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Autor:
Carlos Roberto
19 de Janeiro de 2024
1 - Apresentação ............................................................................................................. 2
2 - Análise Estatística ....................................................................................................... 3
3 – Semântica .................................................................................................................. 3
3.1 – Denotação e Conotação ............................................................................................................ 4
3.2 - Sinônimos e Antônimos ............................................................................................................. 5
3.3 – Homônimos e Parônimos........................................................................................................... 6
4– Regência Verbal .......................................................................................................... 7
4.1 – Regência dos principais verbos cobrados em concursos .......................................................... 8
4.1.1 - Aspirar...................................................................................................................................... 8
4.1.2 - Assistir ...................................................................................................................................... 9
4.1.3 - Atender .................................................................................................................................... 9
4.1.4 - Chamar .................................................................................................................................... 9
4.1.5 - Chegar ...................................................................................................................................... 9
4.1.6 - Custar ..................................................................................................................................... 10
4.1.7 - haver ...................................................................................................................................... 10
4.1.8 - Ir ............................................................................................................................................. 11
4.1.9 - Esquecer ................................................................................................................................. 11
4.1.10 - Implicar ................................................................................................................................ 11
4.1.11 - Informar ............................................................................................................................... 11
4.1.12 - Morar ................................................................................................................................... 12
4.1.13 - Namorar .............................................................................................................................. 12
4.1.14 – Obedecer/Desobedecer ...................................................................................................... 12
4.1.15 – Pagar/Perdoar .................................................................................................................... 12
4.1.16 - Precisar ................................................................................................................................ 13
4.1.17 – Preferir ................................................................................................................................ 13
4.1.18 - Proceder ............................................................................................................................... 13
4.1.19 - Querer .................................................................................................................................. 13
4.1.20 - Visar ..................................................................................................................................... 14
5 – Regência Nominal .................................................................................................... 14
6 - Aposta estratégica .................................................................................................... 15
7- Questões-chave de revisão ........................................................................................ 16
1 - APRESENTAÇÃO
Olá, servidores.
Na aula de hoje, abordaremos Semântica, Regência Verbal, Regência Nominal, Coesão e Coerência.
Esse assunto encontra-se no Grupo 1 da nossa análise estatística e, portanto, tem boa probabilidade
de ser cobrado na sua prova.
Selecionamos aquilo que a banca mais gosta de explorar, para que a revisão seja breve.
Bons estudos!
#amoraovernáculo
2 - ANÁLISE ESTATÍSTICA
Língua Portuguesa
% de cobrança em provas anteriores (FCC)
Pontuação. 6,91%
Linguagem. 0,36%
3 – SEMÂNTICA
A Semântica nada mais é que a ciência dos significados das palavras. Seu objetivo é analisar o
significado e a interpretação entre significantes e o que eles representam.
Da mesma forma, a semântica analisa a mudança de sentido de significantes, sejam eles: palavras,
sinais, símbolos, frases ou expressões.
Veja a quantidade de significados da palavra “carteira”:
Sentido Sentido
próprio ou
Denotativo literal
Sentido Sentido
Conotativo figurado
O sol estava muito forte, por isso E eu ainda achava que você era o sol
desidratei e caí. da minha vida...
Enquanto sinônimos são vocábulos que se aproximam por uma relação de equivalência ou
semelhança, os antônimos se conectam semanticamente por uma relação de oposição.
Ao produzir um texto, por exemplo, os sinônimos devem ser utilizados como um recurso, uma
ferramenta fundamental para evitar a repetição de vocábulos. Mais um motivo para que leiamos
muito, meus amigos! Ao utilizar tal estratégia, demonstramos domínio da língua portuguesa,
conferindo dinamismo ao texto.
Exemplos de sinônimos:
Você parecia uma pedra.
Você parecia um ignorante.
Você parecia um estúpido.
Você parecia um tapado.
Você parecia um tolo.
Exemplos de antônimos:
Ela foi aprovada, pois estudou tudo. / Ele não passou, pois não estudou nada.
O sol estava muito forte. / O sol estava muito fraco.
Que coração de pedra! / Que coração mole!
câmara (local de reunião do deputados) e câmera (aparelho que capta e reproduz imagens)
costear (navegar pela costa) e custear (pagar)
deferir (atender) e diferir (ser diferente, adiar)
degradado (estragado) e degredado (exilado)
descrição (exposição) e discrição (reserva)
descriminar (inocentar) e discriminar (distinguir)
eminente (notável) e iminente (próximo a ocorrer).
flagrante (evidente) e fragrante (cheiroso.
infligir (aplicar pena) e infringir (transgredir)
mandado (ordem judicial) e mandato (duração de cargo).
ratificar (confirmar) e retificar (alterar).
4– REGÊNCIA VERBAL
Chama-se Regência Verbal a relação de subordinação que ocorre entre um verbo e seus
complementos (objeto direto, objeto indireto e adjuntos adverbiais).
Inicialmente, é preciso ressaltar que para compreender regência verbal é necessário o domínio de
alguns conceitos sintáticos já vistos nos passos anteriores.
A classificação verbal quanto à transitividade permitirá saber se o verbo possui sentido completo ou
incompleto e, assim, saber se requer, ou não, um complemento.
O verbo intransitivo (VI) pode vir acompanhado de um adjunto adverbial, que pode ser tempo, local,
modo, etc.
Fui a Brasília. (adjunto adverbial de lugar)
Choveu ontem. (adjunto adverbial de tempo)
Cheguei de carro. (adjunto adverbial de modo)
4.1.1 - ASPIRAR
O verbo aspirar tanto pode ser transitivo direto (= inspirar), quanto pode ser transitivo indireto
(=almejar).
Aspirou o ar puro das montanhas. (inspirou – VTD)
Era justamente a vida que aspirava. (almejava - VTI)
4.1.2 - ASSISTIR
4.1.3 - ATENDER
O verbo atender pode ser tanto transitivo direto (acolher, acatar, conceder) ou transitivo indireto
(dar/prestar atenção).
O professor sempre atende as solicitações dos alunos. (VTD= acatar)
O médico atende aos pacientes com dedicação. (VTI=prestar atenção)
4.1.4 - CHAMAR
O verbo chamar (= convocar) é verbo transitivo direto. Será transitivo direto ou indireto se significar
apelidar.
Chamei o professor um dia. (VTD= convocar)
A turma chamou o professor esperto. (VTD= apelidou)
A turma chamou ao professor esperto. (VTI= apelidou)
A turma chamou ao professor de esperto. (VTI= apelidou)
4.1.5 - CHEGAR
4.1.6 - CUSTAR
O verbo custar pode ser transitivo indireto (= difícil), intransitivo (= valor) ou transitivo direto e
indireto (=acarretar).
Não custava ao professor explicar a matéria. (VTI= ser difícil)
Afinal, o curso custou caro. (VI= valor)
A má vontade custou-lhe o emprego. (VTDI= acarretou a ele)
4.1.7 - HAVER
4.1.8 - IR
4.1.9 - ESQUECER
4.1.10 - IMPLICAR
4.1.11 - INFORMAR
4.1.12 - MORAR
4.1.13 - NAMORAR
4.1.14 – OBEDECER/DESOBEDECER
4.1.15 – PAGAR/PERDOAR
Os verbos pagar e perdoar, quando se referem a coisas, são verbos transitivos diretos.
Quando se referem a pessoas, são transitivos indiretos.
Se fizerem referência a coisas e pessoas, são transitivos direto e indireto.
Ela pagou a mensalidade da escola. (VTD= refere-se a coisa)
4.1.16 - PRECISAR
O verbo precisar é transitivo direto (= indica algo com exatidão) ou transitivo indireto (=ter
necessidade).
Ela não sabe precisar o montante do dano. (VTD= indicar com exatidão)
Portanto, ela precisa de apoio da perícia contábil. (VTI= ter necessidade)
Importante!
Se o complemento for um verbo no infinitivo, a preposição não é utilizada.
Preciso ir agora.
Preciso relaxar um pouco na piscina.
4.1.17 – PREFERIR
4.1.18 - PROCEDER
4.1.19 - QUERER
O verbo querer pode ser transitivo direto (=desejar) ou transitivo indireto (= estimar, ter afeto).
4.1.20 - VISAR
O verbo visar pode ser transitivo direto (= apontar, mirar, dar o visto) ou transitivo
indireto (=objetivar).
Visei o passaporte da estrangeira. (VTD – dar o visto)
O bom atirador visou o bandido e atirou. (VTD= mirou)
Esta aula visa ao seu desenvolvimento linguístico. (VTI = objetivar)
5 – REGÊNCIA NOMINAL
Regência nominal é a relação entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e seus
complementos.
Há sempre uma preposição intermediando tal relação. A dificuldade está justamente em discernir
qual a preposição correta a ser utilizada em cada situação.
Com o intuito de compreender essa matéria da melhor forma, segue uma lista com os nomes e as
respectivas preposições que os regem.
Atenção! A lista a seguir apresentada contém os nomes mais cobrados em provas de concurso. Logo,
não se trata de uma lista completa.
Não há técnica eficiente de memorização. Somente com muita leitura e treino, ao realizar inúmeras
questões, é que você terá domínio sobre essa matéria.
SUBSTANTIVOS
Admiração a, por Com respeito a
Desprezo a, por Último a, em
Paralelo a Vizinho a, de
Aversão a Dúvida acerca de
Simpatia a, por Capacidade de,
Atentado a, contra União com, entre, a
ADVÉRBIOS
Paralelo a
Reativo a
Longe de
Perto de
ADJETIVOS
Relativo a Acessível a Prejudicial a
Contemporâneo a, de Entendido em Apto a, para
Idêntico a Necessário a Favorável a
Respeito a Acostumado a Prestes a
Nocivo a Agradável a Ávido de
Impróprio para Escasso a Generoso com
Satisfeito com, de, em, por Paralelo a Propício a
Contrário a Alheio a, de Benéfico a
Indeciso em Essencial a, para Grato a, por
Semelhante a Passível de Próximo a
Descontente com Análogo a Capaz de, para
Insensível a Fácil de Hábil em
Sensível a Preferível a Relacionado com
Desejoso de Ansioso de, para, por Compatível com
Liberal com Fanático por Habituado a
Sito em Diferente de Suspeito de
6 - APOSTA ESTRATÉGICA
No assunto semântica, a comparação entre homonímia perfeita e polissemia costuma ocorrer e é uma
questão que deixa muitas pessoas em dúvida.
Para resolvermos essa dúvida, precisamos ter em mente que polissemia é o nome da característica que uma
palavra tem de assumir vários significados em diferentes contextos. Então, "carteira", por exemplo, é uma
palavra polissêmica.
E, para se detectar a homonímia perfeita, é necessário que uma palavra apareça em diferentes contextos. É
necessário haver uma comparação.
Então, resumindo: "carteira", "manga" são palavras polissêmicas que, quando colocadas em questões para
comparação, apresentarão homonímia perfeita.
Sobre o assunto regência, temos mais frequência em questões de regência verbal. Vejamos a regência de
alguns verbos mais cobrados:
7- QUESTÕES-CHAVE DE REVISÃO
Sinônimos e antônimos
Questão 1
FCC - Oficial Estadual de Trânsito (DETRAN SP)/2019
Ao ver Diógenes ocupado em limpar vegetais ao pé de um chafariz, o filósofo Platão aproximou-se do filósofo
rival e alfinetou: “Se você fizesse corte (*) a Dionísio, rei de Siracusa, não precisaria lavar vegetais”. E Diógenes,
no mesmo tom sereno, retorquiu: “É verdade, Platão, mas se você lavasse vegetais você não estaria fazendo a
corte a Dionísio, rei de Siracusa.”
(*) fazer corte = cortejar, bajular, lisonjear
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 92)
A frase acima manterá seu sentido básico caso se substituam os elementos sublinhados, respectivamente,
por:
a) redarguiu − correspondeu − harmonia
b) provocou − replicou − tranquilidade
c) incitou − devolveu − presteza
A ilusão de que uma metafísica calcada na ciência permitiria banir o mistério do mundo caducou − e agora? O
que nos resta fazer? Não se pode esperar da ciência respostas a inquietações que estão constitutivamente além
de seu horizonte de possibilidades. A ciência só se coloca problemas que ela é capaz, em princípio, de resolver,
ou seja, questões que se prestam a um tratamento empírico-dedutivo e cujas respostas admitem a possibilidade
da refutação.
