de passar por uma
análise integrada e discussões sérias e inclusivas a vários níveis, abor-dando entre outras questões as
graves lacunas no conhecimento da dinâmica das lorestas nativas, a ausência de compromisso político,
a incoerência e falta de clareza nas demais políticas de desenvolvimen-to que tem sido promovidas e
que contrariam os princípios básicos da conservação de lorestas nativas. Nos últimos 10 anos, foram
vários os estudos e análises elaborados relativamente à situação das lores-tas moçambicanas, os
problemas retratados tem sido recorrentes e permanecem por resolver. Na sua maioria os referidos
estudos não parecem ter reconhecimento por parte do governo e tendem a ser desconsiderados. De
uma análise a estes e outros estudos e documen-tação conclui-se o seguinte: As comunidades rurais
continuam com acesso limitado aos bene-ícios da exploração lorestal, e com pouca participação na
gestão dos recursos naturais contrariamente ao que o Regulamento da Lei de Florestas e Fauna
Bravia prevê. A gestão de recursos lorestais em Moçambique não se rege pela dinâmica do
ecossistema, sendo esta demasiado centrado nos seus beneícios económicos, colocando assim em
risco a sua sustentabi-lidade. Moçambique não dispõe de dados consistentes sobre a taxa de
crescimento das espécies nativas, fazendo uso de dados esporádicos da região com condições ecológicas
comparáveis para a estimativa de taxa de crescimento e corte anual admissível. Este método desconsi-
dera as condições ecológicas especíicas de determinada área resul-tando em estimativas que poderão
não constituir a realidade levando a erro na determinação do volume de corte anual admissível.