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ALIMENTOS COLORIDOS: SEGUROS OU PERIGOSOS?

Ciencia Hoje das Crianças


Matéria publicada em 14.01.2019

Amarelo, verde, azul… Os corantes dão uma aparência encantadora e apetitosa aos alimentos.
Podem ser naturais ou artificiais. Mas será que podemos comer sem preocupação?
Quem tem uma cor favorita de jujubas levanta a mão! E quem resiste àquelas pastilhas coloridas
recheadas de chocolate? E os bolinhos cobertos com pasta americana de todas as cores servidos nas
festas, você aceita ou não?
Nós, seres humanos, somos muito mais estimulados pelas informações que recebemos através da visão
do que pelos outros quatro sentidos (audição, tato, paladar e olfato). Por isso, muita gente diz que, antes
de comer com a boca, comemos primeiro com os olhos!
Mas você sabe o que dá cor aos alimentos? Os corantes! E será que comer corante é seguro?!?

Os corantes têm sido usados em alimentos desde a Antiguidade, ou seja, há mais de seis mil anos! Por
muito e muito tempo existiam apenas os corantes naturais, quer dizer, extraídos de plantas, animais e
minerais – acredite!
Quer conhecer alguns corantes naturais com origem nas plantas? Pois tem a canela, que dá uma cor
amarronzada aos alimentos; o urucum, uma semente que de cor avermelhada; e o curry, que deixa os
alimentos com uma cor amarelada.

Urucum.
Foto Eric in SF/Wikimedia Commons

Canela.
Foto Thiry/Wikimedia Commons
Pouca gente sabe que existem também corantes naturais obtidos de animais. O vermelho carmim,
aquele vermelho bem vivo, por exemplo, é extraído de um inseto chamado cochonilha. Menos gente
ainda desconfia que alguns corantes vêm de minerais, como o dióxido de titânio, que deixa tudo mais
branco, e o hidróxido de ferro, que tem coloração amarela ou vermelha.
Urucum.
Foto Eric in SF/Wikimedia Commons

Óxido de ferro.
Foto Benjah-bmm27/Wikimdia Commons

Cochonilha.
Foto Camarazevedo/
Wikimedia Commons

E os corantes artificiais?

Nos últimos 100 anos a indústria de alimentos avançou muito, surgiram muitas novidades e, entre elas,
os corantes artificiais ou sintéticos. Eles são criados em laboratório e servem para tornar o alimento
visualmente mais atraente e reforçar as cores já presentes nele. Mas por que usar corantes artificiais?
As indústrias sabem que um produto sem cor fica sem graça e os consumidores nem olham. Por isso,
adicionam corantes para chamar mais a atenção, dando aquela impressão de que são bem gostosos,
para vender mais. Além disso, os corantes artificias são mais baratos e mais estáveis do que os
naturais, isto é, não perdem a cor rapidamente. Por tudo isso, o uso de corantes sintéticos aumentou
muito nos últimos 50 anos e o consumo pelas pessoas também.

Perigo colorido?

Diversas pesquisas têm sido feitas nos últimos anos para entender os possíveis efeitos tóxicos dos
corantes artificiais nos alimentos. Mas os resultados até agora são muito contraditórios. Ou seja: em
alguns estudos não foram observados qualquer tipo de efeito tóxico após as pessoas comerem produtos
industrializados contendo corantes artificiais; em outros, porém, o consumo desses corantes levou ao
desenvolvimento de diversos tipos de reações alérgicas, tanto na pele, quanto no sistema respiratório e
no intestino.
Há também registros de pessoas com dores de cabeça, insônia e dores nas articulações por consumir
de corantes artificiais. O mal-estar geral provocou preocupações com relação à saúde, principalmente
em crianças, que são as que mais se deixam levar pela aparência colorida de balas, bebidas artificiais e
outros alimentos.

Pode ou não pode?

Há países, como a Suécia e a Noruega, que não permitem qualquer tipo de corante artificial nos
alimentos. No Brasil são permitidos somente onze tipos de corantes artificiais em alimentos. Aqui, quem
diz para as indústrias qual corante pode ou não pode e em que quantidade é a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, a Anvisa. (Confira a lista de corantes permitido no Brasil)

Os corantes permitidos no Brasil

De acordo com a Anvisa, os corantes artificiais permitidos no Brasil são: amaranto, vermelho de
eritrosina, vermelho 40, ponceau 4R, amarelo crepúsculo, amarelo tartrazina, azul de indigotina, azul
brilhante, azorrubina, verde rápido e azul patente V. Porém, alguns destes corantes, como o amarelo
tartrazina, já foram proibidos em outros países, por terem provocado reações alérgicas e problemas
respiratórios graves em seres humanos.
Os alimentos coloridos artificialmente permitidos no Brasil devem apresentar informações da presença
de corantes artificias no rótulo. Assim, quem compra pode decidir levar ou não alimentos contendo essas
substâncias.
A fiscalização das indústrias é muito importante, pois já foram relatados casos de rótulos de alimentos
que não informavam corretamente o tipo de corante usado. Em outros casos, o fabricante usou corante
acima do limite permitido.

