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RESUMO
Introdução
Desde o fim do século XX, a região praieira de Ipojuca, em Pernambuco, tem sofrido com
a especulação imobiliária e as mudanças paisagísticas. Estes fenômenos estão
relacionados aos interesses do grande capital, expressos através da exploração turística
e da atividade industrial. No que se refere ao turismo, as transformações nas cidades e
nas relações humanas levaram à busca por lazer e entretenimento, o que fez com que o
setor se consolidasse. Locais como Porto de Galinhas, onde existe grande beleza
paisagística natural, foram “descobertos” como “refúgios” por oferecerem uma
possibilidade de estilo de vida mais tranquilo (Pessoa et al., 2018).
Diante disso, mostrou-se apropriado direcionar investimentos para o setor supracitado,
sobretudo para a prática do ecoturismo, vinculado a lazer e esportes náuticos. Assim,
intensificou-se a exploração dessa área litorânea, sem que fossem tomados os cuidados
necessários por parte dos governos municipal e estadual (Mesquita & Xavier, 2013).
Também foram realizados investimentos importantes no setor industrial, com destaque
para o Complexo Industrial e Portuário de SUAPE (CIPS), cuja concepção se deu em
meados da década de 1970, com o objetivo de dinamizar e afastar a atividade portuária
do Recife (Rocha & Cavalcanti, 2015). Tais investimentos — oriundos do grande capital,
reitera-se — vêm gerando, desde então, impactos positivos e negativos ao município.
Método
Adotou-se uma abordagem qualitativa. Logo, foram coletados dados e informações com
vistas à construção de um corpus de pesquisa representativo. Seus extratos foram
selecionados a partir de diversas fontes: evidências midiáticas e entrevistas com quinze
sujeitos — 8 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, que conhecem e frequentam a
área há, pelo menos, vinte anos. Em seguida, eles foram agrupados e categorizados após
observações em campo, enquadrando-se como o que Merriam e Tisdell (2015)
denominam de estudo qualitativo básico ou genérico.
As entrevistas foram norteadas por um roteiro que abordava três categorias de
interesse, quais sejam: (i) impactos da implantação do CIPS sobre Porto de Galinhas; (ii)
impactos da implantação dos meios de hospedagem de grande porte, em especial os
resorts, ao referido destino; e (iii) preocupação destes empreendimentos sobre a
sustentabilidade ambiental de suas próprias ações. A coleta foi encerrada com base no
critério de saturação — uma vez que não se identificavam informações novas —, e a
análise dos dados se deu a partir das categorias mencionadas.
Resultados
Para melhor se assimilar os resultados, é importante compreender que parte
considerável da população original de Porto de Galinhas — a que esteve lá desde a
década de 1970 — gradualmente migrou das faixas de praias — áreas tidas como nobres
— para o interior do município de Ipojuca e/ou outros próximos, em função das
especulações imobiliárias e industriais do grande capital e, a rigor, não conseguiu
aproveitar os benefícios ambientais e sociais gerados pelo grande capital.
No que se refere aos impactos da implantação do CIPS, a maioria dos sujeitos apontaram
a geração de emprego e renda para a população como o principal ponto positivo.
Contudo, eles indicaram muitos pontos negativos relacionados à degradação ecológica,
Considerações finais
Diante do que foi apresentado, constatou-se que a implantação do CIPS e dos meios de
hospedagem de grande porte promoveu certa melhoria em Porto de Galinhas e suas
adjacências, associada principalmente à geração de emprego e renda. No entanto, isso
teve um custo alto, que recaiu sobre as dimensões sociocultural e ecológica. Ressalta-
se, portanto, que embora seja inegável a necessidade de haver uma maior desenvoltura
econômica local para criar e manter fontes de renda para a população, este não deve
ser o único fator ponderado para se avaliar a melhoria do padrão de qualidade de vida
de uma comunidade. De fato, o equilíbrio dimensional é uma finalidade precípua a ser
considerada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS