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Curso de esgotos

Capitulo 01- Reúso de água engenheiro Plínio Tomaz plíniotomaz@uol.com.br 25/07/08

“O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e


cultivá-lo”.
Referência ecológica encontrada em Gênesis 2:15

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Curso de esgotos
Capitulo 01- Reúso de água engenheiro Plínio Tomaz plíniotomaz@uol.com.br 25/07/08

COMUNICAÇÃO COM O AUTOR


Engenheiro civil Plínio Tomaz
e-mail: pliniotomaz@uol.com.br

Titulo: Curso de redes de esgoto


Livro eletrônico em A4, Word, 599páginas, 38 capítulos
julho 2008
Editor: Plínio Tomaz
Autor: Plínio Tomaz
Revisão: Composição e diagramação: Plínio Tomaz
ISBN: 85-905933-3-9

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Curso de esgotos
Capitulo 01- Reúso de água engenheiro Plínio Tomaz plíniotomaz@uol.com.br 25/07/08

Apresentação

Este livro nasceu do Curso de Rede de Esgotos ministrado no SAAE de Guarulhos em 2008
com 64 horas de duração. O livro destina-se a engenheiros, arquitetos e tecnólogos que trabalham nos
municípios pois fornecem elementos e base para que se façam manuais ou guias para o problema do
manejo de águas pluviais
Agradeço a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, a oportunidade de poder contribuir na procura do
conhecimento com a publicação deste livro.

Guarulhos, julho de 2008


Engenheiro civil Plínio Tomaz

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Curso de esgotos
Capitulo 01- Reúso de água engenheiro Plínio Tomaz plíniotomaz@uol.com.br 25/07/08

CURRICULUM VITAE

O engenheiro civil Plínio Tomaz nasceu em Guarulhos e estudou na Escola Politécnica da


Universidade de São Paulo. Fez cursos de pós-graduação na Politécnica e na Faculdade de Saúde
Pública.
Foi superintendente e diretor de obras do SAAE onde se aposentou e depois trabalhou no
Ministério de Minas e Energia.
• Fundador da Associação de Engenheiros e Arquitetos e Agrônomos de Guarulhos em 1967b
• Foi professor de Hidráulica Aplicada na FATEC e na CETESB.
• Atualmente é:
• Diretor de Recursos Hídricos Saneamento e Energia da FAEASP (Federação das Associações de
Engenharia e Arquitetura do Estado de São Paulo)
• Diretor de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da ACE-Associação Comercial e Empresarial
• Membro da Academia Guarulhense de Letras
• Assessor especial de meio ambiente da OAB (Ordem dos advogados do Brasil) de Guarulhos
• Conselheiro do CADES- Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da
PMSP representado o CREASP
• Coordenador do Grupo de Trabalho do CREASP sobre Fiscalização em Bacias Hidrográficas
• Membro do Sub-comitê de Bacia Alto Tietê-Cabeceiras
• Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço Autônomo de Água e Esgotos de Guarulhos
• Ex-professor da FIG, UNG, FATEC e CETESB
Escreveu 6 livros em papel de engenharia civil
- “Conservação da Água”
- “Previsão de consumo de água”
- “Economia de água”
- “Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais”
- “Aproveitamento de água de chuva”
“Poluição difusa”

Doze livros eletrônicos em acrobat reader disponível gratuitamente na Internet


- Balanço Hídrico 237 páginas A4
- BMPs-Best Management Practices 176 páginas A4
- Critério Unificado 327 páginas A4
-- Golpes de aríete em casas de bombas 105 páginas A4
- Análise da qualidade da água de rios e impactos de nitrogênio e fósforo rios e córregos 109páginas A4
- Curso de Manejo de águas pluviais 1019 páginas A4
- Água-pague menos: tratamento de esgotos e reúso 133 páginas A4
-Previsão de consumo de água em gramado 168 páginas A4
-Curso de Redes de esgotos 599 páginas A4
-Curso de Redes de água 829 páginas A4
-Remoção de sedimentos em BMPs 216páginas A4
-Evapotranspiração

Guarulhos, 27 agosto de 2008


Plínio Tomaz
Consultor Senior
Engenheiro Civil
CREA-SP 0600195922

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Curso Redes de Esgotos


64h Engenheiros, arquitetos e tecnólogos, 52 capítulos

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Programa do Curso de esgotos sanitários


Cap. Nome
1 Reúso de água
2 MBR
3 Tanque séptico e septo difusor
4 Águas cinzas
5 Método simplificado para determinação da qualidade da agua em córregos e rios
6 Balanço de fósforo, nitrogênio, oxigênio em lagos e rios
7 Impacto do nitrogênio e do fósforo em lados e córregos
8 Gramado em campo de golfe
9 Evapotranspiração
10 Necessidade de irrigação
11 Método de Thornthwaite, 1948
12 Balanço hídrico método de Thornthwaite-Matther
13 Método de Romanenko
14 Método de Turc
15 Quando faltam dados de entrada
16 Pedidos de outorga para irrigação
17 Método de Hargreaves
18 Método de Penman, 1948 superfície
19 Comparação de métodos de evapotranspiração
20 Chuvas de Guarulhos
21 Gramado-campo de Golfe
22 Método de Blaney-Criddle
23 Método de Penmam-Monteih FAO
24 Ligações prediais de esgoto sanitário
25 Textura e estrutura do solo
26 Redes coletoras de esgoto sanitário
27 Método de Muskingum-Cunge
28 Interceptor de esgotos sanitários
29 Ecotoxicologia- substâncias tóxicas na água
30 Estação elevatória de esgotos sanitários
31 Cargas em tubos flexíveis
32 Captação de óleos e graxas
33 Noções sobre Tratamento de esgotos
34 Previsão de esgotos
35 Caixa de gordura
36 Gases em rede coletoras de esgoto
37 Reabilitação de rios e córregos
38 Redes condominiais, pressurizada, vácuo, etc
64 horas aula Prof. Plínio Tomaz Engenheiros, arquitetos e tecnólogos

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Capítulo 01

Reúso de água

Promover a reciclagem e reutilização das águas residuais e dos resíduos sólidos.


Agenda 21

Guilherme de Occam argumentava, em todos os seus escritos, que “é perda de tempo empregar
vários princípios para explicar fenômenos, quando é possível empregar apenas alguns”.
Fonte: História da Teologia Cristã - Roger Olson

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 1 - Reúso de água

1.1 Introdução
1.2 Conservação da água
1.3 Medidas e incentivos
1.4 Mercado de água de reúso
1.5 Média de consumo de uma casa
1.6 Quanto podemos reaproveitar de águas cinzas numa casa?
1.7 Normas da ABNT
1.8 Reúso
1.9 Reúso de esgotos sanitários urbanos regionais
1.10 Onde usar a água de reúso dos esgotos sanitários?
1.11 Reúso para uso industrial
1.12 Reúso para uso agrícola
1.13 Reúso para o meio ambiente
1.14 Recarga dos aqüíferos subterrâneos
1.15 Reúso para uso Recreacional
1.16 Reúso urbano
1.17 Níveis de tratamento de esgotos sanitários municipais
1.18 Tratamento preliminar
1.19 Tratamento primário
1.20 Tratamento secundário
1.21 Tratamento terciário
1.22 Tecnologia de filtração em membranas
1.23 Riscos à saúde pública
1.24 Rede dual
1.25 Guia para reúso da água da USEPA
1.26 Estado de New Jersey
1.27 Estado da Geórgia
1.28 Estado da Flórida
1.29 Estado do Texas
1.30 Uso da água de reúso
1.31 Padrões de qualidade da água para reúso
1.32 Normas da ABNT
1.33 Custos
1.34 Bibliografia e livros consultados
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Capítulo 1- Reúso de água

1.1 Introdução
Asano, 2001 diz que o reúso é o desafio do século XXI em que haverá uma integração total dos
recursos hídricos. Interpretando as afirmações de Asano os recursos hidricos no século XXI serâo:
• Recursos superficiais
• Recursos de águas subterrâneas
• Aproveitamento de água de chuva
• Reúso de esgotos
No mundo moderno do seculo XXI o planejamento de recursos hídricos não poderá esquecer o
aproveitamento de agua de chuva e o reúso de esgotos, além dos tradicionais recursos superficiais e
subterrâneos.
Segundo Asano, 1001 a água de reúso tem duas funções fundamentais:
1. O efluente tratado vai ser usado como um recurso hídrico produzindo os benefícios
esperados.
2. O efluente pode ser lançado em córregos, rios, lagos, praias, com objetivo de reduzir a poluição
das aguas de superfície e das águas subterraneas
O fundamento da água de reúso é baseado em três principios segundo Asano, 2001:
1. A água de reúso deve obedecer a controle de qualidade para a sua aplicação, devendo haver
confiabilidade na mesma.
2. A saúde deverá ser protegida sempre.
3. Deverá haver aceitação pública

Reúso é o aproveitamento de água previamente utilizada uma ou mais vezes, em alguma


atividade humana, para suprir a necessidade de outros usos benéficos inclusive o original.
O objetivo deste estudo é mostrar as soluções para reúso de esgoto sanitário local e regional em áreas
urbanas.
O reúso local destina-se a aqueles que se beneficiam na sua origem, como o águas cinzas de uma
casa que pode ser usada no próprio local para irrigação subsuperficial de gramados.
O reúso regional são de grandes áreas e geralmente tem sua origem nas estações de tratamento de
esgotos públicas que atingem o tratamento terciário e o distribuem até uma certa distância de onde é produzido
através de redes especiais de água não potável (sistema dual de abastecimento: água potável + água não
potável).
Não trataremos em nenhuma hipótese de reúso da água para fins potáveis.
Mesmo os processos de infiltração de águas residuárias no solo não são recomendados até o presente
momento a não ser quando usado o processo de membranas.
No Japão foram feitas pesquisas e chegaram a conclusão que para áreas construidas maiores que
30.000m2 e/ou consumo maior que 100m3/dia de água não potável o reúso é a melhor opção e é mais vantajoso
do que se usar água pública conforme Figura (1.1).
Os custos no Japão são geralmente calculadas para pagamento da obra (amortização) em 15anos a um
juros anuais de 6% e incluso os preços de manutenção e operação do sistema.

Figura 1.1- Custos comparativos para reúso usando águas cinzas, águas de chuva e água pública.
Fonte: Nações Unidas, 2007

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1.2 Conservação da água


A American Water Works Association - AWWA em 31 de janeiro de 1993 definiu a conservação da água
como as práticas, tecnologias e incentivos que aperfeiçoam a eficiência do uso da água.
Um programa de conservação da água constitui-se de medidas e incentivos.

1.3 Medidas e incentivos


Medidas são as tecnologias e mudanças de comportamento, chamada de práticas, que resultam no uso
mais eficiente da água.
Incentivos de conservação da água são: a educação pública, as campanhas, a estrutura tarifárias, os
regulamentos que motivam o consumidor a adotar as medidas específicas conforme Vickers, 2001.
Como exemplo, o uso de uma bacia sanitária para 6 litros/descarga, trata-se de uma medida de
tecnologia e a mudança de comportamento para que o usuário da bacia sanitária não jogue lixo na mesma, é
uma medida prática.
Os incentivos na conservação da água são as informações nos jornais, rádios, televisões, panfletos,
workshops, etc, mostrando como economizar água.
Uma tarifa crescente incentiva a conservação da água, um pagamento de uma parte do custo de uma
bacia sanitária (rebate em inglês) é incentivo para o uso de nova tecnologia, como a bacia sanitária com 6
litros/descarga.
Os regulamentos de instalações prediais, códigos, leis são incentivos para que se pratique a
conservação da água.
O aumento da eficiência do uso da água irá liberar os suprimentos de água para outros usos, tais como o
crescimento da população, o estabelecimento de novas indústrias e a melhora do meio ambiente.
A conservação da água está sendo feita na América do Norte, Europa e Japão. As principais medidas
são o uso de bacias sanitárias de baixo consumo, isto é, 6 litros por descarga; torneiras e chuveiros mais
eficientes quanto a economia da água; diminuição das perdas de água nos sistemas públicos de maneira que o
tolerável seja menor que 10%; reciclagem; reúso da água e informações públicas.
Porém, existem outras tecnologias não convencionais, tais como o reúso de águas cinzas, muito usado
na Califórnia, e o aproveitamento de água de chuva.

1.4. Mercado da água de reúso


McCormick, 1999 in Tsutiya et al, 2001, apresenta a proposta de divisão das águas de reúso em três
categorias conforme a qualidade da mesma:
1. Efluentes secundários convencional: é a água de reúso restrito a aplicações agrícolas e comerciais onde
não existe possibilidade de contato humano direto com a água de reúso.
2. Água de reúso não potável: é o efluente secundário de alta qualidade, tais como efluente de reatores de
membranas, filtrado e desinfetado com UV, cloro, ozônio, ou outro processo.
3. Água de reúso quase potável: é a água de reúso não potável tratada com osmose reversa ou
nanofiltração para remoção dos contaminantes químicos, orgânicos e inorgânicos. É o mesmo que reúso
potável indireto.
McCormick, 1999 apresenta a seguinte Tabela (1.1) onde existem 4 categorias, sendo a categoria 4 para
água potável.
A categoria 2 onde existe contato com pessoas é a mais usada em irrigação de jardins, parques e descargas
em bacias sanitárias, observando-se que a turbidez deverá ser menor que 2 uT, ausência de coliformes fecais e
DB05 < 10mg/L.
A Tabela (1.1) foi feita por dois grandes especialistas dos Estados Unidos que são Slawomir W.
Hermanowicz e Takashi Asano.

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Tabela 1.1- Principais mercados para água de reúso e níveis de qualidade de água estipulados para cada
mercado (Hermanowitcz e Asano, 1999)
Padrão de qualidade da Mercado Exemplo de aplicação
água de reúso
Categoria 1

Filtração, desinfecção: Irrigação de áreas com Campo de golfe, cemitérios,


DBO5 < 30mg/L acesso restrito ou controlado reservas ecológicas pouco
TSS< 30mg/L ao público freqüentadas;
Coliformes fecais Produção agrícola de Reflorestamento, pastos,
<200mL/100mL produtos não destinados ao produção de cereais e
Cloro residual livre: 1 mg/L consumo humano ou oleaginosas.
pH entre 6 e 9 consumidos após Rios e lagos não utilizados
processamento que elimine para natação
patógenos
Uso recreacional sem contato
direto com a água
Uso industrial
Categoria 2 Irrigação de parques,
playgrounds e jardins
escolares. Água para
sistemas de hidrantes,
construção civil e fontes em
praças publica.
Usos residenciais: descarga
de vasos sanitários, água
para sistemas de ar
Filtração, desinfecção: Uso urbano sem restrições condicionado.
DBO5 < 10mg/L Produção agrícola de Produtos agrícolas cultivados
Turbidez <2 uT alimentos para consumo humano na
Coliformes fecais ausentes Uso recreacional sem forma crua ou sem cozimento.
em100mL restrições Lagos e rios para uso
Cloro residual livre: 1 mg/L Melhoramento ambiental recreacional sem limitação de
pH entre 6 e 9 contato com a água.
Alagados artificiais,
perenização de rios e
córregos em áreas urbanas.

Categoria 3 Reúso potável indireto,


barreiras contra intrusão de
águas salinas em aqüíferos,
Efluente de osmose reversa Reúso potável indireto maioria dos usos residenciais
0 banho, lavagem de roupa e
utensílios de cozinhas, etc).
Categoria 4
Água potável Reúso direto Reúso potável
Fonte: Tsutiya, et al, 2001.

McCormick, 1999 mostra a Tabela (1.2) onde temos água potável, água não potável e água quase potável
em uma residência. Observar que o termo “quase potável” não é muito usado no Brasil e nem aplicado. Poucas
pessoas tomariam banho e lavariam os utensílios de cozinhas com uma água “quase potável”. Observar também
que somente 7% da água é necessário em uma residência para que seja realmente potável.

Tabela 1.2- Categorias de consumo de água doméstico e nível de qualidade de água para cada categoria
(Cieau, 2000)
Uso Percentual Qualidade
Bebida 1% Potável
Preparo de alimentos 6% potável
Lavagem de utensílios de cozinha 10% Quase potável
Lavagem de roupas 12% Quase potável
Bacia sanitária 39% Não potável
Banho 20% Quase potável
Outros usos domésticos 6% Quase potável
Lavagem de carro/rega de jardim, etc; 6% não potável
Fonte: Tsutiya, et al, 2001.

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1.5 Média de consumo de uma casa


Segundo Vickers, 2001 a média de consumo interno de uma casa está na Tabela (1.3) onde observamos que
o ponto da casa de maior consumo é a bacia sanitária com 27%, seguido pela lavagem de roupa que é 22%.
As torneiras são no total 16% e são fundamentalmente duas: pia da cozinha e lavatório do banheiro.
Não estão inclusos os consumos de água dos gramados, lavagens de carros, etc.
Tabela 1.3 - Média de consumo de água interno de uma casa nos Estados Unidos
Consumo residencial no
Brasil supondo média
Tipos de usos da água Porcentagem mensal de 160 litros/dia x
habitante
(litros)
Descargas na bacia sanitária 27% 43
Chuveiro 17% 27
Lavagem de roupa 22% 35
Vazamentos em geral 14% 22
Lavagem de pratos 2% 3
Consumo nas torneiras 16% 26
Outros 2% 3
Total 100% 160
Fonte: adaptado de Vickers, 2001

Pela Tabela (1.3) podemos verificar que os volumes internos de água não potável que pode ser usado é
somente o água destinada para bacias sanitárias, que é 27% do consumo.
Concluímos então que para o consumo interno de uma casa podemos usar somente 27%, ou seja, 43
litros/dia x habitante.
Assim uma casa com 5 habitantes poderemos reaproveitar para reúso a quantia de 215litros/dia:
5hab x 43 litros/dia x hab= 215 litros/ dia

1.6 Quanto podemos reaproveitar de águas cinzas numa casa?


É importante termos uma idéia da água que pode ser usada pelo reúso dentro de uma casa, conforme
Tabela (1.4).

Tabela 1.4 - Volume de esgotos sanitários que se pode aproveitar para as águas cinzas
Consumo residencial
no Brasil supondo
Tipos de usos da água Porcentagem média mensal de 160
litros/dia x habitante
(litros)
Chuveiro 17% 27
Lavagem de roupa 22% 35
Consumo nas torneiras 13
(consideramos somente a torneira do 8%
lavatório no banheiro)
Total 47% 75

Pela Tabela (1.4) podemos aproveitar somente 75 litros/dia por habitante para o águas cinzas, ou seja,
47%. Observar que podemos utilizar na bacia sanitária somente 43litros/dia x habitante, havendo, portanto um
saldo que não sabemos o que fazer.

Estudo de casa: casa maior que 300m2 com jardim


Uma casa com área construída igual ou maior que 300m2 e 500m2 de área de gramado.
Consumo interno= 3,5 pessoas/casa x 30 dias x 160 litros/dia x pessoa= 16.800 litros.
Jardim: 2 litros/m2 x rega
Rega de duas vezes por semana
Consumo no jardim mensal= 2 litros/m2 x 8= 16 litros/m2
Área de jardim= 500m2
Consumo= 500m2 x 16 litros/m2= 8000 litros/mês
Consumo por semana= 8000litros/4= 2000 litros/semana
Para as águas cinzas vão 47% do consumo da casa, ou seja:
0,47 x 16800 litros= 7.896 litros/mês
Por semana= 7.896litros/mês /4 = 1974 litros/semana
GW= 1974 litros/semana
Grama tipo bermuda com coeficiente de cultura Kc= 0,5

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ETo= 35mm/semana
LA= GW / (ETo x Kc)= 1974/ (35 x 0,5)= 113m2
Portanto, usando as águas cinzas, somente será irrigado 113m2, necessitando outra fonte de
abastecimento para rega do restante para completar os 500m2 de jardim.

1.7 Normas da ABNT


A NBR 5626/ 1998 é de Instalação predial de água fria. Ela prevê no item 1.2 que pode ser usada para
água potável e não potável.
Prevê ainda no item 5.2.1.3 que as instalações devem ser independentes e que a água não potável pode
ser usada em descarga em bacias sanitárias, mictórios e combates a incêndio e para outros usos onde os
requisitos de potabilidade não se faça necessário.
É necessário que as normas de Instalações de Água Fria sejam revisadas, devendo obrigatoriamente os
edifícios terem dois reservatórios: um para água potável e outro para água não potável.

1.8 Reúso
Definição: reúso é o aproveitamento da água previamente utilizada uma ou mais vezes, em alguma
atividade humana, para suprir a necessidade de outros usos benéficos, inclusive o original. Pode ser direto ou
indireto, bem como decorre de ações planejadas ou não (Lavrador Filho, 1987 in Mancuso, 2003).
A Resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005, publicado em 9 de março de 2006, estabelece
diretrizes para reúso direto não potável de água e estabelece algumas definições importantes:
Água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações, industriais, agroindústrias e
agropecuárias, tratadas ou não.
Reúso da água: utilização de água residuária.
Água de reúso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões exigidos para sua utilização nas
modalidades pretendidas.
Reúso direto das águas: uso planejado de água de reúso, conduzida ao local de utilização, sem
lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou subterrâneos.
Reúso potável indireto: caso em que o esgoto, após tratamento é disposto na coleção de águas
superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural e subsequente captação, tratamento e finalmente
utilizado como água potável, conforme Mancuso et al, 2003.
O reúso direto pode ser para fins: urbanos, agrícolas, ambientais, industriais e aquicultura.
A resolução prevê que a atividade de reúso de água deve ser informado ao orgão gestor dos recursos
hídricos: identificação, localização, finalidade do reúso, vazão, volume diário de água de reúso produzida,
distribuída ou utilizada.
O reúso pode ser:
¾ urbano ou
¾ rural
Nos dedicaremos ao reúso urbano somente.
O reúso urbano pode ser:
¾ local ou
¾ regional
O reúso urbano local é feito no próprio local onde são gerados os esgotos. Assim, o uso do águas cinzas
ou fossa séptica (tratamento biológico) é um reúso local.

Reúso local
Estudo de caso:
Empresa de ônibus de Guarulhos localizada no Bairro do Taboão reciclava a água após a lavagem dos
ônibus em caixas de deposição de sedimentos e retirada de óleos. O reaproveitamento era de 80%. A água de
make-up era introduzida, ou seja, os 20% restantes.
O óleo ficava na parte superior e semanalmente era retirado por uma empresa.
Postos de gasolina e lava-rápidos podem também reciclar a água.

1.9 Reúso de esgotos sanitários urbanos regionais


O reúso dos esgotos sanitários urbanos que saem de uma Estação de Tratamento de Esgotos Esgotos
Sanitários públicas não são destinados a serem transformados em água potável.
Geralmente são feitos em lugares onde há problemas de recursos hídricos e existência de indústrias para
consumirem a água não potável.
Nos Estados Unidos os locais onde mais se faz o reúso dos esgotos sanitarios são: Texas, Flórida e
Califórnia.

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1.10 Onde usar a água de reúso dos esgotos sanitários?


Os usos mais comuns estão na Figura (1.1) que mostram seis usos:
¾ Reúso para uso industrial
¾ Reúso para uso agrícola
¾ Reúso para o meio ambiente
¾ Recarga de aquíferos subterrâneos
¾ Reúso para uso recreacional
¾ Reúso urbano.

1.11 Reúso para uso industrial


A demanda do uso industrial situa-se em torno de 8% no Brasil
Muitas indústrias não precisam de água potável, sendo que uma água de reúso pode ser usada sem
problemas.
As indústrias deverão estar próximas das estações de tratamento de esgotos para diminuir os custos e
deve, logicamente, haver uma quantidade de indústrias onde compense fazer os investimentos necessários.
Na Tabela (1.7) apresentamos algumas exigências nas indústrias em vários estados americanos,
segundo USEPA.

Tabela 1.5 - Reúso nas indústrias

Fonte: USEPA

1.12 Reúso para uso agrícola


A agricultura consome de 60% a 70% do consumo total da água doce. No Brasil não é costume usar a
água de esgotos tratada para uso agrícola, o que não acontece com o México.

1.13 Reúso para o meio ambiente


As águas de esgoto tratado podem ser usadas em wetlands artificiais.

1.14 Recarga de aquíferos subterrâneos


Uma maneira é evitar a intrusão salina que é usado geralmente em litorais. As outras maneiras de
recarga são para armazenar as águas de esgotos tratadas para futuro uso ou para controlar a subsidência, isto
é, o abaixamento do solo.
Existem três modalidades, conforme Figura (1.2):
¾ Bacia de infiltração
¾ Poço de infiltração que fica na região não saturada
¾ Poço tubular que atinge a região saturada e de preferência um aqüífero confinado.

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Figura 1.2 - Infiltração de esgotos tratados em bacia de infiltração, poço tubular em zona aerada e em zona saturada.

Asano, 2001 que a água de reúso para ser usada nas águas subterrâneas apresenta 3 classes de
constituintes que devem ser estudados:
1. Virus entéricos e outros patógenos emergentes.
2. Constituintes orgânicos que inclui produtos industriais e farmacêuticos.
3. Sais e metais pesados.

Asano, 2001 alerta ainda quando aos produtos químicos que produzem disruptores endócrinos e a existência
de antibióticos resistentes achados na água.

1.15 Reúso para uso Recreacional


Os esgotos tratados podem ser usados em lagoas para uso de pesca, barcos, etc.

1.16 Reúso Urbano


O reúso urbano dos esgotos tratados podem ser usados em praças públicas, jardins, etc.
Pode ser feito um sistema dual de distribuição como a cidade de São Petersburg, na Flórida, que usa a
água de esgotos tratada desde 1977 com sucesso, havendo uma diminuição no consumo de água potável. Pode
ser usada para irrigar jardins de cemitérios, grandes parques, etc.
Na Tabela (1.6) temos algumas exigências de vários estados americanos para o tratamento avançado e
se faz a diluição do efluente em um curso de água, onde haverá coleta de água para tratamento completo.

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Tabela 1.6 - Reúso indireto para água potável

Fonte: USEPA

1.17. Níveis de Tratamento de esgotos sanitários municipais


O tratamento dos esgotos é uma combinação de três processos conforme Nações Unidas, 2007:
¾ Processos físicos: as impurezas são removidas por peneiramento, sedimentação, filtraçao,
flotação, absorção ou adsorção ou ambas e centrifugação.
¾ Processos químicos: as impurezas sao removidas quimicamente através da coagulação,
absorção, oxido-redução, desinfeção e e troca iônica.
¾ Processos biológicos: os poluentes sao removidos usando mecanismos biologicos, como
tratamento aeróbico, tratamento anaer[obico e processo de fotossíntese, como nas lagoas.

Figura 1.3- Alternativas para reúso dos esgotos sanitarios de uma cidade
Fonte: Borrows, 1997
O tratamento dos esgotos está assim dividido conforme Figura (1.3):
¾ tratamento preliminar,
¾ tratamento primário,
¾ tratamento secundário,
¾ tratamento terciário ( avançado).

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1.18 Tratamento preliminar


O tratamento preliminar consiste basicamente em remoção de sólidos de tamanho grande e partículas de
detritos:
1. Gradeamento
2. Remoção de areia
3. Caixa de retenção de óleo e gordura
4. Peneiras

Nada mais é que o gradeamento para remover os objetos flutuantes de grandes dimensões, mas
evitando que os sólidos se depositem. É feita também a remoção física da areia e partículas sólidas através de
deposição, telas ou flotação. A remoção de DBO é desprezível no tratamento preliminar.
A velocidade do fluxo é, em geral, menor que 0,3m/s.

1.19 Tratamento primário


O tratamento primário consiste basicamente remoção de sólidos em suspensos:
1. Decantação primária ou simples
2. Precipitação química com baixa eficiência
3. Sedimentação
4. Flotação por ar dissolvido
5. Coagulação e sedimentação
A redução da DBO no tratamento primário é muito baixa variando de 30% a 40%.
O tratamento primário consiste também em digestores para tratamento do lodo removido e desidratação
do lodo.
Os tanques sépticos são um tratamento primário.

1.20 Tratamento secundário


É tratamento biológico e remoção dos poluentes biodegradáveis.
Remove matéria orgânica dissolvida e em suspensão. A DBO é removida quase totalmente. Dependendo
do sistema adotado, as eficiências de remoção são altas. Os processos de tratamento secundário, conforme
Nunes, 1996 são:
¾ Processo de lodos ativados
¾ Lagoas de estabilização
¾ Sistemas anaeróbicos com alta eficiência
¾ Lagoas aeradas
¾ Filtros biológicos
¾ Precipitação química com alta eficiência
É a fase do tratamento biológico. Há introdução de ar e se acelera o crescimento de bactérias e outros
organismos para consumir o restante da matéria orgânica. Após o tratamento secundário, cerca de até 98% do
DBO foi removida. Depois pode ser usado desinfecção com cloro ou ultravioleta.

1.21 Tratamento terciário e avançado


O tratamento terciário consiste basicamente na remoção de poluentes específicos como nitrogênio,
fósforo, cor, odor:
1. Coagulação química e sedimentação
2. Filtros de areia
3. Adsorção em carvão ativado
4. Osmose reversa
5. Eletrodiálise
6. Troca iônica
7. Filtros de areia
8. Tratamento com ozônio
9. Remoção de organismos patogênicos
10. Reator com membranas
O tratamento terciário vai remover o que restou dos sólidos em suspensão, da matérias orgânica, do
nitrogênio, do fósforo, metais pesados e bactérias.

É usado quando o tratamento secundário não consegue remover nitrogênio, fósforo, etc. Comumente
faz-se coagulação e sedimentação seguido de desinfecção.
Geralmente é usado quando pode haver contato das águas de reúso com o seres humanos.

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Confiabilidade
A USEPA, 2004 salienta a importância de uma unidade de tratamento para reúso enfatizando oito regras
gerais que são:
1. Duplicar as fontes de energia elétrica.
2. Quando houver queda de energia imediatamente deverá entrar a fonte alternativa.
3. Usar múltiplos unidades e equipamentos
4. Fazer um reservatorio de armazenamento de emergência
5. O sistema de tubulações e bombeamento deverá ser flexível para mudanças de emergência
6. Sistema de cloração duplo
7. Controle automático dos resíduos
8. Alarme automático

Enfatiza ainda:
1. Qualificação de pessoal
2. Programa efetivo de monitoramento
3. Programa efetivo de manutenção e operação

Avaliações para escolha do tratamento adequado


City Hollister, 2005 para apreciaçao das alternativas para a escolha do tratamento de esgoto adequado
montou os seguintes fatores:
¾ Gerenciamento do efluente do tratamento de esgotos
¾ Força do tratamento, isto é, as varias variáveis que podem mudar no tratamento.
¾ Confiabilidade no processo de tratamento de esgotos
¾ O tratamento tem ser facil de ser operado
¾ O tratamento de esgoto tem que ser flexibilidade
¾ Temos que verificar o espaço disponível
¾ Temos que saber onde vamos dispor os resíduos do tratamento
¾ Temos que ver os problemas de odores
¾ Cuidar dos aspectos estéticos
¾ Verificar os custo de implantação e de manutenção e operação
¾ Verificar as leis existentes sobre a disposiçao do efluente
¾ Facilidade ou dificuldade de ser aprovado pelos orgãos ambientais.

Ainda segundo City Hollister, 2005 os critérios de um projeto de uma estaçao de tratamento de esgotos
são:
¾ O processo de tratamento deve minimizar os odores.
¾ O processo de tratamento deve minimizar os ruidos durante a construçao e durante a operaçao
dos equipamentos.
¾ A desidratação do lodo dos esgotos e as instalações que serao usadas não devem ser
esquecidas.
¾ Os processos devem ter um longo tempo de retenção para estabilizar o lodo.
¾ O nitrogênio é um fator importante para a remoção.

Standards dos efluentes


Vamos analisar alguns standards de alguns países para se ver eficiência do sistema MBR.

Tabela 1.10- Alguns standards de alguns países para tratamento municipal de esgotos
Parâmetros Europa Alemanha China USA Austrália
EC-1998 (2002)
DBO5,20 25mg/L 15 a 40 mg/L 30a 80mg/L < 1mg/L <5mg/L
NT 10 a 15mg/L 13 a 18mg/L 1mg/L <3
PT 1 a 2 mg/L 1 a 2mg/L 0,1 <0,1mg/L
Fonte: Membrane bioreactor (MBR) treatment of contaminants

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1.23 Riscos à saúde pública


Um dos grandes perigos do reúso para a saúde pública é quando não se faz o tratamento e a desinfeção,
podendo ocasionar doenças como: cólera, febre tifoide, disenteria, helmintos.
Infelizmente alguns pa[ises no mundo usam os esgotos sem tratamento na agricultura.
Alguns dos patógenos que se podem encontrar num esgoto bruto são os seguintes:

Tabela 1.9- Exemplos de patógenos associados a esgotos municipais


Protozoário Giardia lamblia, Crysptosporidium sp
Helmintos Ascaris, Toxocara, Taenia, ancylostoma
Virus Hepatite A, Rotavirus, Enteroviroses
Doenças causadas por Salmonella sp, Vibrio cholerae, Legionellacease
bactérias
Fonte: Nações Unidas, 2007

Desinfecção
O objetivo da desinfecção é matar ou inativar os microorganismos patogênicos, vírus e parasitas da água
de esgotos tratadas. Comumente a desinfecção se utiliza de fortes oxidantes como o cloro, ozônio, bromo, mas
todos eles não deixam inativo os ovos de helmintos, conforme Nações Unidas, 2007.

Cloro: é o mais usado desinfetante, mas a presença de sólidos em suspensão, matérias orgânica ou amônia na
água causam problemas para a sua eficiência. Os sólidos em suspensos agem como um escudo para os
microorganismos que se protegem do cloro.
O cloro pode ter alguns efeitos negativos em certas irrigações de determinadas culturas e em ambiente
aquático. A retirada do cloro, ou seja, a decloração é um processo muito caro para ser usado no reúso.

Ultravioleta: a radiação UV inativa o microorganismo para reprodução e não cria subproduto.

Ozônio: é um ótimo desinfetante, mas é caro. Devemos ter um tempo correto de contato e uma concentração
adequada de ozônio.

Deve ser estudado para cada caso qual a melhor solução.

Ovos de Helmintos: os ovos de helmintos possuem diâmetro que varia entre 20 μm a 80μm, densidade relativa
entre 1,06 a 1,15 e altamente pegajoso.
Somente podem ser inativos com temperaturas acima de 40ºC.
Os processos de coagulação, sedimentação, floculação removem os ovos de helmintos.

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1.24 Rede dual


Na cidade de São Petersburgo, na Flórida, existem duas redes: água potável e água não potável,
conforme Figuras (1.15) e (1.16).

Figura 1.15 - Sistema de rede dual na Flórida

Figura 1.16 - Sistema de rede dual

A água não potável provém do tratamento de esgotos sanitários e se destina somente a rega de jardins
públicos e gramados privados. Funciona desde 1977.
O sistema dual diariamente supre mais de 75.600m3/dia (875 L/s).
Na Califórnia 63% do volume de águas de esgotos tratados são usadas na agricultura.
Na Tabela (1.8) estão os volumes de esgotos tratados e usados na agricultura nos estados da Califórnia
e Flórida.
Tabela 1.10 - Volume de esgotos aproveitado na agricultura
Estados Volume anual de esgotos tratados que vão para a
agricultura
Califórnia 6,6m3/s
Flórida 3,9m3/s

Quando há tratamento e desinfecção das águas cinzas, pode ser feita irrigação com a mesma.
A rede dual para transporte de água de reúso geralmente é de plástico classe 15 ou classe 20 com
coeficiente de rugosidade C=130, dependendo da pressão a que se destina.
Nos Estados Unidos para irrigação de jardins, lavagem de carros e calçadas se usam pressão mínima de
35mca, entretanto as pressões geralmente atingem um mínimo de 21m conforme Asano, 1998

1.25 Guia para reúso da água da USEPA


A USEPA apresenta nas Tabelas (1.9) e (1.10) com orientações para as várias modalidades de reúso.
Por exemplo, para reúso urbano necessitamos de tratamento secundário, filtração e desinfecção. Os
parâmetros como pH, DBO, uT, cloro e coliformes fecais devem ser monitorados com espaçamentos variados.

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Tabela 1.9 - Orientações para reúso da água da USEPA


Tipo de reúso Tratamento Parâmetros Monitoramento
pH de 6 a 9 Mensal
Reúso Urbano Secundário DBO ≤ 10mg/L Semanal
Jardins, lavagens de Filtração ≤ 2 uT Continuadamente
veículos
Descarga em bacias Desinfecção Coliformes fecais Diariamente
sanitárias
não detectáveis
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Área de acesso Secundário pH de 6 a 9 Semanal


restrito para Desinfecção
irrigação
Locais onde o público DBO ≤ 30mg/L Semanal.
é proibido
≤ 30mg/L TSS Diário
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L
Fonte: adaptado da USEPA

Tabela 1.10- continuação- Orientações para reúso da água da USEPA


Tipo de reúso Tratamento Parâmetros Monitoramento
pH de 6 a 9 Semanalmente
Recreacional Secundário DBO ≤ 10mg/L Semanal
(contato acidental Filtração ≤ 2 uT Continuadamente
parcial ou total na
pesca ou
velejamento)
Desinfecção Coliformes fecais Diariamente
não detectáveis
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Paisagismo Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Desinfecção
(locais onde o público ≤ 30mg/L TSS Diário
tem contato)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Uso na Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


construção civil Desinfecção
(compactação de ≤ 30mg/L TSS Diário
solo, lavagem de
agregados, execução
de concreto)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Uso Industrial Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Desinfecção
(once through ≤ 30mg/L TSS Diário
cooling)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente

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mínimo de 1mg/L
pH de 6 a 9

Uso Industrial Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Desinfecção
Coagulação
química e
filtração
(recirculationg cooling ≤ 30mg/L TSS Diário
towers)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Diário
mínimo de 1mg/L
pH de 6 a 9 semanal

Uso ambiental DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Secundário ≤ 30mg/L TSS Diário
(uso em wetlands, Desinfecção ≤ 200 Coliformes Diário
alagados, várzeas e
fecais coli
despejos em
córregos
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L
Fonte: adaptado da USEPA

1.26 Estado de New Jersey


O Estado de New Jersey, 2005 recomenda se utilizar do esgoto sanitário tratado somente a partir da
vazão > 4,4 L/s (380m3/dia)
Recomenda ainda que se o reúso for usado em áreas públicas Tipo I, isto é, aquelas em que o público
pode ter contato com a água, deve seguir o seguinte:
¾ Desinfecção com 1,0mg/l de cloro com tempo de contato mínimo de >15mim;
¾ Se usar desinfeçcão coml Ultravioileta a dosagem mínima deve ser de 100 mJ/cm2 e neste caso uT<2;
¾ Pode também ser usado ozônio;
¾ Os coliformes fecais < 14 /100mL
¾ O sólido total em suspensão TSS < 5mg/L
¾ O nitrogênio total (NO3 + NH3) ≤ 10mg/L
¾ Não pode ser irrigado mais de ≤ 50mm/semana.

1.27 Estado da Geórgia


O Estado da Geórgia recomenda que o uso das águas de esgotos tratadas (reúso) deve obedecer no
mínimo:
¾ Turbidez ≤ 3 uT
¾ DBO5 ≤ 5 mg/L
¾ TSS ≤ 5mg/L
¾ Coliformes fecais ≤ 23/100mL
¾ pH entre 6 a 9
¾ O desinfetante deve ser detectável em qualquer ponto.

1.28 Estado da Flórida


Em lugares onde será usada a água de reúso para descargas em vasos sanitários, se recomenda que;
¾ Aplicado a hotéis, motéis, prédios de apartamentos e locais onde o usuário não tem acesso ao sistema
predial de instalações para reparos e modificações.
¾ Não pode ser usado em residências onde o usuário pode ter interferência nas instalações prediais.
¾ A água de reúso deverá ter cor azul.
¾ As tubulações deverão ter cor vermelha.

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1.29 Estado do Texas


A água de reúso para descarga em bacias sanitárias deve ter segundo NRRI 97-15 do Estado do Texas:
¾ DBO5 ≤ 5 mg/L
¾ Coliformes fecais ≤ 75/100mL
¾ Cor azul da água
¾ Análise uma vez por semana
¾ Caso a água fique armazenada mais de 24h deverá ser desinfetada.

Para irrigação de gramado, isto é, paisagismo é exigido:


¾ DBO5 ≤ 10 mg/L
¾ Turbidez ≤ 3uT
¾ Coliformes fecais ≤ 75/100mL
¾ Análise uma vez por mês
¾ Caso a água fique armazenada mais de 24h deverá ser desinfetada.

No Estado do Texas é proibida a irrigação com água de esgotos bruta, isto é, sem tratamento. É necessário
autorização dos órgãos de saúde quando as águas cinzas tem vazão maior ou igual 0,2 L/s (17m3/dia)

1.30 Uso da água de reúso


A água de reúso pode ser usada em;
¾ Fontes decorativas
¾ Lagos para enfeite
¾ Incêndio
¾ Lavagem de ruas

1.31 Padrões de qualidade da água para Reúso


Não existe legislação brasileira quanto ao reúso, entretanto o Sinduscon- São Paulo, 2005 definiu 4 classes
de água para reúso.

Água de Reúso Classe 1


São para águas tratadas, destinadas a edifícios em descargas de bacias sanitárias, lavagem de pisos,
chafarizes, espelhos de água, lavagem de roupas, lavagem de veículos, etc conforme Tabela (1.12).

Tabela 1.11- Água de reúso classe 1

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Água de Reúso Classe 2


São para águas tratadas destinadas a construção de edifícios como lavagem de agregados, preparação de
concreto, compactação de solo, controle de poeira, conforme Tabela (1.12).

Tabela 1.12 - Água de reúso classe 2

Água de Reúso Classe 3


São para águas tratadas destinadas a irrigação de áreas verdes e rega de jardins, conforme Tabela (1.13).

Tabela 1.13 - Água de reúso classe 3

Água de Reúso Classe 4


São para águas tratadas destinadas a resfriamento de equipamentos de ar condicionado e com água a ser
usada em torres de resfriamento com recirculação e sem recirculação, conforme Tabela (1.15).

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Tabela 1.14 - Água de reúso classe 4

1.32 Normas da ABNT


A norma NB-570 de março de 1990 trata sobre o Projeto de Estações de Tratamento de Esgotos Sanitários,
porém desconhecemos normas para estações de tratamento físico-químico de efluentes industriais.

1.33 Custos
O custo de água de reúso para março de 2005 segundo Hespanhol e Mierzwa, 2005 é R$ 1,80/m3.
Os custos das estações de tratamento de esgotos estão na Tabela (1.15).

Tabela 1.15 - Custos de Estações de Tratamento em dólares americanos por habitante.


Estação de Tratamento de Esgotos Custo
(US$ /habitante)
Lodo ativado 68
Lagoa de estabilização 29
Reatores UASB com pós-tratamento 23
1US$= R$ 2,20 setembro de 2006

Segundo Asano, 2001 os custos variam numa faixa muito grande. Por exemplo, na Califórnia o custo da
água de reúso provindo dos esgotos sanitários é de US$ 0,50/m3 que é muito grande para ser usado na
agricultura, mas entretanto pode ser usado em rega de gramados e campos de golfe e praças públicas.
Há uma idéia errada de que a água de reúso é sempre mais barata que a água potável.
A Califórnia usa para amortização de capital o prazo de 20anos.
Na cidade de Fukuoka no Japão sempre citada nestes assuntos de reuso o custo da água de reúso é de
US$ 2,00/m3 enquanto que a água potável é US$ 1,9/m3. O custo para o consumidor na mesma cidade é US$
3,0/m3 para a água de reúso e US$ 3,7/m3 para a água potável. No Japão é usado 20anos como tempo de
amortização de capital.

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1.34 Sewer Mining


Sewer Mining é o processo de extrair esgotos de um sistema de esgotos podendo ser antes ou depois da
estação de tratamento e depois tratá-lo com processos físicos, químicos ou biológico, para produzir esgoto de
reúso reciclável para um fim especifico.
O rejeito do esgotos do sewer mining são em geral descartados introduzindo novamente na rede pública
de esgotos.
Trata-se de reúso de esgotos para uso como água não potável.
Tem sido muito aplicado na Austrália na cidade de Sydnei efetivamente desde o ano 2006.
O objetivo do sewer mining é a reciclagem do esgotos, possibilitando que mais usuários possam usar a
água potável dos serviços públicos.

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Curso de esgotos
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1.35 Bibliografia e livros consultados.


-ABNT NB- 570/1990 - Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário. 11páginas.
-ABNT NBR 5626/1998 - Instalações prediais de água fria, 41páginas.
-ASANO, TAKASHI. Water from (wastewater- the dependable water resource). Lido em Stockholm Water Prize
Laureate Lecture em 2001, Sweden. Professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Davis
na Califórnia.
-ASANO, TAKASHI. Watewater reclamation and reuse. Technomic, 1998, 1528 p. ISBN 1-56676-620-6 (Volume
10).
-BORROWS, JOHN. Water Reuse: considerations for commissions. The National Regulatory Research Institute.
Ohio, june, 1997, acessado em 15 de junho de 2006.
-CICEK N. A review of membrane bioreactors and their potencial application in the treatment of agricultural
waster. University of Manitoba, Winnipeg, Canada, 2003.
-CIEAU: http://www.cieau.com/ . Página francesa de informação com dados sobre consumo de água.
-CITY OF HOLLISTER. Long-Term Wastewater Management Program for the dWTP and WTP. December, 2005
-ESTADO DA CALIFORNIA. California Code of Regulation (CCR) chapter 62-610 Title 22, 1978 e 2004. Reuse of
Reclaimed water and land applications.
-ESTADO DA GEORGIA. Guidelines for Water Reclamation and Urban Water Reuse. 20 de fevereiro de 2002.
-ESTADO DE NEW JERSEY. Reclaimed Water for beneficial Reuse- A NJDEP Techical Manual. Janeiro de
2005.
-FETTER, C.W. Applied Hydrologeology. 3a ed. Prentice Hall, 1994, ISBN 0-02-336490-4, 691páginas.
-JORDÃO, EDUARDO PACHECO e PESSÔA, CONSTANTINO ARRUDA. Tratamento de Esgotos Sanitários. 4ª
ed. 2005, 906páginas.
-MANCUSO, PEDRO CAETANO SANCHES et al. Reúso de água. USP, 2003, 579páginas, ISBN 85-204-1450-8.
-MIERZWA, JOSE CARLOS e HESPANHOL, IVANILDO. Água na indústria- uso racional e reúso. ISBN 85-
86238-41-4 Oficina de Textos, 143páginas.
-MIERZWA, JOSÉ CARLOS. O uso racional e o reúso como ferramentas para o gerenciamento de águas e
efluentes na indústria. São Paulo, EPUSP, 2002, Tese de Doutoramento, 399páginas.
-NATIONAL REGULATORY RESERCH INSTITUTE (NRRI). Water Reuse.- considerations for commissions,
junho de 1997, Ohio University.- Johhn D., Borrows e Todd Simpson. NRRI 97-15, 127páginas.
-NUNES, JOSÉ ALVES. Tratamento físico-químico de águas residuárias Industriais. 1996, 277páginas.
-SINDUSCON-SP. Conservação e Reúso da água em edificações. São Paulo, 2005, 151páginas.
-TOMAZ, PLÍNIO. Conservação da água. Editora Parma, Guarulhos, 1999, 294 p.
-TOMAZ, PLÍNIO. Economia de água. São Paulo, Navegar, 2001, 112p. ISBN 85-87678-09-4.
-TOMAZ, PLÍNIO. Previsão de consumo de água. São Paulo, Navegar, 2000, 250 p. ISBN: 85-87678-02-07.
-TSUTIYA, MILTON TOMOYAUKI e SCHNEIDER, RENÉ PETER. Membranas filtrantes; para o tratamento de
agua, esgoto e água de reúso. ABES, 200’1, 234p.
-UNEP (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAME). Water and wastewater reuse- a environmentally
sound approach for sustainable urban water management. In Colaboration with Japan, 2007.
-USEPA (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY). Guidelines for Water Reuse. EPA/625/R-04/108
setembro de 2004 acessado em 15 de junho de 2006 http://www.epa.gov/
-VICKERS, AMY. Handbook of Water use and conservation. Waterflowpress, 2001,446páginas, ISBN 1-931579-
07-5
www.nrri.ohio-state.edu
-YAMAGATA, HIROKI E OGOSHI, MASASHI. On-site insight into reuse in Japan. Jornal Water21. IWA
(International Water Association)

1-27
Curso de esgotos
Capitulo 02- Membrane Bioreators (MBR) engenheiro Plínio Tomaz plínio tomaz@uol.com.br 01/06/08

Capítulo 02
Membrane Bioreator
(MBR)

2-1
Curso de esgotos
Capitulo 02- Membrane Bioreators (MBR) engenheiro Plínio Tomaz plínio tomaz@uol.com.br 01/06/08

Capitulo 02- Membrane Bioreator (MBR)


Combinando a tecnologia de membranas com tratamento de esgotos foi desenvolvido nos últimos 10 anos
os bioreatores com membranas que é conhecido como o sistema MBR (membrane bioreator) conforme Figura
(2.4).
Assim num sistema de lodo ativado podemos introduzir as membranas e se obter melhores resultados e
sistema mais compactado conforme Figura (2.5).

Figura 2.4- Esquema simplista do MBR

Figura 2.5- Acima temos o tratamento convencional de lodo ativado e abaixo a introdução de membranas como bioreator
denominado de MBR.
Fonte: Roger Babcock, 2005 WaterReuse Conference

Até o presente o tratamento por lodo ativado era considerado o melhor de todos, mas as membranas
introduzidas no processo melhoraram ainda mais a qualidade do efluente tendo sido criado o sistema MBR que é
o verdadeiro State of Art do tratamento de esgotos. Observar que o sistema MBR pode ser introduzido em
reatores anaerobios de fluxo ascendente também com sucesso. É o que se chama de retrofit.
Basicamente num tratamento de esgotos queremos três fatores fundamentais conforme City of Hollister,
2005:
1. O tratamento deve ser feito para o reúso ou reciclagem da água.
2. O tratamento deve obedecer aos limites impostos pelo nitrato.
3. O tratamento deve ser compatível com o futuro para remover os sólidos dissolvidos.
Conforme as Nações Unidas, 2007 com as membranas de filtração podemos obter uma alta qualidade da
água de esgoto ou da dessalinizaçao das águas do mar e das águas salobras.O objetivo do nosso estudo é
somente do reúso de Águas de esgotos domésticos municipaIS que pode estar incluso um pouco de esgoto
industrial.
O esquema geral de um tratamento com MBR está na Figura (2.6) e as membranas podem estar
submersas dentro do reator ou externas, isto é, separadas do reator:
¾ Sistema MBR Submerso -Figura (2.6) esquerda
¾ Sistema MBR Externo - Figura (2.6) direita

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Figura 2.6- Reator submerso a esquerda e externo a direita

As membranas possuem tamanho dos poros entre 0,035μm e 0,4μm estando entre microfiltração e e
ultrafiltração.

Figura 2.7- Esquema simplificado de um MBR


Fonte: TSG- making every drop count, dezembro 2005

Figura 2.8- Mostra as membranas com fibras ocas a esquerda e membranas planas a direita.
Fonte: TSG- making every drop count, dezembro 2005

Existem dois processos básicos no mundo: o de fibras ocas usado pela firma Zenon e membranas planas
usado pela Kubota conforme Figuras (2.8) e (2.9). Ambos são bons, mas existem algumas particularidades.
A firma Zenon tem poro de 0,1μm (porosidade efetiva de 0,035μm e a firma Kubota têm poros de 0,4μm
(0,1μm de porosidade efetiva). Na Zenon temos pulsação automática e a Kubota não. Na Zenon a pulsação faz o
fluxo inverter todo 10min a 15mim para evitar entupimentos. A Kubota não tem fluxo invertido e mecanismo é
mais simples.

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Figura 2.9- Esquemas básicos do uso do MBR. Acima é o esquema da firma Zenon (Canadense) e abaixo da firma Kubota
(japonesa).
Fonte: TSG- making every drop count, dezembro 2005
A Figura (2.10) mostra duas estações compactas de tratamento de esgotos sendo uma da firma Kubota e
outra Zenon.

Figura 2.10- Reatores de Membrana da Kubota(acima) e da Zenon( abaixo).


Fonte: TSG- making every drop count, dezembro 2005

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Na Europa o uso do Reator de Membrana (MBR) começou em 1999 sendo que as instalações existentes
variam de 25 L/s a 210 L/s. Nos Estados Unidos praticamente o primeiro processo de Reator de Membranas foi
feito em 1975 na Califórnia no Condado de Orange com uma instalação de 219 L/s usando membranas de
acetato de celulose. Com o passar dos anos as membranas de acetato de celulose foram substituídas por
membranas de poliamidas. As membranas de fibras ocas começaram a ser feitas nos anos 1980 e foram
testadas em 1992 no Condado de Orange com sucesso.
Nos Estados Unidos as instalações de MBR variam de 41L/s a 440 L/s. O MBR não só elimina a
necessidade do clarificador secundário numa estação de tratamento por lodo ativado, como produz um efluente
de alta qualidade, chegando-se a um verdadeiro State of Art dos MBR.
As aplicações de reúso por MBR tem sido em:
• descargas de bacias sanitárias,
• indústrias têxteis,
• uso não potável, etc.
As membrans são um processo em que a separação das partículas é por meio determinada pressão em
uma dada concentração conforme Figura (2.11).
Os processos de filtração em membranas podem ser classificados de acordo com a remoção das partículas
conforme Figura (2.12):
1. Microfiltraçao (MF): a membrana tem poros que variam de 0,1μm a 1μm de diâmetro. Pode remover
partículas como bactérias, cistos e oocistos.
2. Ultrafiltração (UF): variam de 0,01 a 0,1 μm e pode remover partículas e moléculas grandes, incluso
bactérias e virus.
3. Nanofiltraçao (NF): neste caso as membranas são similares ao RO e a taxa de rejeição é baixa. Entre
0,01 μm a 0,001 μm
4. Osmose Reversa (RO): neste caso as membranas podem rejeitar até pequenos solutos iônicos tais
como sais como o que estão livres na água mineral. <0,001μm

Figura 2.11-Membranas de osmose reversa


Fonte: Naçoes Unidas, 2007

Figura 2.12- Processos de filtração em membranas e os materiais que podem ser retidos.
Fonte: Nações Unidas, 2007

A Alemanha e Austrália usam o tratamento de lodos ativados com membranas que se chama (MBR-
membrane bioreactors) para reúso de esgotos.
As pressões aumentam na seguinte ordem:
MF<UF<NF<RO

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Assim a pressão para Osmose Reversa é maior que a nanofiltração, que por sua vez é maior que a
ultrafiltração que é maior que a microfiltração.
Na Tabela (2.7) estão as características de vários tipos de membranas. Por exemplo, uma membrana UF
a pressão varia de 0,7atm a 2,0 atm ou seja, 7mca a 20mca sendo que o diâmetro do poro chega até 0,1μm
sendo usado material polisulfona e fibras ocas com fluxo é de 26 L/m2 x h a 44 L/m2xh.

Tabela 2.7-Caracteristicas importantes de membranas para aplicações municipais.


Caracteristicas MF UF MBR NF RO
submersa
Pressão (atm) 0,32 a 1,4 0,7 a 2,0 -0,7 a -0,3 4,8 a 8,2 8,5 a 20,4
-4
Diâmetro 0,1 a 0,2 0,01 a 0,1 0,0035 a 0,40 0,001 a 0,01 1 xc 10 a 1
-3
poro(μm) x 10
Material Polipropileno. Polipropileno Polietileno, Acetato de Acetato de
Polisulfona, Polisulfona, PVDF celulosed, celulose e
Polivinillidene PVDF poliamida poliamida
Fluiride aromática aromática
(PVDF)

Fluxo 35 a 52 26 a 44 10 a 35 17 a 21 17 a 21
2
(L/m x h)
Modelos de Fibra oca Fibra oca, Fibra oca, Espiral Espiral
configuração espiral membrana
plana
Entrada/Saida Entrada/Saida Entrada/Saida Entrada e Entrada e
Dentro para Dentro para Fluxo saida saida
Operação fora fora transversal Fluxo Fluxo
Fluxo Fluxo hibrido transversal transversa
transversal transversal Fim de linha
Fim de linha Fim de linha
Zenon, Dow, Filme Dow, Filme
Osmonics, ]Dow, Kubota, Tec, Tec,
Firmas Dow, Pall, Hydranautics. Mitsubishi, Hydranautics, Hydranautics,
fornecedors Koch, USfilter Koch, Norit, USfilter, Tripsep, Tripsep,
Pall e Zenon Hubedr and Osmonics, Osmonics,
Segher- Toyobo Koch, Trisep,
Keppel Toray
Fonte: Werf

Facilmente se consegue que o efluente tenha turbidez <0,2 uT e que a remoção de virus seja de 4log
(99,99%) dependendo do diâmetro nominal dos poros da membrana. Estas membranas seguramente removem
os patogênicos como Cryptosporidium e Giardia.
Foram usados em tratamento de esgotos até 50 L/s a 116 L/s;
As membranas são usadas no tratamento de lodos ativados em lugar dos clarificadores secundários.É
um processo de tratamento terciário.
Deverão ser estudados os custos de manutenção e operação para o bom funcionamento do sistema de
tratamento de membranas devendo observar os seguintes parâmetros operacionais (Tsutiya, 2001 et al).
¾ Pressão de operação das membranas
¾ Perda de carga nos módulos
¾ Fluxo do permeado e de concentrado
¾ Condutividade elétrica do permeado

As Figuras (2.10) a (2.12) mostram os módulos do chamado sistema MBR (reator em membranas).
Temos a apresentação de um módulo, a superposiçao de outro módulo e a composição com três módulos.
A Figura (2.13) e (2.14) mostra o corte longitudinal e transversal de um sistema de lodo ativado com
membranas, conhecido como MBR (reator com membranas).
Trata-se de ultrafiltração com diâmetros de poros menor que 0,1μm.
Para uma simples casa a membrana terá área de 6,25m2 pode tratar em média 0,17m3/h e no maximo
3
2,73 m /dia para as horas de pico.
Normalmente as membranas podem tratar até 98,28 m3/dia (1,14 L/s) com área de 225m2, sendo que
acima de 3000m2 de membranas são introduzidos discos rotativos.
A manutenção das membranas é feita somente uma vez por ano, onde faz-se uma limpeza com jato de
ar das membranas e se retira o lodo acumulado, que deverá ser desidratado e encaminhado a um aterro
sanitário.
Durante a operação é introduzido sulfato férrico para diminuir a quantidade de nitrogênio nos esgotos.
Pode ser feito em concreto ou material plástico.
A qualidade do efluente de esgotos usando reatores de membrana conforme Nocachhis et al conforme
Tsutyia,2001conforme Tabela (2.8).

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Tabela 2.8- Qualidade dos efluentes de reatores de membranas


Parâmetro Valor Remoção
em %
DBO < 2mg/L > 99%
TSS Abaixo do limite de detecção >99%
TKN < 2mg/L > 96%
NH3 <0,3mg/L >97%
PT <0,1mg/L >96%
Turbidez (uT) < 1 uT >99%
Coliformes totais Abaixo do limite de detecção 100%
Coliformes fecais Abaixo do limite de detecção 100%
Virus Redução acima de 4log e na maioria dos >99%
casos abaixo do limite de detecção
Fonte: Novachis et al, 1998 in Tsutiya, 2002.

A pressão de bombeamento é baixo, ou seja, somente 2mca que significa baixo custo de energia elétrica
na bomba.
As membranas de ultrafiltração são de material plástico denominado polisulfona (PSO). Existem outros
materiais como: acetato de celuluse, polietersulfona, polipropileno, poliamida, poliacrilamida e outros

Nao nos interessa os grandes tratamento de esgotos com o uso de membranas como os reatores
tradicionais produzidos pela Zenon e pela Kubota.
O interesse que temos é para pequenas estações de tratamento para uma casa ou centenas de casas
usando reatores de membranas submersos novos.
O representante das membranas fabricadas na Alemanha (Martin System do Brasil é a firma
Geasanevita- engenharia e meio ambiente. http://www.geasanevita.com.br localizada na av. Faria Lima, 2894
11ºandar conjunto 113 São Paulo Telefone 3071-1680.
t

de
Figura 2.13- Um módulo do MBR (reator em membranas) fornecido pela firma alemã SiClaro
Fonte:http://www.martin-systems.de/en/produkte/downloads/Membran/siClaro-Membranfilter.pdf

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Figura 2.14- Dois modulos do MBR (reator em membranas) fornecido pela firma alemã SiClaro
Fonte:http://www.martin-systems.de/en/produkte/downloads/Membran/siClaro-Membranfilter.pdf

Figura 2.15- Três módulos do MBR (reator em membranas) fornecido pela firma alemã SiClaro

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Figura 2.16- Corte longitudinal de um sistema de lodo ativado residencial com as membranas da siClaro
Fonte:http://www.martin-systems.de/en/produkte/downloads/Membran/siClaro-Membranfilter.pdf

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Figura 2.17- Corte transversal de um sistema de lodo ativado residencial com as membranas da siClaro
Fonte:http://www.martin-systems.de/en/produkte/downloads/Membran/siClaro-Membranfilter.pdf

Em instalações acima de 139 L/s é importante o uso de peneiras e tratamento primário antes do
tratamento propriamente dito. Em plantas abaixo de 22 L/s o peneiramente é limpo automaticamente.
Salientamos a importância da desifecção com cloro do efluente devido a facilidade de monitoramento.
O lodo estabilizado deve ser compactado antes de ir para o aterro sanitário existindo equipamentos para
isto.

Vantagens do MBR
O tratamento com MBR cada vez mais está diminuindo os custos das membranas e já está provado que
é mais eficiente que os tratamentos biológicos.
As vantagens são:
¾ Alta qualidade do efluente podendo o mesmo ser usado para resfriamento, descarga em bacias
sanitárias, rega de jardins ou outro processo qualquer.
¾ Precisa de menos espaço, pois, substitui o clarificador secundário do tratamento dos lodos
ativados
¾ O tempo de retenção do lodo pode ser completamente controlado. Tempo de 30 a 45h são
possiveis de serem atingidos e isto aumentará a biiodegradação dos compostos resistentes e
melhorar a performance da nitrificaçao conforme EPA, 2004.
¾ A biomassa pode ser bem concentrada atingindo 30g/L no MBR.
¾ Há uma redução drástica do lodo.
¾ A remoção de bactérias e virus é feita sem adição de produtos químicos.
¾ O sistema MBR submerso permite que se faça um upgrade em instalações existentes.
Geralmente são MF ou UF e composta de membranas ôcas ou planas. A turbulência n o exterior
é mantido por difusão de ar para evitar a deposição.O vácuo é introduzido ao lado das
membranas

Desvantagens do MBR
As desvantagens do MBR são:
¾ Custo alto de capital e de operação
¾ São técnicas novas de uso de membranas para tratamento de esgotos sanitários ainda não conhecidas,
prevalecendo então as técnicas de conhecimento geral.
¾ Os sistemas convencionais atendem a legislação vigente. O processo MBR produz um efluente de
melhor qualidade, mas em geral está acima dos padrões legais.

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Figura 2.18- Diferença de cor do líquido apos o MBR (a direita)


Fonte: Clean Water from Wastewater

Figura 2.19- Esquema de lodo ativado com MBR em Hollister, USA


Fonte: City of Hollister, 2005

Custos
Conforme Tsutiya, et al 2001, os reatores em membranas (MBR) são competitivos com o sistema de
lodos ativados convencionais até a vazão de 579 L/s.
Nos Estados Unidos os custos estimados possuem uma contingência de 20%. Existe uma associação
internacional de custos- American Association of Cost Engineers (AACE) e normalmente se espera que o custo
de uma estação de tratamento de esgotos variem de -30% a + 50% que são os limites de confiabilidade achado
nos Estados Unidos e isto não deve ser confundido com a reserva de contingência (City of Hollister, 2005).
A Tabela (2.9) mostra uma adaptação em números das curvas do autor citado.

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Tabela 2.9- Estimativa de custos em dólares por m3 dos reatores em membranas (MBR) e o tratamento
convencional por lodo ativado.
Vazão MBR Lodo ativado
convencional
3 3
(L/s) US$/m US$/m
0 0,10 0,05
58 0,08 0,04
116 0,07 0,04
174 0,06 0,03
232 0,04 0,03
290 0,03 0,02
Fonte: adaptado de Tsutiya, et al 2001.