Há um equívoco em abordar as extraordinárias conquistas do método científico com o olhar expectante da
busca religiosa ou metafísica. Ao mesmo tempo, contudo, parece simplesmente descabida, além de irrealista, a
pretensão de se limitar a esfera do que é pertinente inquirir à província da investigação científica, como se a
ciência gozasse da prerrogativa de definir ou demarcar o âmbito do que há para ser explicado no mundo. Uma
coisa é dizer que o animal humano partilha dos mesmos objetivos básicos − sobreviver e reproduzir das demais
formas de vida; outra, muito distinta, é afirmar que “nenhuma espécie, inclusive a nossa, possui um propósito
que vá além dos imperativos criados por sua história genética” e que, portanto, a espécie humana “carece de
qualquer objetivo externo à sua própria natureza biológica”: pois, ao dar esse passo, saltamos da observação
ao decreto e da constatação ao cerceamento da busca.
A teima interrogante do saber não admite ser detida e barrada, como contrabando ou imigrante clandestino,
pela polícia da fronteira na divisa onde findam os porquês da ciência.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 37-38)
Um segmento do texto permanecerá correto e manterá seu sentido, caso se substitua o elemento
sublinhado pelo que se indica entre parênteses, no seguinte caso:
a) uma metafísica calcada na ciência permitiria banir o mistério (facultaria difundir-lhe o enigma)
b) Há um equívoco em abordar as extraordinárias conquistas (engano em efetuar a abordagem das)
c) Ao mesmo tempo, contudo, parece simplesmente descabida (ainda assim, por conseguinte)
d) possui um propósito que vá além dos imperativos (se dissuada das obrigações)
e) carece de qualquer objetivo externo à sua própria natureza (imune de)
Semântica
Questão 3
FCC - Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão (Pref. Recife)/2019
Envelhecer
Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar que envelhece por inteiro − famosa tolice. Alguém já
notou: envelhecemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde, aquele outro já quase apodrece; aqui há
seiva estuando, além é coisa murcha.
A infância não volta, mas não vai − fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode dar um acesso. Outro
dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me célere, árdego*, confuso. Meus olhos
estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas
agia com estranha velocidade por fora. Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e
condição.
Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de repente começa a agir como um menino bobo. Será que
só eu sou assim, ou os outros disfarçam melhor?
*árdego: impetuoso.
(BRAGA, Rubem. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71)
O segmento que inicia o texto − Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice − deve ser entendido como
a) aconteça de um homem envelhecer, e cair na tolice.
b) se um homem envelhecer, cairá na tolice.
c) ainda que ocorra de envelhecer, um homem cairá na tolice.
d) mesmo vindo a envelhecer, cairá um homem na tolice.
e) irá envelhecendo um homem, ao cair na tolice.
Semântica
Questão 4
FCC - Analista Judiciário (TST)/Judiciária/"Sem Especialidade"/2017
Signos a compreender
Estamos vivendo numa época marcada pela exposição de signos. São incontáveis as formas pelas quais
entramos em contato com linguagens de todos os tipos, com todas as finalidades e com incontáveis meios de
formação e reprodução de mensagens. Da propaganda às causas políticas, da celebração de personalidades às
conquistas da ciência, dos valores do mercado às exposições de marcas, tudo passa por ferramentas e
plataformas que se chamam outdoor, imprensa, redes sociais, shows, exposições, debates, comícios,
manifestações. A impressão primeira é a de uma grande saturação, a pedir seletividade. O risco imediato é o da
dispersão da consciência pelos mil atalhos dos signos que nos chegam, trazendo consigo tudo o que pode haver
neles de valores contraditórios.
Contra esse mar de informações, opiniões e argumentos desencontrados, nossa defesa é, como sempre, a
análise a partir de um certo equilíbrio do nosso próprio julgamento. Mas para contar com este, é preciso sempre
escolher, o que significa eleger os valores básicos que nos sustentem em pé com sua coerência. É o que se pode
chamar de ética genuína: aquele conjunto de valores que somos capazes de escolher para a nossa prática, e não
apenas para a nossa imaginação. É o que nos pede, cada vez mais, um mundo tão fulgurante na sua explosão
de signos e mensagens.
O excesso de informação bruta é descontrolado e contemporâneo, mas o desafio permanece o mesmo de há
muito tempo: encontrarmos nossa forma de ser sujeitos numa sociedade onde tudo insinua que somos objetos
de um sentido que já nos reservaram. Ser sujeito da própria consciência não é, todavia, fechamento dentro da
instância individual, pelo contrário: é saber avaliar o que há de problemático na nossa relação com o outro, com
as coisas do mundo, e fazer disso a riqueza mesma da nossa vida. Num mundo povoado por signos, saber ler é
mais que saber codificar: é escolher o sentido que sabemos dar a eles.
(CARDOSO, Linaldo, inédito)
Tempo é dinheiro
O primeiro relógio mecânico de que se tem registro − um artefato movido pelo escoamento da água sobre uma
roda − foi inventado no século VIII por um matemático e monge budista chinês chamado Yi Xing. Mas, quando
os missionários jesuítas portugueses introduziram na China, no século XVI, o relógio mecânico acionado por
pesos e cordas, a novidade provocou sensação e assombro na corte imperial. Mais do que qualquer outra
novidade tecnológica europeia, o aparelho deslumbrou os até então reticentes chineses não só pelo engenho e
precisão, mas como fonte de enlevo e contemplação.
Os relógios europeus foram recebidos pelos chineses como um convite, um estímulo à meditação sobre o fluxo
da existência, e foram tratados como verdadeiros brinquedos metafísicos. Jamais lhes ocorreu, porém, a ideia
de tirar proveito daquele dispositivo visando disciplinar a jornada de trabalho, impor o ritmo dos negócios ou
pautar a circulação das riquezas entre os consumidores.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 154)
A correção do segmento dado é preservada caso se substitua o elemento sublinhado pelo que está entre
parênteses no seguinte caso:
a) Os chineses inventaram o primeiro relógio mecânico de que se tem notícia (de cujo se sabe).
b) Os missionários portugueses introduziram na China seu relógio mecânico (deram origem à China).
Mais da metade dos seres humanos hoje vivem em cidades, e esse número deve aumentar para 70% até 2050.
Em termos econômicos, os resultados da urbanização foram notáveis. As cidades representam 80% do Produto
Interno Bruto (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova York-Washington gera mais de 30%
do PIB do país.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum Econômico
Mundial. Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental e desigualdade persistente são alguns dos
problemas das cidades modernas. Recentemente, entraram na equação as consequências da transformação
digital. Há quem fale sobre uma futura desurbanização. Mas os especialistas consultados pelo Fórum descartam
essa possibilidade. Preferem discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da digitalização e como vão
moldar a economia mundial.
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas cidades. Em cidades inteligentes como Tallinn, na
Estônia, os cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se com o governo local via plataformas
digitais, que permitem a assinatura de contratos e o pagamento de impostos, por exemplo. Programas
similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma espécie de “governo 4.0”.
Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais possibilitam acesso,
abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente irão mudar a forma como os
governos interagem com as pessoas.
(Adaptado de: “5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial”. Disponível
em: https://epocanegocios.globo.com)
Cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam a internet em todo o mundo atualmente, o que representa mais da metade
da população mundial – informou a ONU na sexta-feira (7 de dezembro de 2018).
A agência da ONU para informação e comunicação, a UIT, indicou que, até o final de 2018, 51,2% da população
mundial estará usando a internet. “Até o final de 2018, teremos ultrapassado a marca de 50% do uso da
internet”, afirmou o diretor da UIT, Houlin Zhou, em um comunicado. “Esse é um passo importante para uma
sociedade global da informação mais inclusiva”, disse ele.
Segundo a UIT, os países mais ricos do planeta registraram um crescimento sólido no uso da internet, que
passou de 51,3% de suas populações, em 2005, para atuais 80,9%.
(Texto adaptado. Disponível em: https://exame.abril.com.br)
[Retratos fiéis]
Não sei por que motivo há de a gente desenhar tão objetivamente as coisas: o galho daquela árvore exatamente
na sua inclinação de quarenta e três graus, o casaco daquele homem justamente com as ruguinhas que no
momento apresenta, e o próprio retratado com todos seus pés-de-galinha minuciosamente contadinhos... Para
isso já existe há muito tempo a fotografia, com a qual jamais poderemos competir em matéria de objetividade.
Se, para contrabalançar minhas lacunas, me houvesse Deus concedido o invejável dom da pintura, eu seria um
pintor lírico (o adjetivo não é bem apropriado, mas vai esse mesmo enquanto não ocorrer outro). Quero dizer, o
modelo serviria tão só do ponto de partida. O restante eu transfiguraria em conformidade com meu desejo de
fantasia e poder de imaginação.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Na volta da esquina. Porto Alegre: Globo, 1979, p. 88)
a) O poeta Mário Quintana não demonstra admiração pelo excesso de fidedignidade com que alguns
pintores desejam retratar as coisas.
b) Trata-se de uma velha discussão, sobre se na arte da fotografia tem detalhes que nenhum pintor haverá
de se sobrepor.
c) Na antiguidade clássica, onde o intento da pintura realista prevalescia, mesmo assim ela não alcançava
ser tão fotográfica.
d) Se lhe proviessem como um pintor lírico, caso Deus assim lhe favorecesse, o poeta Mário Quintana
disporia-se a transfigurar o real.
e) O poeta acredita de que seria capaz de criativas invenções, tendo por base alguma figura em cuja devesse
representar com direito à essa liberdade.
Regência verbal
Questão 9
FCC - Oficial Estadual de Trânsito (DETRAN SP)/2019
Olhador de anúncio
Eis que se aproxima o inverno, pelo menos nas revistas, cheias de anúncios de cobertores, lãs e malhas. O que é
o desenvolvimento! Em outros tempos, se o indivíduo sentia frio, passava na loja e adquiria os seus agasalhos.
Hoje são os agasalhos que lhe batem à porta, em belas mensagens coloridas.
E nunca vêm sós. O cobertor traz consigo uma linda mulher, que se apresenta para se recolher debaixo de sua
“nova textura antialérgica”, e a legenda: “Nosso cobertor aquece os corpos de quem já tem o coração quente”.
A mulher parece convidar-nos: “Venha também”. Ficamos perturbados. (...)
Não, a mulher absolutamente não faz parte do cobertor, que é que o senhor estava pensando? Nem adianta
telefonar para a loja ou agência de publicidade, pedindo o endereço da moça do cobertor antialérgico. Modelo
fotográfico é categoria profissional respeitável, como qualquer outra. Tome juízo, amigo. E leve só o cobertor.
São decepções do olhador de anúncios. Em cada anúncio uma sugestão erótica. Identificam-se o produto e o
ser humano. A tônica do interesse recai sobre este último? É logo desviada para aquele. Operada a
transferência, fecha-se o negócio. O erotismo fica sendo agente de vendas. Pobre Eros! Fizeram-te auxiliar de
Mercúrio (*).
(*) Eros e Mercúrio são, respectivamente, o deus do amor e o deus dos negócios na mitologia clássica.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. O poder ultrajovem. São Paulo: Companhia das Letras, 2015,
p. 167)
c) Muitos conhecem os truques de uma propaganda, mas ainda assim lhes subestimam na hora de comprar.
d) Fizemos muitas compras, compras excessivas, das quais gostaríamos de não ter que nos arrepender
amanhã.
e) Esse cobertor foi anunciado por uma mulher em cuja beleza todos os clientes se sentiram atraídos.
Regência verbal
Questão 10
FCC - Assistente Técnico de Defensoria (DPE AM)/Assistente Técnico Administrativo/2018
Limites da ciência
Os deuses parecem ter um prazer especial em desmoralizar quem faz profecias sobre os limites da ciência.
Auguste Comte afirmou, em 1835, que nunca surgiria um meio para estudarmos a composição química das
estrelas. Bem, o método existe e hoje sabemos do que elas são feitas. Sabemos até que nós somos feitos
de poeira estelar.
É verdade que Comte não era cientista, mas filósofo. Só que cientistas não se saem muito melhor. Um dos
maiores físicos de seu tempo, lorde Kelvin, escreveu em 1900: "Não há mais nada novo a ser descoberto na
física; só o que resta fazer são medidas cada vez mais precisas". Vieram depois disso relatividade, mecânica
quântica, modelo padrão etc.
Marcus du Sautoy conta essas histórias em The Great Unknown (O Grande Desconhecido). Ele sabe,
portanto, que caminha em terreno perigoso quando se propõe a discutir os limites do conhecimento
humano. Mas Du Sautoy, que é professor de matemática em Oxford e autor de vários livros de divulgação,
tenta jogar em território razoavelmente seguro. Ele vai às fronteiras da ciência em que já temos informações
suficientes para saber que há barreiras formidáveis a um conhecimento total.
A teoria do caos, por exemplo, assegura que nunca conseguiremos fazer previsões de longo prazo acerca
de fenômenos como a meteorologia e engarrafamentos de trânsito. O problema é que alterações mínimas
nas condições iniciais podem produzir alterações dramáticas depois de um tempo – e nós nunca temos
conhecimento completo do presente.
Analogamente, ele mostra como o princípio da incerteza, a extensão do cosmo e a provável inexistência
do tempo também limitam a possibilidade de conhecimento. Ao final, Du Sautoy retorna à sua
especialidade e mergulha nas implicações dos teoremas da incompletude de Gödel, que criam embaraços
para a própria matemática. É diversão certa para quem gosta de grandes questões.
(Hélio Schwartsman. Disponível em: www.folha.uol.com.br. 19.11.2017)
Vieram depois disso relatividade, mecânica quântica, modelo padrão etc. (2° parágrafo)
A forma verbal empregada nessa frase é intransitiva, assim como a destacada em:
a) Marcus du Sautoy conta essas histórias em The Great Unknown (O Grande Desconhecido).
b) Analogamente, ele mostra como o princípio da incerteza, a extensão do cosmo e a provável inexistência
do tempo também limitam a possibilidade de conhecimento.
c) Ao final, Du Sautoy retorna à sua especialidade e mergulha nas implicações dos teoremas da
incompletude de Gödel [...]
d) Auguste Comte afirmou, em 1835, que nunca surgiria um meio para estudarmos a composição química
das estrelas.
e) Sabemos até que nós somos feitos de poeira estelar.
Ao ver Diógenes ocupado em limpar vegetais ao pé de um chafariz, o filósofo Platão aproximou-se do filósofo
rival e alfinetou: “Se você fizesse corte (*) a Dionísio, rei de Siracusa, não precisaria lavar vegetais”. E Diógenes,
no mesmo tom sereno, retorquiu: “É verdade, Platão, mas se você lavasse vegetais você não estaria fazendo a
corte a Dionísio, rei de Siracusa.”
(*) fazer corte = cortejar, bajular, lisonjear
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 92)
A frase acima manterá seu sentido básico caso se substituam os elementos sublinhados, respectivamente,
por:
a) redarguiu − correspondeu − harmonia
b) provocou − replicou − tranquilidade
c) incitou − devolveu − presteza
d) recriminou − interpôs − dignidade
e) perturbou − rebateu – animosidade
Comentário:
Frase base: Platão alfinetou Diógenes, e este retorquiu com serenidade.
Observando os termos sublinhados e seu significado no contexto, temos:
- alfinetou - “Platão alfinetou Diógenes” significa que Platão provocou / perturbou Diógenes
- retorquiu - Diógenes retorquiu a Platão significa que ele respondeu à provocação de Platão
- serenidade - Diógenes retorquiu a Platão com serenidade significa que ele não perdeu a tranquilidade ao
responder à provocação de Platão.
desvendando os significados dos termos que constam nas alternativas, temos:
A - redarguiu − correspondeu – harmonia
Redarguiu – respondeu com argumentação
Correspondeu – apresentou equivalência
Harmonia – indica consonância de algo com algo
Incorreta - Nenhuma das opções condiz com o que consta na frase base.
B - provocou − replicou – tranquilidade
Provocou – desafiou / alfinetou
Replicou – respondeu à provocação / retorquiu / replicou
Tranquilidade – serenidade
CORRETA – aqui todas as palavras têm o mesmo sentido/significado.
O significado dos termos das demais alternativas é:
C - incitou − devolveu – presteza
Incitou – estimulou
Devolveu – entregou de volta
Presteza - rapidez
D - recriminou − interpôs – dignidade
Recriminou – respondeu a uma acusação com outra.
Interpôs – colocou algo no meio
Dignidade – nobreza / honra
E - perturbou − rebateu – animosidade
Perturbou – fez perder a serenidade
Rebateu – afastou com violência
Animosidade – ressentimento
Gabarito: B
Semântica em expressões
Questão 2
FCC - Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão (Pref. Recife)/2019
A ilusão de que uma metafísica calcada na ciência permitiria banir o mistério do mundo caducou − e agora? O
que nos resta fazer? Não se pode esperar da ciência respostas a inquietações que estão constitutivamente além
de seu horizonte de possibilidades. A ciência só se coloca problemas que ela é capaz, em princípio, de resolver,
ou seja, questões que se prestam a um tratamento empírico-dedutivo e cujas respostas admitem a possibilidade
da refutação.
Há um equívoco em abordar as extraordinárias conquistas do método científico com o olhar expectante da
busca religiosa ou metafísica. Ao mesmo tempo, contudo, parece simplesmente descabida, além de irrealista, a
pretensão de se limitar a esfera do que é pertinente inquirir à província da investigação científica, como se a
ciência gozasse da prerrogativa de definir ou demarcar o âmbito do que há para ser explicado no mundo. Uma
coisa é dizer que o animal humano partilha dos mesmos objetivos básicos − sobreviver e reproduzir das demais
formas de vida; outra, muito distinta, é afirmar que “nenhuma espécie, inclusive a nossa, possui um propósito
que vá além dos imperativos criados por sua história genética” e que, portanto, a espécie humana “carece de
qualquer objetivo externo à sua própria natureza biológica”: pois, ao dar esse passo, saltamos da observação
ao decreto e da constatação ao cerceamento da busca.
A teima interrogante do saber não admite ser detida e barrada, como contrabando ou imigrante clandestino,
pela polícia da fronteira na divisa onde findam os porquês da ciência.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 37-38)
Um segmento do texto permanecerá correto e manterá seu sentido, caso se substitua o elemento
sublinhado pelo que se indica entre parênteses, no seguinte caso:
a) uma metafísica calcada na ciência permitiria banir o mistério (facultaria difundir-lhe o enigma)
b) Há um equívoco em abordar as extraordinárias conquistas (engano em efetuar a abordagem das)
c) Ao mesmo tempo, contudo, parece simplesmente descabida (ainda assim, por conseguinte)
d) possui um propósito que vá além dos imperativos (se dissuada das obrigações)
e) carece de qualquer objetivo externo à sua própria natureza (imune de)
Comentário:
Observando as alternativas, precisamos identificar a substituição correta e que mantenha o sentido.