De leve com as cores

Com base em pesquisas científicas, o nosso Ministério da Saúde informa qual o valor máximo de
corantes artificiais que podem ser consumidos por uma pessoa em um dia. Quando esse limite é
ultrapassado, a pessoa pode se intoxicar.
Pessoas que comem muitos produtos industrializados acabam ingerindo maiores quantidades de
corantes sintéticos do que as pessoas com alimentação mais natural e balanceada. As crianças são as
principais vítimas.
Pensando nisso, as escolas, os médicos, os nutricionistas fazem cada vez mais alertas sobre a
importância de diminuir o consumo dos corantes sintéticos, dando preferência aos naturais. Se as
pessoas realmente fizerem escolhas melhores, as indústrias terão de fabricar alimentos de acordo com a
preferência do público.
Você já fez a sua escolha?

Rachel Ann Hauser Davis,


Fundação Oswaldo Cruz.
PARA CURAR DOENÇAS: VENENO!
CIENCIA HOJE DAS CRIANÇAS
Matéria publicada em 09.11.2018

Coluna Mundo Animal


Pesquisadores brasileiros criam remédios a partir de toxinas de animais brasileiros

Você sabia que o principal remédio usado para combater a hipertensão foi desenvolvido a partir de estudos com o veneno de
uma serpente da Mata Atlântica? É verdade! Em 1948, cientistas brasileiros descobriram uma substância no veneno da
jararaca (Bothrops jararaca) que diminui a pressão sanguínea. Com um pouco mais de pesquisa foi possível reproduzir esse
ingrediente em laboratório e fabricar medicamentos que melhoram a vida de muita gente. A cascavel (Crotalus durissus) é
outra serpente do Brasil cujo veneno também vem sendo estudado para curar feridas, combater a dor e até ajudar no
tratamento de doenças como o câncer de pele.

Pesquisas com venenos de serpentes têm sido importantes para desenvolver remédios que ajudam a salvar vidas no
mundo todo.
Foto Renato Augusto Martins / Wikipedia / CC BY-SA 4.0

E não são só as cobras que possuem venenos tão especiais. Os cientistas têm investigado outros animais da rica fauna
brasileira. Por exemplo, algumas vespas têm em seu veneno uma substância chamada polybiosida, que pode virar remédio
no futuro. Os venenos do escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), da aranha-armadeira (Phoneutria nigriventer) e das aranhas-
de-teia-dourada (Nephila) têm compostos que também podem dar origem a medicamentos.

O veneno da aranha-de-teia-dourada tem compostos que podem ajudar quem sofre com epilepsia.
Foto Charles Sharp / Wikipedia / CC BY-SA 4.0

Os anfíbios também estão sendo estudados. Várias pesquisas têm encontrado na pele de sapos, rãs e pererecas do Brasil
algumas substâncias que combatem bactérias, fungos e outros microrganismos.
O Brasil é o país com a maior variedade de seres vivos do mundo. Proteger essa riqueza toda é importante para o equilíbrio
do meio ambiente, mas, como você deve ter notado, também pode nos ajudar a descobrir novos remédios. Com muito
trabalho e bastante tecnologia, cientistas brasileiros fazem a cada dia descobertas incríveis. Quem sabe você se torne um
deles no futuro?
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia,
Universidade Federal de Minas Gerais
CIÊNCIA É PARA TODOS!
CIENCIA HOJE DAS CRIANÇAS
Matéria publicada em 29.10.2018

Todos os anos, no mês de outubro, acontece um grande evento dedicado à divulgação da ciência e da
tecnologia no Brasil: é a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). As atividades acontecem ao
mesmo tempo em diferentes cidades do país. Muitas dessas atividades são para crianças e jovens. Em
2018, o tema da SNCT foi “A Ciência para redução das desigualdades”. O que isso significa? A CHC vai
explicar para você!