Asano, 1998 apresenta ainda que para vazão em torno de 43 L/s o custo do metro cúbico com
amortização de capital em 20anos e juros de 10% anuais é de US$ 0,75/m3 e a manutenção e operação do
sistema é US$ 0,72/m3.
O custo global será US$ 1,47/m3

Aplicações do MBR
Sao inúmeras as aplicações do MBR nestes 30 anos. A reciclagem da água em edificios e o tratamento
de esgotos de pequenas comunidades é feito cada vez mais no Japão. Também é facilmente aceito que os MBR
podem ser usados no tratamento das águas cinzas.
A tecnologia do MBR pode ser aplicada em tratamento de chorume de aterros sanitários, que possuem
uma alta taxa de DBO. Existem tratamento de chorume na França com 50m3/dia; na Alemanha 264m3/dia e
250m3/dia. Na cidade de Zagreb usando ultrafiltração chegou-se a remoção de 90% da carga orgânica do
chorume e se tivessem usado membranas com poros menores a remoçao seria maior. Obteve-se remoçao de
87% de COD e 93,5% de TOC com nanofiltração.
Existem no mundo mais de 1.200 MBR sendo que 1.000 estão no Japão e o resto na Europa e Estados
Unidos.
De todas estas instalações do Japão, 55% são de membranas submersas da firma Kubota e o restante
45% quando as membranas externas.
Confome N. Cisek da Universidade de Manitoba em Winnipeg, Canadá no ano 2003, pesquisas feitas
nos Estados Unidos acharam 95 substâncias orgânicas contaminantes em 139 rios de 30 estados. Entre estes os
mais frequentes achados são esteróides, hormonios, detergentes sintéticos e inseticidas que possibilitam os
disruptores endócrinos.
Conforme José Santamarta os disruptores endócrinos interferem no funcionamento do sistema
hormonal mediante algum dos três mecanismos seguintes: substituindo os hormônios naturais: bloqueando a
ação hormonal: aumentado ou diminuindo os níveis de hormônios naturais. O livro Nosso futuro roubado de
Theo Colborn et al que trata do assunto é uma espécie de continuação do livro Primavera Silenciosa de Rachel
Carson que falou sobre o DDT.
No Canadá o Departamento da Justiça definiu como disruptor endócrino a substância que tem a
habilidade de alterar a síntese, secreção, transporte, ação ou eliminação de hormônios em um organismo e que
é responsável pela manutenção da homeostase, reprodução desenvolvimento e comportamento de um
organismo.
Nos Grandes Lagos no Canadá se acharam disruptores endócrinos que geralmente provem dos esgotos
municipais, de pesticidas e herbicidas da agricultura. A boa noticia é que o MBR pode propiciar a eliminação dos
disruptores endócrinos, bem como os pesticidas e herbicidas.

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Confiabilidade
A USEPA, 2004 salienta a importância de uma unidade de tratamento para reúso enfatizando oito regras
gerais que são:
1. Duplicar as fontes de energia elétrica.
2. Quando houver queda de energia imediatamente deverá entrar a fonte alternativa.
3. Usar múltiplos unidades e equipamentos
4. Fazer um reservatorio de armazenamento de emergência
5. O sistema de tubulações e bombeamento deverá ser flexível para mudanças de emergencia
6. Sistema de cloração duplo
7. Controle automático dos resíduos
8. Alarme automático

Enfatiza ainda:
1. Qualificação de pessoal
2. Programa efetivo de monitoramento
3. Programa efetivo de manutenção e operação

Avaliações para escolha do tratamento adequado


City Hollister, 2005 para apreciaçao das alternativas para a escolha do tratamento de esgoto adequado
montou os seguintes fatores:
¾ Gerenciamento do efluente do tratamento de esgotos
¾ Força do tratamento, isto é, as varias variaveis que podem mudar no tratamento.
¾ Confiabilidade no processo de tratamento de esgotos
¾ O tratamento tem ser facil de ser operado
¾ O tratamento de esgoto tem que ser flexibilidade
¾ Temos que verificar o espaço disponivel
¾ Temos que saber onde vamos dispor os residuos do tratamento
¾ Temos que ver os problemas de odores
¾ Cuidar dos aspectos estéticos
¾ Verificar os custo de implantação e de manutençao e operaçao
¾ Verificar as leis existentes sobre a disposiçao do efluente
¾ Facilidae ou dificuldade de ser aprovado pelos orgaos ambientais.

Ainda segundo City Hollister, 2005 os critérios de um projeto de uma estaçao de tratamento de esgotos
sao:
¾ O processo de tratamento deve minimizar os odores.
¾ O processo de tratamento deve minimizar os ruidos durante a construçao e durante a operaçao
dos equipamentos.
¾ A desidratação do lodo dos esgotos e as instalações que serao usadas nao devem ser
esquecidas.
¾ Os processos devem ter um longo tempo de retençao para estabilizar o lodo.
¾ O nitrogenio é um fator importante para a remoção.

Standards dos efluentes


Vamos analisar alguns standards de alguns paises para se ver eficiencia do sistema MBR.

Tabela 2.10- Alguns standards de alguns países para tratamento municipal de esgotos
Parâmetros Europa Alemanha China USA Austrália
EC-1998 (2002)
DBO5,20 25mg/L 15 a 40 mg/L 30a 80mg/L < 1mg/L <5mg/L
NT 10 a 15mg/L 13 a 18mg/L 1mg/L <3
PT 1 a 2 mg/L 1 a 2mg/L 0,1 <0,1mg/L
Fonte: Membrane bioreactor (MBR) treatment of emergin contaminants

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2.23 Riscos à saúde pública


Um dos grandes perigos do reúso para a saúde pública é quando não se faz o tratamento e a desinfeção,
podendo ocasionar doenças como: colera, febre tifoide, disenteria, helmintos.
Infelizmente alguns paises no mundo usam os esgotos sem tratamento na agricultura.
Alguns dos patógenos que se podem encontrar num esgoto bruto são os seguintes:

Tabela 2.9- Exemplos de patógenos associados a esgotos municipais


Protozoário Giardia lamblia, Crysptosporidium sp
Helmintos Ascaris, Toxocara, Taenia, ancylostoma
Virus Hepatite A, Rotavirus, Enteroviroses
Doenças causadas por bactérias Salmonella sp, Vibrio cholerae, Legionellacease
Fonte: Nações Unidas, 2007

Desinfecção
O objetivo da desinfecção é matar ou inativar os microorganismos patogênicos, vírus e parasitas da água
de esgotos tratadas. Comumente a desinfecção se utiliza de fortes oxidantes como o cloro, ozônio, bromo, mas
todos eles na deixam inativo os ovos de helmintos, conforme Nações Unidas, 2007.

Cloro: é o mais usado desinfetante, mas a presença de sólidos em suspensão, matérias orgânica ou amônia na
água causam problemas para a sua eficiência. Os sólidos em suspensos agem como um escudo para os
microorganismos que se protegem do cloro.
O cloro pode ter alguns efeitos negativos em certas irrigações de determinadas culturas e em ambiente
aquático. A retirada do cloro, ou seja, a decloração é um processo muito caro para ser usado no reúso.

Ultravioleta: a radiação UV inativa o microorganismo para reprodução e não cria subproduto.

Ozônio: é um ótimo desinfetante, mas é caro. Devemos ter um tempo correto de contato e uma concentração
adequada de ozônio.

Deve ser estudado para cada caso qual a melhor solução.

Ovos de Helmintos: os ovos de helmintos possuem diâmetro que varia entre 20μm a 80μm, densidade relativa
entre 1,06 a 1,15 e altamente pegajoso.
Somente podem ser inativos com temperaturas acima de 40ºC.
Os processos de coagulação, sedimentação, floculação removem os ovos de helmintos.

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2.35 Bibliografia e livros consultados.


-ABNT NB- 570/1990 - Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário. 11páginas.
-ABNT NBR 5626/1998 - Instalações prediais de água fria, 41páginas.
-ASANO, TAKASHI. Water from (wastewater- the dependable water resource). Lido em Stockholm Water Prize
Laureate Lecture em 2001, Sweden. Professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Davis
na Califórnia.
-ASANO, TAKASHI. Watewater reclamation and reuse. Technomic, 1998, 1528 p. ISBN 1-56676-620-6 (Volume
10).
-BORROWS, JOHN. Water Reuse: considerations for commissions. The National Regulatory Research Institute.
Ohio, june, 1997, acessado em 15 de junho de 2006.
-CICEK N. A review of membrane bioreactors and their potencial application in the treatment of agricultural
waster. University of Manitoba, Winnipeg, Canada, 2003.
-CIEAU: http://www.cieau.com/ . Página francesa de informação com dados sobre consumo de água.
-CITY OF HOLLISTER. Long-Term Wastewater Management Program for the dWTP and WTP. December, 2005
-ESTADO DA CALIFORNIA. California Code of Regulation (CCR) chapter 62-610 Title 22, 1978 e 2004. Reuse of
Reclaimed water and land applications.
-ESTADO DA GEORGIA. Guidelines for Water Reclamation and Urban Water Reuse. 20 de fevereiro de 2002.
-ESTADO DE NEW JERSEY. Reclaimed Water for beneficial Reuse- A NJDEP Techical Manual. Janeiro de
2005.
-FETTER, C.W. Applied Hydrologeology. 3a ed. Prentice Hall, 1994, ISBN 0-02-336490-4, 691páginas.
-JORDÃO, EDUARDO PACHECO e PESSÔA, CONSTANTINO ARRUDA. Tratamento de Esgotos Sanitários. 4ª
ed. 2005, 906páginas.
-MANCUSO, PEDRO CAETANO SANCHES et al. Reúso de água. USP, 2003, 579páginas, ISBN 85-204-1450-8.
-MIERZWA, JOSE CARLOS e HESPANHOL, IVANILDO. Água na indústria- uso racional e reúso. ISBN 85-
86238-41-4 Oficina de Textos, 143páginas.
-MIERZWA, JOSÉ CARLOS. O uso racional e o reúso como ferramentas para o gerenciamento de águas e
efluentes na indústria. São Paulo, EPUSP, 2002, Tese de Doutoramento, 399páginas.
-NATIONAL REGULATORY RESERCH INSTITUTE (NRRI). Water Reuse.- considerations for commissions,
junho de 1997, Ohio University.- Johhn D., Borrows e Todd Simpson. NRRI 97-15, 127páginas.
-NUNES, JOSÉ ALVES. Tratamento físico-químico de águas residuárias Industriais. 1996, 277páginas.
-SINDUSCON-SP. Conservação e Reúso da água em edificações. São Paulo, 2005, 151páginas.
-TOMAZ, PLÍNIO. Conservação da água. Editora Parma, Guarulhos, 1999, 294 p.
-TOMAZ, PLÍNIO. Economia de água. São Paulo, Navegar, 2001, 112p. ISBN 85-87678-09-4.
-TOMAZ, PLÍNIO. Previsão de consumo de água. São Paulo, Navegar, 2000, 250 p. ISBN: 85-87678-02-07.
-TSUTIYA, MILTON TOMOYAUKI e SCHNEIDER, RENÉ PETER. Membranas filtrantes; para o tratamento de
agua, esgoto e água de reúso. ABES, 200’1, 234p.
-UNEP (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAME). Water and wastewater reuse- a environmentally
sound approach for sustainable urban water management. In Colaboration with Japan, 2007.
-USEPA (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY). Guidelines for Water Reuse. EPA/625/R-04/108
setembro de 2004 acessado em 15 de junho de 2006 http://www.epa.gov/
-VICKERS, AMY. Handbook of Water use and conservation. Waterflowpress, 2001,446páginas, ISBN 1-931579-
07-5
www.nrri.ohio-state.edu
-YAMAGATA, HIROKI E OGOSHI, MASASHI. On-site insight into reuse in Japan. Jornal Water21. IWA
(International Water Association)

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Capítulo 03

Tanque séptico e sépto difusor

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 3 –Tanque séptico e sépto difusor

3.1 Introdução
3.2 Normas brasileiras
3.3 Sistemas de tanques sépticos
3.4 Septo difusor
3.5 Efluente do sistema de Tanque séptico + septos difusores
3.6 Remoção do lodo
3.7 Custo
3.8 Reúso
3.9 Estudo de caso
3.10 Adsorção em carvão ativado
3.11 Bibliografia e livros consultados

3-2
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Capítulo 3- Tanque séptico e septo difusor

3.1. Introdução
Os tanques sépticos eram antigamente chamado de fossas sépticas.
O tanque séptico pode atender uma residência ou até 300 unidades (1500pessoas). É muito usado na
França e no Japão, pois conseguem de uma maneira bem econômica e baixíssima manutenção, redução de DB0
de 96%.
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) varia de >200mg/L a >750mg/L sendo a média de 350 mg/L.
O chamado sistema tanque séptico tem um tratamento complementar e adotamos o tratamento aeróbio
com septo difusores devido ao baixo custo de implantação, manutenção e operação.
Devido a isto, a escolha que fizemos foi sobre sistema de tanque séptico existente no Brasil, onde o
tanque séptico faz a redução anaeróbica e os septos difusores (tecnologia francesa) a redução aeróbica.
Devido a altíssima redução de DBO o efluente dos Tanques Sépticos podem ser usados como água de
reúso.

3.2 Normas brasileiras


As normas brasileiras da ABNT sobre Tanque sépticos são duas:
¾ NBR 7229/93 sobre Projeto, Construção e operação de sistemas de tanques sépticos.
¾ NBR 13969/97 sobre Tanques sépticos-unidades de tratamento complementar e disposição de efluentes
líquidos. Construção e Operação.
Tivemos a oportunidade de conversamos com o industrial e pesquisador francês sr. François Neveux que
fabrica 25% dos tanques sépticos na França.
Na França não se separa o graywater (água cinza) do blackwater (esgoto sanitário), sendo o todo o
tratamento feito junto. Informou ainda que para o dimensionamento da caixa de gordura seguem as normas
alemãs da DIN.

3.3 Sistemas de tanques sépticos


Os sistemas de tanques sépticos são basicamente o seguinte:
¾ Caixa de gordura que deve ser bem maior que a das normas brasileiras no caso de sistema de
tratamento isolado.
¾ Tanque séptico propriamente dito, que é um tratamento primário anaeróbico que atinge a redução de
DBO de 60%.
¾ Septo difusor que é tratamento secundário aeróbico que juntamente com o tratamento primário atinge
redução de DBO de 96%.

3.3A População equivalente


Vamos usar os conceitos de população equivalente conforme Dacah, 1984.
Primeiramente temos que transformar a DBO medida em laboratório em quilograma de oxigênio
necessário a estabilização do volume diário de esgoto, seja em grama de oxigênio necessário à estabilização da
matéria orgânica do esgoto produzido em média de um habitante em um dia.
Usamos a formula:
Dt= 0,001 x Q x DBO
Sendo:
Dt= demanda diária de oxigênio em kg
Q= produção diária de esgoto em m3
DBO demanda em mg/L

Sendo Dh= demanda de oxigênio por habitante em grama


Pe= população equivalente
Pe= Dt (gramas)/ Dh
Considerando Dh= 55 gramas diário de oxigênio por habitante de esgoto domestico.

Exemplo 3.1
Achar a população equivalente a 30 porcos que possui DBO5 variando de 4500mg/L a 12000mg/L.
Sendo o consumo de água de cada porco de 12 L/porco teremos:
Q= 30 porcos x 12 L/porco= 360 L/dia= 0,36m3/dia
Dt= 0,001 x Q x DBO
Dt= 0,001 x 0,36m3 x 12000mg/L=4,32kg de oxigênio consumido pela DBO por dia
Pe= Dt (gramas)/ Dh
Pe= 4320g/ 55g/hab=80 hab

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Portanto, a população equivalente de 30 porcos será de 80 habitantes. Na prática se usa comumente 1


porco= 4 pessoas.

Consumo de animais
O consumo de água para rebanhos BEDA é um consumo médio igual a equação:
BEDA= BOVINOS + EQUI NOS+ 1/5 (OVINOS/CAPRINOS) + ¼ SUINOS
Observar que o consumo de suinos é ¼ de 50 litros= 12,5 L/dia x cabeça
Consumo de ovino ou caprino= 50/ 5= 10 L/dia x cabeça
Consumo de bovino ou eqüino= 50 L/dia x cabeça

3.4 Tanque séptico


A NBR 7229/1993 trata de Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos e a
NBR 13969/97 que trata de Tanques sépticos- unidade de tratamento complementar e disposição final dos
efluentes líquidos- Projeto, construção e operação.
Nas Figuras (3.5) a (3.7) podemos ver um tanque séptico feito em polietileno, sendo que o volume varia
de 1.000litros até 8.000 litros.

3.5 Tabelas básicas da NBR 7229/03


Vamos apresentar as três tabelas básicas da NBR 7229/93 que serão utilizadas na equação para achar
o volume do tanque séptico que são: Tabela (3.1) que fornece o período de detenção T, Tabela (3.2) que fornece
a taxa de acumulação de lodo K e Tabela (3.3) que fornece as contribuições unitárias e o valor do lodo fresco Lf.

Tabela 3.1 Período de detenção T em função da vazão afluente (N x C)


Contribuição (N x C) Período de detenção
T
(Litros/dia) (horas) (dias)
Até 1500 24 1,00
De 1501 a 3000 22 0,92
De 3001 a 4500 20 0,83
De 4501 a 6000 18 0,75
De 6001 a 7500 16 0,67
De 7501 a 9000 14 0,58
Mais que 9000 12 0,50
Fonte: NBR 7229/93
N= numero de pessoas ou unidades de contribuição
C= contribuição unitária de esgoto L/pessoa x dia ou L/unidadexdia

Tabela 3.2- Taxa de acumulação total de lodos K (dias)


Intervalos entre Temperatura
limpezas ºC
(anos) <10 10<T<20 >20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
Fonte: NBR 7229/93

Tabela 3.3 Contribuições unitárias de esgotos (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédios e de
ocupantes (L/dia)
Prédio Unidade Contribuição de Lodo fresco
esgotos Lf
C
1- Ocupantes permanentes
- residência padrão alto pessoa 160 1,00
-residência padrão médio pessoa 130 1,00
-residência padrão baixo pessoa 100 1,00
-hotel sem lavanderia e cozinha pessoa 100 1,00
-alojamento provisório pessoa 80 1,00

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2-Ocupantes temporários
-fábricas em geral operário 70 0,30
-escritórios pessoa 50 0,20
-edifícios públicos/comerciais pessoa 50 0,20
-escolas (externatos) e locais de longa pessoa 50 0,20
permanência
-bares pessoa 6 0,10
-restaurante e similares refeição 25 0,10
-cinemas, teatros, locais de curta permanência Lugar 2 0,02
-sanitários públicos bacia 480 4,00
sanitária
Fonte: NBR 7229/93

3.6 Formas do tanque séptico


As dimensões mais comuns são as de seção retangular e as de seção circular conforme Azevedo Neto,
1988.Quando de seção retangular recomenda-se que o comprimento seja pelo menos o dobro da largura para
assegurar boas condições de escoamento.

Figura 3.1- Esquema de tanque séptico de seção circular


Fonte: Jordao, 2005

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3.7 Compartimentação
Os tanques sépticos podem ser de três tipos principais conforme Azevedo Neto, 1988:
• Simples não compartimentados
• Compartimentados com câmaras em série
• Com câmaras sobrepostas

Figura 3.2 - Esquema de tanque séptico prismático retangular de câmara única.


Fonte: Jordão et al, 2005.

Os tanques sépticos de câmara única são os mais usuais e econômicos.


Os tanques com dois compartimentos em série são um pouco mais caros, mas oferecem maior proteção
contra o arrastamento de sólidos suspensos para o efluente, melhorando dessa forma, a remoção de sólidos em
suspensão conforme Azevedo Neto, 1988.
O primeiro compartimento mede ½ a 2/3 e o segundo 1/3 a ½ do comprimento total L.
A relação comprimento total sobre a largura (L/B) não deve ser inferior a 1,5 : 1.
Os tanques sépticos sobrepostos conforme Azevedo Neto, 1988 são basicamente os tanques Imohoff
que são econômicos somente a partir de 25 pessoas.

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Figura 3.3- Tanque séptico de forma prismática retangular de câmaras em série


Fonte: Jordão, 2005

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Figura 3.4- Tanque séptico cilíndrico de câmaras sobrepostas


Fonte: Jordão, 2005

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3.8 Equação básica do tanque séptico


O volume do tanque séptico deve ser obtido pela equação:
V= 1000 + N (C x T + K x Lf)
Sendo:
V= volume do tanque séptico (litros)
N= número de contribuintes ou população equivalente
C= contribuição de esgotos em litros por pessoa por dia (Tabela 3.3)
T= período de detenção em dias (Tabela 3.1)
K= taxa de acumulação de lodo em dias de acordo com o intervalo entre limpezas no tanque séptico e a
temperatura do mês mais fria (Tabela 3.2)
Lf= contribuição do lodo fresco em litros por pessoa (Tabela 3.3)

Fossa séptica (tanque séptico) de


polietileno (1000L a 8000L)

pliniotomaz@uol.com.br

Figura 3.5 - Tanque séptico de polietileno de 1.000 litros a 8.000 litros


Fonte:http://www.rotogine.com.br/

Corte do tanque séptico


Tampa removível

Tubo PVC Ø100mm


Afluente vem
da caixa de gordura
Tubo PVC Ø100mm
efluente vai
para Filtro Anaeróbio/
Sépto Difusor
Vedação nos tubos
PVC com silicone

Cesto com brita


nº 3 ou 4
h2
h1

Ø externo

Corte - Tanque Séptico


s/ escala
pliniotomaz@uol.com.br

Figura 3.6 - Corte esquemático do Tanque séptico


Fonte:http://www.rotogine.com.br/
Exemplo 3.2
Dimensionar um tanque séptico para escritório com 70 pessoas
N= 70
C= 50 litros/dia
T= 1dia
K= 225 para limpeza de 5 em 5 anos.
Lf= 0,20 litros/pessoa
V= 1000 + N (C x T + K x Lf)
V= 1000 + 70 (50 x 1 + 225 x 0,20)= 7.650 litros
Portanto, usaremos um tanque séptico de polietileno com 8.000 litros de capacidade.
Os tanques sépticos podem atingir até 1500 casas, conforme se pode ver na Figura (3.7), com a
vantagem da manutenção ser feita de 5 em 5 anos e de não haver fornecimento de energia elétrica ou peças
girantes.

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Fossas sépticas e tanques


anaeróbios: 1.500 casas

pliniotomaz@uol.com.br

Figura 3.7 - Bateria de tanques sépticos para 1500casas

Exemplo 3.3- Extraído de Jordão, 2005


Seja um prédio onde moram 26 pessoas com nível socioeconômico médio. Dimensionar um tanque séptico
prismático de câmara única.
Volume útil da fossa V= 1000 + N(CxT + K x Lf)
Numero de pessoas contribuintes N=26
Contribuição per capita= 130 litros/habitante x dia (Tabela 3.3)
Vazão diária= Q= N x C= 26 x 130= 3.380 L/dia
Tempo de detenção T=20h=0,83dia (Tabela 3.1)
Taxa de acumulação de lodo para intervalo de 1ano K=57 (Tabela 3.2)
Contribuição do lodo fresco Lf= 1,00 L/hab x dia (Tabela 3.3)
Dimensões:
V= 1000 + N(CxT + K x Lf)
V= 1000 + 26(130x0,83 + 57 x 1,0)= 5287 L= 5,28 m3
Profundidade fixada h= 1,5m
Área superficial = A= 5,28m3/1,50= 3,5m2
Dimensões em planta= 2,0m x 1,20m
Verificação da relação L/B= 2,9/1,2=2,4

3.9 Septo difusor (tratamento secundário)


O septo difusor é o tratamento secundário aeróbico e que faz com que todo o sistema tenha redução de
96% de DBO, conforme Figura (3.8) e (3.9).

Septo difusor-(aeróbio)

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Figura 3.8 - Septo difusor


Fonte:http://www.rotogine.com.br/

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Septo difusores: tratamento


Aeróbio

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Figura 3.9 - Vários septos difusores


Fonte:http://www.rotogine.com.br/

Os septos difusores é tecnologia francesa e possuem dois modelos (Tipo I e Tipo II) e são feitos em
polietileno e bidim.
O modelo antigo tinha 250litros/dia de capacidade de tratamento e com dimensões de 1,22m x 0,65m x
0,20m.
O novo septo difusor (Tipo II) é mais usado é para capacidade de 1000 litros /dia e possui as dimensões
de 1,20m x 1,00m x0,40m.

Tabela 3.4 - Dimensões e capacidade dos septos difusores


Dimensões Tipo Capacidade de tratamento
1,22 x 0,65 x 0,20 I 250 l/dia
1,20 x 1,00 x 0,40 (melhor) II (mais usado) 1000 l/dia

Exemplo 3.4
Dimensionar a quantidade de septo difusor tipo II para cozinha com 120 empregados.
Considerando consumo de 70 litros/dia x empregado
Consumo médio diário=70 x 120= 8.400 litros/dia
Como o septo-difusor Tipo II é para 1000 litros/dia,
N= 8.400 / 1000= 8,4 septos-difusores
Como são em pares, adotamos 10 septo-difusores Tipo II.

3.10 Efluente do sistema do Tanque séptico + septos difusores


As normas brasileiras sobre Tanque sépticos prevêem o uso do efluente em:
¾ Rega de jardim
¾ Lavagem de pátio
¾ Irrigação subsuperficial de jardins
¾ Uso em descarga em bacias sanitárias.
¾ Poço absorvente
¾ Vala de infiltração
¾ Rede Pública
¾ Corpo de água
Jordão et al, 2005 recomenda que a disposição do efluente de um sistema de tanque séptico seja
destinado ao sumidouro, vala de infiltração, vala de filtração ou filtro de areia.

3.11 Lançamento em curso de água


Para o lançamento do efluente num curso de água o mesmo deverá obedecer a Conama-Resolução nº
357 de 17 de março de 2005, onde os corpos de água são classificados em águas doces e águas salinas.

As águas doces são classificadas em:


¾ Classe especial
¾ Classe 1
¾ Classe 2
¾ Classe 3
¾ Classe 4

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Na Tabela (3.5) estão as exigências para as águas doces das Classe 1 a Classe 3.
Tabela 3.5 - Padrões da Resolução Conama 357/2005 para águas doces
DBO OD CF
(Demanda Bioquímica de Oxigênio) (Oxigênio Dissolvido) (Coliformes Fecais)
Águas doces (mg/L) (
(mg/L) NMP/100mL)
Classe 1 3 6 200
Classe 2 5 5 1000
Classe 3 10 4

Classe Especial
-são as águas destinadas abastecimento humano com desinfecção
-preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas
-preservação dos ambientes aquáticos.

Classe 1
- são as águas doces para abastecimento humano após tratamento simplificado;
- preservação das comunidades aquáticas;
- recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho.

Classe 2
- são as destinadas ao abastecimento humano após tratamento;
- proteção das comunidades aquáticas;
- recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho;
- irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o
público possa vir a ter contato direto.

Classe 3
- são as destinadas ao abastecimento humano após tratamento convencional ou avançado;
- irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
- pesca amadora;
- recreação de contato secundário;
- dessedentação de animais.

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Classe 4
- são as águas destinadas da navegação;
- harmonia paisagística.

O efluente poderá ser desinfetado com hipoclorito de sódio, havendo possibilidade de a dosagem ser
automática.

Exemplo 3.5- Extraído de Nunes, 1996


Um rio apresenta DBO média de 1,0mg/L e vazão crítica de 10m3/s= 36.000m3/h. Após o lançamento industrial
de 24m3/h de DBO de 85mg/L, pede-se calcular a DBO em que ficará o rio após o lançamento.
DBO= (Qrio x DBOrio + Qind x DBO ind) / (Qrio + Qind)
DBO= (36.000 x 1,0 + 24 x 85) / (36.000+24)= 1,056 mg/L

Exemplo 3.6- Extraído de Nunes, 1996


Um rio apresenta OD média de 7,0mg/L e vazão crítica de 10m3/s= 36.000m3/h. Após o lançamento industrial de
24m3/h de OD de 0mg/L, pede-se calcular a OD em que ficará o rio após o lançamento.
OD= (Qrio x ODrio + Qind x OD ind) / (Qrio + Qind)
OD= (36.000 x 7,0 + 24 x 0) / (36.000+24) = 6,99 mg/L

3.12 Remoção do lodo


De cada 5 em 5 anos ou conforme o intervalo escolhido será retirado por caminhão tanque o lodo
digerido no tanque séptico e encaminhado para uma Estação de Tratamento de Esgoto Pública.
O artigo 19B informa que o lodo proveniente de sistemas como fossa séptica deverão ser encaminhado
a ETE.

3.13 Custo
Os custos de materiais dos produtos da Rotogine estão nas Tabelas (3.6) a (3.8) em dólares americanos
do dia 9 de setembro de 2006 (1US$= R$2,33).
Tabela 3.6 - Custos dos tanques sépticos em polietileno
Capacidade Custo do Tanque séptico

(litros) US$
1000 227
2000 370
3000 601
4000 858
5000 990
6000 1247
7000 1449
8000 1549
Fonte: 1US$= R$ 2,33 de 8/9/06

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Tabela 3.7 - Custos dos septos difusores em polietileno e bidim


Septor difusor Capacidade de tratamento US$
1,22m x 0,65m x 0,20m (Tipo I) 250 l/dia 123
1,20m x 1,00m x 0,40m (Tipo II) 1000 l/dia 549
Fonte: 1US$= R$ 2,33 de 8/9/06

Tabela 3.8 - Custos das caixas de gorduras em polietileno

Capacidade Dimensões e Área superfície Altura Custo da


diâmetro caixa de gordura
Litros (m) (m2) (m) US$
100 0,80x0,50 0,40 0,650 74
250 1,04x 0,72 0,75 0,740 90
500 0,82x1,12 0,92 1,230 186
1000 1,22 1,16 1,400 261
1500 1,22 1,16 1,800 289
2000 1,55 1,87 1,595 366
3000 1,55 1,87 2,160 784
4000 2,3 4,12 1,700 1130
5000 2,3 4,12 1,900 1356
6000 2,3 4,12 2,100 1381
7000 2,3 4,12 2,250 1495
8000 2,3 4,12 2,500 1609
Fonte: 1US$= R$ 2,33 de 8/9/06

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3.14 Reúso
Os efluentes dos sistemas de tanque sépticos incluso o septo difusor reduz a DBO em 96% e pode ser
aproveitado. Uma aplicação de reúso é na construção civil, como a feitura de concreto para elaboração de
blocos.
É previsto pela norma brasileira que o mesmo pode ser usado em descarga em bacias sanitárias, mas
não fixa parâmetros de qualidade que não existiam na época da elaboração das mesmas.
Usando padrões americanos da USEPA, conforme Tabela (3.9) e (3.10) para descarga em bacias
sanitárias, deve ser obedecido no mínimo a: pH entre 6 a 9, DBO menor que 10mg/L e turbidez menor que 2uT e
não sendo detectável coliformes fecais e com cloração mínima de 1 mg/L.

Tabela 3.9 - Orientações para reúso da água da USEPA


Tipo de reúso Tratamento Parâmetros Monitoramento
pH de 6 a 9 Mensal
Reúso Urbano Secundário DBO ≤ 10mg/L Semanal
(jardins, lavagens de Filtração ≤ 2 uT Continuadamente
veículos,
Descarga em bacias Desinfecção Coliformes fecais Diariamente
sanitárias
não detectáveis
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Área de acesso Secundário pH de 6 a 9 Semanal


restrito para Desinfecção
irrigação
(locais onde o público DBO ≤ 30mg/L Semanal.
é proibido)
≤ 30mg/L TSS Diário
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L
Fonte: adaptado da USEPA

Tabela 3.10 - Orientações para reúso da água da USEPA


Tipo de reúso Tratamento Parâmetros Monitoramento
pH de 6 a 9 Semanalmente
Recreacional Secundário DBO ≤ 10mg/L Semanal
(contato acidental Filtração ≤ 2 uT Continuadamente
parcial ou total na
pesca ou
velejamento)
Desinfecção Coliformes fecais Diariamente
não detectáveis
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Paisagismo Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Desinfecção
(locais onde o público ≤ 30mg/L TSS Diário
tem contato)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Uso na Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


construção civil Desinfecção
(compactação de ≤ 30mg/L TSS Diário
solo, lavagem de
agregados, execução
de concreto)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente

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mínimo de 1mg/L

Uso Industrial Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Desinfecção
(once through ≤ 30mg/L TSS Diário
cooling)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L
pH de 6 a 9

Uso Industrial Secundário DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Desinfecção
Coagulação
química e
filtração
(recirculationg cooling ≤ 30mg/L TSS Diário
towers)
≤ 200 Coliformes Diário
fecais coli
Cloro residual Diário
mínimo de 1mg/L
pH de 6 a 9 Semanal

Uso ambiental DBO ≤ 30mg/L Semanal.


Secundário ≤ 30mg/L TSS Diário
(uso em wetlands, Desinfecção ≤ 200 Coliformes Diário
alagados, várzeas e
fecais coli
despejos em
córregos)
Cloro residual Continuadamente
mínimo de 1mg/L

Alertamos que se deve tomar muita precaução para o reúso de tanques sépticos em descargas em
bacias sanitárias. Uma das conseqüências que pode ocorrer é o mau cheiro na hora da descarga e o problema
de se formar um colarinho preto ao nível da água na bacia sanitária.
Como se vê pelos padrões americanos, custa caro o monitoramento de análises diárias e semanais, daí
deve haver uma certa área de prédio em que tais custos podem ser absorvidos e havendo boa relação entre
benefício/custo.
No Japão é obrigatório o reúso e aproveitamento de água de chuva quando a área construída for maior
que 30.000m2 ou que o consumo de água não potável diariamente for maior que 100m3/dia.

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3.15 Estudo de caso


Visitei em 20 de dezembro de 2001, a firma FEMAQ - Fundição, Engenharia e Máquinas Ltda, localizada
em Piracicaba.
Firma que executou as fossas sépticas e septo difusor: Rotogine.
Existe um restaurante onde os 120 empregados fazem suas refeições e usam os banheiros.
O volume da fossa séptica de Piracicaba é de 8.000 litros. A redução de DBO é de 96,4%.
O efluente líquido é usado para fabricar blocos de concreto e lajotas de concreto para pisos.
As fossas sépticas são feitas em polietileno.
Na Tabela (3.11) estão as análises feitas pelo laboratório Bioagri na FEMAQ de Piracicaba.

Tabela 3.11 - Análise feita pelo laboratório Bioagri em 29.6.01 na FEMAQ -Piracicaba
Parâmetros Valor inicial Valor final Redução Redução em
(mg/L) (mg/L) (%)
DBO
(Demanda Bioquímica de 167 6 161 96,4
oxigênio)
DQO
(Demanda química de 754 18 736 97,6
oxigênio)
TSS
(sólidos totais em 132 46 86 65,2
suspensão)
Coliformes fecais 400/100ml 10/100ml 390/100ml 97,5
Coliformes totais 720/100ml 69/100ml 651/100ml 90,4

Na Tabela (3.12) estão as comparações com dados de Nelson Gandur Dacah.

Tabela 3.12 - Valores de Nelson Gandur Dacah p. 28 do livro Tratamento Primário de esgoto e valores obtidos pela
Rotogine em Piracicaba
DBO TSS
Tipo de tratamento (Demanda Bioquímica (sólidos totais em
de oxigênio) suspensão) Bactérias
Preliminar 5% a 10% 5% a 20% 10% a 20%
Primário 25% a 85% 40% a 90% 25% a 80%
Secundário 75% a 97% 70% a 95% 90% a 98%
Terciário 97% a 100% 95% a 100% 98% a 100%

Rotogine, Piracicaba 96% 65% 98%


Classificação: tratamento secundário

Conclusão: a fossa séptica de Piracicaba reduz 96% de DBO, reduz 65% de sólidos em suspensão e
reduz 98% de bactérias e pode o tratamento ser classificado como secundário.
O efluente da indústria FEMAC foi usado na construção civil para fazer blocos de concreto.
Observar na Tabela (3.11) que não temos problemas de coliformes e da DBO pelas análises.
Somente o TSS atingiu somente 46 mg/L sendo exigido pela USEPA menor ou igual que 30mg/L.
Também não foi aplicado dosagem de cloro, mas no caso não vemos necessidade.

3.16 Sumidouro
Conforme Jordão, 2005 os sumidouros são conhecidos também como poços absorventes, recebendo os
efluentes diretamente das fossas sépticas conforme Figura (3.10) e (3.11).
Embora seja permitido pelas normas da ABNT a USEPA, 2004 não recomenda mais ou uso dos
sumidouros sendo muito pouco usado devido ao grande número de fracasso de funcionamento.
Um dos fracassos no uso do sumidouro é adotar valores muitos altos de infiltração.
A melhor maneira para infiltração do efluente de um tratamento com tanque séptico e septo-difusor é
através de vala de infiltração, devendo ser a mais rasa possível conforme Figura (3.12).

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Figura 3.10- Sumidouro cilíndrico de alvenaria de tijolos


Fonte: Jordão, 2005

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Figura 3.11- Sumidouro cilíndrico com enchimento de pedras britadas


Fonte: Jordão, 2005

Exemplo 3.7- Dimensionamento de sumidouro


Sendo a taxa de infiltração de 16L/m2 x dia e a vazão a ser infiltrada de 3380 L/dia dimensionar um
sumidouro prismático com 2m de largura e comprimento variável L. A profundidade admitida é de 4,00m

3380L/dia/ 16 L/m2 x dia= 211m3


As áreas laterais e do fundo são
Área= L x 4 x 2 + 2 x L= 10L= 211m2
L=21,1m

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Figura 3.12- Vala de infiltração


Fonte: Jordão, 2005

Exemplo 3.8
Dimensionar uma vala de infiltração com largura de 0,50m e altura de 0,40m. A taxa de infiltração é de 16 L/m2
x dia e a quantidade de esgoto tratado que queremos infiltrar é de 3.380 L/dia.
Por metro linear de vala de infiltração a soma das paredes e do fundo será:
0,50m + 0,40m+0,40m= 1,30m
Portanto, a área por metro linear infiltrada é 1,30m x 16L/m2/dia= 21 L/m x dia
Agua a ser infiltrada/ vazão infiltrada/m = 3.380 L/dia / 21L/mxdia = 161m
Portanto, precisamos de 161m de vala de infiltração.
Como cada trincheira só pode ter 30m de comprimento no máximo teremos:
161m/ 30m= 5,4 trincheira de 30m ou seja, 6 trincheiras de 30m distante 2,00m uma da outra.

Exemplo 3.9
Escolha da taxa de infiltração em um loteamento em Campos do Jordão.
Foram feitos 24 ensaios de infiltração na profundidade de 0,30m em toda a área conforme a
norma da ABNT NBR 13.969/97 nas declividades de 0 a 10%; 20% a 30%, 30% a 40% e >40%.
A conclusão a que se chegou é a seguinte:
1) não há variação da taxa de infiltração em toda a área mesmo variando a declividade.
2) Usamos coeficiente de segurança igual a 2

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3) a taxa de infiltração que pode ser adotada é de 36mm/h


4) o solo é classificado como areias siltosas e areias finas.

Exemplo 3.10
Dimensionar o tanque séptico e septo difusor para uma casa de padrão alto com 5 pessoas.

A produção de esgoto diário= 160 L/dia x pessoa x 5 pessoas= 800 Litros/dia


K=217 para manutenção em 5 anos
T=1,0
Lf=1,0
V= 1000 + N (C x T + K x Lf)
V= 1000 + 5 x (160 x 1,0 + 218 x 1,0)= 2.885 Litros > 1250 L mínimo. OK

Sumidouro
Taxa= 15 L/ m2 x dia
Produção diária = 800 Litros /dia

800 L/dia / 15 L/ m2 x dia = 53m2

Supondo diâmetro D=2,00m e profundidade H=4,00 temos:


Área= PI x D x 4m + PI x D2/4= 28m2

Como precisamos de 53m2 e num sumidouro temos 28m2 então faremos dois sumidouros de 2,00m de
diâmetro e 4m de profundidade observando que o fundo do sumidouro deverá estar 1,50m acima do lençol
freático.
Caso queiramos um sumidouro prismático com 2,0m de largura e 4m de profundidade teremos:
Área total= áreas laterais + área do fundo= L x 4 x 2 + 2 xL = 10 LK
53m2= 10L
L= 5,3m

Vala de infiltração
Caso optemos por vala de infiltração de 0,50m de largura e altura de 0,50 teremos:
Área por metro= (0,5m + 0,5m+0,50m) x 1,00m= 1,50m2/m
53m2/ 1,5m2= 35 m

Como o comprimento da vala de infiltração máximo é de 30m faremos duas valas de infiltração com 17,5m cada
uma espaçadas de 2,00m.

Septo difusor
Como será infiltrado 800 L/dia e como o septo difusor Tipo I trata 250 L/dia teremos:

800 KL/dia/ 250 KL/dia= 4 septos difusores Tipo I

Estimativa de Custo

Caixa de gordura de 100 Litros da Rotogine US$ 74,00


Tanque séptico de polietileno de 3000 Litors US 601
4 septos difusores Tipo I a preço unitário US$ 123 US$ 492
Total materiais US$ 1167
Mão de obra (50%) US$ 584
Total geral US$ 1751

Não incluímos o custo do sumidouro ou da vala de infiltração.

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Exemplo 3.11
30 casas de padrão médio estão numa rua isolada e queremos fazer um tratamento local.

5 pessoas x 30 casas = 150 pessoas


150 pessoas x 130 L/dia= 19.500 LK;/dia de contribuição de esgotos
T=0,5
K=217
Lf=1,0
C=130 L/dia
N=150
V= 1000+ N x (C x T + K x Lf)
V= 1000 + 150 x (130 x 0,5 +217 x 1,0_= 43.300 Litros=43,3m3

Supondo tanque séptico prismático o conforme Azevedo Neto, 1988 o comprimento deve ser o dobro da largura
e teremos:
Adotamos profundidade H=2,00
2,0 B x B x 2 = V=43,3m3
B= 3,30m
L= 2 B= 2 x 3,30= 6,60m

Septo difusor tipo II da Rotogine


1000 Litros/dia

19500 litros/ dia/ 1000 L/dia= 19,5 = 20 septo difusores Tipo II

Sumidouro prismático
Largura 2,00m e profundidade 4,00m
Área = L x 4 x 2 + 2 L= 10L
Taxa admitida = 20 L/m2 x dia
19500 Litros/dia/ 20 L/m2 x dia= 975m2
Área = 10 L= 975m2
L=97,5m
Portanto, o comprimento do sumidouro é 97,5m
Podemos fazer dois sumidouro com 49m cada distante um do outro de 5,00m
A distancia deve ser maior que a profundidade 4,0m e portanto é 5,00 OK.

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3.17 Bibliografia e livros consultados


-AZEVEDO NETTO, JOSÉ M. e MELO, WANDERLEY DE OLIVEIRA. Instalações prediais Hidráulicas-sanitarias.
Blucher, 1988, 185 páginas.
-ABNT NBR 13969/97 sobre Tanques sépticos-unidades de tratamento complementar e disposição de efluentes
líquidos. Construção e Operação.
-ABNT NBR 7229/93 sobre Projeto, Construção e operação de sistemas de tanques sépticos.
-BRITTO, EVANDRO RODRIGUES DE. Tecnologias Adequadas ao Tratamento de Esgotos, ABES, 2004, 161
páginas.
-CIDADE OF EUGENE. Eugene Stormwater Basin Plan CIDADE, 2002.
-CONAMA, RESOLUÇÃO Nº357 DE 17/03/05. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes para
o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. 26 páginas.
--ESTADO DA CAROLINA DO NORTE. Considerations for the management of discharge of fats, oil and grease
(FOG) to sanitary sewer system. Jun, 2002, 73 páginas.
-JORDÃO, EDUARDO PACHECO e PESSÔA, CONSTANTINO ARRUDA. Tratamento de Esgotos Domésticos.
4ª ed., 2005, 906 páginas.
-MACINTYRE, ARCHIBALD JOSEPH. Instalações Hidráulicas. 770 páginas.
-METCAL&EDDY. Wastewater Engineering. McGray-Hill, 1991, 1334páginas.
-NUNES, JOSÉ ALVES. Tratamento físico-químico de águas residuárias Industriais. 1996, 277 páginas.
-ROTOGINE- Kne Plast Indústria e Comércio Ltda internet: http://www.rotogine.com.br/
-SINDUSCON. Conservação e reúso da água em edificações. Junho 2005, São Paulo, 150 páginas.
-USEPA (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY). Guidelines for Water Reuse. EPA/625/R-04/108
setembro de 2004 acessado em 15 de junho de 2006 http://www.epa.gov/

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Capítulo 04
Águas cinzas
Desenvolver fontes novas e alternativas de abastecimento de água tais como dessalinização da água do
mar, reposição artificial de águas subterrâneas, uso de água de pouca qualidade, aproveitamento de
águas residuais e reciclagem da água.
Agenda 21

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SUMÁRIO

Ordem Assunto Página

Capítulo 04 - Águas cinzas

4.1 Introdução
4.2 Tratamento das águas cinzas
4.3 Nomenclatura
4.4 Riscos das águas cinzas
4.5 Qualidade das águas cinzas
4.6 Área para irrigação com águas cinzas
4.7 Custos
4.8 Aceitação pública
4.9 Reservação das águas cinzas
4.10 Volume de água para dimensionamento
4.11 Uso da água
4.12 Uso do águas cinzas
4.13 Técnicas e Tecnologias
4.14 Recomendações finais
4.15 Exemplo de caso: APEX - reúso da água usando águas cinzas
4.16 Introdução
4.17 Aspecto legal
4.18 Solução técnica
4.19 Cloração
4.20 Proposta
4.21 Custos
4.22 Bibliografia e livros recomendados

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Capítulo 4 - Águas cinzas

4.1 Introdução
O uso das águas cinzas também é reúso.
O código da Califórnia define Águas cinzas como a água de esgoto não tratada que não teve contato
com a bacia sanitária.
Águas cinzas incluem:
• a água do chuveiro,
• banheira,
• pia do banheiro,
• lavagem de roupas em máquinas domésticas.

Não faz parte das águas cinzas:


• A água da pia da cozinha
• Bacia sanitária
• Máquina de lavar pratos.
Para o aproveitamento das águas cinzas não devem ser lançados produtos químicos ou ingredientes
biológicos e químicos nos pontos citados.
No Arizona as águas cinzas podem ser usadas simplesmente sem autorização até 1.500 litros/dia
(1,5m3/dia) e é vedado uso das águas cinzas com água de pia de cozinha, bacias sanitárias e máquina de lavar
pratos. O destino das águas cinzas é para irrigação subsuperficial, sendo proibido o uso por aspersão
(Sprinklers) e recomenda-se ainda que sejam evitadas águas de lavagem de fraldas de criança.

4.2 Tratamento das águas cinzas


Na Figura (4.1) temos um modelo de tratamento das águas cinzas para o uso do efluente na irrigação
subsuperficial dos jardins usado nos Estados Unidos onde 50% a 60% das casas possuem jardins gramados.
Algumas cidades ainda usam o termo light gray para a água da banheira e do chuveiro e, para água da
torneira da cozinha, usam o nome dark gray.

Figura 4.1 - Tratamento de esgoto (águas cinzas) para uso na irrigação


Existem para serem adquiridos na Califórnia cerca de 20 sistemas que usam as águas cinzas cujo custo
varia de US$ 200,00 a US$ 1.000,00.

4.3 Nomenclatura

• Black water :fezes e urina;


• Dark águas cinzas: pia da cozinha;
• Yellow águas cinzas: somente urina;
• Light águas cinzas: chuveiro e lavatório;
• Brown águas cinzas: fezes sem urina.

Blackwater especificamente a água de esgotos sanitários de uma casa. Inclui todo o tipo de água não
incluindo a adição de produtos químicos ou químico-biológicos que possam causar problemas.
Consiste largamente de compostos orgânicos que passam no trato digestivo do corpo humano.
Contém fezes humanas, urina, pedaço de papel (celulose) etc. Algumas vezes blackwater é definido
somente como a água das bacias sanitárias.
Na Califórnia o uso das águas cinzas é legalizado e usado somente para irrigação abaixo da superfície
através de tubulações enterradas.
O uso do águas cinzas reduz o consumo de água na Califórnia, cerca de 15% a 25%, pois se usa muito a
irrigação de jardins o que não acontece no Brasil.

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Com as modificações do código da Califórnia feitas em 18 de março de 1997, as águas cinzas podem ser
usadas também em comércio, indústria e prédios de apartamentos.
Parece ser um conceito geral de que não existe uma solução universal do uso das águas cinzas que se
aplique a tudo.
Não esquecer também que as águas cinzas tem que ser aprovado pelos órgãos sanitários, como a
Secretaria da Saúde e Cetesb.
As Figuras (4.2) a (4.7) mostram esquemas de águas cinzas.

Figura 4.2 - Esquema das águas cinzas


Fonte: Califórnia

Figura 4.3 - Esquema das águas cinzas


Fonte: Califórnia

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Figura 4.4 - Esquema das águas cinzas


Fonte: Califórnia

Figura 4.5 - Esquema das águas cinzas


Fonte: Califórnia

Figura 4.6 - Esquema das águas cinzas


Fonte: Califórnia

4-5
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Figura 4.7 - Esquema das águas cinzas


Fonte: Califórnia

4.4 Riscos das águas cinzas


São basicamente quatro:

¾ Riscos nas plantas


O risco nas plantas é o aumento do sódio que pode descolorir as folhas devido ao ambiente se tornar
muito alcalino.
Alguns detergentes usados em lavanderias possuem boro, cloretos, peróxidos e produtos destilados do
petróleo. O boro é muito tóxico e queima as folhas das plantas.

¾ Riscos no solo
Há tendência do solo ficar alcalinizado, aumentando o chamado índice SAR, que mede a absorção de
sódio pelo solo, causando problema na absorção de água para as plantas. Ao longo do tempo, conforme o tipo
de solo, será reduzida a permeabilidade e a aeração.

¾ Riscos na saúde do homem


Não existe risco a saúde do homem e, portanto, não deve ser feita irrigação por aspersão devido as
bactérias que ficarão no ar. A irrigação será subsuperficial sempre.

¾ Riscos no meio ambiente


A vantagem é reduzir o uso de água potável. A desvantagem é aumentar a poluição das águas
subterrâneas e para isto devemos ter o nível do lençol freático no mínimo 1,50 abaixo do fundo da tubulação por
onde passam as águas cinzas, conforme é recomendado no Arizona.

4.5 Qualidade das águas cinzas


Geralmente os estudos sobre as águas cinzas apontam os seguintes parâmetros:
¾ Demanda Bioquímica de Oxigênio a 20ºC e 5 dias (DBO5 ,20)
¾ Sólidos totais em suspensão (TSS)
¾ Sólidos totais dissolvidos (TDS) para salinidade
¾ Sódio (Na)
¾ Boro (B)
¾ Contagem de bactérias
¾ Demanda química de oxigênio (DQO)
¾ Fósforo total (PT)
¾ Nitrogênio total (NT= nitrogênio total)

Os estudos da Suécia de Olsen, 1967 são os mais conhecidos no mundo.

Na Tabela (4.1) estão os valores em grama/dia/pessoa de águas cinzas, blackwater e águas cinzas mais
blackwater.

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Tabela 4.1 - Valores em grama/dia/pessoa de águas cinzas, blackwater e águas cinzas + blackwater.
Parâmetros Águas cinzas Blackwater Gray+black
DBO5 (demanda bioquímica de oxigênio em 5 dias) 25 20 45
DQO (demanda química de oxigênio) 48 72 120
Fósforo total (PT) 2,2 1,6 3,5
Nitrogênio total (NT) 1,1 11 12,1
Resíduo total 77 53 130

Estudos feitos pela bioquímica Margaret Findley estão na Tabela (4.2):

Tabela 4.2 - Valores em gramas/dia/pessoa de águas cinzas (água cinza) e águas cinzas + blackwater
(esgoto sanitário)
Parâmetro Águas cinzas Águas cinzas+ blackwater
DBO5 34 71
Sólidos Totais em suspensão (TSS) 18 70
Nitrogênio total (NT) 1,6 13,2
Fósforo total (PT) 3,1 4,6

Um dos problemas das águas cinzas é que a quebra das moléculas orgânicas se dá muito mais
rápido do que as águas do blackwater.
Portanto, a decomposição do águas cinzas é muito mais rápida do que o blackwater conforme se pode
ver no site http://www.águas cinzas.com.
A quantidade de oxigênio necessária para a decomposição do águas cinzas nos cinco dias DBO5 possui
90% do total da demanda de oxigênio DO consumido para a decomposição. O DBO5 da blackwater é somente
40% do oxigênio necessário no águas cinzas.
Numa certa posição o DBO1 é 40% do DO consumido pela blackwater é somente de 8% do DO. Isto
significa que a decomposição orgânica do blackwater continuará a consumir oxigênio num tempo maior do ponto
de descarga do que as águas cinzas.
Esta rápida estabilização das águas cinzas tem a vantagem de prevenir que a matéria orgânica se
decomponha rapidamente no solo durante da infiltração havendo menor impacto ambiental.
Caso se jogue as águas cinzas num lago, imediatamente se desenvolveram algas perto do ponto de
descarga e dá uma aparência que a poluição está pior. Tudo isto mostra as grandes diferenças entre as águas
cinzas e blackwater de fezes e urina serem tratados separadamente.
As águas cinzas contém cerca de 1/10 do nitrogênio contido no blackwater, não esquecendo que o
nitrato e nitrito são causadores de câncer e são difíceis de serem removidos no tratamento.
Além disso, as águas cinzas contém menos patogênicos que o blackwater.
Não há casos comprovados de doenças causadas pelo uso do águas cinzas.
Deve ser evitado o uso de bombas centrífugas devido ao problema da constante limpeza dos filtros de
75μm. Por exemplo, em 5 anos poderemos ter 100 vezes limpar com luvas especiais os filtros fétidos, que não é
nada agradável.
Uma recomendação especial é que as águas cinzas não podem ser usadas em rega de jardins, em
frutas, verduras e não pode ser lançado no córrego mais próximo.
O uso das águas cinzas em bacias sanitárias deve ser feito somente quando houver um tratamento
completo do mesmo, o que é muito caro, compensando somente para edifícios de apartamentos muito grandes.
No Japão é obrigatório o uso das águas cinzas e água de chuva para prédios com mais de 30.000m2 ou que
usem mais de 100m3/dia de água não potável.
O oxigênio dissolvido das águas cinzas diminui, mas os coliformes aumentam após 2 ou 3 dias,
ocasionando problemas de odor.
A água tratada de esgotos sanitários nos Estados Unidos deverá obedecer a Tabela (4.3):
Tabela 4.3 - Parâmetros e valores usados nos Estados Unidos para o uso da água tratada de esgotos sanitários.
Parâmetros Valores
Coliformes fecais < 1/100mL
Coliformes totais em 95% das amostras < 10/100mL
Vírus < 2 /50L
Parasitas < 1/50L
Turbidez < 2 uT
pH 6,5 a 8,0
Cor < 15 uH
Cloro livre < 0,5mg/L no ponto de entrega

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Uso da água de reúso em bacias sanitárias, conforme Texas


A água de reúso de esgotos tratados no Texas para ser usada em descarga em bacias sanitárias tem as
seguintes condições (Texas chapter 310 Rules: e310,11).
¾ DBO5 5mg/L
¾ Coliforme fecal 75/ 100ml
¾ Para a descarga deverá ter cor azul
¾ Que seja feita análise da água uma vez por semana quando usada para descarga em bacias
sanitárias.

A desinfecção é para remover os coliformes.


No Arizona não se usa a água da torneira da cozinha devido a ser encontrado um número muito grande
de coliformes fecais: 88400/ 100mL.

Fosfatos
É bom para plantas e usado como fertilizante.

Biodegradável
É chamado de biodegradável o complexo químico que pode ser quebrado em vários compostos mais
simples com a atividade biológica.

Cloreto
Muitos detergentes possuem cloro. O cloro bloqueia o processo metabólico da planta. Em concentrações
abaixo de 142mg/L de cloreto não causa problema. Mas quando o nível de cloretos está entre 142mg/L a
355mg/L começam a aparecer os problemas que são muito sérios para níveis de cloreto acima de 355mg/L.

Alcalinidade
É uma solução de sódio, potássio, cálcio que age combinado em forma de cloretos, sulfatos e
carbonatos.

pH
Em geral o pH está entre 6,5 a 8,4 conforme Tabela (4.4). Quando o pH for menor que 7 então o solo
será acido e caso seja igual a 7 o solo será neutro. Quando o solo tiver pH maior que 7 será básico.

Tabela 4.4 - Valores de pH


Tipo de restrição Valores do pH do solo
Sem restrição <7
Com restrição moderada Entre 7 e 8
Solo com restrição severa >8

Na prática são usados solos sem restrição a solos com restrição moderada.

Boro
É necessário para as plantas em pequenas quantidades. Abaixo de 0,75meq/L (miliequivalente/litro) de
boro não há problemas. Os problemas começam quando o boro está entre 0,75 a 2,0 e ficam piores quando a
quantidade de boro é maior que 2,0meq/L.

Sódio
Age como veneno, pois reduz a habilidade de tirar água do solo, sendo que o excesso destrói a estrutura
das argilas, removendo os vazios e prejudicando a drenagem. Uma vez o solo danificado com sódio nunca mais
será recuperado.
Quando a quantidade de sódio no solo é menor que 69mg/L não há problemas. Os problemas começam
quando o sódio está entre 69mg/L a 207mg/L. Quando o solo tem mais que 207mg/L de sódio os problemas são
bastante severos.

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Dureza (Carbonato de Cálcio CaCO3)


É uma medida da capacidade da água em consumir sabão e formar incrustações e deve-se a presença
de compostos de Ca e Mg, em geral, sob a forma de carbonatos, sulfatos e cloretos conforme Tabela (4.5)
(Mestrinho, 1997). São expressos geralmente em ppm de CaCO3.
Para irrigação é melhor uma água mole (água branda) do que uma água dura.

Tabela 4.5 - Classificação da dureza das águas conforme concentração de CaCO3.


Classificação da água segundo ETP, 1986 Concentração de CaCO3
Água mole (água branda) 0 a 75mg/L
Água moderadamente dura 75 a 150mg/L
Água dura 150 a 300mg/L
Água muito dura >300mg
Fonte: Macedo, 2004 Águas e Águas.

Condutividade Elétrica CE
A condutividade elétrica da água (CE) é um indicador da salinidade. Ela mede os sais dissolvidos na
água e quanto maior a concentração de sais e minerais, maior é o potencial de impactos adversos às plantas e
ao solo, conforme Tabela (4.6).
É medida por um aparelho chamado condutivímetro.
Conforme Macedo, 2004, a condutividade elétrica é a capacidade da água de transmitir a corrente
elétrica. É medida em microsiemens/cm (SI) a uma determinada temperatura em graus Celsius.
1mS/m= 10 μmhos/cm
1μS/cm (microsiems/cm)= 1 μmhos/cm (micromhos/cm)

Tabela 4.6 - Classificação da salinidade conforme condutividade elétrica CE.


Classificação da salinidade Condutividade Elétrica (CE)
(mhos/cm)
Água não salina 0 a 2000
Água ligeiramente salina 2000 a 4000
Água meio salina 4000 a 8000
Água moderadamente salina 8000 a 16000
Água muito salina > 16000

Segundo Mestrinho 1997, as águas naturais possuem condutividade elétrica entre 5 a 50 μS/cm
enquanto a água do mar está entre 50 a 50.000 μS/cm.
Existe relação entre CE que fornece o TDS, conforme Mestrinho, 1997:
TDS (mg/L)= A x condutividade (μmohos/cm)
Sendo:
A= 0,54 a 0,96
Condutividade (μmohos/cm)= soma dos cátios (meq/L) x 100
Um valor médio que pode ser usado nas estimativas de TDS é:
TDS= 0,64 xCE
Sendo:
TDS= sólidos totais dissolvidos (mg/L)
CE= condutividade elétrica (μmhos/cm)

A classificação da água conforme os sólidos totais dissolvidos (TDS) está na Tabela (4.7).

Tabela 4.7 - Classificação das águas baseado no Sólido Dissolvidos Ttotal (TDS).
Classe TDS
(mg/L)
Doce 0 a 1.000
Salobra 1.000 a 10.000
Salina 10.000 a 100.000
Muito salgada >100.000
Fonte: Fetter, 1994

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Adsorção de sódio (SAR-Sodiumn adsorption ratio)


A adsorção de sódio é um parâmetro importante. O índice SAR está relacionado com a condutividade
elétrica CE.
SAR= Na+ / [(Ca2+ + Mg2+)/2]0,5
Geralmente as concentrações são expressas em meq/L.
mmol/L= mg/L / peso molecular
Molaridade= mol/L = mmol/L / 1000
Miliequivalente/litro (meq/L)= mmol/L= mg/L/peso equivalente (Hounslow, 1995)
Peso equivalente= peso molecular / valência
O sódio tem valência=1, o cálcio tem valência=2 e Mg tem valência=2, conforme Tabela (4.8).

Tabela 4.8 - Peso molecular, valência e peso equivalente.


Peso equivalente
Espécie Peso molecular Valência Peso molecular / valência
Na+ 22,991 1 22,991
Ca 2+ 40,08 2 20,04
Mg 2+ 24,312 2 12,312
Fonte: adaptado de Hounslow, 1995

Exemplo 4.1
Calcular em meq/L de 6 mg/L de Mg.
meq/L= mg/L /peso equivalente = 6 mg/L / 12,312= 0,49 meq/L

Quando o índice SAR está entre 2 a 10 indica que não há perigo do sódio. O perigo começa quando SAR
está entre 7 a 18 e fica grave quando SAR está entre 11 e 26, conforme Fetter, 1994.
Os índices maiores que 13 reduzem a permeabilidade e aeração dos solos causando problemas na
irrigação.
Relembremos que a troca catiônica é muito importante, pois seguem esta ordem:
Na+ > K+ > Mg2+ > Ca 2+
Isto significa que o sódio substitui o potássio, o manganês e o cálcio ficando no lugar deles. É a troca
iônica que é muito importante em argilas que podem remover metais pesados.

Cálcio (Ca)
Em quantidades apropriadas o cálcio é um micronutrientes para as plantas, mas em quantidade
excessivas entopem as pontas dos emissores no gotejamento na irrigação subsuperficial. Altos níveis de cálcio
tendem a tornar o solo alcalino.
O solo é medido para estimarmos o valor do SAR.
Magnésio (Mg)
Em quantidades apropriadas o magnésio é um micronutrientes para as plantas, mas em quantidade
excessivas entopem as pontas dos emissores no gotejamento na irrigação subsuperficial. Altos níveis de
magnésio tendem a tornar o solo alcalino.
O solo é medido para estimarmos o valor do SAR.
Geralmente o nível de magnésio no solo não apresenta problema.
Plantas que não gostam muito de sódio:
Jasmim e outras.
Plantas que gostam das águas cinzas
Grama bermuda, rosas, agapanto, etc.
Plantas que não gostam de águas cinzas.
Geralmente são plantas que gostam da acidez e não gostam de ambiente alcalino: azálea, begônia,
gardênia, camélia, violetas, etc.

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Evapotranspiração
Apresentamos na Tabela (4.9) os valores médios mensais da evapotranspiração de Guarulhos, calculado
conforme Método de Penman-Monteith, 1998, recomendado pela FAO.
Tabela 4.9 - Valores de evapotranspiração de Guarulhos obtido pelo método de Penman-Monteith FA0,
1998.
Evopotranspiração
Mês mensal média
(mm/mês)
(mm/mês) (mm/semana)
janeiro 140 35
fevereiro 126 32
março 130 33
abril 107 27
maio 85 21
junho 73 18
julho 81 20
agosto 104 26
setembro 108 27
outubro 130 33
novembro 139 35
dezembro 144 36
A Figura (4.8) mostra a diferença de histogramas de precipitações mensais da Califórnia e Flórida, bem
como da evapotranspiração.
Observa-se que na Flórida chove bastante quando há alta evapotranspiração e na Califórnia chove muito
pouco. Os gráficos servem de alerta para os estudos de precipitação e evapotranspiração.

Figura 4.8- Figuras mostram a precipitação e evapotranspiração

4.6 Área para irrigação com águas cinzas


A área é dada pela equação:
LA= GW / (ETo x Kc)
Sendo:
LA= área para landscap (paisagismo) (m2)
GW= estimativa de águas cinzas (mm/semana)
Kc= coeficiente da cultura (adimensional), conforme Tabela (4.10)

Tabela 4.10 - Coeficiente da cultura Kc


Tipo de plantas Kc
Planta que consome muita água 0,5 a 0,8
Planta que tem consumo médio de água 0,3 a 0,5
Planta que consome pouca água Menor que 0,3

Exemplo 4.1
Achar a área de gramado LA que pode ser usada em uma casa que tenha 160litros/ dia das águas cinzas
para o mês de janeiro na cidade de Guarulhos.

Em uma semana teremos


1litro/m2= 1mm /m2

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GW= 160 litros/dia x 7 dias= 11.200litros= 11200mm


Grama tipo bermuda com coeficiente de cultura Kc= 0,5
LA= GW / (ETo x Kc )= 11200mm/ ( 35 x 0,5) = 63m2

Portanto, podemos irrigar subsuperficialmente 63m2 de grama tipo bermuda usando as águas cinzas.

Irrigação por gotejamento


A irrigação por gotejamento é subsuperficial e deverá ter bico de no máximo 115μm, ou seja, 0,115mm.
Deverá haver filtro com capacidade aproximada de 6m3/h.
A bomba deverá ter vazão mínima de 2,4 m3/h.
Os emissores do gotejamento deverão ter abertura de 1,2mm, ou seja, 1200μm devendo ser resistente
contra raízes.
A pressão máxima deverá ser de 28mca e os tubos deverão estar enterrado cerca de 200mm.
A pressão máxima no gotejador deverá ser de 14mca e caso seja maior, deverá haver um redutor de
pressão.

Tubos perfurados
Diâmetro mínimo de 75mm
Material; PVC, PEAD ou outro
Comprimento máximo: 30m
Espaçamento mínimo= 1,20m
Declividade mínima do tubo= 0,25%

4.7 Custos
Nos Estados Unidos, para uma residência, o custo aproximado é de US$ 1.000 para as águas cinzas
serem usadas em bacias sanitárias.
Supondo-se uma economia de 19% obtém-se o pay-back em 15 anos, sendo considerada a conta anual
de água de US$ 250.

