Você está na página 1de 205

CAPA

HOMOSSEXUALISMO
HOMOSSEXUALIMO

Uma Visão Bíblica

Greg L. Bahnsen

editora monergismo
Brasília, DF
Copyright @ 1978, 1986 de Baker Book House

Publicado originalmente em inglês sob o título

Homosexuality: a biblical view

pela Baker Books,

uma divisão da Baker Publishing Group,

Grand Rapids, Michigan, 49516, EUA.

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por

Editora Monergismo

Caixa Postal 2416

Brasília, DF, Brasil - CEP 70.842-970

Telefone: (61) 8116-7481 - Sítio: www.editoramonergismo.com.br

a
1 edição, 2011

1000 exemplares

Tradução: Odayr Olivetti

Revisão: Felipe Sabino de Araújo Neto

Capa: Raniere Maciel Menezes

Proibida a reprodução por quaisquer meios,

salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Todas as citações bíblicas foram extraídas da

versão Nova Versão Internacional (NVI),

© 2001, publicada pela Editora Vida,

salvo indicação em contrario.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)


Bahnsen, Greg L.

Homossexualismo: uma visão bíblica / Greg L. Bahnsen, tradução Odayr Olivetti – Brasília,

DF: Editora Monergismo, 2012.

100p.; 21cm.

ISBN 978-85-62478-54-3

1. Ética 2. Bíblia 3. Teologia

CDD 230
“Aplaudo a Editora por perceber a importância deste
assunto e por sua coragem de lançar uma tradução desta
obra. Que Deus faça uso dela para instruir os cristãos na
visão bíblica do homossexualismo e inspirá-los a tomar uma
posição em defesa da verdade.”

— Vincent Cheung, autor de Questões Últimas

“Eu li o livro de Bahnsen e considero-o um bom resumo do


ensino bíblico sobre o assunto.”

— John Frame, autor de Apologética para a Glória de Deus


“Este é um livro excelente para aqueles que desejam ajuda
no árduo trabalho exegético sobre o tema do
homossexualismo.”

— Douglas Wilson, autor de Persuasões


“Neste livro incisivo, o falecido Greg L. Bahnsen,
proeminente eticista cristão do século XX, apresenta uma
explicação clara, concisa e convincente do ensino bíblico
sobre o homossexualismo. Como nossa cultura (incluindo a
igreja) tem-se tornado cada vez mais tolerante com essa
prática, estando mesmo inclinada a aceitar a categoria de
“casamento” do mesmo sexo, uma categoria que não
encontra precedente histórico, é de especial urgência uma
conscientização do ensino bíblico sobre esse tema, e
provavelmente ninguém mais que Bahnsen está qualificado
a defender esse ensino.”

— Andrew Sandlin, coautor de Infalibilidade e Interpretação


“… o tratamento articulado é equilibrado e também
definitivo.”
— Pulpit Helps

“… uma argumentação convincente de que o plano de Deus


é para uma raça humana heterossexual.”
— Augusta Morning Press

“Particularmente gratificante é o entendimento do autor da


importância de definições claras, de uma exegese bíblica
sólida e fiel e de conclusões cuidadosamente
fundamentadas.”
— Concordia Journal
Sumário
Prefácio à Edição Brasileira
Prefácio
CAPÍTULO 1: Compromissos Básicos
CAPÍTULO 2: O HOMOSSEXUALISMO COMO PECADO
CAPÍTULO 3: A Distinção de Ato e Orientação do Homossexualismo e Suas
Causas
CAPÍTULO 4: A Resposta da Igreja: Esperança para os Homossexuais
CAPÍTULO 5: A Resposta da Sociedade: Os Atos Homossexuais Considerados
como Atos Criminosos
Conclusão
Apêndice 1
Apêndice 2
Sobre o Autor
Prefácio à Edição Brasileira

Este livro foi escrito alguns meses antes de eu nascer.


Contudo, ele permanece impressionantemente atual. O
motivo é que o autor se atém ao ensino da Palavra de Deus,
não a especulações vazias. E como a Palavra de Deus é a
verdade eterna e imutável do Deus eterno e imutável, todo
ensino extraído dela terá caráter e utilidade permanentes.
As teorias humanas se proliferam e morrem aos borbotões,
mas a Palavra de Deus permanece para sempre (1 Pedro
1.25)!
A Bíblia nos instrui a estarmos “sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da
esperança” que há em nós (1 Pedro 3.15). O renomado
teólogo e filósofo Greg Bahnsen (1948-1995) faz
exatamente isso nesta obra. Ele responde aos críticos e
caluniadores (os quais, entre outras coisas, adoram chamar
os cristãos de “homofóbicos”) que estão dentro e fora da
igreja demonstrando a inconsistência de suas posições,
enquanto apresenta a posição distintamente cristã, baseada
na autoridade da Escritura, que é a revelação expressa da
vontade de Deus para o homem.
Entre aqueles que tentam defender o
homossexualismo como algo normal, é muito comum o
argumento que se trata de uma prática antiga. Não
negamos que seja algo presente já muito cedo na história
da humanidade. Como diz o teólogo John Jefferson Davis:

O homossexualismo é um fenômeno muito antigo,


sendo evidenciado tanto na arte pré-histórica
como nos pictogramas e hieróglifos das culturas
antigas. Os antigos hebreus, egípcios e assírios
tinham leis contra práticas homossexuais.
A partir do século VI antes de Cristo, o
homossexualismo passou a ser mencionado com
frequência na arte e literatura da Grécia: na
poesia de Safo e Anacreon, na prosa de Platão e
nas peças de Ésquilo.[1]

No entanto, a antiguidade de algo não implica


necessariamente sua aceitação pelas sociedades antigas.
Mas é justamente essa correlação que está implícita (ou
mesmo explícita) no argumento do movimento pró-
homossexualismo contemporâneo. Segue Davis:
Seria um engano, contudo, concluir que a antiga
cultura grega aceitava o homossexualismo como
uma norma social. Aristóteles, Heródoto,
Aristófanes e muitos filósofos cínicos e estoicos
posteriores expressam sua desaprovação moral a
tais práticas.
A existência da homossexualidade na antiga
sociedade romana é atestada nos escritos de
Suetônio, nas Sátiras de Juvenal e na poesia de
Catulo e Marcial. Como na Grécia antiga, a
visibilidade desse comportamento não implicava
aprovação social geral.[2]
Referindo-se a esse equívoco, Arno Karlen revela o
motivo da ignorância: a “aceitação” do homossexualismo na
Grécia é comum entre “todos aqueles que não leram as
fontes primárias”.[3] Ponto.
Homossexualismo como prática antiga é apenas um
dos argumentos comumente usados pelos seus defensores.
Há centenas de outros argumentos. Mas em vez de
responder a cada um deles, Bahnsen faz algo melhor:
apresenta o caso de forma positiva, oferece exegese bíblica
e lida com os pressupostos. Desta forma, Bahnsen
proporciona aos seus leitores os recursos necessários para
refutar todo e qualquer argumento, novo ou velho, filosófico
ou bíblico, prático ou pragmático, racional ou emotivo.
Uma nota sobre a violência aos homossexuais é
necessária aqui, pois muitos afirmam que o ensino bíblico
gera tal violência. Embora não se negue que por vezes os
homossexuais sofrem violência, isso nada tem a ver com o
ensino do cristianismo. Mulheres, crianças e nordestinos
também são alvo de maus-tratos e violência, mesmo isso
nada tendo a ver com o cristianismo. Ou, a rigor,
poderíamos dizer que tem sim: a Bíblia condena tais
manifestações de violência. Neste livro podemos ver que
essas acusações não passam de calúnias e falácias e que,
como demonstrado por Bahnsen, a mensagem da igreja aos
homossexuais é de esperança.
Que Deus abençoe a leitura e a divulgação deste
livro[4] para que a sua verdade seja proclamada, a sua
igreja edificada e muitas vidas transformadas.
Soli Deo Gloria!

Felipe Sabino de Araújo Neto


Brasília-DF, 29 de janeiro de 2012
Prefácio
Historicamente os cristãos têm ensinado que as
pessoas não têm direito ilimitado de fazer o que querem
com os seus corpos. Esse conceito está sendo solapado
atualmente por três facções distintas e ostensivas:
feministas, aborcionistas e homossexuais. As questões
éticas pertencentes a este último grupo são examinadas no
presente estudo. Se bem que variações específicas dentro
da identidade e orientação sexual são reconhecidas, o
termo geral homossexual será empregado aqui com relação
a qualquer pessoa, quer do sexo masculino quer do sexo
feminino (portanto, incluindo as lésbicas), que se envolva
com membros do mesmo sexo ou que deseje fazê-lo. O
homossexualismo é uma atração afetiva por pessoa do
mesmo sexo, ou a relação sexual ativa com a mesma.
A ironia do problema da discussão moderna do
homossexualismo é a sua virtual perpetuação acrítica de
preconceitos culturais — apesar da sua professa liberalidade
e neutralização das tendências preconceituosas. Algumas
pressuposições questionáveis na ética, nas ciências
humanas e no pensamento político, desviaram a nossa
sociedade rumo à tolerância do homossexualismo nas
esferas pessoal, eclesiástica e civil. O estudo das Escrituras
deveria levar o pesquisador a contestar aquelas
pressuposições populares, e o mesmo estudo me convenceu
de que o homossexualismo deve ser refutado em todas as
três áreas acima referidas. Individualmente, as pessoas
devem reprovar e combater o homossexualismo como
imoral. As igrejas devem recusar a participação como
membros comungantes e como oficiais aos homossexuais
que não experimentaram arrependimento. Os Estados
devem impor restrições ao homossexualismo, em vez de
torná-lo um direito civil. Devemos igualmente insistir em
que os indivíduos não tomem a atitude de “sou mais santo
que você”, com relação ao pecado do homossexualismo, em
que as igrejas proclamem fielmente as boas novas da
libertação aos homossexuais, e em que o Estado não os
persiga aplicando-lhes prisão indevida, invasão de
privacidade, ou atenção intencionalmente seletiva e
desigual.
As bases para estas conclusões são explicadas nas
páginas que se seguem. Meu objetivo é investigar vários
aspectos da questão moral acerca do homossexualismo,
procurando ser fiel à Palavra de Deus em sua completitude
e em suas múltiplas facetas: lei e evangelho, repressão e
reabilitação, indivíduo e sociedade, igreja e Estado, etc. Do
começo ao fim, tentei, com a atitude de quem se dispõe a
aprender, pensar os pensamentos de Deus segundo ele.
Espero que os leitores e os críticos avaliem o resultado do
meu trabalho pelo padrão da Palavra de Deus escrita,
padrão objetivo e confiável.
Contudo, antes de passar ao estudo propriamente
dito, são necessárias algumas palavras em resposta ao
“terrorismo retórico” (como disse um escritor)[5] de certos
polemistas pró-homossexualismo e pró-pretensos direitos
dos homossexuais.[6] A pontificação, a acusação, os
xingamentos, a atribuição de maus motivos aos oponentes,
etc., muitas vezes contribuem para produzir uma
argumentação falaz e servem para impelir os ingênuos a
concordarem com os defensores do homossexualismo. Por
exemplo, contrariamente à crítica mordaz, a discordância
com os homossexuais acerca dos seus direitos e a
desaprovação da sua conduta não tornam ninguém
automaticamente um intolerante fanático. A oposição a eles
não é necessariamente um ódio violento ou um medo
exagerado, fundados em atitudes injustas e irracionais,
baseados em opiniões obscuras e preconcebidas; a atitude
do opositor não é prova infalível de “homofobia”. A oposição
ao homossexualismo não precisa ser motivada por uma
atitude preconceituosa e ultrajante para com um grupo de
pessoas como esse. Um exame justo e desapaixonado das
evidências relevantes para uma avaliação ética dos atos e
afetos homossexuais pode muito bem sustentar uma
conclusão moral negativa, mantida com convicção de
princípios. Ver algo como imoral não é o mesmo que ser
intolerante; por exemplo, não é costume ver alguém que
condena o assassinato de inocentes como intolerante
fanático contra os assassinos. (Se fosse costume, teríamos
que distinguir entre intolerância honrosa e desonrosa.)
Outra polêmica frequente sustenta que aqueles que
criticam o homossexualismo são culpados de terem uma
atitude condenatória. Tem-se dito que “certamente não é
nem responsabilidade nem prerrogativa do cristão julgar os
estilos de vida das outras pessoas”. Um estudo do
homossexualismo que se declara “evangélico” vai tão longe
que chega ao ponto de acusar os seus oponentes de falsas
testemunhas e de blasfêmia contra o Espírito Santo! Se tal
estudo pretendia ser levado a sério, essas observações
levam para outros rumos. Se queremos ser fiéis a Deus e à
sua Palavra, não podemos ser acríticos ou neutros quanto às
coisas que a Escritura proíbe. Todos devem estar advertidos
contra atitudes e procedimentos que desagradam a um
Deus santo. Aqueles que foram redimidos pela misericórdia
de Deus são chamados para uma consciente separação do
pecado e para a imitação do caráter de Deus; estes
objetivos seriam impossíveis sem a identificação de
algumas coisas como pecaminosas e ímpias — algo
patentemente condenatório. O fato é que a Escritura não
proíbe o julgamento em si, mas proíbe, sim, o julgamento
mal motivado, precipitado, injusto ou feito segundo padrões
antibíblicos. Verdadeiramente, Deus em sua Palavra, exige
que julguemos atos[7] e que reprovemos as obras
infrutuosas das trevas[8] — mas, sem parcialidade,[9] sem
hipocrisia,[10] e sem tentar determinar questões íntimas
pertencentes ao coração do indivíduo.[11] O espírito desta
época exige a supressão geral do discernimento, estimula
uma tolerância destituída de princípios, e critica todo aquele
que ousa criticar. O Espírito Santo nos exorta: “Ponham à
prova todas as coisas e fiquem com o que é bom. Afastem-
se de toda forma de mal”.[12]
Outro insulto retórico comumente lançado contra os
oponentes do homossexualismo atualmente é que eles são
duros e legalistas, destituídos de amor, e que ignoram a
esfera dos interesses pessoais na ética. Contudo, essa
acusação se apoia em pressuposições defeituosas. Primeiro,
legalismo é usar a lei como um meio de autossalvação, não
o desejo de coração dos redimidos de obedecerem aos
mandamentos do seu Senhor e Salvador.[13] Segundo, o
interesse pela bendita lei de Deus não é deficiente em
amor, mas, sim, identifica-se com o vero amor.[14] Terceiro,
os interesses centralizados na pessoa humana não são
antagônicos às normas morais imutáveis; o perfeito Filho de
Deus, que se dedicou a obedecer completamente à lei de
Deus,[15] é o modelo de genuína personalidade e de
moralidade, e é nosso dever conformar-nos à sua
semelhança.[16] Os que promovem normas antibíblicas na
ética, em nome de “personalidade autêntica”, estão na
realidade sendo antipessoais; as normas da Escritura só são
abrasivas para aqueles que não têm uma relação pessoal,
salvadora, viva com Deus por meio de Cristo. Ironicamente,
os tais críticos geralmente propõem que ponhamos de lado
ensinos bíblicos explícitos e os substituamos por valores
modernos, para que retenhamos o interesse “escriturístico”
pelo valor pessoal![17] O óbvio resultado dessa linha de
pensamento é a atitude segundo a qual o ensino bíblico
explícito é frequentemente chamado “repreensível”,
“repugnante” e “irrelevante”,[18] sendo que os homens
modernos esclarecidos devem fazer uma abordagem
“discriminatória” daquilo que a Bíblia ensina,[19] e daqueles
que não são culpados de “bibliolatria”.[20] Dessa forma, ao
que parece, a escolha que nos cabe fazer é esta: ou
discriminaremos[21] contra os homossexuais, ou
discriminaremos contra a Palavra de Deus. Ou teremos por
objetivo converter o homossexual e tê-lo transformado à
imagem de Cristo, ou teremos por objetivo mudar o
pensamento da igreja sobre a Palavra de Deus e
transformar a ética cristã à imagem dos valores
homossexuais. A discussão nos trouxe à questão dos
padrões e prioridades supremos, e aqui a escolha que o
cristão deve fazer não deveria ser difícil.[22]
Em conclusão, a oposição ao homossexualismo não é
um sinal seguro de uma atitude intolerante, impropriamente
condenatória ou legalista. É fazer terrorismo retórico acusá-
la dessa atitude. Tais táticas falazes podem persuadir os não
precavidos, mas não podem anular ou desaprovar
convicções arraigadas na Palavra de Deus revelada. Claro
está que a nossa responsabilidade é assegurar-nos de que
as nossas atitudes estejam de acordo com a Escritura e que
não estejamos simplesmente refletindo uma tradição
passada ou imitando cegamente preconceitos atuais.
Se a incidência e o predomínio do homossexualismo
são ou não maiores atualmente, não estou certo. Contudo,
pouco se pode duvidar de que a visibilidade do
homossexualismo é muito mais alta. O movimento,
organizado e não organizado, que visa dignificar o
homossexualismo e conquistar tolerância para esse mal,
infiltrou-se em todos os setores da sociedade e em todas as
áreas da cultura: da igreja à televisão, da educação à
legislação. Não é hora de os cristãos ficarem em silêncio ou
desesperados, nem distraídos e inativos. Como diz a
parábola de Jesus, “enquanto todos dormiam, veio o seu
inimigo e semeou o joio”.[23] É hora de a gente acordar e
deixar que a luz do mundo brilhe através de nós,
dispersando as trevas pecaminosas.[24] E agir dessa forma
requer que entendamos adequadamente a mensagem de
Deus. Com essa finalidade, espero que este livro seja
benéfico para a igreja de Cristo.
Carl F. Henry está certo quando diz: “Naturalmente, o
povo de Deus deseja ver uma sociedade na qual os
mandamentos de Deus tenham pleno domínio”.[25] Com
vistas à presente controvérsia em nosso país, neste livro eu
argumento no sentido de que o homossexualismo não deve
ser visto como um direito civil. Todavia, devemos, não
somente reconhecer o propósito de Deus através do
governo civil de reprimir coercitivamente o crime e a
desordem, mas também devemos confessar que as igrejas
fiéis ao Evangelho têm os únicos recursos que podem
redimir e mudar os corações dos transgressores de modo
que passem a desejar viver uma vida reta. Um profundo
interesse pelas atitudes próprias do povo de Cristo, pelo
poder do Evangelho, pela justiça do Estado e pela suprema
felicidade dos homossexuais instigou-me à produção do
estudo apresentado a seguir.
Ao escrever os resultados da minha pesquisa e das
minhas reflexões, de propósito evitei o aparato acadêmico
de extensas notas de rodapé indicando as fontes de
opiniões que são criticadas. Agi assim, primeiro, porque há
uma riqueza de expressões diversificadas, mas apenas um
número básico de argumentos exegética e eticamente
relevantes; segundo, porque isso tornou possível organizar,
sintetizar e, em alguns lugares, fortalecer a polêmica pelo
homossexualismo a que os cristãos precisam responder; e,
terceiro, para tornar o texto mais fácil de seguir por uma
abrangência maior de leitores. Os interessados no substrato
bibliográfico são remetidos à extensa lista de livros e artigos
para pesquisa adicional no fim deste livro. Conquanto a
bibliografia de livros seja detalhada em várias categorias,
foi possível providenciar uma completa lista de artigos de
revistas e de outros periódicos, na maior parte só no campo
religioso em geral. Listas úteis de artigos de revistas e
jornais de natureza médica, psicológica, sociológica e
histórica, podem ser encontradas na obra de Arno Karlen,
Sexuality and Homosexuality: A New View (Nova Iorque: W.
W. Norton & Co., 1971) e na de W. D. Oberholtzer, Is Gay
Good? (Filadélfia: Westminster Press, 1971).
No preparo deste estudo para publicação, recebi a
indispensável ajuda de outros. Primeiramente e acima de
tudo, desejo expressar minha gratidão a Jane e Dennis
Johnson por seu trabalho de melhorar o texto no estilo e em
sua qualidade editorial, tornando-o muito mais fácil de ler e
muito mais claro. Anteriormente eles tinham obtido
experiência no trabalho de refazer meus escritos para o
nosso jornal da universidade, e foi para meu inigualável
benefício ter aqui, novamente, a colaboração de ambos.
Tenho uma dívida de gratidão a esses amigos. Também
desejo agradecer a alguns membros do meu presbitério por
criticarem versões prévias destes originais; mesmo quando
divergimos, tirei proveito dos comentários que eles fizeram.
Também expresso minha apreciação ao Dr. Ronald Enroth,
autor de The Gay Church, por seu curso sobre sociologia do
comportamento divergente, o que há alguns anos me forçou
a começar a pensar nos pontos explorados neste livro.
Finalmente, sou grato à Sra. Elaine Connell e ao Sr. David
Gillespie por seu árduo trabalho de tornar o original pronto
para publicação; Elaine trabalhou muito, datilografando os
originais duas vezes, e David foi de grande ajuda na leitura
das provas, em preencher a bibliografia e em preparar o
índice. Todas essas pessoas merecem elogiosa apreciação,
mas eu sou o único responsável por qualquer defeito
contido no livro.
E, por falar em defeito, permita-me reconhecer e
declarar desde logo que este livro nem de longe diz tudo o
que se poderia dizer nas áreas da teologia moral, da
exegese das passagens bíblicas que aludem ao
homossexualismo, dos estudos científicos da alegada
propensão para o homossexualismo e sua etiologia, da
reação da igreja, de como os homossexuais devem ser
aconselhados, ou dos princípios da legislação civil e da
discriminação social. Não tentei dizer a última palavra sobre
tais assuntos, decisão que muitos de imediato acharão
judiciosa! Espero que o que é exposto nas páginas
subsequentes seja de utilidade para os cristãos sinceros que
estão tentando abrir seu caminho através do confuso
labirinto das opiniões correntes. Mas não tenho a pretensão
de ter dito coisa alguma definitiva sobre o assunto. Estou
certo de que os meus críticos não se deixarão tentar a
pensar outra coisa. Deles eu só peço ouvidos justos e
discussão caridosa dos princípios e inferências que
compuseram as conclusões deste livro.
Quando concluo este prefácio, chegou à minha
atenção uma notícia posta em circulação, segundo a qual
uma denominação presbiteriana proeminente recebeu um
relatório da força-tarefa que ela designou para estudar o
homossexualismo. Tal relatório recomenda que a
Assembleia Geral não veja o homossexualismo em si como
um pecado que impede a ordenação, e que os atos
homossexuais entre adultos que neles consentem não
sejam criminalizados na sociedade. Este fato só testifica
ainda mais a confusão que domina a nossa época. Mais uma
vez podemos ver a urgência de a igreja conscientizar-se das
suas raízes bíblicas e de chegar a uma clara estrutura
mental que honre a Cristo com relação ao homossexualismo
como pecado e como crime. Hoje é preciso proclamar a
clareza da Palavra de Deus sem titubeios, para que não
deixemos de cumprir a Grande Comissão que nos foi
confiada pelo Senhor.
Reformed Theological Seminary

Greg L. Bahnsen

Jackson, Mississippi

23 de janeiro de 1978
CAPÍTULO 1

Compromissos Básicos

A Igreja de Jesus Cristo está sendo repetidamente


convocada, tanto de dentro como de fora, para reavaliar sua
postura histórica face ao homossexualismo. Outrora a igreja
proclamava a necessidade de arrependimento do
homossexualismo como pecaminoso e endossava a sua
proibição da parte das autoridades civis. Agora se diz que
novas abordagens nos estudos bíblicos e dados recém-
descobertos na psicologia e na sociologia devem levá-la a
abandonar uma abordagem pastoral tão antiprática e a
renunciar a uma tão injusta política social. O trabalhado
vocabulário da liberação e da tolerância é imposto e é
empregado de tal modo que equivale a acusações de
infundado temor e de sujeição a estereótipos
preconceituosos. A ideia em geral é que a atual atmosfera
esclarecida e compassiva de estudo fomente um saudável
conceito sobre o sexo, segundo o qual toda repressão ou
restrição civil contra o homossexualismo será apagada e a
forma de gratificação sexual das pessoas será considerada
moralmente indiferente.
Um tão dominante desafio público exige uma resposta
daqueles que são responsáveis por pastorear o rebanho de
Deus, ensinar os discípulos de Cristo e refutar aqueles que
se opõem à verdade divina. No espírito dos Reformadores,
tais cristãos devem trabalhar para que a verdade de Deus
não seja obscurecida pelas tradições dos homens. Contra o
pendor da sociedade e as ilusões do homem natural, a
igreja deve apresentar um testemunho profético, chamando
os homens ao arrependimento e ensinando as nações a
observarem o que quer que o Senhor tenha ordenado. É
uma escandalosa ofensa insinuar que alguém pode entrar
no reino de Deus ou promover os seus valores na sociedade
quando ao mesmo tempo se rebela contra os padrões do
Rei. Por essas razões, o presente estudo foi preparado com
a dupla convicção de que a igreja deve concitar os homens
a, pelas misericórdias de Deus, que procurem ser
transformados mediante a renovação das suas mentes, em
vez de se amoldarem ao mundo,[26] e que o Estado e os
que o governam atuem como servos de Deus, vindicando o
desprazer divino contra os que praticam o mal.

A Questão Fundamental da Escritura

Atitudes diferentes para com o homossexualismo


dentro da igreja que se professa cristã, com frequência
podem ser atribuídas a conflitantes visões sobre a Escritura.
Muitos debates sobre a moralidade do homossexualismo
levantam outra questão: a Escritura deve ser o guia
normativo do cristão, ou deve ceder essa posição de
autoridade sobre a ética à erudição moderna, à experiência
pessoal, à razão natural, a novas percepções místicas, à
opinião pública, ou a algum outro padrão? Ficou
demonstrado que o século vinte foi uma época de crescente
permissividade doutrinária entre mestres cristãos professos;
essa tendência emergiu do abandono modernista da
autoridade absoluta da Palavra de Deus revelada no Antigo
e no Novo Testamento. Contra o testemunho da própria
Escritura de que é a Palavra de Deus inspirada e infalível,
muitos homens da igreja têm tentado sintetizar o
compromisso cristão com perspectivas humanistas ou
seculares na filosofia e nas ciências. Através do espectro
teológico, o efeito tem se resumido em distorções da
mensagem cristã, evidentes para qualquer estudante ou
estudioso atento.
Além disso, o alarmante resultado da substituição da
teologia da Bíblia centralizada em Deus pela perspectiva da
sabedoria terrena centralizada no homem é a assombrosa
capacidade de muitos eclesiásticos de tolerarem todo e
qualquer desvio dos claros e definidos padrões bíblicos da
moralidade. Suprimindo a verdade pela injustiça, eles
podem fazer concessões ao homossexualismo, garantindo-
lhe ou simpatia ou aprovação de coração. Em Romanos
1.18-32 o apóstolo Paulo retrata essa progressão — da troca
da verdade de Deus por uma mentira para aprovarem a
inversão sexual antinatural — como objeto do desprazer de
Deus.
A declaração de Paulo recebeu estonteante
confirmação na atmosfera iluminada dos estudos teológicos
modernos, onde a perversão da verdade acerca de Deus
produziu uma correspondente perversão quanto ao homem,
imagem de Deus. De forma idolátrica, o homem veio a ser o
foco e a autoridade da teologia não ortodoxa, resultando no
rebaixamento dele mediante o amor narcisista
homossexual, a ponto de eliminar a essencial distinção
entre macho e fêmea. A fuga da Palavra de Deus para
outros “senhores” sobre a vida é inversão teológica, uma
negação da distinção entre o Criador e sua criação. A atual
inversão teológica faz publicidade do seu caráter ímpio e
infeliz, fomentando a inversão sexual no homem como
imagem de Deus, negando a distinção homem/mulher
estabelecida na criação.
A justificativa para essa desordenada orientação
sexual na literatura teológica contemporânea, fundada na
recusa de sujeitar-se à direção da Palavra de Deus,
demonstra dramaticamente que a autopromovida sabedoria
da mentalidade secular de muitos teólogos é, de fato, uma
estulta zombaria contra Deus. É tempo de reconhecer as
profundezas do pecado às quais a atitude liberal e
humanista para com a Escritura é propensa. Quando a
teologia revelada é reduzida a um estudo autônomo do
homem, quando a autoridade da Bíblia é substituída por
uma instável sabedoria humana, quando a conduta é
dirigida pelas descrições da ciência social em vez de pelas
prescrições da Palavra de Deus, significa que voltamos à
situação que prevalecia no tempo de que fala o Livro de
Juízes: cada homem fazia o que lhe parecia certo.
Portanto, quando a igreja voltar a examinar a questão
moral do homossexualismo, deverá reconhecer que, sem a
clara e infalível Palavra de Deus e seus pronunciamentos, o
cristianismo não tem nenhuma contribuição para fazer
sobre o assunto. Sem uma palavra revestida de autoridade,
procedente do Senhor, com relação ao homossexualismo,
não haverá nenhum discipulado cristão distintivo com
referência a esse mal, nem tampouco haverá uma palavra
cristã de esperança para o indivíduo e para a sociedade. Se
os teólogos não forem arautos da Palavra do Rei,
proclamadores da revelação divina, seguir-se-á que os seus
pronunciamentos não vão passar de mais opiniões entre
muitas outras, e não merecerão atenção especial. Os
padrões cristãos são definidos pela Palavra de Deus
revelada na Escritura. Os homens podem aceitar a vontade
prescritiva de Deus para o comportamento humano, ou
rejeitá-la, mas não podem adulterá-la. Se o testemunho
bíblico os ofende ou os escandaliza, Deus é quem eles
devem culpar e reprovar.
A igreja não pode passar por cima do que Deus
condena na Escritura sem perder sua própria integridade e
sem sofrer o seu julgamento. Para o verdadeiro discípulo de
Cristo, os limites morais nunca são traçados pelo homem,
mas unicamente e sempre por Deus. Portanto, é preciso
notar logo no início deste estudo que muitos casos de
argumentos pró-tolerância do homossexualismo estão
baseados em premissas doutrinárias que se desviam do
ensino bíblico. Não se pode ver aqueles que expõem esses
argumentos como pessoas que estão procurando adorar o
Deus vivo e verdadeiro da forma como ele instrui e deseja.
A antipatia deles pela revelação bíblica significa que estão
seguindo algo menos que o Deus da Bíblia, que é o único
Senhor reconhecido pelo crente.
Há, pois, um sentido em que as recentes solicitações
à igreja para que reveja a sua atitude para com o
homossexualismo, constituem realmente um desafio à
própria identidade, ao propósito e aos rumos da igreja, e um
desafio a seu conceito sobre a Palavra de Deus. Tais
chamados a uma reavaliação exigem uma defesa da
autoridade da Bíblia — defesa que é e sempre foi acessível
em toda parte. Aqui presumimos que a autoridade da Bíblia,
em função da qual ela deve ser crida e obedecida, não
depende do endosso popular e da sabedoria humana, mas
depende completamente do seu Autor divino, que atesta e
identifica a Escritura como a Palavra de Deus. Se bem que
os argumentos filosóficos e as evidências externas em favor
da veracidade da Bíblia são objetivos e inevitáveis, a nossa
plena persuasão da autoridade divina da Escritura vem
quando o Espírito Santo dá testemunho desta verdade pela
Palavra e com esta. Os proponentes do homossexualismo,
indiferentes à autoridade da Palavra de Deus e do seu
ensino acerca dessa prática, obviamente exigirão tal defesa
básica da autoridade da Bíblia.
Todavia, a defesa da fé no nível fundamental da
autoridade da Escritura é apenas preliminar, pois grande
parte da pesquisa moderna, que recusa a condenação do
homossexualismo pela igreja, não se baseia num franco e
aberto repúdio do ensino da Bíblia. Defensores cristãos da
tolerância para com o homossexualismo alegaram
recentemente que uma correta leitura do registro bíblico
solapará a crença em que ele condena a atividade
homossexual independentemente das circunstâncias. Eles
afirmam que não há clara revelação da vontade de Deus
proibindo o homossexualismo como o entendemos
atualmente. Além disso, eles acreditam que a ética
escriturística focaliza considerações pessoais e fatores
situacionais, ao passo que condena a preocupação com
estipulações legais rígidas.
Finalmente, mesmo sendo possível mostrar que a lei
de Deus deve formular a ética cristã e que o
homossexualismo como tal deve ser condenado, ainda é
sustentado que esta é uma questão particular da
moralidade pessoal — não algo que o Estado deva
reconhecer e proibir na sociedade em geral. Isto é, mesmo
que o homossexualismo seja pecado, não deve ser julgado
crime pelo Estado, segundo alguns escritores cristãos; para
eles, a preferência sexual é um direito civil, uma questão
indiferente para a moralidade pública numa sociedade
pluralista. Consequentemente, a defesa básica da
autoridade da Bíblia deve ser suplementada atualmente
com respostas aos recentes desafios feitos à interpretação e
aplicação tradicional da Escritura quanto à inversão sexual.
A parte restante deste estudo é dedicada a essa tarefa.
Como o cristão deve entender e avaliar moralmente o
homossexualismo? Alguns mestres da igreja rejeitam sua
aceitabilidade e gostariam de aplicar sanções eclesiásticas
e civis contra essa prática. Alguns mestres seculares
rejeitam sua aceitabilidade, mas não aplicariam sanções
discriminatórias ou punitivas, quer na vida eclesiástica quer
na civil. Outros preferem assumir uma posição mediadora
ou com reservas, aceitando o homossexualismo sob certas
condições. Ainda outros concedem ao homossexualismo
plena aceitação e veem sua prática como moralmente
neutra. A atitude particular assumida pelo discípulo de
Cristo deve ser determinada pela Palavra de Deus: “Se
alguém me ama, obedecerá à minha palavra”.[27]
O juiz supremo, por quem todas as controvérsias
religiosas devem ser determinadas e todas as opiniões
devem ser examinadas, só pode ser o Espírito Santo falando
na Escritura. Por essa razão é necessário estudar passagens
particulares da Bíblia que falam sobre o homossexualismo.
Mas primeiro requer-se uma palavra sobre as
pressuposições e os amplos procedimentos hermenêuticos
que estarão envolvidos neste estudo. Muito frequentemente
os intérpretes empregam excessivo engenho e ginástica
exegética para conciliar o ensino bíblico com o que eles
querem crer. Contudo, se pudéssemos reinterpretar a
Escritura para endossar o homossexualismo, poderíamos
fazê-la endossar qualquer coisa que outros gostariam de
fazer ou de crer. Consequentemente, é próprio dizer uma
palavra sobre interpretação.
Pela fé salvadora, o cristão crê que tudo o que é
revelado na Palavra de Deus é verdadeiro, e reage aos
mandamentos bíblicos prestando-lhes a devida obediência e
tremendo diante das suas ameaças. O crente aborda a
Bíblia aceitando-a como tendo total autoridade — inerrante
em suas asserções, obrigatória em suas exigências. Por
conseguinte, ele vê o ensino bíblico como unificado e
coerente, sem lançar uma porção contra outra ou um
escritor contra outro, mas, antes, reconhecendo “o
consenso de todas as partes e sua inteira perfeição”.
Sobretudo, no entendimento de textos individuais, o cristão
levará em conta os seus contextos locais e seus gêneros
literários específicos. Além disso, o texto individual,
interpretado em seu contexto local, também será lido à luz
da Bíblia como um todo, impedindo contradição e mantendo
em foco a centralidade de Cristo e sua economia redentora.
Segue-se dessas considerações que a regra infalível
de interpretação da Escritura é a própria Escritura. A
evidência do próprio texto bíblico deve ter prioridade, em
sua interpretação, sobre os resultados das outras disciplinas
acadêmicas. Uma vez que o nosso estudo da criação por
meio das ciências deve pressupor a verdade bíblica, os
resultados e as explicações das disciplinas que tratam da
revelação geral devem ser sopesados em termos da
revelação especial de Deus. Este fato não significa que a
história cultural não deve ser estudada para nos propiciar
melhor entendimento dos escritores bíblicos; essas
considerações do pano de fundo são de fato necessárias
para garantir que a nossa presente situação cultural e as
nossas percepções modernas da religião não sejam
inseridas no material escriturístico, deformando a sua
doutrina. Finalmente, em todas as controvérsias teológicas,
o recurso supremo e final é o das línguas originais da
Escritura, que foram diretamente inspiradas por Deus e
preservadas providencialmente em todos os séculos.
Requer-se isto para que as conclusões doutrinárias não
sejam falsificadas por traduções defeituosas, mas, sim,
conformadas ao significado original da Palavra de Deus
revelada.