A - uma metafísica calcada na ciência permitiria banir o mistério (facultaria difundir-lhe o enigma)
Incorreta – o termo “difundir-lhe” está incorreto por ter sentido diferente de “banir”, significando propagar,
e por estar acompanhado de pronome. Primeiramente porque “o enigma” já é o complemento de “difundir”;
depois porque o pronome “–lhe” somente deve ser empregado para substituir elementos preposicionados,
o que não é o caso já que “difundir” é verbo transitivo direto.
B - Há um equívoco em abordar as extraordinárias conquistas (engano em efetuar a abordagem das)
CORRETA – “equívoco” e “engano” são sinônimos; “efetuar” e “abordar” têm o mesmo sentido no contexto;
“abordar” e “abordagem” são verbo e substantivo correspondente.
C - Ao mesmo tempo, contudo, parece simplesmente descabida (ainda assim, por conseguinte)
Incorreta – “Ao mesmo tempo” é uma expressão que indica temporalidade e “ainda assim” indica ideia de
concessão; “contudo” indica ideia contrária e “por conseguinte” indica conclusão.
D - possui um propósito que vá além dos imperativos (se dissuada das obrigações)
Incorreta – “que vá além” significa que ultrapasse e “se dissuada” significa convencer a mudar de opinião;
“imperativos” e “obrigações” têm o mesmo sentido no contexto.
E - carece de qualquer objetivo externo à sua própria natureza (imune de)
Incorreta – “externo à” significa fora de e “imune de”, protegido de.
Gabarito: B
Semântica
Questão 3
FCC - Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão (Pref. Recife)/2019
Envelhecer ==2b4f26==
Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar que envelhece por inteiro − famosa tolice. Alguém já
notou: envelhecemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde, aquele outro já quase apodrece; aqui há
seiva estuando, além é coisa murcha.
A infância não volta, mas não vai − fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode dar um acesso. Outro
dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me célere, árdego*, confuso. Meus olhos
estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas
agia com estranha velocidade por fora. Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e
condição.
Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de repente começa a agir como um menino bobo. Será que
só eu sou assim, ou os outros disfarçam melhor?
*árdego: impetuoso.
(BRAGA, Rubem. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71)
O segmento que inicia o texto − Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice − deve ser entendido como
a) aconteça de um homem envelhecer, e cair na tolice.
b) se um homem envelhecer, cairá na tolice.
c) ainda que ocorra de envelhecer, um homem cairá na tolice.
d) mesmo vindo a envelhecer, cairá um homem na tolice.
e) irá envelhecendo um homem, ao cair na tolice.
Comentário:
O segmento “Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice” significa, no contexto, que um homem envelhecer
e achar que envelhece por inteiro é tolice. Dentre as alternativas, aquela em que consta frase que melhor
expressa esse sentido é a letra A. Se a substituirmos no trecho inteiro, não perdemos o sentido: Aconteça de um
homem envelhecer, e cair na tolice de pensar que envelhece por inteiro − famosa tolice.
Nas demais alternativas, temos o seguinte:
Signos a compreender
Estamos vivendo numa época marcada pela exposição de signos. São incontáveis as formas pelas quais
entramos em contato com linguagens de todos os tipos, com todas as finalidades e com incontáveis meios de
formação e reprodução de mensagens. Da propaganda às causas políticas, da celebração de personalidades às
conquistas da ciência, dos valores do mercado às exposições de marcas, tudo passa por ferramentas e
plataformas que se chamam outdoor, imprensa, redes sociais, shows, exposições, debates, comícios,
manifestações. A impressão primeira é a de uma grande saturação, a pedir seletividade. O risco imediato é o da
dispersão da consciência pelos mil atalhos dos signos que nos chegam, trazendo consigo tudo o que pode haver
neles de valores contraditórios.
Contra esse mar de informações, opiniões e argumentos desencontrados, nossa defesa é, como sempre, a
análise a partir de um certo equilíbrio do nosso próprio julgamento. Mas para contar com este, é preciso sempre
escolher, o que significa eleger os valores básicos que nos sustentem em pé com sua coerência. É o que se pode
chamar de ética genuína: aquele conjunto de valores que somos capazes de escolher para a nossa prática, e não
apenas para a nossa imaginação. É o que nos pede, cada vez mais, um mundo tão fulgurante na sua explosão
de signos e mensagens.
O excesso de informação bruta é descontrolado e contemporâneo, mas o desafio permanece o mesmo de há
muito tempo: encontrarmos nossa forma de ser sujeitos numa sociedade onde tudo insinua que somos objetos
de um sentido que já nos reservaram. Ser sujeito da própria consciência não é, todavia, fechamento dentro da
instância individual, pelo contrário: é saber avaliar o que há de problemático na nossa relação com o outro, com
as coisas do mundo, e fazer disso a riqueza mesma da nossa vida. Num mundo povoado por signos, saber ler é
mais que saber codificar: é escolher o sentido que sabemos dar a eles.
(CARDOSO, Linaldo, inédito)
Tempo é dinheiro
O primeiro relógio mecânico de que se tem registro − um artefato movido pelo escoamento da água sobre uma
roda − foi inventado no século VIII por um matemático e monge budista chinês chamado Yi Xing. Mas, quando
os missionários jesuítas portugueses introduziram na China, no século XVI, o relógio mecânico acionado por
pesos e cordas, a novidade provocou sensação e assombro na corte imperial. Mais do que qualquer outra
novidade tecnológica europeia, o aparelho deslumbrou os até então reticentes chineses não só pelo engenho e
precisão, mas como fonte de enlevo e contemplação.
Os relógios europeus foram recebidos pelos chineses como um convite, um estímulo à meditação sobre o fluxo
da existência, e foram tratados como verdadeiros brinquedos metafísicos. Jamais lhes ocorreu, porém, a ideia
de tirar proveito daquele dispositivo visando disciplinar a jornada de trabalho, impor o ritmo dos negócios ou
pautar a circulação das riquezas entre os consumidores.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 154)
A correção do segmento dado é preservada caso se substitua o elemento sublinhado pelo que está entre
parênteses no seguinte caso:
a) Os chineses inventaram o primeiro relógio mecânico de que se tem notícia (de cujo se sabe).
b) Os missionários portugueses introduziram na China seu relógio mecânico (deram origem à China).
c) Os relógios europeus foram um estímulo à meditação dos chineses (impulso da).
d) Jamais lhes ocorreu a ideia de tirar outro proveito daquele artefato (se apresentou a eles).
e) O ritmo que o relógio impôs aos negócios mantém-se até hoje. (subordinou dos).