4.8 Aceitação pública


É sempre aconselhável a educação pública e estudar as atitudes das pessoas e dos órgãos do governo
para o uso do águas cinzas. O objetivo é obter a aceitação do processo.

4.9 Reservação das águas cinzas


Geralmente os reservatórios para armazenar as águas cinzas possuem volumes que variam de 80 L até
600 L, conforme Arizona, 1999. Na Califórnia é usado reservatório sempre maior que 200L.
O período de detenção da água servida em reservatório deve ser sempre menor ou igual a 72h, mas de
preferência deve ser menor ou igual a 24h.
Nunca se deve armazenar águas cinzas que não tiver sido tratado.

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4.10 Volume de água para dimensionamento


O código da Califórnia prevê:
Primeiro quarto: 2 pessoa/quarto
Para quarto adicional: 1 pessoa/quarto
Chuveiro, banheiro etc: 100 litros/pessoa/dia
Lavagem de roupas: 60 litros/pessoa/dia.

4.11 Uso da água


Na Tabela (4.11) temos o uso da água e porcentagem nos Estados Unidos, Austrália e Inglaterra.

Tabela 4.11 - Uso da água em porcentagem nos Estados Unidos, Austrália e Inglaterra.
Uso da água USA Austrália UK
Lavagem de roupas 13 15 12
Bacias sanitárias 29 19 35
Água para beber e cozinhar 3 5 19
Rega de jardins 35 35 6
Banheira e chuveiro 20 26 28
Total 100 100 100

4.12 Uso das águas cinzas


Pesquisas cujos resultados estão na Tabela (4.12), mostraram que em 66% dos casos, para obter a
chamada águas cinzas, usa-se somente as águas da máquina de lavar roupa.
As águas das banheiras e chuveiros são usadas em 15% dos casos. A água da torneira da cozinha é
usada em 10% dos casos. A água da torneira do banheiro é usada somente em 5% dos casos e o restante 4%
são outros usos.

Tabela 4.12 - Porcentagens das varias fontes utilizadas para o águas cinzas.
Várias fontes de que provêem Porcentagem das casas que
as águas cinzas usam águas cinzas provindo
das varias fontes (%)
Lavagem de roupas 66
Banheira e chuveiro 15
Torneira da cozinha (não
aconselhado) 10
Torneira do banheiro 5
Outros usos 4
Total 100
Nota: o uso do águas cinzas em todos os casos foi para irrigação

4.13 Técnicas e Tecnologias


Para o uso das águas cinzas deve ser considerada a técnica e tecnologia disponível.
Primeiramente pode-se querer usar as águas cinzas sem nenhum tratamento, o que pode ser feito para
uso em irrigação, mas apresenta problemas e não é recomendado.
Uma maneira mais simples é filtrar as águas cinzas para evitar entupimentos e usá-lo em irrigação
subsuperficial, que é muito usado na Califórnia, com sucesso.
Outra solução é fazer o tratamento primário, secundário e terciário. Isto inclui carvão ativado, desinfecção
e, algumas vezes, até o uso de osmose reversa. Todos estes processos custam muito e somente é
recomendado após estudos de benefício/custo.

4.14 Recomendações finais


O uso das águas cinzas deve ser feito com muita cautela sendo necessários estudos de benefício/custo
e cuidados na utilização. Acredito que somente em edifícios muito grandes (da ordem de 30.000m2 de área de
construção) é que compense o tratamento completo do águas cinzas e, mesmo assim, o custo será alto.
O uso das águas cinzas com pequeno tratamento pode ser feito para irrigação de jardins e gramados
subsuperficial.

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4.15. Exemplo de caso: APEX - reúso da água usando águas cinzas

4.15.1 Introdução
O objetivo da APEX é o reúso dps esgotos sanitários para uso não doméstico, isto é, para água não
potável para os canteiros de obras em todo o Brasil.
O projeto é elaborado conforme normas técnicas da ABNT concernentes ao tratamento de esgotos:
ABNT 7229/93 e 13969/97.
Serão reaproveitadas as águas de lavagem do corpo humano, ou seja, a água de banho e de lavagem
das mãos, ambas localizadas nos banheiros.
Trata-se do que é chamado mundialmente das águas cinzas, que apresentam menos patogênicos e 1/10
do nitrogênio de um esgoto provindo da bacia sanitária. Mesmo assim, a água de lavagem que estamos
considerando possui pequena quantidade de fezes e de urina, daí ser necessário o tratamento.
O reúso das águas cinzas será usado somente para descargas em bacias sanitárias.

4.15.2 Aspecto legal


No Brasil ainda não existe norma da ABNT sobre o uso das águas cinzas. Nos Estados Unidos o uso do
águas cinzas é para irrigação subsuperficial. No Japão é usado somente para prédios com mais de 30.000m2 ou
que gastem mais de 100m3/dia de água não potável.

4.15.3 Solução técnica


O uso das águas cinzas sem tratamento não é possível.
Apesar das águas cinzas ter pouca matéria orgânica, existe um problema de odor provocado pela rápida
decomposição da matéria orgânica existente, aconselhando que o armazenamento seja, no máximo, de 72h e
alguns estados americanos aconselham no máximo de 24h.
Com o reúso da água certamente irá diminuir a tarifa de água e esgoto a ser paga à concessionária local.
A solução proposta é o tratamento completo das águas cinzas para ser usada em bacias sanitárias.
Deverá haver dois tratamentos, sendo um anaeróbio e outro aeróbio.
No tratamento anaeróbio será feito em tanques de polietileno, fáceis de serem instalados e
reaproveitáveis.
¾ Tanque séptico de polietileno para o tratamento anaeróbio.
¾ Septo difusor tipo II de polietileno para o tratamento aeróbio.
¾ Não há peças girantes.
¾ Não há motor.

Espera-se uma redução da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) de 96%, comparando-se ao


tratamento de uma estação de lodo ativado e muito superior as fossas sépticas tradicionais que reduzem
somente 35% a 60% da DBO.
A grande vantagem é que a limpeza do tanque séptico é de um ano, ou seja, o tempo de duração média
de uma obra e toda a água que passa nos chuveiros e torneiras de lavatórios serão reaproveitadas.
A eficiência do sistema começa a partir dos 3 meses de funcionamento quando a DBO atinge a redução
de 92% e, a partir de 4 meses, atinge 96%.

4.15.4 Cloração
Não há legislação no Brasil sobre as águas cinzas, mesmo assim aconselha-se fazer a cloração da água
do reúso com o mínimo de 0,5mg/L, que poderá ser feito através de dosador automático com custo aproximado
de R$1.500,00.
A cloração é feita no reservatório enterrado após o efluente sair dos septos-difusores.

4.15.5 Proposta
Consideramos que a APEX se utiliza dos seguintes índices:
• 1 vaso sanitário para cada 20 pessoas
• 1 chuveiro para cada 10 pessoas
O dimensionamento foi de canteiro de obras de 10 pessoas até 140 pessoas e foram usadas as normas
da ABNT já citadas, considerando manutenção anual e contribuição de 50 litros/pessoa x dia.

Propomos a construção modular de Tanque Séptico + Septos difusores na seqüência:


a. A água dos chuveiros e lavatórios dos banheiros é encaminhada para o tanque séptico de polietileno;
b. No tanque séptico realiza-se o tratamento anaeróbio e depois o efluente vai para os septos difusores.
c. Nos septos difusores que são de polietileno com colméia interna, realiza-se o tratamento aeróbio.

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d. Após esse tratamento o efluente vai para um, reservatório enterrado de polietileno de onde a água
de reúso será encaminhada por bombeamento para o reservatório superior de água não potável para
abastecer as bacias sanitárias.
e. Neste reservatório inferior deverá haver uma canalização de, no mínimo, 100mm para funcionar
como overflow, ou seja, extravazão. O destino da extravazão será a rede coletora de esgoto sanitário
público existente.
f. No reservatório inferior deverá ser feita a cloração de, no mínimo, 0,5mg/L.
g. Ainda no reservatório inferior será instalada bomba simples, tipo Nauger, para encaminhamento da
água de reúso para o reservatório superior ou outro destino como lavagem de pátio, rega de jardins
ou lavagem de formas. O sistema de bombeamento deverá ser automatizado com sistema de liga-
desliga.

4.15.6 Custos
O custo fornecido é de data de 8 de dezembro de 2003, conforme Tabela (4.13).
O prazo de duração dos materiais é de 20 anos.
A mão de obra para instalação é de cerca de 30% a 40% do custo do material e, a mão de obra para
retirada é de aproximadamente 20%.

Tabela 4.13 - Custos dos materiais fornecido pela firma Rotogine- Kne Plast Indústria e Comércio Ltda
com telefone 4611-1379 ou 4611- 2167 e http://www.kneplast.com.br
Septo
difusor
Tanque séptico Caixas d água Caixas L=1,20m x W=
de polietileno (para água não potável) e gorduras 1,00m x H=0,44m

Custo do
Tanque
Séptico Polietileno Material Polietileno Material Tipo
(litros) R$ (litros) R$ (litros) R$ R$
1500 553 315 116 100 142 Tipo I 235,00
2000 708 500 144 250 180 Tipo II 1050,00
3000 1150 1000 229 500 356
4000 1639 1500 465
5000 1892 2000 637
6000 2385 3000 946
7000 2770 5000 1328
8000 2962 7500 1949
10000 2260
Data base: 8 de dezembro de 2003

Resultado final
Na Tabela (4.14) e (4.15) estão os tanques sépticos e septos difusores em função do número de bacias
sanitárias e número de chuveiros, bem como os volumes dos reservatórios inferiores e superiores necessários.
Elaboramos quatro grupos de bacias sanitárias e chuveiros para facilitar o dimensionamento.
O custo médio do metro cúbico de água tratada é de R$ 0,81/m3.

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Tabela 4.14 - Tanques sépticos e número de septos difusores em função do número de bacias
sanitárias e chuveiros.
Septo
Bacias Chuveiros Número Tanque difusor
de Séptico Tipo II
Sanitárias pessoas (anaeróbio) (aeróbio)

(litros)
2 4 10 2000 2
2 4 20 3000 2
2 4 30 4000 2
4 8 40 4000 3
4 8 50 5000 3
4 8 60 5000 3
4 8 70 6000 3
6 12 80 6000 4
6 12 90 6000 4
6 12 100 6000 4
6 12 110 7000 4
8 14 120 7000 4
8 14 130 7000 4
8 14 140 8000 4

Tabela 4.15- continuação- Tanques sépticos e número de septos difusores em função do número de
bacias sanitárias e chuveiros.

Reservatórios de Volume de água


água não potável não potável disponível

Inferior superior Bacia Outros


Sanitária fins
(litros) (litros) (litros/dia) (litros/dia)
500 500 300 1395
500 500 600 1710
500 500 900 2065
1000 1000 1200 2240
1000 1000 1500 2550
1000 1000 1800 2620
1000 1000 2100 2890
1500 1000 2400 2840
1500 1000 2700 3070
1500 1000 3000 2850
1500 1000 3300 3035
2000 1500 3600 2740
2000 1500 3900 2885
2000 1500 4200 3030

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A Tabela (4.16) e (4.17) apresenta o custo médio de canteiro.

Tabela 4.16 - Custo médio para canteiro de 70 pessoas


Canteiro de obras para 70 pessoas Material Quantidade
R$

Tanque séptico de polietileno 6000 litros 2.385,00 1


Septo difusor Tipo II 1.050,00 3
Reservatório inferior polietileno 1000 litros 229,00 1
Reservatório superior polietileno 1000 litros 229,00 1
Bomba, tubulações, sistema liga-desliga e timer Verba
Dosador automático de cloro Verba

Volume diário = 4,99m3/dia 5


Numero de dias no ano= 365
Volume anual recuperado(m3)= 1825
Custo total (R$)= 10.040,55
Juros anuais =8% ao ano 8,00
Número de anos = 20 20,00
Amortização anual (R$)= 1.022,65
3
Custo do reúso R$ 0,81/m

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Tabela 4.17- continuação- Custo médio para canteiro de 70 pessoas

Total Material Mão de obra Material +mão de obra


R$ R$ R$
2.385,00 834,75 3.219,75
3.150,00 1.102,50 4.252,50
229,00 80,15 309,15
229,00 80,15 309,15
450,00
1.500,00
Total= 10.040,55
Total Material Mão de obra Material +mão de obra
R$ R$ R$
2.385,00 834,75 3.219,75
3.150,00 1.102,50 4.252,50
229,00 80,15 309,15
229,00 80,15 309,15
450,00
1.500,00
Total= 10.040,55

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4.16 Problemas com as águas cinzas.


O maior problema das águas cinzas é que não há normas técnicas brasileiras a respeito e normalmente
se adotam soluções cujos resultados não baseados em pesquisas feitas no Brasil.
Recomenda-se cautela em aplicação de águas cinzas em descargas em bacias sanitárias tendo em vista
a falta de norma da ABNT e de responsabilidade técnica de operação e manutenção do sistema de águas cinzas
e o quem será o profissional do CREA que colocará a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

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4.17 Bibliografia e livros recomendados


-HOUNSLOW, ARTHUR W. Water quality data- analysis and interpretation. Lewis publishers, 1995 ISBN 0-
87371-676-0, 397páginas.
-http://www.csbe.org/águas cinzas/contents.htm
-http://www.oasisdesign.net/faq/sbebmudgwstudy.htm
-http://www.watercasa.org/
-MANCUSO, PEDRO CAETANO SANCHES ET AL. Reúso de Água. Universidade de São Paulo, 2003. ISBN 85-
204-1450-8,
-MESTRINHO, SUELY S. PACHECO. Geoquímica e contaminação de águas subterrâneas. Ministério de Minas e
Energia, Departamento Nacional de Produção Mineral em convênio com ABAS- Associação
-ROTOGINE- Kne Plast Indústria e Comércio Ltda. www.kneplast.com.br
-TEXAS CHAPTER 310 RULES: e310,11) in -http://www.oasisdesign.net/faq/SBebmudGWstudy.htm

4-20
Curso de esgoto
Capitulo 24- Ligação de esgoto sanitário
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Capítulo 24-Ligação de esgoto sanitário

24-1
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Capitulo 24 Ligação de esgoto sanitário

24.1 Introdução
O objetivo é dimensionar os coletores prediais de esgoto sanitário e verificar a
existência da caixa de gordura, a existência de tubo de ventilação e as dimensões da caixa
de inspeção.
Os valores da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) para diferentes tipos de
águas residuárias estão na Tabela (24.1).
Tabela 24.1- Valores de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) para diferentes
tipos de águas residuárias.
Águas residuárias DBO
(mg/L)
Esgotos sanitários 200 a 600
Efluentes de alimentos- enlatados 500 a 2000
Efluentes de cervejarias 500 a 2000
Efluentes de processamento de óleo comestível 15000 a 20000
Efluente de destilaria de álcool (vinhaça) 15000 a 20000
Percolado de aterros sanitários (chorume) 15000 a 20000
Efluentes de matadouros (sem recuperação de resíduos) 30000
Efluente de laticínios (sem recuperação de soro de queijo) 40000 a 48000
Fonte: Mendes et al, 2005 www.scielo.br

24.2 Objetivos
O sistema de coleta de esgotos públicos termina na caixa de inspeção que faz parte
do sistema. O sistema de instalação predial termina na caixa de inspeção.
As concessionárias públicas de esgotos tem quatro funções principais:
1. Dimensionar o coletor predial que vai da caixa de inspeção a rede pública.
2. Verificar se as instalações possuem tubo ventilador para expelir os gases dos
esgotos.
3. Verificar se existe caixa de gordura importante para a manutenção das redes
coletoras de esgoto sanitário.
4. Verificar a localização e a qualidade da caixa de inspeção de 0,45mx0,60m.

É costume brasileiro atual de não se verificar se as instalações hidráulicas sanitárias


prediais possuem erros ou não e de só verificar se há tubo ventilador, caixa de gordura e
caixa de inspeção, bem como dimensionar o ramal predial de ligação de esgoto.
A NBR 8160/93 de Instalações prediais de esgoto sanitário de modo geral
superdimensiona o ramal predial daí ser necessário a interferência da concessionária para o
seu dimensionamento.

24-2
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24.3 Tubo ventilador


Segundo a NBR 8160/1983 tubo ventilador é o tubo destinado a possibilitar o
escoamento de ar da atmosfera para a instalação de esgoto e vice-versa ou a circulação de
ar no interior da instalação com a finalidade de proteger o fecho hídrico dos desconectores
de ruptura por aspiração ou compressão e encaminhar os gases emanados do coletor
público para a atmosfera.
Os ingleses quando fizeram o sistema de rede coletora de esgotos sanitários (sistema
misto) na cidade do Rio de Janeiro, tinham uma caixa especial de inspeção, que só podia
ser operada por eles. Como a caixa de inspeção tinha um sifonamento, os ingleses, faziam a
ventilação da rede pública, instalando tubos ventiladores nos postes públicos.
Hoje não mais é adotada a caixa especial dos ingleses, e sim a caixa de inspeção, já
citada, a qual não tem sifão, devendo a ventilação ser feita pelos usuários. Na verdade toda
instalação ligada à rede pública de esgoto sanitário, deverão ter tubos ventiladores, para
evitar os gases, que podem tanto vir da instalação interna como da rede pública. Na prática
em todas as instalações de esgotos sanitários que são dimensionadas, existe o tubo
ventilador. Muitas vezes os pequenos construtores esquecem de colocar o tubo ventilador e
daí surge o mau cheiro, principalmente nos banheiros, devido aos gases.
O sifão do vaso sanitário, nas caixas sifonadas e os ralos sifonados em um banheiro,
não garantem a ausência total de gases. Para isto é necessário o emprego correto da caixa
sifonada e do tubo de ventilação.
Segundo a NBR 8160/1983 a ventilação de esgoto deve ser projetada da seguinte
forma:
a) em prédios de um só pavimento deve existir pelo menos um tubo ventilador de DN
100, ligado diretamente à caixa de inspeção ou em junção ao coletor predial, subcoletor
ou ramal de descarga de um vaso sanitário e prolongado até acima da cobertura desse
prédio;
b) em prédios de dois ou mais pavimentos, os tubos de queda devem ser prolongados
até acima da cobertura, sendo todos os desconcentres (vaso sanitários, sifões e caixas
sifonadas) providos de ventiladores individuais ligados à coluna de ventilação.

O tubo ventilador tem diâmetro mínimo de 50mm e está sempre no mínimo a 30cm
do telhado ou 2m da laje. Deve também estar distante no mínimo de 4m de uma janela.
É importante salientar que as redes coletoras de esgotos sanitários sempre possuem
um espaço livre para a exalação de gases e é devido a isto que os esgotos são
dimensionados para atender 0,75 do diâmetro.
Pelo espaço livre correm os gases que são liberados através dos tubos ventiladores
das casas.

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24.4 Caixa de gordura


É importante que haja caixa de gordura em prédios de apartamentos e nas
residências. As caixas de gorduras em restaurantes são importantíssimas, pois a quantidade
de gorduras se forem lançadas nas redes coletoras causarão entupimentos constantes
conforme já constatado.

24.5 Caixa de inspeção


Em Guarulhos, usamos caixas de inspeção que são preferencialmente instaladas
dentro da propriedade do usuário e próximas do alinhamento. Elas são, na maioria das
vezes, executadas em alvenaria de meio ou um tijolo, sendo que as dimensões mínimas
internas são de 45cm x 60cm, com profundidade variável com objetivo de facilitar a
manutenção do ramal predial que deverá ser feita sempre pela concessionária.
Normalmente quando um proprietário quer executar por conta própria a
manutenção do ramal predial,irá ser rompida a curva de 90º de PVC instalada sobre a rede
coletora.
A caixa de inspeção deverá ser instalada em local de fácil acesso e que
possibilite a introdução dos dispositivos para desentupir o ramal predial.
A profundidade é normalmente 60cm ou 80cm, dependendo da profundidade da
rede pública de esgoto sanitário. O comprimento mínimo de 60cm é ao longo do coletor
predial.
O objetivo da caixa de inspeção é facilitar a desobstrução do coletor predial, isto é, o
trecho que vai da caixa de inspeção até a rede pública.
No caso de indústrias, a caixa de inspeção serve também para verificar o esgoto que é
lançado à rede pública.
Existem também caixas pré-fabricadas de concreto, de PVC ou de Poliester. As
caixas deverão facilitar a introdução de equipamentos mecânicos ou de jatos de água para
desobstrução do coletor predial localizado na rua ou dentro da residência, veja Figura
(24.4).
Recomenda-se para a caixa de inspeção o seguinte:
• A caixa de inspeção deve ser construída junto ao muro, com paredes meio ou um tijolo;
• Deve ter acabamento interno com reboque liso ou queimado;
• A profundidade da caixa é variável de acordo com a profundidade da rede coletora;
• Os tubos de PVC de entrada e saída devem ser colocados no mesmo nível da canaleta;
• ponto de ligação deve sair da caixa em linha reta sem colocar curva;
• A caixa de inspeção pode ser construída com tijolos comuns, blocos de concreto ou
concreto;
• Só podem ser lançadas na rede coletora água servidas de tanque, da pia e do banheiro;
• Solicitar ao concessionário a profundidade da rede coletora;
• A tampa deverá ser removível
• Em hipótese alguma podem ser introduzidas águas pluviais na caixa de inspeção ou no
sistema interno das instalações prediais de esgoto sanitário.
• A caixa de inspeção deverá ser feita, de preferência, dentro da propriedade do usuário e
somente em último caso ser feita no passeio.

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Fig. 24.4–Modelo de caixa de inspeção

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24.6 Unidades Hunter de Contribuição (UHC).


É o fator probabilístico numérico que representa a freqüência habitual de utilização
associada à vazão típica de cada uma das diferentes peças de um conjunto de aparelhos
heterogêneos em funcionamento simultâneo em hora de contribuição máxima no
hidrograma unitário conforme Tabelas (24.4) a (24.7).
Tabela 24.4–Número de Unidades Hunter de Contribuição (UHC) dos Aparelhos
Sanitários e Diâmetro nominais dos Ramais de Descarga
Aparelho Número de Unidades Diâmetro
Hunter de Nominal do
Contribuição (UHC) Ramal de
Descarga DN
Bacia de Assento (hidroterápica) 2 40
Banheira de emergência (hospital) 4 40
Banheira de residência 3 40
Banheira de uso geral 4 40
Banheira hidroterápica-fluxo 6 75
contínuo
Banheira infantil (hospital) 2 40
Bebedouro 0,5 30
Bidê 2 30
Chuveiro coletivo 4 40
Chuveiro de residência 2 40
Chuveiro hidroterápico 4 75
Chuveiro hidroterápico tipo tubular 4 75
Ducha escocesa 6 75
Ducha perineal 2 30
Lavador de comadre 6 100
Lavatório de residência 1 30
Lavatório geral 2 40
Lavatório quarto de enfermeira 2 40
Lava pernas (hidroterápico) 3 50
Lava braços (hidroterápico) 3 50
Lava pés (hidroterápico) 2 50
Fonte: ABNT NBR 8160/83

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Tabela 24.7–Número de Unidades Hunter de Contribuição (UHC) dos Aparelhos


Sanitários e Diâmetro nominais dos Ramais de Descarga

Fonte: ABNT-NBR 8160/83

Número de Diâmetro
Aparelho Unidades Nominal do
Hunter de Ramal de
Contribuição Descarga DN
(UHC)
Mictório-válvula de descarga 6 75
Mictório- caixa de descarga 5 50
Mictório- descarga 2 40
automática
Mictório de calha por metro 2 50
Mesa de autópsia 2 40
Pia de residência 3 40
Pia de serviço (despejo) 5 75
Pia de lavatório 2 40
Pia de lavagem de 2 40
instrumentos (hospital)
Pia de cozinha industrial- 3 40
preparação
Pia de cozinha industrial – 4 50
lavagem de panelas
Tanque de Lavar roupa 3 50
Máquina de lavar pratos 4 75
Máquina de lavar roupa 4 75
Máquina de lavar roupa até 10 75
30 kg
Máquina de lavar roupa de 30 12 100
kg até 60 k g
Máquina de lavar roupa 14 150
acima de 60 kg
Vaso Sanitário 6 100

Nota: o diâmetro nominal deve ser considerado como diâmetro mínimo.

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Quando a Tabela (24.4) e (24.7) não contém o número de unidades Hunter de


Contribuição de um aparelho não relacionado, adota-se o número de Hunter conforme o
diâmetro nominal do ramal de descarga, conforme Tabela (24.8)
Tabela 24.8-Unidades Hunter de contribuição de aparelhos não relacionados na tabela
acima.
Diâmetro nominal do Número de unidades Hunter de
ramal de descarga Contribuição
DN
30 ou menor 1
40 2
50 3
75 5
100 6
Fonte: ABNT NBR 8160/83

A NBR 8160/83 apresenta tabela para dimensionamento dos coletores prediais,


baseado no número de Unidades Hunter de Contribuição. Para dimensionamento do coletor
predial, segundo a norma citada, deve ser considerado apenas o aparelho de maior descarga
de cada banheiro, quando o prédio for residencial.
Deve ser frisado, que para somente para prédios residenciais, deve ser usado o
aparelho de maior descarga de cada banheiro, que no Brasil, usualmente é o vaso sanitário,
cujo número de unidades Hunter de contribuição é 6 (seis).
A NBR 8160/83 é bem clara que prédios não residenciais, devem ser
considerados todos os aparelhos contribuintes.
Calculado o número total de unidades Hunter de Contribuição usando as tabelas
mencionadas, entra-se em na Tabela (24.5) número da ABNT, que fornece o diâmetro do
coletor predial em função da declividade em porcentagem

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Tabela 24.9-Dimensionamento de coletores prediais e subcoletores segundo ABNT


8160/83
Diâmetro Número máximo de unidades Hunter de contribuição
nominal do
tubo Declividades mínimas (%)

DN 0,5 1 2 4

100 - 180 216 250


150 - 700 840 1.000
200 1.400 1.600 1.920 2.300
250 2.500 2.900 3.500 4.200
300 3.900 4.600 5.600 6.700
400 7000 8.300 10.000 12.000
Fonte: ABNT NBR 8160/83

24.7 Dimensionamento de tubos de ligação de esgoto sanitário


Basicamente usamos a Fórmula de Manning com o coeficiente de rugosidade
n= 0,010, conforme pesquisas efetuadas no Rio de Janeiro, pela Fundação Estadual de
Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), bem como critérios de tensão trativa mínima de
1 Pascal. Calculamos também a presença de sulfetos pela fórmula Z de Pomeroy.
O tirante máximo é de 75% do diâmetro da tubulação. A velocidade máxima
adotada é de 5 m/s.
A utilização da tensão trativa nos dá menores declividades de redes de esgotos
sanitários, sendo de grande utilidade sua utilização com PVC.
Nas redes usamos o diâmetro mínimo de 150mm e nas ligações diâmetro
mínimo de 100mm.

Diâmetro do coletor predial conforme Gonçalves, Ilha e Santos, 1998 EPUSP.


O diâmetro do coletor predial D a ½ seção é dado por:

n 3/8 Q 3/8 I –3/16


D = ----------------------------- (Equação 24.2)
6,644

O diâmetro do coletor predial D a ¾ da seção é dado por:

n 3/8 Q 3/8 I –3/16


D = ----------------------------- (Equação 24.3)
8,320

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Sendo:
D = diâmetro do coletor predial em metros;
n = coeficiente de Manning;
Q = vazão no coletor predial em litros/segundo;
I = declividade do coletor predial em metro/metro.
Diâmetro mínimo do ramal predial de esgoto sanitário
As ligações de esgoto sanitário são feitas na ortogonal com a rede pública, com
tubos de PVC rígido. As nossas ligações, de modo geral, são feitas com um selim, uma
curva de 90 graus, seguindo depois o coletor predial de esgoto sanitário com tubos de PVC
de diâmetro de 100mm.
Em ruas que serão asfaltadas procedemos da seguinte maneira. Primeiramente
executamos a rede de esgoto no eixo ou no terço da rua, não deixando os “t”. Após
completada a rede e aterrada, outra turma de obras passa a executar as ligações prediais,
introduzindo o selim, a curva de 90 graus e coletor predial até o alinhamento do imóvel.
O diâmetro que usamos nos coletores prediais é de 100mm. No caso de se
necessitar de diâmetro maior, ou fazemos duas ou mais ligações de 100mm, ou fazemos
uma ligação especial de 150mm com poço de visita, o que é raro.

Tabela 24.10-Vazão máxima em litros/segundo no coletor predial com escoamento a ¾


da seção para n=0,010 (PVC)
Diâmetro Declividades
nominal (%)
DN 1 1,5 2 2,5 3 3,5
4
100 6,12 7,50 8,66 9,68 10,61 11,46
12,25
150 18,05 22,11 25,53 28,55 31,27 33,78
36,11
200 38,88 47,62 54,99 61,48 67,34 72,74
77,76
250 70,50 86,34 99,70 111,47 122,10 131,89
140,9
9
300 114,64 140,40 162,12 181,25 198,55 214,46 229,2
7

Tabela 24.11- Vazão máxima em litros/segundo no coletor predial com escoamento a


¾ da seção para n=0,013 (manilhas)
Diâmetro Declividades
nominal (%)
DN 1% 1,5% 2% 2,5% 3% 3,5% 4%
100 4,71 5,77 6,66 7,45 8,16 8,81 9,42
150 13,89 17,01 19,64 21,96 24,05 25,98 27,78
200 29,91 36,63 42,30 47,29 51,80 55,95 59,82
250 54,23 66,42 76,69 85,74 93,93 101,45 108,46
300 88,18 108,00 124,71 139,43 152,73 164,97 176,36

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Tabela 24.12-Vazão máxima em litros/segundo no coletor predial com escoamento a ½


da seção para n=0,010 (PVC)
Diâmetro Declividades
nominal (%)
DN 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
100 3,36 4,12 4,75 5,31 5,82 6,29 6,72
150 9,91 12,14 14,01 15,67 17,16 18,54 19,82
200 21,34 26,14 30,18 33,74 36,96 39,93 42,68
250 38,69 47,39 54,72 61,18 67,02 72,39 77,39
300 62,92 77,06 88,99 99,49 108,98 117,72 125,84

Tabela 24.13-Vazão máxima em litros/segundo no coletor predial com escoamento a


½ da seção para n=0,013 (manilhas)
Diâmetro Declividades
nominal (%)
DN 1% 1,5% 2% 2,5% 3% 3,5% 4%
100 2,59 3,17 3,66 4,09 4,48 4,84 5,17
150 7,62 9,34 10,78 12,05 13,20 14,26 15,25
200 16,42 20,11 23,22 25,96 28,43 30,71 32,83
250 29,77 36,45 42,09 47,06 51,55 55,69 59,53
300 48,40 59,28 68,45 76,53 83,83 90,55 96,80

Exemplo 24.5
Seja um prédio de apartamento com 64 vasos sanitários com válvula de descarga,
64 chuveiros elétricos, 64 lavatórios, 32 pias de cozinha com torneira elétrica, 32
tanques de lavar roupas, 32 máquina de lavar roupas e 32 máquinas de lavar pratos.
Para a ABNT 8160/83 somam-se somente os pesos relativos aos vasos sanitários
e assim teremos: peso 6 x 64 vasos sanitários = 384.
Verificando-se a Tabela (24.5) para 2% de declividade achamos tubo de 150mm.

24.8 Método do Macedo


A NBR 8160/83 superdimensiona os coletores prediais. Assim, o SAAE de
Guarulhos utilizou as pesquisas e os estudos feitos pelo Eng. Eugênio Silveira Macedo.1
Ele pesquisou milhares de ligações de esgoto na Cidade do Rio de Janeiro, medindo a
vazão instantânea através de aparelhos especiais e chegou a estabelecer, através de análise
de regressão, o cálculo da vazão máxima em função do numero total de Unidades Hunter
de Contribuição (UHC), ou a vazão máxima em função da área total edificada em
metros quadrados:

1
Apresentados no Congresso da ABES, de Manaus, em 1979.

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Q= 0,002 x UHC + 2
Ou
Q= 0,0004 x E + 2
Sendo:
UHC = número total de Unidade Hunter de Contribuição, conforme NBR 8160/83;
E =área total edificada em metros quadrados;
Q= vazão máxima em litros por segundo.
Para indústria e comércio, o Eng. Macedo recomenda tomar 70% da vazão
máxima calculada por uma das fórmulas. É lógico que se trata de indústria de consumo
médio e pequeno, não apresentando um alto consumo de água, o que consequentemente
terá grandes vazões de esgotos sanitários, e devendo ser verificado caso a caso.

Exemplo 24.3
Seja um prédio de apartamento com 64 vasos sanitários com válvula de descarga, 64
chuveiros elétricos, 64 lavatórios, 32 pias de cozinha com torneira elétrica, 32 tanques de
lavar roupas, 32 máquina de lavar roupas e 32 máquinas de lavar pratos.
Para o método do Macedo somam-se todas as Unidades Hunter de Contribuição e
assim teremos a Tabela (24.14).

Tabela 24.14- Cálculo da quantidade total de UHC do prédio


Peças Quantidade UHC Quant x UHC
Vasos sanitários c/ válvula de descarga 64 6 384
Chuveiros elétricos 64 2 128
Lavatórios 64 1 64
Pia de cozinha com torneira elétrica 32 3 96
Tanque de lavar roupa 32 3 96
Maquina de lavar roupa 32 10 320
Maquina de lavar pratos 32 4 128
Total= 1216

Portanto, conforme Tabela (24.10) a quantidade total de unidades Hunter de


contribuição é 1344UHC.
Q= 0,002 x UHC + 2
Q= 0,002 x 1216 + 2= 4,4L/s
Verificando-se a Tabela (24.5) de tubos de PVC com n=0,010 e diâmetro 100mm e
declividade de 2%.

Exemplo 24.6
Dimensionar o diâmetro da ligação de esgoto de um prédio com área construída de 3500m2.
Q= 0,0004 x E + 2
Q= 0,0004 x 3500 + 2= 3,4 L/s
Que fornecerá a ligação de 100mm com 2% de declividade.

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24.9 Despejos industriais:


Primeiramente devemos esclarecer que todos os artigos do 19ª até 19F do
Decreto Estadual 15425/809 estão no Decreto 8468/76 atualizado.
No artigo 19A do Decreto Estadual 15.425 de 23/07/80 do governo do Estado de
São Paulo, diz que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados
em sistema de esgotos, provido de tratamento com capacidade e de tipo adequados, se
obedecerem as seguintes condições:
I- pH entre 6,0 (seis inteiros) e 10,0 (dez inteiros);
II- temperatura inferior a 40° C (quarenta graus Celsius);
III- materiais sedimentáveis até 20 ml/l (vinte mililitros por litro) em teste de 1 (uma)
hora em cone Imhoff;
IV- ausência de óleo e graxas visíveis e concentração máxima de 150 mg/l (cento e
cinqüenta miligramas por litro) de substâncias solúveis em hexano;
V- ausências de solventes, gasolina, óleos leves e substâncias explosivas ou
inflamáveis em geral;
VI- ausência de despejos que causem ou possam causar obstrução das canalizações ou
qualquer interferência na operação do sistema de esgotos;
VII- ausência de qualquer substância em concentrações potencialmente tóxicas ou
qualquer interferência na operação do sistema de esgotos;
VIII- concentrações máximas dos seguintes elementos, conjuntos de elementos ou
substâncias:
a) arsênico, cádmio, chumbo, cobre, cromo hexavalente, mercúrio, prata e selênio – 1,5
mg/l (um e meio miligrama por litro) de cada elemento sujeitas às restrição da alínea e
deste inciso;
b) cromo total e zinco 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro) de cada elemento, sujeitas
ainda à restrição da alínea e deste inciso;
c) estanho- 4,0 mg/l (quatro miligramas por litro) sujeita ainda à restrição da alínea e deste
inciso;
d) níquel – 2,0 mg/l (dois miligramas por litro) sujeita ainda à restrição da alínea e deste
inciso;
e) todos os elementos constantes das alíneas “a” a “d” deste inciso, excetuado o cromo
hexavalente- total de 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro);
f) cianeto- 0,2 mg/l ( dois décimos de miligramas por litro);
g) fenol- 5,0 mg/l ( cinco miligramas por litro);
h) ferro solúvel- Fe2+ - 15,0 mg/l (quinze miligramas por litro);
i) fluoreto- 10,0 mg/l (dez miligramas por litro);
j) sulfeto- 1,0 mg/l ( um miligrama por litro);

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k) sulfato- 1.000 mg/l ( mil miligramas por litro);


IX – regime de lançamento contínuo de 24 (vinte e quatro) horas por dia, com vazão
máxima de até 1,5 ( uma vez e meia) a vazão diária;
X – ausência de águas pluviais em qualquer quantidade.
O artigo 19B do mesmo Decreto 15.425/80 SP, diz que “os efluentes líquidos,
excetuados os de origem sanitária, lançados nos sistema públicos de coleta de esgotos,
estão sujeitos a pré-tratamento que os enquadre nos padrões estabelecidos no artigo 19A.
Isto quer dizer que o lançamento de esgotos sanitários em redes públicas deverá ser
obedecido o artigo 19A e conforme a necessidade, deverá ser feito o que na prática se
chama pré-tratamento.
No artigo 19C do Decreto 15.425/80 SP, diz que as indústrias deverão coletar
separadamente as águas pluviais, águas de refrigeração, despejos sanitários e despejos
industriais. Em muitos casos os despejos sanitários estarão juntos com os despejos
industriais, e em outros casos deverão estar separados.
Quanto ao lançamento no coletor público, não poderão ser encaminhados as águas
pluviais. Quanto as águas de refrigeração e os despejos sanitários e industriais, dependerão
da exigências do concessionário local. No caso de Guarulhos, o lançamento é único, isto é,
nele estão os despejos sanitários, os industriais e as águas de refrigeração.
O artigo 19D, diz que “o lançamento de efluentes em sistemas públicos de esgotos será
sempre feito por gravidade e se houver necessidade de recalque, os efluentes deverão ser
lançados em caixa de “quebra-pressão” da qual partirão por gravidade para a rede coletora”.
Os efluentes líquidos industriais lançados nos sistema público de esgotos sanitários, é
regulado através da ABNT pela NBR 9800/abril/1987- Critérios para Lançamentos de
Efluentes Líquidos Industriais no Sistema Coletor Público de Esgoto Sanitário, que
apresenta os parâmetros básicos mostrados na Tabela (24.15).
Tabela 24.15-Efluentes Líquidos Industriais
Valores máximos
Parâmetro Unidade de medida admissíveis, exceto
pH
pH --- 6 a 10
Sólidos sedimentáveis em teste de ml/l 20
1 hora no cone Imhoff
Regime de lançamento L/s 1,5 x vazão média
horária
Arsênio Total mg/l 1,5
Cádmio Total mg/l 0,1
Chumbo Total mg/l 1,5
Cianeto Total mg/l 0,2
Cobre Total mg/l 1,5
Cromo Hexavalente mg/l 0,5
Cromo Total mg/l 5,0
Surfactantes (MBAS) mg/l 5,0

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Estanho Total mg/l 4,0


Fenol mg/l 5,0
Ferro Solúvel (Fe +2) mg/l 15,0
Fluoreto mg/l 10,0
Mercúrio Total mg/l 0,01
Níquel Total mg/l 2,0
Prata Total mg/l 1,5
Selênio Total mg/l 1,5
Sulfato mg/l 1000
Sulfeto mg/l 1
Zinco Total mg/l 5,0
Fonte: ABNT Parâmetros Básicos NBR 9800/1987
Nota: mg/l: miligrama/litro
L/s: litros/segundo
ml/l: mililitro/litro
Observar que a temperatura dos esgotos industriais não pode ser maior que 40°C e
que a vazão máxima que pode ser lançada é de 1,5 vezes a vazão média horária.
O lançamento dos efluentes líquidos industriais nos sistema público de esgoto
sanitário deve ser sempre feito por gravidade e se houver necessidade de recalque, estes
devem ser lançados em caixa de quebra-pressão.
As águas pluviais e de refrigeração não devem ser lançadas no sistema coletor
público. A incorporação de águas pluviais poluídas e águas de refrigeração poluídas, pode
ser feita mediante autorização expressa dos órgãos controlador e operador.

24.10 Caixa de resfriamento


Em casos especiais são solicitadas caixas de resfriamento, antes de lançar o
esgoto com temperatura superior a 40ºC.

24.11 Caixa detentoras de sólidos e graxas


As caixas detentoras são usadas quando os esgotos industriais tiverem sólidos em
suspensão. As caixas de areia ou de retenção são usadas em postos de gasolina e
restaurantes. De modo geral, os esgotos industriais devem merecer tratamento especial caso
a caso.

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Fig. 24.6-Válvula de retenção para esgoto sanitário


Fonte: Tigre

24.12 Gases em coletores

Um dos problemas que existe normalmente nos sistemas de esgotos é a produção de


gases malcheirosos, principalmente o sulfeto de hidrogênio, H2S, segundo Mendonça,1975.

24.13 Válvula de Retenção de esgotos instalada no Coletor Predial


Na prática existem sempre em alguns locais do sistema de coleta de esgoto sanitário,
onde são necessárias a instalações de válvulas de retenção de esgotos sanitários. Existem
muitos lançamentos clandestinos de águas pluviais que são lançadas na rede coletora de
esgotos sanitários, juntamente com o esgoto domestico.
Acontece que vários moradores ligando as águas pluviais nos esgotos, quando chove há
um acréscimo violento da vazão, causando sempre um entupimento na rede pública. Então
a rede será pressurizada e o esgoto juntamente com as águas de chuvas entrarão nas
residências.
O problema se agrava quando o coletor predial tem declividade menor que 2%. Mesmo
nos Estados Unidos também são usadas válvulas de retenção de esgotos sanitários,
principalmente quando as instalações hidráulicas de esgotos sanitários, estão abaixo do
nível da rua (Woodson, 1998 p. 159).

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Existem muitas redes coletoras de esgoto que não são encaminhadas a um


emissário ou interceptor e sim lançadas precariamente nos cursos d’água.
Quando chove há uma tendência do retorno do esgoto juntamente com as águas
do córrego, para dentro das residências, que estão na região mais baixas, próximas dos
cursos d’água.
Para evitar isto a firma Tigre- Tubos e Conexões fábrica válvula de PVC para
retenção de esgoto sanitário nos diâmetros de 100mm e 150mm para ser usada nos
coletores prediais, conforme Figura (24.6).

24.14 Caixa de equalização


O objetivo é regular a vazão de saída que deve ser constante. Segundo Nunes, 1996
o tanque de equalização pode também homogeneizar tornando uniforme o pH,
temperatura, turbidez, sólidos, DBO, DQO, cor, etc.
É usado principalmente em indústrias com atividades descontinuas.
As equações fundamentais são:
Vt= Veq + Vmin
Veq= (Qe-Qs ) x t
Sendo:
Vt= volume total do tanque
Veq= volume de equalização
Vmim= volume mínimo
Qe= vazão na entrada
Qs= vazão na saída
t= número de horas de funcionamento da indústria/dia

Figura 24.7- Esquema de caixa de equalização


Fontes: Nunes, 1996

Exemplo 24.8- Base Nunes, 1996


Seja uma indústria têxtil de pequeno porte com atividade descontinua, com
funcionamento de 16horas/dia produzindo a vazão média de 25m3/h.

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Veq= (Qe – Qs ) x t
Qs= 25m3/h x 16h / 24h= 16,67m3/h
Veq= (25m3/h – 16,67m3/h) x 16h= 133m3

Tempo de detenção T
T = Veq/ Q
T= 133m3/ 25m3/h= 5,32h
Dimensões do tanque
Veq= L2 x H (forma quadrada sempre)
L= largura e comprimento
H= profundidade= 2,00 (adotado)
133m3= L2 x 2,0
L=8,20m

Volume total do tanque Vt


Vt = Veq + Vmin
Vmin= é o volume cuja profundidade adotada é de 1,00m
Vt= 133m3+ (8,20 x 8,20 x 1,00)= 200m3

Potência do agitador P
P= Dp x Vt/ 745
Dp= densidade de potencia adotada igual a 10w/m3
P= 10w/m3 x 200m3/ 745 = 2,7HP
Devemos deixar uma folga na potência:3HP.
Portanto, a caixa terá 200m3 e a vazão média de entrada é 25m3/h e a saída média
equalizada é de 16,67m3/h.

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24.15 Bibliografia e livros consultados


-AZEVEDO NETTO, JOSÉ M. e MELO, WANDERLEY DE OLIVEIRA. Instalações prediais
Hidráulicas-sanitarias. Blucher, 1988, 185 páginas.
-ABNT NBR 13969/97 sobre Tanques sépticos-unidades de tratamento complementar e disposição
de efluentes líquidos. Construção e Operação.
-ABNT NBR 7229/93 sobre Projeto, Construção e operação de sistemas de tanques sépticos.
-BRITTO, EVANDRO RODRIGUES DE. Tecnologias Adequadas ao Tratamento de Esgotos,
ABES, 2004, 161 páginas.
-CIDADE OF EUGENE. Eugene Stormwater Basin Plan CIDADE, 2002.
-CONAMA, RESOLUÇÃO Nº357 DE 17/03/05. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes. 26 páginas.
--ESTADO DA CAROLINA DO NORTE. Considerations for the management of discharge of fats, oil
and grease (FOG) to sanitary sewer system. Jun, 2002, 73 páginas.
-JORDÃO, EDUARDO PACHECO e PESSÔA, CONSTANTINO ARRUDA. Tratamento de Esgotos
Domésticos. 4ª ed., 2005, 906 páginas.
-MACINTYRE, ARCHIBALD JOSEPH. Instalações Hidráulicas. 770 páginas.
-MENDES, ADRIANO AGUIAR et al. Aplicação de lípases no tratamento de águas residuárias com
elevados teores de lipídeos. www.scielo,br, Química nova, abril 2005, ISSN 0100-4042.
-METCAL&EDDY. Wastewater Engineering. McGray-Hill, 1991, 1334páginas.
-NUNES, JOSÉ ALVES. Tratamento físico-químico de águas residuárias Industriais. 1996, 277
páginas.
-ROTOGINE- Kne Plast Indústria e Comércio Ltda internet: http://www.rotogine.com.br/
-USEPA (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY). Guidelines for Water Reuse.
EPA/625/R-04/108 setembro de 2004 acessado em 15 de junho de 2006 http://www.epa.gov/

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Capitulo 25- Textura e estrutura dos solos
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Capitulo 25- Textura e estrutura dos solos

25.1 Introdução
A grande causa dos fracassos dos sumidouros são a falta de um estudo adequado do
solo no que se refere a textura e estrutura.

25.2 Solo
O solo é formado por partículas sólidas (minerais e orgânicas), água e ar e constitui o
substrato de água e nutrientes para as raízes das plantas.
O solo que vamos tratar é basicamente o chamado Horizonte A que tem aproximadamente
de 0,10m a 0,30m de espessura. Abaixo do Horizonte A teremos o que se chama na prática de
subsolo.
Deve-se ter o cuidado de não se construir barreiras que impeçam ou eliminem a
capilaridade. Um outro problema é da compactação do solo, principalmente em áreas urbanas que
podem ter camadas de areia, rochas, etc.
A textura ou composição granulométrica de um solo é um termo usado para caracterizar a
distribuição das partículas no solo quanto as suas dimensões conforme Figura (25.1) e (25.2)
Os solos de texturas médias (francos) que possuem proporções equilibradas de areia,
silte e argila, em geral, são os mais adequados para o desenvolvimento de raízes das plantas, já
que apresentam condições bastante satisfatórias de drenagem, aeração e retenção de água.

Figura 25.1 - Triângulo de classificação textural que divide em 13 classificações.


Fonte: Reichardt e Timm, 2004

25-1
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Exemplo 25.1
Classificar um solo com 25% de areia, 60% de silte e 15% de argila.
Entrando na Figura (25.2) vimos que se trata de solo franco siltoso.

Figura 25.2 - Triângulo de textura proposto por USDA (United States Department of
Agriculture) que divide em 12 classificações.

25-2
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25.3 Textura
A textura de um solo refere-se à distribuição das partículas do solo tão somente quanto ao
seu tamanho, conforme Reichardt e Tim, 2004.
De acordo com a proporção de argila, silte e areia na composição do solo, a textura se
divide em várias classes, que podem ser determinadas através do triângulo de texturas proposto
pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e apresentado na Figura (25.2)
(Gomes, 1997).
O triângulo se compõe de doze ou treze espaços que representam classes distintas de
textura. As linhas grossas do gráfico indicam as fronteiras de cada uma das classes de textura.

25.4 Estrutura
O conceito de estrutura de um solo é qualitativo e é usado para descrever o solo no que se
refere a arranjo, orientação e organização das partículas sólidas conforme Reichardt e Timm, 2004.
A estrutura de um solo caracteriza a forma de arranjo de suas partículas. Solos de
texturas iguais podem possuir estruturas diferentes que apresentam maiores ou menores
dificuldades à penetração ou circulação da água, do ar e das raízes das plantas. A estrutura do
solo ao contrário do que ocorre com a textura, é difícil de quantificar e também de catalogar
(Gomes, 1997).
Após os estudos de Jerry Tyler no ano 2000 professor da Ciência dos Solos da
Universidade de Wisconsin foi feita uma tabela na qual o uso da simplesmente da textura não
funcionava e tinha sido o fracasso de inúmeros estudos de infiltração de esgotos domésticos.
Estes estudos, a meu ver, enfatizando a necessidade de ser verificada a estrutura do solo
é importantíssimo e explica os inúmeros fracassos em sumidouros que presenciei ao longo dos
anos como diretor de obras do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos. Tudo estava de
acordo com as normas técnicas, mas alguma coisa não funcionava e isto é o exame da estrutura
do solo (estudo morfológico do solo).
A estrutura do solo pode ser feita da seguinte maneira:

25.5 Tipo de estrutura


Que define a forma e o arranjo das partículas, podendo ser:
¾ Laminar
¾ Prismática
¾ Blocos
¾ Esferoidal

O tipo de estrutura do solo é importante para a passagem da água. Assim uma estrutura tipo
laminar passa muito pouca água.
A água pode ter passagem:
¾ Rápida
¾ Moderada
¾ Lenta

Uma estrutura do tipo laminar a passagem da água é lenta e uma estrutura em bloco tem
passagem moderada de água como se pode ver na Figura (25.3). A estrutura em simples grãos como a da areia tem p

25-3
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Figura 25.3- Tipos de estrutura do solo.


Fonte: Usepa, 2002
A estrutura do solo pode ser definida também pelo chamado grau da estrutura.

25.6 Grau da estrutura


Refere-se a coesão dos agregados e varia com o teor da umidade, sendo maior em solos
úmidos que em solos secos conforme Antônio Cardoso Neto, 1997.
Um solo com grau de estrutura denominado forte possui bem definidas as fraturas ou os
espaços vazios que facilitam a passagem da água. Os solos com grau de estrutura denominado
fracos oferecem mais resistência a passagem da água e são solos maciços ou laminares, que
impedem o movimento vertical da água.
Na Figura (25.3) podemos ver pela estrutura do solo a passagem rápida, moderada ou
lenta da água.
Na Tabela (25.1) estão as texturas dos solos conforme USDA, a estrutura dos solos, a
carga hidráulica em litros/m2 x dia e a carga orgânica em kg/ha x dia.
Estes dados foram extraídos de Tyler, 2000 e adaptado .
O objetivo é fornecer dados mais seguros para infiltração quando a DBO for menor que
30mg/L ou quando a DBO for maior que 30mg/L. Observe-se que quanto menor for a DBO maior é
carga hidráulica que se pode admitir.
As cargas orgânicas são estimativas, pois ainda não se dispõem de muitos estudos para
precisão das mesmas.
No estado da Pennsylvania localizado nos Estados Unidos foi reunida uma comissão que
adaptou a Tabela (25.1) para uma tabela mais resumida que é a Tabela (25.10) onde se nota que
o valor máximo da taxa de infiltração em esgotos domésticos é de 35 L/m2 x dia..

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Tabela 25.1- Taxas de infiltração recomendadas e baseadas na tabela de Tyler, 2000


usadas no Estado da Pennsylvania, USA.
Textura segundo USDA Estrutura do solo Taxa de infiltração
2
(Litros/m x dia)
Areia Sem estrutura 11 a 35
Areia franca Moderado a forte 6,3 a 25
Areia franca Fraco a laminar fraco 0
Franco arenoso Moderado a forte 0
Franco arenoso Fraco a laminar fraco 6,3 a 12,6
Franco arenoso Maciço 4,2 a 6,3
Franco, franco siltoso Moderado a forte 0
Franco, franco siltoso Fraco a laminar fraco 1,7 a 4,2
Franco, franco siltoso Maciço <4,2
Franco argilo arenoso, franco argiloso, Moderado a forte 0
franco argilo siltoso
Franco argilo arenoso, franco argiloso, Fraco a forte 1,7 a 4,2
franco argilo siltoso
Franco argilo arenoso, franco argiloso, Maciço 0
franco argilo siltoso
Argila arenosa, argila, argila siltosa Moderado a forte <3
Argila arenosa, argila, argila siltosa Fraco a laminar fraco 0
Argila arenosa, argila, argila siltosa Maciço 0
Fonte: http://www.dep.state.pa.us/dep/subject/advcoun/wrac/2006/10-13-06_mtg_handout.pdf de 30 de agosto de
2006

25.7 Taxa de infiltração de Metcalf&Eddy, 1991


A recomendação é que para trincheiras de infiltração sejam usadas somente as duas
paredes da vala e não o fundo.
Quando o solo for argiloso é recomendado ainda por Metcalf&Eddy, 1991 que o campo de
disposição seja feito em duas partes devendo cada uma funcionar seis meses por ano.
Como o solo da Califórnia tem sempre argila, é recomendado o uso da taxa de infiltração
de 5 litros/m2 x dia e devendo ser feito o cálculo para 10litros/m2 x dia para a metade de cada
campo.
Tabela 25.2- Valores recomendados de taxa de infiltração de disposição dos efluentes de
esgotos sanitários
Tipo de solo Taxa de infiltração a ser
aplicada nas paredes da
trincheira
(L/m2 x dia)
Para solos que não são argilosos. A
infiltração por gravidade ou por pressão
Tanque Séptico 8
Filtro de areia intermitente 16
Filtro de areia com recirculação 16

Para solos argilosos


Tanque Séptico 6
Filtro de areia intermitente 14
Filtro de areia com recirculação 12

Trincheira de infiltração rasa 12


Fonte: Metcalf&Eddy, 1991

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É importante observar que os valores da taxa de infiltração da Tabela (25.2) é bem inferior
aos dados fornecidos pelas normas brasileiras.

25.8 Coeficiente de infiltração segundo a NBR 7229/93.


A NBR 7229/93 de “Construção e Instalação de Fossas sépticas e disposição dos efluentes
finais” apresenta uma maneira prática de se estimar o coeficiente de infiltração em litros/m2/dia
conforme Botelho, 1998.
O método a ser aplicado é o seguinte:
• Na profundidade onde vai estar a vala de infiltração fazer três escavações com formato
de uma caixa paralelepípedo de 30cm x 30cm x 30cm.
• No dia anterior ao teste, encher as três caixas com água.
• No dia do teste encher as três caixas com água e deixar secar.
• Após secar, encher cada caixa com 15cm de água e medir o tempo que leva para
abaixar o nível de água de 1cm.
• Adotar o menor dos três tempos, que será o tempo padrão de infiltração do solo na
profundidade considerada.
• Com o tempo obtido entrar na Tabela (25.3) e achar o coeficiente de infiltração do solo.
A Figura (25.4) mostra esquematicamente o paralelepípedo cujo lado é 30cm e o gráfico para
se obter o coeficiente de infiltração conforme Tanaka, 1986.
Podemos aproximadamente supor que ff= K= coeficiente de infiltração.

Figura 25.4 - Gráfico para determinação do coeficiente de infiltração


Fonte: Tanaka, 1986

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Tabela 25.3 - Coeficiente de infiltração em função do tempo em minutos


Tempo de infiltração para rebaixamento de 1cm Coeficiente de infiltração
(min) (litros/m2/dia ou mm/dia)
22 22
20 23
18 24
16 25
14 27
12 33
10 40
8 47
6 57
4 73
2 100
1 110
0,5 130
Fonte: Botelho, 1998

Tabela 25.4 - Estimativa do coeficiente de infiltração de acordo com o tipo de solo local
Constituição provável do solo Coeficiente de infiltração
(litros/m2/dia
Rochas, argilas compactadas <20
Argilas de cor amarela ou marrom, medianamente compactas 20 a 40
Argila arenosa 40 a 60
Areia ou silte argiloso 60 a 90
Areia bem selecionada >90
Fonte: Botelho, 1998

25.8 Comparações USEPA, 2002 x ABNT, 1993


Como se pode observar na Tabela (25.4) os valores de infiltração só levam em conta a textura
do solo e devido as pesquisas de Tyler, 2000 é necessário saber a estrutura do solo que é a
Tabela (25.2) que apresenta valores bem inferiores aos da ABNT que foi elaborada em 1993.
Portanto, oportunamente deverá ser revista a NBR 7229/93.
Os valores apresentados por Tyler, 2000 são menores que 1/3 dos valores da NBR 7229/93.

Dica: verificar sempre além da textura do solo, a estrutura do mesmo.

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25.9 Bibliografia e livros consultados


- http://www.dep.state.pa.us/dep/subject/advcoun/wrac/2006/10-13-06_mtg_handout.pdf de 30 de
agosto de 2006. Pennsylvania, USA acessado em 16 de fevereiro de 2007.
-ABNT NBR 13969/97 sobre Tanques sépticos-unidades de tratamento complementar e disposição
de efluentes líquidos. Construção e Operação.
-ABNT- Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. NBR 7229 de setembro
de 1993,
-BOTELHO, MANOEL HENRIQUE CAMPOS e RIBEIRO, GERALDO DE ANDRADE JR.
Instalações hidráulicas prediais feitas para durar. Fortilit, 238páginas.
-BRITTO, EVANDRO RODRIGUES DE. Tecnologias Adequadas ao Tratamento de Esgotos,
ABES, 2004, 161 páginas.
CARDOSO NETO, A. As Propriedades do solo. Florianópolis: Departamento de Engenharia
Sanitária da Universidade Federal de Santa Catarina, 1997-8. 15 p. (Tópicos Básicos de Irrigação -
2º Fascículo). Anotações do curso de Irrigação e Drenagem de Terras Agrícolas
-CIDADE OF EUGENE. Eugene Stormwater Basin Plan CIDADE, 2004.
-CONAMA, RESOLUÇÃO Nº357 DE 17/03/05. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes. 26 páginas.
-ESTADO DA CAROLINA DO NORTE. Considerations for the management of discharge of fats, oil
and grease (FOG) to sanitary sewer system. Jun, 2002, 73 p
http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/CDOC/ProducaoAcademica.asp acessado em 16 de
fevereiro de 2007.
-JORDÃO, EDUARDO PACHECO e PESSÔA, CONSTANTINO ARRUDA. Tratamento de Esgotos
Domésticos. 4ª ed., 2005, 906 páginas.
-MACINTYRE, ARCHIBALD JOSEPH. Instalações Hidráulicas. 770 páginas.
-METCAL&EDDY. Wastewater Engineering. McGray-Hill, 1991, 1334páginas.
-NUNES, JOSÉ ALVES. Tratamento físico-químico de águas residuárias Industriais. 1996, 277
páginas.
-ROTOGINE- Kne Plast Indústria e Comércio Ltda internet: http://www.kneplast.com.br
-SINDUSCON. Conservação e reúso da água em edificações. Junho 2005, São
-TANAKA, TAKYDY. Instalações prediais hidráulicas e sanitárias. Editora Livros Técnicos, 1986,
ISBN 85-216-0461-0
-USEPA (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY). Guidelines for Water Reuse.
EPA/625/R-04/108 setembro de 2004 acessado em 15 de junho de 2006 http://www.epa.gov/
-USEPA, 2002. On site wastewater treatment systems manual. Fevruary, 2002 EPA/625/r-
00/008. U. S. Environmental Protection Agency.

25-8
Tabela 25.9- Sugestões de condutividade hidráulica dos solos para esgotos domésticos e carga orgânica. Baseado nos estudos de Tyler, 2000 in USEPA,2002.
Carga hidráulica Carga orgânica
Textura conforme USDA Tipo de Grau da 2
(litros/m x dia) (kg/ ha x dia)
Estrutura estrutura
DBO=150mg/L DB0=30mg/L DBO=150mg/L DB0=30mg/L

Areia grossa, areia franca, franco arenoso Simples grão Sem estrutura 34 67 45 18
Areia fina, areia muito fina, areia franca Simples grão Sem estrutura 17 42 23 11
Franco arenoso com areia grossa Massiva Sem estrutura 8 25 11 7
Franco arenoso com areia grossa Laminar Fraca 8 21 11 6
Franco arenoso com areia grossa Laminar Moderada a forte 0 0 0 0
Franco arenoso com areia grossa Prismático, bloco, granular Fraco 17 29 23 8
Franco arenoso com areia grossa Prismático, bloco, granular Moderado a forte 25 42 34 11
Franco arenoso, areia fina Massiva Sem estrutura 8 21 11 6
Franco arenoso, areia fina Laminar Fraca, moderada forte 0 0 0 0
Franco arenoso, areia fina Laminar Fraco 8 25 11 7
Franco arenoso, areia fina Prismático, bloco, granular Moderado a forte 17 34 23 9
Franco Massiva Sem estrutura 8 21 11 6
Franco Laminar Fraco, moderada a forte 0 0 0 0
Franco Prismático, bloco, granular Fraco 17 25 23 7
Franco Prismático, bloco, granular Moderado a forte 25 34 34 9
Franco siltoso Massiva Sem estrutura 0 8 0 2
Franco siltoso Laminar Fraco, moderada a forte 0 0 0 0
Franco siltoso Prismático, bloco, granular Fraco 17 25 23 7
Franco siltoso Prismático, bloco, granular Moderado a forte 25 34 34 9
Muito argilosa, argila soltosas, Argila Massiva Sem estrutura 0 0 0 0

Muito argilosa, argila soltosas, Argila Laminar Fraco, moderada a forte 0 0 0 0

Muito argilosa, argila soltosas, Argila Prismático, bloco, granular Fraco 8 13 11 4

Muito argilosa, argila soltosas, Argila Prismático, bloco, granular Moderado a forte 17 25 23 7

Silte, franco siltoso Massiva Sem estrutura 0 0 0 0


Silte, franco siltoso Laminar Fraco, moderada a forte 0 0 0 0
Silte, franco siltoso Prismático, bloco, granula Fraco 0 0 0 0
Silte, franco siltoso Prismático, bloco, granula Moderado a forte 8 13 11 4
Curso de rede de esgotos
Capítulo 26- Redes coletoras de esgoto sanitário
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 10/07/2008

Capítulo 26- Redes coletoras de esgoto sanitário

26.1 Introdução
Felizmente para redes coletoras de esgoto sanitário existe a norma NBR 9649/ 1986
que introduziu uma modificação de enorme importância, pois ao invés de usar o critério das
velocidades mínimas passou a usar o critério da tensão trativa mínima de 1 Pa e altura
máxima da lâmina de água de 0,75D.
O esgoto sanitário tem 99,9% de água e 0,1% de sólidos com características
semelhantes à da água.
Tal idéia partiu dos engenheiros da SABESP drs Joaquim Gabriel e Milton Tsutiya.

26.2 Histórico
Conforme Azevedo Neto, 1973 em 1879 foi inventado o sistema separador absoluto
pelo Coronel engenheiro George Waring e aplicado pela primeira vez na cidade de
Memphis no Tennessee, Estados Unidos.
A cidade do Rio de Janeiro foi uma das primeiras capitais o mundo a ser servida
com redes de esgotos em 1857 com projeto feito pelos ingleses. O sistema era separador
absoluto, mas admitia a entrada de águas pluviais dos prédios e portanto, tratava-se de um
sistema separador parcial conforme Tsutiya, 1999.
Os esgotos na cidade de São Paulo foi feito pela primeira vez em 1876 que era um
sistema misto. O sistema separador absoluto só foi introduzido no Brasil em 1911 em São
Paulo.

26.3 Classificação do escoamento


Em redes de esgotos o escoamento é livre, isto é, o fluido escoa em contato com a
atmosfera.
O escoamento é permanente, isto é, as características do escoamento não variam
ao longo do tempo e da canalização.
O escoamento é uniforme, isto é, o vetor velocidade, em módulo, direção e sentido
é idêntico em todos os pontos. As partículas traçam trajetórias bem definidas no sentido do
escoamento.

26.4 Tensão trativa


Conforme Tsutiya, 1999 a tensão trativa foi introduzida originalmente por Du Boys
em 1879, sendo mais tarde desenvolvido os conceitos técnicos por Brahms em 1754 e por
Chow em 1981. O primeiro uso da tensão trativa foi em canais.
A tensão trativa mínima ou tensão de arraste mínima é a força por unidade de área
que haja sobre uma partícula e que permite o deslocamento da mesma. Assim desta maneira
as partículas de esgotos não ficarão depositadas na tubulação, pois temos que calcular uma
tensão trativa mínima de 1Pa para que ela seja arrastada.