A Lei como Uma Expressão da Vontade de Deus

Antes de examinarmos os textos pertinentes ao


homossexualismo, temos necessidade de discutir, não
somente a interpretação, mas também a teologia moral
geral apresentada na Palavra de Deus. Esta necessidade
surge por causa da hostilidade da teologia contemporânea
para com toda abordagem normativa da ética cristã guiada
pelos mandamentos divinos, sem reserva. Hoje os
especialistas em ética evitam todo e qualquer processo que
consista em promover decisão fundamentada num exame
da lei de Deus, sustentando que a Escritura tem aversão por
esse legalismo e favorece uma abordagem situacional ou
existencial da moralidade.
Devemos observar duas coisas em resposta. Primeiro,
certamente a Bíblia dá, de fato, ênfase à meta da ética
cristã e do agente moral. As situações nas quais procuramos
viver vidas retas, as consequências da nossa conduta e a
motivação e o caráter do justo são do interesse da
revelação escriturística da vontade de Deus quanto às
nossas vidas.
Mas, segundo, é preciso lembrar que tais
considerações morais são reveladas pelo Autor da lei e que
são apresentadas ao lado dos mandamentos divinos. Os
fatores situacionais e pessoais da ética cristã não
contradizem as normas absolutas estabelecidas na lei de
Deus. De fato, quando examinamos plenamente a nossa
situação, precisamos ter em mente fatores tais como a
criação (o homem foi formado por Deus como um ser
responsável perante sua Palavra), a Queda (as condições
naturais não são o que deveriam ser), a redenção (o pecado
já não tem domínio sobre o crente), e a sempre presente
revelação especial de Deus (isto é, parte da nossa situação
é essa lei revelada, à qual obedecemos ou desobedecemos).
Quando consideramos que a meta da vida cristã é glorificar
a Deus em todas as coisas e buscar primeiramente o seu
reino, percebemos a necessidade que temos da direção
divina. Quando consideramos as consequências dos nossos
atos, não podemos esquecer-nos do juízo final, que será de
acordo com os critérios da Palavra de Deus revelada.
Portanto, a ética situacional exige que o cristão dê atenção
à lei de Deus, que foi dada para benefício do homem.[28] A
mesma coisa é certa quanto à ética existencial, que se
ocupa do caráter do agente moral. A lei de Deus faz de nós
novas pessoas;[29] ela constitui o modelo da liberdade
ética[30] e a forma específica do amor cristão.[31] A obra
interna do Espírito no crente produz conformidade com a lei
de Deus.[32] Portanto, não vai contra a ética bíblica ou a
moralidade cristã estudar a Escritura para conhecer os
mandamentos divinos que nos obrigam, sem reserva, a uma
particular forma de conduta. A perspectiva normativa da lei
de Deus não pode ser suprimida quando consideramos o
modo de viver que Deus quer que vivamos. Grande parte da
ética cristã moderna deixa de entender que a nossa
situação é estruturada pela história da redenção e inclui
uma clara ação diretiva de Deus. Deixa de entender que o
amor não é sem conteúdo ou sem forma, sendo na verdade
definido pela lei de Deus. Deixa de entender que a lei é o
padrão para a santificação e para a vida do crente — que é
pela lei de Deus que ele pode buscar a glória e o reino de
Deus, praticar o bem que Deus tenciona para o homem, e
andar livre, amorosa e espiritualmente. O justo pode
declarar: “Como eu amo a tua lei!”.[33]
Naturalmente, “os ímpios” andam segundo diferentes
conselhos e escarnecem na companhia dos escarnecedores.
[34] A moralidade bíblica é uma ofensa, um escândalo, para
a mentalidade moderna relativista e hedonista. Aqueles que
veem o homossexual como uma vítima inocente da dura
discriminação da igreja e da sociedade consideram a
vontade de Deus revelada como anacrônica e distorcida. Em
última análise, essa reação é inevitável. Dois sistemas
éticos antagônicos sempre se condenam um ao outro,
acusando-se mutuamente de distorção. A mente firmada na
natureza pecaminosa do homem é hostil a Deus e incapaz
de sujeitar-se à sua lei,[35] ao passo que aquele que tem
prazer na lei de Deus ferve de indignação contra o ímpio
que a rejeita.[36] As atitudes divergentes para com o
homossexualismo têm suas raízes em diferentes padrões,
em diferentes leis.
Para o crente, o discípulo de Cristo, o servo de Deus,
toda ação ou atitude condenada pela Bíblia é uma
transgressão da justa e reta lei de Deus e, como tal, coloca
o homem sob a ira divina, resultando em misérias
espirituais, temporais e eternas. Qualquer desvio da santa
vontade revelada de Deus, por pequeno que seja, merece
condenação. Por isso a lei de Deus e seus precisos detalhes
devem ser considerados com o devido respeito pelos
cristãos, apesar do menosprezo e da ridicularização votados
por aqueles que não os têm como padrão de conduta. O
crente deve renunciar ao desejo impossível de agradar
todos os homens, e ao mesmo tempo, manter o seu
compromisso moral superior e final. Inevitavelmente, a
escolha de padrões diferentes vai gerar inimizade, mas o
seguidor de Cristo está disposto a suportar a oposição que
essa decisão acarreta. Ele sabe que os ímpios não resistirão
ao juízo e que o caminho deles perecerá;[37] e assim ele se
propõe a tomar a lei de Deus como a sua autoridade moral
e como o seu critério final de justiça e retidão, seja o que for
que a lei exija. “Seja Deus verdadeiro, e todo homem
mentiroso.”[38]
Não somente a lei de Deus é uma parte necessária da
ética cristã e um inquestionável padrão de conduta, mas é
também um relevante guia para a moralidade. Alguns
escritores apresentam a ideia de que a moralidade cristã
precisa ser atualizada — hoje em dia predomina a ideia de
que não se pode estabelecer uma ética válida com relação
ao homossexualismo, a não ser que leve em conta dados
modernos e pesquisa científica atualizada, e correlacione
esses elementos com a atitude cristã. Esse tipo de
procedimento aceita indiscriminadamente as conclusões
“científicas” da psicologia e da sociologia modernas, apesar
do caráter especulativo das suas pressuposições e dos
defeitos dos seus métodos, e passa por alto o fato de que os
psicólogos e os sociólogos modernos estão de fato
fortemente divididos em suas teorias e em suas conclusões
a respeito do homossexualismo. O que é mais importante, a
tentativa de produzir uma ética cristã válida baseada em
pesquisa científica moderna tende a cometer a “falácia
naturalista” — presumindo que o que é de fato é o que
deveria ser. Mas, o que é o caso, nem sempre é o que esse
caso deveria ser, e, por essa razão, uma perspectiva caída
ou fracassada do mundo não pode levar a padrões
relevantes e obrigatórios dos deveres éticos.
A ética cristã não tem a sua origem em pesquisas,
avaliações, planos ou autoridade de homens, mas, antes, na
Palavra de Deus revelada. Aos olhos de Deus, todas as
coisas estão abertas e são manifestas, independentemente
da criatura, e ele é santíssimo em seus conselhos, em suas
obras e em seus mandamentos. Visto que Deus é
onisciente, que ele criou o homem com sua natureza
específica, e que governa soberanamente todos os
acontecimentos da história, ele não depende da pesquisa
moderna do homem para tornar a sua lei aplicável ou
relevante para toda e qualquer situação histórica do
homem. Sendo, como Deus é, o Criador e sustentador
eterno do mundo, e imutável em sua natureza, ele não é
ameaçado pelo perigo de cair em desuso ou em relevância;
ele e a sua lei são relevantes para cada momento da
existência finita do homem.
Por conseguinte, a antiga Palavra de Deus vai ser
justamente o padrão de julgamento no dia da consumação
final: “Há um juiz para quem me rejeita e não aceita as
minhas palavras; a própria palavra que proferi o condenará
no último dia”.[39] A autoridade moral da Escritura não é
limitada histórica e culturalmente,[40] e, por essa razão, a
cultura contemporânea deve ser avaliada à luz da Escritura
— não o contrário. Portanto, embora a pesquisa moderna
possa facilitar a aplicação cristã das normas bíblicas, não
pode ser utilizada para alterar essas normas. Em meio ao
corrente debate sobre a moralidade do homossexualismo,
também é preciso sublinhar que a lei de Deus, necessária,
inquestionável, relevante, é absoluta — não existe nenhuma
exceção que vá além do texto da Escritura, a Palavra de
Deus revelada. Um sentimento comum é — visto que nem
sempre se pode realizar o ideal de Deus no presente mundo
pecaminoso — que devem ser aceitas concessões ou
exceções de acordo com as circunstâncias e propensões do
homem. Se um homem se vê possuído de uma paixão
homossexual, não há algum sentido — embora menos ideal
— em que a possa pôr em prática? Deverá ele sofrer
frustração por desejos físicos não satisfeitos, ou haverá
alguma exceção possível que se lhe possa conceder? A
suposição subjacente a essas perguntas é que as
imperfeições e as limitações pessoais desse homem
requerem um rebaixamento das exigências de Deus; o que
se pensa é que as exigências morais secundárias são
suficientemente adaptáveis na ética cristã, quando as
circunstâncias ultrapassam o controle do indivíduo e o
impedem de obedecer plenamente à vontade de Deus
revelada. Isso indica uma grave incompreensão da natureza
de Deus, cujos olhos são tão puros que ele não pode
aprovar o mal nem ver favoravelmente a iniquidade.[41]
Em ambos os Testamentos Deus exige que os homens
sejam santos em todos os aspectos da sua conduta: “Sejam
santos, porque eu sou santo”.[42] Cristo não estabelece
nenhum abrandamento deste incondicional padrão de
santidade, nenhuma racionalização, nenhuma exceção
quanto à alta exigência de Deus: “Sejam perfeitos como é
perfeito o Pai celestial de vocês”.[43] Portanto, onde a lei de
Deus proíbe ou ordena alguma coisa, não se pode ver nem
inserir nenhuma limitação antibíblica, nem desculpas para
um cumprimento imperfeito. O mínimo desvio de qualquer
detalhe dos padrões de Deus torna o ofensor culpado de
toda a lei.[44]
A lei de Deus é perfeita,[45] e, como tal, reflete a
natureza de Deus.[46] Somente Deus é bom[47] e santo.
[48] Mas, porque a lei expressa o seu caráter moral, ela
também é caracterizada como boa[49] e santa.[50] Fazer o
que é bom e reto aos olhos de Jeová [Iavé] é observar todos
os seus mandamentos.[51] Todos estes mandamentos de
Deus refletem os atributos de Deus: justiça,[52] verdade,
[53] fidelidade,[54] pureza.[55] Se estes atributos devem
ser aplicados igualmente aos crentes, isto se dá somente
quando o Espírito cumpre neles a justiça da lei.[56] Esta lei,
que traz em si o caráter de Deus, é revelada consistente e
coerentemente em toda a Escritura[57] e inclui os
mandamentos mosaicos.[58] A nossa reação a esta lei,
presente na Escritura, é considerada como nossa reação ao
próprio Deus:[59] o homem de fé, piedoso, tem prazer na
lei,[60] como igualmente tem prazer no Senhor.[61]
Visto que a lei reflete o caráter imutável de Deus,[62]
ela também é imutável. A lei moral de Deus é sempre e
para sempre de obediência obrigatória para todas as
pessoas, crentes ou não crentes. Os mandamentos de Deus
foram estabelecidos para sempre;[63] de fato, cada uma
das suas retas ordenanças é eterna.[64]
Consequentemente, não se pode subtrair ou ignorar coisa
alguma da lei de Deus.[65] Nem tampouco Cristo dissolve,
de maneira alguma a nossa responsabilidade para com cada
palavra da lei de Deus; antes, ele fortalece essa obrigação.
Seu advento, longe de repelir alguma parte desta lei
perfeita, boa, santa e imutável, de fato reforça a
imutabilidade dos mandamentos de Deus, em todos os seus
pormenores:

Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas;


não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade:
Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma
desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor
traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que
desobedece a um desses mandamentos, ainda
que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o
mesmo, será chamado menor no Reino dos céus;
mas todo aquele que praticar e ensinar estes
mandamentos será chamado grande no Reino dos
céus.[66]

Portanto, a lei de Deus é perfeita e obriga todos os


seres humanos à plena conformidade e à inteira obediência,
para sempre; o que Deus proíbe nunca se deve fazer, e o
que ele ordena, sempre é nosso dever obedecer. A lei de
Deus é o padrão absoluto de santidade e justiça, e ele não
pode tolerar nenhuma negligência ou violação, em nenhum
ponto. A lei moral (resumida no Decálogo e depois ilustrada
nas leis casuísticas) é a declaração da vontade de Deus
para a humanidade. Ela direciona e ordena todos os seres
humanos à obediência perpétua, na realização de todos os
deveres para com Deus e para com o homem. Assim, a lei
de Deus firma-se como uma norma permanentemente
obrigatória para a retidão pessoal e para a justiça social.
Estabelecida pela fé, ao invés de ter sido anulada,[67] o
crente vê a lei como uma provisão do favor divino[68] e se
apega a ela como resultado da obra da graça de Deus nele
realizada.[69] A lei não é um fardo para ele,[70] é cumprida
com amor[71] e ensinada segundo as diretrizes dadas por
Cristo.[72]
Logo, a atitude do cristão para com o
homossexualismo deve ser determinada por um fiel estudo
da infalível Palavra de Deus na Escritura, reconhecendo a lei
de Deus como uma bendita provisão de normas éticas
revestidas de autoridade divina.[73]
CAPÍTULO 2

O HOMOSSEXUALISMO COMO PECADO

A discussão anterior lançou o alicerce para uma


avaliação cristã do homossexualismo em resposta ao
desafio feito pelas posições correntes. A Escritura é aceita
pelo cristão como a Palavra de Deus que atesta sua
validade e é plenamente inspirada e infalível. Deve ser
interpretada como inerrante, plena de autoridade, coerente,
com cuidadosa atenção ao contexto, ao cenário cultural, às
línguas originais e à interpretação que a própria Escritura
faz de si. Os mandamentos de Deus revelados na Escritura
são necessários para a moralidade cristã, são
inquestionáveis no que exigem, relevantes para todas as
épocas, não admitem nenhuma exceção antiescriturística e
são perpetuamente obrigatórios. Pode-se derivar dessa
estrutura uma posição autenticamente cristã concernente
ao homossexualismo. Aqueles que resistem às conclusões
sobre o homossexualismo deduzidas e registradas neste
estudo e que promovem atitudes contrárias, muitas vezes o
fazem porque laboram num contexto teológico,
hermenêutico ou ético completamente diferente.
Consequentemente, muitas divergências contemporâneas
quanto à moralidade e à aceitabilidade (eclesiástica ou civil)
do homossexualismo só podem ser resolvidas neste nível.
Reconhecendo isso, podemos, agora, examinar todos os
elementos do material escriturístico para a avaliação que
eles fazem do homossexualismo e da nossa reação à
mesma. Devemos ir à Bíblia com vistas a pensar nos
pensamentos de Deus segundo ele próprio, quanto a este
assunto.
A Narrativa da Criação

Quando Deus criou o mundo, estabeleceu uma


distinção fundamental dentro da raça humana, refletida no
corpo humano: “macho e fêmea”, ou: “homem e mulher os
criou”.[74] Na ordem da criação sobre a qual Deus
pronunciou sua bênção,[75] havia tão somente dois sexos; o
corpo humano foi deliberadamente formado como macho
(zakar) e fêmea (neqevah) — palavras hebraicas que se
referem especificamente à distinção biológica sexual. Esta
diferença natural define e salienta as polaridades de homem
e mulher: essa distinção não é um acidente arbitrário da
evolução (como se a sobrevivência dos mais aptos só
preservasse espécies capazes de se procriar mediante
casais), nem uma simples convenção cultural pela força de
uma tradição mantida durante muito tempo. A distinção
enunciada em Gênesis é mais do que um detalhe histórico
incidental. É uma declaração da ordem própria da criação,
citada com aprovação repassada de autoridade e de
significação moral por Cristo.[76] Foi desígnio ordenado por
Deus que as relações sexuais fossem na forma de uma
união de macho e fêmea, o homem e sua esposa tornando-
se “uma só carne”,[77] e com essa finalidade Deus criou a
distinção entre os sexos.
Tendo Deus criado a diferenciação sexual, desde o
princípio estabeleceu a heterossexualidade como a diretriz
normativa para o impulso sexual e o respectivo ato. Deus, o
Criador, dá às coisas criadas a sua identidade e a sua
função essenciais, e define as apropriadas relações do
homem. A função sexual do ser humano foi definida por
Deus como um procedimento macho-fêmea. Este fato refuta
as alegações dos defensores do homossexualismo, que
dizem que todos os seres humanos têm o direito de definir-
se. Essa argumentação existencialista (a existência
precedendo livremente à essência escolhida) reflete um
desejo autônomo de substituir as distinções e os modelos
criados que Deus planejou e fez, pela vontade relativista da
criatura, que seria, então, adorada como seu próprio
criador.
Os capítulos iniciais da Bíblia nos apresentam a norma
original de Deus que determina que a atividade sexual seja
dentro do contexto do casamento, e apresentam o
casamento como de natureza exclusivamente
heterossexual. Isto é verdade inteiramente à parte de
qualquer ideia de que o sexo e o casamento servem
unicamente à função de procriação. O homem precisava de
uma companhia e de algum auxiliador à altura ou que lhe
correspondesse,[78] e, em resposta, Deus formou do
homem uma mulher; havia unidade e distinção. Ela foi
chamada “mulher” (isshah) precisamente porque foi
tomada do “homem” (ish);[79] havia humanidade comum
com diferenciação sexual. Estas duas criaturas foram feitas
uma para a outra; sua união e sua independência estavam
baseadas na ordem natural — isto é, em suas identidades e
funções dadas por Deus.
O casamento, a esfera das relações ordenadas por
Deus, é concordemente descrito como o homem e a mulher
unindo-se um ao outro e se tornando intimamente uma só
carne.[80] Esta ordenança na criação, com a sua
diferenciação natural entre macho e fêmea, é
continuamente reafirmada pelas interpretações do relato da
criação no Novo Testamento.[81] Assim Paulo afirma que o
impulso heterossexual é a orientação natural dada por Deus
para macho e fêmea.[82] Sua apropriada culminação na
expressão externa é alcançada no casamento, onde o
marido e a mulher têm autoridade sobre os corpos um do
outro.[83] Somente quando os impulsos são expressos
dessa forma específica, o leito é “conservado puro”.[84]
Visto que a identidade sexual do ser humano é
definida por Deus, que a sua orientação é ordenada por
Deus, e que a sua atividade sexual é circunscrita dentro do
casamento heterossexual, o homossexualismo não pode ser
visto meramente como uma variante acidental dentro da
criação (como a dos canhotos). Não é um terceiro sexo
natural, nem uma orientação sexual alternativa no
diversificado mundo de Deus. Em vez disso, o
homossexualismo representa uma escolha da pessoa,
nalgum sentido, de atender a seus desejos e de satisfazer
os seus impulsos contrariamente à determinação de Deus e
à criação. Homossexualismo natural não existe, pois o
homossexualismo é precisamente uma perversão da
natureza (entendida como o propósito de Deus para as
relações humanas). Os homossexuais são feitos no decorrer
da vida, não nascem assim; sua desordem desenvolve-se
contrariamente à sua identidade dada por Deus, é
aprendida em oposição à ordem criada, e é seguida em
frontal desafio contra a ordenança do casamento.
Segue-se, pois, que, onde os defensores do
homossexualismo acusam os seus oponentes de temores
secretos dos seus próprios sentimentos homossexuais, de
projetar a sua incapacidade de aceitar seus próprios
desejos, estão simplesmente racionalizando. Em primeiro
lugar, essa acusação baseia-se na alegação de que todos os
adultos experimentam sentimentos homossexuais, o que,
por sua vez, deve ser defendido face à contraprova segundo
a qual se afirma que esses sentimentos muitas vezes são
relegados ao “nível do inconsciente”. Esse modo de
argumentar impõe uma engendrada teoria sobre os dados,
uma teoria que sofre a morte de mil e uma qualificações
falaciosas.
Ironicamente, alguma projeção psicológica pode de
fato entrar no quadro aqui. Mas, em vista da narrativa da
criação na Escritura, a projeção é do homossexual, que
projeta sobre o heterossexual a sua própria incapacidade de
aceitar o seu homossexualismo como natural ou normal. Ele
não consegue aceitar genuinamente a sua condição, pois
esta é uma afronta ao ser que Deus visava que ele fosse
quando o criou. A narrativa da criação solapa a defesa do
homossexual. À luz da criação, o homossexualismo é uma
condição gravemente desordenada.
Por conseguinte, concluímos que o homossexualismo
não pode assimilar-se à ordem divina da criação, mas
pertence à esfera da queda do homem em pecado. A
vontade de Deus para o homem é, universalmente, a
heterossexualidade, quanto à expressão e à atividade
sexuais. Em princípio, o casamento heterossexual é
aprovado dentro da ordem da criação para o ser humano; os
pecados relacionados com a atividade heterossexual não
são pecados simplesmente em virtude da natureza
heterossexual dessa atividade. Por outro lado, o
homossexualismo é reprovado em princípio por Deus, pois é
contrário à ordenança do casamento; essa atividade é
pecaminosa simplesmente em virtude da sua natureza
homossexual. No caso da heterossexualidade, a redenção
renova e aperfeiçoa as relações sexuais ordenadas na
criação; a atividade heterossexual – indiscutivelmente
afetada pela Queda — é santificada por intermédio da obra
redentora do Salvador. No caso da homossexualidade,
porém, a redenção visa fazer parar a prática dessa
desordem, substituindo-a pela monogamia heterossexual,
que constitui o ideal da criação original. O homossexualismo
é, pois, contrário à ordem da criação e à ordem da redenção
(re-criação); é uma perversão resultante da queda do
homem.

A História de Sodoma
Ao julgamento exposto acima é dada vigorosa força
ética pelo relato da destruição de Sodoma em Gênesis 19.
Os homens de Sodoma exigiram que dois hóspedes de Ló
fossem trazidos para fora para que eles o “conhecessem”.
[85] O resultado final foi que os sodomitas foram feridos de
cegueira e a cidade foi destruída por Deus com fogo e
enxofre. Referências bíblicas posteriores indicam outros
pecados de Sodoma que desagradavam ao Senhor[86] —
igualmente como uma síndrome de injustiça é associada ao
homossexualismo na mente de Paulo.[87] Conquanto uma
iniquidade geral caracterizasse Sodoma,[88] não se pode
suprimir este fato: o desejo dos sodomitas de “conhecer” os
hóspedes de Ló é o manifesto pecado exposto em Gênesis
19 e a confirmação específica de que a cidade merecia a
devastação que sofreu.[89] Esse pecado foi a marca da sua
extrema degradação e da sua rebelião contra Deus. Em que
consistiu esse pecado? Alguns têm sugerido que yadha não
é o verbo normalmente empregado para referir-se ao coito
homossexual (shakhah) e deve ser entendido no sentido
comum de “conhecer” (no sentido literal do hebraico). Esta
é a teoria: como forasteiro residente em Sodoma, Ló tinha a
responsabilidade de apresentar seus hóspedes aos
moradores locais e de permitir que os cidadãos
estabelecidos examinassem suas credenciais; por essa
razão, os sodomitas mostraram o desejo de “conhecer” os
visitantes de Ló. Queriam saber algo a respeito deles. Uma
vez que, segundo a mentalidade hebraica, o estrangeiro
tinha direito a uma acolhida hospitaleira,[90] o pecado de
Sodoma poderia ser interpretado como falta de
hospitalidade para com os visitantes.[91] Por essa falta de
amor e de cortesia social, o Senhor reduziu a cidade a
cinzas.
Essa teoria não resiste a uma séria análise. Em
primeiro lugar, Ló não era um mero forasteiro residente em
Sodoma, mas sim uma figura proeminente, um cidadão que
se sentava “à porta da cidade”.[92] Ele conhecia muito bem
o caráter moral da cidade, tanto que ficou alarmado ante a
perspectiva desses visitantes passarem a noite num lugar
público e insistiu fortemente com eles que aceitassem o seu
convite para usarem as acomodações da sua casa.[93]
Quando mais tarde os cidadãos lhe disseram que queriam
“conhecer” os seus hóspedes, Ló não viu nisso uma simples
rotina civil comumente aceita pela qual as credenciais dos
visitantes eram inspecionadas; ele fechou por dentro a
porta, defensivamente, e caracterizou o pedido de que
queriam “conhecer” como uma grande perversidade.[94] É
preciso ter uma estranha mentalidade para ver (1) que o
simples desejo dos cidadãos de tomarem conhecimento
seria quebra da hospitalidade; (2) que essa atitude seria
julgada gravemente má (principalmente à luz dos costumes
da cidade, que certamente Ló entendia); e (3) por que tal
procedimento seria considerado tão vil que resultou numa
trágica punição divina.
Além disso, com base nessa interpretação, o que
explicaria o fato de Ló oferecer suas filhas em lugar dos
seus hóspedes?[95] Os cidadãos já tinham conhecimento
delas; o aparecimento delas fora da casa não teria feito
nada para impedir a quebra da hospitalidade dos hóspedes
de Ló. A réplica a esta objeção é que o oferecimento feito
por Ló foi uma tentativa de suborno sexual, com a intenção
de apaziguar a multidão e mudar o assunto (deixando de
lado o protocolo concernente a visitantes). Isso é
psicologicamente incrível. Por que um pai iria tão longe,
chegando ao ponto de propor a violação das suas filhas em
resposta a um mero pedido indelicado? Além disso, essa
réplica exige que interpretemos o oferecimento de Ló de
trazer para fora as suas filhas, “que não conheciam
homens”, como um suborno sexual, entendendo que o
verbo yadha se refere a coito.[96] Nesse caso, a mesma
tradução deveria ser aceita no contexto imediato, no
versículo 5, quando os pretensamente bem intencionados
sodomitas não estavam querendo mero conhecimento
social, mas, sim, relações sexuais com os hóspedes de Ló —
conclusão que essa interpretação procurou evitar.
Como um recurso final, um defensor da
reinterpretação de Gênesis 19 sugeriu que a comparação
com um incidente similar em Juízes 19 nos permite ver que,
na verdade, a intenção dos sodomitas era assassina,[97] o
que explica a perversidade da qual Ló se apercebeu, sua
oferta preventiva e a ira do Senhor contra tão grave falta de
hospitalidade. Todavia, essa ideia elimina o óbvio caráter
sexual do que está registrado em Juízes 19 e transfere de
forma ilegítima a interpretação mais restrita para Gênesis
19. Isso ou excede as traduções aceitáveis de yadha no
versículo 5, ou exige que leiamos nas entrelinhas da
narrativa escriturística. As conclusões de um procedimento
tão arbitrário só atraem os que já estão predispostos a
evitar o sentido óbvio e natural do texto.
Os homens de Sodoma quiseram ter relações sexuais
com os visitantes de Ló, quiseram “conhecê-los”. Ló
acertadamente entendeu as suas intenções homossexuais
como perversas e fez sua contraoferta (não correta, mas
contextualmente apropriada) de deixar que aqueles homens
fizessem o que quisessem com suas filhas, que não
“conheciam” homens; isto é, que não se haviam envolvido
em relações sexuais. Na história semelhante de Juízes 19.16
em diante, os homens da cidade de Gibeá cercaram a casa
de alguém que se prestou a servir como hospedeiro,
exigindo que o seu hóspede, do sexo masculino, fosse
trazido pra fora para que eles o “conhecessem”. De novo, o
pedido foi considerado perverso, e foi feita a contraproposta
de que a concubina do hóspede fosse aceita substituindo as
exigências homossexuais; o resultado foi que a mulher foi
violentada até de manhã, e foi encontrada morta. Em
ambas as narrativas é evidente que os moradores da cidade
estavam interessados em relações homossexuais, não em
mero conhecimento social. No caso de Sodoma não há
razão textual para ver as intenções dos homens da cidade
especificamente como de estupro homossexual. Não temos
prova de que eles anteciparam a resistência dos hóspedes
de Ló e que estavam procurando realizar um assalto sexual.
Não podemos evitar a óbvia conclusão de que Deus
devastou as cidades da planície com uma catástrofe por
causa do homossexualismo dos sodomitas. É pura e
infundada especulação dizer que eles foram punidos por
causa do culto à fertilidade, do qual a homossexualidade
era uma parte, ou pela tentativa de ultrapassar os limites
entre homens e anjos; o texto não tem nenhuma indicação
cúltica, e nenhum sinal de que os sodomitas reconheciam
os hóspedes de Ló como seres sobrenaturais.
Sodoma foi destruída completamente porque era uma
cidade cheia de homossexuais,[98] que dia após dia
praticavam o abuso decaído, ímpio, sensual que os
caracterizava.[99] Diversamente de muitos cristãos desta
época secularizada, Ló ficava continuadamente
escandalizado e com repulsa (“se afligia, se atormentava”)
pelos atos desregrados dos sodomitas. O uso da palavra
“maldades” (anomos [literalmente: sem lei, contra a lei])
em 2 Pedro 2.8 indica que os sodomitas violavam o
mandado de Deus. Muito embora seja fato que eles não
eram o povo teocrático, o povo eleito de Deus, eram
responsáveis ante o conteúdo da lei jurídica que consta em
Levítico 18.22 e 20.13. A lei arraigada no coração
deles[100] os informava de que aqueles que transgridem as
ordenanças de Deus e praticam tais coisas “merecem a
morte”.[101]
A Palavra de Deus inspirada interpreta para nós a
narrativa sobre Sodoma não deixando dúvida de que
Sodoma foi destruída por violar a ordem da criação
estabelecida por Deus. Em Judas 7 precisamente a
antinaturalidade do mal praticado em Sodoma é que é
salientada como a causa da ira divina. Nessa passagem os
sodomitas são descritos como tendo se entregado “à
imoralidade e a relações sexuais antinaturais”. A forma
grega, ekporneuein, é intensiva, denotando luxúria ou
lascívia extravagante. O particípio, apelthousai, dá ainda
maior intensidade ao verbo e apresenta o sentido de
completa entrega à impureza. O objeto dessa fornicação
extravagante, à qual o pecador se entrega, é descrita como
sarkos heteras, “outra carne” (ARV). Foi o intercurso sexual
antinatural, um abandono das leis da natureza (o padrão
ordenado por Deus para as relações sexuais) que colocou
Sodoma sob a vingança de Deus.

A Lei de Deus

Tanto a diferenciação sexual e a ordenança do


casamento na ordem da criação, como a excepcional
destruição de Sodoma por seu homossexualismo no período
patriarcal, ensinam a proibição moral do homossexualismo.
Deus condena o homossexualismo como antinatural, uma
grave desordem contra a criação, e tão vil que faz jus à
morte. A criação e a história, vistas através dos óculos da
Palavra de Deus inspirada, ensinam-nos a mesma coisa.
Uma formulação direta e específica da vontade prescritiva
de Deus para a conduta humana acha-se na revelação da
sua lei durante o período mosaico; esta define agudamente
as normas morais implícitas na criação e na história.
Na lei ficamos sabendo do forte ódio do Senhor ao
homossexualismo como uma abominação, algo repugnante.
O sétimo mandamento (“Não adulterarás”) protege a
castidade sexual e a integridade da família. Esse
mandamento é desenvolvido e ilustrado em várias leis
casuísticas. Sob um só mandamento do Decálogo devemos
entender que todos os pecados ou deveres da mesma
espécie são proibidos ou ordenados, juntamente com todas
as causas e todos os meios, ocasiões e provocações ou
incentivos aos mesmos. A equidade moral dessas leis
judiciais é a da exigência original e fundamental dos Dez
Mandamentos; estes não podem ser descartados sob a
alegação de que não são válidos atualmente.[102] Portanto,
um dos pecados proibidos no sétimo mandamento é a
sodomia e inclui todas as cobiças ou luxúrias antinaturais:
“Não se deite com um homem como quem se deita com
uma mulher; é repugnante” (ARA: “é abominação”).[103]
“Se um homem se deitar com outro homem como quem se
deita com uma mulher, ambos praticaram um ato
repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a
morte.”[104]
O veredito de Deus sobre o homossexualismo é
inevitavelmente claro. Sua lei é uma precisa interpretação
da ordem sexual da criação para o homem caído, reiterando
sua intenção e sua diretriz quanto às relações sexuais.
Quando pessoas do mesmo sexo (homossexuais) praticam
relações sexuais uma com as outras (relações descritas pela
expressão idiomática “deitar-se com”, shakar eth), elas
violam a ordem básica da criação estabelecida por Deus de
maneira vil ou abominável. Nas páginas de Levítico vemos
os padrões absolutos de pureza ordenados por Deus; na
esfera sexual, não é permitido fazer uso profano da criação
de Deus “descobrindo a nudez” de homem, mulher ou
animal indiscriminadamente.[105] As relações sexuais
devem ser conduzidas dentro dos limites determinados por
Deus.
O que foi revelado na narrativa da criação e na
história de Sodoma foi confirmado de forma estatutária. O
Senhor não tolerará o homossexualismo. Contudo, não
causa surpresa que aqueles que eliminam as implicações da
diferenciação sexual na criação e que reinterpretam o
pecado de Sodoma, também tentam amenizar a
condenação imposta pela lei de Deus concernente ao
homossexualismo.
Algumas tentativas mal merecem refutação. Dizem-
nos que o amor é o único item que importa em qualquer
relação sexual, e, portanto, seria submeter-se a um duplo
padrão de moralidade o cristão tolerar a prática sexual
heterossexual e condenar a prática sexual homossexual.
Certamente Deus não deve ter esperado que se dê
importância ao modo pelo qual se obtém a satisfação
sexual, estabelecendo um padrão que favorece uma
preferência sexual e condena outra. Essa maneira de
argumentar não somente ignora a revelação específica dada
por Deus em Levítico 18.22 e 20.13, onde é evidente que
Deus de fato considera moralmente importante a maneira
específica de alcançar satisfação sexual, mas também pode
facilmente ser reduzida ao absurdo (por exemplo:
“certamente Deus não teria um duplo padrão quanto à
obtenção de dinheiro, distinguindo entre trabalho e roubo”).
Outros argumentam que a proibição do
homossexualismo tem suas raízes na arbitrariedade do povo
judeu quanto às questões sexuais, e que não há razão para
isso em termos das consequências (isto é, o
homossexualismo não prejudica a sociedade nem viola os
direitos de outros). Essa forma de pensar contradiz a autoria
divina da lei.[106] Se, contrariamente aos conceitos de
Jesus e de Paulo,[107] o código moral de Levítico 18–20 não
é aceito como inspirado por Deus, fica sendo supérfluo
discutir o seu caráter obrigatório. Mas, se é considerado de
origem divina, resulta então que é arbitrário, da parte do
crítico, renunciar às porções bíblicas desfavoráveis às suas
ideias preconcebidas.
Presumivelmente, existem boas razões sociais para as
leis que confinam as relações sexuais no casamento
heterossexual. A Palavra de Deus declara que elas foram
estabelecidas para o nosso bem positivo.[108] As bênçãos
da obediência e as maldições da desobediência são
momentosas.[109] Qualquer outra atitude certamente
levaria a uma permissividade para com o sexo que
degradaria e destruiria a integridade da família. Contudo,
estaríamos sujeitos à lei concernente ao homossexualismo,
mesmo que não conseguíssemos enxergar as
consequências sociais positivas dessa lei. O objetivo do
nosso sistema ético não é satisfazer os gostos da criatura,
mas agradar ao Criador e refletir sua santidade absoluta em
nosso viver.
Desafios mais sérios ao sentido patente das leis
contra o homossexualismo de Levítico têm sido
apresentados no sentido de baixar-lhe o nível: a saber, que
são cerimoniais (e, portanto, temporárias), ou que são
simplesmente circunstanciais (isto é, condenam as
associações e os usos da homossexualidade numa
sociedade antiga). O primeiro argumento é que as injunções
de Levítico 18.22 e 20.13 aparecem em conexão com a
purificação cúltica e, assim, pertencem às “sombras” da lei
cerimonial dispensadas pelo cumprimento em Cristo.
Portanto, seria incoerente aplicar hoje as proibições do
homossexualismo registradas em Levítico, rejeitando, ao
mesmo tempo, por exemplo, a proibição de carne de
animais impuros.[110] Ora, é verdade que a aliança da
graça foi administrada diferentemente antes e depois da
vinda de Cristo. Algumas leis do Antigo Testamento serviram
primariamente, não para definir pecado e suas justas
sanções, mas para revelar, mediante tipos, o caminho da
restauração redentora ao favor de Deus. Sob a dispensação
do Antigo Testamento, a aliança da graça de Deus era
administrada por promessas, profecias, sacrifícios,
circuncisão, o cordeiro da Páscoa, e outros tipos e
ordenanças entregues aos judeus; esses tipos e ordenanças
eram “o evangelho em figuras”, representando Cristo e sua
obra redentora.[111]
Estas leis cerimoniais foram cumpridas em favor do
crente pela obediência de Cristo, de modo que, atualmente,
a aliança da graça sob o Evangelho é administrada pela
pregação e pelos sacramentos. As leis cerimoniais que Deus
deu a Israel, contendo diversas ordenanças típicas
prefigurando Cristo, suas graças, seus atos, seus
sofrimentos e seus benefícios, todas foram postas fora de
vigência sob o Novo Testamento.[112] Esta distinção entre
leis morais e cerimoniais não é arbitrária. Tem todos os
elementos de argumentação racional requeridos pela
Escritura como esta interpreta a si própria: a lei moral
define a justiça, ao passo que a lei cerimonial guia a
restauração redentora.
Por isso reconhecemos a categoria do que é
temporário, a lei cerimonial do Antigo Testamento. Não há,
porém, nenhuma boa razão para atribuir a isso as proibições
do homossexualismo. Elas não antecipam a pessoa e a obra
de Cristo para a salvação em nenhum sentido. Ademais, o
fato de o homossexualismo receber a pena de morte em
Israel coloca esse pecado na esfera de outras transgressões
punidas pelo magistrado judeu, não na esfera da legislação
cerimonial temporária.
Além disso, o contexto dessas proibições sugere que
elas estavam relacionadas com a santidade moral, não com
mera purificação cúltica. A lista de injunções de Levítico 18
é introduzida com enfática autoridade divina: “Pratiquem as
minhas ordenanças, obedeçam aos meus decretos e sigam-
nos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”;[113] e termina:
“Obedeçam aos meus preceitos, e não pratiquem os
costumes repugnantes praticados antes de vocês, nem se
contaminem com eles. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”.
[114] O capítulo seguinte contém leis adicionais,
introduzidas com estas palavras: “Sejam santos porque eu,
o Senhor, o Deus de vocês, sou santo”,[115] e termina
dizendo: “Obedeçam a todos os meus decretos e a todas as
minhas leis e pratiquem-nos. Eu sou o Senhor”.[116] O
capítulo 20 é uma continuação dessas injunções: “Disse o
Senhor a Moisés: ‘Diga aos israelitas:…’”,[117] e termina:
“Vocês serão santos para mim, porque eu, o Senhor, sou
santo”.[118]
Em contraste com essas exigências éticas que
refletem o senhorio e a santidade de Deus, o capítulo 21
começa uma nova seção, que trata das exigências quanto
aos sacerdotes e a seu serviço cultual. A passagem citada
anteriormente[119] contém algumas exigências que já não
são observadas em sua forma judaica, por exemplo, as que
simbolizam a separação de Israel das abominações
cometidas pelos vizinhos pagãos,[120] e algumas instruções
cerimoniais.[121] Mas o caráter predominante dos
mandamentos ali registrados é moral, e o seu conteúdo é
reconhecido como vigente na atualidade (por exemplo, a
proibição do incesto, do adultério, do sacrifício de crianças,
da idolatria, da opressão sobre os pobres, da calúnia, do
ódio, de pesos e medidas falsos). O próprio Cristo recorreu a
esses mandamentos considerando-os um sumário da lei e
os Profetas.[122]
Vê-se, pois, que o contexto não dá suporte ao
automático descarte das proibições contra o
homossexualismo como cerimonial. Cabe ao defensor do
homossexualismo produzir um critério viável para distinguir
entre leis morais e cerimoniais, ou então rejeitar,
coerentemente, todas elas (indo contra a enfática palavra
de Cristo). Temos no Novo Testamento a autorização para
descontinuar a obediência ao sistema sacrificial,[123] e
deixar de observar os símbolos da separação dos judeus já
não desagrada a Deus.[124] Todavia, as Escrituras nunca
alteram a lei de Deus revelada concernente ao
homossexualismo, deixando-nos sujeitos à sua exigência
plena e total.[125] Na verdade, a Bíblia condena
repetidamente o homossexualismo; o próprio Novo
Testamento salienta que essa prática é contrária à lei de
Deus,[126] trazendo ao infrator o juízo de Deus e a exclusão
do seu reino.[127] Portanto, a proibição contra o
homossexualismo não pode ser vista como parte do sistema
cerimonial que prefigurava Cristo, nem como temporário em
sua obrigação.
Outra tentativa de afrouxar o caráter obrigatório da
proibição do homossexualismo na lei de Deus reinterpreta a
proibição alegando que esta trata das circunstâncias
agravantes, e não do homossexualismo como tal,
independentemente das suas associações antigas ou das
suas implicações sociais. Uma reinterpretação sustenta que
na mente judaica o homossexualismo era associado à
idolatria dos vizinhos de Israel, que praticavam o culto à
fertilidade em seus templos usando prostitutos e
prostitutas. Assim o Código de Santidade, em Levítico, que,
como vimos, advertia repetidamente contra as práticas
idolátricas dos cananeus, deveria ser visto como
condenando o homossexualismo cultual. Essa conexão é
explícita em Deuteronômio 23.17,18, onde se proíbe aos
filhos de Israel que se tornem prostitutos cultuais e com isso
tragam salários de “cães” à casa do Senhor.[128] Esse
termo pejorativo indica quão abominável isso era para
Deus. Também a história posterior de Israel deixa claro que
o homossexualismo cultual era um problema moral para
aquela sociedade.[129]
Então, por associação, a proibição do
homossexualismo vem a ser, de fato, uma proibição da
idolatria; foi revelada a fim de impedir os israelitas de
manterem contato com outras religiões que praticavam
profanação cúltica, ritos homossexuais simbolizando ou
celebrando a fertilidade, como parte do seu culto idolátrico.
Sendo assim, a proibição contra homem deitar-se com
homem como quem se deita com mulher[130] é entendida
da mesma forma que a de cozinhar um cabrito no leite da
sua mãe,[131] a saber, como proibindo a participação
naquilo que a pesquisa histórica mostrou que eram práticas
religiosas pagãs. Nesse contexto pode-se observar que o
versículo imediatamente anterior a Levítico 18.22 menciona
uma óbvia prática idolátrica dos cananeus (sacrifício de
crianças a Moloque), e há quem tenha especulado que o
versículo imediatamente subsequente (que proíbe a
perversão de manter relações sexuais com animais) se
refere a um culto egípcio à cabra. Daí, segundo esse modo
de ver, a lei de Deus contra o homossexualismo seria
circunstancial, sem nenhuma referência ao
homossexualismo em contextos não cultuais.
Outra reinterpretação atribui as proibições à ênfase à
procriação entre os judeus, que viam a falta de filhos como
uma maldição espiritual e/ou como uma dificuldade
econômica, e que consideravam a voluntária destruição do
sêmen humano, viável para a reprodução, como um grave
crime.[132] Assim o homossexualismo, na realidade, foi
proibido porque, por meio dessa atividade sexual era
impossível propagar a raça escolhida.
Outra reinterpretação alega que no mundo antigo o
estupro homossexual era infligido ao inimigo varão
derrotado como um símbolo de domínio e uma expressão de
zombaria (como se vê no épico egípcio, The Contending of
Horus and Seth [A contenda entre Horus e Seth]). Por isso a
lei judaica proibia o homossexualismo como um sinal de
desrespeito por uma pessoa e como uma desonra ao sexo
masculino, superior (que era forçado a realizar uma função
feminina). Segundo essas ideias, a força da proibição bíblica
não teria continuidade fora das culturas que insistem na
procriação como a função chave das relações sexuais ou
que veem o homossexualismo como um símbolo de
escárnio e desonra.
Que se pode dizer sobre essas diversas
reinterpretações da proibição bíblica do homossexualismo?
Primeiro, elas não são congruentes entre si: um ato de culto
religioso, um erro em não buscar a melhor finalidade quanto
ao homem, e um ato de escarninho domínio são coisas
completamente diferentes e incompatíveis. Os que
reinterpretam circunstancialmente a proibição bíblica contra
o homossexualismo precisam resolver seu próprio
desacordo quanto ao que a lei “realmente” quer dizer
quando fala em proibição. Sem um claro candidato que de
fato esteja por trás do patente sentido de Levítico 18.22 em
seu alegado cenário cultural, não há nenhum desafio sério
que nos obrigue a responder.
O que é mais importante, essas teorias todas e cada
uma delas não garantem uma conclusão definida acerca do
que é de fato proibido quando Deus fala sobre
homossexualismo; na melhor das hipóteses, elas são
pesquisas especulativas quanto ao que poderia, talvez,
constituir uma argumentação subjacente a respeito da
proibição do homossexualismo. E em muitos pontos elas
nem sequer são possibilidades muito plausíveis.
A teoria do “homossexualismo-como-zombaria”
baseia-se numa pura conjetura quanto ao sentido dos textos
propriamente ditos.[133] Além disso, a ideia de que o
homossexualismo representa uma submissão a um modo de
proceder escarninho ou desonroso, em nada enfraquece o
entendimento tradicional da proibição bíblica, antes o
suplementa.
A teoria do “homossexualismo-como-contrário-à-
procriação” deixa de lado completamente o fato de que as
relações sexuais serviam a um papel essencial na
necessidade que o homem tem de companheirismo
humano, não simplesmente à procriação, segundo a
teologia do Antigo Testamento sobre o casamento.[134] A
alegação de que os hebreus viam o sêmen como algo
sagrado funda-se numa leitura completamente falsa da
narrativa sobre Onã, pois Onã foi punido por uma violação
da instituição do levirato, e não simplesmente por jogar fora
a sua semente. O homossexualismo era punido como um
pecado positivo de comissão, não meramente como se
fosse a falta de geração de filhos por meio das atividades
sexuais de alguém. Do contrário, a improdutividade
heterossexual seria igualmente condenada.
Essas ideias imaginativas não se baseiam num estudo
exegético do ensino da Bíblia, mas são impostas de fora. A
argumentação inspirada da Escritura em favor da proibição
do homossexualismo é simples e direta: “É abominação
(toevah)”,[135] isto é, é algo detestável aos olhos de Deus,
repudiado como degradante e ofensivo ao senso moral.
Certamente, poderia ser uma forma de domínio
idolátrico, como foi sugerido pela primeira reinterpretação
circunstancial da proibição. Os problemas dessa teoria,
porém, são textuais e históricos. A Palavra de Deus contém
uma distinta e explícita proibição do homossexualismo
cultual,[136] ao passo que em Levítico 18.22 não há
nenhuma referência a prostitutos/prostitutas cultuais, e,
assim, não há nenhuma associação com ritos idolátricos.
A proibição registrada em Levítico acha-se num
contexto de caráter predominantemente moral (como foi
discutido acima). O alegado caráter cultual do versículo 23 é
inteiramente especulativo, e mesmo a referência à idolatria
presente no versículo 21 não torna esse mandado particular
nem um pouco menos moral em sua intenção. Afinal de
contas, a proibição do sacrifício de crianças serve para
proteger a vida humana e para impedir a destruição da
família, como também para evitar a contaminação pelo
contato com a idolatria dos cananeus; o fato de que este
pecado foi historicamente um rito cultual não diminui em
nada a sua realidade como uma questão moral perpétua. A
tese válida, então, é que Levítico 18.22 é distinto da lei
contra o homossexualismo cultual; os contextos das duas
proibições são diferentes, e não há nenhuma indicação de
ritos sexuais idolátricos na passagem de Levítico.
O fato de se recorrer ao substrato cultural nada fará
para remediar o defeito; na verdade derrotará totalmente a
teoria. O fato histórico é que na cultura cananeia o
homossexualismo era praticado como um rito religioso e
também como uma perversão sexual pessoal em geral; era
popular tanto no templo como na cidade, e era realizado
tanto religiosa como hedonisticamente. Os vizinhos pagãos
de Israel conheciam tanto o homossexualismo secular como
o sacro, o que tornou totalmente necessário que a vontade
de Deus fosse revelada claramente a seu povo em duas
proibições diferentes. A Bíblia condena a vida sexual da
cidade pagã como também a idolatria sexual do templo
pagão.
Os propugnadores da reinterpretação circunstancial
de Levítico 18.22 e 20.13 não provam que esses versículos
devem ser interpretados como se dissessem o que
Deuteronômio 23.17,18 diz, e nada mais. Eles de fato fazem
cair, ilegitimamente, as duas proibições uma na outra,
suprimindo com isso uma porção da vontade moral de Deus
revelada — como se o intérprete que lesse Romanos 13.13 e
1 Coríntios 11.21 concluísse que Deus meramente proíbe a
embriaguez durante a administração dos sacramentos da
igreja, e não a embriaguez em geral.
Mesmo que se pudesse mostrar que há alguma
associação cultual com o homossexualismo proibido em
Levítico 18.22, ainda assim não haveria razão para pensar
que a lei é exaustivamente cultual em sua referência a isso;
afinal, Deus detesta extraordinariamente o
homossexualismo por suas incidentais ligações idolátricas.
Nesse sentido, a circunstância agravaria o delito do
homossexualismo, ao invés de reformular o sentido básico
da proibição.
O erro dessa reinterpretação circunstancial de Levítico
18.22 fica muito mais claro quando a gente percebe que a
mesma linha de interpretação poderia ser aplicada à
proibição de relações sexuais com animais, no versículo 23.
Um raciocínio paralelo nos levaria a julgar essa prática
animalesca fora dos contextos religiosos ou cultuais como
moralmente aceitável atualmente – uma conclusão que
chocaria ou deveria chocar as nossas sensibilidades éticas
(ainda que ficássemos insensíveis face à contínua
propaganda que promove o homossexualismo na cultura
dos dias atuais).
Muitos casos contrários ao modelo de argumento
utilizado na reinterpretação circunstancial solapam e fazem
ruir por terra a sua validade e a sua credibilidade. Por
exemplo, o fato histórico de que o roubo está sempre
associado à inveja ou à ganância que, segundo Colossenses
3.5, é idolatria, não reduziria o oitavo mandamento ao
segundo ou ao décimo.
O homossexualismo é tão vil aos olhos de Deus, tão
repugnante a seu caráter moral, que no antigo Israel sofria
a sanção da pena capital.[137] Devemos lembrar que no
Antigo Testamento “toda transgressão e desobediência
recebeu a devida punição”.[138] O homossexualismo é tão
contrário à criação divina e à vontade de Deus que todo
sinal de tentativa de apagar a distinção criada entre os
sexos também foi proibido. Até o ato de fazer-se passar por
outra pessoa pelo uso de roupa própria do outro sexo era
abominável.[139]
O homossexualismo é apresentado na justa lei de
Deus como digno de morte. Pois bem, quanto a outros
crimes capitais, a lei de Deus traça importantes distinções
éticas relacionadas, por exemplo, com a motivação do
ofensor[140] ou com as circunstâncias do delito.[141]
Quando qualificações condicionais e circunstancias
atenuantes são relevantes para a avaliação do crime, Deus
as faz registrar para nós e não as deixa para especulação ou
para pesquisa histórica posterior. Mas nenhuma escusa,
nenhuma emenda e nenhuma consideração circunstancial
atenuam a proibição ou a punição do homossexualismo. As
instruções ou ordens para a severa sanção contra essa
prática em Israel eram simples e diretas. Sob nenhuma
circunstância o homossexualismo podia ser tolerado como
moralmente aceitável.
Por isso somos compelidos a dizer que a lei de Deus
contra o homossexualismo não pode ser privada de sua
força. Não é um padrão duplo objetável, não é arbitrária e
inconsequente, não pode ser tomada como uma lei
cerimonial temporária, e não deve ser reduzida a pecados
circunstanciais associados com o homossexualismo ou com
suas implicações sociais. As numerosas tentativas feitas
para fugir ao caráter obrigatório da lei divina são fúteis e
levam à distorção da Palavra de Deus pelo uso de métodos
de interpretação que têm que ler no texto coisas que não
estão nele, ignoram o contexto mais amplo da Escritura,
violam a analogia da fé e recorrem a manobras falazes.
Deus criou o homem de tal maneira, e de tal maneira
ordenou as relações sociais; Deus tem operado tais juízos
no curso da história; Deus tem tão santo caráter, transcrito
na lei, que o homossexualismo é “repugnante”, é “uma
abominação”. Essa prática transtorna as relações sexuais
válidas entre as pessoas, representando uma tentativa de
redefinir o homem e o mundo à imagem do pecador. O
homossexualismo provoca a ira de Deus, é diametralmente
oposto à sua natureza, e é punível com a morte. Tudo isso é
ensinado na narrativa da criação, na história de Sodoma, e
na lei de Deus.
Foi porque os cananeus praticavam “abominações”
tais como o homossexualismo que Deus os castigou
expulsando-os do seu território.[142] Isso mostra que o
conteúdo da lei mosaica era obrigatório até para os que
estavam fora da comunidade pactual, aos quais não foi
dada a revelação especial redentora da lei de Deus — um
fato que refuta a ideia de que a lei de Deus não é
obrigatória no Estado secular moderno, mas somente na
igreja de Cristo. Todos os homens, em todas as culturas, são
obrigados pelo Senhor a detestar e a evitar o
homossexualismo. Da perspectiva da revelação do Antigo
Testamento, a conclusão é clara: o homossexualismo é uma
perversão (contrária à ordem criada por Deus), é imoral
(contrária ao mandamento de Deus), e merece a morte
(temporal, societária, eterna).

Romanos 1

Princípios idênticos são revelados com autoridade no


capítulo primeiro da Epístola de Paulo aos Romanos, dessa
forma provendo-nos de explícita confirmação da ética do
Antigo Testamento com relação ao homossexualismo.
Por essa razão Deus os entregou a paixões
degradantes, pois as suas mulheres trocaram a
função natural pela antinatural, e igualmente os
homens abandonaram a função natural da mulher
e se inflamaram em seu desejo, uns para com os
outros, homens com homens, cometendo atos
indecentes e recebendo em suas pessoas a
punição devida a seu erro… E, apesar de
conhecerem a ordenança de Deus, sabendo que
aqueles que praticam tais coisas [os pecados
listados nos versículos 28-31] merecem a morte,
não somente fazem isso, mas também aprovam
de boa vontade aqueles que as praticam.[143]
Neste contexto Paulo estava ensinando que a ira de
Deus é revelada do céu contra aqueles que abandonam a
sua relação própria com o Criador; suprimindo a verdade de
Deus, eles recorrem a várias formas de idolatria, servindo à
criatura com mentes entenebrecidas e com raciocínio
insensato. Em resposta, Deus os entrega a cobiças impuras
e a práticas que desonram os seus corpos —
especificamente, entregando-os ao homossexualismo que,
por sua vez, estimula outras depravações. Os que
abandonam a Deus e sua lei eventualmente são
abandonados por Deus e ficam vagando em suas práticas
moralmente corruptas, que se tornam um modo de viver.
Especificamente, a pena para a rebelião do homem contra o
verdadeiro serviço de Deus é o homossexualismo, que o
apóstolo Paulo descreve com forte reprovação como
“impureza”, “degradação do seu corpo”,[144] “paixões
vergonhosas”,[145] “atos indecentes” (ou “feitos
despudorados”), “perversão”,[146] “disposição mental
reprovável”.[147] O homossexualismo troca o uso natural
do sexo por práticas sexuais antinaturais,[148]
evidenciando com isso uma perversão imoral nas relações
humanas mais íntimas e vindo a ser tais que “merecem a
morte”.[149] O melhor comentário sobre este ensino acha-
se no Antigo Testamento, do qual Paulo extraiu muito
material.
Na Escritura, a mais óbvia condenação do
homossexualismo como intrinsecamente imoral acha-se
nesta passagem de Romanos. Não obstante, não faltam
aqueles que procuram evadir-se a essa franca acusação. Em
primeiro lugar estão aqueles que sustentam que Paulo não
distinguiu o homossexualismo como especialmente
delituoso entre os pecados; esse mal não é tomado como
um assunto de fato e de direito, mas é meramente tratado
incidentalmente entre os resultados de uma distorcida
relação com Deus — apresentado simplesmente como parte
de um modelo mais amplo de excessos pagãos.
Evidentemente, essa resposta às palavras de Paulo é
errada. Afinal, o homossexualismo é apresentado
precisamente como uma apropriada ilustração da
depravação de uma vida pecaminosa. É, realmente, a
ilustração chave, utilizada por Paulo, da perversão que
resulta da rebelião contra Deus, um conspícuo sintoma
dessa rebelião. Certamente o assunto é tratado em sua
relação com suas raízes e com seus efeitos, mas o caráter
moral do homossexualismo é, não obstante, tratado
também como um tema de fato e de direito. Seu caráter vil
fecha o argumento de Paulo concernente às consequências
da supressão do conhecimento de Deus, e, assim, o que
Paulo disse ao descrevê-lo não pode ser diminuído.
Contender no sentido de que o homossexualismo em
Romanos 1 é retratado meramente como uma punição pelo
pecado e não como um pecado em si mesmo é esquecer
que muitas vezes Deus pune o pecado fazendo os homens
se voltarem inteiramente para esse pecado e seus efeitos.
[150] É exatamente o que Paulo disse acerca do
homossexualismo: é pecado, e é punição pelo pecado.[151]
Em segundo lugar, entre os que apoiam o
homossexualismo há aqueles que alegam que Paulo está
condenando a luxúria e a promiscuidade, não o amor e
devoção homossexual; a suposição é que a qualidade moral
do homossexualismo não pode ser julgada isoladamente da
atitude e do contexto em que a pessoa o pratica, do suporte
interpessoal que ele dá, e da satisfação pessoal que
oferece. Presumivelmente, há distinções a serem feitas,
resultando em que deveríamos reconhecer uma prática
cristã do homossexualismo recomendável, em contraste
com as versões dele como degradação moral.
Mas essa ideia é mera ilusão sem suporte bíblico.
Paulo era forte adepto de se fazerem cuidadosas distinções
morais. Ele reconhecia qualificações pertinentes que era
necessário estabelecer, e intrincados problemas éticos (tais
como os relativos à carne oferecida a ídolos, casamento e
divórcio, dons espirituais, exortações e censuras, usos e
abusos da lei). Se fosse possível dar ao homossexualismo a
aprovação divina nalgum sentido, Paulo teria indicado isso e
teria traçado as distinções que atualmente os homens
querem impor ao texto.
Na civilização ou cultura antiga o homossexualismo
era um lugar comum, com certas distinções
costumeiramente traçadas entre o homossexualismo como
uma expressão ideal do amor (por exemplo, na obra
Symposium, de Platão), ou uma ajuda à perícia militar (por
exemplo, na propaganda espartana), e o homossexualismo
na forma de prostituição e de louca e indiscriminada paixão.
Aquele era encorajado; esta era desencorajada. Em
contraste, Paulo, que era versado na cultura do seu tempo,
não traçou tais distinções, mas condenou categoricamente
o homossexualismo, sem exceção. Não se pode interpretar
a Escritura de modo que seja modelada para adequar-se aos
contornos do pecado, e o homossexualismo não pode ser
domesticado inteligentemente dentro de um estilo de vida
aprovado por Deus. Não existe uma forma cristã de
homossexualismo, como também não existe uma forma
cristã de adultério ou de coito com animais, ou de estupro,
etc. Romanos 1 não dá lugar a nenhum tipo de
homossexualismo, pois esta é clara e simplesmente uma
“perversão”, um mau estilo de vida.[152] Se fosse possível
alterar as palavras de Paulo de modo que se permitisse o
homossexualismo sob certas condições, a mesma linha de
pensamento poderia ser seguida com todos os pecados
apresentados nos versículos 28-31 — na verdade, com todo
e qualquer pecado!
A terceira tentativa de obscurecer a condenação do
homossexualismo por Paulo argumenta no sentido de que a
preocupação fundamental do apóstolo era a influência do
paganismo sobre os crentes, ou a contaminação com a
idolatria das culturas helenísticas, que era associada com o
homossexualismo na mente de qualquer judeu piedoso (e
que, por certo, era o problema particular para os cristãos
romanos). Um escritor vai tão longe que chega a dizer que
Romanos 1.26-31 é apenas um sumário-clichê de uma
conhecida lista de vícios popularmente utilizado para
condenar a cultura e a religião dos gentios. Visto que a
intenção de Paulo era simplesmente usar um tão envilecido
catálogo para dizer que todos os homens[153] estão sob a
ira de Deus, devemos concluir que não há nada que seja
particularmente virtuoso em nenhuma orientação sexual,
em si mesma, quer hétero quer homossexual. Qualquer um
também cairia sob a condenação de Paulo em Romanos 1
por insistir na preferência sexual pela heterossexualidade —
e com isso, por idolatrá-la. Essa reinterpretação representa
o culto à criatura e não ao Criador, deixando de ver que
Deus, por sua graça, aceita o homem, mesmo tendo sido
rejeitado por ele (o tema da epístola). Sucede, então, que,
segundo essa reinterpretação, um verdadeiro entendimento
do ensino de Paulo permite que a pessoa nisso interessada
seja “indulgentemente gay”.
Nalgum ponto de uma discussão como esta é
apropriado advertir os intérpretes da Palavra de Deus
inspirada de que devem ter cuidado para não fazer como
aqueles que a “torcem, como fazem com as demais
Escrituras para a própria destruição deles”.[154] A falsa
exposição anterior do ensino de Paulo é uma perigosa
distorção das doutrinas bíblicas sobre a ira e a graça de
Deus. Dizer que todos os homens são condenados pela lei
de Deus não é absolutamente a mesma coisa que dizer que
a lei de Deus condena todas as atitudes e toda a conduta;
há atos que Deus ordena (por exemplo, trabalhar por ganho
seis dias da semana) e que Deus condena (por exemplo, o
roubo, a quebra do santo repouso semanal), se bem que
nenhum ser humano pode cumprir perfeitamente a vontade
de Deus nessas coisas.
Paulo citou o homossexualismo como uma violação da
vontade de Deus revelada em sua conclusão de que todos
os homens estão condenados pela lei. Mas não se pode usar
a condenação universal dos homens sob a lei para esvaziar
o seu conteúdo de ordens específicas, tornando a
heterossexualidade e a homossexualidade igualmente
pecaminosas aos olhos de Deus. De igual modo, a
insistência em manter o padrão moral de Deus (por
exemplo, quanto à heterossexualidade) contra a sua
transgressão, só poderia ser considerada idolátrica
eliminando qualquer ideia do caráter de Deus claro e
definível. A graça de Deus ensina os homens a renunciarem
ao pecado e a viverem pelo justo e reto modelo da lei de
Deus; por essa razão ninguém pode ser “indulgentemente
gay”, como igualmente não pode ser “indulgentemente
assassino” [ou um assassino sob a graça]. Devemos estar
cientes de que tais homens “são ímpios, e transformam a
graça de nosso Deus em libertinagem”.[155]
Se Paulo traçou uma conhecida lista de vícios pagãos
em Romanos 1, devemos concluir que, aos olhos de Deus,
são genuinamente vícios. O fato de um escritor bíblico ter
tido fontes históricas para o seu ensino[156] não destrói a
exatidão do que ele ensinava,[157] pois os homens movidos
pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus, e o produto
final dos seus esforços deve ser considerado como inspirado
por Deus.[158] Entretanto, à luz da nossa investigação
anterior e do vocabulário específico de Paulo, é muito mais
provável que o particular ponto de partida de Paulo para o
seu ensino sobre o homossexualismo tenha sido o Antigo
Testamento.
O fato de que, em Romanos 1, Paulo se moveu
diretamente de uma discussão sobre a idolatria para uma
discussão sobre o homossexualismo não sugere que ele
estava se referindo exclusivamente ao homossexualismo
cultual. Como similarmente foi discutido quanto à lei do
Antigo Testamento, Romanos não especifica a prostituição
cultual, e, em termos do cenário histórico, Paulo tinha todos
os motivos para condenar o homossexualismo secular em si
mesmo (e não meramente o homossexualismo cultual).
As palavras de Paulo em Romanos 1 não podem ser
restringidas ao ritual pagão da homossexualidade, como
igualmente o seu pensamento sobre a prostituição[159] não
pode ser restringido às conhecidas ocorrências desse
pecado dentro dos serviços religiosos ou cultuais pagãos. Os
versículos 28-31 indicam claramente que a mente de Paulo
estava posta na conduta de caráter intrinsecamente moral,
quando discutia as repercussões do abandono do
conhecimento de Deus.[160] Além disso, o texto deixa claro
que Paulo não estava simplesmente preocupado com a
influência geral do paganismo, nem estava apenas
expressando um preconceituoso desdém pela cultura
helenística. Ele tratou cortante e especificamente o
homossexualismo como o manifesto resultado do
paganismo e a maior prova da degradação da cultura
helenística; os outros pecados mencionados são vícios que
acompanham o homossexualismo. O referido delito não era
o seu antecedente grego (que dificilmente era único), mas a
sua transgressão dos santos padrões de moralidade de
Deus revelados na natureza e na Escritura.
A última tentativa de dispensar a condenação do
homossexualismo por parte de Paulo que vamos investigar,
em grande medida a mais engenhosa, é a afirmação de que
Paulo estava condenando a perversão, e não a inversão.
Alguns alegam que Romanos 1.26,27 descreve pessoas que
“trocam” sua inclinação natural para a heterossexualidade
pela homossexualidade, com isso pervertendo a sua
natureza; sua condenação não toca na pessoa invertida que
nunca foi atraída pelo sexo oposto e que, por sua própria
natureza, era inclinada ao homossexualismo. Quer dizer que
(segundo essa teoria) aqueles que são homossexuais
constitucionalmente em sua orientação e que não desistem
voluntariamente das suas relações sexuais naturais
trocando-as pelas que eles consideram “antinaturais” (a
heterossexualidade) não se enquadram no escopo do
julgamento de Paulo. Na verdade, chegam a dizer-nos que,
de acordo com Paulo, seria uma perversão ensinar que o
homossexual orientado naturalmente se torne
heterossexual em sua conduta, pois seria uma permuta do
natural pelo antinatural. Acaba acontecendo que o que era
patentemente a mais forte indicação da imoralidade
intrínseca do homossexualismo passa a ser, de fato, a maior
defesa do homossexual.
Essa defesa tem sua base na interpretação que ela
oferece da frase “contrárias à natureza” (para phusin), no
versículo 26. Não poucos defensores do homossexualismo
flutuam entre abordagens contrárias a essa frase, e alguns
tentam combinar sentidos que podem ser entendidos como
o de exonerar a homossexualidade “constitucional” de um
modo ou de outro. Para fins de análise, será melhor isolar as
opções que foram sugeridas, por fim voltando
especificamente à teoria supra.
(1) De acordo com uma abordagem, Paulo estava
falando de algo contrário à natureza ou à essência de uma
coisa;[161] todavia, o julgamento de Paulo contra o
homossexualismo não pode ser tomado por seu valor
nominal, pois o que é e não é “natural” não pode ser
estabelecido claramente ou conclusivamente avaliado.
Como se pode discernir que uma coisa ou alguém está
agindo “contra a natureza” — por comparação estatística
com outros (caso em que o “natural” muda
constantemente), ou pelo modelo comum do indivíduo (caso
em que a conduta sistemática nunca pode ser perversa)?
Queremos condenar o leite homogeneizado simplesmente
baseados em que é antinatural?
(2) Outra abordagem lê Paulo como se estivesse
falando do que é contrário à herança religiosa e cultural ou
ao costume, questões de instrução ou de condicionamento
social; para o judeu, o que é “contra a natureza” é
funcionalmente equivalente ao que é impróprio segundo o
costume judaico e proibido para o povo escolhido na lei de
Deus.[162] Assim é que em Romanos 1.26 Paulo estava
simplesmente defendendo que os gentios iam além do que
era aprovado para os judeus em Levítico porque os gentios
não reconheciam o Deus vivo e verdadeiro. O
homossexualismo não está sendo visto como um mal
independente dos costumes sociais da pessoa, mas
somente dentro do contexto da lei judaica, que o via como
uma expressão da idolatria cultual.
(3) Finalmente, outros pensam que, ao falar de
conduta “contra a natureza”, Paulo tinha em mente uma
escolha consciente de agir contrariamente às inclinações
normais da pessoa. Paulo censura os homens por se
envolverem em atos sexuais contrários a seus apetites
heterossexuais comuns, mas não fala sobre a questão da
inversão (uma condição psicológica na qual a pessoa é
naturalmente inclinada a membros do mesmo sexo) porque
não reflete o abandono da função natural da pessoa.[163]
Como réplica à primeira sugestão e a um ataque
crítico à possibilidade de saber e avaliar o que é “natural”,
só precisamos observar que Deus, o Criador do homem, que
estabelece a essência de todas aas coisas e ordenou as
funções normais do homem, certamente está em condições
de revelar o que é natural nas relações sexuais. Enquanto
que nalguns aspectos ele exige que o homem use, subjugue
e mude o mundo natural (por exemplo, removendo ervas
daninhas, curando a poliomielite), não obstante proíbe o
rompimento de certos limites essenciais.[164] Apesar dos
problemas de uma filosofia da lei natural idealizada
independentemente da revelação de Deus, permanece o
fato de que Deus conhece a natureza essencial de todas as
coisas e, assim, pode declarar infalivelmente as funções e
as relações próprias para o ser humano.
Como réplica à segunda sugestão, devemos lembrar
que a lei judaica do Antigo Testamento continua sendo
normativa para o mundo moderno. Não houve o propósito
de a lei ser uma excentricidade ética dos israelitas, pois é
manifesta nos corações dos gentios,[165] permanece como
um ideal para todas as nações,[166] e mostra como o reino
de Deus vem e como a sua vontade é feita na terra como no
céu. Por conseguinte, mesmo que Paulo quisesse dizer em
Romanos 1.26 que o homossexualismo era contrário à
“costumeira” lei judaica (isto é, a natureza), isso não
abrandaria a sua condenação universal dessa prática.
Sobretudo, como foi previamente discutido, a lei judaica não
condena o homossexualismo simplesmente em função das
circunstâncias idolátricas; ela proíbe todas as formas de
homossexualismo, secular e sacro.
Como réplica a todas as três sugestões, porém mais
particularmente à terceira, precisamos observar o sentido
próprio das palavras de Paulo, “contrárias à natureza”. No
contexto imediato notamos que Paulo está falando sobre o
conhecimento de Deus acessível aos homens por meio do
mundo criado, deixando-os sem escusa por não glorificarem
propriamente a Deus e por trocarem a verdade por uma
mentira.[167] Além do mais, há um testemunho interno dos
padrões morais de Deus em todos os homens.[168] Os
homens são responsáveis por conhecerem certas coisas das
condições objetivas ou da ordem do mundo e da natureza
humana; por isso a Escritura pode dizer que a natureza
ensina verdades morais óbvias,[169] que os homens
entendem coisas natural ou instintivamente,[170] e que os
homens praticam por natureza coisas da lei de Deus.[171]
Segundo o Novo Testamento, o “natural” pertence ao
mundo criado e à sua presente ordem geral como ordenada
por Deus, indo das coisas vivas comuns como animais[172]
ou ramos de árvores[173] e processos biológicos,[174] para
a condição fundamental, original das coisas, sem
intervenção artificial — ou para o seu caráter inato[175] ou
sua condição herdada.[176] Deus ordenou “a função
natural” (ou “o uso natural” — ARC) para as relações
naturais na ordem da sua criação: o modelo normal e
normativo de homem e mulher tornando-se uma só carne,
planejado para que as relações heterossexuais fossem
“naturais”. Portanto, a condição herdada e o processo
biológico ordinário, o caráter essencial da sua sexualidade,
quando não ocorrem intervenção artificial nem reorientação
voluntária, determinam sua natureza heterossexual. Esta
informação é claramente conhecida por meio da criação e
da consciência por aqueles que desordenam a função
natural do sexo.[177] Segundo a perspectiva bíblica, coisa
como “homossexualismo natural” não existe. O
homossexualismo é sempre, na base, uma perversão da
ordem criada.
Exige uma exegese forçada interpretar a frase
“trocaram as suas relações sexuais naturais por outras,
contrárias à natureza” como pertencente à orientação
pessoal, psicossexual, de indivíduos, ou à história biográfica
particular de algumas pessoas que passam de um tipo de
atividade sexual para outro. Paulo não falou de
envolvimentos sexuais pessoais e anteriores de uma
pessoa, mas sim da “função” ou do “uso natural” — sem
levar em conta se os indivíduos homossexuais
experimentaram, de fato, conscientemente, desejos ou atos
heterossexuais. O impacto das suas palavras era em que
homens e mulheres partiram do que é natural para a
humanidade, não para pessoas individuais. Sua discussão
genérica e categórica trata da função sexual que Deus
ordenou como natural para o ser humano, não das
naturezas sexuais individualizadas de indivíduos diversos.
Os homossexuais “trocam” a maneira certa de obter
gratificação sexual pela que é em si mesma “contrária à
natureza”;[178] o que se diz que os varões “abandonaram”
não é sua atividade sexual pessoal, costumeira, mas, na
verdade, “o uso natural da fêmea”.[179] Nalgum sentido,
pode ser individualmente “natural” para alguém ser
cleptomaníaco, mas, não obstante, essa é uma perversão
da vontade de Deus para a maneira de obter coisas
prescrita para o homem. Igualmente, dizer que os desejos e
atos heterossexuais não são “naturais” para aqueles
indivíduos que (como se alega) são constitucionalmente
homossexuais claramente suprime a tese de Paulo. O
homossexualismo, por si e em si, é sempre antinatural.
É artificial argumentar no sentido de que o tempo
verbal da frase “abandonaram a função natural”, ou
“abandonaram as relações naturais”, foi escolhido para
denotar exclusivamente um ato explícito de renúncia de
meios e modos heterossexuais anteriores por parte do
homossexual. Na verdade, o verbo significa uma condição
resultante, não um ato consciente e definido de conversão
sexual passada; (a conotação do tempo pretérito não é
indispensável ao particípio aoristo, de modo nenhum). O
que Paulo estava ensinando é o simples fato de que os que
ardem de desejo homossexual e cometem atos indecentes,
abandonaram efetivamente o que Deus ordenou para o
impulso sexual natural do ser humano.
Portanto, esta última tentativa de dispensar a
condenação do homossexualismo por parte de Paulo falha
como as outras falharam. Uma exclusão de alegados
invertidos não há como ver no texto, separando-os da
censura dirigida por Paulo a outros que praticam atos
homossexuais depois de se envolverem em esquemas
heterossexuais. A simples tese de Paulo é que o
homossexualismo em si tem objeto sexual errado. Todo
homossexualismo, seja a pessoa um invertido ou um
convertido ao homossexualismo, é uma perversão, um
abandono do uso do sexo ordenado por Deus. Nenhuma
distinção que alivie ou abrande a questão é concedida
textual ou teologicamente. A ordem da criação e a lei de
Deus são violadas em toda e qualquer expressão do
homossexualismo.
Como foi indicado previamente, estas ênfases de
Paulo têm sua base no ensino do Antigo Testamento. A
narrativa da criação estabelece a heterossexualidade como
o modelo da atividade e desejo sexual do ser humano;
concordemente, Paulo via o homossexualismo como uma
troca do natural pelo que é contra a natureza.[180] A
história de Sodoma demonstra a ira judicial de Deus sobre a
bi-homossexualidade, levando a penas temporais e eternas.
Concordemente, Paulo ensinava que Deus desiste dos
homossexuais — abandona-os — entregando-os à desonra,
à degradação e à depravação,[181] e os classifica como
pessoas que “merecem a morte”.[182] A lei de Deus proíbe
rigorosamente o homossexualismo em Israel como algo
repugnante, uma abominação que acarreta a pena de
morte; concordemente, Paulo declarou que o
homossexualismo é um mal indecente, torpe,[183] que
transgride a ordenança de Deus, e que os que o praticam
sabem que merecem morrer por sua desobediência à
vontade de Deus.[184]
Num sentido, o homossexualismo é o ponto
culminante da rebelião contra Deus. Representa a “fusão”
final e consumidora do homem e sua cultura.[185] Paulo
descreveu aspectos acompanhantes de uma cultura que
chega a esse estágio nos versículos 29-31.[186] Os vícios
enumerados por Paulo acompanham a prática aberta do
homossexualismo, e caracterizam uma sociedade na qual o
homossexualismo é praticado e tolerado. Portanto, o
homossexualismo que é publicamente aceito é sintomático
de uma sociedade sob juízo, interiormente corrupta,
chegando ao ponto de iminente colapso. Paulo, o apóstolo,
considerava tal situação a mais declarada evidência dessa
degeneração à qual Deus, em sua ira, entregou as nações.
Consideremos, então, o que Deus diz em sua Palavra
infalível sobre o homossexualismo. Este viola a sua santa
lei, representando uma saída para um erro maligno,
abominável e desavergonhado. O homossexualismo é
desonroso, degradado e depravado. Estes juízos não são de
um cruzado atual de mentalidade estreita, mal instruído,
exageradamente zeloso e embriagado pela retórica. São
juízos do único Deus vivo e verdadeiro, cuja santidade,
sabedoria e verdade são imaculadas. O homem, criado por
Deus à sua própria imagem, deveria refletir a pureza do seu
Criador no pensamento, na palavra e no modo de agir.
Quando os homens e as mulheres partem para a perversão
homossexual, deixando assim de conformar-se à justiça e à
retidão de Deus, causam desonra a si mesmos e degradam
suas pessoas. É por isso que é um grave erro pensar que a
oposição ao homossexualismo é uma violação da dignidade
do homossexual como pessoa. É precisamente por causa da
sua dignidade como pessoa que reprovamos o
homossexualismo como indigno dele como imagem de
Deus.
É falsear toda a extensão da vontade de Deus
revelada reduzir a ética sexual a questões de
consentimento versus sedução, fidelidade versus
promiscuidade, etc. A forma que a gratificação sexual toma
também é questão moral, e o desvio da monogamia
heterossexual traz a condenação de Deus. Esta posição é
contrária à atitude corrente que afirma que não há nada
intrinsecamente bom ou mau em qualquer ato sexual como
tal — que a situação e a atitude da pessoa tornam a sua
conduta certa ou errada. Importante como o amor é, a Bíblia
não apoia nem passa por alto a ideia de que o amor pode
validar qualquer expressão que o sexo assuma (por
exemplo, adultério, homossexualismo, coito com animais).
Os que quiserem defender os desejos e atos homossexuais
terão que rejeitar um padrão absoluto para a forma de
relações sexuais, mas a Palavra de Deus apresenta
justamente tal padrão absoluto. Aos olhos de Deus, o objeto
de gratificação sexual de alguém não é matéria indiferente,
apesar do protesto dos homossexuais contra a
normatividade da heterossexualidade. Contudo, deve-se
observar certa ironia. A despeito do relativismo defendido
pelos homossexuais, noutros contextos eles realmente
querem que seja atribuído um valor positivo à sua
preferência sexual! Não querem só aceitação, mas
aprovação, exigindo que todos os outros reajam como se a
homossexualidade fosse perfeitamente respeitável; dizem
eles que as relações homossexuais têm virtude e
consequências benéficas; eles se descrevem como “gays”
(francos e orgulhosos acerca da sua orientação sexual), e
dão às suas organizações nomes honoríficos (por exemplo,
Dignidade). A Palavra de Deus se recusa a dar essa espécie
de aprovação à forma homossexual de expressão e conduta
sexual sob absolutamente nenhuma condição.
É o cúmulo do mal quando o pecador é tão sem-
vergonha[187] que tem prazer nos seus vícios e os trata
com caloroso carinho.[188] Romanos 1.32 indica que os
pecados condenados não são resultantes de uma
“orientação” interior irreversível e inevitável, mas são
tolerados deliberadamente e incentivados noutras pessoas.
Enquanto as entrevistas modernas mostram homossexuais,
em sua ilusão, retratando as suas atitudes e a sua conduta
como normais e desejáveis, Paulo não tolerava o
homossexualismo porque, aos olhos de Deus, é uma
iniquidade radical. Não somente os que praticam atos
homossexuais, mas também aqueles que lhes dão
aprovação, ofendem o Criador santo e justo.[189]
Certamente, os discípulos de Cristo e os que supervisionam
a sua igreja devem afastar-se e manter-se longe de
qualquer atitude e ensino que dê consentimento ao
homossexualismo ou que apague o seu caráter pecaminoso.
Todavia, em vez disso, eclesiásticos modernos aprenderam
a espelhar as tendências do mundo. Devemos concluir
sobriamente que a sociedade moderna, como também a
igreja moderna, estão se colocando perigosamente
próximos da retribuição divina à medida que continuam a
tolerar e a aprovar o homossexualismo. “A liberação gay” é
sintomática de uma cultura abandonada por Deus à
destruição, e de uma igreja que provoca o Senhor com
abominação.
CAPÍTULO 3

A Distinção de Ato e Orientação do


Homossexualismo e Suas Causas

Nesta altura é necessário discutir algumas alegações


recentes que tendem a limitar, senão a descartar, a
relevância dos dados bíblicos. Segundo um dogma popular
moderno, não se pode entender que a Bíblia fala sobre o
que hoje é conhecido como homossexualismo, pois a
Escritura não faz distinção entre o ato homossexual externo
e a orientação homossexual interna. É precisamente esta
última (a inversão sexual) que é tomada como genuína
homossexualidade na corrente discussão. Além disso, a
Bíblia não parece considerar o que causa a condição
homossexual (inversão), e atualmente muitos veem
significação ética em tais considerações. De acordo com
essa teoria, a condição de inversão, com todos os seus
problemas especiais, era desconhecida nos tempos bíblicos,
e, portanto, os pronunciamentos da Escritura só devem
aplicar-se a atos homossexuais (ou, dizem outros, à
homossexualidade do tipo que se vê quando um
heterossexual constitutivo perverte o que lhe é natural).
Estudos recentes sobre a homossexualidade instruem
o moralista a ter em mente a distinção entre a atividade
homossexual e a condição homossexual. Aquela pode ser
uma conduta transitória, situacional ou traumática, e não
necessariamente a expressão de uma genuína condição
homossexual como uma orientação interna.
Por conseguinte, emitir juízo sobre a prática
homossexual não é, com isso, dirigir-se à questão da
propensão homossexual interior. Há diferença entre a
conduta homossexual exterior e algum fator interior,
variadamente chamado “predisposição, orientação,
condição psíquica, constituição, propensão”, etc. Este fator
interno é descrito como uma atração preferencial pelo
mesmo sexo, uma propensão emocional e físico-sexual para
com outros do mesmo sexo, um desejo sexual dirigido para
a gratificação com o mesmo sexo, o erotismo para com o
mesmo sexo, um modo de pensar e de sentir, etc.
Porque esta condição psicológica era, como se alega,
desconhecida no tempo da composição da Bíblia, tal
inversão não era um assunto discutido pelos seus
escritores. Contudo, a ciência moderna reconhece a
existência da inversão, e o teólogo deve considerar
seriamente o que agora se tem aprendido por meio da
graça comum e, consequentemente, deve modificar as suas
conclusões acerca da homossexualidade. Muitos
homossexuais sofrem a inversão desde o início ou muito
antes de entenderem o que está acontecendo com eles.
Seja uma reação subconsciente, uma tendência involuntária
da psique, ou um acidente do desenvolvimento pessoal, a
orientação homossexual interna não é algo pelo que o
indivíduo é moralmente responsável. Essa condição é
moralmente neutra, o equivalente ético a nascer coxo ou vir
a ter defeito acidentalmente. Os proponentes desse ponto
de vista estão divididos sobre se esta inversão é doença ou
não, e se os atos subsequentes a ela são igualmente
culpáveis ou não.
Como avaliar esta distinção, na qual muitos escritores
insistem? Talvez a resposta mais importante seja a seguinte:
mesmo concedendo como válida a premissa de que a Bíblia
nunca distingue entre inversão e atos homossexuais, a
inferência pode ser justamente oposta à sugerida. O que
nos é dito é que a condenação que a Bíblia faz do
homossexualismo diz respeito somente a atos externos,
visto que ela não isola nem discute a orientação interna.
Contudo, deve-se deduzir a conclusão oposta. Se a Escritura
não distingue entre orientação e ato, a distinção não é
moralmente relevante. Sob a categoria de
homossexualidade, deve-se entender que a Escritura
condena tanto a orientação como o ato, pois na ética não há
necessidade de distingui-los.
Além disso, não somente a sua inferência é
questionável, mas também a premissa sobre a qual eles se
apoiam está aberta a contestação. Eles alegam que a
inversão como condição constitutiva ou como orientação
psíquica não era reconhecida nos tempos bíblicos e que,
portanto, o ensino da Bíblia sobre a homossexualidade é
irrelevante à luz das descobertas recentes. A Bíblia
simplesmente não diz nada sobre orientação sexual, que é o
assunto da discussão moderna. Essa premissa é defeituosa
em ao menos dois aspectos.
Primeiro, parece suprimir o fato relevante de que,
primariamente, o Autor da Escritura é o próprio Deus, que é
onisciente e que, portanto, não tem necessidade nenhuma
de que a sua verdade revelada na Escritura seja substituída
ou restringida pela orientação psicológica moderna.
Certamente Deus conhece a vida interior do homem e a
verdade acerca da sua psique. O homem foi formado por
Deus, e toda a vida do homem é vivida no ambiente do
governo providencial de Deus sobre a natureza e a história.
Mas permanece o fato de que Deus não distingue entre
aspectos da homossexualidade aceitáveis e não aceitáveis
na Escritura, e na Escritura acha-se tudo o que é suficiente
para “o ensino, para a repreensão, para a correção e para a
instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e
plenamente preparado para toda boa obra”.[190] É preciso
não esquecer que a lei de Deus e o ensino apostólico
traçam diligentes distinções e restrições éticas, indicando
circunstâncias suavizadoras que afetam o juízo deste ou
daquele. Contudo, diversamente dos escritores pagãos que
desculpavam ou criticavam o homossexualismo em
diferentes circunstâncias, a Escritura não admite nenhuma
escusa, mas o condena categoricamente. Se fosse de
crucial importância para os nossos juízos morais que
distinguíssemos entre inversão inocente e atos
homossexuais culpáveis, certamente Deus saberia dessa
distinção e a traria à luz em sua Palavra inspirada para nós.
Sem dúvida nenhuma, a ciência moderna pode ajudar-nos a
entender melhor o nosso mundo e, com isso, pode ajudar-
nos a aplicar as normas de Deus à vida; todavia, a ciência
não pode estabelecer normas éticas ou alterar as que nos
foram dadas por Deus, o legislador. Não se deve entender a
pesquisa científica moderna de modo que ignore a
onisciência de Deus e a suficiência da Escritura.
Segundo, a premissa conforme a qual a Bíblia não
trata da questão da orientação ou propensão sexual
(inversão) é defeituosa de um modo mais direto. Sustentar
que a Bíblia não reconhece disposições interiores, traços de
caráter firmemente arraigados, e propensões herdadas é
uma alegação que a leitura do texto não apoia. A Escritura
ensina que todos os homens herdam uma natureza carnal
depravada: um princípio de pecado opera em seus
membros e os mantém cativos.[191] A natureza carnal
produz fruto para morte,[192] e seus desejos são contra o
Espírito, lutando para que os homens não consigam fazer o
que deveriam fazer.[193] A carne dá surgimento a certas
formas do mal[194], de modo que os homens cumprem os
desejos da carne e da mente.[195] Será difícil entender
esses ensinamentos se não se tem uma noção de alguma
orientação interior e de alguma orientação herdada. A
mesma coisa vale para a doutrina segundo a qual do
coração procedem as fontes da vida;[196] a Bíblia retrata o
coração do homem como obstinado, perverso, incircunciso,
enganoso, duro, cego e obscurecido [variando um pouco os
sinônimos de acordo com diversas versões].[197] Essas
figuras demonstram que os escritores da Bíblia reconheciam
uma depravação espiritual interior nos homens — uma
inclinação contrária ao bem e uma propensão para o mal.
De acordo com a Palavra de Deus, a predisposição
psicológica do homem é insensível[198] e contaminada;
[199] em suas mentes, os homens são inimigos de Deus, e
não podem ser outra coisa.[200] Portanto, não podemos
negar que uma orientação interior, herdada, irresistível da
psique do homem era reconhecida na Escritura, e que esta
condição era vista precisamente como a fonte das
atividades pecaminosas do homem. Os homens são
arrastados por suas luxúrias e cobiças, e estas concebem e
produzem pecado.[201] Como Jesus declarou, “Do coração
saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios,
as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e
as calúnias”.[202]
Há, pois, uma predisposição interior em todos os
homens que inevitavelmente os inclina para o mal e que é a
origem de todas as suas transgressões reais e concretas.
Além disso, essa natureza geral depravada, comum a todos
os homens, pode durar e desenvolver pecados particulares
tendendo a formar um certo caráter. Referência a traços
individuais internos ou a predisposições pessoais é evidente
quando a Bíblia fala de homens aos quais falta domínio
próprio, depressa se zangam, têm os pés rápidos para
derramar sangue, são presunçosos e voluntariosos, têm os
olhos cheios de adultério, que não param de pecar, são
rudes e obstinados.[203]
Consequentemente, eram prontamente acessíveis as
noções pelas quais os escritores da Bíblia podiam fazer
referência a uma propensão interior para o
homossexualismo; não se pode evitar ou negar a habilidade
com que a Escritura fala de inversão de algum modo,
embora não com o vocabulário específico da ciência
recente. Se uma alegada predisposição interior para o
homossexualismo fosse relevante para deduzir distinções
morais e para fazer juízos morais, a Bíblia não teria sido
completamente sem habilidade para indicar tal coisa. Além
disso, o fato é que a Palavra revelada de Deus condena o
desejo homossexual propriamente dito, vendo-o como tão
pecaminoso como os atos homossexuais.
Afirmar que uma pessoa não peca por ter sentimentos
homossexuais ou por sentir atração pelo homossexualismo,
ou por ter orientação erótica homossexual, é passar por alto
o claro ensino da Bíblia de que não só são maus ou
pecaminosos os atos imorais, mas também é mau ou
pecaminoso o desejo de praticar atos imorais: por exemplo,
imaginar planos iníquos ou maus contra o próximo,[204]
ceder à ira que leva à violência,[205] malícia ou maldade,
[206] desonestidade invejosa,[207] fraude planejada,[208]
juramentos falsos de amor ou de amizade,[209] cobiça.
[210] A Palavra de Deus proíbe atividades pecaminosas,
mas igualmente proíbe cobiças carnais e maus desejos.
[211] A passagem clássica quanto a este assunto é Mateus
5.27-29, onde Jesus declara que todo aquele que olhar para
uma mulher cobiçando-a, já cometeu adultério em seu
coração. Contudo, a cobiça homossexual é ainda pior;
enquanto que os impulsos heterossexuais são dados por
Deus, promovem o mandato cultural, e são cumpridos
dentro do casamento,[212] o homossexualismo é sempre
imoral em qualquer contexto. O desejo heterossexual é mau
em seu mau uso (fora do casamento), ao passo que o
desejo homossexual é mau em si (uma perversão). Em
Romanos 1 Paulo não restringe a sua censura a práticas
homossexuais abertas ou “atos indecentes”. Sua
condenação estende-se especificamente aos homossexuais
que “se inflamaram de paixão uns pelos outros”.[213] Eles
são censurados por “se entregarem à impureza
sexual,”[214] ou por terem “paixões vergonhosas”.[215]
Portanto, é evidentemente incorreto afirmar que a
Escritura só fala de atos homossexuais, e não do desejo e
inclinação homossexual. Com linguagem franca, Paulo
afirma que os homens e as mulheres são moralmente
responsáveis e estão sob a ira de Deus por se inflamarem
com desejos homossexuais, que ele descreve eticamente
como afetos vis. Então, a distinção ato/orientação não faz
nada para abrandar a censura que a Bíblia faz ao
homossexualismo. Não podemos concordar com aqueles
que afirmam que a Escritura nada sabe sobre inversão
sexual, nem com seu julgamento sem base de que a
disposição homossexual é moralmente neutra.
Pois bem, em resposta às considerações supra, um
rijo defensor da tese de que o homossexual tem uma
orientação psicológica involuntária que a Bíblia desconhece
e pela qual ele não é moralmente responsável, poderia
contestar alegando que esta condição não pode ser
identificada com os desejos condenados na Bíblia. Pode-se
sustentar que o que é entendido como “inversão”
atualmente não pode ser identificado simplesmente com
afetos e desejos homossexuais, mas que é, antes, uma
disposição psicológica interior que está por trás daqueles
desejos (e atos, inevitavelmente), e os produz. A
contestação seria que se deve admitir um terceiro fator na
presente discussão, uma orientação psicológica que vem
em acréscimo às paixões homossexuais e a práticas
homossexuais externas. E é esse terceiro fator que alguns
defendem como moralmente neutro. A predisposição para
atrações e conduta homossexuais não é algo pelo que o
indivíduo pode ser considerado responsável em discussões
éticas.
Que é que se deve fazer com tal tese? Num contexto
teológico, isso pode significar que a natureza depravada
com a qual os homens nascem é, para alguns indivíduos,
especificamente orientada para a perversão pecaminosa do
homossexualismo. Contudo, a Escritura não apoia a ideia de
que cada pessoa recebe uma natureza pecaminosa com
uma propensão para particulares transgressões da vontade
de Deus. Todo homem herda uma depravação geral do
coração, uma inclinação fundamental contrária ao bem,
uma direção dominantemente errada, que afeta todos os
aspectos da sua pessoa sem discriminar ênfases; há uma
extensa e geral corrupção operando em tudo o que ele faz.
Não obstante, as maneiras pelas quais os pecadores
individuais desenvolvem suas naturezas depravadas, os
pecados particulares que eles focalizam e em torno dos
quais os seus caracteres são formados, diferem de pessoa a
pessoa. Assim é que cada um nasce com uma natureza
sexual depravada (isto é, com uma predisposição
pecaminosa que se expressa na área do sexo, como em
todas as outras); mas os indivíduos expressam isso de
várias maneiras, seja a cobiça, o voyeurismo, o adultério, os
namoros, o exibicionismo, o estupro, a frigidez, as relações
com animais, a sodomia, etc. Ninguém é inerentemente
imune a qualquer desses pecados, e ninguém é
especificamente impelido a algum deles com base em
algum caráter ou forma daquele pecado original que ele
herda individualmente. Essa ideia é estranha à doutrina
bíblica sobre o homem. Contudo, se houvesse algum modo
de mostrar que essa ideia tem suporte bíblico, esse fato, em
si, não levaria à conclusão de que o indivíduo que tem uma
propensão pecaminosa distinta (digamos, para o
homossexualismo) em sua natureza pecaminosa herdada é
um tanto menos responsável pessoalmente pelos desejos e
atos correspondentes do que por outros desejos e atos
pecaminosos. Os adeptos do conceito em questão têm que
mostrar suporte bíblico para a ideia de que o indivíduo não
pode ser considerado especificamente responsável por
aqueles pecados particulares que estão arraigados em sua
natureza depravada. Visto que cada um deve reconhecer
que o pecado original (seja como for que a pessoa veja as
suas características e a sua maneira de funcionar) é de
caráter pecaminoso e é algo pelo que seus herdeiros são
considerados pessoalmente culpáveis,[216] a noção de que
os homens não são especificamente responsáveis por seus
pecados arraigados só pode significar um abrandamento da
culpa resultante dos desejos e da conduta que procedem
desta sua propensão depravada. Mas a Palavra de Deus
nunca oferece tal abrandamento da culpa por nossas
cobiças e práticas, e, portanto, a presente teoria não
contribui em nada para a avaliação ética do
homossexualismo.
A versão secular da teoria segundo a qual a
orientação homossexual está por trás, tanto do desejo como
da ação, assevera que algo interno em certos homens
determina suas atrações e ações homossexuais. Este “algo”
é rotulado como “uma condição psíquica, ou uma disposição
psicológica, ou uma orientação físico-sexual, ou uma
predisposição constitutiva”. Os proponentes desta ideia
frequentemente insistem em que distingamos entre esta
orientação e os atos abertos de homossexualismo. É,
portanto, próprio pedir a estes proponentes que tracem a
distinção — isto é, que caracterizem ou descrevam
precisamente o que é de fato este terceiro fator que eles
querem que seja conceptualmente isolado e reconhecido.
Se a distinção é deveras tão importante, alguém deveria,
então, distinguir a orientação subjacente para nós. Mas é
precisamente aí que os proponentes da ideia secular
passam a ser concisos, só apresentando esboços em suas
discussões. É como se eles esperassem que, de algum
modo, os leitores possam automaticamente identificar,
entender e usar a misteriosa noção de uma “disposição
psicológica subjacente”. Exatamente o que se supõe que
essa disposição é? Naturalmente, estes fisicistas ou
materialistas que propõem esta teoria tem particular
dificuldade em analisar disposições psicológicas em geral.
Mesmo independentemente disso, sérias perguntas
permanecem. Pode uma disposição psicológica ser
identificada à parte de suas manifestações? Pode ela ser
analisada à parte da necessária referência a desejos e atos?
Será este um novo modo de se resumir os conceitos de
desejos e atos homossexuais, tentando ainda atribuir
alguma realidade substancial a esta expressão?
Uma possível explicação das disposições é que são
propriedades condicionais: por exemplo, ter uma disposição
homossexual significa que, se certas circunstâncias
surgirem, então a pessoa manifestará desejos e/ou práticas
homossexuais. Mas então tais propriedades não são causas,
de modo nenhum, e não podem ser identificadas
isoladamente das manifestações fatuais da conduta. Nesse
caso, o conceito de disposições vem a ser inútil como
recurso explicativo, e a identificação de uma “disposição”
envolverá um raciocínio circular.
Outra explicação das disposições é que são realmente
propriedades de algum estado definido — análogo às
qualidades estruturais ou materiais de alguma coisa — que
é responsável pela pessoa que manifesta certa conduta.
Visto que esta teoria reduz o que a pessoa pode ser ou fazer
ao que ela é ou faz, era de esperar que o caráter da
disposição se manifestasse o tempo todo. Isso é
completamente contrário aos fatos acerca dos
homossexuais. Ninguém que sustenta esta teoria quer
sugerir que os homossexuais estão sempre tendo tais
desejos e envolvimentos. Uma explicação adicional da
disposição na história da filosofia funda-se numa impopular
metafísica da potencialidade aristotélica, na qual as
propriedades ou predicados dispositivos não subsistiriam
pela lei da lógica do meio excluído (por exemplo, S. está
potencialmente tendo desejo homossexual e
potencialmente não está tendo tal desejo), e é uma teoria
extremamente obscura.
Já foi dito o suficiente para ilustrar o ponto: a análise
disposicional é, para começar, uma questão obscura na
filosofia. Se os psicólogos que falam da “disposição
homossexual” não se referem em nada a uma propriedade
condicional ou real e concreta (com os problemas
associados mencionados acima), a que exatamente eles se
referem? Que é que eles querem distinguir para nós? Além
disso, o que é que alegadamente tem essa disposição?
Ordinariamente pensaríamos que a pessoa tem a
disposição, mas os proponentes da presente ideia
frequentemente falam como se a disposição fosse atribuível
a algum elemento da pessoa. Essa ambiguidade permite
indesejáveis variantes quanto à referência entre algum fator
causal dentro da pessoa, uma orientação, e uma
caracterização da pessoa propriamente dita. Mas uma
referência à orientação deve ser entendida como uma
taquigrafia metafórica, ou terá que ser especificada mais
exatamente. É uma coisa física ou localizável que se
considera constituída ou orientada numa direção particular?
Se não é isso, que é? Finalmente, se se diz que tais pessoas
têm uma disposição para manifestar desejos e atos
homossexuais, também se pode dizer que elas têm uma
disposição para ter essa disposição? Para falar em termos
básicos, como se pode distinguir as disposições umas das
outras, e como disposições distintas se relacionam umas
com as outras?
O ponto relevante da crítica acima é simplesmente
este: se a distinção entre orientação e atos homossexuais
não é uma distinção entre desejos e atos homossexuais
abertos, então aqueles que insistem na distinção devem
estar pensando num terceiro fator independente de desejos
e atos — uma pretensa disposição psicológica. Contudo,
aqueles que tão estrenuamente insistem em que se deve
distinguir esta disposição, não a distinguiram nem a
definiram claramente para nós. E, enquanto não o fizerem,
nada se pode fazer de sua alegação de que ela é
moralmente neutra. Além disso, esse terceiro fator, à parte
dos desejos e atos homossexuais, é realmente
inconsequente para a ética, em vista do fato de que, sejam
quais forem os fatores ocultos, operativos ou não, a
Escritura sustenta que o homossexual é plenamente
responsável por seus desejos (“cobiças impuras”) como
também por suas atividades abertas (“atos indecentes”). Se
mais uma faceta da síndrome homossexual fosse
esclarecida conceptualmente e comprovada empiricamente,
ainda assim o cristão concluiria que sua natureza não pode
cancelar a culpabilidade, pois o ensino da infalível Palavra
de Deus impede que se deduza tal inferência. Assim, a
existência da alegada propensão estaria fora do objetivo
visado eticamente.
Passemos agora a recapitular os principais pontos da
nossa réplica à alegação de que não há distinção, extraída
da Escritura, entre atos homossexuais abertos e orientação
homossexual interna (o que era desconhecido na época) e
de que a sua condenação deve restringir-se a práticas
homossexuais (e não a propensões). Primeiro, mesmo que a
premissa fosse exata, a inferência tirada não seria legítima;
ao contrário, concluiríamos que a Bíblia fala tanto em ato
como em orientação, já que ela não qualifica os seus
pronunciamentos, desculpando e pondo algum aspecto do
homossexualismo fora da sua condenação. Segundo, a
premissa propriamente dita é entendida de um modo que
entra em conflito com outras verdades teológicas, tais como
a onisciência do autor originário da Bíblia e a suficiência da
Escritura para todo juízo pertinente aos padrões da justiça.
Terceiro, a premissa é simplesmente errônea: estavam
disponíveis as metáforas comuns e as noções do senso
comum pelas quais a Escritura poderia ter feito referência a
uma disposição homossexual (entendida como uma cobiça
interior característica), e de fato e de verdade vemos que a
Palavra de Deus censura explicitamente desejos e hábitos
homossexuais.
Finalmente, a tentativa de isolar a disposição como
um terceiro tipo de entidade, diferente (independente de
desejos e atos homossexuais) — tanto em suas versões
teológicas como seculares — falha em não demonstrar sua
existência distintiva e sua relevância moral.
Isso nos leva à questão sobre o que causa o
homossexualismo. Diferenças de opinião têm florescido
neste ponto, e as “autoridades” têm estado em conflito. O
homossexualismo tem sido atribuído a uma ampla gama de
fatores, dos biológicos (como por exemplo, a construção
corporal da pessoa) a psicossociais (por exemplo, a
regressão oral). O único fato geral que se pode reconhecer é
que há uma total ausência de acordo científico acerca da
causa e incidência do homossexualismo. Muitas ideias que
têm sido propostas acabaram se evidenciando como
especulação não comprovada — geralmente com
implicações contrárias à Escritura. Apesar de que vamos dar
alguma atenção ao debate sobre a causa do
homossexualismo, na longa caminhada ainda vamos
perguntar que diferença isso faz em termos da moralidade.
Ainda que pudéssemos identificar com segurança a causa
(ou as causas) do homossexualismo, ainda teríamos que
confrontar a questão ética da sua aceitabilidade.
Os dois tipos básicos de causas popularmente
apresentados atualmente para explicar o homossexualismo
são de natureza congênita e psicogênica. O homossexual
nasce desse jeito, ou aprende a ser desse jeito? Por muito
tempo a primeira explicação foi o dogma central da posição
permissivista quanto ao homossexualismo, que alegava que
o desequilíbrio glandular ou algum outro fator biológico era
responsável pelas reações do homossexual. Por
conseguinte, ele deve ser tolerado, como se tolera algum
outro que nasce com certas condições que escapam a seu
controle. Alguns teólogos, firmados em tais teorias,
argumentaram no sentido de que o homossexualismo foi
uma parte da criação ou o resultado da criação
propriamente dita, e assim é natural, e é fútil fazer-lhe
oposição. Contudo, visto que esta teoria sugere que a
homossexualidade é uma anormalidade física ou alguma
forma de doença, ela perdeu popularidade recentemente,
no meio das tentativas públicas de retratar a condição
homossexual como normal e digna.
Nesse meio tempo, as teorias que trabalham com
causas de natureza congênita perderam quase todas as
aparências de credibilidade científica. Testes empíricos
falharam completamente em suas tentativas de confirmar
um modelo de correlação entre níveis hormonais e
preferências homossexuais/heterossexuais; quando os
homossexuais masculinos eram tratados com estrogênio,
via-se diminuir a atividade homossexual — mas o impulso
heterossexual também se reduzia. Tentativas de
redirecionar a homossexualidade masculina por meio de
injeções de hormônio sexual masculino resultaram
simplesmente em fortalecer o desejo homossexual.
Experiências hormonais não influíram na orientação sexual.
Outra conjetura altamente divulgada foi que a
homossexualidade é uma condição hereditária, mas o
trabalho feito por recentes geneticistas refutou
esmagadoramente essa ideia. Não somente a ideia de que a
homossexualidade é uma anomalia ligada aos cromossomos
foram derrotadas, como também foram derrotados muitos
alegados métodos “científicos” já utilizados para apoiar
essa ideia. Técnicas desenvolvidas para examinar todos os
cromossomos de uma célula em conexão com estudos
sexocromáticos não encontraram nenhuma anormalidade
relacionada com a homossexualidade. Pesquisa feita por
sexologistas descobriu que em estudos sobre identidade de
gênero, hermafroditas não genéticos são tão livres do
homossexualismo como indivíduos que sofrem de desordens
cromossômicas, envolvendo ausência em pessoas do sexo
feminino ou acréscimo em pessoas do sexo masculino do
cromossomo X, feminilizante (síndrome de Turner e
síndrome de Klinefelter, respectivamente). Esta prova
demonstrou definitivamente que a homossexualidade é
condição resultante de desenvolvimento, não de natureza
constitutiva.
Ocorre, ademais, que a pesquisa neuro-
endocrinológica partiu de simples fórmulas e ideias de
programação mecânica para qualquer condição de conduta,
o homossexualismo inclusive. Os genes e os circuitos neuro-
endócrinos são apenas uma parte do sistema de conduta de
uma criatura, e essa porção é cada vez menor nas espécies
mais altas, chegando a um nível mínimo quanto aos seres
humanos, para quem a adaptação e os complexos
procedimentos de aprendizagem assumem imensa
significação explicativa. Conceitos biologicamente
arraigados sobre estado “latente” têm sido reconhecidos
como cometendo petição de princípio ao “explicar” tudo
(tanto a ausência como a presença de manifestações
homossexuais), enquanto nada esclarece e lhe falta valor
operacional na ciência rigorosa.
Finalmente, o último recurso da teoria da normalidade
biológica da homossexualidade foi removido pelos estudos
etológicos mais avançados, que mostraram que a
homossexualidade é unicamente humana. Durante anos era
popular pensar que muitos animais se envolvem em
práticas homossexuais, mas recentemente viu-se que a
prova para essa ideia fundava-se em observações
defeituosas sobre falsas interpretações antropomórficas,
sobre confusões com rituais de animais heterossexuais e
tentativas de identificar um parceiro sexual, ou sobre um
truncado ou especial uso do termo “homossexual”. O fato é
que nenhum mamífero, em seu estado natural, procura e
prefere gratificação sexual do mesmo sexo (copulação,
orgasmo).[217] Isto se vê unicamente entre homossexuais
humanos. Por isso, entre muitos cientistas contemporâneos
a teoria de que a homossexualidade é uma condição
biológica (congênita, hereditária ou constitutiva) é
considerada uma teoria sem suporte, uma conjetura
demolida por rigorosa prova empírica.
Passamos agora às teorias psicogênicas da
homossexualidade. Mas, primeiro, façamos uma pausa para
considerar o ciclo de acontecimentos deste século relativos
à polêmica sobre homossexualidade. No primeiro século
Paulo ensinava que o homossexualismo era uma preferência
pecaminosa. Por isso o apóstolo de Cristo era visto como um
fanático ignorante no princípio do século vinte. Nessa época
os psicólogos diziam que a homossexualidade era um mau
ajustamento involuntário e, por isso, fora da
responsabilidade moral. Defensores modernos do
homossexualismo querem um pouco dessas duas maneiras
de ver. Agora eles querem concordar com Paulo em que o
homossexualismo é um padrão de desejo e conduta
escolhido, mas também querem estar do lado dos
psicólogos anteriores em que o homossexualismo está além
da censura moral objetiva. Dessa forma, o
homossexualismo não seria visto nem como uma aflição
involuntária nem como uma opção moral. Em vez disso, é
apresentado como uma preferência inocente. Essa proposta
híbrida sugere que a discussão sobre a homossexualidade
pode agora ser levada adiante simplesmente numa
estruturação ética, sem muita preocupação com suas
causas. Contudo, muito embora as teorias psicogênicas
estejam se tornando impopulares ou utilizadas somente
seletivamente, ainda assim devemos considerá-las com
base em seus próprios méritos.
Entre os adeptos das teorias psicogênicas, vê-se uma
ênfase à interação psicológica (reações subconscientes) e
ambiental. Alguns veem o homossexualismo como uma
condição psicopática, quer enfatizando o componente
constitutivo quer salientando o componente experimental. A
dificuldade com os primeiros já foi discutida. O componente
experimental pertence ao distúrbio emocional que se
desenvolve dentro do homossexual quando ele tenta
ajustar-se a suas várias situações e pressões sociais. A
dificuldade em aceitar as opiniões dos psiquiatras que veem
o homossexualismo como esse distúrbio emocional é que
eles só tendem a ter contato com os indivíduos que
padecem conflito de personalidade e desordens neuróticas,
e não com a maioria de homossexuais “ocultos” que
aprenderam a alinhar-se às necessidades sociais e pessoais.
Além disso, se a síndrome homossexual é entendida como
neurose ou psicose, ela representa uma reação individual à
sua sociedade e vice-versa; e acaba acontecendo que os
próprios traços que tais psicólogos associam ao
homossexualismo são também os problemas emocionais de
indivíduos que se identificam com uma minoria perseguida
numa sociedade. Quer dizer, é questionável se os
psicólogos que veem o homossexualismo como um distúrbio
emocional têm tratado particularmente da orientação para o
mesmo sexo ou, antes, com a reação da pessoa a uma dura
atitude da sociedade (neste caso, para com o
homossexualismo).
A prática e a teoria de muitas escolas de psicologia
acarretam suposições questionáveis, tais como a força
moral de noções “subconscientes”, o entendimento do
homem que é utilizado, as pressuposições morais e
avaliativas que são aplicadas, a ideia de que a psicanálise
leva o paciente a reconhecer as suas crenças operativas,
em vez de levá-lo a novas crenças acerca de si próprio, etc.
Ademais, as teorias do aprendizado psicossocial
frequentemente operam com não claras, senão confusas,
noções sobre vontade e escolha. Não é nenhuma surpresa,
então, que o campo está desesperadamente dividido hoje
com respeito à questão da homossexualidade. Qualquer
pessoa esperaria em vão, se esperasse receber alguma
teoria bem alicerçada acerca das causas da
homossexualidade oriunda da psicologia moderna. Os
psicólogos divergem fortemente sobre questões quanto a se
a homossexualidade é anormal, se é uma doença, se é
reversível, ou se é prejudicial a si mesma tornar-se bem
ajustada. Assim, aqueles que argumentam que a
homossexualidade é constitutiva ou determinada por forças
psicológicas complexas e intrincadas podem legitimamente
ser interrogados: exatamente onde está a prova de que é
mesmo assim?
Existem muitas teorias conflitantes, mas cada uma
delas não passa de pouco mais do que especulação. A
pessoa alegar que “aprendeu das ciências” que a
homossexualidade é frequentemente uma condição
profundamente arraigada nas aberrações psicológicas pelas
quais o indivíduo não pode ser considerado responsável, é
sinal de mínima familiaridade com o estudo da psicologia
moderna, ou é uma doida bravata. Além disso, deve-se
reconhecer na corrente discussão que a psicologia moderna,
na maior parte, está interessada em como lidar com a
homossexualidade, não especificamente no que ela é e por
que existe.
Voltando a atenção para o lado social das teorias
psicogênicas sobre as causas da homossexualidade,
podemos notar primeiro a recente obra realizada por
estudos interdisciplinares fazendo uso da pesquisa feita por
etólogos sobre as expressões de dominação-submissão
(dependência) de animais e homens. Alguns escritores
acham que percepções conseguidas aqui explicariam o
cerne psicodinâmico da homossexualidade, visto que a
condição homossexual pode ser extensamente
correlacionada com atitudes sociais e interpessoais próprias
de agressão, competição, dominação, humilhação,
insegurança, dependência, submissão. Embora os estudos
nesta área frequentemente sejam muito imaginativos (e
causam a suspeita de que esquemas explicativos subjetivos
ou arbitrários são impostos aos dados), permanece o fato de
que até a obra mais confiável neste assunto é, na melhor
hipótese, uma discussão de fatores concomitantes e
contributivos que levam à condição homossexual. Eruditos
de alto nível não argumentam que estão estabelecendo a
chave única para a homossexualidade, nem que estão
aduzindo algo à sua causa, mas que somente estão
discernindo conexões com relações e expressões
interpessoais.
Outra tradição popular explica a homossexualidade
em termos do ambiente social da família. Sugere-se que os
fatores presentes na relação do indivíduo homossexual,
homem ou mulher, com seus pais na primeira infância
levaram à posterior inversão sexual. Quanto ao menino, isto
significaria um pai ausente ou desligado, ou um pai
frequentemente hostil à criança, ou que o diminuía em
importantes aspectos, e/ou uma mãe dominante (muitas
vezes frígida para com seu marido ou para com outros
homens), que tendia a ser exageradamente íntima com a
criança e a envolvia em alianças com ela contra o pai.
Embora essa teoria seja popular atualmente, e mesmo
fomentada por alguns escritores cristãos, só pode ser vista
como discutindo um possível fator contributivo, e não como
uma causa da homossexualidade. Quanto à sua
metodologia, pode-se questionar se essa explicação diz
mesmo algo distintivo sobre a homossexualidade. Há
demasiados homossexuais que têm pais fortes e amorosos
e mães não dominantes, e demasiados heterossexuais que
têm ambientes familiares extremamente mal ajustados,
para que nos sintamos movidos a pensar que se pode ver
alguma correlação entre homossexualidade e relações
familiares na infância dos homossexuais.
Acresce que alguns profissionais têm levantado a
notável questão sobre se a homossexualidade de uma
pessoa é o efeito ou a causa de algo que posteriormente é
visto como a atmosfera paternal desfavorável. Não poderia
o pai cujo filho que por outras razões tendia para o
homossexualismo tornar-se desligado em reação a um filho
que ele não entende? A declaração, “A homossexualidade
começa no lar”, deve ser vista como uma trivialidade
perigosa e ambígua, mesmo quando empregada por
escritores cristãos; certamente ela não tem o suporte de
prova específica e sólida. Além disso, os defensores dessa
posição geralmente são menos que claros quanto à questão
sobre se o homossexual (ou seus pais) é ou não responsável
por sua conduta e por sua reação. Por exemplo, alguns que
atribuem a homossexualidade ao ambiente familiar têm dito
que a sociedade não tem o direito de condenar o indivíduo
que sofre por escolhas impróprias resultantes em
homossexualismo; todavia, o indivíduo, de acordo com os
mesmos autores, é responsável por aprender novos
modelos de reação e por reconhecer a pecaminosidade dos
seus modelos passados. Um aspecto desta perspectiva
estabelece o que outro aspecto obstruiu.
Devemos concluir que as teorias psicogênicas sobre a
homossexualidade não são mais conclusivas ou persuasivas
do que as teorias congênitas. Não há nem apoio
escriturístico nem sólida evidência médica de que a
homossexualidade é uma condição constitutiva, involuntária
ou irreversível. A responsabilidade moral pelo
homossexualismo não foi dissolvida por meio de estudo
científico.[218] Contrariamente a uma polêmica
amplamente divulgada, as ciências naturais e humanas não
têm produzido nenhum acordo ou nenhum veredito
individualmente consubstanciado sobre a causa da
homossexualidade.
Talvez no futuro consigam isso. Mas, consigam-no ou
não, o cristão manterá em mente certas verdades
escriturísticas. Com referência às teorias congênitas, é
preciso não esquecer que a Palavra de Deus ensina que a
homossexualidade, absolutamente, não é “natural”. Seja
como for que tais ou quais fatores a influenciem, a
homossexualidade não pode ser vista como biologicamente
inata. É artificial e aprendida contra o que o homem é pela
obra criadora de Deus. Mesmo num mundo caído, com
todas as suas distorções e misérias, Paulo classificou a
homossexualidade como “contra a natureza” — como
“imprópria”, um “erro”, um modo de viver e de usar o corpo
humano fundamentalmente mau. Com referência às teorias
psicogênicas, podemos reconhecer que, na base, elas fazem
da homossexualidade alguma forma de conduta aprendida,
uma questão de reações da pessoa a influências sociais,
ambiente, treinamento, ou exposição. Isso poderá ajudar ou
não, algum dia, a ver quais influências contribuem
singularmente para reações homossexuais, mas permanece
o fato de que tal conduta aprendida pode ser desaprendida
e alterada.
As reações pessoais são cruciais para as explicações
psicogênicas da homossexualidade, e a Escritura sempre
sustenta que os homens são responsáveis pela maneira
como reagem às suas circunstâncias. Nenhuma
circunstância torna alguém inevitavelmente pecaminoso em
suas reações, pois sempre há um meio de escapar e
agradar a Deus.[219] Todo pecado pode ser visto como
tendo causas de um tipo ou de outro; nenhuma
transgressão vem “arbitrariamente do nada”. Contudo,
estas várias causas, sejam quais forem em casos
individuais, de maneira nenhuma removem a culpabilidade
da pessoa diante de Deus. A origem de todo pecado é
finalmente atribuída por Deus aos nossos corações.[220]
Sejam quais forem as circunstâncias externas e internas,
ninguém pode ser escusado por suas reações, se
transgridem a vontade de Deus revelada.
Paulo ensina que mesmo a cobiça homossexual
interior é pecado,[221] e, portanto, em aspectos relevantes,
o homossexual, em sua cobiça, está envolvido voluntária e
conscientemente — não como uma orientação involuntária,
enraizada, inevitável. Como é pecaminoso, o desejo
homossexual é algo pelo que os homens são declarados
responsáveis por Deus. Tal desejo pode começar de várias
maneiras e sob uma variedade de influências, mas no fim é,
não obstante, uma conduta aprendida que o Senhor
detesta. O prazer do homossexual em sua perversão, e sua
recomendação a outros,[222] indicam quão voluntária é sua
participação nela. Seus atos e desejos homossexuais não
são mais determinados do que a cobiça e o adultério de
outro homem heterossexual. É uma racionalização
inaceitável alguém pleitear em sua defesa: “Sou um
adúltero constitutivo, minha imaginação lasciva é
involuntária, e é preciso que os meus maus atos sejam
escusados”.
A Escritura nos ensina que as nossas inclinações
físicas devem ser subordinadas à direção moral de Deus, e
não utilizadas como uma escusa para transgredi-la. E,
portanto, o homossexual deve canalizar os seus impulsos
sexuais na direção certa e exercê-los, mental e fisicamente,
sob os limites estabelecidos pela vontade de Deus; quanto à
sua condição pecaminosa e pervertida, ele precisa assumir
a atitude bíblica de arrependimento,[223] resistência[224] e
redirecionamento.[225] A bissexualidade comum entre os
homossexuais (como também a livre adaptação de
heterossexuais à homossexualidade em certas
circunstâncias, por exemplo, prisões) e resultados reais de
aconselhamento pastoral apropriado, demonstram que o
homossexualismo não é uma fixação irreversível. É uma
orientação voluntária e um modo de viver adaptado que
podem ser mudados.
Naturalmente, a homossexualidade pode não ser uma
escolha consciente e recordável, mais do que acontece com
a heterossexualidade. Pode não ter havido um processo de
deliberação explícita, sopesando as opções e chegando a
uma decisão neste ou naquele caso. Mas isso não faz da
homossexualidade nem da heterossexualidade menos
escolhidas, no sentido de uma preferência pessoal,
espontânea e voluntária. A ocasional defesa homossexual,
“Eu não consigo impedi-lo”, é inaceitável à luz da Palavra de
Deus. O homossexualismo não é uma cruz recebida desde o
nascimento, mas um padrão de conduta que deve ser
lançado fora com o velho homem e suas luxúrias e cobiças.
Qualquer discussão cristã sobre ato/orientação ou sobre a
causa do homossexualismo que sugira que o desejo interior
é involuntário e talvez irreversivelmente determinado, e,
portanto, imune à responsabilidade, é contrária à descrição
escriturística. E mais: qualquer discussão que vá adiante e
diga que, apesar de a sua inversão ser inevitável e estar
permanentemente fixa em sua disposição, não obstante,
qualquer expressão externa de sua homossexualidade em
atos abertos é pecaminosa e condenada, faz jogo duplo,
pois salta o muro moral e é cruel para com o pecador. A
Palavra de Deus retrata os atos e os desejos homossexuais
como voluntários, culpáveis e passíveis de serem
renunciados mediante o poder de Deus. Discussões tais
como as que têm sido mencionadas aqui não oferecem ao
homossexual nenhuma redenção e nenhum alívio, mas
reforçam a pressão ou são uma frustração.
É muitíssimo importante o fato de que os desejos e os
atos homossexuais são pecados voluntários pelos quais a
pessoa é moralmente responsável, se é que há alguma
esperança na perspectiva cristã para o homossexualismo.
Quando a responsabilidade pelo homossexualismo é
removida, a esperança para a homossexualidade também é
destruída. Os autores que apresentam a homossexualidade
como uma dominação interior imutável exercida por aqueles
impulsos ou desejos, condenam o pecador ao desespero. E
esse desespero é desnecessário, injustificável e infiel à
Escritura. Uma vez que o homossexualismo é pecado, há
esperança garantida divinamente para a sua reversão.
Cristo veio para morrer por pecadores e para libertá-los,
mediante seu Espírito, dos seus pecados. Não somente a
culpa é removida; também a nossa corrupção moral está
sendo eliminada e corrigida.
Os que vêm a Cristo não são mais escravos do pecado
e não precisam obedecer mais a suas luxúrias e cobiças. No
poder da ressurreição do Salvador, efetuado pelo Espírito
Santo, o pecado deixa de ter domínio sobre os crentes.[226]
Eles agora são escravos da justiça, resultando na
santificação do coração, da mente e do comportamento
corporal. Visto que o homossexual o é por vontade própria,
e não por necessidade constitutiva, ele pode ser mudado e
reformar sua vida. Depois de listar o homossexualismo entre
os pecados que excluem esta ou aquela pessoa do reino de
Deus, Paulo diz: “Assim foram alguns de vocês” — mas
agora eles foram lavados, santificados e justificados no
nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de Deus.[227]
Portanto, sobre bases inspiradas e infalíveis, o cristão pode
dizer que é possível renunciar ao homossexualismo e deixá-
lo para trás; isso pode acontecer — no nome de Cristo e no
poder do Espírito Santo. O que parece totalmente
impossível aos homens é possível com Deus. Além disso, o
Senhor Deus santifica totalmente os homens, tanto em seus
desejos como em sua conduta.[228]
Em resumo, eruditos de tendência naturalista estão
em conflito sobre a anormalidade interior, a causa e a cura
do homossexual. Na corrente discussão, respostas
divergentes são guiadas pelas pressuposições particulares
de cada erudito (por exemplo, seu conceito sobre o homem,
seu critério de normalidade, o que ele considera seguro
esperar). Também com relação ao cristão isso é verdade.
Ele tem pressuposições distintas derivadas da Palavra de
Deus revelada. Estas são a base e o guia para o seu
conceito de homossexualidade. Com relação à natureza do
homem, o cristão o vê como uma criatura de Deus, dada
sua definição e direção pelo Criador, e, por conseguinte,
sempre tendo que prestar contas ao Senhor pelo uso da
mente e do corpo. Com relação a certo critério, o cristão
está firmemente comprometido com os padrões éticos da
Palavra de Deus, e, com isso, ele vê os desejos e atos
homossexuais como rebelião contra a vontade de Deus.
Com relação à esperança, o cristão vê a graça e o poder de
Deus como capazes de mudar pecadores e de livrar os
homossexuais da culpa e do poder da sua perversão
voluntária. Estas pressuposições, contra as que são
fomentadas fora do compromisso com a Palavra de Deus,
estabelecem as questões pertinentes à anormalidade, à
causa e à cura da homossexualidade para o cristão.
CAPÍTULO 4: A Resposta da Igreja:
Esperança para os Homossexuais

As seções anteriores deste estudo desenvolveram as


verdades fundamentais pelas quais o cristão pode
determinar como a igreja e a sociedade devem responder
aos homossexuais. A Escritura é tomada como a Palavra de
Deus inspirada e infalível, para ser entendida de acordo
com princípios de interpretação próprios. A ética cristã vê,
correta e necessariamente, a lei de Deus revelada como
uma expressão de sua vontade para as nossas vidas. Com
base num exame da narrativa da criação, da história de
Sodoma, da lei de Deus e de Romanos 1, deve-se concluir
que o homossexualismo é, inquestionavelmente, um pecado
segundo o juízo de Deus. Não é possível evadir-se a esta
censura traçando uma distinção entre orientação
homossexual e atos sexuais, nem buscando alguma causa
para a condição homossexual. A Escritura condena
distintamente os desejos homossexuais, vendo a reação
homossexual como uma perversão voluntária. Isso dá
esperança a que os homens e as mulheres envolvidos no
homossexualismo (quer por cobiças invertidas quer por
maus atos externos) podem ser transformados pela graça
de Deus. Dentro da estrutura formada por estas convicções,
é possível derivar direção da Palavra de Deus a respeito de
como o cristão deve relacionar o homossexual com a vida
da igreja e com os interesses da sociedade.
Um sempre crescente fluxo de retórica proveniente de
eclesiásticos não ortodoxos sustenta que o
homossexualismo deve ser normatizado e que a igreja deve
pôr-se ao lado dos homossexuais como uma minoria
oprimida. A propaganda pode pegar pesado neste ponto:
“os homossexuais são os bodes expiatórios pelos temores
que a maioria do povo da igreja sente”, “o homossexualismo
está na base de algum problema heterossexual (a
incapacidade de fazer frente aos sentimentos invertidos da
própria pessoa)”, “uma igreja e uma sociedade
condenatórias são culpadas da promiscuidade entre os
homossexuais”, “o casamento homossexual não deve ser
impedido simplesmente porque não há nele nenhuma
possibilidade de concepção”, “é uma pena que a agência
cujo propósito é proclamar a atividade misericordiosa e
amorosa de Deus se porte tão sem misericórdia e tão sem
amor para com pessoas que simplesmente têm uma
orientação sexual diferente”, e assim por diante. Estas
acusações e outras similares fazem parte de uma campanha
lançada com base na força persuasiva da emoção, antes
que em substancial exegese, razões éticas e bons
argumentos. O objetivo de tais acusações é, como muitos
autores admitem, convencer os oponentes do
homossexualismo de que eles é que de fato são a parte
culpada, perseguidores de gente brava e saudável que só
quer os direitos normais que todos os seres humanos têm
de serem aceitos na igreja.
Muitos religiosos homossexuais sustentam que
aprenderam a viver com seus desejos e com seu estilo de
vida independentemente de má consciência, que o
homossexualismo é natural (talvez uma resposta de Deus
ao excesso de população), que pode expressar o amor de
Deus, e que, portanto, os homossexuais devem ser aceitos
na igreja como tais e ordenados ao ministério quando se
sentirem chamados. Visto que se pensa que a igreja deve
ser considerada primariamente culpada pela opressão
homossexual, a aceitação de homossexuais na igreja
deveria, na verdade, basear-se na conversão — a conversão
dos heterossexuais abandonando suas atitudes
humilhantes, classificatórias e condenatórias para com
aqueles que se sentem felizes com a sua condição
homossexual. Como mais de um escritor têm dito, uma vez
que a igreja deve aceitar os homossexuais (ou senão estará
traindo sua missão) e não deve ter um padrão duplo quanto
à ética sexual, seria hipocrisia negar-lhes o rito do
casamento. Grupos religiosos homossexuais sustentam que
quando a questão chega ao desejo de serem membros da
igreja ou de serem ordenados, sua orientação sexual é dada
por Deus e não necessita mais ser mudada, não mais do
que a cor da pele da pessoa.
Em contraste com opiniões tão enganosas, Paulo clara
e autorizadamente colocou os homossexuais fora do reino
de Deus. Em 1 Coríntios 6.9,10 ele escreveu: “Não se
deixem enganar: nem imorais (ou ‘fornicadores’), nem
idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais[229] passivos
ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras,
nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de
Deus”. Paulo foi muito específico. Ao passo que todos os
outros pecados desta lista são simplesmente repetidos de 1
Coríntios 5.9-11 (um similar catálogo de pecados), os
pecados de imoralidade sexual são ampliados e
apresentados em formas específicas: fornicação, adultério,
homossexualismo. E esta última categoria da imoralidade
sexual é mais detalhada: Paulo excluiu do reino de Deus
tanto os malakoi como os arsenokoitai. O primeiro termo
(significa literalmente “suave, gentil”, e em contextos
morais, “dócil, ou remisso”) se refere àqueles que se
deixam abusar homossexualmente, desempenhando o
papel passivo; o segundo está no gênero masculino e é
composto das palavras que significam “macho” e “cama”
(transliteração inglesa, “coitus”, coito, do seu eufemismo
grego), com isso referindo-se a homens que têm intercurso
com homens; é análogo à referência do Antigo Testamento a
homens que vão para a cama com homens (que “se
deitam” com homens) — isto é, aqueles que desempenham
papel ativo numa relação homossexual.
Paulo introduziu esta lista dos que são excluídos do
reino de Deus com a frase: “não se deixem enganar”. Ao
que parece, esta era uma expressão técnica empregada por
Paulo para responsabilizar os cristãos no sentido de não
participarem dos pecados dos pagãos. Ela faz paralelo com
passagens do Antigo Testamento, como por exemplo
Levítico 18.24-30, onde o povo de Deus foi instruído a não
praticar as abominações que caracterizavam as nações
réprobas. A frase “não se deixem enganar” indica que é
precisamente em questões como esta que os homens se
enganam, racionalizando que Deus não pode pretender
levar a sério suas exigências morais. Encontra-se este erro
fundamental cada vez mais hoje em dia na forma de
defesas engenhosas, mas perversas, do homossexualismo.
O apóstolo de Cristo, que representava o seu Senhor e
falava por ele, excluiu os homossexuais, sem reserva, do
reino de Deus e da igreja de Cristo. Paulo sabia que a sua
detalhada referência à imoralidade sexual seria interpretada
como proibindo toda e qualquer relação homossexual,
independentemente do papel assumido pela pessoa, da
motivação e da situação, quer monogâmica quer promíscua.
E a condenação de Paulo se mantém de pé, mesmo que o
homossexual se sinta bem acerca do seu homossexualismo
e que proclame que não tem sentimento de culpa.
Certamente o inferno estará com grande população de
pessoas que se persuadem de sua inocência enquanto
estão por aqui: “Há caminho que parece certo ao homem,
mas no final conduz à morte”.[230] Contudo, é certo que a
igreja deve ouvir as palavras de Paulo e recusar-se a admitir
aqueles que Deus excluiu. A igreja não pode aceitar
homossexuais não arrependidos como tampouco não pode
estabelecer congregações de prostitutas, beberrões e
trapaceiros praticantes, ou de pagãos idólatras. O Senhor da
igreja discriminou contra tais pessoas (juntamente com
todos os pecadores não arrependidos) na comunhão da
igreja.
Isso não é opressão; um verdadeiro interesse pelo
homossexual da parte da igreja não pode expressar-se
quando os padrões de Deus — que foram revelados para o
bem do homem — são abandonados. Seria tão somente
uma falsa compaixão as igrejas admitirem homossexuais
praticantes, não arrependidos, no rol de membros, tentando
ser mais humanas do que o próprio Deus. A igreja não deve
ser um instrumento para solapar, ignorar ou desobedecer
aos padrões firmados na infalível Palavra de Deus. A
proclamação desta Palavra é a comissão singular da igreja.
É preciso concluir que os homossexuais praticantes
não devem ser admitidos na igreja, e, ainda mais
certamente, a seus ofícios próprios de ordenação. Antes, a
igreja deve declarar com Paulo: “O corpo… não é para a
imoralidade, mas para o Senhor”.[231] Os corpos dos que
pertencem a Cristo são membros de Cristo, templos do
Espírito Santo, e foram adquiridos por um preço de
redenção; portanto, os cristãos devem fugir da imoralidade
e glorificar a Deus com seus corpos.[232] Visto que os
homossexuais dão manifesta prova de que não se
submetem a estas exigências e que cometem abomináveis
pecados contra seus próprios corpos,[233] eles não podem
fazer uma confiável profissão de fé no Salvador sem
arrependimento do seu pecado e sem repudiá-lo.
Aos que dão apoio ao homossexualismo e que,
contrariamente ao ensino de Paulo em 1 Coríntios 6,
argumentam que os homossexuais merecem ser aceitos
como tais na igreja e que a condenação deles por Paulo não
deve ser levada a sério atualmente, devemos apontar para
outra advertência mais, que se encontra em 1 Coríntios
14.37,38. Qualquer que não reconhece as coisas que Paulo
escreveu como mandamento do Senhor não é reconhecido
pelo Senhor, e não é espiritual.[234] Deste modo a igreja
pode conhecer o espírito da verdade e o espírito do erro:
quem conhece genuinamente a vontade de Deus ouve os
apóstolos, e quem não procede de Deus não os ouve.[235]
Como a doutrina apostólica é uma das marcas da igreja de
Cristo, aquelas assembleias modernas que admitem
homossexuais praticantes na comunhão da igreja e na
ordenação comprometem a posição da igreja — justamente
a acusação que eles fazem contra as igrejas que obedecem
à instrução apostólica e “sem misericórdia” recusam
admissão a homossexuais não arrependidos.
Os defensores do homossexualismo não entendem as
palavras de Paulo em 1 Coríntios 6.9,10 como nós as
entendemos, por três razões. Primeiro, alguns argumentam
que, afinal de contas, as palavras gregas discutidas acima
não se referem ao homossexualismo, mas foram traduzidas
inexatamente por causa de preconceitos dos especialistas.
De acordo com eles, malakoi indica uma forma de
imoralidade, sem referência específica ao homossexualismo,
e arsenokoitai dificilmente pode referir-se a excesso na
conduta sexual, e, por conseguinte, não se refere à
prostituição masculina. Contudo, tais alegações não podem
sustentar-se à luz das fontes originais, como quase todos os
comentários sobre esta passagem que verificam as línguas
e os antecedentes originais o demonstrarão (por exemplo:
Conzelmann). A evidência oriunda do segundo e do sexto
séculos d. C., aduzida para dar suporte à revisão do nosso
entendimento de arsenokoitai, dificilmente pode
circunscrever o que Paulo tinha querido dizer anteriormente,
no século primeiro. Além disso, ela nada faz para nos
impedir de ver uma referência ao homossexualismo, visto
que os casos posteriores falam sobre a corrupção de
rapazes e sobre intercurso anal — isto é, precisamente
sobre vícios homossexuais.
A ideia de que a forma plural da palavra deve referir-
se a excesso sexual e, daí, à prostituição masculina, é
especulativa, na melhor das hipóteses, e toma sua direção
partindo de um elemento da palavra que se vê noutro
contexto.[236] Essa ideia passa por alto a óbvia construção
da própria palavra, sendo desnecessário explicar o plural,
desde que Paulo denota grupos de indivíduos (plural) em
toda a extensão do catálogo no qual se encontra a palavra.
O entendimento de malakoi é contextualmente claro (tendo
sido colocada em conjunção com arsenokoitai) e é
comprovado noutras partes da literatura grega (de um
período tão primitivo como 245 a. C.).
Uma segunda razão para disputar a força de 1
Coríntios 6.9,10 apresentada pelos que apoiam o
homossexualismo é que ela conflita com evidências
encontradas noutras partes da Escritura. Dizem-nos que,
diferentemente do tratamento dado pelo Antigo Testamento
a certos marginalizados, supõe-se que a igreja do Novo
Testamento aceitava eunucos — isto é, de acordo com a
palavra de Cristo, homens que não se casam e não têm
filhos. Os “eunucos que nasceram assim”, na declaração de
Cristo, são interpretados como homossexuais constitutivos.
[237] Mas este argumento é até mais especulativo do que o
primeiro. Não há prova escriturística de que os
homossexuais alguma vez foram classificados como
eunucos, e não há boa razão científica para acreditar que a
homossexualidade é uma condição congênita e constitutiva.
Além disso, esta interpretação contradiz a unidade da
Escritura, ignorando claras e contrárias declarações acerca
da abominação homossexual noutras partes a fim de
chegarem a este fantástico entendimento de passagens
seletas da Escritura. Finalmente, deve-se notar que o
eunuco não é meramente alguém que não se casa e não
tem filhos; eunuco é quem não tem relações sexuais e,
portanto, o eunuco que se faz tal “por causa do Reino dos
céus”[238] é alguém que voluntariamente se abstém da
atividade sexual, tendo o dom do celibato.[239] É evidente
que isto não se aplica a homossexuais.
Outra passagem da qual se diz que conflita com a
ideia de que 1 Coríntios 6.9,10 exclui homossexuais
praticantes da igreja é Gálatas 3.28: “Não há… homem nem
mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”. Alega-se que
nesta passagem Paulo ensina que o ideal moral do amor e
da justiça posto diante da igreja transcende completamente
todas as questões relacionadas com orientação sexual. Mas
isso é ler na passagem o que a pessoa quer ver. Paulo
estava tratando de identidade sexual, não de preferência
sexual. Além disso, esta referência torcida dificilmente pode
ser empregada para solapar claras e detalhadas instruções
éticas dadas por Paulo noutros lugares.
Uma terceira razão apresentada para rejeitar a
exclusão, por parte de Paulo, dos homossexuais da igreja é
que Paulo estava preso à cultura vigente e cometeu óbvios
erros de juízo moral sobre outros pontos, tais como a
escravidão e a subordinação da mulher. Apoiar-se em tal
argumento revela um errôneo conceito sobre a Escritura,
sua autoria divina e sua relevância moral permanente. Além
disso, esta polêmica presume erroneamente que Paulo
ensinava coisas inaceitáveis concernentes a mulheres e
escravos. O endosse de Paulo à submissão do escravo e da
instituição bíblica da escravatura não contribui em nada
para justificar a opressão iníqua às vezes associada em
nossas mentes com a palavra “escravidão”. O próprio
ensino escriturístico condena aqueles abusos nos quais
costumeiramente pensamos em relação à escravidão.
Certas formas de escravidão podem ser moralmente
aceitáveis de acordo com a Palavra de Deus, mas a
concepção ou o uso opressivo e ilegal dessa instituição não
recebe nenhum apoio da Palavra de Deus. Pensar, então,
que Paulo cometeu um erro moral por endossar a
escravatura é ter um pensamento tão falaz como pensar
que, visto que alguns pais abusam de seus filhos, Paulo
estava errado em endossar a autoridade paterna.
Semelhantemente, é uma noção preconceituosa que reflete
o cativeiro cultural moderno do Evangelho pensar que a
subordinação da mulher a seu marido é contrária à
moralidade cristã.
Segue-se, pois, que não vimos nenhuma consideração
textual, contextual ou moral razoável que nos dissuadisse
do direto e patente ensino de Paulo em 1 Coríntios 6.9,10.
Os homossexuais não devem ser admitidos à comunhão da
igreja nem ordenados a ofício ministerial, pois são colocados
fora dos limites do reino de Deus, completamente — junto
com todos os que transgridem a lei de Deus e se rebelam
contra o seu caráter santo.
Devemos ser cautelosos quanto ao constante refrão
que se ouve entre escritores evangélicos que declaram que
a resposta primária da igreja cristã aos homossexuais deve
ser de simpatia e não de rejeição judicial, que devemos
amar o pecador enquanto odiamos o seu pecado. Dó ou
simpatia é atitude imprópria, se devemos pensar os
pensamentos de Deus segundo ele e ter as nossas emoções
transformadas pela Palavra da verdade. Não podemos
simpatizar com os que cometem o que Deus considera
abominação e perversão. Deus chama tais pessoas de cães,
e elas são excluídas da Nova Jerusalém e estão fora do reino
de Deus. O pecado era tão odioso que em Israel requeria a
pena capital. Por conseguinte, o filho de Deus deve sentir
repulsa e sentir-se ultrajado por esse comportamento vil:
“Por isso considero justos os teus preceitos e odeio todo
caminho de falsidade”.[240]
Simpatia se tem quando alguém é vitimado ou caiu
involuntariamente na infelicidade de duros apertos;
sentimos muito por tais pessoas e reagimos com
compaixão. Todavia, a simpatia está fora de lugar quando é
por crimes capitais como assassinato, estupro, sequestro ou
homossexualismo. Muitos evangélicos parecem impedidos
de levar a sério o juízo de Deus por uma crença subjacente
em que a homossexualidade é uma condição constitutiva
que vitimou o homossexual como uma doença, uma
condição pela qual ele não deve ser considerado culpado.
Mas essa atitude fundamental é errônea, como errônea é a
conclusão de que a simpatia é a primeira atitude exigida do
cristão. Em vez disso, deveríamos ficar chocados diante de
tão vil corrupção e proclamar com segurança e clareza que
o santo juízo de Deus pesa sobre quem pratica esse mal.
Devemos pregar que é preciso que o homossexual se
lamente por seu pecado diante de Deus e fique horrorizado
em face disso, mesmo porque pregamos a mesma atitude
para com todo e qualquer pecado. Esta é a resposta cristã
primária.
A única abordagem que não destrói a integridade da
ética cristã ou que não faz injustiça ao próprio homossexual
é a mensagem bíblica que ensina fundamentalmente que os
terríveis ofensores da lei de Deus estão sob sua ira e são
repelidos de seu reino — a menos que se convertam,
arrependam-se dos seus pecados, e se agarrem a Cristo
com fé para salvação. Ao responder ao homossexual, a
igreja não deve esquecer esta gloriosa qualificação sobre a
ira de Deus e deve refletir o equilíbrio que se vê “na
bondade e na severidade de Deus”.[241] Ela deve
manifestar severa reprovação do homossexualismo, mas,
como o Redentor, também deve buscar os perdidos e
mostrar salvífico interesse por eles.
A passagem de 1 Coríntios 6 condena explícita e
fortemente o homossexual; mas também traz o mais
abençoado conforto e esperança para o homossexual,
porque lhe proclama inequivocamente libertação e
salvação. Tendo dito que os homossexuais (junto com outros
pecadores) não herdarão o reino de Deus, Paulo
acrescentou imediatamente: “Assim foram alguns de
vocês”,[242] mas agora vocês foram lavados e ficaram
purificados desses males, foram santificados, perdoados e
declarados justos, apesar desses fatos passados. Há um
caminho de fuga para os homossexuais.[243] Há uma
melhor esperança do que a oferecida pela psicologia
secular, a confiança em que a pessoa pode ser libertada da
culpa e do poder da homossexualidade. Paulo conhecia
pessoas que Deus salvara desta abominação; a
homossexualidade deles agora estava no pretérito, uma
questão do seu estilo de vida pré-conversão. O Evangelho
foi o poder de Deus para a salvação para eles também. A
igreja deve, então, encorajar-se pelo fiel uso da Palavra de
Deus para dirigir-se à sociedade atual com as boas novas,
desafiando a impotência dos psicólogos seculares para
ajudarem e mudarem o homossexual. A igreja precisa ser
ativa na evangelização do homossexual, tomando a
iniciativa numa missão construtiva para a subcultura
homossexual dos nossos dias. O Evangelho de Cristo aplica-
se tanto a esta forma de pecado e de mau uso do sexo
como a qualquer outro pecado.
Quando homens ou mulheres que conheceram esta
perversão abraçam o Evangelho, a igreja outra coisa não
pode fazer senão receber alegremente o pecador
arrependido. Esta recepção deve alcançar todos os que
abandonam o pecado, inclusive os mais sórdidos ofensores
sexuais.[244] Não há nada na Escritura que sugira que
certos antecedentes imorais devem continuar a manter um
crente arrependido fora de contato com a igreja; por mais
perversos que os pecados habituais de uma pessoa tenham
sido, são perdoáveis. Aqueles que Deus perdoou e aceitou
não devem ser rejeitados por seu povo. Muitas vezes a
igreja pode ter falhado em não levar a efeito a igualdade
dos crentes como companheiros pecadores salvos pela
graça, transformados em concidadãos da casa e família de
Deus e co-herdeiros com Cristo. Embora lavados e
perdoados, alguns pecadores ainda são tratados como que
intocáveis, e isso é deplorável. A igreja é chamada para
evangelizar até os mais injustos e mais torpes pecadores,
alegrando-se por recebê-los como irmãos no Senhor, dada a
conversão deles. A todos os pecadores arrependidos deve
ser estendida a destra de companhia, por mais terríveis e
graves tenham sido as más ações, inspiradoras de suspeita
e desconfiança, anteriores à operação salvífica da graça de
Deus em suas vidas.[245] Certamente, os homossexuais
não devem ser recebidos na igreja como homossexuais; não
se deve deixar de notar o verbo no passado (grego:
imperfeito) em 1 Coríntios 6.11. Eles tinham se arrependido
do seu homossexualismo e tinham renunciado a essa
prática, e por isso fizeram uma profissão de fé confiável. É
graça barata e sem poder que alguns pregam, quando
negligenciam seu dever de chamar os pecadores ao
arrependimento e de exigir sua subseqüente santificação.
[246] E é uma imperfeita percepção da graça que leva
alguns a dizerem que podemos aceitar homossexuais na
igreja, contanto que ele não esteja praticando abertamente
o pecado, muito embora, devido à sua condição
constitutiva, ele não possa deixar de continuar se
abrasando de paixão homossexual ou de ser afligido por
desejos homossexuais. Ao invés de distorcer a graça de
Deus, a igreja tem que mostrar aos homens a porta estreita,
[247] conclamando-os a renunciarem à sua conduta
pecaminosa e a confiarem no Salvador. Ela deve mostrar
aos homens o poder de suas novas vidas resultantes da
ressurreição,[248] explicando que houve uma transição da
ira para a graça em suas vidas, de modo que o pecado não
tem mais domínio sobre elas. É preciso dizer aos
homossexuais regenerados e convertidos que Deus não se
satisfaz com a sublimação dos seus desejos homossexuais e
com sua abstinência de atos abertos; o Senhor Deus exige
uma virada completa do desejo interior, renúncia da paixão
homossexual, e tentativas para corrigi-la.
Não é preciso que a santificação do homossexual seja
completa para qualificá-lo para a entrada na igreja de
Cristo, mas, pela graça de Deus, ele deve estar resolvido a
evitar completamente o pecado — exatamente como o
feiticeiro deve renunciar às suas artes mágicas, o pagão a
seus ídolos, o homicida à sua violência. O ponto em questão
é que devem ser lançadas sobre o homossexual que se
torna cristão as mesmas exigências que são lançadas sobre
todos os demais pecadores convertidos. A igreja não deve
ter um hipócrita padrão duplo pelo qual se espera que o
ofensor sexual faça mais ou menos do que alguém cujo
pecado habitual seja, digamos, ignorar egoisticamente as
necessidades dos pobres e as necessidades do seu próximo,
ou insistir em seu próprio caminho, caluniando os que não
se fazem seus cúmplices, ou não ter domínio próprio quanto
às leis de trânsito ou quanto a comer, ou qualquer outra
ofensa ou transgressão para a qual muitas vezes a igreja
fecha os olhos. Devemos evitar uma aplicação seletiva da
Palavra de Deus, cabendo-nos ver todos os pecadores
convertidos como em necessidade de santificação.[249]
Paulo não isola os homossexuais para que recebam atenção
especial na igreja, mas os classifica junto com outros
pecadores que, sem a conversão, não poderiam herdar o
reino de Deus. O reconhecimento desse fato deve percorrer
um longo caminho buscando corrigir o julgamento muitas
vezes desigual ou um espírito superior na igreja quando
outros crentes se relacionam com homossexuais
convertidos.
A dupla responsabilidade da igreja para com os
homossexuais é a seguinte: (1) proclamar o justo juízo de
Deus sobre a perversão homossexual, excluindo o
impenitente da congregação; e (2) anunciar o Evangelho
como o poder de Deus para salvação, para que, como
crentes arrependidos, os homossexuais se tornem membros
e companheiros dos outros no corpo de Cristo. A esses
pontos pode ser acrescentada uma terceira obrigação, a
saber, apoiá-los e animá-los num estilo de vida
transformado. A igreja não deve somente exigir uma
mudança de direção, mas também deve estender ajuda ao
ex-homossexual em seu crescimento cristão e na resistência
à tentação. O pecado do homossexualismo não parará
completamente de tentar o recém-convertido, como
igualmente sucede com qualquer outro pecado habitual,
que não perde imediatamente sua influência sobre um
crente novo. O problema não desaparecerá facilmente, não
necessariamente; pode levar tempo, e certamente
requererá aconselhamento pastoral. Não se deve esperar
que o homossexual convertido obtenha santificação
imediata, como tampouco se deve esperar isso do beberrão
convertido. Por isso é especialmente indesculpável que haja
na igreja falta de interesse, falta de sustentáculo e uma
atitude inútil e fria para com o homossexual convertido. A
comunidade cristã pode prover o clima necessário para
nova direção e fortalecimento moral; pode ajudar a
remodelar o estilo de vida, os programas pessoais, os
interesses e as relações de amizade. Pode impedir a solidão
e o desespero. A comunidade cristã provê um refúgio na
tentação e uma exortação para que o sexo seja mantido em
seu lugar próprio na vida; ela pode deixar claro que a
liberdade cristã recém-descoberta não pode ser usada como
pretexto para a carne.[250] Aos invertidos deve ser
assegurado que eles podem redirecionar os seus desejos
sexuais, não mediante longo tratamento psicoterapêutico,
mas pela confrontação ética e pelos meios de graça. É
preciso animá-los a verem que, pelo Espírito de Deus, eles
de fato podem deixar sua homossexualidade para trás.
Será especialmente necessário, nos dias atuais, pôr
para dormir o mito da homossexualidade constitutiva.
Quando o pastor cristão ou o crente novo ouve esse mito e
o leva a sério, corre o perigo de se tornar surdo para o
ensino da Bíblia sobre o assunto e de substituir a prescrição
do Grande Médico pela opinião secular. Ao fazer isso, ele
priva o homossexual convertido da necessária esperança.
Sobretudo, o pastor e os membros da igreja na qual o
homossexual convertido procura comunhão devem deixar
claro que a sua santificação não é simplesmente uma
questão de sublimar e ver frustrados os seus desejos; essa
casa no meio do caminho não é o lugar onde Deus
tencionara deixar o homossexual quando ele o libertou do
seu pecado. Visto que, obviamente, não foi dado ao
homossexual o dom da abstinência sexual, sua restauração,
operada por Deus, deverá levar eventualmente à
conformidade com a ordem da criação e à recuperação dos
desejos heterossexuais. Sua meta final é o contexto e a
direção de Deus para a sua gratificação sexual — o
casamento heterossexual.[251]
Em conclusão, a resposta da igreja aos homossexuais
deve ser a de Paulo em Romanos 12.1,2, concitando-os
pelas misericórdias de Deus a apresentarem seus corpos
como sacrifícios vivos e santos a Deus, não conformados
com este mundo, mas transformados pela renovação de
suas mentes, para que experimentem a boa, aceitável e
perfeita vontade de Deus. Com esse fim em vista, a igreja
exclui os homossexuais não arrependidos e os evangeliza,
mostrando que o Evangelho é a base do perdão diante de
Deus, como também o poder para renovação ética. Quando
convertido pela graça de Deus, o homossexual deve ser
recebido de todo o coração pela igreja como uma pessoa
por quem Cristo morreu, e a igreja deve exercitar o mesmo
cuidado e aplicar a mesma admoestação a ele, como a
todos os pecadores arrependidos. Encorajar o homossexual
convertido em sua nova vida inclui instrução sobre os meios
de graça, ativa comunhão cristã, e aconselhamento pastoral
bem informado e prático.
Em resumo, a igreja deve tanto expressar forte
desaprovação do homossexualismo como um pecado vil,
como envolver-se num esforço para apresentar as boas e
poderosas novas de Deus em relação às vidas dos
homossexuais. Aqui, como sempre, o cristão deve lutar para
proferir com sinceridade a plena Palavra de Cristo como
procedente de Deus, manifestando o conhecimento dele em
todo lugar, e vindo a ser, então, um aroma de morte para
morte ou um aroma de vida para vida.[252]
CAPÍTULO 5: A Resposta da
Sociedade: Os Atos Homossexuais
Considerados como Atos Criminosos

