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BION. “Sobre a arrogância”.

Indício de uma catástrofe psicológica:


Predominância das pulsões de vida – orgulho se transforma em respeito por si
mesmo
Predominância das pulsões de morte – orgulho se transforma em arrogância.
Correlação com a arrogância de Édipo – a maior das arrogâncias é querer
saber tudo.

Tipo de paciente – aparentemente neurótico, reação terapêutica negativa,


alusões à curiosidade, arrogância e estupidez.
Transferência: paciente percebe os avanços do analista no material
inconsciente como os passos de um arrogante, curioso, imbecil.
Trabalho de “arqueologia” da análise descobre não apenas uma “cidade em
ruínas”, mas também a catástrofe que a arruinou. As intervenções do analista
são sentidas como atuações renovadas dessa catástrofe.
Disparador: situação edípica. Assim como Édipo enlouquece ao buscar a
verdade, o Eu do paciente deste tipo é atacado quando se dá conta da situação
edípica (*descobrir que não é o objeto de amor da mãe e que a mãe não é o
seu objeto sexual). O método analítico, por conta de sua forma de atuação
(*desvendamento da verdade) reproduz essa sensação de ataque ao Eu.
Exemplo clínico: paciente aparentemente neurótico e com resposta terapêutica
aparentemente adequada; porém, aludia vagamente à arrogância e à
curiosidade do analista; utiliza, extensivamente, mecanismos típicos da
psicose, como a cisão e a identificação projetiva.
Paciente atacava analista por entender que este não recebia as identificações
projetivas que fazia. O analista, era, por assim dizer, “estúpido demais para
entender”, ou seja, para absorver o que o paciente projetava.
Bion conclui que é a negativa ao uso normal que esses pacientes fazem da
identificação projetiva que é percebida como um ataque a um vínculo efetuado
em nível muito primitivo (aquele em que as identificações projetivas do bebê
eram absorvidas, conservadas e elaboradas pela mãe); isso ativa um Supereu
que coíbe essas identificações projetivas atacando o Eu, o que prenuncia a
catástrofe de que se trata.

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