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Capítulo 26- Redes coletoras de esgoto sanitário
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Figura 26.1- Esquema de canal mostrando a tensão trativa


Fonte: Fernandes, 1997

A tensão trativa σt é dada pela equação:


σt= R . γ . I
Sendo:
σt= tensão trativa em Pascal ou N/m2
R= raio hidráulico (m)
γ=peso específico do esgoto (N/m3)= 104 N/m3
I= declividade da tubulação (m/m)
Em coletores usa-se a tensão trativa mínima de 1 Pa enquanto que para interceptor
em tubos acima de 500mm usa-se 1,5 Pa para se evitar a formação de sulfetos.
A Sabesp começou a usar o critério da tensão trativa em 1983 como pleno êxito
sendo depois o conceito passado a norma brasileira sendo adotado em todo o Brasil e
atualmente é adotado praticamente em todos os países da America Latina.

26.5 Vazões parasitarias (infiltração)


Pode haver infiltração de água de drenagem nos coletores de esgoto e isto se chama
de vazões parasitarias que atingem até 6,0 L/s x km.
Conforme Tsutiya, 1999 as águas do subsolo atingem as redes coletoras através de:
• Juntas das tubulações
• Paredes das tubulações
• Poços de visita, tubos de inspeção e limpeza, caixas de passagem, estações
elevatórias, etc.

26-2
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Tabela 26.1- Vazões parasitárias

Figura 26.2- Taxas de infiltração em redes coletoras de esgoto


Fonte: Crespo, 1997

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Conforme a norma da ABNT 9649 a taxa de infiltração depende da posição do


lençol freático variando de 0,05 L/s x km a 1,0 L/s x km.

26.6 Coeficientes de vazões


Quando não possuímos pesquisas para os coeficientes de vazões podemos estimar
conforme norma NBR 9649/ 1986 os coeficientes em:
Vazão máxima diária= K1= 1,20
Vazão máxima horária K2=1,50
Vazão mínima K3=0,5
Coeficiente de retorno= 0,80
Conforme Tesutya, 1999 a SABESP usa a equação abaixo para os valores de
K= K1 x K2, sendo que para vazões abaixo de 751 L/s o valor K=1,80 é constante e para
vazões acima de 751 L/s o valor de K diminui.
Q≤ 751 L/s K=1,80
Q> 751 L/s
K= 1,20 + 17,485/ Q 0,5090
Sendo: Q= somatória das vazões médias de uso predominante residencial, comercial,
publico em L/s

26.7 Energia específica


A energia específica é definida como a quantidade de energia de peso de líquido,
medida a partir do fundo do canal e representado por.
E= y + αV2/ 2g
Usando a equação da continuidade Q=A.V
V= Q/A
V2= Q2/ A2
E= y + αQ2/ 2gA2
Sendo:
E= energia específica
y= altura da lâmina de água
g= aceleração da gravidade
V= velocidade média (m/s)
A= área molhada da secção (m2)
Q= vazão (m3/s)
α=coeficiente de Coriolis (1792-1843) que é definido conforme Lencastre, 1983 como a
relação entre a energia cinética real do escoamento e a energia cinética de um escoamento
fictício que todas as partículas se movessem com a velocidade média V. Normalmente
adotamos α=1.
Variando-se a velocidade e altura y podemos construir a Figura (26.3) onde nota-se
um ponto de energia específica mínima Ec e duas curvas, uma a direita e outra a esquerda.
A curva da direita mostra o movimento rápido e a da esquerda mostra o movimento lento.

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Figura 26.3-Diagrama de energia específica


Fonte: Rolim Mendonça et al, 1987

O valor da energia específica no ponto mínimo é a energia específica crítica e se dá


numa altura denominada de yc que é um ponto de instabilidade pois pode passar
rapidamente de um regime para outro.
Quando o valor de y está no regime lento podemos chamar de regime lento ou
regime fluvial e quando y está no regime rápido podemos chamar de regime rápido ou
torrencial.
Observemos ainda que y1 e y2 conforme a Figura (26.3) são chamados de
conjugados de igual energia E.
Vamos aplicar os conhecimentos de Lencastre, 1983 para obter o ponto mínimo da
curva, basta derivar e igual a zero.
dE/dy = 1 – Q2/gA3 x dA/dy=0
Sendo “b” a largura superficial da lâmina líquida teremos: dA= b x dy
Fazendo-se as substituição temos:
dE/dy = 1 – Q2/gA3 x bdy/dy=0
dE/dy = 1 – (Q2/gA3 )x b=0
1 = Q2/gA3 x b
Isolando a vazão Q e a aceleração da gravidade g temos:
A3/b = Q2/g
Extraindo a raiz quadrada dos dois lados da equação temos:
A0,5A/b0,5 = Q /g 0,5
A(A/b)0,5 = Q /g 0,5

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Figura 26.4- Para canais circulares


Fonte: Lencastre, 1983

Lencastre, 1983 apresenta a Figura (26.4) para canais circulares onde podemos
facilmente calcular a altura critica yc.

Exemplo 26.1
Calcular a altura crítica para uma tubulação circular com diâmetro de D=0,15m e vazão de
Q=0,007m3/s.
(1/D5/2) x Q / g 0,5=(1/0,152,5) x 0,007 / 9,81 0,5= 0,26
Entrando na Figura (26.4) com 0,26 na abscissa achamos y/D=0,51
yc=0,51 x 0,15=0,077m
Portanto, a altura crítica será de yc=0,077m.

Exemplo 26.2
Calcular a altura crítica para uma tubulação circular com diâmetro de D=0,15m e vazão de
Q=0,010m3/s.
(1/D5/2) x Q / g 0,5=(1/0,152,5) x 0,010 / 9,81 0,5= 0,37
Entrando na Figura (26.4) com 0,37 na abscissa achamos y/D=0,62
yc=0,62 x 0,15=0,093m
Portanto, a altura crítica será de yc=0,093m.

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26.8 Inclinação crítica


Seguindo os ensinamentos de Lencastre 1983, a inclinação crítica é aquela para a
qual o escoamento se dá em regime uniforme crítico, ou em outras palavras, aquela em que
o escoamento se escoa com o mínimo de energia.
Usando a equação de Manning temos:
V= (1/n) R2/3 x Ic 0,5
Sendo:
V= velocidade média (m/s)
R= raio hidráulico (m)
Ic= declividade crítica (m/m)
Isolando o valor da declividade teremos:
V= (1/n) Rc2/3 x Ic 0,5
I c0,5 = V n/ Rc2/3
Elevando ambos os lados ao quadrado temos:
Ic = V2 n2/ Rc4/3

Usando a equação da continuidade Q=A.V


V= Q/A
V2= Q2/ A2
Substituindo V2 temos:
Ic = Q2 n2/ A2Rc4/3
2
Mas o valor de Q pode ser substituído por:
A3/b = Q2 /g
gA3/b = Q2

I c = Q2 n2/ A2Rc4/3
Ic = gA3 n2/ bA2Rc4/3
Ic = gA n2/ bRc4/3
Ou podemos escrever:
Ic = g(A/b) n2/ Rc4/3
O valor A/b é igual a altura media do regime critico, ou seja, A/b=yc
Ic = g .yc . n2/ Rc4/3

Exemplo 26.3
Calcular a declividade critica de um tubo de seção circular com n=0,0103 (rugosidade de
Manning e vazão Q=0,010m3/s
Facilmente achamos yc=0,093m já calculado no exemplo anterior.
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 x0,093/0,15)
θ = 2 cos-1 ( 0,24)
θ = 2 x 1,81 rad= 3,62rad
R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
R= (0,15/4) (1-(seno 3,62)/ 3,62)=0,042m
Ic = g .yc . n2/ Rc4/3

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Ic = 9,81 x0,093 x 0,0102/ 0,0424/3 =0,00618m/m


Portanto, a declividade crítica é Ic=0,00618m/m
Velocidade critica
A= D2 ( θ – seno θ)/8
A= 0,152 ( 3,62 – sen3,62)8=0,01147m2
V=Q/A= 0,010/0,01147=0,87m/s

26.9 Número de Froude


O número de Froude é a relação entre a força da inércia e a força da gravidade no
escoamento. É um número adimensional e muito importante e é através dele que vimos
quando o regime é crítico, rápido ou lento. Se o número de Froude for igual a igual a 1
temos o escoamento crítico e caso seja maior que 1 temos o escoamento rápido e se for
menor que 1 temos o escoamento lento.
F= v / (g x y )0,5
Sendo:
F= número de Froude (adimensional)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s2
y= altura da lâmina de água (m)

26.8 Fórmula de Manning


A fórmula mais usada em canais é a de Manning que será adotada.
V= (1/n) x R 2/3 x S0,5
Sendo:
V= velocidade média na seção (m/s)
R= raio hidráulico (m)
Raio hidráulico (m) = Área molhada/ perímetro molhado
S= declividade (m/m)

26.10elações geométricas da seção circular


Até o diâmetro de 2,0m geralmente é usado tubos de concreto de seção circular. Os
coletores nas ruas e ligações de esgoto são geralmente feitas tubos circulares de PVC com
diâmetro de 100mm no mínimo.

Figura 26.4- Seção circular


Fonte: Rolim Mendonça et al, 1987

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O ângulo central θ (em radianos) do setor circular, pode ser obtido pela seguinte
expressão conforme Chaudhry,1993 p.95:
θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /D)
ou
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
Sendo:
θ = ângulo central em radianos (rad)
y= altura da lâmina de água (m)
D= diâmetro da tubulação (m)

Conforme Chaudhry,1993 p.10 temos:


A área molhada “A”:
A= D2 ( θ – seno θ)/8
O perímetro molhado ”P”:
P=(θ D)/2
O raio hidráulico “R”:
R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
A corda “b” correspondente a altura molhada é dado por:
b= D sen (θ/2)

Conforme Mendonça,1984 Revista DAE SP temos:


• Usando a fórmula de Manning e tirando-se o valor de θ usando as relações
acima obtemos para o regime uniforme a fórmula para obter o ângulo central
θ.
• Observar que o ângulo central θ aparece nos dois lados da equação, não
havendo possibilidade de se tornar a equação numa forma explícita.
• Daí a necessidade de resolvê-la por processo iterativo, como o Método de
Newton-Raphson. O ângulo central θ está entre 1,50 rad. ≤ θ ≤ 4,43 rad. que
corresponde 0,15≤y/D≤ 0,80.

θ= seno θ + 2 2,6 (n Q/I 1/2) 0,6 D-1,6 θ 0,4


Sendo:
θ = ângulo central em radianos (rad)
y= altura da lâmina de água (m)
D= diâmetro da tubulação (m)
n= rugosidade de Manning (adimensional)
Q= vazão (m3/s)
I= declividade (m/m)

Como se pode ver na equação acima está na formula implícita, sendo impossível de
se separar o ângulo central θ. Usam-se para isto alguns métodos de cálculo:

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• Método de tentativa e erros,


• Método da bissecção,
• Método de Newton-Raphson e
• Método das Aproximações Sucessivas.

Exemplo 26.4
Seja um tubo de PVC com n=0,010, declividade I=0,007m/m e vazão de 0,0013m3/s.
Calcular a altura y, corda, raio hidráulico e número de Froude
θ= seno θ + 2 2,6 (n Q/I 1/2) 0,6 D-1,6 θ 0,4
θ= seno θ + 2 2,6 (0,010x0,013/0,007 1/2) 0,6 0,15-1,6 θ 0,4
θ= seno θ +2,6 . θ 0,4
Arbitramos um valor qualquer do ângulo central em radianos: 3,8rad
X= seno θ +2,6θ 0,4
X= seno (3,8) +2,6x 3,8 0,4
X= - 0,61 +4,43= 3,82
Adotamos θ= 3,82
Adoto 3,82rad
R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
R= (0,15/4) (1-(seno 3,82rad)/ 3,82)=0,044m
b= D sen (θ/2)
b= 0,15 sen (3,82rad/2)=0,14m

θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /D)


θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /0,15)=3,82rad=219graus/2=109,5graus
θ /2= arc cos ( 1 – 2y /15)=3,82rad/2=219graus/2=109,5graus

Cos (3,82rad/2)= 1 – 2y/0,15


-0,33= 1 – 2y/0,15
-1,33= -2y/0,15
1,33=2y/0,15
y=0,10m
Portanto, a altura a lâmina de água é 0,10m

y/D= 0,10/ 0,15=0,67= 67% < 75% OK.

Área molhada
A= D2 ( θ – seno θ)/8
A= 0,152 ( 3,82 – seno 3,82)/8 =0,011m2
Equação da continuidade: Q= A x V
V= Q/A= 0,013m3/s / 0,011m2= 1,18m/s
Número de Froude
F= v / (g x y )0,5
F= 1,18 / (9,81 x 0,10 )0,5
F=1,19 > 1 Portanto, regime de escoamento rápido ou supercrítico

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26.11 Lâmina de água em tubos e canais


Segundo a NBR 9649/86 a altura máxima da lâmina de água em redes coletoras de
esgoto sanitário é 75% do diâmetro ou seja 0,75D.

26.12 Velocidade crítica


Para achar o ângulo central crítico θc temos que resolver a seguinte equação
conforme Rolim Mendonça et al, 1987.
θc= sen θc + 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3

Segundo Rolim Mendonça et al, 1987 a velocidade crítica Vc e a declividade crítica


Ic são:
yc/D= (1/2) x (1 – cos θc/2)

Vc= {[g xD/ (8 sen(θc /2))] x (θc - sen (θc))} 0,5

Ic= =[n2 x g/ (sen(θc/2))] x [θc4/ (2,0 D (θc – senθc))] (1/3)

Para calcular o valor de θc com várias iterações:

θoc - {θoc -sen θc - 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3}


θc = ________________________________________________

1 – cos θoc - (4/3) (Qc2/g) 1/3 x D -5/3 x (sen (θoc/2) -2/3 cos (θoc/2)

A NBR 9649/86 diz que quando a velocidade final vf for superior a velocidade
critica vc, a maior lâmina admissível deve ser menor ou igual a 50% do diâmetro do
coletor, assegurando-se a ventilação do trecho sendo a velocidade critica definida por:
Vc= 6 x (g x R) ½
Sendo:
Vc= velocidade crítica (m/s)
g= 9,81m/s2 (aceleração da gravidade)
R= raio hidráulico (m)
Azevedo Neto, 1998 justifica a equação da velocidade critica da norma usando as
pesquisas de Volkart, 1980 em que o número de Boussinesq é igual a 6 quando se inicia a
mistura de ar e água.
B= vc (g R) -0,5
Sendo:
B= numero de Boussinesq
G= aceleração da gravidade m/s2
R= raio hidráulico (m)
Quando se inicia a mistura do ar com a água o numero de Boussinesq é igual a 6 e
portanto B=6
B= vc (g R) -0,5
6= vc (g R) -0,5

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Tirando-se o valor da velocidade critica Vc temos:


Vc= 6 x (g x Rc) ½
Azevedo Neto, 1998 recomenda a verificação da velocidade crítica vc em relação a
velocidade final do plano vf e m todos os trechos da canalização.

Nota: cuidado, o raio hidráulico é do ângulo central crítico Rc= (D/4) (1-(seno θc)/ θc)
Conforme Crespo, 1997 o raio hidráulico R para o cálculo da velocidade critica pode
ser consultada a Figura (26.5).

R= Khidr x h/D
Com os valores h/D achamos na Figura (26.5) o coeficiente Khidr.

Exemplo 26.5
Calcular a velocidade critica conforme a NBR 9649/86 sendo h/D= 0,50
Entrando na Figura (26.5) com h/D=0,50 achamos Khidr=0,50
R= Khidr x h/D
R= 0,50 x 0,50=0,25
Vc= 6 x (g x R) ½
Vc= 6 x (9,81 x 0,25) ½ = 9,49m/s

Para h/D= 0,30 achamos Khidr=0,342


R= Khidr x h/D
R= 0,342 x 0,30=0,1026
Vc= 6 x (g x R) ½
Vc= 6 x (9,81 x 0,1026) ½ = 6,02m/s

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Figura 26.5- Coeficientes para o calculo do raio hidráulico para a velocidade critica
da NBR 9649/86.
Fonte: Crespo, 1997
Exemplo 26.6
Calcular o ângulo central crítico e a velocidade crítica para vazão de 0,010m3/s, diâmetro
D=0,15m tubo de PVC n=0,010.
θc= sen θc + 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3
θc= sen θc + 8 ( 0,0102/9,81) 0,33 [sen(θc/2)] 0,33 x 0,15 -1,67
θc= sen θc +4,29 [sen(θc/2)] 0,33

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Tabela 26.2- Cálculo para o ângulo central por tentativas


θc θc= sen θc +4,29 [sen(θc/2)] 0,33

4 3,40
3,40 4,02
4,02 3,38
3,38 4,04
4,04 3,36
3,36 4,07
4,07 3,34
3,34 4,09
4,09 3,32
3,32 4,11
4,11 3,30
3,30 4,13
4,13 3,28

Tomamos o valor médio θc= (4,13+3,28)/2= 3,67 rad


yc/D= (1/2) x (1 – cos θc/2)
yc/0,15=(1/2)x (1 – cos 3,67/2)=0,63 < 0,75D
yc=0,095m
Verificação
Conforme Metcalf&Eddy, 1981 o valor de yc pode ser estimado por:
yc= 0,483 x (Q/D) 2/3 + 0,083D
yc= 0,483 x (0,01/0,15) 2/3 + 0,083x0,15=0,0933m

y/D= 0,63

R= (D/4) ( 1 – sen θ/ θ )
R= (0,15/4) [ 1 – (sen 3,67)/ 3,67 ] =0,043m

Vc= {[g xD/ (8 sen(θc /2))] x (θc - sen (θc)} 0,5


Vc= {[9,81 x0,15/ (8 sen(3,67 /2))] x (3,67 - sen (3,67))} 0,5
Vc= {[0,19 x (3,67 +0,50} 0,5
Vc=0,89m/s

Declividade crítica
Ic= =[n2 x g/ (sen(θc/2))] x [θc4/ (2,0 D (θc – sen θc))] (1/3)
Ic= =[0,0102 x 9,81/ (sen(3,67/2] x [3,674/ (2,0x0,15(3,67-sen 3,67] (1/3)
Ic= =[0,00101 x 5,17] 1/3
Ic=0,0052m/m

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26.13 Velocidade máxima


A velocidade máxima conforme norma NBR 9649/ 1986 é de 5m/s.

Tabela 26.3- Velocidades máximas conforme o tipo de material


Velocidade máxima
Material usualmente admitida
(m/s)
Ferro fundido 5
PVC e manilhas cerâmicas 5
Concreto 5

26.14 Profundidade do coletor


De modo geral a profundidade mínima na rua é 0,90m e 0,65m no passeio.
A profundidade máxima no passeio varia de 2,00m a 2,50m e na rua no máximo em
4,00m.

26.15 Materiais
Os materiais mais comuns são:
• Cerâmico: diâmetros variam de 75mm a 600mm
• Concreto simples: diâmetro de 200mm a 600mm
• Concreto armado: diâmetro de 300mm a 2000mm
• PVC: diâmetro de 100mm a 400mm
• Polietileno e polipropileno: diâmetro de 63mm a 1200mm
• Ferro fundido: diâmetro de 80mm a 2000mm
• Aço: varia conforme o fabricante
• PRFV (fibra de vidro): diâmetro de 300mm a 2400mm

26.16 Coeficiente n de Manning


Os coeficientes n de Manning mais usuais estão na Tabela (26.4).

Tabela 26.4- Coeficientes n de Manning conforme os materiais


Material dos condutos Coeficiente n de Manning
Cerâmico 0,013
Concreto 0,013
PVC 0,010
Ferro fundido com revestimento 0,012
Ferro fundido sem revestimento 0,013
Aço soldado 0,011
Poliéster, polietileno 0,011

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26.17Tensão trativa
A tensão trativa σt é dada pela equação:
σt= γ . n2 V2 x [ 4θ/(D(θ-senθ)] 1/3
γ = peso especifico do esgoto= 10kN/m3=10.000N/m3
V= velocidade média (m/s)
N= coeficiente de rugosidade de Manning
θ= ângulo central em radianos
σt= tensão trativa (Pa)

Exemplo 26.7
Sendo θ=3,82rad, D=0,15m, n=0,010 PVC, v= 1,04m/s. Achar a tensão trativa.
σt= γ . n2 V2 x [ 4θ/(D(θ-senoθ)] 1/3
σt= 10000x. 0,010 x 1,04 x [ 4x 3,82/(D(3,82-seno3,82)] 1/3
2 2

σt= 1,0816 x [ 15,28/0,15(4,45] 1/3


σt= 3,03 Pa= 3,03 N/m2

26.18 Velocidade máxima e declividade máxima


A velocidade máxima admitida pela norma é 5m/s que é a mesma admitida em
galerias de águas pluviais.
Conforme Rolim Mendonça et al, 1987 para 75% de seção para Q em m3/s
Imax= 3,64 x n2 x v 2,67 x Q -0,67
Quando n=0,013 e v=5m/s Q em L/s Imax=4,5Q-0,67
Para n=0,010 e v=5m Q em L/s Imax=2,7Q-0,67

Exemplo 26.8
Calcular a declividade máxima a ¾ da seção para a vazão de 13 L/s tubos de PVC
Imax=2,7Q-0,67
Imax=2,7x 13-0,67 =0,4838m/m

26.19 Declividade mínima


Na maioria dos países em todo o mundo usa o critério da velocidade mínima e daí
calculam a declividade mínima, mas a norma brasileira usa o critério da tensão trativa
mínima de 1Pa e usando o coeficiente de rugosidade de Manning n=0,013 temos a
declividade mínima:
Io min= 0,0055 x Qi -0,47
Sendo:
Iomin= declividade mínima (m/m)
Qi= vazão inicial ( L/s)

Há muito anos se usava o critério da velocidade mínima de arraste de 0,60m/s.

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Figura 26.1-Equações obtidas para a declividade mínima de modo a garantir tensão trativa maior que 1Pa.
Fonte: Tsutiya, 1999

Figura 26.1- Declividades mínimas do antigo DAE para velocidade mínima de 0,60m/s
Fonte: Tsytiya, 1999


Figura 26.1- Declividades mínimas do Metcalf&Eddy para velocidade mínima de
0,60m/s
Fonte: Tsytiya, 1999

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Exemplo 26.9
Dada a vazão de 13 L/s com n=0,013 achar a declividade mínima conforme norma da
ABNT.
Io min= 0,0055 x Qi -0,47
Io min= 0,0055 /130,47
Iomin=0,0016m/m

Na prática a declividade mínima que pode ser usada é I=0,0005 m/m.

26.20 Declividade mínima para qualquer valor de n


Conforme Rolim Mendonça et al, 1987 a declividade mínima pode ser calculada
pela seguinte equação:
V= (R2/A)0,25 x n -0,75 x Q 0,25 x I 0,375
Entretanto o engenheiro Eugênio Macedo observou que com erro de 5% podemos
aproximar o termo da equação:
(R2/A)0,25= 0,61=M
Macedo denominou de M=0,61 ficando:
V= M x n -0,75 x Q 0,25 x I 0,375
Ou
V= 0,61x n -0,75 x Q 0,25 x I 0,375

Para n=0,013 (manilhas cerâmicas)


V= 0,61x 0,013-0,75 x Q 0,25 x I 0,375
V= 0,61x 0,013-0,75 x Q 0,25 x I 0,375
V= 15,8 x Q 0,25 x I 0,375
Para tubos de PVC n=0,010
V= 0,61x 0,010-0,75 x Q 0,25 x I 0,375
V= 19,3 x Q 0,25 x I 0,375

A declividade mínima será:


Considerando:
Tensão trativa mínima = 1 Pa
γ= 10.000N/m3
M=0,61 Macedo
Q= vazão em L/s
Teremos:
I=0,000721 n-9,4614 x Q -0,47
A norma adota:
Para n=0,013 I=0,0055 x Q -0,47
Para n=0,010 I=0,006 x Q -0,47

26.21 Diâmetro do coletor conforme Gonçalves, Ilha e Santos, 1998 EPUSP.


O diâmetro do coletor predial D a ½ seção é dado por:

n 3/8 Q 3/8 I –3/16


D = ----------------------------- (Equação 26.1)

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6,644
O diâmetro do coletor predial D a ¾ da seção é dado por:

n 3/8 Q 3/8 I –3/16


D = ----------------------------- (Equação 26.2)
8,320

Sendo:
D = diâmetro do coletor predial em metros;
n = coeficiente de Manning;
Q = vazão no coletor predial em L/s;
I = declividade do coletor predial em m/m.

26.22 Vazão mínima


Quando um coletor não temos vazão mínima deve-se adotar o mínimo de 1,5 L/s
conforme a norma brasileira.

26.232 Distância entre os PV


Depende do equipamento disponível. Quando existe equipamento de jatos de água a
sua eficiência se dá no máximo em 60m e portanto a distancia entre os PVs pode ser de
120m.
Há vários anos o Departamento de Águas e Esgotos (antigo DAE) fez pesquisas em
milhares de poços de visita de esgotos salientado que inúmeros PV nunca foram abertos
para manutenção enquanto que uma porcentagem menor é constante manuseado. Até o
presente momento não temos critérios firmes de localização de PV.
A meu ver o grande número de entupimentos em redes de esgotos se dá em trecho
descendente seguido de trechos praticamente em nível e nestes locais os PV serão
constantemente abertos para manutenção.

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Figura 26.6- Poço de visita típico


Fonte: Crespo, 1997

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Figura 26.7- Poço de visita com tubo de queda


Fonte: Crespo, 1997

Figura 26.8- Poço de visita com tubo de queda e dissipador de energia


retangular
Fonte: Crespo, 1997

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26.24 Perdas de cargas


As perdas de cargas nos poços de visita onde há uma mudança de direção e dos
poços de visita de passagem dos esgotos sanitários, geralmente não são consideradas,
contando-se com isto com altura da lâmina de esgoto que no máximo deve ser de 75% do
diâmetro. Entretanto caso se queira levar em conta as perdas de cargas localizadas num
poço de visita, basta fazer um rebaixo relativa a perda de carga localizada calculada.
As perdas distribuídas hf são:
hf= S x L
S= [(Q x n/ (A x R2/3)]2
A perda de carga distribuída hf numa tubulação de comprimento L será:
hf= S x L = L x [(Q x n)/ (A x R2/3)]2
Sendo:
n=rugosidade de Manning
L=comprimento (m)
Q= vazão (m3/s)
A= área molhada (m2)
R= raio hidráulico (m)
S= perda distribuída (m/m)

Perdas localizadas conforme Qasim, 1994


Qasim, 1994 apresenta as perdas de cargas localizadas em canais livres de uma
maneira bem sucinta que passamos a descrever:

Perda de carga com contração súbita com entrada chanfrada


Ho= 0,5 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a jusante (m/s)
V2= velocidade a montante (m/s)
Perda de carga com contração súbita com entrada arredondada
Ho= 0,25 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a jusante (m/s)
V2= velocidade a montante (m/s)

Perda de carga com contração súbita com entrada bem arredondada


Ho= 0,05 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a jusante (m/s)
V2= velocidade a montante (m/s)

Perda de carga com alargamento súbito com entrada chanfrada


Ho= 0,2 a 1,0 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a montante (m/s)
V2= velocidade a jusante (m/s)

Perda de carga com alargamento súbito com entrada arredondada


Ho= 0,1 (V12/2g - V22/2g)
V1= velocidade a montante (m/s)
V2= velocidade a jusante (m/s)

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Sifão
Ho= 2,78(V2/2g )

Passagem direta por um poço de visita


Ho= 0,05 (V2/2g)

Passagem direta por um poço de visita terminal


Ho= 1,00 (V2/2g )

Mudança de direção no PV de 45º


Ho= 0,40 (V2/2g
Mudança de direção no PV de 45º com dispositivo de desvio
Ho= 0,30 (V2/2g )

Mudança de direção no PV de 90º


Ho= 1,30 (V2/2g )

Mudança de direção no PV de 90º com dispositivo de desvio


Ho= 1,00 (V2/2g )

Quando uma rede de esgoto é lançada num lago, num rio ou noutra tubulação de
maior dimensão temos a equação:
Ho= 1,0 x (Vo2/2g - Vd2/2g)
Sendo:
Vo= velocidade das esgotos sanitários na saída (m/s)
Vd= velocidade do local de lançamento (m/s)
No caso de o lançamento ser feito em um lago ou reservatório Vd=0 e então
teremos:
Ho= 1,0 x (Vo2/2g)

Conforme Martins , 1987 in Tsutya, 1999 mostra as perdas de cargas localizadas (hf)
em poços de visita:
• Nas passagens retas: 0,03m
• Nas curvas:
• Se Rc <2D então hf= V2/40
• Se 2D <Rc <8D então hf= V2/80
Sendo:
Rc= raio da curva (m)
V= velocidade a montante (m/s)
D= diâmetro do conduto (m)

Exemplo 26.10
Dada a velocidade de V=2,0m/s achar a perda de carga num PV de passagem e num poço
de visita a 90graus com dispositivo de desvio.

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Passagem direta por um poço de visita


Ho= 0,05 (V2/2g)
Ho= 0,05 (2,02/2x9,81)=0,01m

Mudança de direção no PV de 90º com dispositivo de desvio


Ho= 1,00 (V2/2g )
Ho= 1,00 (22/2x9,81)=0,20m

26.25 Critério de vazões


A norma brasileira 9649/86 introduziu o conceito que em tubulações de esgoto
deverá calculada pela vazão inicial (Qi) e vazão final (Qf).

26.26 Dimensionamento de coletores circulares usando tabela de parâmetros


adimensionais conforme Neto, Araujo,Ito,1998.
A tubulação transversal de um coletor pode funcionar a seção plena e a seção
variável, onde o valor da lâmina d’água y é menor que o diâmetro.
Uma maneira prática de se calcular os parâmetros hidráulicos é usar as Tabelas (26.1)
a (26.8) elaboradas pelos professores Ariovaldo Nuvolari e Acácio Eiji Ito da Faculdade de
Tecnologia de São Paulo (FATEC-SP) e citado no livro Neto, Araújo, Ito, 1998.
Na prática existem dois tipos básicos de problema.
• Dados Q, n, I , D achar y= ?
• Dados y , n , I , D achar Q= ?
Sendo:
Q= vazão no coletor em m3/s;
n= coeficiente de rugosidade de Manning ;
I= declividade do coletor em m/m;
Y= lâmina d’água em m;
D= diâmetro do coletor em m.
Primeiro problema: Dados Q, n, I , D achar y= ?
Dados:
Vazão no coletor predial = 6 L/s = 0,006 m3/s;
n=0,013;
D=0,10m.
I=0,02 m/m ou seja 2%.
Comecemos calculando o parâmetro adimensional da Tabela (26.1).
Q . n / (D 8/3 . I ½ )= (0,006 . 0,013) / 0,10 8/3 . 0,02 ½ = 0,256004
Consultando a Tabela (26.1) entrando com o número adimensional 0,256004 achamos:
y/D = 0,69. Como o valor de D=0,10m teremos:
y= D . 0,69 = 0,1 . 0,69 = 0,069m (altura da lâmina d’água)
Calculemos a velocidade média v.
Da Tabela (26.5) usando y/D = 0,69 achamos o parâmetro adimensional 0,4429.
v. n /D 2/3 . I ½ =0,4429
donde

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v= (0,4429xD 2/3 . I ½)/n = (0,4429 . (0,12/3) .(0,021/2))/0,013 = 1,03 m/s.


Pela fórmula de Manning, tiremos o valor do raio hidráulico.
v= (1/n) RH 2/3 I ½
RH = (v. n / (I 1/2) )3/2 = ((1,03 x 0,013)/(0,02 ½ )) 3/2 = 0,029 m
É importantíssimo calcularmos a tensão trativa.
σt = γ . RH . I
σt = γ . RH . I = 10.000x 0,029x 0,02 = 5,89 Pa >> 1 Pa. OK.

Ângulo central crítico


θc= sen θc + 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/6 x D -5/3
θc= sen θc + 8 ( 0,0062/9,81) 1/3 [sen(θc/2)] 1/6 x 0,10 -1,67
θc= sen θc + 0,13 [sen(θc/2)] 1/6 x 46,73
θc= sen θc + 6,07 [sen(θc/2)] 1/6

Tabela 26.5- Cálculo por tentativas


θc sen θc + 6,07 [sen(θc/2)] 1/6

4 5,13
5,13 4,06
4,06 5,06
5,06 4,11
4,11 5,00
5,00 4,16
4,16 4,95
4,95 4,21
4,21 4,90
4,90 4,25
4,25 4,86
4,86 4,28
4,28 4,82
4,82 4,32
4,32 4,79
4,79 4,34
4,34 4,76
4,76 4,37
4,37 4,74
4,74 4,39
4,39 4,72
4,72 4,41
4,41 4,70
4,70 4,43
4,43 4,68
4,68 4,44
4,44 4,66
4,66 4,46
4,46 4,65

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4,65 4,47
4,47 4,64
4,64 4,48
4,48 4,63
4,63 4,49
Adotamos θc= 4,73rad=271graus

Velocidade critica
Vc= {[g xD/ (8 seno(θc /2))] x (θc - seno (θc))} 0,5
Vc= {[9,81x0,10/ (8 seno(4,73 /2))] x (4,73 - seno (4,73))} 0,5
Vc= {0,175 x (5,73} 0,5
Vc= 1,00m/s

Como a velocidade V= 1,00m/s > Vc=0,88m/s.


Regime supercrítico
Como a velocidade é maior que a velocidade critica então conforme a NBR 9649/86 o valor
y/D deverá ser menor ou igual a 0,50.
Uma solução imediata é aumentar o diâmetro para o seguinte, então D=0,15m.

Segundo problema: Dados y , n , I , D achar Q= ?


Dados:
Vazão no coletor predial = ? m3/s;
n=0,013;
D=0,15m.
I=0,02 ou seja 2%.
y=0,1m (altura da lâmina d’água)
Solução:
Como temos a altura da lâmina d’água y=0,10m então temos a relação y/D
y/D = 0,1/0,15 = 0,666m
Entrando na Tabela 6.4 com y/d=0,666 obtemos 0,2430
Q . n / (D 8/3 . I ½ )= Q x. 0,013 / (0,15 8/3 x 0,02 ½ )= 0,2430
Q= (0,2430 /0,013) . (0,15 2,67 x 0,02 ½ ) =0,0167 m 3/s
Procuremos o valor da velocidade média e da tensão trativa. Da Tabela (26.1)
tiremos o adimensional 0,4390 relativo a y/D= 0,666
v. n /D 2/3 . I ½ =0,4390
donde
v= (0,4390xD 2/3 . I ½)/n = (0,4390 x (0,152/3) x(0,021/2))/0,013 = 1,35 m/s.
Pela fórmula de Manning, tiremos o valor do raio hidráulico.
v= (1/n) RH 2/3 I ½
RH = (v. n / (I 1/2) )3/2 = ((1,35 . 0,013)/(0,02 ½ )) 3/2 = 0,044 m
É importantíssimo calcularmos a tensão trativa.
σt = γ . RH . I
σt = γ . RH . I = 10.000 . 0,044 . 0,02 = 8,8 Pa >> 1 Pa

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Tabela 26.6-Condutos circulares em regime permanente

y/D Q . n / (D 8/3. I ½) y/D Q . n / (D 8/3. I ½)


0,01 0,0001 0,51 0,1611
0,02 0,0002 0,52 0,1665
0,03 0,0005 0,53 0,1718
0,04 0,0009 0,54 0,1772
0,05 0,0015 0,55 0,1825
0,06 0,0022 0,56 0,1879
0,07 0,0031 0,57 0,1933
0,08 0,0041 0,58 0,1987
0,09 0,0052 0,59 0,2040
0,10 0,0065 0,60 0,2094
0,11 0,0079 0,61 0,2147
0,12 0,0095 0,62 0,2200
0,13 0,0113 0,63 0,2253
0,14 0,0131 0,64 0,2305
0,15 0,0151 0,65 0,2357
0,16 0,0173 0,66 0,2409
0,17 0,0196 0,67 0,2460
0,18 0,0220 0,68 0,2510
0,19 0,0246 0,69 0,2560
0,20 0,0273 0,70 0,2609
0,21 0,0301 0,71 0,2658
0,22 0,0331 0,72 0,2705
0,23 0,0362 0,73 0,2752
0,24 0,0394 0,75 0,2797
0,25 0,0427 0,75 0,2842
0,26 0,0461 0,76 0,2885
0,27 0,0497 0,77 0,2928
0,28 0,0534 0,78 0,2969
0,29 0,0571 0,79 0,3008
0,30 0,0610 0,80 0,3046
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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Tabela 26.7-Condutos circulares em regime permanente

y/D Q . n / (D 8/3. I ½) y/D Q . n / (D 8/3. I ½)


0,31 0,0650 0,81 0,3083
0,32 0,0691 0,82 0,3118
0,33 0,0733 0,83 0,3151
0,34 0,0776 0,84 0,3182
0,35 0,0819 0,85 0,3211
0,36 0,0864 0,86 0,3238
0,37 0,0909 0,8^7 0,3263
0,38 0,0956 0,88 0,3285
0,39 0,1003 0,89 0,3305
0,40 0,1050 0,90 0,3322
0,41 0,1099 0,91 0,3335
0,42 0,1148 0,92 0,3345
0,43 0,1197 0,93 0,3351
0,44 0,1247 0,94 0,3352
0,45 0,1298 0,95 0,3340
0,46 0,1349 0,96 0,3339
0,47 0,1401 0,97 0,3321
0,48 0,1453 0,98 0,3293
0,49 0,1505 0,99 0,3247
0,50 0,1558 1,00 0,3116
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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Tabela 26.8-Condutos circulares


y/D Q. n/(y 8/3 . I ½) y/D Q. n/(y 8/3 . I ½)
0,01 10,1118 0,51 0,9705
0,02 7,1061 0,52 0,9529
0,03 5,7662 0,53 0,9339
0,04 4,9625 0,54 0,9162
0,05 4,4107 0,55 0,8989
0,06 4,0009 0,56 0,8820
0,07 3,6805 0,57 0,8654
0,08 3,4207 0,58 0,8491
0,09 3,2043 0,59 0,8332
0,10 3,0201 0,60 0,8176
0,11 2,8606 0,61 0,8022
0,12 2,7208 0,62 0,7872
0,13 2,5966 0,63 0,7724
0,14 2,4854 0,64 0,7579
0,15 2,3849 0,65 0,7436
0,16 2,2935 0,66 0,7295
0,17 2,2097 0,67 0,7872
0,18 2,1326 0,68 0,7724
0,19 2,0613 0,69 0,7579
0,20 1,9950 0,70 0,7436
0,21 1,9332 0,71 0,6624
0,22 1,8752 0,72 0,6496
0,23 1,8208 0,73 0,6360
0,24 1,7696 0,74 0,6244
0,25 1,7212 0,75 0,6120
0,26 1,6753 0,76 0,5998
0,27 1,6318 0,77 0,5878
0,28 1,5903 0,78 0,5758
0,29 1,5509 0,79 0,5640
0,30 1,5132 0,80 0,5523
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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Tabela 26.9-Condutos circulares em regime permanente


y/D Q. n/(y 8/3 . I ½) y/D Q. n/(y 8/3 . I ½)
0,31 1,4771 0,81 0,5407
0,32 1,4426 0,82 0,5293
0,33 1,4094 0,83 0,5179
0,34 1,3776 0,84 0,5066
0,35 1,3469 0,85 0,4953
0,36 1,3174 0,86 0,4842
0,37 1,2889 0,87 0,4731
0,38 1,2614 0,88 0,4620
0,39 1,2348 0,89 0,4509
0,40 1,2091 0,90 0,4399
0,41 1,1841 0,91 0,4289
0,42 1,1600 0,92 0,4178
0,43 1.1365 0,93 0,4066
0,44 1,1138 0,94 0,3954
0,45 1,0916 0,95 0,3840
0,46 1,0701 0,96 0,3723
0,47 1,0491 0,97 0,3602
0,48 1,0287 0,98 0,3475
0,49 1,0088 0,99 0,3335
0,50 0,9894 1,00 0,3116
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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Tabela 26.10-Condutos circulares em regime permanente


y/D v. n /(D 2/3 . I ½) y/D v. n /(D 2/3
. I ½)
0,01 0,0353 0,51 0,4002
0,02 0,0559 0,52 0,4034
0,03 0,0730 0,53 0,4065
0,04 0,0881 0,54 0.4095
0,05 0,1019 0,55 0,4124
0,06 0,1147 0,56 0,4153
0,07 0,1267 0,57 0,4180
0,08 0,1381 0,58 0,4206
0,09 0,1489 0,59 0,4231
0,10 0,1592 0,60 0,4256
0,11 0,1691 0,61 0,4279
0,12 0,1786 0,62 0,4301
0,13 0,1877 0,63 0,4323
0,14 0,1965 0,64 0,4343
0,15 0,2051 0,65 0,4362
0,16 0,2133 0,66 0,4381
0,17 0,2214 0,67 0,4398
0,18 0,2291 0,68 0,4414
0,19 0,2367 0,69 0,4429
0,20 0,2441 0,70 0,4444
0,21 0,2512 0,71 0,4457
0,22 0,2582 0,72 0,4469
0,23 0,2650 0,73 0,4480
0,24 0,2716 0,74 0,4489
0,25 0,2780 0,75 0,4498
0,26 0,2843 0,76 0,4505
0,27 0,2905 0,77 0,4512
0,28 0,2965 0,78 0,4517
0,29 0,3023 0,79 0,4520
0,30 0,3080 0,80 0,4523
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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Tabela 26.11-Condutos circulares em regime permanente


y/D v. n /(D 2/3 . I ½) y/D v. n /(D 2/3
. I ½)
0,31 0,3136 0,81 0,4524
0,32 0,3190 0,82 0,4524
0,33 0,3243 0,83 0,4522
0,34 0,3295 0,84 0,4519
0,35 0,3345 0,85 0,4514
0,36 0,3394 0,86 0,4507
0,37 0,3443 0,87 0,4499
0,38 0,3490 0,88 0,4489
0,39 0,3535 0,89 0,4476
0,40 0,3580 0,90 0,4462
0,41 0,3624 0,91 0,4445
0,42 0,3666 0,92 0,4425
0,43 0,3708 0,93 0,4402
0,44 0,3748 0,94 0,4376
0,45 0,3787 0,95 0,4345
0,46 0,3825 0,96 0,4309
0,47 0,3863 0,97 0,4267
0,48 0,3899 0,98 0,4213
0,49 0,3934 0,99 0,4142
0,50 0,3968 1,00 0,3968
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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Tabela 26.12-Condutos circulares em regime permanente


y/D v. n/(y2/3 . I ½) y/D v. n/(y2/3 . I ½)
0,01 0,7608 0,51 0,6260
0,02 0,7584 0,52 0,6238
0,03 0,7560 0,53 0,6207
0,04 0,7536 0,54 0,6176
0,05 0,7511 0,55 0,6144
0,06 0,7487 0,56 0,6112
0,07 0,7463 0,57 0,6080
0,08 0,7438 0,58 0,6048
0,09 0,7414 0,59 0,6015
0,10 0,7389 0,60 0,5982
0,11 0,7365 0,61 0,5949
0,12 0,7340 0,62 0,5916
0,13 0,7315 0,63 0,5882
0,14 0,7290 0,64 0,5848
0,15 0,7265 0,65 0,5814
0,16 0,7239 0,66 0,5779
0,17 0,7214 0,67 0,5744
0,18 0,7188 0,68 0,5709
0,19 0,7163 0,69 0,5673
0,20 0,7137 0,70 0,5637
0,21 0,7111 0,71 0,5600
0,22 0,7085 0,72 0,5563
0,23 0,7059 0,73 0,5525
0,24 0,7033 0,74 0,5487
0,25 0,7007 0,75 0,5449
0,26 0,6980 0,76 0,5410
0,27 0,6954 0,77 0,5371
0,28 0,6827 0,78 0,5330
0,29 0,6900 0,79 0,5290
0,30 0,6873 0,80 0,5248
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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Tabela 26.13-Condutos circulares em regime permanente


y/D v. n/(y2/3 . I ½) y/D v. n/(y2/3 . I ½)
0,31 0,6846 0,81 0,5206
0,32 0,6819 0,82 0,5164
0,33 0,6791 0,83 0,5120
0,34 0,6764 0,84 0,5076
0,35 0,6736 0,85 0,5030
0,36 0,6708 0,86 0,4984
0,37 0,6680 0,87 0,4936
0,38 0,6652 0,88 0,4888
0,39 0,6623 0,89 0,4838
0,40 0,6595 0,90 0,4786
0,41 0,6566 0,91 0,4733
0,42 0,6537 0,92 0,4678
0,43 0,6508 0,93 0,4620
0,44 0,6479 0,94 0,4560
0,45 0,6449 0,95 0,449,6
0,46 0,6420 0,96 0,4428
0,47 0,6390 0,97 0,4354
0,48 0,6360 0,98 0,4271
0,49 0,6330 0,99 0,4170
0,50 0,6299 1,00 0,3968
Fonte: Netto, Fernandez, Araujo e Ito, 1998

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26.27 Equações semi-empiricas para estimativa da altura crítica


French in Mays, 1999 em seu livro Hydraulic Design Handbook capítulo 3.7-
Hydraulic of Open Channel Flow, mostra quatro equações semi-empíricas para a estimativa
da altura crítica yc extraídas de trabalho de Straub, 1982.
Primeiramente é definido um termo denominado
ψ = Q2 / g ( Equação 26.1)
3 2
sendo Q a vazão (m /s) e g=9,81 m/s .
Seção retangular
yc = (ψ / b2) 0,33 (Equação 26.2)
sendo b=largura do canal (m).

Exercício 26.11.
Calcular a altura crítica de um canal retangular com largura de 3,00m, vazão de
15m3/s.
Primeiramente calculamos ψ
ψ = Q2 / g = 15 2 / 9,81 = 22,94
yc = (ψ / b2) 0,33 = (22,94 / 32) 0,33 = 1,36m
Portanto, a altura critica do canal é de 1,36m.

Seção circular
ψ = Q2 / g
yc = (1,01 / D 0,26) . ψ 0,25 (Equação 26.1)
sendo D o diâmetro da tubulação.

Exercício 26.12
Calcular a altura crítica de um tubo de concreto de diâmetro de 1,5m para conduzir
uma vazão de 3m3/s.
Primeiramente calculamos ψ
ψ = Q2 / g = 32 / 9,81 = 0,92
yc = (1,01 / D 0,26) . ψ 0,25 = (1,01 / 1,50,26) . 0,92 0,25 = 0,97m
Portanto, a altura critica no tubo é de 0,97m
Seção trapezoidal
Para a seção trapezoidal de um canal com base b e inclinação das paredes 1 na
vertical e z na horizontal, a altura critica é:
yc = 0,81 . (ψ / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z ( Equação 26.1)

Exercício 26.13
Achar a altura critica de um canal trapezoidal com base de 3,00m, vazão de 15m3/s e
declividade da parede de 1 na vertical e 3 na horizontal ( z=3).
ψ = Q2 / g = 152 / 9,81 = 22,94
yc = 0,81 . (ψ / z 0,75 . b 1,25 ) 0,27 - b/ 30z = 0,81 . ( 22,94 / 3 0,75 . 3 1,25 ) 0,27 - 3/ 30.3 =
yc = 1,04- 0,03 = 1,01m

26-36
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Portanto, a altura critica é de 1,01m

Exemplo 26.14- Rolim Mendonça et al, 1987


Dimensionar um coletor para vazão de 92,8 L/s no fim do plano com declividade de
0,011m/m com diametro de 300mm e n=0,013 (Manning).
θ= sen θ + 2 2,6 (n Q/I 1/2) 0,6 D-1,6 θ 0,4
θ= sen θ + 2 2,6 (0,013x0,0928/0,0111/2) 0,6 0,30-1,6 θ 0,4
θ= sen θ +2,847. θ 0,4

Tabela 26.14- Cálculos para achar o ângulo central do escoamento normal


θ θ= seno θ +2,847. θ 0,4

3,00 4,56
4,56 4,23
4,23 4,18
4,18 4,18
4,18 4,18

Portanto, o angulo central θ =4,18 rad= 239,5 graus


θ = 2 arc cos ( 1 – 2y /D)
ou
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
4,18 = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
4,18/2 = 2,09= cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
-0,4962 = ( 1 – 2 (y/D))
-1,4962=-2 y/D=-2y/0,30
y=1,4962x0,30/2= 0,224m
y/D= 0,224/ 0,30=0,75

A área molhada “A”:


A= D2 ( θ – seno θ)/8
A= 0,302 ( 4,18 – seno 4,18)/8=0,0567m2
Equação da continuidade
Q= A x V
V= Q/A= 0,0928/0,-567= 1,64m/s

O perímetro molhado ”P”:


P=(θ D)/2
P=(4,18 x 0,30)/2=0,627m

O raio hidráulico “R”:


R= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
R= (0,30/4) (1-(seno 4,18)/ 4,18)=0,033m
É importantíssimo calcularmos a tensão trativa.
σt = γ . R . I

26-37
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σt = γ . R . I = 10.000x 0,033x 0,011 = 3,63 Pa >> 1 Pa. OK.

Ângulo central crítico


θc= sen θc + 8 ( Q2/g) 1/3 [sen(θc/2)] 1/3 x D -5/3
θc= sen θc + 8 ( 0,09282/9,81) 0,33 [sen(θc/2)] 1/3 x 0,3 -1,67
θc= sen θc +0,784 [sen(θc/2)] 1/3 x 7,46
θc= sen θc +5,85 [sen(θc/2)] 1/3

Tabela 26.15- Cálculos do ângulo central


θc sen θc +5,85 [sen(θc/2)] 1/3

4 4,91
4,91 2,71
2,71 4,68
4,68 2,85
2,85 4,56
4,56 2,93
2,93 4,50
4,50 2,97
2,97 4,45
4,45 3,01
3,01 4,42
4,42 3,03
3,03 4,40

O problema apresenta dois valores 3,03rad e 4,40rad e tomamos a nmedia.


3,03+4,40/2 = 3,715 rad
Portanto, o angulo central critico θc=3,715rad
θ = 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/D))
3,715rad= 2 cos-1 ( 1 – 2 (y/0,30))
3,715/2= cos-1 ( 1 – 2 (y/0,30))
-0,28= 1- 2y/0,3
-1,28= - 2y/0,3
yc= 1,28x0,3/2=0,192m
y/D= 0,192/0,30=0,64

Vc= {[g xD/ (8 seno(θc /2))] x (θc - seno (θc))} 0,5


Vc= {[g xD/ (8 seno(θc /2))] x (3,715 - seno (3,715))} 0,5
Vc= {[0,383] x (4,255)} 0,5
Vc=1,27m/s

Ic= =[n2 x g/ (sen(θc/2))] x [θc4/ (2,0 D (θc – senθc))] (1/3)


Ic= =[0,0132 x 9,81/ (sen(3,715/2))] x [3,7154/ (2,0 x0,30 (3,715 – sen 3,715))] (1/3)
Ic=0,129m/m

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Curso de rede de esgotos
Capítulo 26- Redes coletoras de esgoto sanitário
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Regime de escoamento
Velocidade em regime normal de escoamento= 1,64m/s
Velocidade crítica= 1,29m/s
Como 1,64>1,29 o regime de escoamento é supercrítico ou torrencial.

Análise da velocidade
Velocidade normal= 1,64m/s
Se a velocidade 1,64> Vc=1,29m/s então temos segundo a NB no item 5.1.1 de
fazer com que y/D≤ 0,50
Então adotamos D=0,35m.

26.28 Elementos hidráulicos numa seção circular


Metcalf & Eddy, 1981 apresentam as Tabelas (26.16) e (26.17) bem como a Figura
(26.19)

Tabela 26.16- Valores de K para secção circular m termos da altura da lâmina de água d.
Q= (K/n) d 8/3 . S1/2

Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

Tabela 26.17-Valores de K´ para secção circulas em termos do diâmetro do tubo


Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2

Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

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Figura 26.19- Elementos hidráulicos de tubo circular


Fonte: Metcalf&Eddy, 1981

Figura 26.20- Elementos hidráulicos de tubo circular


Fonte: \Hammern 1979

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Capítulo 26- Redes coletoras de esgoto sanitário
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Exemplo 26.15- Extraído de Metcalf & Eddy, 1981


Determinar a altura da lâmina liquida e a velocidade de um escoando com secção
parcialmente cheia.
Dados:
D=0,30m
S= 0,005m/m
n=0,015 (coeficiente de rugosidade de Manning)
Q=0,01m3/s

Solução
Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2
Vamos tirar o valor de K´
K´= (Q.n) / (D 8/3 . S1/2 )
K´= (0,01 x 0,015) / (0,3 8/3 x 0,0051/2 )=0,0526
Entrando na Tabela (26.17) com K´= 0,0526 achamos d/D=0,28
Portanto, d= 0,28 x 0,30= 0,084m
Vamos achar a velocidade.
Usemos a equação da continuidade Q= A x V portanto V=Q/A
Temos que achar a área molhada.
Entrando na Figura (26.19) com d/D=0,28 achamos A=Atotal = 0,22
Como: Atotal = PI x 0,30 x 0,30/ 4=0,070686m2
A/Atotal = 0,22
A= 0,22 x 0,070686m2=0,0156m2
V= Q/ A = 0,01m3/s/ 0,0156m2=0,641m/s

Exemplo 26.16- Extraído de Metcalf & Eddy, 1981´


Determinar o diâmetro;
Dados:
Q=0,15m3/s
65% cheio= d/D=0,65
S=0,001 m/m
n=0,013
Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2

Como d/D= 0,65 entrando na Tabela (26.17) achamos K´= 0,236


Vamos então tirar o valor de D.
Q= (K´/n) D 8/3 . S1/2
D= (Q.n)/ (K´ . S1/2)
D= (0,15x0,013)/ (0,236x 0,0011/2) =0,605m
Portanto, adotamos D=0,60m

26-41
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Capítulo 26- Redes coletoras de esgoto sanitário
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26.29 Bibliografia e livros consultados


-ABNT NBR 10158/87 Tampão circular de ferro fundido. Dimensões.
-ABNT NBR 7362/90. Tubo de PVC rígido com junta elástico, coletor de esgoto.
-ABNT NBR 9649/86 Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário.
-ABNT NR 9814/87 Execução de rede coletora de esgoto sanitário
-AZEVEDO NETO, JOSÉ M.. Sistemas de esgoto sanitário, 1973, Faculdade de Saúde
Publica e CETESB, 416páginas.
-AZEVEDO NETO, JOSE M. Manual de Hidráulica. 8ª Ed. 669páginas.
-CRESPO, PATRICIO GALLEGOS. Sistemas de esgotos. Editora UFMG, 1997,
129páginas.
-FERNANDES, CARLOS. Esgotos sanitários. Editora Universitária, João Pessoa, 1997,
433 páginas.
-HAMMER, MARK J. Sistemas de abastecimento de água e esgotos. Editora Livros
Técnicos, 1979, 563 páginas.
-LENCASTRE. A. Hidráulica Geral. 654 páginas, 1983, Edição Luso-Brasileira.
-MENDONÇA, SERGIO ROLIM et al. Projeto e Construção de redes de esgotos. 452
páginas, Rio de Janeiro, 1987.
-TSUTIYA, MILTON TOMOYUKI e SOBRINHO, PEDRO ALEM. Coleta e transporte
de esgoto sanitário. EPUSP, 1999, 547 páginas

26-42
Curso de esgotos
Capitulo 27- Método de Muskingum-Cunge
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Capítulo 27

Método de Muskingum-Cunge

27-1
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Capitulo 27- Método de Muskingum-Cunge
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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 27 - Método de Muskingum-Cunge


27.1 Introdução
27.2 Routing de rios e canais usando o método de Muskingum
27.3 Routing de rios e canais usando o método de Muskingum segundo FHWA
27.3.1 Routing de rios e canais usando o método de Muskingum-Cunge segundo FHWA
27.4 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum-Cunge segundo Chin quando há
canal lateral
27.5 Método de Muskingum-Cunge segundo Chin
27.6 Método de Muskingum quando há canais laterais
27.7 Método de Muskingum-Cunge segundo Tucci
27.8 Bibliografia e livros consultados
23 páginas

27-2
Curso de esgotos
Capitulo 27- Método de Muskingum-Cunge
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Capítulo 27 - Método de Muskingum-Cunge

27.1 Introdução
O Método de Muskingum-Cunge tem como objetivo a propagação de cheias em rios. O cálculo exato
seria o uso das equações gerais de Saint-Venant conforme Porto, 2003, mas devido as dificuldades de
levantamentos de dados usa-se o método de Muskingum-Cunge.
Vamos expor as idéias de routing elaborados por McCuen no FHWA (Federal Highway Administration)
que faz parte do Highway Hydrology.
As aplicações de routing são basicamente duas: routing de reservatórios e routing de rios e canais.
Para o routing de reservatórios normalmente é usado o método modificado de Pulz e, para routing de rios e
canais são usados uns dos quatros métodos:
• Método de Muskingum,
• Método de Muskingum-Cunge;

O Método de Muskingum para o chamado “flood routing” foi desenvolvido em Ohio pela primeira vez em
1938 no rio Muskingum por McCarthy do US Army Corps of Engineers e, é também, chamado de Muskingum
routing.

27.2 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum


Conforme Chaudhry, 1993 para um trecho de um canal com movimento não uniforme, o armazenamento
depende da vazão de entrada e de saída, conforme Figuras (27.1) e (27.2). O armazenamento no canal
forma um prisma onde S (storage) é proporcional a O (output) e o armazenamento em cunha, onde S é
proporcional a diferença entre a entrada e a saída.
Dica: a secção é constante durante todo o trecho
No Método de Muskingum, conforme a Figura (27.1), podemos ver a combinação de um prisma de
armazenamento K.O e uma cunha K.X (I –O), sendo K o tempo de trânsito até o local desejado e “O” a vazão
naquele local.
O valor de X varia entre 0 ≤ X ≤ 0,5. Para armazenamento em reservatórios X=0 e quando o
armazenamento marginal está cheio X= 0,5.
Em rios naturais o valor de X é usualmente entre 0 e 0,3, sendo o valor típico 0,2, conforme Chow et al.
1988.
Em um canal podemos escrever conforme Akan, 1993:

dS/dt = I – Q (Equação 27.1)


Sendo:
S= volume de água no canal (armazenamento)
I= vazão a montante
Q= vazão a jusante (nota: as vezes usa-se a notação “O” de output)
t= tempo.

Figura 27.1 - Esquema do canal para aplicação do Método de Muskingum. Observar o prisma e a cunha.
Fonte: Chin, 2000

27-3
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Figura 27.2 - Esquema do canal para aplicação do Método de Muskingum. Observar o prisma e a cunha.
Fonte: Chaudhry, 1993

Isto pode ser escrito da maneira usual de aplicação do Método de Muskingum, sendo S o
armazenamento, I a vazão na entrada e Q a vazão no ponto considerado.

S= K.Q +K.X (I – Q)] (Equação 27.2)

S= K [X. I + (1 – X) Q] (Equação 27.3)


Sendo:
S= volume;
I= vazão na entrada (m3/s);
Q= vazão na saída (m3/s);
K= constante do travel time (tempo de trânsito ou tempo de translação)
X= fator entre 0 e 1,0. O mais usado é X= 0,2 (McCuen, p.603). Usualmente o valor de X está entre 0,1
e 0,3 (Handbook of Hydrology, capítulo 10).
Podemos reescrever a Equação (27.1) para o intervalo de tempo Δt:

(S2 – S1)/ Δt = (I1 + I2)/2 - (Q1+ Q2)/2

Usando a Equação (27.3) após as simplificações obtemos genericamente a Equação (27.4):

Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1 (Equação 27.4)


Sendo:
A= 2 (1-X) + Δt /K (Equação 27.5)
C0= [(Δt / K) – 2X]/ A (Equação 27.6)
C1= [(Δt / K) + 2X]/ A (Equação 27.7)
C2= [2 (1- X) -(Δt / K)]/ A (Equação 27.8)

Sendo que: C0 + C1+ C2= 1,00 (Equação 27.9)

Uma das dificuldades de se aplicar o método de Muskingum é adotar Δt, K e X.


Usualmente X= 0,2 para canais naturais.
O intervalo de tempo Δt quando há ramificações laterais deve ser igual ao menor tempo.
O básico do método de Muskingum é que para se achar os valores de K e de X temos que usar os
dados de entrada e de saída e através de tentativas e erros achar qual o valor melhor de K e de X.
Para cada valor de X adotado, podemos achar um valor de K. O melhor valor de K será aquela curva
que é praticamente uma linha reta, conforme Figura (27.3).

27-4
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Figura 27.3 - Determinação do coeficiente K. Na Figura com X= 0,2 temos aproximadamente uma linha reta e dela
está o melhor valor de K e de X.
Fonte: Linsley et al. 1982, p. 274

O grande inconveniente de se usar o Método de Muskingum é que se precisa dos valores de entrada e
de saída, o que na maioria das vezes só possuímos os valores de entrada.
Ainda usando o Método de Muskingum quando não se tem os pares de valores de entrada e de saída,
podemos estimar o valor de K como o tempo de trânsito da seção A até a seção B, por exemplo, usando a
equação de Manning.
De modo geral o valor de x deve estar entre 0 e 0,5, pois valores de X>0,5 amplifica a hidrógrafa a
jusante trazendo informações fora da realidade. Na ausência de dados, usa-se X entre 0,2 e 0,3.

Dica: o método de Muskingum-Cunge considera o amortecimento e devido a isto que é usado em


dimensionamento de coletores troncos de esgotos sanitários.

Dica: o método de Muskingum-Cunge funciona bem quando o tempo de pico do hidrograma de


entrada é maior que 2h.

Quando há mudanças de declividade ou de seção o calculo é feito por trechos prismáticos com declividade
constante e mesma secção.

Exemplo 27.1 - Aplicação do Método de Muskingum


Vamos usar um exemplo da Figura (27.4) que consta no FHWA.
Calcular o hidrograma de um ponto B de um rio localizado a L= 4800m de um ponto A, cujo pico da
descarga é Qmax= 84m3/s e Tr=25anos.
Considera-se que a vazão média é Qo= 34m3/s e a altura da lâmina de água é y= 2,00m.
A velocidade média é V= 1,4m/s e o tempo de trânsito de A até B usando Manning é de 0,95h quando
não há retificação do canal. Quando há retificação o tempo de trânsito será de 0,79h.
Calcular a hidrógrafa em B, fornecida a hidrógrafa em A. Supomos que não há contribuição lateral no
trecho.
Vamos supor que não dispomos do par de dados de entrada e saída para avaliarmos corretamente os
valores de K e X. Supomos que o valor de K= 0,95h é o tempo de trânsito da seção A até a seção B usando a
equação de Manning. Quanto ao valor de X vamos adotar X= 0,2 e Δt =0,5h

A= 2 (1-X) + Δt /K= 2,13

27-5
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Capitulo 27- Método de Muskingum-Cunge
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C0= [(Δt / K) – 2X]/ A= 0,059


C1= [(Δt / K) + 2X]/ A= 0,436
C2= [2 (1- X) -(Δt / K)]/ A= 0,505

Sendo que: C0 + C1+ C2= 1,00


Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1
Para o trecho com 4,8km teremos:
Q2= 0,059 I2 + 0,436 I1 + 0,505 Q1
Para tempo de 0,5h teremos:
Q2= 0,059 I2 + 0,436 I1 + 0,505 Q1
Q2= 0,059 x7 + 0,436x0 + 0,505 x0=0,4m3/s
Para 1h temos:
Q2= 0,059 x13 + 0,436x7 + 0,505 x0,4=4,0m3/s
E assim por diante.
Tabela 27.1 - Obtenção do hidrograma na seção B
Seção A Seção B Seção A Seção B
Com 4,8km Com 4km
tempo I O tempo I O
(h) (m3/s) (m3/s) (h) (m3/s) (m3/s)
0 0 0 0 0 0
0,5 7 0,4 0,5 7 0,7
1 13 4,0 1 13 4,9
1,5 23 9,1 1,5 23 10,5
2 32 16,5 2 32 18,5
2,5 49 25,2 2,5 49 27,9
3 68 38,1 3 68 41,9
3,5 76 53,4 3,5 76 57,5
4 84 65,0 4 84 68,8
4,5 78 74,1 4,5 78 76,8
5 71 75,6 5 71 76,8
5,5 60 72,7 5,5 60 72,3
6 52 65,9 6 52 64,5
6,5 46 58,7 6,5 46 56,8
7 40 52,0 7 40 50,0
7,5 36 45,8 7,5 36 43,9
8 32 40,7 8 32 39,0
8,5 28 36,2 8,5 28 34,6
9 24 31,9 9 24 30,5
9,5 20 27,8 9,5 20 26,4
10 16 23,7 10 16 22,3
10,5 13 19,7 10,5 13 18,4
11 11 16,3 11 11 15,1
11,5 7 13,4 11,5 7 12,4
12 6 10,2 12 6 9,2
12,5 3 7,9 12,5 3 7,1
13 0 5,3 13 0 4,5
13,5 0 2,7 13,5 0 1,9
14 0 1,4 14 0 0,8
14,5 0 0,7 14,5 0 0,4
15 0 0,3 15 0 0,2

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15,5 0 0,2 15,5 0 0,1


16 0 0,1 16 0 0,0
16,5 0 0,0 16,5 0 0,0
17 0 0,0 17 0 0,0
Como resultado obtemos o hidrograma da Seção B onde obtemos a vazão de 75,6m3/s a 5h, sendo
que o pico na entrada era de 84m3/s a 4h.