Se abordarmos a Bíblia como a Palavra inspirada e


infalível de Deus, e tomarmos a lei bíblica como uma
expressão da vontade moral absoluta de Deus, teremos que
concluir que o homossexualismo é um pecado perverso.
Passamos agora da consideração do homossexualismo
como pecado para a consideração desse mal como crime,
da dimensão pessoal para a pública, da resposta da igreja
para a do Estado. A questão dominante hoje é se o
homossexualismo deve ser considerado um direito civil ou
não. Discussões sobre liberdade e justiça na sociedade
inevitavelmente levam à consideração de direitos, pois o
conceito de direito é básico para os conceitos de liberdade e
justiça. Na esfera civil, ser livre para fazer algo é ter direito
de fazê-lo, e perpetrar uma injustiça contra alguém é violar
os seus direitos. Consequentemente, as correntes polêmicas
acerca da liberdade e da justiça para os homossexuais
tratam da questão do homossexualismo como um direito
civil.
Antes de podermos determinar se o homossexualismo
é um direito civil, precisamos distinguir entre diferentes
usos da palavra direito. “Direito” pode ser empregada como
um adjetivo, categorizando ações ou atitudes como
permissíveis e boas, ou como obrigatórias; por isso dizemos:
“Seria direito dizer-lhe a verdade”. Neste sentido adjetival,
direito pode aplicar-se a qualquer coisa dentro da esfera
geral da aprovação moral. Contudo, direito também se pode
empregar num sentido mais restrito como um substantivo,
em declarações como, “Ele tem o direito de ler o que quiser
da biblioteca pública”. Quando alguém tem um direito, tem
algo que pode reclamar de outros; ter um direito implica um
dever correspondente por parte de outros.
A distinção entre ser direito e ter direito é ilustrada
pela declaração: “É um direito contribuir para a Cruz
Vermelha, mas a Cruz Vermelha não tem direito a
contribuições”. Isto significa que, embora seja bom e
permissível ajudar uma organização, a Cruz Vermelha não
pode reivindicar tal ajuda (como se fosse dever do povo
contribuir). Além disso, alguém pode ter direito de fazer
alguma coisa sem que seja direito fazê-lo (por exemplo:
“Você tem direito de comer em excesso, mas não é direito
fazer isso”).
Tal distinção é possível porque reconhecemos a
diferença entre obrigações impessoais num contexto social,
e obrigações mais amplas num contexto ético mais geral.
Noutras palavras, há uma esfera privada de moralidade e
imoralidade que é independente de reivindicações públicas
e de deveres correspondentes que o Estado impõe com
sanções civis. Essas duas esferas não podem ser
equiparadas sem tornar o Estado Deus. Portanto, nem todos
os pecados são crimes. Por essa razão, dizer que o
homossexualismo não é direito (isto é, que é pecaminoso ou
imoral) não é o mesmo que dizer que não é um direito das
pessoas na sociedade (isto é, que é crime). Logo, os cristãos
podem sustentar, sobre bases bíblicas, que o
homossexualismo é pecaminoso, sem automaticamente
estabelecer a questão sobre se o homossexualismo deve ser
visto como uma prática criminosa pelo Estado. Por outro
lado, a distinção entre ser direito e ter direito não prova que
o homossexualismo é um direito civil; afinal, alguns pecados
também são crimes. Não somente negamos que o estupro é
um direito; também negamos que alguém tenha o direito de
praticar estupro.
Assim, então, a questão que temos diante de nós não
é se o homossexualismo é direito, mas se as pessoas têm o
direito de buscar relações homossexuais. Reconhecendo
que o homossexualismo é pecado, o cristão deve ir adiante
e perguntar se é um direito civil. Mas responder a essa
pergunta requer que se faça distinção entre diferentes
sentidos de “direito civil” (ou, entre diferentes deveres
lançados sobre outros de acordo com um direito civil). Às
vezes falamos em direito civil quando queremos dizer
direito à “liberdade”; em tais casos, uma pessoa é livre para
agir sem coerção, outras têm o dever de tratar com
indulgência as suas decisões, e o Estado evita interferir em
seu comportamento. Exemplos aqui seriam os direitos civis
de livre reunião, livre falar e propriedade privada.
Noutros contextos, direito civil é direito a “benefício”;
nesses casos, uma pessoa tem o direito de receber algo de
outras, que, correspondentemente, têm o dever de provê-la
do que necessita e dessa forma atender ao direito. Um
exemplo disso seria o alegado direito dos incapacitados ou
dos idosos a provisões que lhes assegurem bem-estar.
Finalmente, direitos civis também são entendidos no sentido
de direitos de “não discriminação”; possuir tais direitos
significa que os outros são obrigados a não considerar
adversamente algo que lhe diz respeito quando você deseja
emprego, moradia, educação, acomodações públicas, etc.
Por exemplo: se uma pessoa tem um direito civil
concernente à cor da pele, à nacionalidade, ou ao sexo,
significa que essas considerações não devem ser utilizadas
para discriminá-la quando chega a hora de estender
serviços e oportunidades.[253]
A não ser que separemos os diferentes sentidos de
“direitos civis”, qualquer discussão sobre o
homossexualismo logo se tornaria confusa. Sustentar que o
homossexualismo é um direito civil poderia significar uma
destas três coisas: (1) as pessoas têm direito de buscar
relações homossexuais, e o Estado deve refrear-se e não
impor sanções a essa busca (isto é, o homossexualismo é
um direito à liberdade), ou (2) as pessoas têm direito de
receber favores homossexuais, e as outras têm o dever de
lhes prover tais favores (isto é, o homossexualismo é um
direito a benefício), ou (3) as pessoas têm direito a
emprego, moradia, etc., sem discriminação contra o seu
homossexualismo, e as outras pessoas têm o dever de não
considerar adversamente a preferência homossexual em
tais situações (isto é, o homossexualismo é um direito a não
discriminação).
O direito civil no segundo sentido não é assunto do
corrente debate, nem a meta dos defensores do
homossexualismo, e, portanto, não temos necessidade de
discuti-lo. O que é preciso observar é a relação lógica entre
o primeiro e o terceiro sentidos. Dizer que o
homossexualismo é um direito a não discriminação
claramente pressupõe que o homossexualismo é também
um direito à liberdade, pois seria completamente
contraditório a lei proteger (quanto a emprego, moradia,
etc.) o que ela não permite como liberdade (isto é, o que a
lei proíbe como crime). Se o estupro é um crime segundo a
lei civil, as outras pessoas não têm nenhum dever de
desconsiderar as conhecidas atividades sexuais do
estuprador quando ele se candidata a emprego, moradia,
etc. Se o estupro não é um direito à liberdade, também não
pode ser um direito a não discriminação. Em termos
simples, a não discriminação pressupõe não criminalidade.
Por conseguinte, as leis não discriminatórias em favor
do homossexualismo necessariamente pressupõem que o
homossexualismo não deve ser crime sujeito a sanções
civis. Se o cristão tem fundamentos para a conclusão de
que o homossexualismo deve ser tratado como crime pelo
Estado, igualmente os tem para rejeitar o homossexualismo
como um direito civil no que se refere a emprego, moradia,
etc. Uma atitude de não discriminação só poderia ser um
dever se o homossexualismo não devesse ser considerado
como um crime dentro da sociedade.
Para determinar se o homossexualismo é um direito
civil (nos sentidos 1 e 3), devemos perguntar se esse mal
deve ser tratado como um crime pelo Estado. Deve-se
observar que ninguém pode escapar da necessidade de
recorrer a um definível princípio ou sistema moral quando
responde à questão sobre se o homossexualismo é um
direito civil. Não se pode simplesmente deixar de lado a
interdependência de lei civil e ética.
Consideremos, por exemplo, a categoria de direitos de
não discriminação. Os cristãos têm boa razão para não
quererem fazer do homossexualismo um direito civil.
Embora possam achar que essa discriminação, baseada em
fatores involuntários como hereditariedade ou condições
físicas, seja imoral, eles têm uma atitude diferente para com
ações pecaminosas (isto é, voluntárias transgressões da lei
de Deus). No caso de alguns pecados em algumas
situações, os cristãos se disporão a discriminar os culpados
de pecado (por exemplo: não querendo contratar um
jogador como tesoureiro da empresa, um sequestrador
como superintendente de um pátio ou praça de jogos, um
ébrio como motorista de ônibus, uma prostituta como
professora de uma escola cristã, uma pessoa de boca suja
como pastor de igreja). No caso do homossexualismo, o
cristão pode, em especial, querer evitar colocar aqueles que
alardeiam e promovem a sua perversão em posições de
influência, tentando impedir que eles sejam modelos de
conduta numa escola, que espalhem distorções do conceito
bíblico sobre casamento e família, e que tentem os recém-
convertidos do homossexualismo, etc. Como é fácil
entender, os cristãos insistirão em discriminar contra a
aceitação de homossexuais praticantes como pastores em
sua igreja, a aceitação deles como inquilinos em suas casas
de aluguel, ou como babás para cuidarem das suas
crianças. Diante de Deus, não somente somos livres, mas
sim moralmente obrigados a evitar relações sociais que
especificamente ameacem causar consequências
pecaminosas.
Consequentemente, se o homossexualismo se
tornasse um direito a não discriminação na sociedade, seria
ao preço de privar os cristãos (e outros) do seu direito de
evitar contato com perversão moral. Agora, se alguém
achar que os cristãos estão errados em sentir aversão por
homossexuais praticantes e que, portanto, devem ser
compelidos pela lei civil a refrear-se e deixar de lado a suja
discriminação, estará impondo a eles o seu princípio ou
convicção moral. Além disso, criará uma classe favorecida
de pessoas que obterão uma posição injusta no mercado de
trabalho, pois, por tornar conhecida a sua perversão sexual,
o homossexual provavelmente será contratado passando
por cima de outras pessoas, para que o empregador não
seja levado ao tribunal sob a acusação de discriminação.
Justificará o afastamento de evangelistas cristãos do rádio e
da televisão, se eles condenarem o homossexualismo.
Poderá patrocinar programas de fundos federais que
promoverão e propagarão, por meio das escolas e das
bibliotecas públicas, material educacional que desculpa o
homossexualismo como um estilo de vida alternativo. Pode
apresentar uma norma e um exemplo diferentes dos
oferecidos pela monogamia heterossexual às crianças das
escolas, induzindo-as assim a atitudes e experimentações
ímpias. Pode insistir em que os programas de televisão que
apresentam o homossexualismo como natural ou desejável
não sejam impedidos de difusão pública. Pode utilizar
dinheiro público para tornar acessível moradia a pares
homossexuais.
Em resumo, impondo sua perspectiva moral a outros e
estabelecendo o homossexualismo como um direito a não
discriminação, tal pessoa efetivamente discrimina contra os
cristãos, privando-os de suas proteções e liberdades, dando
vantagem competitiva aos homossexuais, e debilitando os
padrões e a instrução do lar cristão. É preciso que haja algo
que justifique essa discriminação que torna ilegal para o
cristão tentar viver coerentemente com seus padrões
morais nas relações sociais. Por outro lado, se o cristão
discrimina contra homossexuais praticantes e considera
criminosa a sua conduta, requererá (e oferecerá) uma
justificativa moral para a sua atitude e para a sua
abordagem. De um modo ou de outro, então, a liberdade de
alguém será cerceada, e terá que recorrer às convicções
morais pessoais no cerceamento dessa liberdade.
É importante lembrar este último ponto, quando
passamos à questão sobre se o comportamento
homossexual deve ser classificado como criminoso. Como
foi previamente observado, se as relações homossexuais
são criminosas, elas não podem ter, nem direito à liberdade,
nem direito a não discriminação, pois nenhum criminoso
pode pretender que os outros são obrigados a tolerá-lo, nem
na manifestação pública nem na defesa de sua
criminalidade. Se o cristão tem bases morais para ver os
atos homossexuais como crimes, segue-se que ele tem
direito de concitar o Estado a proibi-los e a discriminar
contra aqueles que, consciente ou admitidamente,
cometem tais atos.
Naturalmente, o fato de o homossexualismo ser
propriamente tomado como crime não significa que os
homossexuais não têm nenhum direito civil e que podem
ser tratados de maneira vergonhosa ou humilhante. Eles
continuarão tendo, por exemplo, o direito do competente
processo de lei, de um julgamento justo e rápido, e de
defesa legal. Além disso, ao se procurar saber se o
homossexualismo é propriamente um crime, caso em que
poderia ser considerado como um direito civil, a questão
não é libertinagem pública, corrupção da juventude ou
prostituição. Essas questões pertencem igualmente ao vício
heterossexual e não precisam receber atenção especial
aqui. E mais: a questão civil do homossexualismo nada tem
que ver com luxúria homossexual ou com atitudes internas
do coração (como tampouco a luxúria heterossexual é
matéria pertencente à província do Estado), porquanto o
magistrado civil só trata de conduta externa, pública, com
delitos discerníveis como atos praticados abertamente.
A questão exata e precisa é se o comportamento
homossexual em si é criminoso, e assim se lhe deve negar
específica e separadamente a posição de direito civil. Tendo
estatutos civis contra os atos homossexuais, a sociedade
negaria a justiça básica aos homossexuais? A preferência
sexual de uma pessoa deveria ser indiferente para o
magistrado civil e deveria ser estabelecida como uma
liberdade civil básica?
Para responder a essas perguntas precisamos
estabelecer alguns pontos fundamentais: Qual é a precisa
função da lei dentro de uma sociedade? Quais são os limites
da coerção legal? Qual é a origem dos direitos? A vida
política não pode ser simplesmente a habilidosa
manipulação do poder; envolve respostas a questões
avaliativas e de compromisso. Requer postura moral (por
exemplo: com base na obrigação do Estado, a prerrogativa
de estabelecer a legislação, a meta da legislação, os limites
da autoridade e da legislação do Estado, e, por conseguinte,
os direitos dos indivíduos). Se um Estado não tivesse
nenhuma base moral para as suas políticas e para os seus
estatutos, não poderia diferenciar entre crime e punição;
isto é, sem uma autoridade para o que ele faz, a punição do
Estado poderia ser vista simplesmente como outro crime de
um grupo de indivíduos contra outros. Por exemplo: a
execução, o aprisionamento, e a taxação seriam meros
eufemismos para assassinato, sequestro e roubo; se ele for
arbitrário e inconsistente, pode-se concluir qualquer coisa
dele.
A resposta que alguém ofereça à questão sobre se o
homossexualismo é um crime será determinada por seu
conceito de Estado e de sua autoridade na legislação, o que,
por sua vez, provém da sua específica e fundamental teoria
moral. Está comprovado que os incrédulos têm sido
incapazes de justificar seus sistemas morais; ou têm
proposto princípios de autoridade que são tão vagos que
chegam a ser irrelevantes para questões específicas ou para
serem aplicáveis em situações conflitantes, ou têm
pronunciado juízos específicos, relevantes e validamente
morais acerca de alguma questão particular sem nenhuma
autoridade pela qual tornar sua opinião obrigatória para
outros. Ninguém tem que ler extensa literatura que trata do
homossexualismo como crime ou como um direito civil,
antes de compreender quantas vezes os proponentes de
respostas particulares deixam sem consubstanciação as
pressuposições e os procedimentos éticos que os levaram
às suas presentes convicções.
Portanto, o cristão não deve envergonhar-se de fazer
uso da sua ética bíblica para por ela deixar-se dirigir na
resposta à questão concernente à posição civil do
homossexualismo. Os incrédulos também devem recorrer às
suas convicções morais pessoais para responderem à
questão, e os seus sistemas éticos subjacentes não
impugnam exame, tanto com respeito à relevância
normativa como à autoridade. Ideias seculares ou
humanistas sobre ética e sobre o Estado, ou tendem a achar
alguma justificação para a autoridade do Estado, mas em
princípio caem no totalitarismo, ou tendem a achar
justificação para os direitos individuais, mas em princípio
caem na anarquia.
O cristão deve compreender quão necessário é fazer
uma abordagem bíblica do Estado, da legislação civil e dos
direitos pessoais. Hesitar ou recusar fazê-lo é resignar-se a
tensões, ambiguidades e arbitrariedade de esquemas éticos
autônomos e de filosofias políticas. Se Deus falou a respeito
da criminalidade do homossexualismo, o cristão não
necessita — na verdade, não deve — hesitar em fazer uso
da Palavra de Deus como suporte na relevante área da
sociedade. A alternativa é capitular a uma ética alheia na
resposta à questão — uma ética que não tem nenhuma
justificação, tem sérias discrepâncias internas, funda-se em
princípios equívocos, e não pode proteger-nos contra o
totalitarismo ou a anarquia.
Os cristãos têm um mandato para promover uma
sociedade caracterizada pela justiça. Eles reconhecem que
Deus, como Criador, tem autoridade moral sobre todas as
criaturas e sobre todas as áreas da vida. Sua vontade,
refletindo sua santidade, é um padrão objetivo do certo e do
errado para todos os homens, de todos os séculos. Por
conseguinte, os cristãos repudiarão uma dicotomia entre a
sacra esfera da graça (ou da religião), onde é seguida a
revelação de Deus, e a esfera secular da natureza, onde
padrões autônomos de pensamento e conduta governam.
Tudo na vida é religioso. Assim é que o mandato cultural
requer que todos os aspectos da vida sejam colocados sob o
domínio de Deus e consagrados a seus fins. Do coração
brotam as fontes da vida (questões políticas inclusive), e
dessa forma o coração renovado do cristão afeta a sua
abordagem da política, como também reorienta a sua
atitude para com todas as outras áreas da vida. Os cristãos
não consideram o senhorio do Senhor Jesus Cristo como
parcial em seu escopo. Ele exerce sempre e em toda parte o
seu domínio como Rei, exigindo obediência de todos os
homens aos padrões de Deus. A terra é do Senhor, e toda a
plenitude dela, o mundo e os que nele habitam; todo o
poder e toda a autoridade foram dados ao Messias
ressurreto.[254]
Com base em sua autoridade ilimitada e com a
promessa de sua ilimitada presença, Cristo chama os
crentes para a ilimitada tarefa de fazer discípulos em todas
as nações e de ensiná-los a observar tudo quanto ele
ordenou. Os cristãos não podem fugir à sua obrigação de
trabalhar pela transformação de todas as áreas da vida,
procurando acima de tudo o reino de Deus e sua justiça,
sempre com o objetivo de glorificar a Deus em tudo o que
fazem.[255] Apesar do dogma de tolerância predominante
na cultura moderna, o crente dirigido biblicamente está
comprometido com a luta pela transformação de todos os
aspectos da vida e pela sujeição de todas as coisas a Cristo.
[256] Sua influência na arena política deve ser como sal, luz
e fermento — preservando de decadência moral,
dispersando as trevas e penetrando tudo com direção
piedosa.[257]
O cristão deve tentar fazer com que a sociedade se
conforme aos padrões cristãos para a interação humana, e à
justiça nos termos em que esta é definida por Deus. Os
valores dos crentes na área da ética política não são
estabelecidos por um mundo rebelde inclinado à destruição,
nem são moldados por humanistas seculares que lutam
para aumentar a tolerância pela imoralidade pública. “O rei
que exerce a justiça dá estabilidade ao país.”[258] “Os
homens maus não entendem a justiça, mas os que buscam
o Senhor a entendem plenamente”[259] — isto é, “os que
obedecem à lei”.[260] Depois de entregar os padrões da lei
de Deus a Israel, Moisés exclamou: “Que grande nação tem
decretos e preceitos tão justos como esta lei que estou
apresentando a vocês hoje?”.[261]
É a Palavra de Deus que dirige o crente para a
verdadeira natureza da justiça e para a retidão social. São
os padrões de Deus revelados que determinam a genuína
equidade, firmam os padrões para o devido trato dos
crimes, e estabelecem os direitos humanos. Deus enviou
sua lei e estabeleceu sua justiça como uma luz para os
povos.[262] Os mandamentos de Deus são a sabedoria de
seu povo aos olhos das nações.[263] Certamente o alvo do
cristão é ver que a lei do Senhor dirigida às questões civis
externas seja honrada na legislação nacional, pois “a justiça
engrandece a nação, mas o pecado é uma vergonha para
qualquer povo”.[264] A Bíblia pronuncia condenatório ai
sobre quem estabelece uma cidade com iniquidade,[265]
porque o trono se firma pela justiça.[266]
A partir desta perspectiva necessária, o cristão pode
decidir se o homossexualismo deve ser considerado um
crime na sociedade. No longo correr do estudo, a
criminalidade ou a liberdade do homossexualismo terá que
ser decidida dentro da estrutura de algum sistema ético.
Segue-se, então, que a única pergunta que cabe fazer é:
Que sistema será? Em termos do caráter e dos defeitos dos
sistemas de incrédulos, e em termos das exigências morais
positivas da Bíblia, bem como da avaliação delas, o crente
não tem escolha senão estabelecer a questão da resposta
própria da sociedade ao homossexual sobre bases
escriturísicas. Dois tipos básicos de argumento têm sido
levantados face à ideia de que a Escritura deve determinar
se o homossexualismo é um crime ou um direito civil. Pode-
se convencionar denominá-los toscamente como “ideal de
liberdade” e “polêmica igreja/Estado”.
Com a expressão ideal de liberdade nos referimos a
uma política particular com vistas à legislação (e às atitudes
cristãs ligadas a esta), à qual foi dada clássica expressão
por John Stuart Mill no século dezenove e a qual foi utilizada
como a base da recomendação do Relatório de Wolfendan
de que o homossexualismo fosse descriminalizado na Grã
Bretanha (1957). De acordo com o ideal de liberdade, uma
pessoa tem o direito de esperar indulgência por parte dos
outros, abstendo-se estes do uso da coerção ou da restrição
contra suas atividades, a não ser que essas atividades
exerçam coerção ou restrição às atividades de alguma outra
pessoa. Fundamentalmente, isto significa que a
autoproteção é a base para a interferência na liberdade dos
outros pela instrumentalidade do Estado; se uma atividade
não fere ninguém, exceto as partes que consentem nela,
então o Estado deve deixar de legislar a respeito dessa
atividade.
Com base nessa teoria, a lei social é promulgada para
a proteção da sociedade, o crime sendo definido em função
dos efeitos prejudiciais sobre outros. Qualquer coisa que
interfira na segurança do próximo ou no exercício de sua
liberdade deve ser proibida, mas os crimes ou atos sem
vítimas, que não atingem ninguém senão os indivíduos que
voluntariamente se envolvem com eles (por exemplo: atos
entre adultos que os consentem, em privado) devem ser
ignorados legalmente. Cada pessoa tem o direito de
conduzir sua vida como lhe agrade, contanto que com isso
não viole o direito de outra pessoa de viver sua vida como
lhe agrade. Desde que a pessoa não tente coagir outras,
impedindo-as de viverem de acordos com suas próprias
escolhas ou causando dano a elas ou à sociedade, essa
pessoa deve ter a liberdade de viver de acordo com suas
próprias escolhas. Por conseguinte, uma vez que o
homossexualismo é uma forma de comportamento privado
e sem vítimas — não ameaçando a segurança nem a
liberdade do próximo — não deve ser objeto de legislação
do Estado. A preferência sexual é um direito civil indiferente
para a moralidade pública numa sociedade pluralista. Por
mais deplorável que um homem possa considerar as
escolhas de outro, esse outro homem deve ser livre para
buscar os seus interesses e as suas atividades, sem sofrer
interferência.
Devemos dar duas respostas ao ideal de liberdade. A
primeira é que, ainda que devêssemos endossar o princípio
básico (o critério para decidir quais atos são criminosos),
mesmo assim seria necessário que o cristão sustentasse
que o homossexualismo é um crime. A segunda resposta é
que existem fortes razões pelas quais o princípio básico não
pode ser aceito como um padrão para a legislação social
contrariamente às Escrituras. O ideal de liberdade não leva
à conclusão que os defensores do homossexualismo
anteveem, e o ideal é, em si, defeituoso em muitos
aspectos.
Sobre o primeiro ponto, é a vesguice que leva alguns
teóricos sociais a pensarem que o homossexualismo não
tem maus efeitos sobre a sociedade. Se as relações
homossexuais são toleradas pela lei civil, com isso deixando
esta de testificar contra a sua anormalidade e a sua
perversão e se recusando a restringir a sua ocorrência, o
Estado permite uma progressiva degradação e
permissividade com relação às questões sexuais. Isso em
detrimento da estabilidade moral da sociedade, da
dignidade dos seres humanos, do empenho de pessoas de
viverem — e de criarem seus filhos para viverem — vidas
castas, e do fundamento monógamo, que tem sido
considerado crucial para todas as sociedades civilizadas.
Fazer do homossexualismo um direito civil abriria a
caixa de pandora da imoralidade sexual e com isso
destruiria a integridade da família. Razoavelmente
poderíamos esperar que esses efeitos, por sua vez,
fomentariam uma visão degradada do homem e da sua
natureza sexual (o que em si mesmo tem implicações
significativas quanto a como as pessoas se relacionam
umas com as outras na sociedade). Isso destruiria o
fundamento da estrutura social, com seu indispensável
efeito disciplinar intermediário. As pessoas que se deixam
tornar-se infiéis perversos nas questões sexuais dificilmente
se comprovarão fiduciários aptos para gerenciar os direitos
de outros — isto é, para serem fiéis e íntegros quanto a
outros padrões ou compromissos morais.
Além disso, há perigos sociais, psicológicos e morais
que se nos antepõem quando a lei permite que
homossexuais praticantes sejam modelos visíveis para
outros, principalmente para crianças (e especialmente
crianças de pais cristãos). Professores, oficiais a serviço da
lei, vizinhos e outros que dão a conhecer que não se
envergonham de serem homossexuais, põem à mostra o
que eles consideram como um “estilo de vida alternativo”,
mas que Deus detesta como uma abominação. Assim,
mesmo que o cristão passe por alto o caso histórico de
Sodoma, permanece o fato de que a degeneração social
será o resultado da tolerância das relações homossexuais.
[267]
A lei de Deus não é um código de regras arbitrário,
sem nenhuma relevância para o bem-estar pessoal e social.
O Senhor revelou sua lei, como ele mesmo declara, para o
bem do homem e de sua sociedade;[268] só se pode
esperar que a obediência e a desobediência de uma cultura
resultarão em bênçãos e maldições.[269] Portanto, o cristão
deve acreditar que existem boas razões sociais para as leis
dadas por Deus que confinam as relações sexuais no
casamento monógamo heterossexual. Então, mesmo que
aceitássemos o ideal de liberdade, os cristãos ainda se
oporiam ao homossexualismo como direito civil e gostariam
que tal prática fosse reconhecida como crime. Afinal de
contas, o homossexualismo não é matéria individual, pois
traz dano aos que dele participam, às famílias e, em última
instância, à sociedade como um todo.
Se o homossexual for encorajado por ter o seu
comportamento tolerado pela lei, sendo sua condição aceita
como normal e sem maus efeitos, declinando, portanto, de
procurar recursos pelos quais pudesse reverter os seus
afetos e renunciar a suas atividades, poderia bem ser que a
“liberação gay” fosse conquistada à custa de uma
escravização muito mais profunda do próprio indivíduo.
Finalmente, é preciso assinalar que as leis civis contra o
homossexualismo deveriam ser encorajadas, não porque
elas eliminariam por completo tal comportamento, mas
simplesmente para garantir que as relações homossexuais
(quando existirem) seriam — como os proponentes sociais
da descriminalização da contenda da homossexualidade —
atos totalmente privados entre adultos que genuinamente
consentissem neles. Fazer do homossexualismo um crime
teria o bom efeito de aboli-lo e de manter a sua prática fora
da vista e do endosse públicos, muito embora os
homossexuais pudessem continuar a praticar a sua
perversão (como eles dizem que querem) em privado e
como adultos que consentem em tal prática.
O cristão tem todas as razões possíveis para aplicar o
ideal de liberdade de tal maneira que o homossexualismo
venha a ser um foco próprio da legislação civil. Mas os
defensores do homossexualismo provavelmente objetarão,
dizendo que o reconhecimento dos maus efeitos do
homossexualismo na sociedade supra mencionados funda-
se num compromisso com o sistema moral cristão e com a
revelação bíblica, e, portanto, não pode ser aceito para a
formação de uma política social.
Em resposta, é preciso dizer várias coisas. Primeiro, a
rejeição dos maus efeitos do homossexualismo na
sociedade repousa num compromisso com algum outro
sistema moral que não o da Escritura, e este igualmente
não pode ser utilizado na formação de uma política social.
Se o ideal de liberdade proíbe o uso de um distinto sistema
moral para avaliar as consequências do comportamento
social, então será impossível chegar a alguma política
social. Se for exigido que só se usem aqueles princípios
morais que são explicitamente sustentados por todos os
homens em comum, então, de novo, não se poderá derivar
nenhuma política — ou porque não se acharia nenhum
acordo explícito, universal,[270] ou porque o princípio
formal sobre o qual os homens concordariam explicitamente
seria tão vago ou geral que seria suscetível de aplicações
conflitantes.
Segundo, em resposta à objeção a que se use a
perspectiva bíblica para antecipar e avaliar as
consequências sociais do homossexualismo, é preciso
observar que, embora seja o cristão que reconhece essas
consequências adversas, o que ele reconhece é, não
obstante, objetivamente verdadeiro. Verdade e
assentimento são logicamente distintos, e, por conseguinte,
é fútil rejeitar as conclusões cristãs nesta área sobre a
irrelevante base de que nem todos assentem a essas
conclusões. Se o ideal de liberdade requer que
consideremos somente as consequências universalmente
reconhecidas de algum comportamento social em vez das
verdadeiras consequências, de novo será impossível formar
uma política social.
Terceiro, é incorreto pensar que somente os cristãos
têm ciência daqueles padrões morais pelos quais são
avaliados aqueles efeitos do homossexualismo. A lei de
Deus pela qual o cristão julga estas questões é conhecida,
embora não explicitamente reconhecida por todos os
homens, cristãos ou não, como Paulo ensina em Romanos
1.32 e 2.14,15. Os padrões de Deus refletem o seu caráter
moral, e todo homem é a imagem de Deus; além disso, todo
homem vive num ambiente por meio do qual Deus se revela
continuada, silenciosa e claramente. Por isso os homens
ficam totalmente sem desculpa por deixarem de submeter-
se à verdade acerca dele e de suas exigências morais; os
homens têm provisão suficiente para reconhecerem os
padrões da lei de Deus, mas se recusam perversamente a
reconhecê-los.
É incorreto pensar que, por buscarem a Palavra de
Deus para decidirem se o homossexualismo é um crime, os
crentes podem tentar impor uma ética distintamente cristã
entre os incrédulos. O fato de os crentes distintivamente
reconhecerem a ética como objetivamente válida graças à
obra divina de redenção em suas vidas, não reduz os
padrões morais deles a meras opiniões originadas
subjetivamente. Deus é o Criador de todos os homens,
como também o Redentor dos seus eleitos;
consequentemente, os seus padrões morais são
objetivamente válidos, e são obrigatórios para a sua
criatura, o homem, quer este se submeta a eles quer não.
Os padrões da moralidade genuína são universalmente
válidos e aplicáveis, e não devem ser rebaixados como algo
de alguma forma só válido para os crentes, como algo de
alguma forma unicamente cristão em seu conteúdo, como
algo de algum modo sectário. Os padrões morais divinos
são tão absolutos como o caráter de Deus, diante de quem
todos os homens são responsáveis.
Portanto, mesmo concedendo o ideal de liberdade, o
homossexualismo deveria ser proibido pelo Estado como
crime. Contudo, não deve passar despercebido que existem
defeitos críticos no ideal de liberdade, defeitos que tornam
necessário suplementá-lo com um sistema moral específico
que exceda o simples alvo ou o simples padrão de máxima
liberdade social. Há evidência disso logo no início, visto que
o ideal de liberdade precisa ser esclarecido, tornado
coerente e feito aplicável ao homossexualismo. É dever dos
adeptos do ideal de liberdade esclarecer o que se quer dizer
com “dor, prejuízo ou ofensa” que ninguém tem o direito de
causar a outras pessoas. Novos casamentos podem causar
sofrimento aos pais por mudança para outra parte do país,
onde as visitas serão muito difíceis; uma pessoa pode
causar dano emocional em seu amigo por censurá-lo; um
negociante pode causar prejuízo financeiro a outro por abrir
um negócio em competição com ele. Contudo, em nenhum
desses casos diríamos que os direitos de alguém foram
violados.
Os adeptos do ideal de liberdade não podem ir ao
outro extremo e definir a ofensa que ninguém tem o direito
de infligir a outra pessoa unicamente como violência física,
pois as ameaças e a chantagem infringem a liberdade de
uma pessoa tanto como a agressão física. Mas em geral as
ameaças não podem ser tomadas como violações
criminosas da liberdade de uma pessoa, pois, nesse caso, as
expressões faciais e os gestos pessoais poderiam chegar a
constituir uma transgressão dos direitos civis também. Daí,
é preciso que o ideal de liberdade esclareça com exatidão
que espécies de ofensa ou de prejuízo não devem ser
permitidas contra os outros, se pretende ser um critério
trabalhável para limitar a legislação civil. Isso requer que
esse modo de pensar seja suplementado com uma
perspectiva moral específica, não partilhada por todos os
homens. Nesse caso, o ideal de liberdade não é uma
alternativa independente da direção bíblica dada ao
magistrado civil, nem vai terminar na permissão da
liberdade ampla e geral originariamente prometida.
Não somente o ideal de liberdade precisa ser
esclarecido, mas também os seus proponentes precisam ser
coerentes em sua aplicação às questões sociais. Sem
coerência, a teoria se trai como insuficiente ou incorreta na
prática. Os adeptos do ideal de liberdade afirmam que o
Estado não deveria permitir nenhuma coerção contra uma
pessoa em sua livre busca de desejos, atividades, planos,
etc., a não ser que essa busca fira outras; costumeiramente
eles detestam a ideia de interferência civil na vida das
pessoas para o próprio bem delas. Não obstante, todos eles
falham em não seguirem esses princípios coerentemente,
concedendo que há exceções (por exemplo: educação
compulsória, restrições à venda de drogas, proteção contra
fraude, leis contra a crueldade com animais, muito embora
os comamos, proibição de atos sexuais com cadáveres, não
admitindo o consentimento da vítima como base para
alegação nos casos de sadomasoquismo ou de assassinato
deliberado). Além disso, os adeptos do ideal de liberdade
não se dispõem a aplicar os seus princípios às culturas
primitivas e às crianças das culturas civilizadas.
Devemos admitir que existem certos padrões de
conduta que a sociedade deveria exigir que fossem
observados, completamente à parte de considerações de
liberdade e consentimento pessoal. Aqui de novo se vê a
velada dependência de um sistema moral específico,
quando o ideal de liberdade é posto em operação, indicando
que não pode fazer da liberdade o único critério a ser
utilizado pela legislação social.
Vimos que o ideal de liberdade tem necessidade de
esclarecimento e de coerência. Mesmo que estas coisas
fossem realizadas sem recorrer a algum padrão moral além
da liberdade, permaneceria o fato de que o
homossexualismo não é uma ação que afeta só um
indivíduo. Não é possível haver envolvimento nas relações
homossexuais sem que isso envolva decisões, interesses e
ações de outra pessoa. Isso chega a ser um ato criminoso
contra a outra pessoa e uma violação dos seus direitos? Tem
isso consequências que causam detrimento a essa pessoa e
a seus melhores interesses?
Vimos que os proponentes do ideal de liberdade terão
que decidir que tipos de consequências deverão ser levados
em conta na avaliação da criminalidade, sendo que as
considerações em torno disso os levarão para além do mero
expediente de recorrer a avaliações utilitárias com relação à
liberdade. Contudo, no presente caso, os que promovem o
ideal de liberdade dirão que tais considerações, mesmo que
necessárias, estão fora de foco, porque, em relações
homossexuais sancionadas legalmente todos os
participantes consentiriam nesse comportamento — e,
nesse caso, fossem quais fossem os maus efeitos, não
teriam sido perpetrados contra a vontade deles.
No entanto, esse recurso de argumentação terá que
se analisado mais completamente para verificar se, como
intuitivamente a maioria reconhece, não se considera que o
consentimento de um participante sirva para perdoar certos
crimes como, por exemplo, sacrifício de virgens em rituais
satânicos, “overdose” de drogas, morte consensual em
relações sexuais sadomasoquistas, e filmes pornográficos.
Inevitavelmente, devemos reconhecer que os homens de
boa moral dão alto valor a outras coisas além da liberdade e
do consentimento; por exemplo: justiça (normas contra
julgamentos injustos), segurança (leis contra conspiração
para assassinato), a vida humana (leis contra todas as
formas de homicídio mal intencionado), dignidade humana
(leis contra a sedução, a difamação do caráter e a
libertinagem pública) e a integridade interpessoal (leis
contra a manipulação de pessoas por meio de falsa
publicidade e fraude). Além disso, existem algumas coisas
tão preciosas ou importantes para esta ou aquela pessoa
que muitas vezes ela sacrifica a sua liberdade por amor
delas. O ideal de liberdade não pode suster-se só, mas tem
que ser suplementado por uma consideração dos valores
morais que levarão à imposição de padrões éticos
particulares sobre outros que não os defendem.
Há outros defeitos do ideal de liberdade que podemos
mencionar em breves termos. O ideal de liberdade afirma
que cada um deve ser livre para fazer o que lhe agrade, a
menos que interfira na liberdade de outros. Podemos
perguntar com propriedade quais são as bases para a
definição desses requisitos que condicionam a liberdade
humana. Se a liberdade é de tão alto valor, como essa
teoria pretende, por que um homem que é suficientemente
forte para consegui-la (ou mesmo um homem que se julga
forte) não passa por cima das liberdades dos outros? Por
que o Estado interferiria nas ações dos homens? Acreditar
que o Estado não tem justificativa moral para tal
interferência seria lançar os homens num totalitarismo no
qual os homens fortes tiranizariam os demais. Sustentar
que o Estado é meramente uma associação voluntária, caso
em que haveria governos em competição mútua (cada qual
com seus respectivos serviços, leis, tribunais, etc.) a que os
homens se submeteriam livremente ou mudariam suas
lealdades, seria reintroduzir o totalitarismo na forma de uma
sociedade própria dos senhores da guerra. E assim, a defesa
da liberdade como o ideal para a legislação civil ou para as
relações sociais, ironicamente resultaria na perda dessa
mesma liberdade. A tolerância de absolutamente todas as
opiniões numa sociedade levaria ao relativismo e à
destruição da sociedade como um corpo de homens que se
relacionam uns com os outros mediante leis reconhecidas;
por essa razão o governo exige que os seus professores
declarem que não estão comprometidos com a sua
derrubada e passa leis contra a sedição.
Justo quando a liberdade começa, ser ela cerceada
cria um problema inevitável para o ideal de liberdade. E
esse problema não pode ser resolvido sem que se apliquem
os princípios de um sistema moral subjacente. Nesse caso, a
moralidade cristã não pode ser evitada em sua capacidade
de definir certas ações como criminosas e outras como não
criminosas. Principalmente não pode ser evitada ou
impedida à luz da incapacidade dos sistemas autônomos
incrédulos, previamente mencionados, de justificarem sua
ética e de a aplicarem de maneira válida.
Para tomar apenas um exemplo, podemos considerar
o utilitarismo como uma filosofia moral (isto é, a retidão de
um ato é avaliada com base em suas consequências,
particularmente com base em se esse ato trará o maior
benefício para o maior número). Deixando de lado muitas
dificuldades que há com essa teoria, simplesmente é de se
notar que, como teoria social, o utilitarismo leva a um
conceito sobre sanções penais na sociedade no qual se
poderia justificar a punição de partes inocentes. Por
exemplo, a execução de um homem inocente poderia ser
justificada visto que poderia maximizar benefícios com
prejuízo mínimo (por exemplo: daria paz a uma cidade
desde que parecesse que o homem que estava
aterrorizando mulheres depois de escurecer foi encontrado
e recebeu o devido tratamento, o que aumentaria o respeito
pela polícia e a confiança nesta, e desanimaria outros de
pensarem em praticar semelhantes maldades). O ponto em
foco aqui é justamente que a aceitabilidade do ideal de
liberdade terá que ser julgado com base num sistema ético
fundamental, mas todos os sistemas seculares de
moralidade, investigados, serão achados criticamente
deficientes. O ideal de liberdade deve ser avaliado como
insuficiente em si e necessitado de um fundamento cristão
para se tornar válido. Portanto, nada disso pode solapar a
conclusão que deveríamos decidir se o homossexualismo é
um crime ou não com base na Palavra infalível de Deus.
O segundo grupo importante de razões pelas quais
esta conclusão é rejeitada centraliza-se em torno de uma
polêmica igreja/Estado. A cultura secular dos nossos dias
tem levado muitos ao erro de pensarem que, enquanto
podem pessoal e eclesiasticamente condenar o
homossexualismo como pecado, não é dever dos cristãos
fazer com que os incrédulos aceitem essa avaliação nas
questões civis. Há diferença entre pecado e crime; se bem
que a Bíblia define “pecado”, é impróprio impor a uma
cultura pluralista o modo como definir “crime”. Uma vez que
os incrédulos têm a liberdade religiosa de declinar de serem
cristãos, também devem ter a liberdade civil de viverem
contrariamente aos padrões cristãos sobre o
homossexualismo. O Estado não deve ser governado pela
igreja; deve manter-se separado dela. O Estado não pode
coagir as pessoas a viverem de acordo com uma ética
distintamente cristã, porquanto o que alguns cristãos
consideram mau sobre bases estritamente escriturísticas
não deve ser considerado crime dentro de um Estado
incrédulo, a não ser no caso de demonstrável ameaça ao
público bem-estar ou ao bem comum. E, por conseguinte,
acontece que a moralidade, nos termos em que é definida
pela lei de Deus, vem a ser uma questão privada e interna
de santidade pessoal — sem relação com as questões civis.
Fundados em tão espúrias bases, muitos eclesiásticos
modernos defendem que se faça do homossexualismo um
direito civil.
Em resposta, é preciso notar que a doutrina da
separação de igreja e Estado nunca foi entendida como a
separação do Estado de todas as considerações éticas, e
essas considerações são precisamente o que a lei de Deus
apresenta. Além disso, a separação de igreja e Estado —
que foi ensinada e guardada tanto no Antigo como no Novo
Testamentos — é um assunto que trata da separação de
duas instituições e de suas respectivas funções. Isso não
acarreta uma diferente autoridade moral objetiva por trás
das duas, nem indica que Deus, como Criador, não pode
governar, por meio de sua lei revelada, a conduta de todos
os homens como suas criaturas, nem que o cristianismo
deve ser excluído da influência sobre o Estado.[271]
Não é uma ética distintamente cristã que as Escrituras
exigem que o Estado imponha (como se os incrédulos
devessem ser compelidos a tomar a Ceia do Senhor ou a
pagar o dízimo a uma igreja particular), mas simplesmente
os padrões morais de Deus universais e objetivamente
válidos. O Estado não honra estes padrões morais a fim de
se tornar uma agência do Evangelho ou a fim de dissuadir
todas as formas de pecado, independentemente da sua
condição em termos de crime. Ele simplesmente se
submete à lei moral de Deus como um padrão ético objetivo
pelo qual o magistrado deve dar forma às suas normas, na
medida em que a lei de Deus se refira a questões externas,
civis. O Estado, como igualmente a igreja, é “um ministro de
Deus”, por ele ordenado para servir a seu propósito, que,
neste caso, é a vindicação de sua ira contra os que violam a
sua lei.[272] A separação de igreja e Estado não deve ser
entendida pelo cristão bíblico num sentido que solape a
verdade de Deus revelada em sua lei. Se o entendimento
geral da separação de igreja e Estado na presente cultura
entra em conflito com o ensino da Palavra de Deus quanto
às exigências morais, objetivas sobre o magistrado civil,
então o cristão sabe o que deve rejeitar; as tradições dos
homens não podem esvaziar a Palavra de Deus.
A lei de Deus deve ser promovida publicamente,[273]
não simplesmente em nossas vidas pessoais particulares.
Sua lei deve ser levada avante entre reis e nações.[274] Os
cristãos são obrigados a reprovar as obras infrutuosas das
trevas[275] com a luz da lei de Deus;[276] quando não o
fazem, compactuam com a culpa dos pecados cometidos
mediante consentimento.[277] No momento em que os
crentes se tornam complacentes para com pecados
perversos da sua sociedade, já começaram a relaxar sua
adesão à santidade da vontade de Deus. Os valores sociais
e civis dos crentes não são estabelecidos pelo mundo
incrédulo, mas pela lei de Deus revelada. Nem todos os
pecados são crimes, mas aqueles que a Palavra de Deus
define como crimes (puníveis pelo magistrado civil) devem
ser tratados como tais na sociedade. Portanto, não é
impróprio, mas exige-se que o crente reconheça que a lei de
Deus é o padrão que indica quais pecados devem ser
punidos como crimes pelo magistrado civil.[278] O cristão,
procurando transformar todas as áreas da vida pela Palavra
de Deus, ensinará que Deus nunca abdica do trono da sua
justiça soberana a fim de submeter suas leis à sanção do
voto popular. Ele continua a exigir que se faça justiça na
sociedade — justiça como definida em sua lei — mesmo
quando os homens não gostam da sua intrusão na liberdade
deles. Quando os homens assumem uma atitude
desdenhosa para com as proibições civis expostas na lei de
Deus e tentam evadir-se à sua insistência revelada na
intolerância civil para com certos atos, eles terão que
concluir que Deus julga com indevida severidade e que eles
mesmos podem ser mais amorosos e mais humanos que o
Criador. Nem todas as nossas convicções morais devem ser
incorporadas na lei civil, mas algumas delas exigem coação
legal — até mesmo ditam “a imposição dos conceitos de um
sobre outros”, quando o comportamento deles é
considerado tão grave por Deus que requer que se lhe
imponham sanções (exemplos: assassinato, estupro,
sequestro, roubo). Recorrer à nossa sociedade “pluralista” é
simplesmente irrelevante em contextos como estes.
Nos termos da revelação bíblica, é patente que a
retidão e a justiça sociais, não a tolerância universal ou a
máxima liberdade pessoal, constituem a finalidade do
governo. Dessa forma, a gravidade moral de uma ofensa ou
de um delito deve ser aferida em conformidade com o que a
Palavra de Deus diz; onde Deus indica que o seu ministro, o
magistrado civil, deve punir certas ações, estas podem ser
legitimamente consideradas crimes pelo cristão.
Uma vez que o homossexualismo é matéria de
moralidade pública, pertence à província do magistrado civil
lidar com esse tipo de comportamento.[279] Ele deve
“vingar a ira de Deus” contra tais “malfeitores”. Os
governantes civis são ordenados precisamente com o
propósito de impor a justiça à sociedade, agindo como
deputados de Deus para expressarem sua vingança, a
vindicação da sua justiça,[280] contra os que transgridem a
lei de Deus.[281] Esta é a penetrante perspectiva da
Palavra de Deus. Tanto no Antigo como no Novo
Testamento, e concernente tanto aos governantes judeus
como aos gentios, a Escritura ensina que a soberania de
Deus nomeia e destitui governantes, os quais sustentam
direitos religiosos e, como seus deputados, são vingadores
de sua ira. Portanto, os magistrados devem impedir o mal e
honrar o bem. O que acarreta governarem de acordo com a
lei de Deus e estarem sujeitos à punição por ignorarem ou
desrespeitarem a lei. Os reis e os juízes da terra recebem
ordem para servirem ao Senhor com temor e para
exercerem discernimento.[282] Deus julga no meio dos
governantes, condenando os que governam com injustiça.
[283]
Uma vez que os seus tronos são estabelecidos sobre a
retidão e a justiça, é uma abominação os reis cometerem
iniquidade,[284] em vez de governarem no temor de Deus.
[285] Quando Paulo quer descrever o mau governante par
excellence, o governante que vai sofrer a ira judicial de
Deus, ele o caracteriza como “o homem do pecado”, o
inimigo da lei;[286] a Besta substitui a lei de Deus por sua
lei humanista.[287] Se Deus deve manter os governantes
civis responsáveis a ele pelo governo que exercem, que
padrão de julgamento ele usará, senão a sua própria lei
revelada? Pode haver pecado onde não há lei? Tornar o
magistrado responsável somente à “prudência comum” é
dissolver a ética fazendo dela mera inclinação ou sociologia;
além disso, essa atitude abre as portas para inenarrável
tirania e crueldade sob o ambíguo nome de prudência
comum. A ética cristã é a ética da lei procedente de Deus,
da lei revelada por ele. Por conseguinte, ou o magistrado
tem obrigações éticas (e nesse caso ele é responsável
diante da lei de Deus revelada), ou não as tem (o que é
terrificante, para não dizer antiescriturístico em suas
implicações).
Concluímos, pois, que a lei de Deus, no que ela se
refere ao magistrado civil, indica apropriadamente quais
ações devem se consideradas como criminosas no Estado. O
magistrado civil deve ser um ministro de Deus, vingando
sua ira contra os malfeitores, que violam sua lei. Portanto,
visto que a lei de Deus exige claramente que aqueles que
se deitam com homens como fariam com mulheres, devem
ser punidos pelo Estado,[288] não é coerente com um
conceito bíblico sobre o homem ou sobre a sociedade
endossar uma legislação que descriminalize o
homossexualismo atualmente.
Os que creem na Bíblia como a Palavra de Deus têm
direitos outorgados por Deus que os autorizam a influenciar
o Estado por todos os meios legais no sentido de que
mantenha ou estabeleça leis criminais contra o
comportamento homossexual. Por conseguinte, os cristãos
podem ou devem votar contra um projeto de legislação que
classifique os atos homossexuais como um direito civil e
que proíba a discriminação contra homossexuais
praticantes. O pluralismo da sociedade americana não
provê nenhuma justificação para repelir leis contra a
perversão sexual ou para endossar leis que punam o erro de
não estender serviços e oportunidades aos praticantes
dessa perversão. A legislação criminal contra os atos
homossexuais ou a intolerância social mais geral com
aqueles que se envolvem nesses atos é uma
“discriminação” contra os homossexuais apenas no mesmo
sentido que as leis proibindo fraudes discriminam os
mentirosos e a intolerância social com aqueles que
defraudam discrimina os ladrões. A única questão a
considerar é se o homossexualismo deve ser classificado
junto com crimes como esses. Se deve, segue-se que os
cristãos devem fazer campanha e votar de tal modo que a
atitude da sua cultura geral (pluralista) e das leis oficiais do
Estado seja a de desaprovação do comportamento
homossexual.
A Palavra de Deus não vê a atividade homossexual
como direito civil de ninguém; ao contrário, o magistrado
tem o direito outorgado por Deus de interferir no
comportamento dos homens neste ponto, coibindo o
comportamento homossexual deles ao lado dos crimes de
assassinato, sequestro, perjúrio, etc.[289] Um dos
propósitos para os quais a lei de Deus foi promulgada, diz o
apóstolo Paulo, é coibir a imoralidade pública. Ela é
empregada “de maneira adequada”[290] quando aplicada
para coibir maus atos como o homossexualismo.[291] E
uma avenida ordenada por Deus para essa coibição pública
do mau proceder é o magistrado civil.[292]
Consequentemente, o cristão verá o homossexualismo não
somente como um pecado, mas também como um crime.
Se o homossexualismo for propriamente tomado como
crime, não poderá ser considerado como um direito civil em
nenhum sentido. Os outros não terão nenhum dever
correspondente de tolerar esse comportamento porque o
magistrado civil é encarregado por Deus de puni-lo.
Tampouco os outros serão obrigados a discriminar contra
aqueles que praticam esses maus atos. Na verdade, as
pessoas têm direito de evitar ligações com criminosos no
emprego, na moradia etc.
Em toda lei civil é legislada moralidade, nalgum
sentido infringindo a liberdade de alguém. A lei civil não
visa regenerar os homens, mas simplesmente restringir ou
coibir o seu comportamento externo. Tais leis são
necessárias para que haja ordem social, estabelecendo
limites para a liberdade e os padrões públicos aos quais
todos os membros da comunidade devem conformar-se.
Deus, pois, decretou infalivelmente que a proibição das
relações homossexuais é um padrão e um limite para a
atividade humana que devem ser reconhecidos na ordem
social e impostos pelo Estado, cumprindo dessa forma a
ordenança da criação que determina o casamento
heterossexual.
Conclusão

No passado, um consenso moral geral entre as


pessoas da igreja e da sociedade como um todo tornava a
questão do homossexualismo quase vergonhosa demais
para ser mencionada em público, e certamente colocava
fora de questão a consideração dessa perversão como um
“direito”. Mas isso foi em tempos idos, e o consenso se
desintegrou. Agora o homossexualismo é defendido aberta
e atrevidamente por facções que têm voz dentro da igreja e
da sociedade, fazendo verdadeira campanha para que o
aceitemos como respeitável, ou ao menos como matéria
indiferente. A discussão e a avaliação ética do
homossexualismo — o qual está fadado a ter consequências
de longo alcance no lar, na igreja e no Estado — só podem
gerar aflição, desacordo, tensão e confusão no meio do
nosso corrente conflito ideológico e social.
Contudo, a ética cristã e a política social não são
ditadas pela opinião da maioria e pelo sentimento popular.
Apesar da campanha feita abertamente no sentido de que
os homossexuais sejam vistos como normais e sejam
tratados como as outras pessoas, os cristãos devem
permanecer fiéis a suas características distintivas, nos
termos em que estas são determinadas pela Palavra de
Deus. Isto não somente requer resistência a conclusões
ímpias, mas também requer que a integridade não seja
arrastada ou desviada por raciocínios confusos, apelos
emocionais, inferências falaciosas, fundamentos
irrelevantes e o pensamento inconsistente que muito
facilmente dominam a atual polêmica pró e contra o
homossexualismo. As nossas decisões devem ser tomadas
com base em princípios escriturísticos. E as nossas
conclusões, baseadas em tais princípios, na esperança de
que sejam apoiadas por reflexões convincentes e coerentes,
devem ser mantidas mesmo em face da impopularidade.
O discípulo de Cristo lutará também para evitar cair
em opções falazes do tipo ou isto, ou aquilo. Ele não precisa
escolher ou mostrar compaixão evangélica ou condenação
social e moral. Antes, ele não somente estará determinado
a pregar o caminho misericordioso de Deus para a
libertação redentora — a mensagem de perdão; também
será firme em sua luta pelas normas específicas de conduta
reveladas na Bíblia — a mensagem das exigências e
proibições divinas. Na verdade, aquele pressupõe estas.
Além disso, os crentes devem ter o cuidado de observar as
importantes distinções que há dentro da grande fileira de
questões acerca do homossexualismo que nos confrontam
hoje em dia. Inquirir sobre fatores de desenvolvimento
quanto ao homossexualismo não é estabelecer coisa
alguma com respeito à sua avaliação e responsabilidade
moral. Uma coisa é falar sobre os atos homossexuais, outra
é discutir a subjacente atração exercida por tais atos; o fato
de podermos distinguir entre estes dois pontos não acarreta
um julgamento ético diferente sobre cada um deles.
Responder à pergunta, “O homossexualismo é imoral?”, não
é responder a todas as perguntas sobre a relação da igreja
com aqueles sobre os quais pesa a culpa desse pecado. Há
diferença entre um homossexual assumido e praticante, e
um homossexual arrependido. Há diferença entre a maneira
como o Estado e a igreja reagem ou respondem a ambos. A
lista de distinções relevantes pode continuar.
No estudo aqui apresentado fomos levados a concluir
que o homossexualismo, em si mesmo — tanto na prática
como no desejo — é um grave pecado aos olhos de Deus. A
qualidade do sentimento, da entrega, do respeito, etc. nas
relações interpessoais, que podem existir ou não entre
parceiros homossexuais (seja isso bonito ou feio em casos
particulares), não afeta nem um pouco essa avaliação. O
homossexualismo não se torna um mal em consequência de
uma atitude má, nem se torna algo correto em
consequência de uma boa atitude para com o objeto do
desejo ou do comportamento homossexual. O
homossexualismo não é moralmente neutro. É em si mesmo
uma abominação, totalmente à parte das suas
circunstâncias. É certo que todos nós somos pecadores; mas
isso não nos desqualifica para reconhecer e deplorar, nem
nos compele a racionalizar o que a Bíblia claramente rejeita
como contrário à vontade de Deus. Devemos, pois, insistir
em que é uma opinião extremamente errônea e
eternamente danosa a que sustenta que o crescimento de
qualquer cristão em direção a um viver cristão maduro
poderia incluir a capacidade de permanecer aberto, ou
mesmo de chegar a uma plena parceria homossexual com
uma pessoa do mesmo sexo. Mais fundamentalmente, visto
que nenhuma pessoa está em liberdade, aos olhos de Deus,
para envolver-se num esquema voluntário de irrestrito
pecado de qualquer espécie e em qualquer área da vida, a
Bíblia exige firmemente que a participação como membro
comungante (e com isso a ordenação) na igreja seja negada
em princípio aos homossexuais não arrependidos —
exatamente como é feito com os adúlteros, os enganadores,
os racistas e outros não arrependidos.
Esta conclusão não é abrandada pela consideração
dos antecedentes culturais e a alegada ignorância dos
escritores bíblicos, nem é ela restringida ou refutada por
estudos modernos de psicologia, medicina e sociologia.
Deus não contraria — e não se vê que o tenha feio — a sua
clara mensagem na Escritura por informação revelada por
meio da natureza, ou da história, ou de qualquer esfera da
criação. A Palavra de Deus escrita apresenta a distinção
homem-mulher como parte do desígnio de Deus para a
humanidade, exigindo que as relações sexuais estejam
dentro dos limites da monogamia heterossexual.
Considerações sobre a “constituição” psicológica de alguém
e sobre estatísticas sociológicas, não estão em condições de
contradizer a declaração feita pela Escritura de que os
desejos e os atos homossexuais são perversões. O
homossexual é moralmente responsável pela atração
exercida sobre ele por membros do mesmo sexo e pelas
relações sexuais com eles. Isso é certo, independentemente
de como a pessoa pensa sobe a ambígua questão referente
a se o homossexualismo é escolhido conscientemente, e
independentemente do que a luz da ciência possa lançar no
futuro sobre as forças psicossociais que inclinam pessoas
para o homossexualismo. (Refiro-me à luz “futura” porque é
manifesto a qualquer observador seriamente responsável
que as ciências não têm uma posição estável, clara e
fortemente comprovada que lhe permita asseverar que
chegou a um progresso propiciado por um consenso de
“especialistas” na presente hora.) Se futuras descobertas
nas áreas da psicologia, da medicina ou da sociologia são
estritamente irrelevantes para alterar a avaliação moral do
homossexualismo, vê-se então que o argumento que fala da
“incapacidade” dos escritores bíblicos do passado de
conhecerem os resultados destas descobertas é
inconsequente.
Afinal de contas, aqueles que querem discordar do
juízo da Escritura segundo o qual o homossexualismo é, em
si, imoral, terão necessidade de assumir uma perspectiva
da Escritura que é contrária ao seu próprio testemunho.
Opiniões éticas divergentes sobre o homossexualismo
sustentadas por cristãos professos quase sempre remontam
a diferentes opiniões sobre a autoridade da Escritura.
Alguns veem a Bíblia como tendo sido escrita por homens
cujas opiniões eram materialmente condicionadas por seu
tempo e lugar (e não simplesmente condicionados com
referência à linguagem e aos modos de expressão);
segundo esse conceito, os ensinos da Bíblia podem ser
postos de lado, refutados ou restringidos pelos eruditos
modernos. Os que assim pensam não consideram as
palavras da Escritura como palavras de Deus, que fala com
inquestionável autoridade e veracidade. Outros abordam a
questão do homossexualismo desejosos de permanecer no
que a Bíblia, como a Palavra de Deus infalível e plenamente
inspirada, diz, e procurando ver o trabalho de vários campos
de esforços à luz do ensino primário da Escritura. Alguns
abordam a Bíblia entendendo que ela contém uma
perspectiva evolucionária ou incoerente sobre as questões
morais, levando assim alguns a contraporem os
mandamentos do Antigo Testamento à atitude do Novo
Testamento, e levando outros a julgarem alegações
conflitantes com base em alguma outra consideração ou em
algum outro padrão. Por outro lado, alguns consideram a
ética bíblica uniforme em seu conteúdo e permanentemente
obrigatória, tanto o Antigo como o Novo Testamento, e com
isso nos consideram obrigados a extrair as nossas
conclusões pessoais e sociais baseados em cada traço da
Palavra de Deus revelada.
Por conseguinte, os problemas com que nos
defrontamos hoje em dia são mais profundos do que a difícil
questão do homossexualismo. A autoridade da Palavra de
Deus e a normatividade de sua lei também estão em jogo. A
contínua pressão da propaganda pública tende a desgastar
a resistência do crente ao homossexualismo baseada na
Palavra de Deus, dessa forma também solapando o seu
conceito sobre a Escritura. O desvio do ensino divinamente
autorizado da Bíblia sobre a questão do homossexualismo,
quer nas dimensões pessoais, quer eclesiásticas, quer
sociais, é manifestamente rumo à concessão. Com renovada
convicção e firmeza, a igreja de Cristo deve pronunciar a
genuína e definida Palavra de Deus no concernente ao
homossexualismo. Este é uma perversão e um pecado,
degrada o homem como imagem de Deus e merece a ira
eterna. A continuada indulgência desqualifica a pessoa para
participar como membro do corpo de Cristo e para a
ordenação para o serviço cristão.
Assim como esta conclusão não é abrandada pela
ciência empírica nem por um estudo crítico da Escritura,
igualmente não autoriza uma inflexível rejeição do
homossexual. A igreja não pode ser fiel à sua missão na
terra e dar as costas à evangelização dos homossexuais,
devendo aceitá-los, quando se arrependem, à comunhão
dos crentes e alimentar o seu crescimento na santificação.
Neste aspecto o homossexualismo não é uma categoria
separada de pecado, como se fosse imperdoável ou se
colocasse o transgressor numa condição perpetuamente
intocável aos olhos da igreja. O interesse do Evangelho é
pelos injustos — sem distinção. Isto elimina qualquer atitude
de superioridade entre os pecadores salvos pela graça. Isto
compromete cada crente ao mútuo amor e à mútua
edificação entre todos os que pertencem a Deus, sejam
quais forem os seus antecedentes. O Evangelho nos chama
a todos ao cálice comum do Senhor. Como tal, o Evangelho
não dá lugar para desprezo e temor do homossexual
(popularmente rotulado como “homofobia” hoje em dia),
nem de uma atitude desdenhosa que impeça o crente de
levar-lhe a esperança da libertação operada por Deus em
sua maravilhosa graça.
A questão social, porém, é se o comportamento
homossexual aberto (conhecido mediante competente
processo legal) deve ser um crime aos olhos do Estado, e se
é permissível às pessoas discriminarem contra
homossexuais assumidos em oportunidades e serviços que
de outro modo seriam estendidos a eles. Terão os
homossexuais direito civil às suas atrações e relações
sexuais, de tal modo que o Estado não deva ter leis contra
os atos homossexuais, mas, deve, antes, ter leis que
proíbam aos empregadores e proprietários que discriminem
contra homossexuais declarados? Os sofrimentos injustos
dos homossexuais no passado (por exemplo:
aprisionamento, perseguição, julgamentos preconceituosos)
não são relevantes para responder a tal questão; tampouco
uma resposta negativa à questão justifica fazer com que os
homossexuais sofram de qualquer modo que se possa
conceber. A questão é simplesmente se o homossexualismo
é um direito civil em algum sentido. Não se pode definir isso
com base no que pode ser percebido por algum grupo
particular como benéfico ou prejudicial às partes envolvidas
e afetadas, mas, antes, com base no que a ordem moral
incondicional de Deus requer. Se os atos homossexuais não
forem restringidos pela lei civil, seguir-se-á que a
comunidade em geral será “prejudicada”, dizem alguns.
Mas, se os atos homossexuais forem declarados crimes,
então as sanções impostas ao homossexual o
“prejudicarão”, dizem outros. Alguns argumentam que, ao
permitir que um homossexual declarado ensine crianças,
esses estudantes estarão sendo “prejudicados”. Ainda
outros arrazoam que negar emprego ao homossexual lhe
causará “prejuízo”. Que “prejuízo” será moralmente decisivo
(que espécie de prejuízo, e de quem)?
A questão dos direitos civis para os homossexuais não
pode ser respondida com base nos sofrimentos passados
(quer dos homossexuais quer dos seus oponentes), nem no
benefício ou prejuízo percebido (aos homossexuais ou à sua
comunidade social). O ponto em foco é realmente sobre a
função da lei civil, seu fundamento moral e o lugar do
Estado. O cristão tem bases bíblicas para atitudes
particulares em face de cada uma destas questões. O
Estado é ordenado por Deus para servir como seu ministro,
reprimindo e punindo aqueles que violam os seus
mandamentos, quando estes tratam de relações civis.
As instituições governamentais não estão autorizadas
a proteger os cidadãos de qualquer imoralidade, nem de
qualquer perigo moral. É preciso distinguir entre pecado e
crime — objetivamente, não pela opinião da maioria. A
maioria pode muito bem determinar que coisas na prática
devem ser consideradas crimes dentro de uma sociedade
particular, mas a opinião da maioria não é o padrão objetivo
para definir o que de fato deve ser tomado como criminoso.
A atitude cristã não é determinada por um barômetro social,
mas pela Palavra de Deus. Nela podemos discernir tanto os
limites da interferência do Estado nas questões morais (por
exemplo: ele não tem autoridade para punir o hábito de
comer demais), como também as suas exigências positivas
(por exemplo: ele deve vindicar a ira de Deus contra o
roubo, o assassinato, etc.). Portanto, as leis que puniriam os
homossexuais, sendo eles réus convictos, e que
defenderiam o direito do indivíduo de privar os
homossexuais assumidos de associação social,
oportunidade ou serviços, não seriam baseadas
simplesmente no fato de que o homossexualismo é imoral.
De outro modo, tais leis e direitos de discriminar se
aplicariam a todos os homens, pois todos pecam (e
terrivelmente). Mais uma autorização, uma sanção
específica, se requer para considerar o pecado homossexual
(em atos abertos) como criminoso ou como merecedor de
discriminação social.
Foi argumentado acima que o padrão pelo qual os
seguidores de Cristo decidem quais pecados devem ser
também considerados como crimes não é o ideal de
liberdade. Este é ambíguo e incongruente, e é uma
inverdade dizer que uma comunidade só pode restringir
(por meio de leis criminais ou do direito de discriminar)
certas práticas, se o exercício delas prejudica um
significativo grupo de pessoas de algum modo importante,
nos termos em que tal fato é discernido por evidência ou
comprovação empírica aceita pela maioria dos cidadãos. Ao
contrário, o padrão objetivo quanto aos crimes é a lei de
Deus revelada. Como se viu no estudo anterior, Deus
mantém os magistrados responsáveis diante dele, exigindo
que eles governem de acordo com a justiça revelada em
sua Palavra. Os padrões de moralidade social firmados na
Escritura são tão válidos hoje e devem ser promovidos pelo
crente, como os padrões da moralidade privada. Uma vez
que a lei de Deus exige que o Estado restrinja ou reprima a
atividade homossexual, há justificação moral para o cristão
dar apoio a leis criminais contra o homossexualismo e para
negar oportunidades sociais e serviços aos que
sabidamente praticam atos homossexuais.
O fato de que, de acordo com o padrão moral objetivo
da Palavra de Deus, os atos homossexuais são criminosos,
não significa, é claro, que toda sociedade, na prática,
obedecerá à diretriz de Deus.
A tese defendida neste estudo é que os Estados que
se disponham a fazê-lo têm justificativa moral para tornar o
comportamento homossexual sujeito a sanção civil, e que
os cristãos devem opor-se à descriminalização do
homossexualismo na sociedade moderna. Além disso, e
mais dentro do objetivo que visamos em nossa situação
imediata, o Estado não deve proibir a discriminação social
contra os homossexuais com relação a emprego, moradia,
serviços e acomodações, e os cristãos têm plena
justificação para trabalhar confiantemente contra leis que
proíbam a discriminação baseadas em comportamento
homossexual assumido.
A conclusão de que o Estado está certo em restringir a
atividade homossexual aberta e que a discriminação contra
homossexuais praticantes é moralmente permissível,
certamente não significa que a atividade homossexual
cessará ou se tornará impossível. Simplesmente significa
que essa atividade criminosa não pode ser divulgada,
exibida ou promovida. As restrições legais ou sociais contra
o homossexualismo devem ter o efeito de confiná-lo de
modo que, se for praticado, que o seja secretamente e fora
da influência pública. Leis que proíbam o comportamento
homossexual por um lado, e a discriminação contra
homossexuais declarados por outro, garantiriam que os atos
homossexuais seriam praticados em privado, entre adultos
que o consentem. A mesma coisa é válida a respeito de
vários outros crimes: as leis exerceriam coação sobre eles,
e, contudo, eles seriam praticados privadamente. O fato de
que alguma atividade criminosa pode ser cautelosamente
pretendida e assim ser cometida em secreto o suficiente
para escapar das sanções, não altera o caráter criminoso de
tais atos nem o caráter apropriado das leis civis que os
proíbe. Com tais leis é eliminada a exibição e a busca
pública de tais atividades.
Ao concluirmos que o homossexualismo é um pecado
de perversão e que os homossexuais não arrependidos não
podem ser admitidos na igreja, achamos necessário avançar
mais um pouco e explicar que isto não é dar licença para
irrestrita rejeição do homossexual, o que eliminaria toda
preocupação evangelística e negaria a comunhão cristã aos
arrependidos. Igualmente, na área da moralidade civil, o
fato de o homossexualismo dever ser visto como um crime
e os cidadãos deverem ter o direito de discriminar contra os
que o praticam, não dá licença ao Estado para coibi-lo de
maneira imprópria. Os métodos de investigação e de obter
confissão, e o tratamento dado aos acusados pelos oficiais
responsáveis por impor a lei, se considerados injustos
noutros contextos, também são injustos quando aplicados
aos homossexuais. Consequentemente, o uso de técnicas
de aprisionamento, invasão da privacidade, hostilidade,
campanhas de perseguição (nas quais somente uma classe
de transgressores é separada para ser objeto de
perseguição e de punição), e qualquer outra coisa contrária
a um justo tratamento dos cidadãos, não pode ser
desculpado com base em que o homossexualismo não é um
direito civil. Numa sociedade justa regida por lei, mesmo os
acusados de atividade criminosa não são privados de todos
os direitos civis. O cristão deve insistir nisso tanto quanto
insiste em que os atos homossexuais devem ser
sancionados pela lei civil.[293]
Qualquer posição definível e clara tomada sobre a
questão do homossexualismo atualmente vai se comprovar
inflamável; todavia, as tentativas de forçar um recurso
intermediário nada mais serão do que equívocos inúteis. O
certo é que os extremos antibíblicos têm que ser evitados.
Nem todos os homossexuais podem ser classificados como
sedutores que corrompem crianças pequenas. Por outro
lado, a oposição às leis que proíbem a discriminação contra
os homossexuais não deve ser alinhada com a Inquisição ou
com o movimento nazista. Tais polarizações violam o nono
mandamento. E mais: é preciso assumir uma posição
baseada na Bíblia, mesmo que se mostre impopular. O único
equilíbrio genuíno disponível ao crente — equilíbrio que
evita os extremos, mas que não escapa de controvérsia — é
o ensino infalível da Palavra de Deus escrita. Hoje, como
sempre, esta é a luz em nosso caminho que pode impedir
que tropecemos.
Vimos, pois, que este estudo ensina que o cristão
deve ter uma resposta dupla para o homossexualismo. Ele
deve trabalhar pela justiça na sociedade, enviando petição
ao magistrado civil no sentido de que ele vindique a ira de
Deus contra os malfeitores, e deve trabalhar pela salvação
de homossexuais individuais, repreendendo o pecado e
oferecendo a graça renovadora de Deus no Evangelho. A
evangelização não é incoerente com o endosso da lei de
Deus, pois a Grande Comissão exige ambos.[294]
Por conseguinte, a atitude do cristão para com o
homossexual deve ser paralela à sua atitude para com
outros criminosos. Embora não querendo que eles sejam
livres para praticar os seus pecados sem punição justa,
ainda assim o cristão deve ter compaixão que os mova a
evangelizarem aqueles que se colocam diante de uma
punição muito pior aplicada pelo trono de Deus. O cristão
deve preocupar-se em expurgar o mal social de sua terra,
como também em levar todos os que se arrependam à fé
em Jesus Cristo. Contrapor um dever ao outro é não sujeitar-
se ao que a Bíblia toda diz sobre o homossexualismo. O
homossexualismo não é um direito civil. Não somos
obrigados a respeitar sua prática e a deixar de intervir
contra aqueles que se envolvem com esse pecado. Mas nem
mesmo o homossexualismo é uma barreira para a entrada
no reino de Deus por meio da conversão.
O cristão dirigido pela Palavra de Deus deve evitar
uma simpatia ímpia pelo homossexual e um ódio ímpio ao
homossexual. Tolerar o homossexualismo no espírito da
libertação gay ou da igreja gay é um tremendo desrespeito
para com as retas exigências de Deus. Tratar o criminoso
homossexual como objeto de reabilitação, e não de
retribuição, é descartar a função coibidora da lei de Deus
revelada e, dessa forma, abandonar a sociedade às vis
condições descritas pelo apóstolo Paulo. Contudo, consignar
o homossexual a um lugar que esteja fora do interesse
evangelístico, e detestar este pecado como sendo pior que
o pecado daquele que o detesta, ou discriminar contra os
homossexuais convertidos que desejam participar do culto e
da comunhão da igreja, é uma indignação injusta e um
orgulho também injusto. Pode ser mais fácil tomar uma
atitude extrema, ou de hostilidade refletindo justiça própria,
ou de simpatia injusta, mas nenhum desses extremos
agrada ao Senhor. Para agradá-lo, a nossa atitude deve
refletir a dele — em toda a sua pureza e graça.
Apêndice 1