Comentário:
A - Os chineses inventaram o primeiro relógio mecânico de que se tem notícia (de cujo se sabe).
Incorreta – a expressão “de que se tem notícia” significa que se conhece / de que se sabe, portanto na
sugestão de substituição o erro está no pronome “cujo”, o qual encerra ideia de posse, o que não é o caso
no contexto.
B - Os missionários portugueses introduziram na China seu relógio mecânico (deram origem à China).
Incorreta – a expressão “deram origem à China” tem sentido de fundar a China, o qual não se encaixa no
contexto da frase.
C - Os relógios europeus foram um estímulo à meditação dos chineses (impulso da).
Incorreta – ser estimulo à significa ser impulso para algo e não impulso de algo.
D - Jamais lhes ocorreu a ideia de tirar outro proveito daquele artefato (se apresentou a eles).
CORRETA – “lhes ocorreu” significa ocorreu a eles / se apresentou a eles.
E - O ritmo que o relógio impôs aos negócios mantém-se até hoje. (subordinou dos).
Incorreta – a expressão “subordinou dos” está incorreta porque a forma verbal subordinar não rege
preposição de e sim a, além disso subordinar e impor têm sentidos diferentes.
Gabarito: D
Regência nominal
Questão 6
FCC - Assistente de Gestão Pública (Pref. Recife)/2019
Mais da metade dos seres humanos hoje vivem em cidades, e esse número deve aumentar para 70% até 2050.
Em termos econômicos, os resultados da urbanização foram notáveis. As cidades representam 80% do Produto
Interno Bruto (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova York-Washington gera mais de 30%
do PIB do país.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum Econômico
Mundial. Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental e desigualdade persistente são alguns dos
problemas das cidades modernas. Recentemente, entraram na equação as consequências da transformação
digital. Há quem fale sobre uma futura desurbanização. Mas os especialistas consultados pelo Fórum descartam
essa possibilidade. Preferem discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da digitalização e como vão
moldar a economia mundial.
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas cidades. Em cidades inteligentes como Tallinn, na
Estônia, os cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se com o governo local via plataformas
digitais, que permitem a assinatura de contratos e o pagamento de impostos, por exemplo. Programas
similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma espécie de “governo 4.0”.
Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais possibilitam acesso,
abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente irão mudar a forma como os
governos interagem com as pessoas.
(Adaptado de: “5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial”. Disponível
em: https://epocanegocios.globo.com)
Cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam a internet em todo o mundo atualmente, o que representa mais da metade
da população mundial – informou a ONU na sexta-feira (7 de dezembro de 2018).
A agência da ONU para informação e comunicação, a UIT, indicou que, até o final de 2018, 51,2% da população
mundial estará usando a internet. “Até o final de 2018, teremos ultrapassado a marca de 50% do uso da
internet”, afirmou o diretor da UIT, Houlin Zhou, em um comunicado. “Esse é um passo importante para uma
sociedade global da informação mais inclusiva”, disse ele.
Segundo a UIT, os países mais ricos do planeta registraram um crescimento sólido no uso da internet, que
passou de 51,3% de suas populações, em 2005, para atuais 80,9%.
(Texto adaptado. Disponível em: https://exame.abril.com.br)
[Retratos fiéis]
Não sei por que motivo há de a gente desenhar tão objetivamente as coisas: o galho daquela árvore exatamente
na sua inclinação de quarenta e três graus, o casaco daquele homem justamente com as ruguinhas que no
momento apresenta, e o próprio retratado com todos seus pés-de-galinha minuciosamente contadinhos... Para
isso já existe há muito tempo a fotografia, com a qual jamais poderemos competir em matéria de objetividade.
Se, para contrabalançar minhas lacunas, me houvesse Deus concedido o invejável dom da pintura, eu seria um
pintor lírico (o adjetivo não é bem apropriado, mas vai esse mesmo enquanto não ocorrer outro). Quero dizer, o
modelo serviria tão só do ponto de partida. O restante eu transfiguraria em conformidade com meu desejo de
fantasia e poder de imaginação.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Na volta da esquina. Porto Alegre: Globo, 1979, p. 88)
Correção - Se o provessem como um pintor lírico, caso Deus assim o favorecesse, o poeta Mário Quintana
dispor-se-ia a transfigurar o real.
E - O poeta acredita de que seria capaz de criativas invenções, tendo por base alguma figura em cuja devesse
representar com direito à essa liberdade.
Incorreta – o verbo acreditar é transitivo direto e, portanto, não rege preposição “de” ou qualquer outra; a
expressão “em cuja” está incorreta porque “cuja” encerra ideia de posse, sentido que não se encaixa no
contexto; a preposição “com” está incoerente no contexto; apesar de o termo “direito” reger preposição a,
o sinal indicativo de crase antes de “essa” está incorreto porque, para haver a crase, deve haver a
aproximação da preposição a com o artigo definido feminino a, e o termo “liberdade” não está determinado
por artigo e sim por pronome demonstrativo.
Correção - O poeta acredita que seria capaz de criativas invenções, tendo por base alguma figura que
devesse representar direito essa liberdade.
Gabarito: A
Regência verbal
Questão 9
FCC - Oficial Estadual de Trânsito (DETRAN SP)/2019
Olhador de anúncio
Eis que se aproxima o inverno, pelo menos nas revistas, cheias de anúncios de cobertores, lãs e malhas. O que é
o desenvolvimento! Em outros tempos, se o indivíduo sentia frio, passava na loja e adquiria os seus agasalhos.
Hoje são os agasalhos que lhe batem à porta, em belas mensagens coloridas.
E nunca vêm sós. O cobertor traz consigo uma linda mulher, que se apresenta para se recolher debaixo de sua
“nova textura antialérgica”, e a legenda: “Nosso cobertor aquece os corpos de quem já tem o coração quente”.
A mulher parece convidar-nos: “Venha também”. Ficamos perturbados. (...)
Não, a mulher absolutamente não faz parte do cobertor, que é que o senhor estava pensando? Nem adianta
telefonar para a loja ou agência de publicidade, pedindo o endereço da moça do cobertor antialérgico. Modelo
fotográfico é categoria profissional respeitável, como qualquer outra. Tome juízo, amigo. E leve só o cobertor.