Para 4km achamos:


Co= 0,104308
C1=0,462585
C2=0,433107
Quando houve a mudança de 4,8km para 4,0m aumentará a vazão para 76,8m3/s.

27.3 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum-Cunge, segundo FHWA


A grande vantagem e a popularidade do Método de Muskingum-Cunge é que, apesar de similar ao
Método de Muskingum, não precisa de dados hidrológicos para calibração e os dados são fáceis de serem
obtidos.
Segundo McCuen, o Método de Muskingum-Cunge é um método híbrido de routing, pois parece com os
métodos hidrológicos, mas contém informações físicas típicas de um método de routing hidráulico. O método
de Muskingum-Cunge é uma das soluções da equação da difusão e baseia-se nas equações de difusão da
onda que provém das equações da continuidade e do momento.

Segue aproximadamente a mesma equação de Muskingum:

Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1 (Equação 27.10)


Sendo:
C0= (-1 + C + D) / (1 + C + D)
C1= (1 + C - D) / (1 + C + D) Nota: pode ser negativo
C2= (1 - C + D) / (1 + C + D) Nota: pode ser negativo

Os valores de Co + C1 + C2= 1 como o Método de Muskingum.


Onde:

C= c . Δt / L (Equação 27.11)
D= Qo/ ( B . So . c . L) (Equação 27.12)

Sendo:
C= coeficiente de Courant ou razão da celeridade. Deve estar perto de 1, mas ligeiramente menor que
1 para evitar dispersão, conforme McCuen, 1996 in Highway Hydrology.
L= distância entre a seção A e a seção B (m);
B= A/ y= área molhada (m2)/ lâmina de água (m);
So= declividade média entre a seção A e a seção B (m/m);
c= celeridade da onda (m/s) = β. V = (5/3) . V = (5/3) . (Q/A)= (5/3) (q/y)
A= área molhada da seção transversal (m2);
q= descarga unitária, ou seja, a vazão por metro de largura (q3/s/m)
Qo= vazão média (m3/s).
D= razão da difusão. É uma espécie de número de Reynolds do trecho. A soma de C+D deve ser maior
ou igual a 1.
V= velocidade média (m/s) do trecho entre a seção A e a seção B.
Y= lâmina da água (m)
Os valores de C e D foram introduzidos através de:

K= L/ c

X= ½ . [1- Q/(So. B. c L)]

Uma outra condição muito importante para aplicação do Método de Muskingum-Cunge é que o valor de
Δt deve ser menor que 1/5 do tempo de pico da seção A.
Δt ≤ tp/5 (Equação 27.13)

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O método de Muskingum-Cunge é apropriado para uso na maioria dos rios e canais. Leva em conta a
difusão da onda de enchente. O método não deve ser usado se há controle a jusante ou se há efeito de
backwater para montante.

Exemplo 27.2 - Aplicação do Método de Muskingum-Cunge


Vamos usar um exemplo que consta no FHWA. Um canal tinha 4,8km do ponto A até o ponto B e
declividade S= 0,00095m/m. Pretende-se retificar o rio passando o comprimento para 4km e declividade de
S= 0,00114m/m, conforme Figura (27.4).
Usando período de retorno Tr= 25anos foi calculado o hidrograma no ponto A
Calcular o hidrograma de um ponto B de um rio localizado a L= 4800m de um ponto A, cujo pico da
descarga é Q máximo= 84m3/s.

Figura 27.4 - Esquema da retificação do rio entre os pontos A e B, conforme FHWA.

Considera-se que a vazão média é Qo= 34m3/s e a altura da lâmina de água é y= 2,00m.
A velocidade média é V= 1,40m/s e o tempo de trânsito de A até B, usando Manning, é de 0,95h.
Calcular a hidrógrafa em B, fornecida a hidrógrafa em A.

Hidrograma do ponto A (entrada)

100
80
Vazão (m3/s)

60

40
20
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Tempo (h)

Figura 27.5 - Hidrograma no ponto A

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Tabela 27.2 - Cálculo da vazão média do hidrograma da Figura (27.4)

tempo Seção A Volume


(h) (m3/) (m3)
0,0 0 0
0,5 7 6300
1,0 13 18000
1,5 23 32400
2,0 32 49500
2,5 49 72900
3,0 68 105300
3,5 76 129600
4,0 84 144000
4,5 78 145800
5,0 71 134100
5,5 60 117900
6,0 52 100800
6,5 46 88200
7,0 40 77400
7,5 36 68400
8,0 32 61200
8,5 28 54000
9,0 24 46800
9,5 20 39600
10,0 16 32400
10,5 13 26100
11,0 11 21600
11,5 7 16200
12,0 6 11700
12,5 3 8100
13,0 0 2700
Volume total V= 1611000
Quantidade de horas= 13
Vazão= V/ (13h x 3600s)= 34m3/s

Primeiramente calculemos C e D.
Δt= 0,5h
L= 4800m
c= celeridade= (5/3) . 1,40= 2,33m/s
C= c . Δt / L= 2,33 x (0,5x 3600s)/ 4800m= 0,875 <1 OK
Lâmina de água= 2,00m
Área molhada = 22 m2
bo= 9,00m
B= A/y= 22m2/2,00m= 11,00m
D= Qo / (B . So . c . L)= 34 m3/s/ (11,00m x 0,00095 x 2,33m/s x 4800m)= 0,718

O valor C + D= 0,875+ 0,718= 1,593 > 1 Ok


C0= 0,2286
C1= 0,4464
C2= 0,3250
C0+ C1 + C2= 1,000

27-9
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Tabela 27.3 - Obtenção do hidrograma na seção B usando Método de Muskingum-Cunge

Seção A Seção B
tempo I O
(h) m3/s m3/s
0,0 0 0
0,5 7 2
1,0 13 7
1,5 23 13
2,0 32 22
2,5 49 33
3,0 68 48
3,5 76 63
4,0 84 74
4,5 78 79
5,0 71 77

5,5 60 70
6,0 52 62
6,5 46 54
7,0 40 47
7,5 36 41
8,0 32 37
8,5 28 33
9,0 24 29
9,5 20 25
10,0 16 21
10,5 13 17
11,0 11 14
11,5 7 11
12,0 6 8
12,5 3 6
13,0 0 3
13,5 0 1
14,0 0 0
14,5 0 0
15,0 0 0
15,5 0 0
16,0 0 0
16,5 0 0
17,0 0 0

Observe-se que a vazão de pico na seção A é de 84m3/se e na seção B é 79m3/s.

27.3.1 Contribuição lateral


Conforme publicado pelo Dr. Victor Miguel Ponce, professor na Universidade de San Diego, na
Califórnia no trabalho Diffusion wave modeling of catachment dynamic, quando há precipitação excedente QL
em um canal ela pode ser levada em conta acrescendo um coeficiente C3 ficando as equações da seguinte
maneira:
Q2= C0 I2 + C1 I1 + C2 Q1 + C3 QL
C0= (-1 + C + D) / (1 + C + D)
C1= (1 + C - D) / (1 + C + D)
C2= (1 - C + D) / (1 + C + D)
C3= (2. C) / (1 + C + D)

27-10
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27.4 Routing de rios e canais usando o Método de Muskingum-Cunge, segundo Chin quando há canal
lateral
Conforme McCuen, 1998 p.606 podemos usar Equação (27.14) empírica de Dooge et al,1982.

K= 0,6 L / V (Equação 27.14)

Sendo:
L = comprimento (m)
V= velocidade média do canal (m/s)
K= constante de travel time (s)

Conforme Chin, 2000 os valores de K, quando há canais laterais, pode ser obtido pela Equação (27.15):

K= {0,5 Δt [(I2 + I1) - (O1 + O2)]} / {X (I2- I1) + (1- X) (O2-O1)} (Equação 27.15)

Tendo o valor de Δt, são feitas curvas para cada valor de X usando os valores das vazões de entrada I
e de saída. Colocados em gráfico, o valor escolhido de K será aquele que o loop se aproximar mais de uma
linha. Na falta de dados normalmente é feito X= 0,2.
Ainda citando Chin, 2000 o método de Cunge feito em 1967 propôs estimativa para X e para K da
seguinte maneira:

K= L / c (Equação 27.16)

Sendo:
L= distância até o ponto considerado (m)
c= celeridade da onda (m/s).
A celeridade da onde “c” é definido como:
c= k’ . v
Sendo k’a razão cinemática

Para canais retangulares largos o valor de k’= 5/3, conforme Fred, 1993.
c= (5/3) . v (Equação 27.17)

Sendo:
v= velocidade média de descarga.
O coeficiente (5/3) segundo Chin, 2000 é derivado da Equação de Manning.
Para o valor de X Chin, 2000 citando Cunge, 1967 :

X= ½ [1- qo/ (So c L)] (Equação 27.18)


Sendo:
qo= vazão por unidade da largura (m3/s / m),
So= declividade do canal (m/m)
L= distância até o ponto considerado (m)

27-11
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27.5 Método de Muskingum-Cunge segundo Chin


Chin, 2000 diz que, quando se usam as Equações (27.9) a (27.11) sugeridas por Cunge, temos então o
Método de Muskingum-Cunge.
McCuen ainda informa que X= 0,2 é o valor usual de X para pequenos e grandes canais. Para canais
naturais X= 0,4. Valores de X>0,5 produzem valores fora da realidade, conforme Chin, 2000.
McCuen cita que, segundo Hjelmfelt, 1985, os valores ideais de X, Δt e K deverão obedecer a seguinte
relação:

X ≤ [(0,5 Δt)/ K] ≤ (1 – X) e X ≤ 0,5 (Equação 27.19)

Como regra prática McCuen diz que Δt /K dever ser, aproximadamente, igual a 1 e que X deverá estar
entre 0 e 0,5.
Chin, 2000 recomenda que:
Δt ≥ 2KX (Equação 27.20)
K/3 < Δt < K (Equação 27.21)
FREAD, (1998) comenta que pode-se aplicar o método de Muskingum-Cunge para análise de
inundações a jusante de rios e vales em lugares em que a declividade do canal So > 0,003m/m.
Fread, 1993 aconselha ainda para melhorar a precisão da aplicação do Método de Muskingum-Cunge
os valores de Δt e de L selecionados devem obedecer as Equações (27.19) e (27.20).

Δt ≤ tp/5 (Equação 27.22)


e que:

L= 0,5. c. Δt .{ 1 + [ 1 + 1,5 . q/(c2 .So .Δt)] 0,5 } (Equação 27.23)

Sendo:
q= média da vazão por unidade da largura, isto, Q/B
B= largura do canal.
So= declividade do fundo do canal (m/m)
L= distância até o ponto considerado (m)

Equação de Manning:

V= (1/n) R (2/3) . S (1/2) (Equação 27.24)


Sendo:
V= velocidade média (m/s);
R= raio hidráulico (m);
S= declividade média (m/m) e
n= rugosidade de Manning (adimensional)

Exemplo 27.3
Estimar o hidrograma de um canal a 1.200m abaixo da seção usando o Método de Muskingum, sendo
dados X= 0,2; K= 40min e o hidrograma de entrada, conforme Chin, 2009 p. 393.

Tabela 27.4 - Hidrograma na seção A


Seção A
tempo I
min m3/s
0 10,0
30 10,0
60 25,0
90 45,0
120 31,3
150 27,5
180 25,0
210 23,8

27-12
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240 21,3
270 19,4
300 17,5
330 16,3
360 13,5
390 12,1
420 10,0
450 10,0
480 10,0
510 10,0
540 10,0
570 10,0
600 10,0

Δt ≥ 2KX (Equação 27.25)


Δt ≥ 2 x 40min x 0,2= 16min

K/3 < Δt < K (Equação 27.26)


40/3= 13,3min < Δt < 40min

Adotamos Δt= 30min.

A= 2 (1-X) + Δt /K
C0= [(Δt / K) – 2X]/ A
C1= [(Δt / K) + 2X]/ A
C2= [2 (1- X) -(Δt / k)]/ A

A= 2 (1-X) + Δt /K
A= 2 (1-0,2) + 30/40= 2,35

Co= [(30/ 40) – 2x 0,2]/ 2,35= 0,149


C1= [(30/ 40) + 2x 0,2]/ 2,35= 0,489
C2= [2 (1- 0,2) -(30/ 40)]/ 2,35= 0,362
Verificamos ainda que:

Co + C1+ C2= 0,149 +0489+0,362= 1,00

Vamos aplicar a Equação (27.4)


Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1
Q2= 0,149 I2 + 0,489 I1 + 0,362 Q1 (Equação 27.27)

Aplicando a Equação (27.27) acima partir do tempo zero e obtemos a Tabela (27.5)

Tabela 27.5 - Obtenção do hidrograma na seção B


Seção A Seção B
tempo I O
min m3/s m3/s
0 10 10
30 10 10
60 25 12,2
90 45 23,4
120 31,3 35,1
150 27,5 32,1
180 25 28,8

27-13
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210 23,8 26,2


240 21,3 24,3
270 19,4 22,1
300 17,5 20,1
330 16,3 18,3
360 13,5 16,6
390 12,1 14,4
420 10 12,6
450 10 10,9
480 10 10,3
510 10 10,1
540 10 10
570 10 10
600 10 10

Método de Muskingum

50
Vazao (m3/s)

40
Seção A
30
20 Seçao B a
1200m a jusante
10
0
0 200 400 600 800
Tempo (min)

Figura 27.6 - Hidrograma de entrada e saída. Foi aplicado o método de Muskingum para obter a seção B a 1.200m
de distância da seção A

27.6 Método de Muskingum quando há canais laterais


Quando há, por exemplo, dois canais laterais ao canal onde estamos aplicando o método de
Muskingum, primeiramente temos que computar a influência dos mesmos.
A Equação (27.4) fica modificada com mais coeficiente C3 que será obtido da Equação, conforme Akan,
1993.
C3= (Δt / K) / [2 (1 – X) +(Δt / K)]

Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1 + C3 (QL1 + QL1)


Sendo:
QL1= L x q1
QL1= L x q2
q1= vazão lateral por unidade de comprimento no tempo t1
q2= vazão lateral por unidade de comprimento no tempo t2
L= comprimento do canal lateral.

Os valores de K e X são determinados pelas Equações (27.12) a (27.14).

27-14
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QL1 QL2

Figura 27.7- Contribuições laterais QL1 e QL2

Exemplo 27.4
Usando o método de Muskingum com C0= 0,083 C1= 0,742 C2= 0,175.
São fornecidos:
K= 0,555h X= 0,359 Δt= 0,5h
As hidrógrafas de QL1 e QL2
As hidrógrafas I1 e I2 conforme a Tabela (27.4).

Primeiramente faremos o cálculo de C3

C3= (Δt / K) / [2 (1 – X) + (Δt / K)]

C3= (0,5 / 0,555) / [2 (1 – 0,359) +(0,5 / 0,555)]= 0,413

Procedemos como o método usual de Muskingum obtendo o valor Q2 que é o pico de 35,5m3/s após 2h.

Tabela 27.6 - Uso do Método de Muskingum com entradas laterais, baseado em Akan, 1993.
QL1+
Ordem t1 t2 I1 I2 QL1 QL2 QL2 Q1 Q2
(h) (h) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s) (m3/s)
1 0,0 0,5 10 15 0 2 2 10,0 11,2
2 0,5 1,0 15 20 2 4 6 11,2 17,2
3 1,0 1,5 20 25 4 6 10 17,2 24,1
4 1,5 2,0 25 30 6 8 14 24,1 31,0
5 2,0 2,5 30 25 8 6 14 31,0 35,5
6 2,5 3,0 25 20 6 4 10 35,5 30,6
7 3,0 3,5 20 15 4 2 6 30,6 23,9
8 3,5 4,0 15 10 2 0 2 23,9 17,0
9 4,0 4,5 10 10 0 0 0 17,0 11,2
10 4,5 5,0 10 10 0 0 0 11,2 10,2

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27.7 Método de Muskingum-Cunge conforme Tucci


Tucci, 1998, em seu livro Modelos Hidrológicos, apresenta o Método de Muskingum-Cunge com uma
aplicação bem objetiva e definiu as seguintes variáveis:

X= 0,5 . [1- Qo/ (bo. So . co . L)]

Sendo:

X= fator entre 0 e 0,5.


Qo= vazão média a montante (m3/s);
So= declividade do trecho L em (mm);
co= celeridade (m/s);
L= comprimento do trecho (m);
bo= largura média do trecho (m).

O tempo médio de deslocamento da onda é o parâmetro K.

K= L / co

O valor de Δt / K depende do valor de X. Assim, para 0,2 ≤ X ≤ 0,4 o valor de Δt /K é o seguinte:

Δt / K= 3,125 . X 1,25 0,2 ≤ X ≤ 0,4

Para 0,4 ≤X ≤ 0,5 o valor de Δt / K será aproximadamente igual a 1.

Δt / K ~ 1 0,4 ≤X ≤ 0,5

Como geralmente não dispomos de muitos dados, o valor de Δt deve ser menor ou igual a tp/5.
Δt ≤ tp/5

Sendo:
tp: tempo de pico do hidrograma de entrada.

Tucci, 1998 p.158 salienta que se pode fixar o valor de Δt, e então obtemos o valor de L.

L= Qo/ (b. So . co) + 0,8. (c. Δt) 0,8 . L 0,2

Como a equação acima não é linear, Tucci, 1998 aconselha que a primeira tentativa a ser usada para o
valor de L é:
L= (2,5 Qo)/ (b. So .co)

Tucci, 1998 sugere a estimativa da vazão média Qo como sendo 2/3 da vazão máxima de montante,
mas pode-se obter o valor de Qo usando o histograma de entrada.
Ainda conforme Tucci, 1998 o valor da celeridade co pode ser obtida usando a equação de Manning.

co= (5/3) . (So 0,3 . Qo 0,4) / ( n 0,6 . b 0,4)

Exemplo 27.5
Calcular a celeridade em um canal com declividade 0,0007m/m; vazão máxima de 130m3/s; rugosidade
de Manning n= 0,045 e largura da rio no trecho é de b=30m.
Usando a equação da celeridade:

co= (5/3) . (So 0,3 . Qo 0,4) / ( n 0,6 . b 0,4)

Qo= ( 2/3) de Q máxima= (2/3) x 130 = 87 m3/s

co= (5/3) . (0,0007 0,3 . 87 0,4) / (0,045 0,6 . 30 0,4)= 1,86m/s

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27.8 Aplicação do método de Muskingum-Cunge em falhas de barragem


Conforme USACE, 1997 o hidrograma a falha da barragem pode ser obtida da seguinte maneira:
• Adota-se a forma aproximada de um triângulo isósceles.
• A base do triangulo é o tempo para esvaziamento do reservatório com a vazão de pico da falha.
• Supõe-se que a metade do volume do reservatório destina-se a erosão provocada na barragem.
• Recomenda ainda o uso do Método de Muskingum-Cunge.
• A altura do triângulo é a vazão de pico da falha.

V= (Qp x t ) / 2

t= ( 2 x V ) / (Qp x 60)
Sendo;
V= volume total da barragem (m3)
t= tempo de esvaziamento da barragem (min)
Qp= vazão de pico ocasionado pela brecha (m3/s)

Qp
t1 t2

t= t1 + t2

Figura 27.8 - Hidrograma em forma triangular do escoamento da água da barragem com a falha.

Na Figura (27.8) o tempo total de esvaziamento t é a soma do tempo de formação da brecha t1 até
atingir o pico Qp, mais o tempo t2 descendente.
t= t1 + t2

Exemplo 8.7
Achar o hidrograma da falha da barragem com V= 90.000m3, Qp= 69m3/s

t= (2 x V) / (Qp x 60)= (2 x 90000) / (69 x 60)= 44min

Portanto, o tempo de esvaziamento é de 44min.


Sendo t1= 24min o valor de t2= 44min – 24min= 20min.

Dica: observar que o tempo de formação da brecha é de 24min, que é praticamente a metade do tempo
de esvaziamento, conforme preconizado na USACE, 1997.

FREAD, (1998) comenta que pode-se aplicar o método de Muskingum-Cunge para análise de
inundações a jusante de rios e vales em lugares em que a declividade do canal So > 0,003m/m.

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Exemplo 28.8
Barragem do Tanque Grande, localizada em Guarulhos, Estado de São Paulo,

Vazão de pico devido a brecha na barragem.


Conforme FROEHLICH, (1995) temos:
V= 90.000m3
h= 3,00m
Qp = 0,607 x V 0,295 x h 1,24
Qp = 0,607 x 90.000 0,295 x 3,0 1,24 =69 m3/s
Tempo de formação da brecha.
Conforme FROEHLICH, (1995) temos:
V= 90.000m3
h= 3,00m
tf = 0,1524 x V 0,53 / h 0,90
tf = 0,1524 x 90.000 0,53 / 3 0,90 = 24min

Portanto, o tempo até o pico é de 24min.

Comprimento máximo do trecho


O valor de L ou Δx deve ser menor que a Equação:

Δx= L ≤ 0,5 x co x Δt x (1 + (1+ 1,5 Qo/ (bo. So . co 2 Δt)) 0,5)

Δx= L ≤ 0,5 x 2,25 x 2min x 60s x (1 + (1+ 1,5x 69/ (15 x 0,0221 x 2,25 2 x 2 x 60)) 0,5)

Δx≤ 301m

Portanto, o comprimento do trecho deve ser menor que 301m e adotamos L= Δx = 300m.

Tabela 27.7 - Mostra simplificada dos cálculos executados.


Muskingum-Cunge Tucci, Modelos Hidrológicos
Vazão de pico (m3/s)= Qo 69
Área da bacia (km2)= 8
Área da bacia (ha)= 800
Comprimento L (m)= Δx= 300
O valor L adotado deve ser menor que o valor L calculado 301
Área da superfície da barragem do Tanque Grande (m2)= 5ha
Largura da base do córrego Tanque Grande (m)= bo= 15
Tempo até o pico (min)= tp= 24
Δt calculado ≤ tp/5 (min) 4,80
Coeficiente de Manning adotado e suposto enchente= n= 0,250
Declividade média do canal (m/m)= So= 0,0221
Valor de K= L/ co = (min) 2,23
Celeridade (m/s) = co=(5/3) Qo 0,4 . So 0,3/ (n 0,6 . bo 0,4)= 2,25
Δt (min) adotado= 2
Valor de X= 0,5 ( 1 - Qo/ (bo. So . co .L)= 0,35
Quando 0,2 ≤ X ≤ 0,4 então Δ t/ K = 3,125 . X 1,25= 0,83
Δ t= K x 3,125 . X 1,25= 1,84
Quando 0,4 ≤ X ≤ 0,5 então Δ t/K=1 então Δ t=K= 2,23

Valor C= número de Courant=co . Δt / L= (adimensional) 0,899


Valor D= Qo/ ( So . bo. co . L)= número de Reynolds da célula, isto é, do trecho. 0,309
A soma de C+D deve ser maior que 1, isto é, C+D>1 1,207
Denominador= 2,207

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C0= 0,094
C1= 0,720
C2= 0,186
C0+ C + C2= 1,0000

Verificações do Método de Muskingum-Cunge, conforme FHWA


A soma de C com D deve ser maior que 1
O valor de C deve estar próximo de 1 e < 1
O valor de C não pode ser maior que 1 para evitar dispersão numérica

Devemos obedecer na aplicação do método de Muskingum-Cunge as condições de Courant para haver


estabilidade nos cálculos.

Tabela 27.8 - Hidrograma de vazão na saída da barragem e a 6km a jusante e a 44,51min sendo a
largura de 15m e n= 0,25.
Método de Muskingum-Cunge
Seção A na brecha da barragem Seção a 6km a jusante
tempo Vazão Vazão
(min) m3/s m3/s
0 0 0
2 6 0
4 12 0
6 17 0
8 23 0
10 29 0
12 35 0
14 40 0
16 46 0
18 52 0
20 58 0
22 63 0
24 69 0
26 62 0
28 55 0
30 48 0
32 41 0
34 35 0
36 28 0
38 21 1
40 14 2
42 7 3
44 0 5
46 0 9
48 0 13
50 0 17
52 0 22
54 0 28
56 0 33
58 0 39
60 0 44
62 0 48
64 0 52

27-19
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66 0 54
68 0 54
70 0 53
72 0 50
74 0 46
76 0 41
78 0 36
80 0 30
82 0 25
84 0 19
86 0 15
88 0 10
90 0 7
92 0 4
94 0 3
96 0 1
98 0 1
100 0 0
102 0 0
104 0 0
106 0 0

Hidrograma de entrada e a 6km

80
70
60
Vazão (m3/s)

50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Tempo (min)

Figura27.9 - Hidrograma de saída na barragem devido a brecha e a 6km e 44,51min.

Observar que o pico devido a brecha era de 69m3/s passa para 54m3/s a 6km de distância com 20
intervalos de 300m e a 44,51min para a onda chegar até o rio Baquirivu Guaçu há uma diminuição da altura
da água de 4,10m para 3,40m e a velocidade cai de 1,14m/s para 1,0 m/s.

27-20
Curso de esgotos
Capitulo 27- Método de Muskingum-Cunge
Engenheiro Plínio Tomaz 14 de junho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Figura 27.10- Corte transversal de uma barragem de terra, observando-se os taludes a montante e a
jusante, bem como o cutoff e o tapete de areia média.
Fonte: DAEE, 2005

27-21
Curso de esgotos
Capitulo 27- Método de Muskingum-Cunge
Engenheiro Plínio Tomaz 14 de junho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

27.9 Bibliografia e livros consultados


-PORTO, RODRIGO DE MELO. Hidráulica básica. EESC USP, 2ª ed. 2003, 519 p.

27-22
Curso de rede de esgotos
Capitulo 28- Interceptor de esgotos sanitários
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Capítulo 28- Interceptor

28.1 Introdução
Vamos resumir os ensinamentos do dr. Eugênio Macedo conforme mostrado por
Fernandes, 1997 e os de José Maria Costa Rodrigues conforme CETESB, 1983 em
Sistemas de Esgotos Sanitários.
Conforme CETESB, 1983 denomina-se Interceptor ao conduto que recebe os
esgotos sanitários transportados pelos coletores principais (chamados coletores tronco),
podendo também receber as contribuições dos coletores de menor diâmetro das redes das
águas circunvizinhas.
A ABNT NBR 12207/92 define Interceptor como canalização cuja função
precípua é receber e transportar o esgoto sanitário coletado, caracterizada pela defasagem
das contribuições, da qual resulta o amortecimento das vazões máximas.
Geralmente o Interceptor tem grandes dimensões acima de 1,00m e comprimentos
acima de 5,0km.
Emissários são os condutos cuja única função é o transporte final das águas
residuárias e não recebem contribuições em marcha e não interceptam outros condutos
conforme CETESB, 1983.
Normalmente usamos o sistema separador absoluto em que se separa as águas
pluviais dos esgotos sanitários, entretanto existe um sistema pseudo-separador com redes de
águas pluviais e redes coletoras de esgoto sanitário que permitem o ingresso de certa
quantidade de águas pluviais na rede de esgotos sanitários.

Figura 28.1- Esquema de coletor, coletor tronco, interceptor e emissário


Fonte: Fernandes, 1997
Na Figura (28.1) podemos ver os coletores que alimentam os coletores troncos e
estes que se dirigem para os interceptores. O emissário encaminha os esgotos até a ETE.

28-1
Curso de rede de esgotos
Capitulo 28- Interceptor de esgotos sanitários
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28.2 Norma da ABNT 12207/92


A ABNT possui a norma NBR 12207/92 que trata de Projeto de Interceptor de
esgoto sanitário que estabelece que:
• Vazão parasitaria seja de até 6,0 L/s x Km de rede afluente.
A declividade mínima usada na prática tanto para tubos de seção circular como
retangular é de 0,0005m/m.
O interceptor deve ser dimensionado para a vazão inicial e vazão final do plano
conforme NBR 12207/92
Embora o regime de escoamento no interceptor seja gradualmente variado e não
uniforme, para o dimensionamento o regime de escoamento pode ser considerado
permanente e uniforme conforme NBR 12207/92.
A tensão trativa em cada trecho de ser maior que 1 Pa. No caso de lançamento de
contribuição de tempo seco ao interceptor, o valor mínimo da tensão tratativa média dever
ser de 1,5 Pa para a vazão inicial e coeficiente de Manning n=0,013.
Iomi= 0,00035 x Qi -0,47
Sendo:
Iomin= declividade mínima do interceptor (m/m) para as condições iniciais.
Qi= vazão inicial (m3/s)
Para valores diferentes de n=0,013 deverá ser justificada a tensão trativa média e a
declividade mínima a adotar.

Exemplo 28.1
Achar a declividade mínima de um interceptor que tem vazão de pico de 0,4553 m3/s.
Iomi= 0,00035 x Qi -0,47
Iomi= 0,00035 x 0,14553 -0,47
Io min=0,000866 m/m > 0,0005m/m OK

28.3 Critério de dimensionamento


Conforme NBR 12207/92 para avaliação das vazões no trecho final do interceptor,
pode ser considerada a defasagem das vazões das redes afluentes a montante, mediante a
composição dos respectivos hidrogramas com as vazões dos trechos imediatamente
anteriores. Este procedimento é recomendado no caso de interceptor afluente à estação
elevatória ou ETE, quando o amortecimento das vazões resulta em diminuição no
dimensionamento hidráulico destas instalações.
Portanto, é recomendado a ser considerado a defasagem das vazões para o
dimensionamento da seção do interceptor quando isto acarreta uma diminuição no
dimensionamento.
No trecho de grande declividade (escoamento supercrítico) deve ser interligado ao
de baixa declividade (escoamento subcrítico) por um segmento de transição com
declividade crítica para a vazão inicial.

28.4 Efeito reservatório


Em redes coletoras de esgoto sanitário é considerado o regime permanente e
uniforme, porem no cálculo de interceptores de dimensões elevadas maiores que 1,00m e
distancias maiores que 5km de se usar o denominado efeito reservatório.

28-2
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Uma maneira de se considerar o efeito reservatório é usar o Método de Muskingum.

28.5 Hidrograma
A grande dificuldade de se usar o método de Muskingum é que precisamos de
hidrogramas da vazão afluente, porém graças ao grande engenheiro Eugênio Macedo este
trabalho foi feito na cidade do Rio de Janeiro.
Macedo apresentou quatro tipos básicos de hidrogramas médios:
• Hidrograma médio para bacias tipo “a” em áreas residências
• Hidrograma médio para bacias tipo “b” em áreas residenciais
• Hidrograma médio para bacias 100% industriais
• Hidrograma médio para bacias 100% comerciais.

Os hidrogramas médios afluentes de esgotos sanitários estão nas Figuras (28.2) a (28.5).

Figura 28.2- Hidrograma médio residencial tipo “a”


Fonte: Fernandez, 1997

28-3
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Figura 28.3- Hidrograma médio residencial tipo “b” para casas modestas com mais de
4 pessoas/casa
Fonte: Fernandez, 1997

Figura 28.4- Hidrograma médio para bacias 100% industriais


Fonte: Fernandez, 1997

28-4
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Figura 28.5- Hidrograma médio para bacias 100% comerciais


Fonte: Fernandez, 1997

Observar que os hidrogramas obtidos por Macedo estão com a vazão em


litros/segundo, pois o mesmo foi feito para uma área padrão de 10ha.
A Figura (28.1) foi obtida em área de Copacabana 100% residencial com 7594
moradores e 2290 domicílios ou seja uma taxa morador/domicilio de 3,3.
A Figura (28.2) baseou-se em dados da zona norte da Cidade do Rio de Janeiro
com 100% residencial com 4549 residências em 964 domicílios com taxa superior a
4,00morador por domicilio.

28.6 Como obter um hidrograma diferente do padrão?


Fernandez, 1997 mostra que numa bacia com a distribuição percentual de áreas
edificadas fosse 50% residencial, 20% industrial e 30% comercial, sabendo-se que a taxa
residencial/morador é inferior a 0,25, ter-se-ia as 9h 30min da manhã, a seguinte ordenada
padrão para a nova bacia.
q=0,50 x 19,00 + 0,20 x 11,2 + 0,30 x 16,3= 16,6 L/s
Se a bacia em estudo de área A é 10 vezes maior que a área padrão Ao=10ha, então a
ordenada do hidrograma composto as 9h 30min da manhã será:
Desta maneira como se pode ver usando os diagramas das Figuras (28.1) a (28.4)
podemos obter aproximadamente um hidrograma médio para o nosso problema particular.

28-5
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28.7 Método de Muskingum


As equações básicas do Método de Muskingum estão abaixo.
Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1
Sendo:
A= 2 (1-X) + Δt /K
C0= [(Δt / K) – 2X]/ A
C1= [(Δt / K) + 2X]/ A
C2= [2 (1- X) -(Δt / K)]/ A

Sendo que: C0 + C1+ C2= 1,00

K= tempo de trânsito ou tempo de percurso em horas


Δt= intervalo de tempo adotado. Geralmente menor ou igual a K
X=0 devido a considerar-se um reservatório.
Os valores de Co, C1 e C2 são calculados e sua soma deve ser igual a 1 (um).
A equação para se obter o hidrograma efluente Q1, e Q2 e consideram-se os valores
do afluente I1 e I2.
Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1

Exemplo 28.2- Adaptado de Fernandez, 1997


O objetivo é dimensionar um interceptor com 8,6km sabendo-se que a área de contribuição
no inicio do mesmo tem área de 3,5m2 e que a 8,6km adiante há uma entrada de esgotos de
uma área de contribuição de 4,2km2 conforme Figura (28.6).
Dimensionar o interceptor considerando três casos:
• Sem defasagem
• Com defasagem de 4h
• Com amortecimento usando Muskingum (efeito reservatório)

Figura 28.6- Esquema de interceptor com duas entradas

28-6
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Tabela 28.1- Cálculos observando a defasagem de 4 h nas cores amarelo


bp Sem defasagem Com defasagem
(horas) Bacia padrão bpx3,5 bp x 4,2 (3,5+4,2) 4,2+4h 3,5+(4,2+4h)
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7
0 5,3 18,55 22,26 40,81 34,44 52,99
1 5,4 18,90 22,68 41,58 26,46 45,36
2 5,3 18,55 22,26 40,81 21,42 39,97
3 5,1 17,85 21,42 39,27 21,00 38,85
4 5,1 17,85 21,42 39,27 22,26 40,11
5 5,1 17,85 21,42 39,27 22,68 40,53
6 8,8 30,80 36,96 67,76 22,26 53,06
7 19,8 69,30 83,16 152,46 21,42 90,72
8 21,6 75,60 90,72 166,32 21,42 97,02
9 19,8 69,30 83,16 152,46 21,42 90,72
10 19,8 69,30 83,16 152,46 36,96 106,26
11 22,0 77,00 92,40 169,40 83,16 160,16
12 22,0 77,00 92,40 169,40 90,72 167,72
13 19,5 68,25 81,90 150,15 83,16 151,41
14 18,8 65,80 78,96 144,76 83,16 148,96
15 18,2 63,70 76,44 140,14 92,40 156,10
16 18,0 63,00 75,60 138,60 92,40 155,40
17 17,2 60,20 72,24 132,44 81,90 142,10
18 14,0 49,00 58,80 107,80 78,96 127,96
19 10,8 37,80 45,36 83,16 76,44 114,24
20 8,2 28,70 34,44 63,14 75,60 104,30
21 6,3 22,05 26,46 48,51 72,24 94,29
22 5,1 17,85 21,42 39,27 58,80 76,65
23 5,0 17,50 21,00 38,50 45,36 62,86
24 5,3 18,55 22,26 40,81 34,44 52,99
Total 311,5 1090,3 1308,3 2398,6 1320,5 2410,7
Média 12,46 43,61 52,332 95,942 52,8192 96,4292

Vamos descrever a Tabela (28.1) coluna por coluna.


Coluna 1: está o hidrograma médio adotado residencial segundo Macedo desde a hora zero
até 24h.
Coluna 2: estão os valores das vazões do hidrograma residencial tipo “b” de hora em hora.
São dados tirados diretamente da Figura (28.2).
Coluna 3: nesta coluna está multiplicada cada ordenada da coluna 2 denominada coluna
padrão, pelo valor da área contribuinte inicial que é 3,5Km2.
Coluna 4: nesta coluna está multiplicada cada ordenada da coluna 2 denominada coluna
padrão, pelo valor da área contribuinte inicial que é 4,2Km2.
Coluna 5: estão a soma da coluna 3 com a coluna 4 em que não se considera a defasagem e
nem o efeito reservatório. Observar que o valor da vazão máxima obtida é 169,40 L/s.
Coluna 6: como a vazão de entrada de 4,2Km2 está 8,6km de distante e como a velocidade
média admitida é 0,60m/s o tempo de trânsito ou de deslocamento será:

28-7
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8600m/ 0,60m/s= 14333,3s= 238,9min=3,98 h= 4h (aproximadamente).


Quando a vazão no ponto de 3,5km2 entrou ao mesmo tempo que 4,2km2, mas quando a
vazão de 3,5km2 chegar no ponto de 4,2km2 terá percorrido 8,6km e haverá uma defasagem
de 4h já mostrada acima. Então as vazões do hidrograma estão defasadas de 4 horas em
relação ao hidrograma da coluna 4.
Coluna 7: é a soma da coluna 6 que está defasada com a coluna 3.

Façamos uma tabela considerando o tempo de trânsito de 4 h


Primeiramente vamos considerar a Tabela (28.2) que é parte da Tabela (28.1). Nela
fazemos uma média de 4 horas na coluna 1, dos valores da bacia padrão da coluna 3.
Obtemos assim os valores: 5,2; 12,1; 21 etc e coloquemos na Tabela (28.3).

Tabela 28.2- Média dos valores de 4h da bacia padrão


bp
(horas) Bacia padrão
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3
0 5,3
1 5,4
2 5,3
3 5,1
5,2 4 5,1
5 5,1
6 8,8
7 19,8
12,1 8 21,6
9 19,8
10 19,8
11 22,0
21,0 12 22,0
13 19,5
14 18,8
15 18,2
19,3 16 18,0
17 17,2
18 14,0
19 10,8
13,6 20 8,2
21 6,3
22 5,1
23 5,0
6,0 24 5,3

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Tabela 28.3- Cálculos


Padrao (L/s) Inicio x 4,2Km2 3,5Km2 4,2Km3 + 4h Com amortecimento
(L/s) +4,2Km2
Defasagem Col3+col6 Com Muskingum
media x 3,5Km2 Qe Soma do 4,2 +Qe
(L/s)
Col 1 Col 2 Col 3 Col 4 Col 5 Col 6 Col 7 Col 8 Col 9
0 5,20 18,20 21,84 40,04 21,84 40,04 18,2 40,04
4 12,10 42,35 50,82 93,17 21,84 64,19 25,99 47,83
8 21,00 73,50 88,20 161,70 50,82 124,32 46,81 97,63
12 19,30 67,55 81,06 148,61 88,20 155,75 61,99 150,19
16 13,60 47,60 57,12 104,72 81,06 128,66 58,46 139,52
20 6,00 21,00 25,20 46,20 57,12 78,12 41,93 99,05
24 5,20 18,20 21,84 40,04 25,20 43,40 26,77 51,97

Vamos explicar a Tabela (28.3):


Coluna 1: variação das horas de 4 em 4 horas
Coluna 2: valores em L/s obtido pela média obtido na Tabela (28.2)
Coluna 3: multiplicação da coluna 2 por 3,5km2 e assim obtemos o hidrograma de entrada
variando de 4h em 4h. Assim multiplicando 5,20 x 3,5km2=18,20 L/s e assim por diante.
Coluna 4: idem usando 4,2Km2
Coluna 5: coluna 3+ coluna 4. É o cálculo normal que se faz obtendo a vazao de pico
161,70L/s
Coluna 6: Defasagem de 4h. Observar na coluna 4 que 50,82 L/s está defasado na coluna 6
de 4h e assim por diante
Coluna 7: É a coluna 3 + a coluna 6 da defasagem. Obtemos um pico um pouco menor que
é 155,75 L/s. A norma de Interceptor aconselha a defasagem.
Coluna 8: Hidrograma obtido da coluna 3 usando o Método de Muskingum. Observar que
houve um achatamento do pico da coluna 3 de 73,50 L/s para 61,99 L/s. É o efeito
reservatório.
Coluna 9: é o efeito reservatório. Somamos a coluna 8 obtida pelo Método de Muskingum
com a coluna 6 de 4,2km2 defasado de 4h. Obtemos o valor máximo de 150,19 L/s

28-9
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Método de Muskingum.
O valor K= 4,00 que é o tempo de trânsito do ponto de 3,5km2 para 4,2km2.
X=0,00 pois consideraremos um reservatório para amortecimento.
Δt= 4,00horas. O valor de Δt pode ser menor ou igual ao valor de K. No caso
adotamos o mesmo valor de K ou seja, 4h.
As equações básicas do Método de Muskingum estão abaixo.
Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1
Sendo:
A= 2 (1-X) + Δt /K = 2 (1-0) + 4 /4=3
C0= [(Δt / K) – 2X]/ A
C0= [(4 / 4 – 2x0]/ 3 =0,33
C1= [(Δt / K) + 2X]/ A
C1= [(4 / 4 + 2x0]/ 3 =0,33
C2= [2 (1- X) -(Δt / K)]/ A
C2= [2 (1- 0) -(4 / 4]/ 3 =0,33
Sendo que: C0 + C1+ C2= 1,00
Para calcular a coluna 6 da vazão efluente Q1 e Q2, admitimos primeiramente que
Q1=18,2 L/s
Q2= Co I2 + C1 I1 + C2 Q1
Q2= 0,33x 42,35 + 0,33 x18,2 + 0,33x18,2 = 25,99 L/s e assim por diante.
Desta maneira obtemos toda a coluna 6 que é o hidrograma do primeiro ponto com
3,5km2 que chega ao ponto onde entra o hidrograma dos 4,2km2.

Importante notar que obtemos:


• Sem defasagem: 161,70 L/s D=700mm
• Com defasagem: 155.75 L/s D=700mm
• Com efeito do reservatório: 150,19 L/s D=600mm

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28.8 Hidrograma unitário


Como não temos muitas pesquisas sobre o hidrograma de esgotos, vamos construir
um hidrograma unitário de maneira que a vazão de pico seja igual a 1 (unidade).
Portanto: Qm x K1 x K2= 1,0
Qm x 1,20 x 1,50= 1,0
Qm= 0,56

Sendo:
Qm= vazão média (m3/s)
K1= coeficiente do dia de maior consumo =1,20
K2=coeficiente da hora de maior consumo= 1,50
K3= coeficiente da vazão mínima=0,5

Vazão mínima
Qm x K3=0,56 x 0,50=0,28 Adotamos Qm=0,30
Adotamos também 6 horas para a vazão mínima das 0 as 3 e das 22, 23 e 24h. no
inicio e no fim do hidrograma.

28-11
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Tabela 28.4- Hidrograma unitário para interceptor construído através dos


coeficientes K1, K2 e K3
Tempo Hidrograma
(horas) p/interceptor
0 0,30
1 0,30
2 0,30
3 0,30
4 0,38
5 0,46
6 0,53
7 0,61
8 0,69
9 0,77
10 0,84
11 0,92
12 1,00
13 0,92
14 0,84
15 0,77
16 0,69
17 0,61
18 0,53
19 0,46
20 0,38
21 0,30
22 0,30
23 0,30
24 0,30

28-12
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Hidrograma elaborado

1,0
Vazão unitária (m3/s)

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0 4 8 12 16 20 24
Horas

Figura 28.7- Hidrograma unitário baseado nos coeficientes K1, K2 e K3

28-13
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Exemplo 28.3- Aplicação do exemplo do Macedo com Hidrograma adotado

Tabela 28.5- Cálculos elaborados com Hidrograma unitário


3,5km 2 4,2km2 Defasagem
Tempo Hidrograma Pico 77 Pico Soma (4)+ 4h (3) + (6)
L/s 92,40 L/s
(horas) unitário (3) + (4) Defasagem
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7
0 0,30 23,10 27,72 50,82 27,72 50,82
1 0,30 23,10 27,72 50,82 27,72 50,82
2 0,30 23,10 27,72 50,82 27,72 50,82
3 0,30 23,10 27,72 50,82 27,72 50,82
4 0,38 29,09 34,91 64,00 27,72 56,81
5 0,46 35,08 42,09 77,17 27,72 62,80
6 0,53 41,07 49,28 90,35 27,72 68,79
7 0,61 47,06 56,47 103,52 27,72 74,78
8 0,69 53,04 63,65 116,70 34,91 87,95
9 0,77 59,03 70,84 129,87 42,09 101,13
10 0,84 65,02 78,03 143,05 49,28 114,30
11 0,92 71,01 85,21 156,22 56,47 127,48
12 1,00 77,00 92,40 169,40 63,65 140,65
13 0,92 70,84 85,01 155,85 70,84 141,68
14 0,84 64,68 77,62 142,30 78,03 142,71
15 0,77 59,29 71,15 130,44 85,21 144,50
16 0,69 53,13 63,76 116,89 92,40 145,53
17 0,61 46,97 56,36 103,33 85,01 131,98
18 0,53 40,81 48,97 89,78 77,62 118,43
19 0,46 35,42 42,50 77,92 71,15 106,57
20 0,38 29,26 35,11 64,37 63,76 93,02
21 0,30 23,10 27,72 50,82 56,36 79,46
22 0,30 23,10 27,72 50,82 48,97 72,07
23 0,30 23,10 27,72 50,82 42,50 65,60
24 0,30 23,10 27,72 50,82 35,11 58,21
27,72
27,72
27,72
27,72

Explicação da Tabela (28.5)


Coluna 1: são o tempo de hora em hora a começa de zero hora
Coluna 2: é o hidrograma unitário obtido conforme os coeficientes K1, K2 e K3. As 12h
temos o valor máximo 1 que é o resultado de Qm x K1 x K2. Os valores mínimos 0,30 é o
resultado aproximado de Qm x K3.
Coluna 3: como temos a vazão de pico de 77 L/s multiplicamos o valor 77 L/s por todas as
ordenadas da coluna 2 obtendo a coluna 3 que dará o pico as 12h.

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Capitulo 28- Interceptor de esgotos sanitários
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Coluna 4: segue o mesmo raciocínio da coluna 3, só que o valor de pico é 92,40 L/s.
Coluna 5: é a soma das coluna 3 com a coluna 4 que fornecerá o valor de pico as 12h no
valor de 169,40 L/s. Este é o cálculo normalmente adotado nos coletores.
Coluna 6: como é o exercício anterior do Macedo em que temos uma defasagem de 4h,
observar que os valores da coluna 6 estão defasados de 4 horas em relação aos da coluna 4.
Coluna 7: é a soma da coluna 3 com a coluna 6 que está defasada de 4horas. Este é o
resultado previsto na norma técnica, que é a defasagem. Obtemos o valor de pico igual a
145,53 L/s

Em resumo temos:
Importante notar que obtemos:
• Sem defasagem: 169,40 L/s D=700mm
• Com defasagem: 145,53 L/s D=700mm
• Com efeito do reservatório: 142,20 L/s D=600mm

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28.9 Método da Sabesp para dimensionamento de interceptores de diminuição da


vazão de pico K=K1 x K2.
Conforme Tsutya, 1999 a SABESP usa a equação abaixo para os valores de K= K1
x K2, sendo que para vazões abaixo de 751 L/s o valor K=1,80 é constante e para vazões
acima de 751 L/s o valor de K diminui.
Q≤ 751 L/s K=1,80
Q> 751 L/s
K= 1,20 + 17,485/ Q 0,5090
Sendo:
Q= somatória das vazões médias de uso predominante residencial, comercial, público em
L/s
Quanto maior for a vazão Q, menor será o coeficiente K. Isto é usado para o
amortecimento das vazões de pico no dimensionamento das estações elevatórias ou estação
de tratamento de esgotos.

28.10 Método da Sabesp para dimensionamento de esgotos com composição de


hidrogramas.
A empresa norte-americana Hazen-Sawyer utilizou na falta de dados medidos na
década de 70 o dimensionamento que iremos expor.
Conforme Tsutiya, 1999 desde 1978 a Sabesp utiliza um hidrograma de descarga de
esgotos representado por uma senóide.
Qtrecho= ( K1 x K2 -1) Qm senΦ + Qm +Qmf + KI x QI
Sendo:
Qtrecho= vazão de montante de um trecho no instante de fase
K1= coeficiente da máxima vazão diária
K2=coeficiente da máxima vazão horária
Φ=ângulo de fase da senóide (24h = 360º)
Qm= vazão média dos esgotos sanitários, comerciais, dos serviços públicos e de pequenas
indústrias
Qmf= vazão de infiltração
KI= coeficiente de pico para as vazões industriais= 1,1
QI= vazão proveniente das grandes indústrias

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Figura 28.8- Hidrograma padrão senoidal


Fonte: Tsutiya, 1999

Figura 28.9- Variação de K2 em função da vazão média da bacia de


esgotamento
Fonte: Tsutiya, 1999

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28.11 Bibliografia e livros consultados


-ABNT 12207/92. Projeto de interceptor de esgoto sanitário.
-CETESB. Sistemas de esgotos sanitários. Faculdade de Saúde Pública e CETESB, 1973,
418 páginas.
-FERNANDES, CARLOS. Esgotos sanitários. Editora Universitária, João Pessoa, 1997,
433 páginas.
-LEMES, FRANCISCO PAES. Planejamento e projeto dos sistemas urbanos de esgotos
sanitários. CETESB, 1977, 213 páginas.
-TSUTIYA, MILTON TOMOYUKI e SOBRINHO, PEDRO ALEM. Coleta e transporte
de esgoto sanitário. . EPUSP, 1999, 547páginas

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Capitulo 29- Noções de Ecotoxicologia
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Capítulo 29- Noções de Ecotoxicologia

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Capitulo 29- Noções de Ecotoxicologia
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Capítulo 29- Noções de Ecotoxicologia

29.1 Introdução
Para o ser humano os problemas das substancias tóxicas começam quando:
1. Ingerimos substâncias químicas tóxicas na água de beber
2. Ingerimos produtos químicos tóxicos alimentando-se de peixes e outros animais
aquáticos que fazem parte da cadeia alimentar conforme Figura (29.1).
Portanto, a ingestão de substâncias tóxicas podem causar impacto ao homem como
possibilidade de produzir câncer, tumores, defeitos de nascença, efeitos psicológicos e
outros. Conhecemos mais profundamente os efeitos de poluição por bactérias e parasitas do
que por substâncias tóxicas e daí a importância da Ecotoxicologia.

Figura 29.1- Cadeia alimentar


Fonte: Machado Neto, 2005

Para ver a importância da ecotoxicologia, conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 há 10


milhões de substâncias químicas mencionadas na literatura científica, sendo que 70 mil são
de uso cotidiano. Somente 2 mil substâncias têm os seus efeitos tóxicos conhecidos e
anualmente são descobertas mais de 2000 substâncias novas.
O inicio da ecotoxicologia se deu em 1969 com o pesquisador francês René
Truhaut. A palavra “eco” vem do grego oikos que quer dizer casa, domicilio, habitat e daí
saiu o termo ecologia.
A ciência dos agentes tóxicos, isto é, a toxicologia estuda os venenos e as
intoxicações pelos mesmos.

29-2
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Segundo Maranho, 2008 os primeiros testes de toxicidade com despejos industriais


surgiram em 1863 e 1917 e os testes de toxicidade aguda em organismos aquáticos
surgiram em 1930.
No Brasil teve inicio somente em 1975 com Programa Internacional de
Padronização de testes de toxicidade aguda com peixes.
A USEPA lançou em janeiro de 2004 o software gratuito denominado AQUATOX
(release 2) que apresenta o modelo de rios e lagos onde existe os efeitos tóxicos, que pode
ser facilmente acessado pelo site.

29.2 Ecotoxicologia
Conforme Maranho, 2008 a toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos
decorrentes da interação de substâncias químicas e de fenômenos físicos com o organismo.
Portanto, a toxicologia é o estudo dos efeitos adversos de agentes químicos ou físicos em
seres vivos conforme Lopes, 2002.
Ramade, 1977 define ecotoxicologia como a ciência que tem por objetivo estudar
as modalidades de contaminação do ambiente pelos poluentes naturais ou sintéticos,
produzidos por atividades humanas, seus mecanismos de ação e seus efeitos sobre o
conjunto de seres vivos que habitam a biosfera.
A ecotoxicologia estuda os efeitos adversos dos agentes tóxicos causados por
contaminantes naturais ou sintéticos para o ambiente, através de ensaios com matéria viva.
Segundo Truhaut, 1969 in Lopes, 2002 a ecotoxicologia é o estudo dos efeitos
adversos de agentes químicos ou físicos no ecossistema..
Portanto, a ecotoxicologia como estuda todo o ecossistema engloba a toxicologia.

29.3 Medidas preventivas


Maranho, 2008 diz que a ecotoxicologia alerta para os danos ocorridos nos diversos
ecossistemas por substâncias químicas que representam risco e assim, sugere a aplicação de
medidas preventivas para os impactos futuros antes que ocorram graves danos ao ambiente
natural.
A finalidade da ecotoxicologia é saber em qual grandeza, as substâncias químicas,
isoladas ou em forma de misturas, são nocivas e como e onde manifestam seus efeitos.
As atividades humanas e processos naturais podem causar fontes de contaminação
nos ecossistemas com graves conseqüências ecotoxicológicas.

29.4 Destino dos poluentes


O destino dos poluentes são basicamente três conforme Figura (29.2):
• Ar
• Água: receptor final dos poluentes
• Solo/sedimento

29-3
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Figura 29.2-Esquema do destino dos poluentes


Fonte: Maranho, 2008

29.5 Transporte dos poluentes


O transporte dos poluentes são cinco conforme Figura (29.3):
• Ar: fotólises e reações com OH-
• Agua: hidrólises, fotólises, oxidação e redução e biodegradação
• Sedimento: hidrólises, degradação microbiana e oxidação/redução
• Solo: fotólises, hidrólises, biodegradação e oxidação/redução
• Biota: bioacumulação e metabolismo

Conforme as propriedades físico-químicas dos xenobióticos é que é determinando o


transporte entre as diferentes fases do meio.
O agente tóxico (xenobiótico ou substância ou toxicante) é qualquer substância
química que interagindo com um organismo vivo, é capaz de produzir um efeito tóxico seja
este uma alteração funcional ou a morte.
A movimentação dos contaminantes nos meios é determinada por processos físicos
relacionados às propriedades químicas dos compartimentos ambientais e dos
contaminantes.

29-4
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Figura 29.3-Esquema de transporte dos poluentes


Fonte: Maranho, 2008

29.6 Testes de toxicidade


Conforme Maranho, 2008 os testes de toxicidade é feito através de bioindicadores dos
grandes grupos de uma cadeia ecológica e ligadas aos ambientes agrícolas. Assim são
usadas:
• Produtores (algas)
• Consumidores primários (microcustáceos)
• Consumidores secundários (peixes, abelhas)
• Decompositores (minhocas, microorganismos)
Nos testes de toxidade se examinam sinais, sintomas e efeitos que causam desequilíbrio
orgânico. Não existe um ensaio que detecta todos os efeitos e portanto existe uma bateria de
ensaios diferentes com vários critérios de toxicidade e conforme a situação específica.
Muitos testes crônicos são feitos com ovos e larvas de peixes e testes agudos podem ser
feitos com minhocas, por exemplo ou com abelhas conforme Figura (29.4) e (29.5).

29-5
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Figura 29.4-Testes de toxicidade


Fonte: Maranho, 2008

Figura 29.5-Testes de toxicidade


Fonte: Maranho, 2008

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29.7 CE 50 e CL 50
A toxidade pode ser aguda ou crônica. O EC50 é a efetiva concentração em mg/L ou
μg/L que produz em específico efeito mensurado em 50% de um organismo testado em
determinadas condições de tempo em estudo.
CENO: concentração mais alta em que não se obtém efeitos estatisticamente
significativos em relação ao controle.
CEO: concentração mais baixa em que são observados efeitos.
Conforme Machado Neto, 2005 para peixes o CEO é a menor concentração nominal
do agente tóxico que causa efeito deletério estatisticamente significativo na sobrevivência e
reprodução em 7 dias de exposição.
Valor crônico (VC): conforme Machado Neto, 2005 é a média geométrica dos
valores CENO e CEO.
Conforme Machado Neto, 2005 a toxicidade aguda para peixes é definida por:
Concentração letal inicial média CL (I)50,96: concentração nominal do agente químico
que causa efeito agudo (letalidade) a 50% dos organismos-teste em 96h de exposição.
Como teste preliminar para determinar o intervalo de concentração pode ser usado as
espécies:
o Brachydanio rerio (Cyprinidae) – paulistinha
o Poecilia reticulata ou Phalocerus caudimaculatus (Poecilidae)- guarú.

Efeito tóxico agudo.


A Resolução Conama 357/05 define efeito tóxico agudo: efeito deletério aos
organismos vivos causados por agentes físicos ou químicos, usualmente letalidade ou
alguma outra manifestação que a antecede, em um curto período de exposição.

Efeito tóxico crônico


A Resolução Conama 357/05 define efeito tóxico crônico: efeito deletério aos
organismos vivos causados por agentes físicos ou químicos que afetam uma ou várias
funções biológicas dos organismos, tais como a reprodução, o crescimento e o
comportamento, em um período de exposição que pode abranger a totalidade de seu ciclo
de vida ou parte dele.

29.8 Fases da intoxicação


As fases da intoxicação são basicamente quatro abaixo explicadas conforme Maranho,
2008.

Fase da exposição:a primeira fase da intoxicação é a fase da exposição, que depende


da via de introdução, freqüência e da duração da exposição, concentração xenobiótico, das
propriedades físico-químicas do agente e de fatores relacionados à suscetibilidade
individual.

Fase de toxicinética: processos desde a disponibilidade química até a concentração do


toxicante nos órgãos alvo (absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e
eliminação de substâncias inalteradas e/ou metabólitos.

Fase da toxicodinâmica: mecanismos de interação entre o toxicante e os sítios de ação

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dos organismos. Efeitos nocivos decorrentes da ação tóxica.

Fase clínica: sinais, sintomas e alterações detectáveis por provas diagnósticas que
caracterizam os efeitos deletérios ao organismo.

29.9 Principais efeitos deletérios


Conforme Maranho, 2008 os principais efeitos deletérios são:
• Alterações cardiovasculares e respiratórias
• Alterações do sistema nervoso
• Lesões orgânicas: totoxicidade, hepatotoxicidade, nefrotoxicidaded, etc.
• Lesões carcinogênicas/ tumorigênicas
• Lesões teratogênicas (malformações do feto)
• Alterações genéticas como:
o Aneuploidização: ganho ou perda de um cromosso inteiro
o Clastogênese: aberrações cromossônicas com adições, falhas, re-arranjos
de partes de cromossomos.
o Mutagênese: alterações hereditárias produzidas na informação genética
armazenada no DNA( ex. radiações ionizantes).

Infertilidade masculina, feminina ou mista


o Teratogênese provocada por agentes infecciosos ou drogas
o Aborto precoce ou tardio
Alterações da capacidade reprodutora
Exemplos:
Vitamina A: atraso mental, cérebro e coração
Talidomida: coração e membros
Fenobarbital: palato, coração e atraso mental
Cloranfenicol: aplasia medular

20.10 Interações entre os agentes tóxicos sobre os organismos


Conforme Maranho, 2008 temos:
o Efeito aditivo: o efeito tóxico final é igual à soma dos efeitos produzidos
separadamente.
o Efeito sinérgico: o efeito final é maior que a soma dos efeitos individuais
o Potenciação: o efeito de um xenobiótico é aumentado por interagir com outro
toxicante que originalmente, não produziria tal efeito.
o Antagonismo competitivo: quando um toxicante reduz o efeito do outro, no final o
efeito tóxico será menor.
o Antagonismo químico: o antagonista reage com o responsável pela ação,
inativando-o.
o Antagonismo funcional: quando dois antagonistas agem sobre o mesmo sistema,
produzindo efeitos contrários.

29-8
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20.11 Bioindicadores
São espécies animais ou vegetais que indicam precocemente a existência de
modificações bióticas (orgânicas) e abióticas (físico/químicas) de um ambiente. São
organismos que ajudam a detectar diversos tipos de modificações ambientais antes que se
agravem e ainda a determinar qual o tipo de poluição que pode afetar um ecossistema
conforme Maranho, 2008.
Precisamos monitorar o meio ambiente

29.12 Ensaios de toxicidade


Um dos grandes objetivos da ecotoxicologia é conforme Zagatto e Bertoletti, 2006
determinar a concentração do agente químico que causa, ou não, efeito sobre uma
população de organismos teste.
Os efeitos poder ser classificados conforme Figura (29.6) em:
• Efeitos agudos: quando as concentrações tóxicas são mais elevadas.
• Efeitos crônicos: quando as concentrações tóxicas são menos severas.

Figura 29.6- Relação concentração-resposta


Fonte: USEPA, 2000 in Zagatto e Bertoletti, 2006

Concentração Letal mediana (CL50) e concentração efetiva (CE)


Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 nos ensaios de toxicidade aguda procura-se
estimar a concentração da substância-teste que causa efeito a 50% da população exposta
durante um período de tempo de 24h, 48h, 72h ou 96h.
Na Figura (29.7) entrando na ordenada com 50% obtemos CL50 na abscissa.

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Figura 29.7- Mortalidade de uma população de peixes exposta a um agente químico.


Entrando com 50% achamos CL50.
Fonte: Zagatto e Bertoletti, 2006

29.13 Impacto ecotoxicológico


Nieto, 2008 fez um estudo do impacto ecotoxicológico no Estado de São Paulo para
avaliar os diversos ramos industriais cujos efluentes são lançados em corpos hídricos.
Foram coletadas 90 amostras e fizeram testes de toxicidade aguda com Daphnia similis e
ainda foram comparados os resultados as tradicionais análises físico-químicas e biológicas.
Foi usada metodologia da ABNT para o uso da Daphnia similis bem como o uso de
CE50/ 10 que foi comparado com o valor CER definido como:
CER= vazão média do efluente x 100/ vazão média do efluente + Q7,10 do corpo receptor.
CER ≤ CE50/ 100
Os resultados foram que os tratamentos feitos com projetos e bem operados tiveram
uma remoção significativa da toxicidade.
De 32 amostra 66% tinham o potencial para acarretar impactos aos organismos
aquáticos dos corpos receptores.
Funcionou o teste de toxicidade com Daphnia similis constituindo uma ferramenta
indispensável para previsão do impacto dos efluentes industriais nos corpos de água
receptores.

29.14 Índice de proteção da vida aquática (IVA)


A CETESB para o Estado de São Paulo elaborou o índice IVA que é uma
composição de dois índices, o IET (Índice do estado trófico) e do IMPCA que o índice de
parâmetros mínimos para a proteção da comunidade aquática, que incorpora grupo de
agentes químicos como: cobre, zinco, chumbo, cromo, mercúrio, níquel, cádmio,
surfactantes e fenol bem como oxigênio dissolvido, pH e toxicidade crônica.

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Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 a mortandade de organismos aquáticos são


freqüentes em ambientes naturais que sofrem efeitos provocados por ações antrópicas. É
citado exemplos, como contaminação por cianeto no ribeirão Euzébio Matoso na cidade de
Franco da Rocha causado por uma indústria de galvanoplastia. Houve mortandade de
peixes por asfixia.
Os ensaios feitos com Daphinia Similis e Ceriodaphinia dúbia constataram
mortandade de peixes no reservatório Billings na cidade de São Paulo.

29.15 Cianobactérias
Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 as cianobactérias existem há 3,5 bilhões de
anos, sendo descoberta em fósseis em rochas sedimentares encontradas no noroeste da
Austrália.
As cianobactérias ou cianofíceas (algas azuis) crescem muito em temperatura entre
15 a 30ºC, pH entre 6 a 9 e concentração de nutrientes como fósforo e nitrogênio.
As cianobactérias produzem as cianotoxinas que são caracterizadas por ação rápida
causando a morte por parada respiratória em poucos minutos após exposição.
As florações ou “blooms” se caracterizam pelo intenso crescimento desses
microorganismos na superfície da água, formando densa camada de células com vários
centímetros de profundidade, com conseqüências para a saúde pública.

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29.16 Sulfato de cobre e peróxido de hidrogênio


Atualmente para combater o crescimento de algas cianofíceas são usados o sulfato
de cobre e o peróxido de hidrogênio. Na represa do Guarapiranga em São Paulo utilizam-se
4 toneladas/dia de sulfato de cobre para combate as algas Chroococcales e são usados
também o peróxido de hidrogênio em menor quantidade para o controle das cianofíceas
filamentosas que são mais resistentes ao cobre conforme Zagatto e Bertoletti, 2006.

29.17 Unidade tóxica (UT)


Uma medida muito usada pela CETESB é a chamada unidade tóxica (UT) definida
assim:
UT= 100/ CE50 ou
UT= 100/CL50
Uma outra maneira de se apresentar é a carga tóxica do efluente que é a
multiplicação da vazão do efluente em L/s pela unidade tóxica.
Zagatto e Bertoletti, 2006 salientam a importância da carga tóxica para poder ver
qual o efluente que contribui mais para as cargas tóxicas.

Exemplo 29.1
Seja um rio com vazão de 4,36 L/s e CE50= 33,9%. Achar a unidade tóxica UT e a
carga tóxica.
UT= 100/CE50= 100/33,9=3,0
Carga tóxica = UT x vazão= 3,0 x 4,36 L/s= 13,1 UT x L/s

29.18 Partição
Thomann e Muller, 1987 destacam três características das substâncias tóxicas com
relação aos poluentes tradicionais que são:
a) Tendência de se formar particulados no corpo da água (aderência das substancias
tóxicas a partículas em suspensão ou coloidal)
b) Tendência de certos produtos químicos se concentrarem nos organismos aquáticos
e transferindo para a cadeia alimentar.
c) Tendência de certos produtos químicos serem tóxicos mesmo com baixas
concentrações (μg/L).

Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 os sedimentos podem ser considerados uma das
matrizes mais complexas existentes nos ecossistemas aquáticos.
O sedimento constitui-se tipicamente por uma mistura de argila, areia, sais minerais e
matéria orgânica.
Em um rio ou lago temos a coluna de água e os sedimentos.
Na coluna de água e no sedimento se processam inúmeros fenômenos químicos e
físicos que conforme Thomann e Muller, 1987 são:
1. Sorção e adsorção entre as formas dissolvidas e particuladas na coluna de água e
no sedimento. Notar que não é somente na coluna de água, mas acontece também
nos sedimentos que estão depositados no fundo de um reservatório.
2. Deposição e ressuspensão de particulados entre o sedimento e a coluna de água.
3. Difusão que é a troca entre o sedimento e a coluna de água

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4. Perda química devida a biodegradação, volatização, fotólise e os reações


bioquímicas.
5. Ganho químico devido às reações químicas e bioquímicas.
6. Transporte do tóxico por advecção do escoamento do fluido e mistura
dispersiva.
7. Deposição e perda química no fundo dos sedimentos.
A Figura (29.8) é muito ilustrativa mostrando a sorção e desorção nas fases
dissolvidas e particulado tanto na coluna de água como na de sedimento, sendo que
neste caso a fase dissolvida fica no que se chama água intersticial. Notar também a
sedimentação e ressuspensão, bem como a difusão entre o sedimento e o material
dissolvido. O transporte da água é a advecção e a entrada de sólidos é o TSS (sólido
total em suspensão) e que também está a entrada do produto tóxico.

Figura 29.8- Esquema das principais fenômenos químicos das substâncias tóxicas
Fonte: Thomann e Di Toro et al, 1983

Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 é muito importante na ecotoxicologia de


ambientes aquáticos a partição das espécies químicas entre as diversas fases.
O coeficiente de partição Kp é a distribuição de um soluto químico entre duas fases
termodinamicamente em equilíbrio ou estado estacionário e é calculado pela razão da
concentração da dada espécie.

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Curso de esgotos
Capitulo 29- Noções de Ecotoxicologia
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O coeficiente de partição Kp do PCB, por exemplo, varia de 100.000 L/kg a


1000.000 L/kg conforme Tabela (29.1).
Conforme Sawyer, 1994 o coeficiente de partição do líquido octanol e a água Kow é
muito importante pois é a partir dele que determinamos o coeficiente de partição do líquido
que estamos estudando.
Na Tabela (29.1) apresentamos os valores de Kow.

Tabela 29.1-Coeficiente de partição Kp de diversos produtos químicos


Produtos químicos Coeficiente de partição Kp
(L/kg)
Metais pesados (Cd, Cu, PB, Zn) 10.000 a 100.000
Benzo-a-pireno 10.000 a 100.000
PCB 100.000 a 1.000.000
Plutonium-239 10.000 a 100.000
Methoxychlor 10.000
Napthalene 1000
Fonte: Thomann e Mueller, 1987

Conforme Sawyer, 1994 temos o coeficiente de partição Kp que é fornecido em


Litros/kg de sólido e o coeficiente de partição de carbono orgânico Koc que é calculado
por.
Koc= 0,63 x Kow
O valor da partição Kp é:
Kp= Koc x foc
Sendo:
Kp= coeficiente de partição em litros/kg. Thomann e Muller, 1987 usa o símbolo ¶
Kow= coeficiente de partição do líquido octanol e o líquido água.
Koc= coeficiente de partição do carbono orgânico normalizado
foc= fração de carbono orgânico. É o peso do carbono orgânico dividido pelo sólido total
em suspensão. Geralmente está entre 0,001 a 0,1 conforme Thomann e Muller, 1987.
Conforme Thomann e Muller, 1987 a partição é um equilíbrio entre os materiais
particulados e dissolvidos.
Em resumo temos:
Fração de material dissolvido fd= (1+Kp)-1
Fração de material particulado fp= Kp/ (1+Kp)
Soma do material particulado + material dissolvido fd +fp= 1
Sendo:
fp= fração do material particulado
fd= fração do material dissolvido

Exemplo 29.1
O exemplo foi extraído de Thomann e Muller, 1987
Um corpo de água tem 100mg/L de sólidos em suspensão. Calcular a fração tóxica do
particulado e dissolvido do PCB e do Naphatalene dados:
Kp= coeficiente de partição do PCB= 100.000 Litros/kg

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Kp= coeficiente de partição do Napthlente= 1000 Litros/kg


Para o particulado temos:
fd= (1+foc .Kp)-1
fd= (1+100mg/L x 100000 L/kg)-1
Acertando as unidades pondo Kg em mg temos:
fd= (1+100mg/L x 100000 L/1000x1000mg)-1
fd= (1+10) -1 =0,09
Portanto, o material particulado será: fp= 1- fp= 1-0,09= 0,91
Para o Napthelene temos:
fd= (1+focxKp)-1
fd= (1+100mg/L x 1000 L/kg)-1
Acertando as unidades pondo Kg em mg temos:
fd= (1+100mg/L x 1000 L/1000x1000mg)-1
fd= (1+0,1) -1 =0,91
Portanto, o material particulado será:
fp= 1- fp= 1-0,91= 0,09

Tabela 29.2- Valores das frações dissolvidas e particuladas


Substância orgânica Partição Kp Fração dissolvida Fração particulada
(L/kg) fp fp
PCB 100.000 0,09 0,91
Napthalene 1000 0,091 0,09
Fonte: Thomann e Muller, 1987

Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 em um sistema aquático que possui uma carga
de sólidos totais suspensos contendo determinado teor de matéria orgânico, pode-se assumir
um equilíbrio e calcular a fração percentual do contaminante que se encontra livre na água
(dissolvido) representado por Cw.
Cw= Ctotal / (1 + foc x Koc)
Sendo:
Koc= coeficiente de partição carbono orgânico-água
foc= fração de carbono orgânico em peso do particulado
Ctotal= carga total de sólidos em suspensão
Cw= fração porcentual que se encontra livre na água (dissolvido)
Kp= foc x Koc
Observar na Figura (29.8) que para um determinado valor de Koc para um dado ter
de TSS (sólidos totais em suspensão), maior será o porcentual de contaminante livre
dissolvido na água e por conseguinte, maior será, potencialmente, a toxicidade do mesmo à
comunidade biótica conforme Zagatto e Bertoletti, 2006.

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Figura 29.8-Distribuição da fração livre (dissolvida) de contaminantes orgânicos em sistemas aquáticos


em função da carga de sólidos totais suspensos (TSS), em que Koc é o coeficiente de partição entre
partículas e a água com base no teor de carbono orgânico.
Fonte: Spacie et al, 1995 in Zagatto e Bertoletti, 2006.

29.19 Substâncias bioacumuláveis


Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 existem substâncias bioacumuláveis que são
os metais: cádmio, chumbo, cobre, mercúrio, níquel e zinco, PCBs, PAHs (sobretudo o
benzo-a-pireno), dioxinas e furanos nas águas, sedimentos e organismos aquáticos.
Os metais como mercúrio, cádmio, chumbo e cobre sãos os metais pesados mais
importantes que se acumulam nos organismos aquáticos.
Acumulam-se também os pesticidas organoclorados e os PCBs.

29.20 Legislação existente


A legislação federal Conama 357/05 estabelece que os efluentes de qualquer fonte
poluidora somente poderão ser lançados direta ou indiretamente nos corpos de água desde
que obedeçam o artigo 34.
Para o Estado de São Paulo o controle ecotoxicológico de efluentes líquidos é
estabelecido pela Resolução SMA-03/2000.
A Resolução SMA-03/2000 estabelece que a diluição do efluente no corpo receptor
fixa a toxicidade permissível:
DER ≤ CE50/100
DER ≤ CL50 /100
ou
DER ≤ CENO/10
Sendo:
DER= diluição do efluente no corpo receptor em %
CE50= concentração do efluente que causa efeito agudo a 50% dos organismos aquáticos
em determinado período de exposição em %.

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CL50= concentração do efluente que causa efeito agudo (letalidade) a 50% dos organismos
aquáticos em determinados períodos de exposição em %
CENO= concentração do efluente que não causa efeito crônico observável em determinado
período de exposição em %.
Conforme Zagatto e Bertoletti, 2006 o cálculo da diluição do efluente no corpo
receptor (DER) é efetuado pela equação:

DER= Vazão média do efluente x 100/ (vazão média do efluente+vazão de referência


do corpo receptor em Q7,10)

29.21 Sorção
McCutchecon et al, 1993 informa que a sorção é o termo genérico para descrever a
aderência de moléculas dissolvidas na superfície de sólidos característico de muitos
produtos químicos orgânicos, isótopos radiativos, metais e outros geoquímicos. Esta
aderência se dá nas águas de rios, lagos, nas águas subterrâneas e no solo. A aderência é
chamada de partição química, havendo então uma fase dissolvida e outra fase de
particulados, que estão aderidos aos sólidos.
O processo de sorção é influenciado pela turbulência da água, das moléculas ao
redor do fluido, da carga da face dos sólidos, da carga das moléculas e de outras condições
termodinâmicas.
Conforme McCutchecon et al, 1993 há três categorias básicas de contaminantes:
1. Contaminantes de orgânicos neutros ou não polar como PCB
(polychlrinated biphenyls e pesticidas como DDT.
2. Metais
3. Contaminantes orgânicos ionizante.
A partição de metais em fase dissolvida e particulada pode ser prevista.
Existem produtos que tem hidrofobia pela água e são praticamente empurrados
para as superfícies dos sólidos.

Fase dissolvida
Thomann e Muller, 1987 definiram que material dissolvido é todo aquele que passa
num filtro de 0,45μm e o material retido é chamado de material particulada. Apesar desta
definição constar em Thomann e Di Toro, 1983 ainda continua sendo usada mesmo em
literatura técnica mais recente como em Calstrans, 2003.

Equilíbrio
Em muitos casos há um equilíbrio na fase dissolvida e na fase de particulado,
havendo portanto uma sorção e dessorção. Em geral contaminante orgânico não-polar ou
neutro como o PCB demoram de 1 mês a 3 meses para adquirir o equilíbrio, enquanto que
metais como o zinco pode demorar em um rio somente 1 mês para estabelecer o equilíbrio
em a fase dissolvida e a fase particulada.
As fases de equilíbrio segundo McCutchecon et al, 1993 ainda não estão precisas
em suas medições, tendo sido usadas as mesmas iniciais e copiadas para se ter o coeficiente
de partição preciso.

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Mobilidade
É a tendência é um termo termodinâmico usado por McCutchecon et al, 1993 que
descreve a tendência dos produtos químicos se moverem na fase dissolvida e fase
particulada nas partículas em suspensão, partículas coloidais, plâncton e peixes.

Sorção de metais
Existe conforme McCutchecon et al, 1993 três processos importantes de sorção em
metais que são:
1. adsorção física que são as forças de Van der Waals
2. adsorção química devido as ligações químicas entre os íons dissolvidos ou
moléculas e superfície da partículas.
3. troca iônica onde há uma troca de íons muitas vezes chamadas de troca catiônica
que é inclusive é medida a capacidade catiônica das argilas em meq/kg.

Outros fatores que afetam a qualidade das águas


Afetam a qualidade da água fatores como:
• hidrólise que é a reação química da substancia com a água formando novas
ligações
• biodegradação em que os contaminantes orgânicos que alimentam as algas
e aumentam a eutrofização e consomem oxigênio da água

Substâncias tóxicas em estradas de rodagem


As estradas de rodagem produzem grande quantidade de produtos orgânicos e
inorgânicos potencialmente tóxicos que são trazidos pelo runoff (escoamento superficial) e
os quais estão também associados a fração coloidal das partículas.

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29.22 Curiosidades
Barragens no Estado de São Paulo no Rio Tietê

Figura 29.9- Barragens no rio Tietê no Estado de São Paulo

Figura 29.10- Livros famosos sobre o meio ambiente

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Figura 29.11- Curiosidades

Figura 29.12- Classe de tóxicos

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Figura 20.13- Coluna de água e sedimentos

29.23 Portaria 518/04 do Ministério da Saúde

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29.24 Bibliografia e livros consultados

-AQUATOX REALEASE 2. Modeling environmental fate and ecological effects in aquatic


ecosystems. USEPA, 2004.
-CALTRANS (CALIFORNIA DEPARTMENT OF TRANSPORTATION). A review of the
contaminants and toxicity associated with particles in stormwater runoff. Agosto, 2003.
-FERCINOLA, NILDA A. G. G. Toxicologia Ambiental. 3º encontro técnico anula da
ASEC- Associação dos engenheiros da CETESB, junho, 2002.
-LOPES, ALVARO TEIXEIRA. Ecotoxicologia. Universidade Évora, 2002, Faculdade de
Farmácia, Lisboa.
-MACHADO NETO, JOAQUIM GONÇALVES. Ecotoxicologia dos agrotóxicos e saúde
ocupacional. Nov/ 2005.
-MARANHO, LUCINEIDE APARECIDA. Ecotoxicologia, 2008 (?). Bióloga.
-MCCUTCHECON, STEVE C. et al. Water Quality. In Maidment, David R. Handbook of
hydrology, 1995.
-MESURERE, KAREAL E FISH, WILLIAN. Behavior of runoff derived metals in a
detention pond system. Water, Air and Soil Pollution 47: 125-139, 1989.
-NIETO, REGIS. Caracterização ecotoxicológica de efluentes líquidos industriais-
Ferramenta para ações de controle da poluição das águas. Engenheiro químico da
CETESB, ABES, XXVI Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental.
-NIETO, REGIS. Controle da poluição das águas em indústrias têxteis. CETESB.
-PORTARIA 518 DE 25 DE MARÇO DE 2004 que estabelece os procedimentos e
responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade, é dá outras providências. Ministério da Saúde.
-RESOLUÇÃO CONAMA 357/2005 que dispõe sobre a classificação dos corpos de água
e diretrizes para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.
-SAWYER, CLAIR N. et al. Chemistry for environmental engineering. Mcgraw-hill, 4a ed,
1994, 658 páginas.
-THOMANN, ROBERT e MUELLER, JOHN. Principles of surface water quality
modeling and control, HarperCollins, 1987, 644páginas.
-THOMANN, ROBERT V. E DI TORO, DOMINIC. Physico-chemical model of toxic
substances in the Great Lakes. Agosto, 1983
-ZAGATTO PEDRO A. e BERTOLETTI, EDUARDO. Ecotoxicologia aquáticas-
princípios e aplicações. Editora Rima, 2006, 464páginas.

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Capítulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários
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Capitulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários

30.1 Introdução
O dimensionamento de bombas e motores já foi explicado no curso de redes de
água. A única diferença que existe é que no dimensionamento temos que prever um poço de
sucção e que a detenção do esgoto no referido poço não passe de 20min.
Existe a norma da ABNT NBR 12208/92 Projeto de Estações elevatórias de esgoto
sanitário que é a antiga NB-569/1989.

30.2 Velocidades
Conforme a NBR 12208/92 as velocidades na sucção e recalque são:
• Sucção: 0,50m/s ≤ V ≤ 1.50m/s
• Recalque: 0,60m/s ≤ V ≤ 3,00m/s

As tubulações terão o diâmetro mínimo de 100mm.

30.3 Dimensionamento do poço de sucção


Vamos seguir os ensinamentos de Crespo, 2001 que no dimensionamento de um
poço de sucção é necessário atender duas exigências básicas:
• Intermitência na partida das bombas
• Tempo de detenção de esgotos

Nas Figuras (30.1) a (30.4) temos os vários tipos de estação elevatória de esgotos
sanitários.

Figura 30.1- Corte esquemático de uma elevatória convencional com bombas de eixo horizontal.
Fonte: Fernandes, 1997

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Capítulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários
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Figura 30.2- Elevatória com bombas de eixo horizontal.


Fonte: Fernandes, 1997

Figura 30.3- Elevatória com bombas de eixo vertical.


Fonte: Fernandes, 1997

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Figura 30.4- Instalação típica para bombas Flygt.


Fonte: Fernandes, 1997

Na Figura (30.5) temos vários tipos de sucção de bombas para elevatória de esgotos
sanitários.

Figura 30.5- Formas de sucção e respectivas submergências.


Fonte: Fernandes, 1997

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30.4 Tempo de detenção média.


Conforme a NBR 12208/92 o maior tempo de detenção deve ser de 30min.

30.5 Vazões iniciais e finais


As vazões a serem consideradas são:
Qi= vazão afluente no inicio do plano desprezando a variação horária K2.
Qf= vazão afluente no fim do plano.

30.6 Volume do poço de sucção


È o volume compreendido entre os níveis máximo e mínimo de operação das
bombas conforme NBR 12208/92.

30.7 Número de bombas


Conforme a NBR 12208/92 devem ser previstos dois conjuntos motor-bomba,
cada um com capacidade para recalcar a vazão máxima, sendo um deles reserva.
No caso de mais de dois conjuntos, o reserva instalado deve ter capacidade igual à
do conjunto de maior vazão.
Quando forem adotadas bombas de rotação constante, recomenda-se que os
conjuntos motor-bomba sejam iguais.
O limite máximo de rotação recomendado pela NBR 12208/92 é de 1800 rpm.

30.8 Volume útil


Conforme NBR 12208/92 o volume útil deve ser calculado, considerando a vazão
da maior bomba a instalar (quando operada isoladamente) e o menor intervalo de tempo
entre as partidas consecutivas do seu motor de acionamento, conforme recomendado pelo
fabricante.

30.9 Dimensionamento do poço de sucção


O volume do poço é dado pela seguinte relação:
Vd= A x H
Sendo:
Vd= volume do poço (m3)
A= área do poço (largura x comprimento) (m2)
H= distância vertical entre o NA médio e o fundo do poço (m).
Admite-se que o NA médio corresponde a um nível eqüidistante entre o NAmax e o
NAmin.
Segundo Crespo, 2001 a vazão mínima é uma variável difícil de ser fixada. A
vazão mínima representa uma grandeza tão pequena que inviabiliza o cálculo para
determinar o volume máximo do poço.
Para o cálculo da vazão mínima considera-se a vazão média de fim de plano sem
considerar a infiltração e dividida por 4.
Qmin= Qmédio/ 4
Sendo:
Qmin= vazão mínima (m3/min)
Qmédio= vazão média de fim de plano sem considerar infiltração (m3/min)

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O tempo de detenção de esgoto no poço de sucção é dado pela seguinte equação


conforme Crespo, 2001.
T= Vd/Qmin
Sendo:
T= tempo de detenção do esgoto no poço de sucção (min)
Vd= volume do poço de sucção (m3)
Qmin= vazão mínima (m3/min)

30.10 Intermitência na partida das bombas


Conforme Crespo, 2001 o intervalo de duas partidas consecutivas de uma mesma
bomba denomina-se intermitência das partidas.
A média considerada entre duas partidas consecutivas é de 10min.
A bomba não deve ter mais de 5 ou 6 partidas por hora e caso não seja feito isto
teremos problemas na vida útil dos equipamentos.
Admitindo-se intervalo de 10min de intermitência o volume mínimo do poço de
sucção será:
V= t x Qb/ 4
Admitindo t=10min entre duas partidas temos:
V= t x Qb/ 4
V= 10 x Qb/ 4= 2,5 Qb
V= 2,5 x Qb
Sendo:
V= volume mínimo do poço de sucção entre o Namax e o Namin (m3)
Qb= capacidade nominal da bomba (m3/min)

Exemplo 30.1- Extraído de Crespo, 2001


Dimensionar um poço de sucção de uma estação elevatória de uma cidade com:
• População de 50.000hab
• Quota per capita: 150 L/dia x hab
• Extensão da rede coletora: 50km
• Taxa de infiltração: 0,5 L/s x km
• Coeficientes de vazão:
• K1= 1,2 coeficiente de vazão no dia de maior consumo
• K2= 1,5 coeficiente de vazão na hora de maior consumo
• Número de bombas: 2 +1

Solução:
Vazão média
Qmédia= (50000hab x 150 L/dia x hab)/ 86400s= 86,8 L/s
Vazão máxima sem infiltração
Qmax= 86,81 L/s x 1,2 x 1,5 = 156,25 L/s
Vazão de infiltração:
50 km x 0,5 L/s x km= 25 L/s
Vazão de projeto
Q= 156,25 L/s + 25,0 L/s= 181,25 L/s

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Vamos ter duas bombas funcionando e mais uma de reserva. Portanto, a vazão de
cada bomba Qb será:
Qb= 181,25 L/s / 2= 90,63 L/s= 5,44 m3/min
V= 2,5 x Qb
V= 2,5 x 5,44m3/min= 13,59m3

Admitindo-se uma distância vertical entre o Namax e o Namin de 0,80m teremos:

Área do poço:
Vd= A x H
A= Vd/ H
H=0,80m
Vd=13,59m3
A= Vd/H=13,50m3/ 0,80m= 16,99m2

Considere-se que a disposição das bombas na estação elevatória exige um


comprimento do poço na horizontal igual a 7,40m.
Largura do poço= 16,99m2/ 7,40m= 2,30m
Verificação do volume do poço de sucção para respeitar o tempo de detenção
máximo permitido;
T= Vd/ Qmin
Sendo:
T= templo de detenção (min)
Vd= volume do poço ente o Na médio e o fundo do poço (m3)
Qmin= vazão mínima de projeto (m3/min)

Distância entre o Namin e o fundo do poço: 0,96m. Este valor é fixado de modo que
o Namin fique em cota igual ao topo do rotor.

Distância vertical entre o Na médio e o fundo do poço:


0,80/2 + 0,96= 1,46m
Vd= 1,36 x 7,40 x 2,30= 23,15m3
Vazão mínima Qmin
Qmédio= (50000 x 150/ 1000 x 24 x 60) = 5,21m3/min

Qmin= Qmédio/ 4= 5,21/4= 1,30 m3/min


T= Vd/ Qmin = 23,15m3/ 1,30m3/min= 17,81 min < 20min OK.

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Figura 30.6- Esquema do NA max, Na min

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30.11 Modelo Paulo S. Nogami


O prof dr. Paulo S. Nogami apresentou em 1973 para sistemas elevatórios de
esgotos o seguinte modelo.
Recomendou que o período de detenção não exceda de 30min em qualquer caso.
Recomendou ainda que o número de partida do motor não ultrapasse de 10, o que
limita a 6 minutos o ciclo ente dois inícios de bombeamento.
Nogami, 1973 citou as seguintes expressões:
V= q x p
p= V/ q
Sendo:
V= volume útil do poço de tomada
q= vazão de chegada
p= período de parada da bomba

V= (Q –q) x f
f = V/ (Q – q)
Sendo:
V= volume do poço
Q=vazão de bombeamento
q= vazão de chegada
f= período de funcionamento da bomba

Exemplo 30.2- Extraído de Paulo S. Nogami, 1983


Determinar o volume útil de um poço de tomada de uma estação elevatória que
deverá receber uma vazão média anual de 16 L/s. As vazões máxima e mínima
correspondem, respectivamente a 2 vezes a metade da vazão média. Indicar a capacidade da
bomba e calcular os períodos de funcionamento e parada da bomba para quando a vazão de
chegada for mínima.

Volume do poço
V= 0,016m3/s x 10min x 60s= 9,6 m3
Capacidade adotada para a bomba: 35 L/s ( > 32 L/s)

Período de funcionamento para a vazão mínima


Vazão mínima= 0,5 x 16 L/s= 8 L/s= q
Q= 35 L/s
V= 9600 Litros

f = V/ (Q – q)
f = 9600/ (35 – 8) = 355 s= 5,9min

Tempo de detenção no poço de sucção


p= V/q
p= 9600/8 = 1200s= 20min < 30mim OK

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Exemplo 30.3- Extraído de Fernandes, 1997


Dimensionar o volume do poço úmido e a potência instalada para desnível geométrico de
6,60m.
Dados: 805 casas
5 pessoas/casa
Distância: 408m
Rede coletora a montante: 4,30Km.

Solução:
População de projeto
P= 805casas x 5 pessoas/casa= 4025 pessoas
Quota per capita= 150 L/dia x pessoa
Coeficiente de retorno= C= 0,80
V= 0,80 x 0,150 x 4025= 483m3/dia= 5,59 L/s
K1= 1,25
K2=1,40
K3=0,60
Taxa de infiltração= TI= 0,000 5 L/s x m
Contribuição doméstica no dia de maior consumo:
Qd= K1 x 483000 Litros/ 86400s= 1,25x 483000 Litros/ 86400s =6,99 L/s
Contribuição doméstica na hora de maior consumo:
Qd,max= K2 x Qd= 1,40 x 6,99= 9,79 L/s
Vazão máxima de projeto em tempo de chuva
Qh,max= 9,79 + 0,0005 x 4300m= 11,94 L/s
Vazão mínima em tempo de seco
Qmin= K3 x 483000/86400= 0,60 x 483000/86400= 3,35 L/s

Pré-dimensionamento do volume
Admitindo um período de parada de 10min quando a vazão de chegada corresponde
a Qd teremos:
V= tp x Qd = ( 10min x 60s) x 6,909/1000= 4,19m3 Adotamos V=4,0m3

Testando este valor para:


1) para máxima (vazão de chegada mínima)
tp,max = V/ Qmax= 4000 /(3,35 x 60)= 19,90 min < 20min OK.

2) Funcionamento mínimo (vazão de chegada mínima) para Qmax= 11,94 L/s e


analisando-se as circunstâncias do problema com uma só bomba funcionando com
capacidade Qb= 12 L/s.
tf, min= V/ (Qb- Qmin)= 4000/ ( 12,0- 3,35) x 60= 7,71min

3) Número máximo de partidas por hora (quando a vazão de chegada for mínima indica
máxima parada com mínimo funcionamento).
N= 60min / (tp, max + tf, min)= 60/ (19,90+7,71)=60/27,61= 2,14 < 4 OK
Assim conclui-se que o volume de 4,00m3 satisfaz as condições de impedimento de
septicidade e sedimentação e número máximo de partidas por hora.

30-9
Curso de esgotos
Capítulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários
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Potência instalada
Dr= diâmetro da canalização de recalque
Fórmula de Bresse
Dr= 1,3 x Qb 0,5= 1,3 x 0,012 0,5= 0,142m
Se Dr=150mm tem-se Vr=0,68m/s
Se Dr=125mm tem-se Vr= 0,97m/s então adota-se no recalque Dr=125mm e na
sucção será Ds=150mm.

Altura manométrica H
Empregando Hazen-Willians C=80 ferro fundido

10,643 . Q 1,85
J = -----------------------
C1,85 . D4,87
Sendo:
J= perda de carga em metro por metro (m/m);
Q= vazão em m3/s;
C= coeficiente de rugosidade da tubulação de
Q= 12 L/s achamos J=0,0224 m/m
Supondo comprimento virtual para as perdas localizada equivalentes a 26m
encontram-se:
H= 0,0224 (26+408)= 16,32m
Potência instalada
1) Potência da bomba
Qb= 12 L/s rendimento bomba= 66% rendimento do motor=80%
Pb= (12 x 16,32)/ (75 x 0,66x 0,80)= 4,9 CV= 4,95 x 0,986=4,88 HP
Folga de 20% ( 5HP a 10 HP)
Pt= 1,20 x 4,88= 5,48 HP
Adoto: Pt= 6 HP
Teremos dois motores de 6 HP cada, sendo um de reserve.

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Curso de esgotos
Capítulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários
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30.12 Grades de barras


Quando a vazão for maior que 250L/s a limpeza das grades deverão ser
mecanizadas.

30.13 Gerador de emergência


Conforme a NBR 12208/92 no ponto de entrada de energia elétrica, deve ser
previsto dispositivo que permita a ligação de gerador de emergência.

30.14 Fórmula de Hazen-Willians


A formula de Hazen-Willians é usada para tubos com diâmetro maiores que 50mm;

10,643 . Q 1,85
J = -----------------------
C1,85 . D4,87
Sendo:
J= perda de carga em metro por metro (m/m);
Q= vazão em m3/s;
C= coeficiente de rugosidade da tubulação de Hazen-Willians;
D= diâmetro em metros.

Obtemos: Qo= (C1,85 . D4,87 . J / 10,643) (1/1,85)

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Curso de esgotos
Capítulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários
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Figura 30.7- Nomograma para a equação de Hazen-Willians para C=100


Fonte: Hammer, 1979

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Curso de esgotos
Capítulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários
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Figura 30.8- Fatores de correção para determinação da perda de carga com valores
diferentes de C=100.
Fonte: Hammer, 1979

Exemplo 30.4
Para a vazão de 12 L/s, diâmetro D=100mm na Figura (30.7) achamos a perda
Hf= 40/1000
Como queremos C=80 olhando a Figura (30.8) achamos K=1,51
Portanto, Hf= K x 40/1000= 1,51 x 40/1000=0,0604m/m

30-13
Curso de esgotos
Capítulo 30- Estação elevatória de esgotos sanitários
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 25/06/08

30.15 Bibliografia e livros consultados


-ABNT NBR 12208/92, Projeto de Estações elevatórias de esgoto sanitário.
-CETESB. Sistemas de esgotos sanitários. Faculdade de Saúde Pública e CETESB, 1973,
418 páginas.
-CRESPO, PATRICIO GALLEGOS. Elevatórias nos sistemas de esgotos. Editora
UFMG,2001, 290páginas.
-CRESPO, PATRICIO GALLEGOS. Sistemas de esgotos. Editora UFMG, 1997,
129páginas.
-FERNANDES, CARLOS. Esgotos sanitários. Editora Universitária, João Pessoa, 1997,
433 páginas.
-HAMMER, MARK J. Sistemas de abastecimento de água e esgotos. Editora Livros
Técnicos, 1979, 563 páginas.
-NOGAMI, PAULO S. Estação elevatória de esgoto. In Sistema de esgotos sanitários,
1973, Faculdade de Saúde Publica e CETESB, 416páginas.

30-1
Curso de rede de esgotos
Capitulo 31- Cargas em tubos flexíveis
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 22/6/08

Capitulo 31- Cargas em tubos flexíveis

31.1 Introdução
O SAAE de Guarulhos usa o PVC para esgoto desde 1983 e usa o polietileno de
alta densidade (PEAD) desde 1972.
Os tubos cerâmicos tiveram começaram a ser assentados em 1966 com juntas
feitas com estopa alcatroada e asfalto preparado. Mais tarde foram usados tubos
cerâmicos com j unta elástica.

31.1 Deformação diametral


Uma das primeiras preocupações que tive, quando comecei a usar os tubos de
PVC rígido em redes de esgotos sanitários, foi com a deformação diametral. Minha
dúvida era sobre a resistência dos tubos de PVC. Primeiramente, comecei a fazer uma
pesquisa sobre a profundidade de valas que o SAAE de Guarulhos usava.

Profundidade da vala Freqüência de ocorrências


(m) (%)
1,2 0,5
1,5 80,0
1,8 5,0
2,0 10,0
2,3 4,0
2,4 0,5
Total 100,0%

Conclui que 80% de nossas valas eram praticamente da profundidade de 1,5


m, sendo que a profundidade variava de 1,2 a 2,4 m.
A largura das valas, feitas por retroescavadeira, também era padronizada:
valas estreitas, com largura de 0,60 m ,e valas largas, com largura de 0,80 m. Para valas
até 1,5 m de profundidade, usamos a caçamba de 0,60 m, e para valas superiores a 1,5 m
de profundidade, usamos caçamba de 0,80 m de largura.

31.2Teoria dos tubos flexíveis


O professor Anson Marston, da Universidade de Iowa (EUA), em 1913,
publicou sua teoria sobre cargas em tubos, considerada até hoje “o estado de arte” sobre
o assunto. Marston fez duas teorias, sendo uma para tubos rígidos e outra para tubos
flexíveis.
Segundo ele, para tubos rígidos, temos;
w = Cd x b x W ,
Sendo:
w = peso por metro linear (kgf/m);
Cd = coeficiente de carga para condutos instalados em vala;
b = largura da vala medida na geratriz superior do tubo em metros;
W = peso específico do solo (kgf/m).
Entretanto, a equação acima só pode ser aplicada para valas estreitas, isto é,
menores que 2,5xD. Para valas maiores que 2,5xD, temos que considerar a condição de
prisma:
Assim teremos:

31-1
Curso de rede de esgotos
Capitulo 31- Cargas em tubos flexíveis
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 22/6/08

w= h x W x b (kgf/m)
ou
p= pe x h x d (kgf/m)
Sendo:
w = peso por metro linear (kgf/m);
pe = peso específico (kgf/m3);
h = altura de recobrimento em metros;
d = diâmetro externo do tubo em metros.

31.3 Spangler
Splanger era formando na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos,
quando achou o erro nas fórmulas dos tubos flexíveis: a não validade da carga sobre
dois pratos paralelos para avaliação dos tubos flexíveis.
A nova fórmula desenvolvida por Spangler está muito bem explicada no
ITT-3 (Informativo Técnico Tigre, Número 3).
Usando a Teoria de Marston, para a carga de terra, e a Teoria de Spangler,
para tubos flexíveis, e usando ainda a carga móvel segundo o tipo T-30 da ABNT, que
admite que o veículo tenha carga máxima de 30 toneladas, dando 5.000 kg em cada
roda, e usando o tipo de compactação leve que fazemos e escolhendo o pior terreno,
calculamos as várias deformações, a longo prazo, que poderíamos ter. Assim, obtivemos
a Tabela (31.1).

Tabela 31.1-Cálculo da deflexão diametral para tubos flexíveis de esgoto sanitário (PVC)
Profun- Altura de Largura Carga da Carga Carga
didade. Diâmetro recobr. da vala terra móvel total
(m) (mm) (m) (m) (kgf/m) (kgf/m) (kgf/m)
1,2 150 1,05 0,6 330 566 896
1,5 150 1,35 0,6 425 404 829
1,8 150 1,65 0,8 519 325 845
2,0 150 1,85 0,8 582 291 874
2,3 150 2,15 0,8 677 254 931
2,4 150 2,25 0,8 708 243 952

Sendo:
Carga móvel T-30
Carga de terra: fórmula de Marston
Deflexão: fórmula de Spangler
Peso específico = 2100 kgf/m³ (argila)
Classe de rigidez = CR= 2500
K= 0,1
Compactação leve
DR= 1,75
E’= 2,8 MPa

31-2
Curso de rede de esgotos
Capitulo 31- Cargas em tubos flexíveis
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 22/6/08

Tabela 31.2-Cálculo da Deflexão Diametral para tubos flexíveis de esgoto sanitário


(PVC)
Profundidade Carga total Deflexão máxima Deflexão diametral
da vala (%)
(m) ( kgf/m) (%)
1,2 896 7,5 4,0
1,5 829 7,5 4,01
1,8 845 7,5 4,32
2,0 874 7,5 4,58
2,3 931 7,5 5,03
2,4 952 7,5 5,19

Concluímos que, para profundidades de vala existente na prática, e pelo tipo


de compactação que fazemos, a deformação diametral relativa máxima varia de 4,0 a
5,19%, portanto abaixo de 7,5% , conforme NBR 7367 e que está na Tabela (31.2).

31.4 Testes de deformação diametral relativa a longo prazo


Preocupados com a deformação diametral, devida às cargas externas,
fizemos experiências em redes de esgoto de PVC rígido de diâmetro de 150 mm, com
dois anos de operações, passando um gabarito esférico de plástico rígido de diâmetro
7,5% menor que o diâmetro interno da tubulação. Entramos em contato com os técnicos
da Tigre e nosso pedido de confecção do referido gabarito esférico foi encaminhado.
Com a esfera pronta, introduzímo-la nas redes de PVC de 150 mm,
executadas dois anos antes. Não houve nenhum problema, confirmando, então, a
suposição de que a deflexão máxima não atingiria os 7,5% máximos admitidos pela
norma. É importante observar que, se houver uma deformação máxima de 7,5% do
diâmetro, a seção diminuirá somente em 0,6%, o que é insignificante. Caso queiramos a
deformação máxima permissível, logo após a instalação, devemos dividir a deformação
máxima ao longo prazo (7,5%) pelo coeficiente de deformação adotado.

31-3
Curso de rede de esgotos
Capitulo 31- Cargas em tubos flexíveis
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31.5 Referências Bibliográficas:


-Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, NBR 7362 de novembro de 1984
referente a Tubo de PVC rígido com junta elástica, coletor de esgotos-
especificação;
-American Water Works Association (AWWA), Pipe Design and Instalacion, Manual
M23;
-Calvin Victor Davis, Handbook of Applied Hydraulics,1952, McGraw-Hill Book
Company;
-Engº Carlos Alberto dos Santos e Adejalmo Figueiredo Gasen, Estudo Comparativo
entre Redes Coletoras de Esgoto do Tipo Convencional e Não
Convencional, setembro 1987, produzido pela Asfamas e Abivinila;
-Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), Estudos Para
determinação de novos parâmetros e critérios de projetos de redes de
esgotos utilizando o modelo de otimização, outubro 1984, coordenador do
projeto: Maurício Cleinman;
-InformaTigre, Informativo da Tubos e Conexões Tigre S.A, de agosto/86;
-Informativo Técnico Tigre 03;
-Linsley and Franzini, Water-Resources Engeneering, 1964, McGraw-Hill Book
Company;

31-4
Curso de rede de esgotos
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
Engenheiro Plínio Tomaz 21 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capítulo 32
Caixa de retenção de óleo e sedimentos
As pessoas ficam surpresas quando aprendem que muito pouco da precipitação destina-se para a
recarga de aqüíferos subterrâneos.
Darrel I. Leap in The Handbook of groundwater engineering.

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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Sumário
Ordem Assunto
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleos e sedimentos
32.1 Introdução
32.2 Densidade gravimétrica
32.3 Tipos básicos de separadores por gravidade óleo/água
32.4 Vazão de pico
32.5 Método Racional
32.6 Equação de Paulo S. Wilken para RMSP
32.7 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método Racional para P= 25mm e P=13mm.

32.8 Critério de seleção


32.9 Limitações
32.10 Custos e manutenção
32.11 Lei de Stokes
32.12 Dados para projetos
32.13 Desvantagens da caixa de óleos e graxas
32.14 Caixa de retenção de óleo API por gravidade
32.15 Dimensões mínimas segundo FHWA
32.16 Volume de detenção
32.17 Caixa de retenção coalescente com placas paralelas
32.18 Fabricantes no Brasil de caixas com placas coalescentes
32.19 Flotação
32.20 Sistemas industriais americanos para separação de óleos e graxas
32.21 Skimmer
32.22 Postos de gasolina
32.24 Vazão que chega até o pré-tratamento
32.25 Pesquisas do US Army, 2000
32.26 Princípios de Allen Hazen sobre sedimentação
32.27 Lei de Stokes
46páginas

32-2
Curso de rede de esgotos
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
Engenheiro Plínio Tomaz 21 de julho de 2008 pliniotomaz@uol.com.br

Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimento (oil/grit separators)

32.1 Introdução
O grande objetivo do uso dos separadores óleo/água são os lugares que possuem um alto potencial
de contaminação urbana, ou seja, os “Hotspots” como postos de gasolina, oficina de conserto de veículos,
etc. Outros lugares com estacionamento diário ou de curto período, como restaurantes, lanchonetes,
estacionamentos de automóveis e caminhões, supermercados, shoppings, aeroportos, estradas de rodagens
são potenciais para a contaminação de hidrocarbonetos conforme Figuras (32.1) a (32.3).
Estacionamentos residenciais e ruas possuem baixa concentração de metais e hidrocarbonetos.
Pesquisas feitas em postos de gasolina revelaram a existência de 37 compostos tóxicos nos
sedimentos das caixas separadoras e 19 na coluna de água da caixa separadora. Muitos destes compostos
são PAHs (Policyclic aromatic hydrocarbons) que são perigosos para os humanos e organismos aquáticos
(Auckland,1996).
Na cidade de Campos do Jordão em São Paulo fizeram um posto de gasolina na entrada da cidade,
onde o piso era de elementos de concreto e no meio tinha grama com areia. Em pouco tempo tudo foi
destruído. Aquele posto de gasolina é um hotspot e nunca deveria ser feito a infiltração no local.
A caixas separadores de óleos e graxas são designadas especialmente para remover óleo que está
flutuante, gasolina, compostos de petróleo leves e graxas. Além disto a maioria dos separadores removem
sedimentos e materiais flutuantes.
O óleo pode-se apresentar da seguinte maneira:
• Óleo livre: que está presente nas águas pluviais em glóbulos maiores que 20μm. Eles
são separados devido a sua baixa gravidade específica e eles flutuam.
• Óleos emulsionados mecanicamente: estão dispersos na água de uma maneira estável. O
óleo é misturado a água através de uma emulsão mecânica, como um bombeamento, a
existência de uma válvula globo ou uma outra restrição do escoamento. Em geral os glóbulos
são da ordem de 5μm a 20μm.
• Óleo emulsionado quimicamente: as emulsões deste tipo são geralmente feitas
intencionalmente e formam detergentes, fluidos alcalinos e outros reagentes. Usualmente
possuem glóbulos menores que 5μm
• Óleo dissolvido: é o óleo solubilizado em um líquido que é um solvente e pode ser detectado
usando análises químicas, por exemplo. O separador óleo/água não remove óleo dissolvido.
• Óleo aderente a sólidos: é aquele óleo que adere às superfícies de materiais particulados.

O objetivo é remover somente o chamado óleo livre, pois o óleo contido nas emulsões e quando estão
dissolvidos necessitam tratamento adicional.

32-3
Curso de rede de esgotos
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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Figura 32.1- Posto de gasolina

Figura 32.2- Pistas de Aeroportos

32-4
Curso de rede de esgotos
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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Figura 32.3- Estacionamento de veículos


http://www.vortechnics.com/assets/HardingTownship.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2005. Firma
Vortechnic.

Figura 32.4- Estradas de rodagem asfaltadas

As águas pluviais em geral contém glóbulos de óleo que variam de 25μm a 60μm e com
concentrações de óleo e graxas em torno de 4 mg/l a 50mg/l (Arizona, 1996), mas entretanto as águas
pluviais proveniente de postos de gasolina, etc possuem grande quantidade de óleo e graxas.
A emulsão requer tratamento especial e existem varias técnicas, sendo uma delas a acidificação, a
adição de sulfato de alumínio e introdução de polímeros conforme Eckenfelder, 1989, ainda com a
desvantagem do sulfato de alumínio produzir grande quantidade de lodo.

Dica: a caixa separadora de óleos, graxas e sedimentos que seguem a norma API são para
glóbulos maiores ou iguais a 150µm, reduzem o efluente para cerca de 50mg/l (Eckenfelder, 1989).

Dica: a caixa separadora de óleos, graxas e sedimentos com placas coalescentes são para
globos maiores ou iguais a 60 µm e reduzem o efluente para 10mg/l (Eckenfelder, 1989).

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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32.2 Densidade gravimétrica


Há líquidos imiscíveis, como por exemplo, o óleo e a água. Os líquidos imiscíveis ou não solúveis um
com o outro formam uma emulsão ou suspensão coloidal com glóbulos menores que 1µm.
Emulsão é uma mistura de dois líquidos imiscíveis: detergente, etc.
Solução: é a mistura de dois ou mais substâncias formando um só líquido estável.
Uma maneira de separá-los por gravidade é a utilização da Lei de Stokes, pois sendo menor a
densidade do óleo o glóbulo tende a subir até a superfície. As Tabela (32.1) e (32.3) mostram as densidades
gravimétricas de alguns líquidos.
Na caixa de retenção de óleos e sedimentos que denominaremos resumidamente de Separador,
ficam retidos os materiais sólidos e óleo. O separador de óleo remove hidrocarbonetos de densidade
gravimétricas entre 0,68 a 0,95.

Tabela 32.1- Densidades de vários líquidos


Líquido Densidade a 20º C
Álcool etílico 0,79
Benzeno 0,88
Tetracloreto de carbono 1,59
Querosene 0,81
Mercúrio 13,37
Óleo cru 0,85 a 0,93
Óleo lubrificante 0,85 a 0,88
Água 1,00
Fonte: Streeter e Wylie, 1980

A eficiência das caixas separadoras de óleo e graxas é estimada pela Tabela (32.2) para caixas com
três câmaras e poços de visita.

Tabela 32.2 –Eficiência das caixas de óleos e graxas


Redução
(%)
Tipo de caixas Volume TSS
(m3) Sólidos totais em suspensão Metais Pesados Óleos e graxas
Três câmaras 52 48% 21% a 36% 42%
Poço de visita 35 61% 42% a 52% 50%
Fonte: Canadá, Ontário-http://www.cmhc-schl.gc.ca/en/imquaf/himu/wacon/wacon_024.cfm. Acessado em 8 de novembro de
2005. As três câmaras são das normas API - American Petroleum Institute.

Tabela 32.3- Diversas densidades de líquidos


Líquido Densidade a 20º C
g/cm3 ou g/mL
Benzeno 0,876
Óleo combustível médio 0,852
Óleo combustível pesado 0,906
Querosene 0,823
Óleo diesel 0,85
Óleo de motor 0,90
Água 0,998
Óleo Diesel 0,90 recomendado (Auckland, 2005)
Querosene 0,79 recomendado(Auckland, 2005)
Gasolina 0,75 recomendado (Auckland, 2005)
Etanol 0,80

A velocidade de ascensão dos glóbulos de óleo depende da viscosidade dinâmica que varia com o
tipo de líquido e com a temperatura.

Dica: adotaremos neste trabalho hidrocarboneto com densidade gravimétrica de 0,90.

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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A Tabela (32.4) mostra os tempos de ascensão com relação ao diâmetro do glóbulo de óleo onde se
pode observar que uma partícula com diâmetro de 150μm tem um tempo aproximadamente menor que
10min. Quanto menor o diâmetro do glóbulo, maior é o tempo de separação água/óleo.

Tabela 32.4- Tempo de ascensão, estabilidade da emulsão e diâmetro do glóbulo


Tempo de ascensão Estabilidade da emulsão Diâmetro do glóbulo
(μm)
< 1 min Muito fraco >500
< 10 min Fraco 100 a 500
Horas Moderado 40 a 100
Dias Forte 1 a 40
Semanas Muito Forte < 1 (Coloidal)

A distribuição do diâmetro e do volume dos glóbulos está na Figura (32.5).

Figura 32.5- Diâmetro e distribuição dos glóbulos de óleos


Fonte: http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acessado em 12 de
novembro de 2005.

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Capitulo 32- Caixa de retenção de óleo e sedimentos
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Figura 32.6- Separador de óleo em posto de gasolina


http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acessado em 12 de
novembro de 2005.

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32.3 Tipos básicos de separadores por gravidade óleo/água


Existe basicamente, três tipos de separador água/óleo por gravidade:
• Separador tipo API (Americam Petroleum Institute) para glóbulos maiores que 150μm
• Separador Coalescente de placas paralelas para glóbulos maiores que 60μm.
• Separador tipo poço de visita elaborado por fabricantes

O separador tipo API possui três câmaras, sendo a primeira para sedimentação, a segunda para o
depósito somente do óleo e a terceira para descarga. São geralmente enterradas e podem ser construídas em
fibra de vidro, aço, concreto ou polipropileno.
A remoção da lama e do óleo podem ser feitas periodicamente através de equipamentos especiais. O
óleo é retirado através de equipamentos manuais ou mecânicos denominados skimmer quando a camada de
óleo atinge 5cm mais ou menos.
O separador Coalescente é também por gravidade e ocupa menos espaço, sendo bastante usado,
porém apresentam alto custo e possibilidade de entupimento. Possuem placas paralelas corrugadas,
inclinadas de 45º a 60º e separadas entre si de 2cm a 4cm. Segundo o dicionário Houaiss coalescer quer
dizer unir intensamente, aglutinar e coalescente quer dizer: que se une intensamente; aderente; aglutinante.
O separador elaborado por fabricante possuem tecnologias variadas. São os equipamentos chamados:
Stormceptor; Vortech, CDS, HIL. No Brasil temos fabricantes como Alfamec com separadores coalescentes
de PEAD, fibra de vidro, aço carbono, aço inox cujas vazões variam de 0,8m3/h até 40m3/h.
As demais tecnologias para remoção de óleo/água: flotação, floculação química, filtração (filtros de areia),
uso de membranas, carvão ativado ou processo biológico não serão discutidas neste trabalho. Com outros
tratamentos poderemos remover óleos insolúveis bem como TPH (Total Petroleum Hydrocarbon).
Os separadores de óleo/água podem remover óleo e TPH (Total Petroleum Hydrocarbon) abaixo de
15mg/l. A sua performance depende da manutenção sistemática e regular da caixa.
As pesquisas mostram que 30% dos glóbulos de óleo são maiores que 150μm e que 80% é maior que
90μm.
Tradicionalmente usa-se o separador para glóbulos acima de 150μm que resulta num efluente entre
50mg/l a 60mg/l (Auckland, 1996).

A Resolução Conama 357/05 no artigo 34 que se refere a lançamentos exige que:


Artigo 34-Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou
indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste
artigo, resguardadas outras exigências cabíveis:
V- Óleos e graxas
1- óleos minerais até 20mg/L (Nota: este é o nosso caso)
2- óleos vegetais e gorduras animais até 50mg/L

Para postos de gasolina por exemplo, para remover até 20mg/L de óleos minerais é necessário que se
removam os glóbulos maiores ou igual a 60μm.
A remoção de 10mg/L a 20mg/L corresponde a remoção de glóbulos maiores que 60μm.
Tomaremos como padrão a densidade do hidrocarboneto < 0,90 g/cm3, partículas de 60μm e
performance remoção de até 20mg/L de óleos minerais.

Stenstron et al,1982 fez pesquisa na Baia de São Francisco sobre óleo e graxa e concluiu que há uma
forte conexão entre a massa de óleo e graxa no início da chuva. Constatou que as maiores quantidades de
óleo e graxas estavam nas áreas de estacionamento e industriais que possuíam 15,25mg/l de óleos e graxas,
enquanto que nas áreas residenciais havia somente 4,13mg/l.

32.4 Vazão de pico


O projetista deve decidir se escolherá se a caixa separadora estará on line ou off line. Se estiver on
line a caixa deverá atender a vazão de pico da área, mas geralmente a escolha é feita off line, com um
critério que é definido pelo poder público.
Existe o critério do first flush que dimensionará o volume para qualidade das águas pluviais
denominado WQv. Este volume poderá ser transformado em vazão através do método de Pitt, onde achamos
o número CN e aplicando o SCS TR-55 achamos a vazão de pico ou aplicar o método racional que será
usado neste Capítulo.
A área máxima de projeto é de 0,40ha, caso seja maior a mesma deverá ser subdividida

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32.5 Método Racional


A chamada fórmula racional é a seguinte:

Q= C . I . A /360
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/s);
C=coeficiente de escoamento superficial varia de 0 a 1.
I= intensidade média da chuva (mm/h);
A= área da bacia (ha). 1ha=10.000m2

Exemplo 32.1
Dada área da bacia A=0,4ha, coeficiente de escoamento superficial C=0,70 e intensidade da chuva
I=40mm/h. Calcular o vazão de pico Q.

Q = C . I . A /360 = 0,70 x 40mm/h x 0,4ha/360 = 0,03m3/s

32.6 Equação de Paulo S. Wilken para RMSP

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos). Adotar Tr=10anos.
tc=duração da chuva (min).

32.7 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método Racional para P=
25mm e P=13mm.
Usando para o tempo de concentração da Federal Aviation Agency (FAA, 1970) para escoamento
superficial devendo o comprimento ser menor ou igual a 150m.

tc= 3,26 x (1,1 – C) x L 0,5 / S 0,333


Rv= 0,05+ 0,009 x AI = C
Sendo:
tc= tempo de concentração (min)
C= coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de Runoff ( está entre 0 e 1)
S= declividade (m/m)
AI= área impermeável em porcentagem (%)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)

Aplicando análise de regressão linear aos valores de C e de I para áreas A≤ 2ha para a RMSP
obtemos:
I = 45,13 x C + 0,98 Para P=25mm
R2 = 0,86

I= 9,09 x C + 0,20 Para P=13mm


R2 = 0,86
Sendo:
I= intensidade de chuva (mm/h)
C= coeficiente de escoamento superficial
P= first flush. P=25mm na Região Metropolitana de São Paulo
R2= coeficiente obtido em análise de regressão linear. Varia de 0 a 1. Quanto mais
próximo de 1, mais preciso.

A vazão Q=CIA/360 obtido usando I =45,13x C + 0,98 nos obterá a vazão referente ao volume para
melhoria da qualidade das águas pluviais WQv.

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Figura 32.7- Poço de visita separador de fluxo. As águas pluviais entram no poço de visita e uma parte referente ao
volume WQv para melhoria da qualidade das águas pluviais vai para a caixa separadora de óleos e graxas e a outra vai para o
córrego ou galeria mais próxima.
http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acessado em 12 de novembro de 2005

WQv (volume para melhoria da qualidade das águas pluviais)


O volume para melhoria da qualidade das águas pluviais é dado pela equação:

WQv= (P/1000) x Rv x A
Sendo:
WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m3)
P= first flush (mm). Para a RMSP P=25mm
Rv=0,05+0,009x AI
AI= área impermeável (%)
Rv= coeficiente volumétrico (adimensional)
A= área da bacia em (m2)

Exemplo 32.2
Achar o volume WQv para melhoria da qualidade das águas pluviais para área de 0,4ha com AI=100% sendo
o first flush P=25mm.
Rv= 0,05+ 0,009 x AI = 0,05+0,009 x 100= 0,95
WQv= (P/1000) x Rv x A
WQv= (25mm/1000) x 0,95 x 4000m2 =95m3

Exemplo 32.3
Achar a vazão para a melhoria da qualidade das águas pluviais para área de 0,4ha, com 100% de
impermeabilização para first flush adotado de P=25mm.

Rv= 0,05+ 0,009 x AI = 0,05+0,009 x 100= 0,95=C


Para P=25mm de first flush para a Região Metropolitana de São Paulo temos:
I = 45,13 x C + 0,98
I = 45,13 x 0,95 + 0,98=44mm/h

Q=CIA/360
C= 0,95
I= 44mm/h
A= 0,4ha
Q= CIA/360= 0,95 x 44 x 0,4/ 360 = 0,050m3/s

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32.8 Critério de seleção


• É usada a montante do tratamento juntamente com outras BMPs
• A caixa separadora de óleo e sólido não funciona para solventes, detergentes ou poluentes
dissolvidos.
• Temperatura usual= 20 º C
• Viscosidade dinâmica=μ = 0,01 poise
• Gravidade específica da água= 0,9975=0,998
• Gravidade específica do óleo= 0,90
• Diâmetro do glóbulo de óleo: 150μm ou em casos especiais 60μm.
• Deve ser feito sempre off-line.
• Deve ser usado sempre com o first flush.
• A primeira chuva faz uma lavagem do piso em aproximadamente 20min. É o first flush. Somente
este volume de água denominado WQv é encaminhado à câmara de detenção de sólidos e óleos,
devendo o restante ser lançado na galeria de águas pluviais ou córrego mais próximo.
• Para as duas primeiras câmaras: taxa de 28m3/ha de área impermeável (regra prática).
• Para a primeira câmara: Taxa de 20m2/ha de área impermeável (regra prática).
• Pode ser usada em ocasiões especiais perto de estradas com tráfico intenso.
• A primeira câmara é destinada a reter os resíduos sólidos; a segunda destinada a separação do
óleo da água e a terceira câmara serve como equalizador para a descarga do efluente.
• É instalada subterraneamente não havendo problemas do seu funcionamento.
• Pode remover de 60% a 70% do total de sedimentos sólidos (TSS).
• O regime de escoamento dentro da caixa de retenção de óleo deve ter número de Reynolds
menor que 500 para que o regime seja laminar.
• Remove 50% do óleo livre que vem nas águas pluviais durante o runoff.
• Não haverá ressuspenção dos poluentes que foram armazenados na caixa de óleo
• É aplicável a áreas < 0,4ha como, por exemplo: área de estacionamento, posto de gasolina,
estrada de rodagem, instalação militar, instalação petrolífera, oficina de manutenção de veículos,
aeroporto, etc.
• De modo geral o tempo de residência é menor que 30min e adotaremos 20min.

32.9 Limitações
• Potencial perigo de ressuspenção de sedimentos, o que dependerá do projeto feito.
• Não remove óleo dissolvido e nem emulsão com glóbulos de óleo muito pequenos.
• A área máxima deve ser de 0,4ha (4.000m2). Caso a área seja maior deve ser subdividida.
• O FHWA admite que o limite de 0,4ha pode ir até 0,61ha .
• As águas pluviais retêm pouca gasolina e possui concentração baixa de hidrocarbonetos, em
geral o óleo e graxas nas águas pluviais está em torno de 15mg/l.
• As normas API (American Petroleum Institute) 1990, publicação nº 421, referente a Projeto e
operação de separadores de óleo/água: recomenda diâmetro dos glóbulos de óleo a serem
removidos em separadores por gravidade, devem ser maiores que 150μm.
• O tamanho usual dos globos de óleo varia de 75μm a 300μm.
• A gravidade específica do óleo varia de 0,68 a 0,95.
• Resolução Conama 357/2005 artigo 34: os efluentes de qualquer fonte poluidora podem ter até
20mg/l de óleos minerais.

32.10 Custos e manutenção.


• Baixo custo de construção.
• O custo de construção varia de US$ 5.000 a US$ 15.000 sendo a média de US$ 7.000 a US$
8.000 conforme FHWA
• http://www.fhwa.dot.gov/environment/ultraurb/3fs12.htm Acessado em 8 de novembro de 2005.
• O óleo e os sólidos devem ser removidos freqüentemente.
• Inspeção semanal.
• Nas duas primeiras câmaras irão se depositar ao longo do tempo cerca de 5cm de sedimentos,
devendo ser feita limpeza no mínimo 4 vezes por ano.
• O material da caixa de óleo deve ser bem vedado para evitar contaminação das águas
subterrâneas.

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• Potencial perigo de descarga de nutrientes e metais pesados dos sedimentos se a limpeza não
for feita constantemente.
• Inspeção após chuva ≥ 13mm em 24h.
• Deverá ser feito monitoramento por inspeções visuais freqüentemente.
• Fácil acesso para manutenção.
• Uso de caminhões com vácuo para limpeza.
• Os materiais retirados da caixa de separação de óleo e resíduos deve ter o seu destino
adequado.

32.11 Lei de Stokes


Para óleos e graxas, conforme Eckenfelder, 1989 é válida a aplicação da Lei de Stokes.

Vt= (g / 18 μ) x (ρw-ρo) x D2
Sendo:
Vt= velocidade ascensional (cm/s)
μ= viscosidade dinâmica das águas pluviais em poise. 1P= 1 g/cm x s
ρw=densidade da água (g/cm3)
ρo =densidade do óleo na temperatura (g/cm3) =1kg/litro
Sw = gravidade especifica das águas pluviais (sem dimensão)
So = gravidade específica do óleo presente nas águas pluviais (sem dimensão).
D= diâmetro do glóbulo do óleo presente (cm)
g= 981cm/s2

Para D=150μm=0,15mm=0,015cm
g=981cm/s2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x (0,015)2
Vt= 0,0123 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0123 x [(1-So)/ ν ]
Sendo:
ν = μ / ρ = 1,007 x 10-6 m2/s
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s
10.000Stokes = 1m2/s

Para D=60μm=0,06mm=0,006cm
g=981cm/s2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x D2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x (0,006)2
Vt= 0,002 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,002 x [(1-So)/ ν ]
Sendo:
ν = μ / ρ = 1,007 x 10-6 m2/s
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s
10.000Stokes = 1m2/s

Para D=40μm=0,04mm=0,004cm
g=981cm/s2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x D2
Vt= (981 / 18 μ) x (ρw-ρo) x (0,004)2
Vt= 0,0009 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0009 x [(1-So)/ ν ]
Sendo:
ν = μ / ρ = 1,007 x 10-6 m2/s
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s

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10.000Stokes = 1m2/s

Exemplo 32.4
Calcular a velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do óleo So=
0,90 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20ºC) para glóbulo de óleo com diâmetro de 150μm.
Vt= 0,0123 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0123 x [(0,998-0,90)/ 0,01 ] =0,12 cm/s=0,0012m/s (4,3m/h)
Exemplo 32.5
Calcular a velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do óleo So=
0,90 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20ºC) para glóbulo de óleo com diâmetro de 60μm.
Vt= 0,002 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,002 x [(0,998-0,90)/ 0,01 ] =0,02 cm/s=0,0002m/s (0,71m/h)
Exemplo 32.6
Calcular a velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do óleo So=
0,90 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20ºC) para glóbulo de óleo com diâmetro de 40μm.
Vt= 0,0009 x [(Sw-So)/ μ ]
Vt= 0,0009 x [(0,998-0,90)/ 0,01 ] =0,009 cm/s=0,00009m/s (0,32m/h)

32.12 Dados para projetos


• O uso individual de uma caixa é para aproximadamente 0,4ha de área impermeabilizada
(Austrália, 1998) ou no máximo até 0,61ha conforme FHWA..

32.13 Desvantagens da caixa separadora de óleo


• Remoção limitada de poluentes.
• Alto custo de instalação e manutenção.
• Não há controle de volume.
• Manutenção deve ser freqüente.
• Os sedimentos, óleos e graxas deverão ser retirados e colocados em lugares apropriados
conforme as leis locais.

32.14 Caixa de retenção de óleo API por gravidade


As teorias sobre dimensionamento das caixas de retenção de óleo por gravidade, seguiu-se a roteiro
usado na Nova Zelândia conforme http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-discharges-
guidelines-dec98/app-5-separator-design-dec98.pdf com acesso em 8 de novembro de 2005.
Admite-se que os glóbulos de óleo são maiores que 150μm e pela Lei de Stokes aplicado ao diâmetro
citado temos: So = gravidade especifica do óleo presente nas águas pluviais (sem dimensão).
As caixas API só funcionam para óleo livre.

Vt= 0,0123 x [(1-So)/ ν ] D=150μm


Sendo:
ν=μ/ρ
ν= viscosidade cinemática das águas pluviais em Stokes.
1 Stoke= 1cm2/s
10.000Stokes = 1m2/s
Vt= velocidade ascensional (cm/s)

A área mínima horizontal, nos separadores API é dada pela Equação:


Ah= F . Q. /Vt
Sendo:
Ah= área horizontal (m2)
Q= vazão (m3/s)
Vt= velocidade ascensional final da partícula de óleo (m/s)

F= fator de turbulência= F1 x F2
F1= 1,2
F2= fornecido pela Tabela (32.5) conforme relação Vh/ Vt

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Figura 32.8- Esquema da caixa separadora API


Fonte: Unified Facilities Criteria UF, US Army Corps of Engineers, Naval Facilities Engiojneerinf Command,
Air Force Civl Engineer Support Agency. 10 july 2001 UFC-3-240-03
http://chppm-www.apgea.army.mil/USACHPPM%20Technical%20Guide%20276.htm. Acessado em 12 de novembro de 2005.

Adotamos Vh= 0,015 m/s e Vt=0,002 m/s e a relação Vh/Vt= 0,015/0,002 = 7,5
Entrando com Vh/Vt=7,5 na Tabela (32.5) achamos F= 1,40. Podemos obter o valor de F usando a Figura
(32.9)

Tabela 32.5 – Escolha do valor de turbulência F2


Vh/Vt F2 F=1,2F2
20 1,45 1,74
15 1,37 1,64
10 1,27 1,52
6 1,14 1,37
3 1,07 1,28
Fonte:http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-discharges-guidelines-dec98/app-5-separator-design-dec98.pdf.
Acessado em 12 de novembro de 2005.

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Figura 32.9- Valores de F em função de Vh/Vt


Fonte:http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-discharges-guidelines-dec98/app-5-separator-
design-dec98.pdf. Acessado em 12 de novembro de 2005.

Figura 32.10 - Caixa de retenção de óleos e sedimentos conforme API


Fonte: City of Eugene, 2001

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As dimensões mínimas adotadas na Cidade de Eugene, 2001 que estão na Figura (32.9) são
as seguintes:
• Altura de água mínima de 0,90m e máxima de 2,40m.
• Altura mínima da caixa é de 2,10m para facilidade de manutenção..
• A caixa de regularização tem comprimento minimo de 2,40m
• A caixa de sedimentação tem comprimento minimo de L/3 a L/2.
• O comprimento mínimo de toda as três câmaras é de 5 vezes a largura W.
• A largura mínima W é de 1,80m
• Observar na Figura ( 32.9) a caixa separadora, pois, geralmente a caixa separadora de óleo é
feita off line.
• Geralmente a caixa de captação de óleos e graxas é enterrada.
• Deverá haver dispositivo para a retirada do óleo.

