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Abstract: In this paper, we perceive how necessary memory for the preservation of intangible
heritage LGBT and production records historically neglected. Therefore, we present the results
of the documentary " (In) visible Memories: Tocantins pictures LGBT", produced by an
extension project developed between 2013 and 2014 at the Federal University of Tocantins
(UFT). The text reconstructs the history of Palmas LGBT movement through interviews with four
people, identifying the foundation of the first LGBT activist group in Palmas, the first Pride
Parade and the opening of the first GLS club in the state and how it intertwines with context
struggle for federalization of the state university, with the implementation process of the UFT
and the growth of the city of Palmas. This study corroborates this scenario and this collective
effort to enable a plural reflection of sexualities that escape heterosexuality, to reconstruct (at
least partially) the memory of LGBT activists and artists in Palmas, Tocantins in the North of the
country. The intransigent defense of human rights is an ethical and political commitment of
Social Services, which guided the whole process of research and extension here exposed
Keywords: Gender. Sexuality. Memory. LGBT. Social Movements.
INTRODUÇÃO
Este texto reflete sobre militância LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis
e transexuais) e memória, a partir dos resultados do projeto de extensão “Retratos do
Tocantins Homossexual: trajetórias de sujeitos políticos LGBT”, que se iniciou em
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Universidade Federal do Tocantins. E-mail: <trabalhos@alvoeventos.com.br>.
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Universidade Federal do Tocantins. E-mail: <trabalhos@alvoeventos.com.br>.
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Sobre o documentário
lésbica, no ano de 2013 quando fizemos a entrevista estava com 28 anos, é jornalista
e comunicadora, chegou em Palmas ainda criança com a família aos 12 anos vinda do
interior do Tocantins. O Entrevistado 2, identifica-se como gay, em 2013 nas
entrevistas tinha 45 anos, partiu da capital do Pará para ser professor universitário no
interior do Tocantins e depois migra para Palmas com a expansão da universidade.
Nascido em Dois irmãos, no interior do estado quando ainda era Goiás, o Entrevistado
3, com 37 anos quando cedeu entrevista, é professor da rede pública estadual e
também advogado, passou sua adolescência em Goiânia, chegando a Palmas para
estudar e trabalhar. Por fim, Entrevistada 4, com 28 anos, cabeleireiro, maquiador e
drag queen, nascida na capital de Goiás, migrou para Palmas ainda na infância porém
passa alguns anos na capital de São Paulo, retornando à Palmas e iniciando sua
carreira artística.
O Grupo Ipê Amarelo pela Livre Orientação Sexual (GIAMA) foi fundado no
ano de 2002. Segundo um dos entrevistados, o grupo inicial era composto de
universitários e pessoas que trabalhavam na cidade que se reuniam em uma casa no
centro de Palmas onde moravam alguns gays, que ficou conhecida como a “Casa das
7 mulheres”, mesmo nome de uma novela que era exibida naquela época.
Neste sentido, ainda que existam críticas pertinentes ao atual formato das
paradas LGBT, bastante vinculadas ao mercado e ao consumo, “[...] é inegável a clara
dimensão política decorrente do questionamento de determinadas convenções sociais
hegemônicas que a saída às ruas, em plena luz do dia, de dezenas de milhares de
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, e não apenas nas grandes
metrópoles (ou, especialmente, em pequenas cidades) [...]” (MELLO e BRAZ, 2012, p.
12-13).
LGBT que residem no Taquaralto, Taquarí e nos Aureny, bairros pobres da cidade,
pouco conseguem manter uma frequência nesses espaços de sociabilidade. Tanto
pela falta de recursos financeiros para pagar a entrado ou o consumo, quanto pela
dificuldade de acessar a esses lugares em uma cidade onde praticamente não existe
qualquer mobilidade urbana.
Considerações Finais
Palmas é capital mais jovem do Brasil e umas das poucas capitais brasileiras
que não possuem uma lei municipal de combate à discriminação por orientação sexual
aprovada, embora já tivesse tido uma propositura que foi engavetada no ano de 2011.
As conferências estaduais e municipais de políticas públicas em Palmas e no estado
do Tocantins não culminaram em um plano municipal ou estadual aprovado e
implementado, sendo revogado uma semana após sua aprovação, a partir de
manifestações contrárias a aprovação pela bancada fundamentalista da base do
governo naquele momento. O atual governo também não demonstrou qualquer
esforço em republicar o plano estadual neste primeiro ano de mandato.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, João Manuel. Cidadania sexual sob suspeita: uma meditação sobre
as fundações homonormativas e neoliberais. Psicologia & Sociedade, Belo
Horizonte, v. 25, n. 1, 2013.
2 Analogia a compreensão de que “torna-se mulher” e “não se nasce mulher” da feminista Simone de
Beavouir.
3 O termo foi utilizado pela entrevistada para referir-se ao processo de aprender a se “montar” Drag
Queen e a performar como tal.
4 GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) é uma sigla utilizada em espaços de mercado e consumo de
frequência de pessoas LGBT e simpatizantes, que seriam heterossexuais simpáticos ao público LGBT.
5 O Projeto Somos foi criado em 1999 e ganhou esse nome em homenagem a primeira organização
LGBT do Brasil. Ele foi idealizado pela ASICAL – Associação pela Saúde Integral e Cidadania na América
Latina e no Caribe em parceria com ABGLT e o Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde
do Brasil. O objetivo deste projeto era fomentar a formação de novos grupos LGBT em todas as regiões
geográficas do país, estimulando especialmente a prevenção à epidemia do hiv/aids, por meio de ações
dirigidas a gays e HSH (homens que fazem sexo com homens). Posteriormente criou-se também o
Projeto Somos Lés, que buscou capacitar exclusivamente as lésbicas. (BRAZ et. alii., 2013).
7 Atualmente o grupo alterou o nome para Movimento Universitário pela Diversidade Sexual, mantendo a
mesma sigla, porém retirando o termo “afetivo”.
8 Beijaço é uma forma de protesto bastante usual entre o movimento LGBT, onde se reúne um grupo
para beijar em protesto a alguma situação de violência contra população LGBT, frequentemente impedida
de demonstrar afeto publicamente.
9 Em um curto tempo o grupo já esteve à frente de três ações de grande visibilidade, como: a
organização da vigília contra a revogação do Plano Estadual de Políticas Públicas e Direitos Humanos
LGBT que ocorreu em setembro de 2014; o beijaço na Assembleia Legislativa Estadual contra a Moção
de Repúdio ao beijo entre duas personagens lésbicas e idosas da novela da rede Globo aprovada na AL,
que ocorreu em abril de 2015; e a campanha #merecusoaserinvisível que reuniu fotografias de lésbicas
em seus espaços de trabalho e lazer para o dia 29 de agosto, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.