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Este trabalho trata sobre os altares como espaços nos quais a fé é visualizada em uma série de ações, gestos e
símbolos. O interesse está em “olhar” para as práticas que se desenvolvem ao redor do altar, compreendendo-o
em seu todo, sobretudo, destacando as performances que ele evoca. Para tanto, dentro do campo das
religiosidades populares, as vivências das Folias de Reis foram importantes neste trabalho e propiciaram
reflexões acerca das práticas construídas em torno do altar. Com destaque às celebrações realizadas nas casas,
são apresentadas as experiências construídas pelas famílias em torno do altar, especialmente, em tempos de
pandemia (COVID-19), em que igrejas, templos, terreiros, dentre outros, tiveram seus cultos suspensos. O altar
compreende muito mais que objetos, imagens e esculturas, ele se estabelece em sua materialidade, no entanto, as
performances que ele revela revelam-se em práticas dinâmicas que se mantêm viva em contextos diversos.
Resumen
Esta obra trata los altares como espacios en los que la fe se visualiza en una serie de acciones, gestos y símbolos.
El interés está en “mirar” las prácticas que se desarrollan en torno al altar, entendiéndolo en su conjunto, sobre
todo, resaltando las performances que evoca. Por tanto, dentro del campo de las religiosidades populares, las
vivencias de las Folias de Reis fueron importantes en esta obra y aportaron reflexiones sobre las prácticas
construidas alrededor del altar. Con énfasis en las celebraciones que se realizan en las casas, se presentan las
experiencias construidas por las familias alrededor del altar, especialmente en tiempos de pandemia (COVID-
19), en los que iglesias, templos, terreiros, entre otros, tenían suspendidos sus servicios. El altar comprende
mucho más que objetos, imágenes y esculturas, se establece en su materialidad, sin embargo, las performances
que revela se revelan en prácticas dinámicas que se mantienen vivas en diferentes contextos.
Abstract
This work deals with the altars as spaces in which faith is visualized in a series of actions, gestures and symbols.
The interest is in “looking” at the practices that develop around the altar, understanding it as a whole, above all,
highlighting the performances it evokes. Therefore, within the field of popular religiosities, the experiences of
the Folias de Reis were important in this work and provided reflections on the practices built around the altar.
Highlighting the celebrations held in the houses, the experiences built by the families around the altar are
presented, especially in times of pandemic (COVID-19), in which churches, temples, terreiros, among others,
had their services suspended. The altar comprises much more than objects, images and sculptures, it establishes
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Doutoranda em Performaces Culturais; Universidade Federal de Goiânia – UFG; Goiânia, Goiás, Brasil;
danielaoliveira@discente.ufg.br.
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Anais | III Congresso Internacional Online de Estudos sobre Culturas - #Culturas
Actas | III Congreso Internacional Online de Estudios sobre Culturas - #Culturas
Annals | III Internacional Online Conference of Cultures Studies - #Cultures
19 e 20 de abril de 2021, Online | claec.org/culturas
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itself in its materiality, and however, the performances it reveals are exposed in dynamic practices that remain
alive in different contexts.
1. Introdução
Os altares configuram-se como elementos da ligação humana com o sagrado,
expressões materiais da fé, e se consolidam em práticas religiosas que se mantém vivas ao
longo do tempo. Do latim, altare, significa elevar, altear de um lugar mais baixo a um mais
alto, revelando assim sua intermediação junto à condição humana frente ao poder das
divindades.
Dentre as práticas da religiosidade popular advindas do catolicismo, os altares nas
casas representam a vicissitude da fé praticada, seja por grupos representantes das
manifestações populares religiosas, dentre elas, as Folias de Reis, Congadas, Moçambique,
ou, individualmente, a partir das heranças culturais resguardadas no fazer do povo.
A exposição de imagens e objetos sagrados é uma característica marcante dos altares
que compõem o espaço das casas: “É lugar sagrado. Nele são apresentadas oferendas à
divindade, e o profano se torna sagrado” (VAN DER POEL, 2013, p. 52). Trata-se da
externalização da fé, expressa em objetos e imagens que se conectam às práticas cotidianas
em um espaço de múltiplas vivências e carregado de ações: benzeções, rezas, petições,
agradecimentos. Os altares compreendem uma gama de performances percebidas em rituais,
gestos e símbolos que evocam a sua presença e solidificam a sua permanência ao longo do
tempo.