A área mínima transversal Ac é fornecida pela relação:

Ac= Q/ Vh
Sendo:
Ac= área mínima da seção transversal da caixa (m2).
Vh=velocidade horizontal (m/s) = 0,015m/s
Q= vazão de pico (m3/s)
O valor da velocidade horizontal Vh muito usado para glóbulos de óleo de diâmetro de 150µm é Vh=
0,015m/s o que resultará em:
Ac= Q./ Vh
Ac= Q/ 0,015 =67Q

Exemplo 32.7
Calcular a área mínima transversal Ac para vazão de entrada de 0,020m3/s para caixa de detenção de óleo e
graxas a partir do diâmetro de 150µm.
Ac= 67Q
Ac= 67x 0,020
Ac=1,34m2
Número de canais (N)
Geralmente o número de canais é igual a um.
N=1 (número de canais). Se Ac>16m2 então N>1 (Arizona, 1996)

Profundidade da camada de água dentro do separador de óleo e graxas (d).

d= ( r x Ac) 0,5

d= máxima altura de água dentro do separador de óleo (m) sendo o mínimo de d ≥ 0,90m.
r= razão entre a profundidade/ largura que varia de 0,3 a 0,5, sendo comumente adotado r=0,3

Exemplo 32.8
Calcular o valor de d para r=0,3 e Ac= 1,34m2
d= ( r x Ac) 0,5
d= ( 0,3 x 1,34) 0,5
d=0,63m.
Portanto, a altura do nível de água dentro da caixa é 0,63m, mas para efeito de manutenção a altura
mínima deverá ser de 1,80m.

Largura da caixa (W)


r= d/W=0,3
W= d/0,3= 0,63 / 0,3 = 2,10m
Então a largura da caixa separadora de óleo será de 2,10m.

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Comprimento (Ls) da caixa separadora API


Ls = F . d . (Vh/ Vt)
Sendo:
Ls=comprimento do separador (m)
d=altura do canal (m)
Vh= velocidade horizontal (m/s)
Vt= velocidade ascensional (m/s)
F=fator de turbulência. Adotamos Vh/vt= 7,5 o valor F=1,40

Os dados aproximados de La e Lf foram adaptados de:


http://www.ci.tacoma.wa.us/WaterServices/permits/Volume5/SWMM%20V5-C11.pdf de Thurston,
janeiro de 2003. Acesso em 8 de novembro de 2005.
Um valor muito usado para o Fator de Turbulência é F= 1,40 correspondente a Vh/vt =7,5.
Fazendo as substituições teremos:
Ls = F . d . (Vh/ Vt)
Ls = 1,40 x d x 7,5= 10,5 x d
Ls = 10,5 x d
Exemplo 32.9
Calcular o comprimento somente da caixa separadora de óleos e graxas, sendo a altura do nível de água de
1,22m.
Ls = 10,5 x d

Comprimento da caixa de regularização(La)


O comprimento mínimo é de 2,40m.

Comprimento da caixa de sedimentação (Lf)


A área para sedimentação é dado em função da área impermeável, sendo usado como dado empírico
20m2/ ha de área impermeável. Portanto, a área da caixa de comprimento Lf não poderá ter área inferior ao
valor calculado.
Área= 20m2/ha x A (ha)
W= largura
Lf= Área da caixa de sedimentação /W

Exemplo 32.10
Seja área com 4000m2 e largura da caixa de retenção de óleo de W=2,40m. Calcular o comprimento Lf.
Área da caixa de sedimentação = 20m2/ha x (4000/10000)= 8m2
Lf = Área da caixa de sedimentação / W= 8m2 / 2,40m = 3,33m

Comprimento total (L) da caixa de captação de óleo


O comprimento L será a soma de três parcelas, sendo geralmente maior ou igual a 12,81m :
• Lf corresponde a caixa de sedimentação que ficará no inicio
• Ls corresponde a caixa separadora de óleo propriamente dita que ficará no meio.
• La corresponde a caixa de saída para regularização da vazão.

L = Lf + Ls + La

O comprimento total do separador é a soma de três componentes das câmaras de: sedimentação;
separação do óleo da água e regularização conforme Figura (32.11):
= comprimento das três caixas, sendo a primeira para sedimentação, a segunda para separação do
óleo propriamente dito e a terceira para regularização.

Lf Ls La

Figura 32.11- Esquema de uma caixa de retenção de óleo e sedimentos.

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Exemplo 32.11
Calcular o comprimento total L para área da bacia de 4.000m2 (0,4ha) sendo Ls=12,81, Lf= 3,33m.
Adotando-se o mínimo para La=2,40 teremos:

L= Ls+ Lf+ Ls = 12,81+ 3,33+ 2,40= 18,54m

Figura 32.12- Variáveis da caixa separadora de óleos e graxas. Observar que a altura d é a lâmina de água existindo uma folga
para até a altura máxima da caixa. O comprimento L ou seja Ls vai da caixa de sedimentação até a caixa de regularização.
Fonte:
http://www.mfe.govt.nz/publications/hazardous/water-discharges-guidelines-dec98/app-5-separator-design-dec98.pdf

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Ventilação
Deverá haver ventilação por razão de segurança e se possível nos quatro cantos da caixa. O
diâmetro mínimo da ventilação é de 300mm e deve ter tela de aço com ¼” .
Existem caixas com tampas removíveis e outras que podem ser usados insufladores de ar.
A altura da caixa mínima deverá ser de 2,10m para facilitar a manutenção.

32.15 Dimensões mínimas segundo FHWA


As dimensões internas mínimas para uma área de 0,4ha (4.000m2) é a seguinte:

Profundidade= 1,82m
Largura =1,22m
Comprimento = 4,26m
Comprimento da primeira câmara= 1,82m
Comprimento para cada uma das outras duas câmaras= 1,22m
Volume das duas primeiras câmaras =(1,82m+ 1,22m) x 1,82m x 1,82m=10m3.
Taxa= 10m3/ 0,4ha= 25m3/ha (28m3/ha)
Taxa= 2,2m2/ 0,4ha = 6 m2/ha (20m2/ha)
Volume da caixa separadora= 9,5m3
Área superficial da caixa separadora= 5,2m2

L =4,26m

Lf=1,82 Ls=1,22m La=1,22

Profundidade=d=1,82m
Figura 32.13- Esquema de uma caixa de retenção de óleo e sedimentos mínima para área até 0,4ha
(FHWA) com as dimensões internas.
O comprimento Lf que depende do que vai ser sedimentado pode ser adaptado as condições locais.

32.16 Volume de detenção


O volume de detenção para período de retorno Tr=10anos.
V= 4,65 AI . A para Tr= 10anos
A= área da bacia (ha). A≤100ha
V= volume do reservatório de detenção (m3)
AI= área impermeável (%) variando de 20% a 90%
A= área em hectares (ha) ≤ 100ha
A vazão específica para pré-desenvolvimento para período de retorno de 10anos é de 24
litros/segundo x hectare.

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Figura 32.14- Separador de óleo e graxas em forma de um poço de visita. Temos dois tipos básicos de separadores de óleos e
graxas. A primeira é a caixa de três câmaras e a segunda é o poço de visita.
http://www.ci.tacoma.wa.us/WaterServices/permits/Volume5/SWMM%20V5-C11.pdf. Com acesso em 8 de novembro de 2005.

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Exemplo 32.12
Dimensionar uma caixa de retenção óleo/água API para reter glóbulos ≥150µm. A área de um estacionamento
de veículos tem 4.000m2 e a mesma será calculada off-line. Supomos first flush P=25mm. Supomos que o
estacionamento tem 100m de testada com 40m de largura e a declividade é de 0,5% (0,005m/m)

Cálculo da vazão para melhoria da qualidade das águas pluviais.

Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009x AI
Supomos C= Rv
C= 0,05 + 0,009 x 10 = 0,95

Intensidade da chuva correspondente ao volume WQv em mm/h para a RMSP.


I = 45,13 x C + 0,98

Tempo de concentração
Usando para o tempo de concentração da Federal Aviation Agency (FAA, 1970)
L= 40m
S=0,005m/m
C=0,95

tc= 3,26 x (1,1 – C) x L 0,5 / S 0,333


tc= 3,26 x (1,1 – 0,95) x 40 0,5 / 0,005 0,333 = 15min

Para São Paulo, equação de Paulo Sampaio Wilken:

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89

Tr= 10anos

1747,9 x 100,181
I =------------------------ =128mm/h
( 15 + 15)0,89

Fórmula Racional
Sendo:
A= 0,4 ha
I = 96mm/h
Vazão de pico
Q=CIA/360= 0,95 x 128 x 0,4 / 360= 0,135m3/s = 135litros/segundo (Pico da vazão para Tr=10anos)

Portanto, o pico da vazão da área de 4000m2 para Tr=10anos é de 130 litros/segundo.

Vazão para melhoria da qualidade das águas pluviais referente ao first flush
A vazão que irá para a caixa será somente aquela referente ao volume WQv.
A= 0,4ha

Intensidade da chuva áreas A≤ 2ha para a RMSP.


I = 45,13 x C + 0,98= 45,13 x 0,95 + 0,98 = 44mm/h

Fórmula Racional
Q= C . I . A /360 = 0,95 x 44 x 0,4 / 360 = 0,050m3/s = 50litros/segundo

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Portanto, a vazão que irá para a caixa de captação de óleo será de 50litros/segundo o restante 135-
50= 85 litros/segundo irá para o sistema de galeria existente ou para o córrego mais próximo.

Velocidade ascensional e horizontal


Adotamos velocidade ascensional vt=0,002m/s e velocidade horizontal Vh=0,015m/s

Área da secção transversal Ac


Q= 0,050m3/s
Ac= Q/ 0,015 =0,05/0,015= 3,4m2

Altura d da lâmina de água na caixa


d= ( r x Ac) 0,5
r=0,5 (adotado)
d= ( 0,5 x 3,4) 0,5 = 1,30m.

Comprimento Ls da câmara de separação de óleo propriamente dita

Ls= 10,5 x d= 10,5 x 1,30m = 13,65m

Largura W da caixa
W= d / 0,5 = 1,30 / 0,5 = 2,60m> 1,20m mínimo adotado

Câmara de sedimentação
Taxa normalmente adotada para sedimentação=20m2/ha x 0,4ha = 8m2
La= Área da câmara sedimentação / largura = 8,0/ 2,60= 3,10m> 2,40m OK.

Câmara de regularização
Adotado comprimento Lf= 1,20m conforme FHWA

Comprimento total das três câmaras


L =La + Ls + Lf = 3,10+ 13,65 + 1,20 = 17,95m
Altura d=1,80 para manutenção. Largura W= 3,00m. Comprimento total= 17,95m

Conferência:
Vh= Q / d x W = 0,050 / (1,3 x 2,6) = 0,0148m/s <0,015m/s OK

Tempo de residência
A área da seção transversal tem 3,00m de largura por 1,30m de altura.
S= 2,60 x 1,30= 3,38m2
Q= S x V
V= Q / S= 0,050m3/s / 3,38m2 = 0,01m/s
Mas tempo= comprimento / velocidade = 17,95m / 0,0148m/s= 1213s= 20,2min > 20min OK.

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32. 17 Modelo de Auckland


Vamos apresentar o modelo de Auckland que é muito prático e eficiente para dimensionar caixa API.
Área da projeção da caixa
A área da caixa onde será flotado o óleo é:
Ad= (F x Qd)/ Vt
Sendo:
Ad= área da caixa onde será flotado (m2). Nota: não inclui a primeira câmara de sedimentação e nem a última
câmara de equalização.
F= fator de turbulência (adimensional)
Qd= vazão de pico (m3/h)
Vt= velocidade ascensional (m/h) que depende do diâmetro do glóbulo e da densidade específica.

O fator de turbulência F é dado pela Tabela (32.6).

Tabela 32.6- Fator de turbulência conforme Vh/VT conforme Auckland, 2002


Vh/Vt Fator de turbulência
F
15 1,64
10 1,52
6 1,37
3 1,28

Segundo Auckland, 2002 devemos adotar certos critérios que são:


• Vh ≤ 15 . VT
• Vh < 25m/h
• d= profundidade (m)
• 0,3W < d ≤ 0,5 W (normalmente d=0,5W)
• 0,75 < d < 2,5m
• W= largura da caixa (m)
• 1,5m < W < 5m
As restrições como a profundidade mínima de 0,75m é importante, assim como manter sempre
Vh<15Vt.

Exemplo 32.13- Adaptado de Auckland


Dimensionar para um posto de gasolina com área de 300m2 uma caixa API para captar os óleos e
graxas provenientes das precipitações no pátio.
Auckland adota para o first flush com Intensidade de chuva I=15mm/h
Q=CIA/360
A= 300/10000=0,03ha
I=15mm/h
C=1
Q=CIA/360= 1,0x15mm/hx0,03ha/360=0,00125m3/s=4,5m3/h
A velocidade ascensional para globulo de 60μm é Vt= 0,62m/h.
A velocidade horizontal Vh deve ser:
Vh= 15 x Vh= 15 x 0,62m/h=9,3m/h
A área da secção transversal será:
Qd/Vh= 4,5m3/h / 9,3m/h=0,48m2
Portanto, a área da secção transversal deverá ter uma áea de 0,48m2, o que daria uma seção muito
pequena e entao vamos escolher as dimensões mínimas que são: largura W=1,50m e profundidade d=0,75m
resultando a seção transversal: 0,75x1,50=1,125m2
Vh x A= Qd
Vh= Qd/ A= 4,5m3/h/ 1,125m2=4 m/h
Vamos achar o fator de turbulência F, mas precisamos da relação Vh/Vt
Vh/Vt= 4m/h/ 0,62m/h= 6,45
Entrando na Tabela (32.6) estimamos F=1,40
A area superficial da câmara do meio destinada a flotação do óleo:
Ad= F x Qd/ Vt
Ad= 1,40 x 4,5m3/h/ 0,62m/h
Ad=10,2m2

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Portanto, a área para a flotação do oleo terá 10,2m2. Considerando uma largura de 1,50m teremos:
2
10,2m / 1,50m= 6,80m
Comprimento de 6,80m
Para a primeira câmara de sedimentação é usual tomarmos comprimento igual a L/3 e para o tanque
de equalização L/4
Assim teremos:
Primeira câmara (sedimentação) = L/3=6,80m/3= 2,27m
Segunda câmara (flotação do óleo) =L=6,80m
Terceira câmara= L/4=6,80m/4=1,70m
Comprimento total= 10,77m
Profundidade adotada=d= 0,75m
Largura=W=1,50m

L =10,77m

Lf=2,27 Ls=6,80m La=1,70

Profundidade=d=0,75 e largura = 1,50m


Placas coalescentes
Caso queiramos usar placas coalescentes verticais teremos:
Ah= Qd / Vt
Sendo:
Ah= área mínima horizontal das placas (m2)
VT= velocidade ascensional (m/h)
Áh= 4,5m3/h / 0,62m/h = 7,26m2
Considerando placa com 0,75m x 1,50m temos:
7,26/0,75x1,50=7 placas
Espessura estimada da placa= 1cm
Espaçamento entre as placas= 2cm
Folga: 15cm antes e depois
Distância= 15+7 x 2 + 7+15= 51cm
Área = 0,51m x 1,50=0,77m2 que é bem menor que os 10,2m2 obtidos no filtro API gravimétrico.
Aa= Ah/ cos (θ)
Sendo:
A área da placa (m2)
Ah= área mínima horizontal (m2)
θ=ângulo de inclinação da placa com a horizontal
θ=60º
Aa= 7,62m2/ cos (60)= 7,62/0,50=15,24m2

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Exemplo 32.14- Dados do Brasil


Dimensionar para um posto de gasolina com área de 300m2 uma caixa API para captar os óleos e
graxas provenientes das precipitações no pátio com glóbulo de 60μm usando first flush P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009x AI
Supomos C= Rv
C= 0,05 + 0,009 x 10 = 0,95
Adotando first flush P=25mm
WQv= (P/1000) Rv x A= (25/1000) x 0,95 x 300m2=7,13m3
Relativamente ao first flush queremos que as primeiras aguas, ous seja P=25mm chegue a caixa de captação
de oleos graxas. O restante da água pode passar por cima da mesma e ir para a rua. Detemos somente o
denominado first flush.
Intensidade da chuva correspondente ao volume WQv em mm/h.
Qd= 0,1 x WQv/ (5min x 60s)= 0,1 x 7,13m3/ 300s= 0,00238m3/s=8,6m3/h
A= 300/10000=0,03ha
I=8,8mm/h
C=0,95
Portanto, a vazao de pico que vai para o first flush é 8,6m3/h.

A velocidade ascensional para globulo de 60μm é Vt= 0,71m/h.


A velocidade horizontal Vh deve ser:
Vh= 15 x Vh= 15 x 0,71m/h=10,7m/h
A area da secção transversal será:
Qd/Vh= 8,6m3/h / 10,7m/h=0,80m2
Portanto, a área da secção transversal deverá ter uma área de 0,80m2, o que daria uma seção muito
pequena e adotaremos as dimensoes minimais:
largura W=1,50m
profundidade d=0,75m resultando a
seção transversal: Wx d= 1,50m x 0,75m=1,125m2= A
Vh x A= Qd
Vh= Qd/ A= 8,6m3/h/ 1,125m2=7,6m/h
Vamos achar o fator de turbulencia F, mas precisamos da relação Vh/Vt
Vh/Vt= 7,6m/h/ 0,71m/h= 10,7
Entrando na Tabela (32.6) estimamos F=1,52
A area superficial da câmara do meio destinada a flotação do óleo:
Ad= F x Qd/ Vt
Ad= 1,52 x 8,6m3/h/ 0,71m/h= 18,41m2

Portanto, a área para a flotação do oleo terá 18,41m2. Considerando uma largura de 1,50m teremos:
2
18,41m / 1,50m= 12,27m.
Portanto, o comprimento de 12,27m
Para a primeira câmara de sedimentação é usual tomarmos comprimento igual a L/3 e para o tanque
de equalização L/4
Assim teremos:
Primeira câmara (sedimentação) = L/3=12,27m/3= 4,09m
Segunda câmara (flotação do óleo) =L=12,27m
Terceira câmara= L/4=12,27/4=3,07m
Comprimento total= 19,43m
Profundidade adotada= 0,75m

L =19,43m

Lf=4,09 Ls=12,27m La=3,07

Profundidade=d=0,75 e largura = 1,50m

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Conferência:
O volume WQv= 7,13m3 deverá ser menor que o volume da 1ª câmara e da segunda câmara:
Volume 1ª e 2ª câmara= (4,09+12,27) x 1,50 x 0,75=18,4m3> 7,13m3 OK.

Conclusão:
Como podemos ver o uso de captação de óleo com o método gravimétrico da API resulta em caixas
muito grandes e daí se usar caixas com placas coalescentes. Salientamos ainda que as caixas API são
geralmente usadas para glóbulos de 150μm e não de 60μm.

Exemplo 32.15
Dimensionar para um posto de gasolina com área de 300m2 uma caixa API para captar os óleos e
graxas provenientes das precipitações no pátio usando glóbulos de 150μm e first flush P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv=0,05+0,009x AI
Supomos C= Rv
C= 0,05 + 0,009 x 10 = 0,95
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,95 x 300m2=7,13m3
A vazão que chega à caixa de detenção pode ser dimensionado como a vazão que chega ao pré-
tratamento usando o tempo de permanência minimo de 5min e então teremos:
Qo= 0,1 x WQv/ (5min x 60)
Qo= 0,1 x 7,13m3/ (5min x 60)=0,00238m3/s=8,6m3/h
A velocidade ascensional para glóbulo de 150μm é Vt= 3,6m/h.
A velocidade horizontal Vh deve ser:
Vh= 15 x Vh= 15 x 3,6m/h=54m/h
A área superficial da câmara do meio destinada a flotação do óleo:
Ad= F x Qd/ Vt
Vh/ Vt= 54m/h/ 3,6m/h= 15
Entrando na Tabela (32.6) achamos F=1,37
Ad= F x Qd/ Vt
Ad= 1,37 x 8,6m3/h/ 3,6m/h= 3,27m2

Portanto, a área para a flotação do óleo terá 3,27m2. Considerando uma largura de 1,50m teremos:
2
3,27m / 1,50m= 2,18m.
Portanto, o comprimento de 2,18m
Para a primeira câmara de sedimentação é usual tomarmos comprimento igual a L/3 e para o tanque
de equalização L/4
Assim teremos:
Primeira câmara (sedimentação) = L/3=2,18m/3= 0,73m
Segunda câmara (flotação do óleo) =L=2,18m
Terceira câmara= L/4=2,18m/4=0,55m
Comprimento total= 3,46m
Profundidade adotada= 0,75m

L =3,46m

Lf=0,73 Ls=2,18m La=0,55

Profundidade=d=0,75 e largura = 1,50m

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32.18 Caixa de retenção coalescente com placas paralelas


As equações para a caixa de retenção coalescente com placas paralelas são várias e todas provem
da aplicação da Lei de Stokes conforme já visto na caixa de retenção óleo/água da API. Para efeito de
aplicação dos princípios de Hazen são usadas somente as projeções das placas.
Geralmente este tipo de caixa é para glóbulos acima de 40 ou 60μm.
Para lançamento em cursos de água o ideal é que as placas consigam que o efluente tenha no
máximo 20mg/L de óleo e para isto necessitamos de glóbulos maiores ou iguais a 60μm. Usando
glóbulos até 20 μm poderemos ter efluente com máximo de 10mg/L.
Os glóbulos de óleo se movem entre as placas de plásticos ou polipropileno e vão aumentando em
tamanho e vão indo para a superfície. Podem ser mais barato que as caixas de retenção tipo API.
Os glóbulos vão se formando e vão subindo numa posição cruzada com o escoamento seguindo as
placas.

Figura 32.1- Placa coalescentes

Quando prevemos uma grande quantidade de sólidos as placas são instaladas a 60º com a horizontal
para evitar o entupimento. Havendo manutenção adequada das placas coalescentes paralelas não haverá
entupimento das mesmas.
As placas são ajuntadas em pacotes e podem entupir motivo pelo qual tem que ser estabelecido um
intervalo de aproximadamente 6 meses para a limpeza com jatos de água através de mangueiras.
Para o trabalho perfeito das placas coalescente é necessário o regime laminar para escoamento.
Os separadores coalescentes usam meio hidrofóbico (repele a água) ou oleofílico (adora óleo), isto é,
meio que repelem a água e atraem o óleo. O óleo pode ser retirado por processo manual ou automático e
pode ser recuperado e usado para outros fins.
Os efluentes das caixas separadoras com placas paralelas indicam retiradas de até 60% do óleo em
comparação com o sistema convencional API.
Dependendo da temperatura do líquido que vai ser detido o óleo usa-se o material adequado. Assim
podem ser usados PVC (60ºC), PVC para alta temperatura (66ºC), Polipropileno (85ºC) e aço inoxidável
(85ºC).
As caixas coalescentes com placas paralelas da mesma maneira que as caixas API possuem três
câmaras:
• Câmara de sedimentação;
• Câmara onde estão as placas paralelas e
• Câmara de descarga,

A câmara de sedimentação deve ter:


• Área superficial de no mínimo 20m2/ha de área impermeável;
• Comprimento deve ser maior ou igual a L/3
• O comprimento recomendado é L/2 (recomendado).

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A câmara de descarga deve ter:


• Comprimento mínimo de 2,40m.
• Comprimento deve ser maior que L/4 (recomendado).

A câmara onde estão as placas paralelas deve ter as seguintes características:


• Confirmar com o fabricante as dimensões para não se ter dúvidas;
• A distância entre uma placa e outra varia de 2cm a 4cm.
• Deverá haver folga de 0,15m antes e depois do pacote de placas paralelas.
As placas paralelas estão inclinadas de 45º a 60º e espaçadas uma das outras de ½” pois possuem
corrugações. As placas são instaladas em blocos. São feitas de aço, fibra de vidro ou polipropileno.
Deve haver um espaço mínimo externo de 8m x 5m para a retirada das placas manualmente ou através
de equipamentos.
Para D=0,006cm (60μm)

Vt= 0,0020 x [(Sw-So)/ μ ] (cm/s)

A área mínima horizontal, nos separadores coalescente é dada pela Equação:

Ah= Q. / Vt
Sendo:
Ah= área horizontal (m2)
Q= vazão (m3/s)
Vt= velocidade ascensional final da partícula de óleo (cm/s)

A velocidade ascensional sendo a gravidade específica das águas pluviais Sw= 0,998 e do óleo So=
0,85 e viscosidade dinâmica de 0,01poise (20º C) para glóbulo de óleo com diâmetro de 60μm.

Vt= 0,002x [(Sw-So)/ μ ]

Vt= 0,002 x [(0,998-0,85)/ 0,01 ] =0,0296 cm/s=0,000296m/s=1,07mh

Ah= Q / Vt

Ah= Q / 0,0003=3378Q
Área de uma placa
Aa=Ah/ cos (θ)
Sendo:
Aa= área de uma placa (m2)
θ = ângulo da placa com a horizontal. Varia de 45º a 60º.

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Figura 32.15- Exemplo de placas paralelas por gravidade.


Fonte : Tennessee Manual BMP Stormwater Treatment, 2002

Notar na Figura (32.12) que existem as três câmaras, sendo a primeira de sedimentação, a segunda
onde estão as placas coalescentes e a terceira câmara de regularização ou regularização da vazão. As placas
coalescentes ocuparão menos espaços e, portanto a caixa será menor que aquela das normas API.

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Figura 32.16- Esquema da caixa separadora coalescente com placas separadoras


Fonte: Unified Facilities Criteria UF, US Army Corps of Engineers, Naval Facilities Engiojneerinf Command, Air Force
Civl Engineer Support Agency. 10 july 2001 UFC-3-240-03
http://chppm-www.apgea.army.mil/USACHPPM%20Technical%20Guide%20276.htm. Acessado em 12 de novembro de 2005.

Notar na Figura (32.16) que as placas coalescentes fazem com que os glóbulos de óleo se acumulem
e subam para serem recolhidos.
Quando se espera muitos sedimentos para evitar entupimentos devem-se usar placas com ângulo de
60 º.

Exemplo 32.16
Calcular separador com placas coalescentes para vazão de 0,0035m3/s

Ah= 3378 x Q = 3378 x 0,0035= 11,82m2


Aa= Ah / cos (θ)
θ = 45 º
Aa= Ah / cos (θ) = 11,82m2/ 0,707= 16,72m2

Portanto, serão necessário 38,2m2 de placas coalescentes, devendo ser consultado o fabricante a decisão
final.

32.19 Fabricantes no Brasil de caixas com placas coalescentes


No Brasil existe firmas que fazem caixas separadora de óleo para vazão até 40m3/h com tempo
minimo de residência de 20minutos, para densidade de hidrocarboneto ≤0,90g/cm3 e performance de
10mg/L para partículas ≥40µm ou mais fabricado pela Clean Environment Brasil (www.clean.com.br).

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SEPARADOR COM SKIMMER

Figura 32.17 – Caixa separadora de óleo fabricado http://www.capeonline.com.br/com_sep.htm .


Acesso em 17 de julho de 2008 de 10m3/h a 40m3/h com teor máximo de saída de óleo de 20mg/L.

Figura 32.18- Caixa separadora de óleo com placas coalescentes


http://www.controleambiental.com.br/sasc_cob_pista2.htm. Acesso em 12 de novembro de 2005.

32.20Flotação
Iremos reproduzir aula que tive em 1994 com o engenheiro químico Danilo de Azevedo em curso
sobre “Efluentes Líquidos Industriais”.
Flotação é um processo para separar sólidos de baixa densidade ou partículas liquidas de uma fase
liquida.
A separação é realizada pela introdução de gás (ar) na forma de bolhas na fase líquida.
A fase líquida é pressurizada em uma pressão de 2atm a 4atm, na presença de suficiente ar para
promover a saturação da água. Nesse momento o liquido saturado com o ar é despressurizado até a pressão
atmosférica por passagem através de uma válvula de redução.
Pequenas bolhas são liberadas na solução devido a despressurizarão.
Sólidos em suspensão ou partículas líquidas, por exemplo, óleo, tornam-se flutuantes devido à
pequenas bolhas, elevando-se até a superfície do tanque.
Os sólidos em suspensão são retirados.
O líquido clarificado é removido próximo ao fundo e parte é reciclado.
Empregam-se em:

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• Separação de graxas, óleos, fibras e outros sólidos de baixa densidade,


• Adensamento de lodo no processo de lodos ativados;
• Adensamento de lodos químicos resultantes de tratamento por coagulação.

Componentes básicos:
• Bomba de pressurização
• Injetores de ar
• Tanque de retenção
• Válvula de redução de pressão
• Tanque de Flotação

Uma discussão mais detalhado sobre flotação poderá ser feita no livro “Wastewater Engineering-
Treatment disposal reuse” de Metcalf & Eddy, 1991 da Editora McGraw-Hill e o livro “Industrial Water Pollution
Control” de W. Wesley Eckenfelder, 1989.

32.21 Sistemas industriais americanos para separação de óleos e graxas


Nos Estados Unidos existem vários sistemas para melhoria da qualidade das águas pluviais inclusive
com caixas separadoras de óleos e graxas e que são fabricadas pelas firmas abaixo relacionadas com o seu
o site onde poderão ser procuradas mais informações a respeito.
• Stormceptor Corporation www.stormceptor.com
• Vortechnics Inc. www.vortechnics.com
• Highland Tank (CPI unit) www.highlandtank.com
• BaySaver, Inc. www.baysaver.com
• H. I. L. Downstream Defender Tecnology, Inc. http://www.hydro-international.biz/

Cada fabricante tem o seu projeto específico sendo que é usado de modo geral o período de retorno
Tr= 1ano ou Tr= 0,5ano (80% de Tr=1ano) ou Tr= 0,25ano = 3meses (62% de Tr=1ano). As áreas são de
modo geral pequenas e variam conforme o fabricante, devendo ser consultado a respeito.
Quanto a eficiência dos sistemas industriais americanos a melhor comprovação é aquelas feitas por
universidades. Por exemplo, em dezembro de 2001 o departamento de engenharia civil da Universidade de
Virginia fez testes de campos sobre a unidade industrial denominada Stormvault.
A grande vantagem destes sistemas industriais é que são compactos em relação aos sistemas
convencionais.

Figura 32.19 – Caixa separadora de óleo e graxa tipo poço de visita patente da firma Downstream Defender.
http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2005

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Figura 32.20 – Caixa separadora de óleo e graxa tipo poço de visita patente da firma Stormceptor.
http://www.ci.knoxville.tn.us/engineering/bmp_manual/knoxvilleBMP.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2005

Figura 32.21- Instalação de Baysaver.


http://www.baysaver.com/newweb_cfmtest/sys_details_installation.cfm. Acesso em 12 de novembro de 2005.

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32.22 Skimmer
O skimmer é feito para retirar o óleo.

Figura 32.22- Sobre o liquido existe o recolhimento do óleo automático


http://www.ambarenvironmental.com/html/waste_water_plants.html#b2sump

Figura 32.23- Dispositivo que faz rodar a esteira para recolhimento do óleo
http://www.ambarenvironmental.com/html/waste_water_plants.html#b2sump

Figura 32.24- Dispositivo que faz rodar a esteira para recolhimento do óleo e o recolhimento.
http://www.ambarenvironmental.com/html/waste_water_plants.html#b2sump

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32.23 Postos de Gasolina


O Semasa órgão encarregado do sistema de água potável, esgoto sanitário e águas pluviais de
Santo André possui o Decreto 14555 de 22 de setembro de 2000 que trata dos postos de serviços que
geram óleos e graxas.Cita que o lançamento de óleo e graxa mineral sendo que o limite deve ser
inferior a 20mg/L
Nota: isto pode ser atingido com glóbulos de 60μm, mas a maioria dos fabricantes de caixas
separadoras de óleos e graxas para postos de gasolina com placas coalescentes no Brasil retêm
glóbulos igual ou maior que 40μm e a perfomance de óleo e graxa mineral é 10mg/L para densidade
de hidrocarboneto de 0,90g/cm3, o que é excelente com vazões que atingem até 40m3/h.
É interessante examinarmos também a Conama Resolução nº 273 de 29 de novembro de 2000
que trata das instalações de postos de gasolina.

32.24 Vazão que chega até o pré-tratamento


Uma das dificuldades que temos é calcular a vazão que chega à caixa de captação de óleos e
sedimentos. Temos dois tipos de dimensionamento, sendo um quando trata-se de lavagem de veículos
somente e neste caso precisamos da vazão de pico em m3/h. No outro caso trata-se das precipitações
que será usada 90% da precipitação anual média, que é o first flush. Para a RMSP usaremos first flush
P=25mm.
Vamos apresentar quatro métodos para estimar a vazão que chega até o pré-tratamento quando
o mesmo está off-line.
Os métodos são:
• Método SCS TR-55 conforme equação de Pitt
• Método aproximado do volume dos 5min
• Método Santa Bárbara para P=25mm
• Método Racional até 2ha.

32.24.1 Vazão que chega até o pré-tratamento usando o Método TR-55 do SCS
O objetivo é o cálculo do número da curva CN dada a precipitação P e a chuva excedente Q.
De modo geral a obtenção de CN se deve a obras off-line. Obtemos o valor de CN e continuamos
a fazer outros cálculos.
Os valores de P, Q, S estão milímetros.

( P- 0,2S ) 2
Q= --------------------- válida quando P> 0,2 S (Equação 32.1)
( P+0,8S )

25400
sendo S= ------------ - 254 (Equação 32.2)
CN

Dada as a Equação (25.3) e Equação (25.4). São dados os valores de Q e de P. Temos então duas
equações onde precisamos eliminar o valor S, obtendo somente o que nos interessa, isto é, o valor do
número da curva CN.
Pitt, 1994 in Estado da Geórgia, 2001 achou a seguinte equação utilizando NRCS TR-55,1986
adaptado para P e Q em milímetros.

CN= 1000/ [10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5] Equação (32.3)

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Exemplo 32.17
Seja um reservatório de qualidade da água com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush
P=25mm e Área =2ha. Calcular a vazão separadora para melhoria de qualidade das águas pluviais
WQv.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm

Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt


CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando o método SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da
água em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para o Estado de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)
log (Qu) = Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366
log Qu = 2,55323 – 0,6151 log (0,18) –0,164 [ log (0,18) ] 2 - 2,366
log Qu = 0,55
Qu = 3,58m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A=2ha = 0,02km2
Q=1,7cm
Qp= Qu x A x Q x Fp =3,58m3/s/cm/km2 x 0,02km2 x 1,7cm =0,12m3/s
Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de
0,12m3/s.

Exemplo 32.18
Num estudo para achar o volume do reservatório para qualidade da água WQv é necessário
calcular a vazão Qw referente a aquele WQv. Seja uma área de 20ha, sendo 10ha de área
impermeável. Considere que o first flush seja P=25mm.
Porcentagem impermeabilizada = (10ha / 20ha) x 100=50%
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 50 = 0,50 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,50 = 13mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a equação de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,394.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197 x25 + 0,394 x13 – 10 (0,0016x13 2 + 0,0019 x13x 25) 0,5]
CN= 93,8
Portanto, o valor é CN=93,8.
Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt

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Exemplo 32.19
Achar o número da curva CN para P=25mm e área impermeável de 70%.
Entrando na Tabela (32.7) com P e AI achamos CN=96,6.
Tabela 32.7 – Valores de CN em função da precipitação P usando a Equação de Pitt
P Área impermeável em porcentagem
mm 10 20 30 40 50 60 70 80
13 90,6 92,9 94,4 95,7 96,7 97,5 98,2 98,8
14 90,0 92,3 94,0 95,4 96,4 97,3 98,1 98,7
15 89,3 91,8 93,6 95,0 96,2 97,1 97,9 98,6
16 88,7 91,3 93,2 94,7 95,9 96,9 97,8 98,5
17 88,1 90,9 92,9 94,4 95,7 96,7 97,6 98,4
18 87,5 90,4 92,5 94,1 95,4 96,6 97,5 98,4
19 86,8 89,9 92,1 93,8 95,2 96,4 97,4 98,3
20 86,2 89,4 91,7 93,5 95,0 96,2 97,2 98,2
21 85,7 88,9 91,3 93,2 94,7 96,0 97,1 98,1
22 85,1 88,5 90,9 92,9 94,5 95,8 97,0 98,0
23 84,5 88,0 90,6 92,6 94,2 95,6 96,8 97,9
24 83,9 87,6 90,2 92,3 94,0 95,5 96,7 97,8
25 83,4 87,1 89,8 92,0 93,8 95,3 96,6 97,7
26 82,8 86,7 89,5 91,7 93,5 95,1 96,4 97,6
27 82,3 86,2 89,1 91,4 93,3 94,9 96,3 97,6
28 81,8 85,8 88,8 91,1 93,1 94,7 96,2 97,5
29 81,2 85,3 88,4 90,8 92,8 94,6 96,1 97,4
30 80,7 84,9 88,0 90,5 92,6 94,4 95,9 97,3

Vamos explicar junto com um exemplo abaixo.


Exemplo 32.20
Seja bacia com tc=11min, área impermeável de 70% e first flush P=25mm e área =50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
Q = P . Rv = 25mm x 0,68 = 17mm
Vamos calcular o número da curva CN usando a Equação de Pitt.
CN= 1000/ [ 10 + 0,197.P + 0,3925.Q – 10 (0,0016Q 2 + 0,0019 .Q.P) 0,5]
CN= 1000/ [ 10 + 0,197x25 + 0,394x17 – 10 (0,0016x17 2 + 0,0019 x17x25) 0,5]
CN= 96,6
Vamos calcular a vazão usando SCS – TR-55
S= 25400/ CN – 254 = 25400/96,6 – 254 =9mm
Usa-se a simplificação de Q=P x Rv, que produz o volume do reservatório para qualidade da água
em mm.
Q= P x Rv= 25mm x 0,68= 17mm= 1,7cm (notar que colocamos em cm)
Ia = 0,2 S = 0,2 x 9mm=1,8mm
Ia/P= 1,8mm/25mm =0,072 e portanto adotamos Ia/P=0,10
Escolhendo Chuva Tipo II para a Região Metropolitana de São Paulo.
Co= 2,55323
C1= -0,6151
C2= -0,164
tc= 11min = 0,18h (tempo de concentração)

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log (Qu)= Co + C1 log tc + C2 (log tc)2 – 2,366


log Qu= 2,55323 – 0,61512 log (0,18) –0,16403 [log (0,18)] 2 - 2,366
log (Qu)= 0,5281
Qu= 3,27m3/s /cm / km2 (pico de descarga unitário)
Qp= Qu x A x Q
A= 50ha= 0,5km2
Fp=1,00
Qp= Qu x A x Q x Fp= 3,37m3/s/cm/km2 x 0,5km2 x 1,7cm x 1,00= 2,87m3/s
Portanto, o pico da descarga para o reservatório de qualidade de água, construído off-line é de
2,87m3/s.

32.24.2 Método usando o tempo de permanência 5min para calcular Qo


Vamos mostrar com um exemplo.

Exemplo 32.21
Seja um reservatório de qualidade da água e first flush P=25mm, AI=70 e A=50ha.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68 (adimensional)
WQv= (P/1000) x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 50ha x 10000m2= 8500m3
Qo= 0,1 WQV/ (5min x 60s)= (0,1 x 8500m3)/ (5 x 60)= 850m3/ 300s =2,83m3/s

32.24.3 Cálculo de Qo usando o método Santa Bárbara


Vamos mostrar com um exemplo.

Exemplo 32.22
Seja uma bacia com first flush P=25mm, AI=70 e área =50ha tc=11min
Coeficiente volumétrico Rv
CNp= 55 (área permeável)
CNi=98 (área impermeável)
CNw= CNp (1-f) + 98 x f
f=0,70 (fração impermeável)
CNw= 55 (1-0,70) + 98 x 0,70=85,1
Usando o método Santa Bárbara para P=25mm, obtemos:
Qo=3,09m3/s

32.24.4 Vazão relativa ao volume WQv que chega até o pré-tratamento usando o Método
Racional para áreas ≤2ha.
Esta é uma estimativa que usa o método Racional e vale somente para áreas menores ou iguais a
2ha e para first flush P=25mm para a RMSP.
Em uma determinada bacia o pré-tratamento pode ser construído in line ou off line, sendo que
geralmente é construído off line.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
Rv=C=0,05+0,009 x AI
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h)
A= área da bacia (ha)

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A≤2ha
I = 45,13 x C + 0,98 Para P=25mm
R2 = 0,86

I= 9,09 x C + 0,20 Para P=13mm


R2 = 0,86

Exemplo 32.23
Calcular o tamanho do reservatório destinado ao pré-tratamento de área com 2ha e AI=70%,
sendo adotado o first flush P=25mm.
Coeficiente volumétrico Rv
Rv = 0,05 + 0,009 x AI = 0,05 + 0,009 x 70 = 0,68
WQv= (P/1000/ x Rv x A= (25/1000) x 0,68 x 2ha x 10.000m2= 340m3

Vazão de entrada
Uma BMP pode ser construída in-line ou off-line. Quando for construída off-line precisamos
calcular a vazão que vai para a BMP.
Usando o método racional.
Qo=CIA/360
Sendo:
Qo= vazão de pico que chega até o pré-tratamento (m3/s)
C= coeficiente de runoff.
C=Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05 + 0,009 x 70= 0,68
AI= área impermeável (%)
I= intensidade da chuva (mm/h) = 45,13 x C + 0,98= 45,13 x 0,68 + 0,98= 32mm/h (Para P=25mm)
A= área da bacia =2ha
Q=CIA/360
Q=0,68 x 32mm/h x 2ha /360= 0,12m3/s
Portanto, a vazão de entrada é 0,12m3/s.

32.25 Pesquisas do US Army, 2000


O exército dos Estados Unidos fez pesquisas sobre separadores de óleo que passaremos a
descrever.
As pesquisas foram feitas nas instalações do exército; nas lavagens de aviões, lavagens de
equipamentos, nas áreas de manutenção e lavagem de veículos.
Os resultados estão sintetizados na Tabela (32.8) onde aparece a média em mg/L dos efluentes
diversos de acordo com quatro parâmetros.

Tabela 32.8- Média dos influentes no exercito dos Estados Unidos no ano 2000
Parâmetro Instalações Lavagem de Áreas de Áreas de Lavagem de
aviões manutenção equipamentos veículos
Óleos e 316 594 478 183 58
graxas
TSS 1061 625 1272 1856 611
VSS 277 408 416 239 77
COD 2232 8478 1841 692 99
Sendo:
Óleos e graxas: quantidade de média de óleos e graxas do influente (mg/L)
TSS= sólidos totais em suspensão (mg/L)
VSS= sólidos suspensos voláteis (mg/L)
COD= demanda de química de oxigênio (mg/L)

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O influente médio de óleo e graxas varia de 58mg/L a 594 mg/L enquanto que o pico varia de
209mg/L a 1584mg/L. O sólido total em suspensão TSS tem valores médios de 210mg/L a 1272mg/L
variando os picos de 1386mg/L a 6502mg/L.
O objetivo dos separadores de óleo e graxas do exército americano é que o efluente tenha no
máximo 100mg/L de óleos e graxas o que é alcançado usando-se as caixas separadoras de óleo.
A solução atual mais usada no exército americano são as placas coalescentes de polietileno,
instalada a 60º do piso, espaçadas de 19,05mm e com área de superfície de 0,32 gpm/ft2 (0,26 L/s x
m2). Geralmente o glóbulo de óleo adotado é de 60μm.
Para o exército americano o efluente tem como objetivo de ser de 100mg/L antes de ser
lançado nos cursos de água.

32.26 Princípios de Allen Hazen sobre sedimentação


Em 1904 Allen Hazen estabeleceu os princípios da sedimentação em um tanque que varia
diretamente com a vazão de escoamento dividido pela área da placa plana do mesmo.
Este princípio não se aplica somente à sedimentação, mas também a processos de separação
por gravidade de todos os líquidos, incluindo a separação água-óleo.
Vamos detalhar as Guidelines for Design, Instalation and Operation of Oil-Water Separators
for surface runoff treatment de Oldcastle Precast, 1996.

Movimento uniformemente distribuído: laminar


Quando o movimento do fluido é laminar e uniformemente distribuindo na secção
longitudinal da câmara, a velocidade ascensional Vt é o quociente da vazão pela área horizontal.
Vt= Q/AH
Sendo:
Vt=velocidade ascensional (m/h) obtida pela aplicação da Lei de Stokes.
Q= vazão de pico (m3/h)
AH= área plana (m2)

Figura 32.25- Movimento laminar, e movimento turbulento

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Figura 32.26- Área plana usada por Allen Hazen

Outros regimes de escoamento


O escoamento raramente é uniformemente distribuído e laminar. Em muitos casos as altas
vazões, causam turbulências nas beiradas, isto é, perto da entrada, perto da saída e nas imediações do
fundo da câmara.
Portanto, haverá uma perda de eficiência no processo de separação por gravidade e devido a
isto, foi introduzido o fator F de turbulência pela American Petroleum Institute –API conforme
Publication 421- Design and Operation of Oil Separators, 1990, que recomenda valores de F entre
1,2 a 1,75.
AH= F x Q/ Vt
O valor de F não pode ser menor que 1 porque a performance não pode ser maior que os
princípios de Hazen.
Muitos separadores por placas coalescentes possuem uma ótima performance perto do ideal e
em algumas vezes é admitido F=1 ou omitido intencionalmente o valor de F, baseado no regime de
escoamento que é essencialmente uniforme e radial.
O principio de Hazen foi validado experimentalmente
A velocidade ascensional Vt para separador água-óleo pode ser achada pela Lei de Stokes.
Lembramos também que além da componente de velocidade vertical Vt, existe a velocidade
horizontal VH.
Portanto, os glóbulos de óleo podem se elevar em varias situações até atingir a superfície. O
glóbulo pode estar em situação que demorará mais tempo para subir e o tempo em que todos os
glóbulos de óleo irão subir é denominado de “ts”, isto é, tempo de separação.
Definimos por outro lado, o valor “tr” como o tempo em que água leva para percorrer a
câmara que é chamado de tempo de residência.
O tempo de separação ts deve ser menor ou igual ao tempo de residência tr.
ts ≤tr
O tempo de separação ts pode ser obtido por:
ts= d/ Vt
Sendo:
ts= tempo de separação (h)
d= altura da câmara (m)
Vt= velocidade ascensional (m/h)
O tempo de residência tr pode ser obtido por:
tr= L/ VH
Sendo:
tr= tempo de residência (h)
L= comprimento da câmara (m)
VH= velocidade horizontal (m/h)

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Como ts ≤tr podemos fazer:


d/Vt ≤ L/VH
Fazendo um rearranjo podemos obter:
VH x d/ L ≤ Vt
Aplicando a equação da continuidade temos:
Q= VH x Av
Av= B x d
Sendo:
Q= vazão de pico (m3/h)
VH= vazão horizontal (m3/h)
Av= área da seção transversal (m2)
d= altura da câmara (m)
B= largura da câmara (m)
Teremos:
VH= Q/ Av = Q/ (B x d)
Mas:
VH x d/ L ≤ Vt
Substituindo VH temos:
Q x d / ( L x B x d) ≤ Vt

Notar que o valor de “d” aparece no numerado e no denominador podendo portanto ser
cancelado, o que mostra que a altura da câmara não influencia na performance do separador água-
óleo.
Portanto fica:
Q/ AH ≤ Vt
Portanto, fica válido o principio de Hazen:
AH= Q/ Vt
É importante salientar que a área AH pode ser área plana de uma câmara API ou área plana em
projeção de uma placa coalescente instalada a 45º a 60º.

Figura 32.27- Projeção da placa coalescente. Só vale a área plana para o dimensionamento.

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Figura 32.28- Notar a área planta AH e a área da seção transversal Av bem como as partículas
Vt ascensional e VH da velocidade horizontal numa caixa de profundidade d, largura B e
comprimento L.

32.27 Lei de Stokes


Quando uma partícula sólida cai dentro de um líquido segue o que se chama da Lei de Stokes, que
assume o seguinte:
(1) as partículas não são influenciadas por outras partículas ou pela parede dos canais e
reservatórios;
(2) as partículas são esféricas.
(3) a viscosidade da água e a gravidade específica do solo são exatamente conhecidas.
Mesmo não obedecendo as duas primeiras precisamente, é usado a Lei de Stokes, que também
deve ser aplicada a esferas que tenham diâmetro entre 0,0002mm e 0,2mm (McCuen,1998).
A velocidade (uniforme) da queda de esferas, ou seja, a velocidade de deposição (velocidade de
queda) da Lei de Stokes é a seguinte:

Vs= [ D 2 ( γs – γ ) ] / 18 . μ (Equação 32.3)

Sendo:
Vs= velocidade de deposição (m/s);
D= diâmetro equivalente da esfera (partícula) em metros
γ = peso específico da água a 20º C = 9792,34 N/m3 (Lencastre, 1983 p. 434)
γs / γ = 2,65 (densidade relativa do quartzo em relação a água)
γs= peso específico da partícula do sólido (quartzo)= 25949,701N/m3
μ= viscosidade dinâmica da água a 20º C = 0,00101 N. s /m2 (Lencastre,1983)
ρ = massa específica a 20º C = 998,2 kg/m3 (Lencastre, 1983)
ν = viscosidade cinemática da água a 20º C= 0,00000101 m2/s (Lencastre, 1983)

Granulometria dos sedimentos


Na prática adotam-se os seguintes valores para os cursos de água naturais (Lloret, 1984):
γ s= 2.650kg/m3 (peso específico seco)
γ‘s = 1650 kg/m3 (peso específico submerso)
Para o reconhecimento do tamanho dos grãos de um solo, realiza-se a análise granulométrica, que
consiste, em geral, de duas fases: peneiramento e sedimentação (Souza Pinto, 2000).
O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da amostra, é considerado
como a “porcentagem que passa” representado graficamente em função da abertura da peneira em
escala logarítmica (Souza Pinto, 2000). A abertura nominal da peneira é considerada como o

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Curso de rede de esgotos
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“diâmetro” das partículas. Trata-se, evidentemente de um “diâmetro equivalente”, pois as partículas


não são esféricas.
A análise por peneiramento tem como limitação a abertura da malha das peneiras, que não pode
ser tão pequena quanto o diâmetro de interesse. A menor peneira costumeiramente empregada é a de
n.º200, cuja abertura é de 0,075mm.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) adota, para classificação das partículas, a
Tabela (32.9).

Tabela 32.9- Limite das frações de solo pelo tamanho dos grãos
Fração Limites definidos pela norma da
ABNT
Matacão de 25cm a 1m
Pedra de 7,6cm a 25cm
Pedregulho de 4,8mm a 7,6cm
Areia grossa de 2mm a 4,8mm
Areia média de 0,42mm a 2mm
Areia fina de 0,05mm a 0,42mm
Silte de 0,005mm a 0,05mm
Argila inferior a 0,005mm
Fonte: Souza Pinto,2000 p. 4

Souza Pinto, 2000 diz que na prática, diferentemente da norma da ABNT, a separação entre areia
e silte é tomada como 0,075mm, devido a peneira nº200, que é a mais fina usada em laboratórios.

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Tabela 4.4 - Velocidade de sedimentação de partículas esféricas conforme Lei de Stokes.


Velocidade
de
Tipo de solo Diâmetro partícula sedimentação
vs
μm (mm) (m/s)
Argila 1 0,0010 0,0000009
1,5 0,0015 0,0000020
2 0,0020 0,0000036
3 0,0030 0,0000080
4 0,0040 0,0000142
5 0,0050 0,0000222
6 0,0060 0,0000320
7 0,0070 0,0000435
8 0,0080 0,0000569
Silte 9 0,0090 0,0000720
10 0,0100 0,0000889
12 0,0120 0,0001280
15 0,0150 0,0002000
20 0,0200 0,0003555
25 0,0250 0,0005555
30 0,0300 0,0007999
40 0,0400 0,0014220
50 0,0500 0,0022219
Areia 60 0,0600 0,0031995
67 0,0670 0,004000
80 0,0800 0,0056880
100 0,1000 0,0088874
Fonte: Condado de Dane, USA, 2003. Temperatura a 20º C e partículas com 2,65

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Curso de redes de esgoto
Capitulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos
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Capítulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos domésticos

“Tratamento de esgotos precisa de energia, pois com a mesma podemos fazer as


alterações necessárias. Não confio em tratamento de esgotos em que não se introduza
nenhum tipo de energia”. Prof. engenheiro químico Danilo de Azevedo, 1994.

33-1
Curso de redes de esgoto
Capitulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos
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Capitulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos domésticos

33.1 Introdução
Primeiramente salientamos que iremos ver a noção de tratamento de esgotos
domésticos e não efluentes líquidos industriais que possuem normalmente algumas
particularidades. Veremos como se faz uma unidade de tratamento de esgotos para uma
cidade e portanto não iremos comentar os tratamentos de esgotos feitos no local de uso,
como o tanque séptico e os septos difusores.

33.2 Estação de tratamento de esgotos sanitários


Em uma cidade existe um sistema de rede de água de distribuição. A água é usada
em banheiros, bacias sanitárias, chuveiros, etc e depois vão para o sistema separador
absoluto, isto é, um sistema de redes coletoras que só recebem esgotos sanitários e não
pode ser introduzida águas pluviais que é o utilizado no Brasil.

Figura 33.1- Sistemas de coleta de esgotos: separador absoluto e unificado

Existem países na Europa e cidades nos Estados Unidos que usam o sistema
unificado e alguns o sistema misto, que seria um sistema separador absoluto que pode
receber um pouco de águas pluviais, que foi o primeiro a ser instalado na cidade de São
Paulo em 1876.
Os esgotos domésticos provem das residências, do comércio e de algumas pequenas
indústrias, portanto o esgoto doméstico nunca é 100% doméstico como se pode ver.

33-2
Curso de redes de esgoto
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33.3 Quota per capita


A quota per capita de esgotos varia muito de cidade para cidade, sendo uma media
de 180 L/dia x hab a 230 L/dia x hab.
O tratamento de esgoto funciona 24h por dia, sendo portanto um sistema de
tratamento continuo.
A DBO de entrada em um tratamento varia de 200mg/L a 800 mg/L e a redução
varia de 80% a 96%.
O grande problema do século XXI com relação aos tratamentos não é somente a
redução da DBO e sim a necessidade de redução do nitrogênio e do fósforo, que alimentam
as algas aumentando a eutrofização nos rios.

33.4 Sistema de tratamento de esgotos domésticos


Os tratamentos de esgotos domésticos são basicamente quatro conforme
Figura (33.2).
Tratamento preliminar: peneiramento através de barras para remover o material
sólido grosseiro.
Tratamento primário: é a sedimentação simples do material sólido que reduz um
pouco a poluição.
Tratamento secundário: geralmente é um tratamento biológico
Tratamento terciário ou Tratamento avançado: tem como objetivo remover
alguns poluentes como: fósforo e nitrogênio.

33-3
Curso de redes de esgoto
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Figura 33.2- Etapas do tratamento de esgotos

Na Figura (33.3) podemos visualizar o que são o tratamento primário, secundário,


tratamento da lama e tratamento avançado (tratamento terciário).
O tratamento secundário pode ter varias opões:
• o sistema de lodo ativado que é o mais comum e melhor inventado na
Inglaterra em 1913 e o
• sistema de filtros biológicos ou de
• lagoas.
No sistema de lodo ativado podemos visualizar local para aeração que pode ser
mecânica ou através de difusores.
No tratamento de lama temos que desidratá-la, compactá-la e encaminhá-la para um
aterro sanitário.
No tratamento avançado, ou seja, tratamento terciário verificamos principalmente
dois poluentes que são o fósforo e o nitrogênio.

33-4
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Capitulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos
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Figura 33.3- Esquema de tratamento de esgotos

O fósforo e o nitrogênio contribuem para o aumento das algas nos rios e lagos e daí
serem um problema, como o que está acontecendo com as ETEs da Sabesp na Região
Metropolitana de São Paulo.
Para a remoção do fósforo é usado o processo de decantação, sedimentação usando
por exemplo, um aglutinante como sulfato de alumínio e conseguiremos eliminar mais de
95% de fósforo com o inconveniente de obtermos grande de lodo que terão que ir para
aterros sanitários ou outro tratamento específico.
Para a remoção do nitrogênio temos que fazer a desnitrificação, convertendo o
nitrato para nitrogênio gasoso que vai para a atmosfera sem causar problemas.
O uso de carvão ativado para adsorção é destinada a remover os materiais orgânicos
que resistiram a remoção biológica conforme USEPA, 2004.
Na Figura (33.4) está o esquema de uma estação de lodo ativado convencional.

33-5
Curso de redes de esgoto
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Figura 33.4- Esquema de estação de tratamento de esgotos com lodos ativados


Fonte: Telles, 2007

Figura 33.5- ETE de Franca de lodos ativados convencional


Fonte: Telles, 2007

33-6
Curso de redes de esgoto
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Na Figura (33.6) estão as ETE de tratamento de esgoto mais importantes da


RMSP com capacidade instalada de 18m3/s sendo que vão para os esgotos 63m3/s.

Figura 33.6- Vazões das ETEs da Sabesp na RMSP


Fonte: Telles, 2007

33.5 Avaliação dos tratamentos


Basicamente os tratamentos de esgotos são anaeróbios e aeróbios. Sem dúvida
nenhuma o melhor tratamento é o aeróbio onde é necessária muita energia (oxigênio) para
alimentar as bactérias e estas quebrarem a matéria orgânica, produzindo muito lodo.
No tratamento anaeróbio não há gasto de energia, há uma menor quantidade de lodo
porém, o maior problema é que não há redução de poluentes como o fósforo e o nitrogênio.
Há redução de DBO mas quase nada de fósforo e nitrogênio.
Um outro problema é que não havendo energia externa, é difícil de ficar interferindo
no processo e temos que ficar “rezando” para que tudo dê certo.
O maior problema é as leis da Conama como a 357/05 que cada vez mais vão
ficando mais restritivas sendo que algumas destas alternativas de baixo custo ficarão
impensáveis no futuro.
Numa lagoa quando introduzimos oxigênio os resultados ficam melhores, mas
aumentamos os custos de manutenção e operação.

33.6 Normas da ABNT


A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui a NB-579/1990 (NBR
12209/90) sobre Projetos de estações de tratamento de esgotos sanitários que se aplica aos
processos de tratamento em:
• Separação de sólidos dos meios físicos (tratamento preliminar)
• Filtração biológica (tratamento secundário)

33-7
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• Lodos ativados (tratamento secundário)


• Tratamento de lodo

33.7 Eficiência do tratamento


O professor Nelson Gandur Dacach no seu livro Tratamento Primário de esgoto
apresenta a Tabela (33.1) onde estão as eficiências conforme a modalidade do tratamento.

Tabela 33.1- Porcentual de remoção no esgoto sanitário para as modalidades de tratamento


Modalidade de tratamento Porcentual de remoção
DBO Sólidos em suspensão Bactérias
Preliminar 5 a 10% 5 a 20 10 a 20%
Primário 25 a 85% 40 a 90% 25 a 80%
Secundário 75 a 97 70 a 95 90 a 98
Terciário 97 a 100 95 a 100 98 a 100

Figura 33.7-Valores mais comuns de redução de DBO segundo Azevedo Netto.


Fonte: Faculdade de Saúde Publica, 1973

Pela Figura (33.7) podemos ver que o tratamento primário reduz no Maximo 40%
da DBO enquanto que o lodo ativado vai de 85% a 95%. As lagoas variam de 50% a 95%.

33.8 Custos
Os custos de implantação de ETE convencionais de lodos ativados estão na Figura
(33.7) notando-se que o custo da ETE do Parque Novo Mundo é de R$ 149,70/hab.

33-8
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Figura 33.8- Custos de ETES de grande porte


Fone: Jordão, 2005

Exemplo 33.1
Estimar o custo de uma ETE de lodo ativado convencional (primário+secundário) para
população de 1.300.000 hab.
Custo de implantação= R$ 149,70/ hab (Figura 33.8)
1.300.000hab x R$ 149.70/hab= 194.610.000,00

O custo total de implantação de uma lagoa de estabilização é de US$ 22,4/hab e a


operação e manutenção é US$ 0,09/hab x ano conforme Aisse, 2000.
Jordão, 2005 estabeleceu a equação para lodo ativado de grande porte acima de
1000L/s

C= 0,05 x Q + 27,32 com R2= 0,85


Sendo:
C= custo em R$ x 1.000.000
Q= vazão em L/s

Exemplo 33.2
Calcular o custo de uma ETE convencional por lodos ativados com vazão de 2000 L/s.
C= 0,05 x Q + 27,32
C= 0,05 x 2000 + 27,32=127,32
C= 127,32 x 1.000.000= R$ 127.320;000,00

Custo de implantação de tratamento por lodo ativado para vazões


C=53045,92 x Q + 2430891,56 com R2=0,95
Exemplo 33.3
Calcular o custo de implantação para ETE de lodo ativado
C=53045,92 x Q + 2430891,56
C=53045,92 x 2000 + 2430891,56= R$ 108.522.732,00

Para uma lagoa de estabilização o custo de implantação segundo Jordão, 2005:

33-9
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C= 22996,51 x Q + 268161,98 com R2=0,85


Sendo:
C= custo em R$
Q= vazão a ser tratada (L/s)

Exemplo 33.4
Calcular o custo de implantação uma lagoa de estabilização para 50 L/s
C= 22996,51 x Q + 268161,98
C= 22996,51 x 50 + 268161,98= R$ 1.417.987,00

33.9 Pré-dimensionamento das unidades da estação de tratamento de esgotos


Vamos nos reportar ao excelente trabalho do professor Nelson Gandur Dacach no
livro já mencionado com algumas adaptações a NB 570/90;

Exemplo 33.5
Dimensionar uma ETE de esgoto com tratamento primário de uma cidade com
60.000habitantes.

Figura 33.9- Esquema de tratamento primário


Fonte: Telles, 2007
Dados de contribuição de esgoto
Contribuição média diária
60.000 hab x 150 L/hab= 9.000.000 L= 9.000m3/dia

Vazão média
Qm= 9.000.000 L/ 86400s= 104,2 L/s
Vazão no dia de maior consumo
Qhora= 104,2 x 1,1= 114,62 L/s
Vazão no dia e hora de maior consumo
Qmáximo= 114,62 x 1,8=206,3 L/s

33-10
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Tratamento preliminar
Grade: serão utilizadas duas grades singelas de limpeza manual.
Inclinação: 45º
Espaçamento entre as barras: 2,5cm
Dimensões da grade: cada grade terá seção retangular e deverá atender a
vazão máxima no dia e hora de maior consumo.
206,3 L/s /2 = 103,1 L/s
As dimensões da grade são condicionadas ao vertedor parschall a ser utilizado, cuja
garganta é de 30,5cm (12”).
Para a vazão máxima de 206,3 L/s, a altura da lâmina de água no vertedor é de
aproximadamente de 45,4cm.
Velocidade através da grade: será adotada a velocidade máxima de 0,75m/s para a
vazão máxima de 103,1 L/s em cada unidade.
Área útil entre as barras:
A= Qmax/ V= 0,103m3/s; 0,75m/s = 0,14m2
Espessura das barras: serão empregadas barras de 3/9”.
Eficiência da grade:
E= a/ (a+1)= 0,728
Sendo a= afastamento entre as barras
Área total
A´= A/B= 0,14m2/ 0,728= 0,19m2
Largura do canal:
B= A´/ h = 0,19m2/ 0,454m= 0,42m

Caixa de areia
Tipo e sistema de limpeza: será adotado um tipo singelo de limpeza manual, provido de um
depósito para areia, que será retirada periodicamente.
Nota: conforme NB 570/90 quando a vazo no desarenador for maior que 250 L/s a limpeza
deverá ser mecanizada.

Velocidade e meio de controle


A velocidade será mantida em torno de 0,30m/s
O controle será feito por vertedor pashall de 12” colocado a jusante.
Seção transversal
Adotar-se-a seção trapezoidal de modo a manter a velocidade de 0,3m/s (NB 570/90) para
a vazão média e não maior que 0,40m/s para a vazão máxima.
Número de unidades: serão adotadas duas unidades, cada uma capaz de atender a vazão
máxima de 103,1 L/s
Comprimento: tamanho da menor partícula a ser removida d=0,2mm
Altura da água para a vazão máxima de 103,1 L/s em função do vertedor parshall.
H= 0,454m.
Conforme NB 5
Comprimento= 11m
Conforme NB 570/90 o desarenador por gravidade tem taxa de 600 a 1300m3/m2 x dia;
A vazão máxima 103,1 L/s corresponde ao volume diário de 8908m3.

33-11
Curso de redes de esgoto
Capitulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos
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Considerando taxa de 1300m3/m2 x dia


Área= 8908m3/ 1300m3/m2x dia=6,85m2
Sendo a largura de 0,42m
Comprimento= 6,85m2/ 0,42m=16,31m

Decantadores
Capacidade: para o período de detenção de 2h no dia de contribuição média.
Nota: o tempo deve ser superior a 1h e inferior a 6h conforme NB 570/90.
V= 9000m3 x 2h/ 24h = 750m3
Número de decantadores=2
Volume de cada decantador= 750m3/2 = 375m3

Área superficial
Vazão por unidade de superfície: 35m3/m2 x dia
Nota: segundo a NB 570/90 a taxa de escoamento superficial deve ser inferior a
60m3/m2 x dia quando não precede processo biológico.
Área de cada decantador: A= 4500m3/ 35m3/m2 xdia = 128,6 m2
Profundidade
h = 375m3/ 128,6m2= 2,92m
Largura
Adotamos 6,4m
Comprimento
128,6 m2/ 6,4m = 20,10m
Relação comprimento/largura
20,10m/6,4m=3,14
Relação comprimento/profundidade
20,10m/2,92m= 6,9
Velocidade de escoamento no sentido longitudinal
0,1042m3/s/ (6,4m x 2,92m) =0,1042m3/s/ 18,69m2= 0,0056 m/s

Digestores
Volume
60.000hab x 50 litros= 3000.000 litros= 3.000m3= V

Numero=2 digestores cada um com 1500m3


Dimensões
Altura= 8m
Diâmetro= 15,5m

Leito de secagem
Área
A partir da taxa de 0,04 m2/hab para tratamento primário resulta:
A= 0,04m2/hab x 60000hab=2400m2
Número de unidades
Serão adotadas 10 unidades que serão construídas a medida das necessidades
Área de cada unidade

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Capitulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos
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A= A/ 20m= 2400m2/ 20m= 120m2


Largura= 4m
Comprimento=30m

33.10 Dimensionamento de ETE de lodo ativado


O autor recomenda dois livros básicos para o dimensionamento de lodos ativados. O
primeiro é o conhecido Metcalf & Eddy, 1991 na página 593 e o segundo é dos professores
da FATEC e denominado Esgoto Sanitário coordenado pelo prof. Ariovaldo Nuvolari que
pode ser encontrado na página 236.