São decepções do olhador de anúncios. Em cada anúncio uma sugestão erótica. Identificam-se o produto e o
ser humano. A tônica do interesse recai sobre este último? É logo desviada para aquele. Operada a
transferência, fecha-se o negócio. O erotismo fica sendo agente de vendas. Pobre Eros! Fizeram-te auxiliar de
Mercúrio (*).
(*) Eros e Mercúrio são, respectivamente, o deus do amor e o deus dos negócios na mitologia clássica.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. O poder ultrajovem. São Paulo: Companhia das Letras, 2015,
p. 167)
b) A sedução de uma bela modelo não deve ser o fator do qual nos deixemos levar para consumir o que ela
anuncia.
c) Muitos conhecem os truques de uma propaganda, mas ainda assim lhes subestimam na hora de comprar.
d) Fizemos muitas compras, compras excessivas, das quais gostaríamos de não ter que nos arrepender
amanhã.
e) Esse cobertor foi anunciado por uma mulher em cuja beleza todos os clientes se sentiram atraídos.
Comentário:
A - A propaganda é bonita, mas nem por isso os consumidores responderam-na com a compra do produto
anunciado.
Incorreta – a forma verbal “responderam” é transitiva indireta, portanto o seu complemento deve ser o
pronome lhe, que deve ser empregado para substituir elementos preposicionados.
Correção: A propaganda é bonita, mas nem por isso os consumidores responderam-lhe com a compra do
produto anunciado.
B - A sedução de uma bela modelo não deve ser o fator do qual nos deixemos levar para consumir o que ela
anuncia.
Incorreta – a expressão “nos deixemos levar” rege preposição por.
Correção: A sedução de uma bela modelo não deve ser o fator pelo qual nos deixemos levar para consumir
o que ela anuncia.
C - Muitos conhecem os truques de uma propaganda, mas ainda assim lhes subestimam na hora de
comprar.
Incorreta – o verbo subestimar é transitivo direto e o complemento retomado é “propaganda”, que está no
singular, portanto o pronome “-lhes” é inadequado por estar no plural e porque somente pode substituir
elemento preposicionado.
Correção: Muitos conhecem os truques de uma propaganda, mas ainda assim a subestimam na hora de
comprar.
D - Fizemos muitas compras, compras excessivas, das quais gostaríamos de não ter que nos arrepender
amanhã.
CORRETA – a forma verbal “arrepender” rege preposição de, por isso a construção “das quais” está correta:
não gostaríamos de nos arrepender das compras.
E - Esse cobertor foi anunciado por uma mulher em cuja beleza todos os clientes se sentiram atraídos.
Incorreta – o termo “atraídos” rege preposição por no lugar de “em”: atraídos pela beleza dela/ por sua
beleza.
Correção: Esse cobertor foi anunciado por uma mulher por cuja beleza todos os clientes se sentiram
atraídos.
Gabarito: D
Regência verbal
Questão 10
FCC - Assistente Técnico de Defensoria (DPE AM)/Assistente Técnico Administrativo/2018
Limites da ciência
Os deuses parecem ter um prazer especial em desmoralizar quem faz profecias sobre os limites da ciência.
Auguste Comte afirmou, em 1835, que nunca surgiria um meio para estudarmos a composição química das
estrelas. Bem, o método existe e hoje sabemos do que elas são feitas. Sabemos até que nós somos feitos
de poeira estelar.
É verdade que Comte não era cientista, mas filósofo. Só que cientistas não se saem muito melhor. Um dos
maiores físicos de seu tempo, lorde Kelvin, escreveu em 1900: "Não há mais nada novo a ser descoberto na
física; só o que resta fazer são medidas cada vez mais precisas". Vieram depois disso relatividade, mecânica
quântica, modelo padrão etc.
Marcus du Sautoy conta essas histórias em The Great Unknown (O Grande Desconhecido). Ele sabe,
portanto, que caminha em terreno perigoso quando se propõe a discutir os limites do conhecimento
humano. Mas Du Sautoy, que é professor de matemática em Oxford e autor de vários livros de divulgação,
tenta jogar em território razoavelmente seguro. Ele vai às fronteiras da ciência em que já temos informações
suficientes para saber que há barreiras formidáveis a um conhecimento total.
A teoria do caos, por exemplo, assegura que nunca conseguiremos fazer previsões de longo prazo acerca
de fenômenos como a meteorologia e engarrafamentos de trânsito. O problema é que alterações mínimas
nas condições iniciais podem produzir alterações dramáticas depois de um tempo – e nós nunca temos
conhecimento completo do presente.
Analogamente, ele mostra como o princípio da incerteza, a extensão do cosmo e a provável inexistência
do tempo também limitam a possibilidade de conhecimento. Ao final, Du Sautoy retorna à sua
especialidade e mergulha nas implicações dos teoremas da incompletude de Gödel, que criam embaraços
para a própria matemática. É diversão certa para quem gosta de grandes questões.
(Hélio Schwartsman. Disponível em: www.folha.uol.com.br. 19.11.2017)
Vieram depois disso relatividade, mecânica quântica, modelo padrão etc. (2° parágrafo)
A forma verbal empregada nessa frase é intransitiva, assim como a destacada em:
a) Marcus du Sautoy conta essas histórias em The Great Unknown (O Grande Desconhecido).
b) Analogamente, ele mostra como o princípio da incerteza, a extensão do cosmo e a provável inexistência
do tempo também limitam a possibilidade de conhecimento.
c) Ao final, Du Sautoy retorna à sua especialidade e mergulha nas implicações dos teoremas da
incompletude de Gödel [...]
d) Auguste Comte afirmou, em 1835, que nunca surgiria um meio para estudarmos a composição química
das estrelas.
e) Sabemos até que nós somos feitos de poeira estelar.
Comentário:
A frase base da qual verbo para análise foi retirada é:
9- REVISÃO ESTRATÉGICA
PERGUNTAS
PERGUNTAS E RESPOSTAS
6. Cite a classificação dos diferentes tipos de verbo no que respeita a sua transitividade.
Os verbos podem ser classificados como transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo.
Servidores, chegamos ao final de mais uma aula. Façam uma boa revisão dos conceitos vistos hoje
para gabaritarem as provas de Língua Portuguesa. Na próxima aula, continuaremos avançando
gradativamente, de modo a visitar cada tópico cobrado pela banca examinadora. Estejam atentos
aos percentuais estatísticos de cobrança para direcionarem seus estudos, ok?
Forte abraço!