Ilustração Walter Vasconcelos


É muito, muito importante mesmo que a ciência exista. Quem faz a ciência são os cientistas (e as
cientistas, é claro!). Ser cientista é fazer perguntas sobre o mundo ao nosso redor, tentar encontrar
respostas possíveis para essas perguntas, testar possibilidades, tirar conclusões e fazer mais testes
para comprovar essas conclusões. Das pesquisas científicas saem muitas soluções para questões do
nosso dia a dia.
A ciência pode, por exemplo, prevenir doenças, descobrir a origem das coisas, criar equipamentos para
a nossa comunicação,assim como também pode ajudar a retirar pessoas da extrema pobreza, resolver
problemas da falta de água, de luz, de educação e muito mais!Isso é ter a ciência ajudando a reduzir as
desigualdades. Mas vamos ver essa história na prática?!

Ciência para os deficientes físicos

A ciência tem contribuído muito para a melhorar a vida de pessoas portadoras de deficiências físicas.
Exemplos? O desenvolvimento de aparelhos de audição para pessoas que não ouvem ou que têm
limitações para ouvir. Esses aparelhos fazem com que milhões de pessoas no mundo, principalmente os
idosos,que podem perder a audição com o envelhecimento, passem a ouvir melhor.
Também tem ciência por trás da fabricação de próteses robóticas,as peças de encaixe no corpo feitas
para pessoas que perderam braços ou pernas. Essas próteses capturam as mensagens que o cérebro
envia para movimentar os membros que as pessoas perderam e, com isso, elas podem, por exemplo,
voltar a andar e até mesmo a correr, em alguns casos.

Ciência para a igualdade entre homens e mulheres

A ciência também contribui para a diminuição das diferenças de gênero. Isso quer dizer que homens e
mulheres podem ter oportunidades semelhantes no trabalho, por exemplo. Vamos entender melhor.
Num passado não muito distante, as mulheres engravidavam sem planejar e precisavam se afastar do
trabalho para cuidar dos seus bebês. Era uma situação muito desigual entre a carreira profissional do
homem e da mulher. Há cerca de 60 anos, os cientistas criaram um comprimido que ficou conhecido
como pílula anticoncepcional. Tomando essa pílula, as mulheres não engravidavam. Quando queriam ter
filhos, paravam de tomar. Assim, a ciência contribuiu para que as mulheres pudessem decidir se
queriam ser mães e quando dar uma pausa na vida profissional para ter filhos. Com esse planejamento,
elas puderam ir mais longe nas suas carreiras e assumir cargos de liderança, assim como os homens.

Ciência para levar comida à mesa

Quer saber como a ciência contribui para a redução da fome no mundo? Aumentando a produção de
alimentos. Estudando algumas sementes, o solo e o clima é possível saber como produzir alguns
vegetais com melhor qualidade e em maior quantidade. Mais comida pode alimentar mais pessoas.
Ciência para gerar energia

Sabia que o Brasil ainda tem mais de um milhão de famílias vivendo sem energia elétrica? Pois é. Boa
parte da energia produzida no Brasil vem das hidrelétricas e das termelétricas. Essas duas fontes de
energia provocam problemas graves ao meio ambiente. As hidrelétricas precisam que grandes áreas
sejam inundadas de água para gerar eletricidade. Já a maioria das termelétricas geram eletricidade a
partir da queima de petróleo, gás ou carvão, poluindo muito o ar. A ciência vem pesquisando outras
formas para gerar energia que sejam menos agressivas ao meio ambiente. Algumas delas usam o vento
e a luz do sol como combustível.
Consegue perceber como a ciência está por toda parte e como ela pode ajudar a resolver os nossos
problemas? A ciência é para todos.Um país que valoriza isso, investe em pesquisas, sabendo que está
ajudando a reduzir a fome, as injustiças entre homens e mulheres, os problemas do meio ambiente…
enfim, muitas questões de desigualdade.

Vacina e Saúde

Imagine que você pudesse prevenir doenças graves e levar uma vida mais tranquila sabendo que está
livre de sofrer com diferentes problemas de saúde. Pois fique sabendo que, graças à ciência, você pode
prevenir várias doenças, basta tomar as vacinas! Existem vacinas para prevenir uma grande quantidade
de doenças graves e que não têm cura, como a paralisia infantil.
Em países que se importam com a saúde da sua população, as vacinas são oferecidas gratuitamente a
todas as pessoas. Ricos e pobres têm o mesmo direito nos postos de vacinação, portanto as vacinas
também ajudam a reduzir desigualdades

Claudia Mermelstein,
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro

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