33.11 Reúso de água


Os professores da FATEC coordenados pelo dr. Dirceu D´Alkimin Telles
elaboraram o livro denominado Reúso de água.
Nele há detalhes da ETE Jesus Neto da Sabesp, que fica no bairro do Ipiranga na
Capital e inaugurada em 1934.
Há 4 anos o tratamento de esgotos primário e secundário foi ampliado para
tratamento terciário com coagulação, floculação e sedimentação com policloreto de
alumínio. O efluente de 4300m3/mês ( 17 L/s) é vendido há 4 anos a R$ 0,69/m3 com
objetivo da lavagem de feiras, lavagem de pátios e rega de jardins.

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Curso de redes de esgoto
Capitulo 33- Noções sobre tratamento de esgotos
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33.12 Bibliografia e livros consultado


-AISSE, MIGUEL MANSUR. Tratamento de esgotos sanitários. ABES, 2000.
-AZEVEDO, DANILO de. Efluentes líquidos industrias. Junho, 1993. Curso no Celacade,
São Paulo.
-DACACH, NELSON GANDUR. Tratamento primário de esgoto, 1991.
-EPA. Primer for municipal wastewater treatment system. EPA 832-r-04-001 setembro de
2004.
-FACULDADE DE SAUDE PUBLICA. Sistemas de esgotos sanitários. 1973
-JORDAO, EDUARDO PACHECO e PESSOA, CONSTANTINO ARRUDA. Tratamento
de esgotos sanitárias, 4ª Ed. 2005.
-METCALF E EDDY. Wastewater Engineering. 1991, 1334páginas.
-NUVOLARI, ARI ET AL. Esgoto sanitário. FATEC, 2003.
-TELLES, DIRCEU D´ALKIMIN ET AL. Reúso da água- conceitos, teorias e práticas.
Editora Blucher, 2007. FATEC.

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Capitulo 34- Previsão de esgotos
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Previsão de esgotos

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Capitulo 34- Previsão de esgotos
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Capitulo 34- Previsão de esgotos

34.1 Introdução
Uma das coisas mais difíceis de ser feita é a previsão dos despejos de esgotos em
sistema de esgotos separador absoluto.
Primeiramente não existe nunca uma previsão perfeita. Mesmo a melhor previsão
feitas em países do primeiro mundo, tem erros que vão de 5% a 10% podendo chegar a
mais de 30%.
Os principais dados necessários para uma previsão são:
a) População: projeções e tamanho da família;
b) Moradia: quantidade de pessoas por moradia, densidade de moradias, tamanho
dos lotes etc.;
c) Empregos: total de empregos por cada setor industrial, dados históricos da taxa
de crescimento dos empregos. Projeções dos empregos agregados e desagregados;
d) Outros fatores econômicos: índices de inflações, aumento da renda, projeção do
aumento da renda;
e) Clima: temperatura, chuvas, evapotranspiração;
f) Estatísticas de água: preços, estruturas da tarifas, dados históricos mensais por
economias e por categorias, perdas d’água, suprimentos particulares;
g) Conservação da água: medidas futuras de conservação da água, medidas de
redução do consumo de água, aceitabilidade pelo público etc.
Existem segundo Boland et al (1981) e Tung (1992) três métodos básicos de
previsões:
a) Método de um simples coeficiente (quota per capita, volume por ligação,
volume mensal / empregado para cada tipo de indústria)
b) Métodos de Múltiplos coeficientes (chuvas, renda, preço da água etc)
c) Métodos Probabilísticos (verifica as incertezas nos métodos anteriores)
No Método de um Simples Coeficiente tem somente uma variável explanatória
que pode ser aplicada, por exemplo, a quota per capita, o volume de água por ligação de
água ou o coeficiente unitário para método desagregado.
Exemplo do coeficiente unitário é a previsão de consumo industrial, baseado em
volume de água gasto por operário em determinado tipo de indústria. Este método é bom
para uma avaliação preliminar do problema, pois usa poucos dados, mas não é consistente e
de modo geral não fornece uma boa previsão.
Este método é bom para previsões a curto prazo, mas são bastantes questionáveis
para previsão a longo prazo.
Para o método do simples coeficiente vamos citar dados da AWWA (1991)
referente a quota per capita relativa ao número de consumidores:
A previsão de população e consumo de água é mais arte do que ciência.

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Capitulo 34- Previsão de esgotos
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34.2 Previsão usando densidade


A previsão das vazões de esgoto é baseada na previsão de consumo de água e é
muito difícil, pois temos que considerar a situação de inicio e a de futuro. Uma das
maneiras mais práticas e usadas é a densidade em habitantes por hectare. Existem várias
tabelas sobre o assunto.

Tabela 34.1- Densidade media conforme o tipo de ocupação do solo


Tipo de ocupação de áreas urbanas Densidade
(hab/ha)
Áreas periféricas, lotes grandes 25 a 75
Casas isoladas, lotes médios e pequenos 50 a 100
Casa geminada de 1pavimento 75 a 150
Idem 2 pavimentos 100 a 200
Prédio de pequenos apartamentos 150 a 300
Áreas comerciais 50 a 150
Áreas industriais 25 a 75
Densidade global média 50 a 150

Áreas industriais 1,0 a 2 L/s x ha

Tabela 34.2- Densidade média conforme o tipo de ocupação do solo


Tipo de ocupação de áreas urbanas Densidade
(hab/ha)
Bairros residências de luxo com lotes de 800m2 100
2
Idem 450m 120
Idem 250m2 150
Bairros mistos residencial e comercial com prédios até 4 pavimentos 300
Bairros residências com até prédios até 12 pavimentos 450
Bairros misto residencial, comercial e de indústrias leves 600
Bairros comerciais com edifícios de escritório 1000

O professor Tucci desenvolveu por análise de regressão linear equação que fornece
a área impermeável em função da. densidade (hab/ha).
AI= -3,86 + 0,55 x DH
Sendo:
AI= área impermeável em porcentagem
DH= densidade habitacional (hab/ha)

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Tabela 34.3- Densidade habitacional em função da área impermeável


DH AI
(hab/ha) (%)
30 12,64
40 18,14
50 23,64
60 29,14
70 34,64
80 40,14
90 45,64
100 51,14
110 56,64
120 62,14
30 67,64
140 73,14
150 78,64
160 84,14
170 89,64

34.3 Previsão de população


Qasim, 1994 apresenta sugestão de oito métodos para previsão de população.
1. Método de crescimento aritmético
2. Método de crescimento geométrico
3. Método de taxa declinante de crescimento: onde a população atinge um ponto de
saturação prefixado.
4. Método da curva logística: é a curva em forma de S onde atinge a população de
saturação.
5. Método gráfico de comparação entre cidades similares: são comparadas cidades
similares e se fazem projeções iguais.
6. Método da razão: pensa-se que a cidade segue o crescimento da região.
7. Método da previsão de empregos
8. Método da previsão de cluster de nascimentos: é escolhido um grupo de pessoas
nascidas num certo período e daí se fazem as previsões.
Os principais métodos utilizados para as projeções populacionais são (Fair et al, 1968;
CETESB, 1978; Barnes et al, 1981; Qasim, 1985; Metcalf & Eddy, 1991):
Vamos apresentar somente os três métodos clássicos para previsão de população:
1. Método aritmético
2. Método geométrica
3. Método Logístico

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34.4 Dados de população de Guarulhos


Primeiramente vamos fornecer os dados da população de Guarulhos segundo o
IBGE conforme Tabela (34.4).

Tabela 34.4- Dados da população de Guarulhos conforme censo IBGE


ANO POPULAÇÃO
TOTAL RURAL URBANA
(Hab) (Hab) (hab)
1.940 13.439 6.779 6.660
1.950 35.523 18.422 17.101
1.960 101.273 23.776 77.497
1.966 182.627 24.528 158.099
1.967 196.186 22.197 173.989
1.968 209.745 19.876 189.869
1.969 223.304 17.550 205.754
1.970 236.811 15.226 221.585
1.971 266.469 24.126 242.343
1.972 296.073 33.026 263.047
1.973 325.677 41.926 283.751
1.974 355.281 50.826 304.455
1.975 384.885 59.726 325.159
1.976 414.489 68.626 345.863
1.977 444.093 77.526 366.567
1.978 473.697 86.426 387.271
1.979 503.301 95.326 407.975
1.980 532.908 104.226 428.682
1.981 565.326 102.145 463.181
1.982 597.744 97.264 500.480
1.983 630.162 90.268 539.894
1.984 662.580 81.062 581.518
1.985 717.723 45.678 672.045
1.986 728.000 48.000 680.000
1.987 761.000 52.000 709.000
1.988 794.000 55.000 739.000
1.989 801.690 55.000 746.690
1.990 806.000 35.000 771.000
1.991 811.486 37.940 773.546
1.992 833.000 5.000 828.000
1.993 863.294 6.000 857.294
1.994 900.000 7.000 893.000
1.995 922.237 6.000 916.237
1.996 972.197
1.997
1.998
1.999

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2.000 1.072.717
2.001
2.002
2.003
2.004
2.005 1.251.179
2.006 1.283.253

Na Tabela (3.5) estão os dados com intervalos de 10anos desde 1940 até o ano
2000.
Tabela 34.5-População de 10 em 10 anos
Ano Pop (hab)
1940 13439
1950 35523
1960 101273
1970 236811
1980 532908
1990 806000
2000 1072717
2010
2020
2030
2040

34.5 Método aritmético


Considerando os valores das populações Po e P1 no tempo to e t1 a razão ou taxa de
crescimento aritmético neste período conforme prof Eduardo R. Yassuda e Paulo S.
Nogami do livro Técnica de Abastecimento de Agua será:
r= (P1-Po)/ (t1-to)
A população P será: P= Po + r (t – to)

Tabela 34.6-Razão para o método aritmético


Aritmético
Ano Pop (hab) Razão
1940 13439 2208
1950 35523 6575
1960 101273 13554
1970 236811 29610
1980 532908 27309
1990 806000 26672
2000 1072717
2010 1351357
2020 1908637
2030 2744557
2040 3859117
Considerando Po= 1940 e P1= 1950 a razão será:

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r= (P1- Po)/ (t1- to) = (35523-13439) / (1950 – 1940) =2208


e assim para os demais anos conforme Tabela (34.6)

População de Guarulhos

1500000
(habitantes)
População

1000000
500000
0
1940 1960 1980 2000 2020
ano

Figura 34.1- Gráfico da população de Guarulhos de 1940 ao ano 2000

Considerando a média das três ultimas razões teremos:


Média =27864= (29610+27309+26672)/3
P= Po + r (t – to)
Considerando to=2000 e Po= 1072717
P= 1072717 + 27864 (t – 2000)
Contando-se to a partir do ano 2000
Para t=2010 teremos:
P= 1072717 + 27864 (2010 – 2000)

Tabela 34.7- Previsão de população de Guarulhos usando método aritmético


Ano Pop (hab)
1940 13439
1950 35523
1960 101273
1970 236811
1980 532908
1990 806000
2000 1072717
2010 1351357
2020 1629997
2030 1908637
2040 2187277

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8 de esgotos
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34.6 Método geométrico


A previsão de população conforme FHSP, 1967 pelo método geométrico será:

P= Po . q (t-to)

q= (P1/Po) (t1-to)
Dados:
Ano 2000 P1=1.072.717 hab.
Ano 1990 Po= 806.000 hab.
q= (P1/Po) (t1-to)
q= (806000 / 1072717) (2000-1990) =1,03
Adotando a razão q= 1,03 obtermos para o ano 2030.
P= Po . q (t-to)
P= 806000 x 1,03 (2030-1990) =2.603.766hab

Tabela 34.8- Aplicação do método geométrico para Guarulhos


Geométrico
Ano Pop (hab)
1940 13439
1950 35523
1960 101273
1970 236811
1980 532908
1990 806000
2000 1072717
2010 1441642
2020 1937446
2030 2603766

34.7 Método Logístico


O método logístico prevê uma população de saturação denominada K que é
considerando um limite superior conforme FHSP. 1967.
P= K / (1 + 2,718 a-bt )
Sendo que o valor de K se obtém:
Ps = [2.Po.P1.P2 – P12 . (´Po+P2)] / (Po . P2 - P12)

b= {1/ (0,4343 x d)} . log { [Po (K-P1)]/ {P1 . (K-Po)}}


to=0
t1=d. No caso d=10anos
t2=2d
a = (1/0,4343) . log [(K-Po)/Po]

Tomando-se o valor de Po para o ano de 1980, P1 para o ano de 1990 e P2 para o


ano 2000 acharemos o valor de K.

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9 de esgotos
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Tabela 34.9- Valores de Po, P1 e P2


Valores ano População
Po 1980 532908
P1 1990 806000
P2 2000 1072717

K = [2.Po.P1.P2 – P12 . (Po+P2)] / (Po . P2 - P12)


K = [2x532908x806000x1072717 – 8060002 . (532908+1072717)] / (532908x
1072717 - 8060002)= 1.558.889
Portanto, a população de saturação será de K=1.558.889 habitantes.

b= {1/ (0,4343 x d)} . log { [Po (Ks-P1)]/ {P1 . (Ks-Po)}}


b= {1/ (0,4343 x 10)} . log { [532908 (1558889-806000)]/ {806000 . (1558889-
532908)}}= -0,07232125
a = (1/0,4343) . log [(K-Po)/Po]
a = (1/0,4343) . log [(1558889-532908)/532908]= 0,65504716
P= Ks / (1 + 2,718 a-bt )
P= 1558889 / (1 + 2,718 0,65504-0,07232.t )
O tempo começa a contar de 1980, pois to=1980. Para o ano 2010 teremos a
diferença 2010-1980 que serás de 30 anos ficando assim.
P= 1558889 / (1 + 2,718 0,65504-0,07232. (2010-1980 )= 1.277,850
Tabela 34.10- Aplicação do método logístico para Guarulhos
Logística
Ano Pop (hab) K=1558889
1940 13439 b=0,07232125
1950 35523 a=0,65504716
1960 101273
1970 236811
Po, to 1980 532908
P1, t1 1990 806000
P2, t2 2000 1072717
2010 1277850
2020 1408570
2030 1482139

34-9
10 de esgotos
Curso de rede
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34.8 Coeficientes de variação da vazão


Os projetos de esgotos usam os seguintes coeficientes:
K1= maior consumo diário no ano/ vazão média diária no ano
K2= maior vazão horária no dia/ vazão média horária no dia
K3= coeficiente de mínima vazão horária que é a relação entre a vazão mínima
e a vazão média anual.
Conforme ABNT NBR 9649/86 os valores a serem adotados quando não se
possuem pesquisas são:
K1= 1,20
K2= 1,5
K3=0,5
Coeficiente de retorno= 0,80
Conforme Tsutya, 1999 a SABESP usa a equação abaixo para os valores de
K= K1 x K2, sendo que para vazões abaixo de 751 L/s o valor K=1,80 é constante e para
vazões acima de 751 L/s o valor de K diminui.
Q≤ 751 L/s K=1,80
Q> 751 L/s
K= 1,20 + 17,485/ Q 0,5090
Sendo: Q= somatória das vazões médias de uso predominante residencial, comercial,
publico em L/s

34.9 Vazões parasitárias (infiltração)


Pode haver infiltração de água de drenagem nos coletores de esgoto e isto se chama
de vazões parasitarias que atingem até 6,0 L/s x km.
Conforme Tsutiya, 1999 as águas do subsolo atingem as redes coletoras através de:
• Juntas das tubulações
• Paredes das tubulações
• Poços de visita, tubos de inspeção e limpeza, caixas de passagem, estações
elevatórias, etc.

Tabela 34.11- Vazões parasitárias

34-10
11 de esgotos
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Capitulo 34- Previsão de esgotos
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Figura 34.2- Taxas de infiltração em redes coletoras de esgoto


Fonte: Crespo, 1997

Conforme a norma da ABNT 9649 a taxa de infiltração depende da posição do


lençol freático variando de 0,05 L/s x km a 1,0 L/s x km.

34.10 Despejos industriais


É uma grande dificuldade estimarmos a contribuição industrial numa rede de
esgotos. Primeiramente informamos que a legislação não permite que nenhuma indústria
lance na rede de esgotos vazões maior que 1,5 vezes maiores que a média.
Na falta de dados Tsutya, 1999 estima vazões futuras entre: 1,15 L/s x ha a 2,30 L/s
x ha. Em áreas industriais onde não se utilizam quantidades significativas de água em seus
processos produtivos, pode-se estimar a contribuição de esgotos em 0,35 L/s x ha.
Para vazões industriais (médias e grandes) conforme Tsutiya, 1999 o valor de
K1=1,10

34-11
12 de esgotos
Curso de rede
Capitulo 34- Previsão de esgotos
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34.11 População flutuante


Conforme o caso deve ser levada em conta, principalmente em cidades de veraneio.

34.12 Bibliografia e livros consultados


-ABNT–Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água. NBR
12211/92.
-BILLINGS, R. BRUCE et al. Forecasting urban water demand. American Water Works
Association, Denver, Colorado, 1996.
-FAIR, GORDON M. et al. Water supply and wastewater removal. Edutira John Willey,
1966. ISBN 0-471-25130-5
-FHSP. Técnica de Abastecimento e tratamento de água. Faculdade de Higiene e Saúde
Pública da USP, 1967.
-HELLER, LEO et al. Abastecimento de água para consumo humano. Belo Horizonte,
2006, 859 páginas.
-QASIM, SYED R. Wastewatrer treatment plants- planing, design and operation.1994,
ISBN 1-56676-134-4, 726páginas.
-TSUTIYA, MILTON TOMOYUKI e SOBRINHO, PEDRO ALEM. Coleta e transporte
de esgoto sanitário. EPUSP, 1999, 547páginas
-TSUTIYA, MILTON TOMOYUKI. Abastecimento de água. EPUSP, 2004, 643páginas

34-12
Curso de rede de esgotos
Capitulo 35- Caixa de gordura
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Capítulo 35- Caixa de gordura

35.1 Introdução
É importante que haja caixa de gordura em prédios de apartamentos e nas
residências. As caixas de gorduras em restaurantes são importantíssimas, pois a quantidade
de gorduras se forem lançadas nas redes coletoras causarão entupimentos constantes
conforme já constato.

Figura 35.1- Caixa de gordura

Figura 35.2- Caixa de gordura


http://www.cswd.net/pdf/FOG_Manual_Final.pdf

O problema do excesso de gordura nos esgotos sanitários trás problemas no


tratamento na formação do lodo, no aumento do tempo de retenção hidráulica e na redução
da atividade hidrolítica devido a biomassa conforme Mendes et al, 2005.
Existe basicamente dois tipos de caixas de gorduras:

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• Caixa de gordura para prédios onde existe rede coletora de esgoto sanitário
• Caixa de gordura para prédios onde não existe rede coletora de esgoto sanitário

Conforme Mendes et al, 2005 a concentração de lipídeos (gorduras) em águas


residuárias é dado pela Tabela (35.2).

Tabela 35.2- Fontes de lipídeos(gorduras) e suas concentrações em águas residuárias


Tipo de efluentes Concentração de lipídeos
(gorduras) (mg/L)
Doméstico 40 a 100
Matadouros e avícolas >500
Laticínios 4680
Restaurantes 98
Azeite de oliva 16000
Sorvetes 845
Fonte: Mendes et al, 2005 www.scielo.br

A maior fonte de geração de lipídeos (gorduras) são as indústrias de óleos


comestíveis, sorvetes, laticínios, matadouros e efluentes domésticos e de restaurantes,
principalmente de fast food conforme Mendes et al. 2005.

35.2 Caixa de gordura para prédio onde existe rede coletora de esgoto sanitário
Conforme a NBR 8160/1983 de Instalação predial de esgoto sanitário recomenda a
instalação de caixas retentoras de gorduras nos esgotos sanitários que contiverem resíduos
gordurosos provenientes de pias de copas e cozinhas.
A norma estabelece a Equação (35.1) para o dimensionamento da caixa de gordura:
V= 2 x N + 20 (Equação 35.1)
Sendo:
V= volume em litros
N= número de pessoas servidas pelas cozinhas que contribuem para a caixa de gordura;

O dimensionamento correto da caixa de gordura é muito importante para o bom


funcionamento do sistema de tanque sépticos, conforme Figura (35.1) motivo pelo qual
vamos nos dedicar um pouco mais visto haver pouca literatura brasileira sobre o assunto.

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Figura 35.3 – Caixa de gordura


Fonte: Jordão et al, 2005

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35.3 Critérios básicos


As caixas de gorduras devem obedecer a quatro critérios básicos para o seu perfeito
funcionamento.
1. Tempo de detenção: deverá haver um tempo de detenção suficiente para
que as gorduras e o óleo sejam emulsionadas, separadas e que flutuam na
superfície da caixa de gordura.
2. Temperatura: a caixa de gordura deve permitir que os esgotos tenham a sua
temperatura aumentada suficientemente para emulsionar a gordura e separá-
las.
3. Turbulência: a turbulência deverá ser evitada, pois poderá atrapalhar a
subida da gordura.
4. Volume da caixa: deve ser adequado para permitir o armazenamento da
gordura durante os intervalos de limpeza.

Os óleos e graxas, segundo Jordão, 2005 estão presentes nos esgotos de 30mg/L a
70mg/L conforme já constatado em quatro estações de tratamento de esgotos sanitários. Em
projetos de hospitais, restaurantes e cozinhas industriais é normalmente adotado 100mg/L
de óleo e gorduras sendo este a base do dimensionamento das caixas de gordura pela EPA.
Algumas cidades americanas admitem limites de óleo e gorduras que variam de
150mg/L a 300mg/L, sendo a média de 200mg/L.
Conforme Decreto do Estado de São Paulo 8468 de 8 de setembro de 1976 o
lançamento na rede publica de esgoto sanitário deverá obedecer ao artigo 19-A item
IV – ausência de óleos e graxas com concentração máxima de 150mg/L.
Uma caixa de dimensões muito pequena acarretará a perda de todo o sistema, sendo
que a ABNT deverá alterar as normas vigentes.

35.4 Caixa de gordura para prédio onde não existe rede coletora de esgoto sanitário
As caixas de gorduras da firma Rotogine são feitas em polietileno e possuem
volume de 100 litros a 8.000 litros, conforme Figura (35.2).

Caixa de gordura
100 litros a 500 litros

Gordura flutuante

Água limpa

Resíduos pesados + gordura digerida

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Figura 35.4 - Caixa de gordura


Fonte: http://www.rotogine.com.br/

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A caixa de gordura da Figura (35.5) é o modelo recomendado pelo Estado da


Carolina do Norte, 2002.

Figura 35.5 - Caixa de retenção de gordura


Fonte: Estado da Carolina do Norte, 2002.

35.5 Método do tempo de detenção conforme Metcalf&Eddy, 1991


Metcalf&Eddy, 1991 recomenda que a caixa de gordura coletiva para que a flotação
das gorduras seja efetiva deve deter o efluente no mínimo em 30 (trinta) minutos.
Conforme Mecalf&Eddy, 1991 os fatores de pico são muito importante para o
dimensionamento de caixas de gorduras para pequenos estabelecimentos comerciais,
pequenas comunidades e residências individuais conforme Tabela (35.3).

Tabela 35.3- Fatores de pico para escoamento de esgotos de residência


individuais, pequenos estabelecimentos e pequenas comunidades
Fator de Residência individual Pequenos estabelecimentos Pequenas
pico comerciais comunidadades
Faixa de Média de Faixa de pico Média de pico Faixa de Média de
pico pico pico pico
Pico horário 4a8 6 6 a 10 8 3a6 4,7
Pico por dia 2a5 4 4a8 6 2a5 3,6
Pico por 1,25 a 4 2 2a6 3 1,5 3 1,75
semana
Pico por mês 1,2 a 3 1,75 1,5 4 2 1,2 A 2 1,5
Fonte: Metcalf & Eddy, 1991

Para partículas com diâmetro de:


• 150μm a velocidade de ascensão é de 3,6m/h e
• 60μm a velocidade de ascensão será 0,6m/h.

Exemplo 35.1
Supondo velocidade mínima de ascensão de 3,6m/h para indústria com 300 empregados.
Tomaz, 2000, Previsão de consumo de água.
Restaurante: 11 litros/dia/refeição Metcalf & Eddy, 1991
Suponhamos que se gaste 11 litros/refeição por hora
Vazão média = 11litros/hora x 300empregados = 3300 L/h= 3,3m3/h

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Usando fator de pico= 8 conforme Tabela (35.3).


Vazão de pico= 3,3m3/h x fator de pico= 3,3 x 8=26,4 m3/h
Usando Equação (35.2) temos:
Adotando velocidade mínima ascensional de 3,6m/h teremos:

Área (m2)= 26,4m3/h /3,6= 7,33m2


Adotando:
L= comprimento (m)
B= largura (m)
Supondo: L= 1,5 B
A= L x B
A= 1,5 B2
A= área (m2)= 7,33m2
7,33= 1,5 B2
B= 2,21m
L= 1,5 x B= 1,5 x 2,21= 3,32m

Tempo de detenção mínimo adotado> 30min (Metcalf e Eddy, 1991)


Para a flotação ser efetiva adoto 60min
V= (30min/60min) x 26,4m3/h=13,2m3
Altura da caixa
V= L x B x H
13,2m3 = 3,32 x 2,21 x H
H= 1,80m

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35.6 Caixa de retenção de gordura conforme Nunes, 1996


As caixas de retentoras de gordura são unidades destinadas a reter gorduras e
materiais que flotam naturalmente. São utilizadas no tratamento preliminar de águas
residuárias de frigorífico, curtumes, laticínios, matadouros, etc.
O principio de separação se dá pela diferença de densidade entre a água e as
gorduras. Em matadouros e curtumes, estas gorduras recuperadas têm valor comercial.
A caixa deve ser construída de forma que o liquido tenha permanecia tranqüila
durante o tempo em que as partículas, a serem removidas, percorram desde o fundo até a
superfície liquida. O tempo de detenção deverá situar-se entre 3 e 5 minutos, se a
temperatura do líquido se encontrar abaixo de 25ºC. Acima desta temperatura, o tempo de
detenção poderá ser maior, até 30minutos.

Figura 35.6-Caixa retentora de gordura


Fonte: Nunes, 1996

O formato da caixa deverá ser retangular, possuindo duas ou mais cortinas, uma
próxima à entrada para evitar turbulência do líquido e a outra próxima à saída. Em um dos
lados da caixa deverá ter uma calha para remoção da gordura.
A área necessária A é calculada conforme a seguinte fórmula:
A = Q/ V
Sendo:
A= área da superfície da caixa (m2)
Q= vazão máxima (m3/h)
V= velocidade mínima de ascensão das partículas de menor tamanho. Esta velocidade
poderá ser obtida em um cilindro graduado, determinado o tempo de subida de uma
pequena partícula.
V (m/h)= H(m)/ t(h)
Sendo:
V= velocidade mínima ascensional (m/h)
H= altura do líquido no cilindro (m)
t= tempo de ascensão (h)

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Exemplo 35.1- Extraído de Nunes, 1996


Dimensionar uma caixa de gordura de um frigorífico que abate cerca de 200 cabeças de boi
por dia. Considerar a contribuição per capita igual a 15000 Litros/cabeça/dia, como também
o período de 8 horas de funcionamento diário e que 60% das águas residuárias passarão na
caixa. A temperatura é de 30ºC.

Contribuição diária de águas residuárias (Q)


Q= 200 cabeças/dia x 1500 litros/cabeça x dia= 300m3/dia
Para 8 horas de funcionamento
Q= 37,50m3/h

Volume da caixa V
Adotando o tempo de detenção de 10min, tendo em vista que a temperatura do
liquido se encontra acima de 25ºC.
V= 1,5 x Q x t x 0,60
Sendo:
V=volume da caixa (m3)
Q= vazão média (m3/h)
t= tempo de detenção (h)
0,60= 60% da água passará na caixa.
1,5= coeficiente de pico

Dimensões da caixa
Considerando que a velocidade de ascensão das menores partículas seja de 4mm/s, ou seja,
14,4m/h teremos:
A= 1,5 Q/ 14,4= 1,5 x 37,5/ 14,4= 3,90m2

Adotando comprimento L e largura B


L= 1,5 x B
A= L x B
3,90m2= 1,5 B2
B=1,61m
L= 1,5 x 1,61= 2,42m

Altura da caixa H
V= L x B x H
5,625m3= 2,42m x 1,61m x H
H= 1,44m

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35.7 Método da área suburbana de Washington


Volume= vazão de pico x fator de diversidade x tempo de residência
Fator de diversidade:
0,2 para gorduras leves
0,3 para gorduras moderadas
0,4 para gorduras pesadas
O tempo de residência padrão é de 24min mais pode ser usado tempo menor com o
limite mínimo de 8min.

35.8 Stockton, Califórnia


V= vazão de pico da cozinha x 10min
Comentário: de modo geral as caixas de gorduras dimensionadas em várias cidades dos
Estados Unidos são baseadas na vazão de pico das cozinhas.
A localização das caixas de gorduras devido a sua periculosidade não deve ser
instalada dentro da cozinha ou do restaurante devendo ser localizada num local de fácil
acesso.
A manutenção das caixas deve ser mensal evitando que a mesma atinja 25% do
volume do líquido.

35.9 Método da EPA1 para restaurantes


Este método é baseado empiricamente no valor limite de óleos e gorduras de
100mg/L, conforme Estado da Carolina do Norte, 2002.

Consumo por refeição: 20 litros


Fator de armazenamento mínimo= 1,7 máximo=2,5
Fator de carga mínimo=0,5 máximo= 1,25 médio= 1,0 baixo= 0,80
Volume mínimo da caixa de gordura= 3.000 litros
V= (número de assentos) x 20litros/refeição x (Fator de armazenamento) x 1/2 do número
de horas aberto) x (fator de carga)

Exemplo 35.2
Dimensionar a caixa de gordura para restaurante com 50 assentos, trabalhando 8 horas/dia
com 20litros por refeição, usando fator de armazenamento igual 2,0 e fator de carga igual a
1,0.
V= (número de assentos) x 20litros/refeição x (Fator de armazenamento) x 1/2 do número
de horas aberto) x (fator de carga)
V= (50 assentos) x 20litros/refeição x (2,0) x 1/2 de 8 horas aberto) x (1,0)
V= 8.000litros

35.10 Método da EPA1 para hospitais


Volume mínimo= 3.000litros
Fator de armazenamento mínimo=1,7 máximo= 2,5
Consumo por refeição= 18litros/refeição
Fator de carga
Máquina de lavar prato= 1,25

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Sem máquina de lavar prato= 0,75

Exemplo 35.3
Dimensionar a caixa de gordura de um hospital com 100 pacientes e 10 pessoas para
atendimento.
V= (número de refeições servidas no dia) x (consumo/refeição) x (fator de
armazenamento) x (fator de carga)
Refeições= 100 x 3 + 10 x 3 = 330 refeições
Fator de armazenamento= 2,0
Fator de carga= 1,25 com máquina de lavar pratos
V= 330 x 18 x 2,00 x 1,25 = 14.850 litros

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Figura 35.7- Tiragem de amostra da caixa de gordura

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Figura 35.8- Caixa de gordura com acesso para inspeção

Figura 35.9- Gorduras acumuladas

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Figurda 35.10- Produção de gorduras

Figura 35.11- Poço de visita extravasando água devido entupimento por gorduras

Figura 35.12- Exigências de gorduras nos Estados Unidos


http://www.precast.org/technical/Grease_Interceptor_Design_s.pdf

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Figura 35.13- Valores adotados em USA para dimensionamento de caixa de gorduras


http://www.precast.org/technical/Grease_Interceptor_Design_s.pdf

Figura 35.14- Diversos valores de caixa de gorduras conforme os diferentes critérios


http://www.precast.org/technical/Grease_Interceptor_Design_s.pdf

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35.11 Bibliografia e livros consultados


-AZEVEDO NETTO, JOSÉ M. e MELO, WANDERLEY DE OLIVEIRA. Instalações
prediais Hidráulicas-sanitarias. Blucher, 1988, 185 páginas.
-ABNT NBR 13969/97 sobre Tanques sépticos-unidades de tratamento complementar e
disposição de efluentes líquidos. Construção e Operação.
-ABNT NBR 7229/93 sobre Projeto, Construção e operação de sistemas de tanques
sépticos.
-BRITTO, EVANDRO RODRIGUES DE. Tecnologias Adequadas ao Tratamento de
Esgotos, ABES, 2004, 161 páginas.
-CIDADE OF EUGENE. Eugene Stormwater Basin Plan CIDADE, 2002.
-CONAMA, RESOLUÇÃO Nº357 DE 17/03/05. Dispõe sobre a classificação dos corpos
de água e diretrizes para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes. 26 páginas.
--ESTADO DA CAROLINA DO NORTE. Considerations for the management of
discharge of fats, oil and grease (FOG) to sanitary sewer system. Jun, 2002, 73 páginas.
-JORDÃO, EDUARDO PACHECO e PESSÔA, CONSTANTINO ARRUDA. Tratamento
de Esgotos Domésticos. 4ª ed., 2005, 906 páginas.
-MACINTYRE, ARCHIBALD JOSEPH. Instalações Hidráulicas. 770 páginas.
-MENDES, ADRIANO AGUIAR et al. Aplicação de lípases no tratamento de águas
residuárias com elevados teores de lipídeos. www.scielo,br, Química nova, abril 2005,
ISSN 0100-4042.
-METCALF&EDDY. Wastewater Engineering. McGray-Hill, 1991, 1334páginas.
-NUNES, JOSÉ ALVES. Tratamento físico-químico de águas residuárias Industriais.
1996, 277 páginas.
-ROTOGINE- Kne Plast Indústria e Comércio Ltda internet: http://www.rotogine.com.br/
-USEPA (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY). Guidelines for Water
Reuse. EPA/625/R-04/108 setembro de 2004 acessado em 15 de junho de 2006
http://www.epa.gov/

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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Capitulo 36- Gases em tubulações de esgoto

36.1 Introdução
Um dos problemas que existe normalmente nos sistemas de esgotos é a produção de
gases malcheirosos, principalmente o sulfeto de hidrogênio, H2S, segundo Mendonça,1975.
É muito conhecido os casos de tubos de concreto para conduzir esgotos sanitários
que devido a produção dos sulfetos entram em colapso conforme Figura (36.1). O motivo é
que os sulfetos juntamente com o vapor de água e bactérias cria o ácido sulfúrico que
destrói o cimento e conseqüentemente a estrutura do concreto.

Figura 36.1- Corrosão de tubo de concreto para condução de esgoto, por sulfeto de
hidrogênio.
Fonte: Tsutiya, 1999
Existem vários gases nos esgotos, mas o mais importante é o sulfeto de hidrogênio
H2S.A presença de odor do sulfeto de hidrogênio é importante para os trabalhadores, pois
podem causar explosão quando está junto com os gases o metano.
A concentração mínima de H2S para causar a morte é 300mg/L sendo que
3000mg/L é fatal conforme Metcalf e Eddy, 1981.
Metcalf e Eddy, 1981 apresenta a Tabela (36.1) que mostra os efeitos produzidos
pelo sulfeto de hidrogênio ao ser humano.

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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Tabela 36.1- Efeitos produzidos pela exposição humana ao ar contaminado com varias
concentrações de sulfeto de hidrogênio.
Tempo e condições de exposição Concentração de H2S na Efeitos
atmosfera do sistema de esgotos
(ppm em volume)
Exposição prolongada, trabalho 5 a 10 (algumas pessoas menos) Pouco ou nenhum
leve
1 a 2 horas, trabalho leve 10 a 50 (algumas pessoas menos) Irritações leves nos olhos e nas
vias respiratórias, dores de cabeça
6 horas de trabalho manual pesado Cerca de 50 Cegueira temporária
1 hora de trabalho manual pesado Cerca de 100 Limite máximo sem
conseqüências serias.
Fonte: Metcalf e Eddy, 1981 e Tsutiya, 1999

36.2 Sulfetos
O H2S é um gás encontrada com freqüência na natureza e muito conhecido pelo seu
odor. Pode ser produzido pela decomposição de algumas espécies de matéria orgânica,
especialmente a albumina.
Segundo Tsutiya, 1999 a principal origem dos sulfetos em esgoto sanitário é devida
à ação de bactérias que reduzem o sulfato para obter energia para sua manutenção e
crescimento. Sob condições anaeróbias (sem oxigênio) dois gêneros de bactérias anaeróbias
obrigatória da espécie
Conforme Metcalf e Eddy, 1981 o H2S através da bactéria do genus Thiobacillus
forma o ácido sulfúrico:
H2S + 2O2 bactéria ---> H2SO4

36.3 Fórmula Z de Pomeroy


É muito conhecida a fórmula empírica do Dr. Pomeroy, a qual através de um indicador
Z, tem a finalidade de avaliar o risco do aparecimento de odores em coletores sanitários.
É a chamada fórmula Z de Pomeroy que segundo Richardson in Tsutiya, 1999
recomenda a sua utilização para vazões entre 3 L/s a 2.000 L/s.

3 (EDBO) p

Z= ------------------- x --------

I 1/2 Q 1/3 b
Sendo:
p= perímetro molhado da seção transversal em m;
b= corda correspondente à altura molhada em m;
Q= vazão máxima horária em litros/segundo;
I= declividade do coletor em m/m;
T= temperatura média do esgoto no mês mais quente em °C;
EDBO= DBO a 5 dias e 20 °C do esgoto bruto em mg/L multiplicado pelo fator 1,07 T-20
Z= coeficiente Z de Pomeroy.

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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36.4 Valores de Z
É muito discutido qual os limites dos valores de Z para prevenir a criação de
sulfetos. Tsutiya, 1999 comenta que Takahashi sugere o valor de 7.500, Paintal 7.500 e
Ludwig e Almeida 10.000. As Tabelas (36.1) e (36.2) mostram alguns valores limites de Z.
Para valores de Z menores que 5.000 o H2S está raramente presente ou somente em
diminutas concentrações nos coletores.
Para valores de Z iguais ou maiores que 25.000, o H2S dissolvido estará presente
com freqüência e tubos de concreto com pequenos diâmetros possivelmente entrarão em
colapso dentro de cinco a dez anos.
Tabela 36.2- Valores de Z e possibilidades de produzir ou não sulfetos
Valores de Z Condições a serem observadas
Z< 5.000 Neste caso o sulfeto é raramente gerado
5.000≤Z≤25.000 Podemos ter ou não o sulfeto
Z> 25.000 Será criado o sulfeto

Tabela 36.3- Valores de Z e possibilidades de produzir ou não sulfetos


Valores de Z Condições a serem observadas
Z< 5.000 Neste caso o sulfeto é raramente gerado
5.000≤Z≤10.000 Podemos ter ou não o sulfeto
Z> 10.000 Será criado o sulfeto
Fonte: Tsutiya, 1999

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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36.5 Relações geométricas da seção circular

Figura 36.2 Ângulo Central


O ângulo central θ (em radianos) do setor circular, pode ser obtido pela seguinte
expressão conforme Chaudhry,1993 p.95:
θ = 2 arc cos ( 1 – 2y/D)
Conforme Chaudhry ,1993 p.10 temos:
A área molhada “A”:
A= D2 ( θ – seno θ)/8
O perímetro molhado ”P”:
P=(θ D)/2
O raio hidráulico “RH”:
RH= (D/4) (1-(seno θ)/ θ)
A corda “b” correspondente a altura molhada é dado por:
b= D sen (θ/2)
Conforme Mendonça,1984 Revista DAE SP temos:
Usando a fórmula de Manning e tirando-se o valor de θ usando as relações acima
obtemos para o regime uniforme a fórmula para obter o angulo central θ.
Observar que o ângulo central θ aparece nos dois lados da equação, não havendo
possibilidade de se tornar a equação numa forma explícita.
Daí a necessidade de resolvê-la por processo iterativo, como o Método de Newton-
Raphson. O ângulo central θ está entre 1,50 rad. ≤ θ ≤ 4,43 rad. que corresponde
0,15≤y/D≤ 0,80.
θ= seno θ + 2 2,6 (n Q/I 1/2) 0,6 D-1,6 θ 0,4
O primeiro seria o método de tentativa e erros, o segundo seria o método da
bisseção, o método de Newton-Raphson e o Método das Aproximações Sucessivas.

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O Dr. Sérgio Rolim Mendonça, fez uma tabela de declividades mínimas que se deve
ter para não haver gases, usando Z=5.000, que deve ser usado principalmente para grandes
coletores de esgotos. O coletor é calculado a meia seção e o coeficiente de rugosidade é
n=0,013.
I min= K x 10-6 x (EDBO)2/Q 2/3
Sendo:
Q= vazão no coletor em litros por segundo;
T= temperatura média do esgoto no mês mais quente em °C;
EDBO= DBO a 5 dias e 20 °C do esgoto bruto em mg/l multiplicado pelo fator 1,07 T-20
EDBO=DBO 1,07 T-20
EDBO = em mg/l;
K= valor obtido na Tabela (36.4);
I min = declividade mínima do coletor em m/m.

Tabela 36.4: Valores de K para achar a declividade mínima em coletores de esgotos

Fonte: Mendonça,1985, Revista DAE.

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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Exemplo 36.1
Seja o coletor predial com diâmetro nominal 150, a ¾ da seção ou seja y/d=0,75.
Suponhamos ainda que a temperatura média do mês mais quente seja de 25° C que a DBO
a 5 dias e 20°C seja 250 mg/litro e que o coeficiente de rugosidade de Manning seja
n=0,013, como adotado normalmente. A vazão máxima que o coletor pode conduzir com a
declividade de 2% (0,02m/m) é de 6,66 litros/segundo.
Para calcular o ângulo central em radiano usamos:
θ = 2 arc cos ( 1 – 2 (y/D))
obtendo: θ = 2 arc cos ( 1 – 2 (y/D))= 2 arc cos ( 1 – 2 (0,75))= 2,32 rad
O perímetro molhado P=(θ D)/2= (2,32 x 0,15)/2 =0,18m

A corda b= D sen (θ/2)= 0,15 sen( 2,32/2)= 0,13m


EDBO=DBO 1,07 T-20 = 250 x 1,07 (25-20) = 259,63 mg/l
Substituindo na fórmula Z de Pomeroy temos:

3 (EDBO) p

Z= ------------------- x --------

I 1/2 Q 1/3 b

3 x 259,63 0,18

Z=-------------------------x -------- = 5515

0,02 ½ x 6,66 1/3 0,13

Como o número Z de Pomeroy é igual a 5.515 portanto maior que 5.000 poderá
haver ou não a produção de sulfetos. Caso fosse menor que 5.000 não haveria possibilidade
da formação de sulfetos. Caso fosse superior a 25.000 com certeza teríamos a produção de
gases.
Caso queiramos aplicar a fórmula da declividade mínima em que não haverá a
produção de gases teremos que usar a fórmula número:
I min= K x 10-6 x (EDBO)2/Q 2/3
Sendo que o valor de K=2,106 obtido na Tabela (36.2), com y/d=0,75
I min= K x 10-6 x (EDBO)2/Q 2/3 = 2,106x10-6 x (259,63)2/6,66 2/3=0,073 m/m
I min= 0,073 m/m, é a declividade mínima para que não se tenha no coletor a
produção de gases.
Na prática se usam para os coletores prediais de esgoto sanitário, tubos de PVC ou
tubos de cerâmica, os quais não apresentam nenhum problema estrutural para os gases.
Relembremos também que nas redes coletoras públicas não existem tubos
ventiladores, não ser em casos especiais, tal como em elevatórias. A ventilação das
instalações prediais de esgoto, compete ao prédio.

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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36.6 Interceptores
Em interceptores que geralmente possuem diâmetros maiores que 500mm e são
feitos de concreto, o problema de sulfetos tem ser considerado. Devido a isto é que a norma
da ABNT para Interceptores obriga que os mesmos sejam dimensionados com a tensão
trativa mínima de 1,5Pa, ao invés de 1,0 Pa usado nos coletores comuns.

36.7 Gases em esgotos


Metcalf e Eddy, 1981 salienta que as casas possuem tubo ventilador para a
ventilação das redes de esgotos sanitários. Não se recomenda instalarem-se tampões de
ferro fundido perfurados para exalação dos gases devido ao mau cheiro que se produzirá.
Recomenda ainda que em locais onde há poucas ligações de esgoto, que se faça uma
ventilação usando área da secção metade da seção da tubulação de esgoto.
Especial ventilação se deve instalar quando as ligações de esgoto possuírem
dispositivos que impedem a passagem dos gases.
Nos locais onde temos sifões invertidos devemos instalar dispositivos ou câmaras
especiais para a expulsão dos gases dos esgotos.

36.8 Gases em esgotos estação elevatória de esgotos


Tsutiya, 1999 comenta que em Santos uma estação elevatória apresentou 2 mg/L de
H2S resultando na produção de odores inaceitáveis conforme Figura (36.2).
Para corrigir o problema foi instalado um dosador de nível constante e aplicado a
dosagem de 12,5mg/L de nitrato de amônio ao esgoto afluente.

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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Figura 36.3-Geração de odor pela produção de sulfeto em poços de sucção


Fonte: Tsutiya, 1999

36.9 Corrosão devido ao H2S


É conhecida a corrosão de tubos de concreto armado pelo ácido sulfúrico produzido
pelo H2S. Metcalf e Eddy, 1981 apresenta a corrosão em tubos de concreto e em tubos de
ferro fundido. Assim um tubo de concreto com 1200mm de diâmetro e 10.000m de
comprimento terá uma corrosão de 0,48mm/ano.
Se dividirmos a espessura disponível da tubulação de concreto pelo valor
0,48mm/ano de corrosão, teremos a durabilidade da tubulação. Pode ser adotada uma
camada de sacrifício na tubulação de concreto utilizando agregado calcário para o aumento
da alcalinidade. Uma outra maneira é adotar-se cimento que seja mais resistente ao ácido
sulfúrico.

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Curso de redes de esgotos
Capitulo 36- Gases em tubulações de esgotos
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36.10 Bibliografia e livros consultados


-METCALF E EDDY. Wastewater engineering collection and pumping of wastewater.
1981, 432páginas.
-TSUTIYA, MILTON TOMOYUKI E SOBRINHO, PEDRO ALEM. Coleta e transporte
de esgoto sanitário. EPUSP, 1999, 547páginas.

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Curso de rede de esgotos
Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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Capítulo 37
Reabilitaçao de córregos e rios

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Curso de rede de esgotos
Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 37 – Reabilitação de córregos e rios

37.1 Introdução
37.2 Conceitos
37.3 Os cinco elementos chave em um rio ou córrego
37.4 Potência dos córregos e rios
37.5 Transporte de sedimentos
37.6 Dimensionamento de canais
37.7 Bibliografia

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Curso de rede de esgotos
Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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Capítulo 37 – Reabilitação de córregos e rios

37.1 Introdução
Há uns 20 anos com a degradação física e biológica cada vez maior de córregos e rios começou-se
a se ter idéia da recuperação dos mesmos para retorno físico e biológico.
Iremos considerar os córregos e rios urbanos, que são aqueles que possuem uma área impermeável
maior que 10%, pois quando a área é menor que 10% não há impactos no ecossistema aquático.

37.2 Conceitos
Os conceitos fundamentais são:
Restauração: consiste em volta as condições exatamente como eram antigamente quando não
havia população e não havia interferência do homem. É praticamente impossível de ser feita.

Reabilitação: consiste em restaurar alguns aspectos do córrego e do rio, mas não todos.

Remediação: é quando o rio mudou totalmente de configuração relativa as condições originais


e podemos fazer alguma coisa para melhorá-lo

Renaturalização ou naturalização: significa uma maneira natural para o rio de maneira que o
mesmo volte ao ecossistema que existia antes.

Figura 37.1- O que pode ser conseguido realisticamente?

A Figura (37.2) mostra os conceitos mencionados.

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Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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Figura 37.2- Esquema de reabilitação


Fonte: Austrália, 2000

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37.3 Os cinco elementos chaves em um rio ou córrego


Na Figura (37.3) estão os cinco elementos básicos da saúde de um rio conforme Austrália, 2000
para reabilitação do rio em área urbana.
1. Zona Ripariana
2. Estrutura física do rio
3. Organismos do ecossistema aquático
4. Qualidade da água
5. Quantidade de água

Figura 37.3- Os 5 elementos da saúde de um córrego ou rio


Fonte: Austrália, 2000

Organismos do ecossistema aquático e Zona ripariana


Os componentes biológicos do ecossistema aquático deverá ser estudado em assuntos como a
redução dos habitats naturais no corpo do rio, bem como as mudanças da biodiversidade do rio no
que se refere a fauna e a flora.

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Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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Figura 37.4- Diversos tipos de habitat

Estrutura física do rio


O componente morfológico do rio são os alinhamentos e os gradientes, com as construções de
casas, industrias e infraestrutura urbana adjacentes ao rio. É estudado a estabilização do rio do
ponto de vista de transporte sólidos.

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Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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Figura 37.5 –Diversidade morfológica dos rios

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Figura 37.6- Diversidades morfológicas dos rios.

Qualidade da água
No assunto qualidade da água do rio estudamos os nutrientes, os metais pesados, os sais e os
compostos orgânicos que são lançados ao rio diretamente ou através da poluição difusa levado pela
drenagem superficial. Estudamos também o aumento de temperatura devido a lançamentos industriais
ou água de drenagem bem como a vegetação ripariana e a mata ciliar.

Quantidade de água
Deverão ser estudados os componentes hidrológicos do rio, tais como o aumento da área
impermeável, o aumento do runoff, o aumento das velocidades, o decréscimo da vazão base e estudo
de novas seções nos rios.

Uma recomendação que está em Austrália, 2000 está o seguinte: em caso de dúvida, copie.
Quando se quer reabilitar um córrego deve-se procurar um córrego próximo que tenha as condições
físicas e biológicas que queremos e então copiamos o modelo.
Na Europa em 2004 foram estudados 23 casos de reabilitação de rios com comprimento
variando de 1300m a 9500m ao custo médio de 1500 euros/metro.
Os objetivos são variados estando encaixados dentro dos 5 elementos da saúde do rio citado em
Austrália, 2000.

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Curso de rede de esgotos
Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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37.4 Dimensionamento de canais


Os canais que podem transportar sedimentos ou depositar sedimentos devem ser calculados com as
equações de resistência normalmente usadas como a fórmula de Manning para dimensionar a altura,
largura, declividade do canal, mais as equações de transporte de sedimentos com o devido cuidado e
experiência. De qualquer maneira a melhor maneira é calcular por tentativas até a melhor solução.
É melhor usar critérios de tensão trativa do que métodos de velocidade, mesmo assim os mesmos
não devem ser desprezados.
A vazão dos rios normalmente é calculada usando o conhecido Q7,10.

37.5 Pesquisas na Europa


Pesquisas apresentas na Europa em jnho de 2004 sobre Urban River Basin Enhancenment
Methods sobre Existing Urban River Rehabilitatiions Schemes em 23 rios e córregos apresentaram os
seguintes resultados que estão nas Figuras (32.7) a (37.11).

Figura 37.7- Objetivos da reabilitação de rios na Europa

Figura 37.8- Pressão urbana para restauração

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Curso de rede de esgotos
Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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Figura 37.9- Largura dos rios

Figura 37.10- Comprimento dos rios reabilitados na Europa

Figura 37.11- Custo por metro de reabilitação

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Capítulo 37-Reabilitação de córregos e rios
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37.5 Bibliografia e livros consultados


-AUSTRALIA. A rehabilitation manual for Australiam Streams. Volume 1. 2000, ISBN 0642 76028 4
(volume 1 e 2).
-EPUSP. Obras Fluviais. PHD 5023. prof dr. Giorgio Brightetti. Sem data. Apostila com 39páginas;
Departamento de Hidráulica.
http://www.unc.edu/~mwdoyle/pdfs/JHERestorationDesign.pdf
-SHIELDS JR, DOUGLAS, COPELAND, RONALD R. et al. Design for Stream restoration. Journal
of Hydraulic engeneering, ASCE/ agosto, 2003.

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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Capítulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc

38.1 Introdução
Vamos mostrar alguns assuntos de redes de esgotos que não são comuns na prática.

38.1 Rede condominial


A rede condominial foi desenvolvida no Rio Grande do Norte, embora de maneiras
diversas tenha sido empregada em muitos locais.
A grande vantagem da rede condominial são os baixos custos, pois as tubulações
passam na frente das casas, nos fundos e ao lado. São usados tubos de pequenos diâmetros
e deve ser feito um trabalho junto aos moradores para que façam a conservação da mesma.

Figura 38.1- Rede condominial


Fonte: Azevedo Netto, 1992 in Tsutiya, 1999

Tive oportunidade de ver uma favela em Brasília onde foi feita com pleno êxito uma
rede condominial, pois os terrenos eram grandes e planos, não havia pequenos córregos e as
casas eram construídas no meio do lote.
Cheguei a trazer os especialistas de Brasília no assunto para ver a solução das
favelas aqui em Guarulhos, que é a 4ª cidade do Brasil em número de favelas. Não
encontraram solução, pois não há espaço para passagem das tubulações.
Apliquei há anos no bairro do Jardim Paraventi em Guarulhos onde há terrenos com
grande desnível da rede de esgotos passando pelo fundo dos lotes. A solução foi ótima no
momento, mas com o decorrer dos anos, foram feitas construções sobre a rede de esgoto e
muitos moradores introduziram águas pluviais dentro das mesmas, causando sérios
problemas com os vizinhos.

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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38.2 Rede pressurizada


Nunca vi uma rede pressurizada de esgoto sanitário, entretanto o esgotos podem ser
pressurizado e enviados a uma caixa de regularização e depois entrar na rede pública
através de ligação de esgoto sanitário.

Figura 38.2- Rede pressurizada


Fonte: Tsutiya, 1999

Eventualmente durante entupimentos de rede de esgotos, a rede fica pressurizada


podendo o esgoto retornar as casas.
Quando existe locais onde muitas casas colocam rede de águas pluviais nos esgotos,
quando chove a rede de esgoto fica pressurizada chegando o mesmo a vazar pelos tampões
dos poços de visita.

Redes de esgoto sob pressão: Portugal


Bentes, et al fizeram um trabalho sobre Redes de Esgotos sob pressão- modelo de
cálculo de equilíbrio hidráulico.
A justificativa é que em determinados locais o custo de uma rede de esgoto clássica
fica muito elevado devido a poucas moradias, o sistema de pressão de rede esgotos é uma
opção.
Foi elaborado um modelo computacional para o dimensionamento da rede de esgoto
pressurizado.
A grande vantagem é que as tubulações da rede principal irão variar somente de
50mm a 150mm, enterrada a pequena profundidade e ligada as habitações por ramais de
ligação também de pequenos diâmetros (25mm a 45mm).

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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Os motores são de pequena potência variando de 1 a 2HP que pressuriza o esgoto e


o transporta através da tubulação principal até o destino final.
Existe dois sistemas de pressurização, um que possui uma câmara de decantação
antes do bombeamento com a função de remover sólidos e gorduras evitando o
entupimento ou redução do diâmetro da canalização conforme Figura (38.3).

Figura 38.3- Sistema de pressurização com câmara de decantação


A outra alternativa é a da Figura (38.4) em que existe instalada uma bomba
trituradora que pressuriza o sistema.

Figura 38.4- Sistema de pressurização

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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Figura 38.5- Rede principal e as ligações de esgoto

Figura 38.6- Curva das bombas

A grande desvantagem do sistema de pressurização é o custo de manutenção e


operação e a dificuldade por não existir poço de visita e a necessidade de ventosa para
entrada e saída de ar na rede principal.
A vazão vai depender do número de pessoas que moram na casa e a velocidade na
rede adotada é de 1,00m/s.
Outro grande inconveniente é que o sistema de dimensionamento é complexo
quanto mais bombas existirem e os estudos estatísticos para determinar o funcionamento
simultâneo das bombas.

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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38.3 Rede a vácuo


Não tenho conhecimento no Brasil de nenhuma rede pública de esgoto sanitário
feita a vácuo, mas tenho conhecimento de prédios na capital de São Paulo, como o
Shopping Frei Caneca, onde as bacias sanitárias são a vácuo e gastam somente 1,5
litros/descargas e o pay-back foi muito rápido.
Conversei com o projetista que informou que na época havia duas firmas no Brasil
que produziam os vasos sanitários que custavam cerca de R$ 800,00 cada. Com o passar do
tempo passou a existir somente uma firma e o vaso sanitário aumentou para R$ 2.400,00
por bacia, a ponto de desaconselhar o uso do vácuo no Brasil por enquanto.

Figura 38.3- Rede a vácuo


Fonte: Tsutiya, 1999

38.4 Sifão Invertido


Quando se tem um obstáculo no trajeto de uma rede de esgoto sanitário, tais como
galerias de águas pluviais de grande dimensão, linhas férreas, etc temos que fazer um sifão
invertido conforme Figura (38.4) e (38.5).

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Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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Figura 38.4- Sifão normal e sifão invertido


Fonte: Fernandez, 1997

Figura 38.5- Sifão invertido


Fonte: Tsutiya, 1999

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Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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Os sifões invertidos apresentam algumas particularidades que devem ser


salientadas. Primeiramente haverá problema de excesso de gases no poço de visita a
montante causados pelo sulfeto de hidrogênio.
Deverá então instalado no PV dispositivo para evacuação dos gases com área
variando de 1/10 da seção a ½ da secção do tubo que será utilizado no sifão invertido.
Outra observação é que deverá ser feito no mínimo duas redes em paralelo e que a
velocidade máxima deve ser maior ou igual a 0,90m/s, sendo que esta é obtida pela vazão
média multiplicada por K2=1,5.
Com a velocidade média Qm a velocidade mínima deve ser maior ou igual a
0,60m/s.

38.5 Redes curvas


Os dois poços de visita a montante e a jusante devem ser visitáveis.
As normas brasileiras permitem que se faça uma rede curva. Tivemos oportunidade
de fazer redes de PVC 150mm curvas sem nenhum problema.
Metcalf e Eddy, 1081 salienta que quando se utilizar redes curvas deve se levar em
conta os equipamentos de limpeza existentes, como jatos de água que não apresentam
problemas em redes curvas.
Uma desvantagem das redes curvas é não possibilitar o uso de equipamentos de
lazer durante a construção e dificuldade de se examinar com circuito fechado de TV.

38.6 Softwares
Os softwares mais conhecidos sobre redes de esgotos são:
• CEsg redes de esgotos; Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).
• SanCAD- Sistemas de esgoto sanitário e pluvial., Universidade Federal de Minas
Gerais, Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental Sanegraph.
• CEsg- Sistema automático de cálculo de redes de esgotos sanitários. Universidade
Federal do Ceará.
• SewerCAD; Bentley antiga Haestad Methods.

38-7
Curso de rede de esgotos
Capitulo 38- Rede condominial, pressurizada, vácuo, etc
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38.6 Bibliografia e livros consultados


-BENTES, ISABEL et AL. Redes de esgotos sob pressão- Modelo de cálculo de equilíbrio
hidráulico. Universidade do Porto, Portugal. 2008..
-FERNANDES, CARLOS. Esgoto sanitários. João Pessoa, 1997, 290 páginas.
-TSUTIYA, MILTON TOMOYUKI E SOBRINHO, PEDRO ALEM. Coleta e transporte
de esgoto sanitário. EPUSP, 1999, 547 páginas

38-8
Curso de rede de esgotos
Capitulo 39- As megatendências do mercado de água
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 22/08/08

Capítulo 39-As megatendências do mercado de água

Um assunto que gosto muito de saber são as megatendências do


mercado de água. São os chamados future trends, tanto na área de esgotos,
como na área de água. Estas megatendências nos dão uma idéia da situação do
dia de hoje e no futuro.
No que se refere a esgoto sanitário dois países no mundo se destacam
que precisam de muitos investimentos: Índia e China.
O mundo gasta atualmente 150 bilhões de dólares/ano em esgotos no
ano 2008 e irá gasta em 2016 será de 240 bilhões de dólares, sendo que a alta
de custo se dará no objetivo de que o efluente do tratamento de esgoto deverá
ser utilizado para reúso.
As águas cinzas são as provenientes do chuveiro, banhos, lavagem de
roupas e lavatório do banheiro e são chamadas também de graywater. Em
2006 teve uso de 15 milhões de m2, terá em 2016 cerca de 55 milhões de m3.
O tratamento de esgotos por membrana MBR (Membrane Bioreators)
que está implantado no mundo desde 1999, terá uma expansão de 20% ao ano
a partir de 2008.
O grande desafio do século XXI são os disruptores endócrinos
presentes nos esgotos sanitários e a necessidade de técnicas mais sofisticadas
no tratamento. Haverá a tendência de se eliminar os disruptores endócrinos
que sempre estão presentes nos efluentes de esgotos sanitários.
Para a desinfecção de água potável o uso do ozônio aumentará de 10%
ao ano a partir de 2008 e a radiação ultravioleta de 14% ao ano.
A dessalinização é feita por dois processos, osmose reversa e por
destilação através de calor. Preponderará a osmose reversa sendo que em 2006
as plantas de dessalinização eram de 42 milhões de m3/dia e passarão em 2016
a 100 milhões de m3/dia.
Quanto a demanda industrial ela no mundo continua estável a não ser
em países como a China onde está havendo um excesso de consumo.
O consumo doméstico continuará estabilizado nos países do primeiro
mundo: Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália, mas em países em
desenvolvimento o consumo continuará a crescer.
Para se ter idéia do consumo de uma casa, seguimos uma pesquisa feita
na Suíça cujo consumo é semelhante ao Brasil:
Bacias sanitárias 29%
Banho ou chuveiro 20%
Máquina de lavar roupas 19%
Máquina de lavar pratos 14%

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 39- As megatendências do mercado de água
Engenheiro Plínio Tomaz pliniotomaz@uol.com.br 22/08/08

Higiene pessoal e limpeza 13%


Cozinhar e beber 3%
Outros 2%

A demanda mundial de água para consumo doméstico é 1º%, enquanto


que agricultura usa 70% e 20% usado nas indústrias.
A irrigação é o grande consumidor com 70% do consumo de água e
possui crescimento de 10% ao ano, havendo tendência para uso da micro-
irrigação havendo economia de água de 30% a 70%.
A água mineral continuará no mundo com crescimento de consumo de
10% ao ano enquanto que no Brasil o crescimento é de 25%.
O consumo médio no Brasil de água é de 160 litros/dia x habitante,
enquanto que nos Estados Unidos é 580 litros/dia x habitante e na China de 90
litros/dia x habitante. Em vários países no mundo o consumo continuará a ser
de 50 litros/dia x habitante.
A água virtual continuará a ser discutida. A água virtual é aquela
contida no produto que as pessoas consomem. Assim 1 kg de pão necessita de
1.000 litros de água. Um kg de pão possui 3.500 Kcal e um homem precisa de
2.500Kcal/dia. Supondo que o homem só coma pão durante um ano irá
consumir 260m3/ano x pessoa de água. Na prática há outros consumos e o
homem não come tanto pão assim, mas o volume de água virtual chega em
média a 550m3/anox pessoa.
Alguns países como a China transformam áreas agrícolas em áreas
industriais e preferem comprar o produto fora como do Brasil ou Argentina.
Um pais, região, estado está com stress de água quando o consumo é
menor que 1200m3/hab x ano e no caso da Região Metropolitana de São Paulo
a disponibilidade hídrica é somente de 201m3/hab x ano.
Há quatro tendências no mercado mundial de água:
1) Aumento da demanda da água
2) Substituição da infraestrutura velha: redes, casas de bombas, túneis,
etc
3) Novos padrões de qualidade
4) Mudanças climáticas
A população do mundo em 2008 é 6,6 bilhões de pessoas e em 2025
será de 8 bilhões e 2050 9,2 bilhões. Haverá um aumento da urbanização nas
megacidades como São Paulo, México e outras.
Em 2030 a demanda de alimentos será 55% maior do que em 1998, para
atender o ritmo de crescimento do mundo a produção de alimentos deve
crescer de 1,4% ao ano.

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Curso de rede de esgotos
Capitulo 39- As megatendências do mercado de água
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Para as águas subterrâneas está havendo uma superexplotação dos


recursos hídricos subterrâneos em onze países: China, Índia, Paquistão, US,
Israel, Egito, Líbia e Argélia.
Na Espanha o lençol freático na região da cidade de Haelsa tem caído
muito devido a superexplotação das águas subterrâneas para captação de água
para irrigação de frutas
Na Índia o rio Karari que tem 30m de largura chega a ficar seco e o
lençol freático já atingiu rebaixamento de 300m a 400m.
Nos Estados Unidos o aqüífero Ogallala que é o terceiro do mundo está
cada vez caindo mais devido a água retirada para a agricultura.
Existem no mundo grandes projetos de transposição de água como na
Índia, China, Espanha, Brasil e outros.

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