Homossexualismo e o Mistério de Cristo

Vincent Cheung

Uma das consequências mais destrutivas do pecado é


o antropocentrismo. A mente do homem se tornou tão débil
que é incapaz de se pôr à frente de si mesma para
compreender os princípios eternos dos quais toda sabedoria
é derivada. Ao não ter nada diferente de ou maior que si
mesmo como ponto de referência, o homem faz de si
mesmo o princípio primeiro de seu pensamento, a fonte de
suas suposições e o padrão para todo julgamento. Isso
deforma a tal ponto a visão de mundo do homem que,
inevitavelmente, ele acaba chegando a conclusões
irrealistas em teologia, ciência, moralidade, sexualidade e
em todos os demais assuntos.
Jesus Cristo muda tudo. Ele nos converte pelo seu
poder e reorienta os nossos pensamentos através de sua
palavra. Traz-nos a verdade e capacita-nos a crer na
verdade. A verdade é que Deus é o criador e governador de
toda a criação. Ele é a fonte de toda vida e de toda
inteligência. Só ele define o certo e o errado. Logo, Deus é o
princípio primeiro dos nossos pensamentos, a fonte das
nossas suposições e o padrão para todo julgamento. Assim,
na fé cristã, mesmo quando falamos do homem ou da
sexualidade humana, partimos de Deus e de sua revelação
em Jesus Cristo.
Deus criou Adão, o homem, à sua própria imagem
divina. Fez desfilar então perante ele todos os rebanhos
domésticos, as aves dos céus e todos os animais selvagens;
e o homem deu nome a todos eles. Entre os animais não se
achava auxiliadora ou companheira idônea. Às vezes as
pessoas consideram que é melhor ter cachorros e gatos
como companheiros a estar com seres humanos e sofrer
todas as complexidades, traições e aborrecimentos das
relações humanas. Esse é uma evidência dos estragos que o
pecado tem causado; pois é verdade que frequentemente
os seres humanos são terríveis companhias, mas no
princípio não era assim. Aqueles que preferem animais a
seres humanos e aqueles que preferem seres humanos a
Deus, servem como testemunho contínuo da condição caída
do homem. Estão dispostos a se contentar com um tipo
inferior de comunhão e, de fato, são incapazes de ter
comunhão num plano superior. Um animal jamais pode ser
uma companhia adequada para o homem. Mas às vezes um
homem prefere um animal porque o pecado reduziu ele — o
homem — e outros a tal forma que agora eles se sentem
mais confortáveis com um arranjo inferior. Todavia, Deus
não mudou — ele continua a ser a companhia perfeita para
o homem, não fosse o fato de o pecador agora odiar e evitá-
lo.
Como de praxe, Deus interage com a sua criação não
porque quer aprender algo, mas porque quer ensinar algo.
O objetivo era encontrar uma companheira idônea para o
homem, e entre os animais não se achava nenhuma. Assim,
quando Deus lhe fez uma companheira, a deliberação do
ato criativo e a idoneidade da criatura se tornaram de todo
evidentes. Em vez de encontrar o melhor que estava
disponível, uma companheira que fosse relativamente
idônea, Deus faria uma que fosse exatamente perfeita. A
finalidade de Adão não era apenas de arar o solo; sua
característica principal era o fato de ser ele a imagem de
Deus. Quando se diz que nenhum animal era idôneo para o
homem, isso não significa simplesmente que nenhum era
interessante o suficiente para entretê-lo ou suficientemente
capaz de ajudá-lo em seu trabalho; significa também que
nenhum poderia complementá-lo na sua condição de
pessoa que reflete a imagem de Deus.
Assim, Deus fez o homem cair em profundo sono e,
enquanto este dormia, Deus tirou-lhe uma das costelas e
fechou o lugar com carne. Então Deus fez da costela uma
mulher e apresentou-a ao homem. Adão disse: “Esta, sim, é
osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será
chamada mulher, porque do homem [295] foi tirada”
(Gênesis 2.23, NIV). Deus não trouxe ao homem um peixe,
pássaro, macaco ou elefante. Trouxe outro ser humano que
era diferente de Adão e adequado para ele. As
características e funções corporais de ambos se
complementavam — não havia qualquer conflito ou
redundância; havia uma combinação. A mulher era a
companhia ideal para o homem e, indubitavelmente, o
homem para a mulher. E como sugere o restante da
Escritura, a harmonia dos dois sexos não se limitava ao
corpo, mas eles se complementavam em seus intelectos e
personalidades também. E o mais importante de tudo, eles
se complementavam em refletir a imagem de Deus.
Deus não trouxe outro homem a Adão, mas como
Adão veio a reconhecer, este outro ser humano “do homem
foi tirad[o]”. Posteriormente os seres humanos aumentariam
em número através da procriação sexual, de forma que
cada mulher após Eva não viria do lado de um homem,
assim como cada homem após Adão não viria diretamente
da terra. Ainda, diz a Escritura: “Por essa razão, o homem
deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se
tornarão uma só carne” (2.24). Adão e Eva não tinham pais
humanos, mas, a partir de seu relacionamento, a Escritura
deriva princípios para os futuros pares que teriam pais,
mostrando que esse relacionamento funcionaria como um
tipo ou padrão para aqueles que se seguiriam. Isto é, num
relacionamento sexual entre seres humanos, um dos
membros é como aquele que foi tirado da terra, e o outro é
como aquele que foi tirado do homem; se assim não fosse,
o relacionamento seria essencialmente dissimilar do padrão
estabelecido por Adão e Eva e exibiria uma distorção da
imagem de Deus, não uma verdadeira semelhança.
Conquanto o relato da criação seja um argumento
forte e decisivo, ele nos apresenta algo ainda maior, e esse
algo envolve o ponto anterior. Em sua carta aos efésios
(5.22-23), Paulo ensina que o casamento deve imitar o
relacionamento entre Cristo e a igreja. O marido é o cabeça
da esposa assim como Cristo é o cabeça da igreja; logo, o
marido deve amar a sua esposa assim como Cristo amou a
igreja e se dedicou a ela. A esposa é o corpo do marido
assim como a igreja é o corpo de Cristo; logo, a esposa deve
se submeter a seu marido assim como a igreja se submete
a Cristo em todas as coisas.
Paulo não diz que a união entre Cristo e a igreja é
modelada segundo o casamento humano; ao contrário, diz
que o casamento humano deve ser como o relacionamento
entre Cristo e a igreja. Ainda mais notável é a referência
paulina a Gênesis 2.24: “Por essa razão, o homem deixará
pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão
uma só carne”. Ele observa que “somos membros do seu
corpo”, mas declara isso como sendo o cumprimento de
Gênesis 2.24, significando assim que Gênesis 2.24
incorporava essa ideia desde o princípio.
Em outras palavras, não é que o relacionamento entre
Cristo e a igreja tivesse tomado seu padrão de Gênesis
2.24, mas Gênesis 2.24 é que recebeu o seu padrão de
Cristo e a igreja. Ao passo que Gênesis 2.24 faz do
casamento de Adão e Eva um tipo para os casais futuros, a
união entre Cristo e a igreja é de fato o arquétipo para todos
os casamentos, incluindo aquele de Adão e Eva. O apóstolo
chama isso um “mistério profundo”, o que na Bíblia não
quer dizer algo difícil de entender, mas uma informação
oculta até certo tempo e tornada simples e óbvia assim que
divulgada pela revelação. O significado pleno do casamento
humano não tinha sido relevado, pelo menos não em termos
tão explícitos, até a vinda de Jesus Cristo.
Mais uma vez, o emprego paulino de Gênesis 2.24
mostra que, embora o casamento de Adão e Eva tenha
fornecido um tipo para casamentos futuros, ele de fato foi
derivado do arquétipo da união entre Cristo e a igreja. E
embora o casamento e a sexualidade humana tenham
começado na criação e deixarão um dia de existir (Mateus
22.30), a união de Cristo e a igreja foi preordenada antes da
criação do homem e seguirá eternamente. Portanto, o
casamento humano é um reflexo de Cristo e a igreja. Isso
tem sido assim desde Adão e Eva. Embora a união entre
Cristo e a igreja não seja um relacionamento sexual, a igreja
é retratada como fêmea e como a noiva de Cristo; assim
também, temos estabelecido que Gênesis 2.24 se refere ao
casamento entre um homem e uma mulher. Isso por sua vez
significa que os relacionamentos que se desviam desse
padrão — que são adúlteros, homossexuais, religiosamente
mistos e assim por diante — são incapazes de
apropriadamente refletir e honrar a união de Cristo e a
igreja, e, portanto, são inerentemente inferiores,
defeituosos e pecaminosos.
Um animal pode ser um bom alimento ou bom bicho
de estimação para o homem, e um homem pode ser um
bom amigo ou bom parceiro de negócios para outro homem;
mas um animal ou homem nunca podem ser uma
companhia adequada para outro homem, e um animal ou
uma mulher nunca podem ter a intimidade “osso dos meus
ossos e carne da minha carne” com uma mulher, como
tipificada por nossos primeiros pais. Isso é algo que todos
nós percebemos. Sabemos disso por natureza, por instinto,
por razão e por revelação. Mas assim como os homens, em
sua impiedade, suprimiram seu conhecimento de Deus “e
trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas
segundo a semelhança do homem mortal, bem como de
pássaros, quadrúpedes e répteis” (Romanos 1.23), eles
também suprimem a verdade sobre a natureza e
sexualidade humanas, de forma que “até suas mulheres
trocaram suas relações sexuais naturais por outras,
contrárias à natureza” e “os homens também abandonaram
as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de
paixão uns pelos outros” (1.26-27).
Sempre que nos desviarmos do programa de Deus,
inevitavelmente terminaremos com algo grotesco e
destrutivo. Assim, quando abandonam o Deus imortal, os
homens passam a adorar aquilo que é inferior, e seus
deuses se tornam meras imagens de homens, ou mesmo
pássaros e bestas. Da mesma forma, os relacionamentos
homossexuais são inerentemente inferiores porque
abandonam o programa de Deus para o casamento e a
sexualidade. Assim como a idolatria é uma afronta à
natureza e majestade de Deus, representando-o com
imagens de pássaros, touros e demônios, a
homossexualidade é uma afronta a Jesus Cristo, que ama
sua noiva e deu sua vida por ela. O homossexualismo nunca
pode ser uma expressão de amor, mas será sempre uma
demonstração de quão contrários a Deus nos tornamos por
causa do pecado.
Focamos aqui o homossexualismo porque ele é o
nosso tópico, mas críticas similares se aplicam à fornicação,
ao adultério e ao casamento entre um cristão e um não
cristão, a um casamento em que a esposa recusa submissão
ao marido, ou a um casamento em que o marido não ama a
esposa tal como Cristo ama a igreja. De fato, o
homossexualismo é uma forma grosseira de perversão e
uma manifestação mais óbvia da depravação humana, mas
condenamos todas as uniões ou arranjos que se desviam do
desígnio de Deus.
Visto que condenamos todas as uniões ou arranjos
que não refletem a imagem de Deus e não honram o
mistério de Cristo, e visto que estas são algumas das razões
para mostrarmos oposição, aqueles que praticam ou
endossam o homossexualismo não divergem de nós
meramente em uma questão de abrangência limitada;
antes, a postura deles representa uma rejeição
indiscriminada da fé cristã em sua própria essência. E isso
significa que essas pessoas não podem ter parte na
salvação. Ou como escreve o apóstolo: “Embora conheçam
o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam
tais coisas merecem a morte, não somente continuam a
praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam”
(1.32). Por essa razão, a ira de Deus é revelada do céu
contra esses homens e mulheres ímpios (1.18).
Existe muita resistência a essa mensagem. À medida
que os homossexuais e simpatizantes se tornam mais
estridentes e agressivos, começam a exibir uma
semelhança perturbadora com os homossexuais de
Sodoma. Os anjos que visitaram a casa de Ló
provavelmente aparentavam ser dois homens
extraordinariamente bonitos. Os homossexuais exigiram:
“Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite?
Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos relações
com eles” (Gênesis 19.5). Mas em vez disso, Ló ofereceu
suas próprias filhas para eles estuprarem e abusarem (v. 8).
Em vez de sentir vergonha, o povo se encheu de indignação
e disse: “Este homem chegou aqui como estrangeiro, e
agora quer ser o juiz! Faremos a você pior do que a eles” (v.
9). E é isso o que os homossexuais e simpatizantes dizem.
Eles se queixam: “Quem são vocês para nos julgar?”.
À medida que eles continuam a aumentar a sua
propaganda e intimidação, não é improvável imaginar que
possam eventualmente acrescentar violência ao seu
repertório e se tornar os sucessores completos dos
sodomitas. Este não é um “argumento derrapante”, pois um
argumento assim deixaria a impressão de que esse, de fato,
é o resultado final que queremos evitar. Tal ponto de vista
seria extremamente leniente. Em vez disso, quero dizer que
mesmo sem a violência, e mesmo sem o estupro e o abuso,
o homossexualismo em si já é uma transgressão condenável
da lei e desígnio de Deus.
Quero dizer que Sodoma nos oferece uma prévia de
como as coisas podem se tornar. É um relato realista do que
homens pecadores farão e até onde irão a fim de
alcançarem liberdade para viver vidas perversas. Não é algo
improvável ou forçado, pois Sodoma nos mostra que isso já
aconteceu antes. Com isso, não se quer dizer que o
homossexualismo em si leve a tudo isso — Davi cometeu
assassinato para encobrir seu adultério, mas o adultério em
si não leva ao assassinato. Todavia, quando o pecado em
todas as suas facetas, incluindo o homossexualismo, tem
permissão para se desenvolver, o resultado tende a ser uma
explosão de violência e destruição. Ademais, a sociedade
que consente com o homossexualismo e outras perversões
é o ambiente que também encoraja o crescimento de todos
os tipos de perversão, pois é o tipo de sociedade que se
rebelou contra os mandamentos de Deus.
Jesus Cristo é o único antídoto, e como seus
discípulos, os cristãos devem tomar uma posição e declarar
a mensagem do Senhor e o padrão dele. Aqueles que
pecam são miseráveis e desprezíveis. Mais miseráveis e
desprezíveis são aqueles que pecam e se recusam a admiti-
lo. E ainda mais miseráveis e desprezíveis são aqueles que
pecam, se recusam a admiti-lo e então, mediante
propaganda e intimidação, compelem outros a aprovar o
seu pecado. É este o tipo de pessoa que enfrentamos.
Portanto, seja forte no Senhor e seja revestido do seu poder,
para que assim você possa resistir e, depois de ter feito
tudo, consiga permanecer inabalável. E que tomemos a
decisão de suportar a oposição por amor aos eleitos de
Deus. Alguns dos escolhidos estão enlaçados pelo
homossexualismo, mas suas almas despertarão para a
justiça quando ouvirem o chamado de Deus. Como está
escrito: “Como são belos os pés dos que anunciam boas
novas!”. Eles estão esperando que lhes digamos
“Regozijem-se! Jesus Cristo veio para vos libertar!”.
Apêndice 2

Homossexualismo e a Ira de Deus

Vincent Cheung

Por causa disso Deus os entregou a paixões


vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas
relações sexuais naturais por outras, contrárias à
natureza. Da mesma forma, os homens também
abandonaram as relações naturais com as mulheres e
se inflamaram de paixão uns pelos outros.
Começaram a cometer atos indecentes, homens com
homens, e receberam em si mesmos o castigo
merecido pela sua perversão… Embora conheçam o
justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam
tais coisas merecem a morte, não somente continuam
a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as
praticam (Romanos 1.26-27, 32).

Quando Paulo prova que todos pecaram e carecem da glória


de Deus, cita a homossexualidade como um exemplo
primário de impiedade. Esse julgamento é ofensivo a não
cristãos, sendo rejeitado até mesmo por uma parcela
significativa da Igreja contemporânea. Em resposta, eles
oferecem inúmeros argumentos inúteis.

Há o argumento que “amor é sempre algo certo”. Eles


dizem: “Como pode ser errado duas pessoas se amar,
mesmo sendo do mesmo sexo? Se elas se amam, isto é bom
e certo”. É verdade, amor nunca é algo errado. Mas o que é
amor? A Bíblia diz que amor é uma síntese da lei de Deus. É
uma síntese do que Deus diz sobre como devemos tratar as
pessoas. Como Deus proíbe a homossexualidade, a
homossexualidade nunca parte do amor, e o amor nunca
leva ou coexiste com a homossexualidade.

De fato, acolher ou mesmo agir a partir de uma atração


homossexual por outra pessoa é tratá-la de uma forma
proibida pela lei de Deus e convidar a pessoa a também
pensar e agir de uma forma proibida. Portanto, a
homossexualidade parte do ódio, e não do amor. O amor é
somado amiúde à equação porque o homossexual
experimenta atração, dependência e afinidade física e/ou
psicológica por outra pessoa do mesmo sexo. Mas a palavra
certa para isso é lascívia, e não amor.

Essa forma de pensamento é contrária à filosofia do


homem. Como exemplo para a situação, a Bíblia diz que se
você não disciplina o seu filho com a vara ― se você não
bate nele com o propósito de instrução ― você o odeia. Mas
as pessoas que se recusam a usar o castigo físico apelam à
razão precisamente oposta ― elas dizem que evitam tal
coisa porque amam seus filhos. Assim, voltamos à definição
de amor. A Bíblia diz que amor é obediência à lei de Deus
em nossa maneira de tratar as pessoas. Se você ama o seu
filho, você usará castigo físico sempre que for necessário.
Se não o fizer, você odeia o seu filho.

Do mesmo modo, os homossexuais não nutrem amor uns


pelos outros. Eles se odeiam. Eles querem se usar para
satisfazer a sua própria lascívia pessoal, e querem que seus
parceiros cooperem para manter um estilo de vida que
acaba incorrendo no castigo de Deus. Como pode isto ser
amor? Se eu amo você, ainda que seja incapaz de resistir à
tentação, eu insistirei que você fuja dessas coisas que me
prendem: “Corra! Salve-se! Não seja como eu! Não seja
punido, como certamente eu serei!”. Se a exemplo de Eva,
você desobedece a Deus e então convida outra pessoa a
juntos desobedecerem a Deus, dificilmente haverá uma
demonstração mais vívida de ódio do que essa. Se eu
decido roubar um banco e peço que a minha esposa me
ajude, isto pode apenas significar que eu não a amo tanto
quanto afirmo amar.

Há o argumento que “não é causado mal”. Eles dizem: “Até


onde não estivermos causando mal a alguém, isto não é da
sua conta”. O padrão é arbitrário. Com base no que eles
dizem que o certo e o errado são determinados pelo mal
que causam ou não a alguém? Sem uma base que eles
possam defender, eu não tenho qualquer razão para aceitar
isso como um padrão de julgamento ético. Claro, eles não
podem apelar à cosmovisão cristã para apoiar este
princípio, já que é a cosmovisão cristã que condena a
homossexualidade, e é a ela que eles se opõem.

Ademais, qual é a definição de mal? Mesmo que seu estilo


de vida não me cause mal no sentido físico de forma óbvia e
direta, o mal se limita ao físico? E se o estilo de vida deles
me afeta psicologicamente? Isto é, e se a homossexualidade
me ofende e me traz repulsa? Se isto não conta, eles dão
carta branca para todo mundo lhes causar mal psicológico?
Assim, até onde nós não lhes causarmos mal no sentido
físico de forma óbvia e direta, podemos dizer tudo o que
desejamos sobre homossexualidade, e isto não é da conta
deles. Talvez isto seja inaceitável para eles, mas em todo o
caso é necessário definir o mal. Caso contrário o argumento
é arbitrário e não tem sentido, e pode ser descartado sem
maiores considerações.

Há o argumento do “consentimento mútuo”. Eles dizem:


“Até onde o relacionamento for consensual, não é da conta
de ninguém o que duas pessoas fazem entre si”. Isso é tão
arbitrário quanto o argumento “não é causado mal”. Quem
demonstrou este padrão, e por que eu devo aceitá-lo? É
como um dos argumentos a favor do aborto: “A mulher não
tem o direito de fazer o que quiser com o seu corpo?”. É
claro que não. Somos criação de Deus, e somente Deus tem
o direito de decidir o que devemos fazer com os nossos
corpos. Da mesma forma, consentimento mútuo entre duas
pessoas é algo irrelevante. Elas precisam do consentimento
de Deus para continuar. Mas Deus não consente. Ele proíbe
o que elas consentem fazer entre si.

Há o argumento que “animais fazem isso”. Alguns animais


parecem exibir comportamento homossexual. Trata-se de
algo irrelevante. Só porque animais fazem algo, não
significa que tal coisa seja correta para eles, muito menos
para nós. Assim como a homossexualidade surgiu em
humanos por causa do pecado, a Queda de Adão também
trouxe uma maldição sobre o resto da criação. Se o
comportamento animal é usado como um padrão para o
comportamento humano, talvez o contrário também seja
verdadeiro. Como eu me oponho à homossexualidade, os
chimpanzés, quem sabe, também deveriam se pronunciar.
Em todo o caso, alguns animais são canibais e alguns
comem suas próprias fezes.[296] Se você vai apelar ao
comportamento animal, seja ao menos consistente nisso.

Há o argumento do “nasci desse jeito”. Algumas pessoas,


dizem eles, nascem homossexuais. Elas não podem fazer
nada. Está em seus genes. Mas a genética é irrelevante.
Primeiro, a ciência não pode dar suporte racional a um
argumento genético, pois a própria ciência é irracional. A
ciência depende da sensação, indução e experimentação.
Mas a sensação não é confiável, e uma epistemologia
empírica pode ser facilmente refutada. Indução é uma
falácia formal, e sua conclusão nunca é uma inferência
necessária das premissas. Quanto à experimentação, ela
envolve um uso repetido de sensação e indução conduzido
por um método caracterizado pela falácia de afirmação do
consequente, de forma que a coisa toda gira numa
conclusão arbitrária e impossível após outra. Eles dão a isso
o nome de teorias científicas.

Mas por um momento façamos de conta que a ciência pode


descobrir a verdade. Façamos de conta que existem tais
coisas como genes. Façamos de conta que genes são essas
coisas que a ciência diz. Façamos de conta que a ciência
descobriu um gene que está associado à homossexualidade.
Então façamos de conta que o homem não pode mudar os
seus genes. Depois de toda essa suposição e faz de conta, o
argumento ainda sofre de irrelevância. E daí que algumas
pessoas nascem homossexuais? E daí que elas não podem
fazer nada? Isso não torna a homossexualidade correta, e
de fato também não torna a homossexualidade algo errado.
O argumento é totalmente irrelevante. A própria ciência não
diz que algumas pessoas nascem mais violentas ou mais
suscetíveis ao vício do álcool? Ah, não vou insistir neste
ponto, já que a ciência pode mudar o seu posicionamento
amanhã, na próxima semana ou daqui a dez anos. Eles
chamam isso de progresso científico.

A Bíblia diz que todos os homens nascidos depois de Adão


são pecadores na concepção. Nascemos todos pecadores.
Se algo é pecaminoso, isso não tem nada a ver com
nascimento, escolha ou liberdade. A definição cristã de
pecado tem a ver com o mandamento de Deus. Se Deus diz
que algo é errado, então é errado fazer isso
independentemente do contexto ou da escolha, e
independentemente da liberdade. De fato, a Bíblia diz que o
não cristão é incapaz de obedecer à lei de Deus. Se pecado
pressupõe liberdade ou capacidade de obedecer ao
mandamento de Deus, ou de não pecar, todos os não
cristãos já estão sem pecado, já que todos são incapazes de
obedecer a Deus e, portanto, não precisam de nenhuma
salvação. Contudo, precisamente porque são pecadores e
incapazes de mudar, eles precisam de Jesus Cristo para
salvá-los.

Se a homossexualidade está inseparavelmente ligada aos


genes de uma pessoa, isto significa que mesmo tornando-se
cristã, a pessoa ainda pode experimentar tentações nessa
área. Ela ainda poderia experimentar tentações mesmo que
a homossexualidade não estivesse ligada a seus genes. Se a
pessoa é tentada após a conversão, a homossexualidade
ainda é pecado? Claro que sim. Esta pessoa foi salva de seu
pecado? Certamente, se ela confiar em Cristo para salvá-la
e no Espírito Santo para ajudá-la a vencer as suas
tentações. O inaceitável é ela negar que a
homossexualidade seja de fato um pecado. Todavia, nossa
reflexão não precisa parar aqui. Se a homossexualidade
está inseparavelmente ligada aos genes de uma pessoa,
isso somente pode significar que se Deus quiser, mudará os
genes após a conversão. Por que não? Deus pode libertar
uma pessoa da homossexualidade mesmo sem mudar os
seus genes. Nada é impossível para Deus. Mas se a Deus
convém não manifestar libertação completa neste
momento, a pessoa deve honrar Deus pelo seu sofrimento e
perseverança.

Há o argumento que “existem outros pecados”. Isto é uma


defesa ou uma admissão? É claro que existem outros
pecados. Talvez o ponto seja que os cristãos não deveriam
focar tanto na homossexualidade. Minha primeira resposta
é que nós não fazemos isso. Também falamos sobre
incredulidade, inveja, cobiça, assassinato, roubo e muitos
outros pecados. Se eles pensam que nós falamos apenas
sobre homossexualidade, é porque prestam atenção apenas
quando falamos sobre homossexualidade. E minha segunda
resposta é que se eles querem que os cristãos falem ainda
menos sobre homossexualidade e busquem dar mais
atenção aos outros pecados, eles não deveriam gastar tanto
tempo esfregando a homossexualidade na cara de todo as
pessoas, tentando legitimá-la e exaltá-la.

Há o argumento que “é a idolatria”. Alguns sabichões que


se têm por eruditos afirmam que num texto como Romanos
1, a Bíblia está na verdade condenando a idolatria, pois a
adoração pagã era geralmente acompanhada de atos
homossexuais. Ora, desconfio que esses que desculpam a
homossexualidade desta forma encontrariam
provavelmente outra desculpa para as religiões pagãs, se
fossem elas o assunto em discussão. Em todo o caso o
argumento falha, pois a Bíblia faz referência à lascívia dos
homossexuais e diz que a sua relação é contrária à
natureza. Esses fatores independem da idolatria. A
associação com a idolatria é pertinente, mas é incidental e
não necessária. A homossexualidade pode ocorrer à parte
da idolatria, e em tal caso a lascívia ainda está ali e a
relação ainda é contrária à natureza, contrária ao que Deus
considera natural. O argumento piora ainda mais as coisas
para o lado dos homossexuais, pois chama a nossa atenção
ao fato que Deus condena não só o ato manifesto, mas
também o próprio desejo dos homossexuais.

Isso nos leva ao argumento “não é da sua conta”,


relacionado a muitos dos demais argumentos: “Se existe
amor, isto não é da sua conta. Se não existe mal, isto não é
da sua conta. Se existe consentimento, isto não é da sua
conta”. Assim, eles dizem: “O que lhe dá o direito de se
meter em nossos assuntos?”. A minha resposta nos
lembrará de que nossa divergência é na verdade efeito de
uma divergência anterior e mais ampla ― é resultado do
choque entre a cosmovisão cristã e a cosmovisão não cristã;
entre o ponto de partida cristão de pensamento e
julgamento e o ponto de partida não cristão de pensamento
e julgamento.

A todo o instante a fé cristã alude à vida das pessoas, e


nessas circunstâncias fala sobre os próprios pensamentos,
desejos e motivos das pessoas. Assim, quando Jesus falou
sobre adultério, não tinha em vista apenas o ato sexual,
mas a própria cobiça como sendo um pecado. A Bíblia
certamente considera pecado enganar e roubar, mas a
avareza também é condenada. Como cristão, eu prego a
mensagem da Bíblia. Assim, é claro que a sua vida é da
minha conta; e não só os seus atos, mas também os seus
próprios pensamentos. Ora, você não precisa me falar dos
seus atos, e eu não tenho capacidade de ler os seus
pensamentos. Você não é responsável perante mim ― não
sou eu quem vai enviá-lo ao inferno. Você é responsável
perante Deus, mas ele quer que eu fale isso a você.

E isso também responde o argumento “quem é você para


julgar”. É o mesmo argumento que o povo de Sodoma usou
ao tentar arrombar a porta de Ló para poder ter relações
sexuais com os anjos formosos (Gênesis 19). Se Deus não
tivesse dito uma só palavra sobre homossexualidade, eu
ficaria totalmente feliz em deixá-lo comer as suas próprias
fezes, como fazem os animais. Assim, eu não sou o juiz,
mas há quem julga, e é dele que eu estou lhe falando, e do
que ele fará se você não se arrepender.

Assim, o que Deus fará com os homossexuais? A Bíblia é


clara quanto a isso, mas os não cristãos não querem ouvi-la.
Muitos dos que se dizem cristãos se recusam a aceitá-la.
Paulo então diz: “Não se deixe enganar”. Não deixe que
iludam você, e não se iluda sobre isso. “Vocês não sabem
que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se
deixem enganar: nem os sexualmente imorais, nem
idólatras, nem adúlteros, nem prostitutos, nem delinquentes
homossexuais, nem ladrões, nem avarentos, nem
alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o
Reino de Deus” (1 Coríntios 6.9-10, NIV). Se você é
homossexual, Deus o coloca junto dos idólatras, adúlteros,
prostitutos, ladrões e assim por diante. E diz que se você é
homossexual, irá para o inferno. É grande a tentação de
discordar disso ou tentar suavizar essas palavras, mas
qualquer outra opinião não passa de engano.

Há esperança. A Bíblia continua: “E assim foram alguns de


vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram
justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito
de nosso Deus” (v. 11, NIV). Os coríntios foram algumas
dessas coisas. Foram idólatras, ladrões, adúlteros,
homossexuais rumo ao castigo eterno, à dor, à miséria, e à
loucura sem fim. Jesus Cristo os salvou e transformou, e por
isso eles não eram mais idólatras, não eram mais ladrões,
não eram mais adúlteros e não eram mais homossexuais.

Considere alguém que passou a vida inteira praticando


bruxaria. A Bíblia diz que Deus condena esse rebelde
espiritual ao inferno. Após a sua conversão à fé cristã e
antes de se tornar versada nas coisas de Deus, pode
permanecer na pessoa um desejo forte de retornar às coisas
que lhe são familiares. Ela dependia dessas coisas para ter
senso de segurança, controle, poder, serenidade nas
preocupações sobre o futuro, e ter confiança ao enfrentar as
dificuldades da vida. A tentação em si não quer dizer que a
conversão da pessoa falhou; significa que a pessoa deve
recordar que essas coisas em que costumava crer são falsas
e questionáveis, e que ela deve seguir adiante e crescer na
fé. Ela deve aprender a confiar em Jesus Cristo para a vida
presente e a vida por vir. A pior coisa que ele pode fazer é
convencer-se de que a bruxaria não é de fato proibida.
É possível que o homossexual mude mesmo que as
tentações persistam. O convertido deve abandonar seu
passado pecaminoso, seu falso amor e seus desejos maus, e
aprender a confiar em Jesus Cristo, a desenvolver o tipo
certo de amor e o tipo certo de relacionamento. Quando as
tentações vierem, resista. Quando as tentações vencerem,
arrependa-se. Continue aprendendo. Continue tentando.
Não desista. Não se renda ao cansaço espiritual. Não fuja da
culpa desculpando o pecado. A pior coisa que uma pessoa
pode fazer é convencer-se de que a homossexualidade não
é de fato um pecado. Seria como voltar à bruxaria, ao
assassinato, ao adultério e à idolatria. Essa pessoa se ilude
se pensa que foi salva do inferno.

Porque uma parcela significativa da Igreja condena hoje a


homossexualidade, precisamos também considerar a
condição das pessoas. A mesma passagem que diz que
Deus derrama a sua ira sobre os homossexuais, também
condena aqueles que os aprovam: “Embora conheçam o
justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais
coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-
las, mas também aprovam aqueles que as praticam”
(Romanos 1.32). A condição dessas pessoas é a mesma dos
homossexuais, e a condição dos homossexuais é a mesma
dos idólatras, assassinos, ladrões e adúlteros.

O que devemos fazer com um assassino não cristão?


Devemos pregar Cristo para ele, chamando-o ao
arrependimento e à crença no evangelho. O que devemos
fazer com quem se diz cristão, mas prega que o assassinato
é aceitável a Deus, ou apoia assassinos para exercer o
ministério? Devemos excomungá-lo e então tratá-lo como
um não cristão, pois é isso o que ele é. Devemos aplicar a
mesma política aos homossexuais e aos que os apoiam.
Devemos pregar arrependimento aos homossexuais não
cristãos, excomungar cristãos professos que toleram a
homossexualidade, e também excomungar os que se
recusam a excomungá-los.

Por excomunhão quero dizer que devemos declará-los como


sendo não cristãos, que devemos afirmar de forma decidida
que Deus os enviará ao inferno, que tanto quanto possível,
devemos evitá-los em todas as relações sociais e
comerciais, e que devemos removê-los fisicamente das
igrejas e dos seminários. A única forma de eles voltarem à
comunhão com crentes é abrirem mão do seu
posicionamento anterior e declarar que a homossexualidade
é de fato um pecado, e que tolerar a homossexualidade
também é um pecado; e então fazer uma profissão sincera
e esclarecida em Cristo, que a justiça é tal como Deus a
define, e que embora todos tenham caído, Cristo nos traz
para dentro do reino dos céus ao nos conceder fé nele.
Bibliografia para Pesquisa
Adicional

Homossexualismo na Perspectiva Religiosa

Bailey, D. S. Homosexuality and the Western Christian Tradition. New York:


Longmans, Green, and Co., 1955.

Blair, R. An Evangelical Look at Homosexuality. New York: Evangelicals


Concerned, 1972.