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o local físico. Assim, a compreensão sobre o altar, está em conhecer todos os elementos que
ele envolve: os gestos, os corpos, os sons e as performances.
As rezas populares são formas de oração que nascem do povo, de suas experiências de
fé arraigadas na vida. “Para tudo existe reza. Conhecer as rezas populares é conhecer boa
parte da lógica e da fé popular” (VAN DER POEL, 2013, p. 904).
Neste trabalho, optei por destacar as rezas como forma de expressão, gestos atribuídos,
cantos evocados e todas as performances que as envolvem. Nesse sentido, o “olhar” volta-se
às rezas como ação, concebidas em espaços e contextos que as fazem saltar mais que palavras.
As rezas emergem de um fazer, ações reveladoras de práticas que se desenvolvem em
grupos. No Catolicismo Popular, há diversas manifestações que, de forma singular, por meio
de gestos, corpos, sons, possibilitam a prática religiosa. Dentre o número expressivo de
manifestações existentes no Brasil, as Folias de Reis apresentam uma forte conexão com os
altares. Os foliões se espalham por todo o país, cada qual com suas peculiaridades e
características. Conforme Rios e Viana (2015)
Folias de Reis são cortejos religiosos populares que giram – com maior frequência,
mas não exclusivamente – no período do Natal (noite de 24 de dezembro) até o dia
de Reis (6 de janeiro), representando a viagem dos Reis do Oriente a Belém, para
adorar o Menino Jesus. (RIOS; VIANA, 2015, p. 27)
Quando os foliões chegam às casas, é feita uma combinação com o dono: a cantoria
pode acontecer do lado de fora ou no interior da residência. Nos giros em que participei com a
Companhia Três Ministros na maioria das vezes, a cantoria acontecia dentro das casas. Ao
avistarem o presépio, os foliões dedicavam um bom tempo para reverenciá-lo com toadas
próprias, trata-se da Louvação do Presépio. Os foliões reverenciam o presépio com muita
devoção e respeito. Em um gesto de consideração, os palhaços levantam suas máscaras em
sinal de respeito: “Trata-se de um momento solene da Folia de Reis, quando o grupo “avista
quem queria” (RIOS; VIANA, 2015, p. 39).
Perante o presépio, os foliões e os donos da casa rezam o terço. Essa prática é bastante
recorrente nas Folias de Reis, tratando-se de um costume que os foliões respeitam e repassam
para as novas gerações. “Nas casas onde há presépio, o terço é rezado diante dele, sendo que
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4. Conclusão
Trazendo à luz o pensamento de Langdon (1995), “a performance é um evento situado
num contexto particular, construído pelos participantes. Há papéis e maneiras de falar e agir”
(LANGDON, p. 167, 1995). Nisto, o altar se desvenda em um contexto particular, seja ele a
igreja, a casa, o terreiro. Tudo o que ele transmite, seus símbolos, gestos e corpos, é parte do
evento em si.
O gesto do palhaço, ao tirar a sua máscara diante do presépio, demonstra o modo de
agir em um contexto específico: um ato, compreendido por todos os demais presentes. Assim
como, o gesto particular de se benzer em frente a um altar, gesto comum vivenciado por fiéis
quando adentram as igrejas, é reconhecido pelos pares.
Ao redor do altar, um espaço de trocas de saberes, a religiosidade é evidenciada nas
performances realizadas, especialmente no que diz respeito a gestos, sons, rezas, imagens,
esculturas e cheiros.
Desenvolver o olhar para o espaço em que a fé é visualizada, no caso, o altar, contribui
para que percebamos a forma em que as performances presentes nos rituais são produzidas.
Trata-se de um olhar que vai além do que está posto, verificando os detalhes nas ações, sem
pressa, saboreando a cena e o que dela emana.
5. Referências Bibliográficas
VAN DER POEL, Francisco (Frei Chico). Dicionário da Religiosidade Popular. Curitiba:
Editora Nossa Cultura, 2013.
RIOS, Sebastião, VIANA, Talita. Toadas de Santos Reis em Inhumas, Goiás. Goiânia:
Gráfica UFG, 2015.