_____ Consultation on Theology and the Homosexual. San Francisco: Council on


Religion and the Homosexual, 1967.

_____ CRH: 1964-68, The Council on Religion and the Homosexual. San
Francisco: Council on Religion and the Homosexual, 1968.

Davidson, A., pseud. The Returns of Love. Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press,
1970.

Joint Committee on Homosexuality. Report of the Diocesan Committee on


Homosexuality. San Francisco: Episcopal Diocese of California, 1966.

Jones, H. K. Toward a Christian Understanding of the Homosexual. New York:


Association Press, 1966.

McNeill, J. J. The Church and the Homosexual. Mission, KS: Sheed, Andrews &
McMeel, 1976.

Oberholtzer, W. D., ed. Is Gay Good? Ethics, Theology, and Homosexuality.


Philadelphia: Westminster Press, 1971.

Pittenger, N. Time for Consent? A Christian’s Approach to Homosexuality.


London: SCM Press, Ltd., 1967.
Tobin, W. J. Homosexuality and Marriage _____ Catholic Book Agency, 1964.

Treese, R. L. Homosexuality: A Contemporary View of the Biblical Perspective.


San Francisco: Glide Urban Center, 1966.

The United Presbyterian Church U.S.A., Office of Church and Society of the Board
of Christian Education. “What About Homosexuality?” Social Progress, November
— December, 1967.

Wilkerson, D. New Hope for Homosexuals. New York: Teen Challenge, 1964.

Wood, R. Christ and the Homosexual. New York: Vantage Press, 1960.

Sexo na Perspectiva Bíblica, Cristã ou Moral

Atkinson, R. Sexual Morality. New York: Hutchinson, 1965.

Babbage, S. B. Sex and Sanity: A Christian View of Sexual Morality. Philadelphia:


Westminster Press, 1967.

Barnhouse, R. T. Male and Female: Christian Approaches to Sexuality. New York:


The Seabury Press, 1976.

Henry, C., ed. Baker’s Dictionary of Christian Ethics. Grand Rapids: Baker Book
House, 1973.

Brun, J. E. The New Morality. Philadelphia: Westminster Press, Buckley, M.


Morality and the Homosexual. London: Sands, 1960.

Cole, W. G. Sex and Love in the Bible. New York: Association Press, 1959.

_____ Sex in Christianity and Psychoanalysis. New York: Oxford University Press,
1966.

DeKruijf, T. C. The Bible on Sexuality. De Pere, WI: St. Norbert’s Abbey Press,
1966.

Ditzion, S. Marriage, Morals and Sex in America. New York: Bookman Associates,
1953.

Epstein, L. Sex Laws and Customs in Judaism. New York: Bloch Publications,
1948.
Hastings Encyclopedia of Religion and Ethics. Edinburgh: T. & T. Clark, 1908.

Heron, A., ed. Towards a Quaker View of Sex. London: Friends Home Service
Committee, 1963; rev. ed. 1964.

Kardiner, A. Sex and Morality. Boston: Routledge & Kegan Paul, 1955.

MacQuarrie, J., ed. A Dictionary of Christian Ethics. Philadelphia: Westminster


Press, 1967.

O’Neil, R. and Donovan, M. Sexuality and Moral Responsibility. Washington, D.C.:


Catholic University Press, _____

Patai, R. Sex and Family in the Bible and the Middle East. Garden City, NY:
Doubleday & Co., 1959.

Pittenger, N. Making Sexuality Human. Philadelphia: Pilgrim Press, 1970.

Smedes, L. B. Sex for Christians: The Limits and Liberties of Sexual Living. Grand
Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1976.

Taylor, M., ed. Sex: Thoughts for Contemporary Christians. Garden City, NY:
Doubleday & Co., 1972.

Thielicke, H. The Ethics of Sex. Grand Rapids: Baker Book House, 1975.

Várias Respostas da Igreja ao Homossexualismo

Adams, C. F. Some Phases of Sexual Morality and Church Discipline in Colonial


New England._____, MA: Wilson and Son, 1891.

Adams, J. E. Christian Counselor’s Manual. Grand Rapids: Baker Book House,


1973.

Bishops’ Committee on Pastoral Research and Practice. National Conference of


Catholic Bishops, 1973.

Gearhart, S. & Johnson, W. R., eds. Loving Woman/Loving Men: Gay Liberation in
the Church. San Francisco: Glide Publications, 1974.

Kuhn, D. The Church and the Homosexual: A Report on a Consultation. San


Francisco: Council on Religion and the Homosexual, 1965.
Lucas, Donald S., ed., The Homosexual and the Church. San Francisco:
Mattachine Society, 1966.

Perspectiva Legal e Libertação Civil

Altman, D. Homosexual Oppression and Liberation. New York: E. P. Dutton & Co.,
1971.

Bahnsen, G. L. Theonomy in Christian Ethics. Nutley, NJ: Craig Press, 1977.

Bailey, D. S. Sexual Offenders and Social Punishment. Westminster_____ Church


Information Board, 1956.

The Challenge and Progress of Homosexual Law Reform. San Francisco: Council
on Religion and the Homosexual, 1968.

Churchmen Speak Out on Homosexual Law Reform. San Francisco: Council on


Religion and the Homosexual, 1967.

Devlin, P. The Enforcement of Morals. London: Oxford University Press, 1959.

Gebhard, P. et. al. Sex Offenders. New York: Harper & Row, 1967.

Grey, Antony, Christian Society and the Homosexual. Oxford: Manchester


College, 1966.

Keeling, M. Morals in a Free Society. Naperville, IL: SCM, 1967.

Masters, R. E. L. The Homosexual Revolution. New York: Julian Press, 1962.

Ploscowe, M. Sex and the Law. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Flail, 1951.

Report on the Roman Catholic Advisory Committee on Prostitution and


Homosexual Offences and the Existing Law. London: Roman Catholic Church in
England, 1956. (Reprinted in Dublin Review, 230 [Summer, 1956], 57-65.)

Rushdoony, R. J. Institutes of Biblical Law. Nutley, NJ: Presbyterian & Reformed


Publishing Co., 1973.

_____ The Politics of Pornography. New Rochelle, NY: Arlington House, 1974.

Salvatorian Justice and Peace Commission: Gay Minority Task Force. 1972.

Schur, E. M. Crimes Without Victims. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1965.


Slovovenko, R. Sexual Behavior and the Law. Springfield, IL: C. C. Thomas, 1965.

Shackleton, Edward R., Religion and the Law. Ridbeugh, Kilbirnie, Ayreshire,
Ireland: E. R. Shackleton, 1966.

Temple, W. Christianity and the Social Order. Oxford: Penguin Books, 1942. “The
Consenting Adult Homosexual and the Law.” UCLA Law Review, XIII (March,
1966).

United Church of Christ, Council for Social Action, “Civil Liberties and
Homosexuality: An Issue in Christian Responsibility.” Social Action (Dec., 1967).

The Wolfenden Report . On Homosexual Offences and Prostitution. Briarcliff


Manor, NY: Stein and Day, 1963.

Perspectiva Histórica

Abbott, S. & Love, B. Sappho Was a Right-On Woman. Briarcliff Manor, NY: Stein
& Day, 1972.

Cory, D. W. The Homosexual in America. New York: Greenberg, 1951.

Flaceliere, R. Love in Ancient Greece. New York: Crown, 1962.

Hunt, M. The Natural History of Love. New York: Alfred A. Knopf, 1959.

Karlen, A. Sexuality and Homosexuality. New York: Norton, 1972.

Laver, J. Manners and Morals in the Age of Optimism. New York: Harper & Row,
1966.

Lewinsohn, R. A History of Sexual Customs. Greenwich, CT: Fawcett Books, 1964.

Licht, H., pseud. Sexual Life in Ancient Greece. New York: Barnes and Noble,
1963.

Tarnowsky, B. Pederasty in Europe. N. Hollywood: Brandon House, 1967.

Taylor, C. R. Sex in History. New York: Vanguard, 1954.

Toon, M. The Philosophy of Sex According to St. Thomas Aquinas. Washington,


D.C.: Catholic University of America Press, 1954.
Tratamentos Sociológicos e Gerais

Becker, H. S., ed. The Other Side: Perspectives in Deviance. New York: Free
Press, 1964.

Berg, C. & Allen, C. The Problem of Homosexuality. Secaucus, NJ: Citadel Press,
1958.

Cappon, D. Toward an Understanding of Homosexuality. Englewood Cliffs, NJ:


Prentice-Hall, 1965.

Carpenter, E. The Intermediate Sex. Reading, MA: Allen and Unwin, 1908.

Comfort, A. Sex in Society. Secaucus, NJ: Citadel Press, 1966.

Cory, D. W. & LeRoy, J. The Homosexual and His Society. Secaucus, NJ: Citadel
Press, 1963.

Cory, D. W., ed. Homosexuality: A Cross Cultural Approach. New York: Julian
Press, 1966.

Gide, A. Corydon. New York: Farrar, Straus, 1950.

Goffman, E. Stigma. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1963.

Gagnon, J. H. & Simon, W., eds. Sexual Deviance. New York: Harper & Row, 1967.

Gross, A. A. Strangers in Our Midst: Problems of the Homosexual in American


Society. Washington, D.C.: Public Affairs Press, 1962.

Hause, R. The Homosexual Society. _____ British Home Ministry, 1962.

Hoffman, M. The Gay World. New York: Basic Books, 1968.

Kennedy, E. C. The New Sexuality: Myths, Fables, and Hangups. Garden City, NY:
Doubleday & Co., 1972.

Kinsey, A. C. et. al., Sexual Behavior in the Human Male. Philadelphia: W. B.


Saunders, 1948.

_____ Sexual Behavior in the Human Female. Philadelphia: W. B. Saunders, 1953.

Kohn-Behrens, C. Eros at Bay. New York: G. P. Putnam’s Sons, 1962.

Krich, A. M., ed. The Homosexuals. Secaucus, NJ: Citadel Press, 1964.
McCaffrey, J., ed. The Homosexual Dialectic. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall,
1972.

Ruitenbeek, H., ed. The Problem of Homosexuality in Modern Society. New York:
E. P. Dutton & Co., 1963.

Shofield, M. Sociological Aspects of Homosexuality. Boston: Little, Brown and


Co., 1965.

Secor, N. A. The Same Sex. Philadelphia: Pilgrim Press, 1969.

Storr, A. Sexual Deviation. Oxford: Penguin Books, 1964.

Symonds, J. A. Studies in Sexual Inversion. New York: Medical Press, 1964.

Tripp, C. A. The Homosexual Matrix. New York: McGraw-Hill Book Co., 1975.

Walker, K. & Fletcher, P. Sex and Society. Oxford: Penguin Books, 1955.

Weinberg, G. Society and the Healthy Homosexual. Garden City, NY: Doubleday
& Co., 1972.

Weinberg, M. S. & Williams, C. J. Male Homosexuals: Their Problems and


Adaptations. Oxford: Penguin Books, 1974.

Weltge, R., ed. The Same Sex: An Appraisal of Homosexuality. Philadelphia:


Pilgrim Press, 1969.

West, D. J. Homosexuality, 2nd ed. Oxford: Penguin Books, 1968.

Westwood, G. Society and the Homosexual. New York: Dutton, 1953.

Psicológico e Médico

Allen, C. Homosexuality: Its Nature, Causation, and Treatment. London: Staples


Press, 1958.

Beach, F. A., ed. Sex and Behavior. New York: John Wiley & Sons, 1965.

Beigel, H., ed. Advances in Sex Research. New York: Hoeber Medical Div., 1963.
Bergler, E. Homosexuality: Disease or Way of Life? New York: Collier Books,
1967.

Bieber, I., et. al. Homosexuality: A Psychoanalytic Study. New York: Vintage,
1965.

Churchill, W. Homosexual Behavior Among Males. Englewood Cliffs, NJ: Prentice


Hall, 1971.

Crompton, L. Homosexuality and the Sickness Theory. San Francisco: Society for
Individual Rights, 1963.

DeMartino, M. F., ed. Sexual Behavior and Personality Characteristics. New York:
Grove Press, 1966.

Ellis, A. Homosexuality: Its Causes and Cure. Secaucus, NJ: Lyle Stuart, 1965.

Freedman & Kaplan, eds. Comprehensive Textbook of Psychiatry. Baltimore:


Williams & Wilkins Co., 1967.

Ford, C. & Beach, F. Patterns of Sexual Behavior. New York: Ace Books, 1951.

Goldenson, Encyclopedia of Human Behavior. Garden City, NY: Doubleday & Co.,
1920.

Hatterer, L. J. Changing Homosexuality in the Male. New York: McGraw-Hill Book


Co., 1970.

Henry, G. W. Sex Variants. New York: Harper, 1941.

Hirschfield, M. Sexual Anomolies. New York: Emerson Books, 1956.

Kahn, S. Mentality and Homosexuality. Boston: Meador Publications, 1937.

Lief, H. I. Medical Aspects of Human Sexuality. Baltimore: Williams & Wilkins,


1975.

Maccoby, E., ed. The Development of Sex Differences. Stanford, CA: Stanford
University Press, 1966.

Marmor, J., ed. Sexual Inversion: The Multiple Roots of Homosexuality. New York:
Basic Books, 1965.

Moll, A. Perversions of the Sexual Instinct. New York: Julian Press, 1931.

Money, J. Sex Errors of the Body. Baltimore, MD: Johns Hopkins Press, 1968.
Money, J., ed. Sex Research: New Developments. New York: Holt, Rinehart &
Winston, 1965.

Ovesey, L. Homosexuality and Pseudohomosexuality. New York: Science House,


1969.

Rosen, I., ed. The Pathology and Treatment of Sexual Deviation. New York:
Oxford University Press, 1964.

Ruitenbeek, H., ed. Psychotherapy of Perversions. Secaucus, NJ: Citadel Press,


1967.

Socarides, C. W. The Overt Homosexual. New York: Grune & Stratton, 1968.

Stekel, W. The Homosexual Neurosis. Boston: R. G. Badger, 1953.

_____ Sexual Aberrations. New York: Grove Press, 1964.

Walker, K. The Physiology of Sex. Oxford: Penguin Books, 1954.

Winokur, G., ed. Determinants of Human Sexual Behavior. Springfield, IL: C. C


Thomas, 1963.

Bibliografia de Artigos sobre Homossexualismo, Principalmente em


Periódicos Religiosos

(1949 — início de 1977)

America, Jan. 25, 1958:485-486.

June 3, 1967:802-803.

Nov. 14, 1970:406.

Feb. 6, 1971:113.

Sept. 14, 1974:117.

American Ecclesiastical Review, Feb. 1968:122-129.

Jan. 1971:42.
Nov. 1973:602.

American Opinion, Nov. 1971:39.

Asbury Seminarian, 25:6-9.

Awake, Jan. 8, 1964:14-16.

Banner, Nov. 8, 1968:4.

Aug. 28, 1970:8.

Bulletin of the National Guild of Catholic Psychiatrists Dec. 1972.

Catholic Lawyer, 9:4-10, 94-105.

10:90-108.

Catholic World, June 1971:121.

July 1971:183.

Change, Oct. 1971:38.

Chelsea Journal, March—April 1976:65.

Christian Advocate, Sept. 13, 1973:7.

Christian Century, 81:1581.

84:1587.

85:744-745.

88:(March 3, 1971):275, 281.

(Dec. 15, 1971):1468.

89:660-661, 713-716.

91:591-593.

92:243-244, 474-475.

Christian Life, 29:(Oct. 1967):38-39.

37:(June 1975):24-25.

38:(June 1976):20-21.

Christian Ministry, Jan. 1972:44.


Christian Reformed, Church Report 42 of Acts of Synod (1973).

Christian Standard, July 13, 1975:8.

Christianity and Crisis, 23:175-9, 204-206.

24: 223.

26:84-85, 135.

27:270-271, 314.

33:63-68.

34:147-149, 178-181. 37, no. 5:63-67.

37, nos. 9-10.

Christianity Today, 10:(Mar. 4, 1966):51-52.

12:(Jan. 19, 1968):24.

(Feb. 16, 1968):29-30.

(Mar. 1, 1968):23.

13:(July 18, 1969):7-10.

14:(Mar. 13, 1970):31-32. \

(Sept. 11, 1970):48-50.

15:(Dec. 4, 1970)40-41.

16:(June 23, 1972):27-28.

17:(Sept. 28, 1973):8-12.

(Feb. 16, 1973):12-18.

18:(Apr. 26, 1974):13-14.

(Sept. 27, 1974):11-14.

19:(Jan. 31, 1975):28-30.

(Mar. 28, 1975):38-39.

(July 4, 1975):23-24.

(Sept. 12, 1975):14-17.


20:(Mar. 12, 1976):53-55.

21:(Feb. 4, 1977):55-56.

(Mar. 4, 1977):2-5.

(July 8, 1977):8-10, 36.

(July 29, 1977):38.

Church and Society, 67, no. 5: (May-June, 1977).

Church Herald, Jan. 12, 1968:10.

Jan. 19, 1968:14.

June 27, 1975:6.

Clergy Review, Aug. 1963.

Commonweal, Apr. 6, 1973:103, 107.

May 24, 1974:275-276.

May 31, 1974:304.

Feb. 15, 1974:479.

Concern, June 15, 1963.

Apr. 15, 1966:10, 11.

Continuum, Summer 1967.

Cross Currents, Spring 1970:221.

Dignity: A Monthly Newsletter for Catholic Homophiles and Concerned


Heterophiles, (755 Boylston Street, Room 413, Boston, Mass. 02116).

Dublin Review, Summer 1965.

Summer 1967.

Engage/Social Action, 1:21-24.

3:28-31, 32-33, 36-37, 53-54.

4:6-11.

Episcopalian, June 1971:17.


Eternity, 13:(Oct. 1962):22-25.

(Feb. 1970):8.

23:(Aug. 1972):23-25.

Expository Times, 78:356-360.

Good News Broadcaster, March 1974:4.

Herald of Holiness, Nov. 7, 1973:17.

His, 26:(Feb. 1966):14-18.

(Mar. 1966):5-9.

31:(Jan. 1971):24-25.

34:(March 1974):20-21.

Homiletic and Pastoral Review, Dec. 1957.

Sept. 1966.

May 1968.

July-Sept. 1970.

Homophile Studies: One Institute Quarterly, (2256 Venice Blvd., Los Angeles, CA
90006).

Integrity: Gay Episcopal Forum, (701 Orange Street, No. 6, Fort Valley, GA
31030).

International Journal of Religious Education, Nov.-Dec. 1971:14. Journal for the


Scientific Study of Religion, 13:479-481.

Jurist, 20:441-459.

21:394-422.

Journal of American Scientific Affiliation, 16:(Dec. 1964):112-114.

29:(Sept. 1977):103-110.

Journal of Homosexuality, (53 W. 72nd St., New York, NY 10023).

Journal of Marriage and Family, May 1966:155.


Journal of the New York Mission of the Metropolitan Community Church, (201
West 13th Street, New York, NY).

Journal of Pastoral Practice, 1, no. 2.

Journal of Psychology and Theology, 2:(Summer 1974):163-173.

3:94-98.

Journal of Religion and Health, 6:17-32, 217-234.

7:61-78, 368-370.

Journal for the Scientific Study of Religion, 13:479-481.

Jurist, 20:441-459. 21:394-422.

Ladder, The, (P.O. Box 5025, Washington Station, Reno, NV 89503).

Liberation, (Sanctuary House, Arlington, VA).

Liquorian, 54:18-24.

Living Church, Jan. 8, 1967.

Logos, 6:(May 1976):10-13.

Marriage, 53:(1971):38-43.

Moody Monthly, 74:(Sept. 1973):35-37.

75:(Sept. 1974):82-87.

76:(Nov. 1975):23.

Motive, Mar.-Apr. 1969:61.

National Catholic Reporter, 9, no. 38.

Pastoral Psychology, 6:31-42, 43-45, 44-53.

9:46-49.

13:35-42.

21:29-37.

22:41-44, 45-46.

23:50-58.
Pentecostal Evangel, Feb. 21, 1971:18.

Feb. 29, 1976:4.

Presbyterian Church in America, Resolutions of Fifth General Assembly (1977).

Presbyterian Guardian, 46, nos. 5-6:4-5, 6-8.

Presbyterian Journal, June 26, 1974:12.

Oct. 15, 1975:12.

Dec. 17, 1975:10.

Nov. 30, 1977.

Psychology Today, Mar. 1975:28.

Radical Religion, 1:19-21.

Religion in Life, 43:(Winter 1974):436-444.

Winter 1966:760.

Review and Expositor, 68:217-226.

Review for Religions, 27:(Sept. 1968):880-882.

Social Action, 34:5-47.

Social Compass, 21, no. 3:355-360.

Social Progress, 58:5-47.

Spectrum, 47:14-17.

Studia Theologica, 28, no. 2:111-152.

St. Joseph Magazine, Jan.-May 1965.

Tablet, 202:(Dec. 1957):272-278.

Theological Studies, 16:86-108.

33:100-119.

Theology, 55:47-52.

58:459-463.

Thomist, 35:(1971)447-481.
Trends, July-Aug. 1973 (UPCUSA publication).

Union Seminary Quarterly Review, 25:439-455.

United Church Herald, July-Aug. 1972:35.

United Evangelical Action, 36:(Winter 1977):14. U.S.

Catholic, Oct. 1967:12.

Sept. 1972:6.

Aug. 1975:6.

War Cry, March 4, 1972:2.

World Student Christian Federation Books, 3, no. 2:16-23.


Sobre o Autor

Greg L. Bahnsen (1948-1995), ministro ordenado na


Orthodox Presbyterian Church [Igreja Presbiteriana
Ortodoxa] e pesquisador residente no Southern California
Center for Christian Studies [Centro de Estudos Cristãos da
Califórnia do Sul], recebeu seu Ph.D em Filosofia na
University of Southern California [Universidade da Califórnia
do Sul], especializando-se em teoria do conhecimento
(epistemologia). Anteriormente havia se graduado na
Westmont College [Faculdade Westmont] com Bacharel em
Filosofia, obtendo honra magna cum laude. Então
simultaneamente recebeu os títulos de M.Div. (Mestre em
Divindades) e Th.M (Mestre de Teologia) no Westminster
Theological Seminary [Seminário Teológico de Westminster].
Dr. Bahnsen realizou palestras para uma ampla variedade
de grupos cristãos evangélicos em muitas faculdades e
conferências. Era um apologista e debatedor experiente;
além disso, um professor perspicaz e persuasivo da
cosmovisão cristã devotado a treinar crentes no
entendimento e na aplicação da fé cristã a todas as áreas
da vida. Bahnsen escreveu inúmeros artigos acadêmicos,
vários livros bem conhecidos e possui mais de 1500
sermões e palestras gravadas.

[1] John Jefferson Davis, Evangelical Ethics: Issues Facing the Church Today
(Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., [1985] 1993), p. 96.
[2] Ibid.
[3] Arno Karlen, “Homosexuality in History”, em Judd Marmor (ed.), Homosexual
Behavior: A Modern Reappraisal (New York: Basic Books, 1980), p. 80.
[4] Ao final do livro, com o intuito de ajudar o leitor na defesa da nossa
santíssima fé (Judas 20), adicionei dois pequenos apêndices que traduzi, os
quais não estão presentes na edição original.

[5] M. J. Sobran, “Bogus Sex”, Human Life Review, Vol. III, Nº. 4 (Fall [Outono],
1977).
[6] Não é minha intenção insinuar que somente os defensores dos
homossexuais são culpados disto. Com perplexidade cristã, confessamos que os
que se opõem ao homossexualismo não se abstiveram completamente do
mesmo tipo de tática. Nem todos os leitores talvez pensem que eu esteja agindo
bem, mas esta tem sido a minha intenção.
[7] Mt 7.15-23; cf. Jo 7.24.
[8] Ef 5.11; 1Tm 5.20; 2Tm 4.2; Tt 1.13; 2.15.
[9] 1Tm 5.21.
[10] Mt 7.1-5.
[11] 1Sm 16.7.
[12] 1Ts 5.21,22; cf. 1Jo 4.1.
[13] Ez 11.19,20; Rm 8.1-4; 2 Co 5.14,15; Rm 6.1–7.6; Tt 2.11-14; Rm 3.31.
[14] Rm 13.8-10; 1Jo 5.2,3; 2Jo 6; Jo14.15, 21, 23; 15.9,10.
[15] Jo 15.10; Hb 7.26-28; Sl 40.7,8; cf. Hb 10.4-10.
[16] Cl 3.10; Ef 4.13, 24; 2Co 3.18; 4.4; 1Jo 2.5,6.
[17] Carl F. H. Henry, “In and Out of the Gay World”, Is Gay Good? (O Gay é
Bom?), ed. W. Dwight Oberholtzer (Filadélfia: Westminster Press, 1971), pp. 105,
106.
[18] Thomas Maurer, “Toward a Theology of Homossexuality – Tried and Found
Trite and Tragic”, Is Gay Good?, pp. 98-100.
[19] Lewis Williams, “Walls of Ice – Theology and Social Policy”, Is Gay Good?,
pp. 168,169.
[20] Joseph Fletcher, “Preface”, Is Gay Good?, p. 8.
[21] O leitor deve atentar que ao longo do livro o autor usa dois verbos com
frequência: discriminar (diferenciar, distinguir etc.) e descriminar (absolver, tirar
o crime ou culpa, descriminalizar etc.). Uma confusão entre os dois termos
certamente prejudicaria o entendimento dos argumentos apresentados. [N. do
E.]
[22] Cl 1.18; 2Co 10.5; Jó 40.2; 1Rs 22.14; Is 8.20; 2Tm 3.16,17; Rm 3.4; 9.20;
1Co 14.37,38; 2Ts 3.14; 1Jo 4.6; Mt 7.24-27; Jo 12.48; Mt 5.19.
[23] Mt 13.25.
[24] Ef 5.14; cf. 5.6-13; Mt 5.14-16; Jo 8.12; 1Jo 1.5-7; Jo 1.5.
[25] Henry, “In and Out of the Gay World”, Is Gay Good?, pp. 105,106.
[26] Rm 12.2.
[27] Jo 14.23.
[28] Dt 10.13.
[29] Sl 19.7-14.
[30] Sl 119.45; Tg 2.12.
[31] Jo 14.15; 1Jo 5.3.
[32] Rm 8.4.
[33] Sl 119.97; cf. 1.2.
[34] Sl 1.1.
[35] Rm 8.5-8.
[36] Sl 119.53.
[37] Sl 1.4-6.
[38] Rm 3.4; cf. Jó 40.2; Rm 9.20.
[39] Jo 12.48.
[40] Is 40.8; 1Pe 1.24,25; Pv 14.34; Rm 2.14,15; Mt 28.18-20.
[41] Hb 1.13.
[42] Lv 11.44,45; 1Pe 1.15,16.
[43] Mt 5.48.
[44] Tg 2.10.
[45] Sl 19.7; 119.160; Pv 6.23; Rm 7.12-15.
[46] Dt 32.4; Mt 5.48.
[47] Mc 10.18.
[48] Ap 15.4.
[49] Mq 6.8; Rm 7.12, 16; 1Tm 1.8.
[50] Rm 7.12.
[51] Dt 12.28.
[52] Sl 25.8-10; Pv 28.4,5; Zc 7.9-12.
[53] Sl 25.10; 119. 142, 151; Ap 15.3.
[54] Sl 93.5; 111.7; 119.86.
[55] Sl 119.140.
[56] Rm 8.4.
[57] Rm 2.14,15; 5.3; Gn 6.9, 22; 7.1; 26.5; Dt 8.2; Gl 3.19; Sl 119.97, 105,106;
Is 8.16; Os 8.12; Ml 4.4; Mt 5.16-18; Rm 3.31; Tg 1.25; 2.8-11; 1Jo 5.3.
[58] Êx 31.18; Ne 9.13.
[59] Jo 12.48; cf. Mt 5.17-19.
[60] Sl 1.1,2; 119.16, 47.
[61] Sl 37.4.
[62] Ml 3.6; Tg 1.17.
[63] Sl 111.7; 119.152.
[64] Sl 119.160.
[65] Dt 4.2; 12.32; cf. Ap 22.18,19.
[66] Mt 5.17-19.
[67] Rm 3.31.
[68] Sl 119.29.
[69] Dt 30.6-8; Sl 119.166, 174; Jr 31.33,34; Ez 11.19,20; Rm 6.17-19; Tt 2.11-
14.
[70] 1Jo 5.3.
[71] Jo 15.10.
[72] Mt 28.20.
[73] Uma extensa defesa da lei normativa de Deus para a atualidade pode ser
encontrada em meu livro intitulado Theonomy in Christian Ethics (Nutley, Nova
Jersey: Craig Press, 1977).
[74] Gn 1.27; cf. 5.2.
[75] Gn 1.31.
[76] Mt 19.4.
[77] Gn 2.24.
[78] Gn 2.18.
[79] Gn 2.23.
[80] Gn 2.24.
[81] Mc 10.6-8; 1Co 6.16; Ef 5.31.
[82] Rm 1.26,27.
[83] 1Co 7.2-5.
[84] Hb 13.4.
[85] Gn 19.5 [cf. ARV]; o verbo hebraico yadha.
[86] Ez 16.49,50 (que inclui a menção de “abominações” [ARA] ou “práticas
repugnantes”, cf. Lv 18.22); contudo, é bom notar que muitas referências
aparentemente não atribuem pecados particulares à cidade histórica de
Sodoma, simplesmente tendo essa cidade como “exemplo do que acontecerá
aos ímpios”, como diz 2 Pedro 2.6.
[87] Rm 1.29-31.
[88] Gn 18.20.
[89] Gn 19.13; cf. 18.21.
[90] E.g., Gn 18.1-5; Hb 13.2.
[91] Cf. Lc 10.10-13, onde Jesus liga a rejeição dos seus mensageiros ao juízo
sobre Sodoma.
[92] Gn 19.1.
[93] Gn 19.2,3.
[94] Gn 19.6,7.
[95] Gn 19.8.
[96] Como às vezes ocorre no Antigo Testamento, por exemplo, em Gn 4.1.
[97] Note-se Juízes 20.4-6.
[98] Jovens e idosos, de todos os lados da cidade; e.g., Gn 19.4.
[99] 2Pe 2.6-8.
[100] Rm 2.14,15.
[101] Rm 1.32.
[102] Cf. Mt 5.17-48; 1Co 9.8-10; 2 Co 6.14; 1Tm 5.18; Mc 10.19.
[103] Lv 18.22.
[104] Lv 20.13.
[105] Cf. 18.20.
[106] Cf. Lv 18.1-5.
[107] Cf. Mt 22.39,40; Jo 10.35; 2Tm 3.16,17.
[108] Dt 6.24; 10.13; 30.15, 19,20; 32.46,47.
[109] Cf. Dt 28.
[110] Lv 20.25.
[111] Cf. Hb 8.5; 10.1.
[112] Cf. Hb 7.11,12, 28; 8.13; 10.8,9; Ef 2.14-16.
[113] Lv 18.4.
[114] Lv 18.30.
[115] Lv 19.2.
[116] Lv 19.37.
[117] Lv 20.1,2.
[118] Lv 20.26.
[119] Lv 18–20.
[120] Cf. Lv 18.3, 24-30; 19.19; 20.22-26.
[121] Lv 19.5-8, 21,22.
[122] Lv 19.18; cf. Mt 22.39,40.
[123] Hb 10.1-18.
[124] At 10.9-20.
[125] Cf. Dt 8.3; 12.32; Mt 4.4.
[126] 1Tm 1.9,10.
[127] Rm 1.24ss.; 1Co 6.9,10.
[128] Ap 22.15.
[129] Cf. 1Rs 14.23,24; 15.12; 22.46; 2Rs 23.7; Os 4.14.
[130] Lv 18.22.
[131] Ex 23.19.
[132] Como se vê na narrativa sobre Onã, Gn 38.8-10.
[133] Ou então uma ilegítima interpolação de Gn 9.22.
[134] Gn 2.19-25.
[135] Lv 18.22.
[136] Dt 23.17,28.
[137] Lv 20.13.
[138] Hb 2.2.
[139] Dt 22.5.
[140] E.g., assassinato: Dt 19.4-13.
[141] E.g., estupro: Dt 22.23-29.
[142] Lv 18.24-30.
[143] Rm 1.26,27, 32, NASB.
[144] Rm 1.24.
[145] Rm 1.26.
[146] Rm 1.27.
[147] Rm 1.28.
[148] Rm 1.26,27.
[149] Rm 1.32.
[150] E.g., Os 4.17.
[151] Cf. Rm 1.24.
[152] Rm 1.27.
[153] Tanto gentios [não judeus] como judeus: Rm 1; 2.
[154] 2Pe 3.16.
[155] Jd 4.
[156] E.g., Lc 1.3.
[157] Lc 1.4.
[158] 2Pe 1.21; 2Tm 3.16.
[159] 1Co 6.15.
[160] Notem-se as introduções parecidas aos versículos 26,27, quanto ao
homossexualismo, e aos versículos 29-31, quanto a uma variedade de práticas e
atitudes imorais.
[161] Como em Romanos 11.24, onde se diz que o enxerto de ramos de árvore
é “antinatural”.
[162] Cf. Gl 2.15, onde os que são judeus “por natureza” têm um modo de
viver distinto do dos gentios, que são incircuncisos “por natureza”, de acordo
com Rm 2.27, ARA.
[163] Cf. Rm 1.27a, onde o meticuloso particípio aoristo aphentes poderia
sugerir um ponto passado específico de transição da atividade heterossexual
para a homossexual.
[164] E.g., nada do que pertence à esfera criada deve ser cultuado, pois
somente o Criador é Deus por natureza: Gl 4.8; é natural que haja uma
reconhecida distinção entre os sexos: 1Co 11.14.
[165] Rm 2.14,15.
[166] Dt 4.8; Is 51.4; Lv 18.24-27; Pv 14.34; Sl 72.1-11; Mt 28.18-20.
[167] Rm 1.18-25.
[168] Rm 2.14,15.
[169] 1Co 11.14.
[170] Jd 10.
[171] Rm 2.14.
[172] Tg 3.7; 2Pe 2.12.
[173] Rm 11.21, 24.
[174] Rm 11.24.
[175] Gl 4.8; Tg 3.7; 2Pe 1.4.
[176] Gl 2.15; Rm 2.27; Ef 2.3.
[177] Rm 1.32; cf. 1.19,20; 2.14,15.
[178] Rm 1.26.
[179] Rm 1.27.
[180] Rm 1.26,27.
[181] Rm 1.24, 26, 28.
[182] Rm 1.32.
[183] Rm 1.27.
[184] Rm 1.32.
[185] Cf. Rm 1.27.
[186] “Tornaram-se cheios de”, em Rm 1.29, modifica “os”, em Rm 1.28; quer
dizer, os homossexuais de Rm 1.26,27.
[187] Aschemosune, Rm 1.27.
[188] Rm 1.32; cf. Pv 2.14; Ez 16.25.
[189] Rm 1.32.
[190] 2Tm 3.16,17.
[191] Rm 7.23.
[192] Rm 7.5.
[193] Gl 5.17.
[194] Gl 5.19.
[195] Ef 2.3.
[196] Pv 4.23.
[197] Dt 10.16; Pv 17.20; Jr 9.26; 17.9; Os 10.2; Mt 19.8; Ef 4.18.
[198] Ef 4.19.
[199] Tt 1.15 (Almeida, Revista e Corrigida).
[200] Rm 8.7; Cl 121.
[201] Tg 1.14,15.
[202] Mt 15,19.
[203] 2Tm 3.3; Pv 14.17; 16.32; Rm 3.15; Is 59.7; 2Pe 2.10, 14; Ez 2.4.
[204] Pv 6.16-18; Zc 7.10; 8.17.
[205] Gn 4.7,8; Mt 5.21,22.
[206] Ef 4.31.
[207] Sl 37.1,7.
[208] Am 8.5.
[209] Zc 8.17.
[210] Êx 20.17.
[211] Rm 13.14; Cl 3.5; 1Pe 2.11.
[212] 1Co 7.2-5; Pv 5.18,19; Ct 7.1ss.; Hb 13.4.
[213] Rm 1.27.
[214] Rm 1.24, onde a palavra akatharsia literalmente diz respeito a refugo ou
a algo repugnante.
[215] Rm 1.26.
[216] Rm 5.12, 15-19.
[217] Contudo, mesmo que o homossexualismo fosse normal entre os animais,
o que isso provaria? É fato inconteste (e não observação defeituosa, ou falsa
interpretação) que entre os animais encontramos tanto a coprofagia como a
pedofilia. Quem ousará defender a normalidade de tais práticas para os seres-
humanos? [N. do R.]
[218] Porque o compromisso com estas teorias muitas vezes é muito forte
(muito embora decidido antes de se verificar a necessária evidência), não causa
surpresa que alguns teoristas resistam a renunciar a elas. E assim, alguns agora
sugerem que a causa do homossexualismo não é nem o ambiente nem a
hereditariedade, mas, antes, ambos em inter-relação entre si. Contudo, a
discussão e a análise de inter-relações desse jaez longe estão da ciência exata
(uma vez que é difícil mensurar ou confirmar as inter-relações). Ao invés de
oferecer esperança de uma explicação científica da homossexualidade, uma tão
obstinada sugestão parece simplesmente um par de baldes furados.
[219] 1Co 10.13.
[220] Mt 15.19.
[221] Rm 1.24, 26,27.
[222] Rm 1.32.
[223] Ez 18.30,31; Sl 32.5; Lc 13.3, 5.
[224] Ef 6.10-12; 1Pe 5.8,9; Tg 4.7.
[225] 1Pe 4.2-6; Ef 2.2-10; 4.17-24; Cl 3.5-10.
[226] Rm 6.1-22.
[227] 1Co 6.11.
[228] 1Ts 5.23; Gl 5.24; 2Co 7.1.
[229] Duas palavras gregas são aqui traduzidas por uma só palavra inglesa,
“homosexuals” [razão pela qual a NVI acrescenta “passivos ou ativos”]. Paulo
lista separadamente aqueles que se deixam seduzir ou violentar
homossexualmente e aqueles homens que se deitam com homens.
[230] Pv 14.12.
[231] 1Co 6.13.
[232] 1Co 6.15-20.
[233] Cf. 1Co 6.18.
[234] Cf. 1Co 2.14,15.
[235] 1Jo 4.6.
[236] Cf. Rm 13.13, onde a noção de excesso recebe real e completa
contribuição de outra palavra.
[237] Cf. Dt 23.1; Is 56.2-8; Mt 19.12; At 8.26-39.
[238] Mt 19.12.
[239] Cf. 1Co 7.7-9.
[240] Sl 119.128.
[241] Rm 11.22.
[242] 1Co 6.11.
[243] 1Co 10.13; Hb 2.17,18; 4.15,16; 2Pe 2.9.
[244] Cf. 1Co 5.1-5, 13; 2Co 2.5-11.
[245] Cf. Gl 2.9; 1Co 15.9.
[246] Isso é especialmente característico de algumas formas de pregação não
ortodoxa, que ensinam que todos já foram redimidos, estando simultaneamente
debaixo da ira e da graça de Deus.
[247] Mt 7.13,14.
[248] Rm 6.1-22.
[249] At 20.32; Hb 12.14.
[250] Gl 5.13.
[251] 1 Coríntios.
[252] 2Co 2.14-17.
[253] Ironicamente, os que defendem os “direitos civis” no segundo e no
terceiro sentidos, na verdade reduzem os “direitos civis” no primeiro sentido —
a saber, a liberdade pessoal do cidadão individual contrariamente ao poder
organizado do Estado. Isso não somente mostra como são divergentes os usos
da frase (e quão obscura ou ambígua a literatura polêmica pode então ser), mas
também como é importante ter um padrão objetivo quanto a crime (pelo qual a
liberdade individual pode ser cerceada à força pelos oficiais civis).
[254] Sl 24.1; Mt 28.18.
[255] Mt 6.33; 1Co 10.31.
[256] At 2.33-35; 1Co 15.25; Cl 1.18; Mt 28.19,20.
[257] Mt 5.13-16; 13.33.
[258] Pv 29.4.
[259] Pv 28.5.
[260] Pv 28.4.
[261] Dt 4.8.
[262] Is 51.4.
[263] Dt 4.6.
[264] Pv 14.34.
[265] Mq 3.10; Hc 2.12.
[266] Pv 16.12. A obrigação de todo e qualquer magistrado civil de governar
de acordo com a lei de Deus é tema desenvolvido mais amplamente em minha
obra Theonomy in Christian Ethics, capítulos 16-19, 22.
[267] Como Paulo explica em Romanos 1.
[268] Dt 6.24; 10.13; 30.15, 19,20; 32.46,47.
[269] Cf. Dt 28.
[270] De qualquer forma, a gente se pergunta como tal acordo universal
poderia ser confirmado empiricamente.
[271] Para mais ampla discussão sobre a igreja e o Estado na perspectiva
bíblica, ver minha obra intitulada Theonomy in Christian Ethics, cap. 20.
[272] Rm 13.4.
[273] Sl 51.13; 119.13.
[274] Pv 16.12; Sl 119.46,47; Mt 28.19,20.
[275] Ef 5.11.
[276] Is 51.4-8; Mt 5.14-19.
[277] Sl 50.18,21; e.g., At 8.1.
[278] Qual deve ser a penalidade específica contra o comportamento
homossexual não é relevante para a presente tese; o ponto em questão aqui é
simplesmente que os atos homossexuais são puníveis e, por conseguinte,
criminosos. Contudo, os leitores interessados na questão geral da penalogia
bíblica podem dar sequência ao estudo deste assunto no capítulo 21 do meu
livro Theonomy in Christian Ethics.
[279] Rm 13.1-4.
[280] Rm 13.4; cf. 12.19
[281] Cf. Rm 13.10.
[282] Sl 2.10-12.
[283] Sl 82.1,2.
[284] Pv 16.12; cf. 16.10.
[285] 2Sm 23.3,4.
[286] 2Ts 2.3.
[287] Ap 13.16-18; cf. 14.1, 12 com Dt 6.8.
[288] Lv 20.13.
[289] 1Tim 1.8-10.
[290] 1Tm 1.8.
[291] 1Tm 1.10, arsenokoitai.
[292] Rm 13.3,4.
[293] No original inglês: “… tanto quanto insiste em que os atos homossexuais
não devem ser sancionados pela lei civil”. [N. do T.]
[294] Mateus 28.18-20.
[295] “Os termos homem (ish) e mulher (ishah) formam um jogo de palavras
no hebraico. De certa forma, tal jogo de palavras também aparece no inglês,
cujos termos são respectivamente man e woman.” [N. do E.]
[296] E alguns animais praticam a pedofilia. [N. do E.]

Você também pode gostar